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Title: A Biblia Sagrada - Contendo o Velho e o Novo Testamento
Author: Various
Language: Portuguese
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(Images from Faithofgod.net)



                                    A
                             BIBLIA SAGRADA

                                CONTENDO
                       O VELHO E O NOVO TESTAMENTO

                         TRADUZIDA EM PORTUGUEZ
                                   POR
                         JOÃO FERREIRA D’ALMEIDA

                 COM REFERENCIAS E ALGUMAS ALTERNATIVAS
                      _EDIÇÃO REVISTA E CORRIGIDA_

                   _DEPOSITO DAS ESCRIPTURAS SAGRADAS_
                          32—JANELLAS VERDES—32

                                 LISBOA
                                  1911

                         _First Edition, 1900._

                         _6,000 reprinted 1911._



INDICE DOS LIVROS QUE CONTÉM A BIBLIA SAGRADA


_VELHO TESTAMENTO_

                                     Abreviaturas        Pag.      Cap.

    Genesis                               Gen.             1        50
    Exodo                                 Exo.            51        40
    Levitico                              Lev.            95        27
    Numeros                               Num.           128        36
    Deuteronomio                          Deu.           172        34
    Josué                                 Jos.           211        24
    Juizes                                Jui.           236        21
    Ruth                                  Ruth           261         4
    I Samuel                              I Sam.         265        31
    II Samuel                             II Sam.        299        24
    I Reis                                I Reis         326        22
    II Reis                               II Reis        358        25
    I Chronicas                           I Chr.         388        29
    II Chronicas                          II Chr.        416        36
    Esdras                                Esd.           451        10
    Nehemias ou II Esdras                 Neh.           461        13
    Esther                                Est.           475        10
    Job                                   Job            483        42
    Psalmos                               Psa.           510       150
    Proverbios                            Pro.           576        31
    Ecclesiastes                          Ecc.           600        12
    Cantico dos Canticos                  Can.           608         8
    Isaias                                Isa.           612        66
    Jeremias                              Jer.           663        52
    Lamentações de Jeremias               Lam.           719         5
    Ezequiel                              Eze.           725        48
    Daniel                                Dan.           776        12
    Oseas                                 Ose.           792        14
    Joel                                  Joel           800         3
    Amós                                  Amós           803         9
    Obadias                               Oba.           809         1
    Jonas                                 Jon.           810         4
    Miqueas                               Miq.           812         7
    Nahum                                 Nah.           816         3
    Habacuc                               Hab.           818         3
    Sofonias                              Sof.           820         3
    Aggeo                                 Agg.           823         2
    Zacharias                             Zac.           825        14
    Malachias                             Mal.           834         4


_NOVO TESTAMENTO_

                                     Abreviaturas        Pag.      Cap.

    Evangelho de S. Mattheus              Mat.           839        28
       ”      de S. Marcos                Mar.           875        16
       ”      de S. Lucas                 Luc.           898        24
       ”      de S. João                  João           936        21
       ”      Actos dos Apostolos         Act.           964        28
    Epistola de S. Paulo
       ”     aos Romanos                  Rom.          1000        16
       ”     I aos Corinthios             I Cor.        1015        16
       ”     II aos Corinthios            II Cor.       1030        13
       ”     aos Galatas                  Gal.          1039         6
       ”     aos Ephesios                 Eph.          1044         6
       ”     aos Philippenses             Phi.          1050         4
       ”     aos Colossenses              Col.          1054         4
       ”     I aos Thessalonicenses       I The.        1057         5
       ”     II aos Thessalonicenses      II The.       1061         3
       ”     I a Timotheo                 I Tim.        1063         6
       ”     II a Timotheo                II Tim.       1067         4
       ”     a Tito                       Tito          1070         3
       ”     a Philemon                   Phi.          1072         1
       ”     aos Hebreos                  Heb.          1073        13
       ”     de S. Thiago                 Thi.          1084         5
       ”     I de S. Pedro                I Ped.        1088         5
       ”     II de S. Pedro               II Ped.       1092         3
       ”     I de S. João                 I João        1095         5
       ”     II de S. João                II João       1099         1
       ”     III de S. João               III João      1099         1
       ”     de S. Judas                  Jud.          1100         1
    Apocalypse                            Apo.          1101        22



Nota do transcritor:

Algumas das referências estão erradas. Não foi possível para corrigi-los.



O PRIMEIRO LIVRO DE MOYSÉS CHAMADO GENESIS.



_A creação do ceu e da terra e de tudo o que n’elles se contém._

[Antes de Christo 4004]

1 No [1] principio creou [2] Deus os céus e a terra.

2 E a terra [3] era sem fórma e vasia; e _havia_ trevas sobre a face do
abysmo: e o [4] Espirito de Deus se movia sobre a face das aguas.

3 E disse Deus: [5] Haja luz: e [6] houve luz.

4 E viu Deus que era boa a luz: e fez Deus separação entre a luz e as
trevas.

5 E Deus chamou á luz Dia; e ás [7] trevas chamou Noite. E foi a tarde e
a manhã, o dia primeiro.

6 E disse Deus: Haja uma expansão no meio das aguas, e haja separação
entre aguas e aguas.

7 E fez Deus a expansão, [8] e fez separação entre as aguas que _estavam_
debaixo da expansão e as aguas que [9] _estavam_ sobre a expansão: e
assim foi.

8 E chamou Deus á expansão Céus, e foi a tarde e a manhã o dia segundo.

9 E disse Deus: Ajuntem-se [10] as aguas debaixo dos céus n’um logar; e
appareça a _porção_ secca: e assim foi.

10 E chamou Deus á _porção_ secca Terra; e ao ajuntamento das aguas
chamou Mares: e viu Deus que era bom.

11 Disse Deus: Produza a terra herva verde, herva que dê semente, arvore
fructifera que dê fructo segundo a sua especie, cuja semente _está_
n’ella sobre a terra: e assim foi.

12 E a terra produziu herva, herva dando semente conforme a sua especie,
e a arvore fructifera, cuja semente _está_ n’ella conforme a sua especie:
e viu Deus que era bom.

13 E foi a tarde, e a manhã, o dia terceiro.

14 E disse Deus: [11] Haja luminares na expansão dos céus, para haver
separação entre o dia e a noite; [12] e sejam elles para signaes e para
[A] tempos determinados e para dias e annos.

15 E sejam para luminares na expansão dos céus, para allumiar a terra: e
assim foi.

16 E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o
dia, e o luminar menor para governar a noite; e [13] as estrellas.

17 E Deus os poz na expansão dos céus para allumiar a terra,

18 E para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e
as trevas: e viu Deus que era bom.

19 E foi a tarde, e a manhã, o dia quarto.

20 E disse Deus: Produzam as aguas abundantemente [B] reptis de alma
vivente; e vôem as aves sobre a face da expansão dos céus.

21 E Deus creou as [C] grandes balêas, e todo o reptil de alma vivente
que as aguas abundantemente produziram conforme as suas especies; e toda
a ave de azas conforme a sua especie: e viu Deus que era bom.

22 E Deus as abençoou, dizendo: Fructificae e multiplicae-vos, e enchei
as aguas nos mares; e as aves se multipliquem na terra.

23 E foi a tarde, e a manhã, o dia quinto.


_A creação dos seres viventes._

24 E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua especie;
gado e reptis, e bestas feras da terra conforme a sua especie: e assim
foi.

25 E fez Deus as bestas feras da terra conforme a sua especie, e o gado
conforme a sua especie, e todo o reptil da terra conforme a sua especie:
e viu Deus que era bom.

26 E disse Deus: [14] Façamos o homem á nossa imagem, conforme á nossa
similhança: e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e
sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o reptil que se [D] move
sobre a terra.

27 E creou Deus o homem á sua imagem: á imagem de Deus o creou: macho e
femea os creou.

28 E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Fructificae e multiplicae-vos,
e enchei a terra, e sujeitae-a: e dominae sobre os peixes do mar, e sobre
as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.

29 E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a herva que dá semente, que
_está_ sobre a face de toda a terra; e toda a arvore, em que ha fructo de
arvore que dá semente, [15] ser-vos-ha para mantimento.

30 E todo o animal da terra, e toda a ave dos céus, e todo o reptil da
terra, em que ha alma vivente; toda a herva verde _será_ para mantimento:
e assim foi.

31 E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom: e foi a
tarde, e a manhã, o dia sexto.

[1] Pro. 8.23. Heb. 1.10 e 11.3.

[2] Psa. 8.3 e 33.6. Isa. 40.26. Jer. 51.15. Zac. 12.1. Act. 14.15. Rom.
1.20. Col. 1.16.

[3] Jer. 4.23.

[4] Job 26.13. Psa. 104.30.

[5] Psa. 33.9.

[6] II Cor. 4.6.

[7] Isa. 45.7.

[8] Job 37.18. Jer. 10.12.

[9] Pro. 8.28. Psa. 148.3.

[10] Job 38.8. Psa. 104.9. Jer. 5.22. II Ped. 3.5.

[11] Psa. 136.7.

[12] Psa. 104.19.

[13] Psa. 138.6. Jer. 31.35.

[14] Ecc. 7.29. Eph. 4.24. Col. 3.10. I Cor. 11.7.

[15] cap. 9.3.



2 Assim os céus, e a terra e todo o seu exercito foram acabados.

2 E havendo Deus acabado no dia setimo a sua obra, que tinha feito, [1]
descançou no setimo dia de toda a sua obra, que tinha feito.

3 E abençoou Deus o dia setimo, e o sanctificou; porque n’elle descançou
de toda a sua obra, que Deus creára e fizera.


_A formação do jardim do Eden._

4 Estas são as [E] origens dos céus e da terra, quando foram creados: no
dia em que o [F] Senhor Deus fez a terra e os céus:

5 E toda a planta do campo que ainda não estava na terra, e toda a herva
do campo que ainda não brotava; porque _ainda_ o Senhor Deus não tinha
feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra.

6 Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra.

7 E formou o Senhor Deus o homem do [2] pó da terra, e soprou em seus [3]
narizes o [4] folego da vida: e [5] o homem foi feito alma vivente.

8 E plantou o Senhor Deus um jardim no Eden, da banda do oriente: e poz
ali o homem que tinha formado.

9 [6] E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a arvore agradavel á
vista, e boa para comida: e a arvore da vida [7] no meio do jardim, e a
arvore da [G] sciencia do bem e do mal.

10 E sahia um rio do Eden para regar o jardim; e d’ali se dividia e se
tornava em quatro cabeças.

11 O nome do primeiro _é_ Pison: este é o que rodeia toda a terra de [8]
Havila, onde _ha_ oiro.

12 E o oiro d’essa terra _é_ bom: ali _ha_ o bdellio, e a pedra [H]
sardonica.

13 E o nome do segundo rio _é_ Gihon: este é o que rodeia toda a terra de
[I] Cush.

14 E o nome do terceiro rio _é_ [9] [J] Hiddekel: este é o que vae para a
banda do oriente da Assyria: e o quarto rio é o Euphrates.

15 E tomou o Senhor Deus o homem, e o poz no jardim do Eden para o lavrar
e o guardar.

16 E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a arvore do jardim
comerás livremente,

17 Mas da arvore da sciencia do bem e do mal, d’ella [10] não comerás;
porque no dia em que d’ella comeres, certamente morrerás.


_Como Deus creou a mulher._

18 E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só: [11]
far-lhe-hei uma ajudadora _que_ [K] _esteja_ como diante d’elle.

19 Havendo pois o Senhor Deus formado da terra todo o animal do campo, e
toda a ave dos céus _os_ trouxe [12] a Adão, para _este_ vêr como lhes
chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu
nome.

20 E Adão poz os nomes a todo o gado, e ás aves dos céus, e a toda a
besta do campo; mas para o homem não se achava ajudadora _que estivesse_
como diante d’elle.

21 Então o Senhor Deus fez cair um [13] somno pesado sobre Adão, e _este_
adormeceu: e tomou uma das suas costellas, e cerrou a carne em seu logar;

22 E da costella que o Senhor Deus tomou do homem, [L] formou uma mulher:
e trouxe-a a Adão.

23 E disse Adão: Esta é agora [14] osso dos meus ossos, e carne da minha
carne: esta será chamada varôa, porquanto do varão foi tomada.

24 Portanto deixará [15] o varão o seu pae e a sua mãe, e apegar-se-ha á
sua mulher, e serão ambos uma [16] carne.

25 E ambos estavam nús, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam.

[1] Exo. 20.1. Isa. 58.13. Mat. 12.8. Col. 2.16, 17. Heb. 4.4, 9.

[2] cap. 3.19. Psa. 103.14. Isa. 64.8.

[3] I Cor. 15.47. Job 33.4.

[4] Isa. 2.22.

[5] I Cor. 15.45.

[6] Eze. 31.8, 9.

[7] cap. 3.22. Pro. 3.18. Apo. 2.7.

[8] cap. 25.18.

[9] Dan. 10.4.

[10] cap. 3.3, 11.

[11] I Cor. 11.9. I Tim. 2.13.

[12] Psa. 8.6.

[13] cap. 15.2.

[14] Eph. 5.30.

[15] Mar. 10.7.

[16] I Cor. 6.16.



_Tentação de Eva e queda do homem._

3 Ora a [1] serpente era [2] mais astuta que todas as alimarias do campo
que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse á mulher: É assim que Deus
disse: Não comereis de toda a arvore do jardim?

2 E disse a mulher á serpente: Do fructo das arvores do jardim comeremos,

3 Mas do fructo da arvore que está no meio do jardim, disse Deus: [3] Não
comereis d’elle, nem n’elle tocareis para que não morraes.

4 Então a [4] serpente disse á mulher: [5] Certamente não morrereis.

5 Porque Deus sabe que no dia em que d’elle comerdes se abrirão os vossos
olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.

6 E viu a mulher que aquella arvore _era_ boa para se comer, e agradavel
aos olhos, e arvore desejavel para dar intendimento; tomou do seu fructo,
e comeu, e deu tambem a seu marido comsigo, e _elle_ comeu.

7 Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que [6] _estavam_
nús; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si [M] aventaes.

8 E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do
dia: e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as
arvores do jardim.

9 E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?

10 E elle disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e [7] temi, porque estava
nú, e escondi-me.

11 E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nú? Comeste tu da arvore de
que te ordenei que não comesses?

12 Então disse Adão; [8] A mulher que me déste por companheira, ella me
deu da arvore, e comi.

13 E disse o Senhor Deus á mulher: Porque fizeste isto? E disse a mulher
A serpente me enganou, e eu comi.

14 Então o Senhor Deus disse á serpente: Porquanto fizeste isto, maldita
_serás_ mais que toda a besta, e mais que todos os animaes do campo:
sobre o teu ventre andarás, e [9] pó comerás todos os dias da tua vida.

15 E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a [10] tua semente e a
[11] sua semente: esta [N] te [12] ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o
calcanhar.

16 E á mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dôr, e a tua
conceição; [13] com dôr parirás filhos; e o teu desejo será para o teu
marido, e elle te dominará.

17 E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos á voz de tua mulher, e comeste
da arvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás d’ella: maldita _é_ a
terra por causa de ti; com [14] dôr comerás d’ella todos os dias da tua
vida.

18 [15] Espinhos, e cardos tambem, te produzirá; e comerás a herva do
campo.

19 No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes á terra;
porque d’ella foste tomado: porquanto és pó, e em pó te tornarás.

20 E chamou Adão o nome de sua mulher, [O] Eva; porquanto ella era a mãe
de todos os viventes.

21 E fez o Senhor Deus a Adão e a sua mulher tunicas de pelles, e [16] os
vestiu.

22 Então disse o Senhor Deus: Eis [17] que o homem é como um de Nós,
sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome
tambem da arvore da vida, [18] e coma e viva eternamente:

23 O Senhor Deus, pois, o enviou fóra do jardim do Eden, para lavrar a
terra de que fôra tomado.

24 E havendo lançado fóra o homem, poz [19] cherubins ao oriente do
jardim do Eden, e uma [20] espada inflammada que andava ao redor, para
guardar o caminho da arvore da vida.

[1] Apo. 12.9.

[2] II Cor. 11.3.

[3] cap. 2.17.

[4] João 8.44.

[5] I Tim. 2.14.

[6] cap. 2.25.

[7] I João 3.20.

[8] Pro. 28.13.

[9] Isa. 65.25. Miq. 7.17.

[10] Mat. 13.38. João 8.44. I João 3.8.

[11] Isa. 7.14. Miq. 5.3. Mat. 1.23. Luc. 1.35.

[12] Rom. 16.20.

[13] I Tim. 2.14.

[14] Rom. 8.20.

[15] Isa. 55.13.

[16] Isa. 61.10. Phi. 3.9.

[17] ver. 5.

[18] Apo. 2.7.

[19] Exo. 25.18, 20. Psa. 80.1 e 99.1.

[20] I Chr. 21.16.



_O nascimento de Caim, Abel, e Seth._

4 E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ella concebeu e pariu a [P] Caim,
e disse: Alcancei do Senhor um varão.

2 E pariu mais a seu irmão [Q] Abel: e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim
foi lavrador da terra.

3 E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fructo da terra uma
offerta ao Senhor.

4 E Abel tambem trouxe dos primogenitos das suas ovelhas, e da sua
gordura: e attentou o Senhor para [1] Abel e para a sua offerta,

5 Mas para Caim e para a sua offerta não attentou. E irou-se Caim
fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante.

6 E o Senhor disse a Caim: Porque te iraste? E porque descaiu o teu
semblante?

7 Se bem fizeres, não haverá [R] acceitação para ti? se não fizeres
bem, o peccado jaz á porta, e para ti será o seu desejo, e sobre elle
dominarás.


_O primeiro homicidio._

8 E fallou Caim com o seu irmão Abel: e succedeu que, estando elles no
campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e [2] o matou.

9 E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E elle disse: Não
sei: sou eu guardador do meu irmão?

10 E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim
desde a terra.

11 E agora maldito _és_ tu desde a terra, que abriu a sua bocca para
receber o sangue do teu irmão da tua mão.

12 Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força: fugitivo e
vagabundo serás na terra.

13 Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha maldade que a que possa
[S] ser perdoada.

14 Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei;
e serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo aquelle que me
achar, me matará.

15 O Senhor porém disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete
vezes será [T] castigado. E poz o Senhor um signal em Caim, para que o
não ferisse qualquer que o achasse.

16 E saiu Caim de diante da face do Senhor, e habitou na terra de Nod, da
banda do oriente do Eden.

17 E conheceu Caim a sua mulher, e ella concebeu, e pariu a Enoch: e elle
edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho
Enoch:

18 E a Enoch nasceu Irad, e Irad gerou a Mehujael, e Mehujael gerou a
Methusael e Methusael gerou a Lamech.

19 E tomou Lamech para si duas mulheres: o nome d’uma era Ada, e o nome
da outra, Zilla.

20 E Ada pariu a Jabal: este foi o pae dos que habitam em tendas, e
_teem_ gado.

21 E o nome do seu irmão era Jubal: este foi o pae de todos os que tocam
harpa e orgão.

22 E Zilla tambem pariu a Tubalcaim, mestre de toda a obra de cobre e de
ferro: e a irmã de Tubalcaim _foi_ Naama.

23 E disse Lamech a suas mulheres: Ada e Zilla, ouvi a minha voz; vós,
mulheres de Lamech, escutae o meu dito; porque eu matei um varão por
minha ferida, e um mancebo por minha pisadura.

24 Porque sete vezes Caim será castigado; mas Lamech setenta vezes sete.

25 E tornou Adão a conhecer a sua mulher; e ella pariu um filho, e chamou
o seu nome [U] Seth; porque, disse ella, Deus me deu outra semente em
logar de Abel; porquanto Caim o matou.

26 E a Seth mesmo tambem nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos: então
se começou a invocar o nome do Senhor.

[1] Heb. 11.4.

[2] I João 3.12.



_A genealogia de Seth._

5 Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus creou o homem,
[1] á similhança de Deus o fez.

2 Macho [2] e femea os creou; e os abençoou, e chamou o seu nome Adão, no
dia em que foram creados.

3 E Adão viveu cento e trinta annos, e gerou um _filho_ á [3] sua
similhança, conforme á sua imagem e chamou o seu nome Seth.

4 E foram os dias de Adão, depois que gerou a Seth, oitocentos annos: e
gerou filhos e filhas.

5 E foram todos os dias que Adão viveu, novecentos e trinta annos; [4] e
morreu.

6 E viveu Seth cento e cinco annos, e gerou a Enos.

7 E viveu Seth, depois que gerou a Enos, oitocentos e sete annos, e gerou
filhos e filhas.

8 E foram todos os dias de Seth novecentos e doze annos; e morreu.

9 E viveu Enos noventa annos; e gerou a Cainan.

10 E viveu Enos, depois que gerou a Cainan, oitocentos e quinze annos; e
gerou filhos e filhas.

11 E foram todos os dias de Enos novecentos e cinco annos; e morreu.

12 E viveu Cainan, setenta annos; e gerou a Mahalalel.

13 E viveu Cainan, depois que gerou a Mahalalel, oitocentos e quarenta
annos; e gerou filhos e filhas.

14 E foram todos os dias de Cainan novecentos e dez annos; e morreu.

15 E viveu Mahalalel sessenta e cinco annos; e gerou a Jared.

16 E viveu Mahalalel, depois que gerou a Jared, oitocentos e trinta
annos; e gerou filhos e filhas.

17 E foram todos os dias de Mahalalel oitocentos e noventa e cinco annos;
e morreu.

18 E viveu Jared cento e sessenta e dois annos; e gerou a Enoch.

19 E viveu Jared, depois que gerou a Enoch, oitocentos annos; e gerou
filhos e filhas.

20 E foram todos os dias de Jared novecentos e sessenta e dois annos; e
morreu.

21 E viveu Enoch sessenta e cinco annos; e gerou a Methusala.

22 E andou [5] Enoch com Deus, depois que gerou a Methusala, trezentos
annos; e gerou filhos e filhas.

23 E foram todos os dias de Enoch trezentos e sessenta e cinco annos.

24 E andou Enoch com Deus; e não estava _mais_; [6] porquanto Deus _para
si_ o tomou.

25 E viveu Methusala cento e oitenta e sete annos; e gerou a Lamech.

26 E viveu Methusala, depois que gerou a Lamech, setecentos e oitenta e
dois annos; e gerou filhos e filhas.

27 E foram todos os dias de Methusala novecentos e sessenta e nove annos;
e morreu.

28 E viveu Lamech cento e oitenta e dois annos; e gerou um filho,

29 E chamou o seu nome [V] Noé, dizendo: Este nos consolará ácerca de
nossas obras, e do trabalho de nossas mãos, por causa da terra que o [7]
Senhor amaldiçoou.

30 E viveu Lamech, depois que gerou a Noé, quinhentos e noventa e cinco
annos; e gerou filhos e filhas.

31 E foram todos os dias de Lamech setecentos e setenta e sete annos; e
morreu.

32 E era Noé da edade de quinhentos annos; e gerou Noé a [8] Sem, Cão, e
Japhet.

[1] cap. 1.27. I Cor. 11.7. Col. 3.10.

[2] Mal. 2.15.

[3] Job 25.4. João 3.6. I Cor. 15.48.

[4] Heb. 9.27.

[5] cap. 6.9 e 17.1. Deu. 13.4. II Reis 20.3. Psa. 16.8. Amós 3.3. Mal.
2.6.

[6] Heb. 11.5.

[7] cap. 3.17 e 4.11.

[8] cap. 6.10 e 10.21.



_A corrupção geral do genero humano._

[Antes de Christo 2469]

6 E aconteceu que, como os homens se começaram a multiplicar sobre a face
da terra, e lhes nasceram filhas;

2 Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram [1] formosas; e
tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.

3 Então disse o Senhor: Não [W] contenderá o [2] meu Espirito para sempre
com o homem; porque elle tambem _é_ carne: [3] porém os seus dias serão
cento e vinte annos.

4 Havia n’aquelles dias gigantes na terra; e tambem depois, quando
os filhos de Deus entraram ás filhas dos homens, e _d’ellas_ geraram
_filhos_: estes _eram_ os valentes que houve na antiguidade, os varões de
fama.

5 E viu o [4] Senhor que a maldade do homem se multiplicára sobre a
terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má
continuamente.

6 Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra, e
pezou-lhe em seu coração.

7 E disse o Senhor: Destruirei o homem que creei de sobre a face da
terra, desde o homem até ao animal, até ao reptil, e até á ave dos céus;
porque me arrependo de os haver feito.

8 Noé [5] porém achou graça aos olhos do Senhor.

9 Estas _são_ as gerações de Noé: Noé era varão justo e recto em suas
gerações: Noé andava com Deus.

10 E gerou Noé tres filhos: Sem, Cão, e Japhet.

11 A terra porém estava corrompida diante da face de Deus: e encheu-se a
terra de violencia.

12 E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne
havia corrompido o seu caminho sobre a terra.


_Deus annuncia o diluvio a Noé._

13 Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha
face; porque a terra está cheia de violencia; e eis que os desfarei com a
terra.

14 Faze para ti uma arca da madeira de Gopher: farás [X] compartimentos
na arca, e a betumarás por dentro e por fóra com betume.

15 E d’esta maneira a farás: De trezentos covados o comprimento da arca,
e de cincoenta covados a sua largura, e de trinta covados a sua altura.

16 Farás na arca uma janella, e de um covado a acabarás em cima; e a
porta da arca porás ao seu lado; far-lhe-has _andares_ baixos, segundos e
terceiros.

17 Porque eis que Eu trago um [6] diluvio de aguas sobre a terra, para
desfazer toda a carne em que _ha_ espirito de vida debaixo dos céus: tudo
o que ha na terra expirará.

18 Mas comtigo estabelecerei o meu pacto; e entrarás na arca tu e os teus
filhos, e a tua mulher, e as mulheres de teus filhos comtigo.

19 E de tudo o que vive, de toda a carne, [7] dois de cada especie,
metterás na arca, para os conservar vivos comtigo; macho e femea serão.

20 Das aves conforme a sua especie, e das bestas conforme a sua especie,
de todo o reptil da terra conforme a sua especie, dois de cada _especie_
virão a ti, para os conservar em vida.

21 E tu toma para ti de toda a comida que se come, e ajunta-a para ti; e
te será para mantimento para ti e para elles.

22 Assim fez Noé: [8] conforme a tudo o que Deus lhe mandou, assim o fez.

[1] Job 31.1.

[2] Neh. 9.30. Isa. 5.4 e 63.10. Jer. 11.7, 11. I Ped. 3.20.

[3] Psa. 78.39.

[4] Psa. 14.2 e 53.2. Rom. 3.9.

[5] Eze. 14.14.

[6] Psa. 20.10.

[7] cap. 7.8, 9.

[8] Heb. 11.7.



_Noé e sua familia entram na arca._

[Antes de Christo 2448]

7 Depois disse o Senhor a Noé: Entra tu e toda a tua casa na arca: porque
te hei visto [1] justo diante de mim n’esta geração.

2 De todo o animal [2] limpo tomarás para ti sete _e_ sete, macho e sua
femea; mas dos animaes que não são limpos, dois, o macho e sua femea.

3 Tambem das aves dos céus sete _e_ sete, macho e femea, para conservar
em vida a semente sobre a face de toda a terra.

4 Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta
dias e quarenta noites; e desfarei de sobre a face da terra toda a
substancia que fiz.

5 E fez Noé conforme a tudo o que o Senhor lhe ordenára.

6 E _era_ Noé da edade de seiscentos annos, quando o diluvio das aguas
veiu sobre a terra.

7 E entrou Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos
com elle na arca, por causa das aguas do diluvio.

8 Dos animaes limpos, e dos animaes que não _são_ limpos, e das aves, e
de todo o reptil sobre a terra,

9 Entraram de dois em dois a Noé na arca, macho e femea, como Deus
ordenára a Noé.

10 E aconteceu que, passados sete dias, vieram sobre a terra as aguas do
diluvio.

11 No anno seiscentos da vida de Noé, no mez segundo, aos dezesete dias
do mez, n’aquelle mesmo dia [3] se romperam todas as fontes do grande
abysmo, e as janellas dos céus se abriram,

12 E houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites.

13 E no mesmo dia entrou Noé, e Sem, e Cão, e Japhet, os filhos de Noé,
como tambem a mulher de Noé, e as tres mulheres de seus filhos com elle
na arca.

14 Elles, e todo o animal conforme a sua especie, e todo o gado conforme
a sua especie, e todo o reptil que se roja sobre a terra conforme a sua
especie, e toda a ave conforme a sua especie, todo o passaro de [Y] toda
a qualidade.

15 E de toda a carne, em que havia espirito de vida, entraram de dois em
dois a Noé na arca.

16 E os que entraram, macho e femea de toda a carne entraram, como Deus
lhe tinha ordenado: e o Senhor [4] o fechou por fóra.


_O diluvio._

17 E esteve o diluvio quarenta dias sobre a terra, e cresceram as aguas,
e levantaram a arca, e ella se elevou sobre a terra.

18 E prevaleceram as aguas, e cresceram grandemente sobre a terra; e a
arca andava sobre as aguas.

19 E as aguas prevaleceram excessivamente sobre a terra; e [5] todos os
altos montes, que _havia_ debaixo de todo o céu, foram cobertos.

20 Quinze covados acima prevaleceram as aguas; e os montes foram cobertos.

21 E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como
de gado e de feras, e de todo o reptil que se roja sobre a terra, e [6]
todo o homem.

22 Tudo o que _tinha_ folego de espirito de vida em seus narizes, tudo o
que _havia_ no secco, morreu.

23 Assim foi desfeita toda a substancia que _havia_ sobre a face da
terra, desde o homem até ao animal, até ao reptil, e até á ave dos céus;
e foram extinctos da terra: e ficou somente Noé, e os que com elle
_estavam_ na arca.

24 E prevaleceram as aguas sobre a terra [7] cento e cincoenta dias.

[1] I Ped. 3.20. II Ped. 2.5.

[2] Lev. 11.

[3] cap. 8.2. Pro. 8.28. Mat. 24.38. I The. 5.3.

[4] Deu. 33.27. Psa. 46.2.

[5] II Ped. 3.6.

[6] Job 22.15, 17.

[7] cap. 8.3.



_As aguas do diluvio diminuem._

[Antes de Christo 2349]

8 E [1] lembrou-se Deus de Noé, e [2] de toda a besta, e de todo o
animal, e de toda a rez que com elle _estava_ na arca: e Deus fez passar
[3] um vento sobre a terra, e aquietaram-se as aguas.

2 Cerraram-se tambem as [4] fontes do abysmo, e as janellas dos céus, e a
chuva dos céus deteve-se.

3 E as aguas tornaram de sobre a terra [Z] continuamente, e ao cabo de
cento e cincoenta dias as aguas minguaram.

4 E a arca repousou, no setimo mez, no dia dezesete do mez, sobre os
montes de Ararat.

5 E foram as aguas indo e minguando até ao decimo mez: no decimo mez, no
primeiro dia do mez, appareceram os cumes dos montes.

6 E aconteceu que, ao cabo de quarenta dias, [5] abriu Noé a janella da
arca que tinha feito.


_Noé solta um corvo e depois uma pomba._

7 E soltou um corvo, que saiu, indo e voltando, até que as aguas se
seccaram de sobre a terra.

8 Depois soltou uma pomba, a vêrse as aguas tinham minguado de sobre a
face da terra.

9 A pomba porém não achou repouso para a planta do seu pé, e voltou a
elle para a arca; porque as aguas _estavam_ sobre a face de toda a terra:
e elle estendeu a sua mão, e tomou-a, e metteu-a comsigo na arca.

10 E esperou ainda outros sete dias, e tornou a enviar a pomba fóra da
arca.

11 E a pomba voltou a elle sobre a tarde; e eis, arrancada, uma folha de
oliveira no seu bico: e conheceu Noé que as aguas tinham minguado sobre a
terra.

12 Então esperou ainda outros sete dias; e enviou fóra a pomba, mas não
tornou mais a elle.

13 E aconteceu _que_ no anno seiscentos e um, no _mez_ primeiro, no
primeiro _dia_ do mez, as aguas se seccaram de sobre a terra: então Noé
tirou a cobertura da arca, e olhou, e eis que a face da terra estava
enxuta.

14 E no segundo mez, aos vinte e sete dias do mez, a terra estava secca.


_Noé e sua familia saem da arca._

15 Então fallou Deus a Noé, dizendo:

16 Sae da arca, tu, e tua mulher, e teus filhos, e as mulheres de teus
filhos comtigo.

17 Todo o animal que _está_ comtigo, de toda a carne, de ave, e de gado,
e de todo o reptil que se roja sobre a terra traze fóra comtigo; e povôem
abundantemente a terra, e [6] fructifiquem, e se multipliquem sobre a
terra.

18 Então saiu Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus
filhos com elle,

19 Todo o animal, todo o reptil, e toda a ave, e tudo o que se move sobre
a terra, conforme as suas familias, saiu para fóra da arca.

20 E edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo o [7] animal limpo,
e de toda a ave limpa, e offereceu holocaustos sobre o altar.

21 E o Senhor cheirou o [8] suave cheiro, e disse o Senhor em seu
coração: [9] Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem;
porque a [10] imaginação do coração do homem _é_ má desde a sua meninice,
[11] nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz.

22 Emquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e
inverno, e dia e noite, [12] não cessarão.

[1] cap. 19.29. Exo. 2.24.

[2] Psa. 36.6.

[3] Exo. 14.21.

[4] Pro. 8.28.

[5] cap. 6.16.

[6] cap. 1.22.

[7] Lev. 1.11.

[8] Lev. 1.9. Eph. 5.2.

[9] cap. 3.17 e 6.17.

[10] cap. 6.5. Job 15.14. Jer. 17.9. Rom. 1.21.

[11] cap. 9.11, 15.

[12] Isa. 54.9. Jer. 33.20.



_O pacto que Deus fez com Noé._

9 E abençoou Deus a Noé e a seus filhos, e disse-lhes: [1] Fructificae e
multiplicae-vos, e enchei a terra.

2 E será o vosso temor [2] e o vosso pavor sobre todo o animal da terra,
e sobre toda a ave dos céus: tudo o que se move sobre a terra, e todos os
peixes do mar, na vossa mão são entregues.

3 Tudo quanto se [3] move, que é vivente, será para vosso mantimento:
tudo vos tenho dado [4] como herva verde.

4 A carne, porém, com [5] sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.

5 E certamente requererei o vosso sangue, _o sangue_ das vossas [AA]
vidas; da mão de todo o animal o requererei: como tambem da mão [6] do
homem, e da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem.

6 Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será
derramado: porque Deus fez [7] o homem conforme á _sua_ imagem.

7 Mas vós fructificae e multiplicae-vos: povoae abundantemente a terra, e
multiplicae-vos n’ella.

8 E fallou Deus a Noé, e a seus filhos com elle, dizendo:

9 E eu, eis que estabeleço o meu [8] concerto comvosco e com a vossa
semente depois de vós,

10 E com toda [AB] a alma vivente, [9] que comvosco está, de aves, de
rezes, e de todo o animal da terra comvosco: desde todos que sairam da
arca, até todo o animal da terra.

11 E eu comvosco estabeleço o meu concerto, que não será mais destruida
toda a carne pelas aguas [10] do diluvio: e que não haverá mais diluvio,
para destruir a terra.

12 E disse Deus: Este _é_ o signal [11] do concerto que ponho entre mim e
vós, e entre toda a alma vivente, que está comvosco, por gerações eternas.

13 O meu [12] arco tenho posto na nuvem: este será por signal do concerto
entre mim e a terra.

14 E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, apparecerá o
arco nas nuvens:

15 Então me lembrarei do meu concerto, que está entre mim [13] e vós, e
entre toda a alma vivente de toda a carne: e as aguas não se tornarão
mais em diluvio, para destruir toda a carne.

16 E estará o arco nas nuvens, e eu o verei, para me lembrar do concerto
eterno entre Deus e toda a alma vivente de toda a carne, que _está_ sobre
a terra.

17 E disse Deus a Noé: Este é o signal do concerto que tenho estabelecido
entre mim e entre toda a carne, que _está_ sobre a terra.

18 E os filhos de Noé, que da arca sairam, foram Sem, e Cão, e Japhet; e
[14] Cão, _é_ o pae de Canaan.

19 Estes tres _foram_ [15] os filhos de Noé; e d’estes se povoou toda a
terra.


_Noé planta uma vinha._

[Antes de Christo 2348]

20 E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha:

21 E bebeu do [16] vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua
tenda.

22 E viu Cão, o pae de Canaan, a nudez do seu pae, e fel-o saber a ambos
seus irmãos fóra.

23 Então tomaram Sem e Japhet uma capa, e puzeram-n’a sobre ambos os seus
hombros, e indo [17] virados para traz, cubriram a nudez do seu pae, e os
seus rostos eram virados, de maneira que não viram a nudez do seu pae.

24 E despertou Noé do seu vinho, e soube o que seu filho menor lhe fizera.

25 E disse: Maldito seja [18] Canaan: servo dos servos seja aos seus
irmãos.

26 E disse: Bemdito seja o Senhor Deus de Sem: e seja-lhe Canaan por
servo.

27 Alargue Deus a Japhet, e habite nas tendas de Sem: e seja-lhe Canaan
por servo.

28 E viveu Noé, depois do diluvio, trezentos e cincoenta annos.

29 E foram todos os dias de Noé novecentos e cincoenta annos, e morreu.

[1] ver. 7, 19. cap. 10.32.

[2] Psa. 8.6. Thi. 3.7.

[3] Deu. 12.15 e 14.4. Act. 10.12, 14. I Tim. 4.3, 4.

[4] cap. 1.20.

[5] Lev. 17.10, 14 e 19.25. Deu. 12.23. I Sam. 14.34.

[6] Eze. 21.12, 28.

[7] Lev. 24.17. Rom. 13.4. cap. 1.27.

[8] ver. 11, 17. cap. 6.18.

[9] Psa. 145.9. cap. 8.1.

[10] II Ped. 3.7.

[11] cap. 17.11.

[12] Eze. 1.28. Apo. 4.3.

[13] Deu. 7.9. Neh. 9.32.

[14] cap. 10.1, 6.

[15] cap. 10.32. I Chr. 1.4.

[16] Pro. 20.1. Luc. 21.34. I Cor. 10.12.

[17] Gal. 6.1. I Ped. 4.8.

[18] Deu. 27.16. II Chr. 8.7, 8.



_Os descendentes de Noé._

[Antes de Christo 2347]

10 Estas pois são as gerações dos filhos de Noé. Sem, Cão, [1] e Japhet;
e nasceram-lhe filhos depois do diluvio.

2 Os filhos de Japhet, _são_: Gomer e Magog, e Madai, e Javan, e Tubal, e
Mesech, e Tiras.

3 E os filhos de Gomer, _são_: Asquenaz, e Riphath, e Togarmah.

4 E os filhos de Javan, _são_: Elishah e Tarshish, Kittim, e Dodanim.

5 Por estes foram repartidas [2] as ilhas das nações nas suas terras,
cada qual segundo a sua lingua, segundo as suas familias, entre as suas
nações.

6 E os filhos de Cão, _são_: [3] Cush, e Mizraim, e Put, e Canaan.

7 E os filhos de Cush, _são_: [4] Seba, e Havilah, e Sabtah, e Raamah, e
Sabteca: e os filhos de Raamah são, Scheba e Dedan.

8 E Cush gerou a [5] Nimrod: este começou a ser poderoso na terra.

9 E este foi poderoso caçador diante da face do Senhor: pelo que se diz:
Como Nimrod, poderoso caçador diante do Senhor.

10 E o principio do seu reino foi Babel, e Erech, e Accad, e [6] Calneh,
na terra de Shinar.

11 D’esta mesma terra saiu á Assyria e edificou a Ninive, e Rehoboth-Ir e
Calah,

12 E Resen, entre Niniveh e Calah (esta é a grande cidade).

13 E Mizraim gerou a Ludim, e a Anamim, e a Leabim, e a Naphtuhim,

14 E a [7] Pathrusim, e a Caslushim, (d’onde sairam os philisteus) e a
Caphtorim.

15 E Canaan gerou a Sidon, seu primogenito, e a Heth;

16 E ao Jebuseu, e Amorrheu, e Girgaseu,

17 E ao Heveu, e ao Arkeu, e ao Sineu,

18 E ao Arvadeu, e ao Zemareu, e ao Hamatheu, e depois se espalharam as
familias dos [8] cananeus.

19 E foi o termo dos cananeus desde Sidon, indo para Gerar, até Gaza;
indo para Sodoma, e Gomorrah, e Adamah e Zeboiim, até Lasha.

20 Estes são os filhos de Cão segundo as suas familias, segundo as suas
linguas, em suas terras, em suas nações.

21 E a Sem nasceram _filhos_, e elle _é_ o pae de todos os filhos de
Eber, o irmão mais velho de Japhet.

22 Os filhos [9] de Sem, _são_: Elam, e Assur, e Arpachshad, e Lud.

23 E os filhos de Aram _são_: Uz, e Hul, e Gether, e Mash.

24 E Arpachshad gerou a Shelah: e Shelah gerou a Eber.

25 E a Eber nasceram dois filhos: o nome d’um _foi_ Peleg, [AC] porquanto
em seus dias se repartiu a terra, e o nome do seu irmão foi Joktan.

26 E Joktan gerou a Almodad, e a Sheleph, e a Hazarmaveth, e a Jerah;

27 E a Hadoran, e a Uzal, e a Diclah;

28 E a Obal, e a Abimael, e a Sheba;

29 E a Ophir, e a Havila e a Jobab: todos estes foram filhos de Joktan.

30 E foi a sua habitação desde Mesha, indo para Sephar, montanha do
Oriente.

31 Estes _são_ os filhos de Sem segundo as suas familias, segundo as suas
linguas, nas suas terras, segundo as suas nações.

32 Estas são as familias dos filhos de Noé segundo as suas gerações,
nas suas nações: e d’estes foram divididas as nações na terra depois do
diluvio.

[1] I Chr. 1.5.

[2] Sof. 2.11.

[3] I Chr. 1.8.

[4] Psa. 72.10.

[5] Miq. 5.6.

[6] Amós 6.2.

[7] I Chr. 1.12.

[8] cap. 15.18, 21. Jos. 12.7, 8.

[9] I Chr. 1.17.



_Toda a terra com uma mesma lingua._

[Antes de Christo 2218]

11 E era toda a terra d’uma mesma lingua, e d’uma mesma falla.

2 E aconteceu que, partindo elles do Oriente, acharam um valle na terra
de Shinar; e habitaram ali.

3 E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos, e queimemol-os bem. E
foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume por cal.

4 E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo [1] cume
toque nos céus, e façamo-nos [2] um nome, para que não [3] sejamos
espalhados sobre a face de toda a terra.

5 Então desceu o Senhor para [4] ver a cidade e a torre que os filhos dos
homens edificavam;

6 E disse: Eis que o povo é um, e todos teem uma mesma lingua; e isto é o
que começam a fazer: e agora, não haverá restricção para tudo o que elles
intentarem fazer?


_A confusão das linguas._

7 Eia, desçamos, e [5] confundamos ali a sua lingua, para que não intenda
um a lingua do outro.

8 Assim o Senhor os espalhou d’ali sobre a face de toda a terra: e
cessaram de edificar a cidade.

9 Por isso se chamou o seu nome Babel, [AD] porquanto ali confundiu o
Senhor a lingua de toda a terra, e d’ali os espalhou o Senhor sobre a
face de toda a terra.

10 Estas são as gerações [6] de Sem: Sem era da edade de cem annos, e
gerou a Arpachshad, dois annos depois do diluvio.

11 E viveu Sem, depois que gerou a Arpachshad, quinhentos annos; e gerou
filhos e filhas.

12 E viveu Arpachshad trinta e cinco annos, e gerou a Selah.

13 E viveu Arpachshad depois que gerou a Selah, quatrocentos e tres
annos; e gerou filhos e filhas.

14 E viveu Selah, trinta annos, e gerou a Eber:

15 E viveu Selah, depois que gerou a Eber, quatrocentos e tres annos, e
gerou filhos e filhas.

16 E viveu Eber trinta e quatro annos e gerou a Peleg:

17 E viveu Eber, depois que gerou a Peleg, quatrocentos e trinta annos, e
gerou filhos e filhas.

18 E viveu Peleg trinta annos, e gerou a Rehu:

19 E viveu Peleg, depois que gerou a Rehu, duzentos e nove annos, e gerou
filhos e filhas.

20 E viveu Rehu, trinta e dois annos, e gerou a Serug:

21 E viveu Rehu, depois que gerou a Serug, duzentos e sete annos e gerou
filhos e filhas.

22 E viveu Serug trinta annos, e gerou a Nahor:

23 E viveu Serug, depois que gerou a Nahor, duzentos annos, e gerou
filhos e filhas.

24 E viveu Nahor vinte e nove annos, e gerou a Terah:

25 E viveu Nahor, depois que gerou a Terah, cento e dezenove annos, e
gerou filhos e filhas.

26 E viveu Terah, setenta annos, e gerou a Abrão, a Nahor, [7] e a Haran.

27 E estas são as gerações de Terah: Terah gerou a Abrão, a Nahor, e a
Haran: e Haran gerou a Lot.

28 E morreu Haran estando seu pae Terah, ainda vivo, na terra do seu
nascimento, em Ur dos Chaldeus.

29 E tomaram Abrão e Nahor mulheres para si: o nome da mulher de Abrão
[8] era Sarai, e o nome da mulher de Nahor era [9] Milcah, filha de
Haran, pae de Milcah, e pae de Iscah.

30 E Sarai foi [10] esteril, e não tinha filhos.

31 E tomou Terah a Abrão seu filho, e a Lot filho de Haran, filho de seu
filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com elles de
Ur dos Chaldeus, [11] para ir á terra de Canaan; e vieram até Haran, e
habitaram ali.

32 E foram os dias de Terah duzentos e cinco annos: e morreu Terah em
Haran.

[1] Deu. 1.28.

[2] Psa. 49.2. Dan. 4.30. Pro. 10.7.

[3] ver. 9. Luc. 1.51.

[4] cap. 18.21.

[5] Psa. 55.9. Act. 2.6.

[6] cap. 10.24. I Chr. 1.17.

[7] Jos. 24.2. I Chr. 26.

[8] cap. 17.15.

[9] cap. 22.20 e 24.15.

[10] cap. 16.1 e 18.11 e 21.1, 2.

[11] cap. 12.1. Neh. 9.7. Act. 7.4.



_Deus chama Abrão e lhe faz promessas._

[Antes de Christo 1921]

12 Ora o [1] Senhor disse a Abrão: Sae-te da tua terra, e da tua
parentela, e da casa de teu pae, para a terra que eu te mostrarei.

2 E far-te-hei [2] uma grande nação, e abençoar-te-hei, e engrandecerei o
teu nome; e _tu_ serás uma benção.

3 E abençoarei [3] os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te
amaldiçoarem; e em ti serão bemditas [4] todas as familias da terra.

4 Assim partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito, e foi Lot com elle: e
era Abrão de edade de setenta e cinco annos, quando saiu de Haran.

5 E tomou Abrão a Sarai, sua mulher, e a Lot, filho de seu irmão, e toda
a sua fazenda, que haviam adquirido, e as almas que lhe accresceram em
Haran: e sairam para irem á terra de Canaan; e vieram á terra de Canaan.

6 E passou Abrão por aquella terra até ao logar de Sichem, até ao
carvalho [5] de Moreh; e _estavam_ então os Cananeos na terra.

7 E appareceu o Senhor [6] a Abrão, e disse: Á tua semente darei esta
terra. E edificou ali um [7] altar ao Senhor, que lhe apparecêra.

8 E moveu-se d’ali para a montanha á banda do Oriente [8] de Bethel, e
armou a sua tenda, _tendo_ [9] Bethel ao Occidente, e Ai ao Oriente; e
edificou ali um altar ao Senhor, e invocou o nome do Senhor.

9 Depois caminhou Abrão _d’ali_, seguindo ainda para a banda do Sul.


_Abrão desce ao Egypto._

10 E havia fome n’aquella terra: e desceu Abrão ao Egypto, para
peregrinar ali, porquanto a fome era grande na terra.

11 E aconteceu que, chegando elle para entrar no Egypto, disse a Sarai,
sua mulher: Ora bem sei que és mulher formosa á vista;

12 E será que, quando os Egypcios te virem, dirão: Esta é sua mulher. E
matar-me-hão a mim, e a ti te guardarão em vida.

13 Dize, peço-te, _que_ és [10] minha irmã, para que me vá bem por tua
causa, e que viva a minha alma por amor de ti.

14 E aconteceu que, entrando Abrão no Egypto, viram os Egypcios a mulher,
que era mui formosa.

15 E viram-n’a os principes do Pharaó, e gabaram-n’a diante do Pharaó: e
foi a mulher tomada para casa do Pharaó.

16 E fez bem a Abrão por amor d’ella; e elle teve ovelhas, e vaccas, e
jumentos, e servos e servas, e jumentas, e camelos.

17 Feriu, porém, o Senhor o Pharaó com grandes pragas, e a sua casa, por
causa de Sarai, mulher de Abrão.

18 Então chamou o Pharaó a Abrão, e disse: Que é isto _que_ [11] me
fizeste? porque não me disseste que ella _era_ tua mulher?

19 Porque disseste: É minha irmã? de maneira que a houvera tomado por
minha mulher: agora, pois, eis aqui tua mulher; toma-_a_ e vae-te.

20 E o Pharaó, [12] deu ordens aos seus varões a seu respeito, e
acompanharam-n’o a elle, e a sua mulher, e a tudo o que tinha.

[1] cap. 11.31. Isa. 51.2. Act. 7.3. Heb. 11.8.

[2] cap. 17.6.

[3] cap. 18.18 e 28.4.

[4] cap. 27.29. Exo. 23.22. Num. 24.9.

[5] Deu. 11.30.

[6] cap. 17.1 e 18.1.

[7] cap. 13.15. Rom. 9.8. Gal. 3.16 e 4.28.

[8] cap. 13.4, 18 e 26.25 e 33.20. cap. 28.19.

[9] cap. 20.2 e 26.7.

[10] I Chr. 16.21. Psa. 105.14.

[11] cap. 20.10 e 26.10.

[12] Pro. 21.1.



_Abrão volta do Egypto._

[Antes de Christo 1918]

13 Subiu, pois, Abrão do Egypto para a banda do Sul, elle e sua mulher, e
tudo o que tinha, e com elle Lot.

2 E _ia_ Abrão muito rico em gado, em prata, e em oiro.

3 E fez as suas jornadas do Sul até Beth-el, até ao logar onde ao
principio estivera a sua tenda, entre Beth-el e Ai;

4 Até ao logar do altar [1] que d’antes ali tinha feito; e Abrão invocou
ali o nome do Senhor.

5 E tambem Lot, que ia com Abrão, tinha rebanhos, e vaccas, e tendas.

6 E não tinha capacidade a terra para _poderem_ habitar juntos; porque a
sua fazenda era muita; de maneira que não podiam habitar juntos.


_Abrão e Lot separam-se._

7 E houve contenda entre os pastores do gado de Abrão, e os pastores do
gado de Lot: e os Cananeus e os Perizeus habitavam então na terra.

8 E disse Abrão a Lot: [2] Ora não haja contenda entre mim e ti, e entre
os meus pastores e os teus pastores, porque irmãos varões _somos_.

9 Não está toda a terra diante de ti? Eia, pois, aparta-te de mim;
se _escolheres_ a esquerda, irei para a direita; e se a direita
_escolheres_, eu irei para a esquerda.

10 E levantou Lot os seus olhos, e viu toda a campina do Jordão, que
_era_ toda bem regada, antes do Senhor ter [3] destruido Sodoma e
Gomorrha, e _era_ como [4] o jardim do Senhor, como a terra do Egypto,
quando se entra em [5] Zoar.

11 Então Lot escolheu para si toda a campina do Jordão, e partiu Lot para
o Oriente, e apartaram-se um do outro.

12 Habitou Abrão na terra de Canaan, e Lot habitou nas cidades da
campina, e armou as suas tendas até Sodoma.

13 Ora _eram_ maus os varões de Sodoma, e grandes peccadores [6] contra o
Senhor.

14 E disse o Senhor a Abrão, depois que Lot se apartou d’elle: Levanta
agora os teus olhos, e olha desde o logar onde estás, para a banda do
Norte, e do Sul, e do Oriente, e do Occidente;

15 Porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e á tua semente,
[7] para sempre.

16 E farei a tua semente como [8] o pó da terra; de maneira que se alguem
podér contar o pó da terra, tambem a tua semente será contada.

17 Levanta-te, percorre essa terra, no seu comprimento e na sua largura;
porque a ti a darei.

18 E Abrão armou as suas tendas, e veiu, e habitou nos carvalhaes de
Mamre, [9] que estão junto a Hebron; e edificou ali um altar ao Senhor.

[1] cap. 12.7, 8.

[2] Phi. 2.14. Heb. 12.14.

[3] cap. 19.25. Eze. 16.49.

[4] Isa. 51.3.

[5] cap. 14.2.

[6] cap. 18.20. II Ped. 2.7, 8.

[7] cap. 12.7.

[8] cap. 15.5 e 2.17 e 28.14. Num. 23.10. Deu. 1.10. I Reis 4.20. Jer.
33.22.

[9] cap. 18.1 e 35.27 e 37.14.



_Guerra de quatro reis contra cinco._

14 E aconteceu nos dias de Amraphel, rei de Shinar, Arioch, rei de
Ellasar, Chedorlaomer, rei de Elam, e Tidal, rei de [AE] Goiim,

2 Que _estes_ fizeram guerra a Bera, rei de Sodoma, a Birsha, rei de
Gomorrah, a Shinab, rei de Admah, e a Shemeber, rei de Zeboiim, e ao rei
de Bela (esta é Zoar).

3 Todos estes se ajuntaram no valle de Siddim (que é o mar de sal).

4 Doze annos haviam servido a Chedorlaomer, mas ao decimo terceiro anno
rebelaram-se.

5 E ao decimo quarto anno veiu Chedorlaomer, e os reis que estavam com
elle, e feriram aos Rephains em Ashteroth-karnaim, e aos Zuzins em Ham, e
aos Emins em Shave-kiriathaim,

6 E aos Horeos no seu monte Seir, até á campina de Paran, que _está_
junto ao deserto.

7 Depois tornaram e vieram a Enmispat (que é Cades), e feriram toda a
terra dos Amalekitas, e tambem os Amoreos, que habitavam em Hazazon-tamar.

8 Então saiu o rei de Sodoma, e o rei de Gomorrah, e o rei de Admah, e o
rei de Zeboiim, e o rei de Bela (esta é Zoar), e ordenaram batalha contra
elles no valle de Siddim,

9 Contra Chedorlaomer, rei de Elam, e Tidal, rei de Goiim, e Amraphel,
rei de Shinar, e Arioch, rei de Ellasar; quatro reis contra cinco.

10 E o valle de Siddim estava cheio de poços de betume: e fugiram os reis
de Sodoma, e de Gomorrah, e cairam ali; e os restantes fugiram para um
monte.

11 E tomaram toda a fazenda de Sodoma, e de Gomorrah, e todo o seu
mantimento, e foram-se.


_Lot é levado captivo._

12 Tambem tomaram a [1] Lot, que habitava em Sodoma, filho do irmão de
Abrão, e a sua fazenda, e foram-se.

13 Então veiu um que escapára, e o contou a Abrão, o Hebreu: elle [2]
habitava junto dos carvalhaes de Mamre, o Amoreo, irmão de Eshcol, e
irmão de Aner; elles eram confederados de Abrão.

14 Ouvindo pois Abrão que o seu irmão estava preso, armou os seus
creados, nascidos em sua casa, trezentos e dezoito, e os perseguiu até
Dan.

15 E dividiu-se contra elles de noite, elle e os seus creados, e os
feriu, e os perseguiu até Hobah, que _fica_ á esquerda de Damasco.

16 E tornou a trazer toda a fazenda, e tornou a trazer tambem a Lot, seu
irmão, e a sua fazenda, e tambem as mulheres, e o povo.

17 E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a
Chedorlaomer e aos reis que _estavam_ com elle) até ao valle de Schave,
que _é_ o valle [3] do rei.


_Melchizedec abençoa Abrão._

18 E Melchizedec, [4] rei de Salem, trouxe pão e vinho: e _era_ este
sacerdote [5] do Deus altissimo.

19 E abençoou-o, e disse: Bemdito _seja_ Abrão de Deus altissimo, o [6]
Possuidor dos céus e da terra;

20 E bemdito _seja_ o Deus altissimo, que entregou os teus inimigos nas
tuas mãos. E deu-lhe o dizimo [7] de tudo.

21 E o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as almas, e a fazenda
toma para ti.

22 Abrão, porém, disse ao rei de Sodoma: [8] Levantei minha mão ao
Senhor, o Deus altissimo, [9] o Possuidor dos céus e da terra,

23 Que desde um fio até á correia de um sapato, não _tomarei_ coisa
alguma de tudo o que _é_ teu: para que não digas: Eu enriqueci a Abrão;

24 Salvo _tão_ sómente o que os mancebos comeram, e a parte _que toca_
aos varões que commigo foram, Aner, Escol, e Mamre; estes que tomem a sua
parte.

[1] cap. 13.12. Isa. 6.9.

[2] cap. 13.18.

[3] II Sam. 18.18.

[4] Heb. 7.1.

[5] Psa. 110.4. Heb. 5.6.

[6] ver. 22.

[7] Heb. 7.1, 10.

[8] Exo. 6.8.

[9] ver. 19.



_Deus anima Abrão e promette-lhe um filho._

[Antes de Christo 1913]

15 Depois d’estas coisas veiu a palavra do Senhor a Abrão em visão, [1]
dizendo: Não temas, Abrão, [2] eu sou o teu escudo, o teu grandissimo
galardão.

2 Então disse Abrão: Senhor JEHOVAH, que me has de dar, pois ando sem [3]
filhos, e o mordomo da minha casa é o damasceno Elieser?

3 Disse mais Abrão: Eis que me não tens dado semente, e eis que um
nascido na minha casa será o meu herdeiro.

4 E eis que _veiu_ a palavra do Senhor a elle, dizendo: Este não será o
teu herdeiro; mas aquelle que de tuas entranhas sair, este será o teu
herdeiro.

5 Então o levou fóra, e disse: Olha agora para os céus, e conta as [4]
estrellas, se as podes contar. E disse-lhe: [5] Assim será a tua semente.

6 E creu elle no Senhor, e [AF] imputou-lhe [6] isto _por_ justiça.

7 Disse-lhe mais: Eu _sou_ o Senhor, que te tirei [7] de _Ur_ dos
Chaldeus, para dar-te a ti esta terra, para herdal-a.

8 E disse elle: [8] Senhor JEHOVAH, como saberei que hei-de herdal-a?

9 E disse-lhe: Toma-me uma bezerra de tres annos, e uma cabra de tres
annos, e um carneiro de tres annos, uma rola, e um pombinho.

10 E trouxe-lhe todos estes, e [9] partiu-os pelo meio, e poz cada parte
d’elles em frente da outra; mas as aves não partiu.

11 E as aves desciam sobre os cadaveres; Abrão, porém, as enxotava.

12 E [10] pondo-se o sol, um profundo somno caiu sobre Abrão; e eis que
grande espanto e grande escuridão caiu sobre elle.

13 Então disse a Abrão: Saibas, de certo, que peregrina será a
tua semente em terra _que_ não _é_ sua, e servil-os-hão; [11] e
affligil-os-hão quatrocentos annos;

14 Mas tambem eu julgarei a gente, a qual servirão, e depois sairão com
[12] grande fazenda.

15 E tu irás a teus paes em paz: em boa velhice [13] serás sepultado.

16 E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos
Amoreos [14] não _está_ ainda cheia.


_Deus faz um pacto com Abrão._

17 E succedeu que, posto o sol, houve escuridão: e eis um forno de fumo,
e uma tocha de fogo, que passou por aquellas metades.

18 N’aquelle mesmo dia fez o SENHOR um concerto com Abrão, dizendo: Á
tua semente tenho dado esta terra, desde o rio Egypto até ao grande rio
Euphrates;

19 E o Keneo, e o Kenezeo, e o Kadmoneo,

20 E o Hetheo, e o Pereseo, e os Rephains,

21 E o Amoreo, e o Cananeo, e o Girgaseo, e o Jebuseo.

[1] cap. 46.2. Num. 12.6. Dan. 10.1.

[2] Deu. 33.29. Psa. 84.11 e 91.4 e 119.114. Pro. 30.5.

[3] Act. 7.5.

[4] Deu. 1.10.

[5] Rom. 4.18.

[6] Rom. 4.3-6. Gal. 3.6. Can. 2.23.

[7] cap. 12.1.

[8] Jui. 6.17. II Reis 20.8. Luc. 1.18.

[9] Jer. 34.18, 19.

[10] cap. 2.21. I Sam. 26.12.

[11] Exo. 12.40. Act. 7.6.

[12] Exo. 12.36. Psa. 105.37.

[13] cap. 25.8.

[14] Mat. 23.32.



_Hagar é dada por mulher a Abrão._

[Antes de Christo 1911]

16 Ora Sarai, mulher d’Abrão, não lhe paria, e elle tinha uma serva
Egypcia, cujo nome _era_ [1] Hagar.

2 E disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de parir; entra
[2] pois á minha serva; porventura [AG] terei filhos d’ella. E ouviu
Abrão a voz de Sarai.

3 Assim tomou Sarai, mulher de Abrão, a Hagar Egypcia, sua serva, e deu-a
por mulher a Abrão seu marido, ao fim de dez annos que Abrão habitara na
terra de Canaan.

4 E elle entrou a Hagar, e ella concebeu; e vendo ella que concebera, foi
sua senhora desprezada aos seus olhos.

5 Então disse Sarai a Abrão: Meu aggravo _seja_ sobre ti: minha serva puz
eu em teu regaço; vendo ella agora que concebeu, sou menosprezada aos
seus olhos: o SENHOR julgue entre mim e ti.

6 E disse Abrão a Sarai: Eis que tua serva _está_ na tua mão, faze-lhe o
que bom _é_ aos teus olhos. E affligiu-a Sarai, e ella fugiu de sua face.

7 E o anjo do SENHOR a achou junto a uma fonte d’agua no deserto, junto á
fonte no caminho de Sur.

8 E disse: Hagar, serva de Sarai, d’onde vens, e para onde vaes? E _ella_
disse: Venho fugida da face de Sarai minha senhora.

9 Então lhe disse o anjo do SENHOR: Torna-te para tua senhora, e
humilha-te [3] debaixo de suas mãos.

10 Disse-lhe mais o anjo do SENHOR: Multiplicarei sobremaneira a tua
semente, que não será contada, por numerosa _que_ será.

11 Disse-lhe tambem o anjo do SENHOR: Eis que concebeste, e parirás um
filho, e chamarás o seu nome [AH] Ishmael; porquanto o SENHOR ouviu a tua
afflicção.

12 E elle será homem [AI] feroz, e a sua mão _será_ contra todos, [4] e a
mão de todos contra elle: e [5] habitará diante da face de todos os seus
irmãos.

13 E _ella_ chamou o nome do SENHOR, que com ella fallava: Tu és Deus da
vista, [AJ] porque disse: Não olhei eu tambem para [6] aquelle que me vê?

14 Por isso se chama aquelle poço de [AK] Lachai-roi; eis que _está_
entre Kades e Bered.

15 E Hagar pariu um filho a Abrão; e Abrão chamou o nome do seu filho que
Hagar parira, Ishmael.

16 E _era_ Abrão da edade de oitenta e seis annos, quando Hagar pariu
Ishmael a Abrão.

[1] Gal. 4.24.

[2] cap. 30.3, 9.

[3] I Ped. 2.18.

[4] cap. 21.20.

[5] cap. 25.18.

[6] cap. 32.20. Jui. 6.22, 23.



_Deus muda o nome de Abrão._

17 Sendo pois Abrão da edade de noventa e nove annos, appareceu o SENHOR
a Abrão, e disse-lhe: Eu _sou_ o Deus [1] Todo-poderoso, anda [2] em
minha presença e sê perfeito:

2 E porei o meu concerto entre mim e ti, e te multiplicarei
grandissimamente.

3 Então caiu Abrão sobre o seu rosto, e fallou Deus com elle, dizendo:

4 Quanto a mim, eis o meu concerto, comtigo é e serás o pae [3] de uma
multidão de nações;

5 E não se chamará mais o teu nome [4] Abrão, [AL] mas Abrahão [AM] será
o teu nome; [5] porque por pae da multidão de nações te tenho posto:

6 E te farei fructificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis
[6] sairão de ti:

7 E estabelecerei o meu concerto entre mim e ti e a tua semente depois
de ti em suas gerações, por concerto [7] perpetuo, para te ser a ti por
Deus, e á tua semente depois de ti.

8 E te darei a ti, e á tua semente depois de ti, a terra de tuas
peregrinações, [8] toda a terra de Canaan em perpetua possessão, e
ser-lhes-hei Deus.

9 Disse mais Deus a Abrahão: Tu, porém, guardarás o meu concerto, tu, e a
tua semente depois de ti, nas suas gerações.

10 Este _é_ o meu concerto, que guardareis entre mim e vós, e a tua
semente depois de ti: _Que_ todo o macho vos será circumcidado.

11 E circumcidareis a carne do vosso prepucio; e _isto_ será por signal
do concerto [9] entre mim e vós.

12 O filho de oito dias, pois, vos será circumcidado, todo o macho nas
vossas gerações: o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer
estrangeiro, que não _fôr_ da tua semente.

13 Com effeito será circumcidado o nascido em tua casa, e o comprado
por teu dinheiro: e estará o meu concerto na vossa carne por concerto
perpetuo.

14 E o macho com prepucio, cuja carne do prepucio não estiver
circumcidada, aquella alma será extirpada dos seus povos; quebrantou o
meu concerto.


_Deus muda o nome de Sarai._

15 Disse Deus mais a Abrahão: A Sarai tua mulher não chamarás _mais_
pelo nome de Sarai, mas Sarah [AN] _será_ o seu nome,

16 Porque eu a hei de abençoar, e te hei de dar a ti d’ella um filho; e a
abençoarei, e será _mãe_ das nações; reis de povos sairão d’ella.

17 Então caiu Abrahão sobre o seu rosto, e riu-se, e disse no seu
coração: A um homem de cem annos ha de nascer _um filho_? e parirá Sarah
da edade de noventa annos?

18 E disse Abrahão a Deus: Oxalá que viva Ishmael diante de teu rosto!

19 E disse Deus: Na verdade, Sarah tua mulher te parirá um filho, e
chamarás o seu nome [AO] Isaac, e com elle estabelecerei o meu concerto,
por concerto perpetuo para a sua semente depois d’elle.

20 E emquanto a Ishmael, _tambem_ te tenho ouvido: eis aqui o
tenho abençoado, e fal-o-hei fructificar, e fal-o-hei multiplicar
grandissimamente: doze principes gerará, e d’elle farei uma grande nação.

21 O meu concerto, porém, estabelecerei com Isaac, o qual Sarah te parirá
n’este tempo determinado, no anno [10] seguinte.

22 E acabou de fallar com elle, e saiu Deus de Abrahão.


_A instituição da circumcisão._

23 Então tomou Abrahão a seu filho Ishmael, e a todos os nascidos na
sua casa, e a todos os comprados por seu dinheiro, todo o macho entre
os homens da casa de Abrahão; e circumcidou a carne do seu prepucio,
n’aquelle mesmo dia, como Deus fallára com elle.

24 E _era_ Abrahão da edade de noventa e nove annos, quando lhe foi
circumcidada a carne do seu prepucio.

25 E Ishmael, seu filho, _era_ da edade de treze annos, quando lhe foi
circumcidada a carne do seu prepucio.

26 N’este mesmo dia foi circumcidado Abrahão e Ishmael seu filho,

27 E todos os homens da sua casa, o nascido em casa, e o comprado por
dinheiro do estrangeiro, foram circumcidados com elle.

[1] Exo. 6.3. Dan. 4.35.

[2] cap. 48.15. II Reis 20.3.

[3] cap. 13.16 e 22.17.

[4] Neh. 9.7.

[5] Rom. 4.17.

[6] ver. 16, 20. cap. 35.11.

[7] Lev. 26.12. Heb. 11.16.

[8] cap. 48.4.

[9] Act. 7.8. Rom. 4.11. Col. 2.11, 13.

[10] cap. 21.2.



_Apparecem tres anjos a Abrahão._

[Antes de Christo 1898]

18 Depois appareceu-lhe o SENHOR nos carvalhaes de [1] Mamre, estando
elle assentado á porta da tenda, quando tinha aquecido [AP] o dia.

2 E levantou os seus olhos, e olhou, [2] e eis tres varões estavam em pé
junto a elle. E vendo-_os_, correu da porta da tenda ao seu encontro, e
inclinou-se á terra,

3 E disse; Meu Senhor, se agora tenho achado graça nos teus olhos,
rogo-te que não [3] passes de teu servo,

4 Que se traga já uma [4] pouca d’agua, e lavae os vossos pés, e
recostae-vos debaixo d’esta arvore;

5 E trarei um bocado de pão, para que esforceis o vosso coração; depois
passareis adiante, porquanto por isso chegastes até vosso servo. E
disseram: Assim faze como tens dito.

6 E Abrahão apressou-se em ir ter com Sarah á tenda, e disse-lhe: Amassa
depressa tres medidas de flor de farinha, e faze bolos.

7 E correu Abrahão ás vaccas, e tomou uma vitella tenra e boa, e deu-_a_
ao moço, que se apressou era preparal-a.

8 E tomou [5] manteiga e leite, e a vitella que tinha preparado, e poz
_tudo_ diante d’elles, e elle estava em pé junto a elles debaixo da
arvore; e comeram.

9 E disseram-lhe: Onde _está_ Sarah, tua mulher? E elle disse: Eil-a _ahi
está_ na tenda.

10 E disse: Certamente [6] tornarei a ti por _este_ tempo da vida; e eis
que Sarah tua mulher terá um filho. E ouviu-_o_ Sarah á porta da tenda,
que _estava_ atraz d’elle.

11 E _eram_ Abrahão e Sarah já [7] velhos, _e_ adiantados em edade; já a
Sarah havia cessado o costume das [8] mulheres.

12 Assim pois riu-se Sarah comsigo, [9] dizendo: Terei [10] _ainda_
deleite depois de haver envelhecido, sendo tambem o meu senhor já [11]
velho?

13 E disse o Senhor a Abrahão: Porque se riu Sarah, dizendo: Na verdade
parirei eu ainda, havendo já envelhecido?

14 Haveria coisa alguma difficil [12] ao SENHOR? Ao tempo determinado
tornarei a ti por _este_ tempo da vida, e Sarah terá um filho.

15 E Sarah negou, dizendo: Não me ri: porquanto temeu. E _elle_ disse:
Não _digas isso_, porque [13] te riste.

16 E levantaram-se aquelles varões d’ali, e olharam para a banda de
Sodoma; e Abrahão ia com elles, acompanhando-os.


_Deus annuncia a destruição de Sodoma e Gomorrah._

17 E disse o SENHOR: [14] Occultarei eu a Abrahão o que faço?

18 Visto que Abrahão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação,
[15] e n’elle serão bemditas todas as nações da terra.

19 Porque eu o tenho conhecido, que elle ha de ordenar a seus filhos [16]
e a sua casa depois d’elle, para que guardem o caminho do SENHOR, para
obrar _com_ justiça e juizo: para que o SENHOR faça vir sobre Abrahão o
que ácerca d’elle tem fallado.

20 Disse mais o SENHOR: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorrah se tem
multiplicado, e porquanto o seu peccado se tem aggravado muito,

21 Descerei [17] agora, e verei se com effeito tem praticado segundo o
seu clamor, que é vindo até mim; e se não, sabel-o-hei.

22 Então viraram aquelles varões o rosto d’ali, e foram-se para Sodoma;
mas Abrahão ficou ainda em pé diante da face do Senhor.


_Abrahão intercede com Deus pelos homens._

23 E chegou-se Abrahão, dizendo: Destruirás tambem o justo com o impio?

24 Se porventura houver cincoenta justos na cidade, destruil-os-has
tambem, e não pouparás o logar por causa dos cincoenta justos que _estão_
dentro d’ella?

25 Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o impio: que
o justo seja como o impio, [18] longe de ti _seja_. Não faria justiça o
Juiz de toda a terra?

26 Então disse o Senhor: Se eu em Sodoma achar cincoenta justos [19]
dentro da cidade, pouparei a todo o logar por amor d’elles.

27 E respondeu Abrahão, dizendo: Eis que agora me atrevi a fallar ao
Senhor, ainda que _sou_ pó e [20] cinza:

28 Porventura faltarão de cincoenta justos cinco; destruirás por aquelles
cinco toda a cidade? E disse: Não _a_ destruirei, se eu achar ali
quarenta e cinco.

29 E continuou ainda a fallar-lhe, e disse: Porventura se acharão ali
quarenta. E disse: Não _o_ farei por amor dos quarenta.

30 Disse mais: Ora não se ire o Senhor, se eu _ainda_ fallar: Porventura
se acharão ali trinta. E disse: Não _o_ farei se achar ali trinta.

31 E disse: Eis que agora me atrevi a fallar ao Senhor: Porventura se
acharão ali vinte. E disse: Não _a_ destruirei por amor dos vinte.

32 Disse mais: Ora não se ire o Senhor, que _ainda_ só mais esta [21] vez
fallo: Porventura se acharão ali dez. E disse: Não _a_ destruirei por
amor dos dez.

33 E foi-se o Senhor, quando acabou de fallar a Abrahão: e Abrahão
tornou-se ao seu logar.

[1] cap. 13.18 e 14.13.

[2] cap. 19.1.

[3] Heb. 13.2.

[4] cap. 43.24.

[5] Jui. 5.25.

[6] ver. 14. cap. 17.19 e 21.2. II Reis 4.16. Rom. 9.9. Gal. 4.23.

[7] Rom. 4.19. Heb. 11.11, 12.

[8] cap. 31.35.

[9] cap. 21.6.

[10] Luc. 1.18.

[11] I Ped. 3.6.

[12] Jer. 32.17.

[13] Psa. 44.21.

[14] Psa. 25.14. Amós 3.7. João 15.15.

[15] cap. 12.13.

[16] Deu. 4.9, 10. Psa. 78.5-8. Eph. 6.4.

[17] cap. 11.5. Exo. 3.8.

[18] Job 8.3 e 34.17. Rom. 3.6.

[19] Jer. 5.1.

[20] Job 4.19.

[21] Jui. 6.39.



_Lot recebe os dois anjos em sua casa._

19 E vieram os dois [1] anjos a Sodoma á tarde, e estava Lot assentado
á porta de Sodoma; e vendo-_os_ Lot, levantou-se ao seu encontro, e
inclinou-se com o rosto á terra;

2 E disse: Eis agora, meus senhores, entrae, peço-vos, em casa de vosso
servo, e passae _n’ella_ a noite, e lavae os vossos pés; e de madrugada
vos levantareis, e ireis vosso caminho. E elles disseram: Não, antes na
rua passaremos a noite.

3 E porfiou com elles muito, e vieram com elle, e entraram em sua casa: e
fez-lhes banquete, e cozeu bolos sem levadura, e comeram.

4 E antes que se deitassem, cercaram a casa, os varões d’aquella cidade,
os varões de Sodoma, desde o moço até ao velho; todo o povo de todos os
bairros.

5 E chamaram a Lot, e disseram-lhe: Onde _estão_ os varões que a ti
vieram n’esta [2] noite? Tral-os fóra a nós, para que os conheçamos.

6 Então saiu Lot a elles á porta, e fechou a porta atraz de si,

7 E disse: Meus irmãos, rogo-vos que não [3] façaes mal:

8 Eis aqui, duas filhas tenho, que _ainda_ não [4] conheceram varão;
fora vol-as trarei, e fareis d’ellas como bom _fôr_ nos vossos olhos;
sómente nada façaes a estes varões, porque por isso vieram á sombra do
meu telhado.

9 Elles porém disseram: Sae d’ali. Disseram mais: Como estrangeiro este
individuo veiu _aqui_ habitar, e quereria ser juiz em tudo? Agora te
faremos mais mal a ti do que a elles. E arremessaram-se sobre o varão,
_sobre_ Lot, e approximaram-se para arrombar a porta.

10 Aquelles varões porém estenderam a sua mão, e fizeram entrar a Lot
comsigo na casa, e fecharam a porta;

11 E [5] feriram de cegueira os varões que _estavam_ á porta da casa,
desde o menor até ao maior, de maneira que se cançaram para achar a porta.

12 Então disseram aquelles varões a Lot: Tens alguem mais aqui? teu
genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos quantos tens n’esta cidade,
tira-os fóra d’este logar;

13 Porque nós vamos destruir este logar, porque o seu clamor tem
engrossado [6] diante da face do Senhor, e o Senhor nos enviou a
destruil-o.

14 Então saiu Lot, e fallou a seus genros, aos que haviam de tomar as
suas filhas, e disse: Levantae-vos, sahi d’este logar; porque o Senhor
ha de destruir a cidade. Foi tido porém por zombador aos olhos de seus
genros.

15 E ao amanhecer os anjos apertaram com Lot, dizendo: Levanta-te, toma
tua mulher, e tuas duas filhas que aqui estão, para que não pereças na
injustiça d’esta cidade.

16 Elle porém demorava-se, e aquelles varões lhe pegaram pela mão, e pela
mão de sua mulher, e pela mão de suas duas filhas, sendo-lhe o Senhor
misericordioso, e tiraram-o, e puzeram-o fóra da cidade.

17 E aconteceu que, tirando-os fóra, disse: Escapa-te por tua vida; não
olhes [7] para traz de ti, e não pares em toda esta campina; escapa lá
para o monte, para que não pereças.

18 E Lot disse-lhe: Ora não, Senhor!

19 Eis que agora o teu servo tem achado graça aos teus olhos, e
engrandeceste a tua misericordia que a mim me fizeste, para guardar a
minha alma em vida: e eu não posso escapar no monte, para que porventura
não me apanhe este mal, e eu morra.

20 Eis que agora esta cidade _está_ perto, para fugir para lá, e _é_
pequena: ora _para_ ali me escaparei (não _é_ pequena?), para que minha
alma viva.

21 E disse-lhe: Eis aqui, tenho-te acceitado tambem n’este negocio, para
não derribar esta cidade, de que fallaste:

22 Apressa-te, escapa-te para ali; porque nada poderei fazer, emquanto
não tiveres ali chegado. Por isso se chamou o nome da cidade [AQ] Zoar.

23 Saiu o sol sobre a terra, quando Lot entrou em Zoar.


_A destruição de Sodoma e Gomorrah._

24 Então o Senhor fez [8] chover enxofre e fogo, do Senhor desde os céus,
sobre Sodoma e Gomorrah;

25 E derribou aquellas cidades, e toda aquella campina, e todos os
moradores d’aquellas cidades, e o que nascia da terra.

26 E a mulher de _Lot_ olhou para traz d’elle, e ficou convertida n’uma
estatua de [9] sal.

27 E Abrahão levantou-se aquella mesma manhã, de madrugada, e foi para
aquelle logar onde estivera [10] diante da face do Senhor;

28 E olhou para Sodoma e Gomorrah, e para toda a terra da campina; e viu,
e eis que o fumo da terra subia, como o fumo d’uma fornalha.

29 E aconteceu que, destruindo Deus as cidades da campina, Deus se
lembrou de Abrahão, e tirou a Lot do meio da destruição, derribando
aquellas cidades em que Lot habitara.

30 E subiu Lot de Zoar, e habitou [11] no monte, e as suas duas filhas
com elle; porque temia de habitar em Zoar; e habitou n’uma caverna, elle
e as suas duas filhas.

31 Então a primogenita disse á menor: Nosso pae _é_ já velho, e não _ha_
varão na terra que entre a nós, segundo o costume de toda a terra;

32 Vem, demos de beber vinho a nosso pae, e deitemo-nos com elle, para
que em vida conservemos semente de nosso pae.

33 E deram de beber vinho a seu pae [12] n’aquella noite; e veiu a
primogenita, e deitou-se com seu pae, e não sentiu elle quando ella se
deitou, nem quando se levantou.

34 E succedeu, no outro dia, que a primogenita disse á menor: Vês aqui,
eu já hontem á noite me deitei com meu pae: demos-lhe de beber vinho
tambem esta noite, e então entra tu, deita-te com elle, para que em vida
conservemos semente de nosso pae.

35 E deram de beber vinho a seu pae, tambem n’aquella noite; e
levantou-se a menor, e deitou-se com elle; e não sentiu elle quando ella
se deitou, nem quando se levantou.

36 E conceberam [13] as duas filhas de Lot de seu pae.

37 E pariu a primogenita um filho, e chamou o seu nome Moab; este _é_ o
pae dos [14] moabitas, até ao dia d’hoje.

38 E a menor tambem pariu um filho, e chamou o seu nome Benammi; este _é_
o pae dos filhos de Ammon, até o dia [15] d’hoje.

[1] cap. 18.22.

[2] Jui. 19.22.

[3] Lev. 18.22. Deu. 23.17. Rom. 1.24. I Cor. 6.9, 11. Jud. 7.

[4] Jui. 19.24.

[5] II Reis 6.18. Act. 13.11.

[6] cap. 18.20.

[7] ver. 26.

[8] Deu. 29.23. Isa. 13.19. Jer. 49.18 e 50.40. Lam. 4.6. Eze. 16.49.
Mat. 11.23. Luc. 17.28, 29. II Ped. 2.6. Jud. 7. Apo. 20.9.

[9] Luc. 17.32.

[10] cap. 18.22.

[11] ver. 17, 19.

[12] Pro. 23.31, 33.

[13] Lev. 18.6, 7.

[14] Deu. 2.9, 19.

[15] Sof. 2.9.



_Abrahão nega que Sarah é sua mulher._

20 E partiu-se Abrahão d’ali para a terra do sul, e habitou entre Kades e
Sur; e peregrinou em Gerar.

2 E havendo Abrahão dito de Sarah sua mulher; [1] _É_ minha irmã, enviou
Abimelech, rei de Gerar, e tomou a Sarah.

3 Deus porém veiu a Abimelech em [2] sonhos de noite, e disse-lhe: Eis
que morto _és_ por causa da mulher que tomaste; porque ella _está_ casada
com marido.

4 Mas Abimelech _ainda_ não se tinha chegado a ella; por isso disse:
Senhor, matarás tambem uma nação justa?

5 Não me disse elle mesmo: É minha irmã? e ella tambem disse: É meu
irmão. Em sinceridade do coração e em pureza das minhas mãos tenho feito
isto.

6 E disse-lhe Deus em sonhos: Bem sei eu que na sinceridade do teu
coração fizeste isto; e tambem eu te tenho impedido de peccar contra mim;
[3] por isso te não permitti tocal-a;

7 Agora pois restitue a mulher ao seu marido, porque propheta é, e rogará
por ti, [4] para que vivas; porém senão lh’a restituires, sabe que
certamente morrerás, tu e tudo o que é teu.

8 E levantou-se Abimelech pela manhã de madrugada, chamou a todos os seus
servos, e fallou todas estas palavras em seus ouvidos; e temeram muito
aquelles varões.

9 Então chamou Abimelech a Abrahão e disse-lhe: Que nos fizeste? e em que
pequei contra ti, para trazeres sobre o meu reino tamanho peccado? Tu me
fizeste aquillo que não deverias ter feito.

10 Disse mais Abimelech a Abrahão: Que tens visto, para fazer tal coisa?

11 E disse Abrahão: Porque eu dizia commigo: [5] Certamente não _ha_
temor de Deus n’este logar, e elles me matarão por amor da minha mulher.

12 E, na verdade, é ella tambem minha irmã, filha de meu pae, mas não
filha da minha mãe; e veiu a ser minha mulher:

13 E aconteceu que, fazendo-me Deus sair errante da casa de meu pae,
eu lhe disse: _Seja_ esta a graça que me farás em todo o logar aonde
viermos: diz de mim: _É_ meu irmão.

14 Então tomou Abimelech ovelhas e vaccas, [6] e servos e servas, e os
deu a Abrahão; e restituiu-lhe Sarah, sua mulher.

15 E disse Abimelech: Eis que a minha terra _está_ diante da tua face:
habita onde bom _fôr_ aos teus olhos.

16 E a Sarah disse: Vês que tenho dado ao teu irmão mil _moedas_ de
prata: eis que elle te seja por véu dos olhos para com todos os que
comtigo _estão_, e até para com todos os _outros_; e estás advertida.

17 E orou Abrahão a Deus, e sarou Deus a Abimelech, e á sua mulher, e ás
suas servas, de maneira que pariram;

18 Porque o Senhor havia fechado totalmente todas as madres da casa de
Abimelech, por causa de Sarah, mulher de Abrahão.

[1] cap. 12.13 e 26.7.

[2] Job 33.15. Psa. 105.14.

[3] Psa. 51.4.

[4] I Sam. 7.5. Job 42.8. Thi. 5.16.

[5] Pro. 3.5.

[6] cap. 12.16.



_O nascimento de Isaac._

[Antes de Christo 1892]

21 E o Senhor [1] visitou a Sarah, como tinha dito; e fez o Senhor a
Sarah como tinha fallado.

2 E [2] concebeu Sarah, e pariu a Abrahão um filho na sua velhice, ao
tempo determinado, que Deus lhe tinha dito.

3 E chamou Abrahão o nome de seu filho que lhe nascera, que Sarah lhe [3]
parira, [AR] Isaac.

4 E Abrahão circumcidou o seu filho Isaac, quando era da edade de oito
dias, como Deus lhe tinha [4] ordenado.

5 E _era_ Abrahão da edade de cem annos, quando lhe nasceu Isaac seu
filho.

6 E disse Sarah: Deus me tem feito riso: todo aquelle que o ouvir, se
rirá commigo.

7 Disse mais: Quem diria a Abrahão, que Sarah daria de mamar a filhos?
porque pari-_lhe_ um filho na sua velhice.

8 E cresceu o menino, e foi desmamado; então Abrahão fez um grande
banquete no dia em que Isaac foi desmamado.

9 E viu Sarah [5] que zombava o filho de Hagar a Egypcia, o qual tinha
parido a Abrahão.

10 E disse a Abrahão: Deita fóra esta [6] serva e o seu filho; porque o
filho d’esta serva não herdará com meu filho, com Isaac.

11 E pareceu esta palavra mui má aos olhos de Abrahão, por causa de seu
filho.

12 Porém Deus disse a Abrahão: Não te pareça mal aos teus olhos ácerca do
moço, e ácerca da tua serva; em tudo o que Sarah te diz, ouve a sua voz;
porque [7] em Isaac será chamada a tua semente.

13 Mas tambem do [8] filho d’esta serva farei uma nação, porquanto _é_
tua semente.


_O despedimento de Hagar e Ishmael._

14 Então se levantou Abrahão pela manhã de madrugada, e tomou pão, e um
odre d’agua, e os deu a Hagar, pondo-os sobre o seu hombro; tambem _lhe
deu_ o menino, e despediu-a; e ella foi-se, andando errante no deserto de
[AS] Berseba.

15 E consumida a agua do odre, lançou o menino debaixo de uma das arvores.

16 E foi-se, e assentou-se em frente, afastando-se a distancia d’um tiro
d’arco; porque dizia: Que não veja morrer o menino. E assentou-se em
frente, e levantou a sua voz, e chorou.

17 E ouviu Deus a voz do menino, e bradou o anjo de Deus a Hagar desde os
céus, e disse-lhe: Que tens, Hagar? não temas, porque Deus ouviu a voz do
moço desde o logar onde _está_.

18 Ergue-te, levanta o moço, e pega-lhe pela mão, porque d’elle farei uma
[9] grande nação.

19 E [10] abriu-lhe Deus os olhos, e viu um poço d’agua: e foi-se, e
encheu o odre d’agua, e deu de beber ao moço.

20 E era Deus com o moço, que cresceu; e habitou no deserto, e foi
frecheiro.

21 E habitou no deserto [11] de Paran; e sua mãe tomou-lhe mulher da
terra do Egypto.


_Abimelech faz um pacto com Abrahão._

22 E aconteceu n’aquelle mesmo tempo que Abimelech, com Phichol, [AT]
principe do seu exercito, fallou com Abrahão, dizendo: Deus _é_ [12]
comtigo em tudo o que fazes;

23 Agora pois, jura-me aqui por Deus que me não mentirás a mim, nem a meu
filho, nem a meu neto: segundo a beneficencia que te fiz, me farás a mim,
e á terra onde peregrinaste.

24 E disse Abrahão: Eu jurarei.

25 Abrahão, porém, reprehendeu a Abimelech por causa de um poço d’agua,
que os servos de Abimelech haviam tomado por [13] força.

26 Então disse Abimelech: Eu não sei quem fez isto; e tambem tu m’o não
fizeste saber, nem eu o ouvi senão hoje.

27 E tomou Abrahão ovelhas e vaccas, e deu-as a Abimelech; e fizeram
ambos concerto.

28 Poz Abrahão, porém, á parte sete cordeiras do rebanho.

29 E Abimelech disse a Abrahão: Para que estão aqui estas sete cordeiras,
que pozeste á parte?

30 E disse: Tomarás _estas_ sete cordeiras de minha mão, para que sejam
[14] em testemunho que eu cavei este poço.

31 Por isso se chamou aquelle logar [AU] Berseba, porquanto ambos juraram
ali.

32 Assim fizeram concerto em Berseba. Depois se levantou Abimelech
e Phichol, principe do seu exercito, e tornaram-se para a terra dos
philisteus.

33 E plantou um bosque em Berseba, e invocou lá o nome do Senhor, Deus
[15] eterno.

34 E peregrinou Abrahão na terra dos philisteus muitos dias.

[1] I Sam. 2.21. Luc. 1.68.

[2] Heb. 11.11.

[3] cap. 17.19.

[4] Lev. 12.3. Act. 7.8.

[5] Gal. 4.29.

[6] Gal. 4.30.

[7] Rom. 9.7, 8. Heb. 11.18.

[8] cap. 16.10.

[9] ver. 13.

[10] Num. 22.31. II Reis 6.17, 20. Luc. 24.16, 31.

[11] Num. 10.12.

[12] cap. 26.28 e 39.2.

[13] cap. 26.15, 22.

[14] cap. 31.48. Jos. 22.27.

[15] Psa. 90.2.



_Deus manda Abrahão matar seu filho Isaac._

[Antes de Christo 1891]

22 E aconteceu [1] depois d’estas coisas, que tentou Deus a Abrahão, e
disse-lhe: Abrahão! E elle disse: Eis-me _aqui_.

2 E disse: Toma agora o teu filho, o teu unico filho, Isaac, a quem amas,
e vae-te á terra de Moriah, e offerece-o ali em holocausto sobre uma das
montanhas, que eu te direi.

3 Então se levantou Abrahão pela manhã de madrugada, e albardou o seu
jumento, e tomou comsigo dois de seus moços e Isaac seu filho; e fendeu
lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao logar que Deus lhe
dissera.

4 Ao terceiro dia levantou Abrahão os seus olhos, e viu o logar de longe.

5 E disse Abrahão a seus moços: Ficae-vos aqui com o jumento, e eu e o
moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós.

6 E tomou Abrahão a lenha do holocausto, [2] e pôl-a sobre Isaac seu
filho; e elle tomou o fogo e o cutelo na sua mão, e foram ambos juntos.

7 Então fallou Isaac a Abrahão seu pae, e disse: Meu pae! E elle disse:
Eis-me _aqui_, meu filho! E elle disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas
onde _está_ o cordeiro para o holocausto?

8 E disse Abrahão: Deus proverá para si [3] o cordeiro para o holocausto,
meu filho. Assim caminharam ambos juntos.

9 E vieram ao logar que Deus lhe dissera, e edificou Abrahão ali um
altar, e poz em ordem a lenha, e amarrou a Isaac seu filho, [4] e
deitou-o sobre o altar em cima da lenha.

10 E estendeu Abrahão a sua mão, e tomou o cutelo para immolar o seu
filho;

11 Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde os céus, e disse: Abrahão,
Abrahão! E elle disse: Eis-me _aqui_.

12 Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças
nada: porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho,
o teu unico.

13 Então levantou Abrahão os seus olhos, e olhou; e eis um carneiro
detraz _d’elle_, travado pelas suas pontas n’um [5] matto; e foi Abrahão,
e tomou o carneiro, e offereceu-o em holocausto, em logar de seu filho.

14 E chamou Abrahão o nome d’aquelle logar, [AV] o Senhor proverá; d’onde
se diz _até_ ao dia de hoje: No monte do Senhor [6] se proverá.

15 Então o anjo do Senhor bradou a Abrahão pela segunda vez desde os céus,

16 E disse: Por mim mesmo, [7] jurei, diz o Senhor: Porquanto fizeste
esta acção, e não negaste o teu filho, o teu unico,

17 Que devéras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua
semente como as [8] estrellas dos céus, e como a areia que _está_ na
praia do mar; e a tua semente possuirá a porta dos seus inimigos;

18 E em tua semente serão bemditas todas as nações da terra; [9]
porquanto obedeceste á minha voz.

19 Então Abrahão tornou aos seus moços, e levantaram-se, e foram juntos
para Berseba; e Abrahão habitou em Berseba.

20 E succedeu depois d’estas coisas, que annunciaram a Abrahão, dizendo:
Eis que tambem [10] Milcah pariu filhos a Nahor teu irmão:

21 Uz o seu primogenito, e Buz seu irmão, e Kemuel, pae d’Aram,

22 E Chesed, e Hazo, e Pildas, e Jidlaph, e Bethuel.

23 E Bethuel [11] gerou Rebecca: estes oito pariu Milcah a Nahor, irmão
de Abrahão.

24 E a sua concubina, cujo nome _era_ Reuma, ella pariu tambem a Tebah, e
Gaham, e Tahash e Maacah.

[1] Deu. 8.2.

[2] João 19.17.

[3] João 1.29. Apo. 5.6.

[4] Heb. 11.17. Thi. 2.21.

[5] I Cor. 10.13. II Cor. 1.9, 10.

[6] ver. 8.

[7] Luc. 1.73. Heb. 6.13, 14.

[8] Deu. 1.10. Jer. 33.22.

[9] I Sam. 2.30.

[10] cap. 11.29.

[11] cap. 24.15.



_A morte de Sarah._

[Antes de Christo 1860]

23 E foi a vida de Sarah cento e vinte e sete annos: _estes foram_ os
annos da vida de Sarah.

2 E morreu Sarah em [1] Kiriath-arba, que é Hebron, na terra de Canaan; e
veiu Abrahão lamentar a Sarah e chorar por ella.

3 Depois se levantou Abrahão de diante do seu morto, e fallou aos filhos
de Heth, dizendo:

4 Estrangeiro e peregrino sou entre vós: dae-me [2] possessão de
sepultura comvosco, para que eu sepulte o meu morto de diante da minha
face.

5 E responderam os filhos de Heth a Abrahão, dizendo-lhe:

6 Ouve-nos, meu senhor; principe de Deus _és_ no meio de nós; enterra
o teu morto na _mais_ escolhida de nossas sepulturas; nenhum de nós te
vedará a sua sepultura, para enterrar o teu morto.

7 Então se levantou Abrahão, e inclinou-se diante do povo da terra,
diante dos filhos de Heth.

8 E fallou com elles, dizendo: Se é de vossa vontade que eu sepulte o meu
morto de diante de minha face, ouvi-me e fallae por mim a Ephron, filho
de Zohar,

9 Que elle me dê a cova de Machpelah, que elle _tem_ no fim do seu campo;
que m’a dê pelo devido preço em herança de sepulchro no meio de vós.

10 Ora Ephron habitava no meio dos filhos de Heth: e respondeu Ephron
hetheo a Abrahão, aos ouvidos dos filhos de Heth, de todos os que
entravam pela porta da sua cidade, dizendo:

11 Não, meu senhor: ouve-me, o campo te dou, tambem te dou a cova que
n’elle _está_, diante dos olhos dos filhos do meu povo t’a dou; sepulta o
teu morto.

12 Então Abrahão se inclinou diante da face do povo da terra,

13 E fallou a Ephron, aos ouvidos do povo da terra, dizendo: Mas se tu
estás _por isto_, ouve-me, peço-te: o preço do campo _o_ darei; toma-o de
mim, e sepultarei ali o meu morto.

14 E respondeu Ephron a Abrahão, dizendo-lhe:

15 Meu senhor, ouve-me, a terra _é_ de quatrocentos siclos de prata; que
é isto entre mim e ti? sepulta o teu morto.

16 E Abrahão deu ouvidos a Ephron e Abrahão pesou a Ephron a prata de
que tinha fallado aos ouvidos dos filhos de Heth, quatrocentos siclos de
prata, correntes entre mercadores.

17 Assim o campo de Ephron, que _estava_ em Machpelah, em frente de
Mamre, o campo e a cova que n’elle _estava_, e todo o arvoredo que no
campo _havia_, que _estava_ em todo o seu contorno ao redor,

18 Se confirmou a Abrahão em possessão diante dos olhos dos filhos de
Heth, de todos os que entravam pela porta da sua cidade.

19 E depois sepultou Abrahão a Sarah sua mulher na cova do campo de
Machpelah, em frente de Mamre, que é Hebron, na terra de Canaan.

20 Assim o campo e a cova que n’elle _estava_ se confirmou a Abrahão em
possessão de sepultura pelos filhos de Heth.

[1] Jos. 14.15. cap. 13.18.

[2] Act. 7.5.



_Abrahão manda seu servo buscar uma mulher para Isaac._

[Antes de Christo 1857]

24 E era Abrahão já velho _e_ adiantado em edade, e o Senhor havia [1]
abençoado a Abrahão em tudo.

2 E disse Abrahão ao [2] seu servo, o mais velho da casa, que tinha o
governo sobre tudo o que possuia: [3] Põe agora a tua mão debaixo da
minha coxa,

3 Para que eu te faça jurar pelo Senhor Deus dos céus e Deus da terra,
que não tomarás para meu filho [4] mulher das filhas dos cananeos no meio
dos quaes eu habito,

4 Mas [5] que irás á minha terra e á minha parentela, e _d’ahi_ tomarás
mulher para meu filho Isaac.

5 E disse-lhe o servo: Porventura não quererá seguir-me a mulher a esta
terra. Farei pois tornar o teu filho á terra d’onde saiste?

6 E Abrahão lhe disse: Guarda-te, que não faças lá tornar o meu filho.

7 O Senhor, Deus dos [6] céus, que me [7] tomou da casa de meu pae e da
terra da minha parentela, e que me fallou, e que me jurou, dizendo: Á
tua semente darei esta terra: Elle enviará o seu [8] anjo adiante da tua
face, para que tomes mulher de lá para meu filho.

8 Se a mulher, porém, não quizer seguir-te, serás livre d’este meu
juramento; sómente não faças lá tornar a meu filho.

9 Então poz o servo a sua mão debaixo da coxa de Abrahão seu senhor, e
jurou-lhe sobre este negocio.

10 E o servo tomou dez camelos, dos camelos do seu senhor, e partiu, pois
que toda a fazenda de seu senhor _estava_ em sua mão, e levantou-se e
partiu para [AW] Mesopotamia, para a cidade de [9] Nahor,

11 E fez ajoelhar os camelos fóra da cidade, junto a um poço d’agua, pela
tarde, ao tempo que as moças sahiam a tirar [10] _agua_.

12 E disse: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abrahão! [11] dá-me hoje bom
encontro, [12] e faze beneficencia ao meu senhor Abrahão!

13 Eis que eu estou em pé junto á fonte d’agua, e as filhas dous varões
d’esta cidade saem para tirar agua;

14 Seja pois que a donzella, a quem eu disser: Abaixa agora o teu cantaro
para que eu beba; e ella disser: Bebe, e tambem darei de beber aos teus
camelos; esta _seja_ a quem designaste ao teu servo Isaac, e que eu [13]
conheça n’isso que fizeste beneficencia a meu senhor.


_O encontro de Rebecca._

15 E succedeu [14] que, antes que elle acabasse de fallar, eis que
Rebecca, que havia nascido a Bethuel, filho de Milcah, mulher de Nahor,
irmão de Abrahão, sahia com o seu cantaro sobre o seu hombro.

16 E a donzella _era_ mui formosa á vista, virgem, a quem varão não havia
conhecido: e desceu á fonte, e encheu o seu cantaro, e subiu.

17 Então o servo correu-lhe ao encontro, e disse: Ora deixa-me beber uma
pouca d’agua do teu cantaro.

18 E ella disse: Bebe, meu senhor. E apressou-se, e abaixou o seu cantaro
sobre a sua mão, e deu-lhe de beber.

19 E, acabando ella de lhe dar de beber, disse: Tirarei tambem _agua_
para os teus camelos, até que acabem de beber.

20 E apressou-se, e vasou o seu cantaro na pia, e correu outra vez ao
poço para tirar _agua_, e tirou para todos os seus camelos.

21 E o varão estava admirado de vel-a, calando-se, para saber se o Senhor
havia prosperado a sua jornada, ou não.

22 E aconteceu que, acabando os camelos de beber, tomou o varão um
pendente de oiro de meio siclo de peso, e duas pulseiras para as suas
mãos, do peso de dez _siclos_ de oiro.

23 E disse: De quem _és_ filha? faze-m’o saber, peço-te; ha tambem em
casa de teu pae logar para nós pousarmos?

24 E ella lhe disse: Eu _sou_ a filha de [15] Bethuel, filho de Milcah, o
qual ella pariu a Nahor.

25 Disse-lhe mais: Tambem temos palha e muito pasto, e logar para passar
a noite.

26 Então inclinou-se [16] aquelle varão, e adorou ao Senhor,

27 E disse: Bemdito _seja_ o Senhor Deus de meu senhor Abrahão, que não
retirou a sua beneficencia e a sua verdade de meu senhor: quanto a mim, o
Senhor me guiou no caminho á casa dos irmãos de meu senhor.

28 E a donzella correu, e fez saber estas coisas na casa de sua mãe.

29 E Rebecca tinha um irmão, cujo nome _era_ [17] Labão; e Labão correu
ao encontro d’aquelle varão á fonte.

30 E aconteceu que, quando elle viu o pendente, e as pulseiras sobre as
mãos de sua irmã, e quando ouviu as palavras de sua irmã Rebecca, que
dizia: Assim me fallou aquelle varão; veiu o varão, e eis que estava em
pé junto aos camelos á fonte.

31 E disse: Entra, bemdito do Senhor, porque estarás fóra? pois eu já
preparei a casa, e o logar para os camelos.

32 Então veiu aquelle varão á casa, e desataram os camelos, e deram palha
e pasto aos camelos, e agua para lavar os pés d’elle e os pés dos varões
que _estavam_ com elle.

33 Depois pozeram de comer diante d’elle; elle porém disse: Não [18]
comerei, até que tenha dito as minhas palavras. E elle disse: Falla.

34 Então disse: Eu _sou_ o servo d’Abrahão.

35 E o Senhor [19] abençoou muito o meu senhor, de maneira que foi
engrandecido, [20] e deu-lhe ovelhas e vaccas, e prata e oiro, e servos e
servas, e camelos e jumentos.

36 E Sarah, a mulher do meu senhor, pariu um filho a meu senhor depois da
sua velhice, e elle deu-lhe tudo quanto tem.

37 E meu senhor me fez [21] jurar, dizendo: Não tomarás mulher para meu
filho das filhas dos cananeos, em cuja terra habito:

38 Irás porém á casa de meu pae, e á minha familia, e tomarás mulher para
meu filho.

39 Então disse eu ao meu senhor: Porventura não me seguirá a mulher.

40 E _elle_ me disse: O Senhor, em cuja presença tenho andado, enviará o
seu anjo comtigo, e prosperará o teu caminho, para que tomes mulher para
meu filho da minha familia e da casa de meu pae:

41 Então serás livre do meu juramento, quando fores á minha familia; e se
não t’a derem, livre serás do meu juramento.

42 E hoje cheguei á fonte, e disse: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abrahão!
se tu agora prosperas o meu caminho, no qual eu ando,

43 Eis que estou junto á fonte d’agua: seja pois que a donzella que sair
para tirar _agua_ e á qual eu disser: Ora dá-me uma pouca d’agua do teu
cantaro;

44 E ella me disser: Bebe tu tambem, e tambem tirarei agua para os [22]
teus camelos; esta _seja_ a mulher que o Senhor designou ao filho de meu
senhor.

45 E antes que eu acabasse de fallar no [23] meu coração, eis que Rebecca
sahia com o seu cantaro sobre o seu hombro, e desceu á fonte, e tirou
_agua_; e eu lhe disse: Ora dá-me de beber.

46 E ella se apressou, e abaixou o seu cantaro de sobre si, e disse:
Bebe, e tambem darei de beber aos teus camelos; e bebi, e ella deu tambem
de beber aos camelos.

47 Então lhe perguntei, e disse: De quem _és_ filha? E ella disse: Filha
de Bethuel, filho de Nahor, que lhe pariu Milcah. Então eu puz o pendente
no seu rosto, e as pulseiras sobre as suas mãos;

48 E inclinando-me adorei ao Senhor, e bemdisse ao Senhor, Deus do meu
senhor Abrahão, [24] que me havia encaminhado pelo caminho da verdade,
para tomar a filha do irmão de meu senhor para seu filho.

49 Agora pois, se vós haveis de fazer beneficencia e verdade a meu
senhor, fazei-m’o saber; e se não _tambem_ m’o fazei saber, para que eu
olhe á mão direita, ou á esquerda.

50 Então responderam Labão e Bethuel, e disseram: Do Senhor procedeu este
negocio; não podemos fallar-te mal ou [25] bem.

51 Eis que, Rebecca _está_ diante da tua face; toma-a, e vae-te; seja a
mulher do filho de teu senhor, como tem dito o Senhor.

52 E aconteceu que, o servo de Abrahão, ouvindo as suas palavras,
inclinou-se á terra diante do Senhor,

53 E tirou o servo [AX] vasos de prata e vasos de oiro, e vestidos, e
deu-os a Rebecca; tambem deu coisas preciosas a seu irmão e a sua mãe.

54 Então comeram e beberam, elle e os varões que com elle estavam, e
passaram a noite. E levantaram-se pela manhã, e disse: Deixae-me ir a meu
senhor.

55 Então disseram seu irmão e sua mãe: Fique a donzella comnosco _alguns_
dias, ou pelo menos dez dias, depois irá.

56 Elle porém lhes disse: Não me detenhaes, pois o Senhor tem prosperado
o meu caminho; deixae-me partir, que eu volte a meu senhor.

57 E disseram: Chamemos a donzella, e perguntemos-lh’o.


_Rebecca consente em casar com Isaac._

58 E chamaram a [26] Rebecca, e disseram-lhe: Irás tu com este varão?
Ella respondeu: Irei.

59 Então despediram a Rebecca sua [27] irmã, e sua ama, e o servo de
Abrahão, e seus varões.

60 E [28] abençoaram a Rebecca, e disseram-lhe: O nossa irmã, sejas tu
em milhares de milhares, e que a tua semente possua a [29] porta de seus
aborrecedores!

61 E Rebecca se levantou com as suas moças, e subiram sobre os camelos, e
seguiram o varão: e tomou aquelle servo a Rebecca, e partiu.

62 Ora Isaac vinha d’onde se vem do poço de Lahai-roi; porque habitava na
terra do sul.

63 E Isaac saira a orar [AY] no campo, sobre a tarde: e levantou os seus
olhos, e olhou, e eis que os camelos vinham.

64 Rebecca tambem levantou seus olhos, e viu a Isaac, e lançou-se do [30]
camelo.

65 E disse ao servo: Quem _é_ aquelle varão que vem pelo campo ao nosso
encontro? E o servo disse: Este _é_ meu senhor. Então tomou ella o véu, e
cobriu-se.

66 E o servo contou a Isaac todas as coisas que fizera.

67 E Isaac trouxe-a para a tenda de sua mãe Sarah, e tomou a Rebecca, e
foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim Isaac foi consolado depois _da morte_
de sua mãe.

[1] cap. 13.2.

[2] cap. 15.2.

[3] cap. 47.29.

[4] Deu. 7.3.

[5] cap. 11.28 e 28.2.

[6] Esd. 1.2.

[7] cap. 12.1, 7.

[8] Heb. 1.14.

[9] cap. 11.31.

[10] Exo. 2.16. I Sam. 9.11.

[11] ver. 27. cap. 26.24. Exo. 3.6.

[12] Neh. 1.11. Pro. 3.6.

[13] Jui. 6.17, 37.

[14] Isa. 65.24. Dan. 9.21.

[15] cap. 22.23.

[16] ver. 52. Exo. 4.31.

[17] cap. 29.5.

[18] João 4.34. Eph. 6.5, 7.

[19] Pro. 10.22 e 22.4.

[20] Psa. 18.35.

[21] ver. 3.

[22] Pro. 19.14.

[23] I Sam. 1.13. Neh. 2.4.

[24] Psa. 32.8 e 48.14 e 107.7.

[25] cap. 31.34. II Sam. 13.22.

[26] Psa. 45.10.

[27] cap. 35.8.

[28] Ruth 4.11, 12.

[29] cap. 22.17.

[30] Jos. 15.18. Jui. 1.14.



_Abrahão casa com Ketura e tem filhos d’ella._

25 E Abrahão tomou _outra_ mulher; e o seu nome _era_ [1] Ketura;

2 E pariu-lhe Zimran, e Joksan, e [2] Medan, e Midian, e Jisbac, e Shuah.

3 E Joksan gerou [3] Seba e Dedan: e os filhos de [4] Dedan foram
Assurim, e Letusim e Leummim.

4 E os filhos de Midian foram [5] Epha, e Epher, e Henoch, e Abidah, e
Eldah: estes todos _foram_ filhos de Ketura.

5 Porém Abrahão deu tudo o que tinha a Isaac;

6 Mas aos filhos das concubinas que Abrahão tinha, deu Abrahão presentes,
e, vivendo elle ainda, despediu-os do seu filho Isaac, ao oriente, para a
terra [6] oriental.

7 Estes pois _são_ os dias dos annos da vida de Abrahão, que viveu cento
e setenta e cinco annos.


_Abrahão morre._

[Antes de Christo 1822]

8 E Abrahão expirou e [7] morreu em boa velhice, velho e farto _de dias_:
[8] e foi congregado ao seu povo;

9 E sepultaram-o Isaac e Ishmael, seus filhos, na cova de Machpelah, no
campo d’Ephron, filho de Zohar hetheo, que _estava_ em frente de Mamre,

10 O campo que Abrahão comprara aos filhos de Heth. Ali está sepultado
Abrahão, e Sarah sua mulher.

11 E aconteceu depois da morte de Abrahão, que Deus abençoou a Isaac seu
filho; e habitava Isaac junto ao poço Lahai-roi.


_Os descendentes de Ishmael._

12 Estas porém são as gerações de Ishmael filho de Abrahão, que a serva
de Sarah, Hagar Egypcia, pariu a Abrahão.

13 E estes são os nomes dos filhos de Ishmael pelos seus nomes, segundo
as suas gerações: o [9] primogenito de Ishmael _era_ Nebajoth, depois
Kedar, e Abdeel, e Mibsam,

14 E Misma, e Duma, e Massa,

15 Hadar, e Tema, Jetur, Nafis, e Kedma.

16 Estes _são_ os filhos de Ishmael, e estes _são_ os seus nomes pelas
suas villas e pelos seus [AZ] castellos: doze principes [10] segundo as
suas [BA] familias.

17 E estes _são_ os annos da vida de Ishmael, cento e trinta e sete
annos; e elle expirou, e morreu, [11] e foi congregado ao seu povo.

18 E habitaram desde Havila até Sur, que _está_ em frente do Egypto, indo
para [BB] Assur; e fez o seu assento diante da face de todos os seus [12]
irmãos.


_Os descendentes de Isaac._

19 E estas _são_ as gerações de Isaac, filho de Abrahão: Abrahão gerou a
Isaac:

20 E era Isaac da edade de quarenta annos, quando tomou a Rebecca, filha
de Bethuel [BC] arameo de Paddan-aram, irmã de Labão arameo, por sua
mulher.

21 E Isaac orou instantemente ao Senhor por sua [13] mulher, porquanto
_era_ esteril; [14] e o Senhor ouviu as suas orações, e Rebecca sua
mulher concebeu.

22 E os filhos luctavam dentro d’ella; então disse: Se assim _é_, porque
_sou_ eu _assim_? E foi-se a perguntar ao Senhor.

23 E o Senhor lhe disse: Duas nações _ha_ no teu ventre, e dois povos
se dividirão das tuas entranhas, e _um_ povo será mais forte do que o
_outro_ povo, e o maior servirá ao [15] menor.


_O nascimento de Esaú e Jacob._

[Antes de Christo 1838]

24 E cumprindo-se os seus dias para parir, eis gemeos no seu ventre.

25 E saiu o primeiro ruivo e todo como um vestido cabelludo; por isso
chamaram o seu nome [BD] Esaú.

26 E depois saiu o seu irmão, [16] agarrada sua mão ao calcanhar de Esaú;
por isso se chamou o seu nome [BE] Jacob. E _era_ Isaac da edade de
sessenta annos quando os gerou.

27 E cresceram os meninos, e Esaú foi varão perito na caça, varão do
campo; mas Jacob _era_ varão simples, [17] habitando em tendas.

28 E amava Isaac a Esaú, porque a caça era de seu gosto, mas Rebecca
amava a Jacob.

29 E Jacob cozera um guisado; e veiu Esaú do campo, e _estava_ elle [BF]
cançado:

30 E disse Esaú a Jacob: Deixa-me, peço-te, sorver d’esse _guisado_
vermelho, porque estou cançado. Por isso se chamou o seu nome [BG] Edom.

31 Então disse Jacob: Vende-me hoje a tua primogenitura.

32 E disse Esaú: Eis que estou a ponto de morrer, e para que me _servirá_
logo a primogenitura?

33 Então disse Jacob: Jura-me hoje. E jurou-lhe [18] e vendeu a sua
primogenitura a Jacob.

34 E Jacob deu pão a Esaú e o guisado das lentilhas; e comeu, e bebeu, e
levantou-se, e foi-se. Assim desprezou Esaú a _sua_ primogenitura.

[1] I Chr. 1.32.

[2] Num. 22.4.

[3] I Sam. 10.1. Psa. 72.10.

[4] Jer. 25.23.

[5] Isa. 60.6.

[6] Jui. 6.3.

[7] cap. 15.15. Job 5.26.

[8] cap. 35.29 e 49.32.

[9] I Chr. 1.29.

[10] cap. 17.20.

[11] I Sam. 15.7.

[12] cap. 16.12.

[13] I Sam. 1.11. Luc. 1.13.

[14] I Chr. 5.20. I Chr. 23.13. Esd. 8.20. Pro. 10.24.

[15] Mal. 1.2, 4. Rom. 9.10, 12.

[16] Ose. 12.3.

[17] Heb. 11.9.

[18] cap. 27.36. Heb. 12.16.



_Isaac vae a Gerar por causa da fome._

[Antes de Christo 1804]

26 E havia fome na [1] terra, além da primeira fome, que foi nos dias de
Abrahão: por isso foi-se Isaac a Abimelech, [2] rei dos philisteus, em
Gerar.

2 E appareceu-lhe o Senhor, e disse: Não desças ao Egypto; habita na
terra que eu te disser:

3 Peregrina n’esta terra, e serei comtigo, e te abençoarei; porque a ti e
á tua semente darei todas estas [3] terras, e confirmarei o juramento que
tenho jurado a Abrahão teu pae;

4 E multiplicarei a tua semente como as estrellas dos céus, [4] e darei á
tua semente todas estas terras; e em tua semente serão bemditas todas as
nações da terra;

5 Porquanto Abrahão obedeceu á minha voz, e guardou o meu mandado, os
meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis.

6 Assim habitou Isaac em Gerar.

7 E perguntando-lhe os varões d’aquelle logar ácerca de sua mulher,
disse: _É_ minha irmã; [5] porque temia de dizer: [6] _É_ minha mulher;
para que porventura (_dizia elle_) me não matem os varões d’aquelle logar
por amor de Rebecca; porque _era_ formosa á vista.

8 E aconteceu que, como elle esteve ali muito tempo, Abimelech rei
dos philisteus olhou por uma janella, e viu, e eis que Isaac _estava_
brincando com Rebecca sua mulher.

9 Então chamou Abimelech a Isaac, e disse: Eis que na verdade _é_ tua
mulher; como pois disseste: _É_ minha irmã? E disse-lhe Isaac: Porque eu
dizia: Para que eu porventura não morra por causa d’ella.

10 E disse Abimelech: [7] Que _é_ isto _que_ nos fizeste? Facilmente se
teria deitado alguem d’este povo com a tua mulher, e tu terias trazido
sobre nós um delicto.

11 E mandou Abimelech a todo o povo, dizendo: Qualquer que tocar a este
varão ou a sua mulher, certamente morrerá.

12 E semeou Isaac n’aquella mesma terra, e achou n’aquelle mesmo anno
[BH] cem medidas, porque o Senhor o abençoava.

13 E engrandeceu-se o varão, e ia-se engrandecendo, até que se tornou mui
grande;

14 E tinha possessão d’ovelhas, e possessão de vaccas, e muita gente de
serviço, de maneira que os philisteus o [8] invejavam.

15 E todos os poços, que os servos de seu pae tinham cavado nos dias de
seu pae Abrahão, os philisteus entulharam e encheram de terra.

16 Disse tambem Abimelech a Isaac: Aparta-te de nós; porque muito mais
poderoso te tens feito do que nós.

17 Então Isaac foi-se d’ali e fez o seu assento no valle de Gerar, e
habitou lá.

18 E tornou Isaac, e cavou os poços d’agua que cavaram nos dias de
Abrahão seu pae, e que os philisteus taparam depois da morte de Abrahão,
e chamou-os pelos nomes que os chamara seu pae.

19 Cavaram pois os servos de Isaac n’aquelle valle, e acharam ali um
poço d’aguas vivas.

20 E os pastores de Gerar porfiaram com os pastores de Isaac, dizendo.
Esta agua _é_ nossa. Por isso chamou o nome d’aquelle poço [BI] Esek,
porque contenderam com elle.

21 Então cavaram outro poço, e tambem porfiaram sobre elle: por isso
chamou o seu nome [BJ] Sitnah.

22 E partiu d’ali, e cavou outro poço, e não porfiaram sobre elle: por
isso chamou o seu nome [BK] Rehoboth, e disse: Porque agora nos alargou o
Senhor, e crescemos n’esta terra.

23 Depois subiu d’ali a Berseba,

24 E appareceu-lhe o Senhor n’aquella mesma noite, e disse: Eu _sou_
o Deus de Abrahão teu pae: [9] não temas, porque eu _sou_ comtigo, e
abençoar-te-hei, e multiplicarei a tua semente por amor de Abrahão meu
servo.

25 Então edificou ali um altar, e invocou o nome do Senhor, e armou ali a
sua tenda; e os servos de Isaac cavaram ali um poço.


_Abimelech faz um pacto com Isaac._

26 E Abimelech veiu a elle de Gerar, com Ahuzzath seu amigo, e Phichol,
[BL] principe do seu exercito.

27 E disse-lhes Isaac: Porque viestes a mim, pois que vós me aborreceis,
e [10] me enviastes de vós?

28 E elles disseram: Havemos visto, na verdade, que o Senhor é comtigo,
pelo que dissemos: [11] Haja agora juramento entre nós, entre nós e ti; e
façamos concerto comtigo,

29 Que nos não faças mal, como nós te não temos tocado, e como te fizemos
sómente bem, e te deixámos ir em paz. Agora tu _és_ o bemdito do Senhor.

30 Então lhes fez um [12] banquete, e comeram e beberam;

31 E levantaram-se de madrugada, e juraram um ao outro; depois os
despediu Isaac, e despediram-se d’elle em paz.

32 E aconteceu n’aquelle mesmo dia que vieram os servos de Isaac,
e annunciaram-lhe ácerca do negocio do peço, que tinham cavado; e
disseram-lhe: Temos achado agua.

33 E chamou-o [BM] Seba: por isso _é_ o nome d’aquella cidade [BN]
Berseba até o dia de hoje.

34 Ora sendo Esaú da edade de quarenta annos, tomou por mulher a Judith,
filha de Beeri, hetheo, [13] e a Basmath filha de Elon, hetheo.

35 E _estas_ foram a Isaac e a Rebecca uma amargura [14] de espirito.

[1] cap. 12.10.

[2] cap. 20.2.

[3] cap. 13.15 e 15.18 e 22.16.

[4] cap. 22.16. Psa. 72.17.

[5] cap. 12.13 e 20.2, 13.

[6] Pro. 29.25.

[7] cap. 20.9.

[8] Ecc. 4.4.

[9] Psa. 27.1, 5. Isa. 51.12.

[10] ver. 16.

[11] cap. 21.23. Zac. 8.23.

[12] cap. 31.54.

[13] cap. 36.2.

[14] cap. 27.45.



_Isaac manda Esaú fazer-lhe um guisado._

[Antes de Christo 1726]

27 E aconteceu que, como Isaac envelheceu, e os seus olhos se
escureceram, de maneira que não podia ver, chamou a Esaú, seu filho mais
velho, e disse-lhe: Meu filho. E elle lhe disse: Eis-me _aqui_.

2 E elle disse: Eis que já agora estou velho, e não sei o dia da minha
morte;

3 Agora pois, toma as tuas armas, a tua aljava e o teu arco, e sae ao
campo, e apanha para mim _alguma_ caça,

4 E faze-me um guisado saboroso, como eu o amo, e traze-m’_o_, para que
eu coma; para que minha alma [1] te abençoe, antes que morra.

5 E Rebecca escutou quando Isaac fallava ao seu filho Esaú: e foi-se Esaú
ao campo, para apanhar caça que havia de trazer.


_Rebecca e Jacob enganam Isaac._

[Antes de Christo 1760]

6 Então fallou Rebecca a Jacob seu filho, dizendo: Eis que tenho ouvido o
teu pae que fallava com Esaú teu irmão, dizendo:

7 Traze-me caça, e faze-me um guisado saboroso, para que eu coma, e te
abençoe diante da face do Senhor, antes da minha morte.

8 Agora pois, filho meu, ouve a minha voz n’aquillo que eu te mando:

9 Vae agora ao rebanho, e traze-me de lá dois bons cabritos das cabras, e
eu farei d’elles um guisado saboroso para teu pae, como elle ama,

10 E leval-o-has a teu pae, para que o coma; para que te abençoe antes da
sua morte.

11 Então disse Jacob a Rebecca, sua mãe: Eis que Esaú meu irmão _é_ varão
[2] cabelludo, e eu varão liso;

12 Porventura me apalpará o meu pae, e serei em seus olhos enganador:
assim trarei eu sobre mim maldição, e não benção.

13 E disse-lhe sua mãe: [3] Meu filho, sobre mim _seja_ a tua maldição;
sómente obedece á minha voz, e vae, traze-m’_os_.

14 E foi, e tomou-os, e trouxe-os a sua mãe; e sua mãe fez um guisado
saboroso, como seu pae amava.

15 Depois tomou Rebecca os vestidos [BO] de gala de Esaú, seu filho mais
velho, que _tinha_ comsigo em casa, e vestiu a Jacob, seu filho menor;

16 E com as pelles dos cabritos das cabras cobriu as suas mãos e a lisura
do seu pescoço;

17 E deu o guisado saboroso, e o pão que tinha preparado, na mão de Jacob
seu filho.

18 E veiu elle a seu pae, e disse: Meu pae! E elle disse: Eis-me _aqui_;
quem _és_ tu, meu filho?

19 E Jacob disse a seu pae: Eu _sou_ Esaú, teu primogenito; tenho feito
como me disseste: levanta-te agora, assenta-te, e come da minha caça,
para que a tua alma me abençoe.

20 Então disse Isaac a seu filho: Como _é isto, que_ tão cedo a achaste,
filho meu? E elle disse: [4] Porque o Senhor teu Deus _a_ mandou ao meu
encontro.

21 E disse Isaac a Jacob: Chega-te agora, para que te apalpe, meu filho,
se _és_ meu filho Esaú mesmo, ou não.

22 Então se chegou Jacob a Isaac seu pae, que o apalpou, e disse: A voz
_é_ a voz de Jacob, porém as mãos _são_ as mãos de Esaú.

23 E não o conheceu, porquanto as suas mãos estavam [5] cabelludas, como
as mãos de Esaú seu irmão: e abençoou-o.

24 E disse: _És_ tu meu filho Esaú mesmo? E elle disse: Eu [6] _sou_.

25 Então disse: Faze chegar _isso_ perto de mim, para que coma da caça
de meu filho; para que a minha alma te abençoe. E chegou-lh’o, e comeu;
trouxe-lhe tambem vinho, e bebeu.

26 E disse-lhe Isaac seu pae: Ora chega-te, e beija-me, filho meu.

27 E chegou-se, e beijou-o; então cheirou o cheiro dos seus vestidos, e
[7] abençoou-o, e disse: Eis que o cheiro do meu filho _é_ como o cheiro
do campo, que o Senhor abençoou:

28 Assim pois te dê Deus do [8] orvalho dos céus, e das gorduras da
terra, e abundancia de trigo e de mosto:

29 Sirvam-te povos, e nações se incurvem a ti: sê senhor de teus irmãos,
[9] e os filhos da tua mãe se incurvem a ti: malditos _sejam_ os que te
amaldiçoarem, e bemditos _sejam_ os que te abençoarem.


_Esaú traz ao seu pae o guisado e descobre que Jacob já tomou a benção._

30 E aconteceu que, acabando Isaac de abençoar a Jacob, apenas Jacob
acabava de sair da face de Isaac seu pae, veiu Esaú, seu irmão, da sua
caça;

31 E fez tambem elle um guisado saboroso, e trouxe-_o_ a seu pae; e disse
a seu pae: Levanta-te, meu pae, e come da caça de teu filho, para que me
abençoe a tua alma.

32 E disse-lhe Isaac seu pae: Quem _és_ tu? E elle disse: Eu _sou_ teu
filho, o teu primogenito, Esaú.

33 Então estremeceu Isaac de um estremecimento muito grande; e disse:
Quem, pois, _é_ aquelle que apanhou a caça, e _m’a_ trouxe? e comi de
tudo, antes que tu viesses, e abençoei-o: tambem será bemdito.

34 Esaú, ouvindo as palavras de seu pae, bradou com grande e mui amargo
brado, e disse a seu pae: [10] Abençoa-me tambem a mim, meu pae.

35 E elle disse: Veiu o teu irmão com subtileza, e tomou a tua benção.

36 Então disse elle: Não foi o seu nome _justamente_ chamado [11] Jacob,
por isso que já duas vezes me enganou? a minha primogenitura _me_ tomou,
e eis que agora _me_ tomou a minha benção. Mais disse: Não reservaste
pois para mim benção alguma?

37 Então respondeu Isaac, e disse a Esaú: Eis que o tenho posto por
senhor [12] sobre ti, e todos os seus irmãos lhe tenho dado por servos: e
de trigo e de mosto o tenho fortalecido;—que te farei pois agora _a ti_,
meu filho?

38 E disse Esaú a seu pae: Tens uma só benção, meu pae? abençoa-me tambem
a mim, meu pae. E levantou Esaú a sua voz, e chorou.

39 Então respondeu Isaac seu pae, e disse-lhe: Eis que nas gorduras
da terra será a tua habitação, e do orvalho dos céus do alto _serás
abençoado_,

40 E pela tua espada viverás, e ao teu irmão servirás. Acontecerá, porém,
que quando te senhoreares, então sacudirás o seu jugo [13] do teu pescoço.

41 E aborreceu Esaú a Jacob por causa d’aquella benção, com que seu pae
o tinha abençoado; e Esaú disse no seu coração: Chegar-se-hão os dias de
luto de meu pae: e matarei a Jacob meu irmão.

42 E foram denunciadas a Rebecca estas palavras de Esaú, seu filho mais
velho; e ella enviou, e chamou a Jacob seu filho menor, e disse-lhe: Eis
que Esaú teu irmão se consola a teu respeito, _propondo-se_ matar-te.

43 Agora pois, meu filho, ouve a minha voz, e levanta-te; acolhe-te a
Labão meu irmão, em [14] Haran,

44 E mora com elle alguns dias, até que passe o furor de teu irmão;

45 Até que se desvie de ti a ira de teu irmão, e se esqueça do que lhe
fizeste: então enviarei, e te farei vir de lá; porque seria eu desfilhada
tambem de vós ambos n’um mesmo dia?

46 E disse Rebecca a Isaac: [15] Enfadada estou da minha vida, por causa
das filhas de Heth; se Jacob tomar mulher das filhas de Heth, como estas
_são_ das filhas d’esta terra, para que me _será_ a vida?

[1] ver. 25.

[2] cap. 25.25.

[3] I Sam. 25.24. II Sam. 14.9.

[4] Exo. 20.7.

[5] ver. 16.

[6] Eph. 4.25.

[7] Heb. 11.20.

[8] Deu. 33.13, 28.

[9] cap. 25.23.

[10] Heb. 12.17.

[11] cap. 25.26, 34.

[12] ver. 29. II Sam. 8.14.

[13] II Reis 8.20. II Chr. 21.8.

[14] cap. 11.31.

[15] cap. 26.35.



_Isaac manda Jacob a Paddan-aram._

28 E Isaac chamou a Jacob, e abençoou-o, e ordenou-lhe, e disse-lhe: Não
tomes mulher de entre as filhas de [1] Canaan:

2 Levanta-te, vae a [2] Paddan-aram, á casa de [3] Bethuel, pae de tua
mãe, e toma de lá uma mulher das filhas de [4] Labão, irmão de tua mãe;

3 E Deus Todo-poderoso te abençoe, e te faça fructificar, e te
multiplique, para que sejas uma multidão de povos;

4 E te dê [5] abenção de Abrahão, a ti e á tua semente comtigo, para que
em herança possuas a terra de tuas peregrinações, [6] que Deus deu a
Abrahão.

5 Assim enviou Isaac a Jacob, o qual se foi a Paddan-aram, a Labão, filho
de Bethuel [BP] arameo, irmão de Rebecca, mãe de Jacob e de Esaú.

6 Vendo pois Esaú [7] que Isaac abençoára a Jacob, e o enviára a
Paddan-aram, para tomar mulher para si d’ali, _e_ que, abençoando-o, lhe
ordenara, dizendo: Não tomes mulher das filhas de Canaan;

7 E que Jacob obedecera a seu pae e a sua mãe, e se fôra a Paddan-aram;

8 Vendo tambem Esaú que as filhas de Canaan eram más aos olhos de Isaac
seu pae,

9 Foi-se Esaú a Ishmael, e tomou para si por mulher, além das suas
mulheres, a Mahalath filha de Ishmael, filho de Abrahão, irmã de Nebajoth.


_A visão da escada de Jacob._

10 Partiu pois Jacob de Berseba, e foi-se a Haran;

11 E chegou a um logar onde passou a noite, porque já o sol era posto;
e tomou uma das pedras d’aquelle logar, e _a_ poz por sua cabeceira, e
deitou-se n’aquelle logar,

12 E sonhou: e eis uma escada _era_ posta na terra, cujo topo tocava nos
céus: e eis que os [8] anjos de Deus subiam e desciam por ella;

13 E eis que o Senhor estava em cima d’ella, e disse: Eu _sou_ o Senhor,
o Deus de Abrahão [9] teu pae, e o Deus de Isaac: esta terra, em que
_estás_ deitado, t’a darei a ti e á tua semente:

14 E a tua semente será como o pó da [10] terra, e estender-se-ha ao
occidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua semente
serão bemditas todas as [11] familias da terra:

15 E eis que _estou_ comtigo, e te guardarei por onde quer que [12]
fores, e te farei tornar a esta [13] terra: porque te não deixarei, até
que te haja feito o que te tenho dito.

16 Acordado pois Jacob do seu somno, disse: Na verdade o Senhor está
n’este logar; e eu não o sabia.

17 E temeu, e disse: Quão terrivel _é_ este logar! Este não _é outro
logar_ senão a casa de Deus; e este _é_ a porta dos céus.


_A columna de Bethel._

18 Então levantou-se Jacob pela manhã de madrugada, e tomou a pedra que
tinha posto por sua cabeceira, e a poz por columna, e derramou azeite em
cima d’ella.

19 E chamou o nome d’aquelle logar [BQ] Bethel: o nome porém d’aquella
cidade d’antes _era_ Luz.

20 E Jacob votou um voto, dizendo: Se Deus fôr commigo, [14] e me guardar
n’esta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestidos para vestir;

21 E eu em paz tornar á casa de meu pae, o Senhor me será por Deus;

22 E esta pedra que tenho posto por [15] columna será casa de Deus; e de
tudo quanto me deres, certamente te darei o dizimo.

[1] cap. 24.3.

[2] Ose. 12.12.

[3] cap. 25.20.

[4] cap. 24.29.

[5] cap. 12.2.

[6] cap. 17.8.

[7] cap. 27.33.

[8] João 1.51. Heb. 1.14.

[9] cap. 26.24.

[10] cap. 13.16.

[11] cap. 22.18.

[12] Psa. 121.5, 8.

[13] cap. 35.6.

[14] II Sam. 15.8.

[15] cap. 35.7.



_Jacob chega ao poço de Haran._

29 Então poz-se Jacob a pé, e foi-se á terra dos filhos de oriente;

2 E olhou, e eis um poço no campo, e eis tres rebanhos d’ovelhas que
estavam deitados junto a elle; porque d’aquelle poço davam de beber aos
rebanhos: e _havia_ uma grande pedra sobre a bocca do poço.

3 E ajuntavam ali todos os rebanhos, e removiam a pedra de sobre a bocca
do poço, e davam de beber ás ovelhas: e tornavam _a pôr_ a pedra sobre a
bocca do poço, no seu logar.

4 E disse-lhes Jacob: Meus irmãos, d’onde _sois_? E disseram: _Somos_ de
Haran.

5 E elle lhes disse: Conheceis a Labão, filho de Nachor? E disseram:
Conhecemos.

6 Disse-lhes mais: Está elle bem? E disseram: Está bem, e eis aqui Rachel
sua filha, que vem com as ovelhas.

7 E elle disse: Eis que ainda é muito dia, não _é_ tempo de ajuntar o
gado; dae de beber ás ovelhas, e ide, apascentae-_as_.

8 E disseram: Não podemos, até que todos os rebanhos se ajuntem, e
removam a pedra de sobre a bocca do poço, para que demos de beber ás
ovelhas.


_Jacob encontra Rachel._

9 _Estando_ elle ainda fallando com elles, veiu Rachel com as ovelhas de
seu pae: porque ella _era_ pastora.

10 E aconteceu que, vendo Jacob a Rachel, filha de Labão, irmão de sua
mãe, e as ovelhas de Labão, irmão de sua mãe, chegou Jacob, e revolveu a
pedra de sobre a bocca [1] do poço, e deu de beber ás ovelhas de Labão,
irmão de sua mãe.

11 E Jacob beijou a Rachel, e levantou a sua voz, e chorou.

12 E Jacob annunciou a Rachel que _era_ [2] irmão de seu pae, e que _era_
filho de Rebecca: então ella correu, e o annunciou a seu pae.

13 E aconteceu que, ouvindo Labão as novas de Jacob, filho de sua irmã,
correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e beijou-o, e levou-o á sua casa: e
contou elle a Labão todas estas coisas.

14 Então Labão disse-lhe: Verdadeiramente _és_ tu o meu [3] osso e a
minha carne. E ficou com elle um mez inteiro.

15 Depois disse Labão a Jacob: Porque tu _és_ meu irmão, has de servir-me
de graça? declara-me qual _será_ o teu salario.

16 E Labão tinha duas filhas; o nome da mais velha _era_ Leah, e o nome
da menor Rachel.

17 Leah porém _tinha_ olhos [BR] tenros, mas Rachel era de formoso
semblante e formosa á vista.

18 E Jacob amava a Rachel, e disse: Sete annos te servirei por Rachel,
tua filha menor.

19 Então disse Labão: Melhor _é_ que eu t’a dê, do que eu a dê a outro
varão: fica commigo.

20 Assim [4] serviu Jacob sete annos por Rachel; e foram aos seus olhos
como poucos dias, pelo muito que a amava.


_Labão engana Jacob._

[Antes de Christo 1753]

21 E disse Jacob a Labão: Dá-_me_ minha mulher, porque meus dias são
cumpridos, para que eu entre a ella.

22 Então ajuntou Labão a todos os varões d’aquelle logar, e fez um
banquete.

23 E aconteceu, á tarde, que tomou Leah sua filha, e trouxe-lh’a: e
entrou a ella.

24 E Labão deu sua serva Zilpah a Leah sua filha _por_ serva.

25 E aconteceu pela manhã, eis que _era_ Leah; pelo que disse a Labão:
Porque me fizeste isso? não te tenho servido por Rachel? porque pois me
enganaste?

26 E disse Labão: Não se faz assim no nosso logar, que a menor se dê
antes da primogenita.

27 Cumpre a semana d’esta; então te daremos tambem a outra, pelo serviço
que ainda outros sete annos servires commigo.


_Jacob casa com Rachel._

28 E Jacob fez assim: e cumpriu a semana d’esta: então lhe deu por mulher
Rachel sua filha.

29 E Labão deu [5] sua serva Bilha por serva a Rachel, sua filha.

30 E entrou tambem a Rachel, [6] e amou tambem a Rachel mais do que a
Leah; e serviu com elle ainda outros sete annos.

31 Vendo pois o Senhor que Leah _era_ aborrecida, abriu a sua [7] madre;
porém Rachel _era_ esteril.


_O nascimento a Jacob de doze filhos e uma filha._

32 E concebeu Leah, e pariu um filho, e chamou o seu nome [BS] Ruben,
porque disse: Porque o Senhor attendeu á minha afflicção, por isso agora
me amará o meu marido.

33 E concebeu outra vez, e pariu um filho, dizendo: Porquanto o Senhor
ouviu que eu _era_ aborrecida, me deu tambem este; e chamou o seu nome
[BT] Simeão.

34 E concebeu outra vez, e pariu um filho, dizendo: Agora esta vez se
ajuntará meu marido commigo, porque tres filhos lhe tenho parido: por
isso chamou o seu nome [BU] Levi.

35 E concebeu outra vez, e pariu um filho, dizendo: Esta vez louvarei ao
Senhor. Por isso chamou o seu nome [BV] Judah: e cessou de parir.

[1] Exo. 2.17.

[2] cap. 13.8 e 14.14, 16. cap. 35.6.

[3] Jui. 9.2. II Sam. 5.1 e 19.12.

[4] Ose. 12.13.

[5] cap. 35.22 e 37.2.

[6] Deu. 21.15.

[7] Psa. 127.3. cap. 30.1.



30 Vendo pois Rachel que não paria filhos a Jacob, [1] teve Rachel inveja
de sua irmã, e disse a Jacob: Dá-me filhos, ou se não morro.

[Antes de Christo 1749]

2 Então se accendeu a ira de Jacob contra Rachel, e disse: _Estou_ eu no
logar de Deus, que te impediu o [2] fructo de teu ventre?

3 E ella disse: Eis aqui minha serva Bilha; entra a ella, para que pára
sobre os meus joelhos, e eu tambem [BW] seja edificada d’ella.

4 Assim lhe deu a Bilha sua serva por [3] mulher: e Jacob entrou a ella.

5 E concebeu Bilha, e pariu a Jacob um filho.

6 Então disse Rachel: Julgou-me Deus, e tambem ouviu a minha voz, e me
deu um filho; por isso chamou o seu nome [BX] Dan.

7 E Bilha, serva de Rachel, concebeu outra vez, e pariu a Jacob o segundo
filho.

8 Então disse Rachel: Com luctas de Deus tenho luctado com minha irmã,
tambem venci; e chamou o seu nome [BY] Naphtali.

9 Vendo pois Leah que cessava de parir, tomou tambem a Zilpah sua serva,
e deu-a a Jacob por mulher.

10 E pariu Zilpah, serva de Leah, um filho a Jacob.

11 Então disse Leah: [BZ] Vem uma turba: e chamou o seu nome [CA] Gad.

12 Depois pariu Zilpah, serva de Leah, um segundo filho a Jacob.

13 Então disse Leah: [CB] Para minha ventura; porque as filhas me terão
por bemaventurada: e chamou o seu nome [CC] Asher.

14 E foi Ruben nos dias da sega do trigo, e [4] achou mandrágoras no
campo. E trouxe-as a Leah, sua mãe. Então disse Rachel a Leah: Ora dá-me
das mandrágoras do teu filho.

15 E ella lhe disse: _É já_ pouco que hajas tomado o meu marido, tomarás
tambem as mandrágoras do meu filho? Então disse Rachel: Por isso se
deitará comtigo esta noite pelas mandrágoras de teu filho.

16 Vindo pois Jacob á tarde do campo, saiu-lhe Leah ao encontro, e disse:
A mim entrarás, porque certamente te aluguei com as mandrágoras do meu
filho. E deitou-se com ella aquella noite.

17 E ouviu [5] Deus a Leah, e concebeu, e pariu um quinto filho.

18 Então disse Leah: Deus _me_ tem dado o meu galardão, pois tenho dado
minha serva ao meu marido: e chamou o seu nome [CD] Issacar.

19 E Leah concebeu outra vez, e pariu a Jacob um sexto filho.

20 E disse Leah: Deus me deu a mim uma boa dadiva; d’esta vez morará o
meu marido commigo, porque lhe tenho parido seis filhos: e chamou o seu
nome [CE] Zebulon.

21 E depois pariu uma filha, e chamou o seu nome [CF] Dinah.

22 E lembrou-se Deus [6] de Rachel, e Deus a ouviu, e abriu a sua madre,

23 E ella concebeu, e pariu um filho, e disse: [7] Tirou-me Deus a minha
vergonha.

24 E chamou o seu nome [CG] José, dizendo: O Senhor me accrescente outro
filho.

25 E aconteceu que, como Rachel pariu a José, disse Jacob a Labão:
Deixa-me ir, que me vá ao meu logar, e á minha terra.

26 Dá-_me_ as minhas mulheres, e os meus filhos, pelas quaes te tenho
servido, e ir-me-hei; pois tu sabes o meu serviço, que te tenho feito.


_Labão faz um novo pacto com Jacob._

[Antes de Christo 1748]

27 Então lhe disse Labão: Se agora tenho achado graça em teus olhos,
_fica commigo_. Tenho [CH] experimentado que o Senhor me abençoou [8] por
amor de ti.

28 E disse mais: Determina-me o teu salario, que _t’o_ darei.

29 Então lhe disse: Tu sabes como te tenho servido, e como passou o teu
gado commigo.

30 Porque o pouco que tinhas antes de mim, é augmentado até uma multidão:
e o Senhor te tem abençoado por meu trabalho. Agora pois, quando hei-de
trabalhar tambem por minha casa?

31 E disse _elle_: Que te darei? Então disse Jacob: Nada me darás; se me
fizeres isto, tornarei a apascentar _e_ a guardar o teu rebanho.

32 Passarei hoje por todo o teu rebanho, separando d’elle todos os
salpicados e malhados, e todos os morenos entre os cordeiros, e os
malhados e salpicados entre as cabras: [9] e _isto_ será o meu salario.

33 Assim testificará por mim a minha justiça no dia d’ámanhã, quando
vieres e o meu salario estiver diante de tua face: tudo o que não
for salpicado e malhado entre as cabras e moreno entre os cordeiros,
ser-me-ha por furto.

34 Então disse Labão: Eis que oxalá seja conforme á tua palavra.

35 E separou n’aquelle mesmo dia os bodes listrados e malhados e todas
as cabras salpicadas e malhadas, tudo em que _havia_ brancura, e todo o
moreno entre os cordeiros; e deu-os nas mãos dos seus filhos.

36 E poz tres dias de caminho entre si e Jacob: e Jacob apascentava o
resto dos rebanhos de Labão.


_A maneira como Jacob enganou Labão._

[Antes de Christo 1745]

37 Então tomou Jacob varas verdes d’alamo, e d’aveleira e de castanheiro,
e descascou n’ellas riscas brancas, descobrindo a brancura que nas varas
_havia_,

38 E poz estas varas, que tinha descascado, em frente do rebanho, nos
canos e nas pias d’agua, aonde o rebanho vinha a beber, e conceberam
vindo a beber,

39 E concebia o rebanho diante das varas, e as ovelhas pariam listrados,
salpicados [10] e malhados.

40 Então separou Jacob os cordeiros, e poz as faces do rebanho para os
listrados, e todo o moreno entre o rebanho de Labão; e poz o seu rebanho
á parte, e não o poz com o rebanho de Labão.

41 E succedia que cada vez que concebiam as ovelhas fortes, punha Jacob
as varas diante dos olhos do rebanho nos canos, para que concebessem
diante das varas.

42 Mas quando enfraqueceu o rebanho, não as poz. Assim as fracas eram de
Labão, e as fortes de Jacob.

43 E cresceu o varão em grande maneira, e teve muitos rebanhos, e servas,
e servos, e camelos e jumentos.

[1] I Thi. 4.5.

[2] I Sam. 1.5.

[3] cap. 16.3.

[4] Can. 7.13.

[5] Luc. 1.13.

[6] I Sam. 1.19.

[7] I Sam. 1.6. Isa. 4.1.

[8] cap. 39.3, 5.

[9] cap. 31.8.

[10] cap. 31.9, 12.



_Deus manda Jacob tornar á terra dos seus paes._

[Antes de Christo 1739]

31 Então ouvia as palavras dos filhos de Labão, que diziam: Jacob tem
tomado tudo o que _era_ de nosso pae, e do que _era_ de nosso pae fez
elle [1] toda esta [CI] gloria.

2 Viu tambem Jacob o rosto de Labão, e eis que não _era_ para com elle
como d’hontem e d’ante-hontem.

3 E disse o Senhor a Jacob: Torna-te á terra dos teus paes, e á tua
parentela, [2] e eu serei comtigo.

4 Então enviou Jacob, e chamou a Rachel e a Leah ao campo, ao seu rebanho,

5 E disse-lhes: Vejo que o rosto de vosso pae para commigo não _é_ como
d’hontem e d’ante-hontem; porém o Deus de meu pae esteve commigo;

6 E vós mesmas sabeis que com todo o meu poder tenho servido a vosso pae;

7 Mas vosso pae me enganou e mudou o salario dez vezes; [3] porém Deus
não lhe permittiu [4] que me fizesse mal.

8 Quando elle dizia assim: Os salpicados serão o teu salario; então todos
os rebanhos pariam salpicados. E quando elle dizia assim: Os listrados
serão o teu salario, então todos os teus rebanhos pariam listrados.

9 Assim Deus tirou o gado de vosso pae, e m’o deu a mim.

10 E succedeu que, ao tempo em que o rebanho concebia, eu levantei os
meus olhos, e vi em sonhos, e eis que os bodes, que cobriam as ovelhas,
_eram_ listrados, [5] salpicados e malhados.

11 E disse-me [6] o anjo de Deus em sonhos: Jacob. E eu disse: Eis-me
_aqui_.

12 E disse elle: Levanta agora os teus olhos, e vê todos os bodes que
cobrem o rebanho, _que são_ listrados, salpicados e malhados: [7] porque
tenho visto tudo o que Labão te fez.

13 Eu _sou_ o Deus de Beth-el, [8] onde teus ungido uma columna, onde me
tens votado o voto; levanta-te agora, sae-te d’esta terra, [9] e torna-te
á terra da tua parentela.

14 Então responderam Rachel e Leah, e disseram-lhe: _Ha_ ainda para nós
parte ou herança na casa de nosso pae?

15 Não nos considera elle como estranhas? [10] pois vendeu-nos, e comeu
de todo o nosso dinheiro.

16 Porque toda a riqueza, que Deus tirou de nosso pae, é nossa e de
nossos filhos: agora pois, faze tudo o que Deus te tem dito.

17 Então se levantou Jacob, pondo os seus filhos e as suas mulheres sobre
os camelos;

18 E levou todo o seu gado, e toda a sua fazenda, que havia adquirido, o
gado que possuia, que alcançara em Paddan-aram, [11] para ir a Isaac, seu
pae, á terra de Canaan.

19 E havendo Labão ido a tosquiar as suas ovelhas, furtou Rachel os
idolos [CJ] que seu pae _tinha_.

20 E esquivou-se Jacob de Labão o [CK] arameo, porque não lhe fez saber
que fugia.

21 E fugiu elle com tudo o que tinha, e levantou-se, [12] e passou o
rio: e poz o seu rosto _para_ a montanha de Gilead.


_Labão prosegue atraz de Jacob._

22 E no terceiro dia foi annunciado a Labão que Jacob tinha fugido.

23 Então tomou comsigo os seus irmãos, e atraz d’elle proseguiu o caminho
por sete dias; e alcançou-o na montanha de Gilead.

24 Veiu porém Deus a Labão o arameo em sonhos de noite, [13] e disse-lhe:
Guarda-te, que não falles com Jacob nem bem nem mal.

25 Alcançou pois Labão a Jacob, e armara Jacob a sua tenda n’aquella
montanha: armou tambem Labão com os seus irmãos _a sua_ na montanha de
Gilead.

26 Então disse Labão a Jacob: Que fizeste, que te esquivaste de mim, e
levaste as minhas filhas como captivas pela espada?

27 Porque fugiste occultamente, e te esquivaste de mim, e não me fizeste
saber, para que eu te enviasse com alegria, e com canticos, e com
tamboril e com harpa?

28 Tambem não me permittiste beijar os meus filhos e as minhas filhas.
Loucamente _pois_ agora fizeste, fazendo _assim_.

29 Poder havia em minha mão para vos fazer mal, mas o Deus de vosso pae
me fallou hontem á noite, dizendo: Guarda-te, que não falles com Jacob
nem bem nem mal.

30 E agora te querias ir _embora_, porquanto tinhas saudades de voltar a
casa de teu pae; [14] porque furtaste os meus deuses?

31 Então respondeu Jacob, e disse a Labão: Porque temia; pois que dizia
_commigo_, se porventura me não arrebatarias as tuas filhas.

32 Com quem achares os teus deuses, esse não viva; reconhece diante de
nossos irmãos o que _é_ teu do que está commigo, e toma-o para ti. Pois
Jacob não sabia que Rachel os tinha furtado.

33 Então entrou Labão na tenda de Jacob, e na tenda de Leah, e na tenda
d’ambas as servas, e não _os_ achou; e saindo da tenda de Leah, entrou na
tenda de Rachel.

34 Mas tinha tomado Rachel os idolos, [15] e os tinha posto na albarda de
um camelo, e assentara-se sobre elles; e apalpou Labão toda a tenda, e
não _os_ achou.

35 E ella disse a seu pae: Não se accenda a ira aos olhos de meu senhor,
[16] que não posso levantar-me diante da tua face; porquanto _tenho_ o
costume das mulheres. E elle procurou, mas não achou os idolos.

36 Então irou-se Jacob, [17] e contendeu com Labão; e respondeu Jacob, e
disse a Labão: Qual _é_ a minha transgressão? qual _é_ o meu peccado, que
_tão_ furiosamente me tens perseguido?

37 Havendo apalpado todos os meus moveis, que achaste de todos os moveis
da tua casa? põe-o aqui diante dos meus irmãos, e teus irmãos; e _que_
julguem entre nós ambos.

38 Estes vinte annos eu _estive_ comtigo, as tuas ovelhas e as tuas
cabras nunca moveram, e não comi os carneiros do teu rebanho.

39 Não te trouxe eu o despedaçado; eu o pagava; o furtado de dia e o
furtado de noite [18] da minha mão o requerias.

40 Estive eu _de sorte que_ de dia me consumia o calor, e de noite a
geada; e o meu somno foi-se dos meus olhos.

41 Tenho estado agora vinte annos na tua casa; [19] quatorze annos te
servi por tuas duas filhas, e seis annos por teu rebanho; [20] mas o meu
salario tens mudado dez vezes.

42 Se o Deus de meu pae, o Deus de Abrahão, e o Temor de Isaac [21] não
fôra commigo, por certo me enviarias agora vazio. Deus attendeu á minha
afflicção, e ao trabalho das minhas mãos, e reprehendeu-_te_ hontem á
noite.


_O pacto entre Labão e Jacob em Galeed._

43 Então respondeu Labão, e disse a Jacob: _Estas_ filhas _são_ minhas
filhas, e _estes_ filhos _são_ meus filhos, e _este_ rebanho _é_ o meu
rebanho, e tudo o que vês, meu _é_: e que farei hoje a estas minhas
filhas, ou a seus filhos, que pariram?

44 Agora pois vem, [22] e façamos concerto eu e tu, que seja por
testemunho entre mim e ti.

45 Então tomou Jacob [23] uma pedra, e erigiu-a _por_ columna.

46 E disse Jacob a seus irmãos: Ajuntae pedras. E tomaram pedras, e
fizeram um montão, e comeram ali sobre aquelle montão.

47 E chamou-o Labão [CL] Jegar-sahadutha: porém Jacob chamou-o [CM]
Galeed.

48 Então disse Labão: Este montão _seja_ hoje [24] por testemunha entre
mim e entre ti: por isso se chamou o seu nome Galeed,

49 E [CN] Mizpah, porquanto disse: Attente o Senhor entre mim e ti,
quando nós estivermos apartados um do outro:

50 Se affligires as minhas filhas, e se tomares mulheres além das minhas
filhas, ninguem _está_ comnosco: attenta [25] que Deus _é_ testemunha
entre mim e ti.

51 Disse mais Labão a Jacob: Eis aqui este mesmo montão, e eis aqui essa
columna que levantei entre mim e entre ti.

52 Este montão _seja_ testemunha, e esta columna _seja_ testemunha, que
eu não passarei este montão a ti, e que tu não passarás este montão e
esta columna a mim, para mal.

53 O Deus de Abrahão, e o Deus de Nahor, o Deus de seu pae julgue entre
nós. [26] E jurou Jacob pelo Temor de seu pae Isaac.

54 E sacrificou Jacob um sacrificou na montanha, e convidou seus irmãos,
para comer pão; e comeram pão, e passaram a noite na montanha.

55 E levantou-se Labão pela manhã de madrugada, e beijou seus filhos, e
suas filhas, e abençoou-os, e partiu; e voltou Labão ao seu logar.

[1] Ecc. 4.4.

[2] cap. 28.15.

[3] Num. 14.22. Neh. 4.12. Job 19.3. Zac. 8.23.

[4] Job 1.10. Psa. 37.28 e 105.14.

[5] cap. 30.39.

[6] cap. 48.16.

[7] Ecc. 5.8.

[8] cap. 28.18.

[9] cap. 32.9.

[10] cap. 29.15, 27.

[11] cap. 28.21.

[12] cap. 15.18.

[13] cap. 20.3. Job 33.15.

[14] Jui. 18.24.

[15] ver. 19.

[16] Jos. 24.2.

[17] Eph. 4.26.

[18] Exo. 22.10, 13.

[19] cap. 29.18, 30.

[20] ver. 7.

[21] ver. 53.

[22] cap. 26.28.

[23] cap. 28.18.

[24] Jui. 22.27 e 24.27.

[25] I Sam. 12.5. Jer. 42.5.

[26] Ose. 10.14.



32 E foi _tambem_ Jacob o seu caminho, e encontraram-o [1] os anjos de
Deus.

2 E Jacob disse, quando os viu: Este _é_ o exercito de Deus. E chamou o
nome d’aquelle logar [CO] Mahanaim.


_Jacob envia mensageiros a Esaú._

3 E enviou Jacob mensageiros diante da sua face a Esaú seu irmão, á terra
de Seir, territorio de Edom.

4 E ordenou-lhes, dizendo: Assim direis a meu senhor Esaú: [2] Assim diz
Jacob, teu servo: Como peregrino morei com Labão, e me detive _lá_ até
agora;

5 E tenho bois e jumentos, ovelhas, e servos e servas; e enviei para _o_
annunciar a meu senhor, para que ache graça em teus olhos.

6 E os mensageiros tornaram a Jacob, dizendo: Viemos a teu irmão Esaú; e
tambem elle vem a encontrar-te, e quatrocentos varões com elle.

7 Então Jacob temeu muito, e angustiou-se; e repartiu o povo que com elle
estava, e as ovelhas, e as vaccas, e os camelos, em dois bandos.

8 Porque dizia: Se Esaú vier a um bando, e o ferir, o outro bando
escapará.

9 Disse mais Jacob: Deus de meu pae Abrahão, e Deus de meu pae Isaac, o
Senhor, [3] que me disseste: Torna-te á tua terra, e á tua parentela, e
far-te-hei bem;

10 Menor sou eu que todas as beneficencias, e que toda a fidelidade que
fizeste ao teu servo; porque com meu cajado passei este Jordão, e [4]
agora me tornei em dois bandos;

11 Livra-me, peço-te, da mão de meu irmão, da mão de Esaú: porque o temo,
que porventura não venha, [5] e me fira, _e_ a mãe com os filhos.

12 E tu o disseste: Certamente te farei bem, [6] e farei a tua semente
como a areia do mar, que pela multidão não se pode contar.

13 E passou ali aquella noite; e tomou do que lhe veiu á sua mão, [7] um
presente para seu irmão Esaú:

14 Duzentas cabras, e vinte bodes; duzentas ovelhas, e vinte carneiros;

15 Trinta camelas de leite com suas crias, quarenta vaccas, e dez
novilhos; vinte jumentas, e dez jumentinhos;

16 E deu-o na mão dos seus servos, cada rebanho á parte, e disse a seus
servos: Passae adiante da minha face, e ponde espaço entre rebanho e
rebanho.

17 E ordenou ao primeiro, dizendo: Quando Esaú, meu irmão, te encontrar,
e te perguntar, dizendo: De quem _és_, e para onde vaes, e cujos _são_
estes diante da tua face,

18 Então dirás: São de teu servo Jacob, presente que envia a meu senhor,
a Esaú; e eis que elle mesmo vem tambem atraz de nós.

19 E ordenou tambem ao segundo, e ao terceiro, e a todos os que vinham
atraz dos rebanhos, dizendo: Conforme a esta mesma palavra, fallareis a
Esaú, quando o achardes.

20 E direis tambem: Eis que o teu servo Jacob _vem_ atraz de nós. Porque
dizia: [8] _Eu_ o aplacarei com o presente, que vae diante de mim, e
depois verei a sua face; porventura acceitará a minha face.

21 Assim passou o presente diante da sua face; elle porém passou aquella
noite no arraial.


_Jacob passa o váo de Jabbok e lucta com um Anjo._

22 E levantou-se aquella mesma noite, e tomou as suas duas mulheres, e as
suas duas servas, e os seus onze filhos, [9] e passou o váo de Jabbok.

23 E tomou-os, e fel-os passar o ribeiro; e fez passar _tudo_ o que
tinha.

24 Jacob porém ficou só; e luctou com elle um varão, até que a alva subia.

25 E vendo que não prevalecia contra elle, tocou a juntura de sua côxa, e
se deslocou a juntura da côxa de Jacob, luctando com elle.

26 E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém elle disse: [10]
Não te deixarei ir, se me não abençoares.

27 E disse-lhe: Qual _é_ o teu nome? E elle disse: Jacob.

28 Então disse: Não se chamará mais o teu nome Jacob, mas [CP]
Israel: pois como principe luctaste com Deus, [11] e com os homens, e
prevaleceste.

29 E Jacob lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E
disse: Porque perguntas pelo meu nome? [12] E abençoou-o ali.

30 E chamou Jacob o nome d’aquelle logar [CQ] Peniel, porque _dizia_:
Tenho visto a Deus face a face, [13] e a minha alma foi salva.

31 E saiu-lhe o sol, quando passou a Penuel; e manquejava da sua côxa.

32 Por isso os filhos de Israel não comem o nervo encolhido, que _está_
sobre a juntura da côxa, até o dia de hoje; porquanto tocara a juntura da
côxa de Jacob no nervo encolhido.

[1] Psa. 91.11. Heb. 1.14.

[2] Pro. 15.1.

[3] Psa. 50.15. cap. 31.3, 13.

[4] Psa. 18.35.

[5] Ose. 10.14.

[6] cap. 28.13, 15.

[7] Pro. 18.16.

[8] Pro. 21.14.

[9] Deu. 3.16.

[10] Luc. 18.1.

[11] cap. 33.4.

[12] Jui. 13.18.

[13] Jui. 6.22 e 13.22, 23. Isa. 6.5.



_O encontro de Esaú e Jacob._

33 E levantou Jacob os seus olhos, e olhou, [1] e eis que vinha Esaú,
e quatrocentos homens com elle. Então repartiu os filhos entre Leah e
Rachel, e as duas servas.

2 E poz as servas e seus filhos na frente, e a Leah e seus filhos atraz:
porém a Rachel e José os derradeiros.

3 E elle mesmo passou adiante d’elles, e inclinou-se á terra sete vezes,
_até_ que chegou a seu irmão.

4 Então Esaú correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, [2] e lançou-se sobre o
seu pescoço, e beijou-o; e choraram.

5 Depois levantou os seus olhos, e viu as mulheres, e os meninos, e
disse: Quem _são_ estes comtigo? E elle disse: Os filhos que Deus
graciosamente tem dado a teu servo.

6 Então chegaram as servas; ellas, e os seus filhos, e inclinaram-se.

7 E chegou tambem Leah com seus filhos, e inclinaram-se: e depois chegou
José e Rachel, e inclinaram-se.

8 E disse _Esaú_: De que te _serve_ todo este bando que tenho encontrado?
E elle disse: [3] Para achar graça aos olhos de meu senhor.

9 Mas Esaú disse: Eu tenho bastante, meu irmão; [4] seja para ti o que
tens.

10 Então disse Jacob: Não, se agora tenho achado graça em teus olhos,
peço-te que tomes o meu presente da minha mão: porquanto tenho visto o
teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus, e tomaste contentamento
em mim.

11 Toma, peço-te, a minha benção, que te foi trazida; porque Deus
graciosamente _m_’a tem dado; e porque tenho de tudo. E instou com elle,
até que a tomou.

12 E disse: Caminhemos, e andemos, e eu partirei adiante de ti.

13 Porém elle lhe disse: Meu senhor sabe que estes filhos _são_ tenros, e
que tenho commigo ovelhas e vaccas de leite; se as afadigarem sómente um
dia, todo o rebanho morrerá.

14 Ora passe o meu senhor diante da face de seu servo; e eu irei como
guia pouco a pouco, conforme ao passo do gado que _é_ adiante da minha
face, e conforme ao passo dos meninos, [5] até que chegue a meu senhor em
Seir.

15 E Esaú disse: Deixarei logo comtigo d’esta gente, que _está_ commigo.
E elle disse: Para que é isso? _Basta_ que eu ache graça aos olhos de meu
senhor.

16 Assim se tornou Esaú aquelle dia pelo seu caminho a Seir.

17 Jacob, porém, partiu para [6] Succoth e edificou para si [CR] uma
casa; e fez cabanas para o seu gado: por isso chamou o nome d’aquelle
logar [CS] Succoth.


_Jacob chega a Sichem e levanta um altar._

18 E chegou Jacob salvo á cidade de Sichem, [7] que _está_ na terra de
Canaan, quando vinha de Paddan-aram; e fez o seu assento diante da cidade.

19 E [8] comprou uma parte do campo em que estendera a sua tenda, da mão
dos filhos de Hemor, pae de Sichem, por cem peças de dinheiro.

20 E levantou ali um altar, [9] e chamou-o Deus, o Deus d’Israel.

[1] cap. 32.6.

[2] cap. 32.28.

[3] cap. 32.5.

[4] Pro. 16.7.

[5] cap. 32.3.

[6] Jos. 13.27. Jui. 8.5.

[7] João 4.5.

[8] Jos. 24.32. Act. 7.16.

[9] cap. 35.7.



_Dinah é desflorada._

[Antes de Christo 1732]

34 E saiu Dinah filha de Leah, [1] que parira a Jacob, para ver as filhas
da terra.

2 E Sichem filho de Hemor heveo, principe d’aquella terra, viu-a, e
tomou-a, e deitou-se com ella, e humilhou-a.

3 E apegou-se a sua alma com Dinah filha de Jacob, e amou a moça e
fallou [CT] affectuosamente á moça.

4 Fallou tambem Sichem a Hemor seu pae, dizendo: [2] Toma-me esta por
mulher.

5 Quando Jacob ouviu que contaminara a Dinah sua filha, estavam os seus
filhos no campo com o gado; e calou-se Jacob até que viessem.

6 E saiu Hemor pae de Sichem a Jacob, para fallar com elle.

7 E vieram os filhos de Jacob do campo, ouvindo isso, e entristeceram-se
os varões, e iraram-se muito, porquanto fizera doidice em Israel,
deitando-se com a filha de Jacob; o que não se devia fazer assim.

8 Então fallou Hemor com elles, dizendo: A alma de Sichem meu filho está
namorada da vossa filha; dae-lh’a, peço-te, por mulher;

9 E aparentae-vos comnosco, dae-nos as vossas filhas, e tomae as nossas
filhas para vós;

10 E habitareis comnosco; e a terra estará diante da vossa face: habitae
e negociae n’ella, e tomae possessão n’ella.

11 E disse Sichem ao pae d’ella, e aos irmãos d’ella: Ache eu graça em
vossos olhos, e darei o que me disserdes:

12 Augmentae muito sobre mim o dote e a dadiva, e darei o que me
disserdes; dae-me sómente a moça por mulher.

13 Então responderam os filhos de Jacob a Sichem e a Hemor seu pae
enganosamente, e fallaram, porquanto havia contaminado a Dinah sua irmã.

14 E disseram-lhes: Não podemos fazer isso, que déssemos a nossa irmã a
um varão não circumcidado; [3] porque isso _seria_ uma vergonha para nós;

15 N’isso, porém, consentiremos a vós: se fôrdes como nós, que se
circumcide todo o macho entre vós:

16 Então dar-vos-hemos as nossas filhas, e tomaremos nós as vossas
filhas, e habitaremos comvosco, e seremos um povo;

17 Mas se não nos ouvirdes, e não vos circumcidardes, tomaremos a nossa
filha e ir-nos-hemos.

18 E suas palavras foram boas aos olhos de Hemor, e aos olhos de Sichem
filho de Hemor.

19 E não tardou o mancebo em fazer isto; porque a filha de Jacob lhe
contentava: e elle _era_ o mais honrado de toda a casa de seu pae.

20 Veiu pois Hemor e Sichem seu filho á porta da sua cidade, e fallaram
aos varões da sua cidade, dizendo:

21 Estes varões _são_ pacificos comnosco; portanto habitarão n’esta
terra, e negociarão n’ella; eis que a terra é larga de espaço diante da
sua face: tomaremos nós as suas filhas por mulheres, e lhes daremos as
nossas filhas:

22 N’isto, porém, consentirão aquelles varões, de habitar comnosco, para
que sejamos um povo, se todo o macho entre nós se circumcidar, como elles
_são_ circumcidados.

23 O seu gado, as suas possessões, e todos os seus animaes não serão
nossos? consintamos sómente com elles, e habitarão comnosco.

24 E deram ouvidos a Hemor, e a Sichem seu filho [4] todos os que sahiam
da porta da cidade; e foi circumcidado todo o macho, de todos os que
sahiam pela porta da sua cidade.


_A traição de Simeão e Levi._

25 E aconteceu que, ao terceiro dia, quando estavam com a _mais violenta_
dôr, os dois filhos de Jacob, Simeão e Levi, irmãos de Dinah, tomaram
cada um a sua espada, e entraram afoitamente na cidade, [5] e mataram
todo o macho.

26 Mataram tambem ao fio da espada a Hemor, e a seu filho Sichem; e
tomaram a Dinah da casa de Sichem, e sairam.

27 Vieram os filhos de Jacob aos mortos e saquearam a cidade; porquanto
contaminaram a sua irmã.

28 As suas ovelhas, e as suas vaccas, e os seus jumentos, e o que na
cidade, e o que no campo _havia_, tomaram,

29 E toda a sua fazenda, e todos os seus meninos, e as suas mulheres
levaram presas, e despojaram-as, e tudo o que _havia_ em casa.

30 Então disse Jacob a Simeão e a Levi: Tendes-me turbado, [6] fazendo-me
cheirar mal entre os moradores d’esta terra, entre os Cananeus e
Phereseus, [7] _sendo_ eu pouco povo em numero; ajuntar-se-hão, e ficarei
destruido, eu e minha casa.

31 E elles disseram: Faria pois elle a nossa irmã como a uma prostituta?

[1] cap. 30.21. Tito 2.5.

[2] Jui. 14.2.

[3] Jos. 5.9.

[4] cap. 23.18.

[5] cap. 49.5, 7.

[6] Exo. 5.21.

[7] I Sam. 27.12.



_Deus manda Jacob a Bethel a levantar um altar._

35 Depois disse Deus a Jacob: [1] Levanta-te, sobe a Bethel, e habita
ali; e faz ali um altar ao Deus que te appareceu, quando fugiste diante
da face de Esaú teu irmão.

2 Então [2] disse Jacob á sua familia, e a todos os que com elle
_estavam_: Tiras os deuses estranhos, que ha no meio de vós, [3] e
purificae-vos, e mudae os vossos vestidos.

3 E levantemo-nos, e subamos a Bethel; e ali farei um altar ao Deus que
me respondeu no dia da minha angustia, [4] e _que_ foi commigo no caminho
que tenho andado.

4 Então deram a Jacob todos os deuses estranhos, que _tinham_ em suas
mãos, [5] e as arrecadas que _estavam_ em suas orelhas; e Jacob os
escondeu debaixo do carvalho que _está_ junto a Sichem.

5 E partiram; [6] e o terror de Deus foi sobre as cidades que _estavam_
ao redor d’elles, e não seguiram após os filhos de Jacob.

6 Assim chegou Jacob a Luz, que _está_ na terra de Canaan, (esta _é_
Bethel), elle e todo o povo que com elle _havia_.

7 E edificou ali um altar, e chamou aquelle logar [CU] El-beth-el:
porquanto Deus ali se lhe tinha manifestado quando fugia diante da face
de seu irmão.


_A morte de Debora._

8 E morreu Debora, a ama de Rebecca, e foi sepultada ao pé de Bethel,
debaixo do carvalho cujo nome chamou [CV] Allonbachuth.

9 E appareceu Deus outra vez a Jacob, vindo de Paddan-aram, e abençoou-o.

10 E disse-lhe Deus: O teu nome _é_ Jacob; não se chamará mais o teu nome
Jacob, mas Israel será o teu nome. [7] E chamou o seu nome Israel.

11 Disse-lhe mais Deus: Eu sou o Deus Todo-poderoso; [8] fructifica
e multiplica-te; uma nação e multidão de nações sairão de ti, e reis
procederão dos teus lombos;

12 E te darei a ti [9] a terra que tenho dado a Abrahão e a Isaac, e á
tua semente depois de ti darei a terra.

13 E Deus subiu d’elle, [10] do logar onde fallara com elle.

14 E Jacob poz uma columna no logar [11] onde fallara com elle, uma
columna de pedra; e derramou sobre ella uma libação, e deitou sobre ella
azeite.

15 E chamou Jacob o nome d’aquelle logar, onde Deus fallara com elle,
Bethel.


_O nascimento de Benjamin e a morte de Rachel._

16 E partiram de Bethel: e havia ainda um pequeno espaço de terra para
chegar a Ephrata, e pariu Rachel, e ella teve trabalho em seu parto.

17 E aconteceu que, tendo ella trabalho em seu parto, lhe disse a
parteira: [12] Não temas, porque tambem este filho terás.

18 E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu), chamou o seu
nome [CW] Benoni; mas seu pae o chamou [CX] Benjamin.

19 Assim morreu Rachel; [13] e foi sepultada no caminho d’Ephrata, este
_é_ Beth-lehem.

20 E Jacob poz uma columna sobre a sua sepultura; [14] esta _é_ a columna
da sepultura de Rachel até ao dia de hoje.

21 Então partiu Israel, e estendeu a sua tenda d’além de [CY] Migdal Eder.

22 E aconteceu que, [15] habitando Israel n’aquella terra, foi Ruben, e
deitou-se com Bilhah, concubina de seu pae; e Israel ouviu-o. E eram doze
os filhos de Jacob:

23 Os filhos de Leah: Ruben, o primogenito de Jacob, depois Simeão e
Levi, e Judah, e Issacar e Zebulon;

24 Os filhos de Rachel: José e Benjamin;

25 E os filhos de Bilhah, serva de Rachel: Dan e Naphtali;

26 E os filhos de Zilpah, serva de Leah: Gad e Aser. Estes _são_ os
filhos de Jacob, que lhe nasceram em Paddan-aram.

27 E Jacob veiu a seu pae Isaac, [16] a Mamre, a Kiriath-arba (que _é_
Hebron), onde peregrinaram Abrahão e Isaac.

28 E foram os dias de Isaac cento e oitenta annos.

29 E Isaac expirou, e morreu, [17] e foi recolhido aos seus povos, velho
e farto de dias; e Esaú e Jacob, seus filhos, o sepultaram.

[1] cap. 28.19.

[2] cap. 18.19.

[3] cap. 31.19. Psa. 101.2, 7. I Sam. 7.3.

[4] cap. 32.7, 24. cap. 28.20 e 31.3, 42.

[5] Ose. 2.13. Jos. 24.26. Jui. 9.6.

[6] Exo. 23.27. Deu. 11.25. Jos. 2.9. II Chr. 14.14.

[7] cap. 32.28.

[8] cap. 17.1. Exo. 6.3.

[9] cap. 12.7 e 26.3.

[10] cap. 17.22.

[11] cap. 28.18.

[12] I Sam. 4.20.

[13] cap. 48.7. Ruth 1.2. Miq. 5.2. Mat. 2.6.

[14] I Sam. 10.2.

[15] cap. 49.4. I Chr. 5.1. I Cor. 5.1.

[16] cap. 13.18. Jos. 14.15 e 15.13.

[17] cap. 25.8. cap. 25.9.



_Os descendentes de Esaú._

[Antes de Christo 1796]

36 E estas _são_ as gerações de Esaú ([1] que _é_ Edom).

2 Esaú tomou suas mulheres das filhas de Canaan: [2] a Adah, filha de
Elon hetheo, e a Aholibamah, filha de Anah, filha de Zibeon heveo.

3 E a Basemath, filha de Ishmael, irmã de Nebajoth.

4 E Adah pariu a Esaú Eliphaz; [3] e Basemath pariu a Rehuel;

5 E Aholibamah pariu a Jeush, e Jaelam e Corah: estes _são_ os filhos de
Esaú, que lhe nasceram na terra de Canaan.

6 E Esaú tomou suas mulheres, e seus filhos, e suas filhas, e todas as
almas de sua casa, e seu gado, e todos os seus animaes, e toda a sua
fazenda, que havia adquirido na terra de Canaan; e foi-se a _outra_ terra
de diante da face de Jacob seu irmão;

7 Porque a fazenda d’elles era muita para habitarem juntos; e a terra de
suas peregrinações não os podia sustentar por causa do seu gado.

8 Portanto Esaú habitou [4] na montanha de Seir; Esaú é Edom.

9 Estas pois _são_ as gerações de Esaú, pae dos Idumeos, na montanha de
Seir.

10 Estes _são_ os nomes dos filhos de Esaú: Eliphaz, filho de Adah,
mulher de Esaú; Rehuel, filho de Basemath, mulher de Esaú.

11 E os filhos de Eliphsz foram: Teman, Omar, Zepho, e Gaetam, e Kenaz.

12 E Timnah era concubina de Eliphaz, filho de Esaú, e pariu a Eliphaz
Amelek: estes _são_ os filhos de Adah, mulher de Esaú.

13 E estes _foram_ os filhos de Rehuel: Nahath, e Zerah, Shammah, e
Mizzah: estes foram os filhos de Basemath, mulher de Esaú.

14 E estes foram os filhos de Aholibamah, filha de Anah, filha de Zibeon,
mulher de Esaú: e pariu a Esaú: Jeush, e Jalam, e Corah.

15 Estes _são_ os principes dos filhos de Esaú; o filhos de Eliphaz,
o primogenito de Esaú, _foram_: o principe Teman, o principe Omar, o
principe Zepho, o principe Kenaz,

16 O principe Corah, o principe Gatam, o principe Amalek; estes são os
principes de Eliphaz na terra de Edom, estes _são_ os filhos de Adah.

17 E estes _são_ os filhos de Rehuel, filho de Esaú: o principe Nahath,
o principe Zerah, o principe Shammah, o principe Mizzah; estes são os
principes de Rehuel, na terra de Edom, estes _são_ os filhos de Besemath,
mulher de Esaú.

18 E estes _são_ os filhos de Aholibamah, mulher de Esaú: o principe
Jeush, o principe Jalam, o principe Corah; estes _são_ os principes do
Aholibamah, filha de Anah, mulher de Esaú.

19 Estes _são_ os filhos de Esaú, e estes são seus principes: elle _é_
Edom.

20 Estes _são_ os filhos de Seir horeo, [5] moradores d’aquella terra:
Lotan, e Sobal e Zibeon, e Anah.

21 E Dishon, e Eser, e Dishan; estes _são_ os principes dos horeos,
filhos de Seir, na terra de Edom.

22 E os filhos de Lotan foram: Hori e Hemam; e a irmã de Lotan _era_
Timnah.

23 Estes _são_ os filhos de Sobal: Alvan, e Manahath, e Ebal, e Shepho, e
Onam.

24 E estes _são_ os filhos de Zibeon: Ajah, e Anah; este é o Anah que
achou os [CZ] mulos no deserto, quando apascentava os jumentos de Zibeon
seu pae.

25 E estes _são_ os filhos de Anah: Dishon, e Aholibamah, a filha de Anah.

26 E estes _são_ os filhos de Dishon: Hemdam, e Eshban, e Ithran, e
Cheran.

27 Estes _são_ os filhos de Eser: Bilhan, e Zaavan, e Akan.

28 Estes _são_ os filhos de Dishan: Uz, e Aran.

29 Estes _são_ os principes dos horeos: O principe Lotan, o principe
Shobal, o principe Zibeon, o principe Anah,

30 O principe Dishon, o principe Eser, o principe Dishan; estes _são_ os
principes dos horeos segundo seus principes na terra de Seir.

31 E estes _são_ os reis que reinaram na terra de Edom, antes que
reinasse rei _algum_ sobre os filhos d’Israel.

32 Reinou pois em Edom Bela, filho de Beor, e o nome da sua cidade _foi_
Dinhaba.

33 E morreu Bela; e Jobab, filho de Zerah de Bosrah, reinou em seu logar.

34 E morreu Jobab; e Husam, da terra dos Temanitas, reinou em seu logar.

35 E morreu Husam, e em seu logar reinou Hadad, filho de Bedad, o que
feriu a Midian no campo de Moab; e o nome da sua cidade _foi_ Avith.

36 E morreu Hadad: e Samlah de Masreca reinou em seu logar.

37 E morreu Samlah; e Shaul de Rehoboth, _pelo_ rio, reinou em seu logar.

38 E morreu Shaul; e Baal-hanan, filho de Achbor, reinou em seu logar.

39 E morreu Baal-hanan, filho de Achbor; e Hadar reinou em seu logar, e
o nome da sua cidade _foi_ Pau; e o nome de sua mulher _foi_ Mehetabel,
filha de Matred, filha de Mezahab.

40 E estes _são_ os nomes dos principes de Esaú; segundo as suas
gerações, segundo os seus logares, com os seus nomes: o principe Timnah,
o principe Alvah, o principe Jetheth,

41 O principe Aholibamah, o principe Elah o principe Pinon,

42 O principe Kenez, o principe Teman, o principe Mibzar,

43 O principe Magdiel, o principe Iram: estes _são_ os principes de Edom,
segundo as suas habitações, na terra da sua possessão; este _é_ Esaú, pae
de Edom.

[1] cap. 25.30.

[2] cap. 26.34.

[3] I Chr. 1.35.

[4] Deu. 2.5. Jos. 24.4.

[5] cap. 14.6. Deu. 2.12, 22.



_José é vendido por seus irmãos._

[Antes de Christo 1729]

37 E Jacob habitou na terra das peregrinações de seu pae, [1] na terra de
Canaan.

2 Estas _são_ as gerações de Jacob. _Sendo_ José de dezesete annos,
apascentava as ovelhas com seus irmãos, e _estava_ este mancebo com os
filhos de Bilhah, e com os filhos de Zilpah, mulheres de seu pae; e José
trazia uma má fama d’elles a seu pae.

3 E Israel amava a José mais do que a todos os seus filhos, porque _era_
filho da sua velhice; e fez-lhe uma tunica de _varias_ côres.

4 Vendo pois seus irmãos que seu pae o amava mais do que a todos os seus
irmãos, [2] aborreceram-o, e não podiam fallar com elle pacificamente.

5 Sonhou tambem José um sonho, que contou a seus irmãos: por isso o
aborreciam ainda mais.

6 E disse-lhes: Ouvi, peço-vos, este sonho, que tenho sonhado:

7 Eis que _estavamos_ atando mólhos no meio do campo, e eis que o meu
mólho se levantava, e tambem ficava em pé, e eis que os vossos mólhos o
rodeavam, e se inclinavam ao meu mólho.

8 Então lhe disseram seus irmãos: Tu pois devéras reinarás sobre nós? Por
isso tanto mais [3] o aborreciam por seus sonhos e por suas palavras.

9 E sonhou ainda outro sonho, e o contou a seus irmãos, e disse: Eis que
ainda sonhei um sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrellas se
inclinavam a mim.

10 E contando-o a seu pae e a seus irmãos, reprehendeu-o seu pae, e
disse-lhe: Que sonho _é_ este que sonhaste? porventura viremos, eu e tua
mãe, e teus irmãos, para inclinar-nos a ti em terra?

11 Seus irmãos pois o invejavam; seu pae porém guardava este negocio _no
seu coração_.

12 E seus irmãos foram apascentar o rebanho de seu pae, junto de Sichem.

13 Disse pois Israel a José: Não apascentam os teus irmãos junto de
Sichem? vem, e enviar-te-hei a elles. E elle lhe disse: Eis-me _aqui_.

14 E elle lhe disse: Ora vae-te, vê como estão teus irmãos, e como está
o rebanho, e traze-me resposta. [4] Assim o enviou do valle de Hebron, e
veiu a Sichem.

15 E achou-o um varão, porque eis que andava errado pelo campo, e
perguntou-lhe o varão, dizendo: Que procuras?

16 E elle disse: Procuro meus irmãos; dize-me, peço-te, onde elles
apascentam.

17 E disse aquelle varão: Foram-se d’aqui; porque ouvi-lhes dizer: Vamos
a Dothan. José pois seguiu atraz de seus irmãos, [5] e achou-os em Dothan.

18 E viram-o de longe, e, antes que chegasse a elles, [6] conspiraram
contra elle, para o matarem.

19 E disseram um ao outro: Eis lá vem o sonhador-mór!

20 Vinde pois agora, [7] e matemel-o, e lancemol-o n’uma d’estas covas, e
diremos: Uma besta fera o comeu; e veremos que será dos seus sonhos.

21 E ouvindo-o Ruben, livrou-o das suas mãos, e disse: Não lhe tiremos a
vida.

22 Tambem lhes disse Ruben: Não derrameis sangue; lançae-o n’esta cova,
que _está_ no deserto, e não lanceis mãos n’elle; para livral-o das suas
mãos, e para tornal-o a seu pae.

23 E aconteceu que, chegando José a seus irmãos, tiraram a José a sua
tunica, [8] a tunica de _varias_ côres, que trazia.

24 E tomaram-o, e lançaram-o na cova; porém a cova _estava_ vasia, não
_havia_ agua n’ella.

25 Depois assentaram-se a comer pão; e levantaram os seus olhos, e
olharam, [9] e eis que uma companhia de ishmaelitas vinha de Gilead; e
seus camelos traziam especiarias, e balsamo, e myrrha, e iam leval-os ao
Egypto.

26 Então Judah disse aos seus irmãos: Que proveito _haverá_ que matemos a
nosso irmão, e escondamos a [DA] sua morte?

27 Vinde, e vendamol-o a estes ishmaelitas, e não seja nossa mão sobre
elle; porque elle _é_ nosso irmão, nossa carne. E seus irmãos obedeceram.

28 Passando pois os mercadores midianitas, tiraram, e alçaram a José da
cova, [10] e venderam José por vinte _moedas_ de prata aos ishmaelitas,
os quaes levaram José ao Egypto.

29 Tornando pois Ruben á cova, eis que José não _estava_ na cova; [11]
então rasgou os seus vestidos,

30 E tornou a seus irmãos, e disse: O moço não _apparece_; e eu aonde
irei?

31 Então tomaram a tunica de José, e mataram um cabrito, e tingiram a
tunica no sangue,

32 E enviaram a tunica de _varias_ côres, e fizeram leval-a a seu pae, e
disseram: Temos achado esta _tunica_; conhece agora se esta _será_ ou não
a tunica de teu filho.

33 E conheceu-a, e disse: É a tunica de meu filho; uma besta fera o
comeu; [12] certamente é despedaçado José.

34 Então Jacob rasgou os seus vestidos, e poz sacco [13] sobre os seus
lombos, e lamentou a seu filho muitos dias.

35 E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o
consolarem; recusou porém ser consolado, e disse: Porquanto com chôro hei
de descer ao meu filho até á sepultura. Assim o chorou seu pae.

36 E os midianitas venderam-o no Egypto a Potifar, [DB] eunucho de
Pharaó, capitão da guarda.

[1] cap. 17.8 e 23.4 e 28.4. Heb. 11.9, 16.

[2] cap. 49.23. Psa. 38.19 e 69.4. Tito 3.3.

[3] cap. 42.6, 9 e 43.26 e 44.14. Psa. 119.22.

[4] cap. 35.27.

[5] II Reis 6.13.

[6] Psa. 31.13 e 37.12, 32. Mat. 21.38 e 27.1. João 11.53.

[7] Pro. 27.4.

[8] Mat. 27.28.

[9] ver. 28, 36. cap. 31.47. Jer. 8.22.

[10] Psa. 105.17. Zac. 11.12. Mat. 27.9. Act. 7.9.

[11] Num. 14.16. Jui. 11.35. Job 1.20.

[12] cap. 44.28.

[13] II Reis 19.1. Isa. 32.11. Jon. 3.5.



_Judah e Tamar._

[Antes de Christo 1727]

38 E aconteceu no mesmo tempo que Judah desceu de entre seus irmãos, e
entrou _na casa_ _d_’um varão de Adullam, cujo nome _era_ Hirah,

2 E viu Judah ali a filha d’um varão cananeu, cujo nome _era_ Shuah; e
tomou-a, e entrou a ella.

3 E ella concebeu, e pariu um filho, e chamou o seu nome [1] Er;

4 E tornou a conceber, e pariu um filho, e chamou o seu nome Onan;

5 E continuou ainda, e pariu um filho, e chamou o seu nome Selah; e elle
estava em Chezib, quando ella o pariu.

6 Judah pois tomou uma mulher para Er, o seu primogenito, e o seu nome
_era_ Tamar.

7 Er, porém, o primogenito de Judah, era mau aos olhos do Senhor, pelo
que o Senhor o matou.

8 Então disse Judah a Onan: Entra á mulher do teu irmão, [2] e casa-te
com ella, e suscita semente a teu irmão.

9 Onan, porém, soube que esta semente não havia de ser para elle; e
aconteceu que, quando entrava á mulher de seu irmão, derramava-_a_ na
terra, para não dar semente a seu irmão.

10 E o que fazia era mau aos olhos do Senhor, pelo que tambem o matou.

11 Então disse Judah a Tamar sua nóra: Fica-te viuva na casa de teu
pae, até que Selah, meu filho, seja grande. Porquanto disse: Para que
porventura não morra tambem este, como seus irmãos. Assim foi-se Tamar, e
ficou-se na casa de seu pae.

12 Passando-se pois muitos dias, morreu a filha de Shuah, mulher de
Judah; e depois se consolou Judah, e subiu aos tosquiadores das suas
ovelhas em Timnah, elle e Hirah seu amigo, o adullamita.

13 E deram aviso a Tamar, dizendo: [3] Eis que o teu sogro sobe a Timnah,
a tosquiar as suas ovelhas.

14 Então ella tirou de sobre si os vestidos da sua viuvez, e cobriu-se
com o véu, e envolveu-se, e assentou-se [DC] á entrada das duas fontes
que _estão_ no caminho de Timnah, porque via que Selah já era grande, e
ella lhe não fôra dada por mulher.

15 E vendo-a Judah, teve-a por uma prostituta; [4] porque ella tinha
coberto o seu rosto.

16 E apartou-se a ella ao caminho, e disse: Vem, peço-te, deixa-me entrar
a ti. Porquanto não sabia que _era_ sua nóra: e ella disse: Que darás,
para que entres a mim?

17 E elle disse: Eu _te_ enviarei um cabrito do rebanho. E ella disse:
Dás-me penhor até que o envies?

18 Então elle disse: Que penhor é que te darei? E ella disse: O teu
sello, e o teu lenço, [DD] e o cajado que _está_ em tua mão. O que elle
lhe deu, e entrou a ella, e ella concebeu d’elle.

19 E ella levantou-se, e foi-se, e tirou de sobre si o seu véu, [5] e
vestiu os vestidos da sua viuvez.

20 E Judah enviou o cabrito por mão do seu amigo o adullamita, para tomar
o penhor da mão da mulher, porém não a achou.

21 E perguntou aos homens d’aquelle logar, dizendo: Onde _está_ a
prostituta que _estava_ no caminho junto ás duas fontes? E disseram: Aqui
não esteve prostituta _alguma_.

22 E tornou-se a Judah, e disse: Não a achei; e tambem disseram os homens
d’aquelle logar: Aqui não esteve prostituta.

23 Então disse Judah: Tome-_o_ para si, para que porventura não venhamos
em desprezo; eis que tenho enviado este cabrito; mas tu não a achaste.

24 E aconteceu que, quasi tres mezes depois, deram aviso a Judah,
dizendo: Tamar, tua nóra, tem fornicado, e eis que _está_ pejada da
fornicação. Então disse Judah: [6] Tirae-a fóra para que seja queimada.

25 E tirando-a fóra, ella mandou dizer a seu sogro: Do varão de quem
_são_ estas _coisas_ eu concebi. E ella disse mais: Conhece, peço-te, de
quem _é_ este sello, [7] e estes [DE] lenços e este cajado.

26 E conheceu-os Judah, e disse: Mais justa é _ella_ do que eu, [8]
porquanto não a tenho dado a Selah meu filho. E nunca mais a conheceu.

27 E aconteceu ao tempo de parir, eis que _havia_ gemeos em seu ventre;

28 E aconteceu que, parindo ella, que _um_ poz fóra a mão, e a parteira
tomou-a, e atou em sua mão um _fio_ de grã, dizendo: Este saiu primeiro.

29 Mas aconteceu que, tornando elle a recolher a sua mão, eis que saiu
o seu irmão, e ella disse: Como tu tens rompido? sobre ti é a rotura. E
chamaram o seu nome Perez;

30 E depois saiu o seu irmão, em cuja mão estava o _fio_ de grã; e
chamaram o seu nome Zerah.

[1] Num. 26.19. I Chr. 2.3.

[2] Deu. 25.5. Mat. 22.24.

[3] Jos. 15.57.

[4] Can. 1.7.

[5] II Sam. 14.2, 5.

[6] Lev. 21.9. Deu. 22.21.

[7] ver. 18.

[8] ver. 14.



_José em casa de Potifar._

[Antes de Christo 1720]

39 E José foi levado ao Egypto, [1] e Potifar, eunucho [DF] de Pharaó,
capitão da guarda, varão egypcio, comprou-o da mão dos ishmaelitas que o
tinham levado lá.

2 E o Senhor estava com José, [2] e foi varão prospero; e estava na casa
de seu senhor egypcio.

3 Vendo pois o seu senhor que o Senhor _estava_ com elle, [3] e tudo o
que fazia o Senhor prosperava em sua mão,

4 José achou graça em seus olhos, [4] e servia-o; e elle o poz sobre a
sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha.

5 E aconteceu que, desde que o puzera sobre a sua casa, e sobre tudo o
que tinha, o Senhor abençoou a casa do egypcio por amor de José; e a
benção do Senhor foi sobre tudo o que tinha, na casa e no campo.

6 E deixou tudo o que tinha na mão de José, de maneira que de nada sabia
_do que estava_ com elle, mais do que do pão que comia. [5] E José era
formoso de parecer, e formoso á vista.

7 E aconteceu depois d’estas coisas [6] que a mulher de seu senhor poz os
seus olhos em José, e disse: Deita-te commigo.

8 Porém elle recusou, e disse á mulher do seu senhor: Eis que o meu
senhor não sabe do que _ha_ em casa commigo, e entregou em minha mão tudo
o que tem;

9 Ninguem _ha_ maior do que eu n’esta casa, e nenhuma coisa me vedou,
senão a ti, porquanto tu _és_ sua mulher; [7] como pois faria eu este
tamanho mal, e peccaria contra [8] Deus?

10 E aconteceu que fallando ella cada dia a José, e não lhe dando elle
ouvidos, para deitar-se com ella, _e_ estar com ella,

11 Succedeu n’um certo dia que veiu á casa para fazer seu serviço; e
nenhum dos da casa _estava_ ali em casa;

12 E ella lhe pegou pelo seu vestido, dizendo: [9] Deita-te commigo. E
elle deixou o seu vestido na mão d’ella, e fugiu, e saiu para fóra.

13 E aconteceu que, vendo ella que deixara o seu vestido em sua mão, e
fugira para fóra,

14 Chamou aos homens de sua casa, e fallou-lhes, dizendo: Vêde,
trouxe-nos o varão hebreu, para escarnecer de nós; entrou a mim para
deitar-se commigo, e eu gritei com grande voz,

15 E aconteceu que, ouvindo elle que eu levantava a minha voz e gritava,
deixou o seu vestido commigo, e fugiu, e saiu para fóra.

16 E ella poz o seu vestido perto de si, até que o seu senhor veiu á sua
casa.

17 Então [10] fallou-lhe conforme as mesmas palavras, dizendo: Veiu a mim
o servo hebreo, que nos trouxeste para escarnecer de nim;

18 E aconteceu que, levantando eu a minha voz e gritando, elle deixou o
seu vestido commigo, e fugiu para fóra.

19 E aconteceu que, ouvindo o seu senhor as palavras de sua mulher, que
lhe fallava, dizendo: Conforme a estas mesmas palavras me fez teu servo;
[11] a sua ira se accendeu.

20 E o senhor de José o tomou, [12] e o entregou na casa do carcere, no
logar onde os presos do rei _estavam_ presos; assim esteve ali na casa do
carcere.

21 O Senhor, porém, estava com José, e estendeu sobre elle a sua
benignidade, [13] e deu-lhe graça aos olhos do carcereiro-mór.

22 E o carcereiro-mór entregou na mão de José todos os presos que
_estavam_ na casa do carcere, e elle fazia tudo o que se fazia ali.

23 E o carcereiro-mór não teve cuidado de nenhuma coisa _que estava_ na
mão d’elle; porquanto o Senhor estava com elle, e _tudo_ o que fazia [14]
o Senhor prosperava.

[1] cap. 37.36. Psa. 105.17.

[2] I Sam. 16.18 e 18.14, 28. Act. 7.9.

[3] Jos. 1.7, 8. I Chr. 22.13. Psa. 1.3.

[4] ver. 21. I Sam. 16.22.

[5] I Sam. 16.12.

[6] Job 31.1. Psa. 119.37.

[7] Lev. 20.10. Pro. 6.29, 32.

[8] II Sam. 12.13. Psa. 51.4.

[9] Pro. 7.13. Ecc. 7.26.

[10] Exo. 23.1. Psa. 120.3. Pro. 12.19.

[11] Pro. 6.34, 35. Can. 8.6.

[12] Psa. 105.18.

[13] Exo. 12.36. Psa. 106.46. Pro. 16.7. Dan. 1.9. Act. 7.10.

[14] ver. 2, 3.



_José na prisão interpreta dois sonhos._

40 E aconteceu depois d’estas coisas que peccaram o copeiro do rei do
Egypto, e o padeiro, contra o seu senhor, o rei do Egypto.

2 E [1] indignou-se Pharaó muito contra os seus dois eunuchos, contra o
copeiro-mór e contra o padeiro-mór,

3 E entregou-os em guarda, [2] na casa do capitão da guarda, na casa do
carcere, no logar onde José _estava preso_.

4 E o capitão da guarda deu cargo d’elles a José, para que os servisse; e
estiveram _muitos_ dias na prisão.

5 E ambos sonharam um sonho, cada um seu sonho na mesma noite, [3] cada
um conforme a interpretação do seu sonho, o copeiro e o padeiro do rei do
Egypto, que _estavam_ presos na casa do carcere.

6 E veiu José a elles pela manhã, e olhou para elles, [4] e eis que
_estavam_ turbados.

7 Então perguntou aos eunuchos de Pharaó, que com elle _estavam_ no
carcere da casa de seu senhor, dizendo: Porque _estão_ hoje tristes os
vossos semblantes?

8 E elles lhe disseram: Temos sonhado um sonho, e ninguem _ha_ que o
interprete. E José disse-lhes: [5] Não _são_ de Deus as interpretações?
contae-m’o, peço-vos.

9 Então contou o copeiro-mór o seu sonho a José, e disse-lhe: Eis que em
meu sonho _havia_ uma vide diante da minha face,

10 E na vide tres sarmentos, e estava como brotando; a sua flôr sahia, os
seus cachos amadureciam em uvas:

11 E o copo de Pharaó _estava_ na minha mão, e eu tomava as uvas, e as
espremia no copo de Pharaó, e dava o copo na mão de Pharaó.

12 Então disse-lhe José: Esta _é_ a sua interpretação: os tres sarmentos
_são_ tres dias;

13 Dentro ainda de tres dias Pharaó levantará a tua cabeça, [6] e te
restaurará ao teu estado, e darás o copo de Pharaó na sua mão, conforme o
costume antigo, quando eras seu copeiro.

14 Porem lembra-te de mim, quando te fôr bem; e rogo-te que uses commigo
de compaixão, e que faças menção de mim a Pharaó, e faze-me sair d’esta
casa;

15 Porque, de facto, fui roubado da terra dos hebreus; [7] e tão pouco
aqui nada tenho feito para que me puzessem n’esta cova.

16 Vendo então o padeiro-mór que tinha interpretado bem, disse a José: Eu
tambem sonhava, e eis que tres cestos [DG] brancos estavam sobre a minha
cabeça;

17 E no cesto mais alto _havia_ de todos os manjares de Pharaó, da obra
de padeiro: e as aves o comiam do cesto de sobre a minha cabeça.

18 Então respondeu José, e disse: Esta é _a_ sua interpretação: os tres
cestos _são_ tres dias;

19 Dentro ainda de tres dias Pharaó levantará a tua cabeça sobre ti, e te
pendurará n’um pau, e as aves comerão a tua carne de sobre ti.

20 E aconteceu ao terceiro dia, o dia do nascimento de Pharaó, que fez um
banquete a todos os seus servos; e levantou a cabeça do copeiro-mór, e a
cabeça do padeiro-mór, no meio dos seus servos.

21 E fez tornar o copeiro-mór ao seu officio de copeiro, [8] e deu o copo
na mão de Pharaó,

22 Mas ao padeiro-mór enforcou, como José havia interpretado.

23 O copeiro-mór, porém, não se lembrou de José, antes esqueceu-se [9]
d’elle.

[1] Pro. 16.14.

[2] cap. 39.20, 23.

[3] Job 33.15, 17.

[4] Dan. 4.5.

[5] cap. 41.15. Dan. 2.11, 28.

[6] II Reis 25.27. Jer. 52.31.

[7] Psa. 59.3, 4. Dan. 6.21.

[8] ver. 13. II Sam. 21.10.

[9] Job 19.14.



_José interpreta os sonhos de Pharaó._

[Antes de Christo 1718]

41 E aconteceu que, ao fim de dois annos inteiros, [1] Pharaó sonhou, e
eis que estava em pé junto ao rio,

2 E eis que subiam do rio sete vaccas, formosas á vista e gordas de
carne, e pastavam no prado.

3 E eis que subiam do rio após ellas outras sete vaccas, feias á vista e
magras de carne; e paravam junto ás _outras_ vaccas na praia do rio.

4 E as vaccas feias á vista, e magras de carne, comiam as sete vaccas
formosas á vista e gordas. Então acordou Pharaó.

5 Depois dormiu, e sonhou outra vez, e eis que brotavam d’uma cana sete
espigas cheias e boas,

6 E eis que sete espigas miudas, e queimadas do vento oriental, brotavam
após ellas.

7 E as espigas miudas devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então
acordou Pharaó, e eis que _era um_ sonho.

8 E aconteceu que pela manhã o seu espirito perturbou-se, [2] e enviou e
chamou todos os adivinhadores do Egypto, e todos os seus sabios; e Pharaó
contou-lhes os seus sonhos, mas ninguem _havia_ que os interpretasse a
Pharaó.

9 Então fallou o copeiro-mór a Pharaó, dizendo: Dos meus peccados me
lembro hoje:

10 Estando [3] Pharaó mui indignado contra os seus servos, e pondo-me em
guarda na casa do capitão da guarda, a mim e ao padeiro-mór,

11 Então [4] sonhámos um sonho na mesma noite, eu e elle, cada um
conforme a interpretação do seu sonho sonhámos.

12 E _estava_ ali comnosco um mancebo hebreu, servo do capitão da guarda,
e contámos-lh’os, e interpretou-nos os nossos sonhos, a cada um os
interpretou conforme o seu sonho.

13 E como elle nos interpretou, assim _mesmo_ foi feito: a mim me fez
tornar ao meu estado, e a elle fez enforcar.

14 Então enviou Pharaó, e chamou a José, e o fizeram sair logo da cova;
[5] e barbeou-se e mudou os seus vestidos, e veiu a Pharaó.

15 E Pharaó disse a José: Eu sonhei um sonho, e ninguem _ha_ que
o interprete; mas de ti ouvi dizer _que quando_ ouves um sonho o
interpretas.

16 E respondeu José a Pharaó, dizendo: Sem mim _é isso_: Deus responderá
paz a Pharaó.

17 Então disse Pharaó a José: Eis que em meu sonho [6] estava eu em pé na
praia do rio,

18 E eis que subiam do rio sete vaccas gordas de carne e formosas á
vista, e pastavam no prado.

19 E eis que outras sete vaccas subiam após estas, muito feias á vista,
e magras de carne; não tenho visto outras taes, emquanto á fealdade, em
toda a terra do Egypto.

20 E as vaccas magras e feias comiam os primeiras sete vaccas gordas;

21 E entravam em suas entranhas, mas não se conhecia que houvessem
entrado em suas entranhas: porque o seu parecer _era_ feio como no
principio. Então acordei.

22 Depois vi em meu sonho, e eis que d’uma cana subiam sete espigas
cheias e boas;

23 E eis que sete espigas seccas, miudas _e_ queimadas do vento oriental,
brotavam após ellas.

24 E as sete espigas miudas devoravam as sete espigas boas. E eu disse-o
aos [7] magos, mas ninguem _houve_ que m’o interpretasse.

25 Então disse José a Pharaó: O sonho de Pharaó _é_ um só; o que Deus ha
de fazer, [8] notificou a Pharaó.

26 As sete vaccas formosas _são_ sete annos; as sete espigas formosas
tambem _são_ sete annos: o sonho é um só.

27 E as sete vaccas feias á vista e magras, que subiam depois d’ellas,
_são_ sete annos; e as sete espigas miudas e queimadas do vento oriental,
[9] serão sete annos de fome.

28 Esta _é_ a palavra que tenho dito a Pharaó; o que Deus ha de fazer,
mostrou-o a Pharaó.

29 E eis que veem sete annos, e [10] haverá grande fartura em toda a
terra do Egypto.

30 E depois d’elles levantar-se-hão [11] sete annos de fome, e toda
aquella fartura será esquecida na terra do Egypto, e a fome consumirá a
terra;

31 E não será conhecida a abundancia na terra, por causa d’aquella fome
_que haverá_ depois; porquanto será gravissima.

32 E que o sonho foi duplicado duas vezes a Pharaó, é [12] porquanto esta
coisa é determinada de Deus, e Deus se apressa a fazel-a.

33 Portanto Pharaó se proveja agora d’um varão entendido e sabio, e o
ponha sobre a terra do Egypto:

34 Faça _isso_ Pharaó, e ponha governadores sobre a terra, [13] e tome a
quinta parte da terra do Egypto nos sete annos de fartura,

35 E ajuntem toda a comida d’estes bons annos, que veem, e amontoem o
trigo debaixo da mão de Pharaó, para mantimento nas cidades, e o guardem;

36 Assim será o mantimento para provimento da terra, para os sete annos
de fome, que haverá na terra do Egypto; para que a terra não pereça de
fome.

37 E esta palavra foi boa aos olhos de Pharaó, [14] e aos olhos de todos
os seus servos.


_Pharaó põe José como governador do Egypto._

[Antes de Christo 1715]

38 E disse Pharaó a seus servos: Achariamos um varão como este, em quem
_haja_ o espirito de Deus?

39 Depois disse Pharaó a José: Pois que Deus te fez saber tudo isto,
ninguem _ha tão_ entendido e sabio como tu:

40 Tu estarás sobre a minha casa, [15] e por tua bocca se governará todo
o meu povo, sómente no throno eu serei maior que tu.

41 Disse mais Pharaó a José: Vês aqui te tenho posto sobre toda a terra
do Egypto.

42 E tirou Pharaó o seu annel da sua mão, e o poz na mão de José, e o
fez vestir de vestidos de linho fino, [16] e poz um collar d’oiro no seu
pescoço,

43 E o fez subir no segundo carro que tinha, e clamavam diante d’elle:
Ajoelhae; [17] assim o poz sobre toda a terra do Egypto.

44 E disse Pharaó a José: Eu _sou_ Pharaó; porém sem ti ninguem levantará
a sua mão ou o seu pé em toda a terra do Egypto.

45 E chamou Pharaó o nome de José [DH] Zaphnath-paneah, e deu-lhe por
mulher a Asenath, [18] filha de Potiphera, sacerdote de On; e saiu José
por _toda_ a terra do Egypto.

46 E José _era_ da edade de trinta annos quando esteve diante da face de
Pharaó, rei do Egypto. E saiu José da face de Pharaó, e passou por toda a
terra do Egypto.

47 E a terra produziu nos sete annos de fartura a mãos cheias.

48 E ajuntou todo o mantimento dos sete annos, que houve na terra
do Egypto, e guardou o mantimento nas cidades, pondo nas cidades o
mantimento do campo que _estava_ ao redor de cada cidade.

49 Assim ajuntou José muitissimo trigo, como a areia do mar, até que
cessou de contar; porquanto não _havia_ numeração.

50 E nasceram a José dois [19] filhos (antes que viesse um anno de fome),
que lhe pariu Asenath, filha de Potiphera, sacerdote de On.

51 E chamou José o nome do primogenito Manasseh [DI]; porque _disse_:
Deus me fez esquecer de todo o meu trabalho, e de toda a casa de meu pae.

52 E o nome do segundo chamou Ephraim [DJ]; porque _disse_: Deus me fez
[20] crescer na terra da minha afflicção.

53 Então acabaram-se os sete annos de fartura que havia na terra do
Egypto,

54 E começaram a vir os sete annos de fome, como José tinha dito; e havia
fome em todas as terras, mas em toda a terra do Egypto havia pão.

55 E tendo toda a terra do Egypto fome, clamou o povo a Pharaó por pão;
e Pharaó disse a todos os egypcios: Ide a José; o que elle vos disser,
fazei.

56 Havendo pois fome sobre toda a terra, abriu José tudo em que havia
_mantimento_, [21] e vendeu aos egypcios; porque a fome prevaleceu na
terra de Egypto.

57 E todas as terras vinham ao Egypto, para comprar de José; porquanto a
fome prevaleceu em todas as terras.

[1] Dan. 2.1.

[2] Dan. 4.5, 19 e 7.28 e 8.27. Exo. 7.11. Isa. 29.14. Dan. 2.2.

[3] cap. 40.2.

[4] cap. 40.5.

[5] I Sam. 2.8. Psa. 105.20. Psa. 25.14. Dan. 5.16.

[6] ver. 1.

[7] ver. 8. Dan. 4.7.

[8] Dan. 2.29, 45.

[9] II Reis 8.1.

[10] ver. 47.

[11] ver. 54. cap. 47.13.

[12] cap. 37.7, 9. Num. 23.19. Isa. 46.10.

[13] Pro. 6.6, 8 e 22.3.

[14] Act. 7.10.

[15] Psa. 105.21.

[16] Dan. 5.7, 29.

[17] cap. 45.8, 26. Act. 7.10.

[18] Exo. 2.16.

[19] cap. 46.20 e 48.5.

[20] cap. 49.22.

[21] cap. 42.6.



_Os irmãos de José descem ao Egypto._

[Antes de Christo 1707]

42 Vendo então Jacob que havia mantimento no Egypto, [1] disse Jacob a
seus filhos: Porque estaes olhando uns para os outros?

2 Disse mais: Eis que tenho ouvido que ha mantimentos no Egypto; descei
para lá, e comprae-nos d’ali, para que vivamos e não morramos.

3 Então desceram os dez irmãos de José, para comprarem trigo do Egypto.

4 A Benjamin, porém, irmão de José não enviou Jacob com os seus irmãos,
porque dizia: [2] Para que lhe não succeda porventura algum desastre.

5 Assim vieram os filhos de Israel para comprar, entre os que vinham
_lá_; porque havia fome na terra de Canaan.

6 José, pois, era o governador d’aquella terra; [3] elle vendia a todo o
povo da terra; e os irmãos de José vieram, e inclinaram-se a elle com a
face na terra.

7 E José, vendo os seus irmãos, conheceu-os; porém mostrou-se estranho
para com elles, e fallou com elles asperamente, e disse-lhes: D’onde
vindes? E elles disseram: Da terra de Canaan, para comprarmos mantimento.

8 José, pois, conheceu os seus irmãos; mas elles não o conheceram.

9 Então José lembrou-se dos sonhos, [4] que havia sonhado d’elles, e
disse-lhes: Vós sois espias, _e_ sois vindos para ver a nudez da terra.

10 E elles lhe disseram: Não, senhor meu; mas teus servos são vindos a
comprar mantimento.

11 Todos nós somos filhos de um varão; somos homens de rectidão; os teus
servos não são espias.

12 E elle lhes disse: Não; antes viestes para ver a nudez da terra.

13 E elles disseram: Nós, teus servos, _somos_ doze irmãos, filhos de um
varão na terra de Canaan; e eis que aqui o mais novo _está_ com nosso pae
hoje; [5] mas um não está _mais_.

14 Então lhes disse José: Isso _é_ o que vos tenho dito, dizendo que
_sois_ espias:

15 N’isto sereis provados; [6] pela vida de Pharaó, não saireis d’aqui
senão quando vosso irmão mais novo vier aqui.

16 Enviae um d’entre vós, que traga vosso irmão, mas vós ficareis presos,
e vossas palavras sejam provadas, se _ha_ verdade comvosco; e se não,
pela vida de Pharaó, vós sois espias.

17 E pôl-os juntos em guarda tres dias.

18 E ao terceiro dia disse-lhes José: Fazei isso, e vivereis; [7]
_porque_ eu temo a Deus.

19 Se sois homens de rectidão, que fique um de vossos irmãos preso na
casa de vossa prisão; e vós ide, levae mantimento para a fome de vossa
casa,

20 E trazei-me o vosso irmão mais novo, [8] e serão verificadas vossas
palavras, e não morrereis. E elles assim fizeram.

21 Então disseram uns aos outros: [9] Na verdade, _somos_ culpados ácerca
de nosso irmão, pois vimos a angustia da sua alma, quando nos rogava; nós
porém não ouvimos: por isso vem sobre nós esta angustia.

22 E Ruben respondeu-lhes, dizendo: [10] Não vol-o dizia eu, dizendo:
Não pequeis contra o moço; mas não ouvistes: e vêdes aqui, o seu sangue
tambem á requerido.

23 E elles não sabiam que José os entendia, porque _havia_ interprete
entre elles.

24 E retirou-se d’elles, e chorou. Depois tornou a elles, e fallou-lhes,
e tomou a Simeão d’elles, e amarrou-o perante os seus olhos.


_Os irmãos de José voltam do Egypto._

25 E ordenou José, que enchessem os seus saccos de trigo, e que _lhes_
restituissem o seu dinheiro a cada um no seu sacco, e lhes dessem comida
para o caminho; [11] e fizeram-lhes assim.

26 E carregaram o seu trigo sobre os seus jumentos, e partiram d’ali.

27 E, abrindo [12] um _d’elles_ o seu sacco, para dar pasto ao seu
jumento na venda, viu o seu dinheiro; porque eis que estava na bocca do
seu sacco.

28 E disse a seus irmãos: Tornou-se o meu dinheiro, e eil-o tambem aqui
no meu sacco. Então lhes desfalleceu o coração, e pasmavam, dizendo um ao
outro: Que é isto que Deus nos tem feito?

29 E vieram para Jacob, seu pae, na terra de Canaan; e contaram-lhe tudo
o que lhes aconteceu, dizendo:

30 O varão, o senhor da terra, fallou comnosco asperamente, [13] e
tratou-nos como espias da terra;

31 Mas dissemos-lhe: Somos _homens_ de rectidão: não somos espias:

32 _Somos_ doze irmãos, filhos de nosso pae; um não _é mais_, e o mais
novo _está_ hoje com nosso pae na terra de Canaan.

33 E aquelle varão, o senhor da terra, nos disse: N’isto conhecerei que
vós sois _homens_ de rectidão; deixae commigo um de vossos irmãos, e
tomae para a fome de vossas casas, e parti,

34 E trazei-me vosso irmão mais novo; assim saberei que não sois espias,
mas _homens_ de rectidão; _então_ vos darei o vosso irmão e negociareis
na terra.

35 E aconteceu que, [14] despejando elles os seus saccos, eis que cada um
tinha a trouxinha com seu dinheiro no seu sacco; e viram as trouxinhas
com seu dinheiro, elles e seu pae, e temeram.

36 Então Jacob, seu pae, disse-lhes: Tendes-me desfilhado; [15] José não
_está mais_, e Simeão não _está mais_: agora levareis a Benjamin. Todas
estas coisas vieram sobre mim.

37 Mas Ruben fallou a seu pae, dizendo: Mata os meus dois filhos, se t’o
não tornar a trazer; dá-m’o em minha mão, e t’o tornarei a trazer.

38 Elle porém disse: Não descerá meu filho comvosco; [16] porquanto o
seu irmão é morto, e elle só ficou. Se lhe succedesse algum desastre no
caminho que fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza á sepultura.

[1] Act. 7.12.

[2] ver. 38.

[3] cap. 41.41.

[4] cap. 37.5, 9.

[5] cap. 37.30.

[6] I Sam. 1.26 e 17.55. Thi. 5.12.

[7] Lev. 25.43. Neh. 5.15. Luc. 18.2, 4.

[8] cap. 43.5.

[9] Num. 32.23. I Reis 17.18. Job 36.8, 9. Ose. 5.15.

[10] cap. 37.21. cap. 9.5. I Reis 2.32. II Chr. 24.22. Psa. 9.12.

[11] Mat. 5.44. Rom. 12.17, 20. Eph. 4.2.

[12] cap. 43.21.

[13] ver. 7, 12.

[14] cap. 43.21.

[15] cap. 43.14.

[16] cap. 44.29.



_Os irmãos de José descem outra vez ao Egypto._

43 E a fome [1] _era_ gravissima na terra.

2 E aconteceu que, como acabaram de comer o mantimento que trouxeram do
Egypto, disse-lhes seu pae: Tornae, comprae-nos um pouco de alimento.

3 Mas Judah respondeu-lhe, dizendo: Fortemente nos protestou aquelle
varão, dizendo: Não vereis a minha face, se o vosso irmão não _vier_
comvosco.

4 Se enviares comnosco o nosso irmão, desceremos, e te compraremos
alimento;

5 Mas se não _o_ enviares, não desceremos; porquanto aquelle varão nos
disse: Não vereis a minha face, se o vosso irmão não _vier_ comvosco.

6 E disse Israel: Porque me fizestes _tal_ mal, fazendo saber áquelle
varão que tinheis ainda _outro_ irmão?

7 E elles disseram: Aquelle varão particularmente nos perguntou por nós,
e pela nossa parentela, dizendo: Vive ainda vosso pae? tendes mais um
irmão? e respondemos-lhe conforme as mesmas palavras. Podiamos nós saber
que diria: Trazei vosso irmão?

8 Então disse Judah a Israel, seu pae: Envia o mancebo commigo, e
levantar-nos-hemos, e iremos, para que vivamos, e não morramos, nem nós,
nem tu, nem os nossos filhos.

9 Eu serei fiador por elle, da minha mão o requererás; [2] se eu não
t’o trouxer, e não o pozer perante a tua face, serei réu de crime para
comtigo para sempre:

10 E se nós não nos tivessemos detido, certamente já estariamos segunda
vez de volta.

11 Então disse-lhes Israel, seu pae: Pois que assim _é_, fazei isso;
tomae do mais precioso d’esta terra em vossos vasos, [3] e levae ao varão
um presente: um pouco de balsamo, e um pouco de mel, especiarias, e
myrrha, terebintho e [DK] amendoas;

12 E tomae em vossas mãos dinheiro dobrado, [4] e o dinheiro que tornou
na bocca dos vossos saccos tornae a levar em vossas mãos; bem pode ser
que fosse erro;

13 Tomae tambem a vosso irmão, e levantae-vos, e voltae áquelle varão;

14 E Deus Todo-poderoso vos dê misericordia diante do varão, para que
deixe vir comvosco vosso outro irmão, [5] e Benjamin; e eu, _se fôr_
desfilhado, desfilhado ficarei.


_Os irmãos de José jantam com elle._

15 E os varões tomaram aquelle presente, e tomaram dinheiro dobrado
em suas mãos, e a Benjamin: e levantaram-se, e desceram ao Egypto, e
apresentaram-se diante da face de José.

16 Vendo pois José a Benjamin com elles, disse ao que _estava_ sobre a
sua casa: [6] Leva _estes_ varões á casa, e mata rezes, e apresta; porque
_estes_ varões comerão commigo ao meio dia.

17 E o varão fez como José dissera, e o varão levou aquelles varões á
casa de José.

18 Então temeram aquelles varões, porquanto foram levados á casa de José,
e diziam: Por causa do dinheiro que d’antes foi [DL] tornado nos nossos
saccos, fomos levados _aqui_, para nos criminar e cair sobre nós, para
que nos tome por servos, e a nossos jumentos.

19 Por isso chegaram-se ao varão que _estava_ sobre a casa de José, e
fallaram com elle á porta da casa,

20 E disseram: Ai! senhor meu, certamente descemos d’antes a comprar
mantimento;

21 E aconteceu que, [7] chegando nós á venda, e abrindo os nossos saccos,
eis que o dinheiro de cada varão _estava_ na bocca do seu sacco, nosso
dinheiro por seu peso; e tornamos a trazel-o em nossas mãos;

22 Tambem trouxemos outro dinheiro em nossas mãos, para comprar
mantimento; não sabemos quem tenha posto o nosso dinheiro nos nossos
saccos.

23 E elle disse: Paz _seja_ comvosco, não temaes; o vosso Deus, e o
Deus de vosso pae, vos tem dado um thesoiro nos vossos saccos; o vosso
dinheiro me chegou a mim. E trouxe-lhes fóra a Simeão.

24 Depois levou o varão aquelles varões á casa de José, [8] e deu-_lhes_
agua, e lavaram os seus pés; tambem deu pasto aos seus jumentos.

25 E prepararam o presente, para quando José viesse ao meio dia; porque
tinham ouvido que ali haviam de comer pão.

26 Vindo pois José a casa, trouxeram-lhe a casa o presente, [9] que
estava na sua mão; e inclinaram-se a elle á terra.

27 E [10] elle lhes perguntou como estavam, e disse: Vosso pae, o velho
de quem fallastes, está bem? ainda vive?

28 E elles disseram: Bem está o teu servo, nosso pae [11] vive ainda. E
abaixaram a cabeça, e inclinaram-se.

29 E elle levantou os seus olhos, e viu a Benjamin, seu irmão, [12] filho
de sua mãe, e disse: Este _é_ vosso irmão mais novo de quem me fallastes?
Depois elle disse: Deus te dê a sua graça, meu filho.

30 E José apressou-se, [13] porque as suas entranhas moveram-se para o
seu irmão, e procurou _onde_ chorar; e entrou na camara, e chorou ali.

31 Depois lavou o seu rosto, e saiu; e conteve-se, e disse: Ponde pão.

32 E pozeram-lhe a _elle_ á parte, e a elles á parte, e aos egypcios, que
comiam com elle, á parte; porque os egypcios não podem comer pão com os
hebreus, porquanto _é_ abominação para os egypcios.

33 E assentaram-se diante d’elle, o primogenito segundo a sua
primogenitura, e o menor segundo a sua menoridade: do que os varões se
maravilhavam entre si.

34 E apresentou-lhes as porções que _estavam_ diante d’elle; porém a
porção de Benjamin era cinco vezes maior do que as porções d’elles todos.
E elles beberam, e se regalaram com elle.

[1] cap. 41.54.

[2] cap. 44.32.

[3] Pro. 18.16. cap. 37.25.

[4] cap. 42.35.

[5] Neh. 1.11. Psa. 37.5.

[6] cap. 44.1.

[7] cap. 42.27.

[8] cap. 18.4 e 24.32.

[9] cap. 37.7, 10.

[10] cap. 42.11, 13.

[11] cap. 37.7, 10.

[12] cap. 35.17, 18.

[13] I Reis 3.20. Jer. 31.20. Phi. 1.8 e 2.1. Col. 3.12.



_A astucia de José para deter seus irmãos._

44 E deu ordem ao que estava sobre a sua casa, dizendo: Enche os saccos
d’estes varões de mantimento, quanto poderem levar, e põe o dinheiro de
cada varão na bocca do seu sacco.

2 E o meu copo, o copo de prata, porás na bocca do sacco do mais novo,
com o dinheiro do seu trigo. E fez conforme a palavra de José, que tinha
dito.

3 Vinda a luz da manhã, despediram-se estes varões, elles com os seus
jumentos.

4 Saindo elles da cidade, _e_ não se havendo ainda distanciado, disse
José ao que _estava_ sobre a sua casa: Levanta-te, e persegue aquelles
varões: e, alcançando-os, lhes dirás: Porque pagastes mal por bem?

5 Não _é_ este o _copo_ por que bebe meu senhor? e em que elle bem [DM]
attenta? fizestes mal no que fizestes.

6 E alcançou-os, e fallou-lhes as mesmas palavras.

7 E elles disseram-lhe: Porque diz meu senhor taes palavras? longe
estejam teus servos de fazerem similhante coisa.

8 Eis que o dinheiro, [1] que temos achado nas boccas dos nossos saccos,
te tornámos a trazer desde a terra de Canaan: como pois furtariamos da
casa do teu senhor prata ou oiro?

9 Aquelle, [2] com quem de teus servos fôr achado, morra; e ainda nós
seremos escravos do meu senhor.

10 E elle disse: Ora seja tambem assim conforme as vossas palavras;
aquelle com quem se achar será meu escravo, porém vós sereis desculpados.

11 E elles apressaram-se, e cada um poz em terra o seu sacco, e cada um
abriu o seu sacco.

12 E buscou, começando do maior, e acabando no mais novo: e achou-se o
copo no sacco de Benjamin.

13 Então rasgaram os seus vestidos, [3] e carregou cada um o seu jumento,
e tornaram á cidade.

14 E veiu Judah com os seus irmãos á casa de José, porque elle ainda
estava ali; [4] e prostraram-se diante d’elle na terra.

15 E disse-lhes José: Que _é_ isto que obrastes? não sabeis vós que tal
homem como eu bem [DN] attentara?


_A humilde supplica de Judah._

16 Então disse Judah: Que diremos a meu senhor? que fallaremos? e como
nos justificaremos? Achou Deus a iniquidade de teus servos; [5] eis que
_somos_ escravos de meu senhor, tanto nós como aquelle em cuja mão foi
achado o copo.

17 Mas elle disse: [6] Longe de mim que eu tal faça; o varão em cuja mão
o copo foi achado, aquelle será meu servo; porém vós subi em paz para
vosso pae.

18 Então Judah se chegou a elle, e disse: Ai! senhor meu, deixa, peço-te,
o teu servo dizer uma palavra aos ouvidos de meu senhor, e não se accenda
a tua ira contra o teu servo; porque tu _és_ como Pharaó.

19 Meu senhor perguntou a seus servos, dizendo: Tendes vós pae, ou irmão?

20 E dissemos a meu senhor: Temos um pae velho, e um moço da sua velhice,
o mais novo, cujo irmão é morto; e elle ficou só de sua mãe, [7] e seu
pae o ama.

21 Então tu disseste a teus servos: Trazei-m’o a mim, e porei os meus
olhos sobre elle.

22 E nós dissemos a meu senhor: Aquelle moço não poderá deixar a seu pae:
se deixar a seu pae, morrerá.

23 Então tu disseste a teus servos: Se vosso irmão mais novo não descer
comvosco, [8] nunca mais vereis a minha face.

24 E aconteceu que, subindo nós a teu servo meu pae, e contando-lhe as
palavras de meu senhor,

25 Disse nosso pae: [9] Tornae, comprae-nos um pouco de mantimento.

26 E nós dissemos: Não poderemos descer; se nosso irmão menor fôr
comnosco, desceremos; pois não poderemos ver a face do varão, se este
nosso irmão menor não _estiver_ comnosco.

27 Então disse-nos teu servo meu pae: [10] Vós sabeis que minha mulher me
pariu dois;

28 E um saiu de mim, e eu disse: [11] Certamente foi despedaçado, e não o
tenho visto até agora;

29 Se agora tambem tirardes a este da minha face, e lhe acontecesse algum
desastre, farieis descer as minhas cãs com dôr á sepultura.

30 Agora pois, vindo eu a teu servo meu pae, e o moço não indo comnosco,
pois que a sua alma está atada com a alma d’elle,

31 Acontecerá que, vendo elle que o moço ali não _está_, morrerá; e
teus servos farão descer as cãs de teu servo, nosso pae, com tristeza á
sepultura.

32 Porque teu servo [12] se deu por fiador por este moço para com meu
pae, dizendo: Se não t’o tornar, eu serei culpado a meu pae todos os dias.

33 Agora, pois, fique teu servo em logar d’este moço por escravo de meu
senhor, e que suba o moço com os seus irmãos.

34 Porque como subirei eu a meu pae, se o moço não _fôr_ commigo? para
que não veja eu o mal que sobrevirá a meu pae.

[1] cap. 43.22.

[2] cap. 31.32.

[3] cap. 37.29, 34. Num. 14.6. II Sam. 1.11.

[4] cap. 37.7.

[5] Esd. 9.10. Job 40.4. Num. 32.23. Jos. 7.18. Luc. 12.2.

[6] Pro. 17.15.

[7] cap. 37.3.

[8] cap. 43.3, 5.

[9] cap. 43.2.

[10] cap. 30.23 e 35.18 e 46.19.

[11] cap. 37.33.

[12] cap. 43.9.



_José dá-se a conhecer a seus irmãos._

[Antes de Christo 1706]

45 Então José não se podia conter diante de todos os que estavam com
elle; e clamou: Fazei sair de mim a todo o varão; e ninguem ficou com
elle, quando José se deu a conhecer a seus irmãos.

2 E levantou a sua voz com chôro, de maneira que os egypcios o ouviam, e
a casa de Pharaó o ouviu.

3 E disse José a seus irmãos: Eu _sou_ José: vive ainda meu pae? E seus
irmãos não lhe poderam responder, porque estavam pasmados diante da sua
face.

4 E disse José a seus irmãos: Peço-vos, chegae-vos a mim. E chegaram-se;
então disse elle: Eu _sou_ José, vosso irmão, a quem vendestes para o
Egypto.

5 Agora, pois, não vos entristeçaes, [1] nem vos peze aos vossos olhos
por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, Deus me
enviou diante da vossa face.

6 Porque já houve dois annos de fome no meio da terra, e ainda _restam_
cinco annos em que não haverá lavoura nem sega.

7 Pelo que Deus me enviou diante da vossa face, para que ficasseis um
resto na terra, e para guardar-vos em vida por uma grande livração.

8 Assim não _fostes_ vós _que_ me enviastes para cá, senão Deus, que me
tem posto por pae de Pharaó, [2] e por senhor de toda a sua casa, e como
[DO] regente em toda a terra do Egypto.

9 Apressae-vos, e subi a meu pae, e dizei-lhe: Assim tem dito o teu filho
José: Deus me tem posto por senhor em toda a terra do Egypto; desce a
mim, e não te demores;

10 E habitarás na terra de Gosen, [3] e estarás perto de mim, tu e os
teus filhos, e os filhos dos teus filhos, e as tuas ovelhas, e as tuas
vaccas, e tudo o que tens.

11 E ali te sustentarei, porque ainda _haverá_ cinco annos de fome, para
que não pereças de pobreza, tu e tua casa, e tudo o que tens.

12 E eis que vossos olhos o vêem, e os olhos de meu irmão Benjamin, _que
é_ minha bocca que vos falla.

13 E fazei saber a meu pae toda a minha gloria no Egypto, e tudo o que
tendes visto, [4] e apressae-vos a fazer descer meu pae para cá.

14 E lançou-se ao pescoço de Benjamin seu irmão, e chorou; e Benjamin
chorou _tambem_ ao seu pescoço.


_Pharaó ouve fallar dos irmãos de José._

15 E beijou a todos os seus irmãos, e chorou sobre elles; e depois seus
irmãos fallaram com elle.

16 E a fama ouviu-se na casa de Pharaó, dizendo: Os irmãos de José são
vindos; e pareceu bem aos olhos de Pharaó, e aos olhos de seus servos.

17 E disse Pharaó a José: Dize a teus irmãos: Fazei isto, carregae as
vossas bestas e parti, tornae á terra de Canaan,

18 E tornae a vosso pae, e a vossas familias, e vinde a mim; e eu vos
farei o melhor da terra do Egypto, [5] e comereis a gordura da terra.

19 A ti pois é ordenado; fazei isto, tomae vós da terra do Egypto carros
para vossos meninos, para vossas mulheres, e para vosso pae, e vinde.

20 E não vos peze _coisa alguma_ das vossas alfaias; porque o melhor de
toda a terra do Egypto _será_ vosso.

21 E os filhos de Israel fizeram assim. E José deu-lhes carros, conforme
o mandado de Pharaó; tambem lhes deu comida para o caminho.

22 A todos lhes deu, a cada um, mudas de vestidos; mas a Benjamin deu
trezentas peças de prata, [6] e cinco mudas de vestidos.

23 E a seu pae enviou similhantemente dez jumentos carregados do melhor
do Egypto, e dez jumentos carregados de trigo, e pão, e comida para seu
pae, para o caminho.

24 E despediu os seus irmãos, e partiram; e disse-lhes: Não contendaes
pelo caminho.

25 E subiram do Egypto, e vieram á terra de Canaan, a Jacob seu pae.

26 Então lhe annunciaram, dizendo: José ainda vive, e elle tambem é
regente em toda a terra do Egypto. [7] E o seu coração desmaiou-se,
porque não os acreditava.

27 Porém, havendo-lhe elles contado todas as palavras de José, que elle
lhes fallára, e vendo elle os carros que José enviara para leval-o,
reviveu o espirito de Jacob seu pae.

28 E disse Israel: Basta; ainda vive meu filho José; eu irei, e o verei
antes que morra.

[1] cap. 37.28. II Cor. 2.7.

[2] João 19.11. cap. 41.43.

[3] cap. 46.29 e 47.1, 6. Exo. 8.22 e 9.26.

[4] Act. 7.14.

[5] cap. 47.6.

[6] cap. 43.34.

[7] Job 9.16 e 29.24. Psa. 126.1. Luc. 24.11, 41.



_Jacob e toda a sua familia descem ao Egypto._

46 E partiu Israel com tudo quanto tinha, e veiu a [1] Berseba, e
sacrificou sacrificios ao Deus de seu pae Isaac.

2 E fallou Deus a Israel em visões da noite, [2] e disse: Jacob, Jacob! E
elle disse: Eis-me _aqui_.

3 E disse: Eu _sou_ o Deus, o Deus de teu pae; [3] não temas de descer ao
Egypto, porque eu te farei ali uma grande nação.

4 E descerei comtigo ao Egypto, e certamente te farei _tornar_ a subir,
[4] e José porá a sua mão sobro os teus olhos.

5 Então levantou-se Jacob de Berseba, e os filhos de Israel levaram a seu
pae Jacob, e seus meninos, e as suas mulheres, [5] nos carros que Pharaó
enviara para o levar.

6 E tomaram o seu gado e a sua fazenda que tinham adquirido na terra de
Canaan, [6] e vieram ao Egypto, Jacob e toda a sua semente com elle,

7 Os seus filhos, e os filhos de seus filhos com elle, as suas filhas, e
as filhas de seus filhos, e toda a sua semente levou comsigo ao Egypto.

8 E estes _são_ os nomes dos filhos de Israel, [7] que vieram ao Egypto,
Jacob e seus filhos: Ruben, o primogenito de Jacob,

9 E os filhos de Ruben: Hanoch, e Pallu, e Hezron, e Carmi.

10 E os filhos de Simeão: Jemuel, e Jamin, e Ohad, e Jachin, e Zohar, e
Shaul, filho de uma mulher cananea.

11 E os filhos de Levi: Gerson, Kohath, e Merari.

12 E os filhos de Judah: Er, e Onan, e Sela, e Perez, e Serah; [8] Er
e Onan, porém, morreram na terra de Canaan; e os filhos de Perez foram
Hezron e Hamul.

13 E os filhos de Issacar: Tola, e Puah, e Iob, e Simron.

14 E os filhos de Zebulon: Sered, e Elon, e Jahleel.

15 Estes _são_ os filhos de Leah, que pariu a Jacob em Paddan-aram, com
Dinah, sua filha: todas as almas de seus filhos e de suas filhas _foram_
trinta e tres.

16 E os filhos de Gad: Ziphion, e Haggi, Shuni, e Ezbon, Eri, e Arodi, e
Areli.

17 E os filhos de Asher: Imnah, e Ischva, e Ischvi, e Beria, e Serah, a
irmã d’elles: e os filhos de Beria: Heber e Malchiel.

18 Estes são os filhos de Zilpah, [9] que Labão deu á sua filha Leah; e
pariu a Jacob estas dezeseis almas.

19 Os filhos de Rachel, mulher de Jacob: José e Benjamin.

20 E nasceram a José na terra do Egypto Manasseh e Ephraim, que lhe pariu
Asenath, [10] filha de Potiphera, sacerdote de On.

21 E os filhos de Benjamin: Belah, Becher, e Asbel, Gera, e Naaman, Echi
e Rosh, Muppim, e Huppim, e Ard.

22 Estes são os filhos de Rachel, que nasceram a Jacob, ao todo quatorze
almas.

23 E os filhos de Dan: Husim.

24 E os filhos de Naphtali: Jahzeel, e Guni, e Jezer, e Shilem.

25 Estes são os filhos de Bilha, [11] que Labão deu á sua filha Rachel; e
pariu estes a Jacob; todas as almas foram sete.

26 Todas as almas que vieram com Jacob ao Egypto, que sairam da sua côxa,
sem as mulheres dos filhos de Jacob, todas foram sessenta e seis almas.

27 E os filhos de José, que lhe nasceram no Egypto, _eram_ duas almas.
Todas as almas da casa de Jacob, que vieram ao Egypto, [12] _foram_
setenta.


_O encontro de José com seu pae._

28 E enviou a Judah diante da sua face a José, para o encaminhar a Gosen;
e chegaram á [13] terra de Gosen.

29 Então José apromptou o seu carro, e subiu ao encontro de Israel, seu
pae, a Gosen. E, mostrando-se-lhe, lançou-se ao seu pescoço, e chorou
sobre o seu pescoço longo tempo.

30 E Israel disse a José: Morra eu agora, [14] pois já tenho visto o teu
rosto, que ainda vives.

31 Depois disse José a seus irmãos, e á casa de seu pae: Eu subirei, e
annunciarei a Pharaó, e lhe direi: Meus irmãos, e a casa de meu pae, que
_estavam_ na terra de Canaan, vieram a mim!

32 E os varões _são_ pastores de ovelhas, porque são homens de gado, e
trouxeram comsigo as suas ovelhas, e as suas vaccas, e tudo o que teem.

33 Quando pois acontecer que Pharaó vos chamar, e disser: [15] Qual _é_
vosso [DP] negocio?

34 Então direis: [16] Teus servos foram homens de gado desde a nossa
mocidade até agora, tanto nós como os nossos paes; para que habitemos
na terra de Gosen; porque todo o pastor de ovelhas _é_ abominação aos
egypcios.

[1] cap. 21.31 e 31.42, 53.

[2] cap. 15.1. Job 33.15.

[3] cap. 12.2. Deu. 26.5.

[4] cap. 15.16 e 50.13, 25. Exo. 3.8. cap. 50.1. Act. 7.15.

[5] cap. 45.19, 27.

[6] Num. 20.15. Deu. 26.5. Jos. 24.4. Psa. 105.23. Isa. 52.4.

[7] Exo. 1.1 e 6.14. Num. 26.5.

[8] I Chr. 2.3.

[9] cap. 29.24 e 30.10.

[10] cap. 41.50.

[11] cap. 29.29.

[12] Deu. 10.22. Act. 7.14.

[13] cap. 47.1.

[14] Luc. 2.29, 30.

[15] cap. 47.3.

[16] cap. 30.35 e 37.12. Exo. 8.26.



_José annuncia a Pharaó a chegada de seu pae._

47 Então veiu José, e annunciou a Pharaó, e disse: Meu pae, e os meus
irmãos, e as suas ovelhas, e as suas vaccas, com tudo o que teem, são
vindos da terra de Canaan, [1] e eis que _estão_ na terra de Gosen.

2 E [2] tomou uma parte de seus irmãos, a _saber_ cinco varões, e os poz
diante de Pharaó.

3 Então disse Pharaó a seus irmãos: Qual _é_ vosso negocio? E elles
disseram a Pharaó: Teus servos _são_ pastores de ovelhas, tanto nós como
nossos paes.

4 Disseram mais a Pharaó: [3] Viemos para peregrinar n’esta terra; porque
não ha pasto para as ovelhas de teus servos, porquanto a fome _é_ grave
na terra de Canaan; agora pois rogamos-te que teus servos habitem na
terra de Gosen.

5 Então fallou Pharaó a José, dizendo: Teu pae e teus irmãos vieram a ti:

6 A terra do Egypto está diante da tua face, no melhor da terra faze
habitar teu pae e teus irmãos; habitem na terra de Gosen: e se sabes que
entre elles ha homens [DQ] valentes, os porás por maioraes do [4] gado,
sobre o que eu tenho.

7 E trouxe José a Jacob, seu pae, e o poz diante de Pharaó; e Jacob
abençoou a Pharaó.

8 E Pharaó disse a Jacob: Quantos _são_ os dias dos annos da tua vida?

9 E Jacob disse a Pharaó: Os dias dos annos das minhas peregrinações
_são_ cento e trinta annos; [5] poucos e maus foram os dias dos annos da
minha vida, e não chegaram aos dias dos annos da vida de meus paes nos
dias das suas peregrinações.

10 E Jacob abençoou a Pharaó, e saiu de diante da face de Pharaó.

11 E José fez habitar a seu pae e seus irmãos, e deu-lhes possessão na
terra do Egypto, no melhor da terra, na terra de Rameses, [6] como Pharaó
ordenara.

12 E José sustentou de pão a seu pae, e seus irmãos, e toda a casa de seu
pae, segundo os seus meninos.


_Como José comprou toda a terra do Egypto para Pharaó._

13 E não havia pão em toda a terra, [7] porque a fome _era_ mui grave; de
maneira que a terra do Egypto e a terra de Canaan desfalleciam por causa
da fome.

14 Então José recolheu todo o dinheiro que se achou na terra do Egypto, e
na terra de Canaan, pelo trigo que compravam: e José trouxe o dinheiro á
casa de Pharaó.

15 Acabando-se pois o dinheiro da terra do Egypto, e da terra de Canaan,
vieram todos os egypcios a José, dizendo: Dá-nos pão; porque morreremos
em tua presença? porquanto o dinheiro nos falta.

16 E José disse: Dae o vosso gado, e eu vol-o darei por vosso gado, se
falta o dinheiro.

17 Então trouxeram o seu gado a José: e José deu-lhes pão em _troca_ de
cavallos, e do gado das ovelhas, e do gado das vaccas e dos jumentos; e
os sustentou de pão aquelle anno por todo o seu gado.

18 E acabado aquelle anno, vieram a elle no segundo anno, e disseram-lhe:
Não occultaremos ao meu senhor que o dinheiro é acabado, e meu senhor
possue os animaes, e nenhuma outra coisa _nos_ ficou diante da face de
meu senhor, senão o nosso corpo e a nossa terra;

19 Porque morreremos diante dos teus olhos, tanto nós como a nossa
terra? [8] compra-nos a nós e á nossa terra por pão, e nós e a nossa
terra seremos servos de Pharaó, e dá semente para que vivamos, e não
morramos, e a terra não se desole.

[Antes de Christo 1702]

20 Assim José comprou toda a terra do Egypto para Pharaó, porque os
egypcios venderam cada um o seu campo, porquanto a fome prevaleceu sobre
elles: e a terra ficou _sendo_ de Pharaó.

21 E, quanto ao povo, fel-o passar ás cidades, desde _uma_ extremidade da
terra do Egypto até á _outra_ extremidade.

22 Somente a terra dos sacerdotes não a comprou, porquanto os sacerdotes
tinham porção de Pharaó, e elles comiam a sua porção que Pharaó lhes
tinha dado; por isso não venderam a sua terra.

23 Então disse José ao povo: Eis que hoje tenho comprado a vós e a vossa
terra para Pharaó; eis ahi tendes semente para vós, para que semeeis a
terra.

24 Ha de ser, porém, que das colheitas dareis o quinto a Pharaó, e
as quatro partes serão vossas, para semente do campo, e para o vosso
mantimento, e dos que _estão_ nas vossas casas, e para que comam vossos
meninos.

25 E disseram: A vida nos tens dado; achemos graça nos olhos de meu
senhor, e seremos servos de Pharaó.

26 José pois poz isto por estatuto até ao dia de hoje, sobre a terra do
Egypto, que Pharaó tirasse o quinto: só a terra dos sacerdotes não ficou
_sendo_ de Pharaó.

27 Assim habitou Israel na terra do Egypto, na terra de Gosen, e n’ella
tomaram possessão, [9] e fructificaram, e multiplicaram-se muito.

28 E Jacob viveu na terra do Egypto dezesete annos: de sorte que os dias
de Jacob, os annos da sua vida, foram cento e quarenta e sete annos.

29 Chegando-se pois o tempo da morte d’Israel, chamou a José seu filho, e
disse-lhe: Se agora tenho achado graça em teus olhos, rogo-te que ponhas
a tua mão debaixo da minha côxa, [10] e usa commigo de beneficencia e
verdade; rogo-te que me não enterres no Egypto.

30 Mas que _eu_ jaza com os meus paes; [11] por isso me levarás do
Egypto, e me sepultarás na sepultura d’elles. E elle disse: Farei
conforme a tua palavra.

31 E disse _elle_: Jura-me. E elle jurou-lhe; e Israel inclinou-se sobre
a cabeceira da cama.

[1] cap. 46.28.

[2] Act. 7.13.

[3] cap. 15.13. Deu. 26.5. Psa. 105.23. Isa. 52.4.

[4] I Chr. 27.29. Exo. 1.11.

[5] cap. 25.7, 8 e 35.28.

[6] ver. 6.

[7] cap. 41.30, 31.

[8] Job 2.4. Lam. 1.1.

[9] Exo. 1.7, 12. Deu. 10.22. Neh. 9.23.

[10] cap. 24.2.

[11] cap. 50.5, 13.



_Jacob adoece._

[Antes de Christo 1689]

48 E aconteceu pois depois d’estas coisas, que um disse a José: Eis que
teu pae está enfermo. Então tomou comsigo os seus dois filhos Manasseh e
Ephraim.

2 E um deu parte a Jacob, e disse: Eis que José teu filho vem a ti. E
esforçou-se Israel, e assentou-se sobre a cama.

3 E Jacob disse a José: [1] O Deus Todo-poderoso me appareceu em Luz, na
terra de Canaan, e me abençoou,

4 E me disse: Eis que te farei fructificar e multiplicar, e te porei por
multidão de povos, e darei esta terra á tua semente depois de ti, [2] em
possessão perpetua.

5 Agora, pois, os teus dois filhos, que te nasceram na terra do Egypto,
[3] antes que eu viesse a ti no Egypto, _são_ meus: Ephraim e Manasseh
serão meus, como Ruben e Simeão;

6 Mas a tua geração, que gerarás depois d’elles, será tua: segundo o nome
de seus irmãos serão chamados na sua herança.

7 Vindo pois eu de Paddan, me [4] morreu Rachel na terra de Canaan, no
caminho, quando ainda _ficava um pequeno_ espaço de terra para vir a
Ephrata; e eu a sepultei ali, no caminho d’Ephrata, que _é_ Beth-lehem.

8 E Israel viu os filhos de José, e disse: Quem _são_ estes?

9 E José disse a seu pae: Elles _são_ meus filhos, que Deus me tem dado
aqui. E elle disse: [5] Peço-te, traze-m’os aqui, para que os abençoe.

10 Os olhos porem d’Israel eram carregados de velhice, já não podia vêr;
e fel-os chegar a elle, e beijou-os, e abraçou-os.


_Jacob abençoa José e os filhos d’este._

11 E Israel disse a José: Eu não cuidara vêr o teu rosto; [6] e eis que
Deus me fez vêr a tua semente tambem.

12 Então José os tirou de seus joelhos, [7] e inclinou-se á terra diante
da sua face.

13 E tomou José a ambos _elles_, a Ephraim na sua mão direita á esquerda
d’Israel, e Manasseh na sua mão esquerda á direita d’Israel, e fel-os
chegar a elle.

14 Mas Israel estendeu a sua mão direita, e a poz sobre a cabeça
d’Ephraim, ainda que era o menor, e a sua esquerda sobre a cabeça de
Manasseh, dirigindo as suas mãos avisadamente, ainda que Manasseh _era_
o primogenito.

15 E abençoou a José, e disse: O Deus, [8] em cuja presença andaram os
meus paes Abrahão e Isaac, o Deus que me sustentou, desde que eu nasci
até este dia:

16 O anjo que me [DR] livrou de todo o mal, [9] abençôe estes rapazes, e
seja chamado n’elle o meu nome, e o nome de meus paes Abrahão e Isaac, e
multipliquem-se, como peixes, em multidão no meio da terra.

17 Vendo pois José que seu pae punha a sua mão direita sobre a cabeça
d’Ephraim, foi máu aos seus olhos; e tomou a mão de seu pae, para a
transpor de sobre a cabeça de Ephraim á cabeça de Manasseh.

18 E José disse a seu pae: Não assim, meu pae, porque este _é_ o
primogenito; põe a tua mão direita sobre a sua cabeça.

19 Mas seu pae _o_ recusou, e disse: Eu o sei, filho meu, eu o sei:
tambem elle será um povo, e tambem elle [10] será grande: comtudo o seu
irmão menor será maior que elle, e a sua semente será uma [DS] multidão
de nações.

20 Assim os abençoou n’aquelle dia, dizendo: Em ti abençoará Israel,
dizendo: [11] Deus te ponha como a Ephraim e como a Manasseh. E poz a
Ephraim diante de Manasseh.

21 Depois disse Israel a José: Eis que eu morro, [12] mas Deus será
comvosco, e vos fará tornar á terra de vossos paes.

22 E eu te tenho dado a ti um pedaço da terra sobre teus irmãos, que [13]
tomei com a minha espada e com o meu arco da mão dos amorrheos.

[1] cap. 28.13, 19 e 35.6.

[2] cap. 17.8. Amós 9.14, 15.

[3] cap. 41.50, 52. I Chr. 5.1.

[4] cap. 35.16, 19.

[5] cap. 27.4. Heb. 11.21.

[6] cap. 37.33, 35 e 45.26.

[7] Exo. 20.12.

[8] cap. 17.1 e 24.40. Psa. 103.4, 5.

[9] cap. 31.11. Isa. 63.9. Psa. 34.22. Num. 26.34, 37.

[10] Deu. 33.17.

[11] Ruth 4.11, 12.

[12] cap. 50.24. Jos. 23.14.

[13] Jos. 24.32. João 4.5.



_Jacob abençoa seus filhos e morre._

49 Depois chamou Jacob a seus filhos, e disse: [1] Ajuntae-vos, e
annunciar-vos-hei o que vos ha de acontecer nos derradeiros dias:

2 Ajuntae-vos, [2] e ouvi, filhos de Jacob; e ouvi a Israel vosso pae:

3 Ruben, tu _és_ meu primogenito, minha força, [3] e o principio de meu
vigor, o _mais_ excellente em alteza, e o _mais_ excellente em potencia.

4 Fervente como a agua, não serás o _mais_ excellente; porquanto subiste
ao leito de teu pae. Então _o_ contaminaste; subiu á minha cama.

5 Simeão e Levi _são_ irmãos: [4] as suas espadas _são_ instrumentos de
violencia.

6 No seu secreto conselho não entre minha alma, com a sua congregação
minha gloria não se ajunte; porque no seu furor mataram varões, e na sua
teima arrebataram bois.

7 Maldito _seja_ o seu furor, pois era forte, e a sua ira, pois era dura:
[5] eu os dividirei em Jacob, e os espalharei em Israel.

8 Judah, te louvarão os teus irmãos; [6] a tua mão _será_ sobre o pescoço
de teus inimigos: os filhos de teu pae a ti se inclinarão.

9 Judah _é_ um leãosinho, [7] da preza subiste, filho meu: encurva-se, e
deita-se como um leão, e como um leão velho: quem o despertará?

10 O sceptro [8] não se arredará de Judah, nem o legislador d’entre seus
pés, até que não venha Shiloh; e a elle [DT] congregarão os povos.

11 Elle amarrará o seu jumentinho á vide, e o filho da sua jumenta á cepa
mais excellente: elle lavará _o_ seu vestido no vinho, e a sua capa em
sangue de uvas.

12 Os olhos serão vermelhos de vinho, e os dentes brancos de leite.

13 Zabulon [9] habitará no porto dos mares, e será porto dos navios, e o
seu termo _será_ para Sidon.

14 Issacar _é_ jumento de fortes ossos, [DU] deitado entre dois fardos.

15 E viu elle que o descanço _era_ bom, e seu hombro para acarretar, e
serviu debaixo de tributo.

16 Dan julgará o seu povo, como uma das tribus d’Israel.

17 Dan será serpente junto ao caminho, uma vibora junto á vereda, que
morde os calcanhares do cavallo, e faz cair o seu cavalleiro por detrás.

18 A tua salvação espero, [10] ó Senhor!

19 _Quanto a_ Gad, [11] uma tropa o accommetterá; mas elle _a_
accommetterá por fim.

20 De Aser, o seu pão _será_ gordo, e elle dará delicias reaes.

21 Naphtali _é_ uma cerva solta: elle dá palavras formosas.

22 José _é_ um ramo fructifero, ramo fructifero junto á fonte; seus ramos
correm sobre o muro.

23 Os frecheiros lhe deram amargura, [12] e o frecharam e [DV]
aborreceram.

24 O seu arco, porém, susteve-se no forte, [13] e os braços de suas mãos
foram fortalecidos pelas mãos do Valente de Jacob (d’onde _é_ o pastor e
a pedra d’Israel).

25 Pelo Deus de teu pae, o qual te ajudará, e pelo Todo-poderoso, o qual
te abençoará com bençãos dos céus de cima, com bençãos do abysmo que está
debaixo, com bençãos dos peitos e da madre.

26 As bençãos de teu pae excederão as bençãos de meus paes, até á
extremidade dos outeiros eternos: ellas estarão sobre a cabeça de José, e
sobre o alto da cabeça do separado de seus irmãos.

27 Benjamin _é_ lobo _que_ despedaça; [14] pela manhã comerá a preza, e á
tarde repartirá o despojo.

28 Todas estas _são_ as doze tribus de Israel: e isto _é_ o que lhes
fallou seu pae quando os abençoou; a cada um d’elles abençoou segundo a
sua benção.

29 Depois ordenou-lhes, e disse-lhes: [15] Eu me congrego ao meu povo;
sepultae-me com meus paes, na cova que _está_ no campo de Ephron, o
hetheo,

30 Na cova que _está_ no campo de Machpela, que está em frente de Mamre,
na terra de Canaan, a qual Abrahão comprou com aquelle campo de Ephron, o
hetheo, por [16] herança de sepultura:

31 Ali sepultaram a Abrahão, e a Sarah sua mulher: ali sepultaram a
Isaac, e a Rebecca sua mulher: e ali eu sepultei a Leah.

32 O campo, e a cova que _está_ n’elle, _foi_ comprado aos filhos de Heth.

33 Acabando pois Jacob de dar mandamentos a seus filhos, encolheu os seus
pés na cama, [17] e espirou, e foi congregado ao seu povo.

[1] Deu. 33.1. Num. 24.14. Isa. 2.2.

[2] Deu. 21.17.

[3] cap. 35.22. I Chr. 5.1.

[4] cap. 29.33, 34 e 34.25, 29.

[5] Jos. 21.5, 7.

[6] I Chr. 5.2.

[7] Num. 23.24. Apo. 5.5.

[8] Num. 24.17. Psa. 60.7 e 108.8. Isa. 33.22. Isa. 9.5, 6. Luc. 1.32, 33.

[9] Deu. 33.18. Jos. 19.10.

[10] Isa. 25.9.

[11] I Chr. 5.18.

[12] cap. 37.4 &c. e 39.20.

[13] Job 29.20. Psa. 18.32, 34. cap. 45.10, 11 e 50.21. Isa. 28.16.

[14] Jui. 20.21, 25.

[15] cap. 47.30.

[16] cap. 23.3, &c.

[17] ver. 29.



_A lamentação por Jacob e o seu enterro._

50 Então José se lançou sobre o rosto de seu pae; e chorou sobre elle, e
o beijou.

2 E José ordenou aos seus servos, os medicos, que embalsamassem a seu
pae: e os medicos embalsamaram a Israel.

3 E cumpriram-se-lhe quarenta dias; porque assim se cumprem os dias
d’aquelles que se embalsamam: e os egypcios o choraram setenta dias.

4 Passados pois os dias de seu choro, fallou José á casa de Pharaó,
dizendo: Se agora tenho achado graça aos vossos olhos, rogo-vos que
falleis aos ouvidos de Pharaó, dizendo:

5 Meu pae me fez jurar, [1] dizendo: Eis que eu morro: em meu sepulchro,
que cavei para mim na terra de Canaan, ali me sepultarás. Agora pois, te
peço, que eu suba, para que sepulte a meu pae; então voltarei.

6 E Pharaó disse: Sobe, e sepulta a teu pae como elle te fez jurar.

7 E José subiu para sepultar a seu pae: e subiram com elle todos os
servos de Pharaó, os anciãos da sua casa, e todos os anciãos da terra do
Egypto,

8 Como tambem toda a casa de José, e seus irmãos, e a casa de seu pae:
sómente deixaram na terra de Gosen os seus meninos e as suas ovelhas, e
as suas vaccas.

9 E subiram tambem com elle, tanto carros como gente a cavallo; e o
concurso foi grandissimo.

10 Chegando elles pois á [DW] planicie do espinhal, que _está_ além do
Jordão, fizeram um grande e gravissimo pranto; e fez a seu pae um grande
pranto por sete dias.

11 E vendo os moradores da terra, os cananeos, o luto na planicie do
espinhal, disseram: _É_ este o pranto grande dos egypcios. Por isso
chamou-se o seu nome Abelmizraim, que _está_ além do Jordão.

12 E fizeram-lhe os seus filhos assim [2] como _elle_ lhes ordenara,

13 Pois os seus filhos o levaram á terra de Canaan, e o sepultaram na
cova do campo de Machpela, que Abrahão tinha comprado com o campo, por
herança de sepultura, d’Ephron, o hetheo, [3] em frente de Mamre.


_José anima a seus irmãos._

14 Depois tornou-se José para o Egypto, elle e seus irmãos, e todos os
que com elle subiram a sepultar seu pae, depois de haver sepultado seu
pae.

15 Vendo então os irmãos de José que seu pae já estava morto, disseram:
Porventura nos aborrecerá José, e nos pagará certamente todo o mal que
lhe fizemos.

16 Portanto enviaram a José, dizendo: Teu pae mandou, antes da sua morte,
dizendo:

17 Assim direis a José: Perdoa, rogo-te, a transgressão de teus irmãos,
e o seu peccado, [4] porque te fizeram mal: agora pois rogamos-te que
perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu pae. E José chorou
quando elles lhe fallavam.

18 Depois vieram tambem seus irmãos, e prostraram-se diante d’elle, e
disseram: Eis-nos aqui por teus servos.

19 E José lhes disse: Não temaes, porque porventura [5] _estou_ eu em
logar de Deus?

20 Vós bem intentastes mal contra mim, _porém_ Deus o intentou para bem,
para fazer como _está_ n’este dia, [6] para conservar em vida a um povo
grande:

21 Agora pois não temaes: [7] eu vos sustentarei a vós e a vossos
meninos. Assim os consolou, e fallou segundo o coração d’elles.


_A morte de José._

22 José pois habitou no Egypto, elle e a casa de seu pae: e viveu José
cento e dez annos,

23 E viu José os filhos de Ephraim, da terceira _geração_: tambem [8] os
filhos de Machir, filho de Manasseh, nasceram sobre os joelhos de José.

24 E disse José a seus irmãos: Eu morro; [9] mas Deus certamente vos
visitará, e vos fará subir d’esta terra á terra que jurou a Abrahão, a
Isaac e a Jacob.

25 E [10] José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente vos
visitará Deus, e fareis transportar os meus ossos d’aqui.

26 E morreu José da edade de cento e dez annos; e o embalsamaram, e o
pozeram n’um caixão no Egypto.

[1] cap. 47.29.

[2] cap. 49.29.

[3] cap. 23.16. Act. 7.16.

[4] Mat. 6.12, 14 e 18.35. Luc. 17.3, 4. Eph. 4.32. Col. 3.13. Thi. 5.16.

[5] cap. 45.8. Job 34.29.

[6] Act. 2.23 e 3.18.

[7] Mat. 5.44.

[8] Job 42.16. Num. 32.39.

[9] Exo. 3.16. cap. 15.18 e 26.3 e 35.2.

[10] Exo. 13.19. Jos. 24.32. Heb. 11.22.



O SEGUNDO LIVRO DE MOYSÉS CHAMADO EXODO.



_Os descendentes de Jacob no Egypto._

[Antes de Christo 1635]

1 Estes pois _são_ [1] os nomes dos filhos de Israel, que entraram no
Egypto com Jacob: cada um entrou com sua casa:

2 Ruben, Simeão, Levi, e Judah;

3 Issacar, Zabulon, e Benjamin;

4 Dan e Naphtali, Gad e Aser.

5 Todas as almas, pois, que procederam da côxa de Jacob, foram [2]
setenta almas: José, porém, estava no Egypto.

6 Sendo pois José fallecido, e todos os seus irmãos, e toda aquella
geração,

7 Os filhos de Israel fructificaram, [3] e augmentaram muito, e
multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de maneira que a
terra se encheu d’elles.

8 Depois levantou-se um novo rei sobre o Egypto, que não conhecera a José;

9 O qual disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel _é_
muito, e mais poderoso do que nós.

10 Eia, [4] usemos sabiamente para com elle, para que não se multiplique,
e aconteça que, vindo guerra, elle tambem se ajunte com os nossos
inimigos, e peleje contra nós, e suba da terra.

11 E pozeram sobre elles maioraes de [DX] tributos, [5] para os
affligirem com suas cargas. Porque edificaram a Pharaó cidades de
thesouros, Pitom e Ramesses.

12 Mas quanto mais o affligiam, tanto mais se multiplicava, e tanto mais
crescia: de maneira que se enfadavam por causa dos filhos de Israel.

13 E os egypcios faziam servir os filhos de Israel com dureza;

14 Assim que lhes fizeram amargar a vida com dura servidão em barro, e em
tijolos, [6] e com todo o trabalho no campo; com todo o seu serviço, em
que os serviam com dureza.


_As parteiras poupam as vidas aos recemnascidos._

15 E o rei do Egypto fallou ás parteiras das hebreas (das quaes o nome
de uma era Siphra, e o nome da outra Pua),

16 E disse: Quando ajudardes a parir as hebreas, e as virdes sobre os
assentos, se fôr filho, matae-o; mas se fôr filha, _então_ viva.

17 As parteiras, [7] porém, temeram a Deus, e não fizeram como o rei do
Egypto lhes dissera, antes conservavam os meninos com vida.

18 Então o rei do Egypto chamou as parteiras, e disse-lhes: Porque
fizestes isto, que guardastes os meninos com vida?

19 E as parteiras disseram a Pharaó: Porquanto as mulheres hebreas não
_são_ como as egypcias: porque _são_ [DY] vivas, e já teem parido antes
que a parteira venha a ellas.

20 Portanto Deus fez bem ás parteiras. [8] E o povo se augmentou, e se
fortaleceu muito.

21 E aconteceu que, porquanto as parteiras temeram a Deus, [9]
estabeleceu-lhes casas.

22 Então ordenou Pharaó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que
nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida.

[1] Gen. 46.8.

[2] Gen. 46.27. Deu. 10.22.

[3] Gen. 46.3. Deu. 26.5. Psa. 105.24. Act. 7.17.

[4] Pro. 21.30. Act. 7.19.

[5] Gen. 15.13. cap. 3.7. Deu. 26.6. Psa. 81.6. Gen. 47.11.

[6] cap. 2.23 e 6.9.

[7] Dan. 3.18 e 6.13. Act. 5.29.

[8] Pro. 11.18. Ecc. 8.12. Isa. 3.10. Heb. 6.10.

[9] I Sam. 2.35. II Sam. 7.11. I Reis 2.24. Psa. 127.1.



_O nascimento de Moysés._

2 E foi-se [1] um varão da casa de Levi, e casou com uma filha de Levi.

2 E a mulher concebeu, [2] e pariu um filho, e, vendo que elle _era_
formoso, escondeu-o tres mezes.

3 Não podendo, porém, mais escondel-o tomou uma arca de juncos, e a
betumou com betume e pêz; e, pondo n’ella o menino, a poz nos juncos á
borda do rio.

4 E sua irmã parou-se de longe, para saber o que lhe havia de acontecer.

5 E a filha de Pharaó desceu a lavar-se no rio, e as suas donzellas
passeavam, pela borda do rio: e ella viu a arca no meio dos juncos, e
enviou a sua creada, e a tomou.

6 E abrindo-a, viu ao menino, e eis que o menino chorava; e moveu-se [3]
de compaixão d’elle, e disse: Dos meninos dos hebreos _é_ este.

7 Então disse sua irmã á filha de Pharaó: Irei eu a chamar uma ama das
hebreas, que crie este menino por ti?

8 E a filha de Pharaó disse-lhe: Vae. E foi-se a moça, e chamou a mãe do
menino.

9 Então lhe disse a filha de Pharaó: Leva este menino, [4] e cria-m’o: eu
_te_ darei teu salario. E a mulher tomou o menino, e creou-o.

10 E, sendo o menino já grande, ella o trouxe á filha de Pharaó, a qual
o adoptou; e chamou o seu nome [DZ] Moysés, e disse: Porque das aguas o
tenho tirado.


_Moysés mata um egypcio e foge para Midian._

[Antes de Christo 1571]

11 E aconteceu n’aquelles dias que, sendo Moysés já grande, saiu a seus
irmãos, [5] e attentou nas suas cargas: e viu que um varão egypcio feria
a um hebreu, varão de seus irmãos.

12 E olhou a uma e a outra banda, e, vendo que ninguem _ali havia_, feriu
ao egypcio, e escondeu-o na areia.

13 E tornou a sair no dia seguinte, [6] e eis que dois varões hebreos
contendiam; e disse ao injusto: Porque feres a teu proximo?

14 O qual disse: Quem te tem posto a ti por [EA] maioral e juiz sobre
nós? pensas matar-me, como mataste o egypcio? Então temeu Moysés, e
disse: Certamente este negocio foi descoberto.

15 Ouvindo pois Pharaó este negocio, procurou matar a Moysés: [7] mas
Moysés fugiu de diante da face de Pharaó, e habitou na terra de Midian, e
assentou-se junto a um poço.

16 E o sacerdote de Midian tinha sete filhas, as quaes vieram a tirar
_agua_, e encheram as pias, para dar de beber ao rebanho de seu pae.

17 Então vieram os pastores, e lançaram-as d’ali; Moysés porém
levantou-se, e defendeu-as, e abeberou-lhes o rebanho.

18 E vindo ellas a Reuel seu pae, elle disse: Porque hoje tomastes tão
depressa?

19 E ellas disseram: Um homem egypcio nos livrou da mão dos pastores; e
tambem nos tirou _agua_ em abundancia, e abeberou o rebanho.

20 E disse a suas filhas: E onde está elle? porque deixastes o homem?
chamae-o para que coma pão.

21 E Moysés consentiu em morar com aquelle homem: [8] e elle deu a Moysés
sua filha Zippora,

22 A qual pariu um filho, e elle chamou o seu nome [EB] Gerson, porque
disse: Peregrino fui em terra estranha.


_A morte do rei do Egypto._

[Antes de Christo 1531]

23 E aconteceu depois de muitos d’estes dias, [9] morrendo o rei do
Egypto, que os filhos de Israel suspiraram por causa da servidão, e
clamaram: e o seu clamor subiu a Deus por causa de sua servidão.

24 E ouviu Deus o seu gemido, [10] e lembrou-se Deus do seu concerto com
Abrahão, com Isaac, e com Jacob;

25 E attentou Deus para os filhos d’Israel, e conheceu-_os_ Deus.

[1] cap. 6.20.

[2] Act. 7.20. Heb. 11.23.

[3] Psa. 106.46.

[4] Psa. 27.10.

[5] Act. 7.23, 24. Heb. 11.24, 26.

[6] Act. 7.26.

[7] Act. 7.29.

[8] cap. 18.2.

[9] Num. 20.16. Deu. 26.7. Psa. 12.5. cap. 3.9.

[10] Gen. 15.14 e 26.3 e 46.4. Luc. 1.72, 76.



_Deus falla com Moysés do meio da sarça ardente._

[Antes de Christo 1491]

3 E apascentava Moysés o rebanho de Jethro, seu sogro, sacerdote em
Midian: e levou o rebanho atrás do deserto, [1] e veiu ao monte de Deus,
a Horeb.

2 E appareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chamma de fogo do meio d’uma
sarça: [2] e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se
consumia.

3 E Moysés disse: Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão,
porque a sarça se não queima.

4 E vendo o Senhor que se virava para lá a vêr, bradou Deus a elle do
meio da sarça, e disse: Moysés, Moysés. E elle disse: Eis-me aqui.

5 E disse: Não te chegues para cá: [3] tira os teus sapatos de teus pés;
porque o logar em que tu estás é terra sancta.

6 Disse mais: [4] Eu _sou_ o Deus de teu pae, o Deus de Abrahão, o Deus
de Isaac, e o Deus de Jacob. E Moysés encobriu o seu rosto, porque temeu
olhar para Deus.

7 E disse o Senhor: [5] Tenho visto attentamente a afflicção do meu povo,
que _está_ no Egypto, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus
exactores, porque conheci as suas dôres.

8 Portanto desci para livral-o da mão dos egypcios, [6] e para fazel-o
subir d’aquella terra, a uma terra boa e larga, a uma terra que mana
leite e mel: ao logar do Cananeo, e do Hetheo, e do Amorrheo, e do
Pherezeo, e do Heveo, e do Jebuseo.

9 E agora, eis que o clamor dos filhos d’Israel é vindo a mim, e tambem
tenho visto a oppressão com que os egypcios os opprimem.

10 Vem agora, pois, e eu te enviarei a Pharaó, [7] para que tires o meu
povo (os filhos d’Israel), do Egypto.

11 Então Moysés disse a Deus: Quem _sou_ eu, [8] que vá a Pharaó e tire
do Egypto os filhos d’Israel?

12 E Deus disse: Certamente eu serei comtigo; e isto te será por signal
de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egypto,
servireis a Deus n’este monte.

13 Então disse Moysés a Deus: Eis que quando vier aos filhos d’Israel, e
lhes disser: O Deus de vossos paes me enviou a vós; e elles me disserem:
Qual _é_ o seu nome? que lhes direi?

14 E disse Deus a Moysés: [EC] SEREI O QUE SEREI. Disse mais: Assim dirás
aos filhos d’Israel: [9] SEREI [ED] me enviou a vós.

15 E Deus disse mais a Moysés: Assim dirás aos filhos d’Israel: O Senhor
Deus de vossos paes, o Deus de Abrahão, o Deus de Isaac, e o Deus de
Jacob, me enviou a vós: este _é_ meu nome eternamente, e este _é_ meu
memorial de geração em geração.

16 Vae, e ajunta os anciãos d’Israel, e dize-lhes: O Senhor, o Deus
de vossos paes, o Deus de Abrahão, de Isaac e de Jacob, me appareceu,
dizendo: Certamente vos tenho visitado, [10] e _visto_ o que vos é feito
no Egypto.

17 Portanto eu disse: [11] Far-vos-hei subir da afflicção do Egypto á
terra do cananeo, do hetheo, e do amorrheo, e do pherezeo, e do heveo, e
do jebuseo, a uma terra que mana leite e mel.

18 E ouvirão a tua voz; e virás, tu e os anciãos d’Israel, ao rei do
Egypto, e dir-lhe-heis: O Senhor, o Deus dos hebreos, nos encontrou: [12]
agora pois deixa-nos ir caminho de tres dias para o deserto, para que
sacrifiquemos ao Senhor nosso Deus.

19 Eu sei, porém, que o rei do Egypto não vos deixará ir, [13] nem ainda
por uma mão forte.

20 Porque eu estenderei a minha mão, [14] e ferirei ao Egypto com todas
as minhas maravilhas que farei no meio d’elle: depois vos deixará ir.

21 E eu darei graça a este povo aos olhos dos egypcios; [15] e acontecerá
que, quando sairdes, não saireis vazios,

22 Porque _cada_ mulher pedirá á sua visinha e á sua hospeda [EE] vasos
de prata, e vasos de oiro, [16] e vestidos, os quaes poreis sobre vossos
filhos e sobre vossas filhas; e despojareis ao Egypto.

[1] cap. 18.5. I Reis 19.8.

[2] Deu. 33.16. Isa. 63.9. Act. 7.30.

[3] Jos. 5.15.

[4] Gen. 28.13. Mat. 22.32.

[5] Neh. 9.9. Psa. 142.3.

[6] Deu. 1.25.

[7] Miq. 6.4.

[8] Jer. 1.6.

[9] cap. 6.3. João 8.58.

[10] Gen. 50.24.

[11] Gen. 15.13, 20.

[12] cap. 5.3.

[13] cap. 5.2.

[14] cap. 7.3 e 11.9. Psa. 105.27. Jer. 32.20. Act. 7.36. cap. 12.31.

[15] cap. 11.3.

[16] cap. 12.36. Job 27.17. Pro. 13.22.



_A vara de Moysés torna-se em cobra._

4 Então respondeu Moysés, e disse: Mas eis que me não crerão, nem ouvirão
a minha voz, porque dirão: O Senhor não te appareceu.

2 E o Senhor disse-lhe: Que é _isso_ na tua mão? E elle disse: Uma vara.

3 E elle disse: Lança-a na terra. Elle a lançou na terra, e tornou-se em
cobra: e Moysés fugia d’ella.

4 Então disse o Senhor a Moysés: Estende a tua mão, e pega-lhe pela
cauda, E estendeu sua mão, e pegou-lhe pela cauda, e tornou-se em vara na
sua mão,

5 Para que creiam que te appareceu o Senhor, Deus de seus paes, o Deus de
Abrahão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob.

6 E disse-lhe mais o Senhor: Mette agora a tua mão no teu seio. E,
tirando-a, eis que a sua mão _estava_ leprosa, [1] _branca_ como a neve.

7 E disse: Torna a metter a tua mão no teu seio. E tornou a metter sua
mão no seu seio: depois tirou-a do seu seio, e eis que se tornara como a
sua _outra_ carne.

8 E acontecerá que, se elles te não crerem, nem ouvirem a voz do primeiro
signal, crerão a voz do derradeiro signal;

9 E se acontecer que ainda não creiam a estes dois signaes, nem ouvirem
a tua voz, tomarás das aguas do rio, e as derramarás na terra secca: e
as aguas, que tomarás do rio, [2] tornar-se-hão em sangue sobre a terra
secca.

10 Então disse Moysés ao Senhor: Ah Senhor! eu não sou homem que bem
falla, nem de hontem nem de antehontem, nem ainda desde que tens fallado
ao teu servo; porque sou pesado de bocca, e pesado de lingua.

11 E disse-lhe o Senhor: Quem fez a bocca do homem? [3] ou quem fez o
mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? não sou eu, o Senhor?

12 Vae pois agora, e eu serei com a tua bocca, [4] e te ensinarei o que
has de fallar.

13 Elle porém disse: Ah Senhor! envia pela mão _d’aquelle a quem_ tu has
de enviar.

14 Então se accendeu a ira do Senhor contra Moysés, e disse: Não é Aarão,
o levita, teu irmão? eu sei que elle fallará muito bem: e [5] eis que
elle tambem sae ao teu encontro; e, vendo-te, se alegrará em seu coração.

15 E tu lhe fallarás, e porás as palavras na sua bocca: e eu serei com a
tua bocca, e com a sua bocca, ensinando-vos o que haveis de fazer.

16 E elle fallará por ti ao povo: e acontecerá que elle te será por
bocca, [6] e tu lhe serás por Deus.

17 Toma pois esta vara na tua mão, [7] com que farás os signaes.


_Moysés volta para o Egypto._

18 Então foi-se Moysés, e voltou para Jethro seu sogro, e disse-lhe; Eu
irei agora, e tornarei a meus irmãos, que _estão_ no Egypto, para ver se
ainda vivem. Disse pois Jethro a Moysés: Vae em paz.

19 Disse tambem o Senhor a Moysés em Midian: Vae, volta para o Egypto;
[8] porque todos os que buscavam a tua alma morreram.

20 Tomou pois Moysés sua mulher e seus filhos, e os levou sobre um
jumento, e tornou-se á terra do Egypto; [9] e Moysés tomou a vara de Deus
na sua mão.

21 E disse o Senhor a Moysés: Quando fores tornado ao Egypto, attenta que
faças diante de Pharaó todas as maravilhas que tenho posto na tua mão:
[10] mas eu endurecerei o seu coração, para que não deixe ir o povo.

22 Então dirás a Pharaó: Assim diz o Senhor: [11] Israel _é_ meu filho,
meu primogenito.

23 E eu te tenho dito: Deixa ir o meu filho, para que me sirva; mas
tu recusaste deixal-o ir: eis que eu matarei a teu filho, [12] o teu
primogenito.

24 E aconteceu no caminho, n’uma estalagem, que o Senhor o encontrou,
[13] e o quiz matar.

25 Então Zippora tomou uma pedra _aguda_, e circumcidou o prepucio de seu
filho, [14] e o lançou a seus pés, e disse: Certamente me és um esposo
sanguinario.

26 E desviou-se d’elle. Então ella disse: Esposo sanguinario, por causa
da circumcisão.

27 Disse tambem o Senhor a Aarão: Vae ao encontro de Moysés ao deserto.
[15] E elle foi, encontrou-o no monte de Deus, e beijou-o.

28 E denunciou Moysés a Aarão todas as palavras do Senhor, que o enviara,
e todos os signaes que lhe mandara.

29 Então foram Moysés e Aarão, e ajuntaram todos os anciãos dos filhos de
Israel.

30 E Aarão fallou todas as palavras que o Senhor fallara a Moysés, [16] e
fez os signaes perante os olhos do povo,

31 E o povo creu, [17] e ouviram que o Senhor visitava aos filhos
d’Israel, e que via a sua afflicção: e inclinaram-se, e adoraram.

[1] Num. 12.10. II Reis 5.27.

[2] cap. 7.20. Psa. 78.44.

[3] Psa. 94.9. Jer. 1.6, 9.

[4] Mat. 10.19.

[5] ver. 27.

[6] cap. 7.1 e 18.19.

[7] ver. 2.

[8] cap. 2.15, 23. Mat. 2.20.

[9] cap. 7.3. Num. 20.8, 9.

[10] cap. 17.9. Deu. 2.30. Jos. 11.20. Isa. 6.10 e 63.17. João 12.40.
Rom. 9.18.

[11] Deu. 14.1. Jer. 31.9. Ose. 11.1. Rom. 9.4.

[12] cap. 11.5 e 12.29.

[13] Gen. 17.14.

[14] Jos. 5.2, 3.

[15] cap. 3.1.

[16] ver. 8.

[17] cap. 3.16. ver. 3, 9. cap. 12.27.



_Moysés e Aarão fallam a Pharaó._

5 E depois foram Moysés e Aarão, e disseram a Pharaó: Assim diz o Senhor
Deus d’Israel: Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no
deserto.

2 Mas Pharaó disse: [1] Quem _é_ o Senhor, cuja voz eu ouvirei, para
deixar ir Israel? não conheço o Senhor, nem tão pouco deixarei ir Israel.

3 E elles disseram: O Deus dos hebreos nos encontrou; portanto deixa-nos
agora ir caminho de tres dias ao deserto, para que não venha sobre nós
com pestilencia ou com espada.

4 Então disse-lhes o rei do Egypto: Moysés e Aarão, porque fazeis cessar
o povo das suas obras? ide a vossas cargas.

5 E disse tambem Pharaó: Eis que o povo da terra já _é_ muito, e vós
fazeis cessal-os das suas cargas.


_Pharaó afflige os israelitas._

6 Portanto deu ordem Pharaó n’aquelle mesmo dia aos exactores do povo, e
aos seus officiaes, dizendo:

7 D’aqui em diante não torneis a dar palha ao povo, para fazer tijolos,
como _fizestes_ hontem e antehontem: vão elles mesmos, e colham palhas
para si.

8 E lhes imporeis a conta dos tijolos que fizeram hontem, e antehontem:
nada diminuireis d’ella: porque elles estão ociosos; por isso clamam,
dizendo: Vamos, sacrifiquemos ao nosso Deus.

9 Aggrave-se o serviço sobre estes homens, para que se occupem n’elle, e
não confiem em palavras de mentira.

10 Então sairam os exactores do povo, e seus officiaes, e fallaram ao
povo, dizendo: Assim diz Pharaó: Eu não vos darei palha;

11 Ide vós mesmos, e tomae vós palha d’onde a achardes: porque nada se
diminuirá de vosso serviço.

12 Então o povo se espalhou por toda a terra do Egypto, a colher rastolho
em logar de palha.

13 E os exactores _os_ apertavam, dizendo: Acabae vossa obra, a tarefa de
_cada_ dia, como quando havia palha.

14 E foram açoitados os officiaes dos filhos d’Israel, que os exactores
de Pharaó tinham posto sobre elles, dizendo _estes_: Porque não acabastes
vossa tarefa, fazendo tijolos como antes, assim tambem hontem e hoje?

15 Pelo que foram-se os officiaes dos filhos d’Israel, e clamaram a
Pharaó, dizendo: Porque fazes assim a teus servos?

16 Palha não se dá a teus servos, e nos dizem: Fazei tijolos: e eis que
teus servos são açoitados; porém o teu povo tem a culpa.

17 Mas elle disse: Vós sois ociosos: vós sois ociosos: por isso dizeis:
Vamos, sacrifiquemos ao Senhor.

18 Ide pois agora, trabalhae: palha porém não se vos dará: comtudo,
dareis a conta dos tijolos.

19 Então os officiaes dos filhos d’Israel viram-se em afflicção,
porquanto [2] se dizia: Nada diminuireis de vossos tijolos, _da_ tarefa
do dia no seu dia.


_Os israelitas queixam-se de Moysés e Aarão._

20 E encontraram a Moysés e a Aarão, que estavam defronte d’elles, quando
sairam de Pharaó,

21 E disseram-lhes: O Senhor attente sobre vós, e julgue _isso_, [3]
porquanto fizeste feder o nosso cheiro diante de Pharaó, e diante de seus
servos, dando-lhes a espada nas mãos, para nos matar.

22 Então se tornou Moysés ao Senhor, e disse: Senhor! [4] porque fizeste
mal a este povo? porque me enviaste?

23 Porque desde que entrei a Pharaó, para fallar em teu nome, elle
maltratou a este povo; e de nenhuma sorte livraste o teu povo.

[1] Job 21.15. cap. 3.18.

[2] Ecc. 4.1 e 5.8.

[3] Gen. 34.30. I Sam. 27.12. II Sam. 10.6. I Chr. 19.6.

[4] Jer. 20.7. Hab. 2.3.



6 Então disse o Senhor a Moysés: Agora verás o que hei de fazer a Pharaó:
porque por uma mão poderosa os deixará ir, sim, por uma mão poderosa [1]
os lançará de sua terra.


_Deus promette livrar os israelitas._

2 Fallou mais Deus a Moysés, e disse: Eu _sou_ o [EF] Senhor,

3 E eu appareci a Abrahão, a Isaac, e a Jacob, como Deus o Todo-poderoso:
[2] mas _pelo_ meu nome, o Senhor, não lhes fui perfeitamente conhecido.

4 E tambem estabeleci o meu concerto com elles, [3] para dar-lhes a terra
de Canaan, a terra de suas peregrinações, na qual foram peregrinos.

5 E tambem tenho ouvido o gemido dos filhos d’Israel, [4] aos quaes os
egypcios fazem servir, e me lembrei do meu concerto.

6 Portanto dize aos filhos de Israel: Eu _sou_ o Senhor, e vos tirarei de
debaixo das cargas dos egypcios, [5] e vos resgatarei com braço estendido
e com juizos grandes.

7 E eu vos tomarei [6] por meu povo, e serei vosso Deus; e sabereis
que eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tiro de debaixo das cargas dos
egypcios;

8 E eu vos levarei á terra, ácerca da qual levantei minha mão, que a
daria a Abrahão, a Isaac, e a Jacob, [7] e vol-a darei por herança, eu o
Senhor.

9 D’este modo fallou Moysés aos filhos d’Israel, mas elles não ouviram a
Moysés, por causa da ancia do espirito e da dura servidão.

10 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

11 Entra, e falla a Pharaó rei do Egypto, que deixe sair os filhos
d’Israel da sua terra.

12 Moysés, porém, fallou perante o Senhor, dizendo: Eis que os filhos
d’Israel me não teem ouvido; como pois Pharaó me ouvirá? [8] tambem eu
sou incircumciso dos labios.

13 Todavia o Senhor fallou a Moysés e a Aarão, e deu-lhes mandamento para
os filhos de Israel, e para Pharaó rei do Egypto, para que tirassem os
filhos de Israel da terra do Egypto.


_Genealogias de Ruben, Simeão e Levi._

14 Estas _são_ as cabeças das casas de seus paes: Os filhos de Ruben, o
primogenito de Israel: Hanoch e Pallu, [9] Hezron e Carmi; estas _são_ as
familias de Ruben.

15 E os filhos de Simeão: [10] Jemuel, e Jamin, e Ohad, e Jachin, e
Zohar, e Shaul, filho de uma cananea; estas _são_ as familias de Simeão.

16 E estes _são_ os nomes dos filhos de Levi, [11] segundo as suas
gerações: Gerson, e Koath, e Merari: e os annos da vida de Levi _foram_
cento e trinta e sete annos.

17 Os filhos de Gerson: Libni e Simei, segundo as suas familias;

18 E os filhos de Kohath: Amram, e Izhar, e Hebron, e Uzziel: e os annos
da vida de Kohath _foram_ cento e trinta e tres annos.

19 E os filhos de Merari: Mahali e Musi: estas _são_ as familias de Levi,
segundo as suas gerações.

20 E Amram [12] tomou por mulher a Jochebed, sua tia, e ella pariu-lhe a
Aarão e a Moysés: e os annos da vida de Amram _foram_ cento e trinta e
sete annos.

21 E os filhos de Izhar: [13] Korah, e Nepheg, e Zichri.

22 E os filhos de Uzziel: [14] Misael, e Elzaphan e Sithri.

23 E Aarão tomou por mulher a Eliseba, filha de Amminadab, irmã de
Nahasson; e ella pariu-lhe a Nadab, e Abihu, Eleazar e [15] Ithamar.

24 E os filhos de Korah: Assir, e Elkana, e Abiasaph: estas _são_ as
familias dos Korithas.

25 E Eleazar, filho de Aarão, tomou para si por mulher _uma_ das filhas
de Putiel, e ella pariu-lhe a Phineas: estas _são_ as cabeças dos paes
dos levitas, segundo as suas familias.

26 Estes _são_ Aarão e Moysés, aos quaes o Senhor disse: Tirae os filhos
de Israel da terra do Egypto, segundo os seus exercitos.

27 Estes _são_ os que fallaram a Pharaó, rei do Egypto, para que tirasse
do Egypto os filhos de Israel: [16] estes _são_ Moysés e Aarão.


_Deus anima Moysés, a fallar outra vez a Pharaó._

28 E aconteceu que n’aquelle dia, quando o Senhor fallou a Moysés na
terra do Egypto,

29 Fallou o Senhor a Moysés, dizendo: Eu _sou_ o Senhor; falla a Pharaó,
rei do Egypto, tudo quanto eu [17] te digo a ti.

30 Então disse Moysés perante o Senhor: Eis que eu [18] _sou_
incircumciso dos labios; como pois Pharaó me ouvirá?

[1] cap. 11.1.

[2] Gen. 17.1 e 35.11 e 48.3.

[3] Gen. 17.7, 8.

[4] cap. 2.24. Psa. 105.8.

[5] Deu. 26.8. Psa. 81.6. cap. 15.13. Deu. 7.8. I Chr. 17.21. Neh. 1.10.

[6] Deu. 4.20 e 7.6.

[7] Gen. 15.14 e 26.3 e 35.12.

[8] cap. 4.10. ver. 30.

[9] Gen. 46.9, &c.

[10] I Chr. 4.24.

[11] Num. 3.17. I Chr. 6.1.

[12] cap. 2.1. Num. 26.59.

[13] Num. 16.1.

[14] Lev. 10.4.

[15] Lev. 10.1, 6.

[16] Miq. 6.4.

[17] Jer. 1.7, 8, 17 e 26.2. Eze. 2.6, 7.

[18] ver. 12.



7 Então disse o Senhor a Moysés: Eis que te tenho posto _por_ Deus sobre
Pharaó, [1] e Aarão, teu irmão, será o teu propheta.

2 Tu fallarás tudo o que eu te mandar: e Aarão teu irmão fallará a
Pharaó, [2] que deixe ir os filhos de Israel da sua terra.

3 Eu, porém, endurecerei o coração de Pharaó, [3] e multiplicarei na
terra do Egypto os meus signaes e as minhas maravilhas.

4 Pharaó pois não vos ouvirá; e eu porei minha mão sobre o Egypto, e
tirarei meus exercitos, meu povo, os filhos de Israel, da terra do
Egypto, com grandes juizos.

5 Então os egypcios saberão que eu _sou_ o Senhor, [4] quando estender a
minha mão sobre o Egypto, e tirar os filhos de Israel do meio d’elles.

6 Então fez Moysés e Aarão; como o Senhor lhes ordenara, assim fizeram.

7 E Moysés _era_ da edade de oitenta annos, e Aarão da edade de oitenta e
tres annos, quando fallaram a Pharaó.

8 E o Senhor fallou a Moysés e a Aarão, dizendo:

9 Quando Pharaó vos fallar, dizendo: Fazei por vós algum milagre; [5]
dirás a Aarão: Toma a tua vara, e lança-a diante de Pharaó; e se tornará
em serpente.

10 Então Moysés e Aarão entraram a Pharaó, e fizeram assim como o Senhor
ordenara: e lançou Aarão a sua vara diante de Pharaó, e diante dos seus
servos, e tornou-se em serpente.

11 E Pharaó tambem chamou os sabios e encantadores: e os magos do Egypto
fizeram tambem o mesmo com os seus encantamentos,

12 Porque cada um lançou sua vara, e tornaram-se em serpentes: mas a vara
de Aarão tragou as varas d’elles.

13 Porém o coração de Pharaó se endureceu, e não os ouviu, como o Senhor
tinha [6] dito.


_O coração de Pharaó mostra-se endurecido._

14 Então disse o Senhor a Moysés: O coração de Pharaó está [EG]
aggravado: [7] recusa deixar ir o povo.

15 Vae pela manhã a Pharaó: eis que elle sairá ás aguas: põe-te em frente
d’elle na praia do rio, e tomarás em tua mão a vara [8] que se tornou em
cobra.

16 E lhe dirás: O Senhor, o Deus dos hebreos, me tem enviado a ti,
dizendo: [9] Deixa ir o meu povo, para que me sirva no deserto; porém eis
que até agora não tens ouvido.

17 Assim diz o Senhor: N’isto saberás que eu _sou_ o Senhor: [10] Eis que
eu com esta vara, que tenho em minha mão, ferirei as aguas que _estão_ no
rio, e tornar-se-hão [11] em sangue.

18 E os peixes, que _estão_ no rio, morrerão, e o rio federá; e os
egypcios nausear-se-hão, bebendo a agua do rio.

19 Disse mais o Senhor a Moysés: Dize a Aarão: Toma tu a vara, e estende
a tua mão sobre as aguas do Egypto, sobre as suas correntes, sobre os
seus rios, e sobre os seus tanques, e sobre todo o ajuntamento das suas
aguas, para que se tornem em sangue: e haja sangue em toda a terra do
Egypto, assim nos _vasos_ de madeira como nos de pedra.


_A primeira praga: as aguas tornam-se em sangue._

20 E Moysés e Aarão fizeram assim como o Senhor tinha mandado: e levantou
a vara, e feriu as aguas que _estavam_ no rio, diante dos olhos de
Pharaó, e diante dos olhos de seus servos; e todas as aguas do rio se
tornaram em sangue.

21 E os peixes, que _estavam_ no rio, morreram, e o rio fedeu, que os
egypcios não podiam beber a agua do rio: e houve sangue por toda a terra
do Egypto.

22 Porém os magos do Egypto _tambem_ fizeram o mesmo com os seus
encantamentos; [12] de maneira que o coração de Pharaó se endureceu, e
não os ouviu, como o Senhor tinha dito.

23 E virou-se Pharaó, e foi para sua casa: [13] nem ainda n’isto poz seu
coração.

24 E todos os egypcios cavaram poços junto ao rio, para beberem agua;
porquanto não podiam beber das aguas do rio.

25 Assim se cumpriram sete dias, depois que o Senhor ferira o rio.

[1] cap. 4.16.

[2] cap. 6.29.

[3] cap. 4.21 e 11.9.

[4] cap. 14.4, 18.

[5] João 2.18. cap. 4.2, 17.

[6] ver. 4. cap. 4.21.

[7] cap. 8.15 e 10.1, 27.

[8] ver. 10.

[9] cap. 3.18 e 5.1, 3.

[10] ver. 5. I Reis 20.28. II Reis 19.19. Eze. 29.9 e 38.23.

[11] Psa. 78.44 e 105.29. Apo. 8.8 e 16.4, 6.

[12] II Tim. 3.8. ver. 14.

[13] Isa. 26.11. Jer. 5.3 e 36.24. Agg. 1.5.



_A praga das rans._

8 Depois disse o Senhor a Moysés: Entra a Pharaó, e dize-lhe: Assim diz o
Senhor: Deixa ir o meu povo, para que me sirva.

2 E se recusares deixal-o ir, eis que ferirei com rãs todos os teus
termos.

3 E o rio creará rãs, que subirão e virão á tua casa, e ao teu
dormitorio, e sobre a tua cama, e ás casas dos teus servos, e sobre o teu
povo, e aos teus fornos, e ás tuas amassadeiras.

4 E as rãs subirão sobre ti, e sobre o teu povo, e sobre todos os teus
servos.

5 Disse mais o Senhor a Moysés: Dize a Aarão: Estende a tua mão com tua
vara sobre as correntes, e sobre os rios, e sobre os tanques, e faze
subir rãs sobre a terra do Egypto.

6 E Aarão estendeu a sua mão sobre as aguas do Egypto, [1] e subiram rãs,
e cobriram a terra do Egypto.

7 Então os magos fizeram o mesmo com os seus encantamentos: e fizeram
subir rãs sobre a terra do Egypto.

8 E Pharaó chamou a Moysés e a Aarão, e disse: [2] Rogae ao Senhor que
tire as rãs de mim e do meu povo; depois deixarei ir o povo, para que
sacrifiquem ao Senhor.

9 E Moysés disse a Pharaó: [EH] Tu tenhas a honra sobre mim: Quando
orarei por ti, e pelos teus servos, e por teu povo, para tirar as rãs de
ti, e das suas casas, _que_ sómente fiquem no rio?

10 E elle disse: Ámanhã. E _Moysés_ disse: Seja conforme á tua palavra,
para que saibas que ninguem _ha_ como o Senhor nosso [3] Deus.

11 E as rãs apartar-se-hão de ti, e das tuas casas, e dos teus servos, e
do teu povo: sómente ficarão no rio.

12 Então saiu Moysés e Aarão de Pharaó: [4] e Moysés clamou ao Senhor por
causa das rãs que tinha posto sobre Pharaó,

13 E o Senhor fez conforme á palavra de Moysés: e as rãs morreram nas
casas, nos pateos, e nos campos,

14 E ajuntaram-as em montões, e a terra fedeu.

15 Vendo pois Pharaó que havia descanço, aggravou o seu coração, [5] e
não os ouviu, como o Senhor tinha dito.


_A praga dos piolhos._

16 Disse mais o Senhor a Moysés: Dize a Aarão: Estende a tua vara, e fere
o pó da terra, para que se torne em piolhos por toda a terra do Egypto.

17 E fizeram assim; porque Aarão estendeu a sua mão com a sua vara, e
feriu o pó da terra, e havia muitos piolhos nos homens e no gado: todo o
pó da terra se tornou em piolhos em toda a terra do Egypto.

18 E os magos fizeram tambem assim com os seus encantamentos para
produzir piolhos, mas não poderam: e havia piolhos nos homens e no gado.

19 Então disseram os magos a Pharaó: Isto _é_ [6] o dedo de Deus. Porém o
coração de Pharaó se endureceu, e não os ouvia, como o Senhor tinha dito.


_A praga das moscas._

20 Disse mais o Senhor a Moysés: Levanta-te pela manhã cedo, e põe-te
diante de Pharaó; eis que elle sairá ás aguas, e dize-lhe: Assim diz o
Senhor: Deixa ir o meu povo, para que me sirva.

21 Porque se não deixares ir o meu povo, eis que enviarei enxames de
moscas sobre ti, e sobre os teus servos, e sobre o teu povo, e á tuas
casas; e as casas dos egypcios se encherão d’estes enxames, e tambem a
terra em que elles estiverem.

22 E n’aquelle dia eu separarei a terra de Goshen, [7] em que meu povo
habita, que n’ella não haja enxames de moscas, para que saibas que eu
_sou_ o Senhor no meio d’esta terra.

23 E porei [EI] separação entre o meu povo e o teu povo: ámanhã será este
signal.

24 E o Senhor fez assim; e vieram grandes enxames de moscas á casa de
Pharaó, e ás casas dos seus servos, e sobre toda a terra do Egypto: a
terra foi corrompida d’estes enxames.

25 Então chamou Pharaó a Moysés e a Aarão, e disse: Ide, e sacrificae ao
vosso Deus n’esta terra.

26 E Moysés disse: Não convem que façamos assim, porque sacrificariamos
ao Senhor nosso Deus a abominação dos egypcios: [8] eis que se
sacrificassemos a abominação dos egypcios perante os seus olhos, não nos
apedrejariam elles?

27 Deixa-nos ir caminho de tres dias ao deserto, [9] para que
sacrifiquemos ao Senhor nosso Deus, como elle nos dirá.

28 Então disse Pharaó: Deixar-vos-hei ir, para que sacrifiqueis ao Senhor
vosso Deus no deserto; sómente que, indo, não vades longe; orae _tambem_
por [10] mim.

29 E Moysés disse: Eis que saio de ti, e orarei ao Senhor, que estes
enxames de moscas se retirem ámanhã de Pharaó, dos seus servos, e do seu
povo: sómente que Pharaó não mais _me_ engane, [11] não deixando ir a
este povo para sacrificar ao Senhor.

30 Então saiu Moysés de Pharaó, e orou ao Senhor,

31 E fez o Senhor conforme á palavra de Moysés, e os enxames de moscas se
retiraram de Pharaó, dos seus servos, e do seu povo: não ficou uma só.

32 Mas aggravou Pharaó ainda esta vez seu coração, [12] e não deixou ir o
povo.

[1] Psa. 78.45 e 105.30.

[2] cap. 9.28 e 10.17. Num. 21.7. I Reis 13.6. Act. 8.24.

[3] Psa. 86.8. Jer. 10.6, 7.

[4] Deu. 34.10, 12.

[5] cap. 7.14. Ecc. 8.11. cap. 7.4.

[6] I Sam. 6.3, 9.

[7] cap. 9.4, &c. e 10.23 e 11.6, 7 e 12.13.

[8] Gen. 43.32 e 46.34.

[9] cap. 3.18.

[10] ver. 8.

[11] Psa. 78.34, 37. Jer. 42.20, 21.

[12] ver. 15. cap. 4.21. Rom. 2.5.



_A praga da peste nos animaes._

9 Depois o Senhor disse a Moysés: Entra a Pharaó, e dize-lhe: Assim diz o
Senhor, o Deus dos hebreos: Deixa ir o meu povo, para que me sirva.

2 Porque se recusares de os deixar ir, e ainda por força os detiveres,

3 Eis que a mão do Senhor será sobre teu gado, que _está_ no campo, sobre
os cavallos, sobre os jumentos, sobre os camelos, sobre os bois, e sobre
as ovelhas, com pestilencia gravissima.

4 E o Senhor fará separação entre o gado dos israelitas, e o gado dos
egypcios, que nada morra de tudo o que fôr dos filhos d’Israel.

5 E o Senhor assignalou certo tempo, dizendo: Ámanhã fará o Senhor esta
coisa na terra.

6 E o Senhor fez esta coisa no dia seguinte, [1] e todo o gado dos
egypcios morreu: porém do gado dos filhos d’Israel não morreu nenhum.

7 E Pharaó enviou a _ver_, e eis que do gado d’Israel não morrera nenhum:
porém o coração de Pharaó se aggravou, e não deixou ir o povo.

8 Então disse o Senhor a Moysés e a Aarão: Tomae vossos punhos cheios da
cinza do forno, e Moysés a espalhe para o céu diante dos olhos de Pharaó;

9 E tornar-se-ha em pó miudo sobre toda a terra do [2] Egypto, e se
tornará em sarna, que arrebente em ulceras nos homens e no gado, por toda
a terra do Egypto.

10 E elles tomaram a cinza do forno, e pozeram-se diante de Pharaó, e
Moysés a espalhou para o céu: e tornou-se em sarna, que arrebentava em
ulceras nos homens e no gado;

11 De maneira que os magos não podiam parar diante de Moysés, por causa
da sarna; porque havia sarna em os magos, e em todos os egypcios.

12 Porém o Senhor endureceu o coração de Pharaó, e não os ouviu, como o
Senhor tinha dito a [3] Moysés.


_As ameaças de Deus._

13 Então disse o Senhor a Moysés: Levanta-te pela manhã cedo, e põe-te
diante de Pharaó, e dize-lhe: Assim diz o Senhor, o Deus dos hebreos:
Deixa ir o meu povo, para que me sirva;

14 Porque esta vez [4] enviarei todas as minhas pragas sobre o teu
coração, e sobre os teus servos, e sobre o teu povo, para que saibas que
não _ha_ outro como Eu em toda a terra.

15 Porque agora tenho estendido minha mão, para te ferir a ti e ao teu
povo com pestilencia, e para que sejas destruido da terra;

16 Mas devéras para isto te levantei, para mostrar minha potencia em ti,
[5] e para que o meu nome seja annunciado em toda a terra.

17 Tu ainda te levantas contra o meu povo, para não os deixar ir?

18 Eis que ámanhã por este tempo farei chover saraiva mui grave, qual
nunca houve no Egypto, desde o dia em que foi fundado até agora.

19 Agora pois envia, recolhe o teu gado, e tudo o que tens no campo; todo
o homem e animal, que fôr achado no campo, e não fôr recolhido á casa, a
saraiva cairá sobre elles, e morrerão.

20 Quem dos servos de Pharaó temia a palavra do Senhor, fez fugir os seus
servos e o seu gado para as casas;

21 Mas aquelle que não tinha applicado a palavra do Senhor ao seu
coração, deixou os seus servos e o seu gado no campo.


_A praga da saraiva._

22 Então disse o Senhor a Moysés: Estende a tua mão para o céu, e haverá
saraiva em toda a terra do Egypto, sobre os homens e sobre o gado, e
sobre toda a herva do campo na terra de Egypto.

23 E Moysés estendeu a sua vara para o céu, e o Senhor deu trovões e
saraiva, [6] e fogo corria pela terra; e o Senhor fez chover saraiva
sobre a terra do Egypto.

24 E havia saraiva, e fogo misturado entre a saraiva, mui grave, qual
nunca houve em toda a terra do Egypto, desde que veiu a ser uma nação.

25 E a saraiva feriu, em toda a terra do Egypto, tudo quanto _havia_ no
campo, desde os homens até aos animaes: tambem a saraiva feriu toda a
herva do campo, e quebrou todas as arvores do campo.

26 Sómente na terra de Goshen, [7] onde _estavam_, os filhos de Israel,
não havia saraiva.

27 Então Pharaó enviou para chamar a Moysés e a Aarão, e disse-lhes: Esta
vez pequei; o Senhor é justo, mas eu e o meu povo [8] impios.

28 Orae ao Senhor (pois que basta) para que não haja mais trovões de Deus
nem saraiva; e eu vos deixarei ir, e não ficareis mais _aqui_.

29 Então lhe disse Moysés: Em saindo da cidade estenderei minhas mãos
ao Senhor: os trovões cessarão, e não haverá mais saraiva; [9] para que
saibas que a terra é do Senhor.

30 Todavia, quanto a ti e aos teus servos, eu sei [10] que ainda não
temereis diante do Senhor Deus.

31 E o linho e a cevada foram feridos, porque a cevada já _estava_ na
espiga, e o linho na cana,

32 Mas o trigo e o centeio não foram feridos, porque _estavam_ cobertos.

33 Saiu pois Moysés de Pharaó, da cidade, e estendeu as suas mãos ao
Senhor: e cessaram os trovões e a saraiva, e a chuva não caiu _mais_
sobre a terra.

34 Vendo Pharaó que cessou a chuva, e a saraiva, e os trovões, continuou
em peccar: [11] e aggravou o seu coração, elle e os seus servos.

35 Assim o coração de Pharaó se endureceu, e não deixou ir os filhos de
Israel, como o Senhor tinha dito por Moysés.

[1] Psa. 78.50.

[2] Deu. 28.27. Job 2.7. Apo. 16.2.

[3] cap. 4.21.

[4] I Sam. 4.8.

[5] Pro. 16.4. Rom. 9.17. I Ped. 2.8.

[6] Jos. 10.11. Job 38.22, 23. Psa. 18.13 e 78.47 e 105.32. Isa. 30.30.
Eze. 38.22. Apo. 8.7.

[7] cap. 8.22.

[8] II Chr. 12.6.

[9] Psa. 24.1. I Chr. 10.26.

[10] Isa. 26.10.

[11] II Chr. 36.13. Rom. 2.4, 5.



_Deus ameaça Pharaó com a praga dos gafanhotos._

10 Depois disse o Senhor a Moysés: Entra a Pharaó, porque tenho aggravado
o seu coração, [1] e o coração de seus servos, para fazer estes meus
signaes no meio d’elle,

2 E para que contes aos ouvidos de teus filhos, [2] e dos filhos de teus
filhos, as coisas que obrei no Egypto, e os meus signaes, que tenho feito
entre elles: para que saibaes que eu _sou_ o Senhor.

3 Assim foram Moysés e Aarão a Pharaó, e disseram-lhe: Assim diz o
Senhor, o Deus dos hebreos: [3] Até quando recusas humilhar-te diante de
mim? deixa ir o meu povo, para que me sirva;

4 Porque se _ainda_ recusares deixar ir o meu povo, [4] eis que trarei
ámanhã gafanhotos aos teus termos,

5 E cobrirão a face da terra, que a terra não se poderá ver; e elles
comerão o resto do que escapou, o que vos ficou da saraiva: [5] tambem
comerão toda a arvore que vos cresce no campo;

6 E encherão as tuas casas, e as casas de todos os teus servos, e as
casas de todos os egypcios, quaes nunca viram teus paes, nem os paes de
teus paes, desde o dia, era que elles foram sobre a terra até ao dia de
hoje. E virou-se, e saiu da presença de Pharaó.

7 E os servos de Pharaó disseram-lhe: Até quando este nos ha de ser por
laço? [6] deixa ir os homens, para que sirvam ao Senhor seu Deus: ainda
não sabes que o Egypto está destruido?

8 Então Moysés e Aarão foram levados outra vez a Pharaó, e _elle_
disse-lhes: Ide, servi ao Senhor vosso Deus. Quaes são os que hão de ir?

9 E Moysés disse: Havemos de ir com os nossos meninos, e com os nossos
velhos; com os nossos filhos, e com as nossas filhas, com as nossas
ovelhas, e com os nossos bois havemos de ir; porque festa do Senhor temos.

10 Então elle lhes disse: Seja o Senhor assim comvosco, como eu vos
deixarei ir a vós e a vossos filhos: olhae que ha mal diante da vossa
face.

11 Não _será_ assim: andae agora vós, varões, e servi ao Senhor; pois
isso é o que pedistes. E os empuxaram da face de Pharaó.


_A praga dos gafanhotos._

12 Então disse o Senhor a Moysés: Estende a tua mão sobre a terra do
Egypto pelos gafanhotos, para que venham sobre a terra do Egypto, e comam
toda a herva da terra, tudo o que deixou a saraiva.

13 Então estendeu Moysés sua vara sobre a terra do Egypto, e o Senhor
trouxe sobre a terra um vento oriental todo aquelle dia e toda aquella
noite: e aconteceu que pela manhã o vento oriental trouxe os gafanhotos.

14 E vieram [7] os gafanhotos sobre toda a terra do Egypto, e
assentaram-se sobre todos os termos do Egypto; mui graves _foram_; antes
d’estes nunca houve taes gafanhotos, nem depois d’elles virão outros taes.

15 Porque cobriram a face de toda a terra, de modo que a terra se
escureceu; e comeram toda a herva da terra, e todo o fructo das arvores,
que deixara a saraiva; e não ficou alguma verdura nas arvores, nem na
herva do campo, em toda a terra do Egypto.

16 Então Pharaó se apressou a chamar a Moysés e a Aarão, e disse: Pequei
contra o Senhor vosso Deus, [8] e contra vós.

17 Agora, pois, peço-vos que perdoeis o meu peccado sómente d’esta vez, e
que oreis ao Senhor vosso Deus que tire de mim sómente esta [9] morte.

18 E saiu da presença de Pharaó, e orou ao Senhor.

19 Então o Senhor trouxe um vento occidental fortissimo, o qual levantou
os gafanhotos e os lançou no Mar Vermelho; nem ainda um gafanhoto ficou
em todos os termos do Egypto.

20 O Senhor, porém, endureceu o coração de Pharaó, [10] e não deixou ir
os filhos de Israel.


_A praga das trevas._

21 Então disse o Senhor a Moysés: Estende a tua mão para o céu, e virão
trevas sobre a terra do Egypto, trevas que se apalpem.

22 E Moysés estendeu a sua mão para o céu, e houve trevas espessas em
toda a terra do Egypto por tres dias.

23 Não viu um ao outro, e ninguem se levantou do seu logar por tres dias;
mas todos os filhos de Israel tinham luz em suas [11] habitações.

24 Então Pharaó chamou a Moysés, e disse: Ide, servi ao Senhor: sómente
fiquem vossas ovelhas e vossas vaccas: vão tambem comvosco as vossas
creanças.

25 Moysés, porém, disse: Tu tambem darás em nossas mãos sacrificios e
holocaustos, que offereçamos ao Senhor nosso Deus.

26 E tambem o nosso gado ha de ir comnosco, nem uma unha ficará; porque
d’aquelle havemos de tomar, para servir ao Senhor nosso Deus: porque não
sabemos com que havemos de servir ao Senhor, até que cheguemos lá.

27 O Senhor, porém, endureceu [12] o coração de Pharaó, e não os quiz
deixar ir.

28 E disse-lhe Pharaó: Vae-te de mim, guarda-te que não mais vejas o meu
rosto: porque no dia em que vires o meu rosto, morrerás.

29 E disse Moysés: Bem disseste; [13] eu nunca mais verei o teu rosto.

[1] cap. 7.13, 14.

[2] Deu. 4.9. Psa. 44.1 e 78.5.

[3] I Reis 21.29. II Chr. 7.14 e 33.12, 19. Job 42.6. Thi. 4.10.

[4] Pro. 30.27.

[5] cap. 9.32.

[6] Jos. 23.13.

[7] Psa. 78.46 e 105.34.

[8] cap. 9.27.

[9] I Reis 13.6.

[10] cap. 4.21.

[11] cap. 8.22 e 9.4, 26 e 12.13.

[12] ver. 1, 20. cap. 14.4, 8.

[13] Heb. 11.27.



_Deus annuncia a Moysés a morte de todos os primogenitos._

11 E o senhor dissera a Moysés: Ainda uma praga trarei sobre Pharaó e
sobre o Egypto: depois vos deixarei ir d’aqui: e, quando _vos_ deixar ir
totalmente, a toda a pressa [1] vos lançará d’aqui.

2 Falla agora aos ouvidos do povo, que cada varão peça ao seu visinho, e
cada mulher á sua visinha, [EJ] vasos de prata e vasos de oiro.

3 E o Senhor deu graça ao povo aos olhos dos egypcios; [2] tambem o varão
Moysés _era_ mui grande na terra do Egypto, aos olhos dos servos de
Pharaó, e aos olhos do povo.

4 Disse mais Moysés: Assim o Senhor tem dito: [3] Á meia noite eu sairei
pelo meio do Egypto;

5 E todo o primogenito na terra do Egypto morrerá, [4] desde o
primogenito de Pharaó, que houvera de assentar-se sobre o seu throno, até
ao primogenito da serva que _está_ detraz da mó, e todo o primogenito dos
animaes.

6 E haverá grande clamor [5] em toda a terra do Egypto, qual nunca houve
similhante e nunca haverá;

7 Mas entre todos os filhos de Israel nem ainda um cão moverá a sua
lingua, desde os homens até aos animaes, [6] para que saibaes que o
Senhor fez differença entre os egypcios e os israelitas.

8 Então todos estes teus servos [7] descerão a mim, e se inclinarão
diante de mim, dizendo: Sae tu, e todo o povo que te segue as pisadas; e
depois eu sairei. E saiu de Pharaó em ardor de ira.

9 O Senhor dissera a Moysés: Pharaó vos não ouvirá, para que as minhas
maravilhas se multipliquem na terra do [8] Egypto.

10 E Moysés e Aarão fizeram todas estas maravilhas diante de Pharaó; mas
o Senhor endureceu o coração de Pharaó, [9] que não deixou ir os filhos
de Israel da sua terra.

[1] cap. 12.31, 39.

[2] cap. 12.36.

[3] cap. 12.29. Job 34.20.

[4] cap. 4.23.

[5] cap. 12.30.

[6] Jos. 10.21. cap. 8.22.

[7] cap. 12.31, 33.

[8] cap. 7.3.

[9] cap. 10.20, 27.



_A instituição da primeira paschoa._

12 E fallou o Senhor a Moysés e a Aarão na terra do Egypto, dizendo:

2 Este mesmo mez [1] vos _será_ o principio dos mezes: este vos _será_ o
primeiro dos mezes do anno.

3 Fallae a toda a congregação d’Israel, dizendo: Aos dez d’este mez tome
cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos paes, um cordeiro para
cada casa.

4 Mas se a casa fôr pequena para um cordeiro, então elle tome a seu
visinho perto de sua casa, conforme ao numero das almas: cada um conforme
ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro.

5 O cordeiro, _ou cabrito_, será sem macula, um macho [2] de um anno, o
qual tomareis das ovelhas ou das cabras,

6 E o guardareis até ao decimo quarto dia d’este mez [3], e todo o
ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará á [EK] tarde.

7 E tomarão do sangue, e pol-o-hão em ambas as umbreiras, e na lumieira
da porta, nas casas em que o comerão.

8 E n’aquella noite comerão a carne assada no fogo, [4] com pães asmos;
com _hervas_ amargosas a comerão.

9 Não comereis d’elle crú, nem cozido em agua, senão assado ao fogo, a
sua cabeça com os seus pés e com a sua fressura.

10 E nada d’elle deixareis até ámanhã: [5] mas o que d’elle ficar até
ámanhã, queimareis no fogo.

11 Assim pois o comereis: os vossos lombos cingidos, [6] os vossos
sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão: e o comereis apressadamente:
esta _é_ a paschoa do Senhor.

12 E eu passarei pela terra do Egypto esta noite, e ferirei todo o
primogenito na terra do Egypto, desde os homens até aos animaes; [7] e em
todos os deuses do Egypto farei juizos, Eu sou o Senhor.

13 E aquelle sangue vos será por signal nas casas em que _estiverdes_;
vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga
de mortandade, quando eu ferir a terra do Egypto.

14 E este dia vos será por memoria, [8] e celebral-o-heis por festa ao
Senhor: nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpetuo.

15 Sete dias comereis [9] pães asmos; ao primeiro dia tirareis o fermento
das vossas casas; porque qualquer que comer _pão_ levedado, desde o
primeiro até ao setimo dia, aquella alma será cortada d’Israel.

16 E ao primeiro dia _haverá_ sancta convocação; tambem ao setimo dia
tereis sancta convocação: [10] nenhuma obra se fará n’elles, senão o que
cada alma houver de comer; isso sómente apromptareis para vós.

17 Guardae pois a _festa_ dos pães asmos, porque n’aquelle mesmo dia
tirei vossos exercitos da terra do Egypto: pelo que guardareis a este dia
nas vossas gerações por estatuto perpetuo.

18 No primeiro _mez_, aos quatorze dias do mez, á tarde, comereis pães
asmos até vinte e um do mez á tarde.

19 Por sete dias não se ache nenhum fermento nas vossas casas: [11]
porque qualquer que comer _pão_ levedado, aquella alma será cortada da
congregação de Israel, assim o estrangeiro como o natural da terra.

20 Nenhuma coisa levedada comereis; em todas as vossas habitações
comereis pães asmos.

21 Chamou pois Moysés a todos os anciãos de Israel, e disse-lhes:
Escolhei e tomae vós cordeiros para vossas familias, e sacrificae a [12]
paschoa.

22 Então tomae um mólho de hyssopo, e molhae-o no sangue que estiver na
bacia, e mettei na lumieira da porta, e em ambas as umbreiras, do sangue
que _estiver_ na bacia, [13] porém nenhum de vós saia da porta da sua
casa até á manhã.

23 Porque o Senhor passará para ferir aos egypcios, porém quando vir o
sangue na lumieira da porta, e em ambas as umbreiras, o Senhor passará
aquella [14] porta, e não deixará ao destruidor entrar em vossas casas,
para vos ferir.

24 Portanto guardae isto por estatuto para vós, e para vossos filhos para
sempre.

25 E acontecerá que, quando entrardes na terra que o Senhor vos dará,
como tem dito, guardareis este culto.

26 E acontecerá que, quando vossos filhos vos disserem: Que culto _é_
este [15] vosso?

27 Então direis: Este _é_ o sacrificio da paschoa ao Senhor, que passou
as casas dos filhos d’Israel no Egypto, quando feriu aos egypcios, e
livrou as nossas casas. Então o povo inclinou-se, e [16] adorou.

28 E foram os filhos d’Israel, e fizeram _isso_; como o Senhor ordenara a
Moysés e a Aarão, assim fizeram.


_A morte dos primogenitos._

29 E aconteceu, á meia noite, que o Senhor feriu a todos os primogenitos
na terra do Egypto, [17] desde o primogenito de Pharaó, que se sentava
em seu throno, até ao primogenito do captivo que _estava_ no carcere, e
todos os primogenitos dos animaes.

30 E Pharaó levantou-se de noite, elle e todos os seus servos, e todos os
egypcios; e havia grande clamor no Egypto, [18] porque não _havia_ casa
em que não _houvesse_ um morto.

31 Então chamou a Moysés e a Aarão de noite, e disse: Levantae-vos, sahi
do meio do meu povo, tanto vós como os filhos d’Israel: e ide, servi ao
Senhor, como tendes dito.

32 Levae tambem comvosco vossas ovelhas e vossas vaccas, como tendes
dito; e ide, e abençoae-me tambem a mim.

33 E os egypcios apertavam [19] ao povo, apressando-se para lançal-os da
terra; porque diziam: Todos _somos_ mortos.

34 E o povo tomou a sua massa, antes que levedasse, as suas amassadeiras
atadas em seus vestidos, sobre seus hombros.

35 Fizeram pois os filhos de Israel conforme á palavra de Moysés, e
pediram aos egypcios [EL] vasos de prata, e vasos de oiro, e [20]
vestidos.

36 E o Senhor deu graça ao povo em os olhos dos egypcios, e [EM]
emprestavam-lhes; e elles despojavam [21] aos egypcios.


_A saida dos israelitas do Egypto._

37 Assim partiram os filhos de Israel de Rameses [22] para Succoth, coisa
de seiscentos mil de pé, sómente de varões, sem contar os meninos.

38 E subiu tambem com elles muita mistura [23] de gente, e ovelhas, e
vaccas, uma grande multidão de gado.

39 E cozeram bolos asmos da massa que levaram do Egypto, porque não se
tinha levedado, porquanto foram lançados do Egypto; e não se poderam
deter, nem ainda se prepararam comida.

40 _O tempo_ que os filhos de Israel habitaram no Egypto [24] _foi de_
quatrocentos e trinta annos.

41 E aconteceu, passados os quatrocentos e trinta annos, n’aquelle mesmo
dia succedeu que todos os exercitos do Senhor sairam da terra do Egypto.

42 Esta noite se guardará ao Senhor, porque _n’ella_ os tirou da terra do
Egypto: esta _é_ a noite do Senhor, que devem guardar todos os filhos de
Israel [25] nas suas gerações.

43 Disse mais o Senhor a Moysés e a Aarão: Esta _é_ a ordenança da
paschoa; nenhum filho do estrangeiro comerá [26] d’ella.

44 Porém todo o servo de qualquer, comprado por dinheiro, depois que o
houveres circumcidado, [27] então comerá d’ella.

45 O estrangeiro e o assalariado não comerão [28] d’ella.

46 N’uma casa se comerá; não levarás d’aquella carne fóra da casa, nem
d’ella quebrareis [29] osso.

47 Toda a congregação de Israel o fará.

48 Porém se algum estrangeiro se hospedar comtigo, e quizer celebrar a
paschoa ao Senhor, seja-lhe circumcidado todo o macho, e então chegará
a celebral-a, e será como o natural da terra; mas nenhum incircumciso
comerá d’ella.

49 Uma mesma lei haja para o natural, e para o estrangeiro que peregrinar
entre [30] vós.

50 E todos os filhos de Israel o fizeram: como o Senhor ordenara a Moysés
e a Aarão, assim fizeram.

51 E aconteceu n’aquelle mesmo dia [31] que o Senhor tirou os filhos de
Israel da terra do Egypto, segundo os seus exercitos.

[1] cap. 13.4 e 34.18.

[2] Lev. 22.19, 21. Deu. 17.1. Mal. 1.8, 14. I Ped. 1.19.

[3] Lev. 23.5. Num. 9.3 e 28.16. Deu. 16.1, 6.

[4] cap. 34.25. Deu. 16.3. I Cor. 5.8.

[5] cap. 23.18.

[6] Luc. 12.35. Eph. 6.14. Eph. 6.15.

[7] Num. 33.4.

[8] Lev. 23.4, 5.

[9] cap. 13.6.

[10] Num. 29.12.

[11] cap. 23.15 e 34.18.

[12] Jos. 5.10. II Reis 23.21. Esd. 6.20. Mat. 26.18.

[13] Heb. 11.28.

[14] II Sam. 24.16. Eze. 9.4, 6. Apo. 7.3 e 9.4.

[15] cap. 13.8, 14. Jos. 4.6. Psa. 78.6.

[16] cap. 4.31.

[17] Num. 3.13 e 33.4. Psa. 78.51 e 105.36 e 135.8 e 136.10. Heb. 11.28.

[18] cap. 11.6.

[19] Psa. 105.38.

[20] cap. 11.2.

[21] cap. 3.21.

[22] Num. 33.3, 5. Num. 1.46 e 11.21.

[23] Num. 11.4.

[24] Gen. 15.13. Act. 7.6. Gal. 3.17.

[25] Deu. 16.1, 6.

[26] Eph. 2.19.

[27] Phi. 3.3.

[28] Lev. 22.10. Eph. 2.12.

[29] Num. 9.12. João 19.36.

[30] Num. 9.14. Gal. 3.28. Col. 3.11.

[31] ver. 41. cap. 6.26.



_Os primogenitos são sanctificados a Deus._

13 Então fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Sanctifica-me todo o primogenito, [1] o que abrir toda a madre entre os
filhos de Israel, de homens e de animaes: _porque_ meu é.

3 E Moysés disse ao povo: Lembrae-vos d’este mesmo dia, [2] em que
saistes do Egypto, da casa da servidão; pois com mão forte o Senhor vos
tirou d’aqui: portanto não comereis pão levedado.

4 Hoje, no mez de Abib, vós [3] sahis.

5 E acontecerá que, quando o Senhor te houver mettido na terra dos
cananeos, e dos hetheos, e dos amorrheos, e dos heveos, e dos jebuzeos,
a qual jurou a teus paes que t’a daria, [4] terra que mana leite e mel,
guardarás este culto n’este mez.

6 Sete dias comerãs pães asmos; [5] e ao setimo dia _haverá_ festa ao
Senhor.

7 Sete dias se comerão pães asmos, e o levedado não se verá comtigo, nem
ainda fermento será visto em todos os teus termos.

8 E n’aquelle mesmo dia farás saber a teu filho, dizendo: [6] _Isto é_
pelo que o Senhor me tem feito, quando eu sahi do Egypto.

9 E te será por signal sobre tua mão, [7] e por lembrança entre teus
olhos; para que a lei do Senhor esteja em tua bocca: porquanto com mão
forte o Senhor te tirou do Egypto.

10 Portanto tu guardarás este estatuto a seu tempo, de anno em anno.

11 Tambem acontecerá que, quando o Senhor te houver mettido na terra dos
cananeos, como jurou a ti e a teus paes, quando t’a houver dado,

12 Farás passar ao Senhor tudo o que abrir a madre, e tudo o que abrir a
_madre_ do fructo dos animaes que terás: os machos _serão_ do Senhor.

13 Porém tudo o que abrir a _madre_ da jumenta, resgatarás com [EN]
cordeiro; e se o não resgatares cortar-lhe-has a cabeça: mas todo o
primogenito do homem entre teus filhos resgatarás.

14 Se acontecer que teu filho no tempo futuro te pergunte, [8] dizendo:
Que _é_ isto? dir-lhe-has: O Senhor nos tirou com mão forte do Egypto,
da casa da servidão.

15 Porque succedeu que, endurecendo-se Pharaó, para não nos deixar ir,
o Senhor matou todos os primogenitos na terra do Egypto, do primogenito
do homem até ao primogenito dos animaes: por isso eu sacrifico ao Senhor
os machos de tudo que abre a madre; porém a todo o primogenito de meus
filhos eu resgato.

16 E será por signal sobre tua mão, e por frontaes entre os teus olhos;
porque o Senhor nos tirou do Egypto com mão [9] forte.


_Deus guia o povo pelo caminho._

17 E aconteceu, que quando Pharaó deixou ir o povo, Deus não os levou
pelo caminho da terra dos philisteos, que _estava mais_ perto; porque
Deus disse: Para que porventura o povo não se arrependa, vendo a guerra,
e se tornem ao [10] Egypto.

18 Mas Deus [11] fez rodear o povo pelo caminho no deserto do Mar
Vermelho: e subiram os filhos de Israel da terra do Egypto armados.

19 E tomou Moysés os ossos de José comsigo, porquanto havia este
estreitamente ajuramentado aos filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus
vos visitará; fazei pois subir d’aqui [12] os meus ossos comvosco.

20 Assim se partiram de Succoth, e acamparam-se em Etham, á entrada [13]
do deserto.

21 E o Senhor ia adiante d’elles, [14] de dia n’uma columna de nuvem,
para os guiar pelo caminho, e de noite n’uma columna de fogo, para os
allumiar, para que caminhassem de dia e de noite.

22 Nunca tirou de diante da face do povo a columna de nuvem, de dia, nem
a columna de fogo, de noite.

[1] cap. 22.29 e 34.19. Num. 3.13. Deu. 15.19. Luc. 2.23.

[2] cap. 12.42.

[3] cap. 23.15.

[4] Gen. 17.8 e 22.16.

[5] cap. 12.15.

[6] cap. 12.26. ver. 4.

[7] ver. 16. Deu. 6.8 e 11.18. Pro. 6.21. Can. 8.6.

[8] Deu. 6.20. Jos. 4.6, 21.

[9] Deu. 26.8.

[10] cap. 14.11, 12. Num. 14.1, 4.

[11] Deu. 32.10.

[12] Gen. 50.25. Jos. 24.32. Act. 7.16.

[13] Num. 33.6.

[14] Num. 9.15, 23 e 10.34 e 14.14. Deu. 1.33. Neh. 9.12, 19. Psa. 78.14
e 99.7 e 105.39. Isa. 4.5. I Cor. 10.2.



_Deus annuncia a ruina dos egypcios._

14 Então fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla aos filhos de Israel que tornem, e que se acampem diante de
Pi-hahiroth, [1] entre Migdol e o mar, diante de Baal-zephon: em frente
d’elle assentareis o campo junto ao mar.

3 Então Pharaó dirá dos filhos de Israel: Estão embaraçados na terra, o
deserto os encerrou.

4 E eu endurecerei [2] o coração de Pharaó, para que os persiga, e serei
glorificado em Pharaó em todo o seu exercito, e saberão os egypcios que
eu sou o Senhor. E elles fizeram assim.

5 Sendo pois annunciado ao rei do Egypto que o povo fugia, mudou-se o
coração de Pharaó e dos seus servos contra o povo, e disseram: Porque
fizemos isso, havendo deixado ir a Israel, que nos não sirva?

6 E apromptou o seu carro, e tomou comsigo o seu povo;

7 E tomou seiscentos carros escolhidos, [3] e todos os carros do Egypto,
e os capitães sobre elles todos.

8 Porque o Senhor endureceu o coração de Pharaó, rei do Egypto, que
perseguisse aos filhos de Israel: [4] porém os filhos de Israel sairam
com alta mão.

9 E os egypcios perseguiram-n’os, todos os cavallos e carros de Pharaó, e
os seus cavalleiros, e o seu exercito, e alcançaram-n’os acampados junto
ao mar, perto de Pi-hahiroth, diante de Baal-zephon.

10 E, chegando Pharaó, os filhos de Israel levantaram seus olhos, e eis
que os egypcios vinham atraz d’elles, e temeram muito; então os filhos de
Israel clamaram [5] ao Senhor.

11 E disseram a Moysés: Não havia sepulchros no Egypto, que nos tiraste
_de lá_, para que morramos n’este deserto? porque nos fizeste isto, que
nos tens tirado do Egypto?

12 Não _é_ esta a palavra que te temos fallado no Egypto, [6] dizendo:
Deixa-nos, que sirvamos aos egypcios? pois que melhor nos _fôra_ servir
aos egypcios, do que morrermos no deserto.

13 Moysés, porém, disse ao povo: Não temaes; [7] estae quietos, e vêde o
livramento do Senhor, que hoje vos fará: porque aos egypcios, que hoje
vistes, nunca mais vereis para sempre:

14 O Senhor pelejará [8] por vós, e vos calareis.


_A passagem pelo meio do mar._

15 Então disse o Senhor a Moysés: Porque clamas a mim? dize aos filhos de
Israel que marchem.

16 E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o,
para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em secco.

17 E eu, eis que endurecerei o coração dos egypcios, para que entrem
n’elle atraz d’elles; e eu serei glorificado em Pharaó, e em todo o seu
exercito, nos seus carros e nos seus cavalleiros,

18 E os egypcios saberão que eu _sou_ o Senhor, quando fôr glorificado em
Pharaó, nos seus carros e nos seus cavalleiros.

19 E o anjo de Deus, [9] que ia diante do exercito d’Israel, se retirou,
e ia detraz d’elles: tambem a columna de nuvem se retirou de diante
d’elles, e se poz atraz d’elles,

20 E ia entre o campo dos egypcios e o campo d’Israel: e a nuvem era
escuridade _para aquelles, e para estes_ esclarecia a noite: de maneira
que em toda a noite não chegou um ao outro.

21 Então Moysés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar o
mar por um forte vento oriental toda aquella noite; e o mar tornou-se em
secco, e as aguas [10] foram partidas.

22 E os filhos d’Israel entraram pelo meio do mar em secco: [11] e as
aguas _foram_-lhes como muro á sua direita e á sua esquerda.

23 E os egypcios seguiram-n’os, e entraram atraz d’elles todos os
cavallos de Pharaó, os seus carros e os seus cavalleiros, até ao meio do
mar.

24 E aconteceu que, na vigilia d’aquella manhã, o Senhor, na columna
do fogo e da nuvem, viu o campo dos egypcios: e alvorotou o campo dos
egypcios,

25 E tirou-lhes as rodas dos seus carros, e fel-os andar
difficultosamente. Então disseram os egypcios: Fujamos da face d’Israel,
porque o Senhor por elles peleja contra os egypcios.

26 E disse o Senhor a Moysés: Estende a tua mão sobre o mar, para que
as aguas tornem sobre os egypcios, sobre os seus carros e sobre os seus
cavalleiros.


_Os egypcios perecem no mar._

27 Então Moysés estendeu a sua mão sobre o mar, e o mar tornou-se em sua
força ao amanhecer, e os egypcios fugiram ao seu encontro: e o Senhor
derribou os egypcios no meio do mar,

28 Porque as aguas, tornando, cobriram os carros e os cavalleiros de todo
o exercito de Pharaó, que os haviam seguido no mar: nem ainda um d’elles
ficou.

29 Mas os filhos d’Israel foram pelo meio do mar secco: e as aguas
foram-lhes como muro á sua mão direita e á sua esquerda.

30 Assim o Senhor salvou Israel n’aquelle dia da mão dos egypcios: e
Israel viu os egypcios mortos na praia do mar.

31 E viu Israel a grande mão que o Senhor mostrara aos egypcios; e temeu
o povo ao Senhor, e [12] creram no Senhor e em Moysés, seu servo.

[1] Num. 33.7.

[2] cap. 4.21.

[3] cap. 15.4.

[4] Num. 33.3. Deu. 26.8.

[5] Jos. 24.7. Neh. 9.9.

[6] cap. 5.21 e 6.9.

[7] Deu. 20.3. II Reis 6.16. II Chr. 20.15, 17. Psa. 27.1, 2 e 46.1, 3.
Isa. 41.10, 14.

[8] Deu. 1.30 e 20.4. Jos. 23.3, 10. Isa. 30.15.

[9] Num. 20.16. Isa. 63.9.

[10] Jos. 4.23. Psa. 66.6.

[11] I Cor. 10.1. Heb. 11.29.

[12] cap. 19.9. João 2.11.



_O cantico de Moysés._

15 Então cantou Moysés e os filhos d’Israel este cantico ao Senhor, e
fallaram, dizendo: Cantarei ao Senhor, porque summamente se exaltou:
lançou no mar o cavallo e o seu cavalleiro.

2 O Senhor _é_ a minha força, e o _meu_ cantico; [1] elle me foi por
salvação; este _é_ o meu Deus, [EO] portanto lhe farei uma habitação;
elle _é_ o Deus de meu pae, por isso o exaltarei.

3 O Senhor _é_ varão de guerra: [2] o Senhor _é_ o seu nome.

4 Lançou no mar os carros de Pharaó e o seu exercito; e os seus
escolhidos principes afogaram-se no Mar Vermelho.

5 Os abysmos os cobriram: desceram ás profundezas [3] como pedra.

6 A tua dextra, ó Senhor, se tem glorificado em potencia: a tua dextra, ó
Senhor, tem despedaçado o inimigo;

7 E com a grandeza da tua excellencia derribaste aos _que_ se levantaram
contra ti: enviaste o teu furor, que os consumiu [4] como o rastolho.

8 E com o sopro [5] dos teus narizes amontoaram-se as aguas, as correntes
pararam-se como montão: os abysmos coalharam-se no coração do mar.

9 O inimigo dizia: Perseguirei, alcançarei, repartirei os despojos:
fartar-se-ha [EP] a minha alma d’elles, arrancarei a minha espada, a
minha mão os destruirá,

10 Sopraste com o teu vento, o mar os cobriu: afundaram-se como chumbo em
vehementes aguas.

11 Ó Senhor, quem é como tu entre os deuses? quem é como tu [EQ]
glorificado em sanctidade, terrivel em louvores, obrando maravilhas?

12 Estendeste a tua mão direita: a terra os tragou.

13 Tu, com a tua beneficencia, [6] guiaste a este povo, _que_ salvaste:
com a tua força o levaste á habitação da tua sanctidade.

14 Os povos o ouvirão, [7] elles estremecerão: apoderar-se-ha uma dôr dos
habitantes da Palestina.

15 Então os principes de Edom se pasmarão, dos poderosos dos moabitas
apoderar-se-ha um tremor, derreter-se-hão [8] todos os habitantes de
Canaan.

16 Espanto e pavor [9] cairá sobre elles: pela grandeza do teu braço
emmudecerão como pedra; até que o teu povo haja passado, ó Senhor, até
que passe este povo [10] _que_ adquiriste.

17 _Tu_ os introduzirás, [11] e os plantarás no monte da tua herança,
_no_ logar _que tu_, ó Senhor, apparelhaste para a tua habitação, _o_
sanctuario, ó Senhor, _que_ as tuas mãos estabeleceram.

18 O Senhor reinará [12] eterna e perpetuamente;

19 Porque os cavallos de Pharaó, com os seus carros e com os seus
cavalleiros, entraram no mar, e o Senhor fez tornar as aguas do mar sobre
elles; mas os filhos d’Israel passaram em secco pelo meio do mar.


_A dança de Miriam e das mulheres._

20 Então Miriam, a prophetiza, a irmã d’Aarão, tomou o tamboril na sua
mão, e todas as mulheres sairam atraz d’ella com tamboris e com danças.

21 E Miriam lhes respondia: Cantae ao Senhor, porque summamente se
exaltou, e lançou no mar o cavallo com o seu cavalleiro.

22 Depois fez Moysés partir os israelitas do Mar Vermelho, [13] e sairam
ao deserto de Sur: e andaram tres dias no deserto, e não acharam aguas.


_As aguas amargas tornam-se doces._

23 Então chegaram a [ER] Marah; [14] mas não poderam beber as aguas de
Marah, porque eram amargas: por isso chamou-se o seu nome Marah.

24 E o povo murmurou contra Moysés, dizendo: Que havemos de beber?

25 E _elle_ clamou ao Senhor, e o Senhor mostrou-lhe um lenho que lançou
nas aguas, e as aguas se tornaram doces: [15] ali lhes deu estatutos e
uma ordenação, e ali os provou.

26 E disse: Se ouvires attento a voz do Senhor teu Deus, e obrares o
_que é_ recto diante de seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos
seus mandamentos, [16] e guardares todos os seus estatutos, nenhuma das
enfermidades porei sobre ti, que puz sobre o Egypto; porque eu _sou_ o
Senhor [17] que te sara.

27 Então vieram [18] a Elim, e _havia_ ali doze fontes d’agua e setenta
palmeiras: e ali se acamparam junto das aguas.

[1] Psa. 118.14. Isa. 12.2.

[2] Psa. 24.8 e 45.3. Apo. 19.11.

[3] Neh. 9.11. Psa. 118.15, 16.

[4] Isa. 5.24 e 47.14.

[5] II Sam. 22.16. Job 4.9.

[6] Isa. 63.13.

[7] Num. 14.14. Jos. 2.10.

[8] Jos. 5.1.

[9] Deu. 2.25 e 11.25.

[10] Psa. 74.2.

[11] Psa. 44.2, 3. Psa. 78.54.

[12] Psa. 146.10. Dan. 4.3 e 7.27.

[13] Gen. 16.7.

[14] Num. 33.8.

[15] II Reis 2.21 e 4.41.

[16] cap. 23.25.

[17] Psa. 103.3.

[18] Num. 33.9.



_Deus manda o manná._

16 E partidos de Elim, [1] toda a congregação dos filhos d’Israel veiu
ao deserto de Sin, que _está_ entre Elim e Sinai, aos quinze dias do mez
segundo, depois que sairam da terra do Egypto.

2 E toda a congregação dos filhos d’Israel [2] murmurou contra Moysés e
contra Aarão no deserto.

3 E os filhos d’Israel disseram-lhes: Quem déra que nós morressemos por
mão do Senhor na terra do Egypto, quando estavamos sentados ás panellas
da carne, quando comiamos pão até fartar! [3] porque nos tendes tirado a
este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão.

4 Então disse o Senhor a Moysés: Eis que vos choverei pão dos céus, [4]
e o povo sairá, e colherá cada dia a porção para cada dia, para que eu o
prove se anda em minha lei ou não.

5 E acontecerá, ao sexto dia, que apparelhem o que colheram: e será
dobrado [5] do que colhem cada dia.

6 Então disse Moysés, e Aarão a todos os filhos d’Israel: A tarde
sabereis que o Senhor vos tirou da terra do Egypto,

7 E ámanhã vereis a gloria do Senhor, porquanto ouviu as vossas
murmurações contra o Senhor: porque quem _somos_ nós, que murmureis
contra nós?

8 Disse mais Moysés: _Isso será_ quando o Senhor á tarde vos der carne
para comer, e pela manhã pão a fartar, porquanto o Senhor ouviu as vossas
murmurações, com que murmuraes contra elle: porque, quem _somos_ nós? As
vossas murmurações não _são_ contra nós, mas sim [6] contra o Senhor.

9 Depois disse Moysés a Aarão: Dize a toda a congregação dos filhos
d’Israel: Chegae-vos para diante do Senhor, porque ouviu as vossas
murmurações.

10 E aconteceu que, quando fallou Aarão a toda a congregação dos filhos
d’Israel, e elles se viraram para o deserto, eis que a gloria do Senhor
[7] appareceu na nuvem.


_Deus manda carne._

11 E o Senhor fallou a Moysés, dizendo:

12 Tenho [8] ouvido as murmurações dos filhos de Israel; falla-lhes,
dizendo: Entre as duas tardes comereis carne, e pela manhã vos fartareis
de pão: e sabereis que eu _sou_ o Senhor vosso Deus.

13 E aconteceu que á tarde subiram codornizes, [9] e cobriram o arraial:
e pela manhã jazia o orvalho ao redor do arraial,

14 E, alçando-se o orvalho caido, eis que sobre a face do deserto
_estava_ uma coisa miuda, redonda, miuda como a geada sobre a terra.

15 E, vendo-a os filhos d’Israel, disseram uns aos outros: [ES] Que _é_
isto; porque não sabiam o que _era_. Disse-lhes pois Moysés: Este _é_ o
pão que o Senhor vos deu para comer.

16 Esta _é_ a palavra que o Senhor tem mandado: Colhei d’elle cada um
conforme ao que pode comer, um gomer por cada cabeça, _segundo_ o numero
das vossas almas; cada um tomará para os que _se acharem_ na sua tenda.

17 E os filhos d’Israel fizeram assim; e colheram, uns mais e outros
menos.

18 Porém, medindo-o com o gomer, não sobejava ao que colhera muito, nem
faltava [10] ao que colhera pouco; cada um colheu tanto quanto podia
comer.

19 E disse-lhes Moysés: Ninguem d’elle deixe para [11] ámanhã.

20 Elles, porém, não deram ouvidos a Moysés, antes alguns d’elles
deixaram d’elle para a manhã; e aquelle criou bichos, e fedeu; por isso
indignou-se Moysés contra elles.

21 Elles pois o colhiam cada manhã, cada um conforme ao que podia comer;
porque, aquentando o sol, derretia-se.

22 E aconteceu _que_ ao sexto dia colheram pão em dobro, dois
gomeres para cada um: e todos os principes da congregação vieram, e
contaram-_n’o_ a Moysés.

23 E _elle_ disse-lhes: Isto _é_ o que o Senhor tem [12] dito: Amanhã _é_
repouso, do sancto sabbado do Senhor: o que quizerdes cozer no forno,
cozei-o, e o que quizerdes cozer em agua, cozei-o em agua; e tudo o que
sobejar, para vós ponde em guarda até ámanhã.

24 E guardaram-n’o até ámanhã, como Moysés tinha ordenado: e não fedeu,
nem n’elle houve _algum_ [13] bicho.

25 Então disse Moysés: Comei-o hoje, porquanto hoje é o sabbado do
Senhor: hoje não o achareis no campo.

26 Seis dias o colhereis, mas o setimo dia _é_ o sabbado; n’aquelle não
haverá.

27 E aconteceu ao setimo dia, que _alguns_ do povo sairam para colher,
mas não o acharam.

28 Então disse o Senhor a Moysés: Até quando recusareis de guardar os
meus mandamentos [14] e as minhas leis?

29 Vêde, porquanto o Senhor vos deu o sabbado, portanto elle no sexto dia
vos dá pão para dois dias; cada um fique no seu logar, que ninguem saia
do seu logar no setimo dia.

30 Assim repousou o povo no setimo dia.

31 E chamou a casa de Israel o seu nome manná; [15] e era como semente de
coentro branco, e o seu sabor como bolos de mel.

32 E disse Moysés: Esta _é_ a palavra que o Senhor tem mandado: Encherás
um gomer d’elle em guarda para as vossas gerações, para que vejam o pão
que vos tenho dado a comer n’este deserto, quando eu vos tirei da terra
do Egypto.

33 Disse tambem Moysés a Aarão: Toma um vaso, [16] e mette n’elle um
gomer cheio de manná, e pôe-o diante do Senhor, em guarda para as vossas
gerações.

34 Como o Senhor tinha ordenado a Moysés, assim Aarão o poz diante do
testemunho em [17] guarda.

35 E comeram os filhos d’Israel manná quarenta annos, [18] até que
entraram em terra habitada: comeram manná até que chegaram aos termos da
terra de [19] Canaan.

36 E um [20] gomer é a decima _parte_ do epha.

[1] Num. 33.10.

[2] cap. 15.24.

[3] Num. 11.4, 5.

[4] Psa. 78.24. João 6.31, 32. I Cor. 10.3. Deu. 8.16.

[5] ver. 22.

[6] I Sam. 8.7.

[7] Num. 14.10.

[8] ver. 7.

[9] Num. 11.31. Psa. 105.40.

[10] II Cor. 8.15.

[11] Mat. 6.34.

[12] Gen. 2.3. cap. 20.8 e 31.15. Lev. 23.3.

[13] ver. 20.

[14] Num. 14.11.

[15] ver. 15. Num. 11.7, 8.

[16] Heb. 9.4. Apo. 2.17.

[17] cap. 25.16. Num. 17.10. I Reis 8.9.

[18] Deu. 8.2, 3. Neh. 9.21. João 6.31, 49.

[19] Jos. 5.12.

[20] ver. 16, 32, 33.



_A jornada pelo deserto de Sin e a falta de agua._

17 Depois toda a congregação dos filhos d’Israel partiu do deserto de Sin
[1] pelas suas jornadas, segundo o mandamento do Senhor, e acamparam em
Rephidim; e não _havia ali_ agua para o povo beber.

2 Então contendeu o povo com Moysés, [2] e disseram: Dae-nos agua para
beber. E Moysés lhes disse: Porque contendeis commigo? porque tentaes ao
[3] Senhor?

3 Tendo pois ali o povo sêde d’agua, o povo murmurou contra Moysés, e
disse: Porque nos fizeste subir do Egypto, para nos matares de sêde, a
nós e aos nossos filhos, e ao nosso gado?

4 E clamou Moysés ao Senhor, dizendo: Que farei a este povo? d’aqui a
pouco me [4] apedrejarão.

5 Então disse o Senhor a Moysés: Passa diante do povo, e toma comtigo
_alguns_ dos anciãos de Israel: e toma na tua mão a tua vara, [5] com que
feriste o rio: vae.

6 Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horeb, e tu
ferirás a rocha, e d’ella sairão aguas [6] e o povo beberá. E Moysés
assim o fez, diante dos olhos dos anciãos de Israel.

7 E chamou o nome d’aquelle logar [ET] Massah e [EU] Meribah, por causa
da contenda dos filhos de Israel, e porquanto tentaram ao Senhor,
dizendo: Está o Senhor no meio de nós, ou não?


_Amalek peleja contra os israelitas._

8 Então veiu Amalek, [7] e pelejou contra Israel em Rephidim.

9 Pelo que disse Moysés a Josué: Escolhe-nos homens, e sae, peleja contra
Amalek: ámanhã eu estarei sobre o cume do outeiro, [8] e a vara de Deus
estará na minha mão.

10 E fez Josué como Moysés lhe dissera, pelejando contra Amalek: mas
Moysés, Aarão, e Hur subiram ao cume do outeiro.

11 E acontecia que, quando Moysés levantava a sua mão, Israel prevalecia:
mas quando elle abaixava a sua mão, Amalek prevalecia.

12 Porém as mãos de Moysés _eram_ pesadas, por isso tomaram uma pedra, e
a pozeram debaixo d’elle, para assentar-se sobre ella: [9] e Aarão e Hur
sustentaram as suas mãos, um d’uma _banda_, e o outra da outra: assim
ficaram as suas mãos firmes até que o sol se poz.

13 E assim Josué desfez a Amalek, e a seu povo, ao fio da espada.

14 Então disse o Senhor a Moysés; Escreve isto para memoria n’um livro, e
relata-o aos ouvidos de Josué; que eu totalmente hei de riscar a memoria
d’Amalek de debaixo [10] dos céus.

15 E Moysés edificou um altar, e chamou o seu nome, o Senhor _é_ minha
[EV] bandeira.

16 E disse: Porquanto jurou o Senhor, haverá guerra do Senhor contra
Amalek de geração em geração.

[1] cap. 16.1. Num. 33.12, 14.

[2] Num. 20.3, 4.

[3] Deu. 6.16. Psa. 78.18, 41 e 95.8, 9. Isa. 7.12. Mat. 4.7. I Cor. 10.9.

[4] I Sam. 30.6. João 8.59.

[5] cap. 7.20. Num. 20.8, 11.

[6] Psa. 78.15 e 105.41. I Cor. 10.4.

[7] Num. 24.20.

[8] cap. 4.20.

[9] cap. 24.14.

[10] Deu. 25.19. I Sam. 15.3.



_O sogro de Moysés traz-lhe sua mulher e seus filhos._

18 Ora Jethro, sacerdote de Midian, [1] sogro de Moysés, ouviu todas as
coisas que Deus tinha feito a Moysés e a Israel seu povo: como o Senhor
tinha tirado a Israel do Egypto.

2 E Jethro, sogro de Moysés, tomou a Zippora, a mulher de Moysés, depois
que elle _lh’a_ [2] enviara,

3 Com seus dois filhos, dos quaes [3] um se chamava Gerson; porque disse:
Eu fui peregrino em terra estranha;

4 E o outro se chamava Eliezer; porque _disse_: O Deus de meu pae foi por
minha ajuda, e me livrou da espada de Pharaó.

5 Vindo pois Jethro, o sogro de Moysés, com seus filhos e com sua mulher,
a Moysés no deserto, [4] ao monte de Deus, onde se tinha acampado,

6 Disse a Moysés: Eu, teu sogro Jethro, venho a ti, com tua mulher, e
seus dois filhos com ella.

7 Então saiu Moysés ao [5] encontro de seu sogro, e inclinou-se, e
beijou-o, e perguntaram um ao outro como estavam, e entraram na tenda.

8 E Moysés contou a seu sogro todas as coisas que o Senhor tinha feito a
Pharaó e aos egypcios por amor de Israel, e todo o trabalho que passaram
no caminho, e _como_ o [6] Senhor os livrara.

9 E alegrou-se Jethro de todo o bem que o Senhor tinha feito a Israel,
livrando-o da mão dos egypcios.

10 E Jethro disse: Bemdito [7] _seja_ o Senhor, que vos livrou das mãos
dos egypcios e da mão de Pharaó; que livrou a este povo de debaixo da mão
dos egypcios.

11 Agora sei que o Senhor [8] _é_ maior que todos os deuses: porque na
coisa, em que se ensoberbeceram, os sobrepujou.

12 Então tomou Jethro, o sogro de Moysés, holocausto e sacrificios para
Deus: e veiu Aarão, e todos os anciãos de Israel, para comerem pão com o
sogro de Moysés [9] diante de Deus.

13 E aconteceu que, ao outro dia, Moysés assentou-se para julgar o povo;
e o povo estava em pé diante de Moysés desde a manhã até á tarde.

14 Vendo pois o sogro de Moysés tudo o que elle fazia ao povo, disse: Que
_é_ isto, que tu fazes as povo? porque te assentas só, e todo o povo está
em pé diante de ti, desde a manhã até á tarde?

15 Então disse Moysés a seu sogro: É porque este [10] povo vem a mim,
para consultar a Deus:

16 Quando tem algum negocio [11] vem a mim, para que eu julgue entre um e
outro, e _lhes_ declare os estatutos de Deus, e as suas leis.

17 O sogro de Moysés porém lhe disse: Não _é_ bom o que fazes.

18 Totalmente desfallecerás, assim tu, como este povo que _está_ comtigo:
porque este negocio é mui difficil para ti; [12] tu só não o podes fazer.

19 Ouve agora minha voz, eu te aconselharei, [13] e Deus será comtigo: Sê
tu pelo povo diante de Deus, e leva tu as coisas a Deus;

20 E declara-lhes os estatutos e as leis, e faze-lhes saber o caminho
[14] em que devem andar, e a obra que devem fazer.

21 E tu d’entre todo o povo procura homens capazes, tementes [15] a Deus,
homens de verdade, que aborrecem a avareza; e põe-n’os sobre elles por
maioraes de mil, maioraes de cento, maioraes de cincoenta, e maioraes de
dez;

22 Para que julguem este povo em tempo; [16] e seja que todo o negocio
pequeno elles o julguem: assim a ti mesmo te alliviarás _da carga_, [17]
e _elles_ a levarão comtigo.

23 Se isto fizeres, e Deus t’o mandar, [18] poderás então subsistir:
assim tambem todo este povo em paz virá ao seu logar.

24 E Moysés deu ouvidos á voz de seu sogro, e fez tudo quanto tinha dito;

25 E escolheu Moysés homens capazes, de todo o Israel, [19] e os poz por
cabeças sobre o povo: maioraes de mil, maioraes de cento, maioraes de
cincoenta, e maioraes de dez.

26 E elles julgaram [20] o povo em todo o tempo; o negocio arduo
trouxeram a Moysés, e todo o negocio pequeno julgaram elles.

27 Então despediu Moysés o seu sogro, o qual se foi á sua terra.

[1] cap. 2.16 e 3.1.

[2] cap. 4.26.

[3] Act. 7.29. cap. 2.22.

[4] cap. 3.1, 12.

[5] I Reis 2.19. Gen. 29.13 e 33.4.

[6] Psa. 78.42.

[7] Gen. 14.20. II Sam. 18.28. Luc. 1.68.

[8] II Chr. 2.5. Psa. 95.3. cap. 5.2, 7. I Sam. 2.3. Neh. 9.10. Psa.
31.23. Luc. 1.51.

[9] Deu. 12.7. I Chr. 29.22. I Cor. 10.18, 21, 31.

[10] Lev. 24.12. Num. 15.34.

[11] cap. 23.7. Deu. 17.8. Act. 18.15. I Cor. 6.1. Lev. 24.15. Num. 15.35.

[12] Num. 11.14, 17. Deu. 1.9, 12.

[13] cap. 3.12 e 4.16. Deu. 5.5. Num. 27.5.

[14] Deu. 4.1. Psa. 143.8. Deu. 1.18.

[15] Deu. 1.15. II Chr. 19.5, 10. Act. 6.3. II Chr. 19.9. Eze. 18.8. Deu.
16.19.

[16] ver. 26. Lev. 24.11. Num. 15.33. Deu. 1.17.

[17] Num. 11.17.

[18] ver. 18.

[19] Deu. 1.15. Act. 6.5.

[20] ver. 22. Job 29.16.



_Deus falla com Moysés no monte de Sinai._

19 Ao terceiro mez da saida dos filhos de Israel da terra do Egypto, no
mesmo dia vieram [1] ao deserto de Sinai,

2 Porque partiram de Rephidim [2] e vieram ao deserto de Sinai, e
acamparam-se no deserto: Israel pois ali acampou-se defronte [3] do monte.

3 E subiu Moysés a Deus, [4] e o Senhor o chamou do monte, dizendo: Assim
fallarás á casa de Jacob, e annunciarás aos filhos de Israel:

4 Vós tendes visto o que fiz aos egypcios, [5] como vos levei sobre azas
d’aguias, e vos trouxe a mim;

5 Agora pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz, [6] e guardardes o
meu concerto, então sereis a minha propriedade peculiar d’entre todos os
povos: porque toda a terra _é_ minha.

6 E vós me sereis um [7] reino sacerdotal e o povo sancto. Estas _são_ as
palavras que fallarás aos filhos de Israel.

7 E veiu Moysés, e chamou os anciãos do povo, e expoz diante d’elles
todas estas palavras, que o Senhor lhe tinha ordenado.

8 Então todo o povo respondeu [8] a uma voz, e disseram: Tudo o que o
Senhor tem fallado, faremos. E relatou Moysés ao Senhor as palavras do
povo.

9 E disse o Senhor a Moysés; Eis que eu virei a ti n’uma nuvem espessa,
para [9] que o povo ouça, fallando eu comtigo, e para que tambem te
creiam eternamente. Porque Moysés tinha annunciado as palavras do seu
povo ao Senhor.

10 Disse tambem o Senhor a Moysés: Vae ao povo, e sanctifica-os [10] hoje
e ámanhã, e lavem _elles_ os seus vestidos,

11 E estejam promptos para o terceiro dia: porquanto no terceiro dia o
Senhor descerá [11] ante dos olhos de todo o povo sobre o monte de Sinai.

12 E marcarás limites ao povo em redor, dizendo: Guardae-vos que não
subaes ao monte, [12] nem toqueis o seu termo; todo aquelle, que tocar o
monte, certamente morrerá.

13 Nenhuma mão tocará n’elle: porque certamente será apedrejado ou
asseteado; quer seja animal, quer seja homem, não viverá; soando [13]
[EW] a buzina longamente, então subirão ao monte.

14 Então Moysés desceu do monte ao povo, e sanctificou o povo; [14] e
lavaram os seus vestidos.

15 E disse ao povo: Estae [15] promptos ao terceiro dia; e não chegueis a
mulher.

16 E aconteceu ao terceiro dia, ao amanhecer, que houve trovões [16] e
relampagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de buzina mui
forte, [17] de maneira que estremeceu todo o povo que _estava_ no arraial.

17 E Moysés levou [18] o povo fóra do arraial ao encontro de Deus; e
puzeram-se ao pé do monte.

18 E todo o monte de Sinai [19] fumegava, porque o Senhor descera sobre
elle em fogo: e o seu fumo subiu como fumo d’um forno, e todo o monte
tremia grandemente.

19 E o sonido da buzina ia esforçando-se em grande maneira: [20] Moysés
fallava, e Deus lhe respondia em voz _alta_.

20 E, descendo o Senhor sobre o monte de Sinai, sobre o cume do monte,
chamou o Senhor a Moysés ao cume do monte; e Moysés subiu.

21 E disse o Senhor a Moysés: Desce, protesta ao povo que não trespassem
_o termo_, para ver o Senhor, [21] e muitos d’elles perecerem.

22 E tambem os sacerdotes, que se chegam ao Senhor, se hão de
sanctificar, [22] para que o Senhor não se lance sobre elles.

23 Então disse Moysés ao Senhor: O povo não poderá subir ao monte de
Sinai, porque tu nos tens protestado, dizendo: Marca termos [23] ao
monte, e sanctifica-o.

24 E disse-lhe o Senhor: Vae, desce: depois subirás tu, e Aarão comtigo:
os sacerdotes, porém, e o povo não trespassem _o termo_ para subir ao
Senhor, para que não se lance sobre elles.

25 Então Moysés desceu ao povo, e disse-lhes _isto_.

[1] Num. 33.15.

[2] cap. 17.1.

[3] cap. 3.1, 12.

[4] cap. 20.21. Act. 7.38. cap. 3.4.

[5] Deu. 29.2. Isa. 63.9.

[6] Deu. 5.2. I Reis 8.53. Psa. 135.4. Isa. 41.8. Mal. 3.17. Tito 2.14.
Deu. 10.14. I Cor. 10.26.

[7] I Ped. 2.5, 9. Apo. 1.6. Lev. 20.26. Isa. 62.12. I Cor. 3.17. I The.
5.27.

[8] cap. 24.3, 7. Deu. 5.27.

[9] ver. 16. cap. 20.21. Mat. 17.5. Deu. 4.12, 36. João 12.29, 30. cap.
14.31.

[10] Lev. 11.44, 45. Heb. 10.22. ver. 14. Gen. 35.2.

[11] ver. 16, 18. cap. 34.5. Deu. 33.2.

[12] Heb. 12.20.

[13] ver. 16, 19.

[14] ver. 10.

[15] ver. 11. I Sam. 21.4, 5. I Cor. 7.5.

[16] Heb. 12.18, 19. Apo. 4.5. cap. 40.34. II Chr. 5.14.

[17] Apo. 1.10 e 4.1. Heb. 12.21.

[18] Deu. 4.10.

[19] Deu. 4.11. Jui. 5.5. Psa. 68.8, 9. Hab. 3.3. II Chr. 7.1, 2, 3. Apo.
15.8. Heb. 12.26.

[20] ver. 13. Neh. 9.13.

[21] cap. 3.5. I Sam. 6.19.

[22] Lev. 10.3. II Sam. 6.7, 8.

[23] ver. 12. Jos. 3.4.



_Os dez mandamentos._

20 Então fallou Deus todas [1] estas palavras, dizendo:

2 Eu _sou_ o Senhor teu Deus, [2] que te tirei da terra do Egypto, da
casa da servidão.

3 Não terás [3] outros deuses diante de mim.

4 Não farás para ti imagem [4] d’esculptura, nem alguma similhança _do_
que _ha_ em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas aguas debaixo
da terra.

5 Não te encurvarás a ellas [5] nem as servirás: porque eu, o Senhor teu
Deus, _sou_ Deus [6] zeloso, que visito a maldade dos paes nos filhos,
até á terceira e quarta _geração_ d’aquelles que me aborrecem,

6 E faço misericordia [7] em milhares, aos que me amam, e aos que guardam
os meus mandamentos.

7 Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão: porque o Senhor não terá
por innocente o [8] que tomar o seu nome em vão.

8 Lembra-te do dia do sabbado, para o [9] sanctificar.

9 Seis dias trabalharás, [10] e farás toda a tua obra,

10 Mas o setimo [11] dia _é_ o sabbado do Senhor teu Deus: não farás
nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem
a tua serva, nem a tua besta, nem o teu estrangeiro, [12] que _está_
dentro das tuas portas.

11 Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que
n’elles _ha_, e ao setimo dia descançou: portanto abençoou o Senhor o dia
do sabbado, e o sanctificou,

12 Honra a teu pae [13] e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias
na terra que o Senhor teu Deus te dá.

13 Não [14] matarás.

14 Não [15] adulterarás.

15 Não [16] furtarás.

16 Não dirás falso testemunho [17] contra o teu proximo.

17 Não cubiçarás a casa do teu proximo, [18] não cubiçarás a mulher do
teu proximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu
jumento, nem coisa alguma do teu proximo.

18 E todo o povo viu os [19] trovões e os relampagos, e o sonido da
buzina, e o monte fumegando: e o povo, vendo _isso_ retirou-se e poz-se
de longe.

19 E disseram a Moysés: Falla [20] tu comnosco, e ouviremos: e não falle
Deus comnosco, para que não morramos.

20 E disse Moysés ao povo: Não temaes, [21] que Deus veiu para
provar-vos, e para que o seu temor esteja diante de vós, para que não
pequeis.

21 E o povo estava em pé de longe: Moysés, porém, se chegou [22] á
escuridade, onde Deus _estava_.

22 Então disse o Senhor a Moysés: Assim dirás aos filhos d’Israel: Vós
tendes visto que eu fallei [23] comvosco desde os céus.

23 Não fareis outros deuses commigo; deuses de prata [24] ou deuses de
oiro não fareis para vós.

24 Um altar de terra me farás, e sobre elle sacrificarás os teus
holocaustos, e as tuas offertas pacificas, as tuas ovelhas, [25] e as
tuas vaccas: em todo o logar, onde eu fizer celebrar a memoria do meu
nome, virei a ti, e te abençoarei.

25 E se me fizeres um altar de pedras, [26] não o farás de _pedras_
lavradas: se sobre elle levantares o teu buril, profanal-o-has.

26 Não subirás tambem por degraus ao meu altar, para que a tua nudez não
seja descoberta diante d’elles.

[1] Deu. 5.22.

[2] Lev. 26.1, 13. Ose. 13.4. cap. 13.3.

[3] Deu. 5.7. Jer. 25.6.

[4] Lev. 26.1. Psa. 97.7.

[5] cap. 23.24. Jos. 23.7. II Reis 17.35. Isa. 44.15, 19. cap. 34.14.

[6] Jos. 24.19. Nah. 1.2. cap. 34.7. Num. 14.18, 33. Isa. 14.20, 21.

[7] cap. 34.7. Deu. 7.9. Rom. 11.28.

[8] Lev. 19.12. Deu. 5.11. Mat. 5.33.

[9] cap. 31.13, 14. Lev. 19.3, 30. Deu. 5.12.

[10] cap. 23.12. Lev. 23.3. Eze. 20.12. Luc. 13.14.

[11] Gen. 2.2, 3. cap. 16.26.

[12] Neh. 13.16, 19.

[13] Deu. 5.16. Mat. 15.4. Mar. 7.10. Luc. 18.20. Eph. 6.2.

[14] Deu. 5.17. Mat. 5.21. Rom. 13.9.

[15] Deu. 5.18. Mat. 5.27.

[16] Lev. 19.11. Mat. 19.18.

[17] cap. 23.1. Deu. 5.20.

[18] Deu. 5.21. Miq. 2.2. Hab. 2.9. Luc. 12.15. Rom. 7.7. Eph. 5.3, 5.
Heb. 13.5. Jer. 5.8. Mat. 5.28.

[19] Heb. 12.18. cap. 19.18.

[20] Heb. 12.19. Deu. 5.25.

[21] Isa. 41.10, 13. Gen. 22.1. Deu. 4.10.

[22] cap. 19.16. Deu. 5.5.

[23] Deu. 4.36. Neh. 9.13.

[24] cap. 32.4. II Reis 17.33. Dan. 5.4, 23. Sof. 1.5. II Cor. 6.14, 15,
16.

[25] Lev. 1.2. Deu. 12.5, 11, 21. Neh. 1.9. Jer. 7.10, 12. Deu. 7.13.

[26] Deu. 27.5. Jos. 8.31.



_As leis ácerca dos servos e dos homicidios._

21 Estes _são_ os estatutos [1] que lhes proporás.

2 Se comprares um servo [2] hebreo, seis annos servirá; mas ao setimo
sairá forro, de graça.

3 Se entrou _só_ com o seu corpo, _só_ com o seu corpo sairá: se elle
_era_ homem casado, sairá sua mulher com elle.

4 Se seu senhor lhe houver dado uma mulher, e ella lhe houver parido
filhos ou filhas, a mulher e seus filhos serão de seu senhor, e elle
sairá _só_ com seu corpo.

5 Mas se aquelle servo expressamente disser: [3] Eu amo a meu senhor, e a
minha mulher, e a meus filhos; não quero sair forro:

6 Então seu senhor o levará [4] aos juizes, e o fará chegar á porta, ou
ao postigo, e seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e o servirá
para sempre.

7 E se algum vender [5] sua filha por serva, não sairá como saem os
servos.

8 Se desagradar aos olhos de seu senhor, e não se desposar com ella,
fará que se resgate: não poderá vendel-a a um povo estranho, usando
deslealmente com ella.

9 Mas se a desposar com seu filho, fará com ella conforme ao direito das
filhas.

10 Se lhe tomar outra, não deminuirá o mantimento d’esta, nem o seu
vestido, nem a sua obrigação [6] marital.

11 E se lhe não fizer estas tres coisas, sairá de graça, sem dar dinheiro.

12 Quem ferir alguem, [7] que morra, _elle_ tambem certamente morrerá;

13 Porém o que _lhe_ não [8] armou ciladas, mas Deus o fez encontrar nas
suas mãos, ordenar-te-hei um logar, para onde elle fugirá.

14 Mas se alguem se ensoberbecer contra o seu proximo, [9] matando-o com
engano, tiral-o-has do meu altar, para que morra.

15 O que ferir a seu pae, ou a sua mãe, certamente morrerá.

16 E quem furtar _algum_ [10] homem, e o vender, ou fôr achado na sua
mão, certamente morrerá.


_As leis ácerca dos que amaldiçoam os paes ou ferem qualquer pessoa._

17 E quem amaldiçoar [11] a seu pae ou a sua mãe, certamente morrerá.

18 E se alguns homens pelejarem, ferindo-se um ao outro com pedra ou com
o punho, e este não morrer, mas cair na cama;

19 Se elle tornar a levantar-se e andar fóra sobre o seu bordão, então
aquelle que o feriu será absolvido: [12] sómente lhe pagará o tempo que
perdera e o fará curar totalmente.

20 Se alguem ferir a seu servo, ou a sua serva com pau, e morrer debaixo
da sua mão, certamente será [EX] castigado;

21 Porém se ficar vivo por um ou dois dias, não será castigado, [13]
porque _é_ seu dinheiro.

22 Se alguns homens pelejarem, e ferirem _uma_ mulher gravida, e forem
causa que aborte, porém não houver morte, certamente será multado, [14]
conforme ao que lhe impuzer o marido da mulher, e pagará diante dos
juizes.

23 Mas se houver morte, então darás vida por vida,

24 Olho por olho, [15] dente por dente, mão por mão, pé por pé,

25 Queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe.

26 E quando alguem ferir o olho do seu servo, ou o olho da sua serva, e o
damnificar, o deixará ir forro pelo seu olho.

27 E se tirar o dente do seu servo, ou o dente da sua serva, o deixará ir
forro pelo seu dente.

28 E se algum boi escornear homem ou mulher, e morrer, o boi será
apedrejado [16] certamente, e a sua carne se não comerá; mas o dono do
boi _será_ absolvido.

29 Mas se o boi d’antes era escorneador, e o seu dono foi conhecedor
d’isso, e não o guardou, matando homem ou mulher, o boi será apedrejado,
e tambem o seu dono morrerá.

30 Se lhe fôr imposto resgate, então dará [17] por resgate da sua vida
tudo quanto lhe fôr imposto,

31 Quer tenha escorneado um filho, quer tenha escorneado uma filha;
conforme a este estatuto lhe será feito.

32 Se o boi escornear um servo, ou uma serva, dará [18] trinta siclos de
prata ao seu senhor, e o boi será apedrejado.

33 Se alguem abrir uma cova, ou se alguem cavar uma cova, e não a cobrir,
e n’ella cair um boi ou jumento,

34 O dono da cova _o_ pagará, ao seu dono o dinheiro restituirá; mas o
morto será seu.

35 Se o boi de alguem ferir o boi do seu proximo, e morrer, então se
venderá o boi vivo, e o dinheiro d’elle se repartirá egualmente, e tambem
o morto se repartirá egualmente.

36 Mas se foi notorio que aquelle boi d’antes era escorneador, e seu dono
não o guardou, certamente pagará boi por boi; porém o morto será seu.

[1] cap. 24.3, 4. Deu. 4.14 e 6.1.

[2] Lev. 25.39, 40, 41. Deu. 15.12. Jer. 34.14.

[3] Deu. 15.16, 17.

[4] cap. 12.12 e 22.8, 28.

[5] Neh. 5.5. ver. 2, 3.

[6] I Cor. 7.5.

[7] Gen. 9.6. Lev. 24.17. Num. 35.30. Mat. 26.52.

[8] Deu. 19.4, 5. I Sam. 24.4, 10, 18. Num. 35.11. Jos. 20.2.

[9] Num. 15.30. Deu. 19.11, 12. Heb. 10.26. I Reis 2.28, 34.

[10] Deu. 24.7. Gen. 37.28.

[11] Lev. 20.9. Pro. 20.20. Mat. 15.4. Mar. 7.10.

[12] II Sam. 3.29.

[13] Lev. 25.45, 46.

[14] ver. 30. Deu. 22.18, 19.

[15] Lev. 24.20. Mat. 5.38.

[16] Gen. 9.5.

[17] ver. 22. Num. 35.31.

[18] Zac. 11.12, 13. Mat. 26.15. ver. 28.



_As leis ácerca da propriedade._

22 Se alguem furtar boi ou ovelha, e o degolar ou vender, por um boi
pagará cinco bois, e [1] pela ovelha quatro ovelhas.

2 Se o ladrão fôr achado na mina, [2] e fôr ferido, e morrer, _o que o
feriu_ não será culpado do sangue.

3 Se o sol houver saido sobre elle, será culpado do sangue: totalmente o
restituirá: e se não tiver _com que pagar_, será vendido por seu furto.

4 Se o furto fôr achado vivo [3] na sua mão, seja boi, ou jumento, ou
ovelha, pagará o dobro.

5 Se alguem fizer pastar n’um campo ou n’uma vinha, e largar a sua besta,
para comer no campo de outro, o melhor do seu proprio campo e o melhor da
sua propria vinha restituirá.

6 Se arrebentar um fogo, e prender os espinhos, e abrazar a meda de
trigo, ou a seara, ou o campo, aquelle que accendeu o fogo totalmente
pagará o queimado.

7 Se alguem der prata, os vasos ao seu proximo a guardar, e fôr furtado
da casa d’aquelle homem, se o ladrão se achar, [4] pagará o dobro.

8 Se o ladrão não se achar, então o dono da casa será levado diante dos
juizes, [5] _a ver_ se não metteu a sua mão na fazenda do seu proximo.

9 Sobre todo o negocio de injustiça, sobre boi, sobre jumento, sobre gado
miudo, sobre vestido, sobre toda a coisa perdida, de que _alguem_ disser
que é sua a causa de ambos virá perante os juizes, [6] aquelle a quem
condemnarem os juizes o pagará em dobro ao seu proximo.

10 Se _alguem_ der a seu proximo a guardar um jumento, ou boi, ou ovelha,
ou alguma besta, e morrer, ou fôr dilacerado, ou afugentado, ninguem o
vendo,

11 _Então_ haverá juramento [7] do Senhor entre ambos, que não metteu a
sua mão na fazenda do seu proximo: e seu dono o acceitará, e o outro não
o restituirá.

12 Mas se lhe fôr furtado, o [8] pagará ao seu dono.

13 Porém se _lhe_ fôr dilacerado, tral-o-ha em testemunho d’isso, e não
pagará o dilacerado.

14 E se alguem a seu proximo pedir _alguma coisa_, e fôr damnificada ou
morta, não estando presente o seu dono, certamente a restituirá.

15 Se o seu dono esteve presente, não a restituirá: se foi alugada, será
pelo seu aluguer.


_As leis ácerca da immoralidade e idolatria._

16 Se alguem enganar [9] _alguma_ virgem, que não fôr desposada, e se
deitar com ella, certamente a dotará por sua mulher.

17 Se seu pae inteiramente recusar dar-lh’a, dará dinheiro conforme ao
dote das [10] virgens.

18 A feiticeira não [11] deixarás viver.

19 Todo aquelle que se deitar [12] com animal, certamente morrerá.

20 O que sacrificar [13] aos deuses, e não só ao Senhor, será morto.

21 O estrangeiro não [14] affligirás, nem o opprimirás; pois estrangeiros
fostes na terra do Egypto.

22 A nenhuma viuva nem orphão [15] affligireis.

23 Se de alguma maneira [16] os affligires, e elles clamarem a mim, eu
certamente ouvirei o seu clamor,

24 E a minha ira [17] se accenderá, e vos matarei á espada; e vossas
mulheres ficarão viuvas, e vossos filhos orphãos.

25 Se emprestares [18] dinheiro ao meu povo, ao pobre _que está_ comtigo,
não te haverás com elle como um usurario; não lhe imporeis usura.

26 Se tomares em penhor o vestido do teu proximo, [19] lh’o restituirás
antes do pôr do sol,

27 Porque aquella é a sua cobertura, e o vestido da sua pelle; em que se
deitaria? será pois que, quando clamar a [20] mim, eu o ouvirei, porque
sou misericordioso.

28 Os juizes não [21] amaldiçoarás, e o principe d’entre o teu povo não
maldirás.

29 As tuas primicias, [22] e os teus licores não dilatarás: o primogenito
de teus filhos me darás.

30 Assim farás dos teus bois [23] e das tuas ovelhas: sete dias estarão
com sua mãe, e ao oitavo dia m’os darás.

31 E ser-me-heis homens [24] sanctos; portanto não comereis carne
despedaçada no campo: aos cães a lançareis.

[1] II Sam. 12.6. Luc. 19.8. Pro. 6.31.

[2] Num. 35.27.

[3] cap. 21.16. ver. 1, 7. Pro. 6.31.

[4] ver. 4.

[5] cap. 21.6. ver. 28.

[6] Deu. 25.1. II Chr. 19.10.

[7] Heb. 6.16.

[8] Gen. 31.39.

[9] Deu. 22.28, 29.

[10] Gen. 14.12.

[11] Deu. 18.10, 11. I Sam. 28.3, 9.

[12] Lev. 18.23.

[13] Deu. 13.1, 2.

[14] cap. 23.9. Deu. 10.19. Jer. 7.6. Zac. 7.10.

[15] Deu. 10.18. Psa. 94.6. Isa. 1.17, 23. Thi. 1.27.

[16] Job 35.9. Psa. 18.6. Thi. 5.4.

[17] Psa. 69.24. Lam. 5.3.

[18] Deu. 23.19, 20. Psa. 15.5. Eze. 8.8, 17.

[19] Deu. 24.6, 10, 13, 17. Eze. 18.7, 16.

[20] cap. 34.6. II Chr. 30.9. Psa. 86.15.

[21] Ecc. 10.20. Act. 23.5. Jud. 8.

[22] cap. 23.16, 19. Pro. 3.9. cap. 13.2, 12.

[23] Lev. 22.27.

[24] cap. 19.6. Lev. 19.2. Deu. 14.21.



_O testemunho falso e a injustiça._

23 Não admittirás falso [1] rumor, e não porás a tua mão com o impio,
para seres testemunha falsa.

2 Não seguirás a multidão [2] para fazeres o mal: nem n’uma demanda
fallarás, tomando parte com o maior numero para torcer _o direito_.

3 Nem ao pobre favorecerás na sua demanda.

4 Se encontrares o [3] boi do teu inimigo, ou o seu jumento, desgarrado,
sem falta lh’o reconduzirás.

5 Se vires [4] o jumento d’aquelle que te aborrece deitado debaixo da sua
carga, deixarás pois de ajudal-o? certamente o ajudarás juntamente com
elle.

6 Não perverterás [5] o direito do teu pobre na sua demanda.

7 De palavras de falsidade te affastarás, [6] e não matarás o innocente e
o justo; porque não justificarei o impio.

8 Tambem presente não [7] tomarás: porque o presente cega os que teem
vista, e perverte as palavras dos justos.

9 Tambem não opprimirás [8] o estrangeiro; pois vós conheceis o coração
do estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egypto.


_O anno de descanço e o sabbado._

10 Tambem seis annos semearás tua [9] terra, e recolherás os seus fructos;

11 Mas ao setimo a soltarás e deixarás descançar, para que possam comer
os pobres do teu povo, e do sobejo comam os animaes do campo. Assim farás
com a tua vinha e com o teu olival.

12 Seis dias farás os teus [10] negocios, mas ao setimo dia descançarás:
para que descance o teu boi, e o teu jumento; e para que tome alento o
filho da tua escrava, e o estrangeiro.

13 E em tudo o que vos tenho dito, guardae-vos: e [11] do nome de outros
deuses nem vos lembreis, nem se ouça da vossa bocca.


_As tres festas._

14 Tres vezes no anno me celebrareis [12] festa.

15 A festa [13] dos pães asmos guardarás: sete dias comerás pães asmos,
como te tenho ordenado, ao tempo apontado no mez de Abib; porque n’elle
saiste do Egypto: [14] e ninguem appareça vasio perante mim.

16 E a festa da sega dos primeiros fructos do teu trabalho, que houveres
semeado no campo, [15] e a festa da colheita á saida do anno, quando
tiveres colhido do campo o teu trabalho.

17 Tres vezes [16] no anno todos os teus machos apparecerão diante do
Senhor.

18 Não offerecerás [17] o sangue do meu sacrificio com pão levedado: nem
ficará a gordura da minha festa de noite até á manhã.

19 As primicias [18] dos primeiros fructos da tua terra trarás á casa do
Senhor teu Deus: não [19] cozerás o cabrito no leite de sua mãe.


_Deus promette enviar um anjo._

20 Eis-que eu envio [20] um anjo diante de ti, para que te guarde n’este
caminho, e te leve ao logar que _te_ tenho apparelhado.

21 Guarda-te diante d’elle, e ouve a sua voz, [21] e não o provoques á
ira: porque não perdoará a vossa rebellião; porque o meu nome _está_
n’elle.

22 Mas se diligentemente ouvires a sua voz, e fizeres tudo o que eu
disser, [22] então serei inimigo dos teus inimigos, e adversario dos teus
adversarios.

23 Porque o meu anjo [23] irá diante de ti, e te levará aos amorrheos, e
aos hetheos, e aos phereseos, e aos cananeos, heveos e jebuseos: e eu os
destruirei.

24 Não te inclinarás diante dos [24] seus deuses, nem os servirás, nem
farás conforme ás suas obras: antes os destruirás totalmente, e quebrarás
de todo [EY] as suas estatuas.

25 E servireis ao Senhor [25] vosso Deus, e elle abençoará o vosso pão e
a vossa agua: e eu tirarei do meio de ti as enfermidades.

26 Não haverá alguma [26] que [EZ] mova, nem esteril na tua terra: o
numero dos teus dias cumprirei.

27 Enviarei [27] o meu terror diante de ti, destruindo a todo o povo
aonde entrares, e farei que todos os teus inimigos te virem as costas.

28 Tambem enviarei [28] vespões diante de ti, que lancem fóra os heveos,
os cananeos, e os hetheos diante de ti.

29 N’um só anno os não lançarei fóra [29] diante de ti, para que a terra
se não torne em deserto, e as feras do campo se não multipliquem contra
ti.

30 Pouco a pouco os lançarei diante de ti, até que sejas multiplicado, e
possuas a terra por herança.

31 E porei os [30] teus termos desde o Mar Vermelho até ao mar dos
philisteos, e desde o deserto até ao [FA] rio: porque darei nas tuas mãos
os moradores [31] da terra, para que os lances fóra diante de ti.

32 Não farás concerto [32] algum com elles, ou com os seus deuses.

33 Na tua terra não habitarão, para que não te façam peccar contra mim:
se servires aos seus deuses, [33] certamente te será um laço.

[1] Lev. 19.16. II Sam. 19.27. cap. 20.16. I Reis 21.10, 13. Pro. 19.5.
Mat. 26.59. Act. 6.11, 13.

[2] Gen. 7.1. Jos. 24.15. Pro. 1.10. Mat. 27.24. Mar. 15.15. Luc. 23.23.
Act. 24.27. Lev. 19.15. Deu. 1.17.

[3] Deu. 22.1. Mat. 5.44. Rom. 12.20. I The. 5.15.

[4] Deu. 22.4.

[5] Deu. 27.19. Job 31.13, 21. Isa. 10.1, 2. Jer. 5.28. Amós 5.12.

[6] Lev. 19.11. Eph. 4.25. Pro. 17.15. Mat. 27.4. Rom. 1.18.

[7] Deu. 16.19. I Sam. 8.3. Pro. 15.27. Isa. 1.23. Eze. 22.12. Amós 5.12.
Act. 24.26.

[8] cap. 22.21. Deu. 10.19. Psa. 94.6. Eze. 22.7. Mal. 3.5.

[9] Lev. 25.3, 4.

[10] cap. 20.8, 9. Deu. 5.13. Luc. 13.14.

[11] Deu. 4.9. Jos. 22.5. Jos. 23.7.

[12] cap. 34.23. Lev. 23.4.

[13] cap. 12.15. Lev. 23.6.

[14] Deu. 16.16.

[15] Lev. 23.10. Deu. 16.13.

[16] Deu. 16.16.

[17] cap. 12.8. Lev. 2.11. Deu. 16.4.

[18] cap. 22.29. Lev. 23.10. Num. 18.12. Deu. 26.10. Neh. 10.35.

[19] cap. 34.26. Deu. 14.21.

[20] cap. 14.19. Num. 20.16. Jos. 5.13. Isa. 63.9.

[21] Num. 14.11. Heb. 3.10. Deu. 18.19. Jos. 24.19. I João 5.16.

[22] Gen. 12.3. Deu. 30.7. Jer. 30.20.

[23] cap. 33.2. Jos. 24.8.

[24] cap. 20.5. Lev. 18.3. Deu. 12.30. Num. 33.52. Deu. 7.5.

[25] Deu. 6.13. Jos. 22.5. I Sam. 7.3. Mat. 4.10. Deu. 7.13. cap. 15.26.

[26] Deu. 28.4. Job 21.10. Mal. 3.10. I Chr. 23.1. Job 5.26. Psa. 55.24.

[27] Gen. 35.5. cap. 15.14. Deu. 2.25. Jos. 2.9, 11. I Sam. 14.15. II
Chr. 14.14.

[28] Deu. 7.20. Jos. 24.12.

[29] Deu. 7.22.

[30] Gen. 15.18. Num. 34.3. Deu. 11.24. Jos. 1.4.

[31] Jos. 21.44. Jui. 1.4.

[32] cap. 34.12, 15. Deu. 7.2.

[33] cap. 34.12. Deu. 7.16. Jos. 23.13. Jui. 2.3.



_Deus manda Moysés e os anciãos subir ao monte._

24 Depois disse a Moysés: Sobe ao Senhor, tu e Aarão, Nadab [1] e Abihu,
e setenta dos anciãos d’Israel; e inclinae-vos de longe.

2 E Moysés só [2] se chegará ao Senhor; mas elles não se cheguem, nem o
povo suba com elle.

3 Vindo pois Moysés, e contando ao povo todas as palavras do Senhor, e
todos os estatutos, então o povo respondeu a uma voz, e disseram: Todas
as palavras, que o Senhor tem fallado, [3] faremos.

4 E Moysés escreveu todas as palavras do Senhor, [4] e levantou-se pela
manhã de madrugada, e edificou um altar ao pé do monte, e doze [FB]
monumentos, segundo as doze tribus d’Israel;

5 E enviou os mancebos dos filhos d’Israel, os quaes offereceram
holocaustos, e sacrificaram ao Senhor sacrificios pacificos de bezerros.

6 E Moysés tomou a metade [5] do sangue, e a poz em bacias; e a _outra_
metade do sangue espargiu sobre o altar.

7 E tomou o livro [6] do concerto e o leu aos ouvidos do povo, e elles
disseram: Tudo o que o Senhor tem fallado faremos, e obedeceremos.

8 Então tomou Moysés aquelle sangue, e espargiu-_o_ sobre o povo, e
disse: Eis-aqui o sangue [7] do concerto que o Senhor tem feito comvosco
sobre todas estas palavras.

9 E subiram Moysés e Aarão, Nadab e Abihu, e setenta dos anciãos [8]
d’Isrel,

10 E viram o Deus d’Israel, [9] e debaixo de seus pés _havia_ como uma
obra de pedra de saphira, e como o parecer do céu na _sua_ claridade.

11 Porém não estendeu a sua mão sobre os escolhidos dos filhos d’Israel,
mas [10] viram a Deus, e comeram e beberam.

12 Então disse o Senhor a Moysés: [11] Sobe a mim ao monte, e fica lá: e
dar-te-hei taboas de pedra, e a lei, e os mandamentos que tenho escripto,
para os ensinar.

13 E levantou-se Moysés com Josué seu servidor; [12] e subiu Moysés ao
monte de Deus,

14 E disse aos anciãos: Esperae-nos aqui, até que tornemos a vós: e eis
que Aarão e Hur _ficam_ comvosco; quem tiver _algum_ negocio, se chegará
a elles.

15 E, subindo Moysés [13] ao monte, a nuvem cobriu o monte.

16 E habitava a gloria [14] do Senhor sobre o monte de Sinai, e a nuvem o
cobriu por seis dias: e ao setimo dia chamou a Moysés do meio da nuvem.

17 E o parecer da gloria do Senhor _era_ como um [15] fogo consumidor no
cume do monte, aos olhos dos filhos d’Israel.

18 E Moysés [16] entrou no meio da nuvem, depois que subiu ao monte: e
Moysés esteve no monte quarenta dias e quarenta noites.

[1] cap. 28.1. Lev. 10.1.

[2] ver. 13, 15, 18.

[3] ver. 7. cap. 19.8. Deu. 5.27. Gal. 3.19.

[4] Deu. 31.9. Gen. 28.18 e 31.45.

[5] Heb. 9.18.

[6] Heb. 9.19. ver. 3.

[7] Heb. 9.20 e 13.20. I Ped. 1.2.

[8] ver. 1.

[9] Gen. 32.30. Jui. 13.22. Isa. 6.1, 5. João 1.18. I João 4.12. Eze.
1.26. Apo. 4.3.

[10] Deu. 4.33. I Cor. 10.18.

[11] ver. 2, 15, 18. cap. 31.18. Deu. 5.22.

[12] cap. 17.9 e 33.11.

[13] cap. 19.9, 16. Mat. 17.5.

[14] cap. 16.10. Num. 14.10.

[15] cap. 3.2 e 19.18. Deu. 4.36. Heb. 12.18, 29.

[16] cap. 34.28. Deu. 9.9.



_Deus manda o povo trazer offertas para o tabernaculo._

25 Então fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla aos filhos d’Israel, que me tragam uma offerta alçada: de todo
[1] o homem cujo coração se mover voluntariamente, _d’elle_ tomareis a
minha offerta alçada.

3 E esta _é_ a offerta alçada que tomareis d’elles: oiro, e prata, e
cobre,

4 E azul, e purpura, e carmezim, e linho fino, e _pellos_ de cabras,

5 E pelles de carneiros tintas de vermelho, e pelles de teixugos, e
madeira de [FC] sittim,

6 Azeite [2] para a luz, especiarias para o oleo da uncção, e especiarias
para o incenso,

7 Pedras sardonicas, e pedras d’engaste para o [3] ephod e para o
peitoral.

8 E me farão [4] um sanctuario, e habitarei no meio d’elles.

9 Conforme a tudo o que eu te mostrar _para_ modelo do tabernaculo, [5] e
para modelo de todos os seus vasos, assim mesmo o fareis.


_A arca de madeira de sittim._

10 Tambem farão uma arca [6] de madeira de sittim: o seu comprimento
_será_ de dois covados e meio, e a sua largura d’um covado e meio, e d’um
covado e meio a sua altura.

11 E cobril-a-has d’oiro puro, por dentro e por fóra a cobrirás: e farás
sobre ella uma corôa de oiro ao redor;

12 E fundirás para ella quatro argolas d’oiro, e _as_ porás nos quatro
cantos d’ella, duas argolas n’um lado d’ella, e duas argolas n’outro lado
d’ella.

13 E farás varas _de_ madeira de sittim, e as cobrirás com oiro,

14 E metterás as varas nas argolas, aos lados da arca, para levar-se com
ellas a arca.

15 As varas estarão nas argolas da arca, [7] não se tirarão d’ella.

16 Depois porás na arca o testemunho, [8] que eu te darei.


_O propiciatorio de oiro puro._

17 Tambem farás um [9] propiciatorio, d’oiro puro: o seu comprimento
_será_ de dois covados e meio, e a sua largura d’um covado e meio.

18 Farás tambem dois cherubins d’oiro: d’_oiro_ batido os farás, nas duas
extremidades do propiciatorio.

19 Farás um cherubim na extremidade d’uma parte, e o outro cherubim na
extremidade da outra parte: de uma só peça com o propiciatorio, fareis os
cherubins nas duas extremidades d’elle.

20 Os cherubins estenderão as _suas_ azas por de cima, [10] cobrindo com
as suas azas o propiciatorio; as faces d’elles uma defronte da outra: as
faces dos cherubins attentarão para o propiciatorio,

21 E porás o propiciatorio em cima da arca, [11] depois que houveres
posto na arca o testemunho que eu te darei.

22 E ali virei a ti, [12] e fallarei comtigo de cima do propiciatorio, do
meio dos dois cherubins (que estão sobre a arca do testemunho), tudo o
que eu te ordenar para os filhos d’Israel.


_A mesa de madeira de sittim._

23 Tambem farás uma mesa _de_ madeira de [13] sittim; o seu comprimento
_será_ de dois covados, e a sua largura d’um covado, e a sua altura de um
covado e meio,

24 E cobril-a-has com oiro puro: tambem lhe farás uma corôa d’oiro ao
redor.

25 Tambem lhe farás uma moldura ao redor, _da largura_ d’uma mão, e lhe
farás uma corôa d’oiro ao redor da moldura.

26 Tambem lhe farás quatro argolas d’oiro; e porás as argolas aos quatro
cantos, que estão nos seus quatro pés.

27 Defronte da moldura estarão as argolas, como logares para os varaes,
para levar-se a mesa.

28 Farás pois estes varaes de madeira _de_ sittim, e cobril-os-has com
oiro; e levar-se-ha com elles a mesa.

29 Tambem farás os seus pratos, [14] e as suas colheres, e as suas
cobertas, e as suas tigellas [FD] com que se hão de cobrir; d’oiro puro
os farás.

30 E sobre a mesa porás o pão [15] da proposição perante a minha face
continuamente.

31 Tambem farás um castiçal d’oiro puro; [16] d’_oiro_ batido se fará
este castiçal: o seu pé, as suas canas, as suas copas, as suas maçãs, e
as suas flores serão do mesmo.

32 E dos seus lados sairão seis canas: tres canas do castiçal d’um lado
d’elle, e tres canas do castiçal do outro lado d’elle.

33 N’uma cana _haverá_ tres copos a modo d’amendoas, uma maçã e uma flor;
e tres copos a modo d’amendoas na outra cana, uma maçã e uma flor: assim
serão as seis canas que saem do castiçal.

34 Mas no castiçal mesmo _haverá_ quatro copos a modo d’amendoas, com
suas maçãs e com suas flores;

35 E uma maçã debaixo de duas canas que _saem_ d’elle; e ainda uma maçã
debaixo de duas _outras_ canas que _saem_ d’elle; e _ainda mais_ uma maçã
debaixo de duas _outras_ canas que saem d’elle; _assim se fará_ com as
seis canas que saem do castiçal.

36 As suas macãs as suas canas serão do mesmo: tudo _será_ d’uma só peça,
obra batida d’oiro puro.

37 Tambem lhe farás sete lampadas, as quaes [17] se accenderão para
alumiar defronte d’elle.

38 Os seus espevitadores e os seus apagadores _serão_ d’oiro puro.

39 D’um talento d’oiro puro os farás, [18] com todos estes vasos.

40 Attenta pois que o faças conforme ao seu modelo, que te foi mostrado
no monte.

[1] cap. 35.5, 21. I Chr. 29.3, 5, 9, 14. Esd. 2.68 e 3.5 e 7.16. Neh.
11.2. II Cor. 8.12 e 9.7.

[2] cap. 27.20 e 30.23, 34.

[3] cap. 28.4, 6, 15.

[4] cap. 36.1, 3. Lev. 4.6. Heb. 9.1, 2. cap. 29.45. I Reis 6.13. Heb.
3.6. Apo. 21.3.

[5] ver. 40.

[6] cap. 37.1. Deu. 10.3. Heb. 9.4.

[7] I Reis 8.8.

[8] cap. 16.34. Deu. 10.2. II Reis 11.12. Heb. 9.4.

[9] cap. 37.6. Rom. 3.25. Heb. 9.5.

[10] I Reis 8.7. I Chr. 28.18.

[11] cap. 26.34. ver. 16.

[12] cap. 29.42, 43 e 30.6. Lev. 16.2. Num. 7.89. I Sam. 4.4. II Sam.
6.2. Psa. 80.1.

[13] cap. 37.10. I Reis 7.48. II Chr. 4.8. Heb. 9.2.

[14] cap. 37.16. Num. 4.7.

[15] Lev. 24.5, 6.

[16] cap. 37.17. I Reis 7.49. Zac. 4.2. Heb. 9.2.

[17] cap. 27.21. Lev. 24.3. II Chr. 13.11. Num. 8.2.

[18] cap. 26.30. Num. 8.4. I Chr. 28.11, 19. Act. 7.44. Heb. 8.5.



_As cortinas do tabernaculo._

26 E o tabernaculo farás _de_ [1] dez cortinas _de_ linho fino torcido, e
azul, purpura, e carmezim: _com_ cherubins as farás d’obra [FE] esmerada.

2 O comprimento d’uma cortina _será_ de vinte e oito covados, e a largura
de uma cortina de quatro covados: todas estas cortinas serão d’uma medida.

3 Cinco cortinas se enlaçarão uma á outra: e as _outras_ cinco cortinas
se enlaçarão uma com a outra.

4 E farás laçadas d’azul na ponta d’uma cortina, na extremidade, na
juntura: assim tambem farás na ponta da extremidade da _outra_ cortina,
na segunda juntura.

5 Cincoenta laçadas farás n’uma cortina, e _outras_ cincoenta laçadas
farás na extremidade da cortina que _está_ na segunda juntura: as laçadas
estarão travadas uma com a outra.

6 Farás tambem cincoenta colchetes d’oiro, e ajuntarás com estes
colchetes as cortinas, uma com a outra, e será um tabernaculo.

7 Farás [2] tambem cortinas de _pellos_ de cabras por tenda sobre o
tabernaculo: d’onze cortinas as farás.

8 O comprimento d’uma cortina _será_ de trinta covados, e a largura da
mesma cortina de quatro covados: estas onze cortinas _serão_ d’uma medida.

9 E ajuntarás cinco d’estas cortinas por si, e as _outras_ seis cortinas
_tambem_ por si: e dobrarás a sesta cortina diante da tenda.

10 E farás cincoenta laçadas na borda d’uma cortina, na extremidade, na
juntura, e _outras_ cincoenta laçadas na borda da _outra_ cortina, na
segunda juntura.

11 Farás tambem cincoenta colchetes de cobre, e metterás os colchetes
nas laçadas, e _assim_ ajuntarás a tenda, para que seja uma.

12 E o resto que sobejar das cortinas da tenda, a metade da cortina que
sobejar, penderá de sobejo ás costas do tabernaculo.

13 E um covado d’uma banda, e outro covado da outra, que sobejará no
comprimento das cortinas da tenda, penderá de sobejo aos lados do
tabernaculo d’uma e d’outra banda, para cobril-o.

14 Farás [3] tambem á tenda uma coberta _de_ pelles de carneiro, tintas
de vermelho, e _outra_ coberta de pelles _de_ teixugo em cima.


_As taboas do tabernaculo._

15 Farás tambem as taboas para o tabernaculo de madeira _de_ sittim, que
estarão levantadas.

16 O comprimento d’uma taboa _será_ de dez covados, e a largura de cada
taboa _será_ d’um covado e meio.

17 Duas couceiras _terá_ cada taboa, travadas uma com a outra: assim
farás com todas as taboas do tabernaculo.

18 E farás as taboas para o tabernaculo _assim_: vinte taboas para a
banda do meio dia ao sul.

19 Farás tambem quarenta bases de prata debaixo das vinte taboas: duas
bases debaixo d’uma taboa para as suas duas couceiras, e duas bases
debaixo d’outra taboa para as suas duas couceiras.

20 Tambem _haverá_ vinte taboas ao outro lado do tabernaculo, para a
banda do norte,

21 Com as suas quarenta bases de prata: duas bases debaixo d’uma taboa, e
duas bases debaixo d’outra taboa,

22 E ao lado do tabernaculo para o occidente farás seis taboas.

23 Farás tambem duas taboas para os cantos do tabernaculo, d’ambos os
lados;

24 E por baixo se ajuntarão, e tambem em cima d’elle se ajuntarão n’uma
argola. Assim se fará com as duas _taboas_: ambas serão _por taboas_ para
os dois cantos.

25 Assim serão as oito taboas com as suas bases de prata, dezeseis bases:
duas bases debaixo d’uma taboa, e duas bases debaixo d’outra taboa.

26 Farás tambem cinco barras de madeira _de_ sittim, para as taboas d’um
lado do tabernaculo,

27 E cinco barras para as taboas do outro lado do tabernaculo; como
tambem cinco barras para as taboas do _outro_ lado do tabernaculo,
d’ambas as bandas para o occidente.

28 E a barra do meio _estará_ no meio das taboas, passando d’uma
extremidade até á outra.

29 E cobrirás d’oiro as taboas, e farás d’oiro as suas argolas, para
metter por ellas as barras: tambem as barras as cobrirás d’oiro.

30 Então levantarás o tabernaculo conforme [4] ao modelo que te foi
mostrado no monte.


_O véu do tabernaculo._

31 Depois farás um [5] véu de azul, e purpura, e carmezim, e de linho
fino torcido; com cherubins de obra prima se fará,

32 E o porás sobre quatro columnas _de madeira_ de sittim, cobertas de
oiro: seus colchetes _serão_ de oiro, sobre quatro bases de prata.

33 Pendurarás o véu debaixo dos colchetes, e metterás a arca [6] do
testemunho ali dentro do véu: e este véu vos fará separação [FF] entre o
sanctuario e o logar sanctissimo.

34 E porás a coberta do propiciatorio [7] sobre a arca do testemunho no
sanctissimo,

35 E a mesa porás [8] fóra do véu, e o castiçal defronte da mesa, ao lado
do tabernaculo, para o sul; mas a mesa porás á banda do norte.

36 Farás tambem para a porta da tenda [9] uma coberta de azul, e purpura,
e carmezim, e de linho fino torcido, de obra de bordador,

37 E farás para esta coberta [10] cinco columnas _de madeira_ de sittim,
e as cobrirás de oiro; seus colchetes _serão_ de oiro, e far-lhe-has de
fundição cinco bases de cobre.

[1] cap. 36.8.

[2] cap. 36.14.

[3] cap. 36.19.

[4] cap. 25.9. Act. 7.44. Heb. 8.5.

[5] cap. 36.35. Lev. 16.2. II Chr. 3.14. Mat. 27.51. Heb. 9.3.

[6] cap. 25.16. Lev. 16.2. Heb. 9.2, 3.

[7] cap. 25.21. Heb. 9.5.

[8] cap. 40.22. Heb. 9.2. cap. 40.24.

[9] cap. 36.37.

[10] cap. 36.38.



_O altar dos holocaustos._

27 Farás tambem o altar [1] _de madeira_ de sittim: cinco covados será o
comprimento, e cinco covados a largura (_será_ quadrado o altar), e tres
covados a sua altura.

2 E farás os seus cornos aos seus quatro cantos: os seus cornos serão do
mesmo, e o cobrirás [2] de cobre.

3 Far-_lhe_-has tambem as suas caldeirinhas, para recolher a sua cinza,
e as suas pás, e as suas bacias, e os seus garfos, e os seus brazeiros:
todos os seus vasos farás de cobre.

4 Far-lhe-has tambem um crivo de cobre era fórma de rede, e farás a esta
rede quatro argolas de metal aos seus quatro cantos,

5 E as porás dentro do cerco do altar para baixo, de maneira que a rede
chegue até ao meio do altar.

6 Farás tambem varaes para o altar, varaes de madeira _de_ sittim, e os
cobrirás de cobre.

7 E os varaes se metterão nas argolas, de maneira que os varaes estejam
de ambos os lados do altar, quando fôr levado.

8 Oco de taboas o farás; como _se_ te mostrou [3] no monte, assim o farão.


_O pateo do tabernaculo._

9 Farás tambem o [4] pateo do tabernaculo, ao lado do meio-dia para o
sul: o pateo _terá_ cortinas de linho fino torcido; o comprimento de cada
lado _será_ de cem covados.

10 Tambem as suas vinte columnas e as suas vinte bases _serão_ de cobre:
os colchetes das columnas e as suas faixas serão de prata.

11 Assim tambem ao lado do norte as cortinas na longura _serão_ de cem
covados de comprimento: e as suas vinte columnas e as suas vinte bases
_serão_ de cobre; os colchetes das columnas e as suas faixas serão de
prata.

12 E na largura do pateo ao lado do occidente _haverá_ cortinas de
cincoenta covados: as suas columnas dez, e as suas bases dez.

13 Similhantemente a largura do pateo ao lado oriental para o levante
_será_ de cincoenta covados.

14 De maneira que _haja_ quinze covados das cortinas de um lado: suas
columnas tres, e as suas bases tres.

15 E quinze _covados_ das cortinas ao outro lado: as suas columnas tres,
e as suas bases tres.

16 E á porta do pateo _haverá_ uma coberta de vinte covados, de azul, e
purpura, e carmezim, e de linho fino torcido, de obra de bordador: as
suas columnas quatro, e as suas bases quatro.

17 Todas as columnas do pateo ao redor _serão_ cingidas de faixas de
prata, mas as suas bases de cobre.

18 O comprimento do pateo _será_ de cem covados, e a largura de cada
banda de cincoenta, e a altura de cinco covados, de linho fino torcido:
mas as suas bases _serão_ de cobre.

19 No tocante a todos os vasos do tabernaculo em todo o seu serviço,
_até_ todos os seus pregos, e todos os pregos do pateo, _serão_ de cobre.


_O azeite puro._

20 Tu pois ordenarás [5] aos filhos de Israel que te tragam azeite puro
de oliveiras, batido para o candieiro; para fazer arder as lampadas
continuamente.

21 Na tenda da congregação [6] fóra do véu, que _está_ diante do
testemunho, Aarão e seus filhos as porão em ordem, desde a tarde até á
manhã, perante o Senhor: um estatuto perpetuo [7] _será este_ pelas suas
gerações, aos filhos de Israel.

[1] cap. 38.1. Exo. 43.13.

[2] Num. 16.38.

[3] cap. 25.40 e 26.30.

[4] cap. 38.9.

[5] Lev. 24.2.

[6] cap. 26.31, 33 e 30.8. I Sam. 3.3. II Chr. 13.11.

[7] cap. 28.43 e 29.9, 28. Lev. 3.17. Num. 18.23. I Sam. 30.25.



_Deus escolhe Aarão e seus filhos para sacerdotes._

28 Depois tu farás chegar a ti teu irmão Aarão, e seus filhos com elle,
do meio dos filhos de Israel, para me administrarem o officio sacerdotal:
a _saber_, [1] Aarão, Nadab e Abihu, Eleazar e Ithamar, os filhos de
Aarão.

2 E [2] farás vestidos sanctos a Aarão teu irmão, para gloria e ornamento.

3 Fallarás [3] tambem a todos os _que são_ sabios de coração, a quem eu
tenho enchido do espirito da sabedoria, que façam vestidos a Aarão para
sanctifical-o; para que me administre o officio sacerdotal.


_As vestes sacerdotaes._

4 Estes pois _são_ os vestidos que farão: [4] um peitoral, e um ephod, e
um manto, e uma tunica bordada, uma mitra, e um cinto: farão pois sanctos
vestidos a Aarão teu irmão, e a seus filhos, para me administrarem o
officio sacerdotal.

5 E tomarão o oiro, e o azul, e a purpura, e o carmezim, e o linho fino,

6 E farão [5] o ephod de oiro, e de azul, e de purpura, e de carmezim, e
de linho fino torcido, de obra esmerada.

7 Terá duas hombreiras, que se unam ás suas duas pontas, e _assim_ se
unirá.

8 E o cinto de obra esmerada do seu ephod, que _estará_ sobre elle,
será da sua mesma obra, do mesmo, de oiro, de azul, e de purpura, e de
carmezim, e de linho fino torcido.

9 E tomarás duas pedras sardonicas, e lavrarás n’ellas os nomes dos
filhos de Israel,

10 Seis dos seus nomes n’uma pedra, e os _outros_ seis nomes na outra
pedra, segundo as suas gerações;

11 Conforme á obra do lapidario, _como_ [FG] o lavor de sêllos lavrarás
estas duas pedras, com os nomes dos filhos de Israel: engastadas ao redor
em oiro as farás.

12 E porás as duas pedras nas hombreiras do ephod, _por_ pedras de
memoria para os filhos de Israel: [6] e Aarão levará os seus nomes sobre
ambos os seus hombros, para memoria diante do Senhor.

13 Farás tambem engastes de oiro,

14 E duas cadeiasinhas de oiro puro: de egual medida, de obra de fieira
as farás: e as cadeiasinhas de fieira porás nos engastes.

15 Farás tambem o peitoral [7] do juizo de obra esmerada, conforme á obra
do ephod o farás: de oiro, de azul, e de purpura, e de carmezim, e de
linho fino torcido o farás.

16 Quadrado _e_ dobrado, será de um palmo o seu comprimento, e de um
palmo a sua largura;

17 E o encherás de pedras de engaste, [8] com quatro ordens de pedras:
a ordem de uma sardia, de um topazio, e de um carbunculo: esta _será_ a
primeira ordem:

18 E a segunda ordem _será_ de uma esmeralda, de uma saphira, e de um
diamante:

19 E a terceira ordem _será_ de um jacinto, de uma agatha, e de uma
amethista:

20 E a quarta ordem _será_ de uma turqueza, e de uma sardonica, e de um
jaspe; engastadas em oiro _serão_ nos seus engastes.

21 E serão aquellas pedras segundo os nomes dos filhos de Israel, doze
segundo os seus nomes: serão esculpidas como sêllos, cada uma com o seu
nome, para as doze tribus.

22 Tambem farás ao peitoral cadeiasinhas de egual medida da obra de
trança de oiro puro.

23 Tambem farás ao peitoral dois anneis de oiro, e porás os dois anneis
nas extremidades do peitoral.

24 Então metterás as duas _cadeiasinhas_ de fieira d’oiro nos dois
anneis, nas extremidades do peitoral:

25 E as duas pontas das duas _cadeiasinhas_ de fieira metterás nos dois
engastes, e as porás nas hombreiras do ephod, defronte d’elle.

26 Farás tambem dois anneis d’oiro, e os porás nas duas extremidades do
peitoral, na sua borda que _estiver_ junto ao ephod por dentro.

27 Farás tambem dois anneis d’oiro, que porás nas duas hombreiras do
ephod, abaixo, defronte d’elle, defronte da sua juntura, sobre o cinto
d’obra esmerada do ephod.

28 E ligarão o peitoral com os seus anneis aos anneis do ephod por cima
com um cordão d’azul, para que esteja sobre o cinto d’obra esmerada do
ephod; e nunca se separará o peitoral do ephod.

29 Assim Aarão levará os nomes dos filhos d’Israel no peitoral do juizo
sobre o seu coração, quando entrar no sanctuario, para memoria [9] diante
do Senhor continuamente.


_Urim e Thummim._

30 Tambem porás no peitoral [10] do juizo [FH] Urim e Thummim, para que
estejam sobre o coração de Aarão, quando entrar diante do Senhor: assim
Aarão levará o juizo dos filhos de Israel sobre o seu coração diante do
Senhor continuamente.

31 Tambem farás [11] o manto do ephod, todo azul.

32 E o collar da cabeça estará no meio d’elle: este collar terá uma borda
d’obra tecida ao redor: como collar de saia de malha será n’elle, para
que se não rompa.

33 E nas suas bordas farás romãs d’azul, e de purpura, e de carmezim, ao
redor das suas bordas; e campainhas d’oiro no meio d’ellas ao redor.

34 Uma campainha d’oiro, e uma romã, _outra_ campainha d’oiro, e _outra_
romã, _haverá_ nas bordas do manto ao redor,

35 E estará sobre Aarão quando ministrar, para que se ouça o seu sonido,
quando entrar no sanctuario diante do Senhor, e quando sair, para que não
morra.


_A lamina de oiro puro._

36 Tambem farás [12] uma lamina d’oiro puro, e n’ella gravarás á maneira
de gravuras de sellos: [FI] Sanctidade ao Senhor.

37 E atal-a-has com um cordão d’azul, de maneira que esteja na mitra;
sobre a frente da mitra estará.

38 E estará sobre a testa de Aarão, para que Aarão [13] leve a iniquidade
das coisas sanctas, que os filhos d’Israel sanctificarem em todas as
offertas de suas coisas sanctas; e estará continuamente na sua testa,
[14] para que tenham acceitação perante o Senhor.

39 Tambem farás tunica de linho fino: tambem farás uma mitra de linho
fino: mas o cinto farás d’obra de bordador.

40 Tambem farás tunicas aos filhos [15] de Aarão, e far-lhes-has cintos:
tambem lhes farás tiaras, para gloria e ornamento.

41 E vestirás com elles a Aarão teu irmão, e tambem seus filhos: e os
ungirás e consagrarás, [16] e os sanctificarás, para que me administrem o
sacerdocio.

42 Faze-lhes [17] tambem calções de linho, para cobrirem a carne nua:
serão dos lombos até ás pernas.

43 E estarão sobre Aarão e sobre seus filhos, quando entrarem na tenda da
congregação, ou quando chegarem ao altar para ministrar no sanctuario,
para que não levem iniquidade, e morram; [18] _isto será_ estatuto
perpetuo para elle e para a sua semente depois d’elle.

[1] Num. 18.7. Heb. 5.1, 4.

[2] cap. 29.5, 29 e 31.10. Lev. 8.7, 30. Num. 20.26.

[3] cap. 31.6 e 36.1 e 31.3 e 35.30, 31.

[4] ver. 6, 15, 31, 39.

[5] cap. 39.2.

[6] ver. 29. cap. 39.7. Jos. 4.7.

[7] cap. 39.8.

[8] cap. 39.10, etc.

[9] ver. 12.

[10] Lev. 8.8. Num. 27.21. Deu. 33.8. I Sam. 28.6. Esd. 2.63. Neh. 7.65.

[11] cap. 39.22.

[12] cap. 39.30. Zac. 14.20.

[13] ver. 43. Lev. 10.17. Num. 18.1. Isa. 53.11. Eze. 4.4, 5. João 1.29.
Heb. 9.28. I Ped. 2.24.

[14] Lev. 1.4 e 22.27 e 23.11. Isa. 56.7.

[15] ver. 4. cap. 39.27, 28, 29, 41. Eze. 44.17, 18.

[16] cap. 29.7 e 30.30. cap. 29.9, etc. Lev. 8.

[17] cap. 39.28. Lev. 6.10 e 16.4. Eze. 44.18.

[18] Lev. 5.1, 17 e 20.19, 20 e 22.9. Num. 9.13 e 18.22. cap. 27.21.



_O sacrificio e as ceremonias da consagração._

29 Isto _é_ o que lhes has de fazer, para os sanctificar, para que me
administrem o sacerdocio: Toma um [1] novilho, e dois carneiros sem
macula,

2 E pão asmo, [2] e bolos asmos, amassados com azeite, e coscorões asmos,
untados com azeite: com flor de farinha de trigo os farás,

3 E os porás n’um cesto, e os trarás no cesto, com o novilho e os dois
carneiros.

4 Então farás chegar a Aarão e a seus filhos á porta da tenda da
congregação, e os lavarás [3] com agua;

5 Depois tomarás [4] os vestidos, e vestirás a Aarão da tunica e do manto
do ephod, e do ephod _mesmo_, e do peitoral: e o cingirás com o cinto de
obra de artifice do ephod.

6 E a [5] mitra porás sobre a sua cabeça: a corôa da sanctidade porás
sobre a mitra;

7 E tomarás o azeite da [6] uncção, e o derramarás sobre a sua cabeça:
assim o ungirás.

8 Depois farás [7] chegar seus filhos, e lhes farás vestir tunicas,

9 E os cingirás com o cinto, a Aarão e a seus filhos, e lhes atarás
as tiaras, para que tenham [8] o sacerdocio por estatuto perpetuo, e
sagrarás a Aarão e a seus filhos;

10 E farás chegar o novilho diante da tenda da congregação, [9] e Aarão e
seus filhos porão as suas mãos sobre a cabeça do novilho;

11 E degolarás o novilho perante o Senhor, _á_ porta da tenda da
congregação.

12 Depois tomarás do sangue [10] do novilho, e o porás com o teu dedo
sobre os cornos do altar, e todo o _de mais_ sangue derramarás á base do
altar.

13 Tambem tomarás toda [11] a gordura que cobre as entranhas, e o redenho
de sobre o figado, e ambos os rins, e a gordura que houver n’elles, e
queimal-os-has sobre o altar;

14 Mas a carne [12] do novilho, e a sua pelle, e o seu esterco queimarás
com fogo fóra do arraial: sacrificio por peccado _é_.

15 Depois tomarás [13] um carneiro, e Aarão e seus filhos porão as suas
mãos sobre a cabeça do carneiro,

16 E degolarás o carneiro, e tomarás o seu sangue, e o espalharás sobre o
altar ao redor;

17 E partirás o carneiro por suas partes, e lavarás as suas entranhas e
as suas pernas, e _as_ porás sobre as suas partes e sobre a sua cabeça,

18 Assim queimarás todo o carneiro sobre o altar: _é_ um holocausto para
o Senhor, cheiro suave; [14] uma offerta queimada ao Senhor.

19 Depois tomarás o outro [15] carneiro, e Aarão e seus filhos porão as
suas mãos sobre a cabeça do carneiro;

20 E degolarás o carneiro, e tomarás do seu sangue, e o porás sobre a
ponta da orelha direita de Aarão, e sobre a ponta das orelhas direitas de
seus filhos, como tambem sobre o dedo pollegar das suas mãos direitas,
e sobre o dedo pollegar dos seus pés direitos: e o _resto do_ sangue
espalharás sobre o altar ao redor:

21 Então tomarás do sangue, que _estará_ sobre o altar, e do azeite [16]
da uncção, e o espargirás sobre Aarão e sobre os seus vestidos, e sobre
seus filhos, e sobre os vestidos de seus filhos com elle; para que elle
seja sanctificado, e os seus vestidos, tambem seus filhos, e os vestidos
de seus filhos com elle.

22 Depois tomarás do carneiro a gordura, e a cauda, e a gordura que
cobre as entranhas, e o redenho do figado, e ambos os rins com a gordura
que _houver_ n’elles, e o hombro direito, porque _é_ carneiro das
consagrações;

23 E uma fogaça [17] de pão, e um bolo de pão azeitado, e um coscorão do
cesto dos pães asmos que _estiverem_ diante do Senhor,

24 E tudo porás nas mãos de Aarão, e nas mãos de seus filhos: e com
movimento o moverás [18] perante o Senhor.

25 Depois o [19] tomarás das suas mãos, e o queimarás no altar sobre o
holocausto por cheiro suave perante o Senhor; offerta queimada ao Senhor
_é_.

26 E tomarás [20] o peito do carneiro das consagrações, que é de Aarão, e
com movimento o moverás perante o Senhor: e _isto_ será [21] a tua porção.

27 E sanctificarás o peito do movimento e o hombro da offerta alçada, que
foi [22] movido e alçado do carneiro das consagrações, que fôr d’Aarão e
de seus filhos,

28 E será para Aarão e para seus filhos por estatuto [23] perpetuo dos
filhos d’Israel, porque é offerta alçada: e a offerta alçada será dos
filhos d’Israel dos seus sacrificios pacificos; a sua offerta alçada
_será_ para o Senhor.

