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Title: Ultimatum de 11 de Janeiro
Author: Quental, Antero Tarquínio de, 1842-1891
Language: Portuguese
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                             ANTHERO DE QUENTAL



                             ANTHERO DE QUENTAL


                         ULTIMATUM DE 11 DE JANEIRO



                                BARCELLOS
                    Typographia da _Aurora do Cavado_
                              Editor--_R. V._
                                  1896



    Tiragem apenas de 100 exemplares:
    20 em papel de linho.
    80 em papel d'algodão.
    N.º___



Entre as manifestações patrioticas que provocou no nosso paiz o nefando
e negrejado _ultimatum_ de 11 de janeiro de 1890, data que assignala
para a Inglaterra uma das paginas mais torpes e baixas de sua
existencia, quasi toda entretecida de villanias, foi uma das mais
notaveis, pela distincta collaboração que teve de muitos dos homens
mais preeminentes do nosso paiz, e por n'elle se evidenciarem diversos
escriptores de cunho do estrangeiro, o numero unico do _Anathema_,
publicado em Coimbra, no mez de junho d'esse anno de 1890, pelos srs.
Antonio Vaz de Macedo e Arthur Pinto da Rocha, e por elles dedicado a
seus collegas os==Estudantes Portuguezes.==Sahido dos prélos da Imprensa
Independencia, em formato in-folio, conta 47 paginas em bom papel-cartão
laminado, nitidamente impressas, e tendo por collaboradores artisticos
Raphael Bordallo Pinheiro, Nicola Bibaglia e L. Battistini, entre os
nomes de seus numerosos collaboradores litterarios registra os de
Anthero de Quental, Raphael Labra, Joaquim de Araujo, Visconde de
Seabra, Cesare Lombroso, Jean Fichepin, João Penha, Emilia Pardo
Bázan, Silva Pinto, Enrico Ferri, Manoel Duarte d'Almeida, Gumerzindo de
Azcárate, Juliette Adam, Gomes Leal, Pi y Margall, Oliveira Martins, F.
Giner, Camillo Castello Branco, D. João da Camara, Auguste Vacquerie,
Alves Mendes, Maria Amalia Vaz de Carvalho, Rodrigues de Freitas,
Fernandes Costa, Bernardino Machado, José Julio Rodrigues, Joaquim Alves
Matheus, Bulhão Pato, Eduardo de Amicis, João de Deus, Henrique Lopes de
Mendonça, Teophilo Braga, Fialho de Almeida, P.e Barroso, Thomaz
Ribeiro, Eugéne Guyon, Consiglieri Pedroso, R. de Campoamor, Eça de
Queiroz, Clovis Hugues, Guerra Junqueiro etc.

Abre o n.º Anthero de Quental com o artigo que em segida vae, e
termina-o Clovis Hugues, o eminente poeta e democrata francez, com uns
formosos e esplendidos, versos _Á la jeunesse portugaise_.

                                                          Rodrigo Velloso



ULTIMATUM DE 11 DE JANEIRO


Há no grande movimento nacional, que começou no dia 11 de janeiro, um
elemento affirmativo, que é a intensa paixão patriotica do povo
portuguez, e um elemento negativo, o descredito das nossas instituições
politicas, das praticas de governo e dos homens governantes. Se o
primeiro é uma inequivoca manifestação da vitalidade nacional,
manifestação bem consoladora para todos os que já começavam a descrer da
alma collectiva d'este povo, o segundo é o symptoma d'um estado morbido
do organismo social, symptoma tão grave que bem se póde dizer que
sobreleva em importancia a todos os outros, aos olhos dos verdadeiros
pensadores. Emquanto subsistir este lamentavel divorcio entre o
sentimento nacional e o Estado, que por natureza deveria ser o seu
orgão, faltará sempre á nação portugueza a primeira condição para o seu
perfeito estabelecimento, a qual é o accordo intimo entre o povo e os
seus governantes. Sem este accordo, o movimento nacional tomará cada vez
mais um caracter incoherente e desordenado, e descambará finalmente
n'uma verdadeira anarchia.

É pois necessario que esse funesto divorcio, preparado por trinta annos
de materialismo politico, cesse e se restabeleça a intima e
indispensavel unidade moral da nação. Mas como? Pela revolução? Seria
essa a maior das calamidades. Como então? Pela constituição dos orgãos
genuinos do sentimento nacional, semelhantes á _Liga Patriotica do
Norte_, que definindo a pura opinião patriotica e reformadora da nação,
a imponham aos governos, quaesquer que elles sejam, e obriguem a Estado
a converter-se á sua verdadeira missão de representante e interprete do
sentimento nacional. _Moralisar_ e _nacionalizar_ o Estado, tal deve ser
depois de passado o primeiro impeto da paixão, o fim consciente do
movimento popular iniciado no dia 11 de janeiro. Quando a nação
portugueza tiver governos que verdadeiramente a representem e nos quaes
confie, quando o Estado voltar a ser um orgão util e não uma
excrescencia parasita e nociva do corpo social, só então poderemos
dizer que está dado o primeiro passo no caminho da restauração das
forças vitaes da sociedade portugueza.

Fevereiro, 1890.





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