29 E os vestidos sanctos, que _são_ d’Aarão, serão de [24] seus filhos
depois d’elle, para serem ungidos n’elles e para sagral-os n’elles.

30 Sete dias os vestirá aquelle que de seus filhos [25] fôr sacerdote
em seu logar, quando entrar na tenda da congregação para ministrar no
sanctuario.

31 E tomarás o carneiro das consagrações, e cozerás [26] a sua carne no
logar sancto;

32 E Aarão e seus filhos comerão a carne d’este carneiro, e o pão [27]
que _está_ no cesto á porta da tenda da congregação,

33 E comerão as coisas com que fôr feita [FJ] expiação, para [28]
consagral-os, e para sanctifical-os: mas um estranho _as_ não [29]
comerá, porque sanctas _são_.

34 E se sobejar _alguma coisa_ da carne das consagrações ou do pão até
á manhã, o que sobejar queimarás [30] com fogo: não se comerá, porque
sancto é.

35 Assim pois farás a Aarão e a seus filhos, conforme a tudo o que eu te
tenho ordenado: [31] por sete dias os sagrarás.

36 Tambem cada [32] dia prepararás um novilho _por_ sacrificio pelo
peccado para as expiações, e expiarás o altar, fazendo expiação sobre
elle; e o ungirás para sanctifical-o.

37 Sete dias farás expiação pelo altar, e o sanctificarás: [33] e o altar
será sanctissimo; tudo o que tocar o altar será sancto.

38 Isto pois _é_ o que offerecereis sobre o altar: dois [34] cordeiros
d’um anno cada dia continuamente.

39 Um cordeiro [35] offerecerás pela manhã, e o outro cordeiro
offerecerás de tarde.

40 Com um cordeiro a decima parte de flor de farinha, misturada com a
quarta parte d’um hin d’azeite moido, e para libação a quarta parte d’um
hin de vinho,

41 E o outro cordeiro offerecerás _á_ tarde, e [36] com elle farás como
com a offerta da manhã, e conforme á sua libação, por cheiro suave;
offerta queimada é ao Senhor.

42 _Este será_ o holocausto [37] continuo por vossas gerações, á porta da
tenda da congregação, perante o Senhor, onde vos encontrarei, [38] para
fallar comtigo ali.

43 E ali virei aos filhos d’Israel, [FK] para que por minha gloria [39]
sejam sanctificados,

44 E sanctificarei a tenda da congregação e o altar; tambem sanctificarei
a [40] Aarão e seus filhos, para que me administrem o sacerdocio.

45 E habitarei [41] no meio dos filhos d’Israel, e lhes serei por Deus,

46 E saberão que eu _sou_ [42] o Senhor seu Deus, que os tenho tirado da
terra do Egypto, para habitar no meio d’elles: Eu _sou_ o Senhor seu Deus.

[1] Lev. 8.2.

[2] Lev. 2.4 e 6.20, 21, 22.

[3] cap. 40.12. Lev. 8.6. Heb. 10.22.

[4] cap. 28.2. Lev. 8.7. cap. 28.8.

[5] Lev. 8.9.

[6] cap. 28.41. Num. 35.25.

[7] Lev. 8.13.

[8] Num. 18.7. cap. 28.41. Lev. 8.22, etc. Heb. 7.28.

[9] Lev. 1.4 e 8.14.

[10] Lev. 8.15. cap. 27.2 e 30.2.

[11] Lev. 3.3.

[12] Lev. 4.11, 12, 21. Heb. 13.11.

[13] Lev. 8.18 e 1.4-9.

[14] Gen. 8.21.

[15] ver. 3. Lev. 8.22.

[16] cap. 30.25, 31. Lev. 8.30. ver. 1. Heb. 9.22.

[17] Lev. 8.26.

[18] Lev. 7.30.

[19] Lev. 8.28.

[20] Lev. 8.29.

[21] Psa. 99.6.

[22] Lev. 7.31, 34. Num. 18.11, 18. Deu. 18.3.

[23] Lev. 10.15 e 7.34.

[24] Num. 20.26 e 18.8.

[25] Num. 20.28. Lev. 8.35 e 9.1, 8.

[26] Lev. 8.31.

[27] Mat. 12.4.

[28] Lev. 10.14, 15, 17.

[29] Lev. 22.10.

[30] Lev. 8.32.

[31] Exo. 40.12. Lev. 8.33, 34, 35.

[32] Heb. 10.11. cap. 30.26.

[33] cap. 44.10 e 30.29. Mat. 23.19.

[34] Num. 28.3. I Chr. 16.40. II Chr. 2.4. Esd. 3.3. Dan. 9.27 e 12.11.

[35] II Reis 16.15. Eze. 46.13.

[36] I Reis 18.26, 36. II Reis 16.15. Esd. 9.4, 5. Dan. 9.21.

[37] ver. 38. Num. 28.6. Dan. 8.11, 12, 13.

[38] cap. 25.22 e 30.6, 36. Num. 17.4.

[39] cap. 40.34. I Reis 8.11. II Chr. 5.14. Eze. 43.5. Mal. 3.1.

[40] Lev. 21.15.

[41] Exo. 25.8. Lev. 26.12. Zac. 2.10. João 14.17, 23. II Cor. 6.16. Apo.
21.3.

[42] cap. 20.2.



_O altar do incenso._

30 E farás [1] um altar para queimar o incenso: de madeira de sittim o
farás.

2 O seu comprimento _será_ d’um covado, e a sua largura d’um covado; será
quadrado, e dois covados a sua altura: d’elle mesmo serão os seus cornos.

3 E com oiro puro o forrarás, o seu tecto, e as suas paredes ao redor, e
os seus cornos; e lhe farás uma corôa d’oiro ao redor.

4 Tambem lhe farás duas argolas d’oiro debaixo da sua corôa; aos dois
lados as farás, d’ambas as bandas: e serão para logares dos varaes, com
que será levado.

5 E os varaes farás de madeira _de_ sittim, e os forrarás com oiro.

6 E o porás diante do véu que _está_ diante da arca do testemunho, diante
[2] do propiciatorio, que _está_ sobre o testemunho, onde me ajuntarei
comtigo.

7 E Aarão sobre elle queimará o incenso das especiarias; [3] cada manhã,
quando põe em ordem as lampadas, o queimara.

8 E, accendendo Aarão as lampadas á tarde, o queimará: _este será_
incenso continuo perante o Senhor pelas vossas gerações.

9 Não offerecereis sobre elle incenso estranho, [4] nem holocausto, nem
offerta: nem tão pouco derramareis sobre elle libações.

10 E uma vez no anno Aarão [5] fará expiação sobre os seus cornos com o
sangue do sacrificio das expiações: uma vez no anno fará expiação sobre
elle pelas vossas gerações: sanctissimo _é_ ao Senhor.

11 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:


_O resgate da alma._

12 Quando tomares a somma [6] dos filhos d’Israel, conforme á sua
conta, cada um _d’elles_ dará ao Senhor o resgate da sua alma, quando
os contares; para que não haja entre elles praga [7] alguma, quando os
contares.

13 Isto dará todo aquelle que passar ao arrolamento: [8] a metade d’um
siclo, segundo o siclo do sanctuario (este siclo é de vinte obolos): a
metade d’um siclo _é_ a offerta ao Senhor.

14 Qualquer que passar o arrolamento de vinte annos e acima, dará a
offerta alçada ao Senhor.

15 O rico [9] não augmentará, e o pobre não deminuirá da metade do siclo,
quando derem a offerta alçada ao Senhor, para fazer expiação por vossas
almas.

16 E tomarás o dinheiro das expiações dos filhos d’Israel, e o darás ao
[10] serviço da tenda da congregação; e será para memoria aos filhos
d’Israel diante do Senhor, para fazer expiação por vossas almas.


_A pia de cobre._

17 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

18 Farás tambem uma pia [11] de cobre com a sua base de cobre, para
lavar: e as porás entre a tenda da congregação e o altar; e deitarás agua
n’ella.

19 E Aarão e seus filhos n’ella lavarão [12] as suas mãos e os seus pés.

20 Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-hão com agua, para
que não morram, ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para
accender a offerta queimada ao Senhor.

21 Lavarão pois as suas mãos e os seus pés, para que não morram: e _isto_
lhes será por estatuto perpetuo [13] a elle e á sua semente nas suas
gerações.


_O azeite da sancta uncção._

22 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

23 Tu pois toma para ti das principaes especiarias, [14] da mais pura
myrrha quinhentos _siclos_, e de canella aromatica a metade, _a saber_,
duzentos e cincoenta _siclos_, e de calamo aromatico duzentos e cincoenta
_siclos_,

24 E de cassia [15] quinhentos _siclos_, segundo o siclo do sanctuario, e
d’azeite de oliveiras um hin.

25 E d’isto farás o azeite [16] da sancta uncção, o perfume composto
segundo a obra do perfumista: _este_ será o azeite da sancta uncção.

26 E com elle ungirás [17] a tenda da congregação, e a arca do testemunho,

27 E a mesa com todos os seus vasos, e o castiçal com os seus vasos, e o
altar do incenso,

28 E o altar do holocausto com todos os seus vasos, e a pia com a sua
base.

29 Assim sanctificarás estas coisas, para que sejam sanctissimas: [18]
tudo o que tocar n’ellas será sancto.

30 Tambem ungirás [19] a Aarão e seus filhos, e os sanctificarás para me
administrarem o sacerdocio.

31 E fallarás aos filhos d’Israel, dizendo: Este me será o azeite da
sancta uncção nas vossas gerações.

32 Não se ungirá com elle a carne do homem, nem fareis _outro_ similhante
conforme á sua composição: sancto _é_, e será [20] sancto para vós.

33 O [21] homem que compozer tal _perfume_ como este, ou que d’elle pozer
sobre um estranho, será extirpado dos seus povos.


_O incenso sancto._

34 Disse mais o Senhor a Moysés: Toma-te especiarias [22] aromaticas,
estoraque, e onicha, e galbano; _estas_ especiarias _aromaticas_ e o
incenso puro de egual _peso_;

35 E d’isto farás incenso, um perfume segundo a arte [23] do perfumista,
temperado, puro _e_ sancto;

36 E d’elle moendo o pizarás, e d’elle porás diante do testemunho, na
[24] tenda da congregação, onde eu virei a ti: coisa sanctissima vos será.

37 Porém o incenso que farás conforme á composição d’este, [25] não o
fareis para vós mesmos: sancto será para o Senhor.

38 O homem que fizer tal [26] como este para cheirar, será extirpado do
seu povo.

[1] cap. 37.25. ver. 7, 8, 10. Lev. 4.7. Apo. 8.3.

[2] cap. 25.21, 22.

[3] ver. 34. I Sam. 2.28. I Chr. 23.13. Luc. 1.9. cap. 27.21.

[4] Lev. 10.1.

[5] Lev. 16.18 e 23.27.

[6] cap. 38.25. Num. 1.2. II Sam. 24.2. Num. 31.50. Job 33.24. Psa. 49.7.
Mat. 20.28. Mar. 10.45. I Tim. 2.6. I Ped. 1.18.

[7] II Sam. 24.15.

[8] Mat. 17.24. Lev. 27.25. Num. 3.47. Eze. 45.12.

[9] Job 34.19. Pro. 22.2. Eph. 6.9. Col. 3.25.

[10] cap. 38.25. Num. 16.40.

[11] cap. 38.8. I Reis 7.38. cap. 40.7, 30.

[12] cap. 40.31. Psa. 26.6. Isa. 52.11. João 13.10. Heb. 10.22.

[13] cap. 28.43.

[14] Can. 4.14. Eze. 27.22. Pro. 7.17. Jer. 6.20.

[15] Psa. 45.8. cap. 29.40.

[16] cap. 37.29. Num. 35.25. Psa. 89.20 e 133.2.

[17] cap. 40.9. Lev. 8.10. Num. 7.1.

[18] cap. 29.37.

[19] cap. 29.7, etc. Lev. 8.12, 30.

[20] ver. 25, 37.

[21] Gen. 17.14. cap. 12.15. Lev. 7.20.

[22] cap. 25.6 e 37.29.

[23] ver. 25.

[24] cap. 29.42. Lev. 16.2. cap. 29.37. Lev. 2.3.

[25] ver. 32.

[26] ver. 33.



_Os artifices da obra do tabernaculo._

31 Depois fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Eis que eu tenho chamado [1] por nome a Bezaleel, o filho de Uri, filho
d’Ur, da tribu de Judah,

3 E o enchi do espirito [2] de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e
de sciencia, em todo o artificio,

4 Para inventar invenções, e obrar em oiro, em prata, e em cobre,

5 E em lavramento de pedras para engastar, e em artificio de madeira,
para obrar em todo o lavor.

6 E eis que eu tenho posto com elle a [3] Aholiab, o filho de Ahisamach,
da tribu de Dan, e tenho dado sabedoria ao coração de todo aquelle que
_é_ sabio _de_ coração, para que façam tudo o que te tenho ordenado;

7 _A saber_, a tenda da [4] congregação, e a arca do testemunho, e o [5]
propiciatorio que _estará_ sobre ella, e todos os vasos da tenda;

8 E a mesa [6] com os seus vasos, e o castiçal puro com todos os seus
vasos, e o altar do incenso;

9 E o altar do holocausto [7] com todos os seus vasos, e a pia com a sua
base;

10 E os vestidos [8] do ministerio, e os vestidos sanctos de Aarão o
sacerdote, e os vestidos de seus filhos, para administrarem o sacerdocio;

11 E o azeite da uncção, [9] e o incenso aromatico para o sanctuario:
farão conforme a tudo que te tenho mandado.


_O sabbado sancto e as duas taboas do testemunho._

12 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

13 Tu pois falla aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis
[10] meus sabbados: porquanto isso _é_ um signal entre mim e vós nas
vossas gerações; para que saibaes que eu _sou_ o Senhor, que vos
sanctifica.

14 Portanto guardareis [11] o sabbado, porque sancto _é_ para vós:
aquelle que o profanar certamente morrerá; porque [12] qualquer que
n’elle fizer _alguma_ obra, aquella alma será extirpada do meio do seu
povo.

15 Seis dias se fará [13] obra, porém o setimo dia _é_ o sabbado do
descanço, sancto ao Senhor; qualquer que no dia do sabbado fizer obra,
certamente morrerá.

16 Guardarão pois o sabbado os filhos de Israel, celebrando o sabbado nas
suas gerações _por_ concerto perpetuo.

17 Entre mim e os filhos de Israel _será_ um signal [14] para sempre:
porque _em_ seis dias fez o Senhor [15] os céus e a terra, e ao setimo
dia descançou, e restaurou-se.

18 E deu a Moysés (quando acabou de fallar com elle no monte de Sinai) as
duas taboas [16] do testemunho, taboas de pedra, escriptas pelo dedo de
Deus.

[1] cap. 35.30 e 36.1. I Chr. 2.20.

[2] cap. 35.31. I Reis 7.14.

[3] cap. 35.34 e 28.3 e 35.10, 25 e 36.1.

[4] cap. 36.8 e 37.1.

[5] cap. 37.6.

[6] cap. 37.10, 17.

[7] cap. 38.1, 8.

[8] cap. 39.1, 41. Num. 4.5, 6, etc.

[9] cap. 30.25, 31 e 37.29. cap. 30.34.

[10] Lev. 19.3, 30 e 26.2. Eze. 20.12, 20 e 44.24.

[11] cap. 20.8. Deu. 5.12. Eze. 20.12.

[12] cap. 35.2. Num. 15.35.

[13] cap. 20.9. Gen. 2.2. cap. 16.23 e 20.10.

[14] Eze. 20.12, 20.

[15] Gen. 1.31 e 2.2.

[16] cap. 24.12 e 32.15, 16. Deu. 4.13 e 5.22. II Cor. 3.3.



_O bezerro de oiro._

32 Mas vendo o povo que Moysés [1] tardava em descer do monte, ajuntou-se
o povo a Aarão, e disseram-lhe; Levanta-te, [2] faze-nos [FL] deuses, que
vão adiante de nós: porque emquanto a este Moysés, _a_ este homem que
nos tirou da terra do Egypto, não sabemos o que lhe succedeu.

2 E Aarão lhes disse: Arrancae os pendentes de oiro, [3] que _estão_ nas
orelhas de vossas mulheres, e de vossos filhos, e de vossas filhas, e
trazeim’os.

3 Então todo o povo arrancou [4] os pendentes de oiro, que _estavam_ nas
suas orelhas, e os trouxeram a Aarão,

4 E elle _os_ tomou das suas mãos, e formou o _oiro_ com um buril, e fez
d’elle um bezerro de fundição. Então disseram: [FM] Estes _são_ teus
deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egypto.

5 E Aarão, vendo isto, edificou um altar diante d’elle: e Aarão apregoou,
e disse: [5] Ámanhã _será_ festa ao Senhor.

6 E no dia seguinte madrugaram, e offereceram holocaustos, e trouxeram
offertas pacificas; e o povo [6] assentou-se a comer e a beber; depois
levantaram-se a folgar.

7 Então disse [7] o Senhor a Moysés: Vae, desce; porque o teu povo, que
fizeste subir do Egypto, se tem [8] corrompido,

8 E depressa se tem desviado do caminho que eu lhes tinha [9] ordenado:
fizeram para si um bezerro de fundição, e perante elle se inclinaram, e
sacrificaram-lhe, e disseram: Estes _são_ os teus deuses, [10] ó Israel,
que te tiraram da terra do Egypto.

9 Disse mais o Senhor a Moysés: Tenho visto [11] a este povo, e eis que
_é_ povo [FN] obstinado.

10 Agora pois deixa-me [12] que o meu furor se accenda contra elles, e os
consuma: e eu te farei uma grande nação.

11 Porém Moysés supplicou ao Senhor seu Deus, e disse: O Senhor, porque
se accende o teu [13] furor contra o teu povo, que tu tiraste da terra do
Egypto com grande força e com forte mão?

12 Porque hão de fallar [14] os egypcios, dizendo: Para mal os tirou,
para matal-os nos montes, e para destruil-os da face da terra? Torna-te
da ira do teu furor, e arrepende-te [15] _d’este_ mal contra o teu povo.

13 Lembra-te de Abrahão, de Isaac, e de Israel, os teus servos, aos quaes
por ti mesmo tens jurado, [16] e lhes disseste: Multiplicarei a vossa
semente como as estrellas dos céus, e darei á vossa semente toda esta
terra, de que tenho dito, para que a possuam por herança eternamente.

14 Então o Senhor [17] arrependeu-se do mal que dissera, que havia de
fazer ao seu povo.

15 E tornou-se Moysés, [18] e desceu do monte com as duas taboas do
testemunho na sua mão, taboas escriptas de ambas as bandas; de uma e de
outra banda escriptas _estavam_,

16 E aquellas taboas [19] _eram_ obra de Deus; tambem a escriptura _era_
a mesma escriptura de Deus, esculpida nas taboas.

17 E, ouvindo Josué a voz do povo que jubilava, disse a Moysés: Alarido
de guerra _ha_ no arraial.

18 Porém elle disse: Não _é_ alarido dos victoriosos, nem alarido dos
vencidos, mas o alarido dos que cantam eu ouço.


_Moysés quebra as taboas do testemunho._

19 E aconteceu que, chegando elle ao arraial, e vendo [20] o bezerro e as
danças, accendeu-se o furor de Moysés, e arremessou as taboas das suas
mãos, e quebrou-as ao pé do monte;

20 E tomou [21] o bezerro que tinham feito, e queimou-o no fogo, moendo-o
até que se tornou em pó; e o espargiu sobre as aguas, e deu-o a beber aos
filhos de Israel.

21 E Moysés disse a Aarão: Que te tem feito este povo, [22] que sobre
elle trouxeste tamanho peccado?

22 Então disse Aarão: Não se accenda a ira do meu senhor: tu sabes [23]
que este povo é _inclinado_ ao mal;

23 E elles me disseram: [24] Faze-nos deuses que vão adiante de nós;
porque não sabemos que succedeu a este Moysés, a este homem que nos tirou
da terra do Egypto.

24 Então eu lhes disse: Quem tem oiro, arranque-o: e deram-m’o, e
lancei-o no fogo, [25] e saiu este bezerro.


_Moysés manda matar os idolatras._

25 E vendo Moysés que o povo estava despido, porque Aarão o havia despido
para vergonha [26] entre os seus inimigos,

26 Poz-se em pé Moysés na porta do arraial, e disse: Quem é do Senhor,
_venha_ a mim. Então se ajuntaram a elle todos os filhos de Levi.

27 E disse-lhes: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Cada um ponha a
sua espada sobre a sua coxa: e passae e tornae pelo arraial de porta em
porta, e mate [27] cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um
a seu proximo.

28 E os filhos de Levi fizeram conforme á palavra de Moysés: e cairam do
povo aquelle dia uns tres mil homens.

29 Porquanto Moysés tinha [28] dito: Consagrae hoje as vossas mãos ao
Senhor; porquanto cada um será contra o seu filho, e contra o seu irmão:
e isto para elle vos dar hoje benção.


_Moysés intercede pelo povo._

30 E aconteceu que no dia seguinte Moysés disse ao povo: Vós peccastes
[29] grande peccado: agora porém subirei ao Senhor; porventura farei
propiciação por vosso peccado.

31 Assim tornou-se Moysés [30] ao Senhor, e disse: Ora, este povo peccou
peccado grande, [31] fazendo para si deuses d’oiro.

32 Agora pois perdoa o seu peccado, senão risca-me, peço-te, [32] do teu
Livro, que tens escripto.

33 Então disse o Senhor a Moysés: Aquelle que peccar contra mim, a este
riscarei eu do meu [33] livro.

34 Vae pois agora, conduze este povo para onde te tenho dito: eis que
o meu [34] anjo irá adiante de ti; porém no dia da minha visitação
visitarei n’elles o seu peccado.

35 Assim feriu o Senhor o povo, porquanto fizeram [35] o bezerro que
Aarão tinha feito.

[1] cap. 24.18. Deu. 9.9.

[2] Act. 7.40. cap. 13.21.

[3] Jui. 8.24, 25, 26, 27.

[4] Deu. 9.16. Jui. 17.3. I Reis 12.23. Neh. 9.18. Isa. 46.6. Act. 7.41.
Rom. 1.23.

[5] Lev. 23.2, 4, 21, 37. II Reis 10.20. II Chr. 30.5.

[6] I Cor. 16.7.

[7] cap. 33.1. Deu. 9.12. Dan. 9.24.

[8] Gen. 6.11. Deu. 4.16. Jui. 2.19. Ose. 9.9.

[9] cap. 20.3. Deu. 9.16.

[10] I Reis 12.28.

[11] cap. 33.3. Deu. 9.6. II Chr. 30.8. Isa. 48.4. Act. 7.51.

[12] Deu. 9.14. cap. 22.24. Num. 14.12.

[13] Deu. 9.18. Psa. 74.1, 2.

[14] Num. 14.13. Deu. 9.28 e 32.27.

[15] ver. 14.

[16] Gen. 22.16. Heb. 6.13.

[17] Deu. 32.26. II Sam. 24.16. I Chr. 21.15. Psa. 106.45. Jer. 18.8.
Joel 2.13. Jon. 4.2.

[18] Deu. 9.15.

[19] cap. 31.18.

[20] Deu. 9.16, 17.

[21] Deu. 9.21.

[22] Gen. 20.9 e 26.10.

[23] cap. 14.11 e 15.24 e 16.2, 20, 28 e 17.2, 4.

[24] ver. 1.

[25] ver. 4.

[26] cap. 33.4, 5. II Chr. 28.19.

[27] Num. 25.5. Deu. 33.9.

[28] Num. 25.11, 12, 13. Deu. 13.6, 11. I Sam. 15.18, 22. Zac. 13.3. Mat.
10.37.

[29] I Sam. 12.20. Luc. 15.18. Amós 5.15. Num. 25.13.

[30] Deu. 9.18.

[31] cap. 20.23.

[32] Rom. 9.3. Dan. 12.1. Phi. 4.3. Apo. 3.5.

[33] Lev. 23.30. Eze. 18.4.

[34] cap. 33.2, 14, etc. Num. 20.16. Deu. 32.35. Rom. 2.5, 6.

[35] II Sam. 12.9. Act. 7.41.



_Deus não irá no meio do povo mas enviará um anjo._

33 Disse mais o Senhor a Moysés: Vae, sobe d’aqui, tu [1] e o povo que
fizeste subir da terra do Egypto, á terra que jurei a Abrahão, a Isaac, e
a Jacob, dizendo: Á tua semente [2] a darei.

2 E enviarei um anjo [3] diante de ti, e lançarei fóra os cananeos, e os
amorrheos, e os hetheos, e os phereseos, e os heveos, e os jebuseos,

3 A uma terra [4] que mana leite e mel: porque eu não subirei no meio
de ti, porquanto _és_ povo obstinado, para [5] que te não consuma eu no
caminho.

4 E, ouvindo o povo esta má palavra, entristeceram-se, [6] e nenhum
d’elles poz sobre si os seus atavios.

5 Porquanto o Senhor tinha dito a Moysés: Dize aos filhos de Israel: [7]
Povo obstinado _és_; se um momento subir no meio de ti, te consumirei:
porém agora tira de ti os teus atavios, para que eu saiba o que te hei de
fazer.

6 Então os filhos d’Israel se despojaram dos seus atavios, ao pé do monte
de Horeb.

7 E tomou Moysés a tenda, e _a_ estendeu para si fóra do arraial,
desviada longe do arraial, e chamou-a [8] a tenda da congregação:
e aconteceu que todo aquelle que buscava o Senhor saiu á tenda da
congregação, que estava fóra do arraial.

8 E aconteceu que, saindo Moysés á tenda, todo o povo se levantava, e
cada um ficou em pé á porta da sua tenda: [9] e olhavam para Moysés pelas
costas, até elle entrar na tenda.

9 E aconteceu que, entrando Moysés na tenda, descia a columna de nuvem, e
punha-se á porta da tenda: e o Senhor fallava [10] com Moysés.

10 E, vendo todo o povo a columna de nuvem que estava á porta da tenda,
todo o povo se levantou e inclinaram-se [11] cada um á porta da sua tenda.

11 E fallava o Senhor a Moysés cara a cara, como qualquer falla com o seu
amigo: depois tornou-se ao arraial; mas o seu servidor [12] Josué, filho
de Nun, mancebo, nunca se apartava do meio da tenda.


_Moysés roga a Deus a Sua presença._

12 E Moysés disse ao Senhor: Eis que tu me dizes: [13] Faze subir a
este povo, porém não me fazes saber a quem has de enviar commigo: e tu
disseste: Conheço-te [14] por _teu_ nome, tambem achaste graça aos meus
olhos.

13 Agora pois, se tenho achado graça [15] aos teus olhos, rogo-te que
agora me faças saber o teu caminho, e conhecer-te-hei, para que ache
graça aos teus olhos: [16] e attenta que esta nação _é_ o teu povo.

14 Disse pois: Irá [17] a minha face _comtigo_ para te fazer descançar.

15 Então disse-lhe: Se a tua [18] face não fôr _comnosco_, não nos faças
subir d’aqui.

16 Como pois se saberá agora que tenho achado graça aos teus olhos, eu
e o teu povo? _acaso_ não _é_ n’isso que andas [19] tu comnosco? assim
separados seremos, eu e o teu povo, de todo o povo que _ha_ sobre a face
da terra.

17 Então disse o Senhor a Moysés: Farei tambem isto, que tens [20] dito;
porquanto achaste graça aos meus olhos; e te conheço por nome.


_Moysés roga a Deus lhe mostre a sua gloria._

18 Então elle disse: Rogo-te que me mostres [21] a tua gloria.

19 Porém elle disse: Eu [22] farei passar toda a minha bondade por diante
de ti, e apregoarei o nome do Senhor diante de ti; e terei misericordia
de quem tiver misericordia, e me compadecerei de [23] quem me compadecer.

20 E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum
verá [24] a minha face, e viverá.

21 Disse mais o Senhor: Eis aqui um logar junto a mim; ali te porás sobre
a [FO] penha.

22 E acontecerá que, quando a minha gloria passar, te porei n’uma fenda
[25] da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado.

23 E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas: [26] mas a
minha face não se verá.

[1] cap. 32.7.

[2] Gen. 12.7. cap. 32.13.

[3] cap. 32.34. Deu. 7.22. Jos. 24.11.

[4] cap. 3.8.

[5] Deu. 9.6, 13. cap. 23.21 e 32.10. Num. 16.21, 45.

[6] Num. 14.1, 39. Lev. 10.6. II Sam. 19.24. I Reis 21.27. Esd. 9.3. Job
1.20. Isa. 32.11. Eze. 24.17.

[7] ver. 3. Num. 16.45, 46.

[8] cap. 29.42. Deu. 4.29. II Sam. 21.1.

[9] Num. 16.27.

[10] cap. 25.22 e 31.18. Psa. 99.7.

[11] cap. 4.31.

[12] Gen. 32.30. Num. 12.8. Deu. 34.10. cap. 24.13.

[13] cap. 32.24.

[14] Gen. 18.19. Jer. 1.5. João 10.14. II Tim. 2.19.

[15] cap. 34.9. Psa. 25.4.

[16] Deu. 9.26. Joel 2.17.

[17] cap. 13.21. Isa. 63.9. Deu. 3.20. Jos. 21.44.

[18] ver. 3. cap. 34.9.

[19] Num. 14.14. Deu. 4.7. II Sam. 7.23.

[20] Gen. 19.21. Thi. 5.16.

[21] ver. 20. I Tim. 6.16.

[22] cap. 34.5. Jer. 31.14.

[23] Rom. 9.15 e 4.4.

[24] Gen. 32.30. Deu. 5.24. Jui. 6.22. Isa. 6.5. Apo. 1.16, 17.

[25] Isa. 2.21. Psa. 91.1, 4.

[26] ver. 20. João 1.18.



_As novas taboas dos dez mandamentos._

34 Então disse o Senhor a Moysés: [1] Lavra-te duas taboas de pedra, como
as primeiras; e eu escreverei nas taboas as mesmas palavras que estavam
nas primeiras taboas, que tu quebraste.

2 E apparelha-te para ámanhã, para que subas pela manhã ao monte de
Sinai, e ali põe-te diante de mim no cume [2] do monte.

3 E ninguem suba [3] comtigo, e tambem ninguem appareça em todo o monte;
nem ovelhas nem bois se apascentem defronte do monte.

4 Então elle lavrou duas taboas de pedra, como as primeiras; e
levantou-se Moysés pela manhã de madrugada, e subiu ao monte de Sinai,
como o Senhor lhe tinha ordenado: e tomou as duas taboas de pedra na sua
mão.

5 E o Senhor desceu n’uma nuvem, e se poz ali junto a elle: e elle
apregoou [4] o nome do Senhor.

6 Passando pois o Senhor perante a sua face, clamou: Jehovah o
Senhor, [5] Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em
beneficencia e verdade;

7 Que guarda a beneficencia [6] em milhares; que perdoa a iniquidade, e a
transgressão, e o peccado; que o _culpado_ não tem por innocente; [7] que
visita a iniquidade dos paes sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos
até á terceira e quarta _geração_.

8 E Moysés apressou-se, e inclinou a cabeça á terra, encurvou-se,

9 E disse: Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, vá [8]
agora o Senhor no meio de nós: porque este é povo obstinado; porém perdoa
a nossa iniquidade e o nosso peccado, e toma-nos [9] pela tua herança.


_Deus faz um pacto._

10 Então disse: Eis que eu faço um concerto; farei diante de todo o [10]
teu povo maravilhas que nunca foram feitas em toda a terra, nem entre
gente alguma: de maneira que todo este povo, em cujo meio tu _estás_,
[11] veja a obra do Senhor; porque coisa terrivel _é_ o que faço comtigo.

11 Guarda o [12] que eu te ordeno hoje: eis que eu lançarei fóra diante
de ti os amorrheos, e os cananeos, e os hetheos, e os pereseos, e os
heveos e os jebuseos.

12 Guarda-te [13] que não faças concerto com os moradores da terra aonde
has de entrar; para que não seja por laço no meio de ti.

13 Mas os seus altares [14] transtornareis, e as suas estatuas
quebrareis, e os seus bosques cortareis.

14 Porque te não inclinarás [15] diante d’outro deus: pois o nome do
Senhor _é_ Zeloso: Deus zeloso _é_ elle:

15 Para que não faças concerto com os moradores da terra, [16] e não
forniquem após os seus deuses, nem sacrifiquem aos seus deuses, e tu,
convidado d’elles, comas dos seus sacrificios,

16 E tomes _mulheres_ das suas [17] filhas para os teus filhos, e suas
filhas, fornicando após os seus deuses, façam que tambem teus filhos [18]
forniquem após os seus deuses.

17 Não te farás deuses de fundição.

18 A festa dos _pães_ [19] asmos guardarás; sete dias comerás _pães_
asmos, como te tenho ordenado, ao tempo apontado do mez de Abib: porque
no mez d’Abib sais-te do Egypto.

19 Tudo [20] o que abre a madre meu _é_, até todo o teu gado, que seja
macho, abrindo a _madre_ de vaccas e d’ovelhas;

20 O burro porém, [21] que abrir a _madre_, resgatarás com [FP] cordeiro:
mas, se o não resgatares, cortar-lhe-has a cabeça: todo o primogenito de
teus filhos resgatarás. E ninguem [22] apparecerá vazio diante de mim.

21 Seis dias obrarás, [23] mas ao setimo dia descançarás: na aradura e na
sega descançarás.

22 Tambem guardarás [24] a festa das semanas, que é a festa das primicias
da sega do trigo, e a festa da colheita á volta do anno.

23 Tres vezes no anno todo o macho entre ti apparecerá [25] perante o
Senhor, Jehovah, Deus d’Israel;

24 Porque eu lançarei fóra as nações de diante de [26] ti, e alargarei o
teu termo: ninguem cubiçará a tua terra, quando subires para apparecer
tres vezes no anno diante do Senhor teu Deus.

25 Não sacrificarás [27] o sangue do meu sacrificio com pão levedado, nem
o sacrificio da festa da paschoa ficará da noite para a manhã.

26 As primicias [28] dos primeiros fructos da tua terra trarás á casa do
Senhor teu Deus: não cozerás [29] o cabrito no leite de sua mãe.

27 Disse mais o Senhor a Moysés: Escreve-te [30] estas palavras: porque
conforme ao teor d’estas palavras tenho feito concerto comtigo e com
Israel.

28 E esteve ali [31] com o Senhor quarenta dias e quarenta noites: não
comeu pão, nem bebeu agua, [32] e escreveu nas taboas as palavras do
concerto, [FQ] os dez mandamentos.


_O rosto de Moysés resplandece._

29 E aconteceu que, descendo Moysés do monte Sinai (e Moysés trazia as
duas taboas [33] do testemunho em sua mão, quando desceu do monte),
Moysés não sabia que a pelle do [34] seu rosto resplandecia, depois que
fallara com elle.

30 Olhando pois Aarão e todos os filhos d’Israel para Moysés, eis que a
pelle do seu rosto resplandecia; pelo que temeram de chegar-se a elle.

31 Então Moysés os chamou, e Aarão e todos os principes da congregação
tornaram-se a elle: e Moysés lhes fallou.

32 Depois chegaram tambem todos os filhos d’Israel: e elle lhes ordenou
tudo [35] o que o Senhor fallára com elle no monte Sinai.

33 Assim acabou Moysés de fallar com elles, e tinha [36] posto um véu
sobre o seu rosto.

34 Porém, entrando [37] Moysés perante o Senhor, para fallar com elle,
tirava o véu até que sahia: e, saido, fallava com os filhos de Israel o
que lhe era ordenado.

35 Assim pois viam os filhos d’Israel o rosto de Moysés, que resplandecia
a pelle do rosto de Moysés: e tornou Moysés a pôr o véu sobre o seu
rosto, até que entrava para fallar com elle.

[1] cap. 32.16, 19. Deu. 10.1.

[2] cap. 19.20 e 24.12.

[3] cap. 19.12.

[4] cap. 33.19. Num. 14.17.

[5] Num. 14.18. II Chr. 30.9. Neh. 9.17. Psa. 86.15. Joel 2.13. Rom. 2.4.

[6] cap. 20.6. Deu. 5.10. Jer. 32.18. Dan. 9.4. Psa. 103.3. Eph. 4.32. I
João 1.9.

[7] Jos. 24.19. Job 10.14. Miq. 6.11. Nah. 1.3.

[8] cap. 33.3, 15, 16.

[9] Psa. 28.9. Jer. 10.16. Zac. 2.12.

[10] Deu. 5.2 e 29.12, 14. II Sam. 7.23. Psa. 77.14.

[11] Deu. 10.21. Psa. 145.6. Isa. 64.3.

[12] Deu. 5.32. cap. 33.2.

[13] cap. 23.32. Deu. 7.2. Jui. 2.2.

[14] cap. 23.24. Deu. 12.3. Jui. 2.2. II Reis 18.4 e 23.14. II Chr. 31.1.

[15] cap. 20.3, 5. Isa. 9.6.

[16] Deu. 31.16. Jui. 2.17. Jer. 3.9. Eze. 6.9. Num. 25.2. Psa. 106.28. I
Cor. 8.4, 7, 10.

[17] Deu. 7.3. I Reis 11.2. Esd. 9.2. Neh. 13.25. Num. 25.1. I Reis 11.4.

[18] Lev. 19.4.

[19] cap. 12.15 e 13.4 e 23.15.

[20] cap. 22.29. Eze. 44.30. Luc. 2.23.

[21] cap. 13.13. Num. 18.15.

[22] cap. 23.15. Deu. 16.16. I Sam. 9.7.

[23] cap. 20.9. Deu. 5.12. Luc. 13.14.

[24] cap. 23.16. Deu. 16.10.

[25] Deu. 16.16.

[26] cap. 33.2. Lev. 18.24. Deu. 7.1. Psa. 78.55. II Chr. 17.10. Pro.
16.7. Act. 18.10.

[27] cap. 23.18 e 12.10.

[28] cap. 23.19. Deu. 26.2, 10.

[29] Deu. 14.21.

[30] ver. 10. Deu. 4.13 e 31.9.

[31] cap. 24.18. Deu. 9.9, 18.

[32] ver. 1. cap. 31.18 e 32.16.

[33] cap. 32.15.

[34] Mat. 17.2. II Cor. 3.7, 13.

[35] cap. 24.3.

[36] II Cor. 3.13.

[37] II Cor. 3.16.



_O sabbado e as offertas para o tabernaculo._

35 Então fez Moysés ajuntar toda a congregação dos filhos d’Israel, e
disse-lhes: Estas [1] _são_ as palavras que o Senhor ordenou que se
fizessem.

2 Seis dias [2] se trabalhará, mas o setimo dia vos será sancto, o
sabbado do repouso ao Senhor: todo aquelle que fizer obra n’elle morrerá.

3 Não accendereis [3] fogo em nenhuma das vossas moradas no dia do
sabbado.

4 Fallou mais Moysés a toda a congregação dos filhos d’Israel, dizendo:
[4] Esta é a palavra que o Senhor ordenou, dizendo:

5 Tomae, do que vós tendes, uma offerta para o Senhor: [5] cada um, cujo
coração é voluntariamente disposto, a trará por offerta alçada ao Senhor;
oiro, e prata, e cobre,

6 Como tambem azul, e purpura, e carmezim, e linho fino, e _pellos_ de
cabras.

7 E pelles de carneiros, tintas de vermelho, e pelles de teixugos,
madeira _de_ sittim,

8 E azeite para a luminaria, e especiarias para o [6] azeite da uncção, e
para o incenso aromatico,

9 E pedras sardonicas, e pedras d’engaste, para o ephod e para o peitoral.

10 E todos os sabios de coração entre vós [7] virão, e farão tudo o que o
Senhor tem mandado:

11 O tabernaculo, [8] a sua tenda, e a sua coberta, os seus colchetes, e
as suas taboas, as suas barras, as suas columnas, e as suas bases,

12 A arca [9] e os seus varaes, o propiciatorio e o véu da coberta,

13 A mesa, [10] e os seus varaes, e todos os seus vasos; e os pães da
proposição,

14 E o castiçal [11] da luminaria, e os seus vasos, e as suas lampadas, e
o azeite para a luminaria,

15 E o altar do incenso [12] e os seus varaes, e o azeite da uncção, e o
incenso aromatico, e a coberta da porta á entrada do tabernaculo,

16 O altar do [13] holocausto, e o crivo de cobre _que terá_ seus varaes,
e todos os seus vasos, a pia e a sua base,

17 As cortinas do pateo, [14] as suas columnas e as suas bases, e a
coberta da porta do pateo,

18 As estacas do tabernaculo, e as estacas do pateo, e as suas cordas,

19 Os vestidos [15] do ministerio para ministrar no sanctuario, os
vestidos sanctos d’Aarão o sacerdote, e os vestidos de seus filhos, para
administrarem o sacerdocio.


_A promptidão do povo em trazer offertas._

20 Então toda a congregação dos filhos d’Israel saiu de diante de Moysés,

21 E veiu todo o homem, a quem o seu coração moveu, e todo aquelle cujo
espirito voluntariamente o excitou, e trouxeram a [16] offerta alçada ao
Senhor para a obra da tenda da congregação, e para todo o seu serviço, e
para os vestidos sanctos.

22 Assim que vieram homens e mulheres, todos dispostos de coração:
trouxeram fivelas, e pendentes, e anneis, e braceletes, todo o vaso
d’oiro; e todo o homem offerecia offerta d’oiro ao Senhor;

23 E todo o homem que se achou com [17] azul, e purpura, e carmezim,
e linho fino, e _pellos_ de cabras, e pelles de carneiro tintas de
vermelho, e pelles de teixugos, os trazia;

24 Todo aquelle que offerecia offerta alçada de prata ou de metal, a
trazia por offerta alçada ao Senhor; e todo aquelle que se achava com
madeira de sittim, a trazia para toda a obra do serviço.

25 E todas as mulheres [18] sabias de coração fiavam com as suas mãos, e
traziam o fiado, o azul e a purpura, o carmezim e o linho fino.

26 E todas as mulheres, cujo coração as moveu em sabedoria, fiavam os
_pellos_ das cabras.

27 E os principes [19] traziam pedras sardonicas, e pedras d’engastes
para o ephod e para o peitoral,

28 E especiarias, [20] e azeite para a luminaria, e para o azeite da
uncção, e para o incenso aromatico.

29 Todo o homem e mulher, cujo coração voluntariamente se moveu a trazer
_alguma [21] coisa_ para toda a obra que o Senhor ordenara se fizesse
pela mão de Moysés, _aquillo_ trouxeram os filhos de Israel por offerta
voluntaria ao Senhor.


_Deus chama Bezaleel e Aholiab._

30 Depois disse Moysés aos filhos de Israel: Eis que o Senhor [22] tem
chamado por nome a Bezaleel, o filho de Uri, filho de Ur, da tribu de
Judah.

31 E o espirito de Deus o encheu de sabedoria, entendimento e sciencia em
todo o artificio,

32 E para inventar invenções, para trabalhar em oiro, e em prata, e em
cobre,

33 E em artificio de pedras para engastar, e em artificio de madeira para
obrar em toda a obra esmerada.

34 Tambem lhe tem dado no seu coração para ensinar _a outros_: a elle e a
[23] Aholiab, o filho de Ahisamach, da tribu de Dan.

35 Encheu-os de [24] sabedoria do coração, para fazer toda a obra de
mestre, e a mais engenhosa, e do bordador, em azul, e em purpura,
em carmezim, e em linho fino, e do tecelão: fazendo toda a obra, e
inventando invenções.

[1] cap. 34.32.

[2] cap. 20.9. Lev. 23.3. Num. 15.32. Deu. 5.12. Luc. 13.14.

[3] cap. 16.23.

[4] cap. 25.1, 2.

[5] cap. 25.2.

[6] cap. 25.6.

[7] cap. 31.6.

[8] cap. 26.1, 2, etc.

[9] cap. 25.10, etc.

[10] cap. 25.23, 30. Lev. 24.5, 6.

[11] cap. 25.31, etc.

[12] cap. 30.1, 23, 34.

[13] cap. 27.1.

[14] cap. 27.9.

[15] cap. 31.10 e 39.1, 41. Num. 4.5, 6, etc.

[16] ver. 5. cap. 25.2 e 36.2. I Chr. 28.2, 9. Esd. 7.27. II Cor. 8.12 e
9.7.

[17] I Chr. 29.8.

[18] cap. 28.3 e 31.6 e 36.1. II Reis 23.7. Pro. 31.19.

[19] I Chr. 29.6. Esd. 2.68.

[20] cap. 30.23.

[21] ver. 21. I Chr. 29.9.

[22] cap. 31.2, etc.

[23] cap. 31.6.

[24] ver. 31. cap. 31.3. I Reis 7.14. Isa. 28.26.



36 Assim obraram Bezaleel e Aholiab, e todo o homem [1] sabio de coração,
a quem o Senhor déra sabedoria e intelligencia, para saber como haviam de
fazer toda a obra para o serviço do [2] sanctuario, conforme a tudo o que
o Senhor tinha ordenado.


_Moysés entrega aos obreiros as offertas do povo._

2 Porque Moysés chamara a Bezaleel e a Aholiab, e a todo o homem sabio de
coração, em cujo coração Deus tinha dado sabedoria: a todo aquelle [3] a
quem o seu coração movera que se chegasse á obra para fazel-a.

3 Tomaram pois de diante de Moysés toda a offerta alçada, que trouxeram
os filhos de Israel para a obra [4] do serviço do sanctuario, para
fazel-a, e ainda elles lhe traziam cada manhã offerta voluntaria.

4 E vieram todos os sabios, que faziam toda a obra do sanctuario, cada um
da obra que elles faziam,

5 E fallaram a Moysés, dizendo: O povo [5] traz muito mais do que basta
para o serviço da obra que o Senhor ordenou se fizesse.

6 Então mandou Moysés que fizessem passar uma voz pelo arraial, dizendo:
Nenhum homem nem mulher faça mais obra alguma para a offerta alçada do
sanctuario. Assim o povo foi prohibido de trazer _mais_,

7 Porque tinham materia bastante para toda a obra que havia de fazer-se,
e ainda sobejava.

8 Assim todo o sabio [6] de coração, entre os que faziam a obra, fez
o tabernaculo de dez cortinas, de linho fino torcido, e de azul, e de
purpura, e de carmezim, _com_ cherubins; da obra mais esmerada as fez.

9 O comprimento de uma cortina _era_ de vinte e oito covados, e a largura
de outra cortina de quatro covados: todas as cortinas _tinham_ uma mesma
medida.

10 E elle ligou cinco cortinas uma com a outra; e _outras_ cinco cortinas
ligou uma com outra.

11 Depois fez laçadas de azul na borda de uma cortina, á extremidade, na
juntura: assim tambem fez na borda, á extremidade da juntura da segunda
cortina.

12 Cincoenta laçadas fez [7] n’uma cortina, e cincoenta laçadas fez
n’uma extremidade da cortina, que se ligava com a segunda: estas laçadas
travavam uma com a outra.

13 Tambem fez cincoenta colchetes de oiro, e com estes colchetes uniu as
cortinas uma com a outra; e foi feito assim um tabernaculo.

14 Fez tambem cortinas [8] de _pellos de_ cabras para a tenda sobre o
tabernaculo: de onze cortinas as fez.

15 O comprimento de uma cortina era de trinta covados, e a largura de uma
cortina de quatro covados: estas onze cortinas tinham uma mesma medida.

16 E elle uniu cinco cortinas á parte, e seis cortinas á parte,

17 E fez cincoenta laçadas na borda da ultima cortina, na juntura: tambem
fez cincoenta laçadas na borda da cortina, na outra juntura.

18 Fez tambem cincoenta colchetes de metal, para ajuntar a tenda, para
que fosse uma.


_A coberta de pelles e as taboas._

19 Fez tambem [9] para a tenda uma coberta de pelles de carneiros, tintas
de vermelho; e por cima uma coberta de pelles de teixugos.

20 Tambem fez [10] taboas levantadas para o tabernaculo, de madeira _de_
sittim.

21 O comprimento de uma taboa _era_ de dez covados, e a largura de cada
taboa _era_ de um covado e meio.

22 Cada taboa tinha duas coiceiras, pregadas uma com a outra: assim fez
com todas as taboas do tabernaculo.

23 Assim pois fez as taboas para o tabernaculo: vinte taboas para a banda
do sul ao meio dia:

24 E fez quarenta bases de prata debaixo das vinte taboas: duas bases
debaixo de uma taboa ás suas duas coiceiras, e duas bases de baixo
d’outra taboa ás suas duas coiceiras.

25 Tambem fez vinte taboas ao outro lado do tabernaculo da banda do norte,

26 Com as suas quarenta bases de prata; duas bases debaixo de uma taboa,
e duas bases debaixo de outra taboa.

27 E ao lado do tabernaculo para o occidente fez seis taboas.

28 Fez tambem duas taboas para os cantos do tabernaculo aos dois lados,

29 As quaes estavam juntas debaixo, e tambem se ajuntavam por cima com
uma argola: assim fez com ellas ambas nos dois cantos.

30 Assim eram oito taboas com as suas bases de prata, _a saber_, dezeseis
bases: duas bases debaixo de cada taboa.

31 Fez tambem barras [11] de madeira de sittim: cinco para as taboas d’um
lado do tabernaculo,

32 E cinco barras para as taboas do outro lado do tabernaculo; e _outras_
cinco barras para as taboas do tabernaculo d’ambas as bandas do occidente.

33 E fez que a barra do meio passasse pelo meio das taboas d’uma
extremidade até á outra.

34 E cobriu as taboas d’oiro, e as suas argolas (os logares das barras)
fez d’oiro: as barras tambem cobriu d’oiro.


_Os véus e as columnas._

35 Depois fez o véu [12] d’azul, e de purpura, e de carmezim, e de linho
fino torcido; d’obra esmerada o fez _com_ cherubins.

36 E fez-lhe quatro columnas de _madeira de_ sittim, e as cobriu d’oiro:
e seus colchetes fez d’oiro, e fundiu-lhe quatro bases de prata.

37 Fez tambem [13] para a porta da tenda o véu d’azul, e de purpura, e de
carmezim, e de linho fino torcido, da obra do bordador,

38 Com as suas cinco columnas e os seus colchetes; e as suas cabeças e as
suas molduras cobriu d’oiro: e as suas cinco bases _eram_ de cobre.

[1] cap. 28.3, 35.10, 35.

[2] cap. 25.8.

[3] cap. 35.21, 26. I Chr. 29.5.

[4] cap. 35.27.

[5] II Cor. 8.2.

[6] cap. 26.1.

[7] cap. 26.5.

[8] cap. 26.7.

[9] cap. 26.14.

[10] cap. 26.15.

[11] cap. 26.26.

[12] cap. 26.31.

[13] cap. 26.36.



_A arca._

37 Fez tambem Bezaleel [1] a arca de madeira _de_ sittim: o seu
comprimento _era_ de dois covados e meio; e a sua largura d’um covado e
meio; e a sua altura d’um covado e meio.

2 E cobriu-a d’oiro puro por dentro e por fóra; e fez-lhe uma corôa
d’oiro ao redor;

3 E fundiu-lhe quatro argolas d’oiro aos seus quatro cantos, n’um lado
duas, e no outro lado duas argolas;

4 E fez varaes de madeira _de_ sittim, e os cobriu d’oiro;

5 E metteu os varaes pelas argolas aos lados da arca, para levar a arca.


_O propiciatorio._

6 Fez tambem [2] d’oiro puro o propiciatorio: o seu comprimento _era_ de
dois covados e meio, e a sua largura d’um covado e meio.

7 Fez tambem dois cherubins d’oiro; d’obra batida os fez, ás duas
extremidades do propiciatorio;

8 Um cherubim a uma extremidade d’esta banda, e o outro cherubim á
_outra_ extremidade da outra banda: do _mesmo_ propiciatorio fez _sair_
os cherubins ás duas extremidades d’elles.

9 E os cherubins estendiam as azas por cima, cobrindo com as suas azas o
propiciatorio: e os seus rostos estavam defronte um do outro: os rostos
dos cherubins estavam _virados_ para o propiciatorio.


_A mesa._

10 Fez tambem [3] a mesa de madeira _de_ sittim: o seu comprimento _era_
de dois covados, e a sua largura d’um covado, e a sua altura d’um covado
e meio.

11 E cobriu-a d’oiro puro, e fez-lhe uma corôa d’oiro ao redor.

12 Fez-lhe tambem uma moldura da largura d’uma mão ao redor: e fez uma
corôa d’oiro ao redor da sua moldura.

13 Fundiu-lhe tambem quatro argolas d’oiro; e poz as argolas aos quatro
cantos que _estavam_ aos seus quatro pés.

14 Defronte da moldura estavam as argolas para os logares dos varaes,
para levar a mesa.

15 Fez tambem os varaes de madeira _de_ sittim, e os cobriu d’oiro, para
levar a mesa.

16 E fez os vasos que _haviam de estar_ sobre a mesa, os seus pratos, e
[4] as suas colheres, e as suas escudelas, e as suas [FR] cobertas, com
que se haviam de cobrir, d’oiro puro.


_O castiçal._

17 Fez tambem [5] o castiçal de oiro puro: d’obra batida fez este
castiçal: o seu pé, e as suas canas, os seus copos, as suas maçãs, e as
suas flôres do mesmo.

18 Seis canas sahiam dos seus lados: tres canas do castiçal, de um lado
d’elle, e tres canas do castiçal, d’outro lado.

19 N’uma cana _estavam_ tres copos a modo d’amendoas, uma maçã e uma
flôr: e n’outra cana tres copos a modo d’amendoas, uma maçã e uma flôr:
assim para as seis canas que sahiam do castiçal.

20 Mas no mesmo castiçal _havia_ quatro copos a modo d’amendoas com as
suas maçãs e com as suas flôres.

21 E _era_ uma maçã debaixo de duas canas do mesmo; e _outra_ maçã
debaixo de duas canas do mesmo; e mais uma maçã debaixo de duas canas do
mesmo: _assim se fez_ para as seis canas, que sahiam d’elle.

22 As suas maçãs e as suas canas eram do mesmo: tudo _era_ uma obra
batida de oiro puro.

23 E fez-lhe sete lampadas: os seus [FS] espivitadores e os seus [FT]
apagadores _eram_ d’oiro puro.

24 D’um talento d’oiro puro o fez, e todos os seus vasos.

25 E fez o altar [6] do incenso de madeira _de_ sittim: d’um covado _era_
o seu comprimento, e de um covado a sua largura, quadrado; e de dois
covados a sua altura: d’elle mesmo eram _feitos_ os seus cornos.

26 E cobriu-o de oiro puro, a sua coberta, e as suas paredes ao redor, e
os seus cornos: e fez-lhe uma corôa de oiro ao redor.

27 Fez-lhe tambem duas argolas de oiro debaixo da sua corôa, e os seus
dois cantos, d’ambos os seus lados, para os logares dos varaes, para
leval-o com elles.

28 E os varaes fez de madeira _de_ sittim, e os cobriu de oiro.

29 Tambem fez [7] o azeite sancto da uncção, e o incenso aromatico, puro,
de obra do perfumista.

[1] cap. 25.10.

[2] cap. 25.17.

[3] cap. 25.23.

[4] cap. 25.29.

[5] cap. 25.31.

[6] cap. 30.1.

[7] cap. 30.23, 34.



_O altar do holocausto._

38 Fez tambem [1] o altar do holocausto de madeira _de_ sittim: de cinco
covados _era_ o seu comprimento, e de cinco covados a sua largura,
quadrado; e de tres covados a sua altura.

2 E fez-lhe os seus cornos aos seus quatro cantos; do mesmo eram os seus
cornos; e cobriu-o de cobre.

3 Fez tambem todos os vasos do altar: os caldeirões, e as pás, e as
bacias, e os garfos, e os brazeiros: todos os seus vasos fez de cobre.

4 Fez tambem ao altar um crivo de cobre, de obra de rede, no seu cerco
debaixo, até ao meio d’elle.

5 E fundiu quatro argolas ás quatro extremidades do crivo de cobre, para
os logares dos varaes.

6 E fez os varaes de madeira _de_ sittim, e os cobriu de cobre.

7 E metteu os varaes pelas argolas aos lados do altar, para leval-o com
elles: fel-o oco de taboas.

8 Fez tambem a [2] pia de cobre com a sua base de cobre, dos espelhos das
_mulheres_ que se ajuntavam, ajuntando-se á porta da tenda da congregação.


_O pateo._

9 Fez tambem o [3] pateo da banda do meio dia ao sul: as cortinas do
pateo _eram_ de linho fino torcido, de cem covados.

10 As suas vinte columnas e as suas vinte bases _eram_ de cobre: os
colchetes d’estas columnas e as suas molduras _eram_ de prata;

11 E da banda do norte _cortinas_ de cem covados; as suas vinte columnas
e as suas vinte bases _eram_ de cobre, os colchetes das columnas e as
suas molduras _eram_ de prata.

12 E da banda do occidente cortinas de cincoenta covados, as suas
columnas dez, e as suas bases dez: os colchetes das columnas e as suas
molduras _eram_ de prata.

13 E da banda oriental, ao oriente, _cortinas_ de cincoenta covados.

14 As cortinas d’esta banda _da porta eram_ de quinze covados: as suas
columnas tres e as suas bases tres.

15 E da outra banda da porta do pateo de ambos os lados _eram_ cortinas
de quinze covados: as suas columnas tres e as suas bases tres.

16 Todas as cortinas do pateo ao redor _eram_ de linho fino torcido.

17 E as bases das columnas _eram_ de cobre: os colchetes das columnas e
as suas molduras _eram_ de prata; e a coberta das suas cabeças de prata;
e todas as columnas do pateo _eram_ cingidas de prata.

18 E a coberta da porta do pateo _era_ de obra de bordador, de azul, e de
purpura, e de carmezim, e de linho fino torcido; e o comprimento _era_
de vinte covados, e a altura, na largura, de cinco covados, defronte das
cortinas do pateo.

19 E as suas quatro columnas e as suas quatro bases _eram_ de cobre,
os seus colchetes de prata, e a coberta das suas cabeças, e as suas
molduras, de prata.

20 E todas as [4] estacas do tabernaculo e do pateo ao redor _eram_ de
cobre.


_A numeração das coisas do tabernaculo._

21 Esta _é_ a numeração das coisas contadas [5] do tabernaculo do
testemunho, que por ordem de Moysés foram contadas _para_ o ministerio
dos levitas por mão [6] de Ithamar, filho de Aarão o sacerdote.

22 Fez pois Bezaleel, [7] o filho de Uri, filho de Hur, da tribu de
Judah, tudo quanto o Senhor tinha ordenado a Moysés.

23 E com elle Aholiab, o filho de Ahisamach, da tribu de Dan, um mestre
de obra, e engenhoso artifice, e bordador em azul, e em purpura e em
carmezim e em linho fino.

24 Todo o oiro gasto na obra, em toda a obra do sanctuario, a saber,
o oiro da offerta, _foi_ vinte e nove talentos e setecentos e trinta
siclos, [8] conforme ao siclo do Sanctuario;

25 E a prata dos arrolados da congregação _foi_ cem talentos e mil e
setecentos e setenta e cinco siclos, conforme ao siclo do sanctuario;

26 Um beca por _cada_ cabeça, _isto é_, meio siclo, [9] conforme ao siclo
do sanctuario: de qualquer que passava aos arrolados, da edade de vinte
annos e acima, _que foram_ seiscentos e tres mil e quinhentos e cincoenta.

27 E houve cem talentos de prata para fundir as bases do sanctuario e as
bases do véu: para cem bases _eram_ cem talentos; um talento para cada
base.

28 Mas dos mil e setecentos e setenta _siclos_ fez os colchetes das
columnas, e cobriu as suas cabeças, e as cingiu de molduras.

29 E o cobre da offerta _foi_ setenta talentos e dois mil e quatrocentos
siclos.

30 E d’elle fez as bases da porta da tenda da congregação e o altar de
cobre, e o crivo de cobre e todos os vasos do altar,

31 E as bases do pateo ao redor, e as bases da porta do pateo, e todas as
estacas do tabernaculo e todas as estacas do pateo ao redor.

[1] cap. 27.1.

[2] cap. 30.18.

[3] cap. 27.9.

[4] cap. 27.19.

[5] Num. 1.50, 53 e 9.15 e 10.11 e 17.7, 8 e 18.2. II Chr. 24.6. Act.
7.44.

[6] Num. 4.28, 33.

[7] cap. 31.2, 6.

[8] cap. 30.13, 24. Lev. 5.15 e 27.3, 25. Num. 3.47 e 18.16.

[9] cap. 26.19, 21, 25, 32.



_As vestes dos Sacerdotes._

39 Fizeram tambem [1] os vestidos do ministerio, para ministrar no
sanctuario de azul, e de purpura e de carmezim: tambem fizeram [2] os
vestidos sanctos, para Aarão, [3] como o Senhor ordenara a Moysés.

2 Assim fez o ephod [4] de oiro, de azul, e de purpura, e de carmezim e
de linho fino torcido.

3 E estenderam as laminas de oiro, e as cortaram em fios, para entretecer
entre o azul, e entre a purpura, e entre o carmezim, e entre o linho fino
da obra mais esmerada.

4 Fizeram n’elle hombreiras que se ajuntassem: ás suas duas pontas se
ajuntava.

5 E o cinto [FU] de artificio do ephod, que _estava_ sobre elle, _era_
conforme á sua obra, do mesmo, de oiro, de azul, e de purpura, e de
carmezim, e de linho fino torcido, como o Senhor ordenara a Moysés.

6 Tambem prepararam as [5] pedras sardonicas, engastadas em oiro,
lavradas com gravuras de sêllo, com os nomes dos filhos de Israel,

7 E as poz sobre as hombreiras do ephod _por_ pedras [6] de memoria para
os filhos de Israel, como o Senhor ordenara a Moysés.

8 Fez tambem [7] o peitoral de obra de artifice, como a obra do ephod, de
oiro, de azul, e de purpura, e de carmezim, e de linho fino torcido.

9 Quadrado era; dobrado fizeram o peitoral: o seu comprimento _era_ de um
palmo, e a sua largura de um palmo dobrado.

10 E engastaram n’elle [8] quatro ordens de pedras: uma ordem de uma
sardia, de um topazio, e de um carbunculo; esta _é_ a primeira ordem:

11 E a segunda ordem de uma esmeralda, de uma saphira e de um diamante:

12 E a terceira ordem de um jacinto, de uma agatha, e de uma amethista:

13 E a quarta ordem de uma turqueza, e de uma sardonica, e de um jaspe,
engastadas nos seus engastes de oiro.

14 Estas pedras pois eram segundo os nomes dos filhos de Israel, doze
segundo os seus nomes; de gravura de sêllo, cada um com o seu nome,
segundo as doze tribus.

15 Tambem fizeram para o peitoral cadeiasinhas de egual medida, obra de
trança, de oiro puro.

16 E fizeram dois engastes de oiro e duas argolas de oiro; e pozeram as
duas argolas nas duas extremidades do peitoral.

17 E pozeram as duas cadeiasinhas de trança de oiro nas duas argolas, nas
duas extremidades do peitoral.

18 E as _outras_ duas pontas das duas _cadeiasinhas_ de trança pozeram
nos dois engastes: e as pozeram sobre as hombreiras do ephod, defronte
d’elle.

19 Fizeram tambem duas argolas de oiro, que pozeram nas _outras_ duas
extremidades do peitoral, na sua borda que _estava_ junto ao ephod por
dentro.

20 Fizeram mais [9] duas argolas de oiro, que pozeram nas duas hombreiras
do ephod, debaixo, defronte d’elle, defronte da sua juntura, sobre o
cinto d’artificio do ephod.

21 E ligaram o peitoral com as suas argolas ás argolas do ephod com um
cordão de azul, para que estivesse sobre o cinto de artificio do ephod, e
o peitoral não se apartasse do ephod, como o Senhor ordenara a Moysés.

22 E fez o manto do ephod de obra torcida, todo de azul.

23 E [FV] o collar do [10] manto _estava_ no meio d’elle, como collar
de saia de malha: este collar tinha uma borda em volta, para que se não
rompesse.

24 E nas bordas do manto fizeram romãs de azul, e de purpura, e de
carmezim, _a fio_ torcido.

25 Fizeram tambem as campainhas de oiro puro, [11] pondo as campainhas no
meio das romãs nas bordas da capa, em roda, entre as romãs:

26 Uma campainha e uma romã, _outra_ campainha e _outra_ romã, nas bordas
do manto á roda: para ministrar, como o Senhor ordenara a Moysés.

27 Fizeram tambem [12] as tunicas de linho fino, de obra tecida, para
Aarão e para seus filhos,

28 E a mitra [13] de linho fino, e o ornato das tiaras de linho fino, e
os calções de linho fino torcido,

29 E o cinto de linho fino torcido, e de azul, e de purpura, e de
carmezim, de obra de bordador, como o Senhor ordenara a Moysés.

30 Fizeram tambem [14] a folha da [FW] corôa de sanctidade de oiro puro,
e n’ella escreveram o escripto como de gravura de sêllo: [FX] SANCTIDADE
AO SENHOR.

31 E ataram-n’o com um cordão de azul, para a atar á mitra em cima, como
o Senhor ordenara a Moysés.

32 Assim se acabou toda a obra do tabernaculo da tenda da congregação; e
os filhos de Israel fizeram [15] conforme a tudo o que o Senhor ordenara
a Moysés; assim o fizeram.


_O tabernaculo é entregue a Moysés._

33 Depois trouxeram a Moysés o tabernaculo, a tenda e todos os seus
vasos; os seus colchetes, as suas taboas, os seus varaes, e as suas
columnas, e as suas bases;

34 E a coberta de pelles de carneiro tintas de vermelho, e a coberta de
pelles de teixugos, e o véu da coberta;

35 A arca do testemunho, e os seus varaes, e o propiciatorio:

36 A mesa com todos os seus vasos, e os pães da proposição;

37 O castiçal puro com suas lampadas, as lampadas da ordenança, e todos
os seus vasos, e o azeite para a luminaria;

38 Tambem o altar de oiro, e o azeite da uncção, e o incenso aromatico, e
a coberta da porta da tenda;

39 O altar de cobre, e o seu crivo de cobre, os seus varaes, e todos os
seus vasos, a pia, e a sua base;

40 As cortinas do pateo, as suas columnas, e as suas bases, e a coberta
da porta do pateo, as suas cordas, e os seus pregos, e todos os vasos do
serviço do tabernaculo, para a tenda da congregação;

41 Os vestidos do ministerio para ministrar no sanctuario; os sanctos
vestidos de Aarão o sacerdote, e os vestidos dos seus filhos, para
administrarem o sacerdocio.

42 Conforme a tudo o que o Senhor ordenara a Moysés, assim fizeram [16]
os filhos de Israel toda a obra.

43 Viu pois Moysés toda a obra, e eis que a tinham feito; como o Senhor
ordenara, assim a fizeram: então Moysés [17] os abençoou.

[1] cap. 35.23.

[2] cap. 31.10 e 35.19.

[3] cap. 28.4.

[4] cap. 28.6.

[5] cap. 28.9.

[6] cap. 28.12.

[7] cap. 28.15.

[8] cap. 28.17, etc.

[9] cap. 28.31.

[10] cap. 28.33.

[11] cap. 28.33.

[12] cap. 28.4, 39, 40, 42. Eze. 44.18.

[13] cap. 28.39.

[14] cap. 28.36, 37.

[15] ver. 42, 43. cap. 25.40.

[16] cap. 35.10.

[17] Lev. 9.22, 23. Num. 6.23. Jos. 22.6. II Sam. 6.18. I Reis 8.14. II
Chr. 30.27.



_Deus manda Moysés levantar o tabernaculo._

40 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 No primeiro mez, [1] no primeiro dia do mez, levantarás [2] o
tabernaculo da tenda da congregação,

3 E porás [3] _n’elle_ a arca do testemunho, e cobrirás a arca com o véu.

4 Depois metterás [4] _n’elle_ a mesa, e porás em ordem o que se deve pôr
em ordem n’ella; tambem metterás [5] _n’elle_ o castiçal, e accenderás as
suas lampadas.

5 E porás [6] o altar de oiro para o incenso diante da arca do
testemunho: então pendurarás a coberta da porta do tabernaculo.

6 Porás tambem o altar do holocausto diante da porta do tabernaculo da
tenda da congregação.

7 E porás a [7] pia entre a tenda da congregação e o altar, e n’ella
porás agua.

8 Depois porás o pateo ao redor, e pendurarás a coberta á porta do pateo.

9 Então tomarás o azeite da [8] uncção, e ungirás o tabernaculo, e tudo
o que _ha_ n’elle: e o sanctificarás com todos os seus vasos, e será
sancto.

10 Ungirás tambem o altar do holocausto, e todos os seus vasos; e
sanctificarás o altar; e o altar será uma coisa sanctissima.

11 Então ungirás a pia e a sua base, [9] e a sanctificarás.

12 Farás tambem chegar a [10] Aarão e a seus filhos á porta da tenda da
congregação; e os lavarás com agua.

13 E vestirás a Aarão os vestidos sanctos, [11] e o ungirás, e o
sanctificarás, para que me administre o sacerdocio.

14 Tambem farás chegar a seus filhos, e lhes vestirás as tunicas,

15 E os ungirás como ungiste a seu pae, para que me administrem o
sacerdocio, e a sua uncção lhes será por sacerdocio perpetuo nas suas
gerações.

16 E fel-o Moysés: conforme a tudo o que o Senhor lhe ordenou, assim o
fez.


_O tabernaculo é levantado._

17 E aconteceu no mez primeiro, no anno segundo, ao primeiro do mez, que
o tabernaculo foi [12] levantado;

18 Porque Moysés levantou o tabernaculo, e poz as suas bases, e armou as
suas taboas, e metteu n’elle os seus varaes, e levantou as suas columnas;

19 E estendeu a tenda sobre o tabernaculo, e poz a coberta da tenda sobre
ella, em cima, como o Senhor ordenara a Moysés.

20 Tomou o testemunho, [13] e pôl-o na arca, e metteu os varaes á arca; e
poz o propiciatorio sobre a arca, em cima.

21 E levou a arca no tabernaculo, [14] e pendurou o véu da cobertura, e
cobriu a arca do testemunho, como o Senhor ordenara a Moysés.

22 Poz tambem [15] a mesa na tenda da congregação, ao lado do tabernaculo
para o norte, fóra do véu,

23 E sobre ella poz em ordem [16] o pão perante o Senhor, como o Senhor
ordenara a Moysés.

24 Poz tambem na tenda da congregação [17] o castiçal defronte da mesa,
ao lado do tabernaculo para o sul,

25 [18] E accendeu as lampadas perante o Senhor, como o Senhor ordenara a
Moysés.

26 E poz o altar d’oiro [19] na tenda da congregação, diante do véu,

27 E accendeu sobre [20] elle o incenso d’especiarias aromaticas, como o
Senhor ordenara a Moysés.

28 Pendurou tambem [21] a coberta da porta do tabernaculo,

29 E poz o altar do [22] holocausto á porta do tabernaculo da tenda
da congregação, e [23] offereceu sobre elle holocausto e offerta de
manjares, como o Senhor ordenara a Moysés.

30 Poz tambem [24] a pia entre a tenda da congregação e o altar, e
derramou agua n’ella, para lavar.

31 E Moysés, e Aarão e seus filhos lavaram n’ella as suas mãos e os seus
pés.

32 Quando entravam na tenda da congregação, e quando chegavam ao altar,
[25] lavavam-se, como o Senhor ordenara a Moysés.

33 Levantou tambem o [26] pateo ao redor do tabernaculo e do altar, e
pendurou a coberta da porta do pateo. Assim Moysés acabou a obra.


_A nuvem cobre o tabernaculo._

34 Então a nuvem [27] cobriu a tenda da congregação, e a gloria do Senhor
encheu o tabernaculo;

35 De maneira que Moysés não [28] podia entrar na tenda da congregação,
porquanto a nuvem ficava sobre elle, e a gloria do Senhor enchia o
tabernaculo.

36 Quando pois a nuvem [29] se levantava de sobre o tabernaculo, então os
filhos de Israel caminhavam em todas as suas jornadas.

37 Se a nuvem porém não se levantava, não [30] caminhavam, até ao dia em
que ella se levantava;

38 Porquanto a [31] nuvem do Senhor _estava_ de dia sobre o tabernaculo,
e o fogo estava de noite sobre elle, perante os olhos de toda a casa
d’Israel, em todas as suas jornadas.

[1] cap. 12.2 e 13.4.

[2] ver. 17. cap. 26.1, 30.

[3] ver. 21. cap. 26.33. Num. 4.5.

[4] ver. 22. cap. 26.35. ver. 23. cap. 25.30. Lev. 24.5, 6.

[5] ver. 24, 25.

[6] ver. 26.

[7] ver. 30. cap. 30.18.

[8] cap. 30.26.

[9] cap. 29.36, 37.

[10] Lev. 8.1, 13.

[11] cap. 28.41. Num. 25.13.

[12] ver. 1. Num. 7.1.

[13] cap. 25.16.

[14] cap. 26.33 e 35.12.

[15] cap. 26.35.

[16] ver. 4.

[17] cap. 26.35.

[18] ver. 4. cap. 25.37.

[19] ver. 5. cap. 30.6.

[20] cap. 30.7.

[21] ver. 5. cap. 26.36.

[22] ver. 6.

[23] cap. 29.38, etc.

[24] ver. 7. cap. 30.18.

[25] cap. 30.19, 20.

[26] ver. 8. cap. 27.9, 16.

[27] cap. 29.43. Lev. 16.2. Num. 9.15. II Reis 8.10, 11. II Chr. 5.13 e
7.2. Isa. 6.4. Agg. 2.7, 9. Apo. 15.8.

[28] II Chr. 5.14.

[29] Num. 9.17 e 10.11. Neh. 9.19.

[30] Num. 9.19, 22.

[31] cap. 13.21. Num. 9.15.



O TERCEIRO LIVRO DE MOYSÉS CHAMADO LEVITICO.



_Os holocaustos._

[Antes de Christo 1490]

1 E chamou [1] o Senhor a Moysés, e fallou com elle da [2] tenda da
congregação, dizendo:

2 Falla aos filhos d’Israel, e dize-lhes: [3] Quando algum de vós
offerecer offerta ao Senhor, offerecereis as vossas offertas de gado, de
vaccas e d’ovelhas.

3 Se a sua offerta _fôr_ [FY] holocausto de gado, offerecerá macho [4]
sem mancha: á porta da tenda da congregação a offerecerá, [FZ] de sua
propria vontade, perante o Senhor.

4 E porá a [5] sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja
acceito por elle, [6] para a sua expiação.

5 Depois degolará [7] o bezerro perante o Senhor; e os filhos de Aarão,
os sacerdotes, offerecerão o sangue, [8] e espargirão o sangue á roda
sobre o altar que _está diante_ da porta da tenda da congregação.

6 Então esfolará o holocausto, e o partirá nos seus pedaços.

7 E os filhos d’Aarão, os sacerdotes, porão fogo [9] sobre o altar, pondo
em ordem a lenha sobre o fogo.

8 Tambem os filhos d’Aarão, os sacerdotes, porão em ordem os pedaços, a
cabeça e o redenho sobre a lenha que _está_ no fogo em cima do altar;

9 Porém a sua fressura e as suas pernas lavar-se-hão com agua; e o
sacerdote tudo _isto_ queimará sobre o altar: holocausto _é_, offerta
queimada, [10] de cheiro suave ao Senhor.

10 E se a sua offerta _fôr_ de gado miudo, d’ovelhas ou de cabras, para
holocausto, offerecerá macho [11] sem mancha,

11 E o degolará ao lado do altar para a banda do norte [12] perante o
Senhor; e os filhos de Aarão, os sacerdotes, espargirão o seu sangue á
roda sobre o altar.

12 Depois o partirá nos seus pedaços, como tambem a sua cabeça e o seu
redenho: e o sacerdote os porá em ordem sobre a lenha que _está_ no fogo
sobre o altar.

13 Porém a fressura e as pernas lavar-se-hão com agua; e o sacerdote tudo
offerecerá, e o queimará sobre o altar; holocausto _é_, offerta queimada,
de cheiro suave ao Senhor.

14 E se a sua offerta ao Senhor _fôr_ holocausto d’aves, offerecerá a sua
offerta de rolas [13] ou de pombinhos;

15 E o sacerdote a offerecerá sobre o altar, e lhe torcerá o pescoço com
a sua unha, e _a_ queimará sobre o altar; e o seu sangue será espremido
na parede do altar;

16 E o seu papo com as suas pennas tirará e o lançará junto [14] ao
altar, para a banda do oriente, no logar da cinza;

17 E fendel-a-ha com as suas azas, _porém_ não a partirá; [15] e o
sacerdote a queimará em cima do altar sobre a lenha que _está_ no fogo:
holocausto _é_, offerta [16] queimada de cheiro suave ao Senhor.

[1] Exo. 19.3.

[2] Exo. 40.34, 35. Num. 12.4, 5.

[3] cap. 22.18, 19.

[4] Exo. 12.5. cap. 3.1 e 22.20, 21. Deu. 15.21. Mal. 1.14. Eph. 5.27.
Heb. 9.14. I Ped. 1.19.

[5] Exo. 29.10, 15, 19. cap. 3.2, 8, 13 e 4.15 e 8.14, 22 e 16.21.

[6] cap. 22.21, 27. Isa. 56.7. Rom. 12.1. Phi. 4.18. cap. 4.20, 26, 31,
35 e 9.7 e 16.24. Num. 15.25. II Chr. 29.23, 24.

[7] Miq. 6.6. II Chr. 35.11. Heb. 10.11.

[8] cap. 3.8. Heb. 12.24. I Ped. 1.2.

[9] Gen. 22.2.

[10] Gen. 8.21. Eze. 20.28, 41. II Cor. 2.15. Eph. 5.2. Phi. 4.18.

[11] ver. 3.

[12] ver. 5.

[13] cap. 5.7 e 12.8. Luc. 2.24.

[14] cap. 6.10.

[15] Gen. 15.10.

[16] ver. 9, 13.



_As offertas de manjares._

2 E quando _alguma_ pessoa offerecer [1] offerta de manjares ao Senhor, a
sua offerta será _de_ flor de farinha, e n’ella deitará azeite, e porá o
incenso sobre ella;

2 E a trará aos filhos de Aarão, os sacerdotes, _um_ dos quaes tomará
d’ella um punhado da flor de farinha, e do seu azeite com todo o seu
incenso: e o sacerdote queimará o seu memorial sobre o altar: [2] offerta
queimada _é_ de cheiro suave ao Senhor.

3 E o que sobejar [3] da offerta de manjares, _será_ de Aarão e de seus
filhos: [4] coisa sanctissima é, de offertas queimadas ao Senhor.

4 E, quando offereceres offerta de manjares, cozida no forno, _será_ de
bolos asmos de flor de farinha, amassados com azeite, e coscorões asmos
[5] untados com azeite.

5 E, se a tua offerta _fôr_ offerta de manjares, _cozida_ na caçoila,
será da flor de farinha sem fermento, amassada com azeite.

6 Em pedaços a partirás, e sobre ella deitarás azeite; offerta _é_ de
manjares.

7 E, se a tua offerta _fôr_ offerta de manjares da sertã, far-se-ha da
flor de farinha com azeite.

8 Então trarás a offerta de manjares, que se fará d’aquillo, ao Senhor; e
se apresentará ao sacerdote, o qual a levará ao altar.

9 E o sacerdote tomará d’aquella offerta de manjares o seu [6] memorial,
e a queimará [7] sobre o altar: offerta queimada _é_ de cheiro suave ao
Senhor.

10 E, o que sobejar da offerta de manjares, [8] _será_ de Aarão e de seus
filhos: coisa sanctissima _é_ de offertas queimadas ao Senhor.

11 Nenhuma offerta de manjares, que offerecerdes ao Senhor, se fará com
[9] fermento: porque de nenhum fermento, nem de mel algum, offerecereis
offerta queimada ao Senhor.

12 D’elles [10] offerecereis ao Senhor por offerta das primicias; porém
sobre o altar não subirão por cheiro suave.

13 E toda a offerta dos teus manjares salgarás [11] com sal; e não
deixarás faltar á tua offerta de manjares o sal do concerto do teu Deus:
em toda [12] a tua offerta offerecerás sal.

14 E, se offereceres ao Senhor offerta de manjares das primicias,
offerecerás a offerta de manjares das tuas primicias de espigas verdes,
[13] tostadas ao fogo; _isto é_, do grão trilhado de espigas verdes
cheias.

15 E sobre ella deitarás azeite, [14] e porás sobre ella incenso; offerta
é de manjares.

16 Assim o sacerdote queimará [15] o seu memorial do seu grão trilhado, e
do seu azeite, com todo o seu incenso: offerta queimada _é_ ao Senhor.

[1] cap. 6.14 e 9.17. Num. 15.4.

[2] ver. 9. cap. 5.12 e 6.15 e 24.7. Act. 10.4.

[3] cap. 7.9 e 10, 12, 13.

[4] Exo. 29.37. Num. 18.9.

[5] Exo. 29.2.

[6] ver. 2.

[7] Exo. 29.18.

[8] ver. 3.

[9] cap. 6.17. Mat. 16.12. Mar. 8.15. Luc. 12.1. I Cor. 5.8. Gal. 5.9.

[10] Exo. 23.29. cap. 23.10, 11.

[11] Mar. 9.49. Col. 4.6. Num. 18.19.

[12] Eze. 43.24.

[13] cap. 22.10, 14. II Reis 4.42.

[14] ver. 1.

[15] ver. 2.



_Os sacrificios de paz ou das graças._

3 E se a sua offerta _fôr_ [1] sacrificio [GA] pacifico: se _a_ offerecer
de gado macho ou femea, a offerecerá sem mancha [2] diante do Senhor.

2 E porá a sua mão sobre [3] a cabeça da sua offerta, e a degolará
_diante_ da porta da tenda da congregação: e os filhos de Aarão, os
sacerdotes, espargirão o sangue sobre o altar em roda.

3 Depois offerecerá do sacrificio pacifico a offerta queimada ao Senhor;
a gordura que cobre a fressura, e toda a gordura que [4] _está_ sobre a
fressura.

4 Então ambos os rins, e a gordura que _está_ sobre elles, e sobre as
tripas, e o redenho que _está_ sobre o figado com os rins, tirará.

5 E os filhos de Aarão o [5] queimarão sobre o altar, em cima do
holocausto, que _estará_ sobre a lenha que _está_ no fogo: offerta
queimada _é_ de cheiro suave ao Senhor.

6 E, se a sua [6] offerta _fôr_ de gado miudo por sacrificio pacifico ao
Senhor, _seja_ macho ou femea, sem mancha o offerecerá.

7 Se offerecer um cordeiro por sua offerta, offerecel-o-ha perante o
Senhor;

8 E porá a sua mão sobre a cabeça da sua offerta, e a degolará diante da
tenda da congregação; e os filhos de Aarão espargirão o seu sangue sobre
o altar em redor.

9 Então do sacrificio pacifico offerecerá ao Senhor por offerta queimada
a sua gordura, a cauda toda, a qual tirará do espinhaço, e a gordura que
cobre a fressura, e toda a gordura que _está_ sobre a fressura;

10 Como tambem tirará ambos os rins, e a gordura que _está_ sobre elles,
e sobre as tripas, e o redenho que _está_ sobre o figado com os rins.

11 E o sacerdote o queimará sobre o altar: manjar [7] _é_ da offerta
queimada ao Senhor.

12 Mas, se a sua offerta _fôr_ uma cabra, perante o Senhor [8] a
offerecerá,

13 E porá a sua mão sobre a sua cabeça, e a degolará diante da tenda da
congregação; e os filhos de Aarão espargirão o seu sangue sobre o altar
em redor.

14 Depois offerecerá d’ella a sua offerta, por offerta queimada ao
Senhor, a gordura que cobre a fressura, e toda a gordura que _está_ sobre
a fressura;

15 Como tambem tirará ambos os rins, e a gordura que _está_ sobre elles,
e sobre as tripas, e o redenho que _está_ sobre o figado com os rins.

16 E o sacerdote o queimará sobre o altar; manjar _é_ da offerta queimada
de cheiro suave. Toda [9] a gordura _será_ do Senhor.

17 Estatuto perpetuo [10] _é_ nas vossas gerações, em todas as vossas
habitações: [11] nenhuma gordura nem sangue algum comereis.

[1] cap. 7.11, 29 e 22.21.

[2] cap. 1.3.

[3] Exo. 29.10. cap. 1.4, 5.

[4] Exo. 29.13, 22. cap. 4.8, 9.

[5] Exo. 29.13. cap. 6.12.

[6] ver. 1, etc.

[7] cap. 21.6, 8, 17, 21 e 22.25. Eze. 44.7. Mal. 1.7, etc.

[8] ver. 1, 7, etc.

[9] cap. 7.23, 25. I Sam. 2.15. II Chr. 7.7.

[10] cap. 23.14.

[11] ver. 16. Gen. 9.4. cap. 7.23, 26 e 17.10, 14. Deu. 12.16. I Sam.
14.33. Eze. 44.7, 15.



_O sacrificio pelos erros dos sacerdotes._

4 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla aos filhos de Israel, dizendo: Quando uma [1] alma peccar por
erro contra alguns dos mandamentos do Senhor, _ácerca do_ que se não deve
fazer, e obrar _contra_ algum d’elles:

3 Se o sacerdote ungido [2] peccar para escandalo do povo, offerecerá
pelo seu peccado, que peccou, um novilho sem mancha, ao Senhor, por
expiação do peccado.

4 E trará o novilho á porta [3] da tenda da congregação, perante o
Senhor, e porá a sua mão sobre a cabeça do novilho, e degolará o novilho
perante o Senhor.

5 Então o sacerdote ungido tomará do [4] sangue do novilho, e o trará á
tenda da congregação:

6 E o sacerdote molhará o seu dedo no sangue, e d’aquelle sangue
espargirá sete vezes perante o Senhor, diante do véu do sanctuario.

7 Tambem porá [5] o sacerdote d’aquelle sangue sobre os cornos do
altar do incenso _aromatico_, perante o Senhor, que _está_ na tenda da
congregação: e todo o _resto do_ sangue do novilho derramará á base do
altar do holocausto, que _está_ á porta da tenda da congregação.

8 E toda a gordura do novilho da expiação tirará d’elle: a gordura que
cobre a fressura, e toda a gordura que _está_ sobre a fressura,

9 E os dois rins, e a gordura que _está_ sobre elles, que _está_ sobre as
tripas, e o redenho de sobre o figado, com os rins, o tirará,

10 Como se tira [6] do boi do sacrificio pacifico: e o sacerdote o
queimará sobre o altar do holocausto.

11 Mas o coiro [7] do novilho, e toda a sua carne, com a sua cabeça e as
suas pernas, e as suas entranhas, e o seu esterco,

12 Todo aquelle novilho levará fóra do arraial a um logar limpo, onde se
lança [8] a cinza, e o queimará com fogo sobre a lenha: onde se lança a
cinza se queimará.


_O sacrificio pelos erros do povo._

13 Mas, se toda a congregação d’Israel errar, [9] e o negocio fôr
occulto aos olhos da congregação, e se fizerem, _contra_ um de todos os
mandamentos do Senhor, _aquillo_ que se não deve fazer, e forem culpados;

14 E o peccado em que peccarem fôr notorio, então a congregação
offerecerá um novilho, por expiação do peccado, e o trará diante da tenda
da congregação,

15 E os anciãos da congregação porão [10] as suas mãos sobre a cabeça do
novilho perante o Senhor: e degolar-se-ha o novilho perante o Senhor.

16 Então o sacerdote [11] ungido trará do sangue do novilho á tenda da
congregação,

17 E o sacerdote molhará o seu dedo n’aquelle sangue, e o espargirá sete
vezes perante o Senhor, diante do véu.

18 E d’aquelle sangue porá sobre os cornos do altar, que _está_ perante
a face do Senhor, na tenda da congregação: e todo o _resto do_ sangue
derramará á base do altar do holocausto, que _está diante_ da porta da
tenda da congregação.

19 E tirará d’elle toda a sua gordura, e queimal-a-ha sobre o altar;

20 E fará a este novilho, [12] como fez ao novilho da expiação; assim lhe
fará, e o sacerdote por elles fará propiciação, e lhes será perdoado _o
peccado_.

21 Depois levará o novilho fóra do arraial, e o queimará como queimou o
primeiro novilho: _é_ expiação do peccado da congregação.


_O sacrificio pelos erros d’um principe._

22 Quando um principe peccar, e por erro [13] obrar _contra_ algum de
todos os mandamentos do Senhor seu Deus, _n’aquillo_ que se não deve
fazer, e _assim_ fôr culpado;

23 Ou _se_ o seu [14] peccado, no qual peccou, lhe fôr notificado, então
trará pela sua offerta um bode _tirado_ das cabras, macho sem mancha,

24 E porá a sua mão [15] sobre a cabeça do bode, e o degolará no logar
onde se degola o holocausto, perante a face do Senhor: expiação do
peccado _é_.

25 Depois o sacerdote [16] com o seu dedo tomará do sangue da expiação, e
_o_ porá sobre os cornos do altar do holocausto: então o _resto do seu_
sangue derramará á base do altar do holocausto.

26 Tambem queimará [17] sobre o altar toda a sua gordura como gordura
do sacrificio pacifico: assim o sacerdote por elle fará expiação do seu
peccado, e lhe será perdoado.


_O sacrificio pelos erros de qualquer pessoa._

27 E, se qualquer _outra_ pessoa do [18] povo da terra peccar por erro,
fazendo _contra_ algum dos mandamentos do Senhor, _aquillo_ que se não
deve fazer, e _assim_ fôr culpada;

28 Ou _se_ o seu [19] peccado, no qual peccou, lhe fôr notificado, então
trará pela sua offerta uma cabra sem mancha, pelo seu peccado que peccou,

29 E porá a sua mão sobre [20] a cabeça da expiação do peccado, e
degolará a expiação do peccado no logar do holocausto.

30 Depois o sacerdote com o seu dedo tomará do seu sangue, e o porá
sobre os cornos do altar do holocausto: e todo o _resto do seu_ sangue
derramará á base do altar;

31 E tirará toda a gordura, [21] como se tira a gordura do sacrificio
pacifico; e o sacerdote a queimará sobre o altar por [22] cheiro suave ao
Senhor: e o sacerdote fará propiciação por ella, e lhe será perdoado _o
peccado_.

32 Mas, se pela sua offerta trouxer uma cordeira para expiação do
peccado, [23] sem mancha trará,

33 E porá a sua mão sobre a cabeça da expiação do peccado, e a degolará
por expiação do peccado, no logar onde se degola o holocausto.

34 Depois o sacerdote com o seu dedo tomará do sangue da expiação do
peccado, e _o_ porá sobre os cornos do altar do holocausto: então todo o
_resto do_ seu sangue derramará na base do altar,

35 E tirará toda a sua gordura, como se tira a gordura do cordeiro do
sacrificio pacifico; e o sacerdote a queimará [24] sobre o altar, em
cima das offertas queimadas do Senhor: assim o sacerdote por ella fará
expiação dos seus peccados que peccou, e lhe será perdoado _o peccado_.

[1] cap. 5.15, 17. Num. 15.22, etc.

[2] cap. 9.2.

[3] cap. 1.3, 4.

[4] cap. 16.14. Num. 19.4.

[5] cap. 8.15 e 9.9 e 16.18 e 5.9.

[6] cap. 3.3, 4, 5.

[7] Exo. 29.14. Num. 19.5.

[8] cap. 6.11. Heb. 13.11.

[9] Num. 15.24. Jos. 7.11. cap. 5.2, 3, 4, 17.

[10] cap. 1.4.

[11] ver. 5. Heb. 9.12, 13, 14.

[12] ver. 3. Num. 15.25. Rom. 5.11. Heb. 2.17 e 10.10, 11, 12. I João 1.7
e 2.2.

[13] ver. 2, 13.

[14] ver. 14.

[15] ver. 4, etc.

[16] ver. 30.

[17] ver. 20. cap. 3, 5. Num. 15.28.

[18] ver. 2. Num. 15.27.

[19] ver. 23.

[20] ver. 4, 24.

[21] cap. 3.3, 14.

[22] Exo. 29.18. cap. 1.9. ver. 26.

[23] ver. 28.

[24] cap. 3.5. ver. 26, 31.



_O sacrificio pelos peccados occultos._

5 E quando _alguma_ pessoa [1] peccar, ouvindo uma voz de blasphemia,
de que _fôr_ testemunha, seja que _o_ viu, ou que o soube, se o não
denunciar, [2] então levará a sua iniquidade.

2 Ou, quando _alguma_ pessoa [3] tocar em alguma coisa immunda, seja
corpo morto de besta fera immunda, seja corpo morto d’animal immundo,
seja corpo morto de reptil immundo, ainda que lhe fosse occulto, contudo
será elle immundo e culpado.

3 Ou, quando tocar [4] a immundicia d’um homem, seja qualquer que _fôr_ a
sua immundicia, com que se faça immundo, e lhe fôr occulto, e _o_ souber
_depois_, será culpado.

4 Ou, quando _alguma_ pessoa jurar, pronunciando temerariamente com os
_seus_ beiços, [5] para fazer mal, ou para fazer bem, em tudo o que o
homem pronuncia temerariamente com juramento, e lhe fôr occulto, e _o_
souber _depois_, culpado será n’uma d’estas _coisas_.

5 Será pois que, culpado sendo n’uma d’estas _coisas_, confessará [6]
aquillo em que peccou,

6 E a sua expiação trará ao Senhor, pelo seu peccado que peccou: uma
femea de gado miudo, uma cordeira, ou uma cabrinha pelo peccado: assim o
sacerdote por ella fará expiação do seu peccado.

7 Mas, se a sua mão não alcançar o que bastar para gado miudo, então
trará, em sua expiação da culpa que commetteu, [7] ao Senhor duas
rolas ou dois pombinhos; um para expiação do peccado, e o outro para
holocausto;

8 E os trará ao sacerdote, o qual primeiro offerecerá aquelle que _é_
para expiação do peccado; e com a sua unha lhe torcerá [8] a cabeça junto
ao pescoço, mas não o partirá:

9 E do sangue da expiação do peccado espargirá sobre a parede do altar,
porém [9] o que sobejar d’aquelle sangue espremer-se-ha á base do altar:
expiação do peccado _é_.

10 E do outro fará holocausto [10] conforme ao costume: assim o sacerdote
por ella fará expiação do seu peccado que peccou, e lhe será perdoado.

11 Porém, se a sua mão não alcançar duas rolas, ou dois pombinhos, então
aquelle que peccou trará pela sua offerta a decima parte d’um epha _de_
flor de farinha, para expiação do peccado: não deitará sobre ella [11]
azeite, nem lhe porá em cima o incenso, porquanto _é_ expiação do peccado:

12 E a trará ao sacerdote, e o sacerdote d’ella tomará o seu punho
cheio pelo seu memorial, e _a_ queimará sobre o altar, [12] em cima das
offertas queimadas do Senhor: expiação de peccado _é_.

13 Assim o sacerdote por [13] ella fará expiação do seu peccado, que
peccou em alguma d’estas coisas, e lhe será perdoado; e _o resto_ será do
sacerdote, como a offerta de manjares.


_O sacrificio pelo sacrilegio._

14 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

15 Quando _alguma_ pessoa commetter um trespasso, e peccar [14] por
ignorancia nas coisas sagradas do Senhor, então trará ao Senhor pela
expiação [15] um carneiro sem mancha do rebanho, conforme á tua estimação
em siclos de prata, segundo o siclo do sanctuario, para expiação da culpa.

16 Assim restituirá o que peccar nas coisas sagradas, e ainda de mais
accrescentará [16] o seu quinto, e o dará ao sacerdote: [17] assim o
sacerdote com o carneiro da expiação fará expiação por ella, e ser-lhe-ha
perdoado _o peccado_.


_O sacrificio pelos peccados de ignorancia._

17 E, se alguma pessoa [18] peccar, e obrar _contra_ algum de todos os
mandamentos do Senhor o que se não deve fazer, ainda que o não soubesse,
comtudo será ella culpada, [19] e levará a sua iniquidade:

18 E trará ao sacerdote um carneiro sem [20] mancha do rebanho, conforme
á tua estimação, para expiação da culpa, e o sacerdote [21] por ella fará
expiação do seu erro em que errou sem saber; e lhe será perdoado.

19 Expiação de culpa _é_: [22] certamente se fez culpado ao Senhor.

[1] I Reis 8.31.

[2] ver. 17. cap. 7.18 e 17.16 e 19.8 e 20.17. Num. 9.13.

[3] cap. 11.24, 28, 31, 39. Num. 19.11, 13, 16. ver. 17.

[4] cap. 12 e 13 e 15.

[5] Act. 23.12. Mar. 6.23.

[6] cap. 26.40. Num. 5.7. Esd. 10.11, 12.

[7] cap. 1.14 e 12.8 e 14.21.

[8] cap. 1.15.

[9] cap. 4.7, 18, 30, 34.

[10] cap. 1.14 e 4.26.

[11] Num. 5.15.

[12] cap. 2.2 e 4.35.

[13] cap. 4.26 e 2.3.

[14] cap. 22.14.

[15] Esd. 10.19.

[16] cap. 6.5 e 22.14 e 27.13, 15, 27, 31. Num. 5.7.

[17] cap. 4.26.

[18] cap. 4.2.

[19] ver. 15. cap. 4.2, 13, 22, 27. Psa. 19.12. Luc. 12.48. ver. 1, 2.

[20] ver. 15.

[21] ver. 16.

[22] Esd. 10.2.



_O sacrificio pelos peccados voluntarios._

6 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Quando _alguma_ pessoa peccar, [1] e trespassar contra o Senhor, e
negar ao seu proximo o que se lhe deu em guarda, ou o que depoz na sua
mão, ou o roubo, ou [2] o que retem violentamente ao seu proximo,

3 Ou que achou [3] o perdido, e o negar com falso juramento, ou fizer
alguma _outra_ coisa de todas em que o homem costuma peccar;

4 Será pois que, porquanto peccou e ficou culpado, restituirá o roubo que
roubou, ou o retido que retem violentamente, ou o deposito que lhe foi
dado em guarda, ou o perdido que achou,

5 Ou tudo aquillo [4] sobre que jurou falsamente; e o restituirá no seu
cabedal, e ainda sobre isso accrescentará o quinto; áquelle de quem _é_ o
dará no dia de sua expiação.

6 E a sua expiação trará ao Senhor: um carneiro [5] sem mancha do
rebanho, conforme á tua estimação, para expiação da culpa, _trará_ ao
sacerdote:

7 E o sacerdote fará expiação por ella diante do Senhor, [6] e será
perdoada de qualquer de todas as coisas que fez, sendo culpada n’ellas.


_A lei do holocausto._

8 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

9 Dá ordem a Aarão e a seus filhos, dizendo: Esta _é_ a lei do
holocausto; o holocausto será queimado sobre o altar toda a noite até á
manhã, e o fogo do altar arderá n’elle.

10 E o sacerdote [7] vestirá a sua veste de linho, e vestirá as calças de
linho sobre a sua carne, e levantará a cinza, quando o fogo [8] houver
consumido o holocausto sobre o altar, e a porá junto ao altar.

11 Depois despirá [9] as suas vestes, e vestirá outras vestes: e levará a
cinza fóra do arraial para um logar [10] limpo.

12 O fogo pois sobre o altar arderá n’elle, não se apagará; mas o
sacerdote accenderá lenha n’elle cada manhã, e sobre elle porá em ordem o
holocausto, e sobre elle [11] queimará a gordura das offertas pacificas.

13 O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará.


_A lei da offerta de manjares._

14 E esta _é_ a lei [12] da offerta de manjares: _um_ dos filhos de Aarão
a offerecerá perante o Senhor diante do altar,

15 E d’ella tomará o seu punho cheio _da_ flor de farinha da offerta e do
seu azeite, e todo o incenso que _estiver_ sobre a offerta de manjares:
então o accenderá sobre o altar, cheiro suave [13] é isso, por ser
memorial ao Senhor.

16 E o restante [14] d’ella comerão Aarão e seus filhos: asmo [15] se
comerá no logar sancto, no pateo da tenda da congregação o comerão.

17 Levedado não se cozerá: [16] sua porção _é_ que _lhes_ dei das minhas
offertas queimadas: coisa sanctissima [17] é, como a expiação do peccado
e como a expiação da culpa.

18 Todo o macho [18] entre os filhos d’Aarão comerá d’ella: estatuto
perpetuo _será_ para as vossas gerações das offertas queimadas do Senhor;
tudo o que tocar n’ellas será [19] sancto.


_A offerta na consagração dos sacerdotes._

19 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

20 Esta _é_ a offerta [20] d’Aarão e de seus filhos, que offerecerão ao
Senhor no dia em que fôr ungido: a decima parte d’um [21] epha _de_ flor
de farinha pela offerta de manjares continua; a metade d’ella pela manhã,
e a _outra_ metade d’ella á tarde.

21 N’uma caçoila se fará com azeite; cosida a trarás; _e_ os pedaços
cosidos da offerta offerecerás em cheiro suave ao Senhor.

22 Tambem o sacerdote, que de entre seus filhos [22] fôr ungido em seu
logar, fará o mesmo; por estatuto perpetuo _seja_, toda será queimada ao
Senhor.

23 Assim toda a offerta do sacerdote totalmente será queimada; não se
comerá.


_A lei da expiação do peccado._

24 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

25 Falla a Aarão e a seus filhos, dizendo: [23] Esta _é_ a lei da
expiação do peccado: no logar onde se degola o holocausto se degolará a
expiação do peccado perante o Senhor; [24] coisa sanctissima _é_.

26 O sacerdote que a offerecer [25] pelo peccado a comerá: no logar
sancto se comerá, no pateo da tenda da congregação.

27 Tudo o que tocar [26] a sua carne será sancto: se espargir alguem do
seu sangue sobre o seu vestido, lavarás aquillo sobre o que caiu n’um
logar sancto.

28 E o vaso de barro em que fôr cosida [27] será quebrado; porém, se fôr
cosida n’um vaso de cobre, esfregar-se-ha e lavar-se-ha na agua.

29 Todo o macho entre os sacerdotes a [28] comerá: coisa sanctissima _é_.

30 Porém nenhuma expiação de peccado, [29] cujo sangue se traz á tenda da
congregação, para expiar no sanctuario, se comerá: no fogo será queimada.

[1] Num. 5.6. cap. 19.11. Act. 5.4. Col. 3.9. Exo. 22.7, 10.

[2] Pro. 24.28 e 26.19.

[3] Deu. 22.1, 2, 3. Exo. 22.11. cap. 19.12. Jer. 7.9. Zac. 5.4.

[4] cap. 5.16. Num. 5.7. II Sam. 12.6. Luc. 19.8.

[5] cap. 5.15.

[6] cap. 4.26.

[7] Exo. 28.39, 40, 41, 43. cap. 16.4. Eze. 44.17, 18.

[8] cap. 1.16.

[9] Eze. 44.19.

[10] cap. 4.12.

[11] cap. 3.3, 9, 14.

[12] cap. 2.1. Num. 15.4.

[13] cap. 2.2, 9.

[14] cap. 2.3. Eze. 44.29.

[15] ver. 26. cap. 10.12, 13. Num. 18.10.

[16] cap. 2.11. Num. 18.10.

[17] ver. 25. Exo. 29.37. cap. 2.3 e 7.1.

[18] ver. 29. Num. 18.10. cap. 3.17.

[19] Exo. 29.37. cap. 22.3, 4, 5, 6, 7.

[20] Exo. 29.2.

[21] Exo. 16.36.

[22] cap. 4.3. Exo. 29.25.

[23] cap. 4.2 e 1.3, 5, 11 e 4.24, 29, 33.

[24] ver. 17. cap. 21.22.

[25] cap. 10.17, 18. Num. 18.10. Eze. 44.28, 29. ver. 16.

[26] Exo. 29.37 e 30.29.

[27] cap. 11.33 e 15.12.

[28] ver. 18, 25. Num. 18.10.

[29] cap. 4.7, 11, 12, 18, 21 e 10.18 e 16.27. Heb. 13.11.



_A lei da expiação da culpa._

7 E esta _é_ a [1] lei da expiação da culpa: coisa sanctissima _é_.

2 No logar onde degolam [2] o holocausto, degolarão a expiação da culpa,
e o seu sangue se espargirá sobre o altar em redor.

3 E d’ella se offerecerá toda a sua gordura; a cauda, [3] e a gordura que
cobre a fressura.

4 Tambem ambos os rins, e a gordura que n’elles _ha_, que _está_ sobro as
tripas, e o redenho sobre o figado, com os rins se tirará,

5 E o sacerdote o queimará sobre o altar em offerta queimada ao Senhor:
expiação da culpa _é_.

6 Todo o macho [4] entre os sacerdotes a comerá: no logar sancto se
comerá: coisa sanctissima _é_.

7 Como a expiação do [5] peccado, assim _será_ a expiação da culpa:
uma mesma lei _haverá_ para ellas; será do sacerdote que houver feito
propiciação com ella.

8 Tambem o sacerdote, que offerecer o holocausto d’alguem, o mesmo
sacerdote terá o coiro do holocausto que offerecer.

9 Como tambem toda a offerta que se cozer no forno, [6] com tudo que se
preparar na sertã e na caçoila, será do sacerdote que o offerece.

10 Tambem toda a offerta amassada com azeite, ou secca, será de todos os
filhos d’Aarão, assim de um como de outro.


_A lei do sacrificio da paz._

11 E esta _é_ a lei [7] do sacrificio pacifico que se offerecerá ao
Senhor:

12 Se o offerecer por _offerta de_ louvores, com o sacrificio de
louvores, offerecerá bolos asmos amassados com azeite; [8] e coscorões
asmos amassados com azeite; e os bolos amassados com azeite serão fritos,
de flor de farinha.

13 Com os bolos offerecerá [9] pão levedado _pela_ sua offerta, com o
sacrificio de louvores da sua offerta pacifica.

14 E de toda a offerta offerecerá um d’elles _por_ offerta alçada ao
Senhor, _que_ será do sacerdote [10] que espargir o sangue da offerta
pacifica.

15 Mas a carne do sacrificio de louvores da sua offerta pacifica [11] se
comerá no dia do seu offerecimento: nada se deixará d’ella até á manhã.

16 E, se [12] o sacrificio da sua offerta _fôr_ voto, ou offerta
voluntaria, no dia em que offerecer o seu sacrificio se comerá; e o que
d’elle ficar tambem se comerá no dia seguinte;

17 E o que _ainda_ ficar da carne do sacrificio ao terceiro dia será
queimado no fogo.

18 Porque, se da carne do seu sacrificio pacifico se comer ao terceiro
dia, aquelle que a offereceu não será [13] acceito, nem lhe será
imputado; coisa abominavel será, e a pessoa que comer d’ella levará a sua
iniquidade.

19 E a carne que tocar alguma _coisa_ immunda não se comerá; com fogo
será queimada: mas da _outra_ carne qualquer que estiver limpo comerá
d’ella.

20 Porém, se _alguma_ pessoa comer a carne do sacrificio pacifico, que
_é_ do Senhor, tendo ella sobre si a sua immundicia, aquella pessoa será
[14] extirpada dos seus povos.

21 E, se _uma_ pessoa tocar alguma _coisa_ immunda, [15] _como_
immundicia de homem, ou gado immundo, ou qualquer abominação immunda, e
comer da carne do sacrificio pacifico, que _é_ do Senhor, aquella pessoa
será extirpada dos seus povos.


_Deus prohibe o comer a gordura e o sangue._

22 Depois fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

23 Falla aos filhos de Israel, dizendo: Nenhuma gordura de boi, nem de
carneiro, nem de cabra [16] comereis,

24 Porém pode usar-se da gordura do corpo morto, e da gordura do
dilacerado, para toda a obra, mas de nenhuma maneira a comereis;

25 Porque qualquer que comer a gordura do animal, do qual se offerecer
ao Senhor offerta queimada, a pessoa que a comer será extirpada dos seus
povos.

26 E nenhum sangue comereis em qualquer das vossas habitações, [17] quer
de aves quer de gado.

27 Toda a pessoa que comer algum sangue, aquella pessoa será extirpada
dos seus povos.


_A porção dos sacerdotes._

28 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

29 Falla aos filhos de Israel, dizendo: Quem offerecer ao Senhor o seu
sacrificio pacifico, [18] trará a sua offerta ao Senhor do seu sacrificio
pacifico.

30 As suas proprias mãos trarão as offertas queimadas do Senhor; a
gordura do [19] peito com o peito trará para movel-o _por_ offerta movida
perante o Senhor.

31 E o sacerdote queimará [20] a gordura sobre o altar, porém o peito
[21] será de Aarão e de seus filhos.

32 Tambem a espadua [22] direita dareis ao sacerdote _por_ offerta alçada
dos vossos sacrificios pacificos.

33 Aquelle dos filhos de Aarão que offerecer o sangue do sacrificio
pacifico, e a gordura, aquelle terá a espadua direita para a _sua_
porção;

34 Porque o peito movido [23] e a espadua alçada tomei dos filhos de
Israel dos seus sacrificios pacificos, e os dei a Aarão, o sacerdote, e a
seus filhos, por estatuto perpetuo dos filhos de Israel.

35 Esta _é_ a porção de Aarão e a porção de seus filhos das offertas
queimadas do Senhor, no dia _em que_ os apresentou para administrar o
sacerdocio ao Senhor.

36 O que o Senhor ordenou que se lhes désse d’entre os filhos de Israel
[24] no dia em que os ungiu, [GB] estatuto perpetuo é pelas suas gerações.

37 Esta _é_ a lei do holocausto, [25] da offerta de manjares, e da
expiação do peccado, [26] e da expiação da culpa, [27] e da offerta das
consagrações, [28] e do sacrificio pacifico.

38 Que o Senhor ordenou a Moysés no monte Sinai, no dia em que ordenou
aos filhos de Israel que offerecessem [29] as suas offertas ao Senhor no
deserto de Sinai.

[1] cap. 5 e 6.1-7 e 6.17, 25 e 21.22.

[2] cap. 1.3, 5, 11 e 4.24, 29, 33.

[3] cap. 3, 4, 9, 10, 14, 15, 16 e 4.8, 9. Exo. 29.13.

[4] cap. 6.16, 17, 18. Num. 18.9, 10. cap. 2.3.

[5] cap. 6.25, 26 e 14.13.

[6] cap. 2.3, 10. Num. 18.9. Eze. 44.29.

[7] cap. 3.1 e 22.18, 21.

[8] cap. 2.4. Num. 6.15.

[9] Amós 4, 5.

[10] Num. 18.8, 11, 19.

[11] cap. 22.30.

[12] cap. 19.6, 7, 8.

[13] cap. 11.10, 11, 41 e 19.7.

[14] cap. 15.3. Gen. 17.14.

[15] cap. 21 e 13 e 15 e 11.24, 28. Eze. 4.14. ver. 20.

[16] cap. 3.17.

[17] Gen. 9.4. cap. 3.17 e 17.10-14.

[18] cap. 3.1.

[19] cap. 3.3, 4, 9, 14. Exo. 29.24, 27. cap. 8.27 e 9.21. Num. 6.20.

[20] cap. 3.5, 11, 16.

[21] ver. 34.

[22] ver. 34. cap. 9.21. Num. 6.20.

[23] Exo. 29.28. cap. 10.14, 15. Num. 18.18, 19. Deu. 18.3.

[24] Exo. 40.13, 15. cap. 8.12, 30.

[25] cap. 6.9.

[26] cap. 6.14.

[27] cap. 6.25. ver. 1.

[28] Exo. 29.1. cap. 6.20. ver. 11.

[29] cap. 1.2.



_A consagração de Aarão e seus filhos._

8 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Toma [1] a Aarão e a seus filhos com elle, e os vestidos, e o azeite
da uncção, como tambem o novilho da expiação do peccado, e os dois
carneiros, e o cesto dos _pães_ asmos,

3 E ajunta toda a congregação á porta da tenda da congregação.

4 Fez pois Moysés como o Senhor lhe ordenara, e a congregação ajuntou-se
á porta da tenda da congregação.

5 Então disse Moysés á congregação: isto _é_ [2] o que o Senhor ordenou
_que_ se fizesse.

6 E Moysés fez chegar a Aarão e a seus filhos, [3] e os lavou com agua,

7 E lhe vestiu a tunica, [4] e cingiu-o com o cinto, e pôz sobre elle
o manto; tambem pôz sobre elle o ephod, e cingiu-o com o cinto de [GC]
artificio do ephod, e o apertou com elle.

8 Depois poz-lhe o [5] peitoral, pondo no peitoral o Urim e o Thummim;

9 E pôz a mitra sobre a sua [6] cabeça, e na mitra diante do seu rosto
pôz a lamina de oiro, a corôa da [GD] sanctidade, como o Senhor ordenara
a Moysés.

10 Então Moysés tomou o [7] azeite da uncção, e ungiu o tabernaculo, e
tudo o que _havia_ n’elle, e o sanctificou;

11 E d’elle espargiu sete vezes sobre o altar, e ungiu o altar e todos os
seus vasos, como tambem a pia e a sua base, para sanctifical-as.

12 Depois derramou [8] do azeite da uncção sobre a cabeça de Aarão, e
ungiu-o, para sanctifical-o.

13 Tambem Moysés fez chegar os filhos [9] de Aarão, e vestiu-lhes as
tunicas, e cingiu-os com o cinto, e apertou-lhes as tiaras, como o Senhor
ordenara a Moysés.

14 Então fez chegar o novilho da expiação do peccado; [10] e Aarão e seus
filhos pozeram as suas mãos sobre a cabeça do novilho da expiação do
peccado;

15 E o degolou; e Moysés [11] tomou o sangue, e pôz _d’elle_ com o seu
dedo sobre os cornos do altar em redor, e expiou o altar: depois derramou
o _resto do_ sangue á base do altar, e o sanctificou, para fazer expiação
sobre elle.

16 Depois tomou toda a gordura _que está_ na fressura, [12] e o redenho
do figado, e os dois rins e a sua gordura: e Moysés o queimou sobre o
altar.

17 Mas o novilho com o seu coiro, e a sua carne, e o seu esterco queimou
com fogo fóra do arraial, como o Senhor [13] ordenara a Moysés.

18 Depois fez [14] chegar o carneiro do holocausto; e Aarão e seus filhos
pozeram as suas mãos sobre a cabeça do carneiro:

19 E o degolou; e Moysés espargiu o sangue sobre o altar em redor.

20 Partiu tambem o carneiro nos seus pedaços; e Moysés queimou a cabeça,
e os pedaços e a gordura.

21 Porém a fressura e as pernas lavou com agua; e Moysés queimou todo o
carneiro sobre o altar: holocausto de cheiro suave, uma offerta queimada
_era_ ao Senhor, [15] como o Senhor ordenou a Moysés.

22 Depois fez [16] chegar o outro carneiro, o carneiro da consagração: e
Aarão com seus filhos pozeram as suas mãos sobre a cabeça do carneiro,

23 E o degolou; e Moysés tomou do seu sangue, e _o_ poz sobre a ponta da
orelha direita de Aarão, e sobre o pollegar da sua mão direita, e sobre
o pollegar do seu pé direito.

24 Tambem fez chegar os filhos de Aarão; e Moysés poz d’aquelle sangue
sobre a ponta da orelha direita d’elles, e sobre o pollegar da sua mão
direita, e sobre o pollegar do seu pé direito: e Moysés espargiu o _resto
do_ sangue sobre o altar em redor.

25 E tomou a gordura, e a cauda, [17] e toda a gordura que _está_ na
fressura, e o redenho do figado, e ambos os rins, e a sua gordura e a
espadua direita.

26 Tambem do cesto dos _pães_ asmos, que _estava_ diante do Senhor, tomou
um bolo asmo, e um bolo de pão azeitado, e um coscorão, e _os_ poz sobre
a gordura e sobre a espadua direita.

27 E tudo _isto_ deu nas mãos [18] de Aarão e nas mãos de seus filhos: e
os moveu _por offerta de_ movimento perante o Senhor.

28 Depois Moysés [19] tomou-os das suas mãos, e _os_ queimou no altar
sobre o holocausto; _estas foram_ uma consagração, por cheiro suave,
offerta queimada ao Senhor.

29 E tomou Moysés o peito, e moveu-o _por offerta [20] de_ movimento
perante o Senhor: aquella foi a porção de Moysés do carneiro da
consagração, como o Senhor ordenara a Moysés.

30 Tomou [21] Moysés tambem do azeite da uncção, e do sangue que _estava_
sobre o altar, e o espargiu sobre Aarão e sobre os seus vestidos, e
sobre os seus filhos, e sobre os vestidos de seus filhos com elle; e
sanctificou a Aarão _e_ os seus vestidos, e seus filhos, e os vestidos de
seus filhos com elle.

31 E Moysés disse a Aarão, e a seus filhos: [22] Cozei a carne diante
da porta da tenda da congregação, e ali a comei com o pão que _está_ no
cesto da consagração, como tenho ordenado, dizendo: Aarão e seus filhos a
comerão.

32 Mas o [23] que sobejar da carne e do pão, queimareis com fogo.

33 Tambem da porta da tenda da congregação não saireis em sete dias, até
ao dia em que se cumprirem os dias da vossa consagração: porquanto por
sete [24] dias elle vos consagrará.

34 Como se fez n’este dia, _as_sim o Senhor ordenou se fizesse, para
fazer expiação por vós.

35 Ficareis pois _á_ porta da tenda da congregação dia e noite [25] por
sete dias, e fareis a guarda do Senhor, para que não morraes: porque
assim me foi ordenado.

36 E Aarão e seus filhos fizeram todas as coisas que o Senhor ordenou
pela mão de Moysés.

[1] Exo. 29.1, 2, 3 e 28.2, 4 e 30.24, 25.

[2] Exo. 29.4.

[3] Exo. 29.4.

[4] Exo. 29.5 e 28.4.

[5] Exo. 28.30.

[6] Exo. 29.6 e 28.37.

[7] Exo. 30.26, 27, 28, 29.

[8] Exo. 29.7 e 30.30. cap. 21.10, 12. Psa. 133.2.

[9] Exo. 29.8, 9.

[10] Exo. 29.10. Eze. 43.19. cap. 4.4.

[11] Exo. 29.12, 36. cap. 4.7. Eze. 43.20, 26. Heb. 9.22.

[12] Exo. 29.13. cap. 4.8.

[13] Exo. 29.14. cap. 4.11, 12.

[14] Exo. 29.15.

[15] Exo. 29.28.

[16] Exo. 29.19, 31.

[17] Exo. 29.18.

[18] Exo. 29.24, etc.

[19] Exo. 29.25.

[20] Exo. 29.26.

[21] Exo. 29.21 e 30.30. Num. 3.3.

[22] Exo. 29.31, 32.

[23] Exo. 29.34.

[24] Exo. 29.30, 35. Eze. 43.25, 26.

[25] Num. 3.7 e 9.19. Deu. 11.1. I Reis 2.3.



_Aarão offerece sacrificios por si e pelo povo._

9 E aconteceu, ao dia [1] oitavo, _que_ Moysés chamou a Aarão e seus
filhos, e os anciãos de Israel,

2 E disse a Aarão: Toma-te [2] um bezerro, para _expiação do_ peccado, e
um carneiro para holocausto, sem mancha: e traze-_os_ perante o Senhor.

3 Depois fallarás aos filhos de Israel, dizendo: Tomae um [3] bode para
_expiação do_ peccado, e um bezerro, e um cordeiro d’um anno, sem mancha,
para holocausto:

4 Tambem um boi e um carneiro por _sacrificio_ pacifico, para sacrificar
perante o Senhor, e offerta de manjares, [4] amassada com azeite:
porquanto hoje o Senhor vos apparecerá.

5 Então trouxeram o que ordenou Moysés, diante da tenda da congregação, e
chegou-se toda a congregação, e se poz perante o Senhor.

6 E disse Moysés: Esta coisa que o Senhor ordenou fareis: [5] e a gloria
do Senhor vos apparecerá.

7 E disse Moysés a Aarão: Chega-te ao altar, [6] e faze a tua expiação de
peccado e o teu holocausto; e faze expiação por ti e pelo povo: depois
faze a offerta [7] do povo, e faze expiação por elles, como ordenou o
Senhor.

8 Então Aarão se chegou ao altar, e degolou o bezerro da expiação que
_era_ por elle.

9 E os filhos d’Aarão trouxeram-lhe o sangue, [8] e molhou o seu dedo
no sangue, e _o_ poz sobre os cornos do altar; e o _resto do_ sangue
derramou á base do altar.

10 Mas a gordura, e [9] os rins, e o redenho do figado de expiação do
peccado queimou sobre o altar, [10] como o Senhor ordenara a Moysés.

11 Porém a carne [11] e o coiro queimou com fogo fóra do arraial.

12 Depois degolou o holocausto, e os filhos d’Aarão lhe entregaram o
sangue, [12] e espargiu-o sobre o altar em redor.

13 Tambem lhe entregaram [13] o holocausto nos seus pedaços, com a
cabeça; e queimou-o sobre o altar.

14 E lavou [14] a fressura e as pernas, e as queimou sobre o holocausto
no altar.

15 Depois fez chegar a offerta do povo, e tomou o bode [15] da expiação
do peccado, que _era_ do povo, e o degolou, e o preparou por expiação do
peccado, como o primeiro.

16 Fez tambem chegar [16] o holocausto, e o preparou segundo o rito.

17 E fez chegar a offerta de manjares, e [17] a sua mão encheu d’ella, e
a queimou sobre o altar, além do holocausto da manhã.

18 Depois degolou o boi e o [18] carneiro em sacrificio pacifico, que
_era_ do povo; e os filhos de Aarão entregaram-lhe o sangue, que espargiu
sobre o altar em redor,

19 Como tambem a gordura do boi e do carneiro, a cauda, e o que cobre _a
fressura_, e os rins, e o redenho do figado.

20 E pozeram a gordura sobre os peitos, e queimou [19] a gordura sobre o
altar;

21 Mas os peitos e a espadua [20] direita Aarão moveu _por offerta de_
movimento perante o Senhor, como Moysés tinha ordenado.

22 Depois Aarão levantou as suas mãos ao povo [21] e os abençoou; e
desceu, havendo feito a expiação do peccado, e o holocausto, e a offerta
pacifica.

23 Então entraram Moysés e Aarão na tenda da congregação: depois sairam,
e abençoaram ao povo; e a gloria [22] do Senhor appareceu a todo o povo,

24 Porque o fogo saiu [23] de diante do Senhor, e consumiu o holocausto e
a gordura sobre o altar: o que vendo todo o povo [24], jubilaram e cairam
sobre as suas faces.

[1] Eze. 43.27.

[2] Exo. 29.1. cap. 4.3 e 8.14, 18.

[3] cap. 4.23. Esd. 6.17 e 10.19.

[4] cap. 2.4. ver. 23. Exo. 29.43.

[5] ver. 23. Exo. 24.16.

[6] cap. 4.3. Heb. 5.3 e 7.27 e 9.

[7] cap. 4.16, 20. Heb. 5.1.

[8] cap. 8.15 e 4.7.

[9] cap. 8.16.

[10] cap. 4.8.

[11] cap. 4.11 e 8.17.

[12] cap. 1.5 e 8.19.

[13] cap. 8.20.

[14] cap. 8.21.

[15] ver. 3. Heb. 2.17 e 5.3.

[16] cap. 1.3, 10.

[17] ver. 4. cap. 2.1, 2. Exo. 29.38.

[18] cap. 3.1, etc.

[19] cap. 3.5, 16.

[20] Exo. 29.24, 26. cap. 7.30, 31, 32, 33, 34.

[21] Num. 6.23. Deu. 21.5. Luc. 24.50.

[22] ver. 6. Num. 14.10 e 16.19, 42.

[23] Jui. 6.21. I Reis 18.38. II Chr. 7.1. Psa. 20.3.

[24] I Reis 18.39. II Chr. 7.3. Esd. 3.11.



_Nadab e Abihu morrem diante do Senhor._

10 E os filhos d’Aarão, Nadab [1] e Abihu, tomaram cada um o seu
incensario, e puzeram n’elles fogo, e puzeram incenso sobre elle, [2] e
trouxeram fogo estranho perante a face do Senhor, o que lhes não ordenara.

2 Então [3] saiu fogo de diante do Senhor, e os consumiu; e morreram
perante o Senhor.

3 E disse Moysés a Aarão: Isto _é_ o que o Senhor fallou, dizendo: Serei
sanctificado n’aquelles que se [4] cheguem a mim, e serei glorificado
diante de todo o povo. Porém Aarão [5] calou-se.

4 E Moysés chamou a Misael e a Elzaphan, filhos d’Ussiel, [6] tio
de Aarão, e disse-lhes: Chegae, tirae a vossos irmãos de diante do
sanctuario, [7] para fóra do arraial.

5 Então chegaram, e levaram-n’os nas suas tunicas para fóra do arraial,
como Moysés tinha dito.

6 E Moysés disse a Aarão, e a seus filhos Eleazar e Ithamar: Não
descobrireis [8] as vossas cabeças, nem rasgareis vossos vestidos, para
que não morraes, nem venha grande indignação sobre toda a congregação:
mas vossos irmãos, toda a casa de Israel, lamentem este incendio que o
Senhor accendeu.

7 Nem saireis da porta da tenda da congregação, para que não [9] morraes;
porque _está_ sobre vós o azeite da uncção do Senhor. E fizeram conforme
á palavra de Moysés.

8 E fallou o Senhor a Aarão, dizendo:

9 Vinho nem bebida forte tu e teus filhos [10] comtigo não bebereis,
quando entrardes na tenda da congregação, para que não morraes: estatuto
perpetuo _será isso_ entre as vossas gerações;

10 E para fazer differença [11] entre o sancto e o profano e entre o
immundo e o limpo,

11 E para ensinar [12] aos filhos d’Israel todos os estatutos que o
Senhor lhes tem fallado pela mão de Moysés.


_A lei ácerca das coisas sanctas._

12 E disse Moysés a Aarão, e a Eleazar e a Ithamar, seus filhos, que
_lhe_ ficaram: [13] Tomae a offerta de manjares, restante das offertas
queimadas do Senhor, e comei-a sem levadura junto ao altar, porquanto uma
[14] coisa sanctissima _é_.

13 Portanto o comereis no logar sancto; porque _isto é_ a tua porção,
e a porção de teus filhos das offertas queimadas do Senhor: [15] porque
assim me foi ordenado.

14 Tambem o peito da _offerta do_ movimento e a espadua _da offerta_
alçada comereis em logar limpo, tu, e teus filhos [16] e tuas filhas
comtigo; porque _foram_ dados por tua porção, e por porção de teus
filhos, dos sacrificios pacificos dos filhos de Israel.

15 A espadua _da offerta_ alçada [17] e o peito _da offerta_ do movimento
trarão com as offertas queimadas de gordura, para mover _por offerta de_
movimento perante o Senhor; o que será por estatuto perpetuo, para ti e
para teus filhos comtigo, como o Senhor tem ordenado.

16 E Moysés diligentemente buscou o bode [18] da expiação, e eis que já
era queimado: portanto indignou-se grandemente contra Eleazar e contra
Ithamar, os filhos que de Aarão ficaram, dizendo:

17 Porque não comestes [19] a expiação do peccado no logar sancto? pois
uma coisa sanctissima _é_: e o Senhor a deu a vós, para que levasseis a
iniquidade da congregação, para fazer expiação por elles diante do Senhor.

18 Eis-que não se trouxe o [20] seu sangue para dentro do sanctuario;
certamente haveis de comel-a no sanctuario, como [21] tenho ordenado.

19 Então disse Aarão a Moysés: Eis-que hoje [22] offereceram a sua
expiação de peccado e o seu holocausto perante o Senhor, e taes coisas me
succederam: _se_ eu hoje comera a expiação do peccado, [23] seria pois
acceito aos olhos do Senhor?

20 E Moysés ouvindo _isto_, foi acceito aos seus olhos.

[1] cap. 16.1 e 22.9. Num. 3.3, 4 e 26.61. I Chr. 24.2. cap. 16.12. Num.
16.18.

[2] Exo. 30.9.

[3] cap. 9.24. Num. 16.35. II Sam. 6.7.

[4] Exo. 19.22 e 29.43. cap. 21.6, 17, 21. Eze. 20.41. Isa. 49.3. Eze.
28.22. João 13.31, 32 e 14.13. II The. 1.10.

[5] Psa. 39.9.

[6] Exo. 6.18, 22. Num. 3.19, 30.

[7] Luc. 7.12. Act. 5.6, 9, 10 e 8.2.

[8] Exo. 33.5. cap. 13.45 e 21.1, 10. Eze. 24.16, 17. Num. 16.22, 46.
Jos. 7.1 e 22.18, 20. II Sam. 24.1.

[9] cap. 21.12. Exo. 28.41. cap. 8.30.

[10] Eze. 44.21. Luc. 1.15. I Tim. 3.3. Tito 1.7.

[11] cap. 11.47 e 20.25. Jer. 15.19. Eze. 22.26 e 44.23.

[12] Deu. 24.8. Neh. 8.2, 8, 9, 13. Mal. 3.7.

[13] Exo. 29.2. cap. 6.16.

[14] cap. 21.22.

[15] cap. 2.3 e 6.16.

[16] Exo. 29.24, 26, 27. cap. 7.31, 34. Num. 18.11.

[17] cap. 7.29, 30, 34.

[18] cap. 9.3, 15.

[19] cap. 6.26.

[20] cap. 6.30.

[21] cap. 6.26.

[22] cap. 9.8, 12.

[23] Jer. 6.20 e 14.12. Ose. 9.4. Mal. 1.10, 13.



_Os animaes que se devem comer e os que se não devem comer._

11 E fallou o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo-lhes:

2 Falla aos filhos d’Israel, dizendo: [1] Estes _são_ os animaes, que
comereis de todas as bestas que _ha_ sobre a terra:

3 Tudo o que tem unhas fendidas, e a fenda das unhas se divide em duas,
_e_ remoe, entre os animaes, aquillo comereis.

4 D’estes porém não comereis, dos que remoem ou dos que teem unhas
fendidas: o camelo, que remoe mas não tem unhas fendidas; este vos _será_
immundo;

5 E o coelho, porque remoe, mas não tem as unhas fendidas; este vos
_será_ immundo;

6 E a lebre, porque remoe, mas não tem as unhas fendidas esta vos _será_
immunda.

7 Tambem o porco, porque tem unhas fendidas, e a fenda das unhas se
divide em duas, mas não remoe; este vos _será_ immundo.

8 Da sua carne não comereis, nem tocareis no seu cadaver; [2] estes vos
_serão_ immundos.

9 Isto comereis [3] de tudo o que _ha_ nas aguas, tudo o que tem
barbatanas e escamas nas aguas, nos mares e nos rios; aquillo comereis.

10 Mas tudo o que não tem barbatanas nem escamas, nos mares e nos rios,
de todo o reptil das aguas, e de toda a [GE] alma vivente que _ha_ nas
aguas, estes _serão_ para vós [4] abominação.

11 Ser-vos-hão pois por abominação: da sua carne não comereis, e
abominareis o seu cadaver.

12 Tudo o que não tem barbatanas ou escamas, nas aguas, _será_ para vós
abominação.

13 E estas abominareis [5] das aves: não se comerão, _serão_ abominação:
a aguia, e o quebrantosso, e o xofrango,

14 E o milhano, e o abutre segundo a sua especie,

15 Todo o corvo segundo a sua especie,

16 E o abestruz, e o mocho, e o cuco, e o gavião segundo a sua especie,

17 E o bufo, e o corvo marinho, e a curuja,

18 E a gralha, e o cisne, e o pelicão,

19 E a cegonha, a garça segundo a sua especie, e a poupa, e o morcego.

20 Todo o reptil que vôa, que anda sobre quatro _pés_, _será_ para vós
uma abominação.

21 Mas isto comereis de todo o reptil que vôa, que anda sobre quatro
_pés_: o que tiver pernas sobre os seus pés, para saltar com ellas sobre
a terra.

22 D’elles comereis estes: o gafanhoto [6] segundo a sua especie, e o
solham segundo a sua especie, e o hargol segundo a sua especie, e o hagab
segundo a sua especie.

23 E todo o reptil que vôa, que tem quatro pés, _será_ para vós uma
abominação,

24 E por estes sereis immundos: qualquer que tocar os seus cadaveres,
immundo será até á tarde.

25 Qualquer que levar os seus cadaveres [7] lavará os seus vestidos, e
será immundo até á tarde.

26 Todo o animal que tem unhas fendidas, mas a fenda não se divide em
duas, e _todo o_ que não remoe, vos _será_ por immundo: qualquer que
tocar n’elles será immundo.

27 E tudo o que anda sobre as suas patas, de todo o animal que anda
a quatro _pés_, vos _será_ por immundo: qualquer que tocar nos seus
cadaveres será immundo até á tarde.

28 E o que levar os seus cadaveres lavará os seus vestidos, e será
immundo até á tarde: elles vos _serão_ por immundos.

29 Estes tambem vos _serão_ por immundos entre os reptis que se arrastam
sobre a terra: a doninha, e o rato, [8] e o cágado segundo a sua especie,

30 E o ouriço cacheiro, e o lagarto, e a lagartixa, e a lesma e a
toupeira.

31 Estes vos _serão_ por immundos entre todo o reptil; qualquer que os
tocar, estando elles mortos, será immundo até á tarde.

32 E tudo aquillo sobre o que d’elles cair _alguma coisa_, estando elles
mortos, será immundo; seja vaso de madeira, ou vestido, ou pelle, ou
sacco, qualquer instrumento, com que se faz _alguma_ obra, será mettido
[9] na agua, e será immundo até á tarde; depois será limpo.

33 E todo o vaso de barro, em que cair _alguma coisa_ d’elles, tudo o que
houver n’elle será immundo, e o [10] _vaso_ quebrareis.

34 Todo o manjar que se come, sobre o que vier tal agua, será immundo; e
toda a bebida que se bebe, em todo o vaso, será immunda.

35 E aquillo sobre o que cair alguma coisa de seu corpo morto, será
immundo: o forno e o vaso de barro serão quebrados; immundos _são_:
portanto vos serão por immundos.

36 Porém a fonte ou cisterna, em que _se_ recolhem aguas, será limpa, mas
quem tocar no seu cadaver será immundo.

37 E, se dos seus cadaveres cair _alguma coisa_ sobre _alguma_ semente de
semear, que se semeia, _será_ limpa;

38 Mas se fôr deitada agua sobre a semente, e se do seu cadaver cair
_alguma coisa_ sobre ella, vos _será_ por immunda.

39 E se morrer _algum_ dos animaes, que vos _servem_ de mantimento, quem
tocar no seu cadaver será immundo até á tarde;

40 E quem comer [11] do seu cadaver lavará os seus vestidos, e será
immundo até á tarde; e quem levar o seu corpo morto lavará os seus
vestidos, e será immundo até á tarde.

41 Tambem todo o reptil, que se arrasta sobre a terra, _será_ abominação;
não se comerá.

42 Tudo o que anda sobre o ventre, e tudo o que anda sobre quatro _pés_,
ou que tem mais pés, entre todo o reptil que se arrasta sobre a terra,
não comereis, porquanto _são_ uma abominação.

43 Não façaes [12] as vossas almas abominaveis por nenhum reptil que se
arrasta, nem n’elles vos contamineis, para ser immundos por elles;

44 Porque eu _sou_ o Senhor vosso Deus: portanto [13] vós os
sanctificareis, e sereis sanctos, porque eu _sou_ sancto; e não
contaminareis as vossas almas por nenhum reptil que se arrasta sobre a
terra;

45 Porque eu _sou_ [14] o Senhor, que vos faço subir da terra do Egypto,
para que eu seja vosso Deus, e para que sejaes sanctos; porque eu _sou_
sancto.

46 Esta é a lei dos animaes, e das aves, e de toda a alma vivente que se
move nas aguas, e de toda a alma que se arrasta sobre a terra;

47 Para fazer [15] differença entre o immundo e o limpo; e entre os
animaes que se podem comer e os animaes que não se podem comer.

[1] Deu. 14.4. Act. 10.12, 14.

[2] Isa. 65.4 e 66.3, 17 e 52.11. Mat. 15.11, 20. Mar. 7.2, 15, 18. Act.
10.14, 15 e 15.29. Rom. 14.14, 17. I Cor. 8.8. Col. 2.16, 21. Heb. 9.10.

[3] Deu. 14.9.

[4] cap. 7.18. Deu. 14.3.

[5] Deu. 14.12.

[6] Mat. 3.4. Mar. 1.6.

[7] cap. 14.8 e 15.5. Num. 19.10, 22 e 31.24.

[8] Isa. 66.17.

[9] cap. 15.12.

[10] cap. 6.28 e 15.12.

[11] cap. 17.15. Deu. 14.21. Eze. 4.14 e 44.31.

[12] cap. 20.25.

[13] Exo. 19.6. cap. 19.2 e 20.7, 26. I The. 4.7. I Ped. 1.16.

[14] Exo. 6.7. ver. 44.

[15] cap. 10.10.



_A purificação da mulher depois do parto._

12 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla aos filhos d’Israel, dizendo: Se uma mulher conceber [1] e parir
um macho, será immunda sete dias, assim como nos dias da separação da sua
enfermidade será immunda.

3 E no dia oitavo [2] se circumcidará _ao menino_ a carne do seu prepucio.

4 Depois ficará ella trinta e tres dias no sangue da sua purificação;
nenhuma coisa sancta tocará, e não virá ao sanctuario até que se cumpram
os dias da sua purificação.

5 Mas, se parir uma femea, será immunda duas semanas, como na sua
separação: depois ficará sessenta e seis dias no sangue da sua
purificação.

6 E, quando forem cumpridos os dias da sua purificação [3] por filho ou
por filha, trará um cordeiro d’um anno por holocausto, e um pombinho
ou uma rola para expiação do peccado, diante da porta da tenda da
congregação, ao sacerdote,

7 O qual o offerecerá perante o Senhor, e por ella fará propiciação; e
será limpa do fluxo do seu sangue: esta é a lei da que parir macho ou
femea.

8 Mas, se a sua mão [4] não alcançar assaz para um cordeiro, então tomará
duas rolas, ou dois pombinhos, um para o holocausto e outro para a
propiciação do peccado: [5] assim o sacerdote por ella fará expiação, e
será limpa.

[1] cap. 15.19. Luc. 2.22.

[2] Gen. 17.12. Luc. 1.59 e 2.21. João 7.22, 23.

[3] Luc. 2.22.

[4] cap. 5.7. Luc. 2.24.

[5] cap. 4.26.



_As leis ácerca da praga da lepra._

13 Fallou mais o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

2 O homem, quando na pelle da sua carne houver inchação, [1] ou pustula,
ou empola branca, que estiver na pelle de sua carne _como_ praga da
lepra, então será levado [2] a Aarão o sacerdote, ou a um de seus filhos,
os sacerdotes,

3 E o sacerdote examinará a praga na pelle da carne; se o pello na praga
se tornou branco, e a praga parecer mais profunda do que a pelle da sua
carne, praga da lepra _é_; o sacerdote, vendo-o, então o declarará por
immundo.

4 Mas, se a empola na pelle de sua carne _fôr_ branca, e não parecer
mais profunda do que a pelle, e o pello não se tornou branco, então o
sacerdote encerrará _o que tem_ a praga por sete dias;

5 E ao setimo dia o sacerdote o examinará; e eis que, se a praga ao seu
parecer parou, e a praga na pelle se não estendeu, então o sacerdote o
encerrará por outros sete dias;

6 E o sacerdote ao setimo dia o examinará outra vez; e eis-que, se a
praga se recolheu, e a praga na pelle se não estendeu, então o sacerdote
o declarará por limpo: apostema _é_; e lavará [3] os seus vestidos, e
será limpo.

7 Mas, se a apostema na pelle se estende grandemente, depois que foi
mostrado ao sacerdote para a sua purificação, outra vez será mostrado ao
sacerdote,

8 E o sacerdote o examinará, e eis que, se a apostema na pelle se tem
estendido, o sacerdote o declarará por immundo: lepra é.

9 Quando no homem houver praga de lepra, será levado ao sacerdote,

10 E o sacerdote o [4] examinará, e eis que, se ha inchação branca na
pelle, a qual tornou o pello em branco, e _houver alguma_ vivificação da
carne viva na inchação,

11 Lepra envelhecida é na pelle da sua carne: portanto o sacerdote o
declarará por immundo: não o encerrará, porque immundo é.

12 E, se a lepra florescer de todo na pelle, e a lepra cobrir toda a
pelle do que tem a praga, desde a sua cabeça até aos seus pés, quanto
podem ver os olhos do sacerdote.

13 Então o sacerdote examinará, e eis-que, se a lepra tem coberto toda a
sua carne, então declarará _o que tem_ a praga por limpo: todo se tornou
branco; limpo está.

14 Mas no dia em que apparecer n’ella carne viva será immundo.

15 Vendo pois o sacerdote a carne viva, declaral-o-ha por immundo: a
carne é immunda: lepra é.

16 Ou, tornando a carne viva, e mudando-se em branca, então virá ao
sacerdote,

17 E o sacerdote o examinará, e eis que, se a praga se tornou branca,
então o sacerdote por limpo declarará _o que tem_ a praga; limpo está.

18 Se tambem a carne, em cuja pelle houver alguma [5] ulcera, se sarar,

19 E, em logar da apostema, vier inchação branca ou empola branca,
tirando a vermelho, mostrar-se-ha então ao sacerdote.

20 E o sacerdote examinará, e eis que, se ella parece mais funda do que
a pelle, e o seu pello se tornou branco, o sacerdote o declarará por
immundo: praga da lepra é; pela apostema brotou.

21 E o sacerdote, vendo-a, e eis que n’ella não _apparece_ pello branco,
nem estiver mais funda do que a pelle, mas encolhida, então o sacerdote o
encerrará por sete dias.

22 Se depois grandemente se estender na pelle, o sacerdote o declarará
por immundo; praga é.

23 Mas, se a empola parar no seu logar, não se estendendo, inflammação da
apostema é; o sacerdote pois o declarará por limpo.

24 Ou, quando na pelle da carne houver queimadura de fogo, e no que é
sarado da queimadura houver empola branca, tirando a vermelho ou branco,

25 E o sacerdote vendo-a, e eis que o pello na empola se tornou branco,
e ella parece mais funda do que a pelle, lepra é, _que_ floresceu pela
queimadura: portanto o sacerdote o declarará por immundo; praga de lepra
é.

26 Mas, se o sacerdote, vendo-a, e eis que, na empola não apparecer pello
branco, nem estiver mais funda do que a pelle, mas recolhida, o sacerdote
o encerrará por sete dias.

27 Depois o sacerdote o examinará ao setimo dia; se grandemente se houver
estendido na pelle, o sacerdote o declarará por immundo; praga de lepra é.

28 Mas se a empola parar no seu logar, e na pelle não se estender, mas se
recolher, inchação da queimadura é: portanto o sacerdote o declarará por
limpo, porque signal é da queimadura.

29 E, quando homem ou mulher tiverem chaga na cabeça ou na barba,

30 E o sacerdote, examinando a chaga, e eis que, se ella parece mais
funda do que a pelle, e pello amarello fino n’ella ha, o sacerdote o
declarará por immundo; tinha é, lepra da cabeça ou da barba é.

31 Mas, se o sacerdote, havendo examinado a praga da tinha, e eis que, se
ella não parece mais funda do que a pelle, e se n’ella não houver pello
preto, então o sacerdote encerrará _o que tem_ a praga da tinha por sete
dias,

32 E o sacerdote examinará a praga ao setimo dia, e eis que se a tinha
não fôr estendida, e n’ella não houver pello amarello, nem a tinha
parecer mais funda do que a pelle,

33 Então se rapará; mas não rapará a tinha; e o sacerdote segunda vez
encerrará _o que_ a tinha por sete dias.

34 Depois o sacerdote examinará a tinha ao setimo dia; e eis que, se a
tinha não se houver estendido na pelle, e ella não parecer mais funda
do que a pelle, o sacerdote o declarará por limpo, e lavará os seus
vestidos, e será limpo.

35 Mas, se a tinha, depois da sua purificação, se houver estendido
grandemente na pelle,

36 Então o sacerdote o examinará, e eis que, se a tinha se tem estendido
na pelle, o sacerdote não buscará pello amarello: immundo está.

37 Mas, se a tinha ao seu ver parou, e pello preto n’ella cresceu, a
tinha está sã, limpo está: portanto o sacerdote o declarará por limpo.

38 E, quando homem ou mulher tiverem empolas brancas na pelle da sua
carne,

39 Então o sacerdote olhará, e eis que, se na pelle da sua carne
apparecem empolas recolhidas, brancas, bustela branca é, _que_ floresceu
na pelle; limpo está.

40 E, quando se pellar a cabeça do homem, calvo é, limpo está.

41 E, se se lhe pellar a frente da cabeça, meio calvo é; limpo está.

42 Porém, se na calva, ou na meia calva houver praga branca avermelhada,
lepra é, florescendo na sua calva ou na sua meia calva.

43 Havendo pois o sacerdote examinado, e eis que, se a inchação da praga
na sua calva ou meia calva _está_ branca, tirando a vermelho, como parece
a lepra na pelle da carne,

44 Leproso é aquelle homem, immundo está: o sacerdote o declarará
totalmente por immundo, na sua cabeça tem a sua praga.

45 Tambem os vestidos do leproso, em quem está a praga, serão rasgados, e
a sua cabeça será descoberta, e [6] cobrirá o beiço superior, e clamará:
Immundo, immundo.

46 Todos os dias em que a praga _houver_ n’elle, será immundo; immundo
está, habitará só: a sua habitação [7] _será_ fóra do arraial.

47 Quando tambem em algum vestido houver praga de lepra, em vestido de
lã, ou em vestido de linho,

48 Ou no fio urdido, ou no fio tecido, seja de linho, ou seja de lã, ou
em pelle, ou em qualquer obra de pelles,

49 E a praga no vestido, ou na pelle, ou no fio urdido, ou no fio tecido,
ou em qualquer coisa de pelles apparecer verde ou vermelha, praga de
lepra é, pelo que se mostrará ao sacerdote,

50 E o sacerdote examinará a praga, e encerrará _a coisa que tem_ a praga
por sete dias.

51 Então examinará a praga ao setimo dia; se a praga se houver estendido
no vestido, ou no fio urdido, ou no fio tecido, ou na pelle, para
qualquer obra que fôr feita da pelle, lepra [8] roedora é, immunda está;

52 Pelo que se queimará aquelle vestido, ou fio urdido, ou fio tecido de
lã, ou de linho, ou de qualquer obra de pelles, em que houver a praga,
porque lepra roedora é; com fogo se queimará.

53 Mas, o sacerdote, vendo, e eis que, se a praga se não estendeu no
vestido, ou no fio urdido, ou no tecido, ou em qualquer obra de pelles,

54 Então o sacerdote ordenará que se lave _aquillo_ no qual _havia_ a
praga, e o encerrará segunda vez por sete dias;

55 E o sacerdote, examinando a praga, depois que fôr lavada, e eis que se
a praga não mudou o seu parecer, nem a praga se estendeu, immundo está,
com fogo o queimarás; _praga_ penetrante é, seja raso [GF] em todo ou em
parte.

56 Mas se o sacerdote vir que a praga se tem recolhido, depois que fôr
lavada, então a rasgará do vestido, ou da pelle, ou do fio urdido ou
tecido;

57 E, se ainda apparecer no vestido, ou no fio urdido ou tecido ou em
qualquer coisa de pelles, _lepra_ brotante é: com fogo queimarás aquillo
em que ha a praga;

58 Mas o vestido, ou fio urdido ou tecido, ou qualquer coisa de pelles,
que lavares, e de que a praga se retirar, se lavará segunda vez, e será
limpo.

59 Esta _é_ a lei da praga da lepra do vestido de lã, ou de linho, ou do
fio urdido ou tecido, ou de qualquer coisa de pelles, para declaral-o por
limpo, ou para declaral-o por immundo.

[1] Deu. 28.27. Isa. 3.17.

[2] Deu. 17.8, 9 e 24.8. Luc. 17.14.

[3] cap. 11.25 e 14.8.

[4] Num. 12.10, 12. II Reis 5.27. II Chr. 26.20.

[5] Exo. 9.9.

[6] Eze. 24.17, 22. Miq. 3.7. Lam. 4.15.

[7] Num. 5.2 e 12.14. II Reis 7.3 e 15.5. II Chr. 26.21. Luc. 17.12.

[8] cap. 14.44.



_A lei ácerca do leproso depois de sarado._

14 Depois fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Esta será a lei do leproso no dia da sua purificação: será levado [1]
ao sacerdote,

3 E o sacerdote sairá fóra do arraial, e o sacerdote, examinando, e eis
que, se a praga da lepra do leproso fôr sarada,

4 Então o sacerdote ordenará que _por_ aquelle que se houver de purificar
se tomem duas aves vivas e limpas, e pau de cedro, [2] e carmezim e
hyssopo.

5 Mandará tambem o sacerdote que se degole uma ave n’um vaso de barro
sobre aguas vivas,

6 E tomará a ave viva, e o pau de cedro, e o carmezim, e o hyssopo, e os
molhará com a ave viva no sangue da ave que foi degolada sobre as aguas
vivas.

7 E sobre aquelle que ha de purificar-se da lepra espargirá [3] sete
vezes; então o declarará por limpo, e soltará a ave viva sobre a face do
campo.

8 E aquelle que tem a [4] purificar-se lavará os seus vestidos, e rapará
todo o seu pello, e se lavará com agua; assim será limpo: e depois
entrará no arraial, porém ficará [5] fóra da sua tenda por sete dias;

9 E será que ao setimo dia rapará todo o seu pello, a sua cabeça, e a
sua barba, e as sobrancelhas dos seus olhos; e rapará todo o seu _outro_
pello, e lavará os seus vestidos, e lavará a sua carne com agua, e será
limpo.

10 E ao dia oitavo tomará dois cordeiros sem mancha, e uma cordeira sem
mancha, de um anno, e tres dizimas de flor de farinha _para_ offerta de
manjares, amassada [6] com azeite, e um log de azeite;

11 E o sacerdote que faz a purificação apresentará ao homem que houver de
purificar-se com aquellas coisas perante o Senhor, á porta da tenda da
congregação.

12 E o sacerdote tomará um dos cordeiros, [7] e o offerecerá por expiação
da culpa, e o log de azeite; e os moverá _por_ offerta movida perante o
Senhor.

13 Então degolará o cordeiro [8] no logar em que se degola a expiação do
peccado e o holocausto, no logar sancto; porque _assim_ a [9] expiação da
culpa como a expiação do peccado é para o sacerdote; coisa sanctissima é.

14 E o sacerdote tomará do sangue da expiação da culpa, e o sacerdote
o porá sobre a ponta [10] da orelha direita d’aquelle que tem a
purificar-se, e sobre o dedo pollegar da sua mão direita, e no dedo
pollegar do seu pé direito.

15 Tambem o sacerdote tomará do log de azeite, e o derramará na palma da
sua propria mão esquerda.

16 Então o sacerdote molhará o seu dedo direito no azeite que está na
sua mão esquerda, e d’aquelle azeite com o seu dedo espargirá sete vezes
perante o Senhor;

17 E o restante do azeite, que _está_ na sua mão, o sacerdote porá sobre
a ponta da orelha direita d’aquelle que tem a purificar-se, e sobre o
dedo pollegar da sua mão direita, e sobre o dedo pollegar do seu pé
direito, em cima do sangue da expiação da culpa;

18 E o restante do azeite que _está_ na mão do sacerdote, o porá sobre a
cabeça d’aquelle que tem a purificar-se: assim o sacerdote fará expiação
por elle perante o Senhor.

19 Tambem o sacerdote fará a expiação do peccado, e fará [11] expiação
por aquelle que tem a purificar-se da sua immundicia; e depois degolará
[12] o holocausto;

20 E o sacerdote offerecerá o holocausto e a offerta de manjares sobre o
altar: assim o sacerdote fará expiação por elle, e será limpo.

21 Porém se _fôr_ pobre, [13] e a sua mão não alcançar _tanto_, tomará
um cordeiro _para_ expiação da culpa em offerta de movimento, para fazer
expiação por elle, e a dizima _de_ flor de farinha, amassada com azeite,
_para_ offerta de manjares, e um log de azeite,

22 E duas rolas, ou dois [14] pombinhos, conforme alcançar a sua mão,
_dos quaes_ um será para expiação do peccado, e o outro _para_ holocausto.

23 E ao oitavo [15] dia da sua purificação os trará ao sacerdote, á porta
da tenda da congregação, perante o Senhor,

24 E o sacerdote tomará [16] o cordeiro da expiação da culpa, e o log de
azeite, e o sacerdote os moverá _por_ offerta movida perante o Senhor.

25 Então degolará o cordeiro [17] da expiação da culpa, e o sacerdote
tomará do sangue da expiação da culpa, e _o_ porá sobre a ponta da orelha
direita d’aquelle que tem a purificar-se, e sobre o dedo pollegar da sua
mão direita, e sobre o dedo pollegar do seu pé direito.

26 Tambem o sacerdote derramará do azeite na palma da sua propria mão
esquerda;

27 Depois o sacerdote com o seu dedo direito espargirá do azeite que
_está_ na sua mão esquerda, sete vezes perante o Senhor,

28 E o sacerdote porá do azeite que _está_ na sua mão na ponta da orelha
direita d’aquelle que tem a purificar-se, e no dedo pollegar da sua mão
direita, e no dedo pollegar do seu pé direito; no logar do sangue da
expiação da culpa.

29 E o que sobejar do azeite que _está_ na mão do sacerdote porá sobre a
cabeça do que tem a purificar-se, para fazer expiação por elle perante o
Senhor.

30 Depois offerecerá uma das [18] rolas ou dos pombinhos, conforme
alcançar a sua mão.

31 Do que alcançar a sua mão, será um _para_ expiação do peccado e o
outro _para_ holocausto com a offerta de manjares; e _assim_ o sacerdote
fará expiação por aquelle que tem a purificar-se perante o Senhor.

32 Esta _é_ a lei _d’aquelle_ em quem estiver a praga da lepra, cuja mão
não alcançar _aquillo_ para a sua purificação.


_A lei ácerca da lepra n’uma casa._

33 Fallou mais o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

34 Quando tiverdes entrado na terra [19] de Canaan que vos hei de dar por
possessão, e eu enviar a praga da lepra em alguma casa da terra da vossa
possessão,

35 Então virá aquelle, cuja fôr a casa, e o fará saber ao sacerdote,
dizendo: Parece-me que ha como que [20] praga em minha casa.

36 E o sacerdote ordenará que despejem a casa, antes que venha o
sacerdote para examinar a praga, para que tudo o que _está_ na casa não
seja contaminado: e depois virá o sacerdote, para examinar a casa:

37 E, vendo a praga, e eis que se a praga nas paredes da casa tem
covinhas verdes ou vermelhas, e parecem mais fundas do que a parede,

38 Então o sacerdote sairá d’aquella casa para fóra da porta da casa, e
cerrará a casa por sete dias.

39 Depois tornará o sacerdote ao setimo dia, e examinará; e se _vir_ que
a praga nas paredes da casa se tem estendido,

40 Então o sacerdote ordenará que arranquem as pedras, em que _estiver_ a
praga, e que as lancem fóra da cidade n’um logar immundo:

41 E fará raspar a casa por dentro ao redor, e o pó que houverem raspado
lançarão fóra da cidade n’um logar immundo.

42 Depois tomarão outras pedras, e as porão no logar das primeiras
pedras; o outro barro se tomará, e a casa se rebocará.

43 Porém, se a praga tornar, e brotar na casa, depois de se arrancarem as
pedras, e depois da casa ser raspada, e depois de ser rebocada,

44 Então o sacerdote entrará, e, examinando, _eis_ que, se a praga na
casa se tem estendido, lepra roedora ha na casa: immunda está.

45 Portanto se derribará a casa, as suas pedras, e a sua madeira, como
tambem todo o barro da casa; e se levará para fóra [21] da cidade a um
logar immundo.

46 E o que entrar n’aquella casa, em qualquer dia em que estiver fechada,
será immundo até á tarde.

47 Tambem o que se deitar a dormir em _tal_ casa, lavará os seus
vestidos: e o que comer em _tal_ casa lavará os seus vestidos.

48 Porém, tornando o sacerdote a entrar, e, examinando, eis que, se a
praga na casa se não tem estendido, depois que a casa foi rebocada, o
sacerdote declarará a casa por limpa, porque a praga está curada.

49 Depois tomará para [22] expiar a casa duas aves, e pau de cedro, e
carmezim e hyssopo:

50 E degolará uma ave n’um vaso de barro sobre aguas vivas:

51 Então tomará pau de cedro, e o hyssopo, e o carmezim, e a ave viva,
e o molhará na ave degolada e nas aguas vivas, e espargirá a casa sete
vezes:

52 Assim expiará aquella casa com o sangue da avezinha, e com as aguas
vivas, e com a avezinha viva, e com o pau de cedro, e com o hyssopo, e
com o carmezim.

53 Então soltará a ave viva para fóra da cidade sobre a face do campo:
assim fará expiação pela casa, [23] e será limpa.

54 Esta _é_ a lei de toda a praga da lepra, [24] e da tinha,

55 E da lepra dos vestidos, [25] e das casas,

56 E da inchação, [26] e da apostema, e das empolas;

57 Para ensinar [27] em que dia _alguma coisa será_ immunda, e em que dia
_será_ limpa. Esta _é_ a lei da lepra.

[1] Mat. 8.2, 4. Mar. 1.40, 44. Luc. 5.12, 14 e 17.14.

[2] Num. 19.6. Heb. 9.19. Psa. 51.7.

[3] Heb. 9.13. II Reis 5.10, 14.

[4] cap. 13.6. cap. 11.25.

[5] Num. 12.15.

[6] cap. 2.1. Num. 15.4, 15.

[7] cap. 5.18 e 6.6, 7. Exo. 29.24.

[8] Exo. 29.11. cap. 1.5, 11 e 4.4, 24.

[9] cap. 7.7 e 2.3 e 7.6 e 21.22.

[10] Exo. 29.20. cap. 8.23.

[11] cap. 4.26.

[12] cap. 5.1, 6 e 12.7.

[13] cap. 5.7 e 12.8.

[14] cap. 15.14, 15.

[15] ver. 10, 11.

[16] ver. 12.

[17] ver. 14.

[18] ver. 22. cap. 15.15.

[19] Gen. 17.8. Num. 32.22. Deu. 7.1 e 32.49.

[20] Psa. 91.10. Pro. 3.33. Zac. 5.4.

[21] cap. 13.51. Zac. 5.4.

[22] ver. 4.

[23] ver. 20.

[24] cap. 13.30.

[25] cap. 13.47. ver. 34.

[26] cap. 13.2.

[27] Deu. 24.8. Eze. 44.23.



_Immundicias do homem e da mulher._

15 Fallou mais o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

2 Fallae aos filhos de Israel, e dizei-lhes; Qualquer homem que tiver
fluxo da sua carne, [1] será immundo por _causa do_ seu fluxo.

3 Esta pois será a sua immundicia por causa do seu fluxo: se a sua carne
vasa do seu fluxo, ou se a sua carne estanca do seu fluxo, esta é a sua
immundicia.

4 Toda a cama, em que se deitar o que tiver fluxo, será immunda; e toda a
coisa, sobre o que se assentar, será immunda.

5 E, qualquer que tocar a sua cama, lavará os seus vestidos, e se banhará
em agua, e será immundo até á tarde.

6 E aquelle que se assentar sobre aquillo em que se assentou o que tem o
fluxo, lavará os seus vestidos, e se banhará em agua e será immundo até á
tarde.

7 E aquelle que tocar a carne do que tem o fluxo, lavará os seus
vestidos, e se banhará em agua, [2] e será immundo até á tarde.

8 Quando tambem o que tem o fluxo cuspir sobre um limpo, então lavará
este os seus vestidos, e se banhará em agua, e será immundo até á tarde.

9 Tambem toda a sella, em que cavalgar o que tem o fluxo, será immunda.

10 E qualquer que tocar em alguma coisa que estiver debaixo d’elle, será
immundo até á tarde; e aquelle que a levar, lavará os seus vestidos, e se
banhará em agua, e será immundo até á tarde.

11 Tambem todo aquelle, a quem tocar o que tem o fluxo, sem haver lavado
as suas mãos com agua, lavará os seus vestidos, e se banhará em agua e
será immundo até á tarde.

12 E [3] o vaso de barro, que tocar o que tem o fluxo, será quebrado;
porém todo o vaso de madeira será lavado com agua.

13 Quando, pois, o que tem o fluxo, estiver limpo do seu fluxo, [4]
contar-se-ha sete dias para a sua purificação, e lavará os seus vestidos,
e banhará a sua carne em aguas vivas; e será limpo.

14 E ao dia oitavo tomará [5] duas rolas ou dois pombinhos, e virá
perante o Senhor, á porta da tenda da congregação, e os dará ao sacerdote:

15 E o sacerdote offerecerá [6] um _para_ expiação do peccado, e o outro
_para_ holocausto; e _assim_ [7] o sacerdote fará por elle expiação do
seu fluxo perante o Senhor.

16 Tambem o [8] homem, quando sair d’elle a semente da copula, toda a sua
carne banhará com agua, e será immundo até á tarde.

17 Tambem todo o vestido, e toda a pelle em que houver semente da copula,
se lavará com agua, e será immundo até á tarde.

18 E tambem a mulher, com que homem se deitar com semente da copula,
ambos se banharão com agua, e serão [9] immundos até á tarde;

19 Mas [10] a mulher, quando tiver fluxo, e o seu fluxo de sangue estiver
na sua carne, estará sete dias na sua separação, e qualquer que a tocar
será immundo até á tarde.

20 E tudo aquillo, sobre o que ella se deitar durante a sua separação,
será immundo; e tudo, sobre o que se assentar, será immundo.

21 E qualquer que tocar a sua cama, lavará os seus vestidos, e se
banhará com agua, e será immundo até á tarde.

22 E qualquer que tocar alguma coisa, sobre o que ella se tiver
assentado, lavará os seus vestidos, e se banhará com agua, e será immundo
até á tarde.

23 Se tambem _alguma coisa estiver_ sobre a cama, ou sobre o vaso em que
ella se assentou, se a tocar, será immundo até á tarde.

24 E se, com effeito, qualquer homem se [11] deitar com ella, e a sua
immundicia estiver sobre elle, immundo será por sete dias; tambem toda a
cama, sobre que se deitar, será immunda.

25 Tambem a mulher, [12] quando manar o fluxo do seu sangue, por muitos
dias fóra do tempo da sua separação, ou quando tiver fluxo de sangue
por mais tempo do que a sua separação, todos os dias do fluxo da sua
immundicia será immunda, como nos dias da sua separação.

26 Toda a cama, sobre que se deitar todos os dias do seu fluxo,
ser-lhe-ha como a cama da sua separação; e toda a coisa, sobre que se
assentar, será immunda, conforme á immundicia da sua separação.

27 E qualquer que a tocar será immundo; portanto lavará os seus vestidos,
e se banhará com agua, e será immundo até á tarde.

28 Porém quando fôr [13] limpa do seu fluxo, então se contarão sete dias,
e depois será limpa.

29 E ao oitavo dia tomará duas rolas, ou dois pombinhos, e os trará ao
sacerdote, á porta da tenda da congregação.

30 Então o sacerdote offerecerá um _para_ expiação do peccado, e o outro
_para_ holocausto: e o sacerdote fará por ella expiação do fluxo da sua
immundicia perante o Senhor.

31 Assim separareis os [14] filhos de Israel das suas immundicias, para
que não morram nas suas immundicias, contaminando [15] o meu tabernaculo,
que está no meio d’elles.

32 Esta _é_ a [16] lei d’aquelle que tem o fluxo, e _d’aquelle_ de quem
sae a semente da copula, e que fica por _ella_ immundo;

33 Como tambem da mulher enferma na sua [17] separação, e d’aquelle que
padece do seu fluxo, _seja_ macho ou femea, e do homem que se deita com
_mulher_ immunda.

[1] cap. 22.4. Num. 5.2. II Sam. 3.29. Mat. 9.20. Mar. 5.25. Luc. 8.43.

[2] cap. 11.25 e 17.15.

[3] cap. 6.28 e 11.32, 33.

[4] ver. 28. cap. 14.8.

[5] cap. 14.22, 23.

[6] cap. 14.30, 31.

[7] cap. 14.19, 31.

[8] cap. 22.4. Deu. 23.10.

[9] I Sam. 21.4.

[10] cap. 12.2.

[11] cap. 20.18.

[12] Mat. 9.20. Mar. 5.25. Luc. 8.43.

[13] ver. 13.

[14] cap. 11.47. Deu. 24.8. Eze. 44.23.

[15] Num. 5.3 e 19.13, 20. Eze. 5.11 e 23.38.

[16] ver. 2 e 16.

[17] ver. 19, 24 e 25.



_Como Aarão deve entrar no sanctuario._

16 E fallou o Senhor a Moysés, depois que [1] morreram os dois filhos de
Aarão, quando se chegaram diante do Senhor e morreram.

2 Disse pois o Senhor a Moysés: Dize a Aarão, teu irmão que não [2]
entre no sanctuario em todo o tempo, para dentro do véu, diante do
propiciatorio que _está_ sobre a arca, para que não morra; [3] porque eu
appareço na nuvem sobre o propiciatorio.

3 Com isto Aarão entrará no sanctuario: [4] com um novilho, para expiação
do peccado, e um carneiro para holocausto.

4 Vestirá elle [5] a tunica sancta de linho, e terá ceroulas de linho
sobre a sua carne, e cingir-se-ha com um cinto de linho, e se cobrirá com
uma mitra de linho: estes _são_ vestidos sanctos: por isso banhará a sua
carne na agua, e [6] os vestirá.

5 E da [7] congregação dos filhos de Israel tomará dois bodes para
expiação do peccado e um carneiro para holocausto.

6 Depois Aarão offerecerá o novilho da [8] expiação, que _será_ para
elle; e fará expiação por si e pela sua casa.

7 Tambem tomará ambos os bodes, e os porá perante o Senhor, á porta da
tenda da congregação.

8 E Aarão lançará sortes sobre os dois bodes: uma sorte pelo Senhor, e a
outra sorte pelo bode emissario.

9 Então Aarão fará chegar o bode, sobre o qual cair a sorte pelo Senhor,
e o offerecerá _para_ expiação do peccado.

10 Mas o bode, sobre que cair a sorte para ser bode emissario,
apresentar-se-ha vivo perante o Senhor, para fazer expiação [9] com elle,
para envial-o ao deserto como bode emissario.


_O sacrificio pelo proprio summo sacerdote._

11 E Aarão fará chegar o novilho da expiação, que _será_ para elle, e
fará expiação por si e pela sua casa; e degolará o novilho da expiação,
que _é_ para elle.

12 Tomará tambem [10] o incensario cheio de brazas de fogo do altar, de
diante do Senhor, e os seus punhos [11] cheios de incenso _aromatico_
moido, e o metterá dentro do véu.

13 E porá [12] o incenso sobre o fogo perante o Senhor, e a nuvem do
incenso cobrirá o propiciatorio, que _está_ sobre o [13] testemunho, para
que não morra.

14 E tomará do sangue [14] do novilho, e com o seu dedo espargirá sobre a
face do propiciatorio, para a banda do oriente; e perante o propiciatorio
espargirá sete vezes do sangue com o seu dedo.


_O sacrificio pelo povo._

15 Depois degolará o [15] bode da expiação, que _será_ para o povo, e
trará o seu sangue para dentro do [16] véu; e fará com o seu sangue como
fez com o sangue do novilho, e o espargirá sobre o propiciatorio, e
perante a face do propiciatorio.

16 Assim fará expiação [17] pelo sanctuario por causa das immundicias
dos filhos de Israel e das suas transgressões, segundo todos os seus
peccados: e assim fará para a tenda da congregação que mora com elles no
meio das suas immundicias.

17 E nenhum homem [18] estará na tenda da congregação quando elle entrar
a fazer expiação no sanctuario, até que elle saia: assim fará expiação
por si mesmo, e pela sua casa, e por toda a congregação de Israel.

18 Então sairá ao altar, que está perante o Senhor, e [19] fará expiação
por elle; e tomará do sangue do novilho, e do sangue do bode, e o porá
sobre os cornos do altar ao redor.

19 E d’aquelle sangue espargirá sobre elle com o seu dedo sete vezes, e o
[20] purificará das immundicias dos filhos de Israel, e o sanctificará.

20 Havendo pois acabado de expiar o sanctuario, [21] e a tenda da
congregação, e o altar, então fará chegar o bode vivo.

21 E Aarão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vive, e sobre
elle confessará todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as
suas transgressões, [22] segundo todos os seus peccados: e os porá sobre
a cabeça do bode, e envial-o-ha ao deserto, pela mão d’um homem designado
_para isso_.

22 Assim aquelle bode [23] levará sobre si todas as iniquidades d’elles á
terra solitaria; e enviará o bode ao deserto.

23 Depois Aarão virá á tenda da congregação, e despirá [24] os vestidos
de linho, que havia vestido quando entrara no sanctuario, e ali os
deixará.

24 E banhará a sua carne em agua no logar sancto, e vestirá os seus
vestidos; então sairá e preparará [25] o seu holocausto, e o holocausto
do povo, e fará expiação por si e pelo povo.

25 Tambem queimará a gordura da expiação do peccado sobre [26] o altar.

26 E aquelle que tiver levado o bode (que era bode emissario) lavará os
seus vestidos, e banhará a sua [27] carne em agua; e depois entrará no
arraial.

27 Mas [28] o novilho da expiação, e o bode da expiação do peccado, cujo
sangue foi trazido para fazer expiação no sanctuario, será levado fóra do
arraial: porém as suas pelles, a sua carne, e o seu esterco queimarão com
fogo.

28 E aquelle que os queimar lavará os seus vestidos, e banhará a sua
carne em agua; e depois entrará no arraial.


_A festa annual das expiações._

29 E _isto_ vos será por estatuto perpetuo: no setimo mez, aos dez [29]
do mez, affligireis as vossas almas, e nenhuma obra fareis, _nem_ o
natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós.

30 Porque n’aquelle dia fará expiação por vós, para purificar-vos: _e_
sereis purificados [30] de todos os vossos peccados perante o Senhor.

31 É um [31] sabbado de descanço para vós, e affligireis as vossas almas:
isto _é_ estatuto perpetuo.

32 E o sacerdote, que fôr [32] ungido, e que fôr sagrado, para
administrar o sacerdocio no logar de seu pae, fará a expiação, havendo
vestido os vestidos de linho, os vestidos sanctos:

33 Assim expiará [33] o sancto sanctuario; tambem expiará a tenda da
congregação e o altar; similhantemente fará expiação pelos sacerdotes e
por todo o povo da congregação.

34 E isto vos [34] será por estatuto perpetuo, para fazer expiação pelos
filhos d’Israel de todos os seus peccados, uma vez no anno. [35] E fez
_Aarão_ como o Senhor ordenara a Moysés.

[1] cap. 10.1, 2.

[2] Heb. 10.19.

[3] Exo. 25.22 e 40.34. I Reis 8.10, 11, 12.

[4] Heb. 9.7, 12, 24, 25. cap. 4.3.

[5] Exo. 28.39, 42, 43. cap. 6.10. Eze. 44.17, 18.

[6] Exo. 30.20. cap. 8.6, 7.

[7] cap. 4.14. Num. 29.11. II Chr. 29.21. Esd. 6.17. Eze. 45.22, 23.

[8] cap. 9.7. Heb. 7.27, 28 e 9.7.

[9] I João 2.2.

[10] cap. 10.1. Num. 16.18, 46. Apo. 8.5.

[11] Exo. 30.34.

[12] Exo. 30.1, 7, 8. Num. 16.7, 18, 46. Apo. 8.3, 4.

[13] Exo. 25.21.

[14] cap. 4.5. Heb. 9.13, 25 e 10.4. cap. 4.6.

[15] Heb. 2.17 e 5.2 e 9.7, 28.

[16] ver. 2. Heb. 6.19 e 9.3, 7, 12.

[17] Exo. 29.36. Eze. 45.18. Heb. 9.22, 23.

[18] Exo. 34.3. Luc. 1.10.

[19] Exo. 30.10. cap. 4.7, 18. Heb. 9.22, 28.

[20] Eze. 43.20.

[21] ver. 16. Eze. 45.20.

[22] Isa. 53.6.

[23] Isa. 53.11, 12. João 1.29. Heb. 9.28. I Ped. 2.24.

[24] Eze. 42.14 e 44.19.

[25] ver. 3, 5.

[26] cap. 4.10.

[27] cap. 15.5.

[28] cap. 4.12, 21 e 6.30. Heb. 13.11.

[29] cap. 23.27. Num. 29.7. Isa. 58.3, 5.

[30] Psa. 51.2. Jer. 33.8. Eph. 5.26. Heb. 9.13, 14 e 10.1, 2. I João
1.7, 9.

[31] cap. 23.32.

[32] cap. 4.3, 5, 16. Exo. 29.29, 30. Num. 20.26, 28. ver. 4.

[33] ver. 6, 16, 17, 18, 24.

[34] cap. 23.31.

[35] Exo. 30.10. Heb. 9.7, 25.



_O sangue de todos os animaes deve trazer-se á porta do tabernaculo._

17 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla a Aarão e aos seus filhos, e a todos os filhos d’Israel, e
dize-lhes: Esta _é_ a palavra que o Senhor ordenou, dizendo:

3 Qualquer homem da casa de Israel que degolar [1] boi, ou cordeiro, ou
cabra, no arraial, ou quem os degolar fóra do arraial,

4 E os não trouxer [2] á porta da tenda da congregação, para offerecer
offerta ao Senhor diante do tabernaculo do Senhor, a tal homem será
imputado o sangue; derramou sangue: [3] pelo que tal homem será extirpado
do seu povo,

5 Para que os filhos de Israel, trazendo os seus sacrificios, que
sacrificam sobre a face [4] do campo, os tragam ao Senhor, á porta da
tenda da congregação, ao sacerdote, e os sacrifiquem _por_ sacrificios
pacificos ao Senhor.

6 E o sacerdote espargirá [5] o sangue sobre o altar do Senhor, á porta
da tenda da congregação, [6] e queimará a gordura por cheiro suave ao
Senhor.

7 E nunca mais sacrificarão os seus sacrificios [7] aos demonios, após
os quaes elles fornicam: isto ser-lhes-ha por estatuto perpetuo nas suas
gerações.

8 Dize-lhes pois: Qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros
que peregrinam entre vós, que offerecer holocausto [8] ou sacrificio,

9 E não trouxer á porta [9] da tenda da congregação, para offerecel-o ao
Senhor, o tal homem será extirpado dos seus povos.


_A prohibição de comer sangue._

10 E, qualquer homem [10] da casa de Israel, ou dos estrangeiros que
peregrinam entre elles, que comer algum sangue, [11] contra aquella alma
que comer sangue, eu porei a minha face, e a extirparei do seu povo.

11 Porque [12] a [GG] alma da carne está no sangue; pelo que vol o tenho
dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas: porquanto _é_
o sangue que [13] fará expiação pela alma.

12 Portanto tenho dito aos filhos de Israel: Nenhuma alma de entre vós
comerá sangue, nem o estrangeiro, que peregrine entre vós, comerá sangue.

13 Tambem, qualquer homem dos filhos de Israel, ou dos estrangeiros que
peregrinam entre elles, que caçar [14] caça d’animal ou d’ave que se
come, [15] derramará o seu sangue, e o cobrirá com pó;

14 Porquanto [16] _é_ a alma de toda a carne; o seu sangue _é_ pela sua
alma: por isso tenho dito aos filhos de Israel: Não comereis o sangue de
nenhuma carne, porque a alma de toda a carne _é_ o seu sangue; qualquer
que o comer será extirpado.

15 E toda a alma entre os naturaes, ou entre os estrangeiros, [17] que
comer corpo morto ou dilacerado, [18] lavará os seus vestidos, e se
banhará com agua, e será immunda até á tarde; depois será limpa.

16 Mas, se _os_ não lavar, nem banhar a sua carne, levará [19] _sobre si_
a sua iniquidade.

[1] Deu. 12.15, 21.

[2] Deu. 12.6, 13, 14.

[3] Gen. 17.14.

[4] Gen. 21.33 e 22.2 e 31.54. II Reis 16.4 e 17.10. II Chr. 28.4. Eze.
20.28.

[5] cap. 3.2.

[6] Exo. 29.18. cap. 3.5, 11, 16 e 4.31. Num. 18.17.

[7] Deu. 32.17. II Chr. 11.15. Psa. 106.37. I Cor. 10.20. Apo. 9.20. Exo.
34.15. cap. 20. Deu. 31.16.

[8] cap. 1.2, 3.

[9] ver. 4.

[10] Gen. 9.4. cap. 3.17 e 7.26, 27 e 19.26. Deu. 12.16, 23 e 15.23. I
Sam. 14.33. Eze. 44.7.

[11] cap. 20.3, 5, 6 e 26.17. Jer. 44.11. Eze. 14.8 e 15.7.

[12] ver. 14. Mat. 26.28. Mar. 14.24. Rom. 3.25 e 5.9. Eph. 1.7. Col.
1.14, 20. Heb. 13.12. I Ped. 1.2. I João 1.7. Apo. 1.5.

[13] Heb. 9.22.

[14] cap. 7.26.

[15] Deu. 12.16, 24 e 15.23. Eze. 24.7.

[16] ver. 11, 12. Gen. 9.4. Deu. 12.23.

[17] Exo. 22.31. cap. 22.8. Deu. 14.21. Eze. 4.14 e 44.31.

[18] cap. 11.25 e 15.5.

[19] cap. 5.1 e 19.8. Num. 19.20.



_Casamentos illicitos._

18 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla aos filhos de Israel, e dize-lhes: Eu sou [1] o Senhor vosso Deus.

3 Não fareis segundo [2] as obras da terra do Egypto, em que habitastes,
nem fareis segundo as obras da terra de Canaan, na qual eu vos metto, nem
andareis nos seus estatutos.

4 Fareis _conforme_ aos [3] meus juizos, e os meus estatutos guardareis,
para andardes n’elles: Eu _sou_ o Senhor vosso Deus.

5 Portanto os meus estatutos e os meus juizos guardareis; os quaes,
fazendo [4] o homem, viverá por elles: Eu _sou_ o Senhor.

6 Nenhum homem se chegará a qualquer parenta da sua carne, para descobrir
a sua nudez: Eu _sou_ o Senhor.

7 Não descobrirás [5] a nudez de tua mãe: _ella_ é tua mãe; não
descobrirás a sua nudez.

8 Não descobrirás a nudez [6] da mulher de teu pae.

9 A nudez [7] de tua irmã, filha de teu pae, ou filha de tua mãe, nascida
em casa, ou fóra da casa, a sua nudez não descobrirás.

10 A nudez da filha do teu filho, ou da filha de tua filha, a sua nudez
não descobrirás: porque _ella_ é tua nudez.

11 A nudez da filha da mulher de teu pae, gerada de teu pae (_ella_ é tua
irmã), a sua nudez não descobrirás.

12 A nudez da irmã de teu pae não descobrirás; [8] _ella_ é parenta de
teu pae.

13 A nudez da irmã de tua mãe não descobrirás; pois _ella_ é parenta de
tua mãe.

14 A nudez do irmão de teu pae não descobrirás; [9] não chegarás á sua
mulher; _ella_ é tua tia.

15 A nudez de tua nora não descobrirás: [10] _ella_ é mulher de teu
filho: não descobrirás a sua nudez.

16 A nudez da mulher de teu irmão não descobrirás; [11] é a nudez de teu
irmão.

17 A nudez d’uma mulher e de sua filha não descobrirás: [12] não tomarás
a filha de seu filho, nem a filha de sua filha, para descobrir a sua
nudez; parentas são: maldade é.

18 E não tomarás [13] uma mulher com sua irmã, para affligil-a,
descobrindo a sua nudez com ella na sua vida.


_Uniões abominaveis._

19 E não chegarás [14] á mulher durante a separação da sua immundicia,
para descobrir a sua nudez,

20 Nem te deitarás [15] com a mulher de teu proximo para copula de
semente, para te contaminar com ella.

21 E da tua semente não darás para fazer passar _pelo fogo_ [16] perante
Molech; e não profanarás [17] o nome de teu Deus: Eu _sou_ o Senhor.

22 Com macho te não [18] deitarás, como se fosse mulher: abominação é;

23 Nem te deitarás [19] com um animal, para te não contaminar com elle:
nem a mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com elle;
confusão é.

24 Com nenhuma d’estas coisas vos contamineis: [20] porque em todas estas
coisas se contaminaram as gentes que eu lanço fóra de diante da vossa
face.

25 Pelo que a terra está contaminada; [21] e eu visitarei sobre ella a
sua iniquidade, e a terra vomitará os seus moradores.

26 Porém vós guardareis [22] os meus estatutos e os meus juizos, e
_nenhuma_ d’estas abominações fareis, _nem_ o natural, nem o estrangeiro
que peregrina entre vós;

27 Porque todas estas abominações fizeram os homens d’esta terra, que
_n’ella estavam_ antes de vós; e a terra foi contaminada.

28 Para que a terra vos não vomite, [23] havendo-a contaminado, como
vomitou a gente que _n’ella estava_ antes de vós.

29 Porém, qualquer que fizer alguma d’estas abominações, as almas que
_as_ fizeram serão extirpadas do seu povo.

30 Portanto guardareis o meu mandado, não fazendo [24] nenhum dos
estatutos abominaveis que se fizeram antes de vós, e não vos contamineis
com elles: Eu _sou_ o Senhor vosso Deus.

[1] ver. 4. Exo. 6.7. cap. 11.14 e 19.4, 10, 34 e 20.7. Eze. 20.5, 7, 19,
20.

[2] Eze. 20.7, 8 e 23.8. Exo. 23.24. cap. 20.23. Deu. 12.4, 30, 31.

[3] Deu. 4.1, 2 e 6.1. Eze. 20.19.

[4] Eze. 20.11, 13, 21. Luc. 10.28. Rom. 10.5. Gal. 3.12. Exo. 6.2, 6,
29. Mal. 3.6.

[5] cap. 20.11.

[6] Gen. 49.4. cap. 20.11. Deu. 22.30 e 27.20. Eze. 22.10. Amós 2.7. I
Cor. 5.1.

[7] cap. 20.17. II Sam. 13.12. Eze. 22.11.

[8] cap. 20.19.

[9] cap. 20.20.

[10] Gen. 38.18, 26. cap. 20.12. Eze. 22.11.

[11] cap. 20.21. Mat. 14.4. Deu. 25.5. Mat. 22.24. Mar. 12.19.

[12] cap. 20.14.

[13] I Sam. 1.6, 8.

[14] cap. 20.18. Eze. 18.6 e 22.10.

[15] cap. 20.10. Exo. 20.14. Deu. 5.18 e 22.22. Pro. 6.29, 32. Mal. 3.5.
Mat. 5.37. Rom. 2.22. I Cor. 6.9. Heb. 13.4.

[16] cap. 20.2. II Reis 16.3 e 21.6 e 23.10. Jer. 19.5. Eze. 20.31 e
23.37, 39. I Reis 11.7, 33. Act. 7.43.

[17] cap. 19.12 e 20.3 e 21.6 e 22.2, 32. Eze. 36.20, etc. Mal. 1.12.

[18] cap. 20.13. Rom. 1.27. I Cor. 6.9. I Tim. 1.10.

[19] cap. 20.15, 16. Exo. 22.19. cap. 20.12.

[20] ver. 30. Mar. 7.21, 22, 23. I Cor. 3.17. cap. 20.23. Deu. 18.12.

[21] Num. 35.34. Jer. 2.7 e 16.18. Eze. 36.17. Isa. 26.21. Jer. 5.9, 29
e 23.2. Ose. 2.13 e 8.13 e 9.9.

[22] ver. 5, 30. cap. 20.22, 23.

[23] cap. 20.22. Jer. 9.19. Eze. 36.13, 17.

[24] ver. 8, 26. cap. 20.23. Deu. 18.9. ver. 2, 4, 24.



_A repetição de diversas leis._

19 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: [1]
Sanctos sereis, porque Eu, o Senhor vosso Deus, _sou_ sancto.

3 Cada um temerá a sua mãe [2] e a seu pae, e guardará os meus sabbados:
Eu _sou_ o Senhor vosso Deus.

4 Não vos virareis para os idolos, [3] nem vos fareis deuses de fundição:
Eu _sou_ o Senhor vosso Deus.

5 E, quando sacrificardes sacrificio pacifico [4] ao Senhor, [GH] da
vossa propria vontade o sacrificareis.

6 No dia em que o sacrificardes, e no dia seguinte, se comerá; mas o que
sobejar ao terceiro dia será queimado com fogo.

7 E, se alguma coisa d’elle fôr comida ao terceiro dia, coisa abominavel
é: não será acceita.

8 E _qualquer_ que o comer levará a sua iniquidade, porquanto profanou a
sanctidade do Senhor; por isso tal alma será extirpada do seu povo.

9 Quando tambem segardes [5] a sega da vossa terra, o canto do teu campo
não segarás totalmente, nem as espigas caidas colherás da tua sega.

10 Similhantemente não rabiscarás a tua vinha, nem colherás os bagos
caidos da tua vinha: deixal-os-has ao pobre e ao estrangeiro: Eu _sou_ o
Senhor vosso Deus.

11 Não furtareis [6] nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com
o seu proximo;

12 Nem jurareis [7] falso pelo meu nome, pois profanarás o nome do teu
Deus: Eu _sou_ o Senhor.

13 Não opprimirás [8] o teu proximo, nem o roubarás: a paga do jornaleiro
não ficará comtigo até á manhã.

14 Não amaldiçoarás ao surdo, nem porás tropeço [9] diante do cego: mas
terás temor do teu Deus: Eu _sou_ o Senhor.

15 Não fareis injustiça [10] no juizo: não acceitarás o pobre, nem
respeitarás o grande; com justiça julgarás o teu proximo.

16 Não andarás como [11] mexeriqueiro entre os teus povos: não te porás
contra [12] o sangue do teu proximo: Eu _sou_ o Senhor.

17 Não aborrecerás a [13] teu irmão no teu coração: não deixarás de [14]
reprehender o teu proximo, e n’elle não soffrerás peccado.

18 Não te vingarás [15] nem guardarás _ira_ contra os filhos do teu povo;
mas amarás o teu proximo como a ti mesmo: Eu _sou_ o Senhor.

19 Guardareis os meus estatutos: não permittirás que se ajuntem
misturadamente os teus animaes de differente especie: no teu campo
[16] não semearás _semente de_ mistura, e vestido de diversos estofos
misturados não vestireis.

20 E, quando um homem se deitar com uma mulher que fôr serva desposada do
homem, e não fôr resgatada, nem se lhe houver dado liberdade, então serão
açoitados; não morrerão, pois não foi libertada.

21 E, _por_ expiação da sua [17] culpa, trará ao Senhor, á porta da tenda
da congregação, um carneiro da expiação,

22 E, com o carneiro da expiação da culpa, o sacerdote fará propiciação
por elle perante o Senhor, pelo seu peccado que peccou; e o seu peccado,
que peccou, lhe será perdoado.

23 E, quando tiverdes entrado na terra, e plantardes toda a arvore
de comer, ser-vos-ha incircumciso o seu fructo; tres annos vos será
incircumciso; _d’elle_ não se comerá.

24 Porém no quarto anno todo o seu fructo será sancto para dar [18]
louvores ao Senhor.

25 E no quinto anno comereis o seu fructo, para que [GI] vos faça crescer
a sua novidade: Eu _sou_ o Senhor vosso Deus.

26 Não comereis [19] _coisa alguma_ com o sangue; não agourareis nem
adivinhareis.

27 Não cortareis o cabello, [20] arredondando os cantos da vossa cabeça,
nem damnificarás a ponta da tua barba.

28 Pelos mortos não dareis golpes [21] na vossa carne: nem fareis marca
alguma sobre vós: Eu _sou_ o Senhor.

29 Não contaminarás [22] a tua filha, fazendo-a fornicar: para que a
terra não fornique, nem se encha de maldade.

30 Guardareis [23] os meus sabbados, e o meu sanctuario reverenciareis:
Eu _sou_ o Senhor.

31 Não vos virareis para [24] os adivinhadores e encantadores; não os
busqueis, contaminando-vos com elles: Eu _sou_ o Senhor vosso Deus.

32 Diante das cãs te levantarás, [25] e honrarás a face do velho; e terás
temor do teu Deus: Eu _sou_ o Senhor.

33 E quando o estrangeiro [26] peregrinar comtigo na vossa terra, não o
opprimireis.

34 Como um natural entre vós será o estrangeiro que peregrina comvosco:
amal-o-has [27] como a ti mesmo, pois estrangeiros fostes na terra do
Egypto: Eu _sou_ o Senhor vosso Deus.

35 Não commettereis [28] injustiça no juizo, nem na vara, nem no peso,
nem na medida.

36 Balanças justas, [29] pedras justas, epha justa, e justo hin tereis:
Eu _sou_ o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egypto.

37 Pelo que guardareis todos os meus estatutos, [30] e todos os meus
juizos, e os fareis: Eu _sou_ o Senhor.

[1] cap. 11.44 e 20.7, 26. I Ped. 1.16.

[2] Exo. 20.8, 12 e 31.13.

[3] Exo. 20.4. cap. 26.1. I Cor. 10.14. I João 5.21. Exo. 34.17. Deu.
27.15.

[4] cap. 7.16.

[5] cap. 23.22. Deu. 24.19, 20, 21. Ruth 2.15, 16.

[6] Exo. 20.15 e 22.1, 7, 10-12. Deu. 5.19. cap. 6.2. Eph. 4.25. Col. 3.9.

[7] Exo. 20.7. cap. 6.3. Deu. 5.11. Mat. 5.33. Thi. 5.12. cap. 18.21.

[8] Mar. 10.19. I The. 4.6. Deu. 24.14, 15. Mal. 3.5. Thi. 5.4.

[9] Deu. 27.18. Rom. 14.13. ver. 32. Gen. 42.18. cap. 25.17. Ecc. 5.7. I
Ped. 2.17.

[10] Exo. 23.2, 3. Deu. 1.17 e 16.19 e 27.19. Pro. 24.23. Thi. 2.9.

[11] Exo. 23.1. Psa. 15.3 e 50.20. Pro. 11.13 e 20.19. Eze. 22.9.

[12] Exo. 23.1, 7. I Reis 21.13. Mat. 26.60.

[13] I João 2.9, 11 e 3.15.

[14] Mat. 18.15. Luc. 17.3. Gal. 6.1. Eph. 5.11. I Tim. 5.20. II Tim.
4.2. Tito 1.13 e 2.15.

[15] II Sam. 13.22. Pro. 20.22. Rom. 12.17, 19. Gal. 5.20. Eph. 4.31.
Thi. 5.9. I Ped. 2.1. Mat. 5.43.

[16] Deu. 22.9, 10, 11.

[17] cap. 5.15 e 6.6.

[18] Deu. 12.17, 18. Pro. 3.9.

[19] cap. 17.10, etc. Deu. 12.23 e 18.10, 11, 14. I Sam. 15.23. II Reis
17.17 e 21.6. II Chr. 33.6. Mal. 3.5.

[20] cap. 21.5. Isa. 15.2. Jer. 48.37.

[21] cap. 21.5. Deu. 14.1. Jer. 16.6 e 48.37.

[22] Deu. 23.17.

[23] ver. 3. cap. 26.2. Ecc. 5.1.

[24] Exo. 22.18. cap. 20.6, 27. Deu. 18.10. I Sam. 28.7. I Chr. 10.13.
Isa. 8.19. Act. 16.16.

[25] Pro. 20.29. I Tim. 5.1. ver. 14.

[26] Exo. 22.21 e 23.9.

[27] Exo. 12.48, 49. Deu. 10.19.

[28] ver. 15.

[29] Deu. 25.13, 15. Pro. 11.1 e 16.11 e 20.10.

[30] cap. 13.4, 5. Deu. 4.5, 6 e 5.1 e 6.25.



_As penas de diversos crimes._

20 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Tambem dirás [1] aos filhos de Israel: Qualquer que, dos filhos de
Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam em Israel, dér da sua semente
a Molech, certamente morrerá; o povo da terra o apedrejará com pedras.

3 E eu porei [2] a minha face contra esse homem, e o extirparei do meio
do seu povo, porquanto deu da sua semente a Molech, para contaminar o meu
sanctuario e profanar o meu sancto nome.

4 E, se o povo da terra de alguma maneira esconder os seus olhos
d’aquelle homem que houver dado da sua semente a Molech, assim que o [3]
não matem,

5 Então eu porei a minha [4] face contra aquelle homem, e contra a sua
familia, e o extirparei do meio do seu povo, com todos os que fornicam
após d’elle, fornicando após de Molech.

6 Quando uma alma se virar para [5] os adivinhadores e encantadores, para
fornicar após d’elles, eu porei a minha face contra aquella alma, e a
extirparei do meio do seu povo.

7 Portanto sanctificae-vos, [6] e sêde sanctos, pois Eu _sou_ o Senhor
vosso Deus.

8 E guardae os meus estatutos, [7] e fazei-os: Eu _sou_ o Senhor que vos
sanctifica.

9 Quando um homem amaldiçoar a seu [8] pae ou a sua mãe certamente
morrerá: amaldiçoou a seu pae ou a sua mãe; o seu sangue [9] _é_ sobre
elle.

10 Tambem o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado
[10] com a mulher do seu proximo, certamente morrerá o adultero e a
adultera.

11 E o homem que se deitar com a mulher de seu pae [11] descobriu a nudez
de seu pae; ambos certamente morrerão: o seu sangue _é_ sobre elles.

12 Similhantemente, quando um homem se deitar com a sua nora, [12] ambos
certamente morrerão: fizeram confusão; o seu sangue _é_ sobre elles.

13 Quando tambem um homem se deitar com _outro_ homem, [13] como com
mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue _é_
sobre elles.

14 E, quando um homem tomar uma mulher e a sua mãe, [14] maldade é: a
elle e a ellas queimarão com fogo, para que não haja maldade no meio de
vós.

15 Quando tambem um homem se deitar [15] com um animal, certamente
morrerá; e matareis o animal.

16 Tambem a mulher que se chegar a algum animal, para ter ajuntamento com
elle, aquella mulher matarás com o animal; certamente morrerão; o seu
sangue _é_ sobre elles.

17 E, quando um homem tomar [16] a sua irmã, filha de seu pae, ou filha
de sua mãe, e elle vir a nudez d’ella, e ella vir a sua, torpeza é:
portanto serão extirpados aos olhos dos filhos do seu povo: descobriu a
nudez de sua irmã, levará _sobre si_ a sua iniquidade.

18 E, quando um homem [17] se deitar com uma mulher que tem a sua
enfermidade, e descobriu a sua nudez, descobrindo a sua fonte, e ella
descobrir a fonte do seu sangue, ambos serão extirpados do meio do seu
povo.

19 Tambem a nudez [18] da irmã de tua mãe, ou da irmã de teu pae não
descobrirás: porquanto descobriu a sua parenta, sobre si levarão a sua
iniquidade.

20 Quando tambem um homem se deitar com a sua tia [19] descobriu a nudez
de seu tio: seu peccado sobre si levarão; sem filhos morrerão.

21 E quando um homem tomar a mulher de seu irmão, [20] immundicia é: a
nudez de seu irmão descobriu: sem filhos ficarão.

22 Guardae pois todos os meus estatutos, e todos os meus juizos, e
fazei-os, [21] para que vos não vomite a terra, na qual eu vos metto para
habitar n’ella.

23 E não andeis [22] nos estatutos da gente que eu lanço fóra diante da
vossa face, porque fizeram todas estas coisas: portanto fui enfadado
d’elles.

24 E a vós [23] vos tenho dito: Em herança possuireis a sua terra, e eu
a darei a vós, para possuil-a em herança, terra que mana leite e mel: Eu
_sou_ o Senhor vosso Deus, [24] que vos separei dos povos.

25 Fareis pois differença [25] entre os animaes limpos e immundos, e
entre as aves immundas e as limpas; [26] e as vossas almas não fareis
abominaveis por _causa_ dos animaes, ou das aves, ou de tudo o que se
arrasta sobre a terra; as quaes coisas apartae de vós, para tel-as por
immundas.

26 E ser-me-heis sanctos, [27] porque Eu, o Senhor, _sou_ sancto, e
separei-vos dos povos, para serdes meus.

27 Quando pois algum homem ou mulher em si tiver um espirito adivinho,
[28] ou fôr encantador, certamente morrerão: com pedras se apedrejarão; o
seu sangue _é_ sobre elles.

[1] cap. 18.2, 21. Jer. 7.31 e 32.35. Eze. 20.31.

[2] cap. 17.10. Eze. 5.11 e 23.38, 39. cap. 18.21.

[3] Deu. 17.2, 3, 5.

[4] cap. 17.10. Exo. 20.5. cap. 17.7.

[5] cap. 19.31.

[6] cap. 11.44 e 19.2. I Ped. 1.16.

[7] cap. 19.37. Exo. 31.13. cap. 21.8. Eze. 37.28.

[8] Exo. 21.17. Deu. 27.16. Pro. 20.20. Mat. 15.4.

[9] ver. 11, 12, 13, 16, 27. II Sam. 1.16.

[10] cap. 18.20. Deu. 22.22.

[11] cap. 18.8. Deu. 27.23.

[12] cap. 18.22. Deu. 23.17. Gen. 19.5.

[13] cap. 18.22. Deu. 23.17. Gen. 19.5.

[14] cap. 18.17. Deu. 27.33.

[15] cap. 18.23. Deu. 27.21.

[16] cap. 18.9. Deu. 27.22. Gen. 20.12.

[17] cap. 18.19 e 15.24.

[18] cap. 18.6, 12, 13.

[19] cap. 18.14.

[20] cap. 18.16.

[21] cap. 18.26 e 18.25, 28.

[22] cap. 18.3, 24, 20. cap. 18.27. Deu. 9.5.

[23] Exo. 3.17 e 6.8.

[24] ver. 26. Exo. 19.5 e 33.16. Deu. 7.6 e 14.2. I Reis 8.53.

[25] cap. 11.47. Deu. 14.4.

[26] cap. 11.47.

[27] ver. 7. cap. 19.2. I Ped. 1.16. ver. 24. Tito 2.14.

[28] Exo. 22.18. cap. 19.31. Deu. 18.10, 11. I Sam. 28.7, 8. ver. 9.



_Leis ácerca dos sacerdotes._

21 Depois disse o Senhor a Moysés: Falla aos sacerdotes, filhos d’Aarão,
e dize-lhes: O sacerdote não se contaminará [1] por _causa_ d’um morto
entre os seus povos,

2 Salvo por seu parente mais chegado a elle: por sua mãe, e por seu pae,
e por seu filho, e sua filha, e por seu irmão,

3 E por sua irmã virgem, chegada a elle, que ainda não teve marido: por
ella se contaminará.

4 Não se contaminará por principe entre os seus povos, para se profanar.

5 Não farão calva na sua cabeça, [2] e não raparão a ponta da sua barba,
nem darão golpes na sua carne.

6 Sanctos serão a seu Deus, e não profanarão [3] o nome do seu Deus,
porque offerecem as offertas queimadas do Senhor, o pão do seu Deus:
portanto serão sanctos.

7 Não tomarão mulher [4] prostituta ou infame, nem tomarão mulher
repudiada de seu marido; pois sancto é a seu Deus.

8 Portanto o sanctificarás, porquanto offerece o pão do teu Deus: sancto
será para ti, pois Eu, o Senhor [5] que vos sanctifica, _sou_ sancto.

9 E quando a filha [6] d’um sacerdote começar a fornicar, profana a seu
pae; com fogo será queimada.

10 E o summo sacerdote entre seus irmãos, [7] sobre cuja cabeça foi
derramado o azeite da uncção, e que fôr sagrado para vestir os vestidos,
não descobrirá a sua cabeça nem rasgará os seus vestidos;

11 E não se chegará [8] a cadaver algum, _nem_ por _causa_ de seu pae,
nem por sua mãe, se contaminará;

12 Nem sairá [9] do sanctuario, para que não profane o sanctuario do seu
Deus, pois a corôa do azeite da uncção do seu Deus _está_ sobre elle; Eu
_sou_ o Senhor.

13 E elle tomará uma mulher na [10] sua virgindade.

14 Viuva, ou repudiada, ou deshonrada, _ou_ prostituta, estas não tomará,
mas virgem dos seus povos tomará por mulher.

15 E não profanará a sua semente entre os seus povos; porque Eu _sou_
[11] o Senhor _que_ o sanctifico.

16 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

17 Falla a Aarão, dizendo: Ninguem da tua semente, nas suas gerações, em
que houver alguma falta, se chegará a offerecer o pão do seu Deus.

18 Pois nenhum homem em quem houver alguma deformidade se chegará: _como_
homem cego, ou côxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente
compridos,

19 Ou homem que tiver quebrado o pé, ou quebrada a mão,

20 Ou corcovado, ou anão, ou que tiver belida no olho, ou sarna, ou
impigens, [12] ou que tiver testiculo quebrado.

21 Nenhum homem da semente de Aarão, o sacerdote, em quem houver alguma
deformidade, se chegará [13] para offerecer as offertas queimadas do
Senhor: falta n’elle ha; não se chegará para offerecer o pão do seu Deus.

22 O pão [14] do seu Deus [GJ] das sanctidades de sanctidades e das
coisas sanctas poderá comer.

23 Porém até ao véu não entrará, nem se chegará ao altar, porquanto falta
ha n’elle, [15] para que não profane os meus sanctuarios; porque Eu _sou_
o Senhor _que_ os sanctifico.

24 E Moysés fallou _isto_ a Aarão e a seus filhos, e a todos os filhos de
Israel.

[1] Eze. 44.25.

[2] cap. 19.27, 28. Deu. 14.1. Eze. 44.20.

[3] cap. 18.21 e 19.12.

[4] Eze. 44.22. Deu. 24.1, 2.

[5] cap. 20.7, 8.

[6] Gen. 38.24.

[7] Exo. 29.29, 30. cap. 8.12 e 16.32. Num. 35.25. Exo. 28.2. cap. 16.32
e 10.6.

[8] Num. 19.14. ver. 1, 2.

[9] cap. 10.7. cap. 8.12, 30.

[10] ver. 7. Eze. 44.22.

[11] ver. 8.

[12] Deu. 23.1.

[13] ver. 6.

[14] cap. 2.3, 10 e 6.17, 29 e 7.1 e 24.9. Num. 18.9.

[15] ver. 12.



_A lei ácerca de comer coisas sanctas._

22 Depois fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Dize a Aarão e a seus filhos que se apartem [1] das coisas sanctas dos
filhos de Israel, que a mim me sanctificam, para que não profanem [2] o
[GK] nome da minha sanctidade: Eu _sou_ o Senhor.

3 Dize-lhes: Todo o homem, que entre as vossas gerações, de toda a vossa
semente, se chegar ás coisas sanctas que os filhos de Israel sanctificam
ao Senhor, tendo sobre si a sua [3] immundicia, aquella alma será
extirpada de diante da minha face: Eu _sou_ o Senhor.

4 Ninguem da semente d’Aarão, que fôr leproso, ou tiver [4] fluxo, comerá
das coisas sanctas, até que seja limpo: como tambem o que tocar alguma
coisa immunda de cadaver, ou aquelle de que sair a semente da copula,

5 Ou qualquer que tocar a algum reptil, [5] pelo que se fez immundo, ou a
algum homem, pelo que se fez immundo, segundo toda a sua immundicia.

6 O homem que o tocar será immundo até á tarde, e não comerá das coisas
sanctas, [6] mas banhará a sua carne em agua.

7 E havendo-se o sol já posto, então será limpo, e depois comerá das
coisas sanctas; porque este é o seu [7] pão.

8 O corpo morto e o dilacerado não comerá, [8] para n’elle se não
contaminar: Eu _sou_ o Senhor.

9 Guardarão pois o meu [9] mandamento, para que por isso não levem
peccado, e morram n’elle, havendo-as profanado: Eu _sou_ o Senhor _que_
os sanctifico.

10 Tambem nenhum estranho comerá das coisas sanctas: nem o hospede do
sacerdote nem o jornaleiro comerão das coisas sanctas.

11 Mas quando o sacerdote comprar alguma alma com o seu dinheiro, aquella
comerá d’ellas, e o nascido na sua casa: estes comerão [10] do seu pão.

12 E, quando a filha do sacerdote se _casar_ com homem estranho, ella não
comerá da offerta movida das coisas sanctas.

13 Mas quando a filha do sacerdote fôr viuva ou repudiada, e não tiver
semente, [11] e se houver tornado á casa de seu pae, como na sua
mocidade, do pão de seu pae comerá; mas nenhum estranho comerá d’elle.

14 E quando alguem por erro [12] comer a coisa sancta, sobre ella
accrescentará seu quinto, e _o_ dará ao sacerdote com a coisa sancta.

15 Assim não profanarão [13] as coisas sanctas dos filhos de Israel, que
offerecem ao Senhor,

16 Nem os farão levar a iniquidade da culpa, [14] comendo as suas coisas
sanctas: pois Eu _sou_ o Senhor que as sanctifico.


_Os animaes sacrificados devem ser sem defeito._

17 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

18 Falla a Aarão, e a seus filhos, e a todos os filhos de Israel, e
dize-lhes: [15] Qualquer que, da casa de Israel, ou dos estrangeiros
em Israel, offerecer a sua offerta, quer dos seus votos, quer das suas
offertas voluntarias, que offerecerem ao Senhor em holocausto,

19 [GL] Segundo a sua [16] vontade, offerecerá macho sem mancha, das
vaccas, dos cordeiros, ou das cabras.

20 Nenhuma coisa em que haja defeito [17] offerecereis, porque não seria
acceita por vós.

21 E, quando alguem offerecer sacrificio pacifico [18] ao Senhor,
separando das vaccas ou das ovelhas um voto, ou offerta voluntaria, sem
mancha será, para que seja acceito; nenhum defeito haverá n’elle.

22 O cego, [19] ou quebrado, ou aleijado, o verrugoso, ou sarnoso, ou
cheio de impigens, este não offerecereis ao Senhor, e d’elles não poreis
offerta queimada ao Senhor sobre o altar.

23 Porém boi, [20] ou gado miudo, comprido ou curto de membros, poderás
offerecer _por_ offerta voluntaria, mas por voto não será acceito.

24 O machucado, ou moido, ou despedaçado, ou cortado, não offerecereis ao
Senhor: não fareis isto na vossa terra.

25 Tambem da mão do [21] estrangeiro nenhum manjar offerecereis ao vosso
Deus, de todas estas coisas, pois a sua corrupção está n’ellas; falta
n’ellas ha; não serão acceitas por vós.

26 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

27 Quando nascer o boi, [22] ou cordeiro, ou cabra, sete dias estará
debaixo de sua mãe; depois, desde o dia oitavo em diante, será acceito
por offerta queimada ao Senhor.

28 Tambem boi ou gado miudo, [23] a elle e a seu filho não degolareis
n’um dia.

29 E, quando sacrificardes sacrificio de [24] louvores ao Senhor, o
sacrificareis da vossa vontade.

30 No mesmo dia se comerá; nada deixareis ficar [25] até á manhã: Eu
_sou_ o Senhor.

31 Pelo que guardareis [26] os meus mandamentos, e os fareis: Eu _sou_ o
Senhor.

32 E não profanareis [27] o meu sancto nome, para que eu seja
sanctificado no meio dos filhos de Israel: Eu _sou_ o Senhor que vos
sanctifico;

33 Que vos tirei [28] da terra do Egypto, para vos ser por Deus: Eu _sou_
o Senhor.

[1] Num. 6.3.

[2] cap. 18.21. Exo. 28.33. Num. 18.32. Deu. 15.19.

[3] cap. 7.20.

[4] cap. 15.2 e 14.2 e 15.13. Num. 19.11, 22. cap. 15.16.

[5] cap. 11.24, 43, 44 e 15.7, 19.

[6] cap. 15.5. Heb. 10.22.

[7] cap. 21.22. Num. 18.11, 13.

[8] Exo. 22.31. cap. 17.15. Eze. 44.31.

[9] Exo. 28.43. Num. 18.22, 32.

[10] Num. 18.22, 32.

[11] Gen. 38.11. cap. 10.14. Num. 18.11.

[12] cap. 5.15, 16.

[13] Num. 18.32.

[14] ver. 9.

[15] cap. 1.2, 3, 10. Num. 15.14.

[16] cap. 1.3.

[17] Deu. 15.21 e 17.1. Mal. 1.8, 14. Eph. 5.27. Heb. 9.14. I Ped. 1.19.

[18] cap. 3.1, 6. cap. 7.16. Num. 15.3, 8. Deu. 23.21, 23. Psa. 61.8 e
65.1. Ecc. 5.4, 5.

[19] ver. 20. Mal. 1.8. cap. 1.9, 13 e 3.3, 5.

[20] cap. 21.18.

[21] Num. 15.15, 16.

[22] Exo. 22.30.

[23] Deu. 22.6.

[24] cap. 7.12. Psa. 107.23 e 116.17. Amós 4.5.

[25] cap. 7.15.

[26] cap. 19.37. Num. 15.40. Deu. 4.40.

[27] cap. 18.21 e 10.3. Mat. 6.9. Luc. 11.2. cap. 20.8.

[28] Exo. 6.7. cap. 11.45 e 19.36 e 25.38.



_As festas solemnes do Senhor._

23 Depois fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla [1] aos filhos de Israel, e dize-lhes: As solemnidades do Senhor,
que convocareis, serão sanctas convocações: estas _são_ as minhas
solemnidades:


_O sabbado._

3 Seis dias obra se fará, [2] mas ao setimo dia _será o_ sabbado do
descanço, sancta convocação; nenhuma obra fareis; sabbado do Senhor _é_
em todas as vossas habitações.


_A paschoa._

4 Estas _são_ as solemnidades [3] do Senhor, as sanctas convocações, que
convocareis ao seu tempo determinado;

5 No mez primeiro, aos [4] quatorze do mez, pela tarde, _é_ a paschoa do
Senhor.

6 E aos quinze dias d’este mez _é_ a festa dos asmos do Senhor: sete dias
comereis asmos.

7 No primeiro dia [5] tereis sancta convocação: nenhuma obra servil
fareis;

8 Mas sete dias offerecereis offerta queimada ao Senhor: ao setimo dia
_haverá_ sancta convocação: nenhuma obra servil fareis.


_As primicias._

9 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

10 Falla aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando houverdes [6] entrado
na terra, que vos hei de dar, e segardes a sua sega, então trareis um
mólho das primicias da vossa sega ao sacerdote:

11 E elle moverá o mólho perante o Senhor, para que sejaes acceitos: ao
seguinte dia do sabbado o moverá o sacerdote.

12 E no dia em que moverdes o mólho, preparareis um cordeiro sem mancha,
de um anno, em holocausto ao Senhor,

13 E a sua offerta [7] de manjares, duas dizimas _de_ flor de farinha,
amassada com azeite, para offerta queimada em cheiro suave ao Senhor, e a
sua libação de vinho, o quarto de um hin.

14 E não comereis pão, nem trigo tostado, nem espigas verdes, até áquelle
mesmo dia em que trouxerdes a offerta do vosso Deus: estatuto perpetuo
_é_ por vossas gerações, em todas as vossas habitações.

15 Depois para vós [8] contareis desde o dia seguinte ao sabbado, desde
o dia em que trouxerdes o mólho da offerta movida: sete semanas inteiras
serão.

16 Até ao dia seguinte, ao setimo sabbado, contareis [9] cincoenta dias:
então offerecereis nova offerta de manjares ao Senhor.

17 Das vossas habitações trareis dois pães de movimento: de duas dizimas
de farinha serão, levedados se cozerão: [10] primicias _são_ ao Senhor.

18 Tambem com o pão offerecereis sete cordeiros sem mancha, de um anno,
e um novilho, e dois carneiros; holocausto serão ao Senhor, com a sua
offerta de manjares, e as suas libações, _por_ offerta queimada de cheiro
suave ao Senhor.

19 Tambem offerecereis um [11] bode para expiação do peccado, e dois
cordeiros de um anno por sacrificio pacifico.

20 Então o sacerdote os moverá com o pão das primicias _por_ offerta
movida perante o Senhor, com os dois cordeiros: sanctidade [12] serão ao
Senhor para o sacerdote.

21 E n’aquelle mesmo dia apregoareis _que_ tereis sancta convocação:
nenhuma obra servil fareis: estatuto perpetuo _é_ em todas as vossas
habitações pelas vossas gerações.

22 E, quando segardes a [13] sega da vossa terra, não acabarás de segar
os cantos do teu campo, nem colhereis as [14] espigas _caidas_ da tua
sega; para o pobre e para o estrangeiro as deixarás: Eu _sou_ o Senhor
vosso Deus.

23 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

24 Falla aos filhos de Israel, dizendo: No mez setimo, [15] ao primeiro
do mez, tereis descanço, [16] memoria da jubilação, sancta convocação.

25 Nenhuma obra servil fareis, mas offerecereis offerta queimada ao
Senhor.


_O dia da expiação._

26 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

27 Mas aos dez d’este [17] mez setimo _será_ o dia da expiação: tereis
sancta convocação, e affligireis as vossas almas; e offerecereis offerta
queimada ao Senhor.

28 E n’aquelle mesmo dia nenhuma obra fareis, porque é o dia da expiação,
para fazer expiação por vós perante o Senhor vosso Deus.

29 Porque toda a alma, que n’aquelle mesmo dia se não affligir, será
extirpada [18] do seu povo.

30 Tambem toda a alma, que n’aquelle mesmo dia fizer alguma obra, aquella
alma eu destruirei do meio do seu povo.

31 Nenhuma obra fareis: [19] estatuto perpetuo _é_ pelas vossas gerações
em todas as vossas habitações.

32 Sabbado de descanço vos será; então affligireis as vossas almas: aos
nove do mez á tarde, d’uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso
sabbado.

33 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

34 Falla aos filhos de Israel, [20] dizendo: Aos quinze dias d’este mez
setimo _será_ a festa dos tabernaculos ao Senhor por sete dias.

35 Ao primeiro dia _haverá_ sancta convocação: nenhuma obra servil fareis.

36 Sete dias offerecereis offertas queimadas ao Senhor: [21] ao dia
oitavo tereis sancta convocação, e offerecereis offertas queimadas ao
Senhor: dia de prohibição _é_, nenhuma obra servil fareis.

37 Estas _são_ as solemnidades do Senhor, [22] que apregoareis para
sanctas convocações, para offerecer ao Senhor offerta queimada,
holocausto e offerta de manjares, sacrificio e libações, cada qual em seu
dia proprio:

38 Além [23] dos sabbados do Senhor, e além dos vossos dons, e além de
todos os vossos votos, e além de todas as vossas offertas voluntarias que
dareis ao Senhor.

39 Porém aos quinze dias do mez setimo, quando tiverdes recolhido [24] a
novidade da terra, celebrareis a festa do Senhor por sete dias; ao dia
primeiro _haverá_ descanço, e ao dia oitavo _haverá_ descanço.

40 E [25] ao primeiro dia [GM] tomareis para vós ramos de formosas
arvores, ramos de palmas, ramos de arvores espessas, e salgueiros de
ribeiras; [26] e vos alegrareis perante o Senhor vosso Deus por sete dias.

41 E [27] celebrareis esta festa ao Senhor por sete dias cada anno:
estatuto perpetuo _é_ pelas vossas gerações; no mez setimo a celebrareis.

42 Sete [28] dias habitareis debaixo de tendas: todos os naturaes em
Israel habitarão em tendas:

43 Para que saibam as vossas gerações [29] que eu fiz habitar os filhos
de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egypto; Eu sou o Senhor
vosso Deus.

44 Assim pronunciou [30] Moysés as solemnidades do Senhor aos filhos de
Israel.

[1] ver. 4, 37. Exo. 32.5. II Reis 10.20. Psa. 81.3.

[2] Exo. 20.9 e 23.12 e 31.15 e 34.21. cap. 19.3. Deu. 5.13. Luc. 13.14.

[3] ver. 2, 37. Exo. 23.14.

[4] Exo. 12.6, 14, 18 e 13.3 e 23.15 e 34.18. Num. 9.2, 3 e 28.16, 17.
Deu. 16.1, 8. Jos. 5.10.

[5] Exo. 12.16. Num. 28.18, 25.

[6] Exo. 23.16, 19 e 34.22, 26. Num. 15.2, 18 e 28.26. Deu. 16.9. Jos.
3.15. Thi. 1.18. Apo. 14.4.

[7] cap. 2.14, 15, 16.

[8] cap. 25.8. Deu. 16.9.

[9] Act. 2.1. Num. 28.26.

[10] Exo. 23.19 e 34.22, 26. Num. 15.17, 21 e 28.26.

[11] cap. 4.23, 28. Num. 28.30. cap. 3.1.

[12] Deu. 18.4.

[13] cap. 19.9.

[14] Deu. 24.19.

[15] Num. 29.1.

[16] cap. 25.9.

[17] cap. 16.30. Num. 29.7.

[18] Gen. 17.14.

[19] cap. 20.3, 5, 6.

[20] Num. 29.12. Deu. 16.13. Esd. 3.4 e 8.14. Zac. 14.16. João 7.37.

[21] Num. 29.35. Neh. 8.18. João 7.37. Deu. 16.8. II Chr. 7.9. Joel 1.14
e 2.15.

[22] ver. 2, 4.

[23] Num. 29.39.

[24] Exo. 23.16. Deu. 16.13.

[25] Neh. 8.15.

[26] Deu. 16.14, 15.

[27] Num. 29.12. Neh. 8.18.

[28] Neh. 8.14, 15, 16.

[29] Deu. 31.13. Psa. 78.5, 6.

[30] ver. 2.



_A lei ácerca das lampadas._

24 E Fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Ordena [1] aos filhos d’Israel que te tragam azeite de oliveiras, puro,
batido, para a luminaria, para accender as lampadas continuamente.

3 Aarão as porá em ordem perante o Senhor continuamente, desde a tarde
até á manhã, fóra do véu do testemunho, na tenda da congregação: estatuto
perpetuo _é_ pelas vossas gerações.

4 Sobre o castiçal puro porá em ordem as lampadas [2] perante o Senhor
continuamente.


_O pão para a mesa do Senhor._

5 Tambem tomarás _da_ flor de farinha, e d’ella cozerás [3] doze bolos:
cada bolo será de duas dizimas.

6 E os porás em duas fileiras, seis em _cada_ fileira, sobre a [4] mesa
pura, perante o Senhor.

7 E sobre _cada_ fileira porás incenso puro, para que seja para o pão por
offerta memorial; offerta queimada _é_ ao Senhor.

8 Em cada dia de [5] sabbado, isto se porá em ordem perante o Senhor
continuamente, pelos filhos de Israel, por concerto perpetuo.

9 E será [6] de Aarão e de seus filhos, os quaes o comerão no logar
sancto, porque uma coisa sanctissima é para elle, das offertas queimadas
ao Senhor, por estatuto perpetuo.


_A pena do peccado de blasphemia._

10 E saiu um filho d’uma mulher israelita, o qual _era_ filho d’um homem
egypcio, no meio dos filhos de Israel; e o filho da israelita e um homem
israelita porfiaram no arraial.

11 Então o filho da mulher israelita blasphemou o [7] nome do Senhor, e
o amaldiçoou, pelo que o trouxeram a Moysés: e o nome de sua mãe _era_
Shelomith, filha de Dibri, da tribu de Dan.

12 E o levaram á prisão, [8] até que se lhes fizesse declaração pela
bocca do Senhor.

13 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

14 Tira o que tem blasphemado para fóra do arraial; e todos os que
o ouviram porão [9] as suas mãos sobre a sua cabeça: então toda a
congregação o apedrejará.

15 E aos filhos de Israel fallarás, dizendo: Qualquer que amaldiçoar o
seu Deus, [10] levará sobre _si_ o seu peccado.

16 E aquelle que blasphemar o [11] nome do Senhor, certamente morrerá;
toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o
natural, blasphemando o nome do Senhor, será morto.

17 E quem matar [12] a alguem certamente morrerá.

18 Mas quem matar [13] um animal, o restituirá, vida por vida.

19 Quando tambem alguem desfigurar o seu proximo, como elle fez [14]
assim lhe será feito:

20 Quebradura por quebradura, olho por olho, dente por dente: como elle
tiver desfigurado a algum homem, assim se lhe fará.

21 Quem pois matar [15] um animal, restituil-o-ha, mas quem matar um
homem [16] será morto.

22 Uma mesma lei tereis; [17] assim será o estrangeiro como o natural;
pois eu _sou_ o Senhor vosso Deus.

23 E disse Moysés aos filhos de Israel que levassem [18] o que tinha
blasphemado para fóra do arraial, e o apedrejassem com pedras: e fizeram
os filhos de Israel como o Senhor ordenara a Moysés.

[1] Exo. 27.20.

[2] Exo. 31.8 e 39.37.

[3] Exo. 25.30.

[4] I Reis 7.48. II Chr. 4.19 e 13.11. Heb. 9.2.

[5] Num. 4.7. II Chr. 2.4.

[6] Exo. 29.33. cap. 8.31 e 21.22.

[7] ver. 16. Job 1.5, 11 e 2.5, 9, 10. Isa. 8.21.

[8] Num. 15.34. Num. 27.5.

[9] Deu. 13.9 e 17.7.

[10] cap. 5.1 e 20.17. Num. 9.13.

[11] I Reis 21.10, 13. Psa. 74.10, 18. Mat. 12.31. Mar. 3.28. Thi. 2.7.

[12] Num. 35.31. Deu. 19.11, 12.

[13] ver. 21.

[14] Exo. 21.24. Deu. 19.21. Mat. 5.38 e 7.2.

[15] ver. 18. Exo. 21.23.

[16] ver. 17.

[17] Exo. 12.49. cap. 19.34. Num. 15.16.

[18] ver. 14.



25 Fallou mais o Senhor a Moysés no monte de Sinai, dizendo:

2 Falla aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando tiverdes entrado na
terra, que eu vos dou, então a terra descançará um [1] sabbado ao Senhor.

3 Seis annos semearás a tua terra, e seis annos podarás a tua vinha, e
colherás a sua novidade:

4 Porém ao setimo anno haverá sabbado de descanço para a terra, um
sabbado ao Senhor: não semearás o teu campo nem podarás a tua vinha.

5 O que nascer de si mesmo da tua sega não segarás, [2] e as uvas da tua
separação não vindimarás: anno de descanço será para a terra.

6 E o sabbado da terra vos será por alimento, a ti, e ao teu servo, e á
tua serva, e ao teu jornaleiro, e ao estrangeiro que peregrina comtigo;

7 E ao teu gado, e aos teus animaes, que _estão_ na tua terra, toda a sua
novidade será por mantimento.


_O anno do jubileu._

8 Tambem contarás sete semanas d’annos, sete vezes sete annos: de maneira
que os dias das sete semanas d’annos te serão quarenta e nove annos.

9 Então no mez setimo, aos dez do mez, farás passar a trombeta do
jubileu: no dia da expiação [3] fareis passar a trombeta por toda a vossa
terra.

10 E sanctificareis o anno quinquagesimo, e apregoareis [4] liberdade na
terra a todos os seus moradores: anno de jubileu vos será, e tornareis,
cada um á sua possessão, e [5] tornareis, cada um á sua familia.

11 O anno quinquagesimo vos será jubileu: não semearás [6] nem segarás
o que n’elle nascer de si mesmo, nem n’elle vindimareis _as uvas_ das
separações,

12 Porque jubileu é, sancto será para vós: a novidade do campo [7]
comereis.

13 N’este [8] anno do jubileu tornareis cada um á sua possessão.

14 E quando venderdes alguma coisa ao vosso proximo, ou a comprardes da
mão do vosso proximo, ninguem opprima [9] a seu irmão:

15 Conforme ao numero dos annos desde o jubileu, [10] comprarás ao teu
proximo; e conforme ao numero dos annos das novidades, elle a venderá a
ti.

16 Conforme á multidão dos annos, augmentarás o seu preço, e conforme á
diminuição dos annos abaixarás o seu preço; porque _conforme_ ao numero
das novidades _é que_ elle te vende.

17 Ninguem pois opprima [11] ao seu proximo; mas terás temor do teu Deus:
porque Eu _sou_ o Senhor vosso Deus.

18 E fazei os meus [12] estatutos, e guardae os meus juizos, e fazei-os:
assim habitareis [13] seguros na terra.

19 E a terra dará o seu fructo, e comereis a [14] fartar, e n’ella
habitareis seguros.

20 E se disserdes: Que comeremos no [15] anno setimo? eis que não havemos
de semear [16] nem colher a nossa novidade;

21 Então _eu_ mandarei [17] a minha benção sobre vós no sexto anno, para
que dê fructo por tres annos.

22 E no oitavo anno semeareis, [18] e comereis da novidade velha até ao
anno nono: até que venha a sua novidade, comereis a velha.

23 Tambem a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra _é_
minha: pois [19] vós _sois_ estrangeiros e peregrinos comigo.

24 Portanto em toda a terra da vossa possessão dareis resgate á terra.

25 Quando teu irmão [20] empobrecer e vender _alguma porção_ da sua
possessão, então virá o seu resgatador, seu parente, e resgatará o que
vendeu seu irmão.

26 E se alguem não tiver resgatador, porém a sua mão alcançar e achar o
que basta para o seu resgate,

27 Então contará [21] os annos desde a sua venda, e o que ficar
restituirá ao homem a quem o vendeu, e tornará á sua possessão.

28 Mas, se a sua mão não alcançar o que basta para restituir-lh’a, então
a _que fôr_ vendida ficará na mão do comprador até ao anno do jubileu:
[22] porém no anno do jubileu sairá, e elle tornará á sua possessão.

29 E, quando algum vender uma casa de moradia em cidade murada, então
a pode resgatar até que se cumpra o anno da sua venda; durante um anno
inteiro será _licito_ o seu resgate.

30 Mas, se, cumprindo-se-lhe um anno inteiro, ainda não fôr resgatada,
então a casa, que estiver na cidade que tem muro, em perpetuidade ficará
ao que a comprou, pelas suas gerações: não sairá no jubileu.

31 Mas as casas das aldeias que não teem muro em roda serão estimadas
como o campo da terra: para ellas haverá resgate, e sairão no jubileu.

32 Mas, tocante ás cidades dos levitas, ás casas das cidades [23] da sua
possessão, _direito_ perpetuo _de_ resgate terão os levitas.

33 E, havendo feito resgate um dos levitas, então a compra da casa e
da cidade da sua possessão sairá no jubileu: [24] porque as casas das
cidades dos levitas são a sua possessão no meio dos filhos de Israel.

34 Mas o campo do arrabalde das suas cidades [25] não se venderá, porque
_lhes é_ possessão perpetua.

35 E, quando teu irmão empobrecer, e as suas forças decairem, então
sustental-o-has, [26] como estrangeiro e peregrino, para que viva comtigo.

36 Não tomarás d’elle usura [27] nem ganho; mas do teu Deus terás temor,
[28] para que teu irmão viva comtigo.

37 Não lhe darás teu dinheiro com usura, nem darás o teu manjar por
interesse.

38 Eu [29] _sou_ o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egypto,
para vos dar a terra de Canaan, para ser vosso Deus.

39 Quando tambem teu irmão empobrecer, _estando_ elle comtigo, e se
vender a ti, [30] não o farás servir serviço de escravo.

40 Como jornaleiro, como peregrino estará comtigo; até ao anno do jubileu
te servirá:

41 Então sairá do teu _serviço_, elle e seus filhos com elle, e tornará á
sua familia, [31] e á possessão de seus paes tornará.

42 Porque _são_ meus [32] servos, que tirei da terra do Egypto: não serão
vendidos como se vendem os escravos.

43 Não te assenhorearás d’elle com rigor, mas do teu Deus [33] terás
temor.

44 E quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, _serão_ das
gentes que estão ao redor de vós; d’elles comprareis escravos e escravas.

45 Tambem os comprareis dos filhos dos forasteiros [34] que peregrinam
entre vós, d’elles e das suas gerações que _estiverem_ comvosco, que
tiverem gerado na vossa terra; e vos serão por possessão.

46 E possuil-os-heis por [35] herança para vossos filhos depois de vós,
para herdarem a possessão; perpetuamente os fareis servir: [36] mas sobre
vossos irmãos, os filhos de Israel, cada um sobre seu irmão, não vos
assenhoreareis d’elle com rigor.

47 E quando a mão do estrangeiro e peregrino _que está_ comtigo alcançar
_riqueza_, e teu irmão, _que está_ com elle, [37] empobrecer, e se vender
ao estrangeiro _ou_ peregrino _que está_ comtigo, ou á raça da linhagem
do estrangeiro.

48 Depois que se houver vendido, haverá resgate para elle: um de seus
irmãos [38] o resgatará;

49 Ou seu tio, ou o filho de seu tio o resgatará; ou um dos seus
parentes, da sua familia, o resgatará; ou, se a sua mão alcançar
_riqueza_, [39] se resgatará a si mesmo.

50 E contará com aquelle que o comprou, desde o anno que se vendeu a elle
até ao anno do jubileu, e o dinheiro da sua venda será conforme ao numero
dos annos: conforme [40] aos dias de um jornaleiro estará com elle.

51 Se ainda muitos annos _faltarem_, conforme a elles restituirá o seu
resgate do dinheiro pelo qual foi vendido,

52 E se ainda restarem poucos annos até ao anno do jubileu, então fará
contas com elle: segundo os seus annos restituirá o seu resgate.

53 Como jornaleiro, de anno em anno, estará com elle: não se assenhoreará
sobre elle com rigor diante dos teus olhos.

54 E, se d’esta _sorte_ se não [41] resgatar, sairá no anno do jubileu,
elle e seus filhos com elle.

55 Porque [42] os filhos de Israel me _são_ servos; meus servos _são_
elles, que tirei da terra do Egypto: Eu _sou_ o Senhor vosso Deus.

[1] Exo. 23.10. cap. 26.34, 35. II Chr. 36.21.

[2] II Reis 19.29.

[3] cap. 23.24, 27.

[4] Isa. 61.2 e 63.4. Jer. 34.8, 15, 17. Luc. 4.19.

[5] ver. 13. Num. 36.4.

[6] ver. 5.

[7] ver. 6, 7.

[8] ver. 10. cap. 27.24. Num. 36.4.

[9] ver. 17. cap. 19.13. I Sam. 12.3, 4. Miq. 2.2. I Cor. 6.8.

[10] cap. 27.18, 23.

[11] ver. 14, 43. cap. 19.14, 32.

[12] cap. 19.37.

[13] cap. 26.5. Deu. 12.10. Psa. 3.8. Pro. 1.33. Jer. 23.6.

[14] cap. 26.5. Eze. 34.25, 27, 28.

[15] Mat. 6.25, 31.

[16] ver. 4, 5.

[17] Deu. 28.8.

[18] II Reis 19.29. Jos. 5.11, 12.

[19] I Chr. 29.15. Psa. 39.12 e 119.19. I Ped. 2.11.

[20] Ruth 2.20 e 4.4, 6 e 3.2, 9, 12. Jer. 32.7, 8.

[21] ver. 50, 51, 52.

[22] ver. 13.

[23] Num. 35.2. Jos. 21.2, etc.

[24] ver. 28.

[25] Act. 4.36, 37.

[26] Deu. 15.7, 8. Psa. 37.26 e 41.2 e 112.5, 9. Pro. 14.31. Luc. 6.35.
Act. 11.29. Rom. 12.10. I João 3.17.

[27] Exo. 22.25. Deu. 23.19. Neh. 5.7. Psa. 15.5. Pro. 28.8. Eze. 18.8,
13, 17 e 22.12.

[28] ver. 17. Neh. 5.9.

[29] cap. 22.32, 33.

[30] Exo. 21.2. Deu. 15.12. I Reis 9.22. II Reis 4.1. Neh. 5.5. Jer.
34.14.

[31] Exo. 21.3. ver. 28.

[32] ver. 55. Rom. 6.22. I Cor. 7.23.

[33] Eph. 6.9. Col. 4.1. ver. 46. Exo. 1.13. ver. 17. Exo. 1.17, 21. Deu.
25.18. Mal. 3.5.

[34] Isa. 56.3, 6.

[35] Isa. 14.2.

[36] ver. 43.

[37] ver. 25, 35.

[38] Neh. 5.5.

[39] ver. 26.

[40] Job 7.1. Isa. 16.14 e 21.26.

[41] ver. 41. Exo. 21.2, 3.

[42] ver. 42.



_Mandamentos, promessas e ameaças._

26 Não fareis para vós idolos, [1] nem vos levantareis imagem de
esculptura nem [GN] estatua, nem poreis pedra figurada na vossa terra,
para inclinar-vos a ella: porque Eu _sou_ o Senhor vosso Deus.

2 Guardareis [2] os meus sabbados, e reverenciareis o meu sanctuario: Eu
_sou_ o Senhor.

3 Se [3] andardes nos meus estatutos, e guardardes os meus mandamentos, e
os fizerdes,

4 Então eu vos darei as vossas chuvas [4] a seu tempo; e a terra dará a
sua novidade, e a arvore do campo dará o seu fructo:

5 E a debulha se vos chegará á [5] vindima, e a vindima se chegará á
sementeira: [6] e comereis o vosso pão a fartar, e habitareis seguros na
vossa terra.

6 Tambem darei paz [7] na terra, e dormireis _seguros_, e não haverá quem
_vos_ espante: [8] e farei cessar as más bestas da terra, e pela vossa
terra não passará espada.

7 E perseguireis os vossos inimigos, e cairão á espada diante de vós.

8 Cinco [9] de vós perseguirão um cento, e cem de vós perseguirão dez
mil; e os vossos inimigos cairão á espada diante de vós.

9 E para vós olharei, [10] e vos farei fructificar, e vos multiplicarei,
e confirmarei o meu concerto comvosco.

10 E comereis o deposito velho, depois [11] de envelhecido; e tirareis
fóra o velho por causa do novo.

11 E porei [12] o meu tabernaculo no meio de vós, e a minha alma de vós
não se [13] enfadará.

12 E andarei [14] no meio de vós, e eu vos serei por Deus, e vós me
sereis por povo.

13 Eu _sou_ [15] o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra dos
egypcios, para que não fosseis seus escravos: e quebrantei [16] os timões
do vosso jugo, e vos fiz andar direitos.

14 Mas, se [17] me não ouvirdes, e não fizerdes todos estes mandamentos,

15 E se rejeitardes [18] os meus estatutos, e a vossa alma se enfadar dos
meus juizos, não fazendo todos os meus mandamentos, para invalidar o meu
concerto.

16 Então eu tambem vos farei isto: porei sobre vós terror, a tisica
e a febre ardente, [19] que consumam os olhos e atormentem a alma: e
semeareis debalde [20] a vossa semente, e os vossos inimigos a comerão.

17 E porei [21] a minha face contra vós, e sereis feridos diante de
vossos inimigos; e os que vos [22] aborrecerem de vós se assenhorearão, e
fugireis, sem ninguem vos perseguir.

18 E, se ainda com estas coisas não me ouvirdes, então eu proseguirei a
castigar-vos [23] sete vezes _mais_ por _causa dos_ vossos peccados.

19 Porque quebrantarei [24] a soberba da vossa força; e farei que os
vossos céus _sejam_ como ferro e a vossa terra como cobre.

20 E debalde se gastará a sua força: [25] a vossa terra não dará a sua
novidade, e as arvores da terra não darão o seu fructo.

21 E se andardes contrariamente para comigo, e não me quizerdes ouvir,
trazer-vos-hei pragas sete vezes _mais_, conforme aos vossos peccados.

22 Porque enviarei [26] entre vós as feras do campo, as quaes vos
destilharão, e desfarão o vosso gado, e vos apoucarão; e os vossos
caminhos [27] serão desertos.

23 Se ainda com estas coisas não fôrdes [28] restaurados por mim, mas
_ainda_ andardes contrariamente comigo,

24 Eu tambem comvosco andarei contrariamente, [29] e eu, mesmo eu, vos
ferirei sete vezes _mais_ por causa dos vossos peccados.

25 Porque trarei sobre vós a espada, que executará [30] a vingança do
concerto; e ajuntados estareis nas vossas cidades: então enviarei [31] a
peste entre vós, e sereis entregues na mão do inimigo.

26 Quando eu vos quebrantar [32] o sustento do pão, então dez mulheres
cozerão o vosso pão n’um forno, e tornar-vos-hão o vosso pão por peso; e
comereis, mas não vos [33] fartareis.

27 E se [34] com isto me não ouvirdes, mas _ainda_ andardes
contrariamente comigo,

28 Tambem eu comvosco andarei contrariamente [35] em furor; e vos
castigarei sete vezes _mais_ por _causa dos_ vossos peccados.

29 Porque comereis [36] a carne de vossos filhos, e a carne de vossas
filhas comereis.

30 E destruirei [37] os vossos altos, e desfarei as vossas imagens do
sol, e lançarei os vossos cadaveres sobre os cadaveres mortos [38] dos
vossos deuses; a minha alma se enfadará de vós.

31 E porei as vossas cidades por deserto, [39] e assolarei os vossos
sanctuarios, e não cheirarei o vosso cheiro suave.

32 E assolarei a [40] terra e se espantarão d’isso os vossos inimigos que
n’ella morarem.

33 E vos espalharei entre [41] as nações, e desembainharei a espada após
de vós; e a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas.

34 Então [42] a terra folgará nos seus sabbados, todos os dias da sua
assolação, e vós _estareis_ na terra dos vossos inimigos; então a terra
descançará, e folgará nos seus sabbados.

35 Todos os dias da assolação descançará, porque não descançou nos vossos
sabbados, [43] quando habitaveis n’ella.

36 E, quanto aos que de vós ficarem, eu metterei tal pavor [44] nos seus
corações, nas terras dos seus inimigos, que o sonido d’uma folha movida
os perseguirá; e fugirão _como_ de fugida da espada; e cairão sem ninguem
os perseguir.

37 E cairão [45] uns sobre os outros como de diante da espada, sem
ninguem os perseguir; e não podereis parar diante [46] dos vossos
inimigos.

38 E perecereis entre as gentes, e a terra dos vossos inimigos vos
consumirá.

39 E aquelles que entre vós ficarem se derreterão [47] pela sua
iniquidade nas terras dos vossos inimigos, e pela iniquidade de seus paes
com elles se derreterão.

40 Então confessarão [48] a sua iniquidade, e a iniquidade de seus paes,
com os seus trespassos, com que trespassaram contra mim; como tambem
elles andaram contrariamente para comigo,

41 Eu tambem andei com elles contrariamente, e os fiz entrar na terra dos
seus inimigos; se então o seu coração [49] incircumciso se humilhar, e
então tomarem por bem o castigo da sua iniquidade,

42 Tambem eu me lembrarei [50] do meu concerto _com_ Jacob, e tambem
do meu concerto _com_ Isaac, e tambem do meu concerto _com_ Abrahão me
lembrarei, e da terra me lembrarei.

43 E a terra será desamparada d’elles, e [51] folgará nos seus sabbados,
sendo assolada por causa d’elles; e tomarão por bem o castigo da sua
iniquidade, em razão mesmo de que rejeitaram os meus juizos e a sua alma
se enfastiou dos meus estatutos.

44 E, demais d’isto tambem, estando elles na terra dos seus inimigos, não
os rejeitarei [52] nem me enfadarei d’elles, para consumil-os e invalidar
o meu concerto com elles, porque Eu _sou_ o Senhor seu Deus.

45 Antes por amor d’elles me lembrarei [53] do concerto com os seus
antepassados, que tirei da terra do Egypto perante os olhos das nações,
para lhes ser por Deus: Eu _sou_ o Senhor.

46 Estes _são_ os estatutos, [54] e os juizos, e as leis que deu o Senhor
entre si e os filhos de Israel, no monte Sinai, pela mão de Moysés.

[1] Exo. 20.4, 5. Deu. 5.8 e 16.22.

[2] cap. 19.30.

[3] Deu. 11.13 e 28.1-14.

[4] Isa. 30.26. Eze. 30.26. Joel 2.23. Eze. 34.26 e 36.30. Zac. 8.12.

[5] Amós 9.13.

[6] cap. 25.19. Deu. 11.15. Joel 2.19, 26. cap. 25.18. Job 11.18. Eze.
34.25.

[7] I Sam. 29.9. Psa. 29.11 e 146.14. Isa. 45.7. Agg. 2.9. Job 11.19.
Isa. 35.9. Jer. 30.10. Ose. 2.18. Sof. 3.13.

[8] II Reis 17.25.

[9] Deu. 32.30. Jos. 23.10.

[10] Exo. 2.25. I Reis 13.23. Gen. 17.6. Neh. 9.23.

[11] cap. 25.22.

[12] Exo. 25.8. Jos. 22.19. Psa. 76.2. Eze. 37.26. Apo. 21.3.

[13] cap. 20.23. Deu. 32.19.

[14] II Cor. 6.16. Exo. 6.7. Jer. 7.23 e 11.4. Eze. 11.20 e 36.28.

[15] cap. 25.38.

[16] Jer. 2.20. Eze. 34.27.

[17] Deu. 28.15. Lam. 2.17. Mal. 2.2.

[18] ver. 43. II Reis 17.15.

[19] Deu. 28.65 e 32.25. Jer. 15.8. Deu. 28.22. I Sam. 2.33.

[20] Deu. 28.33. Job 31.8. Jer. 5.17 e 12.13. Miq. 6.15.

[21] cap. 17.10. Deu. 28.25. Jui. 2.14. Jer. 19.7.

[22] Psa. 106.41. Pro. 28.1.

[23] I Sam. 2.5. Pro. 24.16.

[24] Isa. 25.11 e 25.5. Eze. 7.24 e 30.6. Deu. 28.23.

[25] Psa. 127.1. Isa. 49.4. Deu. 11.17. Agg. 1.10.

[26] Deu. 32.24. II Reis 17.25. Eze. 5.17 e 14.15.

[27] Jui. 5.6. II Chr. 15.5. Isa. 33.8. Zac. 7.14.

[28] Jer. 2.30. Amós 4.6-12.

[29] II Sam. 22.27.

[30] Eze. 5.17 e 6.3 e 14.17 e 29.8 e 32.2.

[31] Num. 14.12. Deu. 28.21. Jer. 14.12 e 24.10. Amós 4.10.

[32] Psa. 105.16. Isa. 3.1. Eze. 4.16 e 5.16.

[33] Isa. 9.20. Miq. 6.14. Agg. 1.6.

[34] ver. 21, 24.

[35] Isa. 59.18 e 63.3. Jer. 21.5. Eze. 5.13, 15.

[36] Deu. 28.53. II Reis 6.29. Lam. 4.10. Eze. 5.10.

[37] II Chr. 34.3, 4, 7. Isa. 27.9. Eze. 6.3-13.

[38] II Reis 23.20. II Chr. 34.5. cap. 20.23. Psa. 78.58. Jer. 14.19.

[39] Neh. 2.3. Jer. 4.7. Lam. 1.10. Eze. 9.6.

[40] Jer. 9.11 e 25.11, 18. Deu. 28.37. I Reis 9.8. Eze. 5.15.

[41] Deu. 4.27 e 28.64. Psa. 44.12. Jer. 9.16. Eze. 12.15. Zac. 7.14.

[42] II Chr. 36.21.

[43] cap. 25.2.

[44] Eze. 21.7. Job 15.21. Pro. 28.1.

[45] Isa. 10.4. Jui. 7.22. I Sam. 14.15.

[46] Jos. 7.12. Jui. 2.14.

[47] Deu. 4.27. Neh. 1.8. Jer. 3.25. Eze. 4.71 e 6.9 e 20.43. Ose. 5.15.
Zac. 10.9.

[48] Num. 5.7. I Reis 8.33, 35, 47. Neh. 9.2. Pro. 28.13. Dan. 9.3, 4.
Luc. 15.18. I João 1.9.

[49] Jer. 9.25, 26. Eze. 44.7. Act. 7.31. Rom. 2.29. Col. 2.11. I Reis
21.29. II Chr. 12 e 32.26.

[50] Exo. 2.24 e 6.5. Psa. 106.45. Eze. 16.60.

[51] ver. 15, 34, 35.

[52] Deu. 4.31. II Reis 13.23. Rom. 11.2.

[53] Rom. 11.28. cap. 22.33 e 25.38. Eze. 20.9.

[54] cap. 27.34. Deu. 6.1 e 12.1 e 33.4. João 1.17. cap. 25.1.



_Votos particulares e a avaliação d’elles._

27 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando alguem fizer particular
voto, [1] segundo a tua avaliação _serão_ as pessoas ao Senhor.

3 Se fôr a tua avaliação d’um macho, da edade de vinte annos até á edade
de sessenta, será a tua avaliação de cincoenta siclos de prata, segundo o
siclo [2] do sanctuario.

4 Porém, se fôr femea, a tua avaliação será de trinta siclos.

5 E, se _fôr_ de cinco annos até vinte, a tua avaliação d’um macho será
vinte siclos, e da femea dez siclos.

6 E, se _fôr_ d’um mez até cinco annos, a tua avaliação d’um macho será
de cinco siclos de prata, e a tua avaliação pela femea _será_ de tres
siclos de prata.

7 E, se _fôr_ de sessenta annos e acima, pelo macho a tua avaliação será
de quinze siclos, e pela femea dez siclos.

8 Mas, se _fôr_ mais pobre do que a tua avaliação, então apresentar-se-ha
diante do sacerdote, para que o sacerdote o avalie: conforme ao que
alcançar a mão do que fez o voto, o avaliará o sacerdote.

9 E, se _fôr_ animal de que se offerece offerta ao Senhor, tudo quanto
der d’elle ao Senhor será sancto.

10 Não o mudará, nem o trocará bom por mau, ou mau por bom: se porém em
alguma maneira trocar animal por animal, o tal e o trocado serão _ambos_
sanctos.

11 E, se _fôr_ algum animal immundo, dos que se não offerecem em offerta
ao Senhor, então apresentará o animal diante do sacerdote,

12 E o sacerdote o avaliará, seja bom ou seja mau: segundo a avaliação do
sacerdote, assim será.

13 Porém, se em alguma maneira o resgatar, então [3] accrescentará o seu
quinto além da tua avaliação.

14 E quando algum sanctificar a sua casa para _ser_ sancta ao Senhor, o
sacerdote a avaliará, seja boa ou seja má: como o sacerdote a avaliar,
assim será.

15 Mas, se o que sanctificou resgatar a sua casa, então accrescentará o
quinto a mais do dinheiro da tua avaliação, e será sua.


_Voto d’um campo e o resgate d’elle._

16 Se tambem algum sanctificar ao Senhor [4] uma parte do campo da sua
possessão, então a tua avaliação será segundo a sua semente: um homer de
semente de cevada _será avaliado_ por cincoenta siclos de prata.

17 Se sanctificar o seu campo desde o anno do jubileu, conforme á tua
avaliação ficará.

18 Mas, se sanctificar o seu campo depois do anno do jubileu, então o
sacerdote lhe contará o [5] dinheiro conforme aos annos restantes até ao
anno do jubileu, e _isto_ se abaterá da tua avaliação.

19 E se [6] aquelle que sanctificou o campo d’alguma maneira o resgatar,
então accrescentará o quinto, a mais do dinheiro da tua avaliação, e lhe
ficará.

20 E se não resgatar o campo, ou se vender o campo a outro homem, nunca
mais se resgatará.

21 Porém, havendo o campo [7] saido no _anno do_ jubileu, será sancto ao
Senhor, como campo consagrado: [8] a possessão d’elle será do sacerdote.

22 E se sanctificar ao Senhor o campo que comprou, e não _fôr_ do campo
da sua [9] possessão,

23 Então o sacerdote [10] lhe contará a somma da tua avaliação até ao
anno do jubileu; e no mesmo dia dará a tua avaliação por [GO] sanctidade
ao Senhor.

24 No anno do jubileu [11] o campo tornará áquelle de quem o comprou,
áquelle cuja era a possessão do campo.

25 E toda a tua avaliação se fará conforme ao siclo do sanctuario: o
siclo será de [12] vinte geras.

26 Mas o que primeiro nascer d’um animal, [13] ninguem ao Senhor
sanctificará; seja boi ou gado miudo, do Senhor é.

27 Mas, se _fôr_ d’um animal immundo, o resgatará, segundo a tua
estimação, e sobre elle [14] accrescentará o seu quinto: e, se não se
resgatar, vender-se-ha segundo a tua estimação.


_Não ha resgate para as coisas consagradas._

28 Todavia, nenhuma coisa consagrada, [15] que algum consagrar ao Senhor
de tudo o que tem, d’homem, ou d’animal, ou do campo da sua possessão, se
venderá nem resgatará: toda a coisa consagrada será uma coisa sanctissima
ao Senhor.

29 Toda a coisa consagrada [16] que fôr consagrada do homem, não será
resgatada: certamente morrerá.

30 Tambem todas as dizimas [17] do campo, da semente do campo, do fructo
das arvores, são do Senhor: sanctas _são_ ao Senhor.

31 Porém, se algum [18] das suas dizimas resgatar _alguma coisa_,
accrescentará o seu quinto sobre ella.

32 Tocante a todas as dizimas de vaccas e ovelhas, tudo o que passar
debaixo da vara, [19] o dizimo será sancto ao Senhor.

33 Não esquadrinhará entre o bom e o mau, [20] nem o trocará: mas, se
em alguma maneira o trocar, o tal e o trocado será sancto; não será
resgatado.

34 Estes _são_ os mandamentos [21] que o Senhor ordenou a Moysés, para os
filhos de Israel, no monte de Sinai.

[1] Num. 6.2. Jui. 11.30, 31, 39. I Sam. 1.11, 28.

[2] Exo. 30.13.

[3] ver. 15, 19.

[4] ver. 13.

[5] cap. 25.15, 16.

[6] ver. 13.

[7] cap. 25.10. ver. 28.

[8] Num. 14.14. Eze. 44.29.

[9] cap. 25.25.

[10] ver. 18.

[11] cap. 25.28.

[12] Exo. 30.13.

[13] Exo. 13.2, 12 e 22.30. Deu. 15.19.

[14] ver. 11-13.

[15] ver. 21.

[16] Num. 21.2.

[17] Gen. 28.22. Num. 13.21. II Chr. 31.5, 6, 12. Neh. 13.12. Mal. 3.8.

[18] ver. 13.

[19] Jer. 33.13. Eze. 20.37. Miq. 7.14.

[20] ver. 10.

[21] cap. 26.46.



O QUARTO LIVRO DE MOYSÉS CHAMADO NUMEROS.



_Deus manda Moysés numerar as tribus._

1 Fallou mais o Senhor a Moysés no deserto [1] de Sinai, na tenda da
congregação, no primeiro _dia_ do mez segundo no segundo anno da sua
saida da terra do Egypto, dizendo:

2 Tomae [2] a somma de toda a congregação dos filhos d’Israel, segundo as
suas gerações, segundo a casa de seus paes, no numero dos nomes de todo o
macho, cabeça por cabeça;

3 Da edade de vinte annos e para cima, todos os que saem á guerra em
Israel: a estes contareis segundo os seus exercitos, tu e Aarão.

4 Estará comvosco de cada tribu um homem que seja cabeça da casa de seus
paes,

5 Estes pois _são_ os nomes dos homens que estarão comvosco: De Ruben,
Elizur, filho de Sedeur;

6 De Simeão, Selumiel, filho de Surisaddai;

7 De Judah, Naasson, filho de Amminadab;

8 D’Issacar, Nathanael, filho de Suhar;

9 De Zebulon, Eliab, filho de Helon;

10 Dos filhos de José: d’Ephraim; Elisama, filho d’Ammihud; de Manasseh,
Gamaliel, filho de Pedazur;

11 De Benjamin, Abidan, filho de Gideoni;

12 De Dan, Ahieser, filho de Ammisaddai;

13 De Aser, Pagiel, filho d’Ochran;

14 De Gad, Eliasaph, filho de [3] Dehuel;

15 De Naphtali, Ahira, filho d’Enan.

16 Estes _foram_ os chamados da congregação, os principes [4] das tribus
de seus paes, os Cabeças dos milhares d’Israel.

17 Então tomaram Moysés e Aarão a estes homens, que foram declarados
pelos _seus_ nomes.

18 E ajuntaram toda a congregação no primeiro dia do mez segundo, e
declararam a sua descendencia segundo as suas familias, segundo a casa de
seus paes, pelo numero dos nomes dos de vinte annos e para cima, cabeça
por cabeça;

19 Como o Senhor ordenara a Moysés, assim os contou no deserto de Sinai.

20 Foram pois os filhos de Ruben, o primogenito d’Israel; as suas
gerações pelas suas familias, segundo a casa de seus paes, pelo numero
dos nomes, cabeça por cabeça, todo _o_ macho de vinte annos e para cima,
todos os que podiam sair á guerra;

21 _Foram_ contados d’elles, da tribu de Ruben, quarenta e seis mil e
quinhentos.

22 Dos filhos de Simeão, as suas gerações pelas suas familias, segundo a
casa dos seus paes; os seus contados, pelo numero dos nomes, cabeça por
cabeça, todo o macho de vinte annos e para cima, todos os que podiam sair
á guerra,

23 _Foram_ contados d’elles, da tribu de Simeão, cincoenta e nove mil e
trezentos.

24 Dos filhos de Gad, as suas gerações pelas suas familias, segundo a
casa de seus paes, pelo numero dos nomes _dos_ de vinte annos e para
cima, todos os que podiam sair á guerra,

25 _Foram_ contados d’elles, da tribu de Gad, quarenta e cinco mil e
seiscentos e cincoenta.

26 Dos filhos de Judah, as suas gerações pelas suas familias, segundo
a casa de seus paes; pelo numero dos nomes _dos_ de vinte annos e para
cima, todos os que podiam sair á guerra,

27 _Foram_ contados d’elles, da tribu de Judah, setenta e quatro mil e
seiscentos.

28 Dos filhos d’Issacar, as suas gerações pelas suas familias, segundo
a casa de seus paes, pelo numero dos nomes _dos_ de vinte annos e para
cima, todos os que podiam sair á guerra,

29 _Foram_ contados d’elles, da tribu d’Issacar, cincoenta e quatro mil e
quatrocentos.

30 Dos filhos de Zebulon, as suas gerações, pelas suas familias, segundo
a casa de seus paes, pelo numero dos nomes _dos_ de vinte annos e para
cima, todos os que podiam sair á guerra,

31 _Foram_ contados d’elles, da tribu de Zebulon, cincoenta e sete mil e
quatrocentos.

32 Dos filhos de José, dos filhos d’Ephraim, as suas gerações, pelas suas
familias, segundo a casa de seus paes, pelo numero dos nomes _dos_ de
vinte annos e para cima, todos os que podiam sair á guerra,

33 _Foram_ contados d’elles, da tribu d’Ephraim, quarenta mil e
quinhentos.

34 Dos filhos de Manasseh, as suas gerações, pelas suas familias, segundo
a casa de seus paes, pelo numero dos nomes _dos_ de vinte annos e para
cima, todos os que podiam sair á guerra,

35 _Foram_ contados d’elles, da tribu de Manasseh, trinta e dois mil e
duzentos.

36 Dos filhos de Benjamin, as suas gerações, pelas suas familias, segundo
a casa de seus paes, pelo numero dos nomes _dos_ de vinte annos e para
cima, todos os que podiam sair á guerra,

37 _Foram_ contados d’elles, da tribu de Benjamin, trinta e cinco mil e
quatrocentos.

38 Dos filhos de Dan, as suas gerações, pelas suas familias, segundo a
casa de seus paes, pelo numero dos nomes _dos_ de vinte annos e para
cima, todos os que podiam sair á guerra,

39 _Foram_ contados d’elles, da tribu de Dan, sessenta e dois mil e
setecentos.

40 Dos filhos d’Aser, as suas gerações, pelas suas familias, segundo a
casa de seus paes, pelo numero dos nomes _dos_ de vinte annos e para
cima, todos os que podiam sair á guerra,

41 _Foram_ contados d’elles, da tribu d’Aser, quarenta e um mil e
quinhentos.

42 Dos filhos de Naphtali, as suas gerações, pelas suas familias, segundo
a casa de seus paes, pelo numero dos nomes _dos_ de vinte annos e para
cima, todos os que podiam sair á guerra,

43 _Foram_ contados d’elles, da tribu de Naphtali, cincoenta e tres mil e
quatrocentos.

44 Estes [5] _foram_ os contados, que contou Moysés e Aarão, e os
principes d’Israel, doze homens, cada um era pela casa de seus paes.

45 Assim _foram_ todos os contados dos filhos d’Israel, segundo a casa de
seus paes, de vinte annos e para cima, todos os que podiam sair á guerra
em Israel;

46 Todos os contados pois _foram_ seiscentos [6] e tres mil e quinhentos
e cincoenta.


_Os levitas não são contados._

47 Mas os levitas, [7] segundo a tribu de seus paes, não _foram_ contados
entre elles,

48 Porquanto o Senhor tinha fallado a Moysés, dizendo:

49 Porém não contarás [8] a tribu de Levi, nem tomarás a somma d’elles
entre os filhos d’Israel:

50 Mas tu [9] põe os levitas sobre o tabernaculo do testemunho, e sobre
todos os seus vasos, e sobre tudo o que pertence a elle: elles levarão o
tabernaculo e todos os seus vasos; e elles o administrarão, e assentarão
o seu arraial ao [10] redor do tabernaculo.

51 E, quando o tabernaculo [11] partir, os levitas o desarmarão; e,
quando o tabernaculo assentar no arraial, os levitas o armarão; e o
estranho [12] que se chegar morrerá.

52 E os filhos d’Israel assentarão as suas tendas, [13] cada um no seu
esquadrão, e cada um junto á sua bandeira, segundo os seus exercitos.

53 Mas os levitas assentarão as suas tendas ao redor do tabernaculo do
[14] testemunho, para que não haja indignação sobre a congregação dos
filhos d’Israel, [15] pelo que os levitas terão o cuidado da guarda do
tabernaculo do testemunho.

54 Assim fizeram os filhos d’Israel: conforme a tudo o que o Senhor
ordenara a Moysés, assim o fizeram.

[1] Exo. 19.1. cap. 10.12. Exo. 25.22.

[2] Exo. 30.12. cap. 26.2, 63, 64. II Sam. 24.2. I Chr. 21.2.

[3] cap. 2.14.

[4] cap. 7.2. I Chr. 27.16. Exo. 18.21.

[5] cap. 26.64.

[6] Exo. 38.26 e 12.37. cap. 2.32 e 26.51.

[7] cap. 2.33. I Chr. 21.6.

[8] cap. 26.62.

[9] Exo. 38.21. cap. 3.7, 8 e 4.15, 25.

[10] cap. 3.23, 29, 35, 38.

[11] cap. 10.17, 21.

[12] cap. 3.10, 38 e 18.22.

[13] cap. 2.2, 34.

[14] Lev. 10.6. cap. 8.19 e 16.46 e 18.5. I Sam. 6.19.

[15] cap. 8.24, 25, 26 e 31.30, 47. I Chr. 23.32. II Chr. 13.11.



_A ordem das tribus no acampamento._

2 E fallou o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

2 Os filhos [1] d’Israel assentarão as suas tendas, cada um debaixo
da sua bandeira, segundo as insignias da casa de seus paes; ao redor,
defronte da tenda da congregação, assentarão as _suas_ tendas.

3 Os que assentarem as _suas_ tendas da banda do oriente para o nascente
_serão os da_ bandeira do exercito de Judah, segundo os seus esquadrões,
[2] e Naasson, filho d’Amminadab, _será_ principe dos filhos de Judah.

4 E o seu exercito, e os que _foram_ contados d’elles, _foram_ setenta e
quatro mil e seiscentos.

5 E junto a elle assentará as suas tendas a tribu d’Issacar, e Nathanael,
filho de Suhar, _será_ principe dos filhos d’Issacar.

6 E o seu exercito, e os _que foram_ contados d’elles, _foram_ cincoenta
e quatro mil e quatrocentos.

7 Depois a tribu de Zebulon; e Eliab, filho de Helon, _será_ principe dos
filhos de Zebulon.

8 E o seu exercito, e os que _foram_ contados d’elles, _foram_ cincoenta
e sete mil e quatrocentos.

9 Todos os que _foram_ contados do exercito de Judah, cento e oitenta
e seis mil e quatrocentos, segundo os seus esquadrões, [3] _estes_
marcharão os primeiros.

10 A bandeira do exercito de Ruben, segundo os seus esquadrões, _estará_
para a banda do sul: e Eliasur, filho de Sedeur, _será_ principe dos
filhos de Ruben.

11 E o seu exercito, e os que _foram_ contados d’elles _foram_ quarenta e
seis mil e quinhentos.

12 E junto a elle assentará as _suas_ tendas a tribu de Simeão; e
Selumiel, filho de Surisaddai, _será_ principe dos filhos de Simeão.

13 E o seu exercito, e os _que foram_ contados d’elles, _foram_ cincoenta
e nove mil e trezentos.

14 Depois a tribu de Gad; e Eliasaph, filho de Rehuel, [4] _será_
principe dos filhos de Gad.

15 E o seu exercito, e os _que foram_ contados d’elles, _foram_ quarenta
e cinco mil e seiscentos e cincoenta.

16 Todos os _que foram_ contados no exercito de Ruben _foram_ cento
e cincoenta e um mil e quatrocentos e cincoenta, segundo os seus
esquadrões: e _estes_ [5] marcharão, os segundos.

17 Então partirá a tenda da congregação [6] _com_ o exercito dos levitas
no meio dos exercitos: como assentaram as _suas_ tendas, assim marcharão,
cada um no seu logar, segundo as suas bandeiras.

18 A bandeira do exercito d’Ephraim, segundo os seus esquadrões, _estará_
para a banda do occidente; e Elisama, filho d’Ammihud, _será_ principe
dos filhos d’Ephraim.

19 E o seu exercito, e os _que foram_ contados d’elles, _foram_ quarenta
mil e quinhentos.

20 E junto a elle a tribu de Manasseh: e Gamaliel, filho de Pedazur,
_será_ principe dos filhos de Manasseh.

21 E o seu exercito, e os _que foram_ contados d’elles, _foram_ trinta e
dois mil e duzentos.

22 Depois a tribu de Benjamin: e Abidan, filho de Gideoni, _será_
principe dos filhos de Benjamin,

23 E o seu exercito, e os _que foram_ contados d’elles, _foram_ trinta e
cinco mil e quatrocentos.

24 Todos os _que foram_ contados no exercito de Ephraim _foram_ cento e
oito mil e cem, segundo os seus esquadrões: e _estes_ [7] marcharão os
terceiros.

25 A bandeira do exercito de Dan _estará_ para o norte, segundo os seus
esquadrões: e Ahiezer, filho de Ammisaddai, _será_ principe dos filhos de
Dan.

26 E o seu exercito, e os _que foram_ contados d’elles, _foram_ sessenta
e dois mil e setecentos.

27 E junto a elle assentará as _suas_ tendas a tribu de Aser: e Pagiel,
filho de Ochran, _será_ principe dos filhos de Aser.

28 E o seu exercito, e os _que foram_ contados d’elles, _foram_ quarenta
e um mil e quinhentos.

29 Depois a tribu de Naphtali: e Ahira, filho de Enan, _será_ principe
dos filhos de Naphtali.

30 E o seu exercito, e os _que foram_ contados d’elles, _foram_ cincoenta
e tres mil e quatrocentos.

31 Todos os _que foram_ contados no exercito de Dan _foram_ cento e
cincoenta e sete mil e seiscentos: _estes_ marcharão [8] no ultimo logar,
segundo as suas bandeiras.

32 Estes _são_ os _que foram_ contados dos filhos de Israel, segundo a
casa de seus paes: todos os _que foram_ contados dos exercitos pelos seus
esquadrões _foram_ [9] seiscentos e tres mil e quinhentos e cincoenta.

33 Mas os levitas [10] não foram contados entre os filhos de Israel, como
o Senhor ordenara a Moysés.

34 E os filhos de Israel fizeram conforme a tudo o que o Senhor ordenara
a Moysés; assim [11] assentaram o arraial segundo as suas bandeiras, e
assim marcharam, cada qual segundo as suas gerações, segundo a casa de
seus paes.

[1] cap. 1.52. Jos. 3.4.

[2] cap. 10.14. Ruth 4.20. I Chr. 2.10. Mat. 1.4. Luc. 3.32.

[3] cap. 10.14.

[4] cap. 1.14 e 7.42.

[5] cap. 10.18.

[6] cap. 10.17, 21.

[7] cap. 10.22.

[8] cap. 10.25.

[9] Exo. 38.26. cap. 1.46 e 11.21.

[10] cap. 1.47.

[11] cap. 24.2, 5, 6.



_Os filhos de Aarão e os levitas são escolhidos para o serviço do
tabernaculo._

3 E estas _são_ as gerações de Aarão e de Moysés, no dia _em que_ o
Senhor fallou com Moysés no monte de Sinai.

2 E estes _são_ os nomes dos filhos de Aarão: o primogenito [1] Nadab;
depois Abihu, Eleasar e Ithamar.

3 Estes _são_ os nomes dos filhos de Aarão, [2] dos sacerdotes ungidos,
cujas mãos foram sagradas para administrar o sacerdocio.

4 Mas [3] Nadab e Abihu morreram perante o Senhor, quando offereceram
fogo estranho perante o Senhor no deserto de Sinai, e não tiveram filhos:
porém Eleasar e Ithamar administraram o sacerdocio diante de Aarão, seu
pae.

5 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

6 Faze chegar [4] a tribu de Levi, e põe-n’a diante de Aarão, o
sacerdote, para que o sirvam,

7 E tenham cuidado da sua guarda, e da guarda de toda [5] a congregação,
diante da tenda da congregação, para administrar o ministerio do
tabernaculo.

8 E tenham cuidado de todos os vasos da tenda da congregação, e da guarda
dos filhos de Israel, para administrar o ministerio do tabernaculo.

9 Darás [6] pois os levitas a Aarão e a seus filhos: d’entre os filhos de
Israel lhes _são_ dados em dadiva.

10 Mas a Aarão e a seus filhos ordenarás que guardem o seu sacerdocio,
[7] e estranho que chegar morrerá.

11 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

12 E eu, [8] eis que, tenho tomado os levitas do meio dos filhos de
Israel, em logar de todo o primogenito, que abre a madre, entre os filhos
de Israel: e os levitas serão meus.

13 Porque todo o [9] primogenito meu _é_: desde o dia em que tenho
ferido a todo o primogenito na terra do Egypto, sanctifiquei-me todo o
primogenito em Israel, desde o homem até ao animal: meus serão; Eu _sou_
o Senhor.

14 E fallou o Senhor a Moysés no deserto de Sinai, dizendo:

15 Conta os filhos de Levi, segundo a casa de seus paes, pelas suas
gerações; contarás a todo [10] o macho da edade de um anno e para cima.

16 E Moysés os contou conforme ao mandado do Senhor, como lhe foi
ordenado.

17 Estes pois foram os filhos [11] de Levi pelos seus nomes: Gerson, e
Kohath e Merari.

18 E estes _são_ os nomes dos filhos de Gerson pelas suas gerações; [12]
Libni e Simei.

19 E os filhos de Kohath pelas suas gerações: Amram, [13] e Jizhar,
Hebron e Uziel.

20 E os filhos de [14] Merari pelas suas gerações: Maheli e Musi: estas
_são_ as gerações dos levitas, segundo a casa de seus paes.

21 De Gerson _é_ a geração dos libnitas e a geração dos simeitas: estas
_são_ as gerações dos gersonitas.

22 Os _que_ d’elles _foram_ contados pelo numero de todo o macho da edade
de um mez e para cima, os que d’elles foram contados _foram_ sete mil e
quinhentos.

23 As gerações [15] dos gersonitas assentarão as _suas_ tendas atraz do
tabernaculo, ao occidente.

24 E o principe da casa paterna dos gersonitas _será_ Eliasaph, filho de
Lael.

25 E a guarda [16] dos filhos de Gerson na tenda da congregação _será_ o
tabernaculo, e a tenda, a [17] sua coberta, e o véu da porta da tenda da
congregação,

26 E as cortinas do pateo, e o pavilhão da porta do pateo, que _estão_
junto ao tabernaculo e junto ao altar, em redor: como tambem as suas
cordas para todo o seu serviço.

27 E de Kohath [18] _é_ a geração dos amramitas, e a geração dos
jiznaritas, e a geração dos hebronitas, e a geração dos hussielitas:
estas _são_ as gerações dos kohathitas.

28 Pelo numero contado de todo o macho da edade de um mez e para cima,
_foram_ cito mil e seiscentos, que tinham cuidado da guarda do sanctuario.

29 As gerações dos filhos de Kohath assentarão [19] as _suas_ tendas ao
lado do tabernaculo, da banda do sul.

30 E o principe de casa paterna das gerações dos kohathitas _será_
Elisaphan, filho de Ussiel.

31 E a sua guarda _será_ a [20] arca, e a mesa, e o castiçal, e os
altares, e os vasos do sanctuario com que ministram, e o véu com todo o
seu serviço.

32 E o principe dos principes de Levi _será_ Eleasar, filho de Aarão, o
sacerdote: _terá_ a superintendencia sobre os que teem cuidado da guarda
do sanctuario.

33 De Merari _é_ a geração dos mahelitas e a geração dos musitas; estas
_são_ as gerações de Merari.

34 E os _que_ d’elles _foram_ contados pelo numero de todo o macho de um
mez e para cima _foram_ seis mil e duzentos.

35 E o principe da casa paterna das gerações de Merari _será_ Suriel,
filho de Abihail: assentarão [21] as _suas_ tendas ao lado do
tabernaculo, da banda do norte.

36 E o cargo [22] da guarda dos filhos de Merari _serão_ as taboas do
tabernaculo, e os seus varaes, e as suas columnas, e as suas bases, e
todos os seus vasos, com todo o seu serviço,

37 E as columnas do pateo em redor, e as suas bases, e as suas estacas e
as suas cordas.

38 E os que assentarão [23] as _suas_ tendas diante do tabernaculo,
ao oriente, diante da tenda da congregação, para a banda do nascente,
_serão_ Moysés e Aarão, com seus filhos, tendo o cuidado da guarda do
sanctuario, pela guarda dos filhos de Israel: [24] e o estranho que se
chegar morrerá.

39 Todos os _que foram_ contados dos levitas, que contou [25] Moysés e
Aarão, por mandado do Senhor, segundo as suas gerações, todo o macho de
um mez e para cima, _foram_ vinte e dois mil.

40 E disse o Senhor a Moysés: Conta [26] todo e primogenito macho dos
filhos d’Israel, da edade d’um mez e para cima, e toma o numero dos seus
nomes.

41 E para mim tomarás [27] os levitas (Eu sou o Senhor), em logar de todo
o primogenito dos filhos d’Israel, e os animaes dos levitas, em logar de
todo o primogenito entre os animaes dos filhos d’Israel.

42 E contou Moysés, como o Senhor lhe ordenara, todo o primogenito entre
os filhos d’Israel.

43 E todos os primogenitos dos machos, pelo numero dos nomes dos da edade
d’um mez e para cima, segundo os _que foram_ contados d’elles, foram
vinte e dois mil e duzentos e sessenta e tres.

44 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

45 Toma [28] os levitas em logar de todo o primogenito entre os filhos
d’Israel, e os animaes dos levitas em logar dos seus animaes: porquanto
os levitas serão meus: Eu _sou_ o Senhor.

46 Quanto [29] aos duzentos e setenta e tres, que se houverem de
resgatar, que sobrepujam [30] aos levitas dos primogenitos dos filhos
d’Israel,

47 Tomarás por cada cabeça [31] cinco siclos: conforme ao siclo do
sanctuario os tomarás, a vinte geras o [32] siclo.

48 E a Aarão e a seus filhos darás o dinheiro dos resgatados, dos que
sobejam entre elles.

49 Então Moysés tomou o dinheiro do resgate dos que sobejaram sobre os
resgatados pelos levitas.

50 Dos primogenitos dos filhos d’Israel tomou o dinheiro, [33] mil e
trezentos e sessenta e cinco _siclos_, segundo o siclo do sanctuario.

51 E Moysés deu [34] o dinheiro dos resgatados a Aarão e a seus filhos,
segundo o mandado do Senhor, como o Senhor ordenara a Moysés.

[1] Exo. 6.23.

[2] Exo. 28.41. Lev. 8.

[3] Lev. 10.1. cap. 26.61. I Chr. 24.2.

[4] cap. 8.6 e 18.2.

[5] cap. 1.50 e 8.11, 15, 24, 26.

[6] cap. 8.19.

[7] cap. 18.7. ver. 38. cap. 1.51 e 16.40.

[8] ver. 41. cap. 8.16 e 18.6.

[9] Exo. 13.2. Lev. 27.26. Luc. 2.23. Exo. 13.12, 15. cap. 8.17.

[10] ver. 39. cap. 26.62.

[11] Gen. 46.11. Exo. 6.16. cap. 26.57. I Chr. 6.1 e 23.6.

[12] Exo. 6.17.

[13] Exo. 6.18.

[14] Exo. 6.19.

[15] cap. 1.53.

[16] cap. 4.24-26.

[17] Exo. 25.9 e 26.1, 7.

[18] I Chr. 26.23.

[19] cap. 1.53.

[20] cap. 4.15. Exo. 25.10, 23, 31 e 27.1 e 30.1 e 26.32.

[21] cap. 1.53.

[22] cap. 4.31, 32.

[23] cap. 1.53 e 18.5. ver. 7, 8.

[24] ver. 10.

[25] cap. 26.62.

[26] ver. 15.

[27] ver. 12, 45.

[28] ver. 12, 41.

[29] Exo. 13.13. cap. 18.15.

[30] ver. 39, 43.

[31] Lev. 27.6. cap. 18.16.

[32] Exo. 30.13. Lev. 27.25. cap. 18.16. Eze. 45.12.

[33] ver. 46, 47.

[34] ver. 48.



_Os deveres dos levitas._

4 E fallou o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

2 Toma a somma dos filhos de Kohath, do meio dos filhos de Levi, pelas
suas gerações, segundo a casa de seus paes;

3 Da edade de [1] trinta annos e para cima até aos cincoenta annos _será_
todo aquelle que entrar n’este exercito, para fazer obra na tenda da
congregação.

4 Este _será_ o ministerio [2] dos filhos de Kohath na tenda da
congregação, nas _coisas_ sanctissimas.

5 Quando partir o arraial, Aarão e seus filhos virão, e tirarão o véu da
[3] coberta, e com elle cobrirão a arca do testemunho;

6 E pôr-lhe-hão por cima uma coberta de pelles de teixugos, e sobre ella
estenderão um panno, todo d’azul, e lhe metterão [4] os varaes.

7 Tambem sobre a mesa da proposição estenderão um panno d’azul: e sobre
ella porão os pratos [GP] os seus incensarios, e as taças e escudellas;
tambem o pão continuo estará sobre ella.

8 Depois estenderão em cima d’elles um panno de carmezim, e com a coberta
de pelles de teixugos o cobrirão, e _lhe_ porão os seus varaes.

9 Então tomarão um panno d’azul, e cobrirão [5] o castiçal da luminaria,
e as suas lampadas, [6] e [GQ] os seus espivitadores, e os seus
apagadores, e todos os seus vasos d’azeite, com que o servem.

10 E metterão, a elle e a todos os seus vasos, na coberta de pelles de
teixugos: e _o_ porão sobre os varaes.

11 E sobre o [7] altar d’oiro estenderão um panno d’azul, e com a coberta
de pelles de teixugos o cobrirão, e _lhe_ porão os seus varaes.

12 Tambem tomarão todos os vasos do ministerio, com que servem no
sanctuario; e os porão n’um panno d’azul, e os cobrirão com uma coberta
de pelles de teixugos, e _os_ porão sobre os varaes.

13 E tirarão as cinzas do altar, e por cima d’elle estenderão um panno de
purpura.

14 E sobre elle porão todos os seus instrumentos com que o servem: os
seus brazeiros, os garfos, e as pás, e as bacias; todos os vasos do
altar: e por cima d’elle estenderão uma coberta de pelles de teixugos, e
_lhe_ porão os seus varaes.

15 Havendo pois Aarão e seus filhos, ao partir do arraial, acabado de
cobrir o sanctuario, e todos os instrumentos do sanctuario, então [8]
os filhos de Kohath virão para leval-o; mas no sanctuario não tocarão,
para que não morram: este _é_ o cargo dos filhos de Kohath na tenda da
congregação.

16 Porém o cargo d’Eleasar, filho d’Aarão, o sacerdote, _será_ [9] o
azeite da luminaria, e o incenso _aromatico_, e a continua offerta dos
manjares, e azeite da uncção, o cargo de todo o tabernaculo, e de tudo
que n’elle _ha_, no sanctuario e nos seus vasos.

17 E fallou o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

18 Não deixareis extirpar a tribu das gerações dos kohatitas do meio dos
levitas.

19 Mas isto lhes fareis, para que vivam e não morram, [10] quando
chegarem [GR] á Sanctidade das Sanctidades: Aarão e seus filhos virão, e
a cada um porão no seu ministerio e no seu cargo.

20 Porem [11] não entrarão a ver, quando cobrirem o sanctuario, para que
não morram.

21 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

22 Toma tambem a somma dos filhos de Gerson, segundo a casa de seus paes,
segundo as suas gerações;

23 Da edade de trinta [12] annos e para cima, até aos cincoenta, contarás
a todo aquelle que entrar a servir no seu serviço, para administrar o
ministerio na tenda da congregação.

24 Este _será_ o ministerio das gerações dos gersonitas, no serviço e no
cargo.

25 Levarão pois as cortinas [13] do tabernaculo, e a tenda da
congregação, e a sua coberta, e a coberta de pelles de teixugos, que
_está_ em cima sobre elle, e o véu da porta da tenda da congregação,

26 E as cortinas do pateo, e o véu da porta do pateo, que _está_ junto
ao tabernaculo, e junto ao altar em redor, e as suas cordas, e todos os
instrumentos do seu ministerio, com tudo o que se adereçar para elles,
para que ministrem.

27 Todo o ministerio dos filhos dos gersonitas, em todo o seu cargo, e em
todo o seu ministerio, será segundo o mandado d’Aarão e de seus filhos: e
lhes encommendareis em guarda todo o seu cargo.

28 Este _é_ o ministerio das gerações dos filhos dos gersonitas na tenda
da congregação: e a sua guarda _será_ debaixo da mão d’Ithamar, filho
d’Aarão, o sacerdote.

29 Quanto aos filhos de Merari, segundo as suas gerações e segundo a casa
de seus paes os contarás;

30 Da edade de trinta [14] annos e para cima, até aos cincoenta, contarás
a todo aquelle que entrar n’este serviço, para administrar o ministerio
da tenda da congregação.

31 Esta pois _será_ a guarda do seu cargo, [15] segundo todo o seu
ministerio, na tenda da congregação: as taboas do tabernaculo, e os seus
varaes, e as suas columnas, e as suas bases;

32 Como tambem as columnas do pateo em redor, e as suas bases, e as suas
estacas, e as suas cordas, com todos [16] os seus instrumentos, e com
todo o seu ministerio; e contareis os vasos da guarda do seu cargo, nome
por nome.

33 Este _é_ o ministerio das gerações dos filhos de Merari, segundo todo
o seu ministerio, na tenda da congregação, debaixo da mão d’Ithamar,
filho d’Aarão, o sacerdote.

34 Moysés, pois, [17] e Aarão e os principes da congregação contaram os
filhos dos kohathitas, segundo as suas gerações e segundo a casa de seus
paes;

35 Da edade de trinta annos e para cima, até ao cincoenta, todo aquelle
que entrou n’este serviço, para o ministerio da tenda da congregação.

36 Os _que_ d’elles _foram_ contados, pois, segundo as sua gerações,
foram dois mil e setecentos e cincoenta.

37 Estes _são_ os _que foram_ contados das gerações dos kohathitas, de
todo aquelle que ministrava na tenda da congregação, os quaes contaram
Moysés e Aarão, conforme ao mandado do Senhor pela mão de Moysés.

38 Similhantemente os _que foram_ contados dos filhos de Gerson, segundo
as suas gerações, e segundo a casa de seus paes,

39 Da edade de trinta annos e para cima, até aos cincoenta, todo aquelle
que entrou n’este serviço, para o ministerio na tenda da congregação.

40 Os _que_ d’elles _foram_ contados, segundo as suas gerações, segundo a
casa de seus paes, _foram_ dois mil e seiscentos e trinta.

41 Estes _são_ os contados das gerações dos filhos de Gerson, de todo
aquelle que ministrava na tenda da congregação: [18] os quaes contaram
Moysés e Aarão, conforme ao mandado do Senhor.

42 E os _que foram_ contados das gerações dos filhos de Merari, segundo
as suas gerações, segundo a casa de seus paes;

43 Da edade de trinta annos e para cima, até aos cincoenta, todo aquelle
que entrou n’este serviço, para o ministerio na tenda da congregação.

44 Foram pois os _que foram_ d’elles contados, segundo as suas gerações,
tres mil e duzentos.

45 Estes _são_ os contados das gerações dos filhos de Merari: os quaes
contaram Moysés e Aarão, conforme ao mandado do Senhor, [19] pela mão de
Moysés.

46 Todos os _que_ d’elles _foram_ contados, que contaram Moysés e Aarão,
e os principes de Israel, dos levitas, segundo as suas gerações, segundo
a casa de seus paes;

47 Da edade de [20] trinta annos e para cima, até aos cincoenta, todo
aquelle que entrava a executar o ministerio da administração, e o
ministerio do cargo na tenda da congregação.

48 Os _que_ d’elles _foram_ contados foram oito mil quinhentos e oitenta.

49 Conforme ao mandado do Senhor, pela mão de Moysés, foram contados,
[21] cada qual segundo o seu ministerio, e segundo o seu cargo: e foram,
os _que_ d’elles _foram_ contados, aquelles que [22] o Senhor ordenara a
Moysés.

[1] cap. 8.24. I Chr. 23.3, 24, 27.

[2] ver. 15, 19.

[3] Exo. 26.31 e 25.10, 16.

[4] Exo. 25.13, 23, 29, 30. Lev. 24.6.

[5] Exo. 25.31.

[6] Exo. 25.37.

[7] Exo. 30.1, 3.

[8] cap. 7 e 9.10, 21. Deu. 31.9. II Sam. 6.13. I Chr. 15.2, 15. II Sam.
6.6. I Chr. 13.9. cap. 3.31.

[9] Exo. 25.6. Lev. 24.2. Exo. 30.34 e 29.40.

[10] ver. 4.

[11] Exo. 19.21. I Sam. 6.19.

[12] ver. 3.

[13] cap. 3.25, 26.

[14] ver. 3.

[15] cap. 3.36, 37. Exo. 26.15.

[16] Exo. 38.21.

[17] ver. 2.

[18] ver. 22.

[19] ver. 29.

[20] ver. 3, 23, 30.

[21] ver. 15, 24, 31.

[22] ver. 1, 21.



_O leproso e o immundo são lançados fóra do arraial._

5 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Ordena aos filhos de Israel que lancem fóra do arraial a todo [1] o
leproso, e a todo o que padece fluxo, e a todos os immundos por _causa de
contacto com algum_ morto.

3 Desde o[_o_?] homem até á mulher os lançareis: fóra do arraial os
lançareis, para que não contaminem os seus arraiaes, no meio dos quaes eu
[2] habito.

4 E os filhos de Israel fizeram assim, e os lançaram fóra do arraial:
como o Senhor fallara a Moysés, assim fizeram os filhos de Israel.

5 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

6 Dize aos filhos de Israel: [3] Quando homem ou mulher fizer algum de
todos os peccados humanos, trespassando contra o Senhor, tal alma culpada
é.

7 E confessarão o seu peccado [4] que fizeram; então restituirá a sua
culpa, segundo a somma total, e lhe accrescentará o seu quinto, e o dará
áquelle contra quem se fez culpado.

8 Mas, se aquelle homem não tiver resgatador, a quem se restitua a culpa,
então a culpa que se restituir ao Senhor _será_ do sacerdote, além do
carneiro [5] da expiação com que por elle fará expiação.

9 Similhantemente toda a [6] offerta de todas as coisas sanctificadas dos
filhos de Israel, que trouxerem ao sacerdote, será sua.

10 E as coisas sanctificadas de cada um serão suas: o que alguem der ao
sacerdote [7] será seu.


_A prova da mulher suspeita de adulterio._

11 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

12 Falla aos filhos de Israel, e dize-lhes; Quando a mulher de algum se
desviar, e trespassar contra elle,

13 De maneira que algum homem se houver [8] deitado com ella, e fôr
occulto aos olhos de seu marido, e ella o tiver occultado, havendo-se
ella contaminado, e contra ella não houver testemunha, e _no feito_ não
fôr apanhada,

14 E o espirito de ciumes vier sobre elle, e de sua mulher tiver ciumes,
por ella se haver contaminado, ou sobre elle vier o espirito de ciumes, e
de sua mulher tiver ciumes, não se havendo ella contaminado,

15 Então aquelle varão trará a sua mulher perante o sacerdote, e
juntamente trará a sua offerta por ella: uma decima de epha de farinha
de cevada, sobre a qual não deitará azeite, nem sobre ella porá incenso,
porquanto é offerta de manjares de ciumes, offerta memorativa, [9] que
traz a iniquidade em memoria.

16 E o sacerdote a fará chegar, e a porá perante a face do Senhor.

17 E o sacerdote tomará agua sancta n’um vaso de barro; tambem tomará o
sacerdote do pó que houver no chão do tabernaculo, e o deitará na agua.

18 Então o sacerdote apresentará a mulher perante o Senhor, e descobrirá
a cabeça da mulher; e a offerta memorativa de manjares, que é a offerta
de manjares dos ciumes, porá sobre as suas mãos, e a agua amarga, que
traz comsigo a maldição, estará na mão do sacerdote.

19 E o sacerdote a conjurará, e dirá áquella mulher: Se ninguem comtigo
se deitou, e se não te apartaste de teu marido pela immundicia, d’estas
aguas amargas, amaldiçoantes, serás livre.

20 Mas, se te apartaste de teu marido, e te contaminaste, e algum homem,
fóra de teu marido, se deitou comtigo;

21 Então o sacerdote conjurará á mulher com a conjuração da maldição;
e o sacerdote dirá [10] á mulher: O Senhor te ponha por maldição e por
conjuração no meio do [11] teu povo, fazendo-te o Senhor descair a côxa e
inchar o ventre.

22 E esta agua [12] amaldiçoante entre nas tuas entranhas, para te fazer
inchar o ventre, e te fazer descair a côxa. Então a mulher dirá: [13]
Amen, Amen.

23 Depois o sacerdote escreverá estas mesmas maldições n’um livro, e com
a agua amarga as apagará.

24 E a agua amarga, amaldiçoante, dará a beber á mulher, e a agua
amaldiçoante entrará n’ella para amargurar.

25 E o sacerdote tomará a offerta de manjares dos ciumes da mão da
mulher, e moverá a offerta de manjares [14] perante o Senhor; e a
offerecerá sobre o altar.

26 Tambem o sacerdote tomará um punhado [15] da offerta de manjares, da
offerta memorativa, e sobre o altar o queimará: e depois dará a beber a
agua á mulher.

27 E, havendo-lhe dado a beber aquella agua, será que, se ella se tiver
contaminado, e contra seu marido tiver trespassado, a agua amaldiçoante
entrará n’ella para amargura, e o seu ventre se inchará, e a sua côxa
descairá; e aquella mulher será [16] por maldição no meio do seu povo.

28 E, se a mulher se não tiver contaminado, mas estiver limpa, então será
livre, e conceberá semente.

29 Esta _é_ a lei dos ciumes, quando a mulher, em poder de seu marido, se
desviar [17] e fôr contaminada;

30 Ou quando sobre o homem vier o espirito de ciumes, e tiver ciumes de
sua mulher, apresente a mulher perante o Senhor, e o sacerdote n’ella
execute toda esta lei.

31 E o homem será livre da iniquidade, porém a mulher levará [18] a sua
iniquidade.

[1] Lev. 13.3, 46. cap. 12.14. Lev. 15.2. cap. 9.6, 10 e 19.11.

[2] Lev. 26.11. II Cor. 6.16.

[3] Lev. 6.2, 3.

[4] Lev. 5.5 e 26.40. Jos. 7.19.

[5] Lev. 6.6 e 7.7.

[6] Exo. 29.28. Lev. 6.17, 18, 26. cap. 18.8, 9, 19. Deu. 18.3. Eze.
44.29.

[7] Lev. 10.13.

[8] Lev. 18.20.

[9] I Reis 17.18. Eze. 29.16.

[10] Jos. 6.28. I Sam. 14.24. Neh. 10.29.

[11] Jer. 29.22.

[12] Psa. 109.18.

[13] Deu. 27.15.

[14] Lev. 8.27.

[15] Lev. 2.2, 9.

[16] Deu. 28.27. Jer. 24.9 e 29.18, 22. Zac. 8.13.

[17] ver. 19.

[18] Lev. 20.17, 19, 20.



_A lei do nazireado._

6 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla aos filhos d’Israel, e dize-lhes: Quando um homem ou mulher se
tiver separado, fazendo voto [1] de nazireo, para se separar ao Senhor,

3 De vinho e de bebida forte se apartará: [2] vinagre de vinho, nem
vinagre de bebida forte não beberá; nem beberá alguma beberagem d’uvas;
nem uvas frescas nem seccas comerá.

4 Todos os dias do seu nazireado não comerá de coisa alguma, que se faz
da vinha, desde os caroços até ás cascas.

5 Todos os dias do voto do seu nazireado sobre a sua cabeça não passará
navalha: [3] até que se cumpram os dias, que se separou ao Senhor, sancto
será, deixando crescer as guedelhas do cabello da sua cabeça.

6 Todos os dias que se separar ao Senhor não [4] se chegará a corpo d’um
morto.

7 Por seu pae, ou por sua mãe, por seu irmão, ou por sua irmã, por elles
se não contaminará, [5] quando forem mortos; porquanto o nazireado do seu
Deus _está_ sobre a sua cabeça.

8 Todos os dias do seu nazireado sancto será ao Senhor.

9 E se o morto vier a morrer junto a elle por acaso, subitamente, que
contaminasse a cabeça do seu nazireado, então no dia da sua purificação
[6] rapará a sua cabeça, e ao setimo dia a rapará.

10 E ao oitavo [7] dia trará duas rolas, ou dois pombinhos, ao sacerdote,
á porta da tenda da congregação:

11 E o sacerdote offerecerá um para expiação do peccado, e o outro para
holocausto; e fará propiciação por elle, do que peccou no corpo morto:
assim n’aquelle mesmo dia sanctificará a sua cabeça.

12 Então separará os dias do seu nazireado ao Senhor, e para expiação do
trespasso trará um cordeiro d’um anno: [8] e os dias antecedentes serão
perdidos, porquanto o seu nazireado foi contaminado.

13 E esta _é_ a lei do nazireo: no dia em que se [9] cumprirem os dias do
seu nazireado, tral-o-hão á porta da tenda da congregação:

14 E elle offerecerá a sua offerta ao Senhor, um cordeiro sem mancha d’um
anno em holocausto, e uma cordeira sem mancha de um anno para expiação do
[10] peccado, e um carneiro sem mancha por offerta pacifica;

15 E um [11] cesto de _bolos_ asmos, bolos _de_ flor de farinha com
azeite, amassados, e coscorões asmos untados com azeite, [12] como tambem
a sua offerta de manjares, e as suas libações.

16 E o sacerdote os trará perante o Senhor, e sacrificará a sua expiação
do peccado, e o seu holocausto:

17 Tambem sacrificará o carneiro em sacrificio pacifico ao Senhor, com
o cesto dos _bolos_ asmos: e o sacerdote offerecerá a sua offerta de
manjares, e a sua libação.

18 Então o nazireo á porta da tenda da congregação rapará a cabeça do seu
nazireado, e tomará o [13] cabello da cabeça do seu nazireado, e o porá
sobre o fogo que _está_ debaixo do sacrificio pacifico.

19 Depois o sacerdote tomará a espadua [14] cozida do carneiro, e um bolo
asmo do cesto, e um coscorão asmo, e os porá nas mãos do nazireo, depois
de haver rapado o seu nazireado.

20 E o sacerdote os moverá _em_ offerta de movimento perante o Senhor;
isto é sancto [15] para o sacerdote, juntamente com o peito da offerta
de movimento, e com a espadua da offerta alçada; e depois o nazireo beba
vinho.

21 Esta é a lei do nazireo, que fizer voto da sua offerta ao Senhor pelo
seu nazireado, além do que alcançar a sua mão: segundo o seu voto, que
fizer, assim fará conforme á lei do seu nazireado.

22 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:


_O modo de abençoar os filhos de Israel._

23 Falla a Aarão, e a seus filhos, dizendo: [16] Assim abençoareis os
filhos d’Israel, dizendo-lhes:

24 O Senhor te abençoe e te guarde:

25 O Senhor faça resplandecer o seu rosto [17] sobre ti, e tenha
misericordia de ti:

26 O Senhor sobre ti levante o seu rosto, [18] e te dê a paz.

27 Assim porão o meu [19] nome sobre os filhos d’Israel, e eu os
abençoarei.

[1] Lev. 27.2. Jui. 13.5. Act. 21.23.

[2] Amós 2.12. Luc. 1.15.

[3] Jui. 16.17. I Sam. 1.11.

[4] cap. 19.11, 16.

[5] Lev. 21.1, 2, 11. cap. 9.6.

[6] Act. 18.18 e 21.24.

[7] Lev. 5.7 e 14.22 e 15.14, 29.

[8] Lev. 5.6.

[9] Act. 21.26.

[10] Lev. 4.2, 27, 32 e 3.6.

[11] Lev. 2.4.

[12] Exo. 29.2. cap. 15.5, 7, 10.

[13] Act. 21.24.

[14] I Sam. 2.15. Exo. 29.23, 24.

[15] Exo. 29.27, 28.

[16] Lev. 9.22. I Chr. 23.13.

[17] Psa. 31.16 e 119.135. Dan. 9.17. Gen. 43.29.

[18] João 14.27. II The. 3.16.

[19] Deu. 28.10. II Chr. 7.14. Isa. 43.7. Dan. 9.18.



_As offertas dos principes na dedicação do tabernaculo e do altar._

7 E aconteceu, no dia em que Moysés acabou [1] de levantar o tabernaculo,
e o ungiu, e o sanctificou, e todos os seus vasos; tambem o altar, e
todos os seus vasos, e os ungiu, e os sanctificou,

2 Que os principes [2] d’Israel, os Cabeças da casa de seus paes, os que
foram principes das tribus, que estavam sobre os _que foram_ contados,
offereceram,

3 E trouxeram a sua offerta perante o Senhor, seis carros cobertos,
e doze bois; por dois principes um carro, e por cada um um boi: e os
trouxeram diante do tabernaculo.

4 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

5 Toma _os_ d’elles, e serão para servir no ministerio da tenda da
congregação: e os darás aos levitas, a cada qual segundo o seu ministerio.

6 Assim Moysés tomou os carros e os bois, e os deu aos levitas.

7 Dois carros e quatro bois deu [3] aos filhos de Gerson, segundo o seu
ministerio:

8 E [4] quatro carros e oito bois deu aos filhos de Merari, segundo o seu
ministerio, debaixo da mão [5] d’Ithamar, filho d’Aarão, o sacerdote.

9 Mas aos filhos de Kohath nada deu, [6] porquanto a seu cargo estava o
ministerio e o levavam aos hombros.

10 E offereceram os principes para a consagração [7] do altar, no dia em
que foi ungido; offereceram pois os principes a sua offerta perante o
altar.

11 E disse o Senhor a Moysés: Cada principe offerecerá a sua offerta
(cada qual em seu dia) para a consagração do altar.

12 O que pois no primeiro dia offereceu a sua offerta foi Naasson, [8]
filho d’Amminadab, pela tribu de Judah.

13 E a sua offerta _foi_ um prato de prata, do peso de cento e trinta
_siclos_, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo [9] o siclo do
sanctuario; ambos cheios _de_ flor de farinha, [10] amassada com azeite,
para offerta de manjares;

14 Uma [GS] taça de dez _siclos_ de oiro, [11] cheia de incenso;

15 Um novilho, [12] um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

16 Um bode [13] para expiação do peccado;

17 E para sacrificio [14] pacifico dois bois, cinco carneiros, cinco
bodes, cinco cordeiros d’um anno: esta _foi_ a offerta de Naasson, filho
d’Amminadab.

18 No segundo dia fez a sua offerta Nathanael, filho de Suhar, principe
d’Issacar.

19 E _pela_ sua offerta offereceu um prato de prata, do peso de cento e
trinta _siclos_, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do
sanctuario: ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para a
offerta de manjares;

20 Uma taça de dez siclos de oiro, cheia de incenso;

21 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

22 Um bode para expiação do peccado;

23 E para sacrificio pacifico dois bois, cinco carneiros, cinco bodes,
cinco cordeiros d’um anno: esta _foi_ a offerta de Nathanael, filho de
Suhar.

24 No terceiro dia _offereceu_ o principe dos filhos de Zebulon, Eliab,
filho de Helon.

25 A sua offerta _foi_ um prato de prata, do peso de cento e trinta
_siclos_, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do
sanctuario; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para
offerta de manjares;

26 Uma taça de dez _siclos_ de oiro, cheia de incenso;

27 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

28 Um bode para expiação do peccado;

29 E para sacrificio pacifico dois bois, cinco carneiros, cinco bodes,
cinco cordeiros d’um anno: esta _foi_ a offerta d’Eliab, filho de Helon.

30 No quarto dia _offereceu_ o principe dos filhos de Ruben, Elizur,
filho de Sedeur:

31 A sua offerta _foi_ um prato de prata, do peso de cento e trinta
_siclos_, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do
sanctuario; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para
offerta de manjares;

32 Uma taça de dez _siclos_ d’oiro, cheia de incenso;

33 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

34 Um bode para expiação do peccado;

35 E para sacrificio pacifico dois bois, cinco carneiros, cinco bodes,
cinco cordeiros d’um anno: esta foi a offerta de Elizur, filho de Sedeur.

36 No quinto dia _offereceu_ o principe dos filhos de Simeão, Selumiel,
filho de Surisaddai.

37 A sua offerta _foi_ um prato de prata, de peso de cento e trinta
_siclos_, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do
sanctuario; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para
offerta de manjares;

38 Uma taça de dez _siclos_ d’oiro, cheia de incenso;

39 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

40 Um bode para expiação do peccado.

41 E para sacrificio pacifico dois bois, cinco carneiros, cinco bodes,
cinco cordeiros d’um anno: esta _foi_ a offerta de Selumiel, filho de
Surisaddai.

42 No sexto dia _offereceu_ o principe dos filhos de Gad, Eliasaph, filho
de Dehuel.

43 A sua offerta _foi_ um prato de prata, do peso de cento e trinta
_siclos_, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do
sanctuario; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para
offerta de manjares;

44 Uma taça de dez _siclos_ d’oiro, cheia de incenso;

45 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

46 Um bode para expiação do peccado;

47 E para sacrificio pacifico dois bois, cinco carneiros, cinco bodes,
cinco cordeiros d’um anno: esta _foi_ a offerta d’Eliasaph, filho de
Dehuel.

48 No setimo dia _offereceu_ o principe dos filhos d’Ephraim, Elisama,
filho d’Ammihud.

49 A sua offerta _foi_ um prato de prata do peso de cento e trinta
_siclos_, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do
sanctuario; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para
offerta de manjares;

50 Uma taça de dez _siclos_ d’oiro, cheia de incenso;

51 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

52 Um bode para expiação do peccado;

53 E para sacrificio pacifico dois bois, cinco carneiros, cinco bodes,
cinco cordeiros d’um anno: esta _foi_ a offerta d’Elisama, filho
d’Ammihud.

54 No oitavo dia _offereceu_ o principe dos filhos de Manasseh, Gamaliel,
filho de Pedazur:

55 A sua offerta _foi_ um prato de prata, do peso de cento e trinta
_siclos_, uma bacia de setenta siclos, segundo o siclo do sanctuario;
ambos cheios de flor de farinha amassada, com azeite para offerta de
manjares;

56 Uma taça de dez _siclos_ d’oiro, cheia de incenso;

57 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

58 Um bode para expiação do peccado;

59 E para sacrificio pacifico dois bois, cinco carneiros, cinco bodes,
cinco cordeiros d’um anno: esta _foi_ a offerta de Gamaliel, filho de
Pedazur.

60 No dia nono _offereceu_ o principe dos filhos de Benjamin, Abidan,
filho de Gideoni:

61 A sua offerta _foi_ um prato de prata, do peso de cento e trinta
_siclos_, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do
sanctuario; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para
offerta de manjares;

62 Uma taça de dez _siclos_ d’oiro, cheia de incenso;

63 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

64 Um bode para expiação do peccado;

65 E para sacrificio pacifico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes,
cinco cordeiros d’um anno; esta _foi_ a offerta d’Abidan, filho de
Gideoni.

66 No decimo dia _offereceu_ o principe dos filhos de Dan, Ahieser, filho
d’Amisaddai,

67 A sua offerta _foi_ um prato de prata, do peso de cento e trinta
_siclos_, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do
sanctuario; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para
offerta de manjares;

68 Uma taça de dez _siclos_ d’oiro, cheia de incenso;

69 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

70 Um bode para expiação do peccado;

71 E para sacrificio pacifico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes,
cinco cordeiros d’um anno: esta _foi_ a offerta d’Ahieser, filho
d’Amisaddai.

72 No dia undecimo _offereceu_ o principe dos filhos d’Aser, Pagiel,
filho d’Ochran.

73 A sua offerta _foi_ um prato de prata, do peso de cento e trinta
_siclos_, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do
sanctuario; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para
offerta de manjares;

74 Uma taça de dez _siclos_ d’oiro, cheia de incenso;

75 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno para holocausto;

76 Um bode para expiação do peccado;

77 E para sacrificio pacifico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes,
cinco cordeiros d’um anno: esta _foi_ a offerta de Pagiel, filho d’Ochran.

78 No duodecimo dia _offereceu_ o principe dos filhos de Naphtali, Ahira,
filho d’Enan.

79 A sua offerta _foi_ um prato de prata, do peso de cento e trinta
_siclos_, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do
sanctuario; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para
offerta de manjares;

80 Uma taça de dez _siclos_ d’oiro, cheia de incenso;

81 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno para holocausto;

82 Um bode para expiação do peccado;

83 E para sacrificio pacifico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes,
cinco cordeiros d’um anno: esta _foi_ a offerta d’Ahira, filho d’Enan.

84 Esta _é_ a consagração do altar, _feita_ pelos principes d’Israel, no
dia em que foi ungido, doze pratos de prata, doze bacias de prata, doze
[GT] taças d’oiro.

85 Cada prato de prata de cento e trinta _siclos_, e cada bacia de
setenta: toda a prata dos vasos _foi_ dois mil e quatrocentos _siclos_,
segundo o siclo do sanctuario:

86 Doze taças d’oiro cheias de incenso, cada taça de dez _siclos_,
segundo o siclo do sanctuario: todo o oiro das taças _foi_ de cento e
vinte _siclos_;

87 Todos os bois para holocausto _foram_ doze novilhos, doze carneiros,
doze cordeiros d’um anno, com a sua offerta de manjares, e doze bodes
para expiação do peccado.

88 E todos os bois para sacrificio pacifico _foram_ vinte e quatro
novilhos: os carneiros sessenta, os bodes sessenta, os cordeiros d’um
anno sessenta: esta _é_ a consagração do altar, depois que [15] foi
ungido.

89 E, quando Moysés entrava na tenda da congregação [16] para fallar com
Elle, então ouvia a voz que lhe fallava de cima do propiciatorio, que
_está_ sobre a arca do testemunho entre os dois cherubins: assim com elle
fallava.

[1] Exo. 40.18. Lev. 8.10.

[2] cap. 1.4, etc.

[3] cap. 4.25.

[4] cap. 4.31.

[5] cap. 4.28, 33.

[6] cap. 4.6, 8, 10, 12, 14, 15. II Sam. 6.13.

[7] Deu. 20.5. I Reis 8.63. II Chr. 7.5, 9. Esd. 6.16. Neh. 12.27.

[8] cap. 2.3.

[9] Exo. 30.13.

[10] Lev. 2.1.

[11] Exo. 30.34.

[12] Lev. 1.2.

[13] Lev. 4.23.

[14] Lev. 3.1.

[15] ver. 1.

[16] cap. 12.8. Exo. 33.9, 11 e 25.22.



_Como devem ser accesas as lampadas._

8 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla a Aarão, e dize-lhe: Quando accenderes [1] as lampadas, defronte
do candieiro allumiarão as sete lampadas.

3 E Aarão fez assim: defronte da face do candieiro accendeu as suas
lampadas, como o Senhor ordenara a Moysés.

4 E _era_ esta obra [2] do candieiro de oiro batido; desde o seu pé até
ás suas flores _era_ batido: [3] conforme ao modelo que o Senhor mostrara
a Moysés, assim _elle_ fez o candieiro.


_A consagração dos levitas._

5 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

6 Toma os levitas do meio dos filhos de Israel, e purifica-os;

7 E assim lhes farás, para os purificar: Esparge sobre elles [4] a agua
da expiação; e sobre [5] toda a sua carne farão passar a navalha, e
lavarão os seus vestidos, e se purificarão.

8 Então tomarão um novilho, com a sua offerta de manjares _de_ flor de
farinha [6] amassada com azeite; e tomarás outro novilho, para expiação
do peccado.

9 E farás chegar os levitas [7] perante a tenda da congregação; e farás
ajuntar toda a congregação dos filhos de Israel.

10 Farás pois chegar os levitas perante o Senhor; e os filhos de Israel
porão [8] as suas mãos sobre os levitas.

11 E Aarão moverá os levitas _por_ offerta de movimento perante o Senhor
pelos filhos de Israel; e serão para servirem no ministerio do Senhor.

12 E os levitas porão [9] as suas mãos sobre a cabeça dos novilhos: então
sacrifica tu um _para_ expiação do peccado, e o outro _para_ holocausto
ao Senhor, para fazer expiação sobre os levitas.

13 E porás os levitas perante Aarão, e perante os seus filhos, e os
moverás _por_ offerta de movimento ao Senhor.

14 E separarás os levitas do meio dos filhos de Israel, para que os
levitas meus [10] sejam.

15 E depois os levitas entrarão para fazerem o serviço da tenda da
congregação: e tu os purificarás, e _por_ offerta de movimento os moverás.

16 Porquanto elles [11] do meio dos filhos de Israel, me são dados: em
[12] logar de todo aquelle que abre a madre, do primogenito de cada qual
dos filhos de Israel, para mim os tenho tomado.

17 Porque meu _é_ todo [13] o primogenito entre os filhos de Israel,
entre os homens e entre os animaes; no dia em que, na terra do Egypto,
feri a todo o primogenito, os sanctifiquei para mim.

18 E tomei os levitas em logar de todo o primogenito entre os filhos de
Israel.

19 E os levitas, dados [14] a Aarão e a seus filhos, do meio dos filhos
de Israel, tenho dado para ministrarem o ministerio dos filhos de Israel
na tenda da congregação, e para fazer expiação pelos filhos de Israel,
para que não haja praga [15] entre os filhos de Israel, chegando-se os
filhos de Israel ao sanctuario.

20 E fez Moysés e Aarão, e toda a congregação dos filhos de Israel, com
os levitas _assim_: conforme a tudo o que o Senhor ordenara a Moysés
ácerca dos levitas, assim os filhos de Israel lhes fizeram.

21 E os levitas se [16] purificaram, e lavaram os seus vestidos, e Aarão
os moveu _por_ offerta movida [17] perante o Senhor, e Aarão fez expiação
por elles, para purifical-os.

22 E depois [18] vieram os levitas, para ministrarem o seu ministerio na
tenda da congregação, perante Aarão e perante os seus filhos: como [19] o
Senhor ordenara a Moysés ácerca dos levitas, assim lhes fizeram.

23 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

24 Isto _é o officio_ dos levitas: Da edade de vinte e cinco [20] annos
e para cima entrarão, para fazerem o serviço no ministerio da tenda da
congregação;

25 Mas desde a edade de cincoenta annos sairá [GU] da milicia d’este
ministerio, e nunca mais servirá:

26 Porém com os seus irmãos servirá na tenda da congregação, para terem
cuidado da guarda; [21] porém o ministerio não ministrará: assim farás
com os levitas nas suas guardas.

[1] Exo. 25.37 e 40.25.

[2] Exo. 25.31.

[3] Exo. 25.18, 40.

[4] cap. 19.9, 17, 18.

[5] Lev. 14.8.

[6] Lev. 2.1.

[7] Exo. 29.4 e 40.12. Lev. 8.3.

[8] Lev. 1.4.

[9] Exo. 29.10.

[10] cap. 3.45 e 16.9.

[11] ver. 11, 13.

[12] cap. 3.12, 45.

[13] Exo. 13.2, 12, 13, 15. cap. 3.13. Luc. 2.23.

[14] cap. 3.9.

[15] cap. 1.53 e 16.46 e 18.5. II Chr. 26.16.

[16] ver. 7.

[17] ver. 11, 12.

[18] ver. 5, etc.

[19] cap. 4.3.

[20] I Chr. 23.3, 24, 27.

[21] cap. 1.53.



_A celebração da paschoa no deserto de Sinai._

9 E fallou o Senhor a Moysés no deserto de Sinai, no anno segundo da sua
saida da terra do Egypto, no mez primeiro, dizendo:

2 Que os filhos de Israel celebrem a paschoa a [1] seu tempo determinado.

3 No dia quatorze d’este mez, pela tarde, a seu tempo determinado a
celebrareis: segundo todos os seus estatutos, e segundo todos os seus
ritos, a celebrareis.

4 Disse pois Moysés aos filhos de Israel que celebrassem a paschoa.

5 Então celebraram [2] a paschoa no dia quatorze do mez primeiro, pela
tarde, no deserto de Sinai; conforme a tudo o que o Senhor ordenara a
Moysés, assim fizeram os filhos de Israel.


_Segunda celebração para os ausentes e os immundos._

6 E houve alguns que estavam [3] immundos pelo corpo de um homem morto; e
no mesmo dia não podiam celebrar a paschoa: pelo que se chegaram perante
[4] Moysés e perante Aarão aquelle mesmo dia.

7 E aquelles homens disseram-lhe: Immundos _estamos_ nós pelo corpo de um
homem morto; porque seriamos privados de offerecer a offerta do Senhor a
seu tempo determinado no meio dos filhos de Israel?

8 E disse-lhes Moysés: Esperae, e ouvirei o que o Senhor [5] vos ordenará.

9 Então fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

10 Falla aos filhos de Israel, dizendo: Quando alguem entre vós, ou entre
as vossas gerações, fôr immundo por corpo morto, ou se achar em jornada
longe de vós, comtudo ainda celebrará a paschoa ao Senhor.

11 No mez segundo, no dia [6] quatorze, de tarde, a celebrarão: [7] com
_pães_ asmos e _hervas_ amargas a comerão.

12 D’ella nada [8] deixarão até á manhã, e d’ella não quebrarão osso
algum: segundo todo o estatuto da paschoa a celebrarão.

13 Porém, quando um homem fôr limpo, e não estiver de caminho, e deixar
de celebrar a paschoa, tal alma dos [9] seus povos será extirpada:
porquanto não offereceu a offerta do Senhor a seu tempo determinado; tal
homem levará o seu peccado.

14 E, quando um estrangeiro peregrinar entre vós, e tambem celebrar a
paschoa ao Senhor, segundo o estatuto da paschoa e segundo o seu rito
assim a celebrará: um mesmo [10] estatuto haverá para vós, assim para o
estrangeiro como para o natural da terra.


_A nuvem guiando a marcha dos israelitas._

15 E no dia [11] de levantar o tabernaculo, a nuvem cobriu o tabernaculo
sobre a tenda do testemunho: e á tarde [12] estava sobre o tabernaculo
como uma apparencia de fogo até á manhã.

16 Assim era de continuo: a nuvem o cobria, e de noite _havia_ apparencia
de fogo.

17 Mas sempre [13] que a nuvem se alçava sobre a tenda, os filhos de
Israel após d’ella partiam: e no logar onde a nuvem parava, ali os filhos
de Israel assentavam o seu arraial.

18 Segundo o dito do Senhor, os filhos de Israel partiam, e segundo o
dito do Senhor assentavam o arraial: todos os dias [14] em que a nuvem
parava sobre o tabernaculo assentavam o arraial.

19 E, quando a nuvem se detinha muitos dias sobre o tabernaculo, então os
filhos de Israel tinham cuidado da guarda [15] do Senhor, e não partiam.

20 E era que, quando a nuvem poucos dias estava sobre o tabernaculo,
segundo o dito do Senhor se alojavam, e segundo o dito do Senhor partiam.

21 Porém era que, quando a nuvem desde a tarde até a manhã ficava _ali_,
e a nuvem se alçava pela manhã, então partiam: quer de dia quer de noite,
alçando-se a nuvem, partiam.

22 Ou, quando a nuvem sobre o tabernaculo se detinha dois dias, ou um
mez, ou um anno, ficando sobre elle, [16] então os filhos d’Israel se
alojavam, e não partiam; e alçando-se ella partiam.

23 Segundo o dito do Senhor se alojavam, e segundo o dito do Senhor
partiam: da guarda [17] do Senhor tinham cuidado segundo o dito do Senhor
pela mão de Moysés.

[1] Exo. 12.1, etc. Lev. 23.5. cap. 28.16. Deu. 16.1.

[2] Jos. 5.10.

[3] cap. 5.2 e 19.11, 16. João 18.28.

[4] Exo. 18.15, 19, 26. cap. 27.2.

[5] cap. 27.5.

[6] II Chr. 30.2, 15.

[7] Exo. 12.8.

[8] Exo. 12.10 e 12.43, 46. João 19.36.

[9] Gen. 17.14. Exo. 12.15. ver. 7. cap. 5.31.

[10] Exo. 12.49.

[11] Exo. 40.34. Neh. 9.12, 19. Psa. 78.14.

[12] Exo. 13.21 e 40.36, 37.

[13] cap. 10.11, 33, 34. Psa. 80.2.

[14] I Cor. 10.1.

[15] cap. 1.53 e 3.8.

[16] Exo. 40.36, 37.

[17] ver. 19.



_As duas trombetas de prata._

10 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Faze-te duas trombetas de prata: _d’obra_ batida as farás: e te serão
para a [1] convocação da congregação, e para a partida dos arraiaes.

3 E, quando [2] as tocarem _ambas_, então toda a congregação se
congregará a ti á porta da tenda da congregação.

4 Mas, quando tocar uma _só_, então a ti se congregarão os principes, os
[3] Cabeças dos milhares de Israel.

5 Quando, retinindo, as tocardes, então partirão [4] os arraiaes que
alojados estão da banda do oriente.

6 Mas, quando a segunda vez, retinindo, as tocardes, então partirão os
arraiaes que se alojam da banda [5] do sul: retinindo, _as_ tocarão para
as suas partidas.

7 Porém, ajuntando a congregação, _as_ tocareis; mas sem [6] retinir.

8 E os filhos [7] d’Aarão, sacerdotes, tocarão as trombetas: e a vós
serão por estatuto perpetuo nas vossas gerações.

9 E, quando na [8] vossa terra sairdes a pelejar contra o inimigo, que
vos aperta, tambem tocareis as trombetas retinindo, e perante o Senhor
vosso Deus haverá lembrança [9] de vós, e sereis salvos de vossos
inimigos.

10 Similhantemente, no dia [10] da vossa alegria, e nas vossas
solemnidades, e nos principios dos vossos mezes, tambem tocareis as
trombetas sobre os vossos holocaustos, sobre os vossos sacrificios
pacificos, e vos serão por memorial perante vosso Deus: Eu _sou_ o Senhor
vosso Deus.


_Os israelitas partem de Sinai._

11 E aconteceu, no anno segundo, no segundo mez, aos vinte do mez, que a
nuvem se alçou [11] de sobre o tabernaculo da congregação.

12 E os filhos d’Israel se [12] partiram segundo as suas partidas do
deserto de Sinai: e a nuvem parou [13] no deserto de Paran.

13 Assim partiram pela primeira vez segundo [14] o dito do Senhor, pela
mão de Moysés.

14 Porque primeiramente partiu a bandeira do arraial dos filhos de Judah
segundo os seus exercitos: [15] e sobre o seu exercito _estava_ Naasson,
filho d’Amminadab.

15 E sobre o exercito da tribu dos filhos d’Issacar, Nathanael, filho de
Suhar.

16 E sobre o exercito da tribu dos filhos de Zebulon, Eliab, filho de
Helon.

17 Então desarmaram o [16] tabernaculo, e os filhos de Gerson e os filhos
de Merari partiram, levando o tabernaculo.

18 Depois partiu [17] a bandeira do arraial de Ruben segundo os seus
exercitos: e sobre o seu exercito _estava_ Elizur, filho de Sedeur.

19 E sobre o exercito da tribu dos filhos de Simeão, Selumiel, filho de
Surisaddai.

20 E sobre o exercito da tribu dos filhos de Gad, Eliasaph, filho de
Dehuel.

21 Então partiram os kohathitas, levando o sanctuario; e _os outros_
levantaram [18] o tabernaculo, entretanto que estes vinham.

22 Depois partiu a bandeira do arraial [19] dos filhos d’Ephraim segundo
os seus exercitos: e sobre o seu exercito _estava_ Elisama, filho
d’Ammihud.

23 E sobre o exercito da tribu dos filhos de Manasseh, Gamaliel, filho de
Pedazur.

24 E sobre o exercito da tribu dos filhos de Benjamin, Abidan, filho de
Gideoni.

25 Então partiu [20] a bandeira do arraial dos filhos de Dan, fechando
todos os arraiaes segundo os seus exercitos: e sobre o seu exercito
_estava_ Ahiezer, filho de Ammisaddai.

26 E sobre o exercito da tribu dos filhos d’Aser, Pagiel, filho de Ochran.

27 E sobre o exercito da tribu dos filhos de Naphtali, Ahira, filho
d’Enan.

28 Estas _eram_ as partidas [21] dos filhos d’Israel segundo os seus
exercitos, quando partiam.


_Moysés roga a Hobab que vá com elles._

29 Disse então Moysés a Hobab, filho de Reguel [22] o midianita, sogro de
Moysés: Nós caminhamos para aquelle logar, de que o Senhor disse: Vol-o
darei: [23] vae comnosco, e te faremos bem; porque o Senhor fallou bem
[24] sobre Israel.

30 Porém elle lhe disse: Não irei; antes irei á minha terra e á minha
parentela.

31 E elle disse: Ora não nos deixes: porque tu sabes que nós nos alojamos
no deserto; nos servirás [25] d’olhos.

32 E será que, vindo tu comnosco, e succedendo o bem, com que o Senhor
[26] nos fará bem, tambem nós te faremos bem.

33 Assim partiram [27] do monte do Senhor caminho de tres dias: e a arca
do concerto do Senhor [28] caminhou diante d’elles caminho de tres dias,
para lhes buscar logar de descanço.

34 E a nuvem [29] do Senhor ia sobre elles de dia, quando partiam do
arraial.

35 Era pois que, partindo a arca, Moysés dizia: Levanta-te, [30]
Senhor, e dissipados sejam os teus inimigos, e fujam diante de ti os
aborrecedores.

36 E, pousando ella, dizia: Torna-te, ó Senhor, para os muitos milhares
d’Israel.

[1] Isa. 1.13.

[2] Jer. 4.5. Joel 2.15.

[3] Exo. 18.21. cap. 1.16 e 7.2.

[4] cap. 2.3.

[5] cap. 2.10.

[6] ver. 3. Joel 2.1.

[7] cap. 31.6. Jos. 6.4. I Chr. 15.24.

[8] cap. 31.6. Jos. 6.5. II Chr. 13.14. Jui. 2.18 e 4.3 e 6.9 e 10.8. I
Sam. 10.18. Psa. 106.42.

[9] Gen. 8.1. Psa. 106.42.

[10] cap. 29.1. Lev. 23.24. II Chr. 5.12 e 7.6. Esd. 3.10. Neh. 12.35.

[11] cap. 9.17.

[12] Exo. 40.36. cap. 2.9, 16, 24, 31. Exo. 19.1. cap. 1.1 e 9.5.

[13] Gen. 21.21. cap. 12.26 e 13.3, 26. Deu. 1.1.

[14] ver. 5, 6. cap. 2.34.

[15] cap. 2.3, 9. cap. 1.7.

[16] cap. 1.51. cap. 4.24, 31 e 7.6, 8.

[17] cap. 2.10, 16.

[18] cap. 4.4, 15.

[19] cap. 2.18, 24.

[20] cap. 2.25, 31. Jos. 6.9.

[21] cap. 2.34.

[22] Exo. 2.18.

[23] Gen. 12.7.

[24] Gen. 32.12. Exo. 3.8 e 6.7, 8.

[25] Job 29.15.

[26] Jui. 1.16.

[27] Exo. 3.1.

[28] Deu. 1.33. Jos. 3.3, 4, 6. Psa. 132.8.

[29] Exo. 13.21. Neh. 9.12, 19.

[30] Psa. 68.1, 2, 3.



_As murmurações dos israelitas._

11 E aconteceu [1] que, queixando-se o povo, era mal aos ouvidos do
Senhor; porque o Senhor ouviu-o, e a sua ira se accendeu, [2] e o fogo do
Senhor ardeu entre elles, e consumiu _os que estavam_ na ultima parte do
arraial.

2 Então o povo clamou a Moysés, e Moysés orou [3] ao Senhor, e o fogo se
apagou.

3 Pelo que chamou aquelle logar Tabera, porquanto o fogo do Senhor se
accendera entre elles.

4 E o vulgo, [4] que _estava_ no meio d’elles, veiu a ter grande desejo:
pelo que os filhos d’Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará
carne a comer?

5 Lembramo-nos dos peixes [5] que no Egypto comiamos de graça; _e_ dos
pepinos, e dos melões, e dos pórros, e das cebolas, e dos alhos.

6 Mas agora a [6] nossa alma se secca; coisa nenhuma _ha_ senão este
manná _diante dos_ nossos olhos.

7 E era [7] o manná como semente de coentro, e a sua côr como a côr de
bedelio.

8 Espalhava-se o povo, e _o_ colhia, e em moinhos _o_ moia, ou n’um gral
_o_ pizava, e em panellas _o_ cozia, e d’elle fazia bolos: e o seu sabor
[8] era como o sabor d’azeite fresco.

9 E, quando o orvalho [9] descia de noite sobre o arraial, o manná descia
sobre elle.

10 Então Moysés ouviu chorar o povo pelas suas familias, cada qual á
porta da sua tenda: [10] e a ira do Senhor grandemente se accendeu, e
pareceu mal aos olhos de Moysés.


_Moysés acha pesado o seu cargo._

11 E disse [11] Moysés ao Senhor: Porque fizeste mal a teu servo, e
porque não achei graça aos teus olhos; que pozesses sobre mim o cargo de
todo este povo?

12 Concebi eu porventura todo este povo? pari-o [12] eu? que me
dissesses: leva-o ao teu collo, como o aio leva o que cria, á terra que
juraste a seus paes?

13 D’onde [13] teria eu carne para dar a todo este povo? porquanto contra
mim choram, dizendo: Dá-nos carne a comer:

14 Eu só não posso [14] levar a todo este povo, porque muito pesado _é_
para mim.

15 E se assim fazes comigo, mata-me eu t’o peço, [15] se tenho achado
graça aos teus olhos, e não me deixes ver [16] o meu mal.


_Deus designa setenta anciãos para ajudarem Moysés._

16 E disse o Senhor a Moysés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos
d’Israel [17], de quem sabes que são anciãos do povo, e seus officiaes: e
os trarás perante a tenda da congregação, e ali se porão comtigo.

17 Então eu descerei [18] e ali fallarei comtigo, e tirarei [19] do
espirito que _está_ sobre ti, e _o_ porei sobre elles: e comtigo levarão
o cargo do povo, para que tu só _o_ não leves.

18 E dirás ao povo: [20] Sanctificae-vos para ámanhã, e comereis carne:
porquanto chorastes aos ouvidos do Senhor, dizendo: [21] Quem nos dará
carne a comer? pois bem nos ia no Egypto: pelo que o Senhor vos dará
carne, e comereis:

19 Não comereis um dia, nem dois dias, nem cinco dias, nem dez dias, nem
vinte dias;

20 Até um mez inteiro, [22] até vos sair pelos narizes, até que vos
enfastieis d’ella: porquanto rejeitastes ao Senhor, que _está_ no meio de
vós, e chorastes diante d’elle, dizendo: Porque [23] saimos do Egypto?

21 E disse Moysés: Seiscentos mil _homens de pé é_ este [24] povo, no
meio do qual _estou_: e tu tens dito: Dar-lhes-hei carne, e comerão um
mez inteiro.

22 Degolar-se-hão [25] para elles ovelhas e vaccas, que lhes bastem? ou
ajuntar-se-hão para elles todos os peixes do mar, que lhes bastem?

23 Porém o Senhor disse a Moysés: Seria pois [26] encurtada a mão do
Senhor? agora verás [27] se a minha palavra te acontecerá ou não.

24 E saiu Moysés, e fallou as palavras do Senhor ao povo, [28] e ajuntou
setenta homens dos anciãos do povo e os poz de roda da tenda.

25 Então o Senhor desceu [29] na nuvem, e lhe fallou; e, tirando do
espirito, que _estava_ sobre elle, _o_ poz sobre aquelles setenta
anciãos: e aconteceu que, assim como o espirito repousou sobre elles,
[30] prophetizaram; mas depois nunca mais.

26 Porém no arraial ficaram dois homens; o nome d’um _era_ Eldad, e o
nome do outro Medad; e repousou sobre elles o espirito (porquanto estavam
entre os escriptos, aiuda que não sairam [31] á tenda), e prophetizavam
no arraial.

27 Então correu um moço, e o annunciou a Moysés, e disse: Eldad e Medad
prophetizam no arraial.

28 E Josué, filho de Nun, servidor de Moysés, um dos seus mancebos
escolhidos, respondeu, e disse: [32] Senhor meu, Moysés, prohibe-lh’o.

29 Porém Moysés lhe disse: Tens tu ciumes por mim? Oxalá que todo o povo
do Senhor fosse propheta, que o Senhor désse o seu espirito sobre elle!

30 Depois Moysés se recolheu ao arraial, elle e os anciãos de Israel.

31 Então soprou um vento [33] do Senhor, e trouxe codornizes do mar, e as
espalhou pelo arraial quasi caminho d’um dia d’uma banda, e quasi caminho
d’um dia da outra banda, á roda do arraial; e estavam quasi dois covados
sobre a terra.

32 Então o povo se levantou todo aquelle dia e toda aquella noite, e todo
o dia seguinte, e colheram as codornizes; o que menos tinha, colhera [34]
dez homers; e as estenderam para si ao redor do arraial.

33 Quando a [35] carne _estava_ entre os seus dentes, antes que fosse
mastigada, se accendeu a ira do Senhor contra o povo, e feriu o Senhor o
povo com uma praga mui grande.

34 Pelo que o nome d’aquelle logar se chamou [GV] Kibroth-hattaava
porquanto ali enterraram [36] o povo que teve o desejo.

35 De Kibroth-hattaava caminhou o povo para Hazaaroth, e pararam em
Hazaaroth.

[1] Deu. 9.22.

[2] Psa. 78.21. Lev. 10.2. cap. 16.35. II Reis 1.12. Psa. 106.18.

[3] Thi. 5.16.

[4] Exo. 12.38. Psa. 78.18 e 106.14. I Cor. 10.6.

[5] Exo. 16.3.

[6] cap. 21.5.

[7] Exo. 16.14, 31. Gen. 2.12.

[8] Exo. 16.31.

[9] Exo. 16.13, 14.

[10] Psa. 78.21.

[11] Deu. 1.12.

[12] Isa. 40.11 e 49.23. I The. 2.7. Gen. 26.3 e 50.24. Exo. 13.5.

[13] Mat. 15.33. Mar. 8.4.

[14] Exo. 18.18.

[15] I Reis 19.4. Jon. 4.3.

[16] Sof. 3.15.

[17] Exo. 24.1, 9. Deu. 16.18.

[18] ver. 25. Gen. 11.5 e 18.21. Exo. 19.20.

[19] I Sam. 10.6. II Reis 2.15. Neh. 9.20. Isa. 44.3. Joel 2.28.

[20] Exo. 19.10.

[21] Exo. 16.7. ver. 5. Act. 7.39.

[22] Psa. 78.29 e 106.15.

[23] cap. 21.5.

[24] Gen. 12.2. Exo. 12.37 e 38.26. cap. 1.46.

[25] II Reis 7.2. Mat. 15.33. Mar. 8.4. João 6.7, 9.

[26] Isa. 50.2 e 59.1.

[27] cap. 23.19. Eze. 12.25 e 24.14.

[28] ver. 16.

[29] ver. 17. cap. 12.5.

[30] II Reis 2.15. I Sam. 10.5, 6, 10 e 19.20, 21, 23. Joel 2.28. Act.
2.17. I Cor. 14.1, etc.

[31] I Sam. 20.26. Jer. 36.5.

[32] Mar. 9.38. Luc. 9.49. João 3.26.

[33] Exo. 16.13. Psa. 78.26 e 105.40.

[34] Exo. 16.36. Eze. 45.11.

[35] Psa. 78.30, 31.

[36] cap. 33.17.



_A sedição de Miriam e Aarão._

12 E fallaram Miriam e Aarão contra Moysés, [1] por causa da mulher
cushita, que tomara: porquanto tinha tomado a mulher cushita.

2 E disseram: Porventura fallou o Senhor sómente por Moysés? não fallou
[2] tambem por nós? [3] E o Senhor o ouviu.

3 E _era_ o homem Moysés mui manso, mais de que todos os homens que
_havia_ sobre a terra.

4 E logo o Senhor disse [4] a Moysés, e a Aarão, e a Miriam: Vós tres
sahi á tenda da congregação. E sairam elles tres.

5 Então o Senhor desceu [5] na columna da nuvem, e se poz á porta da
tenda: depois chamou a Aarão e a Miriam, e elles sairam ambos.

6 E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se _entre_ vós houver propheta,
Eu, o Senhor, em visão a elle me farei conhecer, _ou_ em sonhos [6]
fallarei com elle.

7 Não _é_ assim com o meu servo Moysés [7] que _é_ fiel em toda a minha
casa.

8 Bocca a bocca fallo [8] com elle, e _de_ vista, e não por figuras; pois
_elle_ vê a similhança do Senhor: porque pois não [9] tivestes temor de
fallar contra o meu servo, contra Moysés?

9 Assim a ira do Senhor contra elles se accendeu; e foi-se.

10 E a nuvem se desviou de sobre a tenda; e eis que [10] Miriam _era_
leprosa como a neve: e olhou Aarão para Miriam, e eis que _era_ leprosa.

11 Pelo que Aarão disse a Moysés: Ah senhor meu, ora não ponhas [11]
sobre nós este peccado, que fizemos loucamente, e _com_ que havemos
peccado.

12 Ora não seja ella como [12] um morto, que saindo do ventre de sua mãe,
a metade da sua carne já está consumida.

13 Clamou pois Moysés ao Senhor, dizendo: Ó Deus, rogo-te que a cures.

14 E disse o Senhor a Moysés: [13] Se seu pae cuspira em seu rosto, não
seria envergonhada sete dias? esteja fechada [14] sete dias fóra do
arraial, e depois a recolham.

15 Assim Miriam esteve [15] fechada fóra do arraial sete dias, e o povo
não partiu, até que recolheram a Miriam.

16 Porém depois o povo [16] partiu de Hazeroth; e assentaram o arraial no
deserto de Paran.

[1] Exo. 2.21.

[2] Exo. 15.20. Miq. 6.4.

[3] Gen. 29.33. cap. 11.1. II Reis 19.4. Isa. 37.4. Eze. 35.12.

[4] Psa. 76.10.

[5] cap. 11.25 e 16.19.

[6] Gen. 15.1. Job 33.15. Eze. 1.1. Dan. 8.2 e 10.8, 16. Luc. 1.11, 22.
Act. 10.11, 17 e 22.17. Gen. 31.10. I Reis 3.5. Mat. 1.20.

[7] Psa. 105.26. Heb. 3.2, 5. I Tim. 3.15.

[8] Exo. 33.11. Deu. 34.10. I Cor. 13.12. Exo. 33.19.

[9] II Ped. 2.10. Jud. 8.

[10] Deu. 24.9. II Reis 5.27 e 15.5. II Chr. 26.19, 20.

[11] II Sam. 19.19 e 24.10. Pro. 30.32.

[12] Psa. 88.4.

[13] Heb. 12.9.

[14] Lev. 13.46. cap. 5.2, 3.

[15] Deu. 24.9. II Chr. 26.20, 21.

[16] cap. 11.35 e 33.18.



_Doze homens são enviados para espiar a terra de Canaan._

13 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Envia [1] homens que espiem a terra de Canaan, que eu hei de dar aos
filhos d’Israel; de cada tribu de seus paes enviareis um homem, _sendo_
cada qual maioral entre elles.

3 E enviou-os Moysés do [2] deserto de Paran, segundo o dito do Senhor;
todos aquelles homens eram Cabeças dos filhos d’Israel.

4 E estes _são_ os seus nomes: Da tribu de Ruben, Sammua, filho de Saccur,

5 Da tribu de Simeão [3] Saphath, filho de Hori;

6 Da tribu de Judah, Caleb, filho de Jefoné;

7 Da tribu d’Issacar, Jigeal, filho de José;

8 Da tribu d’Ephraim, Hosea, [4] filho de Nun;

9 Da tribu de Benjamin, Palti, filho de Raphu;

10 Da tribu de Zebulon, Gaddiel, filho de Sodi;

11 Da tribu de José, pela tribu de Manasseh, Gaddi filho de Susi;

12 Da tribu de Dan, Ammiel, filho de Gemalli;

13 Da tribu d’Aser, Sethur, filho de Michael;

14 Da tribu de Naphtali, Nabbi, filho de Vophsi;

15 Da tribu de Gad, Guel, filho de Machi.

16 Estes _são_ os nomes dos homens que Moysés enviou a espiar aquella
terra: e a Hosea, [5] filho de Nun, Moysés chamou Josué.

17 Enviou-os pois Moysés a espiar a terra de Canaan: e disse-lhes: Subi
por aqui para a banda do sul, [6] e subi á montanha:

18 E vêde que terra _é_, e o povo que n’ella habita; se _é_ forte ou
fraco; se pouco ou muito.

19 E qual _é_ a terra em que habita, se boa [7] ou má: e quaes _são_ as
cidades em que habita; ou em arraiaes, ou em fortalezas.

20 Tambem qual _é_ a terra, se grossa ou magra: se n’ella ha arvores, ou
não: e esforçae-vos, e [8] tomae do fructo da terra. E _eram_ aquelles
dias os dias das primicias das uvas.

21 Assim subiram, e espiaram a terra desde o [9] deserto de Zin, até
Rehob, á entrada de Hamath.

22 E subiram para a banda do sul, e vieram até Hebron; e _estavam_ [10]
ali Aiman, Sesai, e Talmai, filhos d’Enac: e Hebron foi [11] edificada
sete annos antes de Zoan no Egypto.

23 Depois vieram até ao valle [12] d’Escol, e d’ali cortaram _um_ ramo de
vide com um cacho d’uvas, o qual trouxeram dois _homens_ sobre uma verga:
como tambem das romãs e dos figos.

24 Chamaram áquelle logar o valle [GW] d’Escol, por causa do cacho que
d’ali cortaram os filhos de Israel.

25 Depois tornaram-se d’espiar a terra, ao fim de quarenta dias.

26 E caminharam, e vieram a Moysés e a Aarão, e a toda a congregação
dos filhos de Israel no [13] deserto de Paran, a Cades, e, tornando,
deram-lhes conta a elles, e a toda a congregação, e mostraram-lhes o
fructo da terra.

27 E contaram-lhe e disseram: Fomos á terra a que nos enviaste; e
verdadeiramente mana [14] leite e mel, e este é o fructo.

28 O povo porém que habita n’essa terra é poderoso, [15] e as cidades
fortes _e_ mui grandes; e tambem ali vimos os filhos d’Enac.

29 Os amalequitas [16] habitam na terra do sul; e os heteos, e os
jebuseos, e os amorrheos habitam na montanha: e os cananeos habitam ao pé
do mar, e pela ribeira do Jordão.

30 Então Caleb [17] fez calar o povo perante Moysés, e disse: Subamos
animosamente, e possuamol-a em herança: porque certamente prevaleceremos
contra ella.

31 Porém os homens que com elle subiram [18] disseram: Não poderemos
subir contra aquelle povo, porque _é_ mais forte do que nós.

32 E infamaram a terra que tinham espiado [19] para com os filhos
d’Israel, dizendo: A terra, pelo meio da qual passamos a espiar, _é_
terra que consome os seus moradores; e todo o povo que vimos [20] no meio
d’ella _são_ homens de grande estatura.

33 Tambem vimos ali gigantes, filhos d’Enac, _descendentes_ [21] dos
gigantes: e eramos aos nossos olhos como gafanhotos, [22] e assim
_tambem_ eramos aos seus olhos.

[1] cap. 32.8. Deu. 1.22.

[2] cap. 12.16 e 52.8. Deu. 1.19 e 9.23.

[3] cap. 34.19. I Chr. 4.15. ver. 30. cap. 14.6, 7, 13, 14. Jui. 1.12.

[4] ver. 16.

[5] ver. 8. Exo. 17.9. cap. 14.6, 30.

[6] ver. 21. Gen. 14.10. Jui. 1.9, 19.

[7] Neh. 9.25, 35. Eze. 34.14.

[8] Deu. 31.6, 7, 23.

[9] cap. 34.4. Jos. 15.1 e 19.28.

[10] Jos. 11.21, 22 e 15.13. Jui. 1.10. ver. 33.

[11] Jos. 21.11. Psa. 78.12. Isa. 19.11.

[12] Deu. 1.24, 25.

[13] ver. 3. cap. 20.1, 16 e 32.8 e 33.36. Deu. 1.19. Jos. 14.6.

[14] Exo. 3.8 e 33.3. Deu. 1.25.

[15] Deu. 1.28 e 9.1, 2. ver. 33.

[16] Exo. 17.8. cap. 14.43. Jui. 6.3. I Sam. 14.48 e 15.3, etc.

[17] cap. 14.6, 24. Jos. 14.7.

[18] cap. 32.9. Deu. 1.28. Jos. 14.8.

[19] cap. 14.36, 37.

[20] Amós 2.9.

[21] Deu. 2.10, 20 e 9.2.

[22] Isa. 40.22. I Sam. 17.42.



_Os israelitas querem voltar para o Egypto._

14 Então levantou-se toda a congregação, e alçaram a sua voz: e o povo
chorou [1] n’aquella mesma noite.

2 E todos os filhos d’Israel murmuraram [2] contra Moysés e contra Aarão;
e toda a congregação lhe disse: Ah se morrêramos na terra do Egypto! ou,
ah se morrêramos n’este deserto!

3 E porque o Senhor nos traz a esta terra, [3] para cairmos á espada,
_e para que_ nossas mulheres e nossas creanças sejam por presa? não nos
seria melhor voltar-mos ao Egypto?

4 E diziam um ao outro: Levantemo-nos [4] um capitão, e voltemos ao
Egypto.

5 Então [5] Moysés e Aarão cairam sobre os seus rostos perante todo o
ajuntamento dos filhos de Israel.

6 E Josué, [6] filho de Nun, e Caleb filho de Jefoné, dos que espiaram a
terra, rasgaram os seus vestidos.

7 E fallaram a toda a congregação dos filhos d’Israel, dizendo: [7] A
terra pelo meio da qual passámos a espiar é terra muito boa.

8 Se o Senhor [8] se agradar de nós, então nos porá n’esta terra, e nol-a
dará: terra que [9] mana leite e mel.

9 Tão sómente não sejaes [10] rebeldes contra o Senhor, e não temaes
o povo d’esta terra, porquanto são _elles_ nosso pão: [11] retirou-se
d’elles o seu amparo, e o Senhor [12] é comnosco; não os temaes.

10 Então disse toda [13] a congregação que os apedrejassem com pedras:
porém a gloria [14] do Senhor appareceu na tenda da congregação a todos
os filhos d’Israel.

11 E disse o Senhor a Moysés: Até quando me provocará [15] este povo?
e até quando me não crerão [16] por todos os signaes que fiz no meio
d’elles?

12 Com pestilencia o ferirei, e o rejeitarei: e te farei a ti povo maior
e mais forte do que este.

13 E disse Moysés [17] ao Senhor: Assim os egypcios o ouvirão; porquanto
com a tua força fizeste subir este povo do meio d’elles.

14 E dirão aos [18] moradores d’esta terra, _os que_ ouviram que tu, ó
Senhor, _estás_ no meio d’este povo, que [GX] de cara a cara, ó Senhor,
lhes appareces, que tua nuvem [19] está sobre elles, e que vaes adiante
d’elles n’uma columna de nuvem de dia, e n’uma columna de fogo de noite.

15 E matarias este povo como a um só homem? as gentes pois, que ouviram a
tua fama, fallarão, dizendo:

16 Porquanto o Senhor não podia [20] pôr este povo na terra que lhes
tinha jurado; por isso os matou no deserto.

17 Agora, pois, rogo-te que a força do meu Senhor se engrandeça; como
tens fallado, dizendo:

18 O Senhor _é_ longanimo, [21] e grande em beneficencia, que perdôa a
iniquidade e a transgressão, que o _culpado_ não tem por innocente, e
[22] visita a iniquidade dos paes sobre os filhos até á terceira e quarta
_geração_.

19 Perdôa [23] pois a iniquidade d’este povo, segundo a grandeza da tua
benignidade: e como tambem perdoaste a este povo desde a terra do Egypto
até aqui.

20 E disse o Senhor: [24] Conforme á tua palavra lhe perdoei.

21 Porém _tão_ certamente _como_ eu vivo, [25] que a gloria do Senhor
encherá toda a terra,

22 E que todos [26] os homens que viram a minha gloria e os meus signaes,
que fiz no Egypto e no deserto; e me tentaram estas [27] dez vezes, e não
obedeceram á minha voz;

23 Não [28] verão a terra de que a seus paes jurei, e até nenhum
d’aquelles que me provocaram a verá.

24 Porém o meu servo [29] Caleb, porquanto n’elle houve outro espirito, e
perseverou em [30] seguir-me, eu o levarei á terra em que entrou, e a sua
semente a possuirá em herança:

25 E os amalequitas e os cananeos habitam no valle: tornae-vos [31]
ámanhã, e caminhae para o deserto _pelo_ caminho do Mar Vermelho.


_Aos murmuradores não é permittido entrar na terra de Canaan._

26 Depois fallou o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

27 Até quando _soffrerei_ esta má congregação, que murmura contra mim?
tenho ouvido [32] as murmurações dos filhos de Israel, com que murmuram
contra mim.

28 Dize-lhes: _Assim_ eu vivo, [33] diz o Senhor, que, como fallastes aos
meus ouvidos, assim farei a vós outros.

29 N’este deserto cairão os vossos cadaveres, como tambem [34] todos os
_que_ de vós _foram_ contados segundo toda a vossa conta, de vinte annos
e para cima, os que _d’entre vós_ contra mim murmurastes;

30 Não entrareis na terra, _pela_ qual levantei a minha mão que vos faria
habitar n’ella, [35] salvo Caleb, filho de Jefoné, e Josué, filho de Nun.

31 Mas os vossos filhos, [36] de que dizeis: Por presa serão, metterei
_n’ella_; e elles saberão da terra que vós [37] desprezastes.

32 Porém, _quanto_ a vós, os vossos cadaveres [38] cairão n’este deserto.

33 E vossos filhos [39] pastorearão n’este deserto quarenta annos, e
levarão _sobre si_ as vossas fornicações, até que os vossos cadaveres se
consumam n’este deserto.

34 Segundo [40] o numero dos dias em que espiastes esta terra, quarenta
dias, por cada dia um anno, levareis _sobre vós_ as vossas iniquidades
quarenta annos, e conhecereis o meu apartamento.

35 Eu, o Senhor, fallei: [41] se assim não fizer a toda esta má
congregação, que se levantou contra mim, n’este deserto se consumirão, e
ahi fallecerão.

36 E os homens que [42] Moysés mandara a espiar a terra, e que, voltando,
fizeram murmurar toda a congregação contra elle, infamando a terra,

37 Aquelles mesmos homens, que infamaram a terra, [43] morreram da praga
perante o Senhor.

38 Mas [44] Josué, filho de Nun, e Caleb, filho de Jefoné, _que eram_ dos
homens que foram espiar a terra, ficaram com vida.

39 E fallou Moysés estas palavras a todos os filhos de Israel: então o
povo se contristou [45] muito.

40 E levantaram-se pela manhã de madrugada, e subiram ao cume do monte,
dizendo: [46] Eis-nos aqui, e subiremos ao logar que o Senhor tem dito;
porquanto havemos peccado.

41 Mas Moysés disse: Porque quebrantaes [47] o mandado do Senhor? pois
isso não prosperará.

42 Não subaes, [48] pois o Senhor não _estará_ no meio de vós, para que
não sejaes feridos diante dos vossos inimigos.

43 Porque os amalequitas e os cananeos _estão_ ali diante da vossa face,
e caireis á espada: pois, porquanto [49] vos desviastes do Senhor, o
Senhor não será comvosco.

44 Comtudo, temerariamente, [50] tentaram subir ao cume do monte: mas a
arca do concerto do Senhor e Moysés não se apartaram do meio do arraial.

45 Então desceram os amalequitas e [51] os cananeos, que habitavam na
montanha, e os feriram, derrotando-os até [52] Horma.

[1] cap. 11.4.

[2] Exo. 16.2 e 17.3. cap. 16.41. Psa. 106.26.

[3] ver. 28, 29.

[4] Neh. 9.17. Deu. 17.16. Act. 6.39.

[5] cap. 16.4.

[6] ver. 24, 30. cap. 13.6, 8.

[7] cap. 13.27. Deu. 1.25.

[8] Deu. 10.15. II Sam. 15.25 e 22.20. I Reis 10.9.

[9] cap. 13.27.

[10] Deu. 9.7, 23, 24.

[11] Deu. 7.18 e 20.3. cap. 24.8.

[12] Gen. 48.21. Exo. 33.16. Deu. 20.1 e 31.6, 8. Jos. 1.5. Jui. 1.22. II
Chr. 13.12 e 15.2 e 20.17 e 32.8. Isa. 41.10. Amós 5.14. Zac. 8.23.

[13] Exo. 17.4.

[14] Exo. 16.10 e 24.16, 17. Lev. 9.23. cap. 16.19.

[15] ver. 23. Psa. 95.8. Heb. 3.8, 16.

[16] Deu. 1.32 e 9.23. Psa. 78.22. João 12.37. Heb. 3.18.

[17] Exo. 32.12. Psa. 106.23. Deu. 9.26 e 32.27. Eze. 20.9, 14.

[18] Exo. 15.14. Jos. 2.9, 10 e 5.1.

[19] Exo. 13.21 e 40.38. cap. 10.34. Neh. 9.12.

[20] Deu. 9.28. Jos. 7.9.

[21] Exo. 34.6, 7. Psa. 103.8 e 144.8. Jon. 4.2.

[22] Exo. 20.5 e 34.7.

[23] Exo. 34.9. Psa. 106.45. Psa. 78.38.

[24] Psa. 106.23. Thi. 5.16. I João 5.14.

[25] Psa. 72.19.

[26] Deu. 1.35. Psa. 95.11 e 106.26. Heb. 3.17.

[27] Gen. 31.7.

[28] cap. 32.11. Eze. 20.15.

[29] Deu. 1.36. Jos. 14.6, 8, 9, 14.

[30] cap. 32.12.

[31] Deu. 1.40.

[32] ver. 11. Exo. 16.28. Mat. 17.16. Exo. 16.12.

[33] cap. 26.65 e 32.11. Deu. 1.35. Heb. 3.17.

[34] cap. 1.45 e 26.64.

[35] ver. 38. cap. 26.65 e 32.12. Deu. 1.36.

[36] Deu. 1.39.

[37] Psa. 106.24.

[38] I Cor. 10.5. Heb. 3.17.

[39] cap. 32.13. Psa. 107.40. Deu. 2.14. Eze. 23.35.

[40] cap. 13.25. Psa. 95.10. Eze. 4.6. I Reis 8.56. Psa. 105.42. Heb. 4.1.

[41] cap. 23.19. ver. 27, 29. cap. 26.65. I Cor. 10.5.

[42] cap. 13.31, 32.

[43] I Cor. 10.10. Heb. 3.17. Jud. 5.

[44] cap. 26.65. Jos. 14.6, 19.

[45] Exo. 33.4.

[46] Deu. 1.41.

[47] ver. 25. II Chr. 24.20.

[48] Deu. 1.42.

[49] II Chr. 15.

[50] Deu. 1.43.

[51] ver. 43. Deu. 1.17.

[52] cap. 21.3. Jui. 1.17.



_A repetição de diversas leis._

15 Depois fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla [1] aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra
das vossas habitações, que eu vos hei de dar;

3 E ao Senhor fizerdes [2] offerta queimada, holocausto, ou sacrificio,
para lhe separar um voto, ou em offerta voluntaria, ou nas vossas
solemnidades, para ao Senhor fazer um cheiro suave de ovelhas ou vaccas;

4 Então aquelle [3] que offerecer a sua offerta ao Senhor, por offerta
de manjares offerecerá uma decima _de_ flor de farinha misturada com a
quarta parte d’um hin de azeite.

5 E de vinho para libação preparareis a quarta _parte_ [4] de um hin,
para holocausto ou para sacrificio por _cada_ cordeiro:

6 E por _cada_ carneiro [5] prepararás uma offerta de manjares de duas
decimas _de_ flor de farinha, misturada com a terça _parte_ d’um hin de
azeite.

7 E de vinho para a libação offerecerás a terça parte de um hin ao
Senhor, em cheiro suave.

8 E, quando preparares novilho para holocausto ou sacrificio, para
separar um voto, ou um [6] sacrificio pacifico ao Senhor,

9 Com o novilho [7] offerecerás uma offerta de manjares de tres decimas
_de_ flor de farinha misturada com a metade d’um hin de azeite,

10 E de vinho para a libação offerecerás a metade de um hin, offerta
queimada em cheiro suave ao Senhor.

11 Assim se fará [8] com _cada_ boi, ou com _cada_ carneiro, ou com o
gado miudo dos cordeiros ou das cabras.

12 Segundo o numero que offerecerdes, assim o fareis com cada um, segundo
o numero d’elles.

13 Todo o natural assim fará estas coisas, offerecendo offerta queimada
em cheiro suave ao Senhor.

14 Quando tambem peregrinar comvosco algum estrangeiro, ou que _estiver_
no meio de vós nas vossas gerações, e elle offerecer uma offerta queimada
de cheiro suave ao Senhor, como vós fizerdes assim fará elle.

15 Um mesmo [9] estatuto haja para vós, ó congregação, e para o
estrangeiro que _entre vós_ peregrina, por estatuto perpetuo nas vossas
gerações; como vós, assim será o peregrino perante o Senhor.

16 Uma mesma lei e um mesmo direito haverá para vós e para o estrangeiro
que peregrina comvosco.

17 Fallou mais [10] o Senhor a Moysés, dizendo:

18 Falla aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra em
que vos hei de metter,

19 Acontecerá que, quando comerdes do pão da [11] terra, então
offerecereis ao Senhor offerta alçada.

20 Das primicias [12] da vossa massa offerecereis um bolo em offerta
alçada: como a offerta da eira, assim o offerecereis.

21 Das primicias das vossas massas dareis ao Senhor offerta alçada nas
vossas gerações.

22 E, quando vierdes a errar, e não fizerdes todos estes mandamentos, que
o Senhor fallou a Moysés,

23 Tudo quanto o Senhor vos tem mandado por mão de Moysés, desde o dia
que o Senhor ordenou, e _d’ali_ em diante, nas vossas gerações;

24 Será que, quando se fizer _alguma coisa_ por erro, [13] _e fôr
encoberto_ aos olhos da congregação, toda a congregação offerecerá um
novilho para holocausto em cheiro suave ao Senhor, com a [14] sua offerta
de manjares e libação conforme ao estatuto, e um bode para expiação do
peccado.

25 E [15] o sacerdote fará propiciação por toda a congregação dos filhos
de Israel, e lhes será perdoado, porquanto foi erro: e trouxeram a sua
offerta, offerta queimada ao Senhor, e a sua expiação do peccado perante
o Senhor, por causa do seu erro.

26 Será pois perdoado a toda a congregação dos filhos de Israel, e
mais ao estrangeiro que peregrina no meio d’elles, porquanto por erro
_sobreveiu_ a todo o povo.

27 E, se alguma alma [16] peccar por erro, para expiação do peccado
offerecerá uma cabra d’um anno.

28 E [17] o sacerdote fará expiação pela alma errante, quando peccar por
erro, perante o Senhor, fazendo expiação por ella, e lhe será perdoado.

29 Para o natural [18] dos filhos de Israel, e para o estrangeiro que no
meio d’elles peregrina, uma mesma lei vos será, para aquelle que _isso_
fizer por erro.

30 Mas [19] a alma que fizer _alguma coisa_ á mão levantada, quer _seja_
dos naturaes quer dos estrangeiros, injuria ao Senhor: e tal alma será
extirpada do meio do seu povo,

31 Pois desprezou [20] a palavra do Senhor, e annulou o seu mandamento:
totalmente _será_ extirpada aquella alma, a sua iniquidade será sobre
ella.

32 Estando pois os filhos de Israel no deserto, [21] acharam um homem
apanhando lenha no dia de sabbado.

33 E os que o acharam apanhando lenha o trouxeram a Moysés e a Aarão, e a
toda a congregação.

34 E o pozeram em [22] guarda; porquanto _ainda_ não estava declarado o
que se lhe devia fazer.

35 Disse pois o Senhor a Moysés: Certamente morrerá o tal [23] homem;
toda a congregação com pedras o apedrejará para fóra do arraial.

36 Então toda a congregação o tirou para fóra do arraial, e com pedras o
apedrejaram, e morreu, como o Senhor ordenara a Moysés.

37 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:


_A lei ácerca das bordas dos vestidos._

38 Falla aos filhos de Israel, e dize-lhes: Que nas bordas [24] dos seus
vestidos façam franjas pelas suas gerações: e nas franjas das bordas
porão um cordão de azul.

39 E nas franjas vos estará, para que o vejaes, e vos lembreis de todos
os mandamentos do Senhor, e os façaes: e não seguireis [25] após o vosso
coração, nem após os vossos olhos, após os quaes andaes fornicando.

40 Para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os façaes, e
sanctos [26] sejaes a vosso Deus.

41 Eu _sou_ o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egypto, para
vos ser por Deus: Eu _sou_ o Senhor vosso Deus.

[1] ver. 18. Lev. 23.10. Deu. 7.1.

[2] Lev. 1.2, 3 e 22.18, 21 e 23.8, 12. cap. 28.19, 27 e 29.2, 8, 13.
Deu. 16.10. Gen. 8.21. Exo. 29.18.

[3] Lev. 2.1 e 6.14. Exo. 29.40. Lev. 23.13 e 14.10. cap. 28.5.

[4] cap. 28.7, 14.

[5] cap. 28.12, 14.

[6] Lev. 7.11.

[7] cap. 28.12, 14.

[8] cap. 28.

[9] ver. 29. Exo. 12.49. cap. 9.14.

[10] ver. 2. Deu. 26.1.

[11] Jos. 5.11.

[12] Lev. 2.14 e 23.10, 16. Deu. 26.2, 10. Pro. 3.9, 10.

[13] Lev. 4.13.

[14] ver. 8, 9, 10. Lev. 4.23. cap. 28.15. Esd. 6.17 e 8.35.

[15] Lev. 4.20.

[16] Lev. 4.27.

[17] Lev. 4.35.

[18] ver. 15.

[19] Deu. 17.12. Heb. 10.26. II Ped. 2.10.

[20] II Sam. 12.9. Pro. 13.13. Lev. 5.1. Eze. 18.20.

[21] Exo. 31.14 e 35.2, 3.

[22] Lev. 24.12.

[23] Lev. 24.14. I Reis 21.13. Act. 7.58.

[24] Deu. 22.12. Mat. 23.5.

[25] Deu. 29.19. Job 31.7. Jer. 9.14. Eze. 6.9. Psa. 73.27 e 106.39. Thi.
4.4.

[26] Lev. 11.44, 45. Rom. 12.1. Col. 1.22. I Ped. 1.15, 16.



_A rebellião de Coré, Dathan e Abiram._

[Antes de Christo 1471]

16 E Coré, filho [1] de Jizhar, filho de Kohath, filho de Levi, tomou
comsigo a Dathan e a Abiram, filhos de Eliab, e a On, filho de Peleth,
filhos de Ruben,

2 E levantaram-se perante Moysés com duzentos e cincoenta homens dos
filhos de Israel, maioraes da congregação, chamados ao ajuntamento,
varões de nome,

3 E se congregaram contra Moysés e contra Aarão, e lhes disseram:
Baste-vos, pois toda esta [2] congregação, pois que toda a congregação
é sancta, todos elles _são_ sanctos, e o Senhor _está_ no meio d’elles:
porque pois vos elevaes sobre a congregação do Senhor?

4 Como Moysés isto ouviu, [3] caiu sobre o seu rosto,

5 E fallou a Coré e a toda a sua congregação, dizendo: _Ámanhã_ pela
manhã o Senhor fará saber quem _é_ seu, e _quem_ o sancto que elle fará
chegar a si: [4] e aquelle a quem [5] escolher fará chegar a si.

6 Fazei isto: tomae vós incensarios, Coré e toda a sua congregação;

7 E, pondo fogo n’elles ámanhã, sobre elles deitae incenso perante o
Senhor: e será _que_ o homem a quem o Senhor escolher, este _será_ o
sancto: baste-vos, filhos de Levi.

8 Disse mais Moysés a Coré: Ouvi agora, filhos de Levi:

9 _Porventura_ pouco [6] para vós _é_ que o Deus de Israel vos separou
[7] da congregação de Israel, para vos fazer chegar a si, a administrar
o ministerio do tabernaculo do Senhor e estar perante a congregação para
ministrar-lhe:

10 E te fez chegar, e todos os teus irmãos, os filhos de Levi, comtigo;
ainda tambem procuraes o sacerdocio?

11 Pelo que tu e toda a tua congregação congregados _estaes_ contra o
Senhor; e Aarão, [8] que _é_ elle, que murmuraes contra elle?

12 E Moysés enviou a chamar a Dathan e a Abiram, filhos de Eliab: porém
elles disseram: Não subiremos;

13 _Porventura_ pouco _é_ que nos fizeste subir [9] de uma terra que
mana leite e mel, para nos matares n’este deserto, senão que tambem
totalmente te assenhoreias [10] de nós?

14 Nem tão pouco nos trouxeste a uma terra [11] que mana leite e mel, nem
nos déste campos e vinhas em herança; _porventura_ arrancarás os olhos a
estes homens? não subiremos.

15 Então Moysés irou-se muito, e disse ao Senhor; Não [12] attentes para
a sua offerta; nem um só jumento tomei d’elles, nem a nenhum d’elles fiz
mal.

16 Disse mais Moysés a Coré: Tu e toda [13] a tua congregação vos ponde
perante o Senhor, tu, e elles, e Aarão, ámanhã.

17 E tomae cada um o seu incensario, e n’elles ponde incenso; e trazei
cada um o seu incensario perante o Senhor, duzentos e cincoenta
incensarios; tambem tu e Aarão, cada qual o seu incensario.

18 Tomaram pois cada qual o seu incensario, e n’elles pozeram fogo,
e n’elles deitaram incenso, e se pozeram perante a porta da tenda da
congregação com Moysés e Aarão.

19 E Coré fez ajuntar contra elles toda a congregação á porta da tenda da
congregação: então a gloria do [14] Senhor appareceu a toda a congregação.

20 E fallou o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

21 Apartae-vos [15] do meio d’esta congregação, e os consumirei como n’um
momento.

22 Mas elles se prostraram sobre os seus rostos, [16] e disseram: Ó
Deus, Deus dos espiritos de toda a carne, peccaria um só homem, e
indignar-te-has tu tanto contra toda esta congregação?

23 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

24 Falla a toda esta congregação, dizendo: Levantae-vos do redor da
habitação de Coré, Dathan e Abiram.

25 Então Moysés levantou-se, e foi a Dathan e a Abiram: e após d’elle
foram os anciãos de Israel.

26 E fallou á congregação, [17] dizendo: Desviae-vos, peço-vos, das
tendas d’estes impios homens, e não toqueis nada do que é seu, para que
_porventura_ não pereçaes em todos os seus peccados.

27 Levantaram-se pois do redor da habitação de Coré, Dathan e Abiram. E
Dathan e Abiram sairam, e se pozeram á porta das suas tendas, juntamente
com as suas mulheres, e seus filhos, e suas creanças.

28 Então disse Moysés: N’isto [18] conhecereis que o Senhor me enviou a
fazer todos estes feitos, que de meu coração não _procedem_.

29 Se estes morrerem como morrem todos os homens, e se forem visitados
como se visitam [19] todos os homens, _então_ o Senhor me não enviou.

30 Mas, se o Senhor crear alguma coisa [20] nova, e a terra abrir a sua
bocca e os tragar com tudo o que _é_ seu, e vivos descerem ao sepulchro,
então conhecereis que estes homens irritaram ao Senhor.

31 E aconteceu que, acabando [21] elle de fallar todas estas palavras, a
terra que _estava_ debaixo d’elles se fendeu.

32 E a terra abriu a sua bocca, e os tragou com as suas casas, como
tambem a todos os homens que _pertenciam_ a Coré, e a [22] toda a sua
fazenda.

33 E elles e tudo o que _era_ seu desceram vivos ao sepulchro, e a terra
os cobriu, e pereceram do meio da congregação.

34 E todo o Israel, _que estava ao_ redor d’elles, fugiu do clamor
d’elles; porque diziam: Para que _porventura tambem_ nos não trague a
terra a nós.

35 Então saiu [23] fogo do Senhor, e consumiu os duzentos e cincoenta
homens que offereciam o incenso.

36 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

37 Dize a Eleazar, filho de Aarão, o sacerdote, que tome os incensarios
do meio do incendio, e espalhe o fogo longe, porque [24] sanctos são;

38 Quanto aos incensarios d’aquelles [25] que peccaram contra as suas
almas, d’elles se façam folhas estendidas _para_ cobertura do altar;
porquanto os trouxeram perante o Senhor; pelo que sanctos são: e serão
por [26] signal aos filhos de Israel.

39 E Eleazar, o sacerdote, tomou os incensarios de metal, que trouxeram
aquelles _que foram_ queimados, e os estenderam _para_ cobertura do altar,

40 _Por_ memorial para os filhos de Israel, que nenhum estranho, [27]
que não fôr da semente de Aarão, se chegue para accender incenso perante
o Senhor; para que não seja como Coré e a sua congregação, como o Senhor
lhe tinha dito pela bocca de Moysés.

41 Mas no dia seguinte toda [28] a congregação dos filhos de Israel
murmurou contra Moysés e contra Aarão, dizendo; Vós matastes o povo do
Senhor.

42 E aconteceu que, ajuntando-se a congregação contra Moysés e Aarão, e
virando-se para a tenda da congregação, eis que a nuvem a cobriu, e a
gloria do Senhor appareceu.

43 Vieram pois Moysés e Aarão perante a tenda da congregação.

44 Então fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

45 Levantae-vos [29] do meio d’esta congregação, e a consumirei como n’um
momento: então se prostraram [30] sobre os seus rostos,

46 E disse Moysés a Aarão: Toma o teu incensario, e põe n’elle fogo do
altar, e deita incenso sobre elle, e vae depressa á congregação, e faze
expiação por elles: porque grande indignação saiu de diante do Senhor;
[31] já começou a praga.

47 E tomou-o Aarão, como Moysés tinha fallado, e correu ao meio da
congregação; e eis que já a praga havia começado entre o povo; e deitou
incenso n’elle, e fez expiação pelo povo.

48 E estava em pé entre os mortos e os vivos; e cessou a praga.

49 E os que morreram d’aquella praga foram quatorze mil e setecentos,
fóra os que morreram pela causa de Coré.

50 E voltou Aarão a Moysés á porta da tenda da congregação: e cessou a
praga.

[1] Exo. 6.21. cap. 26.9 e 27.3. Jud. 11.

[2] Exo. 19.6 e 29.45. cap. 14.14 e 35.34.

[3] cap. 14.5 e 20.6.

[4] ver. 3. Lev. 21.6, 7, 8, 12, 15.

[5] Exo. 28.1. cap. 17.5. I Sam. 2.28. cap. 3.10. Lev. 10.3 e 21.17, 18.
Eze. 40.46 e 44.15, 16.

[6] I Sam. 18.23. Isa. 7.13.

[7] cap. 3.41, 45 e 8.14. Deu. 10.8.

[8] Exo. 16.8. I Cor. 3.5.

[9] ver. 9.

[10] Exo. 2.14. Act. 7.27, 35.

[11] Exo. 3.8. Lev. 20.24.

[12] Gen. 4.4, 5. I Sam. 12.3. Act. 20.33. II Cor. 7.2.

[13] ver. 6, 7. I Sam. 12.3, 7.

[14] Exo. 16.7, 10. Lev. 9.6, 23. cap. 14.10.

[15] ver. 45. Gen. 19.17, 22. Jer. 51. Act. 2.40. Apo. 18.4.

[16] cap. 14.5 e 27.16. Job 12.10. Ecc. 12.7. Isa. 57.16. Zac. 12.1.
Heb. 12.9.

[17] Gen. 19.12, 14. Isa. 52.11. II Cor. 6.17. Apo. 18.4.

[18] Exo. 3.12. Deu. 18.22. Zac. 2.9, 11 e 4.9. João 5.36. cap. 24.13.
Jer. 23.16. Eze. 13.17. João 5.30 e 6.38.

[19] Exo. 20.5. Job 35.15. Isa. 10.3. Jer. 5.9.

[20] Job 31.3. Isa. 28.21. ver. 33. Psa. 55.15.

[21] cap. 26.10 e 27.3. Deu. 11.6.

[22] ver. 17. cap. 26.11. I Chr. 6.22, 37.

[23] Lev. 10.2. cap. 11.1. Psa. 106.18. ver. 17.

[24] Lev. 27.28.

[25] Pro. 20.2. Heb. 2.10.

[26] cap. 17.10 e 26.10. Eze. 14.8.

[27] cap. 3.10. II Chr. 26.18.

[28] cap. 14.2. Psa. 106.25.

[29] ver. 21, 24.

[30] ver. 22. cap. 20.6.

[31] Lev. 10.6. cap. 1.53 e 8.19 e 11.33. I Chr. 27.24. Psa. 106.29.



_A vara de Aarão floresce._

17 Então fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla aos filhos d’Israel, e toma d’elles uma vara por cada casa
paterna de todos os seus principes, segundo as casas de seus paes doze
varas; _e_ escreverás o nome de cada um sobre a sua vara.

3 Porém o nome de Aarão escreverás sobre a vara de Levi; porque _cada_
cabeça da casa de seus paes terá uma vara.

4 E as porás na tenda da congregação, perante o testemunho, onde [1] eu
virei a vós.

5 E será _que_ a vara do homem que eu tiver escolhido [2] florescerá;
assim farei cessar as murmurações dos filhos d’Israel contra mim, com que
murmuram [3] contra vós.

6 Fallou pois Moysés aos filhos d’Israel: e todos os seus maioraes
deram-lhe _cada um_ uma vara, por cada maioral uma vara, segundo as casas
de seus paes; doze varas; e a vara d’Aarão _estava_ entre as suas varas.

7 E Moysés poz estas varas perante o Senhor na tenda do [4] testemunho.

8 Succedeu pois que no dia seguinte Moysés entrou na tenda do testemunho,
e eis-que a vara d’Aarão, pela casa de Levi, florescia; porque produzira
flores, e brotara renovos e dera amendoas.

9 Então Moysés tirou todas as varas de diante do Senhor a todos os filhos
d’Israel; e elles o viram, e tomaram cada um a sua vara.

10 Então o Senhor disse a Moysés: Torna a pôr a vara [5] d’Aarão perante
o testemunho, para que se guarde por signal para os filhos rebeldes:
assim farás acabar as suas murmurações contra mim, e não morrerão.

11 E Moysés fez assim; como lhe ordenára o Senhor, assim fez.

12 Então fallaram os filhos de Israel a Moysés, dizendo: Eis-aqui, nós
expiramos, perecemos, nós perecemos todos.

13 Todo aquelle [6] que se approximar do tabernaculo do Senhor, morrerá:
seremos pois todos consumidos?

[1] Exo. 25.22 e 29.42, 43 e 30.36.

[2] cap. 16.5.

[3] cap. 16.11.

[4] Exo. 38.21. cap. 18.2. Act. 7.44.

[5] Heb. 9.4. cap. 16.38. ver. 5.

[6] cap. 1.51 e 18.4, 7.



_Os deveres e direitos dos sacerdotes, e dos levitas._

18 Então disse o Senhor a Aarão: [1] Tu, e teus filhos, e a casa de teu
pae comtigo, levareis _sobre vós_ a iniquidade do sanctuario: e tu e teus
filhos comtigo levareis _sobre vós_ a iniquidade do vosso sacerdocio.

2 E tambem farás chegar comtigo a teus irmãos, a tribu [2] de Levi, a
tribu de teu pae, para que se ajuntem a ti, e te sirvam; mas tu e teus
filhos comtigo _estareis_ perante a tenda do testemunho.

3 E elles farão a tua guarda, a guarda de toda [3] a tenda: mas não se
chegarão aos vasos do sanctuario, e ao altar, para que não morram, tanto
elles como vós.

4 Mas se ajuntarão a ti, e farão a guarda da tenda da congregação em todo
o ministerio da tenda; e o estranho [4] não se chegará a vós.

5 Vós pois fareis [5] a guarda do sanctuario e a guarda do altar; para
que não haja outra vez furor sobre os filhos d’Israel.

6 E eu, eis-que eu tenho tomado vossos irmãos, os [6] levitas, do meio
dos filhos d’Israel: a vós são dados em [7] dadiva pelo Senhor, para
administrar o ministerio da tenda da congregação.

7 Mas tu [8] e teus filhos comtigo guardareis o vosso sacerdocio em
todo o negocio do altar, e no _que estiver_ dentro do [9] véu, _isto_
administrareis: eu _vos_ tenho dado o vosso sacerdocio em dadiva
ministerial, e o estranho que se chegar morrerá.

8 Disse mais o Senhor a Aarão: E eu, eis-que [10] te tenho dado a guarda
das minhas offertas alçadas, com todas as coisas sanctas dos filhos
d’Israel; por causa da uncção as tenho dado a ti [11] e a teus filhos por
estatuto perpetuo.

9 Isto terás das _coisas_ sanctissimas do fogo: todas as suas offertas
com todas as suas offertas de manjares, [12] e com todas as suas
expiações do peccado, e com todas as suas expiações da culpa, que me
restituirão; _será coisa_ sanctissima para ti e para teus filhos.

10 No _logar_ sanctissimo [13] o comerás: todo o macho o comerá;
sanctidade será para ti.

11 Tambem isto _será_ teu: [14] a offerta alçada dos seus dons com todas
as offertas movidas dos filhos d’Israel; a ti, a teus filhos, e a tuas
filhas comtigo, as tenho dado por estatuto perpetuo; todo o _que estiver_
limpo na [15] tua casa as comerá.

12 Tudo o [16] melhor do azeite, e tudo o melhor do mosto e do grão, as
suas primicias que derem ao Senhor, as tenho dado a ti.

13 Os primeiros fructos de tudo que houver na terra, [17] que trouxerem
ao Senhor, serão teus: todo o _que estiver_ limpo na tua casa os comerá.

14 Toda a coisa [18] consagrada em Israel será tua.

15 Tudo o que abrir a madre, de [19] toda a carne que trouxerem ao
Senhor, tanto d’homens como d’animaes, será teu; porém os primogenitos
dos homens resgatarás; tambem os primogenitos dos animaes immundos
resgatarás.

16 Os que pois d’elles se houverem de resgatar [20] resgatarás, da edade
d’um mez, segundo a tua avaliação, por cinco siclos de dinheiro, segundo
o siclo do sanctuario, que é de vinte geras.

17 Mas [21] o primogenito de vacca, ou primogenito d’ovelha, ou
primogenito de cabra, não resgatarás, sanctos são: o seu sangue
espargirás sobre o altar, e a sua gordura queimarás _em_ offerta queimada
de cheiro suave ao Senhor.

18 E a carne d’elles será tua: _assim_ como o peito do movimento, e [22]
como o hombro direito, tua será.

19 Todas as offertas [23] alçadas das sanctidades, que os filhos de
Israel offerecerem ao Senhor, tenho dado a ti, e a teus filhos e a tuas
filhas comtigo, por estatuto perpetuo: concerto perpetuo de sal perante o
Senhor é, para ti e para a tua semente comtigo.

20 Disse tambem o Senhor a Aarão: Na sua terra possessão nenhuma terás, e
no meio d’elles, nenhuma parte terás: eu [24] _sou_ a tua parte e a tua
herança no meio dos filhos d’Israel.

21 E eis-que aos filhos de Levi tenho dado [25] todos os dizimos em
Israel por herança, pelo seu ministerio que administra, o ministerio da
[26] tenda da congregação.

22 E nunca mais os filhos de Israel se chegarão [27] á tenda da
congregação, para que não levem _sobre si_ o peccado, e morram.

23 Mas os levitas [28] administrarão o ministerio da tenda da
congregação, e elles levarão sobre si a sua iniquidade: pelas vossas
gerações estatuto perpetuo será; e no meio dos filhos d’Israel nenhuma
herança herdarão.

24 Porque os dizimos dos filhos d’Israel, que [29] offerecerem ao Senhor
em offerta alçada, tenho dado por herança aos levitas: porquanto eu lhes
disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança herdarão.

25 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

26 Tambem fallarás aos levitas, e dir-lhes-has: Quando receberdes os
dizimos dos filhos de Israel, que eu d’elles vos tenho dado em vossa
herança, d’elles offerecereis uma offerta alçada ao Senhor; os [30]
dizimos dos dizimos.

27 E contar-se-vos-ha a vossa offerta alçada, como grão da eira, e como
plenitude do lagar.

28 Assim tambem offerecereis ao Senhor uma offerta alçada de todos os
vossos dizimos, que receberdes dos filhos d’Israel, e d’elles dareis a
offerta alçada do Senhor a Aarão, o sacerdote.

29 De todos os vossos dons offerecereis toda a offerta alçada do Senhor:
de tudo o melhor d’elles, a sua sancta parte.

30 Dir-lhes-has pois: Quando offerecerdes o melhor d’elles, como novidade
da eira, e [31] como novidade do lagar, se contará aos levitas.

31 E o comereis em todo o logar, vós e a vossa casa, porque vosso
galardão _é_ [32] pelo vosso ministerio na tenda da congregação.

32 Pelo que não levareis _sobre vós_ o peccado, [33] quando d’elles
offerecerdes o melhor: e não [34] profanareis as coisas sanctas dos
filhos de Israel, para que não morraes.

[1] cap. 17.13. Exo. 28.38.

[2] Gen. 29.34. cap. 3.6, 7, 10.

[3] cap. 3.25, 31, 36 e 16.40 e 4.15.

[4] cap. 3.10.

[5] Exo. 27.21 e 30.7. Lev. 24.3. cap. 8.2 e 16.46.

[6] cap. 3.12, 45.

[7] cap. 3.9 e 8.19.

[8] ver. 5.

[9] Heb. 9.3, 6.

[10] Lev. 6.16, 18, 26 e 7.6, 32. cap. 5.9.

[11] Exo. 29.29.

[12] Lev. 2.2 e 4.22 e 5.1, 7 e 6.25 e 10.12 e 14.13.

[13] Lev. 6.16, 18, 26, 29.

[14] Exo. 29.27, 28. Lev. 7.30, 34 e 10.14. Deu. 18.3.

[15] Lev. 22.2, 3, 11, 12, 13.

[16] Exo. 23.19. Deu. 18.4. Neh. 10.35. Exo. 22.29.

[17] Exo. 34.26. Lev. 2.14. cap. 15.19. Deu. 26.2. ver. 11.

[18] Lev. 27.28.

[19] Exo. 13.2. Lev. 27.26. cap. 13.13 e 34.20.

[20] Lev. 27.2, 6, 25. cap. 3.47. Eze. 45.12.

[21] Deu. 15.16. Lev. 3.2.

[22] Exo. 29.26. Lev. 7.31.

[23] ver. 11. Lev. 2.3. II Chr. 13.5.

[24] Deu. 10.9 e 12.12. Jos. 13.14, 33 e 14.3. Eze. 44.28.

[25] ver. 24, 26. Lev. 27.30. Neh. 10.37 e 12.41. Heb. 7.5.

[26] cap. 3.7, 8.

[27] cap. 1.51. Lev. 22.9.

[28] cap. 3.7.

[29] ver. 21, 20. Deu. 10.9 e 14.27, 29 e 18.1.

[30] Neh. 10.38. ver. 30.

[31] ver. 27.

[32] Mat. 10.10. Luc. 10.7. I Cor. 9.13. I Tim. 5.18.

[33] Lev. 19.18.

[34] Lev. 22.2, 15.



_A agua de separação._

19 Fallou mais o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

2 Este é o estatuto da lei, que o Senhor ordenou, dizendo: Dize aos
filhos de Israel que te tragam uma bezerra ruiva sem defeito, que não
_tenha_ mancha, _e_ [1] sobre que não subiu jugo.

3 E a dareis a Eleazar, o sacerdote; e a tirará fóra [2] do arraial, e se
degolará diante d’elle.

4 E Eleazar, o sacerdote, tomará do seu sangue com o seu dedo, e d’elle
espargirá [3] para a frente da tenda da congregação sete vezes.

5 Então queimará a bezerra perante os seus olhos; o seu coiro, e a sua
[4] carne, e o seu sangue, com o seu esterco se queimará.

6 E o sacerdote tomará pau de cedro, e hyssopo, [5] e carmezim, e _os_
lançará no meio do incendio da bezerra.

7 Então o sacerdote lavará [6] os seus vestidos, e banhará a sua carne na
agua, e depois entrará no arraial, e o sacerdote será immundo até á tarde.

8 Tambem o que a queimou lavará os seus vestidos com agua, e em agua
banhará a sua carne, e immundo será até á tarde.

9 E um homem limpo ajuntará a cinza [7] da bezerra, e a porá fóra do
arraial, n’um logar limpo, e estará _ella_ em guarda para a congregação
dos filhos d’Israel, para a agua da [8] separação: expiação é.

10 E o que apanhou a cinza da bezerra lavará os seus vestidos, e será
immundo até á tarde: isto será por estatuto perpetuo aos filhos d’Israel
e ao estrangeiro que peregrina no meio d’elles.

11 Aquelle que tocar [9] a algum morto, cadaver d’algum homem, immundo
será sete dias.

12 Ao [10] terceiro dia se purificará com ella, e ao setimo dia será
limpo: mas, se ao terceiro dia se não purificar, não será limpo ao setimo
dia.

13 Todo aquelle que tocar a algum morto, cadaver d’algum homem, que
estiver morto, e não se purificar, contamina o tabernaculo [11] do
Senhor: e aquella alma será extirpada d’Israel: porque a agua da
separação não foi espargida sobre elle, immundo será: está n’elle ainda a
sua immundicia.

14 Esta _é_ a lei, quando morrer algum homem em alguma tenda: todo
aquelle que entrar n’aquella tenda, e todo aquelle que _estiver_
n’aquella tenda, será immundo sete dias.

15 Tambem todo o vaso [12] aberto, sobre que não houver panno atado, será
immundo.

16 E todo aquelle que sobre a face do campo [13] tocar a _algum_ que fôr
morto pela espada, ou outro morto, ou aos ossos d’algum homem, ou a uma
sepultura, será immundo sete dias.

17 Para um immundo pois tomarão do pó [14] da queima da expiação, e sobre
elle porão agua viva n’um vaso.

18 E um homem limpo tomará [15] hyssopo, e o molhará n’aquella agua, e a
espargirá sobre aquella tenda, e sobre todo o fato, e sobre as almas que
ali estiverem: como tambem sobre aquelle que tocar os ossos, ou a _algum_
que foi morto, ou que falleceu, ou uma sepultura.

19 E o limpo ao terceiro e setimo dia espargirá sobre o immundo: e ao
setimo dia o purificará; e [16] lavará os seus vestidos, e se banhará na
agua, e á tarde será limpo.

20 Porém o que fôr immundo, e se não purificar, a tal alma do meio da
congregação será extirpada; porquanto contaminou [17] o sanctuario do
Senhor: agua de separação sobre elle não foi espargida; immundo é.

21 Isto lhes será por estatuto perpetuo: e o que espargir a agua da
separação lavará os seus vestidos; e o que tocar a agua da separação será
immundo até á tarde.

22 E tudo [18] o que tocar ao immundo tambem será immundo; e a alma que o
tocar será immunda até á tarde.

[1] Deu. 21.3. I Sam. 6.7.

[2] Lev. 4.12, 21 e 26.27. Heb. 13.11.

[3] Lev. 4.6 e 16.14, 19. Heb. 9.13.

[4] Exo. 29.14. Lev. 4.11, 12.

[5] Lev. 14.4, 6, 49.

[6] Lev. 11.25 e 15.5.

[7] Heb. 9.13.

[8] ver. 13, 20, 21. cap. 31.23.

[9] ver. 16. Lev. 21.1. cap. 5.2 e 9.6, 10 e 31.19. Lam. 4.14. Agg. 2.13.

[10] cap. 31.19.

[11] Lev. 15.20 e 22.3. ver. 9. cap. 8.7. Lev. 7.20 e 22.3.

[12] Lev. 11.32. cap. 31.20.

[13] ver. 11.

[14] ver. 9.

[15] Psa. 51.9.

[16] Lev. 14.9.

[17] ver. 13.

[18] Agg. 2.13. Lev. 15.5.



_A morte de Miriam._

[Antes de Christo 1453]

20 Chegando [1] os filhos d’Israel, toda a congregação, ao deserto de
Zin, no mez primeiro, o povo ficou em Cades: e Miriam [2] morreu ali, e
ali foi sepultada.

2 E não havia agua [3] para a congregação: então se congregaram contra
Moysés e contra Aarão.

3 E o povo contendeu [4] com Moysés, e fallaram, dizendo: Oxalá
tivessemos expirado quando expiraram nossos irmãos perante o Senhor!

4 E [5] porque trouxestes a congregação do Senhor a este deserto, para
que morramos ali, nós e os nossos animaes?

5 E porque nos fizestes subir do Egypto, para nos trazer a este logar
máu? logar não de semente, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem
d’agua para beber.

6 Então Moysés e Aarão se foram de diante da congregação á porta da tenda
da congregação, e se [6] lançaram sobre os seus rostos: e a gloria do
Senhor lhes appareceu.


_Moysés fere a rocha e as aguas saem._

7 E o Senhor fallou a Moysés, dizendo:

8 Toma a vara, [7] e ajunta a congregação, tu e Aarão, teu irmão, e
fallae á rocha perante os seus olhos, e dará a sua agua: assim lhes
tirarás [8] agua da rocha, e darás a beber á congregação e aos seus
animaes.

9 Então Moysés tomou a vara de diante do Senhor, [9] como lhe tinha
ordenado,

10 E Moysés e Aarão congregaram a congregação diante da rocha, e [10]
disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes, porventura tiraremos agua d’esta rocha
para vós?

11 Então Moysés levantou a sua mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua
vara, e [11] sairam muitas aguas; e bebeu a congregação e os seus animaes.

12 E o Senhor disse a Moysés e a Aarão: Porquanto não me crestes a mim,
[12] para me sanctificar diante dos filhos de Israel, por isso não
mettereis esta congregação na terra que lhes tenho dado.

13 Estas são as aguas de [13] Meribah, porque os filhos de Israel
contenderam com o Senhor: e se sanctificou n’elles.


_Moysés solicita passagem pelo Edom._

14 Depois Moysés [14] desde Cades mandou mensageiros ao rei d’Edom,
_dizendo_: Assim diz teu irmão Israel: sabes todo o trabalho que nos
sobreveiu:

15 Como nossos paes desceram ao Egypto, [15] e nós no Egypto habitámos
muitos dias; e _como_ os egypcios nos maltrataram, a nós e a nossos paes:

16 E clamámos ao Senhor, [16] e _elle_ ouviu a nossa voz, e mandou um
anjo, e nos tirou do Egypto: e eis que estamos em Cades, cidade na
extremidade dos teus termos.

17 Deixa-nos _pois_ passar [17] pela tua terra; não passaremos pelo
campo, nem pelas vinhas, nem beberemos a agua dos poços: iremos pela
estrada real; não nos desviaremos para a direita nem para a esquerda, até
que passemos pelos teus termos.

18 Porém Edom lhe disse: Não passarás por mim, para que porventura _eu_
não saia á espada ao teu encontro.

19 Então os filhos d’Israel lhe disseram: Subiremos pelo caminho
egualado, e se eu e o meu gado bebermos das tuas aguas, [18] darei o
preço d’ellas: sem alguma outra coisa sómente passarei a pé.

20 Porém _elle_ disse: [19] Não passarás. E saiu-lhe Edom ao encontro com
muita gente, e com mão forte.

21 Assim recusou [20] Edom deixar passar a Israel pelo seu termo: pelo
que Israel se desviou d’elle.


_A morte de Aarão._

22 Então partiram de Cades: [21] e os filhos de Israel, toda a
congregação, vieram ao monte de Hor.

23 E fallou o Senhor a Moysés e a Aarão no monte de Hor, nos termos da
terra de Edom, dizendo:

24 Aarão [22] recolhido será a seus povos, porque não entrará na terra
que tenho dado aos filhos de Israel, porquanto rebeldes fostes á minha
bocca, ás aguas de Meribah.

25 Toma [23] a Aarão e a Eleazar, seu filho, e faze-os subir ao monte de
Hor.

26 E despe a Aarão os seus vestidos, e veste-os a Eleazar, seu filho,
porque Aarão será recolhido, e morrerá ali.

27 Fez pois Moysés como o Senhor lhe ordenara: porque subiram ao monte de
Hor perante os olhos de toda a congregação.

28 E Moysés despiu a Aarão os vestidos, [24] e os vestiu a Eleazar, seu
filho; e morreu Aarão ali sobre o cume do monte; e [25] desceram Moysés e
Eleazar do monte.

29 Vendo pois toda a congregação que Aarão era morto, [26] choraram a
Aarão trinta dias, toda a casa de Israel.

[1] cap. 22.36.

[2] Exo. 15.20. cap. 26.59.

[3] Exo. 17.1. cap. 16.19, 42.

[4] Exo. 17.2. cap. 11.1, 33 e 14.37 e 16.32, 35, 49.

[5] Exo. 17.3.

[6] cap. 14.5 e 16.4, 22.

[7] Exo. 17.5.

[8] Neh. 9.15. Psa. 79.15 e 105.41 e 114.8. Isa. 43.20 e 48.21.

[9] cap. 17.10.

[10] Psa. 107.33.

[11] Exo. 17.6. Deu. 8.15. I Cor. 10.4.

[12] cap. 27.14. Deu. 1.37 e 3.26 e 32.51. Lev. 10.3. Eze. 20.41 e 36.23.
I Ped. 3.15.

[13] Deu. 33.8. Psa. 96.8 e 107.32, etc.

[14] Jui. 11.16. Deu. 2.4, etc. e 23.7. Abd. 10, 12.

[15] Gen. 46.6. Act. 7.15. Exo. 12.40. Deu. 26.6. Act. 7.19.

[16] Exo. 2.23 e 3.2, 7 e 14.19.

[17] cap. 21.22. Deu. 2.27.

[18] Deu. 2.6, 28.

[19] Jui. 11.17.

[20] Deu. 2.27 e 2.4, 5, 8. Jui. 11.18.

[21] cap. 33.37 e 21.4.

[22] Gen. 25.8. cap. 27.13 e 31.2. Deu. 32.50.

[23] cap. 33.38. Deu. 32.50.

[24] Exo. 29.20, 30.

[25] cap. 33.38. Deu. 10.6 e 32.50.

[26] Deu. 34.8.



_Os israelitas destroem aos cananeos._

21 Ouvindo [1] o cananeo, o rei de Harad, que habitava para a banda do
sul, que Israel vinha pelo [2] caminho das espias, pelejou contra Israel,
e d’elle levou _alguns_ d’elles por prisioneiros.

2 Então Israel [3] fez um voto ao Senhor, dizendo: Se totalmente
entregares este povo na minha mão, [4] destruirei totalmente as suas
cidades.

3 O Senhor pois ouviu a voz de Israel, e entregou os cananeos, e os
destruiu totalmente, a elles e ás suas cidades: e o nome d’aquelle logar
chamou Horma.


_As serpentes ardentes e a serpente de metal._

4 Então partiram [5] do monte de Hor, pelo caminho do Mar Vermelho, a
rodear a terra de Edom: porém a alma do povo angustiou-se n’este caminho.

5 E o povo fallou [6] contra Deus e contra Moysés: Porque nos fizestes
subir do Egypto para que morressemos n’este deserto? pois aqui nem pão
nem agua _ha_: [7] e a nossa alma tem fastio d’este pão tão vil.

6 Então o Senhor [8] mandou entre o povo serpentes ardentes, que morderam
o povo; e morreu muito povo de Israel.

7 Pelo que o povo veiu a Moysés, e [9] disse: Havemos peccado, porquanto
temos fallado contra o Senhor e contra ti; [10] ora ao Senhor que tire de
nós estas serpentes. Então Moysés orou pelo povo.

8 E disse o Senhor a Moysés: Faze-te uma serpente ardente, e põe-n’a
sobre uma haste: e será que viverá todo o mordido que attentar para ella.

9 E Moysés [11] fez uma serpente de metal, e pôl-a sobre uma haste; e
era que, mordendo alguma serpente a alguem, attentava para a serpente de
metal, e ficava vivo.


_Jornadas dos israelitas._

10 Então os filhos de Israel partiram, [12] e alojaram-se em Oboth.

11 Depois partiram [13] de Oboth, e alojaram-se nos outeiros de Abarim,
no deserto que _está_ defronte de Moab, ao nascente do sol.

12 D’ali partiram, [14] e alojaram-se junto ao ribeiro de Zered.

13 E d’ali partiram, e alojaram-se d’esta banda de Arnon, que _está_ no
deserto e sae dos termos dos amorrheos: porque [15] Arnon _é_ o termo de
Moab, entre Moab e os amorrheos.

14 Pelo que se diz no livro das guerras do Senhor: Contra Vaheb em Supha,
e contra os ribeiros de Arnon,

15 E _contra_ a corrente dos ribeiros, que se volve para a situação de
Ar, [16] e se encosta aos termos de Moab.

16 E d’ali _se partiram_ a Beer; este é o poço [17] do qual o Senhor
disse a Moysés: Ajunta o povo, e lhe darei agua

17 (Então [18] Israel cantou este cantico: Sobe, poço, cantae d’elle:

18 Tu, poço, que cavaram os principes, que escavaram os nobres do povo,
e o legislador [19] com os seus bordões): e do deserto _partiram_ para
Mattana;

19 E de Mattana a Nahaliel, e de Nahaliel a Bamoth;


_Os israelitas ferem os reis de Moab e de Bashan._

[Antes de Christo 1452]

20 E de Bamoth ao valle que _está_ no campo de Moab, [20] no cume de
Pisga, e á vista do deserto.

21 Então Israel [21] mandou mensageiros a Sehon, rei dos amorrheos,
dizendo:

22 Deixa-me [22] passar pela tua terra; não nos desviaremos pelos campos
nem pelas vinhas: as aguas dos poços não beberemos: iremos pela estrada
real até que passemos os teus termos.

23 Porem [23] Sehon não deixou passar a Israel pelos seus termos; antes
Sehon congregou todo o seu povo, e saiu ao encontro de Israel ao deserto,
e veiu [24] a Jazha, e pelejou contra Israel.

24 Mas Israel [25] o feriu ao fio da espada, e tomou a sua terra em
possessão, desde Arnon até Jabbok, até aos filhos de Ammon: porquanto o
termo dos filhos de Ammon era firme.

25 Assim Israel tomou todas estas cidades: e Israel habitou em todas as
cidades dos amorrheos, em Hesbon e em todas as suas aldeias.

26 Porque Hesbon _era_ cidade de Sehon, rei dos amorrheos, e tinha
pelejado contra o precedente rei dos moabitas, e tinha tomado da sua mão
toda a sua terra até Arnon.

27 Pelo que dizem os que fallam em proverbios: Vinde a Hesbon;
edifique-se e fortifique-se a cidade de Sehon.

28 Porque fogo [26] saiu de Hesbon, e uma chamma da cidade de Sehon: e
consumiu a Ar dos moabitas, _e_ os senhores dos altos de Arnon.

29 Ai de ti, Moab! perdido és, povo de Chamoz! [27] entregou seus filhos,
que iam fugindo, e suas filhas, a _ser_ captivos a Sehon, rei dos
amorrheos.

30 E nós os derribámos: [28] Hesbon perdida é até Dibon, e os assolámos
até Nophah, que _se estende_ até [29] Medeba.

31 Assim Israel habitou na terra dos amorrheos.

32 Depois mandou Moysés espiar a [30] Jaezer, e tomaram as suas aldeias,
e d’aquella possessão lançaram os amorrheos que _estavam_ ali.

33 Então viraram-se, [31] e subiram o caminho de Basan: e Og, rei de
Basan, saiu contra elles, elle e todo o seu povo, á peleja em [32] Edrei.

34 E disse o Senhor a [33] Moysés: Não o temas, porque eu t’o tenho
dado na tua mão, a elle, e a todo o seu povo, e a sua terra, [34] e
far-lhe-has como fizeste a Sehon, rei dos amorrheos, que habitava em
Hesbon.

35 E de tal maneira o feriram, [35] a elle e a seus filhos, e a todo o
seu povo, que nenhum d’elles escapou: e tomaram a sua terra em possessão.

[1] cap. 33.21. Jui. 1.16.

[2] cap. 13.21.

[3] Gen. 28.20. Jui. 11.30.

[4] Lev. 27.28.

[5] cap. 20.22 e 33.41. Jui. 11.18.

[6] Psa. 78.19. Exo. 16.3 e 17.3.

[7] cap. 11.6.

[8] I Cor. 10.9. Deu. 8.15.

[9] Psa. 78.34. ver. 5.

[10] Exo. 8.8, 28. I Sam. 12.19. I Reis 13.6. Act. 8.24.

[11] II Reis 18.4. João 3.14.

[12] cap. 33.43.

[13] cap. 23.44.

[14] Deu. 2.13.

[15] cap. 22.36. Jui. 11.18.

[16] Deu. 2.18, 29.

[17] Jui. 9.21.

[18] Exo. 15.1. Psa. 105.2 e 106.12.

[19] Isa. 33.22.

[20] cap. 23.28.

[21] Deu. 2.26, 27. Jui. 11.19.

[22] cap. 20.17.

[23] Deu. 29.7.

[24] Deu. 2.32. Jui. 11.20.

[25] Deu. 2.33 e 29.7. Jos. 12.1, 2 e 24.8. Neh. 9.22. Psa. 135.10 e
136.19. Amós 2.9.

[26] Jer. 48.45. Deu. 2.9, 18. Isa. 15.1.

[27] Jui. 11.24. I Reis 11.7, 33. II Reis 23.13. Jer. 48.7, 13.

[28] Jer. 48.18, 22.

[29] Isa. 15.2.

[30] cap. 32.1. Jer. 48.32.

[31] Deu. 3.1 e 29.7.

[32] Jos. 13.12.

[33] Deu. 3.2.

[34] ver. 24. Psa. 135.10 e 136.20.

[35] Deu. 3.3, 4, etc.



_Balac e Balaão._

22 Depois [1] partiram os filhos de Israel, e acamparam-se nas campinas
de Moab, d’esta banda do Jordão _de_ Jericó.

2 Vendo pois [2] Balac, filho de Zippor, tudo o que Israel fizera aos
amorrheos,

3 Moab temeu [3] muito diante d’este povo, porque era muito: e Moab
andava angustiado por causa dos filhos de Israel.

4 Pelo que Moab disse aos [4] anciãos dos midianitas: Agora lamberá esta
congregação tudo _quanto houver_ ao redor de nós, como o boi lambe a
herva do campo. N’aquelle tempo Balac, filho de Zippor, _era_ rei dos
moabitas.

5 Este enviou [5] mensageiros a Balaão, filho de Beor, a Pethor, que
_está_ junto ao rio, na terra dos filhos do seu povo, a chamal-o,
dizendo: [6] Eis que um povo saiu do Egypto; eis que cobre a face da
terra, e parado está defronte de mim.

6 Vem pois agora, rogo-te, amaldiçoa-me este povo, pois mais poderoso é
do que eu; porventura o poderei ferir, e o lançarei fóra da terra: porque
eu sei que, a quem tu abençoares será abençoado, e a quem tu amaldiçoares
será amaldiçoado.

7 Então foram-se os anciãos dos moabitas e os anciãos dos midianitas com
o _preço_ dos encantamentos nas suas mãos: [7] e chegaram a Balaão, e lhe
fallaram as palavras de Balac.

8 E _elle_ lhes disse: Passae [8] aqui esta noite, e vos trarei a
resposta, como o Senhor me fallar: então os principes dos moabitas
ficaram com Balaão.

9 E veiu Deus a Balaão, [9] e disse: Quem _são_ estes homens _que estão_
comtigo?

10 E Balaão disse a Deus: Balac, filho de Zippor, rei dos moabitas,
m’_os_ enviou, _dizendo_:

11 Eis que o povo que saiu do Egypto cobriu a face da terra: vem agora,
amaldiçoa-m’o; porventura poderei pelejar contra elle, e o lançarei fóra.

12 Então disse Deus a Balaão: Não irás com elles, nem amaldiçoarás a este
povo, porquanto [10] bemdito _é_.

13 Então Balaão levantou-se pela manhã, e disse aos principes de Balac:
Ide á vossa terra, porque o Senhor recusa deixar-me ir comvosco.

14 E levantaram-se os principes dos moabitas, e vieram a Balac, e
disseram: Balaão recusou vir comnosco.

15 Porém Balac proseguiu ainda em enviar mais principes, e mais honrados
do que aquelles,

16 Os quaes vieram a Balaão, e lhe disseram: Assim diz Balac, filho de
Zippor: Rogo-te que não te demores em vir a mim,

17 Porque grandemente te honrarei, e farei tudo o que me disseres: vem
pois, rogo-te, [11] amaldiçoa-me este povo.

18 Então Balaão [12] respondeu, e disse aos servos de Balac: Ainda que
Balac me désse a sua casa cheia de prata e de oiro, [13] eu não poderia
traspassar [GY] o mandado do Senhor meu Deus, para fazer coisa pequena ou
grande;

19 Agora, pois, rogo-vos que tambem aqui [14] fiqueis esta noite, para
que eu saiba o que o Senhor me fallar mais.

20 Veiu pois o Senhor a Balaão, de noite, e disse-lhe: [15] Se aquelles
homens te vieram chamar, levanta-te, vae com elles; todavia, farás o que
eu te disser.

21 Então Balaão levantou-se pela manhã, e albardou a sua jumenta, e
foi-se com os principes de Moab.

22 E a ira de [16] Deus accendeu-se, porque elle se ia: e o anjo do
Senhor poz-se-lhe no caminho por adversario: e elle ia caminhando,
montado na sua jumenta, e dois de seus moços com elle.

23 Viu pois a [17] jumenta o anjo do Senhor, que estava no caminho,
com a sua espada desembainhada na mão; pelo que desviou-se a jumenta
do caminho, e foi-se pelo campo: então Balaão espancou a jumenta para
fazel-a tornar ao caminho.

24 Mas o anjo do Senhor poz-se n’uma vereda de vinhas, _havendo_ uma
parede d’esta banda e uma parede da outra.

25 Vendo pois a jumenta o anjo do Senhor, apertou-se contra a parede, e
apertou contra a parede o pé de Balaão; pelo que tornou a espancal-a.

26 Então o anjo do Senhor passou mais adiante, e poz-se n’um logar
estreito, onde não _havia_ caminho para se desviar nem para a direita nem
para a esquerda.

27 E, vendo a jumenta o anjo do Senhor, deitou-se debaixo de Balaão: e a
ira de Balaão accendeu-se, e espancou a jumenta com o bordão.

28 Então o Senhor abriu [18] a bocca da jumenta, a qual disse a Balaão:
Que te fiz eu, que me espancaste estas tres vezes?

29 E Balaão disse á jumenta: Porque zombaste de mim: [19] oxalá tivesse
eu uma espada na mão, porque agora te matara.

30 E a jumenta disse a Balaão: _Porventura_ não sou a tua jumenta, em que
cavalgaste desde o tempo que eu _fui_ tua até hoje? costumei eu alguma
vez de fazer assim comtigo? E _elle_ respondeu: Não.

31 Então o Senhor abriu os [20] olhos a Balaão, e elle viu o anjo do
Senhor, que estava no caminho, e a sua espada desembainhada [21] na mão:
pelo que inclinou a cabeça, e prostrou-se sobre a sua face.

32 Então o anjo do Senhor lhe disse: Porque já tres vezes espancaste a
tua jumenta? Eis que eu sahi para ser _teu_ adversario, porquanto [22] o
_teu_ caminho é perverso diante de mim:

33 Porém a jumenta me viu, e já tres vezes se desviou de diante de mim:
se ella se não desviara de diante de mim, na verdade que _eu_ agora te
tivera matado, e a ella deixara com vida.

34 Então Balaão disse ao anjo do Senhor: [23] Pequei, que não soube que
estava n’este caminho para me oppôr: e agora, se _parece_ mal aos teus
olhos, tornar-me-hei.

35 E disse o anjo do Senhor a Balaão: Vae-te com estes [24] homens; mas
sómente a palavra que eu fallar a ti esta fallarás. Assim Balaão foi-se
com os principes de Balac.

36 Ouvindo pois Balac que Balaão vinha, saiu-lhe ao encontro até á cidade
de Moab, [25] que _está_ no termo de Arnon, na extremidade do termo
_d’elle_.

37 E Balac disse a Balaão: _Porventura_ não enviei diligentemente
a chamar-te? [26] porque não vieste a mim? não posso eu na verdade
honrar-te?

38 Então Balaão disse a Balac: Eis que eu tenho vindo a ti: porventura
poderei eu agora de alguma fórma fallar alguma coisa? [27] a palavra que
Deus pozer na minha bocca esta fallarei.

39 E Balaão foi com Balac, e vieram a Quiriath-huzoth.

40 Então Balac matou bois e ovelhas; e _d’elles_ enviou a Balaão e aos
principes que _estavam_ com elle.

41 E succedeu que, pela manhã, Balac tomou a Balaão, e o fez subir [28]
aos altos de Baal, e viu elle d’ali a ultima _parte_ do povo.

[1] cap. 33.48.

[2] Jui. 11.25.

[3] Exo. 15.15.

[4] cap. 31.8. Jos. 13.21.

[5] Deu. 23.4. Jos. 13.22 e 24.9. Neh. 13.1. Miq. 6.5. II Ped. 2.15.
Jud. 11. Apo. 2.14.

[6] cap. 23.7. Deu. 23.4.

[7] I Sam. 9.7, 8.

[8] ver. 13.

[9] ver. 20. Gen. 20.3.

[10] cap. 23.20. Rom. 11.29.

[11] ver. 6.

[12] cap. 24.3.

[13] I Reis 22.14. II Chr. 18.13.

[14] ver. 8.

[15] ver. 35. cap. 23.12, 26 e 24.13.

[16] Exo. 4.24.

[17] II Reis 6.17. Dan. 10.7. Act. 22.9. Jud. 11.

[18] II Ped. 2.16.

[19] Pro. 12.10.

[20] Gen. 21.19. II Reis 6.17. Luc. 24.16, 31.

[21] Exo. 34.8.

[22] II Ped. 2.14, 15.

[23] I Sam. 15.24, 30 e 26.21. II Sam. 12.13. Job 34.31.

[24] ver. 20.

[25] Gen. 14.17. cap. 21.13.

[26] ver. 17. cap. 24.11.

[27] cap. 23.26 e 24.13. I Reis 22.14. II Chr. 18.13.

[28] Deu. 12.2.



_Balac edifica sete altares._

23 Então Balaão disse a Balac: [1] Edifica-me aqui sete altares, e
prepara-me aqui sete bezerros e sete carneiros.

2 Fez pois Balac como Balaão dissera: [2] e Balac e Balaão offereceram um
bezerro e um carneiro sobre _cada_ altar.

3 Então Balaão disse a Balac: [3] Fica-te ao pé do teu holocausto, e eu
irei; porventura o Senhor me sairá [4] ao encontro, e o que me mostrar te
notificarei. Então foi a um alto.

4 E, encontrando-se Deus [5] com Balaão, lhe disse _este_: Preparei sete
altares, e offereci um bezerro e um carneiro sobre _cada_ altar.

5 Então o Senhor poz a palavra [6] na bocca de Balaão, e disse: Torna-te
para Balac, e falla assim.

6 E, tornando para elle, eis que estava ao pé do seu holocausto, elle e
todos os principes dos moabitas.

7 Então alçou a [7] sua parabola, e disse: Da Syria me mandou trazer
Balac, rei dos moabitas, das montanhas do oriente, [8] _dizendo_: Vem,
amaldiçoa-me a Jacob; e vem, detesta a Israel.

8 Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa? e como detestarei, _quando_
o Senhor não detesta?

9 Porque do cume das penhas o vejo, e dos outeiros o contemplo: [9] eis
que este povo habitará só, e entre as gentes não será contado.

10 Quem contará [10] o pó de Jacob e o numero da quarta _parte_ de
Israel? a minha alma morra da morte dos justos, e seja o meu fim como o
seu.

11 Então disse Balac a Balaão: Que me fizeste? [11] chamei-te para
amaldiçoar os meus inimigos, mas eis que inteiramente _os_ abençoaste.

12 E elle respondeu, [12] e disse: _Porventura_ não terei cuidado de
fallar o que o Senhor poz na minha bocca?

13 Então Balac lhe disse: Rogo-te que venhas comigo a outro logar, d’onde
o verás; verás sómente a ultima _parte_ d’elle, mas a todo elle não
verás: e amaldiçoa-m’o d’ali.

14 Assim o tomou comsigo ao campo de Zophim, ao cume de Pisga: e edificou
sete [13] altares, e offereceu um bezerro e um carneiro sobre _cada_
altar.

15 Então disse a Balac: Fica aqui ao pé do teu holocausto, e eu irei ali
ao _seu_ encontro.

16 E, encontrando-se o Senhor com Balaão, poz [14] uma palavra na sua
bocca, e disse: Torna para Balac, e falla assim.

17 E, vindo a elle, eis-que estava ao pé do holocausto, e os principes
dos moabitas com elle: disse-lhe pois Balac: Que coisa fallou o Senhor?


_As prophecias de Balaão._

18 Então alçou a sua parabola, e disse: [15] Levanta-te, Balac, e ouve:
inclina os teus ouvidos a mim, filho de Zippor.

19 Deus não _é_ homem, para que minta; nem filho do homem, para que se
arrependa: _porventura_ diria _elle_, e não _o_ faria? ou fallaria, e não
o confirmaria?

20 Eis que recebi _mandado_ de abençoar: [16] pois elle tem abençoado, e
eu não o posso revogar.

21 Não viu iniquidade [17] em Israel, nem contemplou maldade em Jacob: o
Senhor seu Deus [18] _é_ com elle, e n’elle, e entre elles _se ouve_ o
alarido d’um rei.

22 Deus [19] os tirou do Egypto; as suas forças _são_ como as do
unicornio.

23 Pois contra Jacob não vale encantamento, nem adivinhação contra
Israel: n’este tempo se dirá de Jacob e d’Israel: [20] Que coisas Deus
tem obrado!

24 Eis que o povo se levantará como leoa, [21] e se exalçará como leão:
não se deitará até que coma _a_ presa, e beba o sangue de mortos.

25 Então Balac disse a Balaão: Nem totalmente o amaldiçoarás, nem
totalmente o abençoarás.

26 Porém Balaão respondeu, e disse a Balac: Não te fallei eu, dizendo:
Tudo o que [22] o Senhor fallar aquillo farei?

27 Disse mais Balac a [23] Balaão: Ora vem, e te levarei a outro logar:
porventura bem parecerá aos olhos de Deus que d’ali m’o amaldiçoes.

28 Então Balac levou Balaão comsigo ao cume de Peor, [24] que olha para a
banda do deserto.

29 Balaão disse a Balac: [25] Edifica-me aqui sete altares, e prepara-me
aqui sete bezerros e sete carneiros.

30 Balac pois fez como dissera Balaão; e offereceu um bezerro e um
carneiro sobre _cada_ altar.

[1] ver. 29.

[2] ver. 14, 30.

[3] ver. 15.

[4] cap. 24.1.

[5] ver. 16.

[6] cap. 22.35. Deu. 18.18. Jer. 1.9.

[7] ver. 18. cap. 24.3, 15, 23. Job 27.1 e 29.1. Psa. 78.2. Eze. 17.2.
Miq. 2.4. Hab. 2.6.

[8] cap. 22.6, 11, 17. I Sam. 17. Isa. 47.12.

[9] Deu. 33.28. Exo. 33.16. Esd. 9.2. Eph. 2.14.

[10] Gen. 13.16 e 22.17. Psa. 116.15.

[11] cap. 22.11, 17 e 24.10.

[12] cap. 22.38.

[13] ver. 1, 2.

[14] ver. 5. cap. 22.35.

[15] Jui. 2.20. I Sam. 15.29. Mal. 3.6. Rom. 11.29. Tito 1.2. Thi. 1.17.

[16] Gen. 12.2 e 22.17. cap. 22.12.

[17] Rom. 4.7.

[18] Exo. 13.21 e 29.45, 46 e 33.14. Psa. 89.16.

[19] cap. 24.8. Deu. 33.17. Job 39.10.

[20] Psa. 31.20 e 44.2.

[21] Gen. 49.9, 27.

[22] ver. 12. cap. 22.38. I Reis 22.14.

[23] ver. 13.

[24] cap. 21.20.

[25] ver. 1.



24 Vendo Balaão que bem parecia aos olhos do Senhor que abençoasse
a Israel, não se foi esta vez [1] como d’antes ao encontro dos
encantamentos: mas poz o seu rosto para o deserto.

2 E, levantando Balaão os seus olhos, e vendo a Israel, [2] que habitava
segundo as suas tribus, veiu sobre elle o Espirito de Deus.

3 E alçou [3] a sua parabola, e disse: Falla, Balaão, filho de Beor, e
falla o homem d’olhos abertos;

4 Falla aquelle que ouviu os ditos de Deus, o que vê a visão do
Todo-poderoso [4] caido _em extasis_ e d’olhos abertos:

5 Que boas são as tuas tendas, ó Jacob! as tuas moradas ó Israel.

6 Como ribeiros se estendam, como jardins ao pé dos rios: [5] como
arvores de sandalo o Senhor os plantou, como cedros junto ás aguas,

7 De seus baldes manarão aguas, e a sua semente _estará_ [6] em muitas
aguas: e o seu rei se exalçará mais do que Agag, e [7] o seu reino será
levantado.

8 Deus o tirou do Egypto; as suas forças _são_ como as do unicornio:
consumirá [8] as gentes, seus inimigos, e quebrará seus ossos, e com as
suas settas os atravessará.

9 Encurvou-se, [9] deitou-se como leão, e como leoa: quem o despertará?
bemditos os que te abençoarem, [10] e malditos os que te amaldiçoarem.

10 Então a ira de Balac se accendeu contra Balaão, e bateu elle as
suas palmas: [11] e Balac disse a Balaão: [12] Para amaldiçoar os meus
inimigos te tenho chamado; porém agora já tres vezes _os_ abençoaste
inteiramente.

11 Agora pois foge para o ten logar: eu tinha dito _que_ te honraria [13]
grandemente; mas eis que o Senhor te privou d’esta honra.

12 Então Balaão disse a Balac: Não fallei _eu_ tambem aos teus
mensageiros, que me enviaste, dizendo:

13 Ainda que [14] Balac me désse a sua casa cheia de prata e oiro, não
posso traspassar o mandado do Senhor, fazendo bem ou mal de meu _proprio_
coração: o que o Senhor fallar, isso fallarei eu.

14 Agora pois eis que me vou ao meu povo: vem, [15] avisar-te-hei do que
este povo fará ao teu povo nos ultimos dias.

15 Então alçou [16] a sua parabola, e disse: Falla Balaão, filho de Beor,
e falla o homem d’olhos abertos;

16 Falla aquelle que ouviu os ditos de Deus, e o que sabe a sciencia do
Altissimo: o que viu a visão do Todo Poderoso, caido _em extasis_, e
d’olhos abertos:

17 Vel-o-hei, [17] mas não agora contemplal-o-hei mas não de perto: [18]
uma estrella procederá de Jacob, e um sceptro subirá de Israel, que
ferirá os termos dos moabitas, e destruirá todos os filhos de [GZ] Seth.

18 E Edom [19] será uma possessão, e Seir tambem será uma possessão
hereditaria para os seus inimigos: pois Israel fará proezas.

19 E dominará _um_ de Jacob, [20] e matará os que restam das cidades.

20 E vendo os amalequitas, alçou a sua parabola, e disse: Amalek _é_ o
primeiro das gentes; porém o seu fim _será_ para perdição.

21 E vendo os quenitas, alçou a sua parabola, e disse: Firme _está_ a tua
habitação, e pozeste o teu ninho na penha.

22 Todavia o quenita será consumido, até que Assur te leve por
prisioneiro.

23 E, alçando ainda a sua parabola, disse: Ai, quem viverá, quando Deus
fizer isto?

24 E as naus [21] das costas de Chittim affligirão a Assur; tambem
affligirão a Heber; e tambem elle _será_ para perdição.

25 Então Balaão levantou-se, e foi-se, e voltou ao seu logar [22], e
tambem Balac foi-se pelo seu caminho.

[1] cap. 23.3, 15.

[2] cap. 2.2, etc. e 11.25. I Sam. 10.10 e 19.20, 23. II Chr. 15.1.

[3] cap. 23.7, 18.

[4] I Sam. 19.24. Eze. 1.28. Dan. 8.18 e 10.15, 16. II Cor. 12.2, 3, 4.
Apo. 1.10, 17.

[5] Psa. 1.3. Jer. 17.8. Psa. 104.16.

[6] Jer. 51.13. Apo. 17.1, 15.

[7] I Sam. 15.9. II Sam. 5.12. I Chr. 14.2. cap. 23.22.

[8] cap. 14.9. Psa. 2.9. Isa. 38.13. Jer. 50.9.

[9] Gen. 49.9.

[10] Gen. 12.3 e 27.29.

[11] Eze. 21.14, 17 e 22.13.

[12] cap. 23.11. Deu. 23.4, 5. Jos. 24.9. Neh. 13.2.

[13] cap. 22.17, 37.

[14] cap. 22.18.

[15] Miq. 6.5. Apo. 2.14. Gen. 49.1. Dan. 2.28 e 10.14.

[16] ver. 3, 4.

[17] Apo. 1.7.

[18] Mat. 2.2. Apo. 22.16. Gen. 49.10. Psa. 110.2.

[19] II Sam. 8.14. Psa. 60.10, 11, 13.

[20] Gen. 49.10.

[21] Dan. 11.30. Gen. 10.21, 26.

[22] cap. 31.8.



_Os israelitas peccam com as filhas dos moabitas._

25 E Israel deteve-se em [1] Sittim, e o povo começou a fornicar com as
filhas dos moabitas.

2 E convidaram o povo aos [2] sacrificios dos seus deuses; e o povo
comeu, e inclinou-se aos seus deuses.

3 Juntando-se pois Israel a Baalpeor, a ira [3] do Senhor se accendeu
contra Israel.

4 Disse o Senhor a Moysés: [4] Toma todos os Cabeças do povo, e
enforca-os ao Senhor diante do sol, e o ardor da ira [5] do Senhor se
retirará d’Israel.

5 Então Moysés disse aos [6] juizes d’Israel: Cada [7] um mate os seus
homens que se conjuntaram a Baalpeor.

6 E eis que veiu um homem dos filhos de Israel, e trouxe a seus irmãos
uma midianita aos olhos de Moysés, e aos olhos de toda a congregação dos
filhos de Israel, chorando elles [8] _diante_ da tenda da congregação.

7 Vendo _isso_ Phineas, [9] filho de Eleazar, o filho d’Aarão, sacerdote,
se levantou do meio da congregação, e tomou uma lança na sua mão;

8 E foi após do varão israelita até á tenda, e os atravessou a ambos, ao
varão israelita e á mulher, pela sua barriga: então a praga cessou de
sobre os filhos de Israel.

9 E os que morreram d’aquella praga foram [10] vinte e quatro mil.

10 Então o Senhor fallou a Moysés, dizendo:

11 Phineas, [11] filho d’Eleazar, o filho d’Aarão sacerdote, desviou a
minha ira de sobre os filhos de Israel, pois zelou o meu zelo no meio
d’elles; que no meu [12] zelo não consumi os filhos d’Israel.

12 Portanto dize: [13] Eis que lhe dou o meu concerto de paz,

13 E elle, e a sua [14] semente depois d’elle, terá o concerto do
sacerdocio perpetuo; porquanto teve zelo pelo seu Deus, e fez propiciação
pelos filhos d’Israel.

14 E o nome do israelita morto, que foi morto com a midianita, _era_
Zimri, filho de Salu, maioral da casa paterna dos simeonitas.

15 E o nome da mulher midianita, morta, _era_ Cosbi, filha [15] de Zur,
cabeça do povo da casa paterna entre os midianitas.

16 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

17 Affligireis os midianitas e os ferireis,

18 Porque elles vos affligiram a vós outros com os seus enganos [16] com
que vos enganaram no negocio de Peor, e no negocio de Cosbi, filha do
maioral dos midianitas, a irmã d’elles, que foi morta no dia da praga no
negocio de Peor.

[1] cap. 33.49. Jos. 2.1. Miq. 6.5. cap. 31.16. I Cor. 10.8.

[2] Jos. 2.1. Ose. 9.10. I Cor. 10.20.

[3] Psa. 106.29.

[4] Deu. 4.3. Jos. 22.17.

[5] ver. 11. Deu. 13.17.

[6] Exo. 18.21, 25.

[7] Exo. 32.27. Deu. 13.6, 9, 13, 15.

[8] Joel 2.17.

[9] Psa. 106.30. Exo. 6.25.

[10] Deu. 4.3. I Cor. 10.8.

[11] Psa. 106.30.

[12] Exo. 20.5. Deu. 32.16, 21. I Reis 14.22. Eze. 16.38. Sof. 1.18.

[13] Mal. 2.4, 5 e 3.1.

[14] I Chr. 6.4, etc. Exo. 40.15. Act. 22.3. Rom. 10.2. Heb. 2.17.

[15] cap. 31.8. Jos. 13.21.

[16] cap. 31.16. Apo. 2.14.



_Deus manda tomar a somma de todos os israelitas._

26 Aconteceu pois que, depois d’aquella praga, fallou o Senhor a Moysés,
e a Eleazar, filho d’Aarão o sacerdote, dizendo:

2 Tomae [1] a somma de toda a congregação dos filhos de Israel, da edade
de vinte annos e para cima, segundo as casas de seus paes: todo o que em
Israel sae ao exercito.

3 Fallou-lhes pois Moysés e Eleazar o sacerdote, nas campinas [2] de
Moab, ao pé do Jordão _de_ Jericó, dizendo:

4 _Conta_ o povo da edade de vinte annos e para cima, como o [3] Senhor
ordenara a Moysés e aos filhos d’Israel, que sairam do Egypto.

5 Ruben, [4] o primogenito de Israel: os filhos de Ruben _foram_ Hanoch,
_do qual_ era a familia dos hanochitas: de Pallu a familia dos palluitas;

6 De Hezrona, familia dos hezronitas: de Carmi, a familia dos carmitas:

7 Estas _são_ as familias dos rubenitas: e os _que foram_ d’elles
contados, foram quarenta e tres mil e setecentos e trinta.

8 E os filhos de Pallu, Eliab:

9 E os filhos d’Eliab, Nemuel, e Dathan, e Abiram: estes, Dathan e
Abiram, _foram_ os afamados da congregação, [5] que moveram a contenda
contra Moysés e contra Aarão na congregação de Coré, quando moveram a
contenda contra o Senhor;

10 E a terra abriu [6] a sua bocca, e os tragou com Coré, quando morreu
a congregação: quando o fogo consumiu duzentos e cincoenta homens, [7] e
foram por signal.

11 Mas [8] os filhos de Coré não morreram.

12 Os filhos de Simeão, segundo as suas familias: de Nemuel, [9] a
familia dos nemuelitas: de Jamin, a familia dos jaminitas: de Jachin, a
familia dos jachinitas:

13 De Zerah, [10] a familia dos zerahitas: de Saul, a familia dos
saulitas.

14 Estas _são_ as familias dos simeonitas vinte e dois mil e duzentos.

15 Os filhos de Gad, segundo as suas gerações: de Zephon, [11] a familia
dos zephonitas: de Haggi, a familia dos haggitas: de Suni, a familia dos
sunitas:

16 De Ozni, a familia dos oznitas: de Heri, a familia dos heritas:

17 De Arod [12], a familia dos aroditas: de Areli, a familia dos arelitas.

18 Estas _são_ as familias dos filhos de Gad, segundo os _que foram_
d’elles contados, quarenta mil e quinhentos.

19 Os filhos [13] de Judah, Er e Onan: mas Er e Onan morreram na terra de
Canaan.

20 Assim os filhos [14] de Judah foram segundo as suas familias; de Selah
a familia dos selanitas: de Pharez, a familia dos pharezitas; de Zerah, a
familia dos zerahitas.

21 E os filhos de Pharez foram; de Hezron, a familia dos hezronitas: de
Hamul, a familia doa hamulitas.

22 Estas _são_ as familias de Judah, segundo os _que foram_ d’elles
contados, setenta e seis mil e quinhentos.

23 Os filhos d’Issacar, segundo as suas familias, _foram_; de Tola, a
familia dos tolaitas: de Puva a familia dos puvitas,

24 De Jasub a familia dos jasubitas: de Simron, a familia dos simronitas.

25 Estas _são_ as familias d’Issacar, segundo os _que foram_ d’elles
contados, sessenta e quatro mil e trezentos.

26 Os filhos [15] de Zebulon, segundo as suas familias, _foram_; de
Sered, a familia dos sereditas: d’Elon, a familia dos elonitas: de
Jahleel, a familia dos jahleelitas.

27 Estas _são_ as familias dos zebulonitas, segundo os _que foram_
d’elles contados, sessenta mil e quinhentos.

28 Os filhos de José [16] segundo as suas familias, _foram_ Manasseh e
Ephraim.

29 Os filhos de Manasseh _foram_; de Machir, [17] a familia dos
machiritas; e Machir gerou a Gilead: de Gilead, a familia dos gileaditas.

30 Estes _são_ os filhos de Gilead: [18] _de_ Jezer, a familia dos
jezeritas: de Helek, a familia das helekitas:

31 E d’Asriel, a familia dos asrielitas: e de Sechen, a familia dos
sechenitas:

32 E _de_ Semida, a familia dos semidaitas: e de Hepher, a familia dos
hepheritas.

33 Porém Selofad, [19] filho de Hepher, não tinha filhos, senão filhas: e
os nomes das filhas de Selofad _foram_ Machla, Noa, Hogla, Milca e Tirza.

34 Estas _são_ as familias de Manasseh: e os que _foram_ d’elles
contados, _foram_ cincoenta e dois mil e setecentos.

35 Estes _são_ os filhos d’Ephraim, segundo as suas familias: de Sutelah,
a familia dos sutelahitas: [20] de Becher, a familia dos becheritas: de
Tahan, a familia dos tahanitas.

36 E estes _são_ os filhos de Sutelah: d’Eran, a familia dos eranitas.

37 Estas _são_ as familias dos filhos d’Ephraim, segundo os _que foram_
d’elles contados, trinta e dois mil e quinhentos: estes _são_ os filhos
de José, segundo as suas familias.

38 Os filhos [21] de Benjamin, segundo as suas familias; de Bela, a
familia dos belaitas: d’Asbel, a familia dos asbelitas: de [22] Ahiram, a
familia dos ahiramitas;

39 De Supham, [23] a familia dos suphamitas: de Hupham, a familia dos
huphamitas.

40 E os filhos de Bela foram [24] Ard e Naaman: _d’Ard_ a familia dos
arditas: de Naaman a familia dos naamanitas.

41 Estes _são_ os filhos de Benjamin, segundo as suas familias: e os _que
foram_ d’elles contados, _foram_ quarenta e cinco mil e seiscentos.

42 Estes _são_ os filhos [25] de Dan, segundo as suas familias; de Suham
a familia dos suhamitas: estas _são_ as familias de Dan, segundo as suas
familias.

43 Todas as familias dos suhamitas, secundo os _que foram_ d’elles
contados, _foram_ sessenta e quatro mil e quatrocentos.

44 Os filhos d’Aser, [26] segundo as suas familias, _foram_: d’Imna, a
familia dos imnaitas: d’Isvi, a familia dos isvitas, de Berish, a familia
dos beriitas.

45 Dos filhos de Beriah, _foram_; de Heber, a familia dos heberitas; de
Malchiel, a familia dos malchielitas.

46 E o nome da filha d’Aser _foi_ Serah.

47 Estas _são_ as familias dos filhos d’Aser, segundo os _que foram_
d’elles contados, cincoenta e tres mil e quatrocentos.

48 Os filhos de [27] Naphtali, segundo as suas familias: de Jahzeel, a
familia dos jahzeelitas: de Guni, a familia dos gunitas:

49 De Jezer, a familia dos jezeritas: de Sillem, [28] a familia dos
sillemitas.

50 Estas _são_ as familias de Naphtali, segundo as suas familias: e os
_que foram_ d’elles contados, _foram_ quarenta e cinco mil e quatrocentos.

51 Estes [29] _são_ os contados dos filhos d’Israel, seiscentos e um mil
e setecentos e trinta.


_A lei ácerca da divisão da terra._

52 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

53 A [30] estes se repartirá a terra em herança, segundo o numero dos
nomes.

54 Aos muitos multiplicarás [31] a sua herança, e aos poucos diminuirás
a sua herança: a cada qual se dará a sua herança, segundo os _que foram_
d’elles contados.

55 Todavia a terra se repartirá [32] por sortes: segundo os nomes das
tribus de seus paes a herdarão.

56 Segundo _sair_ a sorte, se repartirá a herança d’elles entre os muitos
e poucos.

57 E estes [33] _são_ os _que foram_ contados de Levi, segundo as suas
familias: de Gerson, a familia dos gersonitas; de Kohath, a familia dos
kohathitas; de Merari, a familia dos meraritas.

58 Estas _são_ as familias de Levi: a familia dos libnitas, a familia dos
hebronitas, a familia dos mahlitas, a familia dos musitas, a familia dos
corhitas: e Kohath gerou a Amram.

59 E o nome da mulher de Amram _foi_ Jochebed, [34] filha de Levi, a qual
a Levi nasceu no Egypto: e esta a Amram pariu Aarão, e Moysés, e Miriam,
sua irmã.

60 E a Aarão [35] nasceram Nadab, Abihu, Eleazar, e Ithamar.

61 Porém [36] Nadab e Abihu morreram quando trouxeram fogo estranho
perante o Senhor.

62 E foram [37] os _que foram_ d’elles contados vinte e tres mil, todo
o macho da edade de um mez e para cima: porque estes não foram contados
entre os filhos de Israel, porquanto lhes não foi dada herança entre os
filhos de Israel.

63 Estes _são_ os _que foram_ contados por Moysés e Eleazar, o sacerdote,
que contaram os filhos de Israel nas [38] campinas de Moab, ao pé do
Jordão _de_ Jericó.

64 E entre [39] estes nenhum houve dos _que foram_ contados por Moysés e
Aarão, o sacerdote; quando contaram aos filhos de Israel no deserto de
Sinai.

65 Porque o Senhor dissera d’elles que certamente morreriam no deserto: e
nenhum d’elles ficou, senão Caleb, filho de Jefoné, e Josué, filho de Nun.

[1] Exo. 30.12 e 38.25, 26. cap. 1.2, 3.

[2] ver. 63. cap. 22.1 e 31.12 e 33.48 e 35.1.

[3] cap. 1.1.

[4] Gen. 46.8. Exo. 6.14. I Chr. 5.1.

[5] cap. 16.1, 2.

[6] cap. 16.32, 35.

[7] cap. 16.33. I Cor. 10.6. II Ped. 2.6.

[8] Exo. 6.24. I Chr. 6.22.

[9] Gen. 46.10. Exo. 6.15. I Chr. 4.24.

[10] Gen. 46.10.

[11] Gen. 46.16.

[12] Gen. 46.16.

[13] Gen. 38.2, etc. e 46.12.

[14] I Chr. 2.3.

[15] Gen. 46.14.

[16] Gen. 46.20.

[17] Jos. 17.1. I Chr. 7.14, 15.

[18] Jos. 17.2. Jui. 6.11, 24, 34.

[19] cap. 27.1 e 36.1.

[20] I Chr. 7.20.

[21] Gen. 46.21. I Chr. 7.6.

[22] Gen. 45.21. I Chr. 8.1.

[23] Gen. 46.21.

[24] I Chr. 8.3.

[25] Gen. 46.17. I Chr. 7.30.

[26] Gen. 46.24. I Chr. 7.13.

[27] I Chr. 7.13.

[28] cap. 1.46.

[29] Jos. 11.23 e 14.1.

[30] cap. 33.54.

[31] cap. 33.54 e 34.13. Jos. 11.23 e 14.2.

[32] Gen. 46.11. Exo. 6.16, 17, 18, 19. I Chr. 6.1, 16.

[33] Exo. 2.1, 2 e 6.20.

[34] cap. 3.2.

[35] Lev. 10.1. cap. 3.4. I Chr. 24.2.

[36] cap. 3.39 e 1.49 e 18.20, 23, 24. Deu. 10.9. Jos. 13.14, 33 e 14.3.

[37] ver. 3.

[38] cap. 1. Deu. 2.14.

[39] cap. 14.28. I Cor. 10.5. cap. 14.30.



_A lei ácerca das heranças._

27 E chegaram as filhas [1] de Selofad, filho de Hepher, filho de Gilead,
filho de Machir, filho de Manasseh, entre as familias de Manasseh, filho
de José: (e estes _são_ os nomes de suas filhas: Machla, Noa, Hogla,
Milca, e Tirza);

2 E pozeram-se diante de Moysés, e diante de Eleazar, o sacerdote,
e diante dos principes e de toda a congregação, á porta da tenda da
congregação, dizendo:

3 Nosso pae morreu [2] no deserto, e não estava entre a congregação dos
que se congregaram contra o Senhor na congregação de Coré: mas morreu no
seu proprio peccado, e não teve filhos.

4 Porque se tiraria o nome de nosso pae do meio da sua familia, porquanto
não teve filhos? [3] Dá-nos possessão entre os irmãos de nosso pae.

5 E Moysés levou [4] a sua causa perante o Senhor.

6 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

7 As filhas de Selofad fallam rectamente: [5] certamente lhes darás
possessão de herança entre os irmãos de seu pae; e a herança de seu pae
farás passar a ellas.

8 E fallarás aos filhos de Israel, dizendo: Quando alguem morrer, e não
tiver filho, então fareis passar a sua herança a sua filha.

9 E, se não tiver filha, então a sua herança dareis a seus irmãos.

10 Porém, se não tiver irmãos, então dareis a sua herança aos irmãos de
seu pae.

11 Se tambem seu pae não tiver irmãos, então a sua herança dareis a seu
parente, _áquelle que_ lhe _fôr_ o mais chegado da sua familia, para
que a possua: isto aos filhos de Israel será por [6] estatuto de [HA]
direito, como o Senhor ordenou a Moysés.


_Deus annuncia a morte de Moysés._

12 Depois disse o Senhor a Moysés: Sobe [7] a este monte de Abarim, e vê
a terra que tenho dado aos filhos de Israel.

13 E, havendo-a visto, [8] então serás recolhido aos teus povos, assim tu
como foi recolhido teu irmão Aarão:

14 Porquanto rebeldes [9] fostes no deserto de Zin, na contenda da
congregação, ao meu mandado de me sanctificar nas aguas diante dos seus
olhos: (estas _são_ as aguas [10] de Meribah de Cades, no deserto de Zin.)

15 Então fallou Moysés ao Senhor, dizendo:

16 O Senhor, [11] Deus dos espiritos de toda a carne, ponha um homem
sobre esta congregação,

17 Que saia [12] diante d’elles, e que entre diante d’elles, e que os
faça sair, e que os faça entrar: para que a congregação do Senhor não
seja como ovelhas que não teem pastor.


_Josué é designado para successor de Moysés._

18 Então disse o Senhor a Moysés: Toma para ti a Josué, filho de Nun,
[13] homem em quem _ha_ o espirito, e põe a tua mão sobre elle.

19 E apresenta-o perante Eleazar, o sacerdote, e perante toda a
congregação, e dá-lhe mandamentos aos olhos d’elles.

20 E põe sobre elle da tua gloria, para que [14] obedeça toda a
congregação dos filhos de Israel.

21 E se porá perante Eleazar, [15] o sacerdote, o qual por elle
consultará, segundo o juizo de Urim, perante o Senhor: conforme ao seu
dito sairão, e conforme ao seu dito entrarão, elle e todos os filhos de
Israel com elle, e toda a congregação.

22 E fez Moysés como o Senhor lhe ordenara: porque tomou a Josué, e
apresentou-o perante Eleazar, o sacerdote, e perante toda a congregação:

23 E sobre elle poz as suas mãos, e lhe deu mandamentos, [16] como o
Senhor ordenara pela mão de Moysés.

[1] cap. 26.33 e 36.1, 11. Jos. 17.3.

[2] cap. 14.35 e 26.64, 65 e 16.1, 2.

[3] Jos. 17.4.

[4] Exo. 18.15, 19.

[5] cap. 36.2.

[6] cap. 35.29.

[7] cap. 33.47. Deu. 3.27 e 32.49 e 34.1.

[8] cap. 20.24, 28 e 31.2. Deu. 10.6.

[9] cap. 20.12, 24. Deu. 1.37 e 32.51. Psa. 106.32.

[10] Exo. 17.7.

[11] cap. 16.22. Heb. 12.9.

[12] Deu. 31.2. I Sam. 8.20 e 18.13. II Chr. 1.10. I Reis 22.17. Zac.
10.2. Mat. 9.36. Mar. 6.34.

[13] Gen. 41.38. Jui. 3.10 e 11.29. I Sam. 16.13, 18. Deu. 34.9.

[14] Deu. 31.7. cap. 11.17. I Sam. 10.6, 9. II Reis 2.15. Jos. 1.16.

[15] Jos. 9.14. Jui. 1.1 e 20.18, 23, 26. I Sam. 23.9 e 30.7. Exo. 28.30.
Jos. 9.14. I Sam. 22.10, 13, 15.

[16] Deu. 3.28, 31.7.



_O holocausto perpetuo._

28 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Dá ordem aos filhos de Israel, e dize-lhes: Da minha offerta, [1] do
meu manjar para as minhas offertas queimadas, do meu cheiro suave, tereis
cuidado, para m’as offerecer ao seu tempo determinado.

3 E dir-lhes-has: Esta _é_ a offerta queimada que [2] offerecereis ao
Senhor: dois cordeiros d’um anno, sem mancha, cada dia, _em_ continuo
holocausto:

4 Um cordeiro sacrificarás pela manhã, e o outro cordeiro sacrificarás de
tarde:

5 E a decima _parte_ d’um [3] epha _de_ flor de farinha em offerta de
manjares, misturada com a quarta _parte_ d’um hin de azeite moido.

6 Este _é_ o holocausto [4] continuo, instituido no monte Sinai, em
cheiro suave, offerta queimada ao Senhor.

7 E a sua libação _será_ a quarta _parte_ d’um hin para um cordeiro: no
sanctuario [5] offerecerás a libação de bebida forte ao Senhor.

8 E o outro cordeiro sacrificarás de tarde, como a offerta de manjares
da manhã, e como a sua libação _o_ apparelharás em offerta queimada de
cheiro suave ao Senhor.


_As offertas nos sabbados, nas luas novas, na paschoa e no dia das
primicias._

9 Porém no dia de sabbado dois cordeiros d’um anno, sem mancha, e duas
decimas _de_ flor de farinha, misturada com azeite, _em_ offerta de
manjares, com a sua libação.

10 Holocausto _é_ do sabbado em cada sabbado, [6] além do holocausto
continuo, e a sua libação.

11 E nos principios [7] dos vossos mezes offerecereis, em holocausto ao
Senhor, dois bezerros e um carneiro, sete cordeiros d’um anno, sem mancha;

12 E tres decimas _de_ flor de farinha misturada com azeite, _em_ offerta
de manjares, para um bezerro; e duas decimas _de_ flor de farinha
misturada com azeite, _em_ offerta de manjares, para um carneiro.

13 E uma decima _de_ flor de farinha misturada com azeite, _em_ offerta
de manjares, para um cordeiro: holocausto _é_ de cheiro suave, offerta
queimada ao Senhor.

14 E as suas libações serão a metade d’um hin de vinho para um bezerro,
e a terça _parte_ d’um hin para um carneiro, e a quarta _parte_ d’um hin
para um cordeiro: este _é_ o holocausto da lua nova de cada mez, segundo
os mezes do anno.

15 Tambem um bode para expiação [8] do peccado ao Senhor, além do
holocausto continuo, com a sua libação se offerecerá.

16 Porém no mez [9] primeiro, aos quatorze dias do mez, _é_ a paschoa do
Senhor.

17 E aos quinze [10] dias do mesmo mez _haverá_ festa: sete dias se
comerão _pães_ asmos.

18 No [11] primeiro dia _haverá_ sancta convocação: nenhuma obra servil
fareis:

19 Mas offerecereis offerta queimada em holocausto ao Senhor, dois
bezerros e um carneiro, e sete cordeiros d’um anno: servos-hão elles [12]
sem mancha.

20 E a sua offerta de manjares _será de_ flor de farinha misturada com
azeite: offerecereis tres decimas para um bezerro, e duas decimas para um
carneiro.

21 Para cada cordeiro offerecereis uma decima, para cada um dos sete
cordeiros;

22 E um bode [13] _para_ expiação do peccado, para fazer expiação por vós.

23 Estas coisas offerecereis, além do holocausto da manhã, que _é_ o
holocausto continuo.

24 Segundo este modo, cada dia offerecereis por sete dias o manjar da
offerta queimada em cheiro suave ao Senhor: além do holocausto continuo
se offerecerá com a sua libação.

25 E no setimo [14] dia tereis sancta convocação: nenhuma obra servil
fareis.

26 Similhantemente, tereis sancta convocação no dia das primicias, [15]
quando offerecerdes offerta nova de manjares ao Senhor, segundo as vossas
semanas; nenhuma obra servil fareis.

27 Então offerecereis ao Senhor por holocausto, em cheiro suave, dois
bezerros, [16] um carneiro e sete cordeiros d’um anno:

28 E a sua offerta de manjares _de_ flor de farinha misturada com azeite:
tres decimas para um bezerro, duas decimas para um carneiro;

29 Para cada cordeiro uma decima, para cada um dos sete cordeiros;

30 Um bode para fazer expiação por vós.

31 Além do holocausto continuo, e a sua offerta de manjares, _os_
offerecereis (ser-vos-hão elles sem [17] mancha) com as suas libações.

[1] Lev. 3.11 e 21.6, 8. Mal. 1.7, 12.

[2] Exo. 29.38.

[3] Exo. 16.36. cap. 15.4. Lev. 2.1. Exo. 29.40.

[4] Exo. 29.46. Amós 5.25.

[5] Exo. 29.42.

[6] Eze. 46.1.

[7] cap. 10.10. I Sam. 20.5. I Chr. 23.31. II Chr. 2.4. Esd. 3.5. Neh.
10.33. Isa. 1.13, 14. Eze. 45.17. Ose. 2.11. Col. 2.16.

[8] ver. 22. cap. 15.24.

[9] Exo. 12.6, 18. Lev. 23.5. cap. 9.3. Deu. 16.1. Eze. 45.21.

[10] Lev. 23.6.

[11] Exo. 12.16. Lev. 23.7.

[12] ver. 31. Lev. 22.20. cap. 29.8. Deu. 15.21.

[13] ver. 15.

[14] Exo. 12.16 e 13.6. Lev. 23.8.

[15] Exo. 23.16 e 34.22. Lev. 23.10, 15. Deu. 16.10. Act. 2.1.

[16] Lev. 23.18, 19.

[17] ver. 19.



_As offertas na festa das trombetas._

29 Similhantemente, tereis sancta convocação no setimo mez, no primeiro
_dia_ do mez: nenhuma obra servil fareis: servos-ha um [1] dia de
jubilação.

2 Então _por_ holocausto, em cheiro suave ao Senhor, offerecereis um
bezerro, um carneiro e sete cordeiros d’um anno, sem mancha.

3 E _pela_ sua offerta de manjares _de_ flor de farinha misturada com
azeite, tres decimas para o bezerro, e duas decimas para o carneiro,

4 E uma decima para um cordeiro, para cada um dos sete cordeiros.

5 E um bode _para_ expiação do peccado, para fazer expiação por vós;

6 Além do holocausto [2] do mez, e a sua offerta manjares, e o holocausto
continuo, e a sua offerta de manjares, com as suas libações, segundo o
seu estatuto, em cheiro suave, offerta queimada ao Senhor.

7 E no dia [3] dez d’este setimo mez tereis sancta convocação, e
affligireis as vossas almas: nenhuma obra fareis.

8 Mas _por_ holocausto, _em_ cheiro suave ao Senhor, offerecereis um
bezerro, um carneiro e sete cordeiros d’um anno: ser-vos-hão elles sem
mancha.

9 E, _pela_ sua offerta de manjares _de_ flor de farinha misturada com
azeite, tres decimas para o bezerro, duas decimas para o carneiro,

10 E uma decima para um cordeiro, para cada um dos sete cordeiros;

11 Um bode para expiação do peccado, além da [4] expiação do peccado
pelas propiciações, e o holocausto continuo, e a sua offerta de manjares
com as suas libações.


_As offertas nas festas solemnes._

12 Similhantemente, aos quinze dias [5] d’este setimo mez tereis sancta
convocação; nenhuma obra servil fareis: mas sete dias celebrareis festa
ao Senhor.

13 E, _por_ holocausto [6] _em_ offerta queimada, de cheiro suave ao
Senhor, offerecereis treze bezerros, dois carneiros e quatorze cordeiros
d’um anno: ser-vos-hão elles sem mancha.

14 E, _pela_ sua offerta de manjares _de_ flor de farinha misturada com
azeite, tres decimas para um bezerro, para cada um dos treze bezerros,
duas decimas para cada carneiro, entre os dois carneiros;

15 E para um cordeiro uma decima, para cada um dos quatorze cordeiros;

16 E um bode _para_ expiação do peccado, além do holocausto continuo, a
sua offerta de manjares e a sua libação:

17 Depois, no segundo dia, doze bezerros, dois carneiros, quatorze
cordeiros d’um anno, sem mancha;

18 E a sua offerta de manjares e as suas libações para os bezerros, para
os carneiros e para os cordeiros, conforme ao seu numero, segundo [7] o
estatuto;

19 E um bode _para_ expiação do peccado, além do holocausto continuo, a
sua offerta de manjares e as suas libações.

20 E, no terceiro dia, onze bezerros, dois carneiros, quatorze cordeiros
d’um anno, sem mancha;

21 E as suas offertas de manjares, e as suas libações para os bezerros,
para os carneiros e para os cordeiros, conforme ao seu numero, segundo
[8] o estatuto;

22 E um bode _para_ expiação do peccado, além do holocausto continuo, e a
sua offerta de manjares e a sua libação.

23 E, no quarto dia, dez bezerros, dois carneiros, quatorze cordeiros
d’um anno, sem mancha;

24 A sua offerta de manjares, e as suas libações para os bezerros, para
os carneiros e para os cordeiros, conforme ao numero, segundo o estatuto;

25 E um bode _para_ expiação do peccado, além do holocausto continuo, a
sua offerta de manjares e a sua libação.

26 E, no quinto dia, nove bezerros, dois carneiros e quatorze cordeiros
d’um anno sem mancha;

27 E a sua offerta de manjares, e as suas libações para os bezerros, para
os carneiros e para os cordeiros, conforme ao numero, segundo o estatuto;

28 E um bode _para_ expiação do peccado, além do holocausto continuo, e a
sua offerta de manjares e a sua libação.

29 E, no sexto dia, oito bezerros, dois carneiros, quatorze cordeiros
d’um anno, sem mancha;

30 E a sua offerta de manjares, e as suas libações para os bezerros,
para os carneiros e para os cordeiros, conforme ao seu numero, segundo o
estatuto;

31 E um bode _para_ expiação do peccado, de mais do holocausto continuo,
a sua offerta de manjares e a sua libação.

32 E, no setimo dia, sete bezerros, dois carneiros, quatorze cordeiros
d’um anno, sem mancha;

33 E a sua offerta de manjares, e as suas libações para os bezerros, para
os carneiros e para os cordeiros, conforme ao seu numero, segundo o seu
estatuto,

34 E um bode _para_ expiação do peccado, de mais do holocausto continuo,
a sua offerta de manjares e a sua libação.

35 No oitavo dia tereis _dia de_ solemnidade; [9] nenhuma obra servil
fareis;

36 E _por_ holocausto _em_ offerta queimada de cheiro suave ao Senhor
offerecereis um bezerro, um carneiro, sete cordeiros d’um anno, sem
mancha;

37 A sua offerta de manjares e as suas libações para o bezerro, para o
carneiro e para os cordeiros, conforme ao seu numero, segundo o estatuto,

38 E um bode _para_ expiação do peccado, [10] de mais do holocausto
continuo, e a sua offerta de manjares e a sua libação.

39 Estas _coisas_ fareis ao Senhor nas vossas solemnidades, de mais
dos vossos votos, e das vossas offertas voluntarias, com os vossos
holocaustos, e com as vossas offertas de manjares, e com as vossas
libações, e com as vossas offertas pacificas.

40 E fallou Moysés aos filhos d’Israel, conforme a tudo o que o Senhor
ordenara a Moysés.

[1] Lev. 23.24.

[2] cap. 28.11, 3 e 15.11, 12.

[3] Lev. 16.29 e 23.27. Psa. 35.13. Isa. 58.5.

[4] Lev. 16.3, 5.

[5] Lev. 23.34. Deu. 16.13. Eze. 45.25.

[6] Esd. 3.4.

[7] ver. 3, 4, 9, 10. cap. 15.12 e 28.7, 14.

[8] ver. 18.

[9] Lev. 23.36.

[10] Lev. 23.2. I Chr. 23.31. II Chr. 31.3. Esd. 3.5. Neh. 10.33. Isa.
1.14. Lev. 7.11, 16 e 22.21, 23.



_A lei ácerca dos votos das mulheres._

30 E fallou Moysés aos Cabeças [1] das tribus dos filhos d’Israel,
dizendo: Esta _é_ a palavra que o Senhor tem ordenado:

2 Quando um homem [2] fizer voto ao Senhor, ou jurar juramento, ligando
a sua alma com obrigação, não violará a sua palavra: segundo tudo o que
saiu da sua bocca, fará.

3 Tambem quando uma mulher fizer voto ao Senhor, e com obrigação _se_
ligar em casa de seu pae na sua mocidade;

4 E seu pae ouvir o seu voto e a sua obrigação, com que ligou a sua alma;
e seu pae se calar para com ella, todos os seus votos serão valiosos: e
toda a obrigação com que ligou a sua alma, será valiosa.

5 Mas se seu pae lhe tolher no dia que tal ouvir, todos os seus votos e
as suas obrigações, com que tiver ligado a sua alma, não serão valiosos:
mas o Senhor lh’o perdoará, porquanto seu pae lh’os tolheu.

6 E se ella tiver marido, e fôr obrigada a alguns votos, ou á
pronunciação dos seus beiços, com que tiver ligado a sua _alma_;

7 E seu marido o ouvir, e se calar para com ella no dia em que o ouvir,
os seus votos serão valiosos: e as suas obrigações com que ligou a sua
alma, serão valiosas.

8 Mas se seu marido lh’o tolher no dia em que o ouvir, e anullar o seu
voto a que [3] estava obrigada, como tambem a pronunciação dos seus
beiços, com que ligou a sua alma; o Senhor lh’o perdoará.

9 No tocante ao voto da viuva, ou da repudiada; tudo com que ligar a sua
alma, sobre ella será valioso.

10 Porém se fez voto na casa de seu marido, ou ligou a sua alma com
obrigação de juramento;

11 E seu marido o ouviu, e se calou para com ella, e lh’o não tolheu;
todos os seus votos serão valiosos; e toda a obrigação, com que ligou a
sua alma, será valiosa.

12 Porém se seu marido lh’os annullou no dia em que _os_ ouviu; tudo
quanto saiu dos seus beiços, quer dos seus votos, quer da obrigação da
sua alma, não será valioso: seu marido lh’os annullou, e o Senhor lh’o
perdoará.

13 Todo _o_ voto, e todo o juramento d’obrigação, para humilhar a alma,
seu marido o confirmará, ou annullará.

14 Porém se seu marido de dia em dia se calar inteiramente para com
ella; então confirma todos os seus votos e todas as suas obrigações, que
estiverem sobre ella: confirmado lh’os tem, porquanto se calou para com
ella no dia em que o ouviu.

15 Porém se de todo lh’os annullar depois que _o_ ouviu; então elle
levará a iniquidade d’ella.

16 Estes _são_ os estatutos que o Senhor ordenou a Moysés entre o marido
e sua mulher; entre o pae e a sua filha, na sua mocidade, em casa de seu
pae.

[1] cap. 1.4, 16 e 7.2.

[2] Lev. 27.2. Deu. 23.21. Jui. 11.30, 35. Ecc. 5.4. Lev. 5.4. Mat. 14.9.
Act. 23.14. Job 22.27. Psa. 22.24 e 41.14. Nah. 1.15.

[3] Gen. 3.16.



_A victoria sobre os midianitas._

31 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Vinga [1] os filhos d’Israel dos midianitas: [2] depois recolhido serás
aos teus povos.

3 Fallou pois Moysés ao povo, dizendo: Armem-se alguns de vós para a
guerra, e saiam contra os midianitas, para fazerem a vingança do Senhor
nos midianitas.

4 Mil de cada tribu entre todas as tribus de Israel enviareis á guerra.

5 Assim foram dados dos milhares d’Israel mil de _cada_ tribu: doze mil
armados para a peleja.

6 E Moysés os mandou á guerra de _cada_ tribu mil, a elles e a Phineas,
filho d’Eleazar sacerdote, á guerra com os vasos sanctos, e com [3] as
trombetas do alarido na sua mão.

7 E pelejaram contra os midianitas, como o Senhor ordenara a Moysés: [4]
e mataram a todo o macho.

8 Mataram mais, além dos que já foram mortos, os reis dos midianitas,
Evi, [5] e a Requem, e a Zur, e a Hur, e a Reba, cinco reis dos
midianitas: tambem a Balaão [6] filho de Beor mataram á espada.

9 Porém os filhos d’Israel levaram presas as mulheres dos midianitas, e
as suas creanças: tambem roubaram todos os seus animaes, e todo o seu
gado, e toda a sua fazenda.

10 E queimaram a fogo todas as suas cidades com todas as suas habitações,
e todos os seus acampamentos.

11 E tomaram todo o despojo e toda a presa [7] d’homens e d’animais.

12 E trouxeram a Moysés e a Eleazar o sacerdote e á congregação dos
filhos de Israel os captiveiros, e a presa, e o despojo para o arraial,
nas campinas de Moab, que _estão_ junto do Jordão _de_ Jericó.


_A purificação dos soldados._

13 Porém Moysés e Eleazar, o sacerdote, e todos os maioraes da
congregação sairam a recebel-os até fóra do arraial.

14 E indignou-se Moysés grandemente contra os officiaes do exercito,
capitães dos milhares e capitães das centenas, que vinham do serviço
d’aquella guerra.

15 E Moysés disse-lhes: [8] Deixastes viver todas as mulheres?

16 Eis que estas foram as que por conselho de Balaão deram occasião [9]
aos filhos de Israel de traspassar contra o Senhor, no negocio de Peor:
[10] pelo que aquella praga houve entre a congregação do Senhor.

17 Agora pois matae todo [11] o macho entre as creanças; e matae toda a
mulher, que conheceu algum homem, deitando-se com elle.

18 Porém todas as creanças femeas, que não conheceram algum homem
deitando-se com elle, para vós deixae viver.

19 E vós alojae-vos sete dias fóra [12] do arraial: qualquer que tiver
matado alguma pessoa, e qualquer que tiver tocado algum morto, ao
terceiro dia, e ao setimo dia vos purificareis, a vós e a vossos captivos.

20 Tambem purificareis todo o vestido, e toda a obra de pelles, e toda a
obra _de pellos_ de cabras, e todo o vaso de madeira.

21 E disse Eleazar, o sacerdote, aos homens da guerra, que partiram á
peleja: Este _é_ o estatuto da lei que o Senhor ordenou a Moysés.

22 Comtudo o oiro, e a prata, o cobre, o ferro, o estanho, e o chumbo;

23 Toda a cousa que pode supportar o fogo, para que fique limpo: todavia
se expiará com a agua da separação: mas tudo que não pode supportar o
fogo, o fareis passar [13] pela agua.

24 Tambem lavareis [14] os vossos vestidos ao setimo dia, para que
fiqueis limpos: e depois entrareis no arraial.


_A divisão da presa._

25 Fallou mais o Senhor a Moysés dizendo:

26 Toma a somma da presa [15] dos prisioneiros, de homens, e d’animaes,
tu e Eleazar, o sacerdote, e os Cabeças das casas dos paes da congregação;

27 E divide a presa em duas metades, entre os que accometteram a peleja,
e sairam á guerra, e toda a congregação.

28 Então para o [16] Senhor tomará o tributo dos homens de guerra, que
sairam a esta guerra, de _cada_ quinhentos uma alma, dos homens, e dos
bois, e dos jumentos e das ovelhas.

29 Da sua ametade _o_ tomareis, e _o_ dareis ao sacerdote, Eleazar,
_para_ a offerta alçada do Senhor.

30 Mas da metade dos filhos de Israel [17] tomarás de cada cincoenta um,
dos homens, dos bois, dos jumentos, e das ovelhas, de todos os animaes;
e os darás aos levitas [18] que teem cuidado da guarda do tabernaculo do
Senhor.

31 E fizeram Moysés e Eleazar, o sacerdote, como o Senhor ordenara a
Moysés.

32 Foi pois a presa, o restante do despojo, que tomaram os homens de
guerra, seiscentas e setenta e cinco mil ovelhas;

33 E setenta e dois mil bois;

34 E sessenta e um mil jumentos;

35 E, das mulheres que não conheceram homem algum deitando-se com elle,
todas as almas _foram_ trinta e duas mil.

36 E a metade, a parte dos que sairam á guerra, foi em numero de
trezentas e trinta e sete mil e quinhentas ovelhas.

37 E das ovelhas foi o tributo para o Senhor seiscentas e setenta e cinco.

38 E _foram_ os bois trinta e seis mil: e o seu tributo para o Senhor
setenta e dois.

39 E _foram_ os jumentos trinta mil e quinhentos: e o seu tributo para o
Senhor sessenta e um.

40 E _houve_ d’almas humanas dezeseis mil: e o seu tributo para o Senhor
trinta e duas almas.

41 E deu Moysés a Eleazar, o sacerdote, o tributo da offerta alçada do
Senhor, como [19] o Senhor ordenara a Moysés.

42 E da metade dos filhos de Israel que Moysés partira da dos homens que
pelejaram.

43 (A metade para a congregação foi, das ovelhas, trezentas e trinta e
sete mil e quinhentas;

44 E dos bois trinta e seis mil;

45 E dos jumentos trinta mil e quinhentos;

46 E das almas humanas dezeseis mil),

47 D’esta metade dos filhos de Israel, Moysés [20] tomou um de _cada_
cincoenta, d’homens e d’animaes, e os deu aos levitas, que tinham cuidado
da guarda do tabernaculo do Senhor, como o Senhor ordenara a Moysés.


_A offerta voluntaria dos capitães._

48 Então chegaram-se a Moysés os capitães que _estavam_ sobre os milhares
do exercito, os tribunos e os centuriões;

49 E disseram a Moysés: Teus servos tomaram a somma dos homens de guerra
que _estiveram_ sob a nossa mão; e nenhum falta de nós.

50 Pelo que trouxemos uma offerta ao Senhor, cada um o que achou, [HB]
vasos d’oiro, cadeias, ou manilhas, anneis, arrecadas, e collares, para
fazer propiciação [21] pelas nossas almas perante o Senhor.

51 Assim Moysés e Eleazar o sacerdote tomaram d’elles o oiro; _sendo_
todos os vasos bem obrados.

52 E foi todo o oiro da offerta alçada, que offereceram ao Senhor,
dezeseis mil e setecentos e cincoenta siclos, dos tribunos e dos
centuriões.

53 (_Pois_ os homens de guerra, cada um tinha tomado presa [22] para si).

54 Tomaram pois Moysés e Eleazar o sacerdote o oiro dos tribunos e dos
centuriões, e o trouxeram á tenda da congregação [23] _por_ lembrança
para os filhos d’Israel perante o Senhor.

[1] cap. 25.17.

[2] cap. 27.13.

[3] cap. 10.9.

[4] Deu. 20.13. Jui. 21.11. I Sam. 27.9. I Reis 11.15, 16. Jui. 6.1, 2,
33.

[5] Jos. 13.21.

[6] Jos. 13.22.

[7] Deu. 20.14.

[8] Deu. 20.14. I Sam. 15.3.

[9] cap. 25.2 e 24.14. II Ped. 2.15. Apo. 10.14.

[10] cap. 25.9.

[11] Jui. 21.11.

[12] cap. 5.2 e 19.11, etc.

[13] cap. 19.9, 17.

[14] Lev. 11.25.

[15] Jos. 22.8. I Sam. 30.27.

[16] ver. 30, 47. cap. 18.26.

[17] ver. 42, 17.

[18] cap. 3.7, 8, 25, 31, 36 e 18.3, 4.

[19] cap. 18.8, 19.

[20] ver. 30.

[21] Exo. 30.12, 16.

[22] Deu. 20.14.

[23] Exo. 30.16.



_As tribus de Ruben e Gad pedem a terra de Gilead._

32 E os filhos de Ruben e os filhos de Gad tinham muito gado em grande
multidão; e viram a terra de Jaezer, e [1] a terra de Gilead, e eis que o
logar _era_ logar de gado.

2 Vieram pois os filhos de Gad e os filhos de Ruben, e fallaram a Moysés
e a Eleazar, o sacerdote, e aos maioraes da congregação, dizendo:

3 Ataroth, e Dibon, e Jaezer, e Nimra, [2] e Hesbon, e Eleal, [3] e
Schebam, e Nebo, [4] e Behon;

4 A terra que [5] o Senhor feriu diante da congregação de Israel, _é_
terra de gado: e os teus servos teem gado.

5 Disseram mais: Se achámos graça aos teus olhos, dê-se esta terra aos
teus servos em possessão; _e_ não nos faças passar o Jordão.

6 Porém Moysés disse aos filhos de Gad e aos filhos de Ruben: Irão vossos
irmãos á peleja, e ficareis vós aqui?

7 Porque pois descorajaes o coração dos filhos d’Israel, para que não
passem á terra que o Senhor lhes tem dado?

8 Assim fizeram vossos paes, quando os mandei de Cades-barnea, [6] a ver
esta terra.

9 Chegando elles até ao valle d’Escol, [7] e vendo esta terra,
descorajaram o coração dos filhos de Israel, para que não viessem á terra
que o Senhor lhes tinha dado.

10 Então a ira do Senhor se accendeu n’aquelle mesmo dia, e [8] jurou,
dizendo:

11 Que os varões, que subiram do Egypto, [9] de vinte annos e para cima
não verão a terra que jurei a Abrahão, a Isaac, e a Jacob porquanto não
[10] perseveraram em seguir-me;

12 Excepto Caleb, filho de Jefoné o kenezeo, e Josué filho de Nun, [11]
porquanto perseveraram em seguir ao Senhor.

13 Assim se accendeu a ira do Senhor contra Israel, e fêl-os andar [12]
errantes até que se consumiu toda aquella geração, que fizera mal aos
olhos do Senhor.

14 E eis-que vós, uma multidão de homens peccadores, vos levantastes em
logar de vossos paes, para ainda mais accrescentar o furor [13] da ira do
Senhor contra Israel.

15 Se vós vos virardes de [14] seguil-o, tambem elle os deixará de novo
no deserto, e destruireis a todo este povo.

16 Então chegaram-se a elle, e disseram: Edificaremos curraes aqui para o
nosso gado, e cidades para as nossas crianças;

17 Porém [15] nós nos armaremos, apressando-nos diante dos d’Israel, até
que os levemos ao seu logar: e ficarão as nossas crianças nas cidades
fortes por causa dos moradores da terra.

18 Não voltaremos [16] para nossas casas, até que os filhos d’Israel
estejam de posse cada um da sua herança.

19 Porque não herdaremos com elles d’além do Jordão, nem mais adiante;
porquanto nós já teremos [17] a nossa herança d’áquem do Jordão ao
oriente.

20 Então Moysés lhes disse: [18] Se isto fizerdes assim, se vos armardes
á guerra perante o Senhor;

21 E cada um de vós, armado, passar o Jordão perante o Senhor, até que
haja lançado fóra os seus inimigos de diante d’elle;

22 E a terra esteja [19] subjugada perante o Senhor; então voltareis
depois, e ficareis desculpados perante o Senhor e perante Israel: e esta
terra vos será por possessão perante o Senhor:

23 E se não fizerdes assim, eis que peccastes contra o Senhor: [HC] porém
sentireis [20] o vosso peccado, quando vos achar.

24 Edificae vós cidades [21] para as vossas crianças, e curraes para as
vossas ovelhas; e fazei o que saiu da vossa bocca.

25 Então fallaram os filhos de Gad, e os filhos de Ruben a Moysés,
dizendo: Como ordena meu senhor, assim farão teus servos.

26 As nossas crianças, [22] as nossas mulheres, a nossa fazenda, e todos
os nossos animaes estarão ahi nas cidades de Gilead.

27 Mas os teus servos [23] passarão, cada um armado para pelejar para a
guerra, perante o Senhor, como tem dito meu senhor.

28 Então Moysés deu [24] ordem ácêrca d’elles a Eleazar, o sacerdote, e
a Josué filho de Nun, e aos Cabeças das casas dos paes das tribus dos
filhos d’Israel;

29 E disse-lhes Moysés: Se os filhos de Gad, e os filhos de Ruben
passarem comvosco o Jordão, armado cada um para a guerra perante o
Senhor; e a terra estiver subjugada diante de vós, em possessão lhes
dareis a terra de Gilead;

30 Porém se não passarem, armados, comvosco, então se porão por
possuidores no meio de vós na terra de Canaan.

31 E responderam os filhos de Gad e os filhos de Ruben, dizendo: O que o
Senhor fallou a teus servos, isso faremos.

32 Nós passaremos, armados, perante o Senhor á terra de Canaan, e teremos
a possessão de nossa herança d’áquem do Jordão.

33 Assim deu-lhes Moysés, [25] aos filhos de Gad, e aos filhos de Ruben,
e á meia tribu de Manasseh, filho de José, o reino de Sehon, rei dos
amorrheos, e o reino d’Og, rei de Basan: a terra com as suas cidades nos
_seus_ termos, as cidades do seu contorno.

34 E os filhos de Gad edificaram a Dibon, e [26] Ataroth, e Aroer;

35 E Atroth-sophan, e Jaezer, e Jogbeha;

36 E Beth-nimra, [27] e Bethharan, cidades fortes; e curraes d’ovelhas.

37 E os filhos de Ruben edificaram a Hesbon, e Eleal, [28] as e
Quiriathaim;

38 E Nebo, e Baal-meon, [29] mudando-lhes o nome, e Sibma: e os nomes das
cidades que edificaram chamaram por _outros_ nomes.

39 E os filhos de Machir, [30] filho de Manasseh, foram-se para Gilead,
e a tomaram: e d’aquella possessão lançaram os amorrheos, que _estavam_
n’ella.

40 Assim Moysés deu [31] Gilead a Machir, filho de Manasseh, o qual
habitou n’ella.

41 E foi-se Jair, filho [32] de Manasseh, e tomou as suas aldeias; e
chamou-as Havot-jair.

42 E foi-se Nobah, e tomou a Quenath com as suas aldeias; e chamou-a
Nobah, segundo o seu nome.

[1] cap. 21.32. Jos. 13.25. II Sam. 24.5.

[2] ver. 36.

[3] ver. 38.

[4] ver. 38.

[5] cap. 21.24, 34.

[6] cap. 13.3, 26. Deu. 1.22.

[7] cap. 13.24, 31. Deu. 1.24, 28.

[8] cap. 14.11, 21. Deu. 1.34.

[9] cap. 14.28, 29. Deu. 1.35.

[10] cap. 14.24, 30.

[11] cap. 14.24. Deu. 1.36. Jos. 14.8, 9.

[12] cap. 14.33, 34, 35 e 26.64, 65.

[13] Deu. 1.34.

[14] Deu. 30.17. Jos. 22.16, 18. II Chr. 7.19 e 15.2.

[15] Jos. 4.12.

[16] Jos. 22.4.

[17] ver. 33. Jos. 12.1 e 13.8.

[18] Deu. 3.18. Jos. 1.14 e 4.12, 13.

[19] Deu. 3.20. Jos. 11.23 e 18.1 e 22.4. Deu. 3.12 e 15.16, 18. Jos.
1.15 e 13.8, 32 e 22.4, 9.

[20] Gen. 4.7 e 44.16. Isa. 59.12.

[21] ver. 16, 34, etc.

[22] Jos. 1.14.

[23] Jos. 4.12.

[24] Jos. 1.13.

[25] Deu. 3.14, 17 e 29.8. Jos. 12.6 e 13.8 e 22.4. cap. 21.24, 33, 35.

[26] cap. 33.45, 46. Deu. 2.36. ver. 1, 3.

[27] ver. 3, 24.

[28] cap. 21.27.

[29] Isa. 46.1. cap. 22.41. ver. 3. Exo. 23.13. Jos. 23.7.

[30] Gen. 50.23.

[31] Deu. 3.12, 13, 15. Jos. 13.31 e 17.1.

[32] Deu. 3.10. Jos. 13.30. I Chr. 2.21, 22, 23. Jui. 10.4. I Reis 4.13.



_As jornadas desde o Egypto até Moab._

33 Estas _são_ as jornadas dos filhos d’Israel, que sairam da terra do
Egypto, segundo os seus exercitos, pela mão de Moysés e Aarão.

2 E escreveu Moysés as suas saidas, segundo as suas partidas, conforme ao
mandado do Senhor: e estas _são_ as suas jornadas segundo as suas saidas.

3 Partiram pois de [1] Rahmeses no mez primeiro, no dia quinze do
primeiro mez; o seguinte dia da paschoa sairam os filhos de Israel por
[2] alta mão aos olhos de todos os egypcios,

4 Enterrando [3] os egypcios os que o Senhor tinha ferido entre elles,
a todo o primogenito, e havendo o Senhor executado _os seus_ juizos nos
seus deuses.

5 Partidos [4] pois os filhos de Israel de Rahmeses, acamparam-se em
Succoth.

6 E partiram de Succoth, e acamparam-se [5] em Etham, que _está_ no fim
do deserto.

7 E partiram [6] d’Etham, e viraram-se a Pi-hahiroth, que _está_ defronte
de Baal-zephon, e acamparam-se diante de Migdol.

8 E partiram de Hahiroth, [7] e passaram pelo meio do mar ao deserto, e
andaram caminho de tres dias no deserto de Etham, e acamparam-se em Marah.

9 E partiram de Marah, e vieram [8] a Elim, e em Elim _havia_ doze fontes
de aguas, e setenta palmeiras, e acamparam-se ali.

10 E partiram d’Elim, e acamparam-se junto ao Mar Vermelho.

11 E partiram do Mar Vermelho, e acamparam-se [9] no deserto de Sin.

12 E partiram do deserto de Sin, e acamparam-se em Dophka.

13 E partiram de Dophka, e acamparam-se em Alus.

14 E partiram d’Alus, e acamparam-se em Raphidim; [10] porém não havia
ali agua, para que o povo bebesse.

15 Partiram pois de Raphidim, [11] e acamparam-se no deserto de Sinai.

16 E partiram [12] do deserto de Sinai, e acamparam-se em Quibroth-taava.

17 E partiram de Quibroth-taava, e acamparam-se em Hazeroth.

18 E partiram de Hazeroth, [13] e acamparam-se em Rithma.

19 E partiram de [14] Rithma, e acamparam-se em Rimmon-parez.

20 E partiram de Rimmon-perez, e acamparam-se em Libna.

21 E partiram de Libna, e acamparam-se em Rissa.

22 E partiram de Rissa, e acamparam-se em Kehelatha.

23 E partiram de Kehelatha, e acamparam-se no monte de Sapher.

24 E partiram do monte de Sapher, e acamparam-se em Harada.

25 E partiram de Harada, e acamparam-se em Magheloth.

26 E partiram de Magheloth, e acamparam-se em Tachath.

27 E partiram de Tachath, e acamparam-se em Tarah.

28 E partiram de Tarah, e acamparam-se em Mithka.

29 E partiram de Mithka, e acamparam-se em Hasmona.

30 E partiram de Hasmona, [15] e acamparam-se em Moseroth.

31 E partiram de Moseroth, e acamparam-se em Bene-jaakan.

32 E partiram de Bene-jaakan, e [16] acamparam-se em Hor-hagidgad.

33 E partiram de Hor-hagidgad, e acamparam-se em Jothbatha.

34 E partiram de Jothbatha, e acamparam-se em Abrona.

35 E partiram d’Abrona, [17] e acamparam-se em Ezion-geber.

36 E partiram [18] d’Ezion-geber, e acamparam-se no deserto de Zin, que
_é_ Cades.

37 E partiram de Cades, [19] e acamparam-se no monte de Hor, no fim da
terra d’Edom.

38 Então Aarão [20], o sacerdote, subiu ao monte de Hor, conforme ao
mandado do Senhor; e morreu ali no quinto mez do anno quadragesimo da
saida dos filhos de Israel da terra do Egypto, no primeiro _dia_ do mez.

39 E _era_ Aarão d’edade de cento e vinte e tres annos, quando morreu no
monte de Hor.

40 E ouviu o cananeo, rei de Harad, [21] que habitava o sul na terra de
Canaan, que chegavam os filhos d’Israel.

41 E partiram do monte de Hor, e [22] acamparam-se em Zalmona.

42 E partiram de Zalmona, e acamparam-se em Phunon.

43 E partiram de Phunon, [23] e acamparam-se em Oboth.

44 E partiram d’Oboth, [24] e acamparam-se nos outeirinhos de Abarim, no
termo de Moab.

45 E partiram dos outeirinhos _d’Abarim_, [25] e acamparam-se em
Dibon-gad.

46 E partiram [26] de Dibon-gad, e acamparam-se em Almon-diblathaim.

47 E partiram d’Almon-diblathaim, e acamparam-se nos montes, [27]
d’Abarim, defronte de Nebo.

48 E partiram dos montes de Abarim, e acamparam-se nas campinas [28] dos
moabitas, junto ao Jordão _de_ Jericó.

49 E acamparam-se junto ao Jordão, desde Beth-jesimoth até Abel-sittim,
nas campinas [29] dos moabitas.


_Deus manda lançar fóra os moradores de Canaan._

50 E fallou o Senhor a Moysés, nas campinas dos moabitas, junto ao Jordão
_de_ Jericó, dizendo:

51 Falla aos filhos d’Israel, e dize-lhes: Quando houverdes passado [30];
o Jordão para a terra de Canaan,

52 Lançareis [31] fóra todos os moradores da terra diante de vós, e
destruireis todas as suas pinturas: tambem destruireis todas as suas
imagens de fundição, e desfareis todos os seus altos;

53 E tomareis a terra em possessão, e n’ella habitareis: porquanto vos
tenho dado esta terra, para possuil-a.

54 E por sortes herdareis [32] a terra segundo as vossas familias; aos
muitos a herança multiplicareis, e aos poucos a herança diminuireis;
onde a sorte sair a alguem, ali a terá: segundo as tribus de vossos paes
tomareis as heranças.

55 Mas se não lançardes fóra os moradores da terra de diante de vós,
então os que deixardes ficar d’elles vos _serão_ [33] por espinhos nos
vossos olhos, e por aguilhões nas vossas ilhargas, e apertar-vos-hão na
terra em que habitardes.

56 E será _que_ farei a vós como pensei fazer-lhes a elles.

[1] Exo. 12.37.

[2] Exo. 14.

[3] Exo. 12.29 e 12.12 e 18.11. Isa. 19.1. Apo. 12.8.

[4] Exo. 12.37.

[5] Exo. 13.20.

[6] Exo. 14.2, 9.

[7] Exo. 14.22 e 15.22, 23.

[8] Exo. 15.27.

[9] Exo. 16.1.

[10] Exo. 17.1 e 19.2.

[11] Exo. 19.1, 2.

[12] cap. 11.34.

[13] cap. 11.35.

[14] cap. 12.16.

[15] Deu. 10.6.

[16] Gen. 36.27. Deu. 10.6. I Chr. 1.42.

[17] Deu. 2.8. I Reis 9.26 e 22.48.

[18] cap. 20.1 e 27.14.

[19] cap. 20.22, 23 e 21.4.

[20] cap. 20.25, 28. Deu. 32.50.

[21] cap. 21.1, etc.

[22] cap. 21.4.

[23] cap. 21.10.

[24] cap. 21.11.

[25] cap. 32.34.

[26] Jer. 48.22. Eze. 6.14.

[27] cap. 21.20. Deu. 32.49.

[28] cap. 22.1.

[29] cap. 25.1. Jos. 2.1.

[30] Deu. 7.1 e 9.1. Jos. 3.17.

[31] Exo. 23.24, 33 e 34.13. Deu. 7.2, 5, 12, 13. Jos. 11.12. Jui. 2.2.

[32] cap. 26.53, 54, 55.

[33] Jos. 23.13. Jui. 2.2. Psa. 106.34, 36. Exo. 23.33. Eze. 28.24.



_Os confins da terra._

34 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Dá ordem aos filhos d’Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na [1]
terra de Canaan, esta _ha de ser_ a terra que vos cairá em herança: a
terra de Canaan, segundo os seus termos.

3 A banda do sul [2] vos será desde o deserto de Zin até aos termos de
Edom; e o termo do sul vos será desde a extremidade do mar [3] salgado
para a banda do oriente,

4 E este termo vos irá rodeando do sul para a subida [4] de Acrabbim,
e passará até Zin; e as suas saidas serão do sul a Cades-barnea; [5] e
sairá a Hazar-addar, e passará a Azmon:

5 Rodeará mais este termo de Azmon até ao rio [6] do Egypto: e as suas
saidas serão para a banda do mar.

6 _Ácerca_ do termo do occidente, o mar grande vos será por termo: este
vos será o termo do occidente.

7 E este vos será o termo do norte: desde o mar grande marcareis [7] até
ao monte de Hor.

8 Desde o monte de Hor marcareis até á entrada de Hamath: [8] e as saidas
d’este termo serão até Zedad.

9 E este termo sairá até Ziphron, e as suas saidas serão [9] em
Hazar-enan: este vos será o termo do norte.

10 E por termo da banda do oriente vos marcareis de Hazar-enan até Sepham.

11 E este termo descerá desde Sepham até Ribla, [10] para a banda do
oriente de Ain: depois descerá este termo, e irá ao longo da borda [11]
do mar de Cinnereth para a banda do oriente.

12 Descerá tambem este termo ao longo do Jordão, e as suas saidas serão
[12] no mar salgado: esta vos será a terra, segundo os seus termos em
roda.

13 E Moysés deu ordem aos filhos de Israel, dizendo: [13] Esta _é_ a
terra que tomareis em sorte por herança, a qual o Senhor mandou dar ás
nove tribus e á meia tribu.

14 Porque a tribu dos filhos [14] dos rubenitas, segundo a casa de seus
paes, e a tribu dos filhos dos gaditas, segundo a casa de seus paes, já
receberam; tambem a meia tribu de Manasseh recebeu a sua herança.

15 Já duas tribus e meia tribu receberam a sua herança d’aquem do Jordão
_de_ Jericó, da banda do oriente ao nascente.


_Os homens que devem dividir a terra._

16 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

17 Estes _são_ os nomes dos homens que vos repartirão a terra por
herança: Eleazar, o sacerdote, e Josué, [15] o filho de Nun.

18 Tomareis mais de [16] cada tribu um principe, para repartir a terra em
herança.

19 E estes _são_ os nomes dos homens: Da tribu de Judah, Caleb, filho de
Jefoné;

20 E, da tribu dos filhos de Simeão, Samuel, filho de Ammihud;

21 Da tribu de Benjamin, Elidad, filho de Chislon;

22 E, da tribu dos filhos de Dan, o principe Buci, filho de Jogli;

23 Dos filhos de José, da tribu dos filhos de Manasseh, o principe
Hanniel, filho de Ephod;

24 E, da tribu dos filhos de Ephraim, o principe Quemuel, filho de
Siphtan;

25 E, da tribu dos filhos de Zebulon, o principe Elizaphan, filho de
Parnah;

26 E, da tribu dos filhos de Issacar, o principe Paltiel, filho de Assan;

27 E, da tribu dos filhos de Aser, o principe Ahihud, filho de Selomi;

28 E, da tribu dos filhos de Naphtali, o principe Pedael, filho de
Ammihud.

29 Estes _são aquelles_ a quem o Senhor ordenou, que repartissem as
heranças aos filhos de Israel na terra de Canaan.

[1] Gen. 17.8. Deu. 1.7. Psa. 78.54, 55.

[2] Jos. 15.1. Eze. 47.13, etc.

[3] Gen. 14.3. Jos. 15.2.

[4] Jos. 15.3.

[5] cap. 13.26 e 32.8. Jos. 15.3, 4.

[6] Gen. 15.18. Jos. 15.4, 47. I Reis 8.65. Isa. 27.12.

[7] cap. 33.37.

[8] cap. 13.21. II Reis 14.25. Eze. 47.15.

[9] Eze. 47.17.

[10] II Reis 23.33. Jer. 39.5.

[11] Deu. 3.17. Jos. 11.12 e 19.35. Mat. 14.34. Luc. 5.1.

[12] ver. 3.

[13] ver. 1. Jos. 14.1, 2.

[14] cap. 32.33. Jos. 14.2, 3.

[15] Jos. 14.1 e 19.51.

[16] cap. 1.4, 16.



_As cidades dos levitas._

35 E fallou o Senhor a Moysés nas campinas dos moabitas, junto ao Jordão
_de_ Jericó, dizendo:

2 Dá ordem [1] aos filhos de Israel que, da herança da sua possessão,
dêem cidades aos levitas, em que habitem: e _tambem_ aos levitas dareis
arrabaldes ao redor d’ellas.

3 E terão estas cidades para habitalas: porém os seus arrabaldes _serão_
para as suas bestas, e para a sua fazenda, e para todos os seus animaes.

4 E os arrabaldes das cidades que dareis aos levitas, desde o muro da
cidade e para fóra, _serão_ de mil covados em redor.

5 E de fóra da cidade, da banda do oriente, medireis dois mil covados,
e da banda do sul dois mil covados, e da banda do occidente dois mil
covados, e da banda do norte dois mil covados, e a cidade no meio: isto
terão por arrabaldes das cidades.

6 Das cidades pois que dareis aos levitas _haverá_ [2] seis cidades de
refugio, as quaes dareis para que o homicida ali se acolha: e, além
d’estas, _lhes_ dareis quarenta e duas cidades.

7 Todas as cidades que dareis aos levitas _serão_ [3] quarenta e oito
cidades, juntamente com os seus arrabaldes.

8 E as cidades [4] que derdes da herança dos filhos de Israel, do que
_tiver_ muito tomareis muito, e do que _tiver_ pouco tomareis pouco:
cada um dará das suas cidades aos levitas, segundo a sua herança que
herdar.

9 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:


_Seis cidades de refugio._

10 Falla aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando passardes [5] o Jordão
á terra de Canaan,

11 Fazei [6] com _que_ vos estejam á mão cidades _que_ vos sirvam de
cidades de refugio, para que ali se acolha o homicida que ferir a alguma
alma por erro.

12 E estas cidades vos serão por refugio [7] do vingador _do sangue_:
para que o homicida não morra, até que esteja perante a congregação no
juizo.

13 E das cidades [8] que derdes haverá seis cidades de refugio para vós.

14 Tres d’estas [9] cidades dareis d’áquem do Jordão, e tres d’estas
cidades dareis na terra de Canaan: cidades de refugio serão.

15 Serão por refugio estas seis cidades para [10] os filhos de Israel, e
para o estrangeiro, e para o que se hospedar no meio d’elles, para que
ali se acolha aquelle que ferir a alguma alma por erro.

16 Porém, se a ferir [11] com instrumento de ferro, e morrer, homicida
_é_: certamente o homicida morrerá.

17 Ou, se lhe atirar uma pedrada, de que possa morrer, e _ella_ morrer,
homicida _é_: certamente o homicida morrerá.

18 Ou, se a ferir com instrumento de pau _que tiver_ na mão, de que possa
morrer, e _ella_ morrer, homicida _é_: certamente morrerá o homicida.

19 O vingador [12] do sangue matará o homicida: encontrando-o, matal-o-ha.

20 Se tambem a empurrar com odio, [13] ou com intento lançar contra ella
_alguma coisa_, e morrer;

21 Ou por inimizade a ferir com a sua mão, e morrer, certamente morrerá
o feridor; homicida _é_: o vingador do sangue, encontrando o homicida, o
matará.

22 Porém, se a empurrar de improviso, [14] sem inimizade, ou contra ella
lançar algum instrumento sem designio;

23 Ou, sobre ella fizer cair alguma pedra sem o ver, de que possa morrer,
e ella morrer, e elle não _era_ seu inimigo nem procurava o seu mal;

24 Então a congregação julgará entre o feridor e [15] entre o vingador do
sangue, segundo estas leis.

25 E a congregação livrará o homicida da mão do vingador do sangue, e a
congregação o fará voltar á cidade do seu refugio, [16] onde se tinha
acolhido: e ali ficará até á morte do summo sacerdote, a quem ungiram com
o sancto oleo.

26 Porém, se de alguma maneira o homicida sair dos termos da cidade do
seu refugio, onde se tinha acolhido,

27 E o vingador do sangue o achar fóra dos termos da cidade do seu
refugio, se o vingador do sangue matar o homicida, não _será culpado_ do
sangue.

28 Pois deve ficar na cidade do seu refugio, até á morte do summo
sacerdote: mas, depois da morte do summo sacerdote, o homicida voltará á
terra da sua possessão.

29 E estas _coisas_ vos serão por estatuto [17] de direito a vossas
gerações, em todas as vossas habitações.

30 Todo aquelle que ferir a alguma pessoa, conforme ao dito das
testemunhas, [18] matarão o homicida: mas uma _só_ testemunha não
testemunhará contra algum, para que morra.

31 E não tomareis expiação pela [HD] vida o homicida, que culpado _está_
de morte: antes certamente morrerá.

32 Tambem não tomareis expiação por aquelle que se acolher á cidade do
seu refugio, para tornar a habitar na terra, até a morte do _summo_
sacerdote.

33 Assim não profanareis [19] a terra em que _estaes_; porque o sangue
faz profanar a terra: e nenhuma expiação se fará pela terra por causa do
sangue que se derramar n’ella, senão com o sangue d’aquelle [20] que o
derramou.

34 Não contaminareis pois [21] a terra na qual vós habitareis, no meio da
qual eu habitarei: pois eu, o Senhor, habito no meio dos filhos d’Israel.

[1] Jos. 21.2. Eze. 45.1, etc. e 48.8, etc.

[2] ver. 13. Deu. 4.41. Jos. 20.2, 7, 8 e 21.3, 13, 21, 27, 32, 36, 38.

[3] Jos. 21.41.

[4] Jos. 21.3. cap. 26.54.

[5] Deu. 19.2. Jos. 20.2.

[6] Exo. 21.13.

[7] Deu. 19.6. Jos. 20.3, 5, 6.

[8] ver. 6.

[9] Deu. 4.41. Jos. 20.8.

[10] cap. 15.16.

[11] Exo. 21.12, 14. Lev. 24.17. Deu. 19.11.

[12] ver. 21, 24, 27. Deu. 19.6, 12. Jos. 20.3, 5.

[13] Gen. 4.8. II Sam. 3.27 e 20.10. I Reis 2.31, 32. Exo. 21.14. Deu.
19.11.

[14] Exo. 21.13.

[15] ver. 12. Jos. 20.6.

[16] Exo. 29.7. Lev. 4.3 e 21.10.

[17] cap. 27.11.

[18] Deu. 17.6 e 19.15. Mat. 18.16. II Cor. 13.1. Heb. 10.28.

[19] Psa. 106.38. Miq. 4.11.

[20] Gen. 9.6.

[21] Lev. 18.25. Deu. 21.23. Exo. 29.45.



_Os casamentos das herdeiras._

36 E chegaram [1] os cabeças dos paes da geração dos filhos de Gilead,
filho de Machir, filho de Manasseh, das familias dos filhos de José, e
fallaram diante de Moysés, e diante dos maioraes, cabeças dos paes dos
filhos d’Israel,

2 E disseram: O Senhor [2] mandou dar esta terra a meu senhor por sorte,
por herança aos filhos d’Israel: e a meu senhor foi ordenado pelo Senhor,
que a herança do nosso irmão Selofad se désse a suas filhas.

3 E, casando-se ellas com algum dos filhos das _outras_ tribus dos filhos
d’Israel, então a sua herança seria diminuida da herança de nossos paes,
e accrescentada á herança da tribu de quem forem: assim se tiraria da
sorte da nossa herança.

4 Vindo tambem o _anno do_ [3] jubileo dos filhos d’Israel, a sua herança
se accrescentaria á herança da tribu d’aquelles com que se casarem: assim
a sua herança será tirada da herança da tribu de nossos paes.

5 Então Moysés deu ordem aos filhos d’Israel, segundo o mandado do
Senhor, dizendo: A tribu dos [4] filhos de José falla bem.

6 Esta _é_ a palavra que o Senhor mandou ácerca das filhas de Selofad,
dizendo: Sejam por mulheres a quem bem parecer aos seus olhos, [5]
comtanto que se casem na familia da tribu de seu pae.

7 Assim a herança dos filhos d’Israel não passará de tribu em [6] tribu:
pois os filhos d’Israel se chegarão cada um á herança da tribu de seus
paes.

8 E qualquer filha [7] que herdar _alguma_ herança das tribus dos filhos
d’Israel se casará com alguem da geração da tribu de seu pae: para que os
filhos de Israel possuam cada, um a herança de seus paes.

9 Assim a herança não passará d’uma tribu a outra: pois as tribus dos
filhos d’Israel se chegarão cada uma á sua herança.

10 Como o Senhor ordenara a Moysés, assim fizeram as filhas de Selofad.

11 Pois Machla, [8] Thirsa, e Hogla, e Milca, e Noha, filhas de Selofad,
se casaram com _os_ filhos de seus tios.

12 Das familias dos de Manasseh, filho de José, ellas foram mulheres:
assim a sua herança ficou á tribu da familia de seu pae.

13 Estes _são_ os mandamentos e os juizos que mandou o Senhor pela mão
de Moysés aos filhos de Israel [9] nas campinas dos moabitas, junto ao
Jordão _de_ Jericó.

[1] cap. 26.29.

[2] cap. 26.55 e 33.54. Jos. 17.3. cap. 27.1, 7. Jos. 17.3, 4.

[3] Lev. 25.10.

[4] cap. 27.7.

[5] ver. 12.

[6] I Sam. 21.3.

[7] I Chr. 23.22.

[8] cap. 27.1.

[9] cap. 26.3 e 33.50.



O QUINTO LIVRO DE MOYSÉS CHAMADO DEUTERONOMIO.



_O discurso de Moysés na planicie do Jordão._

[Antes de Christo 1451]

1 Estas _são_ as palavras que Moysés fallou a todo o Israel [1] d’áquem
do Jordão, no deserto, na planicie defronte _do Mar_ de Suph, entre Paran
e Tophel, e Laban, e Hazeroth, e Dizahab.

2 Onze jornadas _ha_, desde Horeb, caminho da montanha de Seir, [2] até
Cades-barnea.

3 E succedeu _que_, no anno quadragesimo, [3] no mez undecimo, no
primeiro _dia_ do mez, Moysés fallou aos filhos de Israel, conforme a
tudo o que o Senhor lhe mandara ácerca d’elles,

4 Depois que feriu [4] a Sehon, rei dos amorrheos, que habitava em
Hesbon, e a Og, rei de Basan, que habitava em Astaroth, [5] em Edrei.

5 D’áquem do Jordão, na terra de Moab, começou Moysés a declarar esta
lei, dizendo:

6 O Senhor nosso Deus nos fallou em Horeb, [6] dizendo: Assás haveis
estado n’este monte.

7 Virae-vos, e parti-vos, e ide á montanha dos amorrheos, e a todos
os seus visinhos, á planicie, e á montanha, e ao valle, e ao sul, e á
ribeira do mar; á terra dos cananeos, e ao Libano, até ao grande rio, o
rio Euphrates.

8 Vêdes aqui esta terra _vol-a_ dei diante de vós: entrae e possui a
terra que o Senhor jurou a vossos paes, Abrahão, [7] Isaac, e Jacob, que
_a_ daria a elles e á sua semente depois d’elles.

9 E no mesmo tempo [8] eu vos fallei, dizendo: _Eu_ não poderei levar-vos
só.

10 O Senhor vosso Deus já vos tem multiplicado: e eis-que já hoje em
multidão _sois_ [9] como as estrellas dos céus.

11 O Senhor Deus [10] de vossos paes vos augmente, como _sois_, _ainda_
mil vezes mais: e vos abençoe, como [11] vos tem fallado.

12 Como supportaria [12] eu só as vossas molestias, e as vossas cargas, e
as vossas differenças?

13 Tomae-vos homens [13] sabios e entendidos, experimentados entre as
vossas tribus, para que os ponha por vossas cabeças.

14 Então vós me respondestes, e dissestes: Bom _é_ de fazer a palavra que
tens fallado.

15 Tomei pois os cabeças de vossas tribus, homens sabios e
experimentados, [14] e os tenho posto por cabeças sobre vós, por capitães
de milhares, e por capitães de cem, e por capitães de cincoenta, e por
capitães de dez, e por governadores das vossas tribus.

16 E no mesmo tempo mandei a vossos juizes, dizendo: Ouvi _a causa_ entre
vossos irmãos, e julgae [15] justamente entre o homem e seu irmão, e
entre o estrangeiro _que está_ com elle.

17 Não attentareis [16] _para pessoa alguma_ em juizo, ouvireis assim o
pequeno como o grande: não temereis a face de ninguem, porque o juizo é
de Deus; [17] porém a causa que vos fôr difficil fareis vir a mim, e eu a
ouvirei.

18 Assim n’aquelle tempo vos ordenei todas as coisas que havieis de fazer.

19 Então partimos de Horeb, [18] e caminhámos por todo aquelle grande e
tremendo deserto que vistes, pelo caminho das montanhas dos amorrheos,
como o Senhor nosso Deus nos ordenara: e chegámos a Cades-barnea.

20 Então eu vos disse: Chegados sois ás montanhas dos amorrheos, que o
Senhor nosso Deus nos dará.

21 Eis aqui o Senhor teu Deus _te_ deu esta terra diante de ti: sobe,
possue-a, como te fallou o Senhor Deus de teus paes: [19] não temas, e
não te assustes.

22 Então todos vós vos chegastes a mim, e dissestes: Mandemos homens
adiante de nós, para que nos espiem a terra, e nos dêem resposta, por que
caminho devemos subir a ella, e a que cidades devemos ir.

23 Pareceu-me pois bem este negocio: de sorte que de vós tomei [20] doze
homens, de cada tribu um homem.

24 E foram-se, e subiram á montanha, e [21] vieram até ao valle de Escol,
e o espiaram.

25 E tomaram do fructo da terra nas suas mãos, e nol-o trouxeram, e nos
tornaram a _dar_ resposta, e disseram: Boa [22] _é_ a terra que nos dá o
Senhor nosso Deus.

26 Porém vós não quizestes [23] subir: mas fostes rebeldes ao mandado do
Senhor nosso Deus.

27 E murmurastes nas vossas tendas, e dissestes: Porquanto o Senhor nos
aborrece, [24] nos tirou da terra do Egypto para nos entregar nas mãos
dos amorrheos, para destruir-nos.

28 Para onde subiremos? nossos irmãos fizeram com que se derretesse o
nosso coração, dizendo: Maior e mais alto _é_ este povo [25] do que nós,
as cidades _são_ grandes e fortificadas até aos céus; e tambem vimos ali
filhos [26] dos gigantes.

29 Então eu vos disse: Não vos espanteis, nem os temaes.

30 O Senhor vosso Deus [27] que vae adiante de vós, elle por vós
pelejará, conforme a tudo o que fez comvosco, diante de vossos olhos, no
Egypto;

31 Como tambem no deserto, onde viste que [28] o Senhor teu Deus n’elle
te levou, como um homem leva seu filho, por todo o caminho que andastes,
até chegardes a este logar.

32 Mas nem por isso [29] crestes ao Senhor vosso Deus,

33 Que foi [30] adiante de vós por todo o caminho, para vos achar o logar
onde vós deverieis acampar: de noite no fogo, para vos mostrar o caminho
por onde havieis de andar, e de dia na nuvem.

34 Ouvindo pois o Senhor a voz das vossas palavras, indignou-se, e jurou,
[31] dizendo:

35 Nenhum dos homens d’esta maligna geração verá [32] esta boa terra que
jurei de dar a vossos paes,

36 Salvo Caleb, [33] filho de Jefoné; elle a verá, e a terra que pisou
darei a elle e a seus filhos: porquanto perseverou em [34] seguir ao
Senhor.

37 Tambem o Senhor [35] se indignou contra mim por causa de vós, dizendo:
Tambem tu lá não entrarás.

38 [36] Josué, filho de Nun, que está _em pé_ diante de ti, elle ali
entrará: esforça-o, [37] porque elle a fará herdar a Israel.

39 E vossos meninos, [38] de que dissestes: Por presa serão: e vossos
filhos, que hoje nem bem nem mal sabem, elles ali entrarão, e a elles, a
darei, e elles a possuirão.

40 Porém vós [39] virae-vos, e parti para o deserto, pelo caminho do Mar
Vermelho.

41 Então respondestes, [40] e me dissestes: Peccámos contra o Senhor: nós
subiremos e pelejaremos, conforme a tudo o que nos ordenou o Senhor nosso
Deus: e armastes-vos pois vós, cada um dos seus instrumentos de guerra, e
estivestes prestes para subir á montanha.

42 E disse-me o Senhor: Dize-lhes: Não subaes [41] nem pelejeis, pois
não _estou_ no meio de vós; para que não sejaes feridos diante de vossos
inimigos.

43 Porém, fallando-vos eu, não ouvistes: antes fostes rebeldes ao mandado
do Senhor, e vos [42] ensoberbecestes, e subistes á montanha.

44 E os amorrheos, que habitavam n’aquella montanha, vos sairam ao
encontro; e perseguiram-vos como fazem as [43] abelhas, e vos derrotaram
desde Seir até Horma.

45 Tornando pois vós, e chorando perante o Senhor, o Senhor não ouviu a
vossa voz, nem vos escutou.

46 Assim em [44] Cades estivestes muitos dias, segundo os dias que _ali_
estivestes.

[1] Jos. 9.1, 10 e 22.4, 7.

[2] Num. 13.26. cap. 9.23.

[3] Num. 33.38.

[4] Num. 21.24.

[5] Num. 21.23. Jos. 13.12.

[6] Exo. 3.1 e 19.1. Num. 10.11.

[7] Gen. 12.7 e 15.18 e 17.7, 8 e 26.4 e 28.13.

[8] Exo. 18.18. Num. 11.14.

[9] Gen. 15.5. cap. 10.22 e 28.62.

[10] II Sam. 24.3.

[11] Gen. 15.5 e 22.17 e 26.4. Exo. 32.13.

[12] I Reis 3.8.

[13] Exo. 18.21. Num. 11.16, 17.

[14] Exo. 18.25.

[15] cap. 16.18. João 7.24. Lev. 24.22.

[16] Lev. 19.15. cap. 16.19. I Sam. 16.7. Pro. 24.23. Thi. 2.1.

[17] II Chr. 19.6. Exo. 18.22, 26.

[18] Num. 10.12. cap. 8.15. Jer. 2.6.

[19] Jos. 1.9.

[20] Num. 13.3.

[21] Num. 13.22, 23, 24.

[22] Num. 13.27.

[23] Num. 14.1, 2, 3, 4. Psa. 106.24, 25.

[24] cap. 9.28.

[25] Num. 13.31, 32, 33.

[26] Num. 13.28.

[27] Exo. 14.14, 25. Neh. 4.20.

[28] Exo. 19.4. cap. 32.11, 12. Isa. 46.3, 4 e 63.9. Ose. 11.3. Act.
13.18.

[29] Psa. 106.24. Jud. 5.

[30] Exo. 13.21. Psa. 78.14. Num. 10.33. Eze. 20.6.

[31] cap. 2.14, 15.

[32] Num. 14.22, 23. Psa. 25.11.

[33] Num. 14.24, 30. Jos. 14.9.

[34] Num. 14.24.

[35] Num. 20.12 e 27.14. cap. 3.26 e 4.21 e 34.4. Psa. 106.32.

[36] Num. 14.30. Exo. 24.13 e 33.11. I Sam. 16.22.

[37] Num. 27.18. cap. 31.7, 23.

[38] Num. 14.13, 31. Isa. 7.15, 16. Rom. 9.11.

[39] Num. 14.25.

[40] Num. 14.40.

[41] Num. 14.42.

[42] Num. 14.44, 45.

[43] Psa. 118.12.

[44] Num. 20.1, 22. Jui. 11.17.



_Moysés falla ácerca dos edomitas, moabitas, e ammonitas._

[Antes de Christo 1490]

2 Depois virámo-nos, e caminhámos ao deserto, caminho do Mar Vermelho,
como o [1] Senhor me tinha dito, e muitos dias rodeámos a montanha de
Seir.

2 Então o Senhor me fallou, dizendo:

3 Assás tendes [2] rodeado esta montanha: virae-vos para o norte.

4 E dá ordem ao povo, dizendo: Passareis [3] pelos termos de vossos
irmãos, os filhos de Esaú, que habitam em Seir: e elles terão medo de
vós; porém guardae-vos bem,

5 Não vos entremettaes com elles, porque vos não darei da sua terra nem
ainda a pisada da planta de um pé: porquanto a Esaú tenho dado a montanha
[4] de Seir _por_ herança.

6 Comprareis d’elles, por dinheiro, comida para comerdes: e tambem agua
para beber d’elles comprareis por dinheiro.

7 Pois o Senhor teu Deus te abençoou em toda a obra das tuas mãos; elle
sabe que andas por este grande deserto: [5] estes quarenta annos o Senhor
teu Deus _esteve_ comtigo, coisa nenhuma te faltou.

8 Passando [6] pois de nossos irmãos, os filhos de Esaú, que habitavam
em Seir, desde o caminho da planicie [7] de Elath e de Ezeon-geber, nos
virámos e passámos o caminho do deserto de Moab.

9 Então o Senhor me disse: Não molestes a Moab, e não contendas com elles
em peleja, porque te não darei herança da sua terra; porquanto tenho dado
a [8] Ar aos filhos de Lot _por_ herança.

10 (Os emeos [9] d’antes habitaram n’ella: um povo grande e numeroso, e
alto como os gigantes;

11 Tambem estes foram contados por gigantes como os enaquins: e os
moabitas os chamavam emeos.

12 D’antes os horeos tambem habitaram em Seir: [10] porém os filhos de
Esaú os lançaram fóra, e os destruiram de diante de si, e habitaram no
seu logar, _assim_ como Israel fez á terra da sua herança, que o Senhor
lhes tinha dado.)

13 Levantae-vos agora, e passae o ribeiro [11] de Zered: assim passámos o
ribeiro de Zered.

14 E os dias que caminhámos, desde Cades-barnea [12] até que passámos o
ribeiro de Zered, _foram_ trinta e oito annos, [13] até que toda aquella
geração dos homens de guerra se consumiu do meio do arraial, como o
Senhor lhes jurara.

15 Assim [14] tambem foi contra elles a mão do Senhor, para os destruir
do meio do arraial até os haver consumido.

16 E succedeu que, sendo já consumidos todos os homens de guerra, pela
morte, do meio do arraial.

17 O Senhor me fallou, dizendo:

18 Hoje passarás a Ar, pelos termos de Moab;

19 E te chegarás até defronte dos filhos de Ammon: não os molestes, e com
elles não contendas: porque da terra dos filhos de Ammon te não darei
herança, porquanto [15] aos filhos de Lot a tenho dado _por_ herança.

20 (Tambem esta foi contada por terra de gigantes; d’antes n’ella
habitavam gigantes, e os ammonitas os chamavam [16] zamzummeos:

21 Um povo [17] grande, e numeroso, e alto, como os gigantes: e o Senhor
os destruiu de diante de si, e elles os lançaram fóra, e habitaram no seu
logar;

22 Assim como fez com os filhos d’Esaú, que habitavam [18] em Seir,
de diante dos quaes destruiu os horeos, e elles os lançaram fóra, e
habitaram no seu logar até este dia;

23 Tambem os caftoreos, que sairam de Caftor, destruiram os [19] aveos,
que habitavam em Kazerim até Gaza, e habitaram no seu logar).

24 Levantae-vos, parti e passae [20] o ribeiro d’Arnon; eis-aqui na tua
mão tenho dado a Sehon, amorrheo, rei de Hesbon, e a sua terra; começa a
possuil-a, e contende com elles em peleja.

25 N’este dia [21] começarei a pôr um terror e um temor de ti diante
dos povos _que estão_ debaixo de todo o céu: os que ouvirem a tua fama
tremerão diante de ti e se angustiarão.

26 Então mandei mensageiros desde o deserto de Quedemoth a Sehon, rei de
Hesbon, com palavras de [22] paz, dizendo:

27 Deixa-me passar pela [23] tua terra: sómente pela estrada irei; não me
desviarei para a direita nem para a esquerda.

28 A comida que eu coma vender-m’a-has por dinheiro, e dar-me-has por
dinheiro a agua que beba: tão sómente deixa-me [24] passar a pé;

29 Como fizeram comigo os [25] filhos d’Esaú, que habitam em Seir, e os
moabitas que habitam em Ar: até que eu passe o Jordão, a terra que o
Senhor nosso Deus nos ha de dar.

30 Mas Sehon, [26] rei de Hesbon, não nos quiz deixar passar por si,
porquanto o Senhor teu Deus endurecera o seu espirito, [27] e fizera
obstinado o seu coração, por t’o dar na tua mão, como n’este dia _se vê_.

31 E o Senhor me disse: Eis-aqui, tenho começado a dar-te Sehon, [28] e
a sua terra diante de ti: começa _pois_ a possuil-_a_, para que herdes a
sua terra.

32 E Sehon saiu-nos ao encontro, elle e todo o seu povo, á peleja, a
Jahaz:

33 E o Senhor nosso Deus nol-o deu diante [29] de nós, e o ferimos a
elle, e a seus filhos, e a todo o seu povo.

34 E n’aquelle tempo tomámos todas as suas cidades, e destruimos todas as
cidades, homens, e mulheres e creanças: [30] não deixámos a ninguem.

35 Sómente tomámos em presa o gado para nós, e o despojo das cidades que
tinhamos tomado.

36 Desde Aroer, [31] que _está_ á borda do ribeiro d’Arnon, e a cidade
que _está_ junto ao ribeiro, até Gilead, nenhuma cidade houve que de nós
escapasse: tudo isto [32] o Senhor nosso Deus _nos_ entregou diante de
nós.

37 Sómente á terra dos filhos de Ammon não chegaste: nem a toda a borda
do ribeiro de Jabbok, [33] nem ás cidades da montanha, nem a coisa alguma
que nos prohibira o Senhor nosso Deus.

[1] Num. 14.25. cap. 1.40.

[2] ver. 7, 14.

[3] Num. 20.14.

[4] Gen. 36.8. Jos. 24.4.

[5] cap. 8.2, 3, 4.

[6] Jui. 11.18.

[7] I Reis 9.26.

[8] Num. 21.28. Gen. 19.36, 37.

[9] Gen. 14.5. Num. 13.22, 33. cap. 9.2.

[10] ver. 22. Gen. 14.6 e 36.20.

[11] Num. 21.12.

[12] Num. 13.26.

[13] Num. 14.33 e 26.64. cap. 1.34, 35. Eze. 20.15.

[14] Psa. 78.33 e 106.26.

[15] Gen. 19.38.

[16] Gen. 14.5.

[17] ver. 10.

[18] Gen. 36.8 e 14.6 e 36.20-30. ver. 12.

[19] Jos. 13.3. Jer. 25.20. Amós 9.7.

[20] Num. 21.13. Jui. 11.17, 21.

[21] Exo. 15.14. cap. 11.25. Jos. 2.9, 10.

[22] cap. 20.10.

[23] Num. 21.21.

[24] Num. 20.19.

[25] Num. 20.18. cap. 23.3, 4. Jui. 11.16, 18.

[26] Num. 21.23.

[27] Jos. 11.20. Exo. 4.21.

[28] cap. 1.8.

[29] cap. 7.2 e 20.16. Num. 21.24. cap. 29.7.

[30] Lev. 27.28. cap. 7.2, 26.

[31] cap. 3.12 e 4.48. Jos. 13.9.

[32] Psa. 44.5.

[33] Gen. 32.22. cap. 3.16. ver. 5, 9, 19.



_Moysés falla ácerca de Og, rei de Basan._

3 Depois _nós_ virámos e subimos o caminho de Basan: e Og [1] rei de
Basan, nos saiu ao encontro, elle e todo o seu povo, á peleja em [2]
Edrei.

2 Então o Senhor me disse: Não temas, porque a elle e a todo o seu povo,
e a sua terra, tenho dado na tua mão: e far-lhe-has como fizeste a Sehon,
[3] rei dos amorrheos, que habitava em Hesbon.

3 E tambem o Senhor nosso Deus _nos_ deu na nossa mão a Og, rei de Basan,
e a todo o seu povo: de maneira que o ferimos, até que [4] ninguem lhe
ficou de restante.

4 E n’aquelle tempo tomámos todas as suas cidades: nenhuma cidade houve
que lhes não tomassemos: sessenta cidades, toda a borda da terra d’Argob,
o reino d’Og [5] em Basan.

5 Todas estas cidades _eram_ fortificadas com altos muros, portas e
ferrolhos: de mais d’outras muitas cidades sem muros.

6 E destruimol-as como fizemos a Sehon, [6] rei de Hesbon, destruindo
todas as cidades, homens, mulheres e creanças.

7 Porém todo o gado, e o despojo das cidades, tomámos para nós por presa.

8 Assim n’aquelle tempo tomámos a terra da mão d’aquelles dois reis dos
amorrheos, que _estavam_ d’áquem do Jordão: desde o rio d’Arnon, até ao
monte de Hermon;

9 (Os Sidonios [7] a Hermon chamam Sirion; porém os amorrheos o chamam
Senir);

10 Todas as cidades [8] da terra plana, e todo o Gilead, e todo o Basan,
até Salcha e Edrei, cidades do reino d’Og em Basan.

11 Porque só Og, o rei de Basan, ficou do resto dos gigantes; eis que
o seu leito, um leito de ferro, não _está porventura_ [9] em Rabba dos
filhos d’Ammon? de nove covados o seu comprimento, e de quatro covados a
sua largura, pelo covado d’um homem.

12 Tomámos pois esta terra em possessão n’aquelle tempo: desde Aroer,
[10] que _está_ junto ao ribeiro d’Arnon, e a metade da montanha de
Gilead, com as suas cidades, tenho dado aos rubenitas e gaditas.

13 E o resto de Gilead, como tambem [11] todo o Basan, o reino d’Og, dei
á meia tribu de Manasseh; toda aquella borda da terra d’Argob, por todo o
Basan, se chamava a terra dos gigantes.

14 Jair, filho de Manasseh, alcançou toda a borda da terra de Argob,
até ao termo dos gesuritas, [12] e maachatitas, e a chamou de seu nome,
Basan-havot-jair até este dia.

15 E a Machir dei [13] Gilead.

16 Mas aos rubenitas [14] e gaditas dei desde Gilead até ao ribeiro
d’Arnon, o meio do ribeiro, e o termo: e até ao ribeiro de Jabbok, o [15]
termo dos filhos d’Ammon.

17 Como tambem a campina, e o Jordão com o termo: desde Cinnereth até
[16] ao mar da campina, o Mar Salgado, abaixo d’Asdoth-pisga para o
oriente.

18 E vos dei ordem mais no mesmo tempo, dizendo: O Senhor vosso Deus vos
deu esta terra, para possuil-a: [17] passae pois armados vós, todos os
homens valentes, diante de vossos irmãos, os filhos d’Israel.

19 Tão sómente vossas mulheres, e vossas creanças, e vosso gado (_porque_
eu sei que tendes muito gado) ficarão nas vossas cidades, que já vos
tenho dado,

20 Até que o Senhor dê descanço a vossos irmãos como a vós: para que
elles herdem tambem a terra que o Senhor vosso Deus lhes ha de dar d’além
do Jordão: [18] então voltareis cada qual á sua herança que já vos tenho
dado.

21 Tambem dei ordem a [19] Josué no mesmo tempo, dizendo: Os teus olhos
vêem tudo o que o Senhor vosso Deus tem feito a estes dois reis; assim
fará o Senhor a todos os reinos, a que tu passarás.

22 Não os temaes: porque o Senhor vosso Deus é o [20] que peleja por vós.

23 Tambem _eu_ pedi graça [21] ao Senhor no mesmo tempo, dizendo:


_A oração de Moysés para entrar em Canaan._

24 Senhor JEHOVAH! já começaste a mostrar ao teu servo a tua grandeza
e [22] a tua forte mão: porque, que Deus _ha_ nos céus e na terra, que
possa obrar segundo as tuas obras, e segundo a tua fortaleza?

25 Rogo-te que me deixes passar, para que veja [23] _esta_ boa terra que
está d’além do Jordão; esta boa montanha, e o Libano.

26 Porém o Senhor [24] indignou-se muito contra mim por causa de vós, e
não me ouviu; antes me disse: Baste-te; não me falles mais n’este negocio:

27 Sobe [25] ao cume de Pisga, e levanta os teus olhos ao occidente, e
ao norte, e ao sul, e ao oriente, e vê com os teus olhos: porque não
passarás este Jordão.

28 Manda pois a Josué, [26] e esforça-o, e conforta-o; porque elle
passará diante d’este povo, e o fará possuir a terra que vires.

29 Assim ficámos n’este valle, [27] defronte de Beth-peor.

[1] Num. 21.33, etc. cap. 29.7.

[2] cap. 1.4.

[3] Num. 21.34.

[4] Num. 21.35.

[5] I Reis 4.13.

[6] cap. 2.24. Psa. 135.10, 11, 12 e 136.19, 20, 21.

[7] cap. 4.48. Psa. 29.6. I Chr. 5.23.

[8] cap. 4.49. Jos. 12.5 e 13.11.

[9] Amós 2.9. Gen. 14.5. II Sam. 12.26. Jer. 49.2. Eze. 21.20.

[10] cap. 2.36. Jos. 12.2. Num. 32.33. Jos. 12.6 e 13.8, etc.

[11] Jos. 13.29.

[12] I Chr. 2.22. Jos. 13.13. II Sam. 3.3 e 10.6. Num. 32.41.

[13] Num. 32.39.

[14] II Sam. 24.6.

[15] Num. 21.24. Jos. 12.2.

[16] Num. 34.11. cap. 4.49. Jos. 12.3. Gen. 14.3.

[17] Num. 32.20, etc.

[18] Jos. 22.4.

[19] Num. 27.18.

[20] Exo. 14.14. cap. 1.30 e 20.4.

[21] II Cor. 12.8, 9.

[22] cap. 11.2. Exo. 15.11. II Sam. 7.22. Psa. 71.19.

[23] Exo. 3.8. cap. 4.22.

[24] Num. 20.12 e 27.14. cap. 1.37 e 31.2 e 32.51, 52. Psa. 106.32.

[25] Num. 27.12.

[26] Num. 27.18, 23. cap. 1.38 e 31.3, 7.

[27] cap. 4.46 e 34.6.



_Moysés exhorta o povo á obediencia._

4 Agora, pois, ó Israel, ouve [1] _os_ estatutos e os juizos que eu vos
ensino, para os fazerdes: para que vivaes, e entreis, e possuaes a terra
que o Senhor Deus de vossos paes vos dá.

2 Não accrescentareis [2] á palavra que vos mando, nem diminuireis
d’ella, para que guardeis os mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu vos
mando.

3 Os vossos olhos teem visto o que Deus fez por Baal-peor; [3] pois a
todo o homem que seguiu a Baal-peor o Senhor teu Deus consumiu do meio de
ti.

4 Porém vós, que vos chegastes ao Senhor vosso Deus, hoje todos _estaes_
vivos.

5 Vêdes aqui vos tenho ensinado estatutos e juizos, como me mandou o
Senhor meu Deus: para que assim façaes no meio da terra a qual ides a
herdar.

6 Guardae-os pois, e fazei-os, porque esta _será_ a vossa sabedoria [4] e
o vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes
estatutos, e dirão: Este grande povo só _é_ gente sabia e entendida.

7 Porque, que [5] gente _ha_ tão grande, que tenha deuses _tão_ chegados
como o Senhor nosso Deus, todas as _vezes_ que o chamamos?

8 E que gente _ha tão_ grande, que tenha estatutos e juizos _tão_ justos
como toda esta lei que hoje dou perante vós?

9 Tão sómente guarda-te a ti mesmo, e guarda bem [6] a tua alma, que te
não esqueças d’aquellas coisas que os teus olhos teem visto, e se não
apartem do teu coração todos os dias da tua vida: e as farás saber [7] a
teus filhos, e aos filhos de teus filhos:

10 O [8] dia em que estiveste perante o Senhor teu Deus em Horeb, quando
o Senhor me disse: Ajunta-me este povo, e os farei ouvir as minhas
palavras, e aprendel-as-hão, para me temerem todos os dias que na terra
viverem, e _as_ ensinarão a seus filhos;

11 E vós vos chegastes, e vos pozestes ao pé do monte: e o monte ardia
[9] em fogo até ao meio dos céus, e _havia_ trevas, e nuvens e escuridão;

12 Então o Senhor vos fallou do meio do fogo: [10] a voz das palavras
ouvistes; porém, além da voz, não vistes similhança nenhuma.

13 Então vos annunciou elle o seu concerto, [11] que vos ordenou fazer,
[HE] os dez mandamentos, e os escreveu em duas taboas de pedra.

14 Tambem [12] o Senhor me ordenou ao mesmo tempo que vos ensinasse
estatutos e juizos, para que os fizesseis na terra a qual passaes a
possuir.

15 Guardae pois com diligencia as vossas almas, [13] pois similhança
nenhuma vistes no dia em que o Senhor vosso Deus em Horeb fallou comvosco
do meio do fogo;

16 Para que não [14] _vos_ corrompaes, e vos façaes alguma esculptura,
similhança de imagem, figura de macho ou de femea;

17 Figura d’algum animal que _haja_ na terra; figura d’alguma ave aligera
que vôa pelos céus;

18 Figura d’algum _animal_ que anda de rastos sobre a terra; figura
d’algum peixe que _esteja_ nas aguas debaixo da terra;

19 Que não levantes [15] os teus olhos aos céus e vejas [16] o sol, e a
lua, e as estrellas, todo o exercito dos céus; e sejas impellido a que te
inclines perante elles, e sirvas áquelles que o Senhor teu Deus repartiu
a todos os povos debaixo de todos os céus.

20 Mas o Senhor vos tomou, e vos tirou do forno de ferro do Egypto, para
que lhe sejaes por [17] povo hereditario, como n’este dia _se vê_.

21 Tambem o [18] Senhor se indignou contra mim _por_ causa das vossas
palavras, e jurou que eu não passaria o Jordão, e que não entraria na boa
terra que o Senhor teu Deus te dará por herança.

22 Porque eu n’esta [19] terra morrerei, não passarei o Jordão: porém vós
_o_ passareis, e possuireis aquella boa terra.

23 Guardae-vos de que vos esqueçaes [20] do concerto do Senhor vosso
Deus, que tem feito comvosco, e vos façaes esculptura alguma, [21] imagem
d’alguma _coisa_ que o Senhor vosso Deus vos prohibiu.

24 Porque o Senhor teu [22] Deus _é_ um fogo que consome, um Deus zeloso.

25 Quando pois gerardes filhos, e filhos de filhos, e vos envelhecerdes
na terra, e _vos_ corromperdes, e fizerdes _alguma_ esculptura, [23]
similhança d’alguma coisa, e fizerdes mal aos olhos do Senhor, para o
provocar á ira:

26 Hoje tomo por testemunhas contra vós o céu e a terra, [24] que
certamente perecereis depressa da terra, a qual passaes o Jordão a
possuir: não prolongareis _os vossos_ dias n’ella, antes sereis de todo
destruidos.

27 E o Senhor vos espalhará entre os povos, [25] e ficareis poucos em
numero entre as gentes ás quaes o Senhor vos conduzirá.

28 E ali servireis a deuses [26] que são obra de mãos de homens, madeira
e pedra, que não vêem nem ouvem, nem comem nem cheiram.

29 Então d’ali buscarás ao Senhor teu Deus, [27] e _o_ acharás, quando o
buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma.

30 Quando _estiveres_ em angustia, e todas estas coisas [28] te
alcançarem, então no fim de dias te virarás ao Senhor teu Deus, e ouvirás
a sua voz.

31 Porquanto o Senhor teu [29] Deus _é_ Deus misericordioso; e não te
desamparará, nem te destruirá, nem se esquecerá do concerto que jurou a
teus paes.

32 Porque, [30] pergunta agora aos tempos passados, que te precederam
desde o dia em que Deus creou o homem sobre a terra, desde uma [31]
extremidade do céu até á outra, se succedeu jámais coisa tão grande como
esta, ou se se ouviu _coisa_ como esta?

33 Ou se _algum_ povo ouviu [32] a voz de Deus fallando do meio do fogo,
como tu a ouviste, e ficou vivo?

34 Ou se um Deus intentou ir tomar para si um povo do meio _de outro_
povo [33] com provas, com signaes, e com milagres, e com peleja, e com
mão forte, e com braço estendido, e com grandes espantos, conforme a tudo
quanto o Senhor vosso Deus vos fez no Egypto aos vossos olhos?

35 A ti te foi mostrado para que soubesses que o Senhor é Deus: [34]
nenhum outro _ha_ senão elle.

36 Desde os céus te fez [35] ouvir a sua voz, para te ensinar, e sobre a
terra te mostrou o seu grande fogo, e ouviste as suas palavras do meio do
fogo.

37 E, porquanto amava teus [36] paes, e escolhera a sua semente depois
d’elles, te tirou do Egypto diante de si, com a sua grande força:

38 Para lançar [37] fóra de diante de ti gentes maiores e mais poderosas
do que tu, para te introduzir _n’ella_, e te dar a sua terra _por_
herança, como n’este dia _se vê_.

39 Pelo que hoje saberás, e reflectirás no teu coração, que só o Senhor
[38] é Deus em cima no céu, e em baixo na terra; nenhum outro _ha_.

40 E guardarás _os_ teus estatutos [39] e os seus mandamentos, que te
ordeno hoje, para que bem te vá a ti, e a teus filhos depois de ti, e
para que prolongues os dias na terra que o Senhor teu Deus te dá para
todo o sempre.


_Moysés designa tres das cidades de refugio._

41 Então Moysés separou tres [40] cidades d’áquem do Jordão, da banda do
nascimento do sol;

42 Para que ali se acolhesse o homicida [41] que de improviso matasse o
seu proximo a quem d’antes não tivesse odio algum: e se acolhesse a uma
d’estas cidades, e vivesse;

43 A Bezer, [42] no deserto, na terra plana, para os rubenitas; e
a Ramoth, em Gilead, para os gaditas; e a Golan, em Basan, para os
manassitas.

44 Esta _é_ pois a lei que Moysés propoz aos filhos de Israel.

45 Estes _são_ os testemunhos, e os estatutos, e os juizos, que Moysés
fallou aos filhos de Israel, havendo saido do Egypto;

46 D’aquem do Jordão, [43] no valle defronte de Beth-peor, na terra de
Sehon, rei dos amorrheos, que habitava em Hesbon: a quem feriu Moysés e
[44] os filhos de Israel, havendo elles saido do Egypto.

47 E tomaram a sua terra em possessão, como tambem a terra [45] de Og,
rei de Basan, dois reis dos amorrheos, que _estavam_ d’áquem do Jordão,
da banda do nascimento do sol.

48 Desde Aroer, [46] que _está_ á borda do ribeiro de Arnon, até ao monte
de Sion, que _é_ Hermon,

49 E toda a campina d’áquem do Jordão, da banda do oriente, [47] até ao
mar da campina, abaixo de Asdoth-pisga.

[1] Lev. 19.37 e 20.8 e 22.31. cap. 5.1 e 8.1. Eze. 20.11. Rom. 10.5.

[2] cap. 12.32. Jos. 1.7. Pro. 30.6. Ecc. 12.13. Apo. 22.18, 19.

[3] Num. 25.4, etc. Jos. 22.17. Psa. 106.28.

[4] Job 28.28. Psa. 19.8 e 110.10. Pro. 1.7.

[5] II Sam. 7.23. Psa. 46.2 e 145.18. Isa. 55.6.

[6] Pro. 4.23.

[7] Gen. 18.19. cap. 6.7 e 11.19. Psa. 78.5, 6. Eph. 6.4.

[8] Exo. 19.9, 16. Heb. 12.18.

[9] Exo. 19.18. cap. 5.23.

[10] cap. 5.4, 22. ver. 33, 36. Exo. 20.22. I Reis 19.12.

[11] cap. 9.9, 11. Exo. 34.28 e 24.12.

[12] Exo. 21.1, 23.

[13] Jos. 23.11. Isa. 40.18.

[14] Exo. 32.7. ver. 23. Exo. 20.4, 5. cap. 5.8. Rom. 1.23.

[15] cap. 17.3. Job 31.26, 27. Rom. 1.25.

[16] cap. 17.3. Job 31.26, 27.

[17] I Reis 8.51. Jer. 11.4. Exo. 19.5. cap. 9.29 e 32.9.

[18] Num. 20.12. cap. 1.37.

[19] II Ped. 1.13, 14, 15. cap. 3.25, 27.

[20] ver. 9.

[21] ver. 16. Exo. 20.4, 5.

[22] Exo. 24.17. cap. 9.3. Isa. 33.14. Heb. 12.29. cap. 6.15. Isa. 42.8.

[23] ver. 16. II Reis 17.17, etc.

[24] cap. 30.18. Isa. 1.2. Miq. 6.2.

[25] Lev. 26.33. cap. 28.62, 64. Neh. 1.8.

[26] cap. 28.64. I Sam. 26.19. Jer. 16.13. Psa. 115.4 e 135.15. Isa. 44.9
e 46.7.

[27] Lev. 26.39, 40. cap. 30.1. II Chr. 15.4. Neh. 1.9. Isa. 55.6, 7.
Jer. 29.12.

[28] Gen. 49.1. cap. 31.29. Jer. 23.20. Ose. 3.5. Joel 2.12.

[29] II Chr. 30.9. Neh. 9.31. Psa. 116.5. Jon. 4.2.

[30] Job 8.8.

[31] Mat. 24.31.

[32] Exo. 24.11 e 33.20. cap. 5.24.

[33] cap. 7.19 e 29.3. Exo. 7.3 e 13.3 e 6.6. cap. 26.8 e 34.12.

[34] cap. 32.39. I Sam. 2.2. Isa. 45.5, 18, 22. Mar. 12.29, 32.

[35] Exo. 19.9, 19 e 20.18, 22 e 24.15.

[36] cap. 10.15. Exo. 13.3, 9, 14.

[37] cap. 7.1 e 9.1, 4, 5.

[38] ver. 35. Jos. 2.11.

[39] Lev. 22.31. cap. 5.16 e 6.3, 18 e 12.25, 28 e 22.7. Eph. 6.3.

[40] Num. 35.6, 14.

[41] cap. 19.4.

[42] Jos. 20.8.

[43] cap. 3.29.

[44] Num. 21.24. cap. 1.4.

[45] Num. 21.35. cap. 3.3, 4.

[46] cap. 2.36 e 3.12.

[47] cap. 3.17.



_A repetição dos dez mandamentos._

5 E chamou Moysés a todo o Israel, e disse-lhes: Ouve, ó Israel, os
estatutos e juizos que hoje vos fallo aos ouvidos: e aprendel-os-heis, e
guardal-os-heis, para os fazer.

2 O Senhor nosso Deus [1] fez comnosco concerto em Horeb.

3 Não com nossos paes [2] fez o Senhor este concerto, senão comnosco,
todos os que hoje aqui _estamos_ vivos.

4 Cara a cara o Senhor fallou [3] comnosco no monte, do meio do fogo

5 (N’aquelle tempo eu estava _em pé_ [4] entre o Senhor e vós, para vos
notificar a palavra do Senhor: porque temestes o fogo, e não subistes ao
monte), dizendo:

6 Eu _sou_ o Senhor [5] teu Deus, que te tirei da terra do Egypto, da
casa da servidão:

7 Não terás [6] outros deuses diante de mim;

8 Não farás para ti imagem [7] de esculptura, _nem_ similhança alguma
_do_ que _ha_ em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas aguas
debaixo da terra:

9 Não te encurvarás a ellas, nem as servirás: porque Eu, o Senhor teu
Deus, _sou_ Deus zeloso, que visito a maldade [8] dos paes sobre os
filhos, até á terceira e quarta _geração_ d’aquelles que me aborrecem,

10 E faço misericordia [9] em milhares aos que me amam, e guardam os meus
mandamentos.

11 Não tomarás [10] o nome do Senhor teu Deus em vão: porque o Senhor não
terá por innocente ao que tomar o seu nome em vão;

12 Guarda o dia de sabbado, [11] para o sanctificar, como te ordenou o
Senhor teu Deus.

13 Seis dias [12] trabalharás, e farás toda a tua obra,

14 Mas o setimo dia _é_ o sabbado do [13] Senhor teu Deus: não farás
nenhuma obra _n’elle_, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu
servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento, nem animal
algum teu, nem o estrangeiro que _está_ dentro de tuas portas: para que o
teu servo e a tua serva descancem como tu:

15 Porque te lembrarás [14] que foste servo na terra do Egypto, e que o
Senhor teu Deus te tirou d’ali com mão forte e braço estendido: pelo que
o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sabbado.

16 Honra a teu pae e a tua [15] mãe, como o Senhor teu Deus te ordenou,
para que se prolonguem os teus dias, e para que te vá bem na terra que te
dá o Senhor teu Deus.

17 [16] Não matarás.

18 [17] E não adulterarás.

19 [18] E não furtarás.

20 E não dirás falso testemunho contra [19] o teu proximo;

21 E não cobiçarás a [20] mulher do teu proximo: e não desejarás a casa
do teu proximo, _nem_ o seu campo, nem o seu servo, nem a sua serva,
_nem_ o seu boi, nem o seu jumento, nem _coisa_ alguma do teu proximo.


_O povo pede a Moysés para receber a lei do Senhor._

22 Estas palavras fallou o Senhor a toda a vossa congregação no monte
do meio do fogo, da nuvem e da escuridade, com grande voz, [21] e nada
accrescentou: e as escreveu em duas taboas de pedra, e a mim m’as deu.

23 E succedeu que, [22] ouvindo a voz do meio das trevas, e _vendo_ o
monte ardendo em fogo, vos achegastes a mim, todos os Cabeças das vossas
tribus, e vossos anciãos;

24 E dissestes: Eis aqui o Senhor vosso Deus nos fez ver a sua gloria e
a sua grandeza, e ouvimos a sua voz do [23] meio do fogo: hoje vimos que
Deus falla com o homem, e que _o homem_ [24] fica vivo.

25 Agora pois, porque morreriamos? [25] pois este grande fogo nos
consumiria: se ainda mais ouvissemos a voz do Senhor nosso Deus,
morreriamos.

26 Porque, quem _ha_ de toda a [26] carne, que ouviu a voz do Deus
vivente fallando do meio do fogo, como nós, e ficou vivo?

27 Chega-te tu, e ouve tudo o que disser o Senhor nosso Deus: e tu nos
dirás tudo o que te disser o Senhor nosso Deus, [27] e _o_ ouviremos, e
_o_ faremos.

28 Ouvindo pois o Senhor a voz das vossas palavras, quando me fallaveis
a mim, o Senhor me disse: Eu ouvi a voz das palavras d’este povo, que te
disseram: em tudo [28] fallaram elles bem.

29 Quem dera que elles tivessem tal coração que me temessem, [29] e
guardassem todos os meus mandamentos todos os dias! para que bem lhes
fosse a elles e a seus filhos para sempre.

30 Vae, dize-lhes: Tornae-vos ás vossas tendas.

31 Porém tu está aqui [30] commigo, para que eu a ti te diga todos os
mandamentos, e estatutos, e juizos, que tu lhes has de ensinar que façam
na terra que eu lhes darei para possuil-a.

32 Olhae pois que façaes como vos mandou o Senhor vosso Deus: [31] não
declinareis, nem para a direita nem para a esquerda.

33 Andareis em todo o [32] caminho que vos manda o Senhor vosso Deus,
para que vivaes e bem [33] vos succeda, e prolongueis os dias na terra
que haveis de possuir.

[1] Exo. 19.5. cap. 4.23.

[2] Mat. 13.17. Heb. 8.9.

[3] Exo. 19.9, 19 e 20.22. cap. 4.33, 36 e 34.10.

[4] Gal. 3.19. Exo. 19.16 e 20.18 e 24.2.

[5] Exo. 20.2, etc. Lev. 26.1. cap. 6.4. Psa. 81.11.

[6] Exo. 20.3.

[7] Exo. 20.4.

[8] Exo. 34.7.

[9] Jer. 32.18. Dan. 9.4.

[10] Exo. 20.7. Lev. 19.12. Mat. 5.53.

[11] Exo. 20.8.

[12] Exo. 23.12 e 35.2. Eze. 20.12.

[13] Gen. 2.2. Exo. 16.29, 30. Heb. 4.4.

[14] cap. 15.15 e 16.12 e 24.18, 22 e 4.34, 37.

[15] Exo. 20.12. Lev. 19.3. cap. 27.16. Eph. 6.2. Col. 3.20. cap. 4.40.

[16] Exo. 20.13. Mat. 5.21.

[17] Exo. 20.14. Luc. 18.20. Thi. 2.11.

[18] Exo. 20.15. Rom. 13.9.

[19] Exo. 20.16.

[20] Exo. 20.17. Miq. 2.2. Hab. 2.9. Luc. 12.15. Rom. 7.7 e 13.9.

[21] Exo. 24.12 e 31.18.

[22] Exo. 20.18.

[23] Exo. 19.19.

[24] cap. 4.2. Jui. 11.12.

[25] cap. 18.16.

[26] cap. 4.33.

[27] Exo. 20.19.

[28] cap. 18.18.

[29] cap. 32.29. Psa. 81.14. Isa. 48.18. Mat. 23.37. Luc. 19.42. cap.
11.1 e 4.40.

[30] Gal. 3.19.

[31] cap. 17.20 e 28.14. Jos. 1.7 e 23.6. Pro. 4.27.

[32] cap. 10.12. Psa. 119.6. Jer. 7.23. Luc. 1.6.

[33] cap. 4.40.



_O fim da lei é obediencia._

6 Estes, pois, _são_ os mandamentos, [1] os estatutos e os juizos que
mandou o Senhor vosso Deus para se vos ensinar, para que _os_ fizesseis
na terra a que passaes a possuir;

2 Para que temas [2] ao Senhor teu Deus, e guardes todos os seus
estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho
de teu filho, todos os dias da tua vida, e que teus dias sejam [3]
prolongados.

3 Ouve pois, ó Israel, e attenta que _os_ guardes, para que bem te
succeda, e muito te multipliques, como te disse o Senhor Deus de teus
paes, na [4] terra que mana leite e mel.

4 Ouve, Israel, [5] o Senhor nosso Deus _é_ o unico Senhor.

5 Amarás [6] pois o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a
tua alma, e de todo o teu poder.

6 E estas palavras, [7] que hoje te ordeno, estarão no teu coração;

7 E as intimarás [8] a teus filhos, e d’ellas fallarás assentado em tua
casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.

8 Tambem as atarás [9] por signal na tua mão, e _te_ serão por testeiras
entre os teus olhos.

9 E as escreverás [10] nos umbraes de tua casa, e nas tuas portas.

10 Havendo-te pois o Senhor teu Deus introduzido na terra que jurou a
teus paes, Abrahão, Isaac e Jacob, te daria: grandes e boas cidades, que
tu [11] não edificaste,

11 E casas cheias de todo o bem, que tu não encheste, e poços cavados,
que tu não cavaste, vinhas e olivaes, que tu não plantaste, [12] e
comeres, e te fartares,

12 Guarda-te, e que te não esqueças do Senhor, que te tirou da terra do
Egypto, da casa da servidão.

13 O Senhor teu Deus [13] temerás, e a elle servirás, e pelo seu nome
jurarás.

14 Não seguireis outros [14] deuses, os deuses dos povos que _houver_ á
roda de vós;

15 Porque o Senhor vosso Deus _é_ um Deus zeloso no meio de ti, [15] para
que a ira do Senhor teu Deus se não accenda contra ti, e te destrua de
sobre a face da terra.

16 Não tentareis [16] o Senhor vosso Deus, como _o_ tentaste em Massah.

17 Diligentemente guardareis [17] os mandamentos do Senhor vosso Deus;
como tambem os seus testemunhos, e seus estatutos, que te tem mandado.

18 E farás o recto [18] e o bom aos olhos do Senhor: para que bem te
succeda, e entres, e possuas a boa terra, _sobre_ a qual o Senhor jurou a
teus paes.

19 Para que lance fóra a todos os teus inimigos [19] de diante de ti,
como o Senhor tem dito.

20 Quando teu filho [20] te perguntar pelo tempo adiante, dizendo: Quaes
_são_ os testemunhos, e estatutos e juizos que o Senhor nosso Deus vos
ordenou?

21 Então dirás a teu filho: Eramos servos de Pharaó no Egypto; [21] porém
o Senhor nos tirou com mão forte do Egypto;

22 E o Senhor deu signaes grandes, e nocivas [22] maravilhas no Egypto,
a Pharaó e a toda a sua casa, aos nossos olhos;

23 E d’ali nos tirou, para nos levar, e nos dar a terra que jurára a
nossos paes.

24 E o Senhor nos ordenou que fizessemos todos estes estatutos, para [23]
temer ao Senhor nosso Deus, para o nosso perpetuo bem, para nos guardar
em vida, como _no dia d’_hoje.

25 E será para nós [24] justiça, quando tivermos cuidado de fazer todos
estes mandamentos perante o Senhor nosso Deus, como nos tem ordenado.

[1] cap. 4.5 e 1.31.

[2] Exo. 20.20. cap. 10.12. Psa. 111.10. Ecc. 12.13.

[3] cap. 4.40. Pro. 3.11.

[4] Gen. 15.5 e 22.17. Exo. 3.8.

[5] Isa. 42.8. Mar. 12.29, 32. João 17.3. I Cor. 8.4, 6.

[6] cap. 10.12. Mat. 22.37. Mar. 12.30. Luc. 10.27. II Reis 23.25.

[7] cap. 11.18 e 32.46. Psa. 37.31 e 119.11, 98. Pro. 3.3. Isa. 51.7.

[8] cap. 4.9 e 11.19. Psa. 78.4. Eph. 6.4.

[9] Exo. 13.9, 16. cap. 11.18. Pro. 6.21 e 7.3.

[10] cap. 11.20. Isa. 57.8.

[11] Jos. 24.13. Psa. 105.44.

[12] cap. 8.10, etc.

[13] cap. 10.12, 20 e 13.4. Mat. 4.10. Luc. 4.8. Psa. 63.12. Isa. 45.22.
Jer. 4.2 e 5.7 e 12.16.

[14] cap. 8.19 e 11.28. Jer. 25.6. cap. 13.7.

[15] Exo. 20.5. cap. 4.21 e 7.4 e 11.17.

[16] Mat. 4.7. Luc. 4.12. Exo. 17.2, 7. Num. 29.3.

[17] cap. 11.13, 22.

[18] Exo. 15.26. cap. 12.28 e 13.18.

[19] Num. 33.52, 53.

[20] Exo. 13.14.

[21] Exo. 3.19 e 13.3.

[22] Exo. 7 e 8, 9, 10, 11 e 12. Psa. 135.9.

[23] ver. 2. cap. 10.13. Job 35.7, 8. Jer. 32.39. cap. 4.1 e 8.1. Psa.
41.3. Luc. 10.28.

[24] Lev. 18.5. cap. 24.13. Rom. 10.3, 5.



_Ordena-se a destruição dos cananeos e seus idolos._

7 Quando o Senhor teu Deus [1] te tiver introduzido na terra, a qual
vaes a possuir, e tiver lançado fóra muitas gentes de diante de ti,
os hetheos, [2] e os girgaseos, e os amorrheos, e os cananeos, e os
phereseos, e os heveos, e os jebuseos, sete gentes mais numerosas e mais
poderosas do que [3] tu;

2 E o Senhor teu Deus as tiver dado diante de ti, para as ferir,
totalmente as destruirás; [4] não farás com ellas concerto, nem terás
piedade d’ellas;

3 Nem te aparentarás com ellas: não [5] darás tuas filhas a seus filhos,
e não tomarás suas filhas para teus filhos;

4 Pois fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros
deuses; e a ira [6] do Senhor se accenderia contra vós, e depressa vos
consumiria.

5 Porém assim lhes fareis: Derrubareis os seus altares, quebrantareis [7]
[HF] as suas estatuas; e cortareis os seus bosques, e queimareis a fogo
as suas imagens d’esculptura.

6 Porque povo sancto _és_ ao Senhor teu Deus: [8] o Senhor teu Deus te
escolheu, para que lhe fosses o seu povo proprio, de todos os povos que
sobre a terra _ha_.

7 O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa
multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós _ereis_
menos em numero [9] do que todos os povos:

8 Mas porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que jurára a
vossos paes, o [10] Senhor vos tirou com mão forte e vos resgatou da casa
da servidão, da mão de Pharaó, rei do Egypto.

9 Saberás pois que o Senhor teu Deus _é_ Deus, o Deus fiel, [11] que
guarda o concerto e a misericordia até mil gerações aos que o amam e
guardam os seus mandamentos;

10 E dá o pago em sua cara a qualquer dos que o aborrecem, [12] fazendo-o
perecer: não dilatará ao que o aborrece; em sua cara lh’_o_ pagará.

11 Guarda pois os mandamentos, e os estatutos e os juizos que hoje te
mando fazer.

12 Será [13] pois que, se, ouvindo estes juizos, os guardardes e
fizerdes, o Senhor teu Deus te guardará o concerto [14] e a beneficencia
que jurou a teus paes,

13 E amar-te-ha, [15] e abençoar-te-ha, e te fará multiplicar, e
abençoará o fructo do teu ventre, e o fructo da tua terra, o teu grão, e
o teu mosto, e o teu azeite, e a criação das tuas vaccas, e o rebanho do
teu gado miudo, na terra que jurou a teus paes dar-te.

14 Bemdito serás mais do que todos os povos: nem macho nem femea entre ti
haverá esteril, [16] nem entre os teus animaes.

15 E o Senhor de ti desviará toda a enfermidade: sobre ti não porá
nenhuma das más [17] doenças dos egypcios, que bem sabes, antes as porá
sobre todos os que te aborrecem.

16 Pois consumirás [18] a todos os povos que te der o Senhor teu Deus: o
teu olho não os poupará: e [19] não servirás a seus deuses, pois isto te
seria por laço.

17 Se disseres no teu coração: Estas gentes são mais numerosas do que eu;
como as poderei [20] lançar fóra?

18 D’ellas não tenhas [21] temor: não deixes de te lembrar do que o
Senhor teu Deus fez a Pharaó e a todos os egypcios,

19 Das grandes provas [22] a que viram os teus olhos, e dos signaes, e
maravilhas, e mão forte, e braço estendido, com que o Senhor teu Deus te
tirou: assim fará o Senhor teu Deus com todos os povos, diante dos quaes
tu temes.

20 E mais o Senhor teu Deus entre elles mandará [23] vespões, até que
pereçam os que ficarem, e se escondam de diante de ti.

21 Não te espantes diante d’elles: porque o Senhor teu Deus _está_ no
meio de ti, [24] Deus grande e terrivel.

22 E o Senhor teu Deus lançará fóra [25] estas gentes pouco a pouco de
diante de ti: não poderás destruil-as _todas_ de prompto, para que as
feras do campo se não multipliquem contra ti.

23 E o Senhor t’as dará diante de ti, e as fará pasmar com grande pasmo,
até que sejam destruidas.

24 Tambem os seus reis [26] te entregará na mão, para que desfaças os
seus nomes de debaixo dos céus: nenhum homem parará diante de ti, até que
os destruas.

25 As imagens d’esculptura de seus deuses queimarás a fogo; [27] a prata
e o oiro _que estão_ sobre ellas não cobiçarás, nem os tomarás para ti,
para que te não enlaces n’elles; pois [28] abominação é ao Senhor teu
Deus.

26 Não metterás pois abominação em tua casa, para que não sejas anathema,
_assim_ como ella: de todo a detestarás, e de todo a abominarás, porque
[29] anathema é.

[1] cap. 31.3. Psa. 44.2, 3.

[2] Gen. 15.19, etc. Exo. 33.2.

[3] cap. 4.38 e 9.1.

[4] cap. 23.14. Lev. 27.28. Num. 33.52. Jos. 6.17 e 8.24 e 9.25 e 10.28,
40 e 11.11. Exo. 23.32. Jui. 2.2. Jos. 2.14. Jui. 1.24.

[5] Jos. 23.12. I Reis 11.2. Esd. 9.2.

[6] cap. 6.15.

[7] Exo. 23.24 e 34.13. cap. 12.2.

[8] Exo. 19.6. cap. 14.2 e 26.19. Jer. 2.3. Exo. 19.5. Amós 3.2. II Ped.
2.9.

[9] cap. 10.22.

[10] cap. 10.15. Exo. 32.13. Psa. 105.8. Luc. 1.55, 72, 73. Exo. 13.3, 14.

[11] Isa. 49.7. I Cor. 1.9 e 10.13. II Cor. 1.18. I The. 5.24. II The.
3.3. II Tim. 2.13. Heb. 11.11. I João 1.9. Exo. 20.6. cap. 5.10. Neh.
1.5. Dan. 9.4.

[12] Isa. 59.18. Nah. 1.2. cap. 32.35.

[13] Lev. 26.3. cap. 28.1.

[14] Psa. 105.8. Luc. 1.55, 72, 73.

[15] João 14.21. cap. 28.4.

[16] Exo. 23.26, etc.

[17] Exo. 9.14 e 15.26. cap. 28.27, 60.

[18] ver. 2.

[19] cap. 13.8 e 19.13, 21 e 25.12. Exo. 23.33. cap. 12.30. Jui. 8.27.

[20] Num. 33.53.

[21] cap. 31.6. Psa. 105.5.

[22] cap. 4.34 e 29.3.

[23] Exo. 23.28. Jos. 24.12.

[24] Num. 11.20 e 14.9, 14, 42 e 16.3. Jos. 3.10. cap. 10.17. Neh. 1.5 e
4.14 e 9.32.

[25] Exo. 23.29.

[26] Jos. 10.24, 42 e 12.1, etc. Exo. 17.14. cap. 11.25. Jos. 1.5 e 23.9.

[27] ver. 5. Exo. 32.20. cap. 12.3. I Chr. 14.12. Jos. 7.1, 21.

[28] Jui. 8.27. Sof. 1.3. cap. 17.1.

[29] Lev. 27.28. cap. 13.17. Jos. 6.17, 18 e 7.1.



_Exhortação a ter em memoria os benificios do Senhor._

8 Todos os mandamentos [1] que hoje vos ordeno guardareis para _os_
fazer: para que vivaes, e vos multipliqueis, e entreis, e possuaes a
terra que o Senhor jurou a vossos paes.

2 E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou
no deserto estes quarenta annos, [2] para te humilhar, e te tentar, para
saber o que _estava_ no teu coração, se guardarias os seus mandamentos,
ou não.

3 E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou [3] com o manná,
que tu não conheceste, nem teus paes o conheceram: para te dar a entender
que o homem não [4] viverá só de pão, mas que de tudo o que sae da bocca
do Senhor viverá o homem.

4 Nunca se envelheceu o teu vestido [5] sobre ti, nem se inchou o teu pé
estes quarenta annos.

5 Confessa pois [6] no teu coração que, como um homem castiga a seu
filho, _assim_ te castiga o Senhor teu Deus.

6 E guarda os mandamentos do Senhor teu Deus, [7] para o temer, e andar
nos seus caminhos.

7 Porque o Senhor teu Deus te mette n’uma boa terra, terra de ribeiros
[8] d’aguas, de fontes, e d’abysmos, que saem dos valles e das montanhas;

8 Terra de trigo e cevada, e de vides, e figueiras, e romeiras; terra de
oliveiras, abundante de azeite e mel;

9 Terra em que comerás o pão sem escassez, e nada te faltará n’ella:
terra cujas pedras _são_ ferro, [9] e de cujos montes tu cavarás o cobre.

10 Quando pois tiveres [10] comido, e fores farto, louvarás ao Senhor teu
Deus pela boa terra que te deu.

11 Guarda-te que te esqueças do Senhor teu Deus, não guardando os seus
mandamentos, e os seus juizos, e os seus estatutos que hoje te ordeno:

12 Para que, porventura, havendo tu comido [11] e fores farto, e
_havendo_ edificado boas casas, e habitando-as,

13 E se tiverem augmentado as tuas vaccas e as tuas ovelhas, e se
accrescentar a prata e o oiro, e se multiplicar tudo quanto tens,

14 Se não eleve o teu coração e [12] te esqueças do Senhor teu Deus, que
te tirou da terra do Egypto, da casa da servidão;

15 Que te guiou por aquelle grande e terrivel deserto [13] de serpentes
ardentes, e d’escorpiões, e de secura, em que não _havia_ agua; [14] e
tirou agua para ti da rocha [HG] do seixal;

16 Que no deserto te sustentou com manná, [15] que teus paes não
conheceram; para te humilhar, e para te provar, para no teu fim te [16]
fazer bem;

17 E digas no teu coração: [17] A minha força, e a fortaleza de meu
braço, me adquiriu este poder.

18 Antes te lembrarás do Senhor teu Deus, que elle _é_ o que te dá [18]
força para adquirires poder; para confirmar o seu concerto, que jurou a
teus paes; como _se vê_ n’este dia.

19 Será porém _que_, se de qualquer sorte te esqueceres do Senhor teu
Deus, e se ouvires outros deuses, e os servires, e te inclinares perante
elles, hoje eu protesto contra vós que certamente [19] perecereis.

20 Como as gentes que o Senhor destruiu diante de vós, assim [20] vós
perecereis: porquanto não querieis obedecer á voz do Senhor vosso Deus.

[1] cap. 4.1 e 5.32, 33 e 6.1, 2, 3.

[2] cap. 1.3 e 2.7 e 29.5. Amós 2.10. Exo. 16.4. cap. 13.3. II Chr.
32.31. João 2.25.

[3] Exo. 16.2, 3, 12, 14, 35.

[4] Psa. 104.29. Mat. 4.4. Luc. 4.4.

[5] cap. 29.5. Neh. 9.21.

[6] II Sam. 7.14. Psa. 89.32. Pro. 3.12. Heb. 12.5. Apo. 3.19.

[7] cap. 5.33.

[8] cap. 11.10, 11, 12.

[9] cap. 33.25.

[10] cap. 6.11.

[11] cap. 28.47 e 32.15. Pro. 30.9. Ose. 13.6.

[12] I Cor. 4.7. Psa. 106.21.

[13] Isa. 63.12, 13, 14. Jer. 2.6. Num. 21.6. Ose. 13.5.

[14] Num. 20.11. Psa. 78.15.

[15] ver. 3. Exo. 16.15.

[16] Jer. 24.5, 6. Heb. 12.11.

[17] cap. 9.4. I Cor. 4.7.

[18] Pro. 10.22. Ose. 2.8. cap. 7.8, 12.

[19] cap. 4.26 e 30.18.

[20] Dan. 9.11.



_Moysés lembra aos israelitas as suas murmurações e suas infidelidades._

9 Ouve, ó Israel, hoje passarás [1] o Jordão, para entrar a possuir
nações maiores [2] e mais fortes do que tu; cidades grandes, e muradas
até aos céus;

2 Um povo grande e alto, filhos de gigantes, [3] que tu conheces, e _de
que_ já ouvistes: Quem pararia diante dos filhos dos gigantes?

3 Sabe pois hoje que o Senhor teu Deus, que passa diante de [4] ti, é um
fogo que consome, que os destruirá, e os derrubará de diante de ti: e tu
os lançarás fóra, [5] e cedo os desfarás, como o Senhor te tem dito.

4 Quando pois o Senhor teu Deus os lançar fóra de diante de ti, [6] não
falles no teu coração, dizendo: Por _causa da_ minha justiça _é que_
o Senhor me trouxe a esta terra para a possuir: porque pela impiedade
d’estas nações _é que_ o Senhor as lança [7] fóra, diante de ti.

5 Não _é_ por _causa da_ tua [8] justiça, nem pela rectidão do teu
coração que entras a possuir a sua terra, mas pela impiedade d’estas
nações o Senhor teu Deus as lança fóra, de diante de ti; e para confirmar
a palavra que o Senhor teu Deus [9] jurou a teus paes, Abrahão, Isaac e
Jacob.

6 Sabe pois que não é por _causa da_ tua justiça que o Senhor teu Deus te
dá esta boa terra para possuil-a, pois tu _és_ [10] povo obstinado.

7 Lembra-te, e não te esqueças, de que muito provocaste a ira ao Senhor
teu Deus no deserto; desde [11] o dia em que saistes do Egypto, até que
chegastes a esse logar, rebeldes fostes contra o Senhor;

8 Pois em Horeb [12] tanto provocastes á ira o Senhor, que se accendeu
contra vós para vos destruir.

9 Subindo [13] eu ao monte a receber as taboas de pedra, as taboas
do concerto que o Senhor fizera comvosco, então fiquei no [14] monte
quarenta dias e quarenta noites; pão não comi, e agua não bebi;

10 E o Senhor me deu [15] as duas taboas de pedra, escriptas com o dedo
de Deus; e n’ellas _tinha escripto_ conforme a todas aquellas palavras
que o Senhor tinha fallado comvosco no monte, do meio do fogo, no [16]
dia da congregação.

11 Succedeu pois que ao fim dos quarenta dias e quarenta noites, o Senhor
me deu as duas taboas de pedra, as taboas do concerto.

12 E o Senhor me disse: [17] Levanta-te, desce depressa d’aqui, porque
o teu povo, que tiraste do Egypto, _já se_ tem corrompido: cedo se
desviaram do caminho que _eu_ lhes tinha ordenado: imagem de fundição
para si fizeram.

13 Fallou-me mais o Senhor, [18] dizendo: Attentei para este povo, e
eis-que elle _é_ povo obstinado:

14 Deixa-me [19] que os destrua, e apague o seu nome de debaixo dos céus:
e te faça a ti nação mais poderosa e mais numerosa do que esta.

15 Então virei-me, e desci [20] do monte; e o monte ardia em fogo e as
duas taboas do concerto _estavam_ em ambas as minhas mãos.

16 E olhei, [21] e eis-que havieis peccado contra o Senhor vosso Deus;
vós tinheis feito um bezerro de fundição: cedo vos desviastes do caminho
que o Senhor vos ordenara.

17 Então peguei das duas taboas, e as arrojei d’ambas as minhas mãos, e
as quebrei aos vossos olhos.

18 E me lancei perante o [22] Senhor; como d’antes, quarenta dias e
quarenta noites não comi pão e não bebi agua, por causa de todo o vosso
peccado que havieis peccado, fazendo mal aos olhos do Senhor, para o
provocar á ira.

19 Porque temi [23] por causa da ira e do furor, com que o Senhor tanto
estava irado contra vós, para [24] vos destruir: porém ainda _por_ esta
vez o Senhor me ouviu.

20 Tambem o Senhor se irou muito contra Aarão para o destruir; mas tambem
orei por Aarão ao mesmo tempo.

21 Porém eu tomei o [25] vosso peccado, o bezerro que tinheis feito, e o
queimei a fogo, e o pisei, moendo-o bem, até que se desfez em pó: e o seu
pó lancei no ribeiro que descia do monte.

22 Tambem em Taberah, e em Massah, e em Quibroth-hattaava provocastes
[26] muito a ira do Senhor.

23 Quando tambem [27] o Senhor vos enviou desde Cades-barnea, dizendo:
Subi, e possui a terra, que vos tenho dado: rebeldes fostes ao mandado do
Senhor vosso Deus, e não o crestes, [28] e não obedecestes á sua voz.

24 Rebeldes fostes [29] contra o Senhor desde o dia em que vos conheci.

25 E prostrei-me [30] perante o Senhor aquelles quarenta dias e quarenta
noites em que estava prostrado; porquanto o Senhor dissera que vos queria
destruir.

26 E eu orei ao Senhor, [31] dizendo: Senhor Deus, não destruas o teu
povo e a tua herança, que resgataste com a tua grandeza, que tiraste do
Egypto com mão forte.

27 Lembra-te dos teus servos, Abrahão, Isaac, e Jacob: não attentes para
a dureza d’este povo, nem para a sua impiedade, nem para o seu peccado:

28 Para que _o povo da_ terra d’onde nos tiraste não diga: [32] Porquanto
o Senhor os não pode introduzir na terra de que lhes tinha fallado, e
porque os aborrecia, os tirou para os matar no deserto:

29 Todavia _são_ elles o [33] teu povo e a tua herança, que tu tiraste
com a tua grande força e com o teu braço estendido.

[1] cap. 11.31. Jos. 3.16 e 4.19.

[2] cap. 4.38 e 7.1 e 11.23 e 1.28.

[3] Num. 13.22, 28, 32.

[4] cap. 31.3. Jos. 3.11. cap. 4.24. Heb. 12.29. cap. 7.23.

[5] Exo. 23.31. cap. 7.24.

[6] cap. 8.17. Rom. 11.6, 20. I Cor. 4.4, 7.

[7] Gen. 15.16. Lev. 18.24. cap. 18.12.

[8] Tito 3.5.

[9] Gen. 12.7 e 13.15 e 15.7 e 17.8 e 26.4 e 28.13.

[10] ver. 13. Exo. 32.9 e 33.3 e 34.9.

[11] Exo. 14.11 e 16.2 e 17.2. Num. 11.4 e 20.2 e 25.2. cap. 31.27.

[12] Exo. 32.4. Psa. 106.19.

[13] Exo. 24.12, 15.

[14] Exo. 24.18 e 34.28.

[15] Exo. 31.18.

[16] Exo. 19.17 e 20.1. cap. 4.10 e 10.4 e 18.16.

[17] Exo. 32.7. cap. 31.29. Jui. 2.17.

[18] Exo. 32.9. cap. 10.16 e 31.27. II Reis 17.14.

[19] Exo. 32.10. cap. 29.20. Psa. 9.6 e 109.13. Num. 14.12.

[20] Exo. 32.15. cap. 4.11 e 5.23.

[21] Exo. 32.19.

[22] Exo. 34.28. Psa. 106.23.

[23] Exo. 32.10.

[24] Exo. 32.14 e 33.17. cap. 10.10. Psa. 106.23.

[25] Exo. 32.20. Isa. 31.7.

[26] Num. 11.1, 3, 5. Exo. 17.7. Num. 11.4, 34.

[27] Num. 13.3 e 14.1.

[28] Psa. 106.24.

[29] cap. 31.27.

[30] ver. 18.

[31] Exo. 32.11, etc.

[32] Gen. 41.57. I Sam. 14.25. Exo. 32.12. Num. 14.16.

[33] cap. 4.20. I Reis 8.51. Neh. 1.10. Psa. 95.7.



_Moysés falla das segundas taboas da lei._

10 N’aquelle mesmo tempo me disse o Senhor: Alisa [1] duas taboas de
pedra, como as primeiras, e sobe a mim a este monte, e faze-te [2] uma
arca de madeira:

2 E n’aquellas taboas escreverei as palavras que estavam nas primeiras
taboas que quebraste, [3] e as porás na arca.

3 Assim, fiz uma arca de madeira _de_ [4] sittim, e alisei duas taboas de
pedra, como as primeiras: e subi ao monte com as duas taboas na minha mão.

4 Então escreveu [5] nas taboas, conforme á primeira escriptura, os dez
mandamentos, que o Senhor vos fallara no dia da congregação, no monte, do
meio do fogo: e o Senhor m’as deu a mim.

5 E virei-me, e desci do [6] monte, e puz as taboas na arca que fizera: e
ali estão, como o Senhor [7] me ordenou.

6 E partiram os filhos de Israel de Beeroth-Bene-jaakan a Mosera: [8] ali
falleceu Aarão, e ali foi sepultado, e Eleazar, seu filho, administrou o
sacerdocio em seu logar.

7 D’ali partiram [9] a Gudgod, e de Gudgod a Jotbath, terra de ribeiros
de aguas.


_Da vocação da tribu de Levi._

8 No mesmo tempo o Senhor separou [10] a tribu de Levi, para levar a arca
do concerto do Senhor, [11] para estar diante do Senhor, para o servir, e
para abençoar em seu nome até _ao dia de_ hoje.

9 Pelo que Levi [12] com seus irmãos não tem parte na herança: o Senhor é
a sua herança, como o Senhor teu Deus lhe tem dito.

10 E eu estive no monte, [13] como nos dias primeiros, quarenta dias e
quarenta noites: e o Senhor me ouviu ainda _por_ esta vez: não quiz o
Senhor destruir-te.

11 Porém o Senhor me disse: [14] Levanta-te, põe-te a caminho diante do
povo, para que entrem, e possuam a terra que jurei a seus paes dar-lhes.


_Exhortação á obediencia._

12 Agora, pois, ó Israel, que _é o que_ o Senhor teu Deus pede de ti,
senão [15] que temas o Senhor teu Deus, que andes em todos os seus
caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor teu Deus com todo o teu coração e
com toda a tua alma,

13 Para guardar os mandamentos do Senhor, e os seus estatutos, que hoje
te ordeno, [16] para o teu bem?

14 Eis que [17] os céus e os céus dos céus _são_ do Senhor teu Deus, [18]
a terra e tudo o que n’ella _ha_.

15 Tão sómente o Senhor tomou prazer em teus paes para os amar: [19] e a
vós, semente d’elles, escolheu depois d’elles, de todos os povos, como
n’este dia _se vê_.

16 Circumcidae pois o prepucio [20] do vosso coração, e não mais
endureçaes a vossa cerviz.

17 Pois o Senhor vosso Deus [21] _é_ o Deus dos deuses, e o Senhor dos
senhores, o Deus grande, poderoso e terrivel, que não faz accepção de
[22] pessoas, nem acceita recompensas:

18 Que faz justiça [23] ao orphão e á viuva, e ama o estrangeiro,
dando-lhe pão e vestido.

19 Pelo que amareis [24] o estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra
do Egypto.

20 Ao Senhor teu Deus [25] temerás, a elle servirás, e a elle te
chegarás, e pelo seu nome jurarás.

21 Elle _é_ o teu louvor [26] e o teu Deus, que te fez estas grandes e
terriveis coisas que os teus olhos teem visto.

22 Com setenta almas [27] teus paes desceram ao Egypto; e agora o Senhor
teu Deus [28] te poz como as estrellas dos céus em multidão.

[1] Exo. 34.1.

[2] Exo. 25.10.

[3] Exo. 25.16, 21.

[4] Exo. 25.5, 10 e 37.1 e 34.4.

[5] Exo. 34.28 e 20.1 e 19.17. cap. 9.10 e 18.16.

[6] Exo. 34.29 e 40.20.

[7] I Reis 8.9.

[8] Num. 33.30 e 34.38.

[9] Num. 33.32, 33.

[10] Num. 3.6 e 4.4 e 8.14 e 16.9 e 4.15.

[11] cap. 18.15. Lev. 9.22. Num. 6.23. cap. 21.5.

[12] Num. 18.20, 24. cap. 18.1, 2. Eze. 44.28.

[13] Exo. 34.28. cap. 9.18, 25. Exo. 32.14, 33, 34 e 33.17. cap. 9.19.

[14] Exo. 32.34 e 33.1.

[15] Miq. 6.8. cap. 6.13 e 5.33 e 6.5 e 11.13 e 30.16, 20. Mat. 22.37.

[16] cap. 6.24.

[17] I Reis 8.27. Psa. 149.4.

[18] Gen. 14.19. Exo. 19.5. Psa. 24.1.

[19] cap. 4.37.

[20] Lev. 26.41. cap. 30.6. Jer. 4.4. Rom. 2.28. Col. 2.11. cap. 9.6.

[21] Jos. 22.22. Dan. 2.47 e 11.36. Apo. 17.14 e 19.16. cap. 7.21.

[22] II Chr. 19.7. Job 34.19. Act. 10.34. Rom. 2.11. Gal. 2.6. Eph. 6.9.
Col. 3.25. I Ped. 1.17.

[23] Psa. 146.9.

[24] Lev. 19.33.

[25] cap. 6.13. Mat. 4.10. Luc. 4.8. cap. 11.22 e 13.4.

[26] Exo. 15.2. Jer. 17.14. I Sam. 12.24. II Sam. 7.23. Psa. 106.21.

[27] Gen. 46.27. Exo. 1.5. Act. 7.14.

[28] cap. 1.10 e 28.62. Gen. 15.5.



11 Amarás pois [1] ao Senhor teu Deus, e guardarás a sua observancia, e
os seus estatutos, e os seus juizos, e os seus mandamentos, todos os dias.

2 E hoje sabereis que _fallo_, não com vossos filhos, que o não sabem, e
não viram a instrucção [2] do Senhor vosso Deus, a sua grandeza, a sua
mão forte, e o seu braço estendido;

3 Nem tão pouco os seus signaes, nem os seus feitos, [3] que fez no meio
do Egypto a Pharaó, rei do Egypto, e a toda a sua terra;

4 Nem o que fez ao exercito dos egypcios, aos seus cavallos e aos seus
carros, fazendo passar sobre elles as aguas [4] do Mar Vermelho quando
vos perseguiam: e o Senhor os destruiu até _ao dia de_ hoje;

5 Nem o que vos fez no deserto, até que chegastes a este logar;

6 E o que fez a Dathan [5] e a Abiram, filhos de Eliab, filho de Ruben:
como a terra abriu a sua bocca e os tragou com as suas casas e com as
suas tendas, como tambem tudo o que subsistia, e lhes pertencia, no meio
de todo o Israel:

7 Porquanto os [6] vossos olhos _são_ os que viram toda a grande obra que
fez o Senhor.

8 Guardae pois todos os mandamentos que eu vos ordeno [7] hoje, para que
vos esforceis, e entreis, e possuaes a terra que passaes a possuir;

9 E para que prolongueis os dias na terra [8] que o Senhor jurou a vossos
paes dal-a a elles e á sua semente, terra que mana leite e mel.

10 Porque a terra que entras a possuir não _é_ como a terra do Egypto,
d’onde saistes, [9] em que semeavas a tua semente, e a regavas com o teu
pé, como a uma horta.

11 Mas [10] a terra que passaes a possuir _é_ terra de montes e de
valles: da chuva dos céus beberá as aguas:

12 Terra de que o Senhor teu Deus tem cuidado: [11] os olhos do Senhor
teu Deus _estão_ sobre ella continuamente, desde o principio até ao fim
do anno.


_Os beneficios da obediencia._

13 E será que, se [12] diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que
hoje te ordeno, de amar ao Senhor teu Deus, e de o servir de todo o teu
coração e de toda a tua alma,

14 Então darei a chuva da vossa terra [13] a seu tempo, a temporã e a
serodia, para que recolhas o teu grão, e o teu mosto e o teu azeite.

15 E darei herva no teu campo [14] ás tuas bestas, e comerás, e
fartar-te-has.

16 Guardae-vos, que o vosso coração não se [15] engane, e vos desvieis, e
sirvaes a outros deuses, e vos inclineis perante elles:

17 E a ira [16] do Senhor se accenda contra vós, e feche elle os céus, e
não haja agua, e a terra não dê a sua novidade, e cedo pereçaes [17] da
boa terra que o Senhor vos dá.

18 Ponde [18] pois estas minhas palavras no vosso coração e na vossa
alma, e atae-as por signal na vossa mão, para que estejam por testeiras
entre os vossos olhos,

19 E ensinae-as [19] a vossos filhos, fallando d’ellas assentado em tua
casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te;

20 E escreve-as [20] nos umbraes de tua casa, e nas tuas portas:

21 Para que se multipliquem os vossos dias [21] e os dias de vossos
filhos na terra que o Senhor jurou a vossos paes dar-lhes, como os dias
[22] dos céus sobre a terra.

22 Porque, se diligentemente guardardes todos estes mandamentos [23] que
vos ordeno para os guardardes, amando ao Senhor vosso Deus, andando em
todos os seus caminhos, [24] e a elle vos achegardes,

23 Tambem o Senhor de diante de vós lançará [25] fóra todas estas nações,
e possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós.

24 Todo o logar [26] que pisar a planta do vosso pé será vosso: desde o
deserto, e [27] _desde o_ Libano, desde o rio, o rio Euphrates, até ao
mar occidental, será o vosso termo.

25 Ninguem parará diante de vós: o [28] Senhor vosso Deus porá sobre toda
a terra que pisardes o vosso terror e o vosso temor, como já vos tem dito.


_A benção e a maldição._

26 Eis que [29] hoje eu ponho diante de vós a benção e a maldição:

27 A benção, [30] quando ouvirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus,
que hoje vos mando;

28 Porém a maldição, [31] se não ouvirdes os mandamentos do Senhor vosso
Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes
outros deuses que não conhecestes.

29 E será que, havendo-te o Senhor teu Deus introduzido na terra, a que
vaes para possuil-a, então pronunciarás a benção [32] sobre o monte de
Gerizim, e a maldição sobre o monte d’Ebal.

30 _Porventura_ não _estão_ elles d’aquem do Jordão, junto ao caminho do
pôr do sol, na terra dos cananeos, que habitam na campina defronte do
Gilgal, [33] junto aos carvalhaes de Moreh?

31 Porque passareis [34] o Jordão para entrardes a possuir a terra, que
vos dá o Senhor vosso Deus: e a possuireis, e n’ella habitareis.

32 Tende pois cuidado em [35] fazer todos os estatutos e os juizos, que
eu hoje vos proponho.

[1] cap. 10.12 e 30.16, 20. Zac. 3.7.

[2] cap. 8.5 e 5.24 e 7.19.

[3] Psa. 73.12.

[4] Exo. 14.27, 28 e 15.9. Psa. 106.11.

[5] Num. 16.1, 31 e 27.3. Psa. 106.17.

[6] cap. 5.3 e 7.19.

[7] Jos. 1.6, 7.

[8] cap. 4.40 e 5.16. Pro. 10.27. cap. 9.5. Exo. 3.8.

[9] Zac. 14.18.

[10] cap. 8.7.

[11] I Reis 9.3.

[12] ver. 22. cap. 6.17 e 10.12.

[13] Lev. 26.4. cap. 28.12. Joel 2.23. Thi. 5.7.

[14] Psa. 104.14. cap. 6.11. Joel 2.19.

[15] cap. 29.18. Job 31.27. cap. 8.19 e 30.17.

[16] cap. 6.15. I Reis 8.35. II Chr. 6.26 e 7.13.

[17] cap. 4.26 e 8.19, 20 e 30.18. Jos. 23.13, 15, 16.

[18] cap. 6.6 e 32.46.

[19] cap. 4.9, 10 e 6.7.

[20] cap. 6.9.

[21] cap. 4.40. Pro. 3.2 e 4.10.

[22] Psa. 72.5 e 89.30.

[23] ver. 13. cap. 6.17.

[24] cap. 10.20 e 30.20.

[25] cap. 4.38 e 9.1, 5.

[26] Jos. 1.3 e 14.9.

[27] Gen. 15.18. Exo. 23.31. Num. 34.3, etc.

[28] cap. 7.24 e 2.25. Exo. 23.27.

[29] cap. 30.1, 15, 19.

[30] cap. 28.2.

[31] cap. 28.15.

[32] cap. 27.12. Jos. 8.33.

[33] Gen. 12.6. Jui. 7.11.

[34] cap. 9.1.

[35] cap. 5.32 e 12.32.



_O unico logar de culto é o escolhido pelo Senhor._

12 Estes _são_ os estatutos [1] e os juizos que tereis cuidado em fazer
na terra que vos deu o Senhor Deus de vossos paes, para a possuir todos
[2] os dias que viverdes sobre a terra.

2 Totalmente destruireis todos os logares, [3] onde as nações que
possuireis serviram os seus deuses, [4] sobre as altas montanhas, e sobre
os outeiros, e debaixo de toda a arvore verde;

3 E derribareis os seus altares, e [5] quebrareis as [HH] suas estatuas,
e os seus bosques queimareis a fogo, e talhareis as imagens esculpidas
dos seus deuses, e apagareis o seu nome d’aquelle logar.

4 Assim não fareis [6] ao Senhor vosso Deus;

5 Mas o logar que o Senhor vosso Deus escolher [7] de todas as vossas
tribus, para ali pôr o seu nome, buscareis para sua habitação, e ali
vireis.

6 E ali trareis os vossos holocaustos, e os [8] vossos sacrificios, e os
vossos dizimos, e a offerta alçada da vossa mão, e os vossos votos, e as
vossas offertas voluntarias, e os primogenitos das vossas vaccas e das
vossas ovelhas.

7 E ali comereis [9] perante o Senhor vosso Deus, e vos alegrareis em
tudo em que poreis a vossa mão, vós e as vossas casas, no que te abençoar
o Senhor teu Deus.

8 Não fareis conforme a tudo o que hoje fazemos aqui, [10] cada qual tudo
o que bem _parece_ aos seus olhos.

9 Porque até agora não entrastes no descanço e na herança que vos dá o
Senhor vosso Deus.

10 Mas passareis o Jordão, [11] e habitareis na terra que vos fará
herdar o Senhor vosso Deus: e vos dará repouso de todos os vossos
inimigos em redor, e morareis seguros.

11 Então haverá um logar [12] que escolherá o Senhor vosso Deus para ali
fazer habitar o seu nome; ali trareis tudo o que vos ordeno; os vossos
holocaustos, e os vossos sacrificios, e os vossos dizimos, e a offerta
alçada da vossa mão, e toda a escolha dos vossos votos que votardes ao
Senhor.

12 E vos alegrareis [13] perante o Senhor vosso Deus, vós, e vossos
filhos, e vossas filhas, e os vossos servos, e as vossas servas, e o
levita que _está_ dentro das vossas portas; pois comvosco não tem parte
nem [14] herança.

13 Guarda-te, que não offereças [15] os teus holocaustos em todo o logar
que vires;

14 Mas no logar [16] que o Senhor escolher n’uma das tuas tribus ali
offerecerás os teus holocaustos, e ali farás tudo o que te ordeno.

15 Porém, conforme a todo o desejo da tua alma, degolarás [17] e comerás
carne segundo a benção do Senhor teu Deus, que te dá em todas as tuas
portas: o immundo [18] e o limpo d’ella comerá; como do corço e do veado:

16 Tão sómente [19] o sangue não comereis: sobre a terra o derramareis
como agua.

17 Nas tuas portas não poderás comer o dizimo do teu grão, nem do teu
mosto, nem do teu azeite, nem as primogenituras das tuas vaccas, nem das
tuas ovelhas; nem nenhum dos teus votos, que houveres votado, nem as tuas
offertas voluntarias, nem a offerta alçada da tua mão;

18 Mas o comerás [20] perante o Senhor teu Deus, no logar que escolher o
Senhor teu Deus, tu, e teu filho, e a tua filha, e o teu servo, e a tua
serva, e o levita que _está_ dentro das tuas portas: e perante o Senhor
teu Deus te alegrarás em tudo em que pozeres a tua mão.

19 Guarda-te, [21] que não desampares ao levita todos os teus dias na
terra.

20 Quando o Senhor teu Deus dilatar os teus termos como te disse, e
disseres: [22] Comerei carne; porquanto a tua alma tem desejo de comer
carne; conforme a todo o desejo da tua alma, comerás carne.

21 Se estiver longe de ti o logar que o Senhor teu Deus escolher para ali
pôr o seu nome, então degolarás das tuas vaccas e tuas ovelhas, que o
Senhor te tiver dado, como te tenho ordenado; e comerás dentro das tuas
portas, conforme a todo o desejo da tua alma.

22 Porém, como se come o corço e o veado, [23] assim comerás: o immundo e
o limpo juntamente comerão d’elles.

23 Sómente esforça-te para que não comas o sangue: [24] pois o sangue _é_
a vida: pelo que não comerás a vida com a carne:

24 Não o comerás: na terra o derramarás como agua.

25 Não o comerás; [25] para que bem te succeda a ti, e a teus filhos,
depois de ti, quando fizeres o _que fôr_ recto aos olhos do Senhor.

26 Porém as tuas coisas [26] sanctas que tiveres, e os teus votos
tomarás, e virás ao logar que o Senhor escolher.

27 E offerecerás [27] os teus holocaustos, a carne e o sangue sobre o
altar do Senhor teu Deus; e o sangue dos teus sacrificios se derramará
sobre o altar do Senhor teu Deus; porém a carne comerás.

28 Guarda e ouve todas estas palavras que te ordeno, para que bem te
succeda a ti [28] e a teus filhos depois de ti para sempre, quando
fizeres o _que fôr_ bom e recto aos olhos do Senhor teu Deus.

29 Quando o Senhor teu Deus desarraigar [29] de diante de ti as nações,
aonde vaes a possuil-as e as possuires e habitares na sua terra,

30 Guarda-te, [30] que te não enlaces após ellas, depois que forem
destruidas diante de ti; e que não perguntes ácêrca dos seus deuses,
dizendo: _Assim_ como serviram estas nações os seus deuses, do mesmo modo
tambem farei eu.

31 Assim não farás [31] ao Senhor teu Deus: porque tudo o que é
abominavel ao Senhor, o que aborrece, [32] fizeram elles a seus deuses:
pois até seus filhos e suas filhas queimaram com fogo aos seus deuses.

32 Tudo o que eu vos ordeno, observareis para fazer; [33] nada lhe
diminuirás.

[1] cap. 6.1.

[2] cap. 4.10. I Reis 8.40.

[3] Exo. 34.13. cap. 7.5.

[4] II Reis 16.4 e 17.10. Jer. 3.6.

[5] Num. 33.52. Jui. 2.2.

[6] ver. 31.

[7] ver. 11. cap. 26.2. Jos. 9.27. I Reis 8.29. II Chr. 7.12. Psa. 78.68.

[8] Lev. 17.3. ver. 17. cap. 14.22, 23 e 15.19.

[9] cap. 14.26. ver. 12, 18. Lev. 23.30. cap. 16.11, 14, 15 e 26.11 e
27.7.

[10] Jui. 17.6 e 21.25.

[11] cap. 11.31.

[12] ver. 5, 14, 18, 21, 26. cap. 14.23 e 15.20 e 16.2 e 17.8 e 18.6 e
23.16 e 31.11. Jos. 18.1. I Reis 8.29. Psa. 78.68.

[13] ver. 7.

[14] cap. 10.9 e 14.29.

[15] Lev. 17.4.

[16] ver. 11.

[17] ver. 21.

[18] ver. 22. cap. 14.5 e 15.22.

[19] Gen. 9.4. Lev. 7.26 e 17.1. cap. 5.23. ver. 1, 24.

[20] ver. 11, 22. cap. 14.23.

[21] cap. 14.27.

[22] Gen. 15.18 e 28.14. Exo. 34.24. cap. 11.24 e 19.8.

[23] ver. 15.

[24] ver. 16. Gen. 9.4. Lev. 17.11, 14.

[25] cap. 4.40. Isa. 3.10. Exo. 15.26. cap. 13.18. I Reis 11.38.

[26] Num. 5.9, 10 e 18.19. I Sam. 1.21, 22, 24.

[27] Lev. 1.5, 9, 13 e 17.11.

[28] ver. 25.

[29] Exo. 23.23. cap. 19.1. Jos. 23.4.

[30] cap. 7.16.

[31] ver. 4. Lev. 18.3, 26, 30. II Reis 17.15.

[32] Lev. 18.21 e 20.2. cap. 18.10. Jer. 33.33. Eze. 23.37.

[33] cap. 4.2 e 13.18. Jos. 1.7. Pro. 30.6. Apo. 22.18.



_O castigo dos falsos prophetas e dos idolatras._

13 Quando propheta ou sonhador de sonhos se levantar [1] no meio de ti, e
te dér um signal ou prodigio,

2 E succeder o tal [2] signal ou prodigio, de que te houver fallado,
dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamol-os;

3 Não ouvirás as palavras d’aquelle propheta ou sonhador de sonhos:
porquanto o Senhor vosso Deus vos prova, [3] para saber se amaes o Senhor
vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma.

4 Após o Senhor vosso Deus [4] andareis, e a elle temereis, e os seus
mandamentos guardareis, e a sua voz ouvireis, e a elle servireis, e a
elle vos achegareis.

5 E aquelle propheta [5] ou sonhador de sonhos morrerá, pois fallou
rebeldia contra o Senhor vosso Deus, que vos tirou da terra do Egypto,
e vos resgatou da casa da servidão, para te empuxar do caminho que te
ordenou o Senhor teu Deus, para andares n’elle: assim [6] tirarás o mal
do meio de ti.

6 Quando te incitar teu irmão, filho da tua mãe, ou teu filho, ou tua
filha, ou a mulher do teu seio, [7] ou teu amigo, que te _é_ como a tua
alma, dizendo-te em segredo: Vamos, e sirvamos a outros deuses que não
conheceste, nem tu nem teus paes;

7 D’entre os deuses dos povos que _estão_ em redor de vós, perto ou longe
de ti, desde uma extremidade da terra até á outra extremidade;

8 Não consentirás com elle, nem o ouvirás; [8] nem o teu olho o poupará,
nem terás piedade _d’elle_, nem o esconderás;

9 Mas certamente o matarás; [9] a tua mão será a primeira contra elle,
para o matar; e depois a mão de todo o povo.

10 E com pedras o apedrejarás, até que morra, pois te procurou empuxar do
Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egypto, da casa da servidão;

11 Para que todo o Israel o ouça e o tema, [10] e não torne a fazer
segundo esta coisa má no meio de ti.

12 Quando ouvires dizer de alguma [11] das tuas cidades que o Senhor teu
Deus te dá, para ali habitar;

13 Uns homens, filhos de Belial, sairam [12] do meio de ti, que incitaram
os moradores da sua cidade, dizendo: Vamos, [13] e sirvamos a outros
deuses que não conhecestes;

14 Então inquirirás e informar-te-has, e com diligencia perguntarás;
e eis que, sendo este negocio verdade, e certo _que_ se fez uma tal
abominação no meio de ti;

15 _Então_ certamente ferirás ao fio da espada os moradores d’aquella
[14] cidade, destruindo ao fio da espada a ella e a tudo o que n’ella
_houver_, até aos animaes.

16 E ajuntarás todo o seu despojo no meio da sua praça; [15] e a cidade
e todo o seu despojo queimarás totalmente para o Senhor teu Deus, e será
montão perpetuo, nunca mais se edificará.

17 Tambem nada se pegará [16] á tua mão do anathema, para que o Senhor se
aparte do ardor da sua ira, e te faça misericordia, [17] e tenha piedade
de ti, e te multiplique, como jurou a teus paes;

18 Quando ouvires a voz do Senhor teu Deus, para guardar [18] todos os
seus mandamentos, que hoje te ordeno; para fazer o _que fôr_ recto aos
olhos do Senhor teu Deus.

[1] Zac. 10.2. Mat. 24.24. II The. 2.9.

[2] cap. 18.22. Jer. 28.9. Mat. 7.22.

[3] cap. 8.2. Mat. 24.24. I Cor. 11. Apo. 13.14.

[4] II Reis 23.3. II Cor. 34.31. cap. 10.20 e 30.20.

[5] cap. 18.20. Jer. 14.15. Zac. 13.3.

[6] cap. 17.7 e 22.21, 22, 24. I Cor. 5.13.

[7] cap. 17.2. Gen. 16.5. cap. 28.54. Pro. 5.20. Miq. 7.5. I Sam. 18.1, 3
e 20.17.

[8] Pro. 1.10.

[9] cap. 17.5, 7. Act. 7.58.

[10] cap. 17.13 e 19.20.

[11] Jos. 22.11, etc. Jui. 20.1, 2.

[12] I João 2.19. Jud. 19. II Reis 17.21.

[13] ver. 2, 6.

[14] Exo. 22.20. Lev. 27.28. Jos. 6.17, 21.

[15] Jos. 6.24 e 8.28. Isa. 17.1 e 25.2. Jer. 49.2.

[16] cap. 7.26. Jos. 6.18.

[17] Jos. 6.26. Gen. 22.17 e 26.4, 24 e 28.14.

[18] cap. 12.25, 28, 32.



_Animaes limpos e immundos._

14 Filhos _sois_ do Senhor vosso Deus: [1] não vos dareis golpes, nem
poreis calva entre vossos olhos por _causa_ de algum morto.

2 Porque _és_ povo [2] sancto ao Senhor teu Deus: e o Senhor te escolheu,
de todos os povos que _ha_ sobre a face da terra, para lhe seres o seu
povo proprio.

3 Nenhuma abominação [3] comereis.

4 Estes _são_ os animaes [4] que comereis: o boi, o gado miudo das
ovelhas, e o gado miudo das cabras,

5 O veado, e [HI] a corça, e o bufalo, e a cabra montez, e o teixugo, e o
boi silvestre, e o gamo.

6 Todo o animal que tem unhas fendidas, que tem a unha dividida em duas,
que remoe, entre os animaes, aquillo comereis.

7 Porém estes não comereis, dos que _sómente_ remoem, ou que teem a unha
fendida: o camelo, e a lebre, e o coelho, porque remoem mas não teem a
unha fendida: immundos vos _serão_.

8 Nem o porco, porque tem unha fendida, mas não remoe; immundo vos
_será_: não comereis da carne d’estes, [5] e não tocareis no seu cadaver.

9 Isto comereis de tudo o que _ha_ nas aguas: tudo o que tem barbatanas e
escamas comereis.

10 Mas tudo o que não tiver barbatanas nem escamas não _o_ comereis:
immundo vos _será_.

11 Toda a ave limpa comereis.

12 Porém estas _são_ as de que não comereis: [6] a aguia, e o
quebrantosso, e o xofrango,

13 E o abutre, e a pêga, e o milhano, segundo a sua especie,

14 E todo o corvo, segundo a sua especie,

15 E o abestruz, e o mocho, e o cuco, e o gavião, segundo a sua especie,

16 E o bufo, e a coruja, e a gralha.

17 E o cysne, e o pelicano, e o corvo marinho,

18 E a cegonha, e a garça, segundo a sua especie, e a poupa, e o morcego.

19 Tambem todo o reptil que [7] vôa, vos _será_ immundo: não se comerá.

20 Toda a ave limpa comereis.

21 Não comereis [8] nenhum animal morto; ao estrangeiro, que _está_
dentro das tuas portas, o darás a comer, ou o venderás ao estranho,
porquanto _és_ povo sancto [9] ao Senhor teu Deus. Não cozerás [10] o
cabrito com o leite da sua mãe.


_Os dizimos para o serviço do Senhor._

22 Certamente [11] darás os dizimos de toda a novidade da tua semente,
que cada anno se recolher do campo.

23 E, perante o Senhor teu Deus, no logar que escolher para ali fazer
habitar o seu nome, [12] comereis os dizimos do teu grão, do teu mosto e
do teu azeite, e os primogenitos [13] das tuas vaccas e das tuas ovelhas:
para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias.

24 E quando o caminho [14] te fôr tão comprido que os não possas levar,
por estar longe de ti o logar que escolher o Senhor teu Deus para ali pôr
o seu nome, quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado;

25 Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vae ao logar que
escolher o Senhor teu Deus;

26 E aquelle dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vaccas,
e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir
a tua alma: [15] come-o ali perante o Senhor teu Deus, e alegra-te, tu e
a tua casa;

27 Porém não desampararás o [16] levita que _está_ dentro dos tuas
portas; pois não tem parte nem herança comtigo.

28 Ao fim de tres annos [17] tirarás todos os dizimos da tua novidade no
mesmo anno, e os recolherás nas tuas portas:

29 Então virá o levita [18] (pois nem parte nem herança tem comtigo), e o
estrangeiro, e o orphão, e a viuva, que _estão_ dentro das tuas portas, e
comerão, e fartar-se-hão: para que o Senhor teu Deus te abençoe [19] em
toda a obra das tuas mãos, que fizeres.

[1] Rom. 8.16 e 9.8, 26. Gal. 3.26. Lev. 19.28 e 21.5. Jer. 16.6 e 41.5 e
47.5. I The. 4.13.

[2] Lev. 20.26. cap. 7.6 e 26.18, 19.

[3] Eze. 4.14. Act. 10.13.

[4] Lev. 11.2, etc.

[5] Lev. 11.26, 27 e 11.9.

[6] Lev. 11.13.

[7] Lev. 11.20, 21.

[8] Lev. 17.15 e 22.8. Eze. 4.14.

[9] ver. 2.

[10] Exo. 23.19 e 34.26.

[11] Lev. 27.30. cap. 12.6, 17. Neh. 10.37.

[12] cap. 12.5, 6, 7, 17, 18.

[13] cap. 15.19.

[14] cap. 12.21.

[15] cap. 12.7, 18 e 26.11.

[16] cap. 12.12, 18, 19. Num. 18.20. cap. 18.1, 2.

[17] cap. 26.12. Amós 4.4.

[18] cap. 26.12. ver. 27. cap. 12.12.

[19] cap. 15.10. Pro. 3.9. Mal. 3.10.



_O anno da remissão._

15 Ao fim dos sete [1] annos farás remissão.

2 Este pois _é_ o modo da remissão: _que_ todo o credor, que emprestou ao
seu proximo _uma_ coisa, permittirá: não _a_ exigirá do seu proximo ou do
seu irmão, pois a remissão do Senhor é apregoada.

3 Do estranho [2] _a_ exigirás; mas _o_ que tiveres em poder de teu irmão
a tua mão o permittirá:

4 Sómente para que entre ti não haja pobre: [3] pois o Senhor
abundantemente te abençoará na terra que o Senhor teu Deus te dará por
herança, para possuil-a.

5 Se sómente [4] ouvires diligentemente a voz do Senhor teu Deus para
cuidares em fazer todos estes mandamentos que hoje te ordeno:

6 Porque o Senhor teu Deus te abençoará, como te tem dito: assim,
emprestarás a muitas nações, mas não tomarás emprestimos: [5] e dominarás
sobre muitas nações, mas ellas não dominarão sobre ti.

7 Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma das tuas
portas, na tua terra [6] que o Senhor teu Deus te dá, não endurecerás o
teu coração, nem fecharás a tua mão a teu irmão que _fôr_ pobre;

8 Antes lhe abrirás [7] de todo a tua mão, e livremente lhe emprestarás o
que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade.

9 Guarda-te, que não haja [HJ] palavra de Belial no teu coração, dizendo:
Vae-se approximando o setimo anno, o anno da remissão: e que o teu olho
seja maligno para com teu [8] irmão pobre, e não lhe dês nada; e que
_elle_ clame contra ti ao Senhor, e que haja em ti peccado.

10 Livremente lhe darás e _que_ o teu coração não seja maligno, [9]
quando lhe déres: pois por esta causa te abençoará [10] o Senhor teu Deus
em toda a tua obra, e em tudo no que pozeres a tua mão.

11 Pois nunca cessará o [11] pobre do meio da terra: pelo que te ordeno,
dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu
necessitado, e para o teu pobre na tua terra.

12 Quando teu irmão [12] hebreo ou _irmã_ hebrea se vender a ti, seis
annos te servirá, mas no setimo anno o despedirás forro de ti.

13 E, quando o despedires de ti forro, não o despedirás vazio.

14 Liberalmente o fornecerás do teu rebanho, e da tua eira, e do teu
lagar: d’aquillo com que o Senhor teu Deus te tiver [13] abençoado lhe
darás.

15 E lembrar-te-has [14] de que foste servo na terra do Egypto, e de que
o Senhor teu Deus te resgatou: pelo que te ordeno hoje esta coisa.

16 Porém será que, dizendo-te elle: [15] Não sairei de ti; porquanto te
ama a ti e a tua casa, por estar bem comtigo;

17 Então tomarás uma sovela, e lhe furarás a orelha, á porta, e teu servo
será para sempre: e tambem assim farás á tua serva.

18 Não seja aos teus olhos coisa dura, quando o despedires forro de ti;
pois seis annos [16] te serviu em dobro do salario do jornaleiro: assim o
Senhor teu Deus te abençoará em tudo o que fizeres.

19 Todo o primogenito que nascer entre as tuas vaccas e entre as tuas
ovelhas, o macho [17] sanctificarás ao Senhor teu Deus: com primogenito
do teu boi não trabalharás, nem tosquiarás o primogenito das tuas ovelhas.

20 Perante o Senhor teu Deus os comerás [18] de anno em anno, no logar
que o Senhor escolher, tu e a tua casa.

21 Porém, havendo [19] n’elle _algum_ defeito, _se fôr_ coxo, ou cego,
_ou tiver_ qualquer defeito, não o sacrificarás ao Senhor teu Deus.

22 Nas tuas portas o comerás: o [20] immundo e o limpo _o comerão_
juntamente, como da corça ou do veado.

23 Sómente o seu sangue não comerás: [21] sobre a terra o derramarás como
agua.

[1] Exo. 21.2 e 23.10, 11. Lev. 25.2, 4. cap. 31.10. Jer. 34.14.

[2] cap. 23.20.

[3] cap. 28.8.

[4] cap. 28.1.

[5] cap. 28.12, 13, 44. Pro. 22.7.

[6] I João 3.17.

[7] Lev. 25.35. Mat. 5.42. Luc. 6.34, 35.

[8] cap. 28.54, 56. Pro. 23.6 e 28.22. Mat. 20.15. cap. 24.15. Mat. 25.41.

[9] II Cor. 9.5, 7.

[10] cap. 14.29 e 24.19. Psa. 41.2. Pro. 22.9.

[11] Mat. 26.1. Mar. 14.7. João 12.8.

[12] Exo. 21.2. Lev. 25.39. Jer. 34.14.

[13] Pro. 10.22.

[14] cap. 5.15 e 16.12.

[15] Exo. 21.5.

[16] Isa. 16.14 e 21.16.

[17] Exo. 13.2 e 34.19. Lev. 27.26. Num. 3.13.

[18] cap. 12.5, 6, 7, 17 e 14.23 e 16.11, 14.

[19] Lev. 22.20. cap. 17.1.

[20] cap. 12.15, 22.

[21] cap. 12.16, 23.



_As tres festas da paschoa, de pentecostes e dos tabernaculos._

16 Guarda o mez d’Abib, e celebra a paschoa [1] ao Senhor teu Deus:
porque no mez d’Abib o Senhor teu Deus te tirou do Egypto, de noite.

2 Então sacrificarás a paschoa ao Senhor teu Deus, ovelhas [2] e vaccas,
no logar que o Senhor escolher para ali fazer habitar o seu nome.

3 N’ella não comerás [3] levedado: sete dias n’ella comerás _pães_ asmos,
pão d’afflicção (porquanto apressadamente saiste da terra do Egypto),
para que te lembres do dia da tua saida da terra do Egypto, todos os dias
da tua vida.

4 Levedado não apparecerá comtigo por sete dias em todos os teus [4]
termos: tambem da carne que matares á tarde, no primeiro dia, nada ficará
até á manhã.

5 Não poderás sacrificar a paschoa em nenhuma das tuas portas que te dá o
Senhor teu Deus;

6 Senão no logar que escolher o Senhor teu Deus, para fazer habitar o seu
nome, ali sacrificarás a paschoa á tarde, [5] ao pôr do sol, ao tempo
determinado da tua saida do Egypto.

7 Então _a_ cozerás, [6] e comerás no logar que escolher o Senhor teu
Deus; depois virás pela manhã, e irás ás tuas tendas.

8 Seis dias comerás _pães_ asmos [7] e no setimo dia _é_ solemnidade ao
Senhor teu Deus: nenhuma obra farás.

9 Sete semanas [8] contarás; desde que a foice começar na seara começarás
a contar as sete semanas.

10 Depois celebrarás a festa das semanas ao Senhor teu Deus; o que déres
_será_ tributo voluntario da tua mão, [9] segundo o Senhor teu Deus te
tiver abençoado.

11 E te alegrarás [10] perante o Senhor teu Deus, tu, e teu filho, e tua
filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita que _está_ dentro das
tuas portas, e o estrangeiro, e o orphão, e a viuva, que _estão_ no meio
de ti, no logar que escolher o Senhor teu Deus para ali fazer habitar o
seu nome.

12 E lembrar-te-has de [11] que foste servo no Egypto: e guardarás estes
estatutos, e os farás.

13 A festa [12] dos tabernaculos guardarás sete dias, quando colheres da
tua eira e do teu lagar.

14 E na tua festa [13] te alegrarás, tu, e teu filho, e tua filha, e o
teu servo, e a tua serva, e o levita, e o estrangeiro, e o orphão, e a
viuva, que _estão_ das tuas portas para dentro.

15 Sete dias celebrarás [14] a festa ao Senhor teu Deus, no logar que
o Senhor escolher: porque o Senhor teu Deus te ha de abençoar em toda
a tua colheita, e em toda a obra das tuas mãos; pelo que te alegrarás
certamente.

16 Tres vezes [15] no anno todo o macho entre ti apparecerá perante o
Senhor teu Deus, no logar que escolher, na festa dos _pães_ asmos, e na
festa das semanas, e na festa dos tabernaculos; porém não apparecerá [16]
vazio perante o Senhor:

17 Cada qual, conforme ao dom da sua mão, conforme [17] á benção do
Senhor teu Deus, que te tiver dado.


_Deveres dos juizes._

18 Juizes e officiaes [18] porás em todas as tuas portas que o Senhor teu
Deus te der entre as tuas tribus, para que julguem o povo com juizo de
justiça.

19 Não torcerás o juizo, [19] não farás accepção de pessoas, nem tomarás
peitas; porquanto a peita cega os olhos dos sabios, e perverte as
palavras dos justos.

20 A justiça, a justiça seguirás; para que vivas, [20] e possuas a terra
que te dará o Senhor teu Deus.

21 Não plantarás [21] nenhum bosque d’arvores junto ao altar do Senhor
teu Deus, que fizeres para ti,

22 Nem [22] levantarás [HK] estatua, a qual aborrece o Senhor teu Deus.

[1] Exo. 12.2, etc. e 13.4 e 34.18 e 12.29, 42.

[2] Num. 28.19. cap. 12.5, 26.

[3] Exo. 12.15, 19, 39 e 13.3, 6, 7 e 34.18.

[4] Exo. 13.7 e 12.10 e 34.25.

[5] Exo. 12.6.

[6] Exo. 12.8, 9. II Chr. 35.13. II Reis 23.23. João 2.13, 23 e 11.55.

[7] Exo. 12.16 e 13.6. Lev. 23.8.

[8] Exo. 23.16 e 34.22. Lev. 23.15. Num. 28.26. Act. 2.1.

[9] ver. 17. I Cor. 16.2.

[10] ver. 14. cap. 12.7, 12, 18.

[11] cap. 15.15.

[12] Exo. 23.16. Lev. 23.84. Num. 29.12.

[13] Neh. 8.9, etc.

[14] Lev. 23.39, 40.

[15] Exo. 23.14, 17 e 34.23.

[16] Exo. 23.15 e 34.20.

[17] ver. 10.

[18] cap. 1.16. I Chr. 23.4 e 26.29. II Chr. 13.5, 8.

[19] Exo. 23.2, 6. Lev. 19.15. cap. 1.17. Pro. 24.23. Exo. 23.8. Pro.
17.23. Ecc. 7.7.

[20] Eze. 18.5, 9.

[21] Exo. 34.13. I Reis 14.15 e 16.33. II Reis 17.16 e 21.3. II Chr. 33.3.

[22] Lev. 26.1.



_O castigo da idolatria._

17 Não sacrificarás [1] ao Senhor teu Deus, boi ou gado miudo em que haja
defeito ou alguma coisa má; pois abominação é ao Senhor teu Deus.

2 Quando no meio de ti, em alguma das tuas portas que te dá o Senhor
teu Deus, se [2] achar algum homem ou mulher que fizer mal aos olhos do
Senhor teu Deus, [3] traspassando o seu concerto,

3 Que se fôr, e servir a outros deuses, e se encurvar a elles, ou ao sol,
ou á lua, [4] ou a todo o exercito do céu; o que eu não ordenei;

4 E te fôr [5] denunciado, e _o_ ouvires; então bem _o_ inquirirás: e eis
que, sendo verdade, e certo que se fez tal abominação em Israel.

5 Então tirarás o homem ou a mulher que fez este maleficio, [6] ás tuas
portas, sim, o tal homem ou mulher: e os apedrejarás com pedras, até que
morram.

6 Por bocca de duas [7] testemunhas, ou tres testemunhas, será morto o
que houver de morrer: por bocca d’uma só testemunha não morrerá.

7 A mão das testemunhas [8] será primeiro contra elle, para matal-o; e
depois a mão de todo o povo: assim tirarás o mal do meio de ti.


_Consulta dos sacerdotes._

8 Quando alguma coisa te fôr difficultosa [9] em juizo, entre sangue e
sangue, entre demanda e demanda, entre ferida e ferida, _em_ negocios de
pendencias nas tuas portas, então te levantarás, e [10] subirás ao logar
que escolher o Senhor teu Deus;

9 E virás aos [11] sacerdotes levitas, e ao juiz que houver n’aquelles
dias, e inquirirás, e te annunciarão a palavra _que fôr_ do juizo.

10 E farás conforme ao mandado da palavra que te annunciarão do logar que
escolher o Senhor; e terás cuidado de fazer conforme a tudo o que te
ensinarem.

11 Conforme ao mandado da lei que te ensinarem, e conforme ao juizo que
te disserem, farás: da palavra que te annunciarem te não desviarás, nem
para a direita nem para a esquerda.

12 O homem pois que se houver soberbamente, [12] não dando ouvidos ao
sacerdote, que está ali para servir ao Senhor teu Deus, nem ao juiz, o
tal homem morrerá: e tirarás [13] o mal de Israel:

13 Para que todo o povo o [14] ouça, e tema, e nunca mais se ensoberbeça.


_A eleição e os deveres d’um rei._

14 Quando entrares na terra, que te dá o Senhor teu Deus, e a possuires,
e n’ella habitares, e disseres: Porei sobre mim [15] um rei, _assim_ como
_teem_ todas as gentes que estão em redor de mim:

15 Porás certamente sobre ti como rei aquelle [16] que escolher o Senhor
teu Deus: d’entre teus irmãos porás rei sobre ti: não poderás pôr homem
estranho sobre ti, que não _seja_ de teus irmãos.

16 Porém não multiplicará para si cavallos, [17] nem fará voltar o povo
ao Egypto, para multiplicar cavallos; pois o Senhor vos tem dito: [18]
Nunca mais voltareis por este caminho.

17 Tão pouco para si multiplicará mulheres, [19] para que o seu coração
se não desvie: nem prata nem oiro multiplicará muito para si.

18 Será tambem [20] _que_, quando se assentar sobre o throno do seu
reino, então escreverá para si _um_ traslado d’esta lei n’um livro, [21]
do _que está_ diante dos sacerdotes levitas.

19 E o terá comsigo, [22] e n’elle lerá todos os dias da sua vida; para
que aprenda a temer ao Senhor seu Deus, para guardar todas as palavras
d’esta lei, e estes estatutos, para fazel-os;

20 Para que o seu coração não se levante sobre os seus irmãos, [23] e não
se aparte do mandamento, nem para a direita nem para a esquerda: para que
prolongue os dias no seu reino, elle e seus filhos no meio de Israel.

[1] cap. 15.21. Mal. 1.8, 13, 14.

[2] cap. 13.6.

[3] Jos. 7.11, 15 e 23.16. Jui. 2.20. II Reis 18.12. Ose. 8.1.

[4] cap. 4.19. Job 31.26. Jer. 7.22, 23, 31 e 19.5 e 32.35.

[5] cap. 13.12, 14.

[6] Lev. 24.14, 16. cap. 13.10. Jos. 7.25.

[7] Num. 35.30. cap. 19.15. Mat. 18.16. João 8.17. II Cor. 13.1. II Tim.
5.19. Heb. 10.28.

[8] cap. 13.9. Act. 7.58. cap. 13.5 e 19.19.

[9] II Chr. 19.10. Agg. 2.11. Mal. 2.7. Exo. 21.13, 20, 22, 28 e 22.2.
Num. 35.11, 16, 19. cap. 19.4, 10, 11.

[10] cap. 12.5 e 19.17. Psa. 122.5.

[11] Jer. 18.18. cap. 19.17. Eze. 44.24.

[12] Num. 15.30. Esd. 10.8. Ose. 4.4. cap. 18.5, 7.

[13] cap. 13.5.

[14] cap. 13.11 e 19.20.

[15] I Sam. 8.5, 19, 20.

[16] I Sam. 9.15 e 10.24 e 16.12. I Chr. 22.10. Jer. 30.21.

[17] I Reis 4.26 e 10.26, 28. Psa. 20.8. Isa. 31.1. Eze. 17.15.

[18] Num. 14.3. cap. 28.68. Jer. 42.15. Ose. 11.15.

[19] I Reis 11.3, 4.

[20] II Reis 11.12.

[21] cap. 31.9, 26. II Reis 22.8.

[22] Jos. 1.8. Psa. 119.97.

[23] cap. 5.22. I Reis 15.5.



_A herança e os direitos dos sacerdotes e dos levitas._

18 Os sacerdotes levitas, toda a [1] tribu de Levi, não terão parte nem
herança em Israel: das offertas queimadas do Senhor e da sua herança
comerão.

2 Pelo que não terá herança no meio de seus irmãos: o Senhor _é_ a sua
herança, como lhe tem dito.

3 Este pois será o direito dos sacerdotes, _a receber_ do povo, dos
que sacrificarem sacrificio, seja boi ou gado miudo: [2] que dará ao
sacerdote a espadoa, e as queixadas, e o bucho.

4 Dar-lhe-has as primicias do teu grão, [3] do teu mosto e do teu azeite,
e as primicias da tosquia das tuas ovelhas.

5 Porque o Senhor teu Deus o escolheu [4] de todas as tuas tribus, para
que assista a servir no nome do Senhor, elle e seus filhos, todos os dias.

6 E, quando vier um levita de alguma das tuas portas, de todo o Israel,
onde habitar, [5] e vier com todo o desejo da sua alma ao logar que o
Senhor escolheu,

7 E servir no nome do Senhor seu Deus, como tambem todos [6] os seus
irmãos, os levitas, que assistem ali perante o Senhor;

8 Egual porção comerão, [7] além das suas vendas paternas.


_As abominações das nações são prohibidas._

9 Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te dér, não aprenderás a
fazer conforme as [8] abominações d’aquellas nações.

10 Entre ti se não achará quem faça passar pelo fogo a seu filho [9] ou
a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem
feiticeiro;

11 Nem encantador [10] de encantamentos, nem quem pergunte a um espirito
adivinhante, nem magico, nem quem pergunte aos mortos:

12 Pois todo aquelle que faz tal coisa é abominação ao Senhor; [11] e por
estas abominações o Senhor teu Deus as lança fóra de diante d’elle.

13 Perfeito serás, como o Senhor teu Deus.

14 Porque estas nações, que has de possuir, ouvem os prognosticadores e
os adivinhadores: porém a ti o Senhor teu Deus não permittiu tal coisa.


_A promessa d’um grande propheta._

15 O Senhor teu Deus [12] te despertará um propheta do meio de ti, de
teus irmãos, como eu; a elle ouvireis;

16 Conforme a tudo o que pediste ao Senhor teu Deus em Horeb, no dia da
congregação, dizendo: [13] Não ouvirei mais a voz do Senhor meu Deus, nem
mais verei este grande fogo, para que não morra.

17 Então o Senhor me disse: [14] Bem fallaram _n’aquillo_ que disseram.

18 _Eis_ lhes suscitarei um propheta do meio de seus irmãos, como tu,
[15] e porei as minhas palavras na sua bocca, e elle lhes fallará tudo o
que eu lhe ordenar.

19 E _será que_ qualquer que não ouvir as minhas palavras, [16] que elle
fallar em meu nome, eu _o_ requererei d’elle.

20 Porém [17] o propheta que presumir soberbamente de fallar alguma
palavra em meu nome, que eu lhe não tenho mandado fallar, ou o que fallar
em nome [18] de outros deuses, o tal propheta morrerá.

21 E, se disseres no teu coração: Como conheceremos a palavra que o
Senhor não fallou?

22 Quando o _tal_ propheta fallar [19] em nome do Senhor, e _tal_ palavra
se não cumprir, nem succeder _assim_; esta _é_ palavra que o Senhor não
fallou: com soberba a fallou o _tal_ propheta: [20] não tenhas temor
d’elle.

[1] Num. 18.20 e 8.9.

[2] Lev. 7.30, 34.

[3] Exo. 22.29. Num. 18.12, 24.

[4] Exo. 28.1. Num. 3.10. cap. 10.8 e 17.12.

[5] Num. 35.2, 3. cap. 12.5.

[6] II Chr. 31.2.

[7] II Chr. 31.4. Neh. 12.44, 47.

[8] Lev. 18.26, 27, 30. cap. 12.29, 30, 31.

[9] Lev. 18.21. cap. 12.31. Lev. 19.26, 31 e 20.27. Isa. 8.19.

[10] Lev. 20.27. I Sam. 28.7.

[11] Lev. 18.24. cap. 9.4.

[12] ver. 18. João 1.45. Act. 3.22 e 7.37.

[13] cap. 9.10. Exo. 20.19. Heb. 12.19.

[14] cap. 5.28.

[15] ver. 15. João 1.45. Act. 3.22 e 7.37. Isa. 51.16. João 17.8 e 4.25 e
12.49.

[16] Act. 3.23.

[17] cap. 13.5. Jer. 14.14. Zac. 13.3.

[18] cap. 13.1. Jer. 2.8.

[19] Jer. 28.9. cap. 13.2.

[20] ver. 20.



_A quem pertence os privilegios das cidades de refugio._

19 Quando o Senhor teu Deus [1] desarraigar as nações cuja terra te dará
o Senhor teu Deus, e tu as possuires, e morares nas suas cidades e nas
suas casas;

2 Tres cidades separarás no [2] meio da tua terra que te dará o Senhor
teu Deus para a possuir.

3 Preparar-te-has o caminho; e os termos da tua terra, que te fará
possuir o Senhor teu Deus, partirás em tres: e isto será para que todo o
homicida se acolha ali.

4 E este _é_ o caso _tocante_ ao homicida, [3] que se acolher ali, para
que viva: aquelle que por erro ferir o seu proximo, a quem não aborrecia
d’antes:

5 Como aquelle que entrar com o seu proximo no bosque, para cortar lenha,
e, pondo força na sua mão com o machado para cortar a arvore, o ferro
saltar do cabo e ferir o seu proximo, e morrer, o tal se acolherá a uma
d’estas cidades, e viverá:

6 Para que o vingador do sangue não vá [4] após o homicida, quando se
esquentar o seu coração, e o alcançar, por ser comprido o caminho, e lhe
tire a vida; porque não é culpado de morte, pois o não aborrecia d’antes.

7 Portanto te dou ordem, dizendo: Tres cidades separarás.

8 E, se o Senhor teu Deus [5] dilatar os teus termos, como jurou a teus
paes, e te dér toda a terra que disse daria a teus paes

9 (Quando guardares todos estes mandamentos, que hoje te ordeno, para
fazel-os, amando ao Senhor teu Deus e andando nos seus caminhos todos os
dias), então [6] accrescentarás _outras_ tres cidades além d’estas tres.

10 Para que o sangue innocente se não derrame no meio da tua terra, que o
Senhor teu Deus te dá por herança, e haja sangue sobre ti.

11 Mas, havendo alguem [7] que aborrece a seu proximo, e lhe arma
ciladas, e se levanta contra elle, e o fere na vida, que morra, e se
acolhe a alguma d’estas cidades,

12 Então os anciãos da sua cidade mandarão, e d’ali o tirarão, e o
entregarão na mão do vingador do sangue, para que morra.

13 O teu olho o não poupará; antes tirarás [8] o sangue innocente de
Israel, para que bem te succeda.


_Ácerca dos limites e das testemunhas._

14 Não mudes [9] o limite do teu proximo, que limitaram os antigos na
tua herança, que possuires na terra, que te dá o Senhor teu Deus para a
possuires.

15 [10] Uma só testemunha contra ninguem se levantará por qualquer
iniquidade, ou por qualquer peccado, seja qual fôr o peccado que
peccasse: pela bocca de duas testemunhas, ou pela bocca de tres
testemunhas, se estabelecerá o negocio.

16 Quando se levantar testemunha falsa contra alguem, [11] para
testificar contra elle _ácerca_ de desvio,

17 Então aquelles dois homens, que tiverem a demanda, se apresentarão
perante o Senhor, [12] diante dos sacerdotes e dos juizes que houver
n’aquelles dias;

18 E os juizes bem inquirirão; e eis que, _sendo_ a testemunha falsa
testemunha, que testificou falsidade contra seu irmão,

19 Far-lhe-heis como [13] cuidou fazer a seu irmão: e _assim_ tirarás o
mal do meio de ti.

20 Para que os que ficarem o ouçam [14] e temam, e nunca mais tornem a
fazer tal mal no meio de ti.

21 O teu olho não poupará: [15] vida por vida, olho por olho, dente por
dente, mão por mão, pé por pé.

[1] cap. 12.29.

[2] Exo. 21.13. Num. 35.10, 14. Jos. 20.2.

[3] Num. 35.15. cap. 4.42.

[4] Num. 35.12.

[5] Gen. 15.18. cap. 12.20.

[6] Jos. 20.7, 8.

[7] Exo. 21.12, etc. Num. 35.16, 24. cap. 27.24. Pro. 28.17.

[8] cap. 13.8 e 25.12. Num. 35.33, 34. cap. 21.9. I Reis 2.31.

[9] cap. 27.17. Job 24.2. Pro. 22.28. Ose. 5.10.

[10] Num. 35.30. cap. 17.6. Mat. 18.16. João 8.17. II Cor. 13.1. I Tim.
5.19. Heb. 10.28.

[11] Psa. 27.12 e 35.11.

[12] cap. 17.9 e 21.5.

[13] Pro. 19.5, 9. Dan. 6.24. cap. 13.5 e 17.7 e 21.21 e 22.21, 24 e 24.7.

[14] cap. 17.13 e 21.21.

[15] ver. 13. Exo. 21.23, 24. Lev. 24.20. Mat. 5.38.



_As leis da guerra._

20 Quando saires á peleja contra teus inimigos, e vires cavallos, [1] e
carros, e povo maior em numero do que tu, d’elles não terás temor; pois o
[2] Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egypto, _está_ comtigo.

2 E será _que_, quando vos achegardes á peleja, o sacerdote se adiantará,
e fallará ao povo,

3 E dir-lhe-ha: Ouve, ó Israel, hoje vos achegaes á peleja contra os
vossos inimigos: que se não amolleça o vosso coração; não temaes nem
tremaes, nem vos aterroriseis diante d’elles,

4 Pois o Senhor vosso Deus _é_ o que vae comvosco, [3] a pelejar contra
os vossos inimigos, para salvar-vos.

5 Então os officiaes fallarão ao povo, dizendo: Qual _é_ o homem que
edificou casa nova e ainda a não consagrou? [4] vá, e torne-se á sua
casa, para que porventura não morra na peleja e algum outro a consagre.

6 E qual _é_ o homem que plantou uma vinha e ainda não logrou fructo
d’ella? vá, e torne-se á sua casa, para que porventura não morra na
peleja e algum outro o logre.

7 E qual _é_ o homem que está desposado com alguma [5] mulher e ainda a
não recebeu? vá, e torne-se á sua casa, para que porventura não morra na
peleja e algum outro _homem_ a receba.

8 E continuarão os officiaes a fallar ao povo, dizendo: Qual é o homem
medroso [6] e de coração timido? vá, e torne-se á sua casa, para que o
coração de seus irmãos se não derreta como o seu coração.

9 E será _que_, quando os officiaes acabarem de fallar ao povo, então
ordenarão os maioraes dos exercitos na dianteira do povo.

10 Quando te achegares a alguma cidade a combatel-a, [7] apregoar-lhe-has
a paz.

11 E será _que_, se te responder _em_ paz, e te abrir, todo o povo que se
achar n’ella te será tributario e te servirá.

12 Porém, se ella não fizer paz comtigo, _mas_ antes te fizer guerra,
então a sitiarás.

13 E o Senhor teu Deus a dará na tua mão; e todo o macho que houver
n’ella passarás [8] ao fio da espada,

14 Salvo sómente as mulheres, e as creanças, e os animaes; [9] e tudo o
que houver na cidade, todo o seu despojo, tomarás para ti; e comerás o
despojo dos teus inimigos, que te deu o Senhor teu Deus.

15 Assim farás a todas as cidades _que estiverem_ mui longe de ti, que
não _forem_ das cidades d’estas nações.

16 Porém, das cidades [10] d’estas nações, que o Senhor teu Deus te dá em
herança, nenhuma coisa que tem folego deixarás com vida;

17 Antes destruil-as-has totalmente: aos hetheos, e aos amorrheos, e aos
cananeos, e aos pherezeos, e aos heveos, e aos jebuseos, como te ordenou
o Senhor teu Deus.

18 Para que vos não [11] ensinem a fazer conforme a todas as suas
abominações, que fizeram a seus deuses, e pequeis [12] contra o Senhor
vosso Deus.

19 Quando sitiares uma cidade por muitos dias, pelejando contra ella para
a tomar, não destruirás o seu arvoredo, mettendo n’elle o machado, porque
d’elle comerás: pelo que o não cortarás (pois o arvoredo do campo _é o
mantimento do_ homem), para que sirva de tranqueira diante de ti.

20 Mas as arvores que souberes que não são arvores de comer,
destruil-as-has e cortal-as-has: e contra a cidade que guerrear contra ti
edificarás tranqueiras, até que esta seja derribada.

[1] Psa. 20.8. Isa. 31.1.

[2] Num. 23.21. cap. 31.6, 8. II Chr. 13.12 e 32.7.

[3] cap. 1.30 e 3.22. Jos. 23.10.

[4] Neh. 12.27.

[5] cap. 24.5.

[6] Jui. 7.3.

[7] II Sam. 20.18, 20.

[8] Num. 31.7.

[9] Jos. 8.2 e 22.8.

[10] Num. 21.2, 3, 35 e 33.52. cap. 7.1, 2. Jos. 11.14.

[11] cap. 7.4 e 12.30, 31 e 18.9.

[12] Exo. 23.33.



_Expiação por uma morte cujo auctor é desconhecido._

21 Quando na terra que te dér o Senhor teu Deus para possuil-a se achar
_algum_ morto, caido no campo, sem que se saiba quem o matou,

2 Então sairão os teus anciãos e os teus juizes, e medirão o _espaço_ até
ás cidades que _estiverem_ em redor do morto;

3 E, na cidade mais chegada ao morto, os anciãos da mesma cidade tomarão
uma bezerra da manada, que não tenha trabalhado nem tenha puxado com o
jugo;

4 E os anciãos d’aquella cidade trarão a bezerra a um valle aspero,
que nunca foi lavrado nem semeado: e ali, n’aquelle valle, degolarão a
bezerra;

5 Então se achegarão os sacerdotes, filhos de Levi (pois o Senhor teu
Deus [1] os escolheu para o servirem, e para abençoarem em nome do
Senhor; e pelo seu dito se determinará [2] toda a demanda e toda a
ferida);

6 E todos os anciãos da mesma cidade, mais chegados ao morto, lavarão [3]
as suas mãos sobre a bezerra degolada no valle;

7 E protestarão, e dirão: As nossas mãos não derramaram este sangue, e os
nossos olhos o não viram.

8 Sê propicio ao teu povo Israel, que tu, ó Senhor, resgataste, e não
ponhas o sangue innocente [4] no meio do teu povo Israel. E aquelle
sangue lhes será expiado.

9 Assim tirarás [5] o sangue innocente do meio de ti: pois farás o que
_é_ recto aos olhos do Senhor.


_Ácerca da mulher prisioneira._

10 Quando saires á peleja contra os teus inimigos, e o Senhor teu Deus os
entregar nas tuas mãos, e tu d’elles levares prisioneiros,

11 E tu entre os presos vires _uma_ mulher formosa á vista, e a
cobiçares, e a tomares por mulher,

12 Então a trarás para a tua casa: e ella se rapará a cabeça e cortará as
suas unhas,

13 E despirá o vestido do seu captiveiro, [6] e se assentará na tua casa,
e chorará a seu pae e a sua mãe um mez inteiro: e depois entrarás a ella,
e tu serás seu marido e ella tua mulher.

14 E será _que_, se te não contentares d’ella, a deixarás ir á sua
vontade; mas de sorte nenhuma a venderás por dinheiro, nem com ella
mercadejarás, pois a tens [7] humilhado.


_O direito do primogenito._

15 Quando um homem tiver duas mulheres, uma a quem ama e outra a [8]
quem aborrece, e a amada e a aborrecida lhe parirem filhos, e o filho
primogenito fôr da aborrecida,

16 Será _que_, [9] no dia em que fizer herdar a seus filhos o que tiver,
não poderá dar a primogenitura ao filho da amada, adiante do filho da
aborrecida, _que é_ o primogenito.

17 Mas o filho da aborrecida reconhecerá por primogenito, dando-lhe
dobrada [10] porção de tudo quanto tiver: porquanto aquelle _é_ o
principio da sua força, o direito [11] da primogenitura seu _é_.


_Ácerca dos filhos desobedientes._

18 Quando alguem tiver _um_ filho contumaz e rebelde, que não obedecer á
voz de seu pae e á voz de sua mãe, e, castigando-o elles, lhes não dér
ouvidos,

19 Então seu pae e sua mãe pegarão n’elle, e o levarão aos anciãos da sua
cidade, e á porta do seu logar;

20 E dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho _é_ rebelde e
contumaz, não dá ouvidos á nossa voz: _é um_ comilão e beberrão.

21 Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão com pedras, até que
morra; e tirarás [12] o mal do meio de ti, para que todo o Israel o [13]
ouça, e tema.


_Os cadaveres serão tirados do patibulo._

22 Quando tambem em alguem houver peccado, _digno_ [14] do juizo de
morte, e haja de morrer, e o pendurares n’_um_ madeiro,

23 O seu cadaver [15] não permanecerá no madeiro, mas certamente o
enterrarás no mesmo dia: [16] porquanto o pendurado _é_ maldito de Deus:
assim não contaminarás [17] a tua terra, que o Senhor teu Deus te dá em
herança.

[1] cap. 10.8. I Chr. 23.13.

[2] cap. 17.8.

[3] Psa. 19.13 e 26.6. Mat. 27.24.

[4] Jon. 1.14.

[5] cap. 19.13.

[6] Psa. 45.11.

[7] Gen. 34.2. cap. 22.29. Jui. 19.24.

[8] Gen. 29.33.

[9] I Chr. 5.2 e 26.10. II Chr. 11.19, 22.

[10] I Chr. 5.1.

[11] Gen. 49.3 e 25.31, 33.

[12] cap. 13.5 e 19.19, 20 e 22.21, 24.

[13] cap. 13.11.

[14] cap. 19.6. Act. 23.29 e 25.11, 25 e 26.31.

[15] Jos. 8.29 e 10.26, 27. João 19.31.

[16] Gal. 3.13. Num. 25.4. II Sam. 21.6, 9.

[17] Lev. 18.25. Num. 35.34.



_Caridade com o proximo._

22 Vendo extraviado [1] o boi ou ovelha de teu irmão, não te esconderás
d’elles: restituil-os-has sem falta a teu irmão.

2 E se teu irmão não _estiver_ perto de ti, ou tu o não conheceres,
recolhel-os-has na tua casa, para que fiquem comtigo, até que teu irmão
os busque, e tu lh’os tornarás _a dar_.

3 Assim tambem farás com o seu jumento, e assim farás com os seus
vestidos; assim farás tambem com toda a coisa perdida, que se perder de
teu irmão, e tu a achares; não te poderás esconder.

4 O jumento de teu irmão, ou o seu boi, não verás [2] caidos no caminho,
e d’elles te esconderás: com elle os levantarás sem falta.


_Ácerca dos vestidos do homem e dos da mulher._

5 Não haverá trajo de homem na mulher, e não vestirá o homem vestido de
mulher: porque, qualquer que faz isto, abominação _é_ ao Senhor teu Deus.

6 Quando encontrares _algum_ ninho d’ave no caminho em alguma arvore, ou
no chão, com passarinhos, ou ovos, e a mãe posta sobre os passarinhos, ou
sobre os ovos, não tomarás [3] a mãe com os filhos;

7 Deixarás ir livremente a mãe, e os filhos tomarás para ti; para que bem
te vá, [4] e _para que te_ prolongue _os_ dias.

8 Quando edificares _uma_ casa nova, farás no teu telhado um parapeito,
para que não ponhas culpa de sangue na tua casa, se alguem d’alguma
maneira cair d’ella.

9 Não [5] semearás a tua vinha de differentes especies de semente, para
que se não profane o fructo da semente que semeares, e a novidade da
vinha.

10 Com boi e com jumento juntamente não [6] lavrarás.

11 Não te vestirás [7] de diversos estofos de lã e linho juntamente.

12 Franjas porás [8] nas quatro bordas da tua manta, com que te cobrires.


_As penas de diversos peccados commetidos para com mulheres._

13 Quando um homem tomar mulher [9] e, entrando a ella, a aborrecer,

14 E lhe imputar coisas escandalosas, e contra ella divulgar má fama,
dizendo: Tomei esta mulher, e me cheguei a ella, porém não a achei virgem;

15 Então o pae da moça e sua mãe tomarão _os signaes da_ virgindade da
moça, e leval-_os_-hão para fóra aos anciãos da cidade á porta;

16 E o pae da moça dirá aos anciãos; Eu dei minha filha por mulher a este
homem, porém elle a aborreceu;

17 E eis que lhe imputou coisas escandalosas, dizendo: Não achei virgem
tua filha: porém eis aqui _os signaes da_ virgindade de minha filha. E
estenderão o lençol diante dos anciãos da cidade.

18 Então os anciãos da mesma cidade tomarão aquelle homem, e o castigarão,

19 E o condemnarão em cem _siclos_ de prata, e os darão ao pae da moça;
porquanto divulgou má fama sobre uma virgem de Israel. E lhe será por
mulher, em todos os seus dias não a poderá despedir.

20 Porém se este negocio fôr verdade, que a virgindade se não achou na
moça,

21 Então tirarão a moça á porta da casa de seu pae, e os homens da sua
cidade a apedrejarão com pedras, até que morra; pois [10] fez loucura em
Israel, fornicando na casa de seu pae: assim tirarás [11] o mal do meio
de ti.

22 Quando [12] um homem fôr achado deitado com mulher casada com marido,
então ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher, e a mulher:
assim tirarás o mal d’Israel.

23 Quando houver moça virgem, desposada [13] com algum homem, e um homem
a achar na cidade, e se deitar com ella,

24 Então tirareis ambos á porta d’aquella cidade, e os apedrejareis com
pedras, até que morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o
homem, porquanto humilhou [14] a mulher do seu proximo: assim tirarás o
mal do meio de ti.

25 E se algum homem no campo achar uma moça desposada, e o homem a
forçar, e se deitar com ella, então morrera só o homem que se deitou com
ella;

26 Porém á moça não farás nada: a moça não tem culpa de morte; porque,
como o homem que se levanta contra o seu proximo, e lhe tira a vida,
assim _é_ este negocio.

27 Pois a achou no campo: a moça desposada gritou, e não houve quem a
livrasse.

28 Quando um homem [15] achar uma moça virgem, que não fôr desposada, e
pegar n’ella, e se deitar com ella, e forem apanhados,

29 Então o homem que se deitou com ella dará ao pae da moça cincoenta
_siclos_ de prata: e porquanto a humilhou, [16] lhe será por mulher; não
a poderá despedir em todos os seus dias.

30 Nenhum [17] homem tomará a mulher de seu pae, nem descobrirá [18] a
ourela de seu pae.

[1] Exo. 23.4.

[2] Exo. 23.5.

[3] Lev. 22.28.

[4] cap. 4.40.

[5] Lev. 19.19.

[6] II Cor. 6.14, 15, 16.

[7] Lev. 19.19.

[8] Num. 15.38. Mat. 23.5.

[9] Gen. 29.21. Jui. 15.1.

[10] Gen. 34.7. Jui. 20.6, 10. II Sam. 13.12, 13.

[11] cap. 13.5.

[12] Lev. 20.10. João 8.5.

[13] Mat. 1.18.

[14] cap. 21.14. ver. 21, 22.

[15] Exo. 22.16.

[16] ver. 24.

[17] Lev. 18.8 e 20.11. cap. 27.20. I Cor. 5.1.

[18] Ruth 3.9. Eze. 16.8.



_Pessoas que são excluidas das assembléas sanctas._

23 O quebrado de quebradura, e o castrado, não entrará na congregação do
Senhor.

2 Nenhum bastardo entrará na congregação do Senhor: nem ainda a sua
decima geração entrará na congregação do Senhor.

3 Nenhum [1] ammonita nem moabita entrará na congregação do Senhor: nem
ainda a sua decima geração entrará na congregação do Senhor eternamente.

4 Porquanto [2] não sairam com pão e agua, a receber-vos no caminho,
quando saíeis do Egypto; e porquanto alugou [3] contra ti a Balaão, filho
de Beor, de Pethor, de Mesopotamia, para te amaldiçoar.

5 Porém o Senhor teu Deus não quiz ouvir Balaão: antes o Senhor teu Deus
trocou em benção a maldição; porquanto o Senhor teu Deus te amava.

6 Não lhes procurarás [4] nem paz nem bem em todos os teus dias para
sempre.

7 Não abominarás o [5] edumeo, pois _é_ teu irmão: nem abominarás o
egypcio; pois estrangeiro foste [6] na sua terra.

8 Os filhos que lhes nascerem na terceira geração, cada um d’elles
entrará na congregação do Senhor.

9 Quando o exercito sair contra os teus inimigos, então te guardarás de
toda a coisa má.

10 Quando entre ti [7] houver algum que por algum accidente de noite não
estiver limpo, sairá fóra do exercito; não entrará no meio do exercito.

11 Porém será _que_, declinando a tarde, se lavará [8] em agua; e, em se
pondo o sol, entrará [9] no meio do arraial.

12 Tambem terás um logar fóra do arraial; e ali sairás fóra.

13 E entre as tuas armas terás uma pá; e será _que_, quando estiveres
assentado fóra, então com ella cavarás, e, virando-te, cobrirás aquillo
que saiu de ti.

14 Porquanto o Senhor teu Deus anda no meio do teu arraial, para te
livrar, e entregar os teus inimigos diante de ti: pelo que o teu arraial
será sancto: para que _elle_ não veja coisa feia em ti, e se torne atraz
de ti.


_Ácerca de fugitivos, prostitutas, usura e votos._

15 Não entregarás [10] a seu senhor o servo que se acolher a ti de seu
senhor;

16 Comtigo ficará no meio de ti, no logar que escolher em alguma das tuas
portas, onde lhe estiver bem: não o [11] opprimirás.

17 Não haverá [12] rameira d’entre as filhas d’Israel; nem haverá
sodomita d’entre os filhos d’Israel.

18 Não trarás salario de rameira nem preço de cão á casa do Senhor teu
Deus por qualquer voto: porque estes ambos _são_ egualmente abominação ao
Senhor teu Deus.

19 A teu irmão não emprestarás á [13] usura, nem á usura de dinheiro, nem
á usura de comida, nem á usura de qualquer coisa que se empreste á usura.

20 Ao estranho [14] emprestarás á usura, porém a teu irmão não
emprestarás á usura: para que o Senhor teu Deus te abençoe [15] em tudo
no que pozeres a tua mão, na terra a qual vaes a possuir.

21 Quando votares algum voto [16] ao Senhor teu Deus, não tardarás em
pagal-o; porque o Senhor teu Deus certamente o requererá de ti, _e em_ ti
haverá peccado.

22 Porém, abstendo-te de votar, não haverá peccado em ti.

23 O que saiu da tua bocca guardarás, [17] e _o_ farás; _trazendo_ a
offerta voluntaria, _assim_ como votaste ao Senhor teu Deus, o que
declaraste pela tua bocca.

24 Quando entrares na vinha do teu proximo, comerás uvas conforme ao teu
desejo até te fartares, porém não _as_ porás no teu vaso.

25 Quando entrares na seara do teu proximo, com a tua mão arrancarás [18]
as espigas; porém não metterás a foice na seara do teu proximo.

[1] Neh. 13.1, 2.

[2] cap. 2.29.

[3] Num. 22.5.

[4] Esd. 9.12.

[5] Gen. 25.24, 25, 26. Abd. 10, 12.

[6] Exo. 22.21 e 23.9. Lev. 19.34. cap. 10.19.

[7] Lev. 15.16.

[8] Lev. 15.5.

[9] Lev. 26.12.

[10] I Sam. 30.15.

[11] Exo. 22.21.

[12] Lev. 19.29. Pro. 2.16. Gen. 19.5. II Reis 23.7.

[13] Exo. 22.25. Lev. 25.36, 37. Neh. 5.2, 7. Psa. 15.5. Luc. 6.34, 35.

[14] Lev. 19.34. cap. 15.3.

[15] cap. 15.10.

[16] Num. 30.2. Ecc. 5.4.

[17] Num. 30.2. Psa. 66.14.

[18] Mat. 12.1. Mar. 2.23. Luc. 6.1.



_Ácerca do divorcio, dos penhores, dos roubadores e da lepra._

24 Quando um [1] homem tomar uma mulher, e se casar com ella, então será
que, se não achar graça em seus olhos, por n’ella achar coisa feia, elle
lhe fará escripto de repudio, e lh’o dará na sua mão, e a despedirá da
sua casa.

2 Se, pois, saindo da sua casa, fôr, e se casar com _outro_ homem,

3 E este ultimo homem a aborrecer, e lhe fizer escripto de repudio, e
lh’o dér na sua mão, e a despedir da sua casa, ou se este ultimo homem,
que a tomou para si por mulher, vier a morrer,

4 Então seu primeiro [2] marido, que a despediu, não poderá tornar a
tomal-a, para que seja sua mulher, depois que foi contaminada: pois _é_
abominação perante o Senhor; assim não farás peccar a terra que o Senhor
teu Deus te dá por herança.

5 Quando algum [3] homem tomar uma mulher nova não sairá á guerra, nem se
lhe imporá carga alguma; por um anno inteiro ficará livre na sua casa, e
alegrará a sua mulher, [4] que tomou.

6 Não se tomarão em penhor as mós ambas, nem a mó de cima nem a de baixo;
pois se penhoraria _assim_ a vida.

7 Quando se achar [5] alguem que furtar um d’entre os seus irmãos, dos
filhos d’Israel, e com elle ganhar, e o vender, o tal ladrão morrerá, e
tirarás o [6] mal do meio de ti.

8 Guarda-te da praga [7] da lepra, que tenhas grande cuidado de fazer
conforme a tudo o que te ensinarem os sacerdotes levitas; como lhes tenho
ordenado, terás cuidado de _o_ fazer.

9 Lembra-te [8] do que o Senhor teu Deus fez a Miriam no caminho, quando
saiste do Egypto.


_Ácerca de emprestimos._

10 Quando emprestares alguma coisa ao teu proximo, não entrarás em sua
casa, para lhe tirar o penhor.

11 Fóra estarás; e o homem, a quem emprestaste, te trará fóra o penhor.

12 Porém, se fôr homem pobre, te não deitarás com o seu penhor.

13 Em se pondo o sol, certamente lhe [9] restituirás o penhor; para que
durma na sua roupa, e te abençoe: e _isto_ te será justiça diante [10] do
Senhor teu Deus.


_Caridade para com os pobres, os estrangeiros e os orphãos._

14 Não opprimirás [11] o jornaleiro pobre e necessitado de teus irmãos,
ou de teus estrangeiros, que _estão_ na tua terra e nas tuas portas.

15 No seu dia [12] _lhe_ darás o seu jornal, e o sol se não porá sobre
isso: porquanto pobre é, e sua alma se atém a isso: para que não [13]
clame contra ti ao Senhor, e haja em ti peccado.

16 Os paes não morrerão pelos filhos, nem [14] os filhos pelos paes: cada
qual morrerá pelo seu peccado.

17 Não perverterás [15] o direito do estrangeiro _e_ do orphão; nem
tomarás em penhor a roupa [16] da viuva.

18 Mas lembrar-te-has [17] de que foste servo no Egypto, e de que o
Senhor te livrou d’ali: pelo que te ordeno que faças isto.

19 Quando no teu campo segares a tua sega, e esqueceres uma [HL] gavela
no campo, não tornarás a tomal-a; para o estrangeiro, para o orphão, e
para a viuva será; para que o Senhor teu Deus te abençoe [18] em toda a
obra das tuas mãos.

20 Quando sacudires a tua oliveira, não tornarás atraz de ti a sacudir os
ramos: para o estrangeiro, para o orphão, e para a viuva será.

21 Quando vindimares a tua vinha, não tornarás atraz de ti a rabiscal-a:
para o estrangeiro, para o orphão, e para a viuva será.

22 E lembrar-te-has de que foste servo na terra do Egypto: pelo que te
ordeno que faças isto.

[1] Mat. 5.31 e 19.7. Mar. 10.4.

[2] Jer. 3.1.

[3] cap. 20.7.

[4] Pro. 5.18.

[5] Exo. 21.16.

[6] cap. 19.19.

[7] Lev. 13.2 e 14.2.

[8] Luc. 17.32. I Cor. 10.6. Num. 12.10.

[9] Exo. 22.26.

[10] Job 29.11, 13 e 31.20. II Cor. 9.13. II Tim. 1.18. cap. 6.25. Psa.
106.31 e 112.9. Dan. 4.27.

[11] Mal. 3.5.

[12] Lev. 19.13. Jer. 22.13. Thi. 5.4.

[13] Thi. 5.4.

[14] II Reis 14.6. II Chr. 25.4. Jer. 31.29. Eze. 18.20.

[15] Exo. 22.21. Pro. 22.22. Isa. 1.23. Jer. 5.28 e 22.3. Eze. 22.89.
Zac. 7.10. Mal. 3.5.

[16] Exo. 22.26.

[17] ver. 22. cap. 16.12.

[18] cap. 15.10. Psa. 41.2. Pro. 19.17.



_A pena de açoites._

25 Quando houver [1] contenda entre alguns, e vierem ao juizo, para que
os julguem, [2] ao justo justificarão, e ao injusto condemnarão.

2 E será _que_, se o injusto merecer açoites, [3] o juiz o fará deitar,
e o fará açoitar diante de si, quanto bastar pela sua injustiça, por
_certa_ conta.

3 Quarenta [4] _açoites_ lhe fará dar, não mais; para que, porventura,
se lhe fizer dar mais açoites do que estes, teu irmão não fique [5]
envilecido aos teus olhos.

4 Não atarás [6] a bocca ao boi, quando trilhar.


_A obrigação de um homem casar com a viuva do seu irmão._

5 Quando _alguns_ irmãos [7] morarem juntos, e algum d’elles morrer,
e não tiver filho, então a mulher do defunto não se casará com homem
estranho de fóra; seu cunhado entrará a ella, e a tomará por mulher, e
fará a obrigação de cunhado para com ella.

6 E será _que_ o primogenito que _ella_ parir estará [8] em nome de seu
irmão defunto; para que o seu [9] nome se não apague em Israel.

7 Porém, se o tal homem não quizer tomar sua cunhada, subirá então sua
cunhada á [10] porta dos anciãos, e dirá: Meu cunhado recusa suscitar a
seu irmão nome em Israel; não quer fazer para comigo o dever de cunhado.

8 Então os anciãos da sua cidade o chamarão, e com elle fallarão: e, _se_
elle ficar _n’isto_, e disser; Não [11] quero tomal-a;

9 Então sua cunhada se chegará a elle aos olhos dos anciãos; e lhe
descalçará [12] o sapato do pé, e lhe cuspirá no rosto, e protestará, e
dirá: Assim se fará ao homem que não edificar [13] a casa de seu irmão:

10 E o seu nome se chamará em Israel: A casa do descalçado.

11 Quando pelejarem _dois_ homens, um contra o outro, e a mulher d’um
chegar para livrar a seu marido da mão do que o fere, e ella estender a
sua mão, e lhe pegar pelas suas vergonhas,

12 Então cortar-lhe-has a mão: [14] não _a_ poupará o teu olho.


_Pesos e medidas justas._

13 Na tua bolsa não terás [15] diversos pesos, um grande e um pequeno.

14 Na tua casa não terás duas sortes d’epha, uma grande e uma pequena.

15 Peso inteiro e justo terás; epha inteira e justa terás; para que se
prolonguem os teus dias [16] na terra que te dará o Senhor teu Deus.

16 Porque abominação _é_ ao Senhor teu Deus todo aquelle que faz isto,
[17] todo aquelle que fizer injustiça.


_Amalek será destruido._

17 Lembra-te [18] do que te fez Amalek no caminho, quando saieis do
Egypto;

18 Como te saiu ao encontro no caminho, e te derribou na rectaguarda
todos os fracos que _iam_ após ti, estando tu cançado e afadigado; e não
temeu [19] a Deus.

19 Será pois _que_, quando [20] o Senhor teu Deus te tiver dado repouso
de todos os teus inimigos em redor, na terra que o Senhor teu Deus te
dará por herança, para possuil-a, _então_ apagarás [21] a memoria de
Amalek de debaixo do céu: não te esqueças.

[1] cap. 19.17. Eze. 44.24.

[2] Pro. 17.15.

[3] Luc. 12.48. Mat. 10.17.

[4] II Cor. 11.24.

[5] Job 18.3.

[6] Pro. 12.10. I Cor. 9.9. I Tim. 5.18.

[7] Mat. 22.24. Mar. 12.19. Luc. 20.28.

[8] Gen. 38.9.

[9] Ruth 4.10.

[10] Ruth 4.1, 2.

[11] Ruth 4.6.

[12] Ruth 4.7.

[13] Ruth 4.11.

[14] cap. 19.13.

[15] Lev. 19.35, 36. Pro. 11.1. Eze. 45.10. Miq. 6.11.

[16] Exo. 20.12.

[17] Pro. 11.1. I The. 4.6.

[18] Exo. 17.8.

[19] Psa. 36.2. Pro. 16.6. Rom. 3.18.

[20] I Sam. 15.3.

[21] Exo. 17.14.



_As primicias da terra._

26 E será _que_, quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te dér
por herança, e a possuires, e n’ella habitares,

2 Então tomarás [1] das primicias de todos os fructos da terra, que
trouxeres da tua terra, que te dá o Senhor teu Deus, e _as_ porás n’um
cesto, e irás ao logar [2] que escolher o Senhor teu Deus, para ali fazer
habitar o seu nome.

3 E virás ao sacerdote, que n’aquelles dias fôr, e dir-lhe-has: Hoje
declaro perante o Senhor teu Deus que entrei na terra que o Senhor jurou
a nossos paes dar-nos.

4 E o sacerdote tomará o cesto da tua mão, e o porá diante do altar do
Senhor teu Deus.

5 Então protestarás perante o Senhor teu Deus, e dirás: Syro [3]
miseravel _foi_ meu pae, e desceu [4] ao Egypto, e ali peregrinou com
pouca gente: porém ali cresceu _até vir a ser_ nação grande, poderosa e
numerosa.

6 Mas os egypcios [5] nos maltrataram e nos affligiram, e sobre nós
pozeram uma dura servidão.

7 Então clamámos [6] ao Senhor Deus de nossos paes; e o Senhor ouviu a
nossa voz, e attentou para a nossa miseria, e para o nosso trabalho, e
para a nossa oppressão.

8 E o Senhor nos tirou [7] do Egypto com mão forte, e com braço
estendido, e com grande espanto, [8] e com signaes, e com milagres;

9 E nos trouxe a este logar, e nos deu esta terra, [9] terra que mana
leite e mel.

10 E eis que agora eu trouxe as primicias dos fructos da terra que tu,
ó Senhor, me déste. Então as porás perante o Senhor teu Deus, e te
inclinarás perante o Senhor teu Deus.

11 E te alegrarás [10] por todo o bem que o Senhor teu Deus te tem dado a
ti e á tua casa, tu e o levita, e o estrangeiro que está no meio de ti.


_Oração d’aquelle que deu os dizimos._

12 Quando acabares de dizimar todos os dizimos [11] da tua novidade no
anno terceiro, que é o anno dos dizimos, então a darás ao levita, ao
estrangeiro, ao orphão e á viuva, para que comam dentro das tuas portas,
e se fartem:

13 E dirás perante o Senhor teu Deus: Tirei [HM] o que é consagrado de
_minha_ casa, e dei tambem ao levita, e ao estrangeiro, e ao orphão e á
viuva, conforme a todos os teus mandamentos que me tens ordenado: nada
traspassei dos teus mandamentos, nem [12] _d’elles_ me esqueci.

14 D’elle não comi [13] na minha tristeza, nem d’elle nada tirei para
immundicia, nem d’elle dei para _algum_ morto: obedeci á voz do Senhor
meu Deus; conforme a tudo o que me ordenaste, tenho feito.

15 Olha [14] desde a tua sancta habitação, desde o céu, e abençoa o teu
povo, a Israel, e a terra que nos déste, como juraste a nossos paes,
terra que mana leite e mel.

16 N’este dia o Senhor teu Deus te manda fazer estes estatutos e juizos:
guarda-os pois, e faze-os com todo o teu coração e com toda a tua alma.

17 Hoje [15] fizeste dizer ao Senhor que te será por Deus, e que andarás
nos seus caminhos, e guardarás os seus estatutos, e os seus mandamentos,
e os seus juizos, e darás ouvidos á sua voz.

18 E o Senhor [16] hoje te fez dizer que lhe serás por povo seu proprio,
como te tem dito, e que guardarás todos os seus mandamentos.

19 Para assim te exaltar sobre todas as nações [17] que fez, para louvor,
e para fama, e para gloria, e para que sejas um povo sancto ao [18]
Senhor teu Deus, como tem dito.

[1] Exo. 23.19 e 34.26. Num. 17.13. cap. 16.10. Pro. 3.9.

[2] cap. 12.5.

[3] Ose. 12.12. Gen. 43.1, 2 e 45.7, 11.

[4] Gen. 46.1. Act. 7.15. Gen. 46.27. cap. 10.22.

[5] Exo. 1.11, 14.

[6] Exo. 2.23, 24, 25 e 3.9 e 4.31.

[7] Exo. 12.37, 51 e 13.3, 14, 16. cap. 5.15.

[8] cap. 4.34.

[9] Exo. 3.8.

[10] cap. 12.7, 12, 18 e 16.11.

[11] Lev. 27.30. Num. 18.24. cap. 14.28, 29.

[12] Psa. 119.141, 153, 176.

[13] Lev. 7.20 e 21.1, 11. Ose. 9.4.

[14] Isa. 63.15. Zac. 2.13.

[15] Exo. 20.19.

[16] Exo. 6.7 e 19.5. cap. 7.6 e 14.2 e 28.9.

[17] cap. 4.7, 8 e 28.1. Psa. 149.14.

[18] Exo. 19.6. cap. 7.6 e 28.9. I Ped. 2.9.



_A ordem de levantar um padrão e gravar n’elle a lei._

27 E deram ordem, Moysés e os anciãos, ao povo de Israel, dizendo:
Guardae todos estes mandamentos que hoje vos ordeno:

2 Será pois _que_, no dia em que passares [1] o Jordão á terra que te
dér o Senhor teu Deus, levantar-te-has [2] _umas_ pedras grandes, e as
caiarás com cal.

3 E, havendo-o passado, escreverás n’ellas todas as palavras d’esta lei,
para entrares na terra que te dér o Senhor teu Deus, terra que mana leite
e mel, como te disse o Senhor Deus de teus paes.

4 Será pois _que_, quando houveres passado o Jordão, levantareis estas
pedras, que hoje vos ordeno, no monte [3] Ebal, e as caiarás com cal.

5 E ali edificarás um altar ao Senhor teu Deus, [4] um altar de pedras;
_não_ alçarás ferro sobre ellas.

6 De pedras inteiras edificarás o altar do Senhor teu Deus: e sobre elle
offerecerás holocaustos ao Senhor teu Deus.

7 Tambem sacrificarás offertas pacificas, e ali comerás perante o Senhor
teu Deus, e te alegrarás.

8 E n’estas pedras escreverás todas as palavras d’esta lei, exprimindo-as
bem.

9 Fallou mais Moysés, juntamente com os sacerdotes levitas, a todo o
Israel, dizendo: Escuta e ouve, ó Israel! [5] n’este dia vieste a ser por
povo ao Senhor teu Deus.

10 Portanto obedecerás á voz do Senhor teu Deus, e farás os seus
mandamentos e os seus estatutos que hoje te ordeno.


_As maldições que serão lançadas do monte Ebal._

11 E Moysés deu ordem n’aquelle dia ao povo, dizendo:

12 Quando houverdes passado o Jordão, estes estarão sobre o monte
Gerizim, [6] para abençoarem o povo: Simeão, e Levi, e Judah, e Issacar,
e José, e Benjamin;

13 E estes estarão [7] para amaldiçoar sobre o monte Ebal: Ruben, Gad, e
Aser, e Zebulon, Dan e Naphtali.

14 E os levitas [8] protestarão a todo o povo de Israel em alta voz, e
dirão:

15 Maldito [9] o homem que fizer imagem de esculptura, ou de fundição,
abominação ao Senhor, obra da mão do artifice, e _a_ pozer em _um logar_
escondido. [10] E todo o povo responderá, e dirá: Amen.

16 Maldito [11] aquelle que desprezar a seu pae ou a sua mãe. E todo o
povo dirá: Amen.

17 Maldito [12] aquelle que arrancar o termo do seu proximo. E todo o
povo dirá: Amen.

18 Maldito [13] aquelle que fizer que o cego erre do caminho. E todo o
povo dirá: Amen.

19 Maldito [14] aquelle que perverter o direito do estrangeiro, do
orphão e da viuva. E todo o povo dirá: Amen.

20 Maldito [15] aquelle que se deitar com a mulher de seu pae, porquanto
descobriu a ourela de seu pae. E todo o povo dirá: Amen.

21 Maldito [16] aquelle que se deitar com _algum_ animal. E todo o povo
dirá: Amen.

22 Maldito [17] aquelle que se deitar com sua irmã, filha de seu pae, ou
filha de sua mãe. E todo o povo dirá: Amen.

23 Maldito [18] aquelle que se deitar com sua sogra. E todo o povo dirá:
Amen.

24 Maldito [19] aquelle que ferir ao seu proximo em occulto. E todo o
povo dirá: Amen.

25 Maldito [20] aquelle que tomar peita para ferir a alguma _pessoa_, o
sangue do innocente. E todo o povo dirá: Amen.

26 Maldito [21] aquelle que não confirmar as palavras d’esta lei, não as
fazendo. E todo o povo dirá: Amen.

[1] Jos. 4.1.

[2] Jos. 8.32.

[3] cap. 11.29. Jos. 8.30.

[4] Exo. 20.25. Jos. 8.31.

[5] cap. 26.18.

[6] cap. 11.19. Jos. 8.33. Jui. 9.7.

[7] cap. 12.19. Jos. 8.33.

[8] cap. 33.10. Dan. 9.11.

[9] Exo. 20.4, 23 e 34.17. Lev. 19.4 e 26.1. cap. 4.16, 23 e 5.8. Isa.
44.9. Ose. 13.2.

[10] Num. 5.22. Jer. 11.5. I Cor. 14.16.

[11] Exo. 20.12 e 21.17. Lev. 19.3. cap. 21.18.

[12] cap. 19.14. Pro. 22.28.

[13] Lev. 19.14.

[14] Exo. 22.21. cap. 10.18 e 24.17. Mat. 3.5.

[15] Lev. 18.8 e 20.11. cap. 22.30.

[16] Lev. 18.23 e 20.15.

[17] Lev. 18.9 e 20.15.

[18] Lev. 18.17 e 20.14.

[19] Exo. 20.13 e 21.12, 14. Lev. 24.17. Num. 35.31. cap. 19.11.

[20] Exo. 23.7. cap. 10.17 e 16.19. Eze. 22.15.

[21] cap. 28.15. Psa. 119.21. Jer. 11.3. Gal. 3.10.



_As bençãos que serão lançadas do monte Gerizim._

28 E será que, [1] se ouvires a voz do Senhor teu Deus, tendo cuidado de
guardar todos os seus mandamentos que eu te ordeno hoje, o Senhor teu
Deus te exaltará [2] sobre todas as nações da terra.

2 E todas estas bençãos virão sobre ti [3] e te alcançarão, quando
ouvires a voz do Senhor teu Deus:

3 Bemdito [4] _serás_ tu na cidade, e bemdito _serás_ no campo.

4 Bemdito [5] o fructo do teu ventre, e o fructo da tua terra, e o fructo
dos teus animaes; e a criação das tuas vaccas, e [HN] os rebanhos das
tuas ovelhas.

5 Bemdito o teu cesto e a tua amassadeira;

6 Bemdito _serás_ [6] ao entrares, e bemdito _serás_ ao saires.

7 O Senhor entregará [7] os teus inimigos, que se levantarem contra ti,
feridos diante de ti: por um caminho sairão contra ti, mas por sete
caminhos fugirão diante de ti.

8 O Senhor mandará [8] a benção, _que esteja_ comtigo nos teus celeiros,
e em tudo o que puzeres a tua mão: e te abençoará na terra que te der o
Senhor teu Deus.

9 O Senhor [9] te confirmará para si por povo sancto, como te tem jurado,
quando guardares os mandamentos do Senhor teu Deus, e andares nos seus
caminhos.

10 E todos os povos da terra verão que é chamado [10] sobre ti o nome do
Senhor, [11] e terão temor de ti.

11 E o Senhor [12] te fará abundar de bem no fructo do teu ventre, e no
fructo dos teus animaes, e no fructo da tua terra, sobre a terra que o
Senhor jurou a teus paes te dar.

12 O Senhor te abrirá o seu bom thesouro, o céu, [13] para dar chuva á
tua terra no seu tempo, e para [14] abençoar toda a obra das tuas mãos; e
emprestarás [15] a muitas gentes, porém tu não tomarás emprestado.

13 E o Senhor te porá por cabeça, e não por cauda; [16] e só estarás em
cima, e não debaixo, quando obedeceres aos mandamentos do Senhor teu
Deus, que hoje te ordeno, para _os_ guardar e fazer.

14 E não te desviarás [17] de todas as palavras que hoje te ordeno, nem
para a direita nem para a esquerda, para andares após outros deuses, para
os servires.


_Castigos por desobediencia._

15 Será porém _que_, se não deres ouvidos [18] á voz do Senhor teu Deus,
para não cuidares em fazer todos os seus mandamentos e os seus estatutos,
que hoje te ordeno, então sobre ti virão todas estas maldições, e te [19]
alcançarão:

16 Maldito [20] _serás_ tu na cidade, e maldito _serás_ no campo.

17 Maldito o teu cesto e a tua amassadeira;

18 Maldito o fructo do teu ventre, e o fructo da tua terra, e a criação
das tuas vaccas, e os rebanhos das tuas ovelhas.

19 Maldito _serás_ ao entrares, e maldito _serás_ ao saires.

20 O Senhor mandará sobre ti a maldição; [21] a turbação e a perdição em
tudo em que puzeres a tua mão para fazer; até que sejas destruido, e até
que repentinamente pereças, por causa da maldade das tuas obras, com que
me deixaste.

21 O Senhor te fará pegar a pestilencia, [22] até que te consuma da terra
a que passas a possuir.

22 O Senhor te ferirá [23] com a tisica e com a febre, e com a quentura,
e com o ardor, [24] e com a seccura, e com corrupção de sementeiras e com
ferrugem; e te perseguirão até que pereças.

23 E os teus céus [25] que _estão_ sobre a cabeça, serão de bronze; e a
terra que _está_ debaixo de ti, _será_ de ferro.

24 O Senhor _por_ chuva da tua terra te dará pó e poeira; dos céus
descerá sobre ti, até que pereças.

25 O Senhor [26] te fará cair diante dos teus inimigos; por um caminho
sairás contra elles, e por sete caminhos fugirás diante d’elles, e serás
espalhado [27] por todos os reinos da terra.

26 E o teu cadaver [28] será por comida a todas as aves dos céus, e aos
animaes da terra: e ninguem _os_ espantará.

27 O Senhor te ferirá com as ulceras do Egypto, [29] com hemorrhoidas, e
com sarna, e com coceira, de que não possas curar-te;

28 O Senhor te ferirá com loucura, [30] e com cegueira, e com pasmo do
coração:

29 E apalparás [31] ao meio dia, como o cego apalpa na escuridade, e não
prosperarás nos teus caminhos: porém sómente serás opprimido e roubado
todos os dias, e não _haverá_ quem _te_ salve.

30 Desposar-te-has [32] com _uma_ mulher, porém outro homem dormirá com
ella; edificarás [33] _uma_ casa, porém não morarás n’ella; plantarás
[34] _uma_ vinha, porém não lograrás o seu fructo.

31 O teu boi _será_ morto aos teus olhos, porém d’elle não comerás: o teu
jumento _será_ roubado diante de ti, e não voltará a ti: as tuas ovelhas
_serão_ dadas aos teus inimigos, e não _haverá_ quem te salve.

32 Teus filhos e tuas filhas _serão_ dados a outro povo, os teus olhos
_o_ verão, [35] e após d’elles desfallecerão todo o dia; porém não
_haverá_ poder na tua mão.

33 O fructo [36] da tua terra e todo o teu trabalho comerá um povo que
nunca conheceste: e tu serás opprimido e quebrantado todos os dias.

34 E serás louco [37] pelo que verás com os teus olhos.

35 O Senhor te ferirá [38] com ulceras malignas nos joelhos e nas pernas,
de que não possas sarar, desde a planta do teu pé até ao alto da cabeça.

36 O Senhor te levará a ti [39] e a teu rei, que tiveres posto sobre ti,
a _uma_ gente que não conheceste, nem tu nem teus paes; e ali servirás a
[40] outros deuses, ao pau e á pedra.

37 E serás por pasmo, por ditado, [41] e por fabula entre todos os povos
a que o Senhor te levará.

38 Lançarás [42] muita semente ao campo; porém colherás pouco, porque o
[43] gafanhoto a consumirá.

39 Plantarás vinhas, e cultivarás; porém não beberás vinho, nem colherás
_as uvas_; porque o bicho as colherá.

40 Em todos os termos terás oliveiras; porém não te ungirás com azeite;
porque _a azeitona_ cairá _da_ tua oliveira.

41 Filhos e filhas gerarás; porém não serão para ti; porque irão em [44]
captiveiro.

42 Todo o teu arvoredo e o fructo da tua terra consumirá a lagarta.

43 O estrangeiro, que _está_ no meio de ti, se elevará muito sobre ti, e
tu mui baixo descerás;

44 Elle [45] te emprestará a ti, porém tu não lhe emprestarás a _elle_:
elle será por [46] cabeça, e tu serás por cauda.

45 E todas [47] estas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te
alcançarão, até que sejas destruido: porquanto não haverás dado ouvidos
á voz do Senhor teu Deus, para guardar os seus mandamentos, e o seus
estatutos, que te tem ordenado:

46 E serão entre ti por signal e por maravilha, [48] como tambem entre a
tua semente para sempre.

47 Porquanto [49] não haverás servido ao Senhor teu Deus com alegria e
bondade de coração, [50] pela abundancia de tudo.

48 Assim servirás aos teus inimigos, que o Senhor enviará contra ti, com
fome, e com sede, e com nudez, e com falta de tudo: e sobre o teu pescoço
porá um jugo [51] de ferro, até que te tenha destruido.

49 O Senhor [52] levantará contra ti uma nação de longe, da extremidade
da terra, que vôa como a aguia, [53] nação cuja lingua não entenderás;

50 Nação feroz de rosto, que [54] não attentará para o rosto do velho,
nem se apiedará do moço;

51 E comerá [55] o fructo dos teus animaes, e o fructo da tua terra, até
que sejas destruido; e não te deixará grão mosto, nem azeite, creação das
tuas vaccas, nem rebanhos das tuas ovelhas, até que te tenha consumido;

52 E te angustiará [56] em todas as tuas portas, até que venham a cair
os teus altos e fortes muros, em que confiavas em toda a tua terra; e te
angustiará até em todas as tuas portas, em toda a tua terra que te tem
dado o Senhor teu Deus:

53 E comerás [57] o fructo do teu ventre, a carne de teus filhos e de
tuas filhas, que te der o Senhor teu Deus, no cerco e no aperto com que
os teus inimigos te apertarão.

54 _Quanto ao_ homem _mais_ mimoso e mui delicado entre ti, o seu olho
será maligno [58] contra o seu irmão, e contra a mulher de seu regaço, e
contra os demais de seus filhos que _ainda_ lhe ficarem;

55 De sorte que não dará a nenhum d’elles da carne de seus filhos, que
elle comer; porquanto nada lhe ficou de resto no cerco e no aperto com
que o teu inimigo te apertará em todas as tuas portas.

56 E _quanto_ á _mulher mais_ mimosa e delicada entre ti, que de mimo
e delicadeza nunca tentou pôr a planta de seu pé sobre a terra, será
maligno o seu olho [59] contra o homem de seu regaço, e contra seu filho,
e contra sua filha;

57 E _isto_ por _causa de_ suas páreas, que sairem [60] d’entre os
seus pés, e por _causa de_ seus filhos que parir; porque os comerá ás
escondidas pela falta de tudo, no cerco e no aperto com que o teu inimigo
te apertará nas tuas portas.

58 Se não tiveres cuidado de guardar todas as palavras d’esta lei, que
estão escriptas n’este livro, para temeres este nome glorioso [61] e
terrivel, o Senhor teu Deus,

59 Então o Senhor fará maravilhosas as tuas pragas, [62] e as pragas de
tua semente, grandes e certas pragas, e enfermidades más e certas;

60 E fará tornar sobre ti todos os males do [63] Egypto, de que tu
tiveste temor, e se apegarão a ti.

61 Tambem o Senhor fará vir sobre ti toda a enfermidade e toda a praga,
que não _está_ escripta no livro d’esta lei, até que sejas destruido.

62 E ficareis [64] poucos homens, em logar de haverem sido como as
estrellas dos céus em multidão: porquanto não déstes ouvidos á voz do
Senhor teu Deus.

63 E será que, assim como [65] o Senhor se deleitava em vós, em fazer-vos
bem e multiplicar-vos, assim o Senhor se deleitara em vós, em [66]
destruir-vos e consumir-vos; e desarreigados sereis da terra a qual tu
passas a possuir.

64 E o Senhor vos espalhará [67] entre todos os povos, desde uma
extremidade da terra até á outra extremidade da terra: e ali servirás
[68] a outros deuses que não conheceste, nem tu nem teus paes: ao pau e á
pedra.

65 E nem ainda [69] entre as mesmas gentes descançarás, nem a planta
de teu pé terá repouso: porquanto [70] o Senhor ali te dará coração
tremente, e desfallecimento dos olhos, e desmaio da alma.

66 E a tua vida como em suspenso estará diante de ti; e estremecerás de
noite e de dia, e não crerás na tua _propria_ vida.

67 Pela manhã dirás: [71] Ah! quem _me_ déra _ver_ a noite! E á tarde
dirás: Ah! quem _me_ déra _ver_ a manhã! pelo pasmo de teu coração, com
que pasmarás, e pelo que verás com os teus olhos.

68 E o Senhor te fará voltar ao Egypto em navios, pelo caminho [72] de
que te tenho dito: Nunca jámais o verás: e ali sereis vendidos por servos
e por servas aos vossos inimigos; mas não haverá quem _vos_ compre.

[1] Exo. 15.26. Lev. 26.3. Isa. 55.2.

[2] cap. 26.19.

[3] ver. 15. Zac. 1.6.

[4] Psa. 128.1, 4. Gen. 39.5. Gen. 22.17.

[5] Gen. 49.25. cap. 7.13. Psa. 107.38 e 127.3. Pro. 10.22. I Tim. 4.8.

[6] Psa. 121.8.

[7] ver. 25. Lev. 26.7, 8. II Sam. 22.38, 39, 41. Psa. 89.24.

[8] Lev. 25.21. cap. 15.10.

[9] Exo. 19.6. cap. 7.6 e 26.18, 19 e 29.13.

[10] Num. 6.27. II Sam. 7.14. Isa. 63.19. Dan. 9.18.

[11] cap. 11.25.

[12] ver. 4. cap. 30.9. Pro. 10.22.

[13] Lev. 26.4. cap. 11.14.

[14] cap. 14.29.

[15] cap. 15.6.

[16] Isa. 9.14, 15.

[17] cap. 5.32 e 11.16.

[18] Lev. 26.14. Lam. 2.17. Dan. 9.11, 13. Mal. 2.2.

[19] ver. 2.

[20] ver. 3, etc.

[21] Mal. 2.2. I Sam. 14.20. Zac. 14.13. Psa. 80.17. Isa. 30.17 e 51.20 e
66.15.

[22] Lev. 26.25. Jer. 24.10.

[23] Lev. 26.16.

[24] Amós 4.9.

[25] Lev. 26.19.

[26] Lev. 26.17, 37. cap. 32.30. Isa. 30.17.

[27] Jer. 15.4 e 24.9. Eze. 23.46.

[28] I Sam. 17.44, 46. Psa. 79.2. Jer. 7.38 e 16.4 e 34.20.

[29] ver. 35. Exo. 9.9 e 15.26. I Sam. 5.6. Psa. 78.66.

[30] Jer. 4.9.

[31] Job 5.14. Isa. 59.10.

[32] Job 31.10. Jer. 8.10.

[33] Jer. 12.13. Amós 5.11. Miq. 6.15. Sof. 1.13.

[34] cap. 20.6.

[35] Psa. 119.82.

[36] ver. 51. Lev. 26.16. Jer. 5.17.

[37] ver. 67.

[38] ver. 27.

[39] II Reis 17.4, 6 e 24.12, 14 e 25.7, 11. II Chr. 33.11 e 36.6, 20.

[40] ver. 46. cap. 4.28. Jer. 16.13.

[41] Jer. 24.9 e 25.9. Zac. 8.13. Psa. 44.14.

[42] Miq. 6.15. Agg. 1.6.

[43] Joel 1.4.

[44] Lam. 1.5.

[45] ver. 12.

[46] ver. 13.

[47] ver. 15.

[48] Isa. 8.18. Eze. 14.8.

[49] Neh. 9.35, 36, 37.

[50] cap. 32.15.

[51] Jer. 28.14.

[52] Jer. 5.15 e 6.22, 23. Luc. 19.43.

[53] Jer. 48.40 e 49.22. Lam. 4.19. Eze. 17.3, 12. Ose. 8.1.

[54] II Chr. 36.17. Isa. 47.6.

[55] ver. 33. Isa. 1.7 e 62.8.

[56] II Sam. 25.1, 2, 4.

[57] Lev. 26.29. II Reis 6.28, 29. Jer. 19.19. Lam. 2.20 e 4.10.

[58] cap. 15.9 e 13.6.

[59] ver. 54.

[60] Gen. 49.10.

[61] Exo. 6.3.

[62] Dan. 9.12.

[63] cap. 7.15.

[64] cap. 4.27 e 10.22. Neh. 9.23.

[65] cap. 30.9. Jer. 32.41.

[66] Pro. 1.26. Isa. 1.24.

[67] Lev. 26.33. cap. 4.27. Neh. 1.8. Jer. 16.13.

[68] ver. 36.

[69] Amós 9.4.

[70] Lev. 26.16, 36.

[71] Job 7.4. ver. 34.

[72] Jer. 43.7. Ose. 8.13 e 9.3. cap. 17.16.



_Deus faz um novo pacto com o povo._

29 Estas _são_ as palavras do concerto que o Senhor ordenou a Moysés na
terra de Moab, que fizesse com os filhos de Israel, além do concerto [1]
que fizera com elles em Horeb.

2 E chamou Moysés a todo o Israel, e disse-lhes: Tendes visto [2] tudo
quanto o Senhor fez na terra do Egypto, perante vossos olhos, a Pharaó, e
a todos os seus servos, e a toda a sua terra:

3 As grandes provas [3] que os teus olhos teem visto, aquelles signaes e
grandes maravilhas:

4 Porém não vos tem dado [4] o Senhor um coração para entender, nem olhos
para ver, nem ouvidos para ouvir, até ao dia de hoje.

5 E quarenta annos vos fiz [5] andar pelo deserto: não se envelheceram
sobre vós os vossos vestidos, e nem se envelheceu no teu pé o teu sapato.

6 Pão não comestes, [6] e vinho e bebida forte não bebestes: para que
soubesseis que eu _sou_ o Senhor vosso Deus.

7 Vindo vós pois a este logar, Sehon, [7] rei de Hesbon, e Og, rei de
Basan, nos sairam ao encontro, á peleja, e nós os ferimos:

8 E tomámos a sua terra, e a démos [8] por herança aos rubenitas, e aos
gaditas, e á meia tribu dos manassitas.

9 Guardae [9] pois as palavras d’este concerto, e fazei-as, para que [HO]
prospereis [10] em tudo quanto fizerdes.

10 Vós todos estaes hoje perante o Senhor vosso Deus: os Cabeças de
vossas tribus, vossos anciãos, e os vossos officiaes, todo o homem de
Israel;

11 Os vossos meninos, as vossas mulheres, e o estrangeiro que _está_ no
meio do teu arraial; desde o rachador da tua lenha [11] até ao tirador da
tua agua;

12 Para que entres no concerto do Senhor teu Deus, e no seu [12]
juramento que o Senhor teu Deus hoje faz comtigo;

13 Para que hoje [13] te confirme a si por povo, e elle te seja a ti por
Deus, como te tem dito, e como jurou a teus paes, Abrahão, Isaac e Jacob.

14 E não sómente comvosco [14] faço este concerto e este juramento,

15 Mas com aquelle que hoje está aqui em pé comnosco perante o Senhor
nosso Deus, e com [15] aquelle que hoje não está aqui comnosco.

16 Porque vós sabeis como habitámos na terra do Egypto, e como passámos
pelo meio das nações pelas quaes passastes;

17 E vistes as suas abominações, e os seus idolos, o pau e a pedra, a
prata e o oiro que _havia_ entre elles.

18 Para que entre vós não haja homem, nem mulher, nem familia, nem tribu,
cujo coração [16] hoje se desvie do Senhor nosso Deus, para que vá servir
aos deuses d’estas nações; para que entre [17] vós não haja raiz que dê
fel e absintho;

19 E aconteça _que_, ouvindo as palavras d’esta maldição, se abençôe no
seu coração, dizendo: Terei paz, ainda que ande conforme ao bom parecer
[18] do meu coração; para accrescentar á sêde a bebedice.

20 O Senhor não lhe quererá perdoar; mas então fumegará [19] a ira do
Senhor e o seu zelo sobre o tal homem, e toda a maldição escripta n’este
livro jazerá sobre elle; e o Senhor apagará [20] o seu nome de debaixo do
céu.

21 E o Senhor o separará para mal [21] de todas as tribus de Israel,
conforme a todas as maldições do concerto escripto no livro d’esta lei.

22 Então dirá a geração vindoura, os vossos filhos, que se levantarem
depois de vós, e o estranho que virá de terras remotas, vendo as pragas
d’esta terra, e as suas doenças, com que o Senhor a terá affligido;

23 E toda a sua terra abrazada com enxofre e sal, [22] _de sorte_ que
não será semeada, e nada produzirá, nem n’ella crescerá herva alguma:
_assim_ como _foi_ a [23] destruição de Sodoma e de Gomorrha, de Adama e
de Zeboim, que o Senhor destruiu na sua ira e no seu furor.

24 E todas as nações dirão: Porque fez [24] o Senhor assim com esta
terra? qual _foi a causa_ do furor d’esta tão grande ira?

25 Então se dirá: Porquanto deixaram o concerto do Senhor, o Deus de seus
paes, que com elles tinha feito, quando os tirou do Egypto.

26 E elles foram-se, e serviram a outros deuses, e se inclinaram diante
d’elles; deuses que os não conheceram, e nenhum dos quaes elle lhes tinha
dado.

27 Pelo que a ira do Senhor se accendeu contra esta terra, para trazer
[25] sobre ella toda a maldição que está escripta n’este livro.

28 E o Senhor os tirou da sua terra com ira, e com indignação, e com
grande furor, e os lançou em [26] outra terra, como n’este dia _se vê_.

29 As _coisas_ encobertas _são para_ o Senhor nosso Deus; porém as
reveladas _são para_ nós e _para_ nossos filhos para sempre, _para_ fazer
todas as palavras d’esta lei.

[1] cap. 5.2, 3.

[2] Exo. 19.4.

[3] cap. 4.34 e 7.19.

[4] Isa. 6.9, 10 e 63.17. João 8.43. Act. 28.26, 27. Eph. 4.18. II The.
2.11, 12.

[5] cap. 1.3 e 8.2, 4.

[6] Exo. 16.12. cap. 8.3. Psa. 78.24.

[7] Num. 21.23, 24, 33. cap. 2.32 e 3.1.

[8] Num. 32.33. cap. 3.12.

[9] cap. 4.6. Jos. 1.7. I Reis 2.3.

[10] Jos. 1.7.

[11] Jos. 9.21, 23, 27.

[12] Neh. 10.29.

[13] cap. 28.9. Exo. 6.7. Gen. 17.7.

[14] Jer. 31.31, 32, 33. Heb. 8.7, 8.

[15] Act. 2.39. I Cor. 7.14.

[16] cap. 11.16.

[17] Act. 8.23. Heb. 12.15.

[18] Num. 15.39. Ecc. 11.9. Isa. 30.1.

[19] Eze. 14.7, 8. Psa. 74.1 e 79.5. Eze. 23.25.

[20] cap. 9.14.

[21] Mat. 24.51.

[22] Psa. 107.34. Jer. 17.6. Sof. 2.9.

[23] Gen. 19.24. Jer. 20.16.

[24] I Reis 9.8. Jer. 22.8, 9.

[25] Dan. 9.11, 13, 14.

[26] I Reis 14.15. II Chr. 7.20. Psa. 52.7. Pro. 2.22.



_A misericordia de Deus para com os que se arrependem._

30 E será _que_, sobrevindo-te todas estas coisas, [1] a benção ou a
maldição, que tenho posto diante de ti, e te recordares [2] _d’ellas_
entre todas as nações, para onde te lançar o Senhor teu Deus;

2 E te converteres [3] ao Senhor teu Deus, e deres ouvidos á sua voz,
conforme a tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o teu
coração, e com toda a tua alma;

3 Então o Senhor [4] teu Deus te fará voltar do teu captiveiro, e se
apiedará de ti; e tornará a ajuntar-te [5] d’entre todas as nações entre
as quaes te espalhou o Senhor teu Deus.

4 Ainda [6] que os teus desterrados estejam para a extremidade do céu,
desde ali te ajuntará o Senhor teu Deus, e te tomará d’ali;

5 E o Senhor teu Deus te trará á terra que teus paes possuiram, e a
possuirás; e te fará bem, e te multiplicará mais do que a teus paes.

6 E o Senhor [7] teu Deus circumcidará o teu coração, e o coração de tua
semente; para amares ao Senhor teu Deus com todo o coração, e com toda a
tua alma, para que vivas.

7 E o Senhor teu Deus porá todas estas maldições sobre os teus inimigos,
e sobre os teus aborrecedores, que te perseguiram.

8 Converter-te-has pois, e darás ouvidos á voz do Senhor; farás todos os
seus mandamentos que hoje te ordeno.

9 E [8] o Senhor teu Deus te fará abundar em toda a obra das tuas mãos,
no fructo do teu ventre, e no fructo dos teus animaes, e no fructo da tua
terra para bem; porquanto o Senhor tornará a alegrar-se em ti para bem,
[9] como se alegrou em teus paes;

10 Quando deres ouvidos á voz do Senhor teu Deus, guardando os seus
mandamentos e os seus estatutos, escriptos n’este livro da lei, quando te
converteres ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua
alma.


_A lei do Senhor é bem patente._

11 Porque este mandamento, que hoje te ordeno, te não _é_ encoberto, e
tão pouco _está_ [10] longe _de ti_.

12 Não _está_ nos céus, [11] para dizeres: Quem subirá por nós aos céus,
que nol-o traga, e nol-o faça ouvir, para que o façamos?

13 Nem tão pouco _está_ d’além do mar, para dizeres: Quem passará por
nós d’além do mar, para que nol-o traga, e nol-o faça ouvir, para que o
façamos?

14 Porque esta palavra _está_ mui perto de ti, na tua bocca, e no teu
coração, para a fazeres.

15 Vês aqui, [12] hoje te tenho proposto a vida e o bem, e a morte e o
mal;

16 Porquanto te ordeno hoje que ames ao Senhor teu Deus, que andes nos
seus caminhos, e que guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e
os seus juizos, para que vivas, e te multipliques, e o Senhor teu Deus te
abençoe na terra a qual entras a possuir.

17 Porém se o teu coração se desviar, e não quizeres dar ouvidos, e fores
seduzido para te inclinar a outros deuses, e os servires,

18 Então eu vos [13] denuncio hoje que, certamente, perecereis: não
prolongareis os dias na terra a que vaes, passando o Jordão, para que,
entrando n’ella, a possuas;

19 Os céus e a terra [14] tomo hoje por testemunhas contra vós, _que_ te
tenho proposto a vida e a morte, a benção e a maldição: escolhe pois a
vida, para que vivas, tu e a tua semente,

20 Amando ao Senhor teu Deus, dando ouvidos á sua voz, e te achegando a
elle: pois elle é a tua vida, [15] e a longura dos teus dias; para que
fiques na terra que o Senhor jurou a teus paes, a Abrahão, a Isaac, e a
Jacob, que lhes havia de dar.

[1] Lev. 26.40. cap. 28.

[2] cap. 4.29, 30. I Reis 8.47.

[3] Neh. 1.9. Isa. 55.7. Lam. 3.40. Joel 2.12, 13.

[4] Psa. 106.45. Jer. 29.14. Lam. 3.22, 32.

[5] Jer. 32.37. Eze. 34.13 e 36.24.

[6] cap. 28.64. Neh. 1.9.

[7] cap. 10.16. Jer. 32.39. Eze. 11.19 e 36.26.

[8] cap. 28.11.

[9] cap. 28.63. Jer. 32.41.

[10] Isa. 45.19.

[11] Rom. 10.6, etc.

[12] ver. 1, 19. cap. 11.26.

[13] cap. 4.26 e 8.19.

[14] cap. 4.26 e 31.28. ver. 15.

[15] Psa. 27.1. João 11.25.



_Moysés nomeia Josué seu successor._

31 Depois foi Moysés, e fallou estas palavras a todo o Israel;

2 E disse-lhes: Da edade [1] de cento e vinte annos _sou_ eu hoje: já não
poderei mais sair e entrar: além d’isto, o Senhor me disse: Não passarás
o Jordão.

3 O Senhor teu Deus passará diante de ti; elle destruirá estas nações
diante de ti, para que as possuas: Josué passará diante de ti, como [2] o
Senhor tem dito.

4 E o Senhor lhes fará [3] como fez a Sehon e a Og, reis dos amorrheos, e
á sua terra, os quaes destruiu.

5 Quando [4] pois o Senhor vol-os der diante de vós, então com elles
fareis conforme a todo o mandamento que vos tenho ordenado.

6 Esforçae-vos, e animae-vos; não [5] temaes, nem vos espanteis diante
d’elles: porque [6] o Senhor teu Deus é o que vae comtigo: não te deixará
nem te desamparará.

7 E chamou Moysés a Josué, e lhe disse aos olhos de todo o Israel:
Esforça-te e anima-te; [7] porque com este povo entrarás na terra que o
Senhor jurou a teus paes lhes dar; e tu os farás herdal-a.

8 O Senhor pois _é_ aquelle que vae diante de ti; elle será [8] comtigo,
não te deixará, nem te desamparará; não temas, nem te espantes.


_A lei deve ser lida ao povo de sete em sete annos._

9 E Moysés escreveu esta lei, e a deu [9] aos sacerdotes, [10] filhos
de Levi, que levavam a arca do concerto do Senhor, e a todos os anciãos
d’Israel.

10 E deu-lhes ordem Moysés, dizendo: Ao fim de _cada_ sete annos, no
tempo _determinado_ do anno da [11] remissão, na festa dos tabernaculos,

11 Quando todo o Israel vier a comparecer perante [12] o Senhor teu Deus,
no logar que elle escolher, lerás [13] esta lei diante de todo o Israel
aos seus ouvidos.

12 Ajunta o povo, [14] homens, e mulheres, e meninos, e os teus
estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam, e aprendam
e temam ao Senhor vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras
d’esta lei;

13 E _que_ seus filhos, [15] que a não souberem, ouçam, e aprendam a
temer ao Senhor vosso Deus, todos os dias que viverdes sobre a terra a
qual ides, passando o Jordão, a possuir.


_Deus dá a Josué o encargo do povo._

14 E disse o Senhor a Moysés: Eis-que [16] os teus dias são chegados,
para que morras; chama a Josué, e ponde-vos na tenda da congregação, para
que eu [17] lhe dê ordem. Assim foi Moysés e Josué, e se puzeram na tenda
da congregação.

15 Então o Senhor [18] appareceu na tenda, na columna de nuvem; e a
columna de nuvem estava sobre a porta da tenda.

16 E disse o Senhor a Moysés: Eis que dormirás com teus paes: e este povo
se levantará, e [19] fornicará em seguimento dos deuses dos estranhos da
terra, para o meio dos quaes vae, e me deixará, [20] e annullará o meu
concerto que tenho feito com elle.

17 Assim se accenderá a minha ira n’aquelle dia contra elle, [21] e
desamparal-o-hei, e esconderei o meu rosto d’elles, para que sejam
devorados: e tantos males e angustias o alcançarão, que dirá n’aquelle
dia: Não me alcançaram estes males, porquanto o meu Deus não está no [22]
meio de mim?

18 Esconderei [23] pois totalmente o meu rosto n’aquelle dia, por todo o
mal que tiver feito, por se haver tornado a outros deuses.


_Deus põe um cantico na bocca de Josué._

19 Agora pois escrevei-vos este cantico, e ensinae-o aos filhos d’Israel:
ponde-o na sua bocca, para que este cantico me seja por testemunha contra
[24] os filhos d’Israel.

20 Porque o metterei na terra que jurei a seus paes, que mana leite e
mel; e comerá, e se fartará, e se engordará: [25] então se tornará a
outros deuses, e os servirá, e me irritarão, e annullarão o meu concerto.

21 E será _que_, [26] quando o alcançarem muitos males e angustias,
então este cantico responderá contra elle por testemunha, pois não
será esquecido da bocca de sua semente; porquanto conheço a sua boa
imaginação, o que elle faz hoje, [27] antes que o metta na terra que
tenho jurado.

22 Assim Moysés escreveu este cantico n’aquelle dia, e o ensinou aos
filhos d’Israel.

23 E ordenou [28] a Josué, filho de Nun, e disse: Esforça-te e anima-te;
[29] porque tu metterás os filhos d’Israel na terra que lhes jurei; e eu
serei comtigo.

24 E aconteceu _que_, acabando [30] Moysés de escrever as palavras d’esta
lei n’um livro, até de todo as acabar,

25 Deu ordem Moysés aos levitas que levavam a arca do concerto do Senhor,
dizendo:

26 Tomae este livro da lei, e ponde-o [31] ao lado da arca do concerto do
Senhor vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti.

27 Porque conheço a tua rebellião e a tua [32] dura cerviz: eis que,
vivendo eu ainda hoje comvosco, rebeldes fostes contra o Senhor; e quanto
mais depois da minha morte.

28 Ajuntae perante mim todos os anciãos das vossas tribus, e vossos
officiaes, e aos vossos ouvidos fallarei estas palavras, e contra elles
por testemunhas tomarei [33] os céus e a terra.

29 Porque eu sei que depois da minha morte certamente vos corrompereis,
[34] e vos desviareis do caminho que vos ordenei: então este mal vos
alcançará [35] nos ultimos dias, quando fizerdes mal aos olhos do Senhor,
para o provocar á ira com a obra das vossas mãos.

30 Então Moysés fallou as palavras d’este cantico aos ouvidos de toda a
congregação de Israel, até se acabarem.

[1] Exo. 7.7. cap. 34.7. Num. 27.17. I Reis 3.7. Num. 20.12 e 27.13. cap.
3.27 e 9.3.

[2] Num. 27.21. cap. 3.28.

[3] cap. 3.21. Num. 21.24, 33.

[4] cap. 7.2.

[5] Jos. 10.25. I Chr. 22.13. cap. 1.29 e 7.18.

[6] cap. 20.4. Jos. 1.5. Heb. 13.5.

[7] ver. 23. cap. 1.38 e 3.28. Jos. 1.6.

[8] Exo. 13.21, 22 e 33.14. cap. 9.3. Jos. 1.6, 9. I Chr. 28.20.

[9] ver. 25. cap. 17.18.

[10] Num. 4.15. Jos. 3.3. I Chr. 15.12, 15.

[11] cap. 15.1. Lev. 23.24.

[12] cap. 16.16.

[13] Jos. 8.34. II Reis 23.2. Neh. 8.1, 2, 3, etc.

[14] cap. 4.10.

[15] cap. 11.2. Psa. 78.6, 7.

[16] Num. 27.13. cap. 34.5.

[17] ver. 23. Num. 27.19.

[18] Exo. 33.9.

[19] Exo. 32.6 e 34.15. Jui. 2.17.

[20] cap. 32.15. Jui. 2.12, 20 e 19.6, 13.

[21] II Chr. 15.2. cap. 32.20. Psa. 104.29. Isa. 8.17 e 64.7. Eze. 23.39.

[22] Jui. 6.13, 42. Num. 14.

[23] ver. 17.

[24] ver. 26.

[25] cap. 32.15. Neh. 9.25, 26. Ose. 13.6. ver. 16.

[26] ver. 17.

[27] Ose. 5.3 e 13.5, 6. Amós 5.25.

[28] ver. 14.

[29] ver. 7. Jos. 1.6.

[30] ver. 9.

[31] II Reis 22.8. ver. 19.

[32] cap. 9.24 e 32.20. Exo. 32.9. cap. 9.6.

[33] cap. 30.19 e 32.1.

[34] cap. 32.5. Jui. 2.19. Ose. 9.9.

[35] cap. 28.15. Gen. 49.1. cap. 4.30.



_Ultimo cantico de Moysés._

32 Inclinae os ouvidos, [1] ó céus, e fallarei: e ouça a terra as
palavras da minha bocca.

2 Goteje a minha doutrina [2] como a chuva, distille o meu dito como o
orvalho, como [3] chuvisco sobre a herva e como gotas d’agua sobre a
relva.

3 Porque apregoarei o nome do Senhor: dae grandeza [4] a nosso Deus.

4 _Elle é_ a Rocha, cuja obra _é_ perfeita, [5] porque todos os seus
caminhos juizo _são_: Deus _é_ a verdade, e [6] não ha n’elle injustiça;
justo e recto é.

5 Corromperam-se [7] contra elle, seus filhos _elles_ não _são_, a sua
mancha é d’elles: geração perversa e torcida _é_.

6 Recompensaes assim [8] ao Senhor, povo louco e ignorante? não _é_ elle
teu Pae, que te adquiriu, te fez e te estabeleceu?

7 Lembra-te dos dias da antiguidade, attentae para os annos de muitas
gerações: pergunta [9] a teu pae, e elle te informará, aos teus anciãos,
e elles t’o dirão.

8 Quando o Altissimo distribuia as [10] heranças ás nações, quando
dividia os filhos de Adão uns dos outros, os termos dos povos tem posto,
conforme ao numero dos filhos d’Israel.

9 Porque a porção [11] do Senhor _é_ o seu povo; Jacob _é_ a corda da sua
herança.

10 Achou-o na terra do [12] deserto, e n’um ermo solitario cheio de
uivos; _trouxe-o_ ao redor, instruiu-o, [13] guardou-o como a menina do
seu olho.

11 Como [14] a aguia desperta o seu ninho, se move sobre os seus filhos,
estende as suas azas, toma-os, e os leva sobre as suas azas,

12 _Assim_ só o Senhor o guiou: e não havia com elle deus estranho.

13 Elle o fez cavalgar [15] sobre as alturas da terra, e comeu as
novidades do campo, e o fez chupar [16] mel da rocha e azeite da dura
pederneira,

14 Manteiga de vaccas, e leite do rebanho, com a gordura [17] dos
cordeiros e dos carneiros que pastam em Basan, e dos bodes, com gordura
dos rins do trigo; e bebeste o [18] sangue das uvas, o vinho puro.

15 E, engordando-se [19] Jeshurun, deu coices; engordaste-te,
engrossaste-te, _e de gordura_ te cobriste: e deixou [20] a Deus, que o
fez, e desprezou a Rocha da sua salvação.

16 Com [21] _deuses_ estranhos o provocaram a zelos; com abominações o
irritaram.

17 Sacrificios [22] offereceram aos diabos, não a Deus; aos deuses que
não conheceram, novos _deuses_ que vieram ha pouco, dos quaes não se
estremeceram vossos paes.

18 Esqueceste-te [23] da Rocha que te gerou; e em esquecimento puzeste o
Deus que te formou.

19 O que vendo [24] o Senhor, _os_ desprezou, provocado á ira contra seus
filhos e suas filhas;

20 E disse: [25] Esconderei o meu rosto d’elles, verei qual _será_ o seu
fim; porque _são_ geração de perversidade, filhos em quem não ha lealdade.

21 A zelos me provocaram [26] com _aquillo que_ não _é_ Deus; com as suas
vaidades me provocaram á ira; portanto eu os provocarei [27] a zelos com
_os que_ não _são_ povo; com nação louca os despertarei á ira.

22 Porque um fogo [28] se accendeu na minha ira, e arderá até ao mais
profundo do inferno, e consummirá a terra com a sua novidade, e abrazará
os fundamentos dos montes.

23 Males amontoarei [29] sobre elles; as minhas settas esgotarei contra
elles.

24 Exhaustos _serão_ de fome, comidos de carbunculo e de peste amarga:
e entre elles enviarei dentes [30] de feras, com ardente peçonha de
serpentes do pó.

25 Por fóra devastará a espada, [31] e por dentro o pavor: ao mancebo,
juntamente com a virgem, assim á creança de mama, como ao homem de cãs.

26 _Eu_ dizia: [32] Em todos os cantos os espalharia; faria cessar a sua
memoria d’entre os homens,

27 Se eu não receiara a ira do inimigo, [33] para que os seus adversarios
o não estranhassem, _e_ para que não digam: A nossa mão está alta; o
Senhor não fez tudo isto.

28 Porque _são_ gente falta de conselhos, e n’elles não _ha_ entendimento.

29 Oxalá elles fossem sabios! [34] _que_ isto entendessem, _e_
attentassem para o seu fim!

30 Como _pode ser que_ um [35] só perseguisse mil, e dois fizessem fugir
dez mil, se a sua Rocha os não vendera, [36] e o Senhor os não entregara?

31 Porque [37] a sua rocha não _é_ como a nossa Rocha; _sendo_ até os
nossos inimigos juizes _d’isto_.

32 Porque a sua vinha [38] _é_ a vinha de Sodoma e dos campos de
Gomorrha: as suas uvas _são_ uvas de fel, [39] cachos amargosos _teem_.

33 O seu vinho _é_ ardente veneno de dragões, e peçonha cruel de viboras.

34 Não está isto [40] encerrado comigo? sellado nos meus thesouros?

35 Minha _é_ a vingança [41] e a recompensa, ao tempo que resvalar o seu
pé: porque o dia da sua ruina _está_ proximo, e as coisas que lhes hão de
succeder, se apressam _a chegar_.

36 Porque o Senhor fará justiça [42] ao seu povo, e se arrependerá pelos
seus servos: porquanto o poder _d’elle_ foi-se, e não ha fechado [43] nem
desamparado.

37 Então dirá: Onde _estão_ [44] os seus deuses? a rocha em quem
confiavam,

38 De cujos sacrificios comiam a gordura, _e_ de cujas libações bebiam o
vinho? levantem-se, e vos ajudem, para que haja para vós escondedouro.

39 Vêde agora que Eu, [45] Eu O _sou_, e mais nenhum Deus comigo: Eu
mato, e Eu faço viver: [46] Eu firo, e Eu saro: e ninguem _ha_ que escape
da minha mão.

40 Porque levantarei [47] a minha mão aos céus, e direi: Eu vivo para
sempre.

41 Se eu afiar a minha espada [48] reluzente, e _se_ travar do juizo
a minha mão, farei tornar a vingança sobre os meus adversarios, e
recompensarei aos meus aborrecedores.

42 Embriagarei as minhas settas de sangue, [49] e a minha espada comerá
carne: do sangue dos mortos e dos prisioneiros, [50] desde a cabeça,
haverá vinganças do inimigo.

43 Jubilae, [51] ó nações, _com_ o seu povo, porque vingará o sangue dos
seus servos, e sobre os seus adversarios fará tornar a vingança, e terá
misericordia da sua terra _e_ do seu povo.

44 E veiu Moysés, e fallou todas palavras d’este cantico aos ouvidos do
povo, elle e [HP] Hosea, filho de Nun.

45 E, acabando Moysés de fallar todas estas palavras a todo o Israel,

46 Disse-lhes: [52] Applicae o vosso coração a todas as palavras que hoje
testifico entre vós, para que as recommendeis a vossos filhos, para que
tenham cuidado de fazerem todas as palavras d’esta lei.

47 Porque esta palavra não vos _é_ vã, antes _é_ [53] a vossa vida; e por
esta mesma palavra prolongareis os dias na terra a que passaes o Jordão a
possuil-a.

48 Depois fallou [54] o Senhor a Moysés, n’aquelle mesmo dia, dizendo:

49 Sobe ao monte d’Abarim, [55] ao monte Nebo, que _está_ na terra de
Moab, defronte de Jericó, e vê a terra de Canaan, que darei aos filhos de
Israel por possessão.

50 E morre no monte, ao qual subirás; e recolhe-te aos teus povos, como
[56] Aarão teu irmão morreu no monte de Hor, e se recolheu aos seus povos.

51 Porquanto traspassastes contra mim no meio dos filhos [57] de
Israel, ás aguas da contenção em Cades, no deserto de Zin: pois me não
sanctificastes no meio doe filhos de Israel.

52 Pelo que verás a terra diante _de_ ti, [58] porém não entrarás n’ella,
na terra que darei aos filhos de Israel.

[1] cap. 4.26 e 30.19 e 31.28. Psa. 50.4. Isa. 1.2. Jer. 2.12 e 6.19.

[2] Isa. 55.10. I Cor. 3.6.

[3] Psa. 72.6. Miq. 5.7.

[4] I Chr. 29.11.

[5] II Sam. 22.31. Dan. 4.37. Apo. 18.3.

[6] Jer. 10.10. Job 34.10. Psa. 92.16.

[7] cap. 31.26. Mat. 17.17. Luc. 9.41. Phi. 2.15.

[8] Psa. 116.12. Isa. 63.16. ver. 15. Isa. 27.11 e 44.2.

[9] Exo. 13.14. Psa. 44.2.

[10] Zac. 9.2. Act. 17.26. Gen. 11.8.

[11] Exo. 15.16 e 19.5. I Sam. 10.1.

[12] cap. 8.15. Jer. 2.6. Ose. 13.5.

[13] cap. 4.36. Psa. 17.8. Pro. 7.2. Zac. 2.8.

[14] Exo. 19.4. cap. 1.31. Isa. 31.5 e 46.4 e 63.9. Ose. 11.3.

[15] cap. 33.29. Isa. 58.14. Eze. 36.2.

[16] Job 29.6. Psa. 81.17.

[17] Psa. 81.17.

[18] Gen. 49.11.

[19] cap. 35.5, 26. Isa. 44.2. I Sam. 2.29. cap. 31.20. Neh. 9.25. Psa.
17.10. Jer. 2.7 e 5.7, 28. Ose. 13.6.

[20] cap. 31.16. Isa. 1.4. Isa. 51.13. II Sam. 22.47. Psa. 89.27.

[21] I Sam. 14.22. I Cor. 14.22.

[22] Lev. 17.7. Psa. 106.37.

[23] Isa. 17.10. Jer. 2.32.

[24] Jui. 2.14. Isa. 1.2.

[25] cap. 31.17. Isa. 30.9. Mat. 17.16.

[26] ver. 16. Psa. 78.58. I Sam. 12.21. I Reis 16.13, 25. Psa. 31.7. Jer.
8.19 e 10.8 e 14.22. Jon. 2.8. Act. 14.15.

[27] Ose. 1.10. Rom. 10.19.

[28] Jer. 15.14 e 17.4. Lam. 4.11.

[29] Isa. 26.15. Psa. 7.12. Eze. 5.16.

[30] Lev. 26.22.

[31] Lam. 1.20. Eze. 7.15. II Cor. 7.5.

[32] Eze. 20.13, 14, 23.

[33] Jer. 19.3. Psa. 139.9.

[34] Isa. 27.11. Jer. 4.22. cap. 5.29. Luc. 19.42. Isa. 47.7. Lam. 1.9.

[35] Lev. 26.8. Jos. 23.10. II Chr. 24.24. Isa. 30.17.

[36] Psa. 44.13. Isa. 50.1 e 52.3.

[37] I Sam. 2.2 e 4.8. Jer. 40.3.

[38] Isa. 1.10.

[39] Psa. 57.5. Rom. 3.13.

[40] Job 14.17. Jer. 2.22. Ose. 13.12. Rom. 2.5.

[41] Psa. 95.1. Rom. 12.19. Heb. 10.30. II Ped. 2.3.

[42] Psa. 135.14. Jui. 2.18. Psa. 106.45. Jer. 31.20. Joel 2.14.

[43] I Reis 14.10 e 21.21. II Reis 9.8 e 14.26.

[44] Jui. 10. Jer. 2.28.

[45] Psa. 102.28. Isa. 41.4 e 45.5, 18, 22.

[46] I Sam. 2.6. II Reis 5.7. Job 5.18. Ose. 6.1.

[47] Gen. 14.22. Exo. 6.8. Num. 14.30.

[48] Isa. 27.1. Eze. 21.9, 10, 14, 20. Isa. 1.24. Nah. 1.2.

[49] Jer. 46.10.

[50] Job 13.24. Jer. 30.14. Lam. 1.5.

[51] Rom. 15.10. Apo. 6.10. Psa. 85.2.

[52] cap. 6.6 e 11.18. Eze. 40.4.

[53] cap. 30.19. Lev. 18.5. Pro. 3.2, 22 e 4.22. Rom. 10.5.

[54] Num. 27.12, 13.

[55] Num. 33.47, 48. cap. 34.1.

[56] Num. 20.25, 28 e 33.38.

[57] Num. 20.11, 12, 13 e 27.14. Lev. 10.3.

[58] Num. 27.12. cap. 34.4.



_A magestade de Deus._

33 Esta, porém, _é_ a benção com [1] que Moysés, homem de Deus, abençoou
os filhos de Israel antes da sua morte.

2 Disse pois: O Senhor veiu de Sinai, [2] e lhes subiu de Seir;
resplandeceu desde o monte Paran, e veiu com dez milhares de sanctos: á
sua direita _havia_ para elles o fogo da lei.

3 Na verdade ama os povos; [3] todos os seus sanctos _estão_ na tua mão;
[4] postos serão no meio, entre os teus pés, _cada um_ receberá das tuas
palavras.

4 Moysés nos deu a lei [5] _por_ herança da congregação de Jacob.

5 E foi rei em Jeshurun, [6] quando se congregaram em um os Cabeças do
povo com as tribus de Israel.


_As bençãos das tribus._

6 Viva Ruben, e não morra, e _que_ os seus homens sejam numerosos.

7 E isto _é o que disse_ de Judah; e disse: Ouve, ó Senhor, a voz de
Judah, e introduze-o no seu povo: as suas mãos [7] lhe bastem, e tu _lhe_
sejas em ajuda contra os seus inimigos.

8 E de Levi disse: Teu Thummim [8] e teu Urim _são_ para o teu amado, que
tu provaste em Massah, com quem contendeste ás aguas de Meribah.

9 Aquelle que disse a seu pae e a sua mãe: Nunca o vi; e não [9] conheceu
a seus irmãos, e não estimou a seus filhos: pois guardaram [10] a tua
palavra e observaram o teu concerto.

10 Ensinaram os teus juizos a [11] Jacob, e a tua lei a Israel; metteram
incenso no teu nariz, e o holocausto sobre o teu altar.

11 Abençoa o seu poder, ó Senhor, e a obra das suas mãos te aguarde: fere
[12] os lombos dos que se levantam contra elle e o aborrecem, que nunca
mais se levantem.

12 _E_ de Benjamin disse: O amado do Senhor habitará seguro com elle;
todo o dia o cobrirá, e morará entre os seus hombros.

13 E de José disse: Bemdita [13] do Senhor _seja_ a sua terra, com o mais
excellente dos céus, como orvalho, e com o abysmo que jaz abaixo.

14 E com as mais excellentes novidades do sol, e com as mais excellentes
producções da lua,

15 E com o mais excellente [14] dos montes antigos, e com o mais
excellente dos outeiros eternos,

16 E com o mais excellente da terra, e com a sua plenidão, [15] e com a
benevolencia d’aquelle que habitava na sarça, _a benção_ venha sobre a
cabeça de José, e sobre o alto da cabeça do _que foi_ separado de seus
irmãos.

17 Elle tem a gloria do primogenito do seu boi, [16] e [HQ] as suas
pontas são pontas de unicornio; com elles escorneará os povos juntamente
até ás extremidades da terra: estes pois _são_ os dez milhares de
Ephraim, [17] e estes _são_ os milhares de Manasseh.

18 E de Zebulon disse: [18] Zebulon, alegra-te nas tuas saidas; e _tu_,
Issacar, nas tuas tendas.

19 _Elles_ chamarão [19] os povos ao monte: ali offerecerão offertas de
justiça, porque chuparão a abundancia dos mares e os thesouros escondidos
da areia.

20 E de Gad [20] disse: Bemdito aquelle que faz dilatar a Gad, habita
como a leoa, e despedaça o braço e alto da cabeça.

21 E se [21] proveu do primeiro, porquanto ali _estava_ escondida a
porção do legislador: pelo que veiu com os chefes do povo, executou a
justiça do Senhor e os seus juizos para com Israel.

22 E de Dan disse: Dan _é_ leãozinho; saltará de [22] Basan.

23 E de Naphtali disse: Farta-te, ó Naphtali, da benevolencia, e [23]
enchete da benção do Senhor; possue o occidente e o meio dia.

24 E de Aser disse: Bemdito _seja_ Aser com _seus_ filhos, [24] agrade a
seus irmãos, e banhe em azeite o seu pé.

25 O ferro e o metal [25] _será_ o teu calçado; e a tua força _será_ como
os teus dias.

26 Não _ha outro_, ó Jeshurun, similhante a Deus! [26] _que_ cavalga
sobre os céus para a tua ajuda, e com a sua alteza sobre as mais altas
nuvens.

27 O Deus eterno _te seja_ [27] por habitação, e por baixo _sejam_
os braços eternos: e elle lance o inimigo de diante de ti, e diga:
Destroe-_o_.

28 Israel pois habitará [28] só seguro, _na terra_ da fonte de Jacob, na
terra de grão e de mosto: e os seus céus gotejarão orvalho.

29 Bemaventurado tu, ó [29] Israel! quem _é_ como tu? um povo salvo pelo
Senhor, [30] o escudo do teu soccorro, e a espada da tua alteza: [31]
pelo que os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas
alturas.

[1] Gen. 49.28. Psa. 90.1.

[2] Exo. 19.18. Jui. 5.4, 5. Hab. 3.3. Dan. 7.10. Act. 7.53. Gal. 3.19.
Heb. 2.2. Apo. 5.11.

[3] Exo. 19.5. Ose. 11.1. Mal. 1.2.

[4] cap. 7.6. I Sam. 2.9. Luc. 10.39. Act. 22.3. Pro. 2.1.

[5] João 1.17. Psa. 119.111.

[6] Gen. 30.31. Jui. 9.2 e 17.6. cap. 32.15.

[7] Gen. 49.8. Psa. 146.5.

[8] Exo. 28.30 e 17.7. Num. 20.13. cap. 8.2, 3. Psa. 8.8.

[9] Gen. 29.32. I Chr. 17.17. Job 37.24. Exo. 32.26.

[10] Jer. 18.18. Mal. 2.5, 6.

[11] Lev. 10.11. cap. 17.9. Eze. 44.23. Mal. 2.7. Exo. 30.7, 8. Num.
16.40. I Sam. 2.28. Lev. 1.9. Eze. 43.27.

[12] II Sam. 24.23. Eze. 20.40.

[13] Gen. 49.25 e 27.28.

[14] Gen. 49.26. Hab. 3.6.

[15] Exo. 3.2, 4. Act. 7.30, 35. Gen. 49.26.

[16] I Chr. 5.7. Num. 23.22. I Reis 22.11.

[17] Gen. 48.19.

[18] Gen. 49.13, 14, 15.

[19] Isa. 2.3. Psa. 4.6.

[20] Jos. 13.10, etc. I Chr. 12.8, etc. Jos. 4.12.

[21] Num. 32.16, 17, etc. Jos. 4.12.

[22] Jos. 19.47. Jui. 18.27.

[23] Gen. 49.21. Jos. 19.32, etc.

[24] Gen. 49.20. Job 29.6.

[25] cap. 8.9.

[26] Exo. 15.11. Jer. 10.6. cap. 32.15. Psa. 68.5. Hab. 3.8.

[27] Psa. 88.1. cap. 9.3, 4, 5.

[28] Num. 23.9. Jer. 23.6 e 33.16. cap. 8.7, 8. Gen. 27.28. cap. 11.11.

[29] Psa. 144.15. II Sam. 7.23.

[30] Psa. 115.9, 10, 11.

[31] II Sam. 22.45. Psa. 18.44. cap. 32.13.



_Moysés sobe ao monte Nebo, vê a terra promettida e morre._

34 Então subiu Moysés das campinas de Moab ao monte Nebo, ao [1] cume
de Pisga, que _está_ defronte de Jericó; e o Senhor mostrou-lhes toda a
terra desde Gilead até Dan;

2 E todo Naphtali, e a terra d’Ephraim, e Manasseh; e toda a terra de
Judah, até [2] ao mar [3] ultimo;

3 E o sul, e a campina do valle de Jericó, a cidade das palmeiras até
Zoar.

4 E disse-lhe o Senhor: Esta _é_ [4] a terra de que jurei a Abrahão,
Isaac, e Jacob, dizendo: Á tua semente a darei: mostro-t’a para a veres
com os teus olhos; porém lá não passarás.

5 Assim morreu ali [5] Moysés, servo do Senhor, na terra de Moab,
conforme ao dito do Senhor.

6 E o sepultou n’um valle, na terra de Moab, defronte de Beth-peor; [6] e
ninguem tem sabido até hoje a sua sepultura.

7 _Era_ Moysés [7] da edade de cento e vinte annos quando morreu: os seus
olhos nunca se escureceram, nem perdeu o seu vigor.

8 E os filhos d’Israel prantearam a Moysés trinta dias nas campinas de
Moab: [8] e os dias do pranto do luto de Moysés se cumpriram.

9 E Josué, filho de Nun, [9] foi cheio do espirito de sabedoria,
porquanto Moysés tinha posto sobre elle as suas mãos: assim os filhos
d’Israel lhe deram ouvidos, e fizeram como o Senhor ordenara a Moysés.

10 E nunca mais se [10] levantou em Israel propheta _algum_ como Moysés,
a quem o Senhor conhecera cara a cara;

11 _Nem similhante_ em todos os signaes [11] e maravilhas, a que o Senhor
o enviou para fazer na terra do Egypto, a Pharaó, e a todos os seus
servos, e a toda a sua terra;

12 E em toda a mão forte, e em todo o espanto grande, que obrou Moysés
aos olhos de todo o Israel.

[1] Num. 27.12 e 33.47. cap. 32.49 e 3.27. Gen. 14.14.

[2] cap. 11.24.

[3] Jui. 1.16 e 3.13. II Chr. 28.15.

[4] Gen. 12.7 e 13.15 e 15.18 e 26.3 e 28.13. cap. 3.27 e 32.52.

[5] cap. 32.50. Jos. 1.1, 2.

[6] Jud. 9.

[7] cap. 31.2. Gen. 27.1 e 48.10. Jos. 14.10, 11.

[8] Gen. 50.3, 10. Num. 20.29.

[9] Isa. 11.2. Dan. 6.3. Num. 27.18, 23.

[10] cap. 18.15, 18. Exo. 33.11. Num. 12.6, 8. cap. 5.4.

[11] cap. 4.34 e 7.19.



O LIVRO DE JOSUÉ.



_Deus falla a Josué e anima-o._

[Antes de Christo 1451]

1 E succedeu depois da morte de Moysés, servo do Senhor, que o Senhor
fallou a Josué, filho de [1] Nun, servo de Moysés, dizendo:

2 Moysés, meu [2] servo, é morto: levanta-te pois agora, passa este
Jordão, tu e todo este povo, a terra que eu dou aos filhos d’Israel.

3 Todo o logar [3] que pisar a planta do vosso pé vol-o tenho dado, como
eu disse a Moysés.

4 Desde o deserto [4] e _desde este_ Libano, até ao grande rio, o rio
Euphrates, toda a terra dos hetheos, e até o grande mar para o poente do
sol, será o vosso termo.

5 Nenhum [5] se susterá diante de ti, todos os dias da tua vida: como
fui com Moysés, [6] _assim_ serei comtigo: não te deixarei nem te
desampararei.

6 Esforça-te, e tem bom animo: porque [7] tu farás a este povo herdar a
terra que jurei a seus paes lhes daria.

7 Tão sómente esforça-te e tem mui bom animo, para teres o cuidado
de fazer conforme a toda a lei [8] que meu servo Moysés te ordenou;
d’ella não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que
prudentemente te conduzas por onde quer que andares.

8 Não se aparte da tua bocca o livro d’esta lei; [9] antes medita n’elle
dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto
n’elle está escripto; porque então farás prosperar o teu caminho, e então
prudentemente te conduzirás.

9 Não t’o mandei eu? [10] esforça-te, e tem bom animo; não pasmes, nem te
espantes: porque o Senhor teu Deus _é_ comtigo, por onde quer que andares.


_Josué prepara o povo para passar o Jordão._

10 Então deu ordem Josué aos principes do povo, dizendo:

11 Passae pelo meio do arraial, e ordenae ao povo, dizendo: Provei-vos de
comida, porque dentro de [11] tres dias passareis este Jordão, para que
entreis a possuir a terra que vos dá o Senhor vosso Deus, que possuaes.

12 E fallou Josué aos rubenitas, e aos gaditas, e á meia tribu de
Manasseh, dizendo:

13 Lembrae-vos da palavra que vos mandou Moysés, [12] o servo do Senhor,
dizendo: O Senhor vosso Deus vos dá descanço, e vos dá esta terra.

14 Vossas mulheres, vossos meninos e vosso gado fiquem na terra que
Moysés vos deu d’esta banda do Jordão; porém vós passareis armados na
frente de vossos irmãos, todos os valentes e valorosos, e ajudal-os-heis;

15 Até que o Senhor dê descanço a vossos irmãos, como a vós, e elles
tambem possuam a terra que o Senhor vosso Deus lhes dá; [13] então
tornareis á terra da vossa herança, e possuireis a que vos deu Moysés, o
servo do Senhor, d’esta banda do Jordão, para o nascente do sol.

16 Então responderam a Josué, dizendo: Tudo quanto nos ordenaste faremos,
e onde quer que nos enviares iremos.

17 Como em tudo ouvimos a Moysés, assim te ouviremos a ti: tão sómente
_que_ o Senhor teu Deus seja comtigo, [14] como foi com Moysés.

18 Todo o homem, que fôr rebelde á tua bocca, e não ouvir as tuas
palavras em tudo quanto lhe mandares, morrerá: tão sómente esforça-te, e
tem bom animo.

[1] Exo. 24.13. Deu. 1.38.

[2] Deu. 34.5.

[3] Deu. 11.24. cap. 14.9.

[4] Gen. 15.18. Exo. 23.31. Num. 44.3-12.

[5] Deu. 7.24.

[6] Exo. 3.12. ver. 9, 17. Deu. 31.8, 23. cap. 3.7 e 6.27. Isa. 43.2, 5.
Deu. 31.6, 8. Heb. 13.5.

[7] Deu. 31.23.

[8] Num. 27.23. Deu. 31.7. cap. 11.15. Deu. 5.32 e 28.14.

[9] Deu. 17.18. Psa. 1.2.

[10] Deu. 31.7, 8, 23. Psa. 27.1. Jer. 1.8.

[11] Deu. 9.1 e 11.31. cap. 3.2.

[12] Num. 32.20, 28. cap. 22.2, 3, 4.

[13] cap. 22.4, etc.

[14] ver. 5. I Sam. 20.13. I Reis 1.37.



_Josué envia dois espias a Jericó._

2 E enviou Josué, filho de Nun, dois homens desde [1] Sittim a espiar
secretamente, dizendo: Andae, considerae a terra, e a Jericó. Foram pois,
e entraram na casa d’uma mulher prostituta, cujo [2] nome era Rahab, e
dormiram ali.

2 Então deu-se noticia ao [3] rei de Jericó, dizendo: Eis-que esta noite
vieram aqui _uns_ homens dos filhos d’Israel, para espiar a terra.

3 Pelo que enviou o rei de Jericó a Rahab, dizendo: Tira fóra os homens
que vieram a ti, e entraram na tua casa, porque vieram espiar toda a
terra.

4 Porém aquella mulher [4] tomou a ambos aquelles homens, e os escondeu,
e disse: _É_ verdade que vieram homens a mim, porém eu não sabia d’onde
eram.

5 E aconteceu _que_, _havendo-se_ de fechar a porta, sendo já escuro,
aquelles homens sairam; não sei para onde aquelles homens se foram: ide
após d’elles depressa, porque vós os alcançareis.

6 Porém [5] ella os tinha feito subir ao telhado, e os tinha escondido
entre as canas do linho, que puzera em ordem sobre o telhado.

7 E foram-se aquelles homens após d’elles pelo caminho do Jordão, até aos
váos: e fechou-se a porta, havendo saido os que iam após d’elles.

8 E, antes que elles dormissem, ella subiu a elles sobre o telhado;

9 E disse aos homens: Bem sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o
pavor [6] de vós caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão
desmaiados diante de vós.

10 Porque temos ouvido [7] que o Senhor seccou as aguas do Mar Vermelho
diante de vós, quando saíeis do Egypto, e o que fizestes aos dois reis
dos amorrheos, a Sehon e a Og, que _estavam_ d’além do Jordão, os quaes
destruistes.

11 O que ouvindo, [8] desmaiou o nosso coração, e em ninguem mais ha
animo algum, por causa da vossa presença: porque o Senhor vosso Deus [9]
é Deus em cima nos céus e em baixo na terra.

12 Agora pois, [10] jurae-me, vos peço, pelo Senhor, pois que vos fiz
beneficencia, que vós tambem fareis beneficencia á casa de meu pae, e
dae-me um certo signal.

13 De que dareis a vida a meu pae e a minha mãe, como tambem a meus
irmãos e a minhas irmãs, com tudo o que teem, e de que livrareis as
nossas vidas da morte.

14 Então aquelles homens responderam-lhe: A nossa vida _responderá_ pela
vossa até _ao ponto de_ morrer, se não denunciardes este nosso negocio, e
será _pois_ que, dando-nos o Senhor esta terra, usaremos [11] comtigo de
beneficencia e de fidelidade.

15 Ella então os fez descer [12] por uma corda pela janella, porquanto a
sua casa _estava_ sobre o muro da cidade, e ella morava sobre o muro.

16 E disse-lhes: Ide-vos ao monte, para que, porventura, vos não
encontrem os perseguidores, e escondei-vos lá tres dias, até que voltem
os perseguidores, e depois ide _pelo_ vosso caminho.

17 E disseram-lhe aquelles homens: Desobrigados [13] _seremos_ d’este teu
juramento que nos fizeste jurar.

18 Eis que, vindo nós á [14] terra, atarás este cordão de fio d’escarlata
á janella por onde nos fizeste descer; e recolherás em casa comtigo a teu
[15] pae, e a tua mãe, e a teus irmãos e a toda a familia de teu pae.

19 Será pois _que_ qualquer que sair fóra da porta da tua casa o seu
sangue _será_ [16] sobre a sua cabeça, e nós _seremos_ sem culpa; mas
qualquer que estiver comtigo em casa o seu sangue _seja_ sobre a nossa
cabeça, se n’elle se puzer mão.

20 Porém, se tu denunciares este nosso negocio, seremos desobrigados do
teu juramento, que nos fizeste jurar.

21 E ella disse: Conforme ás vossas palavras, assim _seja_. Então os
despediu; e elles se foram; e ella atou o cordão d’escarlata á janella.

22 Foram-se pois, e chegaram ao monte, e ficaram ali tres dias, até que
voltaram os perseguidores, porque _os_ perseguidores os buscaram por todo
o caminho, porém não _os_ acharam.

23 Assim aquelles dois homens voltaram, e desceram do monte, e passaram,
e vieram a Josué, filho de Nun, e contaram-lhe tudo quanto lhes
acontecera;

24 E disseram a Josué: [17] Certamente o Senhor tem dado toda esta terra
nas nossas mãos, pois até todos os moradores estão desmaiados diante de
nós.

[1] Num. 25.1.

[2] Heb. 11.31. Thi. 2.25. Mat. 1.5.

[3] Psa. 127.1. Pro. 21.30.

[4] II Sam. 17.19, 20.

[5] Exo. 1.17.

[6] Gen. 35.5. Exo. 23.27. Deu. 2.25 e 11.25.

[7] Exo. 14.21. cap. 4.23. Num. 21.21, 34, 35.

[8] Exo. 15.14. cap. 5.1 e 7.5. Isa. 13.7.

[9] Deu. 4.39.

[10] I Sam. 20.14, 15, 17. I Tim. 5.8. ver. 18.

[11] Jui. 1.24. Mat. 5.7.

[12] Act. 9.25.

[13] Exo. 20.7.

[14] ver. 12.

[15] cap. 6.23.

[16] Mat. 27.25.

[17] Exo. 23.31. cap. 6.2 e 21.44.



_A passagem do Jordão._

3 Levantou-se pois Josué de madrugada, e partiram de Sittim, [1] e vieram
até ao Jordão, elle e todos os filhos d’Israel: e pousaram ali, antes que
passassem.

2 E succedeu, ao fim de tres dias, que os principes passaram pelo meio do
arraial;

3 E ordenaram ao povo, dizendo: Quando virdes [2] a arca do concerto do
Senhor vosso Deus, e que os sacerdotes levitas a levam, parti vós tambem
do vosso logar, e segui-a.

4 Haja comtudo distancia entre vós e ella, como da [3] medida de dois mil
covados: e não vos chegueis a ella, para que saibaes o caminho pelo qual
haveis d’ir; porquanto por este caminho nunca passastes antes.

5 Disse Josué [4] tambem ao povo: Sanctificae-vos, porque ámanhã fará o
Senhor maravilhas no meio de vós.

6 E fallou Josué aos sacerdotes, dizendo: Levantae [5] a arca do
concerto, e passae adiante d’este povo. Levantaram pois a arca do
concerto, e foram andando adiante do povo.

7 E o Senhor disse a Josué: Este dia começarei a engrandecer-te [6]
perante os olhos de todo o Israel, para que saibam, que _assim_ como fui
com Moysés _assim_ serei comtigo.

8 Tu pois ordenarás aos sacerdotes que [7] levam a arca do concerto,
dizendo: Quando vierdes até á borda das aguas do Jordão, parareis no [8]
Jordão.

9 Então disse Josué aos filhos d’Israel: Chegae-vos para cá, e ouvi as
palavras do Senhor vosso Deus.

10 Disse mais Josué: N’isto conhecereis [9] que o Deus vivo _está_ no
meio de vós: e que de todo lançará de diante de vós aos cananeos, e aos
hetheos, e aos heveos, e aos phereseos, e aos girgaseos, e aos amorrheos,
e aos jebuseos.

11 Eis que a arca do concerto do Senhor de toda a [10] terra passa o
Jordão diante de vós.

12 Tomae-vos pois agora doze homens [11] das tribus d’Israel, de cada
tribu um homem;

13 Porque ha de acontecer _que_, assim que as plantas dos pés dos
sacerdotes que [12] levam a arca do Senhor, o Senhor de toda a terra,
repousem nas aguas do Jordão, se separarão as aguas do Jordão, e as [13]
aguas que de cima descem pararão n’um montão.

14 E aconteceu que, partindo o povo das suas tendas, para passar o
Jordão, levavam [14] os sacerdotes a arca do concerto diante do povo.

15 E os que levavam a arca, quando chegaram até ao Jordão, e os pés
[15] dos sacerdotes que levavam a arca, se molharam na borda das aguas,
(porque o Jordão trasbordava sobre todas as suas ribanceiras, todos os
dias da sega),

16 Pararam-se as aguas, que vinham de cima; levantaram-se n’um montão,
mui longe da cidade d’Adam, que _está_ da banda de Santan; [16] e as que
desciam ao mar [HR] das campinas, que é o mar salgado, faltavam de todo e
separaram-se: então passou o povo defronte de Jericó.

17 Porém os sacerdotes, que levavam a arca do concerto do Senhor, pararam
firmes em secco no meio do Jordão: [17] e todo o Israel passou em secco,
até que todo o povo acabou de passar o Jordão.

[1] cap. 2.1.

[2] Num. 10.33. Deu. 31.9, 25.

[3] Exo. 19.12.

[4] Exo. 19.10, 14, 15. Lev. 20.7. Num. 11.18. cap. 7.13. I Sam. 16.5.
Joel 2.16.

[5] Num. 4.15.

[6] cap. 4.14. I Chr. 29.25. II Chr. 1.1. cap. 1.5.

[7] ver. 3.

[8] ver. 17.

[9] Deu. 5.26. I Sam. 17.26. II Reis 19.4. Ose. 1.10. Mat. 16.16. I The.
1.9. Exo. 33.2. Deu. 7.1.

[10] ver. 13. Miq. 4.13. Zac. 4.14 e 6.5.

[11] cap. 4.2.

[12] ver. 11, 15, 16.

[13] Psa. 78.13 e 114.3.

[14] Act. 7.45.

[15] ver. 13. I Chr. 12.15. Jer. 12.5 e 49.19. cap. 4.18 e 5.10, 12.

[16] I Reis 4.12 e 7.46. Deu. 3.17. Gen. 14.3. Num. 34.3.

[17] Exo. 14.29.



_As doze pedras tiradas do meio do Jordão._

4 Succedeu pois _que_, acabando todo o povo de passar o Jordão, [1]
fallou o Senhor a Josué, dizendo:

2 Tomae-vos do povo doze [2] homens, de cada tribu um homem;

3 E mandae-lhes, dizendo: Tomae-vos d’aqui, do meio do Jordão, [3] do
logar do assento dos pés dos sacerdotes, doze pedras; e levae-as comvosco
_á outra banda_ e depositae-as no alojamento em que haveis de passar esta
noite.

4 Chamou pois Josué os doze homens, que escolhera dos filhos d’Israel: de
cada tribu um homem;

5 E disse-lhes Josué: Passae diante da arca do Senhor vosso Deus, ao meio
do Jordão; e levantae vós cada um uma pedra sobre o seu hombro, segundo o
numero das tribus dos filhos de Israel;

6 Para que isto seja por signal entre vós; _e_ quando vossos filhos [4]
no futuro perguntarem, dizendo: Que vos _significam_ estas pedras?

7 Então lhes direis [5] que as aguas do Jordão se separaram diante da
arca do concerto do Senhor; passando ella pelo Jordão, separaram-se as
aguas do Jordão: assim _que_ estas pedras serão para sempre por memorial
aos filhos de [6] Israel.

8 Fizeram pois os filhos d’Israel assim como Josué tinha ordenado, e
levantaram doze pedras do meio do Jordão, como o Senhor dissera a Josué,
segundo o numero das tribus dos filhos de Israel: e levaram-n’as comsigo
ao alojamento, e as depositaram ali.

9 Levantou Josué tambem doze pedras no meio do Jordão, do logar do
assento dos pés dos sacerdotes, que levavam a arca do concerto: e ali
estão até _ao dia d’_hoje.

10 Pararam pois os sacerdotes, que levavam a arca, no meio do Jordão, em
pé, até que se cumpriu quanto o Senhor a Josué mandara dizer ao povo,
conforme a tudo quanto Moysés tinha ordenado a Josué; e apressou-se o
povo, e passou.

11 E succedeu _que_, assim que todo o povo acabou de passar, então passou
a arca do Senhor, e os sacerdotes á vista do povo.

12 E passaram os filhos [7] de Ruben, e os filhos de Gad, e a meia tribu
de Manasseh, armados na frente dos filhos d’Israel, como Moysés lhes
tinha dito;

13 Uns quarenta mil homens de guerra armados passaram diante do Senhor
para batalha, ás campinas de Jericó.

14 N’aquelle dia o Senhor engrandeceu [8] a Josué diante dos olhos de
todo o Israel: e temeram-n’o, como haviam temido a Moysés, todos os dias
da sua vida.

15 Fallou pois o Senhor a Josué, dizendo:

16 Dá ordem aos sacerdotes, que levam [9] a arca do testemunho, que subam
do Jordão.

17 E deu Josué ordem aos sacerdotes, dizendo: Subi do Jordão.

18 E aconteceu _que_, como os sacerdotes, que levavam a arca do concerto
do Senhor, subiram do meio do Jordão, e as plantas dos pés dos sacerdotes
se pozeram em secco, as aguas do Jordão se tornaram ao seu logar, e
corriam, [10] como antes, sobre todas as suas ribanceiras.

19 Subiu pois o povo do Jordão no _dia_ dez do mez primeiro: e
alojaram-se em Gilgal, [11] da banda oriental de Jericó.

20 E as doze pedras, [12] que tinham tomado do Jordão, levantou Josué em
Gilgal.

21 E fallou aos filhos d’Israel, [13] dizendo: Quando no futuro vossos
filhos perguntarem a seus paes, dizendo: Que _significam_ estas pedras?

22 Fareis saber a vossos filhos, dizendo: Israel passou [14] em secco
este Jordão.

23 Porque o Senhor vosso Deus fez seccar [15] as aguas do Jordão diante
de vós, até que passasseis; como o Senhor vosso Deus fez ao Mar Vermelho,
que fez seccar perante nós, até que passámos.

24 Para que [16] todos os povos da terra conheçam a mão do Senhor, que
_é_ forte: para que temaes ao [17] Senhor vosso Deus todos os dias.

[1] Deu. 27.2. cap. 3.17.

[2] cap. 3.12.

[3] cap. 3.13. ver. 19, 20.

[4] ver. 21. Exo. 12.26 e 13.14. Deu. 6.20. Psa. 44.2.

[5] cap. 3.13, 16.

[6] Exo. 12.14. Num. 16.40.

[7] Num. 32.20, 27, 28.

[8] cap. 3.7.

[9] Exo. 25.16, 22.

[10] cap. 3.15.

[11] cap. 5.9.

[12] ver. 3.

[13] ver. 6.

[14] cap. 3.17.

[15] Exo. 14.21.

[16] I Reis 8.42, 43. II Reis 19.19. Psa. 106.8. Exo. 15.16. I Chr. 29.12.

[17] Exo. 14.31. Deu. 6.2. Jer. 10.7.



_A circumcisão dos filhos de Israel._

5 E succedeu _que_, ouvindo todos os reis dos amorrheos, que _habitavam_
d’esta banda do Jordão, ao occidente, e todos os reis dos cananeos,
[1] que _estavam_ ao pé do mar, que o Senhor tinha seccado as aguas
do Jordão, de diante dos filhos d’Israel, até que passámos, [2]
derreteu-se-lhes o coração, e não houve mais animo n’elles, por causa dos
filhos d’Israel.

2 N’aquelle tempo disse o Senhor a Josué: Faze facas de [HS] pedra, e
torna a circumcidar segunda vez aos filhos d’Israel.

3 Então Josué fez para si facas de [3] pedra, e circumcidou aos filhos
d’Israel no monte dos prepucios.

4 E _foi_ esta a causa por que Josué os circumcidou: todo [4] o povo que
tinha saido do Egypto, os machos, todos os homens de guerra, eram já
mortos no deserto, pelo caminho, depois que sairam do Egypto.

5 Porque todo o povo que saira estava circumcidado, mas a nenhum do povo
que nascera no deserto, pelo caminho, depois de terem saido do Egypto,
haviam circumcidado.

6 Porque quarenta annos [5] andaram os filhos d’Israel pelo deserto, até
se acabar toda a nação, os homens de guerra, que sairam do Egypto, e não
obedeceram á voz do Senhor: aos quaes o Senhor [6] tinha jurado que lhes
não havia de deixar ver a terra que o Senhor jurara a seus paes dar-nos;
terra que mana leite e mel.

7 Porém em seu [7] logar poz a seus filhos; a estes Josué circumcidou:
porquanto estavam incircumcisos, porque os não circumcidaram no caminho.

8 E aconteceu _que_, acabando de circumcidar a toda a nação, ficaram no
seu logar no arraial, [8] até que sararam.

9 Disse mais o Senhor a [9] Josué: Hoje revolvi de sobre vós o opprobrio
do Egypto; pelo que o nome d’aquelle logar se chamou [HT] Gilgal, até
_ao dia d’_hoje.


_Celebra-se a paschoa._

10 Estando pois os filhos d’Israel alojados em Gilgal, celebraram a
paschoa no dia quatorze do [10] mez, á tarde, nas campinas de Jericó.

11 E comeram do trigo da terra do anno antecedente, ao outro dia depois
da paschoa, pães asmos e _espigas_ tostadas, no mesmo dia.

12 E cessou o manná [11] no dia seguinte, depois que comeram do trigo da
terra do anno antecedente; e os filhos d’Israel não tiveram mais manná;
porém no mesmo anno comeram das novidades da terra de Canaan.


_Um anjo apparece a Josué._

13 E succedeu _que_, estando Josué ao pé de Jericó, levantou os seus
olhos, e olhou; e eis-que se poz em pé diante d’elle um homem [12] que
tinha na mão uma espada nua: e chegou-se Josué a elle, e disse-lhe: _És_
tu dos nossos, ou dos nossos inimigos?

14 E disse elle: Não, mas venho agora _como_ [HU] principe do exercito
do Senhor. Então Josué se prostrou sobre [13] o seu rosto na terra, e o
adorou, e disse-lhe: Que diz meu senhor ao seu servo?

15 Então disse o principe do exercito do Senhor a Josué: [14] Descalça os
sapatos de teus pés, porque o logar em que estás _é_ sancto. E fez Josué
assim.

[1] Num. 13.29. Exo. 15.14, 15. cap. 2.9, 10, 11. Psa. 48.7. Eze. 21.7.

[2] I Reis 10.5.

[3] Exo. 4.25.

[4] Num. 14.29 e 23.64, 65. Deu. 2.16.

[5] Num. 14.33. Deu. 1.3. Psa. 95.10, 11.

[6] Num. 14.23. Heb. 3.11. Exo. 3.8.

[7] Num. 14.31. Deu. 1.39.

[8] Gen. 34.25.

[9] Gen. 34.14. I Sam. 14.6. Lev. 18.3. cap. 24.14. Eze. 20.10. cap. 4.19.

[10] Exo. 12.6. Num. 9.5.

[11] Exo. 16.35.

[12] Gen. 18.2 e 32.24. Exo. 23.23. Zac. 1.8. Act. 1.10. Num. 22.23.

[13] Gen. 17.3.

[14] Exo. 3.5. Act. 7.33.



_Jericó é destruida, Rahab é salva._

6 Ora Jericó cerrou-se, e estava cerrada por causa dos filhos d’Israel:
nenhum sahia nem entrava.

2 Então disse o Senhor a Josué: Olha, [1] tenho dado na tua mão a Jericó
e ao seu rei, os seus valentes e valorosos.

3 Vós pois, todos os homens de guerra, rodeareis a cidade, cercando a
cidade uma vez: assim fareis _por_ seis dias.

4 E sete sacerdotes levarão sete buzinas [2] de carneiros diante da
arca, e no setimo dia rodeareis a cidade sete vezes: e os sacerdotes [3]
tocarão as buzinas.

5 E será que, tocando-se longamente a buzina de carneiro, ouvindo vós
o sonido da buzina, todo o povo gritará com grande grita: e o muro da
cidade cairá abaixo de si, e o povo subirá n’elle, cada qual em frente de
si.

6 Então chamou Josué, filho de Nun, aos sacerdotes, e disse-lhes: Levae
a arca do concerto; e sete sacerdotes levem sete buzinas de carneiros,
diante da arca do Senhor.

7 E disse ao povo: Passae e rodeae a cidade; e quem estiver armado, passe
diante da arca do Senhor.

8 E assim foi, como Josué dissera ao povo, que os sete sacerdotes,
levando as sete buzinas de carneiros diante do Senhor, passaram, e
tocaram as buzinas: e a arca do concerto do Senhor os seguia.

9 E os armados iam adiante dos sacerdotes, que tocavam as buzinas: e a
rectaguarda seguia após [4] da arca, andando e tocando as buzinas.

10 Porém ao povo Josué tinha dado ordem, dizendo: Não gritareis, nem
fareis ouvir a vossa voz, nem sairá palavra alguma da vossa bocca, até ao
dia que eu vos diga: Gritae. Então gritareis.

11 E fez a arca do Senhor rodeiar a cidade, rodeiando-_a_ uma vez: e
vieram ao arraial, e passaram a noite no arraial.

12 Depois Josué se levantou de madrugada, e os sacerdotes levaram [5] a
arca do Senhor.

13 E os sete sacerdotes, que levavam as sete buzinas de carneiros diante
da arca do Senhor, iam andando, e tocavam as buzinas, e os armados iam
adiante d’elles, e a rectaguarda seguia atraz da arca do Senhor; _os
sacerdotes iam_ andando e tocando as buzinas.

14 Assim rodeiaram outra vez a cidade no segundo dia e tornaram para o
arraial: e assim fizeram seis dias.

15 E succedeu _que_ ao setimo dia madrugaram ao subir da alva, e da mesma
maneira rodeiaram a cidade sete vezes: n’aquelle dia sómente rodeiaram a
cidade sete vezes.

16 E succedeu _que_, tocando os sacerdotes a setima vez as buzinas, disse
Josué ao povo: Gritae; porque o Senhor vos tem dado a cidade.

17 Porém a cidade será [HV] anathema ao Senhor, ella e tudo quanto houver
n’ella: sómente a prostituta Rahab viverá, ella e todos os que com ella
estiverem em casa; porquanto escondeu [6] os mensageiros que enviámos.

18 Tão sómente guardae-vos do anathema, [7] para que não vos mettaes em
anathema tomando d’ella, e assim façaes [HW] maldito o arraial de Israel,
e [8] o turbeis.

19 Porém toda a prata, e o oiro, e os vasos de metal, e de ferro, são
consagrados ao Senhor: irão ao thesouro do Senhor.

20 Gritou pois o povo, tocando os sacerdotes as buzinas: e succedeu
_que_, ouvindo o povo o sonido da buzina, gritou o povo com grande grita;
e [9] o muro caiu abaixo, e o povo subiu á cidade, cada qual em frente de
si, e tomaram a cidade.

21 E, tudo quanto [10] na cidade _havia_, [HX] destruiram totalmente ao
fio da espada, desde o homem até á mulher, desde o menino até ao velho, e
até ao boi e gado miudo, e ao jumento.

22 Josué, porém, disse aos dois homens que tinham espiado a terra: Entrae
na casa da mulher prostituta, e tirae de lá a mulher com tudo quanto
tiver, como lhe tendes [11] jurado.

23 Então entraram os mancebos espias, e tiraram a Rahab, e a seu [12]
pae, e a sua mãe, e a seus irmãos, e a tudo quanto tinha; tiraram tambem
a todas as suas familias, e pozeram-n’os fóra do arraial d’Israel.

24 Porém a cidade e tudo quanto _havia_ n’ella queimaram-n’o a fogo: tão
sómente a prata, e o [13] oiro, e os vasos de metal e de ferro, deram
para o thesouro da casa do Senhor.

25 Assim deu Josué vida á prostituta Rahab, e á familia de seu pae, e a
tudo quanto tinha; e habitou no meio de Israel [14] até _ao dia de_ hoje:
porquanto escondera os mensageiros que Josué tinha enviado a espiar a
Jericó.

26 E n’aquelle tempo Josué os esconjurou, dizendo: Maldito [15] diante do
Senhor _seja_ o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó:
no seu primogenito a fundará, e no seu _filho_ mais novo lhe porá as
portas.

27 Assim era o Senhor com [16] Josué: e corria a sua fama por toda a
terra.

[1] cap. 2.9, 24 e 8.1. Deu. 7.24.

[2] Jui. 7.16, 22.

[3] Num. 10.8.

[4] Num. 10.25.

[5] Deu. 31.25.

[6] cap. 2.4.

[7] Deu. 7.26 e 20.17. cap. 7.1, 11, 12.

[8] cap. 7.25. I Reis 18.17, 18. Jon. 1.12.

[9] ver. 5. Heb. 11.30.

[10] Deu. 7.2.

[11] cap. 2.14. Heb. 11.31.

[12] cap. 2.13.

[13] ver. 19.

[14] Mat. 1.5.

[15] I Reis 16.34.

[16] cap. 1.5 e 9.1, 3.



_Os israelitas são derrotados por causa do peccado de Acan._

7 E trespassaram os filhos de Israel no [HY] anathema: porque Acan, [1]
filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Sera, da tribu de Judah, tomou
do anathema, e a ira do Senhor se accendeu contra os filhos d’Israel.

2 Enviando pois Josué de Jericó, _alguns_ homens a Hai, que _está_ junto
a Bethaven, da banda do oriente de Beth-el, fallou-lhes, dizendo: Subi, e
espiae a terra. Subiram pois aquelles homens, e espiaram a Hai.

3 E voltaram a Josué, e disseram-lhe: Não suba todo o povo; subam alguns
dois mil, ou tres mil homens, a ferir a Hai: não fatigues ali a todo o
povo, porque poucos _são_.

4 Assim, subiram lá do povo alguns tres mil homens, os quaes fugiram [2]
diante dos homens de Hai.

5 E os homens de Hai feriram d’elles alguns trinta e seis, e
seguiram-n’os desde a porta até [HZ] Shebarim, e feriram-n’os na descida;
e o coração [3] do povo se derreteu e se tornou como agua.

6 Então Josué rasgou [4] os seus vestidos, e se prostrou em terra sobre
o seu rosto perante a arca do Senhor até á tarde, elle e os anciãos de
Israel: e deitaram pó sobre [5] as suas cabeças.

7 E disse Josué: Ah Senhor Jehovah! porque, [6] com effeito, fizeste
passar a este povo o Jordão, para nos dares nas mãos dos amorrheos, para
nos fazerem perecer? oxalá nos contentaramos com ficarmos d’além do
Jordão.

8 Ah Senhor! que direi? pois Israel virou as costas diante dos seus
inimigos!

9 Ouvindo _isto_, os cananeos, e todos os moradores da terra, nos
cercarão e desarreigarão [7] o nosso nome da terra: e _então_ que farás
ao teu grande nome?

10 Então disse o Senhor a Josué: Levanta-te: porque estás prostrado assim
sobre o teu rosto?

11 Israel peccou, [8] e até transgrediram o meu concerto que lhes tinha
ordenado, e até tomaram [9] do [IA] anathema, e tambem furtaram, e tambem
mentiram, e até debaixo da sua bagagem o pozeram.

12 Pelo que os filhos de Israel não poderam [10] subsistir perante os
seus inimigos: viraram as costas diante dos seus inimigos; porquanto [11]
estão amaldiçoados: não serei mais comvosco, se não desarreigardes o
anathema do meio de vós.

13 Levanta-te, sanctifica [12] o povo, e dize: Sanctificae-vos para
ámanhã, porque assim diz o Senhor, o Deus d’Israel: Anathema _ha_ no meio
de ti, Israel: diante dos teus inimigos não poderás suster-te, até que
não tires o anathema do meio de vós.

14 Ámanhã pois vos chegareis, segundo as vossas tribus: e será [13] _que_
a tribu que o Senhor tomar se chegará, segundo as familias; e a familia
que o Senhor tomar se chegará por casas; e a casa que o Senhor tomar se
chegará homem por homem.

15 E será _que_ aquelle [14] que fôr tomado com o anathema será queimado
a fogo, elle e tudo quanto tiver: porquanto transgrediu o concerto [15]
do Senhor, e fez _uma_ loucura em Israel.

16 Então Josué se levantou de madrugada, e fez chegar a Israel, segundo
as suas tribus: e a tribu de Judah foi tomada:

17 E, fazendo chegar a tribu de Judah, tomou a familia de Zarchi: e,
fazendo chegar a familia de Zarchi, homem por homem, foi tomado Zabdi:

18 E, fazendo chegar a sua casa, homem por homem, foi tomado Acan, filho
de Carmi, filho de Zabdi, filho de Serah, da tribu [16] de Judah.

19 Então disse Josué a Acan: Filho meu, dá, peço-te, gloria [17] ao
Senhor Deus de Israel, e faze confissão perante elle; e declara-me [18]
agora o que fizeste, não m’o occultes.

20 E respondeu Acan a Josué, e disse: Verdadeiramente pequei contra o
Senhor Deus de Israel, e fiz assim e assim.

21 Quando vi entre os despojos uma boa capa babylonica, e duzentos siclos
de prata, e uma [IB] cunha d’oiro do peso de cincoenta siclos, cobicei-os
e tomei-os: e eis que _estão_ escondidos na terra, no meio da minha
tenda, e a prata debaixo d’ella.

22 Então Josué enviou mensageiros, que foram correndo á tenda: e eis que
_estava_ escondido na sua tenda, e a prata debaixo d’ella.

23 Tomaram pois aquellas coisas do meio da tenda, e as trouxeram a Josué
e a todos os filhos de Israel: e as deitaram perante o Senhor.

24 Então Josué e todo o Israel com elle tomaram a Acan, filho de Serah, e
a prata, e a capa, e a cunha de oiro, e a seus filhos, e a suas filhas, e
a seus bois, e a seus jumentos, e a suas ovelhas, e a sua tenda, e a tudo
quanto tinha: e levaram-n’os ao valle [19] de Acor.

25 E disse Josué: Como nos turbaste? [20] o Senhor te turbará a ti este
dia. E todo o [21] Israel o apedrejou com pedras, e os queimaram a fogo,
e os apedrejaram com pedras.

26 E levantaram [22] sobre elle um grande montão de pedras, até _o dia
de_ hoje; assim o Senhor se tornou do ardor da sua ira: [23] pelo que se
chamou o nome d’aquelle logar o valle d’Acor, até _ao dia de_ hoje.

[1] cap. 22.20.

[2] Lev. 26.17. Deu. 28.25.

[3] cap. 2.9, 11. Lev. 26.36. Psa. 22.15.

[4] Gen. 37.29, 34.

[5] I Sam. 4.12. II Sam. 1.2 e 13.19. Neh. 9.1. Job 2.12.

[6] Exo. 5.22. II Reis 3.10.

[7] Psa. 83.5. Exo. 32.12. Num. 14.13.

[8] ver. 1.

[9] cap. 6.17, 18. Act. 5.1, 2.

[10] Num. 14.45. Jui. 2.14.

[11] Deu. 7.26. cap. 6.18.

[12] Exo. 19.10. cap. 3.5.

[13] Pro. 16.33.

[14] I Sam. 14.38, 39.

[15] ver. 11. Gen. 34.7. Jui. 20.6.

[16] I Sam. 14.42.

[17] I Sam. 6.5. Jer. 13.16. João 9.24. Num. 5.6. II Chr. 30.22. Psa.
51.5. Dan. 9.4.

[18] I Sam. 14.43.

[19] ver. 26. cap. 15.7.

[20] cap. 6.18. I Chr. 2.7. Gal. 5.12.

[21] Deu. 17.5.

[22] cap. 8.29. II Sam. 18.17. Lam. 3.53. Deu. 13.17. II Sam. 21.14.

[23] ver. 24. Isa. 65.10. Ose. 2.15.



_Hai é tomada e destruida._

8 Então disse o Senhor a Josué: Não temas, [1] e não te espantes; toma
comtigo toda a gente de guerra, e levanta-te, sobe a Hai: olha _que_ te
tenho dado na tua mão o rei d’Hai, e o seu povo, e a sua cidade, e a sua
terra.

2 Farás pois a Hai, e a seu rei, como fizeste a Jericó, [2] e a seu rei:
salvo que para vós saqueareis os seus despojos, e o seu gado: põe-te
emboscadas á cidade, por detraz d’ella.

3 Então Josué levantou-se, e toda a gente de guerra, para subir contra
Hai: e escolheu Josué trinta mil homens valentes e valorosos, e enviou-os
de noite.

4 E deu-lhes ordem, dizendo: Olhae, poreis emboscadas [3] á cidade, por
detraz da cidade; não vos alongueis muito da cidade: e todos vós estareis
apercebidos.

5 Porém eu e todo o povo que _está_ comigo nos achegaremos á cidade: e
será _que_, quando nos sairem ao encontro, como d’antes, [4] fugiremos
diante d’elles.

6 Deixae-os pois sair atraz de nós, até que os tiremos da cidade; porque
dirão: Fogem diante de nós como d’antes. Assim fugiremos diante d’elles.

7 Então saireis vós da emboscada, e tomareis a cidade: porque o Senhor
vosso Deus vol-a dará na vossa mão.

8 E será _que_, tomando vós a cidade, poreis a cidade a fogo; conforme a
palavra do Senhor fareis; olhae [5] _que_ vol-o tenho mandado.

9 Assim Josué os enviou, e _elles_ se foram á emboscada; e ficaram entre
Bethel e Hai, ao occidente d’Hai: porém Josué passou aquella noite no
meio do povo.

10 E levantou-se Josué de madrugada, e contou o povo: e subiram elle e
os anciãos de Israel diante do povo contra Hai.

11 Subiu tambem toda [6] a gente de guerra, que _estava_ com elle, e
chegaram-se, e vieram fronteiros á cidade: e alojaram-se da banda do
norte d’Hai; e _havia_ um valle entre elle e Hai.

12 Tomou tambem alguns cinco mil homens, e pôl-os entre Bethel e Hai em
emboscada, ao occidente da cidade.

13 E pozeram o povo, todo o arraial que _estava_ ao norte da cidade, e a
sua emboscada ao occidente da cidade: e foi Josué aquella noite ao meio
do valle.

14 E succedeu _que_, vendo-_o_ o rei d’Hai, se apressaram, e se
levantaram de madrugada, e os homens da cidade sairam ao encontro
d’Israel ao combate, elle e todo o seu povo, ao tempo assignalado,
perante as campinas: porque elle não sabia, [7] que se lhe houvesse posto
emboscada detraz da cidade.

15 Josué pois e todo o Israel _se_ houveram _como_ feridos diante
d’elles, e fugiram [8] pelo caminho do deserto.

16 Pelo que todo o povo, que _estava_ na cidade, foi convocado para os
seguir: e seguiram a Josué e foram attrahidos da cidade.

17 E nem um só homem ficou em Hai, nem em Bethel, que não saisse após
Israel: e deixaram a cidade aberta, e seguiram a Israel.

18 Então o Senhor disse a Josué: Estende a lança que _tens_ na tua mão,
para Hai; porque a darei na tua mão. E Josué estendeu a lança, que
_estava_ na sua mão, para a cidade.

19 Então a emboscada se levantou do seu logar apressadamente, e
correram, estendendo elle a sua mão, e vieram á cidade, e a tomaram: e
apressaram-se, e pozeram a cidade a fogo.

20 E virando-se os homens de Hai para traz, olharam, e eis-que o fumo da
cidade subia ao céu, e não tiveram logar para fugirem para uma parte nem
outra: porque o povo, que fugia para o deserto, se tornou contra os que
_os_ seguiam.

21 E vendo Josué e todo o Israel que a emboscada tomara a cidade, e que o
fumo da cidade subia, tornaram, e feriram os homens d’Hai.

22 Tambem aquelles da cidade lhes sairam ao encontro, _e_ assim cairam no
meio dos israelitas, uns de uma, e outros de outra parte: e feriram-n’os,
até que nenhum d’elles ficou, [9] o que escapasse.

23 Porém ao rei d’Hai tomaram vivo, e o trouxeram a Josué.

24 E succedeu _que_, acabando os israelitas de matar todos os moradores
d’Hai no campo, no deserto onde os tinham seguido, e havendo todos caido
ao fio da espada, até todos serem consumidos, todo o Israel se tornou a
Hai, e a pozeram a fio de espada.

25 E todos os que cairam aquelle dia, assim homens como mulheres, _foram_
doze mil: todos moradores d’Hai.

26 Porque Josué não retirou a sua mão, que estendera com a lança, até
destruir totalmente a todos os moradores d’Hai.

27 Tão [10] sómente os israelitas saquearam para si o gado e os despojos
da cidade, conforme á palavra do Senhor, que tinha ordenado a Josué.

28 Queimou pois Josué a Hai: e a tornou n’um montão [11] perpetuo, em
assolamento, até _ao dia d’_hoje.

29 E ao rei d’Hai enforcou n’um madeiro, até á tarde: e [12] ao pôr do
sol ordenou Josué, que o seu corpo se tirasse do madeiro; e o lançaram á
porta da cidade, e levantaram sobre elle um grande montão [13] de pedras,
até _ao dia d’_hoje.


_Josué edifica um altar, escreve a lei em pedras e lê-a._

30 Então Josué edificou um altar ao Senhor Deus d’Israel, [14] no monte
d’Ebal,

31 Como Moysés, servo do Senhor, ordenou aos filhos d’Israel, conforme ao
que _está_ escripto no [15] livro da lei de Moysés, _a saber_: um altar
de pedras inteiras, sobre o qual se não movera ferro: e offereceram [16]
sobre elle holocaustos ao Senhor, e sacrificaram sacrificios pacificos.

32 Tambem escreveu [17] ali em pedras uma copia da lei de Moysés, que já
tinha escripto diante dos filhos d’Israel.

33 E todo o Israel, com os seus anciãos, e os seus principes, e os seus
juizes, estavam d’uma e outra banda da arca, perante os sacerdotes
levitas, que levavam a [18] arca do concerto do Senhor, assim
estrangeiros como naturaes; metade d’elles em frente do monte Gerizim,
e a outra metade em frente do monte Ebal; como [19] Moysés, servo do
Senhor, ordenara, para abençoar primeiramente o povo de Israel.

34 E depois leu [20] em alta voz todas as palavras da lei, a benção e a
maldição, conforme a tudo o que _está_ escripto no livro da lei.

35 Palavra nenhuma houve, de tudo o que Moysés ordenara, que Josué não
lesse perante toda a congregação d’Israel, e das mulheres, e [21] dos
meninos, e dos estrangeiros, que andavam no meio d’elles.

[1] Deu. 1.21 e 7.18 e 31.8. cap. 1.9 e 6.2.

[2] cap. 6.21. Deu. 20.14.

[3] Jui. 20.29.

[4] Jui. 20.32.

[5] II Sam. 13.28.

[6] ver. 5.

[7] Jui. 20.34. Ecc. 9.12.

[8] Jui. 20.36, etc.

[9] Deu. 7.2.

[10] Num. 31.22, 26. ver. 2.

[11] Deu. 13.16.

[12] cap. 10.26. Psa. 107.40. Deu. 21.23. cap. 10.27.

[13] cap. 7.26 e 10.27.

[14] Deu. 27.4, 5.

[15] Exo. 20.25. Deu. 27.5, 6.

[16] Exo. 20.24.

[17] Deu. 27.2, 8.

[18] Deu. 31.9, 25 e 31.12.

[19] Deu. 11.29 e 27.12.

[20] Deu. 31.11. Neh. 8.3. Deu. 28.2, 15, 45 e 29.20, 21 e 30.19.

[21] Deu. 31.12. ver. 33.



_Os gibeonitas enganam Josué, que faz com elles uma alliança._

9 E succedeu _que_, ouvindo _isto_ todos os reis, que _estavam_ d’áquem
do Jordão, nas montanhas, e nas campinas, em toda a costa do grande [1]
mar, em frente do Libano, os hetheos, e os amorrheos, os cananeos, os
pherezeos, os heveos, e os jebuseos,

2 Se ajuntaram [2] elles de commum accordo, para pelejar contra Josué e
contra Israel.

3 E [3] os moradores de Gibeon ouvindo o que Josué fizera com Jericó e
com Hai,

4 Usaram tambem d’astucia, e foram e se fingiram embaixadores: e tomaram
saccos velhos sobre os seus jumentos, e odres de vinho velhos, e rotos, e
remendados;

5 E nos seus pés sapatos velhos e manchados, e vestidos velhos sobre si:
e todo o pão que traziam para o caminho era secco e bolorento.

6 E vieram a [4] Josué, ao arraial, a Gilgal, e lhe disseram, _a elle_
e aos homens d’Israel: Vimos d’uma terra distante; fazei pois agora
concerto [5] comnosco.

7 E os homens d’Israel responderam aos heveos: Porventura habitaes no
meio de nós; como pois faremos concerto comvosco?

8 Então disseram a Josué: Nós _somos_ [6] teus servos. E disse-lhes
Josué: Quem _sois_ vós, e d’onde vindes?

9 E lhe responderam: Teus servos vieram d’uma terra mui distante, por
causa do [7] nome do Senhor teu Deus: porquanto ouvimos a sua fama, e
tudo quanto fez no Egypto;

10 E tudo quanto [8] fez aos dois reis dos amorrheos, que _estavam_
d’além do Jordão, a Sehon rei de Hesbon, e a Og, rei de Basan, que estava
em Astaroth.

11 Pelo que nossos anciãos e todos os moradores da nossa terra nos
fallaram, dizendo: Tomae comvosco em vossas mãos provisão para o caminho,
e ide-lhes ao encontro: e dizei-lhes: Nós _somos_ vossos servos; fazei
pois agora concerto comnosco.

12 Este nosso pão tomámos quente das nossas casas para nossa provisão, no
dia em que saimos para vir a vós: e eil-o aqui agora já secco e bolorento:

13 E estes odres, que enchemos de vinho, _eram_ novos, e eil-os aqui já
rotos: e estes nossos vestidos e nossos sapatos já se teem envelhecido,
por causa do mui longo caminho.

14 Então aquelles homens tomaram da sua provisão: e não [9] pediram
conselho á bocca do Senhor.

15 E Josué fez paz com elles, e [10] fez _um_ concerto com elles, que
lhes daria a vida: e os principes da congregação lhes prestaram juramento.

16 E succedeu _que_, ao fim de tres dias, depois de fazerem concerto com
elles, ouviram que _eram_ seus visinhos, e que moravam no meio d’elles.

17 Porque, partindo os filhos de Israel, chegaram ás suas cidades ao
terceiro dia: e suas cidades _eram_ [11] Gibeon, e Cefira, e Beeroth, e
Kiriath-jearim.

18 E os filhos de Israel os não feriram; porquanto [12] os principes da
congregação lhes juraram pelo Senhor Deus de Israel: pelo que toda a
congregação murmurava contra os principes.

19 Então todos os principes disseram a toda a congregação: Nós
jurámos-lhes pelo Senhor Deus de Israel: pelo que não podemos tocal-os.

20 Isto, _porém_, lhes faremos: dar-lhes-hemos a vida; para que não haja
_grande_ ira [13] sobre nós, por causa do juramento que _já lhes_ temos
jurado.

21 Disseram-lhes pois os principes: Vivam, e sejam rachadores de lenha
[14] e tiradores de agua para toda a congregação, como os principes lhes
teem dito.

22 E Josué os chamou, e fallou-lhes dizendo: Porque nos enganastes,
dizendo: Mui longe [15] de vós habitamos, morando vós no meio de nós?

23 Agora pois _sereis_ malditos: [16] e d’entre vós não deixará de haver
servos, nem rachadores de lenha, nem tiradores de agua, para a casa do
meu Deus.

24 Então responderam a Josué, e disserem: Porquanto com certeza foi
annunciado aos teus servos que o Senhor teu Deus ordenou a [17] Moysés,
seu servo, que a vós daria toda esta terra, e destruiria todos os
moradores da terra diante de vós, tememos muito por [18] nossas vidas por
causa de vós; por isso fizemos assim.

25 E eis que agora estamos [19] na tua mão: faze aquillo que te pareça
bom e recto que se nos faça.

26 Assim pois lhes fez: e livrou-os das mãos dos filhos de Israel, e não
os mataram.

27 E, n’aquelle dia, Josué os deu como rachadores de lenha [20] e
tiradores de agua para a congregação e para o altar do Senhor, [21] até
_ao dia de_ hoje, no logar que escolhesse.

[1] Num. 34.6. Exo. 3.17 e 23.23.

[2] Psa. 83.4, 6.

[3] cap. 10.2. II Sam. 21.1. cap. 6.27.

[4] cap. 5.10.

[5] cap. 11.19. Exo. 23.32. Deu. 7.2 e 20.16. Jui. 2.2.

[6] Deu. 20.11. II Reis 10.5.

[7] Deu. 20.15. Exo. 15.14. Jos. 2.10.

[8] Num. 21.24, 33.

[9] Num. 27.21. Isa. 30.1, 2. Jui. 1.1. I Sam. 22.10 e 23.10, 11 e 30.8.
II Sam. 2.1 e 5.19.

[10] cap. 11.19. II Sam. 21.2.

[11] cap. 18.25, 26, 28. Esd. 2.25.

[12] Psa. 15.4. Ecc. 5.2.

[13] II Sam. 21.1, 2, 6. Eze. 17.13, 15, 18, 19. Zac. 5.3, 4. Mal. 3.5.

[14] Deu. 29.21. ver. 15.

[15] ver. 6, 9, 16.

[16] Gen. 9.25. ver. 11, 27.

[17] Exo. 23.32. Deu. 7.1, 2.

[18] Exo. 15.14.

[19] Gen. 16.6.

[20] ver. 21, 23.

[21] Deu. 12.5.



_Gibeon é sitiada por cinco reis._

10 E succedeu _que_, ouvindo Adonizedek, rei de Jerusalem, que Josué
tomara a Hai, e a tinha destruido totalmente, _e_ fizera a Hai e ao seu
rei como tinha feito [1] a Jericó e ao seu rei, e que os moradores de
Gibeon fizeram paz com os israelitas, e estavam no meio d’elles,

2 Temeram [2] muito: porque Gibeon _era_ uma cidade grande como uma das
cidades reaes, e ainda maior do que Hai, e todos os seus homens valentes.

3 Pelo que Adonizedek, rei de Jerusalem, enviou a Hoham, rei de Hebron,
e a Piram, rei de Jarmuth, e a Jafia, rei de Lachis, e a Debir, rei de
Eglon, dizendo:

4 Subi a mim, e ajudae-me, e firamos a Gibeon: porquanto [3] fez paz com
Josué e com os filhos de Israel.

5 Então se ajuntaram, e subiram cinco reis dos amorrheos, o rei de
Jerusalem, o rei de Hebron, o rei de Jarmuth, o rei de Lachis, o rei
de Eglon, elles e todos os seus exercitos: e sitiaram [4] a Gibeon e
pelejaram contra ella.


_Josué soccorre a Gibeon._

6 Enviaram pois os homens de Gibeon a Josué [5] ao arraial de Gilgal,
dizendo: Não retires as tuas mãos de teus servos; sobe apressadamente a
nós, e livra-nos, e ajuda-nos, porquanto todos os reis dos amorrheos, que
habitam na montanha, se ajuntaram contra nós.

7 Então subiu Josué de Gilgal, elle e toda a gente [6] de guerra com
elle, e todos os valentes e valorosos.

8 E o Senhor disse a Josué: Não os temas, [7] porque os tenho dado na tua
mão: nenhum d’elles parará diante de ti.

9 E Josué lhes sobreveiu de repente, porque toda a noite veiu subindo
desde Gilgal.

10 E o Senhor os conturbou [8] diante de Israel, e os feriu de grande
ferida em Gibeon; e seguiu-os pelo caminho que sobe a Bethoron, e os
feriu até Azeka e a Makeda.

11 E succedeu _que_, fugindo elles diante de Israel, á descida de
Bethoron, o Senhor lançou [9] sobre elles, do céu, grandes pedras até
Azeka, e morreram: _e foram_ muitos mais _os que_ morreram das pedras da
saraiva do que os que os filhos d’Israel mataram á espada.


_O sol e a lua são detidos._

12 Então Josué fallou ao Senhor, no dia em que o Senhor deu os amorrheos
na mão dos filhos de Israel, e disse aos olhos dos israelitas: Sol,
detem-te em Gibeon, e _tu_, [10] lua, no valle de Ajalon.

13 E o sol se deteve, e a lua parou, até que o povo se vingou de seus
inimigos. Isto não _está_ [11] escripto no livro do [IC] Recto? O sol
pois se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quasi um dia
inteiro.

14 E não houve dia [12] similhante a este, _nem_ antes nem depois d’elle,
ouvindo o Senhor assim a voz d’um homem: porque o Senhor pelejava por
Israel.

15 E tornou-se [13] Josué, e todo o Israel com elle, ao arraial a Gilgal.


_Josué prende os cinco reis e mata-os._

16 Aquelles cinco reis, porém, fugiram, e se esconderam n’uma cova em
Makeda.

17 E foi annunciado a Josué, dizendo: Acharam-se os cinco reis escondidos
n’uma cova em Makeda.

18 Disse pois Josué: Arrojae grandes pedras á bocca da cova, e ponde
sobre ella homens que os guardem:

19 Porém vos não vos detenhaes; segui os vossos inimigos, e feri os que
ficaram atraz: não os deixeis entrar nas suas cidades, porque o Senhor
vosso Deus já vol-os deu na vossa mão.

20 E succedeu que, acabando Josué e os filhos de Israel de os ferir
a grande ferida, até consumil-os, e _que_ os que ficaram d’elles se
retiraram ás cidades fortes,

21 Todo o povo se tornou em paz a Josué, ao arraial em Makeda: não
havendo ninguem que movesse a sua lingua [14] contra os filhos de Israel.

22 Depois disse Josué: Abri a bocca da cova, e trazei-me aquelles cinco
reis para fóra da cova.

23 Fizeram pois assim, e trouxeram-lhe aquelles cinco reis para fóra da
cova: o rei de Jerusalem, o rei de Hebron, o rei de Jarmuth, o rei de
Lachis, _e_ o rei de Eglon.

24 E succedeu _que_, trazendo aquelles reis a Josué, Josué chamou todos
os homens de Israel, e disse aos capitães da gente de guerra, que com
elle foram: Chegae, ponde os vossos [15] pés sobre os pescoços d’estes
reis. E chegaram, e pozeram os seus pés sobre os seus pescoços.

25 Então Josué lhes disse: Não temaes, nem vos espanteis: [16]
esforçae-vos e animae-vos; porque assim o fará o Senhor a todos os vossos
inimigos, contra os quaes pelejardes.

26 E, depois d’isto, Josué os feriu e os matou, e os enforcou em cinco
madeiros: e ficaram enforcados [17] nos madeiros até á tarde.

27 E succedeu _que_, ao tempo do pôr do sol, deu Josué ordem que os
tirassem [18] dos madeiros: e lançaram-n’os na cova onde se esconderam:
e pozeram grandes pedras á bocca da cova, _que ainda ali estão_ até _ao_
mesmo _dia de hoje_.


_Josué vence mais sete reis._

28 E n’aquelle mesmo dia tomou Josué a Makeda, e feriu-a a fio de espada,
e destruiu o seu rei, a elles, e a toda a alma que n’ella _havia_; nada
deixou de resto: e fez ao rei de Makeda como [19] fizera ao rei de Jericó.

29 Então Josué e todo o Israel com elle passou de Makeda a Libna, e
pelejou contra Libna;

30 E tambem o Senhor a deu na mão d’Israel, a ella e a seu rei, e a feriu
a fio de espada, a ella e a toda a alma que n’ella _havia_; nada deixou
de resto: e fez ao seu rei como fizera ao rei de Jericó.

31 Então Josué, e todo o Israel com elle, passou de Libna a Lachis: e a
sitiou, e pelejou contra ella;

32 E o Senhor deu a Lachis na mão d’Israel, e tomou-a no dia seguinte,
e a feriu a fio de espada, a ella, e a toda a alma que n’ella _havia_,
conforme a tudo o que fizera a Libna.

33 Então Horan, rei de Gezer, subiu a ajudar a Lachis: porém Josué o
feriu, a elle e ao seu povo, até que nenhum lhe deixou de resto.

34 E Josué, e todo o Israel com elle, passou de Lachis a Eglon: e a
sitiaram, e pelejaram contra ella:

35 E no mesmo dia a tomaram, e a feriram a fio de espada; e a toda a
alma, que n’ella _havia_, destruiu totalmente no mesmo dia: conforme a
tudo o que fizera a Lachis.

36 Depois Josué, e todo o Israel com elle, subiu d’Eglon a [20] Hebron, e
pelejaram contra ella;

37 E a tomaram, e a feriram ao fio de espada, assim ao seu rei como a
todas as suas cidades; e a toda a alma, que n’ellas _havia_, a ninguem
deixou com vida, conforme a tudo o que fizera a Eglon: e a destruiu
totalmente, a ella e a toda a alma que n’ella _havia_.

38 Então Josué, e todo o Israel com elle, tornou a Debir, [21] e pelejou
contra ella;

39 E tomou-a com o seu rei, e a todas as suas cidades, e as feriram a fio
de espada, e a toda a alma que n’ellas _havia_ destruiram totalmente,
nada deixou de resto: como fizera a Hebron, assim fez a Debir e ao seu
rei, e como fizera a Libna e ao seu rei.

40 Assim feriu Josué toda aquella terra, as montanhas, o sul, e as
campinas, e as descidas das aguas, e a todos os seus reis; nada deixou de
resto: mas tudo o que tinha folego destruiu, como ordenara o [22] Senhor
Deus d’Israel.

41 E Josué os feriu desde Cades-barnea, e até Gaza: [23] como tambem toda
a terra de Gosen, e até Gibeon.

42 E d’uma vez tomou Josué todos estes reis, e as suas terras: porquanto
o [24] Senhor Deus d’Israel pelejava por Israel.

43 Então Josué, e todo o Israel com elle, se tornou ao arraial em Gilgal.

[1] cap. 6.21 e 8.22, 26, 28 e 9.15.

[2] Exo. 15.14, 15, 16. Deu. 11.25.

[3] ver. 1. cap. 9.15.

[4] cap. 9.2.

[5] cap. 5.10 e 9.6.

[6] cap. 8.1.

[7] cap. 11.6. Jui. 4.14. cap. 1.5.

[8] Jui. 4.15. I Sam. 7.10, 12. Psa. 18.15. Isa. 28.21. cap. 16.3, 6 e
15.35.

[9] Psa. 18.14, 16 e 77.17. Isa. 30.30. Apo. 16.21.

[10] Isa. 28.21. Hab. 3.11. Jui. 12.12.

[11] II Sam. 1.18.

[12] Isa. 38.8. Deu. 1.30. ver. 42. cap. 23.3.

[13] ver. 43.

[14] Exo. 11.7.

[15] Psa. 107.40 e 110.5 e 149.8. Isa. 26.5, 6. Mal. 4.3.

[16] Deu. 31.6, 8. cap. 1.9. Deu. 3.21 e 7.19.

[17] cap. 8.29.

[18] Deu. 21.23. cap. 8.29.

[19] cap. 6.21.

[20] cap. 14.13 e 15.13. Jui. 1.10.

[21] cap. 15.15. Jui. 1.11.

[22] Deu. 20.16, 17.

[23] Gen. 10.19. cap. 11.16.

[24] ver. 14.



_As victorias de Josué sobre diversos reis._

[Antes de Christo 1450]

11 Succedeu depois d’isto _que_, ouvindo-_o_ Jabin, rei d’Hazor, enviou a
Jobab, rei de Madon, e [1] ao rei de Simron, e ao rei d’Acsaph;

2 E os reis, que _estavam_ ao norte, nas montanhas, e na campina para o
sul [2] de Cinneroth, e nas planicies, e em Naphoth-dor, da banda do mar;

3 Ao cananeo _do_ oriente e _do_ occidente; e ao amorrheo, e ao hetheo, e
ao pherezeo, e ao jebuseo nas montanhas: e [3] ao heveo ao pé d’Hermon,
na terra de Mispah.

4 Sairam pois estes, e todos os seus exercitos com elles, muito povo,
como a areia [4] que _está_ na praia do mar em multidão: e muitissimos
cavallos e carros.

5 Todos estes reis se ajuntaram, e vieram e se acamparam junto ás aguas
de Merom, para pelejarem contra Israel.

6 E disse o Senhor a Josué: Não temas [5] diante d’elles; porque ámanhã a
esta mesma hora eu os darei todos feridos diante dos filhos d’Israel; [6]
os seus cavallos jarretarás, e os seus carros queimarás a fogo.

7 E Josué, e toda a gente de guerra com elle, veiu apressadamente sobre
elles ás aguas de Merom: e deram n’elles de repente.

8 E o Senhor os deu na mão d’Israel, e os feriram, e os seguiram até á
grande Sidon, e até Misrephoth-main, [7] e até ao valle de Mispah ao
oriente; feriram-os até não lhes deixarem nenhum.

9 E fez-lhes Josué como [8] o Senhor lhe dissera: os seus cavallos
jarretou, e os seus carros queimou a fogo,

10 E n’aquelle mesmo tempo tornou Josué, e tomou a Hazor, e feriu á
espada ao seu rei: porquanto Hazor d’antes era a cabeça de todos estes
reinos.

11 E a toda a alma, que n’ella _havia_, feriram ao fio da espada, e
totalmente os destruiram; nada restou do que tinha folego, e a Hazor
queimou com fogo.

12 E Josué tomou todas as cidades d’estes reis, e todos os seus reis, e
os feriu ao fio da espada, destruindo-os totalmente: como ordenara a [9]
Moysés servo do Senhor.

13 Tão sómente não queimaram os israelitas as cidades que _estavam_ sobre
os seus outeiros: salvo sómente Hazor, _a qual_ Josué queimou.

14 E todos os despojos d’estas cidades, e o gado, os filhos d’Israel
saquearam para si: tão sómente a todos os homens feriram ao fio da
espada, até que os destruiram: nada do que folego tinha deixaram com vida.

15 Como ordenara o [10] Senhor a Moysés seu servo, assim Moysés ordenou
a Josué: e assim Josué o fez; nem uma só palavra tirou de tudo o que o
Senhor ordenara a Moysés.

16 Assim Josué tomou toda aquella terra, as montanhas, [11] e todo o sul,
e toda a terra de Gosen, e as planicies, e as campinas, e as montanhas
d’Israel; e as suas planicies;

17 Desde o monte calvo, [12] que sobe a Seir, até Baal-gad, no valle do
Libano, ás raizes do monte de Hermon: tambem tomou todos os seus reis, e
os feriu [13] e os matou.

18 Por muitos dias Josué fez guerra contra todos estes reis.

19 Não houve cidade que fizesse paz com os filhos d’Israel, senão os
heveos, [14] moradores de Gibeon: por guerra as tomaram todas.

20 Porquanto do [15] Senhor vinha, que os seus corações endurecessem,
para sairem ao encontro a Israel na guerra, para os destruir totalmente,
para se não ter piedade d’elles; mas para os destruir a todos, como o
[16] Senhor tinha ordenado a Moysés.

21 N’aquelle tempo veiu Josué, e extirpou os enaquins [17] das montanhas
d’Hebron, de Debir, d’Anab, e de todas as montanhas de Judah, e de todas
as montanhas d’Israel: Josué os destruiu totalmente com as suas cidades.

22 Nenhum dos enaquins ficou de resto na terra dos filhos d’Israel:
sómente ficaram de resto em Gaza, em Gath, [18] e em Asdod.

23 Assim Josué tomou toda esta terra, conforme [19] a tudo o que o Senhor
tinha dito a Moysés; e Josué a deu em herança [20] aos filhos d’Israel,
conforme ás suas divisões, conforme ás suas tribus: e a terra repousou da
guerra.

[1] cap. 10.3 e 19.15.

[2] Num. 34.11. cap. 17.11. Jui. 1.27. I Reis 4.11.

[3] Jui. 3.3. cap. 13.11. Gen. 31.49.

[4] Gen. 22.17 e 32.12. Jui. 7.12. I Sam. 13.5.

[5] cap. 10.8.

[6] II Sam. 3.4.

[7] cap. 13.6.

[8] ver. 6.

[9] Num. 33.52.

[10] Exo. 34.11. Deu. 7.2. cap. 1.7.

[11] cap. 12.8 e 10.41.

[12] cap. 12.7.

[13] Deu. 7.24. cap. 12.7.

[14] cap. 9.3, 7.

[15] Deu. 3.30. Jui. 14.4. I Sam. 2.25. I Reis 12.15. Rom. 9.19.

[16] Deu. 20.16.

[17] Num. 13.22, 23. Deu. 1.28. cap. 15.13.

[18] I Sam. 17.4. cap. 15.46.

[19] Num. 34.2, etc.

[20] Num. 26.53. cap. 14 e 15 e 16 e 17 e 18 e 19 e 14.15 e 21.44 e 22.4
e 23.1.



_As terras que Moysés deu ás duas e meia tribus._

[Antes de Christo 1445]

12 Estes pois _são_ os reis da terra, aos quaes os filhos de Israel
feriram e possuiram a sua terra d’além do Jordão ao nascente do sol:
desde o [1] [ID] ribeiro d’Arnon, até ao monte d’Hermon, e toda a
planicie do oriente.

2 Sehon, [2] rei dos amorrheos, que habitava em Hesbon e que senhoreava
desde Aroer, que _está_ á borda do ribeiro d’Arnon, e _desde_ o meio do
ribeiro, e _desde_ a metade de Gilead, e até ao ribeiro de Jabbok, o
termo dos filhos de Ammon;

3 E _desde_ a campina [3] até ao mar de Cinneroth para o oriente, e
até ao mar da campina, o mar salgado para o oriente, pelo caminho de
Beth-jesimoth: e desde o sul abaixo d’Asdoth-pisga.

4 Como tambem o termo [4] de Og, rei de Basan, _que era_ do resto dos
gigantes, _e_ que habitava em Astaroth e [5] em Edrei;

5 E senhoreava no monte Hermon, e em Salcha, e em toda a Basan, até ao
termo dos gesureos e dos maacateos, e metade de Gilead, termo de Sehon,
rei de Hesbon.

6 A estes Moysés, servo do [6] Senhor, e os filhos de Israel feriram: e
Moysés, servo do Senhor, deu esta _terra_ aos rubenitas, e aos gaditas, e
á meia tribu de Manasseh em possessão.


_Os trinta e um reis que Josué feriu._

7 E estes _são_ os reis da terra aos quaes feriu Josué [7] e os filhos de
Israel d’áquem do Jordão para o occidente, desde Baal-gad, no valle do
Libano, até ao monte calvo, que sobe a Seir: [8] e Josué a deu ás tribus
de Israel em possessão, segundo as suas divisões;

8 _O que havia_ nas montanhas, [9] e nas planicies, e nas campinas, e nas
descidas das aguas, e no deserto, e para o sul: o heteo, o amorrheo, e o
cananeo, o pherezeo, o heveo, e o jebuseo.

9 O rei de Jericó, [10] um; o rei d’Ai, que _está_ ao lado de Bethel,
outro;

10 O rei de Jerusalem, [11] outro; o rei d’Hebron, outro;

11 O rei de Jarmuth, outro; o rei de Lachis, outro;

12 O rei d’Eglon, [12] outro; o rei de Geser, outro;

13 O rei de Debir, [13] outro; o rei de Geder, outro;

14 O rei d’Horma, outro; o rei d’Harad, outro;

15 O rei de Libna, [14] outro; o rei d’Adullam, outro;

16 O rei de Makeda, [15] outro; o rei de Bethel, outro;

17 O rei de Tappuah, outro; o rei d’Hepher, [16] outro;

18 O rei d’Aphek, outro; o rei de Lassaron, outro;

19 O rei de Madon, outro; o rei d’Hazor, [17] outro;

20 O rei de Simron-meron, [18] outro; o rei d’Achsaph, outro;

21 O rei de Taanach, outro; o rei de Megiddo, outro;

22 O rei de Kedes, [19] outro; o rei de Jokneam do Carmel, outro;

23 O rei de Dor [20] em Nafath-dor, outro; o rei das nações em Gilgal,
outro;

24 O rei de Tirza, outro: trinta e um reis por todos.

[1] Num. 21.24. Deu. 3.8.

[2] Num. 21.24. Deu. 2.33, 36 e 3.6, 16.

[3] Deu. 3.17. cap. 13.20.

[4] Num. 21.35. Deu. 3.4, 10, 11. Deu. 1.4.

[5] Deu. 3.8. cap. 13.11. Deu. 3.14.

[6] Num. 21.24, 33 e 32.29, 33. Deu. 3.11. cap. 13.8.

[7] cap. 11.17.

[8] Gen. 14.6 e 32.3. Deu. 2.1, 4. cap. 11.23.

[9] cap. 10.40 e 11.16. Exo. 3.8 e 23.23. cap. 9.1.

[10] cap. 6.2. cap. 8.29.

[11] cap. 10.23.

[12] cap. 10.33.

[13] cap. 10.38.

[14] cap. 10.29.

[15] cap. 10.28. cap. 8.17. Jui. 1.22.

[16] I Reis 4.10.

[17] cap. 11.10.

[18] cap. 11.1 e 19.15.

[19] cap. 19.37.

[20] cap. 11.2. Gen. 14.1. Isa. 9.1.



_Josué reparte a terra que tinha conquistado._

13 Era, porém, Josué já velho, [1] entrado em dias; e disse-lhe o Senhor:
Já estás velho, entrado em dias; e ainda muitissima terra ficou para
possuir.

2 A terra que fica de resto [2] _é_ esta: todos os termos dos philisteos,
e toda a Gesuri;

3 Desde Sihor, [3] que _está_ defronte do Egypto, até ao termo de Ekron
para o norte, _que_ se conta ser dos cananeos: cinco principes [4]
dos philisteos, o gazeo, e o asdodeo, o ascalonita, o [5] getheo, e o
ekroneo, e os aveos;

4 Desde o sul, toda a terra dos cananeos, e Meara, que _é_ dos sidoneos;
até Aphek: [6] até ao termo dos amorrheos;

5 Como [7] tambem a terra dos gibleos, e todo o Libano para o nascente do
sol, desde Baal-gad, ao pé do monte Hermon, até á entrada d’Hamath;

6 Todos os que habitam nas montanhas desde o Libano até [8]
Misrephoth-main, todos os sidoneos; eu os lançarei de diante dos filhos
de Israel: tão sómente faze que _a terra_ caia a Israel em sorte por [9]
herança, como _já_ t’o tenho mandado.

7 Reparte pois agora esta terra por herança ás nove tribus e á meia tribu
de Manasseh;

8 Com quem os rubenitas e os gaditas _já_ receberam a sua herança; a qual
lhes deu Moysés d’além do Jordão para o oriente; como _já_ lhes tinha
dado [10] Moysés, servo do Senhor,

9 Desde Aroer, que _está_ á borda do ribeiro d’Arnon, e a cidade que
_está_ no meio do valle, e toda [11] a campina de Medeba até Dibon;

10 E todas [12] as cidades de Sehon, rei dos amorrheos, que reinou em
Hesbon, até ao termo dos filhos d’Ammon;

11 E Gilead, e [13] o termo dos gesureos, e dos maacateos, e todo o monte
Hermon, e toda a Basan até Salcha:

12 Todo o reino d’Og em Basan, que reinou em Astaroth e em Edrei; este
ficou do resto dos gigantes [14] que Moysés feriu e expelliu.

13 Porém os filhos de Israel não expelliram os gesureos, nem os
maacateos; antes Gesur [15] e Maacath habitaram no meio de Israel até _ao
dia de_ hoje.

14 Tão sómente á tribu [16] de Levi não deu herança: os sacrificios
queimados do Senhor Deus de Israel _são_ a sua herança, como _já_ lhe
tinha dito.

15 Assim Moysés deu á tribu dos filhos de Ruben, conforme as suas
familias.

16 E foi o seu termo desde [17] Aroer, que _está_ á borda do ribeiro
d’Arnon, e a cidade que _está_ no meio do valle, e toda a campina até
Medeba;

17 Hesbon e todas as suas cidades, que _estão_ na campina: Dibon, e
Bamoth-baal, e Beth-baal-meon;

18 E Jahsa, [18] e Kedemoth, e Mephaat;

19 E Kiriathaim, [19] e Sibma, e Zereth, _e_ Hassahar, no monte do valle;

20 E Beth-peor, e [20] Asdoth-pisga, e Beth-jesimoth;

21 E todas [21] as cidades da campina, e todo o reino de Sehon, rei dos
amorrheos, que reinou em Hesbon, a quem Moysés feriu, [22] como tambem
aos principes de Midian, Evi, e Rekem, e Sur, e Hur, e Reba, principes de
Sehon, moradores da terra.

22 Tambem os filhos de Israel mataram á espada a Balaão, [23] filho de
Beor, o adivinho, como os mais que por elles foram mortos.

23 E foi o termo dos filhos de Ruben o Jordão e o _seu_ termo; esta _é_ a
herança dos filhos de Ruben, segundo as suas familias, as cidades, e as
suas aldeias.

24 E deu Moysés á tribu de Gad, aos filhos de Gad, segundo as suas
familias.

25 E foi o seu termo [24] Jaezer, e todas as cidades de Gilead, e metade
da terra dos filhos d’Ammon, até Aroer, que _está_ defronte de Rabba;

26 E desde Hesbon até Ramath-mispe, e Bethonim: e desde Mahanaim até ao
termo de Debir;

27 E no valle Beth-aram, e [25] Beth-nimra, e Succoth, e Saphon, _que
ficara do_ resto do reino do rei de Sehon _em_ Hesbon, o Jordão e o _seu_
termo, até á extremidade do [26] mar de Cinnereth d’além do Jordão para o
oriente.

28 Esta _é_ a herança dos filhos de Gad, segundo as suas familias, as
cidades e as suas aldeias.

29 Deu tambem Moysés _herança_ á meia tribu de Manasseh, que ficou á meia
tribu dos filhos de Manasseh, segundo as suas familias,

30 De maneira que o seu termo foi desde Mahanaim, todo o Basan, todo o
reino d’Og, rei de Basan, e todas as aldeias de Jair, [27] que _estão_ em
Basan, sessenta cidades,

31 E metade de Gilead, e Astaroth, e [28] Edrei, cidades do reino d’Og,
em Basan, aos filhos de Machir, filho de Manasseh, _a saber_, á metade
dos filhos de Machir, segundo as suas familias.

32 Isto _é_ o que Moysés repartiu em herança nas campinas de Moab, d’além
do Jordão de Jericó para o oriente.

33 Porém á tribu [29] de Levi Moysés não deu herança: o Senhor Deus de
Israel _é_ a sua herança, como _já_ lhe tinha dito.

[1] cap. 14.10 e 23.1.

[2] Jui. 3.1. Joel 3.4. ver. 13. II Sam. 3.3 e 13.37, 38.

[3] Jer. 2.18.

[4] Jui. 3.3. I Sam. 6.4, 16. Sof. 2.5.

[5] Deu. 2.23.

[6] cap. 19.30. Jui. 1.34.

[7] I Reis 5.18. Eze. 27.9. cap. 12.7.

[8] cap. 11.8. cap. 23.13. Jui. 2.21, 23.

[9] cap. 14.1.

[10] Num. 32.33. Deu. 3.12. cap. 22.4.

[11] ver. 16. Num. 21.30.

[12] Num. 21.24, 25.

[13] cap. 12.5.

[14] Deu. 3.11. cap. 12.4. Num. 21.24, 35.

[15] ver. 11.

[16] Num. 18.20, 23, 24. cap. 14.3, 4. ver. 33.

[17] cap. 12.2. Num. 21.28, 30. ver. 9.

[18] Num. 21.33.

[19] Num. 32.37, 38.

[20] Deu. 3.17. cap. 12.3.

[21] Deu. 3.10.

[22] Num. 21.24 e 31.8.

[23] Num. 22.5.

[24] Num. 32.35 e 21.26, 28, 29. Deu. 2.19. Jui. 11.13, 15, etc. II Sam.
11.1 e 12.26.

[25] Num. 32.36. Gen. 33.17. I Reis 7.46.

[26] Num. 34.11.

[27] Num. 32.41. I Chr. 2.23.

[28] cap. 12.4. Num. 32.39, 40.

[29] ver. 14. cap. 18.7. Num. 18.20. Deu. 10.9 e 18.1, 2.



_Josué dá a Caleb, em herança, Hebron._

[Antes de Christo 1444]

14 Isto pois _é_ o que os filhos de Israel tiveram em herança na terra
de Canaan: o que Eleazar, o sacerdote, [1] e Josué, filho de Nun, e os
Cabeças dos paes das tribus dos filhos de Israel lhes fizeram repartir,

2 Por sorte da sua herança, [2] come o Senhor ordenara, [IE] pelo
ministerio de Moysés, ácerca das nove tribus e da meia tribu.

3 Porquanto ás duas tribus e á meia tribu _já_ deu Moysés [3] herança
d’além do Jordão: mas aos levitas não tinha dado herança entre elles.

4 Porque os filhos de José foram duas tribus, [4] Manasseh e Ephraim: e
aos levitas não deram herança na terra, senão cidades em que habitassem,
e os seus arrabaldes para seu gado e para sua possessão.

5 Como o Senhor ordenara [5] a Moysés, assim fizeram os filhos d’Israel,
e repartiram a terra.

6 Então os filhos de Judah chegaram a Josué em Gilgal; e Caleb, filho de
Jefoné o kenezeo, lhe disse: [6] Tu sabes a palavra que o Senhor fallou a
Moysés, homem de Deus, em [7] Cades-barnea, por causa de mim e de ti.

7 Da edade de quarenta annos _era_ eu, quando Moysés, servo do Senhor, me
enviou de Cades-barnea a [8] espiar a terra: e eu lhe trouxe resposta,
como _sentia_ no meu coração:

8 Mas meus irmãos, [9] que subiram comigo, fizeram derreter o coração do
povo; eu porém perseverei [10] em seguir ao Senhor meu Deus.

9 Então Moysés n’aquelle dia jurou, dizendo: Certamente a terra [11] que
pisou o teu pé será tua, e de teus filhos, em herança perpetuamente; pois
perseveraste em seguir ao Senhor meu Deus.

10 E agora eis-que o Senhor me conservou em vida, [12] como disse;
quarenta e cinco annos ha agora, desde que o Senhor fallou esta palavra a
Moysés, andando Israel ainda no deserto: e agora eis-que _já hoje sou_ de
edade de oitenta e cinco annos.

11 E ainda hoje _estou tão_ forte como [13] no dia em que Moysés me
enviou; qual a minha força então _era_, tal _é_ agora a minha força, para
a guerra, e para sair e para entrar.

12 Agora pois dá-me este monte de que o Senhor fallou aquelle dia:
pois n’aquelle dia tu ouviste que os anekins _estão_ ali, e grandes e
fortes cidades _ha ali_: porventura o Senhor _será_ comigo, [14] para os
expellir, como o Senhor disse.

13 E Josué [15] o abençoou, e deu a Caleb, filho de Jefoné, a Hebron em
herança.

14 Portanto [16] Hebron foi de Caleb, filho de Jefoné o kenezeo, em
herança até _ao dia d_’hoje: porquanto perseverara em seguir [17] ao
Senhor Deus d’Israel.

15 E _era_ d’antes o nome d’Hebron [IF] Kiriath-arba, [18] _porque Arba_
foi um grande homem entre os anekins. E a terra repousou da guerra.

[1] Num. 34.17, 18.

[2] Num. 26.55 e 33.54 e 34.13.

[3] cap. 13.8, 32, 33.

[4] Gen. 48.5. I Chr. 5.1, 2.

[5] Num. 35.2. cap. 21.2.

[6] Num. 32.12. cap. 15.17. Num. 14.24, 30. Deu. 1.36, 38.

[7] Num. 13.26.

[8] Num. 13.6 e 14.6.

[9] Num. 13.31, 32. Deu. 1.28.

[10] Num. 14.24. Deu. 1.36.

[11] Num. 14.23, 24. Deu. 1.36. cap. 1.3. Num. 13.22.

[12] Num. 14.30.

[13] Deu. 34.7 e 31.2.

[14] Num. 13.28, 33. Psa. 18.33. Rom. 8.31. cap. 15.14. Jui. 1.20.

[15] cap. 22.6 e 10.37 e 15.13. Jui. 1.20. cap. 21.11, 12. I Chr. 6.55,
56.

[16] cap. 21.12.

[17] ver. 8, 9.

[18] Gen. 23.2. cap. 15.13 e 11.23.



_As heranças das nove e meia tribus. A herança de Judah._

15 E foi a sorte da tribu dos filhos de Judah, segundo as suas familias,
até ao termo d’Edom, [1] o deserto de Sin para o sul, até a extremidade
da banda do sul.

2 E foi o seu termo para o sul, desde a ribeira do mar salgado, desde a
[IG] bahia que olha para o sul;

3 E sae para o sul, até á subida d’Akrabbim, [2] e passa a Sin, e sobe do
sul a Cades-Barnea, e passa por Hezron, e sobe a Adar, e rodeia a Carca:

4 E passa Asmon, [3] e sae ao ribeiro do Egypto, e as saidas d’este termo
irão até ao mar: este será o vosso termo da banda do sul.

5 O termo porém para o oriente _será_ o mar salgado, até á extremidade
do Jordão: e o termo para o norte _será_ da bahia do mar, desde a
extremidade do Jordão.

6 E este termo subirá até [4] Beth-hogla, e passará do norte a
Beth-araba, e este termo subirá até á pedra de Bohan, filho de Ruben.

7 Subirá mais este termo a Debir desde o valle d’Acor, [5] e olhará pelo
norte para Gilgal, a qual _está_ á subida d’Adummim, que _está_ para o
sul do ribeiro: então este termo passará até ás aguas d’En-semes: e as
suas saidas _estarão_ da banda [6] d’En-rogel.

8 E este termo passará pelo valle do filho [7] d’Hinnom, da banda dos
jebuseos do sul: esta _é_ Jerusalem: e subirá este termo até ao cume do
monte que _está_ diante do valle d’Hinnom para o occidente, que _está_ no
fim do valle [8] dos rephains da banda do norte.

9 Então este termo irá desde a altura do monte até á fonte [9] das aguas
de Nephtoah; e sairá até ás cidades do monte d’Ephron; irá mais este
termo até Baala; esta _é_ Kiriath-jearim:

10 Então tornará este termo desde Baala para o occidente, até ás
montanhas de Seir, e passará ao lado do monte de Jearim da banda do
norte; esta _é_ Kesalon, e descerá a Beth-semes, e passará [10] por Timna.

11 Sairá este termo mais ao lado d’Ekron [11] para o norte, e este termo
irá a Sicron, e passará o monte de Baala, e sairá em Jabneel: e as saidas
d’este termo [12] eram no mar.

12 _Será_ porém o termo da banda do occidente o mar grande, e o _seu_
termo: este _é_ o termo dos filhos [13] de Judah ao redor, segundo as
suas familias.

13 Mas a Caleb, filho de Jefoné, deu _uma_ parte no meio dos filhos de
Judah, conforme ao dito do Senhor a Josué: _a saber_, a cidade de Arba,
pae d’Enak; este _é_ Hebron.

14 E expelliu Caleb d’ali [14] os tres filhos d’Enak: Sesai, e Ahiman, e
Talmai, gerados d’Enak.

15 E d’ali subiu [15] aos habitantes de Debir: e _fôra_ d’antes o nome de
Debir Kiriath-sepher.

16 E disse Caleb: [16] Quem ferir a Kiriath-sepher, e a tomar, lhe darei
a minha filha Acsa por mulher.

17 Tomou-a pois Othniel, [17] filho de Kenaz, irmão de Caleb: e deu-lhe a
sua filha Acsa por mulher.

18 E succedeu _que_, [18] vindo ella _a elle_, o persuadiu que pedisse um
campo a seu pae: e ella se apeou do jumento: então Caleb lhe disse: Que
_é que_ tens?

19 E ella disse; [19] Dá-me [IH] _uma_ benção; pois me déste terra secca,
dá-me tambem fontes de aguas. Então lhe deu as fontes superiores e as
fontes inferiores.

20 Esta _é_ a herança da tribu dos filhos de Judah, segundo as suas
familias.

21 São pois as cidades da extremidade da tribu dos filhos de Judah até ao
termo d’Edom para o sul: Cabzeel, e Eder, e Jagur,

22 E Kina, e Dimona, e Adada,

23 E Kedes, e Hasor, e Itnan,

24 Zif, e Telem, e Bealoth,

25 E Hasor, Hadattha, e Kirioth-hesron (que _é_ Hasor),

26 Aman, e Sema, e Molada,

27 E Hasar-gadda, e Hesmone, e Beth-palet,

28 E Hasar-sual, e Beer-seba, e Bizjo-theja,

29 Baala, e Jim, e Ezem,

30 E Eltolad, e Chesil, e Horma,

31 E Siklag, [20] e Madmanna, e Sansanna,

32 E Lebaoth, e Silhim, e Ain, e Rimmon: todas as cidades e as suas
aldeias, vinte e nove.

33 Nas planicies: [21] Esthaol, e Sora, e Asna,

34 E Zanoah, e En-gannim, Tappuah, e Enam,

35 Iarmuth, e Adullam, Socho, e Azeka,

36 E Saaraim, e Adithaim, e Gedera, e Gederothaim, quatorze cidades e as
suas aldeias.

37 Senan, e Hadasa, e Migdal-gad,

38 E Dilan, e Mispah, [22] e Jokteel,

39 Lachis, e Boscath, e Eglon,

40 E Cabbon, e Lahmas, e Chitlis,

41 E Gederoth, Beth-dagon, e Naama, e Makeda: dezeseis cidades e as suas
aldeias.

42 Libna, e Ether, e Asan,

43 E Iphtah, e Asna, e Nezib,

44 E Keila, e Aczib, e Maresa: nove cidades e as suas aldeias.

45 Ekron, e os logares da sua jurisdicção, e as suas aldeias:

46 Desde Ekron, e até ao mar, todas as que _estão_ da banda d’Asdod, e as
suas aldeias.

47 Asdod, os logares da sua jurisdicção, e as suas aldeias; Gaza, os
logares [23] da sua jurisdicção, e as suas aldeias, até ao rio do Egypto:
e o mar grande e o _seu_ termo.

48 E nas montanhas, Samir, Iatthir, e Socoh,

49 E Danna, e Kiriath-sanna, que _é_ Debir,

50 E Anab, Estemo, e Anim,

51 E Gosen, [24] e Holon, e Gilo: onze cidades e as suas aldeias.

52 Arab, e Duma, e Esan,

53 E Ianum, e Beth-tappuah, e Apheka,

54 E Humta, e Kiriath-arba [25] (que _é_ Hebron), e Sihor: nove cidades e
as suas aldeias.

55 Maon, Carmel, e Zif, e Iuta,

56 E Jezreel, e Jokdeam, e Zanoah,

57 Cain, Gibea, e Timna: dez cidades e as suas aldeias.

58 Halhul, Beth-sur, e Gedor,

59 E Maarath, e Beth-anoth, e Eltekon: seis cidades e as suas aldeias.

60 Kiriath-baal [26] (que _é_, Kiriath-jearim), e Rabba: duas cidades e
as suas aldeias.

61 No deserto: Beth-araba, Middin, e Secaca,

62 E Nibsan, e a cidade do sal, e Engedi: seis cidades e as suas aldeias.

63 Não poderam porém os filhos de Judah expellir [27] os jebuseos que
habitavam em Jerusalem; assim habitaram os jebuseos com os filhos de
Judah em Jerusalem, até _ao dia de_ hoje.

[1] Num. 34.3 e 33.36.

[2] Num. 34.4.

[3] Num. 34.5.

[4] cap. 18.19 e 18.17.

[5] cap. 7.26.

[6] II Sam. 17.17. I Reis 1.9.

[7] cap. 18.16. II Sam. 23.10. Jer. 19.2, 6. cap. 12.28. Jui. 1.21 e
19.10.

[8] cap. 18.16.

[9] cap. 18.15. I Chr. 13.6. Jui. 18.12.

[10] Gen. 38.13. Jui. 14.4.

[11] cap. 19.43.

[12] ver. 47. Num. 34.6, 7.

[13] cap. 14.13, 15.

[14] Jui. 1.10, 20. Num. 13.22.

[15] cap. 10.28. Jui. 1.11.

[16] Jui. 1.12.

[17] Jui. 1.13 e 3.9. Num. 32.12. cap. 14.6.

[18] Jui. 1.14. Gen. 24.64. I Sam. 25.23.

[19] Gen. 33.11.

[20] I Sam. 27.6.

[21] Num. 13.23.

[22] II Reis 14.7.

[23] ver. 4. Num. 34.6.

[24] cap. 10.41 e 11.16.

[25] ver. 13. cap. 14.15.

[26] cap. 18.14.

[27] Jui. 1.8, 21. II Sam. 5.6. Jui. 1.21.



_As heranças dos filhos de José. A herança de Ephraim._

16 Saiu depois a sorte dos filhos de José, desde o Jordão de Jericó ás
aguas de Jericó, para o oriente, subindo ao deserto de Jericó pelas
montanhas de Beth-el;

2 E de Beth-el sae a Luza, [1] e passa ao termo dos archeos, até Ataroth;

3 E desce da banda do occidente ao termo [2] de Japhleti, até ao termo de
Beth-horon de baixo, e até Gazer, sendo as suas saidas para o mar.

4 Assim alcançaram a sua herança os filhos de José, Manasseh e Ephraim.

5 E foi o termo dos filhos [3] de Ephraim, segundo as suas familias, _a
saber_: o termo da sua herança para o oriente era Atharoth-addar [4] até
Beth-horon de cima:

6 E sae este termo para o occidente junto a Mikametath, [5] desde o
norte, e torna este termo para o oriente a Thaanat-silo, e passa por ella
desde o oriente a Janoha;

7 E desce desde Janoha a Atharoth e a Naharath, [6] e toca em Jericó, e
vae sair ao Jordão.

8 De Tappuah vae este termo para o occidente ao ribeiro de Cana, [7] e as
suas saidas no mar: esta _é_ a herança da tribu dos filhos de Ephraim,
segundo as suas familias.

9 E as cidades que [8] se separaram para os filhos de Ephraim _estavam_
no meio da herança dos filhos de Manasseh: todas aquellas cidades e as
suas aldeias.

10 E não expelliram aos cananeos [9] que habitavam em Gazer: e os
cananeos habitaram no meio dos ephraimitas até _ao dia de_ hoje; porém
serviam-n’os, _sendo-lhes_ tributarios.

[1] cap. 18.13. Jui. 1.26.

[2] cap. 18.13. II Chr. 8.5. I Chr. 7.28. I Reis 9.15.

[3] cap. 17.14.

[4] cap. 18.13. II Chr. 8.5.

[5] cap. 17.7.

[6] I Chr. 7.28.

[7] cap. 17.9.

[8] cap. 17.9.

[9] Jui. 1.29. I Reis 9.10.



_A herança da meia tribu de Manasseh._

17 Tambem caiu a sorte á tribu de Manasseh, porquanto era [1] o
primogenito de José, _a saber_: Machir, o primogenito de Manasseh, pae de
Gilead, porquanto era homem de guerra, teve a Gilead e Basan.

2 Tambem os mais [2] filhos de Manasseh tiveram _sorte_, segundo as suas
familias, _a saber_: os filhos d’Abiezer, e [3] os filhos de Helek, e
os filhos d’Asriel, e os filhos de Sechem, e os filhos de Hepher, e os
filhos de Semida: estes _são_ os filhos machos de Manasseh, filho de
José, segundo as suas familias.

3 Selofad, [4] porém, filho d’Hepher, o filho de Gilead, filho de Machir,
o filho de Manasseh, não teve filhos, mas só filhas: e estes _são_ os
nomes de suas filhas: Machla, Noa, Hogla, Milka e Tirsa.

4 _Estas_, pois, chegaram diante d’Eleazar, [5] o sacerdote, e diante de
Josué, filho de Nun, e diante dos principes, dizendo: O Senhor ordenou a
Moysés [6] que se nos désse herança no meio de nossos irmãos: pelo que,
conforme ao dito do Senhor, lhes deu herança no meio dos irmãos de seu
pae.

5 E cairam a Manasseh dez quinhões, afóra a terra de Gilead, e Basan que
_está_ d’além do Jordão;

6 Porque as filhas de Manasseh no meio de seus filhos possuiram herança:
e a terra de Gilead tiveram os outros filhos de Manasseh.

7 E o termo de Manasseh foi desde Aser até [7] Mikmetath, que _está_
diante de Sechem: e vae este termo á mão direita, até aos moradores
d’En-tappuah.

8 Tinha Manasseh a terra de Tappuah: porém a Tappuah, [8] no termo de
Manasseh, tinham os filhos d’Ephraim.

9 Então desce este termo ao ribeiro de Cana, para o sul do ribeiro:
d’Ephraim _são_ estas cidades [9] no meio das cidades de Manasseh: e o
termo de Manasseh _está_ ao norte do ribeiro, sendo as suas saidas no mar.

10 Ephraim ao sul, e Manasseh ao norte, e o mar _é_ o seu termo: pelo
norte tocam em Aser, e pelo oriente em Issacar.

11 Porque em Issacar e em Aser tinha Manasseh [10] a Beth-sean e os
logares da sua jurisdicção, e Ibleam e os logares da sua jurisdicção, e
os habitantes de Dor e os logares da sua jurisdicção, e os habitantes
d’En-dor e os logares da sua jurisdicção, e os habitantes de Thaanak e os
logares da sua jurisdicção, e os habitantes de Megiddo e os logares da
sua jurisdicção: tres comarcas.

12 E os filhos de Manasseh [11] não poderam expellir _os habitantes
d’_aquellas cidades: porquanto os cananeos queriam habitar na mesma terra.

13 E succedeu _que_, engrossando em forças [12] os filhos de Israel,
fizeram tributarios aos cananeos; porém não os expelliram de todo.

14 Então os filhos de José fallaram a Josué, dizendo: [13] Porque me
déste por herança _só_ uma sorte e um quinhão, sendo eu um tão grande
povo, visto que o Senhor até aqui me tem abençoado?

15 E disse-lhes Josué: Se tão grande povo és, sobe ao bosque, e corta
para ti ali _logar_ na terra dos phereseos e dos rephains: pois que as
montanhas de Ephraim te são tão estreitas.

16 Então disseram os filhos de José: As montanhas nos não bastariam:
tambem carros ferrados ha entre todos os cananeos que habitam na terra
do valle, entre os de Beth-sean e os logares [14] da sua jurisdicção, e
entre os que _estão_ no valle de Jezreel.

17 Então Josué fallou á casa de José, a Ephraim e a Manasseh, dizendo:
Grande povo és, e grande força tens; uma _só_ sorte não terás;

18 Porém as montanhas serão tuas: _e_, pois que bosque é, corta-o, e as
suas saidas serão tuas: porque expellirás os cananeos, ainda que tenham
carros ferrados, [15] ainda que sejam fortes.

[1] Gen. 41.51 e 46.20 e 48.18 e 50.23. Num. 26.29 e 32.39. I Chr. 7.14.
Deu. 3.15.

[2] Num. 26.29-32.

[3] I Chr. 7.18. Num. 26.31, 32.

[4] Num. 26.33 e 27.1 e 36.2.

[5] cap. 14.1.

[6] Num. 27.6.

[7] cap. 16.6.

[8] cap. 16.8.

[9] cap. 16.9.

[10] I Chr. 7.29. I Sam. 31.10. I Reis 4.12.

[11] Jui. 1.27.

[12] cap. 16.10.

[13] cap. 16.4. Gen. 48.22 e 48.19. Num. 26.34.

[14] Jui. 1.19 e 4.3. cap. 19.18. I Reis 2.12.

[15] Deu. 20.1.



_O tabernaculo é levantado em Silo._

18 E toda a congregação dos filhos de Israel se ajuntou em Silo, [1] e
ali armaram a tenda da congregação, depois que a terra foi sujeita diante
d’elles.

2 E d’entre os filhos de Israel ficaram sete tribus que ainda não tinham
repartido a sua herança.

3 E disse Josué aos filhos de Israel: Até quando sereis negligentes a
passardes para [2] possuir a terra que o Senhor Deus de vossos paes vos
deu?

4 De cada tribu escolhei vós tres homens, para que eu os envie, e se
levantem, e corram a terra, e a descrevam segundo as suas heranças, e se
tornem a mim.

5 E a repartirão em sete partes: Judah [3] ficará no seu termo para o
sul, e a casa de José ficará no seu termo para o norte.

6 E vós descrevereis a terra em sete partes, e _m_’a trareis a mim aqui
_descripta_: para que eu aqui lance as [4] sortes perante o Senhor nosso
Deus.

7 Porquanto os levitas [5] não teem parte no meio de vós, porém o
sacerdocio do Senhor _é_ a sua parte: [6] e Gad, e Ruben e a meia tribu
de Manasseh tomaram a sua herança d’além do Jordão para o oriente, a qual
lhes deu Moysés, o servo do Senhor.

8 Então aquelles homens se levantaram, e se foram: e Josué deu ordem aos
que iam descrever a terra, dizendo: Ide, e correi a terra, e descrevei-a,
e _então_ tornae a mim, e aqui vos lançarei as sortes perante o Senhor,
em Silo.

9 Foram pois aquelles homens, e passaram pela terra, e a descreveram,
segundo as cidades, em sete partes, n’um livro: e voltaram a Josué, ao
arraial em Silo.

10 Então Josué lhes lançou as sortes, em Silo, perante o Senhor; e ali
repartiu Josué a terra aos filhos de Israel, conforme ás suas divisões.


_A herança de Benjamin._

11 E subiu a sorte da tribu dos filhos de Benjamin, segundo as suas
familias: e saiu o termo da sua sorte entre os filhos de Judah e os
filhos de José.

12 E o seu termo [7] foi para a banda do norte, desde o Jordão: e sobe
este termo ao lado de Jericó para o norte, e sobe pela montanha para o
occidente, sendo as suas saidas no deserto de Beth-aven.

13 E d’ali passa este termo a Luza, ao lado de Luza (que _é_ Beth-el) [8]
para o sul: e desce este termo a Ataroth-adar, ao pé do monte que _está_
da banda do sul de Beth-horon a baixa.

14 E vae este termo e torna á banda do occidente para o sul do monte que
_está_ defronte de Beth-horon, para o sul, e as suas saidas vão para
Kiriath-baal [9] (que _é_ Kiriath-jearim), cidade dos filhos de Judah:
esta _é_ a sua extensão para o occidente.

15 E a sua extensão para o sul _está_ á extremidade de Kiriath-jearim:
e sae este termo ao occidente, e vem a sair [10] á fonte das aguas de
Nephtoah.

16 E desce este termo até á extremidade do monte que _está_ defronte do
valle [11] do filho de Hinnom, que _está_ no valle dos rephains, para o
norte, e desce pelo valle de Hinnom da banda dos jebuseos para o sul; e
_então_ desce á fonte de Rogel;

17 E vae desde o norte, e sae a Ensemes; e _d_’ali sae a Geliloth, que
_está_ defronte da subida de Adummim, e desce á pedra [12] de Bohan,
filho de Ruben;

18 E passa até ao lado defronte [13] d’Araba para o norte, e desce a
Araba;

19 Passa mais este termo até ao lado de Beth-hogla para o norte, estando
as saidas d’este termo na lingua do mar salgado para o norte, na
extremidade do Jordão para o sul: este _é_ o termo do sul.

20 E termina o Jordão da banda do oriente: esta _é_ a herança dos filhos
de Benjamin, nos seus termos em redor, segundo as suas familias.

21 E as cidades da tribu dos filhos de Benjamin, segundo as suas
familias, são: Jericó, e Beth-hogla, e Emekkesis,

22 E Beth-araba, e Semaraim, e Beth-el,

23 E Havvim, e Para, e Ophra,

24 E Chephar-haammonai, e Ophni, e Gaba: doze cidades e as suas aldeias:

25 Gibeon, e Rama, e Beeroth,

26 E Mispah, e Chephira, e Mosa,

27 E Rekem, e Irpeel, e Tharala,

28 E Sela, Eleph, e Jebusi [14] (esta _é_ Jerusalem), Gibeath e Kiriath:
quatorze cidades com as suas aldeias: esta _é_ a herança dos filhos de
Benjamin, segundo as suas familias.

[1] cap. 19.51 e 21.2 e 22.9. Jer. 7.12. Jui. 18.31. I Sam. 1.3, 24 e
4.3, 4.

[2] Jui. 18.9.

[3] cap. 15.1 e 16.1, 4.

[4] ver. 10. cap. 14.2.

[5] cap. 13.33.

[6] cap. 13.8.

[7] cap. 16.1.

[8] Gen. 28.19. Jui. 1.23. cap. 16.3.

[9] cap. 15.9.

[10] cap. 15.9.

[11] cap. 15.8.

[12] cap. 15.6.

[13] cap. 15.6.

[14] cap. 15.8.



_A herança de Simeão._

19 E saiu a segunda sorte por Simeão, pela tribu dos filhos de Simeão,
segundo as suas familias: e foi [1] a sua herança no meio da [2] herança
dos filhos de Judah.

2 E tiveram na sua herança: Beer-seba, e Seba, e Molada,

3 E Hassar-sual, e Bala, e Asem,

4 E Eltholad, e Bethul, e Horma,

5 E Siklag, e Beth-hammarcaboth, e Hassar-susa,

6 E Beth-lebaoth, e Saruhen: treze cidades e as suas aldeias.

7 Ain, e Rimmon, e Ether, e Asan: quatro cidades e as suas aldeias.

8 E todas as aldeias que _havia_ em redor d’estas cidades, até
Baalath-beer, _que é_ Ramath do sul: esta _é_ a herança da tribu dos
filhos de Simeão, segundo as suas familias.

9 A herança dos filhos de Simeão _está_ entre o quinhão dos de Judah;
porquanto a herança dos filhos de Judah era demasiadamente grande para
elles: pelo que os filhos [3] de Simeão tiveram a sua herança no meio
d’elles.


_A herança de Zebulon._

10 E saiu a terceira sorte pelos filhos de Zebulon, segundo as suas
familias: e foi o termo da sua herança até Sarid.

11 E sobe [4] o seu termo pelo occidente a Marala, e chega até Dabbeseth:
chega tambem até ao ribeiro que _está_ defronte de Jokneam.

12 E de Sarid volta para o oriente, para o nascente do sol, até ao termo
de Chisloth-tabor, e sae a Dobrath, e vae subindo a Japhia.

13 E d’ali passa pelo oriente para o nascente, a Gath-hepher, em
Ethcasin; e sae a Rimmon-methoar, _que é_ Nea.

14 E torna este termo para o norte a Hannathon: e as suas saidas _são_ o
valle de Iphtah-el,

15 E Cattath, e Nahalal, e Simron, e Idala, e Beth-lehem: doze cidades e
as suas aldeias.

16 Esta _é_ a herança dos filhos de Zebulon, segundo as suas familias:
estas cidades e as suas aldeias.

17 A quarta sorte saiu por Issacar: pelos filhos d’Issacar, segundo as
suas familias.

18 E foi o seu termo Jezreela, e Chesulloth, e Sunem,

19 E Hapharaim, e Sion, e Anacarath,

20 E Rabbith, e Kision, e Ebes,

21 E Remeth, e En-gannim, e En-hadda, e Beth-patses.

22 E chega este termo até Tabor, e Sahasima, e Beth-semes; e as saidas do
seu termo _estão_ para o Jordão: dezeseis cidades e as suas aldeias.

23 Esta _é_ a herança da tribu dos filhos d’Issacar, segundo as suas
familias: estas cidades e as suas aldeias.


_A herança de Aser._

24 E saiu a quinta sorte pela tribu dos filhos d’Aser, segundo as suas
familias.

25 E foi o seu termo Helkath, e Hali, e Beten, e Acsaph,

26 E Alammelech, e Amad, e Misal: e chega a Carmel para o occidente, e a
Sihor-libnath;

27 E volta do nascente do sol a Beth-dagon, e chega a Zebulon e ao valle
de Iphtah-el, ao norte de Beth-emek e de Neiel, e vem sair a Cabul pela
esquerda,

28 E Ebron, e Rehob, e Hammon, e Cana, até á grande [5] Sidon.

29 E volta este termo a Rama, e até á forte cidade de Tyro: então torna
este termo a Hosa, e as suas saidas estão para o mar, desde o quinhão _da
terra_ até [6] Achzib;

30 E Uma, e Aphek, e Rechob: vinte e duas cidades e as suas aldeias.

31 Esta _é_ a herança da tribu dos filhos d’Aser, segundo as suas
familias: estas cidades e as suas aldeias.

32 E saiu a sexta sorte pelos filhos de Naphtali; para os filhos de
Naphtali, segundo as suas familias.

33 E foi o seu termo desde Heleph e desde Allon em Saanannim, e Adami,
Nekeb, e Jabneel, até Lakum: e estão as suas saidas no Jordão.

34 E volta este termo [7] pelo occidente a Azmoth-tabor, e d’ali passa a
Huccok: e chega a Zebulon para o sul, e chega a Aser para o occidente, e
a Judah pelo Jordão, para o nascente do sol.

35 E _são_ as cidades fortes: Siddim, Ser, e Hammath, Raccath, e
Chinnereth,

36 E Adama, e Rama, e Hasor,

37 E Kedes, e Edrei, e En-hazor,

38 E Iron, e Migdal-el, Horem, e Beth-anath, e Beth-semes: dezenove
cidades e as suas aldeias.

39 Esta _é_ a herança da tribu dos filhos de Naphtali, segundo as suas
familias: estas cidades e as suas aldeias.


_A herança de Dan._

40 A setima sorte saiu pela tribu dos filhos de Dan, segundo as suas
familias.

41 E foi o termo da sua herança, Sora, e Estaol, e Ir-semes,

42 E Saalabbin, [8] e Ayalon, e Ithla,

43 E Elon, e Timnath, e Ekron,

44 E Elteke, e Gibthon, e Baalath,

45 E Jehud, e Bene-berak, e Gath-rimmon,

46 E Me-jarcom, e Raccon: com o termo defronte de [II] Japho:

47 Saiu porém pequeno o termo [9] aos filhos de Dan: pelo que subiram os
filhos de Dan, e pelejaram contra Lesem, e a tomaram, e a feriram ao fio
da espada, e a possuiram e habitaram n’ella, e a Lesem chamaram Dan, [10]
conforme ao nome de Dan seu pae.

48 Esta _é_ a herança da tribu dos filhos de Dan, segundo as suas
familias; estas cidades e as suas aldeias.

49 Acabando pois de repartir a terra em herança segundo os seus termos,
deram os filhos d’Israel a Josué, filho de Nun, herança no meio d’elles.

50 Segundo o dito do Senhor lhe deram [11] a cidade que pediu, a
Timnath-serah, na montanha de Ephraim: e reedificou aquella cidade, e
habitou n’ella.

51 Estas _são_ as heranças [12] que Eleazar o sacerdote, e Josué filho de
Nun, e os Cabeças dos paes das familias por sorte em herança repartiram
ás tribus dos filhos d’Israel [13] em Silo, perante o Senhor, á porta da
tenda da congregação. E _assim_ acabaram de repartir a terra.

[1] ver. 9.

[2] I Chr. 4.28.

[3] ver. 1.

[4] Gen. 49.13. cap. 12.22.

[5] cap. 11.8. Jui. 1.31.

[6] Gen. 38.5. Jui. 1.31. Miq. 1.14.

[7] Deu. 33.32.

[8] Jui. 1.35.

[9] Jui. 18.

[10] Jui. 18.29.

[11] cap. 24.30. I Chr. 7.24.

[12] Num. 34.17. cap. 14.1.

[13] cap. 18.1, 10.



_Estabelecem-se as cidades de refugio._

20 Fallou mais o Senhor a Josué, dizendo:

2 Falla aos filhos d’Israel, dizendo: [1] Apartae-vos as cidades de
refugio, de que vos fallei pelo ministerio de Moysés:

3 Para que fuja para ali o homicida, que matar _alguma_ pessoa por erro,
_e_ não com intento: para que vos sejam por refugio do vingador do sangue.

4 E, fugindo para alguma d’aquellas cidades, por-se-ha [2] á porta da
cidade, e proporá as suas palavras perante os ouvidos dos anciãos da tal
cidade: então o tomarão comsigo na cidade: e lhe darão logar, para que
habite com elles.

5 E, se [3] o vingador do sangue o seguir, não entregarão na sua mão
o homicida: porquanto não feriu a seu proximo com intento, e o não
aborreceu d’antes.

6 E habitará na mesma cidade, [4] até que se ponha a juizo perante a
congregação, até que morra o summo sacerdote que houver n’aquelles dias:
então o homicida voltará, e virá á sua cidade, e á sua casa, á cidade
d’onde fugiu.

7 Então [IJ] apartaram a Kedes [5] em Galilea, na montanha de Naphtali, e
a Sichem [6] na montanha d’Ephraim, e a Kiriath-arba, esta _é_ Hebron, na
montanha de Judah.

8 E, d’além do Jordão de Jericó para o oriente, apartaram a Beser, no
deserto, [7] na campina da tribu de Ruben, e a Ramoth em Gilead da tribu
de Gad, e a Golan em Basan da tribu de Manasseh.

9 Estas são as cidades [8] _que foram_ designadas para todos os filhos
d’Israel, e para o estrangeiro que andasse entre elles; para que se
acolhesse a ellas todo aquelle que ferisse _alguma_ pessoa por erro: para
que não morresse ás mãos do vingador do sangue, até [9] se pôr diante da
congregação.

[1] Exo. 21.13. Num. 35.6, 11, 14. Deu. 19.2, 9.

[2] Ruth 4.1.

[3] Num. 35.12.

[4] Num. 35.12, 25.

[5] cap. 21.32. I Chr. 6.76.

[6] cap. 21.21. II Chr. 10.1. cap. 14.15 e 21.11, 13. Luc. 1.39.

[7] Deu. 4.43. cap. 21.36. I Chr. 6.78. cap. 21.38. I Reis 22.3. cap.
21.27.

[8] Num. 35.15.

[9] ver. 6.



_As cidades da tribu de Levi._

21 Então os Cabeças dos paes dos levitas se achegaram [1] a Eleazar o
sacerdote, e a Josué, filho de Nun, e aos Cabeças dos paes das tribus dos
filhos d’Israel;

2 E fallaram-lhes em Silo [2] na terra de Canaan, dizendo: O Senhor
ordenou, pelo ministerio de Moysés, que se nos déssem cidades para
habitar, e os seus arrabaldes para os nossos animaes.

3 Pelo que os filhos d’Israel deram aos levitas da sua herança, conforme
ao dito do Senhor, estas cidades e os seus arrabaldes.

4 E saiu a sorte pelas familias dos kohathitas: e aos filhos [3] de
Aarão, o sacerdote, d’entre os levitas, cairam por sorte da tribu de
Judah, e da tribu de Simeão, e da tribu de Benjamin, treze cidades;

5 E aos outros filhos de [4] Kohath _cairam_ por sorte das familias da
tribu d’Ephraim, e da tribu de Dan, e da meia tribu de Manasseh, dez
cidades;

6 E aos filhos de Gerson [5] _cairam_ por sorte das familias da tribu
d’Issacar, e da tribu d’Aser, e da tribu de Naphtali, e da meia tribu de
Manasseh em Basan, treze cidades;

7 Aos filhos de Merari, [6] segundo as suas familias, da tribu de Ruben,
e da tribu de Gad, e da tribu de Zebulon, doze cidades.

8 E deram os filhos de Israel aos [7] levitas estas cidades e os seus
arrabaldes por sorte, como o Senhor ordenara pelo ministerio de Moysés.

9 Deram mais da tribu dos filhos de Judah e da tribu dos filhos de Simeão
estas cidades, que por nome foram nomeadas:

10 Para que fossem dos filhos d’Aarão, [8] das familias dos kohathitas,
dos filhos de Levi; porquanto a primeira sorte foi sua.

11 Assim lhes [9] deram a cidade d’Arba, do pae d’Anok (esta _é_ Hebron),
[10] no monte de Judah, e os seus arrabaldes em redor d’ella.

12 Porém o campo da cidade, e [11] as suas aldeias, deram a Caleb, filho
de Jefoné, por sua possessão.

13 Assim aos filhos d’Aarão, o sacerdote, deram [12] a cidade do refugio
do homicida, Hebron, e os seus arrabaldes, e [13] Libna, e os seus
arrabaldes;

14 E Jatthir, [14] e os seus arrabaldes, e Estmoa, e os seus arrabaldes;

15 E Cholon, [15] e os seus arrabaldes, e Debir, e os seus arrabaldes,

16 E Ain, [16] e os seus arrabaldes, e Jutta, e os seus arrabaldes, _e_
Beth-semes e os seus arrabaldes: nove cidades d’estas duas tribus.

17 E da tribu de Benjamin, Gibeon, e os seus arrabaldes, [17] Geba, e os
seus arrabaldes;

18 Anathoth, e os seus arrabaldes, e Almon, [18] e os seus arrabaldes;
quatro cidades.

19 Todas as cidades dos sacerdotes, filhos d’Aarão, _foram_ treze cidades
e os seus arrabaldes.

20 E as familias [19] dos filhos de Kohath, levitas, que ficaram dos
filhos de Kohath, tiveram as cidades da sua sorte da tribu d’Ephraim.

21 E deram-lhes Sichem, [20] cidade do refugio do homicida, e os seus
arrabaldes, no monte de Ephraim, e Gezer, e os seus arrabaldes;

22 E Kibsaim, e os seus arrabaldes, e Beth-horon, e os seus arrabaldes:
quatro cidades.

23 E da tribu de Dan, Elteke, e os seus arrabaldes, Gibbethon, e os seus
arrabaldes;

24 Ajalon, e os seus arrabaldes, Gath-rimmon, e os seus arrabaldes:
quatro cidades.

25 E da meia tribu de Manasseh, Taanach, e os seus arrabaldes, e
Gath-rimmon, e os seus arrabaldes: duas cidades.

26 Todas as cidades para as familias dos filhos de Kohath que ficavam,
_foram_ dez, e os seus arrabaldes.

27 E aos filhos [21] de Gerson, das familias dos levitas, Golan da meia
tribu de Manasseh, cidade do [22] refugio do homicida, em Basan, e os
seus arrabaldes, e Be-estra, e os seus arrabaldes: duas cidades.

28 E da tribu de Issacar, Kisjon, e os seus arrabaldes: Daberath, e os
seus arrabaldes;

29 Jarmuth, e os seus arrabaldes, En-gannim, e os seus arrabaldes: quatro
cidades.

30 E da tribu d’Aser, Misal, e os seus arrabaldes, Abdon, e os seus
arrabaldes;

31 Helkath, e os seus arrabaldes, e Rohob, e os seus arrabaldes; quatro
cidades.

32 E da tribu de Naphtali, Kedes, cidade do refugio [23] do homicida,
em Galilea, e os seus arrabaldes, e Hamoth-dor, e os seus arrabaldes; e
Cartan, e os seus arrabaldes: tres cidades.

33 Todas as cidades dos gersonitas, segundo as suas familias, _foram_
treze cidades e os seus arrabaldes.

34 E ás familias dos filhos [24] de Merari, dos levitas que ficavam,
_foram dadas_ da tribu de Zebulon, Jokneam e os seus arrabaldes, Carta e
os seus arrabaldes,

35 Dimna e os seus arrabaldes, Nahalal e os seus arrabaldes: quatro
cidades.

36 E da tribu de Ruben, Beser, e [25] os seus arrabaldes, e Jahaz, e os
seus arrabaldes;

37 Kedemoth, e os seus arrabaldes, e Mephaath, e os seus arrabaldes:
quatro cidades.

38 E da tribu de Gad, Ramoth, cidade do refugio [26] do homicida, em
Gilead, e os seus arrabaldes, e Mahanaim, e os seus arrabaldes;

39 Hesbon, e os seus arrabaldes, Jaezer e os seus arrabaldes: por todas,
quatro cidades.

40 Todas estas cidades _foram_ dos filhos de Merari, segundo as suas
familias, que _ainda_ restavam das familias dos levitas; e foi a sua
sorte doze cidades.

41 Todas as cidades [27] dos levitas, no meio da herança dos filhos
d’Israel, _foram_ quarenta e oito cidades e os seus arrabaldes.

42 Estavam estas cidades cada qual com os seus arrabaldes em redor
d’ellas: assim _estavam_ todas estas cidades.

43 D’esta sorte deu o Senhor a Israel toda a terra [28] que jurara dar a
seus paes: e a possuiram e habitaram n’ella.

44 E o Senhor lhes deu repouso [29] em redor, conforme a tudo quanto
jurara a seus paes; [30] e nenhum de todos os seus inimigos ficou em pé
diante d’elles; todos os seus inimigos o Senhor deu na sua mão.

45 Palavra alguma falhou de todas as boas palavras que o Senhor fallara
[31] á casa d’Israel: tudo se cumpriu.

[1] cap. 14.1 e 17.4.

[2] cap. 18.1. Num. 35.2.

[3] ver. 8, 19. cap. 24.33.

[4] ver. 20, etc.

[5] ver. 27, etc.

[6] ver. 34, etc.

[7] ver. 3. Num. 35.2.

[8] ver. 4.

[9] I Chr. 6.55. cap. 15.13.

[10] cap. 20.7. Luc. 1.39.

[11] cap. 14.14. I Chr. 6.56.

[12] I Chr. 6.57, etc. cap. 15.54 e 20.7.

[13] cap. 15.42.

[14] cap. 15.48, 50.

[15] I Chr. 6.58. cap. 15.51 e 15.49.

[16] I Chr. 6.59. cap. 15.10, 42, 55.

[17] cap. 18.24, 25.

[18] I Chr. 6.60.

[19] ver. 5. I Chr. 6.66.

[20] cap. 20.7.

[21] ver. 6. I Chr. 6.71.

[22] cap. 20.8.

[23] cap. 20.7.

[24] ver. 7. I Chr. 6.77.

[25] cap. 20.8.

[26] cap. 20.8.

[27] Num. 35.7.

[28] Gen. 13.15 e 15.18 e 26.3 e 28.4, 13.

[29] cap. 11.23 e 22.4.

[30] Deu. 7.24.

[31] cap. 23.14.



_Josué abençoa e manda para suas casas as duas e meia tribus._

22 Então Josué chamou os rubenitas, e os gaditas, e a meia tribu de
Manasseh,

2 E disse-lhes: [1] Tudo quanto Moysés, o servo do Senhor, vos ordenou,
guardastes: e á minha voz obedecestes em tudo quanto vos ordenei.

3 A vossos irmãos por tanto tempo até ao _dia d’_hoje não desamparastes:
antes tivestes cuidado da guarda do mandamento do Senhor vosso Deus.

4 E agora o Senhor vosso Deus deu repouso a vossos irmãos, como lhes
tinha promettido: voltae-vos pois agora, e ide-vos a vossas tendas, á
terra da vossa [2] possessão, que Moysés, o servo do Senhor, vos deu
d’além do Jordão.

5 Tão sómente tende [3] cuidado de guardar com diligencia o mandamento
e a lei que Moysés, o servo do Senhor, vos mandou: que ameis ao Senhor
vosso Deus, e andeis em todos os seus caminhos, e guardeis os seus
mandamentos, e vos achegueis a elle, e o sirvaes com todo o vosso
coração, e com toda a vossa alma.

6 Assim Josué [4] os abençoou; e despediu-os, e foram-se ás suas tendas.

7 Porquanto Moysés déra _herança_ em Basan a meia tribu de Manasseh;
porém á outra [5] metade deu Josué entre seus irmãos, d’áquem do Jordão
para o occidente; e enviando-os Josué tambem á suas tendas, os abençoou;

8 E fallou-lhes, dizendo: Voltae-vos ás vossas tendas com grandes
riquezas, e com muitissimo gado, com prata, e com oiro, e com metal, e
com ferro, e com muitissimos vestidos: [6] e com vossos irmãos reparti o
despojo dos vossos inimigos.

9 Assim os filhos de Ruben, e os filhos de Gad, e a meia tribu de
Manasseh voltaram, e partiram dos filhos de Israel, de Silo, que _está_
na terra de Canaan; para se irem á terra [7] de Gilead, á terra da sua
possessão, de que foram feitos possuidores, conforme ao dito do Senhor
pelo ministerio de Moysés.


_O altar do testemunho._

10 E, vindo elles aos limites do Jordão, que _estão_ na terra de Canaan,
ali os filhos de Ruben, e os filhos de Gad, e a meia tribu de Manasseh
edificaram _um_ altar junto ao Jordão, [IK] _um_ altar de grande
apparencia.

11 E ouviram [8] os filhos d’Israel dizer: Eis que os filhos de Ruben,
e os filhos de Gad, e a meia tribu de Manasseh edificaram _um_ altar na
frente da terra de Canaan, nos limites do Jordão, da banda dos filhos
d’Israel.

12 O que os filhos d’Israel ouvindo, ajuntou-se toda a congregação [9]
dos filhos de Israel em Silo, para sairem contra elles em exercito.

13 E enviaram [10] os filhos de Israel aos filhos de Ruben, e aos filhos
de Gad, e á meia tribu de Manasseh, para a terra de Gilead, a Phineas,
[11] filho de Eleazar, o sacerdote;

14 E a dez principes com elle, de [12] cada casa paterna um principe, de
todas as tribus de Israel: e cada um _era_ Cabeça da casa de seus paes
nos milhares de Israel.

15 E, vindo elles, aos filhos de Ruben, e aos filhos de Gad, e á meia
tribu de Manasseh, á terra de Gilead, fallaram com elles, dizendo:

16 Assim diz toda a congregação do Senhor: Que transgressão _é_ esta,
com que transgredistes contra o Deus d’Israel, tornando-vos hoje d’após
do Senhor, edificando-vos um altar, [13] para vos rebellardes contra o
Senhor?

17 _Foi_-nos pouco a iniquidade de Peor? [14] de que ainda até ao _dia
de_ hoje não estamos purificados, ainda que houve castigo na congregação
do Senhor?

18 E hoje vos tornaes d’após do Senhor: será _que_, rebellando-vos hoje
contra o Senhor, ámanhã se irará contra toda a congregação de Israel.

19 Se é, porém, que a terra da vossa possessão [15] é immunda, passae-vos
para a terra da possessão do Senhor, onde habita [16] o tabernaculo do
Senhor, e tomae possessão entre nós: mas não vos rebelleis contra o
Senhor, nem _tão pouco_ vos rebelleis contra nós, edificando-vos _um_
altar, afóra do altar do Senhor nosso Deus.

20 Não commetteu Acan, [17] filho de Zera, transgressão no tocante ao
[IL] anathema? e não veiu ira sobre toda a congregação d’Israel? assim
que aquelle homem não morreu só na sua iniquidade.

21 Então responderam os filhos de Ruben, e os filhos de Gad, e a meia
tribu de Manasseh, e disseram aos Cabeças dos milhares de Israel:

22 O Deus dos deuses, o Senhor, [18] elle _o_ sabe, e Israel _mesmo o_
saberá; se _é_ por rebeldia, ou por transgressão contra o Senhor, hoje
não nos preserve;

23 Se nós edificámos altar para nos tornar d’após do Senhor, ou para
sobre elle offerecer holocausto e offerta de manjares, ou sobre elle
fazer offerta pacifica, [19] o Senhor mesmo de nós _o_ requeira.

24 E, se o não fizemos por receio d’isto, dizendo: Amanhã vossos filhos
virão a fallar a nossos filhos, dizendo: Que tendes vós com o Senhor Deus
de Israel?

25 Pois o Senhor poz o Jordão por termo entre nós e vós, ó filhos de
Ruben, e filhos de Gad; não tendes parte no Senhor: e _assim_ bem
poderiam vossos filhos fazer desistir a nossos filhos de temer ao Senhor.

26 Pelo que dissemos: Façamos agora, e nos edifiquemos _um_ altar: não
para holocausto, nem para sacrificio,

27 Mas para que entre [20] nós e vós, e entre as nossas gerações depois
de nós, nos _seja_ em testemunho, para podermos exercitar o serviço
do Senhor diante d’elle com os nossos holocaustos, e com os nossos
sacrificios, e com as nossas offertas pacificas: e _para que_ vossos
filhos não digam ámanhã a nossos filhos: Não tendes parte no Senhor.

28 Pelo que dissemos: Quando fôr que ámanhã _assim_ nos digam a nós e
ás nossas gerações, então diremos: Vêde o modelo do altar do Senhor que
fizeram nossos paes, não para holocausto nem para sacrificio, porém _para
ser_ testemunho entre nós e vós.

29 Nunca tal nos aconteça, que nos rebellassemos contra o Senhor, ou
que hoje nos tornassemos d’após do Senhor, edificando [21] altar para
holocausto, offerta de manjares ou sacrificio, fóra do altar do Senhor
nosso Deus, que _está_ perante o seu tabernaculo.

30 Ouvindo pois Phineas, o sacerdote, e os principes da congregação, e os
Cabeças dos milhares de Israel, que com elle _estavam_, as palavras que
disseram os filhos de Ruben, e os filhos de Gad, e os filhos de Manasseh,
pareceu bem aos seus olhos.

31 E disse Phineas, filho de Eleazar, o sacerdote, aos filhos de Ruben,
e aos filhos de Gad, e aos filhos de Manasseh: Hoje sabemos que o Senhor
_está_ no meio de nós; [22] porquanto não commettestes transgressão
contra o Senhor: agora livrastes os filhos de Israel da mão do Senhor.

32 E tornou-se Phineas, filho de Eleazar, o sacerdote, com os principes,
de com os filhos de Ruben, e de com os filhos de Gad, da terra de Gilead
á terra de Canaan, aos filhos de Israel: e trouxeram-lhes a resposta.

33 E pareceu a resposta boa aos olhos dos [23] filhos d’Israel, e os
filhos d’Israel louvaram a Deus: e não fallaram _mais_ de subir contra
elles em exercito, para destruirem a terra em que habitavam os filhos de
Ruben e os filhos de Gad.

34 E os filhos de Ruben e os filhos de Gad pozeram ao altar o nome [IM]
Ed: para _que seja_ testemunho entre nós que o Senhor _é_ Deus.

[1] Num. 32.20. Deu. 3.18. cap. 1.16, 17.

[2] Num. 32.33. Deu. 29.8. cap. 13.8.

[3] Deu. 6.6, 17 e 11.22 e 10.22.

[4] Gen. 47.7. Exo. 39.43. cap. 14.13. II Sam. 6.18. Luc. 24.50.

[5] cap. 17.5.

[6] Num. 31.27. I Sam. 30.24.

[7] Num. 22.1, 26, 29.

[8] Deu. 13.12, etc. Jui. 20.12.

[9] Jui. 20.1.

[10] Deu. 13.14. Jui. 20.12.

[11] Exo. 6.25. Num. 25.7.

[12] Num. 1.4.

[13] Lev. 17.8, 9. Deu. 12.13, 14.

[14] Num. 25.3, 4.

[15] Num. 16.22.

[16] cap. 18.1.

[17] cap. 7.1, 5.

[18] Deu. 10.17. I Reis 8.39. Job 10.7. Psa. 44.21. Jer. 12.13. II Cor.
11.11, 31.

[19] Deu. 18.19. I Sam. 20.16.

[20] Gen. 31.48. cap. 24.27. ver. 34. Deu. 12.5, 6, 11, 12, 17, 18, 26.

[21] Deu. 12.13.

[22] Lev. 26.11. II Chr. 15.2.

[23] I Chr. 29.20. Neh. 8.6. Dan. 2.19. Luc. 2.28.



_Josué exhorta o povo a observar a lei do Senhor._

[Antes de Christo 1427]

23 E succedeu _que_, muitos dias depois que o Senhor déra [1] repouso a
Israel de todos os seus inimigos em redor, e Josué [2] _já_ fosse velho
_e_ entrado em dias,

2 Chamou Josué a todo o Israel, [3] aos seus anciãos, e aos seus Cabeças,
e aos seus juizes, e aos seus officiaes, e disse-lhes: Eu _já_ sou velho
_e_ entrado em dias;

3 E vós já tendes visto tudo quanto o Senhor vosso Deus fez a todas estas
nações por causa de vós: [4] porque o Senhor vosso Deus _é_ o que pelejou
por vós.

4 Vêdes aqui _que_ vos fiz cair [5] em sorte ás vossas tribus estas
nações que ficam desde o Jordão, com todas as nações que tenho destruido,
até ao grande mar para o pôr do sol.

5 E o Senhor vosso Deus as empuxará de diante de vós, e as expellirá de
diante de vós: e [6] vós possuireis a sua terra, [7] como o Senhor vosso
Deus vos tem dito.

6 Esforçae-vos pois muito [8] para guardardes e para fazerdes tudo quanto
_está_ escripto no livro da lei de Moysés: para que d’elle não vos
aparteis, nem para a direita nem para a esquerda;

7 Por não entrardes a estas [9] nações que ainda ficaram comvosco: e dos
nomes de seus deuses não façaes menção, nem por elles façaes jurar, nem
os sirvaes, nem a elles vos inclineis.

8 Mas ao Senhor vosso Deus vos achegareis, [10] como fizestes até _ao dia
de_ hoje;

9 Pois o Senhor expelliu [11] de diante de vós grandes e numerosas
nações: e, _quanto a_ vós, ninguem ficou em pé diante de vós até _ao dia
de_ hoje.

10 Um _só_ homem d’entre vós perseguirá a mil: [12] pois _é o mesmo_
Senhor vosso Deus _o que_ peleja por vós, como _já_ vos tem dito.

11 Portanto, guardae muito [13] as vossas almas, para amardes ao Senhor
vosso Deus.

12 Porque se d’alguma maneira vos apartardes, [14] e vos achegardes
ao resto d’estas nações que _ainda_ ficou comvosco, e com ellas vos
aparentardes, e vós a ellas entrardes, e ellas a vós,

13 Sabei certamente que o Senhor vosso [15] Deus não continuará mais a
expellir estas nações de diante de vós, mas vos serão por laço [16] e
rede, e açoite ás vossas ilhargas, e espinhos aos vossos olhos; até que
pereçaes d’esta boa terra que vos deu o Senhor vosso Deus.

14 E eis aqui eu vou hoje pelo caminho de toda a terra: [17] e vós bem
sabeis, com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma, que nem uma
_só_ palavra caiu de todas as boas palavras que fallou de vós o Senhor
vosso Deus; todas vos sobrevieram, nem d’ellas caiu uma _só_ palavra.

15 E será _que_, _assim_ como sobre vós vieram todas estas boas coisas,
que o Senhor vosso Deus vos disse, [18] assim trará o Senhor sobre vós
todas aquellas más coisas, até vos destruir de sobre a boa terra que vos
deu o Senhor vosso Deus.

16 Quando traspassardes o concerto do Senhor vosso Deus, que vos
tem ordenado, e fôrdes e servirdes a outros deuses, e a elles vos
inclinardes, então a ira do Senhor sobre vós se accenderá, e logo
perecereis de sobre a boa terra que vos deu.

[1] cap. 21.44 e 22.4.

[2] cap. 13.1.

[3] Deu. 31.28. cap. 24.1. I Chr. 28.1.

[4] Exo. 14.14. cap. 10.14, 42.

[5] cap. 13.2, 6 e 18.10.

[6] Exo. 23.30 e 33.2 e 34.11. Deu. 11.23. cap. 13.6.

[7] Num. 33.53.

[8] cap. 1.7. Deu. 5.32 e 28.14.

[9] Exo. 23.33. Deu. 7.2. Pro. 4.14. Eph. 5.11. Exo. 23.13. Jer. 5.7.
Sof. 1.5. Num. 32.38.

[10] Deu. 10.20 e 11.22. cap. 22.5.

[11] Deu. 11.23. cap. 22.5.

[12] Lev. 26.8. Deu. 32.30. Jui. 3.31 e 15.15. II Sam. 23.8. Exo. 14.14 e
23.27. Deu. 3.22.

[13] cap. 22.5.

[14] Heb. 10.38, 39. II Ped. 2.20. Deu. 7.3.

[15] Jui. 2.3.

[16] Exo. 23.33. Num. 33.55. Deu. 7.16. I Reis 11.4.

[17] I Reis 2.2. Heb. 9.27. cap. 21.45. Luc. 21.33.

[18] Deu. 28.63. Lev. 26.16. Deu. 28.15, 16, etc.



_Josué traz á memoria do povo tudo o que Deus tinha feito por elle._

24 Depois ajuntou Josué todas as tribus d’Israel em Sichem: [1] e chamou
os anciãos d’Israel, e os seus Cabeças, e os seus juizes, e os seus
officiaes: e elles se apresentaram diante de Deus.

2 Então Josué disse a todo o povo: Assim diz o Senhor Deus d’Israel:
D’além do rio antigamente habitaram vossos paes, [2] Terah, pae d’Abrahão
e pae de Nachor: [3] e serviram a outros deuses.

3 Eu porém tomei a vosso pae Abrahão [4] d’além do rio, e o fiz andar
por toda a terra de Canaan: tambem multipliquei a sua semente, e dei-lhe
a Isaac.

4 E a Isaac [5] dei a Jacob e a Esaú: e a Esaú dei a montanha de Seir,
para a possuir: porém Jacob e seus filhos desceram para o Egypto.

5 Então enviei a Moysés [6] e a Aarão, e feri ao Egypto, como o fiz no
meio d’elle; e depois vos tirei _de lá_.

6 E, tirando eu a vossos paes do Egypto, [7] viestes ao mar: e os
egypcios perseguiram a vossos paes, com carros e com cavalleiros, até ao
Mar Vermelho.

7 E clamaram ao Senhor, [8] e poz _uma_ escuridão entre vós e os
egypcios, e trouxe o mar sobre elles, [9] e os cobriu, e os vossos olhos
viram o que eu fiz no Egypto: depois habitastes no deserto muitos dias.

8 Então eu vos trouxe á terra dos amorrheos, que habitavam d’além do
Jordão, os quaes pelejaram [10] contra vós: porém os dei na vossa mão, e
possuistes a sua terra, e os destrui diante de vós.

9 Levantou-se tambem Balac, [11] filho de Zippor, rei dos moabitas, e
pelejou contra Israel: e enviou e chamou a Balaão, filho de Beor, para
que vos amaldiçoasse.

10 Porém eu não quiz ouvir [12] a Balaão: pelo que, abençoando-vos,
abençoou, e livrei-vos da sua mão.

11 E, passando vós o Jordão, [13] e vindo a Jericó, os habitantes de
Jericó pelejaram contra vós, os amorrheos, e os pherezeos, e os cananeos,
e os hetheos, e os girgaseos, e os heveos, e os jebuseos; porém os dei na
vossa mão.

12 E enviei vespões [14] diante de vós, que os expelliram de diante de
vós, _como_ a ambos os reis dos amorrheos: não com a tua espada, nem com
o teu arco.

13 E eu vos dei a terra em que não trabalhastes, e cidades [15] que não
edificastes, e habitaes n’ellas, e comeis das vinhas e dos olivaes que
não plantastes.


_Josué faz, de novo, concerto com o povo._

14 Agora pois temei [16] ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com
verdade: e deitae fóra os deuses aos quaes serviram vossos paes d’além do
rio e no Egypto, e servi ao Senhor.

15 Porém, se vos parece mal _aos vossos olhos_ servir ao Senhor, [17]
escolhei-vos hoje a quem sirvaes: se os deuses a quem serviram vossos
paes, que _estavam_ d’além do rio, ou os deuses dos amorrheos, em cuja
terra habitaes: porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.

16 Então respondeu o povo, e disse: Nunca nos aconteça que deixemos ao
Senhor para servirmos a outros deuses;

17 Porque o Senhor é o nosso Deus; elle _é_ o que nos fez subir, a nós e
a nossos paes, da terra do Egypto, da casa da servidão, e o que tem feito
estes grandes signaes aos nossos olhos, e nos guardou por todo o caminho
que andámos, e entre todos os povos pelo meio dos quaes passámos.

18 E o Senhor expelliu de diante de nós a todas estas gentes, até ao
amorrheo, morador da terra: tambem nós serviremos ao Senhor, porquanto
_é_ nosso Deus.

19 Então Josué disse ao povo: [18] Não podereis servir ao Senhor,
porquanto _é_ Deus sancto, _é_ Deus zeloso, _que_ não perdoará a vossa
transgressão nem os vossos peccados.

20 Se deixardes ao Senhor, [19] e servirdes a deuses estranhos, então se
tornará, e vos fará mal, e vos consumirá, depois de vos fazer bem.

21 Então disse o povo a Josué: Não, antes ao Senhor serviremos.

22 E Josué disse ao povo: _Sois_ testemunhas contra vós mesmos de que
vós escolhestes [20] ao Senhor, para o servir. E disseram: _Somos_
testemunhas.

23 Deitae pois agora fóra [21] aos deuses estranhos que _ha_ no meio de
vós: e inclinae o vosso coração ao Senhor Deus d’Israel.

24 E disse o povo a Josué: Serviremos ao Senhor nosso Deus, e
obedeceremos á sua voz.

25 Assim fez Josué concerto [22] n’aquelle dia com o povo, e lh’o poz por
estatuto e direito em Sichem.


_A pedra do testemunho._

26 E Josué escreveu [23] estas palavras no livro da lei de Deus: e tomou
uma grande pedra, e a erigiu ali debaixo do carvalho que _estava_ junto
ao sanctuario do Senhor.

27 E disse Josué a todo o [24] povo: Eis que esta pedra nos será por
testemunho; pois ella ouviu todas as palavras que o Senhor nos tem dito:
e tambem será testemunho contra vós, para que não mintaes a vosso Deus.

28 Então Josué enviou o povo, [25] a cada um para a sua herdade.


_A morte de Josué e de Eleazar._

29 E depois d’estas coisas succedeu _que_ [26] Josué, filho de Nun, o
servo do Senhor, falleceu, _sendo_ da edade de cento e dez annos.

30 E sepultaram-n’o no termo da sua herdade, em [27] Timnath-sera, que
_está_ no monte d’Ephraim, para o norte do monte de Gaas.

31 Serviu pois Israel [28] ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os
dias dos anciãos que _ainda_ viveram _muito_ depois de Josué, e sabiam
toda a obra que o Senhor tinha feito a Israel.

32 Tambem enterraram em Sichem os ossos [29] de José, que os filhos
d’Israel trouxeram do Egypto, n’aquella parte do campo que Jacob comprara
aos filhos d’Hemor, [30] pae de Sichem, por cem peças de prata: porquanto
foram em herança para os filhos de José.

33 Falleceu tambem Eleazar, filho d’Aarão, e o sepultaram no outeiro de
Phineas, [31] seu filho, que lhe fôra dado na montanha de Ephraim.

[1] Gen. 35.4. cap. 23.2. I Sam. 10.19.

[2] Gen. 11.26, 31.

[3] Gen. 31.53.

[4] Gen. 12.1. Act. 7.2, 3.

[5] Gen. 21.2 e 25.24, 25, 26 e 36.8. Deu. 2.5. Gen. 46.1, 6. Act. 7.15.

[6] Exo. 3.10 e 7 e 8 e 9 e 10.12.

[7] Exo. 12.37, 51 e 14.2, 9.

[8] Exo. 14.10, 20, 27, 28.

[9] Deu. 4.34 e 29.2. cap. 5.6.

[10] Num. 21.21, 33. Deu. 2.32 e 3.1.

[11] Jui. 11.25. Num. 22.5. Deu. 23.4.

[12] Deu. 23.5. Num. 23.11, 20 e 24.10.

[13] cap. 3.14, 17 e 4.10, 11, 12 e 6.1 e 10.1 e 11.1.

[14] Exo. 23.28. Deu. 7.20. Psa. 49.4, 7.

[15] Deu. 6.10, 11. cap. 11.13.

[16] Deu. 10.12. I Sam. 12.24. Gen. 17.1. Deu. 18.13. II Cor. 1.12. Eph.
6.24. ver. 2, 23. Lev. 17.7. Eze. 20.18.

[17] Ruth 1.15. I Reis 18.21. Eze. 20.39. João 6.67. Exo. 23.24, 32, 33 e
34.15. Deu. 13.7 e 29.18. Jui. 6.10. Gen. 18.19.

[18] Mat. 6.24. Lev. 19.2. I Sam. 6.20. Psa. 100.5, 9. Isa. 5.16. Exo.
20.5 e 23.21.

[19] I Chr. 28.9. II Chr. 15.2. Esd. 8.22. Isa. 1.28 e 65.11, 12. Jer.
17.13. cap. 23.15. Isa. 63.10. Act. 7.42.

[20] Psa. 119.173.

[21] ver. 14. Gen. 35.2. Jui. 10.16. I Sam. 7.3.

[22] Exo. 15.25. II Reis 11.17. ver. 26.

[23] Deu. 31.24. Jui. 9.6. Gen. 28.18. cap. 4.3. Gen. 35.4.

[24] Gen. 31.48, 52. Deu. 31.19, 21, 26. cap. 22.27, 28, 34. Deu. 32.1.

[25] Jui. 2.6.

[26] Jui. 2.8.

[27] cap. 19.50. Jui. 2.9.

[28] Jui. 2.7. Deu. 11.2 e 31.13.

[29] Gen. 50.25. Exo. 13.19.

[30] Gen. 33.19.

[31] Exo. 6.25. Jui. 20.28.



O LIVRO DOS JUIZES.



_Novas conquistas pelas tribus._

[Antes de Christo 1425]

1 E succedeu, depois da morte de Josué, [1] que os filhos de Israel
perguntaram ao Senhor, dizendo: Quem d’entre nós primeiro subirá aos
cananeos, para pelejar contra elles?

2 E disse o Senhor: Judah subirá: [2] eis que lhe dei esta terra na sua
mão.

3 Então disse Judah a Simeão, seu irmão: Sobe commigo á minha sorte,
e pelejemos contra os cananeos, [3] e tambem eu comtigo subirei á tua
sorte. E Simeão partiu com elle.

4 E subiu Judah, e o Senhor lhe deu na sua mão os cananeos e os
pherezeos: e feriram [4] d’elles em Bezek a dez mil homens.

5 E acharam a Adoni-bezek em Bezek, e pelejaram contra elle: e feriram
aos cananeos e aos pherezeos.

6 Porém Adoni-bezek fugiu, e o seguiram, e o prenderam, e lhe cortaram os
_dedos_ pollegares das mãos e dos pés.

7 Então disse Adoni-bezek: Setenta reis com os _dedos_ pollegares das
mãos e dos pés cortados apanhavam _as migalhas_ debaixo da minha mesa:
_assim_ como eu fiz, [5] assim Deus me pagou. E o trouxeram a Jerusalem,
e morreu ali.

8 Porque os filhos [6] de Judah pelejaram contra Jerusalem, e a tomaram,
e a feriram ao fio da espada: e a cidade pozeram a fogo.

9 E depois [7] os filhos de Judah desceram a pelejar contra os cananeos
que habitavam nas montanhas, e no sul, e nas planicies.

10 E partiu Judah contra os cananeos que habitavam em Hebron (_era_ porém
d’antes [8] o nome de Hebron Quiriath-arba): e feriram a Sesai, e a
Ahiman e a Talmai.

11 E d’ali partiu contra [9] os moradores de Debir: e _era_ d’antes o
nome de Debir Quiriath-sepher.

12 E disse Caleb: [10] Quem ferir a Quiriath-sepher, e a tomar, lhe darei
a minha filha Acsa por mulher.

13 E tomou-a Othniel, filho de Kenaz, o irmão [11] de Caleb, mais novo do
que elle: e _Caleb_ lhe deu a sua filha Acsa por mulher.

14 E succedeu _que_, vindo ella _a elle_, o persuadiu [12] que pedisse
um campo a seu pae; e ella se apeou do jumento, saltando: e Caleb lhe
disse: Que _é o que_ tens?

15 E ella lhe disse: [13] Dá-me [IN] _uma_ benção; pois me déste _uma_
terra secca, dá-me tambem fontes de aguas. E Caleb lhe deu as fontes
superiores e as fontes inferiores.

16 Tambem os filhos [14] do Keneo, sogro de Moysés, subiram da cidade das
palmeiras com os filhos de Judah ao deserto de Judah, que _está_ ao sul
[15] de Arad: e foram, e habitaram com o povo.

17 Foi-se pois Judah [16] com Simeão, seu irmão, e feriram aos cananeos
que habitavam em Zephath: e totalmente a destruiram, e chamaram o nome
[17] d’esta cidade [IO] Horma.

18 Tomou mais Judah a Gaza [18] com o seu termo, e a Ascalon com o seu
termo, e a Ecron com o seu termo.

19 E foi o Senhor com Judah, [19] e despovoou as montanhas: porém não
expelliu aos moradores do valle, porquanto tinham carros [20] ferrados.

20 E deram Hebron [21] a Caleb, como Moysés o dissera: e d’ali expelliu
os tres filhos d’Enak.

21 Porém os filhos [22] de Benjamin não expelliram os jebuseos que
habitavam em Jerusalem; antes os jebuseos habitaram com os filhos de
Benjamin em Jerusalem, até _ao dia d’_hoje.

22 E subiu tambem a casa de José a Beth-el, [23] e _foi_ o Senhor com
elles.

23 E fez a casa de José espiar a Beth-el: e _foi_ d’antes o nome d’esta
cidade [24] Luz.

24 E viram os espias a _um_ homem, que sahia da cidade, e lhe disseram:
Ora mostra-nos a entrada da cidade, e usaremos [25] comtigo de
beneficencia.

25 E, mostrando-lhes elle a entrada da cidade, feriram a cidade ao fio da
espada: porém áquelle homem e a toda a sua familia deixaram ir.

26 Então aquelle homem foi-se á terra dos hetheos, e edificou _uma_
cidade, e chamou o seu nome Luz; este _é_ o seu nome até ao dia d’hoje.

27 Nem Manasseh expelliu _os habitantes de_ [26] Beth-sean, nem _dos_
logares da sua jurisdicção; nem a Taanach, com os logares da sua
jurisdicção; nem aos moradores de Dor, com os logares da sua jurisdicção;
nem aos moradores de Ibleam, com os logares da sua jurisdicção; nem aos
moradores de Megiddo, com os logares da sua jurisdicção: e quizeram os
cananeos habitar na mesma terra.

28 E succedeu que, quando Israel cobrou _mais_ forças, fez dos cananeos
tributarios: porém não os expelliu de todo.

29 Tão pouco expelliu Ephraim aos [27] cananeos que habitavam em Gezer:
antes os cananeos habitavam no meio d’elle, em Gezer.

30 Tão pouco expelliu Zebulon aos moradores de Kitron, [28] nem aos
moradores de Nahalol: porém os cananeos habitavam no meio d’elle, e foram
tributarios.

31 Tão pouco Aser [29] expelliu aos moradores d’Acco, nem aos moradores
de Sidon: como nem a Acbal, nem a Acsih, nem a Chelba, nem a Aphik, nem a
Recob;

32 Porém os aseritas habitaram no meio dos cananeos que habitavam na
terra: [30] porquanto os não expelliram.

33 Tão pouco Naphtali expelliu [31] aos moradores de Beth-semes, nem aos
moradores de Beth-anath; mas habitou no meio dos cananeos que habitavam
na terra: porém lhes foram [32] tributarios os moradores de Beth-semes e
Beth-anath.

34 E apertaram os amorrheos aos filhos de Dan até ás montanhas: porque
nem os deixavam descer ao valle.

35 Tambem os amorrheos quizeram habitar nas montanhas de Heres, em Ajalon
[33] e em Saalbim: porém prevaleceu a mão da casa de José, e ficaram
tributarios.

36 E _foi_ o termo dos amorrheos desde a [34] subida d’Akrabbim: desde a
penha, e d’ali para cima.

[1] Num. 27.21. cap. 20.18.

[2] Gen. 40.8.

[3] ver. 17.

[4] I Sam. 11.8.

[5] Lev. 24.19. I Sam. 15.33. Thi. 2.13.

[6] Jos. 15.63.

[7] Jos. 10.36 e 11.21 e 15.13.

[8] Jos. 14.15 e 15.13, 14.

[9] Jos. 15.15.

[10] Jos. 16.16, 17.

[11] cap. 3.9.

[12] Jos. 15.18, 19.

[13] Gen. 33.11.

[14] cap. 4.11, 17. I Sam. 15.6. I Chr. 2.55. Jer. 35.2. Deu. 34.3.

[15] Num. 21.1 e 10.32.

[16] ver. 3.

[17] Num. 21.3. Jos. 19.4.

[18] Jos. 11.22.

[19] ver. 2. II Reis 18.7.

[20] Jos. 17.16, 18.

[21] Num. 14.24. Deu. 1.36. Job 14.9, 13 e 15.13, 14.

[22] Jos. 15.63 e 18.28.

[23] ver. 19. Jos. 2.1 e 7.2. cap. 18.2.

[24] Gen. 28.19.

[25] Jos. 2.12, 14.

[26] Jos. 17.11, 12, 13.

[27] Jos. 16.10. I Reis 9.16.

[28] Jos. 19.15.

[29] Jos. 19.24, 30.

[30] Psa. 106.34, 35.

[31] Jos. 19.38.

[32] ver. 32.

[33] Jos. 19.42.

[34] Num. 34.4. Jos. 15.3.



_O anjo do Senhor reprehende os israelitas._

[Antes de Christo 1406]

2 E subiu o anjo do Senhor de Gilgal [1] a Bochim, e disse: Do Egypto vos
fiz subir, e vos trouxe á terra que a vossos paes tinha jurado e dito:
Nunca invalidarei o meu [2] concerto comvosco.

2 E, quanto a vós, não fareis concerto [3] com os moradores d’esta terra,
_antes_ derrubareis os seus altares: mas vós não obedecestes á minha voz.
Porque fizestes isto?

3 Pelo que tambem eu disso: Não os expellirei de diante de vós: antes
estarão ás vossas ilhargas, e os seus deuses vos [4] serão por laço.

4 E succedeu _que_, fallando o anjo do Senhor estas palavras a todos os
filhos d’Israel, o povo levantou a sua voz e chorou.

5 Pelo que chamaram áquelle logar, [IP] Bochim: e sacrificaram ali ao
Senhor.

6 E havendo Josué despedido o [5] povo, foram-se os filhos d’Israel, cada
um á sua herdade, para possuirem a terra.


_A infidelidade dos israelitas depois da morte de Josué._

7 E serviu [6] o povo ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias
dos anciãos que prolongaram os seus dias depois de Josué, e viram toda
aquella grande obra do Senhor, que fizera a Israel.

8 Falleceu [7] porém Josué, filho de Nun, servo do Senhor, da edade de
cento e dez annos;

9 E sepultaram-o [8] no termo da sua herdade, em Timnath-heres, no monte
d’Ephraim, para o norte do monte de Gaas.

10 E foi tambem congregada toda aquella geração a seus paes, e outra
geração após d’elles se levantou, que não conhecia ao [9] Senhor, nem tão
pouco a obra, que fizera a Israel.

11 Então fizeram os filhos de Israel o _que parecia_ mal aos olhos do
Senhor: e serviram os baalins.

12 E deixaram [10] ao Senhor Deus de seus paes, que os tirara da terra do
Egypto, e foram-se após d’outros deuses, d’entre os deuses das gentes,
que _havia_ ao redor d’elles, e encurvaram-se a elles: e provocaram ao
Senhor a ira.

13 Porquanto deixaram [11] ao Senhor: e serviram a Baal e a Astaroth.

14 Pelo que a ira [12] do Senhor se accendeu contra Israel, e os deu na
mão dos roubadores, e os roubaram: e os entregou na mão dos seus inimigos
ao redor: e não poderam mais estar em pé diante dos seus inimigos.

15 Por onde quer que sahiam, a mão do Senhor era contra elles para mal,
como o Senhor tinha dito, e como o Senhor lh’o [13] tinha jurado: e
estavam em grande aperto.

16 E levantou o Senhor [14] juizes, que os livraram da mão dos que os
roubaram.

17 Porém tão pouco ouviram aos juizes, antes fornicaram após outros
deuses, e encurvaram-se a elles: [15] depressa se desviaram do caminho,
por onde andaram seus paes, ouvindo os mandamentos do Senhor; _o que
elles_ assim não fizeram.

18 E, quando o Senhor lhes [16] levantava juizes, o Senhor era com o
juiz, e os livrava da mão dos seus inimigos, todos os dias d’aquelle
juiz; porquanto o Senhor se arrependia pelo seu gemido, por causa dos que
os apertavam e opprimiam.

19 Porém succedia _que_, [17] fallecendo o juiz, tornavam e se corrompiam
mais do que seus paes, andando após de outros deuses, servindo-os, e
encurvando-se a elles: nada deixavam das suas obras, nem do seu duro
caminho.

20 Pelo que a ira [18] do Senhor se accendeu contra Israel; e disse:
Porquanto este povo traspassou [19] o meu concerto, que tinha ordenado a
seus paes, e não deram ouvidos á minha voz.

21 Tão pouco desapossarei mais de [20] diante d’elles a nenhuma das
nações, que Josué deixou, morrendo;

22 Para por ellas provar [21] a Israel, se houvessem de guardar o caminho
do Senhor, para por elle andarem, como seus paes o guardaram, ou não.

23 Assim o Senhor deixou ficar aquellas nações, e não as desterrou logo,
nem as entregou na mão de Josué.

[1] ver. 5.

[2] Gen. 17.7.

[3] Deu. 7.2 e 12.3. ver. 20.

[4] Jos. 23.13. cap. 3.6. Exo. 23.33 e 34.12. Deu. 7.16. Psa. 106.36.

[5] Jos. 22.6 e 24.28.

[6] Jos. 24.31.

[7] Jos. 24.29.

[8] Jos. 24.30 e 19.50 e 24.30.

[9] Exo. 5.2. I Sam. 2.12. I Chr. 28.9. Jer. 9.3 e 22.16. Gal. 4.8. II
The. 1.8. Tito 1.16.

[10] Deu. 31.16 e 6.14. Exo. 20.5.

[11] cap. 3.7 e 10.7. Psa. 106.36.

[12] cap. 3.8. Psa. 106.40, 41, 42. II Reis 17.20. cap. 3.8 e 4.2. Isa.
50.1.

[13] Lev. 26. Deu. 28.

[14] cap. 3.9, 10, 15. I Sam. 12.11. Act. 13.20.

[15] Exo. 34.15, 16. Lev. 17.7.

[16] Jos. 1.5.

[17] cap. 3.12 e 4.1 e 8.33.

[18] ver. 14.

[19] Jos. 23.16.

[20] Jos. 23.13.

[21] cap. 3.1, 4. Deu. 8.2, 16 e 13.3.



_Servidão dos israelitas sob Cusan, rei da Syria ou Aram._

3 Estas pois _são_ as nações, [1] que o Senhor deixou ficar, para por
ellas provar a Israel, _a saber_, a todos os que não sabiam de todas as
guerras de Canaan,

2 Tão sómente para que as gerações dos filhos d’Israel _d’ellas_
soubessem (para lhes ensinar a guerra), pelo menos os que d’antes não
sabiam d’ellas:

3 Cinco [2] principes dos philisteos, e todos os cananeos, e sidonios,
e heveos, que habitavam nas montanhas do Libano, desde o monte de
Baal-hermon, até á entrada d’Hamath.

4 Estes pois ficaram, [3] para por elles provar a Israel, para saber se
dariam ouvidos aos mandamentos do Senhor, que tinha ordenado a seus paes,
pelo ministerio de Moysés.

5 Habitando pois os filhos de Israel [4] no meio dos cananeos, dos
hetheos, e amorrheos, e pherezeos, e heveos, e jebuseos,

6 Tomaram [5] de suas filhas _para si_ por mulheres, e deram aos filhos
d’elles as suas filhas; e serviram a seus deuses.

7 E os filhos de Israel fizeram o _que parecia_ mal [6] aos olhos do
Senhor, e se esqueceram do Senhor seu Deus: e serviram aos baalins e a
Astaroth.

8 Então a ira do Senhor se accendeu contra Israel, e elle os [7] vendeu
em mão de Cusan-risathaim, rei de Mesopotamia: e os filhos d’Israel
serviram a Cusan-risathaim oito annos.


_Othniel livra-os._

9 E os filhos d’Israel clamaram [8] ao Senhor, e o Senhor levantou aos
filhos d’Israel _um_ libertador, e os libertou, a Othniel, [9] filho de
Kenaz, irmão de Caleb, mais novo do que elle.

10 E veiu sobre elle o Espirito do Senhor, [10] e julgou a Israel, e saiu
á peleja; e o Senhor deu na sua mão a Cusan-risathaim, rei da [IQ] Syria;
e a sua mão prevaleceu contra Cusan-risathaim.

11 Então a terra socegou quarenta annos; e Othniel, filho de Kenaz,
falleceu.


_Servidão sob Eglon._

12 Porém os filhos d’Israel tornaram [11] a fazer o _que parecia_ mal
aos olhos do Senhor: então o Senhor esforçou a Eglon, rei dos moabitas,
contra Israel: porquanto fizeram o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor.

13 E ajuntou comsigo aos filhos d’Ammon e aos amalekitas, [12] e foi, e
feriu a Israel, e tomaram a cidade das palmeiras.

14 E os filhos d’Israel [13] serviram a Eglon, rei dos moabitas, dezoito
annos.


_Ehud livra-os._

[Antes de Christo 1336]

15 Então os filhos d’Israel clamaram [14] ao Senhor, e o Senhor lhes
levantou _um_ libertador, a Ehud, filho de Gera, filho de Jemini, homem
canhoto. E os filhos d’Israel enviaram pela sua mão _um_ presente a
Eglon, rei dos moabitas.

16 E Ehud fez uma espada de dois fios, do comprimento de um covado: e
cingiu-a por debaixo dos seus vestidos, á sua côxa direita.

17 E levou aquelle presente a Eglon, rei dos moabitas; e _era_ Eglon
homem mui gordo.

18 E succedeu _que_, acabando de entregar o presente, despediu a gente
que trouxera o presente.

19 Porém voltou das [IR] imagens de esculptura que _estão_ ao pé de
Gilgal, e disse: Tenho uma palavra secreta para ti, [15] ó rei. O qual
disse: Cala-te. E todos os que lhe assistiam sairam de diante d’elle.

20 E Ehud entrou a elle, a um cenaculo fresco, que para si só tinha, onde
estava assentado, e disse Ehud: Tenho para ti _uma_ palavra de Deus. E
levantou-se da cadeira.

21 Então Ehud estendeu a sua mão esquerda, e lançou mão da espada da sua
côxa direita, e lh’a cravou no ventre,

22 De tal maneira que entrou até á empunhadura após da folha, e a gordura
encerrou a folha (porque não tirou a espada do ventre): e saiu-se-lhe o
excremento.

23 Então Ehud saiu á sala, e cerrou sobre elle as portas do cenaculo, e
_as_ fechou.

24 E, saindo elle, vieram os seus servos, e viram, e eis que as portas do
cenaculo _estavam_ fechadas; e disseram: Sem duvida está cobrindo seus
pés na recamara do cenaculo fresco.

25 E, esperando até se enfastiarem, eis que não abria as portas do
cenaculo; então tomaram a chave, e abriram, e eis aqui seu senhor
estendido morto em terra.

26 E Ehud escapou, emquanto elles se demoraram: porque elle passou pelas
imagens de esculptura, e escapou para Seirath.

27 E succedeu _que_, entrando elle, tocou [16] a buzina nas montanhas de
Ephraim: e os filhos de Israel desceram com elle das montanhas, e elle
adiante d’elles,

28 E disse-lhes: Segui-me: porque o Senhor vos tem dado [17] a vossos
inimigos, os moabitas, na vossa mão: e desceram após d’elle, e tomaram os
váos do Jordão a Moab, e a nenhum deixaram passar.

29 E n’aquelle tempo feriram dos moabitas uns dez mil homens, todos
corpulentos, e todos homens valorosos: e não escapou nenhum.

30 Assim foi subjugado Moab n’aquelle dia debaixo da mão de Israel: e a
terra socegou oitenta annos.

31 Depois d’elle foi Samgar, filho d’Anath, que feriu a seiscentos homens
dos philisteos com _uma_ aguilhada de bois: e tambem elle libertou a
Israel.

[1] cap. 2.21, 22.

[2] Jos. 13.3.

[3] cap. 2.22.

[4] Psa. 106.35.

[5] Exo. 34.16. Deu. 7.3.

[6] cap. 2.11, 13. Exo. 34.13. Deu. 16.21. cap. 6.25.

[7] cap. 2.14. Hab. 3.7.

[8] ver. 15. cap. 4.3 e 6.7 e 10.10. I Sam. 12.10. cap. 2.16.

[9] cap. 1.13.

[10] Num. 27.18. I Sam. 11.6.

[11] cap. 2.19. I Sam. 12.9.

[12] cap. 5.14 e 1.16.

[13] Deu. 28.48.

[14] ver. 9. Psa. 78.34.

[15] Jos. 4.20.

[16] cap. 5.14 e 6.34. I Sam. 13.3. Jos. 17.15. cap. 7.24 e 17.1 e 19.1.

[17] cap. 7.9, 15. I Sam. 17.47. Jos. 2.7. cap. 12.5.



_Servidão sob Jabin rei de Canaan._

[Antes de Christo 1296]

4 Porém os filhos [1] d’Israel tornaram a fazer o _que parecia_ mal aos
olhos do Senhor, depois de fallecer Ehud.

2 E vendeu-os o Senhor em [2] mão de Jabin, rei de Canaan, que reinava em
Hazor: e Sisera _era o_ capitão do seu exercito, o qual então habitava em
Haroseth dos gentios.

3 Então os filhos d’Israel clamaram ao Senhor, porquanto elle tinha
novecentos carros ferrados, [3] e vinte annos opprimia os filhos d’Israel
violentamente.


_Debora e Barac livram-os._

4 E Debora, mulher prophetiza, mulher de Lappidoth, julgava a Israel
n’aquelle tempo.

5 E habitava debaixo das palmeiras de [4] Debora, entre Rama e Beth-el,
nas montanhas d’Ephraim: e os filhos d’Israel subiam a ella a juizo.

6 E enviou, e chamou a Barac, filho [5] de Abinoam de Kedes de Naphtali,
e disse-lhe: _Porventura_ o Senhor Deus d’Israel não deu ordem,
_dizendo_: Vae, e attrahe _gente_ ao monte de Tabor, e toma comtigo dez
mil homens dos filhos de Naphtali e dos filhos de Zebulon?

7 E attrahirei [6] a ti para o ribeiro de Kison a Sisera, capitão do
exercito de Jabin, com os seus carros, e com a sua multidão: e o darei na
tua mão.

8 Então lhe disse Barac: Se fôres comigo, irei: porém, se não fôres
comigo, não irei.

9 E disse ella: Certamente irei comtigo, porém não será tua a honra pelo
caminho que levas; pois á [7] mão de _uma_ mulher o Senhor venderá a
Sisera. E Debora se levantou, e partiu com Barac para Kedes.

10 Então Barac convocou a [8] Zebulon e a Naphtali em Kedes, e subiu com
dez mil homens após de si: [9] e Debora subiu com elle,

11 E Heber, keneo, [10] se tinha apartado dos keneos, dos filhos de
Hobab, sogro de Moysés: e tinha estendido as suas tendas até ao carvalho
de Saanaim, que _está_ junto a Kedes.

12 E annunciaram a Sisera que Barac, filho de Abinoam, tinha subido ao
monte de Tabor.

13 E Sisera convocou todos os seus carros, novecentos carros ferrados, e
todo o povo que _estava_ com elle, desde Haroseth [IS] dos gentios até ao
ribeiro de Kison.

14 Então disse Debora a Barac: Levanta-te; porque este _é_ o dia em que
o Senhor tem dado a Sisera na tua mão: _porventura_ o Senhor não saiu
diante de ti? [11] Barac pois desceu do monte de Tabor, e dez mil homens
após d’elle.

15 E o Senhor derrotou a [12] Sisera, e a todos os _seus_ carros, e a
todo o _seu_ exercito ao fio da espada, diante de Barac: e Sisera desceu
do carro, e fugiu a pé.

16 E Barac _os_ seguiu após dos carros, e após do exercito, até Haroseth
dos gentios: e todo o exercito de Sisera caiu ao fio da espada, _até_ não
ficar um só.

17 Porém Sisera fugiu a pé á tenda de Jael, mulher de Heber, keneo:
porquanto _havia_ paz entre Jabin, rei de Hazor, e a casa de Heber, keneo.


_Jael mata Sisera._

18 E Jael saiu ao encontro de Sisera, e disse-lhe: Retira-te, senhor meu,
retira-te a mim, não temas. Retirou-se a ella á tenda, e cobriu-o com
_uma_ coberta.

19 Então elle lhe disse: Dá-me, peço-te, de beber uma pouca d’agua;
porque tenho sede. Então ella abriu um odre de leite, [13] e deu-lhe de
beber, e o cobriu.

20 E elle lhe disse: Põe-te á porta da tenda; e ha de ser que se alguem
vier, e te perguntar, e disser: Ha aqui alguem? responde _tu_ então: Não.

21 Então [14] Jael, mulher d’Heber, tomou uma estaca da tenda, e lançou
mão d’um martello, e foi-se mansamente a elle, e lhe cravou a estaca
na fonte, e a pregou na terra, _estando_ elle porém carregado d’_um_
profundo somno, e _já_ cançado; e _assim_ morreu.

22 E eis que, seguindo Barac a Sisera, Jael lhe saiu ao encontro, e
disse-lhe: Vem, e mostrar-te-hei o homem que buscas. E veiu a ella, e
eis-que Sisera jazia morto, e a estaca na fonte.

23 Assim Deus n’aquelle dia sujeitou [15] a Jabin, rei de Canaan, diante
dos filhos de Israel.

24 E continuou a mão dos filhos de Israel a proseguir e endurecer-se
sobre Jabin, rei de Canaan: até que exterminaram a Jabin, rei de Canaan.

[1] cap. 2.19.

[2] cap. 2.14. Jos. 11.1, 10 e 19.36. I Sam. 12.9. ver. 13, 16.

[3] cap. 1.13 e 5.8. Psa. 106.42.

[4] Gen. 35.8.

[5] Heb. 11.32. Jos. 19.37.

[6] Exo. 14.4. cap. 5.21. I Reis 18.40.

[7] cap. 2.14.

[8] cap. 5.18.

[9] Exo. 11.8. I Reis 20.10.

[10] cap. 1.16. Num. 10.29.

[11] Deu. 9.3. II Sam. 5.24. Isa. 52.12.

[12] Psa. 83.10. Jos. 10.10.

[13] cap. 5.25.

[14] cap. 5.26.

[15] Psa. 18.48.



_O cantico de Debora._

5 E cantou Debora e Barac, filho de Abinoam, [1] n’aquelle mesmo dia,
dizendo:

2 Porquanto os chefes se pozeram á frente em Israel, porquanto o povo se
offereceu [2] voluntariamente, louvae ao Senhor.

3 Ouvi, [3] reis; dae ouvidos, principes: eu, eu cantarei ao Senhor;
psalmodiarei ao Senhor Deus de Israel.

4 Ó Senhor, saindo [4] tu de Seir, caminhando tu desde o campo de Edon, a
terra estremeceu; até os céus gotejaram: até as nuvens gotejaram aguas.

5 Os montes [5] se derreteram diante do Senhor, e até Sinai diante do
Senhor Deus de Israel.

6 Nos dias de Samgar, [6] filho d’Anath, nos dias de Jael cessaram os
caminhos _de se percorrerem_: e os que andavam por veredas iam por
caminhos torcidos.

7 Cessaram as aldeias em Israel, cessaram: até que eu, Debora, me
levantei, _por_ mãe [7] em Israel me levantei.

8 _E se_ escolhia deuses novos, logo a guerra _estava_ ás portas: via-se
por isso escudo ou lança entre quarenta mil em Israel?

9 Meu coração _é_ para os legisladores de Israel, que voluntariamente se
offereceram [8] entre o povo; louvae ao Senhor.

10 _Vós_ os que cavalgaes sobre jumentas brancas, [9] que vos assentaes
em juizo, e que andaes pelo caminho, fallae _d’isto_.

11 _D’onde se ouve_ o estrondo dos frecheiros, entre os logares onde se
tiram aguas, ali fallae das justiças do Senhor, [10] das justiças _que
fez_ ás suas aldeias em Israel: então o povo do Senhor descia ás portas.

12 Desperta, [11] desperta, Debora, desperta, desperta, entôa _um_
cantico: levanta-te, Barac, e leva presos a teus prisioneiros, _tu_,
filho d’Abinoam.

13 Então _o Senhor_ fez dominar sobre os magnificos _entre_ [12] o povo
aos que ficaram de resto: fez-me o Senhor dominar sobre os valentes.

14 De Ephraim [13] _saiu_ a sua raiz contra Amalek: e apoz de ti
_vinha_ Benjamin d’entre os teus povos: de Machir e Zebulon desceram os
legisladores, passando com o cajado do escriba.

15 Tambem os principaes de Issacar, foram com Debora; e como Issacar,
assim tambem Barac, [14] foi enviado a pé para o valle: nas correntes de
Ruben _foram_ grandes as resoluções do coração.

16 Porque ficaste tu entre os curraes para ouvires os balidos dos [15]
rebanhos? nas correntes de Ruben _tiveram_ grandes esquadrinhações do
coração.

17 Gilead [16] se ficou d’além do Jordão, e Dan porque se deteve em
navios? Aser se assentou nos portos do mar, e ficou nas suas ruinas.

18 Zebulon [17] _é um_ povo que expoz a sua vida á morte, como tambem
Naphtali, nas alturas do campo.

19 Vieram reis, pelejaram: então pelejaram os reis de Canaan em Thaanak,
junto ás aguas de Megiddo: não tomaram ganho [18] de prata.

20 Desde os céus pelejaram: _até_ [19] as estrellas desde os logares dos
seus cursos pelejaram contra Sisera.

21 O ribeiro de Kison [20] os arrastou, aquelle antigo ribeiro, o ribeiro
de Kison. Pisaste, ó alma minha, a força.

22 Então as unhas dos cavallos se despedaçaram: pelo galopar, o galopar
dos seus valentes.

23 Amaldiçoae a Meroz, diz o anjo do Senhor, acremente amaldiçoae aos
seus moradores: [21] porquanto não vieram ao soccorro do Senhor, ao
soccorro do Senhor com os valorosos.

24 Bemdita seja sobre as mulheres Jael, [22] mulher d’Heber, o keneo:
bemdita seja sobre as mulheres nas tendas.

25 Agua pediu elle, leite _lhe_ deu ella: [23] em taça de principes _lhe_
offereceu manteiga.

26 Á estaca estendeu [24] a sua mão _esquerda_, e ao maço dos
trabalhadores a sua direita: e matou a Sisera, _e_ rachou-lhe a cabeça,
quando lhe pregou e atravessou as fontes.

27 Entre os seus pés se encurvou, caiu, ficou estirado: entre os seus pés
se encurvou caiu: onde se encurvou ali ficou abatido.

28 A mãe de Sisera olhava pela janella, e exclamava pela grade: Porque
tarda em vir o seu carro? porque se demoram os passos dos seus carros?

29 As mais sabias das suas damas responderam; e até ella se respondia a
si mesmo:

30 _Porventura_ não achariam _e_ repartiriam [25] despojos? uma _ou_ duas
moças a cada homem? para Sisera despojos de varias côres, despojos de
varias côres de bordados; de varias côres bordadas de ambas as bandas,
para os pescoços do despojo?

31 Assim, [26] ó Senhor, pereçam todos os teus inimigos! porém os que o
amam _sejam_ como o sol quando sae na sua força.

32 E socegou a terra quarenta annos.

[1] Exo. 15.1.

[2] Psa. 18.48. II Chr. 17.16.

[3] Deu. 32.1, 3. Psa. 2.10.

[4] Deu. 33.2. II Sam. 22.8. Isa. 64.3. Hab. 3.3, 10.

[5] Deu. 4.11. Psa. 97.5. Exo. 19.18.

[6] cap. 3.31 e 4.17. Lev. 26.22. II Chr. 15.5. Isa. 33.8. Lam. 1.4 e
4.18.

[7] Isa. 49.23.

[8] ver. 2.

[9] Psa. 105.2. cap. 10.4 e 12.14. Psa. 107.32.

[10] I Sam. 12.7. Psa. 145.7.

[11] Psa. 57.9 e 67.19.

[12] Psa. 50.15.

[13] cap. 3.27 e 3.13. Num. 32.39, 40.

[14] cap. 4.14.

[15] Num. 32.1.

[16] Jos. 13.25, 31 e 19.29, 31.

[17] cap. 4.10.

[18] cap. 4.16. ver. 30.

[19] Jos. 10.11. cap. 4.15.

[20] cap. 4.7.

[21] cap. 21.9, 10. Neh. 3.5. I Sam. 17.47 e 18.17 e 25.28.

[22] cap. 4.17. Luc. 1.28.

[23] cap. 4.19.

[24] cap. 4.21.

[25] Exo. 15.9.

[26] Psa. 83.20.



_Servidão sob os midianitas._

[Antes de Christo 1249]

6 Porém [1] os filhos de Israel fizeram o _que parecia_ mal aos olhos do
Senhor: e o Senhor os deu na mão dos [2] midianitas por sete annos.

2 E, prevalecendo a mão dos midianitas sobre Israel, fizeram os filhos de
Israel para si, por causa dos midianitas, as covas que _estão_ [3] nos
montes, e as cavernas e as fortificações.

3 Porque succedia _que_, semeando Israel, subiram os midianitas e os
amalekitas; [4] e tambem os do oriente contra elle subiam.

4 E punham-se [5] contra elles em campo, e destruiram a novidade da
terra, até chegarem a Gaza: e não deixavam mantimento em Israel, nem
ovelhas, nem bois nem jumentos.

5 Porque subiam com os seus gados e tendas; vinham como gafanhotos, [6]
em _tanta_ multidão que não se podia contar, _nem_ a elles nem aos seus
camelos: e entravam na terra, para a destruir.

6 Assim Israel empobreceu muito pela presença dos midianitas: então os
filhos de Israel clamaram ao Senhor.

7 E succedeu _que_, [7] clamando os filhos de Israel ao Senhor por causa
dos midianitas,

8 Enviou o Senhor _um_ homem propheta aos filhos de Israel, que lhes
disse: Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Do Egypto eu vos fiz subir, e
vos tirei da casa da servidão;

9 E vos livrei da mão dos egypcios, e da mão de todos quantos vos
opprimiam; e os expelli [8] de diante de vós, e a vós dei a sua terra;

10 E vos disse: Eu _sou_ o Senhor vosso Deus; não temaes [9] aos deuses
dos amorrheos, em cuja terra habitaes: mas não déstes ouvidos á minha voz.


_Um anjo falla com Gideon._

11 Então o anjo do Senhor veiu, e assentou-se debaixo do carvalho que
_está_ em Ophra, que _pertencia_ a Joás, abi-ezrita: [10] e Gideon, seu
filho, estava malhando o trigo no lagar, para _o_ salvar dos midianitas.

12 Então o anjo [11] do Senhor lhe appareceu, e lhe disse: O Senhor _é_
comtigo, varão valoroso.

13 Mas Gideon lhe respondeu: Ai, senhor meu, se o Senhor é comnosco,
porque tudo isto nos sobreveiu? e que _é feito de_ todas as suas
maravilhas [12] que nossos paes nos contaram, dizendo: Não nos fez o
Senhor subir do Egypto? porém agora o Senhor nos desamparou, e nos deu na
mão dos midianitas.

14 Então o Senhor olhou para elle, e disse: [13] Vae n’esta tua força, e
livrarás a Israel da mão dos midianitas: [14] _porventura_ não te enviei
_eu_?

15 E elle lhe disse: Ai, senhor meu, com que livrarei a Israel? eis-que
o meu milheiro _é_ o mais pobre em Manasseh, e eu o menor na casa de meu
pae.

16 E o Senhor lhe disse: Porquanto eu hei de ser [15] comtigo, tu ferirás
aos midianitas como _se fossem_ um _só_ homem.

17 E elle lhe disse: Se agora tenho achado graça aos teus olhos, dá-me
[16] um signal de que _és o que_ comigo fallas.

18 Rogo-te [17] que d’aqui te não apartes, até que eu venha a ti, e tire
[IT] o meu presente, e o ponha perante ti. E disse: Eu esperarei até que
voltes.

19 E entrou Gideon [18] e preparou um cabrito e _bolos_ asmos d’um epha
de farinha; a carne poz n’um açafate e o caldo poz n’uma panella: e
trouxe-lh’o até debaixo do carvalho, e _lh’o_ apresentou.

20 Porém o anjo de Deus lhe disse: Toma a carne e os _bolos_ asmos, e
põe-_os_ sobre esta [19] penha e verte o caldo. E assim o fez.

21 E o anjo do Senhor estendeu a ponta do cajado, que _estava_ na sua
mão, e tocou a carne e os _bolos_ asmos: então subiu fogo da penha, [20]
e consumiu a carne e os _bolos_ asmos; e o anjo do Senhor desappareceu de
seus olhos.

22 Então [21] viu Gideon que _era_ o anjo do Senhor: e disse Gideon: Ah,
Senhor, Jehovah, que eu vi o anjo do Senhor face a face.

23 Porém o Senhor lhe disse: Paz _seja_ comtigo; [22] não temas: não
morrerás.

24 Então Gideon edificou ali um altar ao Senhor, e lhe chamou, Senhor _é_
paz: _e_ ainda até ao _dia d’_hoje _está_ em Ophra [23] dos abi-ezritas.

25 E aconteceu, n’aquella mesma noite, que o Senhor lhe disse: Toma o boi
de teu pae, a saber, o segundo boi de sete annos: e derriba o altar de
Baal, que é de teu pae; [24] e corta o bosque que _está_ ao pé d’elle.

26 E edifica ao Senhor teu Deus um altar no cume d’este logar forte, n’um
logar conveniente: e toma o segundo boi, e o offerecerás em holocausto
com a lenha que cortares do bosque.

27 Então Gideon tomou dez homens d’entre os seus servos, e fez como o
Senhor lhe dissera: e succedeu _que_, temendo elle a casa de seu pae, e
os homens d’aquella cidade, não o fez de dia, mas fel-_o_ de noite.

28 Levantando-se pois os homens d’aquella cidade de madrugada, eis que
estava o altar de Baal derribado, e o bosque _estava_ ao pé d’elle,
cortado: e o segundo boi offerecido no altar _de novo_ edificado.

29 E uns aos outros disseram: Quem fez esta coisa? E, esquadrinhando, e
inquirindo, disseram: Gideon, o filho de Joás, fez esta coisa.

30 Então os homens d’aquella cidade disseram a Joás: Tira para fóra a teu
filho, para que morra; pois derribou o altar de Baal, e cortou o bosque
que _estava_ ao pé d’elle.

31 Porém Joás disse a todos os que se pozeram contra elle: Contendereis
vós por Baal? livral-o-heis vós? qualquer que por elle contender
ainda esta manhã será morto: se _é_ deus, por si mesmo contenda; pois
derribaram o seu altar.

32 Pelo que n’aquelle dia lhe chamaram Jerubbaal, [25] dizendo: Baal
contenda contra elle, pois derribou o seu altar.

33 E todos os midianitas, [26] e amalekitas, e os filhos do oriente se
ajuntaram n’um corpo, e passaram, e pozeram o _seu_ campo no valle de
Jizreel.

34 Então o espirito do [27] Senhor revestiu a Gideon, o qual tocou a
buzina, e os abi-ezritas se convocaram após d’elle.

35 E enviou mensageiros por toda a _tribu de_ Manasseh, e elle tambem se
convocou após d’elle: tambem enviou mensageiros a Eser, e a Zebulon, e a
Naphtali, e sairam-lhe ao encontro.

36 E disse Gideon a Deus: Se has de livrar a Israel por minha mão, como
tens dito,

37 Eis que eu porei [28] um vello de lã na eira: se o orvalho estiver
sómente no vello, e secura sobre toda a terra, então conhecerei que has
de livrar a Israel por minha mão, como tens dito.

38 E assim succedeu; porque ao outro dia se levantou de madrugada, e
apertou o vello: e do orvalho do vello espremeu uma taça cheia d’agua.

39 E disse Gideon a Deus: Não se accenda contra mim [29] a tua ira, se
ainda fallar só esta vez: rogo-te que só esta vez faça a prova com o
vello; rogo-te que só no vello haja secura, e em toda a terra haja o
orvalho.

40 E Deus assim o fez n’aquella noite: pois só no vello havia secura, e
sobre toda a terra havia orvalho.

[1] cap. 2.19.

[2] Hab. 3.7.

[3] I Sam. 13.6. Heb. 11.38.

[4] cap. 3.13. Gen. 29.1. cap. 7.12 e 8.10. I Reis 4.30. Job 1.3.

[5] Lev. 26.16. Deu. 28.30, 33, 51. Miq. 6.15.

[6] cap. 7.12.

[7] cap. 3.15. Ose. 5.15.

[8] Psa. 44.3, 4.

[9] II Reis 17.35, 37, 38. Jer. 10.2.

[10] Jos. 17.2.

[11] cap. 13.3. Luc. 1.11, 28. Jos. 1.5.

[12] Psa. 89.50. Isa. 59.1 e 63.15. II Chr. 15.2.

[13] I Sam. 12.11. Heb. 11.32, 34.

[14] Jos. 1.9. cap. 4.6.

[15] Exo. 3.12. Jos. 1.5.

[16] Exo. 4.1, 8. ver. 36, 37. II Reis 20.8. Isa. 7.11.

[17] Gen. 18.3, 5. cap. 13.15.

[18] Gen. 18.6, 7, 8.

[19] cap. 13.19. I Reis 18.33, 34.

[20] Lev. 9.24. I Reis 18.38. II Chr. 7.1.

[21] cap. 13.21. Gen. 16.13 e 32.30. Exo. 33.20. cap. 13.22.

[22] Dan. 10.19.

[23] cap. 8.32.

[24] Exo. 34.13. Deu. 7.5.

[25] I Sam. 12.11. II Sam. 11.21.

[26] ver. 3. Jos. 17.16.

[27] cap. 3.10. I Chr. 12.18. II Chr. 24.20. Num. 10.3. cap. 3.27.

[28] Exo. 4.3, 4, 6, 7.

[29] Gen. 18.32.



_Gideon com trezentos homens vence os midianitas._

7 Então Jerubbaal [1] (que _é_ Gideon) se levantou de madrugada, e todo
o povo que com elle _havia_, e se acamparam junto á fonte d’Harod; de
maneira que tinha o arraial dos midianitas para o norte, pelo outeiro de
Moreh no valle.

2 E disse o Senhor a Gideon: Muito _é_ o povo que _está_ comtigo, para
_eu_ dar aos midianitas em sua mão; a fim de que Israel [2] se não glorie
contra mim, dizendo: A minha mão me livrou.

3 Agora pois apregoa aos ouvidos do povo, dizendo: [3] Quem _fôr_ cobarde
e medroso, volte, e vá-se apressadamente das montanhas de Gilead. Então
voltaram do povo vinte e dois mil, e dez mil ficaram.

4 E disse o Senhor a Gideon: Ainda muito povo _ha_; faze-os descer ás
aguas, e ali t’os provarei: e será _que_, d’aquelle de que eu te disser:
Este irá comtigo, esse comtigo irá; porém de todo aquelle, de que eu te
disser: Este não irá comtigo, esse não irá.

5 E fez descer o povo ás aguas. Então o Senhor disse a Gideon: Qualquer
que lamber as aguas com a sua lingua, como _as_ lambe o cão, esse porás á
parte; _como_ tambem a todo aquelle que se abaixar de joelhos a beber.

6 E foi o numero dos que lamberam, levando a mão á bocca, trezentos
homens; e todo o resto do povo se abaixou de joelhos a beber as aguas.

7 E disse o Senhor a Gideon: Com estes trezentos homens [4] que lamberam
_as aguas_ vos livrarei, e darei os midianitas na tua mão; pelo que toda
a outra gente se vá cada um ao seu logar.

8 E o povo tomou na sua mão a provisão e as suas buzinas, e enviou
a todos os _outros_ homens de Israel cada um á sua tenda, porém os
trezentos homens reteve: e estava o arraial dos midianitas abaixo no
valle.

9 E succedeu que, n’aquella mesma noite, [5] o Senhor lhe disse:
Levanta-te, e desce ao arraial, porque o tenho dado na tua mão.

10 E, se _ainda_ temes descer, desce tu e teu moço Pura ao arraial;

11 E ouvirás [6] o que dizem, e então se esforçarão as tuas mãos e
descerás ao arraial. Então desceu elle com o seu moço Pura até ao extremo
das sentinellas que _estavam_ no arraial.

12 E os midianitas, e amalekitas, [7] e todos os filhos do oriente jaziam
no valle como gafanhotos em multidão: e _eram_ innumeraveis os seus
camelos, como a areia que _ha_ na praia do mar em multidão.

13 Chegando pois Gideon, eis que _estava_ contando um homem ao seu
companheiro _um_ sonho, e dizia: Eis que _um_ sonho sonhei, eis que um
pão de cevada torrado rodava pelo arraial dos midianitas, e chegava até
ás tendas, e as feriu, e cairam, e as transtornou de cima _para baixo_; e
ficaram abatidas.

14 E respondeu o seu companheiro, e disse: Não _é_ isto outra coisa,
senão a espada de Gideon, filho de Joás, varão israelita. Deus tem dado
na sua mão aos midianitas, e a todo este arraial.

15 E succedeu _que_, ouvindo Gideon a narração d’este sonho, e a sua
explicação, adorou: e tornou ao arraial de Israel, e disse: Levantae-vos,
porque o Senhor tem dado o arraial dos midianitas nas vossas mãos.

16 Então repartiu os trezentos homens em tres esquadrões: e deu-_lhes_
a cada um nas suas mãos buzinas, e cantaros vasios, com tochas n’elles
accesas.

17 E disse-lhes: Olhae para mim, e fazei como _eu fizer_: e eis que
chegando eu ao extremo do arraial, será _que_, como eu fizer, assim
fareis vós.

18 Tocando eu e todos os que comigo _estiverem_ a buzina, então tambem
vós tocareis a buzina ao redor de todo o arraial, e direis: Pelo Senhor,
e Gideon.

19 Chegou pois Gideon, e os cem homens que com elle _iam_, ao extremo do
arraial, ao principio da guarda da meia noite, havendo-se já posto as
guardas: e tocaram as buzinas, e partiram os cantaros, que _tinham_ nas
mãos.

20 Assim tocaram os tres esquadrões as buzinas, e partiram os cantaros;
e tinham nas suas mãos esquerdas as tochas accesas, e nas suas mãos
direitas as buzinas, que tocavam: e exclamaram: Espada do Senhor, e de
Gideon.

21 E ficou-se cada um no [8] seu logar ao redor do arraial: então todo o
exercito deitou a correr, e, gritando, fugiram.

22 Tocando [9] pois os trezentos as buzinas, o Senhor tornou [10] a
espada d’um contra o outro, e _isto_ em todo o arraial: e o exercito
fugiu para Zererath, até Beth-sitta até aos limites de Abel-mehola, acima
de Tabbath.

23 Então os homens de Israel, de Naphtali, e d’Aser e de todo o Manasseh
foram convocados, e perseguiram aos midianitas.

24 Tambem Gideon enviou mensageiros a todas as montanhas d’Ephraim, [11]
dizendo: Descei ao encontro dos midianitas, e tomae-lhes as aguas até
Beth-bara, a saber, o Jordão. Convocados pois todos os homens d’Ephraim,
[12] tomaram-_lhes_ as aguas até Beth-bara e o Jordão.

25 E prenderam a dois principes dos midianitas, a [13] Oreb e a Zeeb;
e mataram a Oreb na penha d’Oreb, e a Zeeb mataram no lagar de Zeeb, e
perseguiram aos midianitas: e trouxeram as cabeças d’Oreb e de Zeeb a
Gideon, d’além do Jordão.

[1] cap. 6.32.

[2] Deu. 8.17. Isa. 10.13. I Cor. 1.29. II Cor. 4.7.

[3] Deu. 20.8.

[4] I Sam. 14.6.

[5] Gen. 46.2, 3.

[6] ver. 13, 14, 15. Gen. 24.14. I Sam. 14.9, 10.

[7] cap. 6.5, 33 e 8.10.

[8] Exo. 14.13, 14. II Chr. 20.17. II Reis 7.7.

[9] Jos. 6.4, 16, 20. II Cor. 4.7.

[10] Psa. 83.10. Isa. 9.4. I Sam. 14.20. II Chr. 20.23.

[11] cap. 3.27.

[12] cap. 3.28.

[13] cap. 8.3. Isa. 10.26.



_Gideon apazigua os ephraimitas e mata os reis dos midianitas._

8 Então os homens d’Ephraim lhes disseram: [1] Que _é_ isto que
nos fizeste, que não nos chamas te, quando foste pelejar contra os
midianitas? E contenderam com elle fortemente.

2 Porém elle lhes disse: Que _mais_ fiz eu agora do que vós? não _são
porventura_ os rabiscos d’Ephraim melhores do que a vindima d’Abiezer?

3 Deus vos deu [2] na vossa mão aos principes dos midianitas, Oreb e
Zeeb; que _mais_ pude eu logo fazer do que vós? então a sua ira [3] se
abrandou para com elle, quando fallou esta palavra.

4 E, como Gideon veiu ao Jordão, passou com os trezentos homens que com
elle _estavam_, _já_ cançados, mas ainda perseguindo.

5 E disse aos homens [4] de Succoth: Dae, peço-vos, alguns pedaços de pão
ao povo, que segue as minhas pisadas: porque estão cançados, e eu vou em
alcance de Zebah e Salmuna, reis dos midianitas.

6 Porém os principes de Succoth disseram: _Está_ já a palma da mão [5] de
Zebah e Salmuna na tua mão, para que demos pão ao teu exercito?

7 Então disse Gideon: Pois quando o Senhor dér na minha mão a Zebah e a
Salmuna, trilharei [6] a vossa carne com os espinhos do deserto, e com os
abrolhos.

8 E d’ali subiu a [7] Penuel, e fallou-lhes da mesma maneira: e os
homens de Penuel lhe responderam como os homens de Succoth _lhe_ haviam
respondido.

9 Pelo que tambem fallou aos homens de Penuel, dizendo: Quando [8] eu
voltar em paz, derribarei esta torre.

10 _Estavam_ pois Zebah e Salmuna em Carcor, e os seus exercitos com
elles, uns quinze mil _homens_, todos os que ficavam do exercito dos
filhos [9] do oriente: e os que cairam _foram_ cento e vinte mil homens,
que arrancavam a espada.

11 E subiu Gideon pelo caminho dos que habitavam em tendas, para o
oriente de Nobah [10] e Jogbehah: e feriu aquelle exercito, porquanto o
exercito estava descuidado.

12 E fugiram Zebah e Salmuna; porém elle os perseguiu, e tomou [11]
presos a ambos os reis dos midianitas, a Zebah e a Salmuna, e afugentou a
todo o exercito.

13 Voltando pois Gideon, filho de Joás, da peleja, antes _do nascer_ do
sol,

14 Tomou preso a um moço dos homens de Succoth, e lhe fez perguntas: o
qual descreveu os principes de Succoth, e os seus anciãos, setenta e sete
homens.

15 Então veiu aos homens de Succoth, e disse: Vedes aqui a Zebah e a
Salmuna, dos quaes desprezivelmente me deitastes em rosto, [12] dizendo:
_Está_ já a palma da mão de Zebah e Salmuna na tua mão, para que dêmos
pão aos teus homens, _já_ cançados?

16 E tomou [13] os anciãos d’aquella cidade, e os espinhos do deserto, e
os abrolhos: e com elles ensinou aos homens de Succoth.

17 E derribou [14] a torre de Penuel, e matou os homens da cidade.

18 Depois disse a Zebah e a Salmuna: Que homens _eram os_ que matastes em
[15] Tabor? E disseram: Qual tu, taes _eram_ elles; cada um ao parecer,
como filhos d’um rei.

19 Então disse elle: Meus irmãos _eram_, filhos de minha mãe: vive o
Senhor, que, se os tivesseis deixado em vida, eu não _vos_ mataria a vós.

20 E disse a Jether, seu primogenito: Levanta-te, mata-os. Porém o
mancebo não arrancou da sua espada, porque temia; porquanto ainda _era_
mancebo.

21 Então disseram Zebah e Salmuna: Levanta-te tu, e accommette-nos;
porque, qual o homem, _tal_ a sua valentia. Levantou-se pois Gideon, e
matou [16] a Zebah e a Salmuna, e tomou [IU] as lunetas, que estavam aos
pescoços dos seus camelos.


_Gideon recusa governar, faz um ephod e morre._

22 Então os homens de Israel disseram a Gideon: Domina sobre nós, tanto
tu, como teu filho e o filho de teu filho: porquanto nos livraste da mão
dos midianitas.

23 Porém Gideon lhes disse: Sobre vós eu não dominarei, nem tão pouco meu
filho sobre vós dominará: o Senhor sobre vós [17] dominará.

24 E disse-lhes _mais_ Gideon: Uma petição vos farei: dae-me cada um de
vós os pendentes do seu despojo (porque [18] tinham pendentes de oiro,
porquanto eram ishmaelitas).

25 E disseram elles: De boamente _os_ daremos. E estenderam uma capa, e
cada um d’elles deitou ali um pendente do seu despojo.

26 E foi o pezo dos pendentes d’oiro, que pediu, mil e setecentos
_siclos_ d’oiro, afóra as lunetas, e as cadeias, e os vestidos de
purpura, que traziam os reis dos midianitas, e afóra as colleiras que os
camelos traziam ao pescoço.

27 E fez Gideon d’elle um ephod, [19] e pôl-o na sua cidade, em Ophra; e
todo o Israel fornicou ali após d’elle: e foi por tropeço a Gideon [20] e
á sua casa.

28 Assim foram abatidos os midianitas diante dos filhos d’Israel, e nunca
mais levantaram a sua cabeça: e socegou a terra [21] quarenta annos nos
dias de Gideon.

29 E foi-se Jerubbaal, filho de Joás, e habitou em sua casa.

30 E teve Gideon setenta filhos, que procederam da sua côxa: porque tinha
muitas mulheres.

31 E sua concubina, [22] que _estava_ em Sichem, lhe pariu tambem _um_
filho: e poz-lhe por nome Abimelech.

32 E falleceu Gideon, filho de Joás, n’uma boa velhice: [23] e foi
sepultado no sepulchro de seu pae Joás, em Ophra dos abi-ezritas.

33 E succedeu que, [24] como Gideon falleceu, os filhos d’Israel se
tornaram, e fornicaram após dos baalins: e pozeram a Baal-berith por deus.

34 E os filhos d’Israel se não lembraram [25] do Senhor seu Deus, que os
livrara da mão de todos os seus inimigos em redor.

35 Nem usaram [26] de beneficencia com a casa de Jerubbaal, _a saber_, de
Gideon, conforme a todo o bem que elle usara com Israel.

[1] cap. 12.1. II Sam. 19.41.

[2] cap. 7.24, 25. Phi. 2.3.

[3] Pro. 15.1.

[4] Gen. 33.17.

[5] I Reis 20.11. I Sam. 25.11.

[6] ver. 16.

[7] Gen. 32.30. I Reis 12.25.

[8] I Reis 22.27. ver. 17.

[9] cap. 7.12.

[10] Num. 32.35, 42. cap. 18.27. I The. 5.3.

[11] Psa. 83.12.

[12] ver. 6.

[13] ver. 7.

[14] ver. 9. I Reis 12.25.

[15] cap. 4.6.

[16] Psa. 83.12.

[17] I Sam. 8.7 e 10.19 e 12.12.

[18] Gen. 25.13 e 37.25, 28.

[19] cap. 17.5 e 6.24. Psa. 106.39.

[20] Deu. 7.16.

[21] cap. 5.31.

[22] cap. 9.1.

[23] Gen. 25.8. Job 5.26. ver. 27. cap. 6.24.

[24] cap. 2.19 e 2.17 e 9.4, 46.

[25] Psa. 78.11, 42 e 106.13, 21.

[26] cap. 9.16, 17, 18. Ecc. 9.14, 15.



_Abimelech mata os seus irmãos e se declara rei._

[Antes de Christo 1209]

9 E Abimelech, filho de Jerubbaal, foi-se a Sichem, aos irmãos [1] de sua
mãe, e fallou-lhes e a toda a geração da casa do pae de sua mãe, dizendo:

2 Fallae, peço-vos, aos ouvidos de todos os cidadãos de Sichem: Qual _é_
melhor para vós, que setenta [2] homens, todos os filhos de Jerubbaal,
dominem sobre vós, ou que um homem sobre vós domine? lembrae-vos tambem
de que _sou_ osso vosso e carne vossa.

3 Então os irmãos de sua mãe fallaram ácerca d’elle perante os ouvidos de
todos os cidadãos de Sichem todas aquellas palavras: e o coração d’elles
se inclinou após de Abimelech, porque disseram: _É_ nosso [3] irmão.

4 E deram-lhe setenta peças de prata, da casa [4] de Baal-berith: e com
ellas alugou Abimelech _uns_ homens ociosos e levianos, que o seguiram.

5 E veiu á casa de seu pae, a [5] Ophra, e matou a seus irmãos, os filhos
de Jerubbaal, setenta homens, sobre uma pedra. Porém Jotham, filho menor
de Jerubbaal, ficou, porque se tinha escondido.

6 Então se ajuntaram todos os cidadãos de Sichem, e toda a casa de Millo;
e foram, e levantaram a Abimelech por rei, junto ao carvalho alto que
_está_ perto de Sichem.


_A parabola de Jotham._

7 E, dizendo-o a Jotham, foi-se, e poz-se no cume do [6] monte de
Gerizim, e levantou a sua voz, e clamou, e disse-lhes: Ouvi-me a mim,
cidadãos de Sichem, e Deus vos ouvirá _a vós_:

8 Foram _uma vez_ as arvores [7] a ungir para si _um_ rei: e disseram á
oliveira: Reina tu sobre nós.

9 Porém a oliveira lhes disse: Deixaria eu a minha gordura, [8] que Deus
e os homens em mim prezam, e iria a labutar sobre as arvores?

10 Então disseram as arvores á figueira: Vem tu, _e_ reina sobre nós.

11 Porém a figueira lhes disse: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom
fructo, e iria labutar sobre as arvores?

12 Então disseram as arvores á videira: Vem tu, _e_ reina sobre nós.

13 Porém a videira lhes disse: Deixaria eu o meu mosto, que alegra [9] a
Deus e aos homens, e iria labutar sobre as arvores?

14 Então todas as arvores disseram ao espinheiro: Vem tu, _e_ reina sobre
nós.

15 E disse o espinheiro ás arvores: Se, na verdade, me ungis por rei
sobre vós, vinde, e confiae-vos debaixo da minha [10] sombra: mas se não,
saia [11] fogo do espinheiro que consuma os cedros do Libano.

16 Agora, pois, se _é que_ em verdade e sinceridade obrastes, fazendo rei
a Abimelech, e se bem fizestes para com Jerubbaal e para com a sua casa,
e se com elle usastes conforme ao merecimento das [12] suas mãos;

17 Porque meu pae pelejou por vós, e desprezou a sua vida, e vos livrou
da mão dos midianitas:

18 Porém vós hoje [13] vos levantastes contra a casa de meu pae, e
matastes a seus filhos, setenta homens, sobre uma pedra: e a Abimelech,
filho da sua serva, fizestes reinar sobre os cidadãos de Sichem, porque
_é_ vosso irmão;

19 Pois, se em verdade e sinceridade usastes com Jerubbaal e com a sua
casa hoje, alegrae-vos [14] com Abimelech, e tambem elle se alegre
comvosco:

20 Mas, se não, saia fogo [15] de Abimelech, e consuma aos cidadãos de
Sichem, e á casa de Millo: e saia fogo dos cidadãos de Sichem, e da casa
de Millo, que consuma a Abimelech.

21 Então partiu Jotham, e fugiu, e foi-se a Beer: [16] e ali habitou por
_medo de_ Abimelech, seu irmão.


_A conspiração de Gaal._

[Antes de Christo 1206]

22 Havendo pois Abimelech dominado tres annos sobre Israel,

23 Enviou Deus [17] um mau espirito entre Abimelech e os cidadãos de
Sichem: [18] e os cidadãos de Sichem se houveram aleivosamente contra
Abimelech;

24 Para que a violencia [19] _feita_ aos setenta filhos de Jerubbaal
viesse, e o seu sangue caisse sobre Abimelech, seu irmão, que os matara,
e sobre os cidadãos de Sichem, que lhe corroboraram as mãos, para matar a
seus irmãos.

25 E os cidadãos de Sichem pozeram contra elle quem lhe armasse
emboscadas sobre os cumes dos montes; e a todo aquelle que passava pelo
caminho junto a elles o assaltavam: e contou-se a Abimelech.

26 Veiu tambem Gaal, filho de Ebed, com seus irmãos, e passaram para
dentro de Sichem: e os cidadãos de Sichem se fiaram d’elle.

27 E sairam ao campo, e vindimaram as suas vinhas, e pisaram _as uvas_,
e fizeram canções de louvor: e foram á casa de seu Deus, e comeram, e
beberam, e [20] amaldiçoaram a Abimelech.

28 E disse Gaal, filho d’Ebed: Quem [21] _é_ Abimelech, e qual _é_
Sichem, para que o servissemos? não _é porventura_ filho de Jerubbaal? e
_não é_ Zebul o seu mordomo? servi _antes_ aos homens de Hemor, [22] pae
de Sichem; pois por que _razão_ nós o serviriamos a elle?

29 Ah! [23] se este povo estivera na minha mão, eu expelliria a
Abimelech. E a Abimelech se disse: Multiplica o teu exercito, e sae.

30 E, ouvindo Zebul, o maioral da cidade, as palavras de Gaal, filho
d’Ebed, se accendeu a sua ira;

31 E enviou astutamente mensageiros a Abimelech, dizendo: Eis que Gaal,
filho d’Ebed, e seus irmãos vieram a Sichem, e eis que elles fortificam
esta cidade contra ti.

32 Levanta-te pois de noite, tu e o povo que _tiveres_ comtigo, e põe
emboscadas no campo.

33 E levanta-te pela manhã ao sair o sol, e dá de golpe sobre a cidade:
e eis que, saindo elle e o povo que _tiver_ com elle contra ti, faze-lhe
assim como alcançar a tua mão.


_Abimelech vence Gaal e os sichemitas._

34 Levantou-se pois Abimelech, e todo o povo que com elle _havia_, de
noite, e pozeram emboscadas a Sichem, com quatro tropas.

35 E Gaal, filho d’Ebed, saiu, e poz-se á entrada da porta da cidade: e
Abimelech, e todo o povo que com elle _havia_, se levantou das emboscadas.

36 E, vendo Gaal aquelle povo, disse a Zebul: Eis que desce gente dos
cumes dos montes. Zebul, ao contrario, lhe disse: As sombras dos montes
vês por homens.

37 Porém Gaal ainda tornou a fallar, e disse: Eis ali desce gente do meio
da terra, e uma tropa vem do caminho do carvalho de Meonenim.

38 Então lhe disse Zebul: Onde _está_ agora a tua bocca, com a qual
dizias: [24] Quem _é_ Abimelech, para que o servissemos? não _é_ este
_porventura_ o povo que desprezaste? sae pois, peço-te, e peleja contra
elle.

39 E saiu Gaal á vista dos cidadãos de Sichem, e pelejou contra Abimelech.

40 E Abimelech o perseguiu, porquanto fugiu de diante d’elle: e muitos
feridos cairam até á entrada da porta _da cidade_.

41 E Abimelech ficou em Aruma. E Zebul expelliu a Gaal e a seus irmãos,
para que não podessem habitar em Sichem.

42 E succedeu no dia seguinte que o povo saiu ao campo, e o disseram a
Abimelech.

43 Então tomou _o_ povo, e o repartiu em tres tropas, e poz emboscadas no
campo: e olhou, e eis que o povo sahia da cidade, e levantou-se contra
elles, e os feriu.

44 Porque Abimelech, e as tropas que com elle _havia_, deram n’elles de
improviso, e pararam á entrada da porta da cidade: e as _outras_ duas
tropas deram de improviso sobre todos quantos _estavam_ no campo, e os
feriram.

45 E Abimelech pelejou contra a cidade todo aquelle dia, [25] e tomou a
cidade, e matou o povo que n’ella _havia_; e assolou a cidade, e a semeou
de sal.

46 O que ouvindo todos os cidadãos da torre de Sichem, entraram na
fortaleza, em casa do deus Berith.

47 E contou-se a Abimelech que todos os cidadãos da torre de Sichem se
haviam congregado.

48 Subiu pois Abimelech ao monte de Salmon, [26] elle e todo o povo que
com elle _havia_: e Abimelech tomou na sua mão machados, e cortou um ramo
das arvores, e o levantou, e pôl-o ao seu hombro, e disse ao povo, que
com elle _havia_: O que me vistes fazer apressae-vos a fazel-o _assim_
como eu.

49 _Assim_ pois tambem todo o povo, cada um cortou o seu ramo, e seguiram
a Abimelech, os puzeram junto da fortaleza, e queimaram a fogo a
fortaleza com elles: de maneira que todos os da torre de Sichem morreram,
uns mil homens e mulheres.


_A morte de Abimelech._

50 Então Abimelech foi-se a Thebes, e sitiou a Thebes, e a tomou.

51 Havia porém no meio da cidade uma torre forte; e todos os homens e
mulheres, e todos os cidadãos da cidade se acolheram a ella, e fecharam
após de si _as portas_, e subiram ao telhado da torre.

52 E Abimelech veiu até á torre, e a combateu: e chegou-se até á porta da
torre, para a queimar a fogo.

53 Porém uma mulher [27] lançou um pedaço d’_uma_ mó sobre a cabeça
d’Abimelech: e quebrou-lhe o craneo.

54 Então chamou [28] logo ao moço, que levava as suas armas, e disse-lhe:
Desembainha a tua espada, e mata-me; para que se não diga de mim: Uma
mulher o matou. E seu moço o atravessou, e _elle_ morreu.

55 Vendo pois os homens de Israel que _já_ Abimelech era morto, foram-se
cada um para o seu logar.

56 Assim Deus fez tornar [29] sobre Abimelech o mal que tinha feito a seu
pae, matando a seus setenta irmãos.

57 Como tambem todo o mal dos homens de Sichem fez tornar sobre a cabeça
d’elles: e [30] a maldição de Jotham, filho de Jerubbaal, veiu sobre
elles.

[1] cap. 8.31.

[2] cap. 8.30. Gen. 29.14.

[3] Gen. 29.15.

[4] cap. 8.33 e 11.3. II Chr. 13.7. Pro. 12.11. Act. 17.5.

[5] cap. 6.24. II Reis 11.1, 2.

[6] Deu. 11.29 e 27.12. Jos. 8.33. João 4.20.

[7] II Reis 14.9. cap. 8.22, 23.

[8] Psa. 104.15.

[9] Psa. 104.15.

[10] Isa. 30.2. Dan. 4.12. Ose. 14.7.

[11] ver. 20. Num. 21.28. Eze. 19.14. II Reis 14.9. Eze. 31.3.

[12] cap. 8.35.

[13] ver. 5, 6.

[14] Isa. 8.6. Phi. 3.3.

[15] ver. 15, 56, 57.

[16] II Sam. 20.14.

[17] I Sam. 16.14 e 18.9, 10. Isa. 19.2, 14.

[18] Isa. 33.1.

[19] I Reis 2.32. Est. 9.25. Psa. 8.17. Mat. 23.35, 36.

[20] ver. 4.

[21] I Sam. 25.10. I Reis 12.16.

[22] Gen. 34.2, 6.

[23] II Sam. 15.4.

[24] ver. 28, 29.

[25] ver. 20. Deu. 29.23. I Reis 12.25. II Reis 3.25. cap. 8.33.

[26] Psa. 68.15.

[27] II Sam. 11.21.

[28] I Sam. 31.4.

[29] ver. 24. Job 31.3. Psa. 94.23. Pro. 5.22.

[30] ver. 20.



_Tola e Jair juizes dos israelitas._

[Antes de Christo 1161]

10 E depois de Abimelech, [1] se levantou, para livrar a Israel, Tola,
filho de Puah, filho de Dodo, homem d’Issacar: e habitava em Samir, na
montanha d’Ephraim.

2 E julgou a Israel vinte e tres annos: e morreu, e foi sepultado em
Samir.

3 E depois d’elle se levantou Jair, gileadita, e julgou a Israel vinte e
dois annos.

4 E tinha este trinta filhos, que cavalgavam [2] sobre trinta jumentos;
e tinham trinta cidades, [3] a que chamaram Havoth-jair, até ao _dia
d’_hoje; as quaes _estão_ na terra de Gilead.

5 E morreu Jair, e foi sepultado em Camon.


_Servidão sob os philisteos e os ammonitas._

6 Então tornaram os filhos de Israel [4] a fazer o _que parecia_ mal
aos olhos do Senhor, e serviram aos baalins, e a Astaroth, e aos deuses
da Syria, e aos deuses de Sidon, e aos deuses de Moab, e aos deuses dos
filhos d’Ammon, e [5] aos deuses dos philisteos: e deixaram ao Senhor, e
não o serviram.

7 E a ira do Senhor se accendeu contra Israel: e vendeu-os em mão dos
philisteos, e em mão dos filhos d’Ammon.

8 E n’aquelle _mesmo_ anno opprimiram e vexaram aos filhos de Israel:
dezoito annos _opprimiram_ a todos os filhos de Israel que _estavam_
d’além do Jordão, na terra dos amorrheos, que _está_ em Gilead.

9 Até os filhos d’Ammon passaram o Jordão, para pelejar tambem contra
Judah, e contra Benjamin, e contra a casa d’Ephraim: de maneira que
Israel ficou mui angustiado.

10 Então os filhos d’Israel clamaram ao Senhor, dizendo: Contra ti
havemos peccado, [6] em que deixámos a nosso Deus, e em que servimos aos
baalins.

11 Porém o Senhor disse aos filhos de Israel: _Porventura_ dos egypcios,
e dos [7] amorrheos, e dos filhos d’Ammon, e dos philisteos,

12 E dos sidonios, [8] e dos amalekitas, e dos maonitas, que vos
opprimiam, quando a mim chamastes, não vos livrei _eu então_ da sua mão?

13 _Comtudo_ vós me deixastes a mim, [9] e servistes a outros deuses:
pelo que não vos livrarei mais.

14 Andae, [10] e clamae aos deuses que escolhestes: que vos livrem elles
no tempo do vosso aperto.

15 Mas os filhos de Israel disseram ao Senhor: Peccámos, [11] faze-nos
conforme a tudo quanto _te_ parecer bem aos teus olhos; tão sómente te
rogamos que nos livres n’este dia.

16 E tiraram os deuses alheios do meio de si, [12] e serviram ao Senhor:
então se angustiou a sua alma por causa do trabalho d’Israel.

17 E os filhos d’Ammon se convocaram, e se pozeram em campo em Gilead:
e _tambem_ os de Israel se congregaram, e se pozeram em campo em [13]
Mispah.

18 Então o povo, os principes de Gilead disseram uns aos outros: Quem
_será_ o varão que começará a pelejar contra os filhos d’Ammon? elle será
por Cabeça de todos os [14] moradores de Gilead.

[1] cap. 2.16.

[2] cap. 5.10 e 12.14.

[3] Deu. 3.14.

[4] cap. 2.11 e 3.7 e 4.1 e 6.1 e 13.1 e 2.13 e 2.12. I Reis 11.33. Psa.
106.36.

[5] cap. 2.14. I Sam. 12.9.

[6] I Sam. 12.10.

[7] Exo. 14.30. Num. 21.21, 24, 25. cap. 3.12, 13, 31.

[8] cap. 5.19 e 6.3.

[9] Deu. 32.15. Jer. 2.13.

[10] Deu. 32.37, 38. II Reis 3.13. Jer. 2.28.

[11] I Sam. 3.18. II Sam. 15.26.

[12] II Chr. 7.14 e 15.8. Jer. 18.7, 8. Psa. 106.44, 45. Isa. 63.9.

[13] Gen. 31.49. cap. 11.11, 29.

[14] cap. 11.8, 11.



_Jefthe livra os israelitas._

[Antes de Christo 1143]

11 Era então Jefthe, o gileadita, valente [1] e valoroso, porém filho
d’uma prostituta: mas Gilead gerara a Jefthe.

2 Tambem a mulher de Gilead lhe pariu filhos, e, sendo os filhos d’esta
mulher já grandes, expelliram a Jefthe, e lhe disseram: Não herdarás em
casa de nosso pae, porque és filho d’outra mulher.

3 Então Jefthe fugiu de diante de seus irmãos, e habitou na terra de Tob:
e homens levianos [2] se ajuntaram com Jefthe, e sahiam com elle.

4 E aconteceu que, depois d’_alguns_ dias, os filhos d’Ammon pelejaram
contra Israel.

5 _Aconteceu_ pois _que_, como os filhos d’Ammon pelejassem contra
Israel, foram os anciãos de Gilead buscar a Jefthe da terra de Tob.

6 E disseram a Jefthe: Vem, e sê-nos por Cabeça: para que combatamos
contra os filhos d’Ammon.

7 Porém Jefthe disse aos anciãos de Gilead: _Porventura_ não me
aborrecestes a mim, [3] e não me expellistes da casa de meu pae? porque
pois agora viestes a mim, quando estaes em aperto?

8 E disseram os anciãos [4] de Gilead a Jefthe: Por isso tornamos a ti,
para que venhas comnosco, e combatas contra os filhos d’Ammon: e nos
sejas por Cabeça [5] sobre todos os moradores de Gilead.

9 Então Jefthe disse aos anciãos de Gilead: Se me tornardes _a levar_
para combater contra os filhos d’Ammon, e o Senhor m’os dér diante de
mim, então eu vos serei por Cabeça?

10 E disseram os anciãos de Gilead a Jefthe: O Senhor [6] será [IV]
testemunha entre nós, e assim o faremos conforme á tua palavra.

11 Assim Jefthe foi-se com os anciãos de Gilead, e o povo o poz por
Cabeça [7] e principe sobre si: e Jefthe fallou todas as suas palavras
perante o Senhor em Mispah.

12 E enviou Jefthe mensageiros ao rei dos filhos d’Ammon, dizendo: Que ha
entre mim e ti, que vieste a mim a pelejar contra a minha terra?

13 E disse o rei dos filhos de Ammon aos mensageiros de Jefthe:
Porquanto, saindo Israel do Egypto, [8] tomou a minha terra, desde Arnon
até Jabbok, e _ainda_ até ao Jordão: torna-m’a pois agora em paz.

14 Porém Jefthe proseguiu ainda em enviar mensageiros ao rei dos filhos
d’Ammon,

15 Dizendo-lhe: Assim diz Jefthe: Israel não tomou, [9] nem a terra dos
moabitas nem a terra dos filhos d’Ammon;

16 Porque, subindo Israel do Egypto, andou [10] pelo deserto até ao Mar
Vermelho, e chegou até Cades.

17 E Israel enviou mensageiros [11] ao rei dos edomitas, dizendo: Rogo-te
que me deixes passar pela tua terra. Porém o rei dos edomitas não _lhe_
deu ouvidos; enviou tambem ao rei dos moabitas, o qual tambem não quiz: e
_assim_ Israel ficou em Cades.

18 Depois andou pelo deserto, e rodeou a terra dos edomitas [12] e a
terra dos moabitas, e veiu do nascente do sol á terra dos moabitas, e
alojaram-se d’além d’Arnon; porém não entraram nos limites dos moabitas,
porque Arnon _é_ limite dos moabitas.

19 Mas Israel enviou [13] mensageiros a Sehon, rei dos amorrheos, rei de
Hesbon: e disse-lhe Israel: Deixa-nos, peço-te, passar pela tua terra até
ao meu logar.

20 Porém [14] Sehon não se fiou d’Israel para este passar nos seus
limites; antes Sehon ajuntou todo o seu povo, e se acamparam em Jasa, e
combateu contra Israel.

21 E o Senhor Deus d’Israel deu a Sehon com todo o seu povo na mão
d’Israel, e os feriram: [15] e Israel tomou por herança toda a terra dos
amorrheos que habitavam n’aquella terra.

22 E por herança tomaram todos os limites [16] dos anciãos, desde Arnon
até Jabbok, e desde o deserto até ao Jordão.

23 Assim o Senhor Deus d’Israel desapossou os amorrheos de diante do seu
povo d’Israel: e os possuirias tu?

24 Não possuirias [17] tu aquelle que Camos, teu deus, desapossasse de
diante de ti? assim possuiremos nós todos quantos o Senhor nosso Deus
desapossar de diante de nós.

25 Agora pois _és_ tu ainda melhor do que Balac, [18] filho de Zippor,
rei dos moabitas? _porventura_ contendeu elle em algum tempo com Israel,
_ou_ pelejou alguma vez contra elles?

26 Emquanto Israel habitou trezentos annos em [19] Hesbon e nas suas
villas, e em Aroer e nas suas villas, em todas as cidades que _estão_ ao
longo d’Arnon, porque o não recuperastes n’aquelle tempo?

27 Tão pouco pequei eu contra ti! porém tu usas mal comigo em pelejar
contra mim: o Senhor, que é juiz, julgue [20] hoje entre os filhos
d’Israel e entre os filhos de Ammon.

28 Porém o rei dos filhos d’Ammon não deu ouvidos ás palavras de Jefthe,
que lhe enviou.

29 Então o espirito [21] do Senhor veiu sobre Jefthe, e atravessou elle
por Gilead e Manasseh: porque passou até Mispah de Gilead, e de Mispah de
Gilead passou _até_ aos filhos d’Ammon.

30 E Jefthe votou [22] um voto ao Senhor, e disse: Se _totalmente_ deres
os filhos d’Ammon na minha mão,

31 [IW] Aquillo que, saindo da porta de minha casa, me sair ao encontro,
voltando eu dos filhos d’Ammon em paz, isso será do Senhor, e o
offerecerei [23] em holocausto.

32 Assim Jefthe passou aos filhos d’Ammon, a combater contra elles: e o
Senhor os deu na sua mão.

33 E os feriu com grande mortandade, desde Aroer até chegar a [24]
Minnith, vinte cidades, e até Abel-keramim; assim foram subjugados os
filhos d’Ammon diante dos filhos d’Israel.

34 Vindo pois Jefthe a Mispah, [25] á sua casa, eis que a sua filha lhe
saiu ao encontro com adufes e com danças: e _era_ ella só a unica; não
tinha outro filho nem filha.

35 E aconteceu que, quando a viu, rasgou [26] os seus vestidos, e disse:
Ah! filha minha, muito me abateste, e és d’entre os que me turbam! porque
eu abri a minha bocca ao Senhor, e não tornarei atraz.

36 E ella lhe disse: Pae meu, abriste tu a tua bocca ao Senhor, faze de
mim como saiu da tua bocca: [27] pois o Senhor te vingou [28] dos teus
inimigos, os filhos d’Ammon.

37 Disse mais a seu pae: Faça-se-me isto: deixa-me por dois mezes que
vá, e desça pelos montes, e chore a minha virgindade, eu e as minhas
companheiras.

38 E disse elle: Vae. E deixou-a ir por dois mezes: então foi-se ella com
as suas companheiras, e chorou a sua virgindade pelos montes.

39 E succedeu que, ao fim de dois mezes, tornou ella para seu pae, o qual
cumpriu [29] n’ella o seu voto que tinha votado: e ella não conheceu
varão; e d’aqui veiu o costume d’Israel,

40 _Que_ as filhas d’Israel iam de anno em anno a [IX] lamentar a filha
de Jefthe, o gileadita, por quatro dias no anno.

[1] Heb. 11.32. cap. 6.12. II Reis 5.1.

[2] cap. 9.4. I Sam. 22.2.

[3] Gen. 26.27.

[4] cap. 10.18. Luc. 17.4.

[5] cap. 10.18.

[6] Jer. 42.5.

[7] ver. 8. cap. 10.17 e 20.1. I Sam. 10.17 e 11.15.

[8] Num. 21.24, 25, 26. Gen. 32.22.

[9] Deu. 2.9, 19.

[10] Num. 14.25. Deu. 1.40. Jos. 5.6. Num. 13.26 e 20.1. Deu. 1.46.

[11] Num. 20.14, 18, 21 e 20.1.

[12] Num. 21.4. Deu. 2.1-8. Num. 21.11, 13 e 22.36.

[13] Num. 21.22. Deu. 2.26. Num. 21.22. Deu. 2.27.

[14] Num. 21.23. Deu. 2.32.

[15] Num. 21.24, 25. Deu. 2.33, 34.

[16] Deu. 2.36.

[17] Num. 21.29. I Reis 11.7. Jer. 48.7. Deu. 9.5, 6 e 18.12. Jos. 3.10.

[18] Num. 22.2. Jos. 24.9.

[19] Num. 21.25. Deu. 2.36.

[20] Gen. 18.25 e 16.5 e 31.53. I Sam. 24.12, 15.

[21] cap. 3.10.

[22] Gen. 28.20. I Sam. 1.11.

[23] Lev. 27.2, 3, etc. I Sam. 1.11, 28 e 2.18. Psa. 66.13. Lev. 27.11,
12.

[24] Eze. 27.17.

[25] ver. 11. cap. 10.17. Exo. 15.20. I Sam. 18.5. Psa. 68.25. Jer. 31.4.

[26] Gen. 37.29, 34. Ecc. 5.2. Num. 30.2. Psa. 15.4. Ecc. 5.4, 5.

[27] Num. 30.2.

[28] II Sam. 18.19, 31.

[29] ver. 31. I Sam. 1.22, 24 e 2.18.



_Jefthe peleja contra os ephraimitas e os gileaditas._

12 Então se convocaram os homens d’Ephraim, [1] e passaram para o norte,
e disseram a Jefthe: Porque passaste a combater contra os filhos d’Ammon,
e não nos chamaste para ir comtigo? queimaremos a fogo a tua casa
comtigo.

2 E Jefthe lhes disse: Eu e o meu povo tivemos grande contenda com os
filhos d’Ammon: e chamei-vos, e não me livrastes da sua mão;

3 E, vendo eu que _me_ não livraveis, puz [2] a minha alma na minha mão,
e passei aos filhos de Ammon, e o Senhor m’os entregou nas mãos: porque
pois subistes vós hoje contra mim, para combater contra mim?

4 E ajuntou Jefthe a todos os homens de Gilead, e combateu com Ephraim:
e os homens de Gilead feriram a Ephraim; porque, estando os gileaditas
entre Ephraim _e_ Manasseh, disseram: [3] Fugitivos _sois_ d’Ephraim.

5 Porque tomaram os gileaditas aos ephraimitas os váos [4] do Jordão: e
succedeu que, quando os fugitivos d’Ephraim diziam: Passarei; então os
homens de Gilead lhes diziam: És tu ephratita? E dizendo elle: Não;

6 Então lhe diziam: Dize pois, Shibboleth; porém _elle_ dizia: Sibboleth,
porque _o_ não podia pronunciar assim bem: então pegavam d’elle, e
o degolavam aos váos do Jordão: e cairam de Ephraim n’aquelle tempo
quarenta e dois mil.

7 E Jefthe julgou a Israel seis annos: e Jefthe, o gileadita, falleceu, e
foi sepultado nas cidades de Gilead.


_Ebsan, Elon e Abdon juizes dos israelitas._

8 E depois d’elle julgou a Israel Ebsan de Beth-lehem.

9 E tinha este trinta filhos; e enviou fóra a trinta filhas; e trinta
filhas trouxe de fóra para seus filhos: e julgou a Israel sete annos.

10 Então falleceu Ebsan, e foi sepultado em Beth-lehem.

11 E depois d’elle julgou a Israel Elon, o zebulonita: e julgou a Israel
dez annos.

12 E falleceu Elon, o zebulonita, e foi sepultado em Ayalon, na terra de
Zebulon.

13 E depois d’elle julgou a Israel Abdon, filho d’Hillel, o pirhathonita.

14 E tinha este quarenta filhos, e trinta filhos de filhos, que
cavalgavam sobre [5] setenta jumentos: e julgou a Israel oito annos.

15 Então falleceu Abdon, filho d’Hillel, o pirathonita: e foi sepultado
em Pirathon, na terra [6] de Ephraim, no monte do amalekita.

[1] cap. 8.1.

[2] I Sam. 19.5 e 28.21. Job 13.14.

[3] I Sam. 25.10.

[4] Jos. 22.11. cap. 3.28 e 7.24.

[5] cap. 5.10 e 10.4.

[6] cap. 3.13, 27 e 5.14.



_Servidão dos israelitas sob os philisteos, e o nascimento de Sansão._

[Antes de Christo 1161]

13 E os filhos d’Israel tornaram a fazer o _que parecia_ mal [1] aos
olhos do Senhor, e o Senhor [2] os entregou na mão dos philisteos _por_
quarenta annos.

2 E havia um homem de Zora, da [3] tribu de Dan, cujo nome _era_ Manué: e
sua mulher _era_ esteril, e não paria.

3 E o anjo do Senhor [4] appareceu a esta mulher, e disse-lhe: Eis que
agora _és_ esteril, e nunca tens parido; porém conceberás, e parirás _um_
filho.

4 Agora, pois, guarda-te de que bebas vinho, [5] ou bebida forte, ou
comas _coisa_ immunda.

5 Porque eis que tu conceberás e parirás _um_ filho sobre cuja cabeça
não subirá navalha: [6] porquanto o menino será nazireo de Deus desde o
ventre: e elle começará a livrar a Israel da mão dos philisteos.

6 Então a mulher entrou, e fallou a seu marido, dizendo: [7] _Um_ homem
de Deus veiu a mim, cuja vista _era_ similhante á vista d’_um_ anjo de
Deus, terribilissima: e não lhe perguntei d’onde _era_, nem elle me disse
o seu nome;

7 Porém disse-me: Eis que tu conceberás e parirás _um_ filho: agora pois
não bebas vinho, nem bebida forte, e não comas _coisa_ immunda; porque o
menino será nazireo de Deus, desde o ventre até ao dia da sua morte.

8 Então Manué orou instantemente ao Senhor, e disse: Ah! Senhor meu,
rogo-te que o homem de Deus, que enviaste, ainda venha para nós outra vez
e nos ensine o que devemos fazer ao menino que ha de nascer.

9 E Deus ouviu a voz de Manué: e o anjo de Deus veiu outra vez á mulher,
e ella estava no campo, porém não _estava_ com ella seu marido Manué.

10 Apressou-se pois a mulher, e correu, e noticiou-o a seu marido,
e disse-lhe: Eis que aquelle homem que veiu a mim o _outro_ dia me
appareceu.

11 Então Manué levantou-se, e seguiu a sua mulher, e veiu áquelle homem,
e disse-lhe: _És_ tu aquelle homem que fallaste a esta mulher? E disse:
Eu _sou_.

12 Então disse Manué: Cumpram-se as tuas palavras: _mas_ qual será o modo
_de viver_ e serviço do menino?

13 E disse o anjo do Senhor a Manué: De tudo quanto eu disse á mulher se
guardará ella.

14 De tudo quanto procede da vide de vinho não comerá, nem vinho nem
bebida forte beberá, [8] nem _coisa_ immunda comerá: tudo quanto lhe
tenho ordenado guardará.

15 Então Manué disse ao anjo do Senhor: Ora deixa que te detenhamos, e
[9] te preparemos _um_ cabrito.

16 Porém o anjo do Senhor disse a Manué: Ainda que me detenhas, não
comerei de teu pão; e se fizeres holocausto o offerecerás ao Senhor.
Porque não sabia Manué que _fosse_ o anjo do Senhor.

17 E disse Manué ao anjo do Senhor: Qual _é_ o teu nome? para que, quando
se cumprir a tua palavra, te honremos.

18 E o anjo do Senhor lhe disse: Porque perguntas assim pelo meu nome,
[10] visto que _é_ maravilhoso?

19 Então Manué tomou _um_ cabrito [11] e _uma_ offerta de manjares,
e _os_ offereceu sobre _uma_ penha ao Senhor: e obrou _o anjo_
maravilhosamente, vendo-_o_ Manué e sua mulher.

20 E succedeu que, subindo a chamma do altar para o céu, o anjo do Senhor
subiu na chamma do altar: o _que_ vendo Manué e sua mulher, cairam [12]
em terra sobre seus rostos.

21 E nunca mais appareceu o anjo do Senhor a Manué, nem a sua mulher:
então conheceu Manué [13] que _era_ o anjo do Senhor.

22 E disse Manué a sua mulher: Certamente morreremos, [14] porquanto
temos visto a Deus.

23 Porém sua mulher lhe disse: Se o Senhor nos quizera matar, não
acceitaria da nossa mão o holocausto e a offerta de manjares, nem nos
mostraria tudo isto, nem nos deixaria ouvir _taes coisas_ n’este tempo.

24 Depois pariu esta mulher _um_ filho, e chamou o seu nome [15] Sansão:
e o menino cresceu, e o Senhor o abençoou.

25 E o espirito do Senhor [16] o começou a impellir _de quando em quando_
para o campo de Dan, entre Zora e Estaol.

[1] cap. 2.11 e 3.7 e 4.1 e 6.1 e 10.6.

[2] I Sam. 12.9.

[3] Jos. 19.41.

[4] cap. 6.12. Luc. 1.11, 13, 28, 31.

[5] Num. 6.2, 3. Luc. 1.15.

[6] Num. 6.5. I Sam. 1.11. Num. 6.2. I Sam. 7.13. II Sam. 8.1. I Chr.
18.1.

[7] Deu. 33.1. I Sam. 2.27 e 9.6. I Reis 17.24. Mat. 28.3. Luc. 9.29.
Act. 6.15. ver. 17, 18.

[8] ver. 4.

[9] Gen. 18.5. cap. 6.18.

[10] Gen. 32.29.

[11] cap. 6.19, 20.

[12] Lev. 9.24. I Chr. 21.16. Eze. 1.28. Mat. 17.6.

[13] cap. 6.22.

[14] Gen. 32.30. Exo. 33.20. Deu. 5.26. cap. 6.22.

[15] Heb. 11.32. I Sam. 3.19. Luc. 1.80 e 2.52.

[16] cap. 3.10. I Sam. 11.6. Mat. 4.1. Jos. 15.33. cap. 18.11.



_O casamento de Sansão._

[Antes de Christo 1141]

14 E desceu Sansão a [1] Timnatha: e, vendo em Timnatha a uma mulher das
filhas dos philisteos,

2 Subiu, e declarou-o a seu pae e sua mãe, e disse: Vi _uma_ mulher em
Timnatha, das filhas dos philisteos; agora pois, tomae-m’a [2] por mulher.

3 Porém seu pae e sua mãe lhe disseram: Não _ha porventura_ mulher entre
as filhas de teus irmãos, [3] nem entre todo o meu povo, para que tu vás
tomar mulher dos philisteos, d’aquelles incircumcisos? E disse Sansão a
seu pae: Tomae-me esta, porque ella agrada aos meus olhos.

4 Mas seu pae e sua mãe não sabiam que isto _vinha_ do Senhor; [4] pois
buscava occasião dos philisteos: porquanto n’aquelle tempo os philisteos
dominavam [5] sobre Israel.

5 Desceu pois Sansão com seu pae e com sua mãe a Timnatha: e, chegando
ás vinhas de Timnatha, eis que um filho de leão, bramando, lhe _saiu_ ao
encontro.

6 Então o espirito do Senhor [6] se apossou d’elle tão possantemente que
o fendeu _d’alto a baixo_, como quem fende um cabrito, sem _ter_ nada na
sua mão: porém nem a seu pae nem a sua mãe deu a saber o que tinha feito.

7 E desceu, e fallou áquella mulher, e agradou aos olhos de Sansão.

8 E depois de alguns dias voltou _elle_ para a tomar: e, apartando-se do
_caminho_ a ver o corpo do leão morto, eis que no corpo do leão _havia_
um enxame de abelhas com mel.

9 E tomou-o nas suas mãos, e foi-se andando e comendo _d’elle_; e foi-se
a seu pae e a sua mãe, e deu-lhes _d’elle_, e comeram, porém não lhes deu
a saber que tomara o mel do corpo do leão.

10 Descendo pois seu pae áquella mulher, fez Sansão ali um banquete;
porque assim o costumavam fazer os mancebos.

11 E succedeu que, como o vissem, tomaram trinta companheiros para
estarem com elle.


_O enigma de Sansão._

12 Disse-lhes pois Sansão: Vos darei _um_ enigma [7] a adivinhar: _e_, se
nos sete dias das bodas m’o declarardes e descobrirdes, vos darei trinta
lençoes e trinta mudas de vestidos.

13 E, se m’o não poderdes declarar, vós me dareis _a mim_ os trinta
lençoes e as trinta mudas de vestidos. E elles lhe disseram: Dá-_nos_ o
teu enigma a adivinhar, para que o ouçamos.

14 Então lhes disse: Do comedor saiu comida, e doçura saiu do forte. E
em tres dias não poderam declarar o enigma.

15 E succedeu que, ao setimo dia, disseram á mulher de Sansão: Persuade
a teu marido [8] que nos declare o enigma, para que _porventura_ não
queimemos a fogo a ti e á casa de teu pae: chamastes-nos vós aqui para
possuir o que é nosso, não _é assim_?

16 E a mulher de Sansão chorou diante d’elle, e disse: _Tão_ sómente me
aborreces, e não me amas; [9] _pois_ déste aos filhos do meu povo _um_
enigma a adivinhar, e _ainda_ m’o não declaraste a mim. E elle lhe disse:
Eis que nem a meu pae nem a minha mãe o declarei, e t’o declararia a ti?

17 E chorou diante d’elle os sete dias em que celebravam as bodas:
succedeu pois que ao setimo dia lh’o declarou, porquanto o importunava;
então _ella_ declarou o enigma aos filhos do seu povo.

18 Disseram-lhe pois os homens d’aquella cidade, ao setimo dia, antes de
se por o sol: Que _coisa ha_ mais doce do que o mel? e que _coisa ha_
mais forte do que o leão? E elle lhes disse: Se vós não lavrasseis com a
minha novilha, nunca terieis descoberto o meu enigma.

19 Então [10] o espirito do Senhor tão possantemente se apossou d’elle,
que desceu aos ascalonitas, e matou d’elles trinta homens, e tomou os
seus vestidos, e deu as mudas de vestidos aos que declararam o enigma:
porém accendeu-se a sua ira, e subiu á casa de seu pae.

20 E a mulher de Sansão foi _dada_ ao [11] seu companheiro que o
acompanhava.

[1] Gen. 38.13. Jos. 15.10. Gen. 34.2.

[2] Gen. 21.21 e 34.4.

[3] Gen. 24.3, 4 e 34.14. Exo. 34.16. Deu. 7.3.

[4] Jos. 11.20. I Reis 12.15. II Reis 6.33. II Chr. 10.15 e 22.7 e 25.20.

[5] cap. 13.1. Deu. 28.48.

[6] cap. 3.10 e 13.25. I Sam. 11.6.

[7] I Sam. 10.1. Eze. 17.2. Luc. 14.7. Gen. 29.27.

[8] cap. 16.5 e 15.6.

[9] cap. 16.15.

[10] cap. 3.10 e 13.25.

[11] cap. 15.2. João 3.29.



_Sansão põe fogo ás searas dos philisteos._

15 E aconteceu, depois d’_alguns_ dias, que na sega do trigo Sansão
visitou a sua mulher com um cabrito, e disse: Entrarei na camara a minha
mulher. Porém o pae d’ella não o deixou entrar.

2 Porque disse seu pae: Por certo dizia eu que de todo a aborrecias: [1]
de sorte que a dei ao teu companheiro: porém não _é_ sua irmã mais nova,
mais formosa do que ella? toma-a pois em seu logar.

3 Então Sansão disse ácerca d’elles: Innocente sou esta vez para com os
philisteos, quando lhes fizer _algum_ mal.

4 E foi Sansão, e tomou trezentas raposas: e, tomando tições, as virou
cauda a cauda, e lhes poz um tição no meio de cada duas caudas.

5 E chegou fogo aos tições, e largou-as na seara dos philisteos: e
_assim_ abrazou os molhos com a sega do trigo, e as vinhas com os olivaes.

6 Então disseram os philisteos: Quem fez isto? E disseram: Sansão,
o genro do Timnatha, porque lhe tomou a sua mulher, e a deu a seu
companheiro. Então subiram os philisteos, [2] e queimaram a fogo a ella e
a seu pae.

7 Então lhes disse Sansão: Assim o haveis de fazer? pois havendo-me
vingado eu de vós então cessarei.

8 E feriu-os com grande ferimento, perna juntamente com côxa: e desceu, e
habitou no cume da rocha d’Etam.

9 Então os philisteos subiram, e acamparam-se contra Judah, e
estenderam-se por [3] Lechi,


_Os homens de Judah amarram a Sansão._

[Antes de Christo 1140]

10 E disseram os homens de Judah: Porque subistes contra nós? E elles
disseram: Subimos para amarrar a Sansão, para lhe fazer a elle como elle
nos fez a nós.

11 Então tres mil homens de Judah desceram até á cova da rocha d’Etam, e
disseram a Sansão: Não sabias tu que [4] os philisteos dominam sobre nós?
porque _pois_ nos fizeste isto? E elle lhes disse: _Assim_ como elles me
fizeram a mim, eu lhes fiz a elles.

12 E disseram-lhe: Descemos para te amarrar, para te entregar nas mãos
dos philisteos. Então Sansão lhes disse: Jurae-me que vós mesmos me não
accommettereis.

13 E elles lhe fallaram, dizendo: Não, mas fortemente te amarraremos,
e te entregaremos na sua mão; porém de maneira nenhuma te mataremos. E
amarraram-n’o com duas cordas novas e fizeram-n’o subir da rocha.


_Sansão fere mil homens com a queixada d’um jumento._

14 E, vindo elle a Lechi, os philisteos lhe _sairam_ ao encontro,
jubilando: porém [5] o espirito do Senhor possantemente se apossou
d’elle, e as cordas que elle _tinha_ nos braços se tornaram como fios de
linho que se queimaram no fogo, e as suas amarraduras se desfizeram das
suas mãos.

15 E achou uma queixada fresca d’_um_ jumento, e estendeu a sua mão, e
tomou-a, e feriu [6] com ella mil homens,

16 Então disse Sansão: Com _uma_ queixada de jumento um montão, dois
montões; com _uma_ queixada de jumento feri a mil homens.

17 E aconteceu que, acabando elle de fallar, lançou a queixada da sua
mão: e chamou áquelle logar [IY] Ramath-lechi.

18 E como tivesse grande sede, clamou ao Senhor, e disse: Pela mão do teu
servo [7] tu déste esta grande salvação: morrerei eu pois agora de sede,
e cairei na mão d’estes incircumcisos?

19 Então o Senhor fendeu a caverna que _estava_ em [IZ] Lechi; e saiu
d’ella agua, e bebeu; e o seu espirito tornou, [8] e reviveu: pelo que
chamou o seu nome: A fonte do que clama, que _está_ em Lechi até _ao dia
d’_hoje.

20 E julgou a Israel, [9] nos dias dos philisteos, vinte annos.

[1] cap. 14.20.

[2] cap. 14.15.

[3] ver. 19.

[4] cap. 14.4.

[5] cap. 3.10 e 14.6.

[6] Lev. 26.8. Jos. 23.10. cap. 3.31.

[7] Psa. 3.7.

[8] Gen. 45.27. Isa. 40.29.

[9] cap. 13.1.



_Sansão é trahido por Dalila._

[Antes de Christo 1120]

16 E foi-se Sansão a Gaza, e viu ali uma mulher prostituta, e entrou a
ella.

2 _E foi dito_ aos gazitas: Sansão entrou [1] aqui. Foram pois em roda,
e toda a noite lhe puzeram espias á porta da cidade: porém toda a noite
estiveram socegados, dizendo: Até á luz da manhã _esperaremos_; então o
mataremos.

3 Porém Sansão deitou-se até á meia noite, e á meia noite se levantou,
e travou das portas da entrada da cidade com ambas as umbreiras, e
juntamente com a tranca as tomou, pondo-as sobre os hombros; e levou-as
para cima até ao cume do monte que está defronte de Hebron.

4 E depois d’isto aconteceu que se affeiçoou a uma mulher do valle de
Sorec, cujo nome _era_ Dalila.

5 Então os principes dos philisteos subiram a ella, e lhe disseram:
Persuade-o, [2] e vê, em que _consiste_ a sua grande força, e com
que poderiamos assenhorear-nos d’elle e amarral-o, para _assim_ o
affligirmos: e te daremos cada um mil e cem [JA] _moedas_ de prata.

6 Disse pois Dalila a Sansão: Declara-me, peco-te, em que _consiste_
a tua grande força, e com que poderias ser amarrado para te poderem
affligir.

7 Disse-lhe Sansão: Se me amarrassem com sete _vergas de_ vimes frescos,
que ainda não estivessem seccos, então me enfraqueceria, e seria como
qualquer _outro_ homem.

8 Então os principes dos philisteos lhe trouxeram sete _vergas de_ vimes
frescos, que ainda não estavam seccos: e amarrou-o com ellas.

9 E os espias _estavam_ assentados com ella n’uma camara. Então ella lhe
disse: Os philisteos _veem_ sobre ti, Sansão. Então quebrou as _vergas
de_ vimes, como se quebra o fio da estopa ao cheiro do fogo; assim não se
soube _em que consistia a_ sua força.

10 Então disse Dalila a Sansão: Eis que zombaste de mim, e me disseste
mentiras: ora declara-me agora com que poderias ser amarrado.

11 E elle lhe disse: Se me amarrassem fortemente com cordas novas, com
que se não houvesse feito obra nenhuma, então me enfraqueceria, e seria
como qualquer _outro_ homem.

12 Então Dalila tomou cordas novas, e o amarrou com ellas, e disse-lhe:
Os philisteos _veem_ sobre ti, Sansão. E os espias _estavam_ assentados
n’uma camara. Então as quebrou de seus braços como um fio.

13 E disse Dalila a Sansão: Até agora zombaste de mim, e me disseste
mentiras; declara-me _pois agora_ com que poderias ser amarrado? E elle
lhe disse: Se teceres sete tranças _dos cabellos_ da minha cabeça com os
liços da têa.

14 E ella as fixou com uma estaca, e disse-lhe: Os philisteos _veem_
sobre ti, Sansão. Então despertou do seu somno, e arrancou a estaca das
_tranças_ tecidas, _juntamente_ com o liço da têa.

15 Então ella lhe disse: Como dirás: Tenho-te amor, [3] não _estando_
comigo o teu coração? já tres vezes zombaste de mim, e ainda me não
declaraste em que _consiste_ a tua força.

16 E succedeu que, importunanado-o ella todos os dias com as suas
palavras, e molestando-o, a sua alma se angustiou até á morte.

17 E descobriu-lhe todo o seu coração, [4] disse-lhe: Nunca subiu
navalha á minha cabeça, porque _sou_ nazireo de Deus desde o ventre de
minha mãe: se viesse a ser rapado, ir-se-hia de mim a minha força, e me
enfraqueceria, e seria como todos os _mais_ homens.

18 Vendo pois Dalila que já lhe descobrira todo o seu coração, enviou,
e chamou os principes dos philisteos, dizendo: Subi esta vez, porque
_agora_ me descobriu elle todo o seu coração. E os principes dos
philisteos subiram a ella, e trouxeram o dinheiro na sua mão.

19 Então ella o fez dormir [5] sobre os seus joelhos, e chamou a _um_
homem, e rapou-lhe as sete tranças _do cabello_ de sua cabeça: e começou
a affligil-o, e retirou-se d’elle a sua força.

20 E disse ella: Os philisteos _veem_ sobre ti, Sansão. E despertou
do seu somno, e disse: Sairei _ainda_ esta vez como d’antes, e me
sacudirei. Porque elle não sabia que já o Senhor se tinha retirado [6]
d’elle.

21 Então os philisteos pegaram n’elle, e lhe arrancaram os olhos, e
fizeram-n’o descer a Gaza, e amarraram-n’o com duas cadeias de bronze, e
andava elle moendo no carcere.

22 E o cabello da sua cabeça lhe começou a ir crescendo, como quando foi
rapado.


_Sansão faz cair o templo de Dagon._

23 Então os principes dos philisteos se ajuntaram para offerecer _um_
grande sacrificio ao seu deus Dagon, e para se alegrarem, e diziam: Nosso
deus nos entregou nas mãos a Sansão, nosso inimigo.

24 Similhantemente, vendo-o o povo, [7] louvavam ao seu deus; porque
diziam: Nosso deus nos entregou na mão o nosso inimigo, e ao que destruia
a nossa terra, e ao que multiplicava os nossos mortos.

25 E succedeu que, alegrando-se-lhes [8] o coração, disseram: Chamae a
Sansão, para que brinque diante de nós. E chamaram a Sansão do carcere, e
brincou diante d’elles, e fizeram-n’o estar _em pé_ entre as columnas.

26 Então disse Sansão ao moço que o tinha pela mão: Guia-me para que
apalpe as columnas em que se sustém a casa, para que me encoste a ellas.

27 Ora _estava_ a casa cheia de homens e mulheres: e _tambem_ ali
_estavam_ todos os principes dos philisteos: e sobre o telhado _havia_
alguns tres mil homens e mulheres, [9] que estavam vendo brincar Sansão.

28 Então Sansão clamou ao Senhor, e disse: Senhor JEHOVAH, peço-te que te
lembres [10] de mim, e esforça-me agora só esta vez, ó Deus, para que de
uma vez me vingue dos philisteos, pelos meus dois olhos.

29 Abraçou-se pois Sansão com as duas columnas do meio, em que se
sustinha a casa, e arrimou-se sobre ellas, com a sua mão direita n’uma, e
com a sua esquerda na outra.

30 E disse Sansão: Morra eu com os philisteos. E inclinou-se com força, e
a casa caiu sobre os principes e sobre todo o povo que n’ella _havia_: e
foram mais os mortos que matou na sua morte do que _os_ que matara na sua
vida.

31 Então seus irmãos desceram, e toda a casa de seu pae, e tomaram-n’o,
e subiram _com elle_, e sepultaram-n’o [11] entre Tsora e Estaol, no
sepulchro de Manué, seu pae: e julgou elle a Israel vinte annos.

[1] I Sam. 23.26. Act. 9.24.

[2] cap. 14.15. Pro. 2.16-19 e 5.3-11 e 6.24, 25, 26 e 7.21, 22, 23.

[3] cap. 14.16.

[4] Miq. 7.5. Num. 6.5.

[5] Pro. 7.26, 27.

[6] Num. 14.9, 42, 43. Jos. 7.12. I Sam. 16.14 e 18.12 e 28.15, 16. II
Chr. 15.2.

[7] Dan. 5.4.

[8] cap. 9.27.

[9] Deu. 22.8.

[10] Jer. 15.15.

[11] cap. 13.25.



_Micah e o idolo da sua casa._

[Antes de Christo 1406]

17 E havia um homem da montanha d’Ephraim, cujo nome _era_ Micah.

2 O qual disse a sua mãe: As mil e cem _moedas_ de prata que te foram
tiradas, por cuja _causa_ deitavas maldições, e tambem as disseste em
meus ouvidos, eis que este dinheiro eu o tenho, eu _o_ tomei. Então disse
sua mãe: Bemdito [1] _seja_ meu filho do Senhor.

3 Assim restituiu as mil e cem _moedas_ de prata a sua mãe: porém sua mãe
disse: Inteiramente tenho dedicado este dinheiro da minha mão ao Senhor
para meu filho, para fazer uma imagem [2] de esculptura e de fundição: de
sorte que agora t’o tornarei _a dar_.

4 Porém elle restituiu aquelle dinheiro a sua mãe: e sua mãe tomou
duzentas _moedas_ de prata, e as deu ao ourives, o qual fez d’ellas uma
imagem [3] de esculptura e de fundição, e esteve em casa de Micah.

5 E teve este homem, Micah, uma casa de deuses: e fez um ephod [4] e
teraphins, e consagrou a um de seus filhos, para que lhe fosse por
sacerdote.

6 N’aquelles dias [5] não _havia_ rei em Israel: cada qual fazia o _que
parecia_ direito aos seus olhos.


_O levita em casa de Micah._

7 E havia um mancebo de Beth-lehem de Judah, da tribu de Judah, [6] que
_era_ levita, e peregrinava ali.

8 E este homem partiu da cidade de Beth-lehem de Judah para peregrinar
onde quer que achasse _commodidade_: chegando elle pois á montanha
d’Ephraim, até á casa de Micah, seguindo o seu caminho.

9 Disse-lhe Micah: D’onde vens? E elle lhe disse: Sou levita de
Beth-lehem de Judah, e vou peregrinar onde quer que achar _commodidade_.

10 Então lhe disse Micah: Fica commigo, e sê-me [7] por pae e sacerdote;
e cada anno te darei dez _moedas_ de prata, e vestuario, e o teu
sustento. E o levita entrou.

11 E consentiu o levita em ficar com aquelle homem: e este mancebo lhe
foi como um de seus filhos.

12 E consagrou Micah ao levita, [8] e aquelle mancebo lhe foi por
sacerdote; e esteve em casa de Micah.

13 Então disse Micah: Agora sei que O Senhor me fará bem: porquanto tenho
um levita por sacerdote.

[1] Gen. 14.19. Ruth 3.10.

[2] Exo. 24.4, 23. Lev. 19.4.

[3] Isa. 46.6.

[4] cap. 8.27. Gen. 31.19, 30. Ose. 3.4.

[5] cap. 18.1 e 19.1 e 21.25. Deu. 33.5 e 12.8.

[6] Jos. 19.15. cap. 19.1. Ruth 1.1, 2. Miq. 5.2. Mat. 2.1, 5, 6.

[7] cap. 18.19. Gen. 45.8. Job 29.16.

[8] ver. 5. cap. 18.30.



_Os daneos buscam uma herança e tomam Lais._

18 N’aquelles dias [1] não _havia_ rei em Israel: e nos mesmos dias a
tribu dos daneos buscava para si herança para habitar; porquanto até
áquelle dia entre as tribus d’Israel lhe não havia caido em herança
_bastante sorte_.

2 E enviaram os filhos de Dan [2] da sua tribu cinco homens dos seus
confins, homens valorosos, de Zora e de Estaol, a espiar e rastejar
a terra; e lhes disseram: Ide, rastejae a terra. E vieram á montanha
d’Ephraim, até á casa de Micah, [3] e passaram ali a noite.

3 E quando elles _estavam_ junto da casa de Micah, conheceram a voz do
mancebo, do levita; e chegaram-se para lá, e lhe disseram: Quem te trouxe
aqui, que fazes aqui, e que _é o que_ tens aqui?

4 E elle lhes disse: Assim e assim me tem feito Micah; pois me tem
alugado, e eu [4] lhe sirvo de sacerdote.

5 Então lhe disseram: [5] Ora pergunta a Deus, para que possamos saber se
prosperará o caminho que levamos.

6 E disse-lhes o sacerdote: Ide em paz; [6] o caminho que levardes _está_
perante o Senhor.

7 Então foram-se aquelles cinco homens, e vieram a Lais; [7] e viram que
o povo que _havia_ no meio d’ella estava seguro, conforme ao costume
dos sidonios, quieto e confiado; nem _havia_ possessor _algum_ do reino
que por causa alguma envergonhasse _a alguem_ n’aquella terra: tambem
_estavam_ longe doa sidonios, e não tinham que fazer com ninguem.

8 Então voltaram a seus irmãos, a Zora [8] e a Estaol: e seus irmãos lhes
disseram: Que _dizeis_ vós?

9 E elles disseram: Levantae-vos, [9] e subamos a elles; porque
examinámos a terra, e eis que _é_ muitissimo boa; pois estareis
tranquillos? [10] não sejaes preguiçosos em irdes para entrar a possuir
esta terra.

10 Quando lá chegardes, vereis a _um_ povo confiado, [11] e a terra _é_
larga de extensão; porque Deus vol-a entregou na mão; logar em que não
_ha_ falta de coisa alguma que ha na terra.

11 Então partiram d’ali, da tribu dos daneos, de Zora e d’Estaol,
seiscentos homens armados de armas de guerra.

12 E subiram, e acamparam-se em Kiriath-jearim, [12] em Judah; pelo que
chamaram a este logar Mahaneh-dan, até _ao dia de_ hoje; eis que _está_
por detraz de Kiriath-jearim.

13 E d’ali passaram á montanha d’Ephraim; e vieram até [13] á casa de
Micah.


_Os daneos levam da casa de Micah a imagem e o levita._

14 Então responderam os cinco homens, que foram espiar a terra de Lais, e
disseram [14] a seus irmãos: Sabeis vós tambem que n’aquellas casas [15]
ha _um_ ephod, e terafins, e imagem de esculptura e de fundição? vêde
pois agora o que haveis de fazer.

15 Então foram-se para lá, e vieram á casa do mancebo, o levita, em casa
de Micah, e o saudaram.

16 E os seiscentos [16] homens, que _eram_ dos filhos de Dan, armados de
suas armas de guerra, ficaram á entrada da porta.

17 Porém subindo os cinco homens, que foram espiar a terra, [17] entraram
n’ella, e tomaram a imagem d’esculptura, o ephod, e os terafins, e a
imagem de fundição, ficando o sacerdote _em pé_ á entrada da porta, com
os seiscentos homens _que estavam_ armados com as armas de guerra.

18 Entrando elles pois em casa de Micah, e tomando a imagem de
esculptura, e o ephod, e os terafins, e a imagem de fundição, disse-lhes
o sacerdote: Que estaes fazendo?

19 E elles lhe disseram: Cala-te, põe [18] a mão na bocca, e vem
comnosco, e sê-nos por pae e sacerdote: _é_-te melhor que sejas sacerdote
da casa d’um só homem, do que ser sacerdote d’uma tribu e d’uma geração
em Israel?

20 Então alegrou-se o coração do sacerdote, e tomou o ephod, e os
terafins, e a imagem de esculptura: e entrou no meio do povo.

21 Assim viraram, e partiram: e os meninos, e o gado, e a bagagem puzeram
diante de si.

22 _E_, estando já longe da casa de Micah, os homens que _estavam_ nas
casas junto á casa de Micah, se convocaram, e alcançaram os filhos de Dan.

23 E clamaram após dos filhos de Dan, os quaes viraram os seus rostos, e
disseram a Micah: Que tens, que assim te convocaste?

24 Então elle disse: Os meus deuses, que eu fiz, _me_ tomastes,
juntamente com o sacerdote, e vos fostes; que mais me fica _agora_? Como
pois me dizeis: Que _é o que_ tens?

25 Porém os filhos de Dan lhe disseram: Não nos faças ouvir a tua voz,
para que _porventura_ homens de animo amargoso não se lancem sobre vós, e
tu percas a tua vida, e a vida _dos_ da tua casa.

26 Assim seguiram o seu caminho os filhos de Dan: e Micah, vendo que
_eram_ mais fortes do que elle, voltou, e tornou-se a sua casa.

27 Elles pois tomaram o que Micah tinha feito, e o sacerdote que tivera,
e vieram a Lais, a [19] um povo quieto e confiado, e os feriram ao fio da
espada, e queimaram a cidade a fogo.

28 E ninguem _houve_ que os livrasse, porquanto _estavam_ longe de Sidon,
[20] e não tinham que fazer com ninguem, e _a cidade_ estava no valle que
_está_ junto a Beth-rechob: [21] depois reedificaram a cidade e habitaram
n’ella.

29 E chamaram o nome [22] da cidade Dan, conforme ao nome de Dan, seu
pae, que nascera a Israel: _sendo_ porém d’antes o nome d’esta cidade
Lais.

30 E os filhos de Dan levantaram para si _aquella_ imagem de esculptura:
e Jonathan, filho de Gerson, o filho de Manasseh, elle e seus filhos
foram sacerdotes da tribu dos daneos, até [23] ao dia do captiveiro da
terra.

31 Assim pois a imagem d’esculptura que fizera Micah, estabeleceram entre
si, todos os dias que a [24] casa de Deus esteve em Silo.

[1] cap. 17.6 e 21.25. Jos. 19.47.

[2] cap. 13.25. Num. 13.17. Jos. 2.1.

[3] cap. 17.1.

[4] cap. 17.10.

[5] I Reis 22.5. Isa. 30.1. Ose. 4.12. cap. 17.5. ver. 14.

[6] I Reis 22.6.

[7] Jos. 19.47. ver. 27, 28.

[8] ver. 2.

[9] Num. 13.30. Jos. 2.23, 24.

[10] I Reis 23.3.

[11] ver. 7, 27. Deu. 8.9.

[12] Jos. 15.60.

[13] ver. 2.

[14] I Sam. 14.28.

[15] cap. 17.5.

[16] ver. 11.

[17] ver. 2, 14. cap. 17.4, 5.

[18] Job 21.5 e 29.9 e 40.4. Pro. 30.32. Miq. 7.16. cap. 17.10.

[19] ver. 7, 10. Deu. 33.22. Jos. 19.47.

[20] ver. 7.

[21] Num. 13.21. II Sam. 10.6.

[22] Jos. 19.47. Gen. 14.14. cap. 20.1. I Reis 12.29, 30 e 15.20.

[23] cap. 13.1. I Sam. 4.2, 3, 10, 11. Psa. 78.60, 61.

[24] Jos. 18.1. cap. 19.18 e 21.12.



_Os homens de Gibeah abusam da mulher d’um levita._

19 Aconteceu tambem n’aquelles dias, em que não _havia_ rei em Israel
que, houve um homem levita, que peregrinando [1] aos lados da montanha de
Ephraim, tomou para si _uma_ mulher concubina, de Beth-lehem [2] de Judah.

2 Porém a sua concubina fornicou contra elle, e foi-se d’elle para casa
de seu pae, a Beth-lehem de Judah, e esteve ali _alguns_ dias, _a saber_,
quatro mezes.

3 E seu marido se levantou, e partiu após d’ella, para lhe fallar
conforme ao seu coração, _e_ para tornar a trazel-a: e o seu moço e um
par de jumentos _iam_ com elle: e ella o levou a casa de seu pae, e,
vendo-o o pae da moça, alegrou-se ao encontrar-se com elle.

4 E seu sogro, o pae da moça, o deteve, e ficou com elle tres dias: e
comeram e beberam, e passaram ali a noite.

5 E succedeu que ao quarto dia pela manhã madrugaram, e elle levantou-se
para partir: então o pae da moça disse a seu genro: Conforta o teu
coração com [3] um bocado de pão, e depois partireis.

6 Assentaram-se pois, e comeram ambos juntos, e beberam; e disse o pae da
moça ao homem: Peço-te que ainda esta noite queiras passal-a _aqui_, e
alegre-se o teu coração.

7 Porém o homem levantou-se para partir: mas seu sogro o constrangeu a
tornar a passar ali a noite.

8 E, madrugando ao quinto dia pela manhã para partir, disse o pae da
moça: Ora conforta o teu coração. E detiveram-se até já declinar o dia: e
ambos _juntos_ comeram.

9 Então o homem levantou-se para partir, elle, e a sua concubina, e o seu
moço: e disse-lhe seu sogro, o pae da moça: Eis que já o dia se abaixa, e
_já_ a tarde vem entrando, peço-te que aqui passes a noite; eis que _já_
o dia vae acabando, passa aqui a noite, e que o teu coração se alegre; e
ámanhã de madrugada levantae-vos a caminhar, e vae-te para a tua tenda.

10 Porém o homem não quiz _ali_ passar a noite, mas levantou-se, e
partiu, e veiu até defronte de [4] Jebus (que _é_ Jerusalem), e com elle
o par de jumentos albardados, como tambem a sua concubina.

11 Estando _pois_ já perto de Jebus, e tendo-se _já_ declinado muito o
dia, disse o moço a seu senhor: Caminhae agora, e retiremo-nos a esta
cidade dos jebuseos, [5] e passemos ali a noite.

12 Porém disse-lhe seu senhor: Não nos retiraremos a nenhuma cidade
estranha, que não _seja_ dos filhos de Israel: mas passaremos até [6]
Gibeah.

13 Disse mais a seu moço; Caminha, e cheguemos a um d’aquelles logares, e
passemos em Gibeah ou em [7] Ramah.

14 Passaram pois _adiante_, e caminharam, e o sol se lhes poz junto a
Gibeah, que _é cidade_ de Benjamin.

15 E retiraram-se para lá, para entrarem a passar a noite em Gibeah; e,
entrando elle, assentou-se na praça da cidade, porque não _houve_ quem os
recolhesse em casa para ali [8] passarem a noite.

16 E eis que um homem velho vinha á tarde do seu trabalho do campo; e
_era_ este homem da montanha de Ephraim, mas peregrinava em Gibeah:
_eram_ porém os homens d’este logar filhos de Benjamin.

17 Levantando elle pois os olhos, viu a este passageiro na praça da
cidade, e disse o velho: Para onde vaes, e d’onde vens?

18 E elle lhe disse: Passamos de Beth-lehem de Judah até aos lados da
montanha de Ephraim, d’onde sou; porquanto fui a Beth-lehem de Judah:
porém _agora_ vou [9] á casa do Senhor; e ninguem _ha_ que me recolha em
casa,

19 Ainda que ha palha e pasto para os nossos jumentos, e tambem pão e
vinho ha para mim, e para a tua serva, e para o moço que _vem_ com os
teus servos: de coisa nenhuma _ha_ falta.

20 Então disse o velho: Paz _seja_ comtigo; [10] tudo quanto te faltar
_fique_ ao meu cargo: tão sómente não passes a noite na praça,

21 E trouxe-o a [11] sua casa, e deu pasto aos jumentos: e, lavando-se os
pés, comeram e beberam.

22 Estando elles alegrando o seu coração, eis que os homens d’aquella
cidade [12] (homens _que eram_ filhos de Belial) cercaram a casa, batendo
á porta; e fallaram ao velho, senhor da casa, dizendo: Tira para fóra o
homem que entrou em tua casa, para que o conheçamos.

23 E o homem, senhor da [13] casa, saiu a elles, e disse-lhes: Não,
irmãos meus, ora não façaes similhante mal: já que este homem entrou em
minha casa, não façaes tal loucura.

24 Eis que a minha filha [14] virgem e a concubina d’elle vol-as tirarei
fóra; humilhae-as a ellas, e fazei d’ellas o que parecer bem aos vossos
olhos; porém a este homem não façaes loucura similhante.

25 Porém aquelles homens não o quizeram ouvir: então aquelle homem pegou
da sua concubina, e lh’a tirou para fóra: [15] e elles a conheceram
e abusaram d’ella toda a noite até pela manhã, e, subindo a alva, a
deixaram.

26 E ao romper da manhã veiu a mulher, e caiu á porta da casa d’aquelle
homem, onde _estava_ seu senhor, e ficou ali até que se fez claro.

27 E, levantando-se seu senhor pela manhã, e abrindo as portas da casa, e
saindo a seguir o seu caminho, eis que a mulher, sua concubina, jazia á
porta da casa, com as mãos sobre o limiar.

28 E elle lhe disse: Levanta-te, e vamo-nos, porém não respondeu; [16]
então pôl-a sobre o jumento, e levantou-se o homem, e foi-se para o seu
logar.

29 Chegando pois á sua casa, tomou _um_ cutelo, e pegou na sua concubina,
e a despedaçou [17] com os seus ossos em doze partes: e enviou-as por
todos os termos de Israel.

30 E succedeu que cada um que _tal_ via dizia: Nunca tal se fez, nem se
viu desde o dia em que os filhos d’Israel subiram da terra do Egypto, até
_ao dia d_’hoje: ponderae isto _no coração_, [18] considerae, e fallae.

[1] cap. 17.6 e 18.1 e 21.25.

[2] cap. 17.7.

[3] Gen. 18.5.

[4] Jos. 18.28.

[5] Jos. 15.8, 63. cap. 1.21. II Sam. 5.6.

[6] Jos. 18.28.

[7] Jos. 18.25.

[8] Mat. 25.43. Heb. 13.2.

[9] Jos. 18.1. cap. 18.31 e 20.18. I Sam. 1.3, 7.

[10] Gen. 43.23. cap. 6.23. Gen. 19.2.

[11] Gen. 24.32 e 43.24 e 18.4. João 13.5.

[12] Gen. 19.4. cap. 20.5. Ose. 9.9 e 10.9. Deu. 13.13. Gen. 19.5. Rom.
1.26, 27.

[13] Gen. 19.6, 7. II Sam. 13.12.

[14] Gen. 19.8 e 34.2. Deu. 21.14.

[15] Gen. 4.1.

[16] cap. 20.5.

[17] cap. 20.6. I Sam. 11.7.

[18] cap. 20.7. Pro. 13.10.



_Os israelitas vingam o ultrage feito ao levita._

20 Então todos [1] os filhos d’Israel sairam, e a congregação se ajuntou,
como _se fôra_ um só homem, desde Dan até [2] Berseba como tambem a terra
de Gilead, ao Senhor em Mispah.

2 E _dos_ cantos de todo o povo se apresentaram _de_ todas as tribus
d’Israel na congregação do povo de Deus quatrocentos mil homens de pé [3]
que arrancavam a espada.

3 (Ouviram pois os filhos de Benjamin que os filhos d’Israel haviam
subido a Mispah) E disseram os filhos de Israel: Fallae, como succedeu
esta maldade?

4 Então respondeu o homem levita, marido da mulher que fôra morta, e
disse: Cheguei com a minha concubina a [4] Gibeah _cidade_ de Benjamin,
para passar a noite;

5 E os cidadãos de [5] Gibeah se levantaram contra mim, e cercaram a casa
de noite: intentaram matar-me, e violaram a minha concubina, _de maneira_
que morreu.

6 Então peguei [6] na minha concubina, e fil-a em pedaços, e a enviei por
toda a terra da herança d’Israel: porquanto fizeram _tal_ maleficio e
loucura em Israel.

7 Eis que todos [7] sois filhos d’Israel: dae aqui a vossa palavra e
conselho.

8 Então todo o povo se levantou como um só homem, dizendo: Nenhum _de
nós_ irá á sua tenda nem nenhum _de nós_ se retirará á sua casa.

9 Porém isto _é_ o que faremos a Gibeah: _procederemos_ contra ella por
sorte.

10 E tomaremos dez homens de cem de todas as tribus d’Israel, e cem de
mil, e mil de dez mil, para tomarem mantimento para o povo: para que,
vindo elles a Gibeah de Benjamin, _lhe_ façam conforme a toda a loucura
que tem feito em Israel.

11 Assim ajuntaram-se contra esta cidade todos os homens d’Israel,
alliados como um só homem.

12 E as tribus d’Israel enviaram homens por toda a tribu [8] de Benjamin,
dizendo: Que maldade _é_ esta que se fez entre vós?

13 Dae-_nos_ pois agora aquelles homens, [9] filhos de Belial, que
_estão_ em Gibeah, para que os matemos, e tiremos d’Israel o mal: porém
os _filhos_ de Benjamin não quizeram ouvir a voz de seus irmãos, os
filhos d’Israel.

14 Antes os filhos de Benjamin se ajuntaram das cidades em Gibeah, para
sairem a pelejar contra os filhos d’Israel.

15 E contaram-se n’aquelle dia os filhos de Benjamin, das cidades, vinte
e seis mil homens que arrancavam a espada, afóra os moradores de Gibeah,
de que se contaram setecentos homens escolhidos.

16 Entre todo este povo _havia_ setecentos homens escolhidos, [10]
canhotos, os quaes todos atiravam com a funda uma pedra a um cabello, e
não erravam.

17 E contaram-se dos homens d’Israel, afóra _os de_ Benjamin,
quatrocentos mil homens que arrancavam da espada, _e_ todos _elles_
homens de guerra.

18 E levantaram-se [11] os filhos d’Israel, e subiram a Beth-el, e
perguntaram a Deus, e disseram: Quem d’entre nós subirá o primeiro a
pelejar contra Benjamin? E disse o Senhor: Judah _subirá_ primeiro.

19 Levantaram-se pois os filhos d’Israel pela manhã, e acamparam-se
contra Gibeah.

20 E os homens d’Israel sairam á peleja contra Benjamin: e ordenaram os
homens d’Israel contra elles a peleja ao pé de Gibeah.

21 Então os filhos de Benjamin sairam [12] de Gibeah, e derribaram por
terra n’aquelle dia vinte e dois mil homens d’Israel.

22 Porém esforçou-se o povo dos homens d’Israel, e tornaram a ordenar a
peleja no logar onde no primeiro dia a tinham ordenado.

23 E subiram os filhos d’Israel, e choraram [13] perante o Senhor até á
tarde, e perguntaram ao Senhor, dizendo: Tornar-me-hei a chegar á peleja
contra os filhos de Benjamin, meu irmão? E disse o Senhor: Subi contra
elle.

24 Chegaram-se pois os filhos d’Israel aos filhos de Benjamin, no dia
seguinte.

25 Tambem os de Benjamin no dia seguinte lhes sairam [14] ao encontro
_fóra_ de Gibeah, e derribaram ainda por terra mais dezoito mil homens,
todos dos que arrancavam a espada.

26 Então todos os filhos de Israel, e todo o povo, subiram, [15] e vieram
a Beth-el, e choraram, e estiveram ali perante o Senhor, e jejuaram
aquelle dia até á tarde: e offereceram holocaustos e offertas pacificas
perante o Senhor.

27 E os filhos d’Israel perguntaram ao Senhor (porquanto a [16] arca do
concerto de Deus _estava_ ali n’aquelles dias;

28 E Phineas, [17] filho d’Eleazar, filho d’Aarão, estava perante elle
n’aquelles dias), dizendo: Sairei ainda mais a pelejar contra os filhos
de Benjamin, meu irmão, ou pararei? E disse o Senhor; Subi, que ámanhã eu
t’o entregarei na mão.

29 Então Israel poz emboscadas [18] em redor de Gibeah.

30 E subiram os filhos d’Israel ao terceiro dia contra os filhos de
Benjamin, e ordenaram _a peleja_ junto a Gibeah, como das outras vezes.

31 Então os filhos de Benjamin sairam ao encontro do povo, _e_
desviaram-se da cidade: e começaram a ferir _alguns_ do povo,
atravessando-os, como das outras vezes, pelos caminhos (um dos quaes sobe
para Beth-el, e o outro para Gibeah pelo campo), alguns trinta dos homens
d’Israel.

32 Então os filhos de Benjamin disseram: _Vão_ derrotados diante de nós
como d’antes. Porém os filhos d’Israel disseram: Fujamos, e desviemol-os
da cidade para os caminhos.

33 Então todos os homens de Israel se levantaram do seu logar, e
ordenaram, _a peleja_ em Baal-tamar: e a emboscada d’Israel saiu do seu
logar, da caverna de Gibeah.

34 E dez mil homens escolhidos de todo o Israel vieram contra Gibeah, e a
peleja se engraveceu: porém elles não sabiam [19] que o mal lhes tocaria.

35 Então feriu o Senhor a Benjamin diante d’Israel; e desfizeram os
filhos d’Israel n’aquelle dia vinte e cinco mil e cem homens de Benjamin,
todos dos que arrancavam espada.

36 E viram os filhos de Benjamin que estavam feridos: porque os homens
[20] d’Israel deram logar aos benjamitas, porquanto estavam confiados na
emboscada que haviam posto contra Gibeah.

37 E a [21] emboscada se apressou, e accommetteu a Gibeah: e a emboscada
arremetteu _contra ella_, e feriu ao fio da espada toda a cidade.

38 E os homens d’Israel tinham um signal determinado com a emboscada, que
_era_ quando fizessem levantar da cidade uma grande nuvem de fumo.

39 Viraram-se pois os homens d’Israel na peleja; e já Benjamin começava a
ferir, dos homens de Israel, quasi trinta homens, atravessando-os, porque
diziam: Já infallivelmente estão derrotados diante de nós, como na peleja
passada.

40 Então a nuvem de fumo se começou a levantar da cidade, _como uma_
columna de fumo: e, virando-se Benjamin a olhar para [22] traz de si, eis
que o fumo da cidade subia ao céu.

41 E os homens d’Israel viraram _os rostos_, e os homens de Benjamin
pasmaram; porque viram que o mal lhes tocaria.

42 E viraram _as costas_ diante dos homens d’Israel, para o caminho do
deserto; porém a peleja os apertou; e os das cidades os desfizeram no
meio d’elles.

43 E cercaram a Benjamin, _e_ o seguiram, _e_ descançadamente o pisaram,
até diante de Gibeah, para o nascente do sol.

44 E cairam de Benjamin dezoito mil homens, todos estes _sendo_ homens
valentes.

45 Então _viraram as costas_, e fugiram para o deserto, á penha de
Rimmon; [23] rabiscaram _ainda_ d’elles pelos caminhos _uns_ cinco mil
homens: e de perto os seguiram até Gideon, e feriram d’elles dois mil
homens.

46 E foram todos os que de Benjamin n’aquelle dia cairam vinte e cinco
mil homens que arrancavam a espada, todos elles homens valentes.

47 Porém seiscentos homens viraram _as costas_ e fugiram para o deserto,
á penha de [24] Rimmon: e ficaram na penha de Rimmon quatro mezes.

48 E os homens d’Israel voltaram para os filhos de Benjamin, e os feriram
ao fio da espada, desde os homens da cidade até aos animaes, até a tudo
quanto se achava, como tambem a todas as cidades quantas se acharam
pozeram a fogo.

[1] Deu. 13.12. Jos. 22.12. cap. 21.5. I Sam. 11.7.

[2] cap. 18.29. I Sam. 3.20. II Sam. 3.10 e 24.2. Jui. 10.17 e 11.11. I
Sam. 7.5 e 10.17.

[3] cap. 8.10.

[4] cap. 19.15.

[5] cap. 19.22, 25, 26.

[6] cap. 19.29. Jos. 7.15.

[7] cap. 19.30.

[8] Deu. 13.14. Jos. 22.13, 16.

[9] Deu. 13.13. cap. 19.22. Deu. 17.12.

[10] cap. 3.15. I Chr. 12.2.

[11] ver. 23, 26. Num. 27.21. cap. 1.1.

[12] Gen. 49.27.

[13] ver. 26, 27.

[14] ver. 21.

[15] ver. 18.

[16] Jos. 18.1. I Sam. 4.3, 4.

[17] Jos. 24.33. Deu. 10.8 e 18.5.

[18] Jos. 8.4.

[19] Jos. 8.14. Isa. 47.11.

[20] Jos. 8.15.

[21] Jos. 8.19.

[22] Jos. 8.20.

[23] Jos. 15.32.

[24] cap. 21.13.



_A ruina de Jabes Gilead._

[Antes de Christo 1322]

21 Ora tinham jurado [1] os homens d’Israel em Mispah, dizendo: Nenhum de
nós dará sua filha por mulher aos benjamitas.

2 Veiu pois o povo a [2] Beth-el, e ali ficaram até á tarde diante de
Deus: e levantaram a sua voz, e prantearam com grande pranto,

3 E disseram: Ah! Senhor Deus d’Israel, porque succedeu isto em Israel,
que hoje falte uma tribu em Israel?

4 E succedeu que, no dia seguinte, o povo pela manhã se levantou, e
edificou ali [3] _um_ altar; e offereceram holocaustos e offertas
pacificas.

5 E disseram os filhos d’Israel: Quem de todas as tribus d’Israel não
subiu ao ajuntamento ao Senhor? Porque se tinha feito _um_ grande
juramento [4] ácerca dos que não viessem ao Senhor a Mispah, dizendo:
Morrerá certamente.

6 E arrependeram-se os filhos d’Israel ácerca de Benjamin, seu irmão, e
disseram: Cortada é hoje d’Israel uma tribu.

7 Que faremos, ácerca de mulheres, com os que ficaram de resto, pois nós
temos jurado pelo Senhor que nenhuma de nossas filhas lhes dariamos por
mulheres?

8 E disseram: Ha alguma das tribus d’Israel que não subisse ao Senhor
a Mispah? E eis que ninguem de Jabes de Gilead [5] viera ao arraial, á
congregação.

9 Porquanto o povo se contou: e eis que nenhum dos moradores de Jabes de
Gilead se achou ali.

10 Então o ajuntamento enviou lá doze mil homens dos mais valentes, e
lhes ordenou, dizendo: Ide, [6] e ao fio da espada feri aos moradores de
Jabes de Gilead, e ás mulheres e aos meninos.

11 Porém isto _é_ o que haveis de fazer: A todo [7] o macho e a toda a
mulher que se houver deitado com um homem totalmente destruireis.

12 E acharam entre os moradores de Jabes de Gilead quatrocentas moças
virgens, que não conheceram homem deitando-se com macho: e as trouxeram
ao arraial, a Silo, [8] que _está_ na terra de Canaan.


_Dão-se quatrocentas mulheres aos benjamitas._

13 Então todo o ajuntamento enviou, e fallou aos filhos de Benjamin, que
_estavam_ na penha de Rimmon, [9] e lhes proclamou a paz.

14 E ao mesmo tempo voltaram os benjamitas; e deram-lhes as mulheres que
haviam guardado com vida, das mulheres de Jabes de Gilead: porém estas
ainda lhes não bastaram.

15 Então o povo [10] se arrependeu por causa de Benjamin: porquanto o
Senhor tinha feito abertura nas tribus d’Israel.

16 E disseram os anciãos do ajuntamento: Que faremos ácerca de mulheres
para os que ficaram de resto? pois as mulheres são destruidas de Benjamin.

17 Disseram mais: A herança dos que ficaram de resto é de Benjamin, e
nenhuma tribu de Israel deve ser destruida.

18 Porém nós não lhes poderemos dar mulheres de nossas filhas, porque os
filhos d’Israel juraram, [11] dizendo: Maldito _aquelle_ que der mulher
aos benjamitas.

19 Então disseram: Eis que de anno em anno _ha_ solemnidade do Senhor
em Silo, que _se celebra_ para o norte de Beth-el, da banda do nascente
do sol, pelo caminho alto que sobe de Beth-el a Sichem, e para o sul de
Lebona.

20 E mandaram aos filhos de Benjamin, dizendo: Ide, e emboscae-vos nas
vinhas,

21 E olhae, e eis ahi, saindo as filhas de Silo a dançar em ranchos, [12]
sahi vós das vinhas, e arrebatae-vos cada um sua mulher das filhas de
Silo, e ide-vos á terra de Benjamin.

22 E será que, quando seus paes ou seus irmãos vierem a litigar comnosco,
nós lhes diremos: Por amor de nós, tende compaixão d’elles, pois n’esta
guerra não tomámos mulheres para cada um d’elles: porque não lh’as déstes
vós, _para_ que agora ficasseis culpados?

23 E os filhos de Benjamin o fizeram assim, e levaram mulheres conforme
ao numero d’elles, das que arrebatavam dos ranchos que dançavam: e
foram-se, e voltaram á sua herança, e reedificaram as [13] cidades, e
habitaram n’ellas.

24 Tambem os filhos d’Israel partiram então d’ali, cada um para a sua
tribu e para a sua geração: e sairam d’ali, cada um para a sua herança.

25 N’aquelles dias não _havia_ rei em Israel: [14] porém cada um fazia o
_que parecia_ recto aos seus olhos.

[1] cap. 20.1.

[2] cap. 20.18, 26.

[3] II Sam. 24.25.

[4] cap. 5.23.

[5] I Sam. 11.1 e 31.11.

[6] ver. 5. cap. 5.23. I Sam. 11.7.

[7] Num. 31.17.

[8] Jos. 18.1.

[9] cap. 20.47.

[10] ver. 6.

[11] ver. 1. cap. 11.35.

[12] Exo. 15.20. cap. 11.14. I Sam. 18.6. Jer. 31.13.

[13] cap. 20.48.

[14] cap. 17.6 e 18.1 e 19.1. Deu. 12.8.



O LIVRO DE RUTH.



_Noemi e suas noras Orpha e Ruth._

[Antes de Christo 1312]

1 E succedeu que, nos dias em que os juizes [1] julgavam, houve uma fome
na terra: pelo que um homem de Beth-lehem de Judah saiu [2] a peregrinar
nos campos de Moab, elle e sua mulher, e seus dois filhos:

2 E _era_ o nome d’este homem Elimelech, e o nome de sua mulher [JB]
Noemi, e os nomes de seus dois filhos Mahon e Chilion, ephrateos, [3] de
Beth-lehem de Judah: e vieram aos campos de Moab, [4] e ficaram ali.

3 E morreu Elimelech, marido de Noemi: e ficou ella com os seus dois
filhos,

4 Os quaes tomaram para si mulheres moabitas: _e era_ o nome d’uma Orpha,
e o nome da outra Ruth; e ficaram ali quasi dez annos.

5 E morreram tambem ambos, Mahalon e Chilion, ficando assim esta mulher
_desamparada_ dos seus dois filhos e de seu marido.

6 Então se levantou ella com as suas noras, e voltou dos campos de Moab:
porquanto na terra de Moab ouviu que o Senhor tinha visitado o seu povo,
[5] dando-lhe pão.

7 Pelo que saiu do logar onde estivera, e as suas duas noras com ella. E,
indo ellas caminhando, para voltarem para a terra de Judah,

8 Disse Noemi ás suas duas noras: Ide, voltae cada uma á casa [6] de sua
mãe; e o Senhor use comvosco de benevolencia, como vós usastes com [7] os
defuntos e comigo.

9 O Senhor vos dê que acheis descanço cada uma em casa de seu marido. E,
beijando-as ella, levantaram a sua voz e choraram.

10 E disseram-lhe: Certamente voltaremos comtigo ao teu povo.

11 Porém Noemi disse: Tornae, minhas filhas, porque irieis comigo? tenho
eu ainda no meu ventre _mais_ filhos, para que vos fossem [8] por maridos?

12 Tornae, filhas minhas, ide-vos _embora_, que já mui velha sou para ter
marido: _ainda_ quando eu dissesse, Tenho esperança, _ou_ ainda que esta
noite tivesse marido e ainda parisse filhos,

13 Esperal-os-hieis até que viessem a ser grandes? deter-vos-hieis por
elles, sem tomardes marido? não, filhas minhas, que mais amargo me é a
mim do que a vós _mesmas_; porquanto a mão [9] do Senhor se descarregou
contra mim.

14 Então levantaram a sua voz, e tornaram a chorar: e Orpha beijou a sua
sogra, porém Ruth [10] se apegou a ella.

15 Pelo que disse: Eis que voltou tua cunhada ao seu povo [11] e aos seus
deuses: volta tu tambem após da tua cunhada.

16 Disse porém Ruth: Não me instes para que te deixe, [12] e me torne de
detraz de ti; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que
pousares á noite ali pousarei eu; o teu povo _é_ o meu povo, o teu Deus
_é_ o meu Deus;

17 Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada: me [13]
faça assim o Senhor, e outro tanto, _se outra coisa_ que não seja a morte
me separar de ti.

18 Vendo ella, pois, [14] que de todo estava resolvida para ir com ella,
deixou de lhe fallar.

19 Assim _pois_ foram-se ambas, até que chegaram a Beth-lehem: e succedeu
que, entrando ellas em Beth-lehem, toda a cidade se commoveu por causa
d’ellas, [15] e diziam: _Não é_ esta Noemi?

20 Porém ella lhes dizia: Não me chameis [JC] Noemi; chamae-me [JD] Mara;
porque grande amargura me tem dado o Todo-poderoso.

21 Cheia parti, [16] porém vazia o Senhor me fez tornar: porque _pois_ me
chamareis Noemi? pois o Senhor testifica contra mim, e o Todo-poderoso me
tem feito _tanto_ mal.

22 Assim Noemi voltou, e com ella Ruth a moabita, sua nora, que voltou
dos campos de Moab: e chegaram a Beth-lehem [17] no principio da sega das
cevadas.

[1] Jui. 2.16. Gen. 12.10 e 26.1. II Reis 8.1.

[2] Jui. 17.8.

[3] Gen. 25.19.

[4] Jui. 3.30.

[5] Exo. 4.31. Luc. 1.68. Psa. 132.15. Mat. 6.11.

[6] Jos. 24.15. II Tim. 1.16, 17, 18.

[7] ver. 5. cap. 2.20 e 3.1.

[8] Gen. 38.11. Deu. 25.5.

[9] Jui. 2.15. Job 19.21.

[10] Pro. 17.17 e 18.24.

[11] Jui. 11.24. Jos. 24.15, 19. II Reis 2.2. Luc. 24.28.

[12] II Reis 2.2, 4, 6. cap. 2.11, 13.

[13] I Sam. 3.17 e 25.22. II Sam. 19.13. II Reis 6.31.

[14] Act. 21.14.

[15] Mat. 21.10. Isa. 23.7. Lam. 2.15.

[16] Job 1.21.

[17] Exo. 9.21, 32. cap. 2.23. II Sam. 21.9.



_Ruth vae rabiscar espigas._

2 E tinha Noemi um parente de seu marido, homem valente _e_ poderoso, [1]
da geração de Elimelech; e _era_ o seu nome Boaz.

2 E Ruth a moabita disse a Noemi: Deixa-me ir ao campo, e apanharei
espigas [2] após d’aquelle em cujos olhos eu achar graça. E ella lhe
disse: Vae, minha filha.

3 Foi pois, e chegou, e apanhava _espigas_ no campo após dos segadores:
e caiu-lhe em sorte uma parte do campo de Boaz, que _era_ da geração de
Elimelech.

4 E eis que Boaz veiu de Beth-lehem, e disse aos segadores: O Senhor
_seja_ comvosco. [3] E disseram-lhe elles: O Senhor te abençoe.

5 Depois disse Boaz a seu moço, que estava posto sobre os segadores: De
quem _é_ esta moça?

6 E respondeu o moço, que estava posto sobre os segadores, e disse: Esta
_é_ a moça moabita [4] que voltou com Noemi dos campos de Moab.

7 Disse-me ella: Deixa-me colher _espigas_, e ajuntal-_as_ entre [JE] as
gavellas após dos segadores. Assim ella veiu, e desde pela manhã está
_aqui_ até agora, a não ser um pouco que esteve sentada em casa.


_Boaz falla a Ruth benignamente._

8 Então disse Boaz a Ruth: Não ouves, filha minha? não vás colher a outro
campo, nem tão pouco passes d’aqui: porém aqui te ajuntarás com as minhas
moças.

9 Os teus olhos _estarão attentos_ no campo que segarem, e irás após
d’ellas; não dei ordem aos moços, que te não toquem? tendo tu sede, vae
aos vasos, e bebe do que os moços tirarem.

10 Então ella caiu sobre o seu rosto, e se inclinou á [5] terra: e
disse-lhe: Porque achei graça em teus olhos, para que faças caso de mim,
sendo eu _uma_ estrangeira?

11 E respondeu Boaz, e disse-lhe: Bem se me contou quanto fizeste [6]
a tua sogra, depois da morte de teu marido: e deixaste a teu pae e a
tua mãe, e a terra onde nasceste, e vieste para um povo que d’antes não
conheceste.

12 O Senhor galardoe [7] o teu feito: e seja cumprido o teu galardão do
Senhor Deus de Israel, sob [8] cujas azas te vieste abrigar.

13 E disse ella: Ache eu graça [9] em teus olhos, senhor meu, pois me
consolaste, e pois fallaste ao coração da tua serva, não sendo eu _ainda_
como uma das tuas creadas.

14 E, sendo já horas de comer, disse-lhe Boaz: Achega-te aqui, e come
do pão, e molha o teu bocado no vinagre. E ella se assentou ao lado dos
segadores, e elle lhe deu do _trigo_ tostado, e comeu, e se fartou, [10]
e _ainda_ lhe sobejou.

15 E, levantando-se ella a colher, Boaz deu ordem aos seus moços,
dizendo: Até entre as gavelas deixae-a colher, e não lh’o embaraceis.

16 E deixae cair alguns punhados, e deixae-os ficar, para que _os_ colha,
e não a reprehendaes.

17 E esteve ella apanhando n’aquelle campo até á tarde: e debulhou o que
apanhou, e foi quasi um epha de cevada.

18 E tomou-_o_, e veiu á cidade; e viu sua sogra o que tinha apanhado:
tambem tirou, e deu-lhe o [11] que lhe sobejara depois de fartar-se.

19 Então disse-lhe sua sogra: Onde colheste hoje, e onde trabalhaste?
bemdito seja aquelle que [12] te reconheceu. E relatou a sua sogra com
quem tinha trabalhado, e disse: O nome do homem com quem hoje trabalhei
_é_ Boaz.

20 Então Noemi disse a sua nora: Bemdito [13] _seja_ do Senhor, que
_ainda_ não tem deixado a sua beneficencia nem para com os vivos nem
para com os mortos. Disse-lhe mais Noemi: Este homem é nosso _parente_
chegado, [14] _e_ um d’entre os nossos remidores.

21 E disse Ruth, a moabita: Tambem ainda me disse: Com os moços que tenho
te ajuntarás, até que acabem toda a sega que tenho.

22 E disse Noemi a sua nora, Ruth: Melhor _é_, filha minha, que saias com
as suas moças, para que n’outro campo não te encontrem.

23 Assim, ajuntou-se com as moças de Boaz, para colher até que a sega das
cevadas e dos trigos se acabou; e ficou com a sua sogra.

[1] cap. 3.2, 12 e 4.21.

[2] Lev. 19.9. Deu. 24.19.

[3] Psa. 129.8. Luc. 1.28. II The. 3.16.

[4] cap. 1.22.

[5] I Sam. 25.23.

[6] cap. 1.14, 16, 17.

[7] I Sam. 24.19.

[8] cap. 1.16. Psa. 17.8 e 35.8 e 57.2 e 63.8.

[9] Gen. 33.15. I Sam. 1.18 e 25.41.

[10] ver. 18.

[11] ver. 14.

[12] ver. 10. Psa. 41.2.

[13] cap. 3.10. II Sam. 2.5. Job 29.13. Pro. 17.17.

[14] cap. 3.9 e 4.6.



_Ruth vae deitar-se aos pes de Boaz._

3 E disse-lhe [1] Noemi, sua sogra: Minha filha, não hei de eu buscar
descanço, para que fiques bem?

2 Ora pois, não _é_ Boaz, com cujas moças estiveste, [2] _de_ nossa
parentela? eis que esta noite padejará a cevada na eira.

3 Lava-te pois, [3] e unge-te, e veste os teus vestidos, e desce á eira:
_porém_ não te dês a conhecer ao homem, até que tenha acabado de comer e
beber.

4 E ha de ser que, quando elle se deitar, notarás o logar em que se
deitar; então entra, e descobrir-lhe-has os pés, e te deitarás, e elle te
fará saber o que deves fazer.

5 E ella lhe disse: Tudo quanto _me_ disseres, farei.

6 Então foi para a eira, e fez conforme a tudo quanto sua sogra lhe tinha
ordenado.

7 Havendo pois Boaz comido e bebido, e estando já o seu coração alegre,
[4] veiu deitar-se ao pé de uma meda; então veiu ella de mansinho, e lhe
descobriu os pés, e se deitou.


_Boaz promette a Ruth casar com ella._

8 E succedeu que, pela meia noite, o homem estremeceu, e se voltou: e eis
que _uma_ mulher jazia a seus pés.

9 E disse elle: Quem _és_ tu? E ella disse: _Sou_ Ruth, tua serva;
estende pois tua aba [5] sobre a tua serva, porque tu _és_ o [6] remidor,

10 E disse elle: Bemdita _sejas_ tu do [7] Senhor, minha filha; melhor
fizeste esta tua ultima beneficencia do que a primeira, pois após de
nenhuns mancebos foste, quer pobres quer ricos.

11 Agora pois, minha filha, não temas; tudo quanto disseste te farei,
pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher [8] virtuosa.

12 Porém agora é muito verdade que eu sou [9] remidor: mas ainda _outro_
remidor ha mais chegado do que eu.

13 Fica-te _aqui_ esta noite, e será que, pela manhã, se _elle_ te [10]
redimir, bem _está_, _elle te_ redima; porém, se te não quizer redimir,
vive o [11] Senhor, que eu te redimirei: deita-te _aqui_ até ámanhã.

14 Ficou-se pois deitada a seus pés até pela manhã, e levantou-se antes
que podesse [12] um conhecer a outro, porquanto disse: Não se saiba que
_alguma_ mulher veiu á eira.

15 Disse mais: Dá cá o roupão que _tens_ sobre ti, e tem mão n’elle. E
ella teve mão n’elle; e elle mediu seis _medidas_ de cevada, e lh’as poz
em cima; então entrou na cidade,

16 E veiu á sua sogra, a qual disse: Quem _és_ tu, minha filha? E ella
lhe contou tudo quanto aquelle homem lhe fizera.

17 Disse mais: Estas seis _medidas_ de cevada me deu, porque me disse:
Não vás vazia a tua sogra.

18 Então disse ella: Está quieta, minha filha, [13] até que saibas como
irá o caso, porque aquelle homem não descançará até que conclua hoje este
negocio.

[1] I Cor. 7.36. I Tim. 5.8. cap. 1.9.

[2] cap. 2.8.

[3] II Sam. 14.2.

[4] Jui. 19.6, 9, 22. II Sam. 13.28. Est. 1.10.

[5] Eze. 16.8.

[6] ver. 12. cap. 2.20.

[7] cap. 2.20.

[8] Pro. 12.4.

[9] ver. 9. cap. 4.1.

[10] Deu. 25.5. cap. 4.5. Mat. 22.24.

[11] Jui. 8.19. Jer. 4.2.

[12] Rom. 12.17 e 14.16. I Cor. 10.32. II Cor. 8.21. I The. 5.22.

[13] Psa. 37.3, 5.



_Boaz casa com Ruth._

4 E Boaz subiu á porta, e assentou-se ali: e eis que o remidor [1] de que
Boaz tinha fallado ia passando, e disse-lhe: Ó fulano, desvia-te _para
cá_, assenta-te aqui. E desviou-se _para ali_, e assentou-se.

2 Então tomou dez homens [2] dos anciãos da cidade, e disse: Assentae-vos
aqui. E assentaram-se.

3 Então disse ao remidor: Aquella parte da terra que _foi_ de Elimelech,
nosso irmão, Noemi, que tornou da terra dos moabitas, a vendeu.

4 E disse eu: Manifestal-o-hei _em_ teus ouvidos, dizendo: Toma-_a_
diante dos habitantes, e diante [3] dos anciãos do meu povo; se _a_ has
de redimir, redime-_a_, e, se não se houver de redimir, declara-m’o, para
que o saiba, pois outro não _ha_ senão [4] tu que _a_ redima, e eu depois
de ti. Então disse elle: Eu _a_ redimirei.

5 Disse porém Boaz: No dia em que tomares a terra da mão de Noemi, tambem
a tomarás da mão de Ruth, a moabita, mulher do defunto, para suscitar o
nome do defunto [5] sobre a sua herdade.

6 Então disse [6] o remidor: Para mim não _a_ poderei redimir, para que
não damne a minha herdade: redime tu a minha remissão para ti, porque eu
não _a_ poderei redimir.

7 Havia, pois, [7] já de muito tempo este _costume_ em Israel, emquanto
a remissão e contracto, para confirmar todo o negocio, que _o_ homem
descalçava o sapato e _o_ dava ao seu proximo: e isto _era_ por
testemunho em Israel.

8 Disse pois o remidor a Boaz: Toma-_a_ para ti. E descalçou o sapato.

9 Então Boaz disse aos anciãos e a todo o povo: _Sois_ hoje testemunhas
de que tomei tudo quanto _foi_ d’Elimelech, e de Chilion, e de Mahlon, da
mão de Noemi,

10 E de que tambem tomo por mulher a Ruth, a moabita, _que foi_ mulher de
Mahlon, para suscitar o nome do defunto sobre a sua herdade, [8] para que
o nome do defunto não seja desarraigado d’entre seus irmãos e da porta do
seu logar: _d’isto sois_ hoje testemunhas.

11 E todo o povo que _estava_ na porta, e os anciãos, disseram: _Somos_
testemunhas: [9] o Senhor faça a esta mulher, que entra na tua casa, como
a Rachel e como a Leah, [10] que ambas edificaram a casa d’Israel; e
ha-te já valorosamente em Ephrata, e faze-_te_ nome afamado em Beth-lehem.

12 E seja a tua casa como a casa de Perez [11] (que Tamar pariu a Judah),
da semente que o Senhor te der d’esta moça.


_Ruth dá á luz Obed, avô de David._

13 Assim tomou [12] Boaz a Ruth, e ella lhe foi por mulher; e elle entrou
a ella, e o Senhor lhe deu conceição, e pariu _um_ filho.

14 Então as mulheres disseram [13] a Noemi: Bemdito _seja_ o Senhor, que
não deixou hoje de te dar remidor, e seja o seu nome afamado em Israel.

15 Elle te será por recreador da alma, e conservará a tua velhice, pois
tua nora, que te ama, [14] o pariu, e ella te é melhor do que sete filhos.

16 E Noemi tomou o filho, e o poz no seu regaço, e foi sua ama.

17 E as visinhas [15] lhe deram _um_ nome, dizendo: A Noemi nasceu _um_
filho. E chamaram o seu nome Obed. Este _é_ o pae de [JF] Jessé, pae de
David.

18 Estas _são_ pois as gerações [16] de Perez: Perez gerou a Esrom,

19 E Esrom gerou a Arão, e Arão gerou a Amminadab,

20 E Amminadab gerou a Nahasson, e [17] Nahasson gerou a Salmon,

21 E Salmon gerou a Boaz, e Boaz gerou a Obed,

22 E Obed gerou a Jessé, [18] e Jessé gerou a David.

[1] cap. 3.12.

[2] I Reis 21.8. Pro. 31.23.

[3] Jer. 32.7, 8. Gen. 23.18.

[4] Lev. 25.25.

[5] Gen. 38.8. Deu. 25.5, 6. cap. 3.13. Mat. 22.24.

[6] cap. 2.12, 13.

[7] Deu. 25.7, 9.

[8] Deu. 25.6.

[9] Psa. 127.3 e 128.3.

[10] Deu. 25.9. Gen. 35.16, 19.

[11] Gen. 38.29. I Chr. 2.4. Mat. 1.3. I Sam. 2.20.

[12] cap. 3.11. Gen. 29.31 e 33.5.

[13] Luc. 1.58. Rom. 12.15.

[14] I Sam. 1.8.

[15] Luc. 1.58, 59.

[16] I Chr. 2.4, etc. Mat. 1.3.

[17] Num. 1.7. Mat. 1.4, etc.

[18] I Chr. 2.15. Mat. 1.6.



O PRIMEIRO LIVRO DE SAMUEL.



_Elcana e suas mulheres._

[Antes de Christo 1171]

1 Houve um homem de [1] Ramathaim de Zophim, da montanha de Ephraim, cujo
nome _era_ Elcana, filho de Jeroham, filho de Elihu, filho de Tohu, filho
de Suph, ephrateo.

2 E este tinha duas mulheres: o nome d’uma _era_ Anna, e o nome da outra
Peninna: e Peninna tinha filhos, porém Anna não tinha filhos.

3 Subia pois este homem da sua cidade [2] de anno em anno a adorar e a
sacrificar ao Senhor dos Exercitos em Silo: e _estavam_ ali os sacerdotes
do Senhor, Hophni e Phineas, os dois filhos d’Eli.

4 E succedeu _que_ no dia em que Elcana sacrificava [3] dava elle porções
a Peninna, sua mulher, e a todos os seus filhos, e a todas as suas filhas.

5 Porém a Anna dava uma parte excellente; porquanto a Anna amava, porém o
Senhor [4] lhe tinha cerrado a madre.

6 E a sua competidora excessivamente a irritava, [5] para a embravecer:
porquanto o Senhor lhe tinha cerrado a madre.

7 E assim o fazia _elle_ de anno em anno: desde que subia á casa do
Senhor, assim a _outra_ a irritava: pelo que chorava, e não comia.

8 Então Elcana, seu marido, lhe disse: Anna, porque choras? e porque não
comes? e porque está mal o teu coração? não te _sou_ [6] eu melhor do que
dez filhos?


_Anna roga a Deus que lhe dê um filho._

9 Então Anna se levantou, depois que comeram e beberam em Silo: e Eli,
sacerdote, estava assentado n’_uma_ cadeira, junto a um pilar do templo
[7] do Senhor.

10 Ella pois, com amargura [8] de alma, orou ao Senhor, e chorou
abundantemente.

11 E votou _um_ voto, [9] dizendo: Senhor dos Exercitos! se benignamente
attenderes para a afflicção da tua serva, e de mim te lembrares, e da
tua serva te não esqueceres, mas á tua serva deres _um_ filho varão, ao
Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não
subirá [10] navalha.

12 E succedeu que, perseverando ella em orar perante o Senhor, Eli fez
attenção á sua bocca.

13 Porquanto Anna no seu coração fallava, só se moviam os seus beiços,
porém não se ouvia a sua voz: pelo que Eli a teve por embriagada.

14 E disse-lhe Eli: Até quando estarás tu embriagada? aparta de ti o teu
vinho.

15 Porém Anna respondeu, e disse: Não, senhor meu, eu _sou uma_ mulher
attribulada de espirito; nem vinho nem bebida forte tenho bebido: [11]
porém tenho derramado a minha alma perante o Senhor.

16 Não tenhas _pois_ a tua serva por filha [12] de Belial: porque da
multidão dos meus cuidados e do meu desgosto tenho fallado até agora.

17 Então respondeu Eli, [13] e disse: Vae em paz: e o Deus de Israel _te_
conceda a tua petição que lhe pediste.

18 E disse ella: Ache a tua serva graça em teus olhos. [14] Assim a
mulher se foi seu caminho, e comeu, e o seu semblante já não era _triste_.

[Antes de Christo 1165]

19 E levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o Senhor, e
tornaram-se, e vieram á sua casa, a Rama, e [15] Elcana conheceu a Anna,
sua mulher, e o Senhor se lembrou d’ella.


_Nasce Samuel e é consagrado a Deus._

20 E succedeu que, passado _algum_ tempo, Anna concebeu, e pariu _um_
filho, e chamou o seu nome [JG] Samuel; porque, _dizia ella_, o tenho
pedido ao Senhor.

21 E subiu aquelle homem [16] Elcana com toda a sua casa, a sacrificar ao
Senhor o sacrificio annual e _a cumprir_ o seu voto.

22 Porém Anna não subiu; mas disse a seu marido: Quando o menino fôr
desmamado, _então_ o levarei, [17] para que appareça perante o Senhor, e
lá fique para sempre.

23 E Elcana, [18] seu marido, lhe disse: Faze o que bem _te parecer_ em
teus olhos, fica até que o desmames; tão sómente confirme [19] o Senhor
a sua palavra: assim ficou a mulher, e deu leite a seu filho, até que o
desmamou.

24 E, havendo-o desmamado, o levou [20] comsigo, com tres bezerros, e um
epha de farinha, e um odre de [21] vinho, e o trouxe á casa do Senhor, a
Silo, e _era_ o menino _ainda muito_ creança.

25 E degolaram um bezerro: [22] e _assim_ trouxeram o menino a Eli.

26 E disse ella: Ah, meu senhor, viva [23] a tua alma, meu senhor; eu
_sou_ aquella mulher que aqui esteve comtigo, para orar ao Senhor.

27 Por este menino [24] orava eu; e o Senhor me concedeu a minha petição,
que eu lhe tinha pedido.

28 Pelo que tambem ao Senhor eu o entreguei, [25] por todos os dias que
viver: _pois_ ao Senhor foi pedido. E elle adorou ali ao Senhor.

[1] I Chr. 6.27, 34. Ruth 1.2.

[2] Exo. 23.14. Deu. 16.16. Luc. 2.41. Deu. 12.5, 6, 7. Jos. 18.1.

[3] Deu. 12.17, 18 e 16.11.

[4] Gen. 30.2.

[5] Job 24.21.

[6] Ruth 4.15.

[7] cap. 3.3.

[8] Job 7.11 e 10.1.

[9] Gen. 28.20. Num. 30.3. Jui. 11.30. Gen. 29.32. Exo. 4.31. II Sam.
16.12. Psa. 25.18. Gen. 8.1 e 30.22.

[10] Num. 6.5. Jui. 13.5.

[11] Psa. 62.8 e 142.2.

[12] Deu. 13.13.

[13] Jui. 18.6. Mar. 5.34. Luc. 7.50 e 8.48. Psa. 20.4, 5.

[14] Gen. 33.15. Ruth 2.13. Ecc. 9.7.

[15] Gen. 4.1 e 30.22.

[16] ver. 3.

[17] Luc. 2.22. ver. 11, 28. cap. 2.11, 18 e 3.1. Exo. 21.6.

[18] Num. 30.7.

[19] II Sam. 7.25.

[20] Deu. 12.5, 6, 11.

[21] Jos. 18.1.

[22] Luc. 2.22.

[23] Gen. 42.15. II Reis 2.2, 4, 6.

[24] Mat. 7.7.

[25] ver. 11, 22.



_O cantico de Anna._

2 Então orou Anna, e disse: O meu coração [1] exulta ao Senhor, o meu
[JH] poder está exaltado no Senhor: a minha bocca se dilatou sobre os
meus inimigos, porquanto me alegro na tua salvação.

2 Não _ha_ sancto [2] como _é_ o Senhor; porque não _ha_ outro fóra de
ti: e rocha nenhuma _ha_ como o nosso Deus.

3 Não multipliqueis palavras de altissimas altivezas, _nem_ [3] saiam
coisas arduas da vossa bocca: porque o Senhor _é_ o Deus de conhecimento,
e por elle são as obras pesadas _na balança_.

4 O arco [4] dos fortes _foi_ quebrado, e os que tropeçavam foram
cingidos de força.

5 Os fartos se alugaram por pão, e cessaram os famintos: [5] até a
esteril pariu [6] sete _filhos_, e a que tinha muitos filhos enfraqueceu.

6 O Senhor é [7] o que tira a vida e a dá: faz descer á sepultura e faz
_tornar a_ subir _d’ella_.

7 O Senhor empobrece [8] e enriquece: abaixa _e_ tambem exalta.

8 Levanta o pobre [9] do pó, _e_ desde o esterco exalta o necessitado,
para o fazer assentar entre os principes, para os fazer herdar o throno
de [10] gloria: porque do Senhor _são_ os alicerces da terra, e assentou
sobre elles o mundo.

9 Os pés [11] dos seus sanctos guardará, porém os impios ficarão mudos
nas trevas: porque o homem não prevalecerá pela força.

10 Os que contendem com o Senhor serão quebrantados, desde os céus [12]
trovejará sobre elles: o Senhor julgará as extremidades da terra: e dará
força ao seu rei, e exaltará [JI] o poder do seu ungido.

11 Então Elcana foi-se a Rama, á [13] sua casa: porém o menino ficou
servindo ao Senhor, perante o sacerdote Eli.


_Os crimes dos filhos de Eli._

12 _Eram_ porém os filhos d’Eli filhos de Belial, [14] não conheciam ao
Senhor.

13 Porquanto o costume d’aquelles sacerdotes com o povo _era que_,
offerecendo alguem _algum_ sacrificio, vinha o moço do sacerdote,
estando-se cozendo a carne, com um garfo de tres dentes em sua mão;

14 E dava _com elle_ na caldeira, ou na panella, ou no caldeirão, ou na
marmita; _e_ tudo quanto o garfo tirava, o sacerdote tomava para si:
assim faziam a todo o Israel que ia ali a Silo.

15 Tambem antes [15] de queimarem a gordura vinha o moço do sacerdote, e
dizia ao homem que sacrificava: Dá _essa_ carne para assar ao sacerdote:
porque não tomará de ti carne cozida, senão crua.

16 E, dizendo-lhe o homem: Queimem primeiro a gordura de hoje, e _depois_
toma para ti quanto desejar a tua alma, então elle lhe dizia: _Não_,
agora _a_ has de dar, e, se não, por força a tomarei.

17 Era pois muito grande o peccado d’estes mancebos perante [16] o
Senhor, porquanto os homens desprezavam a offerta do Senhor.


_O ministerio de Samuel._

18 Porém Samuel ministrava perante o Senhor, [17] _sendo ainda_ mancebo,
vestido com _um_ ephod de linho.

19 E sua mãe lhe fazia uma tunica pequena, e de anno em anno lh’a trazia,
quando [18] com seu marido subia a sacrificar o sacrificio annual.

20 E Eli abençoava [19] a Elcana e a sua mulher, e dizia: O Senhor te dê
semente d’esta mulher, pela petição que fez ao Senhor. E voltaram para o
seu logar.

21 Visitou pois [20] o Senhor a Anna, e concebeu, e pariu tres filhos e
duas filhas: e o mancebo Samuel crescia diante do Senhor.

22 Era porém Eli _já_ muito velho, e ouvia tudo quanto seus filhos faziam
a todo o Israel, e de como se deitavam com as mulheres [21] que em bandos
se ajuntavam á porta da tenda da congregação.

23 E disse-lhes: Porque fazeis taes coisas? porque ouço de todo este povo
os vossos maleficios.

24 Não, filhos meus, porque não _é_ boa fama esta que ouço: fazeis
transgredir o povo do Senhor.

25 Peccando homem contra homem, os juizes o julgarão; peccando porém o
homem contra o Senhor, [22] quem rogará por elle? Mas não ouviram a voz
de seu pae, [23] porque o Senhor os queria matar.

26 E o mancebo Samuel ia crescendo, [24] e _fazia-se_ agradavel, assim
para com o Senhor como _tambem_ para com os homens.


_Prophecia contra a casa de Eli._

27 E veiu um homem de Deus a Eli, e disse-lhe: [25] Assim diz o Senhor.
Não me manifestei, na verdade, á casa de teu pae, estando elles _ainda_
no Egypto, na casa de Pharaó?

28 E m’o escolhi [26] d’entre todas as tribus d’Israel por sacerdote,
para offerecer sobre o meu altar, para accender o incenso, e para trazer
o ephod perante mim, [27] e dei á casa de teu pae todas as offertas
queimadas dos filhos d’Israel.

29 Porque dáes [28] coices contra o sacrificio e contra a minha offerta
de manjares, que ordenei na _minha_ morada, e honras a teus filhos mais
do que a mim, para vos engordardes do principal de todas as offertas do
meu povo d’Israel?

30 Portanto, diz o Senhor Deus d’Israel: Na verdade tinha dito [29]
eu _que_ a tua casa e a casa de teu pae andariam diante de mim
perpetuamente; porém agora diz [30] o Senhor: Longe de mim tal coisa,
porque aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão
envilecidos.

31 Eis que veem dias [31] em que cortarei o teu braço e o braço da casa
de teu pae, para que não haja _mais_ velho algum em tua casa.

32 E verás o aperto da morada _de Deus_, em logar de todo o bem que
houvera de fazer a Israel: nem haverá por todos os dias [32] velho algum
em tua casa.

33 O homem porém que eu te não desarraigar do meu altar _seria_ para vos
consumir os olhos e para te entristecer a alma: e toda a multidão da tua
casa morrerá quando chegar á _edade_ varonil.

34 E isto te _será por_ signal, _a saber_: o que sobrevirá a teus dois
filhos, a [33] Hophni e a Phineas, _que_ ambos morrerão no mesmo dia.

35 E eu suscitarei [34] para mim _um_ sacerdote fiel, que obrará segundo
o meu coração e a minha alma, e eu lhe edificarei uma casa firme, [35] e
andará sempre diante do meu ungido.

36 E será [36] que todo aquelle que ficar de resto da tua casa virá a
inclinar-se diante d’elle por uma moeda de prata e por um bocado de pão,
e dirá: Rogo-te que me admittas a algum ministerio sacerdotal, para que
possa comer um pedaço de pão.

[1] Phi. 4.6. Luc. 1.46, etc. Psa. 92.10 e 112.9.

[2] Exo. 15.11. Deu. 3.24 e 32.4. Deu. 4.35. II Sam. 22.32.

[3] Psa. 94.4. Mal. 3.13. Jud. 15.

[4] Psa. 37.15, 17 e 76.4. Mal. 3.13.

[5] Psa. 34.10. Luc. 1.53.

[6] Psa. 113.9. Isa. 54.1. Jer. 15.9.

[7] Deu. 32.39. Job 5.16. Ose. 6.1.

[8] Job 1.21. Psa. 75.8.

[9] Psa. 113.7, 8. Dan. 4.17. Luc. 1.52. Job 36.7.

[10] Job 38.4, 5, 6. Psa. 24.2. Heb. 1.3.

[11] Psa. 91.11 e 121.3.

[12] Psa. 2.9. cap. 7.10.

[13] ver. 18. cap. 3.1.

[14] Deu. 13.13. Jui. 2.10. Jer. 22.16. Rom. 1.28.

[15] Lev. 3.3, 4, 5, 16.

[16] Gen. 6.11. Mal. 2.8.

[17] ver. 11. Exo. 28.4. II Sam. 6.14.

[18] cap. 1.3.

[19] Gen. 14.19.

[20] Gen. 21.1. ver. 26. Jui. 13.24. cap. 3.19. Luc. 1.80 e 2.40.

[21] Exo. 38.8.

[22] Num. 15.30.

[23] Jos. 11.20. Pro. 15.10.

[24] ver. 21. Pro. 3.4. Luc. 2.52. Act. 2.47. Rom. 14.18.

[25] I Reis 13.1. Exo. 4.14, 27.

[26] Exo. 28.1, 4. Num. 16.5 e 18.1, 7.

[27] Lev. 2.3, 10 e 6.16. Num. 5.9.

[28] Deu. 32.15 e 12.5, 6.

[29] Exo. 29.9.

[30] Jer. 18.9, 10. Psa. 18.21 e 91.14. Mal. 2.9.

[31] II Reis 2.27. Eze. 44.10. cap. 4.11, 18, 20 e 14.3 e 22.18, etc.

[32] Zac. 8.4.

[33] I Reis 13.3. cap. 4.11.

[34] I Reis 2.35. I Chr. 29.22. Eze. 44.15.

[35] II Sam. 7.11, 27. I Reis 11.38. Psa. 2.2 e 18.50.

[36] I Reis 2.27.



_Deus falla com Samuel em sonhos._

[Antes de Christo 1141]

3 E o mancebo [1] Samuel servia ao Senhor perante Eli: e a palavra do
Senhor era de muita valia n’aquelles dias; não _havia_ visão manifesta.

2 E succedeu n’aquelle dia que, _estando_ Eli deitado no seu locar (e os
seus olhos se começavam [2] _já_ a escurecer, _que_ não podia ver),

3 E _estando tambem_ Samuel _já_ deitado, antes que a [3] lampada de Deus
se apagasse no templo do Senhor, em que _estava_ a arca de Deus,

4 O Senhor chamou a Samuel, e disse elle: Eis-me _aqui_.

5 E correu a Eli, e disse: Eis-me _aqui_, porque tu me chamaste. Mas elle
disse: Não _te_ chamei eu, torna a deitar-te. E foi e se deitou.

6 E o Senhor tornou a chamar outra vez a Samuel, e Samuel se levantou,
e foi-se a Eli, e disse: Eis-me _aqui_, porque tu me chamaste. Mas elle
disse: Não _te_ chamei eu, filho meu, torna a deitar-te.

7 Porém Samuel [4] ainda não conhecia ao Senhor, e ainda não lhe tinha
sido manifestada a palavra do Senhor.

8 O Senhor pois tornou a chamar a Samuel terceira vez, e elle se
levantou, e foi a Eli, e disse: Eis-me _aqui_, porque tu me chamaste.
Então entendeu Eli que o Senhor chamava o mancebo.

9 Pelo que Eli disse a Samuel: Vae te deitar, e ha de ser que, se te
chamar, dirás: Falla, Senhor, porque o teu servo ouve. Então Samuel foi e
se deitou no seu logar.

10 Então veiu o Senhor, e poz-se ali, e chamou como das outras vezes:
Samuel, Samuel. E disse Samuel: Falla, porque o teu servo ouve.

11 E disse o Senhor a Samuel: Eis aqui vou eu a fazer _uma_ coisa em
Israel, a qual todo o que ouvir [5] lhe tinirão ambas as orelhas.

12 N’aquelle mesmo dia suscitarei contra Eli tudo [6] quanto tenho
fallado contra a sua casa: começal-o-hei e acabal-o-hei.

13 Porque _já_ eu lhe fiz saber que julgarei [7] a sua casa para sempre,
pela iniquidade que bem conhecia, porque, fazendo-se os seus filhos
execraveis, não os reprehendeu.

14 Portanto, jurei á casa d’Eli [8] que nunca jámais será expiada a
iniquidade da casa d’Eli com sacrificio nem com offerta de manjares.


_Samuel conta a visão a Eli._

15 E Samuel ficou deitado até pela manhã, e _então_ abriu as portas da
casa do Senhor: porém temia Samuel de relatar esta visão a Eli.

16 Então chamou Eli a Samuel, e disse: Samuel, meu filho. E disse elle:
Eis-me _aqui_.

17 E elle disse: Que _é_ a palavra que te fallou? peço-te que m’_a_
não encubras: [9] assim Deus te faça, e outro tanto, se me encobrires
_alguma_ palavra de todas as palavras que te fallou.

18 Então Samuel lhe contou todas aquellas palavras, e nada lhe encobriu.
E disse elle: O Senhor _é_, [10] faça o que bem _parecer_ aos seus olhos.

19 E crescia Samuel, [11] e o Senhor era com elle, e nenhuma de todas as
suas palavras deixou cair em terra.

20 E todo o Israel, desde [12] Dan até Berseba, conheceu que Samuel
_estava_ confirmado por propheta do Senhor.

21 E continuou o Senhor a apparecer em Silo: porquanto o Senhor se
manifestava a Samuel [13] em Silo pela palavra do Senhor.

[1] cap. 2.11. Psa. 74.9. Amós 8.11. ver. 21.

[2] Gen. 27.1 e 48.10. cap. 2.22 e 4.15.

[3] Exo. 27.21. Lev. 24.3. II Chr. 13.11. cap. 1.9.

[4] Act. 19.2.

[5] II Reis 21.22. Jer. 19.3.

[6] cap. 2.30, 36.

[7] cap. 2.29, 30, 31, etc. Eze. 7.3 e 18.30. cap. 2.12, 17, 22, 23, 25.

[8] Num. 15.30, 31. Isa. 22.14.

[9] Ruth 1.17.

[10] Job 1.21 e 2.10. Psa. 39.19. Isa. 39.8.

[11] cap. 2.21. Gen. 39.2, 21, 23. cap. 9.6.

[12] Jui. 20.1.

[13] ver. 1, 4.



_Os philisteos vencem os israelitas._

4 E veiu a palavra de Samuel a todo o Israel: e Israel saiu ao encontro,
á peleja, aos philisteos, [1] e se acamparam junto a Eben-ezer: e os
philisteos se acamparam junto a Afek.

2 E os philisteos se dispozeram em ordem de batalha, para sair ao
encontro a Israel; e, estendendo-se a peleja, Israel foi ferido diante
dos philisteos, porque feriram na batalha, no campo, uns quatro mil
homens.

3 E tornando o povo ao arraial, disseram os anciãos d’Israel: Porque nos
feriu o Senhor hoje diante dos philisteos? tragamos de Silo a arca do
concerto do Senhor, e venha no meio de nós, para que nos livre da mão de
nossos inimigos.

4 Enviou pois o povo a Silo, e trouxeram de lá a arca do concerto do
Senhor dos exercitos, que habita _entre_ [2] os cherubins: e os dois
filhos d’Eli, Hophni e Phineas _estavam_ ali com a arca do concerto de
Deus.

5 E succedeu que, vindo a arca do concerto do Senhor ao arraial, todo o
Israel jubilou com grande jubilo, _até_ que a terra estremeceu.

6 E os philisteos, ouvindo a voz do jubilo, disseram: Que voz de _tão_
grande jubilo _é_ esta no arraial dos hebreos? então souberam que a arca
do Senhor era vinda ao arraial.

7 Pelo que os philisteos se atemorisaram; porque diziam: Deus veiu ao
arraial. E diziam _mais_: Ai de nós! que tal nunca jámais succedeu antes.

8 Ai de nós! quem nos livrará da mão d’estes grandiosos deuses? estes
_são_ os deuses que feriram aos egypcios com todas as pragas junto ao
deserto.

9 Esforçae-vos, e sêde homens, [3] ó philisteos, para que _porventura_
não venhaes a servir aos hebreos, como elles serviram a vós; [4] sêde
pois homens, e pelejae.

10 Então pelejaram os philisteos, [5] e Israel foi ferido, e fugiram cada
um para a sua tenda; e foi tão grande o estrago, que cairam de Israel
trinta mil homens de pé.


_A arca é tomada. Hophni e Phineas são mortos._

11 E foi tomada a [6] arca de Deus: e os dois filhos d’Eli, Hophni e
Phineas, morreram.

12 Então correu da batalha _um_ homem de Benjamin, e chegou no mesmo [7]
dia a Silo: _e trazia_ os vestidos rotos, e terra sobre a cabeça.

13 E, chegando elle, eis que Eli estava assentado sobre _uma_ [8]
cadeira, vigiando ao pé do caminho; porquanto o seu coração estava
tremendo pela arca de Deus: entrando pois aquelle homem a annunciar
_isto_ na cidade, toda a cidade gritou.

14 E Eli, ouvindo a voz do grito, disse: Que voz de alvoroço _é_ esta?
Então chegou aquelle homem a _grande_ pressa, e veiu, e _o_ annunciou a
Eli.

15 E _era_ Eli da edade de noventa e oito annos: e estavam os seus olhos
_tão_ escurecidos, [9] que _já_ não podia ver.

16 E disse aquelle homem a Eli: Eu _sou_ o que venho da batalha; porque
eu fugi hoje da batalha. E disse elle: [10] Que coisa succedeu, filho meu?

17 Então respondeu o que trazia as novas, e disse: Israel fugiu de diante
dos philisteos, e houve tambem grande desfeita entre o povo: e, _de mais
d’isto_, tambem teus dois filhos, Hophni e Phineas, morreram, e a arca de
Deus é tomada.


_A morte de Eli e da mulher de Phineas._

18 E succedeu que, fazendo elle menção da arca de Deus, _Eli_ caiu da
cadeira para traz, da banda da porta, e quebrou-se-lhe o pescoço e
morreu: porquanto o homem era velho e pesado; e tinha elle julgado a
Israel quarenta annos.

19 E, _estando_ sua nora, a mulher de Phineas, gravida, _e_ proxima ao
parto, e ouvindo estas novas, de que a arca de Deus era tomada, e de que
seu sogro e seu marido morreram, encurvou-se e pariu; porquanto as dores
lhe sobrevieram.

20 E, ao tempo em que ia morrendo, disseram as [11] mulheres que estavam
com ella: Não temas, pois pariste _um_ filho. Ella porém não respondeu,
nem fez caso d’isso.

21 E chamou ao menino [JJ] Icabod, dizendo: [12] Foi-se [13] a gloria de
Israel. Porquanto a arca de Deus foi levada presa, e por causa de seu
sogro e de seu marido.

22 E disse: De Israel a gloria é levada presa: pois é tomada a arca de
Deus.

[1] cap. 5.1 e 7.13.

[2] II Sam. 6.2. Psa. 80.1 e 99.1. Exo. 25.18, 22. Num. 7.89.

[3] I Cor. 16.13.

[4] Jui. 13.1.

[5] ver. 2. Lev. 26.17. Deu. 28.25. Psa. 78.9, 62.

[6] cap. 2.32. Psa. 78.61. cap. 2.34. Psa. 78.64.

[7] II Sam. 1.2. Jos. 7.6. II Sam. 13.19 e 15.32. Neh. 9.1. Job 2.12.

[8] cap. 1.9.

[9] cap. 3.2.

[10] II Sam. 1.4.

[11] Gen. 35.17.

[12] cap. 14.3.

[13] Psa. 26.8 e 78.61.



_A arca, na terra dos philisteos, causa-lhes afflicções._

5 Os philisteos pois tomaram a arca de Deus, e a trouxeram [1] de
Eben-ezer, a Asdod.

2 E tomaram os philisteos a arca de Deus, e a metteram na casa de Dagon,
e a pozeram junto a [2] Dagon.

3 Levantando-se porém de madrugada os d’Asdod, no dia seguinte, eis que
Dagon _estava_ [3] caido com o rosto em terra diante da arca do Senhor: e
tomaram a Dagon, e tornaram a pôl-o no seu logar.

4 E, levantando-se de madrugada no dia seguinte pela manhã, eis que [4]
Dagon jazia caido com o rosto em terra diante da arca do Senhor; e a
cabeça de Dagon e ambas as palmas das suas mãos cortadas sobre o lumiar;
sómente o _tronco_ ficou a Dagon.

5 Pelo que nem os sacerdotes de Dagon, nem _nenhum de_ todos os que
entram [5] na casa de Dagon pisam o lumiar de Dagon em Asdod, até _ao dia
d’_hoje.

6 Porém a mão [6] do Senhor se aggravou sobre os d’Asdod, e os assollou:
e os feriu com hemorrhoidas, a Asdod e aos seus termos.

7 Vendo então os homens d’Asdod que assim _foi_, disseram: Não fique
comnosco a arca do Deus de Israel; pois a sua mão é dura sobre nós, e
sobre Dagon, nosso deus.

8 Pelo que enviaram e congregaram a si todos os principes dos philisteos,
e disseram: Que faremos nós da arca do Deus d’Israel? E responderam: A
arca do Deus d’Israel dará volta a Gath. Assim a rodearam _com_ a arca do
Deus de Israel.

9 E succedeu _que_, desde que a rodearam com ella, a mão [7] do Senhor
veiu contra aquella cidade, com mui grande vexação: pois feriu aos homens
d’aquella cidade, desde o pequeno até ao grande: e tinham hemorrhoidas
nas partes secretas.

10 Então enviaram a arca de Deus a Ekron. Succedeu porém que, vindo a
arca de Deus a Ekron, os de Ekron exclamaram, dizendo: Transportaram para
mim a arca do Deus de Israel, para me matarem, a mim e ao meu povo.

11 E enviaram, e congregaram a todos os principes dos philisteos, e
disseram: Enviae a arca do Deus de Israel, e torne para o seu logar, para
que não mate nem a mim nem ao meu povo. Porque havia mortal vexação em
toda a cidade, _e_ a mão [8] de Deus muito se aggravara ali.

12 E os homens que não morriam eram _tão_ feridos com hemorrhoidas que o
clamor da cidade subia até o céu.

[1] cap. 4.1 e 7.12.

[2] Jui. 16.23.

[3] Isa. 19.1 e 46.1, 2. Isa. 46.7.

[4] Jer. 50.2. Eze. 6.4, 6. Miq. 1.7.

[5] Sof. 1.9.

[6] ver. 7, 11. Exo. 9.3. Psa. 32.4. Act. 3.11. cap. 6.5. Deu. 28.27. Psa.
78.66.

[7] Deu. 2.15. cap. 7.13 e 12.15. ver. 6, 11. Psa. 78.66.

[8] ver. 6, 9.



_Os philisteos enviam a arca para fóra da tua terra._

[Antes de Christo 1140]

6 Havendo pois estado a arca do Senhor na terra dos philisteos sete mezes,

2 Os philisteos [1] chamaram os sacerdotes e os adivinhadores, dizendo:
Que faremos nós da arca do Senhor? fazei-nos saber com que a tornaremos a
enviar ao seu logar.

3 Os quaes disseram: Se enviardes a arca do Deus de Israel, não a envieis
vazia, [2] porém sem falta lhe enviareis _uma offerta para_ a expiação da
culpa: então sereis curados, e se vos fará saber porque a sua mão se não
tira de vós.

4 Então disseram: Qual _é_ a expiação da culpa que lhe havemos de render?
E disseram: _Segundo_ o numero dos principes dos philisteos, cinco
hemorrhoidas de oiro e [3] cinco ratos de oiro: porquanto a praga [4] _é_
uma mesma sobre todos vós e sobre todos os vossos principes.

5 Fazei pois umas imagens das vossas hemorrhoidas e as imagens dos vossos
ratos, que andam destruindo a terra, e dae gloria ao Deus de Israel:
porventura alliviará a sua mão de cima de vós, e de cima do vosso deus,
[5] e de cima da vossa terra.

6 Porque pois endurecereis o vosso coração, como os egypcios e Pharaó
endureceram o seu coração? _porventura_ depois de os haver tratado tão
_mal_, os não deixaram ir, e elles não se foram?

7 Agora, pois, tomae e fazei-_vos_ [6] um carro novo, e _tomae_ duas
vaccas que criem, sobre as quaes não tenha subido o jugo, e atae as
vaccas ao carro, e levae os seus bezerros d’após d’ellas a casa.

8 Então tomae a arca do Senhor, e ponde-a sobre o carro, e mettei n’_um_
cofre, ao seu lado, as figuras de oiro que lhe haveis de render _em_
expiação da culpa, e _assim_ a enviareis, para que se vá.

9 Vêde então: se subir pelo caminho do seu termo a Beth-semes, [7] _foi_
elle _que_ nos fez este grande mal; e, se não, saberemos que não nos
tocou a sua mão, _e que_ isto nos succedeu por acaso.

10 E assim fizeram aquelles homens, e tomaram duas vaccas que criavam, e
as ataram ao carro: e os seus bezerros encerraram em casa.

11 E pozeram a arca do Senhor sobre o carro, como tambem o cofre com os
ratos de oiro e com as imagens das suas hemorrhoidas.

12 Então as vaccas se encaminharam direitamente pelo caminho de
Beth-semes, _e seguiam_ um mesmo caminho, andando e berrando, sem se
desviarem nem para a direita nem para a esquerda: e os principes dos
philisteos foram atraz d’ellas, até ao termo de Beth-semes.


_A arca chega a Beth-semes._

13 E _andavam os de_ Beth-semes segando a sega do trigo no valle, e,
levantando os seus olhos, viram a arca, e, vendo-_a_, se alegraram.

14 E o carro veiu ao campo de Josué, o beth-semita, e parou ali; e ali
_estava_ uma grande pedra: e fenderam a madeira do carro, e offereceram
as vaccas ao Senhor em holocausto.

15 E os levitas descenderam a arca do Senhor, como tambem o cofre
que _estava_ junto a ella, em que _estavam_ as obras de oiro, e
pozeram-_n’os_ sobre aquella grande pedra: e os homens de Beth-semes
offereceram holocaustos, e sacrificaram sacrificios ao Senhor no mesmo
dia.

16 E, vendo aquillo [8] os cinco principes dos philisteos, voltaram para
Ekron no mesmo dia.

17 Estas [9] pois _são_ as hemorrhoidas de oiro que enviaram os
philisteos ao Senhor _em_ expiação da culpa: por Asdod uma, por Gaza
outra, por Askelon outra, por Gath outra, por Ekron outra.

18 Como tambem os ratos de oiro, _segundo_ o numero de todas as cidades
dos philisteos, pertencentes aos cinco principes, desde as cidades fortes
até ás aldeias, e até Abel, a grande _pedra_ sobre a qual pozeram a arca
do Senhor, que _ainda está_ até _ao dia de_ hoje no campo de Josué, o
beth-semita.

19 E feriu [10] o Senhor os homens de Beth-semes, porquanto olharam para
dentro da arca do Senhor, até ferir do povo cincoenta mil e setenta
homens: então o povo se entristeceu, porquanto o Senhor fizera tão grande
estrago entre o povo.

20 Então disseram os homens de Beth-semes: Quem poderia [11] estar em pé
perante o Senhor, este Deus sancto? e a quem subirá desde nós?

21 Enviaram pois mensageiros aos habitantes de Kiriath-jearim, [12]
dizendo: Os philisteos remetteram a arca do Senhor; descei, _pois_, e
fazei-a subir para vós.

[1] Gen. 41.8. Exo. 7.11. Dan. 2.2 e 5.7. Mat. 2.4.

[2] Exo. 23.15. Deu. 16.16. Lev. 5.15, 16. ver. 9.

[3] ver. 17, 18. Jos. 13.3. Jui. 3.3.

[4] cap. 5.6. Jos. 7.19. Isa. 42.12. Mal. 2.2. João 9.24.

[5] cap. 5.4, 7. Exo. 7.13 e 8.15 e 14.17 e 12.31.

[6] II Sam. 6.3. Num. 19.2. ver. 4, 5.

[7] Jos. 15.10. ver. 3.

[8] Jos. 13.3.

[9] ver. 4.

[10] Exo. 19.21. Num. 4.5, 15, 20. II Sam. 6.7.

[11] II Sam. 6.9. Mal. 3.2.

[12] Jos. 18.14. Jui. 18.12. I Chr. 13.5, 6.



7 Então vieram os homens de [1] Kiriath-jearim, e levaram a arca do
Senhor, e a trouxeram á casa de Abinadab, [2] no outeiro: e consagraram a
Eleazar, seu filho, para que guardasse a arca do Senhor.


_Samuel exhorta ao arrependimento._

[Antes de Christo 1120]

2 E succedeu _que_, desde aquelle dia, a arca ficou em Kiriath-jearim, e
tantos dias se passaram que até chegaram vinte annos, e lamentava toda a
casa de Israel após do Senhor.

3 Então fallou Samuel a toda a casa de Israel, dizendo: Se com [3] todo
o vosso coração vos converterdes ao Senhor, tirae d’entre vós os deuses
estranhos e os astaroths, e [4] preparae o vosso coração ao Senhor, e
servi a elle só, e vos livrará da mão dos philisteos.

4 Então os filhos de Israel tiraram _d’entre si_ aos baalins e aos [5]
astaroths, e serviram só ao Senhor.

5 Disse mais Samuel: [6] Congregae a todo o Israel em Mispah: e orarei
por vós ao Senhor.

6 E congregaram-se em Mispah, e tiraram agua, [7] e _a_ derramaram
perante o Senhor, e jejuaram aquelle dia, e disseram ali: Peccámos contra
o Senhor. E julgava Samuel os filhos de Israel em Mispah.


_Os philisteos são vencidos._

7 Ouvindo pois os philisteos que os filhos d’Israel estavam congregados
em Mispah, subiram os maioraes dos philisteos contra Israel: _o que_
ouvindo os filhos de Israel, temeram por causa dos philisteos.

8 Pelo que disseram os filhos d’Israel a Samuel: Não cesses de [8] clamar
ao Senhor nosso Deus por nós, para que nos livre da mão dos philisteos.

9 Então tomou Samuel um cordeiro de mama, e sacrificou-_o_ inteiro _em_
holocausto ao Senhor: e clamou [9] Samuel ao Senhor por Israel, e o
Senhor lhe deu ouvidos.

10 E succedeu que, estando Samuel sacrificando o holocausto, os
philisteos chegaram á peleja contra Israel: e trovejou [10] o Senhor
aquelle dia com grande trovoada sobre os philisteos, e os aterrou _de tal
modo_ que foram derrotados diante dos filhos d’Israel.

11 E os homens d’Israel sairam de Mispah, e perseguiram os philisteos, e
os feriram até abaixo de Beth-car.

12 Então tomou [11] Samuel _uma_ pedra, e _a_ poz entre Mispah e Sen, e
chamou o seu nome [JK] Eben-ezer: e disse: Até aqui nos ajudou o Senhor.

13 Assim os philisteos foram abatidos, [12] e nunca mais vieram aos
termos d’Israel, porquanto foi a mão do Senhor contra os philisteos todos
os dias de Samuel.

14 E as cidades que os philisteos tinham tomado a Israel foram
restituidas a Israel, desde Ekron até Gath, e _até_ os seus termos Israel
arrebatou da mão dos philisteos; _e_ houve paz entre Israel e entre os
amorrheos.

15 E Samuel julgou [13] a Israel todos os dias da sua vida.

16 E ia de anno, em anno, e rodeava a Beth-el, e a Gilgal, e a Mispah, e
julgava a Israel em todos aquelles logares.

17 Porém voltava [14] a Rama, porque _estava_ ali a sua casa, e ali
julgava a Israel: e edificou [15] ali um altar ao Senhor.

[1] cap. 6.21. Psa. 132.6.

[2] II Sam. 6.4.

[3] Deu. 30.2-10. I Reis 8.48. Isa. 55.7, 8. Jos. 24.14, 23. Jui. 2.13.

[4] II Chr. 30.19. Job 11.13, 14. Deu. 6.13 e 10.20 e 13.4. Mat. 4.10.
Luc. 4.8.

[5] Jui. 2.11.

[6] Jui. 20.1. II Reis 25.23.

[7] II Sam. 14.14. Neh. 9.1, 2. Dan. 9.3, 4, 5. Joel 2.12. Jui. 10.10. I
Reis 8.47. Psa. 106.6.

[8] Isa. 37.4.

[9] Psa. 99.6. Jer. 15.1.

[10] Jos. 10.10. Jui. 4.15 e 5.20. cap. 2.10. II Sam. 22.14, 15.

[11] Gen. 28.18 e 31.45 e 35.14. Jos. 4.9 e 24.26.

[12] Jui. 13.1. cap. 13.5.

[13] ver. 6. cap. 12.11. Jui. 2.16.

[14] cap. 8.4.

[15] Jui. 21.4.



_Os israelitas pedem um rei e Deus concede-o._

[Antes de Christo 1095]

8 E succedeu que, tendo Samuel envelhecido, constituiu [1] a seus filhos
por juizes sobre Israel.

2 E era o nome do seu filho primogenito Joel, e o nome do seu segundo
Abia: e _foram_ juizes em Berseba.

3 Porém seus filhos não andaram pelos caminhos d’elle, [2] antes se
inclinaram á avareza, e tomaram presentes, e perverteram o juizo.

4 Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a
Rama.

5 E disseram-lhe: Eis que _já_ estás velho, e teus filhos não andam pelos
teus caminhos; constitue-nos [3] pois agora um rei sobre nós, para que
elle nos julgue, como _o teem_ todas as nações.

6 Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram:
Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao Senhor.

7 E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te
disserem, pois não te teem rejeitado a ti, [4] antes a mim me teem
rejeitado para eu não reinar sobre elles.

8 Conforme a todas as obras que fizeram desde o dia em que os tirei do
Egypto até _ao dia de_ hoje, e a mim me deixaram, e a outros deuses
serviram, assim tambem te fizeram a ti.

9 Agora, pois, ouve a sua voz, porém protesta-lhes solemnemente, e
declara-lhes _qual será_ o [5] costume do rei que houver de reinar sobre
elles.

10 E fallou Samuel todas as palavras do Senhor ao povo, que lhe pedia um
rei.

11 E disse: Este será [6] o costume do rei que houver de reinar sobre
vós: elle tomará [7] os vossos filhos, e _os_ empregará para os seus
carros, e para seus cavalleiros, para que corram adiante dos seus carros.

12 E os porá por principes de milhares e por cincoentenarios; e para
que lavrem a sua lavoura, e seguem a sua sega, e façam as suas armas de
guerra e os petrechos de seus carros.

13 E tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras, e padeiras.

14 E tomará [8] o melhor das vossas terras, e das vossas vinhas, e dos
vossos olivaes, e _os_ dará aos seus creados.

15 E as vossas, sementes, e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus
[JL] eunuchos, e aos seus creados.

16 Tambem os vossos creados, e as vossas creadas, e os vossos melhores
mancebos, e _os_ vossos jumentos tomará, e os empregará no seu trabalho.

17 Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe servireis de creados.

18 Então n’aquelle dia clamareis por causa do vosso rei, que vós
houverdes escolhido; mas o Senhor não vos ouvirá n’aquelle [9] dia.

19 Porém o povo não quiz ouvir a voz de Samuel; e disseram: Não, mas
haverá sobre nós [10] um rei.

20 E nós tambem seremos como todas [11] as _outras_ nações; e o nosso rei
nos julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nossas guerras.

21 Ouvindo pois Samuel todas as palavras do povo, as fallou perante os
ouvidos do Senhor.

22 Então o Senhor disse a Samuel: Dá ouvidos á sua voz, [12] e
constitue-lhes rei. Então Samuel disse aos filhos de Israel: Vá-se cada
qual á sua cidade.

[1] Deu. 16.18. II Chr. 19.5. Jui. 10.4 e 12.14. Jui. 5.10. I Chr. 6.28.

[2] Jer. 22.15, 16, 17. Exo. 18.21. I Tim. 3.3 e 6.10. Deu. 16.19. Psa.
15.5.

[3] ver. 19, 20. Deu. 17.14. Ose. 13.10. Act. 13.21.

[4] Exo. 16.8. cap. 10.19 e 12.17, 19. Ose. 13.10, 11.

[5] ver. 11.

[6] Deu. 17.16, etc.

[7] cap. 14.52.

[8] I Reis 21.7. Eze. 46.18.

[9] Pro. 1.25, 26, 27, 28. Isa. 1.15. Miq. 3.4.

[10] Jer. 44.16.

[11] ver. 5.

[12] ver. 7. Ose. 13.11.



_Saul busca as jumentas extraviadas e vae ter com Samuel._

9 E havia um homem de Benjamin, cujo nome _era_ Kis, [1] filho de Abiel,
filho de Zeror, filho de Bechorath, filho de Aphia, filho d’um homem de
Benjamin: varão alentado em força.

2 Este tinha um filho, cujo nome _era_ Saul, mancebo, e tão bello que
entre os filhos de Israel não _havia_ outro homem mais bello do que elle;
desde os hombros [2] para cima sobresahia a todo o povo.

3 E perderam-se as jumentas de Kis, pae de Saul; pelo que disse Kis a
Saul, seu filho: Toma agora comtigo um dos moços, e levanta-te _e_ vae a
buscar as jumentas.

4 Passou pois pela montanha de Ephraim, e _d’ali_ passou á terra de
Salisa, porém [3] não _as_ acharam: depois passaram á terra de Sahalim,
porém tão pouco _estavam ali_: tambem passou á terra de Benjamin, porém
tão pouco _as_ acharam.

5 Vindo elles então á terra de Zuph, Saul disse para o seu moço, com quem
elle _ia_: Vem, e voltemos; para que porventura meu pae não deixe _de
inquietar-se_ pelas jumentas e se afflija por causa de nós.

6 Porém elle lhe disse: Eis que _ha_ n’esta cidade um homem de Deus, e
homem honrado _é_: [4] tudo quanto diz, succede _assim_ infallivelmente:
vamo-nos agora lá; porventura nos mostrará o caminho que devemos seguir.

7 Então Saul disse ao seu moço: Eis, porém, _se lá_ formos, que levaremos
então áquelle homem? porque o pão de nossos alforges se acabou, e
presente nenhum temos que levar [5] ao homem de Deus: que temos?

8 E o moço tornou a responder a Saul, e disse: Eis que ainda se acha na
minha mão um quarto d’um siclo de prata, _o qual_ darei ao homem de Deus,
para que nos mostre o caminho.

9 (Antigamente em Israel, indo qualquer consultar [6] a Deus, dizia
assim: Vinde, e vamos ao vidente: porque ao propheta de hoje antigamente
se chamava [7] vidente.)

10 Então disse Saul ao moço: Bem dizes, vem, _pois_, vamos. E foram-se á
cidade onde _estava_ o homem de Deus.

11 _E_, subindo elles pela subida da cidade, acharam [8] umas moças que
sahiam a tirar agua; e disseram-lhes: Está cá o vidente?

12 E ellas lhes responderam, e disseram: Sim, eil-o aqui tens diante de
ti: apressa-te pois, porque hoje veiu á cidade; porquanto o povo tem hoje
sacrificio [9] no alto.

13 Entrando vós na cidade, logo o achareis, antes que suba ao alto para
comer; porque o povo não comerá, até que elle venha; porque elle _é o
que_ abençoa o sacrificio, _e_ depois comem os convidados: subi pois
agora, que hoje o achareis.

14 Subiram pois á cidade: _e_, vindo elles no meio da cidade, eis que
Samuel lhes saiu ao encontro, para subir ao alto.

15 Porque o Senhor _o_ revelara aos ouvidos [10] de Samuel, um dia antes
que Saul viesse, dizendo:

16 Ámanhã a estas horas te enviarei _um_ homem da terra de Benjamin,
o qual ungirás [11] _por_ capitão sobre o meu povo de Israel, e elle
livrará o meu povo da mão dos philisteos; [12] porque tenho olhado para o
meu povo; porque o clamor chegou a mim.

17 E quando Samuel viu a Saul, o Senhor lhe respondeu: Eis aqui [13] o
homem de quem já te tenho dito. Este dominará sobre o meu povo.

18 E Saul se chegou a Samuel no meio da porta, e disse: Mostra-me,
peço-te, onde _está aqui_ a casa do vidente.

19 E Samuel respondeu a Saul, e disse: Eu _sou_ o vidente; sobe diante
de mim ao alto, e comei hoje comigo; e pela manhã te despedirei, e tudo
quanto _está_ no teu coração, t’o declararei.

20 E quanto ás jumentas [14] que _ha_ tres dias se te perderam, não
occupes o teu coração com ellas, porque _já_ se acharam. E para quem _é_
todo o desejo de Israel? _porventura_ não _é_ para [15] ti, e para toda a
casa de teu pae?

21 Então respondeu Saul, e disse: _Porventura_ não _sou_ eu filho de
Benjamin, da mais pequena das tribus de Israel? [16] e a minha familia a
mais pequena de todas as familias da tribu de Benjamin? porque pois me
fallas com similhantes palavras?

22 Porém Samuel tomou a Saul e ao seu moço, e os levou á camara; e
deu-lhes logar a cima de todos os convidados, que _eram_ uns trinta
homens.

23 Então disse Samuel ao cozinheiro: Dá cá a porção que te dei, de que te
disse: Pôe-n’a á parte comtigo.

24 Levantou pois o cozinheiro a espadoa, [17] com o que _havia_ n’ella, e
pôl-a diante de Saul: e disse _Samuel_: Eis que isto é o sobejo; pôe-n’o
diante de ti, _e_ come; porque se guardou para ti para esta occasião,
dizendo eu: Tenho convidado o povo. Assim comeu Saul aquelle dia com
Samuel.

25 Então desceram do alto para a cidade; e fallou com Saul sobre o eirado.

26 E se levantaram de madrugada; e succedeu que, quasi ao subir da alva,
chamou Samuel a Saul ao eirado, dizendo: Levanta-te, e despedir-te-hei.
Levantou-se Saul, e sairam para fóra ambos, elle e Samuel.

27 E, descendo elles para a extremidade da cidade, Samuel disse a Saul:
Dize ao moço que passe adiante de nós; (e passou) porém tu espera agora,
e te farei ouvir a palavra de Deus.

[1] cap. 14.51. I Chr. 8.33 e 9.39.

[2] cap. 10.26.

[3] II Reis 4.42.

[4] Deu. 33.1. I Reis 13.1. cap. 3.19.

[5] Jui. 6.18 e 13.17. I Reis 14.3. II Reis 4.42 e 8.8.

[6] Gen. 25.22.

[7] II Sam. 24.11. II Reis 17.13. I Chr. 26.28 e 29.29. II Chr. 16.7, 10.
Isa. 30.10. Amós 7.12.

[8] Gen. 24.11.

[9] Gen. 31.54. cap. 16.2. I Reis 3.2.

[10] cap. 15.1. Act. 13.21.

[11] cap. 10.1.

[12] Exo. 2.25 e 3.7, 9.

[13] cap. 16.12. Ose. 13.11.

[14] ver. 3.

[15] cap. 8.5, 19 e 12.13.

[16] cap. 15.17. Jui. 20.46, 47, 48. Psa. 68.28. Jui. 6.15.

[17] Lev. 7.32, 33. Eze. 24.4.



_Samuel unge Saul como rei de Israel._

10 Então tomou Samuel [1] _um_ vaso de azeite, e lh’_o_ derramou sobre a
cabeça, e o beijou, e disse: _Porventura_ te não tem ungido [2] o Senhor
_por_ capitão sobre a sua herdade?

2 Partindo-te hoje de mim, acharás dois homens junto ao [3] sepulchro de
Rachel, no termo de Benjamin, em Zelsah, os quaes te dirão: Acharam-se as
jumentas que foste buscar, e eis que já o teu pae deixou o negocio das
jumentas, e anda afflicto por causa de vós, dizendo: Que farei eu por meu
filho?

3 E quando d’ali passares mais adiante, e chegares ao carvalho de Tabor,
ali te encontrarão tres homens, que vão subindo a [4] Deus a Beth-el: um
levando tres cabritos, o outro tres bolos de pão, e o outro um odre de
vinho.

4 E te perguntarão como estás, e te darão dois pães, que tomarás da sua
mão.

5 Então virás ao [5] outeiro de Deus, onde _está_ a guarnição dos
philisteos; e ha de ser que, entrando ali na cidade, encontrarás um
rancho de prophetas que descem do alto, e [6] _trazem_ diante de si
psalterios, e tambores, e flautas, e harpas; e prophetizarão.

6 E o espirito [7] do Senhor se apoderará de ti, e prophetizarás com
elles, e te mudarás em outro homem.

7 E ha de ser que, quando estes signaes [8] te vierem, faze o que achar a
tua mão, porque Deus _é_ comtigo.

8 Tu porém descerás diante de mim a Gilgal, [9] e eis que eu descerei a
ti, para sacrificar holocaustos, _e_ para offerecer offertas pacificas:
_ali_ sete dias esperarás, [10] até que eu venha a ti, e te declare o que
has de fazer.

9 Succedeu pois que, virando elle as costas para partir de Samuel, Deus
lhe mudou o coração _em_ outro: e todos aquelles signaes aconteceram
aquelle _mesmo_ dia.

10 E, chegando [11] elles ao outeiro, eis que _um_ rancho de prophetas
lhes saiu ao encontro: e o espirito do Senhor se apoderou d’elle, e
prophetizou no meio d’elles.

11 E aconteceu que, como todos os que d’antes o conheciam viram que eis
que com os prophetas prophetizava, então disse o povo, cada qual ao seu
companheiro: Que _é o que_ succedeu ao filho de Kis? Está tambem [12]
Saul entre os prophetas?

12 Então um _homem_ d’ali respondeu, e disse: Pois quem _é_ [13] o pae
d’elles? Pelo que se tornou em proverbio: _Está_ tambem Saul entre os
prophetas?

13 E, acabando de prophetizar, veiu ao alto.

14 E disse-lhe o tio de Saul, a elle e ao seu moço: Aonde fostes? E disse
elle: A buscar as jumentas, e, vendo que não _appareciam_, viemos a
Samuel.

15 Então disse o tio de Saul: Declara-me, peço-te, que _é o que_ vos
disse Samuel?

16 E disse Saul a seu tio: Declarou-nos, na verdade, que as jumentas
se acharam. Porém o negocio do reino, de que Samuel fallara, lhe não
declarou.


_O povo escolhe Saul para seu rei._

17 Convocou pois Samuel o povo ao Senhor [14] em Mispah.

18 E disse aos filhos de Israel: [15] Assim disse o Senhor Deus de
Israel: Eu fiz subir a Israel do Egypto, e livrei-vos da mão dos egypcios
e da mão de todos os reinos que vos opprimiam.

19 Mas vós tendes rejeitado hoje [16] a vosso Deus, que vos livrou de
todos os vossos males e trabalhos, e lhe tendes dito: Põe _um_ rei sobre
nós: agora, pois, ponde-vos perante o Senhor, pelas vossas tribus e pelos
vossos milhares.

20 Fazendo pois chegar [17] Samuel todas as tribus, tomou-se a tribu de
Benjamin.

21 E, fazendo chegar a tribu de Benjamin pelas suas familias, tomou-se a
familia de Matri: e _d’ella_ se tomou Saul, filho de Kis; e o buscaram,
porém não se achou.

22 Então tornaram a perguntar [18] ao Senhor se aquelle homem ainda viria
ali. E disse o Senhor: Eis que se escondeu entre a bagagem.

23 E correram, e o tomaram d’ali, e poz-se no meio do povo: e era [19]
mais alto do que todo o povo desde o hombro para cima.

24 Então disse Samuel a todo o povo: Vêdes já a quem o Senhor tem
elegido? [20] pois em todo o povo _não ha_ nenhum similhante a elle.
Então jubilou todo o povo, e disseram: Viva o rei!

25 E declarou Samuel ao povo o direito do reino, [21] e escreveu-_o_ n’um
livro, e pôl-_o_ perante o Senhor: então enviou Samuel a todo o povo,
cada _um_ para sua casa.

26 E foi-se tambem Saul a sua casa, a [22] Gibeah: e foram com elle do
exercito _aquelles_ cujos corações Deus tocara.

27 Mas os filhos [23] de Belial disseram: _É_ este o que nos ha de
livrar? E o desprezaram, [24] e não lhe trouxeram presentes: porém elle
se fez como surdo.

[1] cap. 9.16 e 16.13. II Reis 9.3, 6. Psa. 2.12. Act. 13.21.

[2] Deu. 32.9. Psa. 78.71.

[3] Gen. 35.19, 20. Jos. 18.28.

[4] Gen. 28.22 e 35.1, 3, 7.

[5] ver. 10. cap. 13.3.

[6] cap. 9.12. Exo. 15.20, 21. II Reis 3.15. I Cor. 14.1.

[7] Num. 11.25. cap. 16.13. ver. 10. cap. 19.23.

[8] Exo. 4.8. Luc. 2.12. Jui. 6.12.

[9] cap. 11.14, 15 e 13.4.

[10] cap. 13.8.

[11] ver. 5. cap. 19.20. ver. 6.

[12] cap. 19.24. Mat. 13.54, 55. João 7.15. Act. 4.13.

[13] Isa. 54.13. João 6.45 e 7.16.

[14] Jui. 11.11 e 20.1. cap. 11.15 e 7.5, 6.

[15] Jui. 6.8, 9.

[16] cap. 8.7, 19 e 12.12.

[17] Jos. 7.14, 16, 17. Act. 1.24, 26.

[18] cap. 23.2, 4, 10, 11.

[19] cap. 9.2.

[20] II Sam. 21.6. I Reis 1.25, 39. II Reis 11.12.

[21] Deu. 17.14, etc. cap. 8.11.

[22] Jui. 20.14. cap. 11.4.

[23] cap. 11.12. Deu. 13.13.

[24] II Sam. 8.2. I Reis 4.21 e 10.25. II Chr. 17.5. Psa. 72.10. Mat.
2.11.



_Saul vence os ammonitas._

11 Então subiu Nahas, ammonita, [1] e sitiou a Jabez-gilead: e disseram
todos os homens de Jabez a Nahas: Faze alliança [2] comnosco, e te
serviremos.

2 Porém Nahas, ammonita, lhes disse: Com esta _condição_ farei _alliança_
comvosco: que a todos vos arranque o olho direito, e _assim_ ponha esta
affronta [3] sobre todo o Israel.

3 Então os anciãos de Jabez lhe disseram: Deixa-nos por sete dias, para
que enviemos mensageiros por todos os termos de Israel, e, não havendo
ninguem que nos livre, então sairemos a ti.

4 E, vindo os mensageiros a Gibeah [4] de Saul, fallaram estas palavras
_aos_ ouvidos do povo. Então todo o povo levantou a sua voz, e chorou.

5 E eis que Saul vinha do campo, atraz dos bois; e disse Saul: Que _tem_
o povo, que chora? E contaram-lhe as palavras dos homens de Jabez.

6 Então o [5] espirito de Deus se apoderou de Saul, ouvindo estas
palavras: e accendeu-se em grande maneira a sua ira.

7 E tomou um par de bois, e cortou-os em pedaços, [6] e _os_ enviou a
todos os termos de Israel pelas mãos dos mensageiros, dizendo: Qualquer
que não sair atraz [7] de Saul e atraz de Samuel, assim se fará aos seus
bois. Então caiu o temor do Senhor sobre o povo, e sairam como um _só_
homem.

8 E contou-os em Bezek: [8] e houve dos filhos d’Israel trezentos mil, e
dos homens de Judah trinta mil.

9 Então disseram aos mensageiros que vieram: Assim direis aos homens de
Jabez-gilead: Ámanhã, em aquecendo o sol, vos virá livramento. Vindo pois
os mensageiros, e annunciando-_o_ aos homens de Jabez, se alegraram.

10 E os homens de Jabez disseram: Ámanhã sairemos a vós; então [9] nos
fareis conforme a tudo o que _parecer_ bem aos vossos olhos.

11 E succedeu que ao outro dia Saul [10] poz o povo em tres companhias, e
vieram ao meio do arraial pela vela da manhã, e feriram a Ammon, até que
o dia aqueceu: e succedeu que os restantes se espalharam, que não ficaram
dois d’elles juntos.

12 Então disse o povo a Samuel: Quem _é_ aquelle que [11] dizia que Saul
não reinaria sobre nós? Dae _cá_ aquelles homens, e os mataremos.

13 Porém Saul disse: Hoje não morrerá nenhum, [12] pois hoje tem obrado o
Senhor _um_ livramento em Israel.

14 E disse Samuel ao povo: Vinde, vamos nós a Gilgal, [13] e renovemos
ali o reino.

15 E todo o povo partiu para Gilgal, e levantaram ali a Saul por rei
perante o Senhor em Gilgal, [14] e offereceram ali offertas pacificas
perante o Senhor: e Saul se alegrou muito ali com todos os homens
d’Israel.

[1] cap. 12.12. Jui. 21.8.

[2] Gen. 26.28. Exo. 23.32. I Reis 20.34. Job 41.4. Eze. 17.13.

[3] Gen. 34.14. cap. 17.26.

[4] cap. 10.26 e 15.34. II Sam. 21.6. Jui. 2.4 e 21.2.

[5] Jui. 3.10 e 6.34 e 11.29 e 13.25 e 14.6. cap. 10.10 e 16.13.

[6] Jui. 19.29.

[7] Jui. 21.5, 8, 10.

[8] Jui. 1.5. II Sam. 24.9.

[9] ver. 3.

[10] cap. 31.11. Jui. 7.16.

[11] cap. 10.27. Luc. 19.27.

[12] II Sam. 19.22. Exo. 14.13, 30. cap. 19.5.

[13] cap. 10.8.

[14] cap. 10.17 e 10.8.



_Samuel resigna o seu cargo._

12 Então disse Samuel a todo o Israel: Eis que ouvi a vossa voz em tudo
quanto me dissestes, [1] e puz sobre vós um rei.

2 Agora, pois, eis que o rei [2] vae diante de vós, e já envelheci e
encaneci, e eis que meus filhos estão comvosco, e eu tenho andado diante
de vós desde a minha mocidade até _ao dia de_ hoje.

3 Eis-me _aqui_, testificae contra mim perante o Senhor, e perante o seu
ungido, [3] a quem o boi tomei, a quem o jumento tomei, [4] e a quem
defraudei, a quem tenho opprimido, e de cuja mão tenho tomado presente e
com elle encobri os meus olhos, e vol-o restituirei.

4 Então disseram: Em nada nos defraudaste, nem nos opprimiste, nem
tomaste coisa alguma da mão de ninguem.

5 E elle lhes disse: O Senhor _seja_ testemunha contra vós, e o seu
ungido seja hoje testemunha, que nada [5] tendes achado na minha mão. E
disse o _povo_: Seja testemunha.

6 Então disse Samuel ao povo: O Senhor _é_ o que fez [6] a Moysés e a
Aarão, e tirou a vossos paes da terra do Egypto.

7 Agora pois ponde-vos _aqui em pé_, e contenderei comvosco [7] perante o
Senhor, sobre todas as justiças do Senhor, que fez a vós e a vossos paes.

8 Havendo entrado Jacob no Egypto, vossos paes [8] clamaram ao Senhor, e
o Senhor enviou a Moysés e a Aarão, que tiraram a vossos paes do Egypto,
e os fizeram habitar n’este logar.

9 Porém esqueceram-se [9] do Senhor seu Deus: então os vendeu á mão de
Sisera, cabeça do exercito de Hazor, e em mão [10] dos philisteos, e em
mão do rei dos moabitas, que pelejaram contra elles.

10 E clamaram ao Senhor, e disseram: Peccámos, [11] pois deixámos ao
Senhor, e servimos aos baalins e astaroths: agora pois livra-nos da mão
[12] de nossos inimigos, e te serviremos.

11 E o Senhor enviou a Jerubbaal, e a [13] Bedan, e a Jefte, e a Samuel;
e livrou-vos da mão de vossos inimigos em redor, e habitastes seguros.

12 E vendo vós que Nahas, [14] rei dos filhos de Ammon, vinha contra vós,
me dissestes: Não, mas reinará sobre nós um rei: _sendo_ porém o [15]
Senhor vosso Deus, o vosso Rei.

13 Agora [16] pois vedes ahi o rei que elegestes _e_ que pedistes; e eis
que o Senhor tem posto [17] sobre vós um rei.

14 Se temerdes [18] ao Senhor, e o servirdes, e derdes ouvidos á sua voz,
e não fordes rebeldes ao dito do Senhor, assim vós, como o rei que reina
sobre vós, seguireis o Senhor vosso Deus.

15 Mas se não derdes ouvidos á [19] voz do Senhor, mas antes fordes
rebeldes ao dito do Senhor, a mão do Senhor será contra vós, como o _era_
[20] contra vossos paes.

16 Ponde-vos [21] tambem agora _aqui_, e vêde esta grande coisa que o
Senhor vae fazer diante dos vossos olhos.

17 Não _é_ hoje a [22] sega dos trigos? [23] clamarei _pois_ ao Senhor, e
dará trovões e chuva; e sabereis e vereis que _é_ grande a vossa maldade
que tendes feito perante o Senhor, pedindo para vós _um_ rei.

18 Então invocou Samuel ao Senhor, e o Senhor deu trovões e chuva
n’aquelle dia; pelo que todo o povo temeu em grande maneira ao Senhor e a
Samuel.

19 E todo o povo [24] disse a Samuel: Roga [25] pelos teus servos ao
Senhor teu Deus, para que não venhamos a morrer: porque a todos os nossos
peccados temos accrescentado _este_ mal, de pedirmos para nós um rei.

20 Então disse Samuel ao povo: Não temaes; vós tendes commettido todo
este mal; porém não vos desvieis de detraz do Senhor, mas servi ao Senhor
com todo o vosso coração.

21 E não vos desvieis; [26] pois _seguirieis_ as vaidades, que nada
aproveitam, e tão pouco vos livrarão, porque vaidades _são_.

22 Pois o Senhor não desamparará o seu povo, por causa do seu grande
nome: [27] porque aprouve ao Senhor fazer-vos o seu povo.

23 E quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando
[28] de orar por vós: antes vos ensinarei o caminho bom e direito.

24 Tão sómente temei [29] ao Senhor, e servi-o fielmente com todo o vosso
coração: porque vede quão grandiosas _coisas_ vos fez.

25 Porém, se perseverardes em fazer mal, perecereis, assim vós [30] como
o vosso rei.

[1] cap. 8.5, 19, 20 e 10.24 e 11.14, 15.

[2] Num. 27.17. cap. 8.20 e 8.1, 6.

[3] ver. 5. cap. 10.1 e 24.6. II Sam. 1.14.

[4] Num. 16.15. Act. 20.33. I The. 2.5. Deu. 16.19.

[5] João 18.38. Act. 23.9 e 24.16, 20. Exo. 22.4.

[6] Miq. 6.4.

[7] Isa. 1.18 e 5.3, 4. Miq. 6.2, 3.

[8] Gen. 46.4, 6. Exo. 2.23 e 3.10 e 4.10.

[9] Jui. 3.7.

[10] Jui. 4.2 e 10.7 e 13.1.

[11] Jui. 3.12 e 10.10 e 2.13.

[12] Jui. 10.15, 16.

[13] Jui. 6.14, 32 e 11.1. cap. 7.13.

[14] cap. 11.1 e 8.5, 19.

[15] Jui. 8.23. cap. 8.7 e 10.19, 24.

[16] cap. 8.5 e 9.20.

[17] Ose. 13.11.

[18] Jos. 24.14. Psa. 81.14, 15, etc.

[19] Lev. 26.14, 15, etc. Deu. 28.15. Jos. 24.20.

[20] ver. 9.

[21] Exo. 14.13, 31.

[22] Pro. 26.1.

[23] Jos. 10.12. cap. 7.9, 10. Thi. 5.16, 17, 18. cap. 8.7.

[24] Exo. 14.31. Esd. 10.9.

[25] Exo. 9.28 e 10.17. Thi. 5.15. I João 5.16.

[26] Deu. 11.16. Jer. 16.19. Hab. 2.18. I Cor. 8.4.

[27] I Reis 6.13. Psa. 94.14. Jos. 7.9. Jer. 14.21. Eze. 20.9. Deu. 7.7,
6 e 14.2. Mal. 1.2.

[28] Act. 12.5. Rom. 1.9. Col. 1.9. II Tim. 1.3. Psa. 34.12. Pro. 4.11. I
Reis 8.36. II Chr. 6.27. Jer. 6.16.

[29] Ecc. 12.13. Isa. 5.12. Deu. 10.21. Psa. 126.2, 3.

[30] Jos. 24.20. Deu. 28.36.



_Guerra entre os israelitas e os philisteos._

[Antes de Christo 1093]

13 Um anno tinha estado Saul em seu reinado: e o segundo anno reinou
sobre Israel.

2 Então Saul escolheu para si tres mil de Israel; e estavam com Saul dois
mil em Michmas, e na montanha de Beth-el, e mil estavam com Jonathan em
Gibeah [1] de Benjamin: e o resto do povo despediu, cada um para sua casa.

3 E Jonathan feriu [2] a guarnição dos philisteos que _estava_ em Gibeah,
_o_ que os philisteos ouviram: pelo que Saul tocou a trombeta por toda a
terra, dizendo: Ouçam os hebreos.

4 Então todo o Israel ouviu dizer: Saul feriu a guarnição dos philisteos,
e tambem Israel se fez abominavel aos philisteos. Então o povo foi
convocado atraz de Saul em Gilgal.

5 E os philisteos se ajuntaram para pelejar contra Israel, trinta mil
carros, e seis mil cavalleiros, e povo em multidão como a areia que
_está_ á borda do mar; e subiram, e se acamparam em Michmas, ao oriente
de Beth-aven.

6 Vendo pois os homens de Israel que estava em angustia (porque o
povo estava apertado) o povo se escondeu [3] pelas cavernas, e pelos
espinhaes, e pelos penhascos, e pelas fortificações, e pelas covas.

7 E os hebreos passaram o Jordão para a terra de Gad e Gilead: e, estando
Saul ainda em Gilgal, todo o povo veiu atraz d’elle tremendo.


_Saul offerece sacrificios e Samuel reprova-o._

8 E esperou [4] sete dias, até ao tempo que Samuel _determinara_; não
vindo, porém, Samuel a Gilgal, o povo se espalhava d’elle.

9 Então disse Saul: Trazei-me aqui um holocausto, e offertas pacificas. E
offereceu o holocausto.

10 E succedeu que, acabando elle de offerecer o holocausto, eis que
Samuel chegou; e Saul lhe saiu ao encontro, para o saudar.

11 Então disse Samuel: Que fizeste? Disse Saul: Porquanto via que o povo
se espalhava de mim, e tu não vinhas nos dias aprazados, e os philisteos
já se tinham ajuntado em Michmas,

12 Eu disse: Agora descerão os philisteos sobre mim a Gilgal, e ainda á
face do Senhor não orei: e violentei-me, e offereci holocausto.

13 Então disse Samuel a Saul: Obraste nesciamente, [5] e não guardaste o
mandamento que o Senhor teu Deus te ordenou; porque agora o Senhor teria
confirmado o teu reino sobre Israel para sempre.

14 Porém [6] agora não subsistirá o teu reino: já tem buscado [7] o
Senhor para si um homem segundo o seu coração, e já lhe tem ordenado o
Senhor, que seja chefe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o
Senhor te ordenou.

15 Então se levantou Samuel, e subiu de Gilgal a Gibeah de Benjamin: e
Saul numerou o povo que achou com elle, [8] uns seiscentos varões.

16 E Saul e Jonathan, seu filho, e o povo que se achou com elles, ficaram
em Gibeah de Benjamin: porém os philisteos se acamparam em Michmas.

17 E os destruidores sairam do campo dos philisteos em tres companhias:
uma das companhias voltou pelo caminho [9] d’Ophra á terra de Sual:

18 Outra companhia voltou pelo caminho de [10] Beth-horon: e a outra
companhia voltou pelo caminho do termo que olha para o valle Zeboim
contra o deserto.

19 E em toda a terra de Israel nem um ferreiro se achava: [11] porque os
philisteos tinham dito: Para que os hebreos não façam espada nem lança.

20 Pelo que todo o Israel tinha que descer aos philisteos para amolar
cada um a sua relha, e a sua enxada, e o seu machado, e o seu sacho.

21 Tinham porém limas adentadas para os seus sachos, e para as suas
enxadas, e para as forquilhas de tres dentes, e para os machados, e para
concertar as aguilhadas.

22 E succedeu que, no dia da peleja, se não achou [12] nem espada nem
lança na mão de todo o povo que _estava_ com Saul e com Jonathan: porém
acharam-se com Saul e com Jonathan seu filho.

23 E saiu a guarnição [13] dos philisteos ao passo de Michmas.

[1] cap. 10.26.

[2] cap. 10.5.

[3] Jui. 6.2.

[4] cap. 10.8.

[5] II Chr. 16.9. cap. 15.11.

[6] cap. 15.28.

[7] Psa. 89.20. Act. 13.22.

[8] cap. 14.2.

[9] Jos. 18.23.

[10] Jos. 16.3 e 13.13, 14. Neh. 11.34.

[11] II Reis 24.14. Jer. 24.1.

[12] Jui. 5.8.

[13] cap. 14.1, 4.



_A victoria de Jonathan sobre os philisteos._

[Antes de Christo 1087]

14 Succedeu pois que um dia disse Jonathan, filho de Saul, ao moço que
lhe levava as armas: Vem, passemos á guarnição dos philisteos, que _está_
lá d’aquella banda. Porém não o fez saber a seu pae.

2 E estava Saul á extremidade de Gibeah, debaixo da romeira que _estava_
em Migron; e o povo que havia com elle _eram_ uns [1] seiscentos homens.

3 E Ahija, [2] filho d’Ahitub, irmão d’Icabod, o filho de Phineas, filho
d’Eli, sacerdote do Senhor em Silo, trazia o ephod: porém o povo não
sabia que Jonathan tinha ido.

4 E entre os passos pelos quaes Jonathan procurava passar á guarnição [3]
dos philisteos, d’esta banda _havia_ uma penha aguda, e da outra banda
uma penha aguda: e _era_ o nome de uma Bozez, e o nome da outra Senné.

5 Uma penha para o norte _estava_ defronte de Michmas, e a outra para o
sul defronte de Gibeah.

6 Disse pois Jonathan ao moço que lhe levava as armas: Vem, passemos á
guarnição d’estes incircumcisos; porventura obrará o Senhor por nós,
porque para com o Senhor nenhum impedimento _ha_ de livrar [4] com muitos
ou com poucos.

7 Então o seu pagem d’armas lhe disse: Faze tudo o que _tens_ no coração;
volta, eis-me aqui comtigo, conforme ao teu coração.

8 Disse pois Jonathan: Eis que passaremos _áquelles_ homens, e nos
descobriremos a elles.

9 Se nos disserem assim: Parae até que cheguemos a vós; então ficaremos
no nosso logar, e não subiremos a elles.

10 Porém, dizendo assim: Subi a nós; então subiremos, pois o Senhor os
tem entregado na nossa mão, [5] e isto nos _será_ por signal.

11 Descobrindo-se ambos elles pois á guarnição dos philisteos, disseram
os philisteos: Eis que _já_ os hebreos sairam das cavernas em que se
tinham escondido.

12 E os homens da guarnição responderam a Jonathan e ao seu pagem
d’armas, e disseram: Subi a nós, e nós vol-o ensinaremos. E disse
Jonathan ao seu pagem d’armas: Sobe atraz de mim, porque o Senhor os tem
entregado na mão d’Israel.

13 Então trepou Jonathan com os pés e com as mãos, e o seu pagem d’armas
atraz d’elle: e cairam diante de Jonathan, e o seu pagem d’armas os
matava atraz d’elle.

14 E succedeu esta primeira desfeita, em que Jonathan e o seu pagem
d’armas feriram até uns vinte homens, quasi no meio de uma geira de terra
que uma junta _de bois podia lavrar_.

15 E houve tremor [6] no arraial, no campo e em todo o povo; tambem a
mesma guarnição e os destruidores tremeram, e até a terra se alvoroçou,
porquanto era tremor de Deus.

16 Olharam pois as sentinellas de Saul em Gibeah de Benjamin, e eis que a
multidão se derramava, e fugia batendo-se.

17 Disse então Saul ao povo que estava com elle: Ora numerae, e vêde quem
é que saiu d’entre nós. E numeraram, e eis que nem Jonathan nem o seu
pagem d’armas _estavam ali_.

18 Então Saul disse a Ahija: Traze aqui a arca de Deus (porque n’aquelle
dia estava a arca de Deus com os filhos d’Israel).

19 E succedeu que, estando Saul ainda fallando com [7] o sacerdote, o
alvoroço que _havia_ no arraial dos philisteos ia crescendo muito, e se
multiplicava, pelo que disse Saul ao sacerdote: Retira a tua mão.

20 Então Saul e todo o povo que _havia_ com elle se convocaram, e vieram
á peleja; e eis que a espada d’um era contra o outro, [8] _e houve_ mui
grande tumulto.

21 Tambem com os philisteos havia hebreos, como d’antes, que subiram com
elles ao arraial em redor; e tambem estes se ajuntaram com os israelitas
que _estavam_ com Saul e Jonathan.

22 Ouvindo pois todos os homens d’Israel que se esconderam [9] pela
montanha d’Ephraim que os philisteos fugiam, elles tambem os perseguiram
de perto na peleja.

23 Assim livrou o Senhor a Israel n’aquelle dia: [10] e o arraial passou
a Beth-aven.


_O atrevido voto de Saul._

24 E estavam os homens d’Israel já exhaustos n’aquelle dia, porquanto
Saul conjurou [11] o povo, dizendo: Maldito o homem que comer pão até
á tarde, para que me vingue de meus inimigos. Pelo que todo o povo se
absteve de provar pão.

25 E toda [12] a terra chegou a um bosque: e havia mel na superficie do
campo.

26 E, chegando o povo ao bosque, eis que havia um manancial de mel: porém
ninguem chegou a mão á bocca, porque o povo temia a conjuração.

27 Porém Jonathan não tinha ouvido quando seu pae conjurava o povo, e
estendeu a ponta da vara que _tinha_ na mão, e a molhou no favo de mel;
e, tornando a mão á bocca, aclararam-se os seus olhos.

28 Então respondeu um do povo, e disse: Solemnemente conjurou teu pae
o povo, dizendo: Maldito o homem que comer hoje pão. Pelo que o povo
desfallecia.

29 Então disse Jonathan: Meu pae tem turbado a terra; ora vêde como se me
aclararam os olhos por ter gostado um pouco d’este mel.

30 Quanto mais se o povo hoje livremente tivesse comido do despojo que
achou de seus inimigos. Porém agora não foi tão grande o estrago dos
philisteos.

31 Feriram porém aquelle dia aos philisteos, desde Michmas até Ajalon, e
o povo desfalleceu em extremo.

32 Então o povo se lançou ao despojo, e tomaram ovelhas, e vaccas, e
bezerros, e os degolaram no chão; e o povo os comeu [13] com sangue.

33 E o annunciaram a Saul, dizendo: Eis que o povo pecca contra o Senhor,
comendo com sangue. E disse elle: Aleivosamente obrastes; revolvei-me
hoje uma grande pedra.

34 Disse mais Saul: Derramae-vos entre o povo, e dizei-lhes: Trazei-me
cada um o seu boi, e cada um a sua ovelha, e degolae-_os_ aqui, e comei,
e não pequeis contra o Senhor, comendo com sangue. Então todo o povo
trouxe de noite, cada um com a sua mão, o seu boi, e _os_ degolaram ali.

35 Então edificou [14] Saul _um_ altar ao Senhor: este foi o primeiro
altar que edificou ao Senhor.


_Jonathan é condemnado á morte._

36 Depois disse Saul: Desçamos de noite atraz dos philisteos, e
despojemol-os, até que amanheça a luz, e não deixemos de resto _um_ homem
d’elles. E disseram: Tudo o que parecer bem aos teus olhos faze. Disse
porém o sacerdote: Cheguemo-nos aqui a Deus.

37 Então consultou Saul a Deus, dizendo: Descerei atraz dos philisteos?
entregal-os-has na mão de Israel? Porém aquelle dia lhe não [15]
respondeu.

38 Então disse Saul: [16] Chegae-vos para cá _de_ todos os chefes do
povo, e informae-vos, e vêde em que se commetteu hoje este peccado;

39 Porque vive [17] o Senhor que salva a Israel, que, ainda que fosse
em meu filho Jonathan, certamente morrerá. E nenhum de todo o povo lhe
respondeu.

40 Disse mais a todo o Israel: Vós estareis d’uma banda, e eu e meu filho
Jonathan estaremos da outra banda. Então disse o povo a Saul: Faze o que
_parecer_ bem aos teus olhos.

41 Fallou pois Saul ao Senhor Deus d’Israel: Mostra o innocente. Então
Jonathan e Saul [18] foram tomados _por sorte_, e o povo saiu _livre_.

42 Então disse Saul: Lançae a _sorte_ entre mim e Jonathan, meu filho. E
foi tomado Jonathan.

43 Disse então Saul a Jonathan: Declara-me [19] o que tens feito. E
Jonathan lh’o declarou, e disse: Tão sómente gostei um pouco de mel com a
ponta da vara que _tinha_ na mão; eis que devo morrer.

44 Então disse Saul: [20] Assim _me_ faça Deus, e outro tanto, que com
certeza morrerás, Jonathan.

45 Porém o povo disse a Saul: Morrerá Jonathan, que obrou tão grande
salvação em Israel? nunca tal succeda; vive o Senhor, [21] que não lhe
ha de cair no chão um só cabello da sua cabeça! pois com Deus fez _isso_
hoje. Assim o povo livrou a Jonathan, para que não morresse.

46 E Saul deixou de seguir os philisteos: e os philisteos se foram ao seu
logar.

47 Então tomou Saul o reino sobre Israel; e pelejou contra todos os
seus inimigos em redor: contra Moab, e contra os [22] filhos de Ammon,
e contra Edom, e contra os reis de Zoba, [23] e contra os philisteos, e
para onde quer que se tornava executava castigos.

48 E houve-se valorosamente, e feriu [24] aos amalekitas: e libertou a
Israel da mão dos que o saqueavam.

49 E os filhos [25] de Saul eram Jonathan, e Isvi, e Malchisua: e os
nomes de suas duas filhas _eram estes_: o nome da mais velha Merab, e o
nome da mais nova, Michal.

50 E o nome da mulher de Saul, Ahinoam, filha d’Ahimaas: e o nome do
general do exercito, Abner, filho de Ner, tio de Saul.

51 E Kis, [26] pae de Saul, e Ner, pae d’Abner, eram filhos d’Abiel.

52 E houve uma forte guerra contra os philisteos, todos os dias de Saul:
pelo que Saul a todos os homens valentes e valorosos que via os aggregava
[27] a si.

[1] cap. 13.15.

[2] cap. 22.9, 11, 20 e 4.21 e 2.28.

[3] cap. 13.23.

[4] Jui. 7.4, 7. II Chr. 14.11.

[5] Gen. 24.14. Jui. 7.11.

[6] II Reis 7.7. Job 18.11.

[7] Num. 27.21.

[8] Jui. 7.22. II Chr. 20.23.

[9] cap. 13.6.

[10] Exo. 14.30. Psa. 44.7, 8. Ose. 1.7. cap. 13.5.

[11] Jos. 6.26.

[12] Deu. 9.28. Mat. 3.5. Exo. 3.8. Num. 13.27. Mat. 3.4.

[13] Lev. 3.17 e 7.26 e 17.10 e 19.26. Deu. 12.16, 23, 24.

[14] cap. 7.17.

[15] cap. 28.6.

[16] Jos. 7.14. cap. 10.19.

[17] II Sam. 12.5.

[18] Pro. 16.33. Act. 1.24. Jos. 7.16. cap. 10.20, 21.

[19] Jos. 7.19. ver. 27.

[20] Ruth 1.17. ver. 39.

[21] II Sam. 14.11. I Reis 1.52. Luc. 21.18.

[22] cap. 11.11.

[23] II Sam. 10.6.

[24] cap. 15.3, 7.

[25] cap. 31.2. I Chr. 8.33.

[26] cap. 9.1.

[27] cap. 8.11.



_Samuel manda a Saul destruir os amalekitas._

[Antes de Christo 1079]

15 Então disse Samuel a Saul: Enviou-me [1] o Senhor a ungir-te rei sobre
o seu povo, sobre Israel: ouve pois agora a voz das palavras do Senhor.

2 Assim diz o Senhor dos exercitos: Eu me recordei do que fez Amalek a
Israel; como se lhe oppoz [2] no caminho, quando subia do Egypto.

3 Vae pois agora e fere a Amalek; e destroe totalmente a [3] tudo o que
tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até á mulher, desde
os meninos até aos de mama, desde os bois até ás ovelhas, e desde os
camelos até aos jumentos.

4 O que Saul annunciou ao povo, e os contou em Teilaim, duzentos mil
homens de pé, e dez mil homens de Judah.

5 Chegando pois Saul á cidade d’Amalek, poz emboscada no valle.

6 E disse Saul aos keneos: [4] Ide-vos, retirae-vos _e_ sahi do meio dos
amalekitas, para que vos não destrua juntamente com elles, porque vós
usastes de misericordia [5] com todos os filhos de Israel, quando subiram
do Egypto. Assim os keneos se retiraram do meio dos amalekitas.

7 Então feriu Saul [6] aos amalekitas desde Havia até chegar a Sur, [7]
que _está_ defronte do Egypto.

8 E tomou [8] vivo a Agag, rei dos amalekitas; porém a todo o povo
destruiu ao fio da espada.

9 E Saul e o povo [9] perdoaram a Agag, e ao melhor das ovelhas e das
vaccas, e ás da segunda sorte, e aos cordeiros e ao melhor que havia,
e não os quizeram destruir totalmente: porém a toda a coisa vil e
desprezivel destruiram totalmente.


_Deus manda Samuel reprehender a Saul._

10 Então veiu a palavra do Senhor a Samuel, dizendo:

11 Arrependo-me [10] de haver posto a Saul como rei; porquanto se tornou
de detraz de mim, e não executou as minhas palavras. [11] Então Samuel se
contristou, e toda a noite clamou ao Senhor.

12 E madrugou Samuel para encontrar a Saul pela manhã: e annunciou-se a
Samuel, dizendo: Já chegou Saul ao [12] Carmelo, e eis que levantou para
si uma columna. Então fez volta, e passou e desceu a Gilgal.

13 Veiu pois Samuel a Saul; e Saul lhe disse: Bemdito [13] tu do Senhor;
executei a palavra do Senhor.

14 Então disse Samuel: Que balido pois de ovelhas _é_ este nos meus
ouvidos, e o mugido de vaccas que oiço?

15 E disse Saul: De Amalek as trouxeram; porque o povo perdoou ao [14]
melhor das ovelhas e das vaccas, para as offerecer ao Senhor teu Deus: o
resto porém temos destruido totalmente.

16 Então disse Samuel a Saul: Espera, e te declararei o que o Senhor me
disse esta noite. E elle disse-lhe: Falla.

17 E disse Samuel: _Porventura_, sendo tu pequeno [15] aos teus olhos,
não _foste_ por Cabeça das tribus de Israel? e o Senhor te ungiu rei
sobre Israel.

18 E enviou-te o Senhor a _este_ caminho, e disse: Vae, e destroe
totalmente a estes peccadores, os amalekitas, e peleja contra elles, até
que os aniquiles.

19 Porque pois não déste ouvidos á voz do Senhor, antes voaste ao
despojo, e fizeste o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor?

20 Então disse Saul a Samuel: Antes dei ouvidos á [16] voz do Senhor, e
caminhei no caminho pelo qual o Senhor me enviou; e trouxe a Agag, rei de
Amalek, e os amalekitas destrui totalmente;

21 Mas o povo tomou [17] do despojo ovelhas e vaccas, o melhor do [JM]
interdicto, para offerecer ao Senhor teu Deus em Gilgal.

22 Porém Samuel disse: Tem _porventura_ [18] o Senhor _tanto_ prazer em
holocaustos e sacrificios, como em que se obedeça á palavra do Senhor?
eis que o obedecer [19] _é_ melhor do que o sacrificar, e o attender
_melhor é_ do que a gordura de carneiros.

23 Porque a rebellião _é como_ o peccado de feitiçaria, e o porfiar
_é como_ iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do
Senhor, elle tambem te rejeitou [20] a ti, para que não _sejas rei_.

24 Então disse Saul [21] a Samuel: Pequei, porquanto tenho traspassado
o dito do Senhor e as tuas palavras: porque [22] temi ao povo, e dei
ouvidos á sua voz.

25 Agora pois, _te_ rogo, perdoa-_me_ o meu peccado: e torna-te comigo,
para que adore ao Senhor.

26 Porém Samuel disse a Saul: Não tornarei comtigo: porquanto rejeitaste
[23] a palavra do Senhor, já te rejeitou o Senhor, para que não sejas rei
sobre Israel.

27 E virando-se Samuel para se ir, elle lhe pegou [24] pela borda da
capa, e a rasgou.

28 Então Samuel lhe disse: O Senhor tem rasgado de ti hoje o [25] reino
de Israel, e o tem dado ao teu proximo, melhor do que tu.

29 E tambem aquelle que é a Força de Israel não mente nem se [26]
arrepende; porquanto não é _um_ homem para que se arrependa.

30 Disse elle então: Pequei; honra-me [27] porém agora diante dos anciãos
do meu povo, e diante de Israel: e torna-te comigo, para que adore ao
Senhor teu Deus.

31 Então Samuel se tornou atraz de Saul: e Saul adorou ao Senhor.


_Samuel mata a Agag._

32 Então disse Samuel: Trazei-me aqui a Agag, rei dos amalekitas. E
Agag veiu a elle melindrosamente: e disse Agag: Na verdade já passou a
amargura da morte.

33 Disse porém Samuel: _Assim_ como [28] a tua espada desfilhou as
mulheres, assim ficará desfilhada a tua mãe entre as mulheres. Então
Samuel despedaçou a Agag perante o Senhor em Gilgal.

34 Então Samuel se foi a Rama: e Saul subiu a sua casa, a [29] Gibeah de
Saul.

35 E [30] nunca mais viu Samuel a Saul até ao dia da sua morte; porque
[31] Samuel teve dó de Saul. E o Senhor se arrependeu de que pozera a
Saul rei sobre Israel.

[1] cap. 9.16.

[2] Exo. 17.8, 14. Num. 24.20. Deu. 25.17.

[3] Lev. 27.28. Jos. 6.17, 21.

[4] Num. 24.21. Jui. 1.16 e 4.11. Gen. 18.25 e 19.12, 14. Apo. 18.4.

[5] Exo. 18.10, 19. Num. 10.29, 32.

[6] cap. 14.48. Gen. 2.11 e 25.18.

[7] Gen. 16.7.

[8] I Reis 20.34, 35, etc. cap. 30.1.

[9] ver. 3, 15.

[10] ver. 35. Gen. 6.6, 7. II Sam. 24.16. Jos. 22.16. ver. 3, 9. cap.
13.13.

[11] ver. 35. cap. 16.1.

[12] Jos. 15.55.

[13] Gen. 14.19. Jui. 17.2. Ruth 3.10.

[14] ver. 9, 21. Gen. 3.12. Pro. 28.13.

[15] cap. 9.21.

[16] ver. 13.

[17] ver. 15.

[18] Psa. 50.8, 9. Pro. 21.3. Isa. 1.11, 17. Jer. 7.22. Miq. 6.6-8. Heb.
10.69.

[19] Ecc. 5.1. Ose. 6.6. Mat. 5.24 e 19.13 e 12.7. Mar. 12.33.

[20] cap. 13.14.

[21] II Sam. 12.13.

[22] Exo. 23.2. Pro. 29.25. Isa. 51.12, 13.

[23] cap. 2.30.

[24] I Reis 11.30.

[25] cap. 28.17, 18. I Reis 11.31.

[26] Num. 23.19. Eze. 24.14. II Tim. 2.13. Tito 1.2.

[27] João 5.41 e 12.43.

[28] Exo. 17.11. Num. 14.45. Jui. 1.7.

[29] cap. 11.4.

[30] cap. 19.24.

[31] ver. 11. cap. 16.1.



_Deus manda Samuel ungir a David como rei._

[Antes de Christo 1063]

16 Então disse o Senhor a Samuel: Até quando terás dó [1] de Saul,
havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? enche [2] o teu
[JN] vaso d’azeite, e vem, enviar-te-hei a Jessé o beth-lehemita; porque
d’entre os seus filhos me tenho provido de _um_ rei.

2 Porém disse Samuel: Como irei eu? pois, ouvindo-o Saul, me matará.
Então disse o Senhor: Toma uma bezerra das vaccas em tuas mãos, e dize:
Vim para sacrificar [3] ao Senhor.

3 E convidarás a [JO] Jessé ao sacrificio: e eu te farei saber [4] o que
has de fazer, e ungir-me-has a quem eu te disser.

4 Fez pois Samuel o que dissera o Senhor, e veiu a Beth-lehem: então os
anciãos da cidade sairam [5] ao encontro, tremendo, e disseram: _De_ paz
é a tua vinda?

5 E disse elle: _É de_ paz, vim sacrificar ao Senhor; sanctificae-vos,
[6] e vinde comigo ao sacrificio. E sanctificou elle a Jessé e a seus
filhos, e os convidou ao sacrificio.

6 E succedeu que, entrando elles, viu a Eliab, [7] e disse: Certamente
_está_ perante o Senhor o seu ungido.

7 Porém o Senhor disse a Samuel: Não attentes para a sua apparencia, [8]
nem para a altura da sua estatura, porque o tenho rejeitado, porque o
Senhor não vê como vê [9] o homem, pois o homem vê _o que está_ diante
dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.

8 Então chamou Jessé a [10] Abinadab: e o fez passar diante de Samuel, o
qual disse: Nem a este tem escolhido o Senhor.

9 Então Jessé fez passar a Samma: porém disse: Tão pouco a este tem
escolhido o Senhor.

10 Assim fez passar Jessé a seus sete filhos diante de Samuel: porém
Samuel disse a Jessé: O Senhor não tem escolhido a estes.

11 Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os mancebos? E disse: Ainda
falta [11] o menor, e eis que apascenta as ovelhas. Disse pois Samuel a
Jessé: Envia, e manda-o [12] chamar, porquanto não nos assentaremos em
roda da _mesa_ até que elle venha aqui.

12 Então mandou, e o trouxe (e _era_ ruivo [13] e formoso de semblante e
de boa presença): e disse o Senhor: Levanta-te, _e_ unge-o, porque este
_mesmo_ é.

13 Então Samuel tomou o vaso do azeite, e ungiu-o [14] no meio de seus
irmãos; e desde aquelle dia em diante o espirito do Senhor se apoderou
de David: então Samuel se levantou, e se tornou a Rama.


_Saul é atormentado pelo espirito maligno._

14 E o espirito [15] do Senhor se retirou de Saul, e o assombrava o
espirito mau [16] _da parte_ do Senhor.

15 Então os creados de Saul lhe disseram: Eis que agora o espirito mau
_da parte_ do Senhor te assombra:

16 Diga pois nosso senhor a seus servos, _que estão_ [17] em tua
presença, _que_ busquem _um_ homem que saiba tocar harpa, e será que,
quando o espirito mau _da parte_ do Senhor vier sobre ti, então elle
tocará [18] com a sua mão, e te acharás melhor.

17 Então disse Saul aos seus servos: Buscae-me pois _um_ homem que toque
bem, e trazei-m’o.

18 Então respondeu um dos mancebos, e disse: Eis que tenho visto a um
filho de Jessé, o beth-lehemita, que sabe tocar, e _é_ valente e animoso,
[19] e homem de guerra, e sisudo em palavras, e de gentil presença: o
Senhor _é_ com elle.

19 E Saul enviou mensageiros a Jessé, dizendo: Envia-me David, teu filho,
o que _está_ com as ovelhas.

20 Então tomou Jessé um [20] jumento _carregado_ de pão, e um odre de
vinho, e um cabrito, e enviou-os a Saul pela mão de David, seu filho.

21 Assim David veiu a Saul, e esteve perante [21] elle, e o amou muito, e
foi seu pagem d’armas.

22 Então Saul mandou dizer a Jessé: Deixa estar a David perante mim, pois
achou graça em meus olhos.

23 E succedia que, quando _o_ espirito _mau da parte_ [22] de Deus vinha
sobre Saul, David tomava a harpa, e a tocava com a sua mão; então Saul
sentia allivio, e se achava melhor, e o espirito mau se retirava d’elle.

[1] cap. 15.35 e 15.23.

[2] cap. 9.16. II Reis 9.1. Act. 13.22.

[3] cap. 9.12 e 20.29.

[4] Exo. 4.15. cap. 9.16.

[5] cap. 21.1. I Reis 2.13. II Reis 9.22.

[6] Exo. 19.10, 14.

[7] cap. 17.13. I Chr. 27.18. I Reis 12.26.

[8] Psa. 147.10, 11.

[9] Isa. 55.8. II Cor. 10.7. I Reis 8.39. I Chr. 28.9. Jer. 11.20 e
17.10. Act. 1.24.

[10] cap. 17.13.

[11] cap. 17.12.

[12] II Sam. 7.8. Psa. 78.70.

[13] cap. 17.42. Can. 5.10. cap. 9.17.

[14] cap. 10.1. Psa. 89.20. Num. 27.18. Jui. 11.29 e 13.25 e 14.6. cap.
10.6, 10.

[15] Jui. 16.20. cap. 11.6 e 28.15. Psa. 51.11.

[16] Jui. 9.23. cap. 18.10 e 19.9.

[17] Gen. 41.46. ver. 21, 22. I Reis 10.8.

[18] ver. 23. II Reis 3.15.

[19] cap. 17.32, 34, 35, 36.

[20] ver. 11. cap. 17.15, 34 e 10.27 e 17.18. Gen. 43.11. Pro. 18.16.

[21] Gen. 41.46. I Reis 10.8. Pro. 22.29.

[22] ver. 14, 16.



_Guerra entre os israelitas e os philisteos._

17 E os philisteos [1] ajuntaram os seus arraiaes para a guerra e
congregaram-se em [2] Socoh, que _está_ em Judah, e acamparam-se entre
Socoh e Azeka, no termo de Dammim.

2 Porém Saul e os homens de Israel se ajuntaram e acamparam no valle do
carvalho, e ordenaram a batalha contra os philisteos.

3 E os philisteos estavam n’um monte da banda d’além, e os israelitas
estavam no outro monte da banda d’áquem; e o valle _estava_ entre elles.

4 Então saiu do arraial dos philisteos um homem guerreiro, cujo nome era
Goliath, [3] de Gath, que tinha de altura seis covados e um palmo.

5 Trazia na cabeça um capacete de bronze, e vestia uma couraça de
escamas; e _era_ o peso da couraça de cinco mil siclos de bronze.

6 E trazia grevas de bronze por cima de seus pés, e um escudo de bronze
entre os seus hombros.

7 E a haste da sua lança [4] era como o orgão do tecelão, e o ferro da
sua lança de seiscentos siclos de ferro, e diante d’elle ia o escudeiro.

8 E parou, e clamou ás companhias d’Israel, e disse-lhes: Para que
saireis a ordenar a batalha? não _sou_ eu philisteo e vós servos [5] de
Saul? escolhei d’entre vós _um_ homem que desça a mim.

9 Se elle puder pelejar comigo, e me ferir, a vós seremos por servos;
porém, se eu o vencer, e o ferir, então a nós sereis por servos, e [6]
nos servireis.

10 Disse mais o philisteo: Hoje desafio [7] as companhias de Israel,
_dizendo_: Dae-me _um_ homem, para que ambos pelejemos.

11 Ouvindo então Saul e todo o Israel estas palavras do philisteo,
espantaram-se, e temeram muito.


_Jessé envia David a seus irmãos._

12 E David [8] _era_ filho de um homem, ephrateo, de Beth-lehem de Judah,
cujo nome _era_ Jessé, que tinha oito filhos: e nos dias de Saul era este
homem _já_ velho _e_ adiantado na edade entre os homens.

13 Foram-se os tres filhos mais velhos de Jessé, e seguiram a Saul á
guerra: _e eram_ os nomes [9] de seus tres filhos, que se foram á guerra,
Eliab, o primogenito, e o segundo Abinadab, e o terceiro Samma.

14 E David _era_ o menor; e os tres maiores seguiram a Saul.

15 David porém foi-se e voltou de Saul, para apascentar [10] as ovelhas
de seu pae em Beth-lehem.

16 Chegava-se pois o philisteo pela manhã e á tarde; e apresentou-se por
quarenta dias.

17 E disse Jessé a David, seu filho: Toma, peço-te, para teus irmãos
um epha d’este _grão_ tostado e estes dez pães, e corre a leval-os ao
arraial, a teus irmãos.

18 Porém estes dez queijos de leite leva ao chefe de mil; [11] e
visitarás a teus irmãos, a _ver_ se lhes vae bem; e tomarás o seu penhor.

19 E _estavam_ Saul, e elles, e todos os homens d’Israel no valle do
carvalho, pelejando com os philisteos.

20 David então de madrugada se levantou pela manhã, e deixou as ovelhas
a um guarda, e carregou-se, e partiu, como Jessé lhe ordenara: e chegou
ao logar dos carros, quando já o arraial sahia em ordem de batalha, e a
gritos chamavam á peleja.

21 E os israelitas e philisteos se pozeram em ordem, fileira contra
fileira.

22 E David deixou a carga que trouxera na mão do guarda da bagagem, e
correu á batalha; e, chegando, perguntou a seus irmãos se estavam bem.


_O gigante Goliath insulta os israelitas._

23 E, estando elle ainda fallando com elles, eis que _vinha_ subindo
do exercito dos philisteos o homem guerreiro, cujo nome era Goliath, o
philisteo de Gath e fallou conforme áquellas palavras, [12] e David _as_
ouviu.

24 Porém todos os homens em Israel, vendo aquelle homem, fugiam de diante
d’elle e temiam grandemente.

25 E diziam os homens de Israel: Vistes aquelle homem que subiu? pois
subiu para affrontar a Israel: ha de ser pois que o homem que o ferir o
rei o enriquecerá de grandes riquezas, e lhe dará [13] a sua filha, e
fará franca a casa de seu pae em Israel.

26 Então fallou David aos homens que estavam com elle, dizendo: Que
farão áquelle homem que ferir a este philisteo, e tirar a affronta [14]
de sobre Israel? quem _é_ pois este incircumciso philisteo, [15] para
affrontar os exercitos do Deus vivo?

27 E o povo lhe tornou a fallar conforme áquella palavra dizendo: [16]
Assim farão ao homem que o ferir.

28 E, ouvindo Eliab, seu irmão mais velho, fallar áquelles homens,
accendeu-se a ira [17] d’Eliab contra David, e disse: Porque desceste
aqui? e a quem deixaste aquellas poucas ovelhas no deserto? bem conheço
a tua presumpção, e a maldade do teu coração, que desceste para ver a
peleja.

29 Então disse David: Que fiz eu agora? _porventura_ não [18] _ha razão
para isso_?

30 E desviou-se d’elle para outro, e fallou [19] conforme áquella
palavra: e o povo lhe tornou a responder conforme ás primeiras palavras.

31 E, ouvidas as palavras que David havia fallado, as annunciaram a Saul,
e mandou em busca d’elle.


_David dispõe-se a pelejar contra o gigante._

32 E David disse a Saul: Não desfalleça [20] o coração de ninguem por
causa d’elle: teu servo irá, e pelejará contra este philisteo.

33 Porém Saul disse a David: Contra este philisteo não poderás [21] ir
para pelejar com elle: pois tu _ainda és_ moço, e elle homem de guerra
desde a sua mocidade.

34 Então disse David a Saul: Teu servo apascentava as ovelhas de seu pae;
e vinha um leão e um urso, e tomava _uma_ ovelha do rebanho;

35 E eu sahi após elle, e o feri, e livrei-a da sua bocca: e,
levantando-se elle contra mim, lancei-lhe mão da barba, e o feri, e o
matei.

36 Assim feriu o teu servo o leão, como o urso: assim será este
incircumciso philisteo como um d’elles; porquanto affrontou os exercitos
do Deus vivo.

37 Disse mais David: O Senhor me livrou [22] da mão do leão, e da do
urso; elle me livrará da mão d’este philisteo. Então disse Saul a David:
Vae-te _embora_, e o Senhor [23] seja comtigo.

38 E Saul vestiu a David dos seus vestidos, e poz-lhe sobre a cabeça um
capacete de bronze: e o vestiu de _uma_ couraça.

39 E David cingiu a espada sobre os seus vestidos, e começou a andar;
porém nunca _o_ havia experimentado: então disse David a Saul: Não posso
andar com isto, pois nunca _o_ experimentei. E David tirou aquillo de
sobre si.

40 E tomou o seu cajado na mão, e escolheu para si cinco seixos do
ribeiro, e pôl-os no alforge de pastor, que trazia, _a saber_, no surrão,
e lançou mão da sua funda: e foi-se chegando ao philisteo.

41 O philisteo tambem veiu e se vinha chegando a David: e o que lhe
levava o escudo _ia_ diante d’elle.

42 E, olhando o philisteo, e vendo a David, [24] o desprezou, porquanto
era mancebo, ruivo, e de gentil aspecto.

43 Disse pois o philisteo a David: Sou eu _algum_ cão, [25] para tu vires
a mim com paus? E o philisteo amaldiçoou a David pelos seus deuses.

44 Disse mais o philisteo a David: Vem a mim, [26] e darei a tua carne ás
aves do céu e ás bestas do campo.

45 David porém disse ao philisteo: Tu vens a mim com espada, e com lança,
e com escudo; porém eu venho a ti em nome do Senhor dos exercitos, o Deus
dos exercitos [27] de Israel, a quem tens affrontado.

46 Hoje mesmo o Senhor te entregará na minha mão, e ferir-te-hei, e te
tirarei a cabeça, e os corpos do arraial dos [28] philisteos darei hoje
mesmo ás aves do céu e ás bestas da terra: e toda a terra saberá que ha
Deus em Israel:

47 E saberá toda esta congregação que o Senhor salva, [29] não com
espada, nem com lança; porque do Senhor _é_ a guerra, e elle vos
entregará na nossa mão.


_David encontra-se com o gigante e mata-o._

48 E succedeu que, levantando-se o philisteo, e indo encontrar-se com
David, apressou-se David, e correu ao combate, a encontrar-se com o
philisteo.

49 E David metteu a mão no alforge, e tomou d’ali uma pedra e com a funda
lh’a atirou, e feriu o philisteo na testa, e a pedra se lhe encravou na
testa, e caiu sobre o seu rosto em terra.

50 Assim David [30] prevaleceu contra o philisteo, com uma funda e com
uma pedra, e feriu o philisteo, e o matou sem que David _tivesse uma_
espada na mão.

51 Pelo que correu David, e poz-se _em pé_ sobre o philisteo, e tomou
a sua espada, e tirou-a da bainha, e o matou, e lhe cortou com ella a
cabeça: vendo então os philisteos, que o seu [JP] campeão era morto, [31]
fugiram.

52 Então os homens de Israel e Judah se levantaram, e jubilaram, e
seguiram os philisteos, até chegar ao valle, e até ás portas d’Ekron: e
cairam os feridos dos philisteos pelo caminho de Saaraim [32] até Gath e
até Ekron.

53 Então voltaram os filhos de Israel de perseguirem os philisteos, e
despojaram os seus arraiaes.

54 E David tomou a cabeça do philisteo, e a trouxe _a_ Jerusalem: porém
poz as armas d’elle na sua tenda.

55 Vendo porém Saul sair David a encontrar-se com o philisteo, disse a
Abner, o chefe do exercito: [33] De quem é filho este mancebo, Abner? E
disse Abner: Vive a tua alma, ó rei, que o não sei.

56 Disse então o rei: Pergunta, pois, de quem é filho este mancebo.

57 Voltando pois David de ferir o philisteo, Abner o tomou _comsigo_,
e o trouxe á presença de Saul, trazendo elle na mão a cabeça [34] do
philisteo.

58 E disse-lhe Saul: De quem és filho, mancebo? E disse David: [35] Filho
de teu servo Jessé, beth-lehemita.

[1] cap. 13.5.

[2] Jos. 15.35. II Chr. 28.18.

[3] II Sam. 21.19. Jos. 11.22.

[4] II Sam. 21.19.

[5] cap. 8.17.

[6] cap. 11.1.

[7] ver. 26. II Sam. 21.21.

[8] ver. 58. Ruth 4.22. cap. 16.1. Gen. 35.19.

[9] cap. 16.6, 8, 9. I Chr. 2.13.

[10] cap. 16.19.

[11] Gen. 37.14.

[12] ver. 8.

[13] Jos. 15.16.

[14] cap. 11.2.

[15] cap. 14.6. ver. 10. Deu. 5.26.

[16] ver. 25.

[17] Gen. 37.4, 8, 11. Mat. 10.36.

[18] ver. 17.

[19] ver. 26, 27.

[20] Deu. 20.1, 3. cap. 16.18.

[21] Num. 13.31. Deu. 9.2.

[22] II Cor. 1.10. II Tim. 4.17, 18.

[23] cap. 20.13. I Chr. 22.11, 16.

[24] I Cor. 1.27, 28. cap. 16.12.

[25] cap. 24.14. II Sam. 3.8 e 9.8 e 16.9. II Reis 8.13.

[26] I Reis 20.10, 11.

[27] II Sam. 22.33, 35. Psa. 124.8 e 125.1. II Cor. 10.4. Heb. 11.33, 34.

[28] Deu. 28.26. Jos. 4.24. II Reis 19.19. Isa. 52.10.

[29] Psa. 44.6, 7. Ose. 1.7. Zac. 4.6. II Chr. 20.15.

[30] cap. 21.9. Jui. 3.31 e 15.15. II Sam. 23.21.

[31] Heb. 11.34.

[32] Jos. 15.36.

[33] cap. 16.21, 22.

[34] ver. 54.

[35] ver. 12.



_Amizade de Jonathan para com David._

18 E succedeu que, acabando elle de fallar com Saul, [1] a alma de
Jonathan se ligou com a alma de David: e Jonathan o amou, como á sua
_propria_ alma.

2 E Saul n’aquelle dia o tomou, [2] e não lhe permittiu que tornasse para
casa de seu pae.

3 E Jonathan e David fizeram alliança: porque _Jonathan_ o amava como á
sua _propria_ alma.

4 E Jonathan se despojou da capa que _trazia_ sobre si, e a deu a David,
_como_ tambem os seus vestidos, até a sua espada, e o seu arco, e o seu
cinto.

5 E sahia David aonde quer que Saul o enviava, e conduzia-se com
prudencia, e Saul o poz sobre a gente de guerra: e era acceito aos olhos
de todo o povo, e até aos olhos dos servos de Saul.

6 Succedeu porém que, vindo elles, quando David voltava de ferir os
philisteos, [3] as mulheres de todas as cidades de Israel sairam ao
encontro do rei Saul, cantando, e em danças, com adufes, com alegria, e
com instrumentos de musica.


_O cantico das mulheres indigna a Saul._

7 E as mulheres tangendo, se respondiam _umas ás outras_, [4] e diziam:
Saul feriu os seus milhares, porém David os seus dez milhares.

8 Então Saul se indignou muito, e aquella palavra pareceu [5] mal aos
seus olhos, e disse: Dez milhares deram a David, e a mim _sómente_
milhares; na verdade, que lhe falta, senão [6] só o reino?

9 E, desde aquelle dia em diante, Saul tinha David em suspeita.

10 E aconteceu ao outro dia, que o mau espirito [7] _da parte_ de Deus se
apoderou de Saul, e prophetizava no meio da casa: e David tangia com a
sua mão, como de dia em dia: [8] Saul porém _tinha_ na mão _uma_ lança.

11 E Saul atirou [9] com a lança, dizendo: Encravarei a David na parede.
Porém David se desviou d’elle _por_ duas vezes.

12 E temia [10] Saul a David, porque o Senhor era com elle e se tinha
retirado de Saul.

13 Pelo que Saul o desviou de si, e o poz por chefe de mil: e sahia e
[11] entrava diante do povo.

14 E David se conduzia com prudencia em todos os seus caminhos, e o
Senhor _era_ [12] com elle.

15 Vendo então Saul que tão prudentemente se conduzia, tinha receio
d’elle.

16 Porém todo o Israel e Judah amava [13] a David, porquanto sahia e
entrava diante d’elles.


_Saul intenta matar David pela astucia._

17 Pelo que Saul disse a David: Eis que Merab, [14] minha filha mais
velha, te darei por mulher; sê-me somente filho valoroso, e guerreia as
guerras do Senhor (porque Saul dizia _comsigo_: Não seja contra elle a
minha mão, mas sim a dos philisteos).

18 Mas David disse a Saul: Quem _sou_ eu, [15] e qual _é_ a minha vida
_e_ a familia de meu pae em Israel, para _vir a_ ser genro do rei?

19 Succedeu, porém, que ao tempo que Merab, filha de Saul, devia ser dada
a David, ella foi dada [16] por mulher a Adriel, meholathita.


_Michal, a filha de Saul, ama a David e casa com elle._

20 Mas Michal, [17] _a outra_ filha de Saul amava a David: o que, sendo
annunciado a Saul, pareceu isto bom aos seus olhos.

21 E Saul disse: Eu lh’a darei, para que lhe sirva [18] de laço, e _para
que_ a mão dos philisteos venha _a ser_ contra elle. Pelo que Saul disse
a David: Com a outra serás hoje meu genro.

22 E Saul deu ordem aos seus servos: Fallae em segredo a David, dizendo:
Eis que o rei te está _mui_ affeiçoado, e todos os seus servos te amam;
agora, pois, _consente em_ ser genro do rei.

23 E os servos de Saul fallaram todas estas palavras aos ouvidos de
David. Então disse David: Parece-vos pouco _aos vossos olhos_ ser genro
do rei, sendo eu homem pobre e desprezivel?

24 E os servos de Saul lhe annunciaram isto, dizendo: _Foram_ taes as
palavras que fallou David.

25 Então disse Saul: Assim direis a David: O rei não tem necessidade de
dote, senão de cem [19] prepucios de philisteos, para se tomar vingança
dos inimigos do rei. Porquanto Saul tentava fazer cair a David pela mão
dos philisteos.

26 E annunciaram os seus servos estas palavras a David, e este negocio
pareceu bem _aos olhos de_ David, de que fosse genro do rei: porém
_ainda_ os dias se não haviam cumprido.

27 Então David se levantou, e partiu elle com os seus homens, [20] e
feriram d’entre os philisteos duzentos homens, e David trouxe os seus
prepucios, [21] e os entregaram todos ao rei, para que fosse genro do
rei: então Saul lhe deu por mulher a sua filha.

28 E viu Saul, e notou que o Senhor _era_ com David: e Michal, filha de
Saul, o amava.

29 Então Saul temeu muito mais a David: e Saul foi todos os _seus_ dias
inimigo de David.

30 E, saindo [22] os principes dos philisteos, succedeu que, saindo
elles, David se conduziu mais prudentemente do que todos os servos de
Saul: portanto o seu nome era mui estimado.

[1] Gen. 44.30. cap. 19.2 e 20.17. II Sam. 1.26. Deu. 13.6.

[2] cap. 17.15.

[3] Exo. 15.20. Jui. 11.34.

[4] Exo. 15.21. cap. 21.11 e 29.5.

[5] Ecc. 4.4.

[6] cap. 15.28.

[7] cap. 16.14 e 19.24. I Reis 18.29. Act. 16.16.

[8] cap. 19.9.

[9] cap. 19.20 e 20.33. Pro. 27.4.

[10] ver. 15, 29. cap. 16.13, 18 e 16.14 e 28.15.

[11] ver. 16. Num. 27.17. II Sam. 5.2.

[12] Gen. 39.2, 3, 23. Jos. 6.27.

[13] ver. 5.

[14] cap. 17.25. Num. 32.20, 27, 29. cap. 25.28. ver. 21, 25. II Sam. 12.9.

[15] ver. 23. cap. 9.21. II Sam. 7.18.

[16] II Sam. 21.8. Jui. 7.22.

[17] ver. 28.

[18] Exo. 10.7. ver. 17.

[19] Gen. 34.12. Exo. 14.24. cap. 22.17. ver. 17.

[20] ver. 13.

[21] II Sam. 3.14.

[22] II Sam. 11.1. ver. 5.



_Jonathan aplaca o ciume que seu pae tem de David._

[Antes de Christo 1062]

19 E fallou Saul a Jonathan, seu filho, e a todos os seus servos, para
que matassem a David. Porém Jonathan, filho de Saul, estava [1] mui
affeiçoado a David.

2 E Jonathan o annunciou a David, dizendo: Meu pae, Saul, procura
matar-te, pelo que agora guarda-te pela manhã, e fica-te em occulto, e
esconde-te.

3 E sairei eu, e estarei á mão de meu pae no campo em que estiveres, e eu
fallarei de ti a meu pae, e verei o que houver, e t’o annunciarei.

4 Então Jonathan fallou [2] bem de David a Saul, seu pae, e disse-lhe:
Não peque o rei contra seu servo David, porque elle não peccou contra ti,
e porque os seus feitos te _são_ mui bons.

5 Porque poz a [3] sua alma na mão, e feriu aos philisteos, e fez o
Senhor _um_ grande livramento a todo o Israel; tu _mesmo_ o viste, e te
alegraste: porque, pois, peccarias [4] contra o sangue innocente, matando
a David sem causa?

6 E Saul deu ouvidos á voz de Jonathan, e jurou Saul: Vive o Senhor, que
não morrerá.

7 E Jonathan chamou a David, e contou-lhe todas estas palavras: e
Jonathan levou David a Saul, e esteve perante elle [5] como d’antes.

8 E tornou a haver guerra: e saiu David, e pelejou contra os philisteos,
e feriu-os de grande ferida, e fugiram diante d’elle.

9 Porém o espirito mau [6] _da parte_ do Senhor se tornou sobre Saul,
estando elle assentado em sua casa, e tendo na mão a sua lança, e
tangendo David com a mão _o instrumento de musica_.

10 E procurava Saul encravar a David com a parede, porém elle se desviou
de diante de Saul, o qual feriu com a lança na parede: então fugiu David,
e escapou n’aquella _mesma noite_.

11 Porém Saul mandou mensageiros á casa de David, que o guardassem, e o
matassem pela manhã: do que Michal, sua mulher, avisou a David, dizendo:
Se não salvares a tua vida esta noite, ámanhã te matarão.


_Michal engana a seu pae e salva a David._

12 Então Michal desceu [7] a David por uma janella: e elle se foi, e
fugiu, e escapou.

13 E Michal tomou [JQ] uma estatua e a deitou na cama, e poz-lhe á
cabeceira _uma_ pelle de cabra, e a cobriu com uma coberta.

14 E, mandando Saul mensageiros que trouxessem a David, ella disse: Está
doente.

15 Então Saul mandou mensageiros que viessem a David, dizendo: Trazei-m’o
na cama, para que o mate.

16 Vindo pois os mensageiros, eis aqui a estatua na cama, e a pelle de
cabra á sua cabeceira.

17 Então disse Saul a Michal: Porque assim me enganaste, e deixaste ir
e escapar o meu inimigo? E disse Michal a Saul: _Porque_ elle me disse:
Deixa-me ir, porque [8] hei de eu matar-te?

18 Assim David fugiu e escapou, e veiu a Samuel, a Rama, e lhe participou
tudo quanto Saul lhe fizera: e foram, elle e Samuel, e ficaram em Naioth.

19 E o annunciaram a Saul, dizendo: Eis que David _está_ em Naioth, em
Rama.

20 Então enviou Saul mensageiros para [9] trazerem a David, os quaes
viram uma congregação de prophetas prophetizando, onde estava Samuel que
presidia sobre elles: e o espirito de Deus veiu sobre os mensageiros de
Saul, e tambem [10] elles prophetizaram.

21 E, avisado d’isto Saul, enviou outros mensageiros, e tambem estes
prophetizaram: então enviou Saul ainda uns terceiros mensageiros, os
quaes tambem prophetizaram.

22 Então foi tambem elle mesmo a Rama, e chegou ao poço grande que
_estava_ em Secu; e, perguntando, disse: Onde _estão_ Samuel e David? E
disseram-lhe: Eis que _estão_ em Naioth, em Rama.

23 Então foi-se lá para Naioth, em Rama: e o mesmo espirito de Deus veiu
[11] sobre elle, e ia prophetizando, até chegar a Naioth, em Rama.

24 E elle tambem despiu [12] os seus vestidos, e elle tambem prophetizou
diante de Samuel, e esteve nú por terra todo aquelle dia e toda aquella
noite; pelo que se diz: Está tambem Saul entre os prophetas?

[1] cap. 18.1.

[2] Pro. 31.8, 9. Gen. 42.22. Psa. 35.12 e 109.5. Pro. 17.13. Jer. 18.20.

[3] Jui. 9.17 e 12.3. cap. 28.21. cap. 17.49, 50. I Sam. 11.13. I Chr.
11.14.

[4] cap. 20.32. Mat. 27.4.

[5] cap. 16.21 e 18.2, 13.

[6] cap. 16.14 e 18.10, 11.

[7] Jos. 2.15. Act. 9.24.

[8] II Sam. 2.22.

[9] João 7.32, 45, etc. cap. 10.5. I Cor. 14.3, 24, 25.

[10] Num. 11.25. Joel 2.28.

[11] cap. 10.10.

[12] Isa. 20.2. Miq. 1.8. II Sam. 6.14, 20. cap. 10.11.



_A entrevista de David com Jonathan._

20 Então fugiu David de Naioth, em Rama: e veiu, e disse perante
Jonathan: Que fiz eu? qual _é_ o meu crime? e qual _é_ o meu peccado
diante de teu pae, que procura tirar-me a vida?

2 E _elle_ lhe disse: Tal não haja: não morrerás; eis que meu pae não faz
coisa nenhuma grande, nem pequena, sem primeiro me dar parte; porque pois
meu pae me encobriria este negocio? não _ha_ tal.

3 Então David tornou a jurar, e disse: Mui bem sabe teu pae que achei
graça em teus olhos; pelo que disse: Não saiba isto Jonathan, para que se
não magõe, e, na verdade, vive o Senhor, e vive a tua alma, que apenas
_ha_ um passo entre mim e a morte.

4 E disse Jonathan a David: O que disser a tua alma, eu te farei.

5 Disse David a Jonathan: Eis que ámanhã _é_ a [1] lua nova, em que
costumo assentar-me com o rei para comer: deixa-me tu ir, porém, e
esconder-me-hei no campo, até á terceira tarde.

6 Se teu pae notar a minha ausencia, dirás: David me pediu muito que o
deixasse ir correndo a Beth-lehem, [2] sua cidade; porquanto _se faz_ lá
o sacrificio annual para toda a linhagem.

7 Se disser assim, [3] _Está_ bem; _então_ teu servo tem paz: porém se
muito se indignar, sabe que já está inteiramente determinado no mal.

8 Usa pois de misericordia [4] com o teu servo, porque fizeste a teu
servo entrar comtigo em alliança do Senhor: se porém ha em mim crime,
mata-me tu mesmo: [5] porque me levarias a teu pae?

9 Então disse Jonathan: Longe de ti tal coisa: porém se d’alguma maneira
soubesse que já este mal está inteiramente determinado por meu pae, para
que viesse sobre ti, não t’o descobriria eu?

10 E disse David a Jonathan: Quem tal me fará saber, se por acaso teu pae
te responder asperamente?


_Jonathan faz um pacto com David._

11 Então disse Jonathan a David: Vem e saiamos ao campo. E sairam ambos
ao campo.

12 E disse Jonathan a David: Ó Senhor Deus de Israel, se, sondando eu a
meu pae ámanhã a estas horas, _ou_ depois d’ámanhã, e eis que _houver
coisa_ favoravel para David: e eu então não enviar a ti, e não t’o fizer
saber;

13 O Senhor [6] faça assim com Jonathan outro tanto; que se aprouver a
meu pae fazer-te mal, tambem t’o farei saber, e te deixarei partir, e
irás em paz: e o Senhor seja comtigo, [7] _assim_ como foi com meu pae.

14 E, se eu então ainda viver, _porventura_ não usarás comigo da
beneficencia do Senhor, para que não morra?

15 Nem tão pouco cortarás [8] da minha casa a tua beneficencia
eternamente: nem ainda quando o Senhor desarraigar da terra a cada um dos
inimigos de David.

16 Assim fez Jonathan _alliança_ com a casa de David, _dizendo_: O Senhor
o [9] requeira da mão dos inimigos de David.

17 E Jonathan fez jurar a David de novo, porquanto o amava; porque o
amava com _todo_ o amor [10] da sua alma.

18 E disse-lhe Jonathan: [11] Ámanhã é a lua nova, e não te acharão no
teu logar, pois o teu assento se achará vazio.

19 E, ausentando-te tu tres dias, desce apressadamente, e vae áquelle
logar [12] onde te escondeste no dia do negocio: e fica-te junto á pedra
de Ezel.

20 E eu atirarei tres frechas para aquella banda, como se atirara ao alvo.

21 E eis que mandarei o moço _dizendo_: Anda, busca as frechas: se eu
expressamente disser ao moço: Olha que as frechas _estão_ para cá de ti;
toma-o _comtigo_, e vem; porque ha paz para ti, e não ha nada, vive o
Senhor.

22 Porém se disser ao moço assim: Olha que as frechas _estão_ para lá de
ti; vae-te _embora_; porque o Senhor te deixa ir.

23 E _quanto_ ao negocio [13] de que eu e tu fallámos, eis que o Senhor
_está_ entre mim e ti eternamente.

24 Escondeu-se pois David no campo: e, sendo a lua nova, assentou-se o
rei para comer pão.

25 E, assentando-se o rei no seu assento, como as outras vezes, no logar
junto á parede, Jonathan se levantou, e assentou-se Abner ao lado de
Saul: e o logar de David appareceu vasio.

26 Porém n’aquelle dia não disse Saul nada, porque dizia: Aconteceu-lhe
alguma coisa, pela qual não está limpo; certamente [14] não está limpo.

27 Succedeu tambem ao outro dia, o segundo da lua nova, que o logar de
David appareceu vasio: disse pois Saul a Jonathan, seu filho: Porque não
veiu o filho de Jessé nem hontem nem hoje a _comer_ pão?

28 E respondeu [15] Jonathan a Saul: David me pediu encarecidamente _que
o deixasse ir_ a Beth-lehem,

29 Dizendo: Peço-_te que_ me deixes ir, porquanto a nossa linhagem tem um
sacrificio na cidade, e meu irmão mesmo me mandou ir: se pois agora tenho
achado graça em teus olhos, peço-_te que_ me deixes partir, para que veja
a meus irmãos: por isso não veiu á mesa do rei.

30 Então se accendeu a ira de Saul contra Jonathan, e disse-lhe: Filho
da perversa em rebeldia; não sei _eu_ que tens elegido o filho de Jessé,
para vergonha tua e para vergonha da nudez de tua mãe?

31 Porque todos os dias que o filho de Jessé viver sobre a terra nem tu
serás firme, nem o teu reino: pelo que envia, e traze-m’o n’esta hora;
porque é digno de morte.

32 Então respondeu Jonathan a Saul, seu pae, e lhe disse: Porque [16] ha
de elle morrer? que tem feito?

33 Então Saul atirou-lhe com a lança, [17] para o ferir: assim entendeu
Jonathan que já seu pae tinha determinado matar a David.

34 Pelo que Jonathan, todo encolerisado, se levantou da mesa: e no
segundo dia da lua nova não comeu pão; porque se magoava por causa de
David, porque seu pae o tinha maltratado.

35 E aconteceu, pela manhã, que Jonathan saiu ao campo, ao tempo _que
tinha_ ajustado com David, e um moço pequeno com elle.

36 Então disse ao seu moço: Corre a buscar as frechas que eu atirar.
Correu _pois_ o moço, e elle atirou uma frecha, que fez passar além
d’elle.

37 E, chegando o moço ao logar da frecha que Jonathan tinha atirado,
gritou Jonathan atraz do moço, e disse: Não está _porventura_ a frecha
mais para lá de ti?

38 E tornou Jonathan a gritar atraz do moço: Apressa-te, avia-te, não te
demores. E o moço de Jonathan apanhou as frechas, e veiu a seu senhor.

39 E o moço não entendeu coisa alguma: só Jonathan e David sabiam d’este
negocio.

40 Então Jonathan deu as suas armas ao moço que trazia, e disse-lhe:
Anda, _e_ leva-as á cidade.

41 E, indo-se o moço, levantou-se David da banda do sul, e lançou-se
sobre o seu rosto em terra, e inclinou-se tres vezes: e beijaram-se um ao
outro, e choraram juntos até que David chorou muito mais.

42 E disse Jonathan a David: Vae-te [18] em paz: o que nós temos jurado
ambos em nome do Senhor, dizendo: O Senhor seja entre mim e ti, e entre a
minha semente e a tua semente, _seja_ perpetuamente.

43 Então se levantou _David_, e se foi; e Jonathan entrou na cidade.

[1] Num. 10.10 e 28.11. cap. 19.2.

[2] cap. 16.4.

[3] Deu. 1.23. II Sam. 17.4.

[4] Jos. 2.14. ver. 16. cap. 18.3 e 23.18.

[5] II Sam. 14.32.

[6] Ruth 1.17.

[7] Jos. 1.5. cap. 17.37. I Chr. 22.11, 16.

[8] II Sam. 9.1, 3, 7 e 21.7.

[9] cap. 25.22 e 31.2. II Sam. 4.7 e 21.8.

[10] cap. 18.1.

[11] ver. 5.

[12] cap. 19.2.

[13] ver. 14, 15, 42.

[14] Lev. 7.21 e 15.5, etc.

[15] ver. 6.

[16] cap. 19.5. Mat. 27.23. Luc. 23.22.

[17] cap. 18.11. ver. 7.

[18] cap. 1.17.



_David vae ter com o sacerdote Achimelech._

21 Então veiu David a Nob, ao sacerdote [1] Achimelech; e Achimelech,
tremendo, saiu ao encontro de David, e disse-lhe: Porque _vens_ só, e
ninguem comtigo?

2 E disse David ao sacerdote Achimelech: O rei me encommendou _um_
negocio, e me disse: Ninguem saiba d’este negocio, pelo qual eu te
enviei, e o qual te ordenei; quanto aos mancebos, apontei-lhes tal e tal
logar.

3 Agora, pois, que tens á mão? dá-me cinco pães na minha mão, ou o que se
achar.

4 E, respondendo o sacerdote a David, disse: Não tenho pão commum á mão;
ha porém pão sagrado, [2] se ao menos os mancebos se abstiveram das
mulheres.

5 E respondeu David ao sacerdote, e lhe disse: Sim, em boa fé, as
mulheres se nos vedaram desde hontem: e ante hontem, quando eu sahi, os
vasos [3] dos mancebos tambem eram sanctos: e em _alguma_ maneira _é pão_
commum, quanto mais que hoje se sanctificará _outro_ nos vasos.

6 Então o sacerdote lhe deu o _pão_ sagrado, [4] porquanto não havia ali
_outro_ pão senão os pães da proposição, que se tiraram de diante do
Senhor para se pôr ali pão quente no dia em que aquelle se tirasse.

7 _Estava_, porém, ali n’aquelle dia um dos creados de Saul, detido
perante o Senhor, e _era_ seu nome Doeg, idumeo, [5] o mais poderoso dos
pastores de Saul.

8 E disse David a Achimelech: Não tens aqui á mão lança ou espada alguma?
porque não trouxe á mão nem a minha espada nem as minhas armas, porque o
negocio do rei era apressado.

9 E disse o sacerdote: A espada de Goliath, o philisteo, a quem tu
feriste no [6] valle do carvalho, eis que aquella _aqui_ está envolta
n’um panno detraz do ephod: se tu a queres tomar, toma-_a_, porque
nenhuma outra _ha_ aqui, senão aquella. E disse David: Não _ha_ outra
similhante; dá-m’a.


_David foge para Achis rei de Gath._

10 E David levantou-se, e fugiu aquelle dia de diante de Saul, e veiu a
Achis, rei de Gath.

11 Porém os creados de Achis lhe disseram: Não _é_ este David, o rei da
terra? não se cantava d’este nas danças, dizendo: [7] Saul feriu os seus
milhares, porém David os seus dez milhares?

12 E David considerou [8] estas palavras no seu animo, e temeu muito
diante d’Achis, rei de Gath.

13 Pelo que se contrafez diante dos olhos d’elles, e fez-se como doido
entre as suas mãos, e esgravatava nas portas do portal, e deixava correr
a saliva pela barba.

14 Então disse Achis aos seus creados: Eis que _bem_ vêdes que este homem
está louco; porque m’o trouxestes a mim?

15 Faltam-me a mim doidos, para que trouxesseis a este que fizesse
doidices diante de mim? ha de este entrar na minha casa?

[1] cap. 14.3 e 16.4.

[2] Exo. 25.30. Lev. 24.5. Mat. 12.4.

[3] I The. 4.4.

[4] Lev. 8.26. Mat. 12.3. Mar. 2.25. Luc. 6.3. Lev. 24.8.

[5] cap. 22.9.

[6] cap. 17.2, 50 e 31.10.

[7] cap. 18.7 e 29.5.

[8] Luc. 2.19.



_David esconde-se na caverna de Adullam._

22 Então David se retirou d’ali, e escapou para a caverna de Adullam: e
[1] ouviram-n’o seus irmãos e toda a casa de seu pae, e desceram ali para
elle.

2 E ajuntou-se a elle todo [2] o homem que se _achava_ em aperto, e todo
o homem endividado, e todo o homem de espirito desgostoso, e elle se fez
chefe d’elles: e eram com elle uns quatrocentos homens.

3 E foi-se David d’ali a Mispeh dos moabitas, e disse ao rei dos
moabitas: Deixa estar meu pae e minha mãe comvosco, até que saiba o que
Deus ha de fazer de mim.

4 E trouxe-os perante o rei dos moabitas, e ficaram com elle todos os
dias que David esteve no logar forte.

5 Porém o propheta [3] Gad disse a David: Não fiques n’aquelle logar
forte; vae, e entra na terra de Judah. Então David se foi, e veiu para o
bosque de Chereth.


_Saul mata todos os sacerdotes de Nob._

6 E ouviu Saul que já se sabia de David e dos homens que _estavam_ com
elle: e estava Saul em Gibeah, debaixo d’um arvoredo, em Rama, e tinha na
mão a sua lança, e todos os seus creados estavam com elle.

7 Então disse Saul a todos os seus creados que estavam com elle: Ouvi,
peço-vos, filhos de Benjamin, [4] dar-vos-ha tambem o filho de Jessé, a
todos vós, terras e vinhas, e far-vos-ha a todos chefes de milhares e
chefes de centenas?

8 Para que todos vos tenhaes conspirado contra mim, e ninguem _ha_ que me
dê aviso de que meu filho tem feito alliança [5] com o filho de Jessé, e
nenhum d’entre vós ha que se dôa de mim, e m’o participe, pois meu filho
tem contra mim sublevado a meu servo, para _me_ armar ciladas, como _se
vê_ n’este dia.

9 Então [6] respondeu Doeg, o idumeo, que tambem estava com os creados de
Saul, e disse: Ao filho de Jessé vi vir a Nob, a Achimelech, [7] filho de
Ahitub,

10 O qual consultou [8] por elle ao Senhor, e lhe deu mantimento, e lhe
deu _tambem_ a espada de Goliath, o philisteo.

11 Então o rei mandou chamar a Achimelech, sacerdote, filho de Ahitub,
e a toda a casa de seu pae, os sacerdotes que _estavam_ em Nob; e todos
elles vieram ao rei.

12 E disse Saul: Ouve, peço-te, filho d’Ahitub. E elle disse: Eis-me
_aqui_, senhor meu.

13 Então lhe disse Saul: Porque conspirastes contra mim, tu e o filho de
Jessé? pois deste-lhe pão e espada, e consultaste por elle a Deus, para
que se levantasse contra mim a armar-_me_ ciladas, como _se vê_ n’este
dia?

14 E respondeu Achimelech ao rei, e disse: E quem, entre todos os teus
creados, ha _tão_ fiel como David, o genro do rei, prompto na sua
obediencia, e honrado na tua casa?

15 Comecei, _porventura_, hoje a consultar por elle a Deus? longe de mim
tal! não impute o rei coisa nenhuma a seu servo, _nem_ a toda a casa de
meu pae, pois o teu servo não soube nada de tudo isso, nem muito nem
pouco.

16 Porém o rei disse: Achimelech, morrerás certamente, tu e toda a casa
de teu pae.

17 E disse o rei aos da _sua_ guarda que estavam com elle: Virae-vos,
e matae os sacerdotes do Senhor, porque tambem a sua mão é com David,
e porque souberam que fugiu e não m’o fizeram saber. Porém os creados
do rei não quizeram estender [9] as suas mãos para arremetter contra os
sacerdotes do Senhor.

18 Então disse o rei a Doeg: Vira-te tu, e arremette contra os
sacerdotes. Então se virou Doeg, o idumeo, e arremetteu contra os
sacerdotes, e matou n’aquelle dia oitenta e cinco homens [10] que vestiam
ephod de linho.

19 Tambem a Nob, [11] cidade d’estes sacerdotes, passou a fio de espada,
desde o homem até á mulher, desde os meninos até aos de mama, e até os
bois, jumentos e ovelhas _passou_ a fio de espada.


_Abiathar um dos sacerdotes escapa e vem ter com David._

20 Porém escapou [12] um dos filhos de Achimelech, filho de Ahitub, cujo
nome era Abiathar, o qual fugiu atraz de David.

21 E Abiathar annunciou a David que Saul tinha matado os sacerdotes do
Senhor.

22 Então David disse a Abiathar: Bem sabia eu n’aquelle dia que, estando
ali Doeg, o idumeo, não deixaria de o denunciar a Saul: eu dei occasião
contra todas as almas da casa de teu pae.

23 Fica comigo, não temas, porque quem procurar [13] a minha morte
_tambem_ procurará a tua, pois estarás salvo comigo.

[1] II Sam. 23.13.

[2] Jui. 11.3.

[3] II Sam. 24.11. I Chr. 21.9. II Chr. 29.25.

[4] cap. 8.14.

[5] cap. 18.3 e 20.30.

[6] cap. 21.7. Psa. 52.2. ver. 1, 2, 3.

[7] cap. 21.1 e 14.3.

[8] Num. 27.21.

[9] Exo. 1.17.

[10] cap. 2.31.

[11] ver. 9, 11.

[12] cap. 23.6 e 2.33.

[13] I Reis 2.26.



_David livra Keila._

[Antes de Christo 1061]

23 E foi annunciado a David, dizendo: Eis que os philisteos pelejam
contra Keila, [1] e saqueiam as eiras.

2 E consultou [2] David ao Senhor, dizendo: Irei eu, e ferirei a estes
philisteos? E disse o Senhor a David: Vae, e ferirás aos philisteos, e
livrarás a Keila.

3 Porém os homens de David lhe disseram: Eis que tememos aqui em Judah,
quanto mais indo a Keila contra os esquadrões dos philisteos.

4 Então David tornou a consultar ao Senhor, e o Senhor lhe respondeu, e
disse: Levanta-te, desce a Keila, porque _te_ dou os philisteos na tua
mão.

5 Então David partiu com os seus homens a Keila, e pelejou contra os
philisteos, e levou os gados, e fez grande estrago entre elles: e David
livrou os moradores de Keila.

6 E succedeu que, quando Abiathar, filho de Achimelech, fugiu [3] para
David, a Keila, desceu com o ephod na mão.

7 E foi annunciado a Saul que David era vindo a Keila, e disse Saul: Deus
o entregou nas minhas mãos, pois está encerrado, entrando n’uma cidade de
portas e ferrolhos.

8 Então Saul mandou chamar a todo o povo á peleja, para que descessem a
Keila, para cercar a David e os seus homens.

9 Sabendo pois David, que Saul maquinava este mal contra elle, disse a
Abiathar, sacerdote: [4] Traze aqui o ephod.

10 E disse David: Ó Senhor, Deus de Israel, teu servo decerto tem ouvido
que Saul procura vir a Keila, para destruir a [5] cidade por causa de mim.

11 Entregar-me-hão os cidadãos de Keila na sua mão? descerá Saul, como o
teu servo tem ouvido? ah Senhor Deus d’Israel! fal-o saber ao teu servo.
E disse o Senhor: Descerá.

12 Disse mais David: Entregar-me-hiam os cidadãos de Keila, a mim e aos
meus homens, nas mãos de Saul? E disse o Senhor: Entregariam.

13 Então se levantou David com os seus homens, [6] uns seiscentos, e
sairam de Keila, e foram-se aonde poderam: e sendo annunciado a Saul, que
David escapara de Keila, cessou de sair _contra elle_.


_Saul persegue David no deserto de Ziph._

14 E David permaneceu no deserto, nos logares fortes, e ficou em um monte
[7] no deserto de Ziph: e Saul o buscava todos os dias, [8] porém Deus
não o entregou na sua mão.

15 Vendo pois David, que Saul sairá á busca da sua vida, David _esteve_
no deserto de Ziph, n’um bosque.

16 Então se levantou Jonathan, filho de Saul, e foi para David ao bosque,
e confortou a sua mão em Deus;

17 E disse-lhe: Não temas, que não te achará a mão de Saul, meu pae,
porém tu reinarás sobre Israel, e eu serei comtigo o segundo: o que
tambem Saul [9] meu pae, bem sabe.

18 E ambos fizeram [10] alliança perante o Senhor: David ficou no bosque,
e Jonathan voltou para a sua casa.

19 Então [11] subiram os zipheos a Saul, a Gibeah, dizendo: Não se
escondeu David entre nós, nos logares fortes no bosque, no outeiro de
Hachila, que _está_ á mão direita de Jesimon?

20 Agora pois, ó rei, apressadamente desce conforme a todo o desejo da
tua alma; por nós fica [12] entregar-mol-o nas mãos do rei.

21 Então disse Saul: Bemditos sejaes vós do Senhor, porque vos
compadecestes de mim.

22 Ide pois, e diligenciae ainda mais, e sabei e notae o logar que
frequenta, e quem o tenha visto ali; porque me foi dito _que_ é
astutissimo.

23 Pelo que attentae _bem_, e informae-vos ácerca de todos os
esconderijos, em que elle se esconde; e _então_ voltae para mim com toda
a certeza, e ir-me-hei comvosco; e ha de ser que, se estiver n’aquella
terra, o buscarei entre todos os milhares de Judah.

24 Então se levantaram elles, e se foram a Ziph, diante de Saul: David
porém e os seus homens _estavam_ no deserto de Maon, [13] na campanha, á
direita de Jesimon.

25 E Saul e os seus homens se foram em busca _d’elle_; o que annunciaram
a David, e desceu para aquella penha, e ficou no deserto de Maon: o que
ouvindo Saul, seguiu a David para o deserto de Maon.

26 E Saul ia d’esta banda do monte, e David e os seus homens da outra
banda do monte: e succedeu que David se apressou [14] a escapar de Saul;
Saul porém e os seus homens cercaram a David e aos seus homens, para
lançar mão d’elles.

27 Então veiu [15] um mensageiro a Saul, dizendo: Apressa-te, e vem,
porque os philisteos com impeto entraram na terra.

28 Pelo que Saul voltou de perseguir a David, e foi-se ao encontro dos
philisteos: por esta razão aquelle logar se chamou [JR] Sela-hammahlecoth.

29 E subiu David d’ali, e ficou nos logares fortes de Engedi.

[1] Jos. 15.44.

[2] ver. 4, 6, 9. cap. 30.8. II Sam. 5.19, 23.

[3] cap. 22.20.

[4] Num. 27.21. cap. 30.7.

[5] cap. 22.19.

[6] cap. 22.2 e 25.13.

[7] Psa. 11.2. Jos. 15.55.

[8] Psa. 54.3, 4.

[9] cap. 24.20.

[10] cap. 18.3 e 20.16, 42. II Sam. 21.7.

[11] cap. 26.1.

[12] Psa. 54.3.

[13] Jos. 15.55. cap. 25.2.

[14] Psa. 31.22 e 17.9.

[15] II Reis 19.9.



_David corta a orla do manto de Saul._

24 E succedeu que, voltando Saul de perseguir os philisteos, lhe
annunciaram, dizendo: Eis que David _está_ no deserto [1] de Engedi.

2 Então tomou Saul [2] tres mil homens, escolhidos d’entre todo o Israel,
e foi á busca [3] de David e dos seus homens, até sobre os cumes das
penhas das cabras montezes.

3 E chegou a uns curraes de ovelhas no caminho, onde estava uma caverna;
e entrou n’ella Saul, [4] a cobrir seus pés: e David e os seus homens
estavam aos lados da caverna.

4 Então os homens de David lhe disseram: [5] Eis aqui o dia, do qual o
Senhor te diz: Eis que te dou o teu inimigo nas tuas mãos, e far-lhe-has
como _te parecer_ bem aos teus olhos. E levantou-se David, e mansamente
cortou a orla do manto de Saul.

5 Succedeu, porém, que depois [6] o coração picou a David, por ter
cortado a orla _do manto_ de Saul.

6 E disse aos seus homens: O Senhor me guarde [7] de que eu faça tal
coisa ao meu senhor, ao ungido do Senhor, estendendo eu a minha mão
contra elle; pois é o ungido do Senhor.

7 E com estas palavras [8] David conteve os seus homens, e não lhes
permittiu que se levantassem contra Saul: e Saul se levantou da caverna,
e proseguiu o seu caminho.

8 Depois tambem David se levantou, e saiu da caverna, e gritou por detraz
de Saul, dizendo: Rei, meu senhor! E, olhando Saul para traz, David se
inclinou com o rosto em terra, e se prostrou.

9 E disse David a Saul: Porque [9] dás tu ouvidos ás palavras dos homens
que dizem: Eis que David procura o teu mal?

10 Eis que este dia os teus olhos viram, que o Senhor hoje te poz em
minhas mãos n’_esta_ caverna, e alguns disseram que te matasse; porém a
_minha mão_ te poupou: porque disse: Não estenderei a minha mão contra o
meu senhor, pois é o ungido do Senhor.

11 Olha pois, meu pae, vês aqui a orla do teu manto na minha mão; porque,
cortando-te eu a orla do manto, te não matei. Adverte, pois, e [10] vê
que não ha na minha mão nem mal nem prevaricação nenhuma, e não pequei
contra ti; porém tu andas á caça da minha vida, para m’a tirar.

12 Julgue o Senhor [11] entre mim e ti, e vingue-me o Senhor de ti; porém
a minha mão não será contra ti.

13 Como diz o proverbio dos antigos: Dos impios procede a impiedade;
porém a minha mão não será contra ti.

14 Após quem saiu o rei de Israel? a quem persegues? a um cão [12] morto?
a uma pulga?

15 O Senhor porém será [13] juiz, e julgará entre mim e ti, e verá, e
advogará a minha causa, e me defenderá da tua mão.

16 E succedeu que, acabando David de fallar a Saul todas estas palavras,
disse Saul: _É_ esta a tua voz, [14] meu filho David? Então Saul alçou a
sua voz e chorou.

17 E disse a David: [15] Mais justo és do que eu; pois tu me
recompensaste com bem, e eu te recompensei com mal.

18 E tu mostraste hoje que usaste comigo bem; pois o Senhor me tinha
posto em tuas mãos, [16] e tu me não mataste.

19 Porque, quem ha que, encontrando o seu inimigo, o deixaria ir por bom
caminho? o Senhor pois te pague com bem, pelo que hoje me fizeste.

20 Agora [17] pois eis que _bem_ sei que certamente has de reinar, e que
o reino de Israel ha de ser firme na tua mão.

21 Portanto agora jura-me pelo Senhor [18] que não desarreigarás a minha
semente depois de mim, nem desfarás o meu nome da casa de meu pae.

22 Então jurou David a Saul. E foi Saul para a sua casa; porém David e os
seus homens subiram ao logar forte.

[1] II Chr. 20.2.

[2] cap. 23.28.

[3] Psa. 38.12.

[4] Psa. 141.6. Jui. 3.24.

[5] cap. 26.8.

[6] II Sam. 24.10.

[7] cap. 26.11.

[8] Psa. 7.4. Mat. 5.44. Rom. 12.17, 19.

[9] Psa. 141.6. Pro. 16.28 e 17.9.

[10] Psa. 7.3 e 35.7. cap. 26.20.

[11] Gen. 16.5. Jui. 11.27. cap. 26.10. Job 5.8.

[12] cap. 17.43. II Sam. 9.8. cap. 26.20.

[13] ver. 12. II Chr. 24.22.

[14] cap. 26.17.

[15] cap. 26.21. Gen. 38.26. Mat. 5.44.

[16] cap. 26.23.

[17] cap. 23.17.

[18] Gen. 21.23. II Sam. 21.6, 8.



_A morte de Samuel e a retirada de David para o deserto de Paran._

[Antes de Christo 1060]

25 E falleceu [1] Samuel, e todo o Israel se ajuntou, e o prantearam, e o
sepultaram na sua casa, em Rama. E David, se levantou e desceu ao deserto
de Paran.

2 E _havia um_ homem em [2] Maon, que tinha as suas possessões no
Carmelo: e _era_ este homem mui poderoso, e tinha tres mil ovelhas e mil
cabras: e estava tosquiando as suas ovelhas no Carmelo.

3 E _era_ o nome d’este homem Nabal, e o nome de sua mulher Abigail; e
_era_ a mulher de bom entendimento e formosa, porém o homem _era_ duro, e
maligno nas obras, e era da casa de Caleb.

4 E ouviu David no deserto que Nabal tosquiava [3] as suas ovelhas,

5 E enviou David dez mancebos, e disse aos mancebos: Subi ao Carmelo, e,
vindo a Nabal, perguntae-lhe, em meu nome, como está.

6 E assim direis áquelle prospero: Paz tenhas, [4] e que a tua casa tenha
paz, e tudo o que tens tenha paz!

7 Agora, pois, tenho ouvido que tens tosquiadores: ora os pastores que
tens estiveram comnosco; aggravo nenhum lhes fizemos, nem [5] coisa
alguma lhes faltou todos os dias que estiveram no Carmelo.

8 Pergunta-o aos teus mancebos, e elles t’o dirão; estes mancebos pois
achem graça em teus olhos, [6] porque viemos em bom dia: dá pois a teus
servos e a David, teu filho, o que achares á mão.

9 Chegando pois os mancebos de David, e fallando a Nabal todas aquellas
palavras em nome de David, se calaram.


_Nabal recusa dar viveres aos servos de David._

10 E Nabal respondeu aos creados de David, e disse: [7] Quem _é_ David,
e quem o filho de Jessé? muitos servos ha hoje, que cada um foge a seu
senhor.

11 Tomaria [8] eu pois o meu pão, e a minha agua, e a carne das minhas
rezes que degolei para os meus tosquiadores, e o daria a homens que eu
não sei d’onde veem?

12 Então os mancebos de David se tornaram para o seu caminho: e voltaram,
e vieram, e lhe annunciaram _tudo conforme a_ todas estas palavras.

13 Pelo que disse David aos seus homens: Cada um cinja a sua espada. E
cada um cingiu a sua espada, e cingiu tambem David a sua: e subiram após
David uns quatrocentos homens, [9] e duzentos ficaram com a bagagem.

14 Porém um d’entre os mancebos o annunciou a Abigail, mulher de Nabal,
dizendo: Eis que David enviou mensageiros desde o deserto a saudar o
nosso amo; porém elle se lançou a elles.

15 Todavia, aquelles homens teem-nos _sido_ muito bons, [10] e nunca
fomos aggravados _d’elles_, e nada nos faltou em todos os dias que
conversámos com elles quando estavamos no campo.

16 De muro em redor nos [11] serviram, assim de dia como de noite, todos
os dias que andámos com elles apascentando as ovelhas.

17 Olha pois, agora, e vê o que has de fazer, porque _já_ de todo
determinado está [12] o mal contra o nosso amo e contra toda a sua casa,
e elle _é_ um tal filho de Belial, que não ha quem lhe possa fallar.


_Abigail apazigua David._

18 Então Abigail se apressou, e tomou duzentos pães, [13] e dois odres
de vinho, e cinco ovelhas guisadas, e cinco medidas de _trigo_ tostado,
e cem cachos de passas, e duzentas pastas de figos passados, e _os_ poz
sobre jumentos.

19 E disse aos seus mancebos: [14] Ide adiante de mim, eis que vos
seguirei de perto. O que, porém, não declarou a seu marido Nabal.

20 E succedeu que, andando ella montada n’um jumento, desceu pelo
encoberto do monte, e eis que David e os seus homens lhe vinham ao
encontro, e encontrou-se com elles.

21 E disse David: Na verdade que em vão tenho guardado tudo quanto este
_tem_ no deserto, e nada _lhe_ faltou de tudo quanto tem, e elle me pagou
mal [15] por bem.

22 Assim faça [16] Deus aos inimigos de David, e outro tanto, se eu
deixar até á manhã de tudo o que tem, mesmo até [JS] um menino.

23 Vendo pois Abigail a David, apressou-se, e desceu [17] do jumento, e
prostrou-se sobre o seu rosto diante de David, e se inclinou á terra.

24 E lançou-se a seus pés, e disse: Ah, Senhor meu, minha _seja_ a
transgressão; deixa pois fallar a tua serva aos teus ouvidos, e ouve as
palavras da tua serva.

25 Meu senhor, agora não faça _este_ homem de Belial, _a saber_, Nabal,
impressão no seu coração, porque tal é elle qual é o seu nome. [JT] Nabal
_é_ o seu nome, e a loucura _está_ com elle, e eu, tua serva, não vi os
mancebos de meu senhor, que enviaste.

26 Agora, pois, meu senhor, [18] vive o Senhor, e vive a tua alma, que
o Senhor te impediu [19] de vires com sangue, e de que a tua mão te
salvasse: e, agora, taes quaes Nabal sejam os teus inimigos e os que
procuram mal contra o meu senhor.

27 E agora esta é a benção [20] que trouxe a tua serva a meu senhor:
dê-se aos mancebos que andam após das pisadas de meu senhor.

28 Perdôa pois á tua serva _esta_ transgressão, porque certamente [21]
fará o Senhor casa firme a meu senhor, porque meu senhor guerreia [22] as
guerras do Senhor, e não se tem achado mal em ti por _todos os_ teus dias.

29 E, levantando-se algum homem para te perseguir, e para procurar a tua
morte; comtudo a vida de meu senhor será atada no feixe dos que vivem com
o Senhor teu Deus; porém a vida de teus inimigos se arrojará ao longe,
como do meio do concavo de uma funda.

30 E ha de ser que, usando o Senhor com o meu senhor conforme a todo o
bem que já tem dito de ti, e te tiver estabelecido chefe sobre Israel,

31 Então, meu senhor, não te será por tropeço, nem por pezar no coração,
o sangue que sem causa derramaste, nem tão pouco o haver-se salvado meu
senhor a si mesmo: e quando o Senhor fizer bem a meu senhor, lembra-te
então da tua serva.

32 Então David disse a Abigail: Bemdito [23] o Senhor Deus de Israel, que
hoje te enviou ao meu encontro.

33 E bemdito o teu conselho, e bemdita tu, que hoje me estorvaste de vir
com sangue, e de que a minha mão me salvasse.

34 Porque, na verdade, vive o Senhor Deus d’Israel, que me [24] impediu
de que te fizesse mal, que se tu não te apressaras, e me não vieras ao
encontro, não ficaria a Nabal pela luz da manhã nem mesmo um menino.

35 Então David tomou da sua mão o que tinha trazido, e lhe disse: Sobe em
paz á [25] tua casa; vês _aqui_ que tenho dado ouvidos á tua voz, e tenho
acceitado a tua face.

36 E, vindo Abigail a Nabal, eis que tinha [26] em sua casa _um_
banquete, como banquete de rei; e o coração de Nabal _estava_ alegre
n’elle, e elle _já_ mui embriagado, pelo que não lhe deu a entender
palavra alguma, pequena nem grande, até á luz da manhã.

37 Succedeu pois que pela manhã, havendo _já_ saido de Nabal o vinho, sua
mulher lhe deu a entender aquellas palavras: e se amorteceu n’elle, o seu
coração, e ficou elle como pedra.

38 E aconteceu que, _passados_ quasi dez dias, feriu o Senhor a Nabal, e
_este_ morreu.

39 E, ouvindo David que Nabal morrera, disse: Bemdito [27] _seja_ o
Senhor, que pleiteou o pleito da minha affronta da mão de Nabal, e deteve
a seu servo do mal, fazendo o Senhor tornar o mal de Nabal [28] sobre a
sua cabeça. E mandou David fallar a Abigail, para tomal-a por sua mulher.

40 Vindo pois os creados de David a Abigail, no Carmelo, lhe fallaram,
dizendo: David nos tem mandado a ti, para te tomar por sua mulher.

41 Então ella se levantou, e se inclinou com o rosto em terra, e disse:
Eis aqui a tua serva servirá de creada para [29] lavar os pés dos creados
de meu senhor.

42 E Abigail se apressou, [30] e se levantou, e montou n’um jumento
com as suas cinco moças que seguiam as suas pisadas: e ella seguiu os
mensageiros de David, e foi sua mulher.

43 Tambem tomou David a Achinoam de Jizreel: e tambem ambas foram suas
mulheres.

44 Porque Saul tinha dado [31] sua filha Michal, mulher de David, a
Phalti, filho de Lais, o qual _era_ de Gallim.

[1] cap. 28.3. Num. 20.29. Deu. 34.8. Gen. 21.21. Psa. 120.5.

[2] cap. 23.24. Jos. 15.55.

[3] Gen. 38.13. II Sam. 13.23.

[4] I Chr. 12.18. Psa. 122.7. Luc. 10.5.

[5] ver. 15, 21.

[6] Neh. 8.10. Est. 9.19.

[7] Jui. 9.28. Psa. 73.7, 8 e 123.3, 4.

[8] Jui. 8.6.

[9] cap. 30.24.

[10] ver. 7.

[11] Exo. 14.22. Job 1.10.

[12] cap. 20.7. Deu. 13.13. Jui. 19.22.

[13] Gen. 32.13. Pro. 18.16 e 21.14.

[14] Gen. 32.16, 20.

[15] Psa. 109.5. Pro. 17.13.

[16] Ruth 1.17. cap. 3.17 e 20.13, 16. ver. 34. I Reis 14.10 e 21.21. II
Reis 9.8.

[17] Jos. 15.18. Jui. 1.14.

[18] II Reis 2.2.

[19] ver. 33. Gen. 20.6. Rom. 12.19. II Sam. 18.32.

[20] Gen. 33.11. cap. 30.26. II Reis 5.15.

[21] II Sam. 7.11, 27. I Reis 9.5. I Chr. 17.10, 25.

[22] cap. 18.17 e 24.11. Jer. 10.18.

[23] Gen. 24.27. Exo. 18.10. Psa. 41.3 e 72.18. Luc. 18.6.

[24] ver. 26, 22.

[25] cap. 20.42. II Sam. 15.9. II Reis 5.19. Luc. 7.50 e 8.48. Gen. 19.21.

[26] II Sam. 13.23.

[27] ver. 32. Pro. 22.23. ver. 26, 34.

[28] I Reis 2.44. Psa. 7.17.

[29] Ruth 2.10, 13. Pro. 15.33.

[30] Jos. 15.56. cap. 27.3 e 30.5.

[31] II Sam. 3.14. Isa. 10.30.



_David poupa outra vez a vida de Saul._

26 E vieram os zipheos a Saul, a Gibeah, dizendo: Não [1] está David
escondido no outeiro d’Hachila, á entrada de Jesimon?

2 Então Saul se levantou, e desceu ao deserto de Ziph, e com elle tres
mil homens escolhidos de Israel, a buscar a David no deserto de Ziph.

3 E acampou-se Saul no outeiro d’Hachila, que _está_ á entrada de
Jesimon, junto ao caminho: porém David ficou no deserto, e viu que Saul
vinha após d’elle ao deserto.

4 Pois David enviou espias, e soube que Saul vinha decerto.

5 E David se levantou, e veiu ao logar onde Saul se tinha acampado; viu
David o logar onde se tinha deitado Saul, e Abner, [2] filho de Ner,
chefe do seu exercito: e Saul estava deitado dentro do logar dos carros,
e o povo estava acampado ao redor d’elle.

6 E respondeu David, e fallou a Achimelech, o hetheo, e a Abisai, filho
de [3] Zeruia, irmão de Jacob, dizendo: Quem descerá comigo a Saul ao
arraial? E disse Abisai: Eu descerei comtigo.

7 Vieram pois David e Abisai de noite ao povo, e eis que Saul estava
deitado dormindo dentro do logar dos carros, e a sua lança _estava_
pregada na terra á sua cabeceira: e Abner e o povo deitavam-se ao redor
d’elle.

8 Então disse Abisai a David: Deus te entregou hoje nas mãos a teu
inimigo; deixa-m’o pois agora encravar com a lança d’uma vez com a terra,
e não _o ferirei_ segunda vez.

9 E disse David a Abisai: Nenhum damno lhe faças: porque quem [4]
estendeu a sua mão contra o ungido do Senhor, e ficou innocente?

10 Disse mais David: Vive o Senhor, [5] que o Senhor o ferirá, ou o seu
dia chegará em que morra, ou descerá para a batalha e perecerá;

11 O Senhor me guarde, [6] de que eu estenda a mão contra o ungido do
Senhor: agora porém toma lá a lança que _está_ á sua cabeceira e a bilha
da agua, e vamo-nos.

12 Tomou pois David a lança e a bilha da agua, da cabeceira de Saul, e
foram-se: e ninguem houve que _o_ visse, nem que _o_ advertisse, nem que
acordasse; porque todos _estavam_ dormindo, [7] porque havia caido sobre
elles um profundo somno do Senhor.

13 E David, passando á outra banda, poz-se no cume do monte ao longe, _de
maneira_ que entre elles havia grande distancia.

14 E David bradou ao povo, e a Abner, filho de Ner, dizendo: Não
responderás, Abner? Então Abner respondeu e disse: Quem _és_ tu, _que_
bradas ao rei?

15 Então disse David a Abner: _Porventura_ não és varão? e quem _ha_ em
Israel como tu, porque, pois, não guardaste tu o rei teu senhor? porque
um do povo veiu para destruir o rei teu senhor.

16 Não é bom isto, que fizeste; vive o Senhor, que sois dignos de morte,
vós que não guardastes a vosso senhor, o ungido do Senhor: vede pois
agora onde _está_ a lança do rei, e a bilha da agua, que _tinha_ á sua
cabeceira.

17 Então conheceu Saul a voz de David, e disse: Não _é_ esta a tua voz,
meu [8] filho David? E disse David: Minha voz _é_, ó rei meu senhor.

18 Disse mais: Porque persegue o meu senhor assim o seu servo? porque,
[9] que fiz eu? e que maldade _se acha_ nas minhas mãos?

19 Ouve pois agora, te rogo, rei meu senhor, as palavras de teu servo: Se
o Senhor te incita [10] contra mim, cheire elle a offerta _de manjares_;
porém se _os_ filhos dos homens, malditos sejam perante o Senhor: pois
_elles_ me teem expellido [11] hoje para que _eu_ não fique apegado á
herança do Senhor, dizendo: Vae, serve a outros deuses.

20 Agora pois não se derrame o meu sangue na terra diante do Senhor: pois
saiu o rei d’Israel em busca d’uma pulga; [12] como quem persegue uma
perdiz nos montes.

21 Então disse Saul: Pequei; [13] volta, meu filho David, porque não
ordenarei a fazer-te mal; porque foi hoje [14] preciosa a minha vida aos
teus olhos: eis que fiz loucamente, e errei grandissimamente.

22 David então respondeu, e disse: Eis aqui a lança do rei; passe cá um
dos mancebos, e leve-a.

23 O Senhor porém [15] pague a cada um a sua justiça e a sua lealdade;
pois o Senhor te tinha dado hoje na _minha_ mão, porém não quiz estender
a minha mão contra o ungido do Senhor.

24 E eis que assim como foi a tua vida hoje de tanta estima aos meus
olhos, d’outra tanta estima seja a minha vida aos olhos do Senhor, e elle
me livre de toda a tribulação.

25 Então Saul disse a David: Bemdito _sejas_ tu, meu filho David; pois
grandes _coisas_ farás e [16] tambem prevalecerás. Então David se foi
_pelo_ seu caminho e Saul voltou para o seu logar.

[1] cap. 23.19.

[2] cap. 14.50 e 17.55.

[3] I Chr. 2.16. Jui. 7.10, 11.

[4] cap. 24.6, 7. II Sam. 1.16.

[5] cap. 25.38. Psa. 94.1, 2, 23. Luc. 18.7. Rom. 12.19. Gen. 47.29.

[6] cap. 24.6, 12.

[7] Gen. 2.21 e 15.12.

[8] cap. 24.16.

[9] cap. 24.9, 11.

[10] II Sam. 16.11 e 24.1.

[11] Deu. 4.28. Psa. 120.5. II Sam. 14.16 e 20.19.

[12] cap. 24.14.

[13] cap. 15.24 e 24.17.

[14] cap. 18.30.

[15] Psa. 7.8, 18.20.

[16] Gen. 32.28.



_David vae ter outra vez com Achis rei de Gath._

[Antes de Christo 1058]

27 Disse porém David no seu coração: Ora _ainda_ algum dia perecerei pela
mão de Saul; não ha coisa melhor para mim do que escapar apressadamente
para a terra dos philisteos, para que Saul perca a esperança de mim, e
cesse de me buscar por todos os termos de Israel; e _assim_ escaparei da
sua mão.

2 Então David se levantou, [1] e passou com os seiscentos homens que com
elle _estavam_ a Achis, filho de Maoch, rei de Gath.

3 E David ficou com [2] Achis em Gath, elle e os seus homens, cada um com
a sua casa: David com ambas as suas mulheres, Achinoam, a jizreelita, e
Abigail, a mulher de Nabal, o carmelita.

4 E, sendo Saul avisado que David tinha fugido para Gath, não cuidou mais
em o buscar.

5 E disse David a Achis: Se eu tenho achado graça em teus olhos, dá-me
logar n’uma das cidades da terra, para que ali habite: pois por que razão
habitaria o teu servo comtigo na cidade real?

6 Então lhe deu Achis n’aquelle dia a _cidade de_ Siclag: (pelo que
Siclag pertence [3] aos reis de Judah, até ao dia de hoje.)

7 E foi o numero dos dias, que David habitou na terra dos philisteos, um
anno e quatro mezes.

8 E subia David com os seus homens, e deram sobre [4] os gesuritas, e os
gersitas, e os amalekitas; porque antigamente _foram_ estes os moradores
da terra desde como quem vae para Sur [5] até á terra do Egypto.

9 E David feria aquella terra, e não dava vida nem a homem nem a mulher,
e tomava ovelhas, e vaccas, e jumentos, e camelos, e vestidos; e voltava,
e vinha a Achis.

10 E dizendo Achis: Sobre onde déstes hoje? David dizia: Sobre o sul de
Judah, e sobre o sul dos [6] jerahmeleos, e sobre o sul dos keneos.

11 E David não dava vida nem a homem nem a mulher, para trazel-os a Gath,
dizendo: Para que _porventura_ não nos denunciem, dizendo: Assim David o
fazia. E este _era_ o seu costume por todos os dias que habitou na terra
dos philisteos.

12 E Achis se confiava de David, dizendo: Fez-se elle por certo
aborrecivel para com o seu povo em Israel; pelo que me será por servo
para sempre.

[1] cap. 25.13 e 21.10.

[2] cap. 25.43.

[3] Jos. 15.31 e 19.5.

[4] Jos. 13.2 e 16.10. Jui. 1.29. Exo. 17.16. cap. 15.7, 8.

[5] Gen. 25.18.

[6] I Chr. 2.9, 25. Jui. 1.16.



_Saul consulta uma pythonissa de Endor._

28 E succedeu [1] n’aquelles dias que, juntando os philisteos os seus
exercitos á peleja, para fazer guerra contra Israel, disse Achis a David:
Sabe de certo que comigo sairás ao arraial, tu e os teus homens.

2 Então disse David a Achis: Assim saberás tu o que fará o teu servo. E
disse Achis a David: Por isso te terei por guarda da minha cabeça para
sempre.

3 E já Samuel [2] era morto, e todo o Israel o tinha chorado, e o tinha
sepultado em Rama, que _era_ a sua cidade: e Saul tinha desterrado os [3]
adivinhos e os encantadores.

4 E ajuntaram-se os philisteos, e vieram, e acamparam-se em Sunem: e
ajuntou Saul [4] a todo o Israel, e se acamparam em Gilboa.

5 E, vendo Saul o arraial dos philisteos, temeu, e estremeceu muito [5] o
seu coração.

6 E perguntou Saul ao Senhor, porém o Senhor lhe [6] não respondeu, nem
por sonhos, nem por Urim, nem por prophetas.

7 Então disse Saul aos seus creados: Buscae-me uma mulher que tenha o
espirito de feiticeira, para que vá a ella, e consulte por ella. E os
seus creados lhe disseram: Eis que em Endor _ha_ uma mulher que tem o
espirito d’adivinhar.

8 E Saul se disfarçou e vestiu outros vestidos, e foi elle, e com elle
dois homens, e de noite vieram á mulher; e disse: Peço-_te_ que me
adivinhes [7] pelo espirito de feiticeira, e me faças subir a quem eu te
disser.

9 Então a mulher lhe disse: Eis aqui tu sabes o que Saul fez, como tem
destruido [8] da terra os adivinhos e os encantadores: porque, pois, me
armas um laço á minha vida, para me fazer matar?

10 Então Saul lhe jurou pelo Senhor, dizendo: Vive o Senhor, que nenhum
mal te sobrevirá por isso.

11 A mulher então lhe disse: A quem te farei subir? E disse elle: Faze-me
subir a Samuel.

12 Vendo pois a mulher a Samuel, gritou com alta voz, e a mulher fallou a
Saul, dizendo: Porque me tens enganado? pois tu _mesmo és_ Saul.

13 E o rei lhe disse: Não temas: porém que _é_ o que vês? Então a mulher
disse a Saul: Vejo deuses [9] que sobem da terra.

14 E lhe disse: Como _é_ a sua figura? E disse ella: Vem subindo um
homem ancião, e está envolto n’uma capa. Entendendo Saul que era Samuel,
inclinou-se com o rosto em terra, e se prostrou.

15 Samuel disse a Saul: Porque me desinquietaste, [10] fazendo-me subir?
Então disse Saul: Mui angustiado estou, porque os philisteos guerreiam
contra mim, e Deus se tem desviado de mim, e não me responde mais, nem
pelo ministerio dos prophetas, nem por sonhos; por isso te chamei a ti,
para que me faças saber o que hei de fazer.

16 Então disse Samuel: Porque pois a mim me perguntas, visto que o Senhor
te tem desamparado, e se tem feito teu inimigo?

17 Porque o Senhor tem feito para comtigo como pela minha bocca te disse,
e tem rasgado o reino da tua mão, e o tem dado ao teu companheiro David.

18 Como tu não déste ouvidos [11] á voz do Senhor, e não executaste o
fervor da sua ira contra Amalek, por isso o Senhor te fez hoje isto.

19 E o Senhor entregará tambem a Israel comtigo na mão dos philisteos, e
ámanhã tu e teus filhos _estareis_ comigo; e o arraial de Israel o Senhor
entregará na mão dos philisteos.

20 E immediatamente Saul caiu estendido por terra, e grandemente temeu
por causa d’aquellas palavras de Samuel: e não houve força n’elle; porque
não tinha comido pão todo aquelle dia e toda aquella noite.

21 Então veiu a mulher a Saul, e, vendo que estava tão perturbado,
disse-lhe: Eis que deu ouvidos a tua creada á tua voz, e puz a minha vida
na minha mão, e ouvi as palavras que disseste.

22 Agora pois ouve tambem tu as palavras da tua serva, e porei um bocado
de pão diante de ti, e come, para que tenhas forças para te pôres a
caminho.

23 Porém elle _o_ recusou, e disse: Não comerei. Porém os seus creados e
a mulher o constrangeram; e deu ouvidos á sua voz: e levantou-se do chão,
e se assentou sobre uma cama.

24 E tinha a mulher em casa uma bezerra cevada, e se apressou, e a
degolou, e tomou farinha, e a amassou, e a cozeu em _bolos_ asmos.

25 E os trouxe diante de Saul e de seus creados, e comeram: depois
levantaram-se e se foram n’aquella mesma noite.

[1] cap. 29.1.

[2] cap. 25.1.

[3] ver. 9. Exo. 22.18. Lev. 19.31 e 20.27. Deu. 18.10, 11.

[4] Jos. 19.18. II Reis 4.8. cap. 31.1.

[5] Job 18.11.

[6] cap. 14.37. Pro. 1.28. Lam. 2.9. Num. 12.6. Exo. 28.30. Num. 27.21.
Deu. 33.8.

[7] Deu. 18.11. I Chr. 10.13. Isa. 8.19.

[8] ver. 3.

[9] Exo. 22.28.

[10] Pro. 5.11.

[11] I Reis 20.42.



_David marcha com Achis contra os israelitas._

29 E ajuntaram os philisteos todos os seus exercitos em [1] Aphek: e
acamparam-se os israelitas junto á fonte que _está_ em Jizreel.

2 E os principes dos philisteos se foram para lá com centenas e com
milhares: porém David e os seus homens iam com [2] Achis na rectaguarda.

3 Disseram então os principes dos philisteos: Que _fazem aqui_ estes
hebreos? E disse Achis aos principes dos philisteos: Não _é_ este David,
o creado de Saul, rei de Israel, que esteve comigo ha alguns dias ou
annos? e coisa nenhuma achei [3] n’elle desde o dia em que se revoltou,
até _ao dia d_’hoje.

4 Porém os principes dos philisteus muito se indignaram contra elle;
e disseram-lhe os principes dos philisteus: Faze voltar a este homem,
[4] e torne ao seu logar em que tu o pozeste, e não desça comnosco á
batalha, para que não se nos torne na batalha em adversario: porque com
que aplacaria este a seu senhor? _porventura_ não _seria_ com as cabeças
d’estes homens?

5 Não _é_ este aquelle David, de quem _uns aos outros_ respondiam nas
danças, dizendo: Saul feriu os seus milhares, [5] porém David as suas
dezenas de milhares?

6 Então Achis chamou a David e disse-lhe: Vive o Senhor, que tu és recto,
e que a tua entrada e a tua saida [6] comigo no arraial _é_ boa aos meus
olhos; porque nenhum mal em ti achei, desde o dia em que a mim vieste,
até _ao dia d_’hoje; porém aos olhos dos principes não agradas.

7 Volta pois agora, e volta em paz: para que não faças mal aos olhos dos
principes dos philisteos.

8 Então David disse a Achis: Porque? que fiz? ou que achaste no teu
servo, desde o dia em que estive diante de ti, até ao dia d’hoje, para
que não vá e peleje contra os inimigos do rei meu senhor?

9 Respondeu porém Achis, e disse a David: _Bem_ o sei; _e_ que _na
verdade_ aos meus olhos és bom como [7] um anjo de Deus: porém disseram
os principes dos philisteos: Não suba _este_ comnosco á batalha.

10 Agora pois ámanhã de madrugada levanta-te com os creados de teu
senhor, que teem vindo comtigo: e, levantando-vos pela manhã de
madrugada, e havendo luz, parti.

11 Então David de madrugada se levantou, elle e os seus homens, para
partirem pela manhã, e voltarem á terra dos philisteos: e os [8]
philisteos subiram a Jizreel.

[1] cap. 4.1.

[2] cap. 28.1, 2.

[3] Dan. 6.5.

[4] I Chr. 12.19.

[5] cap. 18.7 e 21.11.

[6] II Sam. 3.25. II Reis 19.27.

[7] II Sam. 14.17 e 19.27.

[8] II Sam. 4.4.



_Siclag é saqueada pelos amalekitas._

30 Succedeu pois que, chegando David e os seus homens ao terceiro dia
a Siclag, [1] _já_ os amalekitas com impeto tinham dado sobre o sul, e
sobre Siclag, e tinham ferido a Siclag e a tinham queimado a fogo.

2 E as mulheres que _estavam_ n’ella levaram captivas, _porém_ a ninguem
mataram, nem pequenos nem grandes; tão sómente os levaram comsigo, e
foram _pelo_ seu caminho.

3 E David e os seus homens vieram á cidade, e eis que _estava_ queimada a
fogo, e suas mulheres, seus filhos e suas filhas eram levados captivos.

4 Então David e o povo que _se achava_ com elle alçaram a sua voz, e
choraram, até que n’elles não houve _mais_ força para chorar.

5 Tambem as duas [2] mulheres de David foram levadas captivas; Achinoam,
a jizreelita, e Abigail, a mulher de Nabal, o carmelita.

6 E David muito se angustiou, porque o povo [3] fallava de apedrejal-o,
porque o animo de todo o povo estava em amargura, cada um por causa dos
seus filhos e das suas filhas: todavia David se esforçou no Senhor seu
Deus.


_David persegue os amalekitas e livra os captivos._

7 E disse David a Abiathar, o sacerdote, filho de Achimelech: Traze-me,
peço-te, aqui o ephod. E Abiathar trouxe o ephod a David.

8 Então consultou David [4] ao Senhor, dizendo: Perseguirei eu a esta
tropa? alcançal-a-hei? E o Senhor lhe disse: Persegue-a, porque decerto a
alcançarás, e _tudo_ libertarás.

9 Partiu pois David, elle e os seiscentos homens que [5] com elle _se
achavam_, e chegaram ao ribeiro de Besor, onde os que ficaram atraz
pararam.

10 E seguiu-os David, elle e os quatrocentos homens, pois que duzentos
homens ficaram, por não poderem, de cançados que estavam, passar o
ribeiro de Besor.

11 E acharam no campo um homem egypcio, e o trouxeram a David: deram-lhe
pão, e comeu, e deram-lhe a beber agua.

12 Deram-lhe tambem um pedaço de massa de figos seccos e dois cachos de
passas, e comeu, e voltou-lhe o seu espirito, porque _havia_ tres dias e
tres noites que não tinha comido pão nem bebido agua.

13 Então David lhe disse: De quem _és_ tu, e d’onde és? E disse o moço
egypcio: Sou servo d’um homem amalekita, e meu senhor me deixou, porque
adoeci ha tres dias.

14 Nós démos com impeto para a banda do sul dos cherethitas, [6] e para
a banda de Judah, e para a banda do sul de [7] Caleb, e pozemos fogo a
Siclag.

15 E disse-lhe David: Poderias, descendo, guiar-me a essa tropa? E
disse-lhe: Por Deus me jura que me não matarás, nem me entregarás na mão
de meu senhor, e, descendo, te guiarei a essa tropa.

16 E, descendo, o guiou e eis que _estavam_ espalhados sobre a face de
toda a terra, comendo, e bebendo, [8] e dançando, por todo aquelle grande
despojo que tomaram da terra dos philisteos e da terra de Judah.

17 E feriu-os David, desde o crepusculo até á tarde do dia seguinte, e
nenhum d’elles escapou, senão só quatrocentos mancebos que, montados
sobre camelos, fugiram.

18 Assim livrou David tudo quanto tomaram aos amalekitas: tambem as suas
duas mulheres livrou David.

19 E ninguem lhes faltou, desde o menor até ao maior, e até os filhos e
as filhas; e tambem desde o despojo até tudo quanto lhes tinham tomado,
[9] tudo David tornou a trazer.

20 Tambem tomou David todas as ovelhas e vaccas, _e_ levavam-n’as diante
do _outro_ gado, e diziam: Este _é_ o despojo de David.

21 E, chegando David aos [10] duzentos homens que, de cançados que
estavam, não poderam seguir a David, e que deixaram ficar no ribeiro de
Besor, estes sairam ao encontro de David e do povo que com elle _vinha_:
e, chegando-se David ao povo, os saudou em paz.


_David estabelece a lei da divisão da presa._

22 Então todos os maus, e _filhos_ de Belial, d’entre os homens que
tinham ido com David, responderam, [11] e disseram: Visto que não foram
comnosco, não lhes daremos do despojo que libertámos; mas que leve cada
um sua mulher e seus filhos, e se vá.

23 Porém David disse: Não fareis assim, irmãos meus, com o que nos deu
o Senhor, que nos guardou, e entregou a tropa que contra nós vinha nas
nossas mãos.

24 E quem a tal vos daria ouvidos? porque qual _é_ a parte dos que
desceram á [12] peleja, tal tambem será a parte dos que ficaram com a
bagagem; egualmente repartirão.

25 O que _assim_ foi desde aquelle dia em diante, porquanto o poz por
estatuto e direito em Israel até _ao dia de_ hoje.

26 E, chegando David a Siclag, enviou do despojo aos anciãos de Judah,
seus amigos, dizendo: Eis ahi para vós uma benção do despojo dos inimigos
do Senhor;

27 Aos de Beth-el, e aos de Ramoth do [13] sul, e aos de Jatter,

28 E aos [14] d’Aroer, e aos de Siphmoth, e aos [15] d’Esthemoa,

29 E aos de Rachal, e aos que _estavam_ nas cidades [16] jerahmeelitas e
nas cidades dos [17] keneos,

30 E aos [18] d’Horma, e aos de Corasan, e aos d’Athak,

31 E aos [19] d’Hebron, e a todos os logares em que andara David, elle e
os seus homens.

[1] cap. 15.7 e 27.8.

[2] cap. 25.42. II Sam. 2.2.

[3] Exo. 17.4. Hab. 3.17, 18.

[4] cap. 23.2, 4.

[5] ver. 21.

[6] ver. 16. II Sam. 8.18.

[7] Jos. 14.13.

[8] I The. 5.3.

[9] ver. 8.

[10] ver. 10.

[11] Deu. 13.13. Jui. 19.22.

[12] Num. 31.27. Jos. 22.8.

[13] Jos. 19.8 e 15.48.

[14] Jos. 13.16.

[15] Jos. 15.50.

[16] cap. 27.10.

[17] Jui. 1.16.

[18] Jui. 1.17.

[19] Jos. 14.13. II Sam. 2.1.



_A matança dos israelitas e a morte de Saul._

31 Os philisteos, [1] pois, pelejaram contra Israel: e os homens de
Israel fugiram de diante dos philisteos, e cairam atravessados [2] na
montanha de Gilboa.

2 E os philisteos apertaram com Saul e seus filhos: e os philisteos
mataram a Jonathan, [3] e a Abinadab, e a Malchisua, filhos de Saul.

3 E a peleja se aggravou [4] contra Saul, e os frecheiros o alcançaram; e
muito temeu _por causa_ dos frecheiros.

4 Então disse [5] Saul ao seu pagem d’armas: Arranca a tua espada,
e atravessa-me com ella, para que _porventura_ não venham estes
incircumcisos, e me atravessem e escarneçam de mim. Porém o seu pagem
d’armas não quiz, porque [6] temia muito: então Saul tomou a espada, e se
lançou sobre ella.

5 Vendo pois o seu pagem d’armas que Saul já era morto, tambem elle se
lançou sobre a sua espada, e morreu com elle.

6 Assim falleceu Saul, e seus tres filhos, e o seu pagem d’armas, _e_
tambem todos os homens morreram juntamente n’aquelle dia.

7 E, vendo os homens d’Israel, que _estavam_ d’esta banda do valle e
d’esta banda do Jordão, que os homens d’Israel fugiram, e que Saul e seus
filhos estavam mortos, desampararam as cidades, e fugiram; e vieram os
philisteos, e habitaram n’ellas.

8 Succedeu pois que, vindo os philisteos ao outro dia a despojar os
mortos, acharam a Saul e a seus tres filhos estirados na montanha de
Gilboa.

9 E cortaram-lhe a cabeça, e o despojaram das suas armas, e enviaram pela
terra dos philisteos, em redor, a annuncial-o no templo dos seus idolos e
[7] entre o povo.

10 E pozeram [8] as suas armas no templo d’Astaroth, e o seu corpo o
affixaram no muro de Beth-san.

11 Ouvindo então isto os [9] moradores de Jabez-gilead, o que os
philisteos fizeram a Saul,

12 Todo o homem valoroso [10] se levantou, e caminharam toda a noite, e
tiraram o corpo de Saul e os corpos de seus filhos do muro de Beth-san,
e, vindo a Jabez, os queimaram.

13 E tomaram os seus ossos, e _os_ sepultaram debaixo d’um [11] arvoredo,
em Jabez, e jejuaram sete dias.

[1] I Chr. 10.1-12.

[2] cap. 28.4.

[3] cap. 14.49. I Chr. 8.33.

[4] II Sam. 1.6, etc.

[5] Jui. 9.54. cap. 14.6 e 17.26.

[6] II Sam. 1.14.

[7] II Sam. 1.20.

[8] cap. 21.9. Jui. 2.13. II Sam. 21.12. Jos. 17.11. Jui. 1.27.

[9] cap. 11.3, 9, 11.

[10] cap. 11.1-11. II Sam. 2.4, 7. II Chr. 16.14. Jer. 34.5. Amós 6.10.

[11] II Sam. 2.4, 5 e 21.12, 13, 14. Gen. 50.10.



O SEGUNDO LIVRO DE SAMUEL.



_David mata o amalekita que lhe traz a noticia da morte de Saul._

[Antes de Christo 1056]

1 E succedeu, depois da morte de Saul, voltando David da [1] derrota dos
amalekitas, e ficando David dois dias em Siclag,

2 Succedeu ao terceiro dia que eis que _um_ homem [2] veiu do arraial de
Saul com os vestidos rotos e _com_ terra sobre a cabeça; e, succedeu que
chegando elle a David, se lançou no chão, e se inclinou.

3 E David lhe disse: D’onde vens? E _elle_ lhe disse: Escapei do exercito
d’Israel.

4 E disse-lhe David: Como foi lá isso? peço-te, dize-m’o. E _elle_ lhe
respondeu: O povo fugiu da batalha, e muitos do povo cairam, e morreram,
assim como tambem Saul e Jonathan, seu filho, foram mortos.

5 E disse David ao mancebo que lhe trazia as novas: Como sabes tu que
Saul e Jonathan, seu filho, são mortos?

6 Então disse o mancebo que lhe dava a noticia: Cheguei por acaso [3] á
montanha de Gilboa, e eis que Saul estava encostado sobre a sua lança, e
eis que carros e capitães de cavallaria apertavam com elle.

7 E, olhando elle para traz de si, viu-me a mim, e chamou-me; e eu disse:
Eis-me _aqui_.

8 E elle me disse: Quem _és_ tu? E eu lhe disse: Sou amalekita.

9 Então elle me disse: Peço-te, arremessa-te sobre mim, e mata-me, porque
angustias me teem cercado, pois toda a minha vida _está_ ainda em mim.

10 Arremessei-me pois sobre [4] elle, e o matei, porque _bem_ sabia eu
que não viveria depois da sua queda, e tomei a corôa que _tinha_ na
cabeça, e a manilha que _trazia_ no braço, e as trouxe aqui a meu senhor.

11 Então apanhou David os seus vestidos, e os rasgou, [5] como tambem
todos os homens que _estavam_ com elle.

12 E prantearam, e choraram, e jejuaram até á tarde por Saul, e por
Jonathan, seu filho, e pelo povo do Senhor, e pela casa de Israel, porque
tinham caido á espada.

13 Disse então David ao mancebo que lhe trouxera a nova: D’onde és tu? E
disse elle: Sou filho de um _homem_ estrangeiro, amalekita.

14 E David lhe disse: Como [6] não temeste tu estender a mão para matares
ao ungido do Senhor?

15 Então chamou [7] David a um dos mancebos, e disse: Chega, _e_ lança-te
sobre elle. E elle o feriu, e morreu.

16 E disse-lhe David: O [8] teu sangue _seja_ sobre a tua cabeça, porque
a tua _propria_ bocca testificou contra ti, dizendo: Eu matei o ungido do
Senhor.


_O pranto de David por Saul e Jonathan._

17 E lamentou David a Saul e a Jonathan, seu filho, com esta lamentação,

18 Dizendo [9] elle que ensinassem aos filhos de Judah o uso do arco: Eis
que está escripto no livro do Recto:

19 Ah, ornamento d’Israel! nos teus altos fui ferido: como cairam [10] os
valentes!

20 Não o noticieis [11] em Gath, não o publiqueis nas ruas d’Ascalon,
para que não se alegrem as filhas dos philisteos, para que não saltem _de
contentamento_ as filhas dos incircumcisos.

21 _Vós_, montes de Gilboa, [12] nem orvalho, nem chuva _caia_ sobre vós,
nem sobre vós, campos de offertas alçadas, pois ahi desprezivelmente foi
arrojado o escudo dos valentes, o escudo de Saul, _como se não fôra_
ungido [13] com oleo.

22 Do sangue dos feridos, da gordura dos valentes, nunca se retirou para
traz o arco de Jonathan, nem voltou vazia a espada de Saul.

23 Saul e Jonathan, tão amados [14] e queridos na sua vida, tambem na sua
morte se não separaram: eram mais ligeiros _do_ que _as_ aguias, mais
[15] fortes _do_ que _os_ leões.

24 _Vós_, filhas d’Israel, chorae por Saul, que vos vestia de escarlata
em delicias, que vos fazia trazer ornamentos de oiro sobre os vossos
vestidos.

25 Como cairam os valentes no meio da peleja! Jonathan nos teus altos
_foi_ ferido.

26 Angustiado estou por ti, meu irmão Jonathan; quão amabilissimo me
eras! mais maravilhoso me era o teu amor [16] do que o amor das mulheres.

27 Como cairam [17] os valentes, e pereceram as armas de guerra!

[1] I Sam. 30.17, 26.

[2] cap. 4.10. I Sam. 4.12.

[3] I Sam. 31.1, 2, 3, 4.

[4] Jui. 9.54.

[5] cap. 3.31 e 13.31.

[6] Num. 12.8. I Sam. 31.4 e 24.6 e 26.9.

[7] cap. 4.10, 12.

[8] I Sam. 26.9. I Reis 2.32, 33, 37. ver. 10. Luc. 19.22.

[9] I Sam. 31.3. Jos. 10.13.

[10] ver. 27.

[11] I Sam. 31.9. Miq. 1.10. Jui. 16.23 e 11.34. I Sam. 18.6 e 31.4.

[12] I Sam. 31.1. Jui. 5.23. Job 3.3, 4. Jer. 20.14.

[13] I Sam. 10.1.

[14] I Sam. 18.4.

[15] Jui. 14.18.

[16] I Sam. 18.1, 3 e 19.2 e 20.17, 41 e 23.16.

[17] ver. 19.



_David é acclamado rei de Judah._

[Antes de Christo 1055]

2 E succedeu depois d’isto que David consultou [1] ao Senhor, dizendo:
Subirei a alguma das cidades de Judah? E disse-lhe o Senhor: Sobe. E
disse David: Para onde subirei? E disse: [2] Para Hebron.

2 E subiu David para lá, e tambem as suas duas mulheres, [3] Achinoam, a
jizreelita, e Abigail, a mulher de Nabal, o carmelita.

3 Fez tambem [4] David subir os homens que estavam com elle, cada um com
a sua familia: e habitaram nas cidades de Hebron.

4 Então vieram os homens de Judah, e [5] ungiram ali a David rei sobre a
casa de Judah. E deram avisos a David, dizendo: Os homens de Jabez-gilead
_são_ os que sepultaram a Saul.

5 Então enviou David mensageiros aos homens de Jabez-gilead, e
disse-lhes: Bemditos [6] _sejaes_ vós do Senhor, que fizestes tal
beneficencia a vosso senhor, a Saul, e o sepultastes!

6 Agora, pois, [7] o Senhor use comvosco de beneficencia e fidelidade: e
tambem eu vos farei este bem, porquanto fizestes isto.

7 Esforcem-se pois agora as vossas mãos, e sêde homens valentes, pois
Saul, vosso senhor, é morto, mas tambem os da casa de Judah _já me_
ungiram a mim rei sobre si.


_Abner faz Isboseth rei de Israel._

8 Porém Abner, [8] filho de Ner, capitão do exercito de Saul, tomou a
Isboseth, filho de Saul, e o fez passar a Mahanaim,

9 E o constituiu rei sobre Gilead, e sobre os assuritas, e sobre Jizreel,
e sobre Ephraim, e sobre Benjamin, e sobre todo o Israel.

10 Da edade de quarenta annos _era_ Isboseth, filho de Saul, quando
começou _a_ reinar sobre Israel, e reinou dois annos: mas os da casa de
Judah seguiam a David.

11 E foi o numero dos dias que David [9] reinou em Hebron, sobre a casa
de Judah, sete annos e seis mezes.


_Victoria de David sobre Isboseth._

12 Então saiu Abner, filho de Ner, com os servos de Isboseth, filho de
Saul, de Mahanaim a [10] Gibeon.

13 Sairam tambem Joab, filho de Zeruia, e os servos de David, e se
encontraram uns com os outros perto [11] do tanque de Gibeon: e pararam
estes d’esta banda do tanque, e os outros d’aquella banda do tanque.

14 E disse Abner a Joab: Deixa levantar os mancebos, e joguem diante de
nós. E disse Joab: Levantem-se.

15 Então se levantaram, e passaram, por conta, doze de Benjamin, da parte
d’Isboseth, filho de Saul, e doze dos servos de David.

16 E cada um lançou mão da cabeça do outro, _metteu-lhe_ a espada pela
ilharga, e cairam juntamente: d’onde se chamou áquelle logar [JU]
Helkath-hazzurim, que _está_ junto a Gibeon.

17 E seguiu-se n’aquelle dia uma crua peleja: porém Abner e os homens de
Israel foram feridos diante dos servos de David.

18 E estavam ali [12] os tres filhos de Zeruia, Joab, Abisai, e Asael:
e Asael _era_ ligeiro de pés, como uma das cabras _montezes_ que ha no
campo.

19 E Asael perseguiu a Abner: e não declinou de detraz de Abner, nem para
a direita nem para a esquerda.

20 E Abner, olhando para traz, disse: És tu este Asael? E disse elle: Eu
_sou_.

21 Então lhe disse Abner: Desvia-te para a direita, ou para a esquerda,
e lança mão d’um dos mancebos, e toma os seus despojos. Porém Asael não
quiz desviar-se de detraz d’elle.

22 Então Abner tornou a dizer a Asael: Desvia-te de detraz de mim:
porque hei de eu ferir-te e dar comtigo em terra? e como levantaria eu o
meu rosto diante de Joab teu irmão?

23 Porém, não se querendo elle desviar, Abner o feriu com o conto da
lança pela quinta _costella_, [13] e a lança lhe saiu por detraz, e caiu
ali, e morreu n’aquelle mesmo logar; e succedeu que todos os que chegavam
ao logar onde Asael caiu e morreu paravam.

24 Porém Joab e Abisai perseguiram a Abner: e poz-se o sol, chegando
elles ao outeiro de Amma, que _está_ diante de Giah, junto ao caminho do
deserto de Gibeon.

25 E os filhos de Benjamin se ajuntaram detraz d’Abner, e fizeram um
batalhão, e pozeram-se no cume d’um outeiro.

26 Então Abner gritou a Joab, e disse: Consumirá a espada para sempre?
não sabes _tu_ que por fim haverá amargura? e até quando não has de dizer
ao povo que se torne de detraz de seus irmãos?

27 E disse Joab: Vive Deus, que, se não tivesses fallado, [14] já desde
pela manhã o povo teria cessado cada um de perseguir a seu irmão.

28 Então Joab tocou a bozina, e todo o povo parou, e não perseguiram mais
a Israel: e tão pouco pelejaram mais.

29 E caminharam Abner e os seus homens toda aquella noite pela planicie:
e, passando o Jordão, caminharam por todo o Bithron, e vieram a Mahanaim.

30 Tambem Joab se tornou de detraz d’Abner, e ajuntou todo o povo: e dos
servos de David faltaram dezenove homens, e Asael.

31 Porém os servos de David feriram d’entre os de Benjamin, e d’entre os
homens d’Abner, a trezentos e sessenta homens, _que ali_ ficaram mortos.

32 E levantaram a Asael, e sepultaram-n’o na sepultura de seu pae, _que
estava_ em Beth-lehem: e Joab e seus homens caminharam toda aquella
noite, e amanheceu-lhes em Hebron.

[1] Jui. 1.1. I Sam. 23.2, 4, 9 e 30.7, 8.

[2] I Sam. 30.31. ver. 11. cap. 5.1, 3. I Reis 2.11.

[3] I Sam. 30.5.

[4] I Sam. 27.2, 3 e 30.1. I Sam. 12.1.

[5] ver. 11. cap. 5.5. I Sam. 31.11, 13.

[6] Ruth 2.20 e 3.10. Psa. 115.15.

[7] II Tim. 1.16, 18.

[8] I Sam. 14.50.

[9] cap. 5.5. I Reis 2.11.

[10] Jos. 18.25.

[11] Jer. 41.12.

[12] I Chr. 2.16 e 12.3. Can. 2.17 e 8.14.

[13] cap. 3.27 e 4.6 e 20.10.

[14] ver. 14. Pro. 17.14.



3 E houve uma longa guerra entre a casa de Saul e a casa de David: porém
David se ia fortalecendo, mas os da casa de Saul se iam enfraquecendo.


_Os filhos de David que nasceram em Hebron._

[Antes de Christo 1053]

2 E a David [1] nasceram filhos em Hebron: e foi o seu primogenito Amnon,
de Achinoam a jizreelita;

3 E seu segundo Chileab, de Abigail, mulher de Nabal, o carmelita; e o
terceiro Absalão, filho de Maaka, filha de Talmai, rei de [2] Gesur;

4 E o quarto Adonias, [3] filho d’Haggith; e o quinto Sephatias, filho
d’Abital;

5 E o sexto Jithream, d’Egla, _tambem_ mulher de David: estes nasceram a
David em Hebron.

6 E, havendo guerra entre a casa de Saul, e a casa de David, succedeu que
Abner se esforçava na casa de Saul.


_Abner faz alliança com David._

[Antes de Christo 1048]

7 E tinha tido Saul uma concubina, cujo nome era Rispa, [4] filha de Aia:
e disse _Isboseth_ a Abner: Porque entraste á [5] concubina de meu pae?

8 Então se irou muito Abner pelas palavras de Isboseth, e disse: _Sou_ eu
cabeça de cão, [6] que _pertença_ a Judah? _ainda_ hoje faço beneficencia
á casa de Saul, teu pae, a seus irmãos, e a seus amigos, e te não
entreguei nas mãos de David, e tu hoje buscas motivo para me arguires por
respeito da maldade _d’uma_ mulher.

9 Assim faça Deus [7] a Abner, e outro tanto, que como o Senhor jurou a
David assim lhe hei de fazer,

10 Transferindo o reino da casa de Saul, e levantando o throno de David
sobre Israel, e sobre Judah, desde [8] Dan até Berseba.

11 E nem ainda uma palavra podia responder a Abner: porque o temia.

12 Então ordenou Abner da sua parte mensageiros a David, dizendo: De quem
_é_ a terra? _E_ disse: Comigo faze a tua alliança, e eis que a minha mão
será comtigo, para tornar a ti todo o Israel.

13 E disse _David_: Bem, eu farei comtigo alliança, porém uma coisa te
peço, que é: não verás [9] a minha face, se primeiro _me_ não trouxeres a
Michal, filha de Saul, quando vieres ver a minha face.

14 Tambem enviou David mensageiros a Isboseth, filho de Saul, dizendo:
Dá-_me_ minha mulher Michal, que eu desposei [10] comigo por cem
prepucios de philisteos.

15 E enviou Isboseth, [11] e a tirou a seu marido, a Phaltiel, filho de
Lais.

16 E ia com ella seu marido, caminhando, e chorando detraz d’ella, até
Baurim. [12] Então lhe disse Abner: Vae-te _agora_, volta. E elle voltou.

17 E praticava Abner com os anciãos de Israel, dizendo: Muito tempo ha
que procuraveis que David reinasse sobre vós.

18 Fazei-_o_ pois agora, porque o Senhor fallou [13] a David, dizendo:
Pela mão de David meu servo livrarei o meu povo das mãos dos philisteos e
das mãos de todos os seus inimigos.

19 E fallou tambem Abner _o mesmo_ aos ouvidos de Benjamin: [14] e foi
tambem Abner dizer aos ouvidos de David, em Hebron, tudo o que _era_ bom
aos olhos de Israel e aos olhos de toda a casa de Benjamin.

20 E veiu Abner a David, a Hebron, e vinte homens com elle: e David fez
um banquete a Abner e aos homens que com elle _vinham_.

21 Então disse Abner a David: Eu me levantarei, e irei, e ajuntarei [15]
ao rei meu senhor todo o Israel, para fazerem alliança comtigo; e tu
reinarás sobre tudo o que [16] desejar a tua alma. Assim despediu David a
Abner, e foi-se elle em paz.


_Joab mata Abner á traição._

22 E eis que os servos de David e Joab vieram d’uma sortida, e traziam
comsigo grande despojo; e _já_ Abner não estava com David em Hebron,
porque o tinha despedido, e se tinha ido em paz.

23 Chegando pois Joab, e todo o exercito que _vinha_ com elle, deram
aviso a Joab, dizendo: Abner, filho de Ner, veiu ao rei, e o despediu, e
foi-se em paz.

24 Então Joab entrou ao rei, e disse: Que fizeste? eis que Abner veiu
ter comtigo; porque pois o despediste, de maneira que se fosse assim
livremente?

25 _Bem_ conheces a Abner, filho de Ner, que te veiu enganar, e saber a
tua saida [17] e a tua entrada, e entender tudo quanto fazes.

26 E Joab, retirando-se de David, enviou mensageiros atraz d’Abner, e o
fizeram voltar desde o poço de Sira, sem que David _o_ soubesse.

27 Tornando pois Abner a Hebron, Joab o tirou á parte, á entrada da
porta, [18] para lhe fallar em segredo: e feriu-o ali pela quinta
_costella_, e morreu, por causa do sangue de Asael seu irmão.

28 O que David depois ouvindo, disse: Innocente _sou_ eu, e o meu reino,
para com o Senhor, para sempre, do sangue d’Abner, filho de Ner.

29 Fique-se [19] sobre a cabeça de Joab e sobre toda a casa de seu pae,
e nunca da casa de Joab falte quem tenha fluxo, nem _quem seja_ [20]
leproso, nem quem se atenha a bordão, nem quem caia á espada, nem quem
necessite de pão.

30 Joab pois e Abisai, seu irmão, mataram a Abner, por ter morto a Asael,
seu irmão, [21] na peleja em Gibeon.


_David lamenta a morte de Abner._

31 Disse pois David a Joab, e a todo o povo que com elle _estava_: Rasgae
os vossos vestidos; [22] e cingi-vos de saccos e ide pranteando diante de
Abner. E o rei David ia seguindo o feretro.

32 E, sepultando a Abner em Hebron, o rei levantou a sua voz, e chorou
junto da sepultura de Abner; e chorou todo o povo.

33 E o rei, pranteando a Abner, disse: _Não_ morreu Abner como [23] morre
o vilão?

34 As tuas mãos não _estavam_ atadas, nem os teus pés carregados de
grilhões _de bronze_, _mas_ caiste como os que caem diante dos filhos da
maldade! Então todo o povo chorou muito mais por elle.

35 Então todo o povo veiu fazer que David comesse pão, sendo ainda dia,
porém David jurou, [24] dizendo: Assim Deus me faça, e outro tanto, se,
antes que o sol se ponha, eu provar pão ou alguma coisa.

36 O que todo o povo entendendo, pareceu bem aos seus olhos, assim como
tudo quanto o rei fez pareceu bem aos olhos de todo o povo.

37 E todo o povo e todo o Israel entenderam n’aquelle mesmo dia que não
procedera do rei que matassem a Abner, filho de Ner.

38 Então disse o rei aos seus servos: Não sabeis que hoje caiu em Israel
um principe e um grande?

39 Que eu ainda _sou_ tenro, _ainda que_ ungido rei; estes homens, filhos
de Zeruia, _são_ [JV] mais [25] duros do que eu: o Senhor pagará ao
malfeitor, conforme a sua maldade.

[1] I Chr. 3.1-4. I Sam. 25.43.

[2] I Sam. 27.8. cap. 13.37.

[3] I Reis 1.5.

[4] cap. 21.8, 10.

[5] cap. 16.21.

[6] Deu. 23.18. I Sam. 24.14. cap. 9.8 e 16.9.

[7] Ruth 1.17. I Reis 19.2. I Sam. 15.28 e 16.1, 12 e 28.17. I Chr. 12.23.

[8] Jui. 20.1. cap. 17.11. I Reis 4.25.

[9] Gen. 43.3. I Sam. 18.20.

[10] I Sam. 18.25, 27.

[11] I Sam. 25.44.

[12] cap. 19.16.

[13] ver. 9.

[14] I Chr. 12.29.

[15] ver. 10, 12.

[16] I Reis 11.37.

[17] I Sam. 29.6. Isa. 37.28.

[18] I Reis 2.5. cap. 20.9, 10 e 4.6 e 2.23.

[19] I Reis 2.32, 33.

[20] Lev. 15.2.

[21] cap. 2.23.

[22] Jos. 7.6. cap. 1.2, 11. Gen. 37.34.

[23] cap. 13.12, 13.

[24] cap. 12.17. Jer. 16.7. Ruth 1.17. cap. 1.12.

[25] cap. 19.7. I Reis 2.5, 6, 33, 34.



_Dois servos de Isboseth o matam e trazem a cabeça a David._

4 Ouvindo pois o filho de Saul que Abner morrera em Hebron, as mãos se
lhe afrouxaram: [1] e todo o Israel pasmou.

2 E tinha o filho de Saul dois homens capitães de tropas: _e era_ o nome
d’um Baena, e o nome do outro Rekab, filhos de Rimmon, o beerothita, dos
filhos de Benjamin, porque tambem Beeroth se reputava [2] de Benjamin.

3 E tinham fugido os beerothitas para [3] Gittaim, e ali tinham
peregrinado até _ao dia de_ hoje.

4 E Jonathan, [4] filho de Saul, tinha um filho aleijado _de ambos_ os
pés: era da edade de cinco annos quando as novas de Saul e Jonathan
vieram de Jizreel, e sua ama o tomou, e fugiu: e succedeu que,
apressando-se ella a fugir, elle caiu, e ficou côxo; e o seu nome era
Mephiboseth.

5 E foram os filhos de Rimmon, o beerothita, Rekab e Baena, e entraram em
casa de Isboseth no maior calor do dia, estando elle deitado a dormir, ao
meio dia.

6 E ali entraram até ao meio da casa, _como que vindo_ tomar trigo, e o
feriram na quinta _costella_: e Rekab e Baena, seu irmão, [5] escaparam;

7 Porque entraram na _sua_ casa, estando elle na cama deitado, na sua
recamara, e o feriram, e o mataram, e lhe cortaram a cabeça; e, tomando a
sua cabeça, andaram toda a noite caminhando pela planicie.

8 E trouxeram a cabeça d’Isboseth a David, a Hebron, e disseram ao
rei: Eis aqui a cabeça de Isboseth, filho de Saul, teu inimigo, que te
procurava [6] a morte: assim o Senhor vingou hoje ao rei meu senhor de
Saul e da sua semente.

9 Porém David, respondendo a Rekab e a Baena, seu irmão, filhos de
Rimmon, o beerothita, disse-lhes: Vive o Senhor, que remiu [7] a minha
alma de toda a angustia,

10 Que, pois se áquelle [8] que me trouxe novas (dizendo: Eis que Saul
morto é, parecendo-lhe _porém_ aos seus olhos que era como quem trazia
boas novas), eu logo lancei mão d’elle, e o matei em Siclag, _cuidando_
elle que eu _por isso_ lhe désse alviçaras;

11 Quanto mais a impios homens, _que_ mataram um homem justo em sua casa,
sobre a sua cama: agora, pois, não requereria [9] eu o seu sangue de
vossas mãos, e não vos exterminaria da terra?

12 E deu David ordem [10] aos seus mancebos que os matassem: e
cortaram-lhes os pés e as mãos, e os penduraram sobre o tanque de Hebron:
tomaram porém a cabeça d’Isboseth, e a sepultaram na sepultura [11] de
Abner, em Hebron.

[1] Esd. 4.4. Isa. 13.7. Mat. 2.3.

[2] Jos. 18.25.

[3] Neh. 11.33.

[4] cap. 9.3. I Sam. 29.1, 11.

[5] cap. 2.23.

[6] I Sam. 19.2, 10, 11 e 23.15 e 25.29.

[7] Gen. 48.16. I Reis 1.29.

[8] cap. 1.2, 4, 15.

[9] Gen. 9.5, 6.

[10] cap. 1.15.

[11] cap. 3.32.



_David é constituido rei de todo o Israel._

[Antes de Christo 1043]

5 Então [1] todas as tribus d’Israel vieram a David, a Hebron, e
fallaram, dizendo: Eis-nos aqui, teus ossos e tua carne _somos_.

2 E tambem d’antes, sendo Saul ainda [2] rei sobre nós, eras tu o que
sahias e entravas com Israel; e tambem o Senhor te disse: Tu apascentarás
o meu povo d’Israel, [3] e tu serás chefe sobre Israel.

3 Assim pois todos [4] os anciãos d’Israel vieram ao rei, a Hebron; e o
rei David fez com elles alliança em Hebron, perante o Senhor: e ungiram a
David rei sobre Israel.

4 Da edade de trinta annos _era_ David quando começou a [5] reinar:
quarenta annos reinou.

5 Em Hebron reinou sobre Judah sete annos [6] e seis mezes, e em
Jerusalem reinou trinta e tres annos sobre todo o Israel e Judah.

6 E partiu o rei com os seus homens a Jerusalem, [7] contra os jebuseos
que habitavam n’aquella terra; e fallaram a David, dizendo: Não entrarás
aqui, que os cegos e os côxos te rechaçaram _d’aqui_ (querendo dizer: Não
entrará David aqui).

7 Porém David tomou a fortaleza de Sião: esta [8] é a cidade de David.

8 Porque David disse n’aquelle dia: Qualquer que ferir aos jebuseos,
e chegar ao canal, e aos côxos e aos cegos, que [9] a alma de David
aborrece, _será cabeça e capitão_. Por isso se diz: Nem cego nem côxo
entrará n’esta casa.

9 Assim habitou David na fortaleza, e a chamou [10] a cidade de David: e
David foi edificando em redor, desde Millo até dentro.

10 E David se ia _cada vez mais_ augmentando e crescendo, porque o Senhor
Deus dos exercitos _era_ com elle.

11 E Hirão, [11] rei de Tyro, enviou mensageiros a David, e madeira de
cedro, e carpinteiros, e pedreiros: edificaram a David uma casa.

12 E entendeu David que o Senhor o confirmara rei sobre Israel, e que
exaltara o seu reino por amor do seu povo.


_Os filhos de David que nasceram em Jerusalem._

13 E tomou [12] David mais concubinas e mulheres de Jerusalem, depois que
viera de Hebron: e nasceram a David mais filhos e filhas.

14 E estes [13] _são_ os nomes dos que lhe nasceram em Jerusalem: Sammua,
e Sobab, e Nathan, e Salomão,

15 E Ibhar, e Elisua, e Nepheg, e Japhia,

16 E Elisama, e Eliada, e Eliphelet.

17 Ouvindo [14] pois os philisteos que haviam ungido a David rei sobre
Israel, todos os philisteos subiram em busca de David: o que ouvindo
David, desceu á fortaleza.

18 E os philisteos vieram, e se estenderam pelo valle [15] de Rephaim.

19 E David consultou [16] ao Senhor, dizendo: Subirei contra os
philisteos? entregar-m’os-has nas minhas mãos? E disse o Senhor a David:
Sobe, porque certamente entregarei os philisteos nas tuas mãos.

20 Então veiu David a Baal-perasim; [17] e feriu-os ali David, e disse:
Rompeu o Senhor a meus inimigos diante de mim, como quem rompe aguas. Por
isso chamou o nome d’aquelle logar Baal-perasim.

21 E deixaram [18] ali os seus idolos; e David e os seus homens os
tomaram.

22 E os philisteos tornaram a subir, e se estenderam pelo valle de
Rephaim.

23 E David consultou [19] ao Senhor, o qual disse: Não subirás: _mas_
rodeia por detraz d’elles, e virás a elles por defronte das amoreiras.

24 E ha de ser que, ouvindo tu um estrondo [20] de marcha pelas copas das
amoreiras, então te apressarás: porque o Senhor saiu então [21] diante de
ti, a ferir o arraial dos philisteos.

25 E fez David assim como o Senhor lhe tinha ordenado: e feriu os
philisteos desde Gibeah, [22] até chegar a Gezer.

[1] I Chr. 11.1 e 12.23. Gen. 29.14.

[2] I Sam. 18.13.

[3] I Sam. 16.1, 2. Psa. 78.70. cap. 7.7.

[4] I Chr. 11.3. II Reis 11.17. Jui. 11.11. I Sam. 23.18.

[5] I Chr. 26.31 e 29.27.

[6] cap. 2.11. I Chr. 3.4.

[7] Jui. 1.21. Jos. 15.63. Jui. 1.8 e 19.11, 12.

[8] ver. 9. I Reis 2.10 e 8.1.

[9] I Chr. 11.6-9.

[10] ver. 7.

[11] I Reis 5.2. I Chr. 14.1.

[12] Deu. 17.17. I Chr. 3.9 e 14.3.

[13] I Chr. 3.5 e 14.4.

[14] I Chr. 11.16 e 14.8. cap. 23.14.

[15] Jos. 15.8. Isa. 17.5.

[16] I Sam. 23.2, 4 e 30.8. cap. 2.1.

[17] Isa. 28.21.

[18] Deu. 7.5, 25. I Chr. 14.12.

[19] ver. 19.

[20] II Reis 7.6.

[21] Jui. 4.14.

[22] I Chr. 14.16. Jos. 16.10.



_David traz a arca para Jerusalem._

[Antes de Christo 1042]

6 E tornou David a ajuntar todos os escolhidos de Israel, _em numero de_
trinta mil.

2 E levantou-se [1] David, e partiu com todo o povo que _tinha_ comsigo
de Baalim de Judah, para levarem d’ali para cima a arca de Deus, sobre a
qual se invoca o nome, o nome do Senhor dos exercitos, que se [2] assenta
_entre_ os cherubins.

3 E puzeram a arca de Deus em um [3] carro novo, e a levaram da casa de
Abinadab, que _está_ em Gibeah: e Uza e Ahio, filhos de Abinadab, guiavam
o carro novo.

4 E levando-o da casa [4] d’Abinadab, que _está_ em Gibeah, com a arca de
Deus, Ahio ia diante da arca.

5 E David, e toda a casa de Israel, fazia alegrias perante o Senhor, com
toda a sorte _de instrumentos de_ pau de faia: como com harpas, e com
psalterios, e com tamboris, e com pandeiros, e com cymbalos.

6 E, chegando [5] á eira de Nachon, estendeu Uza a _mão_ á arca de Deus,
e teve mão n’ella; porque os bois _a_ deixavam pender.

7 Então a ira do Senhor se accendeu contra Uza, e Deus o feriu [6] ali
por esta imprudencia: e morreu ali junto á arca de Deus.

8 E David se contristou, porque o Senhor abrira rotura em Uza; e chamou
aquelle logar [JW] Peres-uza, até _ao dia d’hoje_.

9 E temeu [7] David ao Senhor n’aquelle dia; e disse: Como virá a mim a
arca do Senhor?

10 E não quiz David retirar a si a arca do Senhor á cidade de David; mas
David a fez levar á casa [8] de Obed-edom, o getheo.

11 E ficou a arca do Senhor em casa d’Obed-edom, o getheo, [9] tres
mezes: e abençoou [10] o Senhor a Obed-edom, e a toda a sua casa.

12 Então avisaram a David, dizendo: Abençoou o Senhor a casa d’Obed-edom,
e tudo quanto tem, por amor da arca de Deus; [11] foi pois David, e
trouxe a arca de Deus para cima, da casa de Obed-edom, á cidade de David,
com alegria.

13 E succedeu que, quando os que levavam a [12] arca do Senhor tinham
dado seis passos, sacrificava bois e _carneiros_ cevados.

14 E David saltava [13] com todas as suas forças diante do Senhor: e
_estava_ David cingido d’um ephod de linho.

15 Assim subindo, levavam David [14] e todo o Israel a arca do Senhor,
com jubilo, e ao som das trombetas.

16 E succedeu que, entrando a arca do Senhor na cidade de David, [15]
Michal, a filha de Saul, estava olhando pela janella: e, vendo ao rei
David, _que ia_ bailando e saltando diante do Senhor, o desprezou no seu
coração.

17 E introduzindo [16] a arca do Senhor, a puzeram no seu logar, na tenda
que David lhe armara: e offereceu David holocaustos e offertas pacificas
perante o Senhor.

18 E acabando David de offerecer os holocaustos e offertas pacificas,
abençoou [17] o povo em nome do Senhor dos exercitos.

19 E repartiu [18] a todo o povo, e a toda a multidão de Israel, desde os
homens até ás mulheres, a cada um, um bolo de pão, e _um_ bom pedaço _de
carne_, e _um_ frasco _de vinho_; então foi-se todo o povo, cada um para
sua casa.

20 E, voltando David para abençoar a sua casa, Michal, a filha de Saul,
saiu a encontrar-se com David, e disse: Quão honrado foi o rei d’Israel,
descobrindo-se [19] hoje aos olhos das servas de seus servos, como sem
pejo se descobre qualquer dos vadios.

21 Disse porém David a Michal: Perante o Senhor, [20] que me escolheu a
mim antes do que a teu pae, e a toda a sua casa, mandando-me _que fosse_
chefe sobre o povo do Senhor, sobre Israel: perante o Senhor tenho feito
alegrias.

22 E ainda mais do que isto me envilecerei, e me humilharei aos meus
olhos: e das servas, de quem fallaste, d’ellas serei honrado.

23 E Michal, a filha de Saul, [21] não teve filhos, até ao dia da sua
morte.

[1] I Chr. 13.5, 6.

[2] I Sam. 4.4.

[3] Num. 7.9. I Sam. 6.7.

[4] I Sam. 7.1.

[5] I Chr. 13.9. Num. 4.15.

[6] I Sam. 6.19.

[7] Luc. 5.8, 9.

[8] I Chr. 13.13.

[9] I Chr. 13.14.

[10] Gen. 30.27 e 39.5.

[11] I Chr. 15.25.

[12] Num. 4.15. Jos. 3.3. I Chr. 15.2, 15. I Reis 8.5. I Chr. 15.26.

[13] Exo. 15.20. I Sam. 2.18. I Chr. 15.27.

[14] I Chr. 15.28.

[15] I Chr. 15.29.

[16] I Chr. 16.1 e 15.1. I Reis 8.5, 62, 63.

[17] I Reis 8.55. I Chr. 16.2.

[18] I Chr. 16.3.

[19] ver. 14, 16. I Sam. 19.24. Jui. 9.4.

[20] I Sam. 13.14 e 15.28.

[21] I Sam. 15.35. Isa. 22.14. Mat. 1.25.



_David deseja edificar um templo ao Senhor._

7 E Succedeu que, [1] estando o rei _David_ em sua casa, e _que_ o Senhor
lhe tinha dado descanço de todos os seus inimigos em redor:

2 Disse o rei ao propheta Nathan: Ora olha, eu moro em casa de [2]
cedros, e a arca de Deus mora dentro de cortinas.

3 E disse Nathan ao rei: Vae, _e_ faze tudo quanto _está_ no teu coração;
porque [3] o Senhor _é_ comtigo.

4 Porém succedeu n’aquella mesma noite, que a palavra do Senhor veiu a
Nathan, dizendo:

5 Vae, e dize a meu servo, a David: Assim diz o Senhor: Edificar-me-hias
[4] tu casa para minha habitação?

6 Porque em casa nenhuma habitei desde _o [5] dia_ em que fiz subir os
filhos de Israel do Egypto até _ao dia d’_hoje: mas andei em tenda e em
tabernaculo.

7 E em todo _o logar_ em que andei [6] com todos os filhos d’Israel,
fallei _porventura alguma_ palavra com alguma das tribus d’Israel, a
quem mandei apascentar [7] o meu povo d’Israel, dizendo: Porque me não
edificaes _uma_ casa de cedros?

8 Agora, pois, assim dirás ao meu servo, a David: Assim diz o Senhor dos
exercitos: Eu te tomei [8] da malhada detraz das ovelhas, para que fosses
o chefe sobre o meu povo, sobre Israel.

9 E fui comtigo, [9] por onde quer que foste, e destrui a teus inimigos
diante de ti: e fiz para ti um grande [10] nome, como o nome dos grandes
que _ha_ na terra.

10 E prepararei logar para o meu povo, para Israel, e o plantarei, [11]
para que habite no seu logar e não mais seja movido, e nunca mais _os_
filhos de perversidade o afflijam, como d’antes,

11 E desde o dia [12] em que mandei, _que houvesse_ juizes sobre o meu
povo Israel: a ti porém te dei descanço de todos os teus inimigos: tambem
o Senhor te faz saber que o Senhor te fará casa.

12 Quando teus dias forem completos, [13] e vieres a dormir com teus
paes, então farei levantar depois de ti a tua semente, que sair das tuas
entranhas, e estabelecerei o seu reino.

13 Este edificará [14] uma casa ao meu nome, e confirmarei o throno do
seu reino para sempre.

14 Eu lhe serei por pae, [15] e elle me será por filho: e, se vier a
transgredir, castigal-o-hei com vara de homens, e com açoites de filhos
de homens.

15 Mas a minha benignidade se não apartará d’elle; como [16] _a_ tirei de
Saul, a quem tirei de diante de ti.

16 Porém a tua casa [17] e o teu reino será affirmado para sempre diante
de ti: teu throno será firme para sempre.

17 Conforme a todas estas palavras, e conforme a toda esta visão, assim
fallou Nathan a David.

18 Então entrou o rei David, e ficou perante o Senhor, e disse: Quem
_sou_ eu, [18] Senhor JEHOVAH, e qual é a minha casa, que me trouxeste
até aqui?

19 E ainda foi isto [19] pouco aos teus olhos, Senhor JEHOVAH, senão que
tambem fallaste da casa de teu servo para tempos distantes: é isto [JX] o
costume dos homens, ó Senhor JEHOVAH?

20 E que mais te fallará ainda David? pois tu conheces _bem_ [20] a teu
servo, ó Senhor JEHOVAH.

21 Por causa da tua palavra, e segundo o teu coração, fizeste toda esta
grandeza: fazendo-a saber a teu servo.

22 Portanto, grandioso és, ó Senhor JEHOVAH, [21] porque não _ha_
similhante a ti, e não _ha outro_ Deus senão tu só, segundo tudo o que
temos ouvido com os nossos ouvidos.

23 E quem [22] _ha_ como o teu povo, como Israel, gente unica na terra?
a quem Deus foi resgatar para seu povo; e a fazer-se nome, e a fazer-vos
estas grandes e terriveis coisas á tua terra, diante do teu povo, que tu
resgataste do Egypto, _desterrando_ as nações e a seus deuses.

24 E confirmaste [23] a teu povo Israel por teu povo para sempre, e tu,
Senhor, te fizeste o seu Deus.

25 Agora, pois, ó Senhor JEHOVAH, esta palavra que fallaste ácerca de
teu servo e ácerca da sua casa, confirma-a para sempre, e faze como tens
fallado.

26 E engrandeça-se o teu nome para sempre, para que se diga: O Senhor dos
exercitos _é_ Deus sobre Israel; e a casa de teu servo será confirmada
diante de ti.

27 Pois tu, Senhor dos exercitos, Deus d’Israel, revelaste aos ouvidos de
teu servo, dizendo: Edificar-te-hei casa. Portanto o teu servo achou no
seu coração o fazer-te esta oração.

28 Agora, pois, Senhor JEHOVAH, tu _és_ o _mesmo_ Deus, e as tuas
palavras serão verdade, [24] e tens fallado a teu servo este bem.

29 Sejas pois agora servido de abençoar a casa de teu servo, para
permanecer para sempre diante de ti, pois tu, ó Senhor JEHOVAH, disseste;
e com a tua benção será para sempre [25] bemdita a casa de teu servo.

[1] I Chr. 17.1, etc.

[2] cap. 5.11. Act. 7.46.

[3] I Reis 8.17, 18. I Chr. 22.7 e 28.2.

[4] I Reis 5.3 e 8.19. I Chr. 22.8 e 28.3.

[5] I Reis 8.16. Exo. 40.18, 19, 34.

[6] Lev. 26.11, 12. Deu. 23.14.

[7] cap. 5.2. Mat. 2.6. Act. 20.28.

[8] I Sam. 16.11, 12.

[9] I Sam. 18.14. cap. 5.10 e 8.6, 14. I Sam. 31.6. Psa. 89.24.

[10] Gen. 12.2.

[11] Jer. 24.6. Amós 9.15.

[12] Jui. 2.14, 15, 16. I Sam. 12.9, 11. ver. 1. Exo. 1.21. ver. 27. I
Reis 11.38.

[13] I Reis 2.1. Deu. 31.16. I Reis 1.21. Act. 13.36. I Reis 11.38.

[14] I Reis 5.5 e 6.12 e 8.19. I Chr. 22.10 e 28.6. ver. 16.

[15] Psa. 89.27, 28. Heb. 1.5.

[16] I Sam. 15.23 e 16.14. I Reis 11.13, 34.

[17] ver. 13. Psa. 89.37, 38. João 12.34.

[18] Gen. 32.10.

[19] ver. 12, 13. Isa. 55.8.

[20] Gen. 18.19.

[21] I Chr. 16.25. II Chr. 2.5. Jer. 10.6. Deu. 3.24 e 4.35 e 32.39. I
Sam. 2.2. Isa. 45.5, 18, 22.

[22] Deu. 4.7, 32, 34 e 33.29. Psa. 148.20. Deu. 9.26. Neh. 1.10.

[23] Deu. 26.18.

[24] João 17.17.

[25] cap. 22.51.



_As victorias de David sobre varias nações._

[Antes de Christo 1040]

8 E Succedeu depois [1] d’isto que David feriu os philisteos, e os
sujeitou: e David tomou a [JY] Metheg-ammah das mãos dos philisteos.

2 Tambem feriu [2] os moabitas, e os mediu com cordel, fazendo-os deitar
por terra, e _os_ mediu _com_ dois cordeis para os matar, e _com_ um
cordel inteiro para os deixar em vida: ficaram assim os moabitas por
servos [3] de David, trazendo presentes.

3 Feriu tambem David a Hadadezer, filho de Rechob, rei de Zoba, indo [4]
elle a virar a sua mão para o rio Euphrates.

4 E tomou-lhe David mil e seiscentos cavalleiros e vinte mil homens de
pé: e David jarretou [5] a todos os _cavallos dos_ carros, e reservou
d’elles cem carros.

5 E vieram [6] os syros de Damasco a soccorrer a Hadadezer, rei de Zoba:
porém David feriu dos syros vinte e dois mil homens.

6 E David poz guarnições em Syria de Damasco, e os syros ficaram por
servos de [7] David, trazendo presentes: e o Senhor guardou a David por
onde quer que ia.

7 E David tomou [8] os escudos de oiro que havia com os servos de
Hadadezer, e os trouxe a Jerusalem.

8 Tomou mais o rei David _uma_ quantidade mui grande de bronze de Betah e
de Berothai, cidades de Hadadezer.

9 Ouvindo então Toi, rei de Hamath, que David ferira a todo o exercito de
Hadadezer,

10 Mandou Toi seu filho Joram [9] ao rei David, para lhe perguntar como
estava, e para lhe dar os parabens por haver pelejado contra Hadadezer, e
por o haver ferido (porque Hadadezer de continuo fazia guerra a Toi); e
na sua mão trazia vasos de prata, e vasos de oiro, e vasos de bronze,

11 Os quaes tambem o rei David [10] consagrou ao Senhor, juntamente com a
prata e oiro que já havia consagrado de todas as nações que sujeitara,

12 De Syria, e de Moab, e dos filhos d’Ammon, e dos philisteos, e
d’Amalek, e dos despojos de Hadadezer, filho de Rechob, rei de Zoba.

13 Tambem David ganhou nome, voltando elle de ferir os syros no valle do
sal, _a saber_, [11] a dezoito mil.

14 E poz guarnições em Edom, em todo o Edom poz guarnições, e todos os
idumeos [12] ficaram por servos de David: e o Senhor ajudava a David por
onde quer que ia.

15 Reinou pois David sobre todo o Israel: e David fazia direito e justiça
a todo o seu povo.

16 E Joab, [13] filho de Zeruia, _era_ sobre o exercito; e Josaphat,
filho de Ahilud, _era_ chronista.

17 E Zadok, [14] filho de Ahitub, e Ahimelek, filho de Abiathar, eram
sacerdotes, e Seraias escrivão,

18 Tambem Benaia, filho de Joiada, _estava_ [15] com os cheretheos e
peletheos: porém os filhos de David eram [JZ] principes.

[1] I Chr. 18.1, etc.

[2] Num. 24.17.

[3] ver. 6, 14. I Sam. 10.27.

[4] cap. 10.6. Gen. 15.18.

[5] Jos. 11.6, 9.

[6] I Reis 11.23, 24, 25.

[7] ver. 2, 14. cap. 7.9.

[8] I Reis 10.16.

[9] I Chr. 18.10.

[10] I Reis 7.51. I Chr. 18.11 e 26.26.

[11] I Chr. 18.12.

[12] Gen. 27.29, 37, 40. Num. 24.18. ver. 6.

[13] cap. 19.13 e 20.23. I Chr. 11.6 e 18.15. I Reis 4.3.

[14] I Chr. 24.3.

[15] I Chr. 18.17. I Sam. 30.14.



_A bondade de David para com o filho de Jonathan._

9 E disse David: Ha ainda alguem que ficasse da casa de Saul, para que
lhe faça beneficencia [1] por amor de Jonathan?

2 E _havia_ um servo na casa de Saul cujo nome _era_ Ziba: [2] e o
chamaram que _viesse_ a David, e disse-lhe o rei: _És_ tu Ziba? E elle
disse: Servo teu.

3 E disse o rei: Não _ha_ ainda algum da casa de Saul para que use com
elle de [3] beneficencia de Deus? Então disse Ziba ao rei: Ainda ha um
filho de Jonathan, aleijado de ambos os pés.

4 E disse-lhe o rei: Onde está? E disse Ziba ao rei: Eis que _está_ em
casa de [4] Machir, filho d’Ammiel, em Lo-debar.

5 Então mandou o rei David, e o tomou da casa de Machir, filho d’Ammiel,
de Lo-debar.

6 E entrando Mephiboseth, filho de Jonathan, o filho de Saul, a David,
se prostrou com o rosto _por_ terra e se inclinou; e disse David:
Mephiboseth! E elle disse: Eis aqui teu servo.

7 E disse-lhe David: Não temas, porque [5] decerto usarei comtigo de
beneficencia por amor de Jonathan, teu pae, e te restituirei todas as
terras de Saul, teu pae, e tu de continuo comerás pão á minha mesa.

8 Então se inclinou, e disse: Quem _é_ teu servo, para tu teres olhado
para um [6] cão morto _tal_ como eu?

9 Então chamou David a Ziba, moço de Saul, e disse-lhe: Tudo o que
pertencia a Saul, e de toda a sua casa, tenho dado [7] ao filho de teu
senhor.

10 Trabalhar-lhe-heis pois a terra, tu e teus filhos, e teus servos, e
recolherás _os fructos_, para que o filho de teu senhor tenha pão que
coma, e Mephiboseth, filho de teu senhor, de continuo comerá [8] pão á
minha mesa. E tinha Ziba quinze filhos [9] e vinte servos.

11 E disse Ziba ao rei: Conforme a tudo quanto meu senhor, o rei, manda
a seu servo, assim fará teu servo; porém Mephiboseth comerá á minha mesa
como um dos filhos do rei.

12 E tinha Mephiboseth um filho pequeno, cujo nome era [10] Mica: e todos
quantos moravam em casa de Ziba eram servos de Mephiboseth.

13 Morava pois Mephiboseth em Jerusalem, porquanto de continuo comia á
mesa do rei, [11] e era côxo de ambos os pés.

[1] I Sam. 18.3 e 20.14, 15, 16, 17, 42. Pro. 27.10.

[2] cap. 16.1 e 19.17, 29.

[3] I Sam. 20.14. cap. 4.4.

[4] cap. 17.27.

[5] ver. 1, 3.

[6] I Sam. 24.14. cap. 16.9.

[7] cap. 16.4 e 19.29.

[8] ver. 7, 11, 13. cap. 19.28.

[9] cap. 19.17.

[10] I Chr. 8.34.

[11] ver. 7, 10 e 3.



_David derrota os ammonitas e os syros._

[Antes de Christo 1037]

10 E aconteceu depois d’isto que morreu o rei dos filhos de Ammon, [1] e
seu filho Hanun reinou em seu logar.

2 Então disse David: Usarei de beneficencia com Hanun, filho de Nahas,
como seu pae usou de beneficencia comigo. E enviou David a consolal-o,
pelo ministerio de seus servos, ácerca de seu pae: e vieram os servos de
David á terra dos filhos de Ammon.

3 Então disseram os principes dos filhos d’Ammon a seu senhor, Hanun:
_Porventura_ honra David a teu pae aos teus olhos, porque te enviou
consoladores? _porventura_ não te enviou David os seus servos para
reconhecerem esta cidade, e para espial-a, e para transtornal-a?

4 Então tomou Hanun os servos de David, e lhes rapou metade da barba, e
lhes cortou metade dos vestidos, até ás nadegas, [2] e os despediu.

5 O que fazendo saber a David, enviou a encontral-os; porque estavam
estes homens sobremaneira envergonhados; e disse o rei: Deixae-vos estar
em Jericó, até que vos torne a crescer a barba; e _então_ vinde.

6 Vendo pois os filhos de Ammon, que se tinham feito abominaveis [3] para
David, enviaram os filhos d’Ammon, e alugaram dos syros de Beth-rechob e
dos syros de Zoba vinte mil homens de pé, e do rei de Maaca mil homens e
dos homens de Tob doze mil homens.

7 O que ouvindo David, enviou a [4] Joab e a todo o exercito dos valentes.

8 E sairam os filhos d’Ammon, e ordenaram a batalha á entrada da porta:
mas os syros de Zoba e [5] Rechob, e os homens de Tob e Maaca _estavam_ á
parte no campo.

9 Vendo pois Joab que estava preparada contra elle a frente da batalha,
por diante e por detraz, escolheu d’entre todos os escolhidos de Israel,
e formou-os em linha contra os syros.

10 E o resto do povo entregou na mão de Abisai seu irmão, o qual formou
em linha contra os filhos de Ammon.

11 E disse: Se os syros forem mais fortes do que eu, tu me virás em
soccorro; e, se os filhos de Ammon forem mais fortes do que tu, irei a
soccorrer-te _a ti_.

12 Esforça-te, _pois_, [6] e esforcemo-nos pelo nosso povo, e pelas
cidades de nosso Deus: e faça o Senhor _então_ o que bem _parecer_ aos
seus olhos.

13 Então se achegou Joab, e o povo que _estava_ com elle, á peleja contra
os syros; e fugiram de diante d’elle.

14 E, vendo os filhos d’Ammon que os syros fugiam, tambem elles fugiram
de diante de Abisai, e entraram na cidade: e voltou Joab dos filhos
d’Ammon, e veiu para Jerusalem.

15 Vendo pois os syros que foram feridos diante d’Israel, tornaram a
refazer-se.

16 E enviou Hadadezer, e fez sair os syros que _estavam_ da outra banda
do rio, e vieram a Helam: e Sobach, chefe do exercito de Hadadezer,
_marchava_ diante d’elles.

17 Do que informado David, ajuntou a todo o Israel, e passou o Jordão, e
veiu a Helam: e os syros se pozeram em ordem contra David, e pelejaram
com elle.

18 Porém os syros fugiram de diante de Israel, e David feriu d’entre os
syros aos homens de setecentos carros, e quarenta mil homens de cavallo:
[7] tambem ao _mesmo_ Sobach, general do exercito, feriu, e morreu ali.

19 Vendo pois todos os reis, servos de Hadadezer, que foram feridos
diante de Israel, [8] fizeram paz com Israel, e o serviram: e temeram os
syros de soccorrer mais aos filhos de Ammon.

[1] I Chr. 19.1, etc.

[2] Isa. 20.4 e 47.2.

[3] Gen. 24.30. Exo. 5.21. I Sam. 13.4. cap. 8.3, 5.

[4] cap. 23.8.

[5] ver. 6.

[6] Deu. 31.6. I Sam. 4.9. I Cor. 16.13. I Sam. 3.18.

[7] I Chr. 19.18.

[8] cap. 8.6.



_David commette um adulterio e um homicidio._

[Antes de Christo 1035]

11 E aconteceu que, tendo decorrido um anno, no tempo em que os reis
saem, enviou [1] David a Joab, e a seus servos com elle, e a todo o
Israel, para que destruissem os filhos de Ammon, e cercassem a Rabba;
porém David ficou em Jerusalem.

2 E aconteceu á hora da tarde que David se levantou do seu leito, e
andava passeando [2] no terraço da casa real, e viu do terraço a uma
mulher _que_ se estava lavando: e _era_ esta mulher mui formosa á vista.

3 E enviou David, e perguntou por aquella mulher: e disseram:
_Porventura_ não _é_ esta Bathseba, filha d’Eliam, mulher [3] de Urias, o
hetheo?

4 Então enviou David mensageiros, e a mandou trazer; e, entrando ella
a elle, se deitou [4] com ella (e _já_ ella se tinha purificado da sua
immundicia): então voltou ella para sua casa.

5 E a mulher concebeu; e enviou, e fel-o saber a David, e disse: Prenhe
_estou_.

6 Então enviou David a Joab, _dizendo_: Envia-me Urias o hetheo. E Joab
enviou Urias a David.

7 Vindo pois Urias a elle, perguntou David como ficava Joab, e como
ficava o povo, e como ia a guerra.

8 Depois disse David a Urias: Desce a tua casa, e lava [5] os teus pés.
E, saindo Urias da casa real, _logo_ saiu atraz d’elle iguaria do rei.

9 Porém Urias se deitou á porta da casa real, com todos os servos do seu
senhor: e não desceu á sua casa.

10 E o fizeram saber a David, dizendo: Urias não desceu a sua casa. Então
disse David a Urias: Não vens tu d’_uma_ jornada? Porque não desceste a
tua casa?

11 E disse Urias a David: [6] A arca, e Israel, e Judah ficam em tendas;
e Joab meu senhor e os servos de meu senhor estão acampados no campo; e
hei de eu entrar na minha casa, para comer e beber, e para me deitar com
minha mulher? Pela tua vida, e pela vida da tua alma, não farei tal coisa.

12 Então disse David a Urias: Fica cá ainda hoje, e ámanhã te
despedirei. Urias pois ficou em Jerusalem aquelle dia e o seguinte.

13 E David o convidou, e comeu e bebeu diante d’elle, e [7] o embebedou:
e á tarde saiu a deitar-se na sua cama como os servos de seu senhor;
porém não desceu a sua casa.

14 E succedeu que pela manhã David [8] escreveu uma carta a Joab: e
mandou-lh’a por mão de Urias.

15 Escreveu na carta, dizendo: Ponde a Urias na frente da maior força da
peleja; e retirae-vos de detraz d’elle, para que seja ferido [9] e morra.

16 Aconteceu, pois, que, tendo Joab observado bem a cidade, poz a Urias
no logar onde sabia que _havia_ homens valentes.

17 E, saindo os homens da cidade, e pelejando com Joab, cairam _alguns_
do povo, dos servos de David: e morreu tambem Urias, o hetheo.

18 Então enviou Joab, e fez saber a David todo o successo d’aquella
peleja.

19 E deu ordem ao mensageiro, dizendo: Acabando tu de contar ao rei todo
o successo d’esta peleja;

20 E succedendo que o rei se encolerize, e te diga: Porque vos chegastes
_tão perto_ da cidade a pelejar? Não sabieis vós que haviam de atirar do
muro?

21 Quem feriu a Abimelech, [10] filho de Jerubbeseth? Não lançou uma
mulher sobre elle do muro um pedaço d’uma mó corredora, de que morreu
em Thebes? Porque vos chegastes ao muro? Então dirás: Tambem morreu teu
servo Urias, o hetheo.

22 E foi o mensageiro, e entrou, e fez saber a David tudo, porque Joab o
enviara _dizer_.

23 E disse o mensageiro a David: Na _verdade_ que mais poderosos foram
aquelles homens do que nós, e sairam a nós ao campo; porém nós fomos
contra elles, até á entrada da porta.

24 Então os frecheiros atiraram contra os teus servos desde o alto do
muro, e morreram _alguns_ dos servos do rei: e tambem morreu o teu servo
Urias, o hetheo.

25 E disse David ao mensageiro: Assim dirás a Joab: Não te pareça isto
mal aos teus olhos; pois a espada tanto consome este como aquelle:
esforça a tua peleja contra a cidade, e a derrota: esforça-o tu assim.

26 Ouvindo pois a mulher de Urias que Urias seu marido era morto,
lamentou a seu senhor.

27 E, passado o nojo, enviou David, e a recolheu em sua casa, e lhe foi
por mulher, [11] e pariu-lhe um filho. Porém esta coisa que David fez
pareceu mal aos olhos do Senhor.

[1] I Chr. 20.1.

[2] Deu. 22.8. Gen. 34.2. Job 31.1. Mat. 5.28.

[3] cap. 23.39.

[4] Thi. 1.14. Lev. 15.19, 28 e 18.19.

[5] Gen. 18.4 e 19.2.

[6] cap. 7.2, 6 e 20.6.

[7] Gen. 19.33, 35. ver. 9.

[8] I Reis 21.8, 9.

[9] cap. 12.9.

[10] Jui. 9.53 e 6.32.

[11] cap. 12.9.



_Nathan, o propheta, reprehende a David._

[Antes de Christo 1034]

12 E o Senhor enviou Nathan a David: e, entrando elle a David, disse-lhe:
Havia [1] n’uma cidade dois homens, um rico e outro pobre.

2 O rico tinha muitissimas ovelhas e vaccas;

3 Mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira que
comprara e creara; e ella tinha crescido com elle e com seus filhos
egualmente; do seu bocado comia, e do seu copo bebia, e dormia em seu
regaço, e a tinha como filha.

4 E, vindo ao homem rico um viajante, deixou este de tomar das suas
ovelhas e das suas vaccas para guizar para o viajante que viera a elle:
e tomou a cordeira do homem pobre, e a preparou para o homem que viera a
elle.

5 Então o furor de David se accendeu em grande maneira contra aquelle
homem, e disse a Nathan: Vive o Senhor, que digno de morte é o homem que
fez isso.

6 E pela cordeira [2] tornará a dar o quadruplicado, porque fez tal
coisa, e porque não se compadeceu.

7 Então disse Nathan a David: Tu _és_ este homem. Assim diz o Senhor Deus
d’Israel: Eu te ungi [3] rei sobre Israel, e eu te livrei das mãos de
Saul,

8 E te dei a casa de teu senhor, e as mulheres de teu senhor em teu seio,
e tambem te dei a casa d’Israel e de Judah, e, se _isto é_ pouco, mais te
accrescentaria taes e taes coisas.

9 Porque, _pois_, [4] desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o mal
diante de seus olhos? A Urias, o hetheo, feriste á espada, e a sua mulher
tomaste por tua mulher; e a elle mataste com a espada dos filhos d’Ammon:

10 Agora, pois, [5] não se apartará a espada jámais da tua casa,
porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o hetheo, para que
te seja por mulher.

11 Assim diz o Senhor: Eis que suscitarei da tua _mesma_ casa o mal sobre
ti, e tomarei tuas mulheres [6] perante os teus olhos, e as darei a teu
proximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol.

12 Porque tu o fizeste em occulto, mas eu farei [7] este negocio perante
todo o Israel e perante o sol.

13 Então disse David a Nathan: [8] Pequei contra o Senhor. E disse Nathan
a David: [9] Tambem o Senhor traspassou o teu peccado; não morrerás.

14 Todavia, porquanto com este feito déste logar sobremaneira a que
os inimigos do Senhor blasphemem, [10] tambem o filho que te nasceu
certamente morrerá.

15 Então Nathan se foi para sua casa; e o Senhor feriu a creança que a
mulher de Urias parira a David, e adoeceu gravemente.

16 E buscou David a Deus pela creança; e jejuou David, e entrou, e passou
a noite prostrado [11] sobre a terra:

17 Então os anciãos da sua casa se levantaram a elle, para o levantar da
terra; porém elle não quiz, e não comeu pão com elles.

18 E succedeu que ao setimo dia morreu a creança: e temiam os servos de
David dizer-lhe que a creança era morta, porque diziam: Eis que, sendo
a creança _ainda_ viva, lhe fallavamos, porém não dava ouvidos á nossa
voz; como pois lhe diremos que a creança é morta? Porque _mais_ mal _lhe_
faria.

19 Viu porém David que seus servos fallavam baixo, e entendeu David que a
creança era morta, pelo que disse David a seus servos: É morta a creança?
E elles disseram: É morta.

20 Então David se levantou da terra, e se lavou, [12] e se ungiu, e mudou
de vestidos, e entrou na casa do Senhor, e adorou: então veiu a sua casa,
e pediu _pão_; e lhe pozeram pão, e comeu.

21 E disseram-lhe seus servos: Que _é_ isto que fizeste? Pela creança
viva jejuaste e choraste; porém depois que morreu a creança te levantaste
e comeste pão.

22 E disse elle: Vivendo ainda a creança, jejuei e chorei, porque dizia:
[13] Quem sabe _se_ o Senhor se compadecerá de mim, e viva a creança?

23 Porém, agora _que_ é morta, porque jejuaria eu agora? Poderei eu
fazel-a mais voltar? Eu irei a ella, porém [14] ella não voltará para mim.

24 Então consolou David a Bath-seba, sua mulher, e entrou a ella, e se
deitou [15] com ella: e pariu ella um filho, e chamou o seu nome Salomão:
e o Senhor o amou.

25 E enviou pela mão do propheta Nathan, e chamou o seu nome Jedid-jah,
por amor do Senhor.

26 Entretanto [16] pelejou Joab contra Rabba, dos filhos de Ammon, e
tomou a cidade real.

27 Então mandou Joab mensageiros a David, e disse: Pelejei contra Rabba,
_e_ tambem tomei a cidade das aguas.

28 Ajunta, pois, agora o resto do povo, e cerca a cidade, e toma-a, para
que, tomando eu a cidade, não se acclame sobre ella o meu nome.

29 Então ajuntou David a todo o povo, e marchou para Rabba, e pelejou
contra ella, e a tomou.

30 E tirou a corôa da cabeça [17] do seu rei, cujo peso era d’um talento
de oiro, e _havia n’ella_ pedras preciosas, e foi _posta_ sobre a cabeça
de David: e da cidade levou mui grande despojo.

31 E, trazendo o povo que _havia_ n’ella, o poz ás serras, e ás
talhadeiras de ferro, e aos machados de ferro, e os fez passar por forno
de tijolos; e assim fez a todas as cidades dos filhos de Ammon: e voltou
David e todo o povo para Jerusalem.

[1] cap. 14.5, etc. I Reis 20.35-41. Isa. 5.3.

[2] Exo. 22.1. Luc. 19.8.

[3] I Sam. 16.13.

[4] I Sam. 15.19. Num. 15.31. cap. 11.15, 16, 17, 27.

[5] Amós 7.9.

[6] Deu. 28.30. cap. 16.22.

[7] cap. 16.22.

[8] I Sam. 15.24. cap. 24.10. Job 7.20. Pro. 28.13.

[9] cap. 24.10. Job 7.21. Miq. 7.18. Zac. 3.4.

[10] Isa. 52.5. Eze. 36.20, 23. Rom. 2.24.

[11] cap. 13.31.

[12] Ruth 3.3. Job 1.20.

[13] Isa. 38.1, 5. Jon. 3.9.

[14] Job 7.8, 9, 10.

[15] Mat. 1.6. I Chr. 22.9.

[16] I Chr. 20.1. Deu. 3.11.

[17] I Chr. 20.2.



_Amnon ama Tamar e commette um incesto._

[Antes de Christo 1033]

13 E aconteceu depois d’isto que, tendo Absalão, [1] filho de David, uma
irmã formosa, cujo nome era Tamar, Amnon, filho de David, amou-a.

2 E angustiou-se Amnon, até adoecer, por Tamar, sua irmã, porque era
virgem: e parecia aos olhos de Amnon difficultoso fazer-lhe coisa alguma.

3 Tinha porém Amnon um amigo, cujo nome era Jonadab, filho de Simea,
irmão de David: e era Jonadab homem mui [2] sagaz.

4 O qual lhe disse: Porque tu de manhã em manhã tanto emmagreces, sendo
filho do rei? não m’o farás saber a mim? Então lhe disse Amnon: Amo a
Tamar, irmã de Absalão, meu irmão,

5 E Jonadab lhe disse: Deita-te na tua cama, e finge-te doente; e, quando
teu pae te vier visitar, dize-lhe: Peço-_te que_ minha irmã Tamar venha,
e me dê de comer pão, e apreste a comida diante dos meus olhos, para que
eu a veja e coma da sua mão.

6 Deitou-se pois Amnon, e fingiu-se doente; e, vindo o rei visital-o,
disse Amnon ao rei: Peço-_te que_ minha irmã Tamar venha, e apreste dois
bolos diante dos meus olhos, [3] que eu coma de sua mão.

7 Mandou então David a casa, a Tamar, dizendo: Vae a casa de Amnon, teu
irmão, e faze-lhe alguma comida.

8 E foi Tamar a casa de Amnon, seu irmão (elle porém _estava_ deitado), e
tomou massa, e a amassou, e fez bolos diante dos seus olhos, e cozeu os
bolos.

9 E tomou a sertã, e os tirou diante d’elle; porém elle recusou comer.
E disse Amnon: Fazei retirar [4] a todos da minha presença. E todos se
retiraram d’elle.

10 Então disse Amnon a Tamar: Traze a comida á camara, e comerei da tua
mão. E tomou Tamar os bolos que fizera, e os trouxe a Amnon, seu irmão, á
camara.

11 E chegando-lh’os, para que comesse, pegou [5] d’ella, e disse-lhe:
Vem, deita-te comigo, irmã minha.

12 Porém ella lhe disse: Não, irmão meu, não me forces, [6] porque não se
faz assim em Israel; não faças tal loucura.

13 Porque, aonde iria eu com a minha vergonha? E tu serias como um dos
loucos d’Israel. Agora, pois, peço-_te_ que falles ao rei, porque não me
negará a [7] ti.

14 Porém elle não quiz dar ouvidos á sua voz; antes, sendo mais forte do
que ella, a forçou, [8] e se deitou com ella.

15 Depois Amnon a aborreceu com grandissimo aborrecimento, porque maior
era o aborrecimento com que a aborrecia do que o amor com que a amara, E
disse-lhe Amnon: Levanta-te, e vae-te.

16 Então ella lhe disse: Não ha razão de me despedires _assim_; maior
seria este mal do que o outro que já me tens feito. Porém não lhe quiz
dar ouvidos.

17 E chamou a seu moço que o servia, e disse: Deita a esta fóra, e fecha
a porta após ella.

18 E trazia [9] ella uma roupa de muitas côres (porque assim se vestiam
as filhas virgens dos reis, com capas), e seu creado a deitou fóra, e
fechou a porta após ella.

19 Então Tamar tomou cinza [10] sobre a sua cabeça, e a roupa de muitas
côres que trazia rasgou: e poz as mãos sobre a cabeça, [11] e foi-se
andando e clamando.

20 E Absalão, seu irmão, lhe disse: Esteve Amnon, teu irmão, comtigo? Ora
pois, irmã minha, cala-te; é teu irmão. Não se angustie o teu coração por
isto. Assim ficou Tamar, e esteve solitaria em casa d’Absalão seu irmão.

21 E, ouvindo o rei David todas estas coisas, muito se accendeu _em ira_.

22 Porém Absalão não fallou com Amnon, nem mal [12] nem bem; porque
Absalão aborrecia a Amnon, por ter forçado a Tamar sua irmã.


_Absalão mata Amnon._

23 E aconteceu que, passados dois annos inteiros, Absalão tinha
tosquiadores [13] em Bal-hasor, que está junto a Ephraim: e convidou
Absalão a todos os filhos do rei.

24 E veiu Absalão ao rei, e disse: Eis que teu servo tem tosquiadores:
peço _que_ o rei e os seus servos venham com o teu servo.

25 O rei porém disse a Absalão: Não, filho meu, não vamos todos juntos,
para não te sermos pezados. E instou com elle; porém elle não quiz ir,
mas o abençoou.

26 Então disse Absalão: Quando não, deixa ir comnosco Amnon, meu irmão.
Porém o rei lhe disse: Para que iria comtigo?

27 E, instando Absalão com elle, deixou ir com elle a Amnon, e a todos os
filhos do rei.

28 E Absalão deu ordem aos seus moços, dizendo: Tomae sentido; quando o
coração d’Amnon estiver [14] alegre do vinho, e eu vos disser: Feri a
Amnon, então o matareis; não temaes; _porque porventura_ não sou eu quem
vol-o ordenei? Esforçae-vos, e sede valentes.

29 E os moços d’Absalão fizeram a Amnon como Absalão lh’o havia ordenado.
Então todos os filhos do rei se levantaram, e montaram cada um no seu
mulo, e fugiram.

30 E aconteceu que, estando elles _ainda_ no caminho, veiu a nova a
David, dizendo-se: Absalão feriu a todos os filhos do rei, e nenhum
d’elles ficou.

31 Então o rei [15] se levantou, e rasgou os seus vestidos, e se lançou
por terra: da mesma maneira todos os seus servos estavam com vestidos
rotos.

32 Mas Jonadab, [16] filho de Simea, irmão de David, respondeu, e disse:
Não diga o meu senhor _que_ mataram a todos os mancebos filhos do rei,
porque só morreu Amnon: porque assim o tinha resolvido fazer Absalão,
desde o dia em que forçou a Tamar sua irmã.

33 Não [17] se lhe metta pois agora no coração do rei meu senhor tal
coisa, dizendo: Morreram todos os filhos do rei: porque só morreu Amnon.

34 E Absalão fugiu: [18] e o mancebo que estava de guarda, levantou os
seus olhos, e olhou; e eis que muito povo vinha pelo caminho por detraz
d’elle, pela banda do monte.

35 Então disse Jonadab ao rei: Eis aqui veem os filhos do rei: conforme á
palavra de teu servo, assim succedeu.

36 E aconteceu que, como acabou de fallar, os filhos do rei vieram, e
levantaram a sua voz, e choraram: e tambem o rei e todos os seus servos
choraram com mui grande choro.


_Absalão foge para Talmai e depois de tres annos volta para Jerusalem._

37 Assim Absalão fugiu, e se foi a Talmai, [19] filho d’Ammihur, rei de
Gesur. E _David_ trouxe dó por seu filho todos aquelles dias.

38 Assim Absalão fugiu, e foi para Gesur: [20] esteve ali tres annos.

39 Então tinha o rei David saudades de Absalão: porque já se tinha
consolado ácerca de Amnon, [21] que era morto.

[1] cap. 3.2, 3. I Chr. 3.9.

[2] I Sam. 16.9.

[3] Gen. 18.6.

[4] Gen. 45.1.

[5] Gen. 39.12.

[6] Lev. 18.9, 11 e 20.17. Gen. 34.7. Jui. 19.23 e 20.6.

[7] Lev. 18.9, 11.

[8] Deu. 22.25. cap. 12.11.

[9] Gen. 37.2. Jui. 5.30.

[10] Jos. 7.6. cap. 1.2. Job 2.12.

[11] Jer. 2.37.

[12] Gen. 24.50 e 31.21. Lev. 19.17, 18.

[13] Gen. 38.12, 13. I Sam. 25.4, 36.

[14] Jui. 19.6, 9, 22. Ruth 3.7. I Sam. 25.36. Est. 1.10.

[15] cap. 1.11 e 12.16.

[16] ver. 3.

[17] cap. 19.19.

[18] ver. 38.

[19] cap. 3.3.

[20] cap. 14.23, 32 e 15.8.

[21] Gen. 38.12.



14 Conhecendo pois Joab, filho de Zeruia, que o coração do rei [1] era
inclinado para Absalão,

[Antes de Christo 1030]

2 Enviou Joab a Tecoa, e tomou de lá uma mulher [2] sabia, e disse-lhe:
Ora finge que estás de nojo; veste vestidos de nojo, e não te unjas [3]
com oleo, e sejas como uma mulher que ha _já_ muitos dias está de nojo
por _algum_ morto.

3 E entra ao rei, e falla-lhe conforme a esta palavra. E Joab lhe poz as
palavras na [4] bocca.

4 E a mulher tecoita fallou ao rei, e, deitando-se com o rosto [5] em
terra, se prostrou e disse: Salva-me, ó rei.

5 E disse-lhe o rei: Que tens? E disse ella: Na verdade que [6] sou uma
mulher viuva, e morreu meu marido.

6 Tinha pois a tua serva dois filhos, e ambos estes brigaram no campo, e
não _houve_ quem os apartasse: assim um feriu ao outro, e o matou.

7 E eis que toda a [7] linhagem se levantou contra a tua serva, e
disseram: Dá-_nos_ aquelle que feriu a seu irmão, para que o matemos, por
causa da vida de seu irmão, a quem matou, e para que destruamos tambem ao
herdeiro. Assim apagarão a braza que me ficou, de sorte que não deixam a
meu marido nome, nem resto sobre a terra.

8 E disse o rei á mulher: Vae para tua casa: e eu mandarei ordem ácerca
de ti.

9 E disse a mulher tecoita ao rei: [8] A injustiça, rei meu senhor,
_venha_ sobre mim e sobre a casa de meu pae: e o rei e o seu throno fique
inculpavel.

10 E disse o rei: Quem fallar contra ti, traze-m’o a mim: e nunca mais te
tocará.

11 E disse ella: Ora lembre-se o rei do Senhor seu Deus, para que os
vingadores do sangue se não multipliquem a deitar-nos a perder, e não
destruam a meu filho. Então disse elle: Vive o Senhor, [9] que não ha de
cair no chão nem um dos cabellos de teu filho.

12 Então disse a mulher: Peço-_te que_ a tua serva falle uma palavra ao
rei meu senhor. E disse elle: Falla.

13 E disse a mulher: Porque pois pensaste tu uma tal coisa contra [10]
o povo de Deus? Porque, fallando o rei tal palavra, fica como culpado;
visto que o rei não torna a trazer o seu [11] desterrado.

14 Porque certamente [12] morreremos, e _seremos_ como aguas derramadas
na terra, que não se ajuntam _mais_: Deus pois lhe não tirará a vida,
mas ideiará pensamentos, [13] para que se não desterre d’elle o seu
desterrado.

15 E que eu agora vim fallar esta palavra ao rei, meu senhor, _é_ porque
o povo me atemorisou: dizia pois a tua serva: Fallarei pois ao rei;
porventura fará o rei _segundo_ a palavra da sua serva.

16 Porque o rei ouvirá, para livrar a sua serva da mão do homem que
_intenta_ destruir juntamente a mim e a meu filho da herança de Deus.

17 Dizia mais a tua serva: Seja agora a palavra do rei meu senhor para
descanço: [14] porque como um anjo de Deus, assim é o rei, meu senhor,
para ouvir o bem e o mal; e o Senhor teu Deus será comtigo.

18 Então respondeu o rei, e disse á mulher: Peço-te que não me encubras o
que eu te perguntar. E disse a mulher: Ora falle o rei, meu senhor.

19 E disse o rei: Não _é verdade_ que a mão de Joab anda comtigo em tudo
isto? E respondeu a mulher, e disse: Vive a tua alma, ó rei meu senhor,
que ninguem se poderá desviar, nem para a direita nem para a esquerda, de
tudo quanto o rei, meu senhor, tem dito; porque Joab, teu servo, é quem
me deu ordem, e _foi_ elle que poz na bocca da tua serva todas [15] estas
palavras:

20 Que _eu_ virasse a fórma d’este negocio, Joab, teu servo, fez isto:
porém sabio [16] é meu senhor, conforme á sabedoria d’um anjo de Deus,
para entender tudo o que _ha_ na terra.

21 Então o rei disse a Joab: Eis que fiz isto: vae pois, _e_ torna a
trazer o mancebo Absalão.

22 Então Joab se prostrou sobre o seu rosto em terra, e se inclinou, e o
agradeceu ao rei; e disse Joab: Hoje conheceu o teu servo que achei graça
aos teus olhos, ó rei meu senhor, porque o rei fez _segundo_ a palavra do
teu servo.

23 Levantou-se pois [17] Joab, e foi a Gesur, e trouxe Absalão a
Jerusalem.

24 E disse o rei: Torne para a sua casa, e não veja [18] a minha face.
Tornou pois Absalão para sua casa, e não viu a face do rei.

25 Não havia porém em todo o Israel homem tão bello _e_ tão aprazivel
como Absalão, [19] desde a planta do pé até á cabeça não havia n’elle
defeito algum.

26 E, quando tosquiava a sua cabeça (e succedia que no fim de cada anno a
tosquiava, porquanto muito lhe pesava, e _por isso_ a tosquiava), pesava
o cabello da sua cabeça duzentos siclos, segundo o peso real.

27 Tambem nasceram [20] a Absalão tres filhos e uma filha, cujo nome
_era_ Tamar; _e_ esta era mulher formosa á vista.

[Antes de Christo 1027]

28 Assim ficou Absalão dois annos inteiros em Jerusalem, e não viu [21] a
face do rei.

29 Mandou pois Absalão _chamar_ a Joab, para o enviar ao rei; porém não
quiz vir a elle: e enviou ainda segunda vez, e, _comtudo_, não quiz vir.

30 Então disse aos seus servos: Vêdes _ali_ o pedaço de campo de Joab
pegado ao meu, e tem cevada n’elle; ide, e ponde-lhe fogo. E os servos de
Absalão pozeram fogo ao pedaço de campo.

31 Então Joab se levantou, e veiu a Absalão, em casa, e disse-lhe: Porque
pozeram os teus servos fogo ao pedaço de campo que é meu?

32 E disse Absalão a Joab: Eis que enviei a ti, dizendo: Vem cá, para que
te envie ao rei, a dizer-lhe: Para que vim de Gesur? Melhor me _fôra_
estar ainda lá. Agora, pois, veja eu a face do rei; e, se ha _ainda_ em
mim alguma culpa, que me mate.

33 Então entrou Joab ao rei, e _assim_ lh’o disse. Então chamou a
Absalão, e elle entrou ao rei, e se inclinou sobre o seu rosto em terra
diante do rei: e o rei [22] beijou a Absalão.

[1] cap. 13.39.

[2] II Chr. 11.6.

[3] Ruth 3.3.

[4] ver. 19. Exo. 4.15.

[5] I Sam. 20.41. cap. 1.2. II Reis 6.26, 28.

[6] cap. 12.1.

[7] Num. 35.19. Deu. 19.12.

[8] Gen. 27.13. I Sam. 25.24. Mat. 27.25. cap. 3.28, 29. I Reis 2.33.

[9] Num. 35.19. I Sam. 14.45. Act. 27.34.

[10] Jui. 20.2.

[11] cap. 13.37, 38.

[12] Job 34.15. Heb. 9.27.

[13] Num. 35.15, 25, 28.

[14] ver. 20. cap. 19.27.

[15] ver. 3.

[16] ver. 17. cap. 19.27.

[17] cap. 13.37.

[18] Gen. 43.3. cap. 3.13.

[19] Isa. 1.6.

[20] cap. 18.18.

[21] ver. 24.

[22] Gen. 33.4 e 45.15. Luc. 15.20.



_A rebellião de Absalão e a fuga de David._

15 E aconteceu depois [1] d’isto que Absalão fez _apparelhar_ carros e
cavallos, e cincoenta homens que corressem adiante d’elle.

2 Tambem Absalão se levantou pela manhã, e parava a uma banda do caminho
da porta. E succedia que a todo o homem que tinha alguma demanda para vir
ao rei a juizo, o chamava Absalão a si, e _lhe_ dizia: De que cidade és
tu? E, dizendo elle: D’uma das tribus d’Israel _é_ teu servo;

3 Então Absalão lhe dizia: Olha, os teus negocios _são_ bons e rectos,
porém não _tens_ quem te ouça da parte do rei.

4 Dizia mais Absalão: Ah, quem me dera ser juiz na [2] terra! para que
viesse a mim todo o homem que tivesse demanda ou questão, para que lhe
fizesse justiça.

5 Succedia tambem que, quando alguem se chegava a elle para se inclinar
diante d’elle, elle estendia a sua mão, e pegava d’elle, e o beijava.

6 E d’esta maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para
juizo: assim furtava Absalão [3] o coração dos homens de Israel.

[Antes de Christo 1023]

7 Aconteceu, pois, ao cabo de quarenta annos, que Absalão disse ao rei:
Deixa-me ir pagar em Hebron o meu voto que votei ao Senhor.

8 Porque, morando eu em Gesur, em Syria, votou o teu servo _um_ voto, [4]
dizendo: Se o Senhor outra vez me fizer tornar a Jerusalem, servirei ao
Senhor.

9 Então lhe disse o rei: Vae em paz, Levantou-se, pois, e foi para Hebron.

10 E enviou Absalão espias por todas as tribus d’Israel, dizendo: Quando
ouvirdes o som das trombetas, direis: Absalão reina em Hebron.

11 E de Jerusalem foram com Absalão duzentos homens convidados, [5] porém
iam na sua simplicidade, porque nada sabiam _d’aquelle_ negocio.

12 Tambem Absalão enviou por Achitophel, o gilonita, do conselho [6]
de David, á sua cidade de Gilo, estando elle sacrificando os _seus_
sacrificios: e a conjuração se fortificava, e vinha o povo, e se
augmentava com Absalão.

13 Então veiu um mensageiro a David, dizendo: O coração [7] de cada um
em Israel segue a Absalão.

14 Disse pois David a todos os seus servos que _estavam_ com elle em
Jerusalem: Levantae-vos, [8] e fujamos, porque não poderiamos escapar
diante de Absalão. Dae-vos pressa a caminhar, para que _porventura_ não
se apresse elle, e nos alcance, e lance sobre nós _algum_ mal, e fira a
cidade a fio de espada.

15 Então os servos do rei disseram ao rei: Eis aqui os teus servos, para
tudo quanto determinar o rei, nosso senhor.

16 E saiu o rei, com toda a sua casa, a pé: deixou porém o rei dez
mulheres concubinas, para guardarem a casa.

17 Tendo pois saido o rei com todo o povo a pé, pararam n’_um_ logar
distante.

18 E todos os seus servos iam a seu lado, _como_ tambem todos os
cheretheos e todos [9] os peletheos: e todos os getheos, seiscentos
homens que vieram de Gath a pé, caminhavam diante do rei.

19 Disse pois o rei a Ittai, [10] o getheo: Porque irias tu tambem
comnosco? Volta, e fica-te com o rei, porque estranho _és_, e tambem te
tornarás a teu logar.

20 Hontem vieste, e te levaria eu hoje comnosco a caminhar? Pois _força_
me é ir aonde quer que podér ir: volta, _pois_, [11] e torna a levar teus
irmãos comtigo, com beneficencia e fidelidade.

21 Respondeu porém Ittai ao rei, e disse: Vive o Senhor, [12] e vive o
rei meu senhor, que no logar em que estiver o rei meu senhor, _seja_ para
morte _seja_ para vida, ahi certamente estará _tambem_ o teu servidor.

22 Então David disse a Ittai: Vem _pois_, e passa _adiante_. Assim passou
Ittai, o getheo, e todos os seus homens, e todas as creanças que _havia_
com elle.

23 E toda a terra chorava a grandes vozes, passando todo o povo: tambem
o rei passou o ribeiro de Cedron, e passou todo o povo na direcção do
caminho do [13] deserto.

24 Eis que tambem Zadok _ali estava_, e com elle todos os levitas que
levavam [14] a arca do concerto de Deus; e pozeram _ali_ a arca de Deus,
e subiu Abiathar, até que todo o povo acabou de passar da cidade.

25 Então disse o rei a Zadok: Torna a levar a arca de Deus á cidade; que,
se achar graça nos olhos do Senhor, elle me tornará a trazer _para lá_, e
me deixará vêr a ella e a sua habitação.

26 Se porém disser assim: Não tenho prazer em [15] ti; eis-me aqui, faça
de mim [16] como _parecer_ bem aos seus olhos.

27 Disse mais o rei a Zadok, o sacerdote: _Não_ és tu _porventura_ o
vidente? [17] torna _pois_ em paz para a cidade, e comvosco _tambem_
vossos dois filhos, Ahimaas, teu filho, e Jonathan, filho d’Abiathar.

28 Olhae _que_ me demorarei [18] nas campinas do deserto até que tenha
novas vossas.

29 Zadok pois e Abiathar tornaram a levar para Jerusalem a arca de Deus:
e ficaram ali.

30 E subiu David pela subida das oliveiras, subindo e chorando, e com a
cabeça coberta; [19] e caminhava com os pés descalços: e todo o povo que
_ia_ com elle cobria cada um a sua cabeça, e subiam chorando sem cessar.

31 Então fizeram saber a David, dizendo: _Tambem_ Achitophel [20] _está_
entre os que se conjuraram com Absalão. Pelo que disse David: Ó Senhor,
enlouquece o conselho de Achitophel.

32 E aconteceu, que chegando David ao cume, para adorar ali a Deus, eis
que Husai, o archita, [21] veiu encontrar-se com elle _com_ o vestido
rasgado e terra sobre a cabeça.

33 E disse-lhe David: Se passares comigo, ser-me-has [22] pesado.

34 Porém se voltares para a cidade, e disseres a Absalão: Eu serei,
ó rei, teu servo; [23] _bem fui_ d’antes servo de teu pae, mas agora
_serei_ teu servo: dissipar-me-has então o conselho de Achitophel.

35 E não _estão_ ali comtigo Zadok e Abiathar, sacerdotes? E será que
todas as coisas que ouvires da casa do rei, farás saber [24] a Zadok e a
Abiathar, sacerdotes.

36 Eis que _estão tambem_ ali com elles [25] seus dois filhos, Ahimaas
_filho_ de Zadok, e Jonathan _filho_ de Abiathar: pela mão d’elles
_aviso_ me mandareis pois _de_ todas as coisas que ouvirdes.

37 Husai pois, amigo de [26] David, veiu para a cidade: e Absalão entrou
em Jerusalem.

[1] cap. 12.11. I Reis 1.5.

[2] Jui. 9.29.

[3] Rom. 16.18.

[4] I Sam. 16.2. Gen. 28.20, 21. cap. 13.38.

[5] I Sam. 9.13 e 16.3, 5.

[6] Gen. 20.5. Jos. 15.51. Psa. 3.2.

[7] ver. 6. Jui. 9.3.

[8] cap. 19.9 e 16.21, 22.

[9] cap. 8.18.

[10] cap. 18.2.

[11] I Sam. 23.13.

[12] Ruth 1.16, 17. Pro. 17.17 e 18.24.

[13] cap. 16.2.

[14] Num. 4.15.

[15] Num. 14.8. cap. 22.20. I Reis 10.9. II Chr. 9.8. Isa. 62.4.

[16] I Sam. 3.18.

[17] I Sam. 9.9. cap. 17.17.

[18] cap. 17.16.

[19] cap. 19.4. Est. 6.12. Isa. 20.2, 4. Jer. 14.3, 4.

[20] Psa. 3.2, 3. cap. 16.23 e 17.14, 23.

[21] Jos. 16.2. cap. 1.2.

[22] cap. 19.35.

[23] cap. 16.19.

[24] cap. 17.15, 16.

[25] ver. 27.

[26] cap. 16.16. I Chr. 27.33. cap. 16.15.



_David é enganado por Ziba e amaldiçoado por Semei._

16 E passando [1] David um pouco _mais_ adiante do cume, eis que Ziba,
o [2] moço de Mephiboseth, veiu encontrar-se com elle, com um par de
jumentos albardados, e sobre elles duzentos pães, com cem cachos de
passas, e cem de fructas de verão e um odre de vinho.

2 E disse o rei a Ziba: Que pretendes com isto? E disse Ziba: Os jumentos
_são_ para a casa do rei, para se montarem n’elles; e o pão e as fructas
de verão para comerem os moços; e o vinho para beberem os cançados no [3]
deserto.

3 Então disse o rei: _Ora_, onde _está_ o filho de teu senhor? E disse
Ziba [4] ao rei: Eis que ficou em Jerusalem; porque disse: Hoje me
restaurará a casa de Israel o reino de meu pae.

4 Então disse [5] o rei a Ziba: Eis que teu _é_ tudo quanto _tem_
Mephiboseth. E disse Ziba: Eu me inclino, _que_ eu ache graça em teus
olhos, ó rei meu senhor.

5 E, chegando o rei David a Bahurim, eis que d’ali saiu _um_ homem da
linhagem da casa de Saul, cujo nome era Simei, [6] filho de Gera, e,
saindo, ia amaldiçoando.

6 E apedrejava com pedras a David, e a todos os servos do rei David:
ainda que todo o povo e todos os valentes _iam_ á sua direita e á sua
esquerda.

7 E, amaldiçoando-o Simei, assim dizia: Sae, sae, homem de sangue, [7] e
homem de Belial:

8 O Senhor te deu agora a [8] paga de todo o sangue da casa de Saul, em
cujo logar tens reinado; já deu o Senhor o reino na mão de Absalão teu
filho; e eis-te _agora_ na tua desgraça, porque _és um_ homem de sangue.

9 Então disse Abisai, filho de Zeruia, ao rei: Porque amaldiçoaria este
cão morto [9] ao rei meu senhor? Deixa-me passar, e lhe tirarei a cabeça.

10 Disse porém o rei: Que tenho eu [10] comvosco, filhos de Zeruia? Ora
deixae-o amaldiçoar; pois o Senhor lhe disse: Amaldiçôa a David; quem
pois diria: [11] Porque assim fizeste?

11 Disse mais David a Abisai, e a todos os seus servos: [12] Eis que meu
filho, que saiu das minhas entranhas, procura a minha morte: quanto mais
ainda este filho de Jemini? Deixae-o, que amaldiçoe; porque o Senhor lh’o
disse.

12 Porventura o Senhor olhará para a minha miseria: e o Senhor me pagará
com bem [13] sua maldição _d_’este dia.

13 Proseguiam pois o seu caminho, David e os seus homens: e _tambem_
Simei ia ao longo do monte, defronte d’elle, caminhando e amaldiçoando, e
atirava pedras contra elle, e levantava poeira.

14 E o rei e todo o povo que _ia_ com elle chegaram cansados, e
refrescaram-se ali.


_Os conselhos que Achitophel e Husai dão a Absalão._

15 Absalão pois, [14] e todo o povo, os homens de Israel, vieram a
Jerusalem: e Achitophel com elle.

16 E succedeu que, chegando Husai, o archita, [15] amigo de David, a
Absalão, disse Husai a Absalão: Viva o rei, viva o rei!

17 Porém Absalão disse a Husai: É esta a tua beneficencia para com o teu
amigo? Porque não foste [16] com o teu amigo?

18 E disse Husai a Absalão: Não, porém d’aquelle que eleger o Senhor,
e todo este povo, e todos os homens de Israel, d’elle serei e com elle
ficarei.

19 E, demais d’isto, [17] a quem serviria eu? _Porventura_ não _seria_
diante de seu filho? Como servi diante de teu pae, assim serei diante de
ti.

20 Então disse Absalão a Achitophel: Dae conselho entre vós sobre o que
devemos fazer.

21 E disse Achitophel a Absalão: Entra ás concubinas [18] de teu pae,
que deixou para guardarem a casa; e _assim_ todo o Israel ouvirá que te
fizeste aborrecivel para [19] com teu pae; e se esforçarão as mãos de
todos os que _estão_ comtigo.

22 Estenderam pois para Absalão uma tenda no terrado: [20] e entrou
Absalão ás concubinas de seu pae, perante os olhos de todo o Israel.

23 E _era_ o conselho de Achitophel, que aconselhava n’aquelles dias,
como se a palavra de Deus se consultara: tal _era_ todo o conselho de
Achitophel, assim para com David [21] como para com Absalão.

[1] cap. 15.30, 32.

[2] cap. 9.2.

[3] cap. 15.23 e 17.29.

[4] cap. 19.27.

[5] Pro. 18.13.

[6] cap. 19.16. I Reis 2.8, 44.

[7] Deu. 13.13.

[8] Jui. 9.24, 56, 57. I Reis 2.32, 33. cap. 1.16 e 3.28, 29 e 4.11, 12.

[9] I Sam. 24.14. cap. 9.8. Exo. 23.28.

[10] cap. 19.22. I Ped. 2.23. II Reis 18.25. Lam. 3.38.

[11] Rom. 9.20.

[12] cap. 12.11.

[13] Rom. 8.28.

[14] cap. 15.37.

[15] cap. 15.37.

[16] cap. 19.25. Pro. 17.17.

[17] cap. 15.34.

[18] cap. 15.16 e 20.3.

[19] Gen. 13.4. I Sam. 13.4. cap. 2.7. Zac. 8.13.

[20] cap. 12.11, 12.

[21] cap. 15.12.



17 Disse mais Achitophel a Absalão: Deixa-me escolher doze mil homens, e
me levantarei, e seguirei após David esta noite.

2 E virei sobre elle, pois está cançado [1] e frouxo das mãos: e o
espantarei, e fugirá todo o povo que _está_ com elle; e _então_ ferirei o
rei só.

3 E farei tornar a ti todo o povo; _pois_ o homem a quem tu buscas é como
se tornassem todos; _assim_ todo o povo estará em paz.

4 E esta palavra pareceu boa aos olhos de Absalão, e aos olhos de todos
os anciãos de Israel.

5 Disse porém Absalão: Chamae agora tambem a Husai o archita: e ouçamos
tambem o que elle dirá.

6 E, chegando Husai a Absalão, lhe fallou Absalão, dizendo: D’esta
maneira fallou Achitophel: faremos _conforme á_ sua palavra? Se não,
falla tu.

7 Então disse Husai a Absalão: O conselho que Achitophel esta vez
aconselhou não é bom.

8 Disse mais Husai: _Bem_ conheces tu a teu pae, e a seus homens, que são
valorosos, e _que estão_ com o espirito amargurado, como a ursa [2] no
campo, roubada dos cachorros: e tambem teu pae _é_ homem de guerra, e não
passará a noite com o povo.

9 Eis que agora estará escondido n’alguma cova, ou em qualquer outro
logar: e será que, caindo no principio _alguns_ d’entre elles, cada um
que o ouvir então dirá: Houve derrota no povo que segue a Absalão.

10 Então até o homem valente, cujo coração é como coração de leão, sem
duvida desmaiará; [3] porque todo o Israel sabe que teu pae é valoroso, e
homens valentes os que _estão_ com elle.

11 Eu porém aconselho que com toda a pressa se ajunte a ti todo o Israel
desde [4] Dan até Ber-seba, em multidão como a areia do mar: e tu em
pessoa vás _com elle_ á peleja.

12 Então viremos a elle, em qualquer logar que se achar, e facilmente
viremos sobre elle, como o orvalho cae sobre a terra: e não ficará d’elle
e de todos os homens que estão com elle nem _ainda_ um só.

13 E, se elle se retirar para _alguma_ cidade, todo o Israel trará cordas
áquella cidade: e arrastal-a-hemos até ao ribeiro, até que não se ache
ali nem uma só pedrinha.

14 Então disse Absalão e todos os homens d’Israel: Melhor _é_ o conselho
de Husai, o archita, do que o conselho d’Achitophel (porém _assim_ o
Senhor o ordenara, para aniquilar [5] o bom conselho d’Achitophel, para
que o Senhor trouxesse o mal sobre Absalão).

15 E disse Husai [6] a Zadok e a Abiathar, sacerdotes: Assim e assim
aconselhou Achitophel a Absalão e aos anciãos d’Israel; porém assim e
assim aconselhei eu.

16 Agora, pois, enviae apressadamente, e avisae a David, dizendo: Não
passes esta noite nas campinas [7] do deserto, e logo tambem passa á
outra banda, para que o rei e todo o povo que com elle _está_ não seja
devorado.

17 Estavam pois Jonathan [8] e Ahimaas junto á fonte de Rogel: e foi uma
creada, e lh’o disse, e elles foram, e o disseram ao rei David, porque
não podiam ser vistos entrar na cidade,

18 Mas viu-os todavia um moço, e avisou a Absalão; porém ambos _logo_
partiram apressadamente, e entraram em casa de _um_ homem, em Bahurim,
[9] o qual tinha _um_ poço no seu pateo, e ali dentro desceram.

19 E tomou a mulher [10] a tampa, e a estendeu sobre a bocca do poço, e
espalhou grão descascado sobre ella: assim nada se soube.

20 Chegando pois os servos de Absalão á mulher, áquella casa, disseram:
Onde _estão_ Ahimaas e Jonathan? E a mulher lhes disse: [11] Já passaram
o vão das aguas. E, havendo-os buscado, e não _os_ achando, voltaram para
Jerusalem.

21 E succedeu que, depois que se foram, sairam do poço, e foram, e
annunciaram a David; e disseram a David: Levantae-vos, [12] e passae
depressa as aguas, porque assim aconselhou contra vós Achitophel.

22 Então David e todo o povo que com elle _estava_ se levantou, e
passaram o Jordão: e _já_ pela luz da manhã nem ainda faltava um só que
não passasse o Jordão.

23 Vendo pois Achitophel que se não tinha seguido o seu conselho,
albardou o jumento, e levantou-se, e foi para sua casa e para a [13]
sua cidade, e deu ordem a sua casa, e se enforcou: e morreu, [14] e foi
sepultado na sepultura de seu pae.

24 E David [15] veiu a Mahanaim; e Absalão passou o Jordão, elle e todo o
homem d’Israel com elle,

25 E Absalão constituiu a Amasa em logar de Joab sobre o arraial: e _era_
Amasa filho de um homem cujo nome _era_ Jethra, o israelita, o qual
entrara a Abigal, [16] filha de Nahas, irmã de Zeruia, mãe de Joab.

26 Israel, pois, e Absalão acamparam na terra de Gilead.


_A victoria do exercito de David sobre o de Absalão._

27 E succedeu que, chegando David a Mahanaim, Sobi, [17] filho de Nahas,
de Rabba, dos filhos de Ammon, e Machir, filho de Ammiel, de Lo-debar, e
Barzillai, o gileadita, de Rogelim,

28 Tomaram camas e bacias, e vasilhas de barro, e trigo, e cevada, e
farinha, e _grão_ torrado, e favas, e lentilhas, tambem torradas,

29 E mel, e manteiga, e ovelhas, e queijos de vaccas, _e_ os trouxeram
a David e ao povo que com elle _estava_, para comerem, porque disseram:
Este povo no [18] deserto está faminto, e cançado, e sedento.

[1] Deu. 25.18. cap. 16.14. Zac. 13.7.

[2] Ose. 13.8.

[3] Ose. 2.11.

[4] Jui. 20.1. Gen. 22.17.

[5] cap. 15.31, 34.

[6] cap. 15.31, 34.

[7] cap. 15.28.

[8] cap. 15.27, 36. Jos. 2.4, etc. e 15.7 e 13.16.

[9] cap. 16.5.

[10] Jos. 2.6.

[11] Exo. 1.19. Jos. 2.4, 5.

[12] ver. 15, 16.

[13] cap. 15.12.

[14] Mat. 27.5.

[15] Gen. 32.2. Jos. 13.26. cap. 2.8.

[16] I Chr. 2.1, 17.

[17] cap. 10.1 e 12.29 e 9.4 e 19.31, 32. I Reis 2.7.

[18] cap. 16.2.



18 E David contou o povo que tinha comsigo, e poz sobre elles capitães de
cento.

2 E David enviou o povo, um terço debaixo da mão de Joab, e outro terço
debaixo da mão de Abisai, filho de Zeruia, irmão de Joab, e outro terço
debaixo [1] da mão de Ittai, o getheo; e disse o rei ao povo: Eu tambem
juntamente sairei comvosco.

3 Porém o povo disse: [2] Não sairás, porque, se formos obrigados a
fugir, não porão o coração em nós; e, ainda que metade de nós morra, não
porão o coração em nós, porque ainda, _taes_ como nós somos, _ajuntarás_
dez mil: melhor será pois que da cidade nos sirvas de soccorro.

4 Então David lhes disse: O que bem _parecer_ aos vossos olhos, farei.
E o rei se poz da banda da porta, e todo o povo saiu em centenas e em
milhares.

5 E o rei deu ordem a Joab, e a Abisai, e a Ittai, dizendo: Brandamente
_tratae_ por amor de mim ao mancebo, a Absalão. E todo o povo ouviu [3]
quando o rei deu ordem a todos os capitães ácerca de Absalão.

6 Saiu pois o povo ao campo, a encontrar-se com Israel, e deu-se a
batalha [4] no bosque d’Ephraim.

7 E ali foi ferido o povo d’Israel, diante dos servos de David: e
n’aquelle mesmo dia houve ali _uma_ grande derrota de vinte mil.

8 Porque ali se derramou a batalha sobre a face de toda aquella terra;
e foram mais os do povo que consumiu o bosque do que os que a espada
consumiu n’aquelle dia.


_Absalão fica suspenso de uma arvore e Joab mata-o._

9 E Absalão se encontrou com os servos de David; e Absalão ia montado
n’um mulo; e, entrando o mulo debaixo da espessura doe ramos d’um grande
carvalho, pegou-se-lhe a cabeça no carvalho, e ficou pendurado entre o
céu e a terra: e o mulo, que _estava_ debaixo d’elle, passou adiante.

10 O que vendo um homem, o fez saber a Joab, e disse: Eis que vi a
Absalão pendurado d’um carvalho.

11 Então disse Joab ao homem que lh’o fizera saber: Pois que o viste,
porque o não feriste _logo_ ali em terra? E forçoso seria o eu dar-te dez
_moedas_ de prata e um cinto.

12 Disse porém aquelle homem a Joab: Ainda que eu podesse pesar nas
minhas mãos mil _moedas_ de prata, não estenderia a minha mão contra o
filho do rei, pois bem ouvimos [5] _que_ o rei te deu ordem a ti, e a
Abisai, e a Ittai, dizendo: Guardae, cada um de _vós_, de _tocar_ ao
mancebo, a Absalão.

13 Ainda que commettesse mentira a risco da minha vida, nem _por isso_
coisa nenhuma se esconderia ao rei; e tu mesmo te opporias.

14 Então disse Joab: Não me demorarei assim comtigo aqui. E tomou tres
dardos, e traspassou com elles o coração de Absalão, _estando_ elle ainda
vivo no meio do carvalho.

15 E o cercaram dez mancebos, que levavam as armas de Joab. E feriram a
Absalão, e o mataram.

16 Então tocou Joab a buzina, e voltou o povo de perseguir a Israel,
porque Joab deteve o povo.

17 E tomaram a Absalão, e o lançaram no bosque, n’uma grande cova, e
levantaram [6] sobre elle um mui grande montão de pedras: e todo o Israel
fugiu, cada um para a sua tenda.

18 Ora Absalão, quando _ainda_ vivia, tinha tomado e levantado [7] para
si uma columna, que _está_ no valle do rei, porque dizia: Filho nenhum
tenho para conservar a memoria do meu nome. E chamou aquella columna pelo
seu proprio nome; pelo que até _ao dia d’_hoje se chama o Pilar d’Absalão.


_David, sabendo da morte de Absalão, chora amargamente._

19 Então disse Ahimaas, filho de Zadok: Deixa-me correr, e denunciarei ao
rei que já o Senhor o vingou da mão de seus inimigos.

20 Mas Joab lhe disse: Tu não serás hoje o portador de novas, porém outro
dia as levarás; mas hoje não darás a nova, porque é morto o filho do rei.

21 E disse Joab a Cusi: Vae _tu_, e dize ao rei o que viste. E Cusi se
inclinou a Joab, e correu.

22 E proseguiu Ahimaas, filho de Zadok, e disse a Joab: Seja _o_ que
_fôr_, deixa-me tambem correr após Cusi. E disse Joab: Para que agora
correrias tu, meu filho, pois não tens mensagem conveniente?

23 Seja o que _fôr_, _disse Ahimaas_, correrei. E Joab lhe disse: Corre.
E Ahimaas correu pelo caminho da planicie, e passou a Cusi.

24 E David estava assentado entre as duas portas; e a sentinella [8]
subiu ao terraço da porta junto ao muro: e levantou os olhos, e olhou, e
eis _que um_ homem corria só.

25 Gritou pois a sentinella, e o disse ao rei: Se _vem_ só, _ha_ novas em
sua bocca. E vinha andando e chegando.

26 Então viu a sentinella outro homem que corria, e a sentinella gritou
ao porteiro, e disse: Eis que _lá vem outro_ homem correndo só. Então
disse o rei: Tambem traz este novas.

27 Disse mais a sentinella: Vejo o correr do primeiro, que parece _ser_ o
correr de Ahimaas, filho de Zadok. Então disse o rei: Este _é_ homem de
bem, e virá com boas novas.

28 Gritou pois Ahimaas, e disse ao rei: Paz. E inclinou-se ao rei com o
rosto em terra, e disse: Bemdito _seja_ o Senhor, que entregou os homens
que levantaram a mão contra o rei meu senhor.

29 Então disse o rei: Vae bem com o mancebo, com Absalão? E disse
Ahimaas: Vi um grande alvoroço, quando Joab mandou o servo do rei, e a
_mim_ teu servo; porém não sei _o_ que _era_.

30 E disse o rei: Vira-te, e põe-te aqui. E virou-se, e parou.

31 E eis que vinha Cusi: e disse Cusi: Annunciar-se-ha ao rei meu senhor
que hoje o Senhor te julgou da mão de todos os que se levantaram contra
ti.

32 Então disse o rei a Cusi: Vae bem com o mancebo, com Absalão? E disse
Cusi: [9] Sejam como _aquelle_ mancebo os inimigos do rei meu senhor, e
todos os que se levantam contra ti para mal.

33 Então o rei se perturbou, e subiu á sala que estava por cima da porta,
e chorou: e andando, dizia assim: Meu filho Absalão, meu filho, [10] meu
filho, Absalão! quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho,
meu filho!

[1] cap. 15.19.

[2] cap. 21.17.

[3] ver. 12.

[4] Jos. 17.15, 18.

[5] ver. 5.

[6] Jos. 7.26.

[7] Gen. 14.17.

[8] II Reis 9.17.

[9] I Sam. 25.26.

[10] cap. 19.4.



19 E disseram a Joab: Eis que o rei _anda_ chorando, e lastima-se por
Absalão.

2 Então a victoria _se tornou_ n’aquelle _mesmo_ dia em tristeza para
todo o povo: porque aquelle _mesmo_ dia o povo ouvira dizer: Mui triste
está o rei por causa de seu filho.

3 E aquelle _mesmo_ dia o povo se escoou ás furtadellas na cidade, [1]
como o povo de vergonhoso se escoa escondidamente quando fogem da peleja.

4 Estava pois o rei com o [2] rosto coberto; e o rei gritava a alta voz:
[3] Meu filho Absalão, Absalão meu filho, meu filho!

5 Então entrou Joab ao rei em casa, e disse: Hoje envergonhaste as caras
de todos os teus servos, que livraram hoje a tua vida, e a vida de teus
filhos, e de tuas filhas, e a vida de tuas mulheres, e a vida de tuas
concubinas.

6 Amando tu aos que te aborrecem, e aborrecendo aos que te amam: porque
hoje dás a entender que nada _valem_ para comtigo capitães e servos;
porque entendo hoje que se Absalão vivesse, e todos nós hoje fossemos
mortos, então bem _te parecera_ aos teus olhos.

7 Levanta-te _pois_ agora; sae, e falla conforme ao coração de teus
servos: porque pelo Senhor _te_ juro que, se não saires, nem um _só_
homem ficará comtigo esta noite; e mais mal _te_ será isto do que todo o
mal que tem vindo sobre ti desde a tua mocidade até agora.

8 Então o rei se levantou, e se assentou á porta: e fizeram saber a todo
o povo, dizendo: Eis que o rei está assentado á porta. [4] Então todo o
povo veiu apresentar-se diante do rei; porém Israel fugiu cada um para as
suas tendas.

9 E todo o povo, em todas as tribus de Israel, andava porfiando entre si,
dizendo: O rei nos tirou das mãos de nossos inimigos, e elle nos livrou
das mãos dos philisteos; e agora fugiu da terra por _causa de_ Absalão.

10 E Absalão, a quem ungimos sobre nós, _já_ morreu na peleja: agora,
pois, porque vos calaes, e não fazeis voltar o rei?


_David volta para Jerusalem._

11 Então o rei David enviou a Zadok e a Abiathar, sacerdotes, dizendo:
Fallae aos anciãos de Judah, dizendo: Porque serieis vós os ultimos em
tornar a trazer o rei para a sua casa? (porque as palavras de todo o
Israel chegaram ao rei, até á sua casa.)

12 Vós sois meus irmãos, meus ossos [5] e minha carne sois _vós_: porque
pois serieis os ultimos em tornar a trazer o rei?

13 E a Amasa direis: [6] _Porventura_ não és tu meu osso e minha carne?
assim me faça Deus, e outro tanto, se não fores chefe do arraial diante
de mim para sempre, em logar de Joab.

14 Assim moveu o coração de todos os homens de Judah, como [7] _o d’_um
só homem: e enviaram ao rei, _dizendo_: Volta tu com todos os teus servos.

15 Então o rei voltou, e chegou até ao Jordão; e Judah veiu a Gilgal, [8]
para ir encontrar-se com o rei, á outra banda do Jordão.

16 E apressou-se Simei, [9] filho de Gera, filho de Jemini, que _era_ de
Bahurim: e desceu com os homens de Judah a encontrar-se com o rei David,

17 E com elle mil varões de Benjamin, como tambem Ziba, [10] servo da
casa de Saul, e seus quinze filhos, e seus vinte servos com elle: e
promptamente passaram o Jordão adiante do rei.

18 E, passando a barca, para fazer passar a casa do rei e para trazer
o que bem _parecesse_ aos seus olhos, então Simei, filho de Gera, se
prostrou diante do rei, passando elle o Jordão.

19 E disse ao rei: [11] Não me impute meu senhor a _minha_ culpa, e não
te lembres do que _tão_ perversamente fez teu servo, no dia em que o rei
meu senhor saiu de Jerusalem, para o rei conserval-o no coração.

20 Porque teu servo devéras confessa que eu pequei: porém eis que eu sou
o primeiro _que_ de toda [12] a casa de José desci a encontrar-me com o
rei meu senhor.

21 Então respondeu Abisai, filho de Zeruia, e disse: Não morreria pois
Simei por isto, havendo amaldiçoado ao [13] ungido do Senhor?

22 Porém David disse: [14] Que tenho eu comvosco, filhos de Zeruia, para
que hoje me sejaes adversarios? morreria alguem hoje [15] em Israel?
porque _porventura_ não sei que hoje fui _feito_ rei sobre Israel?

23 E disse o rei a Simei: [16] Não morrerás. E o rei lh’o jurou.


_Mephiboseth encontra-se com David._

24 Tambem Mephiboseth, [17] filho de Saul, desceu a encontrar-se com o
rei, e não tinha lavado os pés, nem tinha feito a barba, nem tinha lavado
os seus vestidos desde o dia em que o rei tinha saido até ao dia em que
voltou em paz.

25 E succedeu que, vindo elle a Jerusalem a encontrar-se com o rei,
disse-lhe o rei: [18] Porque não foste comigo, Mephiboseth?

26 E disse elle: Ó rei meu senhor, o meu servo me enganou; porque o teu
servo dizia: Albardarei um jumento, e n’elle montarei, e irei com o rei;
pois o teu servo é côxo.

27 De mais d’isto, falsamente accusou [19] a teu servo diante do rei meu
senhor; porém o rei meu senhor é como um anjo de Deus; faze pois o que
_parecer_ bem aos teus olhos.

28 Porque toda a casa de meu pae não era senão de homens _dignos_ de
morte diante do rei meu senhor; [20] e _comtudo_ puzeste a teu servo
entre os que comem á tua mesa: e que mais direito tenho eu de clamar ao
rei?

29 E disse-lhe o rei: Porque ainda mais fallas _de_ teus negocios? _já_
disse eu: Tu e Ziba reparti as terras.

30 E disse Mephiboseth ao rei: Tome elle tambem tudo; pois já veiu o rei
meu senhor em paz á sua casa.


_Barzillai encontra-se com David._

31 Tambem Barzillai, [21] o gileadita, desceu de Rogelim, e passou com o
rei o Jordão, para o acompanhar á outra banda do Jordão.

32 E era Barzillai mui velho, da edade de oitenta annos; [22] e elle
tinha sustentado o rei, quando tinha a sua morada em Mahanaim, porque
_era_ homem mui grande.

33 E disse o rei a Barzillai: Passa tu comigo, e sustentar-te-hei comigo
em Jerusalem.

34 Porém Barzillai disse ao rei: Quantos serão os dias dos annos da minha
vida, para que suba com o rei a Jerusalem?

35 Da edade de oitenta annos _sou_ eu hoje; poderia eu discernir entre
bom e mau? poderia o teu servo ter gosto no que comer e beber? Poderia eu
mais ouvir a voz dos cantores e cantoras? E porque será o teu servo ainda
pesado ao rei meu senhor?

36 Com o rei passará teu servo ainda um pouco mais além do Jordão: e
porque me recompensará o rei _com_ tal recompensa?

37 Deixa voltar o teu servo, e morrerei na minha cidade, junto á
sepultura de meu pae e de minha mãe: mas eis ahi _está_ o teu servo
[23] Chimham, _o qual_ passe com o rei meu senhor, e faze-lhe o que bem
_parecer_ aos teus olhos.

38 Então disse o rei: Chimham passará comigo, e eu lhe farei como bem
_parecer_ aos teus olhos, e tudo quanto me pedires te farei.

39 Havendo pois todo o povo passado o Jordão, e passando tambem o rei,
beijou o rei a Barzillai, [24] e o abençoou: e elle voltou para o seu
logar.

40 E _d’ali_ passou o rei a Gilgal, e Chimham passou com elle: e todo o
povo de Judah conduziu o rei, como tambem a metade do povo d’Israel.

41 E eis que todos os homens d’Israel vieram ao rei, e disseram ao rei:
Porque te furtaram nossos irmãos, os homens de Judah, [25] e conduziram o
rei e a sua casa d’além do Jordão, e todos os homens de David com elles?

42 Então responderam todos os homens de Judah aos homens de Israel:
Porquanto o rei é [26] nosso parente; e porque vos iraes por isso?
_Porventura_ comemos _ás costas_ do rei, ou nos apresentou algum presente?

43 E responderam os homens d’Israel aos homens de Judah, e disseram: Dez
partes temos no rei, e até em David mais temos nós do que vós; porque
pois não fizestes conta de nós, para que a nossa palavra não fosse a
primeira, para tornar a trazer o nosso rei? Porém a palavra dos homens de
Judah foi [27] mais forte _do_ que a palavra dos homens d’Israel.

[1] ver. 32.

[2] cap. 15.30.

[3] cap. 18.33.

[4] cap. 18.17.

[5] cap. 5.1.

[6] cap. 17.25. Ruth 1.17.

[7] Jui. 20.1.

[8] Jos. 5.9.

[9] cap. 16.5. I Reis 2.8.

[10] cap. 9.2, 10 e 16.1, 2.

[11] I Sam. 22.15. cap. 33.

[12] cap. 16.5.

[13] Exo. 22.28.

[14] cap. 16.10.

[15] I Sam. 11.13.

[16] I Reis 2.8, 9, 37, 46.

[17] cap. 9.6.

[18] cap. 16.17.

[19] cap. 16.3 e 14.17, 20.

[20] cap. 9.7, 10, 13.

[21] I Reis 2.7.

[22] cap. 17.27.

[23] I Reis 2.6. Jer. 41.17.

[24] Gen. 31.55.

[25] ver. 15.

[26] ver. 12.

[27] Jui. 8.1 e 12.1.



_A sedição de Seba e a sua morte._

[Antes de Christo 1022]

20 Então se achou ali por acaso um homem de Belial, cujo nome era Seba,
filho de Bichri, homem de Benjamin, o qual tocou a buzina, e disse: [1]
Não temos parte em David, nem herança no filho de Jessé; cada um ás suas
tendas, ó Israel.

2 Então todos os homens d’Israel subiram de detraz de David, e seguiram
Seba, filho de Bichri; porém os homens de Judah se uniram ao seu rei
desde o Jordão até Jerusalem.

3 Vindo pois David para sua casa, a Jerusalem, tomou o rei as dez
mulheres, _suas_ concubinas, [2] que deixara para guardarem a casa, e as
poz n’uma casa em guarda, e as sustentava; porém não entrou a ellas: e
estiveram encerradas até ao dia da sua morte, vivendo _como_ viuvas.

4 Disse mais o rei a Amasa: [3] Convoca-me os homens de Judah para o
terceiro dia: e tu _então_ apresenta-te aqui.

5 E foi Amasa para convocar a Judah: porém demorou-se além do tempo que
lhe tinha designado.

6 Então disse David a Abisai: Mais mal agora nos fará Seba, o filho de
Bichri, _do_ que Absalão: _pelo que_ toma tu os servos [4] de teu senhor,
e persegue-o, para que _porventura_ não ache para si cidades fortes, e
escape dos nossos olhos.

7 Então sairam atraz d’elle os homens de Joab, e os cheretheos, [5] e os
peletheos, e todos os valentes: estes sairam de Jerusalem para irem atraz
de Seba, filho de Bichri.

8 Chegando elles _pois_ á pedra grande que _está_ junto a Gibeon, Amasa
veiu: e _estava_ Joab cingido da sua roupa que vestiu, e sobre ella um
cinto, ao qual estava pegada a espada a seus lombos na sua bainha; e,
adiantando-se elle, _lhe_ caiu.

9 E disse Joab a Amasa: Vae comtigo bem, meu irmão? E Joab, com a mão
direita, [6] pegou da barba de Amasa, para o beijar.

10 E Amasa não se resguardou da espada que _estava_ na mão de Joab, de
sorte que este o feriu [7] com ella na quinta _costella_, e lhe derramou
por terra as entranhas, e não o feriu segunda vez, e morreu: então Joab e
Abisai, seu irmão, foram atraz de Seba, filho de Bichri.

11 Mas algum d’entre os moços de Joab parou junto a elle, e disse: Quem
ha que bem queira a Joab? e quem seja por David siga a Joab.

12 E Amasa estava envolto no seu sangue no meio do caminho: e, vendo
aquelle homem que todo o povo parava, desviou a Amasa do caminho para
o campo, e lançou sobre elle um manto; porque via que todo aquelle que
chegava a elle parava.

13 E, como estava apartado do caminho, todos os homens seguiram a Joab,
para perseguirem a Seba, filho de Bichri.

14 E passou por todas as tribus d’Israel até Abel, a saber, a [8]
Beth-maaca e a todos os beritas: e ajuntaram-se, e tambem o seguiram.

15 E vieram, e o cercaram em Abel de Beth-maaca, e levantaram _uma_
tranqueira contra a cidade, assim que _já_ estava em _frente do_
antemuro: e todo o povo que _estava_ com Joab batia o muro, para o
derribar.

16 Então uma mulher sabia gritou de dentro da cidade: Ouvi, ouvi,
peço-_vos que_ digaes a Joab: Chega-te cá, para que eu te falle.

17 Chegou-se a ella, e disse a mulher: Tu és Joab? E disse elle: Eu
_sou_. E ella lhe disse: Ouve as palavras de tua serva. E disse elle:
Ouço.

18 Então fallou ella, dizendo: Antigamente costumava-se fallar, dizendo:
Certamente pediram conselho a Abel; e assim o concluiam.

19 Sou eu _uma_ das pacificas e das fieis em Israel: e tu procuras matar
uma cidade que é madre em Israel: porque _pois_ devorarias [9] a herança
do Senhor?

20 Então respondeu Joab, e disse: Longe, longe de mim que eu tal faça,
que eu devore ou arruine!

21 A coisa não é assim; porém um _só_ homem do monte d’Ephraim, cujo
nome é Seba, filho de Bichri, levantou a mão contra o rei, contra David;
entregae-me só este, e retirar-me-hei da cidade. Então disse a mulher a
Joab; Eis que te será lançada a sua cabeça pelo muro.

22 E a mulher, na sua [10] sabedoria, entrou a todo o povo, e cortaram
a cabeça de Seba, filho de Bichri, e a lançaram a Joab; então tocou a
buzina, e se retiraram da cidade, cada um para as suas tendas, e Joab
voltou a Jerusalem, ao rei.

23 E Joab [11] _estava_ sobre todo o exercito d’Israel; e Benaia, filho
de Joiada, sobre os cheretheos e sobre os peletheos;

24 E Adoram sobre [12] os tributos; e Josaphat, filho de Ahilud, _era_ o
chanceller;

25 E Seva o escrivão; e Zadok [13] e Abiathar os sacerdotes;

26 E tambem Ira, [14] o jairita, era o [KA] official-mór de David.

[1] cap. 19.43. I Reis 12.16. II Chr. 10.16.

[2] cap. 15.16 e 16.21, 22.

[3] cap. 19.13.

[4] cap. 11.11. I Reis 1.33.

[5] cap. 8.18. I Reis 1.38.

[6] Mat. 26.49. Luc. 22.47.

[7] I Reis 2.5. cap. 2.23.

[8] II Reis 15.29. II Chr. 16.4. II Reis 19.32.

[9] I Sam. 26.19. cap. 21.3.

[10] Ecc. 9.14, 15.

[11] cap. 8.16, 18.

[12] I Reis 4.6. cap. 8.16. I Reis 4.3.

[13] cap. 8.17. I Reis 4.4.

[14] cap. 23.28.



_Fome em Israel, e a sua causa._

[Antes de Christo 1021]

21 E houve em dias de David uma fome de tres annos, de anno em anno; e
David consultou ao Senhor, e o Senhor lhe disse: É por causa de Saul e da
sua casa sanguinaria, porque matou os gibeonitas.

2 Então chamou o rei aos gibeonitas, e lhes fallou (ora os gibeonitas não
_eram_ dos filhos de Israel, mas do resto [1] dos amorrheos, e os filhos
de Israel lhes tinham jurado, porém Saul procurou feril-os no seu zelo á
causa dos filhos de Israel e de Judah).

3 Disse pois David aos gibeonitas: Que _quereis que_ eu vos faça? e que
satisfação vos darei, para que abençoeis a [2] herança do Senhor?

4 Então os gibeonitas lhe disseram: Não é _por_ prata nem oiro _que_
temos questão com Saul e com sua casa; nem tão pouco pretendemos matar
pessoa alguma em Israel. E disse elle: Que _é pois que_ quereis que vos
faça?

5 E disseram ao rei: O homem que nos destruiu, e intentou contra nós
_que_ fossemos assollados, sem que podessemos subsistir em termo algum de
Israel,

6 De seus filhos se nos dêem sete homens, para que os enforquemos ao
Senhor em Gibeah [3] de Saul, o eleito do Senhor. E disse o rei: Eu _os_
darei.

7 Porém o rei poupou a Mephiboseth, filho de Jonathan, filho de Saul, por
[4] causa do juramento do Senhor, que entre elles _houvera_, entre David
e Jonathan, filho de Saul.

8 Porém tomou o rei os dois filhos de [5] Rispa, filha d’Aia, que tinha
parido a Saul, _a saber_ a Armoni e a Mephiboseth; como tambem os cinco
filhos _da irmã_ de Michal, filha de Saul, que parira a Adriel, filho de
Barzillai, meholathita.

9 E os entregou na mão dos gibeonitas, os quaes os enforcaram no monte,
perante [6] o Senhor; e cairam estes sete juntamente: e foram mortos nos
dias da sega, nos _dias_ primeiros, no principio da sega das cevadas.

10 Então Rispa, [7] filha d’Aia, tomou um panno de cilicio, e
estendeu-lh’o sobre uma penha, desde o principio da sega, até que
distillou a agua sobre elles do céu: e não deixou as aves do céu pousar
sobre elles de dia, nem os animaes do campo de noite.

11 E foi dito a David o que fizera Rispa, filha d’Aia, concubina de Saul.

12 Então foi David, e tomou os ossos de Saul, e os ossos de Jonathan
seu filho, dos moradores de [8] Jabéz-gilead, os quaes os furtaram da
rua de Beth-san, onde os [9] philisteos os tinham pendurado, quando os
philisteos feriram a Saul em Gilboa.

13 E fez subir d’ali os ossos de Saul, e os ossos de Jonathan seu filho:
e ajuntaram _tambem_ os ossos dos enforcados.

14 Enterraram os ossos de Saul, e de Jonathan seu filho na terra de
Benjamin, [10] em Zela, na sepultura de seu pae Kis, e fizeram tudo o que
o rei ordenara; e depois d’isto Deus se aplacou com a terra.


_Quatro guerras contra os philisteos._

[Antes de Christo 1019]

15 Tiveram mais os philisteos uma peleja contra Israel: e desceu David,
e com elle os seus servos: e _tanto_ pelejaram contra os philisteos, que
David se cançou.

16 E Isbi-benob, que _era_ dos filhos do gigante, e o peso de cuja lança
_tinha_ trezentos _siclos_ de peso de cobre, e que cingia uma _espada_
nova, este intentou ferir a David.

17 Porém Abisai, filho de Zeruia, o soccorreu, e feriu o philisteo, e o
matou: então os homens de David lhe juraram, dizendo: Nunca mais [11]
sairás comnosco á peleja, para que não apagues a lampada de Israel.

18 E aconteceu [12] depois d’isto que houve em Gob ainda outra peleja
contra os philisteos: então Sibbechai, o husatita, feriu a Saph, que
_era_ dos filhos do gigante.

19 Houve mais outra peleja contra os philisteos em Gob: e El-hanan, filho
de Jaaré-oregim, o beth-lehemita [13] feriu Goliath, o getheo, de cuja
lança era a haste como orgão de tecelão.

20 Houve ainda tambem [14] outra peleja em Gath, onde estava _um_ homem
d’alta estatura, que tinha em cada mão seis dedos, e em cada pé outros
seis, vinte e quatro por todos, e tambem este nascera do gigante.

21 E injuriava a Israel: porém Jonathan, filho de [15] Simea, irmão de
David, o feriu.

22 Estes [16] quatro nasceram ao gigante em Gath: e cairam pela mão de
David e pela mão de seus servos.

[1] Jos. 9.3, 15, 16, 17.

[2] cap. 20.19.

[3] I Sam. 10.26 e 11.4 e 10.24.

[4] I Sam. 18.3 e 20.8, 15, 42 e 23.18.

[5] cap. 3.7.

[6] cap. 6.17.

[7] ver. 8. cap. 3.7. Deu. 21.23.

[8] I Sam. 31.11, 12, 13.

[9] I Sam. 1.10.

[10] Jos. 18.28 e 7.26. cap. 24.25.

[11] cap. 18.3. I Reis 11.36 e 15.4. Psa. 132.17.

[12] I Chr. 20.4 e 11.29.

[13] I Chr. 20.5.

[14] I Chr. 20.6.

[15] I Sam. 16.9.

[16] I Chr. 20.8.



_Cantico de David em acção de graças._

[Antes de Christo 1018]

22 E fallou [1] David ao Senhor as palavras d’este cantico, no dia em que
o Senhor o livrou das mãos de todos os seus inimigos e das mãos de Saul.

2 Disse pois: O Senhor [2] _é_ o meu rochedo, e o meu logar forte, e o
meu libertador.

3 Deus _é_ o meu rochedo, [3] n’elle confiarei: o meu escudo, e [KB]
a força da minha salvação, o meu alto retiro, e o meu refugio. O meu
Salvador, de violencia me salvaste.

4 O Senhor, digno de louvor, invoquei, e de meus inimigos fiquei livre.

5 Porque me cercaram as ondas de morte: as torrentes de Belial me
assombraram.

6 Cordas [4] do inferno me cingiram; encontraram-me laços de morte.

7 Estando [5] em angustia, invoquei ao Senhor, e a meu Deus clamei: do
seu templo ouviu elle a minha voz, e o meu clamor _chegou_ aos seus
ouvidos.

8 Então se abalou e tremeu a [6] terra, os fundamentos dos céus se
moveram e abalaram, porque elle se irou.

9 Subiu [7] o fumo de seus narizes, e da sua bocca um fogo devorador:
carvões se incenderam d’elle.

10 E abaixou [8] os céus, e desceu: e uma escuridão havia debaixo de seus
pés.

11 E subiu sobre um cherubim, e voou: e foi visto sobre as azas do vento.

12 E por tendas poz [9] as trevas ao redor de si: ajuntamento d’aguas,
nuvens dos céus.

13 Pelo resplendor da sua presença brasas de fogo se [10] accendem.

14 Trovejou desde os céus o Senhor: [11] e o Altissimo fez soar a sua voz.

15 E disparou [12] frechas, e os dissipou: raios e os perturbou.

16 E appareceram as profundezas do mar, os fundamentos do mundo se
descobriram: pela reprehensão [13] do Senhor, pelo sopro do vento dos
seus narizes.

17 Desde o alto enviou, _e_ me tomou: tirou-me das muitas aguas.

18 Livrou-me [14] do meu possante inimigo, _e_ d’aquelles que me tinham
odio, porque eram mais fortes do que eu.

19 Encontraram-me no dia da minha calamidade: porém o Senhor se fez o meu
esteio.

20 E [15] tirou-me á largura, e arrebatou-me _d’ali_; porque tinha prazer
em mim.

21 Recompensou-me o Senhor conforme [16] á minha justiça: conforme á
pureza de minhas mãos me retribuiu.

22 Porque guardei [17] os caminhos do Senhor: e não me apartei impiamente
do meu Deus.

23 Porque todos os seus [18] juizos _estavam_ diante de mim: e de seus
estatutos me não desviei.

24 Porém fui [19] sincero perante elle: e guardei-me da minha iniquidade.

25 E me retribuiu [20] o Senhor conforme á minha justiça, conforme á
minha pureza diante dos seus olhos.

26 Com o benigno te mostras benigno: [21] com o varão sincero te mostras
sincero.

27 Com o puro te mostras puro: mas com o perverso te mostras avesso.

28 E o povo afflicto livras: mas teus [22] olhos são contra os altivos,
_e_ tu _os_ abaterás.

29 Porque tu, Senhor, _és_ a minha candeia: e o Senhor esclarece as
minhas trevas.

30 Porque comtigo passo pelo meio d’um esquadrão: pelo meu Deus salto um
muro.

31 O caminho [23] de Deus _é_ perfeito, _e_ a palavra do Senhor refinada;
e é o escudo de todos os que n’elle confiam.

32 Porque, quem _é_ Deus, [24] senão o Senhor? e quem é rochedo, senão o
nosso Deus?

33 Deus _é_ a minha [25] fortaleza _e a minha_ força, e elle
perfeitamente desembaraça o meu caminho.

34 Faz elle os meus [26] pés como os das cervas, e me põe sobre as minhas
alturas.

35 Instrue as minhas mãos para a peleja, de maneira que um arco de cobre
se quebra pelos meus braços.

36 Tambem me déste o escudo da tua salvação, e pela tua brandura me
vieste a engrandecer.

37 Alargaste [27] os meus passos debaixo de mim, e não vacillaram os meus
artelhos.

38 Persegui os meus inimigos, e os derrotei, e nunca me tornei até que os
consumisse.

39 E os consumi, e os atravessei, de modo que nunca mais se levantaram,
mas cairam debaixo [28] dos meus pés.

40 Porque me cingiste [29] de força para a peleja, fizeste abater-se
debaixo de mim os que se levantaram contra mim.

41 E deste-me o pescoço [30] de meus inimigos, d’aquelles que me tinham
odio, e os destrui.

42 Olharam, porém não _houve_ libertador: sim, para o Senhor, [31] porém
não lhes respondeu.

43 Então os moí [32] como o pó da terra; como a lama das ruas os trilhei
e dissipei.

44 Tambem me livraste [33] das contendas do meu povo; guardaste-me para
cabeça das nações; o povo _que_ não conhecia [34] me servirá.

45 Os filhos [35] de estranhos se me sujeitaram; ouvindo _a minha voz_,
me obedeceram.

46 Os filhos de estranhos descairam; e, cingindo-se, _sairam_ dos seus
encerramentos.

47 Vive o Senhor, e bemdito _seja_ o meu rochedo; e exaltado seja Deus, a
rocha da minha salvação:

48 O Deus que me dá inteira vingança, e sujeita os povos debaixo de mim.

49 E o que me tira d’entre os meus inimigos: e tu me exaltas sobre os que
contra mim se levantam; do homem violento me livras.

50 Por isso, ó Senhor, te louvarei entre [36] as gentes, e entoarei
louvores ao teu nome.

51 Elle _é_ a torre [37] das salvações do seu rei, e usa de benignidade
com o seu ungido, com David, e com a sua semente para sempre.

[1] Exo. 15.1. Jui. 5.1.

[2] Deu. 32.4.

[3] Heb. 2.13. Gen. 15.1. Luc. 1.69. Pro. 18.10. Jer. 16.19.

[4] Psa. 116.3.

[5] Psa. 116.4. Jon. 2.2. Exo. 3.7.

[6] Jui. 5.4. Job 26.11.

[7] Psa. 97.3. Hab. 3.5. Heb. 12.29.

[8] Isa. 64.1. Exo. 20.21. I Reis 8.12. Psa. 97.2.

[9] ver. 10. Psa. 97.2.

[10] ver. 9.

[11] Jui. 5.20. I Sam. 2.10 e 7.10. Isa. 30.30.

[12] Deu. 32.23. Hab. 3.11.

[13] Exo. 15.8. Psa. 106.9. Nah. 1.4. Mat. 8.26.

[14] ver. 1.

[15] Psa. 31.9. cap. 15.26.

[16] ver. 25. I Sam. 25.23. I Reis 8.32.

[17] Gen. 18.19. Pro. 8.32.

[18] Deu. 7.12.

[19] Gen. 6.9 e 17.1. Job 1.1.

[20] ver. 21.

[21] Mat. 5.7. Lev. 26.23, 24, 27, 28.

[22] Exo. 3.7, 8. Job 40.11, 12. Isa. 2.11, 12, 17 e 5.15. Dan. 4.37.

[23] Deu. 32.4. Dan. 4.37. Apo. 15.3. Pro. 30.5.

[24] I Sam. 2.2. Isa. 45.5, 6.

[25] Exo. 15.2. Isa. 12.2. Heb. 13.21. Deu. 18.13. Job 22.3.

[26] cap. 2.18. Hab. 3.19. Deu. 32.13. Isa. 33.16 e 58.14.

[27] Pro. 4.12.

[28] Mal. 4.3.

[29] Psa. 18.33, 40.

[30] Gen. 49.8. Exo. 23.27. Jos. 10.24.

[31] Jos. 27.9. Pro. 1.28. Isa. 1.15. Miq. 3.4.

[32] II Reis 13.7. Dan. 2.35. Isa. 10.6. Miq. 7.10. Zac. 10.5.

[33] cap. 3.1 e 5.1 e 19.9, 14 e 20.1, 2, 22.

[34] Deu. 28.13. cap. 8.1-14. Isa. 55.5.

[35] Miq. 7.17. Psa. 89.27.

[36] Rom. 15.9.

[37] Psa. 144.10. cap. 7.12, 13.



_As ultimas palavras de David._

23 E estas _são_ as ultimas palavras de David: Diz David, filho de Jessé,
e diz [1] o homem que foi levantado em altura, o ungido do Deus de Jacob,
e o suave em psalmos d’Israel:

2 O [2] espirito do Senhor fallou por mim, e a sua palavra _esteve_ em
minha bocca.

3 Disse o Deus d’Israel, [3] a Rocha d’Israel a mim me fallou: _Haverá
um_ justo que domine sobre os homens, [4] que domine _no_ temor de Deus.

4 E _será_ como [5] a luz da manhã, _quando_ sae o sol, da manhã sem
nuvens, _quando_ pelo _seu_ resplandor e pela chuva a herva _brota_ da
terra.

5 Ainda que a minha casa não _seja_ tal para com Deus, [6] comtudo
estabeleceu comigo _um_ concerto eterno, que em tudo será bem ordenado e
guardado, pois toda a minha salvação e todo o _meu_ prazer _está n’elle_,
apezar de que _ainda_ não o faz brotar.

6 Porém os _filhos_ de Belial todos _serão_ como _os_ espinhos que se
lançam fóra, porque se lhes não pode pegar com a mão.

7 Mas qualquer que os tocar se armará de ferro e da haste de _uma_ lança;
e a fogo serão totalmente queimados no _mesmo_ logar.


_Os trinta e sete valentes que David teve._

8 Estes _são_ os nomes dos valentes que David teve: Joseb-bashebeth,
_filho de_ Tachemoni, o principal dos capitães: este _era_ Adino, o
esnita, _que se oppozera_ a oitocentos, e os feriu d’uma vez.

9 E depois d’elle Eleazar, [7] filho de Dodó, filho de Ahohi, entre os
tres valentes que _estavam_ com David quando provocaram os philisteos que
ali se ajuntaram á peleja, e quando d’Israel os homens subiram.

10 Este se levantou, e feriu os philisteos, até lhe cançar a mão e
ficar a mão pegada á espada: e n’aquelle dia o Senhor obrou um grande
livramento; e o povo voltou atraz d’elle, sómente a tomar o despojo.

11 E depois d’elle [8] Samma, filho de Agé, o hararita, quando os
philisteos se ajuntaram n’uma multidão, onde havia um pedaço de terra
cheio de lentilhas, e o povo fugira de diante dos philisteos.

12 Este pois se poz no meio d’aquelle pedaço _de terra_, e o defendeu, e
feriu os philisteos: e o Senhor obrou um grande livramento.

13 Tambem tres dos trinta cabeças desceram, [9] e vieram no tempo da sega
a David, á caverna de Adullam: e a multidão dos philisteos acampara no
valle de Rephaim.

14 David _estava_ [10] então n’um logar forte, e a guarnição dos
philisteos _estava_ então em Beth-lehem.

15 E teve David desejo, e disse: Quem me déra beber da agua da cisterna
de Beth-lehem, que _está_ junto á porta!

16 Então _aquelles_ tres valentes romperam pelo arraial dos philisteos,
e tiraram agua da cisterna de Beth-lehem, que _está_ junto á porta,
_e_ a tomaram, e a trouxeram a David; porém elle não a quiz beber, mas
derramou-a perante o Senhor,

17 E disse: Guarda-me, ó Senhor, de que tal faça; _beberia eu_ [11] o
sangue dos homens que foram a risco da sua vida? De maneira que não a
quiz beber: isto fizeram _aquelles_ tres valentes.

18 Tambem Abisai, irmão de Joab, filho de Zeruia, [12] era cabeça de
tres; e este alçou a sua lança contra trezentos feridos: e tinha nome
entre os tres.

19 _Porventura_ este não era o mais nobre d’entre estes tres? pois era o
primeiro d’elles; porém aos _primeiros_ tres não chegou.

20 Tambem Benaia, filho de Joiada, [13] filho d’um homem valoroso de
Cabseel, grande em obras, este feriu dois fortes leões de Moab; e desceu
elle, e feriu um leão no meio d’uma cova, no tempo da neve.

21 Tambem este feriu um _homem_ egypcio, homem de respeito; e na mão
do egypcio havia uma lança, porém elle desceu a elle com um cajado, e
arrancou a lança da mão do egypcio, e o matou com a sua _propria_ lança.

22 Estas _coisas_ fez Benaia, filho de Joiada, pelo que teve nome entre
tres valentes.

23 D’entre os trinta elle era o mais nobre, porém aos tres _primeiros_
não chegou: e David [14] o poz sobre os seus guardas.

24 Asael, [15] irmão de Joab, _estava_ entre os trinta, _que eram_:
El-hanan, filho de Dodó, de Beth-lehem,

25 Samma, [16] harodita, Elika, harodita,

26 Heles, paltita, Ira, filho de Ikkes, tekoita,

27 Abiezer, anathothita, Mebunnai, husathita,

28 Zalmon, ahohita, Maharai, netophathita,

29 Heleb, filho de Baena, netophathita, Ittai, filho de Ribai, de Gibeah
dos filhos de Benjamin,

30 Benaia, pirhathonita, Hiddai, do ribeiro [17] de Gaás,

31 Abi-albon, arbathita, Azmaveth, barhumita,

32 Eliaba, saalbonita, os filhos de Jasen _e_ Jonathan,

33 Samma, hararita, Ahiam, filho de Sarar, ararita,

34 Eliphelet, filho de Ahasbai, filho d’um maacathita, Eliam, filho de
Achitophel, gilonita,

35 Hesrai, carmelita, Paarai, arbita,

36 Ighal, filho de Nathan, de Zoba, Bani, gadita,

37 Zelek, ammonita, Naharai, beerothita, o que trazia as armas de Joab,
filho de Zeruia,

38 Ira, [18] jethrita, Gareb, jethrita,

39 Urias, hetheo: trinta e sete por todos.

[1] cap. 7.8, 9. I Sam. 16.12, 13.

[2] II Ped. 1.21.

[3] Deu. 32.4, 31.

[4] Exo. 18.21. II Chr. 19.7, 9.

[5] Jui. 5.31. Pro. 4.18. Ose. 6.5.

[6] cap. 7.15, 16. Isa. 55.3.

[7] I Chr. 11.12 e 27.4.

[8] I Chr. 11.27 e 11.13, 14.

[9] I Chr. 11.15. I Sam. 22.1. cap. 5.18.

[10] I Sam. 22.4, 5.

[11] Lev. 17.10.

[12] I Chr. 11.20.

[13] Jos. 15.21. Exo. 15.15. I Chr. 11.22.

[14] cap. 8.18 e 20.23.

[15] cap. 2.18.

[16] I Chr. 11.27.

[17] Jui. 2.9.

[18] cap. 20.26.



_A numeração do povo e o castigo que Deus enviou._

24 E a ira do Senhor se tornou [1] a accender contra Israel: e incitou a
David contra elles, dizendo: Vae, numera a Israel e a Judah.

2 Disse pois o rei a Joab, chefe do exercito, o qual _tinha_ comsigo:
Agora rodeia por todas as tribus de Israel, [2] desde Dan até Berseba, e
numera o povo: para que eu saiba o numero do povo.

3 Então disse Joab ao rei: Ora, multiplique o Senhor teu Deus a este povo
cem vezes tanto quanto _agora_ é, e os olhos do rei meu senhor o vejam:
mas porque deseja o rei meu senhor este negocio?

4 Porém a palavra do rei prevaleceu contra Joab, e contra os chefes do
exercito: Joab pois saiu com os chefes do exercito diante da face do rei,
a numerar o povo de Israel.

5 E passaram o Jordão: e pozeram-se em campo junto a [3] Aroer, á direita
da cidade que _está_ no meio do ribeiro de Gad, e junto a Jazer.

6 E vieram a Gilead, e á terra baixa de Hodsi: [4] tambem vieram até
Dan-jaan, e ao redor de Zidon.

7 E vieram á fortaleza de Tyro, e a todas as cidades dos heveos e dos
cananeos; e sairam para a banda do sul de Judah, a Berseba.

8 Assim rodeiaram por toda a terra: e ao cabo de nove mezes e vinte dias
voltaram a Jerusalem.

[Antes de Christo 1017]

9 E Joab deu ao rei a somma do numero do povo contado: [5] e havia em
Israel oitocentos mil homens de guerra, que arrancavam espada; e os
homens de Judah _eram_ quinhentos mil homens.

10 E o coração feriu a [6] David, depois de haver numerado o povo: e
disse David ao Senhor: Muito pequei [7] _no_ que fiz: porém agora, ó
Senhor, peço-_te que_ traspasses a iniquidade do teu servo; porque tenho
feito mui loucamente.

11 Levantando-se pois David pela manhã, veiu a palavra do Senhor ao
propheta [8] Gad, vidente de David, dizendo:

12 Vae, e dize a David: Assim diz o Senhor: Tres coisas te offereço;
escolhe uma d’ellas, para que t’a faça.

13 Veiu pois Gad a David, e fez-lh’o saber; e disse-lhe: _Queres_ que
sete annos de fome [9] te venham á tua terra; ou que por tres mezes fujas
diante de teus inimigos, e elles te persigam; ou que por tres dias haja
peste na tua terra? Delibera agora, e vê que resposta hei de tornar ao
que me enviou.

14 Então disse David a Gad: Estou em grande angustia: porém caiamos nas
mãos do Senhor, porque muitas _são_ as [10] suas misericordias; mas nas
mãos dos homens não caia _eu_.

15 Então enviou [11] o Senhor a peste a Israel, desde pela manhã até ao
tempo determinado: e desde Dan até Berseba, morreram setenta mil homens
do povo.

16 Estendendo pois [12] o anjo a sua mão sobre Jerusalem, para a
destruir, o Senhor se arrependeu d’aquelle mal; e disse ao anjo que fazia
a destruição entre o povo: Basta, agora retira a tua mão. E o anjo do
Senhor estava junto á eira d’Arauna, [13] o jebuseo.

17 E, vendo David ao anjo que feria o povo, fallou ao Senhor, e disse:
Eis que eu _sou o que_ pequei, [14] e eu _o que_ iniquamente obrei; porém
estas ovelhas que fizeram? seja pois a tua mão contra mim, e contra a
casa de meu pae.

18 E Gad veiu n’aquelle mesmo dia a David; e disse-lhe: Sobe, levanta ao
Senhor [15] um altar na eira de Arauna, o jebuseo.

19 David subiu conforme á palavra de Gad, como o Senhor lhe tinha
ordenado.

20 E olhou Arauna, e viu que vinham para elle o rei e os seus servos:
saiu pois Arauna, e inclinou-se diante do rei com o rosto em terra.

21 E disse Arauna: Porque vem o rei meu Senhor ao seu servo? E disse
David: [16] Para comprar de ti _esta_ eira, afim de edificar _n’ella_ um
altar ao Senhor, para que este castigo cesse [17] de sobre o povo.

22 Então disse Arauna a David: Tome, e offereça o rei meu senhor o que
bem _parecer_ aos seus olhos: eis ahi [18] bois para o holocausto, e os
trilhos, e o apparelho dos bois para a lenha.

23 Tudo isto deu Arauna ao rei; disse mais Arauna ao rei; O Senhor teu
Deus [19] tome prazer em ti.

24 Porém o rei disse a Arauna: Não, porém por certo preço t’o comprarei,
porque não offerecerei ao Senhor meu Deus holocaustos que me não custem
nada. Assim David comprou [20] a eira e os bois por cincoenta siclos de
prata.

25 E edificou ali David ao Senhor um altar, e offereceu holocaustos, e
offertas pacificas. [21] Assim o Senhor se aplacou com a terra, e cessou
aquelle castigo de sobre Israel.

[1] cap. 21.1. I Chr. 27.23, 24.

[2] Jui. 20.1. Jer. 17.5.

[3] Deu. 2.36. Jos. 13.9, 16.

[4] Jos. 19.47. Jui. 18.29. Jos. 19.28. Jui. 18.28.

[5] I Chr. 21.5.

[6] I Sam. 24.5.

[7] cap. 12.13. I Sam. 13.13.

[8] I Sam. 9.9. I Chr. 29.29.

[9] I Chr. 21.12.

[10] Psa. 103.8, 13, 14. Isa. 47.6. Zac. 1.16.

[11] I Chr. 21.14 e 27.24.

[12] Exo. 12.23. I Chr. 21.15. Gen. 6.6. I Sam. 15.11. Joel 2.13, 14.

[13] I Chr. 21.15. II Chr. 3.1.

[14] I Chr. 21.17.

[15] I Chr. 21.18, etc.

[16] Gen. 23.8-16.

[17] Num. 16.48, 50.

[18] I Reis 19.21.

[19] Eze. 20.40, 41.

[20] I Chr. 21.24, 25.

[21] cap. 21.14. ver. 21.



O PRIMEIRO LIVRO DOS REIS.



_A velhice de David._

[Antes de Christo 1015]

1 Sendo pois o rei David já velho, _e_ entrado em dias, cobriam-n’o de
vestes, porém não aquecia.

2 Então disseram-lhe os seus servos: Busquem para o rei meu senhor uma
moça virgem, que esteja perante o rei, e tenha cuidado d’elle: e durma no
seu seio, para que o rei meu senhor aqueça.

3 E buscaram por todos os termos de Israel uma moça formosa: e acharam a
[1] Abisag, sunamita; e a trouxeram ao rei.

4 E _era_ a moça sobre maneira formosa: e tinha cuidado do rei, e o
servia; porém o rei não a conheceu.

5 Então Adonias, [2] filho d’Haggith, se levantou, dizendo: Eu reinarei.
E preparou carros, [3] e cavalleiros, e cincoenta homens, que corressem
diante d’elle.

6 E nunca seu pae o tinha contrariado, dizendo: Porque fizeste assim? E
_era_ elle tambem mui formoso [4] de parecer; e _Haggith_ o parira depois
de Absalão.

7 E tinha intelligencia com Joab, filho de Zeruia, e [5] com Abiathar o
sacerdote; os quaes _o_ ajudavam, seguindo a Adonias.

8 Porém Zadok o sacerdote, e Benaia, filho de Joiada, e Nathan, o
propheta, [6] e Simei, e Rei, e os valentes que David tinha, não estavam
com Adonias,

9 E matou Adonias ovelhas, e vaccas, e _bestas_ cevadas, junto á pedra de
Zoheleth, que _está_ junto á fonte de Rogel: e convidou a todos os seus
irmãos, os filhos do rei, e a todos os homens de Judah, servos do rei.

10 Porém a Nathan, propheta, e a Benaia, e aos valentes, e a Salomão, seu
irmão, não convidou.

11 Então fallou Nathan a Bath-seba, mãe de Salomão, dizendo: Não ouviste
que Adonias, [7] filho de Haggith, reina? e que nosso senhor David não o
sabe?

12 Vem pois agora, _e_ deixa-me dar-te um conselho, para que salves a tua
vida, e a de Salomão teu filho.

13 Vae, e entra ao rei David, e dize-lhe: Não juraste tu, rei senhor meu,
á tua serva, dizendo: Certamente teu [8] filho Salomão reinará depois de
mim, e elle se assentará no meu throno? porque pois reina Adonias?

14 Eis que, estando tu ainda ahi fallando com o rei, eu tambem entrarei
depois de ti, e acabarei as tuas palavras.

15 E entrou Bath-seba ao rei na recamara; e o rei era mui velho: e
Abisag, a sunamita, servia ao rei.

16 E Bath-seba inclinou a cabeça, e se prostrou perante o rei: e disse o
rei: Que tens?

17 E ella lhe disse: [9] Senhor meu, tu juraste á tua serva pelo Senhor
teu Deus, _dizendo_: Salomão, teu filho, reinará depois de mim, e elle se
assentará no meu throno.

18 E agora eis que Adonias reina: e agora, ó rei meu senhor, tu não _o_
sabes.

19 E matou [10] vaccas, e _bestas_ cevadas, e ovelhas em abundancia, e
convidou a todos os filhos do rei, e a Abiathar, o sacerdote, e a Joab,
general do exercito, mas a teu servo Salomão não convidou.

20 Porém tu, ó rei meu senhor, os olhos de todo o Israel estão sobre
ti, para que lhes declares quem se assentará sobre o throno do rei meu
senhor, depois d’elle.

21 D’outro modo [11] succederá que, quando o rei meu senhor dormir com
seus paes, eu e Salomão meu filho seremos _os_ peccantes.

22 E, estando ella ainda fallando com o rei, eis que entra o propheta
Nathan.

23 E o fizeram saber ao rei, dizendo: Eis ali _está_ o propheta Nathan.
E entrou á presença do rei, e prostrou-se diante do rei com o rosto em
terra.

24 E disse Nathan: Ó rei meu senhor, disseste tu: Adonias reinará depois
de mim, e elle se assentará sobre o meu throno?

25 Porque [12] hoje desceu, e matou vaccas, e _bestas_ cevadas, e ovelhas
em abundancia, e convidou a todos os filhos do rei, e aos capitães do
exercito, e a Abiathar, o sacerdote, e eis que estão comendo e bebendo
perante elle: e dizem: [13] Viva o rei Adonias!

26 Porém a mim, sendo eu teu servo, e a Zadok, o sacerdote, e a Benaia,
filho de Joiada, e a Salomão, teu servo, não convidou.

27 Foi feito isto da parte do rei meu senhor? e não fizeste saber a teu
servo quem se assentaria no throno do rei meu senhor depois d’elle?

28 E respondeu o rei David, e disse: Chamae-me a Bath-seba. E ella entrou
á presença do rei; e estava em pé diante do rei.

29 Então jurou o rei e disse: Vive o Senhor, [14] o qual remiu a minha
alma de toda a angustia,

30 Que, [15] como te jurei pelo Senhor Deus de Israel, dizendo:
Certamente teu filho Salomão reinará depois de mim, e elle se assentará
no meu throno, em meu logar, assim o farei _no dia d’_hoje.

31 Então Bath-seba se inclinou com o rosto em terra, e se prostrou diante
do rei, e disse: Viva [16] o rei David meu senhor para sempre!


_Salomão é constituido rei._

32 E disse o rei David: Chamae-me a Zadok, o sacerdote, e a Nathan, o
propheta, e a Benaia, filho de Joiada. E entraram á presença do rei.

33 E o rei lhes disse: Tomae comvosco [17] os servos de vosso senhor, e
fazei subir a meu filho Salomão na mula que _é_ minha; e fazei-o descer a
Gihon.

34 E Zadok, o sacerdote, com Nathan, [18] o propheta, ali o ungirão rei
sobre Israel: então tocareis a trombeta, e direis: Viva o rei Salomão!

35 Então subireis apoz elle, e virá e se assentará no meu throno, e elle
reinará em meu logar: porque tenho ordenado que elle seja guia sobre
Israel e sobre Judah.

36 Então Benaia, filho de Joiada, respondeu ao rei, e disse: Amen: assim
_o_ diga o Senhor Deus do rei meu senhor.

37 Como [19] o Senhor foi com o rei meu senhor, assim _o_ seja com
Salomão, e faça _que_ o seu throno _seja_ maior do que o throno do rei
David meu senhor.

38 Então desceu Zadok, o sacerdote, e Nathan, o propheta, [20] e Benaia,
filho de Joiada, e os cheretheos, e os peletheos, e fizeram montar a
Salomão na mula do rei David, e o levaram a Gihon.

39 E Zadok, o sacerdote tomou o [KC] vaso do azeite do tabernaculo, e
[21] ungiu a Salomão: e tocaram a, trombeta, e todo o povo disse: [22]
Viva o rei Salomão!

40 E todo o povo subiu apoz elle, e o povo tangia com gaitas, e
alegrava-se com grande alegria: de maneira que com o seu clamor a terra
retiniu.

41 E o ouviu Adonias, e todos os convidados que _estavam_ com elle, que
tinham acabado de comer: tambem Joab ouviu o sonido das trombetas, e
disse: Porque ha _tal_ ruido na cidade alvoroçada?

42 Estando elle ainda fallando, eis que vem Jonathan, filho de Abiathar,
o sacerdote, e disse Adonias: [23] Entra, porque _és_ homem valente, e
trarás boas novas.

43 E respondeu Jonathan, e disse a Adonias: Certamente nosso senhor rei
David constituiu rei a Salomão.

44 E o rei enviou com elle a Zadok, o sacerdote, e a Nathan, o propheta,
e a Benaia, filho de Joiada, e aos cheretheos e aos peletheos: e o
fizeram montar na mula do rei.

45 E Zadok, o sacerdote, e Nathan, o propheta, o ungiram rei em Gihon, e
d’ali subiram alegres, e a cidade está alvoroçada: este é o clamor que
ouviste.

46 E tambem Salomão [24] está assentado no throno do reino.

47 E tambem os servos do rei vieram abençoar a nosso senhor, o [25] rei
David, dizendo: Faça _teu_ Deus _que_ o nome de Salomão _seja_ melhor
_do_ que o teu nome; e faça _que_ o seu throno _seja_ maior do que o teu
[26] throno. E o rei se inclinou no leito.

48 E tambem disse o rei assim: Bemdito o Senhor Deus de Israel, que hoje
tem dado quem se assente no meu throno, e _que_ os meus [27] olhos _o_
vissem.

49 Então estremeceram e se levantaram todos os convidados que _estavam_
com Adonias: e cada um se foi ao seu caminho.

50 Porém Adonias temeu a Salomão: e levantou-se, e foi, [28] e pegou dos
cornos do altar.

51 E fez-se saber a Salomão, dizendo: Eis que Adonias teme ao rei
Salomão: porque eis que pegou dos cornos do altar, dizendo: Jure-me hoje
o rei Salomão que não matará a seu servo á espada.

52 E disse Salomão: Se fôr homem de bem, nem um de seus cabellos cairá em
[29] terra: porém, se se achar n’elle maldade, morrerá.

53 E enviou o rei Salomão, e o fizeram descer do altar; e veiu, e
prostrou-se perante o rei Salomão, e Salomão lhe disse: Vae para tua casa.

[1] Jos. 19.18.

[2] II Sam. 3.4.

[3] II Sam. 15.1.

[4] II Sam. 3.3, 4. I Chr. 3.2.

[5] II Sam. 20.25. cap. 2.22, 28.

[6] cap. 4.18. II Sam. 23.8.

[7] II Sam. 3.4.

[8] I Chr. 22.9.

[9] ver. 13, 30.

[10] ver. 7, 8, 9, 25.

[11] Deu. 31.16. cap. 2.10.

[12] ver. 19.

[13] I Sam. 10.24.

[14] II Sam. 4.9.

[15] ver. 17.

[16] Neh. 2.3. Dan. 2.4.

[17] II Sam. 20.6.

[18] I Sam. 10.1 e 16.3, 12. II Sam. 2.4 e 5.3. cap. 19.16. II Reis 9.3 e
11.12.

[19] Jos. 1.5, 17. I Sam. 20.13. ver. 47.

[20] II Sam. 8.18 e 23.20-23.

[21] Exo. 30.23, 25, 32. I Chr. 29.22.

[22] I Sam. 10.24.

[23] II Sam. 18.27.

[24] I Chr. 29.23.

[25] ver. 37.

[26] Gen. 47.31.

[27] cap. 3.6.

[28] cap. 2.28.

[29] I Sam. 14.45. II Sam. 14.11. Act. 27.34.



_David dá conselhos a Salomão e morre._

2 E approximaram-se [1] os dias da morte de David: e deu elle ordem a
Salomão, seu filho, dizendo:

2 Eu vou pelo [2] caminho de toda a terra: esforça-te pois e sê homem.

3 E guarda a observancia do Senhor teu Deus, para andares nos seus
caminhos, _e_ para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos,
e os seus juizos, e os seus testemunhos, como está escripto na lei de
Moysés: para que [3] prosperes em tudo quanto fizeres, e para onde quer
que te voltares.

4 Para que o Senhor confirme a palavra, que [4] fallou de mim, dizendo:
Se teus filhos guardarem o seu caminho, para andarem perante a minha face
fielmente, com todo o seu coração e com toda a sua alma, nunca, disse, te
faltará successor ao throno de Israel.

5 E tambem tu sabes o que me fez Joab, [5] filho de Zeruia, _e_ o que
fez aos dois chefes do exercito de Israel, [6] a Abner, filho de Ner, e
a Amasa, filho de Jether, os quaes matou, e em paz derramou o sangue de
guerra, e poz o sangue de guerra no seu cinto que _tinha_ nos lombos, e
nos seus sapatos que _trazia_ nos pés.

6 Faze pois [7] segundo a tua sabedoria, e não permittas que suas cãs
desçam á sepultura em paz.

7 Porém com os filhos de Barzillai, o gileadita, usarás de beneficencia,
e estarão entre os que [8] comem á tua mesa, porque assim se chegaram
elles a mim, quando eu fugia por causa de teu irmão Absalão.

8 E eis que _tambem_ comtigo [9] está Simei, filho de Gera, filho de
Benjamin, de Bahurim, que me maldisse _com_ maldição atroz, no dia em que
ia a Mahanaim; porém elle saiu a encontrar-se comigo junto ao Jordão, e
eu pelo Senhor lhe [10] jurei, dizendo que o não mataria á espada.

9 Mas agora o [11] não tenhas por inculpavel, pois és homem sabio, e bem
saberás o que lhe has de fazer para que faças com que as suas cãs desçam
á sepultura com sangue.

10 E David dormiu [12] com seus paes, e foi sepultado [13] na cidade de
David.

11 E _foram_ os dias que David [14] reinou sobre Israel quarenta annos:
sete annos reinou em Hebron, e em Jerusalem reinou trinta e tres annos.


_Salomão reina, e mata Adonias, Joab e Simei._

[Antes de Christo 1014]

12 E Salomão se assentou [15] no throno de David, seu pae, e o seu reino
se fortificou sobremaneira.

13 Então veiu Adonias, filho de Haggith, a Bath-seba, mãe de Salomão; e
disse _ella_: [16] De paz é a tua vinda? E elle disse: É _de_ paz.

14 Então disse elle: _Uma_ palavra tenho que _dizer_-te. E ella disse:
Falla.

15 Disse pois elle: Bem sabes que o reino era [17] meu, e todo o Israel
tinha posto a vista em mim para que eu viesse a reinar, ainda que o reino
se transferiu e veiu a ser de meu irmão, porque [18] foi feito seu pelo
Senhor.

16 Assim que agora uma só petição te faço; não m’a rejeites. E ella lhe
disse: Falla.

17 E elle disse: Peço-_te que_ falles ao rei Salomão (porque elle t’o não
rejeitará) que me dê por mulher a Abisag, [19] a sunamita.

18 E disse Bath-seba: Bem, eu fallarei por ti ao rei.

19 Assim veiu Bath-seba ao rei Salomão, a fallar-lhe por Adonias: e o rei
se levantou a encontrar-se com ella, e se inclinou diante [20] d’ella;
então se assentou no seu throno, e fez pôr uma cadeira para a mãe do rei,
e ella se assentou á sua _mão_ direita.

20 Então disse ella: _Só_ uma pequena petição te faço; não m’a rejeites.
E o rei lhe disse: Pede, minha mãe, porque te não farei virar o rosto.

21 E ella disse: Dê-se Abisag, a sunamita, a Adonias, teu irmão, por
mulher.

22 Então respondeu o rei Salomão, e disse a sua mãe: E porque pedes a
Abisag, a sunamita, para Adonias? pede tambem para elle o reino (porque
_é_ meu irmão maior), para elle, digo, e _tambem_ para [21] Abiathar,
sacerdote, e para Joab, filho de Zeruia.

23 E jurou o rei Salomão pelo Senhor, dizendo: Assim Deus [22] me faça, e
outro tanto, se não fallou Adonias esta palavra contra a sua vida.

24 Agora, pois, vive o Senhor, que me confirmou, e me fez assentar no
throno de David, meu pae, e que me tem feito casa, [23] como tinha dito,
que hoje morrerá Adonias.

25 E enviou o rei Salomão pela mão de Benaia, filho de Joiada, o qual deu
sobre elle, e morreu.

26 E a Abiathar, o sacerdote, disse o rei; Para [24] Anathoth vae, para
os teus campos, porque _és_ homem _digno_ de morte: porém hoje te não
matarei, porquanto [25] levaste a arca do Senhor Deus diante de David,
meu pae, e porquanto foste afflicto em tudo quanto meu pae foi afflicto.

27 Lançou pois Salomão fóra a Abiathar, para que não fosse sacerdote do
Senhor, para cumprir [26] a palavra do Senhor, que tinha dito sobre a
casa d’Eli em Silo.

28 E veiu a fama até Joab (porque Joab se tinha desviado seguindo [27]
a Adonias, ainda que se não tinha desviado seguindo a Absalão), e Joab
fugiu para o tabernaculo do Senhor, e pegou dos cornos do altar.

29 E disseram ao rei Salomão que Joab tinha fugido para o tabernaculo do
Senhor; e eis que _está_ junto ao altar: então enviou Salomão Benaia,
filho de Joiada, dizendo: Vae, dá sobre elle.

30 E veiu Benaia ao tabernaculo do Senhor, e lhe disse: Assim diz o rei:
Sae _d’ahi_. E disse elle: Não, porém aqui morrerei. E Benaia tornou com
a resposta ao rei, dizendo: Assim fallou Joab, e assim me respondeu.

31 E disse-lhe o rei: Faze [28] como elle disse, e dá sobre elle, e
sepulta-o, para que tires de mim e da casa de meu pae o sangue que Joab
sem causa derramou.

32 Assim o Senhor fará [29] recair o sangue d’elle sobre a sua cabeça,
porque deu sobre dois homens mais justos e melhores do que elle, e os
matou á espada, sem que meu pae David o soubesse, _a saber_: a Abner,
filho de Ner, chefe do exercito de Israel, e a Amasa, filho de Jether,
chefe do exercito de Judah.

33 Assim recairá o sangue d’estes sobre a cabeça de Joab e [30] sobre a
cabeça da sua semente para sempre; mas a David, e á sua semente, e á sua
casa, e ao seu throno, dará o Senhor paz para todo o sempre.

34 E subiu Benaia, filho de Joiada, e deu sobre elle, e o matou: e foi
sepultado em sua casa, no deserto.

35 E o rei poz a Benaia, filho de Joiada, em seu logar sobre o exercito,
[31] e a Zadok, o sacerdote, poz o rei em logar d’Abiathar.

36 Depois enviou o rei, e chamou a Simei, [32] e disse-lhe: Edifica-te
uma casa em Jerusalem, e habita ahi, e d’ahi não saias, nem para uma nem
para outra parte.

37 Porque ha de ser que no dia em que saires e passares o ribeiro [33] de
Cedron, saibas de certo que certamente morrerás: o teu sangue [34] será
sobre a tua cabeça.

38 E Simei disse ao rei: Boa é essa palavra; como tem dito o rei meu
senhor, assim fará o teu servo. E Simei habitou em Jerusalem muitos dias.

39 Succedeu porém que, ao cabo de tres annos, dois servos de Simei
fugiram para Achis, [35] filho de Maaca, rei de Gath: e deram parte a
Simei, dizendo: Eis que teus servos _estão_ em Gath.

40 Então Simei se levantou, e albardou o seu jumento, e foi a Gath, para
Achis, a buscar a seus servos: assim foi Simei, e trouxe os seus servos
de Gath.

41 E disseram a Salomão como Simei de Jerusalem fôra a Gath, e tinha já
voltado.

42 Então enviou o rei, e chamou a Simei, e disse-lhe: Não te conjurei
eu pelo Senhor, e protestei contra ti, dizendo: No dia em que saires
para uma ou outra parte, sabe de certo que certamente morrerás? E tu me
disseste: Boa _é_ essa palavra _que_ ouvi.

43 Porque pois não guardaste o juramento do Senhor, nem o mandado que te
mandei?

44 Disse mais o rei a Simei: _Bem_ sabes tu toda [36] a maldade que o
teu coração reconhece, que fizeste a David, meu pae; pelo que o Senhor
fez recair a tua maldade sobre a tua cabeça.

45 Mas o rei Salomão _será_ abençoado, e o throno de David será
confirmado perante o Senhor para sempre.

46 E o rei mandou a Benaia, filho de Joiada, o qual saiu, e deu sobre
elle, e morreu: assim foi confirmado o reino na mão de Salomão.

[1] Gen. 47.29. Deu. 31.14.

[2] Jos. 23.14. Deu. 17.19, 20.

[3] Deu. 29.9. Jos. 1.7. I Chr. 22.12, 13.

[4] II Sam. 7.25. II Reis 20.3. II Sam. 7.12, 13. cap. 8.25.

[5] II Sam. 3.39 e 18.5, 12, 14 e 19.5, 6, 7.

[6] II Sam. 3.27 e 20.10.

[7] ver. 9. Pro. 20.26.

[8] II Sam. 19.31, 38 e 9.7, 10 e 17.27.

[9] II Sam. 16.5 e 19.18.

[10] II Sam. 19.33.

[11] Exo. 20.7. Job 9.28. Gen. 42.38 e 44.31.

[12] cap. 1.21. Act. 2.29 e 13.36.

[13] II Sam. 5.7.

[14] II Sam. 5.4. I Chr. 29.26, 27.

[15] I Chr. 29.23. II Chr. 1.1.

[16] I Sam. 16.4, 5.

[17] cap. 1.5.

[18] I Chr. 22.9, 10 e 28.5, 6, 7. Pro. 21.30. Dan. 2.21.

[19] cap. 1.3, 4.

[20] Exo. 20.12.

[21] cap. 1.7.

[22] Ruth 1.17.

[23] II Sam. 7.11, 13. I Chr. 22.10.

[24] Jos. 21.18.

[25] I Sam. 23.6. II Sam. 15.24, 29. I Sam. 22.20, 23. II Sam. 15.24.

[26] I Sam. 2.31-35.

[27] cap. 1.7, 50.

[28] Exo. 21.14. Num. 35.33. Deu. 19.13 e 21.8, 9.

[29] Jui. 9.24, 57. II Chr. 21.13. II Sam. 3.27 e 20.10.

[30] II Sam. 3.29. Pro. 25.5.

[31] Num. 25.11, 12, 13. ver. 27.

[32] ver. 8. II Sam. 16.5.

[33] II Sam. 15.23.

[34] Lev. 20.9. Jos. 2.19. II Sam. 1.16.

[35] I Sam. 27.2.

[36] II Sam. 16.5. Eze. 17.19.



_Salomão casa com a filha de Pharaó._

3 E Salomão se aparentou com Pharaó, rei do Egypto: [1] e tomou a filha
de Pharaó, e a trouxe á cidade de David, até que acabasse de edificar a
sua casa, e [2] a casa do Senhor, e a muralha de Jerusalem em roda.

2 Sómente [3] _que_ o povo sacrificava sobre os altos: porque até
áquelles dias _ainda_ se não tinha edificado casa ao nome do Senhor.

3 E Salomão [4] amava ao Senhor, andando [5] nos estatutos de David seu
pae: sómente _que_ nos altos sacrificava, e queimava incenso.

4 E foi [6] o rei a Gibeon para lá sacrificar, porque aquelle era o alto
grande: mil holocaustos sacrificou Salomão n’aquelle altar.

5 E em Gibeon appareceu [7] o Senhor a Salomão de noite em sonhos: e
disse-lhe Deus: Pede o _que quizeres_ que te dê.

6 E disse Salomão: [8] De grande beneficencia usaste tu com teu servo
David meu pae, como _tambem_ elle andou comtigo em verdade, e em justiça,
e em rectidão de coração, perante a tua face: e guardaste-lhe esta grande
beneficencia, e lhe déste [9] _um_ filho que se assentasse no seu throno,
como _se vê_ n’este dia.

7 Agora pois, ó Senhor meu Deus, tu fizeste reinar a teu servo em logar
de David meu pae: e _sou_ [10] _ainda_ menino pequeno; nem sei sair, nem
entrar.

8 E teu servo está no meio do teu povo que elegeste: [11] povo grande,
que nem se pode contar, nem numerar, pela sua multidão.

9 A teu servo pois dá [12] um coração entendido para julgar a teu povo,
para que prudentemente discerna entre o bem e o mal: porque quem poderia
julgar a este teu _tão_ grande povo?

10 E esta palavra _pareceu_ boa aos olhos do Senhor, de que Salomão
pedisse esta coisa.

11 E disse-lhe Deus: Porquanto pediste esta coisa, e não pediste [13]
para ti riquezas, nem pediste a vida de teus inimigos; mas pediste para
ti entendimento, para ouvir _causas de_ juizo;

12 Eis que [14] fiz segundo as tuas palavras: eis que te dei um coração
_tão_ sabio e entendido, que antes de ti teu egual não houve, e depois de
ti teu egual se não levantará.

13 E tambem até o que não pediste te [15] dei, assim riquezas como
gloria: que não haja teu egual entre os reis, por todos os teus dias.

14 E, se andares nos meus caminhos, guardando os meus estatutos, e os
meus mandamentos, [16] como andou David teu pae, tambem prolongarei os
teus dias.

15 E [17] acordou Salomão, e eis que _era_ sonho. E veiu a Jerusalem, e
poz-se perante a arca do concerto do Senhor, e sacrificou holocaustos, e
preparou sacrificios pacificos, e [18] fez um banquete a todos os seus
servos.


_Salomão julga a causa de duas mulheres._

16 Então [19] vieram duas mulheres prostitutas ao rei, e se pozeram
perante elle.

17 E disse-lhe uma das mulheres: Ah! senhor meu, eu e esta mulher moramos
n’uma casa; e pari, _morando_ com ella n’aquella casa.

18 E succedeu que, ao terceiro dia depois do meu parto, pariu tambem esta
mulher: estavamos juntas; estranho nenhum _estava_ comnosco na casa,
senão nós ambas n’aquella casa.

19 E de noite morreu o filho d’esta mulher, porquanto se deitara sobre
elle.

20 E levantou-se á meia noite, e me tirou a meu filho do meu lado,
dormindo a tua serva, e o deitou no seu seio: e a seu filho morto deitou
no meu seio.

21 E, levantando-me eu pela manhã, para dar de mamar a meu filho, eis que
estava morto: mas, attentando pela manhã para elle, eis que não era meu
filho, que eu havia parido.

22 Então disse a outra mulher: Não, mas o vivo _é_ meu filho, e teu filho
o morto. Porém esta disse: Não, por certo, o morto _é_ teu filho, e meu
filho o vivo. Assim fallaram perante o rei.

23 Então disse o rei: Esta diz: Este que vive _é_ meu filho, e teu filho
o morto; e esta outra diz: Não, por certo; o morto é teu filho e meu
filho o vivo.

24 Disse mais o rei: Trazei-me uma espada. E trouxeram uma espada diante
do rei.

25 E disse o rei: Dividi em duas partes o menino vivo: e dae metade a
uma, e metade a outra.

26 Mas a mulher, cujo filho _era_ o vivo, fallou ao rei (porque as suas
entranhas se lhe enterneceram por seu filho), [20] e disse: Ah! senhor
meu, dae-lhe o menino vivo, e por modo nenhum o mateis. Porém a outra
dizia: Nem teu nem meu seja; dividi-o _antes_.

27 Então respondeu o rei, e disse: Dae a esta o menino vivo, e de maneira
nenhuma o mateis, _porque_ esta _é_ sua mãe.

28 E todo o Israel ouviu o juizo que julgara o rei, e temeu ao rei:
porque viram que _havia_ n’elle a [21] sabedoria de Deus, para fazer
justiça.

[1] cap. 7.8 e 9.24. II Sam. 5.7. cap. 7.1.

[2] cap. 6 e 9.15, 19.

[3] Lev. 17.3, 4, 5. Deu. 12.2, 4, 5. cap. 22.43.

[4] Deu. 6.5 e 30.16, 20. Rom. 8.28. I Cor. 8.3.

[5] ver. 6, 14.

[6] II Chr. 1.3. I Chr. 16.39. II Chr. 1.3.

[7] cap. 9.2. II Chr. 1.7. Num. 12.6. Mat. 1.20 e 2.13, 19.

[8] II Chr. 1.8, etc. cap. 2.4 e 9.4. II Reis 20.3.

[9] cap. 1.48.

[10] I Chr. 29.1. Num. 27.17.

[11] Deu. 7.6. Gen. 13.16 e 15.5.

[12] II Chr. 1.10. Pro. 2.3-9. Thi. 1.5. Heb. 5.14.

[13] Thi. 4.3.

[14] I João 5.14, 15. cap. 4.29, 30, 31 e 5.12 e 10.24. Ecc. 1.16.

[15] Mat. 6.33. Eph. 3.20. cap. 4.21, 24 e 10.23, 25, etc. Pro. 3.16.

[16] cap. 15.5. Pro. 3.2.

[17] Gen. 41.7.

[18] Gen. 40.20. cap. 8.65. Est. 1.3. Dan. 5.1. Mar. 6.21.

[19] Num. 27.2.

[20] Gen. 43.30. Isa. 49.15. Jer. 31.20. Ose. 11.8.

[21] ver. 9, 11, 12.



_Os principes de Salomão e a grandeza do seu reino._

4 Assim foi Salomão rei sobre todo o Israel.

2 E estes _eram_ os principes que tinha: Azarias, filho de Zadok,
sacerdote;

3 Elihoreph e Ahia, filhos de Sisa, secretarios; Josaphat, [1] filho de
Ahilud, chanceller;

4 Benaia, [2] filho de Joiada, sobre o exercito; e Zadok e Abiathar
_eram_ sacerdotes;

5 E Azarias, filho de Nathan, sobre os provedores; [3] e Zabud, filho de
Nathan, official-mór, amigo do rei;

6 E Ahisar, mordomo; [4] Adoniram, filho d’Abda, sobre o tributo.

7 E tinha Salomão doze provedores sobre todo o Israel, que proviam ao rei
e á sua casa: e cada um tinha a prover _um_ mez no anno.

8 E estes _são_ os seus nomes: Ben-hur, nas montanhas de Ephraim;

9 Ben-deker em Makas, e em Saalbim, e em Beth-semes, e em Elon, e em
Bethanan:

10 Ben-hesed em Arubboth; _tambem_ este tinha a Sochó e a toda a terra de
Hepher;

11 Ben-abinadab em todo o termo de Dor: tinha este a Taphath, filha de
Salomão, por mulher;

12 Baana, filho d’Ahilud, _tinha_ a Tanach, e a Megiddo, e a toda a
Beth-sean, que _está_ junto a Zartana, abaixo de Jezreel, desde Beth-sean
até Abel-meola, até d’além de Jokneam;

13 O filho de Geber em Ramoth-gilead; tinha este as [5] aldeias de Jair,
filho de Manassés, as quaes _estão_ em Gilead; _tambem_ tinha o termo
de Argob, o qual _está_ em Basan, sessenta grandes cidades com muros e
ferrolhos de cobre;

14 Ahinadab, filho d’Iddo, em Mahanaim;

15 Ahimaas em Nafthali; tambem este tomou a Basmath, filha de Salomão,
por mulher;

16 Baana, filho de Husai, em Aser e em Aloth;

17 Josaphat, filho de Paruah, em Issacar;

18 Simei, filho de Ela, em Benjamin;

19 Geber, filho de Uri, na terra [6] de Gilead, a terra de Sihon, rei dos
amorrheos, e de Og, rei de Basan; e só uma guarnição _havia_ n’aquella
terra.

20 Eram _pois_ os de Judah e Israel muitos, [7] como a areia que _está_
ao pé do mar em multidão, comendo, e bebendo, e alegrando-se.

21 E dominava Salomão [8] sobre todos os reinos desde o rio _até_ á terra
dos philisteos, e até ao termo do Egypto; os quaes traziam presentes, e
serviram a Salomão todos os dias da sua vida.

22 Era pois o provimento de Salomão, cada dia, trinta coros de flor de
farinha, e sessenta coros de farinha:

23 Dez vaccas gordas, e vinte vaccas de pasto, e cem carneiros; afóra os
veados e as cabras montezes, e os corços, e aves cevadas.

24 Porque dominava sobre tudo quanto havia da banda de cá do rio de
Tiphsah até Gaza, sobre todos os reis da banda de cá do rio: e tinha [9]
paz de todas a bandas em roda d’elle.

25 E Judah [10] e Israel habitavam seguros, cada um debaixo da sua
videira, e debaixo da sua figueira, desde Dan até Berseba, todos os dias
de Salomão.

26 Tinha tambem Salomão [11] quarenta mil estrebarias de cavallos para os
seus carros, e doze mil cavalleiros.

27 Proviam pois estes [12] provedores, cada um _no_ seu mez, ao rei
Salomão e a todos quantos se chegavam á mesa do rei Salomão: coisa
nenhuma deixavam faltar.

28 E traziam a cevada e a palha para os cavallos e para os ginetes, para
o logar onde estava, cada um segundo o seu cargo.


_A sabedoria de Salomão._

29 E deu Deus [13] a Salomão sabedoria, e muitissimo entendimento, e
largueza de coração, como a areia que _está_ na praia do mar.

30 E era a sabedoria de Salomão maior do que a sabedoria [14] de todos os
do oriente e do que toda a sabedoria dos egypcios.

31 E era _elle ainda_ mais sabio [15] _do_ que todos os homens, _e do_
que Ethan, ezrahita, e Heman, e Calcal, e Darda, filho de Mahol: e correu
o seu nome por todas as nações em redor.

32 E disse [16] tres mil proverbios, e foram os seus canticos mil e cinco.

33 Tambem fallou das arvores, desde o cedro que _está_ no Libano até ao
hyssopo que nasce na parede: tambem fallou dos animaes e das aves, e dos
reptis e dos peixes.

34 E vinham de todos os [17] povos a ouvir a sabedoria de Salomão, e de
todos os reis da terra que tinham ouvido da sua sabedoria.

[1] II Sam. 8.16 e 20.24.

[2] cap. 2.35 e 2.27.

[3] ver. 7. II Sam. 8.18 e 20.26 e 15.37 e 16.16. I Chr. 27.33.

[4] cap. 5.14.

[5] Num. 32.41. Deu. 3.4.

[6] Deu. 3.8.

[7] Gen. 22.17. cap. 3.8. Pro. 14.28. Miq. 4.4.

[8] II Chr. 9.26. Gen. 15.18. Jos. 1.4.

[9] I Chr. 22.9.

[10] Jer. 23.6. Miq. 4.4. Zac. 3.10. Jui. 20.1.

[11] cap. 10.26. II Chr. 1.14 e 9.25. Deu. 17.16.

[12] ver. 7.

[13] cap. 3.12.

[14] Gen. 25.6. Act. 7.22.

[15] cap. 3.12. I Chr. 15.19 e 2.6 e 6.33.

[16] Pro. 1.1. Ecc. 12.9. Can. 1.1.

[17] cap. 10.1. II Chr. 9.1, 23.



_Salomão faz alliança com Hirão, rei de Tyro._

5 E enviou [1] Hirão, rei de Tyro, os seus servos a Salomão (porque
ouvira que ungiram a Salomão rei em logar de seu pae), porquanto Hirão
sempre [2] tinha amado a David.

2 Então Salomão enviou [3] a Hirão, dizendo:

3 _Bem_ sabes tu que David, meu pae, não poude edificar uma casa ao nome
do Senhor seu Deus, por causa da guerra [4] com que o cercaram, até que o
Senhor os poz debaixo das plantas dos pés.

4 Porém agora o Senhor meu Deus me tem dado descanço [5] de todos os
lados: adversario não _ha_, nem algum mau encontro.

5 E eis que eu, meu Deus, [6] intento edificar uma casa ao nome do
Senhor, como fallou o Senhor a [7] David, meu pae, dizendo: Teu filho,
que porei em teu logar no teu throno, elle edificará uma casa ao meu nome.

6 Dá ordem pois agora que do Libano me cortem [8] cedros, e os meus
servos estarão com os teus servos, e eu te darei a soldada dos teus
servos, conforme a tudo o que disseres; porque _bem_ sabes tu que entre
nós ninguem ha que saiba cortar a madeira como os sidonios.

7 E aconteceu que, ouvindo Hirão as palavras de Salomão, muito se
alegrou, e disse: Bemdito _seja_ hoje o Senhor, que deu a David _um_
filho sabio sobre este tão grande povo.

8 E enviou Hirão a Salomão, dizendo: Ouvi o que me mandaste dizer. Eu
farei toda a tua vontade ácerca dos cedros e ácerca das faias.

9 Os meus servos os levarão desde o Libano até ao mar, e eu [9] os farei
conduzir em jangadas pelo mar até ao logar que me designares, e ali os
desamarrarei; e tu os tomarás: tu tambem farás a minha vontade, dando
sustento [10] á minha casa.

10 Assim deu Hirão a Salomão madeira de cedros e madeira de faias,
_conforme_ a toda a sua vontade.

11 E Salomão deu [11] a Hirão vinte mil coros de trigo, para sustento da
sua casa, e vinte coros de azeite batido: isto dava Salomão a Hirão de
anno em anno.

12 Deu pois o Senhor a Salomão sabedoria, como [12] lhe tinha dito: e
houve paz entre Hirão e Salomão, e ambos fizeram alliança.


_Os preparativos para edificar o templo._

13 E o rei Salomão fez subir leva de _gente_ d’entre todo o Israel: e foi
a leva _de gente_ trinta mil homens.

14 E os enviou ao Libano, cada mez dez mil por _suas_ vezes: um mez
estavam no Libano, e dois mezes cada um em sua casa: e Adoniram [13]
estava sobre a leva _de gente_.

15 Tinha tambem Salomão [14] setenta mil que levavam as cargas, e oitenta
mil que cortavam nas montanhas,

16 Afóra os chefes dos officiaes de Salomão, os quaes _estavam_ sobre
aquella obra, tres mil e trezentos que davam as ordens ao povo que fazia
aquella obra.

17 E mandou o rei que trouxessem pedras grandes, _e_ pedras preciosas,
pedras lavradas, para [15] fundarem a casa.

18 E as lavravam os edificadores de Hirão e os giblitas: e preparavam a
madeira e as pedras para edificar a casa.

[1] ver. 10, 18. II Chr. 2.3.

[2] II Sam. 5.11. I Chr. 14.1. Amós 1.9.

[3] II Chr. 2.3.

[4] I Chr. 22.8 e 28.3.

[5] cap. 4.24. I Chr. 22.9.

[6] II Chr. 2.4.

[7] II Sam. 7.13. I Chr. 17.12 e 22.10.

[8] II Chr. 2.8, 10.

[9] II Chr. 2.16.

[10] Esd. 3.7. Eze. 27.17. Act. 12.20.

[11] II Chr. 2.10.

[12] cap. 3.12.

[13] cap. 4.6.

[14] cap. 9.21. II Chr. 2.17, 18.

[15] I Chr. 22.2.



_Salomão edifica o templo._

6 E Succedeu [1] que no anno de quatrocentos e oitenta, depois de sairem
os filhos de Israel do Egypto, no anno quarto do reinado de Salomão sobre
Israel, no mez de Ziv (este é o mez segundo), _começou a_ [2] edificar a
casa do Senhor.

2 E a casa [3] que o rei Salomão edificou ao Senhor era de sessenta
covados de comprimento, e de vinte covados de largura, e de trinta
covados de altura.

3 E o portico diante do templo da casa era de vinte covados de
comprimento, segundo a largura da casa, e de dez covados de largura
diante da casa.

4 E fez á casa janellas [4] de vista estreita.

5 Edificou em redor da parede da casa camaras, [5] em redor das paredes
da casa, _tanto_ do templo como do oraculo: e _assim_ lhe fez camaras
collateraes em redor.

6 A camara de baixo _era_ de cinco covados de largura, e a do meio de
seis covados de largura, e a terceira de sete covados de largura; porque
pela parte de fóra da casa em redor fizera encostos, para não travarem
das paredes da casa.

7 E edificava-se a casa [6] com pedras preparadas, como as traziam se
edificava; de maneira que nem martelo, nem machado, _nem_ nenhum _outro_
instrumento de ferro se ouviu na casa quando a edificavam.

8 A porta da camara do meio estava á banda direita da casa, e por
corações se subia á do meio, e da do meio á terceira.

9 Assim _pois_ edificou [7] a casa, e a aperfeiçoou: e cobriu a casa com
pranchões e taboados de cedro.

10 Tambem edificou as camaras a toda a casa de cinco covados de altura, e
as travou com a casa com madeira de cedro.

11 Então veiu a palavra do Senhor a Salomão, dizendo:

12 _Quanto_ a esta casa que tu edificas, [8] se andares nos meus
estatutos, e fizeres os meus juizos, e guardares todos os meus
mandamentos, andando n’elles, confirmarei para comtigo a minha palavra, a
qual fallei a [9] David, teu pae;

13 E habitarei [10] no meio dos filhos d’Israel, e não desampararei o meu
povo d’Israel.

14 Assim edificou Salomão [11] aquella casa, e a aperfeiçoou.

15 Tambem cobriu as paredes da casa por dentro com taboas de cedro; desde
o soalho da casa até ao tecto _tudo_ cobriu com madeira por dentro: e
cobriu o soalho da casa com taboas de faia.

16 Edificou mais vinte covados de taboas de cedro nos lados da casa,
desde o soalho até ás paredes: e por dentro lh’as edificou para o
oraculo, para [12] o Sancto dos Sanctos.

17 Era pois a casa de quarenta covados, _a saber_: o templo interior.

18 E o cedro da casa por dentro era lavrado de botões e flores abertas:
tudo _era_ cedro, pedra nenhuma se via.

19 E por dentro da casa interior preparou o oraculo, para pôr ali a arca
do concerto do Senhor.

20 E o oraculo no interior era de vinte covados de comprimento, e de
vinte covados de largura, e de vinte covados de altura: e o cobriu de
oiro puro: tambem cobriu de cedro o altar.

21 E cobriu Salomão a casa por dentro de oiro puro: e com cadeias de oiro
poz _um véu_ diante do oraculo, e o cobriu com oiro.

22 Assim toda a casa cobriu de oiro, até acabar toda a casa: tambem todo
o altar que _estava_ [13] diante do oraculo cobriu de oiro.

23 E no oraculo fez dois [14] cherubins de madeira olearia, _cada um_ da
altura de dez covados.

24 E uma aza d’um cherubim _era_ de cinco covados, e a outra aza do
cherubim de _outros_ cinco covados; dez covados havia desde a extremidade
d’uma das suas azas até á extremidade _da outra_ das suas azas.

25 Assim era _tambem_ de dez covados o outro cherubim: ambos os cherubins
eram d’uma mesma medida e d’um mesmo talhe.

26 A altura d’um cherubim de dez covados, e assim a do outro cherubim.

27 E poz a estes cherubins no meio da casa de dentro; e os cherubins
estendiam as azas, _de [15] maneira_ que a aza d’um tocava na parede, e a
aza do outro cherubim tocava na outra parede: e as suas azas no meio da
casa tocavam uma na outra.

28 E cobriu de oiro os cherubins.

29 E todas as paredes da casa em redor lavrou de esculpturas e entalhes
de cherubins, e de palmas, e de flores abertas, por dentro e por fóra.

30 Tambem cobriu de oiro o soalho da casa, por dentro e por fóra.

31 E á entrada do oraculo fez portas de madeira olearia: o umbral de cima
_com_ as hombreiras _faziam_ a quinta parte _da parede_.

32 Tambem as duas portas eram de madeira olearia; e lavrou n’ellas
entalhes de cherubins, e de palmas, e de flores abertas, os quaes cobriu
de oiro: tambem estendeu oiro sobre os cherubins e sobre as palmas.

33 E assim fez á porta do templo hombreiras de madeira olearia, da quarta
parte _da parede_.

34 E _eram_ as duas portas de madeira de faia; _e_ as duas folhas d’uma
porta [16] _eram_ dobradiças, assim como _eram tambem_ dobradiças _as_
duas _folhas_ entalhadas das outras portas.

35 E as lavrou de cherubins, e de palmas, e de flores abertas, e as
cobriu de oiro acommodado ao lavor.

36 Tambem edificou o pateo interior de tres ordens de pedras lavradas e
d’uma ordem de vigas de cedro.

37 No anno quarto se poz o fundamento da casa do Senhor, [17] no mez de
Ziv.

38 E no anno undecimo, no mez de Bul, que é o mez oitavo, se acabou esta
casa com todos os seus apparelhos, e com tudo o que lhe convinha: e a
edificou _em_ sete [18] annos.

[1] II Chr. 3.1, 2.

[2] Act. 7.47.

[3] Eze. 41.1, etc.

[4] Eze. 40.16 e 41.16.

[5] Eze. 41.6. ver. 16, 19, 20, 21, 31.

[6] Deu. 27.5, 6. cap. 5.18.

[7] ver. 14, 38.

[8] cap. 2.4 e 9.4.

[9] II Sam. 7.13. I Chr. 22.10.

[10] Exo. 25.8. Lev. 26.11. II Cor. 6.16. Apo. 21.3. Deu. 31.6.

[11] ver. 38.

[12] Exo. 26.33. Lev. 16.2. cap. 8.6. II Chr. 3.8. Eze. 45.3. Heb. 9.3.

[13] Exo. 30.1, 3, 6.

[14] Exo. 37.7, 8, 9. II Chr. 3.10, 11, 12.

[15] Exo. 25.20 e 37.9. II Chr. 5.8.

[16] Eze. 41.23, 24, 25.

[17] ver. 1.

[18] ver. 1.



_Salomão edifica um palacio._

[Antes de Christo 1006]

7 Porém a sua casa edificou Salomão em [1] treze annos: e acabou toda a
sua casa.

2 Tambem edificou a casa do bosque do Libano de cem covados de
comprimento, e de cincoenta covados de largura, e de trinta covados de
altura, sobre quatro ordens de columnas de cedro, e vigas de cedro sobre
as columnas.

3 E por cima _estava_ coberta de cedro sobre as costas, que estavam sobre
quarenta e cinco columnas, quinze em cada ordem.

4 E _havia_ tres ordens de janellas; e uma janella estava defronte da
outra janella, em tres ordens.

5 Tambem todas as portas e hombreiras quadradas _eram_ d’uma mesma vista;
e uma janella _estava_ defronte da outra, em tres ordens.

6 Depois fez um portico de columnas de cincoenta covados de comprimento e
de trinta covados de largura; e o portico _estava_ defronte d’ellas, e as
columnas com as grossas vigas defronte d’ellas.

7 Tambem fez o portico para o throno onde julgava, para portico do juizo,
que _estava_ coberto de cedro de soalho a soalho.

8 E _em_ sua casa em que morava _havia_ outro pateo por dentro do
portico, de obra similhante a este: tambem para a filha de Pharaó, [2]
que Salomão tomara _por mulher_, fez uma casa similhante áquelle portico.

9 Todas estas coisas _eram_ de pedras finissimas, cortadas á medida,
serradas á serra por dentro e por fóra; _e_ isto desde o fundamento até
ás beiras do tecto, e por fóra até ao grande pateo.

10 Tambem _estava_ fundado sobre pedras finas, pedras grandes; sobre
pedras de dez covados e pedras de oito covados.

11 E em cima sobre pedras finas, lavradas segundo as medidas, e cedros.

12 E _era_ o pateo grande em redor de tres ordens de pedras lavradas, com
uma ordem de vigas de cedro: assim era _tambem_ o pateo interior da casa
do Senhor e o portico [3] d’aquella casa.


_Diversas obras para o templo._

13 E enviou o rei Salomão, e mandou trazer a [4] Hirão de Tyro.

14 _Era_ este filho d’uma [5] mulher viuva, da tribu de Naphtali, e
_fôra_ seu pae um homem de Tyro, que trabalhava em cobre; e era cheio de
sabedoria, e de entendimento, e de sciencia para fazer toda a obra de
cobre: este veiu ao rei Salomão, e fez toda a sua obra.

15 Porque formou duas [6] columnas de cobre: a altura de cada columna
era de dezoito covados, e um fio de doze covados cercava cada uma das
columnas.

16 Tambem fez dois capiteis de fundição de cobre para pôr sobre as
cabeças das columnas: de cinco covados _era_ a altura d’um capitel, e de
cinco covados a altura do outro capitel.

17 As redes _eram_ de obra de rede, as ligas de obra de cadeia para os
capiteis que _estavam_ sobre a cabeça das columnas, sete para um capitel
e sete para o outro capitel.

18 Assim fez as columnas, juntamente com duas fileiras em redor sobre uma
rede, para cobrir os capiteis que _estavam_ sobre a cabeça das romãs;
assim tambem fez com o outro capitel.

19 E os capiteis que _estavam_ sobre a cabeça das columnas eram de obra
de lirios no portico, de quatro covados.

20 Os capiteis pois sobre as duas columnas _estavam_ tambem defronte,
em cima da barriga que estava junto á rede; e duzentas romãs, [7] em
fileiras em redor, estavam _tambem_ sobre o outro capitel.

21 Depois levantou as columnas [8] no portico do templo: e levantando
a columna direita, chamou o seu nome Jachin; e levantando a columna
esquerda, chamou o seu nome Boaz.

22 E sobre a cabeça das columnas _estava_ a obra de lirios: e assim se
acabou a obra das columnas.

23 Fez mais o mar [9] de fundição, de dez covados d’uma borda até á outra
borda, redondo ao redor, e de cinco covados de alto; e um cordão de
trinta covados o cingia em redor.

24 E por baixo da sua borda em redor _havia_ botões que o cingiam; por
dez covados cercavam [10] aquelle mar em redor; duas ordens d’estes
botões _foram_ fundidas na sua fundição.

25 E firmava-se sobre [11] doze bois, tres que olhavam para o norte, e
tres que olhavam para o occidente, e tres que olhavam para o sul, e tres
que olhavam para o oriente: e o mar em cima _estava_ sobre elles, e todas
as suas partes posteriores para a banda de dentro.

26 E a grossura _era_ d’um palmo, e a sua borda como a obra da borda d’um
copo, _ou_ de flor de lirios; elle levava [12] dois mil batos.

27 Fez tambem as dez bases de cobre: o comprimento d’uma base de quatro
covados, e de quatro covados a sua largura, e tres covados a sua altura.

28 E esta _era_ a obra das bases: tinham cintas, e as cintas _estavam_
entre as molduras.

29 E sobre as cintas que _estavam_ entre as molduras _havia_ leões, bois,
e cherubins, e sobre as molduras uma base por cima: e debaixo dos leões e
dos bois junturas d’obra estendida.

30 E uma base tinha quatro rodas de metal, e laminas de cobre; e os seus
quatro cantos tinham hombros: debaixo da pia _estavam_ estes hombros
fundidos, da banda de cada uma das junturas.

31 E a sua bocca _estava_ dentro da corôa, e d’um covado por cima: e
_era_ a sua bocca redonda da obra da base de covado e meio: e tambem
sobre a sua bocca _havia_ entalhes, e as suas cintas _eram_ quadradas,
não redondas.

32 E as quatro rodas _estavam_ debaixo das cintas, e os eixos das rodas
na base: e _era_ a altura de cada roda de covado e meio.

33 E _era_ a obra das rodas como a obra da roda de carro: seus eixos, e
suas caibras, e seus cubos, e seus raios, todos _eram_ fundidos.

34 E _havia_ quatro hombros aos quatro cantos de cada base: seus hombros
_sahiam_ da base.

35 E no alto de cada base _havia uma_ altura redonda de meio covado
ao redor: tambem sobre o alto de cada base _havia_ azas e cintas, que
_sahiam_ d’ellas.

36 E nas planchas das suas azas e nas suas cintas lavrou cherubins,
leões, e palmas, segundo o vazio de cada uma, e junturas em redor.

37 Conforme a esta fez as dez bases: todas tinham uma mesma fundição, uma
mesma medida, _e_ um mesmo entalhe.

38 Tambem fez duas pias [13] de cobre: em cada pia cabiam quarenta batos,
_e_ cada pia era de quatro covados, _e_ sobre cada uma das dez bases
_estava_ uma pia.

39 E poz cinco bases á direita da casa, e cinco á esquerda da casa: porém
o mar poz ao lado direito da casa para a banda do oriente, da parte do
sul.

40 Depois fez Hirão as pias, e as pás, e as bacias: e acabou Hirão de
fazer toda a obra que fez para o rei Salomão, para a casa do Senhor:

41 _A saber_: as duas columnas, e os globos dos capiteis que _estavam_
sobre a cabeça das duas columnas: e as duas [14] redes, para cobrir os
dois globos dos capiteis que _estavam_ sobre a cabeça das columnas.

42 E as quatrocentas romãs para as duas redes, _a saber_: duas carreiras
de romãs para cada rede, para cobrirem os dois globos dos capiteis que
_estavam_ em cima das columnas;

43 Juntamente com as dez bases, e as dez pias sobre as bases;

44 Como tambem um mar, e os doze bois debaixo d’aquelle mar;

45 E os caldeirões, [15] e as pás, e as bacias, e todos estes vasos que
fez Hirão para o rei Salomão, para a casa do Senhor, _todos eram_ de
cobre burnido.

46 Na planicie do Jordão, o rei os fundiu, [16] em terra barrenta: entre
Succoth e Zarthan.

47 E deixou Salomão _de pezar_ todos os vasos, pelo seu excessivo numero:
nem se averiguou o peso do cobre.

48 Tambem fez Salomão todos os vasos que _convinham_ á casa do Senhor: o
altar de oiro, [17] e a mesa d’oiro, sobre a qual _estavam_ os pães da
proposição.

49 E os castiçaes, cinco á direita e cinco á esquerda, diante do oraculo,
d’oiro finissimo; e as flores, e as lampadas, e os espivitadores,
_tambem_ d’oiro.

50 _Como_ tambem as taças, e os apagadores, e as bacias, e [KD] os
perfumadores, e os brazeiros, de oiro finissimo: e as couceiras para as
portas da casa interior para o logar sanctissimo, _e_ as das portas da
casa do templo, _tambem_ d’oiro.

51 Assim se acabou toda a obra que fez o rei Salomão para a casa do
Senhor: então trouxe Salomão as coisas sanctas de seu pae David; a prata,
e o oiro, e os vasos poz entre [18] os thesouros da casa do Senhor.

[1] cap. 9.10. II Chr. 8.1.

[2] cap. 3.1. II Chr. 8.11.

[3] João 10.23. Act. 3.11.

[4] II Chr. 4.11.

[5] II Chr. 2.14 e 4.16. Exo. 31.3 e 36.1.

[6] II Reis 25.17. II Chr. 3.15 e 4.12. Jer. 52.21.

[7] II Chr. 3.16 e 4.13. Jer. 52.23.

[8] II Chr. 3.17. cap. 6.3.

[9] II Reis 25.13. II Chr. 4.2. Jer. 52.17.

[10] II Chr. 4.3. II Chr. 4.4, 5.

[11] Jer. 52.20.

[12] II Chr. 4.5.

[13] II Chr. 4.6.

[14] ver. 17, 18.

[15] Exo. 27.3. II Chr. 4.16.

[16] II Chr. 4.17. Gen. 33.17. Jos. 3.15.

[17] Exo. 37.25, etc. e 37.10, etc. e 25.30. Lev. 24.5, 8.

[18] II Sam. 8.11. II Chr. 5.1.



_Dedicação do templo._

[Antes de Christo 1004]

8 Então [1] congregou Salomão os anciãos de Israel, e todos os Cabeças
das tribus, os principes dos paes, d’entre os filhos de Israel, ao rei
Salomão em Jerusalem; para fazerem subir a arca do concerto do Senhor da
cidade de David, que _é_ Sião.

2 E todos os homens de Israel se congregaram na festa, ao rei Salomão, no
[2] mez de Ethanim, que _é_ o setimo mez.

3 E vieram todos os anciãos de Israel: e os sacerdotes alçaram [3] a arca.

4 E trouxeram a arca do Senhor para cima, e o tabernaculo da [4]
congregação, juntamente com todos os vasos sagrados que havia no
tabernaculo; assim os trouxeram para cima os sacerdotes e os levitas.

5 E o rei Salomão, e toda a congregação de Israel, que se congregara
a elle, _estava_ com elle diante da arca, sacrificando [5] ovelhas e
vaccas, que se não podiam contar nem numerar pela multidão.

6 Assim trouxeram [6] os sacerdotes a arca do concerto do Senhor ao seu
logar, ao oraculo da casa, ao _logar_ sanctissimo, _até_ debaixo das azas
dos cherubins.

7 Porque os cherubins estendiam _ambas_ as azas sobre o logar da arca: e
cobriam os cherubins a arca e os seus varaes por cima.

8 E os varaes sobresairam _tanto_, [7] que as pontas dos varaes se viam
desde o sanctuario diante do oraculo, porém de fóra se não viam: e
ficaram ali até _ao dia d’_hoje.

9 Na arca nada _havia_, senão só [8] as duas taboas de pedra, que Moysés
ali pozera junto a Horeb, quando o Senhor contratou com os filhos de
Israel, saindo elles da terra do Egypto.

10 E succedeu que, saindo os sacerdotes do sanctuario, uma nuvem encheu
[9] a casa do Senhor.

11 E não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da
nuvem, porque a gloria do Senhor enchera a casa do Senhor.


_Salomão falla ao povo._

12 Então [10] disse Salomão: O Senhor disse que habitaria nas trevas.

13 Certamente [11] te edifiquei uma casa para morada, assento para a tua
eterna habitação.

14 Então virou o rei o seu rosto, e abençoou [12] toda a congregação de
Israel: e toda a congregação de Israel estava em pé.

15 E disse: Bemdito [13] _seja_ o Senhor, o Deus de Israel, que fallou
[14] pela sua bocca a David meu pae, e pela sua mão _o_ cumpriu, dizendo:

16 Desde [15] o dia em que eu tirei o meu povo Israel do Egypto, não
escolhi cidade _alguma_ de todas as tribus de Israel, para edificar
alguma casa para ali estabelecer o meu nome: porém escolhi a David, para
que presidisse sobre o meu povo Israel.

17 Tambem David, [16] meu pae, propozera em seu coração o edificar casa
ao nome do Senhor, o Deus de Israel.

18 Porém o Senhor disse [17] a David, meu pae: Porquanto propozeste no
teu coração o edificar casa ao meu nome bem fizeste em o propôr no teu
coração.

19 Todavia [18] tu não edificarás esta casa: porém teu filho, que sair de
teus lombos, edificará esta casa ao meu nome.

20 Assim confirmou o Senhor a sua palavra que tinha dito: porque me
levantei em logar de David, meu pae, e me assentei no throno de Israel,
como tem [19] dito o Senhor; e edifiquei uma casa ao nome do Senhor, o
Deus d’Israel.

21 E constitui ali logar para a arca em que _está_ [20] o concerto do
Senhor, o qual fez com nossos paes, quando os tirou da terra do Egypto.


_Salomão ora a Deus._

22 E poz-se Salomão diante do altar [21] do Senhor, em frente de toda a
congregação d’Israel: e estendeu as suas mãos para os céus,

23 E disse: Ó Senhor Deus de Israel, não _ha_ Deus [22] como tu, em cima
nos céus nem em baixo na terra: que guardas o concerto e a beneficencia a
teus servos que andam com todo o seu coração diante de ti.

24 Que guardaste a teu servo David, meu pae, o que lhe disseras: porque
com a tua bocca o disseste, e com a tua mão o cumpriste, como _n’_este
dia _se vê_.

25 Agora pois, ó Senhor Deus d’Israel, guarda a teu servo David, meu pae,
o que lhe fallaste, dizendo: Não te faltará [23] successor diante de mim,
que se assente no throno d’Israel: sómente que teus filhos guardem o seu
caminho, para andarem diante de mim como tu andaste diante de mim.

26 Agora [24] tambem, ó Deus d’Israel, cumpra-se a tua palavra que
disseste a teu servo David, meu pae.

27 Mas, na verdade, [25] habitaria Deus na terra? eis que os céus, e até
o céu dos céus, [26] te não comprehenderiam, quanto menos esta casa que
eu tenho edificado.

28 Volve-te pois para a oração de teu servo, e para a sua supplica, ó
Senhor meu Deus, para ouvires o clamor e a oração que o teu servo hoje
faz diante de ti.

29 Para que os teus olhos noite e dia estejam abertos sobre esta casa,
sobre este logar, do qual disseste: O meu nome estará [27] ali; para
ouvires a oração que o teu servo fizer n’este logar.

30 Ouve pois a supplica [28] do teu servo, e do teu povo Israel, que
orarem n’este logar; tambem ouve tu no logar da tua habitação nos céus;
ouve tambem, e perdôa.

31 Quando alguem peccar contra o seu proximo, e pozerem sobre [29] elle
juramento de maldição, para o ajuramentarem a si mesmo, e vier juramento
de maldição diante do teu altar n’esta casa,

32 Ouve tu então nos céus, e obra, e julga a teus servos, condemnando
ao injusto, [30] fazendo recair o seu proceder sobre a sua cabeça, e
justificando ao justo, rendendo-lhe segundo a sua justiça.

33 Quando [31] o teu povo Israel fôr ferido diante do inimigo, por ter
peccado contra ti, e se converterem a ti, e confessarem o teu nome, e
orarem e supplicarem a ti n’esta casa,

34 Ouve tu então nos céus, e perdôa o peccado do teu povo Israel, e
torna-o a levar á terra que tens dado a seus paes.

35 Quando [32] os céus se cerrarem, e não houver chuva, por terem
peccado contra ti, e orarem n’este logar, e confessarem o teu nome, e se
converterem dos seus peccados, havendo-os tu affligido.

36 Ouve tu então nos céus, e perdôa o peccado de teus servos e do teu
povo Israel, ensinando-lhe o bom [33] caminho em que andem, e dá chuva na
tua terra que déste ao teu povo em herança.

37 Quando houver [34] fome na terra, quando houver peste, quando houver
queima de searas, ferrugem, gafanhotos _e_ pulgão, quando o seu inimigo o
cercar na terra das suas portas, _ou houver_ alguma praga _ou_ doença.

38 Toda a oração, toda a supplica, que qualquer homem de todo o teu povo
Israel _fizer_, conhecendo cada um a chaga do seu coração, e estendendo
as suas mãos para esta casa.

39 Ouve tu então nos céus, assento da tua habitação, e perdôa, e obra,
e dá a cada um conforme a todos os seus caminhos, e segundo vires o seu
coração, porque só tu conheces [35] o coração de todos os filhos dos
homens.

40 Para que te temam todos os dias que viverem na terra que déste a
nossos paes.

41 E tambem _ouve_ ao estrangeiro, que não _fôr_ do teu povo Israel,
porém vier de terras remotas, por amor do teu nome

42 (Porque ouvirão do teu grande nome, e da tua [36] forte mão, e do teu
braço estendido), e vier orar para esta casa,

43 Ouve tu nos céus, assento da tua habitação, e faze conforme a tudo
o que o estrangeiro a ti clamar, a fim de que todos os povos da terra
conheçam o teu nome, para te [37] temerem como o teu povo Israel, e para
saberem que o teu nome é invocado sobre esta casa que tenho edificado.

44 Quando o teu povo sair á guerra contra o seu inimigo, pelo caminho por
que os enviares, e orarem ao Senhor, para a banda d’esta cidade, que tu
elegeste, e d’esta casa, que edifiquei ao teu nome,

45 Ouve então nos céus a sua oração e a sua supplica, e faze-lhes justiça.

46 Quando peccarem contra ti (pois não _ha_ [38] homem que não peque), e
tu te indignares contra elles, e os entregares ás mãos do inimigo, para
que os captivarem os levem em captiveiro á terra do inimigo, _quer_ longe
ou perto esteja,

47 E na terra aonde forem [39] levados em captiveiro tornarem em si, e
se converterem, e na terra do seu captiveiro te supplicarem, dizendo:
Peccámos, e perversamente obrámos, _e_ commettemos iniquidade;

48 E se converterem [40] a ti com todo o seu coração e com toda a sua
alma, na terra de seus inimigos que os levaram em captiveiro, e orarem
[41] a ti para a banda da sua terra que déste a seus paes, _para_ esta
cidade que elegeste, e _para_ esta casa que edifiquei ao teu nome;

49 Ouve então nos céus, assento da tua habitação, a sua oração e a sua
supplica, e faze-lhes justiça;

50 E perdôa ao teu povo que houver peccado contra ti, e [42] todas as
suas prevaricações com que houverem prevaricado contra ti; e dá-lhes
misericordia perante aquelles que os teem captivos, para que d’elles
tenham compaixão.

51 Porque [43] _são_ o teu povo e a tua herança que tiraste da terra do
Egypto, do meio do forno de ferro.

52 Para que teus olhos estejam abertos á supplica do teu servo e á
supplica do teu povo Israel, a fim de os ouvirdes em tudo quanto clamarem
a ti.

53 Pois tu para tua herança os elegeste de todos os povos da terra, como
tens [44] dito pelo ministerio de Moysés, teu servo, quando tiraste a
nossos paes do Egypto, Senhor JEHOVAH.


_Salomão abençoa o povo._

54 Succedeu pois que, acabando Salomão de fazer ao Senhor esta oração e
esta supplica, estando de joelhos e com as mãos estendidas para os céus,
se levantou de diante do altar do Senhor.

55 E poz-se [45] em pé, e abençoou a toda a congregação d’Israel em alta
voz, dizendo:

56 Bemdito _seja_ o Senhor, que deu repouso ao seu povo Israel, segundo
tudo o que disse: nem [46] uma só palavra caiu de todas as suas boas
palavras que fallou pelo ministerio de Moysés, seu servo.

57 O Senhor nosso Deus seja comnosco, como foi com nossos paes; não nos
desampare, e não [47] nos deixe.

58 Inclinando a si o nosso coração, para andar em todos os seus caminhos,
e para guardar os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juizos
que ordenou a nossos paes.

59 E que estas minhas palavras, com que suppliquei perante o Senhor,
estejam perto, diante do Senhor nosso Deus, de dia e de noite, para que
execute o juizo do seu servo e o juizo do seu povo Israel, a cada qual no
seu dia,

60 Para que todos [48] os povos da terra saibam que o Senhor _é_ Deus, _e
que_ não _ha_ outro.

61 E seja [49] o vosso coração inteiro para com o Senhor nosso Deus, para
andardes nos seus estatutos, e guardardes os seus mandamentos como hoje.

62 E o rei [50] e todo o Israel com elle sacrificaram sacrificios perante
a face do Senhor.

63 E offereceu Salomão em sacrificio pacifico o que sacrificou ao Senhor,
vinte e duas mil vaccas e cento e vinte mil ovelhas: assim o rei e todos
os filhos de Israel consagraram a casa do Senhor.

64 No mesmo dia [51] sanctificou o rei o meio do atrio que _estava_
diante da casa do Senhor; porquanto ali preparara os holocaustos e as
offertas com a gordura dos sacrificios pacificos: porque o altar de cobre
[52] que _estava_ diante da face do Senhor _era_ muito pequeno para
n’elle caberem os holocaustos, e as offertas, e a gordura dos sacrificios
pacificos.

65 No mesmo tempo celebrou Salomão a festa, [53] e todo o Israel com
elle, uma grande congregação, desde a entrada de Hamath até ao rio do
Egypto, perante a face do Senhor nosso Deus; por sete dias, e _mais_ [54]
sete dias: quatorze dias.

66 E no oitavo dia [55] despediu o povo, e elles abençoaram o rei: então
se foram ás suas tendas, alegres e gozosos de coração, por causa de todo
o bem que o Senhor fizera a David seu servo, e a Israel seu povo.

[1] II Chr. 5.2, etc. II Sam. 6.17 e 5.7, 9 e 6.12, 16.

[2] Lev. 23.34. II Chr. 7.8.

[3] Num. 4.15. Deu. 31.9. Jos. 3.3, 6. I Chr. 15.14, 15.

[4] cap. 3.4. II Chr. 1.3.

[5] II Sam. 6.13.

[6] II Sam. 6.17. Exo. 26.33, 34. cap. 6.19, 27.

[7] Exo. 25.14, 15.

[8] Exo. 25.21. Deu. 10.2, 5. Heb. 9.4. Exo. 40.20 e 34.27, 28. Deu.
4.13. ver. 21.

[9] Exo. 40.34, 35. II Chr. 5.13, 14 e 7.2.

[10] II Chr. 6.1, etc. Lev. 16.2.

[11] II Sam. 7.13.

[12] II Sam. 6.18.

[13] Luc. 1.68.

[14] II Sam. 7.5, 25.

[15] II Sam. 7.6. II Chr. 6.5, etc. ver. 29. Deu. 12.11. I Sam. 16.1. II
Sam. 7.8. I Chr. 28.4.

[16] II Sam. 7.2. I Chr. 17.1.

[17] II Chr. 6.8, 9.

[18] II Sam. 7.5, 12, 13. cap. 5.3, 5.

[19] I Chr. 28.5, 6.

[20] ver. 9. Deu. 31.26.

[21] II Chr. 6.12, etc. Exo. 9.33. Esd. 9.5. Isa. 1.15.

[22] Exo. 15.11. II Sam. 7.22. Deu. 7.9. Neh. 1.5. Dan. 9.4. Gen. 17.1.
cap. 3.6. II Reis 20.3.

[23] II Sam. 7.12, 16. cap. 2.4.

[24] II Sam. 7.25.

[25] II Chr. 2.6. Isa. 66.1. Jer. 23.24. Act. 7.49 e 17.24.

[26] II Cor. 12.2.

[27] Deu. 12.11. Dan. 6.10.

[28] II Chr. 20.9. Neh. 1.6.

[29] Exo. 22.11.

[30] Deu. 25.1.

[31] Lev. 26.17. Deu. 28.25. Lev. 26.39, 40. Neh. 1.9.

[32] Lev. 26.19. Deu. 28.23.

[33] I Sam. 12.23.

[34] Lev. 26.16, 25, 26. Deu. 28.21, 22, 27, 38, 42, 52. II Chr. 20.9.

[35] I Sam. 16.7. I Chr. 28.9. Jer. 17.10. Act. 1.24.

[36] Deu. 3.24.

[37] I Sam. 17.46. II Reis 19.19.

[38] II Chr. 6.36. Pro. 20.9. Ecc. 7.20. Thi. 3.2. I João 1.8, 10.

[39] Lev. 26.34, 44. Deu. 28.37, 64. Lev. 26.40. Neh. 1.6. Dan. 9.5.

[40] Jer. 29.12, 13, 14.

[41] Dan. 6.10.

[42] Esd. 7.6.

[43] Deu. 9.29. Neh. 1.10. Deu. 4.20. Jer. 11.4.

[44] Exo. 19.5. Deu. 19.26, 29 e 14.2.

[45] II Sam. 6.18.

[46] Deu. 12.10. Jos. 21.45 e 8.14.

[47] Deu. 31.6. Jos. 1.5.

[48] Jos. 4.24. I Sam. 17.46. II Reis 19.19. Deu. 4.35, 39.

[49] cap. 11.4 e 15.3, 14. II Reis 20.3.

[50] II Chr. 7.4, etc.

[51] II Chr. 7.7.

[52] II Chr. 4.1.

[53] ver. 2. Lev. 23.34. Num. 34.8. Jos. 38.5. Jui. 3.3. II Reis 14.25.
Gen. 15.18. Num. 34.5.

[54] II Chr. 7.8.

[55] II Chr. 7.9, 10.



_O Senhor apparece a Salomão pela segunda vez._

9 Succedeu [1] pois que, acabando Salomão de edificar a casa do Senhor, e
a casa do rei, e todo o desejo de Salomão, que lhe veiu á vontade fazer,

2 O Senhor tornou a apparecer a Salomão; como [2] lhe tinha apparecido em
Gibeon.

3 E o Senhor lhe disse: Ouvi a [3] tua oração, e a tua supplica que
supplicando fizeste perante mim; sanctifiquei a casa que edificaste, afim
de pôr ali o meu nome para sempre: e [4] os meus olhos e o meu coração
estarão ali todos os dias.

4 E se tu [5] andares perante mim como andou David teu pae, com inteireza
de coração e com sinceridade, para fazeres segundo tudo o que te mandei,
_e_ guardares os meus estatutos e os meus juizos,

5 Então confirmarei o throno de teu reino sobre Israel para sempre: como
fallei ácerca de [6] teu pae David, dizendo: Não te faltará varão sobre o
throno d’Israel:

6 _Porém_ [7] se vós e vossos filhos de qualquer maneira vos apartardes
de apoz mim, e não guardardes os meus mandamentos, _e_ os meus estatutos,
que vos tenho proposto, mas fôrdes, e servirdes a outros deuses, e vos
curvardes perante elles,

7 Então destruirei [8] a Israel da terra que lhes dei; e a esta casa, que
sanctifiquei a meu nome, lançarei longe da minha presença: e Israel será
por ditado e mote, entre todos os povos.

8 E esta casa [9] será tão exaltada, que todo aquelle que por ella passar
pasmará, e assobiará, e dirá: Porque [10] fez o Senhor assim a esta terra
e a esta casa?

9 E dirão: Porque deixaram ao Senhor seu Deus, que tirou da terra do
Egypto a seus paes, e se apegaram a deuses alheios, e se encurvaram
perante elles, e os serviram: por isso trouxe o Senhor sobre elles todo
este mal.

[Antes de Christo 992]

10 E succedeu, ao fim de vinte annos, [11] que Salomão edificara as duas
casas; a casa do Senhor e a casa do rei

11 (_Para o que_ [12] Hirão, rei de Tyro, trouxera a Salomão madeira de
cedro e de faia, e oiro, segundo todo o seu desejo): então deu o rei
Salomão a Hirão vinte cidades na terra de Galiléa.

12 E saiu Hirão de Tyro a ver as cidades que Salomão lhe déra, porém não
foram boas aos seus olhos.

13 Pelo que disse: Que cidades _são_ estas que me déste, irmão meu? [13]
E chamaram-n’as: Terra de [KE] Cabuli, até hoje.

14 E enviara Hirão ao rei cento e vinte talentos de oiro.


_O tributo que Salomão impoz._

15 E esta _é_ a causa do tributo [14] que impoz o rei Salomão, para
edificar a casa do Senhor e a sua casa e Millo, e o muro de Jerusalem,
como tambem a Hasor, e a Megiddo, e a Gezer.

16 _Porque_ Pharaó, rei do Egypto, subiu e tomou a Gezer, e a queimou a
fogo, e matou os cananeos [15] que moravam na cidade, e a deu em dote a
sua filha, mulher de Salomão.

17 Assim edificou Salomão a Gezer, e Beth-horon, [16] a baixa,

18 E a Baalath, [17] e a Tadmor, no deserto d’aquella terra,

19 E a todas as cidades das munições que Salomão tinha, e as cidades dos
carros, [18] e as cidades dos cavalleiros, e o que o desejo de Salomão
quiz edificar em Jerusalem, e no Libano, e em toda a terra do seu dominio.

20 _Quanto_ a todo [19] o povo _que_ restou dos amorrheos, hetheos,
pherezeos, heveos, e jebuseos, _e_ que não eram dos filhos de Israel,

21 A seus filhos, que [20] restaram depois d’elles na terra, os quaes os
filhos de Israel não poderam destruir totalmente, Salomão os reduziu a
tributo servil, até hoje.

22 Porém dos filhos de Israel não fez Salomão servo algum: porém [21]
_eram_ homens de guerra, e seus creados, e seus principes, e seus
capitães, e chefes dos seus carros e dos seus cavalleiros.

23 Estes _eram_ os chefes dos officiaes que _estavam_ sobre a obra de
Salomão, quinhentos e cincoenta, que davam ordens ao povo que trabalhava
na obra.

24 Subiu porém a filha [22] de Pharaó da cidade de David á sua casa, que
Salomão lhe edificara; então edificou a Millo.

25 E offerecia [23] Salomão tres vezes cada anno holocaustos e
sacrificios pacificos sobre o altar que edificaram ao Senhor, e queimava
incenso sobre o que _estava_ perante o Senhor: e assim acabou a casa.

26 Tambem o [24] rei Salomão fez náos em Eseon-geber, que _está_ junto a
Eloth, á praia do mar de Suph, na terra de Edom.

27 E mandou Hirão [25] com aquellas náos a seus servos, marinheiros, que
sabiam do mar, com os servos de Salomão.

28 E vieram a [26] Ophir, e tomaram de lá quatrocentos e vinte talentos
de oiro, e _o_ trouxeram ao rei Salomão.

[1] II Chr. 7.11, etc. cap. 7.1. II Chr. 8.6.

[2] cap. 3.5.

[3] II Reis 20.5. cap. 8.29.

[4] Deu. 11.12.

[5] Gen. 17.1. cap. 11.4, 6, 38 e 14.8 e 15.5.

[6] II Sam. 7.12, 16. cap. 2.4 e 6.12. I Chr. 22.10.

[7] II Sam. 7.14. II Chr. 7.19, 20.

[8] Deu. 4.26. II Reis 17.23 e 25.21. Jer. 7.14. Deu. 28.37.

[9] II Chr. 7.21.

[10] Deu. 29.24, 25, 26. Jer. 22.8, 9.

[11] cap. 6.37, 38 e 7.1. II Chr. 8.1.

[12] II Chr. 8.2.

[13] Jos. 19.27.

[14] cap. 5.13. ver. 24. II Sam. 5.9. Jos. 19.36 e 17.11 e 16.10. Jui.
1.29.

[15] Jos. 16.10.

[16] Jos. 16.3 e 21.22. II Chr. 8.5.

[17] Jos. 19.44. II Chr. 8.4, 6, etc.

[18] cap. 4.26.

[19] II Chr. 8.7, etc.

[20] Jui. 1.21, 27, 29 e 3.1. Jos. 15.63 e 17.12. Jui. 1.28. Gen. 9.25,
26. Esd. 2.55, 58. Neh. 7.57 e 11.3.

[21] Lev. 25.39.

[22] cap. 3.1. II Chr. 8.11. cap. 7.8. II Sam. 5.9. cap. 11.27. II Chr.
32.5.

[23] II Chr. 8.12, 13, 16.

[24] II Chr. 8.17, 18. Num. 33.35. Deu. 2.8. cap. 22.48.

[25] cap. 10.11.

[26] Job 22.24.



_A rainha de Saba vem visitar Salomão._

10 E ouvindo [1] a rainha de Saba a fama de Salomão, ácerca do nome do
Senhor, veiu proval-o por enigmas.

2 E veiu a Jerusalem com um mui grande exercito; com camelos carregados
de especiarias, e muitissimo oiro, e pedras preciosas: e veiu a Salomão,
e disse-lhe tudo quanto tinha no seu coração.

3 E Salomão lhe declarou todas as suas palavras: nenhuma coisa se
escondeu ao rei, que não lhe declarasse.

4 Vendo pois a rainha de Saba toda a sabedoria de Salomão, e a casa que
edificara,

5 E a comida da sua mesa, e o assentar de seus servos, e o estar de seus
creados, e os vestidos d’elles, e os seus copeiros, e a sua subida, pela
qual subia á casa do Senhor, não houve mais espirito n’ella.

6 E disse ao rei: Foi verdade a palavra que ouvi na minha terra, das tuas
coisas e da tua sabedoria.

7 E eu não cria n’aquellas palavras, até que vim, e os meus olhos o
viram; eis que me não disseram metade; sobrepujaste em sabedoria e bens a
fama que ouvi.

8 Bemaventurados [2] os teus homens, bemaventurados estes teus servos,
que estão sempre diante de ti, que ouvem a tua sabedoria!

9 Bemdito seja [3] o Senhor teu Deus, que teve agrado em ti, para te pôr
no throno de Israel: porque o Senhor ama a Israel para sempre, por isso
te estabeleceu rei, para fazeres juizo e justiça.

10 E deu ao rei cento e vinte talentos de oiro, e muitissimas
especiarias, e pedras preciosas: nunca veiu especiaria em tanta
abundancia, como a que a rainha de Saba deu ao rei Salomão.

11 Tambem as náos [4] d’Hirão, que de Ophir levavam oiro, traziam de
Ophir muitissima madeira de Almug, e pedras preciosas.

12 E d’esta madeira d’Almug [5] fez o rei balaustres para a casa do
Senhor, e para a casa do rei, como tambem harpas e alaúdes para os
cantores: nunca veiu tal madeira [6] de Almug, nem se viu até o dia
d’hoje.

13 E o rei Salomão deu á rainha de Saba tudo quanto lhe pediu o seu
desejo, de mais do que lhe deu, segundo a largueza do rei Salomão: então
voltou e partiu para a sua terra, ella e os seus servos.


_As riquezas de Salomão._

14 E era o peso do oiro que se trazia a Salomão cada anno seiscentos e
sessenta e seis talentos de oiro;

15 Além _do_ dos negociantes, e do contracto dos especieiros, e de todos
os reis [7] da Arabia, e dos governadores da mesma terra.

16 Tambem o rei Salomão fez duzentos pavezes de oiro batido; seiscentos
_siclos_ de oiro mandou pesar para cada pavez;

17 Assim mesmo trezentos [8] escudos de oiro batido; tres arrateis de
oiro mandou pesar para cada escudo; e o rei os poz na casa do bosque do
Libano.

18 Fez mais [9] o rei um grande throno de marfim, e o cobriu de oiro
purissimo.

19 Tinha este throno seis degraus, e _era_ a cabeça do throno por detraz
redonda, e de ambas as bandas _tinha_ encostos até ao assento: e dois
leões estavam junto aos encostos.

20 Tambem doze leões estavam ali sobre os seis degraus de ambas as
bandas: nunca se tinha feito obra similhante em nenhum dos reinos.

21 Tambem todos [10] os vasos de beber do rei Salomão _eram_ de oiro,
e todos os vasos da casa do bosque do Libano _eram_ de oiro puro; não
_havia n’elles_ prata; _porque_ nos dias de Salomão não tinha estimação
_alguma_.

22 Porque o rei tinha no mar as náos de Tarsis, com as náos de Hirão: uma
vez em tres annos tornavam as náos de [11] Tarsis, _e_ traziam oiro e
prata, marfim, e bugios, e pavões.

23 Assim o rei Salomão excedeu [12] a todos os reis da terra: tanto em
riquezas como em sabedoria.

24 E toda a terra buscava a face de Salomão, para ouvir a sua sabedoria,
que Deus tinha posto no seu coração.

25 E traziam cada um _por_ seu presente vasos de prata e vasos de oiro,
e vestidos, e armaduras, e especiarias, cavallos e mulas: cada coisa de
anno em anno.

26 Tambem ajuntou [13] Salomão carros e cavalleiros, de sorte que tinha
mil e quatrocentos carros e doze mil cavalleiros: e os levou ás cidades
dos carros, e junto ao rei em Jerusalem.

27 E fez [14] o rei _que_ em Jerusalem _houvesse_ prata como pedras: e
cedros em abundancia como figueiras bravas que _estão_ nas planicies.

28 E tiravam [15] cavallos do Egypto para Salomão: e ás manadas as
recebiam os mercadores do rei, cada manada por um certo preço.

29 E subia e sahia o carro do Egypto por seiscentos _siclos_ de prata, e
o cavallo por cento e cincoenta: e assim, por meio d’elles, os tiravam
[16] para todos os reis dos hetheos e para os reis da Syria.

[1] II Chr. 9.1, etc. Mat. 12.42. Luc. 11.31. Jui. 14.12. Pro. 1.6.

[2] Pro. 8.34.

[3] cap. 5.7. II Sam. 8.15. Pro. 8.15.

[4] cap. 9.27.

[5] II Chr. 9.11.

[6] II Chr. 9.10.

[7] II Chr. 9.24.

[8] cap. 14.26 e 7.2.

[9] II Chr. 9.17, etc.

[10] II Chr. 9.20, etc.

[11] Gen. 10.4. II Chr. 20.36.

[12] cap. 3.12, 13 e 4.30.

[13] cap. 4.26. II Chr. 1.14 e 9.25. Deu. 17.16.

[14] II Chr. 1.15, 17.

[15] Deu. 17.16. II Chr. 1.16 e 9.28. Eze. 27.7.

[16] Jos. 1.4. II Reis 7.6.



_A idolatria de Salomão e a ira de Deus contra elle._

[Antes de Christo 984]

11 E o rei Salomão amou [1] muitas mulheres estranhas, e isso além da
filha de Pharaó, moabitas, ammonitas, idumeas, zidonias _e_ hetheas.

2 Das nações _de_ que o Senhor tinha dito aos filhos de Israel: Não
entrareis a [2] ellas, e ellas não entrarão a vós; d’outra maneira
perverterão o vosso coração para seguirdes os seus deuses. A estas se
uniu Salomão com amor.

3 E tinha setecentas mulheres, princezas, e trezentas concubinas: e suas
mulheres lhe perverteram o seu coração.

4 Porque succedeu _que_, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres
lhe perverteram [3] o seu coração para seguir outros deuses: e o seu
coração não era inteiro para com o Senhor seu Deus, como o coração de
David, seu pae,

5 Porque Salomão andou em seguimento [4] de Astaroth, deus dos zidonios,
e em seguimento de Milkom, a abominação dos ammonitas.

6 Assim fez Salomão o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor: e não
perseverou em seguir ao Senhor, como David seu pae.

7 Então [5] edificou Salomão um alto a Camos, a abominação dos moabitas,
sobre o monte que _está_ diante de Jerusalem, e a Molech, a abominação
dos filhos d’Ammon.

8 E assim fez para com todas as suas mulheres estranhas; as quaes
queimavam incenso e sacrificavam a seus deuses.

9 Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão: [6] porquanto desviara o
seu coração do Senhor Deus de Israel, o qual duas vezes lhe apparecera.

10 E ácerca d’esta materia lhe tinha dado ordem [7] que não andasse em
seguimento d’outros deuses: porém não guardou o que o Senhor lhe ordenara.

11 Pelo que disse o Senhor a Salomão: Pois que houve isto em ti, que não
guardaste o meu concerto e os meus estatutos que te mandei, certamente
rasgarei de ti [8] este reino, e o darei a teu servo.

12 Todavia nos teus dias não o farei, por amor de David teu pae: da mão
de teu filho o rasgarei:

13 Porém todo o reino não rasgarei; uma [9] tribu darei a teu filho, por
amor de meu servo David, e por amor de Jerusalem, que [10] tenho elegido.


_Deus excita adversarios contra Salomão._

14 Levantou [11] pois o Senhor a Salomão um adversario, a Hadad, o
idumeo: elle _era_ da semente do rei em Edom.

15 Porque succedeu que, estando David [12] em Edom, e subindo Joab, o
chefe do exercito, a enterrar os mortos, feriu a todo o varão em Edom.

16 (Porque Joab ficou ali seis mezes com todo o Israel, até que destruiu
a todo o varão em Edom.)

17 Hadad porém fugiu, elle e alguns homens idumeos, dos servos de seu
pae, com elle, para ir ao Egypto: _era_ porém Hadad _um_ rapaz pequeno.

18 E levantaram-se de Midian, e vieram a Paran, e tomaram comsigo homens
de Paran, e vieram ao Egypto a Pharaó, rei do Egypto, o qual lhe deu uma
casa, e lhe prometteu sustento, e lhe deu uma terra.

19 E achou Hadad grande graça aos olhos de Pharaó: de maneira que a irmã
de sua mulher lhe deu por mulher, a irmã de Tachpenes, a rainha.

20 E a irmã de Tachpenes lhe pariu a seu filho Genubath, o qual Tachpenes
criou na casa de Pharaó: e Genubath estava na casa de Pharaó, entre os
filhos de Pharaó.

21 Ouvindo [13] pois Hadad no Egypto que David adormecera com seus
paes, e que Joab, chefe do exercito, era morto, disse Hadad a Pharaó:
Despede-me, para que vá á minha terra.

22 Porém Pharaó lhe disse: Pois que te falta comigo, que eis que procuras
partir para a tua terra? E disse elle: Nada, mas todavia despede-me.

23 Tambem Deus lhe levantou _outro_ adversario, a Rezon, filho de Eliada,
que tinha fugido de seu senhor Hadadezer, [14] rei de Zoba,

24 Contra quem tambem ajuntou homens, e foi capitão [15] d’um esquadrão,
quando David os matou: e indo-se para Damasco, habitaram ali, e reinaram
em Damasco.

25 E foi adversario de Israel por todos os dias de Salomão, e isto além
do mal que Hadad _fazia_: porque detestava a Israel, e reinava sobre a
Syria.

26 Até Jeroboão, [16] filho de Nebat, ephrateo, de Zereda, servo de
Salomão (cuja mãe era mulher viuva, por nome Zerua), tambem levantou a
mão contra o rei.

27 E esta _foi_ a causa, por que levantou a mão contra o rei: Salomão
tinha [17] edificado a Millo, _e_ cerrou as aberturas da cidade de David,
seu pae.

28 E o homem Jeroboão _era_ varão valente; e, vendo Salomão a este
mancebo, que era laborioso, elle o poz sobre todo o cargo da casa de José.

[Antes de Christo 980]

29 Succedeu pois n’aquelle tempo que, saindo Jeroboão de Jerusalem, o
encontrou o propheta Ahias, [18] o silonita, no caminho, e elle se tinha
vestido d’um vestido novo, e sós _estavam_ os dois no campo.

30 E Ahias pegou no vestido novo que sobre si _tinha_, e o rasgou [19] em
doze pedaços.

31 E disse a Jeroboão: Toma para ti os dez pedaços, [20] porque assim diz
o Senhor Deus de Israel: Eis que rasgarei o reino da mão de Salomão, e a
ti darei as dez tribus.

32 Porém elle terá uma tribu, por amor de David, meu servo, e por amor de
Jerusalem, a cidade que elegi de todas as tribus de Israel.

33 Porque [21] me deixaram, e se encurvaram a Astaroth, deus dos
sidonios, a Camos, deus dos moabitas, e a Milkom, deus dos filhos
d’Ammon; e não andaram pelos meus caminhos, para fazerem o _que parece_
recto aos meus olhos, _a saber_, os meus estatutos e os meus juizos, como
David, seu pae.

34 Porém não tomarei nada d’este reino da sua mão: mas por principe o
ponho por todos os dias da sua vida, por amor de David, meu servo, a quem
elegi, o qual guardou os meus mandamentos e os meus estatutos.

35 Mas da mão de seu filho [22] tomarei o reino, e t’o darei a ti, as dez
tribus _d’elle_.

36 E a seu filho darei uma tribu; para que David, meu servo, sempre tenha
[23] uma lampada diante de mim em Jerusalem, a cidade que elegi para pôr
ali o meu nome.

37 E te tomarei, e reinarás sobre tudo o que desejar a tua alma; e serás
rei sobre Israel.

38 E ha de ser _que_, se ouvires tudo o que eu te mandar, e andares pelos
meus caminhos, e fizeres o _que é_ recto aos meus olhos, guardando os
meus estatutos e os meus mandamentos, como fez David, meu servo, eu [24]
serei comtigo, e te edificarei _uma_ casa firme, como edifiquei a David,
e te darei Israel.

39 E por isso affligirei a semente de David; todavia não para sempre.

40 Pelo que Salomão procurou matar Jeroboão; porém Jeroboão se levantou,
e fugiu para o Egypto, a Sisak, rei do Egypto: e esteve no Egypto até que
Salomão morreu.


_A morte de Salomão._

41 Quanto ao [25] mais dos successos de Salomão, e a tudo quanto fez, e á
sua sabedoria, _porventura_ não _está_ escripto no livro dos successos
de Salomão?

42 E o tempo [26] que reinou Salomão em Jerusalem sobre todo o Israel
_foram_ quarenta annos.

43 E adormeceu [27] Salomão com seus paes, e foi sepultado na cidade de
David, seu pae: e Roboão, seu filho, reinou em seu logar.

[1] Neh. 13.26. Deu. 17.17.

[2] Exo. 34.16. Deu. 7.3, 4.

[3] Deu. 17.17. Neh. 13.26. cap. 8.61 e 9.4.

[4] ver. 33. Jui. 2.13. II Reis 23.13.

[5] Num. 33.52 e 21.29. Jui. 11.24. II Reis 23.13.

[6] ver. 2, 3. cap. 3.5 e 9.2.

[7] cap. 6.12 e 9.6.

[8] ver. 31. cap. 12.15, 16.

[9] II Sam. 7.15. cap. 12.20.

[10] Deu. 12.11.

[11] I Chr. 5.26.

[12] II Sam. 8.14. I Chr. 18.12, 13. Num. 24.19. Deu. 20.13.

[13] I Reis 2.10, 34.

[14] II Sam. 8.3.

[15] II Sam. 8.3 e 10.8, 18.

[16] cap. 12.2. II Chr. 13.6. II Sam. 20.21.

[17] cap. 9.24.

[18] cap. 14.2.

[19] I Sam. 15.27 e 24.5.

[20] ver. 11, 13.

[21] ver. 5, 6, 7.

[22] cap. 12.16, 17.

[23] cap. 15.4. II Reis 8.19.

[24] Jos. 1.5. II Sam. 7.11, 27.

[25] II Chr. 9.29.

[26] II Chr. 9.30.

[27] II Chr. 9.31.



_Roboão causa separação entre as tribus._

[Antes de Christo 975]

12 E foi Roboão [1] para Sichem; porque todo o Israel veiu a Sichem, para
o fazerem rei.

2 Succedeu pois que, ouvindo-o Jeroboão, [2] filho de Nebat, estando
ainda no Egypto (porque fugira de diante do rei Salomão, e habitava
Jeroboão no Egypto),

3 Enviaram, e o mandaram chamar; e Jeroboão e toda a congregação d’Israel
vieram, e fallaram a Roboão, dizendo:

4 Teu pae aggravou o nosso [3] jugo; agora, pois, allivia tu a dura
servidão de teu pae, e o seu pesado jugo que nos impoz, e nós te
serviremos.

5 E elle lhes disse: Ide-vos até ao terceiro dia, e voltae a mim. E o
povo se foi.

6 E teve o rei Roboão conselho com os anciãos que estavam na presença de
Salomão, seu pae, quando este ainda vivia, dizendo: Como aconselhaes vós
que se responda a este povo?

7 E elles lhe fallaram, dizendo: Se hoje [4] fores servo d’este povo, e o
servires, e, respondendo-lhe, lhe fallares boas palavras, todos os dias
teus servos serão.

8 Porém elle deixou o conselho que os anciãos lhe tinham aconselhado, e
teve conselho com os mancebos que haviam crescido com elle, que estavam
diante d’elle.

9 E disse-lhes: Que aconselhaes vós que respondamos a este povo, que me
fallou, dizéndo: Allivia o jugo que teu pae nos impoz?

10 E os mancebos que haviam crescido com elle lhe fallaram, dizendo:
Assim fallarás a este povo que te fallou, dizendo: Teu pae fez
pesadissimo o nosso jugo, mas tu o allivia de sobre nós; assim lhe
fallarás: Meu _dedo_ minimo é mais grosso do que os lombos de meu pae.

11 Assim que, _se_ meu pae vos carregou d’um jugo pesado, ainda eu
augmentarei o vosso jugo: meu pae vos castigou com açoites, porém eu vos
castigarei com escorpiões.

12 Veiu pois Jeroboão e todo o povo, ao terceiro dia, a Roboão, como o
rei havia fallado, dizendo: Voltae a mim ao terceiro dia.

13 E o rei respondeu ao povo duramente; porque deixara o conselho que os
anciãos lhe haviam aconselhado.

14 E lhe fallou conforme ao conselho dos mancebos, dizendo: Meu pae
aggravou o vosso jugo, porém eu _ainda_ augmentarei o vosso jugo; meu pae
vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.

15 O rei pois não deu ouvidos ao povo; porque _esta_ revolta vinha do
Senhor, [5] para confirmar a sua palavra que o Senhor tinha dito pelo
ministerio de Ahias, o [6] silonita, a Jeroboão, filho de Nebat.


_Dez tribus seguem Jeroboão._

16 Vendo pois todo o Israel que o rei não lhe dava ouvidos, tornou-lhe
o povo a responder, dizendo: Que parte temos _nós_ com David? e não _ha
para nós_ herança [7] no filho de Jessé. Ás tuas tendas, ó Israel! Provê
agora a tua casa, ó David. Então Israel se foi ás suas tendas.

17 _No tocante_ porém [8] aos filhos d’Israel que habitavam nas cidades
de Judah, tambem sobre elles reinou Roboão.

18 Então o rei Roboão enviou [9] a Adoram, que _estava_ sobre os
tributos; e todo o Israel o apedrejou com pedras, e morreu: mas o rei
Roboão se animou a subir ao carro para fugir para Jerusalem.

19 Assim descairam [10] os israelitas da casa de David até _ao dia de_
hoje.

20 E succedeu que, ouvindo todo o Israel que Jeroboão tinha voltado,
enviaram, e o chamaram para a congregação, e o fizeram rei sobre todo o
Israel: e ninguem seguiu a casa de David senão sómente a [11] tribu de
Judah.

21 Vindo pois Roboão [12] a Jerusalem, ajuntou toda a casa de Judah e a
tribu de Benjamin, cento e oitenta mil escolhidos, destros para a guerra,
para pelejar contra a casa d’Israel, para restituir o reino a Roboão,
filho de Salomão.

22 Porém veiu a palavra de Deus a [13] Semaias, homem de Deus, dizendo:

23 Falla a Roboão, filho de Salomão, rei de Judah, e a toda a casa de
Judah, e a Benjamin, e ao resto do povo, dizendo:

24 Assim diz o Senhor: Não subireis nem pelejareis contra vossos irmãos,
os filhos d’Israel; volte cada um para a sua casa, porque [14] eu é
que fiz esta obra. E ouviram a palavra do Senhor, e voltaram segundo a
palavra do Senhor.

25 E Jeroboão edificou a Sichem, no [15] monte de Ephraim, e habitou ali;
e saiu d’ali, e edificou a [16] Penuel.


_A idolatria de Jeroboão._

26 E disse Jeroboão no seu coração: Agora tornará o reino á casa de David.

27 Se este povo subir [17] para fazer sacrificios na casa do Senhor, em
Jerusalem, o coração d’este povo se tornará a seu senhor, a Roboão, rei
de Judah: e me matarão, e tornarão a Roboão, rei de Judah.

28 Pelo que o rei tomou conselho, e fez dois bezerros [18] de oiro; e
lhes disse: Muito _trabalho_ vos será o subir a Jerusalem; vês aqui teus
deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egypto.

29 E poz um em Bethel, [19] e collocou o outro em Dan.

30 E este feito se tornou [20] em peccado: pois que o povo ia até Dan
cada um _a adorar_.

31 Tambem fez casa dos altos: [21] e fez sacerdotes dos mais baixos do
povo, que não eram dos filhos de Levi.

32 E fez Jeroboão uma festa no oitavo mez, no dia decimo quinto do
mez, como a festa que _se fazia_ [22] em Judah, e sacrificou no altar;
similhantemente fez em Bethel, sacrificando os bezerros que fizera:
tambem em Bethel estabeleceu sacerdotes dos altos que fizera.

33 E sacrificou no altar que fizera em [23] Bethel, no dia decimo quinto
do oitavo mez, que elle tinha imaginado no seu coração: assim fez a festa
aos filhos de Israel, e sacrificou no altar, queimando incenso.

[1] II Chr. 10.1, etc.

[2] cap. 11.26, 40.

[3] I Sam. 8.11, 18. cap. 4.7.

[4] II Chr. 10.7. Pro. 15.1.

[5] ver. 24. Jui. 14.4. II Chr. 10.15 e 22.7 e 25.20.

[6] cap. 11.11, 31.

[7] II Sam. 20.1.

[8] cap. 11.13, 36.

[9] cap. 4.6 e 5.14.

[10] II Reis 17.21.

[11] cap. 11.13, 32.

[12] II Chr. 11.1.

[13] II Chr. 11.2.

[14] ver. 15.

[15] Jui. 9.45.

[16] Jui. 8.17.

[17] Deu. 12.5, 6.

[18] II Reis 10.29 e 17.16. Exo. 32.4, 8.

[19] Gen. 28.19. Ose. 4.15. Jui. 18.29.

[20] cap. 13.34. II Reis 17.21.

[21] cap. 13.32. Num. 3.10. cap. 13.33. II Reis 17.32. II Chr. 11.14, 15.
Eze. 44.7, 8.

[22] Lev. 23.33, 34. Num. 29.12. cap. 8.2, 5. Amós 7.13.

[23] Num. 15.39. cap. 13.1.



_Um propheta prediz contra o altar._

13 E eis que [1] um homem de Deus veiu de Judah com a palavra do Senhor a
Bethel: e Jeroboão estava junto ao altar, para queimar incenso.

2 E clamou contra o altar com a palavra do Senhor, e disse: Altar, altar!
assim diz o Senhor: Eis que _um_ filho nascerá á casa de David, cujo nome
_será_ [2] Josias, o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos
que queimam sobre ti incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti.

3 E deu n’aquelle mesmo dia _um_ [3] signal, dizendo: Este _é_ o signal
de que o Senhor fallou: Eis que o altar se fenderá, e a cinza, que n’elle
_está_, se derramará.

4 Succedeu pois, que, ouvindo o rei a palavra do homem de Deus, que
clamara contra o altar de Bethel, Jeroboão estendeu a sua mão de sobre o
altar, dizendo: Pegae d’elle. Mas a sua mão, que estendera contra elle,
se seccou, e não a podia tornar a trazer a si.

5 E o altar se fendeu, e a cinza se derramou do altar; segundo o signal
que o homem de Deus apontara pela palavra do Senhor.

6 Então respondeu o rei, e disse ao homem de Deus: Ora á [4] face do
Senhor teu Deus, e roga por mim, que a minha mão se me restitua. Então o
homem de Deus orou á face do Senhor, e a mão do rei se lhe restituiu, e
ficou como d’antes.

7 E o rei disse ao homem de Deus: Vem comigo a casa, e conforta-_te_; [5]
e dar-te-hei um presente.

8 Porém o homem de Deus disse ao rei: Ainda que me désses metade [6] da
tua casa, não iria comtigo, nem comeria pão nem beberia agua n’este logar.

9 Porque assim me ordenou o Senhor pela sua palavra, dizendo: [7] Não
comerás pão nem beberás agua; e não voltarás pelo caminho por onde foste.

10 E foi-se por outro caminho; e não voltou pelo caminho, por onde viera
a Bethel.


_Um leão mata o propheta._

11 E morava em Bethel um propheta velho; e veiu seu filho, e contou-lhe
tudo o que o homem de Deus fizera aquelle dia em Bethel, e as palavras
que dissera ao rei; e as contaram a seu pae.

12 E disse-lhes seu pae: Por que caminho se foi? E viram seus filhos o
caminho por onde fôra o homem de Deus que viera de Judah.

13 Então disse a seus filhos: Albardae-me um jumento. E albardaram-lhe o
jumento, e montou n’elle.

14 E foi-se apoz o homem de Deus, e o achou assentado debaixo d’um
carvalho: e disse-lhe: És tu o homem de Deus que vieste de Judah? E elle
disse: Eu _sou_.

15 Então lhe disse: Vem comigo a casa, e come pão.

16 Porém elle disse: Não [8] posso voltar comtigo, nem entrarei comtigo;
nem tão pouco comerei pão, nem beberei comtigo agua n’este logar.

17 Porque me foi mandado pela [9] palavra do Senhor: Ali nem comerás pão,
nem beberás agua; nem tornarás a ir pelo caminho por que foste.

18 E elle lhe disse: Tambem eu _sou_ propheta como tu, e _um_ anjo me
fallou pela palavra do Senhor, dizendo: Faze-o voltar comtigo a tua casa,
para que coma pão e beba agua (_Porém_ mentiu-lhe).

19 E tornou elle, e comeu pão em sua casa e bebeu agua.

20 E succedeu que, estando elles á mesa, a palavra do Senhor veiu ao
propheta que o tinha feito voltar.

21 E clamou ao homem de Deus, que viera de Judah, dizendo: Assim diz o
Senhor: Porquanto foste rebelde á bocca do Senhor, e não guardaste o
mandamento que o Senhor teu Deus te mandara;

22 Antes voltaste, e comeste pão e bebeste agua no logar [10] de que te
dissera: Não comerás pão nem beberás agua; o teu cadaver não entrará no
sepulchro de teus paes.

23 E succedeu _que_, depois que comeu pão, e depois que bebeu, albardou
elle o jumento para o propheta que fizera voltar.

24 Foi-se pois, e um leão [11] o encontrou no caminho, e o matou: e o seu
cadaver estava lançado no caminho, e o jumento estava _parado_ junto a
elle, e o leão estava junto ao cadaver.

25 E eis que os homens passaram, e viram o corpo lançado no caminho,
como tambem o leão, que estava junto ao corpo: e vieram, e o disseram na
cidade onde o propheta velho habitava.

26 E, ouvindo-o o propheta que o fizera voltar do caminho, disse: É o
homem de Deus, que foi rebelde á bocca do Senhor: por isso o Senhor o
entregou ao leão, que o despedaçou e matou, segundo a palavra que o
Senhor lhe tinha dito.

27 Então disse a seus filhos: Albardae-me o jumento. Elles o albardaram.

28 Então foi, e achou o seu cadaver lançado no caminho, e o jumento e o
leão, que estavam _parados_ junto ao cadaver: o leão não tinha devorado o
corpo, nem tinha despedaçado o jumento.

29 Então o propheta levantou o cadaver do homem de Deus, e pôl-o em cima
do jumento e o tornou a levar; assim veiu o propheta velho á cidade, para
o chorar e enterrar.

30 E metteu o seu cadaver no seu proprio sepulchro; e prantearam sobre
elle, _dizendo_: Ah irmão [12] meu!

31 E succedeu que, depois de o haver sepultado, fallou a seus filhos,
dizendo: Morrendo eu, sepultae-me no sepulchro em que o homem de Deus
_está_ sepultado: ponde os meus ossos junto [13] aos ossos d’elle.

32 Porque certamente [14] se cumprirá o que pela palavra do Senhor
exclamou contra o altar que _está_ em Bethel, como _tambem_ contra todas
as casas dos altos que _estão_ nas cidades [15] de Samaria.

33 Depois [16] d’estas coisas, Jeroboão não tornou do seu máu caminho;
antes dos mais baixos do povo tornou a fazer sacerdotes dos logares
altos; a quem queria lhe enchia a mão, e assim era _um_ dos sacerdotes
dos logares altos.

34 E isso foi causa de peccado [17] á casa de Jeroboão, para destruil-a e
extinguil-a da terra.

[1] II Reis 23.17. cap. 12.32, 33.

[2] II Reis 23.15, 16.

[3] Isa. 7.14. João 2.18. I Cor. 1.22.

[4] Exo. 8.8 e 9.28 e 10.17. Num. 21.7. Act. 8.24. Thi. 5.16.

[5] I Sam. 9.7. II Sam. 5.15.

[6] Num. 22.18 e 24.13.

[7] I Cor. 5.11.

[8] ver. 8, 9.

[9] cap. 20.35. I The. 4.15.

[10] ver. 9.

[11] cap. 20.36.

[12] Jer. 22.18.

[13] II Reis 23.17, 18.

[14] ver. 2. II Reis 23.16, 19.

[15] cap. 16.24.

[16] cap. 12.31, 32. II Chr. 11.15 e 13.9.

[17] cap. 12.30 e 14.10.



_Ahias prediz a ruina da casa de Jeroboão._

[Antes de Christo 956]

14 N’aquelle tempo adoeceu Ahias filho de Jeroboão.

2 E disse Jeroboão a sua mulher: Levanta-te agora, e disfarça-te, para
que não conheçam que és mulher de Jeroboão: e vae a Silo. Eis que lá
_está_ o propheta Ahias, o qual fallou de mim, que _eu seria_ rei [1]
sobre este povo.

3 E toma [2] na tua mão dez pães, e bolos, e uma botija de mel, e vae a
elle: elle te declarará o que ha de succeder a este menino.

4 E a mulher de Jeroboão assim fez, e se levantou, e [3] foi a Silo, e
entrou na casa de Ahias: e já Ahias não podia ver, porque os seus olhos
estavam já escurecidos por causa da sua velhice.

5 Porém o Senhor disse a Ahias: Eis que a mulher de Jeroboão vem
consultar-te sobre seu filho, porque está doente: assim e assim lhe
fallarás: e ha de ser que, entrando ella, fingirá _ser_ outra.

6 E succedeu que, ouvindo Ahias o ruido de seus pés, entrando ella pela
porta, disse elle: Entra, mulher de Jeroboão: porque te disfarças assim?
pois eu _sou_ enviado a ti _com_ duras _novas_.

7 Vae, dize a Jeroboão: Assim diz o Senhor Deus d’Israel: Porquanto
te levantei [4] do meio do povo, e te puz por chefe sobre o meu povo
d’Israel,

8 E rasguei [5] o reino da casa de David, e a ti t’o dei, e tu não foste
como o meu servo David, que guardou [6] os meus mandamentos e que andou
após mim com todo o seu coração para fazer sómente o _que parecia_ recto
aos meus olhos,

9 Antes tu fizeste o mal, peior do que todos os [7] que foram antes
de ti; e foste, e fizeste outros deuses e imagens de fundição, para
provocar-me á ira, e me lançaste para traz das tuas costas;

10 Portanto, eis que trarei [8] mal sobre a casa de Jeroboão, e
destruirei de Jeroboão todo o homem até [KF] ao menino, tanto o encerrado
[9] como o desamparado em Israel; e lançarei fóra os descendentes da casa
de Jeroboão, como se lança fóra o esterco, até que de todo se acabe.

11 Quem [10] morrer a Jeroboão na cidade os cães o comerão, e o que
morrer no campo as aves do céu o comerão, porque o Senhor _o_ disse.

12 Tu pois levanta-te, _e_ vae-te para tua casa: entrando [11] os teus
pés na cidade, o menino morrerá.

13 E todo o Israel o pranteará, e o sepultará; porque este só entrará em
sepultura de Jeroboão, porquanto se achou [12] n’elle coisa boa para com
o Senhor Deus de Israel em casa de Jeroboão.

14 O Senhor porém levantará [13] para si um rei sobre Israel, que
destruirá a casa de Jeroboão no mesmo dia: mas que será tambem agora?

15 Tambem o Senhor ferirá a Israel como se move a cana nas aguas; e
arrancará [14] a Israel d’esta boa terra que tinha dado a seus paes, e o
espargirá para além do rio; porquanto fizeram os seus bosques, provocando
o Senhor á ira.

16 E entregará a Israel por causa dos [15] peccados de Jeroboão, o qual
peccou, e fez peccar a Israel.

17 Então a mulher de Jeroboão se levantou, e foi, [16] e veiu a Tirza:
chegando ella ao lumiar da porta, morreu o menino.

18 E o sepultaram, e todo o Israel o pranteou, conforme [17] á palavra do
Senhor, a qual dissera pelo ministerio de seu servo Ahias, o propheta.

19 Quanto ao mais dos successos de Jeroboão, como [18] guerreou, e como
reinou, eis que _está_ escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel.

20 E _foram_ os dias que Jeroboão reinou vinte e dois annos: e dormiu com
seus paes; e Nadab, seu filho, reinou em seu logar.


_A impiedade de Roboão._

[Antes de Christo 971]

21 E Roboão, [19] filho de Salomão, reinava em Judah: de quarenta e um
annos de edade _era_ Roboão quando começou a reinar, e dezesete annos
reinou em Jerusalem, na cidade que o Senhor [20] elegera de todas as
tribus de Israel para pôr ali o seu nome: e _era_ o nome de sua mãe
Naama, ammonita.

22 E fez Judah _o que parecia_ mal aos olhos do Senhor; e o provocaram a
zelo, mais do que todos os seus paes fizeram, [21] com os seus peccados
que commetteram.

23 Porque tambem elles [22] edificaram altos, e [KG] estatuas, e imagens
do bosque sobre todo o alto outeiro e debaixo de toda a arvore verde.

24 Havia tambem rapazes escandalosos [23] na terra: fizeram conforme
a todas as abominações das nações que o Senhor tinha lançado da _sua_
possessão de diante dos filhos d’Israel.

25 Succedeu pois _que_, no [24] quinto anno do rei Roboão, Sisak, rei do
Egypto, subiu contra Jerusalem,

26 E tomou [25] os thesouros da casa do Senhor e os thesouros da casa
do rei; e ainda tomou tudo; tambem tomou todos os escudos de oiro que
Salomão tinha feito.

27 E em logar d’elles fez o rei Roboão escudos de cobre, e os entregou
nas mãos dos capitães da guarda que guardavam a porta da casa do rei.

28 E succedeu _que_, quando o rei entrava na casa do Senhor, os da guarda
os levavam, e os tornavam á camara dos da guarda.

29 Quanto [26] ao mais dos successos de Roboão, e a tudo quanto fez,
_porventura_ não _está_ escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

30 E houve [27] guerra entre Roboão e Jeroboão todos os _seus_ dias.

31 E Roboão [28] dormiu com seus paes, e foi sepultado com seus paes na
cidade de David: e _era_ o nome de sua mãe Naama, [29] ammonita: e Abião,
seu filho, reinou em seu logar.

[1] cap. 11.31.

[2] I Sam. 9.7, 8.

[3] cap. 11.29.

[4] II Sam. 12.7, 8. cap. 16.2.

[5] cap. 11.31.

[6] cap. 11.33, 38 e 15.5.

[7] cap. 12.28. II Chr. 11.15. Neh. 9.26. Eze. 23.35.

[8] cap. 15.29.

[9] cap. 21.21. II Reis 9.2. Deu. 32.36. II Reis 14.26.

[10] cap. 16.4 e 21.24.

[11] ver. 17.

[12] II Chr. 12.12 e 19.3.

[13] cap. 15.27, 28, 29.

[14] II Reis 17.6. Jos. 23.15, 16. II Reis 15.29. Exo. 31.13. Deu. 12.3,
4.

[15] cap. 12.30 e 13.34 e 15.30, 34 e 16.2.

[16] cap. 16.6, 8, 15, 23. Can. 6.4. ver. 12.

[17] ver. 13.

[18] II Chr. 13.2, etc.

[19] II Chr. 12.13.

[20] cap. 11.36.

[21] ver. 31.

[22] Deu. 12.2. Eze. 16.24, 25. II Reis 17.9, 10. Isa. 57.5.

[23] Deu. 23.17. cap. 15.12 e 22.46. II Reis 23.7.

[24] cap. 11.40. II Chr. 12.2.

[25] II Chr. 12.9, 10, 11. cap. 10.17.

[26] II Chr. 12.15.

[27] cap. 12.24 e 15.6. II Chr. 12.15.

[28] II Chr. 12.16.

[29] ver. 21. II Chr. 12.16. Mat. 1.7.



_Abião imita a impiedade de seu pae Roboão._

[Antes de Christo 951]

15 E no decimo [1] oitavo anno do rei Jeroboão, filho de Nebat, Abião
começou a reinar sobre Judah.

2 E tres annos reinou em Jerusalem: e _era_ o nome de sua mãe [2] Maaca,
filha de Abisalom.

3 E andou em todos os peccados de seu pae, que tinha feito antes d’elle:
e seu coração não [3] foi inteiro para com o Senhor seu Deus como o
coração de David, seu pae.

4 Mas por amor de David o Senhor lhe deu [4] uma lampada em Jerusalem,
levantando a seu filho depois d’elle, e confirmando a Jerusalem.

5 Porquanto [5] David tinha feito o _que parecia_ recto aos olhos do
Senhor, e não se tinha desviado de tudo o que lhe ordenara _em_ todos os
dias da sua vida, [6] senão só no negocio de Urias, o hetheo.

6 E houve guerra [7] entre Roboão e Jeroboão todos os dias da sua vida.

7 Quanto [8] ao mais dos successos de Abião, e a tudo quanto fez,
_porventura_ não _está_ escripto no livro das chronicas dos reis de
Judah? Tambem houve guerra entre Abião e Jeroboão.

8 E Abião [9] dormiu com seus paes, e o sepultaram na cidade de David: e
Asa, seu filho, reinou em seu logar.


_Asa é bom rei sobre Israel._

9 E no vigesimo anno de Jeroboão, rei d’Israel, começou Asa a reinar em
Judah.

10 E quarenta e um annos reinou em Jerusalem: e _era_ o nome de sua mãe
Maaca, filha de Abisalom.

11 E Asa fez [10] _o que parecia_ recto aos olhos do Senhor, como David,
seu pae.

12 Porque tirou [11] da terra os rapazes escandalosos, e tirou todos os
idolos que seus paes fizeram.

13 E até a Maaca, sua mãe, [12] removeu para que não _fosse_ rainha,
porquanto tinha feito um horrivel idolo a Asera: tambem Asa desfez o seu
idolo horrivel, e o queimou [13] junto ao ribeiro de Cedron.

14 Os altos porém se não [14] tiraram: todavia foi o coração de Asa recto
para com o Senhor todos os seus dias.

15 E á casa do Senhor trouxe as coisas consagradas de seu pae, e as
coisas que elle mesmo consagrara: prata e oiro, e vasos.

16 E houve guerra entre Asa e Baása, rei d’Israel, todos os seus dias.

17 Porque Baása, [15] rei d’Israel, subiu contra Judah, e edificou a
Rama, para que a ninguem deixasse sair nem entrar a Asa, rei de Judah.

18 Então Asa tomou toda a prata e oiro que _ficara_ nos thesouros da casa
do Senhor, e os thesouros da casa do rei, e os entregou nas mãos de seus
servos: e o rei Asa os enviou a [16] Benhadad, filho de Tabrimmon, filho
de Hezion, rei da Syria, que habitava em Damasco, dizendo:

19 Alliança _ha_ entre mim e ti, entre meu pae e teu pae: vês aqui que te
mando _um_ presente, prata e oiro; vae, _e_ annulla a tua alliança com
Baása, rei d’Israel, para que se retire de sobre mim.

20 E Benhadad deu ouvidos ao rei Asa, e enviou aos capitães dos exercitos
que tinha contra as cidades d’Israel; e feriu a Ijon, [17] e a Dan, e a
Abel, de Beth-maaca, e a toda a Chinneroth, com toda a terra de Naphtali.

21 E succedeu que, ouvindo-o Baása, deixou de edificar a Rama: e ficou-se
em Tirza.

22 Então o rei Asa [18] fez apregoar por toda a Judah que _todos_, sem
excepção, trouxessem as pedras de Rama, e a sua madeira _com_ que Baása
edificara: e com ellas edificou o rei Asa a Geba [19] de Benjamin e a
Mispah.

23 Quanto ao mais de todos os successos de Asa, e a todo o seu poder, e
a tudo quanto fez, e as cidades que edificou, _porventura_ não _está_
escripto no livro das chronicas dos reis de Judah? Porém, no tempo [20]
da sua velhice, padeceu dos pés.

24 E Asa dormiu com seus paes, e foi sepultado com seus paes na cidade de
David, seu pae: e Josaphat, seu [21] filho, reinou em seu logar.


_Nadab filho de Jeroboão é mau rei._

[Antes de Christo 914]

25 E Nadab, filho de Jeroboão, começou a reinar sobre Israel no anno
segundo d’Asa, rei de Judah: e reinou sobre Israel dois annos.

26 E fez o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor: e andou nos caminhos de
seu pae, e no seu peccado [22] com que tinha feito peccar a Israel.

27 E conspirou contra elle [23] Baása, filho d’Ahias, da casa de Issacar,
e feriu-o Baása em Gibbethon, [24] que _era_ dos philisteos, quando Nadab
e todo o Israel cercavam a Gibbethon.

28 E matou-o Baása no anno terceiro d’Asa, rei de Judah, e reinou em seu
logar.

29 Succedeu pois _que_, reinando elle, feriu a toda a casa de Jeroboão:
nada de Jeroboão deixou que tivesse folego, até o destruir, conforme á
palavra [25] do Senhor que dissera pelo ministerio de seu servo Ahias, o
silonita.

30 Por causa dos peccados de Jeroboão, o qual peccou, e fez peccar a
Israel, e por causa da provocação com que provocara ao Senhor Deus
d’Israel.

31 Quanto ao mais dos successos de Nadab, e a tudo quanto fez,
_porventura_ não _está_ escripto no livro das chronicas dos reis de
Israel?

32 E houve guerra [26] entre Asa e Baása, rei d’Israel, todos os seus
dias.


_A prophecia de Jehu contra Baása rei de Judah._

33 No anno terceiro d’Asa, rei de Judah, Baása, filho de Ahias, começou a
reinar sobre todo o Israel em Tirza, _e reinou_ vinte e quatro annos.

34 E fez o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor: e andou no caminho [27]
de Jeroboão, e no seu peccado com que tinha feito peccar a Israel.

[1] II Chr. 13.1, 2.

[2] II Chr. 11.20, 21, 22 e 13.2.

[3] cap. 11.4.

[4] cap. 11.32, 36. II Chr. 21.7.

[5] cap. 14.8.

[6] II Sam. 11.4, 15 e 12.9.

[7] cap. 14.30.

[8] II Chr. 13.2, 3, 22.

[9] II Chr. 14.1.

[10] II Chr. 14.2.

[11] cap. 14.24 e 22.46.

[12] II Chr. 15.16.

[13] Exo. 32.20.

[14] cap. 22.43. II Chr. 15.17, 18.

[15] II Chr. 16.1, etc. Jos. 18.25. cap. 12.27.

[16] II Chr. 16.2. cap. 11.23, 24.

[17] II Reis 15.29. Jui. 18.29. II Sam. 20.14.

[18] II Chr. 16.6.

[19] Jos. 21.17 e 18.26.

[20] II Chr. 16.12.

[21] II Chr. 17.1. Mat. 1.8.

[22] cap. 12.30 e 14.16.

[23] cap. 14.14.

[24] Jos. 19.34 e 21.23. cap. 16.15.

[25] cap. 14.10, 14.

[26] ver. 16.

[27] cap. 12.28, 29 e 13.33 e 14.16.



16 Então veiu a palavra do Senhor [1] a Jehu, filho de Hanani, contra
Baása, dizendo:

[Antes de Christo 930]

2 Porquanto [2] te levantei do pó, e te puz por chefe sobre o meu povo
Israel, e tu andaste no caminho de Jeroboão, e fizeste peccar a meu povo
Israel, irritando-me com os seus peccados,

3 Eis que tirarei [3] os descendentes de Baása, e os descendentes da sua
casa, e farei a tua casa como a casa de Jeroboão, filho de Nebat.

4 Quem [4] morrer a Baása na cidade os cães o comerão; e o que d’elle
morrer no campo as aves do céu o comerão.

5 Quanto ao mais dos successos de Baása, e ao que fez, e a seu poder,
_porventura_ não _está_ [5] escripto no livro das chronicas dos reis
d’Israel?

6 E Baása dormiu com seus paes, e foi sepultado em Tirza: [6] e Ela, seu
filho, reinou em seu logar.

7 Assim veiu tambem a palavra do Senhor, pelo ministerio do propheta
Jehu, [7] filho de Hanani, contra Baása e contra a sua casa; e _isso_ por
todo o mal que fizera aos olhos do Senhor, irritando-o com a obra de suas
mãos, para ser como a casa de Jeroboão; e porquanto [8] o ferira.


_A conspiração de Zimri._

8 No anno vinte e seis d’Asa, rei de Judah, Ela, filho de Baása, começou
a reinar em Tirza sobre Israel: e _reinou_ dois annos.

9 E Zimri, seu servo, chefe de metade dos carros, conspirou [9] contra
elle, estando elle em Tirza bebendo e embriagando-se em casa d’Arsa,
mordomo em Tirza.

10 Entrou pois Zimri, e o feriu, e o matou, no anno vigesimo setimo
d’Asa, rei de Judah: e reinou em seu logar.

11 E succedeu que, reinando elle, _e_ estando assentado no seu throno,
feriu [10] a toda a casa de Baása; não lhe deixou homem algum, nem a seus
parentes, nem a seus amigos.

12 Assim destruiu Zimri toda a casa de Baása, conforme [11] á palavra do
Senhor que fallara pelo ministerio do propheta Jehu, sobre Baása,

13 Por todos os peccados de Baása, e os peccados de Ela, seu filho, com
que peccaram, e com que fizeram peccar a Israel, irritando ao Senhor Deus
d’Israel com as [12] suas vaidades.

14 Quanto ao mais dos successos de Ela, e a tudo quanto fez, não _está_
escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel?

[Antes de Christo 929]

15 No anno vigesimo setimo d’Asa, rei de Judah, reinou Zimri sete dias
em Tirza: e o povo estava acampado contra [13] Gibbethon, que _era_ dos
philisteos.

16 E ouviu dizer o povo que estava acampado: Zimri tem conspirado, e até
feriu o rei. Todo o Israel pois no mesmo dia fez rei sobre Israel a Omri,
chefe do exercito no arraial.

17 E subiu Omri, e todo o Israel com elle, de Gibbethon, e cercaram a
Tirza.

18 E succedeu _que_ Zimri, vendo que a cidade era tomada, se foi ao paço
da casa do rei: e queimou sobre si a casa do rei a fogo, e morreu,

19 Por _causa dos_ seus peccados que commettera, fazendo o _que parecia_
mal aos olhos do Senhor, andando no [14] caminho de Jeroboão, e no seu
peccado que fizera, fazendo peccar a Israel.

20 Quanto ao mais dos successos de Zimri, e á conspiração que fez
_porventura_ não _está_ escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel?


_Omri vence a Tibni e reina._

21 Então o povo d’Israel se dividiu em dois partidos: metade do povo
seguia a Tibni, filho de Ginath, para o fazer rei, e a _outra_ metade
seguia a Omri.

22 Mas o povo que seguia a Omri foi mais forte _do_ que o povo que seguia
a Tibni, filho de Ginath: e Tibni morreu, e Omri reinou.

23 No anno trinta e um d’Asa, rei de Judah, Omri começou a reinar sobre
Israel, _e reinou_ doze annos: e em Tirza reinou seis annos.

24 E de Semer comprou o monte de Samaria por dois talentos de prata: e
[KH] edificou em o monte, e chamou o nome da cidade que edificou do nome
de Semer, senhor do [15] monte de Samaria.

25 E fez Omri [16] o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor; e fez peior
do que todos quantos _foram_ antes d’elle.

26 E andou [17] em todos os caminhos de Jeroboão, filho de Nebat, como
tambem nos seus peccados com que tinha feito peccar a Israel, irritando
ao Senhor Deus d’Israel com as [18] suas vaidades.

27 Quanto ao mais dos successos de Omri, ao que fez, e ao seu poder que
manifestou, _porventura_ não _está_ escripto no livro das chronicas dos
reis d’Israel?

28 E Omri dormiu com seus paes, e foi sepultado em Samaria: e Achab, seu
filho, reinou em seu logar.


_Achab reina e casa com Jezabel._

[Antes de Christo 918]

29 E Achab, filho de Omri, começou a reinar sobre Israel no anno
trigesimo oitavo d’Asa, rei de Judah: e reinou Achab, filho de Omri,
sobre Israel em Samaria vinte e dois annos.

30 E fez Achab, filho de Omri, o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor,
mais do que todos os que _foram_ antes d’elle.

31 E succedeu que (como se fôra coisa leve andar nos peccados de
Jeroboão, filho de Nebat) ainda tomou [19] por mulher a Jezabel, filha de
Ethbaal, rei dos sidonios: e foi e serviu a Baal, e se encurvou diante
d’elle.

32 E levantou um altar a [20] Baal, na casa de Baal que edificara em
Samaria.

33 Tambem Achab fez _um_ bosque: de maneira que Achab [21] fez muito mais
para irritar ao Senhor Deus d’Israel, do que todos os reis de Israel que
foram antes d’elle.

34 Em seus dias Hiel, o bethelita, edificou a Jericó: morrendo Abiram,
seu primogenito a fundou, e morrendo Segub, seu ultimo, poz as suas
portas: conforme [22] á palavra do Senhor, que fallara pelo ministerio de
Josué, filho de Nun.

[1] ver. 7. II Chr. 19.2 e 20.34.

[2] cap. 14.7 e 15.34.

[3] ver. 11. cap. 14.10 e 15.29.

[4] cap. 14.11.

[5] II Chr. 16.1.

[6] cap. 14.17 e 15.21.

[7] ver. 1.

[8] cap. 15.27, 29. Ose. 1.4.

[9] II Reis 9.31.

[10] I Sam. 25.2.

[11] ver. 1, 3.

[12] Deu. 32.21. I Sam. 12.21. Isa. 41.29. Jon. 2.8. I Cor. 8.4 e 10.19.

[13] cap. 15.27.

[14] cap. 12.28 e 15.26, 34.

[15] cap. 13.32. II Reis 17.24. João 4.4.

[16] Miq. 6.16.

[17] ver. 19.

[18] ver. 13.

[19] Deu. 7.3. Jui. 18.7. cap. 21.25, 26. II Reis 10.18 e 17.16.

[20] II Reis 10.21, 26, 27.

[21] II Reis 13.6 e 17.10 e 21.3. Jer. 17.2. ver. 30. cap. 21.25.

[22] Jos. 6.26.



_Elias prediz contra Achab, e é sustentado pelos corvos._

[Antes de Christo 910]

17 Então Elias, o tesbita, dos moradores de Gilead, disse a Achab: Vive
o Senhor, [1] Deus de Israel, perante cuja face estou, que n’estes annos
nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra.

2 Depois veiu a elle a palavra do Senhor, dizendo:

3 Vae-te d’aqui, e vira-te para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro
de Carith, que _está_ diante do Jordão.

4 E ha de ser _que_ beberás do ribeiro: e eu tenho ordenado aos corvos
que ali te sustentem.

5 Foi pois, e fez conforme á palavra do Senhor: porque foi, e habitou
junto ao ribeiro de Carith, que _está_ diante do Jordão.

6 E os corvos lhe traziam pão e carne pela manhã; como tambem pão e carne
á noite: e bebia do ribeiro.

7 E succedeu que, passados dias, o ribeiro se seccou; porque não tinha
havido chuva na terra.


_A viuva de Sarepta._

8 Então veiu a elle a palavra do Senhor, dizendo:

9 Levanta-te, e vae-te a [2] Sarepta, que _é_ de Zidon, e habita ali: eis
que eu ordenei ali a uma mulher viuva que te sustente.

10 Então elle se levantou, e se foi a Sarepta; e, chegando á porta da
cidade, eis que _estava_ ali _uma_ mulher viuva apanhando lenha; e elle a
chamou, e _lhe_ disse: Traze-me, peço-te, n’um vaso um pouco d’agua que
beba,

11 E, indo ella a trazel-a, elle a chamou e _lhe_ disse: Traze-me agora
_tambem_ um bocado de pão na tua mão.

12 Porém ella disse: Vive o Senhor teu Deus, que nem um bolo tenho, senão
sómente um punhado de farinha n’uma panella, e um pouco d’azeite n’uma
botija: e vês aqui apanhei dois cavacos, e vou preparal-o para mim e para
o meu filho, para que o comamos, e morramos.

13 E Elias lhe disse: Não temas; vae, faze conforme á tua palavra: porém
faze d’elle primeiro para mim um bolo pequeno, e traze-m’o para fóra;
depois farás para ti e para teu filho.

14 Porque assim diz o Senhor Deus de Israel: A farinha da panella não se
acabará, e o azeite da botija não faltará, até ao dia em que o Senhor dê
chuva sobre a terra.

15 E foi ella, e fez conforme á palavra de Elias: e assim comeu ella, e
elle, e a sua casa _muitos_ dias.

16 Da panella a farinha se não acabou, e da botija o azeite não faltou:
conforme á palavra do Senhor, que fallara pelo ministerio de Elias.

17 E depois d’estas coisas succedeu _que_ adoeceu o filho d’esta mulher,
da dona da casa: e a sua doença se aggravou muito, até que n’elle nenhum
folego ficou.

18 Então ella disse a Elias: [3] Que tenho eu comtigo, homem de Deus?
vieste tu a mim cara trazeres á memoria a minha iniquidade, e matares a
meu filho?

19 E elle lhe disse: Dá-me o teu filho. E elle o tomou do seu regaço, e o
levou para cima, ao quarto, onde elle _mesmo_ habitava, e o deitou em sua
cama,

20 E clamou ao Senhor, e disse: Ó Senhor meu Deus, tambem até a esta
viuva, com quem eu moro, affligiste, matando-lhe seu filho?

21 Então [4] se mediu sobre o menino tres vezes, e clamou ao Senhor, e
disse: Ó Senhor meu Deus, rogo-te que torne a alma d’este menino a entrar
n’elle.

22 E o Senhor ouviu a voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar
n’elle, [5] e reviveu.

23 E Elias tomou o menino, e o trouxe do quarto á casa, e o deu a sua
mãe; e disse Elias: Vês _ahi_ teu filho vive.

24 Então a mulher disse a Elias: N’isto conheço [6] agora que tu _és_
homem de Deus, _e_ que a palavra do Senhor na tua bocca _é_ verdade.

[1] II Reis 3.14. Deu. 10.8. Thi. 5.17. Luc. 4.25.

[2] Abd. 20. Luc. 4.26.

[3] Luc. 5.8.

[4] II Reis 4.34, 35.

[5] Heb. 11.35.

[6] João 3.2 e 16.30.



_Elias apresenta-se diante de Achab._

[Antes de Christo 906]

18 E succedeu que, _depois_ [1] de muitos dias, a palavra do Senhor veiu
a Elias no terceiro anno, dizendo: Vae, mostra-te a Achab; porque darei
chuva sobre a terra.

2 E foi Elias mostrar-se a Achab: e a fome _era_ extrema em Samaria.

3 E Achab chamou a Obadias, o mordomo: e Obadias temia muito ao Senhor,

4 Porque succedeu que, destruindo Jezabel os prophetas do Senhor, Obadias
tomou cem prophetas, e de cincoenta em cincoenta os escondeu n’uma cova,
e os sustentou com pão e agua.

5 E dissera Achab a Obadias: Vae pela terra a todas as fontes de agua, e
a todos os rios: pode ser que achemos herva, para que em vida conservemos
os cavallos e mulas, e não estejamos privados das bestas.

6 E repartiram entre si a terra, para passarem por ella: Achab foi á
parte por um caminho, e Obadias tambem foi á parte por outro caminho.

7 Estando pois Obadias já em caminho, eis que Elias o encontrou; e,
conhecendo-o elle, prostrou-se sobre o seu rosto, e disse: _És_ tu o meu
senhor Elias?

8 E disse-lhe _elle_: Eu _sou_: vae, e dize a teu senhor: Eis que _aqui
está_ Elias.

9 Porém elle disse: _Em_ que pequei, para que entregues a teu servo na
mão e Achab, para que me mate?

10 Vive o Senhor teu Deus que não houve nação nem reino aonde o meu
senhor não mandasse em busca de ti; e dizendo elles: _Aqui_ não _está_,
então ajuramentava os reinos e as nações, se elles te não tinham achado.

11 E agora dizes tu: Vae, dize a teu senhor: Eis que _aqui está_ Elias.

12 E poderia ser que, apartando-me eu de ti, [2] o Espirito do Senhor te
tomasse, não sei para onde, e, vindo eu a dar as novas a Achab, e não
te achando elle, me mataria: porém eu, teu servo, temo ao Senhor desde a
minha mocidade.

13 _Porventura_ não disseram a meu senhor o que fiz, quando Jezabel
matava os prophetas do Senhor? como escondi a cem homens dos prophetas do
Senhor, de cincoenta em cincoenta, n’umas covas, e os sustentei com pão e
agua?

14 E agora dizes tu: Vae, dize a teu senhor: Eis que _aqui_ está Elias: e
me mataria.

15 E disse Elias: Vive o Senhor dos Exercitos, perante cuja face estou,
que devéras hoje me mostrarei a elle.

16 Então foi Obadias encontrar-se com Achab, e lh’o annunciou: e foi
Achab encontrar-se com Elias.

17 E succedeu que, vendo Achab a Elias, disse-lhe Achab: [3] _És_ tu o
perturbador de Israel?

18 Então disse elle: Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa
de teu pae, porque deixastes [4] os mandamentos do Senhor, e seguistes a
Baalim.

19 Agora pois envia, ajunta a mim todo o Israel no monte Carmelo:
como tambem os quatrocentos e cincoenta prophetas de Baal, [5] e os
quatrocentos prophetas de Asera, que comem da mesa de Jezabel.

20 Então enviou Achab a todos os filhos de Israel: e ajuntou os [6]
prophetas no monte Carmelo.

21 Então Elias se chegou a todo o povo, e disse: Até quando [7] coxeareis
entre dois pensamentos? se o Senhor _é_ Deus, segui-o; e se Baal,
segui-o. Porém o povo lhe não respondeu nada.


_Elias e os prophetas de Baal._

22 Então disse Elias ao povo: Eu só [8] fiquei por propheta do Senhor, e
os prophetas de Baal são quatrocentos e cincoenta homens.

23 Dêem-se-nos pois dois bezerros, e elles escolham para si um dos
bezerros, e o dividam em pedaços, e o ponham sobre a lenha, porém não
_lhe_ mettam fogo, e eu prepararei o outro bezerro, e o porei sobre a
lenha, e não _lhe_ metterei fogo.

24 Então invocae o nome do vosso deus, e eu invocarei o nome do Senhor: e
ha de ser _que_ o deus que responder por fogo [9] esse será Deus. E todo
o povo respondeu, e disseram: _É_ boa esta palavra.

25 E disse Elias aos prophetas de Baal: Escolhei para vós um dos
bezerros, e preparae-o primeiro, porque sois muitos, e invocae o nome do
vosso deus, e não _lhe_ mettaes fogo.

26 E tomaram o bezerro que lhes déra, e o prepararam; e invocaram o nome
de Baal, desde a manhã até ao meio dia, dizendo: Ah Baal, responde-nos!
Porém nem _havia_ [10] voz, nem quem respondesse: e saltavam sobre o
altar que se tinha feito.

27 E succedeu que ao meio dia Elias zombava d’elles, e dizia: Clamae em
altas vozes, porque elle _é um_ deus; _pode ser_ que esteja fallando,
ou que tenha _alguma_ coisa que fazer, ou que intente _alguma_ viagem;
porventura dorme, e despertará.

28 E elles clamavam a grandes vozes, e se retalhavam com facas [11] e com
lancetas, conforme ao seu costume, até derramarem sangue sobre si.

29 E succedeu que, passado o meio dia, prophetizaram [12] elles, até
que a offerta de manjares se offerecesse: porém não _houve_ voz, nem
resposta, nem attenção alguma.

30 Então Elias disse a todo o povo: Chegae-vos a mim. E todo o povo se
chegou a elle; e reparou [13] o altar do Senhor, _que estava_ quebrado.

31 E Elias tomou doze pedras, conforme ao numero das tribus dos filhos de
Jacob, ao qual veiu a palavra do Senhor, dizendo: [14] Israel será o teu
nome.

32 E com aquellas pedras edificou o altar em nome [15] do Senhor: depois
fez um rego em redor do altar, segundo a largura de duas medidas de
semente.

33 Então armou [16] a lenha, e dividiu o bezerro em pedaços, e o poz
sobre a lenha,

34 E disse: Enchei de agua quatro cantaros, e derramae-a [17] sobre o
holocausto e sobre a lenha. E disse: Fazei-o segunda vez: e o fizeram
segunda vez. Disse ainda: Fazei-o terceira vez: e o fizeram terceira vez;

35 De maneira que a agua corria ao redor do altar: e ainda até o [18]
rego encheu de agua.

36 Succedeu pois que, offerecendo-se a offerta de manjares, o propheta
Elias se chegou, e disse: Ó Senhor, Deus de Abrahão, [19] de Isaac e de
Israel, manifeste-se hoje que tu _és_ Deus em Israel, e _que_ eu _sou_
teu servo, e _que_ conforme á tua palavra fiz todas estas coisas.

37 Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo conheça que tu,
Senhor, _és_ Deus, e _que_ tu fizeste tornar o seu coração para traz.

38 Então caiu fogo [20] do Senhor, e consumiu o holocausto, e a lenha, e
as pedras, e o pó, e _ainda_ lambeu a agua que _estava_ no rego.

39 O que vendo todo o povo, cairam sobre os seus rostos, e disseram: _Só_
[21] o Senhor _é_ Deus! _Só_ o Senhor _é_ Deus!

40 E Elias lhe disse: [22] Lançae mão dos prophetas de Baal, que nenhum
d’elles escape. E lançaram mão d’elles: e Elias os fez descer ao ribeiro
de Kison, e ali os [23] matou.

41 Então disse Elias a Achab: Sobe, come e bebe, porque ruido _ha d’uma_
abundante chuva.

42 E Achab subiu a comer e a beber; mas Elias subiu ao cume do Carmelo, e
se inclinou [24] por terra, e metteu o seu rosto entre os seus joelhos.

43 E disse ao seu moço: Sobe agora, e olha para a banda do mar. E subiu,
e olhou, e disse: Não _ha_ nada. Então disse elle: Torna sete vezes.

44 E succedeu que, á setima vez, disse: Eis aqui uma pequena nuvem, como
a mão d’um homem, subindo do mar. Então disse elle: Sobe, e dize a Achab:
Apparelha _o teu_ carro, e desce, para que a chuva te não apanhe.

45 E succedeu que, entretanto, os céus se ennegreceram com nuvens e
vento, e veiu uma grande chuva: e Achab subiu ao carro, e foi para
Jezreel.

46 E a mão do Senhor estava sobre Elias, o qual cingiu [25] os lombos, e
veiu correndo perante Achab, até á entrada de Jezreel.

[1] Luc. 4.25. Thi. 5.17. Deu. 28.12.

[2] II Reis 2.16. Eze. 3.12, 14. Mat. 4.1. Act. 8.39.

[3] cap. 21.20. Jos. 7.25. Act. 16.20.

[4] II Chr. 15.2.

[5] Jos. 19.26. cap. 16.33.

[6] cap. 22.6.

[7] II Reis 17.41. Mat. 6.24. Jos. 24.15.

[8] cap. 19.10, 14. ver. 19.

[9] ver. 38. I Chr. 21.26.

[10] Jer. 10.5. I Cor. 8.4 e 12.2.

[11] Lev. 19.28. Deu. 14.1.

[12] I Cor. 11.4, 5. ver. 26.

[13] cap. 19.10.

[14] Gen. 32.28 e 35.10. II Reis 17.34.

[15] Col. 3.17.

[16] Lev. 1.6, 7, 8.

[17] Jui. 6.20.

[18] ver. 32, 38.

[19] Exo. 3.6. cap. 8.43. II Reis 19.19. Num. 16.28.

[20] Lev. 9.24. Jui. 6.21. I Chr. 21.26. II Chr. 7.1.

[21] ver. 24.

[22] II Reis 10.25.

[23] Deu. 13.5 e 18.20.

[24] Thi. 5.17, 18.

[25] II Reis 4.29 e 9.1.



_Jezabel ameaça Elias._

19 E Achab fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito, e como
totalmente matara [1] todos os prophetas á espada.

2 Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me façam
[2] os deuses, e outro tanto, se de certo ámanhã a estas horas não pozer
a tua vida como a d’um d’elles.

3 O que vendo elle, se levantou, e, para escapar com vida, se foi, e veiu
a Berseba, que _é_ de Judah, e deixou ali o seu moço.

4 E elle se foi ao deserto, caminho de um dia, e veiu, e se assentou
debaixo de um zimbro; e pediu em seu [3] animo a morte, e disse: Já
basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus
paes.

5 E deitou-se, e dormiu debaixo d’um zimbro: e eis que então um anjo o
tocou, e lhe disse: Levanta-te, come.

6 E olhou, e eis que á sua cabeceira estava um pão _cozido_ sobre as
brazas, e uma botija de agua: e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se.

7 E o anjo do Senhor tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e
come, porque mui comprido te _será_ o caminho.


_Elias no monte de Horeb._

8 Levantou-se pois, e comeu e bebeu: e com a força d’aquella comida
caminhou quarenta dias [4] e quarenta noites até Horeb, o monte de Deus.

9 E ali entrou n’uma caverna e passou ali a noite: e eis que a palavra do
Senhor _veiu_ a elle, e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?

10 E elle disse: [5] Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos
Exercitos, porque os filhos d’Israel deixaram o teu concerto, derribaram
[6] os teus altares, e mataram os teus prophetas á espada, e eu só
fiquei, e buscam a minha vida para m’a tirarem.

11 E elle lhe disse: Sae para fóra, [7] e põe-te n’este monte perante a
face do Senhor. E eis que passava o Senhor, como tambem um grande e forte
vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante da face do Senhor;
_porém_ o Senhor não _estava_ no vento: e depois do vento um terremoto:
_tambem_ o Senhor não _estava_ no terremoto:

12 E depois do terremoto um fogo; _porém tambem_ o Senhor não _estava_ no
fogo: e depois do fogo uma voz mansa e delicada.

13 E succedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu [8] o seu rosto na sua capa,
e saiu para fóra, e poz-se á entrada da caverna: e eis que _veiu_ a elle
uma voz, que dizia: [9] Que fazes aqui, Elias?

14 E elle disse: Eu tenho sido em extremo [10] zeloso pelo Senhor Deus
dos exercitos, porque os filhos d’Israel deixaram o teu concerto,
derribaram os teus altares, e mataram os teus prophetas á espada, e só eu
fiquei; e buscam a minha vida para m’a tirarem.

15 E o Senhor lhe disse: Vae, torna-te pelo teu caminho para o deserto de
Damasco; e vem, [11] e unge a Hazael rei sobre a Syria.

16 Tambem a Jehu, [12] filho de Nimsi, ungirás rei d’Israel: e _tambem_
a Eliseo, filho de Saphat de Abel-mehola, ungirás propheta em teu logar.

17 E ha de ser _que_ [13] o que escapar da espada de Hazael matal-o-ha
Jehu: e o que escapar da espada de Jehu matal-o-ha [14] Eliseo.

18 Tambem eu fiz ficar [15] em Israel sete mil: todos os joelhos que se
não dobraram a Baal, e toda a bocca [16] que o não beijou.

19 Partiu pois Elias d’ali, e achou a Eliseo, filho de Saphat, que andava
lavrando _com_ doze juntas _de bois_ adiante d’elle, e elle _estava_ com
a duodecima: e Elias passou por elle, e lançou a sua capa sobre elle.

20 Então deixou elle os bois, e correu apoz Elias: e disse: Deixa-me [17]
beijar a meu pae e a minha mãe, e _então_ te seguirei. E elle lhe disse:
Vae, _e_ volta; porque que te tenho eu feito?

21 Voltou pois de atraz d’elle, e tomou uma junta de bois, e os matou, e
com os apparelhos dos bois cozeu [18] as carnes, e _as_ deu ao povo, e
comeram: então se levantou e seguiu a Elias, e o servia.

[1] cap. 18.40.

[2] Ruth 1.17. cap. 20.10. II Reis 6.31.

[3] Num. 11.15. Jon. 4.3, 8.

[4] Exo. 34.28. Deu. 9.9, 18. Mat. 4.2. Exo. 3.1.

[5] Rom. 11.3. Num. 25.11, 13. Psa. 69.9.

[6] cap. 18.4. cap. 18.22. Rom. 11.3.

[7] Exo. 24.12. Eze. 1.4 e 37.7.

[8] Exo. 3.6. Isa. 6.2.

[9] ver. 9.

[10] ver. 10.

[11] II Reis 8.12, 13.

[12] II Reis 9.1, 3.

[13] II Reis 8.12 e 9.14, etc. e 10.6, etc. e 13.3.

[14] Ose. 6.5.

[15] Rom. 11.4.

[16] Ose. 13.2.

[17] Mat. 8.21, 22. Luc. 9.61, 62.

[18] II Sam. 24.22.



_Guerra entre Achab e o rei da Syria._

[Antes de Christo 901]

20 E Ben-hadad, rei da Syria, ajuntou todas as suas forças: e trinta e
dois reis, e cavallos e carros _havia_ com elle: e subiu, e cercou a
Samaria, e pelejou contra ella.

2 E enviou á cidade mensageiros, a Achab, rei de Israel.

3 E disse-lhe: Assim diz Ben-hadad: A tua prata e o teu oiro _são_ meus;
e tuas mulheres e os melhores de teus filhos são meus.

4 E respondeu o rei de Israel, e disse: Conforme a tua palavra, ó rei meu
senhor, teu _sou_ eu, e tudo quanto tenho.

5 E tornaram _a vir_ os mensageiros, e disseram: Assim falla Ben-hadad,
dizendo: Ainda que eu te mandei dizer: Tu me has de dar a tua prata, e o
teu oiro, e as tuas mulheres e os teus filhos;

6 Todavia ámanhã a estas horas enviarei os meus servos a ti, e
esquadrinharão a tua casa, e as casas dos teus servos: e ha de ser _que_
tudo o _que fôr_ aprazivel aos teus olhos o metterão nas suas mãos, e o
levarão.

7 Então o rei de Israel chamou a todos os anciãos da terra, e disse:
Notae agora, e vêde como este busca mal; pois enviara a mim por minhas
mulheres, e por meus filhos, e pela minha prata, e pelo meu oiro, e não
lh’o neguei.

8 E todos os anciãos e todo o povo lhe disseram: Não _lhe_ dês ouvidos,
nem consintas.

9 Pelo que disse aos mensageiros de Ben-hadad: Dizei ao rei, meu senhor:
Tudo o que primeiro mandaste _pedir_ a teu servo, farei, porém isto não
posso fazer. E foram os mensageiros, e lhe tornaram _a dar esta_ resposta.

10 E Ben-hadad enviou a elle, e disse: Assim me façam os [1] deuses, e
outro tanto, que o pó de Samaria não bastará para _encher_ as mãos de
todo o povo que me segue.

11 Porém o rei de Israel respondeu, e disse: Dizei-_lhe_: Não se gabe
quem se cinge, como aquelle que se descinge.

12 E succedeu que, ouvindo elle esta palavra, estando bebendo [2] elle e
os reis nas tendas, disse aos seus servos: Ponde-vos _em ordem_ contra a
cidade.

13 E eis que um propheta se chegou a Achab rei de Israel, e _lhe_ disse:
Assim diz o Senhor: Viste toda esta grande multidão? eis que hoje t’a
entregarei [3] nas tuas mãos, para que saibas que eu _sou_ o Senhor.

14 E disse Achab: Por quem? E elle disse: Assim diz o Senhor: Pelos moços
dos principes das provincias. E disse: Quem começará a peleja? E disse:
Tu.

15 Então contou os moços dos principes das provincias, e foram duzentos e
trinta e dois: e depois d’elles contou a todo o povo, todos os filhos de
Israel, sete mil.

16 E sairam ao meio dia: e Ben-hadad _estava_ bebendo [4] _e_
embriagando-se nas tendas, elle e os reis, os trinta e dois reis, que o
ajudavam.

17 E os moços dos principes das provincias sairam primeiro: e Ben-hadad
enviou _a alguns_, que lhe deram avisos, dizendo: Sairam de Samaria uns
homens.

18 E elle disse: Ainda que para paz saissem, tomae-os vivos: e ainda que
á peleja saissem, vivos os tomae.

19 Sairam pois da cidade os moços dos principes das provincias, e o
exercito que os seguia.

20 E elles feriram cada um o seu homem, e os syros fugiram, e Israel os
perseguiu: porém Ben-hadad, rei da Syria, escapou a cavallo, com _alguns_
cavalleiros.

21 E saiu o rei de Israel, e feriu os cavallos e os carros: e feriu os
syros com grande estrago.

22 Então o propheta chegou-se ao rei de Israel e lhe disse: Vae,
esforça-te, e attenta, e olha o que has de fazer; porque [5] no decurso
d’um anno o rei da Syria subirá contra ti.

23 Porque os servos do rei da Syria lhe disseram: Seus deuses _são_
deuses dos montes, por isso foram mais fortes do que nós: mas pelejemos
com elles em campo raso, _e_ por certo, _veremos_, se não somos mais
fortes do que elles!

24 Faze pois isto: tira os reis, cada um do seu logar, e põe capitães em
seu logar.

25 E numera _outro_ exercito, como o exercito que caiu de ti, e cavallos
como aquelles cavallos, e carros como aquelles carros, e pelejemos com
elles em campo raso, _e veremos_ se não somos mais fortes do que elles! E
deu ouvidos á sua voz, e assim fez.

26 E succedeu que, passado um anno, Ben-hadad fez revista dos syros, e
subiu a [6] Afek, para pelejar contra Israel.

27 Tambem dos filhos d’Israel se fez revista, e providos de viveres
marcharam contra elles; e os filhos de Israel acamparam-se defronte
d’elles, como dois pequenos rebanhos de cabras; mas os syros enchiam a
terra.

28 E chegou o homem de Deus, e fallou ao rei de Israel, e disse: Assim
diz o Senhor: Porquanto os syros disseram: O Senhor é Deus dos montes, e
não Deus dos valles: toda esta grande multidão [7] entregarei nas tuas
mãos: para que saibas que eu _sou_ o Senhor.

29 E sete dias estiveram estes acampados defronte dos outros: e succedeu
ao setimo dia que a peleja começou, e os filhos de Israel feriram dos
syros cem mil homens de pé, n’um dia.

30 E os restantes fugiram a Afek, á cidade; e caiu o muro sobre vinte e
sete mil homens, que restaram: Ben-hadad porém fugiu, e veiu á cidade,
_andando de_ camara em camara.


_Achab vence os syros e faz alliança com o seu rei._

31 Então lhe disseram os seus servos: Eis que já temos ouvido que os
reis da casa de Israel são reis clementes: ponhamos pois saccos [8] aos
lombos, e cordas ás cabeças, e saiamos ao rei de Israel; pode ser que
guarde em vida a tua alma.

32 Então cingiram saccos aos lombos e cordas ás cabeças, e vieram ao rei
de Israel, e disseram: Diz o teu servo Ben-hadad: Deixa-me viver. E disse
elle: Pois ainda vive? é meu irmão.

33 E aquelles homens tomaram _isto_ por bom presagio, e apressaram-se em
apanhar a sua palavra, e disseram: Teu irmão Ben-hadad _vive_. E elle
disse: Vinde, trazei-m’o. Então Ben-hadad saiu a elle, e elle o fez subir
ao carro.

34 E disse elle: As cidades que meu pae tomou de teu pae t’as
restituirei, [9] e faze para ti ruas em Damasco, como meu pae as fez em
Samaria. E eu, _respondeu Achab_, te deixarei ir com esta alliança. E fez
com elle alliança e o deixou ir.

[Antes de Christo 900]

35 Então um [10] dos homens dos filhos dos prophetas disse ao seu
companheiro, pela palavra do Senhor: Ora fere-me. E o homem recusou
feril-o.

36 E elle lhe disse: Porque não obedeceste á voz do Senhor, eis que, em
te apartando de mim, um leão te ferirá. E, como d’elle se apartou, [11]
um leão o encontrou e o feriu.

37 Depois encontrou outro homem, e disse-_lhe_: _Ora_ fere-me. E feriu-o
aquelle homem, ferindo-o e vulnerando-o.

38 Então foi o propheta, e poz-se perante o rei no caminho: e
disfarçou-se com cinza sobre os seus olhos.

39 E succedeu que, [12] passando o rei, clamou elle ao rei, e disse: Teu
servo saiu ao meio da peleja, e eis que, desviando-se um homem, me trouxe
_outro_ homem, e disse: Guarda-me este homem; se vier a faltar, será a
tua vida em logar da vida d’elle, [13] ou pagarás um talento de prata.

40 Succedeu pois que, estando o teu servo occupado d’uma e d’outra parte,
entretanto desappareceu. Então o rei de Israel lhe disse: Esta _é_ a tua
sentença; tu mesmo a pronunciaste.

41 Então elle se apressou, e tirou a cinza de sobre os seus olhos; e o
rei de Israel o reconheceu, que era _um_ dos prophetas.

42 E disse-lhe: Assim diz o Senhor: Porquanto [14] soltaste da mão o
homem que eu havia posto para destruição, a tua vida será em logar da sua
vida, e o teu povo em logar do seu povo.

43 E foi-se o rei de Israel a sua casa, [15] desgostoso e indignado: e
veiu a Samaria.

[1] cap. 19.2.

[2] ver. 16.

[3] ver. 28.

[4] ver. 12. cap. 16.9.

[5] II Chr. 11.1.

[6] Jos. 13.4.

[7] ver. 13.

[8] Gen. 37.34.

[9] cap. 15.20.

[10] II Reis 2.3, 5, 7, 15. cap. 13.17, 18.

[11] cap. 13.24.

[12] II Sam. 12.1, etc.

[13] II Reis 10.24.

[14] cap. 22.31-37.

[15] cap. 21.4.



_Naboth recusa vender a sua vinha a Achab._

[Antes de Christo 899]

21 E succedeu depois d’estas coisas, tendo Naboth, o jezreelita uma
vinha, que em Jezreel _estava_ junto ao palacio de Achab, rei de Samaria,

2 Que Achab fallou a Naboth, dizendo: Dá-me a tua vinha, [1] para que me
sirva de horta pois está visinha ao pé da minha casa; e te darei por ella
_outra vinha_ melhor do que ella: _ou_, se _parece_ bem aos teus olhos,
dar-te-hei a sua valia em dinheiro.

3 Porém Naboth disse a Achab: [2] Guarde-me o Senhor de que eu te dê a
herança de meus paes.

4 Então Achab veiu desgostoso e indignado á sua casa, por causa da
palavra que Naboth, o jezreelita, lhe fallara, dizendo: Não te darei a
herança de meus paes. E deitou-se na sua cama, e voltou o rosto, e não
comeu pão.

5 Porém, vindo a elle Jezabel, sua mulher, lhe disse: Que ha, que está
tão desgostoso o teu espirito, e não comes pão?

6 E elle lhe disse: Porque fallei a Naboth, o jezreelita, e lhe disse:
Dá-me a tua vinha por dinheiro; ou, se te apraz, te darei _outra_ vinha
em seu logar. Porém elle disse: Não te darei a minha vinha.

7 Então Jezabel, sua mulher lhe disse: Governas tu agora no reino de
Israel? levanta-te, come pão, e alegre-se o teu coração: eu te darei a
vinha de Naboth, o jezreelita.


_Jezabel ordena a morte de Naboth._

8 Então escreveu cartas em nome de Achab, e as sellou com o seu sinete;
e mandou as cartas aos anciãos e aos nobres que _havia_ na sua cidade e
habitavam com Naboth.

9 E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoae um jejum, e ponde a Naboth
acima do povo.

10 E ponde defronte d’elle dois homens, filhos de Belial, que testemunhem
contra elle, dizendo: Blasphemaste [3] contra Deus e contra o rei: e
trazei-o fóra, e apedrejae-o para que morra.

11 E os homens da sua cidade, os anciãos e os nobres que habitavam na sua
cidade, fizeram como Jezabel lhes ordenara, conforme _estava_ escripto
nas cartas que lhes mandara.

12 Apregoaram [4] um jejum, e pozeram a Naboth acima do povo.

13 Então vieram dois homens, filhos de Belial, e pozeram-se defronte
d’elle; e os homens, filhos de Belial, testemunharam contra elle, contra
Naboth, perante o povo, dizendo: Naboth blasphemou contra Deus e contra o
rei. E o levaram [5] para fóra da cidade, e o apedrejaram com pedras, e
morreu.

14 Então enviaram a Jezabel, dizendo: Naboth foi apedrejado, e morreu.

15 E succedeu que, ouvindo Jezabel que já fôra apedrejado Naboth, e
morrera, disse Jezabel a Achab: Levanta-te, _e_ possue a vinha de Naboth,
o jezreelita, a qual te recusou dar por dinheiro; porque Naboth não vive,
mas é morto.

16 E succedeu que, ouvindo Achab, que _já_ Naboth era morto, Achab se
levantou, para descer para a vinha de Naboth, o jezreelita, para a
possuir.


_Deus manda Elias ameaçar a Achab._

17 Então veiu a palavra do Senhor a Elias, o tesbita, dizendo:

18 Levanta-te, desce para encontrar-te com Achab, rei de Israel, que
_está_ [6] em Samaria: eis que está na vinha de Naboth, aonde tem descido
para a possuir.

19 E fallar-lhe-has, dizendo: Assim diz o Senhor: _Porventura_ não
mataste e tomaste a herança? Fallar-lhe-has mais, dizendo: Assim diz o
Senhor: No [7] logar em que os cães lamberam o sangue de Naboth os cães
lamberão o teu sangue, o teu mesmo,

20 E disse Achab a Elias: Já me achaste, [8] inimigo meu? E elle disse:
Achei-_te_; porquanto já [9] te vendeste para fazeres o _que é_ mau aos
olhos do Senhor.

21 Eis que trarei [10] mal sobre ti, e arrancarei a tua posteridade,
e arrancarei de Achab a todo o homem, como tambem o encerrado e o
desamparado em Israel;

22 E farei a tua casa como a casa de Jeroboão, [11] filho de Nebat, e
como a casa de Baása, filho de Ahias: por causa da provocação, com que
_me_ provocaste e fizeste peccar a Israel.

23 E tambem ácerca de [12] Jezabel fallou o Senhor, dizendo: Os cães
comerão a Jezabel junto ao antemuro de Jezreel.

24 Aquelle que de Achab [13] morrer na cidade os cães o comerão: e o que
morrer no campo as aves do céu o comerão.

25 Porém [14] ninguem fôra como Achab, que se vendera para fazer o _que
era_ máu aos olhos do Senhor: porque [15] Jezabel, sua mulher, o incitava.

26 E fez grandes abominações, seguindo [16] os idolos, conforme a tudo
o que fizeram os amorrheos, os quaes o Senhor lançou fóra da _sua_
possessão, de diante dos filhos de Israel.

27 Succedeu pois que Achab, ouvindo estas palavras, rasgou os seus
vestidos, e cobriu a sua carne de [17] sacco, e jejuou: e jazia em sacco,
e andava mansamente.

28 Então veiu a palavra do Senhor a Elias tesbita, dizendo:

29 Não viste que Achab se humilha perante mim? porquanto pois se humilha
perante mim, não trarei este mal nos seus dias, _mas_ nos dias de seu
filho trarei este mal [18] sobre a sua casa.

[1] I Sam. 8.14.

[2] Lev. 25.23. Num. 36.7. Eze. 46.18.

[3] Exo. 22.38. Lev. 24.15, 16. Act. 6.11. Lev. 24.14.

[4] Isa. 58.4.

[5] II Reis 9.26.

[6] cap. 13.32. II Chr. 22.9.

[7] cap. 22.38.

[8] cap. 18.17.

[9] II Reis 17.17. Rom. 7.14.

[10] cap. 14.10. II Reis 9.8. I Sam. 25.22. cap. 14.10.

[11] cap. 15.29. cap. 16.3, 11.

[12] II Reis 9.36.

[13] cap. 14.11 e 16.4.

[14] cap. 16.30, etc.

[15] cap. 16.31.

[16] Gen. 15.16. II Reis 21.11.

[17] Gen. 37.34.

[18] II Reis 9.25.



_Achab faz alliança com Josaphat._

[Antes de Christo 897]

22 E estiveram quietos tres annos, não havendo guerra entre Syria e
Israel.

2 Porém no terceiro anno succedeu que [1] Josaphat, rei de Judah, desceu
para o rei de Israel.

3 E o rei de Israel disse aos seus servos: Não sabeis vós que [2] Ramoth
de Gilead é nossa? e nós _estamos_ quietos, sem a tomar da mão do rei da
Syria?

4 Então disse a Josaphat: Irás tu comigo á peleja a Ramoth de Gilead? E
disse Josaphat ao rei de Israel: Serei como tu, _e_ [3] o meu povo como o
teu povo, _e_ os meus cavallos como os teus cavallos.

5 Disse mais Josaphat ao rei d’Israel: Consulta porém primeiro hoje a
palavra do Senhor.

6 Então o rei de Israel ajuntou [4] os prophetas até quasi quatrocentos
homens, e disse-lhes: Irei á peleja contra Ramoth de Gilead, ou deixarei
de ir? E elles disseram: Sobe, porque o Senhor _a_ entregará na mão do
rei.

7 Disse porém Josaphat: [5] Não _ha_ aqui ainda _algum_ propheta do
Senhor, ao qual possamos consultar?

8 Então disse o rei de Israel a Josaphat: Ainda _ha_ um homem por quem
podemos consultar ao Senhor; porém eu o aborreço, porque nunca prophetiza
de mim bem, mas só mal; _este é_ Micha, filho de Imla. E disse Josaphat:
Não falle o rei assim.

9 Então o rei de Israel chamou um eunucho, e disse: Traze-_me_ depressa a
Micha, filho de Imla,

10 E o rei de Israel e Josaphat, rei de Judah, estavam assentados cada
um no seu throno, vestidos de vestiduras _reaes_, na praça, á entrada da
porta de Samaria: e todos os prophetas prophetizavam na sua presença.

11 E Zedekias, filho de Chanaana, fez para si _uns_ cornos de ferro, e
disse: Assim diz o Senhor: Com estes escornearás aos syros, até de todo
os consumir.

12 E todos os prophetas prophetizaram assim, dizendo: Sobe a Ramoth de
Gilead, e prosperarás, porque o Senhor _a_ entregará na mão do rei.

13 E o mensageiro que foi chamar a Micha fallou-lhe, dizendo: Vês aqui
_que_ as palavras dos prophetas a uma voz _predizem coisas_ boas para o
rei: seja pois a tua palavra como a palavra d’um d’elles, e falla bem.

14 Porém Micha disse: Vive o Senhor, que o que o [6] Senhor me disser
isso fallarei.

15 E, vindo elle ao rei, o rei lhe disse: Micha, iremos a Ramoth de
Gilead á peleja, ou deixaremos de ir? E _elle_ lhe disse: Sobe, e serás
prospero; porque o Senhor a entregará na mão do rei.

16 E o rei lhe disse: Até quantas vezes te conjurarei, que me não falles
senão a verdade em nome do Senhor?

17 Então disse elle: Vi a todo o Israel disperso [7] pelos montes, como
ovelhas que não teem pastor; e disse o Senhor: Estes não teem senhor;
torne cada um em paz para sua casa.

18 Então o rei de Israel disse a Josaphat: Não te disse eu, que nunca
prophetizará de mim bem, senão só mal?

19 Então disse elle: Ouve [8] pois a palavra do Senhor: Vi ao Senhor
assentado sobre o seu throno, e todo o exercito do céu estava junto a
elle, á sua mão direita e á sua esquerda.

20 E disse o Senhor: Quem induzirá Achab, a que suba, e caia em Ramoth de
Gilead? E um dizia d’esta maneira e outro d’outra.

21 Então saiu um espirito, e se apresentou diante do Senhor, e disse: Eu
induzirei. E o Senhor lhe disse: Com que?

22 E disse elle: Eu sairei, e serei um espirito de mentira na bocca
de todos os seus prophetas. E elle disse: Tu o induzirás, [9] e ainda
prevalecerás; sae, e faze assim.

23 Agora pois, eis que [10] o Senhor poz o espirito de mentira na bocca
de todos estes teus prophetas, e o Senhor fallou mal contra ti.

24 Então Zedekias, filho de Chanaana, chegou, e feriu a Micha no queixo:
e disse: [11] Por onde passou de mim o espirito do Senhor para fallar a
ti?

25 E disse Micha: Eis que o verás n’aquelle mesmo dia, quando entrares
_de_ camara em camara, para te esconderes.

26 Então disse o rei de Israel: Tomae a Micha, e tornae a trazel-o a
Amon, o chefe da cidade, e a Joás filho do rei,

27 E direis: Assim diz o rei: Mettei este homem na casa do carcere, e
sustentae-o com o pão de angustia, e com agua de amargura, até que eu
venha em paz.

28 E disse Micha: Se tu voltares em paz, o Senhor não tem fallado [12]
por mim. Disse mais: Ouvi todos os povos!


_A guerra contra os syros, e a morte de Achab._

29 Assim o rei de Israel e Josaphat, rei de Judah, subiram a Ramoth de
Gilead.

30 E disse o rei de Israel a Josaphat: Eu me disfarçarei, e entrarei na
peleja; tu porém veste os teus vestidos. Disfarçou-se [13] pois o rei de
Israel, e entrou na peleja.

31 E o rei da Syria deu ordem aos chefes dos carros, de que tinha trinta
e dois, dizendo: Não pelejareis nem contra pequeno nem contra grande, mas
só contra o rei de Israel.

32 Succedeu pois que, vendo os chefes dos carros a Josaphat, disseram
elles: Certamente este é o rei de Israel. E chegaram-se a elle, para
pelejar _com elle_: porém Josaphat [14] exclamou.

33 E succedeu que, vendo os chefes dos carros _que_ não _era_ o rei
d’Israel deixaram de seguil-o.

34 Então um homem entesou o arco, na sua simplicidade, e feriu o rei
d’Israel por entre as fivelas e as couraças; então elle disse ao
seu carreteiro: Vira a tua mão, e tira-me do exercito, porque estou
gravemente ferido.

35 E a peleja foi crescendo n’aquelle dia, e o rei parou no carro
defronte dos syros: porém elle morreu á tarde; e o sangue da ferida
corria no fundo do carro.

36 E depois do sol posto passou um pregão pelo exercito, dizendo: Cada um
para a sua cidade, e cada um para a sua terra!

37 E morreu o rei, e o levaram a Samaria: e sepultaram o rei em Samaria.

38 E, lavando-se o carro no tanque de Samaria, os cães lamberam o seu
sangue (ora [KI] as prostitutas se lavavam ali), [15] conforme á palavra
do Senhor, que tinha dito.

39 Quanto ao mais dos successos d’Achab, e a tudo quanto fez, e á casa de
[16] marfim que edificou, e a todas as cidades que edificou, _porventura_
não _está_ escripto no livro das chronicas dos reis de Israel?

40 Assim dormiu Achab com seus paes; e Achazias, seu filho, reinou em seu
logar.


_O reinado de Josaphat e a sua morte._

41 E Josaphat, [17] filho de Asa, começou a reinar sobre Judah no quarto
anno d’Achab, rei d’Israel.

42 E _era_ Josaphat da edade de trinta e cinco annos quando começou a
reinar; e vinte e cinco annos reinou em Jerusalem: e _era_ o nome de sua
mãe Azuba, filha de Silchi.

43 E andou [18] em todos os caminhos de seu pae Asa, não se desviou
d’elles, fazendo o _que era_ recto aos olhos do Senhor.

44 Todavia os altos não [19] se tiraram; ainda o povo sacrificava e
queimava incenso nos altos.

45 E Josaphat [20] esteve em paz com o rei de Israel.

46 Quanto ao mais dos successos de Josaphat, e ao poder que mostrou, e
como guerreou, _porventura_ não _está_ escripto no livro das chronicas
dos reis de Judah?

47 Tambem desterrou da terra o resto dos rapazes escandalosos, que [21]
ficaram nos dias de seu pae Asa.

48 Então não _havia_ [22] rei em Edom, _porém_ um vice-rei.

49 _E_ fez Josaphat [23] navios de Tarsis, para irem a Ophir por causa do
oiro; porém não foram, porque os navios se quebraram em Ezion-geber.

50 Então Achazias, filho de Achab, disse a Josaphat: Vão os meus servos
com os teus servos nos navios. Porém Josaphat não quiz.

51 E Josaphat dormiu [24] com seus paes, e foi sepultado junto a seus
paes, na cidade de David, seu pae: e Jorão, seu filho, reinou em seu
logar.

52 E Achazias, [25] filho d’Achab, começou a reinar em Samaria, no anno,
dezesete de Josaphat, rei de Judah: e reinou dois annos sobre Israel.

53 E fez o _que era_ mau aos olhos do Senhor; porque [26] andou no
caminho de seu pae, como tambem no caminho de sua mãe, e no caminho de
Jeroboão, filho de Nebat, que fez peccar a Israel.

54 E serviu [27] a Baal, e se inclinou diante d’elle: e indignou ao
Senhor Deus de Israel, conforme a tudo quanto fizera seu pae.

[1] II Chr. 18.2, etc.

[2] Deu. 4.43.

[3] II Reis 3.7.

[4] cap. 18.19.

[5] II Reis 3.11.

[6] Num. 22.38.

[7] Mat. 9.36.

[8] Psa. 6.1. Dan. 7.9. Job 1.6 e 2.1. Dan. 7.10. Zac. 1.10. Mat. 18.16.
Heb. 1.7, 14.

[9] Jui. 9.23. Job 12.16. Eze. 14.9. II The. 2.11.

[10] Eze. 14.9.

[11] II Chr. 18.23.

[12] Num. 16.29. Deu. 18.20, 21, 22.

[13] II Chr. 35.22.

[14] II Chr. 18.31. Pro. 13.20.

[15] cap. 21.19.

[16] Amós 3.15.

[17] II Chr. 20.31.

[18] II Chr. 17.3.

[19] cap. 14.23 e 15.14. II Reis 12.3.

[20] II Chr. 18.2. II Cor. 6.14.

[21] cap. 14.24 e 15.12.

[22] Gen. 25.23. II Sam. 8.14. II Reis 3.9 e 8.20.

[23] II Chr. 20.35, etc. cap. 10.22. II Chr. 20.37. cap. 9.26.

[24] II Sam. 21.1.

[25] ver. 40.

[26] cap. 15.26.

[27] Jui. 2.11. cap. 16.31.



O SEGUNDO LIVRO DOS REIS.



_Moab rebella-se contra Israel e Achazias adoece._

[Antes de Christo 896]

1 E depois da morte de Achab, [1] Moab se rebellou contra Israel.

2 E caiu Achazias pelas grades d’um quarto alto, que _tinha_ em Samaria,
e adoeceu: e enviou mensageiros, e disse-lhes: Ide, e perguntae a
Baal-zebub, deus de Ekron, [2] se sararei d’esta doença.

3 Mas o anjo do Senhor disse a Elias tesbita: Levanta-te, sobe para
encontrar-te com os mensageiros do rei de Samaria: e dize-lhes:
Porventura não _ha_ Deus em Israel, _que_ vades consultar a Baal-zebub,
deus de Ekron?

4 E por isso assim diz o Senhor: Da cama, a que subiste, não descerás,
mas sem falta morrerás. Então Elias partiu.

5 E os mensageiros voltaram para elle; e _elle_ lhes disse: Que ha, _que_
voltastes?

6 E _elles_ lhe disseram: Um homem nos saiu ao encontro, e nos disse:
Ide, voltae para o rei que vos mandou, e dizei-lhe: Assim diz o Senhor:
Porventura não _ha_ Deus em Israel, para _que_ mandes consultar a
Baal-zebub, deus de Ekron? Portanto da cama, a que subiste, não descerás,
mas sem falta morrerás.

7 E elle lhes disse: Qual _era_ o trajo do homem que vos veiu ao encontro
e vos fallou estas palavras?

8 E elles lhe disseram: Um homem _era_ vestido de pellos, [3] e com os
lombos cingidos d’um cinto de coiro. Então disse elle: É Elias, o tesbita.


_O fogo do céu consome cem homens._

9 Então lhe enviou um capitão de cincoenta: e, subindo a elle, (porque
eis que estava assentado no cume do monte), disse-lhe: Homem de Deus, o
rei diz: Desce.

10 Mas Elias respondeu, e disse ao capitão de cincoenta: Se eu pois
_sou_ homem de Deus, desça fogo [4] do céu, e te consuma a ti e aos teus
cincoenta. Então fogo desceu do céu, e o consumiu a elle e aos seus
cincoenta.

11 E tornou a enviar-lhe outro capitão de cincoenta, com os seus
cincoenta; este lhe fallou, e disse: Homem de Deus, assim diz o rei:
Desce depressa.

12 E respondeu Elias, e disse-lhe: Se eu _sou_ homem de Deus, desça fogo
do céu, e te consuma a ti e aos teus cincoenta. Então fogo de Deus desceu
do céu, e o consumiu a elle e aos seus cincoenta.

13 E tornou a enviar _outro_ capitão dos terceiros cincoenta, com os
seus cincoenta: então subiu o capitão de cincoenta, e veiu, e poz-se de
joelhos diante de Elias, e supplicou-lhe, e disse-lhe: Homem de Deus,
seja, peço-te, preciosa aos teus olhos [5] a minha vida, e a vida d’estes
cincoenta teus servos.

14 Eis que fogo desceu do céu, e consumiu aquelles dois primeiros
capitães de cincoenta, com os seus cincoenta: porém agora seja preciosa
aos teus olhos a minha vida.

15 Então o anjo do Senhor disse a Elias: Desce com este, não temas. E
levantou-se, e desceu com elle ao rei.

16 E disse-lhe: Assim diz o Senhor: Porque enviaste mensageiros a
consultar a Baal-zebub, deus d’Ekron? Porventura é porque não _ha_ Deus
em Israel, para consultar a sua palavra? portanto d’esta cama, a que
subiste, não descerás, mas certamente morrerás.

17 Assim pois morreu, conforme á palavra do Senhor, que Elias fallara; e
Jorão começou a reinar no seu logar no anno segundo de Jehorão, filho de
Josaphat rei de Judah: porquanto não tinha filho.

18 O mais dos feitos de Achazias, que tinha feito, _porventura_ não
_está_ escripto no livro das chronicas dos reis de Israel?

[1] II Sam. 8.2. cap. 3.5.

[2] I Sam. 5.10.

[3] Zac. 13.4. Mat. 3.4.

[4] Luc. 9.54.

[5] I Sam. 26.21.



_Elias é elevado ao céu n’um carro de fogo._

2 Succedeu [1] pois que, havendo o Senhor de elevar a Elias n’um
redemoinho ao céu, Elias partiu com Eliseo de Gilgal.

2 E disse Elias a Eliseo: Fica-te aqui, [2] porque o Senhor me enviou a
Bethel. Porém Eliseo disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que te não
deixarei. E assim foram a Bethel.

3 Então os filhos dos prophetas que _estavam_ em Bethel sairam [3] a
Eliseo, e lhe disseram: Sabes que o Senhor hoje tomará o teu senhor por
de cima da tua cabeça? E elle disse: Tambem eu bem _o_ sei; calae-vos.

4 E Elias lhe disse: Eliseo, fica-te aqui, porque o Senhor me enviou a
Jericó. Porém elle disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que te não
deixarei. E _assim_ vieram a Jericó.

5 Então os filhos dos prophetas que estavam em Jericó se chegaram a
Eliseo, e lhe disseram: Sabes que o Senhor hoje tomará o teu senhor por
de cima da tua cabeça? E elle disse: Tambem eu bem _o_ sei; calae-vos.

6 E Elias disse: Fica-te aqui, porque o Senhor me enviou ao Jordão. Mas
elle disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que te não deixarei. E
_assim_ ambos foram juntos.

7 E foram cincoenta homens dos filhos dos prophetas, e de longe pararam
defronte: e elles ambos pararam junto ao Jordão.

8 Então Elias tomou a sua capa, e a dobrou, e feriu as aguas, as quaes se
[4] dividiram para as duas bandas: e passaram ambos em secco.

9 Succedeu pois que, havendo elles passado, Elias disse a Eliseo:
Pede-_me_ o que _queres que_ te faça, antes que seja tomado de ti. E
disse Eliseo: Peço-te que haja porção dobrada de teu espirito sobre mim.

10 E disse: Coisa dura pediste; se me vires _quando fôr_ tomado de ti,
assim se te fará, porém, se não, não se fará.

11 E succedeu que, indo elles andando e fallando, eis que [5] um carro de
fogo, com cavallos de fogo, os separou um do outro: e Elias subiu ao céu
n’um redemoinho.


_Eliseo, o successor de Elias._

12 O que vendo Eliseo, clamou: Meu pae, [6] meu pae, carros de Israel, e
seus cavalleiros! E nunca mais o viu: e, travando dos seus vestidos, os
rasgou em duas partes.

13 Tambem levantou a capa de Elias, que lhe caira: e tornou-se, e parou á
borda do Jordão.

14 E tomou a capa de Elias, que lhe caira, e feriu as aguas, e disse:
Onde _está_ o Senhor, Deus de Elias? Então feriu [7] as aguas, e se
dividiram ellas d’uma e outra banda; e Eliseo passou.

15 Vendo-o pois os filhos dos prophetas que estavam defronte em Jericó,
disseram: [8] O espirito de Elias repousa sobre Eliseo. E vieram-lhe ao
encontro, e se prostraram diante d’elle em terra.

16 E disseram-lhe: Eis que com teus servos ha cincoenta homens valentes;
ora deixa-os ir para buscar a teu senhor; pode ser [9] que o elevasse
o Espirito do Senhor, e o lançasse n’algum dos montes, ou n’algum dos
valles. Porém elle disse: Não os envieis.

17 Mas elles apertaram com elle, até se enfastiar; e disse-_lhes_:
Enviae. E enviaram cincoenta homens, que _o_ buscaram tres dias, porém
não o acharam.

18 Então voltaram para elle, tendo elle ficado em Jericó: e disse-lhes:
Eu não vos disse que não fosseis?

19 E os homens da cidade disseram a Eliseo: Eis que boa _é_ a habitação
d’esta cidade, como o meu senhor vê; porém as aguas _são_ más, e a terra
é esteril.

20 E elle disse: Trazei-me uma salva nova, e ponde n’ella sal. E lh’a
trouxeram.

21 Então saiu elle ao manancial das aguas, e deitou [10] sal n’elle; e
disse: Assim diz o Senhor: Sararei a estas aguas; não haverá mais n’ellas
morte nem esterilidade.

22 Ficaram pois sãs aquellas aguas até _ao dia d’_hoje, conforme á
palavra que Eliseo tinha dito.

23 Então subiu d’ali a Bethel: e, subindo elle pelo caminho, uns moços
pequenos sairam da cidade, e zombavam d’elle, e diziam-lhe: Sobe, calvo,
sobe, calvo!

24 E, virando-se elle para traz, os viu, e os amaldiçoou no nome do
Senhor: então duas ursas sairam do bosque, e despedaçaram d’elles
quarenta e dois meninos.

25 E foi-se d’ali para o monte Carmelo: e d’ali voltou para Samaria.

[1] Gen. 5.24. I Reis 19.21.

[2] Ruth 1.15, 16. ver. 4, 6. I Sam. 1.26. cap. 4.30.

[3] ver. 5, 7, 15. I Reis 20.35. cap. 4.1, 38 e 9.1.

[4] Exo. 14.21. Jos. 3.16. ver. 14.

[5] cap. 6.17.

[6] cap. 13.14.

[7] ver. 8.

[8] ver. 7.

[9] I Reis 18.12. Eze. 8.3. Act. 8.39.

[10] Exo. 15.25. cap. 4.41 e 6.6. João 9.6.



_Eliseo salva tres reis com os seus exercitos._

[Antes de Christo 895]

3 E Jorão, [1] filho de Achab, começou a reinar sobre Israel em Samaria
no decimo oitavo anno de Josaphat, rei de Judah: e reinou doze annos.

2 E fez o _que era_ mau aos olhos do Senhor; porém não como seu pae, nem
como sua mãe; porque tirou a [KJ] estatua de Baal, que seu pae [2] fizera.

3 Comtudo adheriu aos peccados [3] de Jeroboão, filho de Nebat, que
fizera peccar a Israel; não se apartou d’elles.

4 Então Mesa, rei dos moabitas, era contratante de gado, e pagava ao rei
de Israel [4] cem mil cordeiros, e cem mil carneiros com a _sua_ lã.

5 Succedeu porém que, morrendo Achab, [5] se rebellou o rei dos moabitas
contra o rei de Israel.

6 Por isso Jorão ao mesmo tempo saiu de Samaria, e fez revista de todo o
Israel.

7 E foi, e enviou a Josaphat, rei de Judah, dizendo: O rei dos moabitas
se rebellou contra mim; irás tu comigo á guerra contra os moabitas? E
disse elle: Subirei; _e_ eu _serei_ como tu, o meu povo [6] como o teu
povo, _e_ os meus cavallos como os teus cavallos.

8 E elle disse: Por que caminho subiremos? Então disse elle: Pelo caminho
do deserto d’Edom.

9 E partiu o rei de Israel, e o rei de Judah, e o rei de Edom; e andaram
rodeando com uma marcha de sete dias, e o exercito, e o gado que os
seguia não tinham agua.

10 Então disse o rei de Israel: Ah! que o Senhor chamou a estes tres
reis, para os entregar nas mãos dos moabitas.

11 E disse Josaphat: [7] Não _ha_ aqui _algum_ propheta do Senhor, para
que consultemos ao Senhor por elle? Então respondeu um dos servos do rei
de Israel, e disse: Aqui _está_ Eliseo, filho de Saphat, que deitava agua
sobre as mãos de Elias.

12 E disse Josaphat: Está com elle a palavra do Senhor. Então o [8] rei
de Israel, e Josaphat e o rei de Edom desceram a elle.

13 Mas Eliseo disse ao rei de Israel: Que tenho [9] eu comtigo? Vae aos
prophetas de teu pae e aos prophetas de tua mãe. Porém o rei d’Israel lhe
disse: Não, porque o Senhor chamou a estes tres reis para os entregar nas
mãos dos moabitas.

14 E disse Eliseo: Vive [10] o Senhor dos Exercitos, em cuja presença
estou, _que_ se eu não respeitasse a presença de Josaphat, rei de Judah,
não olharia para ti nem te veria.

15 Ora, pois, trazei-me [11] um tangedor. E succedeu que, tangendo o
tangedor, veiu sobre elle a mão [12] do Senhor.

16 E disse: Assim diz o Senhor: [13] Fazei n’este valle muitas covas;

17 Porque assim diz o Senhor: Não vereis vento, e não vereis chuva;
todavia este valle se encherá de _tanta_ agua, que bebereis vós, e o
vosso gado e os vossos animaes.

18 E _ainda_ isto _é_ pouco aos olhos do Senhor: tambem entregará elle os
moabitas nas vossas mãos.

19 E ferireis a todas as cidades fortes, e a todas as cidades escolhidas,
e todas as boas arvores cortareis, e entupireis todas as fontes d’agua, e
damnificareis com pedras todos os bons campos.

20 E succedeu que pela manhã, offerecendo-se [14] a offerta de manjares,
eis que vinham _as_ aguas pelo caminho d’Edom: e a terra se encheu d’agua.

21 Ouvindo pois todos os moabitas que os reis tinham subido para
pelejarem contra elles, convocaram a todos os que cingiam cinto e d’ahi
para cima, e pozeram-se ás fronteiras.

22 E, levantando-se de madrugada, e saindo o sol sobre as aguas, viram os
moabitas defronte _d’elles_ as aguas vermelhas como o sangue.

23 E disseram: Isto _é_ sangue; certamente que os reis se destruiram á
espada e se mataram um ao outro! agora pois á preza, moabitas!

24 Porém, chegando elles ao arraial de Israel, os israelitas se
levantaram, e feriram os moabitas, os quaes fugiram diante d’elles; e
_ainda os_ feriram nas suas _terras_, ferindo _ali_ tambem os moabitas.

25 E arrazaram as cidades, e cada um lançou a sua pedra em todos os bons
campos, e os entulharam, e entupiram todas as fontes d’aguas, e cortaram
todas as boas arvores, até que _só_ em Kir-hareseth deixaram ficar as
pedras, [15] mas os fundeiros a cercaram e a feriram.

26 Mas, vendo o rei dos moabitas que a peleja prevalecia contra elle,
tomou comsigo setecentos homens que arrancavam espada, para romperem
contra o rei de Edom, porém não poderam.

27 Então [16] tomou a seu filho primogenito, que havia de reinar em seu
logar, e o offereceu em holocausto sobre o muro; pelo que houve grande
indignação em Israel: por isso retiraram-se [17] d’elle, e voltaram para
a _sua_ terra.

[1] cap. 1.17.

[2] I Reis 16.31, 32.

[3] I Reis 12.28, 31, 32.

[4] Isa. 16.1.

[5] cap. 1.1.

[6] I Reis 22.4.

[7] I Reis 22.7.

[8] cap. 2.25.

[9] Eze. 14.3. Jui. 10.14. Ruth 1.15. I Reis 18.10.

[10] I Reis 17.1. cap. 5.16.

[11] I Sam. 10.5.

[12] Eze. 1.3 e 3.14, 22 e 8.1.

[13] cap. 4.3.

[14] Exo. 29.39, 40.

[15] Isa. 16.7, 11.

[16] Amós 2.1.

[17] cap. 8.20.



_Eliseo augmenta o azeite da viuva._

4 E uma mulher [1] das mulheres dos filhos dos prophetas, clamou a
Eliseo, dizendo: Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que o teu
servo temia ao Senhor; e veiu o credor, a levar-me [2] os meus dois
filhos para serem servos.

2 E Eliseo lhe disse: Que te hei de eu fazer? declara-me que _é o que_
tens em casa. E ella disse: Tua serva não tem nada em casa, senão uma
botija d’azeite.

3 Então disse elle: Vae, pede para ti vasos emprestados, [3] a todos os
teus visinhos, vasos vasios, não poucos.

4 Então entra, e fecha a porta sobre ti, e sobre teus filhos, e deita o
azeite em todos aquelles vasos, e põe á parte o que estiver cheio.

5 Partiu pois d’elle, e fechou a porta sobre si e sobre seus filhos; e
elles lhe traziam _os vasos_, e ella _os_ enchia.

6 E succedeu que, cheios que foram os vasos, disse a seu filho: Traze-me
ainda um vaso. Porém elle lhe disse: Não _ha_ mais vaso nenhum. Então o
azeite parou.

7 Então veiu ella, e _o_ fez saber ao homem de Deus; e disse elle: Vae,
vende o azeite, e paga a tua divida; e tu e teus filhos vivei do resto.


_A sunamita e o seu filho._

8 Succedeu tambem um dia que, indo Eliseo a [4] Sunem, _havia_ ali uma
mulher grave, a qual o reteve a comer pão: e succedeu que todas as vezes
que passava para ali se retirava a comer pão.

9 E ella disse a seu marido: Eis que tenho observado, que este que sempre
passa por nós é um sancto homem de Deus.

10 Façamos-_lhe_ pois um pequeno quarto junto ao muro, e ali lhe ponhamos
uma cama, e uma mesa, e uma cadeira e um candieiro: e ha de ser que,
vindo elle a nós, para ali se retirará.

11 E succedeu um dia que veiu ali, e retirou-se áquelle quarto, e se
deitou ali.

12 Então disse ao seu moço Geazi: Chama esta sunamita. E chamando-a elle,
ella se poz diante d’elle.

13 Porque lhe tinha dito: Dize-lhe: Eis que tu nos tens tratado com todo
o disvelo; que se ha de fazer por ti? haverá alguma coisa de que se falle
por ti ao rei, ou ao chefe do exercito? E dissera ella: Eu habito no meio
do meu povo.

14 Então disse elle: Que se ha de fazer pois por ella? E Geazi disse: Ora
ella não tem filho, e seu marido é velho.

15 Pelo que disse elle: Chama-a. E, chamando-a elle, ella se poz á porta.

16 E _elle_ disse: A este tempo determinado, [5] segundo o tempo da vida,
abraçarás um filho. E disse ella: Não, meu senhor, homem de Deus, [6] não
mintas á tua serva.

17 E concebeu a mulher, e pariu um filho, ao tal tempo determinado,
segundo o tempo da vida que Eliseo lhe dissera.

18 E, crescendo o filho, succedeu que um dia saiu para seu pae _que
estava_ com os segadores.

19 E disse a seu pae: Ai, a minha cabeça! ai, a minha cabeça! Então disse
a um moço: Leva-o a sua mãe.

20 E elle o tomou, e o levou a sua mãe: e esteve sobre os seus joelhos
até ao meio dia, e morreu.

21 E subiu ella, e o deitou sobre a cama do homem de Deus; e fechou sobre
elle _a porta_, e saiu.

22 E chamou a seu marido, e disse: Manda-me já um dos moços, e uma das
jumentas, para que corra ao homem de Deus, e para que volte.

23 E disse elle: Porque vaes a elle hoje? não é lua nova nem sabbado. E
ella disse: _Tudo_ vae bem.

24 Então albardou a jumenta, e disse ao seu moço: Guia e anda, e não te
detenhas no caminhar, senão quando eu t’o disser.

25 Partiu ella pois e veiu ao homem de Deus, ao monte [7] Carmelo: e
succedeu que, vendo-a o homem de Deus de longe, disse a Geazi, seu moço:
Eis ahi a sunamita.

26 Agora pois corre-lhe ao encontro e dize-lhe: Vae bem comtigo? vae bem
com teu marido? Vae bem com teu filho? E ella disse: Vae bem.

27 Chegando ella pois ao homem de Deus, ao monte, pegou nos seus pés;
mas chegou Geazi para empuxal-a: disse porém o homem de Deus: Deixa-a,
porque a sua alma n’ella está triste de amargura, e o Senhor m’o
encobriu, e não m’o manifestou.

28 E disse ella: Pedi eu a meu senhor _algum_ filho? Não disse eu: Não me
[8] enganes?

29 E elle disse a Geazi: Cinge [9] os teus lombos, e toma o meu bordão na
tua mão, e vae; [10] se encontrares alguem, não o saudes; e se alguem te
saudar, não lhe respondas: e põe o meu bordão sobre o rosto do menino.

30 Porém disse a mãe do menino: Vive o Senhor, [11] e vive a tua alma,
que não te hei de deixar. Então elle se levantou, e a seguiu.

31 E Geazi passou diante d’elles, e poz o bordão sobre o rosto do menino;
porém não _havia n’elle_ voz nem sentido; e voltou a encontrar-se com
elle, e lhe trouxe aviso, dizendo: [12] Não despertou o menino.

32 E, chegando Eliseo áquella casa, eis que o menino jazia morto sobre a
sua cama.

33 Então [13] entrou elle, e fechou a porta sobre elles ambos, e orou ao
Senhor.

34 E subiu, e deitou-se sobre o menino, e, pondo a sua bocca sobre a
bocca d’elle, e os seus olhos sobre os olhos d’elle, e as suas mãos sobre
as mãos d’elle, se estendeu sobre elle: [14] e a carne do menino aqueceu.

35 Depois voltou, e passeou n’aquella casa d’uma parte para a outra, e
_tornou_ a subir, e se estendeu sobre [15] elle; então o menino espirrou
sete vezes, e o menino abriu os olhos.

36 Então chamou a Geazi, e disse: Chama esta sunamita. E chamou-a, e veiu
a elle. E disse elle: Toma o teu filho.

37 E veiu ella, e se prostrou a seus pés, e se inclinou á terra; e tomou
[16] o seu filho, e saiu.


_A morte que havia na panella é tirada._

38 E, voltando Eliseo a Gilgal, _havia_ fome [17] n’aquella terra, e os
filhos dos prophetas _estavam_ assentados na sua presença: e disse ao seu
moço: Põe a panella grande _ao lume_, e faze um caldo de hervas para os
filhos dos prophetas.

39 Então um saiu ao campo a apanhar hervas, e achou uma parra brava, e
colheu d’ella a sua capa cheia de coloquintidas: e veiu, e as cortou na
panella do caldo; porque _as_ não conheciam.

40 Assim tiraram de comer para os homens. E succedeu que, comendo elles
d’aquelle caldo, clamaram e disseram: Homem de Deus, _ha_ morte na
panella. [18] Não poderam comer.

41 Porém elle disse: [19] Trazei pois farinha. E deitou-_a_ na panella, e
disse: Tirae de comer para o povo. Então não havia mal nenhum na panella.


_Vinte pães satisfazem cem homens._

42 E um homem veiu de Baal-salisha, [20] e trouxe ao homem de Deus pães
das primicias, vinte pães de cevada, e espigas verdes na sua palha, e
disse: Dá ao povo, para que coma.

43 Porém seu servo disse: Como [21] hei de eu pôr isto diante de cem
homens? E disse elle: Dá-o ao povo, para que coma; porque assim diz o
Senhor: Comer-se-ha, e sobejará.

44 Então lh’os poz diante, e comeram, e deixaram sobejos, [22] conforme a
palavra do Senhor.

[1] I Reis 20.35.

[2] Lev. 25.39. Mat. 18.25.

[3] cap. 3.16.

[4] Jos. 19.18.

[5] Gen. 18.10, 14.

[6] ver. 28.

[7] cap. 2.25.

[8] ver. 16.

[9] I Reis 18.46. cap. 9.1.

[10] Luc. 10.4. Exo. 7.19 e 14.16. cap. 2.8, 14. Act. 19.12.

[11] cap. 2.2.

[12] João 11.11.

[13] ver. 4. Mat. 6.6. I Reis 17.20.

[14] I Reis 17.21. Act. 20.10.

[15] I Reis 17.21. cap. 8.1, 5.

[16] I Reis 17.23. Heb. 11.35.

[17] cap. 2.1 e 8.1 e 2.3. Luc. 10.39. Act. 22.3.

[18] Exo. 10.17.

[19] Exo. 15.25. cap. 2.21 e 5.10. João 9.6.

[20] I Sam. 9.4 e 9.7. I Cor. 9.11. Gal. 6.6.

[21] Luc. 9.13. João 6.9. Luc. 9.17. João 6.11.

[22] Mat. 14.20 e 15.37. João 6.13.



_Naaman é curado da lepra._

[Antes de Christo 894]

5 E Naaman, [1] chefe do exercito do rei da Syria, era um grande homem
diante do seu senhor, e de muito respeito; porque por elle o Senhor déra
livremente aos syros: e era este varão homem valoroso, _porém_ leproso.

2 E sairam tropas da Syria, da terra d’Israel e, levaram presa uma menina
que ficou ao serviço da mulher de Naaman.

3 E disse _esta_ á sua senhora: Oxalá que o meu senhor _estivesse_ diante
do propheta que _está_ em Samaria: elle o restauraria da sua lepra.

4 Então entrou _Naaman_ e o notificou a seu senhor, dizendo: Assim e
assim fallou a menina que _é_ da terra de Israel.

5 Então disse o rei da Syria: Vae, anda, e enviarei a carta ao rei de
Israel. E foi, [2] e tomou na sua mão dez talentos de prata, e seis mil
_siclos_ de oiro e dez mudas de vestidos.

6 E levou a carta ao rei de Israel, dizendo: Logo, em chegando a ti esta
carta, saibas que eu te enviei Naaman, meu servo, para que o restaures
da sua lepra.

7 E succedeu que, lendo o rei de Israel a carta, rasgou os seus vestidos,
e disse: [3] _Sou_ eu Deus, para matar e para vivificar, para que este
envie a mim, para eu restaurar a um homem da sua lepra? Pelo que devéras
notae, peço-vos, e vede que busca occasião contra mim.

8 Succedeu porém que, ouvindo Eliseo, homem de Deus, que o rei de Israel
rasgara os seus vestidos, mandou dizer ao rei: Porque rasgaste os teus
vestidos? deixa-o vir a mim, e saberá que ha propheta em Israel.

9 Veiu pois Naaman com os seus cavallos, e com o seu carro, e parou á
porta da casa de Eliseo.

10 Então Eliseo lhe mandou um mensageiro, dizendo: Vae, e lava-te sete
[4] vezes no Jordão, e a tua carne te tornará, e ficarás purificado.

11 Porém Naaman muito se indignou, e se foi dizendo: Eis que eu dizia
comigo: Certamente elle sairá, pôr-se-ha em pé, e invocará o nome do
Senhor seu Deus, e passará a sua mão sobre o logar, e restaurará o
leproso.

12 Não _são porventura_ Abana e Farfar, rios de Damasco, melhores do
que todas as aguas de Israel? Não me poderia eu lavar n’elles, e ficar
purificado? E voltou-se, e se foi com indignação.

13 Então chegaram-se a elle os seus servos, e lhe fallaram, e disseram:
Meu pae, _se_ o propheta te dissera _alguma_ grande coisa, _porventura_
não a farias? Quanto mais, dizendo-te elle: Lava-te, e ficarás purificado.

14 Então desceu, e mergulhou no Jordão sete vezes, conforme a palavra
do homem de Deus: e a sua [5] carne tornou, como a carne d’um menino, e
ficou purificado.

15 Então voltou ao homem de Deus, elle e toda a sua comitiva, e veiu,
e poz-se diante d’elle, e disse: Eis que tenho conhecido que em toda a
terra não _ha_ [6] Deus senão em Israel: agora pois _te_ peço que tomes
_uma_ benção do teu servo.

16 Porém elle disse: [7] Vive o Senhor, em cuja presença estou, que a não
tomarei. E instou com elle para que _a_ tomasse, mas elle recusou.

17 E disse Naaman: Quando não, comtudo dê-se a _este_ teu servo uma carga
de terra d’um jugo de mulas; porque nunca mais offerecerá este teu servo
holocausto nem sacrificio a outros deuses, senão ao Senhor.

18 N’isto perdoe o Senhor a teu servo: quando meu senhor entra na casa
de Rimmon para ali se encurvar, [8] e elle se encosta na minha mão, e eu
_tambem_ me hei de encurvar na casa de Rimmon; quando _assim_ me encurvar
na casa de Rimmon, n’isto perdoe o Senhor a teu servo.

19 E elle lhe disse: Vae em paz. E foi-se d’elle a uma pequena distancia.


_Geazi é atacado de lepra._

20 Então Geazi, moço d’Eliseo, homem de Deus, disse: Eis que meu senhor
impediu a este syro Naaman que da sua mão se désse alguma coisa _do_ que
trazia; _porém_, vive o Senhor que hei de correr atraz d’elle, e tomar
d’elle alguma coisa.

21 E foi Geazi em alcance de Naaman; e Naaman, vendo que corria atraz
d’elle, saltou do carro a encontral-o, e disse-_lhe_: Vae _tudo_ bem?

22 E elle disse: Tudo vae bem; meu senhor me mandou dizer: Eis que agora
mesmo vieram a mim dois mancebos dos filhos dos prophetas da montanha
d’Ephraim; dá-lhes pois um talento de prata e duas mudas de vestidos.

23 E disse Naaman: Sê servido tomar dois talentos. E instou com elle,
e amarrou dois talentos de prata em dois saccos, com duas mudas de
vestidos; e pôl-os sobre dois dos seus moços, os quaes _os_ levaram
diante d’elle.

24 E, chegando elle á altura, tomou-os das suas mãos, e _os_ depositou na
casa: e despediu aquelles homens, e foram-se.

25 Então elle entrou, e poz-se diante de seu senhor. E disse-lhe Eliseo:
D’onde _vens_, Geazi? E disse: Teu servo não foi nem a uma nem a outra
parte.

26 Porém elle lhe disse: _Porventura_ não foi _comtigo_ o meu coração,
quando aquelle homem voltou de sobre o seu carro, a encontrar-te? _Era_
isto tempo para tomares prata, e para tomares vestidos, e olivaes, e
vinhas, e ovelhas, e bois e servos e servas?

27 Portanto a lepra de Naaman se pegará a [9] ti e á tua semente para
sempre. Então saiu de diante d’elle leproso, _branco_ como a neve.

[1] Luc. 4.27. Exo. 11.3.

[2] I Sam. 9.8. cap. 8.8, 9.

[3] Gen. 30.2. Deu. 32.39. I Sam. 2.6.

[4] cap. 4.41. João 9.7.

[5] Job 33.25. Luc. 4.27.

[6] Dan. 2.47 e 3.29 e 6.26, 27. Gen. 33.11.

[7] cap. 3.14. Gen. 14.23. Mat. 10.8. Act. 8.18, 20.

[8] cap. 7.2, 17.

[9] I Tim. 6.10. Exo. 4.6. Num. 12.10. cap. 15.5.



_O ferro d’um machado é feito fluctuar._

[Antes de Christo 893]

6 E disseram os filhos [1] dos prophetas a Eliseo: Eis que o logar em que
habitamos diante da tua face, nos é estreito.

2 Vamos pois até ao Jordão, e tomemos de lá, cada um de nós, uma viga, e
façamo-nos ali um logar, para habitar ali: e disse _elle_: Ide.

3 E disse um: Serve-te d’ires com os teus servos. E disse: Eu irei.

4 E foi com elles: e, chegando elles ao Jordão, cortaram madeira.

5 E succedeu que, derribando um _d’elles_ uma viga, o ferro caiu na agua:
e clamou, e disse: Ai, meu senhor! porque era emprestado.

6 E disse o homem de Deus: Onde caiu? E mostrando-lhe _elle_ o logar,
cortou _um_ páo, e _o_ lançou [2] ali, e fez nadar o ferro.

7 E disse: Levanta-o. Então elle estendeu a sua mão e o tomou.


_Eliseo adivinha os conselhos do rei da Syria._

8 E o rei da Syria fazia guerra a Israel: e consultou com os seus servos,
dizendo: Em tal e em tal logar _estará_ o meu acampamento.

9 Mas o homem de Deus enviou ao rei de Israel, dizendo: Guarda-te de
passares por tal logar; porque os syros desceram ali.

10 Pelo que o rei de Israel enviou áquelle logar, de que o homem de Deus
lhe dissera, e _de que_ o tinha avisado, e se guardou ali, não uma nem
duas vezes.

11 Então se turbou com este incidente o coração do rei da Syria, e chamou
os seus servos, e lhes disse: Não me fareis saber quem dos nossos _é_
pelo rei de Israel?

12 E disse um dos seus servos: Não, ó rei meu senhor; mas o propheta
Eliseo, que _está_ em Israel, faz saber ao rei de Israel as palavras que
tu fallas na tua camara de dormir.

13 E elle disse: Vae, e vê onde _elle_ está, para que envie, e mande
trazel-o. E fizeram-lhe saber, dizendo: [3] Eis que _está_ em Dothan.

14 Então enviou para lá cavallos, e carros, e um grande exercito, os
quaes vieram de noite, e cercaram a cidade.

15 E o moço do homem de Deus se levantou mui cedo, e saiu, e eis que um
exercito tinha cercado a cidade com cavallos e carros; então o seu moço
lhe disse: Ai, meu senhor! que faremos?

16 E elle disse: Não temas; porque mais são os que estão comnosco do que
os que _estão_ [4] com elles.

17 E orou Eliseo, e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para
que veja. E o Senhor abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte
_estava_ cheio de cavallos e [5] carros de fogo, em redor de Eliseo.

18 E, como desceram a elle, Eliseo orou ao Senhor, e disse: [6] Fere,
peço-te, esta gente de cegueira. E feriu-a de cegueira, conforme a
palavra de Eliseo.

19 Então Eliseo lhes disse: Não é este o caminho, nem _é_ esta a cidade;
segui-me, e guiar-vos-hei ao homem que buscaes. E os guiou a Samaria.

20 E succedeu que, chegando elles a Samaria, disse Eliseo: Ó Senhor, abre
a estes os olhos para que vejam. O Senhor lhes abriu os olhos, para que
vissem, e eis que _estavam_ no meio de Samaria.

21 E, quando o rei de Israel os viu, disse a Eliseo: Feril-_os_-hei,
feril-_os_-hei, meu pae?

22 Mas elle disse: Não _os_ ferirás; feririas tu os que tomasses
prisioneiros com a tua espada e com o teu arco? [7] põe-lhes diante pão e
agua, para que comam e bebam, e se vão para seu senhor.

23 E apresentou-lhes um grande banquete, e comeram e beberam; e os
despediu e foram para seu senhor: e não entraram mais tropas [8] de syros
na terra d’Israel.


_Samaria é cercada._

24 E succedeu, depois d’isto, que Ben-hadad, rei da Syria, ajuntou todo o
seu exercito: e subiu, e cercou a Samaria.

25 E houve grande fome em Samaria, porque eis que a cercaram, até que
se vendeu uma cabeça d’um jumento por oitenta [KK] peças de prata, e a
quarta parte _d’um_ cabo d’esterco de pombas por cinco _peças_ de prata.

26 E succedeu que, passando o rei pelo muro, uma mulher lhe bradou,
dizendo: Acode-_me_, ó rei meu senhor.

27 E elle lhe disse: _Se_ o Senhor te não acode, d’onde te acudirei _eu_?
da eira ou do lagar?

28 Disse-lhe mais o rei: Que tens? E disse ella: Esta mulher me disse: Dá
_cá_ o teu filho, para que hoje o comamos, e ámanhã comeremos o meu filho.

29 Cozemos pois [9] o meu filho, e o comemos; mas dizendo-lhe eu ao outro
dia: Dá _cá_ o teu filho, para que o comamos; escondeu o seu filho.

30 E succedeu que, ouvindo o rei as palavras d’esta mulher, rasgou os
seus [10] vestidos, e ia passando pelo muro; e o povo viu que eis que
_trazia_ cilicio por dentro, sobre a sua carne.

31 E disse: Assim me faça [11] Deus, e outro tanto, se a cabeça de
Eliseo, filho de Saphat, hoje ficar sobre elle.

32 Estava então Eliseo assentado em sua casa, e _tambem_ os [12] anciãos
estavam assentados com elle. E enviou o rei um homem de diante de si;
mas, antes que o mensageiro viesse a elle, disse elle aos anciãos: [13]
Vistes como o filho do homicida mandou tirar-me a cabeça? olhae _pois
que_, quando vier o mensageiro _lhe_ fecheis a porta, e o empuxeis para
_fóra_ com a porta; _porventura_ não vem o ruido dos pés de seu senhor
após elle?

33 E, estando elle ainda fallando com elles, eis que o mensageiro descia
a elle; e disse: Eis que este mal _vem_ do Senhor, [14] que mais _pois_
esperaria do Senhor?

[1] cap. 4.38.

[2] cap. 2.21.

[3] Gen. 37.17.

[4] II Chr. 32.7. Rom. 8.31.

[5] cap. 2.11. Zac. 1.8 e 6.1-7.

[6] Gen. 19.11.

[7] Rom. 12.20.

[8] ver. 8, 9. cap. 5.2.

[9] Lev. 26.26. Deu. 28.53, 57.

[10] I Reis 21.27.

[11] Ruth 1.17. I Reis 19.2.

[12] Eze. 8.1 e 20.1.

[13] Luc. 13.32. I Reis 18.4.

[14] Job 2.9.



_Eliseo prediz a abundancia de viveres._

[Antes de Christo 892]

7 Então disse Eliseo: Ouvi a palavra do Senhor: assim diz o Senhor:
Ámanhã, [1] quasi a este tempo, uma medida de farinha _haverá_ por um
siclo, e duas medidas de cevada por um siclo, á porta de Samaria.

2 Porém um capitão, [2] em cuja mão o rei se encostava, respondeu ao
homem de Deus e disse: Eis que ainda que o Senhor fizesse janellas no
céu, poder-se-hia fazer isso? E elle disse: Eis que _o_ verás com os teus
olhos, porém d’ahi não comerás.

3 E quatro homens leprosos estavam á entrada [3] da porta, os quaes
disseram uns aos outros: Para que estaremos nós aqui até morrermos?

4 Se dissermos: Entremos na cidade, ha fome na cidade, e morreremos ahi;
e se ficarmos aqui, tambem morreremos: vamos nós pois agora, e demos
comnosco no arraial dos syros: se nos deixarem viver, viveremos, e se nos
matarem, tão sómente morreremos.

5 E levantaram-se ao crepusculo, para se irem ao arraial dos syros: e,
chegando á entrada do arraial dos syros, eis que não _havia_ ali ninguem.

6 Porque o Senhor fizera [4] ouvir no arraial dos syros ruido de carros
e ruido de cavallos, _como_ o ruido d’um grande exercito; de maneira que
disseram uns aos outros: Eis que o rei d’Israel alugou contra nós os reis
dos hetheos e [5] os reis dos egypcios, para virem contra nós.

7 Pelo que se levantaram, [6] e fugiram no crepusculo, e deixaram as
suas tendas, e os seus cavallos, e os seus jumentos, _e_ o arraial como
estava: e fugiram para _salvarem_ a sua vida.

8 Chegando pois estes leprosos á entrada do arraial, entraram n’uma
tenda, e comeram e beberam e tomaram d’ali prata, e oiro, e vestidos, e
foram e _os_ esconderam: então voltaram, e entraram em outra tenda, _e_
d’ali tambem tomaram, e _o_ esconderam.

9 Então disseram uns para os outros: Não fazemos bem: este dia _é_ dia de
boas novas, e nos calamos; se esperarmos até á luz da manhã, algum mal
nos sobrevirá; pelo que agora vamos, e o annunciemos á casa do rei.

10 Vieram pois, e bradaram aos porteiros da cidade, e lhes annunciaram,
dizendo: Fomos ao arraial dos syros e eis que lá não _havia_ ninguem, nem
voz de homem, porém só cavallos atados, e jumentos atados, e as tendas
como estavam _d’antes_.

11 E chamaram os porteiros, e o annunciaram dentro da casa do rei.

12 E o rei se levantou de noite, e disse a seus servos: Agora vos farei
saber o que é que os syros nos fizeram: _bem_ sabem elles que esfaimados
_estamos_, pelo que sairam do arraial, a esconder-se pelo campo, dizendo:
Quando sairem da cidade, então os tomaremos vivos, e entraremos na cidade.

13 Então um dos seus servos respondeu e disse: Tomem-se pois cinco dos
cavallos do resto que ficaram aqui _dentro_ (eis que _são_ como toda a
multidão dos israelitas que ficaram aqui de resto, e eis que _são_ como
toda a multidão dos israelitas que _já_ pereceram) e enviemol-os, e
vejamos.

14 Tomaram pois dois cavallos de carro; e o rei os enviou após o exercito
dos syros, dizendo: Ide, e vêde.

15 E foram após elles até ao Jordão, e eis que todo o caminho _estava_
cheio de vestidos e de aviamentos, que os syros, apressando-se, lançaram
fóra: e voltaram os mensageiros, e o annunciaram ao rei:

16 Então saiu o povo, e saqueou o arraial dos syros: e havia uma medida
de farinha por um siclo, e duas medidas de cevada por um siclo, conforme
[7] a palavra do Senhor.

17 E pozera o rei á porta o capitão em cuja mão se encostava; e o povo o
atropellou na porta, e morreu, como fallara o [8] homem de Deus, o que
fallou quando o rei descera a elle.

18 Porque _assim_ succedeu como o homem de Deus fallara ao rei dizendo:
Ámanhã, quasi a este tempo, [9] haverá duas medidas de cevada por um
siclo, e uma medida de farinha por um siclo, á porta de Samaria.

19 E aquelle capitão respondeu ao homem de Deus, e disse: Eis que ainda
que o Senhor fizesse janellas no céu, poder-se-hia isso fazer conforme
essa palavra? E elle disse: Eis que o verás com os teus olhos, porém
d’ahi não comerás.

20 E assim lhe succedeu, porque o povo o atropellou á porta, e morreu.

[1] ver. 18, 19.

[2] ver. 17, 19, 20. Mal. 3.10.

[3] Lev. 13.46.

[4] II Sam. 5.24. cap. 19.7. Job 15.21.

[5] I Reis 10.29.

[6] Pro. 28.1.

[7] ver. 1.

[8] ver. 2. cap. 6.32.

[9] ver. 1.



_A sunamita volta para a sua terra._

[Antes de Christo 885]

8 E fallou Eliseo áquella mulher cujo [1] filho vivificara, dizendo:
Levanta-te, e vae-te, tu e a tua familia, e peregrina onde poderes
peregrinar; porque o Senhor chamou [2] a fome, a qual tambem virá á terra
_por_ sete annos.

2 E levantou-se a mulher, e fez conforme a palavra do homem de Deus:
porque foi ella com a sua familia, e peregrinou na terra dos philisteos
sete annos.

3 E succedeu que, ao cabo dos sete annos, a mulher voltou da terra dos
philisteos, e saiu a clamar ao rei pela sua casa e pelas suas terras.

4 Ora o rei fallava [3] a Geazi, moço do homem de Deus, dizendo:
Conta-me, peço-te, todas as grandes obras que Eliseo tem feito.

5 E succedeu que, contando elle ao rei [4] como vivificara a um morto,
eis que a mulher cujo filho vivificara clamou ao rei pela sua casa e
pelas suas terras: então disse Geazi: Ó rei meu senhor, esta _é_ a
mulher, e este o seu filho a quem Eliseo vivificou.

6 E o rei perguntou á mulher, e ella lh’o contou: então o rei lhe deu um
eunucho, dizendo: Faze-_lhe_ restituir tudo quanto _era_ seu, e todas as
rendas das terras desde o dia em que deixou a terra até agora.


_Hazael mata a Benhadad._

7 Depois veiu Eliseo a Damasco, estando Benhadad, rei da Syria, doente; e
lh’o annunciaram, dizendo: O homem de Deus é chegado aqui.

8 Então o rei disse a [5] Hazael: Toma _um_ presente na tua mão, e vae
a encontrar-te com o homem de Deus; e pergunta [6] por elle ao Senhor,
dizendo: Hei de eu sarar d’esta doença?

9 Foi pois Hazael a encontrar-se com elle, e tomou _um_ presente na sua
mão, a saber: _de_ todo o bom de Damasco, quarenta camelos carregados; e
veiu, e se poz diante d’elle, e disse: Teu filho Benhadad, rei da Syria,
me enviou a ti, a dizer: Sararei eu d’esta doença?

10 E Eliseo lhe disse: Vae, e dize-lhe: Certamente não sararás. Porque o
Senhor me tem mostrado que [7] certamente morrerá.

11 E affirmou a sua vista, e fitou _os olhos_ n’elle até se envergonhar:
[8] e chorou o homem de Deus.

12 Então disse Hazael: Porque chora, meu senhor? E elle disse: Porque
sei o mal que [9] has de fazer aos filhos d’Israel: porás fogo ás suas
fortalezas, e os seus mancebos matarás á espada, e os seus meninos [10]
despedaçarás, e as suas prenhadas fenderás.

13 E disse Hazael: Pois que é teu servo, [11] que não é mais do que
um cão, para fazer tão grande coisa? E disse Eliseo: O Senhor me tem
mostrado [12] que tu _has de ser_ rei da Syria.

14 Então partiu de Eliseo, e veiu a seu senhor, o qual lhe disse: Que te
disse Eliseo? E disse elle: Disse-me _que_ certamente sararás.

15 E succedeu ao outro dia que tomou um cobertor, e o molhou na agua, e o
estendeu sobre o seu rosto, e morreu: e Hazael reinou em seu logar.


_O reinado de Jorão._

16 E no anno quinto de [13] Jorão, filho de Achab, rei de Israel,
reinando _ainda_ Josaphat em Judah, começou a reinar Jehorão, filho de
Josaphat, rei de Judah.

17 Era elle da edade de trinta [14] e dois annos quando começou a reinar,
e oito annos reinou em Jerusalem.

18 E andou no caminho dos reis d’Israel, como _tambem_ fizeram os da casa
de Achab, porque tinha por mulher a filha [15] de Achab, e fez o _que
parecia_ mal aos olhos do Senhor.

19 Porém o Senhor não quiz destruir a Judah por amor de David, seu servo,
[16] como lhe tinha dito que lhe daria para sempre uma lampada a seus
filhos.

20 Nos seus dias se rebellaram os [17] edomitas de debaixo do mando de
Judah, e [18] pozeram sobre si _um_ rei.

21 Pelo que Jehorão passou a Zair, e todos os carros com elle: e elle se
levantou de noite, e feriu os edomitas que estavam ao redor d’elle, e os
capitães dos carros; e o povo se foi para as suas tendas.

22 Todavia os edomitas ficaram rebeldes de debaixo do mando de Judah até
_ao dia de_ hoje: então _tambem_ se rebellou [19] Libna no mesmo tempo.

23 O mais dos successos de Jehorão, e tudo quanto fez, _porventura_ não
_está_ escripto no livro das chronicas de Judah?

24 E Jehorão dormiu com seus paes, e foi sepultado com seus paes na
cidade de David: [20] e Achazias, seu filho, reinou em seu logar.


_O reinado de Achazias._

25 No anno doze de Jorão, filho de Achab, rei d’Israel, começou a reinar
Achazias, filho de Jehorão, rei de Judah.

26 _Era_ Achazias [21] de vinte e dois annos de edade quando começou a
reinar, e reinou um anno em Jerusalem: e _era_ o nome de sua mãe Athalia,
filha de Omri, rei d’Israel.

27 E andou [22] no caminho da casa de Achab, e fez mal aos olhos do
Senhor, como a casa de Achab, porque _era_ genro da casa de Achab.

28 E foi com [23] Jorão, filho de Achab, a Ramoth de Gilead, á peleja
contra Hazael, rei da Syria; e os syros feriram a Jorão.

29 Então [24] se voltou o rei Jorão para se curar em Jizreel das feridas
que os syros lhe fizeram em Rama, quando pelejou contra Hazael, rei da
Syria; e desceu Achazias, [25] filho de Jehorão, rei de Judah, para ver a
Jorão, filho de Achab, em Jizreel, porquanto estava doente.

[1] cap. 4.35.

[2] Agg. 1.11.

[3] cap. 5.27.

[4] cap. 4.35.

[5] I Reis 19.15. I Sam. 9.7. I Reis 14.3. cap. 5.5.

[6] cap. 1.2.

[7] ver. 15.

[8] Luc. 19.41.

[9] cap. 10.32 e 12.17 e 13.3, 7. Amós 1.3.

[10] cap. 15.16. Ose. 13.16. Amós 1.13.

[11] I Sam. 17.43.

[12] I Reis 19.15.

[13] II Chr. 21.3, 4.

[14] II Chr. 21.5, etc.

[15] ver. 26.

[16] II Sam. 7.13. I Reis 11.36 e 15.4. II Chr. 21.7.

[17] Gen. 27.40. cap. 3.27. II Chr. 21.8, 9, 10.

[18] I Reis 22.47.

[19] II Chr. 21.10.

[20] II Chr. 22.1.

[21] II Chr. 22.2.

[22] II Chr. 22.3, 4.

[23] II Chr. 22.5.

[24] cap. 9.15.

[25] cap. 9.16. II Chr. 22.6, 7.



_Jehu é ungido rei de Israel e mata a Jorão e a Jezabel._

[Antes de Christo 884]

9 Então o propheta Eliseo chamou um dos filhos [1] dos prophetas, e lhe
disse: Cinge os teus lombos, e toma esta almotolia de azeite na tua mão,
e vae-te a Ramoth de Gilead;

2 E, chegando lá, vê onde está Jehu, filho de Josaphat, filho de Nimsi: e
entra, e faze que elle se levante do meio de seus irmãos, [2] e leva-o á
camara interior.

3 E toma [3] a almotolia de azeite, e derrama-o sobre a sua cabeça, e
dize: Assim diz o Senhor: Ungi-te rei sobre Israel. Então abre a porta, e
foge, e não te detenhas.

4 Foi pois o mancebo, o joven propheta, a Ramoth de Gilead.

5 E, entrando elle, eis que os capitães do exercito _estavam_ assentados
ali; e disse: Capitão, tenho _uma_ palavra que te dizer. E disse Jehu: A
qual de todos nós? E disse: A ti, capitão!

6 Então se levantou, e entrou na casa, e derramou o azeite sobre a sua
cabeça, e lhe disse: [4] Assim diz o Senhor Deus de Israel: Ungi-te rei
sobre o povo do Senhor, sobre Israel.

7 E ferirás a casa de Achab, teu senhor, para que eu vingue [5] o sangue
de meus servos, os prophetas, e o sangue de todos os servos do Senhor da
mão de Jezabel.

8 E toda a casa de Achab perecerá; [6] e destruirei d’Achab todo o varão,
tanto o encerrado como o desamparado em Israel.

9 Porque á casa d’Achab hei de fazer como á casa de Jeroboão, [7] filho
de Nebat, e como á casa de Baása, filho d’Ahias.

10 E os cães comerão a Jezabel no pedaço [8] de campo de Jizreel; não
_haverá_ quem _a_ enterre. Então abriu a porta, e fugiu.

11 E, saindo Jehu aos servos do seu senhor, disseram-lhe: Vae tudo bem?
porque veiu a ti [9] este louco? E elle lhes disse: Bem conheceis o homem
e o seu fallar.

12 Mas _elles_ disseram: É mentira; agora faze-nol-o saber. E disse:
Assim e assim me fallou, dizendo: Assim diz o Senhor: Ungi-te rei sobre
Israel.

13 Então se apressaram, e tomou cada [10] um o seu vestido, e o poz
debaixo d’elle, no mais alto degrau: e tocaram a buzina, e disseram: Jehu
reina!

14 Assim Jehu, filho de Josaphat, filho de Nimsi, conspirou contra Jorão.
Tinha porém Jorão cercado a Ramoth de Gilead, elle e todo o Israel, por
causa de Hazael, rei da Syria.

15 Porém o rei Jorão voltou [11] para se curar em Jizreel das feridas que
os syros lhe fizeram, quando pelejou contra Hazael, rei da Syria. E disse
Jehu: Se é da vossa vontade, ninguem saia da cidade, nem escape, para ir
denunciar _isto_ em Jizreel.

16 Então Jehu subiu a um carro, e foi-se a Jizreel, porque Jorão estava
deitado ali: e _tambem_ Achazias, [12] rei de Judah, descera para vêr a
Jorão.

17 E o atalaia estava na torre de Jizreel, e viu a tropa de Jehu, que
vinha, e disse: Vejo uma tropa. Então disse Jorão: Toma um cavalleiro, e
envia-lh’o ao encontro; e diga: Ha paz?

18 E o cavalleiro lhe foi ao encontro, e disse: Assim diz o rei: Ha paz?
E disse Jehu: Que tens tu que fazer com a paz? Vira-te para traz de mim.
E o atalaia o fez saber, dizendo: Chegou a elles o mensageiro, porém não
volta.

19 Então enviou outro cavalleiro; e, chegando este a elles, disse: Assim
diz o rei: Ha paz? E disse Jehu: Que tens tu que fazer com a paz? Vira-te
para traz de mim.

20 E o atalaia o fez saber, dizendo: _Tambem_ este chegou a elles, porém
não volta; e o andar parece como o andar de Jehu, filho de Nimsi, porque
anda furiosamente.

21 Então disse Jorão: Apparelha o carro. E apparelharam o seu carro. E
saiu Jorão, [13] rei de Israel, e Achazias, rei de Judah, cada um em seu
carro, e sairam ao encontro a Jehu, e o acharam no pedaço _de campo_ de
Naboth, o jizreelita.

22 E succedeu que, vendo Jorão a Jehu, disse: Ha paz, Jehu? E disse elle:
Que paz, emquanto as fornicações da tua mãe Jezabel e as suas feitiçarias
_são_ tantas?

23 Então Jorão voltou as mãos, e fugiu; e disse a Achazias: Traição _ha_,
Achazias.

24 Mas Jehu entesou o seu arco com toda a força, e feriu a Jorão entre os
braços, e a frecha lhe saiu pelo coração; e se encurvou no seu carro.

25 Então _Jehu_ disse a Bidkar, seu capitão: Toma-o, lança-o no pedaço
do campo de Naboth, o jizreelita; porque, lembra-te de que, indo eu e tu
juntos a cavallo após seu pae, Achab, [14] o Senhor poz sobre elle esta
carga, _dizendo_:

26 Por certo _que_ se eu não visse hontem á tarde o sangue de Naboth e o
sangue de seus filhos, diz o Senhor, tambem não t’o [15] pagaria n’este
pedaço _de campo_, diz o Senhor. Agora, pois, toma-o, e lança-o n’este
pedaço _de campo_, conforme a palavra do Senhor.

27 _O que_ vendo Achazias, rei de Judah, fugiu pelo caminho da casa do
jardim, porém Jehu seguiu após elle, e disse: Tambem feri a este no carro
á subida de Gur, que _está_ junto a Jibleam. E fugiu a [16] Megiddo, e
morreu ali.

28 E seus servos o levaram n’um carro a Jerusalem, e o sepultaram na sua
sepultura junto a seus paes, na cidade de David.

29 (E no anno undecimo de Jorão, filho d’Achab, começou Achazias a reinar
sobre Judah.)

30 E Jehu veiu a Jizreel, o que ouvindo Jezabel, se pintou em volta dos
olhos, [17] e enfeitou a sua cabeça, e olhou pela janella.

31 E, entrando Jehu pelas portas, disse ella: Teve paz Zimri, [18] que
matou a seu senhor?

32 E levantou elle o rosto para a janella e disse: Quem _é_ comigo? quem?
E dois ou tres eunuchos olharam para elle.

33 Então disse elle: Lançae-a _d’alto_ abaixo. E lançaram-a _d’alto_
abaixo: e foram salpicados com o seu sangue a parede e os cavallos, e
elle a atropellou.

34 Entrando elle pois, e havendo comido e bebido, disse: Olhae por
aquella maldita, e sepultae-a, [19] porque _é_ filha de rei.

35 E foram para a sepultar; porém não acharam d’ella senão _sómente_ a
caveira, e os pés, e as palmas das mãos.

36 Então voltaram, e lh’o fizeram saber; e elle disse: Esta _é_ a palavra
do Senhor, a qual fallou pelo ministerio de Elias, o tesbita, seu servo,
dizendo: No pedaço _do [20] campo_ de Jizreel os cães comerão a carne de
Jezabel.

37 E o cadaver de Jezabel será como esterco sobre o campo, no pedaço de
Jizreel: que se não possa dizer: Esta _é_ Jezabel.

[1] I Reis 20.35. cap. 4.29. Jer. 1.17. cap. 8.28, 29.

[2] ver. 5, 11.

[3] I Reis 19.16.

[4] I Reis 19.16. II Chr. 22.7.

[5] I Reis 18.4 e 21.15.

[6] I Reis 14.10 e 21.21. I Sam. 25.22. Deu. 32.36.

[7] I Reis 14.10 e 15.29 e 21.22. I Reis 16.3, 11.

[8] ver. 35, 36. I Reis 21.23.

[9] Jer. 29.26. João 10.20. Act. 26.24. I Cor. 4.10.

[10] Mat. 21.7.

[11] cap. 8.29.

[12] cap. 8.29.

[13] II Chr. 22.7.

[14] I Reis 21.29.

[15] I Reis 21.19.

[16] II Chr. 22.9.

[17] Eze. 23.40.

[18] I Reis 16.9-20.

[19] I Reis 16.31.

[20] I Reis 21.23.



_Jehu extermina a casa de Achab._

10 E Achab tinha setenta filhos em Samaria: e Jehu escreveu cartas, e
_as_ enviou a Samaria, aos chefes de Jizreel, aos anciãos, e aos aios de
Achab, dizendo:

2 Logo, em chegando a vós esta carta, pois estão comvosco os filhos
de vosso senhor, como tambem os carros, e os cavallos, e a cidade
fortalecida, e as armas,

3 Olhae pelo melhor e mais recto dos filhos de vosso senhor, o qual ponde
sobre o throno de seu pae, e pelejae pela casa de vosso senhor.

4 Porém elles temeram muitissimo, e disseram: Eis que dois reis não
_poderam_ parar diante d’elle; como pois poderemos nós resistir-lhe?

5 Então o que tinha cargo da casa, e o que tinha cargo da cidade, e os
anciãos, e os aios enviaram a Jehu, dizendo: Teus servos somos, e tudo
quanto nos disseres faremos; a ninguem poremos rei: faze o _que for_ bom
aos teus olhos.

6 Então segunda vez lhe escreveu outra carta, dizendo: Se sois meus,
e ouvirdes a minha voz, tomae as cabeças dos homens, filhos de vosso
senhor, e ámanhã, a este tempo vinde a mim a Jizreel (e os filhos do rei,
setenta homens, _estavam_ com os grandes da cidade, que os mantinham.)

7 Succedeu pois que, chegada a elles a carta, tomaram os filhos do rei, e
os mataram, setenta homens: e pozeram as [1] suas cabeças n’uns cestos, e
lh’as mandaram a Jizreel.

8 E um mensageiro veiu, e lhe annunciou dizendo: Trouxeram as cabeças dos
filhos do rei. E elle disse: Ponde-as em dois montões á entrada da porta,
até ámanhã.

9 E succedeu que pela manhã, saindo elle, parou, e disse a todo o povo:
Vós _sois_ justos: [2] eis que eu conspirei contra o meu senhor, e o
matei; mas quem feriu a todos estes?

10 Sabei _pois_ agora [3] que, da palavra do Senhor, que o Senhor fallou
contra a casa de Achab, nada cairá em terra, porque o Senhor tem feito o
que fallou [4] pelo ministerio de seu servo Elias.

11 Tambem Jehu feriu a todos os restantes da casa de Achab em Jizreel,
como tambem a todos os seus grandes, e os seus conhecidos, e seus
sacerdotes, até que nenhum lhe deixou ficar de resto.

12 Então se levantou e partiu, e foi a Samaria. E, estando no caminho, em
[KL] Beth-eked dos pastores,

13 Jehu achou [5] os irmãos de Achazias, rei de Judah, e disse: Quem
_sois_ vós? E elles disseram: Os irmãos de Achazias _somos_; e descemos a
saudar os filhos do rei e os filhos da rainha.

14 Então disse elle: Apanhae-os vivos. E elles os apanharam vivos, e os
mataram junto ao poço de Beth-eked, quarenta e dois homens; e a nenhum
d’elles deixou de resto.


_Jehu encontra a Jonadab e mata os servos de Baal._

15 E, partindo d’ali, encontrou a [6] Jonadab, filho de Recab, _que_ lhe
_vinha_ ao encontro, o qual saudou e lhe disse: Recto é o teu coração,
como o meu coração é com o teu coração? E disse Jonadab: É. Então se é,
dá-me [7] a mão. E deu-lhe a mão, e fel-o subir comsigo ao carro.

16 E disse: Vae comigo, e verás o meu zelo [8] para com o Senhor. E o
pozeram no seu carro.

17 E, chegando a Samaria, feriu [9] a todos os que ficaram de Achab em
Samaria, até que o destruiu, conforme a [10] palavra do Senhor, que
dissera a Elias,

18 E ajuntou Jehu a todo o povo, e disse-lhe: Pouco serviu [11] Achab a
Baal; Jehu _porém_ muito o servirá.

19 Pelo que chamae-me agora todos os prophetas de Baal, [12] todos os
seus servos e todos os seus sacerdotes; não falte nenhum, porque tenho
_um_ grande sacrificio a Baal; todo aquelle que faltar não viverá. Porém
Jehu fazia _isto_ com astucia, para destruir os servos de Baal.

20 Disse mais Jehu: Consagrae a Baal uma assembléa solemne. E a
apregoaram.

21 Tambem Jehu enviou por todo o Israel: e vieram todos os servos de
Baal, e nenhum homem _d’elles_ ficou que não viesse: e entraram na [13]
casa de Baal, e encheu-se a casa de Baal, d’um lado ao outro.

22 Então disse ao que tinha cargo das vestimentas: Tira as vestimentas
para todos os servos de Baal. E elle lhes tirou para fóra as vestimentas.

23 E entrou Jehu com Jonadab, filho de Recab, na casa de Baal, e disse
aos servos de Baal: Examinae, e vede _bem_, que porventura nenhum dos
servos do Senhor aqui haja comvosco, senão sómente os servos de Baal.

24 E, entrando _elles_ a fazerem sacrificios e holocaustos, Jehu preparou
da parte de fóra oitenta homens, e disse-_lhes_: Se escapar algum dos
homens que eu entregar em vossas mãos, a vossa vida [14] _será_ pela vida
d’elle.

25 E succedeu que, acabando de fazer o holocausto, disse Jehu aos da sua
guarda, e aos capitães: Entrae, feri-os, não escape nenhum. E os feriram
ao fio da espada; e os da guarda e os capitães _os_ lançaram fóra, e se
foram á cidade, á casa de Baal.

26 E tiraram [KM] as estatuas da casa de Baal, [15] e as queimaram.

27 Tambem quebraram a estatua de Baal: e derrubaram a casa de Baal, e
fizeram d’ella [16] latrinas, até _ao dia d’_hoje.

28 E _assim_ Jehu destruiu a Baal de Israel.

29 Porém não se apartou Jehu de seguir os peccados de Jeroboão, filho de
Nebat, que fez peccar a Israel, _a saber_: dos bezerros [17] d’oiro, que
_estavam_ em Bethel e em Dan.

30 Pelo que disse o Senhor a Jehu: Porquanto bem obraste em fazer o
_que é_ recto aos meus olhos _e_, conforme tudo quanto _eu tinha_ no
meu coração, se fizesse á casa de Achab, [18] teus filhos até á quarta
_geração_ se assentarão no throno de Israel.

31 Mas Jehu não teve cuidado de andar com todo o seu coração na lei do
Senhor Deus de Israel, nem se apartou dos peccados [19] de Jeroboão, que
fez peccar a Israel.

32 N’aquelles dias começou o Senhor a diminuir _os termos_ d’Israel; [20]
porque Hazael os feriu em todas as fronteiras d’Israel,

33 Desde o Jordão até ao nascente do sol, a toda a terra de Gilead; os
gaditas, e os rubenitas, e os manassitas, desde Aroer, que _está_ junto
ao ribeiro d’Arnon, _a saber_, Gilead, e [21] Basan.

34 Ora o mais dos successos de Jehu, e tudo quanto fez, e todo o seu
poder, _porventura_ não _está_ escripto no livro das chronicas d’Israel?

35 E Jehu dormiu com seus paes, e o sepultaram em Samaria: e Joachaz, seu
filho, reinou em seu logar.

36 E os dias que Jehu reinou sobre Israel em Samaria _foram_ vinte e oito
annos.

[1] I Reis 21.21.

[2] cap. 9.14, 24.

[3] I Sam. 3.19.

[4] I Reis 21.19, 29.

[5] cap. 8.29. II Chr. 22.8.

[6] Jer. 35.6, etc. I Chr. 2.55.

[7] Esd. 10.19.

[8] I Reis 19.10.

[9] cap. 9.8. II Chr. 22.8.

[10] I Reis 21.21.

[11] I Reis 16.31, 32.

[12] I Reis 22.6.

[13] I Reis 16.32.

[14] I Reis 20.39.

[15] I Reis 14.23.

[16] Esd. 6.11. Dan. 2.5 e 3.29.

[17] I Reis 12.28, 29.

[18] ver. 35. cap. 13.1, 10 e 14.23 e 15.8, 12.

[19] I Reis 14.16.

[20] cap. 8.12.

[21] Amós 1.3.



_Athalia manda matar a familia real—Joás escapa e é ungido rei._

[Antes de Christo 878]

11 Vendo pois Athalia, [1] mãe de Achazias, que seu filho era morto,
levantou-se, e destruiu toda a semente real.

2 Mas Josebath, filha do rei Jorão, irmã de Achazias, tomou a Joás, filho
de Achazias, e o furtou d’entre os filhos do rei, aos quaes matavam, _e o
poz_, a elle e á sua ama na recamara, e o escondeu d’Athalia, e _assim_
não o mataram.

3 E esteve com ella escondido na casa do Senhor seis annos: e Athalia
reinava sobre a terra.

4 E no setimo [2] anno enviou Joiada, e tomou os centuriões, com os
capitães, e com os da guarda, e os metteu comsigo na casa do Senhor: e
fez com elles um concerto e os ajuramentou na casa do Senhor, e lhes
mostrou o filho do rei.

5 E deu-lhes ordem, dizendo: Esta _é_ a obra que vós haveis de fazer: uma
terça parte de vós, que entra no sabbado, fará a guarda da casa do rei:

6 E _outra_ terça parte _estará_ á porta Sur; e a _outra_ terça parte
á porta detraz [3] dos da guarda: assim fareis a guarda d’esta casa,
affastando _a todos_.

7 E as duas partes de vós, _a saber_, todos os que saem no sabbado, farão
a guarda da casa do Senhor junto ao rei.

8 E rodeareis o rei, cada um com as suas armas nas mãos, e aquelle que
entrar entre as fileiras o matarão; e vós estareis com o rei quando sair
e quando entrar.

9 Fizeram pois os centuriões [4] conforme tudo quanto ordenara o
sacerdote Joiada, tomando cada um os seus homens, tanto aos que entravam
no sabbado como aos que sahiam no sabbado; e vieram ao sacerdote Joiada.

10 E o sacerdote deu aos centuriões as lanças, e os escudos que haviam
sido do rei David, que _estavam_ na casa do Senhor.

11 E os da guarda se pozeram, cada um com as armas na mão, desde o lado
direito da casa até ao lado esquerdo da casa, da banda do altar, e da
banda da casa, junto ao rei em redor.

12 Então elle tirou o filho do rei, e lhe poz a corôa, e _lhe deu_ o
testemunho; e o fizeram rei, e o ungiram, e bateram as mãos, e disseram:
[5] Viva o rei!

13 E Athalia, ouvindo [6] a voz dos da guarda _e_ do povo, entrou ao povo
na casa do Senhor.

14 E olhou, e eis que o rei estava junto á columna, conforme o [7]
costume, e os capitães e as trombetas junto ao rei, e todo o povo da
terra estava alegre e tocava as trombetas: então Athalia rasgou os seus
vestidos, e clamou: Traição! Traição!

15 Porém o sacerdote Joiada deu ordem aos centuriões que commandavam as
tropas, e disse-lhes: Tirae-a para fóra das fileiras, e a quem a seguir
matae-o á espada. Porque o sacerdote disse: Não a matem na casa do Senhor.

16 E lançaram-lhe as mãos a ella, e foi pelo caminho da entrada dos
cavallos á casa do rei, e ali a mataram.

17 E Joiada [8] fez um concerto entre o Senhor e o rei e o povo, que
seria o povo do Senhor; como tambem entre o rei e o povo.

18 Então todo o povo da terra entrou na casa de [9] Baal, e a derribaram,
como tambem os seus altares, e as suas imagens totalmente quebraram, e a
Mattan, sacerdote de Baal, mataram perante os altares: então o sacerdote
poz officiaes sobre a casa do Senhor.

19 E tomou os centuriões, e os capitães, e os da guarda, e todo o povo da
terra: e conduziram da casa do Senhor o rei, e vieram, pelo caminho da
porta dos da guarda, á casa do rei, e se assentou no throno dos reis.

20 E todo o povo da terra se alegrou, e a cidade repousou, depois que
mataram a Athalia á espada _junto_ á casa do rei.

21 _Era_ Joás da edade de sete annos quando o fizeram rei.

[1] II Chr. 22.10. cap. 8.26.

[2] II Chr. 23.1, etc.

[3] I Chr. 9.2, 5.

[4] II Chr. 23.8.

[5] I Sam. 10.24.

[6] II Chr. 23.12, etc.

[7] cap. 23.3. II Chr. 34.31.

[8] II Chr. 23.16. II Sam. 5.3.

[9] cap. 10.26. Deu. 12.3. II Chr. 23.17, 18, etc.



_Joás manda reparar o templo._

[Antes de Christo 856]

12 No anno setimo de Jehu começou a reinar [1] Joás, e quarenta annos
reinou em Jerusalem: e _era_ o nome de sua mãe Zibia, de Berseba.

2 E fez Joás o _que era_ recto aos olhos do Senhor todos os dias em que o
sacerdote Joiada o dirigia.

3 Tão sómente os [2] altos se não tiraram: _porque_ ainda o povo
sacrificava e queimava incenso nos altos.

4 E disse Joás aos sacerdotes: Todo o dinheiro [3] das coisas sanctas que
se trouxer á casa do Senhor, _a saber_, o dinheiro d’aquelle que passa
_o arrolamento_, o dinheiro de cada uma das pessoas, _segundo_ a sua
avaliação, _e_ todo o dinheiro que trouxer cada um voluntariamente [4]
para a casa do Senhor,

5 Os sacerdotes o recebam, cada um dos seus conhecidos; e elles reparem
as [KN] quebraduras da casa, segundo toda a quebradura que se achar
n’ella.

6 Succedeu porém que, no anno vinte e tres do rei Joás, os sacerdotes
_ainda_ [5] não tinham reparado as quebraduras da casa.

7 Então o rei Joás chamou [6] o sacerdote Joiada e os _mais_ sacerdotes,
e lhes disse: Porque não reparaes as quebraduras da casa? Agora, pois,
não tomeis _mais_ dinheiro de vossos conhecidos, mas dae-o pelas
quebraduras da casa.

8 E consentiram os sacerdotes em não tomarem _mais_ dinheiro do povo, nem
em repararem as quebraduras da casa.

9 Porem o sacerdote Joiada tomou uma [KO] arca, [7] e fez um buraco na
tampa; e a poz ao pé do altar, á mão direita dos que entravam na casa do
Senhor: e os sacerdotes que guardavam a entrada da porta mettiam ali todo
o dinheiro que se trazia á casa do Senhor.

10 Succedeu pois que, vendo elles que já havia muito dinheiro na arca,
o escrivão do rei subia com o summo sacerdote, e contavam e ensacavam o
dinheiro que se achava na casa do Senhor.

11 E o dinheiro, depois de pesado, davam nas mãos dos que faziam a obra,
que tinham a seu cargo a casa do Senhor: e elles o distribuiam aos
carpinteiros, e aos edificadores que reparavam a casa do Senhor;

12 Como tambem aos pedreiros e aos cabouqueiros, e para se comprar
madeira e pedras de cantaria para repararem as quebraduras da casa do
Senhor, e para tudo quanto para a casa se dava para _a_ repararem.

13 Todavia, do [8] dinheiro que se trazia á casa do Senhor não se faziam
_nem_ taças de prata, _nem_ garfos, _nem_ bacias, _nem_ trombetas, _nem_
nenhum vaso de oiro ou vaso de prata para a casa do Senhor.

14 Porque o davam aos que faziam a obra, e reparavam com elle a casa do
Senhor.

15 Tambem não pediam contas [9] aos homens em cujas mãos entregavam
aquelle dinheiro, para o dar aos que faziam a obra, porque obravam com
fidelidade.

16 _Mas_ o dinheiro de sacrificio por delictos, e o dinheiro [10] por
sacrificio de peccados, se não trazia á casa do Senhor; _porém_ era para
os sacerdotes.

17 Então subiu Hazael, [11] rei da Syria, e pelejou contra Gath, e a
tomou: depois Hazael fez rosto a marchar contra Jerusalem.

18 Porém Joás, rei de Judah, tomou todas [12] as coisas sanctas que
Josaphat, e Jorão, e Achazias, seus paes, reis de Judah, consagraram,
como tambem todo o oiro que se achou nos thesouros da casa do Senhor e na
casa do rei: e o mandou a Hazael, rei da Syria; e _então_ se retirou de
Jerusalem.

19 Ora o mais dos successos de Joás, e tudo quanto fez _mais_,
_porventura_ não _está_ escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

20 E levantaram-se os [13] seus servos, e conspiraram _contra elle_: e
feriram a Joás na casa de Millo, que desce para Silla.

21 Porque Jozacar, [14] filho de Simeath, e Jozabad, filho de Somer, seus
servos, o feriram, e morreu, e o sepultaram com seus paes na cidade de
David: e Amasias, [15] seu filho, reinou em seu logar.

[1] II Chr. 24.1.

[2] I Reis 15.14 e 22.43. cap. 14.4.

[3] cap. 22.4. Exo. 30.13.

[4] Exo. 35.5. I Chr. 29.9.

[5] II Chr. 24.5.

[6] II Chr. 24.6.

[7] II Chr. 24.8, etc.

[8] II Chr. 24.14.

[9] cap. 22.7.

[10] Lev. 5.15, 18. Lev. 7.7. Num. 18.9.

[11] cap. 8.12. II Chr. 24.23.

[12] I Reis 15.18. cap. 18.15, 16.

[13] cap. 14.5. II Chr. 24.25.

[14] II Chr. 24.26.

[15] II Chr. 24.27.



_Joachaz e Jehoás, reis de Israel._

[Antes de Christo 839]

13 No anno vinte e tres de Joás, filho d’Achazias, rei de Judah, começou
a reinar Joachaz, filho de Jehu, sobre Israel, em Samaria, e reinou
dezesete annos.

2 E fez o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor; porque seguiu os
peccados de Jeroboão, filho de Nebat, que fez peccar a Israel; não se
apartou d’elles.

3 Pelo que a ira [1] do Senhor se accendeu contra Israel: e deu-os na mão
de Hazael, rei da Syria, e na mão de Ben-hadad, filho de Hazael, todos
aquelles dias.

4 Porém Joachaz supplicou diante da face do Senhor: [2] e o Senhor o
ouviu; pois viu a oppressão de Israel, porque os opprimia o rei da Syria.

5 E o Senhor deu um salvador a Israel, [3] e sairam de debaixo das mãos
dos syros: e os filhos de Israel habitaram nas suas tendas, como d’antes.

6 (Comtudo não se apartaram dos peccados da casa de Jeroboão, que fez
peccar a Israel; _porém_ elle andou n’elles: e tambem o bosque ficou em
pé [4] em Samaria.)

7 Porque não deixou a Joachaz _mais_ povo, senão _só_ cincoenta
cavalleiros, e dez carros, e dez mil homens de pé: porquanto o rei
da Syria os tinha destruido e os tinha feito como [5] o pó, [KP]
trilhando-_os_.

8 Ora o mais dos successos de Joachaz, e tudo quanto fez _mais_, e o seu
poder, _porventura_ não _está_ escripto no livro das chronicas dos reis
de Israel?

9 E Joachaz dormiu com seus paes, e o sepultaram em Samaria: e Jehoás,
seu filho, reinou em seu logar.

10 No anno trinta e sete de Joás, rei de Judah, começou a reinar Jehoás,
filho de Joachaz, sobre Israel, em Samaria, _e reinou_ dezeseis annos.

11 E fez o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor: não se apartou de
nenhum dos peccados de Jeroboão, filho de Nebat, que fez peccar a Israel,
_porém_ andou n’elles.

12 Ora [6] o mais dos successos de Jehoás, e tudo quanto fez _mais_, e o
seu poder, com que pelejou contra Amasias, rei de Judah, _porventura_ não
_está_ escripto no livro das chronicas dos reis de Israel?

13 E Jehoás dormiu com seus paes, e Jeroboão se assentou no seu throno: e
Jehoás foi sepultado em Samaria, junto aos reis de Israel.


_Eliseo adoece e Jehoás vem ter com elle._

14 E Eliseo estava doente da sua doença de que morreu: e Jehoás, rei de
Israel, desceu a elle, e chorou sobre o seu rosto, e disse: Meu pae, meu
pae, o carro de Israel, [7] e seus cavalleiros!

15 E Eliseo lhe disse: Toma um arco e frechas. E tomou um arco e frechas.

16 Então disse ao rei de Israel: Põe a tua mão sobre o arco. E poz _sobre
elle_ a sua mão; e Eliseo poz as suas mãos sobre as mãos do rei.

17 E disse: Abre a janella para o oriente. E abriu-a. Então disse Eliseo:
Atira. E atirou; e disse: A frecha do livramento do Senhor é a frecha do
livramento contra os syros; porque ferirás os syros em [8] Afek, até _os_
consumir.

18 Disse mais: Toma as frechas. E tomou-_as_. Então disse ao rei de
Israel: Fere a terra. E feriu-a tres vezes, e cessou.

19 Então o homem de Deus se indignou muito contra elle, e disse: Cinco
ou seis vezes a deverias ter ferido: então feririas os syros até os
consumir: porém agora [9] _só_ tres vezes ferirás os syros.


_A morte de Eliseo._

[Antes de Christo 842]

20 Depois morreu Eliseo, e o sepultaram. Ora as tropas dos moabitas
invadiram a terra á entrada do anno.

21 E succedeu _que_, enterrando elles um homem, eis que viram uma tropa,
e lançaram o homem na sepultura de Eliseo: e, caindo _n’ella_ o homem, e
tocando os ossos de Eliseo, reviveu, e se levantou sobre os seus pés.

22 E Hazael, [10] rei da Syria, opprimiu a Israel todos os dias de Jehoás.

23 Porém o Senhor teve [11] misericordia d’elles, e se compadeceu
d’elles, e tornou para elles, por amor do seu concerto em Abrahão, Isaac
e Jacob: e não os quiz destruir, e não os lançou ainda da sua presença.

24 E morreu Hazael, rei da Syria: e Ben-hadad, seu filho, reinou em seu
logar.

25 E Jehoás, filho de Joachaz, tornou a tomar as cidades das mãos de
Ben-hadad, que elle tinha tomado das mãos de Joachaz, seu pae, na guerra:
tres vezes Jehoás [12] o feriu, e recuperou as cidades de Israel.

[1] Jui. 2.14. cap. 8.12.

[2] Exo. 3.7. cap. 14.26.

[3] ver. 25. cap. 14.25, 27.

[4] I Reis 16.33.

[5] Amós 1.3.

[6] cap. 14.15. ver. 14, 25. cap. 14.9, etc. II Chr. 25.17, etc.

[7] cap. 2.12.

[8] I Reis 20.26.

[9] ver. 25.

[10] cap. 8.12.

[11] cap. 14.27. Exo. 2.24, 25. Exo. 32.13.

[12] ver. 18, 19.



_Amasias mata os matadores de seu pae._

[Antes de Christo 839]

14 No segundo [1] anno de Jehoás, filho de Joachaz, rei de Israel,
começou a reinar Amasias, filho de Joás, rei de Judah.

2 Tinha vinte e cinco annos quando começou a reinar, e vinte e nove annos
reinou em Jerusalem. E era o nome de sua mãe Joaddan, de Jerusalem.

3 E fez o _que era_ recto aos olhos do Senhor, ainda que não como seu pae
David: fez _porém_ conforme tudo o que fizera Joás seu pae.

4 Tão sómente [2] os altos se não tiraram; _porque_ ainda o povo
sacrificava e queimava incenso nos altos.

5 Succedeu pois que, sendo já o reino confirmado na sua mão, matou os
seus servos que tinham [3] morto o rei seu pae.

6 Porém os filhos dos matadores não matou, como está escripto no livro da
lei de Moysés, no qual o Senhor deu ordem, dizendo: [4] Não matarão os
paes por causa dos filhos, e os filhos não matarão por causa dos paes;
mas cada um será morto pelo seu peccado.

7 Este feriu a [5] dez mil edomitas no valle do Sal, e tomou a Sela na
guerra: e chamou o seu nome Jocteel, até _ao dia d’_hoje.

8 Então Amasias, enviou [6] mensageiros a Jehoás, filho de Joachaz, filho
de Jehu, rei de Israel, dizendo: Vem, vejamo-nos cara a cara.

9 Porém Jehoás, rei de Israel, enviou a Amasias, rei de Judah, dizendo:
O cardo que _está_ no Libano enviou [7] ao cedro que _está_ no Libano,
dizendo: Dá tua filha por mulher a meu filho: mas os animaes do campo,
que eram no Libano, passaram e pizaram o cardo.

10 Na verdade feriste os moabitas, e o teu coração [8] se ensoberbeceu:
gloria-te _d’isso_, e fica em tua casa; e porque te entremetterias no
mal, para caires tu, e Judah comtigo?

11 Mas Amasias não o ouviu; e subiu Jehoás, rei de Israel, e Amasias, rei
de Judah, e viram-se cara a cara, [9] em Beth-semes, que _está_ em Judah.

12 E Judah foi ferido diante de Israel, e fugiu cada um para as suas
tendas.

13 E Jehoás, rei de Israel, tomou a Amasias, rei de Judah, filho de
Joás, filho de Achazias, em Beth-semes: e veiu a Jerusalem, e rompeu o
muro [10] de Jerusalem, desde a porta de Ephraim até á porta da esquina,
quatrocentos covados.

14 E tomou todo o oiro [11] e a prata, e todos os vasos que se acharam na
casa do Senhor e nos thesouros da casa do rei, como tambem os refens: e
voltou para Samaria.

15 Ora [12] o mais dos successos de Jehoás, o que fez, e o seu poder,
e como pelejou contra Amasias, rei de Judah, _porventura_ não _está_
escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel?

16 E dormiu Jehoás com seus paes, e foi sepultado em Samaria, junto aos
reis d’Israel: e Jeroboão, seu filho, reinou em seu logar.

17 E viveu Amasias, [13] filho de Jehoás, rei de Judah, depois da morte
de Jehoás, filho de Joachaz, rei d’Israel, quinze annos.

18 Ora o mais dos successos de Amasias, _porventura_ não _está_ escripto
no livro das chronicas dos reis de Judah?

19 E conspiraram contra elle [14] em Jerusalem, e fugiu para Lachis;
porém enviaram após elle até Lachis, e o mataram ali.

20 E o trouxeram em cima de cavallos: e o sepultaram em Jerusalem, junto
a seus paes, na cidade de David.

21 E todo o povo de Judah tomou a Azarias, [15] que _já era_ de dezeseis
annos, e o fizeram rei em logar de Amasias, seu pae.

22 Este edificou a [16] Elath, e a restituiu a Judah, depois que o rei
dormiu com seus paes.


_O reinado de Jeroboão II._

[Antes de Christo 826]

23 No decimo quinto anno de Amasias, filho de Joás, rei de Judah, começou
a reinar em Samaria, Jeroboão, filho de Jehoás rei de Israel _e reinou_
quarenta e um annos.

24 E fez o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor: nunca se apartou de
nenhum dos peccados de Jeroboão, filho de Nebat, que fez peccar a Israel.

25 Tambem este restituiu [17] os termos d’Israel, desde a entrada de
Hamath até ao mar da planicie: conforme a palavra do Senhor, Deus
d’Israel, a qual fallara pelo ministerio de seu servo [18] Jonas, filho
do propheta Amithai, o qual _era_ de Gath-hepher.

26 Porque viu [19] o Senhor _que_ a miseria d’Israel _era_ mui amarga, e
_que_ nem havia encerrado, nem desamparado, nem quem ajudasse a Israel.

27 E _ainda_ [20] não fallara o Senhor em apagar o nome d’Israel de
debaixo do céu; porém os livrou por mão de Jeroboão, filho de Joás.

28 Ora o mais dos successos de Jeroboão, tudo quanto fez, e seu poder,
como pelejou, e como [21] restituiu a Damasco e a Hamath, _pertencentes_
a Judah, _sendo_ rei em Israel, _porventura_ não _está_ escripto no livro
das chronicas de Israel?

29 E Jeroboão dormiu com seus paes, com os reis de Israel: [22] e
Zacharias, seu filho, reinou em seu logar.

[1] cap. 13.10. II Chr. 25.1.

[2] cap. 12.3.

[3] cap. 12.20.

[4] Deu. 24.16. Eze. 18.4, 20.

[5] II Chr. 25.11. II Sam. 8.13. Jos. 15.38.

[6] II Chr. 25.17, 18, etc.

[7] Jui. 9.8. I Reis 4.33.

[8] Deu. 8.14. II Chr. 32.25. Eze. 28.2, 5, 17. Hab. 2.4.

[9] Jos. 19.38 e 21.16.

[10] Neh. 8.16 e 12.33. Jer. 31.38. Zac. 14.10.

[11] I Reis 7.51.

[12] cap. 13.12.

[13] II Chr. 25.25, etc.

[14] II Chr. 25.27. Jos. 10.31.

[15] cap. 15.13. II Chr. 26.1.

[16] cap. 16.6. II Chr. 26.2.

[17] Num. 13.21 e 34.8. Deu. 3.17.

[18] Jon. 1.1. Mat. 12.39, 40. Jos. 19.13.

[19] cap. 13.4. Deu. 32.36.

[20] cap. 13.5.

[21] II Sam. 8.6. I Reis 11.24. II Chr. 8.3.

[22] cap. 15.8.



_Azarias, rei de Judah._

[Antes de Christo 824]

15 No anno vinte e sete de Jeroboão, rei d’Israel, começou a reinar
Azarias, [1] filho d’Amasias, rei de Judah.

2 Tinha dezeseis annos quando começou a reinar, e cincoenta e dois annos
reinou em Jerusalem: e _era_ o nome de sua mãe Jecolia, de Jerusalem.

3 E fez o _que era_ recto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera
Amasias, seu pae.

4 Tão [2] sómente os altos se não tiraram: _porque_ ainda o povo
sacrificava e queimava incenso nos altos.

5 E o Senhor feriu [3] o rei, e ficou leproso até ao dia da sua morte; e
habitou n’uma casa separada: porém Jothão, filho do rei, tinha o cargo da
casa, julgando o povo da terra.

6 Ora o mais dos successos de Azarias, e tudo o que fez, _porventura_ não
_está_ escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

7 E Azarias dormiu com seus paes, e o sepultaram [4] junto a seus paes,
na cidade de David: e Jothão, seu filho, reinou em seu logar.


_Zacharias reina seis mezes._

[Antes de Christo 758]

8 No anno trinta e oito d’Azarias, rei de Judah, reinou Zacharias, filho
de Jeroboão, sobre Israel, em Samaria, seis mezes.

9 _E_ fez o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor, como tinham feito seus
paes; nunca se apartou dos peccados de Jeroboão, filho de Nebat, que fez
peccar a Israel.

10 E Sallum, filho de Jabés, conspirou contra elle e o feriu diante do
povo, [5] e o matou; e reinou em seu logar.

11 Ora o mais dos successos de Zacharias, eis que _está_ escripto no
livro das chronicas dos reis de Israel.

12 Esta _foi_ a palavra do Senhor, que fallou a [6] Jehu, dizendo: Teus
filhos, até á quarta _geração_, se assentarão sobre o throno d’Israel. E
assim foi.


_Sallum reina em Samaria um mez._

13 Sallum, filho de Jabés, começou a reinar no anno trinta e nove de
Uzias, [7] rei de Judah: e reinou um mez inteiro em Samaria.

14 Porque Menahem, [8] filho de Gadi, subiu de Tirza, e veiu a Samaria;
e feriu a Sallum, filho de Jabés, em Samaria, e o matou, e reinou em seu
logar.

15 Ora o mais dos successos de Sallum, e a conspiração que fez, eis que
_está_ escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel.

16 Então Menahem feriu a [9] Tiphsah, e a todos os que n’ella _havia_,
como tambem a seus termos desde Tirza, porque não _lhe_ tinham aberto; e
os feriu pois, [10] _e_ a todas as mulheres gravidas fendeu pelo meio.


_Menahem reina sobre Israel._

17 Desde o anno trinta e nove de Azarias, rei de Judah, Menahem, filho de
Gadi, começou a reinar sobre Israel, e reinou dez annos em Samaria.

18 E fez o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor: todos os seus dias se
não apartou dos peccados de Jeroboão, filho de Nebat, que fez peccar a
Israel.

19 _Então_ veiu Pul, [11] rei d’Assyria, contra a terra: e Menahem deu a
Pul mil talentos de prata, para que a sua mão fosse com elle, [12] a fim
de firmar o reino na sua mão.

20 E Menahem tirou este dinheiro d’Israel, de todos os poderosos e
ricos, para o dar ao rei da Assyria, por cada homem cincoenta siclos de
prata: assim voltou o rei d’Assyria, e não ficou ali na terra.

21 Ora o mais dos successos de Menahem, e tudo quanto fez, _porventura_
não _está_ escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel?

22 E Menahem dormiu com seus paes: e Pekaia, seu filho, reinou em seu
logar.


_Pekaia rei de Israel._

[Antes de Christo 771]

23 No anno cincoenta de Azarias, rei de Judah, começou a reinar Pekaia,
filho de Menahem, e reinou sobre Israel, em Samaria, dois annos.

24 E fez o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor: nunca se apartou dos
peccados de Jeroboão, filho de Nebat, que fez peccar a Israel.

25 E Peka, filho de Remalias, seu capitão, conspirou contra elle, e o
feriu em Samaria, no paço da casa do rei, juntamente com Argob e com
Arieh, e com elle cincoenta homens dos filhos dos gileaditas: e o matou,
e reinou em seu logar.

26 Ora o mais dos successos de Pekaia, e tudo quanto fez, eis que _está_
escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel.

27 No anno cincoenta e dois de Azarias, rei de Judah, começou a reinar
Peka, [13] filho de Remalias, e reinou sobre Israel, em Samaria, vinte
annos.

28 E fez o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor: nunca se apartou dos
peccados de Jeroboão, filho de Nebat, que fez peccar a Israel.

29 Nos dias de Peka, rei de Israel, veiu Tiglath-pileser, [14] rei
d’Assyria, e tomou a Ijon, e a Abel-beth-maaca, e a Janoah, e a Kedes,
e a Hasor, e a Gilead, e a Galilea, e a toda a terra de Naphtali, e os
levou a Assyria.

30 E Hoseas, filho de Ela, conspirou contra Peka, filho de Remalias, e
o feriu, e o matou, e reinou em seu logar, no vigesimo anno de Jothão,
filho de Uzias.

31 Ora o mais dos successos de Peka, e tudo quanto fez, eis que _está_
escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel.


_Jothão rei de Judah._

32 No anno segundo de Peka, filho de Remalias, rei d’Israel, começou a
reinar Jothão, [15] filho de Uzias, rei de Judah.

33 Tinha vinte e cinco annos de edade quando começou a reinar, e reinou
dezeseis annos em Jerusalem: e _era_ o nome de sua mãe Jerusa, filha de
Zadok.

34 E fez o _que era_ recto aos olhos do Senhor: [16] fez conforme tudo
quanto fizera seu pae Uzias.

35 Tão sómente os altos se não tiraram; _porque_ ainda o povo sacrificava
e queimava incenso nos altos: [17] este edificou a porta alta da casa do
Senhor.

36 Ora o mais dos successos de Jothão, e tudo quanto fez, _porventura_
não _está_ escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

37 N’aquelles dias começou o Senhor a enviar contra Judah, [18] a Resin,
rei da Syria, e a Peka, filho de Remalias.

38 E Jothão dormiu com seus paes, e foi sepultado junto a seus paes, na
cidade de David, seu pae: e Achaz, seu filho, reinou em seu logar.

[1] cap. 14.21. II Chr. 26.1, 3, 4.

[2] ver. 35. cap. 12.3 e 14.4.

[3] II Chr. 26.19-21. Lev. 13.46.

[4] II Chr. 26.23.

[5] Amós 7.9.

[6] cap. 10.30.

[7] Mat. 1.8, 9.

[8] I Reis 14.17.

[9] I Reis 4.24.

[10] cap. 8.12.

[11] I Chr. 5.26. Isa. 9.1. Ose. 8.9.

[12] cap. 14.5.

[13] Isa. 7.1.

[14] I Chr. 5.26. Isa. 9.1. I Reis 15.20.

[15] II Chr. 27.1.

[16] ver. 3.

[17] II Chr. 27.3, etc.

[18] cap. 16.5. Isa. 7.1. ver. 27.



_Achaz, rei de Judah._

[Antes de Christo 758]

16 No anno dezesete de Peka, filho de Remalias, começou a reinar Achaz,
[1] filho de Jothão, rei de Judah.

2 Tinha Achaz vinte annos de edade quando começou a reinar, e reinou
dezeseis annos em Jerusalem, e não fez o _que era_ recto aos olhos do
Senhor seu Deus, como David, seu pae.

3 Porque andou no caminho dos reis de Israel: [2] e até a seu filho fez
passar pelo fogo, segundo as abominações dos gentios que o Senhor lançára
fóra de diante dos filhos de Israel.

4 Tambem sacrificou, e queimou incenso nos altos [3] e nos outeiros, como
tambem debaixo de todo o arvoredo.

5 Então subiu [4] Resin, rei da Syria, com Peka, filho de Remalias, rei
de Israel, a Jerusalem, á peleja; e cercaram a Achaz, porém não o poderam
vencer.

6 N’aquelle mesmo tempo Resin, rei da Syria, [5] restituiu Elath á Syria,
e lançou fóra de Elath os judeus: e os syros vieram a Elath, e habitaram
ali até ao _dia d’_hoje.

7 E Achaz enviou mensageiros [6] a Tiglath-pileser, rei da Assyria,
dizendo: Eu _sou_ teu servo e teu filho; sobe, e livra-me das mãos do rei
da Syria, e das mãos do rei de Israel, que se levantam contra mim.

8 E tomou Achaz [7] a prata e o oiro que se achou na casa do Senhor e nos
thesouros da casa do rei, e mandou _um_ presente ao rei da Assyria.

9 E o rei da Assyria lhe deu ouvidos; pois o rei da Assyria [8] subiu
contra Damasco, e tomou-a, e levou-os presos a Kir, e matou a Resin.


_O altar de Damasco._

[Antes de Christo 740]

10 Então o rei Achaz foi a Damasco, a encontrar-se com Tiglath-pileser,
rei da Assyria, e, vendo um altar que _estava_ em Damasco, o rei Achaz
enviou ao sacerdote Urias a similhança do altar, e o modelo, conforme
toda a sua feição.

11 E Urias, o sacerdote, edificou um altar conforme tudo o que o
rei Achaz tinha ordenado de Damasco; assim o fez o sacerdote Urias,
entretanto que o rei Achaz viesse de Damasco.

12 Vindo pois o rei de Damasco, o rei viu o altar; e o rei se chegou ao
altar, [9] e sacrificou n’elle.

13 E queimou o seu holocausto, e a sua offerta de manjares, e derramou a
sua libação: e espargiu o sangue dos seus sacrificios pacificos n’aquelle
altar.

14 Porém o altar [10] de cobre, que _estava_ perante o Senhor, tirou de
diante da casa, de entre o seu altar e a casa do Senhor, e pôl-o ao lado
do _seu_ altar, da banda do norte.

15 E o rei Achaz mandou a Urias o sacerdote, dizendo: [11] No grande
altar queima o holocausto de pela manhã, como tambem a offerta de
manjares de noite, e o holocausto do rei, e a sua offerta de manjares,
e o holocausto de todo o povo da terra, a sua offerta de manjares, e as
suas offertas de bebida e todo o sangue dos holocaustos, e todo o sangue
dos sacrificios espargirás n’elle; porém o altar de cobre será para mim,
para inquirir _d’elle_.

16 E fez Urias, o sacerdote, conforme tudo quanto o rei Achaz lhe
ordenara.

17 E o rei [12] Achaz cortou as cintas das bases, e de cima d’ellas tomou
a pia, e o mar tirou de sobre os bois de cobre, que _estavam_ debaixo
d’elle, e pôl-o sobre um soalho de pedra.

18 Tambem a coberta do sabbado, que edificaram na casa, e a entrada de
fóra do rei, retirou da casa do Senhor, por causa do rei da Assyria.

19 Ora o mais dos successos de Achaz, e o que fez, _porventura_ não
_está_ escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

20 E dormiu Achaz com seus paes, [13] e foi sepultado junto a seus paes,
na cidade de David: e Ezequias, seu filho, reinou em seu logar.

[1] II Chr. 28.1, etc.

[2] Lev. 18.21. II Chr. 28.3. Deu. 12.31.

[3] Deu. 12.2. I Reis 14.23.

[4] Isa. 7.1, 4, etc.

[5] cap. 14.22.

[6] cap. 15.29.

[7] cap. 12.18. II Chr. 28.21.

[8] Amós 1.5.

[9] II Chr. 26.16, 19.

[10] II Chr. 4.1.

[11] Exo. 29.39, 40, 41.

[12] II Chr. 28.24. I Reis 7.27, 28. I Reis 7.23, 25.

[13] II Chr. 28.27.



_Hoseas, rei de Israel._

[Antes de Christo 730]

17 No anno duodecimo de Achaz, rei de Judah, começou a reinar Hoseas, [1]
filho de Ela, e reinou sobre Israel, em Samaria, nove annos.

2 E fez o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor, comtudo não como os reis
de Israel que foram antes d’elle.

3 Contra elle subiu [2] Salmanasar, rei da Assyria: e Hoseas ficou sendo
servo d’elle, e pagava-lhe presentes.

4 Porém o rei da Assyria achou em Hoseas conspiração; porque enviara
mensageiros a So, rei do Egypto, e não pagava presentes ao rei da Assyria
cada anno, como d’antes: então o rei d’Assyria o encerrou e aprisionou na
casa do carcere.

5 Porque o rei da Assyria [3] subiu por toda a terra, e veiu até Samaria,
e a cercou tres annos.

6 No anno nono [4] de Hoseas, o rei da Assyria tomou a Samaria, e
transportou a Israel para a Assyria; e fel-os habitar em Halah, e em
Habor, _junto_ ao rio de Gozan, e nas cidades dos medos.

7 Porque succedeu, que os filhos de Israel peccaram contra o Senhor
seu Deus, que os fizera subir da terra do Egypto, de debaixo da mão de
Pharaó, rei do Egypto; e temeram a outros deuses,

8 E andaram nos [5] estatutos das nações que o Senhor lançara fóra de
diante dos filhos de Israel, e _nos_ dos reis de Israel, que elles
fizeram.

9 E os filhos de Israel fizeram secretamente coisas que não _eram_
rectas, contra o Senhor seu Deus; e edificaram altos em todas as suas
cidades, [6] desde a torre das atalaias até á cidade forte.

10 E levantaram estatuas [7] e imagens do bosque, em todos os altos
outeiros, e debaixo de todas as arvores verdes.

11 E queimaram ali incenso em todos os altos, como as nações, que o
Senhor transportara de diante d’elles: e fizeram coisas ruins, para
provocarem á ira o Senhor.

12 E serviram os idolos, [8] dos quaes o Senhor lhes disséra: Não fareis
estas coisas.

13 E o Senhor protestou a Israel e a Judah, pelo ministerio de todos os
prophetas _e_ de todos os videntes, [9] dizendo: Converte-os de vossos
maus caminhos, e guardae os meus mandamentos _e_ os meus estatutos,
conforme toda a lei que ordenei a vossos paes e que eu vos enviei pelo
ministerio de meus servos, os prophetas.

[Antes de Christo 721]

14 Porém não deram ouvidos; [10] antes endureceram a sua cerviz, como a
cerviz de seus paes, que não creram no Senhor seu Deus.

15 E rejeitaram os seus [11] estatutos, e o seu concerto, que fizera com
seus paes, como tambem os seus testemunhos, com que protestara contra
elle: e andaram após a vaidade, e ficaram vãos; como tambem após as
nações, que _estavam_ em roda d’elles, das quaes o Senhor lhes tinha
ordenado que não fizessem como ellas.

16 E deixaram todos os mandamentos do Senhor seu Deus, [12] e fizeram
imagens de fundição, dois bezerros: e fizeram _um_ idolo do bosque, e se
prostraram perante todo o exercito do céu, e serviram a Baal.

17 Tambem fizeram passar pelo fogo [13] a seus filhos e suas filhas, e
deram-se a adivinhações, e criam em agouros; e venderam-se para fazer o
_que parecia_ mal aos olhos do Senhor, para o provocarem á ira.

18 Pelo que o Senhor muito se indignou sobre Israel, e os tirou de diante
da sua face: [14] nada mais ficou, senão só a tribu de Judah.

19 Até Judah não [15] guardou os mandamentos do Senhor seu Deus; antes
andaram nos estatutos de Israel, que elles fizeram.

20 Pelo que o Senhor rejeitou a toda a semente de Israel, e os opprimiu,
[16] e os deu nas mãos dos despojadores, até que os tirou de diante da
sua presença.

21 Porque [17] rasgou a Israel da casa de David, e fizeram rei a
Jeroboão, filho de Nebat: e Jeroboão apartou a Israel de após o Senhor, e
os fez peccar um grande peccado.

22 Assim andaram os filhos de Israel em todos os peccados de Jeroboão,
que tinha feito: nunca se apartaram d’elles.

23 Até que o Senhor tirou a Israel de diante da sua presença, [18] como
fallara pelo ministerio de todos os seus servos, os prophetas: assim foi
Israel transportado da sua terra a Assyria até _ao dia de_ hoje.


_O rei da Assyria leva para Samaria muitos estrangeiros._

[Antes de Christo 678]

24 E o rei da Assyria trouxe _gente_ de Babel, [19] e de Cutha, e de Ava,
e de Hamath e Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em logar
dos filhos d’Israel: e tomaram a Samaria em herança, e habitaram nas suas
cidades.

25 E succedeu que, no principio da sua habitação ali, não temeram ao
Senhor: e mandou entre elles o Senhor leões, que mataram _a alguns_
d’elles.

26 Pelo que fallaram ao rei da Assyria, dizendo: A gente que
transportaste, e fizeste habitar nas cidades de Samaria, não sabe o
costume do Deus da terra: pelo que mandou leões entre ellas, e eis que os
matam, porquanto não sabem o culto do Deus da terra.

27 Então o rei d’Assyria mandou dizer: Levae ali um dos sacerdotes que
transportastes de lá; e vão-se, e habitem lá: e elle lhes ensine o
costume do Deus da terra.

28 Veiu pois um dos sacerdotes que transportaram de Samaria, e habitou em
Bethel, e lhes ensinou como deviam temer ao Senhor.

29 Porém cada nação fez os seus deuses, e os pozeram nas casas dos altos
que os samaritanos fizeram, cada nação nas suas cidades, nas quaes
habitavam.

30 E os de Babel [20] fizeram Succoth-benoth; e os de Cutha fizeram
Nergal; e os de Hamath fizeram Asima.

31 E os aveos [21] fizeram Nibha e Tartak: e os sepharvitas queimavam
seus filhos a fogo, a Adram-melech, e a Anam-melech, deuses de Sepharvaim.

32 Tambem temiam ao Senhor: [22] e dos mais baixos se fizeram sacerdotes
dos logares altos, os quaes lhes faziam _o ministerio_ nas casas dos
logares altos.

33 _Assim que_ ao Senhor temiam, [23] e _tambem_ a seus deuses serviam,
segundo o costume das nações d’entre as quaes transportaram aquellas.

34 Até _ao dia de_ hoje fazem segundo os primeiros costumes: não temem
ao Senhor, nem fazem segundo os seus estatutos, e segundo as suas
ordenanças, e segundo a lei, e segundo o mandamento que o Senhor ordenou
aos filhos de Jacob, [24] a quem deu o nome d’Israel.

35 Comtudo o Senhor tinha feito _um_ concerto com elles, e lhes ordenara,
dizendo: [25] Não temereis a outros deuses, nem vos inclinareis diante
d’elles, nem os servireis, nem lhes sacrificareis.

36 Mas o Senhor, [26] que vos fez subir da terra do Egypto com grande
força e com braço estendido, a este temereis, e a elle vos inclinareis, e
a elle sacrificareis.

37 E os estatutos, e as ordenanças, e a lei, e o mandamento, que vos
escreveu, [27] tereis cuidado de fazer todos os dias: e não temereis a
outros deuses.

38 E do concerto [28] que fiz comvosco vos não esquecereis: e não
temereis a outros deuses.

39 Mas ao Senhor vosso Deus temereis, e elle vos livrará das mãos de
todos os vossos inimigos.

40 Porém elles não ouviram; antes fizeram segundo o seu primeiro costume.

41 Assim estas [29] nações temiam ao Senhor e serviam as suas imagens de
esculptura: tambem seus filhos, e os filhos de seus filhos, como fizeram
seus paes, _assim_ fazem _elles_ até _ao dia de_ hoje.

[1] cap. 15.30.

[2] cap. 18.9.

[3] cap. 18.9.

[4] cap. 18.10, 11. Ose. 13.16. Lev. 26.32, 33. Deu. 28.36, 64 e 29.27,
28. I Chr. 5.26.

[5] Lev. 18.3. Deu. 18.9. cap. 16.3.

[6] cap. 18.8.

[7] I Reis 14.23. Isa. 57.5. Exo. 34.13. Deu. 16.21. Miq. 5.14. Deu. 12.2.
cap. 16.4.

[8] Exo. 20.3, 4. Lev. 26.1. Deu. 5.7, 8. Deu. 4.19.

[9] I Sam. 9.9. Jer. 18.11 e 25.5 e 35.15.

[10] Deu. 31.27. Pro. 29.1.

[11] Deu. 29.25. Deu. 32.21. I Reis 16.13. I Cor. 8.4. Rom. 1.21. Deu.
12.30, 31.

[12] Exo. 32.8. I Reis 12.28. I Reis 14.15, 23 e 15.13 e 16.33. I Reis
16.31 e 22.53. cap. 11.18.

[13] Lev. 18.21. cap. 16.3. Eze. 23.37. Deu. 18.10. I Reis 21.20.

[14] I Reis 11.13, 31.

[15] Jer. 3.8.

[16] cap. 13.3 e 15.29.

[17] I Reis 11.11, 31. I Reis 12.20, 28.

[18] I Reis 14.16. ver. 6.

[19] Esd. 4.2, 10. ver. 30. cap. 18.34.

[20] ver. 24.

[21] Esd. 4.9. Lev. 18.21. Deu. 12.31.

[22] I Reis 12.31.

[23] Sof. 1.5.

[24] Gen. 32.28 e 35.10. I Reis 11.31.

[25] Jui. 6.10. Exo. 20.5.

[26] Exo. 6.6. Deu. 10.20.

[27] Deu. 5.32.

[28] Deu. 4.23.

[29] ver. 32, 33.



_Ezequias restabelece o culto do Senhor._

[Antes de Christo 726]

18 E succedeu _que_, no terceiro anno de Hoseas, filho de Ela, rei de
Israel, começou a reinar Ezequias, [1] filho de Achaz, rei de Judah.

2 Tinha vinte e cinco annos de edade quando começou a reinar, e vinte e
nove annos reinou em Jerusalem: [2] e _era_ o nome de sua mãe Abi, filha
de Zacharias.

3 E fez o _que era_ recto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera
David, seu pae.

4 Este tirou [3] os altos, e quebrou as estatuas, e deitou abaixo os
bosques, e fez em pedaços a serpente [4] de metal que Moysés fizera;
porquanto até áquelle dia os filhos d’Israel lhe queimavam incenso, e lhe
chamaram [KQ] Nehustan.

5 No [5] Senhor Deus d’Israel confiou, de maneira que depois d’elle não
houve seu similhante entre todos os reis de Judah, nem _entre_ os que
foram antes d’elle.

6 Porque se chegou [6] ao Senhor, não se apartou de após elle, e guardou
os mandamentos que o Senhor tinha dado a Moysés.

7 Assim foi o Senhor [7] com elle; para onde quer que saiu se conduzia
com prudencia: e se rebellou contra o rei da Assyria, e não o serviu.

8 Elle feriu [8] os philisteos até Gaza, como tambem os termos d’ella,
desde a torre dos atalaias até á cidade forte.

9 E succedeu, no quarto anno do rei Ezequias (que era o setimo anno de
Hoseas, filho de Ela, rei d’Israel), que Salmanasar, [9] rei d’Assyria,
subiu contra Samaria, e a cercou.

10 E a tomaram ao fim de tres annos, no anno sexto d’Ezequias, [10] que
era o anno nono de Hoseas, rei d’Israel, quando tomaram Samaria.

11 E o rei d’Assyria [11] transportou a Israel para a Assyria: e os fez
levar a Halah e a Habor, _junto ao_ rio de Gozan, e ás cidades dos medos;

12 Porquanto [12] não obedeceram á voz do Senhor seu Deus, antes
traspassaram o seu concerto; _e_ tudo quanto Moysés, servo do Senhor,
tinha ordenado, nem o ouviram nem o fizeram.


_Sanherib invade Judah._

[Antes de Christo 710]

13 Porém no anno [13] decimo quarto do rei Ezequias subiu [KR] Sanherib,
rei d’Assyria, contra todas as cidades fortes de Judah, e as tomou.

14 Então Ezequias, rei de Judah, enviou ao rei d’Assyria, a Lachis,
dizendo: Pequei; torna-te de mim; tudo o que me impozeres levarei. Então
o rei d’Assyria impoz a Ezequias, rei de Judah, trezentos talentos de
prata e trinta talentos de oiro.

15 Assim deu Ezequias [14] toda a prata que se achou na casa do Senhor e
nos thesouros da casa do rei.

16 N’aquelle tempo cortou Ezequias _o oiro_ das portas do templo do
Senhor, e das hombreiras, de que Ezequias, rei de Judah, as cobrira, e o
deu ao rei d’Assyria.

17 Comtudo enviou o rei d’Assyria a Tartan, e a Rabsaris, e a Rabsaké,
de Lachis, com um grande exercito ao rei Ezequias, a Jerusalem: e
subiram, e vieram a Jerusalem; e, subindo e vindo elle, pararam ao pé do
aqueducto da piscina superior, que está junto [15] ao caminho do campo do
lavandeiro.

18 E chamaram o rei, e saiu a elles Eliakim, filho de Hilkias, o mordomo,
e Sebna, o escrivão, e Joah, filho d’Asaph, o chanceler.

19 E Rabsaké lhes disse: Ora dizei a Ezequias: Assim diz o grande rei, o
rei d’Assyria: [16] Que confiança é esta em que confias?

20 Dizes _tu_ (porém palavra de beiços _é_): Ha conselho e poder para a
guerra. Em quem _pois_ agora confias, que contra mim te rebellas?

21 Eis que [17] agora tu confias n’aquelle bordão de cana quebrada, no
Egypto, no qual, se alguem se encostar, entrar-lhe-ha pela mão e lh’a
furará: assim é Pharaó, rei do Egypto, para com todos os que n’elle
confiam.

22 Se porém me disserdes: No Senhor nosso Deus confiamos: _porventura_
não _é_ este aquelle cujos altos e cujos altares [18] Ezequias tirou,
e disse a Judah e a Jerusalem: Perante este altar vos inclinareis em
Jerusalem?

23 Ora pois dá agora refens ao meu senhor, o rei da Assyria, e dar-te-hei
dois mil cavallos, se tu poderes dar cavalleiros para elles.

24 Como pois farias virar o rosto d’um só principe dos menores servos
de meu senhor? Porém tu confias no Egypto, por causa dos carros e
cavalleiros.

25 Agora _pois_ subi eu _porventura_ sem o Senhor contra este logar, para
o destruir? O Senhor me disse: Sobe contra esta terra, e destroe-a.

26 Então disse Eliakim, filho de Hilkias, e Sebna, e Joah, a Rabsaké:
Rogamos-_te que_ falles aos teus servos em syriaco; porque bem o
entendemos; e não nos falles em judaico, aos ouvidos do povo que _está_
em cima do muro.

27 Porém Rabsaké lhes disse: _Porventura_ mandou-me meu senhor _só_ a teu
senhor e a ti, para fallar estas palavras? _e_ não antes aos homens, que
estão sentados em cima do muro, para que juntamente comvosco comam o seu
esterco e bebam a sua urina?

28 Rabsaké pois se poz em pé, e clamou em alta voz em judaico, e fallou,
e disse: Ouvi a palavra do grande rei, do rei da Assyria.

29 Assim diz o rei: [19] Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá
livrar da sua mão;

30 Nem tão pouco vos faça Ezequias confiar no Senhor, dizendo: Certamente
nos livrará o Senhor, e esta cidade não será entregue na mão do rei da
Assyria.

31 Não deis ouvidos a Ezequias; porque assim diz o rei da Assyria:
Contratae comigo por presentes, e sahi a mim, e coma cada um da sua vide,
e da sua figueira, e beba cada um a agua da sua cisterna,

32 Até que eu venha, e vos leve para uma terra como a vossa, terra de
trigo e de mosto, [20] terra de pão e de vinhas, terra de oliveiras, de
azeite, e de mel; e _assim_ vivereis, e não morrereis: e não deis ouvidos
a Ezequias; porque vos incita, dizendo: O Senhor nos livrará.

33 _Porventura_ [21] os deuses das nações poderam livrar, cada um a sua
terra, das mãos do rei da Assyria?

34 Que _é feito_ [22] dos deuses de Hamath e de Arpad? Que _é feito_ dos
deuses de Sepharvaim, Hena e Iva? _porventura_ livraram a Samaria da
minha mão?

35 Quaes _são_ elles, d’entre todos os deuses das terras, que livraram a
sua terra da minha mão? [23] para que o Senhor livrasse a Jerusalem da
minha mão?

36 Porém calou-se o povo, e não lhe respondeu uma só palavra; porque
mandado do rei havia, dizendo: Não lhe respondereis.

37 Então Eliakim, filho d’Hilkias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e
Joah, filho de Asaph, o chanceler, [24] vieram a Ezequias com os vestidos
rasgados, e lhe fizeram saber as palavras de Rabsaké.

[1] II Chr. 28.27 e 29.1. Mat. 1.9.

[2] II Chr. 29.1.

[3] II Chr. 31.1.

[4] Num. 21.9.

[5] cap. 19.10. Job 13.15. cap. 23.25.

[6] Deu. 10.20. Jos. 23.8.

[7] II Chr. 15.2. I Sam. 18.5, 14. cap. 16.7.

[8] I Chr. 4.41. Isa. 14.29. cap. 17.9.

[9] cap. 17.3.

[10] cap. 17.6.

[11] I Chr. 5.26.

[12] cap. 17.7. Dan. 9.6, 10.

[13] II Chr. 32.1, etc. Isa. 36.1, etc.

[14] cap. 16.8.

[15] Isa. 7.3.

[16] II Chr. 32.10, etc.

[17] Eze. 29.6, 7.

[18] II Chr. 31.1 e 32.12. ver. 4.

[19] II Chr. 32.15.

[20] Deu. 8.7, 8.

[21] cap. 19.12. II Chr. 32.14. Isa. 10.10, 11.

[22] cap. 19.13. cap. 17.24.

[23] Dan. 3.15.

[24] Isa. 33.7.



_Ezequias ora na casa do Senhor._

19 E aconteceu que Ezequias, [1] tendo-o ouvido, rasgou os seus vestidos,
e se cubriu de sacco, e entrou na casa do Senhor.

2 Então enviou a Eliakim, o mordomo, e a Sebna, o escrivão, e os anciãos
dos sacerdotes, cobertos de saccos, [2] ao propheta Isaias, filho de Amós.

3 E disseram-lhe: Assim diz Ezequias: Este dia é dia de angustia, e de
vituperação, e de blasphemia; porque os filhos chegaram ao parto, e não
_ha_ força para parir.

4 Bem pode ser que o Senhor teu Deus [3] ouça todas as palavras de
Rabsaké, a quem enviou o seu senhor, o rei da Assyria, para affrontar o
Deus vivo, e para vituperal-o com as palavras que o Senhor teu Deus tem
ouvido: faze pois oração pelo resto que se acha.

5 E os servos do rei Ezequias vieram a Isaias.

6 E Isaias [4] lhes disse: Assim direis a vosso senhor: Assim diz o
Senhor: Não temas as palavras que ouviste, [5] com as quaes os servos do
rei da Assyria me blasphemaram.

7 Eis que metterei n’elle [6] um espirito, e elle ouvirá _um_ arroido, e
voltará para a sua terra: á espada o farei cair na sua terra.

8 Voltou pois Rabsaké, e achou o rei da Assyria pelejando contra Libna,
[7] porque tinha ouvido que se havia partido de Lachis.

9 E, ouvindo [8] elle dizer de Tirhaká, rei de Cus: Eis que ha saido para
te fazer guerra; tornou a enviar mensageiros a Ezequias, dizendo:

10 Assim fallareis a Ezequias, rei de Judah, dizendo: [9] Não te engane o
teu Deus, em quem confias, dizendo: Jerusalem não será entregue na mão do
rei d’Assyria.

11 Eis que já tens ouvido o que fizeram os reis da Assyria a todas as
terras, [KS] destruindo-as totalmente, e tu te livrarás?

12 _Porventura_ [10] as livraram os deuses das nações, a quem destruiram,
_como_ a Gozan e a Haran? e a Reseph, [11] e aos filhos de Eden, que
_estavam_ em Telassar?

13 Que _é feito_ [12] do rei de Hamath, e do rei de Arpad, e do rei da
cidade de Sepharvaim, Hena e Iva?

14 Recebendo [13] pois Ezequias as cartas das mãos dos mensageiros, e
lendo-as, subiu á casa do Senhor, e Ezequias as estendeu perante o Senhor.

15 E orou Ezequias perante o Senhor, e disse: Ó Senhor Deus de Israel,
[14] que habitas _entre_ os cherubins, tu mesmo, só tu és Deus de todos
os reinos da terra: tu fizeste os céus e a terra.

16 Inclina, Senhor, o teu ouvido, e ouve; abre, Senhor, os teus olhos,
e olha: [15] e ouve as palavras de Sanherib, que enviou a este, para
affrontar o Deus vivo.

17 Verdade é, ó Senhor, que os reis da Assyria assolaram as nações e as
suas terras,

18 E lançaram os seus deuses no fogo; porquanto deuses não _eram_, [16]
mas obra de mãos de homens, madeira e pedra; por isso os destruiram.

19 Agora pois, ó Senhor nosso Deus, sê servido de nos livrar da sua mão:
e _assim_ saberão todos os reinos da terra que só tu _és_ o Senhor Deus.


_Isaias conforta a Ezequias._

20 Então Isaias, filho de Amós, mandou dizer a Ezequias: Assim diz o
Senhor Deus de Israel: [17] O que me pediste ácerca de Sanherib, rei da
Assyria, ouvi.

21 Esta _é_ a palavra que o Senhor fallou d’elle: [18] A virgem, a filha
de Sião, te despreza, de ti zomba; [19] a filha de Jerusalem menea a
cabeça por detraz de ti.

22 A quem affrontaste e blasphemaste? E contra quem alçaste a voz, e
ergueste os teus olhos ao alto? [20] Contra o Sancto de Israel?

23 Por meio de teus [21] mensageiros affrontaste o Senhor, e disseste:
Com a multidão de meus carros subo eu ao alto dos montes, aos lados do
Libano, e cortarei os seus altos cedros, _e_ as suas mais formosas faias,
e entrarei nas suas pousadas extremas, _até_ no bosque do seu campo
fertil.

24 Eu cavei, e bebi aguas estranhas; e com as plantas de meus pés sequei
todos os rios dos logares fortes.

25 _Porventura_ não ouviste que já d’antes fiz [22] isto, e _já_ desde os
dias antigos o formei? agora _porém_ o fiz vir, para que fosses tu que
reduzisses as cidades fortes a montões desertos.

26 Por isso os moradores d’ellas, com as mãos encolhidas, ficaram
pasmados e confundidos: eram _como_ a herva do campo, e a hortaliça
verde, _e_ o feno dos telhados, e _o trigo_ queimado, antes que se
levante.

27 Porém o teu assentar, e o teu sair, e o teu entrar, eu _o_ sei, e o
teu furor contra mim.

28 Por causa do teu furor contra mim, e porque a tua revolta subiu aos
meus ouvidos; portanto porei o meu anzol no teu nariz, [23] e o meu freio
nos teus beiços, e te farei voltar pelo caminho por onde vieste.

29 E isto te _será_ por [24] signal: este anno se comerá o que nascer por
si mesmo, e no anno seguinte o que d’ahi proceder; porém o terceiro anno
semeae e segae, e plantae vinhas, e comei os seus fructos.

30 Porque o que escapou [25] da casa de Judah, e ficou de resto, tornará
a lançar raizes para baixo, e dará fructo para cima.

31 Porque de Jerusalem sairá o restante, e do monte de Sião o que
escapou: [26] o zelo do Senhor fará isto.

32 Portanto, assim diz o Senhor ácerca do rei d’Assyria: Não entrará
n’esta cidade, nem lançará n’ella frecha _alguma_: tão pouco virá
perante ella com escudo, nem levantará contra ella tranqueira _alguma_.

33 Pelo caminho por onde vier por elle voltará; porém n’esta cidade não
entrará, diz o Senhor.

34 Porque eu ampararei a [27] esta cidade, para a livrar, por amor de mim
e por amor do meu servo David.


_Deus fere os syros e livra Judah._

35 Succedeu [28] pois que n’aquella mesma noite saiu o anjo do Senhor, e
feriu no arraial dos assyrios a cento e oitenta e cinco mil _d’elles_; e,
levantando-se pela manhã cedo, eis que todos _eram_ corpos mortos.

36 Então Sanherib, rei d’Assyria, partiu, e se foi, e voltou: [29] e
ficou em Ninive.

37 E succedeu que, estando elle prostrado na casa de Nisroch, seu deus,
[30] Adram-melech e Sarezer, seus filhos, o feriram á [31] espada; porém
elles escaparam para a terra d’Ararat: e Esarhaddon, seu filho, reinou em
seu logar.

[1] Isa. 37.1, etc.

[2] Luc. 3.4.

[3] II Sam. 16.12. cap. 18.35.

[4] Isa. 37.6, etc.

[5] cap. 18.17.

[6] ver. 35, 36, 37. Jer. 51.1.

[7] cap. 18.14.

[8] I Sam. 23.27.

[9] cap. 18.5.

[10] cap. 18.33.

[11] Eze. 27.23.

[12] cap. 18.34.

[13] Isa. 37.14, etc.

[14] I Sam. 4.4. I Reis 18.39. Isa. 44.6. Jer. 10.10, 11, 12.

[15] II Chr. 6.40. ver. 4.

[16] Jer. 10.3.

[17] Isa. 37.21, etc.

[18] Lam. 2.13.

[19] Job 16.4. Lam. 2.15.

[20] Isa. 5.24. Jer. 51.5.

[21] cap. 18.17.

[22] Isa. 45.7. Isa. 10.5.

[23] Job 41.2. Eze. 29.4 e 38.4. Amós 4.2. ver. 33, 36, 37.

[24] I Sam. 2.34. cap. 20.8, 9. Isa. 7.11, 14. Luc. 2.12.

[25] II Chr. 32.22, 23.

[26] Isa. 9.7.

[27] cap. 20.6. I Reis 11.12, 13.

[28] II Chr. 32.21. Isa. 37.36.

[29] Gen. 10.11.

[30] II Chr. 32.21.

[31] ver. 7. Esd. 4.2.



_Ezequias adoece._

20 N’aquelles dias [1] adoeceu Ezequias de morte: e o propheta Isaias,
filho d’Amós, veiu a elle, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Ordena a tua
casa, porque morrerás, e não viverás.

2 Então virou o rosto para a parede, e orou ao Senhor, dizendo:

3 Ah, Senhor! [2] Sê servido de te lembrar de que andei diante de ti
em verdade, e com o coração perfeito, e fiz o _que era_ recto aos teus
olhos. E chorou Ezequias muitissimo.

4 Succedeu pois que, não havendo Isaias ainda saido do meio do pateo,
veiu a elle a palavra do Senhor, dizendo:

5 Volta, e dize a Ezequias, [3] chefe do meu povo: Assim diz o Senhor
Deus de teu pae David: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lagrimas; eis que
eu te sararei; ao terceiro dia subirás á casa do Senhor.

6 E accrescentarei aos teus dias quinze annos, e das mãos do rei
d’Assyria te livrarei, _a ti_ e a esta cidade; [4] e ampararei esta
cidade por amor de mim, e por amor de David, meu servo.

7 Disse mais Isaias: [5] Tomae _uma_ pasta de figos. E _a_ tomaram, e _a_
pozeram sobre a chaga; e elle sarou.

8 E Ezequias disse a Isaias: [6] Qual _é_ o signal de que o Senhor me
sarará, e de que ao terceiro dia subirei á casa do Senhor?

9 E disse Isaias: [7] Isto te será signal, da parte do Senhor, de que o
Senhor cumprirá a palavra que disse: Adiantar-se-ha a sombra dez graus,
ou voltará dez graus atraz?

10 Então disse Ezequias: É facil que a sombra decline dez graus; não, mas
volte a sombra dez graus atraz.

11 Então o propheta Isaias clamou ao Senhor; [8] e fez voltar a sombra
dez graus atraz, pelos graus que tinha declinado nos graus _do relogio de
sol_ d’Achaz.


_A embaixada do rei de Babylonia._

[Antes de Christo 713]

12 N’aquelle tempo [9] enviou Berodac Baladan, filho de Baladan, rei de
Babylonia, cartas e _um_ presente a Ezequias; porque ouvira que Ezequias
tinha estado doente.

13 E Ezequias [10] lhes deu ouvidos, e lhes mostrou toda a casa de seu
thesouro, a prata, e o oiro, e as especiarias, e os melhores unguentos,
e a sua casa d’armas, e tudo quanto se achou nos seus thesouros: coisa
nenhuma houve que lhes não mostrasse, nem em sua casa, nem em todo o seu
dominio.

14 Então o propheta Isaias veiu ao rei Ezequias, e lhe disse: Que
disseram aquelles homens, e d’onde vieram a ti? E disse Ezequias: De um
paiz mui remoto vieram, de Babylonia.

15 E disse elle: Que viram em tua casa? E disse Ezequias: Tudo quanto
_ha_ em minha casa viram: [11] coisa nenhuma ha nos meus thesouros que eu
lhes não mostrasse.

16 Então disse Isaias a Ezequias: Ouve a palavra do Senhor:

17 Eis que veem dias em que tudo quanto _houver_ em tua casa, [12]
e o que enthesouraram teus paes até _ao dia de_ hoje, será levado a
Babylonia: não ficará coisa alguma, disse o Senhor.

18 E _ainda até_ de teus filhos, que procederem de ti, e que tu gerares,
tomarão, [13] para que sejam eunuchos no paço do rei de Babylonia.

19 Então disse Ezequias a Isaias: [14] Boa _é_ a palavra do Senhor que
disseste. Disse mais: E pois não _o seria_? pois em meus dias haverá paz
e verdade.

20 Ora o mais dos successos de Ezequias, e todo o seu poder, [15] e
como fez a piscina e o aqueducto, e _como_ fez vir a agua á cidade,
_porventura_ não _está_ escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

21 E Ezequias dormiu [16] com seus paes: e Manasseh, seu filho, reinou em
seu logar.

[1] II Chr. 32.24, etc. Isa. 38.1, etc.

[2] Neh. 13.22. Gen. 17.1. I Reis 3.6.

[3] I Sam. 9.16 e 10.1. cap. 19.20.

[4] cap. 19.34.

[5] Isa. 38.21.

[6] Jui. 6.17, 37, 39. Isa. 7.11, 14 e 38.22.

[7] Isa. 38.7, 8.

[8] Jos. 10.12, 14. Isa. 38.8.

[9] Isa. 39.1, etc.

[10] II Chr. 32.27, 31.

[11] ver. 13.

[12] cap. 24.13 e 25.13. Jer. 27.21, 22 e 52.17.

[13] cap. 24.12. II Chr. 33.11.

[14] I Sam. 3.18. Job 1.21.

[15] II Chr. 32.32. Neh. 3.16. II Chr. 32.30.

[16] II Chr. 32.33.



_A impiedade de Manasseh e as ameaças de Deus._

[Antes de Christo 698]

21 Tinha Manasseh [1] doze annos de edade quando começou a reinar, e
cincoenta e cinco annos reinou em Jerusalem: e _era_ o nome de sua mãe
Hephsiba.

2 E fez o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor, [2] conforme as
abominações dos gentios que o Senhor desterrara de _suas_ possessões de
diante dos filhos d’Israel.

3 Porque tornou a edificar [3] os altos que Ezequias, seu pae, tinha
destruido, e levantou altares a Baal, e fez _um_ bosque como o que fizera
Achab, rei d’Israel, e se inclinou diante de todo o exercito dos céus, e
os serviu.

4 E edificou altares [4] na casa do Senhor, de que o Senhor tinha dito:
[5] Em Jerusalem porei o meu nome.

5 Tambem edificou altares a todo o exercito dos céus em ambos os atrios
da casa do Senhor.

6 E até fez passar a seu filho pelo fogo, [6] e adivinhava pelas nuvens,
e era agoureiro, e ordenou adivinhos e feiticeiros: [7] _e_ proseguiu em
fazer mal aos olhos do Senhor, para o provocar á ira.

7 Tambem poz _uma_ imagem de esculptura, do bosque que tinha feito, na
casa de que o Senhor dissera a David e a Salomão, seu filho: [8] N’esta
casa e em Jerusalem, que escolhi de todas as tribus d’Israel, porei o meu
nome para sempre.

8 E mais não [9] farei mover o pé d’Israel d’esta terra que tenho dado
a seus paes; comtanto sómente que tenham cuidado de fazer conforme tudo
o que lhes tenho ordenado, e conforme toda a lei que Moysés, meu servo,
lhes ordenou.

9 Porém não ouviram; [10] porque Manasseh _de tal modo_ os fez errar, que
fizeram peior do que as nações, que o Senhor tinha destruido de diante
dos filhos de Israel.

10 Então o Senhor fallou pelo ministerio de seus servos, os prophetas,
dizendo:

11 Porquanto [11] Manasseh, rei de Judah, fez estas abominações, fazendo
peior do que quanto fizeram os amorrheos, que antes d’elle [12] _foram_,
e até tambem a Judah fez peccar com os seus idolos;

12 Por isso assim diz o Senhor Deus de Israel: Eis que hei de trazer _um_
mal sobre Jerusalem e Judah, que qualquer que ouvir, [13] lhe ficarão
retinindo ambas as orelhas.

13 E estenderei sobre Jerusalem o cordel [14] de Samaria e o prumo da
casa de Achab: e limparei a Jerusalem, como quem limpa a escudela, _a_
limpa e a vira sobre a sua face.

14 E desampararei o resto da minha herança, entregal-os-hei na mão de
seus inimigos; e far-se-hão roubo e despojo para todos os seus inimigos.

15 Porquanto fizeram o _que parecia_ mal aos meus olhos, e me provocaram
á ira, desde o dia em que seus paes sairam do Egypto até hoje.

16 De mais [15] d’isto, tambem Manasseh derramou muitissimo sangue
innocente, até que encheu a Jerusalem de um ao outro extremo, afóra o
seu peccado, com que fez peccar a Judah, fazendo o _que parecia_ mal aos
olhos do Senhor.

17 Quanto [16] ao mais dos filhos de Manasseh, e a tudo quanto fez
_mais_, e ao seu peccado, que peccou, _porventura_ não _está_ escripto no
livro das chronicas dos reis de Judah?

18 E Manasseh [17] dormiu com seus paes, e foi sepultado no jardim da sua
casa, no jardim de Uza: e Amon, seu filho, reinou em seu logar.


_Amon é um mau rei, e os seus servos o matam._

19 Tinha Amon [18] vinte e dois annos de edade quando começou a reinar,
e dois annos reinou em Jerusalem: e _era_ o nome de sua mãe Mesullemeth,
filha d’Harus, de Jotba.

20 E fez o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor, [19] como fizera
Manasseh, seu pae.

21 Porque andou em todo o caminho _em_ que andara seu pae: e serviu os
idolos, a que seu pae tinha servido, e se inclinou diante d’elles.

22 Assim deixou [20] ao Senhor, Deus de seus paes, e não andou no caminho
do Senhor.

23 E os servos [21] de Amon conspiraram contra elle, e mataram o rei em
sua casa.

24 Porém o povo da terra feriu a todos os que conspiraram contra o rei
Amon: e o povo da terra poz a Josias, seu filho, rei em seu logar.

25 Quanto ao mais dos successos de Amon, que fez, _porventura_ não _está_
escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

26 E o sepultaram na sua sepultura, no jardim de Usa: [22] e Josias, seu
filho, reinou em seu logar.

[1] II Chr. 33.1, etc.

[2] cap. 16.3.

[3] cap. 18.4. I Reis 16.32, 33. Deu. 4.19 e 17.3. cap. 17.16.

[4] Jer. 32.34.

[5] II Sam. 7.13. I Reis 8.29 e 9.3.

[6] Lev. 18.21 e 20.2. cap. 16.3 e 17.17.

[7] Lev. 18.26, 31. Deu. 18.10, 11. cap. 17.17.

[8] II Sam. 7.13. I Reis 8.29 e 9.3. cap. 23.27. Jer. 32.34.

[9] II Sam. 7.10.

[10] Pro. 29.12.

[11] cap. 23.26 e 24.3, 4. I Reis 21.26.

[12] ver. 9.

[13] I Sam. 3.11. Jer. 19.3.

[14] Isa. 34.11. Lam. 2.8. Amós 7.7, 8.

[15] cap. 24.4.

[16] II Chr. 33.11-19.

[17] II Chr. 33.20.

[18] II Chr. 33.21-23.

[19] ver. 2, etc.

[20] I Reis 11.33.

[21] II Chr. 33.24, 25.

[22] Mat. 1.10.



_Josias repara o templo._

[Antes de Christo 641]

22 Tinha Josias [1] oito annos d’edade quando começou a reinar, e reinou
trinta e um annos em Jerusalem: e _era_ o nome de sua mãe, Jedida, filha
de Adais, de Boskath.

2 E fez o _que era_ recto aos olhos do Senhor; e andou em todo o caminho
de David, seu pae, [2] e não se apartou _d’elle_ nem para a direita nem
para a esquerda.

3 Succedeu pois que, no anno decimo oitavo do rei Josias, [3] o rei
mandou ao escrivão Saphan, filho de Asalias, filho de Mesullam, á casa do
Senhor, dizendo:

4 Sobe a Hilkias, o summo sacerdote, para que tome o dinheiro [4] que se
trouxe á casa do Senhor, o qual os guardas do umbral _da porta_ ajuntaram
do povo,

5 E que o [5] dêem na mão dos que teem cargo da obra, e estão
encarregados da casa do Senhor; para que o dêem áquelles que fazem a obra
que _ha_ na casa do Senhor, para repararem as [KT] quebraduras da casa:

6 Aos carpinteiros, e aos edificadores, e aos pedreiros: e para comprar
madeira e pedras lavradas, para repararem a casa.

7 Porém [6] com elles se não fez conta do dinheiro que se lhes entregara
nas suas mãos, porquanto obravam com fidelidade.


_Hilkias acha o livro da lei._

8 Então disse o summo sacerdote Hilkias, ao escrivão Saphan: [7] Achei o
livro da lei na casa do Senhor. E Hilkias deu o livro a Saphan, e _elle_
o leu.

9 Então o escrivão Saphan veiu ao rei, e referiu ao rei a resposta;
e disse: Teus servos ajuntaram o dinheiro que se achou na casa, e o
entregaram na mão dos que teem cargo da obra, que estão encarregados da
casa do Senhor.

10 Tambem Saphan, o escrivão, fez saber ao rei, dizendo: O sacerdote
Hilkias me deu _um_ livro. E Saphan o leu diante do rei.

11 Succedeu pois que, ouvindo o rei as palavras do livro da lei, rasgou
os seus vestidos.

12 E o rei mandou a Hilkias, o sacerdote, e a Ahikam, filho de Saphan,
[8] e a Acbor, filho de Micaias, e a Saphan, o escrivão, e a Asaias, o
servo do rei, dizendo:

13 Ide, e consultae ao Senhor por mim, e pelo povo, e por todo o Judah,
ácerca das palavras d’este livro que se achou; [9] porque grande é o
furor do Senhor, que se accendeu contra nós; porquanto nossos paes não
deram ouvidos ás palavras d’este livro, para fazerem conforme tudo quanto
de nós está escripto.


_Hulda, a prophetiza._

[Antes de Christo 624]

14 Então foi o sacerdote Hilkias, e Ahikam, e Acbor, e Saphan, e Asaias
á prophetiza Hulda, mulher de Sallum, [10] filho de Tikva, o filho de
Harhas, o guarda das vestiduras (e ella habitava em Jerusalem, na segunda
parte,) e lhe fallaram.

15 E ella lhes disse: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Dizei ao
homem que vos enviou a mim:

16 Assim diz o Senhor: [11] Eis que trarei mal sobre este logar, e sobre
os seus moradores, _a saber_: todas as palavras do livro que leu o rei de
Judah.

17 Porquanto me deixaram, [12] e queimaram incenso a outros deuses, para
me provocarem á ira por todas as obras das suas mãos, o meu furor se
accendeu contra este logar, e não se apagará.

18 Porém ao [13] rei de Judah, que vos enviou a consultar ao Senhor,
assim lhe direis: Assim diz o Senhor o Deus de Israel ácerca das
palavras, que ouviste:

19 Porquanto o teu [14] coração se enterneceu, e te humilhaste perante o
Senhor, quando ouviste o que fallei contra este logar, e contra os seus
moradores, que seria para assolação e para maldição, [15] e que rasgaste
os teus vestidos, e choraste perante mim, tambem eu _te_ ouvi, diz o
Senhor.

20 Pelo que eis que eu te ajuntarei a teus paes, [16] e tu serás ajuntado
em paz á tua sepultura, e os teus olhos não verão todo o mal que hei de
trazer sobre este logar. Então tornaram a trazer ao rei a resposta.

[1] II Chr. 34.1. Jos. 15.39.

[2] Deu. 5.32.

[3] II Chr. 34.8, etc.

[4] cap. 12.4. cap. 12.9.

[5] cap. 12.11, 12, 14.

[6] cap. 12.15.

[7] Deu. 31.24, etc. II Chr. 34.14, etc.

[8] II Chr. 34.20.

[9] Deu. 29.27.

[10] II Chr. 34.22.

[11] Deu. 29.27. Dan. 9.11, 12, 13, 14.

[12] Deu. 29.25, 26, 27.

[13] II Chr. 34.26, etc.

[14] Isa. 57.15. I Reis 21.29.

[15] Lev. 26.31, 32. Jer. 26.6 e 44.22.

[16] Isa. 57.1, 2.



_Josias ajunta todo o povo e renova o pacto do Senhor._

23 Então o rei enviou, [1] e todos os anciãos de Judah e de Jerusalem se
ajuntaram a elle.

2 E o rei subiu á casa do Senhor, e com elle todos os homens de Judah, e
todos o moradores de Jerusalem, e os sacerdotes, e os prophetas, e todo
o povo, desde o mais pequeno até ao maior: [2] e leu aos ouvidos d’elles
todas as palavras do livro do concerto, que se achou na casa do Senhor.

3 E o rei se poz [3] em pé junto á columna, e fez o concerto perante o
Senhor, para andarem atraz do Senhor, e guardarem os seus mandamentos, e
os seus testemunhos, e os seus estatutos, com todo o coração, e com toda
a alma, confirmando as palavras d’este concerto, que estavam escriptas
n’aquelle livro; e todo o povo esteve por este concerto.

4 E o rei mandou ao summo sacerdote Hilkias, e aos sacerdotes da segunda
ordem, e aos guardas do umbral _da porta_, que se tirassem do templo do
Senhor todos os vasos que se tinham feito para Baal, [4] e para o bosque,
e para todo o exercito dos céus: e os queimou fóra de Jerusalem, nos
campos de Cedron, e levou o pó d’elles a Bethel.

5 Tambem abrogou os sacerdotes que os reis de Judah estabeleceram para
incensarem sobre os altos nas cidades de Judah, e ao redor de Jerusalem,
como tambem os que incensavam a Baal, ao sol, e á lua, e aos _mais_
planetas, [5] e a todo o exercito dos céus.

6 Tambem tirou da casa do [6] Senhor o bosque para fóra de Jerusalem até
ao ribeiro de Cedron, e o queimou junto ao ribeiro de Cedron, e o desfez
em pó, [7] e lançou o seu pó sobre as sepulturas dos filhos do povo.

7 Tambem derribou as casas dos rapazes escandalosos [8] que _estavam_ na
casa do Senhor, em que as mulheres teciam casinhas para o bosque.

8 E a todos os sacerdotes trouxe das cidades de Judah, e profanou os
altos em que os sacerdotes incensavam, [9] desde Geba até Berseba: e
derribou os altos das portas, o que _estava_ á entrada da porta de Josué,
o chefe da cidade, que _estava_ á _mão_ esquerda d’aquelle que _entrava_
pela porta da cidade.

9 Mas [10] os sacerdotes dos altos não sacrificavam sobre o altar do
Senhor em Jerusalem; porém comiam _pães_ asmos no meio de seus irmãos.

10 Tambem profanou [11] a Topheth, que _está_ no valle dos filhos de
Hinnom; para que ninguem fizesse passar a seu filho, ou sua filha, pelo
fogo a Molech.

11 Tambem tirou os cavallos que os reis de Judah tinham ordenado para o
sol, á entrada da casa do Senhor, perto da camara de Nathan-melech, o
eunucho, que _estava_ no precinto: e os carros do sol queimou a fogo.

12 Tambem o rei derribou os altares que _estavam_ sobre [12] o terraço
do cenaculo de Achaz, os quaes fizeram os reis de Judah, como tambem o
rei derribou os altares que fizera Manasseh nos dois atrios da casa do
Senhor: e esmiuçados os tirou d’ali, e lançou o pó d’elles no ribeiro de
Cedron.

13 O rei profanou _tambem_ os altos que _estavam_ defronte de Jerusalem,
á mão direita do monte de Mashith, os quaes edificara Salomão, [13] rei
d’Israel, a Astoreth, a abominação dos sidonios, e a Camos, a abominação
dos moabitas, e a Milcom, a abominação dos filhos d’Ammon.

14 Similhantemente quebrou [14] as estatuas, e cortou os bosques, e
encheu o seu logar com ossos de homens.


_O altar de Bethel é profanado e derribado._

15 E tambem o altar que estava em Bethel, [15] _e_ o alto que fez
Jeroboão, filho de Nebat, que tinha feito peccar a Israel, juntamente com
aquelle altar tambem o alto derribou; queimando o alto, em pó o esmiuçou,
e queimou o bosque.

16 E, virando-se Josias, viu as sepulturas que _estavam_ ali no monte,
e enviou, e tomou os ossos das sepulturas, e os queimou sobre aquelle
altar, e _assim_ o profanou, [16] conforme palavra do Senhor, que
apregoara o homem de Deus, quando apregoou estas palavras.

17 Então disse: Que _é_ este monumento que vejo? E o homens da cidade
lhe disseram: [17] É a sepultura do homem de Deus que veiu de Judah, e
apregoou estas coisas que fizeste contra este altar de Bethel.

18 E disse: Deixae-o estar; ninguem mexa nos seus ossos. [18] Assim
deixaram estar os seus ossos com os ossos do propheta que viera de
Samaria.

19 De mais d’isto tambem Josias tirou todas as casas dos altos que
_havia_ nas cidades [19] de Samaria, e que os reis d’Israel tinham feito
para provocarem á ira; e lhes fez conforme todos os feitos que tinha
feito em Bethel.

20 E sacrificou [20] todos os sacerdotes dos altos, que _havia_ ali,
sobre os altares, e queimou ossos de homens sobre elles: depois voltou a
Jerusalem.


_A celebração da paschoa._

21 E o rei deu ordem a todo o povo, dizendo: [21] Celebrae a paschoa ao
Senhor vosso Deus, como está escripto no livro do concerto.

22 Porque nunca se celebrou [22] tal paschoa como esta desde os dias dos
juizes que julgaram a Israel, nem em todos os dias dos reis d’Israel, nem
_tão pouco_ dos reis de Judah.

23 Porém no anno decimo oitavo do rei Josias esta paschoa se celebrou ao
Senhor em Jerusalem.

24 E tambem [23] os adivinhos, e os feiticeiros, e os terafins, e os
idolos, e todas as abominações que se viam na terra de Judah e em
Jerusalem, os extirpou Josias, [24] para confirmar as palavras da lei,
que estavam escriptas no livro que o sacerdote Hilkias achara na casa do
Senhor.

25 E antes d’elle não houve [25] rei similhante, que se convertesse ao
Senhor com todo o seu coração, e com toda a sua alma, e com todas as suas
forças, conforme toda a lei de Moysés: e depois d’elle nunca se levantou
outro tal.

26 Todavia o Senhor se não tornou do ardor da sua grande ira, com que
ardia a sua ira contra Judah, [26] por todas as provocações com que
Manasseh o tinha provocado.

27 E disse o Senhor: Tambem a Judah hei de tirar de diante da minha face,
[27] como tirei a Israel, e rejeitarei esta cidade de Jerusalem que
elegi, como tambem a casa de que disse: [28] Estará ali o meu nome.

28 Ora o mais dos successos de Josias, e tudo quanto fez, _porventura_
não _está_ escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

29 Nos seus [29] dias subiu Pharaó Neco, rei do Egypto, contra o rei
d’Assyria, ao rio Euphrates: e o rei Josias lhe foi ao encontro; e,
vendo-o elle, o matou em Megiddo.

30 E seus servos [30] o levaram morto de Megiddo, e o trouxeram a
Jerusalem, e o sepultaram na sua sepultura: e o povo da terra tomou a
Joachaz, filho de Josias, e o ungiram, e o fizeram rei em logar de seu
pae.


_Joachaz reina, e é levado captivo para o Egypto._

[Antes de Christo 610]

31 Tinha Joachaz vinte e tres annos de edade quando começou a reinar, e
tres mezes reinou em Jerusalem: e _era_ o nome de sua mãe Hamutal, [31]
filha de Jeremias, de Libna.

32 E fez o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor, conforme tudo o que
fizeram seus paes.

33 Porém Pharaó Neco o mandou prender em Ribla, [32] em terra de Hamath,
para que não reinasse em Jerusalem: e á terra impoz pena de cem talentos
de prata e um talento de oiro.

34 Tambem Pharaó Neco [33] estabeleceu rei a Eliakim, filho de Josias, em
logar de seu pae Josias, e lhe mudou o nome _em_ Joaquim: porém a Joachaz
tomou comsigo, [34] e veiu ao Egypto e morreu ali.

35 E Joaquim deu aquella prata [35] e aquelle oiro a Pharaó; porém fintou
a terra, para dar esse dinheiro conforme o mandado de Pharaó: a cada um
segundo a sua avaliação demandou a prata e o oiro do povo da terra, para
_o_ dar a Pharaó Neco.

36 Tinha Joaquim [36] vinte e cinco annos de edade quando começou a
reinar, e reinou onze annos em Jerusalem: e _era_ o nome de sua mãe
Zebuda, filha de Pedaia, de Ruma.

37 E fez o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor, conforme tudo quanto
fizeram seus paes.

[1] II Chr. 34.29, 30, etc.

[2] cap. 22.8.

[3] cap. 11.14, 17.

[4] cap. 21.3, 7.

[5] cap. 21.3.

[6] cap. 21.7.

[7] II Chr. 34.4.

[8] I Reis 14.24 e 15.12. Eze. 16.16.

[9] I Reis 15.22.

[10] Eze. 44.10-14. I Sam. 2.36.

[11] Isa. 30.33. Jer. 7.31 e 19.6, 11, 12, 13. Jos. 15.8. Lev. 18.21.
Deu. 18.10. Eze. 23.37, 39.

[12] Jer. 19.13. Sof. 1.5. cap. 21.5.

[13] I Reis 11.7.

[14] Exo. 23.24. Deu. 7.5, 25.

[15] I Reis 12.28, 33.

[16] I Reis 13.2.

[17] I Reis 13.1, 30.

[18] I Reis 13.31.

[19] II Chr. 34.6, 7.

[20] I Reis 13.2. Exo. 22.20. I Reis 18.40. cap. 11.18. II Chr. 34.5.

[21] II Chr. 35.1. Exo. 12.3. Lev. 23.5. Num. 9.2. Deu. 16.2.

[22] II Chr. 35.18, 19.

[23] cap. 21.6.

[24] Lev. 19.31 e 20.27. Deu. 18.11.

[25] cap. 18.5.

[26] cap. 21.11, 12 e 24.3, 4. Jer. 15.4.

[27] cap. 17.18, 20 e 18.11 e 21.13.

[28] I Reis 8.29 e 9.3. cap. 21.4, 7.

[29] II Chr. 35.20. Zac. 12.11. cap. 14.8.

[30] II Chr. 35.24. II Chr. 36.1.

[31] cap. 24.18.

[32] cap. 25.6. Jer. 52.27.

[33] II Chr. 36.4. cap. 24.17. Dan. 1.7. Mat. 1.11.

[34] Jer. 22.11, 12. Eze. 19.3, 4.

[35] ver. 33.

[36] II Chr. 36.5.



24 Nos seus dias [1] subiu Nabucodonosor, rei de Babylonia, e Joaquim
ficou tres annos seu servo; _depois_ se virou, e se rebellou contra elle.

2 E Deus enviou contra [2] elle as tropas dos chaldeos, e as tropas dos
syros, e as tropas dos moabitas, e as tropas dos filhos d’Ammon; e as
enviou contra Judah, para o destruir, [3] conforme a palavra do Senhor,
que fallara pelo ministerio de seus servos, os prophetas.

3 _E_, na verdade, conforme o mandado do Senhor, _assim_ succedeu a
Judah, que a tirou de diante da sua face, [4] por _causa_ dos peccados de
Manasseh, conforme tudo quanto fizera.

4 Como tambem _por_ [5] _causa do_ sangue innocente que derramou,
enchendo a Jerusalem de sangue innocente: e por isso o Senhor não quiz
perdoar.

5 Ora o mais dos successos de Joaquim, e tudo quanto fez, _porventura_
não _está_ escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

6 E Joaquim dormiu [6] com seus paes: e Joachin, seu filho, reinou em seu
logar.

7 E o rei do Egypto [7] nunca mais saiu da sua terra; porque o rei de
Babylonia tomou tudo quanto era do rei do Egypto, desde o rio do Egypto
até ao rio Euphrates.


_O principio da captividade de Judah._

[Antes de Christo 599]

8 Tinha Joachin [8] dezoito annos de edade quando começou a reinar, e
reinou tres mezes em Jerusalem: e _era_ o nome de sua mãe, Nehustha,
filha de Elnathan, de Jerusalem.

9 E fez o _que parecia_ mal aos olhos do Senhor, conforme tudo quanto
fizera seu pae.

10 N’aquelle tempo [9] subiram os servos de Nabucodonosor, rei de
Babylonia, a Jerusalem, e a cidade foi cercada.

11 Tambem veiu Nabucodonosor, rei de Babylonia, contra a cidade, quando
já os seus servos a estavam cercando.

12 Então saiu Joachin, [10] rei de Judah, ao rei de Babylonia, elle, e
sua mãe, e seus servos, e seus principes, e seus eunuchos; [11] e o rei
de Babylonia o tomou _preso_, no anno oitavo do seu reinado.

13 E tirou [12] d’ali todos os thesouros da casa do Senhor, e os
thesouros da casa do rei: e fendeu todos os vasos d’oiro, que fizera
Salomão, rei de Israel, no templo do Senhor, como o Senhor tinha dito.

14 E transportou [13] a toda a Jerusalem, como tambem a todos os
principes, e a todos os homens valorosos, dez mil presos, e a todos os
carpinteiros e ferreiros: ninguem ficou senão [14] o povo pobre da terra.

15 Assim transportou [15] Joachin a Babylonia; como tambem a mãe do rei,
e as mulheres do rei, e os seus eunuchos, e os poderosos da terra levou
presos de Jerusalem a Babylonia.

16 E todos [16] os homens, valentes, até sete mil, e carpinteiros e
ferreiros até mil, _e_ todos os varões dextros na guerra, a estes o rei
de Babylonia, levou presos para Babylonia.

17 E o [17] rei de Babylonia estabeleceu a Mathanias, seu tio, rei em seu
logar: e lhe mudou o nome _em_ Zedekias.


_Zedekias reina, e é levado, com o seu povo, captivo para Babylonia._

[Antes de Christo 600]

18 Tinha Zedekias [18] vinte e um annos de edade quando começou a reinar,
e reinou onze annos em Jerusalem: e _era_ o nome de sua mãe Hamutal,
filha de Jeremias, de Libna.

19 E fez o _que parecia_ mal [19] aos olhos do Senhor, conforme tudo
quanto fizera Joaquim.

20 Porque _assim_ succedeu por causa da ira do Senhor contra Jerusalem, e
contra Judah, até os rejeitar de diante da sua face: [20] e Zedekias se
rebellou contra o rei de Babylonia.

[1] II Chr. 36.6. Jer. 25.1, 9. Dan. 1.1.

[2] Jer. 25.9 e 32.28. Eze. 19.8.

[3] cap. 20.17 e 21.12, 13, 14 e 23.27.

[4] cap. 21.2, 11 e 23.26.

[5] cap. 21.16.

[6] II Chr. 36.6, 8. Jer. 22.18, 19 e 36.30.

[7] Jer. 37.5, 7. Jer. 46.2.

[8] II Chr. 36.9.

[9] Dan. 1.1.

[10] Jer. 24.1 e 29.1, 2. Eze. 17.12.

[11] Jer. 25.1. cap. 25.27. Jer. 52.28.

[12] cap. 20.17. Isa. 39.6. Dan. 5.2, 3. Jer. 20.5.

[13] Jer. 24.1. Jer. 52.28. I Sam. 13.19, 22.

[14] cap. 25.12. Jer. 40.7.

[15] II Chr. 36.10. Est. 2.6. Jer. 22.24, etc.

[16] Jer. 52.28.

[17] Jer. 37.1. I Chr. 3.15. II Chr. 36.10. cap. 23.34. II Chr. 36.4.

[18] II Chr. 36.11. Jer. 37.1 e 52.1. cap. 23.31.

[19] II Chr. 36.12.

[20] II Chr. 36.13. Eze. 17.15.



25 E succedeu [1] que, no non o anno do seu reinado, no mez decimo, aos
dez do mez, Nabucodonosor, rei de Babylonia, veiu contra Jerusalem, elle
e todo o seu exercito, e se acampou contra ella, e levantaram contra ella
tranqueiras em redor.

[Antes de Christo 588]

2 E a cidade foi sitiada até ao undecimo anno do rei Zedekias.

3 Aos [2] nove do mez _quarto_, quando a cidade se via apertada da fome,
nem havia pão para o povo da terra.

4 Então a cidade [3] foi arrombada, e todos os homens de guerra _fugiram_
de noite pelo caminho da porta, entre os dois muros que _estavam_ junto
ao jardim do rei (porque os chaldeos estavam contra a cidade em redor),
[4] e _o rei_ se foi pelo caminho da campina.

5 Porém o exercito dos chaldeos perseguiu o rei, e o alcançaram nas
campinas de Jericó: e todo o seu exercito se dispersou d’elle.

6 E tomaram o rei, e o fizeram subir ao rei de Babylonia, a Ribla: [5] e
procederam contra elle.

7 E aos filhos de Zedekias degolaram diante dos seus olhos: e vasaram os
olhos a Zedekias, [6] e o ataram com duas cadeias de bronze, e o levaram
a Babylonia.

8 E no quinto [7] mez no setimo dia do mez (este era o anno decimo nono
de Nabucodonosor rei de Babylonia), veiu Nebuzaradan, capitão da guarda,
servo do rei de Babylonia, a Jerusalem,

9 E queimou [8] a casa do Senhor e a casa do rei, como tambem todas as
casas de Jerusalem, e todas as casas dos grandes, queimou.

10 E todo o exercito dos chaldeos, que _estava_ com o capitão da guarda,
[9] derribou os muros em redor de Jerusalem.

11 E o mais do povo [10] que deixaram ficar na cidade, e os rebeldes que
se renderam ao rei de Babylonia, e o mais da multidão, Nebuzaradan, o
capitão da guarda, levou presos.

12 Porém dos mais pobres da terra deixou [11] o capitão da guarda ficar
_alguns_ para vinheiros e para lavradores.

13 Quebraram mais os chaldeos as columnas [12] de cobre que _estavam_ na
casa do Senhor, como tambem as bases e o mar de cobre que _estavam_ na
casa do Senhor: e levaram o seu bronze para Babylonia.

14 Tambem tomaram as caldeiras, [13] e as pás, e os apagadores, e os [KU]
perfumadores, e todos os vasos de cobre, com que se ministrava.

15 Tambem o capitão da guarda tomou os braseiros, e as bacias, o que
_era_ de puro oiro, em oiro e o que era de prata, em prata.

16 As duas columnas, [14] um mar, e as bases, que Salomão fizera para a
casa do Senhor: o cobre de todos estes vasos não tinha peso.

17 A altura d’uma [15] columna era de dezoito covados, e sobre ella
_havia um_ capitel de cobre, e de altura tinha o capitel tres covados; e
a rede, e as romãs em roda do capitel, tudo _era_ de cobre; e similhante
a esta era a outra columna com a rede.

18 Tambem o capitão da guarda tomou a [16] Seraias, primeiro sacerdote, e
a Zephanias segundo sacerdote, e aos tres guardas do umbral da porta.

19 E da cidade tomou a um eunucho, que tinha cargo da gente de guerra,
[17] e a cinco homens dos que viam a face do rei, e se acharam na cidade,
como tambem ao escrivão-mór do exercito, que registrava o povo da terra
para a guerra, e a sessenta homens do povo da terra, que se acharam na
cidade.

20 E tomando-os Nebuzaradan, o capitão da guarda, os trouxe ao rei de
Babylonia, a Ribla.

21 E o rei de Babylonia os feriu e os matou em Ribla, na terra de Hamath:
[18] e Judah foi levado preso para fóra da sua terra.

22 Porém, quanto ao povo que ficava [19] na terra de Judah, e
Nabucodonosor, rei de Babylonia, deixou ficar, poz sobre elle _por
maioral_ a Gedalias, filho de Ahikam, filho de Saphan.


_Gedalias governa, mas Ishmael mata-o._

23 Ouvindo pois os [20] capitães dos exercitos, elles e os seus homens,
que o rei de Babylonia puzera a Gedalias _por maioral_, vieram a
Gedalias, a Mispah, a saber: Ishmael, filho de Nethanias, e Johanan,
filho de Kareath, e Seraias, filho de Tanhumeth, o netophatita, e
Jazanias, filho do Maacatita, elles e os seus homens.

24 E Gedalias jurou a elles e aos seus homens, e lhes disse: Não temaes
_ser_ servos dos chaldeos; ficae na terra, e servi ao rei de Babylonia, e
bem vos irá.

25 Succedeu, porém, que, no setimo mez, [21] veiu Ishmael, filho de
Nethanias, o filho de Elisama, da semente real, e dez homens com elle, e
feriram a Gedalias, e elle morreu, como tambem aos judeos, e aos chaldeos
que _estavam_ com elle em Mispah.

26 Então todo o povo se levantou, desde o mais pequeno até ao maior, como
tambem os capitães dos exercitos, e vieram ao Egypto, [22] porque temiam
os chaldeos.

27 Depois d’isto succedeu [23] que, no anno trinta e sete do captiveiro
de Joaquim, rei de Judah, no mez duodecimo, aos vinte e sete do mez,
Evil-merodac, rei de Babylonia, levantou, no anno em que reinou, a cabeça
de Joaquim, rei de Judah, [24] da casa da prisão.

28 E lhe fallou benignamente: e poz o seu throno acima do throno dos reis
que _estavam_ com elle em Babylonia.

29 E lhe mudou os vestidos da prisão, [25] e de continuo comeu pão na sua
presença todos os dias da sua vida.

30 E, quanto á sua subsistencia, pelo rei lhe foi dada subsistencia
continua, a porção de cada dia no seu dia, todos os dias da sua vida.

[1] II Chr. 36.17. Jer. 34.2 e 39.1 e 52.4, 5. Eze. 24.1.

[2] Jer. 30.2 e 52.6.

[3] Jer. 39.2 e 52.7, etc.

[4] Jer. 39.4-7 e 52.7. Eze. 12.12.

[5] cap. 23.33. Jer. 52.9.

[6] Jer. 39.7. Eze. 12.13.

[7] Jer. 52.12-14. ver. 27. cap. 24.12. Jer. 39.9.

[8] II Chr. 36.19. Jer. 39.8. Amós 2.5.

[9] Neh. 1.3. Jer. 52.14.

[10] Jer. 39.9 e 52.15.

[11] cap. 24.14. Jer. 39.10 e 40.7 e 52.16.

[12] cap. 20.17. Jer. 27.19, 22 e 52.17, etc. I Reis 7.15.

[13] Exo. 27.3. I Reis 7.45, 50.

[14] I Reis 7.47.

[15] I Reis 7.15. Jer. 52.21.

[16] Jer. 52.24, etc. I Chr. 6.14. Esd. 7.1. Jer. 21.1 e 29.25.

[17] Jer. 52.2.

[18] Lev. 26.33. Deu. 28.36, 64. cap. 23.27.

[19] Jer. 40.5.

[20] Jer. 40.7, 8, 9.

[21] Jer. 41.1, 2.

[22] Jer. 43.4, 7.

[23] Jer. 52.31, etc.

[24] Gen. 40.13, 20.

[25] II Sam. 9.7.



O PRIMEIRO LIVRO DAS CHRONICAS.



_Genealogia desde Adão até Noé. Os filhos de Noé, e seus descendentes._

[Antes de Christo 1676]

1 Adão, Seth, [1] Enos,

2 Canan, Mahalaleel, Jared,

3 Henoch, Methusalah, Lamech,

4 Noé, Sem, Cão, e Japhet.

5 Os filhos [2] de Japhet _foram_: Gomer, e Magog, e Madai, e Javan, e
Tubal, e Mesech, e Tiras.

6 E os filhos de Gomer: Asquenaz, e Riphat, e Togarma.

7 E os filhos de Javan: Elisa, e Tarsis, e Chittim, e Dodanim.

8 Os filhos [3] de Cão: Cus, e Mitsraim, e Put e Canaan.

9 E os filhos de Cus _eram_ Seba, e Havila, e Sabta, e Raema, e Sabtecha:
e os filhos de Raema _eram_ Seba e Dedan.

10 E Cus [4] gerou a Nemrod, que começou a ser poderoso na terra.

11 E Mitsraim gerou aos ludeos, e aos anameos, e aos lehabeos, e aos
naphtuheos,

12 E aos pathruseos, e aos casluchros (dos quaes procederam os
philisteos), e [5] aos caftoreos.

13 E Canaan [6] gerou a Sidon, seu primogenito, e a Het,

14 E aos jebuseos, e aos amorrheos, e aos girgaseos,

15 E aos heveos, e aos arkeos, e aos sineos,

16 E aos arvadeos, e aos zemareos, e aos hamatheos.

17 _E foram_ os filhos [7] de Sem: Elam, e Assur, e Arphaxad, e Lud, e
Aram, e Uz, e Hul, e Gether, e Mesech.

18 E Arphaxad gerou a Selah: e Selah gerou a Heber.

19 E a Heber nasceram dois filhos: o nome d’um _foi_ Peleg, porquanto nos
seus dias se repartiu a terra, e o nome de seu irmão _era_ Joktan.

20 E Joktan [8] gerou a Almodad, e a Seleph, e a Hasarmaveth, e a Jarah,

21 E a Hadoram, e a Husal, e a Dikla,

22 E a Ebad, e a Abimael, e a Seba,

23 E a Ophir, e a Havila, e a Jobab: todos estes _foram_ filhos de Joktan.

24 Sem, [9] Arphaxad, Selah,

25 Heber, [10] Peleg, Rehu,

26 Serug, Nahor, Thare,

27 Abrão, [11] que _é_ Abrahão.

28 Os filhos de Abrahão _foram_ Isaac e [12] Ishmael.

29 Estas _são_ as suas gerações: o primogenito [13] de Ishmael _foi_
Nebaioth, e Kedar, e Adbeel, e Mibsam,

30 Misma, e Duma, e Masca, Hadar e Tema,

31 Jetur, e Naphis e Kedma: estes _foram_ os filhos de Ishmael.

32 Quanto aos filhos de [14] Ketura, concubina de Abrahão, esta pariu a
Zimran, e a Joksan, e a Medan, e a Midian, e a Jisbak, e a Suah: e os
filhos de Joksan _foram_ Seba e Dedan.

33 E os filhos de Midian: Epha, e Epher, e Hanoch, e Abidah, e Eldah:
todos estes _foram_ filhos de Ketura.

34 Abrahão [15] pois gerou a Isaac: _e foram_ os filhos de Isaac Esaú e
Israel.

35 Os filhos [16] de Esaú: Eliphaz, Reuel, e Jehus, e Jalam, e Corah.

36 Os filhos [17] de Eliphaz: Teman, e Omar, e Zephi, e Gaetam, e Quenaz,
e Timna, e Amalek.

37 Os filhos de Reuel: Nahath, Zerah, Samma, e Missa.

38 E os filhos de Seir: Lothan, e Sobal, e Zibeon, e Ana, e Dison, e
Eser, e Disan.

39 E os filhos de Lothan: Hori e Homam; e a irmã de Lothan _foi_ Timna.

40 Os filhos de Sobal _eram_ Alian, e Manahath, e Ebel, Sephi e Onam: e
os filhos de Zibeon _eram_ Aya e Ana.

41 Os filhos de Ana _foram_ Dison: e os filhos de [18] Dison _foram_
Hamran, e Esban, e Ithran, e Cheran.

42 Os filhos de Eser _eram_ Bilhan, e Zaavan, _e_ Jaakan: os filhos de
Disan _eram_ Uz e Aran.

43 E estes _são_ os reis [19] que reinaram na terra d’Edom, antes que
reinasse rei sobre os filhos d’Israel: Bela, filho de Beor; e _era_ o
nome da sua cidade Dinhaba.

44 E morreu Bela, e reinou em seu logar Jobab, filho de Zerah, de Bosra.

45 E morreu Jobab, e reinou em seu logar Husam, da terra dos temanitas.

46 E morreu Husam, e reinou em seu logar Hadad, filho de Bedad: este
feriu os midianitas no campo de Moab; e _era_ o nome da sua cidade Avith.

47 E morreu Hadad, e reinou em seu logar Samla, de Masreka.

48 E morreu Samla, [20] e reinou em seu logar Saul, de Rehoboth, junto ao
rio.

49 E morreu Saul, e reinou em seu logar Baal-hanan, filho de Acbor.

50 E, morrendo Baal-hanan, Hadad reinou em seu logar; e _era_ o nome da
sua cidade Pae: e o nome de sua mulher _era_ Mehetabeel, filha de Matred,
a filha de Mezahab.

51 E, morrendo Hadad, foram principes em Edom [21] o principe Timna, o
principe Alya, o principe Jetheth,

52 O principe Aholibama, o principe Ela, o principe Pinon,

53 O principe Quenaz, o principe Teman, o principe Mibzar,

54 O principe Magdiel, o principe Iram: estes _foram_ os principes d’Edom.

[1] Gen. 4.25, 26 e 5.3, 9.

[2] Gen. 10.2, etc.

[3] Gen. 10.6, etc.

[4] Gen. 10.8, 13, etc.

[5] Deu. 2.23.

[6] Gen. 10.15, etc.

[7] Gen. 10.22 e 11.10.

[8] Gen. 10.26.

[9] Gen. 11.10, etc. Luc. 3.34, etc.

[10] Gen. 11.15.

[11] Gen. 17.5.

[12] Gen. 16.11, 15.

[13] Gen. 25.13-16.

[14] Gen. 25.1, 2.

[15] Gen. 21.2, 3. Gen. 25.25, 26.

[16] Gen. 36.9, 10.

[17] Gen. 23.20.

[18] Gen. 36.20.

[19] Gen. 36.31, etc.

[20] Gen. 36.37.

[21] Gen. 36.40.



_Os doze filhos de Jacob, e os descendentes de Judah._

[Antes de Christo 1752]

2 Estes _são_ os filhos de Israel: [1] Ruben, Simeão, Levi, Judah,
Issacar e Zebulon;

2 Dan, José e Benjamin, Naphtali, Gad e Aser.

3 Os filhos de [2] Judah _foram_ Er, e Onan, e Sela: _estes_ tres lhe
nasceram da filha de Sua, a cananea: e Er, o primogenito de Judah, foi
mau aos olhos do Senhor, pelo que o matou.

4 Porém [3] Tamar, sua nora, lhe pariu a Perez e a Serah: todos os filhos
de Judah _foram_ cinco.

5 Os filhos de [4] Perez _foram_ Hezron e Hamul.

6 E os filhos de Serah: [KV] Zimri, [5] e Ethan, e Heman, e Calcol, e
Dara: cinco ao todo.

7 E os filhos de [6] Carmi _foram_ [KW] Acar, o perturbador de Israel,
que peccou no anathema.

8 E os filhos de Ethan _foram_ Azarias.

9 E os filhos de Hezron, que lhe nasceram, _foram_ Jerahmeel, e Ram, e
Chelubai.

10 E Ram [7] gerou a Amminadab, e Amminadab gerou a Nahasson, principe
dos filhos de Judah.

11 E Nahasson gerou a Salma, e Salma gerou a Booz.

12 E Booz gerou a Obed, e Obed gerou a Jessé.

13 E Jessé [8] gerou a Eliah, seu primogenito, e Abinadab, o segundo, e
Simea, o terceiro,

14 Nathanael, o quarto, Radda, o quinto,

15 Osem, o sexto, David, o setimo.

16 E _foram_ suas irmãs Zeruia e Abigail: e _foram_ os filhos [9] de
Zeruia: Abisai, e Joab, e Asael, tres.

17 E Abigail [10] pariu a Amasa: e o pae de Amasa _foi_ Jether, o
ishmaelita.

18 E Caleb, filho de Hezron, gerou _filhos_ de Azuba, sua mulher, e de
Jerioth: e os filhos d’esta _foram_ estes: Jeser, e Sobab, e Ardon.

19 E morreu Azuba; [11] e Caleb tomou para si a Ephrath, a qual lhe pariu
a Hur.

20 E Hur gerou a Uri, e Uri gerou a [12] Besaleel.

21 Então Hezron entrou á filha de Machir, [13] pae de Gilead, e, _sendo_
elle de sessenta annos, a tomou: e ella lhe pariu a Segub.

22 E Segub gerou a Jair: e este tinha vinte e tres cidades na terra de
Gilead.

23 E Gesur e Aram tomaram [14] d’elles as aldeias de Jair, e Kenath, e
seus logares, sessenta cidades: todos estes _foram_ filhos de Machir, pae
de Gilead.

24 E, depois da morte de Hezron, em Caleb de Ephrata, Abia, mulher de
Hezron, lhe pariu a [15] Ashur, pae de Tekoa.

25 E os filhos de Jerahmeel, primogenito de Hezron, _foram_ Ram, o
primogenito, e Buna, e Oren, e Osem, _e_ Ahija.

26 Teve tambem Jerahmeel _ainda_ outra mulher cujo nome _era_ Atara: esta
foi a mãe de Onam.

27 E foram os filhos de Ram, primogenito de Jerahmeel: Maas, e Jamin, e
Eker.

28 E foram os filhos de Onam: Sammai e Judah; e os filhos de Sammai:
Nadab e Abisur.

29 E _era_ o nome da mulher de Abisur Abiail, que lhe pariu a Ahban e a
Molid.

30 E _foram_ os filhos de Nadab Seled e Appaim: e Seled morreu sem filhos.

31 E os filhos d’Appaim _foram_ Ishi; e os filhos de Ishi: Sesan. [16] E
os filhos de Sesan: Ahlai.

32 E os filhos de Jada, irmão de Sammai, _foram_ Jether e Jonathan: e
Jether morreu sem filhos.

33 E os filhos de Jonathan _foram_ Peleth e Zaza: estes foram os filhos
de Jerahmeel.

34 E Sesan não teve filhos, mas filhas: e tinha Sesan um servo egypcio,
cujo nome _era_ Jarha.

35 Deu pois Sesan sua filha por mulher a Jarha, seu servo: e lhe pariu a
Attai.

36 E Attai gerou a Nathan, e Nathan gerou a [17] Zabad.

37 E Zabad gerou a Eflal, e Eflal gerou a Obed.

38 E Obed gerou a Jehu, e Jehu gerou a Azarias.

39 E Azarias gerou a Heles, e Heles gerou a Eleasa.

40 E Eleasa gerou a Sismai, e Sismai gerou a Sallum.

41 E Sallum gerou a Jekamias, e Jekamias gerou a Elisama.

42 E _foram_ os filhos de Caleb, irmão de Jerahmeel, Mesa, seu
primogenito (este _foi_ o pae de Ziph), e os filhos de Maresa, pae de
Hebron.

43 E _foram_ os filhos de Hebron: Korah, e Tappuah, e Rekem, e Sema.

44 E Sema gerou a Raham, pae de Jorkeam: e Rekem gerou a Sammai.

45 E _foi_ o filho de Sammai Maon: e Maon _foi_ pae de Bethzur.

46 E Epha, a concubina de Caleb, pariu a Haran, e a Mosa, e a Gazez: e
Haran gerou a Gazez.

47 E _foram_ os filhos de Johdai: Regem, e Jotham, e Gesan, e Pelet, e
Epha, e Saaph.

48 De Maaca, concubina, gerou Caleb a Seber e a Tirhana.

49 E a mulher de Saaph, pae de Madmanna, pariu a Seva, pae de Machbena e
pae de Gibea; e _foi_ a filha de Caleb [18] Acsa.

50 Estes foram os filhos de Caleb, filho de Hur, o primogenito de
Ephrata: Sobal, pae de Kiriath-jearim,

51 Salma, pae dos bethlehemitas, Hareph, pae de Beth-gader.

52 E foram os filhos de Sobal, pae de Kiriath-jearim: Haroe _e_ metade
dos menuhitas.

53 E as familias de Kiriath-jearim _foram_ os jethreos, e os putheos, e
os sumatheos, e os misraeos: d’estes sairam os zoratheos, e os esthaoleos.

54 Os filhos de Salma _foram_ Bethlehem e os nethophatitas, Atroth, _e_
Beth-joab, e metade dos manahthitas, _e_ os zoritas.

55 E as familias dos escribas que habitavam em Jabez _foram_ os
thirathitas, os simathitas, _e_ os sucathitas: estes _são_ os kineos, que
vieram de Hammath, pae da casa de Rechab.

[1] Gen. 29.32 e 30.5, etc. e 35.18, 22 e 46.8, etc.

[2] Gen. 38.3 e 46.12. Num. 26.19. Gen. 38.2. Gen. 38.7.

[3] Gen. 38.29, 30. Mat. 1.3.

[4] Gen. 46.12. Ruth 4.18.

[5] I Reis 4.31.

[6] cap. 4.1. Jos. 6.18 e 7.1.

[7] Ruth 4.19, 20. Mat. 1.4. Num. 1.7 e 2.3.

[8] I Sam. 16.6.

[9] II Sam. 2.18.

[10] II Sam. 17.25.

[11] ver. 50.

[12] Exo. 31.2.

[13] Num. 27.1.

[14] Num. 32.41. Deu. 3.14. Jos. 13.30.

[15] cap. 4.5.

[16] ver. 34, 35.

[17] cap. 11.41.

[18] Jos. 15.17.



_Descendentes de David._

[Antes de Christo 1471]

3 E Estes foram os filhos de David, que lhe nasceram em Hebron: o
primogenito, Amnon, [1] de Ahinoam, a jizreelita; o segundo, Daniel, de
Abigail, a carmelita;

2 O terceiro, Absalão, filho de Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur; o
quarto, Adonias, filho de Haggith;

3 O quinto, Sephatias, d’Abital; o sexto, Ithream, de Egla, [2] sua
mulher.

4 Seis lhe nasceram em Hebron, [3] porque ali reinou sete annos e seis
mezes: e trinta e tres annos reinou em Jerusalem.

5 E estes lhe nasceram em Jerusalem: [4] Simea, e Sobab, e Nathan, e
Salomão: _estes_ quatro _lhe nasceram_ de [KX] Bath-sua, filha de Ammiel.

6 _Nasceram-lhe_ mais Ibehar, e Elisama, e Eliphelet,

7 E Nogath, e Nepheg, e Japhia,

8 E Elisama, e Eliad, e Eliphelet, [5] nove.

9 Todos estes _foram_ filhos de David, afóra os filhos das concubinas, e
Tamar, [6] irmã d’elles.

10 E filho de Salomão _foi_ [7] Roboão; e seu filho Abias; e seu filho
Asa; e seu filho Josaphat;

11 E seu filho Jorão; e seu filho Achazias; e seu filho Joás;

12 E seu filho Amasias; e seu filho Jotham;

13 E seu filho Achaz; e seu filho Ezequias; e seu filho Manassés;

14 E seu filho Amon; e seu filho Josias.

15 E os filhos de Josias _foram_: o primogenito, Johanan; o segundo,
Joaquim; o terceiro, Zedekias; o quarto, Sallum.

16 E os filhos de [8] Joaquim: Jechonias, seu filho, e Zedekias, seu
filho.

17 E os filhos de Jechonias: Assir, e seu filho Sealthiel.

18 _Os filhos_ d’este _foram_: Malchiram, e Pedaia, e Senazzar, Jekamias,
Hosama, e Nedabias.

19 E os filhos de Pedaia: Zorobabel e Simei; e os filhos de Zorobabel:
Messullam, e Hananias, e Selomith, sua irmã,

20 E Hasuba, e Obel, e Berechias, e Hasadias, e Jusab-hesed, cinco.

21 E os filhos de Hananias: Pelatias e Jesaias: os filhos de Rephaias, os
filhos d’Arnan, os filhos de Obadias, e os filhos de Secanias.

22 E os filhos de Secanias foram Semaias: e os filhos de Semaias: [9]
Hattus, e Igeal, e Bariah, e Nearias, e Saphat, seis.

23 E os filhos de Nearias: Elioenai, e Ezequias, e Azrikam, tres.

24 E os filhos de Elioenai: Hodavias, e Eliasib, e Pelaias, e Akkub, e
Johanan, e Delaias, e Anani, sete.

[1] II Sam. 3.2. Jos. 15.56.

[2] II Sam. 3.5.

[3] II Sam. 2.11. II Sam. 5.5.

[4] II Sam. 5.14. cap. 14.4. II Sam. 12.24.

[5] II Sam. 5.14, 15, 16.

[6] II Sam. 13.1.

[7] I Reis 11.33 e 15.6, 13 e 15.5.

[8] Mat. 1.11, 12.

[9] Esd. 8.2.



_Os descendentes de Judah._

[Antes de Christo 1300]

4 Os filhos de Judah _foram_: [1] Perez, e Hezron, e Carmi, e Hur, e
Sobal.

2 E Reaias, filho de Sobal, gerou a Jahath, e Jahath gerou a Ahumai e a
Lahad: estas _são_ as familias dos zorathisas.

3 E estes foram os filhos do pae de Etam: Jezreel, e Isma, e Idbas: e
_era_ o nome de sua irmã Hazzelelponi.

4 E mais Penuel, pae de Gedor, e Ezer, pae de Husa: estes _foram_ os
filhos de [2] Hur, o primogenito de Ephrata, pae de Beth-lehem.

5 E tinha Ashur, [3] pae de Tekoa, duas mulheres: Hela e Naara.

6 E Naara lhe pariu a Ahuzzam, e a Hepher, e a Temeni, e a Haahastari;
estes _foram_ os filhos de Naara.

7 E os filhos de Hela: Zereth, Jesohar, e Ethnan.

8 E Kos gerou a Anub e a Zobeba: e as familias d’Aharhel, filho de Harum.

9 E foi [4] Jabes mais illustre do que seus irmãos: e sua mãe chamou o
seu nome Jabes, dizendo: Porquanto com dôres o pari.

10 Porque Jabes invocou o Deus de Israel, dizendo: Se me abençoares
muitissimo, e meus termos amplificares, e a tua mão fôr comigo, e fizeres
que do mal não seja afflicto! E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido.

11 E Chelub, irmão de Suha, gerou a Mehir: este _é_ o pae de Esthon.

12 E Esthon gerou a Bethrapha, e a Peseah, e a Tehinna, pae de Ir-nahas:
estes _foram_ os homens de Reca.

13 E foram os filhos de Kenas: [5] Othniel e Seraias; e filhos de
Othniel: Hathath.

14 E Meonothai gerou a Ophra, e Seraias gerou a Joab, pae dos do valle
[6] dos artifices; porque foram artifices.

15 E _foram_ os filhos de Caleb, filho de Jefone: Iru, Ela, e Naam: e os
filhos de Ela, a saber, Kenas.

16 E os filhos de Jehalelel: Ziph, e Zipha, e Tiria e Asareel.

17 E os filhos de Ezra: Jether, e Mered, e Epher, e Jalon: e ella pariu a
Miriam, e Sammai, e Isbah, pae de Esthemo.

18 E sua mulher, judia, pariu a Jered, pae de Gedor, e a Heber, pae de
Soco, e a Jekuthiel, pae de Zanohah; e estes _foram_ os filhos de Bitia,
filha de Pharaó, que Mered tomou.

19 E _foram_ os filhos da mulher de Hodias, irmã de Naham: Abikeila, o
garmita, e Esthemo, o maacatita.

20 E os filhos de Simeão: Amnon, e Rinna, e Ben-hanan, e Tilon: e os
filhos de Ishi: Zoheth e Benzoheth.

21 Os filhos de Sela, [7] filho de Judah: Er, pae de Lecha, e Lada, pae
de Maresa, e as familias da casa dos obreiros de linho, em casa de Asbea.

22 Como tambem Jokim, e os homens de Cozeba, e Joás, e Saraph (que
dominaram sobre os moabitas), e Jasubi-lehem: porém _estas_ coisas _já
são_ antigas.

23 Estes _foram_ oleiros, e habitavam nas hortas e nos cerrados: estes
ficaram ali com o rei na sua obra.

24 Os filhos de Simeão _foram_ Nemuel, e Jamin, e Jarib, e Zera, e Saul,

25 Cujo filho _foi_ Sallum, e seu filho Mibsam, e seu filho Misma.

26 E os filhos de Misma _foram_: Hammuel, seu filho, cujo filho foi
Zaccur, e seu filho Simei.

27 E Simei teve dezeseis filhos, e seis filhas, porém seus irmãos não
tiveram muitos filhos: e toda a sua familia não se multiplicou tanto como
as dos filhos de Judah.

28 E habitaram em [8] Berseba, e _em_ Moluda, e _em_ Hasar-sual,

29 E em Bilha, e em Esem, e em Tholad,

30 E em Bethuel, e em Horma, e em Ziklag,

31 E em Beth-marcaboth, e em Hasar-susim, e Beth-biri, e em Saaraim:
estas _foram_ as suas cidades, até que David reinou.

32 E _foram_ as suas aldeias: Etam, e Ain, e Rimmon, e Tochen, e Asan:
cinco cidades.

33 E todas as suas aldeias, que _estavam_ em redor d’estas cidades, até
Baal, estas _foram_ as suas habitações e suas genealogias para elles.

34 Porém Mesobab, e Jamlech, e Josa, filho de Amasias,

35 E Joel, e Jehu, filho de Josibias, filho de Seraias, filho de Asiel,

36 E Elioenai, e Jaakoba, e Jeshoaias, e Asaias, e Adiel, e Jesimiel, e
Benaias,

37 E Ziza, filho de Siphi, filho de Allon, filho de Jedaias, filho de
Simri, filho de Semaia:

38 Estes, registrados por _seus_ nomes, _foram_ principes nas suas
familias: e as familias de seus paes se multiplicaram abundantemente.

39 E chegaram até á entrada de Gedor, ao oriente do valle, a buscar pasto
para as suas ovelhas.

40 E acharam pasto fertil e terra espaçosa, e quieta, e descançada;
porque _os_ de Cão habitaram ali d’antes.

41 Estes pois, que estão descriptos por seus nomes, vieram nos dias de
Ezequias, rei de Judah, [9] e feriram as tendas e habitações dos que se
acharam ali, e as destruiram totalmente até _ao dia d’_hoje, e habitaram
em seu logar: porque ali _havia_ pasto para as suas ovelhas.

42 Tambem d’elles, dos filhos de Simeão, quinhentos homens foram ás
montanhas de Seir; e a Pelatias, e a Nearias, e a Rephaias, e a Uzziel,
filhos de Ishi, levaram por cabeças.

43 E feriram o restante dos que escaparam dos amalekitas, e habitaram ali
até ao dia d’hoje.

[1] Gen. 38.29 e 46.12.

[2] cap. 2.50.

[3] cap. 2.24.

[4] Gen. 34.19.

[5] Jos. 15.17.

[6] Neh. 11.35.

[7] Gen. 38.1, 5 e 46.12.

[8] Jos. 19.2.

[9] II Reis 18.8.



5 Quanto aos filhos de Ruben, o primogenito de Israel;—porque elle _era_
[1] o primogenito, mas porque profanara [2] a cama de seu pae, deu-se a
sua primogenitura aos filhos de José, filho de Israel; para assim não ser
contado na genealogia da primogenitura.

2 Porque Judah foi poderoso [3] entre seus irmãos, e d’elle _vem_ o
principe; porém a primogenitura foi de José;—

3 _Foram_ pois os filhos de [4] Ruben, o primogenito de Israel: Hanoch, e
Pallu, e Hezron, e Carmi.

4 Os filhos de Joel: Semaias, seu filho, Gog, seu filho, Simei seu filho,

5 Micha, seu filho, Reaia, seu filho, Baal, seu filho,

6 Beera, seu filho, o qual Tilgath-pilneser, rei da Assyria, levou preso:
este _foi_ principe dos rubenitas.

7 Quanto a seus irmãos para suas familias, [5] quando pozeram nas
genealogias segundo as suas descendencias, _foram_ chefes Jeiel e
Zacharias,

8 E Bela, filho de Azaz, filho de Sema, filho de Joel, que habitou em [6]
Aroer até Nebo e Baal-meon,

9 Tambem habitou da banda do oriente, até á entrada do deserto, desde
o rio Euphrates; porque seu gado se tinha multiplicado na terra [7] de
Gilead.

10 E nos dias de Saul fizeram guerra aos [8] hagarenos, que cairam pela
sua mão: e elles habitaram nas suas tendas defronte de toda a banda
oriental de Gilead.

11 E os filhos de Gad habitaram defronte d’elles, na terra de [9] Basan,
até Salcha.

12 Joel _foi_ chefe, e Sapham o segundo: porém Jaanai e Saphat _ficaram_
em Basan.

13 E seus irmãos, segundo as suas casas paternas, _foram_: Michael, e
Mesullam, e Seba, e Jorai, e Jachan, e Zia, e Eber, sete.

14 Estes _foram_ os filhos de Abiail, filho de Huri, filho de Jaroah,
filho de Gilead, filho de Michael, filho de Jesisai, filho de Jahdo,
filho de Buz;

15 Ahi, filho de Abdiel, filho de Guni, _foi_ chefe da casa de seus paes.

16 E habitaram em Gilead, em Basan, e nos logares da sua jurisdicção;
como tambem em todos os arrabaldes de [10] Saron, até ás suas saidas.

17 Todos estes foram registrados, segundo as suas genealogias, nos dias
de Jothão, [11] rei de Judah, e nos dias de Jeroboão, rei de Israel.

18 Dos filhos de Ruben, e dos gaditas, e da meia tribu de Manassés,
homens muito bellicosos, que traziam escudo e espada, e entesavam o
arco, e _eram_ destros na guerra: quarenta e quatro mil e setecentos e
sessenta, que sahiam á peleja.

19 E fizeram guerra aos hagarenos, [12] como a Jetur, e a Naphis e a
Nodab.

20 E [13] foram ajudados contra elles, e os hagarenos e todos quantos
_estavam_ com elles foram entregues em sua mão; porque clamaram a Deus na
peleja, e lhes deu ouvidos, porquanto confiaram n’elle.

21 E levaram preso o seu gado: seus camelos, cincoenta mil, e duzentas e
cincoenta mil ovelhas, e dois mil jumentos, e cem mil almas de homens.

22 Porque muitos feridos cairam, porque de Deus _era_ a peleja; [14] e
habitaram em seu logar, até ao captiveiro.

23 E os filhos da meia tribu de Manassés habitaram n’aquella terra:
de Basan até Baal-hermon, e Senir, e o monte de Hermon, elles se
multiplicaram.

24 E estes _foram_ cabeças de suas casas paternas, a saber: Hepher,
e Ishi, e Eliel, e Azriel, e Jeremias, e Hodavias, e Jahdiel, homens
valentes, homens de nome, e chefes das casas de seus paes.

25 Porém transgrediram contra o Deus de seus paes: [15] e fornicaram após
os deuses dos povos da terra, os quaes Deus destruira de diante d’elles.

26 Pelo que o Deus de Israel suscitou o espirito de Pul, [16] rei
d’Assyria, e o espirito de Tiglath-pilneser, rei d’Assyria, que os
levaram presos, _a saber_: os rubenitas e gaditas, e a meia tribu de
Manassés; e os trouxeram a [17] Halah, e a Habor, e a Hara, e ao rio de
Gozan, até _ao dia de_ hoje.

[1] Gen. 29.31 e 49.3.

[2] Gen. 35.22 e 49.4. Gen. 48.15, 22.

[3] Gen. 49.8, 10. Miq. 5.2. Mat. 2.6.

[4] Gen. 46.9. Exo. 6.14. Num. 26.5.

[5] ver. 17.

[6] Jos. 13.15, 16.

[7] Jos. 22.9.

[8] Gen. 25.12.

[9] Jos. 13.11, 24.

[10] cap. 27.29.

[11] II Reis 15.5, 32. II Reis 14.16, 28.

[12] Gen. 25.15. cap. 1.31.

[13] ver. 22. Psa. 22.4, 5.

[14] II Reis 15.29 e 17.6.

[15] II Reis 17.7.

[16] II Reis 15.19. II Reis 15.29.

[17] II Reis 17.6 e 18.11.



_Descendentes de Levi, seu ministerio e suas cidades._

6 Os filhos de Levi _foram_: [1] Gerson, Kohath, e Merari.

2 E os filhos de Kohath: [2] Amram, e Ishar, e Hebron, e Uzziel.

3 E os filhos d’Amram: Aarão, [3] e Moysés, e Miriam: e os filhos
d’Aarão: Nadab, e Abihu, e Eleazar, e Ithamar.

4 E Eleazar gerou a Phineas, e Phineas gerou a Abisua,

5 E Abisua gerou a Bukki, e Bukki gerou a Uzzi,

6 E Uzzi gerou a Zerahias, e Zerahias gerou a Meraioth,

7 E Meraioth gerou a Amarias, e Amarias gerou a Ahitub,

8 E Ahitub [4] gerou a Zadok, e Zadok gerou a Ahimaas,

9 E Ahimaas gerou a Azarias, e Azarias gerou a Johanan,

10 E Johanan gerou a Azarias: este _é_ o que administrou [5] o sacerdocio
na casa que Salomão tinha edificado em Jerusalem.

11 E Azarias [6] gerou a Amarias, e Amarias gerou a Ahitub,

12 E Ahitub gerou a Zadok, e Zadok gerou a Sallum,

13 E Sallum gerou a Hilkias, e Hilkias gerou a Azarias,

14 E Azarias gerou [7] a Seraias, e Seraias gerou a Josadak,

15 E Josadak foi levado captivo quando o Senhor levou [8] presos a Judah
e a Jerusalem pela mão de Nabucodonozor.

16 Os filhos de Levi _foram [9] pois_ Gersom, Kohath, e Merari.

17 E estes _são_ os nomes dos filhos de Gersom: Libni e Simei.

18 E os filhos de Kohath: Amram, e Ishar, e Hebron, e Uzziel.

19 Os filhos de Merari: Maheli e Musi: estas _são_ as familias dos
levitas, segundo seus paes.

20 De Gersom: Libni, seu filho, Jahath, seu filho, Zimma, [10] seu filho,

21 Joah, seu filho, Iddo, seu filho, Zerah, seu filho, Jeaterai, seu
filho.

22 Os filhos de Kohath _foram_: Amminadab, seu filho, Korah, seu filho,
Assir, seu filho,

23 Elkana, seu filho, Ebiasaph, seu filho, Assir, seu filho,

24 Tahath, seu filho, Uriel, seu filho, Uzias, seu filho, e Saul, seu
filho.

25 E os filhos d’Elkana: Amasai [11] e Ahimoth.

26 _Quanto a_ Elkana: os filhos d’Elkana _foram_ Zophai, seu filho, e seu
filho Nahath,

27 Seu filho Eliab, [12] seu filho Jeroham, seu filho Elkana.

28 E os filhos de Samuel: [KY] Vasni, seu primogenito, e o segundo Abias.

29 Os filhos de Merari: Maheli, seu filho Libni, seu filho Simei, seu
filho Uzza,

30 Seu filho Simea, seu filho Haggias, seu filho Asaias.

31 Estes _são_ pois os que David constituiu para o officio do canto na
casa do Senhor, [13] depois que a arca teve repouso.

[Antes de Christo 1280]

32 E ministravam diante do tabernaculo da tenda da congregação com
cantares, até que Salomão edificou a casa do Senhor em Jerusalem: e
estiveram, segundo o seu costume, no seu ministerio.

33 Estes _são_ pois os que _ali_ estavam com seus filhos: dos filhos dos
kohathitas, Heman, o cantor, filho de Joel, filho de Samuel,

34 Filho d’Elkana, filho de Jeroham, filho d’Eliel, filho de Toa,

35 Filho de Zuph, filho d’Elkana, filho de Mahath, filho de Amasai,

36 Filho d’Elkana, filho de Joel, filho de Azarias, filho de Zephanias,

37 Filho de Tahat, filho d’Assir, filho d’Ebiasaph, [14] filho de Korah,

38 Filho de Ishar, filho de Kohat, filho de Levi, filho d’Israel.

39 E seu irmão Asaph estava á sua direita: _e era_ Asaph filho de
Berequias, filho de Simea,

40 Filho de Michael, filho de Baeseias, filho de Malchias,

41 Filho d’Ethni, [15] filho de Zerah, filho de Adaias,

42 Filho d’Ethan, filho de Zimma, filho de Simei,

43 Filho de Jahath, filho de Gersom, filho de Levi.

44 E seus irmãos, os filhos de Merari, _estavam_ á esquerda; _a saber_:
Ethan, filho de Kisi, filho de Abdi, filho de Malluch,

45 Filho de Hasabias, filho de Amazias, filho de Hilkias,

46 Filho d’Amsi, filho de Bani, filho de Semer,

47 Filho de Maheli, filho de Musi, filho de Merari, filho de Levi.

48 E seus irmãos, os levitas, _foram_ postos para todo o ministerio do
tabernaculo da casa de Deus.

49 E Aarão e seus filhos offereceram sobre [16] o altar do holocausto e
sobre o altar do incenso, por toda a obra do _logar_ sanctissimo, e para
fazer expiação por Israel, conforme tudo quanto Moysés, servo de Deus,
tinha ordenado.

50 E estes _foram_ os filhos de Aarão: seu filho Eleazar, seu filho
Phinéas, seu filho Abisua,

51 Seu filho Bukki, seu filho Uzzi, seu filho Serahias,

52 Seu filho Meraioth, seu filho Amarias, seu filho Ahitub,

53 Seu filho Zadok, seu filho Ahimaas.

[Antes de Christo 1444]

54 E estas [17] _foram_ as suas habitações, segundo os seus castellos,
no seu termo, _a saber_: dos filhos d’Aarão, da familia dos kohathitas,
porque n’elles caiu a sorte.

55 Deram-lhes [18] pois a Hebron, na terra de Judah, e os seus arrabaldes
que a rodeiam.

56 Porém o territorio [19] da cidade e as suas aldeias deram a Caleb,
filho de Jefoné.

57 E aos filhos d’Aarão deram [20] as cidades de refugio: Hebron, e Libna
e os seus arrabaldes, e Jattir, e Esthemo e os seus arrabaldes,

58 E Hilen e os seus arrabaldes, e Debir e os seus arrabaldes,

59 E Asan e os seus arrabaldes, e Beth-semes e os seus arrabaldes.

60 E da tribu de Benjamin, Geba e os seus arrabaldes, e Allemeth e os
seus arrabaldes, e Anathoth e os seus arrabaldes: todas as suas cidades,
pelas suas familias, _foram_ treze cidades.

61 Mas os filhos de Kohath, [21] que restaram da familia da tribu, da
meia tribu, de meio Manassés, por sorte _tiveram_ dez cidades.

62 E os filhos de Gersom, segundo as suas familias, da tribu de Issacar,
e da tribu de Aser, e da tribu de Naphtali, e da tribu de Manassés, em
Basan, _tiveram_ treze cidades.

63 Os filhos de Merari, segundo as suas familias, da tribu de Ruben, e
da tribu de Gad, e da tribu de Zebulon, por sorte, _tiveram_ [22] doze
cidades.

64 Assim deram os filhos de Israel aos levitas _estas_ cidades e os seus
arrabaldes.

65 E deram-_lhes_ por sorte estas cidades, da tribu dos filhos de Judah,
da tribu dos filhos de Simeão, e da tribu dos filhos de Benjamin, ás
quaes deram os _seus_ nomes.

66 E _quanto ao mais_ [23] _das_ familias dos filhos de Kohath, as
cidades do seu termo se lhes deram da tribu de Ephraim.

67 Porque lhes deram [24] as cidades de refugio, Sichem e os seus
arrabaldes, nas montanhas de Ephraim, como tambem Gezer e os seus
arrabaldes.

68 E Jokmeam [25] e os seus arrabaldes, e Beth-horon e os seus arrabaldes,

69 E Aijalon e os seus arrabaldes, e Gath-rimmon e os seus arrabaldes.

70 E da meia tribu de Manassés, Aner e os seus arrabaldes, e Bileam e os
seus arrabaldes: _estas cidades_ tiveram os que ficaram da familia dos
filhos de Kohath.

71 Os filhos de Gersom, da familia da meia tribu de Manassés, _tiveram_ a
Golan, em Basan, e os seus arrabaldes, e Astharoth e os seus arrabaldes.

72 E da tribu de Issacar, Kedes e os seus arrabaldes, e Dobrath e os seus
arrabaldes,

73 E Ramoth e os seus arrabaldes, e Anem e os seus arrabaldes.

74 E da tribu de Aser, Masal e os seus arrabaldes, e Abdon e os seus
arrabaldes,

75 E Hukok e os seus arrabaldes, e Rehob e os seus arrabaldes.

76 E da tribu de Naphtali, Kedes, em Galilea, e os seus arrabaldes, e
Hammon e os seus arrabaldes, e Kiriathaim e os seus arrabaldes.

77 Os que ficaram dos filhos de Merari, da tribu de Zabulon, _tiveram_ a
Rimmon e os seus arrabaldes, a Tabor e os seus arrabaldes.

78 E d’além do Jordão, _da banda_ de Jericó, ao oriente de Jordão, da
tribu de Ruben, a Beser, no deserto, e os seus arrabaldes, e a Jassa e os
seus arrabaldes,

79 E a Kedmoth e os seus arrabaldes, e a Mephaath e os seus arrabaldes.

80 E da tribu de Gad, a Ramoth, em Gilead, e os seus arrabaldes, e a
Mahanaim e os seus arrabaldes,

81 E a Hesbon e os seus arrabaldes, e a Jazer e os seus arrabaldes.

[1] Gen. 46.11. Exo. 6.16. Num. 26.57. cap. 23.6.

[2] ver. 22.

[3] Lev. 10.1.

[4] II Sam. 8.17. II Sam. 15.27.

[5] II Chr. 26.17, 18. I Reis 6. II Chr. 3.

[6] Esd. 7.3.

[7] Neh. 11.11.

[8] II Reis 25.18.

[9] Exo. 6.16.

[10] ver. 42.

[11] ver. 35, 36.

[12] ver. 34.

[13] cap. 16.1.

[14] Exo. 6.24.

[15] ver. 21.

[16] Lev. 1.9. Exo. 30.7.

[17] Jos. 21.

[18] Jos. 21.11, 12.

[19] Jos. 14.13 e 15.13.

[20] Jos. 21.13.

[21] ver. 66. Jos. 21.5.

[22] Jos. 21.7, 34.

[23] ver. 61.

[24] Jos. 21.21.

[25] Jos. 21.22-35.



_Descendentes de Issacar._

7 E quanto aos filhos de Issacar, _foram_: Tola, [1] e Pua, Jasib, e
Simron, quatro.

2 E os filhos de Tola _foram_: Uzzi, e Rephaias, e Jeriel, e Jahmai, e
Ibsam, e Samuel, chefes das casas de seus paes, de Tola, varões de valor
nas suas gerações: [2] o seu numero nos dias de David foi de vinte e dois
mil e seiscentos.

3 E quanto aos filhos de Uzzi, _houve_ Izraias; e os filhos de Izraias
_foram_ Michael e Obadias, e Joel, e Issias; todos estes cinco chefes.

4 E _houve_ com elles nas suas gerações, segundo as suas casas paternas,
_em_ tropas de gente de guerra, trinta e seis mil; porque tiveram muitas
mulheres e filhos.

5 E seus irmãos, em todas as familias de Issacar, varões de valor, foram
oitenta e sete mil, todos contados pelas suas genealogias.


_De Benjamin._

6 Os _filhos_ de Benjamin [3] _foram_: Bela, e Becher, e Jediael, tres.

[Antes de Christo 1400]

7 E os filhos de Bela: Esbon, e Uzzi, e Uzziel, e Jerimoth, e Iri, cinco
chefes da casa dos paes, varões de valor, que foram contados pelas suas
genealogias, vinte e dois mil e trinta e quatro.

8 E os filhos de Becher: Zemira, e Joás, e Elezer, e Elioenai, e Omri, e
Jeremoth, e Abias, e Anathoth, e Alameth: todos estes _foram_ filhos de
Becher.

9 E _foram_ contados pelas suas genealogias, segundo as suas gerações,
_e_ chefes das casas de seus paes, varões de valor, vinte mil e duzentos.

10 E _foram_ os filhos de Jediael, Bilhan; e os filhos de Bilhan _foram_
Jeus, e Benjamin, e Ehud, e Chenaana, e Zethan, e Tarsis, e Ahisahar.

11 Todos estes filhos de Jediael _foram_ chefes _das familias_ dos paes,
varões de valor, dezesete mil e duzentos, que sahiam no exercito á peleja.

12 E Suppim, [4] e Huppim, filho de Ir, _e_ Husim, dos filhos d’Aher.

13 Os filhos de Naphtali: Jahsiel, e Guni, e Jezer, e Sallum, [5] filhos
de Bilha.


_De Manassés._

14 Os filhos de Manassés: Asriel, que _a mulher de Gilead_ pariu (_porém_
a sua concubina, a syra, pariu a Machir, pae de Gilead.

15 E Machir tomou _a irmã_ de Huppim e Suppim por mulher, e _era_ o seu
nome Maaca), e _foi_ o nome do segundo Selophad; e Selophad teve filhas.

16 E Maaca, mulher de Machir, pariu um filho, e chamou o seu nome Perez:
e o nome de seu irmão _foi_ Seres: e _foram_ seus filhos Ulam e Rekem.

17 E os filhos d’Ulam, [6] Bedan: estes _foram_ os filhos de Gilead,
filho de Machir, filho de Manassés.

18 E quanto á sua irmã Hammolecheth, pariu a Ishod, e a [7] Abiezer, e a
Mahla.

19 E foram os filhos de Semida: Ahian, e Sechem, e Likhi, e Aniam.

20 E os filhos [8] de Ephraim: Suthelah, e seu filho Bered, e seu filho
Tahath, e seu filho Elada, e seu filho Tahath,

21 E seu filho Zabad, e seu filho Suthelah, e Ezer, e Elead; e os homens
de Gath, naturaes da terra, os mataram, porque desceram para tomar os
seus gados.

22 Pelo que Ephraim, seu pae, por muitos dias os chorou; e vieram seus
irmãos para o consolar.

23 Depois entrou a sua mulher, e _ella_ concebeu, e pariu um filho; e
chamou o seu nome Beria; porque ia mal na sua casa.

24 E sua filha _foi_ Sera, que edificou a Beth-horon, a baixa e a alta,
como tambem a Uzzen-sera.

25 E _foi_ seu filho Rephah, e Reseph, e Telah, seu filho, e Tahan, seu
filho,

26 Seu filho Ladan, seu filho Ammihud, seu filho Elisama,

27 Seu filho Nun, seu filho Josué.

28 E _foi_ a sua possessão e habitação Beth-el e os logares da sua
jurisdicção: e ao oriente Naaran, [9] e ao occidente Gezer e os logares
da sua jurisdicção, e Sichem e os logares da sua jurisdicção, até Azza e
os logares da sua jurisdicção;

29 E da banda dos filhos de Manassés, [10] Beth-sean e os logares da
sua jurisdicção, Taanach e os logares da sua jurisdicção, Megiddo e os
logares da sua jurisdicção, Dor e os logares da sua jurisdicção: n’estas
habitaram os filhos de José, filho de Israel.


_De Aser._

30 Os [11] filhos de Aser _foram_: Imna, e Isva, e Isvi, e Beria, e Sera,
sua irmã.

31 E os filhos de Beria: Heber e Malchiel: este foi o pae de Birzavith.

32 E Heber gerou a Jaflet, [12] e a Somer, e a Hotham, e a Sua, sua irmã.

33 E _foram_ os filhos de Jaflet: Pasach, e Bimhal e Asvath; estes
_foram_ os filhos de Jaflet.

34 E os filhos de Semer: [13] Ahi, Rohega, Jehubba, e Aram.

35 E os filhos de seu irmão Helem: Zophah, e Imna, e Seles, e Amal.

36 Os filhos de Zophah: Suah, e Harnepher, e Sual, e Beri, e Imra,

37 Beser, e Hod, e Samma, e Silsa, e Ithran, e Beera.

38 E os filhos de Jether: Jefone, e Pispa e Ara.

39 E os filhos de Ulla: Arah, e Hanniel e Risia.

40 Todos estes _foram_ filhos de Aser, chefes das casas paternas,
escolhidos varões de valor, chefes dos principes, e contados nas suas
genealogias, no exercito para a guerra; foi seu numero de vinte e seis
mil homens.

[1] Gen. 46.13. Num. 26.23.

[2] II Sam. 24.1, 2. cap. 27.1.

[3] Gen. 46.21. Num. 26.38. cap. 8.1, etc.

[4] Num. 26.39.

[5] Gen. 46.24.

[6] I Sam. 12.11.

[7] Num. 26.30.

[8] Num. 26.35.

[9] Jos. 16.7.

[10] Jos. 17.7. Jos. 17.11.

[11] Gen. 46.17. Num. 26.44.

[12] ver. 34.

[13] ver. 32.



_Descendentes de Benjamin e de Saul._

8 E Benjamin gerou a Bela, [1] seu primogenito, a Asbel o segundo, e a
Ahrah o terceiro,

2 A Noha o quarto, e a Rapha o quinto.

3 E Bela teve _estes_ filhos: Addar, e Gera, e Abihud,

4 E Abisua, e Naaman, e Ahoah,

5 E Gera, e Sephuphan, e Huram.

6 E estes _foram_ os filhos de Ehud: estes foram chefes dos paes dos
moradores de Geba; e os transportaram [2] a Manahath,

7 E a Naaman, e Ahias, e Gera; a estes transportou; e gerou a Uzza e a
Ahihud.

8 E Saharaim (depois de os enviar), na terra de Moab, gerou _filhos
d’_Husim e Baara, suas mulheres.

9 E de Hodes, sua mulher, gerou a Jobab, e a Zibia, e a Mesa, e a Malcam,

10 E a Jeus, e a Sachias, e a Mirma: estes _foram_ seus filhos, chefes
dos paes.

11 E de Husim gerou a Abitud e a Elpaal.

12 E _foram_ os filhos d’Elpaal: Eber, e Misam, e Semer: este edificou a
Ono e a Lod e os logares da sua jurisdicção.

13 E Beria e Sema [3] _foram_ cabeças dos paes dos moradores de Aijalon;
estes afugentaram os moradores de Gath.

14 E Ahio, e Sasak, e Jeremoth,

15 E Zebadias, e Arad, e Eder,

16 E Michael, e Ispa, e Joha, _foram_ filhos de Beria:

17 E Zebadias, e Mesullam, e Hizki, e Heber,

18 E Ismerai, e Izlias, e Jobab, filhos de Elpaal:

19 E Jakim, e Zichri, e Zabdi,

20 E Elienai, e Zillethai, e Eliel,

21 E Adaias, e Beraias, e Simrath, filhos de Simei:

22 E Ispan, e Eber, e Eliel,

23 E Abdon, e Zichri, e Hanan,

24 E Hananias, e Elam, e Anthothija,

25 E Iphdias, e Penuel, filhos de Sasak:

26 E Samserai, e Seharias, e Athalias,

27 E Jaaresias, e Elias, e Zichri, filhos de Jeroham.

28 Estes _foram_ chefes dos paes, segundo as suas gerações, _e_ estes
habitaram em Jerusalem.

29 E em Gibeon habitou o pae de Gibeon: [4] e _era_ o nome de sua mulher
Maaka;

30 E seu filho primogenito Abdon; depois Zur, e Kis, e Baal, e Nadab,

31 E Gedor, e Ahio, e Zecher.

32 E Mikloth gerou a Simea: e tambem estes, defronte de seus irmãos,
habitaram em Jerusalem com seus irmãos.

33 E Ner [5] gerou a Kis, e Kis gerou a Saul; e Saul gerou a Jonathan, e
a Malchi-sua, e a Abinadab, e a Es-baal.

34 E filho de Jonathan foi Merib-baal: [6] e Merib-baal gerou a Micha.

35 E os filhos de Micha _foram_: Pithon, e Melech, e Tarea, e Achaz.

36 E Achaz gerou [7] a Joadda, e Joadda gerou a Alemeth, e a Azmaveth, e
a Zimri; e Zimri gerou a Mosa,

37 E Mosa gerou a Bina, cujo filho foi [8] Rapha, cujo filho foi Elasa,
cujo filho foi Asel.

38 E teve Asel seis filhos, e estes _foram_ os seus nomes: Azrikam, e
Boceru, e Ishmael, e Searias, e Obadias, e Hanan: todos estes _foram_
filhos de Asel.

39 E os filhos de Esek, seu irmão: Ulam, seu primogenito, Jeus o segundo,
e Eliphelet o terceiro.

40 E _foram_ os filhos de Ulam varões heroes, valentes, _e_ frecheiros
destros; e tiveram muitos filhos, e filhos de filhos, cento e cincoenta:
todos estes foram dos filhos de Benjamin.

[1] Gen. 46.21. Num. 26.38. cap. 7.6.

[2] cap. 2.52.

[3] ver. 21.

[4] cap. 9.35.

[5] I Sam. 14.51. I Sam. 14.49.

[6] II Sam. 9.12.

[7] cap. 9.42.

[8] cap. 9.43.



_Habitantes de Jerusalem depois da volta do captiveiro._

[Antes de Christo 1536]

9 E todo [1] o Israel foi contado por genealogia: eis que _estão_
escriptos no livro dos reis de Israel: e os de Judah foram transportados
a Babylonia, por causa da sua transgressão.

2 E os primeiros habitadores, [2] que moravam na sua possessão _e_ nas
suas cidades, _foram_ os israelitas, os sacerdotes, os levitas, e os
nethineos.

3 Porém dos filhos de [3] Judah, e dos filhos de Benjamin, e dos filhos
de Ephraim e Manasseh, habitaram em Jerusalem:

4 Uthai, filho de Ammihud, filho de Omri, filho de Imri, filho de Bani,
dos filhos de Peres, filho de Judah;

5 E dos silonitas: Assias o primogenito, e seus filhos;

6 E dos filhos de Zerah: Jeuel, e seus irmãos, seiscentos e noventa;

7 E dos filhos de Benjamin: Sallu, filho de Mesullam, filho de Hodavias,
filho de Hassenua,

8 E Ibneias, filho de Jeroham, e Ela, filho de Uzzi, filho de Michri, e
Mesullam, filho de Sephatias, filho de Reuel, filho d’Ibnijas;

9 E seus irmãos, segundo as suas gerações, novecentos e cincoenta e seis:
todos estes homens _foram_ cabeças dos paes nas casas de seus paes.

10 E dos sacerdotes: [4] Jedaias, e Jehoiarib, e Jachin,

11 E Azarias, filho de Hilkias, filho de Mesullam, filho de Zadok, filho
de Meraioth, filho de Ahitub, maioral da casa de Deus:

12 Adaias, filho de Jeroham, filho de Pashur, filho de Malchias, e
Masai, filho de Adiel, filho de Jahzera, filho de Mesullam, filho de
Mesillemith, filho de Immer;

13 Como tambem seus irmãos, cabeças nas casas de seus paes, mil,
setecentos e sessenta, varões valentes para a obra do ministerio da casa
de Deus.

14 E dos levitas: Semaias, filho de Hassub, filho de Azrikam, filho de
Hasabias, dos filhos de Merari;

15 E Bakbakkar, Heres, e Galal; e Matthanias, filho de Micha, filho de
Zichri, filho de Asaph;

16 E Obadias, filho de Semaias, filho de Galal, filho de Jeduthun;
e Berechias, filho de Asa, filho de Elkana, morador das aldeias dos
netophathitas.

17 E _foram_ porteiros: Sallum, e Akkub, e Talmon, e Ahiman, e seus
irmãos, cuja cabeça era Sallum.

18 E até áquelle tempo _estavam_ de guarda á porta do rei para o oriente;
estes _foram_ os porteiros entre os arraiaes dos filhos de Levi.

19 E Sallum, filho de Kore, filho de Ebiasaph, filho de Korah, e seus
irmãos da casa de seu pae, os korahitas, _tinham_ cargo da obra do
ministerio, e _eram_ guardas dos umbraes do tabernaculo: e seus paes
_foram_ capitães do arraial do Senhor, _e_ guardadores da entrada.

20 Phineas, [5] filho de Eleazar, d’antes entre elles guia, com o qual
_era_ o Senhor,

21 _E_ Zacharias, filho de Meselemias porteiro da porta da tenda da
congregação.

22 Todos estes, escolhidos para _serem_ porteiros dos umbraes, _foram_
duzentos e doze: e foram estes, segundo as suas aldeias, postos em suas
genealogias; [6] e David e Samuel, o vidente, os constituiram no seu
cargo.

23 Estavam pois elles, e seus filhos, ás portas da casa do Senhor, na
casa da tenda, junto aos guardas.

24 Os porteiros estavam aos quatro ventos: ao oriente, ao occidente, ao
norte, e ao sul.

25 E seus irmãos _estavam_ nas suas aldeias, e no setimo dia, [7] de
tempo em tempo, entravam _a servir_ com elles.

26 Porque havia n’aquelle officio quatro porteiros-móres que eram
levitas, e tinham cargo das camaras e dos thesouros da casa de Deus.

27 E de noite ficavam á roda da casa de Deus, porque a guarda lhes estava
encarregada, e tinham cargo de abrir, e isto cada manhã.

[Antes de Christo 1200]

28 E _alguns_ d’elles tinham cargo dos vasos do ministerio, porque por
conta os traziam e por conta os tiravam.

29 Porque d’elles _alguns havia_ que tinham cargo dos [KZ] vasos e de
todos os vasos sagrados; como tambem da flor de farinha, e do vinho, e do
azeite, e do incenso, e da especiaria.

30 E dos filhos dos sacerdotes eram os obreiros da confecção [8] das
especiarias.

31 E Mattithias, d’entre os levitas, o primogenito de Sallum, o korahita,
[9] tinha cargo da obra que se fazia em sartãs.

32 E dos filhos dos kohatitas, [10] de seus irmãos houve _alguns que_
tinham cargo dos pães da proposição, para os prepararem em todos os
sabbados.

33 D’estes _foram_ tambem os cantores, [11] cabeças dos paes entre os
levitas nas camaras, exemptos de serviços; porque de dia e de noite
estava a seu cargo occuparem-se n’aquella obra.

34 Estes _foram_ cabeças dos paes entre os levitas, chefes em suas
gerações: estes habitaram em Jerusalem.

35 Porém em Gibeon habitaram Jeiel, pae de Gibeon (e _era_ o nome de sua
mulher [12] Maaca),

36 E seu filho primogenito Abdon: depois Zur, e Kis, e Baal, e Ner, e
Nadab,

37 E Gedor, e Ahio, e Zacharias, e Mikloth.

38 E Mikloth gerou a Simeão: e tambem estes, defronte de seus irmãos,
habitaram em Jerusalem com seus irmãos.

39 E Ner [13] gerou a Kis, e Kis gerou a Saul, e Saul gerou a Jonathan, e
a Malchi-sua, e a Abinadab, e a Es-baal.

40 E filho de Jonathan _foi_ Merib-baal: e Merib-baal gerou a Micha.

41 E os filhos de Micha _foram_ Pithon, e Melech, [14] e Tarea.

42 E Achaz gerou a Jaera, e Jaera gerou a Alemeth, e a Azmaveth, e a
Zimri: e Zimri gerou a Mosa.

43 E Mosa gerou a Binea, cujo filho _foi_ Rephaias, cujo filho _foi_
Elasa, cujo filho _foi_ Asel.

44 E teve Asel seis filhos, e estes _foram_ os seus nomes: Azrikam, e
Boceru, e Ishmael, e Seraias, e Obadias, e Hanan: estes _foram_ os filhos
d’Asel.

[1] Esd. 2.59.

[2] Esd. 2.70. Neh. 7.73. Jos. 9.27. Esd. 2.43 e 8.20.

[3] Neh. 11.1.

[4] Neh. 11.10, etc.

[5] Num. 31.6.

[6] cap. 36.1, 2. I Sam. 9.9.

[7] II Reis 11.5.

[8] Exo. 30.23.

[9] Lev. 2.5 e 6.21.

[10] Lev. 24.8.

[11] cap. 6.31 e 25.1.

[12] cap. 8.29.

[13] cap. 8.33.

[14] cap. 8.35.



_A morte de Saul e de seus filhos._

[Antes de Christo 1056]

10 E os philisteos [1] pelejaram com Israel: e os homens de Israel
fugiram de diante dos philisteos, e cairam feridos nas montanhas de
Gilboa.

2 E os philisteos apertaram com Saul e com seus filhos, e feriram os
philisteos a Jonathan, e a Abinadab, e a Malchisua, filhos de Saul.

3 E a peleja se aggravou contra Saul, e os frecheiros o acharam: e temeu
muito aos frecheiros.

4 Então disse Saul ao seu escudeiro: Arranca a tua espada, e atravessa-me
com ella; para que _porventura_ não venham estes incircumcisos e
escarneçam de mim. Porém o seu escudeiro não quiz, porque temia muito;
então tomou Saul a espada, e se lançou sobre ella.

5 Vendo pois o seu escudeiro que Saul estava morto, tambem elle se lançou
sobre a espada, e morreu.

6 Assim morreram Saul e seus tres filhos; e toda a sua casa morreu
juntamente.

7 E, vendo todos os homens de Israel, que _estavam_ no valle, que haviam
fugido, e que Saul e seus filhos eram mortos, deixaram as suas cidades, e
fugiram: então vieram os philisteos, e habitaram n’ellas.

8 E succedeu que, no dia seguinte, vindo os philisteos a despojar os
mortos, acharam a Saul e a seus filhos estirados nas montanhas de Gilboa.

9 E o despojaram, e tomaram a sua cabeça e as suas armas, e as enviaram
pela terra dos philisteos em redor, para o annunciarem a seus idolos e ao
povo.

10 E pozeram [2] as suas armas na casa do seu deus, e a sua cabeça
affixaram na casa de Dagon.

11 Ouvindo pois toda a Jabes de Gilead tudo quanto os philisteos fizeram
a Saul,

12 Então todos os homens bellicosos se levantaram, e tomaram o corpo de
Saul, e os corpos de seus filhos, e os trouxeram a Jabes; e sepultaram os
seus ossos debaixo d’um carvalho em Jabes, e jejuaram sete dias.

13 Assim morreu Saul por causa da sua transgressão com que transgrediu
contra [3] o Senhor, por causa da palavra do Senhor, a qual não havia
guardado; e tambem porque buscou a adivinhadora para _a_ consultar.

14 E não buscou ao Senhor, pelo que o matou, e transferiu [4] o reino a
David, filho de Jessé.

[1] I Sam. 31.1, 2.

[2] I Sam. 31.10.

[3] I Sam. 13.13 e 15.23. I Sam. 28.7.

[4] I Sam. 15.28. II Sam. 3.9, 10 e 5.3.



_David é ungido rei._

[Antes de Christo 1048]

11 Então [1] todo o Israel se ajuntou a David em Hebron, dizendo: Eis que
_somos_ teus ossos e tua carne.

2 E tambem já d’antes, sendo Saul ainda rei, _eras_ tu o que fazias sair
e entrar a Israel: [2] tambem o Senhor teu Deus te disse: Tu apascentarás
o meu povo Israel, e tu serás chefe sobre o meu povo Israel.

3 Tambem vieram todos os anciãos d’Israel ao rei, a Hebron, e David fez
com elles alliança em Hebron, perante o Senhor: e ungiram a David rei
sobre Israel, conforme a palavra do Senhor pelo ministerio [3] de Samuel.

4 E partiu David [4] e todo o Israel para Jerusalem, que _é_ Jebus:
porque ali _estavam_ os jebuseos, moradores da terra.

5 E disseram os moradores de Jebus a David: Tu não entrarás aqui. Porém
David ganhou a fortaleza de Sião, que _é_ a cidade de David.

6 Porque disse David: Qualquer que primeiro ferir os jebuseos será chefe
e maioral. Então Joab, filho de Zeruia, subiu primeiro a ella; pelo que
foi _feito_ chefe.

7 E David habitou na fortaleza; pelo que se chamou a cidade de David.

8 E edificou a cidade ao redor, desde Millo até ao circuito: e Joab
renovou o resto da cidade.

9 E ia-se David cada vez mais augmentando e crescendo; porque o Senhor
dos Exercitos _era_ com elle.


_Os valentes que David teve._

10 E estes [5] _foram_ os chefes dos varões que David tinha, e que o
apoiaram fortemente no seu reino, com todo o Israel, para o fazerem rei,
[6] conforme a palavra do Senhor, tocante a Israel.

11 E estes _foram_ do numero dos varões que David tinha: Jasobeam,
hachmonita, o principal dos capitães, o qual, brandindo a sua lança
contra trezentos, d’uma vez os matou.

12 E, depois d’elle, Eleazar, filho de Dodo, o ahohita: elle estava entre
os tres varões.

13 Este esteve com David em Pasdammim, quando os philisteos ali se
ajuntaram á peleja, e o pedaço de campo estava cheio de cevada: e o povo
fugiu _de_ diante dos philisteos.

[Antes de Christo 1047]

14 E pozeram-se no meio d’_aquelle_ pedaço, e o defenderam, e feriram os
philisteos; e obrou o Senhor um grande livramento.

15 E tres dos trinta chefes desceram á penha, [7] a David, na caverna
d’Adullam: e o arraial dos philisteos estava acampado no valle de Rephaim.

16 E David _estava_ então no logar forte: e o alojamento dos philisteos
estava então em Beth-lehem.

17 E desejou David, e disse: Quem me dará a beber da agua do poço de
Beth-lehem, que _está junto_ á porta?

18 Então aquelles tres romperam pelo arraial dos philisteos, e tiraram
agua do poço de Beth-lehem, que _estava_ á porta, e tomaram _d’ella_, e a
trouxeram a David; porém David não a quiz beber, mas a derramou ao Senhor,

19 E disse: Nunca meu Deus permitta que faça tal! beberia eu o sangue
d’estes varões com as suas vidas? Pois com _perigo das_ suas vidas a
trouxeram. E elle não a quiz beber: isto fizeram aquelles tres varões.

20 E tambem Abisai, irmão de Joab, foi chefe de tres, o qual, brandindo a
sua lança contra trezentos, os feriu: e teve nome entre os tres.

21 Dos tres foi [8] mais illustre do que os _outros_ dois, pelo que foi
chefe d’elles; porém não chegou aos _primeiros_ tres.

22 _Tambem_ Benaias, filho de Joiada filho de _um_ valente varão, grande
em obras, de Kabseel: elle feriu a dois [LA] fortes leões de Moab; e
tambem desceu, [9] e feriu um leão dentro d’uma cova, no tempo da neve.

23 Tambem feriu elle a um _homem_ egypcio, homem de _grande_ altura, de
cinco covados: e _trazia_ o egypcio uma lança na mão, como o orgão do
tecelão; mas desceu contra elle com uma vara, e arrancou a lança da mão
do egypcio, e o matou com a sua propria lança.

24 Estas coisas fez Benaias, filho de Joiada; pelo que teve nome entre
aquelles tres varões.

25 Eis que dos trinta foi _elle_ o mais illustre; comtudo não chegou aos
tres: e David o poz sobre os da sua guarda.

26 E _foram_ os varões dos exercitos: Asael, [10] irmão de Joab, Elhanan,
filho de Dodo, de Beth-lehem,

27 Sammoth, o harodita, Heles, o pelonita,

28 Ira, filho de Ikkes, o tekoita, Abiezer, o anathothita,

29 Sibbechai, o husathita, Ilai, o ahohita,

30 Maharai, o netophathita, Heled, filho de Baena, o netophathita,

31 Ithai, filho de Ribai, de Gibeah, dos filhos de Benjamin, Benaias, o
pirathonita,

32 Hurai, do ribeiro de Gaas, Abiel, o arbathita,

33 Asmaveth, o baharumita, Eliahba, o saalbonita.

34 Dos filhos de Hasem, o gizonita: Jonathan, filho de Sage, o hararita,

35 Ahiam, filho de Sachar, o hararita, Eliphal, filho de Ur,

36 Hepher, o mecheratita, Ahias, o pelonita,

37 Hesro, o carmelita, Naari, filho d’Esbai,

38 Joel, irmão de Nathan, Mibhar, filho de Geri,

39 Zelek, o ammonita, Nahrai, o berothita, escudeiro de Joab, filho de
Zeruia,

40 Ira, o ithrita, Gareb, o ithrita,

41 Urias, o hethita, Zabad, filho de Ahlai,

42 Adina, filho de Siza, o rubenita, chefe dos rubenitas; todavia sobre
elle _havia_ trinta;

43 Hanam, filho de Maacha, e Josaphat, o mithnita,

44 Uzias, o astharathita, Sama e Jeiel, filhos de Hotham, o aroerita,

45 Jediael, filho de Simri, e Joha, seu irmão, o tisita,

46 Eliel, o mahavita, e Jeribai, e Joshavias, filhos d’Elnaam, e Ithma, o
moabita,

47 Eliel, e Obed, e Jaasiel, e Mesobaia.

[1] II Sam. 5.1.

[2] Psa. 78.71.

[3] II Sam. 5.3. I Sam. 16.1, 12, 13.

[4] II Sam. 5.6. Jui. 1.21 e 19.10.

[5] II Sam. 23.8.

[6] I Sam. 16.1, 12.

[7] II Sam. 23.13. cap. 14.9.

[8] II Sam. 23.19.

[9] II Sam. 23.20.

[10] II Sam. 23.24.



_Os que vieram a David em Siclag._

[Antes de Christo 1058]

12 Estes [1] porém _são_ os que vieram a David, a Siclag, estando elle
ainda encerrado, por causa de Saul, filho de Kis: e eram dos valentes que
ajudaram a esta guerra,

2 Armados de arco, [2] e usavam da mão direita e esquerda em atirar
pedras e _em despedir_ frechas com o arco: _eram estes_ dos irmãos de
Saul, benjamitas.

3 Ahiezer, o chefe, e Joás, filho de Semaa, o gibeathita, e Jeziel e
Pelet, filhos de Azmaveth, e Beracha, e Jehu, o anathotita,

4 E Ismaias, o gibeonita, valente entre os trinta, e capitão dos trinta,
e Jeremias, e Jahaziel, e Johanan, e Jozabad, o gederathita,

5 Eluzai, e Jerimoth, e Bealias, e Samarias, e Saphatias, o haruphita,

6 Elkana, e Issias, e Azareel, e Joezer, e Jasobeam, os korahitas,

7 E Joela, e Zabadias, filhos de Jeroham de Gedor.

8 E dos gaditas se retiraram a David, ao logar forte no deserto, varões
valentes, homens de guerra para pelejar, armados com rodela e lança: e
seus rostos _eram_ como rostos de leões, e ligeiros [3] como corças sobre
os montes:

9 Ezer, o cabeça, Obadias, o segundo, Eliab, o terceiro,

10 Mismanna, o quarto, Jeremias, o quinto,

11 Atthai, o sexto, Eliel, o setimo,

12 Johanan, o oitavo, Elzabad, o nono,

13 Jeremias, o decimo, Machbannai, o undecimo.

14 Estes, dos filhos de Gad, _foram_ os capitães do exercito: um dos
menores _tinha_ o cargo de cem, e o maior de mil.

15 Estes _são_ os que passaram o Jordão no mez primeiro, [4] quando elle
trasbordava por todas as suas ribanceiras, e fizeram fugir a todos os dos
valles para o oriente e para o occidente.

16 Tambem vieram alguns dos filhos de Benjamin e de Judah a David, ao
logar forte.

17 E David lhes saiu ao encontro, e lhes fallou, dizendo: Se vós vindes
a mim pacificamente e para me ajudar, o meu coração se unirá comvosco;
porém se _é_ para me entregar aos meus inimigos, sem que haja deslealdade
nas minhas mãos, o Deus de nossos paes o veja e o reprehenda.

18 Então [5] entrou o espirito em Amasai, chefe de trinta, _e disse_:
Nós somos teus, ó David! e comtigo estamos, ó filho de Jessé! paz, paz
comtigo! e paz com quem te ajuda! pois que teu Deus te ajuda. E David os
recebeu, e os fez capitães das tropas.

19 Tambem de Manassés _alguns_ passaram a David, [6] quando veiu com os
philisteos para a batalha contra Saul, ainda que não os ajudaram; porque
os principes dos philisteos, com conselho, o despediram, dizendo: [7] Á
custa de nossas cabeças passará a Saul, seu senhor.

20 Voltando elle pois a Siclag, passaram para elle, de Manassés, Adnah, e
Jozabad, e Jediael, e Michael, e Jozabad, e Elihu, e Zillethai, chefes de
milhares dos de Manassés.

21 E estes ajudaram [8] a David contra aquella tropa, porque todos elles
_eram_ heroes valentes, e foram capitães no exercito.

22 Porque n’aquelle tempo, de dia em dia, vinham a David para o ajudar,
até _que se fez_ um grande exercito, como exercito de Deus,


_Os que vieram a David em Hebron._

[Antes de Christo 1048]

23 Ora este _é_ o numero dos chefes armados para a peleja, [9] que vieram
a David em Hebron, para transferir a elle o reino de Saul, conforme a
palavra do Senhor.

24 Dos filhos de Judah, que traziam rodela e lança, seis mil e
oitocentos, armados para a peleja.

25 Dos filhos de Simeão, varões valentes para pelejar, sete mil e cem.

26 Dos filhos de Levi, quatro mil e seiscentos.

27 Joiada porém _era_ o chefe dos de Aarão, e com elle tres mil e
setecentos.

28 E Zadok, [10] sendo ainda mancebo, varão valente; e da familia de seu
pae, vinte e dois principes.

29 E dos filhos de Benjamin, irmãos de Saul, tres mil; [11] porque até
então havia ainda muitos d’elles que eram pela casa de Saul.

30 E dos filhos de Ephraim vinte mil e oitocentos varões valentes, homens
de nome em casa de seus paes.

31 E da meia tribu de Manassés dezoito mil, que foram apontados pelos
seus nomes para vir a fazer rei a David.

32 E dos filhos d’Issacar, [12] destros na sciencia dos tempos, para
saberem o que Israel devia fazer, duzentos de seus chefes, e todos os
seus irmãos seguiam a sua palavra.

33 De Zebulon, dos que sahiam ao exercito, ordenados para a peleja
com todas as armas de guerra, cincoenta mil; como tambem destros para
ordenarem uma batalha com coração constante.

34 E de Naphtali, mil capitães, e com elles trinta e sete mil com rodela
e lança.

35 E dos danitas, ordenados para a peleja, vinte e oito mil e seiscentos.

36 E de Aser, dos que sahiam para o exercito, para ordenarem a batalha,
quarenta mil.

37 E da banda d’além do Jordão, dos rubenitas e gaditas, e da meia tribu
de Manassés, com toda a sorte de instrumentos de guerra para pelejar,
cento e vinte mil.

38 Todos estes homens de guerra, postos em ordem de batalha, com coração
inteiro, vieram a Hebron para levantar a David rei sobre todo o Israel: e
tambem todo o mais d’Israel _tinha_ o mesmo coração para levantar a David
rei.

39 E estiveram ali com David tres dias, comendo e bebendo; porque seus
irmãos lhes tinham preparado _as provisões_.

40 E tambem seus visinhos de mais perto, até Issacar, e Zebulon, e
Naphtali, trouxeram pão sobre jumentos, e sobre camelos, e sobre mulos, e
sobre bois, provisões de farinha, pastas de figos e cachos de passas, e
vinho, e azeite, e bois, e gado miudo em multidão; porque _havia_ alegria
em Israel.

[1] I Sam. 27.2. I Sam. 27.6.

[2] Jui. 20.16.

[3] II Sam. 2.18.

[4] Jos. 3.15.

[5] II Sam. 17.25.

[6] I Sam. 29.2.

[7] I Sam. 29.4.

[8] I Sam. 30.1, 9, 10.

[9] II Sam. 2.3, 4 e 5.1. cap. 11.1. cap. 10.14. I Sam. 16.1, 3.

[10] II Sam. 8.17.

[11] II Sam. 2.8, 9.

[12] Est. 1.13.



_A arca é depositada em casa de Obed-edom._

13 E teve David conselho com os capitães dos milhares, e dos centos, _e_
com todos os principes.

2 E disse David a toda a congregação de Israel: Se bem _vos parece_,
e _que vem_ do Senhor nosso Deus, enviemos depressa _mensageiros_ [1]
a todos os nossos outros irmãos em todas as terras de Israel, e aos
sacerdotes, e aos levitas com elles nas cidades e nos seus arrabaldes,
para que se ajuntem comnosco.

3 E tornemos a trazer para nós a arca do nosso Deus; [2] porque não a
buscámos nos dias de Saul.

4 Então disse toda a congregação que assim se fizesse; porque este
negocio pareceu recto aos olhos de todo o povo.

5 Ajuntou pois David [3] a todo o Israel desde Sihor do Egypto até chegar
a Hamath; para trazer a arca de Deus de Kiriath-jearim.

6 E então David com todo o Israel subiu a Baala _e d’ali_ [4] a
Kiriath-jearim, que _está_ em Judah, para fazer subir d’ali a arca de
Deus, o Senhor que habita _entre_ os cherubins, [5] _sobre_ a qual é
invocado o seu nome.

7 E levaram a arca de Deus sobre um carro novo, [6] da casa de Abinadab:
e Uza e Ahio guiavam o carro.

8 E David, [7] e todo o Israel, tocava perante Deus com toda a sua força;
em canticos, e com harpas, e com alaudes, e com tamboris, e com cymbalos,
e com trombetas.

9 E, chegando á eira de Chidon, estendeu Uza a sua mão, para ter mão na
arca; porque os bois tropeçavam.

10 Então se accendeu a ira do Senhor contra Uza, [8] e o feriu, por ter
estendido a sua mão á arca: e morreu ali perante Deus.

11 E David se encheu de tristeza de que o Senhor houvesse aberto brecha
em Uza; pelo que chamou áquelle logar Perez-uza, até ao dia d’hoje.

12 E aquelle dia temeu David ao Senhor, dizendo: Como trarei a mim a arca
de Deus?

13 Pelo que David não trouxe a arca a si, á cidade de David; porém a fez
retirar á casa de Obed-edom, o getheo.

14 Assim ficou a arca [9] de Deus com a familia de Obed-edom, tres mezes
em sua casa: e o Senhor abençoou a casa de Obed-edom, e tudo quanto tinha.

[1] I Sam. 31.1. Isa. 37.4.

[2] I Sam. 7.1, 2.

[3] I Sam. 7.5. II Sam. 6.1. Jos. 13.3. I Sam. 6.21 e 7.1.

[4] Jos. 15.9, 60.

[5] I Sam. 4.4. II Sam. 6.2.

[6] Num. 4.14. cap. 15.2, 13. I Sam. 7.1.

[7] II Sam. 6.5.

[8] Num. 4.15. cap. 15.13, 15. Lev. 10.2.

[9] II Sam. 6.11. Gen. 30.27. cap. 26.5.



_David faz alliança com Hirão._

[Antes de Christo 1045]

14 Então Hirão, [1] rei de Tyro, mandou mensageiros a David, e madeira de
cedro, e pedreiros, e carpinteiros, para lhe edificar uma casa.

2 E entendeu David que o Senhor o tinha confirmado rei sobre Israel;
porque o seu reino se tinha muito exaltado por amor do seu povo Israel.

3 E David tomou ainda mais mulheres em Jerusalem; e gerou David ainda
mais filhos e filhas.

4 E estes _são_ os nomes [2] dos filhos que tinha em Jerusalem: Sammua, e
Shobab, Nathan, e Salomão,

5 E Jibhar, e Elisua, e Elpelet,

6 E Nogah, e Nepheg, e Japhia,

7 E Elisama, e Beeliada, e Eliphelet.

8 Ouvindo pois os philisteos que David [3] havia sido ungido rei sobre
todo o Israel, todos os philisteos subiram em busca de David: o que David
ouvindo, _logo_ saiu contra elles.

9 E vindo os philisteos, se estenderam pelo valle [4] de Rephaim.

10 Então consultou David a Deus, dizendo: Subirei contra os philisteos,
e nas minhas mãos os entregarás? E o Senhor lhe disse: Sobe, porque os
entregarei nas tuas mãos.

11 E, subindo a Baal-perasim, David ali os feriu; e disse David: Por
minha mão Deus derrotou a meus inimigos, como a rotura das aguas. Pelo
que chamaram o nome d’aquelle logar, Baal-perasim.

12 E deixaram ali seus deuses; e ordenou David que se queimassem a fogo.

13 Porém os philisteos tornaram, [5] e se estenderam pelo valle.

14 E tornou David a consultar a Deus; e disse-lhe Deus: Não subirás atraz
d’elles; mas anda em roda por detraz d’elles, [6] e vem a elles por
defronte das amoreiras;

15 E ha de ser que, ouvindo tu um ruido de andadura pelas copas das
amoreiras, então sae á peleja; porque Deus haverá saido diante de ti, a
ferir o exercito dos philisteos.

16 E fez David como Deus lhe ordenara: [7] e feriram o exercito dos
philisteos desde Gibeon até Gazor.

17 Assim se espalhou [8] o nome de David por todas aquellas terras: e o
Senhor poz o seu temor sobre todas aquellas gentes.

[1] II Sam. 5.11, etc.

[2] cap. 3.5.

[3] II Sam. 5.17.

[4] cap. 11.15.

[5] II Sam. 5.22.

[6] II Sam. 5.23.

[7] II Sam. 5.25.

[8] Jos. 6.27. II Chr. 26. Deu. 2.25 e 11.25.



_A arca é levada da casa de Obed-edom para Jerusalem._

[Antes de Christo 1047]

15 Fez tambem casa para si na cidade de David; e preparou um logar para a
arca de Deus, [1] e armou-lhe uma tenda.

2 Então disse David: [2] Ninguem pode levar a arca de Deus, senão os
levitas; porque o Senhor os elegeu, para levar a arca de Deus, e para o
servirem eternamente.

3 E David ajuntou [3] a todo o Israel em Jerusalem, para fazerem subir a
arca do Senhor ao seu logar, que lhe tinha preparado.

4 E David ajuntou os filhos de Aarão e os levitas.

5 Dos filhos de Kohath: Uriel, o principe, e de seus irmãos cento e vinte.

6 Dos filhos de Merari: Asaias, o principe, e de seus irmãos duzentos e
vinte.

7 Dos filhos de Gersom: Joel, o principe, e de seus irmãos cento e trinta.

8 Dos filhos [4] de Elisaphan: Semaias o principe, e de seus irmãos
duzentos.

9 Dos filhos [5] de Hebron: Eliel, o principe, e de seus irmãos oitenta.

10 Dos filhos de Uziel: Amminadab, o principe, e de seus irmãos cento e
doze.

11 E chamou David os sacerdotes Zadok e Abiathar, e os levitas, Uriel,
Asaias, Joel, Semaias, Eliel, e Amminadab;

12 E disse-lhes: Vós _sois_ os chefes dos paes entre os levitas:
sanctificae-vos, vós e vossos irmãos, para que façaes subir a arca do
Senhor, Deus de Israel, ao _logar_ que lhe tenho preparado.

13 Pois que, porquanto [6] primeiro vós _assim o_ não _fizestes_, o
Senhor fez rotura em nós, porque o não buscámos segundo a ordenança.

14 Sanctificaram-se pois os sacerdotes e levitas, para fazerem subir a
arca do Senhor Deus de Israel.

15 E os filhos dos levitas trouxeram a arca de Deus aos hombros, como
Moysés tinha ordenado, [7] conforme a palavra do Senhor, com as varas que
tinham sobre si.

16 E disse David aos principes dos levitas que constituissem a seus
irmãos, os cantores, com instrumentos musicos, com alaudes, harpas e
cymbalos, para que se fizessem ouvir, levantando a voz com alegria.

17 Ordenaram pois os levitas a Heman, [8] filho de Joel; e dos seus
irmãos, a Asaph, filho de Berechias, e dos filhos de Merari, seus irmãos,
a Ethan, filho de Kusaias.

18 E com elles a seus irmãos da segunda _ordem_: a Zacharias, Ben, e
Jaaziel, e Semiramoth, e Jehiel, e Uni, Eliab, e Benaias, e Maaseias, e
Mattithias, e Eliphelehu, e Mikneias, e Obed-edom, e Jeiel, os porteiros.

19 E os cantores, Heman, Asaph e Ethan, _se faziam_ ouvir com cymbalos de
metal;

20 E Zacharias, e Aziel, e Semiramoth, e Jehiel, e Uni, e Eliab, e
Maaseias, e Benaias, com alaudes, sobre Alamoth:

21 E Mattithias e Eliphelehu, e Mikneias, e Obed-edom, e Jeiel, e
Azazias, com harpas, sobre Seminith, para esforçar _o tom_.

22 E Chenanias, principe dos levitas, _tinha cargo_ de [LB] entoar o
canto; ensinava-os a entoal-o, porque _era_ entendido.

23 E Berechias e Elkana _eram_ porteiros da arca.

24 E Sebanias, e Josaphat, e Nethaneel, e Amasai, e Zacharias, e Benaias,
e Eliezer, os sacerdotes, [9] tocavam as trombetas perante a arca de
Deus: e Obed-edom e Jehias _eram_ porteiros da arca.

25 Succedeu pois que David [10] e os anciãos d’Israel, e os capitães dos
milhares, foram para fazer subir a arca do concerto do Senhor, da casa de
Obed-edom, com alegria.

26 E succedeu que, ajudando Deus os levitas que levavam a arca do
concerto do Senhor, sacrificaram sete novilhos e sete carneiros.

27 E David _ia_ vestido de um roupão de linho fino, como tambem todos os
levitas que levavam a arca, e os cantores, e Chenanias, chefe dos que
levavam a arca _e_ dos cantores; tambem David _levava_ sobre si _um_
ephod de linho.

28 E todo [11] o Israel fez subir a arca do concerto do Senhor, com
jubilo, e com sonido de buzinas, e com trombetas, e com cymbalos, fazendo
sonido com alaudes e com harpas.

29 E succedeu que, [12] chegando a arca do concerto do Senhor á cidade
de David, Michal, a filha de Saul, olhou d’uma janella, e, vendo a David
dançar e tocar, o desprezou no seu coração.

[1] cap. 16.1.

[2] Num. 4.2, 15. Deu. 10.8 e 31.9.

[3] I Reis 8.1. cap. 13.5.

[4] Exo. 6.22.

[5] Exo. 6.18.

[6] II Sam. 6.3. cap. 13.7. cap. 13.10, 11.

[7] Exo. 25.14. Num. 4.15 e 7.9.

[8] cap. 6.33. cap. 6.39. cap. 6.44.

[9] Num. 10.8.

[10] II Sam. 6.12, 13, etc. I Reis 8.1.

[11] cap. 13.8.

[12] II Sam. 6.16.



16 Trazendo [1] pois a arca de Deus, a pozeram no meio da tenda que David
lhe tinha armado; e offereceram holocaustos e sacrificios pacificos
perante Deus.

[Antes de Christo 1042]

2 E, acabando David de offerecer os holocaustos e sacrificios pacificos,
abençoou o povo em nome do Senhor.

3 E repartiu a todos em Israel, tanto a homens como a mulheres, a cada um
um pão, e um bom pedaço de carne, e um frasco _de vinho_.


_Acção de graças e cantico de David._

4 E poz perante a arca do Senhor _alguns_ dos levitas por ministros; e
isto para recordarem, e louvarem, e celebrarem ao Senhor Deus d’Israel.

5 _Era_ Asaph o chefe, e Zacharias o segundo depois d’elle: Jeiel, e
Semiramoth, e Jehiel, e Mattithias, e Eliab, e Benaias, e Obed-edom, e
Jeiel, com alaudes e com harpas; e Asaph se fazia ouvir com cymbalos;

6 Tambem Benaias, e Jahaziel, os sacerdotes, continuamente com trombetas,
perante a arca do concerto de Deus.

7 Então n’aquelle mesmo dia entregou David em primeiro [2] logar _o
Psalmo seguinte_, para louvarem ao Senhor, pelo ministerio de Asaph e de
seus irmãos:

8 Louvae ao Senhor, invocae o seu nome, fazei conhecidos entre os povos
os seus feitos.

9 Cantae-lhe, psalmodiae-lhe, attentamente fallae de todas as suas
maravilhas.

10 Gloriae-vos no seu sancto nome; alegre-se o coração dos que buscam ao
Senhor.

11 Buscae ao Senhor, e a sua força; buscae a sua face continuamente.

12 Lembrae-vos das suas maravilhas que tem feito, de seus prodigios, e
dos juizos da sua bocca.

13 _Vós_, semente d’Israel, seus servos, _vós_, filhos de Jacob, seus
eleitos.

14 Elle _é_ o Senhor nosso Deus; em toda a terra _estão_ os seus juizos.

15 Lembrae-vos perpetuamente do seu concerto _e_ da palavra que
prescreveu para mil gerações;

16 _Do_ concerto que contratou [3] com Abrahão, e do seu juramento a
Isaac;

17 O qual tambem a Jacob ratificou por estatuto, _e_ a Israel por
concerto eterno,

18 Dizendo: A ti te darei a terra de Canaan, quinhão da vossa herança.

19 Sendo vós em [4] pequeno numero, poucos homens, e estrangeiros n’ella.

20 E andaram de nação em nação, e d’um reino para outro povo.

21 A ninguem permittiu que os opprimisse, [5] e por amor d’elles
reprehendeu reis, _dizendo_:

22 Não toqueis os meus ungidos, e aos meus prophetas não façaes mal.

23 Cantae ao Senhor em toda a terra; annunciae de dia em dia a sua
salvação.

24 Contae entre as nações a sua gloria, entre todos os povos as suas
maravilhas.

25 Porque grande _é_ o Senhor, e muito para louvar, e mais tremendo é do
que todos os deuses.

26 Porque todos os deuses [6] das nações _são_ vaidades; porém o Senhor
fez os céus.

27 Magestade e esplendor _ha_ diante d’elle, força e alegria no seu logar.

28 Dae ao Senhor, ó familias das nações, dae ao Senhor gloria e força.

29 Dae ao Senhor a gloria de seu nome; trazei presentes, e vinde perante
Elle: adorae ao Senhor na belleza da sua sanctidade.

30 Trema perante Elle, trema toda a terra; pois o mundo se affirmará,
para que se não abale.

31 Alegrem-se os céus, e regozije-se a terra; e diga-se entre as nações:
O Senhor reina.

32 Brama o mar com a sua plenitude; exulte o campo com tudo o que _ha_
n’elle.

33 Então jubilarão as arvores dos bosques perante o Senhor; porquanto vem
a julgar a terra.

34 Louvae ao Senhor, porque _é_ bom; pois a sua benignidade _dura_
perpetuamente.

35 E dizei: Salva-nos, ó Deus da nossa salvação, e ajunta-nos, e
livra-nos das nações; para que louvemos o teu sancto nome, _e_ nos
gloriemos do teu louvor.

36 Louvado [7] _seja_ o Senhor Deus de Israel, de seculo em seculo. E
todo o povo disse: Amen! e louvou ao Senhor.

37 Então deixou ali, diante da arca do concerto do Senhor, a Asaph e a
seus irmãos, para ministrarem continuamente perante a arca, segundo se
ordenara para cada dia.

38 E mais a Obed-edom, com seus irmãos, sessenta e oito; a este
Obed-edom, filho de Jeduthun, e a Hosa, _ordenou_ por porteiros.

39 E mais a Zadok, o sacerdote, e a seus irmãos, os sacerdotes, [8]
diante do tabernaculo do Senhor, no alto que _está_ em Gibeon,

40 Para offerecerem ao Senhor os holocaustos sobre o altar dos
holocaustos continuamente, [9] pela manhã e á tarde: e _isto_ segundo
tudo o que está escripto na lei do Senhor que tinha prescripto a Israel.

41 E com elles a Heman, e a Jeduthun, e aos mais escolhidos, que foram
apontados pelos seus nomes, para louvarem ao Senhor, [10] porque a sua
benignidade _dura_ perpetuamente.

42 Com elles pois _estavam_ Heman e Jeduthun, _com_ trombetas e cymbalos,
para os que se faziam ouvir, e _com_ instrumentos de musica de Deus:
porém os filhos de Jeduthun _estavam_ á porta.

43 Então se foi todo [11] o povo, cada um para a sua casa: e tornou
David, para abençoar a sua casa.

[1] I Sam. 6.17-19.

[2] II Sam. 23.1. Psa. 105.1-15.

[3] Gen. 17.2 e 26.3 e 28.13 e 35.11.

[4] Gen. 34.30.

[5] Gen. 12.17 e 20.3. Exo. 7.15-18.

[6] Lev. 19.4.

[7] I Reis 8.15. Deu. 27.15.

[8] cap. 21.29. II Chr. 1.3. I Reis 3.4.

[9] Exo. 29.38. Num. 28.3.

[10] ver. 34. II Chr. 5.13 e 7.3. Esd. 3.11. Jer. 33.11.

[11] II Sam. 6.19, 20.



_David deseja edificar o templo, mas Deus não permitte._

17 Succedeu pois que, [1] morando David já em sua casa, disse David ao
propheta Nathan: Eis que moro em casa de cedros, mas a arca do concerto
do Senhor _está_ debaixo de cortinas.

2 Então Nathan disse a David: Tudo quanto _tens_ no teu coração faze,
porque Deus _é_ comtigo.

3 Mas succedeu, na mesma noite, que a palavra do Senhor veiu a Nathan,
dizendo:

4 Vae, e dize a David meu servo: Assim diz o Senhor: Tu me não edificarás
_uma_ casa para morar;

5 Porque em casa nenhuma morei, desde o dia em que fiz subir a Israel
até _ao dia de_ hoje; mas fui de tenda em tenda, e de tabernaculo _em
tabernaculo_.

6 Por todas _as partes_ por onde andei com todo o Israel, _porventura_
fallei alguma palavra a algum dos juizes de Israel, a quem ordenei que
apascentasse o meu povo, dizendo: Porque me não edificaes _uma_ casa de
cedros?

7 Agora pois assim dirás a meu servo, a David: Assim diz o Senhor dos
Exercitos: Eu te tirei do curral, de detraz das ovelhas, para que fosses
chefe do meu povo Israel.

8 E estive comtigo por toda _a parte_, por onde foste, e de diante de
ti exterminei todos os teus inimigos, e te fiz _um_ nome como o nome dos
grandes que _estão_ na terra.

9 E ordenei um logar para o meu povo Israel, e o plantei, para que habite
no seu logar, e nunca mais seja removido d’uma para outra parte; e nunca
mais os debilitarão os filhos da perversidade, como ao principio;

10 E desde os dias em que ordenei juizes sobre o meu povo Israel; porém
abati a todos os teus inimigos: tambem te fiz saber que o Senhor te
edificaria _uma_ casa.

11 E ha de ser que, quando forem cumpridos os teus dias, para ires a teus
paes, suscitarei a tua semente depois de ti, a qual será dos teus filhos,
e confirmarei o seu reino.

12 Este me edificará casa; e eu confirmarei o seu throno para sempre.

13 Eu lhe [2] serei por pae, e elle me será por filho: e a minha
benignidade não desviarei d’elle, como _a_ tirei d’aquelle, que foi antes
de ti.

14 Mas o confirmarei [3] na minha casa e no meu reino para sempre, e o
seu throno será firme para sempre.

15 Conforme todas estas palavras, e conforme toda esta visão, assim
fallou Nathan a David.


_A oração de David._

16 Então entrou o rei David, [4] e ficou perante o Senhor: e disse: Quem
_sou_ eu, Senhor Deus? e qual _é_ a minha casa, que me trouxestes até
aqui?

17 E _ainda_ isto, ó Deus, foi pouco aos teus olhos; pelo que fallaste da
casa de teu servo para tempos distantes: e proveste-me, segundo o costume
dos homens, com esta exaltação, ó Senhor Deus.

18 Que mais te _dirá_ David, ácerca da honra feita a teu servo? porém tu
bem conheces a teu servo.

19 Ó Senhor, por amor de teu servo, e segundo o teu coração, fizeste
todas _estas_ grandezas, para fazer notorias todas estas grandes coisas.

20 Senhor, ninguem _ha_ como tu, e não _ha_ Deus fóra de ti, conforme
tudo quanto ouvimos com os nossos ouvidos.

21 E quem _ha_ como o teu povo Israel, unica gente na terra? a quem Deus
foi remir para seu povo, fazendo-te nome com coisas grandes e temerosas,
lançando as nações de diante do teu povo, que remiste do Egypto.

22 E tomaste o teu povo Israel para ser teu povo para sempre: e tu,
Senhor, lhe foste por Deus.

23 Agora pois, Senhor, a palavra que fallaste de teu servo, e ácerca da
sua casa, seja certa para sempre: e faze como fallaste.

24 Confirme-se com effeito, e que o teu nome se engrandeça para sempre,
_e_ diga-se: O Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel, _é_ Deus para
Israel; _e fique_ firme diante de ti a casa de David teu servo.

25 Porque tu, Deus meu, revelaste ao ouvido de teu servo que lhe
edificarias casa; pelo que o teu servo achou _confiança_ para orar em tua
presença.

26 Agora pois, Senhor, tu és o mesmo Deus, e fallaste este bem ácerca de
teu servo.

27 Agora pois foste servido abençoares a casa de teu servo, para que
esteja perpetuamente diante de ti: porque tu, Senhor, a abençoaste, e
_ficará_ abençoada para sempre.

[1] II Sam. 7.1, etc.

[2] II Sam. 7.14, 15.

[3] Luc. 1.33.

[4] II Sam. 7.18.



_Diversas victorias de David._

[Antes de Christo 1040]

18 E depois d’isto [1] aconteceu que David feriu os philisteos, e os
abateu; e tomou a Gath, e os logares da sua jurisdicção, da mão dos
philisteos.

2 Tambem feriu os moabitas; e os moabitas ficaram servos de David,
trazendo presentes.

3 Tambem David feriu a Hadar-ezer, rei de Zoba, junto a Hamath, indo elle
estabelecer os seus dominios pelo Euphrates.

4 E David lhe tomou mil cavallos de carros, [2] e sete mil cavalleiros, e
vinte mil homens de pé: e David jarretou todos os _cavallos dos_ carros;
porém reservou d’elles cem cavallos.

5 E vieram os syros de Damasco a ajudar a Hadar-ezer, rei de Zoba: porém
dos syros feriu David vinte e dois mil homens.

6 E David poz _guarnições_ em Syria de Damasco, e os syros ficaram servos
de David, trazendo presentes: e o Senhor guardava a David, por onde quer
que ia.

7 E tomou David os escudos de oiro, que tinham os servos de Hadar-ezer, e
os trouxe a Jerusalem.

8 Tambem de Tibhath, e de Chun, cidades de Hadar-ezer, tomou David
muitissimo cobre, de que Salomão [3] fez o mar de cobre, e as columnas, e
os vasos de cobre.

9 E ouvindo Tou, rei de Hamath, que David destruira todo o exercito de
Hadar-ezer, rei de Zoba,

10 Mandou seu filho Hadoram a David, para lhe perguntar como estava, e
para o abençoar, por haver pelejado com Hadar-ezer, e o destruir (porque
Hadar-ezer fazia guerra a Tou), _enviando-lhe_ juntamente toda a sorte de
vasos de oiro, e de prata, e de cobre.

11 Os quaes David tambem consagrou ao Senhor, juntamente com a prata e
oiro que trouxera de todas as _mais_ nações: dos idumeos, e dos moabitas,
e dos filhos de Ammon, e dos philisteos, e dos amalekitas.

12 Tambem Abisai, filho de Zeruia, [4] feriu a dezoito mil idumeos no
Valle do Sal.

13 E poz [5] guarnição em Edom, e todos os idumeos ficaram servos de
David: e o Senhor guardava a David, por onde quer que ia.

14 E David reinou sobre todo o Israel: e fazia juizo e justiça a todo o
seu povo.

15 E Joab, filho de Zeruia, tinha cargo do exercito: e Josaphat, filho de
Ahilud, _era_ chanceller.

16 E Zadok, filho de Ahitub, e Abimelech, filho de Abiathar, _eram_
sacerdotes: e Sausa escrivão.

17 E Benaias, [6] filho de Joiada, tinha cargo dos cheretheos e
peletheos: porém os filhos de David, os primeiros, _estavam_ á mão do rei.

[1] II Sam. 8.1, etc.

[2] II Sam. 8.4.

[3] I Reis 7.15, 23. II Chr. 4.12, 15, 16.

[4] II Sam. 8.13.

[5] II Sam. 8.14, etc.

[6] II Sam. 8.18.



_O rei dos ammonitas ultraja os mensageiros de David, e este castiga-o._

[Antes de Christo 1037]

19 E aconteceu, [1] depois d’isto, que Nahas, rei dos filhos d’Ammon,
morreu; e seu filho reinou em seu logar.

2 Então disse David: Usarei de beneficencia com Hanun, filho de Nahas,
porque seu pae usou de beneficencia comigo. Pelo que David enviou
mensageiros para o consolarem ácerca de seu pae. E, vindo os servos de
David á terra dos filhos de Ammon, a Hanun, para o consolarem,

3 Disseram os principes dos filhos de Ammon a Hanun: _Porventura_ honra
David a teu pae aos teus olhos, porque te mandou consoladores? não vieram
seus servos a ti, a esquadrinhar, e a transtornar, e a espiar a terra?

4 Pelo que Hanun tomou os servos de David, e os rapou, e lhes cortou os
vestidos no meio até á coxa da perna, e os despediu.

5 E foram-se, e avisaram a David ácerca d’estes homens, e mandou
ao encontro d’elles; porque aquelles homens estavam sobremaneira
envergonhados. Disse pois o rei: Deixae-vos ficar em Jericó, até que vos
torne a crescer a barba, e _então_ tornae.

6 Vendo pois os filhos de Ammon que se tinham feito odiosos para com
David, então enviou Hanun, e os filhos de Ammon, mil talentos de prata,
para alugarem para si carros e cavalleiros de Mesopotamia, e da Syria de
Maaca, [2] e de Zoba.

7 E alugaram para si trinta e dois mil carros, e o rei de Maaca e a sua
gente, e elles vieram, e se acamparam diante de Medeba; tambem os filhos
de Ammon se ajuntaram das suas cidades, e vieram para a guerra.

8 O que ouvindo David, enviou Joab e todo o exercito dos homens valorosos.

9 E, saindo os filhos d’Ammon, ordenaram a batalha á porta da cidade:
porém os reis que vieram _se pozeram_ á parte no campo.

10 E, vendo Joab que a frente da batalha estava contra elle por diante
e por detraz, fez escolha d’entre os mais escolhidos de Israel, e os
ordenou contra os syros:

11 E o resto do povo entregou na mão de Abisai, seu irmão; e pozeram-se
em ordem de batalha contra os filhos d’Ammon.

12 E disse: Se os syros forem mais fortes do que eu, tu virás
soccorrer-me; e, se os filhos de Ammon forem mais fortes do que tu,
_então_ eu te soccorrerei a ti.

13 Esforça-te, e esforcemo-nos pelo nosso povo, e pelas cidades do nosso
Deus, e faça o Senhor o que _parecer_ bem aos seus olhos.

14 Então se chegou Joab, e o povo que _tinha_ comsigo, diante dos syros,
para a batalha; e fugiram de diante d’elle.

15 Vendo pois os filhos d’Ammon que os syros fugiram, tambem elles
fugiram de diante de Abisai, seu irmão, e entraram na cidade; e veiu Joab
para Jerusalem.

16 E, vendo os syros que foram derrotados diante d’Israel, enviaram
mensageiros, e fizeram sair os syros que _habitavam_ da banda d’além
do rio: e Sophac, capitão do exercito de Hadar-ezer, _marchava_ diante
d’elles.

17 Do que avisado David, ajuntou a todo o Israel, e passou o Jordão, e
veiu ter com elles, e ordenou contra elles _a batalha_: e, tendo David
ordenado a batalha contra os syros, pelejaram contra elle.

18 Porém os syros fugiram de diante d’Israel, e feriu David, dos syros,
sete mil _cavallos de_ carros, e quarenta mil homens de pé: e a Sophac,
capitão do exercito, matou.

19 Vendo pois os servos d’Hadar-ezer que tinham sido feridos diante
d’Israel, fizeram paz com David, e o serviram: e os syros nunca mais
quizeram soccorrer os filhos d’Ammon.

[1] II Sam. 10.1, etc.

[2] cap. 18.5, 9.



20 Aconteceu [1] pois que, no decurso de _um_ anno, no tempo em que os
reis costumam sair _para a guerra_, Joab levou o exercito, e destruiu a
terra dos filhos de Ammon, e veiu, e cercou a Rabba, porém David ficou em
Jerusalem: [2] e Joab feriu a Rabba, e a destruiu.

[Antes de Christo 1036]

2 E David tirou [3] da cabeça do rei a corôa d’este, e achou n’ella o
peso d’um talento de oiro, e _havia_ n’ella pedras preciosas; e foi posta
sobre a cabeça de David: e levou da cidade mui grande despojo.

3 Tambem o povo que _estava_ n’ella levou, e _os_ fez serrar com a serra,
e _cortar_ com talhadeiras de ferro e com machados; e assim fez David
com todas as cidades dos filhos de Ammon: então voltou David, com todo o
povo, para Jerusalem.

4 E depois d’isto aconteceu que, [4] levantando-se guerra em Gazer, com
os philisteos, então Sibbechai, o husathita, feriu a Sippai, dos filhos
[LC] de Rapha: e ficaram abatidos.

5 E tornou a haver guerra com os philisteos: e Elhanan, filho de Jair,
feriu a Lahmi, irmão de Goliath, o getheo, cuja haste da lança _era_ como
orgão de tecelão.

6 E tornou a haver guerra [5] em Gath; e havia ali um homem de _grande_
estatura, e tinha vinte e quatro dedos, seis em cada mão, e seis em cada
pé, e tambem era da raça [LD] de Rapha.

7 E injuriou a Israel: porém Jonathan, filho de Simea, irmão de David, o
feriu.

8 Estes nasceram [LE] a Rapha em Gath: e cairam pela mão de David e pela
mão dos seus servos.

[1] II Sam. 11.1.

[2] II Sam. 12.26.

[3] II Sam. 12.30, 31.

[4] II Sam. 21.18. cap. 11.29.

[5] II Sam. 21.20.



_David numera o povo, e Deus castiga-o._

21 Então [LF] Satanaz se levantou [1] contra Israel, e incitou David a
numerar a Israel.

[Antes de Christo 1018]

2 E disse David a Joab e aos maioraes do povo: Ide, numerae a Israel,
desde Berseba até Dan; [2] e trazei-me a conta, para que saiba o numero
d’elles.

3 Então disse Joab: O Senhor accrescente ao seu povo cem vezes tanto como
é; _porventura_, ó rei meu senhor, não _são_ todos servos de meu senhor?
Porque procura isto o meu senhor? Porque seria _causa de_ delicto para
com Israel.

4 Porém a palavra do rei prevaleceu contra Joab; pelo que saiu Joab, e
passou por todo o Israel; então voltou para Jerusalem.

5 E Joab deu a David a somma do numero do povo: e era todo o Israel
um milhão e cem mil homens, dos que arrancavam espada; e de Judah
quatrocentos e setenta mil homens, dos que arrancavam espada.

6 Porém os de Levi [3] e Benjamin não contou entre elles, porque a
palavra do rei foi abominavel a Joab.

7 E este negocio _tambem_ pareceu mal aos olhos de Deus: pelo que feriu a
Israel.

8 Então disse David a Deus: [4] Gravemente pequei em fazer este negocio;
porém agora sê servido tirar a iniquidade de teu servo, porque obrei mui
loucamente.

9 Fallou pois o Senhor a Gad, [5] o vidente de David, dizendo:

10 Vae, e falla a David, dizendo: Assim diz o Senhor: Tres _coisas_ te
proponho: escolhe uma d’ellas, para que eu t’_a_ faça.

11 E Gad veiu a David, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Escolhe para ti,

12 Ou [6] tres annos de fome, ou que tres mezes te consumas diante de
teus adversarios, e a espada de teus inimigos _te_ alcance, ou que tres
dias a espada do Senhor, isto é, a peste na terra, e o anjo do Senhor
destruam todos os termos de Israel; vê pois agora que resposta hei de
levar a quem me enviou.

13 Então disse David a Gad: Estou em grande angustia; caia eu pois nas
mãos do Senhor, porque _são_ muitissimas as suas misericordias; mas que
eu não caia nas mãos dos homens.

14 Mandou pois o Senhor a peste a Israel; e cairam d’Israel setenta mil
homens.

15 E o Senhor mandou [7] _um_ anjo a Jerusalem para a destruir; e,
destruindo-a _elle_, o Senhor _o_ viu, e se arrependeu d’aquelle mal,
e disse ao anjo destruidor: Basta, agora retira a tua mão. E o anjo do
Senhor estava junto á eira de Ornan, jebuseo.

16 E, levantando David os seus olhos, [8] viu o anjo do Senhor, que
estava entre a terra e o céu, com a sua espada desembainhada na sua
mão estendida contra Jerusalem: então David e os anciãos, cobertos de
saccos, se prostraram sobre os seus rostos.

[Antes de Christo 1017]

17 E disse David a Deus: Não _sou_ eu _o que_ disse que se contasse o
povo? E eu mesmo _sou_ o que pequei, e fiz muito mal; mas estas ovelhas
que fizeram? Ah! Senhor, meu Deus, seja a tua mão contra mim, e contra a
casa de meu pae, e não para castigo de teu povo.

18 Então [9] o anjo do Senhor disse a Gad que dissesse a David que
subisse David para levantar um altar ao Senhor na eira d’Ornan, jebuseo.

19 Subiu pois David, conforme a palavra de Gad, que fallara em nome do
Senhor.

20 E, virando-se Ornan, viu o anjo, e se esconderam com elle seus quatro
filhos: e Ornan estava trilhando o trigo.

21 E David veiu a Ornan: e olhou Ornan, e viu a David, e saiu da eira, e
se prostrou perante David com o rosto em terra.

22 E disse David a Ornan: Dá-me _este_ logar da eira, para edificar
n’elle um altar ao Senhor; dá-m’o pelo seu valor, para que cesse este
castigo sobre o povo.

23 Então disse Ornan a David: Toma-_a_ para ti, e faça o rei meu Senhor
_d’ella_ o que _parecer_ bem aos seus olhos: eis que dou os bois para
holocaustos, e os trilhos para lenha, e o trigo para offerta de manjares;
tudo dou.

24 E disse o rei David a Ornan: Não, antes pelo seu valor a quero
comprar: porque não tomarei o que _é_ teu, para o Senhor; para que não
offereça holocausto sem custo.

25 E David [10] deu a Ornan por aquelle logar o peso de seiscentos siclos
de oiro.

26 Então David edificou ali um altar ao Senhor, e offereceu n’elle
holocaustos e sacrificios pacificos: e invocou o Senhor, [11] o qual lhe
respondeu com fogo do céu sobre o altar do holocausto.

27 E o Senhor deu ordem ao anjo, e elle tornou a sua espada á bainha.

28 Vendo David, no mesmo tempo, que o Senhor lhe respondera na eira de
Ornan, jebuseo, sacrificou ali.

29 Porque o tabernaculo [12] do Senhor, que Moysés fizera no deserto, e o
altar do holocausto, [13] _estavam_ n’aquelle tempo no alto de Gibeon.

30 E não podia David ir perante elle buscar ao Senhor; porque estava
aterrorisado por causa da espada do anjo do Senhor.

[1] II Sam. 24.1, etc.

[2] cap. 27.23.

[3] cap. 27.24.

[4] II Sam. 24.10. II Sam. 12.13.

[5] I Sam. 9.9.

[6] II Sam. 24.13.

[7] II Sam. 24.16. Gen. 6.6.

[8] II Chr. 3.1.

[9] II Chr. 3.1.

[10] II Sam. 24.24.

[11] Lev. 9.24. II Chr. 3.1 e 7.1.

[12] cap. 16.39.

[13] I Reis 3.4. cap. 16.39. II Chr. 1.3.



_David faz preparativos para edificar o templo._

22 E disse David: [1] Esta _será_ a casa do Senhor Deus, e este _será_ o
altar do holocausto para Israel.

2 E deu ordem David que se ajuntassem os estranhos [2] que _estavam_
na terra de Israel: e ordenou cortadores de pedras, para que lavrassem
pedras de cantaria, para edificar a casa de Deus.

3 E apparelhou David ferro em abundancia, para os pregos das portas das
entradas, e para as junturas: como tambem cobre em abundancia, [3] sem
peso;

4 E madeira de cedro sem conta: [4] porque os sidonios e tyrios traziam a
David madeira de cedro em abundancia.

5 Porque dizia David: [5] Salomão, meu filho, ainda _é_ moço e tenro, e
a casa que se ha de edificar para o Senhor _se ha de_ fazer magnifica em
excellencia, para nome e gloria em todas as terras; eu _pois_ agora lhe
prepararei _materiaes_. Assim preparou David _materiaes_ em abundancia,
antes da sua morte.

6 Então chamou a Salomão seu filho, e lhe ordenou que edificasse _uma_
casa ao Senhor Deus de Israel.

7 E disse David a Salomão: Filho meu, quanto a mim, [6] tive em meu
coração o edificar casa [7] ao nome do Senhor meu Deus.

8 Porém a mim a palavra do Senhor veiu, dizendo: Tu derramaste sangue em
abundancia, e fizeste grandes guerras; não edificarás casa ao meu nome;
[8] porquanto muito sangue tens derramado na terra, perante a minha face.

9 Eis que o filho [9] que te nascer será homem de repouso; porque repouso
lhe hei de dar de todos os seus inimigos em redor; portanto [LG] Salomão
será o seu nome, e paz e descanço darei a Israel nos seus dias.

10 Este [10] edificará casa ao meu nome, e elle me será _por_ filho, e eu
a elle _por_ pae; e confirmarei o throno de seu reino sobre Israel, para
sempre.

11 Agora pois, meu filho, [11] o Senhor seja comtigo; e prospera, e
edifica a casa do Senhor teu Deus, como elle disse de ti.

12 O Senhor te dê [12] tão sómente prudencia e entendimento, e te instrua
ácerca de Israel; e isso para guardar a lei do Senhor teu Deus.

13 Então prosperarás, [13] se tiveres cuidado de fazer os estatutos e os
juizos, que o Senhor mandou a Moysés ácerca de Israel: esforça-te, e tem
bom animo; não temas, nem tenhas pavor.

14 Eis que na minha oppressão preparei para a casa do Senhor cem mil
talentos de oiro, e um milhão de talentos de prata, e de cobre e de ferro
sem peso, [14] porque em abundancia é: tambem madeira e pedras preparei,
e tu suppre o que faltar.

15 Tambem _tens_ comtigo officiaes mechanicos em multidão, cortadores e
artifices em _obra de_ pedra e madeira; e toda a sorte de sabios em toda
a sorte de obra.

16 Do oiro, da prata, e do cobre, e do ferro não _ha_ numero: levanta-te
_pois_, e faze _a obra_, [15] e o Senhor seja comtigo.

17 E David deu ordem a todos os principes de Israel que ajudassem a
Salomão, seu filho, _dizendo_:

18 _Porventura_ não _está_ comvosco o Senhor vosso Deus, _e não_ vos deu
[16] repouso em roda? porque tem entregado na minha mão os moradores da
terra; e a terra foi sujeita perante o Senhor e perante o seu povo.

19 Disponde [17] pois agora o vosso coração e a vossa alma para buscardes
ao Senhor vosso Deus; e levantae-vos, [18] e edificae o sanctuario do
Senhor Deus, para que a arca do concerto do Senhor, e os vasos sagrados
de Deus se tragam a esta casa, que se ha de edificar ao nome do Senhor.

[1] Deu. 12.5. II Sam. 24.18. cap. 21.18, 19, 26, 28. I Chr. 3.11.

[2] I Reis 9.21.

[3] ver. 14. I Reis 7.47.

[4] I Reis 5.6.

[5] cap. 29.1.

[6] II Sam. 7.2. I Reis 8.17. cap. 17.1 e 28.2.

[7] Deu. 12.5, 11.

[8] I Reis 5.3. cap. 28.3.

[9] cap. 28.5. I Reis 4.25 e 5.4.

[10] II Sam. 7.13. I Reis 5.5. cap. 17.12, 13 e 28.6. Heb. 1.5.

[11] ver. 16.

[12] I Reis 3.9, 12.

[13] Jos. 1.7, 8. cap. 28.7. Deu. 31.7, 8. Jos. 1.6, 7, 9. cap. 28.20.

[14] ver. 3.

[15] ver. 11.

[16] Deu. 12.10. Jos. 22.4. II Sam. 7.1. cap. 23.25.

[17] II Chr. 20.3.

[18] I Reis 8.6, 21. II Chr. 5.7 e 6.11. ver. 7. I Reis 5.3.



_David faz Salomão rei e ordena os turnos e funcções dos levitas._

[Antes de Christo 1045]

23 Sendo pois David já velho, e cheio de dias, fez a Salomão seu [1]
filho rei sobre Israel.

2 E ajuntou a todos os principes de Israel, como tambem aos sacerdotes e
levitas.

3 E foram contados os levitas de trinta annos [2] e d’ahi para cima: e
foi o numero d’elles, segundo as suas cabeças, trinta e oito mil homens.

4 D’estes _havia_ vinte e quatro mil, [3] para promoverem a obra da casa
do Senhor, e seis mil officiaes e juizes,

5 E quatro mil porteiros, e quatro mil para louvarem ao Senhor com os
instrumentos, [4] que eu fiz para _o_ louvar, _disse David_,

6 E David [5] os repartiu por turnos, segundo os filhos de Levi, Gerson,
Kohath e Merari.

7 Dos gersonitas: [6] Ladan e Simei.

8 Os filhos de Ladan; Jehiel o chefe, e Zetham, e Joel, tres.

9 Os filhos de Simei: Selomith, e Haziel, e Haran, tres: estes _foram_ os
chefes dos paes de Ladan.

10 E os filhos de Simei: Jahath, Ziza, e Jeus, e Berias: estes _foram_ os
filhos de Simei, quatro.

11 E Jahath era o chefe, e Ziza o segundo, mas Jeus e Berias não tiveram
muitos filhos; pelo que foram contados em casa de _seus_ paes por uma
_só_ familia.

12 Os filhos [7] de Kohath: Amram, Ishar, Hebron, e Uziel, quatro.

13 Os filhos [8] de Amram: Aarão e Moysés; e Aarão foi separado
para sanctificar a sanctidade das sanctidades, elle e seus filhos,
eternamente; para incensar diante do Senhor, para o servirem, e para
darem a benção em seu nome eternamente.

14 E _quanto [9] a_ Moysés, homem de Deus, seus filhos foram contados
entre a tribu de Levi.

15 _Foram_ pois os filhos [10] de Moysés, Gersom e Eliezer.

16 Dos filhos de Gersom _foi_ [11] Sebuel o chefe.

17 E quanto aos filhos de Eliezer, _foi_ Rehabias [12] o chefe: e Eliezer
não teve outros filhos; porém os filhos de Rehabias se multiplicaram
grandemente.

18 Dos filhos de Ishar _foi_ Selomith o chefe.

19 Quanto aos filhos [13] de Hebron, _foi_ Jerias o chefe, Amarias o
segundo, Jahaziel o terceiro, e Jekamam o quarto.

20 Quanto aos filhos de Uziel, Micha o chefe, e Issias o segundo.

21 Os filhos de [14] Merari: Maheli e Musi; os filhos de Maheli: Eleazar
e Kis.

22 E morreu Eleazar, e não [15] teve filhos, porém filhas; e os filhos de
Kis, seus irmãos, as tomaram _por mulheres_.

23 Os filhos de [16] Musi: Maheli, e Eder, e Jeremath, tres.

24 Estes _são_ os filhos de Levi, [17] segundo a casa de seus paes,
chefes dos paes, segundo foram contados pelo numero dos nomes, segundo os
seus chefes, que faziam a obra do ministerio da casa o Senhor, [18] da
edade de vinte annos e _d’ahi_ para cima.

25 Porque disse David: O Senhor Deus de Israel deu repouso [19] ao seu
povo, e habitará em Jerusalem para sempre.

26 E tambem, quanto aos levitas, [20] que nunca _mais_ levassem o
tabernaculo, nem algum de seus apparelhos _pertencentes_ ao seu
ministerio.

27 Porque, segundo as ultimas palavras de David, _foram_ contados os
filhos de Levi da edade de vinte annos e _d’ahi_ para cima.

28 Porque o seu cargo _era_ de estar ao mandado dos filhos de Aarão no
ministerio da casa do Senhor, nos atrios, e nas camaras, e na purificação
de todas as coisas sagradas, e na obra do ministerio da casa de Deus,

29 _A saber_: [21] para os pães da proposição, e para a flor de farinha,
para a offerta de manjares, e para os coscorões asmos, e para as sartãs,
e para o tostado, e para toda a medida e [LH] mensura;

30 E para estarem cada manhã em pé para louvarem e celebrarem ao Senhor;
e similhantemente á tarde;

31 E para cada offerecimento dos holocaustos do Senhor, [22] nos
sabbados, nas luas novas, e nas solemnidades, por conta, segundo o seu
costume, continuamente perante o Senhor:

32 E para que tivessem [23] cuidado da guarda da tenda da congregação, e
da guarda do sanctuario, e da guarda dos filhos de Aarão, seus irmãos, no
ministerio da casa do Senhor.

[1] I Reis 1.33-39. cap. 28.5.

[2] Num. 4.3, 47.

[3] Deu. 16.18. cap. 26.29. II Chr. 19.8.

[4] II Chr. 29.25, 26. Amós 6.5.

[5] Exo. 6.16. Num. 26.57. cap. 6.1, etc. II Chr. 8.14 e 29.25.

[6] cap. 26.21.

[7] Exo. 6.18.

[8] Exo. 6.20. Exo. 28.1. Heb. 5.4. Exo. 30.7. Num. 16.40. I Sam. 2.28.
Deu. 21.5. Num. 6.23.

[9] cap. 26.23, 24, 25.

[10] Exo. 2.22 e 18.3, 4.

[11] cap. 26.24.

[12] cap. 26.25.

[13] cap. 24.23.

[14] cap. 24.26. cap. 24.29.

[15] cap. 24.28. Num. 36.6, 8.

[16] cap. 24.30.

[17] Num. 10.17, 21.

[18] ver. 27. Num. 1.3 e 4.3 e 8.24. Esd. 3.8.

[19] cap. 22.18.

[20] Num. 4.5, etc.

[21] Exo. 25.30. Lev. 6.20. cap. 9.23, etc. Lev. 2.4. Lev. 2.5, 7. Lev.
19.35.

[22] Num. 10.10. Lev. 23.4.

[23] Num. 1.53. Num. 3.6-9.



_David divide os sacerdotes em vinte e quatro turnos._

24 E quanto aos filhos de Aarão, _estes foram_ as suas divisões: [1] os
filhos de Aarão _foram_ Nadab, e Abihu, e Eleazar e Ithamar.

2 E morreram Nadab [2] e Abihu antes de seu pae, e não tiveram filhos: e
Eleazar e Ithamar administravam o sacerdocio.

3 E David os repartiu, como tambem a Zadok, dos filhos de Eleazar, e
Abimelech, dos filhos de Ithamar, segundo o seu officio no seu ministerio.

4 E achou-se que eram muitos mais os filhos de Eleazar entre os chefes de
familias do que os filhos de Ithamar, quando os repartiram: dos filhos de
Eleazar dezeseis chefes das casas dos paes, mas dos filhos de Ithamar,
segundo as casas de seus paes, oito.

5 E os repartiram por sortes, uns com os outros; porque houve maioraes
do sanctuario e maioraes _da casa_ de Deus, assim d’entre os filhos de
Eleazar, como d’entre os filhos de Ithamar.

6 E os registou Semaias, filho de Nathanael, o escrivão d’entre os
levitas, perante o rei, e os principes, e Zadok, o sacerdote, e
Abimelech, filho de Abiathar, e os chefes dos paes entre os sacerdotes, e
entre os levitas: uma d’entre as casas dos paes se tomou para Eleazar, e
se tomou outra para Ithamar.

7 E saiu a primeira sorte a Jojarib, a segunda a Jedaias,

8 A terceira a Harim, a quarta a Seorim,

9 A quinta a Malchias, a sexta a Mihamin,

10 A setima a Hakkos, a oitava [3] a Abias,

11 A nona a Jesua, a decima a Sechanias,

12 A undecima a Eliasib, a duodecima a Jakim,

13 A decima terceira a Huppa, a decima quarta a Jesebeab,

14 A decima quinta a Bilga, a decima sexta a Immer,

15 A decima setima a Hezir, a decima oitava a Happises,

16 A decima nona a Petahias, a vigesima a Jehezkel,

17 A vigesima primeira a Jachin, a vigesima segunda a Gamul,

18 A vigesima terceira a Delaias, a vigesima quarta a Maazias.

19 O officio d’estes no seu ministerio [4] era entrar na casa do Senhor,
segundo lhes fôra ordenado por Aarão seu pae, como o Senhor Deus de
Israel lhe tinha ordenado.

20 E do resto dos filhos de Levi: dos filhos de Amram, Subael: dos filhos
de Subael, [5] Jehdias.

21 Quanto a Rehabias: [6] dos filhos de Rehabias Issias _era_ chefe;

22 Dos isharitas, [7] Selomoth; dos filhos de Selomoth, Jahoth;

23 E dos filhos _de Hebron_, Jerias _o primeiro_, Amarias o segundo,
Jahaziel o terceiro, Jekamam o quarto;

24 Dos filhos de Uziel, Micha; dos filhos de Micha, Samir;

25 O irmão de Micha, Issias; dos filhos de Issias, Zacharias;

26 Os filhos de Merari, Maheli e Musi; dos filhos de Jaazias, Beno;

27 Os filhos de Merari de Jaazias, Beno, e Soham, e Zaccur, e Hibri;

28 De Maheli, Eleazar: [8] e este não teve filhos.

29 Quanto a Kis: dos filhos de Kis, Jerahmeel;

30 E os filhos, [9] de Musi, Maheli, e Eder, e Jerimoth; estes _foram_ os
filhos dos levitas, segundo as suas casas paternas.

31 E tambem elles lançaram sortes egualmente com seus irmãos, os filhos
de Aarão, perante o rei David, e Zadok, e Abimelech, e os chefes dos paes
entre os sacerdotes e entre os levitas: o chefe da casa dos paes e bem
assim seu irmão menor.

[1] Lev. 10.1, 6. Num. 26.60.

[2] Num. 3.4 e 26.61.

[3] Neh. 12.4, 17. Luc. 1.5.

[4] cap. 9.25.

[5] cap. 23.16.

[6] cap. 23.17.

[7] cap. 23.18.

[8] cap. 23.22.

[9] cap. 23.23.



_Funcções dos cantores em seus turnos._

25 E David, juntamente com os capitães do exercito, [1] separou para
o ministerio os filhos de Asaph, e de Heman, e de Jeduthun, para
prophetizarem com harpas, com alaudes, e com psalterios: e _este_ foi o
numero dos homens aptos para a obra do seu ministerio.

2 Dos filhos de Asaph _foram_ Zaccur, e José, e Nethanias, e Asarela,
filhos de Asaph: a cargo de Asaph, que prophetizava debaixo da direcção
do rei David.

3 Quanto a Jeduthun, _foram_ os filhos de Jeduthun: Gedalias, e Zeri, e
Jesaias, e Hasabias, e Mattithias, seis, a cargo de seu pae Jeduthun,
para tanger harpas, o qual prophetizava, louvando e dando graças ao
Senhor.

4 Quanto a Heman: os filhos de Heman: Bukkias, Matthanias, Uziel, Sebuel,
e Jerimoth, Hananias, Hanani, Eliatha, Giddalti, e Romamthi-ezer,
Josbekasa, Mallothi, Hothir, _e_ Mahazioth.

5 Todos estes _foram_ filhos de Heman, o vidente do rei nas palavras de
Deus, para exaltar a corneta: porque Deus dera a Heman quatorze filhos e
tres filhas.

6 Todos estes _estavam_ ao lado de seu pae para o canto da casa do
Senhor, com psalterios, alaudes e harpas, para o ministerio da casa de
Deus; [2] _e_, ao lado do rei, Asaph, Jeduthun, e Heman.

7 E era o numero d’elles, juntamente com seus irmãos instruidos no canto
do Senhor, todos os mestres, duzentos e oitenta e oito.

8 E deitaram as sortes ácerca da guarda egualmente, assim o pequeno como
o grande, [3] o mestre juntamente com o discipulo.

9 Saiu pois a primeira sorte a Asaph, _a saber_: a José; a segunda a
Gedalias; e _eram_ elle, e seus irmãos, e seus filhos, ao todo, doze.

10 A terceira a Zaccur, seus filhos e seus irmãos; doze.

11 A quarta a Isri, seus filhos, e seus irmãos; doze.

12 A quinta a Nethanias, seus filhos, e seus irmãos; doze.

13 A sexta a Bukkias, seus filhos, e seus irmãos; doze.

14 A setima a Jesarela, seus filhos, e seus irmãos; doze.

15 A oitava a Jesaias, seus filhos, e seus irmãos; doze.

16 A nona a Matthanias, seus filhos, e seus irmãos; doze.

17 A decima a Simei, seus filhos, e seus irmãos; doze.

18 A undecima a Azareel, seus filhos, e seus irmãos; doze.

19 A duodecima a Hasabias, seus filhos e seus irmãos; doze.

20 A decima terceira a Subael, seus filhos, e seus irmãos; doze.

21 A decima quarta a Mattithias, seus filhos, e seus irmãos; doze.

22 A decima quinta a Jeremoth, seus filhos, e seus irmãos; doze.

23 A decima sexta a Hananias, seus filhos, e seus irmãos; doze.

24 A decima setima a Josbekasa, seus filhos, e seus irmãos; doze.

25 A decima oitava a Hanani, seus filhos, e seus irmãos; doze.

26 A decima nona a Mallothi, seus filhos, e seus irmãos; doze.

27 A vigesima a Eliatha, seus filhos, e seus irmãos; doze.

28 A vigesima primeira a Hothir, seus filhos, e seus irmãos; doze.

29 A vigesima segunda a Giddalthi, seus filhos, e seus irmãos; doze.

30 A vigesima terceira a Mahazioth, seus filhos, e seus irmãos; doze.

31 A vigesima quarta a Romamthi-ezer, seus filhos, e seus irmãos; doze.

[1] cap. 6.33, 39, 44.

[2] ver. 2.

[3] II Chr. 23.13.



_Funcções dos porteiros._

26 Quanto aos repartimentos dos porteiros, dos korahitas _foi_
Meselemias, filho de Kore, dos filhos de Asaph.

2 E _foram_ os filhos de Meselemias: Zacharias o primogenito, Jediael o
segundo, Zebadias o terceiro, Jathniel o quarto,

3 Elam o quinto, Johanan o sexto, Elioenai o setimo.

4 E os filhos d’Obed-edom _foram_: Semaias o primogenito, Jozabad o
segundo, Joah o terceiro, e Sachar o quarto, e Nathanael o quinto,

5 Ammiel o sexto, Issacar o setimo, Peullethai o oitavo: porque Deus o
tinha abençoado.

6 Tambem a seu filho Semaias nasceram filhos, que dominaram sobre a casa
de seu pae; porque _foram_ varões valentes.

7 Os filhos de Semaias: Othni, e Raphael, e Obed, _e_ Elzabad, seus
irmãos, homens valentes: Elihu e Semachias.

8 Todos estes _foram_ dos filhos d’Obed-edom; elles e seus filhos, e seus
irmãos, homens valentes de força para o ministerio: _por todos_ sessenta
e dois, de Obed-edom.

9 E os filhos e os irmãos de Mesalemias, homens valentes, _foram_ dezoito.

10 E de [1] Hosa, d’entre os filhos de Merari, foram os filhos: Simri
o chefe (ainda que não era o primogenito, comtudo seu pae o constituiu
chefe),

11 Hilkias o segundo, Tabalias o terceiro, Zacharias o quarto: todos os
filhos e irmãos de Hosa _foram_ treze.

12 D’estes _se fizeram_ as turmas dos porteiros, entre os chefes dos
homens da guarda, egualmente com os seus irmãos, para ministrarem na casa
do Senhor.

13 E lançaram sortes, assim os pequenos como os grandes, segundo as casas
de seus paes, para cada porta.

14 E caiu a sorte do oriente a Selemias: e lançou-se a sorte por seu
filho Zacharias, conselheiro entendido, e saiu-lhe a sorte do norte.

15 E por Obed-edom a do sul: e por seus filhos a casa das thesourarias.

16 Por Suppim e Hosa a do occidente, com a porta Sallecheth, junto ao
caminho da subida: uma guarda defronte d’outra guarda.

17 Ao oriente seis levitas; ao norte quatro por dia, ao sul quatro por
dia, porém ás thesourarias de dois em dois.

18 Em Parbar ao occidente: quatro junto ao caminho, dois junto a Parbar.

19 Estas _são_ as turmas dos porteiros d’entre os filhos dos korahitas, e
d’entre os filhos de Merari.


_Os guardas dos thesouros._

20 _E_ quanto aos levitas: [2] Ahias _tinha_ cargo dos thesouros da casa
de Deus e dos thesouros das coisas sagradas.

21 _Quanto_ aos filhos de Ladan, filhos de Ladan gersonita: de Ladan
gersonita, _foi_ chefe dos paes Jehieli.

22 Os filhos de Jehieli: Zetham e Joel, seu irmão; estes _tinham_ cargo
dos thesouros da casa do Senhor.

23 Para os amramitas, para os isharitas, para os hebronitas, para os
ozielitas.

24 E [3] Sebuel, filho de Gersom, o filho de Moysés, _era_ maioral dos
thesouros.

25 E seus irmãos _foram_, da banda de Eliezer, Rehabias seu filho, e
Isaias seu filho, e Jorão seu filho, e Zichri seu filho, [4] e Selomith,
seu filho.

26 Este Selomith e seus irmãos _tinham_ cargo de todos os thesouros
das coisas sagradas que o rei David e os chefes dos paes, capitães de
milhares, e de centenas, e capitães do exercito tinham consagrado.

27 Dos despojos das guerras _as_ consagraram, para repararem a casa do
Senhor.

28 Como tambem tudo quanto tinha consagrado Samuel [5] o vidente, e Saul
filho de Kis, e Abner filho de Ner, e Joab filho de Zeruia: tudo quanto
_quem quer_ tinha consagrado _estava_ debaixo da mão de Selomith e seus
irmãos.


_Os officiaes e os juizes._

29 Dos isharitas, Chenanias, e seus filhos _foram_ postos sobre Israel
para a obra de fóra, [6] por officiaes e por juizes.

30 Dos hebronitas _foram_ Hasabias e seus irmãos, homens valentes, mil e
setecentos, que tinham cargo dos officios em Israel, de áquem do Jordão
para o occidente, em toda a obra do Senhor, e para o serviço do rei.

31 Dos hebronitas _era_ [7] Jerias o chefe dos hebronitas, de suas
gerações entre os paes: no anno quarenta do reino de David se buscaram e
acharam entre elles varões valentes em [8] Jaezer de Gilead.

32 E seus irmãos, homens valentes, dois mil e setecentos, chefes dos
paes: e o rei David os constituiu sobre os rubenitas e os gaditas, e a
meia tribu dos manassitas, para todos os negocios de Deus, [9] e para
todos os negocios do rei.

[1] cap. 16.3.

[2] cap. 28.12. Mal. 3.10.

[3] cap. 23.16.

[4] cap. 23.18.

[5] I Sam. 9.9.

[6] cap. 23.4.

[7] cap. 23.19.

[8] Jos. 21.39.

[9] II Chr. 19.11.



_O numero do povo, e as turmas de serviço para cada mez._

27 Estes _são_ os filhos de Israel segundo o seu numero, os chefes dos
paes, e os capitães dos milhares e das centenas, com os seus officiaes,
que serviam ao rei em todos os negocios das turmas entrando e saindo de
mez em mez, em todos os mezes do anno: cada turma de vinte e quatro mil.

2 Sobre a primeira turma do mez primeiro estava [1] Jasobeam, filho de
Zabdiel: e em sua turma _havia_ vinte e quatro mil.

3 _Era_ este dos filhos de Phares, chefe de todos os capitães dos
exercitos, para o primeiro mez.

4 E sobre a turma do segundo mez _era_ Dodai, o ahohita, com a sua turma,
cujo chefe _era_ Mikloth: tambem em sua turma _havia_ vinte e quatro mil.

5 O terceiro capitão do exercito do terceiro mez _era_ Benaias, filho de
Joiada, official maior _e_ chefe: tambem em sua turma _havia_ vinte e
quatro mil.

6 _Era_ este Benaias _um_ varão [2] entre os trinta, e sobre os trinta: e
_sobre_ a sua turma _estava_ Ammizabad, seu filho.

7 O quarto do quarto mez [3] Asael, irmão de Joab, e depois d’elle
Zebadias, seu filho: tambem em sua turma _havia_ vinte e quatro mil.

8 O quinto do quinto mez o maioral Samhuth, o israhita: tambem em sua
turma _havia_ vinte e quatro mil.

9 O sexto do sexto mez [4] Ira, filho de Ikkes, o tekoita: tambem em sua
turma _havia_ vinte e quatro mil.

10 O setimo do setimo mez [5] Heles, o pelonita, dos filhos de Ephraim:
tambem em sua turma _havia_ vinte e quatro mil.

11 O oitavo do oitavo mez [6] Sibbechai, o husathita, dos zarithas:
tambem em sua turma _havia_ vinte e quatro mil.

12 O nono do nono mez [7] Abiezer, o anathotita, dos benjaminitas: tambem
em sua turma _havia_ vinte e quatro mil.

13 O decimo do decimo mez [8] Maharai, o netophatita, dos zarithas:
tambem em sua turma _havia_ vinte e quatro mil.

14 O undecimo do undecimo mez Benaia, [9] o pirathonita, dos filhos de
Ephraim: tambem em sua turma _havia_ vinte e quatro mil.

15 O duodecimo do duodecimo mez Heldia, o nethophatita, de Othniel:
tambem em sua turma _havia_ vinte e quatro mil.

16 Porém sobre as tribus de Israel eram _estes_: sobre os rubenitas _era_
chefe Eliezer, filho de Zichri; sobre os simeonitas Sephatias, filho de
Maaca;

17 Sobre os levitas [10] Hasabias, filho de Kemuel; sobre os aaronitas
Zadok;

18 Sobre Judah, [11] Elihu, dos irmãos de David; sobre Issacar, Omri,
filho de Michael;

19 Sobre Zebulon, Irmaias, filho de Obadias; sobre Naphtali, Jerimoth,
filho de Azriel;

20 Sobre os filhos de Ephraim, Hoseas, filho de Azazias; sobre a meia
tribu de Manasseh Joel, filho de Pedaias;

21 Sobre a _outra_ meia tribu de Manasseh em Gilead, Iddo, filho de
Zacharias; sobre Benjamin, Jaasiel, filho de Abner;

22 Sobre Dan, Azarel, filho de Jeroham: estes _eram_ os capitães das
tribus d’Israel.

23 Não tomou porém David o numero dos de vinte annos e _d’ahi_ para
baixo, [12] porquanto o Senhor tinha dito que havia de multiplicar a
Israel como as estrellas do céu.

24 Joab, filho de Zeruia, tinha começado a numeral-_os_, porém não
acabou; [13] porquanto viera por isso grande ira sobre Israel: pelo que o
numero se não poz na conta das chronicas do rei David.

25 E sobre os thesouros do rei _estava_ Azmaveth, filho de Adiel; e
sobre os thesouros da terra, das cidades, e das aldeias, e das torres,
Jonathan, filho de Uzias,

26 E sobre os que faziam a obra do campo, na lavoura da terra, Ezri,
filho de Chelub.

27 E sobre as vinhas Simei, o ramathita: porém sobre o que das vides
entrava nos thesouros do vinho Zabdi, o siphmita.

28 E sobre os olivaes e figueiras bravas que _havia_ nas campinas, Baal
Hanan, o gederita: porém Joás sobre os thesouros do azeite.

29 E sobre os gados que pasciam em Saron, Sitrai, o saronita: porém sobre
os gados dos valles, Saphat, filho de Adlai.

30 E sobre os camelos, Obil, o ishmaelita: e sobre as jumentas, Jehdias,
o meronothita.

31 E sobre o gado miudo, Jaziz, o hagarita; todos estes _eram_ maioraes
da fazenda que tinha o rei David.

32 E Jonathan, tio de David, _era_ do conselho, homem entendido, e
tambem escriba: e Jehiel, filho de Haemoni, _estava_ com os filhos do
rei.

33 E Achitophel [14] era do conselho do rei: e Husai, o archita, amigo do
rei.

34 E depois de Achitophel, Joiada, filho de Benaias, [15] e Abiathar;
porém Joab _era_ chefe do exercito do rei.

[1] II Sam. 23.8. cap. 11.11.

[2] II Sam. 23.20, 22, 23. cap. 11.22, etc.

[3] II Sam. 23.24. cap. 11.26.

[4] cap. 11.28.

[5] cap. 11.27.

[6] II Sam. 21.18. cap. 11.29.

[7] cap. 11.28.

[8] II Sam. 23.28. cap. 11.30.

[9] cap. 11.31.

[10] cap. 26.30.

[11] I Sam. 16.6.

[12] Gen. 15.5.

[13] II Sam. 24.15. cap. 21.7.

[14] II Sam. 15.12. II Sam. 15.37 e 16.16.

[15] I Reis 1.7. cap. 11.6.



_David exhorta os principes e seu filho Salomão._

28 Então David convocou em Jerusalem todos os principes de Israel, os [1]
principes das tribus, e os capitães das turmas, que serviam o rei, e os
capitães dos milhares, e os capitães das centenas, e os maioraes de toda
a fazenda e possessão do rei, e de seus filhos, como tambem os eunuchos e
varões, e todo o varão valente.

2 E poz-se o rei David em pé, e disse: Ouvi-me, irmãos meus, e povo meu:
[2] Em meu coração _propuz_ eu edificar _uma_ casa de repouso para a arca
do concerto do Senhor e para o escabello dos pés do nosso Deus, e eu
tinha feito o preparo para a edificar.

3 Porém Deus me disse: [3] Não edificarás casa ao meu nome, porque és
homem de guerra, e derramaste muito sangue.

4 E o Senhor Deus de Israel escolheu-me [4] de toda a casa de meu pae,
para que eternamente fosse rei sobre Israel; porque a Judah escolheu por
principe, [5] e a casa de meu pae na casa de Judah: e entre os filhos de
meu pae se agradou de mim para me fazer reinar sobre todo o Israel.

5 E, [6] de todos os meus filhos (porque muitos filhos me deu o Senhor),
escolheu elle o meu filho Salomão para se assentar no throno do reino do
Senhor sobre Israel.

6 E me disse: [7] Teu filho Salomão, elle edificará a minha casa e os
meus atrios; porque o escolhi para filho, e eu lhe serei por pae.

7 E estabelecerei [8] o seu reino para sempre, se perseverar em cumprir
os meus mandamentos e os meus juizos, como _até_ ao dia de hoje.

8 Agora, pois, perante os olhos de todo o Israel, a congregação do
Senhor, e perante os ouvidos do nosso Deus, guardae e buscae todos os
mandamentos do Senhor vosso Deus, para que possuaes esta boa terra, e a
façaes herdar a vossos filhos depois de vós, para sempre.

9 E tu, meu filho Salomão, [9] conhece o Deus de teu pae, e serve-o com
_um_ coração perfeito e com _uma_ alma voluntaria; porque esquadrinha o
Senhor todos os corações, e entende todas as imaginações dos pensamentos:
se o buscares, será achado de ti; porém, se o deixares, rejeitar-te-ha
para sempre.

10 Olha _pois_ agora, [10] porque o Senhor te escolheu para edificares
_uma_ casa para o sanctuario; esforça-te, e faze a obra.


_David dá a Salomão o desenho do templo._

11 E deu David a Salomão, seu filho, [11] o risco do alpendre com as
suas casarias, e as suas thesourarias, e os seus cenaculos, e as suas
recamaras de dentro, como tambem da casa do propiciatorio.

12 E _tambem_ o risco de tudo quanto tinha no seu animo, _a saber_; dos
atrios da casa do Senhor, e de todas as camaras do redor, [12] para os
thesouros da casa de Deus, e para os thesouros das coisas sagradas:

13 E das turmas dos sacerdotes, e dos levitas, e de toda a obra do
ministerio da casa do Senhor, e de todos os vasos do ministerio da casa
do Senhor.

14 O oiro _deu_, segundo o peso do oiro, para todos os vasos de cada
ministerio: _tambem a prata_, por peso, para todos os vasos de prata,
para todos os vasos de cada ministerio:

15 E o peso para os castiçaes de oiro, e suas candeias de oiro, segundo
o peso de cada castiçal e as suas candeias: tambem para os castiçaes
de prata, segundo o peso do castiçal e as suas candeias, segundo o
ministerio de cada castiçal.

16 Tambem _deu_ o oiro por peso para as mesas da proposição, para cada
mesa: como tambem a prata para as mesas de prata.

17 E oiro puro para os garfos, e para as bacias, e para as escudelas, e
para as taças de oiro, para cada taça _seu_ peso; como tambem para as
taças de prata, para cada taça _seu_ peso.

18 E para o altar do incenso, oiro purificado, por _seu_ peso: como
tambem o oiro para o modelo do carro, _a saber_, dos cherubins, [13] que
haviam de estender _as azas_, e cobrir a arca do concerto do Senhor.

19 Tudo isto, _disse David_, por escripto me deram a entender por mandado
do Senhor, _a saber_, [14] todas as obras d’este risco.

20 E disse David a Salomão seu filho: [15] Esforça-te e tem bom animo, e
obra; não temas, nem te espavoreças; porque o Senhor Deus, meu Deus, _ha
de ser_ comtigo; não te deixará, nem te desamparará, até que acabes toda
a obra do serviço da casa do Senhor.

21 E eis que ahi tens as turmas [16] dos sacerdotes e dos levitas para
todo o ministerio da casa de Deus: _estão_ tambem comtigo, [17] para
toda a obra, voluntarios com sabedoria de toda a especie para todo o
ministerio; como tambem todos os principes, e todo o povo, para todos os
_teus_ mandados.

[1] cap. 27.16. cap. 27.1, 2. cap. 27.25. cap. 11.10.

[2] II Sam. 7.2.

[3] II Sam. 7.5, 13. I Reis 5.3. cap. 17.4 e 22.8.

[4] I Sam. 16.7-13. Gen. 49.8. cap. 5.2.

[5] I Sam. 16.1. I Sam. 16.12, 13.

[6] cap. 3.1, etc. e 23.1. cap. 22.9.

[7] II Sam. 7.13, 14. cap. 22.9, 10. II Chr. 1.9.

[8] cap. 22.13.

[9] Jer. 9.24. Ose. 4.1. João 17.3. II Reis 20.3. I Sam. 16.7. I Reis
8.39. cap. 29.17.

[10] ver. 6.

[11] Exo. 25.40. ver. 19.

[12] cap. 26.20.

[13] Exo. 25.18-22. I Sam. 4.4. I Reis 6.23, etc.

[14] Exo. 25.40. ver. 11, 12.

[15] Deu. 31.7, 8. Jos. 1.6, 7, 9. cap. 22.13. Jos. 1.5.

[16] cap. 24 e 25 e 26.

[17] Exo. 35.25, 26 e 36.1, 2.



_As offertas de David, dos principes, e do povo para a construcção do
templo._

29 Disse mais o rei David a toda a congregação: Salomão meu filho, a quem
só Deus escolheu, [1] _é ainda_ moço e tenro, e esta obra _é_ grande;
porque não _é_ o palacio para homem, senão para o Senhor Deus.

2 Eu pois com todas as minhas forças _já_ tenho preparado para a casa
de meu Deus oiro para _as obras_ de oiro, e prata para _as_ de prata, e
cobre para _as_ de cobre, ferro para _as_ de ferro e madeira para _as_ de
madeira, pedras sardonicas, [2] e as de engaste, e pedras ornatorias, e
obra de embutido, e toda a sorte de pedras preciosas, e pedras marmoreas
em abundancia.

3 E ainda, na minha propria vontade para a casa de meu Deus, o oiro e
prata particular que tenho de mais eu dou para a casa do meu Deus, afóra
tudo quanto tenho preparado para a casa do sanctuario.

4 Tres mil talentos de oiro, [3] do oiro de Ophir: e sete mil talentos de
prata purificada, para cobrir as paredes das casas:

5 Oiro para _os vasos_ de oiro, e prata para _os_ de prata; e para toda
a obra da mão dos artifices. Quem pois está disposto a encher a sua mão,
para offerecer hoje _voluntariamente_ ao Senhor?

6 Então [4] os chefes dos paes, e os principes das tribus d’Israel, e os
capitães dos milhares e das centenas, até os capitães da obra do rei,
voluntariamente contribuiram;

7 E deram para o serviço da casa de Deus cinco mil talentos de oiro, e
dez mil drachmas, e dez mil talentos de prata, e dezoito mil talentos de
cobre, e cem mil talentos de ferro.

8 E os que se acharam com pedras _preciosas_, as deram para o thesouro da
casa do Senhor, [5] na mão de Jehiel o gersonita.

9 E o povo se alegrou do que deram voluntariamente; porque com coração
perfeito [6] voluntariamente deram ao Senhor: e tambem o rei David se
alegrou com grande alegria.

10 Pelo que David louvou ao Senhor perante os olhos de toda a
congregação; e disse David: Bemdito _és_ tu, Senhor, Deus de nosso pae
Israel, de eternidade em eternidade.

11 Tua [7] _é_, Senhor, a magnificencia, e o poder, e a honra, e a
victoria, e a magestade; porque teu _é_ tudo quanto _ha_ nos céus e na
terra; teu _é_, Senhor, o reino, e tu te exaltaste sobre todos por chefe.

12 E riquezas e gloria veem de diante de ti, [8] e tu dominas sobre tudo,
e na tua mão _ha_ força e poder: e na tua mão _está_ o engrandecer e
esforçar a tudo.

13 Agora pois, ó Deus nosso, graças te damos, e louvamos o nome da tua
gloria.

14 Porque quem _sou_ eu, e quem _é_ o meu povo, que tivessemos poder para
tão voluntariamente dar similhantes coisas? porque tudo _vem_ de ti, e da
tua mão t’o damos.

15 Porque [9] somos estranhos diante de ti, e peregrinos como todos os
nossos paes: como a sombra _são_ os nossos dias sobre a terra, e não ha
_outra_ esperança.

16 Senhor, Deus nosso, toda esta abundancia, que preparámos, para te
edificar _uma_ casa ao teu sancto nome, _vem_ da tua mão, e toda _é_ tua.

17 E bem sei eu, Deus meu, [10] que tu provas os corações, e que das
sinceridades te agradas: eu tambem na sinceridade de meu coração
voluntariamente dei todas estas coisas: e agora vi com alegria que o teu
povo, que se acha aqui, voluntariamente te deu.

18 Senhor, Deus de nossos paes Abrahão, Isaac, e Israel, conserva
isto para sempre no intento dos pensamentos do coração de teu povo; e
encaminha o seu coração para ti.

19 E a Salomão, meu filho, dá um coração perfeito, para guardar os teus
mandamentos, os teus testemunhos, e os teus estatutos; e para fazer tudo,
[11] e para edificar este palacio que tenho preparado.

20 Então disse David a toda a congregação: Agora louvae ao Senhor vosso
Deus. Então toda a congregação louvou ao Senhor Deus de seus paes, e
inclinaram-se, e prostraram-se perante o Senhor, e perante o rei.

21 E ao outro dia sacrificaram ao Senhor sacrificios, e offereceram
holocaustos ao Senhor, mil bezerros, mil carneiros, mil cordeiros, com as
suas libações; e sacrificios em abundancia por todo o Israel.

22 E comeram e beberam n’aquelle dia perante o Senhor, com grande gozo: e
a segunda vez fizeram rei a Salomão filho de David, [12] e o ungiram ao
Senhor por [LI] guia, e a Zadok por sacerdote.

23 Assim Salomão se assentou no throno do Senhor, rei, em logar de David
seu pae, e prosperou: e todo o Israel lhe deu ouvidos.

24 E todos os principes, e os varões, e até todos os filhos do rei David,
[13] deram a mão de que estariam debaixo do rei Salomão.

25 E o Senhor magnificou a Salomão grandissimamente, perante os olhos de
todo o Israel: [14] e deu-lhe magestade real, qual antes d’elle não teve
nenhum rei em Israel.

26 Assim David, filho de Jessé, reinou sobre todo o Israel.

27 E _foram_ [15] os dias que reinou sobre Israel, quarenta annos: em
Hebron reinou sete annos, e em Jerusalem reinou trinta e tres.

28 E morreu [16] n’uma boa velhice, cheio de dias, riquezas e gloria: e
Salomão seu filho, reinou em seu logar.

29 Os successos pois do rei David, assim os primeiros como os ultimos,
eis que estão escriptos nas chronicas de Samuel, o vidente, e nas
chronicas do propheta Nathan, e nas chronicas de Gad, o vidente;

30 Juntamente com todo o seu reino e o seu poder; [17] e os tempos que
passaram sobre elle, e sobre Israel, e sobre todos os reinos d’aquellas
terras.

[1] I Reis 3.7. cap. 22.5. Pro. 4.3.

[2] Isa. 54.11, 12. Apo. 21.18, etc.

[3] I Reis 9.28.

[4] cap. 27.1. cap. 27.25, etc.

[5] cap. 26.21.

[6] II Cor. 9.7.

[7] Mat. 6.13. I Tim. 1.17. Apo. 5.13.

[8] Rom. 11.36.

[9] Heb. 11.13. I Ped. 2.11. Job 14.2.

[10] I Sam. 16.7. cap. 28.9. Pro. 11.20.

[11] ver. 2. cap. 22.14.

[12] I Reis 1.35, 39.

[13] Ecc. 8.2.

[14] I Reis 3.13. II Chr. 1.12. Ecc. 2.9.

[15] II Sam. 5.4. I Reis 2.11. II Sam. 5.5.

[16] Gen. 25.8. cap. 23.1.

[17] Dan. 2.21.



O SEGUNDO LIVRO DAS CHRONICAS.



_Salomão offerece sacrificios._

[Antes de Christo 1015]

1 E Salomão, [1] filho de David, se esforçou no seu reino; e o Senhor seu
Deus _era_ com elle, e o magnificou grandemente.

2 E fallou Salomão a todo o Israel, aos capitães [2] de milhares e das
centenas, e aos juizes, e a todos os principes em todo o Israel, chefes
dos paes.

3 E foram Salomão e toda a congregação com elle ao alto que _estava_ em
[3] Gibeon; porque ali estava a tenda da congregação de Deus, que Moysés,
servo do Senhor, tinha feito no deserto.

4 Mas David tinha feito [4] subir a arca de Deus de Kiriath-jearim ao
_logar que_ David lhe tinha preparado; porque lhe tinha armado _uma_
tenda em Jerusalem.

5 Tambem o altar de [5] cobre que tinha feito Besaleel, filho d’Uri,
filho d’Hur, _estava_ ali diante do tabernaculo do Senhor: e Salomão e a
congregação [LJ] o visitavam.

6 E Salomão offereceu ali sacrificios perante o Senhor, sobre o altar de
cobre que _estava_ na tenda da congregação, [6] e offereceu sobre elle
mil holocaustos.


_Salomão pede a Deus sabedoria._

7 N’aquella [7] mesma noite Deus appareceu a Salomão, e disse-lhe: Pede o
que quizeres que eu te dê.

8 E Salomão disse a Deus: Tu usaste de grande beneficencia com meu pae
David: e a mim me fizeste [8] rei em seu logar.

9 Agora pois, ó Senhor Deus, confirme-se a tua palavra, dada a meu pae
David; [9] porque tu me fizeste reinar sobre _um_ povo numeroso como o pó
da terra.

10 Dá-me [10] pois agora sabedoria e conhecimento, para que possa sair
e entrar perante este povo: porque quem poderia julgar a este teu tão
grande povo?

11 Então Deus [11] disse a Salomão: Porquanto houve isto no teu coração,
e não pediste riquezas, fazenda, ou honra, nem a morte dos que te
aborrecem, nem tão pouco pediste muitos dias de vida, mas pediste para ti
sabedoria e conhecimento, para poderes julgar a meu povo, sobre o qual te
puz rei,

12 Sabedoria e conhecimento te são dados: e te darei [12] riquezas, e
fazenda, e honra, qual nenhuns reis antes de ti tiveram: e depois de ti
taes não haverá.


_As forças e as riquezas de Salomão._

13 Assim Salomão veiu a Jerusalem, do alto que _está_ em Gibeon, de
diante da tenda da congregação: e reinou sobre Israel.

14 E Salomão ajuntou [13] carros e cavalleiros, e teve mil e quatrocentos
carros, e doze mil cavalleiros: e pôl-os nas cidades dos carros, e junto
ao rei em Jerusalem.

15 E fez o rei que [14] houvesse oiro e prata em Jerusalem como pedras:
e cedros em tanta abundancia como [LK] figueiras bravas que ha pelas
campinas.

16 E os cavallos, [15] que tinha Salomão, se traziam do Egypto, e, [LL]
quanto ao fio de linho os mercadores do rei tomavam o fio de linho por
_um certo_ preço.

17 E faziam subir e sair do Egypto cada carro por seiscentos _siclos_ de
prata, e cada cavallo por cento e cincoenta; e assim por meio d’elles os
tiravam para todos os reis dos hetheos, e para os reis da Syria.

[1] I Reis 2.46. Gen. 39.2. I Chr. 29.25.

[2] I Chr. 27.1.

[3] I Reis 3.4. I Chr. 16.39 e 21.29.

[4] II Sam. 6.2, 17. I Chr. 15.1.

[5] Exo. 27.1, 2 e 38.1, 2. Exo. 31.2.

[6] I Reis 3.4.

[7] I Reis 3.5, 6.

[8] I Chr. 28.5.

[9] I Reis 3.7, 8.

[10] I Reis 3.9. Num. 27.17. Deu. 31.2.

[11] I Reis 3.11, 12, 13.

[12] I Chr. 29.25. cap. 9.22. Ecc. 2.9.

[13] I Reis 4.26 e 10.26, etc. cap. 9.25.

[14] I Reis 10.27. cap. 9.27. Job 22.24.

[15] I Reis 10.28, 29. cap. 9.28.



_Salomão pede a Hirão, rei de Tyro, que o ajude na construcção do templo._

2 E determinou [1] Salomão edificar uma casa ao nome do Senhor, como
tambem _uma_ casa para o seu reino.

2 E contou Salomão [2] setenta mil homens de carga, e oitenta mil, que
cortassem na montanha; e tres mil e seiscentos inspectores sobre elles.

3 E Salomão enviou a Hurão, rei de Tyro, dizendo: [3] Como usaste com
David meu pae, e lhe mandaste cedros, para edificar-se _uma_ casa em que
morasse, _assim tambem usa comigo_.

4 Eis-que estou [4] para edificar _uma_ casa ao nome do Senhor meu Deus,
para lhe consagrar, para queimar perante elle incenso aromatico, e
_para_ o _pão_ continuo da proposição, e _para_ os holocaustos da manhã
e da tarde, _para_ [5] os sabbados, e para as luas novas, e para as
festividades do Senhor nosso Deus: o que _é_ perpetuamente _a obrigação_
d’Israel.

5 E a casa que estou para edificar ha de ser grande; porque o nosso Deus
_é_ maior do que todos os deuses.

6 Porém [6] quem teria a força, para lhe edificar _uma_ casa? visto que
os céus e até os céus dos céus o não podem conter: e quem _sou_ eu, que
lhe edificasse casa, salvo para queimar incenso perante elle?

7 Manda-me pois agora um homem sabio para obrar em oiro, e em prata, e em
bronze, e em ferro, e em purpura, e em carmezim, e em azul; e que saiba
lavrar ao buril, juntamente com os sabios que _estão_ comigo em Judah e
em Jerusalem, [7] os quaes David meu pae preparou.

8 Manda-me [8] tambem madeira de cedros, faias, e [LM] algums do Libano;
porque bem sei eu que os teus servos sabem cortar madeira no Libano; e
eis-que os meus servos _estarão_ com os teus servos.

9 E isso para prepararem muita madeira; porque a casa que estou para
fazer _ha de ser_ grande e maravilhosa.

10 E [9] eis-que a teus servos, os cortadores, que cortarem a madeira,
darei vinte mil coros de trigo malhado, e vinte mil coros de cevada, e
vinte mil batos de vinho, e vinte mil batos d’azeite.

11 E Hurão, rei de Tyro, respondeu por escripto, e enviou a Salomão,
dizendo: Porquanto o Senhor ama [10] o seu povo, te poz sobre elle rei.

12 Disse mais Hurão; Bemdito _seja_ [11] o Senhor Deus d’Israel, que
fez os céus e a terra; o que deu ao rei David um filho sabio, de grande
prudencia e entendimento, que edifique casa ao Senhor, e para o seu reino.

13 Agora pois envio _um_ homem sabio de grande entendimento, _a saber_
[LN] Hurão Abihu,

14 Filho [12] d’_uma_ mulher das filhas de Dan, e cujo pae _foi_ homem
de Tyro; este sabe lavrar em oiro, e em prata, em bronze, em ferro, em
pedras e em madeira, em purpura, em azul, e em linho fino, e em carmezim,
e é _capaz_ para toda a obra do buril, e para todas as engenhosas
invenções, qualquer coisa que se lhe propuzer, juntamente com os teus
sabios, e os sabios de David, meu senhor, teu pae.

15 Agora _pois_, [13] meu senhor, mande para os seus servos o trigo, e a
cevada, e o azeite, e o vinho, de que fallou.

16 E nós [14] cortaremos tanta madeira no Libano, quanta houveres mister,
e t’a traremos em jangadas pelo mar a Japho, e tu a farás subir a
Jerusalem.

17 E Salomão [15] contou a todos os homens estranhos, que _havia_ na
terra d’Israel, conforme a conta [16] com que os contara David seu pae: e
acharam-se cento e cincoenta e tres mil e seiscentos.

18 E fez d’elles setenta mil carreteiros, e oitenta mil cortadores na
montanha: como tambem tres mil e seiscentos inspectores, para fazerem
trabalhar o povo.

[1] I Reis 5.5.

[2] ver. 18. I Reis 5.15.

[3] I Chr. 14.1.

[4] ver. 1. Exo. 30.7. Exo. 25.30. Lev. 24.8.

[5] Num. 28.3, 9, 11.

[6] I Reis 8.27. cap. 6.18. Isa. 66.1.

[7] I Chr. 22.15.

[8] I Reis 5.6.

[9] I Reis 5.11.

[10] I Reis 10.9. cap. 9.8.

[11] I Reis 5.7. Gen. 1 e 2. Act. 4.24 e 14.15, 16. Apo. 10.

[12] I Reis 7.13, 14.

[13] ver. 10.

[14] I Reis 5.8, 9.

[15] ver. 2. I Reis 5.13, 15, 16 e 9.20, 21. cap. 8.7, 8.

[16] I Chr. 22.2.



_A construcção do templo começa._

[Antes de Christo 1012]

3 E começou Salomão [1] a edificar a casa do Senhor em Jerusalem, no
monte de Moria, onde o Senhor se tinha mostrado a David seu pae, no logar
que David tinha preparado na [2] eira d’Ornan, jebuseo.

2 E começou a edificar no segundo mez, no _dia_ segundo, no anno quarto
do seu reinado.

3 E estes _foram_ os fundamentos [3] que Salomão poz para edificar a casa
de Deus: o comprimento em covados, segundo a medida primeira, de sessenta
covados, e a largura de vinte covados.

4 E o alpendre, [4] que _estava_ na frente, de comprimento segundo a
largura da casa, _era_ de vinte covados, e a altura de cento e vinte: o
que dentro cobriu com oiro puro.

5 E a casa grande cobriu [5] com madeira de faia; e então a cobriu com
oiro fino: e fez sobre ella palmas e cadeias.

6 Tambem a casa adornou de pedras preciosas para ornamento: e o oiro
_era_ oiro de Parvaim.

7 Tambem na casa cobriu as traves, os umbraes, e as suas paredes, e as
suas portas, com oiro: e lavrou cherubins nas paredes.

8 Fez mais a casa [LO] da sanctidade das sanctidades, cujo comprimento,
segundo a largura da casa, _era_ de vinte covados, e a sua largura de
vinte covados: e cobriu-a de oiro fino, do peso de seiscentos talentos.

9 O peso dos pregos _era_ de cincoenta siclos d’oiro: e os cenaculos
cobriu d’oiro.


_Os dois cherubins._

10 Tambem fez [6] na casa da sanctidade das sanctidades dois cherubins
[LP] de feição d’andantes, e cobriu-os d’oiro.

11 E, quanto ás azas dos cherubins, o seu comprimento _era_ de vinte
covados; a aza _d’um d’elles_ de cinco covados, _e_ tocava na parede da
casa; e a outra aza de cinco covados, _e_ tocava na aza do outro cherubim.

12 Tambem a aza do outro cherubim _era_ de cinco covados, _e_ tocava na
parede da casa: _era_ tambem a outra aza de cinco covados, _e_ estava
pegada á aza do outro cherubim.

13 E as azas d’estes cherubins se estendiam vinte covados: e estavam
postos em pé, e os seus rostos _virados_ para a casa.

14 Tambem fez o véu [7] de azul, e purpura, e carmezim, e linho fino: e
poz sobre elle cherubins.

15 Fez tambem diante da casa duas columnas [8] de trinta e cinco covados
d’altura; e o capitel, que _estava_ sobre cada uma, _era_ de cinco
covados.

16 Tambem fez as cadeias, _como_ no oraculo, e as poz sobre as cabeças
das columnas; fez tambem cem romãs, as quaes poz entre as cadeias.

17 E levantou as [9] columnas diante do templo, uma á direita, e outra á
esquerda; e chamou o nome da _que estava_ á direita [LQ] Jachin, e o nome
da _que estava_ á esquerda Boaz.

[1] I Reis 6.1, etc. Gen. 22.2, 14.

[2] I Chr. 21.18 e 22.1.

[3] I Reis 6.2.

[4] I Reis 6.3.

[5] I Reis 6.17.

[6] I Reis 6.23, etc.

[7] Exo. 26.31. Mat. 27.51. Heb. 9.3.

[8] I Reis 7.15-21. Jer. 52.21.

[9] I Reis 7.20. I Reis 7.21.



_O altar e o mar de bronze._

4 Tambem fez [1] _um_ altar de metal de vinte covados de comprimento, e
de vinte covados de largura, e de dez covados d’altura.

2 Fez tambem [2] o mar de fundição, de dez covados d’uma borda até a
outra, redondo ao redor, e de cinco covados d’alto; cingia-o em roda um
cordão de trinta covados.

3 E por baixo [3] d’elle _havia_ figuras de bois, que ao redor o cingiam,
e por dez covados cercavam aquelle mar ao redor: _e tinha_ duas carreiras
de bois, fundidos na sua fundição.

4 E estava sobre doze bois, tres que olhavam para o norte, e tres que
olhavam para o occidente, e tres que olhavam para o sul, e tres que
olhavam para o oriente; e o mar _estava_ posto sobre elles: e as suas
partes posteriores _eram_ para a banda de dentro.

5 _E tinha_ um palmo de grossura, e a sua borda foi feita como a borda
d’um copo, _ou como_ uma flôr de lis, da capacidade de tres mil batos.

6 Tambem fez [4] dez pias; e poz cinco á direita, e cinco á esquerda,
para lavarem n’ellas; o que pertencia ao holocausto o lavavam n’ellas:
porém o mar _era_ para que os sacerdotes se lavassem n’elle.

7 Fez [5] tambem dez castiçaes d’oiro, segundo a sua forma, e pôl-os no
templo, cinco á direita, e cinco á esquerda.

8 Tambem fez [6] dez mesas, e pôl-as no templo, cinco á direita, e cinco
á esquerda: tambem fez cem bacias d’oiro.

9 Fez mais [7] o pateo dos sacerdotes, e o pateo grande: como tambem as
portadas para o pateo, e as suas portas cobriu de cobre.

10 E [8] o mar poz ao lado direito, para a banda do oriente, defronte do
sul.

11 Tambem Hurão [9] fez as caldeiras, e as pás, e as bacias: assim acabou
Hurão de fazer a obra, que fazia para o rei Salomão, na casa de Deus.

12 As duas columnas, e os globos, e os dois capiteis [10] sobre as
cabeças das columnas: e as duas redes, para cobrir os dois globos dos
capiteis, que _estavam_ sobre a cabeça das columnas.

13 E as quatrocentas [11] romãs para as duas redes: duas carreiras de
romãs para cada rede, para cobrirem os dois globos dos capiteis que
_estavam_ em cima das columnas.

14 Tambem fez [12] as bases: e as pias poz sobre as bases;

15 Um mar, e os doze bois debaixo d’elle;

16 Similhantemente os potes, e as pás, e os garfos, e todos os seus
vasos, fez Hurão Abihu [13] ao rei Salomão, para a casa do Senhor, de
cobre purificado.

17 Na campina [14] do Jordão os fundiu o rei na terra argillosa, entre
Succoth e Zeredatha.

18 E fez Salomão todos [15] estes vasos em grande abundancia: porque o
peso do cobre se não esquadrinhava.

19 Fez [16] tambem Salomão todos os vasos que _eram_ para a casa de Deus:
como tambem o altar d’oiro, e as mesas, sobre as quaes _estavam_ os pães
da proposição.

20 E os castiçaes com as suas alampadas d’oiro finissimo, para as
accenderem segundo [17] o costume, perante o oraculo.

21 E as flores, [18] e as alampadas, e os [LR] espivitadores d’oiro, do
mais perfeito oiro.

22 Como tambem os [LS] garfos, e as bacias, e as [LT] taças, e os
incensarios d’oiro finissimo: e quanto á entrada da casa, as suas portas
de dentro da sanctidade das sanctidades, e as portas da casa do templo,
_eram_ d’oiro.

[1] Exo. 27.1, 2. II Reis 16.14. Eze. 43.13, 16.

[2] I Reis 7.23.

[3] I Reis 7.24, 25, 26.

[4] I Reis 7.26. I Reis 7.38.

[5] I Reis 7.49. Exo. 25.31, 40. I Chr. 28.12, 19.

[6] I Reis 7.48.

[7] I Reis 6.36.

[8] I Reis 7.39.

[9] I Reis 7.40.

[10] I Reis 7.41.

[11] I Reis 7.20.

[12] I Reis 7.27, 43.

[13] I Reis 7.14, 45.

[14] I Reis 7.46.

[15] I Reis 7.47.

[16] I Reis 7.48, 49, 50. Exo. 25.30.

[17] Exo. 27.20, 21.

[18] Exo. 25.31, etc.



5 Assim se acabou toda a obra, que Salomão fez para a casa do Senhor,
então trouxe [1] Salomão as coisas consagradas de seu pae David, e a
prata, e o oiro, e todos os vasos, e pôl-os entre os thesouros da casa de
Deus.


_A arca é levada para o sanctuario do templo._

[Antes de Christo 1004]

2 Então [2] Salomão convocou em Jerusalem os anciãos de Israel, e a todos
os chefes das tribus, os principes dos paes entre os filhos d’Israel,
para fazerem [3] subir a arca do concerto do Senhor, da cidade de David,
que _é_ Sião.

3 E todos os homens [4] d’Israel se congregaram ao rei na festa, que
_era_ no setimo mez.

4 E vieram todos os anciãos d’Israel; e os levitas levantaram a arca.

5 E fizeram subir a arca, e a tenda da congregação, com todos os vasos
sagrados, que _estavam_ na tenda: os sacerdotes _e_ os levitas os fizeram
subir.

6 Então o rei Salomão, e toda a congregação d’Israel, que se tinha
congregado com elle diante da arca, sacrificaram carneiros, e bois, que
se não podiam contar, nem numerar, por causa da sua multidão.

7 Assim trouxeram os sacerdotes a arca do concerto do Senhor ao seu
logar, ao oraculo da casa, á [LU] sanctidade das sanctidades, _até_
debaixo das azas dos cherubins.

8 Porque os cherubins estendiam ambas as azas sobre o logar da arca, e
os cherubins por cima cobriam a arca e os seus varaes.

9 Então os varaes sobresairam para que as pontas dos varaes da arca se
vissem perante o oraculo, mas não se vissem de fóra: e esteve ali até _o
dia d’_hoje.

10 Na arca não havia, senão _sómente_ as duas taboas, que Moysés tinha
posto junto a [5] Horeb, quando o Senhor fez concerto com os filhos
d’Israel, saindo elles do Egypto.

11 E succedeu que, saindo os sacerdotes do sanctuario (porque todos os
sacerdotes, que se acharam, se sanctificaram, sem guardarem as suas
turmas.

12 E [6] os levitas, cantores de todos elles, d’Asaph, d’Heman, de
Jeduthun, e de seus filhos, e de seus irmãos, vestidos de linho fino,
com cymbalos, e com alaudes, e com harpas, estavam em pé para o oriente
do altar; e [7] com elles até cento e vinte sacerdotes, que tocavam as
trombetas),

13 Elles uniformemente tocavam as trombetas, e cantavam para fazerem
ouvir uma só voz, bemdizendo e louvando ao Senhor: e levantando elles
a voz com trombetas, e cymbalos, e _outros_ instrumentos musicos, e
bemdizendo ao Senhor, porque _era_ bom, [8] porque a sua benignidade
_durava_ para sempre, a casa se encheu _d’uma_ nuvem, _a saber_: a casa
do Senhor.

14 E não podiam os sacerdotes ter-se em pé, para ministrar, por causa da
nuvem: porque [9] a gloria do Senhor encheu a casa de Deus.

[1] I Reis 7.51.

[2] I Reis 8.1, etc.

[3] II Sam. 6.13.

[4] I Reis 8.2. cap. 7.8, 9, 10.

[5] Deu. 10.2, 5. cap. 6.11.

[6] I Chr. 25.1.

[7] I Chr. 15.24.

[8] I Chr. 16.34, 41.

[9] Exo. 40.35. cap. 7.2.



_Salomão abençoa o povo e dá graças ao Deus de Israel._

6 Então [1] disse Salomão: O Senhor tem dito que habitaria nas trevas.

2 E eu te tenho edificado uma casa para morada, e um logar para a tua
eterna habitação.

3 Então o rei virou o seu rosto, e abençoou a toda a congregação
d’Israel, e toda a congregação d’Israel estava em pé.

4 E elle disse: Bemdito _seja_ o Senhor Deus d’Israel, que fallou pela
sua bocca a David meu pae; e pelas suas mãos o cumpriu, dizendo:

5 Desde o dia em que tirei a meu povo da terra do Egypto, não escolhi
cidade alguma de todas as tribus d’Israel, para edificar n’ella _uma_
casa em que estivesse o meu nome; nem escolhi homem algum para ser chefe
do meu povo, Israel.

6 Porém escolhi [2] a Jerusalem, para que ali estivesse o meu nome; e
escolhi a David, para que tivesse cargo do meu povo, Israel.

7 Tambem David [3] meu pae teve no seu coração o edificar _uma_ casa ao
nome do Senhor, Deus d’Israel.

8 Porém o Senhor disse a David meu pae: Porquanto tiveste no teu coração
o edificar _uma_ casa ao meu nome, bem fizeste, de ter isto no teu
coração.

9 Comtudo tu não edificarás a casa, mas teu filho, que ha de proceder de
teus lombos, esse edificará a casa ao meu nome.

10 Assim confirmou o Senhor a sua palavra, que elle fallou; porque eu
me levantei em logar de David meu pae, e me assentei sobre o throno
d’Israel, como o Senhor disse, e edifiquei a casa ao nome do Senhor, Deus
d’Israel.

11 E puz n’ella a arca, em que _está_ o concerto do Senhor [4] que fez
com os filhos d’Israel.


_A oração de Salomão._

12 E poz-se [5] em pé perante o altar do Senhor, defronte de toda a
congregação d’Israel, e estendeu as suas mãos.

13 Porque Salomão tinha feito uma base de metal, de cinco covados de
comprimento, e de cinco covados de largura, e de tres covados d’altura,
e a tinha posto no meio do pateo, e poz-se n’ella _em pé_, e ajoelhou-se
de joelhos em presença de toda a congregação d’Israel, e estendeu as suas
mãos para o céu:

14 E disse: Ó Senhor, Deus d’Israel, não _ha_ Deus similhante [6] a ti,
nem nos céus nem na terra; que guardas o concerto e a beneficencia aos
teus servos que caminham perante ti de todo o seu coração.

15 Que guardaste [7] ao teu servo David, meu pae, o que lhe fallaste:
porque tu pela tua bocca o disseste, e pela tua mão o cumpriste, como _se
vê n’_este dia.

16 Agora pois, Senhor, Deus d’Israel, guarda ao teu servo David, meu
pae, o que fallaste, dizendo: Nunca faltará [8] de ti varão de diante de
mim que se assente sobre o throno d’Israel; tão sómente que teus filhos
guardem seu caminho, andando na minha lei, como tu andaste diante de mim.

17 E agora, Senhor Deus d’Israel, verifique-se a tua palavra, que
fallaste ao teu servo, a David.

18 Mas verdadeiramente habitará Deus com os homens na terra? eis que [9]
os céus e o céu dos céus não te podem conter, quanto menos esta casa que
tenho edificado?

19 Attende pois á oração do teu servo, e á sua supplica, ó Senhor meu
Deus: para ouvires o clamor, e a oração, que o teu servo ora perante ti.

20 Que os teus olhos estejam dia e noite abertos sobre este logar, de que
disseste que ali porias o teu nome; para ouvires a oração que o teu servo
orar n’este logar.

21 Ouve pois as supplicas do teu servo, e do teu povo Israel, que orarem
n’este logar; e ouve tu do logar da tua habitação, desde os céus; ouve
pois, e perdoa.

22 Quando alguem peccar contra o seu proximo, e lhe impuzer juramento de
maldição, para se amaldiçoar a si mesmo, e o juramento de maldição vier
perante o teu altar, n’esta casa,

23 Ouve tu então desde os céus, e obra, e julga a teus servos, pagando
ao impio, lançando o seu proceder sobre a sua cabeça: e justificando ao
justo, dando-lhe segundo a sua justiça.

24 Quando tambem o teu povo Israel fôr ferido diante do inimigo, por ter
peccado contra ti, e elles se converterem, e confessarem o teu nome, e
orarem e supplicarem perante ti n’esta casa,

25 Então ouve tu desde os céus, e perdoa os peccados de teu povo Israel;
e fal-os tornar á terra que lhes tens dado a elles e a seus paes.

26 Quando os céus se [10] cerrarem, e não houver chuva, por terem
peccado contra ti, e orarem n’este logar, e confessarem teu nome, e se
converterem dos seus peccados, quando tu os affligires,

27 Então ouve tu desde os céus, e perdoa o peccado de teus servos, e do
teu povo Israel, ensinando-lhes o bom caminho, em que andem; e dá chuva
sobre a tua terra, que déste ao teu povo em herança.

28 Havendo fome [11] na terra, havendo peste, havendo queimadura _dos
trigos_, ou ferrugem, gafanhotos, ou lagarta, cercando-a algum dos seus
inimigos nas terras das suas portas, _ou_ quando houver qualquer praga,
ou qualquer enfermidade,

29 Toda a oração, e toda a supplica, que qualquer homem fizer, ou todo o
teu povo Israel, conhecendo cada um a sua praga, e a sua dôr, e estender
as suas mãos para esta casa,

30 Então ouve tu desde os céus, do assento da tua habitação, e perdoa, e
dá a cada um conforme a todos os seus caminhos, segundo conheces [12] o
seu coração (pois só tu conheces o coração dos filhos dos homens),

31 A fim de que te temam, para andarem nos teus caminhos, todos os dias
que viverem na terra que déste a nossos paes.

32 Assim tambem ao estrangeiro, que [13] não fôr do teu povo Israel, mas
vier de terras remotas por amor do teu grande nome, e da tua poderosa
mão, e do teu braço estendido: vindo elles e orando n’esta casa,

33 Então ouve tu desde os céus, do assento da tua habitação, e faze
conforme a tudo o que o estrangeiro te supplicar; a fim de que todos os
povos da terra conheçam o teu nome, e te temam, como o teu povo Israel; e
afim de saberem que pelo teu nome é chamada esta casa que edifiquei.

34 Quando o teu povo sair á guerra contra os seus inimigos, pelo caminho
que os enviares, e orarem a ti para a banda d’esta cidade que escolheste,
e d’esta casa, que edifiquei ao teu nome;

35 Ouve então desde os céus a sua oração, e a sua supplica, e executa o
seu direito.

36 Quando peccarem contra ti (pois não _ha_ homem [14] que não peque), e
tu te indignares contra elles, e os entregares diante do inimigo, para
que os que os captivarem os levem em captiveiro para alguma terra, remota
ou visinha,

37 E na terra, para onde forem levados em captiveiro, tornarem em si, e
se converterem, e na terra do seu captiveiro, a ti supplicarem, dizendo:
Peccámos, perversamente fizemos, e impiamente obrámos;

38 E se converterem a ti com todo o seu coração e com toda a sua alma, na
terra do seu captiveiro, a que os levaram presos, e orarem para a banda
da sua terra, que déste a seus paes, e d’esta cidade que escolheste, e
d’esta casa que edifiquei ao teu nome,

39 Ouve então desde os céus, do assento da tua habitação, a sua oração
e as suas supplicas, e executa o seu direito; e perdoa ao teu povo que
houver peccado contra ti.

40 Agora pois, ó meu Deus, estejam os teus olhos abertos, e os teus
ouvidos attentos á oração d’este logar.

41 Levanta-te pois agora, Senhor Deus, para o teu repouso, [15] tu e a
arca da tua fortaleza: os teus sacerdotes, ó Senhor Deus, sejam vestidos
de salvação, e os teus sanctos se [16] alegrem do bem.

42 Ah! Senhor Deus, não faças virar o rosto do teu ungido: lembra-te [17]
das misericordias de David teu servo.

[1] I Reis 8.12, etc. Lev. 16.2.

[2] cap. 12.13. I Chr. 28.4.

[3] II Sam. 7.2. I Chr. 17.1 e 28.2.

[4] cap. 5.10.

[5] I Reis 8.22.

[6] Exo. 15.11. Deu. 4.39 e 7.9.

[7] I Chr. 22.9.

[8] II Sam. 7.12, 16. I Reis 2.4 e 6.12. cap. 7.18.

[9] II Sam. 6.13.

[10] I Reis 17.1.

[11] cap. 20.9.

[12] I Chr. 28.9.

[13] João 12.20. Act. 8.27.

[14] Pro. 20.9. Ecc. 7.20. Thi. 3.2. I João 1.8.

[15] I Chr. 28.2.

[16] Neh. 9.25.

[17] Isa. 55.3.



_O fogo e a gloria de Deus são os signaes da sua approvação._

7 E acabando [1] Salomão de orar, desceu o fogo do céu, e consumiu o
holocausto e os sacrificios: e a gloria do Senhor encheu a casa.

2 E [2] os sacerdotes não podiam entrar na casa do Senhor; porque a
gloria do Senhor tinha enchido a casa do Senhor.

3 E todos os filhos d’Israel vendo descer o fogo, e a gloria do Senhor
sobre a casa, encurvaram-se com o rosto em terra sobre o pavimento, e
adoraram e louvaram ao Senhor: porque _é_ bom, porque a sua benignidade
_dura_ para sempre.

4 E [3] o rei e todo o povo offereciam sacrificios perante o Senhor.

5 E o rei Salomão offereceu sacrificios de bois, vinte e dois mil, e
d’ovelhas cento e vinte mil: e o rei e todo o povo consagraram a casa de
Deus.

6 E os sacerdotes segundo as suas turmas estavam [4] em pé; como tambem
os levitas com os instrumentos musicos do Senhor, que o rei David tinha
feito, para louvarem ao Senhor, porque a sua benignidade _dura_ para
sempre, quando David _o_ louvava pelo ministerio d’elles: e os sacerdotes
tocavam [5] as trombetas defronte d’elles, e todo o Israel estava em pé.

7 E Salomão [6] sanctificou o meio do pateo, que _estava_ diante da casa
do Senhor; porquanto ali tinha elle offerecido os holocaustos e a gordura
dos sacrificios pacificos; porque no altar de metal, que Salomão tinha
feito, não podia caber o holocausto, e a offerta de manjares, e a gordura.

8 E n’aquelle mesmo tempo celebrou [7] Salomão a festa sete dias e todo
o Israel com elle, uma mui grande congregação, desde a entrada d’Hamath,
até ao [8] rio do Egypto.

9 E ao dia oitavo celebraram o [LV] dia de prohibição; porque sete dias
celebraram a consagração do altar, e sete dias a festa.

10 E [9] no dia vigesimo terceiro do setimo mez, deixou ir o povo para as
suas tendas, alegres e de bom animo, pelo bem que o Senhor tinha feito a
David, e a Salomão, e a seu povo Israel.


_Deus apparece a Salomão pela segunda vez e lhe faz promessas._

11 Assim Salomão acabou [10] a casa do Senhor, e a casa do rei: e
tudo quanto Salomão intentou fazer na casa do Senhor e na sua casa
prosperamente o effeituou.

12 E o Senhor appareceu de noite a Salomão, e disse-lhe: Ouvi a tua
oração, e [11] escolhi para mim este logar para casa de sacrificio.

13 Se eu cerrar os [12] céus, e não houver chuva; ou se ordenar aos
gafanhotos que consumam a terra; ou se enviar a peste entre o meu povo:

14 E _se_ o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar,
e buscar a minha face [13] e se converter dos seus maus caminhos, então
eu ouvirei [14] dos céus, e perdoarei os seus peccados, e sararei a sua
terra.

15 Agora [15] estarão abertos os meus olhos e attentos os meus ouvidos á
oração d’este logar.

16 Porque agora escolhi [16] e sanctifiquei esta casa, para que o meu
nome esteja n’ella perpetuamente: e n’ella estarão fixos os meus olhos e
o meu coração todos os dias.

17 E, quanto [17] a ti, se andares diante de mim, como andou David teu
pae, e fizeres conforme a tudo o que te ordenei, e guardares os meus
estatutos e os meus juizos,

18 Tambem confirmarei o throno do teu reino, conforme o concerto que fiz
com David, teu pae, dizendo: Não [18] te faltará varão que domine em
Israel.

19 Porém [19] se vós vos desviardes, e deixardes os meus estatutos, e os
meus mandamentos, que vos tenho proposto, e fordes, e servirdes a outros
deuses, e vos prostrardes a elles,

20 Então os arrancarei da minha terra que lhes dei, e lançarei da minha
presença esta casa que consagrei ao meu nome, e farei com que seja por
proverbio e mote entre todas as gentes.

21 E d’esta casa, que fôra tão exaltada, qualquer que passar por ella se
espantará e dirá: [20] Porque fez o Senhor assim com esta terra e com
esta casa?

22 E dirão: Porquanto deixaram ao Senhor Deus de seus paes, que os tirou
da terra do Egypto, e se deram a outros deuses, e se prostraram a elles,
e os serviram: por isso elle trouxe sobre elles todo este mal.

[1] I Reis 8.54. Lev. 9.24. Jui. 6.21. I Chr. 21.26. I Reis 8.10, 11.

[2] cap. 5.14.

[3] I Chr. 16.41. cap. 20.21. I Reis 8.62, 63.

[4] I Chr. 15.16.

[5] cap. 5.12.

[6] I Reis 8.64.

[7] I Reis 8.65.

[8] Jos. 13.3.

[9] I Reis 8.66.

[10] I Reis 9.1, etc.

[11] Deu. 12.5.

[12] cap. 6.26, 28.

[13] Thi. 4.10.

[14] cap. 6.27, 30.

[15] cap. 6.40.

[16] I Reis 9.3. cap. 6.6.

[17] I Reis 9.4, etc.

[18] cap. 6.16.

[19] Lev. 26.14, 33. Deu. 28.15, 36, 37.

[20] Deu. 29.24. Jer. 22.8, 9.



_Salomão edifica cidades._

8 E succedeu, [1] ao cabo de vinte annos, nos quaes Salomão edificou a
casa do Senhor, e a sua propria casa,

2 Que Salomão edificou as cidades que Hurão lhe tinha dado; e fez habitar
n’ellas os filhos d’Israel.

3 Depois foi Salomão a Hamath Zoba, e a tomou.

4 Tambem [2] edificou a Tadmor no deserto, e todas as cidades das
munições, que edificou em Hamath.

5 Edificou tambem a alta Beth-horon, e a baixa Beth-horon; cidades fortes
com muros, portas e ferrolhos;

6 Como tambem a Baalath, e todas as cidades das munições, que Salomão
tinha, e todas as cidades dos carros e as cidades dos cavalleiros; e tudo
quanto, conforme ao seu desejo, Salomão quiz edificar em Jerusalem, e no
Libano, e em toda a terra do seu dominio.


_Salomão faz tributarios os hetheos._

7 Quanto a todo o povo, [3] que tinha ficado dos hetheos, e amorrheos, e
pherezeos, e heveos, e jebuseos, que não eram d’Israel,

8 Dos seus filhos, que ficaram depois d’elles na terra, os quaes os
filhos d’Israel não destruiram, Salomão os fez tributarios, até _ao dia
d’_hoje.

9 Porém dos filhos d’Israel, a quem Salomão não fez servos para sua obra
(mas _eram_ homens de guerra, chefes dos seus capitães, e chefes dos seus
carros, e dos seus cavalleiros),

10 D’estes pois _eram_ os chefes dos officiaes que o rei Salomão [4]
tinha, duzentos e cincoenta, que presidiam sobre o povo.

11 E Salomão fez subir [5] a filha de Pharaó da cidade de David para a
casa que lhe tinha edificado; porque disse: Minha mulher não morará na
casa de David, rei d’Israel, porquanto sanctos _são os logares_ nos quaes
entrou a arca do Senhor.

12 Então Salomão offereceu holocaustos ao Senhor, sobre o altar do
Senhor, que tinha edificado diante do portico;

13 E isto segundo a ordem de cada dia, [6] offerecendo o mandamento de
Moysés, nos sabbados e nas luas novas, e nas solemnidades, [7] tres vezes
no anno: na festa dos pães asimos, e na festa das semanas, e na festa das
tendas.

14 Tambem, conforme á ordem de David seu pae, ordenou as turmas [8] dos
sacerdotes nos seus ministerios, como tambem as dos levitas ácerca de
suas guardas, para louvarem a Deus, e ministrarem diante dos sacerdotes,
segundo a ordenação de cada dia, e os porteiros [9] pelas suas turmas a
cada porta; porque tal era o mandado de David, o homem de Deus.

15 E não se desviaram do mandado do rei aos sacerdotes e levitas, em
negocio nenhum, nem ácerca dos thesouros.

16 Assim se preparou toda a obra de Salomão, desde o dia da fundação da
casa do Senhor, até se acabar: e assim se aperfeiçoou a casa do Senhor.

17 Então foi Salomão [10] a Esion-geber, e a Eloth, á praia do mar, na
terra d’Edom.

18 E enviou-lhe Hurão, [11] por mão de seus servos, navios, e servos
praticos do mar, e foram com os servos de Salomão a Ophir, e tomaram
de lá quatrocentos e cincoenta talentos d’oiro: e os trouxeram ao rei
Salomão.

[1] I Reis 9.10, etc.

[2] I Reis 9.17, etc.

[3] I Reis 9.20, etc.

[4] I Reis 9.23.

[5] I Reis 3.1 e 7.8 e 9.24.

[6] Exo. 29.38. Num. 28.3, 9, 11, 26 e 29.1, etc.

[7] Exo. 23.14. Deu. 16.16.

[8] I Chr. 24.1. I Chr. 25.1.

[9] I Chr. 9.17 e 26.1.

[10] I Reis 9.26.

[11] I Reis 9.27. cap. 9.10, 13.



_A rainha de Saba vem ver a Salomão._

[Antes de Christo 992]

9 E ouvindo [1] a rainha de Saba a fama de Salomão, veiu a Jerusalem,
provar a Salomão com enigmas, com um mui grande exercito, e camelos
carregados d’especiarias, e oiro em abundancia e pedras preciosas; e veiu
a Salomão, e fallou com elle de tudo o que tinha no seu coração.

2 E Salomão lhe declarou todas as suas palavras: e nenhuma coisa se
occultou a Salomão, que lhe não declarasse.

3 Vendo pois a rainha de Saba a sabedoria de Salomão, e a casa que
edificara;

4 E as iguarias da sua mesa, e o assentar dos seus servos, e o estar dos
seus creados, e os vestidos d’elles; e os seus copeiros, e os vestidos
d’elles; e a sua subida pela qual elle subia á casa do Senhor, [LW] ella
ficou como fóra de si.

5 Então disse ao rei: _Foi_ verdade a palavra que ouvi na minha terra
ácerca dos teus feitos e da tua sabedoria.

6 Porém não cria as suas palavras, até que vim, e meus olhos _o viram_,
e eis-que me não disseram a metade da grandeza da tua sabedoria:
sobrepujaste á fama que ouvi.

7 Bemaventurados os teus homens, e bemaventurados estes teus servos, que
estão sempre diante de ti, e ouvem a tua sabedoria!

8 Bemdito seja o Senhor teu Deus, que se agradou em ti para te pôr como
rei sobre o seu throno, pelo Senhor teu Deus: porquanto teu Deus ama a
Israel, para estabelecel-o perpetuamente; e poz-te por rei sobre elles,
para fazeres juizo e justiça.

9 E deu ao rei cento e vinte talentos d’oiro, e especiarias em grande
abundancia, e pedras preciosas: e nunca houve taes especiarias, quaes a
rainha de Saba deu ao rei Salomão.

10 E tambem os servos d’Hurão, e os servos de Salomão, que de Ophir
tinham trazido [2] oiro, trouxeram madeira d’algum, e pedras preciosas.

11 E fez o rei corredores de madeira d’algum, para a casa do Senhor, e
para a casa do rei, como tambem harpas e alaudes para os cantores, quaes
nunca d’antes se viram na terra de Judah.

12 E o rei Salomão deu á rainha de Saba tudo quanto lhe agradou, e o que
lhe pediu, alem do que ella mesma trouxera ao rei: assim virou-se e foi
para a sua terra, ella e os seus servos.


_As riquezas e a magnificencia de Salomão._

13 E era o peso do oiro, que vinha em um anno a Salomão, seiscentos e
sessenta e seis talentos d’oiro,

14 Afóra do que os negociantes e mercadores traziam: tambem todos os reis
da Arabia, e os principes da mesma terra traziam a Salomão oiro e prata.

15 Tambem fez Salomão duzentos pavezes d’oiro batido: para cada pavez
mandou pesar seiscentos _siclos_ d’oiro batido.

16 Como tambem trezentos escudos d’oiro batido; para cada escudo mandou
pezar trezentos _siclos_ d’oiro: e Salomão os poz na casa do bosque do
Libano.

17 Fez mais o rei um grande throno de marfim; e o cobriu d’oiro puro.

18 E o throno _tinha_ seis degráus, e um estrado d’oiro, pegado ao
throno, e encostos d’ambas as bandas no logar do assento: e dois leões
estavam junto aos encostos.

19 E doze leões estavam ali d’ambas as bandas, sobre os seis degraus:
outro tal se não fez em nenhum reino.

20 Tambem todos os vasos de beber do rei Salomão _eram_ d’oiro, e todos
os vasos da casa do bosque do Libano, d’oiro puro: a prata reputava-se
por nada nos dias de Salomão.

21 Porque, indo os navios do rei com os servos d’Hurão, a Tharsis,
tornavam os navios de Tharsis, uma vez em tres annos, e traziam oiro e
prata, marfim, e bugios, e pavões.

22 Assim excedeu o rei Salomão todos os reis da terra, em riqueza e
sabedoria.

23 E todos os reis da terra procuravam ver o rosto de Salomão, para
ouvirem a sua sabedoria, que Deus _lhe_ dera no seu coração.

24 E elles traziam cada um o seu presente, vasos d’oiro, e vestidos,
armaduras, e especiarias, cavallos e mulos: cada coisa d’anno em anno.

25 Teve tambem Salomão [3] quatro mil estrebarias de cavallos e carros,
e doze mil cavalleiros: e pôl-os nas cidades dos carros, e com o rei em
Jerusalem.

26 E dominava [4] sobre todos os reis, desde o rio até á terra dos
philisteos, e até ao termo do Egypto.

27 Tambem o rei fez [5] que houvesse prata em Jerusalem como pedras, e
cedros em tanta abundancia como [LX] as figueiras bravas que ha pelas
campinas.

28 E do Egypto e de todas aquellas terras traziam [6] cavallos a Salomão.


_A morte de Salomão._

29 Os mais successos pois de Salomão, tanto os primeiros como os ultimos,
_porventura_ não _estão_ escriptos no livro das fallas de Nathan, o
propheta, e na prophecia d’Ahias [7], o silonita, e nas visões de Iddo, o
vidente, ácerca de Jeroboão, filho de Nebat?

30 E reinou [8] Salomão em Jerusalem quarenta annos sobre todo o Israel.

31 E dormiu Salomão com seus paes, e o sepultaram na cidade de David seu
pae: e Roboão, seu filho, reinou em seu logar.

[1] I Reis 10.1, etc. Mat. 12.42. Luc. 11.31.

[2] cap. 8.18. I Reis 10.11.

[3] I Reis 4.26 e 10.26. cap. 1.14.

[4] I Reis 4.21. Gen. 15.18.

[5] I Reis 10.27. cap. 1.15.

[6] I Reis 10.28. cap. 1.16.

[7] I Reis 11.41. I Reis 11.29. cap. 12.15 e 13.22.

[8] I Reis 11.42, 43.



_A revolta de dez tribus de Israel._

[Antes de Christo 975]

10 E foi [1] Roboão a Sichem, porque todo o Israel tinha vindo a Sichem
para o fazerem rei.

2 Succedeu pois que, ouvindo-o Jeroboão, filho de Nebat (o qual _estava
então_ no Egypto [2] para onde fugira da presença do rei Salomão), voltou
Jeroboão do Egypto.

3 Porque enviaram _a elle_, e o chamaram: e veiu pois Jeroboão com todo
o Israel: e fallaram a Roboão dizendo:

4 Teu pae fez duro o nosso jugo, allivia tu pois agora a dura servidão de
teu pae, e o pesado jugo d’elle, que nos tinha imposto, e servir-te-hemos.

5 E elle lhes disse: D’aqui a tres dias tornae a mim. Então o povo se foi.

6 E teve Roboão conselho com os anciãos, que estiveram perante Salomão
seu pae, emquanto viveu, dizendo: Como aconselhaes vós que se responda a
este povo?

7 E elles lhe fallaram, dizendo: Se te fizeres benigno e affavel com este
povo, e lhes fallares boas palavras, todos os dias serão teus servos.

8 Porém elle deixou o conselho, que os anciãos lhe deram: e teve conselho
com os mancebos, que haviam crescido com elle, e estavam perante elle.

9 E disse-lhes: Que aconselhaes vós, que respondamos a este povo? que me
fallou, dizendo: Allivia-_nos_ o jugo que teu pae nos impoz?

10 E os mancebos, que com elle haviam crescido, lhe fallaram, dizendo:
Assim dirás a este povo, que te fallou, dizendo: Teu pae aggravou o nosso
jugo, tu porém allivia-nos: assim pois lhes fallarás: O meu _dedo_ minimo
é mais grosso do que os lombos de meu pae.

11 Assim que se meu pae vos fez carregar d’um jugo pesado, eu ainda
accrescentarei sobre o vosso jugo: meu pae vos castigou com açoites,
porém eu _vos castigarei_ com escorpiões.

12 Veiu pois Jeroboão, e todo o povo a Roboão, no terceiro dia, como o
rei tinha ordenado, dizendo: Tornae a mim ao terceiro dia.

13 E o rei lhe respondeu asperamente: porque o rei Roboão deixou o
conselho dos anciãos.

14 E fallou-lhes conforme ao conselho dos mancebos, dizendo: Meu pae
aggravou o vosso jugo, porém eu lhe accrescentarei mais: meu pae vos
castigou com açoites, porém eu _vos castigarei_ com escorpiões.

15 Assim o rei não deu ouvidos ao povo, [3] porque esta mudança vinha de
Deus, para que o Senhor confirmasse a sua palavra, a qual fallara pelo
ministerio d’Ahias, o silonita, a Jeroboão, filho de Nebat.

16 Vendo pois todo o Israel, que o rei lhes não dava ouvidos, então o
povo respondeu ao rei, dizendo: Que parte temos nós com David? _já_ não
_temos_ herança no filho d’Isai; Israel, cada um ás suas tendas! Olha
agora pela tua casa, ó David. Assim todo o Israel se foi para as suas
tendas.

17 Porém, quanto aos filhos de Israel, que habitavam nas cidades de
Judah, sobre elles reinou Roboão.

18 Então o rei Roboão enviou a Hadoram, que tinha cargo dos tributos;
porém os filhos d’Israel o apedrejaram com pedras, de que morreu: então o
rei Roboão se esforçou a subir para o seu carro, e fugiu para Jerusalem.

19 Assim se rebellaram [4] os israelitas contra a casa de David, até ao
_dia d’_hoje.

[1] I Reis 12.1, etc.

[2] I Reis 11.40.

[3] I Sam. 2.25. I Reis 12.15, 24. I Reis 11.29.

[4] I Reis 12.19.



_Deus prohibe fazer guerra contra as dez tribus._

11 Vindo pois Roboão [1] a Jerusalem, ajuntou da casa de Judah e Benjamin
cento e oitenta mil escolhidos, dextros na guerra para pelejarem contra
Israel, e para restituirem o reino a Roboão.

2 Porém a palavra [2] do Senhor veiu a Semaias, homem de Deus, dizendo:

3 Falla a Roboão, filho de Salomão, rei de Judah, e a todo o Israel, em
Judah e Benjamin, dizendo:

4 Assim diz o Senhor: Não subireis, nem pelejareis contra os vossos
irmãos, tornae cada um á sua casa; porque de mim proveiu isto. E ouviram
as palavras do Senhor, e tornaram d’irem contra Jeroboão.

5 E Roboão habitou em Jerusalem: e edificou cidades para fortalezas, em
Judah.

6 Edificou pois a Bethlehem, e a Etam, e a Tekoa,

7 E a Beth-zur, e a Soco, e a Adullam,

8 E a Gath, e a Maresa, e a Ziph,

9 E a Adoraim, e a Lachis, e a Azeka,

10 E a Zora, e a Aijalon, e a Hebron, que _estavam_ em Judah e em
Benjamin; cidades fortes.

11 E fortificou estas fortalezas e _poz_ n’ellas maioraes, e armazens de
viveres, e d’azeite, e de vinho.

12 E _poz_ em cada cidade pavezes e lanças; fortificou-as em grande
maneira: e Judah e Benjamin foram seus.


_Todos os que temem a Deus veem a Jerusalem._

13 Tambem os sacerdotes, e os levitas, que havia em _todo_ o Israel, se
ajuntaram a elle de todos os seus termos.

14 Porque os levitas deixaram os seus [3] arrabaldes, e a sua possessão,
e vieram a Judah e a Jerusalem (porque Jeroboão e seus filhos os
lançaram fóra para que não ministrassem ao Senhor.

15 E elle [4] constituiu para si sacerdotes, para os altos, e para os
demonios, e para os bezerros, que fizera.)

16 Depois d’esses [5] tambem de todas as tribus d’Israel, os que deram o
seu coração a buscarem ao Senhor Deus d’Israel, vieram a Jerusalem, para
offerecerem sacrificios ao Senhor Deus de seus paes.

17 Assim [6] fortaleceram o reino de Judah e corroboraram a Roboão, filho
de Salomão, por tres annos: porque tres annos andaram no caminho de David
e Salomão.

18 E Roboão tomou para si, por mulher, a Mahalat, filha de Jerimoth,
filho de David; e a Abihail, filha d’Eliab, filho de Jessé.

19 A qual lhe pariu filhos, a Jeus, e a Samarias, e a Zaham,

20 E depois d’ella [7] tomou a Maaca, filha d’Absalão; esta lhe pariu a
Abias, e a Atthai, e a Ziza, e a Selomith.

21 E amava Roboão mais a Maaca, filha d’Absalão, do que a todas as
suas _outras_ mulheres e concubinas; porque elle tinha tomado dezoito
mulheres, e sessenta concubinas; e gerou vinte e oito filhos, e sessenta
filhas.

22 E Roboão poz [8] por cabeça a Abias, filho de Maaca, para _ser_
maioral entre os seus irmãos; porque o _queria_ fazer rei.

23 E usou de prudencia, e de todos os seus filhos _alguns_ espalhou por
todas as terras de Judah e Benjamin, por todas as cidades fortes; e
deu-lhes viveres em abundancia: e lhes desejou uma multidão de mulheres.

[1] I Reis 12.21, etc.

[2] cap. 12.15.

[3] Num. 35.2. cap. 13.9.

[4] I Reis 12.31 e 13.33 e 14.9. Ose. 13.2. Lev. 17.7. I Cor. 10.20. I
Reis 12.28.

[5] cap. 15.9 e 30.11, 18.

[6] cap. 12.1.

[7] I Reis 15.2. cap. 13.2.

[8] Deu. 21.15, 16, 17.



_Deus castiga Roboão por causa da idolatria._

[Antes de Christo 971]

12 Succedeu pois [1] que, havendo Roboão confirmado o reino, e havendo-se
fortalecido, deixou a lei do Senhor, e com elle todo o Israel.

2 Pelo que succedeu, [2] no anno quinto do rei Roboão, que Sisak, rei
do Egypto, subiu contra Jerusalem (porque tinham transgredido contra o
Senhor)

3 Com mil e duzentos carros, e com sessenta mil cavalleiros; e era
innumeravel a gente que vinha com elle do Egypto, [3] de lybios, suchitas
e ethiopes.

4 E tomou as cidades fortes, que Judah tinha; e veiu a Jerusalem.

5 Então veiu Semaias, o propheta, a [4] Roboão e aos principes de Judah
que se ajuntaram em Jerusalem por causa de Sisak, e disse-lhes: Assim diz
o Senhor: _Vós_ me deixastes a mim, pelo que eu tambem vos deixei na mão
de Sisak.

6 Então se humilharam os principes d’Israel, e o rei, [5] e disseram: O
Senhor _é_ justo.

7 Vendo pois o Senhor que se humilhavam, veiu a palavra do Senhor [6]
a Semaias, dizendo: Humilharam-se, não os destruirei; antes em breve
lhes darei logar d’escaparem, para que o meu furor se não derrame sobre
Jerusalem, por mão de Sisak.

8 Porém [7] serão seus servos: para que conheçam _a differença da_ minha
servidão e da servidão dos reinos da terra.

9 Subiu pois [8] Sisak, rei do Egypto, contra Jerusalem, e tomou os
thesouros da casa do Senhor, e os thesouros da casa do rei; levou tudo:
tambem tomou os escudos d’oiro, que Salomão fizera.

10 E fez o rei Roboão em logar d’elles escudos de cobre, e os entregou
[9] na mão dos capitães da guarda, que guardavam a porta da casa do rei.

11 E succedeu que, entrando o rei na casa do Senhor, vinham os da guarda,
e os traziam, e os tornavam a pôr na camara da guarda.

12 E humilhando-se elle, a ira do Senhor se desviou d’elle, para que o
não destruisse de todo; porque ainda em Judah havia boas coisas.

13 Fortificou-se pois o rei Roboão em Jerusalem, e reinou; porque Roboão
era da edade [10] de quarenta e um annos, quando começou a reinar; e
dezesete annos reinou em Jerusalem, a cidade que o Senhor escolheu
d’entre todas as tribus d’Israel, para pôr ali o seu nome; e _era_ o nome
de sua mãe Naama, ammonita.

14 E fez o que era mal; porquanto não preparou o seu coração para buscar
ao Senhor.

15 Os successos pois de Roboão, assim os primeiros, como os ultimos,
_porventura_ não _estão_ escriptos nos livros de Semaias, o propheta,
[11] e de Iddo, o vidente, na relação das genealogias? E havia guerras
entre Roboão e Jeroboão em todos os _seus_ dias.

16 E Roboão dormiu com seus paes, e foi sepultado na cidade de David: e
[12] Abias, seu filho, reinou em seu logar.

[1] cap. 11.17. I Reis 14.22, 23, 24.

[2] I Reis 14.24, 25.

[3] cap. 16.8.

[4] cap. 11.2. cap. 15.2.

[5] Thi. 4.10. Exo. 9.27.

[6] I Reis 21.28, 29.

[7] Isa. 26.13. Deu. 28.47, 48.

[8] I Reis 14.25, 26. I Reis 10.16, 17. cap. 9.15, 16.

[9] II Sam. 8.18.

[10] I Reis 14.21. cap. 6.6.

[11] cap. 9.29 e 13.22. I Reis 14.30.

[12] I Reis 14.31.



_Abias reina e peleja contra Jeroboão._

[Antes de Christo 958]

13 No [1] anno decimo oitavo do rei Jeroboão reinou Abias sobre Israel.

2 Tres annos reinou em Jerusalem; e _era_ o nome de sua mãe [2] Michaia,
filha d’Uriel de Gibea: e houve guerra entre Abias e Jeroboão.

3 E Abias ordenou a peleja com um exercito de varões bellicosos, _de_
quatrocentos mil homens escolhidos: e Jeroboão dispoz contra elle a
batalha de oitocentos mil homens escolhidos, _todos_ varões valentes.

4 E poz-se Abias em pé em cima do monte de [3] Zemaraim, que _está_ na
montanha d’Ephraim, e disse: Ouvi-me, Jeroboão e todo o Israel:

5 _Porventura_ não vos convem saber que o Senhor Deus d’Israel [4] deu
para sempre a David a soberania sobre Israel, a elle e a seus filhos,
_por um_ concerto de sal?

6 Comtudo levantou-se Jeroboão, filho de Nebat, servo de Salomão, filho
de David, e se [5] rebellou contra seu senhor.

7 E ajuntaram-se a [6] elle homens vadios, filhos de Belial; e
fortificaram-se contra Roboão, filho de Salomão, sendo Roboão _ainda_
mancebo, e terno de coração, e não se podia esforçar contra elles.

8 E agora cuidaes d’esforçar-vos contra o reino do Senhor, _que está_ na
mão dos filhos de David: bem _sois_ vós _uma_ grande multidão, e _tendes_
comvosco os bezerros d’oiro que [7] Jeroboão vos fez para deuses.

9 Não [8] lançastes vós fora os sacerdotes do Senhor, os filhos d’Aarão,
e os levitas, e não fizestes para vós sacerdotes, como as gentes das
_outras_ terras? qualquer que vem a consagrar-se com _um_ novilho e sete
carneiros logo se faz sacerdote d’aquelles que não são deuses.

10 Porém, quanto a nós, o Senhor é nosso Deus, e nunca o deixámos: e os
sacerdotes, que ministram ao Senhor _são_ filhos d’Aarão, e os levitas
_se occupam_ na _sua_ obra.

11 E queimam ao Senhor cada [9] manhã e cada tarde holocaustos, incenso
aromatico, com os pães da proposição sobre a mesa pura, e o castiçal
d’oiro, e as suas alampadas para se accenderem cada tarde, porque nós
temos cuidado do serviço do Senhor nosso Deus; porém vós o deixastes.

12 E eis-que Deus está comnosco na dianteira, como tambem [10] os seus
sacerdotes, tocando com as trombetas, para dar alarme contra vós, ó
filhos d’Israel; não pelejeis contra o Senhor Deus de vossos paes; porque
não prosperareis.

13 Mas Jeroboão fez uma emboscada em volta, para darem sobre elles por
detraz; de maneira que estavam defronte de Judah e a emboscada por detraz
d’elles.

14 Então Judah olhou, e eis-que _tinham_ a pelejar por diante e por
detraz: então clamaram ao Senhor; e os sacerdotes tocaram as trombetas.

15 E os homens de Judah gritaram: e succedeu que, gritando os homens de
Judah, Deus [11] feriu a Jeroboão e a todo o Israel diante d’Abias e de
Judah.

16 E os filhos d’Israel fugiram de diante de Judah; e Deus os entregou na
sua mão.

17 De maneira que Abias e o seu povo fez grande estrago entre elles;
porque cairam feridos d’Israel quinhentos mil homens escolhidos.

18 E foram abatidos os filhos d’Israel n’aquelle tempo; e os filhos de
Judah [12] prevaleceram porque confiaram no Senhor Deus de seus paes.

19 E Abias seguiu após Jeroboão; e tomou a Bethel com os logares da sua
jurisdicção, e a Jesana com os logares da sua jurisdicção, e a Ephron
[13] com os logares da sua jurisdicção.

20 E Jeroboão não reteve mais nenhuma força nos dias d’Abias: porém o
Senhor [14] o feriu, e morreu.

21 Abias pois se fortificou, e tomou para si quatorze mulheres, e gerou
vinte e dois filhos e dezeseis filhas.

22 Os mais successos pois d’Abias, tanto os seus caminhos como as suas
palavras, _estão_ escriptos na [15] historia do propheta Iddo.

[1] I Reis 15.1, etc.

[2] cap. 11.20.

[3] Jos. 18.22.

[4] II Sam. 7.12, 13, 16. Num. 18.

[5] I Reis 11.26 e 12.20.

[6] Jui. 9.4.

[7] I Reis 12.28 e 14.9. Ose. 8.6.

[8] cap. 11.14, 15. Exo. 29.35.

[9] cap. 2.4. Lev. 24.6. Exo. 27.20, 21. Lev. 24.2, 3.

[10] Num. 10.8. Act. 5.39.

[11] cap. 14.12.

[12] I Chr. 5.20.

[13] Jos. 15.9.

[14] I Sam. 25.38. I Reis 14.20.

[15] cap. 12.15.



_Asa reina, e vence a Zera o ethiope._

[Antes de Christo 951]

14 E Abias dormiu com seus paes e o sepultaram na cidade de David; e [1]
Asa, seu filho, reinou em seu logar: nos seus dias esteve a terra em paz
dez annos.

2 E Asa fez o _que era_ bom e recto aos olhos do Senhor seu Deus.

3 Porque tirou os altares dos _deuses_ estranhos, [2] e os altos: e
quebrou [3] [LY] as estatuas, e cortou os bosques.

4 E mandou a Judah que buscassem ao Senhor Deus de seus paes, e que
observassem a lei e o mandamento.

5 Tambem tirou de todas as cidades de Judah os altos e as imagens do
sol: e o reino esteve quieto diante d’elle.

6 E edificou cidades fortes em Judah: porque a terra estava quieta, e não
havia guerra contra elle n’aquelles annos; porquanto o Senhor lhe dera
repouso.

7 Disse pois a Judah: Edifiquemos estas cidades, e cerquemol-as de muros
e torres, portas e ferrolhos, _emquanto_ a terra ainda _está quieta_
diante de nós, pois buscámos ao Senhor nosso Deus; buscámol-o, e deu-nos
repouso em redor. Edificaram, pois, e prosperaram.

8 Tinha pois Asa _um_ exercito de trezentos mil de Judah que traziam
pavez e lança; e duzentos e oitenta mil de Benjamin, que traziam escudo e
atiravam d’arco; todos estes _eram_ varões valentes.

9 E Zera, o ethiope, [4] saiu contra elles, com _um_ exercito de mil
milhares, e trezentos carros, e chegou até Maresa.

10 Então Asa saiu contra elle: e ordenaram a batalha no valle de
Zephatha, junto a Maresa.

11 E [5] Asa clamou ao Senhor seu Deus, e disse: Senhor, nada para ti
_é_ ajudar, quer o poderoso quer o de nenhuma força; ajuda-nos, _pois_,
Senhor nosso Deus, porque em ti confiamos, e no teu nome viemos contra
esta multidão: Senhor, tu _és_ nosso Deus, não prevaleça contra ti o
homem.

12 E [6] o Senhor feriu os ethiopes diante d’Asa e diante de Judah: e
fugiram os ethiopes.

13 E Asa, e o povo que _estava_ com elle os perseguiram até [7] Gerar,
e cairam _tantos_ dos ethiopes, que já não havia n’elles vigor _algum_;
porque foram quebrantados diante do Senhor, e diante do seu exercito: e
levaram _d’ali_ mui grande despojo.

14 E feriram todas as cidades nos arredores de Gerar; porque [8] o terror
do Senhor estava sobre elles; e saquearam todas as cidades, porque havia
n’ellas muita preza.

15 Tambem feriram as [LZ] malhadas do gado; e levaram ovelhas em
abundancia, e camelos, e voltaram para Jerusalem.

[1] I Reis 15.8, etc.

[2] I Reis 15.14. cap. 15.17.

[3] Exo. 34.13. I Reis 11.7.

[4] cap. 16.8. Jos. 15.44.

[5] Exo. 14.10. cap. 13.14. Psa. 22.6. I Sam. 14.6. I Sam. 17.45. Pro.
18.10.

[6] cap. 13.15.

[7] Gen. 10.19 e 20.1.

[8] Gen. 35.5. cap. 17.10.



_Asa abole a idolatria e renova o pacto do Senhor._

[Antes de Christo 941]

15 Então veiu [1] o Espirito de Deus sobre Azarias, filho d’Obed.

2 E saiu ao encontro d’Asa, e disse-lhe: Ouvi-me, Asa, e todo o Judah e
Benjamin: [2] O Senhor _está_ comvosco, emquanto vós estaes com elle, e,
se o buscardes, o achareis; porém, se o deixardes, vos deixará.

3 E Israel _esteve_ por [3] muitos dias sem o verdadeiro Deus, e sem
sacerdote que _o_ ensinasse, e sem lei.

4 Mas [4] quando na sua angustia se convertiam ao Senhor, Deus d’Israel,
e o buscavam, o achavam.

5 E n’aquelles [5] tempos não _havia_ paz, nem para o que sahia, nem
para o que entrava, mas muitas perturbações sobre todos os habitantes
d’aquellas terras.

6 Porque gente contra gente, e cidade [6] contra cidade se despedaçavam;
porque Deus os perturbara com toda a angustia.

7 Mas esforçae-vos, e não desfaleçam as vossas mãos; porque a vossa obra
tem uma recompensa.

8 Ouvindo pois Asa estas palavras, e a prophecia do propheta, _filho
d’_Obed, esforçou-se, e tirou as abominações de toda a terra de Judah
e de Benjamin, como tambem das cidades que tomára nas [7] montanhas
d’Ephraim: e renovou o altar do Senhor, que _estava_ diante do portico do
Senhor.

9 E ajuntou a todo o Judah, e Benjamin, e com elles [8] os estrangeiros
d’Ephraim e Manasseh, e de Simeão; porque d’Israel descahiam a elle em
grande numero, vendo que o Senhor seu Deus _era_ com elle.

10 E ajuntaram-se em Jerusalem no terceiro mez; no anno decimo do reinado
d’Asa.

11 E no mesmo dia offereceram em sacrificio [9] ao Senhor, do despojo
_que_ trouxeram, seiscentos bois e seis mil ovelhas.

12 E entraram no [10] concerto de buscarem o Senhor, Deus de seus paes,
com todo o seu coração, e com toda a sua alma;

13 E de que todo aquelle [11] que não buscasse ao Senhor, Deus d’Israel,
morresse; desde o menor até ao maior, e desde o homem até á mulher.

14 E juraram ao Senhor, em alta voz, com jubilo e com trombetas e buzinas.

15 E todo o Judah se alegrou d’este juramento; porque com todo o seu
coração juraram, [12] e com toda a sua vontade o buscaram, e o acharam:
e o Senhor lhes deu repouso em redor.

16 E tambem a Maaca, [13] mãe do rei Asa, _elle_ a depoz, para que não
_fosse_ mais rainha; porquanto fizera a Aserá _um_ horrivel idolo; e Asa
destruiu o seu horrivel idolo, e _o_ despedaçou, e _o_ queimou junto ao
ribeiro de Cedron.

17 Os altos porém não se tiraram d’Israel; [14] comtudo o coração d’Asa
foi perfeito todos os seus dias.

18 E trouxe as coisas que tinha consagrado seu pae, e as coisas que mesmo
tinha consagrado á casa de Deus: prata, e oiro, e vasos.

19 E não houve guerra até ao anno trigesimo quinto do reino d’Asa.

[1] Num. 24.2. Jui. 3.10. cap. 20.14 e 24.20.

[2] Thi. 4.8. ver. 4, 15. I Chr. 28.9. cap. 33.12, 13. Jer. 29.13. Mat.
7.7. cap. 24.20.

[3] Ose. 3.4. Lev. 10.11.

[4] Deu. 4.29.

[5] Jui. 5.6.

[6] Mat. 24.7.

[7] cap. 13.19.

[8] cap. 11.16.

[9] cap. 14.15. cap. 14.13.

[10] II Reis 23.3. cap. 34.31. Neh. 10.29.

[11] Exo. 22.20. Deu. 13.5, 9, 15.

[12] ver. 2.

[13] I Reis 15.13.

[14] cap. 14.3, 5. I Reis 15.14, etc.



_Asa e o rei da Syria pelejam contra Baása._

16 No anno trigesimo sexto do reinado d’Asa, Baása, [1] rei d’Israel,
subiu contra Judah e edificou a Rama, para ninguem deixar sair nem entrar
a Asa, rei de Judah.

2 Então tirou a Asa a prata e o oiro dos thesouros da casa de Deus, e da
casa do rei; e enviou a Benhadad, rei da Syria, que habitava em Damasco,
dizendo:

3 Alliança _ha_ entre mim e ti, como houve entre meu pae e teu: eis que
te envio prata e oiro; vae, _pois_, e anniquila a tua alliança com Baása,
rei d’Israel, para que se retire de sobre mim.

4 E Benhadad deu ouvidos ao rei Asa, e enviou o capitão dos exercitos
que tinha, contra as cidades d’Israel, e feriram a Ijon, e a Dan, e a
Abelmaim; e a todas as cidades das munições de Naphtali.

5 E succedeu que, ouvindo-o Baása, deixou d’edificar a Rama; e
descontinuou a sua obra.

6 Então o rei Asa tomou a todo o Judah e levaram as pedras de Rama, e
a sua madeira, com que Baása edificara; e edificou com isto a Geba e a
Mispah.

7 N’aquelle mesmo tempo veiu Hanani, [2] o vidente, a Asa rei de Judah, e
disse-lhe: Porquanto confiaste no rei da Syria, e não confiaste no Senhor
teu Deus, portanto o exercito do rei da Syria escapou da tua mão.

8 _Porventura_ não foram os ethiopes [3] e os lybios _um_ grande
exercito, com muitissimos carros e cavalleiros? confiando tu porém no
Senhor, elle os entregou nas tuas mãos.

9 Porque, _quanto_ ao Senhor, seus olhos [4] passam por toda a terra,
para mostrar-se forte para com _aquelles_ cujo coração _é_ perfeito para
com elle; n’isto _pois_ fizeste loucamente [5] porque desde agora haverá
guerras contra ti.

10 Porém Asa se indignou contra [6] o vidente, e lançou-o na casa do
tronco; porque d’isto _grandemente_ se alterou contra elle; tambem Asa no
mesmo tempo opprimiu _a alguns_ do povo.

11 E eis que os [7] successos d’Asa, tanto os primeiros, como os ultimos,
_estão_ escriptos no livro dos reis de Judah e Israel.

12 E caiu Asa doente de seus pés no anno trinta e nove do seu reinado;
grande por extremo _era_ a sua enfermidade, e comtudo na sua enfermidade
não buscou [8] ao Senhor, mas antes aos medicos.

13 E Asa dormiu com seus paes; e morreu no anno quarenta e um do seu
reinado.

14 E o sepultaram no seu sepulchro, que tinha cavado para si na cidade
de David, havendo-o deitado na cama, que se enchera de cheiros e [9]
especiarias preparadas segundo a arte dos perfumistas: e fizeram-lhe
queima mui grande.

[1] I Reis 15.17, etc. cap. 15.9.

[2] I Reis 16.1. cap. 19.2. Isa. 31.1. Jer. 17.5.

[3] cap. 14.9. cap. 12.3.

[4] Job 34.21. Pro. 5.21 e 15.3. Jer. 16.17 e 32.19. Zac. 4.10.

[5] I Sam. 13.13. I Reis 15.32.

[6] cap. 18.26. Jer. 20.2. Mat. 14.3.

[7] I Reis 15.23.

[8] Jer. 17.5.

[9] Gen. 50.2. Mar. 16.1. João 19.39, 40. cap. 21.19. Jer. 34.5.



_Josaphat e o seu cuidado em instruir o povo._

[Antes de Christo 914]

17 E Josaphat [1] seu filho reinou em seu logar; e fortificou-se contra
Israel.

2 E poz gente de guerra em todas as cidades fortes de Judah e poz
guarnições na terra de Judah, como tambem nas cidades d’Ephraim, que Asa
seu pae [2] tinha tomado.

3 E o Senhor foi com Josaphat; porque andou nos primeiros caminhos de
David seu pae, e não buscou a Baalim.

4 Antes buscou ao Deus de seu pae, e andou nos seus mandamentos, e [3]
não segundo as obras d’Israel.

5 E o Senhor confirmou o reino na sua mão, e todo o Judah deu presentes a
Josaphat: e teve riquezas e [4] gloria em abundancia.

6 E exaltou-se o seu coração nos caminhos do Senhor [5] e ainda de mais
tirou os altos e os bosques de Judah.

7 E no terceiro anno do seu reinado enviou elle os seus principes, a
Benchail, e a Obadias, e a Zacharias, e a Nathanael, e a Michaia, para
ensinarem [6] nas cidades de Judah.

8 E com elles os levitas, Semaias e Nethanias, e Zebadias, e Asael, e
Semiramoth, e Jonathan, e Adonias, e Tobias, e Tobadonias, levitas: e com
elles os sacerdotes, Elisama e Jorão.

9 E ensinaram em [7] Judah e tinham comsigo o livro da lei do Senhor: e
rodearam todas as cidades de Judah, e ensinaram entre o povo.

10 E veiu [8] o temor do Senhor sobre todos os reinos das terras, que
_estavam_ em roda de Judah e não guerrearam contra Josaphat.

11 E _alguns_ d’entre os philisteos traziam presentes [9] a Josaphat, com
o dinheiro do tributo: tambem os arabios lhe trouxeram gado miudo; sete
mil e setecentos carneiros, e sete mil e setecentos bodes.

12 Cresceu pois Josaphat e se engrandeceu extremamente: e edificou
fortalezas e cidades de munições em Judah.

13 E teve muitas obras nas cidades de Judah e gente de guerra, varões
valentes em Jerusalem.

14 E este _é_ o numero d’elles segundo as casas de seu paes: em Judah
_eram_ chefes dos milhares: o chefe Adna, e com elle trezentos mil varões
valentes;

15 _E_ após elle o chefe Johanan, e com elle duzentos e oitenta mil;

16 E após elle Amasias, filho de Zichri, que voluntariamente se [10]
entregou ao Senhor, e com elle duzentos mil varões valentes:

17 E de Benjamin Eliada, varão valente, e com elle duzentos mil, armados
d’arco e d’escudo;

18 E após elle Jozabad: e com elle cento e oitenta mil armados para a
guerra.

19 Estes estavam no serviço do rei; afóra os que [11] o rei tinha posto
nas cidades fortes por todo o Judah.

[1] I Reis 15.24.

[2] cap. 15.8.

[3] I Reis 12.28.

[4] I Sam. 10.27. I Reis 10.25. I Reis 10.27. cap. 18.1.

[5] I Reis 22.43. cap. 15.17 e 19.3 e 20.33.

[6] cap. 15.3.

[7] cap. 35.3. Neh. 8.7.

[8] Gen. 35.5.

[9] II Sam. 8.2.

[10] Jui. 5.2, 9.

[11] ver. 2.



_Alliança entre Josaphat e Achab._

[Antes de Christo 897]

18 Tinha pois Josaphat riquezas [1] e gloria em abundancia: e
aparentou-se com Achab.

2 E ao cabo d’_alguns_ [2] annos desceu elle para Achab a Samaria; e
Achab matou ovelhas e bois em abundancia, para elle e para o povo que
_vinha_ com elle: e o persuadiu a subir _com elle_ a Ramoth-gilead.

3 Porque Achab, rei d’Israel, disse a Josaphat rei de Judah: Irás tu
commigo a Ramoth-gilead? e _elle_ lhe disse: Como tu _és_, _serei_ eu; e
o meu povo, como o teu povo; _seremos_ comtigo n’esta guerra.

4 Disse mais Josaphat ao rei d’Israel: Consulta [3] hoje, peço-te, a
palavra do Senhor.

5 Então o rei d’Israel ajuntou os prophetas, quatrocentos homens, e
disse-lhes: Iremos á guerra contra Ramoth-gilead, ou deixal-o-hei? E
elles disseram: Sobe; porque Deus _a_ dará na mão do rei.

6 Disse porém Josaphat: Não _ha_ ainda aqui propheta algum do Senhor,
para que o consultemos?

7 Então o rei d’Israel disse a Josaphat: Ainda _ha_ um homem por quem
_podemos_ consultar ao Senhor; porém eu o aborreço; porque nunca
prophetiza de mim bem, senão sempre mal; este _é_ Micha, filho de Imla. E
disse Josaphat: Não falle o rei assim.

8 Então chamou o rei d’Israel um [MA] eunucho, e disse: Traze aqui
depressa a Micha filho de Imla.

9 E o rei d’Israel, e Josaphat rei de Judah estavam assentados cada um
no seu throno, vestidos de vestiduras, e estavam assentados na praça á
entrada da porta de Samaria, e todos os prophetas prophetizavam na sua
presença.

10 E Zedekias, filho de Canana, fez para si uns cornos de ferro, e disse:
Assim diz o Senhor: Com estes escornearás aos syros, até de todo os
consumires.

11 E todos os prophetas prophetizavam o mesmo, dizendo: Sobe a
Ramoth-gilead, e prosperarás; porque o Senhor _a_ dará na mão do rei.

12 E o mensageiro, que foi chamar a Micha, lhe fallou, dizendo: Eis-que
as palavras dos prophetas, a uma bocca, _são_ boas para com o rei: seja
pois tambem a tua palavra como a d’um d’elles, e falla o _que é_ bom.

13 Porém Micha disse: Vive o Senhor, que o que meu Deus [4] me disser,
isso fallarei.

14 Vindo pois ao rei, o rei lhe disse: Micha, iremos a Ramoth-gilead á
guerra, ou deixal-o-hei? E elle disse: Subi, e prosperareis; e serão
dados na vossa mão.

15 E o rei lhe disse: Até quantas vezes te conjurarei, para que me não
falles senão a verdade no nome do Senhor?

16 Então disse elle: Vi a todo o Israel disperso pelos montes, como
ovelhas que não teem pastor: e disse o Senhor: Estes não teem senhor;
torne cada um em paz para sua casa.

17 Então o rei d’Israel disse a Josaphat: Não te disse eu, _que_ este não
prophetizaria de mim bem, porém mal?

18 Disse mais: Pois ouvi a palavra do Senhor: Vi ao Senhor assentado no
seu throno, e a todo o exercito celestial em pé á sua mão direita, e á
sua esquerda.

19 E disse o Senhor: Quem persuadirá a Achab rei d’Israel, a que suba,
e caia em Ramoth-gilead? disse mais: Um diz d’esta maneira, e outro diz
d’outra.

20 Então saiu um espirito [5] e se apresentou diante do Senhor, e disse:
Eu o persuadirei. E o Senhor lhe disse: Com que?

21 E elle disse: Eu sairei, e serei _um_ espirito de mentira na bocca de
todos os seus prophetas. E disse _o Senhor_: Tu o persuadirás, e tambem
prevalecerás; sae, e faze-o assim.

22 Agora pois, eis que o Senhor enviou _um_ espirito [6] de mentira na
bocca d’estes teus prophetas: e o Senhor fallou o mal a teu respeito.

23 Então Zedekias, filho de Canana, se chegou, e [7] feriu a Micha no
queixo; e disse: Porque caminho passou de mim o Espirito do Senhor para
fallar a ti?

24 E disse Micha: Eis que o verás n’aquelle dia, quando andares de camara
em camara, para te esconderes.

25 Então disse o rei d’Israel: Tomae a Micha, e tornae a leval-o a Amon,
o governador da cidade, e a Joás filho do rei.

26 E direis: Assim diz o rei: Mettei [8] este _homem_ na casa do carcere;
e sustentae-o com pão de angustia, e com agua d’angustia, até que eu
volte em paz.

27 E disse Micha: Se é que tornares em paz, o Senhor não tem fallado por
mim. Disse mais: Ouvi, povos todos!


_A guerra contra Ramoth-gilead e a morte de Achab._

28 Subiram pois o rei d’Israel e Josaphat rei de Judah, a Ramoth-gilead.

29 E disse o rei d’Israel a Josaphat: Disfarçando-me eu, então entrarei
na peleja; tu porém veste as tuas vestiduras. Disfarçou-se pois o rei
d’Israel, e entraram na peleja.

30 Deu ordem porém o rei da Syria aos capitães dos carros que tinha,
dizendo: Não pelejareis nem contra pequeno, nem contra grande: senão só
contra o rei d’Israel.

31 Succedeu pois que, vendo os capitães dos carros a Josaphat, disseram:
Este é o rei d’Israel, e o cercaram para pelejarem; porém Josaphat
clamou, e o Senhor o ajudou. E Deus os desviou d’elle.

32 Porque succedeu que, vendo os capitães dos carros, que não era o rei
d’Israel, tornaram de seguil-o.

33 Então _um_ homem armou o arco na sua simplicidade, e feriu o rei
d’Israel entre as junturas e a couraça: então disse ao carreteiro: Vira a
tua mão, e tira-me do exercito, porque estou mui ferido.

34 E aquelle dia cresceu a peleja, mas o rei d’Israel susteve-se em pé no
carro defronte dos syros até á tarde; e morreu ao tempo do pôr do sol.

[1] cap. 17.5. II Reis 8.18.

[2] I Reis 22.2, etc.

[3] I Sam. 23.2, 4, 9. II Sam. 2.1.

[4] Num. 22.18, 20, 35 e 23.12, 26 e 24.13. I Reis 22.14.

[5] Job 1.6.

[6] Job 12.16. Isa. 19.14. Eze. 14.9.

[7] Jer. 26.2. Mar. 14.65. Act. 23.2.

[8] cap. 16.10.



_O propheta Jehu reprehende a Josaphat._

19 E Josaphat, rei de Judah, voltou á sua casa em paz a Jerusalem.

2 E Jehu, filho d’Hanani, [1] o vidente, lhe saiu ao encontro, e disse ao
rei Josaphat: Devias tu ajudar ao impio, e amar aquelles que ao Senhor
aborrecem? por isso _virá_ sobre ti [2] grande ira de diante do Senhor.

3 Boas coisas comtudo se acharam [3] em ti; porque tiraste os bosques da
terra, e preparaste [4] o teu coração, para buscar a Deus.

4 Habitou pois Josaphat em Jerusalem: e tornou a passar pelo povo desde
Berseba até as montanhas d’Ephraim, e fez com que tornassem ao Senhor
Deus de seus paes.

5 E estabeleceu juizes na terra, em todas as cidades fortes, de cidade em
cidade.

6 E disse aos juizes: Vede o que fazeis; [5] porque não julgaes da parte
do homem, senão da parte do Senhor, e elle _está_ comvosco no negocio do
juizo.

7 Agora pois, seja o temor do Senhor comvosco: guardae-o, e fazei-o;
porque não _ha_ no Senhor nosso Deus [6] iniquidade nem acceitação de
pessoas, nem acceitação de presentes.

8 E tambem estabeleceu Josaphat a _alguns_ dos levitas [7] e dos
sacerdotes e dos chefes dos paes d’Israel sobre o juizo do Senhor, e
sobre as causas judiciaes: e tornaram a Jerusalem.

9 E deu-lhes ordem, dizendo: Assim fazei [8] no temor do Senhor com
fidelidade, e com coração inteiro.

10 E _em_ toda a [9] differença que vier a vós de vossos irmãos que
habitam nas suas cidades, entre sangue e sangue, entre lei e mandamento,
entre estatutos e juizos, e admoestae-os, que se não façam culpados para
com o Senhor, e _não_ venha grande ira sobre [10] vós, e sobre vossos
irmãos: fazei assim, e não vos fareis culpados.

11 E eis que Amarias, o summo sacerdote, presidirá sobre vós em todo o
[11] negocio do Senhor; e Zebadias, filho d’Ishmael, principe da casa de
Judah, em todo o negocio do rei; tambem os officiaes, os levitas, _estão_
perante vós: esforçae-vos, [12] pois, e fazei-o; e o Senhor será com os
bons.

[1] I Sam. 9.9.

[2] cap. 32.25.

[3] cap. 17.4, 6. cap. 12.12.

[4] cap. 30.19. Esd. 7.10.

[5] Deu. 1.17. Ecc. 5.8.

[6] Deu. 32.4. Rom. 9.14. Deu. 10.17. Job 34.19. Act. 10.34. Rom. 2.11.
Gal. 2.6. Eph. 6.9. Col. 3.25. I Ped. 1.17.

[7] Deu. 16.18. cap. 17.8.

[8] II Sam. 23.3.

[9] Deu. 17.8, etc.

[10] Num. 16.46. Eze. 3.18.

[11] I Chr. 26.30.

[12] cap. 15.2.



_Deus concede a Josaphat victoria sobre os seus inimigos._

[Antes de Christo 896]

20 E succedeu que, depois d’isto, os filhos de Moab, e os filhos d’Ammon,
e com elles _outros_ de mais dos ammonitas, vieram á peleja contra
Josaphat.

2 Então vieram _alguns_ que deram aviso a Josaphat, dizendo: Vem contra
ti _uma_ grande multidão d’além do mar e da Syria: e eis-que já _estão_
em Hatson-thamar, [1] que _é_ Engedi.

3 Então Josaphat temeu, e poz-se a buscar o Senhor; e apregoou [2] jejum
em todo o Judah.

4 E Judah se ajuntou, para pedir _soccorro_ ao Senhor: tambem de todas as
cidades de Judah vieram para buscarem ao Senhor.

5 E poz-se Josaphat em pé na congregação de Judah e de Jerusalem, na casa
do Senhor, diante do pateo novo.

6 E disse: Ah Senhor, Deus de nossos paes, _porventura_ não _és_ tu Deus
nos céus? [3] pois tu és Dominador sobre todos os reinos das gentes, e na
tua mão _ha_ força e potencia, e não ha quem te possa resistir.

7 _Porventura_, ó Deus [4] nosso, não lançaste tu fóra os moradores
d’esta terra, de diante do teu povo Israel, e a déste á semente
d’Abrahão, teu amigo, para sempre?

8 E habitaram n’ella; e edificaram-te n’ella um sanctuario ao teu nome,
dizendo:

9 Se _algum_ [5] mal nos sobrevier, espada, juizo, peste, ou fome, nós
nos apresentaremos diante d’esta casa e diante de ti; pois teu nome [6]
_está_ n’esta casa; e clamaremos a ti na nossa angustia, e tu nos ouvirás
e livrarás.

10 Agora, pois, eis que os filhos d’Ammon e de Moab, e os das montanhas
de Seir, [7] pelos quaes não permittiste passar a Israel, quando vinham
da terra do Egypto; mas d’elles se desviaram e não os destruiram;

11 Eis que nos dão o pago, vindo para lançar-nos fóra da tua herança, que
nos fizeste herdar.

12 Ah Deus nosso, _porventura_ não os [8] julgarás? porque em nós não ha
força perante esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós
o que faremos; porém os nossos olhos _estão postos_ em ti.

13 E todo o Judah estava em pé perante o Senhor, como tambem as suas
creanças, as suas mulheres, e os seus filhos.

14 Então veiu [9] o espirito do Senhor, no meio da congregação, sobre
Jahaziel, filho de Zacharias, filho de Benaias, filho de Jehiel, filho de
Mattanias, levita, dos filhos de Asaf,

15 E disse: Dae ouvidos todo o Judah, e _vós_, moradores de Jerusalem,
e _tu_, ó rei Josaphat: assim o Senhor vos diz: Não temaes, nem vos
assusteis [10] por causa d’esta grande multidão; pois a peleja não _é_
vossa, senão de Deus.

16 Ámanhã descereis contra elles; eis que sobem pela ladeira de Zis, e os
achareis no fim do valle, diante do deserto de Jeruel.

17 N’esta _peleja_ não [11] tereis que pelejar: parae-vos, estae em pé, e
vêde a salvação do Senhor para comvosco, ó Judah e Jerusalem; não temaes,
nem vos assusteis, ámanhã sahi-lhes ao encontro, porque [12] o Senhor
_será_ comvosco.

18 Então Josaphat [13] se prostrou com o rosto em terra: e todo o Judah
e os moradores de Jerusalem se lançaram perante o Senhor, adorando ao
Senhor.

19 E levantaram-se os levitas, dos filhos dos kohathitas, e dos filhos
dos korathitas, para louvarem ao Senhor Deus d’Israel, com grande voz
até ao alto.

20 E pela manhã cedo se levantaram e sairam ao deserto de Tekoa: e,
saindo elles, poz-se em pé Josaphat, e disse: Ouvi-me, ó Judah, e vós,
moradores de Jerusalem: [14] Crede no Senhor vosso Deus, e estareis
seguros; crede nos seus prophetas, e sereis prosperados.

21 E aconselhou-se com o povo, e ordenou cantores para o Senhor, que
louvassem [15] a Magestade sancta, saindo diante dos armados, e dizendo:
Louvae ao Senhor, porque a sua benignidade _dura_ para sempre.

22 E, ao tempo que começaram com jubilo e louvor, o Senhor poz emboscadas
[16] contra os filhos d’Ammon e de Moab, e os das montanhas de Seir, que
vieram contra Judah e foram desbaratados.

23 Porque os filhos d’Ammon e de Moab se levantaram contra os moradores
das montanhas de Seir, para os destruir e exterminar: e, acabando elles
com os moradores de Seir, ajudaram uns aos outros a destruir-se.

24 Entretanto chegou Judah á atalaia do deserto: e olharam para a
multidão, e eis que _eram_ corpos mortos, que jaziam em terra, e nenhum
escapou.

25 E vieram Josaphat e o seu povo para saquear os seus despojos, e
acharam n’elles fazenda e cadaveres em abundancia, assim como vasos
preciosos, e tomaram para si tanto, que não podiam levar mais: e tres
dias saquearam o despojo, porque era muito.

26 E ao quarto dia se ajuntaram no valle de [MB] Beracha; porque ali
louvaram o Senhor; por isso chamaram o nome d’aquelle logar o valle de
Beracha, até ao dia d’hoje.

27 Então voltaram todos os homens de Judah e de Jerusalem, e Josaphat á
frente d’elles, para virem a Jerusalem com alegria: porque o Senhor os
alegrara ácerca [17] dos seus inimigos.

28 E vieram a Jerusalem com alaudes, e com harpas, e com trombetas, para
a casa do Senhor.

29 E veiu o temor [18] de Deus sobre todos os reinos d’aquellas terras,
ouvindo _elles_ que o Senhor havia pelejado contra os inimigos d’Israel.

30 E o reino de Josaphat ficou quieto: e o seu Deus lhe [19] deu repouso
em redor.

31 E Josaphat [20] reinou sobre Judah: _era_ da edade de trinta e cinco
annos quando começou a reinar e vinte e cinco annos reinou em Jerusalem;
e era o nome de sua mãe, Azuba, filha de Silhi.

32 E andou no caminho d’Asa, seu pae, e não se desviou d’elle, fazendo o
_que era_ recto nos olhos do Senhor.

33 Comtudo os altos se não tiraram, [21] porque o povo não tinha ainda
preparado o seu coração para com o Deus de seus paes.

34 Ora o resto dos successos de Josaphat, assim primeiros, como ultimos,
eis que _está_ escripto nas notas de Jehu, filho de Hanani, que lhe
fizeram apontar [22] no livro dos reis de Israel.

35 Porém depois d’isto [23] Josaphat, rei de Judah, se alliou com
Achazias, rei de Israel, que obrou com toda a impiedade.

36 E alliou-se com elle, para fazerem navios que fossem a Tharsis: e
fizeram os navios em Esion-geber.

37 Porém Eliezer, filho de Dodava, de Maresa, prophetizou contra
Josaphat, dizendo: Porquanto te alliaste com Achazias, o Senhor
despedaçou as tuas obras. E os navios [24] se quebraram, e não poderam ir
a Tharsis.

[1] Gen. 14.7. Jos. 15.62.

[2] cap. 19.3. Esd. 8.21. Jer. 36.9. Jon. 3.5.

[3] Deu. 4.39. Jos. 2.11. I Reis 8.23. Dan. 4.17, 25, 32. I Chr. 29.12.
Mat. 6.13.

[4] Gen. 17.7. Exo. 6.7. Isa. 41.8. Thi. 2.23.

[5] I Reis 8.33, 37. cap. 6.28, 29, 30.

[6] cap. 6.20.

[7] Deu. 2.4, 9, 19. Num. 20.21.

[8] I Sam. 3.13.

[9] Num. 11.25, 26 e 24.2. cap. 15.1 e 24.20.

[10] Exo. 14.13, 14. Deu. 1.29, 30 e 31.6, 8. cap. 32.7.

[11] Exo. 14.13, 14.

[12] Num. 14.9. cap. 15.2 e 32.8.

[13] Exo. 4.31.

[14] Isa. 7.9.

[15] I Chr. 16.29. I Chr. 16.34. I Chr. 16.41. cap. 5.13 e 7.3, 6.

[16] Jui. 7.22. I Sam. 14.20.

[17] Neh. 12.43.

[18] cap. 17.10.

[19] cap. 15.15. Job 34.29.

[20] I Reis 22.41, etc.

[21] cap. 17.6. cap. 12.14 e 19.3.

[22] I Reis 16.1, 7.

[23] I Reis 22.48, 49.

[24] I Reis 22.48. cap. 9.21.



_A morte de Josaphat e a impiedade de Jorão._

[Antes de Christo 892]

21 Depois Josaphat dormiu [1] com seus paes, e o sepultaram com seus paes
na cidade de David: e Jorão, seu filho, reinou em seu logar.

2 E teve irmãos, filhos de Josaphat: Azarias, e Jehiel, e Zacharias, e
Asarias, e Michael, e Sephatias: todos estes _foram_ filhos de Josaphat,
rei d’Israel.

3 E seu pae lhes deu muitos dons de prata, e d’oiro, e de coisas
preciosissimas, com cidades fortes em Judah: porém o reino deu a Jorão,
porquanto _era_ o primogenito.

4 E, subindo Jorão ao reino de seu pae, e havendo-se fortificado, matou
a todos os seus irmãos á espada, como tambem _a alguns_ dos principes
d’Israel.

5 Da edade de trinta [2] e dois annos _era_ Jorão quando começou a
reinar; e reinou oito annos em Jerusalem.

6 E andou no caminho dos reis d’Israel, como fazia a casa de Achab;
porque tinha a filha [3] de Achab por mulher: e fazia o _que parecia_
mal aos olhos do Senhor.

7 Porém o Senhor não quiz destruir a casa de David, em attenção ao
concerto que tinha feito com David: e porque tambem tinha dito que lhe
daria por todos os dias uma lampada, [4] a elle e a seus filhos.

8 Nos seus dias [5] se revoltaram os idumeos de debaixo do mando de
Judah, e constituiram para si um rei.

9 Pelo que Jorão passou adiante com os seus chefes, e todos os carros com
elle: e levantou-se de noite, e feriu aos idumeos, que o tinham cercado,
como tambem aos capitães dos carros.

10 Todavia os idumeos se revoltaram de debaixo do mando de Judah até _ao
dia d’_hoje; então no mesmo tempo Libna se revoltou de debaixo de seu
mando; porque deixara ao Senhor, Deus de seus paes.

11 Elle tambem fez altos nos montes de Judah: e fez com que fornicassem
[6] os moradores de Jerusalem, e até a Judah impelliu _a isso_.

12 Então lhe veiu um escripto da parte d’Elias o propheta, que dizia:
Assim diz o Senhor, Deus de David teu pae: Porquanto não andaste nos
caminhos de Josaphat, teu pae, e nos caminhos d’Asa, rei de Judah,

13 Mas andaste no caminho dos reis d’Israel, e fizeste fornicar a [7]
Judah e aos moradores de Jerusalem, segundo a fornicação da casa d’Achab,
e tambem mataste a teus irmãos, da casa de teu pae, melhores do que tu,

14 Eis-que o Senhor ferirá com um grande [MC] flagello ao teu povo, e aos
teus filhos, e ás tuas mulheres e a todas as tuas fazendas.

15 Tu tambem _terás uma_ grande enfermidade por causa _d’uma_ doença de
tuas entranhas, [8] até que te saiam as tuas entranhas, por causa da
enfermidade, de dia em dia.

16 Despertou [9] pois o Senhor, contra Jorão o espirito dos philisteos e
dos arabios, que _estão_ da banda dos ethiopes.

17 Estes subiram a Judah, e deram sobre ella, e levaram toda a fazenda,
que se achou na casa do rei, como tambem a seus filhos [10] e a suas
mulheres; de modo que lhe não deixaram filho, senão a Joachaz, o mais
moço de seus filhos.

18 E depois de tudo isto o Senhor [11] o feriu nas suas entranhas com uma
enfermidade incuravel.

19 E succedeu que, depois de muitos dias, e chegado que foi o fim de
dois annos, sairam-lhe as entranhas com a doença; e morreu de más
enfermidades: e o seu povo lhe não fez _uma_ queimada como a queimada
[12] de seus paes.

20 Era da edade de trinta e dois _annos_ quando começou a reinar, e
reinou em Jerusalem oito annos: e foi-se sem _deixar de si_ saudades
_algumas_; e o sepultaram na cidade de David, porém não nos sepulchros
dos reis.

[1] I Reis 22.50.

[2] II Reis 8.17, etc.

[3] cap. 22.2.

[4] II Sam. 7.12, 13. I Reis 11.36.

[5] II Reis 8.20, etc.

[6] Lev. 17.7 e 20.5. ver. 13.

[7] ver. 11. Exo. 34.15. Deu. 31.16. I Reis 16.31-33. II Reis 9.22.

[8] ver. 18, 19.

[9] I Reis 11.14, 23.

[10] cap. 24.7.

[11] ver. 15.

[12] cap. 16.14.



_Achazias reina e é morto por Jehu._

[Antes de Christo 887]

22 E os moradores de Jerusalem fizeram rei a Achazias, [1] seu filho mais
moço, em seu logar: porque a tropa, que viera com os arabios ao arraial,
tinha morto a todos os mais velhos: e assim reinou Achazias, filho de
Jorão, rei de Judah.

2 _Era_ da edade [2] de quarenta e dois annos, quando começou a reinar,
e reinou um anno em Jerusalem: e _era_ o nome de sua mãe Athalia, filha
d’Omri.

3 Tambem este andou nos caminhos da casa d’Achab; porque sua mãe era sua
conselheira, para obrar impiamente.

4 E fez o _que era_ mal aos olhos do Senhor, como a casa d’Achab, porque
elles eram seus conselheiros depois da morte de seu pae, para a sua
perdição.

5 Tambem andou no seu conselho, e foi-se [3] com Jorão, filho
d’Achab, rei d’Israel, á peleja contra Hazael, rei da Syria, junto a
Ramoth-gilead: e os syros feriram a Jorão.

6 E tornou [4] a curar-se em Jezreel, das feridas que se lhe deram junto
a Rama, pelejando contra Hazael, rei da Syria: e Azarias, filho de Jorão,
rei de Judah, desceu para ver a Jorão, filho d’Achab, em Jezreel; porque
estava doente.

7 Veiu pois [5] de Deus o abatimento d’Achazias, para que viesse a Jorão;
porque vindo elle, saiu com Jorão contra Jehu, filho de Nimsi, a quem o
Senhor tinha ungido para desarreigar a casa d’Achab.

8 E succedeu que, executando Jehu juizo [6] contra a casa d’Achab, achou
os principes de Judah e os filhos dos irmãos d’Achazias, que serviam a
Achazias, e os matou.

9 Depois buscou [7] a Achazias (porque se tinha escondido em Samaria), e
o alcançaram, e o trouxeram a Jehu, e o mataram, e o sepultaram; porque
disseram: Filho _é_ de Josaphat, que buscou ao Senhor com todo o seu
coração. E não tinha já a casa d’Achazias ninguem que tivesse força para
o reino.


_Athalia manda matar a familia real, mas Joás escapa._

[Antes de Christo 884]

10 Vendo pois [8] Athalia, mãe d’Achazias, que seu filho era morto,
levantou-se, e destruiu, toda a semente real da casa de Judah.

11 Porém Josebath, [9] filha do rei, tomou a Joás, filho d’Achazias, e
furtou-o d’entre os filhos do rei, a quem matavam, e o poz com a sua
ama na camara dos leitos: assim Josebath, filha do rei Jorão, mulher
do sacerdote Joiada (porque era irmã d’Achazias), o escondeu de diante
d’Athalia, de modo que o não matou.

12 E esteve com elles escondido na casa de Deus seis annos: e Athalia
reinou sobre a terra.

[1] II Reis 8.24, etc. ver. 6. cap. 21.17.

[2] II Reis 8.26. cap. 21.6.

[3] II Reis 8.28, etc.

[4] II Reis 9.15.

[5] Jui. 14.4. I Reis 12.15. cap. 10.15.

[6] II Reis 10.10, 11.

[7] II Reis 9.27. cap. 17.4.

[8] II Reis 11.1, etc.

[9] II Reis 11.2.



_Joiada, o sacerdote, unge a Joás, como rei de Judah._

[Antes de Christo 878]

23 Porém no setimo [1] anno Joiada se esforçou, e tomou comsigo em
alliança os chefes das centenas, a Azarias, filho de Joroão, e a Ishmael,
filho de Jahanan, e a Azarias, filho d’Obed, e a Maaseias, filho
d’Adaias, e a Elisaphat, filho de Sicri.

2 Estes rodeiaram a Judah e ajuntaram os levitas de todas as cidades de
Judah e os cabeças dos paes d’Israel, e vieram para Jerusalem.

3 E toda aquella congregação fez alliança com o rei na casa de Deus: e
_Joiada_ lhes disse: Eis que o filho do rei reinará, como o Senhor fallou
a respeito [2] dos filhos de David.

4 Esta _é_ a coisa que haveis de fazer: uma terça parte de vós, os
sacerdotes e os levitas que entram de sabbado, _serão_ porteiros das
portas;

5 E uma terça parte _estará_ [3] na casa do rei; e a outra terça parte á
porta do fundamento: e todo o povo _estará_ nos pateos da casa do Senhor.

6 Porém ninguem entre na casa do Senhor, senão os sacerdotes e os levitas
que [4] ministram; estes entrarão, porque sanctos são; mas todo o povo
vigiará a guarda do Senhor,

7 E os levitas rodeiarão ao rei em volta, cada um com as suas armas na
mão; e qualquer que entrar na casa morrerá; porém vós estareis com o rei,
quando entrar e quando sair.

8 E fizeram os levitas e todo o Judah conforme a tudo o que ordenara o
sacerdote Joiada; e tomou cada um os seus homens, os que entravam no
sabbado com os que sahiam do sabbado; porque o sacerdote Joiada não tinha
despedido as turmas.

9 Tambem o sacerdote Joiada deu aos chefes das centenas as lanças, e os
escudos, e as rodelas que _foram_ do rei [5] David os quaes _estavam_ na
casa de Deus.

10 E dispoz todo o povo, e a cada um com as suas armas na sua mão, desde
a banda direita da casa até á banda esquerda da casa, da banda do altar e
da casa, á roda do rei.

11 Então tiraram para fóra ao filho do rei, e lhe pozeram a corôa;
_deram-lhe_ o testemunho, [6] e o fizeram rei: e Joiada e seus filhos o
ungiram, e disseram: Viva o rei!

12 Ouvindo pois Athalia a voz do povo que concorria e louvava o rei, veiu
ao povo, á casa do Senhor.

13 E olhou: e eis-que o rei estava perto da sua columna, á entrada, e
os chefes, e as trombetas junto ao rei; e todo o povo da terra estava
alegre, e tocava as trombetas; e tambem os cantores tocavam instrumentos
musicos, e davam a entender que se deviam cantar louvores: então Athalia
rasgou [7] os seus vestidos, e clamou: Traição, traição!

14 Porém o sacerdote Joiada tirou para fóra os centuriões que _estavam_
postos sobre o exercito e disse-lhes: Tirae-a para fóra das fileiras,
e o que a seguir, morrerá á espada: porque dissera o sacerdote: Não a
matareis na casa do Senhor.

15 E elles lhe lançaram as mãos, e ella foi á entrada da porta dos
cavallos, da [8] casa do rei: e ali a mataram.


_O pacto que Joiada fez._

16 E Joiada fez alliança entre si, e o povo, e o rei, que seriam o povo
do Senhor.

17 Depois todo o povo entrou na casa de Baal, e a derribaram, e quebraram
os seus altares, e as suas imagens, [9] e a Mathan, sacerdote de Baal,
mataram diante dos altares.

18 E Joiada ordenou os officios na casa do Senhor, debaixo da mão dos
sacerdotes, os levitas a quem David [10] repartira na casa do Senhor,
para offerecerem os holocaustos do Senhor, como _está_ escripto na lei
de Moysés, com alegria e com canto, conforme a instituição de David.

19 E poz porteiros [11] ás portas da casa do Senhor, para que não
entrasse n’ella ninguem immundo em coisa alguma.

20 E tomou [12] os centuriões, e os poderosos, e os que tinham dominio
entre o povo e todo o povo da terra, e conduziu o rei da casa do Senhor,
e entraram na casa do rei pelo meio da porta maior, e assentaram o rei no
throno do reino.

21 E todo o povo da terra se alegrou, e a cidade ficou em paz, depois que
mataram a Athalia á espada.

[1] II Reis 11.4, etc.

[2] II Sam. 7.12. I Reis 2.4 e 9.5.

[3] I Chr. 9.25.

[4] I Chr. 23.28, 29.

[5] I Chr. 24 e 25.

[6] Deu. 17.18.

[7] I Chr. 25.8.

[8] Neh. 3.28.

[9] Deu. 13.9.

[10] I Chr. 23.6, 30, 31 e 24.1. Num. 28.2.

[11] I Chr. 26.1, etc.

[12] II Reis 11.19.



_Joás dá ordens para concertar o templo._

[Antes de Christo 856]

24 Tinha Joás [1] sete annos d’edade quando começou a reinar, e quarenta
annos reinou em Jerusalem: e _era_ o nome de sua mãe Zibia, de Berseba.

2 E fez [2] Joás o _que era_ recto aos olhos do Senhor, todos os dias do
sacerdote Joiada.

3 E tomou-lhe Joiada duas mulheres, e gerou filhos e filhas.

4 E succedeu depois d’isto que veiu ao coração de Joás de renovar a casa
do Senhor.

5 Ajuntou pois os sacerdotes e os levitas, e disse-lhes: Sahi pelas
cidades de Judah, e ajuntae o dinheiro de todo o Israel [3] para reparar
a casa do vosso Deus de anno em anno; e vós apressae este negocio. Porém
os levitas não se apressaram.

6 E o [4] rei chamou a Joiada, o chefe, e disse-lhe: Porque não fizeste
inquirição entre os levitas: para que trouxessem de Judah e de Jerusalem
a offerta de [5] Moysés, servo do Senhor, e da congregação d’Israel, á
tenda do testemunho?

7 Porque, sendo Athalia impia, seus filhos [6] arruinaram a casa de Deus,
e até todas as coisas sagradas da casa do Senhor empregaram em Baalin.

8 E deu o rei ordem e [7] fizeram uma arca, e a pozeram fóra, á porta da
casa do Senhor.

9 E publicou-se em Judah e em Jerusalem que trouxessem ao Senhor a
offerta [8] de Moysés, o servo do Senhor, _imposta_ a Israel no deserto.

10 Então todos os principes, e todo o povo se alegraram, e a trouxeram e
_a_ lançaram na arca, até que a acabaram de _lançar_.

11 E succedeu que, ao tempo que traziam a arca pelas mãos dos levitas,
segundo o mandado do rei, e vendo que [9] _já havia_ muito dinheiro,
vinha o escrivão do rei, e o deputado do summo sacerdote, e esvaziavam a
arca, e a tomavam, e a tornavam ao seu logar: assim faziam de dia em dia,
e ajuntaram dinheiro em abundancia,

12 O qual o rei e Joiada davam aos que tinham cargo da obra do serviço
da casa do Senhor; e alugaram pedreiros e carpinteiros, para renovarem a
casa do Senhor; como tambem ferreiros e serralheiros, para repararem a
casa do Senhor.

13 E os que tinham cargo da obra faziam que a reparação da obra fosse
crescendo pela sua mão: e restauraram a casa de Deus no seu estado, e a
fortaleceram.

14 E, depois de acabarem, trouxeram o resto do dinheiro para diante do
rei e de Joiada, e d’elle [10] fez vasos para a casa do Senhor, vasos
para ministrar, e offerecer, e [MD] perfumadores e vasos d’oiro e de
prata. E continuamente sacrificaram holocaustos na casa do Senhor, todos
os dias de Joiada.

15 E envelheceu Joiada, e morreu farto de dias: _era_ da edade de cento e
trinta annos quando morreu.

16 E o sepultaram na cidade de David com os reis; porque tinha feito bem
em Israel, e para com Deus e a sua casa.


_A idolatria de Joás._

17 Porém depois da morte de Joiada vieram os principes de Judah e
prostraram-se perante o rei: e o rei os ouviu.

18 E deixaram a casa do Senhor, Deus de seus paes, e serviram as imagens
do bosque [11] e os idolos: então veiu grande ira sobre Judah e Jerusalem
por causa d’esta sua culpa.

19 Porém enviou [12] prophetas entre elles, para os fazer tornar ao
Senhor, os quaes protestaram contra elles; mas elles não deram ouvidos.

20 E o Espirito [13] de Deus revestiu a Zacharias, filho do sacerdote
Joiada, o qual se poz em pé acima do povo, e lhes disse: Assim diz Deus:
Porque transgredis os mandamentos do Senhor? portanto não prosperareis;
porque [14] deixastes ao Senhor, tambem elle vos deixará.

[Antes de Christo 840]

21 E elles conspiraram contra elle, e o apedrejaram [15] com pedras, pelo
mandado do rei, no pateo da casa do Senhor.

22 Assim o rei Joás não se lembrou da beneficencia que seu pae Joiada
lhe fizera, porém matou-lhe o filho, o qual, morrendo, disse: O Senhor o
verá, e o requererá.


_O juizo de Deus sobre Joás._

23 E succedeu, no decurso de um anno, que o exercito [16] da Syria subiu
contra elle, e vieram a Judah e a Jerusalem, e destruiram d’entre o povo
a todos os principes do povo; e todo o seu despojo enviaram ao rei de
Damasco.

24 Porque, ainda que o exercito dos syros viera com poucos [17] homens,
comtudo o Senhor deu na sua mão um exercito de grande multidão, porquanto
deixaram ao Senhor, Deus de seus paes. Assim executaram os juizos [18]
contra Joás.

25 E, retirando-se d’elle (porque em grandes enfermidades o deixaram)
seus servos conspiraram contra elle por causa do sangue do filho do
sacerdote Joiada, e o mataram na sua cama, [19] e morreu: e o sepultaram
na cidade de David, porém não o sepultaram nos sepulchros dos reis.

26 Estes pois foram os que conspiraram contra elle: Zabad, filho de
Simeath, a ammonita, e Jozabat, filho de Simreth, a moabita.

27 E, quanto a seus filhos, e á grandeza do cargo que [20] se lhe
_impôz_, e ao estabelecimento da casa de Deus, eis que _está_ escripto na
historia do livro dos reis: e Amasias, seu filho, reinou em seu logar.

[1] II Reis 11.21 e 12.1, etc.

[2] cap. 26.5.

[3] II Reis 12.4.

[4] II Reis 12.7.

[5] Exo. 30.12, 13, 14, 16. Num. 1.50. Act. 7.44.

[6] cap. 21.17. II Reis 12.4.

[7] II Reis 12.9.

[8] ver. 6.

[9] II Reis 12.10.

[10] II Reis 12.13.

[11] I Reis 14.23. Jui. 5.8.

[12] cap. 36.15. Jer. 7.25, 26 e 25.4.

[13] cap. 15.1 e 20.14.

[14] Num. 14.41. cap. 15.2.

[15] Mat. 23.35. Act. 7.58, 59.

[16] II Reis 12.17.

[17] Lev. 26.8. Deu. 32.30. Isa. 30.17.

[18] cap. 22.8. Isa. 10.5.

[19] II Reis 12.20. ver. 21.

[20] II Reis 12.18. II Reis 12.21.



_Amasias vence os edomitas._

[Antes de Christo 839]

25 Era Amasias [1] da edade de vinte e cinco annos, quando começou a
reinar, e reinou vinte e nove annos em Jerusalem: e _era_ o nome de sua
mãe Joadan, de Jerusalem.

2 E fez o _que era_ recto aos olhos do Senhor, [2] porém não com coração
inteiro.

3 Succedeu pois [3] que, sendo-lhe o reino já confirmado, matou a seus
servos que feriram o rei seu pae;

4 Porém não matou a seus filhos: mas fez como na lei _está_ escripto, no
livro de Moysés, como o Senhor ordenou, dizendo: Não morrerão os paes [4]
pelos filhos, nem os filhos morrerão pelos paes; mas cada um morrerá pelo
seu peccado.

5 E Amasias ajuntou a Judah e os poz segundo as casas dos paes, por
chefes de milhares, e por chefes de centenas, por todo o Judah e
Benjamin; e os numerou, de vinte annos e [5] _d’ahi_ para cima, e achou
d’elles trezentos mil escolhidos que sahiam ao exercito, e levavam lança
e escudo.

6 Tambem d’Israel tomou a soldo cem mil varões valentes, por cem talentos
de prata.

7 Porém um homem de Deus veiu a elle, dizendo: Oh rei, não deixes ir
comtigo o exercito de Israel: porque o Senhor não _é_ com Israel, a
saber, _com_ os filhos d’Ephraim.

8 Se porém fôres, faze-o, esforça-te para a peleja; Deus te fará cair
diante do inimigo; porque força ha em Deus [6] para ajudar e para fazer
cair.

9 E disse Amasias ao homem de Deus: Que se fará pois dos cem talentos de
prata que dei ás tropas d’Israel? E disse o homem de Deus: Mais tem o
Senhor que te [7] dar do que isso.

10 Então separou Amasias as tropas que lhe tinham vindo de Ephraim, para
que se fossem ao seu logar; pelo que se accendeu a sua ira contra Judah,
e voltaram para o seu logar em ardor d’ira.

11 Esforçou-se pois Amasias, e conduziu o seu povo, [8] e foi-se ao valle
do sal; e feriu dos filhos de Seir dez mil.

12 Tambem os filhos de Judah prenderam vivos dez mil, e os trouxeram ao
cume da rocha; e do mais alto da rocha os lançaram d’alto abaixo, e todos
arrebentaram.

13 Porém os homens das tropas que Amasias despedira, para que não fossem
com elle á peleja, deram sobre as cidades de Judah desde Samaria, até
Beth-horon; e feriram d’elles tres mil, e saquearam grande despojo.


_Deus castiga Amasias por causa da idolatria._

[Antes de Christo 827]

14 E succedeu que, depois que Amasias veiu da matança dos idumeos, e
trouxe comsigo os deuses dos filhos de Seir, tomou-os por seus deuses,
[9] e prostrou-se diante d’elles, e queimou-lhes incenso.

15 Então a ira do Senhor se accendeu contra Amasias; e mandou-lhe _um_
propheta que lhe disse: Porque buscaste deuses do povo, que a seu [10]
povo não livraram da tua mão?

16 E succedeu que, fallando-lhe elle, lhe respondeu: Pozeram-te por
conselheiro do rei? cala-te, porque te feririam? então o propheta
parou, e disse: Bem vejo eu que já o Senhor deliberou [11] destruir-te;
porquanto fizeste isto, e não déste ouvidos a meu conselho.

17 E, tendo tomado conselho, Amasias, [12] rei de Judah, enviou a Joás,
filho de Joachaz, filho de Jehu, rei d’Israel, a dizer: Vem, vejamo-nos
cara a cara.

18 Porém Joás, rei d’Israel, mandou dizer a Amasias, rei de Judah: O
cardo que estava no Libano mandou dizer ao cedro que estava no Libano: Dá
tua filha a meu filho por mulher; porém os animaes do campo que _estão_
no Libano passaram e pizaram o cardo.

19 Tu dizes: Eis que tenho ferido os idumeos; e elevou-se o teu
coração, para te gloriares: agora _pois_ fica em tua casa; porque te
entremetterias no mal, para caires tu e Judah comtigo?

20 Porém Amasias não _lhe_ deu ouvidos, porque isto vinha [13] de Deus,
para entregal-os na mão _dos seus inimigos_; porquanto buscaram os deuses
dos idumeos.

21 E Joás, rei d’Israel, subiu; e elle e Amasias, rei de Judah, se viram
cara a cara em Beth-semes, que _está_ em Judah.

22 E Judah foi ferido diante d’Israel: e foram-se cada um para as suas
tendas.

23 E Joás, rei d’Israel, prendeu a Amasias, rei de Judah, filho de Joás,
o filho de [14] Joachaz em Beth-semes, e o trouxe a Jerusalem; e derribou
o muro de Jerusalem, desde a porta d’Ephraim até á porta da esquina,
quatrocentos covados.

24 Tambem _tomou_ todo o oiro, e a prata, e todos os vasos que se acharam
na casa de Deus com Obed-edom, e os thesouros da casa do rei, e os
refens; e voltou para Samaria.

25 E viveu Amasias, [15] filho de Joás, rei de Judah, depois da morte de
Joás, filho de Joachaz, rei d’Israel, quinze annos.

26 Quanto ao mais dos successos d’Amasias, tanto os primeiros como os
ultimos, eis-que _porventura_ não _estão_ escriptos no livro dos reis de
Judah e d’Israel?

27 E desde o tempo que Amasias se desviou d’após o Senhor, conspiraram
contra elle em Jerusalem, porém elle fugiu para Lachis, mas enviaram após
elle a Lachis, e o mataram ali.

28 E o trouxeram sobre cavallos e o sepultaram com seus paes na cidade de
Judah.

[1] II Reis 14.1, etc.

[2] II Reis 14.4. ver. 14.

[3] II Reis 14.5, etc.

[4] Deu. 24.16. II Reis 14.6. Jer. 31.30. Eze. 18.20.

[5] Num. 1.3.

[6] cap. 20.6.

[7] Pro. 10.22.

[8] II Reis 14.7.

[9] cap. 28.23. Exo. 20.3, 5.

[10] ver. 11.

[11] I Sam. 2.25.

[12] II Reis 14.8, 9, etc.

[13] I Reis 12.15. cap. 22.7. ver. 14.

[14] cap. 21.17 e 22.1, 6.

[15] II Reis 14.17.



_Uzias reina e prospera._

[Antes de Christo 810]

26 Então todo o povo [1] tomou a Uzias, que _era_ da edade de dezeseis
annos, e o fizeram rei em logar de seu pae Amasias.

2 Este edificou a Elod, e a restituiu a Judah, depois que o rei adormeceu
com seus paes.

3 _Era_ Uzias da edade de dezeseis annos quando começou a reinar, e
cincoenta e cinco annos reinou em Jerusalem; e era o nome de sua mãe
Jecholia, de Jerusalem.

4 E fez o _que era_ recto aos olhos do Senhor; conforme a tudo o que
fizera Amasias seu pae.

5 Porque deu-se a [2] buscar a Deus nos dias de Zacharias, entendido nas
visões de Deus; e nos dias em que buscou ao Senhor Deus o fez prosperar.

6 Porque saiu, e guerreou [3] contra os philisteos, e quebrou o muro de
Gath, e o muro de Jabne, e o muro d’Asdod: e edificou cidades em Asdod, e
entre os philisteos.

7 E Deus o ajudou contra [4] os philisteos e contra os arabios que
habitavam em Gur-baal, e _contra_ os meunitas.

8 E os ammonitas [5] deram presentes a Uzias: e o seu renome foi
espalhado até á entrada do Egypto, porque se fortificou altamente.

9 Tambem Uzias edificou torres em Jerusalem, [6] á porta da esquina, e á
porta do valle, e aos angulos, e as fortificou.

10 Tambem edificou torres no deserto, e cavou muitos poços; porque tinha
muito gado, tanto nos valles como nas campinas; lavradores e vinhateiros,
nos montes e nos campos ferteis; porque era amigo da agricultura.

11 Tinha tambem Uzias _um_ exercito d’_homens_ destros na guerra, que
sahiam ao exercito em tropas, segundo o numero da sua mostra, por mão de
Jeiel, chanceler, e Maaseias, official, debaixo da mão d’Hananias, _um_
dos principes do rei.

12 Todo o numero dos chefes dos paes, varões valentes, _era_ de dois mil
e seiscentos.

13 E debaixo das suas ordens _havia_ um exercito guerreiro de trezentos
e sete mil e quinhentos homens, que faziam a guerra com força bellicosa,
para ajudar o rei contra os inimigos.

14 E preparou-lhes Uzias, para todo o exercito, escudos, e lanças, e
capacetes, e couraças e arcos; e _até_ fundas para _atirar_ pedras.

15 Tambem fez em Jerusalem machinas da invenção d’engenheiros, que
estivessem nas torres e nos cantos, para atirarem frechas e grandes
pedras: e voou a sua fama até muito longe; porque foi maravilhosamente
ajudado, até que se fortificou.


_Uzias é atacado de lepra._

16 Mas, havendo-se já [7] fortificado, exaltou-se o seu coração até se
corromper: e transgrediu contra o Senhor, seu Deus, porque entrou [8] no
templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso.

17 Porém o sacerdote Azarias entrou após elle, [9] e com elle oitenta
sacerdotes do Senhor, varões valentes.

18 E resistiram ao rei Uzias, e lhe disseram: A ti, Uzias, não _compete_
queimar incenso perante o Senhor, mas aos sacerdotes, [10] filhos
d’Aarão, que são consagrados para queimar incenso; sae do sanctuario,
porque transgrediste; e não _será isto_ para honra tua da parte do Senhor
Deus.

19 Então Uzias se indignou: e tinha o incensario na sua mão para queimar
incenso: indignando-se elle pois contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu
á [11] testa perante os sacerdotes, na casa do Senhor, junto ao altar do
incenso;

20 Então o summo sacerdote Azarias olhou para elle, como tambem
todos os sacerdotes, e eis que _já estava_ leproso na sua testa, e
apressuradamente o lançaram fóra: e até elle mesmo se deu pressa a sair,
visto que o Senhor o ferira.

21 Assim ficou leproso [12] o rei Uzias até ao dia da sua morte: e morou,
_por ser_ leproso, n’uma casa separada, porque foi excluido da casa do
Senhor: e Jothão, seu filho, tinha o cargo da casa do rei, julgando o
povo da terra.

22 Quanto ao mais dos successos d’Uzias, [13] tanto os primeiros como os
derradeiros, o propheta Isaias, filho d’Amós, o escreveu.

23 E dormiu [14] Uzias com seus paes, e o sepultaram com seus paes no
campo do sepulchro que _era_ dos reis; porque disseram: Leproso _é_. E
Jothão, seu filho, reinou em seu logar.

[1] II Reis 14.21, 22 e 15.1, etc.

[2] cap. 24.2. Gen. 41.15. Dan. 1.17 e 2.19 e 10.1.

[3] Isa. 14.29.

[4] cap. 21.16.

[5] II Sam. 8.2. cap. 17.11.

[6] II Reis 14.13. Neh. 3.13, 19, 32. Zac. 14.10.

[7] Deu. 32.15. Deu. 8.14. cap. 25.19.

[8] II Reis 16.12, 13.

[9] I Chr. 6.10.

[10] Num. 16.40 e 18.7. Exo. 30.7, 8.

[11] Num. 12.10. II Reis 5.27.

[12] II Reis 15.5. Lev. 13.46. Num. 5.2.

[13] Isa. 1.1.

[14] II Reis 15.7. Isa. 6.1.



_Jothão reina bem e vence os ammonitas._

[Antes de Christo 765]

27 Tinha Jothão [1] vinte e cinco annos d’edade, quando começou a reinar,
e dezeseis annos reinou em Jerusalem: e _era_ o nome de sua mãe Jerusa,
filha de Zadok.

2 E fez o _que era_ recto aos olhos do Senhor, conforme a tudo o que
fizera Uzias, seu pae, excepto que não entrou no templo do Senhor. [2] E
ainda o povo se corrompia.

3 Este edificou a porta alta da casa do Senhor, e tambem edificou muito
sobre o muro d’Ophel.

4 Tambem edificou cidades nas montanhas de Judah, e edificou nos bosques
castellos e torres.

5 Elle tambem guerreou contra o rei dos filhos d’Ammon, e prevaleceu
sobre elles, de modo que os filhos d’Ammon n’aquelle anno lhe deram cem
talentos de prata, e dez mil coros de trigo, e dez mil de cevada: isto
lhe trouxeram os filhos d’Ammon tambem o segundo e o terceiro anno.

6 Assim se fortificou Jothão, porque dirigiu os seus caminhos na presença
do Senhor seu Deus.

7 O resto pois dos successos de Jothão, e todas as suas guerras e os seus
caminhos eis que _está_ escripto no livro dos reis d’Israel e de Judah.

8 Tinha vinte e cinco annos d’edade, quando começou a reinar, e dezeseis
annos reinou em Jerusalem.

9 E dormiu Jothão [3] com seus paes, e o sepultaram na cidade de David: e
Achaz, seu filho, reinou em seu logar.

[1] II Reis 15.32, etc.

[2] II Reis 15.35.

[3] II Reis 15.38.



_Achaz é impio e os syros affligem-n’o._

[Antes de Christo 741]

28 Tinha Achaz [1] vinte annos d’edade, quando começou a reinar, e
dezeseis annos reinou em Jerusalem: e não fez o _que era_ recto aos olhos
do Senhor, como David seu pae.

2 Antes andou nos caminhos dos reis d’Israel, e, de mais d’isto, fez
imagens [2] fundidas a Baalim.

3 Tambem queimou incenso no valle do filho d’Hinnom, [3] e queimou a seus
filhos no fogo, conforme ás abominações dos gentios que o Senhor tinha
desterrado de diante dos filhos d’Israel.

4 Tambem sacrificou, e queimou incenso nos altos e nos outeiros, como
tambem debaixo de toda a arvore verde.

5 Pelo que o Senhor seu Deus [4] o entregou na mão do rei dos syros,
os quaes o feriram, e levaram d’elle em captiveiro uma grande multidão
de presos, que trouxeram a Damasco: tambem foi entregue na mão do rei
d’Israel, o qual o feriu de grande ferida.

6 Porque [5] Peka, filho de Remalias, matou n’um dia em Judah cento e
vinte mil, todos homens bellicosos; porquanto deixaram ao Senhor, Deus de
seus paes.

7 E Zichri, varão potente de Ephraim, matou a Maasias, filho do rei, e a
Azrikam, o mordomo, e a Elkana, o segundo depois do rei.

8 E os filhos [6] d’Israel levaram presos de seus irmãos duzentos mil,
mulheres, filhos e filhas: e saquearam tambem d’elles grande despojo, e
trouxeram o despojo para Samaria.

9 E estava ali um propheta do Senhor, cujo nome _era_ Oded, o qual saiu
ao encontro do exercito que vinha para Samaria, e lhe disse: [7] Eis que,
irando-se o Senhor Deus de vossos paes contra Judah, os entregou na vossa
mão, e vós os matastes com _uma_ raiva _tal_, [8] _que_ chegou até aos
céus.

10 E agora vós cuidaes em sujeitar a vós os filhos de Judah e Jerusalem,
como [9] captivos e captivas: _porventura_ não _sois_ vós mesmos
_aquelles_ entre os quaes ha culpas contra o Senhor vosso Deus?

11 Agora pois ouvi-me, e tornae a enviar os prisioneiros que trouxestes
presos de vossos irmãos; porque o ardor da ira [10] do Senhor está sobre
vós.

12 Então se levantaram alguns homens d’entre os chefes dos filhos
d’Ephraim; Azarias, filho de Johanan, Berechias, filho de Mesillemoth,
e Jehizkias filho de Sallum, e Amasa, filho de Hadlai, contra os que
voltavam da batalha.

13 E lhes disseram: Não fareis entrar aqui estes presos, porque, em
relação á nossa culpa contra o Senhor, vós intentaes accrescentar _mais_
a nossos peccados e a nossas culpas, sendo que já temos tanta culpa, e já
o ardor da ira _está_ sobre Israel.

14 Então os _homens_ armados deixaram os presos e o despojo diante dos
maioraes e de toda a congregação.

15 E os homens [11] que foram apontados por _seus_ nomes se levantaram,
e tomaram os presos, e vestiram do despojo a todos os que d’entre elles
estavam nús; e os vestiram, e os calçaram, e lhes deram [12] de comer e
de beber, e os ungiram, e a todos os que estavam fracos levaram sobre
jumentos, e os trouxeram a Jericó, á cidade das palmeiras, a seus irmãos:
depois voltaram para Samaria.


_Achaz busca o soccorro dos reis d’Assyria e não o acha._

16 N’aquelle tempo [13] o rei Achaz enviou aos reis d’Assyria, a _pedir_
que o ajudassem.

17 De mais d’isto tambem os idumeos vieram, e feriram a Judah, e levaram
presos em captiveiro.

18 Tambem os philisteos [14] deram sobre as cidades da campina e do sul
de Judah, e tomaram a Beth-semes, e Aijalon, e a Gederot e a Socoh, e os
logares da sua jurisdicção, e a Thimna, e os logares da sua jurisdicção,
e a Gimzo, e os logares da sua jurisdicção: e habitaram ali.

19 Porque o Senhor humilhou a Judah por causa [15] d’Achaz, rei d’Israel;
porque abandonou a Judah, que de todo se dera a prevaricar contra o
Senhor.

20 E veiu a elle [16] Tilgath-pilneser, rei d’Assyria; porém o poz em
aberto, e não o corroborou.

21 Porque Achaz tomou _uma_ porção da casa do Senhor, e da casa do rei, e
dos principes, e _a_ deu ao rei d’Assyria; porém não o ajudou.

22 E ao tempo em que este o apertou, então ainda mais transgrediu contra
o Senhor, tal era o rei Achaz.

23 Porque sacrificou [17] aos deuses de Damasco, que o feriram, e disse:
Visto que os deuses dos reis da Syria os ajudam, eu lhes sacrificarei,
para que me ajudem a [18] mim. Porém elles foram a sua ruina, e de todo o
Israel.

24 E ajuntou Achaz os vasos da casa do Senhor, e fez em pedaços os vasos
da casa de Deus, e fechou [19] as portas da casa do Senhor, e fez para si
altares em todos os cantos de Jerusalem.

25 Tambem em cada cidade de Judah fez altos para queimar incenso a outros
deuses: assim provocou á ira o Senhor, Deus de seus paes.

26 O resto [20] pois de seus successos e de todos os seus caminhos, tanto
os primeiros como os derradeiros, eis que _está_ escripto no livro dos
reis de Judah e de Israel.

27 E dormiu Achaz com seus paes, e o sepultaram na cidade, em Jerusalem,
porém não o pozeram nos sepulchros dos reis de Israel: e Ezequias, seu
filho, reinou em seu logar.

[1] II Reis 16.2.

[2] Exo. 34.17. Lev. 19.4. Jui. 2.11.

[3] II Reis 23.10. Lev. 18.21. II Reis 16.3. cap. 33.6.

[4] Isa. 7.1. II Reis 16.5, 6.

[5] II Reis 15.27.

[6] cap. 11.4.

[7] Isa. 10.5 e 47.6. Eze. 25.12, 15 e 26.2. Zac. 1.15.

[8] Esd. 9.6. Apo. 18.5.

[9] Lev. 25.39, 42, 43, 46.

[10] Thi. 2.13.

[11] ver. 12.

[12] II Reis 6.22. Pro. 25.21, 22. Luc. 6.27. Rom. 12.20.

[13] II Reis 16.7.

[14] cap. 21.2. Eze. 16.27, 57.

[15] cap. 21.2. Exo. 32.25.

[16] II Reis 15.29 e 16.7, 8, 9.

[17] cap. 25.14.

[18] Jer. 44.17, 18.

[19] cap. 29.3, 7.

[20] II Reis 16.19, 20.



_Ezequias manda purificar o templo._

[Antes de Christo 726]

29 Tinha Ezequias [1] vinte e cinco annos de edade, quando começou a
reinar e reinou vinte e nove annos em Jerusalem: e _era_ o nome de sua
mãe Abia, [2] filha de Zacharias.

2 E fez o _que era_ recto aos olhos do Senhor, conforme a tudo quanto
fizera David seu pae.

3 Este, no anno primeiro do seu reinado, no mez [3] primeiro, abriu as
portas da casa do Senhor, e as reparou.

4 E trouxe os sacerdotes, e os levitas, e os ajuntou na praça oriental,

5 E lhes disse: Ouvi-me, ó levitas, sanctificae-vos agora, [4] e
sanctificae a casa do Senhor, Deus de vossos paes, e tirae do sanctuario
a immundicia.

6 Porque nossos paes transgrediram, e fizeram o _que_ era mal aos olhos
do Senhor nosso Deus, e o deixaram; e desviaram [5] os seus rostos do
tabernaculo do Senhor, e lhe deram as costas.

7 Tambem fecharam [6] as portas do alpendre, e apagaram as lampadas, e
não queimaram incenso nem offereceram holocaustos no sanctuario, ao Deus
de Israel.

8 Pelo que veiu [7] grande ira do Senhor sobre Judah e Jerusalem, e os
entregou á perturbação, á [8] assolação, e ao assobio, como vós _o_
estaes vendo com os vossos olhos.

9 Porque eis que [9] nossos paes cairam á espada, e nossos filhos, e
nossas filhas, e nossas mulheres por isso _estiveram_ em captiveiro.

10 Agora me _tem vindo_ ao coração, que façamos _um_ concerto [10] com o
Senhor, Deus de Israel; para que se desvie de nós o ardor da sua ira.

11 Agora, filhos meus, não sejaes negligentes; pois o [11] Senhor vos tem
escolhido para estardes diante d’elle para o servirdes, e para serdes
seus ministros e queimadores de incenso.


_Os levitas purificam o templo._

12 Então se levantaram os levitas, Mahath, filho d’Amasai, e Joel filho
de Azarias, dos filhos dos kohathitas: e dos filhos de Merari, Kis, filho
d’Abdi, e Azarias, filho de Jehalelel: e dos gersonitas, Joah, filho de
Zimma, e Eden filho de Joah;

13 E d’entre os filhos de Elisaphan, Simri e Jeiel: d’entre os filhos
d’Asaph, Zacharias e Matthanias:

14 E d’entre os filhos d’Heman, Jehiel e Simei: e d’entre os filhos de
Jeduthun, Semaias e Uziel.

15 E ajuntaram a seus irmãos, e sanctificaram-se [12] e vieram conforme
ao mandado do rei, pelas palavras do Senhor, para purificarem a casa do
Senhor.

16 E os sacerdotes entraram dentro da casa do Senhor, para a purificar,
e tiraram para fóra, ao pateo da casa do Senhor, toda a immundicia que
acharam no templo do Senhor: e os levitas a tomaram, para a levarem para
fóra, ao ribeiro de Cedron.

17 Começaram pois a sanctificar ao primeiro do mez primeiro: e ao oitavo
dia do mez vieram ao alpendre do Senhor, e sanctificaram a casa do Senhor
em oito dias: e no dia decimo sexto do primeiro mez acabaram.

18 Então entraram para dentro, ao rei Ezequias, e disseram: Já
purificámos toda a casa do Senhor, como tambem o altar do holocausto com
todos os seus vasos e a mesa da proposição com todos os seus vasos.

19 Tambem todos os vasos que o rei Achaz [13] no seu reinado lançou fóra,
na sua transgressão, já preparámos e sanctificámos: e eis que estão
diante do altar do Senhor.


_Ezequias restabelece o culto de Deus._

20 Então o rei Ezequias se levantou de madrugada, e ajuntou os maioraes
da cidade, e subiu á casa do Senhor.

21 E trouxeram sete novilhos e sete carneiros, e sete cordeiros, e sete
bodes, para sacrificio pelo peccado, [14] pelo reino, e pelo sanctuario,
e por Judah, e disse aos filhos de Aarão, os sacerdotes, que _os_
offerecessem sobre o altar do Senhor.

22 E elles mataram os bois, e os sacerdotes tomaram o sangue [15] e o
espargiram sobre o altar: tambem mataram os carneiros, e espargiram o
sangue sobre o altar: similhantemente mataram os cordeiros, e espargiram
o sangue sobre o altar.

23 Então trouxeram os bodes _para sacrificio_ pelo peccado, perante o
rei e a congregação, e lhes impozeram [16] as suas mãos.

24 E os sacerdotes os mataram, e com o seu sangue fizeram expiação [17]
do peccado sobre o altar, para reconciliar a todo o Israel: porque o rei
tinha ordenado _que se fizesse_ aquelle holocausto e _sacrificio_ pelo
peccado, por todo o Israel.

25 E poz [18] os levitas na casa do Senhor com cymbalos, com alaudes, e
com harpas, conforme ao mandado de David e de Gad, o vidente do rei, e do
propheta Nathan: porque este mandado _veiu_ do Senhor, por mão de seus
prophetas.

26 Estavam pois os levitas em pé com os instrumentos [19] de David, e os
sacerdotes com as trombetas.

27 E deu ordem Ezequias que offerecessem o holocausto sobre o altar, e ao
tempo em que começou o holocausto, [20] começou tambem o canto do Senhor,
com as trombetas e com os instrumentos de David, rei de Israel.

28 E toda a congregação se prostrou, quando cantavam o canto, e as
trombetas se tocavam: tudo _isto_ até o holocausto se acabar.

29 E acabando de o offerecer, o rei [21] e todos quantos com elle se
acharam se prostraram e adoraram.

30 Então disse o rei Ezequias, e os maioraes, aos levitas que louvassem
ao Senhor com as palavras de David, e d’Asaph, o vidente. E o louvaram
com alegria e se inclinaram e adoraram.

31 E respondeu Ezequias, e disse: Agora vos consagrastes a vós mesmos ao
Senhor; chegae-vos e trazei sacrificios e offertas de louvor á casa do
Senhor. E a congregação trouxe sacrificios e offertas [22] de louvor, e
todo o voluntario de coração, holocaustos.

32 E o numero dos holocaustos, que a congregação trouxe, foi de setenta
bois, cem carneiros, duzentos cordeiros: tudo _isto_ em holocausto para o
Senhor.

33 _Houve_, tambem de coisas consagradas, seiscentos bois e tres mil
ovelhas.

34 Eram porém os sacerdotes mui poucos, e não podiam esfolar a todos os
holocaustos; pelo que seus irmãos os levitas [23] os ajudaram, até a obra
se acabar, e até que os _outros_ sacerdotes se sanctificaram; porque os
levitas _foram_ mais rectos de coração, para se sanctificarem, do que os
sacerdotes.

35 E _houve_ tambem holocaustos em abundancia, com a gordura das offertas
pacificas, e com as offertas de licor [24] para os holocaustos. _Assim_
se estabeleceu o ministerio da casa do Senhor.

36 E Ezequias, e todo o povo se alegraram, de que Deus tinha preparado o
povo; porque apressuradamente se fez esta obra.

[1] II Reis 18.1.

[2] cap. 26.5.

[3] cap. 28.24. ver. 7.

[4] I Chr. 15.12. cap. 35.6.

[5] Jer. 2.27. Eze. 8.16.

[6] cap. 28.24.

[7] cap. 24.18.

[8] I Reis 9.8. Jer. 18.16 e 19.8 e 25.9, 18 e 29.18.

[9] cap. 28.5, 6, 8, 17.

[10] cap. 15.12.

[11] Num. 3.6 e 8.14 e 18.2, 6.

[12] ver. 5. I Chr. 23.28.

[13] cap. 28.24.

[14] Lev. 4.3, 14.

[15] Lev. 8.14, 15, 19, 24. Heb. 9.21.

[16] Lev. 4.15, 24.

[17] Lev. 14.20.

[18] I Chr. 16.4 e 25.6. I Chr. 23.5 e 25.1. cap. 8.14. II Sam. 24.11.
cap. 30.12.

[19] I Chr. 23.5. Amós 6.5. Num. 10.8, 10. I Chr. 15.24 e 16.6.

[20] cap. 23.18.

[21] cap. 20.18.

[22] Lev. 7.12.

[23] cap. 35.11. cap. 30.3.

[24] Lev. 3.16. Num. 15.5, 7, 10.



_Ezequias convida todo o povo a vir a Jerusalem para celebrar a paschoa._

30 Depois d’isto Ezequias enviou por todo o Israel e Judah, e escreveu
tambem cartas a Ephraim e a Manasseh que viessem á casa do Senhor a
Jerusalem, para celebrarem a paschoa ao Senhor Deus de Israel.

2 Porque o rei tivera conselho com os seus maioraes, e com toda a
congregação em Jerusalem, para celebrarem [1] a paschoa no segundo mez.

3 Porquanto no mesmo tempo não a poderam celebrar, [2] porque se não
tinham sanctificado bastantes sacerdotes, e o povo se não tinha ajuntado
em Jerusalem.

4 E foi isto recto aos olhos do rei, e aos olhos de toda a congregação.

5 E ordenaram que se fizesse passar pregão por todo o Israel, desde
Berseba até Dan, para que viessem a celebrar a paschoa ao Senhor, Deus
de Israel, a Jerusalem; porque muitos a não tinham celebrado como estava
escripto.

6 Foram pois os correios com as cartas, da mão do rei e dos seus
principes, por todo o Israel e Judah, e segundo o mandado do rei,
dizendo: Filhos d’Israel, [3] convertei-vos ao Senhor, Deus d’Abrahão,
d’Isaac e de Israel; para que elle se torne para aquelles de vós que
escaparam, e ficaram da mão [4] dos reis d’Assyria.

7 E não sejaes como vossos paes [5] e como vossos irmãos, que
transgrediram contra o Senhor, Deus de seus paes, [6] pelo que os deu em
assolação como o vêdes.

8 Não endureçaes [7] agora a vossa cerviz, como vossos paes; dae a mão
ao Senhor, e vinde ao seu sanctuario que elle sanctificou para sempre, e
servi ao Senhor vosso Deus, para que o ardor da sua ira se desvie de vós.

9 Porque, em vos convertendo ao Senhor, vossos irmãos e vossos filhos
acharão misericordia perante os que os levaram captivos, e tornarão a
esta terra; porque o Senhor vosso Deus _é_ piedoso [8] e misericordioso,
e não desviará de vós o _seu_ rosto, se vos converterdes a elle.

10 E os correios foram passando de cidade em cidade, pela terra d’Ephraim
e Manasseh até Zebulon; porém riram-se e zombaram [9] d’elles.

11 Todavia [10] alguns d’Aser, e de Manasseh, e de Zebulon, se
humilharam, e vieram a Jerusalem.

12 E em Judah esteve a mão de [11] Deus, dando-lhes um só coração, para
fazerem o mandado do rei e dos principes, conforme á palavra do Senhor.

13 E ajuntou-se em Jerusalem muito povo, para celebrar a festa dos pães
asmos, no segundo mez; uma mui grande congregação.

14 E levantaram-se, e tiraram os altares [12] que _havia_ em Jerusalem:
tambem tiraram todos os vasos de incenso, e os lançaram no ribeiro de
Cedron.

15 Então sacrificaram a paschoa no dia decimo quarto do segundo mez; e os
sacerdotes e levitas [13] se envergonharam e se sanctificaram e trouxeram
holocaustos á casa do Senhor.

16 E pozeram-se no seu posto, segundo o seu costume, conforme a lei de
Moysés o homem de Deus: e os sacerdotes espargiam o sangue, _tomando-o_
da mão dos levitas.

17 Porque _havia_ muitos na congregação que se não tinham sanctificado;
pelo que [14] os levitas tinham cargo de matarem os cordeiros da paschoa
por todo aquelle que não _estava_ limpo, para o sanctificarem ao Senhor.

18 Porque uma multidão [15] do povo, muitos d’Ephraim e Manasseh, Issacar
e Zebulon, se não tinham purificado, _e_ comtudo comeram a paschoa, não
como está escripto; porém Ezequias orou por elles, dizendo: O Senhor, que
_é_ bom, faça reconciliação com aquelle

19 _Que_ tem preparado o seu coração para buscar [16] ao Senhor, Deus, o
Deus de seus paes, ainda que não esteja purificado segundo a purificação
do sanctuario.

20 E ouviu o Senhor a Ezequias, e sarou o povo.

21 E os filhos de Israel, que se acharam em Jerusalem, celebraram a festa
dos pães asmos [17] sete dias com grande alegria: e os levitas e os
sacerdotes louvaram ao Senhor de dia em dia com instrumentos fortemente
retinintes ao Senhor.

22 E Ezequias fallou benignamente a todos os levitas, que tinham
entendimento no bom [18] conhecimento do Senhor: e comeram _as offertas_
da solemnidade por sete dias, offerecendo offertas pacificas, e louvando
ao Senhor, Deus de seus paes.

23 E, tendo toda a congregação conselho para celebrarem outros sete dias,
[19] celebraram ainda sete dias com alegria.

24 Porque Ezequias, [20] rei de Judah, apresentou á congregação mil
novilhos e sete mil ovelhas; e os principes apresentaram á congregação
mil novilhos e dez mil ovelhas: e os sacerdotes [21] se sanctificaram em
grande numero.

25 E alegraram-se, toda a congregação de Judah, e os sacerdotes, e os
levitas, [22] toda a congregação de todos os que vieram de Israel; como
tambem os estrangeiros que vieram da terra de Israel e os que habitavam
em Judah.

26 E houve grande alegria em Jerusalem; porque desde os dias de Salomão,
filho de David, rei de Israel, tal não _houve_ em Jerusalem.

27 Então os sacerdotes, os levitas, se levantaram [23] e abençoaram o
povo; e a sua voz foi ouvida: porque a sua oração chegou até á sua sancta
habitação, aos céus.

[1] Num. 9.10, 11.

[2] Exo. 12.18. cap. 29.34.

[3] Jer. 4.1. Joel 2.13.

[4] II Reis 15.19, 29.

[5] Eze. 20.18.

[6] cap. 29.8.

[7] Deu. 10.16. cap. 29.10.

[8] Exo. 34.6. Isa. 55.7.

[9] cap. 36.10.

[10] cap. 11.16. ver. 18, 21.

[11] Phi. 2.13. cap. 29.25.

[12] cap. 28.24.

[13] cap. 29.34.

[14] cap. 29.34.

[15] ver. 11. Exo. 12.43, etc.

[16] cap. 19.3.

[17] Exo. 12.15 e 13.6.

[18] Deu. 33.10. cap. 17.9 e 35.3. Esd. 10.11.

[19] I Reis 8.65.

[20] cap. 35.7, 8.

[21] cap. 29.34.

[22] ver. 11, 18.

[23] Num. 6.23.



31 E acabando tudo isto, todos os israelitas que _ali_ se acharam sairam
ás cidades de Judah e quebraram [ME] as estatuas [1] cortaram os bosques,
e derribaram os altos e altares por toda Judah e Benjamin, como tambem
em Ephraim e Manasseh, até que tudo destruiram: então tornaram todos os
filhos de Israel, cada um para sua possessão, para as cidades d’elles.


_Ezequias regula as turmas dos sacerdotes e levitas._

2 E estabeleceu [2] Ezequias as turmas dos sacerdotes e levitas, segundo
as suas turmas, a cada um segundo o seu ministerio; aos sacerdotes
e levitas [3] para o holocausto e para as offertas pacificas; para
ministrarem, e louvarem, e cantarem, ás portas dos arraiaes do Senhor.

3 Tambem estabeleceu a parte da fazenda do rei para os holocaustos; para
os holocaustos da manhã e da tarde, e para os holocaustos dos sabbados,
e das luas novas, e das solemnidades: como _está_ escripto na [4] lei do
Senhor.

4 E ordenou ao povo, aos moradores de [5] Jerusalem, que dessem a parte
dos sacerdotes e levitas; para que se podessem esforçar na lei do Senhor.

5 E, depois que este dito se divulgou, [6] os filhos de Israel trouxeram
muitas primicias de trigo, mosto, e azeite, e mel, e de toda a novidade
do campo: tambem os dizimos de tudo trouxeram em abundancia.

6 E aos filhos de Israel e de Judah, que habitavam na cidade de Judah
tambem trouxeram dizimos das vaccas e das ovelhas, e dizimos das coisas
sagradas que foram [7] consagradas ao Senhor seu Deus: e fizeram muitos
montões.

7 No terceiro mez começaram a fazer os primeiros montões: e no setimo mez
acabaram.

8 Vindo pois Ezequias e os principes, e vendo aquelles montões,
bemdisseram ao Senhor e ao seu povo Israel.

9 E perguntou Ezequias aos sacerdotes e aos levitas ácerca d’aquelles
montões.

10 E Azarias, o summo sacerdote da casa de Zadok, lhe fallou, dizendo:
Desde [8] que esta offerta se começou a trazer á casa do Senhor, houve
que comer e de que se fartar, e ainda sobejo em abundancia; porque o
Senhor bemdisse ao seu povo, e sobejou esta abastança.

11 Então disse Ezequias que se preparassem camaras na casa do Senhor, e
_as_ prepararam.

12 Ali metteram fielmente as offertas, e os dizimos, e as coisas
consagradas: e tinha cargo d’isto Conanias, [9] o levita maioral, e
Simei, seu irmão, o segundo.

13 E Jehiel, e Azarias, e Nahath, e Asahel, e Jerimoth, e Jozabad, e
Eliel, e Ismachias, e Mahath, e Benaias, _eram_ superintendentes debaixo
da mão de Conanias e Simei seu irmão, por mandado do rei Ezequias, e de
Azarias, maioral da casa de Deus.

14 E Kore filho de Jimna, o levita, porteiro da banda do oriente, tinha
cargo das offertas voluntarias de Deus, para distribuir as offertas
alçadas do Senhor e as coisas sanctissimas.

15 E [MF] debaixo das suas ordens _estavam_ Eden, e Miniamin, e Jesua,
e Semaias, Amorias, e Sechanias, nas cidades [10] dos sacerdotes, para
distribuirem com fidelidade a seus irmãos, segundo as suas turmas, tanto
aos pequenos como aos grandes;

16 Além dos que estavam contados pelas genealogias dos machos, da edade
de tres annos e _d’ahi_ para cima; a todos os que entravam na casa do
Senhor, para a obra de cada dia no seu dia, pelo seu ministerio [MG] nas
suas guardas, segundo as suas turmas.

17 E os que estavam contados pelas genealogias dos sacerdotes, segundo a
casa de seus paes; como tambem os levitas, da edade de vinte annos [11] e
_d’ahi_ para cima, nas suas guardas, segundo as suas turmas:

18 Como tambem conforme ás genealogias, com todas as suas creanças, suas
mulheres, e seus filhos, e suas filhas, por toda a congregação: porque
com fidelidade estes se sanctificavam nas coisas consagradas.

19 Tambem d’entre os filhos d’Aarão havia [12] sacerdotes nos campos dos
arrabaldes das suas cidades, em cada cidade, homens que foram contados
pelos seus nomes para distribuirem as porções a todo o macho entre os
sacerdotes e a todos os que estavam contados pelas genealogias entre os
levitas.

20 E assim fez Ezequias em todo o Judah: e fez [13] o _que era_ bom, e
recto, e verdadeiro, perante o Senhor seu Deus.

21 E em toda a obra que começou no serviço da casa de Deus, e na lei, e
nos mandamentos, para buscar a seu Deus, com todo o seu coração _o_ fez,
e prosperou.

[1] II Reis 18.4.

[2] I Chr. 23.6 e 24.1.

[3] I Chr. 23.30, 31.

[4] Num. 28 e 29.

[5] Num. 18.8, etc. Neh. 13.10. Mal. 2.7.

[6] Exo. 22.29. Neh. 13.12.

[7] Lev. 27.30. Deu. 14.28.

[8] Mal. 3.10.

[9] Neh. 13.13.

[10] Jos. 21.9.

[11] I Chr. 23.24, 27.

[12] Lev. 25.34. Num. 35.2. ver. 12, 13, 14, 15.

[13] II Reis 20.3.



_Sennaquerib invade Judah, e Deus destroe o seu exercito._

[Antes de Christo 713]

32 Depois [1] d’estas coisas e d’esta fidelidade, veiu Sennaquerib, rei
d’Assyria, e entrou em Judah, e acampou-se contra as cidades fortes, e
intentou separal-as para si.

2 Vendo pois Ezequias que Sennaquerib vinha, e que o seu rosto _se
dirigia_ á guerra contra Jerusalem,

3 Teve conselho com os seus principes e os seus varões, para que se
tapassem as fontes das aguas que _havia_ fóra da cidade: e elles o
ajudaram.

4 Porque muito povo se ajuntou, que tapou todas as fontes, como tambem
o ribeiro que se estendia pelo meio da terra, dizendo: Porque viriam os
reis d’Assyria, e achariam tantas aguas?

5 E elle [2] se fortificou, e edificou todo o muro quebrado até ás
torres, e levantou o outro muro para fóra; e fortificou a [3] Millo na
cidade de David, e fez armas e escudos em abundancia.

6 E poz officiaes de guerra sobre o povo, e ajuntou-os a si na praça da
porta da cidade, e fallou-lhes ao coração, dizendo:

7 Esforçae-vos, [4] e tende bom animo; não temaes, nem vos espanteis, por
causa do rei d’Assyria, nem por causa de toda a multidão que _está_ com
elle, [5] porque ha um maior comnosco do que com elle.

8 Com elle _está_ [6] o braço de carne, mas comnosco o Senhor nosso Deus,
para nos ajudar, e para guerrear nossas guerras. E o povo descançou nas
palavras d’Ezequias, rei de Judah.

9 Depois [7] d’isto Sennaquerib, rei d’Assyria, enviou os seus servos a
Jerusalem (elle porém _estava_ diante de Lachis, com todo o seu dominio),
a Ezequias, rei de Judah, e a todo o Judah que _estava_ em Jerusalem,
dizendo:

10 Assim [8] diz Sennaquerib, rei d’Assyria: Em que confiaes vós, que vos
ficaes na fortaleza em Jerusalem?

11 _Porventura_ não vos incita Ezequias, para morrerdes á fome e á sede,
dizendo: O Senhor nosso [9] Deus nos livrará das mãos do rei d’Assyria?

12 Não [10] é Ezequias o mesmo que tirou os seus altos e os seus altares,
e fallou a Judah e a Jerusalem, dizendo: Diante do unico altar vos
prostrareis, e sobre elle queimareis incenso?

13 Não sabeis vós o que eu e meus paes fizemos a todos os povos das
terras? [11] _porventura_ poderam de qualquer maneira os deuses das
nações d’aquellas terras livrar a sua terra da minha mão?

14 Qual _é_, de todos os deuses d’aquellas nações que meus paes
destruiram, que podesse livrar o seu povo da minha mão, para que vosso
Deus vos possa livrar da minha mão?

15 Agora, pois, não vos engane [12] Ezequias, nem vos incite assim, nem
lhe deis credito; porque nenhum deus de nação alguma, nem de reino algum,
pode livrar o seu povo da minha mão, nem da mão de meus paes: quanto
menos vos poderá livrar o vosso Deus da minha mão?

16 Tambem seus servos fallaram ainda mais contra o Senhor Deus, e contra
Ezequias, o seu servo.

17 Escreveu [13] tambem cartas, para blasphemar do Senhor Deus d’Israel,
e para fallar contra elle, dizendo: Assim como os deuses das nações
das terras não livraram o seu povo da minha mão, assim tambem o Deus
d’Ezequias não livrará o seu povo da minha mão.

18 E [14] clamaram em alta voz em judaico contra o povo de Jerusalem, que
_estava_ em cima do muro, para os atemorisarem e os perturbarem, para que
tomassem a cidade.

19 E fallaram do Deus de Jerusalem, como dos deuses dos povos da [15]
terra, obras das mãos dos homens.

20 Porém o rei Ezequias e o propheta Isaias, filho d’Amós, [16] oraram
contra isso, e clamaram ao céu.

21 Então o Senhor [17] enviou um anjo que destruiu a todos os varões
valentes, e os principes, e os chefes no arraial do rei d’Assyria: e
tornou com vergonha de rosto á sua terra: e, entrando na casa de seu
deus, os mesmos que sairam das suas entranhas, o mataram ali á espada.

22 Assim livrou o Senhor a Ezequias, e aos moradores de Jerusalem, da mão
de Sennaquerib, rei d’Assyria, e da mão de todos: e de todos os lados os
guiou.

23 E muitos traziam presentes a Jerusalem ao Senhor, e coisas
preciosissimas a [18] Ezequias, rei de Judah, de modo que depois d’isto
foi exaltado perante os olhos de todas as nações.


_Doença e morte de Ezequias._

24 N’aquelles dias Ezequias adoeceu [19] de morte; e orou ao Senhor, o
qual lhe fallou, e lhe deu um [MH] signal.

25 Mas não [20] correspondeu Ezequias ao beneficio que se lhe fez; porque
o seu coração se exaltou; pelo que veiu grande indignação sobre elle, e
sobre Judah e Jerusalem.

26 Ezequias [21], porém, se humilhou pela exaltação do seu coração, elle
e os habitantes de Jerusalem: e a grande indignação do Senhor não veiu
sobre elles, nos dias de Ezequias.

27 E teve Ezequias riquezas e gloria em grande abundancia: e fez-se
thesouros de prata, e de oiro, e de pedras preciosas, e de especiarias, e
d’escudos, e de todo o aviamento que se podia desejar.

28 Tambem armazens para a colheita do trigo, e do mosto, e do azeite; e
estrebarias para toda a casta d’animaes, e curraes para os rebanhos.

29 Fez-se tambem cidades, e possessões d’ovelhas e vaccas em abundancia:
porque Deus lhe tinha [22] dado muitissima fazenda.

30 Tambem [23] o mesmo Ezequias tapou o manancial superior das aguas de
Gihon, e as fez correr por baixo para o occidente da cidade de David:
porque Ezequias prosperou em toda a sua obra.

31 Comtudo, no negocio dos embaixadores dos principes de Babylonia, que
foram enviados a [24] elle, a perguntarem ácerca do prodigio que se fez
n’aquella terra, Deus o desamparou, para tental-o, para saber tudo _o que
havia_ no seu coração.

32 Quanto ao resto dos successos d’Ezequias, e as suas beneficencias, eis
que _estão_ escriptos na visão [25] do propheta Isaias, filho d’Amós, _e_
no livro dos reis de Judah e d’Israel.

33 E dormiu [26] Ezequias com seus paes, e o sepultaram no mais alto
dos sepulchros dos filhos de David; e todo o Judah e os habitantes de
Jerusalem lhe fizeram honras [27] na sua morte: e Manasses, seu filho,
reinou em seu logar.

[1] II Reis 18.13, etc. Isa. 36.1, etc.

[2] Isa. 22.9, 10. cap. 25.23.

[3] II Sam. 5.9. I Reis 9.24.

[4] Deu. 31.6. cap. 20.15.

[5] II Reis 6.16.

[6] Jer. 17.5. I João 4.4. cap. 13.12. Rom. 8.31.

[7] II Reis 18.17.

[8] II Reis 18.19.

[9] II Reis 18.30.

[10] II Reis 18.22.

[11] II Reis 18.33, 34, 35.

[12] II Reis 18.29.

[13] II Reis 19.9. II Reis 19.12.

[14] II Reis 18.28. II Reis 18.26, 27, 28.

[15] II Reis 19.18.

[16] II Reis 19.15. II Reis 19.2, 4.

[17] II Reis 19.35, etc.

[18] cap. 17.5. cap. 1.1.

[19] II Reis 20.1. Isa. 38.1.

[20] cap. 26.16. Hab. 2.4. cap. 24.2.

[21] Jer. 26.18, 19. II Reis 20.19.

[22] I Chr. 29.12.

[23] Isa. 22.9, 11.

[24] II Sam. 20.12. Isa. 39.1. Deu. 8.2.

[25] Isa. 36 e 37 e 38 e 39. II Reis 18 e 19 e 20.

[26] II Reis 20.21.

[27] Pro. 10.7.



_A idolatria de Manassés._

[Antes de Christo 698]

33 Tinha Manasses [1] doze annos d’edade, quando começou a reinar, e
cincoenta e cinco annos reinou em Jerusalem.

2 E fez o _que era_ mal aos olhos do Senhor, conforme ás abominações dos
gentios que o Senhor lançara fóra de diante dos filhos d’Israel.

3 Porque tornou a edificar os altos que Ezequias [2], seu pae, tinha
derribado; e levantou altares a Baalim, e fez bosques, e prostrou-se
diante de todo o exercito dos céus, e o serviu.

4 E edificou altares na casa do Senhor, da qual o Senhor tinha dito: [3]
Em Jerusalem estará o meu nome eternamente.

5 Edificou altares a todo o exercito dos céus, em ambos os pateos da casa
do Senhor.

6 Fez elle [4] tambem passar seus filhos pelo fogo no valle do filho de
Hinnom, e usou d’adivinhações e d’agoiros, e de feitiçarias, e ordenou
adivinhos e encantadores: _e_ fez muitissimo mal aos olhos do Senhor,
para o provocar á ira.

7 Tambem poz [5] uma imagem esculpida, o idolo que tinha feito, na casa
de Deus, da qual Deus tinha dito a David e a Salomão seu filho: N’esta
casa, em Jerusalem, que escolhi de todas as tribus d’Israel, porei eu o
meu nome para sempre;

8 E nunca mais [6] removerei o pé d’Israel da terra que ordenei a vossos
paes; comtanto que tenham cuidado de fazer tudo o que eu lhes ordenei,
conforme a toda a lei, e estatutos, e juizos, _dados_ pela mão de Moysés.

9 E Manasses tanto fez errar a Judah e aos moradores de Jerusalem, que
fizeram peior do que as nações que o Senhor tinha destruido de diante dos
filhos d’Israel.

10 E fallou o Senhor a Manasses e ao seu povo, porém não deram ouvidos.


_O captiveiro de Manasses, sua oração e morte._

11 Pelo [7] que o Senhor trouxe sobre elles os principes do exercito do
rei d’Assyria, os quaes prenderam a Manasses entre os espinhaes; e o
amarraram com cadeias, e o levaram a Babylonia.

12 E elle, angustiado, orou devéras ao Senhor seu Deus, e humilhou-se
muito perante o Deus de seus paes;

13 E lhe fez oração, e Deus se aplacou para com elle, e ouviu a sua
supplica, e o tornou a trazer a Jerusalem, ao seu reino: então conheceu
Manasses que o Senhor era Deus.

14 E depois d’isto edificou o muro de fóra da cidade de David, ao
occidente de Gihon, no valle, e á entrada da porta do peixe, e á roda,
até Ophel, e o levantou mui alto: tambem poz officiaes valentes em todas
as cidades fortes de Judah.

15 E tirou da casa do Senhor os deuses estranhos e o idolo, como tambem
todos os altares que tinha edificado no monte da casa do Senhor, e em
Jerusalem, e os lançou fóra da cidade.

16 E reparou o altar do Senhor, e offereceu sobre elle offertas pacificas
e de louvor: e mandou a Judah que servissem ao Senhor Deus d’Israel.

17 Mas ainda [8] o povo sacrificava nos altos, mas sómente ao Senhor seu
Deus.

18 O resto pois dos successos de Manasses, e a sua oração ao seu Deus,
e as palavras dos videntes que lhe fallaram no nome do Senhor, Deus
d’Israel, eis que _estão_ nos successos dos reis d’Israel.

19 E a sua oração, e como _Deus_ se aplacou para com elle, e todo o seu
peccado, e a sua transgressão, e os logares onde edificou altos, e poz
bosques e imagens d’esculptura, antes que se humilhasse, eis que _está_
escripto nos livros dos videntes.

20 E dormiu [9] Manasses com seus paes, e o sepultaram em sua casa; Amon,
seu filho, reinou em seu logar.


_O reinado de Amon e a sua impiedade._

[Antes de Christo 677]

21 _Era_ Amon [10] de edade de vinte e dois annos, quando começou a
reinar, e dois annos reinou em Jerusalem.

22 E fez o _que era_ mal aos olhos do Senhor, como [11] havia feito
Manasses, seu pae; porque Amon sacrificou a todas as imagens d’esculptura
que Manasses, seu pae, tinha feito, e as serviu.

23 Mas não se humilhou perante o Senhor, como Manasses, seu pae, se
humilhara: antes multiplicou Amon os seus delictos.

24 E conspiraram [12] contra elle os seus servos, e o mataram em sua casa.

25 Porém o povo da terra feriu a todos quantos conspiraram contra o rei
Amon: e o povo da terra fez reinar em seu logar a Josias, seu filho.

[1] Deu. 18.9. II Chr. 28.3.

[2] II Reis 18.4. cap. 30.14 e 31.1 e 32.12. Deu. 16.21. Deu. 17.3.

[3] Deu. 12.11. I Reis 8.29 e 9.3. cap. 6.6 e 7.16.

[4] cap. 28.3. Eze. 23.37, 39. Deu. 18.10, 11. II Reis 21.6.

[5] II Reis 21.7.

[6] II Sam. 7.10.

[7] Deu. 28.36. Job 36.8.

[8] cap. 32.12.

[9] II Reis 21.18.

[10] II Reis 21.19, etc.

[11] ver. 12.

[12] II Reis 21.23, 24.



_Josias abole a idolatria._

[Antes de Christo 624]

34 Tinha Josias [1] oito annos quando começou a reinar, e trinta e um
annos reinou em Jerusalem.

2 E fez o _que era_ recto aos olhos do Senhor: e andou nos caminhos de
David, seu pae, sem se desviar _d’elles_ nem para a direita nem para a
esquerda.

3 Porque no oitavo anno do seu reinado, sendo ainda moço, começou [2] a
buscar o Deus de David, seu pae; e no duodecimo anno começou a purificar
[3] a Judah e a Jerusalem, dos altos, e dos bosques, e das imagens
d’esculptura e de fundição.

4 E derribaram [4] perante elle os altares de Baalim; e cortou as
imagens do sol, que _estavam_ acima d’elles: e os bosques, e as imagens
d’esculptura e de fundição quebrou e reduziu a pó, e _o_ espargiu [5]
sobre as sepulturas dos que lhes tinham sacrificado.

5 E os ossos [6] dos sacerdotes queimou sobre os seus altares: e
purificou a Judah e a Jerusalem.

6 O mesmo _fez_ nas cidades de Manasseh, e d’Ephraim, e de Simeão, e
ainda até Naphtali; em seus logares ao redor, assolados.

7 E, tendo derribado os altares, e os bosques, e as [7] imagens de
esculptura, até reduzil-os a pó, e tendo cortado todas as imagens do sol
em toda a terra d’Israel, então voltou para Jerusalem.


_Josias repara o templo. Hilkias acha o livro da lei._

8 E no anno [8] decimo oitavo do seu reinado, havendo já purificado a
terra e a casa, enviou a Saphan, filho d’Asalias, e a Maaseias, maioral
da cidade, e a Joah, filho de Joachaz, registrador, para repararem a casa
do Senhor, seu Deus.

9 E vieram a Hilkias, summo sacerdote, e deram [9] o dinheiro que se
tinha trazido á casa do Senhor, e que os levitas que guardavam o umbral
tinham colligido da mão de Manasseh, e d’Ephraim, e de todo o resto de
Israel, como tambem de todo o Judah e Benjamin: e voltaram para Jerusalem.

10 E o deram na mão dos que tinham cargo da obra, e superintendiam sobre
a casa do Senhor: e estes o deram aos que faziam a obra, e trabalhavam na
casa do Senhor, para concertarem e repararem a casa.

11 E o deram aos mestres da obra, e aos edificadores, para comprarem
pedras lavradas, e madeira para as junturas: e para sobradarem as casas
que os reis de Judah tinham destruido.

12 E estes homens trabalhavam fielmente na obra; e os superintendentes
sobre elles eram: Johath e Obadias, levitas, dos filhos de Merari, como
tambem Zacharias e Mesullam, dos filhos dos kohathitas, para avançarem _a
obra_: estes levitas todos eram entendidos em instrumentos de musica.

13 _Estavam_ tambem sobre os carregadores e os inspectores de todos os
que trabalhavam em alguma obra; e d’entre os [10] levitas _eram_ os
escrivães, e os officiaes e os porteiros.

14 E, tirando elles o dinheiro que se tinha trazido á casa do Senhor,
Hilkias, o sacerdote, achou o [11] livro da lei do Senhor, _dada_ pela
mão de Moysés.

15 E Hilkias respondeu, e disse a Saphan, o escrivão: Achei o livro da
lei na casa do Senhor. E Hilkias deu o livro a Saphan.

16 E Saphan levou o livro ao rei, e deu conta tambem ao rei, dizendo:
Teus servos fazem tudo quanto se lhes encommendou.

17 E ajuntaram o dinheiro que se achou na casa do Senhor, e o deram na
mão dos superintendentes e na mão dos que faziam a obra.

18 De mais d’isto, Saphan, o escrivão, fez saber ao rei, dizendo: O
sacerdote Hilkias me deu um livro. E Saphan leu n’elle perante o rei.

19 Succedeu pois que, ouvindo o rei as palavras da lei, rasgou os seus
vestidos.

20 E o rei mandou a Hilkias, e a Ahikam, filho de Saphan, e a Abdon,
filho de Micah, e a Saphan, o escrivão, e a Asaias, ministro do rei,
dizendo:

21 Ide, consultae ao Senhor por mim, e pelo que fica de resto em Israel
e em Judah, sobre as palavras d’este livro que se achou; porque grande é
o furor do Senhor, que se derramou sobre nós; porquanto nossos paes não
guardaram a palavra do Senhor, para fazerem conforme a tudo quanto está
escripto n’este livro.


_Hulda a prophetiza prediz a ruina de Jerusalem._

22 Então Hilkias, e os _enviados_ do rei, _foram ter com_ a prophetiza
Hulda, mulher de Sallum, filho de Tokhath, [12] filho d’Hasra, guarda
dos vestimentos (e habitava ella em Jerusalem na segunda parte); e
fallaram-lhe segundo isto,

23 E ella lhes disse: Assim diz o Senhor, Deus d’Israel: Dizei ao homem
que vos enviou a mim:

24 Assim diz o Senhor: Eis que trarei mal sobre este logar, e sobre os
seus habitantes, _a saber_: todas as maldições que estão escriptas no
livro que se leu perante o rei de Judah.

25 Porque me deixaram, e queimaram incenso perante outros deuses, para me
provocarem á ira com toda a obra das suas mãos; portanto o meu furor se
derramou sobre este logar, e não se apagará.

26 Porém ao rei de Judah, que vos enviou a consultar ao Senhor, assim lhe
direis: Assim diz o Senhor, Deus d’Israel, quanto ás palavras que ouviste:

27 Porquanto o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante Deus,
ouvindo as suas palavras contra este logar, e contra os seus habitantes,
e te humilhaste perante mim, e rasgaste os teus vestidos, e choraste
perante mim, tambem eu te tenho ouvido, diz o Senhor.

28 Eis que te ajuntarei a teus paes, e tu serás recolhido ao teu
sepulchro em paz, e os teus olhos não verão todo este mal que hei de
trazer sobre este logar e sobre os seus habitantes. E tornaram com esta
resposta ao rei.

29 Então enviou o rei, [13] e ajuntou a todos os anciãos de Judah e
Jerusalem.

30 E o rei subiu á casa do Senhor, com todos os homens de Judah, e os
habitantes de Jerusalem, e os sacerdotes, e os levitas, e todo o povo,
desde o maior até ao mais pequeno: e elle leu aos ouvidos d’elles todas
as palavras do livro do concerto, que se tinha achado na casa do Senhor.

31 E poz-se [14] o rei em pé em seu logar, e fez concerto perante o
Senhor, para andar após o Senhor, e para guardar os seus mandamentos, e
os seus testemunhos, e os seus estatutos, com todo o seu coração, e com
toda a sua alma, fazendo as palavras do concerto, que estão escriptas
n’aquelle livro.

32 E fez estar em pé a todos quantos se acharam em Jerusalem e em
Benjamin; e os habitantes de Jerusalem fizeram conforme ao concerto de
Deus, do Deus de seus paes.

33 E Josias tirou [15] todas as abominações de todas as terras que _eram_
dos filhos d’Israel; e a todos quantos se acharam em Israel obrigou a que
com _tal_ culto servissem ao Senhor seu Deus: [16] todos os seus dias não
se desviaram d’após o Senhor, Deus de seus paes.

[1] II Reis 22.1, etc.

[2] cap. 15.2.

[3] I Reis 13.2. cap. 33.17, 22.

[4] Lev. 26.30. II Reis 23.4.

[5] II Reis 23.6.

[6] I Reis 13.2.

[7] Deu. 9.21.

[8] II Reis 22.3.

[9] II Reis 12.4, etc.

[10] I Chr. 23.4, 5.

[11] II Reis 22.8, etc.

[12] II Reis 22.14.

[13] II Reis 23.1, etc.

[14] II Reis 11.14 e 23.3. cap. 6.13.

[15] I Reis 11.5.

[16] Jer. 3.10.



_A celebração da paschoa em Jerusalem._

[Antes de Christo 623]

35 Então Josias [1] celebrou a paschoa ao Senhor em Jerusalem: e mataram
_o cordeiro da_ paschoa no decimo quarto dia do mez primeiro.

2 E estabeleceu [2] os sacerdotes nas suas guardas, e os animou ao
ministerio da casa do Senhor.

3 E disse aos levitas [3] que ensinavam a todo o Israel e estavam
consagrados ao Senhor: Ponde a arca sagrada na casa que [4] edificou
Salomão, filho de David, rei d’Israel; não _tereis_ mais este cargo aos
hombros: agora servi ao Senhor vosso Deus, e ao seu povo Israel.

4 E preparae-vos segundo as casas de vossos paes, [5] segundo as vossas
turmas, conforme á prescripção de David rei d’Israel, e conforme á
prescripção de Salomão, seu filho.

5 E estae no sanctuario segundo as divisões das casas paternas de vossos
irmãos, os filhos do povo; e haja para cada um uma porção das casas
paternas dos levitas.

6 E sacrificae a paschoa: e sanctificae-vos, [6] e preparae-a para vossos
irmãos, fazendo conforme á palavra do Senhor, _dada_ pela mão de Moysés.

7 E apresentou [7] Josias, aos filhos do povo, cordeiros e cabritos do
rebanho, todos para os sacrificios da paschoa, por todo o que _ali_ se
achou, em numero de trinta mil, e de bois tres mil: isto _era_ da fazenda
do rei.

8 Tambem apresentaram os seus principes offertas voluntarias ao povo, aos
sacerdotes e aos levitas: Hilkias, e Zacharias, e Jehiel, maioral da casa
de Deus, deram aos sacerdotes para os sacrificios da paschoa duas mil e
seiscentas _rezes de gado miudo_, e trezentos bois.

9 E Conanias, e Semaias, e Nathanael, seus irmãos, como tambem Hasabias,
e Jeiel, e Jozabad, maioraes dos levitas, apresentaram aos levitas, para
os sacrificios da paschoa, cinco mil _rezes de gado miudo_, e quinhentos
bois.

10 Assim se preparou [8] o serviço: e pozeram-se os sacerdotes nos seus
postos, e os levitas nas suas turmas, conforme ao mandado do rei.

11 Então sacrificaram a paschoa: [9] e os sacerdotes espargiam _o sangue_
recebido das suas mãos, e os levitas esfollavam _as rezes_.

12 E pozeram de parte os holocaustos para os darem aos filhos do povo,
segundo as divisões das casas paternas, para _o_ offerecerem ao Senhor,
[10] como _está_ escripto no livro de Moysés: e assim _fizeram_ com os
bois.

13 E assaram [11] a paschoa no fogo, segundo o rito: e as _offertas_
sagradas cozeram em panellas, e em caldeiras e em sertãs; e promptamente
_as_ repartiram entre todo o povo.

14 Depois prepararam para si e para os sacerdotes; porque os sacerdotes,
filhos d’Aarão, _se occuparam_ até á noite com o sacrificio dos
holocaustos e da gordura; pelo que os levitas prepararam para si e para
os sacerdotes, filhos d’Aarão.

15 E os cantores, filhos d’Asaph, _estavam_ no seu posto, segundo o
mandado [12] de David, e d’Asaph, e d’Heman, e de Jeduthun, vidente
do rei, como tambem os porteiros [13] a cada porta; não necessitaram
de se desviarem do seu ministerio; porquanto seus irmãos, os levitas,
preparavam para elles.

16 Assim se estabeleceu todo o serviço do Senhor n’aquelle dia, para
celebrar a paschoa, e sacrificar holocaustos sobre o altar do Senhor,
segundo o mandado do rei Josias.

17 E os filhos d’Israel que _ali_ se acharam celebraram a paschoa
n’aquelle tempo, e a festa dos [14] pães asmos, sete dias.

18 Nunca [15] pois se celebrou tal paschoa em Israel, desde os dias do
propheta Samuel: nem nenhuns reis d’Israel celebraram tal paschoa como
a que celebrou Josias com os sacerdotes, e levitas, e todo o Judah e
Israel, que _ali_ se acharam, e os habitantes de Jerusalem.

19 No anno decimo oitavo do reinado de Josias se celebrou esta paschoa.


_Josias provoca o rei do Egypto e é morto._

20 Depois [16] de tudo isto, havendo Josias já preparado [MI] a casa,
subiu Necho, rei do Egypto, para guerrear contra Carchemis, junto ao
Euphrates: e Josias lhe saiu ao encontro.

21 Então elle lhe mandou mensageiros, dizendo: Que tenho eu _que
fazer_ comtigo, rei de Judah? quanto a ti, contra ti não venho hoje,
senão contra a casa que me faz guerra; e disse Deus que me apressasse:
guarda-te de _te oppores a_ Deus, que _é_ comigo, para que não te destrua.

22 Porém Josias não virou d’elle o seu rosto, antes se [17] disfarçou,
para pelejar com elle; e não deu ouvidos ás palavras de Necho, _que
sairam_ da bocca de Deus; antes veiu pelejar no valle de Megiddo.

23 E os frecheiros atiraram ao rei Josias: então o rei disse a seus
servos: Tirae-me _d’aqui_, porque estou gravemente ferido.

24 E seus servos [18] o tiraram do carro, e o levaram no carro segundo
que tinha, e o trouxeram a Jerusalem; e morreu, e o sepultaram nos
sepulchros de seus paes: e todo [19] o Judah e Jerusalem tomaram luto por
Josias.

25 E Jeremias fez uma [20] lamentação sobre Josias; e todos os cantores
e cantoras fallaram de Josias nas suas lamentações, até ao _dia d’_hoje;
porque as deram por estatuto em Israel; e eis que _estão_ escriptas nas
lamentações.

26 Quanto ao mais dos successos de Josias, e as suas beneficencias,
conforme _está_ escripto na lei do Senhor,

27 E os seus successos, tanto os primeiros como os ultimos, eis que
_estão_ escriptos no livro dos reis d’Israel e de Judah.

[1] II Reis 23.21, 22. Exo. 12.6. Esd. 6.19.

[2] cap. 23.18. Esd. 6.18. cap. 29.5, 11.

[3] Deu. 33.10. cap. 30.22. Mal. 2.7.

[4] cap. 34.14. cap. 5.7. I Chr. 23.26.

[5] I Chr. 9.10. I Chr. 23 e 24 e 25 e 26. cap. 8.14.

[6] cap. 29.5, 15 e 30.3, 15. Esd. 6.20.

[7] cap. 30.24.

[8] Esd. 6.18.

[9] cap. 29.22. cap. 29.34.

[10] Lev. 3.3.

[11] Exo. 12.8, 9. Deu. 16.7. I Sam. 2.13, 14, 15.

[12] I Chr. 25.1, etc.

[13] I Chr. 9.17, 18 e 26.11, etc.

[14] Exo. 12.15 e 13.6. cap. 30.21.

[15] II Reis 23.22, 23.

[16] II Reis 23.29. Jer. 46.2.

[17] I Reis 22.30.

[18] II Reis 23.30.

[19] Zac. 12.11.

[20] Lam. 4.20. Mat. 9.23. Jer. 22.20.



_Joachaz é levado captivo para o Egypto._

[Antes de Christo 610]

36 Então o povo [1] da terra tomou a Joachaz, filho de Josias, e o
fizeram rei em logar de seu pae, em Jerusalem.

2 _Era_ Joachaz da edade de vinte e tres annos, quando começou a reinar:
e tres mezes reinou em Jerusalem.

3 Porque o rei do Egypto o depoz em Jerusalem: e condemnou a terra á
_contribuição de_ cem talentos de prata e um talento de oiro.

4 E o rei do Egypto poz a Eliakim, seu irmão, rei sobre Judah e
Jerusalem, e mudou-lhe o nome em Joaquim: mas a seu irmão Joachaz tomou
Necho, e levou-o para o Egypto.


_Joaquim reina._

5 Era Joaquim [2] de vinte e cinco annos d’edade, quando começou a
reinar: e onze annos reinou em Jerusalem: e fez o _que era_ mau aos olhos
do Senhor seu Deus.

6 Subiu _pois_ contra [3] elle Nabucodonosor, rei de Babylonia, e o
amarrou com [4] cadeias, para o levar a Babylonia.

7 Tambem [5] _alguns dos_ vasos da casa do Senhor levou Nabucodonosor, a
Babylonia, e pôl-os no seu [MJ] templo em Babylonia.

8 Quanto ao mais dos successos de Joaquim, e as suas abominações que fez,
e o _mais_ que se achou n’elle, eis que _está_ escripto no livro dos reis
d’Israel e de Judah: e Joaquim, seu filho, reinou em seu logar.

9 _Era_ Joaquim [6] da edade d’oito annos, quando começou a reinar: e
tres mezes e dez dias reinou em Jerusalem: e fez o _que era_ mau aos
olhos do Senhor.

10 E no decurso d’um anno enviou o [7] rei Nabucodonosor, e mandou
trazel-o a Babylonia, com os mais preciosos vasos da casa do Senhor; e
poz a Zedekias, seu irmão, rei sobre Judah e Jerusalem.


_Zedekias reina._

[Antes de Christo 593]

11 _Era_ Zedekias [8] da edade de vinte e cinco annos, quando começou a
reinar: e onze annos reinou em Jerusalem.

12 E fez o _que era_ mau aos olhos do Senhor seu Deus; nem se humilhou
perante o propheta Jeremias, _que fallava_ da parte do Senhor.

13 De mais d’isto, tambem se rebellou contra o [9] rei Nabucodonosor,
que o tinha ajuramentado por Deus; mas endureceu a sua [10] cerviz, e
tanto se obstinou _no_ seu coração, que se não converteu ao Senhor, Deus
d’Israel.

14 Tambem todos os chefes dos sacerdotes e o povo augmentavam de mais
em mais as transgressões, segundo todas as abominações dos gentios: e
contaminaram a casa do Senhor, que elle tinha sanctificado em Jerusalem.

15 E o Senhor, Deus [11] de seus paes, lhes enviou _a sua palavra_ pelos
seus mensageiros, madrugando, e enviando-_lh’os_; porque se compadeceu do
seu povo e da sua habitação.

16 Porém zombaram [12] dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas
palavras, e mofaram dos seus prophetas; até o furor do Senhor tanto subiu
contra o seu povo, que _mais_ nenhum remedio _houve_.

17 Porque [13] fez subir contra elles o rei dos chaldeos, o qual matou os
seus mancebos á espada, na casa do seu sanctuario; e não teve piedade nem
dos mancebos, nem das donzellas, nem dos velhos, nem dos decrepitos: a
todos os deu na sua mão.

18 E todos os vasos da casa de Deus, grandes e pequenos, e os thesouros
da casa do Senhor, e os thesouros do rei e dos seus principes, tudo levou
[14] para Babylonia.

19 E queimaram [15] a casa do Senhor, e derrubaram o muro de Jerusalem: e
todos os seus palacios queimaram a fogo, destruindo tambem todos os seus
preciosos vasos.

20 E os que escaparam [16] da espada levou para Babylonia: e fizeram-se
servos, d’elle e de seus filhos, até ao [MK] reinado do reino da Persia.

21 Para que se cumprisse a palavra do Senhor, pela bocca de [17]
Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus sabbados: todos os dias
da assolação repousou, até que os setenta annos se cumpriram.

22 Porém, [18] no primeiro anno de Cyro, rei da Persia (para que se
cumprisse a palavra do Senhor pela bocca de Jeremias), despertou o
Senhor o espirito de Cyro, [19] rei da Persia, o qual fez passar pregão
por todo o seu reino, como tambem por escripto, dizendo:

23 Assim diz Cyro, [20] rei da Persia: O Senhor, Deus dos céus, me deu
todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar _uma_ casa em
Jerusalem, que _está_ em Judah; quem de vós _ha_ entre todo o seu povo, o
Senhor seu Deus _seja_ com elle, e suba.

[1] II Reis 23.30, etc.

[2] II Reis 23.36, 37.

[3] II Reis 24.1. Hab. 1.6.

[4] II Reis 24.6. Jer. 22.18, 19 e 36.30.

[5] II Reis 24.13. Dan. 1.1, 2 e 5.2.

[6] II Reis 24.8.

[7] II Reis 24.10-17. Dan. 1.1, 2 e 5.2.

[8] Jer. 37.1. II Reis 24.18. Jer. 52.1, etc.

[9] Jer. 52.3. Eze. 17.15, 18.

[10] II Reis 17.14.

[11] Jer. 25.3, 4 e 35.15 e 44.4.

[12] Jer. 5.12, 13. Pro. 1.25, 30. Jer. 32.3 e 38.6. Mat. 23.34.

[13] Deu. 28.49. II Reis 25.1, etc. Eze. 9.7.

[14] II Reis 25.13, etc.

[15] II Reis 25.9.

[16] II Reis 25.11. Jer. 27.7.

[17] Jer. 25.9, 11, 12 e 26.6, 7 e 29.10. Lev. 26.34, 35, 43. Dan. 9.2.
Lev. 25.4, 5.

[18] Esd. 1.1. Jer. 25.12, 13 e 29.10 e 33.10, 11, 14.

[19] Isa. 44.28.

[20] Esd. 1.2, 3.



O LIVRO DE ESDRAS.



_Cyro convida os judeos a voltarem para Jerusalem e edificarem o templo._

[Antes de Christo 536]

1 No primeiro anno de Cyro, rei da Persia (para que se cumprisse a
palavra [1] do Senhor, por bocca de Jeremias) despertou o Senhor o
espirito de Cyro, rei da Persia o qual fez passar pregão por todo o seu
reino, como tambem por escripto, dizendo:

2 Assim diz Cyro, rei da Persia: O Senhor Deus dos céus me deu todos os
reinos da terra: e elle me [2] encarregou de lhe edificar _uma_ casa em
Jerusalem, que _está_ em Judah.

3 Quem _ha_ entre vós, de todo o seu povo, seja seu Deus com elle, e
suba a Jerusalem, que _está_ em Judah, e edifique a casa do Senhor, Deus
d’Israel; elle _é_ o [3] Deus que _habita_ em Jerusalem.

4 E todo aquelle que ficar atraz em alguns logares em que andar
peregrinando, os homens do seu logar o ajudarão com prata, e com oiro, e
com fazenda, e com gados, afóra das dadivas voluntarias para a casa do
Senhor, que _habita_ em Jerusalem.

5 Então se levantaram os chefes dos paes de Judah e Benjamin, e os
sacerdotes e os levitas, com todos _aquelles_ cujo espirito Deus
despertou, [4] para subirem a edificar a casa do Senhor, que _está_ em
Jerusalem.

6 E todos os que _habitavam_ nos arredores lhes confortaram as mãos com
vasos de prata, com oiro, com fazenda, e com gados, e com as coisas
preciosas; afóra tudo o que voluntariamente se deu.

7 Tambem o rei Cyro [5] tirou os vasos da casa do Senhor, que
Nabucodonosor tinha trazido de Jerusalem, e que tinha posto na casa de
seus deuses.

8 Estes tirou Cyro, rei da Persia, pela mão de Mithredath, o thesoureiro,
que os deu por conta a Sesbazar, [6] principe de Judah.

9 E este _é_ o numero d’elles: trinta bacias d’oiro, mil bacias de prata,
vinte e nove facas,

10 Trinta taças d’oiro, _mais_ outras quatrocentas e dez taças de prata,
_e_ mil outros vasos.

11 Todos os vasos d’oiro e de prata _foram_ cinco mil e quatrocentos:
todos estes levou Sesbazar, quando os do captiveiro subiram de Babylonia
para Jerusalem.

[1] II Chr. 36.22, 23. Jer. 25.12 e 29.10. cap. 5.13, 14.

[2] Isa. 44.28 e 45.1, 13.

[3] Dan. 6.26.

[4] Phi. 2.13.

[5] cap. 5.14 e 6.5. II Reis 24.13. II Chr. 36.7.

[6] cap. 5.14.



_A lista dos que voltaram de Babylonia para Jerusalem com Zorobabel._

2 Estes _são_ [1] os filhos da provincia, que subiram do captiveiro, dos
transportados, que Nabucodonosor, rei de Babylonia, tinha transportado a
Babylonia, e tornaram a Jerusalem e a Judah, cada um para a sua casa;

2 Os quaes vieram com Zorobabel, Josué, Nehemias, Seraias, Reelaias,
Mardocheo, Bilsan, Mispar, Bigvai, Rehum _e_ Baana. O numero dos homens
do povo de Israel:

3 Os filhos de Paros, dois mil, cento _e_ setenta e dois.

4 Os filhos de Sephtias, trezentos e setenta e dois.

5 Os filhos d’Arah, [2] setecentos _e_ setenta e cinco.

6 Os filhos de [3] Pahath-moab, dos filhos de Jesua-joab, dois mil,
oitocentos e doze.

7 Os filhos d’Elam, mil, duzentos e cincoenta e quatro.

8 Os filhos de Zatthu, novecentos e quarenta e cinco.

9 Os filhos de Zaccai, setecentos e sessenta.

10 Os filhos de Bani, seiscentos e quarenta e dois.

11 Os filhos de Bebai, seiscentos e vinte e tres.

12 Os filhos de Azgad, mil, duzentos e vinte e dois.

13 Os filhos de Adonikam, seiscentos _e_ sessenta e seis.

14 Os filhos de Bigvai, dois mil e cincoenta e seis.

15 Os filhos de Adin, quatrocentos _e_ cincoenta e quatro.

16 Os filhos d’Ater, d’Hizkia, noventa e oito.

17 Os filhos de Besai, trezentos _e_ vinte e tres.

18 Os filhos de Jora, cento e doze.

19 Os filhos de Hasum, duzentos _e_ vinte e tres.

20 Os filhos de Gibbar, noventa e cinco.

21 Os filhos de Bethlehem, cento e vinte e tres.

22 Os homens de Netopha, cincoenta e seis.

23 Os homens d’Anathoth, cento _e_ vinte e oito.

24 Os filhos d’Azmaveth, quarenta e dois.

25 Os filhos de Kiriath-arim, Chephira e Bearoth, setecentos e quarenta e
tres.

26 Os filhos de Rama, e Gibeah, seiscentos _e_ vinte e um.

27 Os homens de Micmas, cento _e_ vinte e dois.

28 Os homens de Bethel e Ai, duzentos _e_ vinte e tres.

29 Os filhos de Nebo, cincoenta e dois.

30 Os filhos de Magbis, cento _e_ cincoenta e seis.

31 Os filhos do outro [4] Elam, mil, duzentos _e_ cincoenta e quatro.

32 Os filhos d’Harim, trezentos e vinte.

33 Os filhos de Lod, Hadid e Ono, setecentos _e_ vinte e cinco.

34 Os filhos de Jericó, trezentos _e_ quarenta e cinco.

35 Os filhos de Senaa, tres mil, seiscentos e trinta.

36 Os sacerdotes: [5] os filhos de Jedaias, da casa de Jesua, novecentos
e setenta e tres.

37 Os filhos [6] d’Immer, mil _e_ cincoenta e dois.

38 Os filhos de [7] Pashur, mil, duzentos e quarenta e sete.

39 Os filhos [8] d’Harim, mil e dezesete.

40 Os levitas: os filhos de Jesua e Kadmiel, dos filhos d’Hodavias,
setenta e quatro.

41 Os cantores: os filhos de Asaph, cento _e_ vinte e oito.

42 Os filhos dos porteiros: os filhos de Sallum, os filhos d’Ater, os
filhos de Talmon, os filhos d’Akkub, os filhos d’Hatita, os filhos de
Sobai: _por_ todos, cento _e_ trinta e nove.

43 Os nethineos: [9] os filhos de Ziha, os filhos d’Hasupha, os filhos de
Tabbaoth,

44 Os filhos de Keros, os filhos de Siaha, os filhos de Padon,

45 Os filhos de Lebana, os filhos d’Hagaba, os filhos d’Akkub,

46 Os filhos d’Hagab, os filhos de Samlai, os filhos d’Hanan,

47 Os filhos de Giddel, os filhos de Gahar, os filhos de Reaias,

48 Os filhos de Resin, os filhos de Nekoda, os filhos de Gazam,

49 Os filhos d’Uzar, os filhos de Paseah, os filhos de Besai,

50 Os filhos d’Asna, os filhos dos meuneos, os filhos dos nephuseos,

51 Os filhos de Bakbuk, os filhos d’Hakupha, os filhos d’Harhur,

52 Os filhos de Basluth, os filhos de Mehida, os filhos d’Harsa,

53 Os filhos de Barkos, os filhos de Sisera, os filhos de Temah,

54 Os filhos de Nesiah, os filhos d’Hatipha.

55 Os filhos dos servos de Salomão: [10] os filhos de Sotai, os filhos de
Sophereth, os filhos de Peruda,

56 Os filhos de Jaala, os filhos de Darkon, os filhos de Giddel,

57 Os filhos de Sephatias, os filhos d’Hattil, os filhos de
Pochereth-hat-sebaim, os filhos de Ami.

58 Todos os [11] nethineos, e os filhos dos servos de Salomão, trezentos
_e_ noventa e dois.

59 Tambem estes subiram de Tel-melah _e_ Tel-harsa, Cherub, Addan _e_
Immer: porém não poderam mostrar a casa de seus paes, e sua linhagem, se
d’Israel _eram_.

60 Os filhos de Dalaias, os filhos de Tobias, os filhos de Nekoda,
seiscentos _e_ cincoenta e dois.

61 E dos filhos dos sacerdotes: os filhos d’Habaias, os filhos de Kos,
os filhos de [12] Barzillai, que tomou mulher das filhas de Barzillai, o
gileadita, e que foi chamado do seu nome.

62 Estes buscaram o seu registro _entre_ os que estavam registrados nas
genealogias, mas não se acharam _n’ellas_; pelo que por immundos foram
rejeitados do sacerdocio.

63 E o [ML] tirsatha lhes disse que não comessem das coisas sagradas,
[13] até que houvesse sacerdote com Urim e com Thummim.

64 Toda esta congregação junta [14] _foi_, quarenta e dois mil trezentos
_e_ sessenta,

65 Afóra os seus servos e as suas servas, que _foram_ sete mil, trezentos
_e_ trinta e sete: tambem tinha duzentos cantores e cantoras.

66 Os seus cavallos, setecentos _e_ trinta e seis: os seus mulos,
duzentos _e_ quarenta e cinco;

67 Os seus camelos, quatrocentos _e_ trinta e cinco: os jumentos, seis
mil, setecentos e vinte.

68 E _alguns_ [15] dos chefes dos paes, vindo á casa do Senhor, que
_habita_ em Jerusalem, deram voluntarias offertas para a casa de Deus,
para a fundarem no seu logar.

69 Conforme ao seu poder, deram para o thesouro [16] da obra, em oiro,
sessenta e um mil [MM] drachmas, e em prata cinco mil libras, e cem
vestes sacerdotaes.

70 E habitaram os sacerdotes [17] e os levitas, e _alguns_ do povo, tanto
os cantores, como os porteiros, e os nethineos, nas suas cidades; como
tambem todo o Israel nas suas cidades.

[1] Neh. 7.6, etc. II Reis 24.14, 15, 16 e 25.11. II Chr. 36.20.

[2] Neh. 7.10.

[3] Neh. 7.11.

[4] ver. 7.

[5] I Chr. 24.7.

[6] I Chr. 24.14.

[7] I Chr. 9.12.

[8] I Chr. 24.8.

[9] I Chr. 9.2.

[10] I Reis 9.21.

[11] Jos. 9.21, 27. I Chr. 9.2. I Reis 9.21.

[12] II Sam. 17.27.

[13] Num. 3.10. Lev. 22.2, 10, 15, 16. Exo. 28.30. Num. 27.21.

[14] Neh. 7.66, etc.

[15] Neh. 7.70.

[16] I Chr. 26.20.

[17] cap. 6.16, 17. Neh. 7.73.



_É levantado o altar._

3 Chegando pois o setimo mez, e _estando_ os filhos d’Israel _já_ nas
cidades, se ajuntou o povo, como um só homem, em Jerusalem.

2 E levantou-se Josué, filho de Josadak, e seus irmãos, os sacerdotes, e
Zorobabel, [1] filho de Sealthiel, e seus irmãos, e edificaram o altar
do Deus d’Israel, para offerecerem sobre elle holocausto, como _está_
escripto [2] na lei de Moysés, o homem de Deus.

3 E firmaram o altar sobre as suas bases, porque o terror estava
sobre elles, por causa dos povos das terras: e offereceram sobre elle
holocaustos ao Senhor, holocaustos [3] de manhã e de tarde.

4 E celebraram [4] a festa dos tabernaculos, como _está_ escripto:
_offereceram_ holocaustos de dia em dia por ordem, conforme ao rito, cada
coisa no seu dia.

5 E depois d’isto o holocausto [5] continuo, e os das luas novas e de
todas as solemnidades sanctificadas do Senhor; como tambem de qualquer
que offerecia offerta voluntaria ao Senhor:

6 Desde o primeiro dia do setimo mez começaram a offerecer holocaustos
ao Senhor: porém _ainda_ não estavam postos os fundamentos do templo do
Senhor.

7 Deram pois o dinheiro aos [MN] cortadores e artifices, como tambem
comida e bebida, [6] e azeite aos sidonios, e aos tyrios, para trazerem
do Libano madeira de cedro ao mar de Joppe, segundo a concessão que lhes
_tinha feito_ Cyro, rei da Persia.


_São postos os alicerces do templo._

8 E no segundo anno da sua vinda á casa de Deus em Jerusalem, no segundo
mez, começaram Zorobabel, filho de Sealthiel, e Josué, filho de Josadak,
e os outros seus irmãos, os sacerdotes e os levitas, e todos os que
vieram do captiveiro a Jerusalem; e constituiram [7] os levitas da edade
de vinte annos e d’ahi para cima, para que aviassem a obra da casa do
Senhor.

9 Então se levantou [8] Josué, seus filhos, e seus irmãos, Kadmiel e seus
filhos, os filhos de Judah, como um só homem, para aviarem os que faziam
a obra na casa de Deus, _com_ os filhos d’Henadad, seus filhos e seus
irmãos, os levitas.

10 Quando pois os edificadores lançaram os alicerces do templo do Senhor,
então apresentaram-se [9] os sacerdotes, _já_ vestidos e com trombetas,
e os levitas, filhos d’Asaph, com psalterios, para louvarem ao Senhor,
conforme á instituição de David, rei d’Israel.

11 E cantavam [10] a revezes, louvando e celebrando ao Senhor; porque _é_
bom; porque a sua benignidade _dura_ para sempre sobre Israel. E todo o
povo jubilou com grande jubilo, quando louvaram ao Senhor, pela fundação
da casa do Senhor.

12 Porém muitos dos sacerdotes, e levitas e chefes dos paes, _já_ velhos,
que viram a primeira casa, sobre o seu fundamento, _vendo_ perante os
seus olhos esta casa, choraram em altas vozes; mas muitos levantaram as
vozes com jubilo _e_ com alegria.

13 De maneira que não discernia o povo as vozes do jubilo d’alegria, das
vozes do choro do povo; porque o povo jubilava com _tão_ grande jubilo,
que as vozes se ouviam de mui longe.

[1] Mat. 1.12. Luc. 3.27.

[2] Deu. 12.5.

[3] Num. 28.3, 4.

[4] Neh. 8.14. Zac. 14.16, 17.

[5] Exo. 29.38. Num. 28.3, 11, 19, 26 e 29.2, 8, 13.

[6] I Reis 5.6, 9. II Chr. 2.10. Act. 12.20. Act. 9.36.

[7] I Chr. 23.24, 27.

[8] cap. 2.40.

[9] I Chr. 16.5, 6, 42. I Chr. 6.31 e 16.4 e 25.1.

[10] Exo. 15.21. II Chr. 7.3. Neh. 12.24. I Chr. 16.41. Jer. 33.11.



_Os samaritanos accusam os judeos ao rei Artaxerxes, e a construcção do
templo é prohibida._

[Antes de Christo 535]

4 Ouvindo pois os adversarios [1] de Judah e Benjamin que os que tornaram
do captiveiro, edificavam o templo ao Senhor Deus d’Israel,

2 Chegaram-se a Zorobabel e aos chefes dos paes, e disseram-lhes:
Deixae-nos edificar comvosco, porque, como vós, buscaremos a vosso Deus;
como tambem _já_ lhe sacrificamos desde os dias [2] d’Asar-haddon, rei
d’Assur, que nos fez subir aqui.

3 Porém Zorobabel, e Josué, e os outros chefes dos paes d’Israel lhes
disseram: Não convem [3] que vós e nós edifiquemos casa a nosso Deus; mas
nós sós a edificaremos ao Senhor, Deus d’Israel, como nos ordenou o rei
Cyro, rei da Persia.

4 Todavia [4] o povo da terra debilitava as mãos do povo de Judah, e
inquietava-os no edificar.

5 E alugaram contra elles conselheiros, para frustrarem o seu conselho,
todos os dias de Cyro, rei da Persia, até ao reinado de Dario, rei da
Persia.

[Antes de Christo 522]

6 E sob o reino d’Ahasuero, no principio do seu reinado, escreveram _uma_
accusação contra os habitantes de Judah e de Jerusalem.

7 E nos dias d’Artaxerxes escreveu Bislam, Mithredath, Tabeel, e os
outros da sua companhia, a Artaxerxes, rei da Persia: e a carta _estava_
escripta em caracteres syriacos, e na lingua syriaca.

8 Escreveram _pois_ Rhehum, o chanceller, e Simsai, o escrivão, uma carta
contra Jerusalem, ao rei Artaxerxes, n’esta maneira:

9 Então escreveu Rhehum, o chanceller, e Simsai, o escrivão, e os
outros da sua companhia: [5] os dinaitas e apharsathehitas, tarpelitas,
apharsitas, archevitas, babylonios, susanchitas, dehavitas, elamitas.

10 E os outros [6] povos, que transportou o grande e afamado Asnappar, e
que elle fez habitar na cidade de Samaria, e os outros d’áquem do rio, e
em tal tempo.

11 Este _pois_ é o teor da carta que ao rei Artaxerxes lhe mandaram:
“Teus servos, os homens d’áquem do rio, e em tal tempo.

12 Saiba o rei que os judeos que subiram de ti vieram a nós a Jerusalem,
e edificam aquella rebelde e malvada cidade, e vão restaurando os _seus_
muros, e reparando os _seus_ fundamentos.

13 Agora saiba o rei que, se aquella cidade se reedificar, e os muros
se restaurarem, não pagarão os direitos, os tributos [7] e as rendas; e
_assim_ se damnificará a fazenda dos reis.

14 Agora _pois_, porquanto assalariados somos do paço, e não nos convem
ver a deshonra do rei, por isso mandamos dar aviso ao rei,

15 Para que se busque no livro das chronicas de teus paes, e acharás no
livro das chronicas, e saberás que aquella foi uma cidade rebelde, e
damnosa aos reis e provincias, e que n’ella fizeram rebellião de tempos
antigos; pelo que foi aquella cidade destruida.

16 Nós pois fazemos notorio ao rei que, se aquella cidade se reedificar,
e os seus muros se restaurarem, d’esta maneira não terás porção alguma
d’esta banda do rio.”

17 _E_ o rei enviou _esta_ resposta a Rhehum, o chanceller, e a Simsai,
o escrivão, e aos mais da sua companhia, que habitavam em Samaria; como
tambem ao resto dos que _estavam_ d’além do rio: Paz _hajaes_! e em tal
tempo.

18 A carta que nos enviastes foi explicitamente lida diante de mim.

19 E, ordenando-o eu, buscaram e acharam, que de tempos antigos aquella
cidade se levantou contra os reis, e n’ella se tem feito rebellião e
sedição.

20 Tambem houve reis poderosos sobre Jerusalem que d’além do rio
dominaram [8] em todo o _logar_, e se lhes pagaram direitos, e tributos,
e rendas.

21 Agora pois dae ordem para impedirdes aquelles homens, afim de que não
se edifique aquella cidade, até que se dê _uma_ ordem por mim.

22 _E_ guardae-vos de commetterdes erro n’isto; porque cresceria o damno
para prejuizo dos reis?

23 Então, depois que a copia da carta do rei Artaxerxes se leu perante
Rhehum, e Simsai, o escrivão, e seus companheiros, apressadamente foram
elles a Jerusalem, aos judeos, e os impediram á _força de_ braço e _com_
violencia.

24 Então cessou a obra da casa de Deus, que _estava_ em Jerusalem: e
cessou até ao anno segundo do reinado de Dario rei da Persia.

[1] ver. 7, 8, 9.

[2] II Reis 17.24, 32, 33 e 19.37.

[3] Neh. 2.20. cap. 1.1, 2, 3.

[4] cap. 3.3.

[5] II Reis 17.30, 31.

[6] ver. 1.

[7] cap. 7.24.

[8] I Reis 4.21. Gen. 15.18. Jos. 1.4.



_Aggeo e Zacharias exhortam os judeos a continuarem a construcção do
templo._

[Antes de Christo 520]

5 E Aggeo [1], propheta, e Zacharias, filho d’Iddo, prophetas,
prophetizaram aos judeos que _estavam_ em Judah, e em Jerusalem: em nome
do Deus de Israel lhes _prophetizaram_.

2 Então se levantaram [2] Zorobabel, filho de Sealtiel, e Josué, filho de
Josadak, e começaram a edificar a casa de Deus, que _está_ em Jerusalem;
e com elles os prophetas de Deus, que os ajudavam.

3 N’aquelle tempo veiu a [3] elles Tattenai, governador d’áquem do rio,
e Sethar-boznai, e os seus companheiros, e disseram-lhes assim: Quem vos
deu ordem para edificardes esta casa, e restaurardes este muro?

4 Então [4] assim lhes dissemos: _E_ quaes são os nomes dos homens que
edificaram este edificio?

5 Porém os olhos de [5] Deus estavam sobre os anciãos dos judeos, e não
os impediram, até que o negocio viesse a Dario, e então respondessem por
carta sobre isso.

6 Copia da carta que Tattenai, o governador d’áquem do rio, com
Sethar-boznai [6] e os seus companheiros, os apharsachitas, que _estavam_
d’áquem do rio, enviaram ao rei Dario.

7 Enviaram-lhe uma relação; e assim estava escripto n’ella: “Toda a paz
ao rei Dario.

8 Seja notorio ao rei, que nós fomos á provincia de Judah, á casa do
grande Deus, que se edifica com grandes pedras, e _já_ a madeira se está
pondo sobre as paredes; e esta obra apressuradamente se faz, e se adianta
em suas mãos.

9 Então perguntámos aos anciãos, _e_ assim lhes dissemos: Quem vos deu
ordem [7] para edificardes esta casa, e restaurardes este muro?

10 De mais d’isto, lhes perguntámos tambem pelos seus nomes, para t’os
declararmos: para que te podessemos escrever os nomes dos homens que
_são_ entre elles os chefes.

11 E esta resposta nos deram, dizendo: Nós somos servos de Deus dos céus
e da terra, e reedificamos a casa que foi edificada muitos annos antes;
porque um grande rei d’Israel a edificou [8] e aperfeiçoou.

12 Mas depois [9] que nossos paes provocaram á ira o Deus dos céus, elle
os entregou na mão de Nabucodonosor, rei de Babylonia, o chaldeo, o qual
destruiu esta casa, e transportou o seu povo para Babylonia.

13 Porém no primeiro anno de Cyro, rei [10] de Babylonia, o rei Cyro deu
ordem para que esta casa de Deus se edificasse.

14 E até [11] os vasos de oiro e prata, da casa de Deus, que
Nabucodonosor tomou do templo que _estava_ em Jerusalem e os metteu no
templo de Babylonia, o rei Cyro os tirou do templo de Babylonia, e foram
dados a um homem cujo nome _era_ Sesbazar, [12] a quem nomeou governador.

15 E disse-lhe: Toma estes vasos, vae, _e_ leva-os ao templo que _está_
em Jerusalem, e faze edificar a casa de Deus, no seu logar.

16 Então veiu o dito Sesbazar, _e_ poz os fundamentos da casa de Deus,
que _está_ em Jerusalem [13] e desde então para cá se está edificando, e
_ainda_ não está acabada.

17 Agora, pois, se _parece_ bem ao rei, [14] busque-se lá na casa dos
thesouros do rei, que _está_ em Babylonia, se é verdade que se deu uma
ordem pelo rei Cyro para edificar esta casa de Deus em Jerusalem; e sobre
isto se nos manda saber a vontade do rei.”

[1] Agg. 1.1. Zac. 1.1.

[2] cap. 3.2.

[3] ver. 6. cap. 6.6.

[4] ver. 10.

[5] cap. 7.6, 28 e 6.6.

[6] cap. 4.9.

[7] ver. 3, 4.

[8] I Reis 6.1.

[9] II Chr. 36.16, 17.

[10] cap. 1.1.

[11] cap. 1.7, 8 e 6.5.

[12] Agg. 1.14 e 2.2, 21.

[13] cap. 3.8, 10. cap. 6.15.

[14] cap. 6.1, 2.



_O rei Dario confirma a ordem de edificar o templo._

[Antes de Christo 536]

6 Então o rei Dario deu ordem, e buscaram [1] na chancellaria, onde se
mettiam os thesouros em Babylonia.

2 E em Achmetha, no paço, que está na provincia de Media, se achou um
rôlo, e n’elle estava escripto _um_ memorial _que dizia_ assim:

3 No anno primeiro do rei Cyro, o rei Cyro deu _esta_ ordem: A casa
de Deus em Jerusalem, _esta_ casa se edificará para logar em que se
offereçam sacrificios, e seus fundamentos serão firmes: a sua altura de
sessenta covados, e a sua largura de sessenta covados;

4 _Com_ tres carreiras [2] de grandes pedras, e uma carreira de madeira
nova: e a despeza se fará da casa do rei.

5 De mais d’isto, os vasos [3] de oiro e de prata da casa de Deus, que
Nabucodonosor transportou do templo que _estava_ em Jerusalem, e levou
para Babylonia, se tornarão a dar, para que vão ao seu logar, ao templo
que _está_ em Jerusalem, e os levarão á casa de Deus.

6 Agora [4] _pois_ Tattenai, governador de além do rio, Sethar-boznai,
e os seus companheiros, os apharsachitas, que _estaes_ de além do rio,
apartae-vos d’ali.

7 Deixa-_os_ na obra d’esta casa de Deus; _para que_ o governador dos
judeos e os judeus edifiquem esta casa de Deus no seu logar.

8 Tambem por mim se decreta o que haveis de fazer com os anciãos dos
judeos, para edificar esta casa de Deus, _a saber_: que da fazenda do rei
dos tributos d’além do rio se dê promptamente a despeza a estes homens,
para que não sejam impedidos.

9 E o que _fôr_ necessario, como bezerros, e carneiros, e cordeiros, por
holocausto ao Deus dos céus, trigo, sal, vinho e azeite, segundo o rito
dos sacerdotes que _estão_ em Jerusalem; _e_ dê-se-lhes, de dia em dia,
para que não _haja_ falta.

10 Para que offereçam [5] sacrificios de cheiro suave ao Deus dos céus, e
orem pela vida do rei e de seus filhos.

11 Tambem por mim se decreta que todo o homem que mudar este decreto, um
madeiro se arrancará da sua casa, e, levantado, o pendurarão n’elle, [6]
e da sua casa se fará por isso um monturo.

12 O Deus, pois, que fez habitar ali o seu nome [7] derribe a todos
os reis e povos que estenderem a sua mão para _o_ mudarem _e_ para
destruirem esta casa de Deus, que _está_ em Jerusalem. Eu, Dario, dei o
decreto; apressuradamente se faça.


_Acaba-se o templo e é consagrado._

[Antes de Christo 519]

13 Então Tattenai, o governador de além do rio, Sethar-boznai e os seus
companheiros, assim fizeram apressuradamente, conforme ao que decretara o
rei Dario.

14 E os anciãos [8] dos judeos iam edificando e prosperando pela
prophecia do propheta Aggeo, e de Zacharias, filho d’Iddo: e a edificaram
e aperfeiçoaram conforme ao mandado do Deus de Israel, [9] e conforme ao
mandado de Cyro e Dario, e d’Artaxerxes rei da Persia.

15 E acabou-se esta casa no dia terceiro do mez d’Adar que era o sexto
anno do reinado do rei Dario.

[Antes de Christo 515]

16 E os filhos d’Israel, os sacerdotes, e os levitas, e o resto dos
filhos do captiveiro, fizeram a consagração [10] d’esta casa de Deus com
alegria.

17 E offereceram [11] para a consagração d’esta casa de Deus cem
novilhos, duzentos carneiros, quatrocentos cordeiros, e doze cabritos
por _expiação_ do peccado de todo o Israel; segundo o numero das tribus
d’Israel.

18 E pozeram os sacerdotes nas suas turmas [12] e os levitas nas suas
divisões, para o ministerio de Deus, que _está_ em Jerusalem; conforme ao
escripto do livro de Moysés.

19 E os que vieram do captiveiro celebraram [13] a paschoa no dia
quatorze do primeiro mez.

20 Porque os sacerdotes e levitas se purificaram [14] como _se fossem_
um _só homem_, todos _estavam_ limpos: e mataram o _cordeiro da_ paschoa
para todos os filhos do captiveiro, e para seus irmãos, os sacerdotes, e
para si mesmos.

21 Assim comeram os filhos d’Israel que tinham voltado do captiveiro, com
todos os que a elles se apartaram da immundicia [15] das gentes da terra,
para buscarem o Senhor, Deus d’Israel:

22 E celebraram [16] a festa dos pães asmos os sete dias com alegria,
porque o Senhor os tinha alegrado, e tinha mudado [17] o coração do rei
de Assyria a favor d’elles; para lhes esforçar as mãos na obra da casa de
Deus, _o_ Deus d’Israel.

[1] cap. 5.17.

[2] I Reis 6.36.

[3] cap. 1.7, 8 e 5.14.

[4] cap. 5.3.

[5] cap. 7.23. Jer. 29.7. I Tim. 2.1, 2.

[6] Dan. 2.5 e 3.29.

[7] I Reis 9.3.

[8] cap. 5.1, 2.

[9] cap. 1.1 e 5.13. ver. 3.

[10] I Reis 8.63. II Chr. 7.5.

[11] cap. 8.35.

[12] I Chr. 24.1. I Chr. 23.6. Num. 3.6 e 8.9.

[13] Exo. 12.6.

[14] II Chr. 30.15. II Chr. 35.11.

[15] cap. 9.11.

[16] Exo. 12.15 e 13.6. II Chr. 30.21 e 35.17.

[17] Pro. 21.1. II Reis 23.29.



_Artaxerxes envia Esdras a Jerusalem para proclamar o edicto em favor dos
judeos._

[Antes de Christo 457]

7 E passadas estas coisas do reinado d’Artaxerxes, [1] rei da Persia,
Esdras, filho de Seraias, filho d’Azarias, filho d’Hilkias,

2 filho de Sallum, filho de Zadok, filho d’Ahitub,

3 filho d’Amarias, filho d’Azarias, filho de Meraioth,

4 filho de Zerachias, filho de Uzi, filho de Bukki,

5 filho d’Abisua, filho de Phineas, filho d’Eleazar, filho d’Aarão, o
summo sacerdote;

6 Este Esdras subiu de Babylonia; e _era_ escriba [2] habil na lei de
Moysés, que deu o Senhor Deus d’Israel; e, segundo a mão do Senhor seu
Deus, _que estava_ sobre elle, o rei lhe deu tudo quanto lhe pedira.

7 Tambem [3] subiram a Jerusalem _alguns_ dos filhos d’Israel, e dos
sacerdotes, e dos levitas, e dos cantores, e dos porteiros, e dos
nethineos, no anno setimo do rei Artaxerxes.

8 E no mez quinto veiu a Jerusalem; que _era_ o setimo anno d’este rei.

9 Porque no primeiro _dia_ do primeiro mez foi o principio da subida de
Babylonia: e no primeiro dia do quinto mez chegou a Jerusalem, segundo a
boa mão [4] do seu Deus sobre elle.

10 Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a lei do
Senhor e para fazel-a e para [5] ensinar em Israel os _seus_ estatutos e
os _seus_ direitos.

11 Esta _é_ pois a copia da carta que o rei Artaxerxes deu ao sacerdote
Esdras, o escriba das palavras dos mandamentos do Senhor, e dos seus
estatutos sobre Israel.

12 “Artaxerxes, [6] rei dos reis, ao sacerdote Esdras, escriba da lei do
Deus do céu, _paz_ perfeita, e em tal tempo.

13 Por mim se decreta que no meu reino todo aquelle do povo d’Israel, e
dos seus sacerdotes e levitas, que quizer ir comtigo a Jerusalem, vá.

14 Porquanto da parte do rei e dos seus [7] sete conselheiros _és_
mandado, para fazeres inquirição em Judah e em Jerusalem, conforme á lei
do teu Deus, que _está_ na tua mão;

15 E para levares a prata e o oiro que o rei e os seus conselheiros
voluntariamente deram ao Deus d’Israel, cuja habitação _está_ [8] em
Jerusalem;

16 E toda a prata e o oiro que achares em toda a provincia de
Babylonia, com as offertas voluntarias do povo [9] e dos sacerdotes,
que voluntariamente offerecerem, para a casa de seu Deus, que _está_ em
Jerusalem.

17 Portanto, logo compra com este dinheiro novilhos, carneiros,
cordeiros, com as suas offertas de manjares, e as suas libações, e
offerece-as [10] sobre o altar da casa de vosso Deus, que _está_ em
Jerusalem.

18 Tambem o que a ti e a teus irmãos bem te parecer fazerdes do resto da
prata e do oiro, _o_ fareis conforme á vontade do vosso Deus.

19 E os vasos que te foram dados para o serviço da casa de teu Deus,
restitue-_os_ perante o Deus de Jerusalem.

20 E o resto do que fôr necessario para a casa de teu Deus, que te
convenha dar, _o_ darás da casa dos thesouros do rei.

21 E por mim _mesmo_, o rei Artaxerxes, se decreta a todos os
thesoureiros que _estão_ d’além do rio que tudo quanto vos pedir o
sacerdote Esdras, escriba da lei do Deus dos céus, apressuradamente se
faça,

22 Até cem talentos de prata, e até cem coros de trigo, e até cem batos
de vinho, e até cem batos d’azeite; e sal sem conta.

23 Tudo quanto _se ordenar_, segundo o mandado do Deus do céu,
promptamente se faça para a casa do Deus do céu: porque para que haveria
grande ira sobre o reino do rei e de seus filhos?

24 Tambem vos fazemos saber ácerca de todos os sacerdotes e levitas,
cantores, porteiros, nethineos, e ministros da casa d’este Deus, que se
lhes não possa impôr, nem direito, nem antigo tributo, nem renda.

25 E tu, Esdras, conforme á sabedoria do teu Deus, [11] que _está_ na tua
mão, põe regedores e juizes, que julguem a todo o povo que _está_ d’além
do rio, a todos os que sabem as leis de teu Deus; [12] e ao que _as_ não
sabe, as fareis saber.

26 E todo aquelle que não fizer a lei do teu Deus e a lei do rei, logo se
faça justiça d’elle: quer _seja_ morte, quer degredo, quer multa sobre os
_seus_ bens, quer prisão.

27 Bemdito [13] _seja_ o Senhor Deus de nossos paes, que tal inspirou ao
coração do rei, para ornarmos a casa do Senhor, que _está_ em Jerusalem;

28 E _que_ estendeu [14] para mim a _sua_ beneficencia perante o rei e
os seus conselheiros e todos os principes poderosos do rei: assim me
esforcei, segundo a mão do Senhor [15] sobre mim, e ajuntei d’entre
Israel _uns_ chefes para subirem comigo.”

[1] Neh. 2.1. I Chr. 6.14.

[2] ver. 11, 12, 21.

[3] ver. 9. cap. 8.22, 31. cap. 8.1.

[4] ver. 6. Neh. 2.8, 10.

[5] ver. 6, 25. Deu. 33.10. Neh. 8.1-8. Mal. 2.7.

[6] Eze. 26.7. Dan. 2.37.

[7] Est. 1.14.

[8] II Chr. 6.2.

[9] cap. 8.25. I Chr. 29.6, 9.

[10] Deu. 12.5, 11.

[11] Exo. 18.21, 22. Deu. 16.18.

[12] ver. 10. II Chr. 17.7. Mal. 2.7. Mat. 23.2, 3.

[13] I Chr. 29.10. cap. 6.22.

[14] cap. 9.9.

[15] cap. 5.5. ver. 6, 9. cap. 8.18.



_A lista dos que voltaram de Babylonia com Esdras._

8 Estes pois _são_ os chefes de seus paes, com as suas genealogias, dos
que subiram comigo de Babylonia no reinado do rei Artaxerxes:

2 Dos filhos de Phineas, Gersom; dos filhos d’Ithamar, Daniel; dos filhos
de David, [1] Hatus;

3 Dos filhos de Sechanias, _e_ dos filhos de Pareos, [2] Zacharias; e com
elle por genealogias se contaram até cento e cincoenta homens.

4 Dos filhos de Pahath-moab, Elie-hoeni, filho de Zerachias; e com elle
duzentos homens.

5 Dos filhos de Sechanias, o filho de Jehaziel; e com elle trezentos
homens.

6 E dos filhos d’Adin, Ebed, filho de Jonathan; e com elle cincoenta
homens.

7 E dos filhos d’Elam, Jesaias, filho d’Athalias; e com elle setenta
homens.

8 E dos filhos de Sephatias, Zebadias, filho de Michael; e com elle
oitenta homens.

9 Dos filhos de Joab, Obadias filho de Jehiel; e com elle duzentos e
dezoito homens.

10 E dos filhos de Selomith, o filho de Josiphias; e com elle cento e
sessenta homens.

11 E dos filhos de Bebai, Zacharias, o filho de Bebai; e com elle vinte e
oito homens.

12 E dos filhos d’Azgad, Johanan, o filho de Katan; e com elle cento e
dez homens.

13 E dos ultimos filhos d’Adonikam, cujos nomes eram estes: Eliphelet,
Jeiel e Semais; e com elles sessenta homens.

14 E dos filhos de Bigvai, Uthai e Zabbud; e com elles setenta homens.

15 E ajuntei-os para o rio que vae a Ahava, e ficámos ali acampados tres
dias: então attentei para o povo e para os sacerdotes, e não achei ali
nenhum dos filhos [3] de Levi.

16 Enviei pois Eliezer, Ariel, Semaias, e Elnathan, e Jarib, e Elnathan,
e Nethan, e Zacharias, e Mesullam, os chefes: como tambem a Joiarib, e a
Elnathan, _que eram_ sabios.

17 E dei-lhes mandado para Iddo, chefe no logar de Casiphia: e lhes puz
palavras na bocca para dizerem a Iddo, seu irmão, _e_ aos nethineos, no
logar de Casiphia, que nos trouxessem ministros para a casa do nosso Deus.

18 E trouxeram-nos segundo a boa mão de Deus sobre nós, um [4] homem
entendido, dos filhos de Machli, filho de Levi, filho de Israel: _a
saber_: Serebias, com os seus filhos e irmãos, dezoito;

19 E a Hasabias, e com elle Jesaias, dos filhos de Merari; com seus
irmãos e os filhos d’elles, vinte;

20 E dos nethineos [5] que David e os principes deram para o ministerio
dos levitas, duzentos e vinte nethineos: que todos foram expressos por
_seus_ nomes.

21 Então apregoei ali um jejum junto ao rio Ahava, [6] para nos
humilharmos diante da face de nosso Deus, para lhe pedirmos caminho
direito para nós, e para nossos filhos, e para toda a nossa fazenda.

22 Porque me [7] envergonhei de pedir ao rei exercito e cavalleiros para
nos defenderem do inimigo no caminho: porquanto tinhamos fallado ao rei,
dizendo: A mão do nosso Deus _é_ sobre todos os que o buscam para o bem
d’elles, mas a sua força e a sua ira sobre todos os que o [8] deixam.

23 Nós pois jejuámos, e pedimos isto ao nosso Deus, e moveu-se [9] pelas
nossas orações.

24 Então separei doze dos maioraes dos sacerdotes: Serebias, Hasabias, e
com elles dez dos seus irmãos.

25 E pesei-lhes a prata, [10] e o oiro, e os vasos: _que era_ a offerta
para a casa de nosso Deus, que offereceram o rei e os seus conselheiros,
e os seus principes, e todo o Israel que ali se achou.

26 E pesei em suas mãos seiscentos e cincoenta talentos de prata, e em
vasos de prata cem talentos, e cem talentos de oiro.

27 E vinte taças d’oiro, de mil [MO] drachmas, e dois vasos de bom metal
lustroso, _tão_ desejavel como oiro.

28 E disse-lhes: Consagrados [11] sois do Senhor, e sagrados _são_
estes vasos, como tambem esta prata e este oiro, offerta voluntaria,
_offerecida_ ao Senhor Deus de vossos paes,

29 Vigiae _pois_, e guardae-_os_ até que _os_ peseis na presença dos
maioraes dos sacerdotes e dos levitas, e dos principes dos paes de
Israel, em Jerusalem, nas camaras da casa de Deus.

30 Então receberam os sacerdotes e os levitas o peso da prata, e do oiro,
e dos vasos, para _o_ trazerem a Jerusalem, á casa do nosso Deus.

31 E partimos do rio d’Ahava, no dia doze do primeiro mez, para irmos
para Jerusalem: e a mão [12] do nosso Deus estava sobre nós, e livrou-nos
da mão dos inimigos, e dos que _nos_ armavam ciladas no caminho.

32 E viemos [13] a Jerusalem, e repousámos ali tres dias.

33 E no dia quatro [14] se pesou a prata, e o oiro, e os vasos, na casa
do nosso Deus, por mão de Meremoth, filho do sacerdote Urias, e com
elle Eleazar, filho de Phineas: e com elles Jozabad, filho de Jesué, e
Noadias, filho de Binui, levitas;

34 Conforme ao numero _e_ conforme ao peso de tudo aquillo; e todo o peso
se descreveu no mesmo tempo.

35 E os transportados, que vieram do captiveiro, [15] offereceram
holocaustos ao Deus de Israel: doze novilhos por todo o Israel, noventa e
seis carneiros, setenta e sete cordeiros, _e_ doze bodes _em sacrificio_
pelo peccado: tudo _em_ holocausto ao Senhor.

36 Então deram as [16] ordens do rei aos satrapas do rei, e aos
governadores de áquem do rio; e ajudaram o povo e a casa de Deus.

[1] I Chr. 3.22.

[2] cap. 2.3.

[3] cap. 7.7.

[4] Neh. 8.7 e 9.4, 5.

[5] cap. 2.43.

[6] II Chr. 20.3. Lev. 16.29 e 23.29. Isa. 58.3, 5.

[7] I Cor. 9.15. cap. 7.6, 9, 28. Rom. 8.28.

[8] II Chr. 15.2.

[9] I Chr. 5.20. II Chr. 33.13. Isa. 19.22.

[10] cap. 7.15, 16.

[11] Lev. 21.6, 7, 8. Deu. 33.8. Lev. 22.2, 3. Num. 4.4, 15, 19, 20.

[12] cap. 7.6, 9, 28.

[13] Neh. 2.11.

[14] ver. 25, 30.

[15] cap. 6.17.

[16] cap. 7.21.



_Esdras sabe que muitos israelitas casaram com mulheres hetheas, e faz
oração e confissão a Deus._

9 Acabadas pois estas coisas, chegaram-se a mim os principes, dizendo: O
povo de Israel, e os sacerdotes, e os levitas, se não [1] teem separado
dos povos d’estas terras; segundo as suas abominações, _a saber_: dos
cananeos, dos hetheos, dos pherezeos, dos jebuseos, dos amonitas, dos
moabitas, dos egypcios, e dos amorrheos.

2 Porque tomaram [2] das suas filhas para si e para seus filhos, e
_assim_ se misturou a semente sancta com os povos d’estas terras: e até a
mão dos principes e magistrados foi a primeira n’esta transgressão.

3 E, ouvindo eu tal coisa, rasguei [3] o meu vestido e o meu manto, e
arranquei os cabellos da minha cabeça e da minha barba, e me assentei
attonito.

4 Então se ajuntaram a mim todos os que tremiam das [4] palavras do Deus
d’Israel por causa da transgressão _dos_ do captiveiro: porém eu me
fiquei assentado attonito até ao sacrificio [5] da tarde.

5 E perto do sacrificio da tarde me levantei da minha afflicção, havendo
_já_ rasgado o meu vestido e o meu manto, e me puz de joelhos, [6] e
estendi as minhas mãos para o Senhor meu Deus;

6 E disse: Meu Deus! Estou confuso [7] e envergonhado, de levantar a ti a
minha face, meu Deus: porque as nossas iniquidades se multiplicaram sobre
a _nossa_ cabeça, e a nossa culpa tem crescido até aos céus.

7 Desde os dias de nossos paes até _ao dia de_ hoje _estamos_ [8] em
grande culpa, e por causa das nossas iniquidades somos entregues, nós,
os nossos reis, e os nossos sacerdotes, na mão dos reis das terras, á
espada, ao captiveiro, e ao roubo, e á confusão do rosto, como hoje se vê.

8 E agora, como por _um_ pequeno momento, se _nos_ fez graça da parte do
Senhor, nosso Deus, para nos deixar aquelles que escapem, e para dar-nos
_uma_ estaca no seu sancto logar: para nos alumiar os olhos, ó Deus
nosso, e para nos dar uma pouca de vida na nossa servidão;

9 Porque servos _somos_; porém na nossa servidão não nos desamparou [9]
o nosso Deus; antes estendeu sobre nós beneficencia perante os reis da
Persia, para que nos desse vida, para levantarmos a casa do nosso Deus, e
para restaurarmos as suas assolações; e para que nos desse _uma_ parede
[10] em Judah e em Jerusalem.

10 Agora pois, ó nosso Deus, que diremos depois d’isto? pois deixámos os
teus mandamentos,

11 Os quaes mandaste pelo ministerio de teus servos, os prophetas,
dizendo: A terra em que entraes para a possuir, terra immunda é [11]
pelas immundicias dos povos das terras, pelas suas abominações com que a
encheram, d’uma extremidade á outra, com a sua immundicia.

12 Agora pois vossas [12] filhas não dareis a seus filhos, e suas filhas
não tomareis para vossos filhos, e nunca procurareis a sua paz e o seu
bem; para que vos esforceis, e comaes o bem da terra, e a façaes possuir
a [13] vossos filhos para sempre.

13 E depois de tudo o que nos tem succedido por causa das nossas más
obras, e da nossa grande culpa: porquanto tu, ó nosso Deus, estorvaste
que fossemos destruidos, por causa da nossa iniquidade, e _ainda_ nos
deste livramento como este;

14 Tornaremos pois agora a violar os [14] teus mandamentos, e a
aparentar-nos com os povos d’estas abominações? não te indignarias tu
_assim_ contra nós até _de todo nos_ consumir, até que não _ficasse_
resto nem quem escapasse?

15 Ah! Senhor Deus d’Israel, [15] justo _és_: pois ficamos escapos, como
hoje _se vê_: eis que _estamos_ diante de ti no nosso delicto; porque
depois d’isto ninguem _ha_ que possa estar na tua presença.

[1] cap. 6.21. Neh. 9.2. Deu. 12.30, 31.

[2] Exo. 34.16. Deu. 7.3. Neh. 13.23. II Cor. 6.14.

[3] Job 1.20.

[4] cap. 10.3. Isa. 66.2.

[5] Exo. 29.39.

[6] Exo. 9.29, 33.

[7] Dan. 9.7, 8.

[8] Dan. 9.5, 6, 8. Deu. 28.36, 64. Neh. 9.30. Dan. 9.7, 8.

[9] Neh. 9.36. cap. 7.28.

[10] Isa. 5.2.

[11] cap. 6.21.

[12] Exo. 23.32 e 34.16. Deu. 7.3. Deu. 23.6.

[13] Pro. 13.22 e 20.7.

[14] João 5.14. II Ped. 2.20, 21. ver. 2. Neh. 13.23, 27. Deu. 9.8.

[15] Neh. 9.33. Dan. 9.14. Rom. 3.19. I Cor. 15.17.



_Os israelitas arrependem-se e despedem suas mulheres hetheas._

10 E orando [1] Esdras assim, e fazendo esta confissão, chorando, e
prostrando-se diante da casa de Deus, ajuntou-se a elle d’Israel uma mui
grande congregação, de homens e de mulheres, e de crianças; porque o povo
chorava com grande choro.

2 Então respondeu Sechanias, filho de Jehiel, _um_ dos filhos de Elam,
e disse a Esdras: Nós temos transgredido [2] contra o nosso Deus, e
casámos com mulheres estranhas do povo da terra, mas, no tocante a isto,
ainda ha esperança para Israel.

3 Agora pois façamos [3] concerto com o nosso Deus de que despediremos
todas as mulheres, e tudo o que é nascido d’ellas, conforme ao conselho
do Senhor, e dos que tremem ao mandado do nosso Deus; e faça-se conforme
a lei.

4 Levanta-te, pois, porque te _pertence este_ negocio, e nós _seremos_
comtigo; [4] esforça-te, _e_ obra.

5 Então Esdras se levantou, e ajuramentou os maioraes dos sacerdotes _e_
dos levitas, e a todo o Israel, de que fariam conforme a esta palavra,
[5] e juraram.

6 E Esdras se levantou de diante da casa de Deus, e entrou na camara de
Johanan, filho de Eliasib: e, vindo lá, pão [6] não comeu, e agua não
bebeu; porque estava annojado pela transgressão _dos_ do captiveiro.

7 E fizeram passar pregão por Judah e Jerusalem, e todos os que vieram do
captiveiro, para que se ajuntassem em Jerusalem.

8 E que todo aquelle que em tres dias não viesse, segundo o conselho dos
principes e dos anciãos, toda a sua fazenda se poria em interdicto, e
elle seria separado da congregação _dos_ do captiveiro.

9 Então todos os homens de Judah e Benjamin em tres dias se ajuntaram em
Jerusalem: _era_ o nono mez, no _dia_ vinte do mez: e todo [7] o povo se
assentou na praça da casa de Deus, tremendo por este negocio e por causa
das grandes chuvas.

10 Então se levantou Esdras, o sacerdote, e disse-lhes: Vós tendes
transgredido, e casastes com mulheres estranhas, multiplicando o delicto
d’Israel.

11 Agora pois fazei [8] confissão ao Senhor Deus de vossos paes; e
fazei a sua vontade; e apartae-vos dos povos das terras, e das mulheres
estranhas.

12 E respondeu toda a congregação, e disseram em altas vozes: Assim
_seja_, conforme ás tuas palavras nos convem fazer.

13 Porém o povo _é_ muito, e tambem _é_ tempo de grandes chuvas, e não se
pode estar aqui fóra: nem _é_ obra d’um dia nem de dois, porque _somos_
muitos os _que_ transgredimos n’este negocio.

14 Ora ponham-se os nossos principes, por toda a congregação _sobre este
negocio_; e todos os que em nossas cidades casaram com mulheres estranhas
venham em tempos apontados, e com elles os anciãos de cada cidade, e os
seus juizes, até que desviemos de nós o ardor da ira [9] do nosso Deus,
por esta causa.

15 Porém sómente Jonathan, filho d’Asael, e Jehazias, filho de Tikva,
se pozeram sobre este _negocio_: e Mesullam, e Sabbethai, levita, os
ajudaram.

16 E assim o fizeram os que tornaram do captiveiro: e apartaram-se o
sacerdote Esdras _e_ os homens, cabeças dos paes, segundo a casa de seus
paes, e todos pelos _seus_ nomes; e assentaram-se no primeiro dia do
decimo mez, para inquirirem n’este negocio.

17 E acabaram-n’o com todos os homens que casaram com mulheres estranhas,
até ao primeiro dia do primeiro mez.

18 E acharam-se dos filhos dos sacerdotes que casaram com mulheres
estranhas: dos filhos de Josué, filho de Josadak, e seus irmãos,
Maaseias, e Eliezer, e Jarib, e Gadalias.

19 E deram a sua mão de que despediriam [10] suas mulheres: e, achando-se
culpados, _offereceram_ um carneiro do rebanho pelo seu delicto.

20 E dos filhos d’Immer: Hanani, e Zabadias.

21 E dos filhos d’Harim: Maaseias, e Elias, e Semaias, e Jehiel, e Uzias.

22 E dos filhos de Pashur: Elioenai, Maseias, Ishmael, Nathanel, Jozabad,
e Elasa.

23 E dos levitas: Jozabad, e Simei, e Kelaias (este _é_ Kelitas),
Pethahias, Judah, e Eliezer.

24 E dos cantores: Eliasib: e dos porteiros: Sallum, e Telem, e Uri.

25 E d’Israel, dos filhos de Paros: Ramias, e Jezias, e Malchias, e
Miamin, e Eleazer, e Malchias, e Benaias.

26 E dos filhos d’Elam: Matthanias, Zacharias, e Jehiel, e Abdi, e
Jeremoth, e Elias.

27 E dos filhos de Zattu: Elioenai, Eliasib, Matthanias, e Jeremoth, e
Zabad, e Aziza.

28 E dos filhos de Bebai: Johanan, Hananias, Zabbai, Athlai.

29 E dos filhos de Bani: Mesullam, Malluch, e Adaias, Jasub, e Seal,
Jeremoth.

30 E dos filhos de Pahath-moab: Adna, e Chelal, Benaias, Maseias,
Matthanias, Besaleel, e Binnui, e Manasseh.

31 E dos filhos d’Harim: Eliezer, Jesias, Malchias, Semaias, Simeão,

32 Benjamin, Malluch, Semarias.

33 Dos filhos d’Hasum: Mathnai, Matthattha, Zabad, Eliphelet, Jeremai,
Manasseh, Simei.

34 Dos filhos de Bani: Maadai, Amram, e Uel,

35 Benaias, Bedias, Cheluhi,

36 Vanias, Meremoth, Eliasib,

37 Matthanias, Mathnai, e Jaasai,

38 E Bani, e Binnui, Simei,

39 E Selemias, e Nathan, e Adaias,

40 Machnadbai, Sasai, Sarai,

41 Azareel, e Selemias, Semarias,

42 Sallum, Amarias, José.

43 Dos filhos de Nebo: Jeiel, Mattithias, Zabad, Zebina, Jaddai, Joel, e
Benaias.

44 Todos estes tomaram mulheres estranhas: e _alguns_ d’elles tinham
mulheres de quem alcançaram filhos.

[1] Dan. 9.20. II Chr. 20.9.

[2] Neh. 13.27.

[3] II Chr. 34.31. cap. 9.4. Deu. 7.2, 3.

[4] I Chr. 28.10.

[5] Neh. 5.12.

[6] Deu. 9.18.

[7] I Sam. 12.18.

[8] Jos. 7.19. Pro. 28.13. ver. 3.

[9] II Chr. 30.8.

[10] II Reis 10.15. I Chr. 29.24. II Chr. 30.8. Lev. 6.4, 6.



O LIVRO DE NEHEMIAS.



_Nehemias, sabendo o triste estado de Jerusalem, ora a Deus._

[Antes de Christo 456]

1 As palavras de Nehemias, [1] filho d’Hacalias. E succedeu no mez de
chisleu, no anno vigesimo, estando eu em Susan, [MP] a fortaleza,

2 Que veiu Hanani, um de meus irmãos, elle e alguns de Judah; e
perguntei-lhes pelos judeos que escaparam, e que restaram do captiveiro,
e ácerca de Jerusalem.

3 E disseram-me: Os restantes, que restaram do captiveiro, lá na
provincia _estão_ em grande miseria e desprezo: [2] e o muro de Jerusalem
fendido, e as suas portas queimadas a fogo.

4 E succedeu que, ouvindo eu estas palavras, assentei-me e chorei, e
lamentei por _alguns_ dias: e estive jejuando e orando perante o Deus dos
céus.

5 E disse: Ah Senhor, [3] Deus dos céus, Deus grande e terrivel! que
guarda [4] o concerto e a benignidade para com aquelles que o amam e
guardam os seus mandamentos;

6 Estejam pois attentos os teus ouvidos, e os teus olhos [5] abertos,
para ouvires a oração do teu servo, que eu hoje oro perante ti, de dia
e de noite, pelos filhos d’Israel, teus servos: e faço confissão pelos
peccados dos filhos d’Israel, que peccámos contra ti; tambem eu e a casa
de meu pae peccámos.

7 De todo nos corrompemos contra ti, e não guardámos os mandamentos, nem
os [6] estatutos, nem os juizos, que ordenaste a Moysés teu servo.

8 Lembra-te pois da palavra que ordenaste a Moysés, teu servo, dizendo:
Vós transgredireis, [7] e eu vos espalharei entre os povos.

9 E vós [8] vos convertereis a mim, e guardareis os meus mandamentos, e
os fareis: então, ainda que os vossos rejeitados estiverem no cabo do
céu, de lá os ajuntarei e os trarei ao logar que tenho escolhido para ali
fazer habitar o meu nome.

10 Ainda _são_ [9] teus servos e o teu povo que resgataste com a tua
grande força e com a tua forte mão.

11 Ah, Senhor, estejam [10] pois attentos os teus ouvidos á oração do teu
servo, e á oração dos teus servos que desejam [11] temer o teu nome; e
faze prosperar hoje o teu servo, e dá-lhe graça perante este homem. Então
era eu copeiro do rei.

[1] cap. 10.1.

[2] cap. 2.17. II Reis 25.10.

[3] Dan. 9.4.

[4] Exo. 20.6.

[5] II Reis 8.28, 29. II Chr. 6.40. Dan. 9.17, 18.

[6] Deu. 28.15.

[7] Lev. 26.33. Deu. 4.25, 26, 27 e 28.64.

[8] Lev. 26.39, etc. Deu. 4.29, 30, 31 e 30.2. Deu. 30.4.

[9] Deu. 9.29. Dan. 9.15.

[10] ver. 6.

[11] Isa. 26.8. Heb. 13.18. cap. 2.1.



_Artaxerxes permitte a Nehemias ir a Jerusalem e edificar os muros._

[Antes de Christo 445]

2 Succedeu pois no mez de nisan, no anno vigesimo do rei [1] Artaxerxes,
que _estava posto_ vinho diante d’elle, e eu tomei o vinho, e _o_ dei ao
rei; porém nunca estivera triste diante d’elle.

2 E o rei me disse: Porque está triste o teu rosto, pois não estás
doente? Não _é_ isto senão tristeza de coração: [2] então temi _muito_ em
grande maneira.

3 E disse ao rei: Viva o rei para sempre! [3] Como não estaria triste
o meu rosto, estando a cidade, o logar dos sepulchros de meus paes,
assolada, e tendo sido consumidas as suas portas a fogo?

4 E o rei me disse: Que me pedes agora? Então orei ao Deus dos céus,

5 E disse ao rei: Se é do agrado do rei, e se o teu servo é acceito em
tua presença, _peço-te_ que me envies a Judah, á cidade dos sepulchros de
meus paes, para que eu a edifique.

6 Então o rei me disse, estando a rainha assentada junto a elle: Quanto
durará a tua viagem, e quando voltarás? [4] E aprouve ao rei enviar-me,
apontando-lhe eu um certo tempo.

7 Disse mais ao rei: Se ao rei parece bem, dêem-se-me cartas para os
governadores d’além do rio, para que me dêem passagem até que chegue a
Judah.

8 Como tambem uma carta para Asaph, guarda do jardim do rei, que me dê
madeira para cobrir [5] as portas do paço da casa, e para o muro da
cidade, e para a casa em que eu houver de entrar. E o rei m’as deu,
segundo a boa [6] mão de Deus sobre mim.

9 Então vim aos governadores d’além do rio, e dei-lhes as cartas do rei:
e o rei tinha enviado comigo chefes do exercito e cavalleiros.

10 O que ouvindo Sanballat, o horonita, e Tobias, o servo ammonita, lhes
desagradou com grande desagrado que alguem viesse a procurar o bem dos
filhos d’Israel.

11 E cheguei [7] a Jerusalem, e estive ali tres dias.

12 E de noite me levantei, eu e poucos homens comigo, e não declarei a
ninguem o que o meu Deus me poz no coração para fazer em Jerusalem: e não
_havia_ comigo animal algum, senão aquelle em que estava montado.

13 E de noite sahi pela [8] porta do valle, e para a banda da fonte do
dragão, e para a porta do monturo, e contemplei os muros de Jerusalem,
que estavam fendidos, [9] e as suas portas, _que tinham sido_ consumidas
pelo fogo.

14 E passei á porta da [10] fonte, e ao viveiro do rei; e não _havia_
logar por onde podesse passar a cavalgadura debaixo de mim.

15 Então de noite subi pelo ribeiro, e [11] contemplei o muro: e voltei,
e entrei pela porta do valle, e _assim_ voltei.

16 E não souberam os magistrados aonde eu fui nem o que eu fazia: porque
ainda nem aos judeos, nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos mais
que faziam a obra, até então tinha declarado _coisa alguma_.

17 Então lhes disse: Bem vêdes vós a miseria em que estamos, que
Jerusalem _está_ assolada, e que as suas portas _teem sido_ queimadas
a fogo: vinde _pois_ e reedifiquemos o muro de Jerusalem, [12] e não
sejamos mais em opprobrio.

18 Então lhes declarei [13] como a mão do meu Deus me fôra favoravel,
como tambem as palavras do rei, que elle me tinha dito: então disseram:
Levantemo-nos, e edifiquemos. E esforçaram as suas mãos [14] para _o_ bem.

19 _O que_ ouvindo Sanballat, o horonita, e Tobias, o servo ammonita, e
Gesem, o arabio, zombaram de nós, e desprezaram-n’os, e disseram: Que é
isto que fazeis? quereis [15] rebellar-vos contra o rei?

20 Então lhes respondi, e disse: O Deus dos céus é o que nos fará
prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos: [16] que
vós não tendes parte, nem justiça, nem memoria em Jerusalem.

[1] Esd. 7.4. cap. 1.11.

[2] Pro. 15.13.

[3] I Reis 1.31. cap. 1.3.

[4] cap. 5.14 e 13.6.

[5] cap. 3.7.

[6] ver. 18. Esd. 5.5 e 7.6, 9, 28.

[7] Esd. 8.32.

[8] II Chr. 26.9. cap. 3.13.

[9] cap. 1.3. ver. 17.

[10] cap. 3.15.

[11] II Sam. 15.23. Jer. 31.40.

[12] cap. 1.3. Jer. 24.9. Eze. 5.14, 15 e 22.4.

[13] ver. 8.

[14] II Sam. 2.7.

[15] cap. 6.6.

[16] Esd. 4.3.



_Dos que trabalharam na edificação dos muros._

3 E levantou-se [1] Eliasib, o summo sacerdote, com os seus irmãos,
os sacerdotes, e edificaram a porta do gado, a qual consagraram; e
levantaram as suas portas: e até a torre de Meah consagraram, _e_ até a
torre d’Hananel.

2 E junto a elle [2] edificaram os homens de Jericó: tambem ao seu lado
edificou Zaccur, filho d’Imri.

3 E a porta do [3] peixe edificaram os filhos de Senaa; a qual
emmadeiraram, e levantaram as suas portas _com_ as suas fechaduras e os
seus ferrolhos.

4 E ao seu lado reparou Meremoth, filho d’Urias, o filho de Kós; e ao seu
lado reparou Mesullam, filho de Berechias, o filho de Mesezabel; e ao seu
lado reparou Zadok, filho de Baana.

5 E ao seu lado repararam os tekoitas: porém os seus illustres não
metteram [4] o seu pescoço ao serviço de seu senhor.

6 E a porta velha repararam-_n’a_ Joiada, filho de Paseah, e Mesullam,
filho de Besodias: [5] estes a emmadeiraram, e levantaram as suas portas
com _as_ suas fechaduras e os seus ferrolhos.

7 E ao seu lado repararam Melatias, o gibeonita, e Jadon, meronothita,
homens de Gibeon e Mispah, até ao assento do governador [6] d’áquem do
rio.

8 Ao seu lado reparou Uziel, filho d’Harhaias, um dos ourives; e ao seu
lado reparou Hananias, filho d’um dos boticarios; e deixaram a Jerusalem
até ao muro [7] largo.

9 E ao seu lado reparou Rephaias, filho d’Hur, maioral d’ametade de
Jerusalem.

10 E ao seu lado reparou Jedaias, filho d’Harumaph, e defronte de sua
casa; e ao seu lado reparou Hattus, filho d’Hasabneias.

11 A outra porção reparou Malchias, filho d’Harim, e Hasub, filho de
Pahath-moab: como tambem a torre [8] dos fornos.

12 E ao seu lado reparou Sallum, filho de Lohes, maioral da _outra_ meia
parte de Jerusalem, elle e suas filhas.

13 A porta [9] do valle reparou-a Hanun e os moradores de Zanoah: estes a
edificaram, e lhe levantaram as portas _com_ as suas fechaduras e os seus
ferrolhos, como tambem mil covados no muro, até á porta do [10] monturo.

14 E a porta do monturo reparou-a Malchias, filho de Rechab, maioral do
districto de Beth-cherem: este a edificou, e lhe levantou as portas _com_
as suas fechaduras e os seus ferrolhos.

15 E a porta [11] da fonte reparou-a Sallum, filho de Col-hose, maioral
do districto de Mispah: este a edificou, e a cobriu, e lhe levantou as
portas _com_ as suas fechaduras e os seus ferrolhos, como tambem o muro
do viveiro [12] de Selah, ao pé do jardim do rei, e até aos degraus que
descem da cidade de David.

16 Depois d’elle edificou Nehemias, filho d’Azbuk, maioral da metade de
Beth-zur, até defronte dos sepulchros de David, e até ao viveiro [13]
artificial, e até á casa dos varões.

17 Depois d’elle repararam os levitas, Rehum, filho de Bani: ao seu lado
reparou Hasabias, maioral da metade de Keila, no seu districto.

18 Depois d’elle repararam seus irmãos, Bavai, filho d’Henadad, maioral
da _outra_ meia parte de Keila.

19 Ao seu lado reparou Ezer, filho de Josué, maioral de Mispah, outra
porção, defronte da subida [14] á casa das armas, á esquina.

20 Depois d’elle reparou com grande ardor Baruch, filho de Zabbai, outra
medida, desde a esquina até á porta da casa d’Eliasib, o summo sacerdote.

21 Depois d’elle reparou Meremoth, filho d’Urias, o filho de Kos, outra
porção, desde a porta da casa d’Eliasib, até á extremidade da casa
d’Eliasib.

22 E depois d’elle repararam os sacerdotes que habitavam na campina.

23 Depois reparou Benjamin e Hasub, defronte da sua casa: depois d’elle
reparou Azarias, filho de Maaseias, o filho d’Ananias, junto á sua casa.

24 Depois d’elle reparou Binnui, filho d’Henadad, outra porção, desde a
casa d’Azarias até á [15] esquina, e até ao canto.

25 Palal, filho d’Uzai, defronte da esquina, e a torre que sae da casa
real superior, que está junto [16] ao pateo da prisão: depois d’elle
Pedaias, filho de Parós.

26 E os nethineos [17] _que_ habitavam em Ophel, até defronte da porta
das aguas, para o oriente, e até á torre alta.

27 Depois repararam os tekoitas outra porção, defronte da torre grande
_e_ alta, e até ao muro d’Ophel.

28 Desde acima da porta [18] dos cavallos repararam os sacerdotes, cada
um defronte da sua casa.

29 Depois d’elles reparou Zadok, filho d’Immer, defronte de sua casa:
e depois d’elle reparou Semaias, filho de Sechanias, guarda da porta
oriental.

30 Depois d’elle reparou Hananias, filho de Selemias, e Hanun, filho de
Zalaph, o sexto, outra porção: depois d’elle reparou Mesullam, filho de
Berechias, defronte da sua camara.

31 Depois d’elle reparou Malchias, filho d’um ourives, até á casa dos
nethineos e mercadores, defronte da porta de Miphkad, e até á camara do
canto.

32 E entre a camara do canto e a porta do gado, repararam os ourives e os
mercadores.

[1] cap. 12.10. João 5.2. cap. 12.39.

[2] Esd. 2.34.

[3] II Chr. 33.14. cap. 12.39.

[4] Jui. 5.23.

[5] cap. 12.39.

[6] cap. 2.8.

[7] cap. 12.38.

[8] cap. 12.38.

[9] cap. 2.13.

[10] cap. 2.13.

[11] cap. 2.14.

[12] João 9.7.

[13] Jui. 5.23.

[14] II Chr. 26.9.

[15] ver. 19.

[16] Jer. 32.2 e 33.1 e 37.21.

[17] Esd. 2.43. cap. 11.21. II Chr. 27.3.

[18] II Reis 11.16. II Chr. 23.15. Jer. 31.40.



_Os inimigos pretendem retardar a edificação dos muros._

4 E succedeu [1] que, ouvindo Sanballat que edificavamos o muro, ardeu em
ira, e se indignou muito; e escarneceu dos judeos.

2 E fallou na presença de seus irmãos, e do exercito de Samaria, e disse:
Que fazem estes fracos judeos? permittir-se-lhes-ha isto? sacrificarão?
acabal-o-hão n’um _só_ dia? vivificarão dos montões do pó as pedras que
foram queimadas?

3 E estava com elle Tobias, [2] o ammonita, e disse: Ainda que
edifiquem, comtudo, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de
pedra.

4 Ouve, ó nosso Deus, que somos tão desprezados, e torna o seu opprobrio
sobre a sua cabeça, e faze com que sejam um despojo, na terra do
captiveiro.

5 E não cubras a sua iniquidade, [3] e não se risque diante de ti o seu
peccado, pois que _te_ irritaram defronte dos edificadores.

6 Porém edificámos o muro, e todo o muro se cerrou até sua metade: porque
o coração do povo se inclinava a trabalhar.

7 E succedeu que, [4] ouvindo Sanballat e Tobias, e os arabios, e os
ammonitas, e os asdoditas, que _tanto_ ia crescendo a reparação dos muros
de Jerusalem, que já as roturas se começavam a tapar, iraram-se sobremodo,

8 E ligaram-se entre si todos, para virem guerrear a Jerusalem, e para os
desviarem do seu intento.

9 Porém nós orámos ao nosso Deus, e pozemos uma guarda contra elles, de
dia e de noite, por causa d’elles.

10 Então disse Judah: Já desfalleceram as forças dos acarretadores, e o
pó _é_ muito, e nós não poderemos edificar o muro.

11 Disseram porém os nossos inimigos: Nada saberão d’isto, nem verão, até
que entremos no meio d’elles, e os matemos; assim faremos cessar a obra.

12 E succedeu que, vindo os judeos que habitavam entre elles, dez vezes
nol-o disseram, de todos os logares, porque tornavam a nós.

13 Pelo que puz _guardas_ nos logares baixos por detraz do muro _e_ nos
altos: e puz ao povo pelas _suas_ familias com as suas espadas, _com_ as
suas lanças, e _com_ os seus arcos.

14 E olhei, e levantei-me, e disse aos nobres, e aos magistrados, e
ao resto do povo: Não os temaes: [5] lembrae-vos do grande e terrivel
Senhor, e pelejae pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas mulheres e
vossas casas.

15 E succedeu que, ouvindo os nossos inimigos que nol-o fizeram saber, e
que Deus [6] tinha dissipado o conselho d’elles, todos voltámos ao muro,
cada um á sua obra.

16 E succedeu que desde aquelle dia metade dos meus moços trabalhava
na obra, e metade d’elles tinha as lanças, os escudos, os arcos, e as
couraças; e os chefes _estavam_ por detraz de toda a casa de Judah.

17 Os que edificavam o muro, e os que traziam as cargas, _e_ os que
carregavam, _cada um_ com uma mão fazia a obra e na outra tinha as armas.

18 E os edificadores cada um trazia a sua espada cingida aos lombos, e
edificavam: e o que tocava a trombeta _estava_ junto comigo.

19 E disse eu aos nobres, e aos magistrados, e ao resto do povo: Grande e
extensa _é_ a obra, e nós estamos apartados do muro, longe uns dos outros.

20 No logar onde ouvirdes o som da buzina ali vos ajuntareis comnosco; o
nosso Deus pelejará [7] por nós.

21 Assim trabalhavamos na obra: e metade d’elles tinha as lanças desde a
subida da alva até ao sair das estrellas.

22 Tambem n’aquelle tempo disse ao povo: Cada um com o seu moço passe a
noite em Jerusalem, para que de noite nos sirvam de guarda, e de dia na
obra.

23 E nem eu, nem meus irmãos, nem meus moços, nem os homens da guarda que
me seguiam largavamos os nossos vestidos: cada um _tinha_ suas armas _e_
agua.

[1] cap. 2.10, 19.

[2] cap. 2.10, 19.

[3] Pro. 3.34. Jer. 18.23.

[4] ver. 1.

[5] Num. 14.9. Deu. 1.29 e 10.17.

[6] Job 5.12.

[7] Exo. 14.14, 25. Deu. 1.30 e 3.22 e 20.4. Jos. 23.10.



_Os pobres murmuram contra os ricos, e Nehemias reprehende os ultimos._

5 Foi porém grande [1] o clamor do povo e de suas mulheres, contra os
judeos, seus irmãos.

2 Porque havia quem dizia: _Com_ nossos filhos, e nossas filhas, nós
_somos_ muitos; pelo que tomámos trigo, para que comamos e vivamos.

3 Tambem havia quem dizia: As nossas terras, as nossas vinhas, e as
nossas casas empenhámos, para tomarmos trigo n’esta fome.

4 Tambem havia quem dizia: Tomámos emprestado dinheiro até para o tributo
do rei, _sobre_ as nossas terras e as nossas vinhas.

5 Agora pois a nossa carne [2] é como a carne de nossos irmãos, _e_
nossos filhos como seus filhos; e eis que sujeitámos nossos filhos e
nossas filhas para _serem_ servos: e até _algumas_ de nossas filhas são
_tão_ sujeitas, que _já_ não estão no poder de nossas mãos; e outros teem
as nossas terras e as nossas vinhas.

6 Ouvindo eu pois o seu clamor, e estas palavras, muito me enfadei.

7 E considerei comigo mesmo no meu coração; depois pelejei com os nobres
e com os magistrados, e disse-lhes: [3] Usura tomaes cada um de seu
irmão. E ajuntei contra elles _um_ grande ajuntamento.

8 E disse-lhes: Nós resgatámos [4] os judeos, nossos irmãos, que foram
vendidos ás gentes segundo nossas posses; e vós outra vez venderieis a
vossos irmãos, ou vender-se-hão a nós? Então se callaram, e não acharam
que _responder_.

9 Disse mais: Não _é_ bom o que fazeis: _Porventura_ não andarieis no
temor do nosso Deus, [5] por causa do opprobrio dos gentios, os nossos
inimigos?

10 Tambem eu, meus irmãos e meus moços, ao ganho lhes temos dado dinheiro
e trigo. Deixemos este ganho.

11 Restitui-lhes hoje, vos peço, as suas terras, as suas vinhas, os seus
olivaes, e as suas casas; como tambem a centena do dinheiro, do trigo, do
mosto, e do azeite, que vós exigis d’elles.

12 Então disseram: Restituir-_lh’o_-hemos, e nada procuraremos d’elles;
faremos assim como dizes. Então chamei os sacerdotes, e os fiz [6] jurar
que fariam conforme a esta palavra.

13 Tambem o meu regaço sacudi, e disse: [7] Assim sacuda Deus todo o
homem da sua casa e do seu trabalho que não confirmar esta palavra, e
assim seja sacudido e vazio. E toda a congregação disse: Amen! E louvaram
ao Senhor; e o povo [8] fez conforme a esta palavra.

14 Tambem desde o dia em que me mandou que eu fosse seu governador na
terra de Judah, [9] desde o anno vinte, até ao anno trinta e dois do rei
Artaxerxes, doze annos, nem eu nem meus irmãos comemos o [10] pão do
governador.

15 Mas os primeiros governadores, que _foram_ antes de mim, opprimiram
o povo, e tomaram-lhe pão e vinho, _e_ além d’isso, quarenta siclos de
prata, como tambem os seus moços dominavam sobre o povo: porém eu assim
não fiz, por causa do [11] temor de Deus.

16 Como tambem na obra d’este muro fiz reparação, e terra nenhuma
comprámos: e todos os meus moços se ajuntaram ali á obra.

17 Tambem dos judeos e dos magistrados, cento e cincoenta homens, e os
que vinham a nós, d’entre as gentes, que _estão_ á roda de nós, se [12]
punham á minha mesa.

18 E o que se preparava para cada dia _era_ [13] um boi _e_ seis ovelhas
escolhidas; tambem aves se me preparavam, e de dez em dez dias de todo
o vinho muitissimo: e nem por isso exigi [14] o pão do governador,
porquanto a servidão d’este povo era grande.

19 Lembra-te [15] de mim para bem, ó meu Deus, _e de_ tudo quanto fiz a
este povo.

[1] Isa. 5.7. Lev. 25.35, 36, 37. Deu. 15.7.

[2] Isa. 58.7. Exo. 21.7. Lev. 25.39.

[3] Exo. 22.25. Lev. 35.36. Eze. 22.12.

[4] Lev. 25.48.

[5] Lev. 25.36. II Sam. 12.14. Rom. 2.24. I Ped. 2.12.

[6] Esd. 10.5. Jer. 34.8, 9.

[7] Mat. 10.14. Act. 13.51 e 18.6.

[8] II Reis 23.3.

[9] cap. 13.6.

[10] I Cor. 9.4, 15.

[11] II Cor. 11.9 e 12.13. ver. 9.

[12] II Sam. 9.7. I Reis 18.19.

[13] I Reis 4.22.

[14] ver. 14, 15.

[15] cap. 13.22.



_Os inimigos conspiram para surprehender e intimidar Nehemias._

6 Succedeu mais [1] que, ouvindo Sanballat, Tobias, Gesem, o arabio, e
o resto dos nossos inimigos que eu tinha edificado o muro, e que n’elle
_já_ não havia brecha alguma; ainda que [2] até este tempo não tinha
posto as portas nos portaes;

2 Sanballat e Gesem [3] enviaram a dizer: Vem, e congreguemo-nos
juntamente nas aldeias, no valle [4] d’Ono. Porém intentavam fazer-me mal.

3 E enviei-lhes mensageiros a dizer: Faço uma grande obra, de modo que
não poderei descer: porque cessaria esta obra, emquanto eu a deixasse, e
fosse ter comvosco?

4 E da mesma maneira enviaram a mim quatro vezes; e da mesma maneira lhes
respondi.

5 Então Sanballat da mesma maneira a quinta vez me enviou seu moço com
uma carta aberta na sua mão;

6 E na qual _estava_ escripto: Entre as gentes se ouviu, e Gusmu diz: Tu
e [5] os judeos intentaes rebellar-vos, pelo que edificas o muro; e tu te
farás rei d’elles segundo estas palavras;

7 E que pozeste prophetas, para prégarem de ti em Jerusalem, dizendo:
Este _é_ rei em Judah: de modo que o rei o ouvirá, segundo estas
palavras: vem pois agora e consultemos juntamente.

8 Porém eu enviei a dizer-lhe: De tudo o que dizes coisa nenhuma
succedeu; mas tu do teu coração o inventas.

9 Porque todos elles nos procuravam atemorizar, dizendo: As suas mãos
largarão a obra, e não se effeituará. Agora pois, _ó Deus_, esforça as
minhas mãos.

10 E, entrando eu em casa de Semaias, filho de Delaias, o filho de
Mehetabel (que estava encerrado), disse elle: Vamos juntamente á casa de
Deus, ao meio do templo, e fechemos as portas do templo; porque virão
matar-te: sim, de noite virão matar-te.

11 Porém eu disse: _Um_ homem como eu fugiria? e quem _ha_, como eu, que
entre no templo e viva? de maneira nenhuma entrarei.

12 E conheci que eis-que não _era_ Deus quem o enviara; mas esta
prophecia fallou contra mim, porquanto Tobias e Sanballat o alugaram.

13 Para isto o alugaram, para me atemorisar, e para que assim fizesse, e
peccasse, para que tivessem _alguma causa_ para me infamarem, e assim me
vituperarem.

14 Lembra-te, [6] meu Deus, de Tobias e de Sanballat, conforme a estas
suas obras: e tambem da prophetiza Noadia, e dos mais prophetas que
procuraram atemorisar-me.

15 Acabou-se pois o muro aos vinte e cinco d’elul: em cincoenta e dois
dias.

16 E succedeu que, ouvindo-_o_ todos os nossos [7] inimigos, temeram,
todos os gentios que _havia_ em roda de nós, e abateram-se muito em seus
_proprios_ olhos; porque reconheceram que o nosso Deus fizera esta obra.

17 Tambem n’aquelles dias _alguns_ nobres de Judah escreveram muitas
cartas, que iam para Tobias: e as _cartas_ de Tobias vinham para elles.

18 Porque muitos em Judah se lhe ajuramentaram, porque _era_ genro de
Sechanias, filho d’Arah; e seu filho Johanan tomara a filha de Mesullam,
filho de Berechias.

19 Tambem as suas bondades contavam perante mim, e as minhas palavras lhe
levavam _a elle_: _portanto_ Tobias escrevia cartas para me atemorizar.

[1] cap. 2.10, 19 e 4.1, 7.

[2] cap. 3.1, 3.

[3] Pro. 26.24, 25.

[4] I Chr. 8.12. cap. 11.35.

[5] cap. 2.19.

[6] cap. 13.29. Eze. 13.17.

[7] cap. 2.10 e 4.1, 7 e 6.1.



_Nehemias estabelece guardas e faz uma relação dos que primeiro vieram a
Jerusalem._

[Antes de Christo 536]

7 Succedeu mais que, depois que o muro fôra edificado, eu levantei as
portas; e [1] foram estabelecidos os porteiros, e os cantores, e os
levitas.

2 Eu nomeei a Hanani, meu irmão, e a Hananias, maioral da fortaleza em
[2] Jerusalem: porque _era_ como homem fiel e temente [3] a Deus, mais do
que muitos.

3 E disse-lhes: Não se abram as portas de Jerusalem até que o sol aqueça,
e emquanto os que assistirem ali fechem as portas, e vós trancae-_as_: e
ponham-se guardas dos moradores de Jerusalem, cada um na sua guarda, e
cada um diante da sua casa.

4 E _era_ a cidade larga d’espaço, e grande, porém pouco povo _havia_
dentro d’ella: e _ainda_ as casas não _estavam_ edificadas.

5 Então o meu Deus me poz no coração que ajuntasse os nobres, e os
magistrados, e o povo, para registrar as genealogias: e achei o livro da
genealogia dos que subiram primeiro e _assim_ achei escripto n’elle:

6 Estes [4] _são_ os filhos da provincia, que subiram do captiveiro
dos transportados, que transportara Nabucodonosor, rei de Babylonia; e
voltaram para Jerusalem e para Judah, cada um para a sua cidade.

7 Os quaes vieram com Zorobabel, Jesué, Nehemias, Azarias, Raamias,
Nahamani, Mardiques, Bilsan, Mispereth, Bigvai, Nehum, e Baana: _este é_
o numero dos homens do povo d’Israel.

8 Foram os filhos de Paros, dois mil, cento e setenta e dois.

9 Os filhos de Sephatias, trezentos e setenta e dois.

10 Os filhos d’Arah, seiscentos e cincoenta e dois.

11 Os filhos de Pahath-moab, dos filhos de Jesué e de Joab, dois mil,
oitocentos e dezoito.

12 Os filhos d’Elam, mil, duzentos e cincoenta e quatro.

13 Os filhos de Zatthu, oitocentos e quarenta e cinco.

14 Os filhos de Zaccai, setecentos e sessenta.

15 Os filhos de Binnui, seiscentos e quarenta e oito.

16 Os filhos de Babai, seiscentos e vinte e oito.

17 Os filhos d’Azgad, dois mil, trezentos e vinte e dois.

18 Os filhos d’Adonikam, seiscentos e sessenta e sete.

19 Os filhos de Bigvai, dois mil e sessenta e sete.

20 Os filhos d’Adin, seiscentos e cincoenta e cinco.

21 Os filhos d’Ater, d’Hizkia, noventa e oito.

22 Os filhos d’Hassum, trezentos e vinte e oito.

23 Os filhos de Besai, trezentos e vinte e quatro.

24 Os filhos d’Hariph, cento e doze.

25 Os filhos de Gibeon, noventa e cinco.

26 Os homens de Bethlehem e de Netopha, cento e oitenta e oito.

27 Os homens d’Anathoth, cento e vinte e oito.

28 Os homens de Beth-azmaveth, quarenta e dois.

29 Os homens de Kiriath-jearim, Cephira, e Beeroth, setecentos e quarenta
e tres.

30 Os homens de Rama e Gaba, seiscentos e vinte e um.

31 Os homens de Michmas, cento e vinte e dois.

32 Os homens de Beth-el e Ai, cento e vinte e tres.

33 Os homens d’outra Nebo, cincoenta e dois.

34 Os filhos d’outro [5] Elam, mil, duzentos e cincoenta e quatro.

35 Os filhos d’Harim, trezentos e vinte.

36 Os filhos de Jericó, trezentos e quarenta e cinco.

37 Os filhos de Lod, Hadid e Ono, setecentos e vinte e um.

38 Os filhos de Senaa, tres mil, novecentos e trinta.

39 Os sacerdotes: Os filhos de [6] Jedaias, da casa de Jesué, novecentos
e setenta e tres.

40 Os filhos [7] d’Immer, mil e cincoenta e dois.

41 Os filhos de [8] Pashur, mil, duzentos e quarenta e sete.

42 Os filhos [9] d’Harim, mil e dezesete.

43 Os levitas: Os filhos de Jesué, de Kadmiel, dos filhos d’Hodeva,
setenta e quatro.

44 Os cantores: os filhos d’Asaph, cento e quarenta e oito.

45 Os porteiros: os filhos de Sallum, os filhos d’Ater, os filhos de
Talmon, os filhos d’Hacub, os filhos d’Hattita, os filhos de Sobai, cento
e trinta e oito.

46 Os nethineos: os filhos de Ziha, os filhos d’Hasupha, os filhos de
Tabbaoth,

47 Os filhos de Keros, os filhos de Sia, os filhos de Padon,

48 Os filhos de Lebana, os filhos d’Hagaba, os filhos de Salmai,

49 Os filhos d’Hanan, os filhos de Giddel, os filhos de Gahar,

50 Os filhos de Reaias, os filhos de Resin, os filhos de Nekoda,

51 Os filhos de Gazam, os filhos d’Uza, os filhos de Paseah,

52 Os filhos de Besai, os filhos de Meunim, os filhos de Nephussim,

53 Os filhos de Bakbuk, os filhos d’Hakupha, os filhos d’Harhur,

54 Os filhos de Baslith, os filhos de Mehida, os filhos d’Harsa,

55 Os filhos de Barkos, os filhos de Sisera, os filhos de Tamah,

56 Os filhos de Nesiag, os filhos d’Hatipha.

57 Os filhos dos servos de Salomão: os filhos de Sotai, os filhos de
Sophereth, os filhos de Perida,

58 Os filhos de Jaela, os filhos de Darkon, os filhos de Giddel,

59 Os filhos de Sephatias, os filhos d’Hattil, os filhos de
Pochereth-zebaim, os filhos de Amon.

60 Todos os nethineos e os filhos dos servos de Salomão, trezentos e
noventa e dois.

61 Tambem [10] estes subiram de Thel-melah, e Thel-harsa, Cherub, Addon,
Immer: porém não poderam mostrar a casa de seus paes e a sua linhagem, se
_eram_ d’Israel.

62 Os filhos de Dalaias, os filhos de Tobias, os filhos de Nekoda,
seiscentos e quarenta e dois.

63 E dos sacerdotes: os filhos d’Habaias, os filhos de Kos, os filhos de
Barzillai, que tomara uma mulher das filhas de Barzillai, o gileadita, e
se chamou do nome d’ellas.

64 Estes buscaram o seu registro, querendo contar a sua geração, porém
não se achou: pelo que, como immundos, foram excluidos do sacerdocio.

65 E o tirsatha lhes disse, que não comessem das coisas sagradas, até que
se apresentasse o sacerdote com Urim e Thummim.

66 Toda esta congregação junta _foi_ de quarenta e dois mil, trezentos e
sessenta,

67 Afóra os seus servos e as suas servas, que _foram_ sete mil, trezentos
e trinta e sete: e tinham duzentos e quarenta e cinco cantores e cantoras.

68 Os seus cavallos, setecentos e trinta e seis; os seus mulos, duzentos
e quarenta e cinco.

69 Camelos, quatrocentos e trinta e cinco; jumentos, seis mil, setecentos
e vinte.

70 E uma _parte_ dos cabeças dos paes deram para a obra: o tirsatha deu
[11] para o thesouro, em oiro, mil [MQ] drachmas, cincoenta bacias, e
quinhentas e trinta vestes sacerdotaes.

71 E _alguns mais_ dos cabeças dos paes deram para o thesouro da obra, em
oiro, vinte mil drachmas: e em prata, duas mil e duzentas libras.

72 E o que deu o resto do povo, foi, em oiro, vinte mil drachmas: [12] e
em prata duas mil libras: e sessenta e sete vestes sacerdotaes.

73 E habitaram os sacerdotes, e os levitas, e os porteiros, e os
cantores, e _alguns_ do povo, e os nethineos, e todo o Israel nas suas
cidades.

[1] cap. 6.1.

[2] cap. 2.5.

[3] Exo. 18.21.

[4] Esd. 2.1, etc.

[5] ver. 12.

[6] I Chr. 24.7.

[7] I Chr. 24.14.

[8] I Chr. 9.12 e 24.9.

[9] I Chr. 24.8.

[10] Esd. 2.59.

[11] cap. 8.9.

[12] Esd. 2.69.



_Esdras lê a lei diante do povo._

[Antes de Christo 445]

8 E chegado o setimo mez, e estando os filhos d’Israel nas suas cidades,
todo o povo [1] se ajuntou como um só homem, na praça, diante da porta
das aguas: e disseram a Esdras, [2] o escriba, que trouxesse o livro da
lei de Moysés, que o Senhor tinha ordenado a Israel.

2 E Esdras, [3] o sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, assim
d’homens como de mulheres, e de todos os entendidos para ouvirem, no
primeiro dia do setimo mez.

3 E leu n’elle diante da praça, que está diante da porta das aguas, desde
a alva até ao meio dia, perante homens e mulheres, e entendidos: e os
ouvidos de todo o povo _estavam attentos_ ao livro da lei.

4 E Esdras, o escriba, estava sobre um pulpito de madeira, que fizeram
para aquillo: e estava _em pé_ junto a elle, á sua mão direita,
Mattithias, e Sema, e Anaias, e Urias, e Hilkias, e Maaseias; e á sua
mão esquerda, Pedaias, e Misael, e Melchias, e Hasum, e Hasbaddana,
Zacharias, e Mesullam.

5 E Esdras abriu o livro perante os olhos de todo o povo; porque estava
acima de todo o povo; e, abrindo-o elle, todo o povo se poz [4] em pé.

6 E Esdras louvou ao Senhor, o grande Deus: e todo o povo [5] respondeu,
Amen, Amen! levantando as suas mãos; e inclinaram-se, e adoraram ao
Senhor, com os rostos em terra.

7 E Jesua, e Bani, e Serebias, Jamin, Akkub, Sabbethai, Hodias, Maaseias,
Kelita, Azarias, Jozabad, Hanan, Pelaias, e os levitas ensinavam [6] o
povo na lei: e o povo _estava_ no seu posto.

8 E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e explicando o sentido,
faziam que, lendo, se entendesse.

9 E [7] Nehemias (que era o [MR] tirsatha), e o sacerdote Esdras, o
escriba, e os levitas que ensinavam ao povo, disseram a todo o povo: Este
dia _é_ consagrado ao Senhor vosso Deus, _pelo que_ não vos lamenteis,
nem choreis. Porque todo o povo chorava, [8] ouvindo as palavras da lei.

10 Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e [9]
enviae porções aos que não teem nada preparado para si; porque este dia
_é_ consagrado ao nosso Senhor: portanto não vos entristeçaes: porque a
alegria do Senhor é a vossa força.

11 E os levitas fizeram calar a todo o povo, dizendo: Calae-vos; porque
este dia _é_ santo: por isso não vos entristeçaes.

12 Então todo o povo se foi a comer, e a beber, e a enviar porções, e
a fazer grandes alegrias: porque [10] entenderam as palavras que lhes
fizeram saber.


_A festa dos tabernaculos._

13 E no dia seguinte ajuntaram-se os cabeças dos paes de todo o povo, os
sacerdotes, e os levitas, a Esdras, o escriba: e isto para attentarem nas
palavras da lei.

14 E acharam escripto na lei que o Senhor ordenara, pelo ministerio de
Moysés, que os filhos d’Israel habitassem em cabanas, [11] na solemnidade
_da festa_, no setimo mez.

15 Assim o publicaram, e fizeram passar pregão por todas as suas cidades,
e em Jerusalem, dizendo: [12] Sahi ao monte, e trazei ramos d’oliveiras,
e ramos d’arvores olearias, e ramos de murtas, e ramos de palmeiras, e
ramos d’arvores espessas, para fazer cabanas, como _está_ escripto.

16 Saiu pois o povo, e _os_ trouxeram, e fizeram para si cabanas, cada um
no seu [13] terrado, e nos seus pateos, e nos atrios da casa de Deus, e
na praça da porta das aguas, e na praça da porta d’Ephraim.

17 E toda a congregação dos que voltaram do captiveiro fizeram cabanas
e habitaram nas cabanas, porque nunca fizeram assim os filhos d’Israel,
desde os dias de Josué, filho de Nun, até áquelle dia: e houve mui [14]
grande alegria.

18 E de dia em dia se leu no livro da lei de Deus, [15] desde o primeiro
dia até ao derradeiro; e celebraram a solemnidade _da festa_ sete dias, e
no oitavo dia, o dia da prohibição, segundo o rito.

[1] Esd. 3.1. cap. 3.26.

[2] Esd. 7.6.

[3] Deu. 31.11, 12. Lev. 23.24.

[4] Jui. 3.20.

[5] I Cor. 14.16. I Tim. 2.8. Exo. 4.31 e 12.27.

[6] Lev. 10.11. Deu. 33.10. II Chr. 17.7, 8, 9. Mal. 2.7.

[7] Esd. 2.63. cap. 7.65 e 10.1. II Chr. 35.3. ver. 8. Lev. 23.24. Num.
29.1.

[8] Deu. 16.14, 15. Ecc. 3.4.

[9] Est. 9.19, 22. Apo. 11.10.

[10] ver. 7, 8.

[11] Lev. 23.34, 42. Deu. 16.13.

[12] Lev. 23.4. Deu. 16.16. Lev. 23.40.

[13] Deu. 22.8. cap. 12.37. II Reis 14.13. cap. 12.39.

[14] II Chr. 30.21.

[15] Deu. 31.10, etc. Lev. 23.36. Num. 29.35.



_Arrependimento e confissão do peccado._

9 E no dia vinte e quatro d’este mez [1] se ajuntaram os filhos d’Israel
com jejum e com saccos, e traziam terra sobre si.

2 E a geração [2] d’Israel se apartou de todos os estranhos, e pozeram-se
em pé, e fizeram confissão pelos seus peccados e pelas iniquidades de
seus paes.

3 Porque, levantando-se no seu posto, leram [3] no livro da lei do Senhor
seu Deus uma quarta parte do dia; e na _outra_ quarta parte fizeram
confissão, e adoraram ao Senhor seu Deus.

4 E Jesué, Bani, Kadmiel, Sebanias, Bunni, Serebias, Bani _e_ Chenani se
pozeram em pé no logar alto dos levitas, e clamaram em alta voz ao Senhor
seu Deus.

5 E os levitas, Jesué, e Kadmiel, Bani, Hasabneias, Serebias, Hodias,
Sebanias, Pethachias, disseram: Levantae-vos, bemdizei ao Senhor vosso
Deus d’eternidade em eternidade: ora bemdigam o nome [4] da tua gloria,
que está levantado sobre toda a benção e louvor.

6 Tu [5] só _és_ Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu
exercito; a terra e tudo quanto n’ella _ha_; os mares e tudo quanto
n’elles _ha_, e tu os guardas em vida a todos; e o exercito dos céus te
adora.

7 Tu _és_ Senhor, o Deus, que elegeste a [6] Abrão, e o tiraste d’Ur dos
chaldeos, e lhe pozeste por nome Abrahão.

8 E achaste o seu coração fiel perante ti, [7] e fizeste com elle o
concerto, que _lhe_ darias a terra dos cananeos, dos hetheos, dos
amorrheos, e dos pherezeos, e dos jebuseos, e dos girgaseos, para a dares
á sua semente: e confirmaste [8] as tuas palavras, porquanto és justo.

9 E viste [9] a afflicção de nossos paes no Egypto: e ouviste o seu
clamor junto ao Mar Vermelho.

10 E déste [10] signaes e prodigios a Pharaó, e a todos os seus servos,
e a todo o povo da sua terra; porque soubeste que [11] soberbamente os
trataram; e assim te adquiriste nome, como hoje _se vê_.

11 E o mar [12] fendeste perante elles, e passaram pelo meio do mar, em
secco: e lançaste os seus perseguidores nas profundezas, como [13] uma
pedra nas aguas violentas.

12 E os [14] guiaste de dia por _uma_ columna de nuvem, e de noite por
_uma_ columna de fogo, para os alumiares no caminho por onde haviam de ir.

13 E sobre o [15] monte de Sinai desceste, e fallaste com elles desde
os céus: e déste-lhes juizos rectos, e leis verdadeiras, estatutos e
mandamentos bons.

14 E o teu sancto [16] sabbado lhes fizeste saber: e preceitos, e
estatutos, e lei lhes mandaste pelo ministerio de Moysés, teu servo.

15 E pão dos céus lhes déste [17] na sua fome, e agua da penha lhes
produziste na sua sêde: e lhes disseste que entrassem para possuirem a
terra pela qual alçaste a tua mão, que lh’a havias de dar.

16 Porém [18] elles e nossos paes se houveram soberbamente: e endureceram
a sua cerviz, e não deram ouvidos aos teus mandamentos.

17 E recusaram ouvir-_te_, e não se lembraram das tuas maravilhas,
que lhes fizeste, e endureceram a sua cerviz, e na [19] sua rebellião
levantaram _um_ chefe, afim de voltarem para a sua servidão: porém tu,
[20] ó Deus perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar-te, e
grande em beneficencia, comtudo os não desamparaste.

18 Ainda [21] mesmo quando elles fizeram para si _um_ bezerro de
fundição, e disseram: Este _é_ o teu Deus, que te tirou do Egypto; e
commetteram grandes blasphemias:

19 Todavia tu, pela [22] multidão das tuas misericordias, os não deixaste
no deserto: a columna de nuvem nunca d’elles se apartou de dia, para os
guiar pelo caminho, nem a columna de fogo de noite, para os alumiar: e
isto pelo caminho por onde haviam de ir.

20 E déste [23] o teu bom espirito, para os ensinar: e o teu manná não
retiraste da sua bocca; e agua lhes déste na sua sêde.

21 De tal modo os sustentaste [24] quarenta annos no deserto: falta
nenhuma tiveram: os seus vestidos se não envelheceram, e os seus pés se
não incharam.

22 Tambem lhes déste reinos e povos, e os repartiste em porções: e elles
possuiram a terra de [25] Sihon, a saber, a terra do rei d’Hesbon, e a
terra d’Og, rei de Basan.

23 E multiplicaste [26] os seus filhos como as estrellas do céu, e
trouxeste-os á terra de que tinhas dito a seus paes que entrariam
_n’ella_ para _a_ possuirem.

24 Assim entraram n’ella [27] os filhos, e tomaram aquella terra: e
abateste perante elles os moradores da terra, os cananeos, e lh’os
entregaste na mão, como tambem os reis, e os povos da terra, para fazerem
d’elles conforme á sua vontade.

25 E tomaram cidades fortes e terra [28] grossa, e possuiram casas cheias
de toda a fartura, cisternas cavadas, vinhas e olivaes, e arvores de
mantimento, em abundancia: e comeram e se fartaram [29] e engordaram, e
viveram em delicias, pela tua grande bondade.

26 Porém se obstinaram, e se rebellaram contra [30] ti, e lançaram a
tua lei para traz das suas costas, e mataram [31] os teus prophetas,
que protestavam contra elles, para que voltassem para ti: assim fizeram
grandes abominações.

27 Pelo que os entregaste [32] na mão dos seus angustiadores, que os
angustiaram: mas no tempo de sua angustia, clamando a ti, desde os céus
tu ouviste; e segundo a tua grande misericordia lhes déste libertadores
que os libertaram da mão de seus angustiadores.

28 Porém, em tendo repouso, tornavam [33] a fazer o mal diante de ti: e
tu os deixavas na mão dos seus inimigos, para que dominassem sobre elles;
e convertendo-se elles, e clamando a ti, tu os ouviste desde os céus, e
segundo a tua misericordia os livraste muitas vezes.

29 E protestaste contra elles, para que voltassem para a tua lei; porém
elles [34] se houveram soberbamente, e não deram ouvidos aos teus
mandamentos, mas peccaram contra os teus juizos pelos quaes o homem que
os fizer viverá; e te deram o hombro rebelde, e endureceram a sua cerviz,
e não ouviram.

30 Porém estendeste _a tua benignidade_ sobre elles por muitos annos, e
protestaste contra elles [35] pelo teu Espirito, pelo ministerio dos teus
prophetas; porém elles não deram ouvidos: pelo que os entregaste na mão
dos povos das terras.

31 Mas pela tua grande misericordia [36] os não destruiste nem
desamparaste: porque _és um_ Deus clemente e misericordioso.

32 Agora pois, ó Deus nosso, ó Deus [37] grande, poderoso e terrivel,
que guardas o concerto e beneficencia, não tenhas em pouca conta todo o
trabalho que _nos_ alcançou a nós, aos nossos reis, aos nossos principes,
e aos nossos sacerdotes, e aos nossos prophetas, e aos nossos paes, e a
todo o teu povo, desde os dias dos reis da Assyria até _ao dia_ de hoje.

33 Porém tu _és_ justo [38] em tudo quanto tem vindo sobre nós; porque tu
tens obrado fielmente, e nós temos obrado impiamente.

34 E os nossos reis, os nossos principes, os nossos sacerdotes, e os
nossos paes não guardaram a tua lei, e não deram ouvidos aos teus
mandamentos e aos teus testemunhos, que protestaste contra elles.

35 Porque elles nem no seu reino, [39] nem na muita abundancia de bens
que lhes déste nem na terra espaçosa e gorda que déste diante d’elles, te
serviram, nem se converteram de suas más obras.

36 Eis-que hoje [40] _somos_ servos: e _até_ na terra que déste a nossos
paes, para comerem o seu fructo e o seu bem, eis que _somos_ servos
n’ella.

37 E ella multiplica os seus productos [41] para os reis, que pozeste
sobre nós, por causa dos nossos peccados: e conforme a sua vontade
dominam [42] sobre os nossos corpos e sobre as nossas bestas; e estamos
_n’uma_ grande angustia.

38 E com tudo isto fizemos um [43] firme _concerto_, e o escrevemos:
e sellaram-n’o os nossos principes, os nossos levitas _e_ os nossos
sacerdotes.

[1] cap. 8.2. Jos. 7.6. II Sam. 1.2. Job 2.12.

[2] Esd. 10.11. cap. 13.3, 30.

[3] cap. 8.7, 8.

[4] I Chr. 29.13.

[5] II Reis 19.15, 19. Isa. 37.16, 20. Gen. 1.1. Apo. 14.7. Deu. 10.14.

[6] Gen. 11.31 e 12.1. Gen. 17.5.

[7] Gen. 15.6. Gen. 12.7 e 15.18 e 17.7, 8.

[8] Jos. 23.14.

[9] Exo. 2.25 e 3.7. Exo. 14.10.

[10] cap. 7, 8, 9, 10, 12 e 14.

[11] Exo. 18.11. Exo. 9.16. Isa. 63.12, 14. Jer. 32.20.

[12] Exo. 14.21, 22, 27, 28.

[13] Exo. 15.5, 10.

[14] Exo. 13.21.

[15] Exo. 19.20 e 20.1.

[16] Gen. 2.3. Exo. 20.8, 11.

[17] Exo. 16.14, 15. João 6.31. Exo. 17.6. Num. 20.9, etc. Deu. 1.8.

[18] ver. 29. Deu. 31.37. II Reis 17.14. Jer. 19.15.

[19] Num. 14.4.

[20] Exo. 34.6. Num. 14.18. Joel 2.13.

[21] Exo. 32.4.

[22] ver. 27. Exo. 13.21, 22. Num. 14.14. I Cor. 10.1.

[23] Num. 11.17. Isa. 63.11. Exo. 16.15. Jos. 5.12. Exo. 17.6.

[24] Deu. 2.7 e 8.4 e 29.5.

[25] Num. 21.21, etc.

[26] Gen. 22.17.

[27] Jos. 1.2, etc.

[28] ver. 35. Num. 13.27. Deu. 8.7, 8. Eze. 20.6. Deu. 6.11.

[29] Deu. 32.15. Ose. 3.5.

[30] Jui. 2.11, 12. Eze. 20.21. I Reis 14.9.

[31] I Reis 18.4 e 19.10. II Chr. 24.20, 21. Mat. 23.37. Act. 7.52.

[32] Jui. 2.14 e 3.8, etc. Jui. 2.18 e 3.9.

[33] Jui. 3.11, 12, 30 e 4.1 e 5.31 e 6.1.

[34] ver. 16. Lev. 18.5. Eze. 20.11. Rom. 10.5. Gal. 3.12.

[35] II Reis 17.13. II Chr. 36.15. Jer. 7.25 e 25.4. I Ped. 1.11. II Ped.
1.21. Isa. 5.5 e 42.24.

[36] Jer. 4.27 e 5.10, 18. ver. 17.

[37] Exo. 34.6, 7. cap. 1.5.

[38] II Reis 17.3. Dan. 9.14 e 9.5, 6, 8.

[39] Deu. 28.47. ver. 25.

[40] Deu. 28.48. Esd. 9.9.

[41] Deu. 28.33, 51.

[42] Deu. 28.48.

[43] II Reis 23.3. II Chr. 29.10 e 34.31. Esd. 10.3. cap. 10.29.



_Os nomes dos que sellaram o concerto._

10 E os que sellaram _foram_ [1] Nehemias, o [MS] tirsatha, filho de
Hacalias, e Zedekias,

2 Seraias, [2] Azarias, Jeremias,

3 Pashur, Amarias, Malchias,

4 Hattus, Sebanias, Malluch,

5 Harim, Meremoth, Obadias,

6 Daniel, Ginnethon, Baruch,

7 Mesullum, Abias, Miamin,

8 Maasias, Bilgai, Semaias: estes _foram_ os sacerdotes.

9 E os levitas: Jesué, filho de Azanias, Binnui, dos filhos de Henadad,
Kadmiel,

10 E seus irmãos: Sebanias, Hodias, Kelita, Pelaias, Hanan,

11 Micha, Rehob, Hasabias,

12 Zacchur, Serebias, Sebanias,

13 Hodias, Bani, Beninu.

14 Os chefes do povo: [3] Pareos, Pahat-moab, Elam, Zatthu, Bani,

15 Bunni, Asgad, Bebai,

16 Adonias, Bigvai, Adin,

17 Ater, Hiskias, Azur,

18 Hodias, Hasum, Besai,

19 Hariph, Anathoth, Nebai,

20 Magpias, Mesullum, Hezir,

21 Mezezabeel, Zadok, Jaddua,

22 Pelatias, Hanan, Anaias,

23 Hoseas, Hananias, Hassub,

24 Hollohes, Pilha, Sobek,

25 Rehum, Hasabna, Maaseias;

26 E Ahias, Hanan, Anan,

27 Malluch, Harim, Baana.

28 E o resto [4] do povo, os sacerdotes, os levitas, os porteiros, os
cantores, os nethineos, todos os que se tinham separado dos povos das
terras para [5] a lei de Deus, suas mulheres, seus filhos, e suas filhas;
todos os sabios _e_ entendidos;

29 Firmemente adheriam a seus irmãos os mais nobres de entre elles, e
convieram n’um anathema e n’um juramento, de que andariam na lei de
Deus, que foi dada pelo ministerio de Moysés, servo de Deus; e de que
guardariam e fariam todos os mandamentos do Senhor, nosso Senhor, e os
seus juizos e os seus estatutos;

30 E que não dariamos as nossas filhas [6] aos povos da terra, nem
tomariamos as filhas d’elles para os nossos filhos.

31 E que, trazendo [7] os povos da terra no dia de sabbado algumas
fazendas, e qualquer grão para venderem, não a tomariamos d’elles no
sabbado, nem no dia sanctificado: e livre deixariamos o [8] anno setimo,
e toda e qualquer cobrança.

32 Tambem nos pozemos preceitos, impondo-nos cada anno a terça parte d’um
siclo, para o ministerio da casa do nosso Deus;

33 Para os pães [9] da proposição, e para a continua offerta de manjares,
e para o continuo holocausto dos sabbados, das luas novas, para as
festas solemnes, e para as _coisas_ sagradas, e para os sacrificios pelo
peccado, para reconciliar a Israel, e _para_ toda a obra da casa do nosso
Deus.

34 Tambem lançámos as sortes entre os sacerdotes, levitas, e o povo,
ácerca da offerta da [10] lenha que se havia de trazer á casa do nosso
Deus, segundo as casas de nossos paes, a tempos determinados, de anno em
anno, para se queimar sobre o altar do Senhor nosso Deus, como _está_
escripto [11] na lei.

35 Que tambem trariamos [12] as primeiras novidades da nossa terra, e
todos os primeiros fructos de todas as arvores, de anno em anno, á casa
do Senhor.

36 E os primogenitos dos nossos filhos, e os das nossas bestas, como
_está_ escripto [13] na lei: e que os primogenitos das nossas vaccas e
das nossas ovelhas trariamos á casa do nosso Deus, aos sacerdotes, que
ministram na casa do nosso Deus.

37 E _que_ as primicias da nossa massa, e as nossas offertas alçadas,
e o fructo de toda a arvore, o mosto e o azeite, [14] trariamos aos
sacerdotes, ás camaras da casa do nosso Deus; e os dizimos [15] da nossa
terra aos levitas: e que os levitas pagariam os dizimos em todas as
cidades da nossa lavoura.

38 E que o sacerdote, filho de Aarão, estaria com os levitas quando os
levitas recebessem os dizimos, [16] e que os levitas trariam os dizimos
dos dizimos á casa do nosso Deus, ás camaras da casa do thesouro.

39 Porque áquellas camaras os filhos de Israel e os filhos de Levi devem
[17] trazer offertas alçadas do grão, do mosto e do azeite: porquanto ali
estão os vasos do sanctuario, como tambem os sacerdotes que ministram, e
os porteiros, e os cantores: e que assim não [18] desamparariamos a casa
do nosso Deus.

[1] cap. 8.9. cap. 1.1.

[2] cap. 12.1, 24.

[3] Esd. 2.3, etc. cap. 7.8, etc.

[4] Esd. 2.36, 43 e 9.1 e 10.11, 12, 19. cap. 13.3.

[5] Deu. 29.12, 14. cap. 5.12, 13. II Reis 23.3. II Chr. 34.31.

[6] Exo. 34.16. Deu. 7.3. Esd. 9.12, 14.

[7] Exo. 20.10. Lev. 23.3. Deu. 5.12. cap. 13.15, etc.

[8] Exo. 23.10, 11. Lev. 25.4. Deu. 15.1, 2. cap. 5.12.

[9] Lev. 24.5, etc. II Chr. 2.4. Num. 28 e 29.

[10] cap. 13.31. Isa. 40.16.

[11] Lev. 6.12.

[12] Exo. 23.19 e 34.26. Lev. 19.23. Num. 18.12. Deu. 26.2.

[13] Exo. 13.2, 12, 13. Lev. 27.26, 27. Num. 18.15, 16.

[14] Lev. 23.17. Num. 15.19 e 18.12, etc. Deu. 18.4 e 26.2.

[15] Lev. 27.30. Num. 18.21, etc.

[16] Num. 18.26.

[17] Deu. 12.6, 11. II Chr. 31.12. cap. 13.12.

[18] cap. 13.10, 11.



_Relação dos que habitaram em Jerusalem._

11 E os principes do povo habitaram em Jerusalem, porém o resto do povo
lançou sortes, para tirar um de dez, que habitasse na sancta [1] cidade
de Jerusalem, e as nove partes nas _outras_ cidades.

2 E o povo bemdisse a todos os homens que voluntariamente se offereciam
[2] para habitarem em Jerusalem.

3 E estes [3] _são_ os chefes da provincia, que habitaram em Jerusalem
(porém nas cidades de Judah habitou cada um na sua possessão, nas suas
cidades, Israel, os sacerdotes, e os levitas, e os [4] nethineos, e os
filhos dos servos de Salomão):

4 Habitaram pois em [5] Jerusalem _alguns_ dos filhos de Judah e dos
filhos de Benjamin: dos filhos de Judah, Athaias, filho d’Uzias, filho de
Zacharias, filho de Amarias, filho de Sephatias, filho de Mahalaleel, [6]
dos filhos de Peres;

5 E Maaseias, filho de Baruch, filho de Col-hose, filho d’Hazaias, filho
d’Adaias, filho de Joiarib, filho de Zacharias, filho de Siloni.

6 Todos os filhos de Peres, que habitaram em Jerusalem, _foram_
quatrocentos _e_ sessenta e oito homens valentes.

7 E estes _são_ os filhos de Benjamin: Sallu, filho de Messullam, filho
de Joed, filho de Pedaias, filho de Kolaias, filho de Maaseias, filho
d’Ithiel, filho de Jesaias.

8 E depois d’elle Gabbai, Sallai: novecentos _e_ vinte e oito.

9 E Joel, filho de Zichri, superintendente sobre elles: e Judah, filho de
Senua, segundo sobre a cidade.

10 Dos [7] sacerdotes: Jedaias, filho de Joiarib, Jachin,

11 Seraias, filho d’Hilkias, filho de Mesullam, filho de Zadok, filho de
Meraioth, filho d’Ahitub, maioral da casa de Deus.

12 E seus irmãos, que faziam a obra na casa, oitocentos _e_ vinte e dois:
e Adaias, filho de Jeroham, filho de Pelalias, filho de Amsi, filho de
Zacharias, filho de Pashur, filho de Malchias.

13 E seus irmãos, cabeças dos paes, duzentos _e_ quarenta e dois; e
Amasai, filho d’Azareel, filho d’Ahazai, filho de Mesillemoth, filho
d’Immer.

14 E os irmãos d’elles, varões valentes, cento _e_ vinte e oito, e
superintendente sobre elles Zabdiel, filho de Gedolim.

15 E dos levitas: Semaias, filho d’Hassub, filho d’Azrikam, filho
d’Hasabias, filho de Buni;

16 E Sabbethai, e Jozabad, dos cabeças dos levitas, _presidiam_ sobre [8]
a obra de fóra da casa de Deus;

17 E Matthanias, filho de Micha, filho de Zabdi, filho d’Asaph, o cabeça,
que começava a dar graças na oração, e Bakbukias, o segundo de seus
irmãos: depois Abda, filho de Sammua, filho de Galal, filho de Jeduthun.

18 Todos os levitas na sancta [9] cidade, _foram_ duzentos _e_ oitenta e
quatro.

19 E os porteiros, Akkub, Talmon, com seus irmãos, os guardas das portas,
cento _e_ setenta e dois.


_Dos que habitaram nas cidades de Judah._

20 E o resto d’Israel, dos sacerdotes _e_ levitas, _esteve_ em todas as
cidades de Judah, cada um na sua herdade.

21 E os [10] nethineos habitaram em Ophel; e Ziha e Gispa presidiam sobre
os nethineos.

22 E o superintendente dos levitas em Jerusalem _foi_ Uzzi, filho de
Bani, filho d’Hasabias, filho de Matthanias, filho de Micha: dos filhos
d’Asaph os cantores, no serviço da casa de Deus.

23 Porque _havia um_ mandado do rei ácerca [11] d’elles: a saber, _uma_
certa porção para os cantores, cada _qual no seu_ dia.

24 E Petahias, filho de Mesezabeel, dos filhos de [12] Zerah, filho de
Judah, _estava_ á mão do rei, em todos os negocios do povo.

25 E nas aldeias, nas suas terras, _alguns_ dos filhos de Judah habitaram
em [13] Kiriath-arba, e nos logares da sua jurisdicção; e em Dibon, e nos
logares da sua jurisdicção; e em Jekabseel, e nas suas aldeias,

26 E em Jesua, e em Molada, e em Beth-pelet,

27 E em Hasar-sual, e em Berseba, e nos logares da sua jurisdicção,

28 E em Siclag, e em Mechona, e nos logares da sua jurisdicção,

29 E em En-rimmon, e em Zora, e em Jarmuth;

30 Em Zanoah, Adullam, e nas suas aldeias; em Lachis, e nas suas terras;
em Azaka, e _nos_ logares da sua jurisdicção: acamparam-se desde Berseba
até ao valle de Hinnom.

31 E os filhos de Benjamin, de Geba, _habitaram em_ Michmas, e Aia, e
Beth-el, e nos logares da sua jurisdicção,

32 E _em_ Anathoth, em Nob, em Anania,

33 Em Hasor, em Rama, em Gitthaim,

34 Em Hadid, em Zeboim, em Neballat,

35 Em Lod, e em Ono, no valle [14] dos artifices.

36 E _alguns_ dos levitas nos repartimentos de Judah _e_ de Benjamin.

[1] ver. 18. Mat. 4.5 e 27.53.

[2] Jui. 5.9.

[3] I Chr. 9.2, 3.

[4] Esd. 2.43. Esd. 2.55.

[5] I Chr. 9.3, etc.

[6] Gen. 38.29.

[7] I Chr. 9.10, etc.

[8] I Chr. 26.29.

[9] ver. 1.

[10] cap. 3.26.

[11] Esd. 6.8, 9 e 7.20, etc.

[12] Gen. 38.30. I Chr. 18.17 e 23.28.

[13] Jos. 14.15.

[14] I Chr. 4.14.



_Os sacerdotes que vieram para Jerusalem com Zorobabel._

[Antes de Christo 536]

12 Estes _são_ sacerdotes [1] e levitas que subiram com Zorobabel, filho
de Sealthiel, e _com_ Jesué: [2] Seraias, Jeremias, Esdras,

2 Amarias, Malluch, Hattus,

3 Sechanias, Rehun, Meremoth,

4 Iddo, Ginnethoi, [3] Abias,

5 Miamin, Maadias, Bilga,

6 Semaias, e Joiarib, Jedaias,

7 Sallu, Amok, Hilkias, Jedaias: estes _foram_ os chefes dos sacerdotes e
de seus irmãos, nos dias de [4] Jesué.

8 E _foram_ os levitas: Jesué, Binnui, Kadmiel, Serebias, Judah,
Matthanias: este e seus irmãos _presidiam_ sobre os louvores.

9 E Bakbukias e Uni, seus irmãos, defronte d’elle, nas guardas.

10 E Jesué gerou a Joaquim, e Joaquim gerou a Eliasib, e Eliasib gerou a
Joiada,

11 E Joiada gerou a Jonathan, e Jonathan gerou a Jaddua.

12 E nos dias de Joaquim _foram_ sacerdotes, cabeças dos paes: de
Seraias, Meraias; de Jeremias, Hananias;

13 D’Esdras, Messullam; de Amarias, Johanan;

14 De Melichu, Jonathan; de Sebanias, José;

15 D’Harim, Adna; de Meraioth, Helkai;

16 D’Iddo, Zacharias; de Ginnethon, Messullam;

17 D’Abias, Zichri; de Miamin _e_ de Moadias, Piltai;

18 De Bilga, Sammua; de Semaias, Jonathan;

19 E de Joiarib, Matthenai; de Jedaias, Ezzi;

20 De Sallai, Kallai; de Amok, Eber;

21 D’Hilkias, Hasabias; de Jedaias, Nethanael.

22 Dos levitas _foram_ nos dias d’Eliasib escriptos como cabeças de paes,
Joiada, e Johnan, e Jaddua; como tambem os sacerdotes, até ao reinado de
Dario [5] o persa.

23 Os filhos de Levi escriptos como cabeças de paes no livro das
chronicas, até aos dias de Johanan, filho d’Eliasib.

24 _Foram_ pois os cabeças dos levitas: Hasabias, Serabias, e Jesué,
filho de Kadmiel, e seus irmãos defronte d’elles, para louvarem _e_ darem
graças, [6] segundo o mandado de David, homem de Deus: guarda contra
guarda.

25 Matthanias, e Bakbukias, Obadias, Mesullam, Talmon, _e_ Akkub, _eram_
porteiros, que faziam a guarda ás thesourarias das portas.

26 Estes _foram_ nos dias de Joaquim, filho de Jesué, o filho de Josadak;
como tambem nos dias de Nehemias, o governador, [7] e do sacerdote
Esdras, o escriba.


_A dedicação dos muros._

[Antes de Christo 445]

27 E na dedicação [8] dos muros de Jerusalem buscaram os levitas de
todos os seus logares, para os trazerem, afim de fazerem a dedicação com
alegrias, e com louvores, e com canto, psalterios, alaudes, e com harpas.

28 E assim ajuntaram os filhos dos cantores, tanto da campina dos
arredores de Jerusalem, como das aldeias de Netophati;

29 Como tambem da casa de Gilgal, e dos campos de Gibeah, e Azmaveth:
porque os cantores se edificaram aldeias nos arredores de Jerusalem.

30 E purificaram-se os sacerdotes e os levitas; e _logo_ purificaram o
povo, e as portas, e o muro.

31 Então fiz subir os principes de Judah sobre o muro, e ordenei dois
grandes coros e procissões, _um_ á mão direita [9] sobre o muro da banda
da porta do monturo.

32 E após elles ia Hosaias, e a metade dos principes de Judah,

33 E Azarias, Esdras, e Mesullam,

34 Judah, e Benjamin, e Semaias, e Jeremias.

35 E dos filhos dos sacerdotes, com trombetas: Zacharias, filho de
Jonathan, o filho de Semaias, filho de Matthanias, filho de Michaias,
filho de Zacchur, filho d’Asaph,

36 E seus irmãos, Semaias, e Azareel, Milalai, Gilalai, Maai, Nethanael,
e Judah, _e_ Hanani, com [10] os instrumentos musicos de David, homem de
Deus; e Esdras o escriba _ia_ adiante d’elles.

37 _Indo_ assim para a porta da fonte, e defronte d’elles, subiram as
escadas da cidade de David pela subida do muro, desde cima da casa de
David, até á porta das aguas, [11] _da banda_ do oriente.

38 E o coro segundo ia defronte, e eu após elle; e a metade do povo _ia_
sobre o muro, desde a torre dos fornos, até á muralha larga;

39 E desde a porta d’Ephraim, e para a porta velha, e para a porta do
peixe, e a torre [12] d’Hananeel, e a torre de Mea, até á porta do gado;
e pararam á porta da prisão.

40 Então ambos os coros pararam na casa de Deus; como tambem eu, e a
metade dos magistrados comigo.

41 E os sacerdotes Eliakim, Maaseias, Miniamin, Michaias, Elioenai,
Zacharias, _e_ Hananias, com trombetas,

42 Como tambem, Maaseias, e Semaias, e Eleazar, e Uzzi, e Johanan, e
Malchias, e Elam, e Ezer; e faziam-se ouvir os cantores, _juntamente_
com Jezrahias, o superintendente.

43 E sacrificaram no mesmo dia grandes sacrificios, e se alegraram;
porque Deus os alegrara com grande alegria; e até as mulheres e os
meninos se alegraram, que a alegria de Jerusalem se ouviu até de longe.


_O ministerio do templo._

44 Tambem no [13] mesmo dia se nomearam homens sobre as camaras, para
os thesouros, para as offertas alçadas, para as primicias, e para os
dizimos, para ajuntarem n’ellas, das terras das cidades, as partes da
lei para os sacerdotes e para os levitas; porque Judah estava alegre por
causa dos sacerdotes e dos levitas que assistiam ali.

45 E faziam a guarda do seu Deus, e a guarda da purificação; como tambem
os cantores e porteiros, conforme ao [14] mandado de David _e_ de seu
filho Salomão.

46 Porque já nos dias de David e Asaph, desde a antiguidade, _havia_
cabeças dos cantores, e dos canticos de louvores, e d’acção de graças a
Deus.

47 Pelo que todo o Israel, _já_ nos dias de Zorobabel, nos dias de
Nehemias, dava as partes dos cantores e dos porteiros a cada um no
seu dia; e sanctificavam [15] _as porções_ aos levitas, e os levitas
sanctificavam aos filhos d’Aarão.

[1] Esd. 2.1, 2.

[2] cap. 10.2, 8.

[3] Luc. 1.5.

[4] Esd. 3.2. Agg. 1.1. Zac. 3.1.

[5] I Chr. 9.14, etc.

[6] I Chr. 23 e 25 e 26. Esd. 3.11.

[7] cap. 8.9. Esd. 7.6, 11.

[8] Deu. 20.5. I Chr. 25.6. II Chr. 5.13 e 7.6.

[9] ver. 38. cap. 2.13 e 3.13.

[10] Num. 10.2, 8.

[11] cap. 2.14. cap. 3.15.

[12] cap. 3.1. cap. 3.32. Jer. 32.2.

[13] II Chr. 31.11, 12. cap. 13.5, 12, 13.

[14] I Chr. 25 e 26.

[15] Num. 18.21, 24, 26.



_Nehemias remove diversos abusos._

[Antes de Christo 434]

13 N’aquelle dia [1] leu-se no livro de Moysés, aos ouvidos do povo: e
achou-se escripto [2] n’elle que os ammonitas e os moabitas não entrassem
jámais na congregação de Deus,

2 Porquanto não sairam ao encontro dos filhos d’Israel com pão e agua;
antes alugaram contra [3] elles a Balaão para os amaldiçoar; ainda que o
nosso Deus converteu a maldição em benção.

3 Succedeu pois que, ouvindo elles esta lei, apartaram [4] d’Israel toda
a mistura.

4 E d’antes Eliasib, sacerdote, que presidia sobre a camara da casa do
nosso Deus, _se tinha_ aparentado com Tobias;

5 E fizera-lhe uma camara grande, onde d’antes se mettiam as offertas de
manjares, [5] o incenso, e os vasos, e os dizimos do grão, do mosto, e do
azeite, que se ordenaram para os levitas, e cantores, [6] e porteiros,
como tambem a offerta alçada para os sacerdotes.

6 Porém em tudo isto não estava eu em Jerusalem; [7] porque no anno
trinta e dois de Artaxerxes, rei de Babylonia, vim eu ter com o rei; mas
ao cabo de _alguns_ dias _tornei_ a alcançar licença do rei.

7 E vim a Jerusalem, e entendi o mal que Eliasib fizera para Tobias, [8]
fazendo-lhe uma camara nos pateos da casa de Deus.

8 O que muito me desagradou: de sorte que lancei todos os moveis da casa
de Tobias fóra da camara.

9 E, ordenando-o eu, purificaram [9] as camaras: e tornei a trazer ali os
vasos da casa de Deus, com as offertas de manjares, e o incenso.

10 Tambem entendi que o quinhão dos levitas [10] se _lhes_ não dava: de
maneira que os levitas e os cantores, que faziam a obra, tinham fugido
cada um para a sua terra.

11 Então [11] contendi com os magistrados, e disse: Porque se desamparou
a casa de Deus? Porém eu os ajuntei, e os restaurei no seu posto.

12 Então todo o Judah trouxe [12] os dizimos do grão, e do mosto, e do
azeite aos celleiros.

13 E por thesoureiros [13] puz sobre os celleiros a Selemias o sacerdote,
e a Zadok o escrivão, e a Pedaias, d’entre os levitas; e á mão d’elles
Hanan, filho de Zacchur, o filho de Matthanias: porque se tinham achado
[14] fieis: e se lhes encarregou _a elles_ a distribuição para seus
irmãos.

14 (Por isto, Deus meu, lembra-te de mim: [15] e não risques as minhas
beneficencias que eu fiz á casa de meu Deus e ás suas guardas.)

15 N’aquelles dias vi em Judah os que pisavam lagares ao sabbado [16] e
traziam feixes que carregavam sobre _os_ jumentos; como tambem vinho,
uvas e figos, e toda _a casta de_ [17] cargas, que traziam a Jerusalem
no dia de sabbado; e protestei _contra elles_ no dia em que vendiam
mantimentos.

16 Tambem tyrios habitavam dentro, que traziam peixe, e toda a
mercadoria, que no sabbado vendiam aos filhos de Judah, e em Jerusalem.

17 E contendi [18] com os nobres de Judah, e lhes disse: Que mal _é_ este
que fazeis, e profanaes o dia de sabbado?

18 _Porventura_ [19] não fizeram vossos paes assim, e nosso Deus não
trouxe todo este mal sobre nós e sobre esta cidade? e vós ainda mais
accrescentaes o ardor de _sua_ ira sobre Israel, profanando o sabbado.

19 Succedeu pois que, dando [20] as portas de Jerusalem já sombra antes
do sabbado, ordenando-o eu, as portas se fecharam; e mandei que as não
abrissem até passado o sabbado; e puz ás portas _alguns_ [21] de meus
moços, para que carga nenhuma entrasse no dia de sabbado.

20 Então os negociantes e os vendedores de toda a mercadoria passaram a
noite fóra de Jerusalem, uma ou duas vezes.

21 Protestei pois contra elles, e lhes disse: Porque passaes a noite
defronte do muro? se outra vez o fizerdes, hei de lançar mão de vós:
d’aquelle tempo em diante não vieram no sabbado.

22 Tambem disse aos levitas que se [22] purificassem, e viessem guardar
as portas, para sanctificar o sabbado. (N’isto tambem, Deus meu,
lembra-te de mim; e perdoa-me segundo a abundancia da tua benignidade.)

23 Vi tambem n’aquelles dias judeos que tinham [23] casado com mulheres
asdoditas, ammonitas, _e_ moabitas.

24 E seus filhos fallavam meio asdotita, e não podiam fallar judaico,
senão segundo a lingua de cada povo.

25 E contendi [24] com elles, e os amaldiçoei e espanquei _alguns_
d’elles, e lhes arranquei os cabellos, e os fiz jurar por [25] Deus,
_dizendo_: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos, e não tomareis
mais suas filhas, _nem_ para vossos filhos nem para vós mesmos.

26 _Porventura_ [26] não peccou n’isto Salomão, rei d’Israel, não havendo
entre muitas gentes rei similhante a elle, e sendo amado de seu Deus, e
pondo-o Deus rei sobre todo o Israel? e _comtudo_ as mulheres estranhas o
fizeram peccar.

27 E dar-vos-hiamos _nós_ ouvidos, para [27] fazermos todo este grande
mal, prevaricando contra o nosso Deus, casando com mulheres estranhas?

28 Tambem _um_ dos filhos de Joiada, [28] filho d’Eliasib, o summo
sacerdote, era genro de Sanballat, o horonita, pelo que o afugentei de
mim.

29 Lembra-te d’elles, [29] Deus meu, pois contaminaram o sacerdocio, como
tambem o concerto do sacerdocio e dos levitas.

30 Assim os alimpei [30] de todo o estranho, e ordenei as guardas dos
sacerdotes e dos levitas, cada um na sua obra.

31 Como tambem para com as offertas [31] da lenha em tempos determinados,
e para com as primicias: lembra-te de mim, Deus meu, para bem.

[1] Deu. 31.11, 12. II Reis 23.2. cap. 8.3, 8 e 9.3. Isa. 34.16.

[2] Deu. 23.3, 4.

[3] Num. 22.5. Jos. 24.9, 10. Num. 23.11 e 24.10. Deu. 23.5.

[4] cap. 9.2 e 10.28.

[5] cap. 12.44.

[6] Num. 18.21, 24.

[7] cap. 5.14.

[8] ver. 1, 5.

[9] II Chr. 29.5, 15, 16, 18.

[10] Mal. 3.8. Num. 35.2.

[11] ver. 17, 25. Pro. 28.4. cap. 10.39.

[12] cap. 10.38, 39 e 12.44.

[13] II Chr. 31.12. cap. 12.44.

[14] cap. 7.2. I Cor. 4.2.

[15] ver. 22, 31. cap. 5.19.

[16] Exo. 20.10.

[17] cap. 10.31. Jer. 17.21, 22.

[18] ver. 11.

[19] Jer. 17.21, 22, 23.

[20] Lev. 23.32.

[21] Jer. 17.21, 22.

[22] cap. 12.30. ver. 14, 31.

[23] Esd. 9.2.

[24] ver. 11. Pro. 28.4.

[25] Esd. 10.5. cap. 10.29, 30.

[26] I Reis 11.1, etc. I Reis 3.13. II Chr. 1.12. II Sam. 12.24. I Reis
11.4, etc.

[27] Est. 10.2.

[28] cap. 12.10, 22.

[29] cap. 6.14. Mal. 2.4, 11, 12.

[30] cap. 10.30 e 12.1, etc.

[31] cap. 10.34. ver. 14, 22.



O LIVRO DE ESTHER.



_O banquete de Assuero._

[Antes de Christo 519]

1 E succedeu nos dias [1] de Assuero (este _é_ aquelle Assuero que reinou
desde a India até Ethiopia, _sobre_ cento e vinte e sete provincias):

2 N’aquelles dias, assentando-se [2] o rei Assuero sobre o throno do seu
reino, que _está_ na fortaleza de Susan,

3 No terceiro anno do seu reinado, fez [3] um convite a todos os seus
principes e seus servos (o poder da Persia e Media e os maiores senhores
das provincias _estavam_ perante elle),

4 Para mostrar as riquezas da gloria do seu reino, e o esplendor da sua
excellente grandeza, por muitos dias, _a saber_: cento e oitenta dias.

5 E, acabados aquelles dias, fez o rei _um_ convite a todo o povo que se
achou na fortaleza de Susan, desde o maior até ao menor, por sete dias,
no pateo do jardim do palacio real.

6 _As tapeçarias eram_ de branco, verde, e azul celeste, pendentes
de cordões de linho fino e purpura, e argolas de prata, e columnas
de marmore: [4] os leitos d’oiro e de prata, sobre um pavimento de
porphyro, e de marmore, e d’alabastro, e de pedras preciosas.

7 E dava-se de beber em vasos d’oiro, e os vasos eram differentes uns dos
outros; e havia muito vinho real, segundo o estado do rei.

8 E o beber _era_ por lei, que ninguem forçasse _a outro_: porque assim
o tinha ordenado o rei expressamente a todos os grandes da sua casa, que
fizessem conforme á vontade de cada um.

9 Tambem a rainha Vasthi fez um convite ás mulheres, na casa real, que
_tinha_ o rei Assuero.


_Vasthi, a rainha, recusa assistir ao banquete._

10 E ao setimo dia, [5] estando já o coração do rei alegre do vinho,
mandou a Mehuman, Biztha, [6] Harbona, Bigtha, e Abagtha, Zethar, e a
Carchas, os sete eunuchos que serviam na presença do rei Assuero,

11 Que introduzissem na presença do rei a rainha Vasthi, com a corôa
real, para mostrar aos povos e aos principes a sua formosura, porque era
formosa á vista.

12 Porém a rainha Vasthi recusou vir _conforme_ á palavra do rei, pela
mão dos eunuchos; pelo que o rei muito se enfureceu, e ardeu n’elle a sua
ira.

13 Então disse o rei aos sabios que entendiam [7] dos tempos (porque
assim se tratavam os negocios do rei na presença de todos os que sabiam a
lei e o direito;

14 E os mais chegados a elle _eram_: Carsena, Sethar, Admatha, Tarsis,
Meres, Marsena, Memuchan, os [8] sete principes dos persas e dos medos,
que viam a face do rei, e se assentavam os primeiros no reino).

15 Que, segundo a lei, se devia fazer da rainha Vasthi, por não haver
feito o mandado do rei Assuero, pela mão dos eunuchos?

16 Então disse Memuchan na presença do rei e dos principes: Não sómente
peccou contra o rei a rainha Vasthi, porém tambem contra todos os
principes, e contra todos os povos que _ha_ em todas as provincias do rei
Assuero.

17 Porque _a noticia d’este_ feito da rainha sairá a todas as mulheres,
[9] de modo que desprezarão a seus maridos aos seus olhos quando se
disser: Mandou o rei Assuero que introduzissem á sua presença a rainha
Vasthi, porém ella não veiu.

18 E n’este _mesmo_ dia as princezas da Persia e da Media dirão _o mesmo_
a todos os principes do rei, ouvindo o feito da rainha: e _assim haverá_
assaz desprezo e indignação.

19 Se bem parecer ao rei, saia da sua parte um edicto real, e escreva-se
nas leis dos persas e dos medos, e não se quebrante, _a saber_: que
Vasthi não entre _mais_ na presença do rei Assuero, e o rei dê o reino
d’ella á sua companheira que seja melhor do que ella.

20 E, ouvindo-se o mandado, que o rei mandar em todo o seu reino (ainda
que é grande), todas [10] as mulheres darão honra a seus maridos, desde a
maior até á menor.

21 E pareceram bem estas palavras aos olhos do rei e dos principes: e fez
o rei conforme á palavra de Memuchan.

22 Então enviou cartas a todas [11] as provincias do rei, a cada
provincia segundo a sua escriptura, e a cada povo segundo a sua lingua:
[12] que cada homem fosse senhor em sua casa, e _que se_ publicasse
conforme á lingua do seu povo.

[1] Esd. 4.6. Dan. 9.1. cap. 8.9. Dan. 6.1.

[2] I Reis 1.46. Neh. 1.1.

[3] Gen. 40.20. cap. 2.18. Mar. 6.21.

[4] cap. 7.8. Eze. 23.41. Amós 2.8 e 6.4.

[5] II Sam. 13.28.

[6] cap. 7.9.

[7] Jer. 10.7. Dan. 2.12. Mat. 2.1. I Chr. 12.32.

[8] Esd. 7.14. II Reis 25.19.

[9] Eph. 5.33.

[10] Eph. 5.33. Col. 3.18. I Ped. 3.1.

[11] cap. 8.9.

[12] Eph. 5.22, 23, 24. I Tim. 2.12.



_Assuero casa com Esther._

[Antes de Christo 518]

2 Passadas estas coisas, e apaziguado já o furor do rei Assuero,
lembrou-se de Vasthi, e do que fizera, e do que se tinha decretado [1] a
seu respeito.

2 Então disseram os mancebos do rei, que lhe serviam: Busquem-se para o
rei moças virgens, formosas á vista.

3 E ponha o rei commissarios em todas as provincias do seu reino, que
ajuntem a todas as moças virgens, formosas á vista, na fortaleza de
Susan, na casa das mulheres, debaixo da mão d’Hegai, eunucho do rei,
guarda das mulheres, e dêem-se-lhes os seus enfeites.

4 E a moça que parecer bem aos olhos do rei, reine em logar de Vasthi. E
isto pareceu bem aos olhos do rei, e assim fez.

5 Havia então um homem judeo na fortaleza de Susan, cujo nome _era_
Mardoqueo, filho de Jair, filho de Simei, filho de Kis, homem benjamita,

6 Que [2] fôra transportado de Jerusalem, com os transportados que
foram transportados com Jechonias, rei de Judah, o qual transportara
Nabucodonosor, rei de Babylonia.

7 Este criara a [3] Hadassa (que _é_ Esther, filha de seu tio), porque
não tinha pae nem mãe: e era moça bella de parecer, e formosa á vista; e,
morrendo seu pae e sua mãe, Mardoqueo a tomara por sua filha.

8 Succedeu pois que, divulgando-se o mandado do rei e a sua lei, e
ajuntando-se muitas moças na fortaleza de [4] Susan, debaixo da mão
d’Hegai, tambem levaram Esther á casa do rei, debaixo da mão d’Hegai,
guarda das mulheres.

9 E a moça pareceu formosa aos seus olhos, e alcançou graça perante elle;
pelo que se apressurou [5] com os seus enfeites, e em lhe dar os seus
quinhões, como tambem em lhe dar sete moças de respeito da casa do rei; e
a fez passar com as suas moças ao melhor _logar_ da casa das mulheres.

10 Esther [6] porém não declarou o seu povo e a sua parentela; porque
Mardoqueo lhe tinha ordenado que o não declarasse.

11 E passeava Mardoqueo cada dia diante do pateo da casa das mulheres,
para se informar de como Esther passava, e do que lhe succederia.

12 E, chegando já a vez de cada moça, para vir ao rei Assuero, depois
que fôra feito a ella segundo a lei das mulheres, por doze mezes (porque
assim se cumpriam os dias das suas purificações), seis mezes com oleo de
myrrha, e seis mezes com especiarias, e com as coisas para a purificação
das mulheres:

13 D’esta maneira pois entrava a moça ao rei: tudo quanto ella dizia se
lhe dava, para se ir com aquillo da casa das mulheres á casa do rei:

14 Á tarde entrava, e pela manhã tornava á segunda casa das mulheres,
debaixo da mão de Saasgaz, eunucho do rei, guarda das concubinas: não
tornava mais ao rei, salvo se o rei a desejasse, e fosse chamada por nome.

15 Chegando pois a vez d’Esther, filha [7] d’Abihail, tio de Mardoqueo
(que a tomara por sua filha), para ir ao rei, coisa nenhuma pediu, senão
o que disse Hegai, eunucho do rei, guarda das mulheres: e alcançava
Esther graça aos olhos de todos quantos a viam.

[Antes de Christo 514]

16 Assim foi levada Esther ao rei Assuero, á sua casa real, no decimo
mez, que _é_ o mez de tebeth, no setimo anno do seu reinado.

17 E o rei amou a Esther mais do que a todas as mulheres, e alcançou
perante elle graça e benevolencia mais do que todas as virgens: e poz a
corôa real na sua cabeça, e a fez rainha em logar de Vasthi.

18 Então o rei fez _um_ grande convite a [8] todos os seus principes
e aos seus servos, _que era_ o convite d’Esther: e deu repouso ás
provincias, e fez presentes segundo o estado do rei.

19 E ajuntando-se segunda vez as virgens, [9] Mardoqueo estava assentado
á porta do rei.

20 Esther [10] _porém_ não declarava a sua parentela e o seu povo, como
Mardoqueo lhe ordenara; porque Esther fazia o mandado de Mardoqueo, como
quando a criara.


_Mardoqueo descobre uma conspiração._

21 N’aquelles dias, assentando-se Mardoqueo á porta do rei, dois
eunuchos do rei, dos guardas da porta, Bigthan e Theres, grandemente se
indignaram, e procuraram pôr as mãos no rei Assuero.

22 E veiu isto ao conhecimento de Mardoqueo, [11] e elle fez saber á
rainha Esther, e Esther o disse ao rei, em nome de Mardoqueo.

23 E inquiriu-se o negocio, e se descobriu, e ambos foram enforcados
n’uma forca: e foi escripto [12] nas chronicas perante o rei.

[1] cap. 1.19, 20.

[2] II Reis 24.14, 15. II Chr. 36.10, 20. Jer. 24.1.

[3] ver. 15.

[4] ver. 3.

[5] ver. 3, 12.

[6] ver. 20.

[7] ver. 7.

[8] cap. 1.3.

[9] ver. 21. cap. 3.2.

[10] ver. 10.

[11] cap. 6.2.

[12] cap. 6.1.



_Haman é exaltado, e cria odio a Mardoqueo._

[Antes de Christo 510]

3 Depois d’estas coisas o rei Assuero engrandeceu a Haman, filho
d’Hammedatha, [1] agagita, e o exaltou: e poz o seu assento acima de
todos os principes que _estavam_ com elle.

2 E todos os servos do rei, que _estavam_ [2] á porta do rei, se
inclinavam e se prostravam perante Haman; porque assim tinha ordenado o
rei ácerca d’elle: porém Mardoqueo [3] não se inclinava nem se prostrava.

3 Então os servos do rei, que _estavam_ á porta do rei, disseram a
Mardoqueo: Porque traspassas o [4] mandado do rei?

4 Succedeu pois que, dizendo-lhe elles _isto_ de dia em dia, e não lhes
dando elle ouvidos, o fizeram saber a Haman, para verem se as palavras
de Mardoqueo se sustentariam, porque elle lhes tinha declarado que _era_
judeo.

5 Vendo pois Haman que Mardoqueo se não inclinava nem se prostrava diante
d’elle, [5] Haman se encheu de furor.

6 Porém em seus olhos teve em pouco de pôr as mãos só em Mardoqueo
(porque lhe haviam declarado o povo de Mardoqueo); Haman pois procurou
destruir a todos os judeos que _havia_ em todo o reino d’Assuero, ao povo
de Mardoqueo.


_Haman pretende matar todos os judeos._

7 No primeiro mez (que é o mez de nisan), no anno duodecimo do rei
Assuero, se lançou pur, isto [6] é, sorte, perante Haman, de dia em dia,
e de mez em mez, até ao duodecimo _mez_, que é o mez d’adar.

8 E Haman disse ao rei Assuero: Ha um povo espargido e dividido entre
os povos em todas as provincias do teu reino, [7] cujas leis _são_
differentes _das leis_ de todos os povos, e tão pouco fazem as leis do
rei; pelo que não convém ao rei deixal-os _ficar_.

9 Se bem parecer ao rei, escreva-se que os matem: e eu porei nas mãos
dos que fizerem a obra dez mil talentos de prata, para que se mettam nos
thesouros do rei.

10 Então tirou o rei [8] o seu annel da sua mão, e o deu a Haman, filho
d’Hammedatha, agagita, adversario dos judeos.

11 E disse o rei a Haman: Essa prata te é dada, como tambem esse povo,
para fazeres d’elle o que bem _parecer_ aos teus olhos.

12 Então [9] chamaram os escrivães do rei no primeiro mez, no dia treze
do mesmo, e conforme a tudo quanto Haman mandou se escreveu aos principes
do rei, e aos governadores que _havia_ sobre cada provincia, e aos
principaes de cada povo; a cada provincia segundo a sua escriptura, e a
cada povo segundo [10] a sua lingua; em nome do rei Assuero se escreveu,
e com o annel do rei se sellou.

13 E as cartas se enviaram pela mão [11] dos correios a todas as
provincias do rei, que destruissem, matassem, e lançassem a perder a
todos os judeos desde o moço até ao velho, creanças e mulheres, em um
_mesmo_ dia, a treze do duodecimo mez (que é o mez d’adar), [12] e que
saqueassem o seu despojo.

14 Uma copia [13] do escripto que se proclamasse lei em cada provincia
era publicada a todos os povos, para que estivessem preparados para
aquelle dia.

15 Os correios, pois, impellidos pela palavra do rei, sairam, e a lei se
proclamou na fortaleza de Susan; e o rei e Haman se assentaram a beber;
porém a cidade de Susan [14] estava confusa.

[1] Num. 24.7. I Sam. 15.8.

[2] cap. 2.19.

[3] ver. 5.

[4] ver. 2.

[5] ver. 2. cap. 5.9. Dan. 3.19.

[6] cap. 9.24.

[7] Esd. 4.13. Act. 16.20.

[8] Gen. 41.42. cap. 8.2, 8.

[9] cap. 8.9.

[10] cap. 1.22 e 8.9.

[11] I Reis 21.8. cap. 8.8, 10, 12, etc.

[12] cap. 8.11.

[13] cap. 8.13, 14.

[14] cap. 8.15. Pro. 29.2.



_A consternação e tristeza dos judeos._

4 Quando Mardoqueo soube tudo quanto havia passado, [1] rasgou Mardoqueo
os seus vestidos, e vestiu-se de _um_ sacco com cinza, e saiu pelo meio
da cidade, e clamou com grande e amargo clamor;

2 E chegou até diante da porta do rei: porque ninguem vestido de sacco
podia entrar pelas portas do rei.

3 E em todas as provincias aonde a palavra do rei e a sua lei chegava,
havia entre os judeos grande luto, com jejum, e choro, e lamentação: _e_
muitos estavam deitados em sacco e em cinza.

4 Então vieram as moças de Esther, e os seus eunuchos, e fizeram-lh’o
saber, do que a rainha muito se doeu: e mandou vestidos para vestir a
Mardoqueo, e tirar-lhe o seu sacco; porém elle os não acceitou.

5 Então Esther chamou a Hathach (_um dos_ eunuchos do rei, que _este_
tinha posto na presença d’ella), e deu-lhe mandado para Mardoqueo; para
saber que _era_ aquillo; e para quê.

6 E, saindo Hathach a Mardoqueo, á praça da cidade, que _estava_ diante
da porta do rei,

7 Mardoqueo lhe fez saber tudo quanto lhe tinha succedido; como tambem a
offerta [2] da prata, que Haman dissera que daria para os thesouros do
rei, pelos judeos, para os lançar a perder.

8 Tambem lhe deu a copia da lei escripta, [3] que se publicara em Susan,
para os destruir, para _a_ mostrar a Esther, e a fazer saber: e para lhe
ordenar que, se fosse _ter com_ o rei, e lhe pedisse e supplicasse na sua
presença pelo seu povo.

9 Veiu pois Hathach, e fez saber a Esther as palavras de Mardoqueo.

10 Então disse Esther a Hathach, e mandou-lhe _dizer_ a Mardoqueo:

11 Todos os servos do rei, e o povo das provincias do rei, bem sabem que
todo o homem ou mulher que entrar no pateo interior ao rei [4] sem ser
chamado _não ha senão_ uma sentença, que morra, salvo se o rei estender
para elle o sceptro d’oiro, para que viva; e eu estes trinta dias não sou
chamada para entrar ao rei.

12 E fizeram saber a Mardoqueo as palavras d’Esther.

13 Então disse Mardoqueo que tornassem a dizer a Esther: Não imagines em
teu animo que escaparás na casa do rei, mais do que todos os _outros_
judeos.

14 Porque, se de todo te calares n’este tempo, soccorro e livramento
d’outra parte sairá para os judeos, mas tu e a casa de teu pae
perecereis: e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?

15 Então disse Esther que tornassem _a dizer_ a Mardoqueo:

16 Vae, ajunta a todos os judeos que se acharem em Susan, e jejuae por
mim, e não comaes nem bebaes por [5] tres dias, nem de dia nem de noite,
_e_ eu e as minhas moças tambem assim jejuaremos: e assim entrarei a ter
com o rei, ainda que não _é_ segundo a lei; e, perecendo, pereça.

17 Então Mardoqueo foi, e fez conforme a tudo quanto Esther lhe ordenou.

[1] II Sam. 1.11. Jos. 7.6. Eze. 27.30. Gen. 27.34.

[2] cap. 3.9.

[3] cap. 3.14, 15.

[4] cap. 5.1. Dan. 2.9. cap. 5.2 e 8.4.

[5] cap. 3.5.



_Esther entra á presença do rei, e convida-o, e a Haman, para dois
banquetes._

5 Succedeu pois que ao terceiro dia [1] Esther se vestiu _de seus
vestidos_ reaes, e se poz no pateo interior da casa do rei, defronte do
aposento do rei: e o rei estava assentado sobre o seu throno real, na
casa real defronte da porta do aposento.

2 E succedeu que, vendo o rei a rainha Esther, que estava no pateo,
alcançou graça aos seus [2] olhos, que o rei apontou para Esther com o
sceptro d’oiro, que _tinha_ na sua mão, e Esther chegou, e tocou a ponta
do sceptro.

3 Então o rei lhe disse: Que _é_ o que tens, rainha Esther? ou qual é a
tua petição? até metade [3] do reino se te dará:

4 E disse Esther: Se bem parecer ao rei, venha o rei e Haman hoje ao
convite que lhe tenho preparado.

5 Então disse o rei: Fazei apressar a Haman, que faça o mandado d’Esther.
Vindo pois o rei e Haman ao banquete, que Esther tinha preparado,

6 Disse [4] o rei a Esther, no banquete do vinho: Qual _é_ a tua petição?
e se te dará: e qual é o teu requerimento? e se fará ainda até metade do
reino.

7 Então respondeu Esther, e disse: Minha petição e requerimento _é_:

8 Se achei graça aos olhos do rei, e se bem parecer ao rei conceder-me a
minha petição, e outorgar-me o meu requerimento, venha o rei com Haman ao
banquete que lhes hei de preparar, e ámanhã farei conforme ao mandado do
rei.

9 Então saiu Haman n’aquelle dia alegre e de bom animo: porém, vendo
Haman a Mardoqueo á porta do rei, e que não se levantara [5] nem se
movera por elle, então Haman se encheu de furor contra Mardoqueo.

10 Haman porém se refreou, e veiu á sua casa: e enviou, e mandou vir os
seus amigos, e a Zeres sua mulher.

11 E contou-lhes Haman a gloria das suas riquezas [6] e a multidão de
seus filhos, e tudo em que o rei o tinha engrandecido, e o em que o tinha
exaltado sobre os principes e servos do rei.

12 Disse mais Haman: Tão pouco a rainha Esther a ninguem fez vir com o
rei ao banquete que tinha preparado, senão a mim: e tambem para ámanhã
estou convidado por ella juntamente com o rei.

13 Porém tudo isto me não satisfaz, emquanto vir o judeo Mardoqueo
assentado á porta do rei.

14 Então lhe disse Zeres, sua mulher, e todos os seus amigos: Faça-se
uma forca [7] de cincoenta covados d’altura, e ámanhã dize ao rei que
enforquem n’ella Mardoqueo, e então entra com o rei alegre ao convite. E
este conselho bem pareceu a Haman, e mandou fazer [8] a forca.

[1] cap. 4.16. cap. 4.11. cap. 6.4.

[2] Pro. 21.1. cap. 4.11 e 8.4.

[3] Mar. 6.23.

[4] cap. 7.2 e 9.12.

[5] cap. 3.5.

[6] cap. 9.7, etc. cap. 3.1.

[7] cap. 7.9. cap. 6.4.

[8] cap. 7.10.



_O rei lê as chronicas e determina honrar Mardoqueo._

6 N’aquella mesma noite fugiu o somno do rei: então mandou trazer o livro
[1] das memorias das chronicas, e se leram diante do rei.

2 E achou-se escripto que Mardoqueo tinha dado noticia de Bigthan e de
Teres, dois eunuchos do rei, dos da guarda da porta, que procuraram pôr
as mãos no rei Assuero.

3 Então disse o rei: Que honra e magnificencia se fez por isto a
Mardoqueo? E os mancebos do rei, seus servos, disseram: Coisa nenhuma se
lhe fez.

4 Então disse o rei: Quem _está_ no pateo? E Haman tinha [2] entrado no
pateo exterior do rei, para dizer ao rei que enforcassem a Mardoqueo na
forca que lhe tinha preparado.

5 E os mancebos do rei lhe disseram: Eis que Haman está no pateo. E disse
o rei que entrasse.

6 E, entrando Haman, o rei lhe disse: Que se fará ao homem de cuja honra
o rei se agrada? Então Haman disse no seu coração: De quem se agradará o
rei para _lhe_ fazer honra mais do que a mim?

7 Pelo que disse Haman ao rei: O homem de cuja honra o rei se agrada,

8 Traga o vestido real de que o rei se costuma vestir, como tambem o
cavallo em que o rei costuma andar montado, [3] e ponha-se-lhe a corôa
real na sua cabeça;

9 E entregue-se o vestido e o cavallo, á mão d’um dos principes do
rei, dos maiores senhores, e vistam d’elle aquelle homem de cuja honra
se agrada: e levem-n’o a cavallo pelas ruas da cidade, [4] e apregôe-se
diante d’elle: Assim se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada!

10 Então disse o rei a Haman: Apressa-te, toma o vestido e o cavallo,
como disseste, e faze assim para com o judeo Mardoqueo, que está
assentado á porta do rei; e coisa nenhuma deixes cair de tudo quanto
disseste.

11 E Haman tomou o vestido e o cavallo, e vestiu a Mardoqueo, e o levou a
cavallo pelas ruas da cidade, e apregoou diante d’elle: Assim se fará ao
homem de cuja honra o rei se agrada!

12 Depois d’isto Mardoqueo voltou para a porta do rei: porém Haman se
retirou [5] correndo a sua casa, anojado, e coberta a cabeça.

13 E contou Haman a Zeres, sua mulher, e a todos os seus amigos, tudo
quanto lhe tinha succedido. Então os seus sabios, e Zeres, sua mulher,
lhe disseram: Se Mardoqueo, diante de quem _já_ começaste a cair, _é_ da
semente dos judeos, não prevalecerás contra elle, antes certamente cairás
perante elle.

14 Estando elles ainda fallando com elle, chegaram os eunuchos do rei, e
se apressaram a levar Haman [6] ao banquete que Esther preparara.

[1] cap. 2.23.

[2] cap. 5.1, 14.

[3] I Reis 1.33.

[4] Gen. 41.43.

[5] II Chr. 26.20.

[6] cap. 5.8.



_Esther denuncia Haman._

7 Vindo pois o rei com Haman, para beber com a rainha Esther,

2 Disse tambem o rei a Esther no segundo dia, [1] no banquete do vinho:
Qual _é_ a tua petição, rainha Esther? e se te dará: e qual é o teu
requerimento? até metade do reino, se fará.

3 Então respondeu a rainha Esther, e disse: Se, ó rei, achei graça aos
teus olhos, e se bem parecer ao rei, dê-se-me a minha vida como minha
petição, e o meu povo como meu requerimento.

4 Porque estamos vendidos, eu e o meu povo, [2] para _nos_ destruirem,
matarem, e lançarem a perder: se ainda por servos e por servas nos
vendessem, calar-me-hia; ainda que o oppressor não recompensaria a perda
do rei.

5 Então fallou o rei Assuero, e disse á rainha Esther: Quem é esse? e
onde _está_ esse, cujo coração o instigou a assim fazer?

6 E disse Esther: O homem, o oppressor, e o inimigo, é este mau Haman.
Então Haman se perturbou perante o rei e a rainha.

7 E o rei no seu furor se levantou do banquete do vinho para o jardim do
palacio; e Haman se poz em pé, para rogar á rainha Esther pela sua vida;
porque viu que já o mal lhe era determinado pelo rei.

8 Tornando pois o rei do jardim do palacio á casa do banquete do vinho,
Haman tinha caido prostrado [3] sobre o leito em que _estava_ Esther.
Então disse o rei: _Porventura_ quereria elle tambem forçar a rainha
perante mim n’esta casa? Saindo esta palavra da bocca do rei, cobriram a
Haman [4] o rosto.

9 Então disse Harbona, [5] um dos eunuchos _que serviam_ diante do rei:
Eis aqui tambem a [6] forca de cincoenta covados de altura que Haman
fizera para Mardoqueo, que fallara para bem do rei, está junto á casa de
Haman. Então disse o rei: Enforcae-o n’ella.

10 Enforcaram pois a [7] Haman na forca, que elle tinha preparado para
Mardoqueo. Então o furor do rei se aplacou.

[1] cap. 5.6.

[2] cap. 3.9 e 4.7.

[3] cap. 1.6.

[4] Job 9.24.

[5] cap. 1.10.

[6] cap. 5.14. Pro. 11.5, 6.

[7] Dan. 6.24.



_O rei concede a Mardoqueo um edicto em favor dos judeos._

8 N’aquelle mesmo dia deu o rei Assuero á rainha Esther a casa d’Haman,
inimigo dos judeos: e Mardoqueo veiu perante o rei; porque Esther tinha
declarado [1] o que lhe era.

2 E tirou [2] o rei o seu annel, que tinha tomado a Haman, e o deu a
Mardoqueo. E Esther ordenou a Mardoqueo sobre a casa d’Haman.

3 Fallou mais Esther perante o rei, e se lhe lançou aos pés: e chorou, e
lhe supplicou que revogasse a maldade d’Haman, o agagita, e o seu intento
que tinha intentado contra os judeos.

4 E estendeu o rei [3] para Esther o sceptro de oiro. Então Esther se
levantou, e se poz em pé perante o rei,

5 E disse: Se bem parecer ao rei, e se eu achei graça perante elle, e
_se_ este negocio é recto diante do rei, e _se_ eu lhe agrado aos seus
olhos, escreva-se que se revoguem as cartas e o intento d’Haman filho
d’Hammedatha, o agagita, as quaes elle escreveu para lançar a perder os
judeos, que _ha_ em todas as provincias do rei.

6 Porque [4] como poderei ver o mal que sobrevirá ao meu povo? e como
poderei ver a perdição da minha geração?

7 Então disse o rei Assuero á rainha Esther e ao judeo Mardoqueo:
Eis-que dei [5] a Esther a casa de Haman, e a elle enforcaram n’uma
forca, porquanto _quizera_ pôr as mãos nos judeos.

8 Escrevei pois aos judeos, como _parecer_ bem aos vossos olhos, em nome
do rei, e sellae-o com o annel do rei; porque [6] a escriptura que se
escreve em nome do rei, e se sella com o annel do rei, não é para revogar.

9 Então foram chamados [7] os escrivães do rei, n’aquelle mesmo tempo, e
no mez terceiro (que _é_ o mez de sivan), aos vinte e tres do mesmo, e se
escreveu conforme a tudo quanto ordenou Mardoqueo aos judeos, como tambem
aos satrapas, e aos governadores, e aos maioraes das provincias, que _se
estendem_ [8] da India até Ethiopia, cento e vinte e sete provincias, a
cada provincia segundo a sua escriptura, e a cada povo conforme a sua
lingua: como tambem aos judeos segundo a sua escriptura, e conforme a sua
lingua.

10 E se escreveu [9] em nome do rei Assuero, e se sellou com o annel
do rei: e se enviaram as cartas pela mão de correios a cavallo, e que
cavalgavam sobre ginetes, _e sobre_ mulas _e_ filhos de eguas.

11 Que o rei concedia aos judeos, que havia em cada cidade, que se
ajuntassem, e se dispozessem para defenderem as suas vidas: para
destruirem, matarem e assolarem a todas as forças do povo e provincia que
com elles apertassem, creanças e mulheres, e que se [10] saqueassem os
seus despojos,

12 N’um mesmo [11] dia, em todas as provincias do rei Assuero, no _dia_
treze do duodecimo mez, que é o mez d’adar.

13 E a copia [12] da carta foi que uma ordem se annunciaria em todas as
provincias, publicamente a todos os povos, para que os judeos estivessem
preparados para aquelle dia, para se vingarem dos seus inimigos.

14 Os correios sobre ginetes _e_ mulas apressuradamente sairam,
impellidos pela palavra do rei: e foi publicada esta ordem na fortaleza
de Susan.

15 Então Mardoqueo saiu da presença do rei com um vestido real azul
celeste e branco, como tambem com uma grande corôa d’oiro, e com uma capa
de linho fino e purpura, [13] e a cidade de Susan jubilou e se alegrou.

16 _E_ para os judeos houve luz, e alegria, e gozo, e honra.

17 Tambem em toda a provincia, e em toda a cidade, aonde chegava a
palavra do rei e a sua ordem, havia entre os judeos alegria, e gozo,
convites [14] e dias de folguedo: e muitos dos povos da terra se fizeram
judeos; porque o temor dos judeos [15] tinha caido sobre elles.

[1] cap. 2.7.

[2] cap. 3.10.

[3] cap. 4.11 e 5.2.

[4] Neh. 2.3. cap. 7.4.

[5] ver. 1. Pro. 13.22.

[6] cap. 1.19. Dan. 6.8, 12, 15.

[7] cap. 3.12.

[8] cap. 1.32 e 3.12.

[9] I Reis 21.8. cap. 3.12, 13.

[10] cap. 9.10, 15, 16.

[11] cap. 3.13, etc. e 9.1.

[12] cap. 3.14, 15.

[13] cap. 3.15. Pro. 29.2.

[14] I Sam. 25.8. cap. 9.19, 22.

[15] Gen. 35.5. Exo. 15.16. Deu. 2.25 e 11.25. cap. 9.2.



_Os judeos matam os seus inimigos._

[Antes de Christo 509]

9 E no [1] mez duodecimo, que _é_ o mez d’adar, no dia treze do mesmo
_mez_ em que chegou a palavra do rei e a sua ordem para a executar, no
dia em que os inimigos dos judeos esperavam assenhorear-se d’elles,
succedeu o contrario, porque os judeos foram os [2] que se assenhorearam
dos seus aborrecedores.

2 _Porque_ os judeos nas suas cidades, em todas as provincias do rei
Assuero, [3] se ajuntaram para pôr as mãos n’aquelles que procuravam o
seu mal: e nenhum parou diante d’elles; porque o seu terror caiu [4]
sobre todos aquelles povos.

3 E todos os maioraes das provincias, e os satrapas, e os governadores, e
os que faziam a obra do rei, exaltavam os judeos porque tinha caido sobre
elles o temor de Mardoqueo.

4 Porque Mardoqueo _era_ grande na casa do rei, e a sua fama sahia por
todas as provincias; porque o homem Mardoqueo se ia engrandecendo.

5 Feriram pois os judeos a todos os seus inimigos, ás cutiladas da
espada, e da matança e da destruição: e fizeram dos seus aborrecedores o
que quizeram.

6 E na fortaleza de Susan mataram e destruiram os judeos quinhentos
homens;

7 Como tambem a Parsandatha, e a Dalphon, e a Aspatha,

8 E a Poratha, e a Adalia, e a Aridatha,

9 E a Pharmasta, e a Arisai, e a Aridai, e a Vaizatha:

10 Os dez filhos d’Haman, filho d’Hammedatha, o inimigo dos judeos,
mataram, [5] porém ao despojo não estenderam a sua mão.

11 No mesmo dia veiu perante o rei o numero dos mortos na fortaleza de
Susan.

12 E disse o rei á rainha Esther: Na fortaleza de Susan mataram e
destruiram os judeos quinhentos homens, e os dez filhos d’Haman; nas
mais provincias do rei que fariam? qual é pois a [6] tua petição, e
dar-se-te-ha; ou qual é ainda o teu requerimento? e far-se-ha.

13 Então disse Esther: Se bem parecer [7] ao rei, conceda-se tambem
ámanhã aos judeos que _se acham_ em Susan que façam conforme ao mandado
d’hoje: e enforquem os dez filhos d’Haman n’_uma_ forca.

14 Então disse o rei que assim se fizesse; e deu-se _um_ edicto em Susan,
e enforcaram os dez filhos d’Haman.

15 E ajuntaram-se [8] os judeos que _se achavam_ em Susan tambem no dia
quatorze do mez d’adar, e mataram em Susan a trezentos homens: porém ao
despojo não estenderam a sua mão.

16 Tambem os demais [9] judeos que se achavam nas provincias do rei se
ajuntaram para se pôrem em defeza da sua vida, e tiveram repouso dos seus
inimigos; e mataram dos seus aborrecedores setenta e cinco mil; porém ao
despojo não [10] estenderam a sua mão.

17 _Succedeu isto_ no dia treze [11] do mez d’adar: e repousaram no dia
quatorze do mesmo, e fizeram d’aquelle _dia_ dia de banquetes e d’alegria.

18 Tambem os judeos, que _se achavam_ em Susan se ajuntaram nos dias
treze e quatorze do mesmo: e repousaram no dia quinze do mesmo, e fizeram
d’aquelle _dia_ dia de banquetes e d’alegria.

19 Os judeos porém das aldeias, que habitavam nas villas, fizeram do
_dia_ quatorze [12] do mez d’adar dia d’alegria e de banquetes, e dia de
folguedo, e de mandarem presentes uns aos outros.


_A festa de purim._

20 E Mardoqueo escreveu estas coisas, e enviou cartas a todos os judeos
que _se achavam_ em todas as provincias do rei Assuero, aos de perto, e
aos de longe,

21 Ordenando-lhes que guardassem o dia quatorze do mez d’adar, e o dia
quinze do mesmo, todos os annos,

22 Conforme aos dias em que os judeos tiveram repouso dos seus inimigos;
e ao mez que se lhes mudou de tristeza em alegria, e de luto em dia
de folguedo; para que os fizessem dias de banquetes e d’alegria, e de
mandarem [13] presentes uns aos outros, e aos pobres dadivas.

23 E se encarregaram os judeos de fazerem o que _já_ tinham começado,
como tambem o que Mardoqueo lhes tinha escripto.

24 Porque Haman, filho d’Hammedatha, o agagita, [14] inimigo de todos os
judeos, tinha intentado destruir os judeos; e tinha lançado pur, isto é,
a sorte, para os assolar e destruir.

25 Mas, vindo isto perante o rei, mandou elle por cartas que o seu mau
intento, que intentara contra os judeos, se tornasse sobre [15] a sua
cabeça; pelo que o enforcaram a elle e a seus filhos n’uma forca.

26 Por isso áquelles dias chamam purim, do nome pur; pelo que _tambem_
por _causa de_ todas as palavras d’aquella carta, [16] e do que viram
sobre isso, e do que lhes tinha succedido,

27 Confirmaram os judeos, [17] e tomaram sobre si, e sobre a sua semente,
e sobre todos os que se achegassem a elles, que não se deixaria de
guardar estes dois dias conforme ao que se escrevêra d’elles, e segundo o
seu tempo determinado, todos os annos.

28 E que estes dias seriam lembrados e guardados por cada geração,
familia, provincia, e cidade, e que estes dias de purim não traspassariam
d’entre os judeos, e que a memoria d’elles nunca teria fim entre os de
sua semente.

29 Depois d’isto escreveu a rainha Esther, [18] filha d’Abigail, e
Mardoqueo o judeo, com toda a força, para confirmarem segunda vez esta
carta de purim.

30 E mandaram cartas a todos os judeos, ás [19] cento e vinte e sete
provincias do reino d’Assuero, com palavras de paz e fidelidade,

31 Para confirmarem estes dias de purim nos seus tempos _determinados_,
como Mardoqueo, o judeo, e a rainha Esther lhes tinham estabelecido,
e como elles mesmos _já_ o tinham estabelecido sobre si e sobre a sua
semente, ácerca do jejum e do seu [20] clamor.

32 E o mandado d’Esther estabeleceu os successos d’aquelle purim: e
escreveu-se n’_um_ livro.

[1] cap. 8.12. cap. 3.13.

[2] II Sam. 22.41.

[3] cap. 8.11. ver. 16.

[4] cap. 8.17.

[5] cap. 5.11. Job 18.19 e 27.13, 14, 15. cap. 8.11.

[6] cap. 5.6 e 7.2.

[7] cap. 8.11. II Sam. 21.6, 9.

[8] ver. 2. cap. 8.11. ver. 10.

[9] ver. 2. cap. 8.11.

[10] cap. 8.11.

[11] ver. 11, 15.

[12] Deu. 16.11, 14. cap. 8.17. ver. 22. Neh. 8.10, 12.

[13] ver. 19. Neh. 8.11.

[14] cap. 3.6, 7.

[15] ver. 13, 14. cap. 7.5, etc. e 8.3, etc. cap. 7.10.

[16] ver. 20.

[17] cap. 8.17. Isa. 56.3, 6. Zac. 2.11.

[18] cap. 2.15. cap. 8.10. ver. 20.

[19] cap. 1.1.

[20] cap. 2.3 e 34.6.



_Exaltação de Mardoqueo._

10 Depois d’isto poz o rei Assuero tributo sobre a terra, e _sobre_ [1]
as ilhas do mar,

2 E todas as obras do seu poder e do seu valor, e a declaração da
grandeza de [2] Mardoqueo, a quem o rei engrandeceu, _porventura_ não
_estão_ escriptas no livro das chronicas dos reis da Media e da Persia?

3 Porque o judeo Mardoqueo _foi_ o segundo [3] depois do rei Assuero,
e grande para com os judeos, e agradavel para com a multidão de seus
irmãos, que procurava o [4] bem do seu povo, e fallava pela prosperidade
de toda a sua nação.

[1] Gen. 10.5. Isa. 24.15.

[2] cap. 8.15 e 9.4.

[3] Gen. 41.40. II Chr. 28.7.

[4] Neh. 2.10.



[MT] O LIVRO DE JOB.



_A virtude, tentação e perdas de Job._

[Antes de Christo 1520]

1 Havia _um_ homem [1] na terra d’Uz, cujo nome _era_ Job: e era este
homem sincero, recto e temente a Deus e desviando-se do mal.

2 E nasceram-lhe sete filhos e tres filhas.

3 E era o seu gado sete mil ovelhas, e tres mil camelos, e quinhentas
juntas de bois, e quinhentas jumentas; era tambem muitissima a gente
ao seu serviço, de maneira que era este homem maior do que todos os do
oriente.

4 E iam seus filhos, e faziam banquetes em casa de cada um no seu dia; e
enviavam, e convidavam as suas tres irmãs a comerem e beberem com elles.

5 Succedeu pois que, tendo decorrido o turno de dias de seus banquetes,
enviava Job, e os sanctificava, e se levantava de madrugada, [2] e
offerecia holocaustos _segundo_ o numero de todos elles; porque dizia
Job: _Porventura_ peccaram meus filhos, e [MU] amaldiçoaram a Deus no seu
coração. Assim o fazia Job continuamente.

6 E vindo [3] um dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se
perante o Senhor, veiu tambem Satanaz entre elles.

7 Então o Senhor disse a Satanaz: D’onde vens? [4] E Satanaz respondeu ao
Senhor, e disse: De rodeiar a terra, e passeiar por ella.

8 E disse o Senhor a Satanaz: [5] Consideraste tu a meu servo Job? porque
ninguem _ha_ na terra similhante a elle, homem sincero e recto, temente a
Deus, e desviando-se do mal.

9 Então respondeu Satanaz ao Senhor, e disse: _Porventura_ teme Job a
Deus debalde?

10 _Porventura_ não [6] o circumvallaste tu a elle, e a sua casa, e a
tudo quanto tem? [7] A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado está
augmentado na terra.

11 Mas estende [8] a tua mão, e toca-_lhe_ em tudo quanto tem, _e verás_
se te não amaldiçoa na tua face!

12 E disse o Senhor a Satanaz: Eis-que tudo quanto tem _está_ na tua mão;
sómente contra elle não estendas a tua mão. E Satanaz saiu da presença do
Senhor.

13 E succedeu um [9] dia, em que seus filhos e suas filhas comiam, e
bebiam vinho, na casa de seu irmão primogenito,

14 Que veiu um mensageiro a Job, e _lhe_ disse: Os bois lavravam, e as
jumentas pasciam junto a elles;

15 E deram _sobre elles_ os sabeos, e os tomaram, e aos moços feriram ao
fio da espada: e só eu escapei tão sómente, para te trazer a nova.

16 Estando este ainda fallando, veiu outro e disse: Fogo de Deus caiu do
céu, e queimou as ovelhas e os moços, e os consumiu, e só eu escapei tão
sómente para te trazer a nova.

17 Estando ainda este fallando, veiu outro, e disse: Ordenando os
chaldeos tres tropas, deram sobre os camelos, e os tomaram, e aos moços
feriram ao fio da espada: e só eu escapei tão sómente para te trazer a
nova.

18 Estando ainda este fallando, veiu outro, e disse: Estando [10] teus
filhos, tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa de seu irmão
primogenito,

19 Eis que _um_ grande vento sobreveiu d’além do deserto, e deu nos
quatro cantos da casa, e caiu sobre os mancebos, e morreram: e só eu
escapei tão sómente, para te trazer a nova.

20 Então Job [11] se levantou, e rasgou o seu manto, e tosquiou a sua
cabeça, e se lançou em terra, e adorou,

21 E disse: Nu sahi do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá; o
Senhor _o_ deu, [12] e o Senhor _o_ tomou: bemdito seja o nome do Senhor.

22 Em tudo [13] isto Job não peccou, nem attribuiu a Deus falta alguma.

[1] Gen. 22.20, 21. Eze. 14.14. Thi. 5.11. Gen. 6.9 e 17.1. cap. 2.3.
Pro. 8.13 e 16.6.

[2] Gen. 8.20. cap. 42.8. I Reis 21.10, 13.

[3] cap. 2.1. I Reis 22.19. cap. 38.7.

[4] cap. 2.2. Mat. 12.43. I Ped. 5.8.

[5] cap. 2.3. ver. 1.

[6] Isa. 5.2.

[7] Pro. 10.22.

[8] cap. 2.6 e 19.21. Mal. 3.13, 14.

[9] Ecc. 9.12.

[10] ver. 4, 13.

[11] Gen. 37.29. Esd. 9.3. I Ped. 5.6.

[12] Ecc. 5.15. I Tim. 6.7. Ecc. 5.19. Thi. 1.17. Mat. 20.15. I The. 5.18.

[13] cap. 2.10.



_A adversidade e cruel afflicção de Job._

2 E, vindo [1] outro dia, em que os filhos de Deus vieram apresentar-se
perante o Senhor, veiu tambem Satanaz entre elles, apresentar-se perante
o Senhor.

2 Então o Senhor [2] disse a Satanaz: D’onde vens? E respondeu Satanaz ao
Senhor, e disse: De rodeiar a terra, e passeiar por ella.

3 E disse o Senhor a Satanaz: Consideraste ao meu servo Job? porque
ninguem _ha_ na terra similhante a elle, homem sincero e [3] recto,
temente a Deus, e desviando-se do mal, e que ainda retem [4] a sua
sinceridade; havendo-me tu incitado contra elle, para o consumir sem
causa.

4 Então Satanaz respondeu ao Senhor, e disse: Pelle por pelle, e tudo
quanto o homem tem dará pela sua vida.

5 Porém estende [5] a tua mão, e toca-lhe nos ossos, e na carne, _e
verás_ se te não amaldiçoa na tua face!

6 E disse [6] o Senhor a Satanaz: Eis-que elle _está_ na tua mão; porém
guarda a sua vida.

7 Então saiu Satanaz da presença do Senhor, e feriu a Job [MV] d’uma
chaga maligna, [7] desde a planta do pé até ao alto da cabeça.

8 E tomou um caco para se raspar com elle: e estava [8] assentado no meio
da cinza.

9 Então sua mulher lhe disse: Ainda [9] retens a tua sinceridade?
amaldiçoa a Deus, e morre.

10 Porém elle lhe disse: Como falla qualquer das doidas, fallas tu;
receberemos [10] o bem de Deus, e não receberiamos o mal? Em tudo isto
não peccou Job com os seus labios.

11 Ouvindo [11] pois tres amigos de Job todo este mal que tinha vindo
sobre elle, vieram cada um do seu logar; Eliphaz o temanita, e Bildad
o suhita, e Sofar o naamathita; e concertaram juntamente de virem
condoer-se d’elle, [12] e para o consolarem.

12 E, levantando de longe os seus olhos, não o conheceram: e levantaram
a sua voz e choraram; e rasgaram cada um o seu manto, e sobre as suas
cabeças lançaram [13] pó ao ar.

13 E se assentaram juntamente com elle na terra, sete dias [14] e sete
noites: e nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dôr era mui
grande.

[1] cap. 1.6.

[2] cap. 1.7.

[3] cap. 1.1, 8.

[4] cap. 27.5, 6. cap. 9.17.

[5] cap. 1.11 e 19.20.

[6] cap. 1.12.

[7] Isa. 1.6.

[8] II Sam. 13.19. cap. 42.6. Eze. 27.30. Mat. 11.21.

[9] cap. 21.15. ver. 3.

[10] cap. 1.21. Rom. 12.12. Thi. 5.10, 11. cap. 1.22.

[11] Pro. 17.17. Gen. 36.11. Jer. 49.7. Gen. 25.2.

[12] cap. 42.11. Rom. 12.15.

[13] Neh. 9.1. Lam. 2.10. Eze. 27.30.

[14] Gen. 50.10.



_Job amaldiçoa o seu nascimento e lamenta a sua miseria._

3 Depois d’isto abriu Job a sua bocca, e amaldiçoou o seu dia.

2 E Job respondeu, e disse:

3 Pereça [1] o dia em que nasci, e a noite _em que_ se disse: Foi
concebido _um_ homem!

4 Converta-se aquelle dia em trevas; _e_ Deus de cima não tenha cuidado
d’elle, nem resplandeça sobre elle a luz.

5 Contaminem-n’o as trevas [2] e a sombra de morte; habitem sobre elle
nuvens: a escuridão do dia o espante!

6 A escuridão tome aquella noite, _e_ não se goze entre os dias do anno,
_e_ não entre no numero dos mezes!

7 Ah que solitaria seja aquella noite, _e_ suave musica não entre n’ella!

8 Amaldiçoem-n’a aquelles que amaldiçoam o dia, [3] que estão promptos
para levantar o seu pranto.

9 Escureçam-se as estrellas do seu crepusculo; que espere a luz, e não
_venha_: e não veja as pestanas dos olhos da alva!

10 Porque não fechou as portas do ventre; nem escondeu dos meus olhos a
canceira?

11 Porque [4] não morri eu desde a madre? _e_ em saindo do ventre, não
expirei?

12 Porque [5] me receberam os joelhos? e porque os peitos, para que
mamasse?

13 Porque _já_ agora jazera e repousara; dormiria, e então haveria
repouso para mim.

14 Com os reis e conselheiros da terra, que se edificavam casas nos
logares [6] assolados,

15 Ou com os principes que tinham oiro, que enchiam as suas casas de
prata,

16 Ou como aborto occulto, não existiria: como as creanças _que_ não
viram a luz.

17 Ali os maus cessam de perturbar: e ali repousam os cançados.

18 Ali os presos juntamente repousam, _e_ não ouvem [7] a voz do exactor:

19 Ali está o pequeno e o grande, e o servo fica livre de seu senhor.

20 Porque [8] se dá luz ao miseravel, e vida aos [9] amargosos d’animo?

21 Que esperam [10] a morte, e não se acha: e cavam em busca d’ella mais
do que _de_ thesouros occultos:

22 Que d’alegria saltam, _e_ exultam, achando a sepultura:

23 Ao homem, cujo caminho é occulto, e a quem [11] Deus o encobriu?

24 Porque antes do meu pão vem o meu suspiro: e os meus gemidos se
derramam como agua.

25 Porque o temor que temo me veiu: e o que receiava me aconteceu.

26 Nunca estive descançado, nem soceguei, nem repousei, mas veiu sobre
mim a perturbação.

[1] cap. 10.18, 19. Jer. 15.10, 20, 14.

[2] cap. 10.21, 22 e 16.16 e 28.3. Jer. 13.16. Amós 5.8.

[3] Jer. 9.17, 18.

[4] cap. 10.18.

[5] Gen. 30.3. Isa. 66.12.

[6] cap. 15.28.

[7] cap. 39.7.

[8] Jer. 20.18.

[9] I Sam. 1.10. II Reis 4.27. Pro. 31.6.

[10] Apo. 9.6. Pro. 2.4.

[11] cap. 19.8. Lam. 3.7.



_Eliphaz reprehende Job._

4 Então respondeu Eliphaz o temanita, e disse:

2 Se intentarmos fallar-te, enfadar-te-has? mas quem poderia conter as
palavras?

3 Eis que ensinaste a muitos, e esforçaste [1] as mãos fracas.

4 As tuas palavras levantaram os que tropeçavam [2] e os joelhos
desfallecentes fortificaste.

5 Mas agora a ti te vem, e te enfadas: e, tocando-te a ti, te perturbas.

6 _Porventura_ não _era_ o [3] teu temor _de Deus_ a tua confiança, e a
tua esperança a sinceridade dos teus caminhos?

7 Lembra-te agora qual é o innocente que _jamais_ perecesse? e onde foram
os sinceros destruidos?

8 Como eu tenho visto, os que lavram iniquidade, e semeam trabalho segam
[4] o mesmo.

9 Com o bafo de Deus perecem; e com o assopro da sua ira se consomem.

10 O bramido do leão, e a voz do leão feroz, e os dentes dos leõezinhos
se quebrantam.

11 Perece o leão velho, porque não ha preza; e os filhos da leoa andam
esparzidos.

12 Uma palavra se me disse em segredo; e os meus ouvidos perceberam um
sussurro d’ella.

13 Entre imaginações de visões da noite, quando cae sobre os [5] homens o
somno profundo;

14 Sobreveiu-me o espanto e o [6] tremor, e todos os meus ossos
estremeceram.

15 Então um espirito passou por diante de mim; fez-me arrepiar os
cabellos da minha carne;

16 Parou elle, porém não conheci a sua feição; um vulto estava diante dos
meus olhos: e, calando-me, ouvi uma voz _que dizia_:

17 Seria _porventura_ [7] o homem mais justo do que Deus? seria
_porventura_ o varão mais puro do que o seu Creador?

18 Eis-que [8] nos seus servos não confiaria, e aos seus anjos imputaria
loucura:

19 Quanto [9] menos n’aquelles que habitam em casas de lodo, cujo
fundamento _está_ no pó, e são machucados como a traça!

20 Desde a manhã até á tarde são despedaçados: e eternamente perecem sem
que d’isso se faça caso.

21 _Porventura_ se não passa com elles a sua excellencia? morrem, porém
sem sabedoria.

[1] Isa. 35.3.

[2] Isa. 35.3.

[3] cap. 1.1. Pro. 3.26.

[4] Pro. 22.8. Ose. 10.13. Gal. 6.7, 8.

[5] cap. 33.15.

[6] Hab. 3.16.

[7] cap. 9.2.

[8] cap. 15.15 e 25.5. II Ped. 2.4.

[9] cap. 15.16. II Cor. 4.7 e 5.1.



_Eliphaz exhorta a Job a que busque a Deus._

5 Chama agora; ha alguem que te responda? e para qual dos sanctos te
virarás?

2 Porque a ira destroe o louco; e o zelo mata o tolo.

3 _Bem_ vi eu [1] o louco lançar raizes; porém logo amaldiçoei a sua
habitação.

4 Seus filhos estão longe da salvação; e são despedaçados ás portas, e
não ha quem os livre.

5 A sua sega a devora o faminto, e até d’entre os [2] espinhos a tira;
_e_ o salteador traga a sua fazenda.

6 Porque do pó não procede a afflicção, nem da terra brota o trabalho.

7 Mas o homem [3] nasce para o trabalho, como as faiscas das brazas se
levantam para voarem.

8 Porém eu buscaria a Deus; e a Elle dirigiria a minha falla.

9 Elle faz [4] coisas _tão_ grandiosas, que se não podem esquadrinhar; _e
tantas_ maravilhas, que se não podem contar.

10 Que dá [5] a chuva sobre a terra, e envia aguas sobre os campos,

11 Para pôr [6] aos abatidos n’_um logar_ alto: e para que os enlutados
se exaltem na salvação.

12 Elle aniquila [7] as imaginações dos astutos, para que as suas mãos
não possam levar coisa alguma a effeito.

13 Elle apanha [8] os sabios na sua _propria_ astucia; e o conselho dos
perversos se precipita.

14 Elles de dia [9] encontrem as trevas; e ao meio dia andem como de
noite, ás apalpadelas.

15 Porém ao necessitado livra da espada, _e_ da bocca d’elles, e da mão
do forte.

16 Assim ha esperança para o pobre; [10] e a iniquidade tapa a sua bocca.

17 Eis que bemaventurado _é_ o homem a quem [11] Deus castiga; pois não
desprezes o castigo do Todo-poderoso.

18 Porque [12] elle faz a chaga, e elle _mesmo a_ liga: elle fere, e as
suas mãos curam.

19 Em seis angustias [13] te livrará; e na setima o mal te não tocará.

20 Na fome te livrará da morte; e na guerra da violencia da espada.

21 Do açoite da lingua estarás encoberto; e não temerás a assolação,
quando vier.

22 Da assolação e [14] da fome te rirás, e os animaes da terra não
temerás.

23 Porque até [15] com as pedras do campo terás a tua alliança; e os
animaes do campo serão pacificos comtigo.

24 E saberás que a tua tenda _está_ em paz; e visitarás a tua habitação,
e não falharás.

25 Tambem saberás que se multiplicará a tua semente e a tua posteridade
como a herva da terra.

26 Na [16] velhice virás á sepultura, como se recolhe o feixe de trigo a
seu tempo.

27 Eis que isto já o havemos inquirido, _e_ assim é; ouve-o, e medita
n’isso para teu _bem_.

[1] Jer. 12.2, 3.

[2] Gen. 3.17, 18, 19. I Cor. 10.13.

[3] Gen. 3.17, 18, 19.

[4] cap. 9.10 e 37.5.

[5] cap. 28.23. Jer. 5.24 e 10.13 e 51.16. Act. 14.17.

[6] I Sam. 2.7.

[7] Neh. 4.15. Isa. 8.10.

[8] I Cor. 3.19.

[9] Deu. 28.29. Isa. 59.10. Amós 8.9.

[10] I Sam. 2.9.

[11] Pro. 3.11, 12. Heb. 12.5. Thi. 1.12. Apo. 3.19.

[12] Deu. 32.39. I Sam. 2.6. Isa. 30.26. Ose. 6.1.

[13] Pro. 24.16. I Cor. 10.13.

[14] Isa. 11.9 e 35.9 e 65.25. Eze. 34.25.

[15] Ose. 2.18.

[16] Pro. 9.11 e 10.27.



_Job justifica as suas queixas._

6 Então Job respondeu, e disse:

2 Oh se a minha magoa rectamente se pezasse, e a minha miseria juntamente
se alçasse n’uma balança!

3 Porque na verdade mais pesada seria, do que a areia [1] dos mares: por
isso é que as minhas palavras se _me_ afogam.

4 Porque as frechas do Todo-poderoso _estão_ em mim, cujo ardente veneno
me chupa o espirito: os terrores de Deus se armam contra mim.

5 _Porventura_ zurrará o jumento montez junto á relva? ou berrará o boi
junto ao seu pasto?

6 Ou comer-se-ha sem sal o que é insipido? ou haverá gosto na clara do
ovo?

7 A minha alma recusa tocal-o, pois é como a minha comida fastienta.

8 Quem dera que se cumprisse o meu desejo, e que Deus _me_ désse o que
espero!

9 E _que_ [2] Deus quizesse quebrantar-me, e soltasse a sua mão, e me
acabasse!

10 _Isto_ ainda seria a minha consolação, e me refrigeraria no _meu_
tormento, não _me_ perdoando elle; porque não occultei [3] as palavras do
Sancto.

11 Qual _é_ a minha força, para que eu espere? ou qual _é_ o meu fim,
para que prolongue a minha vida?

12 É _porventura_ a minha força a força de pedra? _Ou é_ de cobre a minha
carne?

13 Ou não _está_ em mim a minha ajuda? ou desamparou-me a verdadeira
sabedoria?

14 Ao [4] que está afflicto _devia_ o amigo _mostrar_ compaixão, ainda ao
que deixasse o temor do Todo-poderoso.

15 Meus irmãos [5] aleivosamente _me_ fallaram, como um ribeiro, como a
torrente dos ribeiros que passam.

16 Que estão encobertos com a geada, _e_ n’elles se esconde a neve.

17 No tempo em que se derretem com o calor se desfazem, _e_ em se
aquentando, desapparecem do seu logar.

18 Desviam-se as veredas dos seus caminhos: sobem ao vacuo, e perecem.

19 Os caminhantes de [6] Tema os vêem; os passageiros de Sheba olham para
elles.

20 Foram [7] envergonhados, por terem confiado e, chegando ali, se
confundem.

21 Agora [8] sois similhantes a elles: vistes o terror, e temestes.

22 Disse-_vos_ eu: Dae-me ou offerecei-me da vossa fazenda presentes?

23 Ou livrae-me das mãos do oppressor? ou redemi-me das mãos dos tyrannos?

24 Ensinae-me, e eu _me_ calarei: e dae-me a entender em que errei.

25 Oh! quão fortes são as palavras da boa razão! mas que é o que argue a
vossa arguição?

26 _Porventura_ buscareis palavras para me reprehenderdes, visto que as
razões do desesperado estão como vento?

27 Mas antes lançaes _sortes_ sobre o orphão; e cavaes _uma cova_ para o
vosso amigo.

28 Agora pois, se sois servidos, virae-vos para mim; e _vede_ se minto em
vossa presença.

29 Voltae pois, não haja iniquidade: tornae-vos, [9] digo, _que_ ainda a
minha justiça _apparecerá_ n’isso.

30 Ha _porventura_ iniquidade na minha lingua? _Ou_ não poderia o meu
paladar dar a entender as _minhas_ miserias?

[1] Pro. 27.3.

[2] I Reis 19.4.

[3] Act. 20.20. Lev. 19.2. Isa. 57.15. Ose. 11.9.

[4] Pro. 17.17.

[5] Jer. 15.18.

[6] Gen. 25.15. I Reis 10.1. Eze. 27.22, 23.

[7] Jer. 14.3.

[8] cap. 13.3.

[9] cap. 17.10.



7 Porventura [1] não _tem_ o homem guerra sobre a terra? _e não são_ os
seus dias como os dias do jornaleiro?

2 Como o cervo que suspira _pela_ sombra, e como o jornaleiro que espera
pela sua paga,

3 Assim me deram [2] por herança mezes de vaidade: e noites de trabalho
me prepararam.

4 Deitando-me a dormir, então digo, [3] Quando me levantarei? mas
comprida é a noite, e farto-me de me voltar _na cama_ até á alva.

5 A minha carne se tem vestido de bichos [4] e de torrões de pó: a minha
pelle está gretada, e se fez abominavel.

6 Os meus dias [5] são mais velozes do que a lançadeira do tecelão, e
pereceram sem esperança.

7 Lembra-te de que a minha vida _é_ como o vento; os meus olhos não
tornarão a ver o bem.

8 Os olhos dos que _agora_ me vêem não me verão [6] _mais_: os teus olhos
_estarão_ sobre mim, porém não serei _mais_.

9 _Assim como_ a nuvem se desfaz e passa, assim aquelle que desce á
sepultura [7] nunca tornará a subir.

10 Nunca mais tornará á sua casa, nem o seu logar [8] jámais o conhecerá.

11 Por isso não reprimirei a [9] minha bocca: fallarei na angustia do meu
espirito; queixar-me-hei na amargura da minha alma.

12 Sou eu _porventura_ o mar, ou a baleia, para que me ponhas uma guarda?

13 Dizendo eu: [10] Consolar-me-ha a minha cama: meu leito alliviará a
minha ancia;

14 Então me espantas com sonhos, e com visões me assombras:

15 Pelo que a minha alma escolheria _antes_ a estrangulação: _e_ antes a
morte do que [MW] a vida.

16 _A minha vida_ abomino, [11] pois não viveria para sempre: retira-te
de mim; pois vaidade _são_ os meus dias.

17 Que _é_ [12] o homem, para que tanto o estimes, e ponhas sobre elle o
teu coração,

18 E cada manhã o visites, e cada momento o proves?

19 Até quando me não deixarás, _nem_ me largarás, até que engula o meu
cuspo?

20 Se pequei, que te farei, [13] _ó_ Guarda dos homens? porque fizeste de
mim um alvo para ti por tropeço, para que a mim mesmo me seja pesado?

21 E porque _me_ não perdoas a minha transgressão, e não tiras a minha
iniquidade? porque agora me deitarei no pó, e de madrugada me buscarás, e
não estarei lá.

[1] cap. 14.5, 13, 14.

[2] cap. 29.2.

[3] Deu. 28.67. cap. 17.12.

[4] Isa. 14.11.

[5] cap. 9.25 e 16.22 e 17.11. Isa. 38.12. Thi. 4.14.

[6] cap. 20.9.

[7] II Sam. 12.23.

[8] cap. 8.18 e 20.9.

[9] I Sam. 1.10. cap. 10.1.

[10] cap. 9.27.

[11] cap. 10.20 e 14.6.

[12] Heb. 2.6.

[13] cap. 16.12. Lam. 3.12.



_Bildad combate as palavras de Job e justifica a Deus._

8 Então respondeu Bildad o suhita, e disse:

2 Até quando fallarás taes _coisas_, e as razões da tua bocca _serão
como_ um vento impetuoso?

3 _Porventura_ perverteria [1] Deus o direito? e perverteria o
Todo-poderoso a justiça?

4 Se teus filhos [2] peccaram contra elle, tambem elle os lançou na mão
da sua transgressão.

5 _Mas_, [3] se tu de madrugada buscares a Deus, e ao Todo-poderoso
pedires misericordia,

6 Se _fôres_ puro e recto, certamente logo despertará por ti, e
restaurará a morada da tua justiça.

7 O teu principio, na verdade, terá sido pequeno, porém o teu ultimo
_estado_ crescerá em extremo.

8 Porque, pergunta [4] agora ás gerações passadas: e prepara-te para a
inquirição de seus paes.

9 Porque [5] nós _somos_ de hontem, e nada sabemos; porquanto nossos dias
sobre a terra _são como_ a sombra.

10 _Porventura_ não te ensinarão elles, _e_ não te fallarão, e do seu
coração não tirarão razões?

11 _Porventura_ sobe o junco sem lodo? _ou_ cresce a espadana sem agua?

12 Estando [6] ainda na sua verdura, _ainda que_ a não cortem, todavia
antes de qualquer _outra_ herva se secca.

13 Assim _são_ as veredas de todos quantos se esquecem de Deus: e a
esperança do hypocrita [7] perecerá.

14 Cuja esperança fica frustrada: e a sua confiança _será como_ a teia
d’aranha.

15 Encostar-se-ha [8] á sua casa, mas não se terá firme: apegar-se-ha a
ella, mas não ficará em pé.

16 Está sumarento antes _que venha_ o sol, e os seus renovos saem sobre o
seu jardim;

17 As suas raizes se entrelaçam junto á fonte, para o pedregal attenta.

18 Absorvendo-o [9] elle do seu logar, negal-o-ha _este, dizendo_: Nunca
te vi?

19 Eis que este _é_ alegria do seu caminho, e outros brotarão do pó.

20 Eis que Deus não rejeitará ao recto; nem toma pela mão aos malfeitores:

21 Até que de riso te encha a bocca, e os teus labios de jubilação.

22 Teus aborrecedores se vestirão de confusão, e a tenda dos impios não
existirá mais.

[1] Gen. 18.25. Deu. 32.4. II Chr. 19.7. cap. 34.12, 17. Dan. 9.14. Rom.
3.5.

[2] cap. 1.5, 18.

[3] cap. 5.8 e 11.13 e 22.23, etc.

[4] Deu. 4.32 e 32.7. cap. 15.18.

[5] Gen. 47.9. I Chr. 29.15. cap. 7.6.

[6] Jer. 17.6.

[7] cap. 11.20 e 18.14 e 27.8. Pro. 10.28.

[8] cap. 27.18.

[9] cap. 7.10 e 20.9.



_Job confessa a justiça de Deus e pede allivio á sua miseria._

9 Então Job respondeu, e disse:

2 Na verdade sei que assim _é_; porque como se justificaria o [1] homem
para com Deus?

3 Se quizer contender com elle, nem a uma de mil _coisas_ lhe poderá
responder.

4 Elle _é_ sábio [2] de coração, e forte de forças: quem se endureceu
contra elle, e teve paz?

5 _Elle é_ o que transporta as montanhas, sem que o sintam, _e_ o que as
transtorna no seu furor.

6 O que remove [3] a terra do seu logar, e as suas columnas estremecem.

7 O que falla ao sol, e não sae, e sella as estrellas.

8 O que só estende [4] os céus, e anda sobre os altos do mar.

9 O que faz [5] a Ursa, o Orion, e o Setestrello, e as recamaras do sul.

10 O que [6] faz coisas grandes, que se não podem esquadrinhar: e
maravilhas _taes_ que se não podem contar.

11 Eis que passa [7] por diante de mim, e não _o_ vejo: e torna a passar
perante mim, e não o sinto.

12 Eis que [8] arrebata; quem lh’o fará restituir? quem lhe dirá: Que _é
o que_ fazes?

13 Deus não revogará a sua ira: [9] debaixo d’elle se encurvam os
auxiliadores soberbos.

14 Quanto menos lhe responderia eu! _ou_ escolheria diante d’elle as
minhas palavras!

15 A quem, [10] ainda que eu fosse justo, lhe não responderia: _antes_ ao
meu Juiz pediria misericordia.

16 Ainda que chamasse, e elle me respondesse, nem _por isso_ creria que
désse ouvidos á minha voz.

17 Porque me quebranta com uma tempestade, e multiplica as minhas chagas
[11] sem causa.

18 Nem me concede o respirar, antes me farta d’amarguras.

19 Quanto ás forças, eis que elle é o forte: e, quanto ao juizo, quem me
citará _com elle_?

20 Se eu me justificar, a minha bocca me condemnará: _se fôr_ recto,
então me declarará por perverso.

21 Se fôr recto, não estimo a minha alma: deprezo a minha vida.

22 A coisa _é_ esta; por isso eu digo que elle [12] consome ao recto e ao
impio.

23 Matando o açoite de repente, então se ri da prova dos innocentes.

24 A terra se entrega na mão do impio; elle cobre [13] o rosto dos
juizes: se não é elle, quem _é_ logo?

25 E os meus [14] dias são mais velozes do que um correio: fugiram, _e_
nunca viram o bem.

26 Passam como navios veleiros: como aguia [15] _que_ se lança á comida.

27 Se eu [16] disser: Me esquecerei da minha queixa, e mudarei o meu
rosto, e tomarei alento;

28 Receio todas as minhas dôres, _porque bem_ [17] sei que me não terás
por innocente.

29 _E_, sendo eu impio, por que trabalharei em vão?

30 Ainda que me lave [18] com agua de neve, e purifique as minhas mãos
com sabão,

31 Ainda me submergirás no fosso, e os meus proprios vestidos me
abominarão.

32 Porque elle não _é_ homem, como eu, a quem eu [19] responda, vindo
juntamente a juizo.

33 Não [20] ha entre nós arbitro que ponha a mão sobre nós ambos.

34 Tire [21] elle a sua vara de cima de mim, e não me amedronte o seu
terror.

35 _Então_ fallarei, e não o temerei; porque assim não estou comigo.

[1] Rom. 3.20.

[2] cap. 36.5.

[3] Ecc. 9.2, 3. Eze. 21.3.

[4] II Sam. 15.30 e 19.4. Jer. 14.4.

[5] cap. 7.6, 7.

[6] Hab. 1.8.

[7] Jer. 2.22.

[8] Exo. 20.7.

[9] Jer. 2.22.

[10] cap. 10.15.

[11] cap. 2.3 e 34.6.

[12] Isa. 2.19, 21. Heb. 12.26. cap. 26.11.

[13] Gen. 1.6.

[14] Gen. 1.16. cap. 38.31, etc. Amós 5.8.

[15] cap. 5.9.

[16] cap. 23.8, 9 e 35.14.

[17] Isa. 45.9. Rom. 9.20.

[18] cap. 26.12.

[19] Ecc. 6.10. Rom. 9.20.

[20] ver. 19. I Sam. 2.25.

[21] cap. 13.20, 21, 22 e 33.7.



10 A minha alma [1] tem tedio á minha vida: darei livre curso á minha
queixa, fallarei [2] na amargura da minha alma.

2 Direi a Deus: Não me condemnes: faze-me saber porque contendes comigo.

3 _Parece_-te bem que _me_ opprimas? que rejeites o trabalho das tuas
mãos? e resplandeças sobre o conselho dos impios?

4 Tens tu _porventura_ olhos de carne? vês [3] tu como vê o homem?

5 _São_ os teus dias como os dias do homem? Ou _são_ os teus annos como
os annos de um homem,

6 Para te informares da minha iniquidade, e averiguares o meu peccado?

7 Bem sabes tu que eu não sou impio: todavia ninguem _ha_ que _me_ livre
da tua mão.

8 As tuas mãos me fizeram e me formaram todo em roda; comtudo me consomes.

9 Peço-te que te lembres de que como barro me formaste [4] e me farás
tornar em pó.

10 _Porventura_ não me vasaste como leite, e como queijo me não coalhaste?

11 De pelle e carne me vestiste, e com ossos e nervos me ligaste.

12 Vida e beneficencia me fizeste: e o teu cuidado guardou o meu espirito.

13 Porém estas coisas as occultaste no teu coração: bem sei eu que isto
esteve comtigo.

14 Se eu peccar, tu me observas; e da minha iniquidade não me escusarás.

15 Se fôr impio, ai [5] de mim! e se fôr justo, não levantarei a minha
cabeça: farto _estou_ de affronta; e olho para a minha miseria.

16 Porque se vae crescendo; tu me caças [6] como a _um_ leão feroz:
tornaste, e fazes maravilhas contra mim.

17 Tu renovas contra mim as tuas testemunhas, e multiplicas contra mim a
tua ira; revezes e combate estão comigo.

18 Por [7] que pois me tiraste da madre? Ah se _então_ dera o espirito, e
olhos nenhuns me vissem!

19 _Que_ tivera sido como se nunca fôra: _e_ desde o ventre fôra levado á
sepultura!

20 _Porventura_ não _são_ poucos os meus dias? [8] cessa _pois_, e
deixa-me, para que por um pouco eu tome alento;

21 Antes que vá e d’onde nunca torne, á terra da escuridão e da sombra da
morte;

22 Terra escurissima, como a mesma escuridão, terra da sombra, da morte e
sem ordem alguma e onde a luz é como a escuridão.

[1] I Reis 19.4. cap. 7.16. Jon. 4.3, 8.

[2] cap. 7.11.

[3] I Sam. 16.7.

[4] Gen. 2.7 e 3.19. Isa. 64.8.

[5] Isa. 3.11. cap. 9.12, 15, 20, 21.

[6] Isa. 38.13. Lam. 3.10.

[7] cap. 3.11.

[8] cap. 7.16, 19.



_Sofar reprehende Job, mostra a sabedoria de Deus e exhorta ao
arrependimento._

11 Então respondeu Sofar, o naamathita, e disse:

2 _Porventura_ não se dará resposta á multidão de palavras? E o homen
fallador será justificado?

3 Ás tuas mentiras se hão de calar os homens? E zombarás tu sem que
ninguem te envergonhe?

4 Pois [1] tu disseste: A minha doutrina é pura, e limpo sou aos teus
olhos.

5 Mas, na verdade, oxalá que Deus fallasse e abrisse os seus labios
contra ti!

6 E te fizesse saber os segredos da sabedoria, que ella é multiplice em
efficacia; pelo que sabe que Deus exige de ti menos [2] do que _merece_ a
tua iniquidade.

7 _Porventura_ [3] alcançarás os caminhos de Deus? _ou_ chegarás á
perfeição do Todo-poderoso?

8 _Como_ as alturas dos céus _é_ a _sua sabedoria_; que poderás tu fazer?
mais profunda do que [MX] o inferno, que poderás tu saber?

9 Mais comprida _é_ a sua medida do que a terra: e mais larga do que o
mar.

10 Se [4] elle destruir, e encerrar, ou _se_ recolher, quem o fará tornar
para traz?

11 Porque elle conhece aos homens vãos, e vê o vicio; e não _o_ terá em
consideração?

12 Mas o homem vão é [5] falto de entendimento; sim, o homem nasce _como_
a cria do jumento montez.

13 Se tu preparaste [6] o teu coração, e estendeste as tuas mãos para
elle!

14 Se _ha_ iniquidade na tua mão, lança-a para longe _de ti_ e não deixes
habitar a injustiça nas tuas tendas.

15 Porque então [7] o teu rosto levantarás sem macula: e estarás firme, e
não temerás.

16 Porque te esquecerás dos [8] trabalhos, _e_ te lembrarás _d’elles_
como das aguas que já passaram.

17 E a tua vida mais clara se levantará do que o meio dia; ainda que seja
trevas, será como a manhã.

18 E terás confiança; porque haverá esperança; e buscarás _e_ repousarás
seguro.

19 E deitar-te-has, e ninguem te espantará; muitos supplicarão o teu
rosto.

20 Porém os olhos [9] dos impios desfallecerão, e perecerá o seu refugio:
e a sua esperança _será_ o expirar da alma.

[1] cap. 6.10 e 10.7.

[2] Esd. 9.13.

[3] Ecc. 3.1, 1. Rom. 11.33.

[4] cap. 9.12 e 12.14. Apo. 3.7.

[5] Ecc. 3.18. Rom. 1.22.

[6] cap. 5.8 e 22.21. I Sam. 7.3.

[7] Gen. 4.5, 6. cap. 22.26. I João 3.21.

[8] Isa. 65.16.

[9] Lev. 26.16. Deu. 28.65. cap. 8.14 e 18.14. Pro. 11.7.



_Job defende-se contra as accusaçoes de seus amigos._

12 Então Job respondeu, e disse:

2 Na verdade, que só vós _sois_ o povo, _e_ comvosco morrerá a sabedoria.

3 Tambem eu tenho [1] um coração como vós, _e_ não vos sou inferior: e
quem não sabe taes coisas como estas?

4 Eu sou irrisão aos [2] meus amigos; eu, que invoco a Deus, e elle me
responde; o justo e o recto servem de irrisão.

5 Tocha desprezivel _é_ [3] na opinião do _que está_ descançado, aquelle
que _está_ prompto a tropeçar com os pés.

6 As tendas [4] dos assoladores teem descanço, e os que provocam a Deus
estão seguros; nas suas mãos Deus lhes põe _tudo_.

7 Mas, pergunta agora ás bestas, e cada uma d’ellas t’o ensinará: e ás
aves dos céus, e ellas t’o farão saber;

8 Ou falla com a terra, e ella t’o ensinará: até os peixes do mar t’o
contarão.

9 Quem não entende por todas estas coisas que a mão do Senhor faz isto?

10 Em cuja mão _está_ [5] a alma de tudo quanto vive, e o espirito de
toda a carne humana.

11 _Porventura_ o [6] ouvido não provará as palavras, como o paladar
gosta as comidas?

12 Com os edosos _está_ a [7] sabedoria, e na longura de dias o
entendimento.

13 Com elle _está_ a sabedoria [8] e a força: conselho e entendimento tem.

14 Eis que elle derriba, e não se reedificará: encerra o homem, e não se
_lhe_ abrirá.

15 Eis que elle retem [9] as aguas, e se seccam; e as larga, e
transtornam a terra.

16 Com elle _está_ a força e a sabedoria: seu _é_ o errante e o que _o_
faz errar.

17 Aos conselheiros leva despojados, e aos juizes faz [10] desvairar.

18 Solta a atadura dos reis, e ata o cinto aos seus lombos.

19 Aos principes leva despojados, aos poderosos transtorna.

20 Aos acreditados tira a [11] falla, e toma o entendimento aos velhos.

21 Derrama desprezo sobre os principes, e affrouxa o cinto dos violentos.

22 As profundezas das [12] trevas manifesta, e a sombra da morte traz á
luz.

23 Multiplica [13] as gentes e as faz perecer; espalha as gentes, e as
guia.

24 Tira o coração aos chefes das gentes da terra, e os faz vaguear pelos
desertos, sem caminho.

25 Nas trevas andam ás apalpadelas, [14] sem terem luz, e os faz
desatinar como ebrios.

[1] cap. 13.2.

[2] cap. 16.10 e 21.3 e 30.1.

[3] Pro. 14.2.

[4] cap. 21.7. Jer. 12.1. Mal. 3.15.

[5] Num. 16.22. Dan. 5.23. Act. 17.29.

[6] cap. 34.3 e 6.30.

[7] cap. 32.7.

[8] cap. 9.4 e 36.5. cap. 11.10. Isa. 22.22. Apo. 3.7.

[9] I Reis 8.35 e 17.1.

[10] II Reis 15.31. Isa. 19.12 e 29.14. I Cor. 1.19.

[11] cap. 32.9. Isa. 3.1, 2, 3. Dan. 2.21.

[12] Dan. 2.22. Mat. 10.26. I Cor. 4.5.

[13] Isa. 9.3 e 26.15.

[14] Deu. 28.29. cap. 5.14.



13 Eis que tudo _isto_ viram os meus olhos, _e_ os meus ouvidos _o_
ouviram e entenderam.

2 Como [1] vós _o_ sabeis, o sei eu tambem; não vos sou inferior.

3 _Mas_ [2] eu fallarei ao Todo-poderoso, e quero defender-me para com
Deus.

4 Vós porém _sois_ [3] inventores de mentiras, _e_ vós todos medicos que
não valem nada.

5 Oxalá vos calasseis de todo! que _isso_ seria [4] a vossa sabedoria.

6 Ouvi agora a minha defeza, e escutae os argumentos dos meus labios.

7 _Porventura_ [5] por Deus fallareis perversidade? e por elle fallareis
engano?

8 _Ou_ fareis acceitação da sua pessoa? _ou_ contendereis por Deus?

9 Ser-_vos_-hia bom, se elle vos esquadrinhasse? _ou_ zombareis d’elle,
como se zomba d’algum homem?

10 Certamente vos reprehenderá, se em occulto fizerdes acceitação de
pessoas.

11 _Porventura_ não vos espantará a sua alteza? e não cairá sobre vós o
seu temor?

12 As vossas memorias _são_ como a cinza: as vossas alturas como alturas
de lodo.

13 Calae-vos perante mim, e fallarei eu, e que fique alliviado algum
tanto.


_Job confia em Deus e deseja conhecei os seus peccados._

14 Por que _razão_ tomo [6] eu a minha carne com os meus dentes, e ponho
a minha [MY] vida na minha mão?

15 [7] _Ainda que_ me matasse, n’elle esperarei; comtudo os meus caminhos
defenderei diante d’elle.

16 Tambem elle _será_ a salvação minha: porém o hypocrita não virá
perante o seu rosto.

17 Ouvi com attenção as minhas razões, e com os vossos ouvidos a minha
declaração.

18 Eis que já tenho ordenado a minha causa, _e_ sei que serei achado
justo.

19 Quem [8] _é_ o que contenderá comigo? se eu agora me calasse, daria o
espirito.

20 Duas _coisas_ sómente [9] não faças para comigo; então me não
esconderei do teu rosto:

21 Desvia a tua mão para longe, de sobre mim, e não me espante o teu
terror.

22 Chama, pois, e eu responderei; ou eu fallarei, e tu responde-me.

23 Quantas culpas e peccados tenho eu? notifica-me a minha transgressão e
o meu peccado.

24 Porque escondes [10] o teu rosto, e me [11] tens por teu inimigo?

25 _Porventura_ quebrantarás a [12] folha arrebatada _do vento_? e
perseguirás o restolho secco?

26 Porque escreves contra mim amarguras [13] e me fazes herdar as culpas
da minha mocidade?

27 Tambem pões [14] no tronco os meus pés, e observas todos os meus
caminhos, _e_ marcas as solas dos meus pés.

28 Envelhecendo-se entretanto elle com a podridão, _e_ como o vestido, ao
qual roe a traça.

[1] cap. 12.3.

[2] cap. 23.3 e 31.35.

[3] cap. 6.21 e 16.2.

[4] Pro. 17.28.

[5] Deu. 28.29. cap. 5.14.

[6] cap. 18.4. I Sam. 28.21.

[7] Pro. 14.32. cap. 27.5.

[8] Isa. 50.8.

[9] cap. 9.34.

[10] Deu. 32.20. Isa. 8.17.

[11] Deu. 32.42. Lam. 2.5.

[12] Isa. 42.3.

[13] cap. 20.11.

[14] cap. 33.11.



_Job roga o favor de Deus por causa da brevidade e miseria da vida
humana._

14 O homem nascido da mulher _é_ curto de dias e farto [1] de inquietação.

2 Sae como [2] a flôr, e se corta; foge tambem como a sombra, e não
permanece.

3 E sobre este tal abres os teus olhos, e a mim me fazes entrar no juizo
comtigo.

4 Quem do immundo tirará [3] o puro? Ninguem.

5 Visto que os seus dias _estão_ [4] determinados, comtigo _está_ o
numero dos seus dias; _e_ tu lhe pozeste limites, e não passará além
_d’elles_.

6 Desvia-te [5] d’elle, para que tenha repouso, até que, como o
jornaleiro, tenha contentamento no seu dia.

7 Porque ha esperança para a arvore que, se fôr cortada, ainda se
renovará, [6] e não cessarão os seus renovos

8 Se se envelhecer na terra a sua raiz, e morrer o seu tronco no pó,

9 Ao cheiro das aguas brotará, e dará ramos para a planta.

10 Porém, morrendo o homem, está abatido: e dando o homem o espirito,
então onde está?

11 Como as aguas se retiram do mar, e o rio se esgota, e fica secco,

12 Assim o homem se deita, e não se levanta: até [7] que não haja mais
céus não acordarão nem se erguerão de seu somno.

13 Oxalá me escondesses [MZ] na sepultura, _e_ me occultasses até que a
tua ira se desviasse: _e_ me pozesses um limite, e te lembrasses de mim!

14 Morrendo o homem, _porventura tornará a_ viver? todos os dias de meu
combate esperaria, [8] até que viesse a minha mudança?

15 Chama-_me_, [9] e eu te responderei, _e_ affeiçoa-te á obra de tuas
mãos.

16 Pois agora [10] contas os meus passos: _porventura_ não vigias sobre o
meu peccado?

17 A minha transgressão _está_ sellada [11] n’um sacco, e amontoas as
minhas iniquidades.

18 E, na verdade, caindo a montanha, desfaz-se: e a rocha se remove do
seu logar.

19 As aguas gastam as pedras, as cheias afogam o pó da terra: e tu fazes
perecer a esperança do homem.

20 Tu para sempre prevaleces contra elle, e elle passa; tu, mudando o seu
rosto, o despedes.

21 Os seus filhos estão em honra, sem que elle o saiba: ou ficam
minguados [12] sem que elle o perceba:

22 Mas a sua carne n’elle tem dôres: e a sua alma n’elle lamenta.

[1] cap. 5.7. Ecc. 2.22.

[2] cap. 8.9. Isa. 40.6. Thi. 1.10, 11 e 4.14. I Ped. 1.24.

[3] Gen. 5.3. João 3.6. Rom. 5.12. Eph. 2.3.

[4] cap. 7.1.

[5] cap. 7.16, 19 e 10.20. cap. 7.1.

[6] ver. 14.

[7] Isa. 51.6 e 65.17 e 66.22. Act. 3.21. Rom. 8.20. II Ped. 3.7, 10, 11.
Apo. 20.11 e 21.1.

[8] cap. 13.15. ver. 7.

[9] cap. 13.22.

[10] cap. 10.6, 14 e 13.27 e 31.4 e 34.21. Pro. 5.21. Jer. 32.19.

[11] Deu. 32.34. Ose. 13.12.

[12] Ecc. 9.5. Isa. 63.16.



_Eliphaz accusa Job de impiedade._

15 Então respondeu Eliphaz o themanita, e disse:

2 _Porventura_ dará o sabio por resposta sciencia de vento? e encherá o
seu ventre de vento oriental?

3 Arguindo com palavras que de nada servem e com razões, com que nada
aproveita?

4 E tu tens feito vão o temor, e diminues os rogos diante de Deus.

5 Porque a tua bocca declara a tua iniquidade; e tu escolheste a lingua
dos astutos.

6 A tua bocca [1] te condemna, e não eu, e os teus labios testificam
contra ti.

7 _És_ tu _porventura_ o primeiro homem que foi nascido? [2] ou foste
gerado antes dos outeiros?

8 _Ou_ ouviste [3] o secreto conselho de Deus? e a ti _só_ limitaste a
sabedoria?

9 Que sabes [4] tu, que nós não sabemos? _e que_ entendes, que não _haja_
em nós?

10 Tambem [5] _ha_ entre nós encanecidos e edosos, muito mais edosos do
que teu pae.

11 _Porventura_ as consolações de Deus te _são_ pequenas? ou alguma coisa
se occulta em ti?

12 Porque te arrebata o teu coração? e porque acenam os teus olhos?

13 Para virares contra Deus o teu espirito, e deixares sair _taes_
palavras da tua bocca?

14 Que [6] _é_ o homem, para que seja puro? e _o que_ nasce da mulher,
para que fique justo?

15 Eis que nos [7] seus sanctos não confiaria, e nem os céus são puros
aos seus olhos.

16 Quanto mais [8] abominavel e fedorento _é_ o homem que bebe a [9]
iniquidade como a agua?


_Eliphaz mostra que o impio é atormentado n’esta vida._

17 Escuta-me, mostrar-t’_o_-hei: e o que vi _te_ contarei

18 (O que os sabios annunciaram, _ouvindo-o_ de seus paes, e _o_ não [10]
occultaram.

19 Aos quaes sómente se déra a terra, e nenhum estranho passou [11] por
meis d’elles):

20 Todos os dias o impio se dá pena _a si_ mesmo, e se reservam para o
tyranno um certo numero d’annos.

21 O sonido dos horrores _está_ nos seus [12] ouvidos: até na paz lhe
sobrevem o assolador.

22 Não crê que tornará das trevas, e que está esperado da espada.

23 Anda vagueando por pão, dizendo: Onde está? _Bem_ sabe que _já_ o dia
[13] das trevas lhe está preparado á mão.

24 Assombram-n’o a angustia e a tribulação; prevalecem contra elle, como
o rei preparado para a peleja.

25 Porque estende a sua mão contra Deus, e contra o Todo-poderoso se
embravece.

26 Arremette contra elle com a dura cerviz, _e_ contra os pontos grossos
dos seus escudos.

27 Porquanto cobriu o seu rosto com a sua gordura, e criou enxundia nas
ilhargas.

28 E habitou em cidades assoladas, em casas em que ninguem morava, que
estavam a ponto de fazer-se montões _de ruinas_.

29 Não se enriquecerá, nem subsistirá a sua fazenda, nem se estenderão
pela terra as suas possessões.

30 Não escapará das trevas; a chamma _do fogo_ seccará os seus renovos,
_e_ ao assopro da sua bocca [14] desapparecerá.

31 Não confie _pois_ na [15] vaidade enganando-se a si mesmo, porque a
vaidade será a sua recompensa.

32 Antes [16] do seu dia ella se _lhe_ cumprirá; e o seu ramo não
reverdecerá.

33 Sacudirá as suas uvas verdes, como _as_ da vide, e deixará cair a sua
flor como _a_ da oliveira.

34 Porque o ajuntamento dos hypocritas _se fará_ esteril, e o fogo
consumirá as tendas do soborno.

35 Concebem [17] o trabalho, e parem a iniquidade, e o seu ventre prepara
enganos.

[1] Luc. 19.22.

[2] Pro. 8.25.

[3] Rom. 11.25, 34. I Cor. 2.11.

[4] cap. 13.2.

[5] cap. 32.6, 7.

[6] I Sam. 8.46. II Chr. 6.36. cap. 14.4. Pro. 20.9. Ecc. 7.20. I João
18.10.

[7] cap. 4.18 e 25.5.

[8] cap. 4.19.

[9] cap. 34.7. Pro. 19.28.

[10] cap. 8.8.

[11] Joel 3.17.

[12] I The. 5.3.

[13] cap. 18.12.

[14] cap. 4.9.

[15] Isa. 59.4.

[16] cap. 22.16.

[17] Isa. 59.4. Ose. 10.13.



_Job accusa a seus amigos de falta de compaixão e misericordia._

16 Então respondeu Job, e disse:

2 Tenho ouvido muitas coisas como estas: todos vós _sois_ consoladores
[1] molestos.

3 _Porventura_ não terão fim estas palavras de vento? ou _que_ te irrita,
para _assim_ responderes?

4 Fallaria eu tambem como vós _fallaes_, se a vossa alma estivesse em
logar da minha alma? _ou_ amontoaria palavras contra vós, e menearia
contra vós a minha cabeça?

5 Antes vos fortaleceria com a minha bocca, e a consolação dos meus
labios abrandaria a dôr.

6 Se eu fallar, a minha dôr não cessa, e, calando-_me eu_, que _mal_ me
deixa?

7 Na verdade, agora me molestou: tu assolaste toda a minha companhia.

8 Testemunha _d’isto é_ que já me fizeste enrugado, e a minha magreza
_já_ se levanta contra mim, _e_ no meu rosto testifica _contra mim_.

9 Na sua ira _me_ [2] despedaçou, e elle me perseguiu; rangeu os seus
dentes contra mim: aguça o meu adversario os seus olhos [3] contra mim.

10 Bocejam [4] com a sua bocca contra mim; com desprezo me feriram nos
queixos, _e_ contra mim se ajuntam todos.

11 Entrega-me [5] Deus ao perverso, e nas mãos dos impios me faz cair.

12 Descançado estava eu, porém elle me quebrantou; e pegou-me pela
cerviz, e me despedaçou; tambem me poz por seu alvo.

13 Cercam-me os seus frecheiros; atravessa-me os rins, e não _me_ poupa,
_e_ o meu fel derrama em terra.

14 Quebranta-me com quebranto sobre quebranto: arremette contra mim como
um valente.

15 Cosi sobre a minha [6] pelle o sacco, _e_ revolvi a minha cabeça no pó.

16 O meu rosto _todo_ está descorado de chorar, e sobre as minhas
palpebras _está_ a sombra da morte:

17 Não havendo porém violencia nas minhas mãos, e _sendo_ pura a minha
oração.

18 Ah! terra, não cubras o meu sangue; e não [7] haja logar para o meu
clamor!

19 Eis que tambem agora _está_ a minha [8] testemunha no céu, e a minha
testemunha nas alturas.

20 Os meus amigos _são_ os que zombam de mim; os meus olhos se desfazem
_em lagrimas_ diante de Deus.

21 Ah! [9] se se podesse contender com Deus pelo homem, como o filho do
homem pelo seu amigo!

22 Porque se passarão _poucos_ annos; e eu seguirei o caminho _por onde_
não tornarei.

[1] cap. 13.4.

[2] cap. 10.16, 17.

[3] cap. 13.24.

[4] Lam. 3.30. Miq. 5.1.

[5] cap. 1.15, 17.

[6] cap. 30.19.

[7] cap. 27.9.

[8] Rom. 1.9.

[9] cap. 31.25. Ecc. 6.10. Isa. 45.9. Rom. 9.20.



17 O meu espirito se vae corrompendo, os meus dias se vão apagando, _e
tenho_ perante mim as [1] sepulturas.

2 _Porventura_ não _estão_ zombadores comigo? e os meus olhos não passam
a noite _chorando_ pelas suas amarguras?

3 Promette agora, _e_ dá-me _um_ fiador para comtigo: [2] quem ha _que_
me dê a mão?

4 Porque aos seus corações encobriste o entendimento, pelo que não _os_
exaltarás.

5 _O_ que lisongeando falla aos amigos tambem os olhos de seus filhos
desfallecerão.

6 Porém a mim me [3] poz por _um_ proverbio dos povos, de modo que _já_
sou uma abominação perante o rosto _de cada um_.

7 Pelo que _já_ se escureceram de magoa os meus olhos, e _já_ todos os
meus membros _são_ como a sombra:

8 Os rectos pasmarão d’isto, e o innocente se levantará contra o
hypocrita.

9 E o justo seguirá o seu caminho firmemente, e o puro de mãos irá
crescendo em força.

10 Mas, na verdade, tornae [4] todos vós, e vinde cá; porque sabio nenhum
acho entre vós.

11 Os meus dias [5] passam, os meus propositos se quebraram, [NA] os
pensamentos do meu coração.

12 Trocaram o dia em noite; a luz _está_ perto _do fim_, por causa das
trevas.

13 Se eu esperar, a sepultura _será_ a minha casa; nas trevas estenderei
a minha cama.

14 Á corrupção clamo: Tu _és_ meu pae; _e_ aos bichos: Vós _sois_ minha
mãe e minha irmã.

15 Onde pois _estaria_ agora a minha esperança? emquanto á minha
esperança, quem a poderá ver?

16 As barras da [6] sepultura descerão quando juntamente no pó haverá
descanço.

[1] I Sam. 1.6, 7.

[2] Pro. 6.1 e 17.18 e 22.26.

[3] cap. 30.9.

[4] cap. 6.29.

[5] cap. 7.6 e 9.25.

[6] cap. 18.13. cap. 3.17.



_Bildad accusa Job de presumpção e impaciencia._

18 Então respondeu Bildad, o suhita, e disse:

2 Até quando _não_ fareis fim de palavras? considerae _bem_, e então
fallaremos.

3 Porque somos estimados como bestas, _e_ immundos aos vossos olhos?

4 Oh tu, que despedaças [1] a tua alma na tua ira, será a terra deixada
por tua causa? e remover-se-hão as rochas do seu logar?

5 Na verdade, [2] a luz dos impios se apagará, e a faisca do seu fogo não
resplandecerá.

6 A luz se escurecerá nas suas tendas, e a sua lampada [3] sobre elle se
apagará.

7 Os passos do seu poder se estreitarão, e o seu conselho o derribará.

8 Porque [4] por seus proprios pés é lançado na rede, e andará nos fios
enredados.

9 O laço o apanhará pelo calcanhar, _e_ prevalecerá [5] contra elle o
salteador.

10 Está escondida debaixo da terra uma corda, e uma armadilha na vereda.

11 Os assombros o espantarão em redor, e o farão correr d’uma parte para
a outra, por onde quer que [6] apresse os passos.

12 Será faminto o seu rigor, [7] e a destruição _está_ prompta ao seu
lado.

13 O primogenito da morte consumirá _as_ costellas da sua pelle:
consumirá, _digo_, os seus membros.

14 A sua confiança [8] será arrancada da sua tenda, e _isto_ o fará
caminhar para o rei dos assombros.

15 Morará na sua _mesma_ tenda, não lhe ficando nada: espalhar-se-ha
enxofre sobre a sua habitação.

16 Por debaixo se seccarão as suas raizes, [9] e por de cima serão
cortados os seus ramos.

17 A sua memoria [10] perecerá da terra, e pelas praças não terá nome.

18 Da luz o lançarão nas trevas, e afugental-o-hão do mundo.

19 Não terá filho [11] nem neto entre o seu povo, e resto nenhum _d’elle_
ficará nas suas moradas.

20 Do seu dia se espantarão os vindouros, e os antigos serão
sobresaltados de horror.

21 Taes _são_, na verdade, as moradas do perverso, e este _é_ o logar _do
que_ não [12] conhece a Deus.

[1] cap. 13.14.

[2] Pro. 13.9 e 20.20 e 24.20.

[3] cap. 21.17.

[4] cap. 32.10.

[5] cap. 5.5.

[6] cap. 15.21 e 20.25. Jer. 6.25 e 20.3 e 46.5 e 49.29.

[7] cap. 15.23.

[8] cap. 8.14 e 11.20. Pro. 10.28.

[9] cap. 29.19. Isa. 5.24. Amós 2.9. Mal. 4.1.

[10] Pro. 2.22 e 10.7.

[11] Isa. 14.22. Jer. 22.30.

[12] Jer. 9.3 e 19.25. I The. 4.5. II The. 1.8. Tito 1.16.



_Job queixa-se da obstinação e dureza dos seus amigos._

19 Respondeu porém Job, e disse:

2 Até quando entristecereis a minha alma, e me quebrantareis com palavras?

3 Já dez vezes [1] me envergonhastes; vergonha não tendes: contra mim vos
endureceis.

4 Embora haja eu, na verdade, errado, comigo ficará o meu erro.

5 Se devéras vos levantaes contra mim, e me arguis com o meu opprobrio,

6 Sabei agora que Deus _é o que_ me transtornou, e _com_ a sua rede me
cercou.

7 Eis que clamo: Violencia; porém não sou ouvido; grito: Soccorro; porém
não _ha_ justiça.

8 O meu [2] caminho entrincheirou, e _já_ não posso passar, e nas minhas
veredas poz trevas.

9 Da minha honra me despojou; e tirou-me a corôa da minha cabeça.

10 Derribou-me elle em roda, e eu me vou, e arrancou a minha esperança,
como a uma arvore.

11 E fez inflammar contrar mim a sua ira, [3] e me reputou para comsigo,
como a seus inimigos.

12 Juntas vieram as suas tropas, [4] e prepararam contra mim o seu
caminho, e se acamparam ao redor da minha tenda.

13 Poz longe de mim a meus irmãos, e os que me conhecem devéras me
estranharam.

14 Os meus parentes _me_ deixaram, e os meus conhecidos se esqueceram de
mim.

15 Os meus domesticos e as minhas servas me reputaram como um estranho,
_e_ vim a ser um estrangeiro aos seus olhos.

16 Chamei a meu creado, e elle _me_ não respondeu, supplicando-lhe eu por
minha _propria_ bocca.

17 O meu bafo se fez estranho a minha mulher, e eu _a_ supplico pelos
filhos do meu corpo.

18 Até os rapazes [5] me desprezam, _e_, levantando-me eu, fallam contra
mim.

19 Todos os homens do meu secreto conselho me abominam, e _até_ os que eu
amava se tornaram contra mim.

20 Os meus ossos se [6] apegaram á minha pelle e á minha carne, _e_
escapei _só_ com a pelle dos meus dentes.

21 Compadecei-vos de mim, amigos meus, compadecei-vos de mim, [7] porque
a mão de Deus me tocou.

22 Porque me perseguis _assim_ como Deus, e da minha carne vos não
fartaes?

23 Quem _me_ déra agora, que as minhas palavras se escrevessem! quem _me_
dera, que se gravassem n’_um_ livro!

24 E que, com penna de ferro, e _com_ chumbo, para sempre fossem
esculpidas na rocha!

25 Porque eu sei _que_ o meu Redemptor vive, e _que_ estará em pé no
derradeiro _dia_ sobre o pó.

26 E depois de _roida_ a minha pelle, comtudo desde a minha carne [8]
verei a Deus,

27 A quem eu verei por mim mesmo, e os meus olhos o verão, e não outro:
_e por isso_ os meus rins se consomem no meu seio.

28 Na verdade, que devieis dizer: [9] Porque o perseguimos? Pois a raiz
da [NB] accusação se acha em mim.

29 Temei vós mesmos a espada; porque o furor traz os castigos da espada,
para saberdes que _haverá_ um juizo.

[1] Gen. 31.7. Lev. 26.26.

[2] cap. 3.23.

[3] cap. 13.24. Lam. 2.5.

[4] cap. 30.12.

[5] II Reis 2.23.

[6] cap. 30.30. Lam. 4.8.

[7] cap. 1.11.

[8] I Cor. 13.12. I João 3.2.

[9] ver. 22.



_Sofar descreve as calamidades que os impios soffrem._

20 Então respondeu Sofar, o naamathita, e disse:

2 Por isso _é que os_ meus pensamentos me fazem responder, e portanto me
apresso.

3 Eu ouvi a reprehensão, que me envergonha, mas o espirito do meu
entendimento responderá por mim.

4 _Porventura não_ sabes isto, _que foi_ desde todo o tempo, desde que o
homem foi posto sobre a terra?

5 _A saber_: que o jubilo dos impios é breve, e a alegria dos hypocritas
como d’um momento?

6 Ainda que a sua altura [1] subisse até ao céu, e a sua cabeça chegasse
até ás nuvens,

7 _Comtudo_ como o seu _proprio_ esterco perecerá para sempre: _e_ os que
o viam dirão: Onde está?

8 Como um sonho vôa, e não será achado, e será afugentado como uma visão
da noite.

9 O olho [2] que _já_ o viu jamais o verá, nem olhará mais para elle o
seu logar.

10 Os seus filhos procurarão agradar aos pobres, e as suas mãos
restaurarão [3] a sua fazenda.

11 Os seus ossos [4] se encherão dos seus _peccados_ occultos, e
_juntamente_ se deitarão com elle no pó.

12 Ainda que o mal lhe seja doce na bocca, _e_ elle o esconda debaixo da
sua lingua,

13 E o guarde, e o não deixe, antes o retenha no seu paladar,

14 Comtudo a sua comida se mudará nas suas entranhas; fel d’aspides
_será_ interiormente.

15 Enguliu fazendas, porém vomitalas-ha; do seu ventre Deus as lançará.

16 Veneno d’aspides sorverá; lingua de vibora o matará.

17 Não verá as correntes, [5] os rios _e_ os ribeiros de mel e manteiga.

18 Restituirá do seu trabalho, [6] e não _o_ engulirá: conforme ao poder
de sua mudança, _e_ não saltará de gozo.

19 Porquanto opprimiu, desamparou os pobres, e roubou a casa que não
edificou.

20 Porquanto não sentiu socego [7] no seu ventre; da sua tão desejada
fazenda coisa nenhuma reterá.

21 Nada _lhe_ sobejará do que coma; pelo que a sua fazenda não será
duravel.

22 Estando _já_ cheia a sua abastança, estará angustiado: toda a mão dos
miseraveis virá sobre elle.

23 Haja _porém ainda_ de que possa encher o seu ventre; _comtudo Deus_
mandará sobre elle o ardor da sua ira, e a fará chover [8] sobre elle
quando elle fôr a comer.

24 Ainda que fuja [9] das armas de ferro, o arco d’aço o atravessará.

25 Desembainhada _a espada_, sairá do _seu_ corpo, e resplandecendo [10]
virá do seu fel: _e haverá_ sobre elle assombros.

26 Toda a escuridão se occultará nos seus esconderijos: um fogo não
assoprado o consumirá: _e_ com o que ficar na sua tenda irá mal.

27 Os céus manifestarão a sua iniquidade: e a terra se levantará contra
elle.

28 As rendas de sua casa serão transportadas: no dia da sua ira todas se
derramarão.

29 Esta, [11] da parte de Deus, _é_ a porção do homem impio: e, da parte
de Deus, a herança dos seus ditos.

[1] Isa. 14.13, 14. Abd. 3, 4.

[2] cap. 7.8, 10 e 8.18.

[3] ver. 18. cap. 13.26.

[4] cap. 21.26.

[5] Jer. 17.6.

[6] ver. 10, 15.

[7] Ecc. 5.13, 14.

[8] Num. 11.33.

[9] Isa. 24.18. Jer. 48.43. Amós 5.19.

[10] cap. 16.13 e 18.11.

[11] cap. 17.13 e 31.2, 3.



_Job mostra que os impios muitas vezes gozam prosperidade n’esta vida._

21 Respondeu porém Job, e disse:

2 Ouvi attentamente as minhas razões; e isto vos sirva de consolações.

3 Soffrei-me, e eu fallarei: e, havendo eu fallado, [1] zombae.

4 _Porventura_ eu me queixo a _algum_ homem? porém, ainda _que assim
fosse_, porque se não angustiaria o meu espirito?

5 Olhae para mim, e pasmae: e ponde a mão [2] sobre a bocca.

6 Porque, quando me lembro _d’isto_, me perturbo, e a minha carne é
sobresaltada d’horror.

7 Por que razão [3] vivem os impios? envelhecem, e ainda se esforçam em
poder?

8 A sua semente se estabelece com elles perante a sua face; e os seus
renovos perante os seus olhos.

9 As suas casas teem paz, sem temor; e a vara de Deus não _está_ sobre
elles.

10 O seu touro gera, e não falha: pare a sua vacca, [4] e não aborta.

11 Mandam fóra as suas creanças, como _a_ um rebanho, e seus filhos andam
saltando.

12 Levantam _a voz, ao som_ do tamboril e da harpa, e alegram-se ao som
dos orgãos.

13 Na prosperidade gastam [5] os seus dias, e n’um momento descem á
sepultura.

14 E, _todavia_, [6] dizem a Deus: Retira-te de nós; porque não desejamos
ter conhecimento dos teus caminhos.

15 Quem [7] _é_ o Todo-poderoso, para que nós o sirvamos? e que nos
aproveitará que lhe façamos orações?

16 Vêde _porém_ que o seu bem não _está_ na mão d’elles: [8] esteja longe
de mim o conselho dos impios!

17 Quantas [9] vezes succede que se apaga a candeia dos impios, e lhes
sobrevem a sua destruição? [10] _e Deus_ na sua ira _lhes_ reparte dôres!

18 _Porque_ [11] são como a palha diante do vento, e como a pragana, que
arrebata o redemoinho.

19 Deus guarda [12] a sua violencia para seus filhos, _e_ lhe dá o pago,
que o sente.

20 Seus olhos vêem a sua ruina, [13] e elle bebe do furor do
Todo-poderoso.

21 Porque, que prazer teria na sua casa, depois de si, cortando-se-_lhe_
o numero dos seus mezes?

22 Porventura [14] a Deus se ensinaria sciencia, a elle que julga os
excelsos?

23 Este morre na força da sua plenitude, estando todo quieto e socegado.

24 Os seus baldes estão cheios de leite, e os seus ossos estão regados de
tutanos.

25 E outro morre, ao contrario, na amargura do seu coração, não havendo
comido do bem.

26 Juntamente [15] jazem no pó, e os bichos os cobrem.

27 Eis que conheço bem os vossos pensamentos: e os maus intentos _com
que_ injustamente me fazeis violencia.

28 Porque direis: [16] Onde _está_ a casa do principe? e onde a tenda das
moradas dos impios?

29 _Porventura_ o não perguntastes aos que passam pelo caminho? e não
conheceis os seus signaes?

30 Que [17] o mau é preservado para o dia da destruição; e são levados no
dia do furor.

31 Quem accusará diante d’elle [18] o seu caminho? e quem lhe dará o pago
do que faz?

32 Finalmente é levado ás sepulturas, e vigia no montão.

33 Os torrões do valle lhe são doces, e attrahe a si a todo o homem; e
diante de si _ha_ innumeraveis.

34 Como pois me consolaes com vaidade? pois nas vossas respostas ainda
resta a transgressão.

[1] cap. 16.10 e 17.2.

[2] Jui. 18.19. cap. 29.9 e 40.4.

[3] cap. 12.6. Jer. 12.1. Hab. 1.16.

[4] Exo. 23.26.

[5] cap. 36.11.

[6] cap. 22.17.

[7] Exo. 5.2. cap. 34.9. cap. 35.3. Mal. 3.14.

[8] cap. 22.18. Pro. 1.10.

[9] cap. 18.6.

[10] cap. 20.28, 29.

[11] Isa. 17.13 e 29.5. Ose. 13.3.

[12] Exo. 20.5.

[13] Isa. 51.17. Jer. 25.15. Apo. 14.10 e 19.15.

[14] Isa. 40.13 e 45.9. Rom. 11.34. I Cor. 2.16.

[15] cap. 20.11. Ecc. 9.2.

[16] cap. 20.7.

[17] Pro. 16.4. II Ped. 2.9.

[18] Gal. 2.11.



_Eliphaz accusa Job de diversos peccados e o exhorta ao arrependimento._

22 Então respondeu Eliphaz o temanita, e disse:

2 _Porventura_ [1] o homem será d’_algum_ proveito a Deus? antes a si
mesmo o prudente será proveitoso.

3 _Ou_ tem o Todo-poderoso prazer em que tu sejas justo? ou lucro _algum_
que tu faças perfeitos os teus caminhos?

4 _Ou_ te reprehende, pelo temor _que tem_ de ti? ou entra comtigo em
juizo?

5 _Porventura_ não _é_ grande a tua malicia? e sem termo as tuas
iniquidades?

6 Porque penhoraste a teus irmãos sem causa [2] _alguma_, e aos nus
despiste os vestidos.

7 Não déste de beber agua ao cançado, [3] e ao faminto retiveste o pão.

8 Mas para o violento era a terra, e o homem tido em respeito habitava
n’ella.

9 As viuvas despediste vazias, e os braços dos orphãos foram [4]
quebrantados.

10 Por isso é que estás cercado de laços, [5] e te perturbou _um_ pavor
repentino,

11 Ou as trevas que não vês, e a abundancia [6] d’agua que te cobre.

12 _Porventura_ Deus não _está_ na altura dos céus? olha pois para o cume
das estrellas, quão levantadas estão.

13 E dizes que sabe Deus _d’isto_? _porventura_ julgará por entre a
escuridão?

14 As nuvens _são_ escondedura para elle, para que não veja: e passeia
pelo circuito dos céus.

15 _Porventura_ consideraste a vereda do seculo _passado_, que pisaram os
homens iniquos?

16 Os quaes foram arrebatados [7] antes do _seu_ tempo: _sobre_ cujo
fundamento um diluvio se derramou.

17 Diziam [8] a Deus: Retira-te de nós. E que _é o que_ o Todo-poderoso
lhes fez?

18 Sendo elle o que enchera de bens as suas casas: mas o [9] conselho dos
impios esteja longe de mim.

19 Os justos _o_ viram, e se alegraram, e o innocente escarneceu d’elles.

20 Porquanto o nosso estado não foi destruido, mas o fogo consumiu o
resto d’elles.

21 Acostuma-te pois a elle, e [10] tem paz, e assim te sobrevirá o bem.

22 Acceita, peço-te, a lei da sua bocca, e põe as suas palavras no teu
coração.

23 Se te converteres [11] ao Todo-poderoso, serás edificado: affasta a
iniquidade da tua tenda.

24 Então amontoarás [12] oiro como pó, e o _oiro_ d’Ophir como pedras dos
ribeiros.

25 E até o Todo-poderoso te será _por_ oiro, e a tua prata amontoada.

26 Porque então te deleitarás [13] no Todo-poderoso, [14] e levantarás o
teu rosto para Deus.

27 _Devéras_ orarás, a elle, e elle te ouvirá, e pagarás os teus votos.

28 Determinando tu algum negocio, ser-te-ha firme, e a luz brilhará em
teus caminhos.

29 Quando abaterem, então tu dirás: Haja exaltação: e _Deus_ salvará [15]
ao humilde.

30 _E_ livrará _até ao_ que não é innocente; porque fica livre pela
pureza de tuas mãos.

[1] cap. 35.7. Luc. 17.10.

[2] Exo. 22.26, 27. Deu. 24.10, etc. cap. 24.3, 9. Eze. 18.12.

[3] cap. 31.17. Deu. 15.7, etc. Isa. 58.7. Eze. 18.7, 16. Mat. 25.42.

[4] cap. 31.21. Isa. 10.2. Eze. 22.7.

[5] cap. 18.8, 9, 10 e 19.6.

[6] Lam. 3.54.

[7] cap. 15.32.

[8] cap. 21.14. Psa. 4.6.

[9] cap. 21.16.

[10] Isa. 27.5.

[11] cap. 8.5, 6 e 11.13, 14.

[12] II Chr. 1.15.

[13] cap. 27.10. Isa. 58.14.

[14] cap. 11.15. Isa. 58.9.

[15] Pro. 29.23. Thi. 4.6. I Ped. 5.5.



_Job deseja apresentar-se perante Deus e confia na sua misericordia._

23 Respondeu porém Job, e disse:

2 Ainda hoje a minha queixa está em amargura: a violencia da minha praga
mais se aggrava do que o meu gemido.

3 Ah se _eu_ [1] soubesse que o poderia achar! _então me_ chegaria ao seu
tribunal.

4 Com boa ordem exporia ante elle a minha causa, e a minha bocca encheria
d’argumentos.

5 Saberia as palavras com _que elle_ me responderia, e entenderia o que
me dissesse.

6 _Porventura_ segundo a grandeza de _seu_ poder contenderia [2] comigo?
não; elle só _o_ põe em mim.

7 Ali o recto pleitearia com elle, e eu me livraria para sempre do meu
Juiz.

8 Eis que se me [3] adianto, _ali_ não está: se _torno_ para traz, não o
percebo.

9 Se obra a mão esquerda, não o vejo: _se_ se encobre á mão direita, não
_o_ diviso.

10 Porém elle sabe o meu caminho: prove-me, [4] _e_ sairei como o oiro.

11 Nas suas pizadas os meus pés se affirmaram: guardei o seu caminho, e
não me desviei _d’elle_.

12 Do preceito de seus labios nunca me apartei, _e_ as palavras da sua
bocca guardei mais do que a minha porção.

13 Mas, _se_ elle _está_ contra alguem, quem então [5] o desviará? o que
a sua alma quizer isso fará.

14 Porque cumprirá o que está ordenado a meu respeito, e muitas coisas
como estas _ainda_ tem [6] comsigo.

15 Por isso me perturbo perante elle, considero, e temo-me d’elle.

16 Porque Deus macerou o meu coração, e o Todo-poderoso me perturbou.

17 Porquanto não fui desarreigado antes das trevas, e nem encobriu com a
escuridão o meu rosto.

[1] cap. 13.3 e 16.21.

[2] Isa. 57.16.

[3] cap. 9.11.

[4] Thi. 1.12.

[5] cap. 12.14. Rom. 9.19.

[6] I The. 3.3.



_Job contesta que os impios, muitas vezes, ficam sem castigo n’esta vida._

24 Visto que do Todo-poderoso se não encobriram os tempos [1] porque, os
que o conhecem, não vêem os seus dias?

2 Até os limites removem: [2] roubam os rebanhos, e _os_ apascentam.

3 Levam [3] o jumento do orphão: tomam em penhor o boi da viuva.

4 Desviam do caminho aos necessitados; _e_ os miseraveis da terra juntos
se escondem [4] _d’elles_.

5 Eis que, _como_ jumentos montezes no deserto, saem á sua obra,
madrugando para a preza: o campo raso _dá_ mantimento a elles e aos
_seus_ filhos.

6 No campo segam o seu pasto, e vindimam a vinha do impio.

7 Ao nu [5] fazem passar a noite sem roupa, não tendo elle coberta contra
o frio.

8 Das correntes das montanhas são molhados, e, não tendo refugio,
abraçam-se [6] com as rochas.

9 Ao orphãosinho arrancam dos peitos, e penhoram _o que ha_ sobre o pobre.

10 Fazem com que os nus vão sem vestido e famintos _aos que_ carregam com
as espigas.

11 Entre as suas paredes espremem o azeite: pisam os lagares, e _ainda_
teem sêde.

12 Desde as cidades gemem os homens, e a alma dos feridos exclama, e
comtudo Deus _lh’o_ não imputa _como_ loucura.

13 Elles estão entre os que se oppõem á luz: não conhecem os seus
caminhos _d’ella_, e não permanecem nas suas veredas.

14 De madrugada se levanta o homicida, mata o pobre e necessitado, e de
noite é como o ladrão.

15 Assim como o [7] olho do adultero aguarda o crepusculo, dizendo: Não
me verá olho nenhum: e occulta o rosto,

16 Nas trevas minam as casas _que_ de dia se assignalaram: não [8]
conhecem a luz.

17 Porque a manhã para _todos_ elles _é_ como a sombra de morte;
_porque_, sendo conhecidos, sentem os pavores da sombra da morte.

18 É ligeiro sobre a face das aguas; maldita _é_ a sua parte sobre a
terra: não se vira pelo caminho das vinhas.

19 A seccura e o calor desfazem as aguas da neve; _assim desfará_ a
sepultura _aos que_ peccaram.

20 A madre se esquecerá d’elle, os bichos o comerão gostosamente; nunca
mais haverá lembrança [9] _d’elle_: e a iniquidade se quebrará como
arvore.

21 Afflige á esteril _que_ não pare, e á viuva não faz bem:

22 Até aos poderosos arrasta com a sua força: _se_ se levanta, não ha
vida segura.

23 Se _Deus_ lhes dá descanço, estribam-se n’isso: seus [10] olhos porém
_estão_ nos caminhos d’elles.

24 Por um pouco se alçam, e logo desapparecem: são abatidos, encerrados
como todos, e cortados como as cabeças das espigas.

25 Se agora não _é assim_, quem me desmentirá e desfará as minhas razões?

[1] Act. 1.7.

[2] Deu. 19.14 e 27.17. Pro. 22.28 e 23.10. Ose. 5.10.

[3] Deu. 24.6, 10, 12, 17. cap. 22.6.

[4] Pro. 28.28.

[5] Exo. 22.26, 27. Deu. 24.12, 13. cap. 22.6.

[6] Lam. 4.5.

[7] Pro. 7.9.

[8] João 3.20.

[9] Pro. 10.7.

[10] Pro. 15.3.



_Bildad sustenta que o homem não pode, sem presumção, justificar-se
diante de Deus._

25 Então respondeu Bildad o suhita, e disse:

2 Com elle _estão_ dominio e temor; elle faz paz nas suas alturas.

3 _Porventura_ teem numero as suas tropas? e sobre quem não surge a sua
[1] luz?

4 Como pois seria justo [2] o homem para com Deus? e como seria puro
aquelle que nasce da mulher?

5 Olha, até a lua não resplandece, e as estrellas não são puras aos seus
olhos.

6 E quanto menos o homem, _que é_ um verme, e o filho do homem, _que é_
um bicho.

[1] Thi. 1.17.

[2] cap. 4.17, etc. e 15.14, etc.



_Job reprehende Bildad e exalta o poder de Deus._

26 Porém Job respondeu e disse:

2 Como ajudaste aquelle que não tinha força? _e_ sustentaste o braço que
não tinha vigor?

3 Como aconselhaste aquelle que não tinha sabedoria, e plenamente _lhe_
fizeste saber a causa, assim como era?

4 A quem proferiste palavras? e cujo é o espirito que saiu de ti?

5 Os mortos tremem debaixo das aguas, com os seus moradores d’ellas.

6 O inferno _está_ nú [1] perante elle, e não ha coberta para a perdição.

7 O norte estende [2] sobre o vazio: a terra pendura sobre o nada.

8 Prende as [3] aguas nas suas nuvens, todavia a nuvem não se rasga
debaixo d’ellas.

9 Encobre a face do _seu_ throno, e sobre ella estende a sua nuvem.

10 Assignalou limite [4] sobre a superficie das aguas ao redor _d’ellas_,
até que se acabem a luz e as trevas.

11 As columnas do céu tremem, e se espantam da sua ameaça.

12 Com a sua força [5] fende o mar, e com o seu entendimento abate a sua
soberba.

13 Pelo seu Espirito ornou os céus: a sua mão formou a serpente [6]
enroscadiça.

14 Eis que isto _são só_ as bordas dos seus caminhos; e quão pouco é o
que temos ouvido d’elle! Quem pois entenderia o trovão do seu poder?

[1] Pro. 15.11. Heb. 4.13.

[2] cap. 9.8.

[3] Pro. 30.4.

[4] cap. 38.8. Pro. 8.29. Jer. 5.22.

[5] Isa. 51.15. Jer. 31.35.

[6] Isa. 27.1.



_Job sustenta sua integridade e sinceridade._

27 E proseguiu Job em proferir o seu dito, e disse:

2 Vive Deus, [1] que desviou a minha causa, e o Todo-poderoso, que
amargurou a minha alma.

3 Que, emquanto em mim _houver_ alento, e o sopro de Deus nos meus
narizes,

4 Não fallarão os meus labios iniquidade, nem a minha lingua pronunciará
engano.

5 Longe de mim que eu vos justifique: até que [2] eu expire, nunca
apartarei de mim a minha sinceridade.

6 A minha justiça me apegarei [3] e não a largarei: não me remorderá o
meu coração em toda a minha vida.

7 Seja como o impio o meu inimigo, e o que se levantar contra mim como o
perverso.

8 Porque [4] qual _será_ a esperança do hypocrita, havendo sido avaro,
quando Deus _lhe_ arrancar a sua alma?

9 _Porventura_ [5] Deus ouvirá o seu clamor, sobrevindo-lhe a tribulação?

10 _Ou_ deleitar-se-ha no Todo-poderoso? _ou_ invocará a Deus em todo o
tempo?

11 Ensinar-vos-hei [6] ácerca da mão de Deus, _e_ não vos encobrirei o
que _está_ com o Todo-poderoso.

12 Eis que todos vós _já o_ vistes: porque pois vos desvaneceis na
_vossa_ vaidade?

13 Esta _pois é_ a [7] porção do homem impio para com Deus, e a herança,
_que_ os tyrannos receberão do Todo-poderoso.

14 Se [8] os seus filhos se multiplicarem, _será_ para a espada, e os
seus renovos se não fartarão de pão.

15 Os que ficarem d’elle na morte serão enterrados, e as suas viuvas não
chorarão.

16 Se amontoar prata como pó, e apparelhar vestidos como lodo;

17 Elle os apparelhará, porém [9] o justo os vestirá, e o innocente
repartirá a prata.

18 E edificará a sua casa como a traça, e como o guarda _que_ faz a [10]
cabana.

19 Rico se deita, e não será recolhido: seus olhos abre, e elle não será.

20 Pavores se [11] apoderam d’elle como aguas: de noite o arrebatará a
tempestade.

21 O vento oriental o levará, e ir-se-ha, e o tempestuoso o arrebatará do
seu logar.

22 E _Deus_ lançará _isto_ sobre elle, e não _lhe_ poupará; irá fugindo
da sua mão.

23 _Cada um_ baterá contra elle as palmas das mãos, e do seu logar o
assobiará.

[1] cap. 34.5.

[2] cap. 2.9 e 13.15.

[3] Act. 24.16.

[4] Mat. 16.26. Luc. 12.20.

[5] cap. 35.12. Pro. 1.28 e 28.9. Eze. 8.18. Miq. 3.4. João 9.31. Thi.
4.3.

[6] cap. 22.26, 27.

[7] cap. 20.29.

[8] Deu. 28.41. Ose. 9.13.

[9] Pro. 28.8. Ecc. 2.26.

[10] Isa. 1.8. Lam. 2.6.

[11] cap. 18.11.



_O homem tem sciencia das coisas da terra, mas a sabedoria é dom de Deus._

28 Na verdade, ha _veia_ d’onde se tira a prata, e para o oiro logar _em
que_ o derretem.

2 O ferro se toma do pó, e _da_ pedra se funde o metal.

3 Elle poz fim ás trevas, e toda a extremidade elle esquadrinha, a pedra
da escuridão e da sombra da morte.

4 Trasborda o ribeiro junto ao que habita _ali_, de maneira que se não
possa passar a pé: _então_ se esgota do homem, _e as aguas_ se vão.

5 Da terra procede o pão, e debaixo d’ella se converte como _em_ fogo.

6 As suas pedras são o logar da saphira, e tem pósinhos d’oiro.

7 Vereda que ignora a ave de rapina, e que não viu os olhos da gralha.

8 Nunca a pisaram filhos d’animaes altivos, nem o feroz leão passou por
ella.

9 Estendeu a sua mão contra o rochedo, _e_ transtorna os montes desd’as
suas raizes.

10 Dos rochedos faz sair rios, e o seu olho viu tudo o _que ha_ precioso.

11 Os rios tapa, e nem uma gotta sae d’elles, e tira á luz o _que estava_
escondido.

12 Porém d’onde se achará [1] a sabedoria? e onde está o logar da
intelligencia?

13 O homem não sabe [2] a sua valia, e não se acha na terra dos viventes.

14 O abysmo diz: [3] Não está em mim: e o mar diz: _Ella_ não _está_
comigo.

15 Não se [4] dará por ella oiro _fino_, nem se pesará prata em cambio
d’ella.

16 Nem se pode comprar por oiro _fino_ d’Ophir, _nem_ pelo precioso onyx,
nem pela saphira.

17 Com ella se não póde comparar o oiro nem o crystal; nem se dá em troca
d’ella joia d’oiro fino.

18 Não se fará menção de coral nem de perolas; porque o desejo da
sabedoria _é_ melhor que _o dos_ rubins.

19 Não se lhe igualará o topazio de Cus, nem se póde comprar por oiro
puro.

20 D’onde pois [5] vem a sabedoria? e onde _está_ o logar da
intelligencia?

21 Porque está encoberta aos olhos de todo o vivente, e occulta ás aves
do céu.

22 A perdição [6] e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua
fama.

23 Deus entende o seu caminho, e elle sabe o seu logar.

24 Porque elle vê as extremidades da terra; _e_ vê tudo [7] _o que ha_
debaixo dos céus:

25 Dando peso ao vento, e tomando a medida das aguas.

26 Prescrevendo [8] lei para a chuva e caminho para o relampago dos
trovões.

27 Então a viu e relatou, a preparou, e tambem a esquadrinhou.

28 Porém disse ao homem: Eis que o temor [9] do Senhor é a sabedoria, e
apartar-se do mal, a intelligencia.

[1] ver. 20. Ecc. 7.24.

[2] Pro. 3.35.

[3] ver. 22. Rom. 11.32, 34.

[4] Pro. 3.13, 14, 15 e 8.10, 11, 19 e 16.16.

[5] ver. 12.

[6] ver. 14.

[7] Pro. 15.3.

[8] cap. 38.25.

[9] Deu. 4.6. Pro. 1.7 e 9.10. Ecc. 12.13.



_Lamentação de Job lembrando-se do seu primeiro estado._

29 E proseguiu Job em proferir o seu dito, e disse:

2 Ah! quem me dera ser como eu fui nos mezes [1] passados! como nos dias
_em que_ Deus me guardava!

3 Quando [2] fazia resplandecer a sua candeia sobre a minha cabeça _e
quando_ eu pela sua luz caminhava _pelas_ trevas:

4 Como era nos dias da minha mocidade, quando [NC] o segredo de Deus
estava sobre a minha tenda:

5 Quando o Todo-poderoso ainda _estava_ comigo, _e_ os meus meninos em
redor de mim.

6 Quando [3] lavava os meus passos na manteiga, e da rocha me corriam
ribeiros de azeite:

7 Quando sahia a porta pela cidade, _e_ na praça fazia preparar a minha
cadeira:

8 Os moços me viam, e se escondiam, e _até_ os edosos se levantavam _e_
se punham em pé:

9 Os principes continham as _suas_ palavras, e punham a [4] mão sobre a
sua bocca:

10 A voz dos chefes se escondia: e a sua lingua se pegava ao seu paladar:

11 Ouvindo-_me_ algum ouvido, me tinha por bemaventurado: vendo-_me_
algum olho, dava testemunho de mim;

12 Porque eu [5] livrava o miseravel, que clamava: como tambem o orfão
que não tinha quem o soccoresse.

13 A benção do que ia perecendo vinha sobre mim, e eu fazia que jubilasse
o coração da viuva.

14 Vestia-me da [6] justiça: e ella me servia de vestido: como manto e
diadema _era_ o meu juizo.

15 Eu fui o olho do cego, como tambem os pés do coxo:

16 Aos necessitados era pae, e as causas [7] de que eu não tinha
conhecimento inquiria com diligencia;

17 E quebrava os queixaes do perverso, e dos seus dentes tirava a preza.

18 E dizia: No meu ninho expirarei, e multiplicarei os meus dias como a
areia.

19 A minha [8] raiz se estendia junto ás aguas, e o orvalho fazia assento
sobre os meus ramos;

20 A minha honra se renovava em mim, [9] e o meu arco se reforçava na
minha mão.

21 Ouvindo-me esperavam, e em silencio attendiam ao meu conselho.

22 Acabada a minha palavra, não replicavam, e minhas razões distillavam
sobre elles;

23 Porque me esperavam, como a chuva; e abriam a sua bocca, como a chuva
[10] tardia.

24 _Se_ me ria para elles, não o criam, e não faziam abater a luz do meu
rosto;

25 Eu escolhia o seu caminho, assentava-me como chefe, e habitava como
rei entre as tropas: como aquelle que consola os que pranteiam.

[1] cap. 7.3.

[2] cap. 18.6.

[3] Gen. 49.11. Deu. 32.13 e 33.24. cap. 20.17.

[4] cap. 21.5.

[5] Pro. 21.13 e 34.11.

[6] Isa. 59.17 e 61.10. Eph. 6.14, etc. Num. 10.31.

[7] Pro. 29.7.

[8] cap. 18.16. Jer. 17.8.

[9] Gen. 49.24.

[10] Zac. 10.1.



_Job descreve o estado miseravel em que caiu._

30 Porém agora se riem de mim os de menos edade do que eu, cujos paes eu
teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho.

2 De que tambem me serviria a força das suas mãos? já _de_ velhice se
tinham esgotado n’elles.

3 De mingua e fome _andavam_ sós, _e_ recolhiam-se para os logares
seccos, tenebrosos, assolados e desertos.

4 Apanhavam malvas junto aos arbustos, e o seu mantimento _eram_ as
raizes dos zimbros.

5 Do meio _dos homens_ foram expulsos, _e_ gritavam contra elles, como
_contra_ o ladrão:

6 Para habitarem nos barrancos dos valles, _e_ nas cavernas da terra e
das rochas.

7 Bramavam entre os arbustos, _e_ ajuntavam-se debaixo das ortigas.

8 _Eram_ filhos de doidos, e filhos de gente sem nome, e da terra foram
expulsos.

9 Porém [1] agora sou a sua canção, e lhes sirvo de rifão.

10 Abominam-me, _e_ fogem para longe de mim, [2] e do meu rosto não
reteem o seu escarro.

11 Porque _Deus_ [3] desatou o meu cordão, e me opprimiu, pelo que
sacudiram _de si_ o freio perante o meu rosto.

12 Á direita se levantam os moços; empurram os meus pés, e preparam
contra [4] mim os seus caminhos de destruição.

13 Desbarataram-me o meu caminho: promovem a minha miseria: não _teem_
ajudador.

14 Veem _contra mim_ como por uma grande brecha, _e_ revolvem-se entre a
assolação.

15 Sobrevieram-me pavores; como vento perseguem a minha [ND] honra, e
como nuvem passou a minha felicidade.

16 E agora derrama-se em mim a minha alma: os dias da afflicção se
apoderaram de mim.

17 De noite se me traspassam os meus ossos, e os pulsos das minhas veias
não descançam.

18 Pela grandeza da força _das dôres_ se demudou o meu vestido, _e_ elle
como o cabeção da minha tunica me cinge.

19 Lançou-me na lama, e fiquei similhante ao pó e á cinza.

20 Clamo a ti, porém tu não me respondes: estou em pé, porém para mim
_não_ attentas.

21 Tornaste-te a ser cruel contra mim: com a força da tua mão resistes
violentamente.

22 Levantas-me sobre o vento, fazes-me cavalgar _sobre elle_, e
derretes-me o ser.

23 Porque eu sei _que_ me levarás á morte e á casa do ajuntamento
determinado [5] a todos os viventes.

24 Porém não estenderá a mão para o montão de terra, se houve clamor
n’elles _contra mim_ na sua desventura.

25 _Porventura_, não chorei sobre aquelle que estava afflicto? _ou_ não
se angustiou a minha alma pelo necessitado?

26 _Todavia_ aguardando [6] eu o bem, então _me_ veiu o mal, _e_
esperando eu a luz, veiu a escuridão.

27 As minhas entranhas ferveram e não estão quietas: os dias da afflicção
me surprehenderam.

28 Denegrido ando, porém não do sol, _e_, levantando-me na congregação,
clamo por soccorro.

29 Irmão [7] me fiz dos [NE] dragões, e companheiro dos abestruzes.

30 Ennegreceu-se a minha pelle [8] sobre mim, e os meus ossos estão
queimados do calor.

31 Pelo que se trocou a minha harmonia em lamentação, e o meu orgão em
voz dos que choram.

[1] cap. 17.6. Lam. 3.14, 63.

[2] Pro. 3.15.

[3] ver. 22. Rom. 11.33, 34.

[4] Pro. 3.13, 14, 15 e 8.10, 11, 19 e 16.1.

[5] Heb. 9.27.

[6] Jer. 8.15.

[7] Miq. 1.8.

[8] Lam. 4.8 e 5.10.



_Job declara sua integridade nos seus deveres._

31 Fiz concerto com os meus olhos: [1] como pois attentaria n’uma virgem?

2 Porque qual _seria_ a parte [2] de Deus de cima? ou a herança do
Todo-poderoso _para mim_ desde as alturas?

3 _Porventura_ não é a perdição para o perverso, o desastre para os que
obram iniquidade?

4 Ou não vê [3] elle os meus caminhos, e não conta todos os meus passos?

5 Se andei com vaidade, e _se_ o meu pé se apressou para o engano

6 (Pese-me em balanças fieis, e saberá Deus a minha sinceridade),

7 Se os meus passos se desviavam do caminho, e se o meu coração [4] segue
os meus olhos, e se ás minhas mãos se apegou coisa alguma,

8 Então semeie eu [5] e outro coma, e seja a minha descendencia arrancada
até á raiz.

9 Se o meu coração se deixou seduzir por uma mulher, ou se eu armei
traições á porta do meu proximo,

10 Então môa minha mulher para [6] outro, e outros se encurvem sobre
ella.

11 Porque é uma infamia, [7] e _é_ delicto _pertencente_ aos juizes.

12 Porque fogo é que consomem até á perdição, e desarreigaria toda a
minha renda.

13 Se desprezei o direito do meu servo ou da minha serva, quando elles
contendiam comigo,

14 Então que faria eu quando Deus se levantasse? e, inquirindo _a causa_,
que lhe responderia?

15 Aquelle [8] que me fez no ventre não o fez _tambem_ a elle? ou não nos
formou do mesmo _modo_ na madre?

16 Se retive o que os pobres desejavam, ou fiz desfallecer os olhos da
viuva,

17 Ou só comi o meu bocado, e o orphão não comeu d’elle.

18 (Porque desde a minha mocidade cresceu comigo como _com seu_ pae, e o
guiei desde o ventre de minha mãe),

19 Se a alguem vi perecer por falta de vestido, e ao necessitado por não
ter coberta,

20 Se os seus lombos me não [9] abençoaram, se elle não se aquentava com
as pelles dos meus cordeiros,

21 Se eu levantei a minha mão contra [10] o orphão, porquanto na porta
via a minha ajuda,

22 Então caia do hombro a minha espadoa, e quebre-se o meu braço do osso.

23 Porque o castigo de Deus _era_ para mim um [11] assombro, e eu não
podia supportar a sua alteza.

24 Se [12] no oiro puz a minha esperança, ou disse ao oiro fino: _Tu és_
a minha confiança;

25 Se [13] me alegrei de que era muita a minha fazenda, e de que a minha
mão tinha alcançado muito;

26 Se olhei [14] para o sol, quando resplandecia, ou para a lua,
caminhando gloriosa,

27 E o meu coração se deixou enganar em occulto, e a minha bocca beijou a
minha mão,

28 Tambem isto _seria_ [15] delicto _pertencente_ ao juiz: pois _assim_
negaria a Deus _que está_ em cima.

29 Se me alegrei [16] da desgraça do que me tem odio, e se eu exultei
quando mal o achou.

30 (Tambem não deixei [17] peccar o meu paladar, desejando a sua morte
com maldição),

31 Se a gente da minha tenda não disse: Ah, quem nos désse da sua carne!
nunca nos fartariamos _d’ella_:

32 O estrangeiro [18] não passava a noite na rua; as minhas portas abria
ao viandante.

33 Se, como Adão, encobri as minhas [19] transgressões, occultando o meu
delicto no meu seio;

34 Porque eu temia [20] a grande multidão, e o desprezo das familias me
apavoraria, e eu me calaria, e não sairia da porta.

35 Ah quem me dera um que me ouvisse! eis que o meu intento _é que_ o
Todo-poderoso [21] me responda, e que o meu adversario escreva um livro.

36 Por certo que o levaria sobre o meu hombro, sobre mim o ataria _por_
corôa.

37 O numero dos meus passos lhe mostraria: como [22] principe me chegaria
a elle.

38 Se a minha terra clamar contra mim, e se os seus regos juntamente
chorarem,

39 Se comi a sua novidade sem dinheiro, e suffoquei a alma dos seus donos,

40 Por trigo _me_ produza cardos, [23] e por cevada joio. Acabaram-se as
palavras de Job.

[1] Mat. 5.28.

[2] cap. 20.29 e 27.13.

[3] II Chr. 16.9. cap. 34.21. Pro. 5.21 e 15.3. Jer. 32.19.

[4] Num. 15.39. Ecc. 11.9. Eze. 6.9. Mat. 5.29.

[5] Lev. 26.16. Deu. 28.30, 38, etc.

[6] II Sam. 12.11. Jer. 8.10.

[7] Gen. 38.24. Lev. 20.10. Deu. 22.22. ver. 28.

[8] cap. 34.19. Pro. 14.31 e 22.2. Mal. 3.10.

[9] Deu. 24.13.

[10] cap. 22.9.

[11] Isa. 13.7. Joel 1.15.

[12] Mar. 10.24. I Tim. 6.17.

[13] Pro. 11.28.

[14] Deu. 4.19 e 11.16 e 17.3. Eze. 8.16.

[15] ver. 11.

[16] Pro. 17.5.

[17] Mat. 5.44. Rom. 12.14.

[18] Gen. 19.2, 3.

[19] Gen. 3.8, 12. Pro. 28.13.

[20] Exo. 23.2.

[21] cap. 13.22.

[22] Thi. 5.4. I Reis 21.19.

[23] Gen. 3.18.



_Elihu reprehende Job e os seus tres amigos._

32 Então aquelles tres homens cessaram de responder a Job; porque era [1]
justo aos seus _proprios_ olhos.

2 E accendeu-se a ira d’Elihu, filho de Baracheel [2] o buzita, da
familia de Ram: contra Job se accendeu a sua ira, porque se justificava a
si mesmo, mais do que a Deus.

3 Tambem a sua ira se accendeu contra os seus tres amigos: porque, não
achando que responder, todavia condemnavam a Job.

4 Elihu porém esperou que Job fallasse; porquanto tinham mais edade do
que elle.

5 Vendo pois Elihu que _já_ não havia resposta na bocca d’aquelles tres
homens, a sua ira se accendeu.

6 E respondeu Elihu, filho de Baracheel o buzita, e disse: Eu _sou_ de
menos [3] edade, e vós _sois_ edosos; receei-me e temi de vos declarar a
minha opinião.

7 Dizia eu: Fallem os dias, e a multidão doa annos ensine a sabedoria.

8 Na verdade, ha um espirito no homem, [4] e a inspiração do
Todo-poderoso os faz entendidos.

9 Os grandes não são [5] os sabios, nem os velhos entendem juizo.

10 Pelo que digo: Dae-me ouvidos, e tambem eu declararei a minha opinião.

11 Eis que aguardei as vossas palavras, _e_ dei ouvidos ás vossas
considerações, até que buscasseis razões.

12 Attentando pois para vós, eis que nenhum de vós ha que possa convencer
a Job, _nem_ que responda ás suas razões:

13 Para que não digaes: [6] Achamos a sabedoria; Deus o derribou, _e_ não
homem algum.

14 Ora elle não dirigiu contra mim palavra alguma, nem lhe responderei
com as vossas palavras.

15 Estão pasmados, não respondem mais, faltam-lhes as palavras.

16 Esperei pois, porém não fallam: porque já pararam, _e_ não respondem
mais.

17 Tambem eu responderei pela minha parte: tambem eu declararei a minha
opinião.

18 Porque estou cheio de palavras, _e_ aperta-me o espirito do meu ventre.

19 Eis que o meu ventre _é_ como o mosto, sem respiradouro, _e_ virá a
arrebentar, como odres novos.

20 Fallarei, e respirarei: abrirei os meus labios, e responderei.

21 Oxalá eu não faça accepção [7] de pessoas, nem use de sobrenomes com o
homem!

22 Porque não sei usar de sobrenomes: em breve me levaria o meu Creador.

[1] cap. 33.9.

[2] Gen. 22.21.

[3] II Chr. 16.9. cap. 34.21. Pro. 5.21 e 15.3. Jer. 32.19.

[4] Mat. 11.25. Thi. 1.5.

[5] I Cor. 1.26.

[6] Jer. 9.23. I Cor. 1.29.

[7] Lev. 19.15. Deu. 1.17 e 16.19. Pro. 24.23. Mat. 22.16.



_Elihu accusa Job de se oppôra Deus e de entender mal os seus caminhos._

33 Assim, na verdade, ó Job, ouve as minhas razões, e dá ouvidos a todas
as minhas palavras.

2 Eis que já abri a minha bocca: _já_ fallou a minha lingua debaixo do
meu paladar.

3 As minhas razões _sairão_ da sinceridade do meu coração, e a pura
sciencia dos meus labios.

4 O Espirito [1] de Deus me fez: e a inspiração do Todo-poderoso me deu
vida.

5 Se podes responde-me, põe por ordem diante de mim _a tua causa_, e
levanta-te.

6 Eis que _sou_ de Deus, como tu: do lodo tambem eu fui cortado.

7 Eis que não te perturbará o meu terror, nem será pesada sobre ti a
minha mão.

8 Na verdade que disseste aos meus ouvidos; e eu ouvi a voz das palavras,
_dizendo_:

9 Limpo [2] estou, sem transgressão: puro _sou_; e não tenho culpa.

10 Eis que acha contra mim achaques, e me considerou [3] como seu inimigo.

11 Põe [4] no tronco os meus pés, _e_ observa todas as minhas veredas.

12 Eis que n’isto te respondo: Não foste justo; porque maior é Deus do
que o homem.

13 Por que razão [5] contendeste com elle? porque não responde ácerca de
todos os seus feitos.

14 Antes Deus [6] falla uma e duas vezes; porém ninguem attenta para isso.

15 Em sonho [7] _ou em_ visão de noite, quando cae somno profundo sobre
os homens, _e_ adormecem na cama,

16 Então o revela ao ouvido dos homens, e lhes sella a sua instrucção.

17 Para apartar o homem d’aquillo que faz, e esconder do homem a soberba.

18 Para desviar a sua alma da cova, e a sua vida de passar pela espada.

19 Tambem na sua cama é com dôres castigado; como tambem a multidão de
seus ossos com fortes _dôres_.

20 De modo que a sua vida abomina _até_ o pão, e a sua alma a comida
appetecivel.

21 Desapparece a sua carne á vista _d’olhos_, e os seus ossos, _que_ se
não viam, _agora_ apparecem:

22 E a sua alma se vae chegando á cova, e a sua vida ao que traz morte.

23 Se com elle pois houver um [NF] mensageiro, um interprete, um entre
milhares, para declarar ao homem a sua rectidão,

24 Então terá misericordia d’elle, e _lhe_ dirá: Livra-o, que não desça á
cova; _já_ achei resgate.

25 Sua carne se reverdecerá mais do que _era_ na mocidade, _e_ tornará
aos dias da sua juventude.

26 Devéras orará a Deus, o qual se agradará d’elle, e verá a sua face com
jubilo, e restituirá ao homem a sua justiça.

27 Olhará para os homens, e dirá: Pequei, [8] e perverti o direito, o que
de nada me aproveitou.

28 _Porém Deus_ livrou [9] a minha alma de que não passasse a cova; assim
que a minha vida vê a luz.

29 Eis que tudo isto obra Deus, duas _e_ tres vezes para com o homem;

30 Para desviar [10] a sua alma da perdição, e o alumiar com a luz dos
viventes.

31 Escuta _pois_, ó Job, ouve-me: cala-te, e eu fallarei.

32 Se tens alguma coisa que dizer, responde-me: falla, porque desejo
justificar-te.

33 Se não, escuta-me tu: cala-te, e ensinar-te-hei a sabedoria.

[1] Gen. 2.7.

[2] cap. 9.17.

[3] cap. 13.24 e 16.9 e 19.11.

[4] cap. 13.27 e 14.16 e 31.4.

[5] Isa. 45.9.

[6] cap. 38.35.

[7] Num. 12.6. cap. 4.13.

[8] II Sam. 12.13. Pro. 28.13. Luc. 15.21. I João 1.9.

[9] Isa. 38.17.

[10] ver. 28. Psa. 56.13.



_Elihu accusa Job de fallar injustamente de Deus._

34 Respondeu mais Elihu, e disse:

2 Ouvi, vós, sabios, as minhas razões: e vós, entendidos, inclinae, os
ouvidos para mim.

3 Porque [1] o ouvido prova as palavras, como o paladar gosta a comida.

4 O que é direito escolhamos para nós: _e_ conheçamos entre nós o que _é_
bom.

5 Porque Job disse: [2] Sou justo; e Deus [3] tirou o meu direito.

6 No meu direito me é forçoso mentir: [4] dolorosa _é_ a minha frecháda
sem transgressão.

7 Que homem _ha_ como Job, que bebe a zombaria como agua?

8 E caminha em companhia com os que obram a iniquidade, e anda com homens
impios?

9 Porque disse: [5] De nada aproveita ao homem o comprazer-se em Deus.

10 Pelo que vós, homens d’entendimento, escutae-me: Deus esteja [6] longe
da impiedade, e o Todo-poderoso da perversidade!

11 Porque, _segundo_ [7] a obra do homem, elle lh’o paga; e segundo o
caminho de cada um lh’o faz achar.

12 Tambem, na verdade, Deus não obra impiamente; nem o Todo-poderoso
perverte o juizo.

13 Quem lhe pedia conta _do governo_ da terra? e quem dispoz a todo o
mundo?

14 Se pozesse o seu coração contra elle, recolheria para si o seu
espirito e o seu folego.

15 Toda [8] a carne juntamente expiraria, e o homem se voltaria para o pó.

16 Se pois _ha em ti_ entendimento, ouve isto; inclina os ouvidos á voz
do meu discurso.

17 _Porventura_ o que aborrece o direito ataria _as feridas_? [9] e tu
condemnarias aquelle que é justo?

18 Ou dir-se-ha a um rei, [10] Oh! Belial? aos principes, Oh! impios?

19 _Quanto menos áquelle_, que não faz accepção das pessoas de [11]
principes, nem estima o rico mais do que o pobre; porque [12] todos são
obras de suas mãos.

20 Elles n’um momento morrem; e _até_ á meia [13] noite os povos são
perturbados, e passam, e o poderoso será tomado sem mão.

21 Porque [14] os seus olhos _estão_ sobre os caminhos de cada um, e elle
vê todos os seus passos.

22 Não _ha_ trevas [15] nem sombra de morte, onde se escondam os que
obram a iniquidade.

23 Porque não se faz tanto caso do homem que contra Deus possa entrar em
juizo.

24 Quebranta [16] aos fortes, sem que se possa inquirir, e põe outros em
seu logar.

25 Elle conhece pois as suas obras, de noite os transtorna, e ficam
moidos.

26 Elle os bate como impios _que_ são, no logar dos expectadores:

27 Porquanto se [17] desviaram d’atraz d’elle, e não comprehenderam
nenhum de seus caminhos.

28 Para fazer que o clamor do pobre subisse até elle, e que ouvisse o
clamor dos afflictos.

29 Se elle aquietar, quem então inquietará? se encobrir o rosto, quem
então o poderá contemplar, seja para com um povo, seja para com um homem
_só_?

30 Para que o homem hypocrita nunca _mais_ reine, e não haja laços [18]
do povo.

31 Na verdade, quem a Deus disse: [19] Supportei _castigo_, não
perecerei.

32 O que não vejo, ensina-m’o tu: se fiz _alguma_ maldade, nunca mais _a_
hei de fazer.

33 _Virá_ de ti como o recompensará, pois tu o desprezas? farias tu pois,
e não eu, a escolha: que é logo o que sabes? falla.

34 Os homens de entendimento dirão comigo, e o varão sabio me ouvirá.

35 Job [20] fallou sem sciencia; e ás suas palavras falta prudencia.

36 Pae meu! provado seja Job até ao fim, para as suas respostas entre os
homens malignos.

37 Porque ao seu peccado accrescenta a transgressão; entre nós bateria as
palmas _das mãos_, e multiplicaria contra Deus as suas razões.

[1] cap. 6.30 e 12.11.

[2] cap. 33.9.

[3] cap. 27.2.

[4] cap. 9.17.

[5] cap. 9.23 e 23.30 e 35.3. Mal. 3.14.

[6] Gen. 18.25. Deu. 32.4. Rom. 9.14.

[7] Pro. 24.12. Jer. 32.19. Eze. 33.20. Mat. 16.27. Rom. 2.6. II Cor.
5.10. I Ped. 1.17. Apo. 22.12.

[8] Gen. 3.19. Ecc. 12.7.

[9] Gen. 18.25.

[10] Exo. 22.28.

[11] Deu. 10.17. II Chr. 19.7. Act. 10.34. Rom. 2.11. Col. 3.25. I Ped.
1.17.

[12] cap. 31.15.

[13] Exo. 12.29, 30.

[14] II Chr. 16.9. cap. 31.4. Jer. 16.17 e 32.19.

[15] Psa. 140.12. Amós 9.2, 3. Heb. 4.18.

[16] Dan. 2.21.

[17] I Sam. 15.11. Isa. 5.12.

[18] I Reis 12.28, 30. II Reis 21.9.

[19] Dan. 9.7, 14.

[20] cap. 35.16.



_O bem e o mal não podem affectar a Deus, mas algumas vezes, por falta de
fé dos afflictos não os ouve._

35 Respondeu mais Elihu e disse:

2 Tens por direito dizeres: Maior _é_ a minha justiça do que _a_ de Deus?

3 Porque disseste: [1] De que te serviria _elle_? _ou_ de que mais me
aproveitarei do que do meu peccado?

4 Eu te farei resposta, a ti e aos teus amigos comtigo.

5 Attenta [2] para os céus, e vê; e contempla as mais altas nuvens, _que
são_ mais altas do que tu.

6 Se peccares, que effectuarás [3] contra elle? _se_ as tuas
transgressões se multiplicarem, que lhe farás.

7 Se fôres justo, que lhe darás? [4] ou que receberá da tua mão?

8 A tua impiedade _damnaria_ outro tal como tu; e a tua justiça
_aproveitaria_ ao filho do homem.

9 Por causa da grandeza _da oppressão_ fazem clamar [5] aos opprimidos:
exclamam por causa do braço dos grandes.

10 Porém ninguem diz: [6] Onde _está_ Deus que me fez, que dá psalmos na
noite.

11 Que nos faz mais doutos do que os animaes da terra, e nos faz mais
sabios do que as aves dos céus.

12 Ali clamam, [7] porém elle não responde, por causa da arrogancia dos
maus.

13 Certo é que Deus não ouvirá a vaidade, nem attentará para ella o
Todo-poderoso.

14 E [8] quanto ao que disseste, _que_ o não verás: juizo _ha_ perante
elle; por isso espera n’elle.

15 Mas agora, ainda que a ninguem a sua ira visitasse, nem advertisse
muito na multidão _dos peccadores_:

16 Logo Job em vão abriu a sua bocca, e sem sciencia multiplicou palavras.

[1] cap. 34.9.

[2] cap. 22.12.

[3] Pro. 8.36. Jer. 7.19.

[4] cap. 22.2, 3. Pro. 9.12. Rom. 11.35.

[5] Exo. 2.23. cap. 34.28.

[6] Isa. 51.13.

[7] Pro. 1.28. Jer. 11.11.

[8] cap. 9.11.



_Elihu justifica a Deus e diz a Job que o seu peccado estorva a benção
d’Aquelle._

36 Proseguiu ainda Elihu, e disse:

2 Espera-me um pouco, e mostrar-te-hei que ainda _ha_ razões a favor de
Deus.

3 Desde longe repetirei a minha opinião; e ao meu Creador attribuirei a
justiça.

4 Porque na verdade, as minhas palavras não _serão_ falsas: comtigo está
um que é sincero na _sua_ opinião.

5 Eis que Deus _é mui_ grande, comtudo [1] a ninguem despreza: grande _é_
em força de coração.

6 Não deixa viver ao impio, e faz justiça aos afflictos.

7 Do justo não tira os seus olhos; antes _estão_ com os reis no throno;
ali os assenta para sempre, e _assim_ são exaltados.

8 E, se _estando_ presos em grilhões, _os detem_ amarrados com cordas de
afflicção,

9 Então lhes faz saber a obra d’elles, e as suas transgressões; porquanto
prevaleceram _n’ellas_.

10 E revela-lh’o aos [2] seus ouvidos, para _seu_ ensino; e diz-_lhes_
que se convertam da maldade.

11 Se o ouvirem, e o servirem, acabarão seus dias [3] em bem, e os seus
annos em delicias.

12 Porém se o não ouvirem, á espada os passarão, e expirarão sem
conhecimento.

13 E os hypocritas de coração amontoam _para_ [4] _si_ a ira; e
amarrando-os elle, não clamam por soccorro.

14 A sua alma morre [5] na mocidade, e a sua vida entre os sodomitas.

15 Ao afflicto livra, da sua afflicção, e na oppressão o revelará aos
seus ouvidos.

16 Assim tambem te desviará da bocca da angustia _para_ um logar
espaçoso, em que não haja aperto, e as iguarias da tua mesa _serão_
cheias de gordura.

17 E estarás satisfeito com o juizo do impio: o juizo e a justiça _te_
sustentarão.

18 Porquanto ha furor, _guarda-te_ de que _porventura_ te não tire de
pancada, pois por grande preço te não poderiam retirar _d’ali_.

19 Estimaria [6] elle _tanto_ tuas riquezas, ou alguns esforços da força,
_que por isso_ não estivesses em aperto?

20 Não suspires pela noite, _em_ que os povos sejam tomados do seu logar.

21 Guarda-te, e não declines para a iniquidade: [7] porquanto n’isto a
escolheste, por causa da tua miseria.

22 Eis que Deus exalta com a sua força; [8] quem ensina como elle?

23 Quem [9] lhe pedirá conta do seu caminho? ou, quem _lhe_ disse: Tu
commetteste maldade?

24 Lembra-te de que engrandeças a sua obra [10] que os homens contemplam.

25 Todos os homens a veem, e o homem _a_ enxerga de longe.

26 Eis que [11] Deus é grande, e nós o não comprehendemos, e o numero dos
seus annos se não pode esquadrinhar.

27 Porque faz miudas as gottas das aguas que derramam a chuva do seu
vapor.

28 A qual as nuvens distillam [12] e gotejam sobre o homem abundantemente.

29 _Porventura_ tambem se poderão entender as extensões das nuvens, e os
estalos [13] da sua tenda?

30 Eis que estende sobre ellas a sua luz, e encobre os altos do mar.

31 Porque por [14] estas _coisas_ julga os povos _e lhes_ dá mantimento
em abundancia.

32 Com as mãos encobre a luz, e faz-lhe prohibição pela que passa por
entre ellas.

33 O que dá a entender o seu pensamento, como tambem aos gados, [15]
ácerca do _temporal_ que sobe.

[1] cap. 9.4 e 12.13, 16 e 37.23.

[2] cap. 33.16, 23.

[3] cap. 21.13.

[4] Rom. 2.5.

[5] cap. 15.33 e 22.16.

[6] Pro. 11.4.

[7] Heb. 11.25.

[8] Isa. 40.13, 14. Rom. 11.34.

[9] cap. 34.10.

[10] Apo. 15.3.

[11] I Cor. 13.12. Heb. 1.12.

[12] Pro. 3.20.

[13] cap. 37.3.

[14] cap. 27.13. Act. 14.17.

[15] I Reis 18.45.



_O homem, por conhecer as obras de Deus e a sua sabedoria, deve temel-o._

37 Sobre isto tambem treme o meu coração, e salta do seu logar.

2 Attentamente ouvi o movimento da sua voz, e o sonido _que_ sae da sua
bocca.

3 Elle o envia por debaixo de todos os céus, e a sua luz até aos confins
da terra.

4 Depois d’isto brama com _grande_ voz, troveja com a sua alta voz; e,
ouvida a sua voz, não tarda com estas coisas.

5 Com a sua voz troveja Deus maravilhosamente: faz grandes [1] coisas, e
nós as não comprehendemos.

6 Porque á neve diz: Está sobre a terra: como tambem ao aguaceiro e á sua
forte chuva.

7 _Elle_ sella as mãos de todo o homem, para que conheça todos os homens
de sua obra.

8 E as bestas entram nos seus esconderijos e ficam nas suas cavernas.

9 Da recamara sae o pé de vento, e dos _ventos_ dispersivos o frio.

10 Pelo [2] assopro de Deus se dá a geada, e as largas aguas se endurecem.

11 Tambem _com_ a humidade carrega as grossas nuvens, _e_ esparge a nuvem
[NG] da sua luz.

12 Então ellas, segundo o seu prudente conselho, se tornam pelas
espheras, para que façam tudo quanto lhes ordena sobre a superficie do
mundo habitavel,

13 Seja que por vara, ou para a sua terra, [3] ou por beneficencia [4] as
faça vir.

14 A isto, ó Job, inclina os teus ouvidos: põe-te em pé, e considera as
maravilhas de Deus.

15 _Porventura_ sabes tu quando Deus considera n’ellas, e faz
resplandecer a lua da sua nuvem?

16 Tens [5] tu noticia do equilibrio das grossas nuvens e das maravilhas
de aquelle que é perfeito nos conhecimentos,

17 _Ou_ de como os teus vestidos aquecem, quando do sul ha calma sobre a
terra?

18 _Ou_ estendeste com [6] elle os céus, que _estão_ firmes como espelho
fundido?

19 Ensina-nos o que lhe diremos; _porque_ nós nada poderemos pôr em boa
ordem, por causa das trevas.

20 Ou ser-lhe-hia contado, quando _eu assim_ fallasse? dir-lhe-ha alguem
_isso_? pois será devorado.

21 E agora _se_ não _pode_ olhar para o sol, quando resplandece nos céus;
passando e purificando-os o vento.

22 O esplendor de oiro vem do norte: _pois_ em Deus _ha uma_ tremenda
magestade.

23 Ao Todo-poderoso não [7] podemos alcançar; grande _é_ em potencia;
porém a ninguem opprime em juizo e grandeza de justiça.

24 Por isso o temem os [8] homens: elle não respeita aos sabios de
coração.

[1] cap. 5.9 e 9.10 e 36.26. Apo. 15.3.

[2] cap. 38.29, 30.

[3] Exo. 9.18, 23. I Sam. 12.18, 19. Esd. 10.9. cap. 36.31.

[4] cap. 38.26, 27. II Sam. 21.10. I Reis 18.45.

[5] cap. 36.4, 29.

[6] Gen. 1.6. Isa. 44.24.

[7] Thi. 5.10. cap. 34.5.

[8] Mat. 10.28 e 11.25. I Cor. 1.26.



_Deus responde a Job e mostra-lhe sua grandeza e sabedoria._

38 Depois d’isto o Senhor respondeu a Job [1] d’um redemoinho, e disse:

2 Quem _é_ este [2] que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?

3 Agora cinge [3] os teus lombos, como homem; e perguntar-te-hei, e tu me
ensina.

4 Onde [4] estavas _tu_, quando eu fundava a terra? faze-_m’o_ saber, se
tens intelligencia.

5 Quem lhe poz as medidas? se tu o sabes; ou quem estendeu sobre ella o
cordel?

6 Sobre que estão fundadas as suas bases? ou quem assentou a sua pedra da
esquina,

7 Quando as estrellas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os
filhos [5] de Deus jubilavam?

8 Ou _quem_ [6] encerrou o mar com portas, quando trasbordou _e_ saiu da
madre;

9 Quando eu puz as nuvens por sua vestidura, e a escuridão por
envolvedouro?

10 Quando passei [7] sobre elle o meu decreto, e _lhe_ puz portas e
ferrolhos;

11 E disse: Até aqui virás, e não mais adiante, e aqui se quebrarão as
tuas ondas empolladas?

12 _Ou_ desde os teus dias déste ordem á madrugada? _ou_ mostraste á alva
o seu logar;

13 Para que pegasse dos fins da terra, [8] e os impios fossem sacudidos
d’ella;

14 _E_ se transformasse como o barro, sob o sello, e se pozessem como
vestidos;

15 E dos impios se desvie a sua luz, e [9] o braço altivo se quebrante;

16 _Ou_ entraste tu até ás origens do mar? ou passeaste no mais profundo
do abysmo?

17 _Ou_ descobriram-se-te as portas da morte? ou viste as portas da
sombra da morte?

18 _Ou_ com o teu entendimento chegaste ás larguras da terra? faze-_m’o_
saber, se sabes tudo isto.

19 Onde está o caminho _para onde_ mora a luz? e, quanto ás trevas, onde
está o seu logar;

20 Para que as tragas aos seus limites, e para que saibas as veredas da
sua casa?

21 _Acaso_ tu o sabes, porque já então eras nascido, e por ser grande _o_
numero dos teus dias?

22 Ou entraste tu até aos thesouros da neve? e viste os thesouros da
saraiva,

23 Que eu retenho [10] até do tempo da angustia, até ao dia da peleja e
da guerra?

24 Onde está o caminho _em que_ se reparte a luz, _e_ se espalha o vento
oriental sobre a terra?

25 Quem [11] abriu para a inundação um leito, e um caminho para os
relampagos dos trovões;

26 Para chover sobre a terra, _onde_ não ha ninguem, e _no_ deserto, em
que não _ha_ gente;

27 Para fartar a _terra_ deserta e assolada, e para fazer crescer os
renovos da herva?

28 A chuva [12] _porventura_ tem pae? ou quem géra as gottas do orvalho,

29 De cujo ventre procede o gelo? e quem gera a geada do céu?

30 Como _debaixo de_ pedra as aguas se escondem: e a superficie do abysmo
se coalha.

31 Ou poderás tu ajuntar as delicias das sete [13] estrellas, ou soltar
os atilhos do Orion?

32 Ou produzir as constellações a seu tempo? e guiar a Ursa com seus
filhos?

33 Sabes tu [14] as ordenanças dos céus? ou podes dispor do dominio
d’elles sobre a terra?

34 Ou podes levantar a tua voz até ás nuvens, para que a abundancia das
aguas te cubra?

35 Ou enviarás aos raios para que saiam, e te digam: Eis-nos aqui?

36 Quem [15] poz a sabedoria nas entranhas? ou quem deu ao sentido o
entendimento?

37 Quem numerará as nuvens pela sabedoria? ou os odres dos céus, quem os
abaixará,

38 Quando se funde o pó n’uma massa, e se apegam os torrões uns aos
outros?

39 Porventura caçarás tu preza para a leôa? ou fartaras a fome dos filhos
dos leões,

40 Quando se agacham nos covis, _e_ estão á espreita nas covas?

41 Quem [16] prepara aos corvos o seu alimento, quando os seus
pintainhos gritam a Deus e andam vagueando, por não terem de comer?

[1] Exo. 19.16, 18. I Reis 19.11. Eze. 1.4. Nah. 1.3.

[2] cap. 34.35 e 42.3. I Tim. 1.7.

[3] cap. 40.7.

[4] Pro. 8.29 e 30.4.

[5] cap. 1.6.

[6] Gen. 1.9. Pro. 8.29. Jer. 5.22.

[7] cap. 26.10.

[8] Psa. 104.35.

[9] cap. 18.5.

[10] Exo. 9.18. Jos. 10.11. Isa. 30.30. Eze. 13.11, 13. Apo. 16.21.

[11] cap. 28.26.

[12] Jer. 14.22.

[13] cap. 9.9. Amós 5.8.

[14] Jer. 31.35.

[15] cap. 32.8. Ecc. 2.26.

[16] Mat. 6.26.



39 Sabes tu o tempo em que as cabras montezes parem? _ou_ consideraste as
dôres das cervas?

2 Contarás os mezes _que_ cumprem? ou sabes o tempo do seu parto?

3 Quando se encurvam, produzem seus filhos, _e_ lançam de si as suas
dôres.

4 Seus filhos enrijam, crescem [NH] com o trigo: saem, e nunca mais
tornam a ellas.

5 Quem despediu livre o jumento montez? e quem soltou as prisões ao
jumento bravo?

6 Ao qual dei [1] o ermo por casa, e a terra salgada por suas moradas.

7 Ri-se do arroido da cidade: não ouve os muitos gritos do [NI] exactor.

8 O que descobre nos montes _é_ o seu pasto, e anda buscando tudo que
está verde.

9 Ou, querer-te-ha [2] servir o unicornio? ou ficará na tua cavallariça?

10 Ou amarrarás o unicornio com a sua corda no rego? ou estorroará apoz
ti os valles?

11 Ou confiarás n’elle, por ser grande a sua força? ou deixarás a seu
cargo o teu trabalho?

12 Ou fiarás d’elle que te torne o que semeaste e _o_ recolherá _na_ tua
eira?

13 _Vem de ti_ as alegres azas dos [NJ] pavões, que teem pennas de
cegonha e d’aguia?

14 A qual deixa os seus ovos na terra, e os aquenta no pó.

15 E se esquece de que _algum_ pé os pise, ou os animaes do campo os
calquem.

16 Endurece-se para [3] com seus filhos, como se não _fossem_ seus:
debalde é seu trabalho, porquanto está sem temor.

17 Porque Deus a privou de sabedoria, [4] e não lhe repartiu entendimento.

18 A seu tempo se levanta ao alto: ri-se do cavallo, e do que vae montado
n’elle.

19 Ou darás tu força ao cavallo? ou vestirás o seu pescoço com trovão?

20 Ou espantal-o-has, como ao gafanhoto? terrivel _é_ o fogoso respirar
das suas ventas.

21 Escarva a terra, e folga na _sua_ força, _e_ [5] sae ao encontro dos
armados.

22 Ri-se do temor, e não se espanta, e não torna atraz por causa da
espada.

23 Contra elle rangem a aljava, o ferro flammante da lança e do dardo.

24 Sacudindo-se, e removendo-se, escarva a terra, e não faz caso do som
da buzina.

25 Na furia _do som_ das buzinas diz: Eia! e de longe cheira a guerra,
_e_ o trovão dos principes, e o alarido.

26 Ou vôa o gavião pela tua intelligencia, _e_ estende as suas azas para
o sul?

27 Ou se remonta a aguia ao teu mandado, e põe [6] no alto o seu ninho?

28 Nas penhas mora e habita: no cume das penhas, e nos logares seguros.

29 Desde ali descobre a preza: seus olhos a avistam desde longe.

30 E seus filhos chupam o sangue, e onde ha mortos [7] ahi está.

[1] cap. 24.5. Jer. 2.24. Ose. 8.9.

[2] Num. 23.22. Deu. 33.17.

[3] Lam. 4.3.

[4] cap. 35.11.

[5] Jer. 8.6.

[6] Jer. 49.16. Abd. 5.

[7] Mat. 24.28. Luc. 17.37.



40 Respondeu mais [1] o Senhor a Job e disse:

2 _Porventura_ o contender contra o Todo-poderoso é ensinar? quem _quer_
reprehender a Deus, responda a estas coisas.

3 Então Job respondeu ao Senhor, e disse:

4 Eis que sou vil; que te responderia eu? a minha mão ponho na minha
bocca.

5 _Já_ uma vez tenho fallado, porém _mais_ não responderei: ou _ainda_
duas vezes, porém não proseguirei.

6 Então o Senhor respondeu a Job desde a tempestade, e disse:

7 Ora, _pois_, cinge [2] os teus lombos como varão; _eu_ te perguntarei a
ti, e tu ensina-me.

8 _Porventura_ [3] tambem farás tu vão o meu juizo? ou tu me condemnarás,
para te justificares?

9 Ou tens braço como Deus? ou podes trovejar com voz [4] como a sua?

10 Orna-te pois com excellencia e alteza; e veste-te de magestade e de
gloria.

11 Derrama os furores [5] da tua ira, e attenta para todo o soberbo, e
abate-o.

12 Olha para todo o soberbo, _e_ humilha-o, e atropella os impios no seu
logar.

13 Esconde-os juntamente no pó: ata-_lhes_ os rostos em occulto.

14 Então tambem eu a ti confessarei que a tua mão direita te haverá
livrado.

15 Vês aqui a Behemoth, que eu fiz comtigo, _que_ come a herva como o boi.

16 Eis que a sua força _está_ nos seus lombos, e o seu poder [NK] no
umbigo do seu ventre.

17 _Quando_ quer, move a sua cauda como cedro: os nervos das suas coxas
estão entretecidos.

18 Os seus ossos _são como_ coxas de bronze: a sua ossada _é_ como barras
de ferro.

19 Elle _é_ obra prima dos caminhos de Deus: o que o fez _lhe_ apegou a
sua espada.

20 Em verdade os montes lhe produzem pasto, onde todos os animaes do
campo folgam.

21 Deita-se debaixo das arvores sombrias, no esconderijo das canas e da
lama.

22 As arvores sombrias o cobrem, com sua sombra: os salgueiros do ribeiro
o cercam.

23 Eis que um rio trasborda, e elle não se apressa, confiando que o
Jordão possa entrar na sua bocca.

24 Podel-o-hiam _porventura_ caçar á vista de seus olhos? _ou_ com laços
_lhe_ furar os narizes?

[1] cap. 38.1.

[2] cap. 38.3 e 42.4.

[3] Rom. 3.4.

[4] cap. 37.4.

[5] Isa. 2.12. Dan. 4.37.



41 Poderás tirar com anzol [1] o leviathan? ou ligarás a sua lingua com a
corda?

2 Podes pôr um junco [2] no seu nariz? ou com um espinho furarás a sua
queixada?

3 _Porventura_ multiplicará muitas supplicações para comtigo? _ou_
brandamente fallará?

4 Fará elle concertos comtigo? _ou_ o tomarás tu por escravo para sempre?

5 Brincarás com elle, como _com_ um passarinho? ou o atarás para tuas
meninas?

6 Os _teus_ companheiros farão d’elle um banquete? _ou_ o repartirão
entre os negociantes?

7 Encherás a sua pelle de ganchos? ou a sua cabeça com arpéos de
pescadores?

8 Põe a tua mão sobre elle, lembra-te da peleja, _e_ nunca mais _tal_
intentarás.

9 Eis que a sua esperança falhará: _porventura_ tambem á sua vista será
derribado?

10 Ninguem _ha tão_ atrevido, que a despertal-o _se atreva_: quem pois é
aquelle que _ousa_ pôr-se _em pé_ diante de mim?

11 Quem [3] me preveniu, para que eu haja de retribuir-_lhe_? _pois_ o
que _está_ debaixo de todos os céus é meu.

12 Não calarei os meus membros, nem a relação das _suas_ forças, nem a
graça da sua formação.

13 Quem descobriria a superficie do seu vestido? quem entrará entre as
suas queixadas dobradas?

14 Quem abriria as portas do seu rosto? _pois_ em roda dos seus dentes
_está_ o terror.

15 As _suas_ fortes escamas _são_ excellentissimas, cada uma fechada
_como_ com sello apertado.

16 Uma á outra se chega _tão_ perto, que nem um assopro passa por entre
ellas.

17 Umas ás outras se apegam: _tanto_ se travam entre si, que não se podem
separar.

18 Cada um dos seus espirros faz resplandecer a luz, e os seus olhos
_são_ como as pestanas da alva.

19 Da sua bocca saem tochas: faiscas de fogo arrebentam d’ella.

20 Dos seus narizes procede fumo, como d’_uma_ panella fervente, ou
d’_uma_ grande caldeira.

21 O seu halito faria incender os carvões: e da sua bocca sae chamma.

22 No seu pescoço pousa a força: perante elle _até_ a tristeza salta de
prazer.

23 Os musculos da sua carne estão pegados _entre si_: cada um está firme
n’elle, e nenhum se move.

24 O seu coração é firme como uma pedra e firme como parte da _mó_ de
baixo.

25 Levantando-se elle, tremem os valentes: em razão dos _seus_ abalos se
purificam.

26 Se alguem lhe tocar com a espada, _essa_ não poderá penetrar, nem
lança, dardo ou couraça.

27 Elle reputa o ferro por palha, e o cobre por pau podre.

28 A setta o não fará fugir: as pedras das fundas se lhe tornam em
rastolho.

29 As pedras atiradas estima como arestas, e ri-se do brandir da lança.

30 Debaixo de si _tem_ conchas ponteagudas: estende-se _sobre_ coisas
ponteagudas _como_ na lama.

31 As profundezas faz ferver, como uma panella: torna o mar como quando
os unguentos fervem.

32 Apoz elle allumia o caminho: parece o abysmo tornado em brancura de
cãs.

33 Na terra não ha coisa que se lhe possa comparar, _pois_ foi feito para
estar sem pavor.

34 Todo o alto vê: _é_ rei sobre todos os filhos d’_animaes_ altivos.

[1] Isa. 27.1.

[2] Isa. 37.29.

[3] Rom. 11.35. Exo. 19.5. Deu. 10.14. I Cor. 10.26, 28.



_Job humilha-se perante Deus e dá-lhe gloria._

42 Então respondeu Job ao Senhor, e disse:

2 Bem sei eu que tudo podes, [1] e nenhum dos teus pensamentos pode ser
impedido.

3 Quem [2] _é_ aquelle, _dizes tu_, que sem conhecimento encobre o
conselho? por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram
maravilhosissimas, e eu as não entendia.

4 Escuta-me pois, e eu [3] fallarei: eu te perguntarei, e tu me ensinas.

5 Com o ouvido das orelhas te ouvi, mas agora te vê o meu olho.

6 Por isso _me_ abomino [4] e me arrependo no pó e na cinza.


_Deus manda os amigos de Job ir ter com elle e offerecer sacrificios._

7 Succedeu pois que, acabando o Senhor de fallar a Job aquellas palavras,
o Senhor disse a Eliphaz, o temanita: A minha ira se accendeu contra ti,
e contra os teus dois amigos; porque não fallaste de mim _o que era_
recto, como o meu servo Job.

8 Tomae pois sete [5] bezerros e sete carneiros, e ide ao meu servo Job,
e offerecei holocaustos por vós, e o meu servo Job orará [6] por vós:
porque devéras a elle acceitarei, para que vos não trate _conforme a
vossa_ loucura; porque vós não fallastes de mim _o que era_ recto como o
meu servo Job.

9 Então foram Eliphaz, o temanita, e Bildad, o suhita, e Sofar, o
naamathita, e fizeram como o Senhor lhes dissera: e o Senhor acceitou a
face de Job.


_Deus confere a Job o dobro da prosperidade que antes tinha._

10 E o Senhor virou o captiveiro de Job, quando orava pelos seus amigos:
e o Senhor accrescentou a Job outro tanto em [7] dobro, a tudo quanto
_d’antes_ possuia.

11 Então vieram [8] a elle todos os seus irmãos, e todas as suas irmãs, e
todos quantos d’antes o conheceram, e comeram com elle pão em sua casa, e
se condoeram d’elle, e o consolaram ácerca de todo o mal que o Senhor lhe
havia enviado: e cada _um_ d’elles lhe deu _uma_ peça de dinheiro, e cada
_um_ um pendente de oiro.

12 E _assim_ abençoou [9] o Senhor ao ultimo estado de Job, mais do que
o primeiro: porque teve quatorze [10] mil ovelhas, e seis mil camelos, e
mil juntas de bois, e mil jumentas.

13 Tambem teve [11] sete filhos e tres filhas.

14 E chamou o nome da primeira Jemima, e o nome da outra Cassia, e o nome
da terceira Keren-happuch.

15 E em toda a terra não se acharam mulheres tão formosas como as filhas
de Job; e seu pae lhes deu herança entre seus irmãos.

16 E depois d’isto viveu [12] Job cento e quarenta annos: e viu a seus
filhos, e aos filhos de seus filhos, até á quarta geração.

17 Então morreu Job, velho e farto de [13] dias.

[1] Gen. 18.14. Mat. 19.26. Mar. 17.20 e 14.37. Luc. 18.27.

[2] cap. 38.2.

[3] cap. 38.3.

[4] Esd. 9.6.

[5] Num. 23.1. Mat. 5.24.

[6] Gen. 20.17. Thi. 5.15, 16. I João 5.16.

[7] Isa. 40.2.

[8] cap. 19.13.

[9] cap. 8.7. Thi. 5.11.

[10] cap. 1.3.

[11] cap. 1.2.

[12] cap. 5.26.

[13] Gen. 25.8.



O LIVRO DOS PSALMOS.



_A felicidade dos justos e o castigo dos impios._

[Antes de Christo]

1 Bemaventurado o [1] varão que não anda no conselho dos impios, nem
está no caminho dos peccadores, nem se assenta [2] no assento dos
escarnecedores.

2 Antes _tem_ o seu prazer na lei do Senhor, e na sua [3] lei medita de
dia e de noite.

3 Pois será como a arvore plantada junto [4] a ribeiros de aguas, que dá
o seu fructo no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto [5]
fizer prosperará.

4 Não _são_ assim os impios: mas _são_ como a [6] moinha que o vento
espalha.

5 Pelo que os impios não subsistirão no juizo, nem os peccadores na
congregação dos justos.

6 Porque o Senhor [7] conhece o caminho dos justos; porém o caminho dos
impios perecerá.

[1] Pro. 4.14, 15.

[2] Jer. 15.17.

[3] Jos. 1.8.

[4] Jer. 17.8. Eze. 47.12.

[5] Gen. 39.3, 23. Isa. 3.10.

[6] Job 21.18. Isa. 17.13 e 29.5. Ose. 13.3.

[7] Neh. 1.7. João 10.14. II Tim. 2.19.



_A rebellião das gentes e a victoria do Messias._

2 Porque [1] se amotinam as gentes, e os povos imaginam a vaidade?

2 Os reis da terra se levantam, e os principes consultam juntamente
contra o Senhor [2] e contra o seu ungido, _dizendo_:

3 Rompamos [3] as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas.

4 Aquelle que habita nos céus se rirá: o Senhor zombará [4] d’elles.

5 Então lhes fallará na sua ira, e no seu furor os turbará.

6 Eu porém ungi o meu Rei sobre o meu sancto [5] monte de Sião.

7 Recitarei o decreto: o Senhor me disse: Tu _és_ meu Filho, [6] eu hoje
te gerei.

8 Pede-me, [7] e eu _te_ darei as nações _por_ herança, e os fins da
terra _por_ tua possessão.

9 Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; [8] tu os despedaçarás como
_a_ um vaso de oleiro.

10 Agora pois, ó reis, sêde prudentes; deixae-vos instruir, juizes da
terra.

11 Servi [9] ao Senhor com temor, e alegrae-vos com tremor.

12 Beijae ao Filho, para que [10] se não ire, [11] e pereçaes no caminho,
quando em breve se accender a sua ira: bemaventurados todos aquelles que
n’elle confiam.

[1] Act. 4.25, 26.

[2] João 1.41.

[3] Jer. 5.5. Luc. 19.14.

[4] Pro. 1.26.

[5] II Sam. 5.7.

[6] Act. 13.33. Heb. 1.5 e 5.5.

[7] Psa. 22.28.

[8] Apo. 2.27 e 12.5 e 19.15.

[9] Heb. 12.28. Phi. 2.12.

[10] Gen. 41.40. I Sam. 10.1. João 5.23.

[11] Apo. 6.16, 17. Pro. 16.20. Isa. 30.18. Jer. 17.7. I Ped. 2.6.



_David confia em Deus na sua adversidade._

Psalmo de David, quando fugiu de diante da face de Absalão seu filho.

3 Senhor, como se teem [1] multiplicado os meus adversarios! _são_ muitos
os que se levantam contra mim.

2 Muitos dizem da minha alma: Não _ha_ salvação [2] para elle em Deus
(Selah).

3 Porém tu, Senhor, _és_ um escudo [3] para mim, a minha gloria, e o que
exalta a minha cabeça.

4 Com a minha voz clamei ao Senhor, e ouviu-me desde o seu sancto monte
(Selah).

5 Eu me deitei e dormi: [4] acordei; porque o Senhor me sustentou.

6 Não temerei os milhares de povo que _se_ pozeram contra mim e me cercam.

7 Levanta-te, Senhor; salva-me, Deus meu; pois [5] feriste a todos os
meus inimigos nos queixos; quebraste os dentes aos impios.

8 A salvação _vem_ [6] do Senhor; sobre o teu povo _seja_ a tua benção.
(Selah).

[1] II Sam. 15.12 e 16.15.

[2] II Sam. 16.8.

[3] Gen. 15.1.

[4] Lev. 26.6. Pro. 3.24.

[5] Job 16.10 e 29.17. Lam. 3.30.

[6] Pro. 21.31. Isa. 43.11. Jer. 3.23. Ose. 13.4. Apo. 7.10 e 19.1.



_David ora a Deus na sua angustia._

Psalmo de David para o cantor-mór, sobre Neginoth.

4 Ouve-me; quando eu clamo, ó Deus da minha justiça, na angustia me déste
largueza; tem misericordia de mim e ouve a minha oração.

2 Filhos dos homens, até quando _convertereis_ a minha gloria em infamia?
_até quando_ amareis a vaidade _e_ buscareis a mentira? (Selah).

3 Sabei [1] pois que o Senhor separou para si aquelle que lhe é querido;
o Senhor ouvirá quando eu clamar a elle.

4 Perturbae-vos [2] e não pequeis: fallae com o vosso coração sobre a
vossa cama, e calae-vos. (Selah).

5 Offerecei sacrificios [3] de justiça, e confiae no Senhor.

6 Muitos dizem: Quem nos mostrará o bem? Senhor, [4] exalta sobre nós a
luz do teu rosto.

7 Pozéste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se
multiplicaram [5] o seu trigo e o seu vinho.

8 Em paz tambem me deitarei e dormirei, [6] porque só tu, [7] Senhor, me
fazes habitar em segurança.

[1] II Tim. 2.19. II Ped. 2.9.

[2] Eph. 4.26. II Chr. 13.5.

[3] Deu. 33.19.

[4] Num. 6.26.

[5] Isa. 9.3.

[6] Job 11.18, 19.

[7] Lev. 25.18, 19.



_Deus aborrece os impios e abençoa os justos._

Psalmo de David para o cantor-mór, sobre Nehiloth.

5 Dá ouvidos ás minhas palavras, ó Senhor, entende a minha meditação.

2 Attende á voz do meu clamor, Rei meu e Deus meu, pois a ti orarei.

3 Pela manhã ouvirás a minha voz, ó Senhor; pela manhã _me_ apresentarei
a ti, e vigiarei.

4 Porque tu não _és um_ Deus que tenha prazer na iniquidade, nem comtigo
habitará o mal.

5 Os loucos não [1] pararão á tua vista; [2] aborreces a todos os que
obram a maldade.

6 Destruirás aquelles que fallam a mentira; o Senhor aborrecerá o homem
sanguinario e fraudulento.

7 Porém eu entrarei em tua casa pela grandeza de tua benignidade; _e_ em
teu temor me inclinarei para o teu sancto templo.

8 Senhor, guia-me na tua justiça, por causa dos meus inimigos: endireita
diante de mim o teu caminho.

9 Porque não _ha_ rectidão na bocca d’elles: as suas entranhas _são_
verdadeiras maldades, a sua garganta _é_ um sepulchro aberto; lisongeam
com a sua lingua.

10 Declara-os culpados, ó Deus: caiam [3] por seus proprios conselhos;
lança-os fóra por causa da multidão de suas transgressões, pois se
rebellaram contra ti.

11 Porém alegrem-se [4] todos os que confiam em ti; exultem eternamente,
porquanto tu os defendes; e em ti se gloriem os que amam o teu nome.

12 Pois tu, Senhor, abençoarás ao justo; coroal-o-has com a tua
benevolencia, como de um escudo.

[1] Hab. 1.13.

[2] Apo. 21.8.

[3] II Sam. 15.31 e 17.14, 23.

[4] Isa. 65.14.



_David recorre á misericordia de Deus e alcança perdão._

Psalmo de David para o cantor-mór em Neginoth, sobre Sheminith.

6 Senhor, [1] não me reprehendas na tua ira, nem me castigues no teu
furor.

2 Tem misericordia de mim, Senhor, porque _sou_ fraco: [2] sara-me,
Senhor, porque os meus ossos estão perturbados.

3 Até a minha alma está perturbada; mas tu, Senhor, até quando?

4 Volta-te, Senhor, livra a minha alma: salva-me por tua benignidade.

5 Porque na morte [3] não _ha_ lembrança de ti; no sepulchro quem te
louvará?

6 _Já_ estou cançado do meu gemido, toda a noite faço nadar a minha cama;
molho o meu leito com as minhas lagrimas.

7 _Já_ os meus olhos estão consumidos pela magoa, _e_ teem-se envelhecido
por causa de todos os meus inimigos.

8 Apartae-vos de [4] mim todos os que obraes a iniquidade; porque o
Senhor já ouviu a voz do meu pranto.

9 O Senhor já ouviu a minha supplica; o Senhor acceitará a minha oração.

10 Envergonhem-se e perturbem-se todos os meus inimigos; tornem atraz e
envergonhem-se n’um momento.

[1] Jer. 10.24 e 46.28.

[2] Ose. 6.1, 2.

[3] Isa. 38.18.

[4] Mat. 25.41.



_David confia em Deus e protesta a sua innocencia._

Schiggaion de David que cantou ao Senhor, sobre as palavras de Cush,
filho de Jemini.

7 Senhor, meu [1] Deus, em ti confio: salva-me de todos os que me
perseguem, e livra-me;

2 Para que [2] elle não arrebate a minha alma, como leão,
despedaçando-_a_, sem que _haja_ quem a livre;

3 Senhor, meu Deus, [3] se eu fiz isto, se ha perversidade nas minhas
mãos,

4 Se paguei _com_ o mal áquelle que tinha paz comigo (antes livrei ao que
me opprimia sem causa):

5 Persiga o inimigo a minha alma e alcance-a, calque aos pés a minha vida
sobre a terra, e reduza a pó a minha gloria. (Selah.)

6 Levanta-te Senhor, na tua ira; exalta-te por causa do furor dos meus
oppressores; [4] e desperta por mim _para_ o juizo _que_ ordenaste.

7 Assim te rodeará o ajuntamento de povos; por causa d’elles pois
volta-te para as alturas.

8 O Senhor julgará aos povos; julga-me, Senhor, [5] conforme a minha
justiça e conforme a integridade _que ha_ em mim.

9 Tenha já fim a malicia dos impios; mas estabeleça-se o justo; pois tu,
ó justo [6] Deus, provas os corações e os rins.

10 O meu escudo _é_ de Deus, que salva os rectos de coração.

11 Deus _é_ um juiz justo, um Deus que se ira todos os dias.

12 Se elle se não converter, amolará a sua espada; [7] já tem armado o
seu arco, e está apparelhado.

13 E já para elle preparou armas mortaes; e porá em obra as suas settas
inflammadas contra os perseguidores.

14 Eis que elle está [8] com dôres de perversidade; concebeu trabalhos, e
parirá mentiras.

15 Cavou [9] um poço e o fez fundo, e caiu na _cova que_ fez.

16 A sua obra cairá [10] sobre a sua cabeça; e a sua violencia descerá
sobre a sua mioleira.

17 Eu louvarei ao Senhor segundo a sua justiça, e cantarei louvores ao
nome do Senhor altissimo.

[1] Psa. 31.16.

[2] Psa. 38.13. Psa. 50.22.

[3] I Sam. 24.11.

[4] Psa. 44.23.

[5] Psa. 18.20.

[6] I Sam. 16.7. I Chr. 28.9. Apo. 2.23.

[7] Deu. 32.41.

[8] Job 15.35. Thi. 1.15.

[9] Psa. 35.8.

[10] I Reis 2.32. Est. 9.25.



_Deus é glorificado nas suas obras e na sua bondade para com o homem._

Psalmo de David para o cantor-mór, sobre Gittith.

8 Ó Senhor, [1] nosso Senhor, quão admiravel _é_ o teu nome em toda a
terra, [2] pois pozeste a tua gloria sobre os céus!

2 Tu ordenaste força [3] da bocca das creanças e dos que mamam, por causa
dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador.

3 Quando vejo [4] os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrellas
que preparaste;

4 Que _é_ o homem [5] mortal para que te lembres d’elle? e o filho do
homem, para que o visites?

5 Pois pouco menor o fizeste do que [NL] os anjos, e de gloria e de honra
o coroaste.

6 Fazes com que elle tenha dominio sobre [6] as obras das tuas mãos; tudo
pozeste debaixo de seus pés:

7 Todas as ovelhas e bois, assim como os animaes do campo,

8 As aves dos céus, e os peixes do mar, _e tudo o que_ passa pelas
veredas dos mares.

9 Ó Senhor, nosso Senhor, quão admiravel _é_ o teu nome sobre toda a
terra!

[1] Psa. 149.13.

[2] Psa. 113.4.

[3] Mat. 21.16. I Cor. 1.27.

[4] Psa. 111.2.

[5] Job 7.17. Heb. 2.6, 7.

[6] Gen. 1.26. I Cor. 15.27. Heb. 2.8.



_Acção de graças por um grande livramento._

Psalmo de David para o cantor-mór, sobre Muth-labben.

9 Eu _te_ louvarei, Senhor, com todo o meu coração; contarei todas as
tuas maravilhas.

2 Em ti me alegrarei [1] e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu
nome, ó Altissimo.

3 Porquanto os meus inimigos voltaram para traz, cairam e pereceram
diante da tua face.

4 Pois tu tens sustentado o meu direito e a minha causa; tu te assentaste
no tribunal, julgando justamente.

5 Reprehendeste as nações, destruiste os impios; [2] apagaste o seu nome
para sempre e eternamente.

6 Oh! inimigo! acabaram-se para sempre as assolações;—_e_ tu arrazaste as
cidades, e a sua memoria pereceu com ellas.

7 Mas o Senhor está assentado [3] perpetuamente; _já_ preparou o seu
tribunal para julgar.

8 Elle mesmo julgará o mundo com justiça; fará juizo aos povos com
rectidão.

9 O Senhor será tambem [4] _um_ alto refugio para o opprimido; _um_ alto
refugio em tempos de angustia.

10 E em ti confiarão os que conhecem [5] o teu nome; porque tu, Senhor,
nunca desamparaste aos que te buscam.

11 Cantae louvores ao Senhor, que habita em Sião; annunciae entre os
povos os seus feitos.

12 Pois quando [6] busca derramamento de sangue, lembra-se d’elles; não
se esquece do clamor dos miseraveis.

13 Tem misericordia de mim, Senhor, olha para a minha miseria, _que
soffro_ d’aquelles que me aborrecem; tu que me levantas das portas da
morte,

14 Para que eu conte todos os teus louvores nas portas da filha de Sião,
_e_ me alegre na tua salvação.

15 As gentes [7] enterraram-se na cova _que_ fizeram; na rede que
ocultaram ficou preso o seu pé.

16 O Senhor é conhecido [8] _pelo_ juizo _que_ fez; enlaçado foi o impio
nas obras de suas mãos (Higgaion; Selah).

17 Os impios serão lançados no inferno, _e_ todas as gentes [9] que se
esquecem de Deus.

18 Porque o necessitado não será esquecido para sempre, [10] _nem_ a
expectação dos miseraveis perecerá perpetuamente.

19 Levanta-te, Senhor; não prevaleça o homem; sejam julgadas as gentes
diante da tua face.

20 Põe-os em medo, Senhor, para que saibam as nações que _não são mais do
que_ homens (Selah).

[1] Psa. 5.12.

[2] Deu. 9.14. Pro. 10.7.

[3] Heb. 1.11.

[4] Psa. 32.7.

[5] Psa. 91.14.

[6] Gen. 9.5.

[7] Psa. 13.6. Pro. 5.22.

[8] Exo. 7.5.

[9] Job 8.13. Psa. 50.22.

[10] Pro. 23.18 e 24.14.



_A audacia dos perseguidores, e o refugio em Deus._

10 Porque estás ao longe, Senhor? _Porque_ te escondes nos tempos de
angustia?

2 Os impios na [1] _sua_ arrogancia perseguem furiosamente o miseravel;
sejam apanhados nas ciladas que machinaram.

3 Porque o impio gloria-se do desejo da sua alma; [2] bemdiz ao avarento,
e blasphema do Senhor.

4 Pela altivez do seu rosto o impio não busca _a Deus_: todas as suas
cogitações _são que_ não _ha_ Deus.

5 Os seus caminhos atormentam sempre: os teus juizos _estão_ longe da
vista d’elle em grande altura, e despreza aos seus inimigos.

6 Diz em seu coração: [3] Não serei commovido, porque nunca _me verei_ na
adversidade.

7 A sua bocca está cheia [4] d’inprecações, d’enganos e d’astucia;
debaixo da sua lingua _ha_ molestia e maldade.

8 Põe-se nas emboscadas das aldeias; nos logares [5] occultos mata ao
innocente; os seus olhos estão occultamente fitos contra o pobre.

9 Arma ciladas [6] no esconderijo, como o leão no seu covil; arma ciladas
para roubar ao miseravel; rouba ao miseravel, trazendo-o na sua rede.

10 Encolhe-se, abaixa-se, para que os pobres caiam em suas fortes
_garras_.

11 Diz em seu coração: Deus esqueceu-se, cobriu o seu rosto, [7] e nunca
_o_ verá.

12 Levanta-te, Senhor: oh! Deus, levanta [8] a tua mão; não te esqueças
dos miseraveis.

13 Porque blasphema o impio de Deus? dizendo no seu coração: Tu não _o_
esquadrinharás?

14 Tu _o_ viste, porque attentas para o trabalho e enfado, para o
entregar em tuas mãos; [9] a ti o pobre se encommenda, tu és o auxilio do
orphão.

15 Quebra o braço do impio e malvado; busca a sua impiedade, _até que_
nenhuma encontres.

16 O Senhor [10] _é_ Rei eterno; da sua terra perecerão [NM] os gentios.

17 Senhor, tu ouviste os desejos dos mansos; confortarás [11] os seus
corações; os teus ouvidos estarão abertos _para elles_;

18 Para fazer [12] justiça ao orphão e ao opprimido, afim de que o homem
da terra não prosiga mais em usar da violencia.

[1] Pro. 5.22.

[2] Rom. 1.32.

[3] Psa. 30.7.

[4] Rom. 3.14.

[5] Hab. 3.14.

[6] Miq. 7.2.

[7] Job 22.13. Eze. 8.12.

[8] Miq. 5.9.

[9] I Ped. 4.19.

[10] Jer. 10.10. I Tim. 1.17.

[11] I Chr. 29.18.

[12] Isa. 11.4.



_Deus salva os rectos e castiga os impios._

Psalmo de David para o cantor-mór.

11 No Senhor confio; como dizeis á minha alma: Foge para a vossa montanha
_como_ passaro?

2 Pois eis que os impios armam o arco, põem as frechas na corda, para com
ellas atirarem ás escuras aos rectos de coração.

3 Na verdade _que já_ os fundamentos se transtornam: o que pode fazer o
justo?

4 O Senhor _está_ [1] no seu sancto templo: o throno do Senhor _está_ nos
céus; os seus olhos attendem, e as suas palpebras provam os filhos dos
homens.

5 O Senhor prova [2] ao justo; porém ao impio e ao que ama a violencia
aborrece a sua alma.

6 Sobre os impios fará [3] chover laços, fogo, enxofre e vento
tempestuoso: _isto será_ a porção do seu copo.

7 Porque o Senhor _é_ justo, [4] _e_ ama a justiça; o seu rosto olha para
os rectos.

[1] Hab. 2.20. Isa. 66.1.

[2] Gen. 22.1.

[3] Gen. 19.24. Eze. 38.22.

[4] Job 36.7. I Ped. 3.12.



_A falsidade do homem e a veracidade de Deus._

Psalmo de David para o cantor-mór, sobre Sheminith.

12 Salva-nos, Senhor, [1] porque faltam os homens bons; porque são poucos
os fieis entre os filhos dos homens.

2 Cada um falla [2] a falsidade ao seu proximo: fallam _com_ labios
lisongeiros e coração dobrado.

3 O Senhor cortará todos os labios lisongeiros _e_ a lingua que falla [3]
soberbamente.

4 Pois dizem: Com a nossa lingua prevaleceremos: _são_ nossos os beiços;
quem _é_ o Senhor sobre nós?

5 Pela oppressão dos miseraveis, pelo gemido dos [4] necessitados me
levantarei agora, diz o Senhor; porei em salvo _aquelle_ para quem elles
assopram.

6 As palavras do Senhor [5] _são_ palavras puras, _como_ prata refinada
em fornalha de barro, purificada sete vezes.

7 Tu os guardarás, Senhor; d’esta geração os livrarás para sempre.

8 Os impios andam cercando, emquanto os mais vis dos filhos dos homens
são exaltados.

[1] Isa. 57.1. Miq. 7.2.

[2] Jer. 9.8. Rom. 16.18.

[3] I Sam. 2.3. Dan. 7.8.

[4] Exo. 3.7. Isa. 33.10.

[5] II Sam. 22.31. Pro. 30.5.



_David, na sua extrema tristeza, recorre a Deus e confia n’elle._

Psalmo de David para o cantor-mór.

13 Até quando te esquecerás de mim, Senhor? para sempre? até quando [1]
esconderás de mim o teu rosto?

2 Até quando consultarei com a minha alma, _tendo_ tristeza no meu
coração cada dia? Até quando se exaltará sobre mim o meu inimigo?

3 Attende-me, ouve-me, ó Senhor meu Deus; [2] alumia os meus olhos para
que eu não adormeça na morte;

4 Para que o meu inimigo não diga: Prevaleci contra elle; _e_ os meus
adversarios se não alegrem, vindo eu a vacillar.

5 Mas eu confio [3] na tua benignidade: na tua [4] salvação se alegrará o
meu coração.

6 Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem.

[1] Deu. 31.17. Job 13.24.

[2] Esd. 9.8. Jer. 51.39.

[3] Psa. 33.21, 22.

[4] Psa. 12.4, 7 e 119.17.



_A corrupção do homem; sua redempção provém de Deus._

Psalmo de David para o cantor-mór.

14 Disse o nescio no seu coração: Não _ha_ Deus. Teem-se corrompido, [1]
fazem-se abominaveis em suas obras, não _ha_ ninguem que faça o bem.

2 O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se
havia _algum_ que tivesse entendimento _e_ buscasse a Deus.

3 Desviaram-se todos [2] e juntamente se fizeram immundos: não _ha_ quem
faça o bem, não _ha_ sequer um.

4 Não terão conhecimento os que obram a iniquidade? [3] os quaes comem o
meu povo, _como_ se comessem pão, e não invocam ao Senhor.

5 Ali se acharam em grande pavor, porque Deus _está_ na geração dos
justos.

6 Vós envergonhaes o conselho dos pobres, porquanto o Senhor _é_ o seu
refugio.

7 Oh, se de Sião [4] _tivera já vindo_ a redempção d’Israel! quando o
Senhor fizer voltar os captivos do seu povo, se regozijará Jacob _e se_
alegrará Israel.

[1] Gen. 6.11. Rom. 3.10.

[2] Rom. 3.10, 11, 12.

[3] Jer. 10.25. Amós 8.4. Miq. 3.3.

[4] Psa. 53.7. Job 42.10.



_O verdadeiro cidadão dos céus._

Psalmo de David.

15 Senhor, quem habitará no teu tabernaculo? quem morará no teu sancto
monte?

2 Aquelle que anda sinceramente, e [1] obra a justiça, e falla a verdade
do seu coração.

3 _Aquelle que_ não murmura com a sua lingua, nem faz mal ao seu proximo,
[2] nem acceita nenhum opprobrio contra o seu proximo.

4 Em [3] cujos olhos o reprobo é desprezado; mas honra aos que temem ao
Senhor. _Aquelle que_ jura com damno _seu_, e comtudo não muda.

5 _Aquelle que_ não dá o seu dinheiro á usura, nem recebe peitas contra o
innocente: quem faz isto nunca será abalado.

[1] Isa. 33.15.

[2] Exo. 23.1.

[3] Est. 3.2.



_A confiança e felicidade do crente e a certeza da vida eterna._

Psalmo excellentissimo de David.

16 Guarda-me, ó Deus, porque em ti confio.

2 _A minha alma_ disse ao Senhor: Tu _és_ o meu Senhor, [1] a minha
bondade não _chega_ á tua presença,

3 _Mas_ aos sanctos que _estão_ na terra, e aos illustres em quem _está_
todo o meu prazer.

4 As dôres se multiplicarão áquelles que fazem offerendas a outro _deus_;
eu não offerecerei as suas libações de sangue, [2] nem tomarei os seus
nomes nos meus labios.

5 O Senhor [3] _é_ a porção da minha herança e do meu calix: tu sustentas
a minha sorte.

6 As [NN] linhas caem-me em _logares_ deliciosos: sim, coube-me _uma_
formosa herança.

7 Louvarei ao Senhor que me aconselhou: até os meus rins me ensinam de
noite.

8 Tenho [4] posto o Senhor continuamente diante de mim: por isso que
_elle está_ á minha mão direita, nunca vacillarei.

9 Portanto está alegre o meu coração e se regozija a minha gloria: tambem
a minha carne repousará segura.

10 Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permittirás que o teu
[NO] Sancto veja corrupção.

11 Far-me-has ver a vereda da vida; na tua presença _ha_ fartura de [5]
alegrias; á tua mão direita _ha_ delicias perpetuamente.

[1] Rom. 11.35.

[2] Exo. 23.13. Jos. 23.16.

[3] Deu. 32.9.

[4] Act. 2.25.

[5] Mat. 5.8. I João 3.2.



_David pede a Deus que o proteja dos seus inimigos; confia na sua
innocencia e na justiça de Deus._

Oração de David.

17 Ouve, Senhor, a justiça, attende ao meu clamor; dá ouvidos á minha
oração, que não _é feita_ com labios enganosos.

2 Saia o meu juizo de diante do teu rosto; attendam os teus olhos á razão.

3 Provaste o meu coração; visitaste-_me_ de noite; examinaste-me, e nada
achaste; propuz _que_ a minha bocca não transgredirá.

4 Quanto ao trato dos homens, pela palavra dos teus labios _me_ guardei
das veredas do [NP] destruidor.

5 Dirige os meus passos nos teus caminhos, _para que_ as minhas pégadas
não vacillem.

6 Eu te invoquei, ó Deus, pois me queres ouvir; inclina para mim os teus
ouvidos, _e escuta_ as minhas palavras.

7 Faze maravilhosas as tuas beneficencias, ó tu que livras aquelles que
_em ti_ confiam dos que se levantam contra a tua _mão_ direita.

8 Guarda-me [1] como á menina do olho, esconde-me debaixo da sombra das
tuas azas,

9 Dos impios que me [NQ] opprimem, _dos_ meus inimigos mortaes _que_ me
andam cercando.

10 Na sua gordura se encerram, com a bocca fallam soberbamente.

11 Teem-nos cercado agora nossos passos; [NR] e abaixaram os seus olhos
para a terra;

12 Parecem-se com o leão que deseja arrebatar a sua preza, e com o
leãosinho que se põe em esconderijos.

13 Levanta-te, Senhor, detem-n’a, derriba-o, livra a minha alma do impio,
_com_ a espada tua,

14 Dos homens que são a tua mão, Senhor, dos homens do mundo, cuja porção
_está_ n’_esta_ vida, e cujo ventre enches do teu _thesouro_ occulto:
estão fartos de filhos e dão os seus sobejos ás suas creanças.

15 Emquanto [2] a mim, contemplarei a tua face na justiça;
satisfazer-me-hei da tua similhança quando acordar.

[1] Deu. 32.10. Zac. 2.8.

[2] João 3.2.



_Cantico de louvor a Deus pelas suas muitas bençãos._

Para o cantor-mór: psalmo do servo do Senhor, David, o qual fallou as
palavras d’este cantico ao Senhor, no dia em que o Senhor o livrou de
todos os seus inimigos e das mãos de Saul, e disse:

18 Eu te amarei do coração, ó Senhor, fortaleza minha.

2 O Senhor _é_ o meu rochedo, e o meu logar forte e o meu libertador; o
meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio, [1] o meu escudo, [NS] a
força da minha salvação, _e_ o meu alto refugio.

3 Invocarei o nome do Senhor, _que é digno_ de louvor, e ficarei livre
dos meus inimigos.

4 Tristezas de morte me cercaram, e torrentes de impiedade me assombraram.

5 Tristezas do inferno me cingiram, laços de morte me surprehenderam.

6 Na angustia invoquei ao Senhor, e clamei ao meu Deus: desde o seu
templo ouviu a minha voz, aos seus ouvidos chegou o meu clamor perante a
sua face.

7 Então a terra [2] se abalou e tremeu; e os fundamentos dos montes
tambem se moveram e se abalaram, porquanto se indignou.

8 Do seu nariz subiu fumo, e da sua bocca saiu fogo que consumia; carvões
se accenderam d’elle.

9 Abaixou os céus, e desceu, e a escuridão _estava_ debaixo de seus pés.

10 E montou n’um cherubim, e voou; sim, voou sobre as azas do vento.

11 Fez das trevas o seu logar occulto; o pavilhão que o cercava _era_ a
escuridão das aguas _e_ as nuvens dos céus.

12 Ao resplandor da sua presença as nuvens se espalharam; a saraiva e as
brazas de fogo.

13 E o Senhor trovejou nos céus, o Altissimo levantou a sua voz; a
saraiva _e_ as brazas de fogo.

14 Despediu [3] as suas settas, e os espalhou: multiplicou raios, e os
perturbou.

15 Então foram vistas as profundezas das aguas, e foram descobertos os
fundamentos do mundo; pela tua reprehensão, Senhor, ao sopro do vento dos
teus narizes.

16 Enviou desde o alto, _e_ me tomou: tirou-me das muitas aguas.

17 Livrou-me do meu inimigo forte e dos que me aborreciam, pois eram mais
poderosos do que eu.

18 Surprehenderam-me no dia da minha calamidade; mas o Senhor foi o meu
encosto.

19 Trouxe-me para um logar espaçoso; livrou-me, porque tinha prazer em
mim.

20 Recompensou-me [4] o Senhor conforme a minha justiça, retribuiu-me
conforme a pureza das minhas mãos.

21 Porque guardei os caminhos do Senhor, e não me apartei impiamente do
meu Deus.

22 Porque todos os seus juizos _estavam_ diante de mim, e não rejeitei os
seus estatutos.

23 Tambem fui sincero perante elle, e me guardei da minha iniquidade.

24 Portanto retribuiu-me o Senhor conforme a minha justiça, conforme a
pureza de minhas mãos perante os seus olhos.

25 Com o benigno te mostrarás benigno; e com o homem sincero te mostrarás
sincero;

26 Com o puro te mostrarás puro; e com o perverso te mostrarás indomavel.

27 Porque tu livrarás ao povo afflicto, e abaterás os olhos altivos.

28 Porque tu [5] accenderás a minha candeia; o Senhor meu Deus allumiará
as minhas trevas.

29 Porque comtigo entrei pelo meio d’um esquadrão, com o meu Deus saltei
uma muralha.

30 O caminho de Deus [6] é perfeito; a palavra do Senhor _é_ provada: _é_
um escudo para todos os que n’elle confiam.

31 Porque quem [7] _é_ Deus senão o Senhor? e quem _é_ rochedo senão o
nosso Deus?

32 Deus _é_ o que me cinge de força e aperfeiçoa o meu caminho.

33 Faz os meus pés como _os das_ cervas, e põe-me nas minhas alturas.

34 Ensina as minhas mãos para a guerra, de sorte que os meus braços
quebraram um arco de cobre.

35 Tambem me déste o escudo da tua salvação: a tua mão direita me
susteve, e a tua mansidão me engrandeceu.

36 Alargaste os meus passos debaixo de mim, de maneira que os meus
artelhos não vacillaram.

37 Persegui os meus inimigos, e os alcancei: não voltei senão depois de
os ter consumido.

38 Atravessei-os, de sorte que não se poderam levantar: cairam debaixo
dos meus pés.

39 Pois me cingiste de força para a peleja: fizeste abater debaixo de mim
aquelles que contra mim se levantaram.

40 Déste-me tambem o pescoço dos meus inimigos para que eu podesse
destruir os que me aborrecem.

41 Clamaram, [8] mas não _houve_ quem _os_ livrasse: _até_ ao Senhor, mas
elle não lhes respondeu.

42 Então os esmiucei como o pó diante do vento; deitei-os fóra como a
lama das ruas.

43 Livraste-me das contendas do povo, _e_ me fizeste cabeça das nações;
_um_ povo que não conheci, me servirá.

44 Em ouvindo _a minha voz_, me obedecerão: os estranhos se submetterão a
mim.

45 Os estranhos decairão, e terão medo nos seus encerramentos.

46 O Senhor vive: e bemdito _seja_ o meu rochedo, e exaltado seja o Deus
da minha salvação.

47 _É_ Deus que me vinga inteiramente, [9] e sujeita os povos debaixo de
mim;

48 O que me livra de meus inimigos;—sim, tu me exaltas sobre os que se
levantam contra mim, tu me livras do homem violento.

49 Pelo que, ó Senhor, te louvarei entre as nações, e cantarei louvores
ao teu nome.

50 _Pois_ [10] engrandece a salvação do teu rei, e usa de benignidade com
o seu ungido, com David, e com a sua semente para sempre.

[1] Heb. 1.13.

[2] Act. 4.31.

[3] Isa. 30.30.

[4] I Sam. 24.19.

[5] Job 18.6.

[6] Deu. 32.4.

[7] Deu. 32.31, 39.

[8] Pro. 1.28. Isa. 1.15.

[9] Psa. 47.4.

[10] II Sam. 7.13.



_A excellencia da creação e das suas leis, assim como da palavra de Deus._

Psalmo de David para o cantor-mór.

19 Os céus [1] declararam a gloria de Deus e o firmamento annuncia a obra
das suas mãos.

2 _Um_ dia faz declaração a _outro_ dia, e _uma_ noite mostra sabedoria a
_outra_ noite.

3 Não _ha_ linguagem nem falla _onde_ se não oiçam as suas vozes.

4 A sua linha [2] se estende por toda a terra, e as suas palavras até ao
fim do mundo. N’elles poz _uma_ tenda para o sol,

5 O qual _é_ como _um_ noivo que sae do seu thalamo, _e_ se alegra como
um heroe, a correr o seu caminho.

6 A sua saida _é_ desde uma extremidade dos céus, e o seu curso até ás
outras extremidades d’elles, e nada se esconde ao seu calor.

7 A lei do Senhor _é_ perfeita, e refrigera a alma: o testemunho do
Senhor _é_ fiel, e dá sabedoria aos simplices.

8 Os preceitos do Senhor _são_ rectos e alegram o coração: o mandamento
do Senhor _é_ puro, e allumia os olhos.

9 O temor do Senhor é limpo, e permanece eternamente: os juízos do Senhor
_são_ verdadeiros e justos juntamente.

10 Mais desejaveis _são_ do que o oiro, sim, do que muito oiro fino; e
mais doces do que o mel e [NT] o licor dos favos.

11 Tambem por elles é admoestado o teu servo; _e_ em os guardar _ha_
grande recompensa.

12 Quem pode entender os _seus_ erros? expurga-me [3] tu dos _que me são_
occultos.

13 Tambem das soberbas guarda o teu servo, para que se não assenhoreiem
de mim: então serei sincero, e ficarei limpo de grande transgressão.

14 Sejam agradaveis as palavras da minha bocca e a meditação do meu
coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e [4] Libertador meu!

[1] Gen. 1.6. Rom. 1.19, 20.

[2] Rom. 10.18.

[3] Lev. 4.28.

[4] Isa. 44.6 e 47.4 e 48.14.



_Oração pelo rei na guerra._

Psalmo de David para o cantor-mór.

20 O Senhor te oiça no dia da angustia, o nome do [1] Deus de Jacob te
[NU] proteja.

2 Envie-te soccorro desde o seu sanctuario, e te sustenha desde Sião.

3 Lembre-se de todas as tuas offertas, e acceite os teus holocaustos
(Selah).

4 Conceda-te conforme ao teu coração, e cumpra todo o teu conselho.

5 Nós nos alegraremos [2] pela tua [NV] salvação, e em nome do nosso Deus
arvoraremos pendões; cumpra o Senhor todas as tuas petições.

6 Agora sei que o Senhor salva ao seu ungido: elle o ouvirá desde o seu
sancto céu, com a força salvadora da sua _mão_ direita.

7 Uns _confiam_ em carros e outros em cavallos, mas [3] nós faremos
menção do nome do Senhor nosso Deus.

8 Uns encurvam-se e caem, mas nós nos levantamos e estamos de pé.

9 Salva-_nos_, Senhor, oiça-nos o Rei quando clamarmos.

[1] Pro. 18.10.

[2] Exo. 17.6.

[3] II Chr. 32.8.



_David louva a Deus pela victoria._

Psalmo de David para o cantor-mór.

21 O rei se alegra em tua força, Senhor; e na tua salvação grandemente se
regozija.

2 Cumpriste-lhe o desejo do seu coração, e não negaste as supplicas dos
seus labios (Selah).

3 Pois o prevines das bençãos de bondade; [1] pões na sua cabeça _uma_
corôa d’oiro fino.

4 Vida te pediu, _e lh’a_ déste, _mesmo_ longura de dias para sempre e
eternamente.

5 Grande _é_ a sua gloria pela tua salvação; gloria e magestade pozeste
sobre elle.

6 Pois o abençoaste para sempre: tu o enches de gozo com a tua face.

7 Porque o rei confia no Senhor, e pela misericordia do Altissimo nunca
vacillará.

8 A tua mão [2] alcançará todos os teus inimigos, a tua _mão_ direita
alcançará aquelles que te aborrecem.

9 Tu os [3] farás como _um_ forno de fogo no tempo da tua ira; o Senhor
os devorará na sua indignação, e o fogo os consumirá.

10 Seu fructo [4] destruirás da terra, e a sua semente d’entre os filhos
dos homens.

11 Porque intentaram o mal contra ti; machinaram _uma_ trapaça, _mas_ não
prevalecerão.

12 Portanto tu lhes farás voltar as costas; _e_ com tuas _frechas postas
nas_ cordas lhes apontarás ao rosto.

13 Exalta-te, Senhor, na tua força; _então_ cantaremos e louvaremos o teu
poder.

[1] II Sam. 12.30.

[2] I Sam. 31.3.

[3] Mal. 4.1.

[4] I Reis 13.34. Job 18.16, 17, 19.



_O Messias soffre, mas triumpha._

Psalmo de David para o cantor-mór, sobre Aijeleth-hash-Shahar.

22 Meu Deus, [1] meu Deus, porque me desamparaste? _porque_ te alongas do
meu auxilio _e_ das palavras do meu bramido?

2 Meu Deus, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho
socego,

3 Porém tu _és_ Sancto, o que habitas _entre_ os louvores d’Israel.

4 Em ti confiaram nossos paes; confiaram, e tu os livraste.

5 A ti clamaram e escaparam; em ti confiaram, e não foram confundidos.

6 Mas eu [2] _sou_ verme, e não homem, opprobrio dos homens e desprezado
do povo.

7 Todos [3] os que vêem zombam de mim, arreganham os beiços e meneiam a
cabeça, _dizendo_:

8 Confiou no Senhor, que o livre; livre-o, pois n’elle tem prazer.

9 Mas tu _és_ o que me tiraste do ventre: fizeste-me esperar, _estando_
aos peitos de minha mãe.

10 Sobre ti fui lançado desde a madre; tu _és_ o meu Deus desde o ventre
de minha mãe.

11 Não te alongues de mim, pois a angustia _está_ perto, e não _ha_ quem
ajude.

12 Muitos [4] toiros me cercaram; fortes _toiros_ de Bazan me rodearam.

13 Abriram contra mim suas boccas, _como_ um leão que despedaça e que
ruge.

14 Como agua me derramei, e todos os meus ossos [5] se desconjuntaram: o
meu coração é como cera, derreteu-se no meio das minhas entranhas.

15 A minha força se seccou como um caco, e a lingua se me pega ao
paladar: e me pozeste no pó da morte.

16 Pois me rodearam cães: o ajuntamento de malfeitores me cercou,
traspassaram-me [6] as mãos e os pés.

17 Poderia contar todos os meus ossos: elles _o_ vêem _e_ me contemplam.

18 Repartem [7] entre si os meus vestidos, e lançam sortes sobre a minha
tunica.

19 Mas tu, Senhor, não te alongues de mim: força minha, apressa-te em
soccorrer-me.

20 Livra-me a minha _alma_ da espada, _e_ a minha [NW] predilecta da
força do cão.

21 Salva-me da bocca do leão, sim, ouviste-me, desde as pontas dos
unicornios.

22 Então declararei o teu nome aos meus irmãos: louvar-te-hei no meio da
congregação.

23 Vós, que temeis ao Senhor, louvae-o; todos vós, semente de Jacob,
glorificae-o; e temei-o todos vós, semente d’Israel.

24 Porque não desprezou nem abominou a afflicção do afflicto, nem
escondeu d’elle o seu rosto; antes, quando elle clamou, o ouviu.

25 O meu louvor _virá_ de ti na grande congregação: pagarei os meus votos
perante os que o temem.

26 Os mansos comerão e se fartarão; louvarão ao Senhor os que o buscam:
[8] o vosso coração viverá eternamente.

27 Todos os limites da terra se lembrarão, e se converterão ao Senhor: e
todas as gerações das nações adorarão perante a tua face.

28 Porque o reino _é_ do Senhor, e elle domina entre as nações.

29 Todos _os que_ na terra _são_ gordos comerão e adorarão, e todos os
que descem ao pó se prostrarão perante elle: e ninguem poderá reter viva
a sua alma.

30 Uma semente o servirá: será contada ao Senhor de geração em geração.

31 Chegarão e annunciarão a sua justiça ao povo que nascer, porquanto
elle o fez.

[1] Mat. 27.46. Mar. 15.34.

[2] Job 25.6.

[3] Mat. 27.29.

[4] Deu. 32.24.

[5] Dan. 5.6.

[6] Mat. 27.35. Mar. 15.24. Luc. 23.33.

[7] Luc. 23.34. João 19.23, 24.

[8] João 65.1.



_A felicidade de termos o Senhor como nosso pastor._

Psalmo de David.

23 O Senhor [1] _é_ o meu pastor, nada me faltará.

2 Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a aguas [NX] mui
quietas.

3 Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do
seu nome.

4 Ainda que eu andasse pelo valle da sombra [2] da morte, não temeria mal
algum, porque tu _estás_ comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.

5 Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a
minha cabeça com oleo, o meu calix trasborda.

6 Certamente que a bondade e a misericordia me seguirão todos os dias da
minha vida: e habitarei na casa do Senhor por longos dias.

[1] Jer. 23.4. João 10.11.

[2] Job 3.5.



_O dominio universal de Deus; quem é digno de entrar no seu sanctuario;
Deus é o Rei da gloria._

Psalmo de David.

24 Do Senhor [1] _é_ a terra e a sua plenitude, o mundo e aquelles que
n’elle habitam.

2 Porque elle a fundou sobre os mares, e a firmou [2] sobre os rios.

3 Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu logar sancto?

4 Aquelle que é limpo de [3] mãos e puro de coração, que não entrega a
sua alma á vaidade, nem jura enganosamente,

5 Este receberá a benção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação.

6 Esta _é_ a geração d’aquelles que buscam, d’aquelles que buscam a tua
face, _ó_ Deus de Jacob (Selah).

7 Levantae, [4] ó portas, as vossas cabeças; levantae-vos ó entradas
eternas, e entrará o Rei da Gloria.

8 Quem _é_ este Rei da Gloria? O Senhor forte e poderoso, o Senhor
poderoso na guerra.

9 Levantae, ó portas, as vossas cabeças, levantae-vos ó entradas eternas,
e entrará o Rei da Gloria.

10 Quem é este Rei da Gloria? O Senhor dos Exercitos, elle _é_ o Rei da
Gloria (Selah).

[1] Exo. 9.29 e 19.5.

[2] Gen. 1.9.

[3] Mat. 5.8.

[4] Isa. 26.2.



_David roga a Deus que o livre dos seus inimigos e lhe perdoe os seus
peccados._

Psalmo de David.

25 A ti, Senhor, levanto [1] a minha alma.

2 Deus meu, em ti confio, não me deixes confundido, nem que os meus
inimigos triumphem sobre mim.

3 Como, na verdade, não serão confundidos os que esperam em ti;
confundidos serão os que transgridem sem causa.

4 Faz-me saber [2] os teus caminhos, Senhor; ensina-me as tuas veredas.

5 Guia-me na tua verdade, e ensina-me, pois tu _és_ o Deus da minha
salvação; por ti estou esperando todo o dia.

6 Lembra-te, Senhor, das tuas misericordias e das tuas benignidades,
porque _são_ desde a eternidade.

7 Não te lembres dos peccados da minha mocidade, nem das minhas
transgressões; _mas_ segundo a tua misericordia, lembra-te de mim, por
tua bondade, Senhor.

8 Bom e recto _é o_ Senhor: pelo que ensinará o caminho aos peccadores.

9 Guiará os mansos em direitura: e aos mansos ensinará o seu caminho.

10 Todas as veredas do Senhor _são_ misericordia e verdade para aquelles
que guardam o seu concerto e os seus testemunhos.

11 Por amor do teu nome, Senhor, [3] perdoa a minha iniquidade, pois _é_
grande.

12 Qual _é_ o homem que teme ao Senhor? elle o ensinará no caminho _que_
deve escolher.

13 A sua alma pousará no bem, e a sua semente herdará a terra.

14 O segredo do Senhor _é_ com aquelles que o temem; e elle lhes mostrará
o seu concerto.

15 Os meus olhos _estão_ continuamente no Senhor, pois elle tirará os
meus pés da rede.

16 Olha para mim, e tem piedade de mim, porque _estou_ solitario e
afflicto.

17 As ancias do meu coração se teem multiplicado: tira-me dos meus
apertos.

18 Olha [4] para a minha afflicção e para a minha dôr, e perdoa todos os
meus peccados.

19 Olha para os meus inimigos, pois se vão multiplicando e me aborrecem
com odio cruel.

20 Guarda a minha alma, e livra-me; não me deixes confundido, porquanto
confio em ti.

21 Guardem-me a sinceridade e a direitura, porquanto espero em ti.

22 Redime, ó Deus, a Israel de todas as suas angustias.

[1] Lam. 3.41.

[2] Exo. 33.13.

[3] Rom. 5.20.

[4] II Sam. 16.12.



_David recorre a Deus, confiando na sua propria integridade._

Psalmo de David.

26 Julga-me, Senhor, pois tenho andado em minha sinceridade; tenho
confiado tambem no Senhor; não vacillarei.

2 Examina-me, Senhor, e prova-me: esquadrinha os meus rins e o meu
coração.

3 Porque a tua benignidade _está_ diante dos meus olhos; e tenho andado
na tua verdade.

4 Não me tenho assentado com homens vãos, nem converso com os _homens_
dissimulados.

5 Tenho aborrecido [1] a congregação de malfeitores; nem me ajunto com os
impios.

6 Lavo as [2] minhas mãos na innocencia; e assim andarei, Senhor, ao
redor do teu altar.

7 Para publicar com voz de louvor, e contar todas as tuas maravilhas.

8 Senhor, eu tenho amado a habitação da tua casa e o logar onde permanece
a tua gloria.

9 Não apanhes a minha alma com os peccadores, nem a minha vida com os
homens sanguinolentos,

10 Em cujas mãos _ha_ maleficio, e cuja _mão_ direita _está_ [3] cheia de
subornos.

11 Mas eu ando na minha sinceridade; livra-me e tem piedade de mim.

12 O meu pé está posto em caminho plano; nas congregações louvarei ao
Senhor.

[1] Psa. 31.7.

[2] Exo. 30.19, 20. I Tim. 2.8.

[3] Exo. 23.8. Deu. 16.19.



_Confiança em Deus e anhelo pela sua presença._

Psalmo de David.

27 O Senhor _é_ a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor
_é_ a força da minha vida; de quem me receiarei?

2 Quando os malvados, meus adversarios e meus inimigos, se chegaram
contra mim, para comerem as minhas carnes, tropeçaram e cairam.

3 Ainda que um exercito me cercasse, o meu coração não temeria: ainda que
a guerra se levantasse contra mim, n’isto confiarei.

4 Uma _coisa_ pedi ao Senhor, e a buscarei: [1] que possa morar na casa
do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do
Senhor, e inquirir no seu templo.

5 Porque no dia da adversidade me esconderá no seu pavilhão: no occulto
do seu tabernaculo me esconderá: pôr-me-ha sobre uma rocha.

6 Tambem agora a minha cabeça será exaltada sobre os meus inimigos _que
estão_ em redor de mim; portanto offerecerei sacrificio de jubilo no seu
tabernaculo; cantarei, sim, cantarei louvores ao Senhor.

7 Ouve, Senhor, a minha voz _quando_ clamo; tem tambem piedade de mim, e
responde-me.

8 Quando _tu disseste_: Buscae o meu rosto; o meu coração te disse a ti:
O teu rosto, Senhor, buscarei.

9 Não escondas de mim a tua face, não rejeites ao teu servo com ira; tu
foste a minha ajuda, não me deixes nem me desampares, ó Deus da minha
salvação.

10 Porque, quando [2] meu pae e minha mãe me desampararem, o Senhor me
recolherá.

11 Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e guia-me pela vereda direita; por
causa dos que me andam espiando.

12 Não me entregues á vontade dos meus adversarios; pois se levantaram
falsas testemunhas contra mim, e os que respiram crueldade.

13 _Pereceria sem duvida_, se não cresse que veria os bens do Senhor na
terra dos viventes.

14 Espera [3] no Senhor, anima-te, e elle fortalecerá o teu coração;
espera pois no Senhor.

[1] Luc. 2.37.

[2] Isa. 49.15.

[3] Isa. 25.9. Hab. 2.3.



_David roga a Deus que o aparte dos impios a e louva, Deus porque ouviu
as suas supplicas._

Psalmo de David.

28 A ti clamarei, ó Senhor, Rocha minha; não emmudeças para comigo: _se_
te calares para comigo, fique eu similhante aos que descem ao abysmo.

2 Ouve a voz das minhas supplicas, quando a ti clamar, [1] quando
levantar as minhas mãos para o teu sancto oraculo.

3 Não me arremesses com os impios e com os que obram a iniquidade; que
fallam de paz ao seu proximo, mas _teem_ mal nos seus corações.

4 Dá-lhes segundo as suas obras e segundo a malicia dos seus esforços;
dá-lhes conforme [2] a obra das suas mãos; torna-lhes a sua recompensa.

5 Porquanto não attendem ás obras do Senhor, nem á obra das suas mãos;
pelo que elle os derribará e não os reedificará.

6 Bemdito _seja_ o Senhor, porque ouviu a voz das minhas supplicas.

7 O Senhor _é_ a minha força e o meu escudo; n’elle confiou o meu
coração, e fui soccorrido: pelo que o meu coração salta de prazer, e com
o meu canto o louvarei.

8 O Senhor _é_ a força d’elles: tambem _é_ a força salvadora do seu
ungido.

9 Salva o teu [3] povo, e abençoa a tua herança; e apascenta-os e
exalta-os para sempre.

[1] II Reis 8.28, 29.

[2] II Tim. 4.14. Apo. 18.6.

[3] Deu. 9.29. I Reis 8.51, 53.



_David exhorta a louvar a magestade de Deus._

Psalmo de David.

29 Dae ao Senhor, ó filhos dos poderosos, dae ao Senhor gloria e força.

2 Dae ao Senhor a gloria _devida ao_ seu nome, adorae o Senhor [NY] na
belleza da sanctidade.

3 A voz do Senhor _se ouve_ sobre as _suas_ aguas; o Deus da gloria
troveja; o Senhor _está_ sobre as muitas aguas,

4 A voz do Senhor _é_ poderosa; a voz do Senhor _é_ cheia de magestade.

5 A voz do Senhor quebra os cedros; sim, o Senhor quebra os cedros do
Libano.

6 Elle os faz saltar como um bezerro; ao Libano e Sirion, como novos
unicornios.

7 A voz do Senhor separa as labaredas do fogo.

8 A voz do Senhor faz tremer o deserto; o Senhor faz tremer o deserto de
[1] Kades.

9 A voz do Senhor faz parir as cervas, e descobre as brenhas; e no seu
templo cada um falla da _sua_ gloria.

10 O Senhor [2] se assentou sobre o diluvio; o Senhor se assenta como
Rei, perpetuamente.

11 O Senhor dará [3] força ao seu povo; o Senhor abençoará o seu povo com
paz.

[1] Num. 13.26, 27.

[2] Gen. 6.17.

[3] Psa. 28.8.



_A ira de Deus dura um momento só, mas a sua benignidade é eterna._

Psalmo e canção na dedicação da Casa. Psalmo de David.

30 Exaltar-te-hei, ó Senhor, porque tu me exaltaste; e não fizeste com
que meus inimigos se alegrassem sobre mim.

2 Senhor, meu Deus, clamei a ti, e tu me saraste.

3 Senhor, fizeste subir a minha alma [NZ] da sepultura: conservaste-me a
vida para que não descesse ao abysmo.

4 Cantae ao Senhor, [1] vós que sois seus sanctos, e celebrae a [OA]
memoria da sua sanctidade.

5 Porque a sua ira _dura só_ um momento; no seu favor _está_ a vida: o
choro pode durar uma noite, mas a alegria _vem_ pela manhã.

6 Eu dizia [2] na minha prosperidade: Não vacillarei jámais.

7 Tu, Senhor, pelo teu favor fizeste forte a minha montanha: tu
encobriste o teu rosto, e fiquei perturbado.

8 A ti, Senhor, clamei, e ao Senhor suppliquei.

9 Que proveito _ha_ no meu sangue, quando desço á cova? _Porventura_ te
louvará o pó? annunciará elle a tua verdade?

10 Ouve, Senhor, e tem piedade de mim, Senhor; sê o meu auxilio.

11 Tornaste [3] o meu pranto em folguedo: desataste o meu sacco, e me
cingiste de alegria:

12 Para que _a minha_ gloria a ti cante louvores, e não se cale: Senhor,
Deus meu, eu te louvarei para sempre.

[1] I Chr. 16.4.

[2] Job 29.18.

[3] II Sam. 6.14. Jer. 31.4.



_David roga a Deus que o livre, louva a sua benignidade e exhorta a
confiar n’Elle._

Psalmo de David para o cantor-mór.

31 Em ti, Senhor, confio; nunca me deixes confundido: livra-me pela tua
justiça.

2 Inclina para mim os teus ouvidos, livra-me depressa; sê a minha firme
rocha, uma casa fortissima que me salve.

3 Porque tu _és_ a minha rocha e a minha fortaleza; pelo que, por amor do
teu nome, guia-me e encaminha-me.

4 Tira-me da rede que para mim esconderam, pois tu _és_ a minha força.

5 Nas tuas mãos [1] encommendo o meu espirito: tu me redimiste, Senhor
Deus da verdade.

6 Aborreço aquelles que se entregam a vaidades enganosas; eu porém confio
no Senhor.

7 Eu me alegrarei e regozijarei na tua benignidade, pois consideraste a
minha afflicção: [2] conheceste a minha alma nas angustias.

8 E não me entregaste nas mãos do inimigo; pozeste os meus pés n’um logar
espaçoso.

9 Tem misericordia de mim, ó Senhor, porque estou angustiado: consumidos
estão de tristeza os meus olhos, a minha alma e o meu ventre.

10 Porque a minha vida está gasta de tristeza, e os meus annos de
suspiros; a minha força descae por causa da minha iniquidade, e os meus
ossos se consomem.

11 Fui opprobrio entre todos os meus inimigos, até entre os meus
visinhos, e horror para os meus conhecidos: os que me viam na rua fugiam
de mim.

12 Estou esquecido no coração d’elles, como um morto; sou como um vaso
quebrado.

13 Pois ouvi [3] a murmuração de muitos, temor _havia_ ao redor; emquanto
juntamente consultavam contra mim, intentaram tirar-me a vida.

14 Mas eu confiei em ti, Senhor: e disse: Tu _és_ o meu Deus.

15 Os meus tempos _estão_ nas tuas mãos: livra-me das mãos dos meus
inimigos e dos que me perseguem.

16 Faze resplandecer o teu rosto sobre o teu servo: salva-me por tuas
misericordias.

17 Não me deixes confundido, Senhor, porque te tenho invocado: deixa
confundidos os impios, _e_ emmudeçam na sepultura.

18 Emmudeçam os labios mentirosos que fallam [OB] coisas más com soberba
e desprezo contra o justo.

19 _Oh!_ quão grande _é_ a tua bondade, que guardaste para os que te
temem! _a qual_ obraste para aquelles que em ti confiam na presença dos
filhos dos homens!

20 Tu os esconderás, no secreto da tua presença, dos desaforos dos
homens: encobril-os-has em um pavilhão da contenda das linguas.

21 Bemdito _seja_ o Senhor, pois fez maravilhosa a sua misericordia para
comigo em cidade segura.

22 Pois eu dizia [OC] na minha pressa: Estou cortado de diante dos teus
olhos; não obstante, tu ouviste a voz das minhas supplicas, quando eu a
ti clamei.

23 Amae ao Senhor, vós todos que sois seus sanctos; _porque_ o Senhor
guarda os fieis e retribue com abundancia ao que usa de soberba.

24 Esforçae-vos, e elle fortalecerá o vosso coração, vós todos que
esperaes no Senhor.

[1] Luc. 23.46. Act. 7.58.

[2] Psa. 33.5.

[3] Jer. 20.10.



_A felicidade do homem perdoado; exhortação ao arrependimento._

Maschil de David.

32 Bemaventurado _aquelle cuja_ transgressão [1] _é_ perdoada, _e cujo_
peccado _é_ coberto.

2 Bemaventurado o homem a quem o Senhor não [2] imputa maldade, e em cujo
espirito não _ha_ engano.

3 Quando eu guardei silencio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido
em todo o dia.

4 Porque de dia e de noite a tua mão [3] pesava sobre mim; o meu humor se
tornou em sequidão de estio (Selah).

5 Confessei-te o meu peccado, e a minha maldade não encobri; dizia eu:
Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade
do meu peccado (Selah).

6 Portanto todo aquelle que é sancto orará a ti, em tempo que te possa
achar: até no trasbordar de muitas aguas, _estas_ não lhe chegarão.

7 Tu _és_ o logar [4] em que me escondo, tu me preservas da angustia: tu
me cinges d’alegres cantos de livramento (Selah).

8 Instruir-te-hei, e ensinar-te-hei o caminho que deves seguir;
guiar-te-hei com os meus olhos.

9 Não sejaes como o cavallo, _nem_ como a mula, _que_ não tem
entendimento, cuja bocca precisa de cabresto e freio, para que se não
cheguem a ti.

10 O impio tem [5] muitas dôres, mas áquelle que confia no Senhor a
misericordia o cercará.

11 Alegrae-vos no Senhor, e regozijae-vos, vós os justos; e cantae
alegremente, todos _vós que sois_ rectos de coração.

[1] Rom. 4.6, 7, 8.

[2] II Cor. 5.19. João 1.47.

[3] I Sam. 5.6.

[4] Psa. 9.10.

[5] Pro. 13.21. Rom. 2.9.



_O jubilo do crente na contemplação das obras de Deus._

33 Regozijae-vos no Senhor, vós, justos, _pois_ aos rectos convem o
louvor.

2 Louvae ao Senhor com harpa, cantae a elle com psalterio de dez cordas.

3 Cantae-lhe [1] um cantico novo: tocae bem e com jubilo.

4 Porque a palavra do Senhor _é_ recta, e todas as suas obras _são_ fieis.

5 Elle ama a justiça e o juizo: a terra está cheia da bondade do Senhor.

6 Pela [2] palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exercito
d’elles pelo espirito da sua bocca.

7 Elle ajunta as aguas do mar como n’um montão; põe os abysmos em [OD]
thesouros.

8 Tema toda a terra ao Senhor; temam-n’o todos os moradores do mundo.

9 Porque fallou, e foi _feito_: mandou, e logo appareceu.

10 O Senhor desfaz [3] o conselho das nações, quebranta os intentos dos
povos.

11 O conselho do Senhor permanece para sempre: os intentos do seu coração
de geração em geração.

12 Bemaventurada _é_ a nação cujo Deus _é_ o Senhor, _e_ o povo _ao qual_
escolheu [4] para sua herança.

13 O Senhor olha desde os céus e está vendo a todos os filhos dos homens.

14 Do logar da sua habitação contempla todos os moradores da terra,

15 Aquelle que forma [5] o coração de todos elles, que contempla todas as
suas obras.

16 Não ha rei que se salve com a grandeza d’um exercito, nem o homem
valente se livra pela muita força.

17 O cavallo é fallaz para a _segurança_: não livra _ninguem_ com a sua
grande força.

18 Eis que [6] os olhos do Senhor _estão_ sobre os que o temem, sobre os
que esperam na sua misericordia;

19 Para lhes livrar as almas da morte, e para os conservar vivos na fome.

20 A nossa alma espera no Senhor: elle _é_ o nosso auxilio e o nosso
escudo.

21 Pois n’elle se alegra o [7] nosso coração; porquanto temos confiado no
seu sancto nome.

22 Seja a tua misericordia, Senhor, sobre nós, como em ti esperamos.

[1] Isa. 42.10. Apo. 5.9.

[2] Gen. 1.6, 7. Heb. 11.3. II Ped. 3.5.

[3] Isa. 10.8.

[4] Exo. 19.5. Deu. 7.6.

[5] Jer. 32.19.

[6] Job 36.7. I Ped. 3.12.

[7] Zac. 10.7. João 16.22.



_David louva a Deus, porque respondeu ás suas supplicas, e exhorta a
confiar n’Elle._

Psalmo de David, quando mudou o seu semblante perante Abimelech, e o
lançou fóra, e se foi.

34 Louvarei [1] ao Senhor em todo o tempo: o seu louvor _estará_
continuamente na minha bocca.

2 A minha alma se [2] gloriará no Senhor: os mansos _o_ ouvirão e se
alegrarão.

3 Engrandecei ao Senhor comigo; e juntos exaltemos o seu nome.

4 Busquei [3] ao Senhor, e elle me respondeu: livrou-me de todos os meus
temores.

5 Olharam para elle, e foram illuminados; e os seus rostos não ficaram
confundidos.

6 Clamou este pobre, e o Senhor _o_ ouviu, e o salvou de todas as suas
angustias.

7 O anjo [4] do Senhor acampa-se em redor dos que o temem, e os livra.

8 Provae, e vêde que o Senhor é bom; bemaventurado o homem que n’elle
confia.

9 Temei ao Senhor, _vós_, os seus sanctos, pois não teem falta alguma
aquelles que o temem.

10 Os filhos dos leões necessitam e soffrem fome, mas aquelles que temem
ao Senhor não teem falta de _coisa_ alguma.

11 Vinde, meninos, ouvi-me: eu vos ensinarei o temor do Senhor.

12 Quem [5] _é_ o homem que deseja a vida, que quer _largos_ dias para
vêr o bem?

13 Guarda [6] a tua lingua do mal, e os teus labios de fallarem o engano.

14 Aparta-te do mal, e faze o bem: procura a paz, e segue-a.

15 Os olhos [7] do Senhor _estão_ sobre os justos, e os seus ouvidos
_attentos_ ao seu clamor.

16 A face [8] do Senhor _está_ contra os que fazem o mal, para
desarreigar da terra a memoria d’elles.

17 _Os justos_ clamam, e o Senhor os ouve, e os livra de todas as suas
angustias.

18 Perto [9] _está_ o Senhor dos que teem o coração quebrantado, e salva
os contritos de espirito.

19 Muitas _são_ as afflicções do justo, mas o Senhor o livra de todas.

20 Elle lhe guarda [10] todos os seus ossos; nem sequer um d’elles se
quebra.

21 A malicia matará o impio, e os que aborrecem o justo serão [OE]
desolados.

22 O Senhor resgata a alma dos seus servos, e nenhum dos que n’elle
confiam será [OF] desolado.

[1] Eph. 5.20. I The. 5.18.

[2] Jer. 9.24. I Cor. 1.31.

[3] Mat. 7.7. Luc. 11.9.

[4] Dan. 6.22. Heb. 1.14.

[5] I Ped. 3.10, 11.

[6] I Ped. 2.22.

[7] I Ped. 3.12.

[8] Lev. 17.10. Jer. 44.11. Amós 9.4.

[9] Isa. 57.15 e 61.1.

[10] João 19.36.



_David pede o castigo dos impios; descripção da miseria d’estes e
supplica para que Deus os julgue._

Psalmo de David.

35 Pleiteia, Senhor, com aquelles que pleiteiam comigo: peleja contra [1]
os que pelejam contra mim.

2 Pega do escudo e da rodela, e levanta-te em minha ajuda.

3 Tira da lança e [OG] obstroe _o caminho_ aos que me perseguem; dize á
minha alma: Eu _sou_ a tua salvação.

4 Sejam [2] confundidos e envergonhados os que buscam a minha vida:
voltem atraz e envergonhem-se os que contra mim tentam mal.

5 Sejam como _moinho_ perante o vento, o anjo do Senhor os faça fugir.

6 Seja o seu caminho tenebroso e escorregadio, e o anjo do Senhor os
persiga.

7 Porque sem causa encobriram de mim a rede na cova, _a qual_ sem razão
cavaram para a minha alma.

8 Sobrevenha-lhe destruição sem o saber, e prenda-o a rede que occultou;
caia elle n’essa mesma destruição.

9 E a minha alma se alegrará no Senhor; alegrar-se-ha na sua salvação.

10 Todos os meus ossos dirão: Senhor, quem _é_ como tu, que livras
o pobre d’aquelle que é mais forte do que elle? sim, o pobre e o
necessitado d’aquelle que o rouba.

11 Falsas testemunhas se levantaram: depozeram contra mim _coisas_ que eu
não sabia.

12 Tornaram-me o mal pelo bem, roubando a minha alma.

13 Mas, quanto a mim, quando estavam enfermos, o meu vestido _era_ o
sacco; humilhava a minha alma com o jejum, e a minha oração voltava para
o meu seio.

14 Portava-me como _se elle fôra_ meu irmão ou amigo; andava lamentando e
muito encurvado, como quem chora _por sua_ mãe.

15 Mas elles com a minha adversidade se alegravam e se congregavam: os
objectos se congregavam contra mim, e eu não o sabia; [OH] rasgavam-me, e
não cessavam.

16 Como hypocritas zombadores nas festas, rangiam os dentes contra mim.

17 Senhor, [3] até quando verás isto? resgata a minha alma das suas
assolações, e a minha [OI] predilecta dos leões,

18 Louvar-te-hei na grande congregação: entre muitissimo povo te
celebrarei.

19 Não se alegrem os meus inimigos de mim sem razão, _nem_ acenem com os
olhos aquelles que me aborrecem sem causa.

20 Pois não fallam de paz; antes projectam [OJ] enganar os quietos da
terra.

21 Abrem a bocca de par em par contra mim, _e_ dizem: Ólá, Ólá! os nossos
olhos _o_ viram.

22 Tu, Senhor, _o_ tens visto, não te cales: Senhor, não te alongues de
mim;

23 Desperta e acorda para o meu julgamento, para a minha causa, Deus meu,
e Senhor meu.

24 Julga-me segundo a tua justiça, Senhor Deus meu, e não deixes que se
alegrem de mim.

25 Não digam em seus corações: Eia, sus, alma nossa: não digam: Nós o
havemos devorado.

26 Envergonhem-se [4] e confundam-se á uma os que se alegram com o meu
mal; vistam-se de vergonha e de confusão os que _se_ engrandecem contra
mim.

27 Cantem [5] e alegrem-se os que amam a minha justiça, e digam
continuamente: O Senhor seja engrandecido, o qual ama a prosperidade do
seu servo.

28 E assim a minha lingua fallará da tua justiça _e_ do teu louvor todo o
dia.

[1] Lam. 3.58. Exo. 14.25.

[2] Isa. 29.5. Ose. 13.3.

[3] Hab. 1.13.

[4] ver. 4.

[5] Rom. 12.15. I Cor. 12.26.



_A malicia dos impios. Nosso refugio está em Deus, que salva os rectos._

Psalmo de David, servo do Senhor, para o cantor-mór.

36 A prevaricação do impio diz no intimo do seu coração: Não _ha_ temor
[1] de Deus perante os seus olhos.

2 Porque em seus olhos se lisongeia, até que a sua iniquidade se descubra
ser detestavel.

3 As palavras da sua bocca _são_ malicia e engano: deixou de entender _e_
de fazer o bem.

4 Projecta a malicia na sua cama; põe-se no caminho _que_ não _é_ bom:
não aborrece o mal.

5 A tua misericordia, Senhor, _está_ nos céus, e a tua fidelidade _chega_
até ás mais _excelsas_ nuvens.

6 A tua justiça _é_ como as grandes montanhas; os teus juizos _são um_
grande abysmo; Senhor, tu conservas os homens e os animaes.

7 Quão preciosa _é_, ó Deus, a tua benignidade, pelo que os filhos dos
homens se abrigam á sombra das tuas azas.

8 Elles se fartarão da gordura da tua casa, e os farás [2] beber da
corrente das tuas delicias;

9 Porque [3] em ti _está_ o manancial da vida; na tua luz veremos a luz.

10 Estende a tua benignidade sobre os que te conhecem, e a tua justiça
sobre os rectos de coração.

11 Não venha sobre mim o pé dos soberbos, e não me mova a mão dos impios.

12 Ali caem os que obram a iniquidade; cairão, e não se poderão levantar.

[1] Rom. 3.18.

[2] Apo. 22.1.

[3] Jer. 2.13. João 4.10, 14.



_A prosperidade dos peccadores acaba, mas sómente os justos serão
felizes._

Psalmo de David.

37 Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que
obram a iniquidade.

2 Porque cedo serão ceifados como a herva, e murcharão como a verdura.

3 Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente
serás alimentado.

4 Deleita-te [1] tambem no Senhor, e te concederá os desejos do teu
coração.

5 Entrega o [2] teu caminho ao Senhor; confia n’elle, e elle o fará.

6 E elle fará sobresair a tua justiça como a luz, e o teu juizo como o
meio-dia.

7 Descança no Senhor, e espera n’elle; não te indignes por causa
d’aquelle que prospera em seu caminho, por causa do homem que executa
astutos intentos.

8 Deixa a ira, e abandona o furor: não te indignes para fazer sómente o
mal.

9 Porque os malfeitores serão desarreigados; mas aquelles que esperam no
Senhor herdarão a terra.

10 Pois ainda um pouco, e o impio não _existirá_; olharás para o seu
logar, e não _apparecerá_.

11 Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundancia de paz.

12 O impio maquina contra o justo, e contra elle range os dentes.

13 O Senhor se rirá d’elle, pois vê que vem chegando o seu dia.

14 Os impios puxaram da espada e entesaram o arco, para derribarem o
pobre e necessitado, _e_ para matarem os [OK] de recta conversação.

15 _Porém_ a sua espada lhes entrará no coração, e os seus arcos se
quebrarão.

16 Vale mais o pouco que tem o justo, do que as riquezas de muitos impios.

17 Pois os braços dos impios se quebrarão, mas o Senhor sustem os justos.

18 O Senhor conhece os dias dos rectos, [3] e a sua herança permanecerá
para sempre.

19 Não serão envergonhados nos dias maus, e nos dias de fome se fartarão.

20 Mas os impios perecerão, e os inimigos do Senhor _serão_ como a
gordura dos cordeiros; desapparecerão, e em fumo se desfarão.

21 O impio toma emprestado, e não paga; mas o justo se compadece, e dá.

22 Porque _aquelles que_ elle abençoa herdarão a terra, e aquelles _que
forem_ por elle amaldiçoados serão desarreigados.

23 Os passos de _um_ homem _bom_ são confirmados pelo Senhor, e
deleita-se no seu caminho.

24 Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor _o_ sustem _com_ a
sua mão.

25 Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a
sua semente a mendigar o pão.

26 Compadece-se sempre, e empresta, e a sua semente _é_ abençoada.

27 Aparta-te do mal e faze o bem; e habita para sempre.

28 Porque o Senhor ama o juizo e não desampara os seus sanctos; elles são
preservados para sempre; mas a semente dos impios será desarreigada.

29 Os justos herdarão a terra e habitarão n’ella para sempre.

30 A bocca do justo falla a sabedoria: a sua lingua falla do juizo.

31 A lei do seu Deus _está_ em seu coração; os seus passos não
resvallarão.

32 O impio espreita ao justo, e procura matal-o.

33 O Senhor não o deixará em suas mãos, nem o condemnará quando fôr
julgado.

34 Espera no Senhor, e guarda o seu caminho, e te exaltará para herdares
a terra: tu _o_ verás quando os impios forem desarreigados.

35 Vi o impio com grande poder espalhar-se como a arvore verde na terra
natal.

36 Mas passou e já não _apparece_: procurei-o, mas não se poude encontrar.

37 Nota o _homem_ sincero, e considera o recto, porque o fim d’_esse_
homem _é_ a paz.

38 Emquanto aos transgressores serão á uma destruidos, e as reliquias dos
impios serão destruidas.

39 Mas a salvação dos justos _vem_ do Senhor; _elle é_ a sua fortaleza no
tempo da angustia.

40 E o Senhor os [4] ajudará e os livrará; elle os livrará dos impios e
os salvará, [5] porquanto confiam n’elle.

[1] Isa. 58.14.

[2] Luc. 12.22.

[3] Isa. 60.21.

[4] Isa. 31.5.

[5] Dan. 3.17, 28 e 6.23.



_A dôr e o arrependimento do peccador; dirige-se a Deus para obter perdão
e salvação._

Psalmo de David para lembrança.

38 Ó Senhor, não me reprehendas na tua ira, nem me castigues em teu furor.

2 Porque as tuas frechas se cravaram em mim, e a tua mão sobre mim desceu.

3 Não _ha_ coisa sã na minha carne, por causa da tua colera; nem _ha_ paz
em meus ossos, por causa do meu peccado.

4 Pois _já_ as minhas [1] iniquidades sobrepassam a minha cabeça: como
carga pesada são de mais para as minhas forças.

5 As minhas chagas [2] cheiram mal e estão corruptas, por causa da minha
loucura.

6 Estou encurvado, estou muito abatido, ando lamentando todo o dia.

7 Porque as minhas ilhargas estão cheias de ardor, e não _ha_ coisa sã na
minha carne.

8 Estou fraco e mui quebrantado; tenho rugido pela inquietação do meu
coração.

9 Senhor, diante de ti _está_ todo o meu desejo, e o meu gemido não te é
occulto.

10 O meu coração dá voltas, a minha força me falta; emquanto á luz dos
meus olhos, ella me deixou.

11 Os meus amigos e os meus propinquos estão ao longe da minha chaga; e
os meus parentes se pôem em distancia.

12 Tambem os que buscam a minha vida _me_ armam laços, e os que procuram
o meu mal fallam coisas que damnificam, e imaginam astucias todo o dia.

13 Mas eu, como surdo, não ouvia, e _era_ como mudo _que_ não abre a
bocca.

14 Assim eu sou como homem que não ouve, e em cuja bocca não _ha_
reprovação.

15 Porque em ti, Senhor, espero; tu, Senhor meu Deus, me ouvirás.

16 Porque dizia eu: _Ouve-me_, para que se não alegrem de mim: quando
escorrega o meu pé, elles _se_ engrandecem contra mim.

17 Porque _estou_ prestes a coxear; a minha dôr _está_ constantemente
perante mim.

18 Porque eu declararei a minha iniquidade; affligir-me-hei por causa do
meu peccado.

19 Mas os meus inimigos _estão_ vivos _e_ são fortes, e os que sem causa
me odeiam se engrandecem.

20 Os que dão mal pelo bem são meus adversarios, porquanto eu sigo _o que
é_ bom.

21 Não me desampares, Senhor, meu Deus, [3] não te alongues de mim.

22 Apressa-te em meu auxilio, Senhor, minha salvação.

[1] Esd. 9.6.

[2] Mat. 11.28.

[3] Isa. 12.2.



_O cuidado com as nossas palavras; a brevidade e vaidade da vida; a
supplica para que Deus o guarde da impaciencia._

Psalmo de David para o cantor-mór, para Jeduthun.

39 Disse: Guardarei os meus caminhos para não delinquir com a minha
lingua: guardarei a bocca com um freio, emquanto o impio _estiver_ diante
de mim.

2 Com o silencio fiquei mudo; calava-me mesmo _ácerca_ do bem, e a minha
dôr se aggravou.

3 Esquentou-se-me o coração dentro de mim; emquanto eu meditava se
accendeu um fogo: _então_ fallei com a minha lingua.

4 Faze-me conhecer, Senhor, o meu fim, e a medida dos meus dias qual é,
para que eu sinta quanto sou fragil.

5 Eis que fizeste os meus dias como a palmos, o tempo da minha _vida_ é
como nada diante de ti; na verdade que todo o homem, por mais firme que
esteja, é totalmente vaidade (Selah).

6 Na verdade que todo o homem anda como uma [OL] apparencia; na verdade
que em vão se inquietam: amontoam _riquezas_, e não sabem quem as levará.

7 Agora, pois, Senhor, que espero eu? A minha esperança _está_ em ti.

8 Livra-me de todas as minhas transgressões; não me faças o opprobrio dos
loucos.

9 Emmudeci: não abro a minha bocca, porquanto tu _o_ fizeste.

10 Tira de sobre mim a tua praga; estou desfallecido pelo golpe da tua
mão.

11 _Quando_ castigas o homem, por causa da iniquidade, com reprehensões,
fazes com que a sua belleza se consuma como a traça: assim todo o homem
_é_ [OM] vaidade (Selah.)

12 Ouve, Senhor, a minha oração, e inclina os teus ouvidos ao meu clamor;
não te cales perante as minhas lagrimas, porque [1] _sou_ estranho para
ti _e_ peregrino como todos os meus paes.

13 Poupa-me, até que tome alento, antes que me vá, e não seja _mais_.

[1] Lev. 25.23. Heb. 11.13.



_Deus ouve a alma paciente: a obediencia é melhor do que o sacrificio;
oração a Deus para que o livre dos males._

Psalmo de David para o cantor-mór.

40 Esperei com paciencia ao Senhor, e elle se inclinou para mim, e ouviu
o meu clamor.

2 Tirou-me [ON] d’um lago horrivel, d’um charco de lodo, poz os meus pés
sobre uma rocha, firmou os meus passos,

3 E poz um novo cantico na minha bocca, um hymno ao nosso Deus; muitos
_o_ verão, e temerão, e confiarão no Senhor.

4 Bemaventurado [1] o homem que põe no Senhor a sua confiança, e o que
não respeita os soberbos nem os que se desviam para a mentira.

5 Muitas são, Senhor meu Deus, as maravilhas _que_ tens obrado para
comnosco, e os teus pensamentos não se podem contar por ordem diante de
ti; _se_ eu _os_ quizera annunciar, e d’elles fallar, são mais do que se
podem contar.

6 Sacrificio [2] e offerta não quizeste; as minhas orelhas [OO] abriste,
holocausto e expiação pelo peccado não reclamaste.

7 Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro de mim _está_ escripto.

8 Deleito-me em fazer a tua vontade, _ó_ Deus meu; sim, a tua lei _está_
dentro do meu coração.

9 Préguei a justiça na grande congregação; eis-que não retive os meus
labios, Senhor, tu o sabes.

10 Não escondi a tua justiça dentro do meu coração; apregoei a tua
fidelidade e a tua salvação: [3] não escondi da grande congregação a tua
benignidade e a tua verdade.

11 Não retires de mim, Senhor, as tuas misericordias; guardem-me
continuamente a tua benignidade e a tua verdade.

12 Porque males sem numero me teem rodeado: as minhas iniquidades me
prenderam de modo que não posso olhar para cima: são muitas mais do que
os cabellos da minha cabeça; pelo que desfallece o meu coração.

13 Digna-te, Senhor, livrar-me: Senhor, apressa-te em meu auxilio.

14 Sejam á uma confundidos e envergonhados os que buscam a minha vida
para destruil-a; tornem atraz e confundam-se os que me querem mal.

15 Desolados sejam em pago da sua affronta os que me dizem: Ha! Ha!

16 Folguem e alegrem-se em ti os que te buscam: digam constantemente os
que amam a tua salvação: Magnificado seja o Senhor.

17 Mas eu _sou_ pobre e necessitado; comtudo o Senhor [4] cuida de mim:
tu _és_ o meu auxilio e o meu libertador; não te detenhas, ó meu Deus.

[1] Jer. 17.7.

[2] I Sam. 15.22.

[3] Act. 20.20, 27.

[4] I Ped. 5.7.



_O cuidado de Deus para com os pobres. David queixa-se da traição de seus
inimigos e busca o soccorro de Deus._

Psalmo de David para o cantor-mór.

41 Bemaventurado [1] _é_ aquelle que attende ao pobre; o Senhor o livrará
no dia do mal.

2 O Senhor o livrará, e o conservará em vida; será abençoado na terra, e
tu não o entregarás á vontade de seus inimigos.

3 O Senhor o sustentará no leito da enfermidade; tu farás toda a sua cama
na doença.

4 Dizia eu: Senhor, tem piedade de mim; sára [2] a minha alma, porque
pequei contra ti.

5 Os meus inimigos fallam mal de mim, _dizendo_: Quando morrerá elle, e
perecerá o seu nome?

6 E, se _algum d’elles_ vem ver-me, falla coisas vãs; no seu coração
amontoa a maldade; saindo para fóra, falla _d’ella_.

7 Todos os que me aborrecem murmuram á uma contra mim; contra mim
imaginam o mal, _dizendo_:

8 Uma má doença se lhe tem apegado; e, _agora_ que está deitado, não se
levantará mais.

9 Até o meu proprio amigo intimo, em quem eu _tanto_ confiava, que comia
do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar.

10 Porém tu, Senhor, tem piedade de mim, e levanta-me, para que eu lhes
dê o pago.

11 Por isto conheço eu que tu me favoreces: que o meu inimigo não
triumpha de mim.

12 Emquanto a mim, tu me sustentas na minha sinceridade, e me pozeste
diante da tua face para sempre.

13 Bemdito _seja_ o Senhor Deus d’Israel, de seculo em seculo: Amen e
Amen.

[1] Pro. 14.21.

[2] Psa. 6.3.



_A alma anhela por servir a Deus no seu templo._

Maschil para o cantor-mór, entre os filhos de Korah.

42 Assim como o cervo [OP] brama pelas correntes das aguas, assim brama a
minha alma por ti, ó Deus!

2 A minha alma tem sêde de Deus, do Deus vivo: quando entrarei e me
apresentarei ante a face de Deus?

3 As minhas lagrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, emquanto
me dizem constantemente: Onde _está_ o teu Deus?

4 Quando me lembro d’isto, dentro de mim derramo a minha alma: pois
[1] eu havia ido com a multidão; fui com elles á casa de Deus, com voz
d’alegria e louvor, com a multidão que festejava.

5 Porque estás abatida, ó alma minha, e _porque_ te perturbas em mim?
Espera em Deus, pois ainda o louvarei _pela_ salvação da sua face.

6 Ó meu Deus, dentro de mim a minha alma está abatida; portanto lembro-me
de ti desde a terra do Jordão, e desde os hermonitas, desde [OQ] o
pequeno monte.

7 _Um_ abysmo [2] chama _outro_ abysmo; ao ruido das tuas catadupas:
todas as tuas ondas e as tuas vagas teem passado sobre mim.

8 Comtudo o Senhor mandará a sua misericordia de dia, e de noite a sua
canção estará comigo, _e_ a oração ao Deus da minha vida.

9 Direi a Deus, minha Rocha: Porque te esqueceste de mim? porque ando
lamentando por causa da oppressão do inimigo?

10 [OR] Com ferida mortal em meus ossos me affrontam os meus adversarios,
quando todo o dia me dizem: Onde _está_ o teu Deus?

11 Porque estás [3] abatida, ó alma minha, e porque te perturbas dentro
de mim? espera em Deus, pois ainda o louvarei, _o qual é_ [OS] a salvação
da minha face, e o meu Deus.

[1] Isa. 30.29.

[2] Jer. 4.20. Eze. 7.26.

[3] ver. 5.



_Oração para que seja restituido aos privilegios do sanctuario._

43 Faze-me justiça, ó Deus, e pleiteia a minha causa contra a [OT] gente
impia; livra-me do homem fraudulento e injusto.

2 Pois tu _és_ o Deus da minha fortaleza; porque me rejeitas? porque ando
lamentando por causa da oppressão do inimigo?

3 Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu
sancto monte, e aos teus tabernaculos.

4 Então irei ao altar de Deus, a Deus, _que é_ [OU] a minha grande
alegria, e com harpa te louvarei, ó Deus, Deus meu.

5 Porque estás abatida, ó alma minha? e porque te perturbas dentro de
mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, _o qual é_ a salvação da
minha face e Deus meu.



_O povo de Deus recorda os favores antigos, e roga o livramento dos males
presentes._

Maschil para o cantor-mór, entre os filhos de Korah.

44 Ó Deus, nós ouvimos com os nossos ouvidos, [1] e nossos paes nos teem
contado a obra _que_ fizeste em seus dias, nos tempos da antiguidade.

2 Como expelliste as nações com a tua mão e os plantaste a elles: _como_
affligiste os povos e [OV] os derribaste.

3 Pois não conquistaram a terra pela sua espada, nem o seu braço os
salvou, mas a tua dextra e o teu braço, e a luz da tua face, porquanto te
agradaste d’elles.

4 Tu és o meu Rei, ó Deus: ordena [OW] salvações para Jacob.

5 Por ti escornearemos [2] os nossos inimigos: pelo teu nome pizaremos os
que se levantam contra nós:

6 Pois eu não confiarei no meu arco, nem a minha espada me salvará.

7 Mas tu nos salvaste dos nossos inimigos, e confundiste os que nos
aborreciam.

8 Em Deus nos gloriamos todo o dia, e louvamos o teu nome eternamente
(Selah).

9 Mas agora tu nos rejeitaste e nos confundiste, e não saes com os nossos
exercitos.

10 Faze-nos [3] retirar do inimigo, e aquelles que nos odeiam _nos_
saqueiam para si.

11 Tu nos entregaste como [4] ovelhas para comer, e nos espalhaste entre
as nações.

12 Tu vendes por nada o teu povo, e não augmentas _a tua riqueza_ com o
seu preço.

13 Tu nos pões por opprobrio aos nossos visinhos, por escarneo e zombaria
de aquelles que estão á roda de nós.

14 Tu nos pões por proverbio entre as nações, por movimento de cabeça
entre os povos.

15 A minha [OX] confusão _está_ constantemente diante de mim, e a
vergonha do meu rosto me cobre:

16 Á voz d’aquelle que affronta e blasphema, por causa do inimigo e do
vingador.

17 Tudo [5] isto nos sobreveiu: _comtudo_ não nos esquecemos de ti, nem
nos houvemos falsamente contra o teu concerto.

18 O nosso coração não voltou atraz, nem os nossos passos se desviaram
das tuas veredas;

19 Ainda que nos quebrantaste n’um logar de [OY] dragões, e nos cobriste
com a sombra da morte.

20 Se nós esquecemos o nome do nosso Deus, e estendemos as nossas mãos
para _um_ deus estranho,

21 _Porventura_ não esquadrinhará Deus isso? pois elle sabe os segredos
do coração.

22 Sim, por amor de ti, somos mortos todo o dia: somos tidos na conta de
ovelhas para o matadouro.

23 Desperta, porque dormes, Senhor? acorda, não _nos_ rejeites para
sempre.

24 Porque escondes [6] a tua face, e te esqueces da nossa miseria e da
nossa oppressão?

25 Pois a nossa alma está abatida até ao pó; o nosso ventre se apega á
terra.

26 Levanta-te em nosso auxilio, e resgata-nos por amor das tuas
misericordias.

[1] Exo. 12.26.

[2] Dan. 8.6.

[3] Lev. 26.17.

[4] Rom. 8.36.

[5] Dan. 9.13.

[6] Job 13.24.



_Descripção prophetica da união entre Christo e a sua egreja._

Maschil, cantico d’amor, para o cantor-mór, entre os filhos de Korah,
sobre Shoshannim.

45 O meu coração ferve com palavras boas, fallo do que tenho feito no
tocante ao Rei: a minha lingua _é_ a penna de um dextro escriptor.

2 Tu és mais formoso do que os filhos dos homens; [1] a graça se derramou
em teus labios; portanto Deus te abençoou para sempre.

3 Cinge [2] a tua espada á coxa, ó Valente, com a tua gloria e a tua
magestade.

4 [OZ] E n’_este_ teu esplendor cavalga prosperamente, por causa da
verdade, da mansidão _e_ da justiça; e a tua dextra te ensinará coisas
terriveis.

5 As tuas frechas _são_ agudas [PA] no coração dos inimigos do Rei, _e
por ellas_ os povos cairam debaixo de ti.

6 O teu throno, ó Deus, é eterno e perpetuo; o sceptro do teu reino _é_
um sceptro d’equidade.

7 Tu amas a justiça e aborreces a impiedade; portanto, Deus, o teu Deus,
te ungiu com oleo de alegria, mais do que a teus companheiros.

8 Todos os teus vestidos _cheiram_ a myrrha, e aloes _e_ cassia, desde os
palacios de marfim de onde te alegram.

9 As filhas dos reis _estavam_ entre as tuas illustres _donzellas_; á tua
direita estava a rainha _ornada_ de finissimo oiro de Ophir.

10 Ouve, filha, e olha, e inclina os teus ouvidos; esquece-te do teu povo
e da casa do teu pae.

11 Então o rei se afeiçoará da tua formosura, pois elle _é_ teu Senhor;
adora-o.

12 E a filha de Tyro _estará ali_ com presentes; os ricos do povo
supplicarão o teu favor.

13 A filha do rei _é_ toda illustre por dentro: o seu vestido _é_ de oiro
engastado.

14 Leval-a-hão ao rei com vestidos bordados; as virgens que a acompanham
a trarão a ti.

15 Com alegria e regozijo as trarão: ellas entrarão no palacio do rei.

16 Em logar de teus paes serão teus filhos; d’elles farás [3] principes
sobre toda a terra.

17 Farei lembrado [4] o teu nome de geração em geração; pelo que os povos
te louvarão eternamente.

[1] Luc. 4.22.

[2] Isa. 49.2. Heb. 4.12. Apo. 1.16.

[3] I Ped. 2.9. Apo. 1.6.

[4] Mal. 1.11.



_A fé perfeita que aquelle que crê tem em Deus._

Cantico sobre Alamoth, para o cantor-mór entre os filhos de Korah.

46 Deus _é_ o nosso refugio e fortaleza, soccorro [1] bem presente na
angustia.

2 Pelo que não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os
montes se transportem para o meio dos mares.

3 _Ainda que_ as aguas rujam _e_ se perturbem, _ainda que_ os montes se
abalem pela sua braveza (Selah).

4 _Ha_ um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o sanctuario das
moradas do Altissimo.

5 Deus _está_ [2] no meio d’ella, não se abalará; Deus a ajudará ao
romper da manhã.

6 As nações se embraveceram; os reinos se moveram; elle levantou a sua
voz e a terra se derreteu.

7 O Senhor dos Exercitos _está_ comnosco: o Deus de Jacob _é_ o nosso
refugio (Selah).

8 Vinde, contemplae as obras do Senhor; que desolações tem feito na terra!

9 Elle faz cessar as guerras até ao fim da terra: quebra o arco e corta a
lança; queima os carros no fogo.

10 Aquietae-vos, e sabei que eu sou Deus; [3] serei exaltado entre as
nações; serei exaltado sobre a terra.

11 O Senhor dos Exercitos _está_ comnosco: o Deus de Jacob _é_ o nosso
refugio (Selah).

[1] Deu. 4.7.

[2] Deu. 24.14. Isa. 12.6. Ose. 11.9.

[3] Isa. 2.11, 17.



_O triumpho do reino de Deus._

Psalmo para o cantor-mór, entre os filhos de Korah.

47 Applaudi com as mãos, todos os povos; cantae a Deus com voz de
triumpho.

2 Porque o Senhor Altissimo _é_ tremendo, e Rei grande sobre toda a terra.

3 Elle nos subjugará os povos e as nações debaixo dos nossos pés.

4 Escolherá para nós a nossa herança, a gloria de Jacob, a quem amou
(Selah).

5 Deus _subiu_ com jubilo, o Senhor _subiu_ ao som de trombeta.

6 Cantae louvores a Deus, cantae louvores; cantae louvores ao nosso Rei,
cantae louvores.

7 Pois Deus _é_ o Rei de toda a terra, cantae louvores com intelligencia.

8 Deus reina sobre as nações: Deus se assenta [PB] sobre o throno da sua
sanctidade.

9 Os principes do povo se ajuntam, o povo do Deus de Abrahão; porque os
escudos da terra _são_ de Deus: elle está muito elevado!



_A belleza e os privilegios de Sião._

Cantico e psalmo para os filhos de Korah.

48 Grande _é_ o Senhor e mui _digno_ de louvor, na cidade do nosso Deus,
_no_ seu monte sancto.

2 Formoso de [PC] sitio, e alegria de toda a terra _é_ o monte de Sião
sobre os lados do norte, a cidade do grande Rei.

3 Deus _é_ conhecido nos seus palacios por um alto refugio.

4 Porque eis que os reis se ajuntaram: elles passaram juntos.

5 Viram-_n’o_, e ficaram maravilhados; ficaram assombrados e _se_
apressaram em fugir.

6 Tremor ali os tomou, e dôres como de mulher de parto.

7 Tu quebras as náus de Tarsis com um vento oriental.

8 Como _o_ ouvimos, assim _o_ vimos na cidade do Senhor dos Exercitos, na
cidade do nosso Deus. [1] Deus a confirmará para sempre (Selah).

9 Lembramo-nos, ó Deus, da tua benignidade no meio do teu templo.

10 Segundo _é_ o teu nome, ó Deus, assim _é_ o teu louvor, até aos fins
da terra: a tua mão direita está cheia de justiça.

11 Alegre-se o monte de Sião; alegrem-se as filhas de Judah por _causa
dos_ teus juizos.

12 Rodeae Sião, e cercae-a, contae as suas torres.

13 Marcae bem os seus antemuros, considerae os seus palacios, para que o
conteis á geração seguinte.

14 Porque este Deus _é_ o nosso Deus para sempre, elle será nosso guia
até á morte.

[1] Isa. 2.2. Miq. 4.1.



_A vaidade dos bens terrestres. Só Deus salva da morte._

Psalmo para o cantor-mór, entre os filhos de Korah.

49 Ouvi isto, _vós_ todos os povos; inclinae os ouvidos, todos os
moradores do mundo,

2 Tanto baixos como altos, tanto ricos como pobres.

3 A minha bocca fallará de sabedoria; e a meditação do meu coração _será_
de entendimento.

4 Inclinarei [1] os meus ouvidos a _uma_ parabola: declararei o meu
enigma na harpa.

5 Porque temerei eu nos dias maus, _quando_ me cercar a iniquidade dos
que me armam ciladas?

6 Aquelles [2] que confiam na sua fazenda, e se gloriam na multidão das
suas riquezas,

7 Nenhum d’elles de modo algum pode remir a seu irmão, ou dar a Deus o
resgate d’elle

8 (Pois a redempção da sua alma é carissima, e cessará para sempre);

9 Para que viva para sempre, _e_ não veja corrupção:

10 Porque elle vê _que_ os sabios morrem: perecem egualmente tanto o
louco como o brutal, e deixam a outros os seus bens.

11 O seu _pensamento_ interior _é que_ as suas casas _serão_ perpetuas
_e_ as suas habitações de geração em geração; dão ás suas terras os seus
proprios nomes.

12 Todavia o homem _que está_ na honra [3] não permanece; _antes_ é como
os brutos _que_ perecem.

13 Este caminho d’elles _é_ a sua loucura; comtudo a sua posteridade
approva as suas palavras (Selah).

14 Como ovelhas são postos na [PD] sepultura; a morte se alimentará
d’elles; e os rectos terão dominio sobre elles na manhã, e a sua
formosura na sepultura se consumirá [PE] da sua morada.

15 Mas Deus remirá a minha alma do poder da sepultura, pois me receberá
(Selah).

16 Não temas, quando alguem se enriquece, quando a gloria da sua casa se
engrandece.

17 Porque, quando morrer, nada levará _comsigo_, nem a sua gloria o
acompanhará.

18 Ainda que na sua vida elle bemdisse a sua alma, e _os homens_ te
louvam, quando fizeres bem a ti _mesmo_,

19 Irá para a geração de seus paes; elles nunca verão a luz.

20 O homem _que está_ na honra, e não tem entendimento, é similhante ás
bestas que perecem.

[1] Mat. 13.35.

[2] Mar. 10.24. I Tim. 6.17.

[3] Luc. 12.10.



_Deus governa o mundo: Deus tem mais prazer na obediencia do que no
sacrificio._

Psalmo de Asaph.

50 O Deus poderoso, o Senhor, fallou e chamou a terra desde o nascimento
do sol até ao seu occaso.

2 Desde Sião, a perfeição da formosura, resplandeceu Deus.

3 Virá o nosso Deus, e não se calará; _um_ fogo se irá consumindo diante
d’elle, e haverá grande tormenta ao redor d’elle.

4 Chamará os céus lá do alto, e a terra, para julgar o seu povo.

5 Ajuntae-me os meus sanctos, aquelles que fizeram comigo _um_ concerto
com sacrificios.

6 E os céus annunciarão a sua justiça; pois Deus mesmo _é_ o Juiz (Selah).

7 Ouve, povo meu, e eu fallarei; Ó Israel, e eu protestarei contia ti;
_Sou_ Deus, _sou_ o teu Deus.

8 Não te reprehenderei pelos teus sacrificios, ou holocaustos, _que
estão_ continuamente perante mim.

9 Da tua casa não tirarei [1] bezerro _nem_ bodes dos teus curraes.

10 Porque meu _é_ todo o animal da selva, _e_ o gado sobre milhares de
montanhas.

11 Conheço todas as aves dos montes; e minhas _são_ todas as feras do
campo.

12 Se eu tivesse fome, não t’o diria, pois meu _é_ o mundo e _toda_ a sua
plenitude.

13 Comerei eu carne de toiros? ou beberei sangue de bodes?

14 Offerece a Deus sacrificio de louvor, e paga ao Altissimo os teus
votos.

15 E invoca-me [2] no dia da angustia: eu te livrarei, e tu me
glorificarás.

16 Mas ao impio diz Deus: Que fazes tu em recitar os meus estatutos, e em
tomar o meu concerto na tua bocca?

17 Visto que [3] aborreces a correcção, e lanças as minhas palavras para
detraz de ti.

18 Quando vês o ladrão, consentes com elle, e _tens_ a tua parte com
adulteros.

19 Soltas a tua bocca para o mal, e a tua lingua compõe o engano.

20 Assentas-te a fallar contra teu irmão; fallas mal contra o filho de
tua mãe.

21 Estas _coisas_ tens feito, e eu me calei; pensavas que era _tal_ como
tu; _mas_ eu te arguirei, e _as_ porei por ordem diante dos teus olhos.

22 Ouvi pois isto, vós que vos esqueceis de Deus; para que _vos_ não faça
em pedaços, sem haver quem _vos_ livre.

23 Aquelle [4] que offerece o sacrificio de louvor me glorificará; e
áquelle que _bem_ ordena o _seu_ caminho eu mostrarei a salvação de Deus.

[1] Miq. 6.6. Act. 17.25.

[2] Zac. 13.9.

[3] Rom. 2.21, 22. Neh. 9.26.

[4] Rom. 12.1. Gal. 6.16.



_David confessa o seu peccado, supplica o perdão e roga a Deus que lhe
renove um espirito recto._

Psalmo de David para o cantor-mór, quando o propheta Nathan veiu a elle,
depois d’entrar a Bathseba.

51 Tem misericordia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as
minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericordias.

2 Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu peccado.

3 Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu peccado _está_
sempre diante de mim.

4 Contra ti, contra ti sómente pequei, e fiz o que é mau á tua vista,
para que sejas justificado quando fallares, _e_ puro quando julgares.

5 Eis que em iniquidade fui formado, e em peccado me concebeu minha mãe.

6 Eis que amas a verdade no intimo, e no occulto me fazes conhecer a
sabedoria.

7 Purifica-me [1] com hyssope, e ficarei puro: lava-me, e ficarei mais
branco do que a neve.

8 Faze-me ouvir jubilo e alegria, _para que_ gozem os ossos _que_ tu
quebraste.

9 Esconde a tua face dos meus peccados, e apaga todas as minhas
iniquidades.

10 Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espirito
recto.

11 Não me lances fóra da tua presença, [2] e não retires de mim o teu
Espirito Sancto.

12 Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustem-me _com o teu_
Espirito voluntario.

13 _Então_ ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os peccadores
a ti se converterão.

14 Livra-me [3] dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, _e_
a minha lingua louvará altamente a tua justiça.

15 Abre, Senhor, os meus labios, e a minha bocca entoará o teu louvor.

16 Pois não queres os sacrificios que eu daria; tu não te deleitas em
holocaustos.

17 Os sacrificios para Deus _são_ o espirito quebrantado; [4] a _um_
coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.

18 Faze o bem a Sião, segundo a tua boa vontade; edifica os muros de
Jerusalem.

19 Então te agradarás [5] dos sacrificios da justiça, dos holocaustos e
das offertas queimadas; então se offerecerão novilhos sobre o teu altar.

[1] Num. 19.18. Heb. 9.19. Isa. 1.18.

[2] Rom. 8.9. Eph. 4.30.

[3] II Sam. 11.17.

[4] Isa. 57.15.

[5] Mal. 3.3.



_David prediz a ruina do impio, e confia em Deus._

Maschil de David para o cantor-mór, quando Doeg, o idumeo, o annunciou a
Saul, e lhe disse: David veiu a casa de Abimelech.

52 Porque te glorias na malicia, ó homem poderoso? pois a bondade de Deus
_permanece_ continuamente.

2 A tua lingua intenta o mal, como uma navalha amolada, traçando enganos.

3 Tu amas mais o mal do que o bem, _e_ a mentira [1] mais do que o fallar
a rectidão (Selah).

4 Amas todas as palavras devoradoras, ó lingua fraudulenta.

5 Tambem Deus te destruirá para sempre; arrebatar-te-ha e arrancar-te-ha
da _tua_ habitação; e desarreigar-te-ha da terra dos viventes (Selah).

6 E os justos [2] o verão, e temerão: e se rirão d’elle:

7 Eis aqui o homem _que_ não poz em Deus a sua fortaleza; antes confiou
na abundancia das suas riquezas, _e_ se fortaleceu na sua maldade.

8 Mas eu [3] _sou_ como a oliveira verde na casa de Deus; confio na
misericordia de Deus para sempre, eternamente.

9 Para sempre te louvarei, porque tu _o_ fizeste, e esperarei no teu
nome, porque _é_ bom diante de teus sanctos.

[1] Jer. 9.4, 5.

[2] Mal. 1.5.

[3] Jer. 11.16.



_O impio nega a existencia de Deus e se corrompe._

Maschil de David para o cantor-mór sobre Machalath.

53 Disse o [PF] nescio no seu coração: Não _ha_ Deus. Teem-se corrompido,
[1] e commettido abominavel iniquidade: não _ha_ ninguem que faça o bem.

2 Deus olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia
_algum_ que tivesse entendimento e buscasse a Deus.

3 Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram immundos; não _ha_ quem
faça o bem, não, nem sequer um.

4 Acaso não teem conhecimento [2] os que obram a iniquidade, os quaes
comem o meu povo _como se_ comessem pão? elles não invocaram a Deus.

5 Ali se acharam em grande temor, _onde_ não havia temor, [3] pois Deus
espalhou os ossos d’aquelle que te cercava; tu _os_ confundiste, porque
Deus os rejeitou.

6 Oh! se _já_ de Sião viera a salvação de Israel! Quando Deus fizer
voltar os captivos do seu povo, _então_ se regozijará Jacob _e_ se
alegrará Israel.

[1] Rom. 3.10.

[2] Jer. 4.22.

[3] Eze. 6.5.



_David roga a Deus que o salve dos seus inimigos._

Maschil de David para o cantor-mór sobre Neginoth, quando os zipheos
vieram e disseram a Saul: Porventura não está escondido entre nós?

54 Salva-me, ó Deus, pelo teu nome, e faze-me justiça pelo teu poder.

2 Ó Deus, ouve a minha oração, inclina os teus ouvidos ás palavras da
minha bocca.

3 Porque os estranhos se levantam contra mim, e tyrannos procuram a minha
vida: não teem posto Deus perante os seus olhos (Selah).

4 Eis que Deus _é_ o meu ajudador, o Senhor _está_ com aquelles que
susteem a minha alma.

5 Elle recompensará com o mal aquelles que me andam espiando: destroe-os
na tua verdade.

6 Eu te offerecerei voluntariamente sacrificios, louvarei o teu nome ó
Senhor, porque _é_ bom.

7 Pois me tem livrado de toda a angustia; e os meus olhos viram _o meu
desejo_ sobre os meus inimigos.



_David queixa-se da malicia dos seus inimigos; persevera em oração, e
lança a sua carga sobre o Senhor._

Maschil de David para o cantor-mór, sobre Neginoth.

55 Inclina ó Deus os _teus_ ouvidos á minha oração, e não te escondas da
minha supplica.

2 Attende-me, e ouve-me: lamento na minha queixa, [1] e faço ruido,

3 Pelo clamor do inimigo e por causa da oppressão do impio: pois lançou
sobre mim a iniquidade, e com furor me aborrecem.

4 O meu coração está dolorido dentro de mim, e terrores da morte cairam
sobre mim.

5 Temor e tremor vieram sobre mim; e o horror me cobriu.

6 Pelo que disse: Oh! quem me déra azas como de pomba! _porque então_
voaria, e estaria em descanço.

7 Eis que fugiria para longe, _e_ pernoitaria no deserto (Selah).

8 Apressar-me-hia a escapar da furia do vento _e_ da tempestade.

9 [PG] Despedaça, [2] Senhor, e divide as suas linguas, pois tenho visto
violencia e contenda na cidade.

10 De dia e de noite a cercam sobre os seus muros; iniquidade e malicia
_estão_ no meio d’ella.

11 Maldade _ha_ dentro d’ella: astucia e engano não se apartam das suas
ruas.

12 Pois não _era um_ inimigo _que_ me affrontava: então eu _o_ houvera
supportado: nem _era_ o que me aborrecia _que se_ engrandecia contra mim,
porque d’elle me teria escondido.

13 Mas eras tu, homem meu egual, meu guia e meu intimo amigo.

14 Consultavamos juntos suavemente, [3] _e_ andavamos em companhia na
casa de Deus.

15 A morte os assalte, _e_ vivos desçam ao [PH] inferno; porque _ha_
maldade nas suas habitações _e_ no meio d’elles.

16 Porém eu invocarei a Deus, e o Senhor me salvará.

17 De tarde [4] e de manhã e ao meio dia orarei; e clamarei, e elle
ouvirá a minha voz.

18 Livrou em paz a minha alma da peleja _que havia_ contra mim; pois
havia muitos [PI] comigo.

19 Deus ouvirá, e os affligirá, Aquelle que preside desde a antiguidade
(Selah), porque não ha n’elles nenhuma mudança, _e_ portanto não temem a
Deus.

20 Elle [5] poz as suas mãos n’aquelles que teem paz com elle: quebrou a
sua alliança.

21 _As palavras_ da sua bocca eram mais macias do que a manteiga, mas
_havia_ guerra no seu coração: as suas palavras _eram_ mais brandas do
que o azeite; comtudo, eram espadas nuas.

22 Lança [6] a tua carga sobre o Senhor, e elle te susterá: não
permittirá nunca que o justo seja abalado.

23 Mas tu, ó Deus, os farás descer ao poço da perdição; homens de sangue
e de fraude não viverão metade dos seus dias; mas eu em ti confiarei.

[1] Isa. 38.14.

[2] Jer. 6.7.

[3] Psa. 42.5.

[4] Dan. 6.10. Luc. 18.1.

[5] Act. 12.1.

[6] Mat. 6.25.



_David roga a Deus que o livre dos seus inimigos, e confia em que elle
lh’o conceda._

Mictam de David para o cantor-mór, sobre Jonath-elem-rechokin, quando os
philisteos o prenderam em Gath.

56 Tem misericordia de mim, ó Deus, porque o homem procura devorar-me;
pelejando todo o dia, me opprime.

2 Os que me andam espiando procuram devorar-me todo o dia; pois são
muitos os que pelejam contra mim, ó Altissimo.

3 Em qualquer tempo que eu temer, me confiarei de ti.

4 Em Deus louvarei a sua palavra, em Deus puz a minha confiança; [1] não
temerei o que me possa fazer a carne.

5 Todos os dias torcem as minhas palavras: todos os seus pensamentos
_são_ contra mim para o mal.

6 Ajuntam-se, escondem-se, marcam os meus passos, como aguardando a minha
alma.

7 _Porventura_ escaparão elles por meio da sua iniquidade? Ó Deus,
derriba os povos na _tua_ ira!

8 Tu contas as minhas [PJ] vagueações; [2] põe as minhas lagrimas no teu
odre; não _estão ellas_ no teu livro?

9 Quando eu a _ti_ clamar, então voltarão para traz os meus inimigos:
isto sei eu, porque Deus _é_ por mim.

10 Em Deus louvarei a _sua_ palavra; no Senhor louvarei a _sua_ palavra.

11 Em Deus tenho posto a minha confiança; não temerei o que me possa
fazer o homem.

12 Os teus votos _estão_ sobre mim, ó Deus; eu te renderei acções de
graças;

13 Pois tu livraste a minha alma da morte; não _livrarás_ os meus pés da
queda, para andar diante de Deus na luz dos viventes?

[1] Isa. 31.3. Heb. 13.6.

[2] Mal. 3.16.



_David acha soccorro contra os seus inimigos e louva a Deus._

Mictam de David para o cantor-mór Al-tascheth, quando fugia de diante de
Saul na caverna.

57 Tem misericordia de mim, ó Deus, tem misericordia de mim, porque a
minha alma confia em ti; e na sombra das tuas azas me abrigo, até que
passem [1] as calamidades.

2 Clamarei ao Deus altissimo, ao Deus que por mim tudo executa.

3 Elle enviará desde os céus, e me salvará _do_ desprezo d’aquelle que
procurava devorar-me (Selah). Deus enviará a sua misericordia e a sua
verdade.

4 A minha alma _está_ entre leões, e eu estou _entre_ aquelles que estão
abrazados, filhos dos homens, cujos dentes são lanças e frechas, e a sua
lingua espada afiada.

5 Sê exaltado, ó Deus, sobre os céus; seja a tua gloria sobre toda a
terra.

6 Armaram uma rede aos meus passos; a minha alma está abatida; cavaram
uma cova diante de mim, _porém elles mesmos_ cairam no meio d’ella
(Selah).

7 Preparado está o meu coração, ó Deus, preparado está o meu coração;
cantarei, e direi psalmos.

8 Desperta, gloria minha, desperta, alaude e harpa; eu _mesmo_
despertarei ao romper da alva.

9 Louvar-te-hei, Senhor, entre os povos; eu te cantarei entre as nações.

10 Pois a tua misericordia _é_ grande até aos céus, e a tua verdade até
ás nuvens.

11 Sê exaltado, ó Deus, sobre os céus; e seja a tua gloria sobre toda a
terra.

[1] Isa. 26.20.



_David reprova os impios. Deus os castigará, e salvará os justos._

Mictam de David para o cantor-mór Al-tascheth.

58 Acaso fallaes vós devéras, ó congregação, a justiça? Julgaes
realmente, ó filhos dos homens?

2 Antes no coração obraes perversidades: sobre a terra pesaes a violencia
das vossas mãos.

3 Alienam-se os impios desde a madre; andam errados desde que nasceram,
fallando mentiras.

4 O seu veneno é similhante ao veneno da serpente; _são_ como a vibora
surda _que_ tapa os ouvidos,

5 Para não ouvir a voz dos encantadores, do encantador sabio em
encantamentos.

6 Ó Deus, quebra-lhes os dentes nas suas boccas; arranca, Senhor, os
dentes queixaes aos filhos dos leões.

7 Escorram como aguas _que_ correm constantemente; _quando_ elle armar as
suas frechas, fiquem feitos em pedaços.

8 Como a lesma se derrete, _assim_ se vá _cada um d’elles_, _como_ o
aborto d’uma mulher, que nunca viu o sol.

9 Antes que as vossas panellas sintam os espinhos, elle os arrebatará na
sua indignação como com um redemoinho.

10 O justo se alegrará quando vir a vingança; lavará os seus pés no
sangue do impio.

11 Então dirá o homem: Devéras _ha_ uma recompensa para o justo; devéras
ha um Deus que julga na terra.



_David supplica a Deus que o livre, e protesta a sua innocencia._

Mictam de David para o cantor-mór Al-taschet, quando Saul lhes mandou que
guardassem a sua casa para o matarem.

59 Livra-me, meu Deus, dos meus inimigos, defende-me d’aquelles que se
levantam contra mim.

2 Livra-me dos que obram a iniquidade, e salva-me dos homens sanguinarios.

3 Pois eis que põem ciladas á minha alma; os fortes se ajuntam contra
mim, não _por_ transgressão minha ou _por_ peccado meu, ó Senhor.

4 Elles correm, e se preparam, sem culpa _minha_: desperta para me
ajudares, e olha.

5 Tu, pois, ó Senhor, Deus dos Exercitos, Deus d’Israel, desperta para
visitares [PK] todos os gentios: não tenhas misericordia de nenhum dos
perfidos que obram a iniquidade (Selah).

6 Voltam á tarde: dão ganidos como cães, e rodeiam a cidade.

7 Eis que elles dão gritos com as suas boccas; espadas _estão_ nos seus
labios, porque _dizem elles_: Quem ouve?

8 Mas tu, Senhor, te rirás d’elles: zombarás de todos os gentios.

9 _Por causa_ da sua força eu te aguardarei; pois Deus é a minha alta
defeza.

10 O Deus da minha misericordia me prevenirá: Deus me fará ver _o meu
desejo_ sobre os meus inimigos.

11 Não os mates, para que o meu povo se não esqueça: espalha-os pelo teu
poder, e abate-os, ó Senhor, nosso escudo.

12 _Pelo_ peccado da sua bocca _e pelas_ palavras dos seus labios fiquem
presos na sua soberba, e pelas maldições e pelas mentiras que fallam.

13 Consome-_os_ na _tua_ indignação, consome-_os_, para que não existam,
e para que saibam que Deus reina em Jacob até aos fins da terra (Selah).

14 E tornem a vir á tarde, e dêem ganidos como cães, e cerquem a cidade.

15 Vagueiem para cima e para baixo por mantimento, e passem a noite sem
se saciarem.

16 Eu porém cantarei a tua força; pela manhã louvarei com alegria a tua
misericordia; porquanto tu foste o meu alto refugio, e protecção no dia
da minha angustia.

17 A ti, ó fortaleza minha, cantarei _psalmos_; porque Deus _é_ a minha
defeza e o Deus da minha misericordia.



_Acção de graças por varias victorias._

Mictam de David, de doutrina, para o cantor-mór, sobre Susan Eduth,
quando pelejou com os syros de Mesopotamia, e com os syros de Zoba, e
Joab, tornando, feriu no Valle do Sal a doze mil dos idumeos.

60 Ó Deus, tu nos rejeitaste, tu nos espalhaste, tu te indignaste; oh,
volta-te para nós.

2 Abalaste a terra, _e_ a fendeste; sara as suas fendas, pois ella treme.

3 Fizeste ver ao teu povo coisas arduas; [1] fizeste-nos beber o vinho da
perturbação.

4 Déste um estandarte aos que te temem, para arvorarem no alto, por causa
da verdade (Selah).

5 Para que os teus amados sejam livres, salva-_nos com_ a tua dextra, e
ouve-nos;

6 Deus fallou na sua sanctidade: Eu me regozijarei, [2] repartirei a
Sichem e medirei o valle de Succoth.

7 Meu _é_ Galaad, e meu _é_ Manasseh; Ephraim _é_ a força da minha
cabeça; Judah é o meu legislador.

8 Moab _é_ o meu vaso de lavar; sobre Edom lançarei o meu sapato;
alegra-te, ó Palestina, por minha causa.

9 Quem me conduzirá á cidade forte? Quem me guiará até Edom?

10 Não _serás_ tu, ó Deus, _que_ nos tinhas rejeitado? _tu_, ó Deus,
_que_ não saiste com os nossos exercitos?

11 Dá-nos auxilio na angustia, porque vão _é_ [PL] o soccorro do homem.

12 Em Deus faremos proezas; porque _elle é que_ pisará os nossos inimigos.

[1] Isa. 51.17. Jer. 51.17, 21.

[2] Jos. 1.6. Gen. 12.6.



_David confia em Deus como seu refugio._

Psalmo de David para o cantor-mór, sobre Neginoth.

61 Ouve, ó Deus, o meu clamor; attende á minha oração.

2 Desde o fim da terra clamarei a ti, quando o meu coração estiver
desmaiado; leva-me para a rocha que é mais alta do que eu.

3 Pois tens sido um refugio para mim, _e_ uma torre forte contra o
inimigo.

4 Habitarei no teu tabernaculo para sempre: abrigar-me-hei no occulto das
tuas azas (Selah).

5 Pois tu, ó Deus, ouviste os meus votos: déste-_me_ a herança dos que
temem o teu nome.

6 Prolongarás os dias do rei; _e_ os seus annos serão como muitas
gerações.

7 Elle permanecerá diante de Deus para sempre; prepara-_lhe_ misericordia
e verdade _que_ o preservem.

8 Assim cantarei psalmos ao teu nome perpetuamente, para pagar os meus
votos de dia em dia.



_Exhortação a que se confie sómente em Deus._

Psalmo de David para o cantor-mór, sobre Jeduthun.

62 A minha alma [PM] espera sómente em Deus: d’elle _vem_ a minha
salvação.

2 Só elle _é_ a minha rocha e a minha salvação; _é_ a minha defeza; não
serei grandemente abalado.

3 Até quando maquinareis o _mal_ contra um homem? sereis mortos todos
vós, [1] _sereis_ como uma parede encurvada _e_ um vallado bambaleante.

4 Elles sómente consultam _como_ o hão de derribar da sua excellencia:
deleitam-se em mentiras; com a bocca bemdizem, mas nas suas entranhas
maldizem (Selah).

5 Ó minha alma, [PN] espera sómente em Deus, porque d’elle _vem_ a minha
esperança.

6 Só elle _é_ a minha rocha e a minha salvação; _é_ a minha defeza; não
serei abalado.

7 Em Deus _está_ a minha [2] salvação e a minha gloria: a rocha da minha
fortaleza, _e_ o meu refugio _estão_ em Deus.

8 Confiae n’elle, ó povo, em todos os tempos; derramae perante elle o
vosso coração; Deus _é_ o nosso refugio (Selah).

9 Certamente [3] que os homens de classe baixa _são_ vaidade, e os homens
d’ordem elevada são mentira; pesados em balanças, elles juntos _são mais
leves_ do que a vaidade.

10 Não confieis na oppressão, nem vos ensoberbeçaes na rapina; se as
vossas riquezas augmentam, não ponhaes _n’ellas_ o coração.

11 Deus fallou uma vez; duas vezes tenho ouvido isto: que o poder
_pertence_ a Deus.

12 A ti tambem, Senhor, _pertence_ a misericordia; [4] pois retribuirás a
cada um segundo a sua obra.

[1] Isa. 30.13.

[2] Jer. 3.23.

[3] Rom. 3.4.

[4] Jer. 32.19. Eze. 7.27 e 33.21. Rom. 2.8. Col. 3.25. I Ped. 1.17. Apo.
22.12.



_David anhela pela presença de Deus._

Psalmo de David quando estava no deserto de Judah.

63 Ó Deus, tu _és_ o meu Deus, de madrugada te buscarei: a minha alma tem
sêde de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra secca e cançada,
onde não ha agua,

2 Para [1] ver a tua fortaleza e a tua gloria, como te vi no sanctuario.

3 Porque a tua benignidade _é_ melhor do que a vida; os meus labios te
louvarão.

4 Assim eu te bemdirei emquanto viver: em teu nome levantarei as minhas
mãos.

5 A minha alma se fartará, como de tutano e de gordura; e a minha bocca
_te_ louvará com alegres labios,

6 Quando me lembrar de ti na minha cama, _e_ meditar em ti nas vigilias
_da noite_.

7 Porque tu tens sido o meu auxilio; portanto na sombra das tuas azas me
regozijarei.

8 A minha alma te segue de perto: a tua dextra me sustenta.

9 Mas aquelles _que_ procuram a minha alma para _a_ destruir, irão para
as profundezas da terra.

10 Cairão á espada, serão _uma_ ração para as raposas.

11 Mas o rei se regozijará em Deus; [2] qualquer que por elle jurar se
gloriará; porque se taparão as boccas dos que fallam a mentira.

[1] I Sam. 4.21.

[2] Deu. 6.13.



_David supplica a Deus que guarde a sua vida, e espera que lh’o conceda._

Psalmo de David para o cantor-mór.

64 Ouve, ó Deus, a minha voz na minha oração: guarda a minha vida do
temor do inimigo.

2 Esconde-me do secreto conselho dos maus, e do tumulto dos que obram a
iniquidade.

3 Que afiaram as suas linguas como espadas; _e_ armaram _por_ suas
frechas palavras amargas,

4 A fim de atirarem em logar occulto ao _que é_ recto; disparam sobre
elle repentinamente, e não temem.

5 Firmam-se em mau intento; fallam de armar laços secretamente, _e_
dizem: Quem os verá?

6 Andam inquirindo malicias, inquirem tudo o que se pode inquirir; e o
intimo _pensamento_ de cada um d’elles, e o coração, é profundo.

7 Mas Deus atirará sobre elles uma setta, _e_ de repente ficarão feridos.

8 Assim elles farão com que as suas linguas tropecem contra si mesmos;
todos aquelles que os virem fugirão.

9 E todos os homens temerão, [1] e annunciarão a obra de Deus; e
considerarão prudentemente os feitos d’elle.

10 O justo se alegrará no Senhor, e confiará n’elle, e todos os rectos de
coração se gloriarão.

[1] Jer. 50.28 e 51.10.



_David louva a Deus e dá-lhe graças pelas bençãos concedidas._

Psalmo e cantico de David para o cantor-mór.

65 [PO] A ti, ó Deus, espera o louvor em Sião, e a ti se pagará o voto.

2 Ó tu que ouves as orações, [1] a ti virá toda a carne.

3 Prevalecem as iniquidades contra mim; _porém_ tu expias as nossas
transgressões.

4 Bemaventurado _aquelle a quem_ tu escolhes, e fazes chegar _a ti_,
_para que_ habite em teus atrios: nós seremos fartos da bondade da tua
casa _e_ do teu sancto templo.

5 Pelas coisas tremendas em justiça nos responderás, ó Deus da nossa
salvação; tu és a esperança de todas as extremidades da terra, e
d’aquelles que estão longe sobre o mar.

6 O que pela sua força consolida os montes, cingido de fortaleza:

7 O que applaca o ruido dos mares, o ruido das suas ondas, e o tumulto
das gentes.

8 E os que habitam nos fins _da terra_ temem os teus signaes; tu fazes
alegres as saidas da manhã e da tarde.

9 Tu visitas [2] a terra, e a refrescas; tu a enriqueces grandemente com
o rio de Deus, _que está_ cheio d’agua; tu lhe preparas o trigo, quando
assim a tens preparada.

10 Enches _d’agua_ os seus regos, fazendo-_a_ descer _em_ suas margens:
tu a amoleces com a muita chuva: abençoas as suas novidades.

11 Coroas o anno da tua bondade, e as tuas veredas distillam gordura.

12 Distillam _sobre_ os pastos do deserto, e os outeiros os cingem de
alegria.

13 Os campos se vestem de rebanhos, [3] e os valles se cobrem de trigo:
elles se regozijam e cantam.

[1] Isa. 66.23.

[2] Deu. 11.12. Jer. 5.24.

[3] Isa. 55.12.



_Cantico de louvor a Deus pelas suas grandes obras._

Cantico e psalmo para o cantor-mór.

66 Jubilae a Deus, todas as terras.

2 Cantae a gloria do seu nome; dae gloria ao seu louvor.

3 Dizei a Deus: Quão terrivel _és tu nas_ tuas obras! pela grandeza do
teu poder se submetterão a ti os teus inimigos.

4 Toda a terra te adorará e te cantará louvores: elles cantarão o teu
nome (Selah).

5 Vinde, e vêde as obras de Deus: _é_ terrivel nos _seus_ feitos para com
os filhos dos homens.

6 Converteu o [1] mar em _terra_ secca; passaram o rio a pé; ali nos
alegrámos n’elle.

7 Elle domina eternamente pelo seu poder: os seus olhos estão sobre as
nações; não se exaltem os rebeldes (Selah).

8 Bemdizei, povos, ao nosso Deus, e fazei ouvir a voz do seu louvor:

9 Ao que sustenta com vida a nossa alma, e não consente que sejam
abalados os nossos pés.

10 Pois tu, ó Deus, nos provaste; [2] tu nos afinaste como se afina a
prata.

11 Tu nos metteste na rede; affligiste os nossos lombos.

12 Fizeste com que os homens cavalgassem sobre as nossas cabeças; [3]
passámos pelo fogo e pela agua; mas nos trouxeste a _um_ logar copioso.

13 Entrarei em tua casa com holocaustos; pagar-te-hei os meus votos.

14 Os quaes pronunciaram os meus labios, e fallou a minha bocca, quando
estava na angustia.

15 Offerecer-te-hei holocaustos gordurosos com incenso de carneiros;
offerecerei novilhos com cabritos (Selah).

16 Vinde, e ouvi, todos os que temeis a Deus, e eu contarei o que elle
tem feito á minha alma.

17 A elle clamei com a minha bocca, e elle foi exaltado pela minha lingua.

18 Se eu attender [4] á iniquidade no meu coração, o Senhor não _me_
ouvirá;

19 _Mas_, na verdade, Deus _me_ ouviu; attendeu á voz da minha oração.

20 Bemdito _seja_ Deus, que não rejeitou a minha oração, nem _desviou_ de
mim a sua misericordia.

[1] Exo. 14.21.

[2] Zac. 13.9. I Ped. 1.6, 7.

[3] Isa. 43.2.

[4] Isa. 1.15. João 9.31. Thi. 4.3.



_O reino de Deus abrange toda a terra._

Psalmo e cantico para o cantor-mór sobre Neginoth.

67 Deus tenha misericordia de nós e nos abençõe; [1] _e_ faça
resplandecer o seu rosto sobre nós (Selah).

2 Para [2] que se conheça na terra o teu caminho, _e_ entre todas as
nações a tua salvação.

3 Louvem-te _a ti_, ó Deus, os povos; louvem-te os povos todos.

4 Alegrem-se e regozijem-se as nações, pois julgarás os povos _com_
equidade, e governarás as nações sobre a terra (Selah).

5 Louvem-te _a ti_, ó Deus, os povos; louvem-te os povos todos.

6 _Então_ a terra dará [3] o seu fructo; e Deus, o nosso Deus, nos
abençoará.

7 Deus nos abençoará, e todas as extremidades da terra o temerão.

[1] Num. 6.25.

[2] Act. 18.25.

[3] Lev. 26.4.



_Cantico de louvor e acção de graças a Deus como nosso salvador._

Psalmo e cantico de David para o cantor-mór.

68 Levante-se Deus, [1] e sejam [PP] dissipados os seus inimigos; fugirão
de diante d’elle os que o aborrecem.

2 Como se impelle o fumo _assim_ tu _os_ impelles; _assim_ como a cera se
derrete diante do fogo, _assim_ pereçam os impios diante de Deus.

3 Mas alegrem-se os justos, e se regozijem na presença de Deus, e folguem
d’alegria.

4 Cantae a Deus, cantae louvores ao seu nome; louvae aquelle que vae
montado sobre os céus, pois o seu nome _é_ JAH, e exultae diante d’elle.

5 Pae d’orphãos e juiz de viuvas _é_ Deus, no seu logar sancto.

6 Deus faz que o solitario viva em familia; liberta aquelles que estão
presos em grilhões; mas os rebeldes habitam em _terra_ secca.

7 Ó Deus, [2] quando sahias diante do teu povo, quando caminhavas pelo
deserto, (Selah).

8 A terra se abalava, e os céus distillavam perante a face de Deus; [3]
_até_ o proprio Sinai _foi commovido_ na presença de Deus, do Deus de
Israel.

9 Tu, ó Deus, mandaste a chuva em abundancia, confortaste a tua herança,
quando estava cançada.

10 N’ella habitava o teu rebanho; tu, ó Deus, preparaste na tua bondade
para o pobre.

11 O Senhor deu a palavra: grande _era_ o exercito dos que annunciavam as
boas novas.

12 Reis de exercitos fugiram á pressa; e aquella que ficava em casa
repartia os despojos.

13 Ainda que vos tenhaes deitado entre [PQ] panellas, _comtudo sereis
como_ as azas d’_uma_ pomba, cobertas de prata, e as suas pennas d’oiro
amarello.

14 Quando o Omnipotente ali espalhou os reis, ella ficou _alva_ como a
neve em Salmon.

15 O monte de Deus _é como_ o monte de Basan, _um_ monte elevado _como_ o
monte de Basan.

16 Porque [PR] saltaes, ó montes elevados? _este é o_ monte _que_ Deus
desejou para a sua habitação, e o Senhor habitará _n’elle_ eternamente.

17 Os [4] carros de Deus _são_ vinte milhares, milhares de milhares. O
Senhor _está_ entre elles, _como em_ Sinai, no _logar_ sancto.

18 Tu subiste ao alto, levaste captivo o captiveiro, recebeste dons para
os homens, e até _para_ os rebeldes, para que o Senhor Deus habitasse
_entre elles_.

19 Bemdito _seja_ o Senhor, que de dia em dia nos carrega de
_beneficios_: o Deus _que é_ a nossa salvação (Selah).

20 _Aquelle que é_ o nosso Deus _é_ o Deus da salvação; e a JEHOVAH, o
Senhor, _pertencem_ as saidas da morte.

21 Mas Deus ferirá gravemente a cabeça de seus inimigos _e_ o craneo
cabelludo do que anda em suas culpas.

22 Disse o Senhor: Eu os farei voltar de Basan, farei voltar _o meu povo_
das profundezas do mar.

23 Para que o teu pé mergulhe no sangue de _teus_ inimigos, e no mesmo a
lingua dos teus cães.

24 Ó Deus, elles teem visto os teus caminhos; os caminhos do meu Deus,
meu Rei, no sanctuario.

25 Os cantores iam adiante, os tocadores de instrumentos atraz; entre
elles as donzellas tocando adufes.

26 Celebrae a Deus nas congregações; ao Senhor, desde a fonte d’Israel.

27 Ali _está_ o pequeno Benjamin, que domina sobre elles, os principes de
Judah _com_ o seu ajuntamento, os principes de Zabulon _e_ os principes
de Naphtali.

28 O teu Deus ordenou a tua força: fortalece, ó Deus, o que _já_ obraste
para nós.

29 Por amor do teu templo em Jerusalem, os reis te trarão presentes.

30 Reprehende _asperamente_ as feras das cannas, a multidão dos toiros,
com os novilhos dos povos, _até que cada um_ se submetta com pedaços de
prata; dissipa os povos _que_ desejam a guerra.

31 Embaixadores reaes virão do Egypto; a Ethiopia cedo estenderá para
Deus as suas mãos.

32 Reinos da terra, cantae a Deus, cantae louvores ao Senhor (Selah),

33 Áquelle que vae montado sobre os céus dos céus, _que existiam_ desde a
antiguidade; eis que envia a sua voz, _dá_ um brado vehemente.

34 Dae a Deus fortaleza: a sua excellencia _está_ sobre Israel e a sua
fortaleza nas _mais altas_ nuvens.

35 Ó Deus, _tu és_ tremendo desde os teus sanctuarios: o Deus d’Israel
_é_ o que dá fortaleza e poder ao seu povo. Bemdito _seja_ Deus!

[1] Num. 10.35. Isa. 33.3.

[2] Exo. 13.21. Jui. 4.14. Hab. 3.13.

[3] Exo. 19.16.

[4] Deu. 33.2. Heb. 12.12.



_Os soffrimentos de David prefiguram os do Messias._

Psalmo de David para o cantor-mór sobre Shoshannim.

69 Livra-me, ó Deus, pois as aguas entraram até á _minha_ alma.

2 Atolei-me em profundo lamaçal, onde _se_ não _póde estar em_ pé; entrei
na profundeza das aguas, onde a corrente me leva.

3 Estou cançado de clamar; a minha garganta se seccou: os meus olhos
desfallecem esperando o meu Deus.

4 Aquelles que me aborrecem sem causa [1] são mais do que os cabellos da
minha cabeça; aquelles que procuram destruir-me, _sendo_ injustamente
meus inimigos, são poderosos: então restitui o que não furtei.

5 Tu, ó Deus, bem conheces a minha insipiencia; e os meus peccados não te
são encobertos.

6 Não sejam envergonhados por minha causa aquelles que esperam em ti,
ó Senhor, Senhor dos Exercitos; não sejam confundidos por minha causa
aquelles que te buscam, ó Deus d’Israel.

7 Porque por amor de ti tenho supportado affrontas; a confusão cobriu o
meu rosto.

8 Tenho-me tornado um estranho para com meus irmãos, e um desconhecido
para com os filhos de minha mãe.

9 Pois o zelo da tua casa me devorou, e as affrontas dos que te affrontam
cairam sobre mim.

10 Quando chorei, e _castiguei_ com jejum a minha alma, isto se me tornou
em affrontas.

11 Puz por vestido um sacco, e me fiz um proverbio para elles.

12 Aquelles que se assentam á porta fallam contra mim; e fui o cantico
dos bebedores de bebida forte.

13 Eu porém _faço_ a minha oração a ti, Senhor, [2] _n’um_ tempo
acceitavel: ó Deus, ouve-me segundo a grandeza da tua misericordia,
segundo a verdade da tua salvação.

14 Tira-me do lamaçal, e não me deixes atolar; seja eu livre dos que me
aborrecem, e das profundezas das aguas.

15 Não me leve a corrente das aguas, e não me absorva ao profundo, nem o
poço cerre a sua bocca sobre mim.

16 Ouve-me, Senhor, pois boa _é_ a tua misericordia: olha para mim
segundo a tua muitissima piedade.

17 E não escondas o teu rosto do teu servo, porque estou angustiado:
ouve-me depressa.

18 Approxima-te da minha alma, _e_ resgata-a; livra-me por causa dos meus
inimigos.

19 Bem tens [3] conhecido a minha affronta, e a minha vergonha, e a minha
confusão; diante de ti _estão_ todos os meus adversarios.

20 Affrontas me quebrantaram o coração, e estou fraquissimo: esperei
_por alguem_ que tivesse compaixão, mas não _houve_ nenhum; e por
consoladores, mas não os achei.

21 Deram-me fel por mantimento, e na minha sêde me deram a beber vinagre.

22 Torne-se-lhes a sua mesa diante d’elles em laço e [PS] para _sua_
recompensa em ruina.

23 Escureçam-se-lhes os seus olhos, para que não vejam, e faze com que os
seus lombos tremam constantemente.

24 Derrama sobre elles a tua indignação, e prenda-os o ardor da tua ira.

25 Fique desolado o seu [PT] palacio; e não haja quem habite nas suas
tendas.

26 Pois perseguem _áquelle_ a quem feriste, e conversam sobre a dôr
d’aquelles a quem chagaste.

27 Accrescenta iniquidade á iniquidade d’elles, e não entrem na tua
justiça.

28 Sejam riscados do livro dos vivos, e não sejam escriptos com os justos.

29 Eu porém _sou_ pobre, e _estou_ triste; ponha-me a tua salvação, ó
Deus, n’_um_ alto retiro.

30 Louvarei o nome de Deus com _um_ cantico, e engrandecel-o-hei com
acção de graças.

31 _Isto_ será mais agradavel ao Senhor do que o boi ou bezerro que tem
pontas e unhas.

32 Os mansos verão _isto_, e se agradarão; o vosso coração viverá, pois
que buscaes a Deus.

33 Porque o Senhor ouve os necessitados, e não despreza os seus captivos.

34 Louvem-n’o os céus e a terra, os mares e tudo quanto n’elles se move.

35 Porque Deus salvará a Sião, e edificará as cidades de Judah, para que
habitem n’ella e as possuam.

36 E herdal-a-ha a semente de seus servos, e os que amam o seu nome
habitarão n’ella.

[1] João 15.25.

[2] Isa. 49.8 e 55.6. II Cor. 6.2.

[3] Isa. 53.3. Heb. 12.2.



_Na sua afflicção David supplica a Deus que se apresse em livral-o._

Psalmo de David para o cantor-mór, para lembrança.

70 Apressa-te, ó Deus, em me livrar; Senhor, _apressa-te_ em ajudar-me.

2 Fiquem envergonhados e confundidos os que procuram a minha alma; voltem
para traz e confundam-se os que me desejam mal.

3 Virem as costas por causa da recompensa da sua vergonha os que dizem:
Ha! ha!

4 Folguem e alegrem-se em ti todos os que te buscam; e aquelles que amam
a tua salvação digam continuamente: Engrandecido seja Deus.

5 Eu porém _estou_ afflicto e necessitado; apressa-te a mim, ó Deus; tu
_és_ o meu auxilio e o meu libertador: Senhor, não te detenhas.



_David confia em Deus, e roga que o livre dos seus inimigos, e o proteja._

71 Em ti, Senhor, confio; nunca seja eu confundido.

2 Livra-me na tua justiça, e faze-me escapar: inclina os teus ouvidos
para mim, e salva-me.

3 Sê tu a minha habitação forte, á qual possa recorrer continuamente:
déste um mandamento que me salva, pois tu _és_ a minha rocha e a minha
fortaleza.

4 Livra-me, meu Deus, das mãos do impio, das mãos do homem injusto e
cruel.

5 Pois tu _és_ a minha esperança, Senhor Deus; _tu és_ a minha confiança
desde a [1] minha mocidade.

6 Por ti tenho sido sustentado desde o ventre: tu _és_ aquelle que
me tiraste das entranhas de minha mãe: o meu louvor _será_ para ti
constantemente.

7 Sou como um prodigio para muitos, mas tu _és_ o meu refugio forte.

8 Encha-se a minha bocca do teu louvor da tua gloria todo o dia.

9 Não me rejeites no tempo da velhice; não me desampares, quando se fôr
acabando a minha força.

10 Porque os meus inimigos fallam contra mim, e os que espiam a minha
alma consultam juntos,

11 Dizendo: Deus o desamparou: persegui-_o_ e tomae-o, pois não _ha_ quem
_o_ livre.

12 Ó Deus, não te alongues de mim: meu Deus, apressa-te em ajudar-me.

13 Sejam confundidos e consumidos os que são adversarios da minha alma;
cubram-se d’opprobrio e de confusão aquelles que procuram o meu mal.

14 Mas eu esperarei continuamente, e te louvarei cada vez mais.

15 A minha bocca manifestará _a_ tua justiça e a tua salvação todo o dia,
pois não conheço o numero d’ellas.

16 Sairei na força do Senhor Deus, farei menção da tua justiça, e só
d’ella.

17 Ensinaste-me, ó Deus, desde a minha mocidade; e até aqui tenho
annunciado as tuas maravilhas.

18 Agora tambem, quando estou velho e de cabellos brancos, não me
desampares, ó Deus, até que tenha annunciado a tua força a _esta_
geração, e o teu poder a todos os vindouros.

19 Tambem a tua justiça, ó Deus, _está_ muito alta, pois fizeste grandes
coisas: ó Deus, quem é similhante a ti?

20 _Tu_, que me tens feito ver muitos males e angustias, me [2] darás
ainda a vida, e me tirarás dos abysmos da terra.

21 Augmentarás a minha grandeza, e de novo me consolarás.

22 Tambem eu te louvarei com o psalterio, _bem como_ á tua verdade, ó meu
Deus, cantarei com a harpa a ti, ó [3] Sancto d’Israel.

23 Os meus labios exultarão quando eu te cantar, assim como a minha alma
que tu remiste.

24 A [4] minha lingua fallará da tua justiça todo o dia; pois estão
confundidos e envergonhados aquelles que procuram o meu mal.

[1] Jer. 17.7, 17.

[2] Ose. 6.1, 2.

[3] Isa. 60.9.

[4] ver. 8, 15.



_A excellencia, justiça e gloria do reino de Salomão prefiguram as do
Messias._

Psalmo [PU] de Salomão.

72 Ó Deus, dá ao rei dos teus juizos, e a tua justiça ao filho do rei.

2 Elle julgará [1] ao teu povo com justiça, e aos teus pobres com juizo.

3 Os montes trarão paz ao povo e os outeiros com justiça.

4 Julgará os afflictos do povo, salvará os filhos do necessitado, e
quebrantará o oppressor.

5 Temer-te-hão emquanto durar o sol e a lua, de geração em geração.

6 Elle descerá [2] como a chuva sobre a herva ceifada, como os chuveiros
que humedecem a terra.

7 Nos seus dias florescerá o justo, [3] e abundancia de paz emquanto
durar a lua.

8 Dominará de mar a mar, e desde o rio até ás extremidades da terra.

9 Aquelles que habitam no deserto se inclinarão ante elle, e os seus
inimigos lamberão o pó.

10 Os reis de Tarsis e das ilhas trarão presentes; os reis de Sheba e de
Saba offerecerão dons.

11 E todos os reis se prostrarão perante elle; todas as nações o servirão.

12 Porque elle livrará ao necessitado quando clamar, como tambem ao
afflicto e ao que não tem quem o ajude.

13 Compadecer-se-ha do pobre e do afflicto, e salvará as almas dos
necessitados.

14 Libertará as suas almas do engano e da violencia, e precioso será o
seu sangue aos olhos d’elle.

15 E viverá, e se lhe dará do oiro de Sheba; e continuamente se fará por
elle oração; e todos os dias o bemdirão.

16 Haverá um punhado de trigo em terra sobre as cabeças dos montes; o
seu fructo se abalará como o Libano, e _os_ da cidade florescerão como a
herva da terra.

17 O seu nome permanecerá eternamente; o seu nome se irá propagando de
paes a filhos emquanto o sol _durar_, e _os homens_ serão abençoados
n’elle; todas as nações lhe chamarão bemaventurado.

18 Bemdito [4] _seja_ o Senhor Deus, o Deus d’Israel, que só elle faz
maravilhas.

19 E bemdito _seja_ para sempre o seu nome glorioso; e encha-se toda a
terra da sua gloria. Amen e Amen.

20 _Aqui_ acabam as orações de David, filho de Jessé.

[1] Isa. 11.2, 3, 4 e 32.1.

[2] Ose. 6.3.

[3] Isa. 2.4. Dan. 2.44.

[4] Gen. 12.3 e 22.18. Jer. 4.2.



_A prosperidade dos impios faz duvidar da justiça de Deus, mas o seu fim
a demonstra._

Psalmo de Asaph.

73 Verdadeiramente bom _é_ Deus para com Israel, para com os limpos de
coração.

2 Emquanto a mim, os meus pés quasi que se desviaram; pouco faltou para
que escorregassem os meus passos.

3 Pois eu tinha inveja dos loucos, quando via a prosperidade dos impios.

4 Porque não _ha_ apertos na sua morte, mas firme _está_ a sua força.

5 Não se acham em trabalhos _como outra_ gente, nem são afflictos como
_outros_ homens.

6 Pelo que a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violencia
_como_ de adorno.

7 Os olhos d’elles estão inchados de gordura: elles teem mais do que o
coração podia desejar.

8 São corrompidos e tratam maliciosamente de oppressão; [1] fallam
arrogantemente.

9 Põem as suas boccas contra os céus, e as suas linguas andam pela terra.

10 Pelo que o seu povo volta aqui, e aguas de _copo_ cheio se lhes
espremem.

11 E dizem: Como _o_ sabe Deus? ou ha conhecimento no Altissimo?

12 Eis que estes _são_ impios, e [PV] prosperam no mundo; augmentam _em_
riquezas.

13 Na verdade que em vão tenho purificado o meu coração; [2] e lavei as
minhas mãos na innocencia.

14 Pois todo o dia tenho sido afflicto, e castigado cada manhã.

15 Se eu dissesse: Fallarei assim; eis que offenderia a geração de teus
filhos.

16 Quando pensava em entender isto [3] _foi_ para mim muito doloroso;

17 Até que entrei no sanctuario de Deus: _então_ entendi eu o fim d’elles.

18 Certamente tu os pozeste em logares escorregadios: tu os lanças em
destruição.

19 Como caem na desolação, quasi n’um momento! ficam totalmente
consumidos de terrores.

20 Como um sonho, quando se acorda, _assim_, ó Senhor, quando acordares,
desprezarás a apparencia d’elles.

21 Assim o meu coração se azedou, e sinto picadas nos meus rins.

22 Assim me embruteci, e nada sabia; fiquei _como uma_ besta perante ti.

23 Todavia _estou_ de continuo comtigo; tu _me_ sustentaste pela minha
mão direita.

24 Guiar-me-has com o teu conselho, e depois me receberás em gloria.

25 Quem tenho [4] eu no céu _senão a ti_? e na terra não ha a quem eu
deseje além de ti.

26 A minha carne e o meu coração desfallecem; _mas_ Deus _é_ a [PW]
fortaleza do meu coração, e a minha porção para sempre.

27 Pois eis que os que se alongam de ti, perecerão; tu [5] tens destruido
todos aquelles que se desviam de ti.

28 Mas para mim, bom _é_ approximar-me de Deus; puz a minha confiança no
Senhor Deus, para annunciar todas as tuas obras.

[1] Ose. 7.16. II Ped. 2.18.

[2] Mal. 3.14.

[3] Ecc. 8.17.

[4] Col. 3.8.

[5] Exo. 34.15.



_A assolação do sanctuario, e a supplica para que se lembrasse do seu
povo afflicto._

Maschil de Asaph.

74 Ó Deus, porque _nos_ rejeitaste para sempre? _Porque_ se accende a tua
ira contra as ovelhas do teu pasto?

2 Lembra-te da tua congregação _que_ compraste [1] desde a antiguidade,
[PX] da vara da tua herança _que_ remiste, este monte de Sião, em que
habitaste.

3 Levanta os teus pés para as perpetuas assolações, para tudo _o_ que o
inimigo tem feito _de_ mal no sanctuario.

4 Os teus inimigos bramam [2] no meio das tuas synagogas; põem _n’ellas_
as suas insignias _por_ signaes.

5 _Cada qual_ se fez afamado, conforme levantara o machado contra a
espessura do arvoredo.

6 Mas agora toda a obra entalhada por uma vez quebram com machados e
martellos.

7 Lançaram fogo no teu sanctuario; profanaram, derribando-a até ao chão,
a morada do teu nome.

8 Disseram nos seus corações: Despojemol-os d’uma vez. Queimaram todas as
synagogas de Deus na terra.

9 Já não vemos os nossos signaes, já não _ha_ propheta: nem _ha_ entre
nós alguem que saiba até quando _isto durará_.

10 Até quando, ó Deus, _nos_ affrontará o adversario? Blasphemará o
inimigo o teu nome para sempre?

11 Porque retiras a tua mão, a saber, a tua dextra? tira-_a_ de dentro do
teu seio, e consome-os.

12 Todavia Deus _é_ o meu Rei desde a antiguidade, obrando a salvação no
meio da terra.

13 Tu dividiste o [3] mar pela tua força; quebrantaste as cabeças dos
[PY] dragões nas aguas.

14 Fizeste em pedaços as cabeças do leviathan, _e_ o déste por mantimento
aos habitantes do deserto.

15 Fendeste a fonte e o ribeiro: seccaste os rios impetuosos.

16 Teu _é_ o dia e tua _é_ a noite: [4] preparaste a luz e o sol.

17 Estabeleceste todos os limites da terra; [5] verão e inverno tu os
formaste.

18 Lembra-te d’isto: [6] _que_ o inimigo affrontou ao Senhor, e _que_ um
povo louco blasphemou o teu nome.

19 Não entregues ás feras a alma da tua rola: não te esqueças para sempre
da vida dos teus afflictos.

20 Attende ao _teu_ concerto; pois os logares tenebrosos da terra estão
cheios de moradas de [PZ] crueldade.

21 Oh, não volte envergonhado o opprimido: louvem o teu nome o afflicto e
o necessitado.

22 Levanta-te, ó Deus, pleiteia a sua propria causa; lembra-te da
affronta que o louco te faz cada dia.

23 Não te esqueças [QA] dos gritos dos teus inimigos: o tumulto
d’aquelles que se levantam contra ti augmenta continuamente.

[1] Exo. 15.16. Deu. 9.29.

[2] Lam. 2.7.

[3] Exo. 14.21.

[4] Gen. 1.14.

[5] Gen. 8.22.

[6] Apo. 16.19.



_O propheta louva a Deus e promette fazer observar a justiça._

Para o cantor-mór Al-tascheth. Psalmo e cantico de Asaph.

75 A ti, ó Deus, glorificamos, _a ti_ damos louvor, pois o teu nome
_está_ perto, as tuas maravilhas o declaram.

2 Quando eu occupar o logar determinado, julgarei rectamente.

3 A terra e todos os seus moradores estão dissolvidos, mas eu fortaleci
as suas columnas (Selah).

4 Disse eu aos loucos: Não enlouqueçaes; e aos impios: Não levanteis a
fronte:

5 Não levanteis a vossa fronte altiva, _nem_ falleis com cerviz dura;

6 Porque nem do oriente, nem do occidente, nem do deserto _vem_ a
exaltação.

7 Mas Deus _é_ o Juiz; a um abate, e a outro exalta.

8 Porque na mão do Senhor _ha um_ calix, cujo vinho é roxo; está cheio
de mistura; e dá a beber d’elle; mas as fezes d’elle todos os impios da
terra _as_ sorverão _e_ beberão.

9 E eu _o_ declararei para sempre; cantarei louvores ao Deus de Jacob.

10 E [QB] quebrarei todas as forças dos impios, _mas_ as forças dos
justos serão exaltadas.



_A magestade e o poder de Deus._

Psalmo e cantico de Asaph, para o cantor-mór, sobre Neginoth.

76 Conhecido _é_ Deus em Judah: grande _é_ o seu nome em Israel.

2 E em Salem está o seu tabernaculo, e a sua morada em Sião.

3 Ali quebrou as frechas do arco; o escudo, e a espada e a guerra (Selah).

4 Tu _és_ mais illustre, _ó_ glorioso, do que os montes de preza.

5 Os que são ousados de coração são despojados; dormiram o seu somno, e
nenhum dos homens de força achou as suas mãos.

6 Á tua reprehensão, [1] ó Deus de Jacob, carros e cavallos são lançados
n’um somno profundo.

7 Tu, tu _és_ terrivel; e quem subsistirá á tua vista, uma vez que te
irares?

8 Desde os céus fizeste ouvir o teu juizo; a terra tremeu e se aquietou,

9 Quando Deus se levantou para _fazer_ juizo, para livrar a todos os
mansos da terra (Selah).

10 Porque a colera do homem redundará em teu louvor; o restante da colera
tu o restringirás.

11 Fazei votos, e pagae ao Senhor, vosso Deus: tragam presentes, os que
estão em redor d’elle, áquelle que é tremendo.

12 Elle ceifará o espirito dos principes: _é_ tremendo para com os reis
da terra.

[1] Exo. 15.1, 21. Eze. 39.20.



_O estado interno do psalmista; elle anima a sua alma pela consideração
das grandes obras e da misericordia de Deus._

Psalmo de Asaph, para o cantor-mór, por Jeduthun.

77 Clamei ao Senhor _com_ a minha voz: a Deus _levantei_ a minha voz, e
elle inclinou para mim os ouvidos.

2 No dia da minha angustia busquei ao Senhor: a minha mão se estendeu de
noite, e não cessava; a minha alma recusava ser consolada.

3 Lembrava-me de Deus, e me perturbei: queixava-me, e o meu espirito
desfallecia (Selah).

4 Sustentaste os meus olhos acordados: estou tão perturbado que não posso
fallar.

5 Considerava [1] os dias da antiguidade, os annos dos tempos antigos.

6 De noite chamei á lembrança o meu cantico: meditei em meu coração, e o
meu espirito esquadrinhou.

7 Rejeitará o Senhor para sempre e não tornará a ser favoravel?

8 Cessou para sempre a sua benignidade? acabou-se _já_ a promessa de
geração em geração?

9 Esqueceu-se Deus de ter misericordia? ou encerrou elle as suas
misericordias na sua ira? (Selah).

10 E eu disse: A minha enfermidade é esta: _mas eu me lembrei_ dos annos
da dextra do Altissimo.

11 Eu me lembrarei das obras do Senhor: certamente que eu me lembrarei
das tuas maravilhas da antiguidade.

12 Meditarei tambem em todas as tuas obras, e fallarei dos teus feitos.

13 O teu caminho, ó Deus, _está_ no sanctuario. [2] Quem _é_ Deus _tão_
grande como o _nosso_ Deus?

14 Tu _és_ o Deus que fazes maravilhas: tu fizeste notoria a tua força
entre os povos.

15 Com o _teu_ braço remiste o teu povo, os filhos de Jacob e de José
(Selah).

16 As aguas te viram, ó Deus, as aguas te viram, _e_ tremeram; os abysmos
tambem se abalaram.

17 As nuvens lançaram agua, os céus deram um som; as tuas frechas
correram d’uma para outra parte.

18 A voz do teu trovão estava no céu; os relampagos alumiaram o mundo; a
terra se abalou e tremeu.

19 O teu caminho _é_ no mar, e as tuas veredas nas grandes aguas, e os
teus passos não são conhecidos.

20 Guiaste o [3] teu povo, como a um rebanho, pela mão de Moysés e
d’Aarão.

[1] Deu. 32.7.

[2] Exo. 15.11.

[3] Exo. 13.21 e 14.19.



_A salvação que Deus concedeu a Israel; a rebellião contra Elle; Deus
escolheu Judah e David para pastorear Israel._

Maschil de Asaph.

78 Escutae a minha lei, [1] povo meu: inclinae os vossos ouvidos ás
palavras da minha bocca.

2 Abrirei a minha bocca n’_uma_ parabola; fallarei enigmas da antiguidade.

3 As quaes temos ouvido e sabido, e nossos paes nol-as teem contado.

4 Não _as_ encobriremos [2] aos seus filhos, mostrando á geração futura
os louvores do Senhor, assim como a sua força e as maravilhas que fez.

5 Porque elle estabeleceu _um_ testemunho em Jacob, e poz _uma_ lei em
Israel, [3] a qual deu aos nossos paes para que a fizessem conhecer a
seus filhos.

6 Para que a geração vindoura _a_ soubesse, os filhos _que_ nascessem,
_os quaes_ se levantassem e _a_ contassem a seus filhos.

7 Para que pozessem em Deus a sua esperança, e se não esquecessem das
obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos.

8 E não fossem como seus paes, geração contumaz e rebelde, geração _que_
não regeu o seu coração, e cujo espirito não foi fiel com Deus.

9 Os filhos de Ephraim, armados e trazendo arcos, viraram _costas_ no dia
da peleja.

10 Não guardaram o concerto de Deus, e recusaram andar na sua lei.

11 E esqueceram-se das suas obras e das maravilhas que lhes fizera ver.

12 Maravilhas [4] que elle fez á vista de seus paes na terra do Egypto,
_no_ campo de Zoan.

13 Dividiu o mar, e os fez passar por elle; fez com que as aguas parassem
como n’um montão.

14 De dia os guiou por uma nuvem, e toda a noite por uma luz de fogo.

15 Fendeu as penhas no deserto; e deu-_lhes de_ beber como de grandes
abysmos.

16 Fez sair fontes da rocha, e fez correr as aguas como rios.

17 E _ainda_ proseguiram em peccar contra elle, [5] provocando ao
Altissimo na solidão.

18 E tentaram a Deus nos seus corações, pedindo carne para o seu appetite.

19 E fallaram [6] contra Deus, e disseram: _Acaso_ pode Deus
preparar-_nos_ uma mesa no deserto?

20 Eis que [7] feriu a penha, e aguas correram _d’ella_; rebentaram
ribeiros em abundancia: poderá tambem dar-_nos_ pão, ou preparar carne
para o seu povo?

21 Pelo que o Senhor [8] _os_ ouviu, e se indignou: e accendeu _um_ fogo
contra Jacob, e furor tambem subiu contra Israel;

22 Porquanto não creram [9] em Deus, nem confiaram na sua salvação:

23 Ainda que mandara ás altas nuvens, [10] e abriu as portas dos céus,

24 E chovera [11] sobre elles o manná para comerem, e lhes dera do trigo
do céu.

25 O homem comeu o pão dos [QC] anjos; elle lhes mandou comida a fartar.

26 Fez ventar o vento do oriente nos céus, e o trouxe do sul com a sua
força.

27 E choveu sobre elles carne como pó, e aves d’azas como a areia do mar.

28 E _as_ fez cair no meio do seu arraial, ao redor de suas habitações.

29 Então comeram [12] e se fartaram bem; pois lhes cumpriu o seu desejo.

30 Não refreiaram o seu appetite. Ainda [13] lhes _estava_ a comida na
bocca,

31 Quando a ira de Deus desceu sobre elles, e matou os mais gordos
d’elles, e feriu os escolhidos d’Israel.

32 Com tudo isto ainda peccaram, e não deram credito ás suas maravilhas.

33 Pelo que consumiu os seus dias na vaidade e os seus annos na angustia.

34 Quando os [14] matava, então o procuravam; e voltavam, e de madrugada
buscavam a Deus.

35 E se lembravam de que Deus era a sua rocha, [15] e o Deus Altissimo o
seu Redemptor.

36 Todavia lisongeavam-n’o com a bocca, e com a lingua lhe mentiam.

37 Porque o seu coração não _era_ recto para com elle, nem foram fieis no
seu concerto.

38 Porém elle, que é misericordioso, perdoou a _sua_ iniquidade: e não
_os_ destruiu, antes muitas vezes desviou _d’elles_ o seu furor, e não
despertou toda a sua ira.

39 Porque se lembrou de que _eram de_ carne, vento que vae e não torna.

40 Quantas vezes o provocaram no deserto, e o molestaram na solidão!

41 Voltaram atraz, [16] e tentaram a Deus; e limitaram o Sancto d’Israel.

42 Não se lembraram da sua mão, _nem_ do dia em que os livrou do
adversario;

43 Como obrou os seus signaes no Egypto, e as suas maravilhas no campo de
Zoan;

44 E converteu [17] os seus rios em sangue, e as suas correntes, para que
não podessem beber.

45 Enviou [18] entre elles enxames de moscas que os consumiram, e rãs que
os destruiram.

46 Deu tambem ao pulgão a sua novidade, e o seu trabalho aos gafanhotos.

47 Destruiu [19] as suas vinhas com saraiva, e os seus sycomoros com
pedrisco.

48 Tambem entregou o seu gado á saraiva, e os seus rebanhos ás brazas
ardentes.

49 Lançou sobre elles o ardor da sua ira, furor, indignação, e angustia,
mandando maus anjos _contra elles_.

50 Preparou caminho á sua ira; não retirou as suas almas da morte, mas
entregou á pestilencia as suas vidas.

51 E feriu a todo o primogenito no Egypto, primicias da _sua_ força nas
tendas de Cão.

52 Mas fez _com_ que o seu povo saisse como ovelhas, e os guiou pelo
deserto como _um_ rebanho.

53 E os guiou com segurança, que não temeram; mas o mar cobriu os seus
inimigos.

54 E o trouxe até ao termo [20] do seu sanctuario, até este monte que a
sua dextra adquiriu.

55 E expulsou as nações de diante d’elles, e as partiu em herança por
linha, e fez habitar em suas tendas as tribus d’Israel.

56 Comtudo tentaram [21] e provocaram o Deus altissimo, e não guardaram
os seus testemunhos.

57 Mas retiraram-se para traz, e portaram-se infielmente como seus paes:
viraram-se como _um_ arco enganoso.

58 Pois o provocaram á ira com os seus altos, e moveram o seu zelo com as
suas imagens de esculptura.

59 Deus ouviu _isto_ e se indignou; e aborreceu a Israel em grande
maneira.

60 Pelo que desamparou [22] o tabernaculo em Silo, a tenda _que_
estabeleceu entre os homens.

61 E deu [23] a sua força ao captiveiro; e a sua gloria á mão do inimigo.

62 E entregou [24] o seu povo á espada; e se enfureceu contra a sua
herança.

63 O fogo consumiu os seus mancebos, e as suas donzellas não foram dadas
em casamento.

64 Os seus sacerdotes cairam á espada, e as suas viuvas não fizeram
lamentação.

65 Então o Senhor despertou, [25] como quem acaba de dormir, como um
valente que se alegra com o vinho.

66 E feriu os seus adversarios por detraz, e pôl-os em perpetuo desprezo.

67 Além d’isto, recusou o tabernaculo de José, e não elegeu a tribu
d’Ephraim.

68 Antes elegeu a tribu de Judah; o monte de Sião, que elle amava.

69 E edificou o seu sanctuario como altos _palacios_, como a terra que
fundou para sempre.

70 Tambem elegeu a David seu servo, [26] e o tirou dos apriscos das
ovelhas:

71 E o tirou do cuidado das _que se achavam_ prenhes; para apascentar a
Jacob, seu povo, e a Israel, sua herança.

72 Assim os apascentou, segundo a integridade do seu coração, e os guiou
pela [QD] industria de suas mãos.

[1] Isa. 51.4.

[2] Deu. 4.9 e 6.7.

[3] Deu. 4.9.

[4] Exo. 7 e 8 e 9 e 10 e 11 e 12. Gen. 32.3. Num. 13.22.

[5] Deu. 9.22. Heb. 3.16.

[6] Num. 11.4.

[7] Exo. 17.6. Num. 20.11.

[8] Num. 11.1, 10.

[9] Heb. 3.18.

[10] Gen. 7.11. Mal. 3.10.

[11] Exo. 16.4, 14. João 6.31. I Cor. 10.3.

[12] Num. 11.30.

[13] Num. 11.35.

[14] Ose. 5.15.

[15] Exo. 15.13. Deu. 7.8.

[16] Num. 14.22.

[17] Exo. 7.20.

[18] Exo. 8.24.

[19] Exo. 9.23, 25.

[20] Exo. 15.17.

[21] Jui. 2.11, 12.

[22] I Reis 4.11.

[23] Jui. 18.30.

[24] I Reis 4.10.

[25] Isa. 42.13.

[26] Gen. 33.13. Isa. 40.11.



_A assolação de Jerusalem e a supplica de soccorro._

Psalmo de Asaph.

79 Ó Deus, [QE] os gentios vieram á tua [1] herança; contaminaram o teu
sancto templo; reduziram Jerusalem a montões de pedras.

2 Deram os corpos mortos dos teus servos por comida ás aves dos céus, e a
carne dos teus sanctos ás bestas da terra.

3 Derramaram o sangue d’elles como agua ao redor de Jerusalem, e não
houve _quem_ os enterrasse.

4 Somos feitos opprobrio para nossos visinhos, escarneo e zombaria para
os que _estão_ á roda de nós.

5 Até quando, Senhor? _Acaso_ te indignarás para sempre? Arderá o teu
zelo como fogo?

6 Derrama o teu furor sobre os gentios que te não conhecem, e sobre os
reinos que não invocam o teu nome.

7 Porque devoraram a Jacob, e assolaram as suas moradas.

8 Não te lembres [2] das nossas iniquidades passadas: previnam-nos
depressa as tuas misericordias, pois _já_ estamos muito abatidos.

9 Ajuda-nos, ó Deus da nossa salvação, pela gloria do teu nome: e
livra-nos, e espia os nossos peccados por amor do teu nome.

10 Porque diriam os gentios: Onde está o seu Deus? Seja elle conhecido
entre os gentios, a nossa vista, _pela_ vingança do sangue dos teus
servos, _que foi_ derramado.

11 Venha perante a tua face o gemido dos presos; segundo a grandeza do
teu braço preserva aquelles que estão sentenciados á morte.

12 E torna aos nossos visinhos, no seu regaço, sete vezes tanto da sua
injuria com a qual te injuriaram, Senhor.

13 Assim nós, teu povo e ovelhas de teu pasto, te louvaremos eternamente:
de geração em geração cantaremos os teus louvores.

[1] Exo. 15.17.

[2] Isa. 64.9.



_O propheta supplica a Deus que livre a sua vinha dos que a destroem._

Para o cantor-mór. Sobre Sosanim Eduth. Psalmo de Asaph.

80 Tu, _que és_ pastor d’Israel, dá ouvidos: tu, que guias a José como a
_um_ rebanho: tu, que te assentas _entre_ os [1] cherubins, resplandece.

2 Perante Ephraim, Benjamin e Manasseh, desperta o teu poder, e vem
salvar-nos.

3 Faze-nos voltar, ó Deus, e faze resplandecer o teu rosto, e seremos
salvos.

4 Ó Senhor Deus dos Exercitos, até quando te indignarás contra a oração
do teu povo?

5 Tu os sustentas com pão de lagrimas, [2] e lhes dás a beber lagrimas,
[QF] com abundancia.

6 Tu nos pões em contendas com os nossos visinhos: e os nossos inimigos
zombam _de nós_ entre si.

7 Faze-nos voltar, [3] ó Deus dos Exercitos, e faze resplandecer o teu
rosto; e seremos salvos.

8 Trouxeste uma vinha do Egypto: lançaste fóra as nações, e a plantaste.

9 Preparaste-lhe _logar_, e fizeste com que ella deitasse raizes; e
encheu a terra.

10 Os montes foram cobertos da sua sombra, e os seus ramos se fizeram
_como os_ formosos cedros.

11 Ella estendeu a sua ramagem até ao mar, e os seus ramos até ao rio.

12 Porque quebraste então os seus vallados, de modo que todos os que
passam por ella a vindimam?

13 O javali da selva a devasta, e as feras do campo a devoram.

14 Oh Deus dos Exercitos, volta-te, nós te rogamos, attende dos céus, e
vê, e visita esta vide;

15 E a videira que a tua dextra plantou, e o sarmento que fortificaste
para ti.

16 _Está_ queimada pelo fogo, _está_ cortada: pereceu pela reprehensão da
tua face.

17 Seja a tua mão sobre o varão da tua dextra, sobre o filho do homem,
que fortificaste para ti.

18 Assim nós não te viraremos as costas; guarda-nos em vida, e
invocaremos o teu nome.

19 Faze-nos voltar, Senhor Deus dos Exercitos: faze resplandecer o teu
rosto; e seremos salvos.

[1] Exo. 25.20, 22.

[2] Isa. 30.20.

[3] Isa. 5.17.



_Deus reprehende a Israel pela sua ingratidão e rebellião._

Psalmo de Asaph para o cantor-mór, sobre Gittith.

81 Exultae a Deus, nossa fortaleza: jubilae ao Deus de Jacob.

2 Tomae o psalterio, e trazei o adufe, a harpa suave e o alaude.

3 Tocae a trombeta na lua nova, no tempo apontado da nossa solemnidade.

4 Porque _isto era_ um estatuto para Israel, _e_ uma ordenança do Deus de
Jacob.

5 Ordenou-o em José por testemunho, quando saira pela terra do Egypto,
_onde_ ouvi uma lingua _que_ não entendia.

6 Tirei de seus hombros a carga; as suas mãos foram livres [QG] das
marmitas.

7 Clamaste na angustia, e te livrei; respondi-te no logar occulto dos
trovões; [1] provei-te nas aguas de Meribah (Selah).

8 Ouve-me, povo meu, e eu te attestarei: ah, Israel, se me ouvisses!

9 Não haverá entre ti Deus alheio nem te prostrarás ante um Deus estranho.

10 Eu [2] _sou_ o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egypto: abre
bem a tua bocca, e t’a encherei.

11 Mas o meu povo não quiz ouvir a minha voz, e Israel não me quiz.

12 Pelo que eu os entreguei aos desejos dos seus proprios corações, _e_
andaram nos seus mesmos conselhos.

13 Oh! se o meu povo me tivesse ouvido! se Israel andasse nos meus
caminhos!

14 Em breve abateria os seus inimigos, e viraria a minha mão contra os
seus adversarios.

15 Os que aborrecem ao Senhor ter-se-lhe-hiam sujeitado, e o seu tempo
seria eterno.

16 E o sustentaria com o trigo mais fino, e te fartaria com o mel saido
da [QH] pedra.

[1] Exo. 17.6.

[2] Exo. 20.2.



_O propheta reprehende os juizes por causa da sua injustiça._

Psalmo de Asaph.

82 Deus está [1] na congregação dos poderosos; julga no meio dos deuses.

2 Até quando julgareis injustamente, e acceitareis as pessoas dos impios?
(Selah).

3 Fazei justiça ao pobre e ao orphão: justificae o afflicto e necessitado.

4 Livrae o pobre e o necessitado; tirae-os das mãos dos impios.

5 Elles não conhecem, nem entendem; andam em trevas; todos os fundamentos
da terra vacillam.

6 Eu disse: Vós _sois_ deuses, e todos vós filhos do Altissimo.

7 Todavia morrereis como homens, e caireis como qualquer dos principes.

8 Levanta-te, [2] ó Deus, julga a terra, pois tu possues todas as nações.

[1] II Chr. 19.6.

[2] Miq. 7.2, 7.



_As nações congregam-se contra Israel, e o propheta supplica a Deus que o
livre._

Cantico e psalmo de Asaph.

83 Ó Deus, não estejas em silencio; não te cales, nem te aquietes, ó Deus.

2 Porque eis que teus inimigos fazem tumulto, e os que te aborrecem
levantaram a cabeça.

3 Tomaram astuto conselho contra o teu povo, e consultavam contra os teus
escondidos.

4 Disseram: Vinde, e desarreiguemol-os para que não _sejam_ nação, nem
haja mais memoria do nome de Israel.

5 Porque consultaram juntos e unanimes; elles se alliam contra ti:

6 As tendas de Edom, e dos ismaelitas, de Moab, e dos agarenos,

7 De Gebal, e de Ammon, e de Amalek, de Palestina, com os moradores de
Tyro.

8 Tambem Assyria se ajuntou com elles: foram ajudar aos filhos de Lot
(Selah).

9 Faze-lhes como aos madianitas; como _a_ Sisera, como _a_ Jabin na
ribeira de Kison.

10 _Os quaes_ pereceram em Endor; tornaram-se como estrume para a terra.

11 Faze aos seus nobres como [1] _a_ Oreb, e como _a_ Zeeb e a todos os
seus principes, como _a_ Zebah e como _a_ Zalmuna;

12 Que disseram: Tomemos para nós as casas de Deus em possessão.

13 Deus meu, [2] faze-os como um tufão, como a aresta diante do vento.

14 Como o fogo que queima um bosque, e como a chamma que incendeia as
[QI] brenhas,

15 Assim os persegue com a tua tempestade, e os assombra com o teu
torvelinho.

16 Encham-se de vergonha as suas faces, para que busquem o teu nome,
Senhor.

17 Confundam-se e assombrem-se perpetuamente; envergonhem-se, e pereçam.

18 Para que saibam que tu, a quem só pertence o nome de [QJ] JEHOVAH,
_és_ o Altissimo sobre toda a terra.

[1] Jui. 7.25.

[2] Isa. 17.13.



_A felicidade d’aquelle que habita no sanctuario de Deus._

Para o cantor-mór sobre Gittith. Psalmo para os filhos de Korah.

84 Quão amaveis _são_ os teus tabernaculos, Senhor dos Exercitos.

2 A minha alma está desejosa, e desfallece pelos atrios do Senhor: o meu
coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo.

3 Até o pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, onde ponha
seus filhos, _até mesmo_ nos teus altares, Senhor dos exercitos, Rei meu
e Deus meu.

4 Bemaventurados os que habitam em tua casa: louvar-te-hão continuamente.
(Selah)

5 Bemaventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração _estão_ os
caminhos _aplanados_.

6 _Que_, passando pelo valle das [QK] amoreiras, faz d’elle uma fonte; a
chuva tambem enche os tanques.

7 Vão indo de força em força; _cada um d’elles_ em Sião apparece perante
Deus.

8 Senhor Deus dos Exercitos, escuta a minha oração: inclina os ouvidos, ó
Deus de Jacob! (Selah)

9 Olha, ó Deus, escudo nosso, e contempla o rosto do teu ungido.

10 Porque vale mais um dia nos teus atrios do que mil. Preferiria estar á
porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas dos impios.

11 Porque o Senhor Deus _é um_ sol e escudo: o Senhor dará graça e
gloria; não retirará bem _algum_ aos que andam na rectidão.

12 Senhor dos Exercitos, bemaventurado o homem que em ti põe a sua
confiança.



_Fundando-se nos livramentos passados, o povo de Deus pede o livramento
das afflicções presentes._

Psalmo para o cantor-mór, entre os filhos de Korah.

85 Abençoaste, Senhor, a tua terra: fizeste voltar o captiveiro de Jacob.

2 Perdoaste a iniquidade do teu povo: cobriste todos os seus peccados.
(Selah)

3 Fizeste cessar toda a tua indignação: desviaste-te do ardor da tua ira.

4 Torna-nos a trazer, ó Deus da nossa salvação, e faze cessar a tua ira
de sobre nós.

5 _Acaso_ estarás sempre irado contra nós? _ou_ estenderás a tua ira a
todas as gerações?

6 Não tornarás a reviver-nos, para que o teu povo se alegre em ti?

7 Mostra-nos, Senhor, a tua misericordia, e concede-nos a tua salvação.

8 Escutarei [1] o que Deus, o Senhor, fallar; porque fallará de paz ao
seu povo, e aos sanctos para que não voltem á loucura.

9 Certamente que a salvação _está_ perto d’aquelles que o temem, para que
a gloria habite na nossa terra.

10 A misericordia [2] e a verdade se encontraram: a justiça e a paz se
beijaram.

11 A verdade [3] brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus.

12 Tambem o Senhor dará o _que é_ bom, e a nossa terra dará o seu fructo.

13 A justiça irá adiante d’elle, e a porá no caminho das suas pisadas.

[1] Hab. 2.1. Zac. 9.10.

[2] Isa. 46.13. João 1.14.

[3] Isa. 45.8.



_David implora ardentemente o soccorro de Deus._

Oração de David.

86 Inclina, Senhor, os teus ouvidos, _e_ ouve-me, porque _estou_
necessitado e afflicto.

2 Guarda a minha alma, pois sou sancto; oh Deus meu, salva o teu servo,
que em ti confia.

3 Tem misericordia de mim, ó Senhor, pois a ti clamo todo o dia.

4 Alegra a alma do teu servo, pois a ti, Senhor, levanto a minha alma.

5 Pois tu, Senhor, _és_ bom, e prompto a perdoar, e abundante em
benignidade para todos os que te invocam.

6 Dá ouvidos, Senhor, á minha oração, e attende á voz das minhas
supplicas.

7 No dia da minha angustia clamo a ti, porquanto me respondes.

8 Entre os deuses não _ha_ similhante a ti, Senhor, nem _ha_ obras como
as tuas.

9 Todas [1] as nações que fizeste virão e se prostrarão perante a tua
face, Senhor, e glorificarão o teu nome.

10 Porque tu _és_ grande e fazes maravilhas; só tu _és_ Deus.

11 Ensina-me, Senhor, o teu caminho, _e_ andarei na tua verdade: une o
meu coração ao temor do teu nome.

12 Louvar-te-hei, Senhor Deus meu, com todo o meu coração, e glorificarei
o teu nome para sempre.

13 Pois grande _é_ a tua misericordia para comigo; e livraste a minha
alma da sepultura mais profunda.

14 Ó Deus, os soberbos se levantaram contra mim, e as assembléas dos
tyrannos procuraram a minha alma; e não te pozeram perante os seus olhos.

15 Porém tu, [2] Senhor, _és_ um Deus cheio de compaixão, e piedoso,
soffredor, e grande em benignidade e em verdade.

16 Volta-te para mim, e tem misericordia de mim; dá a tua fortaleza ao
teu servo, e salva ao filho da tua serva.

17 Mostra-me um signal para bem, para que _o_ vejam aquelles que me
aborrecem, e se confundam; porque tu, Senhor, me ajudaste e me consolaste.

[1] Isa. 43.7. Apo. 15.4.

[2] Exo. 34.6. Num. 14.18. Neh. 9.17.



_Deus tem o maior prazer em Sião._

Psalmo e canto para os filhos de Korah.

87 O seu fundamento _está_ nos montes sanctos.

2 O Senhor ama as portas de Sião, mais do que todas as habitações de
Jacob.

3 Coisas [1] gloriosas se dizem de ti, ó cidade de Deus. (Selah)

4 Farei menção de Rahab e de Babylonia áquelles que me conhecem: eis-que
da Philisteia, e de Tyro, e [QL] da Ethiopia, se dirá: Este _homem_
nasceu ali.

5 E de Sião se dirá: Este e aquelle nasceu ali; e o mesmo Altissimo a
estabelecerá.

6 O Senhor contará na descripção dos povos _que_ este _homem_ nasceu ali.
(Selah)

7 Assim como os cantores e tocadores de instrumentos _estarão lá_, todas
as minhas fontes _estão_ dentro de ti.

[1] Isa. 60.14, 15.



_O psalmista queixa-se das suas grandes desgraças, e supplica a Deus que
o livre._

Cantico e psalmo para os filhos de Korah e para o cantor-mór sobre
Mahalat Leannoth, instrucção de Heman Ezrahita.

88 Senhor Deus da minha salvação, [1] diante de ti tenho clamado de dia e
de noite.

2 Chegue a minha oração perante a tua face, inclina os teus ouvidos ao
meu clamor;

3 Porque a minha alma está cheia de angustias, e a minha vida se
approxima da sepultura.

4 Estou contado com aquelles que descem ao abysmo: estou como homem sem
forças,

5 Apartado entre os mortos, como os feridos de morte que jazem na
sepultura, dos quaes te não lembras mais, e estão cortados da tua mão.

6 Pozeste-me no abysmo mais profundo, em trevas e nas profundezas.

7 Sobre mim peza o teu furor: tu _me_ affligiste com todas as tuas ondas
(Selah).

8 Alongaste de mim os meus conhecidos, pozeste-me em extrema abominação
para com elles: estou fechado, e não posso sair.

9 A minha vista desmaia por causa da afflicção: Senhor, tenho clamado a
ti todo o dia, tenho estendido para ti as minhas mãos.

10 Mostrarás tu maravilhas aos mortos, ou os mortos se levantarão e te
louvarão? (Selah)

11 Será annunciada a tua benignidade na sepultura, ou a tua fidelidade na
perdição?

12 Saber-se-hão as tuas maravilhas nas trevas, e a tua justiça na terra
do esquecimento?

13 Eu, porém, Senhor, tenho clamado a ti, e de madrugada te esperará a
minha oração.

14 Senhor, porque rejeitas a minha alma? porque escondes de mim a tua
face?

15 _Estou_ afflicto, e prestes _tenho estado_ a morrer desde a _minha_
mocidade: _emquanto_ soffro os teus terrores, estou distrahido.

16 A tua ardente indignação sobre mim vae passando: os teus terrores me
teem retalhado.

17 Elles me rodeiam todo o dia como agua; elles juntos me sitiam.

18 Desviaste para longe de mim amigos e companheiros, _e_ os meus
conhecidos _estão_ em trevas.

[1] Luc. 18.7.



_Traz-se á memoria o pacto de Deus com David, a fim de que Deus livre o
seu povo dos males presentes._

Maschil de Ethan, o ezrahita.

89 As benignidades do Senhor cantarei perpetuamente: com a minha bocca
manifestarei a tua fidelidade de geração em geração.

2 Pois disse eu: A _tua_ benignidade será edificada para sempre: tu
confirmarás a tua fidelidade até nos céus, _dizendo_:

3 Fiz [1] um concerto com o meu escolhido: jurei ao meu servo David,
_dizendo_:

4 A tua semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu throno de
geração em geração (Selah).

5 E os céus louvarão as tuas maravilhas, ó Senhor, a tua fidelidade
tambem na congregação dos sanctos.

6 Pois quem no céu se pode egualar ao Senhor? _Quem_ entre os filhos dos
poderosos pode ser similhante ao Senhor?

7 Deus é muito formidavel na assembléa dos sanctos, e para ser
reverenciado por todos os que o cercam.

8 Ó Senhor, Deus dos Exercitos, quem _é_ forte como tu, Senhor? pois a
tua fidelidade _está_ á roda de ti?

9 Tu dominas o impeto do mar: quando as suas ondas se levantam, tu as
fazes aquietar.

10 Tu quebrantaste a Rahab como se fôra ferida de morte; espalhaste os
teus inimigos com o teu braço forte.

11 Teus _são_ os céus, e tua _é_ a terra; o mundo e a sua plenitude tu os
fundaste.

12 O norte e o sul tu os creaste; Tabor e Hermon jubilam em teu nome.

13 Tu tens um braço poderoso; forte é a tua mão, _e_ alta está a tua
dextra.

14 Justiça e juizo _são_ o assento do teu throno, misericordia e verdade
irão adiante do teu rosto.

15 Bemaventurado o povo que conhece o som alegre: andará, ó Senhor, na
luz da tua face.

16 Em teu nome se alegrará todo o dia, e na tua justiça se exaltará.

17 Pois tu _és_ a gloria da sua força; e no teu favor será exaltado o
nosso [QM] poder.

18 Porque o Senhor _é_ a nossa defeza, e o Sancto d’Israel o nosso Rei.

19 Então fallaste em visão ao teu sancto, e disseste: Puz o soccorro
sobre _um que é_ poderoso: exaltei a _um_ eleito do povo.

20 Achei a David, meu servo; com sancto oleo o ungi:

21 Com o qual a minha mão ficará firme, e o meu braço o fortalecerá.

22 O inimigo não [QN] apertará com elle, nem o filho da perversidade o
affligirá.

23 E eu derribarei os seus inimigos perante a sua face, e ferirei aos que
o aborrecem.

24 E a minha fidelidade e a minha benignidade _estarão_ com elle; e em
meu nome será exaltado o seu poder.

25 Porei tambem a sua mão no mar, e a sua direita nos rios.

26 Elle me chamará, _dizendo_: Tu _és_ meu pae, meu Deus, e a rocha da
minha salvação.

27 Tambem o farei _meu_ primogenito, mais elevado do que os reis da terra.

28 A minha benignidade lhe conservarei eu para sempre, e o meu concerto
lhe _será_ firme.

29 E conservarei para sempre a sua semente, e o seu throno como os dias
do céu.

30 Se os seus filhos deixarem a minha lei, e não andarem nos meus juizos,

31 Se profanarem os meus preceitos, e não guardarem os meus mandamentos,

32 Então visitarei a sua transgressão com a vara, e a sua iniquidade com
açoites.

33 Porém não retirarei totalmente d’elle a minha benignidade, nem
faltarei á minha fidelidade.

34 Não quebrarei o meu concerto, não alterarei o que saiu dos meus labios.

35 Uma vez jurei pela minha sanctidade _que_ não mentirei a David.

36 A sua semente durará para sempre, e o seu throno, como o sol diante de
mim,

37 Será estabelecido para sempre como a lua, e _como_ uma testemunha fiel
no céu (Selah).

38 Porém tu rejeitaste e aborreceste; tu te indignaste contra o teu
ungido.

39 Abominaste o concerto do teu servo: profanaste a sua corôa,
_lançando-a_ por terra.

40 Derribaste todos os seus vallados; arruinaste as suas fortificações.

41 Todos os que passam pelo caminho o despojam; é um opprobrio para os
seus visinhos.

42 Exaltaste a dextra dos seus adversarios; fizeste com que todos os seus
inimigos se regozijassem.

43 Tambem embotaste os fios da sua espada, e não o sustentaste na peleja.

44 Fizeste cessar [QO] a sua gloria, e deitaste por terra o seu throno.

45 Abreviaste os dias da sua mocidade; cobriste-o de vergonha (Selah).

46 Até quando, Senhor? _Acaso_ te esconderás para sempre? arderá a tua
ira como fogo?

47 Lembra-te de quão breves são os meus dias; pelo que debalde creaste
todos os filhos dos homens.

48 Que homem ha, que viva, e não veja a morte? Livrará elle a sua alma do
poder [QP] da sepultura? (Selah)

49 Senhor, onde _estão_ as tuas antigas benignidades, _que_ juraste a
David pela tua verdade?

50 Lembra-te, Senhor, do opprobrio dos teus servos; _como_ eu trago no
meu peito o _opprobrio de_ todos os povos poderosos:

51 Com o qual, Senhor, os teus inimigos teem diffamado, com o qual teem
diffamado as pisadas do teu ungido.

52 Bemdito _seja_ o Senhor para sempre. Amen, e Amen.

[1] I Reis 8.16.



_A fraqueza do homem e a providencia de Deus._

Oração de Moysés, varão de Deus.

90 Senhor, tu tens sido [QQ] o nosso refugio, de geração em geração.

2 Antes [1] que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o
mundo, mesmo de eternidade em eternidade, tu _és_ Deus.

3 Tu reduzes o homem á destruição; e dizes: [2] Tornae-vos, filhos dos
homens.

4 Porque mil annos _são_ aos teus olhos como o dia de hontem quando
passou, e _como_ a vigilia da noite.

5 Tu os levas como com _uma_ corrente d’agua: são _como um_ somno: de
manhã _são_ como a herva _que_ cresce.

6 De madrugada floresce e se muda: á tarde se corta e se secca.

7 Pois somos consumidos pela tua ira, e pelo teu furor somos angustiados.

8 Diante de ti pozeste as [3] nossas iniquidades: os nossos _peccados_
occultos á luz do teu rosto.

9 Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; passamos os
nossos annos como um conto que se conta.

10 Os dias da nossa vida chegam a setenta annos, e se alguns pela sua
robustez chegam a oitenta annos, o orgulho d’elles _é_ canceira e enfado,
pois cedo se corta e vamos voando.

11 Quem conhece o poder da tua ira? segundo és tremendo, _assim é o_ teu
furor.

12 Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos
corações sabios.

13 Volta-te para nós, Senhor: até quando? e aplaca-te para com os teus
servos.

14 Farta-nos de madrugada com a tua benignidade, para que nos
regozijemos, e nos alegremos todos os nossos dias.

15 Alegra-nos pelos dias _em que_ nos affligiste, _e_ pelos annos _em
que_ vimos o mal.

16 Appareça [4] a tua obra aos teus servos, e a tua gloria sobre seus
filhos.

17 E seja sobre nós a formosura do Senhor, nosso Deus: e confirma sobre
nós [5] a obra das nossas mãos; sim, confirma a obra das nossas mãos.

[1] Pro. 8.25, 26.

[2] Gen. 3.19.

[3] Psa. 50.21.

[4] Hab. 3.2.

[5] Isa. 26.12.



_A segurança d’aquelle que se acolhe em Deus._

91 Aquelle que habita no esconderijo do Altissimo, á sombra do
Omnipotente descançará.

2 Direi do Senhor: _Elle é_ o meu Deus, o meu refugio, a minha fortaleza,
e n’elle confiarei.

3 Porque elle te livrará do laço do passarinheiro, _e_ da peste
perniciosa.

4 Elle te cobrirá com as suas pennas, e debaixo das suas azas te
confiarás: a sua verdade _será o teu_ escudo e rodella.

5 Não terás medo do terror de noite _nem_ da setta que vôa de dia,

6 _Nem_ da peste _que_ anda na escuridão, _nem_ da mortandade _que_
assola ao meio-dia.

7 Mil cairão ao teu lado, e dez mil á tua direita, _mas_ não chegará a ti.

8 Sómente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos impios.

9 Porque tu, ó Senhor, és o meu refugio: no Altissimo fizeste a tua
habitação.

10 Nenhum mal te succederá, nem praga _alguma_ chegará á tua tenda.

11 Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito para te guardarem em
todos os teus caminhos.

12 Elles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé
em pedra.

13 Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e [QR] o
dragão.

14 Porquanto tão encarecidamente me amou, tambem eu o livrarei; pôl-o-hei
em retiro alto, porque conheceu o meu nome.

15 Elle me invocará, e eu lhe responderei; _estarei_ com elle na
angustia; _d’ella_ o retirarei, e o glorificarei.

16 Fartal-o-hei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.



_O psalmista louva a Deus por amor da sua obra, justiça e graça._

Psalmo e cantico para o sabbado.

92 Bom _é_ louvar ao Senhor, e cantar louvores ao teu nome, ó Altissimo:

2 Para de manhã annunciar a tua benignidade, e todas as noites a tua
fidelidade:

3 Sobre _um_ instrumento de dez cordas, e sobre o psalterio: sobre a
harpa com som solemne.

4 Pois tu, Senhor, me alegraste pelos teus feitos: exultarei nas obras
das tuas mãos.

5 Quão grandes são, Senhor, as tuas obras! mui profundos _são_ os teus
pensamentos.

6 O homem brutal não conhece, nem o louco entende isto.

7 Quando o impio crescer como a herva, e quando florescerem todos os que
obram a iniquidade, _é_ que serão destruidos perpetuamente.

8 Mas tu, Senhor, _és_ o Altissimo para sempre.

9 Pois eis que os teus inimigos, Senhor, eis que os teus inimigos
perecerão; serão dispersos todos os que obram a iniquidade,

10 Porém tu exaltarás o meu [QS] poder, como _o_ do unicornio: serei
ungido com oleo fresco.

11 Os meus olhos verão _o meu desejo_ sobre os meus inimigos, _e_ os meus
ouvidos ouvirão _o meu desejo_ ácerca dos malfeitores que se levantam
contra mim.

12 O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Libano.

13 Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos atrios do
nosso Deus.

14 Na velhice ainda darão fructos: serão viçosos e florescentes;

15 Para annunciar que o Senhor _é_ recto: _elle é_ a minha rocha, e
n’elle não _ha_ injustiça.



_O poder e magestade do reino de Deus._

93 O Senhor reina; está vestido de magestade: o Senhor está vestido;
cingiu-se de fortaleza: o mundo tambem está firmado, _e_ não poderá
vacillar.

2 O teu throno _está_ firme desde então: tu _és_ desde a eternidade.

3 Os rios levantam, ó Deus, os rios levantam o seu ruido, os rios
levantam as suas ondas.

4 _Mas_ o Senhor nas alturas _é_ mais poderoso do que o ruido das grandes
aguas _e do que_ as grandes ondas do mar.

5 Mui fieis são os teus testemunhos: a sanctidade convem á tua casa,
Senhor, para sempre.



_Appellação á justiça de Deus contra os malfeitores._

94 Ó Senhor Deus, a quem a vingança pertence, [1] ó Deus, a quem a
vingança pertence, mostra-te resplandecente.

2 Exalta-te, tu, que és juiz da terra: dá a paga aos soberbos.

3 Até quando os impios, Senhor, até quando os impios [QT] saltarão de
prazer?

4 _Até quando_ proferirão, _e_ fallarão coisas duras, _e_ se gloriarão
todos os que obram a iniquidade?

5 Reduzem a pedaços o teu povo, e affligem a tua herança.

6 Matam a viuva e o estrangeiro, e ao orphão tiram a vida.

7 Comtudo dizem: O Senhor não _o_ verá; nem _para isso_ attenderá o Deus
de Jacob.

8 Attendei, ó brutaes d’entre o povo; e _vós_, loucos, quando sereis
sabios?

9 Aquelle que fez o ouvido não ouvirá? e o que formou o olho não verá?

10 Aquelle que argúe as gentes _não_ castigará? e o que ensina ao homem o
conhecimento _não saberá_?

11 O Senhor conhece os pensamentos do homem, que são vaidade.

12 Bemaventurado _é_ o homem a quem tu castigas, ó Senhor, e a quem
ensinas a tua lei;

13 Para lhe dares descanço dos dias maus, até que se abra a cova para o
impio.

14 Pois o Senhor não rejeitará o seu povo, nem desamparará a sua herança.

15 Mas o juizo voltará á rectidão, e seguil-o-hão todos os rectos do
coração.

16 Quem será por mim contra os malfeitores? quem se porá por mim contra
os que obram a iniquidade?

17 Se o Senhor não tivera ido em meu auxilio, a minha alma quasi que
teria ficado no silencio.

18 Quando eu disse: O meu pé vacilla; a tua benignidade, Senhor, me
susteve.

19 Na multidão dos meus pensamentos dentro de mim, as tuas consolações
recrearam a minha alma.

20 _Porventura_ [2] o throno d’iniquidade te acompanha, o qual forja o
mal por uma lei?

21 Elles se ajuntam contra a alma do justo, e condemnam o sangue
innocente.

22 Mas o Senhor _é_ a minha defeza; e o meu Deus é a rocha do meu refugio.

23 E trará sobre elles a sua propria iniquidade; e os destruirá na sua
propria malicia: o Senhor nosso Deus os destruirá.

[1] Deu. 32.35.

[2] Amós 6.3. Isa. 10.



_O psalmista convida a louvar o Senhor e celebral-o de viva voz._

95 Vinde, cantemos ao Senhor: jubilemos á rocha da nossa salvação.

2 Apresentemo-nos ante a sua face com louvores, e celebremol-o com
psalmos.

3 Porque o Senhor _é_ Deus grande, e Rei grande sobre todos os deuses.

4 Nas suas mãos _estão_ as profundezas da terra, e as alturas dos montes
_são_ suas.

5 Seu é o mar, e elle o fez, e as suas mãos formaram a terra secca.

6 Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos: [1] ajoelhemos diante do Senhor que
nos creou.

7 Porque elle _é_ o nosso Deus, e nós povo do seu pasto e ovelhas da sua
mão. Se hoje ouvirdes a sua voz,

8 Não endureçaes [2] os vossos corações, _assim_ como [QU] na provocação
_e_ como _no_ dia [QV] da tentação no deserto;

9 Quando vossos paes me tentaram, me provaram, e viram a minha obra.

10 Quarenta annos estive desgostado com _esta_ geração, e disse: É _um_
povo que erra do coração, e não tem conhecido os meus caminhos.

11 A quem jurei [3] na minha ira que não entrarão no meu repouso.

[1] I Cor. 6.20.

[2] Exo. 17.2. Num. 14.22.

[3] Num. 14.23, 28, 30.



_Convite a toda a terra para louvar e temer o Senhor._

96 Cantae ao Senhor _um_ cantico novo, cantae ao Senhor toda a terra.

2 Cantae ao Senhor, bemdizei o seu nome; annunciae a sua salvação de dia
em dia.

3 Annunciae entre as nações a sua gloria; entre todos os povos as suas
maravilhas.

4 Porque grande _é_ o Senhor, e digno de louvor, mais tremendo do que
todos os deuses.

5 Porque [1] todos os deuses dos povos _são_ idolos, mas o Senhor fez os
céus.

6 Gloria e magestade _estão_ ante a sua face, força e formosura no seu
sanctuario.

7 Dae ao Senhor, ó familias dos povos, dae ao Senhor gloria e força.

8 Dae ao Senhor a gloria _devida ao_ seu nome: trazei offerenda, e entrae
nos seus atrios.

9 Adorae ao Senhor na belleza da sanctidade: tremei diante d’elle toda a
terra.

10 Dizei entre as nações _que_ o Senhor reina: o mundo tambem se firmará
para que se não abale: julgará os povos com rectidão.

11 Alegrem-se os céus, e regozije-se a terra: brama o mar e a sua
plenitude.

12 Alegre-se o campo com tudo o que _ha_ n’elle: então se regozijarão
todas as arvores do bosque,

13 Ante a face do Senhor, porque vem, porque vem a julgar a terra: [2]
julgará o mundo com justiça e os povos com a sua verdade.

[1] Jer. 10.11, 12.

[2] Apo. 19.11.



_A magestade do reino de Deus: o castigo dos impios: exhortação á piedade
e ao regozijo._

97 O Senhor reina; regozije-se a terra: [1] alegrem-se as muitas ilhas.

2 Nuvens [2] e obscuridade _estão_ ao redor d’elle: justiça e juizo _são_
a base do seu throno.

3 Um fogo vae adiante d’elle, [3] e abraza os seus inimigos em redor.

4 Os seus relampagos alumiam o mundo; a terra viu e tremeu.

5 Os montes [4] se derretem como cera na presença do Senhor, na presença
do Senhor de toda a terra.

6 Os céus annunciam a sua justiça, e todos os povos vêem a sua gloria.

7 Confundidos sejam todos os que servem imagens de esculptura, que se
gloriam de idolos: prostrae-vos diante d’elle, todos os deuses.

8 Sião ouviu e se alegrou; e os filhos de Judah se alegraram por causa da
tua justiça, ó Senhor.

9 Pois tu, Senhor, _és_ o mais alto sobre toda a terra; tu _és_ muito
mais exaltado [5] do que todos os deuses.

10 Vós, que amaes ao Senhor, aborrecei o mal: elle guarda as almas dos
seus sanctos, elle os livra das mãos dos impios.

11 A luz semeia-se para o justo, e a alegria para os rectos de coração.

12 Alegrae-vos, ó justos, no Senhor, e dae louvores á memoria da sua
sanctidade.

[1] Isa. 60.9.

[2] I Reis 8.12.

[3] Dan. 7.10. Hab. 3.5.

[4] Jui. 5.5. Miq. 1.4.

[5] Exo. 18.11.



_Convite a louvar o Senhor por amor de sua salvação._

Psalmo.

98 Cantae ao Senhor _um_ cantico novo, porque fez maravilhas; a sua
dextra e o seu braço sancto lhe alcançaram a salvação.

2 O Senhor fez [1] notoria a sua salvação, manifestou a sua justiça
perante os olhos das nações.

3 Lembrou-se da sua benignidade e da sua verdade para com a casa
d’Israel; todas as extremidades da terra viram a salvação do nosso Deus.

4 Exultae no Senhor, toda a terra; exclamae e alegrae-vos de prazer, e
cantae louvores.

5 Cantae louvores ao Senhor com a harpa; com a harpa e a voz do canto.

6 Com trombetas e som de cornetas, exultae perante a face do Senhor, o
Rei.

7 Brama o mar e a sua plenitude; o mundo, e os que n’elle habitam.

8 Os rios [2] batam as palmas: regozijem-se tambem as montanhas,

9 Perante a face do Senhor, porque vem a julgar a terra: com justiça
julgará _o_ mundo, e o povo com equidade.

[1] Isa. 52.10. Luc. 2.30, 31.

[2] Isa. 55.12.



_A grandeza do reino de Deus._

99 O Senhor reina; tremam as nações: [1] está assentado _entre_ os
cherubins; commova-se a terra.

2 O Senhor _é_ grande em Sião, e mais alto do que todas as nações.

3 Louvem o teu nome, grande e tremendo, _pois é_ sancto.

4 Tambem o poder do Rei ama o juizo: tu firmas a equidade, fazes juizo e
justiça em Jacob.

5 Exaltae ao Senhor nosso Deus, e prostrae-vos diante do escabello de
seus pés, _pois é_ sancto.

6 Moysés [2] e Aarão, entre os seus sacerdotes, e Samuel entre os que
invocam o seu nome, clamavam [3] ao Senhor, e Elle os ouvia.

7 Na columna de nuvem lhes fallava: elles guardavam os seus testemunhos,
e os estatutos _que_ lhes dera.

8 Tu os escutaste, Senhor nosso Deus: tu foste um Deus que lhes
perdoaste, ainda que tomaste vingança dos seus feitos.

9 Exaltae ao Senhor nosso Deus e adorae-o no seu monte sancto, pois o
Senhor nosso Deus _é_ sancto.

[1] Exo. 25.22.

[2] Jer. 15.1.

[3] Exo. 14.15 e 15.25.



_Exhortação a toda a creatura a celebrar ao Senhor._

Psalmo de louvor.

100 Celebrae com jubilo ao Senhor, todas as terras.

2 Servi ao Senhor com alegria; e entrae diante d’elle com canto.

3 Sabei que o Senhor _é_ Deus: foi elle que nos fez, e não nós outros a
nós; _somos_ povo seu e ovelhas do seu pasto.

4 Entrae pelas portas d’elle com louvor, _e_ em seus atrios com hymno:
louvae-o, e bemdizei o seu nome.

5 Porque o Senhor _é_ bom, e eterna a sua misericordia; e a sua verdade
_dura_ de geração em geração.



_David promette a Deus andar perante elle com sinceridade e oppor-se aos
impios._

Psalmo de David.

101 Cantarei a misericordia e o juizo: a ti, Senhor, cantarei.

2 Portar-me-hei [1] com intelligencia no caminho recto. Quando virás a
mim? Andarei em minha casa com um coração sincero.

3 Não porei coisa má diante dos meus olhos: aborreço a obra d’aquelles
que se desviam; não se _me_ pegará a mim.

4 Um coração perverso se apartará de [2] mim: não conhecerei o _homem_
mau.

5 Aquelle que murmura do seu proximo ás escondidas, eu o destruirei:
aquelle que tem olhar altivo, e coração soberbo, não soffrerei.

6 Os meus olhos _estarão_ sobre os fieis da terra, para que se assentem
comigo: o que anda n’_um_ caminho recto esse me servirá.

7 O que usa de engano não ficará dentro da minha casa: o que falla
mentiras não está firme perante os meus olhos.

8 Pela manhã destruirei todos os impios da terra, para desarreigar da
cidade do Senhor todos os que obram a iniquidade.

[1] I Sam. 18.14.

[2] Mat. 7.23. II Tim. 2.19.



_Na sua grande afflicção, o psalmista recorre a Deus para que restabeleça
o seu povo e o reconduza á sua terra._

Oração do afflicto, vendo-se desfallecido, e derramando a sua queixa
perante a face do Senhor.

102 Senhor, ouve a minha oração, e chegue a ti o meu clamor.

2 Não escondas de mim o teu rosto no dia da minha angustia, inclina para
mim os teus ouvidos; no dia _em_ que eu clamar, ouve-me depressa.

3 Porque os meus dias se consomem como o fumo, e os meus ossos ardem como
um lar.

4 O meu coração está ferido e secco como a herva, pelo que me esqueço de
comer o meu pão.

5 Por causa da voz do meu gemido os meus ossos se apegam á minha pelle.

6 Sou similhante ao pelicano [1] no deserto: sou como um mocho nas
solidões.

7 Vigio, sou como o pardal solitario no telhado.

8 Os meus inimigos me affrontam todo o dia: os que se enfurecem contra
mim teem jurado.

9 Pois tenho comido cinza como pão, e misturado com lagrimas a minha
bebida.

10 Por causa da tua ira e da tua indignação, pois tu me levantaste e me
arremeçaste.

11 Os meus dias _são_ como a sombra que declina, e como a herva me vou
seccando.

12 Mas tu, Senhor, permanecerás para sempre, e a tua memoria de geração
em geração.

13 Tu te levantarás [2] _e_ terás piedade de Sião; pois o tempo de te
compadeceres d’ella, o tempo determinado, já chegou.

14 Porque os teus servos teem prazer nas suas pedras, e se compadecem do
seu pó.

15 Então as nações temerão o nome do Senhor, e todos os reis da terra a
tua gloria.

16 Quando o Senhor edificar a Sião, apparecerá na sua gloria.

17 Elle attenderá á oração do desamparado, e não desprezará a sua oração.

18 Isto se escreverá para a geração futura; e o povo que se crear louvará
ao Senhor.

19 Pois [3] olhou desde o alto do seu sanctuario, desde os céus o Senhor
contemplou a terra.

20 Para ouvir o gemido dos presos, para soltar os sentenciados á morte;

21 Para annunciarem o nome do Senhor em Sião, e o seu louvor em Jerusalem;

22 Quando os povos se ajuntarem, e os reinos, para servirem ao Senhor.

23 Abateu a minha força no caminho; abreviou os meus dias.

24 Dizia eu: Meu Deus, não me leves no meio dos meus dias, os teus annos
_são_ por todas as gerações.

25 Desde a antiguidade [4] fundaste a terra: e os céus _são_ obra das
tuas mãos.

26 Elles perecerão, [5] mas tu permanecerás: todos elles se envelhecerão
como _um_ vestido; como roupa os mudarás, e ficarão mudados.

27 Porém tu _és_ [6] o mesmo, e os teus annos nunca terão fim.

28 Os filhos dos teus servos continuarão, e a sua semente ficará firmada
perante ti.

[1] Isa. 34.11. Sof. 2.14.

[2] Isa. 60.10. Zac. 1.12.

[3] Deu. 26.15.

[4] Gen. 1.1 e 2.1. Heb. 1.12.

[5] Isa. 34.4. II Ped. 3.7.

[6] Mal. 3.6. Heb. 13.8.



_Convite a louvar a Deus por amor de sua graça._

Psalmo de David.

103 Bemdize, ó alma minha ao Senhor, e tudo o que ha em mim, _bemdiga_ o
seu sancto nome.

2 Bemdize, ó alma minha, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus
beneficios.

3 O que perdôa [1] todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas
enfermidades,

4 Que redime [2] a tua vida da [QW] perdição; que te corôa de benignidade
e de misericordia,

5 Que farta a tua bocca de bens, _de sorte que_ a tua mocidade se renove
como a _da_ aguia.

6 O Senhor faz justiça e juizo a todos os opprimidos.

7 Fez conhecidos os seus caminhos a Moysés, e os seus feitos aos filhos
d’Israel.

8 Misericordioso e [3] piedoso _é_ o Senhor; longanimo e grande em
benignidade.

9 Não reprovará perpetuamente, nem para sempre reterá a _sua ira_.

10 Não nos tratou segundo os nossos peccados, nem nos recompensou segundo
as nossas iniquidades.

11 Pois _assim_ como o céu está elevado acima da terra, _assim_ é grande
a sua misericordia para com os que o temem.

12 _Assim_ como está longe o oriente do occidente, _assim_ affasta de nós
as nossas transgressões.

13 _Assim_ como [4] um pae se compadece de _seus_ filhos, _assim_ o
Senhor se compadece d’aquelles que o temem.

14 Pois elle conhece a nossa estructura, [5] lembra-se de que _somos_ pó.

15 _Emquanto_ ao homem, os seus dias _são_ como a herva, como a flor do
campo assim floresce.

16 Passando por ella o vento, _logo_ se vae, e o seu logar não será mais
conhecido.

17 Mas a misericordia do Senhor _é_ desde a eternidade e até á eternidade
sobre aquelles que o temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos;

18 Sobre aquelles que guardam o seu concerto, e sobre os que se lembram
dos seus mandamentos para os cumprirem.

19 O Senhor tem estabelecido o seu throno nos céus, e o seu reino domina
sobre tudo.

20 Bemdizei ao Senhor, _todos_ os seus anjos, _vós_ que excedeis em
força, que guardaes os seus mandamentos, obedecendo á voz da sua palavra.

21 Bemdizei ao Senhor, todos os seus exercitos, vós, [6] ministros seus,
que executaes o seu beneplacito.

22 Bemdizei ao Senhor, todas as suas obras, em todos os logares do seu
dominio; bemdize, ó alma minha, ao Senhor.

[1] Mat. 9.2, 6. Mar. 2.5, 10, 11.

[2] Exo. 15.26. Jer. 17.14.

[3] Exo. 34.6, 7. Num. 14.18. Deu. 5.10.

[4] Mal. 3.1.

[5] Gen. 3.19.

[6] Dan. 7.9, 10. Heb. 1.14.



_A gloria de Deus é manifestada na creação e conservação de todas as
coisas._

104 Bemdize, ó alma minha, ao Senhor: Senhor Deus meu, tu és
magnificentissimo, estás vestido de gloria e de magestade.

2 Elle se cobre de luz como de um vestido, estende os céus como uma
cortina.

3 Põe nas aguas as vigas das suas camaras; faz das nuvens o seu carro,
anda sobre as azas do vento.

4 Faz [1] dos seus anjos espiritos, dos seus ministros um fogo abrazador.

5 Lançou os fundamentos da terra, _para que_ não vacille em tempo algum.

6 Tu a cobres com o abysmo, como com um vestido: as aguas estavam sobre
os montes.

7 Á tua reprehensão [2] fugiram: á voz do teu trovão se apressaram.

8 Sobem aos montes, descem aos valles, até ao logar que para ellas
fundaste.

9 Termo _lhes_ pozeste, que não ultra-passarão, para que não tornem mais
a cobrir a terra.

10 Tu, que fazes sair as fontes nos valles, _as quaes_ correm entre os
montes.

11 Dão de beber a todo o animal do campo; os jumentos montezes matam a
sua sêde.

12 Junto d’ellas as aves do céu terão a sua habitação, cantando entre os
ramos.

13 Elle rega os montes desde as suas camaras: a terra se farta do fructo
das suas obras.

14 Faz crescer a herva para as bestas, e a verdura para o serviço do
homem, para fazer sair da terra o pão,

15 E o vinho _que_ alegra o coração do homem, e o azeite _que_ faz
reluzir o _seu_ rosto, e o pão _que_ fortalece o coração do homem.

16 As arvores do Senhor fartam-se de _seiva_, [3] os cedros do Libano que
elle plantou,

17 Onde as aves se aninham: _emquanto_ á cegonha, a sua casa é nas faias.

18 Os altos montes _são um refugio_ para as cabras montezes, _e_ as
rochas para os coelhos.

19 Designou [4] a lua para as estações: o sol conhece o seu occaso.

20 Ordenas [5] a escuridão, e faz-se noite, na qual saem todos os animaes
da selva.

21 Os leõesinhos bramam pela preza, e de Deus buscam o seu sustento.

22 Nasce o sol e _logo_ se acolhem, e se deitam nos seus covis.

23 _Então_ sae [6] o homem á sua obra e ao seu trabalho, até á tarde.

24 Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras! todas as coisas fizeste com
sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas.

25 _Assim é_ este mar grande e muito espaçoso, onde _ha_ reptis sem
numero, animaes pequenos e grandes.

26 Ali andam os navios; _e_ o leviathan que formaste para n’elle folgar.

27 Todos esperam de ti, que lhes dês o seu sustento em tempo opportuno.

28 Dando-lh’o tu, _elles o_ recolhem; abres a tua mão, _e_ se enchem de
bens.

29 Escondes o teu rosto, e ficam perturbados: se lhes tiras o folego,
morrem, e voltam para o seu pó.

30 Envias o teu Espirito, e são creados, e _assim_ renovas a face da
terra.

31 A gloria do Senhor durará para sempre: o Senhor se alegrará nas suas
obras.

32 Olhando [7] elle para a terra, ella treme; tocando nos montes, _logo_
fumegam.

33 Cantarei ao Senhor emquanto eu viver; cantarei louvores ao meu Deus,
emquanto eu tiver existencia.

34 A minha meditação ácerca d’elle será suave: eu me alegrarei no Senhor.

35 Desçam da terra os peccadores, e os impios não sejam mais. Bemdize, ó
alma minha, ao Senhor. [QX] Louvae ao Senhor.

[1] Heb. 1.7.

[2] Gen. 7.19. Gen. 8.1.

[3] Num. 24.6.

[4] Gen. 1.14.

[5] Isa. 45.7.

[6] Gen. 3.19.

[7] Hab. 3.10.



_O psalmista louva a Deus por haver guardado o seu pacto com os
patriarchas, por haver livrado Israel d’Egypto, e pelo haver conduzido
pelo deserto até Canaan._

105 Louvae [1] ao Senhor, _e_ invocae o seu nome; fazei conhecidas as
suas obras entre os povos.

2 Cantae-lhe, cantae-lhe psalmos: fallae de todas as suas maravilhas.

3 Gloriae-vos no seu sancto nome: alegre-se o coração d’aquelles que
buscam ao Senhor.

4 Buscae ao Senhor e a sua força: buscae a sua face continuamente.

5 Lembrae-vos das maravilhas que fez, dos seus prodigios e dos juizos da
sua bocca;

6 Vós, semente d’Abrahão, seu servo, vós, filhos de Jacob, seus
escolhidos.

7 Elle _é_ o Senhor, nosso Deus; [2] os seus juizos _estão_ em toda a
terra.

8 Lembrou-se [3] do seu concerto para sempre, da palavra _que_ mandou a
milhares de gerações.

9 O qual [4] _concerto_ fez com Abrahão, e o seu juramento a Isaac.

10 E confirmou o mesmo a Jacob _por_ estatuto, _e_ a Israel _por_
concerto eterno,

11 Dizendo: [5] A ti darei a terra de Canaan, a sorte da vossa herança.

12 Quando eram poucos homens em numero, sim, mui poucos e estrangeiros
n’ella.

13 Quando andavam de nação em nação e d’um reino para outro povo.

14 Não permittiu [6] a ninguem que os opprimisse, e por amor d’elles
reprehendeu a reis, _dizendo_:

15 Não toqueis os meus ungidos, e não maltrateis os meus prophetas.

16 Chamou [7] a fome sobre a terra, quebrantou todo o sustento do pão.

17 Mandou [8] perante elles um varão, José, _que_ foi vendido por escravo:

18 Cujos pés apertaram com grilhões: foi mettido em ferros:

19 Até ao tempo em que chegou a sua palavra; a palavra do Senhor o provou.

20 Mandou [9] o rei, e o fez soltar; o governador dos povos, e o soltou.

21 Fel-o [10] senhor da sua casa, e governador de toda a sua fazenda;

22 Para sujeitar os seus principes a seu gosto, e instruir os seus
anciãos.

23 Então Israel entrou no Egypto, e Jacob peregrinou na terra de Cão.

24 E augmentou [11] o seu povo em grande maneira, e o fez mais poderoso
do que os seus inimigos.

25 Virou [12] o coração d’elles para que aborrecessem o seu povo, para
que tratassem astutamente aos seus servos.

26 Enviou [13] Moysés, seu servo, _e_ Aarão, a quem escolhera.

27 Mostraram entre elles os seus signaes e prodigios, na terra de Cão.

28 Mandou trevas, e a fez escurecer; e não foram rebeldes á sua palavra.

29 Converteu [14] as suas aguas em sangue, e matou os seus peixes.

30 A sua terra produziu [15] rãs em abundancia, até nas camaras dos seus
reis.

31 Fallou elle, e vieram enxames de moscas _e_ piolhos em todo o seu
termo.

32 Converteu [16] as suas chuvas em saraiva, _e_ fogo abrazador na sua
terra.

33 Feriu as suas vinhas e os seus figueiraes, e quebrou as arvores dos
seus termos.

34 Fallou elle, e vieram gafanhotos e pulgão sem numero.

35 E comeram toda a herva da sua terra, e devoraram o fructo dos seus
campos.

36 Feriu [17] tambem a todos os primogenitos da sua terra, as primicias
de todas as suas forças.

37 E tirou-os _para fóra_ com prata e oiro, e entre as suas tribus não
houve um só fraco.

38 O Egypto [18] se alegrou quando elles sairam, porque o seu temor caira
sobre elles.

39 Estendeu [19] uma nuvem por coberta, e um fogo para alumiar de noite.

40 Oraram, [20] e elle fez vir codornizes, e os fartou de pão do céu.

41 Abriu a penha, e d’ella correram aguas; correram pelos logares seccos
_como_ um rio.

42 Porque [21] se lembrou da sua sancta palavra, e de Abrahão, seu servo.

43 E tirou _d’ali_ o seu povo com alegria, _e_ os seus escolhidos com
regozijo.

44 E deu-lhes [22] as terras das nações; e herdaram o trabalho dos povos;

45 Para que guardassem os seus preceitos, e observassem as suas leis.
Louvae ao Senhor.

[1] I Chr. 16.8, 22.

[2] Isa. 26.9.

[3] Luc. 1.72.

[4] Gen. 17.2 e 22.16, etc. e 26.3. Luc. 1.73. Heb. 6.17.

[5] Gen. 13.15 e 15.18.

[6] Gen. 35.5.

[7] Gen. 41.45.

[8] Gen. 37.28 e 45.5, 36.

[9] Gen. 41.14.

[10] Gen. 41.40.

[11] Exo. 1.7.

[12] Exo. 1.8.

[13] Exo. 3.10 e 4.12, 14.

[14] Exo. 7.20.

[15] Exo. 8.6.

[16] Exo. 9.23, 25.

[17] Exo. 12.29. Gen. 49.3.

[18] Exo. 12.33.

[19] Exo. 16.21.

[20] Exo. 16.12.

[21] Gen. 15.14.

[22] Deu. 6.10.



_Deus é louvado por haver supportado o seu povo, apezar das suas muitas
rebelliões._

106 Louvae ao Senhor. Louvae ao Senhor, porque elle é bom, porque a sua
misericordia _dura_ para sempre.

2 Quem pode referir as obras poderosas do Senhor? _Quem_ annunciará os
seus louvores?

3 Bemaventurados os que guardam o juizo, [1] o que obra justiça em todos
os tempos.

4 Lembra-te de mim, Senhor, segundo a _tua_ boa vontade para com o teu
povo: visita-me com a tua salvação;

5 Para que eu veja os bens de teus escolhidos, para que eu me alegre com
a alegria do teu povo, para que me glorie com a tua herança.

6 Nós peccámos [2] com os nossos paes, commettemos a iniquidade, obrámos
perversamente.

7 Nossos paes não entenderam as tuas maravilhas no Egypto; [3] não se
lembraram da multidão das tuas misericordias; antes _o_ provocaram no
mar, _sim_ no Mar Vermelho.

8 Não obstante, [4] elle os salvou por amor do seu nome, para fazer
conhecido o seu poder.

9 Reprehendeu o Mar Vermelho e se seccou, e os fez caminhar pelos
abysmos como pelo deserto.

10 E os livrou [5] da mão d’aquelle que os aborrecia, e os remiu da mão
do inimigo.

11 E as aguas [6] cobriram os seus adversarios: nem um _só_ d’elles ficou.

12 Então creram [7] as suas palavras, e cantaram os seus louvores.

13 _Porém_ cedo se esqueceram das suas obras; não esperaram o seu
conselho,

14 Mas deixaram-se levar da cubiça no deserto, e tentaram a Deus na
solidão.

15 E elle lhes cumpriu o seu desejo, mas enviou magreza ás suas almas.

16 E invejaram a [8] Moysés no campo, _e_ a Aarão, o sancto do Senhor.

17 Abriu-se [9] a terra, e enguliu a Dathan, e cobriu a gente de Abiram.

18 E um fogo se accendeu [10] na sua gente: a chamma abrazou os impios.

19 Fizeram um bezerro [11] em Horeb, e adoraram a imagem fundida.

20 E converteram [12] a sua gloria na figura de um boi que come herva.

21 Esqueceram-se de Deus, seu salvador, que fizera grandezas no Egypto,

22 Maravilhas na terra de Cão, coisas tremendas no Mar Vermelho.

23 Pelo que disse que os [13] destruiria, se Moysés, seu escolhido, se
não pozesse perante elle na abertura, para desviar a sua indignação, afim
de _os_ não destruir.

24 Tambem desprezaram [14] a terra aprazivel: não creram na sua palavra.

25 Antes murmuraram [15] nas suas tendas, _e_ não deram ouvidos á voz do
Senhor.

26 Pelo que levantou [16] a sua mão contra elles, para os derribar no
deserto;

27 Para derribar tambem a sua semente entre as nações, e espalhal-os
pelas terras.

28 Tambem se juntaram [17] com Baal-peor, e começaram os sacrificios dos
mortos.

29 Assim _o_ provocaram á ira com as suas invenções; e a peste rebentou
entre elles.

30 Então se levantou [18] Phineas, e fez juizo, e cessou aquella peste.

31 E isto lhe foi contado [19] como justiça, de geração em geração, para
sempre.

32 Indignaram-n’_o_ [20] tambem junto ás aguas da contenda, de sorte que
succedeu mal a Moysés, por causa d’elles;

33 Porque irritaram o seu espirito, [21] de modo que fallou
imprudentemente com seus labios.

34 Não [22] destruiram os povos, como o Senhor lhes dissera.

35 Antes se misturaram com as nações, e aprenderam as suas obras.

36 E serviram aos seus idolos, que vieram a ser-lhes um laço.

37 Demais _d’isto_, [23] sacrificaram seus filhos e suas filhas aos
demonios,

38 E derramaram sangue innocente, o sangue de seus filhos e de suas
filhas, que sacrificaram aos idolos de Canaan; [24] e a terra foi
manchada com sangue.

39 Assim se contaminaram [25] com as suas obras, e se prostituiram com os
seus feitos.

40 Pelo que se accendeu a ira do Senhor contra o seu povo, de modo que
abominou a sua herança.

41 E os entregou [26] nas mãos das nações; e aquelles que os aborreciam
se assenhorearam d’elles.

42 E os seus inimigos os opprimiram, e foram humilhados debaixo das suas
mãos.

43 Muitas vezes os livrou, mas _o_ provocaram com o seu conselho, e foram
abatidos pela sua iniquidade.

44 Comtudo, attendeu á sua afflicção, ouvindo o seu clamor.

45 E se lembrou [27] do seu concerto, e se arrependeu segundo a multidão
das suas misericordias.

46 Pelo que fez [28] com que d’elle tivessem misericordia os que os
levaram captivos.

47 Salva-nos, Senhor, nosso Deus, e congrega-nos d’entre as nações, para
que louvemos o teu nome sancto, e nos gloriemos no teu louvor.

48 Bemdito _seja_ o Senhor, Deus d’Israel, de eternidade em eternidade, e
todo o povo diga: Amen. Louvae ao Senhor.

[1] Act. 24.16. Gal. 6.9.

[2] Lev. 26.40. Dan. 9.5.

[3] Exo. 14.11, 12.

[4] Eze. 20.14. Exo. 9.16.

[5] Exo. 14.30.

[6] Exo. 14.27, 28 e 15.5.

[7] Exo. 14.31 e 15.1.

[8] Num. 16.1, etc.

[9] Num. 16.31, 32. Deu. 11.6.

[10] Num. 16.35, 46.

[11] Exo. 32.4.

[12] Jer. 2.11. Rom. 1.23.

[13] Exo. 32.10, 11, 32. Deu. 9.19, 25 e 10.10.

[14] Deu. 8.7.

[15] Num. 14.2, 27.

[16] Num. 14.28. Heb. 3.11, 18.

[17] Num. 25.2, 3.

[18] Num. 25.7, 8.

[19] Num. 25.11, 12, 13.

[20] Num. 20.3, 13. Deu. 1.37 e 3.26.

[21] Num. 20.10.

[22] Jui. 1.21, 27, 28, 29, etc.

[23] II Reis 16.3. Isa. 57.5. I Cor. 10.20.

[24] Num. 35.33.

[25] Eze. 20.30, 31. Lev. 17.7.

[26] Jui. 2.14. Neh. 9.27.

[27] Lev. 26.41, 42.

[28] Esd. 9.9. I Chr. 16.35, 36. Jer. 42.12.



_A bondade de Deus em proteger os viajantes, os encarcerados, os doentes,
os que navegam, e em geral todos os homens._

107 Louvae ao Senhor, porque elle _é_ bom, porque a sua benignidade
_dura_ para sempre.

2 Digam-n’_o_ os remidos do Senhor, os que remiu da mão do inimigo,

3 E os _que_ congregou das terras do oriente [1] e do occidente, do norte
e do sul.

4 Andaram desgarrados pelo deserto, por caminhos solitarios; não acharam
cidade para habitarem.

5 Famintos e sedentos, a sua alma n’elles desfallecia.

6 E clamaram [2] ao Senhor na sua angustia, _e_ os livrou das suas
necessidades.

7 E os levou por caminho direito, para irem a _uma_ cidade de habitação.

8 Louvem ao Senhor _pela_ sua bondade, e _pelas_ suas maravilhas para com
os filhos dos homens.

9 Pois fartou a alma sedenta, e encheu de bondade a alma faminta.

10 Tal como a que se assenta nas trevas e sombra da morte, presa em
afflicção e em ferro;

11 Porquanto se rebellaram contra as palavras de Deus, e desprezaram o
conselho do Altissimo,

12 Portanto lhes abateu o coração com trabalho; tropeçaram, e não _houve_
quem _os_ ajudasse.

13 Então clamaram ao Senhor na sua angustia, _e_ os livrou das suas
necessidades.

14 Tirou-os das trevas e sombra da morte; e quebrou as suas prisões.

15 Louvem ao Senhor pela sua bondade, e _pelas_ suas maravilhas para com
os filhos dos homens.

16 Pois quebrou [3] as portas de bronze; e despedaçou os ferrolhos de
ferro.

17 Os loucos, por causa da sua transgressão, e por causa das suas
iniquidades, são afflictos.

18 A sua alma aborreceu toda a comida, e chegaram até ás portas da morte.

19 Então clamaram ao Senhor na sua angustia: _e_ elle os livrou das suas
necessidades.

20 Enviou a sua palavra, e os sarou; e os livrou da sua destruição.

21 Louvem ao Senhor _pela_ sua bondade, e _pelas_ suas maravilhas para
com os filhos dos homens.

22 E offereçam os sacrificios de louvor, e relatem as suas obras com
regozijo.

23 Os que descem ao mar em navios, mercando nas grandes aguas,

24 Esses vêem as obras do Senhor, e as suas maravilhas no profundo.

25 Pois elle manda, e se levanta o vento tempestuoso, que eleva as suas
ondas.

26 Sobem aos céus; descem aos abysmos, _e_ a sua alma se derrete em
angustias.

27 Andam e cambaleam como ebrios, e perderam todo o tino.

28 Então clamam ao Senhor na sua angustia; e elle os livra das suas
necessidades.

29 Faz cessar a tormenta, e calam-se as suas ondas.

30 Então se alegram, porque se aquietaram; assim os leva ao seu porto
desejado.

31 Louvem ao Senhor _pela_ sua bondade, e _pelas_ suas maravilhas para
com os filhos dos homens.

32 Exaltem-n’o na congregação do povo, e glorifiquem-n’o na assembléa dos
anciãos.

33 Elle converte [4] os rios em um deserto, e as fontes em _terra_
sedenta:

34 A terra fructifera [5] em esteril, pela maldade dos que n’ella habitam.

35 Converte o deserto em lagoa, e a terra secca em fontes.

36 E faz habitar ali os famintos, para que edifiquem cidade para
habitação;

37 E semeiam os campos e plantam vinhas, que produzem fructo abundante.

38 Tambem os abençoa, [6] de modo que se multiplicam muito; e o seu gado
não diminue.

39 Depois se diminuem e se abatem, pela oppressão, afflicção e tristeza.

40 Derrama o desprezo sobre os principes, e os faz andar desgarrados pelo
deserto, _onde_ não ha caminho.

41 Porém livra ao necessitado da oppressão em um logar alto, e multiplica
as familias como rebanhos.

42 Os rectos _o_ verão, e se alegrarão, e toda a iniquidade tapará a
bocca.

43 Quem [7] _é_ sabio observará estas _coisas_, e elles comprehenderão as
benignidades do Senhor.

[1] Isa. 43.5, 6. Jer. 39.14 e 31.3, 10.

[2] Ose. 5.15.

[3] Isa. 45.2.

[4] I Reis 17.1, 7.

[5] Gen. 13.10 e 14.3.

[6] Gen. 12.2 e 17.16, 20. Exo. 1.7.

[7] Jer. 9.12. Ose. 14.



_David louva a Deus pela victoria que lhe concedeu._

Cantico e psalmo de David.

108 Preparado está o meu coração, ó Deus; cantarei e direi psalmos até
com a minha gloria.

2 Desperta-te, psalterio e harpa; eu _mesmo_ despertarei ao romper da
alva.

3 Louvar-te-hei entre os povos, Senhor, e a ti cantarei psalmos entre as
nações.

4 Porque a tua benignidade se estende até aos céus, e a tua verdade
_chega_ até ás mais altas nuvens.

5 Exalta-te sobre os céus, ó Deus, e a tua gloria sobre toda a terra,

6 Para que sejam livres os teus amados: salva-_nos_ com a tua dextra, e
ouve-nos.

7 Deus fallou na sua sanctidade: eu me regozijarei; repartirei a Sichem,
e medirei o valle de Succoth.

8 Meu _é_ [QY] Galaad, meu é Manassés; e Ephraim a força da minha cabeça,
Judah [1] o meu legislador,

9 Moab o _meu vaso de lavar_: sobre Edom lançarei o meu sapato, sobre a
Palestina jubilarei.

10 Quem me levará á cidade forte? Quem me guiará até Edom?

11 _Porventura_ não _serás tu_, ó Deus, _que_ nos rejeitaste? E não
sairás, ó Deus, com os nossos exercitos?

12 Dá-nos auxilio [QZ] para sair da angustia, porque vão _é_ o soccorro
_da parte_ do homem.

13 Em Deus faremos proezas, pois elle calcará aos pés os nossos inimigos.

[1] Gen. 49.10.



_David roga a Deus o castigo dos impios, e que o livre das suas
afflicções._

Psalmo de David para o cantor-mór.

109 Ó Deus do meu louvor, não te cales,

2 Pois a bocca do impio e a bocca do enganador estão abertas contra mim:
teem fallado contra mim com uma lingua mentirosa.

3 Elles me cercaram com palavras odiosas, e pelejaram contra mim sem
causa.

4 _Em recompensa_ do meu amor são meus adversarios: mas eu _faço_ oração.

5 E me deram mal pelo bem, e odio pelo meu amor.

6 Põe [1] sobre elle um impio, e Satanaz esteja á sua direita.

7 Quando fôr julgado, saia condemnado; e a sua oração se lhe torne em
peccado.

8 Sejam poucos [2] os seus dias, _e_ outro tome o seu officio.

9 Sejam orphãos [3] os seus filhos, e viuva sua mulher.

10 Sejam vagabundos e pedintes os seus filhos, e busquem _o pão_ dos seus
logares desolados.

11 Lance o credor a mão a tudo quanto tenha, e despojem os estranhos o
seu trabalho.

12 Não haja ninguem que se compadeça d’elle, nem haja quem favoreça os
seus orphãos.

13 Desappareça a sua posteridade, o seu nome seja apagado na seguinte
geração.

14 Esteja na memoria do Senhor a iniquidade [4] de seus paes, e não se
apague o peccado de sua mãe.

15 Antes estejam sempre perante o Senhor, para que faça desapparecer a
sua memoria da terra.

16 Porquanto não se lembrou de fazer misericordia; antes perseguiu ao
varão afflicto e ao necessitado, para que podesse até matar o quebrantado
de coração.

17 Visto que amou a maldição, ella lhe sobrevenha, [5] _e assim_ como não
desejou a benção, ella se affaste d’elle.

18 Assim como se vestiu de maldição, como d’um vestido, assim penetre
ella nas suas entranhas como agua, e em seus ossos como azeite.

19 Seja para elle como o vestido _que_ o cobre, e como cinto que o cinja
sempre.

20 _Seja_ este o galardão dos meus contrarios, da parte do Senhor, e dos
que fallam mal contra a minha alma.

21 Mas tu, Deus Senhor, trata comigo por amor do teu nome, porque a tua
misericordia _é_ boa; livra-me,

22 Pois _estou_ afflicto e necessitado, e o meu coração está ferido
dentro de mim.

23 Vou-me como a sombra que declina; sou sacudido como o gafanhoto.

24 De jejuar estão enfraquecidos os meus joelhos, [6] e a minha carne
emmagrece.

25 E _ainda_ lhes sou opprobrio; _quando_ me contemplam, [7] movem as
cabeças.

26 Ajuda-me, Senhor Deus meu, salva-me segundo a tua misericordia.

27 Para que saibam que esta _é_ a tua mão, _e que_ tu, Senhor, o fizeste.

28 Amaldiçoem [8] elles, mas abençoa tu: quando se levantarem fiquem
confundidos; e alegre-se o teu servo.

29 Vistam-se os meus adversarios de vergonha, e cubram-se com a sua
propria confusão como com _uma_ capa.

30 Louvarei grandemente ao Senhor com a minha bocca: louval-o-hei entre a
multidão.

31 Pois se porá á _mão_ direita do pobre, para _o_ livrar dos que
condemnam a sua alma.

[1] Zac. 13.1.

[2] Act. 1.20.

[3] Exo. 22.24.

[4] Exo. 20.5. Neh. 4.5. Jer. 18.23.

[5] Num. 5.22.

[6] Heb. 12.12.

[7] Mat. 27.39.

[8] II Sam. 16.11, 12. Isa. 65.14.



_O reino, o sacerdocio e a conquista do Messias._

Psalmo de David.

110 Disse o Senhor [1] ao meu Senhor: Assenta-te á minha mão direita,
até que ponha aos teus inimigos _por_ escabello dos teus pés.

2 O Senhor enviará o sceptro da tua fortaleza desde Sião, _dizendo_:
Domina no meio dos teus inimigos.

3 O teu povo _será_ [RA] mui voluntario no dia do teu poder, [RB] nos
ornamentos de sanctidade, desde a madre da alva: tu tens o orvalho da tua
mocidade.

4 Jurou [2] o Senhor, e não se arrependerá: tu _és_ um sacerdote eterno,
segundo a ordem de Melchisedec.

5 O Senhor, á tua direita, ferirá os reis no dia da sua ira.

6 Julgará entre as nações: _tudo_ encherá de corpos mortos: ferirá os
cabeças de [RC] grandes terras.

7 Beberá [3] do ribeiro no caminho, pelo que exaltará a cabeça.

[1] Mat. 22.44. Mar. 12.36. Luc. 20.42.

[2] Heb. 5.6 e 6.20.

[3] Jui. 7.5, 6.



_Deus é louvado por amor das suas obras maravilhosas._

111 Louvae ao Senhor. Louvarei ao Senhor de todo _o meu_ coração, na
assembléa dos justos e na congregação.

2 Grandes _são_ as obras do Senhor, procuradas por todos os que n’ellas
tomam prazer.

3 A sua obra _tem_ gloria e magestade, e a sua justiça permanece para
sempre.

4 Fez _com que_ as suas maravilhas fossem lembradas: piedoso e
misericordioso _é_ o Senhor.

5 Deu mantimento aos que o temem; lembrar-se-ha sempre do seu concerto.

6 Annunciou ao seu povo o poder das suas obras, para lhe dar a herança
das nações.

7 As obras [1] das suas mãos _são_ verdade e juizo, seguros todos os seus
mandamentos.

8 Permanecem firmes para sempre, e sempre; e são feitos em verdade e
rectidão.

9 Redempção enviou ao seu povo; ordenou o seu concerto para sempre; [2]
sancto e tremendo _é_ o seu nome.

10 O temor do Senhor é o principio da sabedoria: [3] bom entendimento
teem todos os que cumprem _os seus mandamentos_: o seu louvor permanece
para sempre.

[1] Apo. 15.3.

[2] Luc. 1.49.

[3] Deu. 4.6.



_A felicidade d’aquelle que teme a Deus._

112 Louvae ao Senhor. Bemaventurado o homem que teme ao Senhor, _que_ em
seus mandamentos tem grande prazer.

2 A sua semente será poderosa na terra: a geração dos rectos será
abençoada.

3 Fazenda [1] e riquezas _haverá_ na sua casa, e a sua justiça permanece
para sempre.

4 Aos justos nasce luz nas trevas: elle _é_ piedoso, misericordioso e
justo.

5 O homem bom se compadece, e empresta: [RD] disporá as suas coisas com
juizo.

6 Na verdade que nunca será commovido: o justo estará em memoria eterna.

7 Não temerá maus rumores: o seu coração está firme, confiando no Senhor.

8 O seu coração _bem_ confirmado, elle não temerá, até que veja o seu
desejo sobre os seus inimigos.

9 Elle espalhou, [2] deu aos necessitados: a sua justiça permanece para
sempre, e a sua força se exaltará em gloria.

10 O impio _o_ verá, e se entristecerá: rangerá com os dentes, e se
consumirá: o desejo dos impios perecerá.

[1] Mat. 6.33.

[2] II Cor. 9.9. Deu. 24.13.



_Exhortação a louvar a Deus pela sua grandeza e por amor da sua bondade
para com os pobres._

113 Louvae ao Senhor. Louvae, servos do Senhor, louvae o nome do Senhor.

2 Seja bemdito [1] o nome do Senhor, desde agora para sempre.

3 Desde o [2] nascimento do sol até ao occaso, _seja_ louvado o nome do
Senhor.

4 Exaltado _está_ o Senhor acima de todas as nações, _e_ a sua gloria
sobre os céus.

5 Quem _é_ como o Senhor nosso Deus, que habita nas alturas?

6 O qual _se_ abate, para vêr _o que está_ nos céus e na terra!

7 Levanta o pobre do pó, _e do_ monturo levanta o necessitado,

8 Para o fazer assentar com os principes, _mesmo_ com os principes do seu
povo.

9 Faz com que a mulher esteril habite na casa, e _seja_ alegre mãe de
filhos. Louvae ao Senhor.

[1] Dan. 2.20.

[2] Isa. 50.19. Mal. 1.11.



_O psalmista celebra a passagem maravilhosa pelo Mar Vermelho e Jordão._

114 Quando Israel saiu [1] do Egypto, e a casa de Jacob de um povo
barbaro,

2 Judah [2] ficou seu sanctuario, _e_ Israel seu dominio.

3 O mar _o_ viu, e fugiu: o Jordão voltou para traz.

4 Os montes saltaram como carneiros, _e_ os outeiros como cordeiros.

5 Que tiveste tu, ó mar, que fugiste, e tu, ó Jordão, que voltaste para
traz?

6 Montes, que saltastes como carneiros, e outeiros, como cordeiros?

7 Treme, terra, na presença do Senhor, na presença do Deus de Jacob.

8 O qual converteu [3] o rochedo em lago de aguas, e o seixo em fonte de
agua.

[1] Exo. 13.3.

[2] Exo. 6.7 e 19.6 e 25.8.

[3] Exo. 17.6. Num. 20.11.



_A gloria do Senhor e a vaidade dos idolos. Exhortação a confiar só em
Deus._

115 Não a nós, [1] Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá gloria, por amor
da tua benignidade e da tua verdade.

2 Porque dirão as nações: Onde _está_ o seu Deus?

3 Porém o nosso Deus _está_ nos céus: fez tudo o que lhe aprouve.

4 Os idolos d’elles [2] _são_ prata e oiro, obra das mãos dos homens.

5 Teem bocca mas não fallam: olhos teem, mas não vêem:

6 Teem ouvidos, mas não ouvem; narizes teem, mas não cheiram:

7 Teem mãos, mas não apalpam; pés teem, mas não andam; nem som algum sae
da sua garganta.

8 A elles se tornem similhantes os que os fazem, _assim como_ todos os
que n’elles confiam.

9 Israel, confia no Senhor: elle _é_ o seu auxilio e o seu escudo.

10 Casa de Aarão, confia no Senhor: elle _é_ o seu auxilio e o seu escudo.

11 Vós, os que temeis ao Senhor, confiae no Senhor: elle _é_ o seu
auxilio e o seu escudo.

12 O Senhor se lembrou de nós; elle _nos_ abençoará; abençoará a casa
d’Israel; abençoará a casa d’Aarão.

13 Abençoará os que temem ao Senhor, tanto pequenos como grandes.

14 O Senhor vos augmentará cada vez mais, _a_ vós e _a_ vossos filhos.

15 _Sois_ bemditos [3] do Senhor que fez os céus e a terra.

16 Os céus são os céus do Senhor; mas a terra _a_ deu aos filhos dos
homens.

17 Os mortos não louvam ao Senhor, [4] nem os que descem ao silencio.

18 Mas [5] nós bemdiremos ao Senhor, desde agora e para sempre. Louvae ao
Senhor.

[1] Isa. 48.11. Eze. 36.32.

[2] Deu. 4.28.

[3] Gen. 1.1 e 14.19.

[4] Isa. 38.18.

[5] Dan. 2.20.



_Amor e gratidão a Deus pela sua salvação._

116 Amo ao Senhor, porque elle ouviu a minha voz _e_ a minha supplica.

2 Porque inclinou a mim os seus ouvidos; portanto _o_ invocarei emquanto
viver.

3 Os cordeis da morte me cercaram, e angustias do inferno se apoderaram
de mim: encontrei aperto e tristeza.

4 Então invoquei o nome do Senhor, _dizendo_: Ó Senhor, livra a minha
alma.

5 Piedoso _é_ o Senhor e justo: o nosso Deus tem misericordia.

6 O Senhor guarda aos simplices: fui abatido, mas elle me livrou.

7 Alma minha, volta para o [1] teu repouso, pois o Senhor te fez bem.

8 Porque tu, _Senhor_, livraste a minha alma da morte, os meus olhos das
lagrimas, e os meus pés da queda.

9 Andarei perante a face do Senhor na terra dos viventes.

10 Cri, [2] por isso fallei: estive muito afflicto.

11 Dizia na minha pressa: Todos os homens são mentirosos.

12 Que darei eu ao Senhor, por todos os beneficios que me tem feito?

13 Tomarei o calix da salvação, e invocarei o nome do Senhor.

14 Pagarei os meus votos ao Senhor, agora, na presença de todo o seu povo.

15 Preciosa _é_ á vista do Senhor a morte dos seus sanctos.

16 Ó Senhor, devéras _sou_ teu servo: _sou_ teu servo, filho da tua
serva; soltaste as minhas ataduras.

17 Offerecer-te-hei [3] sacrificios de louvor, e invocarei o nome do
Senhor.

18 Pagarei os meus votos ao Senhor, na presença de todo o meu povo.

19 Nos atrios da casa do Senhor, no meio de ti, ó Jerusalem. Louvae ao
Senhor.

[1] Jer. 6.16. Mat. 11.29.

[2] II Cor. 4.13.

[3] Lev. 7.12.



_Deus é louvado por amor da sua bondade e veracidade._

117 Louvae [1] ao Senhor todas as nações, louvae-o todos os povos.

2 Porque a sua benignidade é grande para comnosco, e a verdade do Senhor
_dura_ para sempre. Louvae ao Senhor.

[1] Rom. 15.11.



_O psalmista louva a Deus por amor do livramento de muitos inimigos._

118 Louvae ao Senhor, porque elle é bom, porque a sua benignidade _dura_
para sempre.

2 Diga agora Israel que a sua benignidade _dura_ para sempre.

3 Diga agora a casa d’Aarão que a sua benignidade _dura_ para sempre.

4 Digam agora os que temem ao Senhor que a sua benignidade _dura_ para
sempre.

5 Invoquei o Senhor na angustia; o Senhor me ouviu, e me tirou para _um_
logar largo.

6 O Senhor _está_ comigo: [1] não temerei o que me pode fazer o homem.

7 O Senhor _está_ comigo com aquelles que me ajudam; pelo que verei
_cumprido o meu desejo_ sobre os que me aborrecem.

8 _É_ melhor confiar no Senhor [2] do que confiar no homem.

9 _É_ melhor confiar no Senhor do que confiar nos principes.

10 Todas as nações me cercaram, mas no nome do Senhor as despedaçarei.

11 Cercaram-me, e tornaram a cercar-me; mas no nome do Senhor eu as
despedaçarei.

12 Cercaram-me como abelhas: _porém_ apagaram-se como o fogo d’espinhos;
pois no nome do Senhor os despedaçarei.

13 Com força me impelliste para me fazeres cair, porém o Senhor me ajudou.

14 O Senhor [3] _é_ a minha força e o _meu_ cantico; e se fez a minha
salvação.

15 Nas tendas dos justos _ha_ voz de jubilo e de salvação: a dextra do
Senhor faz proezas.

16 A dextra [4] do Senhor se exalta: a dextra do Senhor faz proezas.

17 Não morrerei, [5] mas viverei; e contarei as obras do Senhor.

18 O Senhor me [6] castigou muito, mas não me entregou á morte.

19 Abri-me [7] as portas da justiça: entrarei por ellas, _e_ louvarei ao
Senhor.

20 Esta _é_ a porta do Senhor, [8] pela qual os justos entrarão.

21 Louvar-te-hei, pois me escutaste, e te fizeste a minha salvação.

22 A Pedra [9] _que_ os edificadores rejeitaram se tornou a cabeça da
esquina.

23 Da parte do Senhor se fez isto; maravilhoso _é_ aos nossos olhos.

24 Este _é_ o dia que fez o Senhor: regozijemo-nos, e alegremo-nos n’elle.

25 Salva-_nos_, agora, te pedimos, ó Senhor, ó Senhor, te pedimos,
prospera-_nos_.

26 Bemdito [10] aquelle que vem em nome do Senhor: nós vos bemdizemos
desde a casa do Senhor.

27 Deus _é_ o Senhor [11] que nos mostrou a luz: atae a victima _da
festa_ com cordas, até aos cornos do altar.

28 _Tu és_ o meu Deus, e eu te louvarei; [12] _tu és_ o meu Deus, e eu te
exaltarei.

29 Louvae [13] ao Senhor, porque _elle é_ bom; porque a sua benignidade
_dura_ para sempre.

[1] Isa. 51.12. Heb. 13.6.

[2] Jer. 17.5, 7.

[3] Exo. 15.2. Isa. 12.2.

[4] Exo. 15.6.

[5] Hab. 1.12.

[6] II Cor. 6.9.

[7] Isa. 26.2.

[8] Isa. 35.8. Apo. 21.27 e 22.14, 15.

[9] Mat. 21.42. Mar. 12.10. Luc. 20.17. Act. 4.11. Eph. 2.20. I Ped. 2.4,
7.

[10] Mat. 21.9 e 23.39. Mar. 11.9. Luc. 19.38.

[11] I Ped. 2.9.

[12] Exo. 15.2. Isa. 25.1.

[13] ver. 1.



_A excellencia da lei do Senhor e a felicidade d’aquelle que a observa._


_Aleph._

119 Bemaventurados os rectos em seus caminhos, que andam na lei do Senhor.

2 Bemaventurados os que guardam os seus testemunhos, _e que_ o buscam com
todo o coração.

3 E não obram iniquidade: andam nos seus caminhos.

4 Tu ordenaste os teus mandamentos, para que diligentemente os
observassemos.

5 Oxalá _que_ os meus caminhos fossem dirigidos a observar os teus
estatutos.

6 Então não serei envergonhado, quando tiver respeito a todos os teus
mandamentos.

7 Louvar-te-hei com rectidão de coração, quando tiver aprendido os teus
justos juizos.

8 Observarei os teus estatutos: não me desampares totalmente.


_Beth._

9 Com que purificará o mancebo o seu caminho? observando-_o_ conforme a
tua palavra.

10 Com todo [1] o meu coração te busquei: não me deixes desviar dos meus
mandamentos.

11 A tua palavra tenho eu escondido [2] no meu coração, para não peccar
contra ti.

12 Bemdito _és_ tu, ó Senhor; ensina-me os teus estatutos.

13 Com os meus labios declarei todos os juizos da tua bocca.

14 Folguei tanto no caminho dos teus testemunhos, como em todas as
riquezas.

15 Meditarei nos teus preceitos, e terei respeito aos teus caminhos.

16 Recrear-me-hei nos teus estatutos: não me esquecerei da tua palavra.


_Gimel._

17 Faze bem ao teu servo, _para que_ viva e observe a tua palavra.

18 Abre tu os meus olhos, para que veja as maravilhas da tua lei.

19 _Sou_ peregrino [3] na terra: não escondas de mim os teus mandamentos.

20 A minha alma está quebrantada de desejar os teus juizos em todo o
tempo.

21 Tu reprehendeste asperamente os soberbos _que são_ amaldiçoados, que
se desviam dos teus mandamentos.

22 Tira de sobre mim o opprobrio e o desprezo, pois guardei os teus
testemunhos.

23 Principes tambem se assentaram, e fallaram contra mim, _mas_ o teu
servo meditou nos teus estatutos.

24 Tambem os teus testemunhos _são_ o meu prazer _e_ os meus conselheiros.


_Daleth._

25 A minha alma está pegada ao pó: vivifica-me segundo a tua palavra.

26 Eu _te_ contei os meus caminhos, e tu me ouviste: ensina-me os teus
estatutos.

27 Faze-me entender os caminhos dos teus preceitos: assim fallarei das
tuas maravilhas.

28 A minha alma se derrete de tristeza: fortalece-me segundo a tua
palavra.

29 Desvia de mim o caminho da falsidade, e concede-me piedosamente a tua
lei.

30 Tenho escolhido o caminho da verdade: os teus juizos tenho posto
_diante de mim_.

31 Tenho-me apegado aos teus testemunhos: ó Senhor, não me confundas.

32 Percorrerei o caminho dos teus mandamentos, [4] quando dilatares o meu
coração.


_He._

33 Ensina-me, [5] ó Senhor, o caminho dos teus estatutos, e guardal-o-hei
até ao fim.

34 Dá-me [6] entendimento, e guardarei a tua lei, e observal-a-hei de
todo o meu coração.

35 Faze-me andar na vereda dos teus mandamentos, porque n’ella tenho
prazer.

36 Inclina o meu coração aos teus testemunhos, e não á cubiça.

37 Desvia os meus olhos de contemplarem a vaidade, e vivifica-me no teu
caminho.

38 Confirma a tua palavra ao teu servo, que _é dedicado_ ao teu temor.

39 Desvia de mim o opprobrio que temo, pois os teus juizos _são_ bons.

40 Eis que tenho desejado os teus preceitos; vivifica-me na tua justiça.


_Vau._

41 Venham sobre mim tambem as tuas misericordias, ó Senhor, _e_ a tua
salvação segundo a tua palavra.

42 Assim terei que responder ao que me affronta, pois confio na tua
palavra.

43 E não tires totalmente a palavra de verdade da minha bocca, pois tenho
esperado nos teus juizos.

44 Assim observarei de continuo a tua lei para sempre e eternamente.

45 E andarei em liberdade; pois busco os teus preceitos.

46 Tambem fallarei [7] dos teus testemunhos perante os reis, e não me
envergonharei.

47 E recrear-me-hei em teus mandamentos, que tenho amado.

48 Tambem levantarei as minhas mãos para os teus mandamentos, que amei, e
meditarei nos teus estatutos.


_Zain._

49 Lembra-te da palavra _dada_ ao teu servo, na qual me fizeste esperar.

50 Isto [8] _é_ a minha consolação na minha afflicção, porque a tua
palavra me vivificou.

51 Os soberbos [9] zombaram grandemente de mim; _comtudo_ não me desviei
da tua lei.

52 Lembrei-me dos teus juizos antiquissimos, ó Senhor, e _assim_ me
consolei.

53 Grande indignação se apoderou de mim por causa dos impios que
desamparam a tua lei.

54 Os teus estatutos teem sido os meus canticos, na casa da minha
peregrinação.

55 Lembrei-me do teu nome, ó Senhor, de noite, e observei a tua lei.

56 Isto fiz eu, porque guardei os teus mandamentos.


_Heth._

57 O Senhor _é_ a minha porção: eu disse que observaria as tuas palavras.

58 Roguei devéras o teu favor com todo o _meu_ coração: tem piedade de
mim, segundo a tua palavra.

59 Considerei [10] os meus caminhos, e voltei os meus pés para os teus
testemunhos.

60 Apressei-me, e não me detive, a observar os teus mandamentos.

61 Bandos de impios me despojaram, _mas_ eu não me esqueci da tua lei.

62 Á meia noite [11] me levantarei para te louvar, pelos teus justos
juizos.

63 Companheiro _sou_ de todos os que te temem e dos que guardam os teus
preceitos.

64 A terra, ó Senhor, está cheia da tua benignidade: ensina-me os teus
estatutos.


_Teth._

65 Fizeste bem ao teu servo, Senhor, segundo a tua palavra.

66 Ensina-me bom juizo e sciencia, pois cri nos teus mandamentos.

67 Antes de ser afflicto andava errado; mas agora tenho guardado a tua
palavra.

68 Tu _és_ bom e [12] fazes bem: ensina-me os teus estatutos.

69 Os soberbos forjaram mentiras contra mim; _mas_ eu com todo o _meu_
coração guardarei os teus preceitos.

70 Engrossa-se-lhes o coração como gordura, _mas_ eu me recreio na tua
lei.

71 _Foi_-me bom ter sido afflicto, para que aprendesse os teus estatutos.

72 Melhor _é_ para mim a lei da tua bocca do que milhares de oiro ou
prata.


_Jod._

73 As tuas mãos me fizeram e me formaram; dá-me intelligencia para
entender os teus mandamentos.

74 Os que te temem alegraram-se quando me viram, porque tenho esperado na
tua palavra.

75 Bem sei eu, ó Senhor, que os teus juizos _são_ justos, e _que segundo_
a tua fidelidade me affligiste.

76 Sirva pois a tua benignidade para me consolar, segundo a palavra _que
déste_ ao teu servo.

77 Venham sobre mim as tuas misericordias, para que viva, pois a tua lei
_é_ as minhas delicias.

78 Confundam-se os soberbos, pois me trataram d’uma maneira perversa, sem
causa; _mas_ eu meditarei nos teus preceitos.

79 Voltem-se para mim os que te temem, e aquelles que teem conhecido os
teus testemunhos.

80 Seja recto o meu coração nos teus estatutos, para que não seja
confundido.


_Caph._

81 Desfallece a minha alma pela tua salvação, _mas_ espero na tua palavra.

82 Os meus olhos desfallecem pela tua palavra; _entretanto_ dizia: Quando
me consolarás tu?

83 Pois estou como odre no fumo; _comtudo_ não me esqueço dos teus
estatutos.

84 Quantos _serão_ os dias do teu servo? [13] Quando _me_ farás justiça
contra os que me perseguem?

85 Os soberbos me cavaram covas, o que não _é_ conforme á tua lei.

86 Todos os teus mandamentos _são_ verdade: com mentiras me perseguem;
ajuda-me.

87 Quasi que me teem consumido sobre a terra, mas eu não deixei os teus
preceitos.

88 Vivifica-me segundo a tua benignidade; assim guardarei o testemunho da
tua bocca.


_Lamed._

89 Para sempre, ó Senhor, [14] a tua palavra permanece no céu.

90 A tua fidelidade _dura_ de geração em geração: tu firmaste a terra, e
ella permanece _firme_.

91 [RE] Elles continuam até _ao dia d’_hoje, segundo as tuas ordenações;
porque todos são teus servos.

92 Se a tua lei não _fôra_ toda a minha recreação, _ha muito_ que
pereceria na minha afflicção.

93 Nunca me esquecerei dos teus preceitos; pois por elles me tens
vivificado.

94 _Sou_ teu, salva-me; pois tenho buscado os teus preceitos.

95 Os impios me esperam para me destruirem, _mas_ eu considerarei os teus
testemunhos.

96 Tenho visto [15] fim a toda a perfeição, _mas_ o teu mandamento _é_
amplicissimo.


_Mem._

97 Oh! quanto amo a tua lei! _é_ a minha meditação em todo o dia.

98 Tu pelos teus mandamentos me fazes mais sabio [16] do que os meus
inimigos, pois _estão_ sempre comigo.

99 Tenho mais [17] entendimento do que todos os meus mestres, porque os
teus testemunhos _são_ a minha meditação.

100 Entendo mais do que os antigos; porque guardo os teus preceitos.

101 Desviei os meus pés de todo o caminho mau, para guardar a tua palavra.

102 Não me apartei dos teus juizos, pois tu me ensinaste.

103 Oh! quão [18] doces são as tuas palavras ao meu paladar, _mais doces_
do que o mel á minha bocca.

104 Pelos teus mandamentos alcancei entendimento; pelo que aborreço todo
o falso caminho.


_Nun._

105 A tua palavra _é uma_ lampada para os meus pés e _uma_ luz para o meu
caminho.

106 Jurei, [19] e _o_ [RF] cumprirei, que guardarei os teus justos juizos.

107 Estou afflictissimo; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra.

108 Acceita, eu te rogo, as offerendas voluntarias [20] da minha bocca, ó
Senhor; ensina-me os teus juizos.

109 A minha alma _está_ de continuo nas minhas mãos; todavia não me
esqueço da tua lei.

110 Os impios me armaram laço; comtudo não me desviei dos teus preceitos.

111 Os teus testemunhos tenho eu tomado por herança [21] para sempre,
pois _são_ o gozo do meu coração.

112 Inclinei o meu coração a guardar os teus estatutos, para sempre, até
ao fim.


_Samech._

113 Aborreço a duplicidade, mas amo a tua lei.

114 Tu _és_ o meu refugio e o meu escudo; espero na tua palavra.

115 Apartae-vos [22] de mim, malfeitores, pois guardarei os mandamentos
do meu Deus.

116 Sustenta-me conforme a tua palavra, para que viva, [23] e não me
deixes envergonhado da minha esperança.

117 Sustenta-me, e serei salvo, e de continuo terei respeito aos teus
estatutos.

118 Tu tens [RG] pisado aos pés todos os que se desviam dos teus
estatutos, pois o engano d’elles _é_ falsidade.

119 Tu tiraste da terra todos os impios, _como_ a escoria, pelo que amo
os teus testemunhos.

120 O meu corpo se arrepiou com temor [24] de ti, e temi os teus juizos.


_Ain._

121 Fiz juizo e justiça: não me entregues aos meus oppressores.

122 Fica por fiador do teu servo para o bem; não deixes que os soberbos
me opprimam.

123 Os meus olhos desfalleceram pela tua salvação e pela promessa da tua
justiça.

124 Usa com o teu servo segundo a tua benignidade, e ensina-me os teus
estatutos.

125 _Sou_ teu servo: dá-me intelligencia, para entender os teus
testemunhos.

126 _Já é_ tempo de operares ó Senhor, _pois_ elles teem quebrantado a
tua lei.

127 Pelo que amo os teus mandamentos mais do que o oiro, e _ainda_ mais
do que o oiro fino.

128 Por isso estimo todos os _teus_ preceitos ácerca de tudo, como
rectos, _e_ aborreço toda a falsa vereda.


_Pe._

129 Maravilhosos _são_ os teus testemunhos; portanto a minha alma os
guarda.

130 A entrada das tuas palavras dá luz, [25] dá entendimento aos
simplices.

131 Abri a minha bocca, e respirei, pois que desejei os teus mandamentos.

132 Olha para mim, e tem piedade de mim, conforme usas com os que amam o
teu nome.

133 Ordena os meus passos na tua palavra, [26] e não se apodere de mim
iniquidade alguma.

134 Livra-me [27] da oppressão do homem; assim guardarei os teus
preceitos.

135 Faze resplandecer o teu rosto sobre o teu servo, e ensina-me os teus
estatutos.

136 Rios [28] d’aguas correm dos meus olhos, porque não guardam a tua lei.


_Tsade._

137 Justo és, [29] ó Senhor, e rectos _são_ os teus juizos.

138 Os teus testemunhos _que_ ordenaste _são_ rectos e muito fieis.

139 O meu zelo me consumiu, porque os meus inimigos se esqueceram da tua
palavra.

140 A tua palavra _é_ muito pura; portanto o teu servo a ama.

141 Pequeno _sou_ e desprezado, porém não me esqueço dos teus mandamentos.

142 A tua justiça _é uma_ justiça eterna, [30] e a tua lei _é_ a verdade.

143 Aperto e angustia se apoderam de mim; _comtudo_ os teus mandamentos
_são_ o meu prazer.

144 A justiça dos teus testemunhos _é_ eterna; dá-me intelligencia, e
viverei.


_Koph._

145 Clamei de todo o meu coração; escuta-me, Senhor, _e_ guardarei os
teus estatutos.

146 _A ti_ te invoquei; salva-me, e guardarei os teus testemunhos.

147 Preveni a alva da manhã, e clamei: esperei na tua palavra.

148 Os meus olhos preveniram as vigilias _da noite_, para meditar na tua
palavra.

149 Ouve a minha voz, segundo a tua benignidade; vivifica-me, ó Senhor,
segundo o teu juizo.

150 Approximam-se os que se dão a maus tratos; affastam-se da tua lei.

151 Tu _estás_ perto _ó_ Senhor, e todos os teus mandamentos _são_ a
verdade.

152 Ácerca dos teus testemunhos soube, desde a antiguidade, [31] que tu
os fundaste para sempre.


_Res._

153 Olha para a minha afflicção, e livra-me, pois não me esqueci da tua
lei.

154 Pleiteia a minha causa, e livra-me: vivifica-me segundo a tua palavra.

155 A salvação _está_ longe dos impios, pois não buscam os teus estatutos.

156 Muitas _são_, ó Senhor, as tuas misericordias: vivifica-me segundo os
teus juizos.

157 Muitos _são_ os meus perseguidores e os meus inimigos; _porém_ não me
desvio dos teus testemunhos.

158 Vi os transgressores, e me affligi, porque não observam a tua palavra.

159 Considera como amo os teus preceitos: vivifica-me, ó Senhor, segundo
a tua benignidade.

160 A tua palavra _é_ a verdade desde o principio, e cada um dos teus
juizos _dura_ para sempre.


_Sin._

161 Principes me perseguiram sem causa, mas o meu coração temeu a tua
palavra.

162 Folgo com a tua palavra, como aquelle que acha _um_ grande despojo.

163 Abomino e aborreço a falsidade, _porém_ amo a tua lei.

164 Sete vezes no dia te louvo pelos juizos da tua justiça.

165 Muita paz teem os que amam a tua lei, e para elles não _ha_ tropeço.

166 Senhor, tenho esperado na tua salvação, [32] e tenho cumprido os teus
mandamentos.

167 A minha alma tem observado os teus testemunhos; amo-os excessivamente.

168 Tenho observado os teus preceitos e os teus testemunhos, porque todos
os meus caminhos _estão_ diante de ti.


_Tau._

169 Chegue a ti o meu clamor, ó Senhor: dá-me entendimento conforme a tua
palavra.

170 Chegue a minha supplica perante a tua face: livra-me segundo a tua
palavra.

171 Os meus labios proferiram o louvor, quando me ensinaste os teus
estatutos.

172 A minha lingua fallará da tua palavra, pois todos os teus mandamentos
_são_ justiça.

173 Venha a tua mão soccorrer-me, [33] pois elegi os teus preceitos.

174 Tenho desejado a tua salvação, ó Senhor, a tua lei _é_ todo o meu
prazer.

175 Viva a minha alma, e louvar-te-ha: ajudem-me os teus juizos.

176 Desgarrei-me [34] como a ovelha perdida; busca o teu servo, pois não
me esqueci dos teus mandamentos.

[1] II Chr. 15.15.

[2] Luc. 2.18, 51.

[3] Gen. 47.9. I Chr. 29.15. II Cor. 5.6. Heb. 11.13.

[4] I Sam. 4.29. Isa. 60.5. II Cor. 6.11.

[5] ver. 12. Mat. 10.22. Apo. 2.26.

[6] ver. 73.

[7] Mat. 10.18, 19. Act. 26.1, 2.

[8] Rom. 15.4.

[9] Jer. 20.7.

[10] Luc. 15.17, 18.

[11] Act. 16.25.

[12] Mat. 19.17.

[13] Apo. 6.10.

[14] Mat. 24.34, 35.

[15] Mat. 5.18 e 24.35.

[16] Deu. 4.6, 8.

[17] II Tim. 3.15.

[18] Pro. 8.11.

[19] Neh. 10.29.

[20] Ose. 14.2. Heb. 13.5.

[21] Deu. 33.4.

[22] Mat. 7.23.

[23] Rom. 5.5 e 9.33 e 10.11.

[24] Hab. 3.16.

[25] Pro. 1.4.

[26] Rom. 6.12.

[27] Luc. 1.74.

[28] Jer. 9.1 e 14.17. Eze. 9.4.

[29] Esd. 9.15. Neh. 9.33. Jer. 12.1. Dan. 9.7.

[30] João 17.17.

[31] Luc. 21.33.

[32] Gen. 49.18.

[33] Jos. 24.22. Luc. 10.42.

[34] Isa. 53.6. Luc. 15.4. I Ped. 2.25.



_O psalmista ora para que seja livre do mentiroso e calumniador._

[RH] Cantico dos degraus.

120 Na minha angustia [1] clamei ao Senhor, e me ouviu.

2 Senhor, livra a minha alma dos labios mentirosos e da lingua enganadora.

3 Que te será dado, ou que te será accrescentado, lingua enganadora?

4 Frechas agudas do valente, com brazas vivas de zimbro.

5 Ai de mim, que peregrino em Mesech, [2] e habito nas tendas de Kedar.

6 A minha alma bastante tempo habitou com os que detestam a paz.

7 Pacifico _sou_, porém quando eu fallo _já_ elles procuram guerra.

[1] Jon. 2.2.

[2] Gen. 25.13. Jer. 49.28, 29.



_Deus é o guarda fiel do seu povo._

Cantico dos degraus.

121 Levantarei os meus olhos para os montes, de onde vem a minha salvação.

2 O meu soccorro _vem_ do Senhor, que fez o céu e a terra.

3 Não deixará vacillar o teu pé: aquelle que te guarda não tosquenejará.

4 Eis-que não tosquenejará nem dormirá o guarda d’Israel.

5 O Senhor _é_ quem te guarda: o Senhor _é_ a tua sombra á tua direita.

6 O sol não te molestará de dia nem a lua de noite.

7 O Senhor te guardará de todo o mal: guardará a tua alma.

8 O Senhor guardará a tua entrada e a tua saida, desde agora e para
sempre.



_Oração para que a paz de Jerusalem continue._

Cantico dos degraus, de David.

122 Alegrei-me quando me disseram: [1] Vamos á casa do Senhor.

2 Os nossos pés estão dentro das tuas portas, ó Jerusalem.

3 Jerusalem está edificada como uma cidade que é [2] compacta,

4 Onde sobem as tribus, as tribus do Senhor, até o testemunho d’Israel,
para darem [RI] graças ao nome do Senhor.

5 Pois ali estão os thronos do juizo, os thronos da casa de David.

6 Orae pela paz de Jerusalem: prosperarão aquelles que te amam.

7 Haja paz dentro de teus muros, e _prosperidade_ dentro dos teus
palacios.

8 Por causa dos meus irmãos e amigos, direi: Paz _esteja_ em ti.

9 Por causa da casa do Senhor, nosso Deus, buscarei o teu bem.

[1] Isa. 2.3. Zac. 8.21.

[2] II Sam. 5.9.



_A oração do crente desprezado._

Cantico dos degraus.

123 A ti levanto os meus olhos, ó tu que habitas nos céus.

2 Assim como os olhos dos servos _attentam_ para as mãos dos seus
senhores, _e_ os olhos da serva para as mãos de sua senhora, assim os
nossos olhos _attentam_ para o Senhor nosso Deus, até que tenha piedade
de nós.

3 Tem piedade de nós, ó Senhor, tem piedade de nós, pois estamos assaz
fartos de desprezo.

4 A nossa alma está extremamente cheia da zombaria d’aquelles que estão á
sua vontade _e_ com o desprezo dos soberbos.



_Só Deus pode livrar o seu povo._

Cantico dos degraus, de David.

124 Se não _fôra_ o Senhor, que esteve ao nosso lado, ora diga Israel;

2 Se não _fôra_ o Senhor, que esteve ao nosso lado, quando os homens se
levantaram contra nós,

3 Elles então nos teriam engulido vivos, quando a sua ira se accendesse
contra nós.

4 Então as aguas teriam trasbordado sobre nós, _e_ a corrente teria
passado sobre a nossa alma;

5 Então as aguas altivas teriam passado sobre a nossa alma.

6 Bemdito _seja_ o Senhor, que não nos deu por preza aos seus dentes.

7 A nossa alma escapou, como um passaro do laço dos passarinheiros; o
laço quebrou-se, e nós escapámos.

8 O nosso soccorro _está_ no nome do Senhor, que fez o céu e a terra.



_A segurança d’aquelle que confia em Deus._

Cantico dos degraus.

125 Os que confiam no Senhor _serão_ como o monte de Sião, _que_ não se
abala, _mas_ permanece para sempre.

2 _Assim como estão_ os montes á roda de Jerusalem, assim o Senhor _está_
em volta do seu povo desde agora e para sempre.

3 Porque o sceptro da impiedade não permanecerá [1] sobre a sorte dos
justos, a não ser que o justo estenda as suas mãos para a iniquidade.

4 Faze bem, ó Senhor, aos bons e aos _que são_ rectos de coração.

5 Emquanto áquelles que se inquietam para os seus caminhos tortuosos,
leval-os-ha o Senhor com os que obram [2] a maldade: paz _haverá_ sobre
Israel.

[1] Isa. 14.5.

[2] Gal. 6.16.



_Deus é louvado porque fez retirar do captiveiro o seu povo._

Cantico dos degraus.

126 Quando o Senhor [RJ] trouxe do captiveiro os que voltaram a Sião
estavamos com os que sonham.

2 Então a nossa bocca se encheu do riso e a nossa lingua de cantico:
então se dizia entre as nações: Grandes coisas fez o Senhor a estes.

3 Grandes coisas fez o Senhor por nós, _pelas quaes_ estamos alegres.

4 Traze-nos outra vez, ó Senhor, do captiveiro, como as correntes _das
aguas_ no sul.

5 Os que semeiam em lagrimas segarão com alegria.

6 Aquelle que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará sem
duvida com alegria, trazendo _comsigo_ os seus molhos.



_Segurança, prosperidade e fecundidade veem de Deus só._

Cantico dos degraus, de Salomão.

127 Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam: se
o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinella.

2 Inutil vos _será_ levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de
dôres, _pois_ assim dá elle aos seus amados o somno.

3 Eis que [1] os filhos _são_ herança do Senhor, _e_ o fructo do ventre o
_seu_ galardão.

4 Como frechas na mão _d’um homem_ valente, assim _são_ os filhos da
mocidade.

5 Bemaventurado o homem que enche d’elles a sua aljava: não serão
confundidos, mas fallarão com os seus inimigos á porta.

[1] Gen. 33.5 e 48.4. Jos. 24.3, 4. Deu. 28.4.



_Aquelle que teme a Deus será abençoado na sua familia._

Cantico dos degraus.

128 Bemaventurado aquelle que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos.

2 Pois comerás [1] do trabalho das tuas mãos: feliz _serás_, e te _irá_
bem.

3 A tua mulher _será_ [2] como a videira fructifera aos lados da tua
casa, os teus filhos como plantas de oliveira á roda da tua mesa.

4 Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor.

5 O Senhor te abençoará desde Sião, e tu verás os bens de Jerusalem em
todos os dias da tua vida.

6 E verás [3] os filhos de teus filhos, _e_ a paz sobre Israel.

[1] Isa. 3.10.

[2] Eze. 19.10.

[3] Gen. 50.23.



_A egreja é perseguida, mas não destruida._

Cantico dos degraus.

129 Muitas vezes me angustiaram desde a minha mocidade, diga agora Israel:

2 Muitas vezes me angustiaram desde a minha mocidade, todavia não
prevaleceram contra mim.

3 Os lavradores araram sobre as minhas costas: compridos fizeram os seus
sulcos.

4 O Senhor _é_ justo: cortou as cordas dos impios.

5 Sejam confundidos, e voltem para traz, todos os que aborrecem a Sião.

6 Sejam como a herva dos telhados, que se secca antes que [RK] a
arranquem.

7 Com a qual o segador não enche a sua mão, nem o que ata os feixes
_enche_ o seu braço.

8 Nem tão pouco os que passam digam: A benção do Senhor _seja_ sobre vós:
nós vos abençoamos em nome do Senhor.



_A confissão do peccado e a esperança do perdão._

Cantico dos degraus.

130 Das profundezas a ti clamo, ó Senhor.

2 Senhor, escuta a minha voz: sejam os teus ouvidos attentos á voz das
minhas supplicas.

3 Se tu, Senhor, [1] observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá?

4 Porém comtigo _está_ [2] o perdão, para que sejas temido.

5 Aguardo ao Senhor; a minha alma o aguarda, e espero na sua palavra.

6 A minha alma _aguarda_ ao Senhor, mais do que os guardas pela manhã,
_mais do que_ aquelles que vigiam pela manhã.

7 Espere Israel no Senhor, porque no Senhor _ha_ misericordia, e n’elle
_ha_ abundante redempção.

8 E elle remirá [3] a Israel de todas as suas iniquidades.

[1] Rom. 3.20, 23, 24.

[2] Exo. 34.7.

[3] Mat. 1.20.



_A humildade do psalmista._

Cantico dos degraus, de David.

131 Senhor, o meu coração não se elevou [1] nem os meus olhos se
levantaram: não me exercito em grandes materias, nem em coisas muito
elevadas para mim.

2 Certamente que me tenho portado [RL] e socegado como _uma_ creança [2]
desmamada de sua mãe: a minha alma _está_ como _uma creança_ desmamada.

3 Espere Israel no Senhor, desde agora e para sempre.

[1] Rom. 12.16.

[2] Mat. 18.3. I Cor. 14.20.



_O zelo de David pelo templo e pela arca. As promessas feitas por Deus._

Cantico dos degraus.

132 Lembra-te, Senhor, de David, _e_ de todas as suas afflicções.

2 Como jurou ao Senhor, [1] _e_ fez votos ao poderoso de Jacob, _dizendo_:

3 Certamente que não entrarei na tenda de minha casa, nem subirei ao
leito da minha cama.

4 Não darei somno aos meus olhos, _nem_ adormecimento ás minhas pestanas,

5 Emquanto [2] não achar logar para o Senhor, uma morada para o Poderoso
de Jacob.

6 Eis que ouvimos fallar d’ella em Ephrata, e a achámos no campo do
bosque.

7 Entraremos nos seus tabernaculos: prostrar-nos-hemos ante o escabello
de seus pés.

8 Levanta-te, [3] Senhor, no teu repouso, tu e a arca da tua força.

9 Vistam-se os teus sacerdotes de justiça, e alegrem-se os teus sanctos.

10 Por amor de David, teu servo, não faças virar o rosto do teu ungido.

11 O Senhor jurou na verdade a David: não se apartará [4] d’ella: Do
fructo do teu ventre porei sobre o teu throno.

12 Se os teus filhos guardarem o meu concerto, e os meus testemunhos, que
eu lhes hei de ensinar, tambem os seus filhos se assentarão perpetuamente
no teu throno.

13 Porque o Senhor elegeu a Sião; desejou-a para a sua habitação,
_dizendo_:

14 Este _é_ o meu repouso para sempre: aqui habitarei, pois o desejei.

15 Abençoarei abundantemente o seu mantimento; fartarei de pão os seus
necessitados.

16 Vestirei os seus sacerdotes de salvação, e os seus sanctos saltarão de
prazer.

17 Ali farei brotar [5] [RM] a força de David; preparei uma lampada para
o meu ungido.

18 Vestirei os seus inimigos de confusão; mas sobre elle florescerá a sua
corôa.

[1] Gen. 49.24.

[2] Act. 7.46.

[3] Num. 10.35. II Chr. 6.41, 42.

[4] II Sam. 7.12. I Reis 8.25.

[5] Eze. 29.21. Ose. 11.12.



_A excellencia do amor fraternal._

Cantico dos degraus, de David.

133 Oh! quão bom e quão suave _é_ que os irmãos habitem [1] em união.

2 _É_ como [2] o oleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a
barba, d’Aarão, e que desce á orla dos seus vestidos.

3 Como o orvalho [3] de Hermon _e como_ o que desce sobre os montes de
Sião, porque ali o [4] Senhor ordena a benção _e_ vida para sempre.

[1] Gen. 13.8. Heb. 13.1.

[2] Exo. 30.25, 30.

[3] Deu. 4.48.

[4] Lev. 25.21. Deu. 28.8.



_Exhortação a bemdizer o Senhor._

Cantico dos degraus.

134 Eis-aqui, bemdizei ao Senhor todos vós, servos do Senhor, que
assistis na casa do Senhor todas as noites.

2 Levantae as vossas mãos no sanctuario, e bemdizei ao Senhor.

3 O Senhor, que fez o céu e a terra, te abençõe desde Sião.



_Deus é louvado pela sua bondade, poder e justiça. A vaidade dos idolos._

135 Louvae ao Senhor. Louvae _o_ nome do Senhor; louvae-o, servos do
Senhor.

2 Vós que assistis na casa do Senhor, nos atrios da casa do nosso Deus.

3 Louvae ao Senhor, porque o Senhor _é_ bom: cantae louvores ao seu nome,
porque _é_ agradavel.

4 Porque [1] o Senhor escolheu para si a Jacob, _e_ a Israel para seu
proprio thesouro.

5 Porque eu conheço que o Senhor _é_ grande e _que_ o nosso Deus _está_
acima de todos os deuses.

6 Tudo o que o Senhor quiz fez, nos céus e na terra, nos mares e _em_
todos os abysmos.

7 Faz [2] subir os vapores das extremidades da terra; faz os relampagos
para a chuva; produz os ventos dos seus thesouros.

8 O que feriu os primogenitos do Egypto, desde os homens até ás bestas.

9 _O que_ enviou signaes e prodigios no meio de ti, ó Egypto, contra
Pharaó e contra os seus servos.

10 O que feriu [3] muitas nações, e matou poderosos reis;

11 A Sehon, rei dos amorrheos, e a Og, rei de Basan, e a todos os reinos
de Canaan.

12 E deu a sua terra em herança, em herança a Israel, seu povo.

13 O teu nome, ó Senhor, _dura_ perpetuamente; _e_ a tua memoria, ó
Senhor, de geração em geração.

14 Pois o Senhor julgará o seu povo, e se arrependerá com respeito aos
seus servos.

15 Os idolos das nações _são_ prata e oiro, obra das mãos dos homens.

16 Teem bocca, mas não fallam; teem olhos, e não vêem.

17 Teem ouvidos, mas não ouvem, nem ha respiro _algum_ nas suas boccas.

18 Similhantes a elles se tornem os que os fazem, e todos os que confiam
n’elles.

19 Casa d’Israel, bemdizei ao Senhor; casa d’Aarão bemdizei ao Senhor.

20 Casa de Levi, bemdizei ao Senhor: vós, os que temeis ao Senhor, louvae
ao Senhor.

21 Bemdito _seja_ o Senhor desde Sião, que habita em Jerusalem. Louvae ao
Senhor.

[1] Exo. 19.5. Deu. 7.6, 7 e 10.15.

[2] Jer. 10.13 e 51.16.

[3] Num. 21.24, 25, 26, 34, 35.



_Deus é louvado pelas suas obras e porque sua benignidade dura para
sempre._

136 Louvae ao Senhor, porque elle _é_ bom; porque [1] a sua benignidade
_dura_ para sempre.

2 Louvae ao Deus dos deuses; porque a sua benignidade _dura_ para sempre.

3 Louvae ao Senhor dos senhores; porque a sua benignidade _dura_ para
sempre.

4 Aquelle que só faz maravilhas; porque a sua benignidade _dura_ para
sempre.

5 Aquelle que por entendimento fez os céus, [2] porque a sua benignidade
_dura_ para sempre.

6 Aquelle que estendeu a terra sobre as aguas; porque a sua benignidade
_dura_ para sempre.

7 Aquelle que fez os grandes luminares; porque a sua benignidade _dura_
para sempre.

8 O sol [3] para governar de dia; porque a sua benignidade _dura_ para
sempre.

9 A lua e as estrellas para presidirem á noite; porque a sua benignidade
_dura_ para sempre.

10 O que feriu [4] o Egypto nos seus primogenitos; porque a sua
benignidade _dura_ para sempre.

11 E tirou a [5] Israel do meio d’elles; porque a sua benignidade _dura_
para sempre.

12 Com mão [6] forte, e com braço estendido; porque a sua benignidade
_dura_ para sempre.

13 Aquelle que dividiu o Mar Vermelho [7] em duas partes; porque a sua
benignidade _dura_ para sempre.

14 E fez passar Israel por meio d’elles; porque a sua benignidade _dura_
para sempre.

15 Mas derribou [8] a Pharaó com o seu exercito no Mar Vermelho, porque a
sua benignidade _dura_ para sempre.

16 Aquelle que guiou [9] o seu povo pelo deserto; porque a sua
benignidade _dura_ para sempre.

17 Aquelle que feriu [10] os grandes reis; porque a sua benignidade
_dura_ para sempre.

18 E matou reis famosos; porque a sua benignidade _dura_ para sempre.

19 Sehon, rei dos amorrheos; porque a sua benignidade _dura_ para sempre.

20 E Og, rei de Basan; porque a sua benignidade _dura_ para sempre.

21 E deu a terra d’elles em herança; porque a sua benignidade _dura_ para
sempre.

22 _E mesmo_ em herança a Israel, seu servo; porque a sua benignidade
_dura_ para sempre.

23 Que se lembrou da [11] nossa baixeza; porque a sua benignidade _dura_
para sempre.

24 E nos remiu dos nossos inimigos; porque a sua benignidade _dura_ para
sempre.

25 O que dá mantimento a toda a carne; porque a sua benignidade _dura_
para sempre.

26 Louvae ao Deus dos céus; porque a sua benignidade _dura_ para sempre.

[1] I Chr. 16.34, 41. II Chr. 20.21.

[2] Gen. 1.1. Pro. 3.19.

[3] Gen. 1.16.

[4] Exo. 12.29.

[5] Exo. 12.15 e 13.3, 17.

[6] Exo. 6.6.

[7] Exo. 14.21, 22.

[8] Exo. 14.27.

[9] Deu. 8.15.

[10] Deu. 29.7.

[11] Gen. 8.1. Deu. 32.36.



137 Junto dos rios de Babylonia, ali nos assentámos e chorámos, quando
nos lembrámos de Sião:

2 Sobre os salgueiros _que ha_ no meio d’ella, pendurámos as nossas
harpas.

3 Pois lá aquelles que nos levaram captivos, nos pediam _uma_ canção; e
os que nos destruiram, _que_ os alegrassemos, _dizendo_; Cantae-nos uma
das canções de Sião.

4 Como cantaremos a canção do Senhor em terra estranha?

5 Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalem, esqueça-se a minha direita _da
sua destreza_.

6 Se me não lembrar de ti, apegue-se-me a lingua ao meu paladar; se não
prefiro Jerusalem á minha maior alegria.

7 Lembra-te, Senhor, dos filhos de Edom [1] no dia de Jerusalem, que
diziam: Descobri-a, descobri-a até aos seus alicerces.

8 Ah! filha de Babylonia, que _vaes ser_ assolada; feliz aquelle que te
retribuir o pago que tu nos pagaste a nós.

9 Feliz aquelle que pegar em teus filhos e der [2] _com elles_ pelas
pedras.

[1] Jer. 49.7, etc.

[2] Jer. 50.15, 29.



_Acção de graças a Deus por amor da sua fidelidade. Todos os reis o
louvarão._

Psalmo de David.

138 Eu te louvarei, _Senhor_, de todo o meu coração: na presença dos
deuses a ti cantarei louvores.

2 Inclinar-me-hei para o teu sancto templo, e louvarei o teu nome pela
sua benignidade, e pela tua verdade: pois engrandeceste a tua palavra
acima de todo o teu nome.

3 No dia em que eu clamei, me escutaste; _e_ alentaste com força a minha
alma.

4 Todos os reis da terra te louvarão, ó Senhor, quando ouvirem as
palavras da tua bocca;

5 E cantarão os caminhos do Senhor; pois grande _é_ a gloria do Senhor.

6 Ainda que o Senhor é excelso, attende _todavia_ para o humilde; mas ao
soberbo conhece-_o_ de longe.

7 Andando eu no meio da angustia, tu me reviverás: estenderás a tua mão
contra a ira dos meus inimigos, e a tua dextra me salvará.

8 O Senhor aperfeiçoará o que me toca; a tua benignidade, ó Senhor,
_dura_ para sempre; não desampares as obras das tuas mãos.



_A omnipresença e a omnipotencia de Deus._

Psalmo de David para o cantor-mór.

139 Senhor, [1] tu me sondaste, e _me_ conheces.

2 Tu sabes [2] o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu
pensamento.

3 Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.

4 Não _havendo_ ainda palavra _alguma_ na minha lingua, eis que logo, ó
Senhor, tudo conheces.

5 Tu me cercaste por detraz e por diante; e pozeste sobre mim a tua mão.

6 _Tal_ sciencia _é_ para mim maravilhosissima; _tão_ alta _que_ não a
posso _attingir_.

7 Para onde me irei do teu Espirito, ou para onde fugirei da tua face?

8 Se subir [3] ao céu, lá tu _estás_: se fizer no inferno a minha cama,
eis que tu _ali estás tambem_.

9 Se tomar as azas da alva, _se_ habitar nas extremidades do mar,

10 Até ali a tua mão me guiará e a tua dextra me susterá.

11 Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite _será_
luz á roda de mim.

12 Nem ainda [4] as trevas me encobrem de ti: mas a noite resplandece
como o dia; as trevas e a luz _são para ti_ a mesma coisa.

13 Pois possuiste os meus rins; cobriste-me no ventre de minha mãe.

14 Eu te louvarei, porque de um modo terrivel, e tão maravilhoso fui
feito; maravilhosas _são_ as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.

15 Os meus ossos não te foram encobertos, quando no occulto fui feito,
_e_ entretecido nas profundezas da terra.

16 Os teus olhos viram o meu _corpo_ ainda informe; e no teu livro todas
estas coisas foram escriptas; as quaes em continuação foram formadas,
quando nem ainda uma d’ellas _havia_.

17 E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grandes são
as sommas d’elles!

18 _Se_ as contasse, seriam em maior numero do que a areia: _quando_
acordo ainda estou comtigo.

19 Ó Deus, tu matarás decerto o impio: apartae-vos portanto de mim,
homens de sangue.

20 Pois fallam malvadamente contra ti; _e_ os teus inimigos tomam o _teu
nome_ em vão.

21 Não aborreço eu, ó Senhor, aquelles que te aborrecem, e não me afflijo
por causa dos que se levantam contra ti?

22 Aborreço-os com odio perfeito: tenho-os por inimigos.

23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me, e conhece os meus
pensamentos.

24 E vê se _ha_ em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.

[1] Jer. 12.3.

[2] II Reis 19.27. Mat. 9.4. João 2.25.

[3] Amós 9.2, 3, 4.

[4] Dan. 2.22. Heb. 4.13.



_O psalmista ora para que seja livre de inimigos potentes e injustos._

Psalmo de David para o cantor-mór.

140 Livra-me, ó Senhor, do homem mau: guarda-me do homem violento;

2 Que pensa o mal no coração: continuamente se ajuntam para a guerra.

3 Aguçaram as linguas como a serpente; o veneno das viboras _está_
debaixo dos seus labios (Selah).

4 Guarda-me, ó Senhor, das mãos do impio; guarda-me do homem [1]
violento, os quaes se propozeram empuxar os meus passos.

5 Os soberbos [2] armaram-me laços e cordas; estenderam a rede ao lado do
caminho: armaram-me laços corrediços (Selah).

6 Eu disse ao Senhor: Tu _és_ o meu Deus: ouve a voz das minhas
supplicas, ó Senhor.

7 Senhor Deus, [RN] fortaleza da minha salvação, tu cobriste a minha
cabeça no dia da batalha.

8 Não concedas, ó Senhor, ao impio os seus desejos: não promovas o seu
mau proposito, para que não se exalte (Selah).

9 _Quanto_ á cabeça dos que me cercam, cubra-os a maldade dos seus labios.

10 Caiam sobre elles brazas vivas: sejam lançados no fogo: em covas
profundas _para que_ se não tornem a levantar.

11 Não terá firmeza na terra o homem de _má_ lingua: o mal perseguirá o
homem violento até que seja desterrado.

12 Sei que o Senhor [RO] sustentará a causa do opprimido, _e_ o direito
do necessitado.

13 Assim os justos louvarão o teu nome: os rectos habitarão na tua
presença.

[1] Rom. 3.13.

[2] Jer. 18.22.



_O psalmista ora para que seja preservado no meio da tentação._

Psalmo de David.

141 Senhor, a ti clamo, escuta-me; inclina os teus ouvidos á minha voz,
quando a ti clamar.

2 Suba a minha [1] oração perante a tua face _como_ incenso, _e_ as
minhas mãos levantadas _sejam como_ o sacrificio da tarde.

3 Põe, ó Senhor, uma guarda á minha bocca: guarda a porta dos meus labios.

4 Não inclines o meu coração a coisas más, a praticar obras más, com
aquelles que obram a iniquidade; e não coma das suas delicias.

5 Fira-me o justo, _será uma_ benignidade; e reprehenda-me, _será um_
excellente oleo, _que_ me não quebrará a cabeça; porque orarei nas suas
proprias calamidades.

6 Quando os seus juizes forem derribados pelos lados da rocha, ouvirão as
minhas palavras, pois são agradaveis.

7 Os nossos ossos são espalhados á bocca da sepultura como se alguem [RP]
fendera e partira _lenha_ em terra.

8 Mas os meus olhos te _contemplam_, o Deus, Senhor: em ti confio; não
desnudes a minha alma.

9 Guarda-me dos laços _que_ me armaram; e dos laços corrediços dos que
obram a iniquidade.

10 Caiam os impios nas suas proprias redes, até que eu tenha escapado
inteiramente.

[1] Apo. 5.8 e 3.4.



_Oração no meio de grande perigo._

Maschil de David: oração que fez quando estava na caverna.

142 Com a minha voz clamei ao Senhor, com a minha voz suppliquei ao
Senhor.

2 Derramei a minha queixa perante a sua face; expuz-lhe a minha angustia.

3 Quando o meu espirito estava angustiado em mim, então conheceste a
minha vereda: no caminho em que eu andava, esconderam-me _um_ laço.

4 Olhei para a _minha_ direita, e vi; mas não _havia_ quem me conhecesse:
refugio me faltou, ninguem cuidou da minha alma.

5 A ti, ó Senhor, clamei; disse: Tu _és_ o meu refugio, _e_ a minha
porção na terra dos viventes.

6 Attende ao meu clamor; porque estou muito abatido: livra-me dos meus
perseguidores; porque são mais fortes do que eu.

7 Tira a minha alma da prisão, para que louve o teu nome; os justos me
rodearão, pois me fizeste bem.



_O psalmista ora para que seja livre de inimigos._

Psalmo de David.

143 Ó Senhor, ouve a minha oração, inclina os ouvidos ás minhas
supplicas: escuta-me segundo a tua verdade, _e_ segundo a tua justiça,

2 E não entres em juizo com o teu servo, [1] porque á tua vista não se
achará justo nenhum vivente.

3 Pois o inimigo perseguiu a minha alma; atropellou-me até ao chão;
fez-me habitar na escuridão, como aquelles que morreram ha muito.

4 Pelo que o meu espirito se angustia em mim; _e_ o meu coração em mim
está desolado.

5 Lembro-me dos dias antigos; considero todos os teus feitos; medito na
obra das tuas mãos.

6 Estendo para ti as minhas mãos; a minha alma tem _sêde_ de ti, como
terra sedenta (Selah).

7 Ouve-me depressa, ó Senhor; o meu espirito desmaia; não escondas de mim
a tua face, para que não seja similhante aos que descem á cova.

8 Faze-me ouvir a tua benignidade pela manhã, pois em ti confio; faze-me
saber o caminho que devo seguir, porque a ti levanto a minha alma.

9 Livra-me, ó Senhor, dos meus inimigos; fujo para ti, para me esconder.

10 Ensina-me a fazer a tua vontade, pois _és_ o meu Deus: [2] o teu
Espirito _é_ bom; guia-me por terra plana.

11 Vivifica-me, ó Senhor, por amor do teu nome; por amor da tua justiça,
tira a minha alma da angustia.

12 E por tua misericordia desarreiga os meus inimigos, e destroe a todos
os que angustiam a minha alma: pois _sou_ teu servo.

[1] Rom. 3.20. Gal. 2.16.

[2] Neh. 9.20. Isa. 26.10.



_Acção de graças pela protecção de Deus e oração por outros livramentos._

Psalmo de David.

144 Bemdito _seja_ o Senhor, minha rocha, [1] que ensina as minhas mãos
para a peleja e os meus dedos para a guerra;

2 Benignidade minha e fortaleza minha; alto retiro meu e meu libertador
_és tu_: escudo meu, em quem eu confio, e que me sujeita o meu povo.

3 Senhor, que _é_ o homem, para que o conheças, _e_ o filho do homem,
para que o estimes?

4 O homem é similhante á vaidade; os seus dias _são_ como a sombra que
passa.

5 Abaixa, ó Senhor, os teus céus, e desce; toca os montes, e fumegarão.

6 Vibra os teus raios, e dissipa-os; envia as tuas frechas, e
desbarata-os.

7 Estende as tuas mãos desde o alto; livra-me, e, arrebata-me das muitas
aguas _e_ das mãos dos filhos estranhos,

8 Cuja bocca falla vaidade, e a sua direita é direita de falsidade.

9 A _ti_, ó Deus, cantarei _um_ cantico novo, com o psalterio _e_
instrumento de dez cordas te cantarei louvores.

10 A _ti_, que dás a salvação aos reis, e que livras a David, teu servo,
da espada maligna.

11 Livra-me, e tira-me das mãos dos filhos estranhos, cuja bocca falla
vaidade, e a sua direita é direita de iniquidade;

12 Para que nossos filhos _sejam_ como plantas crescidas na sua mocidade;
_para que_ as nossas filhas _sejam_ como pedras d’esquina lavradas á moda
de palacio.

13 _Para que_ as nossas dispensas se encham de todo o provimento; _para
que_ os nossos gados produzam a milhares e a dezenas de milhares nas
nossas ruas.

14 _Para que_ os nossos bois _sejam_ fortes para o trabalho; _para que_
não _haja nem_ assaltos, nem saidas, nem gritos nas nossas ruas.

15 Bemaventurado o povo, ao qual assim _acontece_: bemaventurado _é_ o
povo cujo Deus _é_ o Senhor.

[1] II Sam. 22.2, 3, 40, 48.



_A bondade, grandeza e providencia de Deus._

Cantico de David.

145 Eu te exaltarei, ó Deus, rei meu, e bemdirei o teu nome pelo seculo
do seculo e para sempre.

2 Cada dia te bemdirei, e louvarei o teu nome pelo seculo do seculo e
para sempre.

3 Grande _é_ o Senhor, e muito digno de louvor, [1] e a sua grandeza
inexcrutavel.

4 Uma geração louvará as tuas obras á outra geração, e annunciarão as
tuas proezas.

5 Fallarei da magnificencia gloriosa da tua magestade e das tuas obras
maravilhosas.

6 E se fallará da força dos teus feitos terriveis; e contarei a tua
grandeza.

7 Proferirão abundantemente a memoria da tua grande bondade, e cantarão a
tua justiça.

8 Piedoso e benigno _é_ o Senhor, soffredor e de grande misericordia.

9 O Senhor _é_ bom para todos, e as suas misericordias _são_ sobre todas
as suas obras.

10 Todas as tuas obras te louvarão, ó Senhor, e os teus sanctos te
bemdirão.

11 Fallarão da gloria do teu reino, e relatarão o teu poder,

12 Para fazer saber aos filhos dos homens as tuas proezas e a gloria da
magnificencia do teu reino.

13 O teu reino [2] _é um_ reino eterno; o teu dominio _dura_ em todas as
gerações.

14 O Senhor sustenta a todos os que caem, e levanta a todos os abatidos.

15 Os olhos de todos esperam em ti, e lhes dás o seu mantimento a seu
tempo.

16 Abres a tua mão, e fartas os desejos de todos os viventes.

17 Justo _é_ o Senhor em todos os seus caminhos, e sancto em todas as
suas obras.

18 Perto _está_ o Senhor de todos os que o invocam, [3] de todos os que o
invocam em verdade.

19 Elle cumprirá o desejo dos que o temem; ouvirá o seu clamor, e os
salvará.

20 O Senhor guarda a todos os que o amam; porém todos os impios serão
destruidos.

21 A minha bocca fallará o louvor do Senhor, e toda a carne louvará o seu
sancto nome pelo seculo do seculo e para sempre.

[1] Rom. 11.33.

[2] I Tim. 1.17.

[3] João 4.24.



_A fraqueza do homem e a fidelidade de Deus._

146 Louvae ao Senhor. Ó alma minha, louva ao Senhor.

2 Louvarei ao Senhor durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus
emquanto eu fôr vivo.

3 Não confieis em principes, _nem_ no filho do homem, em quem não _ha_
salvação.

4 Sae-lhe o espirito, volta para a terra: [1] n’aquelle mesmo dia perecem
os seus pensamentos.

5 Bemaventurado [2] aquelle que _tem_ o Deus de Jacob por seu auxilio,
_e_ cuja esperança _está posta_ no Senhor seu Deus.

6 O que fez os céus e a terra, [3] o mar e tudo quanto _ha_ n’elles, _e_
o que guarda a verdade para sempre;

7 O que faz justiça aos opprimidos, o que dá pão aos famintos. O Senhor
solta os encarcerados.

8 O Senhor abre [4] _os olhos_ aos cegos: O Senhor levanta os abatidos: o
Senhor ama os justos.

9 O Senhor guarda os estrangeiros: [5] sustem o orphão e a viuva, mas
transtorna o caminho dos impios.

10 O Senhor reinará [6] eternamente; o teu Deus, ó Sião, _é_ de geração
em geração. Louvae ao Senhor.

[1] I Cor. 2.6.

[2] Jer. 17.7.

[3] Gen. 1.1. Apo. 14.7.

[4] Mat. 9.30. João 9.7, 32.

[5] Deu. 10.18.

[6] Exo. 15.18. Apo. 11.15.



_Exhortação a louvar ao Senhor pela sua beneficencia._

147 Louvae ao Senhor, porque é bom cantar louvores ao nosso Deus, porque
_é_ agradavel; decoroso _é_ o louvor.

2 O Senhor edifica a Jerusalem, congrega os dispersos de Israel.

3 Sara os quebrantados de coração, e lhes ata as suas feridas.

4 Conta o numero das estrellas, chama-as a todas pelos _seus_ nomes.

5 Grande _é_ o nosso Senhor, e de grande poder; o seu entendimento _é_
infinito.

6 O Senhor eleva os humildes, e abate os impios até á terra.

7 Cantae ao Senhor em acção de graça; cantae louvores ao nosso Deus sobre
a harpa.

8 _Elle é_ o que cobre o céu de nuvens, o que prepara a chuva para a
terra, _e_ o que faz produzir herva sobre os montes.

9 O que dá aos animaes o seu sustento, _e_ aos filhos dos corvos, quando
clamam.

10 Não se deleita na força do cavallo, nem se compraz nas pernas do varão.

11 O Senhor se agrada dos que o temem _e_ dos que esperam na sua
misericordia.

12 Louva, ó Jerusalem, ao Senhor; louva, ó Sião, ao teu Deus.

13 Porque fortaleceu os ferrolhos das tuas portas; abençôa aos teus
filhos dentro de ti.

14 _Elle é_ o que põe _em_ paz os teus termos, _e_ da flor da farinha te
farta.

15 O que envia o seu mandamento á terra, a sua palavra corre velozmente.

16 O que dá a neve como lã, esparge a geada como cinza.

17 O que lança o seu gelo em pedaços; quem pode resistir ao seu frio?

18 Manda a sua palavra, e os faz derreter; faz soprar o vento, e correm
as aguas.

19 Mostra a sua palavra a Jacob, os seus estatutos e os seus juizos a
Israel.

20 Não fez assim a nenhuma outra nação; e, emquanto aos seus juizos, não
os conhecem. Louvae ao Senhor.



_Toda a creação deve louvar ao Senhor._

148 Louvae ao Senhor. Louvae ao Senhor desde os céus, louvae-o nas
alturas.

2 Louvae-o, todos os seus anjos; louvae-o todos os seus exercitos.

3 Louvae-o, sol e lua; louvae-o, todas as estrellas luzentes.

4 Louvae-o, [1] céus dos céus, e as aguas que estão sobre os céus.

5 Louvem o nome do Senhor, pois mandou, e _logo_ foram creados.

6 E os confirmou para sempre, e lhes deu uma lei que não ultra-passarão.

7 Louvae ao Senhor desde a terra: vós, baleias, [2] e todos os abysmos,

8 Fogo e saraiva, neve e vapores, e vento tempestuoso que executa a sua
palavra:

9 Montes e todos os outeiros, [3] arvores fructiferas e todos os cedros:

10 As feras e todos os gados, reptis e aves voadoras:

11 Reis da terra e todos os povos, principes e todos os juizes da terra:

12 Mancebos e donzellas, velhos e creanças,

13 Louvem o nome do Senhor, pois só o seu nome é exaltado: a sua gloria
está sobre a terra e o céu.

14 Elle tambem exalta o [RQ] poder do seu povo, o louvor de todos os
seus sanctos, dos filhos de Israel, um povo que lhe é chegado. Louvae ao
Senhor.

[1] I Reis 8.27. II Cor. 12.2. Gen. 1.7.

[2] Isa. 43.20.

[3] Isa. 44.23 e 49.13 e 55.12.



_Os fieis louvam a seu Deus com canticos e instrumentos de musica._

149 Louvae ao Senhor. [1] Cantae ao Senhor um cantico novo, e o seu
louvor na congregação dos sanctos.

2 Alegre-se Israel n’aquelle que o fez, gozem-se os filhos de Sião no seu
rei.

3 Louvem o seu nome com [RR] flauta; cantem-lhe o seu louvor com adufe e
harpa.

4 Porque o Senhor se agrada do seu povo; ornará os mansos com a [RS]
salvação.

5 Exultem os sanctos na gloria, alegrem-se nas suas camas.

6 Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, [2] e espada de dois
fios nas suas mãos,

7 Para tomarem vingança das nações, e darem reprehensões aos povos;

8 Para aprisionarem os seus reis com cadeias, e os seus nobres com
grilhões de ferro;

9 Para fazerem n’elles o juizo escripto; [RT] esta será a gloria de todos
os sanctos. Louvae ao Senhor.

[1] Isa. 42.10.

[2] Heb. 4.12. Apo. 1.16.



_O psalmista exhorta toda a creatura a louvar o Senhor._

150 Louvae ao Senhor. Louvae a Deus no seu sanctuario, louvae-o no
firmamento do seu poder.

2 Louvae-o pelos seus actos poderosos, [1] louvae-o conforme a
excellencia da sua grandeza.

3 Louvae-o com o som de trombeta, louvae-o com o psalterio e a harpa.

4 Louvae-o com o adufe e a [RU] flauta, louvae-o com instrumento de
cordas e com orgãos.

5 Louvae-o [2] com os cymbalos sonoros, louvae-o com cymbalos
altisonantes.

6 Tudo quanto tem folego louve [RV] ao Senhor. Louvae ao Senhor.

[1] Deu. 3.24.

[2] I Chr. 15.16, 19, 28.



PROVERBIOS DE SALOMÃO.



_Introducção geral._

[Antes de Christo 1000]

1 Proverbios [1] de Salomão, filho de David, rei d’Israel;

2 Para se conhecer a sabedoria e a instrucção; para se entenderem as
palavras da prudencia;

3 Para se receber a instrucção do entendimento, [2] a justiça, o juizo, e
a equidade;

4 Para dar aos simplices prudencia, [3] e aos moços conhecimento e bom
siso;

5 Para o sabio [4] ouvir e crescer em doutrina, e o entendido adquirir
sabios conselhos;

6 Para entender proverbios e a _sua_ declaração: _como tambem_ as
palavras dos sabios, e as suas adivinhações.


_Não te deixes seduzir por peccadores._

7 O temor do Senhor _é_ o principio da sciencia: os loucos desprezam a
sabedoria e a instrucção.

8 Filho meu, ouve [5] a instrucção de teu pae, e não deixes a doutrina de
tua mãe.

9 Porque diadema [6] de graça _serão_ para a tua cabeça, e colares para o
teu pescoço.

10 Filho meu, se os peccadores te attrahirem com afagos, [7] não
consintas.

11 Se disserem: Vem comnosco; espiemos [8] o sangue; espreitemos o
innocente sem razão;

12 Traguemol-os vivos, como a sepultura; e inteiros, como os que descem á
cova;

13 Acharemos toda a sorte de [RW] fazenda preciosa; encheremos as nossas
casas de despojos;

14 Lança a tua sorte entre nós; teremos todos uma só bolsa.

15 Filho meu, não te ponhas a caminho com elles: desvia o pé das suas
veredas;

16 Porque os seus pés [9] correm para o mal, e se apressam a derramar
sangue.

17 Na verdade debalde se estende a rede perante os olhos de toda a sorte
d’aves.

18 E estes armam ciladas contra o seu _proprio_ sangue; e as suas
proprias [RX] vidas espreitam.

19 Assim _são_ [10] as veredas de todo aquelle que usa d’avareza: _ella_
prenderá a [RY] alma de seus amos.


_O convite e exhortação da Sabedoria._

20 A suprema sabedoria [11] altamente clama de fóra: pelas ruas levanta a
sua voz.

21 Nas encruzilhadas, _em que ha_ tumultos, clama: ás entradas das
portas, na cidade profere as suas palavras.

22 Até quando, ó simplices, amareis a simplicidade? e vós,
escarnecedores, desejareis o escarneo? e _vós_, loucos, aborrecereis o
conhecimento?

23 Tornae-vos á minha reprehensão: eis que abundantemente vos derramarei
[12] _de_ meu espirito _e_ vos farei saber as minhas palavras.

24 Porquanto [13] clamei, e _vós_ recusastes; estendi a minha mão, _e_
não houve quem désse attenção;

25 Mas rejeitastes [14] todo o meu conselho, e não quizestes a minha
reprehensão.

26 Tambem eu me rirei na vossa perdição, _e_ zombarei, vindo o vosso
temor;

27 Vindo como a [15] assolação o vosso temor, e vindo a vossa perdição
como _uma_ tormenta, sobrevindo-vos aperto e angustia.

28 Então a mim clamarão, [16] porém _eu_ não responderei; de madrugada me
buscarão, porém não me acharão.

29 Porquanto aborreceram o conhecimento; e não elegeram o temor do Senhor;

30 Não consentiram ao meu conselho _e_ desprezaram toda a minha
reprehensão.

31 Assim que comerão do fructo do seu caminho, e fartar-se-hão [17] dos
seus _proprios_ conselhos.

32 Porque o desvio dos simplices os matará, e a prosperidade dos loucos
os destruirá.

33 Porém o que me der ouvidos habitará seguramente, e estará descançado
do temor do mal.

[1] II Reis 4.32. cap. 10.1 e 25.1.

[2] cap. 2.1, 9.

[3] cap. 9.4.

[4] cap. 9.9.

[5] cap. 4.1 e 6.20.

[6] cap. 3.22.

[7] Gen. 39.7, etc. Eph. 5.11.

[8] Jer. 5.26.

[9] Isa. 59.7. Rom. 3.15.

[10] cap. 15.27. I Tim. 6.10.

[11] cap. 8.1, etc. e 9.3. João 7.37.

[12] Joel 2.28.

[13] Isa. 65.12 e 66.4. Jer. 7.13. Zac. 7.11.

[14] ver. 3. Luc. 7.30.

[15] cap. 10.24.

[16] Isa. 1.15. Miq. 3.4. Zac. 7.13. Thi. 4.3.

[17] Isa. 3.11. Jer. 6.19.



_A excellencia e vantagem da Sabedoria._

2 Filho meu, se acceitares as minhas palavras, e esconderes [1] comtigo
os meus mandamentos,

2 Para fazeres attento á sabedoria o teu ouvido, _e_ inclinares o teu
coração ao entendimento,

3 E se clamares por entendimento, _e_ por intelligencia alçares a tua voz,

4 Se como a prata a [2] buscares e como a thesouros escondidos a
esquadrinhares,

5 Então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus.

6 Porque [3] o Senhor _é o que_ dá a sabedoria: da sua bocca _é que sae_
o conhecimento e o entendimento.

7 Elle reserva a verdadeira sabedoria para os rectos: escudo _é_ para os
que caminham na sinceridade.

8 Para que guardem as veredas do juizo: e _elle_ o [4] caminho dos seus
sanctos conservará.

9 Então entenderás justiça, e juizo, e equidades, e todas as boas veredas,

10 Quando a sabedoria entrar no teu coração, e o conhecimento fôr suave á
tua alma.

11 O bom siso te guardará e a [5] intelligencia te conservará;

12 Para te fazer escapar do mau caminho, e do homem que falla coisas
perversas.

13 _Dos_ que deixam as veredas da rectidão, para andarem [6] pelos
caminhos das trevas.

14 _Que_ se alegram [7] de mal fazer, e folgam com as perversidades dos
maus.

15 Cujas veredas _são_ tortuosas e que se desviam nas suas carreiras,

16 Para te fazer escapar da mulher estranha, [8] e da estrangeira _que_
lisongeia com suas palavras.

17 Que deixa [9] o guia da sua mocidade e se esquece do concerto do seu
Deus.

18 Porque a sua casa se inclina para a morte, e as suas veredas para os
defuntos.

19 Todos os que entrarem a ella não tornarão _a sair_, e não atinarão com
as veredas da vida.

20 Para andares pelo caminho dos bons, e guardares as veredas dos justos.

21 Porque os rectos habitarão a terra, e os sinceros permanecerão n’ella.

22 Mas os impios serão arrancados da terra, e os aleivosos serão d’ella
exterminados.

[1] cap. 4.21 e 7.1.

[2] cap. 3.14. Mat. 13.14.

[3] I Reis 3.9, 12. Thi. 1.5.

[4] I Sam. 2.9.

[5] cap. 6.22.

[6] João 3.19, 20.

[7] cap. 10.23. Jer. 11.15. Rom. 1.32.

[8] cap. 5.20. cap. 5.3 e 6.24 e 7.5.

[9] Mal. 2.14, 15.



3 Filho meu, não te esqueças da minha lei, e o teu coração [1] guarde os
meus mandamentos.

2 Porque elles te accrescentarão longura de dias, e annos de vida e paz.

3 Não te desamparem a benignidade e a fidelidade: ata-as [2] ao teu
pescoço; escreve-as na taboa do teu coração.

4 E acharás [3] graça e bom entendimento aos olhos de Deus e dos homens.

5 Confia no Senhor com todo o teu coração, e não te [4] estribes no teu
_proprio_ entendimento.

6 Reconhece-o em todos os teus caminhos, e elle endireitará [5] as tuas
veredas.

7 Não sejas [6] sabio a teus _proprios_ olhos: teme ao Senhor e aparta-te
do mal.

8 _Isto_ será saude para o teu umbigo, e regadura para os teus ossos.

9 Honra [7] ao Senhor com a tua fazenda, e com as primicias de toda a tua
renda.

10 E se encherão [8] os teus celleiros de fartura, e trasbordarão de
mosto os teus lagares.

11 Filho meu, não [9] rejeites a correcção do Senhor, nem te enojes da
sua reprehensão.

12 Porque o Senhor reprehende aquelle a quem ama, assim como [10] o pae
ao filho _a quem_ quer bem.

13 Bemaventurado [11] o homem _que_ acha sabedoria, e o homem _que_
produz intelligencia.

14 Porque melhor _é_ a sua mercadoria do que a mercadoria de prata, e a
sua renda do que o oiro mais fino.

15 Mais preciosa _é_ do que os rubins, e tudo o que [12] mais podes
desejar não se póde comparar a ella.

16 Longura [13] de dias _ha_ na sua _mão_ direita: na sua esquerda
riquezas e honra.

17 Os caminhos d’ella [14] _são_ caminhos de delicias, e todas as suas
veredas paz.

18 _É_ arvore [15] da vida para os que d’ella pegam, e bemaventurados
_são_ todos os que a reteem.

19 O Senhor com sabedoria [16] fundou a terra: preparou os céus com
entendimento.

20 Pelo seu conhecimento [17] se fenderam os abysmos, e as nuvens
distillam o orvalho.

21 Filho meu, não se apartem _estes_ dos teus olhos: guarda a
_verdadeira_ sabedoria e o bom siso;

22 Porque serão vida para a tua alma, e graça para o teu pescoço.

23 Então andarás com confiança pelo teu caminho, e não tropeçará o teu pé.

24 Quando te deitares, [18] não temerás: mas te deitarás e o teu somno
será suave.

25 Não temas o pavor repentino, nem a assolação dos impios quando vier.

26 Porque o Senhor será a tua esperança, e guardará os teus pés de os
prenderem.

27 Não detenhas [19] dos seus donos o bem, tendo na tua mão poder fazel-o.

28 Não digas [20] ao teu proximo: Vae, e torna, e ámanhã _t’o_ darei:
tendo-o _tu_ comtigo.

29 Não maquines mal contra o teu proximo, pois habita comtigo
confiadamente.

30 Não contendas [21] contra alguem sem razão, se te não tem feito mal.

31 Não tenhas inveja do homem violento, nem elejas algum de seus caminhos.

32 Porque o perverso é abominação ao Senhor, mas com os sinceros está o
seu segredo.

33 A maldição do Senhor _habita_ [22] na casa do impio, mas á habitação
dos justos abençoará.

34 Certamente elle escarnecerá [23] dos escarnecedores, mas dará graça
aos mansos.

35 Os sabios herdarão honra, porém os loucos tomam sobre si confusão.

[1] Deu. 8.1 e 30.16, 20.

[2] Exo. 13.9. Deu. 6.8. cap. 6.21 e 7.3. Jer. 17.1. II Cor. 3.3.

[3] I Sam. 2.26. Luc. 2.52. Act. 2.47. Rom. 14.18.

[4] Jer. 9.23.

[5] Jer. 10.23.

[6] Rom. 12.16.

[7] Exo. 22.29 e 23.19 e 34.26. Deu. 26.2, etc. Mal. 3.10, etc.

[8] Deu. 28.8.

[9] Heb. 12.5, 6. Apo. 3.19.

[10] Deu. 8.5.

[11] cap. 8.34, 35. cap. 2.4 e 8.11, 19 e 16.16.

[12] Mat. 13.44.

[13] cap. 8.18.

[14] Mat. 11.29, 30.

[15] Gen. 2.9 e 3.22.

[16] Jer. 10.12 e 51.15.

[17] Gen. 1.9. Deu. 33.28. Job 36.28.

[18] Lev. 26.6.

[19] Rom. 13.7. Gal. 6.10.

[20] Lev. 19.13. Deu. 24.15.

[21] Rom. 12.18.

[22] Zac. 5.4. Mal. 2.2.

[23] Thi. 4.6. I Ped. 5.5.



_Exhortação a adquirir a Sabedoria e apartar-se do caminho dos impios._

4 Ouvi, filhos, a correcção do pae, e estae attentos para conhecerdes a
prudencia.

2 Pois dou-vos boa doutrina: não deixeis a minha lei.

3 Porque eu era filho de meu pae: tenro, [1] e unico diante de minha mãe.

4 E elle ensinava-me, [2] e dizia-me: Retenha as minhas palavras o teu
coração: guarda [3] os meus mandamentos, e vive.

5 Adquire [4] a sabedoria, adquire a intelligencia, _e_ não te esqueças
nem te apartes das palavras da minha bocca.

6 Não a desampares, e ella te guardará: ama-a, [5] e ella se te
conservará.

7 O principio da sabedoria _é_ adquirir a sabedoria: adquire _pois_ a
sabedoria, e com toda a tua possessão adquire o entendimento.

8 Exalta-a, [6] e ella te exaltará; _e_, abraçando-a tu, ella te honrará.

9 Dará á tua cabeça [7] um diadema de graça _e_ uma corôa de gloria te
entregará.

10 Ouve, filho meu, e acceita as minhas palavras, e se te multiplicarão
os annos [8] de vida.

11 No caminho da sabedoria te ensinei, _e_ pelas carreiras direitas te
fiz andar.

12 Por ellas andando, não se estreitarão os teus passos; e, se correres,
não tropeçarás.

13 Pega-te á correcção _e_ não _a_ largues: guarda-a, porque ella _é_ a
tua vida.

14 Não entres [9] na vereda dos impios, nem andes pelo caminho dos maus.

15 Rejeita-o; não passes por elle: desvia-te d’elle e passa de largo.

16 Pois [10] não dormem, se não fizerem mal, e foge d’elles o somno se
não fizerem tropeçar _alguem_.

17 Porque comem o pão da impiedade, e bebem o vinho das violencias.

18 Porém a vereda [11] dos justos _é_ como a luz resplandecente _que_ vae
adiante e alumia até ao dia perfeito.

19 O caminho [12] dos impios _é_ como a escuridão: nem sabem em que
tropeçarão.

20 Filho meu, attenta para as minhas palavras: ás minhas razões inclina o
teu ouvido.

21 Não [13] as deixes apartar-se dos teus olhos: guarda-as no meio do teu
coração.

22 Porque são vida para os que as acham, e saude [14] para todo o seu
corpo.

23 Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque d’elle
_procedem_ as saidas da vida.

24 Desvia de ti a tortuosidade da bocca, e alonga de ti a perversidade
dos beiços.

25 Os teus olhos olhem direitos, e as tuas palpebras olhem directamente
diante de ti.

26 Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam bem
ordenados!

27 Não declines [15] nem para a direita nem para a esquerda: retira o teu
pé do mal.

[1] I Chr. 29.1.

[2] I Chr. 28.9. Eph. 6.4.

[3] cap. 7.2.

[4] cap. 2.2, 3.

[5] II The. 2.10.

[6] I Sam. 2.30.

[7] cap. 1.9 e 3.22.

[8] cap. 3.2.

[9] cap. 1.10, 15.

[10] Isa. 57.20.

[11] Mat. 5.14, 45. II Sam. 23.4.

[12] I Sam. 2.9. Job 18.5, 6. Isa. 59.9, 10. Jer. 23.12. João 12.35.

[13] cap. 3.3, 21. cap. 2.1.

[14] cap. 3.8 e 12.18.

[15] Deu. 5.32 e 28.14. Jos. 1.7. Isa. 1.16. Rom. 12.9.



5 Filho meu, attende á minha sabedoria: á minha intelligencia inclina o
teu ouvido;

2 Para que conserves [RZ] os meus avisos e os teus beiços guardem o [1]
conhecimento.

3 Porque [2] os labios da estranha distillam favos de mel, e o seu
palladar _é_ mais macio do que o azeite.

4 Porém o seu fim é amargoso como o absinthio, agudo [3] como a espada de
dois fios.

5 Os seus pés [4] descem á morte: os seus passos pegam no [SA] inferno.

6 Para que não ponderes a vereda da vida, são as suas carreiras
variaveis, e não saberás _d’ellas_.

7 Agora, pois, filhos, dae-me ouvidos, e não vos desvieis das palavras da
minha bocca.

8 Alonga d’ella o teu caminho, e não chegues á porta da sua casa;

9 Para que não dês a outros a tua honra, nem os teus annos a crueis.

10 Para que não se fartem os estranhos [SB] do teu poder, e _todos os_
teus afadigados trabalhos _não entrem_ na casa do estrangeiro,

11 E gemas no teu fim, consumindo-se a tua carne e o teu corpo.

12 E digas: Como aborreci [5] a correcção! e desprezou o meu coração a
reprehensão!

13 E não escutei a voz dos meus ensinadores, nem a meus mestres inclinei
o meu ouvido!

14 Quasi que em todo o mal me achei no meio da congregação e do
ajuntamento.

15 Bebe agua da tua cisterna, e das correntes do teu poço.

16 Derramem-se por de fóra as tuas fontes, _e_ pelas ruas os ribeiros
d’aguas.

17 Sejam para ti só, e não para os estranhos comtigo.

18 Seja bemdito o teu manancial, e alegra-te [6] da mulher da tua
mocidade.

19 Como serva amorosa, e gazella graciosa, os seus peitos te saciarão em
todo o tempo: e pelo seu amor sejas attrahido perpetuamente.

20 E porque, filho meu, andarias attrahido pela estranha, e abraçarias
[7] o seio da estrangeira?

21 Porque os caminhos [8] do homem _estão_ perante os olhos do Senhor, e
_elle_ pesa todas as suas carreiras.

22 Quanto ao impio, as suas iniquidades o prenderão, e com as cordas do
seu peccado será detido.

23 Elle morrerá, [9] porque sem correcção andou, e pelo excesso da sua
loucura andará errado.

[1] Mal. 2.7.

[2] cap. 2.16 e 6.24.

[3] Heb. 4.12.

[4] cap. 7.27.

[5] cap. 1.29. cap. 1.25 e 12.1.

[6] Mal. 2.14.

[7] cap. 2.16 e 7.5.

[8] II Chr. 16.9. Jer. 16.17 e 32.19. Heb. 4.13.

[9] Job 4.21 e 36.12.



_Advertencia contra o servir de fiador, contra a preguiça e contra a
maldade._

6 Filho meu, se ficaste por fiador do teu companheiro, _se_ déste a tua
mão ao estranho,

2 Enredaste-te com as palavras da tua bocca: prendeste-te com as palavras
da tua bocca.

3 Faze pois isto agora, filho meu, e livra-te, pois já caiste nas mãos do
teu companheiro; vae, humilha-te, e aperta com o teu companheiro.

4 Não dês somno aos teus olhos, nem adormecimento ás tuas palpebras.

5 Livra-te como [SC] o corço da mão do passarinheiro.

6 Vae-te á formiga, [1] ó preguiçoso: olha para os seus caminhos, e sê
sabio.

7 A qual, não tendo [SD] superior, _nem_ official, nem dominador.

8 Prepara no verão o seu pão: na sega ajunta o seu mantimento.

9 Oh! preguiçoso, até quando [2] ficarás deitado? quando te levantarás do
teu somno?

10 Um pouco de somno, um pouco tosquenejando; um pouco encruzando as
mãos, para estar deitado.

11 Assim _te_ sobrevirá a tua [3] pobreza como o caminhante, e a tua
necessidade como um homem armado.

12 O homem de [SE] Belial, o homem vicioso, anda em perversidade de bocca.

13 Acena com os olhos, falla com os pés, ensina com os dedos.

14 Perversidade _ha_ no seu coração, todo o tempo maquina mal: anda
semeando contendas.

15 Pelo que a sua destruição virá repentinamente: subitamente será
quebrantado, [4] sem que _haja_ cura.

16 Estas seis coisas aborrece o Senhor, e sete a sua alma abomina:

17 Olhos altivos, lingua mentirosa, e mãos [5] que derramam sangue
innocente:

18 O coração [6] que maquina pensamentos viciosos; pés que se apressam a
correr para o mal;

19 A testemunha falsa que respira mentiras: e o que semeia [7] contendas
entre irmãos.


_O mancebo é advertido contra a mulher adultera._

20 Filho meu, guarda [8] o mandamento de teu pae, e não deixes a lei de
tua mãe;

21 Ata-os [9] perpetuamente ao teu coração, e pendura-os ao teu pescoço.

22 Quando caminhares, [10] te guiará; quando te deitares, te guardará;
quando acordares, ella fallará comtigo.

23 Porque o mandamento _é uma_ lampada, e a lei _uma_ luz: e as
reprehensões da correcção são o caminho da vida.

24 Para te guardarem [11] da má mulher, _e_ das lisonjas da lingua
estranha.

25 Não cubices [12] no teu coração a sua formosura, nem te prendas com os
seus olhos.

26 Porque por causa _d’uma_ mulher prostituta _se chega_ a _pedir_ um
bocado de pão; e a mulher dada a homens [13] anda á caça da preciosa alma.

27 _Porventura_ tomará alguem fogo no seu seio, sem que os seus vestidos
se queimem?

28 _Ou_ andará alguem sobre as brazas, sem que se queimem os seus pés?

29 Assim _será_ o que entrar á mulher do seu proximo: não ficará
innocente todo aquelle que a tocar.

30 Não injuriam ao ladrão, quando furta, para saciar a sua alma, tendo
fome;

31 Mas, achado, pagará [14] sete vezes tanto: dará toda a fazenda de sua
casa.

32 _Porém_ o que adultéra com uma mulher _é_ falto de entendimento;
destroe a sua alma, [15] o _que_ tal faz.

33 Achará castigo e vilipendio, e o seu opprobrio nunca se apagará.

34 Porque ciumes _são_ furores do marido, e de maneira nenhuma perdoará
no dia da vingança.

35 Nenhum resgate acceitará, nem consentirá, ainda que augmentes os
presentes.

[1] Job 12.7.

[2] cap. 24.33, 34.

[3] cap. 10.4 e 13.4 e 20.4.

[4] Jer. 19.11. II Chr. 36.16.

[5] Isa. 1.15.

[6] Gen. 6.5. Isa. 59.7. Rom. 3.15.

[7] ver. 14.

[8] cap. 1.8. Eph. 6.1.

[9] cap. 3.3 e 7.3.

[10] cap. 3.23, 24. cap. 2.11.

[11] cap. 2.16 e 5.3 e 7.5.

[12] Mat. 5.28. cap. 29.3.

[13] Gen. 39.14. Eze. 13.18.

[14] Exo. 22.1, 4.

[15] cap. 7.7.



7 Filho meu, guarda as minhas palavras, e esconde [1] dentro de ti os
meus mandamentos.

2 Guarda [2] os meus mandamentos, e vive; e a minha lei, como as meninas
dos teus olhos.

3 Ata-os [3] aos teus dedos, escreve-os na taboa do teu coração.

4 Dize á sabedoria, Tu _és_ minha irmã; e á prudencia chama parenta.

5 Para te guardarem [4] da mulher alheia, da estrangeira, _que_ lisongeia
com as suas palavras.

6 Porque da janella da minha casa, por minhas grades olhando _eu_,

7 Vi entre os simplices, descobri entre os moços, _um_ mancebo falto de
juizo,

8 Que passava pela rua junto á sua esquina, e seguia o caminho da sua
casa;

9 No crepusculo, [5] á tarde do dia, na tenebrosa noite e na escuridão;

10 E eis que _uma_ mulher lhe _saiu_ ao encontro, com enfeites de
prostituta, e astuta de coração:

11 Esta _era_ alvoroçadora, [6] e contenciosa; não paravam em sua casa os
seus pés;

12 Agora por fóra, depois pelas ruas, e espreitando por todos os cantos:

13 E pegou d’elle, e o beijou; esforçou o seu rosto, e disse-lhe:

14 Sacrificios pacificos _tenho_ comigo; hoje paguei os meus votos.

15 Por isto sahi ao encontro a buscar diligentemente a tua face, e te
achei.

16 Já cobri a minha cama com cobertas de tapeçaria, com obras lavradas
com linho fino do [7] Egypto.

17 Já perfumei o meu leito com myrrha, aloes, e canella.

18 Vem, saciemo-nos de amores até pela manhã: alegremo-nos com amores.

19 Porque _já_ o marido não _está_ em sua casa: foi fazer _uma_ jornada
ao longe:

20 _Um_ saquitel de dinheiro levou na sua mão: ao dia apontado virá a sua
casa.

21 Seduziu-o com a multidão [8] das suas palavras, com as lisonjas dos
seus labios o persuadiu.

22 Segue-a logo, como boi que vae ao matadouro, e como _o_ louco ao
castigo das prisões;

23 Até que a frecha lhe atravesse o figado, como a ave [9] que se apressa
para o laço, e não sabe que está _armado_ contra a sua vida.

24 Agora pois, filhos, dae-me ouvidos, e estae attentos ás palavras da
minha bocca.

25 Não se desvie para os seus caminhos o teu coração, e não andes perdido
nas suas veredas.

26 Porque a muitos feridos derribou; e são muitissimos [10] os que por
ella foram mortos.

27 Caminhos da sepultura _são_ [11] a sua casa, que descem ás camaras da
morte.

[1] cap. 2.1.

[2] Lev. 18.5. cap. 4.4. Isa. 55.3. Deu. 32.10.

[3] Deu. 6.8 e 11.18. cap. 3.3 e 6.21.

[4] cap. 2.16 e 5.3 e 6.24. cap. 6.32.

[5] Job 24.51.

[6] cap. 9.13. I Tim. 5.18. Tito 2.5.

[7] Isa. 19.9.

[8] cap. 5.3.

[9] Ecc. 9.12.

[10] Neh. 13.26.

[11] cap. 2.18 e 5.5 e 9.18.



_A excellencia e justiça dos preceitos da Sabedoria._

8 Não clama _porventura_ a [1] sabedoria, e a intelligencia não dá a sua
voz?

2 No cume das alturas, junto ao caminho, nas encruzilhadas das veredas se
põe.

3 Da banda das portas _da_ cidade, á entrada da cidade, _e_ á entrada das
portas está gritando.

4 A vós, ó homens, clamo; e a minha voz _se dirige_ aos filhos dos homens.

5 Entendei, ó simplices, a prudencia: e _vós_, loucos, entendei _do_
coração.

6 Ouvi, porque [2] fallarei coisas excellentes: os meus labios se abrirão
para a equidade.

7 Porque a minha bocca proferirá a verdade, e os meus labios abominam a
impiedade.

8 Em justiça _estão_ todas as palavras da minha bocca: não _ha_ n’ellas
nenhuma coisa tortuosa nem perversa.

9 Todas ellas _são_ rectas para o que _bem as_ entende, e justas para os
que acham o conhecimento.

10 Acceitae a minha correcção, e não a prata: e o conhecimento, mais do
que o oiro fino escolhido.

11 Porque [3] melhor _é_ a sabedoria do que os rubins; e tudo o que
_mais_ se deseja não se pode comparar com ella.

12 Eu, a sabedoria, habito _com_ a prudencia, e acho a sciencia dos
conselhos.

13 O [4] temor do Senhor _é_ aborrecer o mal: a soberba, e a arrogancia,
e o mau caminho, e a bocca perversa, aborreço.

14 Meu é o conselho e _verdadeira_ sabedoria: eu _sou_ o entendimento,
minha _é_ [5] a fortaleza.

15 Por mim reinam [6] os reis e os principes ordenam justiça.

16 Por mim dominam os dominadores, e principes, todos os juizes da terra.

17 Eu amo [7] aos que me amam, e os que de madrugada me buscam me acharão.

18 Riquezas e honra _estão_ comigo; [8] _como tambem_ opulencia duravel e
justiça.

19 Melhor _é_ o meu fructo do [9] que o fino oiro e do que o oiro
refinado, e as minhas novidades do que a prata escolhida.

20 Faço andar pelo caminho da justiça, no meio das veredas do juizo.

21 Para que faça herdar bens permanentes aos que me amam, e _eu_ encha os
seus thesouros.


_A Sabedoria existiu desde a eternidade._

22 O Senhor me possuiu [10] no principio de seus caminhos, desde então,
_e_ antes de suas obras.

23 Desde a eternidade fui ungida, desde o principio, antes do começo da
terra.

24 Quando _ainda_ não havia abysmos, fui gerada, quando ainda não havia
fontes carregadas d’aguas.

25 Antes [11] que os montes se houvessem assentado, antes dos outeiros,
eu era gerada.

26 Ainda não tinha feito a terra, nem os campos, nem o principio dos mais
miudos do mundo.

27 Quando preparava os céus, ahi _estava_ eu, quando compassava ao redor
a face do abysmo,

28 Quando affirmava as nuvens de cima, quando fortificava as fontes do
abysmo,

29 Quando [12] punha ao mar o seu termo, para que as aguas não
trespassassem o seu mando, quando compunha os fundamentos da terra.

30 Então _eu_ estava [13] com elle por alumno: e _eu_ era cada dia as
_suas_ delicias, folgando perante elle em todo o tempo;

31 Folgando no seu mundo habitavel, e _achando_ as minhas delicias com os
filhos dos homens.

32 Agora, pois, filhos, [14] ouvi-me, porque bemaventurados _serão os
que_ guardarem os meus caminhos.

33 Ouvi a correcção, e sêde sabios, e não a rejeiteis.

34 Bemaventurado [15] o homem que me dá ouvidos, velando ás minhas portas
cada dia, esperando ás hombreiras das minhas entradas.

35 Porque o que me achar achará a vida, [16] e alcançará favor do Senhor.

36 Mas o que peccar _contra_ mim violentará a sua [17] _propria_ alma:
todos os que me aborrecem amam a morte.

[1] cap. 1.20 e 9.3.

[2] cap. 22.20.

[3] Job 28.15, etc.

[4] cap. 16.6. cap. 6.17. cap. 4.24.

[5] Ecc. 7.19.

[6] Dan. 2.21. Rom. 13.1.

[7] I Sam. 2.30. João 14.21.

[8] cap. 3.16. Mat. 6.33.

[9] cap. 3.14. ver. 10.

[10] cap. 3.19. João 1.1.

[11] Job 15.7, 8.

[12] Gen. 1.9, 10. Job 38.10, 11. Jer. 5.22.

[13] João 1.1, 2, 18.

[14] Luc. 11.28.

[15] cap. 3.13, 18.

[16] cap. 12.2.

[17] cap. 20.2.



_O banquete da Sabedoria._

9 A Sabedoria já edificou [1] a sua casa, já lavrou as suas sete columnas.

2 Já sacrificou as [2] suas victimas, misturou o seu vinho: e já preparou
a sua mesa.

3 Já mandou [3] as suas creadas, já anda convidando desde as alturas da
cidade, _dizendo_:

4 Quem é simples, [4] volte-se para aqui. Aos faltos d’entendimento diz:

5 Vinde, [5] comei do meu pão, e bebei do vinho _que_ tenho misturado.

6 Deixae a parvoice, e vivei; e andae pelo caminho do entendimento.

7 O que reprehende ao escarnecedor, affronta toma para si; e o que
redargue ao impio, _pega-se-lhe_ a sua mancha.

8 Não reprehendas ao escarnecedor, para que te não aborreça: reprehende
ao sabio, e amar-te-ha.

9 Dá ao sabio, e elle se fará mais sabio: ensina ao justo, e se
augmentará em doutrina.

10 O temor do Senhor _é_ o principio da sabedoria, e a sciencia do Sancto
a prudencia.

11 Porque [6] por mim se multiplicam os teus dias, e annos de vida se te
augmentarão.

12 Se fores sabio, para ti sabio serás; e, se fores escarnecedor, tu só
_o_ supportarás.

13 A mulher louca é alvoroçadora, _é_ simples, e não sabe coisa nenhuma.

14 E assenta-se á porta da sua casa sobre uma cadeira, nas alturas da
cidade,

15 Para chamar aos que passam pelo caminho, e endireitam as suas veredas,
_dizendo_:

16 Quem _é_ simples, volte-se para aqui. E aos faltos de entendimento diz:

17 As aguas roubadas são doces, e o pão _tomado_ ás escondidas é suave.

18 Porém não sabes que ali _estão_ os mortos: os seus convidados _estão_
nas profundezas do inferno.

[1] Mat. 16.18. Eph. 2.20, 21, 22. I Ped. 2.5.

[2] Mat. 22.3, etc. ver. 5. cap. 23.30.

[3] Rom. 10.15. cap. 8.1, 2. ver. 14.

[4] ver. 16. cap. 6.32. Mat. 11.25.

[5] ver. 2. Can. 5.1. Isa. 55.1.

[6] cap. 3.2, 16 e 10.27.



_Proverbios ácerca de varios assumptos._

10 Proverbios de Salomão. O filho sabio alegra a seu pae, mas o filho
louco _é_ a tristeza de sua mãe.

2 Os thesouros [1] da impiedade de nada aproveitam; porém a justiça livra
da morte.

3 O Senhor não deixa ter fome a alma do justo, mas a fazenda dos impios
rechaça.

4 O que trabalha com mão enganosa [2] empobrece, mas [3] a mão dos
diligentes enriquece.

5 O que ajunta no verão _é_ filho entendido, _mas_ o que dorme na sega
_é_ filho que faz envergonhar.

6 Bençãos _ha_ sobre a cabeça do justo, mas a violencia [4] cobre a bocca
dos impios.

7 A memoria do justo é abençoada, mas o nome dos impios apodrecerá.

8 O sabio de coração acceita os mandamentos, mas o louco de labios será
transtornado.

9 Quem anda [5] em sinceridade, anda seguro; mas o que perverte os seus
caminhos será conhecido.

10 O que acena com os olhos dá dôres, e o tolo de labios será
transtornado.

11 A bocca do justo é fonte de vida, mas a bocca dos impios cobre a
violencia.

12 O odio excita [6] contendas, mas o amor cobre todas as transgressões.

13 Nos labios do entendido se acha a sabedoria, mas a vara é para as
costas do falto de entendimento.

14 Os sabios escondem a sabedoria; mas a bocca [7] do tolo _está_ perto
da ruina.

15 A fazenda [8] do rico _é_ a cidade da sua fortaleza: a pobreza dos
pobres _é_ a sua ruina.

16 A obra do justo _conduz_ á vida, as novidades do impio ao peccado.

17 O caminho para a vida _é_ d’aquelle que guarda a correcção, mas o que
deixa a reprehensão faz errar.

18 O que encobre o odio _tem_ labios falsos, e o que produz má fama é
_um_ insensato.

19 Na [9] multidão de palavras não ha falta de transgressão, mas o que
modera os seus labios _é_ prudente.

20 Prata escolhida _é_ a lingua do justo: o coração dos impios _é_ de
nenhum preço.

21 Os labios do justo apascentam a muitos, mas os tolos, por falta de
entendimento, morrem.

22 A benção [10] do Senhor é a que enriquece; e não lhe accrescenta dôres.

23 Como brincadeira [11] _é_ para o tolo fazer abominação, mas sabedoria
[12] para o homem entendido.

24 O temor do impio virá sobre elle, mas o desejo dos justos [13] _Deus
lhe_ cumprirá.

25 Como passa a tempestade, assim o impio _mais_ não _é_; mas o justo
[14] _tem_ perpetuo fundamento.

26 Como vinagre para os dentes, como o fumo para os olhos, assim _é_ o
preguiçoso para aquelles que o mandam.

27 O temor do Senhor augmenta os dias, mas os annos dos impios serão
abreviados.

28 A esperança dos justos _é_ alegria, mas a expectação dos impios
perecerá.

29 O caminho do Senhor _é_ fortaleza para os rectos, mas ruina será para
os que obram iniquidade.

30 O justo nunca jámais será abalado, mas os impios não habitarão a terra.

31 A bocca do justo em abundancia produz sabedoria, mas a lingua da
perversidade será desarreigada.

32 Os beiços do justo sabem o que agrada, mas a bocca dos impios _anda
cheia de_ perversidades.

[1] Luc. 12.19, 20.

[2] cap. 12.24 e 19.15.

[3] cap. 13.4 e 21.5.

[4] ver. 11. Est. 7.8.

[5] Isa. 33.15, 16. ver. 8.

[6] cap. 17.9. I Cor. 13.4. I Ped. 4.8.

[7] cap. 18.7 e 21.23.

[8] Job 31.24. cap. 18.11. I Tim. 6.17.

[9] Ecc. 5.3, 5. Thi. 3.2.

[10] Gen. 24.35 e 26.12.

[11] cap. 14.9 e 15.21.

[12] Job 15.21.

[13] Mat. 5.6. I João 5.14, 15.

[14] Mat. 7.24, 25 e 16.18.



11 Balança [1] enganosa _é_ abominação ao Senhor, mas o peso justo o seu
prazer.

2 Vinda a soberba, [2] virá tambem a affronta; mas com os humildes está a
sabedoria.

3 A sinceridade [3] dos sinceros os encaminhará, mas a perversidade dos
aleives os destruirá.

4 Não aproveitam as [4] riquezas no dia da indignação, mas a justiça
livra da morte.

5 A justiça do sincero endireitará o seu caminho, mas o impio pela sua
impiedade cairá.

6 A justiça dos virtuosos os livrará, mas na sua perversidade serão
apanhados os iniquos.

7 Morrendo o homem [5] impio perece a _sua_ expectação, e a esperança dos
injustos se perde.

8 O justo [6] é livre da angustia, e o impio vem em seu logar.

9 O hypocrita [7] com a bocca destroe ao seu companheiro, mas os justos
são livres pelo conhecimento.

10 No bem dos justos [8] exulta a cidade; e, perecendo os impios, ha
jubilo.

11 Pela benção dos sinceros se exalta [9] a cidade, mas pela bocca dos
impios se derriba.

12 O que carece de entendimento despreza a seu companheiro, mas o homem
bem entendido cala-se.

13 O que anda [10] praguejando descobre o segredo, mas o fiel de espirito
encobre o negocio.

14 Não havendo sabios conselhos, o povo cae, [11] mas na multidão de
conselheiros ha segurança.

15 Decerto [SF] soffrerá severamente aquelle que fica por fiador do
estranho, mas o que aborrece aos que dão as mãos _estará_ seguro.

16 A mulher aprazivel [12] guarda a honra, como os violentos guardam as
riquezas.

17 O homem benigno [13] faz bem á sua propria alma, mas o cruel perturba
a sua _propria_ carne.

18 O impio [SG] faz obra falsa, mas _para_ [14] o que semeia justiça
_haverá_ galardão fiel.

19 Como a justiça _encaminha_ para a vida, assim o que segue o mal _vae_
para a sua morte.

20 Abominação _são_ ao Senhor os perversos de coração, mas os sinceros de
caminho são o seu deleite.

21 _Ainda que_ o mau _junte_ mão [15] á mão, não será inculpavel, mas a
semente dos justos escapará.

22 Como joia de oiro na tromba da porca, _assim é_ a mulher formosa, que
se aparta da [SH] razão.

23 O desejo dos justos tão sómente _é_ o bem, mas a esperança [16] dos
impios _é_ a indignação.

24 _Alguns_ ha que espalham, e _ainda_ se _lhes_ accrescenta mais, e
_outros_ que reteem mais do _que é_ justo, mas _é_ para _a sua_ perda.

25 A alma [17] abençoante engordará, e o que regar, elle tambem será
regado.

26 Ao que retem [18] o trigo o povo amaldiçoa, mas benção _haverá_ sobre
a cabeça do vendedor.

27 O que busca cedo o bem busca favor, [19] porém o que procura o mal _a
esse_ lhe sobrevirá.

28 Aquelle [20] que confia nas suas riquezas cairá, mas os justos [21]
reverdecerão como a rama.

29 O que perturba a sua casa herdará o vento, e o tolo _será_ servo do
entendido de coração.

30 O fructo do justo _é_ arvore de vida, e o que ganha almas [22] sabio
_é_.

31 Eis que [23] o justo é recompensado na terra; quanto mais _o será_ o
impio e o peccador.

[1] Lev. 19.35, 36. Deu. 25.13, 16. cap. 16.11 e 20.10, 23.

[2] cap. 15.33 e 16.18 e 18.12.

[3] cap. 13.6.

[4] Eze. 7.19. Sof. 1.18. Gen. 7.1.

[5] cap. 10.28.

[6] cap. 21.18.

[7] Job 8.13.

[8] Est. 8.15. cap. 28.12, 28.

[9] cap. 29.8.

[10] Lev. 19.16. cap. 10.19.

[11] I Reis 12.1, etc. cap. 15.22 e 24.6.

[12] cap. 31.30.

[13] Mat. 5.7 e 25.34, etc.

[14] Ose. 10.12. Gal. 6.8, 9. Thi. 3.18.

[15] cap. 16.5.

[16] Rom. 2.8, 9.

[17] II Cor. 9.6, 7, 8, 9, 10.

[18] Amós 8.5, 6. Job 29.13.

[19] Est. 7.10.

[20] Mar. 10.24. Luc. 12.21. I Tim. 6.17.

[21] Jer. 17.8.

[22] Dan. 12.3. I Cor. 9.19, etc. Thi. 5.20.

[23] Jer. 25.29. I Ped. 4.17, 18.



12 O que ama a correcção ama o conhecimento, mas o que aborrece a
reprehensão _é_ brutal.

2 O homem de bem alcançará o favor do Senhor, mas ao homem de perversas
imaginações elle condemnará.

3 O homem não se estabelecerá pela impiedade, mas a raiz dos justos não
será removida.

4 A mulher virtuosa [1] _é_ a corôa do seu senhor, mas a que faz vergonha
_é_ como apodrecimento nos seus ossos.

5 Os pensamentos dos justos _são_ juizo, _mas_ os conselhos dos impios
engano.

6 As palavras dos impios _são_ de armarem ciladas ao sangue, mas a bocca
dos rectos os fará escapar.

7 Transtornados [2] serão os impios, e não serão _mais_, mas a casa dos
justos permanecerá.

8 Segundo o seu entendimento, será louvado cada qual, mas o perverso de
coração estará em desprezo.

9 Melhor _é_ o que se estima em pouco, e tem servos, do que o que se
honra _a si mesmo_ e tem falta de pão.

10 O justo attende [3] pela vida dos seus animaes, mas as misericordias
dos impios _são_ crueis.

11 O que [4] lavra a sua terra se fartará de pão mas o que segue os
ociosos _está_ falto de juizo.

12 Deseja o impio a rede dos males, mas a raiz dos justos produz o _seu_
fructo.

13 O laço do impio está na transgressão dos labios, mas o [5] justo sairá
da angustia.

14 Do fructo da bocca cada um se farta de bem, e a recompensa [6] das
mãos dos homens se lhe tornará.

15 O caminho [7] do tolo _é_ recto aos seus olhos, mas o que dá ouvidos
ao conselho _é_ sabio.

16 A ira do louco se conhece no mesmo dia, mas o avisado encobre a
affronta.

17 O que produz a verdade manifesta a justiça, mas a testemunha da
falsidade o engano.

18 Ha _alguns_ que fallam _palavras_ como estocadas de espada, mas a
lingua dos sabios _é_ saude.

19 O labio de verdade ficará para sempre, mas a lingua de falsidade
_dura_ por um _só_ momento.

20 Engano _ha_ no coração dos que maquinam mal, mas alegria _teem_ os que
aconselham a paz.

21 Nenhum aggravo sobrevirá ao justo, mas os impios ficam cheios de mal.

22 Os labios mentirosos [8] _são_ abominaveis ao Senhor, mas os que obram
fielmente _são o_ seu deleite.

23 O homem avisado encobre o conhecimento, mas o coração dos tolos
proclama a estulticia.

24 A mão dos diligentes dominará, mas os enganadores serão tributarios.

25 A solicitude no coração do homem o abate, mas _uma_ boa palavra o
alegra.

26 [SI] Mais excellente é o justo do que o companheiro, mas o caminho dos
impios os faz errar.

27 O preguiçoso não assará a sua caça, mas o precioso bem do homem _é_
ser diligente.

28 Na vereda da justiça _está_ a vida, e _no_ caminho da sua carreira não
_ha_ morte.

[1] I Cor. 11.7. cap. 14.30.

[2] Mat. 7.24, 25, 26, 27.

[3] Deu. 5.4.

[4] Gen. 3.19. cap. 28.49.

[5] II Ped. 2.9.

[6] Isa. 3.10, 11.

[7] cap. 3.7. Luc. 18.11.

[8] Apo. 22.15.



13 O filho sabio _ouve_ a correcção do pae; mas o escarnecedor [1] não
ouve a reprehensão.

2 Do fructo [2] da bocca cada um comerá o bem, mas a alma dos
prevaricadores _comerá_ a violencia.

3 O que [3] guarda a sua bocca conserva a sua alma, _mas_ o que dilata os
seus labios tem perturbação.

4 A alma do preguiçoso deseja, e coisa nenhuma _alcança_, mas a alma dos
diligentes se engorda.

5 O justo aborrece a palavra de mentira, mas o impio se faz vergonha, e
se confunde.

6 A justiça [4] guarda ao sincero de caminho, mas a impiedade
transtornará o peccador.

7 Ha _alguns_ que se fazem ricos, e não _teem_ coisa nenhuma, _e outros_
que se fazem pobres e _teem_ muita fazenda.

8 O resgate da vida de cada um são as suas riquezas, mas o pobre não ouve
as ameaças.

9 A luz dos justos alegra, mas a candeia dos impios se apagará.

10 Da soberba só provém a contenda, mas com os que se aconselham _se
acha_ a sabedoria.

11 A fazenda _que procede_ da vaidade se diminuirá, mas quem _a_ ajunta
com a mão _a_ augmentará.

12 A esperança deferida enfraquece o coração, mas o desejo chegado é
arvore de vida.

13 O que despreza a [5] palavra perecerá, mas o que teme o mandamento
será galardoado.

14 A doutrina [6] do sabio _é uma_ fonte de vida para se desviar dos
laços da morte.

15 O bom entendimento [SJ] dá graça, mas o caminho dos prevaricadores _é_
aspero.

16 Todo o prudente [7] obra com conhecimento, mas o tolo espraia a _sua_
loucura.

17 O impio mensageiro cae no mal, mas o embaixador fiel _é_ saude.

18 Pobreza e affronta _virão_ ao que rejeita a correcção, mas o que
guarda a reprehensão será venerado.

19 O desejo que se cumpre deleita a alma, mas apartar-se do mal _é_
abominavel para os loucos.

20 O que anda com os sabios, ficará sabio, mas o companheiro dos tolos
[SK] soffrerá severamente.

21 O mal perseguirá aos peccadores, mas os justos serão galardoados com
bem.

22 O homem de bem deixa uma herança aos filhos de _seus_ filhos, mas a
fazenda [8] do peccador se deposita para o justo.

23 A lavoura dos pobres _dá_ abundancia de mantimento, mas _alguns_ ha
que se consomem por falta de juizo.

24 O que retem [9] a sua vara aborrece a seu filho, mas o que o ama
madruga a castigal-o.

25 O justo come até fartar-se a sua alma, mas o ventre dos impios terá
necessidade.

[1] I Sam. 2.25.

[2] cap. 12.14.

[3] Thi. 3.2.

[4] cap. 11.3, 5, 6.

[5] II Chr. 36.16.

[6] cap. 10.11 e 14.27 e 16.22. II Sam. 22.6.

[7] cap. 12.23 e 15.2.

[8] Job 27.16, 17. cap. 28.8. Ecc. 2.26.

[9] cap. 19.18 e 22.15 e 23.13 e 29.15, 17.



14 Toda a mulher sabia edifica [1] a sua casa: mas a tola a derriba com
as suas mãos.

2 O que anda na sua sinceridade teme ao Senhor, mas o que se desvia de
seus caminhos o [2] despreza.

3 Na bocca do tolo _está_ a vara da soberba, mas [3] os labios dos sabios
os conservam.

4 Não havendo bois, a mangedoura _está_ limpa, mas pela força do boi _ha_
abundancia de colheitas.

5 A testemunha [4] verdadeira não mentirá, mas a testemunha falsa se
desboca _em_ mentiras.

6 O escarnecedor busca sabedoria, e nenhuma _acha_, mas para o prudente o
conhecimento é facil.

7 Vae-te de diante do homem insensato, porque _n’elle_ não divisarás os
labios do conhecimento.

8 A sabedoria do prudente _é_ entender o seu caminho, mas a estulticia
dos tolos _é_ engano.

9 Os loucos [5] zombam do peccado, mas entre os rectos _ha_ benevolencia.

10 O coração conhece a sua propria amargura, e o estranho não se
entremetterá na sua alegria.

11 A casa [6] dos impios se desfará, mas a tenda dos rectos florescerá.

12 Ha [7] caminho _que_ ao homem _parece_ direito, mas o fim d’elle _são_
os caminhos da morte.

13 Até no riso terá dôr o coração, e o fim da alegria _é_ tristeza.

14 Dos seus caminhos se fartará [8] o que declina no coração, mas o homem
bom se fartará de si mesmo.

15 O simples dá credito a cada palavra, mas o prudente attenta para os
seus passos.

16 O sabio teme, [9] e desvia-se do mal, mas o tolo se encoleriza, e
dá-se por seguro.

17 O que presto se indigna, fará doidices, e o homem de más imaginações
será aborrecido.

18 Os simplices herdarão a estulticia, mas os prudentes _se_ coroarão de
conhecimento.

19 Os máus se inclinaram diante dos bons, e os impios diante das portas
do justo.

20 O [10] pobre é aborrecido até do companheiro, porém os amigos dos
ricos _são_ muitos.

21 O que despreza ao seu companheiro pecca, mas o que se compadece dos
humildes _é_ bemaventurado.

22 _Porventura_ não erram os que obram o mal? mas beneficencia e
fidelidade _serão_ para os que obram o bem.

23 Em todo o trabalho proveito ha, mas a palavra dos labios só
_encaminha_ á pobreza.

24 A corôa dos sabios _é_ a sua riqueza, a estulticia dos tolos é só
estulticia.

25 A testemunha verdadeira livra as almas, mas o que se desboca _em_
mentiras _é_ enganador.

26 No temor do Senhor _ha_ firme confiança, e _elle_ será _um_ refugio
para seus filhos.

27 O temor [11] do Senhor _é uma_ fonte de vida, para se desviarem dos
laços da morte.

28 Na multidão do povo _está_ a magnificencia do rei, mas na falta do
povo a perturbação do principe.

29 O [12] longanimo é grande em entendimento, mas o _que é_ de espirito
impaciente [SL] assignala a sua loucura.

30 O coração com saude _é_ a vida da carne, mas a inveja _é_ a podridão
dos ossos.

31 O que opprime [13] ao pobre insulta áquelle que o creou, mas o que se
compadece do necessitado o honra.

32 Pela sua malicia será lançado fóra o impio, mas [14] o justo _até_ na
sua morte tem [SM] confiança.

33 No coração do prudente repousa a sabedoria, [15] mas _o que ha_ no
interior dos tolos se conhece.

34 A justiça exalta ao povo, mas o peccado _é_ o opprobrio das nações.

35 O [16] Rei tem seu contentamento no servo prudente, mas sobre o que
envergonha cairá o seu furor.

[1] Ruth 4.11.

[2] Job 12.4.

[3] cap. 12.6.

[4] Exo. 20.16 e 23.1. cap. 6.19 e 12.17. ver. 25.

[5] cap. 10.23.

[6] Job 8.15.

[7] cap. 16.25. Rom. 6.24.

[8] cap. 1.31 e 12.14.

[9] cap. 22.3.

[10] cap. 19.7.

[11] cap. 13.14.

[12] cap. 16.32. Thi. 1.19.

[13] cap. 17.5. Mat. 25.40, 45. Job 31.15, 16. cap. 22.2.

[14] Job 13.15 e 19.26. II Cor. 1.9 e 5.8. II Tim. 4.18.

[15] cap. 11.16 e 29.11.

[16] Mat. 24.45, 47.



15 A resposta branda [1] desvia o furor, [2] mas a palavra de dôr suscita
a ira.

2 A lingua dos sabios adorna a sabedoria, [3] mas a bocca dos tolos
derrama a estulticia.

3 Os olhos do Senhor _estão_ em todo o logar, contemplando os maus e os
bons.

4 A medicina da lingua _é_ arvore de vida, mas a perversidade n’ella
quebranta o espirito.

5 O tolo [4] despreza a correcção de seu pae, mas o que observa a
reprehensão prudentemente se haverá.

6 Na casa do justo _ha um_ grande thesouro, mas nos fructos do impio _ha_
perturbação.

7 Os labios dos sabios derramarão o conhecimento, mas o coração dos tolos
não _fará_ assim.

8 O sacrificio [5] dos impios _é_ abominavel ao Senhor, mas a oração dos
rectos _é_ o seu contentamento.

9 O caminho do impio _é_ abominavel ao Senhor, mas ao que segue a [6]
justiça amará.

10 Correcção molesta [7] ha para o que deixa a vereda, _e_ o que aborrece
a reprehensão morrerá.

11 [SN] O inferno e a perdição _estão_ perante o Senhor: quanto mais [8]
os corações dos filhos dos homens?

12 Não ama o escarnecedor [9] aquelle que o reprehende, nem se chegará
aos sabios.

13 O coração alegre [10] aformosea o rosto, mas pela dôr do coração o
espirito se abate.

14 O coração entendido buscará o conhecimento, mas a bocca dos tolos se
apascentará de estulticia.

15 Todos os dias do opprimido _são_ maus, [11] mas o coração alegre _é
um_ banquete continuo.

16 Melhor _é_ o pouco [12] com o temor do Senhor, do que _um_ grande
thesouro, onde ha inquietação.

17 Melhor [13] _é_ a comida de hortaliça, onde ha amor, do que o boi
cevado, e com elle o odio.

18 O homem [14] iracundo suscita contendas, mas o longanimo apaziguará a
lucta.

19 O caminho [15] do preguiçoso _é_ como a sebe d’espinhos, mas a vereda
dos rectos _está_ bem egualada.

20 O filho sabio [16] alegrará a seu pae, mas o homem insensato despreza
a sua mãe.

21 A estulticia [17] _é_ alegria para o que carece d’entendimento, mas o
homem entendido [18] anda rectamente.

22 Os pensamentos se dissipam, quando [19] não ha conselho, mas com a
multidão de conselheiros se confirmarão.

23 O homem se alegra na resposta da sua bocca, e a [20] palavra a seu
tempo quão boa _é_!

24 Para o entendido, o caminho [21] da vida vae para cima, para que se
desvie do inferno de baixo.

25 O Senhor arrancará [22] a casa dos soberbos, mas estabelecerá o termo
da viuva.

26 Abominaveis _são_ ao Senhor os pensamentos [23] do mau, mas as
palavras dos limpos são apraziveis.

27 O que [24] exercita avareza perturba a sua casa, mas o que aborrece
presentes viverá.

28 O coração do justo [25] medita _o que ha_ de responder, mas a bocca
dos impios derrama em abundancia coisas más.

29 Longe _está_ o Senhor dos impios, mas escutará a oração dos justos.

30 A luz dos olhos alegra o coração, a boa fama engorda os ossos.

31 Os ouvidos [26] que escutam a reprehensão da vida no meio dos sabios
farão a sua morada.

32 O que rejeita a correcção menospreza a sua alma, mas o que escuta a
reprehensão adquire entendimento.

33 O temor [27] do Senhor _é_ a correcção da sabedoria, e diante da honra
_vae_ a humildade.

[1] Jui. 8.1, 2, 3. cap. 25.15.

[2] I Sam. 25.10, etc. II Reis 12.13, 14, 16.

[3] ver. 28. cap. 12.23 e 13.16. Jer. 16.17 e 32.19. Heb. 4.13.

[4] cap. 10.1 e 13.18. ver. 31, 32.

[5] cap. 21.27 e 28.9. Isa. 1.11 e 61.8 e 66.3. Jer. 6.20 e 7.22. Amós
5.22.

[6] cap. 21.21. I Tim. 6.11.

[7] I Reis 22.8. cap. 5.12 e 10.17.

[8] II Chr. 6.30. João 2.24, 25 e 21.17. Act. 1.24.

[9] Amós 5.10. II Tim. 4.3.

[10] cap. 17.22. cap. 12.25.

[11] cap. 17.22.

[12] cap. 16.8. I Tim. 6.6.

[13] cap. 17.1.

[14] cap. 26.21 e 29.22.

[15] cap. 22.5.

[16] cap. 10.1 e 29.3.

[17] cap. 10.23.

[18] Eph. 5.15.

[19] cap. 11.14 e 20.18.

[20] cap. 25.11.

[21] Phi. 3.20. Col. 3.1, 2.

[22] cap. 12.7 e 14.11.

[23] cap. 6.16, 18.

[24] cap. 11.19. Isa. 5.8. Jer. 17.11.

[25] I Ped. 3.15.

[26] ver. 5.

[27] cap. 1.7 e 18.12.



16 Do homem [1] _são_ as preparações do coração, mas [2] do Senhor a
resposta da bocca.

2 Todos os caminhos [3] do homem _são_ limpos aos seus olhos, [4] mas o
Senhor pesa os espiritos.

3 Confia [5] do Senhor as tuas obras, e teus pensamentos serão
estabelecidos.

4 O Senhor fez [6] todas as coisas para si, para os seus proprios fins, e
até ao impio para o dia do mal.

5 Abominação [7] é ao Senhor todo o altivo de coração: _ainda que elle
junte_ mão á mão, não será innocente.

6 Pela misericordia [8] e pela fidelidade se expia a iniquidade, e pelo
temor do Senhor os homens se desviam do mal.

7 Sendo os caminhos do homem agradaveis ao Senhor, até a seus inimigos
faz que tenham paz com elle.

8 Melhor é o pouco [9] com justiça, do que a abundancia de colheita com
injustiça.

9 O coração [10] do homem considera o seu caminho, mas o Senhor lhe
dirige os passos.

10 Adivinhação _se acha_ nos labios do rei: em juizo não prevaricará a
sua bocca.

11 O peso e a balança [11] justa _são_ do Senhor: obra sua _são_ todos
[SO] os pesos da bolsa.

12 Abominação _é_ para os reis obrarem impiedade, porque com justiça se
estabelece [12] o throno.

13 Os labios de justiça _são_ o contentamento dos reis, [13] e elles
amarão ao que falla coisas rectas.

14 O furor [14] do rei _é como uns_ mensageiros da morte, mas o homem
sabio o apaziguará.

15 Na luz do rosto do rei _está_ a vida, e a sua [15] benevolencia _é_
como a nuvem da chuva serodia.

16 Quanto melhor _é_ adquirir a sabedoria [16] do que o oiro! e quanto
mais excellente adquirir a prudencia do que a prata!

17 A carreira dos rectos _é_ desviar-se do mal; o que guarda a sua alma
conserva o seu caminho.

18 A soberba [17] precede a ruina, e a altivez do espirito precede a
quéda.

19 Melhor _é_ ser humilde d’espirito com os mansos, do que repartir o
despojo com os soberbos.

20 O que attenta prudentemente para a palavra achará o bem, e o que
confia [18] no Senhor _será_ bemaventurado.

21 O sabio de coração será chamado prudente, e a doçura dos labios
augmentará o ensino.

22 O entendimento, [19] para aquelles que o possuem, _é uma_ fonte de
vida, mas a instrucção dos tolos _é_ a sua estulticia.

23 O coração [20] do sabio instrue a sua bocca, e sobre os seus labios
augmentará a doutrina.

24 Favo de mel _são_ as palavras suaves, doces para a alma, e saude para
os ossos.

25 Ha caminho, [21] que parece direito ao homem, mas o seu fim _são_ os
caminhos da morte.

26 O trabalhador [22] trabalha para si mesmo, porque a sua bocca o insta.

27 O homem de Belial cava o mal, e nos seus labios _se acha_ como _um_
fogo ardente.

28 O homem [23] perverso levanta a contenda, e o murmurador separa os
maiores amigos.

29 O homem violento [24] persuade ao seu companheiro, e o guia por
caminho não bom.

30 Fecha os olhos para imaginar perversidades; mordendo os labios,
effectua o mal.

31 Corôa de honra _são_ [25] as cãs, achando-se ellas no caminho de
justiça.

32 Melhor é o longanimo [26] do que o valente, e o que governa o seu
espirito do que o que toma _uma_ cidade.

33 A sorte se lança no regaço, mas do Senhor _procede_ toda a sua
disposição.

[1] ver. 9. cap. 19.21 e 20.24. Jer. 10.23.

[2] Mat. 10.19, 20.

[3] cap. 21.2.

[4] I Sam. 16.7.

[5] Psa. 36.5. Phi. 4.6. I Ped. 5.7.

[6] Isa. 43.7. Rom. 11.36. Job 21.30. Rom. 9.22.

[7] cap. 6.17 e 8.13. cap. 11.21.

[8] cap. 14.16.

[9] Psa. 37.16. cap. 15.16.

[10] cap. 19.21. Psa. 37.23. Jer. 10.23.

[11] Lev. 19.36. cap. 11.1.

[12] cap. 25.5 e 29.14.

[13] cap. 14.35 e 22.11.

[14] cap. 19.12 e 20.2.

[15] cap. 19.12. Job 29.23. Zac. 10.1.

[16] cap. 8.11, 19.

[17] cap. 11.2 e 17.19 e 18.12.

[18] Psa. 2.13. Isa. 30.18. Jer. 17.7.

[19] cap. 13.14 e 14.27.

[20] Psa. 37.30.

[21] cap. 14.12.

[22] Ecc. 6.7.

[23] cap. 6.14, 19 e 15.18 e 26.21 e 29.22. cap. 17.9.

[24] cap. 1.10, etc.

[25] cap. 20.29.

[26] cap. 19.11.



17 Melhor _é_ um bocado [1] secco, e com elle a tranquillidade, do que a
casa cheia de victimas, com contenda.

2 O servo prudente dominará sobre o filho [2] que faz envergonhar; e
entre os irmãos repartirá a herança.

3 O crisol _é_ para a prata, [3] e o forno para o oiro; mas o Senhor
prova os corações.

4 O malfazejo attenta para o labio iniquo: o mentiroso inclina os ouvidos
á lingua maligna.

5 O que escarnece do [4] pobre insulta ao que o creou; o que se alegra da
calamidade não ficará innocente.

6 Corôa dos velhos _são_ os filhos dos filhos; e a gloria dos filhos
_são_ seus paes.

7 Não convem ao tolo o labio excellente: quanto menos ao principe o labio
mentiroso.

8 Pedra preciosa [5] _é_ o presente aos olhos dos que o recebem; para
onde quer que se volver, servirá de proveito.

9 O que [6] encobre a transgressão busca a amizade, mas o que renova a
[SP] coisa, separa os maiores amigos.

10 Mais profundamente entra a reprehensão no prudente, do que cem
açoites no tolo.

11 Na verdade o rebelde não busca senão o mal, mas mensageiro cruel se
enviará contra elle.

12 Encontre-se [7] com o homem a ursa roubada _dos filhos_; mas não o
louco na sua estulticia.

13 Quanto áquelle que torna mal por bem, [8] não se apartará o mal da sua
casa.

14 _Como_ o que solta as aguas, é o principio da contenda, pelo que,
antes que sejas envolto, deixa a porfia.

15 O que justifica [9] ao impio, e condemna ao justo, _ambos são_
abominaveis ao Senhor, tanto um como o outro.

16 De que _serviria_ o preço na mão do tolo para comprar a sabedoria,
visto que não tem entendimento?

17 Em todo o tempo ama [10] o amigo; e para a angustia nasce o irmão.

18 O homem falto [11] d’entendimento dá a mão, ficando por fiador diante
do seu companheiro.

19 O que ama a contenda ama a transgressão; o que alça a sua porta [12]
busca a ruina.

20 O perverso de coração nunca achará o bem; [13] e o que tem a lingua
dobre virá a cair no mal.

21 O que gera [14] a um tolo para a sua tristeza _o faz_; e o pae do
insensato não se alegrará.

22 O coração [15] alegre serve de bom remedio, mas o espirito abatido
virá a seccar os ossos.

23 O impio tomará o presente do seio, [16] para perverter as veredas da
justiça.

24 No rosto do entendido _se vê_ a sabedoria, [17] porém os olhos do
louco _estão_ nas extremidades da terra.

25 O filho insensato [18] _é_ tristeza para seu pae, e amargura para a
que o pariu.

26 Não é bom tambem [19] pôr pena ao justo, _nem_ que firam os principes
ao que obra justamente.

27 Retem as suas palavras [20] o que possue o conhecimento, _e_ o homem
d’entendimento é de [SQ] precioso espirito.

28 Até o tolo, [21] quando se cala, será reputado por sabio; _e_ o que
cerrar os seus labios por entendido.

[1] cap. 15.17.

[2] cap. 10.5 e 19.26.

[3] cap. 27.21. Jer. 17.10. Mal. 3.3.

[4] cap. 14.31. Job 31.29. Abd. 12.

[5] cap. 18.16 e 19.6.

[6] cap. 10.12. cap. 16.28.

[7] Ose. 13.8.

[8] Jer. 18.20. Rom. 12.17. I The. 5.15. I Ped. 3.9.

[9] Exo. 23.7. cap. 24.24. Isa. 5.23.

[10] cap. 18.24.

[11] cap. 6.1 e 11.15.

[12] cap. 16.18.

[13] Thi. 3.8.

[14] cap. 10.1 e 19.13. ver. 25.

[15] cap. 12.25 e 15.13, 15.

[16] Exo. 23.8.

[17] cap. 14.6. Ecc. 2.14 e 8.1.

[18] cap. 10.1 e 15.20 e 19.13. ver. 21.

[19] ver. 15. cap. 18.5.

[20] Thi. 1.19.

[21] Job 13.5.



18 Busca coisas desejaveis aquelle que se separa e se entremette em toda
a sabedoria.

2 Não toma prazer o tolo na intelligencia, senão em que se descubra o seu
coração.

3 Vindo o impio, vem tambem o desprezo, e com a vergonha a ignominia.

4 Aguas profundas são as [1] palavras da bocca do homem, _e_ ribeiro
trasbordante é a fonte da sabedoria.

5 Não [2] é bom ter respeito á pessoa do impio para derribar o justo em
juizo.

6 Os beiços do tolo entram na contenda, e a sua bocca por açoites brada.

7 A bocca do tolo [3] é a sua propria destruição, e os seus labios um
laço para a sua alma.

8 As palavras [4] do assoprador _são_ como doces bocados; e ellas descem
ao intimo do ventre.

9 Tambem o negligente na sua obra é irmão do desperdiçador.

10 Torre forte _é_ o [5] nome do Senhor; a elle correrá o justo, e estará
em alto retiro.

11 A fazenda [6] do rico _é_ a cidade da sua fortaleza, e como um muro
alto na sua imaginação.

12 Antes de _ser_ quebrantado eleva-se o coração [7] do homem; e diante
da honra vae a humildade.

13 O que responde antes d’ouvir, estulticia [8] lhe _é_, e vergonha.

14 O espirito do homem sosterá a sua enfermidade, mas ao espirito abatido
quem levantará?

15 O coração do entendido adquire o conhecimento, e o ouvido dos sabios
busca o conhecimento.

16 O presente [9] do homem lhe alarga o _caminho_ e o leva diante dos
grandes.

17 O que primeiro começa o seu pleito justo _é_; porém vem o seu
companheiro, e o examina.

18 A sorte faz cessar os pleitos, e faz separação entre os poderosos.

19 O irmão offendido é mais difficil de conquistar do que uma cidade
forte; e as contendas _são_ como os ferrolhos d’_um_ palacio.

20 Do fructo [10] da bocca de cada um se fartará o seu ventre: dos
renovos dos seus labios se fartará.

21 A morte e a vida _estão_ no poder da lingua; e aquelle que a ama
comerá do seu fructo.

22 O que acha [11] mulher acha o bem e alcança a benevolencia do Senhor.

23 O pobre falla com rogos, mas o rico responde [12] com durezas.

24 O homem que tem amigos haja-se amigavelmente, [13] e ha amigo mais
chegado do que um irmão.

[1] cap. 10.11 e 20.5.

[2] Lev. 19.1, 5. Deu. 1.17 e 16.19. cap. 24.23 e 28.21.

[3] cap. 10.14 e 12.13 e 13.3. Ecc. 10.12.

[4] cap. 12.18 e 26.22.

[5] II Sam. 22.3, 51.

[6] cap. 10.15.

[7] cap. 11.2 e 15.33 e 16.18.

[8] João 7.51.

[9] cap. 21.14. Gen. 32.20.

[10] cap. 12.14 e 13.2.

[11] cap. 19.14 e 31.10.

[12] Thi. 2.3.

[13] cap. 17.17.



19 Melhor _é_ o [1] pobre que anda na sua sinceridade, do que o perverso
de labios e tolo:

2 Assim _como ficar_ a alma sem conhecimento não _é_ bom, e o apressado
nos pés pecca.

3 A estulticia do homem perverterá o seu caminho, e o seu coração se
irará contra o Senhor.

4 As riquezas [2] grangeiam muitos amigos, mas ao pobre o seu _proprio_
amigo o deixa.

5 A falsa testemunha [3] não ficará innocente, e o que respira mentiras
não escapará.

6 Muitos [4] supplicam a face do principe, e cada um _é_ amigo d’aquelle
que dá dadivas.

7 Todos os irmãos [5] do pobre o aborrecem; quanto mais se alongarão
d’elles os seus amigos! corre d’após elles com palavras, que não _servem_
de nada.

8 O que adquire entendimento ama a sua alma: [6] o que guarda
intelligencia achará o bem.

9 A falsa testemunha [7] não ficará innocente; e o que respira mentiras
perecerá.

10 Ao tolo não está bem o deleite; quanto menos ao servo [8] dominar os
principes!

11 O entendimento [9] do homem retem a sua ira, e a sua gloria é passar
sobre a transgressão.

12 Como o bramido do filho do leão, _é_ a [10] indignação do rei; mas
como o orvalho sobre a herva _é_ a sua benevolencia.

13 Grande miseria _é_ para o pae o filho insensato, [11] e _um_ gotejar
continuo as contenções da mulher.

14 A casa [12] e a fazenda _são_ a herança dos paes; porém do Senhor
_vem_ a mulher prudente.

15 A preguiça [13] faz cair em profundo somno, e a alma enganadora
padecerá fome.

16 O que guardar [14] o mandamento guardará a sua alma; _porém_ o que
desprezar os seus caminhos morrerá.

17 Ao Senhor empresta o que se compadece [15] do pobre, _e elle_ lhe
pagará o seu beneficio.

18 Castiga [16] a teu filho emquanto ha esperança, porém para o matar não
alçarás a tua alma.

19 O _que é_ de grande indignação supportará o damno; porque se tu o
livrares, ainda terás de tornar a _fazel-o_.

20 Ouve o conselho, e recebe a correcção, para que sejas sabio [17] nos
teus ultimos _dias_.

21 Muitos propositos _ha_ [18] no coração do homem, porém o conselho do
Senhor permanecerá.

22 O desejo do homem _é_ a sua beneficencia; porém o pobre _é_ melhor do
que o mentiroso.

23 O [19] temor do Senhor _encaminha_ para a vida; aquelle que o tem
ficará satisfeito, e não o visitará mal nenhum.

24 O preguiçoso [20] esconde a sua mão no seio; enfada-se de tornal-a á
sua bocca.

25 Fere o escarnecedor, [21] e o simples tomará aviso; reprehende ao
entendido, _e_ aprenderá conhecimento.

26 O que afflige a _seu_ pae, _ou_ afugenta a sua mãe, filho _é_ que traz
vergonha e [22] deshonra.

27 Cessa, filho meu, ouvindo a instrucção, de te desviares das palavras
do conhecimento.

28 A testemunha de Belial escarnece do juizo, e a [23] bocca dos impios
engole a iniquidade.

29 Preparados estão os juizos para os escarnecedores e [24] açoites para
as costas dos tolos.

[1] cap. 28.6.

[2] cap. 14.20.

[3] ver. 9. Exo. 23.1. Deu. 19.16, 19. cap. 6.19 e 21.28.

[4] cap. 29.26 e 21.14.

[5] cap. 14.20. Psa. 38.12.

[6] cap. 16.20.

[7] ver. 5.

[8] cap. 30.22. Ecc. 10.6, 7.

[9] cap. 14.29. Thi. 1.19. cap. 16.32.

[10] cap. 16.14, 15 e 20.2 e 28.15. Ose. 14.5.

[11] cap. 10.1 e 15.20 e 17.21, 25. cap. 21.9, 19, 27 e 15.

[12] II Cor. 12.14. cap. 18.22.

[13] cap. 6.9. cap. 10.4 e 20.13 e 23.21.

[14] Luc. 10.28 e 11.28.

[15] cap. 28.27. Ecc. 11.1. Mat. 10.42 e 25.40. II Cor. 9.6, 7, 8. Heb.
6.10.

[16] cap. 13.24 e 23.13 e 29.17.

[17] Psa. 37.37.

[18] Job 23.13. cap. 16.1, 9. Isa. 14.26, 27 e 46.10. Act. 5.39. Heb.
6.17.

[19] I Tim. 4.8.

[20] cap. 15.19 e 26.13, 15.

[21] cap. 21.11. Deu. 13.11. cap. 9.8.

[22] cap. 17.2.

[23] Job 15.16 e 20.12, 13 e 34.7.

[24] cap. 10.13 e 26.3.



20 O [1] vinho _é_ escarnecedor, a bebida forte alvoraçadora; e todo
aquelle que n’elles errar nunca será sabio.

2 Como o bramido do leão _é_ o terror [2] do rei, o que o provoca á ira
pecca contra a sua _propria_ alma.

3 Honra _é_ do [3] homem desviar-se do pleito, mas todo o tolo se
entremette _n’elle_.

4 O preguiçoso [4] não lavrará por causa do inverno, _pelo que_ mendigará
na sega, porém nada receberá.

5 Como as aguas profundas _é_ o conselho [5] no coração do homem; mas o
homem d’intelligencia o tirará para fóra.

6 Cada um da multidão dos [6] homens apregoa a sua beneficencia; porém o
homem fiel, quem é _o que_ o achará?

7 O justo [7] anda na sua sinceridade; bemaventurados _serão_ os seus
filhos depois d’elle.

8 Assentando-se [8] o rei no throno do juizo, com os seus olhos dissipa
todo o mal.

9 Quem podéra dizer: [9] Purifiquei o meu coração, limpo estou de meu
peccado!

10 Duas sortes de [10] peso, e duas sortes de medida, _são_ abominação ao
Senhor, tanto uma como outra.

11 Até a creança se dará a [11] conhecer pelas suas acções, se a sua obra
_será_ pura e recta.

12 O ouvido [12] que ouve, e o olho que vê, o Senhor os fez a ambos.

13 Não [13] ames o somno, para que não empobreças; abre os teus olhos,
_e_ te fartarás de pão.

14 Nada _vale_, nada _vale_, dirá o comprador, mas, indo-se, então se
gabará.

15 Ha oiro e abundancia de rubins, mas [14] os labios do conhecimento
_são_ joia preciosa.

16 Quando _alguem_ fica por fiador do estranho, toma-lhe [15] a sua
roupa, _e_ o penhora pela estranha.

17 Suave _é_ ao homem o pão [16] de mentira, mas depois a sua bocca se
encherá de pedrinhas d’areia.

18 Cada [17] pensamento com conselho se confirma, e com conselhos
prudentes faze a guerra.

19 O que anda murmurando descobre o segredo; pelo que com o que afaga com
seus beiços [18] não te entremettas.

20 O que [19] a seu pae ou a sua mãe amaldiçoar, apagar-se-lhe-ha a sua
lampada em trevas negras.

21 _Adquirindo-se_ apressadamente a herança [20] no principio, o seu fim
não será bemdito.

22 Não digas: [21] Vingar-me-hei do mal: espera [22] pelo Senhor, e
_elle_ te livrará.

23 Duas sortes [23] de peso _são_ abominaveis ao Senhor, e balanças
enganosas não _são_ boas.

24 Os passos [24] do homem são dirigidos pelo Senhor: o homem, pois, como
entenderá o seu caminho?

25 Laço _é_ para o homem engulir _o que é_ sancto; e, feitos os votos,
[25] _então_ inquirir.

26 O rei sabio [26] dissipa os impios e torna sobre elles a roda.

27 A alma [27] do homem _é_ a lampada do Senhor, que esquadrinha todo o
mais intimo do ventre.

28 Benignidade e verdade guardam ao rei, [28] e com benignidade sustem
_elle_ o seu throno.

29 O ornato dos mancebos _é_ a sua força: e a belleza [29] dos velhos as
cãs.

30 Os vergões das feridas _são_ a purificação dos maus, como tambem as
pancadas _que penetram até_ o mais intimo do ventre.

[1] Gen. 9.21. cap. 23.29, 30. Isa. 28.7. Ose. 4.11.

[2] cap. 16.14 e 19.12. cap. 8.36.

[3] cap. 17.14.

[4] cap. 10.4 e 19.24. cap. 19.15.

[5] cap. 18.4.

[6] cap. 25.14. Mat. 6.2. Luc. 18.11.

[7] II Cor. 1.12. Psa. 37.26 e 112.2.

[8] ver. 26.

[9] I Reis 8.46. Job 14.4. Ecc. 7.20. I Cor. 4.4. I João 1.8.

[10] Deu. 25.13, etc. cap. 11.1 e 16.11. Miq. 6.10, 11.

[11] Mat. 7.16.

[12] Exo. 4.11.

[13] cap. 6.9 e 12.11 e 19.15. Rom. 12.11.

[14] Job 28.12, 16, 17, 18, 19. cap. 3.15 e 8.11.

[15] cap. 22.26, 27 e 27.13.

[16] cap. 9.17.

[17] cap. 15.22 e 24.6. Luc. 14.31.

[18] cap. 11.13. Rom. 16.18.

[19] Exo. 21.17. Lev. 20.9. Mat. 15.4. Job 18.5, 6. cap. 24.20.

[20] cap. 28.20. Hab. 2.6.

[21] Deu. 32.35. Rom. 12.17, 19. I The. 5.15. I Ped. 3.9.

[22] II Sam. 16.12.

[23] ver. 10.

[24] Psa. 37.23. cap. 16.9. Jer. 10.23.

[25] Ecc. 5.4, 5.

[26] ver. 8.

[27] I Cor. 2.11.

[28] Psa. 101.1. cap. 29.24.

[29] cap. 16.31.



21 Como ribeiros d’aguas, _assim_ é o coração do rei na mão do Senhor; a
tudo quanto quer o inclina.

2 Todo [1] o caminho do homem _é_ recto aos seus olhos, mas o Senhor
pondera os corações.

3 Fazer justiça [2] e juizo _é_ mais acceito ao Senhor do que _lhe
offerecer_ sacrificio.

4 Altivez dos olhos, e [3] inchação de coração, _e_ a lavoura dos impios
_é_ peccado.

5 Os pensamentos [4] do diligente _tendem_ só á abundancia, porém _os de_
todo o apressado tão sómente á pobreza.

6 Trabalhar por _ajuntar_ [5] thesouro com lingua falsa _é uma_ vaidade
impellida d’aquelles que buscam a morte.

7 As rapinas dos impios os virão a destruir, porquanto recusam fazer a
justiça.

8 O caminho do homem _é_ todo perverso e estranho, porém a obra do puro
_é_ recta.

9 Melhor [6] _é_ morar n’_um_ canto do terraço, do que _com_ a mulher
contenciosa, e _isso em casa em que mais_ companhia _haja_.

10 A alma [7] do impio deseja o mal: o seu proximo lhe não agrada aos
seus olhos.

11 Castigado o escarnecedor, o simples se torna sabio; e, ensinado o
sabio, recebe o conhecimento.

12 Prudentemente considera o justo a casa do impio, _quando Deus_
transtorna os impios para o mal.

13 O que [8] tapa o seu ouvido ao clamor do pobre elle tambem clamará e
não será ouvido.

14 O presente [9] _que se dá_ em segredo abate a ira, e a dadiva no seio
a grande indignação.

15 O fazer justiça [10] _é_ alegria para o justo, mas espanto para os que
obram a iniquidade.

16 O homem, que anda errado do caminho do entendimento, na congregação
dos mortos repousará.

17 Necessidade _padecerá_ o que ama a galhofa; o que ama o vinho e o
azeite nunca enriquecerá.

18 O resgate do justo é [11] o impio; o do recto o iniquo.

19 Melhor [12] _é_ morar n’_uma_ terra deserta do que _com_ a mulher
contenciosa e iracunda.

20 Thesouro [13] desejavel e azeite _ha_ na casa do sabio, mas o homem
insensato o devora.

21 O que segue [14] a justiça e a beneficencia achará a vida, a justiça e
a honra.

22 Á cidade dos fortes [15] sobe o sabio, e derruba a força da sua
confiança.

23 O que [16] guarda a sua bocca e a sua lingua, guarda das angustias a
sua alma.

24 O soberbo _e_ presumido, zombador _é_ seu nome: trata com indignação e
soberba.

25 O desejo [17] do preguiçoso o mata, porque as suas mãos recusam
trabalhar.

26 Todo o dia deseja _coisas de_ cubiçar, mas o justo dá, e nada retem.

27 O sacrificio dos [18] impios _é_ abominação: quanto mais offerecendo-o
com intenção maligna?

28 A testemunha mentirosa perecerá, porém o homem que ouve com constancia
fallará.

29 O homem impio endurece o seu rosto, mas o recto considera o seu
caminho.

30 Não ha sabedoria, [19] nem intelligencia, nem conselho contra o Senhor.

31 O cavallo prepara-se para o dia da batalha, [20] porém do Senhor _vem_
a victoria.

[1] cap. 16.2. cap. 24.12. Luc. 16.15.

[2] I Sam. 15.22. cap. 15.8. Isa. 1.11, etc. Ose. 6.6. Miq. 6.7, 8.

[3] cap. 6.17.

[4] cap. 10.4 e 13.4.

[5] cap. 10.2 e 13.11 e 20.21. II Ped. 2.3.

[6] ver. 19. cap. 19.13 e 25.24 e 27.15.

[7] Thi. 4.5.

[8] Mat. 7.2, 18, 30, etc. Thi. 2.13.

[9] cap. 17.8, 23 e 18.16.

[10] cap. 10.29.

[11] cap. 11.8. Isa. 43.3, 4.

[12] ver. 9.

[13] Mat. 25.3, 4.

[14] cap. 15.9. Mat. 5.6.

[15] Ecc. 9.14, etc.

[16] cap. 12.13 e 13.3 e 18.21. Thi. 3.2.

[17] cap. 13.4.

[18] cap. 15.8. Isa. 66.3. Jer. 6.20. Amós 5.22.

[19] Isa. 8.9, 10. Jer. 9.23. Act. 5.39.

[20] Isa. 31.1.



22 Mais _digno_ de ser escolhido [1] é o _bom_ nome do que as muitas
riquezas; e a graça é melhor do que a riqueza e o oiro.

2 O rico [2] e o pobre se encontraram: a todos os fez o Senhor.

3 O avisado [3] vê o mal, e esconde-se; mas os simples passam, e pagam a
pena.

4 O galardão [4] da humildade _com_ o temor do Senhor _são_ riquezas, a
honra e a vida.

5 Espinhos [5] _e_ laços _ha_ no caminho do perverso; o que guarda a sua
alma retira-se para longe d’elle.

6 Instrue ao menino conforme o seu caminho; [6] e até quando envelhecer
não se desviará d’elle.

7 O [7] rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado servo _é_ do
que empresta.

8 O que [8] semear a perversidade segará males; e a vara da sua
indignação se acabará.

9 O que é de [9] bons olhos será abençoado, porque deu do seu pão ao
pobre.

10 Lança [10] fóra ao escarnecedor, e se irá a contenda; e cessará o
pleito e a vergonha.

11 O que ama a pureza do coração, e _tem_ graça nos seus labios, seu
amigo _será_ o rei.

12 Os olhos do Senhor conservam o conhecimento, mas as palavras do iniquo
transtornará.

13 Diz o preguiçoso: [11] Um leão está _lá_ fóra; serei morto no meio das
ruas.

14 Cova profunda [12] _é_ a bocca das _mulheres_ estranhas; aquelle
contra quem o Senhor se irar, cairá n’ella.

15 A estulticia _está_ ligada no coração do menino, _mas_ a vara [13] da
correcção a afugentará d’elle.

16 O que opprime ao pobre para se engrandecer a si, ou o que dá ao rico,
certamente empobrecerá.


_Breves discursos moraes do sabio ácerca de varios assumptos._

17 Inclina a tua orelha, e ouve as palavras dos sabios, e applica o teu
coração á minha sciencia.

18 Porque _é_ coisa suave, se as guardares nas tuas entranhas, se
applicares todas ellas aos teus labios.

19 Para que a tua confiança esteja no Senhor: a ti _t’as_ faço saber
hoje; tu tambem _a outros as faze saber_.

20 _Porventura_ não te escrevi excellentes coisas, [14] ácerca de todo o
conselho e conhecimento?

21 Para fazer-te saber [15] a certeza das palavras da verdade, para que
possas responder palavras de verdade aos [16] que te enviarem.

22 Não roubes [17] ao pobre, porque _é_ pobre, nem atropelles na porta ao
afflicto.

23 Porque [18] o Senhor defenderá a sua causa em juizo, e aos que os
roubam _lhes_ roubará a alma.

24 Não acompanhes com o iracundo, nem andes com o homem colerico.

25 Para que não aprendas as suas veredas, e tomes um laço para a tua alma.

26 Não [19] estejas entre os que dão a mão, _e_ entre os que ficam por
fiadores de dividas.

27 Se não tens com que pagar, porque tirariam [20] a tua cama de debaixo
de ti?

28 Não removas [21] os limites antigos que fizeram teus paes.

29 Viste _a um_ homem ligeiro na sua obra? perante reis será posto: não
será posto perante os de baixa sorte.

[1] Ecc. 7.1, 2.

[2] cap. 29.13. I Cor. 12.21. Job 31.15. cap. 14.31.

[3] cap. 14.16 e 27.13.

[4] Mat. 6.33.

[5] cap. 15.19. I João 5.18.

[6] Eph. 6.4. II Tim. 3.15.

[7] Thi. 2.6.

[8] Job 4.8. Ose. 10.13.

[9] II Chr. 9.6.

[10] Gen. 21.9, 10.

[11] cap. 26.13.

[12] cap. 2.16 e 5.3 e 7.5 e 23.27.

[13] cap. 13.24 e 19.18 e 23.13, 14 e 29.15, 17.

[14] cap. 8.6.

[15] Luc. 1.3, 4.

[16] I Ped. 3.15.

[17] Exo. 23.6. Job 31.16, 21. Zac. 7.10. Mal. 3.5.

[18] Jer. 51.36.

[19] cap. 6.1 e 11.15.

[20] cap. 20.16.

[21] Deu. 19.14 e 27.17. cap. 23.10.



23 Quando te assentares a comer com _um_ governador, attenta bem para o
que _se_ te _poz_ diante,

2 E põe uma faca á tua garganta, se _és_ homem de grande appetite.

3 Não cubices os seus manjares gostosos, porque _são_ pão de mentiras.

4 Não te cances [1] para enriqueceres; dá de mão á tua prudencia.

5 _Porventura_ fitarás os teus olhos n’aquillo que não é nada? porque
certamente se fará azas e voará ao céu como a aguia.

6 Não comas o pão _d’aquelle que tem o_ olho maligno, nem cubices os seus
manjares gostosos.

7 Porque, como imaginou na sua alma, te dirá: Come e bebe; porém o seu
coração não _estará_ comtigo.

8 Vomitarias o bocado _que_ comeste, e perderias as tuas suaves palavras.

9 Não falles [2] aos ouvidos do tolo, porque desprezará a sabedoria das
tuas palavras.

10 Não removas [3] os limites antigos, nem entres nas herdades dos
orphãos,

11 Porque o seu redemptor [4] _é_ o Forte, que pleiteará a sua causa
contra ti.

12 Applica á disciplina o teu coração, e os teus ouvidos ás palavras do
conhecimento.

13 Não retires [5] a disciplina da creança, quando a fustigares com a
vara; nem _por isso_ morrerá.

14 Tu a fustigarás com a vara, e livrarás [6] a sua alma do [SR] inferno.

15 Filho meu, [7] se o teu coração fôr sabio, alegrar-se-ha o meu
coração, sim, o meu proprio,

16 E exultarão os meus rins, quando os teus labios fallarem coisas rectas.

17 Não inveje aos peccadores o teu coração; antes [8] sê no temor do
Senhor todo o dia.

18 Porque devéras ha [9] _um bom_ fim: não será cortada a tua expectação.

19 Ouve tu, filho meu, e sê sabio, e dirige no caminho o teu coração.

20 Não [10] estejas entre os beberrões de vinho, _nem_ entre os comilões
de carne.

21 Porque o beberrão e o comilão empobrecerão; e a [11] somnolencia faz
trazer os vestidos rotos.

22 Ouve [12] a teu pae, que te gerou, e não desprezes a tua mãe, quando
vier a envelhecer.

23 Compra [13] a verdade, e não _a_ vendas: a sabedoria, e a disciplina,
e a prudencia.

24 Grandemente se regozijará o pae do [14] justo, _e_ o que gerar _a um_
sabio se alegrará n’elle.

25 Alegrem-se teu pae e tua mãe, e regozije-se a que te gerou.

26 Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus
caminhos.

27 Porque cova [15] profunda _é_ a prostituta, e poço estreito a estranha.

28 Tambem ella, [16] como um salteador, se põe a espreitar, e multiplica
entre os homens os iniquos.

29 Para quem são os ais? para quem os pezares? para quem as pelejas? para
quem as queixas? para quem as feridas sem causa? _e_ para quem [17] os
olhos vermelhos?

30 Para [18] os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando
bebida misturada.

31 Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece
no copo _e_ se escoa suavemente.

32 No seu fim morderá como a cobra, e como o basilisco picará.

33 Os teus olhos olharão para as _mulheres_ estranhas, e o teu coração
fallará perversidades.

34 E serás como o que dorme no meio do mar, e como o que dorme no topo do
mastro.

35 _E dirás_: Espancaram-me, [19] _e_ não me doeu; maçaram-me, _e_ não
_o_ senti; quando virei a [20] despertar? ainda tornarei a buscal-a outra
vez.

[1] cap. 28.20. I Tim. 6.9, 10. cap. 3.5. Rom. 12.16.

[2] cap. 9.8. Mat. 7.6.

[3] Deu. 19.14 e 27.17. cap. 22.28.

[4] Job 31.21. cap. 22.23.

[5] cap. 13.24 e 19.18 e 22.15 e 29.16, 17.

[6] I Cor. 5.5.

[7] ver. 24, 25. cap. 29.3.

[8] cap. 28.14.

[9] cap. 24.14. Luc. 16.25.

[10] Isa. 5.22. Mat. 24.49. Luc. 21.34. Rom. 13.13. Eph. 5.18.

[11] cap. 19.15.

[12] cap. 1.8 e 30.17. Eph. 6.1, 2.

[13] cap. 4.5, 7.

[14] cap. 10.1 e 15.20. ver. 15.

[15] cap. 22.14.

[16] cap. 7.12.

[17] Gen. 49.12.

[18] cap. 20.1. Eph. 5.18.

[19] Jer. 5.3.

[20] Deu. 29.19. Isa. 56.12.



24 Não tenhas inveja dos homens malignos, nem desejes estar com elles,

2 Porque o seu coração medita a rapina, e os seus labios fallam a malicia.

3 Com a sabedoria se edifica a casa, e com a intelligencia se estabelece:

4 E pelo conhecimento se encherão as camaras de todas as substancias
preciosas e deleitaveis.

5 E o varão sabio [1] _é_ forte, e o varão de conhecimento consolida a
força.

6 Porque [2] com conselhos prudentes tu farás a guerra; e ha victoria na
multidão dos conselheiros.

7 É demasiadamente alta para o tolo _toda_ a sabedoria; na porta não
abrirá a sua bocca.

8 A’quelle que cuida em fazer mal mestre de maus intentos o chamarão.

9 O pensamento do tolo _é_ peccado, e é abominavel aos homens o
escarnecedor.

10 _Se_ te mostrares frouxo no dia da angustia, a tua força _será_
estreita.

11 Livra [3] aos que estão tomados para a morte, e aos que levam para
matança, se _os_ poderes retirar.

12 Se disseres: Eis que o não sabemos: _porventura_ [4] aquelle que
pondera os corações não _o_ entenderá? e aquelle que attenta para a tua
alma não _o_ saberá? porque pagará ao homem conforme [5] a sua obra.

13 Come mel, meu filho, porque _é_ bom, e o favo de mel _é_ doce ao teu
paladar.

14 Tal _será_ o conhecimento da sabedoria para a tua alma: se a achares,
haverá _para ti_ galardão, e não será cortada a tua expectação.

15 Não espies a habitação do justo, ó impio, nem assoles a sua camara.

16 Porque [6] sete vezes cairá o justo, e se levantará; mas os impios
tropeçarão no mal.

17 Quando cair o teu inimigo, não te alegres, [7] nem quando tropeçar se
regozije o teu coração.

18 Para que o Senhor o não veja, e seja mau aos seus olhos, e desvie
d’elle a sua ira.

19 Não te indignes ácerca [8] dos malfeitores, nem tenhas inveja dos
impios,

20 Porque [9] o maligno não terá galardão, _e_ a lampada dos impios se
apagará.

21 Teme [10] ao Senhor, filho meu, e ao rei, e não te entremettas com os
que buscam mudança.

22 Porque de repente se levantará a sua perdição, e a ruina d’elles ambos
quem a sabe?

23 Tambem estes são _proverbios_ dos sabios: Ter respeito a pessoas [11]
no juizo não _é_ bom.

24 O que [12] disser ao impio: Justo _és_: os povos o amaldiçoarão, as
nações o detestarão.

25 Mas para os que _o_ reprehenderem haverá delicias, e sobre elles virá
a benção do bem.

26 Beijados serão os labios do que responde com palavras rectas.

27 Prepara [13] de fóra a tua obra, e apparelha-a no campo, e então
edifica a tua casa.

28 Não sejas [14] testemunha sem causa contra o teu proximo; porque
enganarias com os teus beiços?

29 Não digas: [15] Como elle me fez a mim, assim o farei _eu_ a elle:
pagarei a cada um segundo a sua obra.

30 Passei pelo campo do preguiçoso, e junto á vinha do homem falto de
entendimento;

31 E eis que toda [16] estava cheia de cardos, _e_ a sua superficie
coberta d’ortigas, e a sua parede de pedra estava derribada.

32 O que tendo eu visto, o tomei no coração, _e_, vendo-_o_, recebi
instrucção.

33 Um pouco [17] de somno, adormecendo um pouco; encruzando as mãos outro
pouco, para estar deitado.

34 Assim _te_ sobrevirá a tua pobreza _como um_ caminhante, e a tua
necessidade como _um_ homem armado.

[1] cap. 21.22. Ecc. 9.16.

[2] cap. 11.14 e 15.22 e 20.18.

[3] Isa. 58.6, 7. I João 3.16.

[4] cap. 21.2.

[5] Job 34.11. Rom. 2.6. Apo. 2.23 e 22.12.

[6] Job 5.19. Miq. 7.8. Amós 8.14.

[7] Job 31.29. cap. 17.5. Abd. 12.

[8] cap. 23.17. ver. 1.

[9] Job 18.5, 6 e 21.17. cap. 13.9 e 20.20.

[10] Rom. 13.7. I Ped. 2.17.

[11] Lev. 19.15. Deu. 1.17 e 16.19. cap. 18.5 e 28.21. João 7.24.

[12] cap. 17.15. Isa. 15.23.

[13] I Reis 5.17, 18. Luc. 14.28.

[14] Eph. 4.25.

[15] cap. 20.22. Mat. 5.39, 44. Rom. 12.17, 19.

[16] Gen. 3.18.

[17] cap. 6.9, etc.



_Outros proverbios de Salomão, que foram colligidos no tempo do rei
Ezequias._

[Antes de Christo 700]

25 Tambem estes [1] _são_ proverbios de Salomão, os quaes transcreveram
os homens d’Ezequias, rei de Judah.

2 A gloria [2] de Deus _é_ encobrir o negocio; mas a gloria dos reis
esquadrinhar o negocio.

3 Para a altura dos céus, e para a profundeza da terra, e _para_ o
coração dos reis, não _ha_ investigação.

4 Tira [3] da prata as escorias, e sairá vaso para o fundidor.

5 Tira [4] o impio da presença do rei, e o seu throno se affirmará na
justiça.

6 Não te glories na presença do rei, nem te ponhas no logar dos grandes;

7 Porque [5] melhor é que te digam: Sobe aqui; do que seres humilhado
diante do principe que _já_ viram os teus olhos.

8 Não saias [6] depressa a litigar, para que depois ao fim não _saibas_
que fazer, podendo-te confundir o teu proximo.

9 Pleiteia [7] o teu pleito com o teu proximo, e não descubras o segredo
d’outro:

10 Para que não te deshonre o que o ouvir, e a tua infamia se não aparte
_de ti_.

11 _Como_ maçãs d’oiro em [SS] salvas de prata, _assim é_ a palavra dita
[8] a seu tempo.

12 Como pendentes d’oiro e gargantilhas d’oiro fino, assim _é_ o sabio
reprehensor para o ouvido ouvinte.

13 Como frieza [9] de neve no tempo da sega, _assim é_ o mensageiro fiel
para com os que o enviam; porque recreia a alma de seu senhor.

14 _Como_ nuvens e ventos que não _trazem_ chuva, [10] _assim é_ o homem
que se gaba falsamente de dadivas.

15 Pela longanimidade se persuade o principe, [11] e a lingua branda
quebranta os ossos.

16 Achaste mel? come o que te basta; para que _porventura_ não te fartes
d’elle, e o venhas a vomitar.

17 Retira o teu pé da casa do teu proximo; para que se não enfade de ti,
e te aborreça.

18 Martello, e espada, e frecha aguda é o homem que diz falso testemunho
contra o seu proximo.

19 _Como_ dente quebrado, e pé desengonçado, _é_ a confiança no desleal,
no tempo da angustia.

20 O que canta canções ao coração afflicto _é como_ aquelle que despe o
vestido _n’um_ dia de frio, _e como_ vinagre sobre [ST] salitre.

21 Se [12] o que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer; e se
tiver sêde, dá-lhe agua para beber;

22 Porque _assim_ brazas lhe amontoarás sobre a cabeça; [13] e o Senhor
t’o pagará.

23 O vento norte afugenta a chuva, e a face irada a lingua fingida.

24 Melhor [14] é morar _n’um_ canto do terraço, do que com a mulher
contenciosa, e isso em casa _em que mais_ companhia _haja_.

25 _Como_ agua fria á alma cançada, taes _são_ as boas novas de terra
remota.

26 _Como_ fonte turva, e manancial corrupto, _assim é_ o justo que cae
diante do impio.

27 Comer [15] muito mel não _é_ bom; assim a pesquiza da propria gloria
não _é_ gloria.

28 _Como_ a cidade [16] derribada, sem muro, assim _é_ o homem que não
pode conter o seu espirito.

[1] II Reis 4.32.

[2] Deu. 29.29. Rom. 11.33. Job 29.16.

[3] II Tim. 2.21.

[4] cap. 20.8.

[5] Luc. 14.8, 9, 10.

[6] cap. 17.14. Mat. 5.25.

[7] Mat. 5.25 e 18.15.

[8] cap. 15.23. Isa. 50.4.

[9] cap. 13.17.

[10] cap. 20.6. Jud. 12.

[11] I Sam. 25.24, etc. cap. 15.1 e 16.14.

[12] Exo. 23.4, 5. Mat. 5.44. Rom. 12.20.

[13] II Sam. 16.12.

[14] cap. 19.13 e 21.9, 19.

[15] ver. 16. cap. 27.2.

[16] cap. 16.32.



26 Como a neve no verão, [1] e como a chuva na sega, assim não convem ao
louco a honra.

2 Como ao passaro o vaguear, como á andorinha o voar, [2] assim a
maldição sem causa não virá.

3 O açoite para o cavallo, o freio para o jumento, e a vara para as
costas dos tolos.

4 Não respondas ao tolo segundo a sua estulticia; para que tambem te não
faças similhante a elle.

5 Responde [3] ao tolo segundo a sua estulticia; para que não seja sabio
aos seus olhos.

6 Os pés corta, _e_ o damno bebe, quem manda mensagens pela mão _d’um_
tolo.

7 Como as pernas do côxo, que pendem frouxas, assim _é_ o proverbio na
bocca dos tolos.

8 Como o que ata a pedra _preciosa_ na funda, assim _é_ aquelle que dá
honra ao tolo.

9 Como o espinho que entra na mão do bebado, assim _é_ o proverbio na
bocca dos tolos.

10 Os grandes molestam a todos, e alugam os tolos e transgressores.

11 Como o cão _que_ torna ao seu vomito, [4] _assim é_ o tolo que reitera
a sua estulticia.

12 Tens visto [5] _a um_ homem _que é_ sabio a seus _proprios_ olhos?
maior esperança _ha_ do tolo do que d’elle.

13 Diz o preguiçoso: [6] _Um_ leão _está_ no caminho; _um_ leão _está_
nas ruas.

14 _Como_ a porta se revolve nos seus gonzos, assim o preguiçoso na sua
cama.

15 O preguiçoso [7] esconde a sua mão no seio: enfada-se de tornal-a á
sua bocca.

16 Mais sabio é o preguiçoso a seus olhos do que sete _homens_ que bem
respondem.

17 O que, passando, _se entremette_ em pleito alheio _é como_ aquelle que
toma _um_ cão pelas orelhas.

18 Como o louco que lança _de si_ faiscas, frechas, e mortandades,

19 Assim _é_ o homem que engana o seu proximo, e diz: Não o fiz eu por
brincar?

20 Sem lenha, o fogo se apagará; e, não _havendo_ [8] murmurador, cessará
a contenda.

21 Como o [9] carvão _é_ para as brazas, e a lenha para o fogo, assim _é_
o homem contencioso para accender rixas.

22 As palavras [10] do murmurador são como _as palavras_ do espancado, e
ellas descem ao intimo do ventre.

23 _Como_ o caco coberto d’escorias de prata, _assim são_ os labios
ardentes com o coração maligno.

24 Aquelle que aborrece se contrafaz pelos seus beiços, mas no seu
interior encobre o engano.

25 Quando [11] _te_ supplicar com a sua voz, não _te_ fies n’elle, porque
sete abominações _ha_ no seu coração,

26 _Cujo_ odio se encobre com engano; a sua malicia se descobrirá na
congregação.

27 O que cava _uma_ cova n’ella cairá; e o que revolve a pedra _esta_
sobre elle tornará.

28 A lingua falsa aborrece aos que _ella_ afflige, e a bocca lubrica obra
a ruina.

[1] I Sam. 12.17.

[2] Num. 23.8. Deu. 23.5.

[3] Mat. 21.24, 27.

[4] II Ped. 2.22.

[5] cap. 29.20. Luc. 18.11. Rom. 12.16. Apo. 3.17.

[6] cap. 22.13.

[7] cap. 19.24.

[8] cap. 22.10.

[9] cap. 15.18 e 29.22.

[10] cap. 18.8.

[11] Jer. 9.8.



27 Não presumas do [1] dia d’ámanhã, porque não sabes o que parirá o dia.

2 Louve-te [2] o estranho, e não a tua bocca, o estrangeiro e não os teus
labios.

3 Pesada _é_ a pedra, e a areia _é_ carregada; porém a ira do insensato
_é_ mais pesada do que ellas ambas.

4 Cruel _é_ o furor e a impetuosa ira, [3] mas quem parará perante a
inveja?

5 Melhor [4] _é_ a reprehensão aberta do que o amor encoberto.

6 Fieis _são_ as feridas _feitas_ pelo que ama, mas os beijos do que
aborrece são [SU] enganosos.

7 A alma farta piza o favo de mel, [5] mas á alma faminta todo o amargo
_é_ doce.

8 Qual _é_ a ave que vagueia do seu ninho, tal é o homem que anda
vagueando do seu logar.

9 O oleo e o perfume alegram o coração: assim a doença do amigo d’alguem
com o conselho cordial.

10 Não deixes a teu amigo, nem ao amigo de teu pae, nem entres na casa de
teu irmão no dia da tua adversidade: [6] melhor _é_ o visinho de perto do
que o irmão ao longe.

11 Sê sabio, [7] filho meu, e alegra o meu coração; para que tenha alguma
coisa que responder áquelle que me desprezar.

12 O avisado vê o mal, _e_ esconde-se; _mas_ os simples passam _e_ pagam
a pena.

13 Quando alguem fica por fiador do estranho, [8] toma-lhe tu a sua
roupa; e o penhora pela estranha.

14 O que bemdiz ao seu amigo em alta voz, madrugando pela manhã, por
maldição se lhe contará.

15 O gotejar [9] continuo no dia de grande chuva, e a mulher contenciosa,
uma e outra são similhantes.

16 Todos os que a esconderem esconderão o vento: e o oleo da sua dextra
clama.

17 _Como_ o ferro com o ferro se aguça, assim o homem aguça o rosto do
seu amigo.

18 O [10] que guarda a figueira comerá do seu fructo; e o que attenta
para seu senhor, será honrado.

19 Como _na_ agua o rosto _corresponde_ ao rosto, assim o coração do
homem ao homem.

20 _Como_ o [11] [SV] inferno e a perdição nunca se fartam, assim os
olhos do homem nunca se fartam.

21 _Como_ [12] o crisol é para a prata, e o forno para o oiro, assim _se
prova_ o homem pelos louvores.

22 Ainda quando pizares [13] o tolo com _uma_ mão de gral entre grãos de
cevada pilada, não se irá d’elle a sua estulticia.

23 Procura conhecer o estado das tuas ovelhas: põe o teu coração sobre o
gado.

24 Porque o thesouro não _dura_ para sempre: ou _durará_ a corôa de
geração em geração?

25 _Quando_ se mostrar a herva, e apparecerem os renovos, então ajunta as
hervas dos montes.

26 Os cordeiros _serão_ para te vestires, e os bodes _para_ o preço do
campo.

27 E a abastança do leite das cabras para o teu sustento, para sustento
da tua casa, e para sustento das tuas creadas.

[1] Luc. 12.19, 20. Thi. 4.13, etc.

[2] cap. 25.27.

[3] I João 3.12.

[4] cap. 28.23. Gal. 2.14.

[5] Job 6.7.

[6] cap. 17.17 e 18.24.

[7] cap. 10.1 e 23.15, 24. Psa. 127.5.

[8] Exo. 22.26. cap. 20.16.

[9] cap. 19.13.

[10] I Cor. 9.7, 13.

[11] cap. 30.16. Hab. 2.5. Ecc. 1.8 e 6.7.

[12] cap. 17.3.

[13] cap. 23.35. Isa. 1.5. Jer. 5.3.



28 Fogem os [1] impios, sem que ninguem _os_ persiga; mas qualquer justo
está confiado como o filho do leão.

2 Pela transgressão da [SW] terra _são_ muitos os seus principes, mas por
homens prudentes _e_ entendidos a sua continuação será prolongada.

3 O homem pobre que opprime aos pobres _é_ como chuva impetuosa, com que
ha falta de pão.

4 Os que deixam a lei louvam o impio; [2] porém os que guardam a lei
pelejam contra elles.

5 Os homens maus não entendem o juizo, [3] mas os que buscam ao Senhor
entendem tudo.

6 Melhor [4] _é_ o pobre que anda na sua sinceridade do que o perverso de
caminhos, ainda que _seja_ rico.

7 O [5] que guarda a lei _é_ filho entendido, mas o companheiro dos
comilões envergonha a seu pae.

8 O [6] que augmenta a sua fazenda com usura e onzena, o ajunta para o
que se compadece do pobre.

9 O [7] que desvia os seus ouvidos d’ouvir a lei até a sua oração _será_
abominavel.

10 O [8] que faz com que os rectos errem _n’um_ mau caminho elle _mesmo_
cairá na sua cova: mas os bons herdarão o bem.

11 O homem rico _é_ sabio aos seus proprios olhos, mas o pobre _que é_
entendido o esquadrinha.

12 Quando os justos [9] exultam, grande _é_ a gloria; mas quando os
impios sobem, os homens se andam escondendo.

13 O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que _as_
confessa e deixa alcançará misericordia.

14 Bemaventurado [10] o homem que continuamente teme: mas o que endurece
o seu coração virá a cair no mal.

15 Como leão bramante, [11] e urso faminto, assim _é_ o impio que domina
sobre _um_ povo pobre.

16 O principe falto d’intelligencia tambem multiplica as oppressões,
_mas_ o que aborrece a avareza prolongará _os seus_ dias.

17 O [12] homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até á cova:
ninguem o retenha.

18 O [13] que anda sinceramente salvar-se-ha, mas o perverso em seus
caminhos cairá logo.

19 O [14] que lavrar a sua terra virá a fartar-se de pão, mas o que segue
a ociosos se fartará de pobreza.

20 O homem fiel abundará em bençãos, [15] mas o que se apressa a
enriquecer não será innocente.

21 Ter respeito [16] á _apparencia de_ pessoas não _é_ bom, porque até
por um bocado de pão prevaricará o homem.

22 O que se apressa [17] a enriquecer é homem de mau olho, porém não sabe
que ha de vir sobre elle a pobreza.

23 O [18] que reprehende ao homem depois achará mais favor do que aquelle
que lisongeia com a lingua.

24 O que rouba a seu pae, ou a sua mãe, e diz: Não _ha_ transgressão;
companheiro _é_ do homem dissipador.

25 O altivo d’animo [19] levanta contendas, mas o que confia no Senhor
engordará.

26 O que confia no seu coração _é_ insensato, mas o que anda em sabedoria
elle escapará.

27 O [20] que dá ao pobre não terá necessidade, mas o que esconde os seus
olhos terá muitas maldições.

28 Quando [21] os impios se elevam, os homens se andam escondendo, mas
quando perecem, os justos se multiplicam.

[1] Lev. 26.17, 36.

[2] Rom. 1.32. II Reis 18.18, 21. Mat. 3.7. Eph. 5.11.

[3] João 7.17. I Cor. 2.15. I João 2.20, 27.

[4] ver. 18. cap. 19.1.

[5] cap. 29.3.

[6] Job 27.6, 17. cap. 13.22. Ecc. 2.26.

[7] Zac. 7.11. cap. 15.8.

[8] cap. 26, 27. Mat. 6.33.

[9] ver. 28. cap. 11.10 e 29.2. Ecc. 10.6.

[10] cap. 23.17. Rom. 2.5 e 11.20.

[11] I Ped. 5.8. Mat. 2.16.

[12] Gen. 9.6. Exo. 21.14.

[13] cap. 10.9, 25. ver. 6.

[14] cap. 12.11.

[15] cap. 13.11 e 20.21 e 23.4. I Tim. 6.9.

[16] cap. 18.5 e 24.23. Eze. 13.19.

[17] ver. 20.

[18] cap. 27.5, 6.

[19] cap. 13.10.

[20] Deu. 15.7, etc. cap. 19.17 e 22.9.

[21] ver. 12. cap. 29.2. Job 24.4.



29 O [1] homem que muitas vezes reprehendido endurece a cerviz de repente
será quebrantado sem que haja cura.

2 Quando os justos se [2] engrandecem, o povo se alegra, mas quando o
impio domina o povo suspira.

3 O homem [3] que ama a sabedoria alegra a seu pae, mas o companheiro de
prostitutas desperdiça a fazenda.

4 O rei com juizo sustem a terra, mas o amigo de peitas a transtorna.

5 O homem que lisongeia a seu proximo, arma _uma_ rede aos seus passos.

6 Na transgressão do homem mau ha laço, mas o justo jubila e se alegra.

7 Informa-se o [4] justo da causa dos pobres, _mas_ o impio não
comprehende o conhecimento.

8 Os homens escarnecedores [5] abrazam a cidade, mas os sabios desviam a
ira.

9 O homem sabio que pleiteia com o tolo, [6] quer se turbe quer se ria,
não terá descanço.

10 Os homens sanguinolentos [7] aborrecem ao sincero, mas os rectos
procuram o seu bem.

11 Todo o seu espirito profere o tolo, [8] mas o sabio o encobre _e_
reprime.

12 O governador que dá attenção ás palavras mentirosas, _achará que_
todos os seus servos são impios.

13 O pobre e o usurario [9] se encontram, _e_ o Senhor allumia os olhos
d’ambos.

14 O [10] rei, que julga os pobres conforme a verdade, firmará o seu
throno para sempre.

15 A vara e a reprehensão dão sabedoria, [11] mas o rapaz entregue a si
mesmo envergonha a sua mãe.

16 Quando os impios se multiplicam, multiplicam-se as transgressões, mas
os justos verão a sua quéda.

17 Castiga [12] a teu filho, e te fará descançar; e dará delicias á tua
alma.

18 Não havendo prophecia, [13] o povo fica dissoluto; porém o que guarda
a lei [14] esse _é_ bemaventurado:

19 O servo se não emendará com palavras, porque, _ainda que te_ entenda,
todavia não responderá.

20 Tens visto _um_ homem arremessado nas suas palavras? [15] maior
esperança _ha_ d’_um_ tolo do que d’elle.

21 Quando alguem cria delicadamente o _seu_ servo desde a mocidade, por
derradeiro quererá ser seu filho.

22 O homem iracundo [16] levanta contendas; e o furioso multiplica as
transgressões.

23 A soberba [17] do homem o abaterá, mas o humilde d’espirito reterá a
gloria.

24 O que tem parte com o ladrão aborrece a sua _propria_ alma: ouve
maldições, [18] e não _o_ denuncia.

25 O temor do homem armará laços, mas o que confia no Senhor será posto
em alto retiro.

26 Muitos buscam a face do principe, mas o juizo de cada um vem do Senhor.

27 Abominação _é_ para os justos o homem iniquo, mas abominação _é_ para
o impio o de rectos caminhos.

[1] I Sam. 2.25. II Chr. 36.16. cap. 1.24, 27.

[2] Est. 8.15. cap. 11.10 e 28.12, 28.

[3] cap. 10.1 e 15.20 e 27.11. cap. 28.7. Luc. 15.13, 30.

[4] Job 29.16.

[5] cap. 11.11. Eze. 22.30.

[6] Mat. 11.17.

[7] Gen. 4.5, 8. I João 3.12.

[8] cap. 12.16 e 14.33.

[9] cap. 22.2.

[10] cap. 20.28 e 25.5.

[11] cap. 10.1 e 17.21, 25.

[12] ver. 15. cap. 13.24 e 19.18 e 22.15 e 23.13, 14.

[13] I Sam. 3.1. Amós 8.11, 12.

[14] João 13.17. Thi. 1.25.

[15] cap. 26.12.

[16] cap. 15.18 e 26.21.

[17] Job 22.29. cap. 15.33. Mat. 23.12. Luc. 14.11 e 18.14. Thi. 4.6, 10.
I Ped. 5.5.

[18] Lev. 5.1.



_As palavras de Agur._

30 Palavras d’Agur, filho de Jake, [SX] a prophecia: [1] disse este varão
a Ithiel; a Ithiel e a Ucal:

2 Na verdade que eu _sou_ mais brutal do que ninguem, não tenho o
entendimento do homem.

3 Nem aprendi a sabedoria, nem conheci o conhecimento dos sanctos.

4 Quem [2] subiu ao céu e desceu? quem encerrou os ventos nos seus
punhos? quem amarrou as aguas n’um panno? quem estabeleceu todas as
extremidades da terra? qual _é_ o seu nome? e qual _é_ o nome de seu
filho? se _é que_ o sabes?

5 Toda a palavra de Deus _é_ pura; escudo _é_ para os que confiam n’elle.

6 Nada accrescentes [3] ás suas palavras, para que não te reprehenda e
sejas achado mentiroso.

7 Duas coisas te pedi; não m’as negues, antes que morra:

8 Alonga de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem a pobreza
nem a riqueza: [4] mantem-me do pão da minha porção acostumada.

9 Para [5] que _porventura_ de farto _te_ não negue, e diga: Quem _é_ o
Senhor? ou que, empobrecendo, não venha a furtar, e lance mão do nome de
Deus.

10 Não calumnies o servo diante de seu senhor, para que te não amaldiçoe
e fiques culpado.

11 _Ha uma_ geração que amaldiçoa a seu pae, e que não bemdiz a sua mãe.

12 _Ha uma_ geração _que é_ pura [6] aos seus olhos, e que nunca foi
lavada da sua immundicia.

13 _Ha uma_ geração cujos olhos são altivos, e as suas palpebras
levantadas para cima.

14 _Ha uma_ geração [7] cujos dentes _são_ espadas, e cujos queixaes
_são_ facas, para consumirem da terra os afflictos, e os necessitados
d’entre os homens.

15 A sanguesuga tem duas filhas, _a saber_: Dá, Dá. Estas tres coisas
nunca se fartam; _e_ quatro nunca dizem: Basta.

16 A sepultura; [8] a madre esteril; a terra _que se_ não farta d’agua; e
o fogo nunca diz: Basta.

17 Os olhos [9] _que_ zombam do pae, ou desprezam a obediencia da mãe,
corvos do ribeiro os arrancarão e os pintãos da aguia os comerão.

18 Estas tres _coisas_ me maravilham; e quatro ha que não conheço:

19 O caminho da aguia no céu; o caminho da cobra na penha; o caminho do
navio no meio do mar; e o caminho do homem com _uma_ virgem.

20 Tal _é_ o caminho da mulher adultera: ella come, e limpa a sua bocca,
e diz: Não commetti maldade.

21 Por tres coisas se alvoroça a terra: e por quatro, _que_ não pode
supportar:

22 Pelo servo, [10] quando reina; e _pelo_ tolo, quando anda farto de pão;

23 Pela _mulher_ aborrecida, quando se casa; e _pela_ serva, quando ficar
herdeira da sua senhora.

24 Estas quatro coisas _são_ das mais pequenas da terra, porém sabias,
bem providas de sabedoria:

25 As formigas [11] _são um_ povo impotente; _todavia_ no verão preparam
a sua comida:

26 Os coelhos _são um_ povo debil; e _comtudo_ põem a sua casa na penha:

27 Os gafanhotos não teem rei; e _comtudo_ todos saem, _e em bandos_ se
repartem:

28 A [SY] aranha apanha com as mãos, e está nos paços dos reis.

29 Estas tres teem um bom andar, e quatro que passeiam mui bem:

30 O leão, o mais forte entre os animaes, que por ninguem torna atraz:

31 O [SZ] cavallo de guerra, bem cingido pelos lombos; e o bode; e o rei
a quem se não pode resistir.

32 Se obraste loucamente, elevando-te, e se imaginaste o mal, [12] _põe_
a mão na bocca.

33 Porque o espremer do leite produz manteiga, e o espremer do nariz
produz sangue, e o espremer da ira produz contenda.

[1] cap. 31.1.

[2] João 3.13. Job 38.4, etc. Isa. 40.12, etc.

[3] Deu. 4.2 e 12.32. Apo. 22.18, 19.

[4] Mat. 6.11.

[5] Deu. 8.12, 14, 17 e 31.20 e 32.15. Ose. 13.6.

[6] Luc. 18.11.

[7] cap. 12.18. Amós 8.4.

[8] cap. 27.20. Hab. 2.5.

[9] Gen. 9.22. Lev. 20.9. cap. 20.20 e 23.32.

[10] Ecc. 10.7.

[11] cap. 6.6, etc.

[12] Job 21.5. Miq. 7.16.



_Os conselhos que a mãe do rei Lemuel deu a seu filho._

[Antes de Christo 1015]

31 Palavras do rei Lemuel: [1] a prophecia com que lhe ensinou a sua mãe.

2 Como, [2] filho meu? e como, ó filho do meu ventre? e como, ó filho das
minhas promessas?

3 Não dês [3] ás mulheres a tua força, nem os teus caminhos ás que
destroem os reis.

4 Não _é_ dos reis, [4] ó Lemuel, não _é_ dos reis beber vinho, nem dos
principes _desejar_ bebida forte.

5 Para que não bebam, [5] e se esqueçam do estatuto, e pervertam o juizo
de todos os afflictos.

6 Dae bebida forte aos que perecem, e o vinho aos amargosos d’espirito:

7 Para que bebam, e se esqueçam da sua pobreza, e do seu trabalho não se
lembrem mais.

8 Abre [6] a tua bocca a favor do mudo, pelo direito de todos que vão
perecendo.

9 Abre a tua bocca; [7] julga rectamente; e faze justiça aos pobres e aos
necessitados.

10 _Aleph._ [8] Mulher virtuosa quem a achará? porque a sua valia muito
excede a de rubins.

11 _Beth._ O coração do seu marido está n’ella _tão_ confiado que fazenda
lhe não faltará.

12 _Gimel._ Ella lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida.

13 _Daleth._ Busca lã e linho, e trabalha com a industria de suas mãos.

14 _He._ É como o navio de mercador; de longe traz o seu pão.

15 _Vau._ Ainda até de noite [9] se levanta, e dá mantimento á sua casa,
e ordinaria porção ás suas servas.

16 _Zain._ Considera _uma_ herdade, e adquire-a; planta _uma_ vinha do
fructo de suas mãos.

17 _Heth._ Cinge os seus lombos de força, e corrobora os seus braços.

18 _Teth._ Prova _e vê_ que _é_ boa a sua mercancia; _e_ a sua lampada
não se apaga de noite.

19 _Jod._ Estende as suas mãos ao fuso, e as palmas das suas mãos pegam
na roca.

20 _Caph._ [10] Abre a sua mão ao afflicto; e ao necessitado estende as
suas mãos.

21 _Lamed._ Não temerá, por causa da neve, por sua casa, porque toda a
sua casa anda forrada de roupa dobrada.

22 _Mem._ Faz para si tapeçaria; de linho fino e purpura é o seu vestido.

23 _Nun._ [11] Conhece-se o seu marido nas portas, quando se assenta com
os anciãos da terra.

24 _Samech._ Faz pannos de linho fino, e vende-os, e dá cintas aos
mercadores.

25 _Ain._ A força e a gloria são os seus vestidos, e ri-se do dia futuro.

26 _Pé._ Abre a sua bocca com sabedoria, e a lei da beneficencia _está_
na sua lingua.

27 _Tsade._ Attenta pelos passos de sua casa, e não come o pão da
preguiça.

28 _Koph._ Levantam-se seus filhos, prezam-n’a por bemaventurada; _como
tambem_ seu marido, que a louva, _dizendo_:

29 _Res._ Muitas filhas obraram virtuosamente; porém tu a todas as
sobrepujas.

30 _Sin._ Enganosa _é_ a graça e vaidade a formosura, _mas_ a mulher que
teme ao Senhor essa será louvada.

31 _Thau._ Dae-lhe do fructo das suas mãos, e louvem-n’a nas portas as
suas obras.

[1] cap. 30.1.

[2] Isa. 49.15.

[3] cap. 5.9. Neh. 13.26. cap. 7.36.

[4] Ecc. 10.17.

[5] Ose. 4.11.

[6] Job 29.15, 16. I Sam. 19.4. Est. 4.16.

[7] Lev. 19.15. Deu. 1.16. Job 29.12. Isa. 1.17. Jer. 22.16.

[8] cap. 12.4 e 18.22 e 19.14.

[9] Rom. 12.11. Luc. 12.42.

[10] Eph. 4.28. Heb. 13.16.

[11] cap. 12.4.



LIVRO DO ECCLESIASTES, OU PRÉGADOR.



_A vaidade de todas as coisas terrestres._

[Antes de Christo 977]

1 Palavras [1] do prégador, filho de David, rei em Jerusalem:

2 Vaidade [2] de vaidades! diz o prégador, vaidade de vaidades! _é_ tudo
vaidade.

3 Que vantagem [3] tem o homem, de todo o seu trabalho, que elle trabalha
debaixo do sol?

4 _Uma_ geração vae, e _outra_ geração vem; porém a terra para sempre
permanece.

5 E nasce o sol, e põe-se o sol, e aspira ao seu logar d’onde nasceu.

6 Vae para o sul, e faz o _seu_ giro para o norte; continuamente vae
girando o vento, [4] e volta o vento sobre os seus giros.

7 Todos os ribeiros vão para o mar, e _comtudo_ o mar não se enche: para
o logar para onde os ribeiros vão, para ali tornam elles a ir.

8 Todas estas coisas se cançam _tanto_, que ninguem o póde declarar: [5]
os olhos se não fartam de vêr, nem se enchem os ouvidos de ouvir.

9 O [6] que foi isso _é o que_ ha de ser; e o que se fez isso se fará; de
modo que nada _ha_ de novo debaixo do sol.

10 Ha alguma coisa de que se possa dizer: Vês isto, _é_ novo? já foi nos
seculos passados, que foram antes de nós.

11 _Já_ não _ha_ lembrança das coisas que precederam, e das coisas que
hão de ser tambem d’ellas não haverá lembrança, nos que hão de ser depois.

12 Eu, [7] o prégador, fui rei sobre Israel em Jerusalem.

13 E appliquei o meu coração a esquadrinhar, e a informar-me com
sabedoria de tudo quanto succede debaixo do céu: [8] esta enfadonha
occupação deu Deus aos filhos dos homens, para n’ella os exercitar.

14 Attentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que
tudo _era_ vaidade e afflicção d’espirito.

15 _Aquillo que é_ torto não se póde endireitar; _aquillo_ que falta não
se póde contar.

16 Fallei eu com o meu coração, dizendo: [9] Eis que eu me engrandeci,
e augmentei em sabedoria, sobre todos os que houve antes de mim em
Jerusalem: e o meu coração contemplou abundantemente a sabedoria e a
sciencia.

17 E appliquei [10] o meu coração a entender a sabedoria e a sciencia,
os desvarios e as doidices, e vim a saber que tambem isto era afflicção
d’espirito.

18 Porque [11] na muita sabedoria _ha_ muito enfado; e o que _se_
augmenta _em_ sciencia, accrescenta o trabalho.

[1] ver. 12. cap. 7.27 e 12.8, 9.

[2] cap. 12.8.

[3] cap. 2.22 e 3.9.

[4] João 3.8.

[5] Pro. 27.20.

[6] cap. 3.15.

[7] ver. 1.

[8] Gen. 3.19. cap. 3.10.

[9] I Reis 3.12, 13 e 4.30 e 10.7, 23. cap. 2.9.

[10] cap. 2.3, 12 e 7.23, 25. I The. 5.21.

[11] cap. 12.12.



_Os prazeres e as riquezas não produzem a felicidade._

2 Disse eu no meu coração: [1] Ora vem, eu te provarei com alegria,
attenta pois para o bem; porém eis que tambem isto _era_ vaidade.

2 Ao riso disse: [2] _Estás_ doido; e á alegria: De que serve esta?

3 Busquei [3] no meu coração como me daria ao vinho (regendo porém o meu
coração com sabedoria), e como reteria a loucura, até vêr o que seria
melhor que os filhos dos homens fizessem debaixo do céu, _durante_ o
numero dos dias de sua vida.

4 Fiz para mim obras magnificas: edifiquei para mim casas: plantei para
mim vinhas.

5 Fiz para mim hortas e jardins, e plantei n’elles arvores de toda _a
especie_ de fructa.

6 Fiz para mim tanques d’aguas, para regar com elles o bosque em que
reverdeciam as arvores.

7 Adquiri servos e servas, e tive filhos de casa; tambem tive grande
possessão de vaccas e ovelhas, mais do que todos os que houve antes de
mim em Jerusalem.

8 Amontoei tambem para mim prata e oiro, e as joias de reis e das
provincias; provi-me de cantores e cantoras, e das delicias dos filhos
dos homens: d’instrumentos de musica, e de toda a sorte d’instrumentos.

9 E engrandeci, e [4] augmentei mais do que todos os que houve antes de
mim em Jerusalem: perseverou tambem comigo a minha sabedoria.

10 E tudo quanto desejaram os meus olhos não lh’o neguei, nem retive o
meu coração d’alegria alguma; mas o meu coração se alegrou de todo o meu
trabalho, [5] e esta foi a minha porção de todo o meu trabalho.

11 E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como tambem
para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, _e_ eis que tudo _era_
vaidade [6] e afflicção d’espirito, e _que_ proveito nenhum _havia_
debaixo do sol.

12 Então passei á contemplação da sabedoria, e dos desvarios, [7] e da
doidice; porque que fará o homem que seguir ao rei? o que outros já
fizeram;

13 Então vi eu que a sabedoria é mais excellente do que a estulticia,
quanto a luz é mais excellente do que as trevas.

14 Os olhos [8] do sabio _estão_ na sua cabeça, mas o louco anda em
trevas: tambem então entendi eu que o mesmo successo lhes succede a todos.

15 Pelo que eu disse no meu coração: Como succeder ao tolo, assim me
succederá a mim; porque pois então busquei eu mais a sabedoria? Então
disse no meu coração que tambem isto _era_ vaidade.

16 Porque nunca _haverá_ mais lembrança do sabio do que do tolo;
porquanto de tudo quanto agora _ha_ nos dias futuros total esquecimento
haverá. E como morre o sabio? assim como o tolo.

17 Pelo que aborreci esta vida, porque a obra que se faz debaixo do sol
me _parece_ má; porque tudo _é_ vaidade e afflicção d’espirito.

18 Tambem eu aborreci todo o meu trabalho, em que eu trabalhei debaixo do
sol, visto que eu havia de deixal-o ao homem que viesse depois de mim.

19 Porque quem sabe se será sabio ou tolo? todavia se assenhoreará sobre
todo o meu trabalho em que trabalhei, e em que me houve sabiamente
debaixo do sol; tambem isto _é_ vaidade.

20 Pelo que eu me appliquei a fazer que o meu coração perdesse a
esperança de todo o trabalho, em que trabalhei debaixo do sol.

21 Porque ha homem que trabalha com sabedoria, e sciencia, e destreza;
todavia deixará _o seu trabalho_, como porção sua, a _um_ homem que não
trabalhou n’elle: tambem isto _é_ vaidade e grande enfado.

22 Porque, [9] que _mais_ tem o homem de todo o seu trabalho, e fadiga do
seu coração, em que elle anda trabalhando debaixo do sol?

23 Porque todos os seus dias [10] _são_ dôres, e a sua occupação _é_
vexação; até de noite não descança o seu coração: tambem isto é vaidade.

24 Não _é pois_ bom para o homem que [11] coma e beba, e _que_ faça gozar
a sua alma do bem do seu trabalho? tambem eu vi que isto _vem_ da mão de
Deus.

25 (Porque quem pode comer, ou quem [TA] o pode gozar _melhor_ do que
eu?).

26 Porque ao homem que _é_ bom diante d’elle dá Deus sabedoria e
conhecimento e alegria, porém ao peccador dá trabalho, para que elle
ajunte, e amontoe, [12] para o dar ao bom perante a sua face. Tambem isto
_é_ vaidade e afflicção d’espirito.

[1] Luc. 12.19.

[2] Pro. 14.13.

[3] cap. 1.17.

[4] cap. 1.16.

[5] cap. 3.22 e 5.18 e 9.9.

[6] cap. 1.3, 14.

[7] cap. 1.17.

[8] Pro. 17.24. cap. 8.

[9] cap. 1.3 e 3.9.

[10] Job 5.7 e 14.1.

[11] cap. 3.12, 13, 22 e 5.18 e 8.15.

[12] Job 27.16, 17. Pro. 28.8.



_Ha, para todas as coisas, um tempo determinado por Deus._

3 Tudo _tem_ o _seu_ [1] tempo determinado, e todo o proposito debaixo do
céu _tem o seu tempo_:

2 _Ha_ tempo de nascer, [2] e tempo de morrer: tempo de plantar, e tempo
d’arrancar o que se plantou:

3 Tempo de matar, e tempo de curar: tempo de derribar, e tempo de
edificar:

4 Tempo de chorar, e tempo de rir: tempo de prantear, e tempo de saltar:

5 Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras: tempo de abraçar,
e tempo de afastar-se de abraçar:

6 Tempo de buscar, e tempo de perder: tempo de guardar, e tempo de deitar
fóra:

7 Tempo de rasgar, e tempo de coser: tempo de calar, [3] e tempo de
fallar:

8 Tempo de amar, [4] e tempo de aborrecer: tempo de guerra, e tempo de
paz.

9 Que [5] vantagem tem o trabalhador d’aquillo em que trabalha?

10 Tenho [6] visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para
com elle os affligir.

11 Tudo fez formoso em seu tempo: tambem poz o seculo no coração d’elles,
[7] sem que o homem possa descobrir a obra que Deus fez desde o principio
até ao fim.

12 _Já_ tenho advertido [8] que não _ha coisa_ melhor para elles do que
alegrar-se e fazer bem na sua vida;

13 Como tambem que todo o homem [9] coma e beba, e goze do bem de todo o
seu trabalho: _isto é um_ dom de Deus.

14 Sei eu que tudo quanto Deus faz isso durará eternamente: nada se lhe
deve accrescentar, [10] _e_ nada d’elle se deve diminuir; e _isto_ faz
Deus para que haja temor diante d’elle.

15 O que houve [11] _d’antes ainda_ o ha agora: e o que ha de ser, já
foi; e Deus pede conta do que passou.

16 Vi mais debaixo [12] do sol, no logar do juizo, _que havia_ ali
impiedade, e no logar da justiça _que_ ali _havia_ impiedade.

17 Eu disse no meu coração: [13] Deus julgará o justo e o impio; porque
ali _será_ o tempo _para julgar_ de todo o intento e sobre toda a obra.

18 Disse eu no meu coração ácerca do estado dos filhos dos homens, que
Deus lhes declararia; e elles _o_ veriam, [14] que elles são _como_ as
bestas em si mesmos.

19 Porque o que succede aos filhos dos homens, isso mesmo tambem succede
ás bestas, e o mesmo succede a elles _ambos_: como morre um, assim morre
o outro; e todos teem o mesmo folego, e a vantagem dos homens sobre as
bestas não é nenhuma, porque todos _são_ vaidade.

20 Todos vão para um logar: [15] todos foram _feitos_ do pó, e todos
voltarão ao pó.

21 Quem [16] adverte que o folego dos filhos dos homens sobe para cima, e
que o folego das bestas desce para baixo da terra?

22 Assim que tenho visto [17] que não _ha_ coisa melhor do que alegrar-se
o homem nas suas obras, porque essa _é_ a sua porção; [18] porque quem o
levará a vêr o que será depois d’elle?

[1] ver. 17. cap. 8.6.

[2] Heb. 9.27.

[3] Amós 5.13.

[4] Luc. 14.26.

[5] cap. 1.3.

[6] cap. 1.13.

[7] cap. 8.17. Rom. 11.33.

[8] ver. 22.

[9] cap. 2.24.

[10] Thi. 1.17.

[11] cap. 1.9.

[12] cap. 5.8.

[13] Rom. 2.6, 7, 8. II Cor. 5.10. II The. 1.6, 7. ver. 1.

[14] cap. 2.16.

[15] Gen. 3.19.

[16] cap. 12.7.

[17] ver. 12. cap. 2.24 e 5.18 e 11.9.

[18] cap. 2.10 e 8.7 e 10.14.



_Os males e as tribulações da vida._

4 Depois me virei, [1] e attentei em todas as oppressões que se fazem
debaixo do sol; e eis que _vi_ as lagrimas dos _que foram_ opprimidos
e dos que não teem consolador; e a força _estava_ da banda dos seus
oppressores; porém elles não tinham consolador.

2 Pelo que eu louvei [2] os mortos que já morreram, mais do que os vivos
que vivem ainda,

3 E melhor [3] que uns e outros _é_ aquelle que ainda não é; que não viu
as más obras que se fazem debaixo do sol.

4 Tambem vi eu que todo o trabalho, e toda a destreza em obras, _attrahe_
ao homem a inveja do seu proximo. Tambem isto _é_ vaidade e afflicção
d’espirito.

5 O tolo [4] cruza as suas mãos, e come a sua _propria_ carne.

6 Melhor [5] é uma mão cheia _com_ descanço do que ambos os punhos cheios
_com_ trabalho, e afflicção d’espirito.

7 Outra vez me tornei a virar, e vi _uma_ vaidade debaixo do sol.

8 Ha um _tal que é só_, e não tem segundo, nem tão pouco filho nem irmã;
e de todo o seu trabalho não _ha_ fim, [6] nem o seu olho se farta de
riquezas; nem _diz_: Para quem trabalho eu, e privo a minha alma do bem?
Tambem isto _é_ vaidade e enfadonha occupação.

9 Melhores _são_ dois do que um, porque teem melhor paga do seu trabalho.

10 Porque se vierem a cair, um levanta ao seu companheiro: mas ai do _que
estiver_ só; pois, caindo, não _haverá_ outro que o levante.

11 Tambem, se dois dormirem juntos, elles se aquentarão; mas um _só_ como
se aquentará?

12 E, se alguem prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão
de tres dobras não se quebra tão depressa.

13 Melhor _é_ o mancebo pobre e sabio do que o rei velho e insensato, que
se não deixa mais admoestar.

14 Porque _um_ sae do carcere para reinar; sim, um que nasceu pobre no
seu reino.

15 Vi a todos os viventes andarem debaixo do sol com o mancebo, o
successor que estará no seu logar.

16 Não tem fim todo o povo, todo o que houve antes d’elle; tão pouco os
descendentes se alegrarão d’elle. Na verdade que tambem isto _é_ vaidade
e afflicção d’espirito.

[1] cap. 3.16 e 5.8.

[2] Job 3.17, etc.

[3] Job 3.11, 16, 21. cap. 6.3.

[4] Pro. 6.10 e 24.33.

[5] Pro. 15.16, 17 e 16.8.

[6] Pro. 27.20. I João 2.16.



_Varios conselhos praticos._

5 Guarda [1] o teu pé, quando entrares na casa de Deus; e inclina-te mais
a ouvir do que a offerecer sacrificios de tolos, pois não sabem que fazem
mal.

2 Não te precipites com a tua bocca, nem o teu coração se apresse a
pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus _está_ nos céus, e
tu _estás_ sobre a terra; [2] pelo que sejam poucas as tuas palavras.

3 Porque, da muita occupação vem os sonhos, [3] e a voz do tolo da
multidão das palavras.

4 Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpril-o; [4] porque
não se agrada de tolos: o que votares, paga-o.

5 Melhor [5] _é_ que não votes do que votes e não pagues.

6 Não consintas que a tua bocca faça peccar a tua carne, nem [6] digas
diante do anjo que _foi_ erro: por que causa se iraria Deus contra a tua
voz, que destruisse a obra das tuas mãos?

7 Porque, como na multidão dos sonhos _ha_ vaidades, assim o _ha_ nas
muitas palavras: [7] mas tu teme a Deus.

8 Se vires em _alguma_ provincia oppressão de pobres, e violencia do
juizo e da justiça, não te maravilhes de similhante caso; porque o que
mais alto _é_ do que os altos _n’isso_ attenta; e _ha_ mais altos do que
elles.

9 O proveito da terra é para todos: até o rei se serve do campo.

10 O que amar o dinheiro nunca se fartará do dinheiro; e quem amar a
abundancia nunca _se fartará_ da renda: tambem isto é vaidade.

11 Onde a fazenda se multiplica, ali se multiplicam tambem os que a
comem: que mais proveito pois _teem_ os seus donos do que verem-n’a com
os seus olhos?

12 Doce _é_ o somno do trabalhador, quer coma pouco quer muito; porém a
fartura do rico não o deixa dormir.

13 Ha mal _que_ vi debaixo do sol, [8] e attrahe enfermidades: as
riquezas que os seus donos guardam para o seu proprio mal;

14 Porque as mesmas riquezas se perdem com enfadonhas occupações, e
gerando algum filho nada _lhe fica_ na sua mão.

15 Como [9] saiu do ventre de sua mãe, _assim_ nú se tornará, indo-se
como veiu; e nada tomará do seu trabalho, que possa levar na sua mão.

16 Assim _que_ tambem isto _é_ um mal que attrahe enfermidades, que,
infallivelmente, como veiu, assim se vae: e que proveito lhe _vem_ de
trabalhar para o vento,

17 E de haver comido todos os seus dias nas trevas, e de padecer muito
enfado, e enfermidade, e cruel furor?

18 Eis aqui o que eu vi, uma boa e bella coisa: [10] comer e beber, e
gozar-se do bem de todo o seu trabalho, em que trabalhou debaixo do sol,
_durante_ o numero dos dias da sua vida que Deus lhe deu, [11] porque
esta _é_ a sua porção.

19 E todo [12] o homem, a quem Deus deu riquezas e fazenda, e lhe deu
poder para comer d’ellas, e tomar a sua porção, e gozar do seu trabalho:
isto é dom de Deus.

20 Porque não se lembrará muito dos dias da sua vida; porquanto Deus lhe
responde com alegria do seu coração.

[1] Exo. 3.5.

[2] Pro. 10.19. Mat. 6.7.

[3] Pro. 10.19.

[4] Num. 30.2. Deu. 23.21, 22, 23.

[5] Pro. 20.25. Act. 5.4.

[6] I Cor. 11.10.

[7] cap. 12.13.

[8] cap. 6.1.

[9] Job 1.21. I Tim. 6.7.

[10] cap. 2.24 e 3.12, 13, 22 e 9.7 e 11.9.

[11] cap. 2.10 e 3.22.

[12] cap. 2.24 e 3.13 e 6.2.



_É licito gozar os bens que Deus deu, mas estes não podem satisfazer a
alma._

6 Ha [1] um mal que tenho visto debaixo do sol, e mui frequente _é_ entre
os homens:

2 _Um_ homem a quem Deus deu riquezas, fazenda e honra, [2] e nada lhe
falta de tudo quanto a sua alma deseja, [3] e Deus não lhe dá poder para
d’ahi comer, antes o estranho lh’o come: _tambem_ isto _é_ vaidade e uma
má enfermidade.

3 Se o homem gerar cem _filhos_, e viver muitos annos, e os dias dos seus
annos forem muitos, porém a sua alma se não fartar do bem, [4] e tambem
não tiver sepultura, digo que um aborto _é_ melhor do que elle.

4 Porquanto debalde veiu, e ás trevas se vae, e de trevas se encobre o
seu nome.

5 E ainda _que_ nunca viu o sol, nem o conheceu, mais descanço tem do que
o tal.

6 E, ainda que vivesse duas vezes mil annos e não visse o bem,
_porventura_ todos não vão para um mesmo logar?

7 Todo [5] o trabalho do homem é para a sua bocca, e comtudo nunca se
enche a sua cubiça.

8 Porque, que mais tem o sabio do que o tolo? e que _mais_ tem o pobre
que sabe andar perante os vivos?

9 Melhor é a vista dos olhos do que o vaguear da cubiça: tambem isto _é_
vaidade, e afflicção de espirito.

10 Seja qualquer o que fôr, já o seu nome foi nomeado, e sabe-se que _é_
homem, [6] e que não póde contender com o que é mais forte do que elle.

11 Na verdade que ha muitas coisas que multiplicam a vaidade: que mais
tem o homem _com ellas_!

12 Porque quem sabe o que _é_ bom n’esta vida para o homem, _durante_
o numero dos dias da vida da sua vaidade, os quaes gasta como sombra?
porque quem declarará ao homem que é o que passará depois d’elle debaixo
do sol?

[1] cap. 5.13.

[2] Job 21.10, etc.

[3] Luc. 12.20.

[4] Isa. 14.19, 20. Jer. 22.19. Job 3.16. cap. 4.3.

[5] Pro. 16.26.

[6] Job 9.32. Isa. 45.9. Jer. 49.19.



_As vantagens do soffrimento, da paciencia, e da moderação._

7 Melhor _é_ a _boa_ fama do que o melhor unguento, e o dia da morte do
que o dia do nascimento d’alguem.

2 Melhor [1] _é_ ir á casa do luto do que ir á casa do banquete, _porque_
n’ella _é_ o fim de todos os homens; e os vivos _o_ applicam ao seu
coração.

3 Melhor _é_ o nojo do que o riso, [2] porque com a tristeza do rosto se
encommenda o coração.

4 O coração dos sabios _está_ na casa do luto, mas o coração dos tolos na
casa da alegria.

5 Melhor [3] _é_ ouvir a reprehensão do sabio, do que ouvir alguem a
canção do tolo.

6 Porque qual o ruido dos espinhos debaixo _d’uma_ panella, tal _é_ o
riso do tolo: tambem isto _é_ vaidade.

7 Verdadeiramente que a oppressão faria endoidecer _até_ ao sabio, [4] e
a peita corrompe o coração.

8 Melhor _é_ o fim das coisas do que o principio d’ellas: [5] melhor _é_
o longanimo do que o altivo de coração.

9 Não te [6] apresses no teu espirito a irar-te, porque a ira repousa no
seio dos tolos.

10 Nunca digas: Porque foram os dias passados melhores do que estes?
porque nunca com sabedoria isto perguntarias.

11 Tão boa _é_ a sabedoria como a herança, [7] e d’ella os que vêem o sol
tiram proveito.

12 Porque a sabedoria serve de sombra, como de sombra serve o dinheiro;
mas a excellencia do conhecimento _é_ que a sabedoria dá vida ao seu
possuidor.

13 Attenta para a obra de Deus; [8] porque quem poderá endireitar o que
elle fez torto?

14 No dia da prosperidade goza do bem, [9] mas no dia da adversidade
considera; _porque_ tambem Deus fez a este em opposição áquelle, para que
o homem nada ache _do que haverá_ depois d’elle.

15 Tudo isto vi nos dias da minha vaidade: [10] ha _um_ justo que perece
na sua justiça, e ha _um_ impio que prolonga os _seus dias_ na sua
maldade.

16 Não sejas [11] demasiadamente justo, nem demasiadamente sabio: para
que te destruirias _a ti mesmo_?

17 Não sejas demasiadamente impio, nem sejas _demasiadamente_ louco: para
[12] que morrerias fóra de teu tempo?

18 Bom _é_ que retenhas isto, e tambem d’isto não retires a tua mão;
porque quem teme a Deus escapa de tudo isto.

19 A sabedoria [13] fortalece ao sabio, mais do que dez governadores que
haja na cidade.

20 Na verdade _que_ [14] não _ha_ homem justo sobre a terra, que faça
bem, e nunca peque.

21 Tão pouco appliques o teu coração a todas as palavras que se disserem,
para que não venhas a ouvir que o teu servo te amaldiçoa.

22 Porque o teu coração tambem _já_ confessou muitas vezes que tambem tu
amaldiçoaste a outros.

23 Tudo isto inquiri com sabedoria; e disse: [15] Sabedoria adquirirei;
mas ella _ainda_ estava longe de mim.

24 Longe [16] está o que foi; e o profundissimo quem o achará?

25 Eu virei o meu coração para saber, e inquirir, e buscar a sabedoria e
a razão, e para saber a impiedade da estulticia e a doidice dos desvarios.

26 E eu achei [17] uma coisa mais amarga do que a morte, a mulher cujo
coração são redes e laços, _e_ as suas mãos ataduras: quem fôr bom diante
de Deus escapará d’ella, mas o peccador virá a ser preso por ella.

27 Vedes aqui, isto achei, [18] diz o prégador, conferindo uma coisa com
a outra para _assim_ achar a razão d’ellas;

28 A qual ainda busca a minha alma, porém _ainda_ não a achei; um homem
entre mil achei _eu_, mas uma mulher entre todas estas não achei.

29 Vedes aqui, _que_ isto tão sómente achei: que Deus fez ao homem recto,
porém elles buscaram muitas invenções.

[1] Pro. 15.30 e 22.1.

[2] II Cor. 7.10.

[3] Pro. 13.18 e 15.31, 32.

[4] Exo. 23.8. Deu. 16.19.

[5] Pro. 14.29.

[6] Pro. 14.17 e 16.32. Thi. 1.19.

[7] cap. 11.7.

[8] Job 12.14. cap. 1.15. Isa. 14.27.

[9] cap. 3.4.

[10] cap. 8.14.

[11] Pro. 25.16. Rom. 12.3.

[12] Job 15.32. Pro. 10.27.

[13] Pro. 21.22 e 24.5. cap. 9.16, 18.

[14] I Reis 8.46. II Chr. 6.36. Pro. 20.9. Rom. 3.23. I João 1.8.

[15] Rom. 1.22.

[16] Rom. 11.33.

[17] Pro. 5.3, 4 e 22.14.

[18] cap. 1.1, 2.



_A obediencia devida ao rei._

8 Quem _é_ tal como o sabio? e quem sabe a interpretação das coisas? A
sabedoria do homem allumia o seu rosto, e a aspereza do seu rosto se muda.

2 Eu _digo_: [1] Observa o mandamento do rei, porém segundo a palavra do
juramento _que fizeste_ a Deus.

3 Não te apresses [2] a sair da presença d’elle, nem persistas em alguma
coisa má, porque elle faz tudo o que quer.

4 Onde _ha_ a palavra do rei, _ahi está_ o poder; [3] e quem lhe dirá:
Que fazes?

5 Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; e o coração do
sabio saberá o tempo e o modo.

6 Porque para [4] todo o proposito ha _seu_ tempo e _seu_ modo; porquanto
o mal do homem _é_ muito sobre elle.

7 Porque não sabe [5] o que ha de succeder: e, quando haja de succeder,
quem lh’o dará a entender?

8 Nenhum homem _ha_ que tenha dominio sobre o espirito, para reter o
espirito; nem tão pouco _tem elle_ poder [6] sobre o dia da morte: como
tambem nem armas _n’esta_ peleja: nem tão pouco a impiedade livrará aos
impios.

9 Tudo isto vi quando appliquei o meu coração a toda a obra que se faz
debaixo do sol: tempo ha em que _um_ homem tem dominio sobre _outro_
homem, para desgraça sua.

10 Assim tambem vi os impios sepultados, [TB] e _os que_ vinham, e sahiam
do logar sancto, que foram esquecidos na cidade em que fizeram bem:
tambem isto _é_ vaidade.


_O peccador não é logo castigado; o justo vê-se muitas vezes em
adversidade._

11 Porquanto [7] logo se não executa o juizo _sobre_ a má obra, por isso
o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para obrar o
mal.

12 Ainda [8] que o peccador faça mal cem _vezes_, e _os dias_ se lhe
prolonguem, comtudo bem sei eu, [9] que bem succede aos que temem a Deus,
aos que temerem diante d’elle.

13 Porém ao impio não irá bem, e elle não prolongará os dias; _será_ como
a sombra; visto que elle não teme diante de Deus.

14 _Ainda_ ha _outra_ vaidade que se faz sobre a terra: que ha justos
a quem succede segundo as obras dos impios, e ha impios a quem succede
segundo as obras dos justos. Digo que tambem isto _é_ vaidade.

15 Assim que louvei eu a alegria, porquanto o homem coisa nenhuma melhor
tem debaixo do sol do que comer, beber e alegrar-se; porque isso o
acompanhará no seu trabalho nos dias da sua vida que Deus lhe dá debaixo
do sol.

16 Applicando eu o meu coração a entender a sabedoria, e a ver a
occupação que ha sobre a terra; que nem de dia nem de noite vê _o homem_
somno nos seus olhos.

17 Então vi toda a obra de Deus, [10] que o homem não pode alcançar,
a obra que se faz debaixo do sol, pela qual trabalha o homem para _a_
buscar, porém não _a_ achará; e, ainda que diga o sabio que a virá a
saber, nem _por isso a_ poderá alcançar.

[1] Pro. 4.8, 9. Act. 6.15.

[2] Rom. 13.5. cap. 10.4.

[3] Job 34.18.

[4] cap. 3.1.

[5] Pro. 24.22. cap. 6.12 e 9.12 e 10.14.

[6] Job 14.5.

[7] Isa. 26.10.

[8] Isa. 65.20. Rom. 2.5.

[9] Isa. 3.10, 11. Mat. 25.34, 41.

[10] Job 5.9. cap. 3.11. Rom. 11.33.



_As mesmas coisas succedem aos justos e injustos. Gozemos os bens que
Deus nos dá._

9 Devéras revolvi todas estas coisas no meu coração, para claramente
entender tudo isto: [1] que os justos, e os sabios, e as suas obras,
_estão_ nas mãos de Deus, como _tambem_ que não conhece o homem nem o
amor nem o odio, _por_ tudo _o que passa_ perante a sua face.

2 Tudo [2] _succede a uns_, como a todos _os outros_; o mesmo succede
ao justo e ao impio; ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que
sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao peccador; ao
que jura como ao que teme o juramento.

3 Este mal _ha_ entre tudo quanto se faz debaixo do sol, que a todos
succede o mesmo; e que tambem o coração dos filhos dos homens esteja
cheio de maldade, e _que haja_ desvarios no seu coração, na sua vida, e
depois _se vão_ aos mortos.

4 Porque para o que acompanha com todos os vivos ha esperança (porque
melhor é o cão vivo do que o leão morto).

5 Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa
nenhuma, nem tão pouco teem elles jámais paga, [3] mas a sua memoria
ficou entregue ao esquecimento.

6 Até o seu amor, até o seu odio, e até a sua inveja já pereceu, e já não
teem parte alguma _n’este_ seculo, em coisa alguma do que se faz debaixo
do sol.

7 Vae, _pois_, come com alegria o teu pão [4] e bebe com bom coração o
teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras.

8 Em todo o tempo sejam alvos os teus vestidos, e nunca falte o oleo
sobre a tua cabeça.

9 Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da vida da tua
vaidade, os quaes _Deus_ te deu debaixo do sol, todos os dias da tua
vaidade: porque esta _é_ a tua porção _n’esta_ vida, e no teu trabalho,
em que tu trabalhaste debaixo do sol.

10 Tudo quanto te vier á mão para fazer, faze-_o_ conforme as tuas
forças, porque na sepultura, para onde tu vaes, não _ha_ obra, nem
industria, nem sciencia, nem sabedoria alguma.


_A sabedoria é muitas vezes mais util aos outros do que áquelle que a
possue._

11 Volvi-me, [5] e vi debaixo do sol que não _é_ dos ligeiros a carreira,
nem dos valentes a peleja, nem tão pouco dos sabios o pão, nem tão pouco
dos prudentes as riquezas, nem tão pouco dos entendidos o favor, mas que
o tempo e o acaso lhes succedem a todos.

12 Que tambem [6] o homem não sabe o seu tempo; _assim_ como os peixes
que se pescam com a rede maligna, e como os passarinhos que se prendem
com o laço, [7] assim se enlaçam _tambem_ os filhos dos homens no mau
tempo, quando cae de repente sobre elles.

13 Tambem vi esta sabedoria debaixo do sol, que _foi_ para comigo grande;

14 _Houve_ [8] uma pequena cidade em que _havia_ poucos homens, e veiu
contra ella um grande rei, e a cercou e levantou contra ella grandes
tranqueiras:

15 E se achou n’ella _um_ sabio pobre, que livrou aquella cidade pela sua
sabedoria, e ninguem se lembrava d’aquelle pobre homem.

16 Então disse eu: [9] Melhor _é_ a sabedoria do que a força, ainda que a
sabedoria do pobre _foi_ desprezada, e as suas palavras não foram ouvidas.

17 As palavras dos sabios em silencio se devem ouvir, mais do que o
clamor do que domina sobre os tolos.

18 Melhor [10] _é_ a sabedoria do que as armas de guerra, porém um _só_
peccador destroe muitos bens.

[1] cap. 8.14.

[2] Job 21.7, etc. Mal. 3.15.

[3] Job 7.8, 9, 10. Isa. 26.14.

[4] cap. 8.15.

[5] Amós 2.14, 15. Jer. 9.23.

[6] cap. 8.7.

[7] Pro. 29.6. Luc. 12.20, 39 e 17.26, etc. I The. 5.3.

[8] II Sam. 20.16-22.

[9] Pro. 21.22 e 24.5. cap. 7.19. ver. 18. Mar. 6.2, 3.

[10] ver. 16. Jos. 7.1, 11, 12.



_A loucura é a causa de muitas desgraças._

10 Assim como a mosca morta faz [TC] exhalar mau cheiro e evaporar o
unguento do perfumador, _assim o faz_ ao famoso em sabedoria e em honra
_uma_ pouca de estulticia.

2 O coração do sabio _está_ á sua dextra, mas o coração do tolo _está_ á
sua esquerda.

3 E, até quando o tolo vae pelo caminho, falta-_lhe_ o seu entendimento
[1] e diz a todos _que é_ tolo.

4 Levantando-se contra ti o espirito do governador, [2] não deixes o teu
logar, porque [TD] _é um_ remedio _que_ aquieta grandes peccados.

5 _Ainda_ ha _um_ mal _que_ vi debaixo do sol, como o erro _que_ procede
de diante do governador.

6 Ao tolo [3] assentam em grandes alturas, mas os ricos estão assentados
na baixeza.

7 Vi os servos [4] a cavallo, e os principes que andavam _a pé_ como
servos sobre a terra.

8 Quem [5] cavar _uma_ cova, cairá n’ella, e, quem romper _um_ muro,
_uma_ cobra o morderá.

9 Quem acarretar pedras, será maltratado por ellas, e o que rachar lenha
perigará com ella.

10 Se estiver embotado o ferro, e não se amollar o córte, então se devem
pôr mais forças: mas a sabedoria _é_ excellente para dirigir.

11 [TE] Se a cobra [6] morder, não estando encantada, então remedio
nenhum _se espera do encantador_, por mais habil _que seja_.

12 Nas palavras [7] da bocca do sabio _ha_ favor, porém os labios do tolo
o devoram.

13 O principio das palavras da sua bocca _é_ a estulticia, e o fim da sua
bocca _um_ desvario pessimo.

14 Bem _que_ [8] o tolo multiplique as palavras, não sabe o homem o que
ha de ser; e quem lhe fará saber o que será depois d’elle?

15 O trabalho dos tolos a cada um d’elles fatiga, porque não sabem ir á
cidade.

16 Ai de ti, [9] ó terra, cujo rei _é_ criança, e cujos principes comem
de manhã.

17 Bemaventurada tu, ó terra, cujo rei _é_ filho dos nobres, [10] e cujos
principes comem a tempo, para _refazerem as_ forças, e não para bebedice.

18 Pela muita preguiça se [TF] enfraquece o tecto, e pela frouxidão das
mãos goteja a casa.

19 Para rir se fazem convites, e o vinho alegra a vida, e por tudo o
dinheiro responde.

20 Nem [11] ainda no teu pensamento amaldiçoes ao rei, nem tão pouco no
mais interior da tua recamara amaldiçoes ao rico: porque as aves dos céus
levariam a voz, e os que teem azas dariam noticia da palavra.

[1] Pro. 13.16 e 18.2.

[2] cap. 8.3.

[3] Est. 3.1.

[4] Pro. 19.10 e 30.22.

[5] Pro. 26.27.

[6] Jer. 8.17.

[7] Pro. 10.32 e 12.13. Pro. 10.14 e 18.7.

[8] Pro. 15.2. cap. 3.22 e 8.7.

[9] Isa. 3.4, 5, 12 e 5.11.

[10] Pro. 31.4.

[11] Exo. 22.28. Act. 23.5.



_Façamos o que é bom no tempo opportuno._

11 Lança o [1] teu pão sobre as aguas, porque depois de muitos dias o
acharás.

2 Reparte [2] com sete, e ainda _até_ com oito, porque não sabes que mal
haverá sobre a terra.

3 Estando as nuvens cheias, vazam a chuva sobre a terra, e caindo a
arvore para o sul, ou para o norte, no logar em que a arvore cair ali
ficará.

4 Quem observa o vento, nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca
segará.

5 Assim como tu não sabes [3] qual o caminho do vento, nem como _se
formam_ os ossos no ventre da _mulher_ gravida, assim tu não sabes as
obras de Deus, que faz todas as coisas.

6 Pela manhã semeia a tua semente, e á tarde não retires a tua mão,
porque tu não sabes qual será recto, se isto, se aquillo, ou se ambas
_estas coisas_ egualmente _serão_ boas.

7 Devéras suave _é_ a luz, e agradavel _é_ aos olhos ver o sol.

8 Porém se o homem viver muitos annos, _e_ em todos elles se alegrar,
tambem se deve lembrar dos dias das trevas, porque hão de ser muitos, _e_
tudo quanto succedeu é vaidade.

9 Alegra-te, mancebo, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração nos
dias da tua mocidade, e [4] anda pelos caminhos do teu coração, e pela
vista dos teus olhos: sabe, porém, que por todas estas coisas te trará
Deus a juizo.

10 Afasta pois a ira do teu coração, [5] e remove da tua carne o mal,
porque a adolescencia e a juventude _são_ vaidade.

[1] Isa. 32.20. Pro. 19.17. Mat. 10.42. II Cor. 9.8. Gal. 6.9, 10.

[2] Luc. 6.30. I Tim. 6.18, 19. Miq. 5.5. Eph. 5.16.

[3] João 3.8.

[4] cap. 12.14. Rom. 2.6-11.

[5] II Cor. 7.1. II Tim. 2.22.



_A mocidade deve preparar-se para a velhice e morte._

12 Lembra-te [1] do teu Creador nos dias da tua mocidade, antes que
venham os maus dias, e cheguem os annos dos quaes venhas a dizer: [2] Não
tenho n’elles contentamento:

2 Antes que se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrellas, e
tornem a vir as nuvens depois da chuva;

3 No dia em que tremerem os guardas da casa, e se encurvarem os fortes
varões, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os
que olham pelas janellas;

4 E as duas portas da rua se fecharem por causa do baixo ruido da
moedura, e se levantar á voz das aves, [3] e todas as vozes do canto se
encurvarem:

5 Como tambem _quando_ temerem os _logares_ altos, e _houver_ espantos no
caminho, e florescer a amendoeira, e o gafanhoto o carregar, e perecer
o appetite, porque o homem se vae á sua [TG] eterna casa, [4] e os
pranteadores andarão rodeando pela praça.

6 Antes que se quebre a cadeia de prata, e se despedace o copo d’oiro, e
se despedace o cantaro junto á fonte, e se despedace a roda junto ao poço,

7 E o pó voltar [5] á terra, como o era, e o espirito voltar a Deus, que
o deu.

8 Vaidade de vaidade, diz o prégador, tudo _é_ vaidade.

9 E, quanto mais o prégador foi sabio, tanto mais sabedoria ao povo
ensinou, e attentou, e esquadrinhou, [6] e compoz muitos proverbios.


_Todo o dever do homem consiste em temer a Deus e em guardar os seus
mandamentos._

10 Procurou o prégador achar palavras agradaveis; e o escripto _é_ a
rectidão, palavras de verdade.

11 As palavras dos sabios _são_ como aguilhões, e como pregos, bem
affixados _pelos_ mestres das congregações, _que_ nos foram dados pelo
unico Pastor.

12 E, de mais d’isto, filho meu, attenta: não _ha_ limite para [TH] fazer
livros, e o muito estudar [7] enfado _é_ da carne.

13 De tudo o que se tem ouvido, o fim da coisa _é_: [8] Teme a Deus, e
guarda os seus mandamentos; porque isto _é o dever de_ todo o homem.

14 Porque [9] Deus ha de trazer a juizo toda a obra, e _até_ tudo o que
está encoberto, quer _seja_ bom quer _seja_ mau.

[1] Pro. 22.6. Lam. 3.27.

[2] II Sam. 19.35.

[3] II Sam. 19.35.

[4] Job 17.13. Jer. 9.17.

[5] Gen. 3.19. Job 34.15. cap. 3.21. Job 34.14. Isa. 57.16. Zac. 12.1.

[6] I Reis 4.32.

[7] cap. 1.18.

[8] Deu. 6.2 e 10.12.

[9] cap. 11.9. Mat. 12.36. Act. 17.30, 31. Rom. 2.16 e 14.10, 12. I Cor.
4.5. II Cor. 5.10.



CANTARES DE SALOMÃO.



_A esposa anhela pelo seu esposo._

[Antes de Christo 1014]

1 Cantico de canticos, que _é_ de Salomão.

2 Beije-me elle com os beijos da sua bocca; porque melhor _é_ o teu amor
do que o vinho.

3 Para [1] cheirar _são_ bons os teus unguentos, _como o_ unguento
derramado o teu nome _é_; por isso as virgens te amam.

4 Leva-me tu, correremos após ti. O rei me introduziu nas suas recamaras:
em ti nos regozijaremos e nos alegraremos: do teu amor nos lembraremos,
mais do que do vinho: os rectos te amam.

5 Morena _sou_, porém aprazivel, ó filhas de Jerusalem, como as tendas de
Kedar, como as cortinas de Salomão.

6 Não olheis para o eu ser morena; porque o sol resplandeceu sobre mim:
os filhos de minha mãe se indignaram contra mim, pozeram-me por guarda de
vinhas; a minha vinha que me _pertence_ não guardei.

7 Dize-me, ó _tu_, a quem a minha alma ama: Onde apascentas o teu
_rebanho_, onde _o_ recolhes pelo meio-dia: pois por que razão seria eu
como a que se cobre ao pé dos rebanhos de teus companheiros?

8 Se tu _o_ não sabes, ó mais formosa entre as mulheres, sae-te pelas
pizadas das ovelhas, e apascenta [TI] as tuas cabras junto ás moradas dos
pastores.

9 Ás eguas dos carros de Pharaó te comparo, [2] ó amiga minha.

10 Agradaveis são as tuas [3] faces entre _os teus_ enfeites, o teu
pescoço com os collares.

11 Enfeites d’oiro te faremos, com bicos de prata.

12 Emquanto o rei _está assentado_ á sua mesa, dá o meu nardo o seu
cheiro.

13 O meu amado é para mim um ramalhete de myrrha, morará entre os meus
peitos.

14 _Um_ [TJ] cacho de Chypre nas vinhas d’Engedi é para mim o meu amado.

15 Eis que _és_ formosa, [4] ó amiga minha, eis que _és_ formosa: os teus
olhos _são_ como os das pombas.

16 Eis que _és_ gentil e agradavel, ó amado meu; o nosso leito _é_ viçoso.

17 As traves da nossa casa _são_ de cedro, as nossas varandas de cypreste.

[1] Phi. 3.12, 13, 14. João 14.2. Eph. 2.6.

[2] cap. 2.2, 10, 13 e 4.1, 7 e 5.2 e 6.4. João 15.14, 15. II Chr. 1.16,
17.

[3] Eze. 16.11, 12, 13.

[4] cap. 4.1 e 5.12.



2 Eu _sou_ a rosa de Saron, o lyrio dos valles.

2 Qual o lyrio entre os espinhos, tal _é_ a minha amiga entre as filhas.

3 Qual a macieira entre as arvores do bosque, tal _é_ o meu amado entre
os filhos: desejo muito a sua sombra, e _debaixo d’ella_ me assento; [1]
e o seu fructo _é_ doce ao meu paladar.

4 Levou-me á [TK] sala do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o
amor.

5 Sustentae-me com passas, esforçae-me com maçãs, porque desfalleço
d’amor.

6 A [2] sua _mão_ esquerda _esteja_ debaixo da minha cabeça, e a sua
_mão_ direita me abrace.

7 Conjuro-vos, [3] ó filhas de Jerusalem, pelas [TL] corças e cervas do
campo, que não acordeis nem desperteis o _meu_ amor, até que queira.

8 _Esta é_ a voz do meu amado: eil-o ahi, _que já_ vem saltando sobre os
montes, pulando sobre os outeiros.

9 O meu amado [4] _é_ similhante ao corço, ou ao filho do veado: eis que
está detraz da nossa parede, olhando pelas janellas, reluzindo pelas
grades.

10 O meu amado responde e me diz: Levanta-te, [5] amiga minha, formosa
minha, e vem.

11 Porque eis que passou o inverno: a chuva cessou, _e_ se foi:

12 As flores se mostram na terra, o tempo de cantar chega, e a voz da
rola se ouve em nossa terra:

13 A figueira brotou os seus figuinhos, e as vides em flor dão o _seu_
cheiro: [6] levanta-te, amiga minha, formosa minha, e vem.

14 Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no occulto das
ladeiras, mostra-me a tua face, [7] faze-me ouvir a tua voz, porque a tua
voz _é_ doce, e a tua face aprazivel.

15 Tomae-nos [8] as raposas, as raposinhas, que fazem mal ás vinhas,
porque as nossas vinhas _estão_ em flor.

16 O meu amado [9] _é_ meu, e eu _sou_ d’elle: elle apascenta o seu
rebanho entre os lyrios.

17 Até [10] que sopre o dia, e fujam as sombras, [11] volta, amado meu:
faze-te similhante á corça ou ao filho dos veados sobre os montes de
Bether.

[1] Apo. 22.1, 2.

[2] cap. 8.3.

[3] cap. 3.5 e 8.4.

[4] ver. 17.

[5] ver. 13.

[6] ver. 10.

[7] cap. 8.13.

[8] Eze. 13.4. Luc. 13.32.

[9] cap. 6.3 e 7.10.

[10] cap. 4.6.

[11] ver. 9. cap. 8.14.



3 De noite [1] busquei em minha cama a quem a minha alma ama: busquei-o,
e não o achei.

2 Levantar-me-hei, pois, e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas praças
buscarei a quem ama a minha alma: busquei-o; e não o achei.

3 Acharam-me [2] os guardas, que rondavam pela cidade: _eu lhes
perguntei_: Vistes a quem ama a minha alma?

4 Apartando-me eu um pouco d’elles, logo achei a quem ama a minha alma:
agarrei-me a elle, e não o larguei, até que o introduzi em casa de minha
mãe, na camara d’aquella que me gerou.

5 Conjuro-vos, [3] ó filhas de Jerusalem, pelas corças e cervas do campo,
que não acordeis, nem desperteis o _meu_ amor, até que queira.


_O cortejo nupcial. O esposo exprime o seu amor pela esposa._

6 Quem _é_ esta [4] que sobe do deserto, como _umas_ columnas de fumo,
perfumada de myrrha, de incenso, e de toda a _sorte_ de pós do especieiro?

7 Eis que é a cama de Salomão; sessenta valentes _estão_ ao redor d’ella,
dos valentes d’Israel:

8 Todos armados d’espadas, dextros na guerra: cada um com a sua espada á
coxa por causa dos temores nocturnos.

9 O rei Salomão fez para si um [TM] thalamo de madeira do Libano.

10 Fez-lhe as columnas _de_ prata, o estrado d’oiro, o assento _de_
purpura, o interior [TN] coberto com o amor das filhas de Jerusalem.

11 Sahi, ó filhas de Sião, e contemplae ao rei Salomão com a corôa com
que o coroou sua mãe no dia do seu desposorio e no dia do jubilo do seu
coração.

[1] Isa. 26.9.

[2] cap. 5.7.

[3] cap. 2.7 e 8.4.

[4] cap. 8.5.



4 Eis que [1] _és_ formosa, amiga minha, eis que _és_ formosa: os teus
olhos _são como os_ das pombas entre as tuas tranças: o teu cabello _é_
como o rebanho de cabras que pastam no monte de Gilead.

2 Os [2] teus dentes _são_ como o rebanho das _ovelhas_ tosquiadas, que
sobem do lavadouro, e todas ellas produzem gemeos, e nenhuma _ha_ esteril
entre ellas.

3 Os teus labios _são_ como _um_ fio d’escarlate, e o teu fallar _é_
doce: [3] a fonte da tua cabeça como _um_ pedaço de romã [TO] entre as
tuas tranças.

4 O teu pescoço [4] _é_ como a torre de David, edificada para pendurar
armas: mil escudos pendem d’ella, todos rodellas de valorosos.

5 Os teus dois peitos [5] _são_ como dois filhos gemeos da corça, que se
apascentam entre os lyrios.

6 Até [6] que sopre o dia, e fujam as sombras, irei ao monte da myrrha e
ao outeiro do incenso.

7 Tu _és_ toda formosa, [7] amiga minha, e em ti não _ha_ mancha.

8 _Vem_ comigo do Libano, ó esposa, comigo do Libano vem: olha desde o
cume de Amana, [8] desde o cume de Senir e de Hermon, desde as moradas
dos leões, desde os montes dos leopardos.

9 Tiraste-me o coração, irmã minha, ó esposa: tiraste-me o coração com um
dos teus olhos, com um collar do teu pescoço.

10 Que bellos _são_ os teus amores, irmã minha! oh esposa minha! quanto
melhores _são_ os teus amores [9] do que o vinho! e o cheiro dos teus
unguentos do que _o de_ todas as especiarias!

11 Favos de mel _estão_ manando dos teus labios, [10] ó esposa! mel e
leite estão debaixo da tua lingua, e o cheiro dos teus vestidos _é_ como
o cheiro do Libano.

12 Jardim fechado _és_ tu, irmã minha, esposa minha, manancial fechado,
fonte sellada.

13 Os teus renovos _são um_ pomar de romãs, com fructos excellentes, o
cypreste com o nardo,

14 O nardo, e o açafrão, o calamo, e a canella, com toda a sorte
d’arvores d’incenso, a myrrha e aloes, com todas as principaes
especiarias.

15 És a fonte [11] dos jardins, poço das aguas vivas, que correm do
Libano!

16 Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul: assopra no meu jardim,
_para que_ distillem os seus aromas: ah! se viesse o meu amado para o seu
jardim, e comesse os seus fructos excellentes!

[1] cap. 1.15 e 5.12.

[2] cap. 6.6.

[3] cap. 6.7.

[4] cap. 7.4.

[5] Pro. 5.19. cap. 7.3.

[6] cap. 2.17.

[7] Eph. 5.27.

[8] Deu. 3.9.

[9] cap. 1.2.

[10] Pro. 24.13, 14. cap. 5.1. Gen. 27.27. Ose. 14.6, 7.

[11] João 4.10 e 7.38.



_A esposa finge indifferença pelo esposo, mas segue-o immediamente,
busca-o e reconcilia-se com elle._

5 Já vim para o meu jardim, irmã minha, ó esposa: colhi a minha myrrha
com a minha especiaria, [1] comi o meu favo com o meu mel, bebi o meu
vinho com o meu leite: [2] comei, amigos, [TP] bebei, ó amados, e
embriagae-vos.

2 Eu estava dormindo, mas o meu coração vigiava: [3] _eis_ a voz do meu
amado que estava batendo: abre-me, irmã minha, amiga minha, pomba minha,
perfeita minha, porque a minha cabeça _está_ cheia d’orvalho, as minhas
guedelhas das gottas da noite;

3 _Já_ despi os meus vestidos; como os tornarei a vestir? _já_ lavei os
meus pés; como os tornarei a sujar?

4 O meu amado metteu a sua mão pelo buraco _da porta_, e as minhas
entranhas estremeceram por amor d’elle.

5 Eu me levantei para abrir ao meu amado, e as minhas mãos distillavam
myrrha, e os meus dedos _gottejavam_ myrrha sobre as aldrabas da
fechadura.

6 Eu abri ao meu amado, mas já o meu amado se tinha retirado, _e_ tinha
ido: a minha alma se derreteu quando elle fallou; [4] busquei-o e não o
achei, chamei-o, e não me respondeu.

7 Acharam-me os guardas [5] que rondavam pela cidade: espancaram-me,
feriram-me, tiraram-me o meu véu os guardas dos muros.

8 Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalem, que, se achardes o meu amado, lhe
digaes que _estou_ enferma de amor.

9 Que _é_ o teu amado mais do que _outro_ amado, ó tu, [6] a mais formosa
entre as mulheres? que é o teu amado mais do que _outro_ amado, que tanto
nos conjuraste?

10 O meu amado _é_ candido e rubicundo; elle traz a bandeira entre dez
mil.

11 A sua cabeça _é como_ o oiro mais apurado, as suas guedelhas crespas,
pretas como o corvo.

12 Os seus olhos [7] _são_ como _os_ das pombas junto ás correntes das
aguas, lavados em leite, postos em engaste.

13 As suas faces _são_ como _um_ canteiro de [TQ] especiaria, _como_ [TR]
caixas aromaticas; os seus labios são como lyrios que gottejam myrrha
distillante.

14 As suas mãos _como_ anneis d’oiro que teem engastadas as turquezas: o
seu [TS] ventre _como_ alvo marfim, coberto de saphiras.

15 As suas pernas _como_ columnas de marmore, fundadas sobre bases de
oiro puro; o seu parecer como o Libano, excellente como os cedros.

16 O seu [TT] fallar é muitissimo suave, e todo elle totalmente
desejavel. Tal _é_ o meu amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalem.

[1] cap. 4.16. cap. 4.11.

[2] João 15.14.

[3] Apo. 3.20.

[4] cap. 3.1.

[5] cap. 3.3.

[6] cap. 1.8.

[7] cap. 1.15 e 4.1.



6 Para onde foi o teu amado, [1] ó mais formosa entre as mulheres? para
onde virou a vista o teu amado, e o buscaremos comtigo?

2 O meu amado desceu ao seu jardim, aos canteiros da especiaria, para se
apascentar nos jardins e para colher os lyrios.

3 Eu _sou_ [2] do meu amado, [3] e o meu amado _é_ meu: elle se apascenta
entre os lyrios.

4 Formosa _és_, amiga minha, como Tirza, aprazivel como Jerusalem,
formidavel como um exercito com bandeiras.

5 Desvia de mim os teus olhos, porque elles me perturbam. [4] O teu
cabello é como o rebanho das cabras que pastam em Gilead.

6 Os teus dentes [5] são como o rebanho d’ovelhas que sobem do lavadouro,
e todas produzem gemeos, e não _ha_ esteril entre ellas.

7 Como [6] _um_ pedaço de romã, _assim são_ as tuas faces [TU] entre as
tuas tranças.

8 Sessenta são as rainhas, e oitenta as concubinas, e as virgens sem
numero.

9 _Porém_ uma é a minha pomba, a minha perfeita, a unica de sua mãe, e
a mais querida de aquella que a pariu: vendo-a, as filhas a chamarão
bemaventurada, as rainhas e as concubinas a louvarão.

10 Quem _é_ esta que apparece como a alva do dia, formosa como a lua, [7]
lustrosa como o sol, formidavel como um exercito com bandeiras?

11 Desci ao jardim das nogueiras, para ver os novos fructos do valle, a
ver se floresciam as vides _e_ brotavam as romeiras.

12 Antes de eu _o_ sentir, me poz a minha alma nos carros do meu povo
voluntario.

13 Volta, volta, ó Sulamitha, volta, volta, para que nós te vejamos.
Porque olhas para a Sulamitha [TV] como para as fileiras de dois
exercitos?

[1] cap. 1.8.

[2] cap. 2.16 e 7.10.

[3] cap. 4.1.

[4] cap. 4.2.

[5] cap. 4.3.

[6] ver. 4.

[7] cap. 7.12.



7 Que formosos são os teus pés nos sapatos, ó filha do principe! As
voltas de tuas coxas são como joias, segundo a obra de mãos d’artifice.

2 O teu umbigo _como uma_ taça redonda, a que não falta bebida; o teu
ventre _como_ montão de trigo, sitiado de lyrios.

3 Os teus dois peitos [1] como dois filhos gemeos da corça.

4 O teu pescoço [2] como a torre de marfim: os teus olhos _como_ os
viveiros de Hesbon, junto á porta de Bath-arabbim: o teu nariz como torre
do Libano, que olha para Damasco.

5 A tua cabeça sobre ti _é_ como _o monte_ Carmelo, e os cabellos da tua
cabeça como a purpura: o rei está atado [TW] ás varandas.

6 Quão formosa, e quão aprazivel és, ó amor em delicias!

7 Esta tua estatura é similhante á palmeira; e os teus peitos _são
similhantes_ aos cachos _d’uvas_.

8 Dizia eu: Subirei á palmeira, pegarei de seus ramos; e então os teus
peitos serão como os cachos na vide, e o cheiro dos teus narizes como os
das maçãs.

9 E o teu paladar como o bom vinho para o meu amado, que se bebe
suavemente, _e_ faz com que fallem os labios dos que dormem.

10 Eu _sou_ [3] do meu amado, e elle me tem affeição.

11 Vem, ó amado meu, saiamos nós ao campo, passemos as noites nas aldeias.

12 Levantemo-nos de manhã para _ir_ ás vinhas, [4] vejamos se florescem
as vides, se se abre a flor, se já brotam as romeiras; ali te darei o meu
grande amor.

13 As mandragoras [5] dão cheiro, e ás nossas portas _ha_ toda a sorte
d’excellentes fructos, novos e velhos: ó amado meu, eu _os_ guardei para
ti.

[1] cap. 4.5.

[2] cap. 4.4.

[3] cap. 2.16 e 6.2.

[4] cap. 6.11.

[5] Gen. 30.14. Mat. 13.52.



8 Ah! quem _me_ dera que me _fôras_ como irmão, _e_ mamáras os peitos de
minha mãe! que te achara na rua, e te beijára, e nem me desprezariam!

2 Te levaria e introduziria na casa de minha mãe, _e_ tu me ensinarias;
[1] _e_ te daria a beber vinho aromatico _e_ do mosto das minhas romãs.

3 A sua _mão_ esquerda [2] esteja debaixo da minha cabeça, e a sua
direita me abrace.

4 Conjuro-vos, [3] ó filhas de Jerusalem, que não acordeis nem desperteis
o _meu_ amor, até que queira.


_O amor inalteravel do esposo para com a esposa._

5 Quem [4] _é_ esta que sobe do deserto, _e vem_ encostada tão
aprazivelmente ao seu amado? Debaixo _d’uma_ macieira te despertei, ali
te produziu tua mãe com dores; ali _te_ produziu com dores _aquella_ que
te pariu.

6 Põe-me [5] como sello sobre o teu coração, como sello sobre o teu
braço, porque o amor _é_ forte como a morte, _e_ duro como a sepultura o
ciume: as suas brazas _são_ brazas de fogo, labaredas do Senhor.

7 As muitas aguas não poderiam apagar _este_ amor, nem os rios afogal-o:
ainda que desse alguem toda a fazenda de sua casa por _este_ amor,
certamente a desprezariam.

8 Temos uma irmã pequena, que ainda não tem peitos: que faremos a _esta_
nossa irmã, no dia em que d’ella se fallar?

9 Se ella _fôr um_ muro, edificaremos sobre ella _um_ palacio de prata;
e, se ella _fôr uma_ porta, a cercaremos com taboas de cedro.

10 Eu _sou um_ muro, e os meus peitos _são_ como _umas_ torres: então eu
era aos seus olhos como aquella que acha paz.

11 Teve [6] Salomão _uma_ vinha em Baal-hamon; entregou _esta_ vinha a
_uns_ guardas; _e_ cada um _lhe_ trazia pelo _seu_ fructo mil peças de
prata.

12 A minha vinha que tenho _está_ diante de mim: as mil _peças de prata
são_ para ti, ó Salomão, e duzentas para os guardas do _seu_ fructo.

13 Ó tu, a que habitas nos jardins, para a tua voz os companheiros
attentam; [7] faze-m’a _pois tambem_ ouvir.

14 Vem depressa, [8] amado meu, e faze-te similhante ao corço ou ao filho
dos veados sobre os montes dos aromas.

[1] Pro. 9.2.

[2] cap. 2.6.

[3] cap. 2.7 e 3.5.

[4] cap. 3.6.

[5] Agg. 2.23.

[6] Mat. 21.33.

[7] cap. 2.14.

[8] cap. 2.17.



ISAIAS.



_Descripção dos peccados e dos soffrimentos do povo, com exhortações e
ameaças._

[Antes de Christo 760]

1 Visão [1] d’Isaias, filho d’Amós, a qual viu sobre Judah e Jerusalem,
nos dias d’Uzias, Jothão, Achaz, _e_ Ezequias, reis de Judah.

2 Ouvi, [2] ó céus, e presta ouvido, tu ó terra; porque falla o Senhor:
Criei filhos, e exalcei-os; mas elles prevaricaram contra mim.

3 O boi conhece [3] o seu possuidor, e o jumento a mangedoura do seu
dono; _mas_ Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende.

4 Ai da nação peccadora, do povo carregado d’iniquidade, da semente de
malignos, [4] dos filhos corruptores: deixaram ao Senhor, blasphemaram o
Sancto d’Israel, tornaram-se para traz.

5 Porque [5] ainda mais serieis castigados? ainda tanto mais vos
rebellarieis: toda a cabeça _está_ enferma e todo o coração fraco.

6 Desde a planta do pé até á cabeça não ha n’elle coisa inteira, _senão_
feridas, e inchaços, e chagas podres, não espremidas, [6] nem vendadas,
nem nenhuma d’ellas amollecida com oleo.

7 A vossa terra _é uma_ assolação, [7] as vossas cidades _estão_
abrazadas do fogo: a vossa terra os estranhos a devoram em vossa
presença; e _é uma_ assolação, como a subversão por estranhos.

8 E a filha de Sião se ficou como a cabana na vinha, [8] como a choupana
no pepinal, como a cidade cercada.

9 Se o [9] Senhor dos Exercitos nos não deixara algum pouco de resto,
[10] _já_ como Sodoma seriamos, e similhantes a Gomorrha.

10 Ouvi a palavra do Senhor, vós [TX] [11] principes de Sodoma: prestae
ouvidos á lei do nosso Deus, vós, ó povo de Gomorrha.

11 De que me _serve_ a mim a multidão de vossos [12] sacrificios, diz
o Senhor? _Já_ estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura
_d’animaes_ cevados: nem folgo com o sangue de bezerros, nem de
cordeiros, nem de bodes.

12 Quando [13] vindes a apparecer perante mim, quem requereu isto de
vossas mãos, que _viesseis_ a pisar os meus atrios?

13 Não _me_ tragaes [14] mais offertas debalde: o incenso é para
mim abominação, e as luas novas, e os sabbados, e a convocação das
congregações; não posso supportar iniquidade, nem mesmo o ajuntamento
solemne.

14 As vossas luas novas, [15] e as vossas solemnidades as aborrece a
minha alma; _já_ me são pesadas: _já_ estou cançado de _as_ soffrer.

15 Pelo que, quando estendeis [16] as vossas mãos, escondo de vós os meus
olhos; [17] e até quando multiplicaes a oração não ouço, _porque_ as
vossas mãos estão cheias de sangue.

16 Lavae-vos, [18] purificae-vos, tirae a maldade de vossos actos de
diante dos meus olhos: cessae de fazer mal:

17 Aprendei a fazer bem; [19] procurae o juizo; ajudae o oppresso; fazei
justiça ao orphão; tratae da causa das viuvas.

18 Vinde agora, e argui-me, [20] diz o Senhor: ainda que os vossos
peccados sejam como a escarlata, elles se tornarão brancos como a neve:
ainda que sejam vermelhos como o carmezim, se tornarão como a _branca_ lã.

19 Se quizerdes, e ouvirdes, comereis o bem d’esta terra.

20 Mas se recusardes, e fordes rebeldes, sereis devorados á espada; [21]
porque a bocca do Senhor _o_ disse.

21 Como [22] se fez prostituta a cidade fiel! ella que estava cheia de
juizo, justiça habitava n’ella, mas agora homicidas.

22 A tua prata [23] se tornou em escorias, o teu vinho se misturou com
agua.

23 Os teus principes [24] _são_ rebeldes, e companheiros dos ladrões:
cada um d’elles ama as peitas, e correm após salarios: não fazem justiça
ao orphão, e não chega perante elles a causa das viuvas.

24 Porquanto diz o Senhor Deus dos Exercitos, o Forte de Israel: [25] Ah,
consolar-me-hei ácerca dos meus adversarios, e vingar-me-hei dos meus
inimigos:

25 E tornarei contra a minha mão, [26] e purificarei [TY] inteiramente as
tuas escorias; e tirar-te-hei todo o teu estanho.

26 E te restituirei os teus juizes, [27] como _foram_ d’antes; _e_ os
teus conselheiros, como antigamente; e então te chamarão cidade de
justiça, cidade fiel.

27 Sião será remida com juizo, e os que voltam para ella com justiça.

28 Mas para os transgressores [28] e os peccadores haverá juntamente [TZ]
destruição; e os que deixarem o Senhor serão consumidos.

29 Porque vos envergonhareis pelos carvalhos que cubiçastes, e sereis
confundidos [29] pelos jardins que escolhestes.

30 Porque sereis como o carvalho, ao qual caem as folhas, e como a
floresta que não tem agua.

31 E o forte se [30] tornará em estopa, e a sua obra em faisca; e ambos
arderão juntamente, e não _haverá_ quem os apague.

[1] Num. 12.6.

[2] Deu. 32.1. Jer. 2.12 e 6.19 e 22.29. Eze. 36.4. Miq. 1.2 e 6.1, 2.

[3] Jer. 8.7. Jer. 9.3, 6.

[4] cap. 57.3, 4. Mat. 3.7.

[5] cap. 9.13. Jer. 2.30 e 5.3.

[6] Jer. 8.22.

[7] Deu. 28.51, 52.

[8] Job 27.18. Lam. 2.6. Jer. 4.17.

[9] Lam. 3.22. Rom. 9.29.

[10] Gen. 19.24.

[11] Deu. 32.32.

[12] I Sam. 15.22. Pro. 21.27. cap. 66.3. Jer. 6.20 e 7.21. Amós 5.21,
22. Miq. 6.7.

[13] Exo. 23.17 e 34.23.

[14] Mat. 15.9. Joel 1.14.

[15] Num. 28.11. Lev. 23.2, etc. cap. 43.24.

[16] Job 27.9. cap. 59.2. Jer. 14.12. Miq. 3.4.

[17] I Tim. 2.8. cap. 59.3.

[18] Jer. 4.14. Amós 5.15. Rom. 12.9. I Ped. 3.11.

[19] Jer. 22.3, 16. Miq. 6.8. Zac. 7.9.

[20] cap. 43.26. Miq. 6.2. Apo. 7.14.

[21] Num. 23.19. Tito 1.2.

[22] Jer. 2.20, 21.

[23] Jer. 6.28, 30. Eze. 22.18, 19.

[24] Ose. 9.15. Pro. 29.24. Jer. 22.17. Eze. 22.12. Ose. 4.18. Miq. 3.11
e 7.3. Jer. 5.28. Zac. 7.10.

[25] Deu. 28.63. Eze. 5.13.

[26] Jer. 6.29 e 9.7. Mal. 3.3.

[27] Jer. 33.7. Zac. 8.3.

[28] Job 31.3.

[29] cap. 57.5. cap. 65.3 e 66.17.

[30] Eze. 32.21. cap. 43.17.



_A gloria futura do verdadeiro Israel. Juizos preparatorios. O dia do
Senhor. A purificação de Jerusalem._

2 [UA] Visão que viu Isaias, filho de Amós, no tocante a Judah e a
Jerusalem:

2 E acontecerá no ultimo dos dias que [1] se firmará o monte da casa
do Senhor no cume dos montes, e se exalçará por cima dos outeiros: e
concorrerão a elle todas as nações.

3 E irão muitos povos, e dirão: Vinde, [2] subamos ao monte do Senhor,
á casa do Deus de Jacob, para que nos ensine ácerca dos seus caminhos,
e andemos nas suas veredas; [3] porque de Sião sairá a [UB] lei, e de
Jerusalem a palavra do Senhor.

4 E julgará entre as gentes, e reprehenderá a muitos povos; [4] e
converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças em foices: não
alçará espada nação contra nação, nem aprenderão mais a guerrear.

5 Vinde, ó casa de Jacob: [5] e andemos na luz do Senhor.

6 Porém tu desamparaste ao teu povo, a casa de Jacob; [6] porque
se encheram [UC] _d’impiedade_ mais do que _os_ do oriente e _são_
agoureiros como os philisteos; e [UD] mostram o seu contentamento nos
filhos dos estranhos.

7 E a sua terra está [7] cheia de prata e oiro, e não _ha_ fim de seus
thesouros: tambem está cheia a sua terra de cavallos, e dos seus carros
não _ha_ fim.

8 Tambem está cheia [8] a sua terra de idolos: inclinaram-se perante a
obra das suas mãos, perante o que fabricaram os seus dedos.

9 Ali o povo se abate, e os nobres se humilham: portanto lhes não
perdoarás.

10 Vae, entra nas [9] rochas, e esconde-te no pó, da presença espantosa
do Senhor e da gloria da sua magestade.

11 Os olhos altivos [10] dos homens serão abatidos, e a altivez dos
varões será humilhada: [11] e só o Senhor será exaltado n’aquelle dia.

12 Porque o dia do Senhor dos Exercitos será contra todo o soberbo e
altivo, e contra todo o exalçado, para que seja abatido;

13 E contra todos [12] os cedros do Libano, altos e sublimes, e contra
todos os carvalhos de Basan;

14 E contra todos [13] os montes altos, e contra todos os outeiros
levantados;

15 E contra toda a torre alta, e contra todo o muro firme;

16 E contra [14] todos os navios de Tarsis, e contra todas as [UE]
pinturas desejaveis.

17 E a altivez [15] do homem será humilhada, e a altivez dos varões se
abaterá, e só o Senhor será exaltado n’aquelle dia.

18 E todos os idolos totalmente perecerão.

19 Então metter-se-hão pelas cavernas das rochas, [16] e pelas
concavidades da terra, por causa da presença espantosa do Senhor, e por
causa da gloria da sua magestade, quando elle se levantar para espantar a
terra.

20 N’aquelle [17] dia o homem lançará ás toupeiras e aos morcegos os
seus idolos de prata, e os seus idolos d’oiro, que se fizeram para se
prostrarem diante d’elles.

21 E metter-se-hão [18] pelas fendas das rochas, e pelas cavernas das
penhas, por causa da presença espantosa do Senhor, e por causa da gloria
da sua magestade, quando elle se levantar para espantar a terra.

22 _Pelo que_ deixae-vos do homem cujo folego _está_ no seu nariz; porque
em que se deve elle estimar?

[1] Miq. 4.1, etc. Gen. 49.1. Jer. 23.20.

[2] Jer. 31.6 e 50.5. Zac. 8.21, 23.

[3] Luc. 24.47.

[4] Ose. 2.18. Zac. 9.10.

[5] Eph. 5.8.

[6] Deu. 18.14.

[7] Deu. 17.16, 17.

[8] Jer. 2.28.

[9] ver. 19, 21. Apo. 6.15.

[10] ver. 17. cap. 5.15, 16 e 13.11.

[11] cap. 4.1 e 11.10, 11 e 12.1, 4 e 24.21 e 25.9 e 26.1 e 27.1, 2, 12,
13 e 28.5 e 29.18 e 30.23 e 52.6. Jer. 30.7, 8. Eze. 38.14, 19 e 39.11,
22. Ose. 2.16, 18, 21. Joel 3.18. Amós 9.11. Abd. 8. Miq. 4.6 e 5.10 e
7.11, 12. Sof. 3.11, 16. Zac. 9.16.

[12] cap. 14.8 e 37.24. Eze. 31.3. Zac. 11.1, 2.

[13] cap. 30.25.

[14] I Reis 10.22.

[15] ver. 11.

[16] ver. 10. II The. 1.9.

[17] cap. 30.32 e 31.7.

[18] ver. 19.



3 Porque, eis que o Senhor Deus dos Exercitos [1] tirará de Jerusalem e
de Judah o bordão e o cajado: a todo o [UF] sustento de pão, e a toda a
borda d’agua;

2 Ao valente, [2] e ao soldado, ao juiz, e ao propheta, e ao adivinho, e
ao ancião,

3 Ao capitão de cincoenta, e ao respeitavel, e ao conselheiro, e ao sabio
entre os artifices, e ao eloquente.

4 E dar-lhes-hei mancebos [3] por principes, e creanças dominarão sobre
elles.

5 E o povo será opprimido; um será contra o outro, e cada um contra o seu
proximo: o menino se atreverá contra o ancião, e o vil contra o nobre.

6 Quando algum travar de seu irmão da casa de seu pae, _dizendo_: Capa
tens, sê nosso principe, e toma sob a tua mão esta ruina;

7 _Então_ levantará _a sua voz_ n’aquelle dia, dizendo: Não posso ser
medico, nem tão pouco _ha_ em minha casa pão, nem vestido algum: não me
ponhaes por principe do povo.

8 Porque tropeçou Jerusalem, [4] e Judah é caido; porquanto a sua lingua
e as suas obras _são_ contra o Senhor, para irritarem os olhos da sua
gloria.

9 A apparencia das suas faces testifica contra elles; [5] e publicam os
seus peccados como Sodoma; não os dissimulam: ai da sua alma! porque se
fazem mal a si mesmos.

10 Dizem ao justo [6] que bem _lhe irá_; que comerão do fructo das suas
obras.

11 Ai do impio! mal _lhe irá_: porque o galardão das suas mãos se lhe
dará.

12 Os exactores do meu [7] povo _são_ creanças, e mulheres dominam sobre
elle: ah, povo meu! os que te guiam te enganam, e devoram o caminho das
tuas veredas.

13 O Senhor se apresenta a pleitear, [8] e se põe a julgar os povos.

14 O Senhor vem em juizo contra os anciãos do seu povo, e _contra_ os
seus principes; porque vós consumistes _esta_ vinha, [9] o despojo do
afflicto está em vossas casas.

15 Que tendes vós, [10] que atropellaes o meu povo e moeis as faces dos
afflictos? diz o Senhor, o Deus dos Exercitos.

16 Diz ainda mais o Senhor: Porquanto as filhas de Sião se exalçam,
e andam com o pescoço emproado, fazendo acenos com os olhos, e, indo
andando, andam como dançando, e [UG] cascavelando com os pés:

17 Portanto o Senhor fará [UH] calva a mioleira das filhas de Sião, e o
Senhor descobrirá as suas vergonhas.

18 N’aquelle dia tirará o Senhor o enfeite [11] das ligas, e as
redezinhas, e as luetas,

19 Os pendentes, e as manilhas, e os vestidos resplandecentes,

20 Os diademas, e os enfeites dos braços, e os cendaes, e as bocetas
cheirosas, e as arrecadas,

21 Os anneis, e as joias pendentes do nariz,

22 Os vestidos de festa, e os mantos, e as coifas, e os alfinetes,

23 Os espelhos, e as capinhas de linho finissimas, e as toucas, e os véus.

24 E será que em logar de cheiro suave haverá fedor; e por cinto uma
corda; [12] e em logar d’encrespadura de cabellos, calva; e em logar de
veste larga, cingimento de sacco; e queimadura em logar de formosura.

25 Teus varões cairão á espada, e teus valentes na peleja.

26 E as suas portas [13] gemerão e prantearão; e ella, _ficando_
desolada, se assentará no chão.

[1] Jer. 38.9. Lev. 26.26.

[2] II Reis 24.14.

[3] Ecc. 10.16.

[4] Miq. 3.12.

[5] Gen. 13.13 e 18.20, 21.

[6] Ecc. 8.12.

[7] ver. 4. cap. 9.16.

[8] Miq. 6.2.

[9] cap. 5.7. Mat. 21.33.

[10] Miq. 3.2, 3.

[11] Jui. 8.21.

[12] cap. 22.12. Miq. 1.16.

[13] Jer. 14.2. Lam. 1.4 e 2.10.



4 E sete mulheres n’aquelle [1] dia lançarão mão d’um homem, dizendo: Nós
comeremos do nosso pão, e nos vestiremos de nossos vestidos: tão sómente
que sejamos chamadas pelo teu nome; [2] tira o nosso opprobrio.

2 N’aquelle dia [3] o Renovo do Senhor será [UI] _um_ ornamento e _uma_
gloria; e o fructo da terra excellente e formoso para os que escaparem
d’Israel.

3 E será que aquelle que ficar de resto em Sião, e o que ficar em
Jerusalem, [4] será chamado sancto: todo aquelle que em Jerusalem está
escripto para vida;

4 Quando [5] o Senhor lavar a immundicia das filhas de Sião, e limpar
o sangue de Jerusalem do meio d’ella, com o espirito de juizo, e com o
espirito de ardor.

5 E creará o Senhor sobre toda a habitação do monte de Sião, e sobre as
suas congregações, [6] uma nuvem de dia, e um fumo, e um resplandor de
fogo chammejante de noite; porque sobre toda a gloria _haverá_ protecção.

6 E haverá _um_ tabernaculo para sombra com o calor do dia: [7] e para
refugio e esconderijo contra o alagamento e contra a chuva.

[1] cap. 2.11, 17. II The. 3.12.

[2] Luc. 1.25.

[3] Jer. 23.5.

[4] Apo. 3.5.

[5] Mal. 3.2, 3.

[6] Exo. 13.21. Zac. 2.5.

[7] cap. 25.4.



_A parabola da vinha, e a sua applicação._

5 Agora cantarei ao meu amado o cantico do meu bem querido da sua [1]
vinha. O meu amado tem uma vinha n’um outeiro fertil.

2 E a cercou, e a limpou das pedras, e a plantou d’excellentes vides; e
edificou no meio d’ella uma torre, e tambem fundou n’ella um _lagar_; e
esperava que desse uvas _boas_, porém deu uvas bravas.

3 Agora pois, ó moradores de Jerusalem, e homens de Judah, [2] julgae,
vos peço, entre mim e a minha vinha.

4 Que mais se podia fazer á minha vinha, que eu lhe não tenha feito?
como, esperando eu que desse uvas _boas_, veiu a dar uvas bravas?

5 Agora pois vos farei saber o que eu hei de fazer á minha vinha: tirarei
a sua cerca, para que sirva de pasto; derribarei a sua parede, para que
seja pisada;

6 E a tornarei em deserto; não será podada nem cavada; porém crescerão
_n’ella_ sarças e espinheiros; e ás nuvens darei ordem que não chovam
chuva sobre ella.

7 Porque a vinha do Senhor dos Exercitos _é_ a casa d’Israel, e os homens
de Judah _são_ a planta das suas delicias: e esperou _que fizesse_ juizo,
e eis aqui _é_ [UJ] oppressão; justiça, e eis aqui clamor.

8 Ai dos que ajuntam [3] casa a casa, achegam herdade a herdade, até que
não haja mais logar, e só vós fiqueis os moradores no meio da terra!

9 Nos meus ouvidos [4] _estão estas coisas_, _disse_ o Senhor dos
Exercitos: em verdade que muitas casas se tornarão em deserto, as grandes
e excellentes sem moradores.

10 E dez geiras de vinha não darão mais do que um [UK] batho: e um homer
de semente não dará mais do que um efa.

11 Ai [5] dos que se levantam pela manhã, e seguiram a bebedice; _e_ se
deteem _ali_ até á noite, _até que_ o vinho os esquenta!

12 E harpas [6] e alaudes, tamboris e gaitas, e vinho ha nos seus
banquetes; e não olham para a obra do Senhor, nem consideram as obras das
suas mãos.

13 Portanto [7] o meu povo será levado captivo, porque não tem
entendimento; e os seus nobres terão fome, e a sua multidão se seccará de
sêde.

14 Portanto a sepultura grandemente se alargou, e se abriu a sua bocca
desmesuradamente; e a gloria d’elles, e a sua multidão, com o seu
arruido, e com os que galhofam a ella desceram.

15 Então o plebeu se abaterá, [8] e o nobre se humilhará; e os olhos dos
altivos se humilharão.

16 Porém o Senhor dos Exercitos será exaltado com juizo; e Deus, o
Sancto, será sanctificado com justiça.

17 Então os cordeiros pastarão como de costume, e os estranhos comerão
dos logares assolados dos gordos.

18 Ai dos que puxam pela iniquidade com cordas de vaidade, e pelo peccado
como _com_ cordagens de carros!

19 E dizem: [9] Avie-se já _com isso_, e acabe a sua obra, para que _já_
a vejamos; e achegue-se e venha _já_ o conselho do Sancto de Israel, para
que _o_ venhamos a saber.

20 Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal: que fazem das escuridades
luz, e da luz escuridades; e fazem do amargoso doce, e do doce amargoso!

21 Ai dos _que são_ sabios [10] a seus _proprios_ olhos, e prudentes em
si mesmos!

22 Ai [11] dos _que são_ poderosos para beber vinho, e varões fortes para
misturar bebida forte:

23 Dos que justificam [12] ao impio por peitas, e da justiça dos justos
se desviam!

24 Pelo [13] que como a lingua do fogo consome a estopa, e a palha se
desfaz [14] pela chamma, _assim_ será a sua raiz como podridão, e a sua
flor se esvaecerá como pó: porquanto rejeitaram a lei do Senhor dos
Exercitos, e desprezaram a palavra do Sancto de Israel.

25 Pelo [15] que se accendeu a ira do Senhor contra o seu povo, e
estendeu a sua mão contra elle, e o feriu, [16] _de modo_ que as
montanhas tremeram, e os seus cadaveres _foram_ como immundicia pelo meio
das ruas: com tudo isto não tornou atraz a sua ira, antes ainda _está_
alçada a sua mão.

26 Porque arvorará [17] o estandarte entre as nações de longe, e lhes
assobiará a _que venham_ desde a extremidade da terra: e eis que virão
apressurada _e_ ligeiramente.

27 Não _haverá_ entre elles cançado, nem tropeçante; ninguem tosquenejará
nem dormirá: nem se lhe desatará o cinto dos seus lombos, nem se lhe
quebrará a correia dos seus sapatos.

28 As [18] suas frechas _serão_ agudas, e todos os seus arcos entezados:
as unhas dos seus cavallos serão tidas na conta de [UL] penha, e as rodas
_dos seus carros_ como redemoinho de vento.

29 O seu bramido _será_ como o do leão: bramarão como filhos de leão, e
rugirão, e arrebatarão a preza, e _a_ levarão, e redemptor não haverá.

30 E bramarão contra elles n’aquelle dia, como o bramido do mar: [19]
então olharão para a terra, e eis aqui trevas _e_ ancia, e a luz se
escurecerá em suas assolações.

[1] Jer. 2.21. Mat. 21.33. Mar. 12.1. Luc. 20.9.

[2] Rom. 3.4.

[3] Miq. 3.2.

[4] cap. 22.14.

[5] Pro. 23.29, 30. Ecc. 10.16. ver. 22.

[6] Amós 6.5, 6.

[7] Ose. 4.6. cap. 1.3.

[8] cap. 2.9, 11, 17.

[9] Jer. 17.15. II Ped. 3.3, 4.

[10] Pro. 3.7. Rom. 1.22 e 12.16.

[11] ver. 11.

[12] Pro. 17.15 e 24.24.

[13] Exo. 15.7.

[14] Job 18.16. Ose. 9.16. Amós 2.9.

[15] II Reis 22.13, 17.

[16] Jer. 4.14. Lev. 26.14, etc. cap. 9.12, 17, 21 e 10.4.

[17] cap. 11.12. cap. 7.18. Joel 2.7.

[18] Jer. 5.16.

[19] cap. 8.22. Jer. 4.23. Lam. 3.2. Eze. 32.7, 8.



_Isaias é escolhido e consagrado para propheta._

6 No anno em que morreu o rei [1] Uzias, eu vi ao Senhor assentado sobre
um alto e sublime throno; e as suas [UM] fraldas enchiam o templo.

2 Seraphins estavam por cima d’elle: cada um tinha seis azas: [2] com
duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés e com duas
voavam.

3 E clamavam uns aos outros, dizendo: Sancto, Sancto, Sancto _é_ o Senhor
dos Exercitos: toda a terra _está_ cheia da sua gloria.

4 E os umbraes das portas se moveram com a voz do que clamava, [3] e a
casa se encheu de fumo.

5 Então disse eu: [4] Ai de mim! que vou perecendo, porquanto _sou_ de
labios immundos, e habito no meio d’um povo immundo de labios, porque os
meus olhos viram o rei, o Senhor dos Exercitos.

6 Porém um dos seraphins voou para mim, trazendo na sua mão uma braza
viva, [5] _que_ tomara do altar com uma tenaz;

7 E com ella [6] tocou a minha bocca, e disse: Eis que isto tocou os teus
labios: assim _já_ se tirou _de ti_ a tua culpa, e _já_ está expiado o
teu peccado.

8 Depois d’isto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem
ha e ir _por_ nós? Então disse eu: Eis-me _aqui_, envia-me a mim.

9 Então disse elle: Vae, e dize a este povo: [7] Ouvi, de facto, e não
entendeis, e vede, em verdade, mas não percebeis.

10 Engorda [8] o coração d’este povo, e aggrava-lhe os ouvidos, e
fecha-lhe os olhos; para que não veja com os seus olhos, e não ouça com
os seus ouvidos, nem entenda com o seu coração, nem se converta, e elle o
venha a sarar.

11 Então disse eu: Até quando, Senhor? E respondeu: [9] Até que se
assolem as cidades, e não fique morador _algum_, nem homem _algum_ nas
casas, e a terra seja assolada de todo.

12 E [10] o Senhor alongue _d’ella_ aos homens, e no meio da terra _seja_
grande o desamparo.

13 Porém ainda a decima parte _ficará_ n’ella, e tornará a ser pastada:
_e_ como no carvalho, e como na azinheira, em que depois de se
desfolharem, _ainda_ fica firmeza, [11] _assim_ a sancta semente será a
firmeza d’ella.

[1] II Reis 15.7. I Reis 22.19. Apo. 4.2.

[2] Eze. 1.11.

[3] I Reis 8.10.

[4] Jui. 6.22 e 13.22. Jer. 1.6.

[5] Apo. 8.3.

[6] Jer. 1.9. Dan. 10.16.

[7] cap. 43.8. Mat. 13.14. Mar. 4.12. Luc. 8.10. João 12.40. Act. 28.26.
Rom. 11.8.

[8] cap. 63.17. Jer. 5.21.

[9] Miq. 3.12.

[10] II Reis 25.21.

[11] Esd. 9.2. Mal. 2.15.



_Prophecias contra Israel e Syria. Manassés contra Judah._

[Antes de Christo 742]

7 Succedeu pois nos dias [1] de Achaz, filho de Jothão, filho d’Uzias,
rei de Judah, que Resin, rei da Syria, e Peka, filho de Remalias,
rei d’Israel, subiram a Jerusalem, para pelejar contra ella, porém,
_pelejando_, nada poderam contra ella.

2 E deram aviso á casa de David, dizendo: A Syria repousa sobre Ephraim.
Então se commoveu o seu coração, e o coração do seu povo, como se
commovem as arvores do bosque com o vento.

3 Então disse o Senhor a Isaias: [2] Agora tu e teu filho Sear-jasub sahi
ao encontro de Achaz, ao fim do canal do viveiro superior, ao caminho do
campo do lavandeiro.

4 E dize-lhe: Guarda-te, e está descançado, não temas, nem se desanime o
teu coração por causa d’estes dois rabos de tições fumegantes, por causa
do ardor da ira de Resin, e da Syria, e do filho de Remalias.

5 Porquanto a Syria teve contra ti maligno conselho, _com_ Ephraim, e
_com_ o filho de Remalias, dizendo:

6 Vamos subir contra Judah, e despertemol-o, e repartamol-o entre nós, e
façamos reinar no meio d’elle _como_ rei o filho de Tabeal.

7 Assim diz o Senhor Deus: [3] Isto não subsistirá, nem tão pouco
acontecerá.

8 Porém o cabeça da Syria _será_ Damasco, e o cabeça de Damasco Resin: e
dentro de sessenta e cinco annos Ephraim será quebrantado, e deixará de
ser povo.

9 Entretanto o cabeça de Ephraim _será_ Samaria, e o cabeça de Samaria o
filho de Remalias: [4] se o não crerdes, devéras não ficareis firmes.

10 E continuou o Senhor a fallar com Achaz, dizendo:

11 Pede [5] para ti ao Senhor teu Deus um signal; pede-o ou em baixo nas
profundezas ou em cima nas alturas.

12 Porém disse Achaz: Não o pedirei, nem tentarei ao Senhor.

13 Então disse: Ouvi agora, ó casa de David: Pouco vos é afadigardes os
homens, senão que ainda afadigareis tambem ao meu Deus?

14 Portanto o mesmo Senhor vos dará um signal: [6] Eis que a virgem
conceberá, e parirá _um_ filho, e chamará o seu nome [UN] EMMANUEL.

15 Manteiga e mel comerá, até que elle saiba rejeitar o mal e escolher o
bem.

16 Na verdade, [7] antes que este menino saiba rejeitar o mal e escolher
o bem, a terra de que te enfadas será desamparada dos seus dois reis.

17 _Porém_ o Senhor [8] fará vir sobre ti, e sobre o teu povo, e sobre
a casa de teu pae, dias _taes_, quaes nunca vieram, desde o dia em que
Ephraim se desviou de Judah, _pelo_ rei d’Assyria.

18 Porque _ha_ de acontecer que n’aquelle dia assobiará [9] o Senhor ás
moscas, que ha no extremo dos rios do Egypto, e ás abelhas que _andam_ na
terra da Assyria;

19 E virão, e pousarão todas nos valles desertos e nas fendas [10] das
penhas, e em todos os espinhos e em todas as florestas.

20 N’aquelle dia rapará o Senhor com _uma_ navalha [11] alugada, _que
está_ d’além do rio, com o rei da Assyria, a cabeça e os cabellos dos
pés: e até a barba totalmente tirará.

21 E succederá n’aquelle dia que alguem creará uma vacca e duas ovelhas:

22 E acontecerá que por causa da abundancia do leite que lhe derem comerá
manteiga; e manteiga e mel comerá todo aquelle que ficar de resto no meio
da terra.

23 Succederá tambem n’aquelle dia que todo o logar, em que houver mil
vides, _do valor_ de mil _moedas_ de prata, [12] será para as sarças e
para os espinheiros.

24 Com arco e frechas se entrará n’elle, porque toda a terra será sarças
e espinheiros.

25 E _tambem_ todos os montes, que costumam cavar com enxadas, se não irá
a elles _por causa_ do temor das sarças e dos espinheiros, porém servirão
para enviarem _ali_ bois e serem pisados do gado miudo.

[1] II Reis 16.5. II Chr. 28.5, 6.

[2] II Reis 18.17. cap. 36.2.

[3] Pro. 21.30. cap. 8.10.

[4] II Chr. 20.20.

[5] Mat. 12.38.

[6] Mat. 1.23. Luc. 1.31, 34. cap. 9.6. cap. 8.8.

[7] cap. 8.4.

[8] II Chr. 28.19.

[9] cap. 5.26.

[10] cap. 2.19. Jer. 16.16.

[11] II Reis 16.7, 8. II Chr. 28.20, 21. Eze. 5.1.

[12] cap. 5.6.



_A ruina dos reinos de Israel e Syria._

[Antes de Christo 740]

8 Disse-me tambem o Senhor: Toma um grande volume, [1] e escreve n’elle
em estylo de homem: [UO] Apressando-se ao despojo, apressurou-se á preza.

2 Então tomei comigo fieis testemunhas, [2] a Urias sacerdote, e a
Zacharias, filho de Jeberechias,

3 E cheguei-me á prophetiza, a qual concebeu, e pariu _um_ filho; e o
Senhor me disse: Chama o seu nome Maher-shalal-hash-baz.

4 Porque [3] antes que o menino saiba chamar pae meu, ou mãe minha, se
levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei
da Assyria.

5 E continuou o Senhor a fallar ainda comigo, dizendo:

6 Porquanto este povo desprezou as aguas de [4] Siloé que correm
brandamente, e com Resin e com o filho de Remalias se alegrou:

7 Portanto eis que o Senhor fará subir sobre elles as aguas do rio,
fortes e impetuosas, ao rei da Assyria, com toda a sua gloria, e subirá
acima sobre todos os seus leitos, e trasbordará por todas as suas
ribanceiras.

8 E passará a Judah, inundando-a, e irá passando por elle [5] _e_ chegará
até ao pescoço: e a extensão de suas azas encherá a largura da tua terra,
ó Emmanuel.

9 Ajuntae-vos [6] em companhia, ó povos, e quebrantae-vos; e dae ouvidos,
todos os que sois de longes terras, cingi-vos e sêde feitos em pedaços,
cingi-vos e sêde feitos em pedaços.

10 Tomae [7] juntamente conselho, e será dissipado: dizei a palavra,
porém não subsistirá, porque Deus _é_ comnosco.

11 Porque assim me disse o Senhor com mão forte, e me ensinou que não
andasse pelo caminho d’este povo, dizendo:

12 Não [8] chameis conjuração, a tudo quanto este povo chama conjuração:
e não temaes o seu temor, nem tão pouco vos assombreis.

13 Ao [9] Senhor dos Exercitos, a elle sanctificae: e [10] _seja_ elle o
vosso temor e _seja_ elle o vosso assombro.

14 Então [11] elle _vos_ será por sanctuario, mas por pedra d’escandalo,
e por penha de tropeço, ás duas casas d’Israel, por laço e rede aos
moradores de Jerusalem.

15 E muitos tropeçarão [12] entre elles, e cairão, e serão quebrantados,
e enlaçados, e presos.

16 Liga o testemunho, sella a lei entre os meus discipulos.

17 E esperarei ao Senhor, [13] que esconde o seu rosto da casa de Jacob,
e a elle aguardarei.

18 Eis-me aqui [14] e os filhos que me deu o Senhor, por signaes e por
maravilhas em Israel, da parte do Senhor dos Exercitos, que habita no
monte de Sião.

19 Quando pois vos disserem: [15] Consultae os adivinhos e os
encantadores, e que, chilrando entre dentes, murmuram: _Porventura_ não
perguntará o povo a seu Deus? _ou perguntar-se-ha_ pelos vivos aos mortos?

20 Á Lei [16] e ao Testemunho, que se elles não fallarem segundo esta
palavra, [UP] nunca verão a alva.

21 E passarão pela _terra_ duramente opprimidos e famintos: e será que,
tendo fome, e enfurecendo-se, [17] então amaldiçoarão ao seu rei e ao seu
Deus, olhando para cima.

22 E, [18] olhando para a terra, eis-que _haverá_ angustia e escuridão,
_e_ serão entenebrecidos com ancia, e empuxados com escuridão.

[1] cap. 30.8. Hab. 2.2.

[2] II Reis 16.10.

[3] cap. 7.16. II Reis 15.29 e 16.9.

[4] Neh. 3.15. João 9.7. cap. 7.1, 2, 6.

[5] cap. 30.28.

[6] Joel 3.9, 11.

[7] Job 5.12. cap. 7.7. Act. 5.38, 39. Rom. 8.31.

[8] I Ped. 3.14, 15.

[9] Num. 20.12.

[10] Luc. 12.5.

[11] Eze. 11.16. cap. 28.16. Rom. 9.33. I Ped. 2.8.

[12] Mat. 21.44. Luc. 20.18. Rom. 9.32.

[13] cap. 54.8.

[14] Heb. 2.13. Zac. 3.8.

[15] I Sam. 28.8. cap. 19.3 e 29.4.

[16] Miq. 3.6.

[17] Apo. 16.11.

[18] cap. 5.30 e 9.1.



_O advento e o poder do Messias._

[Antes de Christo 738]

9 Mas _a terra_, que foi angustiada, não será entenebrecida; [1]
envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zabulon, e a terra de
Naphtali; mas nos ultimos _a_ ennobreceu junto ao caminho do mar, d’além
do Jordão, na Galilea dos gentios.

2 O povo [2] que andava em trevas, viu _uma_ grande luz, _e_ sobre os que
habitavam na terra da sombra de morte resplandeceu _uma_ luz.

3 Tu multiplicaste a este povo, [UQ] porém a alegria _lhe_ augmentaste:
_todos_ se alegrarão perante ti, como se alegram na sega, [3] _e_ como
exultam quando se repartem os despojos.

4 Porque tu quebraste o jugo da sua carga, [4] e o bordão dos seus
hombros, _e_ a vara do [UR] que o guiava, como no dia dos midianitas,

5 Quando toda a peleja d’aquelles que pelejavam _se fazia_ com ruido, [5]
e os vestidos se revolviam em sangue e se queimavam _para_ pasto do fogo.

6 Porque [6] _um_ menino nos nasceu, _um_ filho se nos deu, e o
principado está sobre os seus hombros, e o seu nome se chama Maravilhoso,
Conselheiro, Deus [7] forte, Pae da eternidade, Principe da paz.

7 Da grandeza d’este principado e da paz [8] não haverá fim, sobre o
throno de David e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juizo e
com justiça, desde agora para sempre: [9] o zelo do Senhor dos Exercitos
fará isto.


_Ameaças contra o reino de Israel._

8 O Senhor enviou palavra a Jacob, e _ella_ caiu em Israel.

9 E todo este povo _o_ saberá, Ephraim e os moradores de Samaria, em
soberba e altivez de coração, dizendo:

10 Os ladrilhos cairam, mas _com_ cantaria tornaremos a edificar;
cortaram-se as figueiras bravas, mas em cedros as mudaremos.

11 Porque o Senhor exalçará os adversarios de Resin contra elle, e
misturará entre si os seus inimigos.

12 Porque diante _virão_ os syros, e por detraz os philisteos, e
devorarão a Israel á bocca aberta: [10] _e_ nem com tudo isto se apartou
a sua ira, mas ainda _está_ estendida a sua mão.

13 Porque [11] este povo se não torna para quem o fere, nem busca ao
Senhor dos Exercitos.

14 Pelo que o Senhor cortará a cabeça, e a cauda, o ramo e o junco
d’Israel n’um mesmo dia.

15 (O ancião e o varão de respeito é a cabeça, e o propheta que ensina a
falsidade é a cauda.)

16 Porque [12] os guias d’este povo são enganadores, e os guiados por
elles _serão_ devorados.

17 Pelo que o Senhor não tomará contentamento nos seus mancebos, e não se
compadecerá dos seus orphãos e das suas viuvas, [13] porque todos elles
_são_ hypocritas e malfazejos, e toda a bocca falla doidices: _e_ nem com
tudo isto se apartou a sua ira, mas ainda _está_ estendida a sua mão.

18 Porque a impiedade se [14] accende como um fogo, _e até_ as sarças e
os espinheiros devorará: e accenderá os confusos troncos da brenha, e
subirão em espessas nuvens de fumo.

19 Pelo furor do Senhor dos Exercitos [15] a terra se escurecerá, e será
o povo como pasto do fogo; ninguem poupará ao seu irmão.

20 Se cortar da banda direita, ainda terá fome, e se comer da banda
esquerda, [16] ainda se não fartará: cada um comerá a carne de seu braço.

21 Manassés a Ephraim, e Ephraim a Manassés, e ambos elles _serão_ contra
Judah, _e_ nem com tudo isto se apartou a sua ira, [17] mas ainda _está_
estendida a sua mão.

[1] cap. 8.22. II Reis 15.29. II Chr. 16.4.

[2] Mat. 4.16. Eph. 5.8, 14.

[3] Jui. 5.30.

[4] cap. 10.5 e 14.5. Jui. 7.22.

[5] cap. 66.15, 16.

[6] cap. 7.14. Luc. 2.11. João 3.16. Mat. 28.18. Jui. 13.18.

[7] Tito 2.13. Eph. 2.14.

[8] Luc. 1.32, 33.

[9] II Reis 19.31. cap. 37.32.

[10] cap. 5.25 e 10.4. Jer. 4.8.

[11] Jer. 5.3. Ose. 7.10.

[12] cap. 3.12.

[13] Miq. 7.2. ver. 12, 21. cap. 5.25 e 10.4.

[14] cap. 10.17. Mal. 4.1.

[15] cap. 8.22. Miq. 7.2, 6.

[16] Lev. 26.26. cap. 49.26. Jer. 19.9.

[17] ver. 12, 17. cap. 5.25 e 10.4.



10 Ai dos que ordenam ordenanças injustas, e dos que prescrevem [US]
trabalho aos escrivães.

[Antes de Christo 713]

2 Para desviarem aos pobres do seu direito, e para arrebatarem o direito
dos afflictos do meu povo, para despojarem as viuvas e para roubarem os
orphãos!

3 Mas que fareis [1] vós-outros no dia da visitação, e da assolação,
_que_ ha de vir de longe? a quem vos refugiareis para obter soccorro, e
onde deixareis a vossa gloria?

4 Sem que cada um se abata entre as prezas, e caia entre os mortos? [2]
Com tudo isto a sua ira se não apartou, mas ainda _está_ estendida a sua
mão.


_Predicção da ruina da Assyria._

5 Ai da Assyria! [3] a vara da minha ira: porque a minha indignação é o
bordão nas suas mãos.

6 Envial-o-hei contra uma nação [4] hypocrita, e contra o povo do meu
furor lhe darei ordem, para que _lhe_ roube o roubo, e lhe despoje o
despojo, e o ponha para ser pisado aos pés, como a lama das ruas:

7 Ainda que elle não cuide [5] assim, nem o seu coração assim o imagine:
antes no seu coração _intentará_ destruir e desarraigar nações não poucas.

8 Porque diz: [6] _Porventura_ todos os meus principes não _são_ elles
reis?

9 Não [7] _é_ Calno como Carchemis? não é Hamath como Arphad? e Samaria
como Damasco?

10 Como a minha mão achou os reinos dos idolos, ainda que as suas imagens
de vulto fossem melhores do que _as_ de Jerusalem e de que _as_ de
Samaria.

11 _Porventura_ como fiz a Samaria e aos seus idolos, não faria eu
_tambem_ assim a Jerusalem e aos seus idolos?

12 Porque acontecerá que, havendo o Senhor acabado toda a sua obra no
monte de Sião [8] e em Jerusalem, então visitarei o fructo da _arrogante_
grandeza do coração do rei da Assyria e a pompa da altivez dos seus olhos.

13 Porquanto disse: Com a força da minha mão _o_ fiz, e com a minha
sabedoria, porque sou entendido: e terei os limites dos povos, e roubei
[UT] a sua provisão, e como valente abati aos [UU] moradores.

14 E achou [9] a minha mão as riquezas dos povos como a _um_ ninho, e
como se ajuntam os ovos deixados, _assim_ eu ajuntei a toda a terra, e
não houve quem movesse a aza, ou abrisse a bocca, ou chilrasse.

15 _Porventura_ gloriar-se-ha [10] _o_ machado contra _o_ que corta com
elle? ou presumirá a serra contra o que puxa por ella? como se o bordão
movesse aos que o levantam, ou a vara se levantasse como não sendo pau?

16 Pelo que o Senhor, o Senhor dos Exercitos, enviará magreza entre [11]
os seus gordos, e debaixo da sua gloria accenderá incendio, como incendio
de fogo.

17 Porque a Luz d’Israel virá a ser por fogo e o seu Sancto por labareda,
que abraze [12] e consuma os seus espinheiros e as suas sarças n’um dia.

18 Tambem consumirá a gloria [13] da sua brenha, e do seu campo fertil,
[UV] desde a alma até á carne, e será como quando o porta-bandeira se
desmaia.

19 E o resto das arvores da sua brenha será _tão_ pouco em numero, que um
menino as possa escrever.

20 E acontecerá n’aquelle dia que os residuos d’Israel, e os escapados da
casa de Jacob, nunca mais se estribarão sobre o que os feriu: antes se
estribarão verdadeiramente sobre o Senhor, o Sancto d’Israel.

21 Os residuos se converterão, os residuos, _digo_, de Jacob, ao Deus
forte.

22 Porque [14] ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do
mar, _todavia só_ um resto d’elle se converterá: _já_ a destruição está
determinada, trasbordando em justiça.

23 Porque [15] determinada já a destruição, o Senhor JEHOVAH dos
Exercitos a executará no meio de toda esta terra.

24 Pelo que assim diz o Senhor JEHOVAH dos Exercitos: Não temas, povo
meu, que habitas em Sião, [16] á Assyria, quando te ferir com a vara, e
contra ti levantar o seu bordão ao modo dos egypcios,

25 Porque [17] d’aqui a bem pouco se cumprirão a _minha_ indignação e a
minha ira, para os consumir.

26 Porque o Senhor dos Exercitos levantará _um_ açoite [18] contra elle,
qual a matança de Midian junto á rocha d’Oreb, e _qual_ a sua vara sobre
o mar, que levantará ao modo dos egypcios.

27 E acontecerá, no mesmo dia, que tirará a sua carga do teu hombro, [19]
e o seu jugo do teu pescoço: e o jugo será despedaçado por amor [UW] do
ungido.

28 _Já_ vem _chegando_ a Aiath, _já_ vae passando por Migron, _e_ em
Michmas lança a sua bagagem.

29 _Já_ vão passando [20] o vau, _já_ se alojam em Geba: _já_ Rama treme,
_e_ Gibeah de Saul vae fugindo.

30 Grita altamente [21] com a tua voz, ó filha de Gallim! ouve ó Lais! ó
tu pobre Anathoth.

31 _Já_ Madmena [22] se foi, os moradores de Gebim vão fugindo em bandos.

32 Ainda um dia parará [23] em Nob: moverá a sua mão _contra_ o monte da
filha de Sião, o outeiro de Jerusalem.

33 _Porém_ eis-que o Senhor JEHOVAH dos Exercitos decotará os ramos com
violencia, e os de alta estatura serão cortados, e os altivos serão
abatidos.

34 E cortará com o ferro a espessura da brenha, e o Libano cairá á mão de
um poderoso.

[1] Job 31.14. Ose. 9.7. Luc. 19.44.

[2] cap. 5.25 e 9.12, 17, 21.

[3] Jer. 51.20.

[4] cap. 9.17. Jer. 34.22.

[5] Gen. 50.20. Miq. 4.12.

[6] II Reis 18.24, 33, etc. e 19.10, etc.

[7] Amós 6.2. II Chr. 35.20.

[8] II Reis 19.31. Jer. 50.18.

[9] Job 31.25.

[10] Jer. 51.20.

[11] cap. 5.17.

[12] cap. 9.18 e 27.4.

[13] II Reis 19.23.

[14] Rom. 9.27.

[15] cap. 28.22. Dan. 9.27. Rom. 9.28.

[16] cap. 37.6.

[17] cap. 54.7.

[18] II Reis 19.35. Jui. 7.25. cap. 9.4. Exo. 14.26, 27.

[19] cap. 14.25.

[20] I Sam. 13.23.

[21] I Sam. 25.44. Jos. 21.18.

[22] Jos. 15.31.

[23] I Sam. 21.1 e 22.19. Neh. 11.32. cap. 13.2 e 37.22.



_O reino do Messias é pacifico e prospero._

11 Porque sairá [1] _uma_ vara do tronco de Jessé, e _um_ renovo crescerá
das suas raizes.

2 E repousará sobre elle o [2] espirito do Senhor, o espirito de
sabedoria e de intelligencia, o espirito de conselho e de fortaleza, o
espirito de conhecimento e do temor do Senhor.

3 E [UX] o seu deleite será no temor do Senhor: e não julgará segundo a
vista dos seus olhos, nem reprehenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos,

4 Mas julgará [3] com justiça aos pobres, e reprehenderá com equidade aos
mansos da terra, [4] porém ferirá a terra com a vara de sua bocca, e com
o assopro dos seus labios matará ao impio,

5 Porque a justiça [5] será o cinto dos seus lombos, e a verdade o cinto
dos seus rins.

6 E morará o lobo [6] com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se
deitará, e o bezerro, e o filho de leão e o animal cevado _andarão_
juntos, e um menino pequeno os guiará.

7 A vacca e a ursa pastarão juntas, seus filhos se deitarão _juntos_, e o
leão comerá palha como o boi.

8 E brincará a creança de peito sobre o buraco do aspide, e o já
desmamado metterá a sua mão na cova do basilisco.

9 Não se fará mal nem [7] damno algum em nenhuma parte de todo o monte da
minha sanctidade, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor,
como as aguas cobrem o _fundo_ do mar.

10 Porque acontecerá n’aquelle dia [8] que as nações perguntarão pela
raiz de Jessé, posta por pendão dos povos, e o seu repouso será glorioso.

11 Porque ha de acontecer [9] n’aquelle dia que o Senhor tornará a pôr
a sua mão para adquirir outra vez os residuos do seu povo, [10] que
restarem da Assyria, e do Egypto, e de Pathros, e da Ethiopia, e de Elam,
e de Sinear, e de Hamath, e das ilhas do mar.

12 E levantará um pendão entre as nações, e ajuntará os desterrados de
Israel, [11] e os dispersos de Judah congregará desde os quatro confins
da terra.

13 E a inveja de Ephraim se [12] desviará, e os adversarios de Judah
serão desarraigados: Ephraim não invejará a Judah e Judah não opprimirá a
Ephraim.

14 Antes voarão sobre os hombros dos philisteos ao occidente, juntos
despojarão aos do oriente: [13] _em_ Edom e Moab porão as suas mãos, e os
filhos de Ammon lhes obedecerão.

15 E [14] o Senhor [UY] destruirá totalmente o braço do mar do Egypto, e
moverá a sua mão contra o rio com a força do seu vento, e o ferirá nas
sete correntes e fará que se passe [15] _por elle_ com sapatos.

16 E haverá caminho [16] plano para os residuos do seu povo, que restarem
da Assyria, como succedeu a Israel no dia em que subiu da terra do Egypto.

[1] cap. 53.2. Zac. 6.12. Apo. 5.5. Act. 13.23. ver. 10. cap. 4.2. Jer.
23.5.

[2] cap. 61.1. Mat. 3.16. João 1.32, 33 e 3.34.

[3] Apo. 19.11.

[4] Job 4.9. Mal. 4.6. II The. 2.8. Apo. 1.16 e 2.16 e 19.15.

[5] Eph. 6.14.

[6] cap. 65.25. Eze. 34.25. Ose. 2.18.

[7] Job 5.23. cap. 2.4 e 35.9. Hab. 2.14.

[8] cap. 2.11. ver. 1. Rom. 15.12.

[9] cap. 2.11.

[10] Zac. 10.10.

[11] João 7.35. Thi. 1.1.

[12] Jer. 3.18. Eze. 37.16, 17, 22. Ose. 1.11.

[13] Dan. 11.41.

[14] Zac. 10.11.

[15] Apo. 16.12.

[16] cap. 19.23. Exo. 14.29. cap. 51.10 e 63.12, 13.



_Deus é louvado por haver restaurado o seu povo._

[Antes de Christo 712]

12 E dirás [1] n’aquelle dia: Graças te dou, ó Senhor, de que, _ainda
que_ te iraste contra mim, _comtudo_ a tua ira se retirou, e tu me
consolas.

2 Eis que Deus _é_ a minha salvação; _n’elle_ confiarei, e não temerei;
porque a minha força e o meu cantico _é_ Deus JEHOVAH, e _elle_ foi a
minha salvação.

3 E vós tirareis aguas com alegria das fontes da salvação.

4 E direis n’aquelle dia: [2] Dae graças ao Senhor, invocae o seu nome,
manifestae os seus feitos entre os povos, contae quão exalçado é o seu
nome.

5 Psalmodiae [3] ao Senhor, porque fez coisas grandiosas: saiba-se isto
em toda a terra.

6 Exulta [4] e canta de gozo, ó moradora de Sião, porque o Sancto de
Israel grande é no meio de ti.

[1] cap. 2.11.

[2] João 4.10, 14 e 7.37, 38. I Chr. 16.8.

[3] Exo. 15.1, 21.

[4] cap. 54.1. Sof. 3.14. cap. 41.14, 16.



_A ruina de Babylonia e o livramento de Israel._

13 Pezo [1] de Babylonia, que viu Isaias, filho de Amós.

2 Alçae [2] uma bandeira sobre _um_ alto monte, levantae a voz a elles:
movei a mão em alto, para que entrem pelas portas dos principes.

3 _Já_ eu passei ordens aos meus sanctificados: [3] _já_ tambem chamei
aos meus valentes para minha ira, os quaes são exaltados na minha
magestade.

4 _Já se ouve_ a voz de arroido sobre os montes, como de muito povo: a
voz do reboliço de reinos e de nações _já_ congregadas. O Senhor dos
Exercitos passa a [UZ] mostra do exercito de guerra.

5 _Já_ vem da terra de longe desde a extremidade do céu, _assim_ o
Senhor, como os instrumentos da sua indignação, para destruir toda
aquella terra.

6 Uivae, [4] _pois_, porque o dia do Senhor _já está_ perto: _já_ vem
como assolação do Todo-poderoso.

7 Pelo que todas as mãos se debilitarão, e o coração de todos os homens
se desanimará.

8 E assombrar-se-hão, e apoderar-se-hão d’elles dôres e ais, _e_ se
angustiarão, como a mulher com dôres de parto; cada um se espantará do
seu proximo; os seus rostos _serão_ rostos flammejantes.

9 Eis que [5] o dia do Senhor vem, horrendo, com furor e ira ardente,
para pôr a terra em assolação, e destruir os peccadores d’ella.

10 Porque as estrellas dos céus e os seus astros não luzirão com a sua
luz: [6] o sol se escurecerá em nascendo, e a lua não resplandecerá com a
sua luz.

11 Porque visitarei sobre o mundo a maldade, e sobre os impios a sua
iniquidade: [7] e farei cessar a arrogancia dos atrevidos, e abaterei a
soberba dos tyrannos.

12 Farei que um homem seja mais precioso do que o oiro puro, e um homem
mais do que o oiro fino d’Ophir.

13 Pelo que [8] farei estremecer os céus; e a terra se moverá do seu
logar, por causa do furor do Senhor dos Exercitos, e por causa do dia da
sua ardente ira.

14 E _cada um_ será como a corça que foge, e como a ovelha que ninguem
recolhe: [9] cada um voltará para o seu povo, e cada um fugirá para a sua
terra.

15 Qualquer que fôr achado será traspassado; e qualquer que se ajuntar
_com elle_ cairá á espada.

16 E suas creanças serão [10] despedaçadas perante os seus olhos: as suas
casas serão saqueadas, e as suas mulheres forçadas.

17 Eis que [11] eu despertarei contra elles os médos, que não farão caso
da prata, nem tão pouco desejarão oiro.

18 E _os seus_ arcos despedaçarão os mancebos, e não se compadecerão do
fructo do ventre; o seu olho não poupará aos filhos.

19 Assim será Babylonia, [12] o ornamento dos reinos, a gloria _e_ a
soberba dos chaldeos, [13] como Sodoma e Gomorrha, quando Deus _as_
transtornou.

20 Nunca mais [14] haverá habitação _n’ella_, nem se habitará de geração
em geração: nem o arabe armará ali a sua tenda, nem tão pouco os pastores
ali [VA] farão as _suas_ malhadas.

21 Mas as bestas feras do deserto repousarão ali, [15] e as suas casas
se encherão de horriveis animaes: e ali habitarão as avestruzinhas, e os
satyros pularão ali.

22 E as bestas feras que uivam se apuparão umas ás outras nos seus
palacios vazios, como tambem os [VB] dragões nos _seus_ palacios de
prazer; pois bem perto _já_ vem chegando o seu tempo, e os seus dias se
não prolongarão.

[1] cap. 21.1 e 47.1. Jer. 50 e 51.

[2] cap. 5.26 e 18.3. Jer. 50.2.

[3] Joel 3.11.

[4] Sof. 1.7. Apo. 6.17. Job 31.23. Joel 1.15.

[5] Mal. 4.1. Pro. 2.22.

[6] cap. 24.21, 23. Eze. 32.7. Joel 2.31 e 3.15. Mat. 24.29. Mar. 13.24.
Luc. 21.25.

[7] cap. 2.17.

[8] Agg. 2.7.

[9] Jer. 50.16 e 51.9.

[10] Nah. 3.10. Zac. 14.2.

[11] cap. 21.2. Jer. 51.11, 28. Dan. 5.28, 31.

[12] cap. 14.4, 22.

[13] Gen. 19.24, 25. Deu. 29.23. Jer. 49.18 e 50.40.

[14] Jer. 50.3, 39 e 51.29, 62.

[15] cap. 34.11, 15. Apo. 18.2.



14 Porque o Senhor se compadecerá [1] de Jacob, e ainda escolherá a
Israel e os porá na sua propria terra: [2] e ajuntar-se-hão com elles os
estranhos, e se achegarão á casa de Jacob.

2 E os povos os receberão, [3] e os levarão aos seus logares, e a casa
d’Israel os possuirá por servos e por servas, na terra do Senhor: e
captivarão aquelles que os captivaram, [4] e dominarão sobre os seus
oppressores.

3 E acontecerá _que_ no dia em que Deus vier a dar-te descanço do teu
trabalho, e do teu tremor, e da dura servidão com que te fizeram servir,

4 Então levantarás este dito contra o rei de Babylonia, e dirás: Como
_já_ cessou o oppressor? _como já_ cessou a cidade [VC] dourada?

5 _Já_ quebrantou o Senhor o bastão dos impios _e_ o sceptro dos
dominadores.

6 Aquelle que feria aos povos com furor, com praga sem cessar, o que com
ira dominava sobre as nações _agora_ é perseguido, sem que alguem o possa
impedir.

7 _Já_ descança, _já_ está socegada toda a terra: exclamam com jubilo.

8 Até as faias [5] se alegram sobre ti, _e_ os cedros do Libano,
_dizendo_: Desde que tu ahi estás por terra _já_ ninguem sobe contra nós
que nos _possa_ cortar.

9 O [VD] inferno [6] debaixo se turbou por ti, para te sair ao encontro
na tua vinda: desperta por ti os mortos, _e_ todos os principes da terra,
_e_ faz levantar dos seus thronos a todos os reis das nações.

10 Estes todos responderão, e te dirão: Tu tambem adoeceste como nós, _e_
foste similhante a nós.

11 _Já_ foi derribada no inferno a tua soberba com o som dos teus
alaudes: os bichinhos debaixo de ti se estenderão, e os bichos te
cobrirão.

12 Como [7] caiste desde o céu, ó estrella da manhã, filha da alva do
dia? _como_ foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações?

13 E tu dizias no teu coração: [8] Eu subirei ao céu, por cima das
estrellas de Deus exaltarei o meu throno, e no monte da congregação me
assentarei, da banda dos lados do norte.

14 Subirei sobre as alturas das nuvens, [9] _e_ serei similhante ao
Altissimo.

15 E comtudo derribado [10] serás no inferno, aos lados da cova.

16 Os que te virem te contemplarão, considerar-te-hão, _e dirão_: É este
o varão que fazia estremecer a terra, e que fazia tremer os reinos?

17 Que punha o mundo como o deserto, e assolava as suas cidades? que a
seus presos não deixava _ir_ soltos para _suas_ casas?

18 Todos os reis das nações, todos _quantos_ elles _são_, jazem com
honra, cada um na sua casa.

19 Porém tu és lançado da tua sepultura, como _um_ renovo abominavel,
_como um_ vestido de mortos atravessados á espada, _como_ os que descem
ao covil de pedras, como corpo morto e atropellado.

20 Com elles não serás ajuntado na sepultura; porque destruiste a tua
terra _e_ mataste o teu povo: a semente dos malignos não será nomeada
para sempre.

21 Preparae a matança [11] para os seus filhos pela maldade de seus paes,
para que não se levantem, e possuam a terra, e encham o mundo de cidades.

22 Porque me levantarei contra elles, diz o Senhor dos Exercitos, [12] e
desarraigarei de Babylonia o nome, e os residuos, e o filho, e o neto,
diz o Senhor.

23 E pôl-a-hei [13] por possessão [VE] das corujas e lagôas d’aguas: e
varrel-a-hei com vassoura de perdição, diz o Senhor dos Exercitos.


_Prophecia contra os assyrios._

24 O Senhor dos Exercitos jurou, dizendo: Como pensei, assim succederá, e
como determinei, assim se effectuará.

25 Quebrantarei a Assyria na minha terra, e nas minhas montanhas a
atropellarei, para que o seu jugo se aparte [14] d’elles e a sua carga se
desvie dos seus hombros.

26 Este _é_ o conselho que se consultou sobre toda esta terra; e esta _é_
a mão que está estendida sobre todas as nações.

27 Porque _o_ Senhor dos Exercitos _o_ determinou; [15] quem pois o
invalidará? e a sua mão estendida está; quem pois a tornará _atraz_?


_Prophecia contra os philistinos._

28 No anno em que morreu [16] o rei Achaz, aconteceu esta carga.

29 Não te alegres, ó tu, toda a Philistia, [17] de que é quebrantada a
vara que te feria; porque da raiz da cobra sairá um basilisco, e o seu
fructo _será uma_ serpente ardente, voadora.

30 E os primogenitos dos pobres serão apascentados, e os necessitados se
deitarão seguros; porém farei morrer de fome a tua raiz, e elle matará os
teus residuos.

31 Dá uivos, ó porta, grita, ó cidade, _que já_ tu, ó Philistia, _estás_
toda derretida; porque do norte vem _um_ fumo, e nenhum solitario
_haverá_ nas suas congregações.

32 Que se responderá pois aos mensageiros do povo? Que o Senhor fundou a
Sião, [18] para que os oppressos do seu povo n’ella tenham refugio.

[1] Jer. 51.33.

[2] Zac. 1.17 e 2.12. cap. 60.4, 5, 10. Eph. 2.12, 13, etc.

[3] cap. 49.22 e 60.9 e 66.20.

[4] cap. 60.14.

[5] cap. 55.12. Eze. 31.16.

[6] Eze. 32.21.

[7] cap. 34.4.

[8] Mat. 11.23.

[9] cap. 47.8. II The. 2.4.

[10] Mat. 11.23.

[11] Exo. 20.5. Mat. 23.35.

[12] Job 18.19.

[13] cap. 34.11. Sof. 2.14.

[14] cap. 10.27.

[15] II Chr. 20.6. Job 9.12 e 23.13. cap. 43.13. Dan. 4.31.

[16] II Reis 16.20.

[17] II Chr. 26.6. II Reis 18.8.

[18] Sof. 3.12.



_Predicção da ruina de Moab._

[Antes de Christo 726]

15 Pezo [1] de Moab. Certamente de noite foi destruida Ar de Moab, _e_
foi desfeita: certamente de noite foi destruida Kir de Moab, _e_ foi
desfeita.

2 Vae subindo [2] a Bayith, e a Dibon, aos logares altos, a chorar: por
Nebo e por Medeba Moab uivará; _sobre_ todas as suas cabeças _haverá_
calva, _e_ toda a barba será rapada.

3 Cingiram-se de saccos nas suas ruas; [3] nos seus terraços e nas suas
praças todos andam uivando, _e_ veem descendo e chorando.

4 Assim Hesbon como Eleale, andam gritando, [4] até Jahas se ouve a sua
voz; pelo que os armados de Moab fazem _grande_ grita, a sua alma lhes
será penosa.

5 O meu coração [5] dá gritos por Moab: fugiram os seus [VF] fugitivos
até Zoar, como a novilha de tres annos: porque vae subindo com choro pela
subida de Luhith, porque no caminho de Horonaim levantam _um_ lastimoso
pranto.

6 Porque as aguas de Nimrim serão _uma_ pura assolação; porque _já_
seccou o feno, pereceu a herva, _e_ não ha verdura alguma.

7 Pelo que a abundancia _que_ ajuntaram, e o _de mais_ que guardaram, ao
ribeiro dos salgueiros o levaram.

8 Porque o pranto rodeará aos limites de Moab; até Eglaim _chegará_ o seu
uivo, e ainda até Beerelim _chegará_ o seu uivo.

9 Porquanto as aguas de Dimon estão cheias de sangue, porque ainda
accrescentarei a Dimon os sobejos; [6] _a saber_, leões contra aquelles
que escaparem de Moab, como tambem contra as reliquias da terra.

[1] Jer. 48.1, etc. Eze. 25.8, 11. Amós 2.1. Num. 21.28.

[2] Lev. 21.5. cap. 3.24 e 22.12. Jer. 47.5 e 48.1, 37, 38. Eze. 7.18.

[3] Jer. 48.38.

[4] cap. 16.9.

[5] cap. 16.11. Jer. 48.31. cap. 16.14. Jer. 48.5, 34.

[6] II Reis 17.25.



16 Enviae [1] o cordeiro ao dominador da terra desde Sela, ao deserto,
até ao monte da filha de Sião.

2 D’outro modo succederá que serão as filhas de Moab junto aos váos [2]
de Arnon como o passaro vagueante, lançado do ninho.

3 Toma conselho, faze juizo, põe a tua sombra no pino do meio-dia como a
noite; esconde os desterrados, _e_ não descubras os vagueantes.

4 Habitem entre ti os meus desterrados, ó Moab: serve-lhes de refugio
perante a face do destruidor; porque o oppressor tem fim; a destruição é
desfeita, _e_ os atropelladores _já_ são consumidos sobre a terra.

5 Porque [3] o throno se confirmará em benignidade, e sobre elle no
tabernaculo de David em verdade se assentará um que julgue, e busque o
juizo, e se apresse á justiça.

6 _Já_ ouvimos a [4] soberba de Moab, que é soberbissimo: a sua altivez,
e a sua soberba, e o seu furor; [5] [VG] os seus ferrolhos não são tão
_seguros_.

7 Portanto Moab [6] uivará por Moab; todos uivarão: gemereis pelos
fundamentos de Kir-hareseth, pois já _estão_ quebrados.

8 Porque [7] _já_ os campos d’Hesbon enfraqueceram, _como tambem_ a vide
de Sibma; _já_ os senhores das nações atropellaram as suas melhores
plantas; vão chegando a Jazer; andam vagueando pelo deserto: os seus
renovos se estenderam _e já_ passaram além do mar.

9 Pelo que prantearei, [8] com o pranto de Jazer, a vide de Sibma;
regar-te-hei com as minhas lagrimas, [9] ó Hesbon e Eleale; porque _já_ o
jubilo dos teus fructos de verão e da tua sega caiu.

10 Assim que _já_ se tirou o folguedo e a alegria [10] do fertil campo, e
_já_ nas vinhas se não canta, nem jubilo algum se faz: _já_ o pisador não
pisará as uvas nos lagares; _já_ fiz cessar o jubilo.

11 Pelo que minhas entranhas fazem ruido [11] por Moab como harpa, e o
meu interior por Kirheres.

12 E será _que_, quando virem que _já_ Moab está cançado [12] nos altos,
então entrará no seu sanctuario a orar, porém nada alcançará.

13 Esta _é_ a palavra que fallou o Senhor desde então contra Moab.

14 Porém agora fallou o Senhor, dizendo: Dentro em tres annos (taes quaes
os annos [13] de jornaleiros), então se virá a envilecer a gloria de
Moab, com toda a _sua_ grande multidão; e o residuo _será_ pouco, pequeno
_e_ impotente.

[1] II Reis 3.4.

[2] Num. 21.13.

[3] Dan. 7.14, 27. Miq. 4.7. Luc. 1.33.

[4] Jer. 48.29. Sof. 2.10.

[5] cap. 28.15.

[6] Jer. 48.20. II Reis 3.25.

[7] cap. 24.7. ver. 9.

[8] Jer. 48.32.

[9] cap. 15.4.

[10] cap. 24.8. Jer. 48.33.

[11] cap. 15.5. Jer. 48.36.

[12] cap. 15.2.

[13] cap. 21.16.



_Prophecia contra Damasco e Ephraim._

[Antes de Christo 714]

17 Pezo [1] de Damasco. Eis que Damasco será tirada, e mais não será
cidade, antes será _um_ montão de ruinas.

2 As cidades d’Aroer _serão_ desamparadas: hão de ser para os rebanhos
que se deitarão [2] sem que alguem os espante.

3 E a fortaleza [3] d’Ephraim cessará, como tambem o reino de Damasco e o
residuo da Syria; serão como a gloria dos filhos de Israel, diz o Senhor
dos Exercitos.

4 E será n’aquelle dia que ficará attenuada a gloria de Jacob, e a
gordura da sua carne se emmagrecerá.

5 Porque será [4] como o segador que colhe a ceara e com o seu braço sega
as espigas: _e_ será tambem como o que colhe espigas no valle de Rephaim.

6 Porém ainda ficarão [5] n’elle _alguns_ rabiscos, como no sacudir da
oliveira, _em que só_ duas _ou_ tres azeitonas _ficam_ na mais alta ponta
dos ramos, _e_ quatro _ou_ cinco em seus ramos fructiferos, diz o Senhor
Deus d’Israel.

7 N’aquelle dia attentará [6] o homem para o seu Creador, e os seus olhos
olharão para o Sancto d’Israel.

8 E não attentará para os altares, obra das suas mãos, nem _tão pouco_
olhará para o que fizeram seus dedos, nem para os bosques, nem para as
imagens do sol.

9 N’aquelle dia serão as suas cidades fortes como [VH] plantas
desamparadas, e _como_ os mais altos ramos, os quaes vieram a deixar por
causa dos filhos d’Israel, e haverá assolação.

10 Porquanto te esqueceste do Deus da tua salvação, e não te lembraste da
rocha da tua fortaleza: pelo que _bem_ plantarás plantas formosas, e as
cercarás de sarmentos estranhos.

11 _E_ no dia em que as plantares _as_ farás crescer, e pela manhã farás
que a tua semente brote: _porém_ sómente será um montão do segado no dia
da enfermidade e das dôres insoffriveis.


_Prediz-se a ruina do exercito dos assyrios._

12 Ai da multidão dos grandes povos que bramam como bramem os mares, [7]
e do rugido das nações que rugem como rugem as impetuosas aguas.

13 _Bem_ rugirão as nações, como rugem as muitas aguas, porém
reprehendel-o-ha e fugirá para longe; [8] e será afugentado como a
pragana dos montes diante do vento, e como a bola diante do tufão.

14 No tempo da tarde eis que _ha_ pavor, _mas_ antes que amanheça _já_
não apparece: esta _é_ a parte d’aquelles que nos despojam, e a sorte
d’aquelles que nos saqueiam.

[1] Jer. 49.23. Amós 1.3. Zac. 9.1. II Reis 16.9.

[2] Jer. 7.33.

[3] cap. 7.16 e 8.4.

[4] Jer. 51.33.

[5] cap. 24.13.

[6] Miq. 7.7.

[7] Jer. 6.23.

[8] Ose. 13.3.



_A destruição dos assyrios é annunciada á Ethiopia._

18 Ai da terra [1] [VI] que ensombreia com as suas azas, que _está_ alem
dos rios [VJ] da Ethiopia,

2 Que envia embaixadores por mar, e em navios de junco sobre as aguas,
dizendo: Ide, mensageiros ligeiros, [2] á nação arrastada e pellada, a
_um_ povo terrivel desde o seu principio e d’ahi em diante; a _uma_ nação
[VK] de regra em regra e de atropellar, cuja terra [VL] despojam os rios.

3 Vós, todos os habitadores do mundo, e vós os moradores da terra, [3]
quando se arvorar a bandeira _nos_ montes, o vereis; e quando se tocar a
trombeta, _o_ ouvireis.

4 Porque assim me disse o Senhor: Estarei quieto, olhando desde a minha
morada, como o ardor resplandecente depois da chuva, como a nuvem do
orvalho no ardor da sega.

5 Porque antes da sega, quando _já_ o gomo está perfeito, e as uvas
verdes amadurecem _depois_ de brotarem, então podará os sarmentos com a
podoa, e, cortando os ramos, _os_ tirará d’_ali_.

6 Juntamente serão deixados ás aves dos montes e aos animaes da terra: e
sobre elles passarão o verão as aves de _rapina_, e todos os animaes da
terra invernarão sobre elles.

7 N’aquelle tempo trará _um_ presente [4] ao Senhor dos exercitos o povo
arrastado e pellado, e o povo terrivel desde o seu principio e d’ahi em
diante; uma nação de regra em regra e d’atropellar, cuja terra despojam
os rios, ao logar do nome do Senhor dos exercitos, ao monte de Sião.

[1] cap. 20.4, 5. Eze. 30.4, 5, 9. Sof. 2.12 e 3.10.

[2] ver. 7.

[3] cap. 5.26.

[4] cap. 16.1. Sof. 3.10. Mal. 1.11.



_Prophecia contra o Egypto._

19 Pezo [1] do Egypto. Eis que o Senhor vem cavalgando n’uma nuvem
ligeira, e virá ao Egypto: [2] e os idolos do Egypto serão movidos
perante a sua face, e o coração dos egypcios se derreterá no meio d’elles.

2 Porque farei [3] com que os egypcios se levantem contra os egypcios,
e cada um pelejará contra o seu irmão, e cada um contra o seu proximo,
cidade contra cidade, reino contra reino.

3 E o espirito dos egypcios se esvaecerá no seu interior, e [VM]
destruirei o seu conselho: [4] então consultarão aos _seus_ idolos, e
encantadores, e adivinhos e magicos.

4 E entregarei [5] os egypcios nas mãos de um senhor duro, e um rei
rigoroso dominará sobre elles, diz o Senhor, o Senhor dos Exercitos.

5 E farão perecer [6] as aguas do mar, e o rio se esgotará e seccará.

6 Tambem aos rios farão apodrecer _e_ os esgotarão [7] e farão seccar
[VN] as correntes das cavas: as canas e os juncos se murcharão.

7 [VO] A relva junto ao rio, junto ás ribanceiras dos rios, e tudo o
semeado junto ao rio, se seccará, ao longe se lançará, e _mais_ não
subsistirá.

8 E os pescadores gemerão, e suspirarão todos os que lançam anzol ao rio,
e os que estendem rede sobre as aguas desfallecerão.

9 E envergonhar-se-hão os que trabalham em linho fino, e os que tecem
panno branco.

10 E _juntamente com_ os seus fundamentos [VP] serão quebrantados todos
os que fazem _por_ pago viveiros de prazer.

11 Na verdade loucos _são_ os principes de Zoan, [8] o conselho dos
sabios conselheiros de Pharaó se embruteceu: como pois a Pharaó direis:
_Sou_ filho dos sabios, filho dos antigos reis?

12 Onde [9] _estão_ agora os teus sabios? notifiquem-te agora, ou
informem-se sobre o que o Senhor dos Exercitos determinou contra o Egypto.

13 Loucos se tornaram os principes de Zoan, [10] enganados estão os
principes de Noph: elles farão errar o Egypto, aquelles que são a pedra
de esquina das suas tribus.

14 _Já_ o Senhor derramou no meio d’elle _um_ perverso [11] espirito,
e fizeram errar o Egypto em toda a sua obra, como o bebado _quando_ se
revolve no seu vomito.

15 E não aproveitará ao Egypto obra _nenhuma_ que possa fazer a [12]
cabeça, a cauda, o ramo, ou o junco.

16 N’aquelle tempo os egypcios serão como mulheres, [13] e tremerão e
temerão por causa do movimento da mão do Senhor dos Exercitos, que ha de
mover contra elles.

17 E a terra de Judah será _um_ espanto para os egypcios, _e_ quem d’isso
fizer menção se assombrará de si mesmo, por causa do conselho do Senhor
dos Exercitos, que determinou contra elles.

18 N’aquelle tempo haverá cinco cidades na terra do Egypto que fallem
a lingua de Canaan e façam juramento ao Senhor dos Exercitos: e uma se
chamará: Cidade de destruição.

19 N’aquelle tempo o Senhor [14] terá _um_ altar no meio da terra do
Egypto, e _um_ titulo ao Senhor, arvorado junto do seu termo.

20 E servirá de signal [15] e de testemunho ao Senhor dos Exercitos na
terra do Egypto, porque ao Senhor clamarão por causa dos oppressores, e
elle lhes enviará _um_ Redemptor e _um_ Protector, que os livre.

21 E o Senhor se fará conhecer aos egypcios, e os egypcios conhecerão ao
Senhor n’aquelle dia, [16] e servirão _com_ sacrificios e offertas, e
votarão votos ao Senhor, e _os_ pagarão.

22 E ferirá o Senhor aos egypcios, e os curará: e converter-se-hão ao
Senhor, e mover-se-ha ás suas orações, e os curará;

23 N’aquelle [17] dia haverá estrada do Egypto até á Assyria, e os
assyrios virão ao Egypto, e os egypcios á Assyria: e os egypcios servirão
com os assyrios ao Senhor.

24 N’aquelle dia Israel será o terceiro com os egypcios e os assyrios,
_uma_ benção no meio da terra.

25 Porque o Senhor dos Exercitos os abençoará, dizendo: Bemdito _seja_
o meu povo do Egypto e Assyria, [18] a obra de minhas mãos, e Israel a
minha herança.

[1] Jer. 46.13. Eze. 29 e 30.

[2] Exo. 12.12. Jer. 43.12.

[3] Jui. 7.22. I Sam. 14.16, 20. II Chr. 20.23.

[4] cap. 8.19.

[5] cap. 20.4. Jer. 46.26. Eze. 29.19.

[6] Jer. 51.36. Eze. 30.12.

[7] II Reis 19.24.

[8] Num. 13.22.

[9] I Cor. 1.20.

[10] Jer. 2.16.

[11] I Reis 22.22. cap. 29.10.

[12] cap. 9.14.

[13] Jer. 51.30. Nah. 3.13.

[14] Jos. 22.10, 26, 27.

[15] Jos. 4.20 e 22.27.

[16] Mal. 1.11.

[17] cap. 11.16.

[18] cap. 29.23. Eph. 2.10.



_Prophecia symbolica do captiveiro dos egypcios e dos ethiopes._

20 No anno em que [1] veiu Tartan a Asdod, enviando-o Sargon, rei da
Assyria, e guerreou contra Asdod, e a tomou;

2 No mesmo tempo fallou o Senhor pelo ministerio d’Isaias, filho d’Amós,
dizendo: [2] Vae, solta o sacco de teus lombos, e descalça os teus
sapatos dos teus pés. E assim o fez, indo nú e descalço.

3 Então disse o Senhor: Assim como anda o meu servo Isaias, nú e
descalço, [3] _por_ signal e prodigio _de_ tres annos sobre o Egypto e
sobre a Ethiopia,

4 Assim o rei da Assyria levará _em captiveiro_ os presos do Egypto, e os
captivados da Ethiopia, assim moços como velhos, nús e descalços, [4] e
descobertas as nadegas _para_ vergonha dos egypcios.

5 E assombrar-se-hão, [5] e envergonhar-se-hão, por causa dos ethiopes,
para quem attentavam, como tambem dos egypcios, sua gloria.

6 Então dirão os moradores d’esta ilha n’aquelle dia: Olhae que tal _foi_
aquelle, para quem attentavamos, a quem nos acolhemos por soccorro, para
nos livrarmos da face do rei da Assyria! como pois escaparemos nós?

[1] II Reis 18.17.

[2] I Sam. 19.24. Miq. 1.8.

[3] cap. 3.18.

[4] II Sam. 10.4. Jer. 13.22, 26.

[5] II Reis 18.21. cap. 30.3, 5, 7 e 36.6.



_Predicção da queda de Babylonia._

21 Pezo do deserto _da banda_ do mar. [1] Como os tufões de vento passam
por meio _da terra_ do sul, _assim_ do deserto virá, da terra horrivel.

2 Visão dura se notificou: o perfido trata perfidamente, [2] e o
destruidor anda destruindo: sobe, [3] ó Elam, sitía, ó médo, _que já_
fiz cessar todo o seu gemido.

3 Pelo que [4] os meus lombos estão cheios de grande enfermidade,
angustias se apoderaram de mim como as angustias da que pare: _já_ me
encurvo de ouvir, e estou espantado de ver.

4 O meu coração anda errado, espavorece-me o horror: _e_ o crepusculo,
que desejava, [5] me tornou em tremores.

5 Põe a mesa, vigia na atalaia, come, bebe: levantae-vos, principes, _e_
untae o escudo.

6 Porque assim me disse o Senhor: Vae, põe _uma_ sentinella, _e_ que diga
o que vir.

7 E viu [6] um carro com um par de cavalleiros, um carro de jumentos, _e_
um carro de camelos, e attentou attentamente com grande attenção.

8 E clamou: Um leão _vejo_, Senhor, [7] sobre a atalaia de vigia estou em
pé continuamente de dia, e sobre a minha guarda me ponho noites inteiras.

9 E eis agora vem um carro de homens, _e_ cavalleiros aos pares. Então
respondeu e disse: [8] Caída é Babylonia, caída é! e todas as imagens de
esculptura dos seus deuses quebrantou contra a terra.

10 Ah malhada [9] minha, e trigo da minha eira! o que ouvi do Senhor dos
Exercitos, Deus de Israel, isso vos notifiquei.


_Prophecia contra Duma._

11 Pezo [10] de Duma. Dão-me gritos de Seir: Guarda, que houve de noite?
guarda, que houve de noite?

12 _E_ disse o guarda: Vem a manhã, e tambem a noite; se quereis
perguntar, perguntae; tornae-vos, _e_ vinde.


_Prophecia contra Arabia._

13 Pezo contra Arabia. Nos bosques de Arabia passareis a noite, ó
viandantes de Dedanim.

14 Sahi ao encontro dos sequiosos com agua: os moradores da terra de Tema
com o seu pão encontraram os que fugiam.

15 Porque fogem de diante das espadas, de diante da espada nua, e de
diante do arco armado, e de diante do pezo da guerra.

16 Porque assim me disse o Senhor: [11] Ainda dentro d’um anno, como os
annos de jornaleiro, será arruinada toda a gloria de Kedar.

17 E os residuos do numero dos frecheiros, os valentes dos filhos de
Kedar, serão diminuidos, porque _assim_ o disse o Senhor, Deus de Israel.

[1] Zac. 9.14.

[2] cap. 33.1.

[3] Jer. 49.34.

[4] cap. 13.8.

[5] Deu. 28.67.

[6] ver. 9.

[7] Hab. 2.1.

[8] Jer. 51.8. Apo. 14.8 e 18.2. cap. 46.1. Jer. 50.2 e 51.44.

[9] Jer. 51.33.

[10] I Chr. 1.30. Eze. 35.2.

[11] cap. 16.4.



_Quadro prophetico do cerco de Jerusalem._

[Antes de Christo 712]

22 Pezo do valle da visão. Que tens agora, que toda tu subiste aos
telhados?

2 Tu, cheia de arroidos, cidade turbulenta, [1] cidade que salta de
alegria, os teus mortos não _foram_ mortos á espada, nem morreram na
guerra.

3 Todos os teus principes juntamente fugiram, os frecheiros os amarraram:
todos os que em ti se acharam, foram amarrados juntamente, e fugiram de
longe.

4 Portanto digo: Virae de mim a vista, _e_ chorarei amargamente: [2] não
_vos_ canceis mais em consolar-me pela destruição da filha do meu povo.

5 Porque [3] _é um_ dia d’alvoroço, e de atropellamento, e de confusão
da parte do Senhor Jehovah dos Exercitos, no valle da visão: _dia_ de
derribar o muro e de gritar até ao monte.

6 Porque _já_ Elam [4] tomou a aljava, _já_ o homem está no carro,
_tambem_ ha cavalleiros: e Kir descobre os escudos.

7 E será que os teus mais formosos valles se encherão de carros, e os
cavalleiros se porão em ordem ás portas.

8 E descobrirá a coberta de Judah, [5] e n’aquelle dia olharás para as
armas da casa do bosque.

9 E vereis [6] as roturas da cidade de David, porquanto _já_ são muitas,
e ajuntareis as aguas do viveiro de baixo.

10 Tambem contareis as casas de Jerusalem, e derribareis as casas, para
fortalecer os muros.

11 Fareis tambem [7] _uma_ cova entre ambos os muros para as aguas
do viveiro velho, porém não olhastes acima para o que fez isto, nem
considerastes o que o formou desde a antiguidade.

12 E o Senhor, o Senhor dos Exercitos chamará n’aquelle [8] dia ao choro,
e ao pranto, e á rapadura da cabeça, e ao cingidouro do sacco.

13 Porém eis aqui gozo e alegria, matando-se vaccas e degolando-se
ovelhas, comendo-se carne, e bebendo-se vinho, _e dizendo-se_: [9]
Comamos e bebamos, porque ámanhã morreremos.

14 Mas [10] o Senhor dos Exercitos se manifestou nos meus ouvidos,
_dizendo_: _Vivo eu_, que esta maldade não vos será [VQ] perdoada até
que morraes, diz o Senhor Jehovah dos Exercitos.


_Sebna é degradado; Eliakim é exaltado._

15 Assim diz o Senhor Jehovah dos Exercitos: Anda _e_ vae-te com este
thesoureiro, com Sebna, o mordomo, _e dize-lhe_:

16 Que é o que tens aqui? ou a quem tens tu aqui, que te lavrasses aqui
sepultura? [11] _como_ o que lavra em logar alto a sua sepultura _e_
debuxa na penha _uma_ morada para si.

17 Eis que o Senhor _d’aqui_ te transportará do transporte de varão, e de
todo te cobrirá.

18 Certamente te fará rodar, como se faz rodar a bola em terra larga
_e_ espaçosa: ali morrerás, e ali _acabarão_ os carros da tua gloria, ó
opprobrio da casa do teu Senhor.

19 E rejeitar-te-hei do teu estado, e te repuxará do teu assento.

20 E será n’aquelle dia que chamarei a meu servo Eliakim [12] filho
d’Hilkias.

21 E vestil-o-hei da tua tunica, e esforçal-o-hei com o teu talabarte, e
entregarei nas suas mãos o teu dominio, e será como pae para os moradores
de Jerusalem, e para a casa de Judah.

22 E porei a chave da casa de David sobre o seu hombro, [13] e abrirá, e
ninguem fechará, e fechará, e ninguem abrirá.

23 E pregal-o-hei _como_ a um [14] prego n’um logar firme, e será como
_um_ throno de honra para a casa de seu pae.

24 E n’elle pendurarão toda a honra da casa de seu pae, dos renovos e dos
descendentes, _como tambem_ todos os vasos menores, desde os vasos das
taças até todos os vasos dos odres.

25 N’aquelle dia, diz o Senhor dos Exercitos, o prego pregado em logar
firme será tirado: e será cortado, e cairá, e a carga que n’elle está se
cortará, porque o Senhor o disse.

[1] cap. 32.13.

[2] Jer. 9.1.

[3] cap. 37.3.

[4] Jer. 49.35. cap. 15.1.

[5] I Reis 7.2 e 10.17.

[6] II Reis 20.20. II Chr. 32.4, 5, 30.

[7] Neh. 3.16.

[8] Joel 1.13. Esd. 9.3. cap. 15.2. Miq. 1.10.

[9] cap. 56.12. I Cor. 15.32.

[10] cap. 5.9. I Sam. 3.14.

[11] Mat. 27.60.

[12] II Reis 18.18.

[13] Job 12.14. Apo. 3.7.

[14] Esd. 9.8.



_A ruina e restauração de Tyro._

[Antes de Christo 715]

23 Pezo [1] de Tyro. Uivai, navios de Tharsis, porque _já_ assolada está
até _n’ella_ casa nenhuma mais ficar _e n’ella_ ninguem mais entrar:
desde a terra de Chittim lhes foi _isto_ revelado.

2 Calae-vos, moradores da ilha, vós a quem encheram os mercadores de
Sidon, navegando pelo mar.

3 E a sua provisão _era_ a semente de Sichor, _que vinha_ com as muitas
aguas da sega do rio, e era a feira das nações.

4 Envergonha-te, ó Sidon, porque _já_ o mar, a fortaleza do mar, falla,
dizendo: Eu não tive dôres de parto, nem pari, nem ainda creei mancebos,
_nem_ eduquei donzellas.

5 Como com as novas do Egypto, assim haverá dôres quando se ouvirem _as_
de Tyro.

6 Passae a Tharsis: uivae, moradores da ilha.

7 _É_ esta _porventura_ [2] a vossa _cidade_ que andava pulando de
alegria? cuja antiguidade _é_ dos dias antigos? _pois_ leval-a-hão os
seus proprios pés para longe andarem a peregrinar.

8 Quem formou este designio contra Tyro, a coroadora? cujos mercadores
_são_ principes _e_ cujos negociantes os mais nobres da terra?

9 O Senhor dos Exercitos formou este designio para profanar a soberba de
todo o ornamento, _e_ envilecer os mais nobres da terra.

10 Passa-te como rio pela tua terra, ó filha de Tharsis, _pois_ já não ha
precinta.

11 A sua mão estendeu sobre o mar, e turbou os reinos: o Senhor deu
mandado contra Canaan, que se destruissem as suas fortalezas.

12 E disse: [3] Nunca mais pularás de alegria, ó opprimida donzella,
filha de Sidon: levanta-te, passa a Chittim, e ainda ali não terás
descanço.

13 Vêde a terra dos chaldeos, ainda este povo não era povo; a Assyria o
fundou para os que moravam no deserto: levantaram as suas fortalezas, e
edificaram os seus paços; _porém_ a arruinou de todo.

14 Uivae, [4] navios de Tharsis, porque _já_ é destruida a vossa força.

15 E será n’aquelle dia que Tyro será posta em esquecimento por setenta
annos, como os dias d’um rei: _porém_ no fim de setenta annos haverá em
Tyro _cantigas_, como a cantiga d’_uma_ prostituta.

16 Toma a harpa, rodeia a cidade, ó prostituta entregue ao esquecimento;
toca bem, canta e repete a aria, para que haja memoria de ti.

17 Porque será no fim de setenta annos que o Senhor visitará a Tyro, e se
tornará á sua ganancia de prostituta, e fornicará com todos os reinos da
terra que ha sobre a face da terra.

18 E o seu commercio e a sua ganancia de prostituta será [5] consagrado
ao Senhor; não se enthesourará, nem se fechará; mas o seu commercio será
para os que habitam perante o Senhor, para que comam até se saciarem, e
tenham vestimenta duravel.

[1] Jer. 25.22 e 47.4. Eze. 26 e 27 e 28. Amós 1.9. Zac. 9.2, 4. ver. 12.

[2] cap. 22.2.

[3] Apo. 18.22. ver. 1.

[4] ver. 1. Eze. 27.25, 30.

[5] Zac. 14.20, 21.



_Predicção do castigo dos israelitas, e o seu bom effeito. A promessa
de livramento e da ruina dos seus inimigos. Cantico de louvor pela
misericordia de Deus._

[Antes de Christo 712]

24 Eis que o Senhor esvazia a terra, e a desola, e transtorna a sua face,
e espalha os seus moradores.

2 E assim como fôr o povo, [1] assim será o sacerdote; como o servo,
assim o seu senhor; como a serva, assim a sua senhora; [2] como o
comprador, assim o vendedor; como o que empresta, assim o que toma
emprestado; como o que dá usura, assim o que toma usura.

3 De todo se esvaziará a terra, e de todo será saqueada, porque o Senhor
pronunciou esta palavra.

4 A terra pranteia _e_ se murcha: o mundo enfraquece e se murcha:
enfraquecem os mais altos do povo da terra.

5 Porque a terra [3] está contaminada por causa dos seus moradores;
porquanto trespassam as leis, mudam os estatutos, e aniquilam a alliança
eterna.

6 Por isso [4] a maldição consome a terra; e os que habitam n’ella serão
desolados; por isso serão queimados os moradores da terra, e poucos
homens ficarão de resto.

7 Pranteia o mosto, [5] enfraquece a vida; _e_ suspirarão todos os
alegres de coração.

8 _Já_ cessou o folguedo [6] dos tamboris, acabou o arruido dos que pulam
de prazer, _e_ descançou a alegria da harpa.

9 Com cantares não beberão vinho; a bebida forte será amarga para os que
a beberem.

10 _Já_ demolida está a cidade vazia, todas as casas fecharam, ninguem já
pode entrar.

11 Um lastimoso clamor por causa do vinho _se ouve_ nas ruas: toda a
alegria se escureceu, _já_ se desterrou o gozo da terra.

12 Desolação ainda ficou de resto na cidade, e com estalidos se quebra a
porta.

13 Porque assim será no interior da terra, _e_ no meio d’estes povos, [7]
como a sacudidura da oliveira, _e_ como os rabiscos, quando está acabada
a vindima.

14 Estes alçarão a sua voz, _e_ cantarão com alegria; _e_ por causa da
gloria do Senhor exultarão desde o mar.

15 Por isso glorificae ao Senhor nos valles, [8] _e_ nas ilhas do mar ao
nome do Senhor Deus d’Israel.

16 Dos ultimos fins da terra ouvimos psalmos _para_ gloria do Justo;
porém _agora_ digo eu: Emmagreço, emmagreço, ai de mim! [9] os perfidos
tratam perfidamente, e com perfidia tratam os perfidos perfidamente.

17 O temor, e a cova, e o laço _veem_ sobre ti, [10] ó morador da terra.

18 E será que aquelle que fugir da voz do temor cairá na cova, e o que
subir da cova o laço o prenderá; [11] porque _já_ as janellas do alto se
abrem, e os fundamentos da terra tremerão.

19 De todo será quebrantada a terra, [12] de todo se romperá a terra, _e_
de todo se moverá a terra.

20 De todo balanceará [13] a terra como o bebado, e será movida e
removida como a choça de noite; e a sua transgressão se aggravará sobre
ella, e cairá, e nunca mais se levantará.

21 E será que n’aquelle dia o Senhor visitará os exercitos do alto na
altura, e os reis da terra sobre a terra.

22 E juntamente serão amontoados _como_ presos n’uma masmorra, e serão
encarcerados n’um carcere: e _outra vez_ serão visitados depois de muitos
dias.

23 E a lua [14] se envergonhará, e o sol se confundirá quando [15] o
Senhor dos Exercitos reinar no monte de Sião e em Jerusalem; e então
perante os seus anciãos _haverá_ gloria.

[1] Ose. 4.9.

[2] Eze. 7.12, 13.

[3] Gen. 3.17. Num. 35.33.

[4] Mal. 4.6.

[5] cap. 16.8, 9. Joel 1.10, 12.

[6] Jer. 7.34 e 16.9 e 25.10. Eze. 26.13. Ose. 2.11. Apo. 18.22.

[7] cap. 17.5, 6.

[8] Mal. 1.11.

[9] Jer. 5.11.

[10] I Reis 19.17. Jer. 48.43, 44. Amós 5.19.

[11] Gen. 7.11.

[12] Jer. 4.23.

[13] cap. 19.14.

[14] cap. 13.10 e 60.19. Eze. 32.7. Joel 2.11 e 3.15.

[15] Apo. 19.4, 6. Heb. 12.22.



25 Ó Senhor, tu és o meu Deus; [1] exaltar-te-hei a ti, _e_ louvarei o
teu nome, porque fizeste maravilhas: os _teus_ conselhos antigos _são_
verdade _e_ firmeza.

2 Porque da cidade fizeste [2] um montão de pedras, _e_ da forte cidade
uma _inteira_ ruina, _e_ do paço dos estranhos, que não seja mais cidade,
e jámais se torne a edificar.

3 Pelo que te glorificará [3] um poderoso povo, _e_ a cidade das nações
formidaveis te temerá.

4 Porque foste a fortaleza do pobre, _e_ a fortaleza do necessitado, na
sua angustia: refugio contra o alagamento, [4] _e_ sombra contra o calor;
porque o sopro dos tyrannos _é_ como o alagamento _contra_ o muro.

5 Como o calor em logar secco, _assim_ abaterás o impeto dos estranhos;
_como se aplaca_ o calor pela sombra da espessa nuvem, _assim_ o cantico
dos tyrannos será humilhado.

6 E o Senhor dos Exercitos [5] fará n’este monte a todos os povos um
convite de cevados, convite de vinhos puros, de tutanos gordos, _e_ de
vinhos puros, _bem_ purificados.

7 E devorará n’este monte a mascara do rosto, com que todos os povos
andam cobertos, [6] e a cobertura com que todas as nações se cobrem.

8 Devorará _tambem_ [7] a morte com victoria, [8] e _assim_ enxugará o
Senhor JEHOVAH as lagrimas de todos os rostos, e tirará o opprobrio do
seu povo de toda a terra; porque o Senhor o disse.

9 E n’aquelle dia se dirá: [9] Eis-que este _é_ o nosso Deus, a quem
aguardavamos, e elle nos salvará: este _é_ o Senhor, a quem aguardavamos:
na sua salvação _pois_ nos gozaremos e alegraremos.

10 Porque a mão do Senhor descançará n’este monte; mas Moab será trilhado
debaixo d’elle, como se trilha a palha no monturo.

11 E estenderá as suas mãos por entre elles, como _as_ estende o nadador
para nadar: e abaterá a sua altivez com as ciladas das suas mãos d’elles.

12 E abaixará as altas fortalezas dos teus muros, as abaterá _e_ as
derribará em terra até ao pó.

[1] Exo. 15.2.

[2] cap. 21.9 e 23.13. Jer. 51.37.

[3] Apo. 11.13.

[4] cap. 4.6.

[5] cap. 2.2, 3. Pro. 9.2. Mat. 22.4. Dan. 7.14. Mat. 8.11.

[6] II Cor. 3.15.

[7] Ose. 13.14. I Cor. 15.54. Apo. 7.17 e 21.4.

[8] Apo. 7.17 e 21.4.

[9] Gen. 49.18. Tito 2.13.



26 N’aquelle dia [1] se cantará este cantico na terra de Judah: _Uma_
forte cidade temos, _Deus lhe_ poz a salvação por muros e antemuros.

2 Abri as portas, para que entre n’ellas a nação justa, que observa a
verdade.

3 Tu conservarás em paz _aquelle cuja_ mente _está_ firme _em ti_, porque
confiará em ti.

4 Confiae no Senhor perpetuamente; [2] porque em Deus Senhor _ha_ uma
rocha eterna.

5 Porque elle abate os que habitam em _logares_ sublimes, _como tambem_ a
cidade exalçada [3] humilhará até ao chão, _e_ a derribará até ao pó.

6 O pé a atropellará; os pés dos afflictos, _e_ os passos dos pobres.

7 O caminho do justo _é_ todo plano: tu rectamente pesas o andar do justo.

8 Até no caminho dos teus juizos, Senhor, te esperamos, [4] no teu nome e
na tua lembrança _está_ o desejo da _nossa_ alma.

9 _Na_ minha alma [5] te desejei de noite, e _com_ o meu espirito, _que
está_ dentro de mim, madrugarei a buscar-te; porque, _havendo_ os teus
juizos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.

10 _Ainda que_ se faça favor [6] ao impio, nem _por isso_ aprende a
justiça; _até_ na terra da rectidão obra iniquidade, e não olha para a
alteza do Senhor.

11 Ó Senhor, _ainda que_ esteja exaltada a tua mão, [7] nem _por isso_ a
vêem: vel-a-hão, _porém_, e confundir-se-hão por causa do zelo _que tens_
do _teu_ povo; e o fogo consumirá a teus adversarios.

12 Ó Senhor, tu nos darás a paz, porque tu és o que fizeste em nós todas
as nossas obras.

13 Ó Senhor Deus nosso, [8] _já outros_ senhores teem tido dominio sobre
nós; _porém_, por ti só, nos lembramos do teu nome.

14 Morrendo elles, não _tornarão_ a viver; fallecendo, não resuscitarão;
por isso os visitaste e destruiste, e apagaste toda a sua memoria.

15 Tu, Senhor, augmentaste a esta gente, tu augmentaste a esta gente,
fizeste-te glorioso; _mas_ longe os lançaste, _a_ todos os fins da terra.

16 Ó Senhor, no aperto te visitaram; [9] _vindo_ sobre elles a tua
correcção, derramaram a _sua_ oração secreta.

17 Como [10] a mulher gravida, quando está proxima ao parto, tem dôres do
parto, e dá gritos nas suas dôres, assim fomos nós por causa da tua face,
ó Senhor!

18 _Bem_ concebemos nós, _e_ tivemos dôres de parto, porém parimos _só_
vento: livramento não trouxemos á terra, nem cairam os moradores do mundo.

19 Os [11] teus mortos viverão, _como tambem_ o meu corpo morto, _e
assim_ resuscitarão; despertae e exultae, os que habitaes no pó, porque
o teu orvalho será _como_ o orvalho de hortaliças, e a terra lançará _de
si_ os mortos.

20 Vae _pois_, povo meu, entra nos teus quartos, e fecha as tuas portas
sobre ti: [12] esconde-te por um só momento, até que passe a ira.

21 Porque eis-que o Senhor [13] sairá do seu logar, para castigar os
moradores da terra, por causa da sua iniquidade, e a terra descobrirá o
seu sangue, e não encobrirá mais os seus mortos _á espada_.

[1] cap. 2.11 e 60.18.

[2] cap. 45.17.

[3] cap. 25.12 e 32.19.

[4] cap. 64.4, 5.

[5] Can. 3.1.

[6] Ecc. 8.12. Rom. 2.4.

[7] cap. 5.12.

[8] II Chr. 12.8.

[9] Ose. 5.15.

[10] cap. 13.8. João 16.21.

[11] Dan. 12.2.

[12] cap. 54.7, 8. II Cor. 4.17.

[13] Miq. 1.3. Jud. 14.



27 N’aquelle dia o Senhor castigará com a sua espada dura, grande e
forte, ao Leviathan, _aquella_ serpente [VR] comprida, e ao Leviathan,
_aquella_ serpente [1] tortuosa, e matará o dragão, que _está_ no mar.

2 N’aquelle dia haverá _uma_ vinha de vinho tinto; [2] cantae d’ella.

3 Eu o Senhor a guardo, _e_ cada momento a regarei; para que ninguem lhe
faça damno, de noite e de dia a guardarei.

4 _Já_ não ha furor em mim: [3] quem me poria sarças _e_ espinheiros
diante de mim na guerra? eu iria contra elles _e_ juntamente os queimaria.

5 Ou pegue [4] da minha força, _e_ faça paz comigo: paz fará comigo.

6 _Dias_ virão em que Jacob lançará raizes, [5] _e_ florescerá e brotará
Israel, e encherão de fructo a face do mundo.

7 _Porventura_ feriu-o elle como feriu aos que o feriram? ou matou-o elle
assim como matou aos que foram mortos por elle?

8 Com medida contendeste com ella, quando a rejeitaste, [6] _quando_ a
tirou com o seu vento forte, no tempo do vento leste.

9 Por isso se expiará a iniquidade de Jacob, e este _será_ todo o fructo,
de se ter dado peccado: quando fizer a todas as pedras do altar como
pedras de cal feitas em pedaços, _então_ os bosques e as imagens do sol
não poderão ficar em pé.

10 Porque a forte cidade _ficará_ solitaria, _e_ a morada será rejeitada
e desamparada como _um_ deserto; ali [7] pastarão os bezerros, e ali se
deitarão, e devorarão as suas ramas.

11 Quando as suas ramas se seccarem, serão quebradas, _e_, vindo
as mulheres, as accenderão, [8] porque este _povo_ não _é_ povo de
entendimento, pelo que aquelle que o fez não se compadecerá d’elle, nem
aquelle que o formou lhe fará graça _alguma_.

12 E será [9] n’aquelle dia que o Senhor o padejará _como se padeja o
trigo_, desde as correntes do rio, até ao rio do Egypto; e vós, ó filhos
de Israel, sereis colhidos um a um.

13 E será n’aquelle dia que se tocará uma grande trombeta, e os que
andavam perdidos pela terra da Assyria, e os que foram desterrados para a
terra do Egypto _tornarão_ a vir, e adorarão ao Senhor no monte sancto em
Jerusalem.

[1] Eze. 32.2.

[2] cap. 5.1. Jer. 2.21.

[3] II Sam. 23.6. cap. 9.18.

[4] cap. 25.4. Job 22.21.

[5] cap. 37.31. Ose. 14.5, 6.

[6] Jer. 10.24 e 30.11 e 46.28.

[7] cap. 17.2 e 32.14.

[8] Deu. 32.28. cap. 1.3. Jer. 8.7. Deu. 32.18. cap. 43.1, 7 e 44.2, 21,
24.

[9] cap. 2.11. Mat. 24.31. Apo. 11.15.



_O annuncio do castigo de Ephraim e de Judah por causa da sua
impenitencia._

[Antes de Christo 725]

28 Ai da corôa [1] de soberba dos bebados de Ephraim, cujo glorioso
ornamento _é como_ a flor que cae, que _está_ sobre a cabeça do fertil
valle dos feridos do vinho.

2 Eis que o Senhor tem um valente e poderoso _que_ [2] como _um_
alagamento de saraiva, tormenta de destruição, e como _um_ alagamento de
impetuosas aguas que trasbordam, com a mão derribará por terra.

3 A corôa [3] de soberba dos bebados de Ephraim será pisada aos pés.

4 E a flor caida do seu [4] glorioso ornamento, que _está_ sobre a cabeça
do fertil valle, será como a bêbera antes do verão, que, vendo a alguem,
_e_ tendo-a ainda na mão, a engole.

5 N’aquelle dia o Senhor dos Exercitos será por corôa gloriosa, e por
grinalda formosa, para os residuos de seu povo;

6 E por espirito de juizo, para o que se assenta a julgar, e por
fortaleza para os que fazem retirar a peleja até á porta.

7 Mas tambem estes [VS] erram com o vinho [5] e com a bebida forte se
desencaminham: _até_ [6] o sacerdote e o propheta erram por causa da
bebida forte; são devorados do vinho; se desencaminham com a bebida
forte, andam errados na visão, _e_ tropeçam no juizo.

8 Porque todas as _suas_ mesas estão cheias de vomitos _e_ sujidade, até
não _haver mais_ logar _limpo_.

9 A quem [7] _pois_ se ensinaria a sciencia? e a quem se daria a entender
o que se ouviu? ao desmamado do leite, e ao arrancado dos peitos.

10 Porque _é_ mandamento, sobre mandamento, mandamento sobre mandamento,
regra sobre regra, regra sobre regra: um pouco aqui, um pouco ali.

11 Pelo que por [8] labios de gago, e por outra lingua, fallará a este
povo.

12 Ao qual disse: Este _é_ o descanço, dae descanço ao cançado, e este é
o refrigerio: porém não quizeram ouvir.

13 Assim pois a palavra do Senhor lhes será mandamento sobre mandamento,
mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra,
um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para traz, e se
quebrantem, e se enlacem, e sejam presos.

14 Pelo que ouvi a palavra do Senhor, homens escarnecedores, que dominam
este povo, que está em Jerusalem.

15 Porquanto dizeis: Fizemos concerto com a morte, e com o [VT] inferno
fizemos alliança; quando passar o diluvio do açoite, não chegará a nós,
porque pozemos a mentira por nosso refugio, e debaixo da falsidade nos
escondemos.

16 Portanto assim diz o Senhor Jehovah: [9] Eis que eu fundo em Sião uma
pedra, uma pedra já provada, _pedra_ preciosa de esquina, _que está bem_
firme _e_ fundada: aquelle que crer não se apresse.

17 E regrarei o juizo ao cordel, e a justiça ao nivel, [10] e a saraiva
varrerá o refugio da mentira, e as aguas cobrirão o esconderijo.

18 E o vosso concerto com a morte se annulará; e a vossa alliança com
o inferno não subsistirá; e, quando o diluvio do açoite passar, então
sereis d’elle pisados.

19 Desde que começa a passar, vos arrebatará, porque todas as manhãs
passará, de dia e de noite: e será que sómente o ouvir a fama _causará
grande_ turbação.

20 Porque a cama será _tão_ curta que _ninguem_ se poderá estender
n’ella; e o cobertor _tão_ estreito que se não possa cobrir _com elle_.

21 Porque o Senhor se levantará como no monte [11] de Perazim, e se
irará, como no valle de Gibeon, para fazer a sua obra, a sua estranha
obra, e para executar o seu acto, o seu estranho acto.

22 Agora pois _mais_ não escarneçaes, para que vossas ataduras se não
façam mais fortes: porque já ao Senhor Jehovah dos Exercitos ouvi [12]
_fallar_ d’_uma_ [VU] destruição, e _essa já_ está determinada sobre toda
a terra.

23 Inclinae os ouvidos, e ouvi a minha voz: attendei bem, e ouvi o meu
discurso.

24 _Porventura_ lavra todo o dia o lavrador, para semear? _ou_ abre e
desterroa _todo o dia_ a sua terra?

25 _Porventura_ não _é_ assim? quando _já_ tem gradado a sua superficie,
então esparge _n’ella_ ervilhaca, e derrama cominho: ou lança _n’ella_ do
melhor trigo, ou cevada escolhida, ou centeio, cada qual no seu logar.

26 O seu Deus o ensina, _e_ o instrue ácerca do que ha de fazer.

27 Porque a ervilhaca não se trilha com trilho, nem sobre o cominho passa
roda de carro; mas com _uma_ vara se sacode a ervilhaca, e o cominho com
_um_ páu.

28 O trigo é esmiuçado, mas não se trilha continuamente, nem se esmiuça
com as rodas do seu carro, nem se quebranta com os seus cavallos.

29 Até isto procede do Senhor dos Exercitos; [13] _porque_ é maravilhoso
em conselho _e_ grande em obra.

[1] ver. 3 e 4.

[2] cap. 30.30. Eze. 13.11.

[3] ver. 1.

[4] ver. 1.

[5] Pro. 20.1. Ose. 4.11.

[6] cap. 56.10, 12.

[7] Jer. 6.10.

[8] I Cor. 14.21.

[9] Gen. 49.24. Mat. 21.42. Act. 4.11. Rom. 9.33 e 10.11. Eph. 2.20. I
Ped. 2.6, 7, 8.

[10] ver. 15.

[11] II Sam. 5.20. I Chr. 14.11. Jos. 10.10, 12. II Sam. 5.25. I Chr.
14.16.

[12] cap. 10.22, 23. Dan. 9.27.

[13] Jer. 32.19.



_Prophecia contra Judah infiel: promessa de livramento._

[Antes de Christo 712]

29 Ai d’Ariel, [1] Ariel, a cidade _em que_ David assentou o seu arraial!
accrescentae anno a anno, e [VV] sacrifiquem sacrificios festivos.

2 Comtudo porei a Ariel em aperto, e haverá pranto e tristeza: e _a
cidade_ me será como Ariel.

3 Porque te cercarei _com o meu_ arraial, e te sitiarei com baluartes, e
levantarei tranqueiras contra ti.

4 Então serás abatida, fallarás desde _debaixo_ da terra, e a tua falla
desde o pó sairá fraca, [2] e será a tua voz desde _debaixo_ da terra,
como a d’_um_ feiticeiro, e a tua falla assobiará desde _debaixo_ do pó.

5 E a multidão dos teus [VW] inimigos será como [3] o pó miudo, e a
multidão dos [VX] tyrannos como a pragana que passa, e n’um momento
repentino succederá.

6 Do Senhor dos Exercitos serás visitada com trovões, e com terremotos,
e grande arroido _com_ tufão de vento, e tempestade, e labareda de fogo
consumidor.

7 E como o sonho de visão de noite, _assim_ será a multidão de todas as
nações que pelejarão contra Ariel, como tambem todos os que pelejarão
contra ella e _contra_ os seus muros, e a porão em aperto.

8 Será tambem como [4] o faminto que sonha, e eis-que _lhe parece que_
come, porém, acordando, _se acha a_ sua alma vazia, ou como o sequioso
que sonha, e eis-que _lhe parece que_ bebe, porém, acordando, eis-que
ainda desfallecido _se acha_, e a sua alma com sêde: assim será toda a
multidão das nações, que pelejarem contra o monte de Sião.

9 Tardam, _porém_, pelo que vos maravilhae, andam folgando, portanto
clamae: [5] bebados estão, mas não de vinho, andam titubeando, mas não de
bebida forte.

10 Porque [6] o Senhor derramou sobre vós _um_ espirito de profundo
somno, e fechou os vossos olhos; vendou os prophetas, e os vossos
cabeças, e os videntes.

11 Pelo que toda a visão vos é como as palavras d’_um_ [7] livro sellado
que se dá ao que sabe ler, dizendo: Ora lê isto: e elle dirá: Não posso,
[8] porque está sellado.

12 Ou dá-se o livro ao que não sabe lêr, dizendo: Ora lê isto: e elle
dirá: Não sei ler.

13 Porque o Senhor disse: [9] Pois que este povo se chega _para mim_ com
a sua bocca, e com os seus labios me honra, porém o seu coração afugenta
para longe de mim e o seu temor para comigo consiste _só_ em [10]
mandamentos de homens, [VY] em que foi instruido;

14 Portanto [11] eis-que continuarei a fazer uma obra maravilhosa no
meio d’este povo; uma obra maravilhosa e um assombro, porque [12] a
sabedoria dos seus sabios perecerá, e o entendimento dos seus prudentes
se esconderá.

15 Ai [13] dos que querem esconder profundamente o conselho do Senhor, e
fazem as suas obras ás escuras, e dizem: Quem nos vê? e quem nos conhece?

16 Vossa perversidade _é_, como se o oleiro fosse egual ao barro, [14] e
a obra dissesse ao seu artifice: Não me fez; e o vaso formado dissesse do
seu oleiro: Nada sabe.

17 _Porventura_ não se converterá o Libano, n’um breve momento, em campo
fertil? e o campo fertil não se reputará por um bosque?

18 E n’aquelle dia [15] os surdos ouvirão as palavras do livro, e d’entre
a escuridão e d’entre as trevas as verão os olhos dos cegos.

19 E os mansos [16] terão gozo sobre gozo no Senhor; e os necessitados
entre os homens se alegrarão no sancto de Israel:

20 Porque o [VZ] tyranno fenece, [17] e se consome o escarnecedor, e
todos os que se dão á iniquidade são extirpados;

21 Os que fazem culpado ao homem por _uma_ palavra, [18] e armam laços ao
que _os_ reprehende na porta, e os que [WA] lançam o justo para o deserto.

22 Portanto assim diz o Senhor, [19] que remiu a Abrahão, ácerca da casa
de Jacob: Jacob não será agora mais envergonhado, nem agora se descorará
_mais_ a sua face.

23 Mas vendo elle a seus filhos, [20] a obra das minhas mãos, no meio
d’elle, _então_ sanctificarão o meu nome, e sanctificarão ao Sancto de
Jacob, e temerão ao Deus de Israel.

24 E os errados [21] de espirito virão a ter entendimento, e os
murmuradores aprenderão [WB] doutrina.

[1] Eze. 43.15, 16. II Sam. 5.9.

[2] cap. 8.19.

[3] Job 21.18. cap. 17.13.

[4] Job 20.8.

[5] cap. 28.7, 8 e 51.21.

[6] Rom. 11.8. cap. 6.10.

[7] cap. 8.16.

[8] Dan. 12.4, 9. Apo. 5.1, 5, 9 e 6.1.

[9] Eze. 33.31. Mat. 15.8, 9. Mar. 7.6, 7.

[10] Col. 2.22.

[11] Hab. 1.5.

[12] Jer. 49.7. Abd. 8. I Cor. 1.19.

[13] cap. 30.1.

[14] cap. 45.9. Rom. 9.20.

[15] cap. 35.5.

[16] cap. 61.1. Thi. 2.5.

[17] cap. 28.14, 22. Miq. 2.1.

[18] Amós 5.10, 12. Pro. 28.21.

[19] Jos. 24.3.

[20] cap. 19.25 e 45.11 e 60.21. Eph. 2.10.

[21] cap. 28.7.



30 Ai dos filhos que se rebellam, diz o Senhor, [1] que tomaram conselho,
mas não de mim; e que se cobriram com cobertura, mas não _que venha_ do
meu espirito; para _assim_ accrescentarem peccado sobre peccado.

[Antes de Christo 713]

2 Que [2] vão descer ao Egypto, e não perguntam á minha bocca; para se
fortificarem com a força de Pharaó, e para confiarem na sombra do Egypto.

3 Porque a força de Pharaó se vos tornará [3] em vergonha, e a confiança
na sombra do Egypto em confusão.

4 Havendo estado [4] os seus principes em Zoan, e havendo chegado os seus
embaixadores a Hanes,

5 _Então_ todos [5] se envergonharão de um povo _que_ de nada lhes
aproveitará nem d’ajuda, nem de proveito, antes de vergonha, e até
d’opprobrio, _lhes servirá_.

6 Peso [6] das bestas do sul. Para a terra d’afflicção e de angustia
(d’onde _vem_ a leôa e o leão, o basilisco, e o aspide ardente voador)
levarão ás costas de jumentinhos as suas fazendas, e sobre as corcovas de
camelos os seus thesouros, a _um_ povo _que_ de nada _lhes_ aproveitará.

7 Porque [7] o Egypto _os_ ajudará em vão, e por demais: pelo que clamei
ácerca d’isto: No estarem quietos _será_ a sua força.

8 Vae _pois_ agora, [8] escreve isto n’uma taboa perante elles, e
aponta-o n’_um_ livro; para que fique _firme_ até ao dia ultimo, para
sempre _e_ perpetuamente.

9 Porque [9] _um_ povo rebelde _é_ este, _são_ filhos mentirosos, filhos
_que_ não querem ouvir a lei do Senhor.

10 Que dizem aos videntes: Não vejaes; e aos que attentam: Não attenteis
para nós no que é recto: dizei-nos coisas apraziveis, _e_ vede para nós
enganadoras _lisonjas_.

11 Desviae-vos do caminho, apartae-vos da vereda: fazei que cesse o
Sancto de Israel de _vir_ perante nós.

12 Pelo que assim diz o Sancto de Israel: Porquanto rejeitaes esta
palavra, e confiaes na oppressão e perversidade, e sobre isso vos
estribaes,

13 Por isso esta maldade vos será como a _parede_ fendida, que vae caindo
_e_ já fórma barriga desde o mais alto muro, cuja queda virá subitamente
n’um momento.

14 E os quebrará [10] como quebram o vaso do oleiro, _e_, quebrando-os,
não se compadecerá _d’elles_: nem _ainda um_ se achará entre os seus
pedaços para tomar fogo do lar, ou tirar agua da poça.

15 Porque assim diz o Senhor JEHOVAH, o Sancto d’Israel: [11]
Tornando-vos e descançando, ficarieis livres, e no socego e na confiança
estaria a vossa força, porém não quizestes.

16 E dizeis: Não; antes sobre cavallos fugiremos; _mas_ por isso _mesmo_
fugireis; e, Sobre _cavallos_ ligeiros cavalgaremos; por isso os vossos
perseguidores _tambem_ serão ligeiros.

17 Mil [12] _homens fugirão_ ao grito d’_um_, _e_ ao grito de cinco
_todos_ vós fugireis, até que sejaes deixados como o mastro no cume do
monte, e como a bandeira no outeiro.

18 Por isso pois o Senhor esperará, para ter misericordia de vós; e por
isso será exalçado, para se compadecer de vós, porque o Senhor _é um_
Deus de equidade: [13] bemaventurados todos os que o esperam.

19 Porque o povo em Sião habitará, em Jerusalem: não chorarás de
nenhuma sorte; certamente se compadecerá de ti, á voz do teu clamor, e,
ouvindo-a, te responderá.

20 Bem vos dará [14] o Senhor, pão d’angustia e agua d’aperto, [15] mas
os teus [WC] doutores nunca mais fugirão _de ti_, como voando com azas;
antes os teus olhos verão a todos os teus mestres.

21 E os teus ouvidos ouvirão a palavra _do que_ está por detraz de ti,
dizendo: Este _é_ o caminho, andae n’elle, [16] sem vos desviardes nem
para a direita nem para a esquerda.

22 E terás por contaminadas [17] as coberturas das tuas esculpturas de
prata, e a coberta das tuas esculpturas fundidas d’oiro; e as lançarás
fóra como _um_ panno immundo, e dirás a cada uma d’ellas: Fóra d’aqui.

23 Então _te_ dará [18] chuva sobre a tua semente, com que semeares a
terra, como tambem pão da novidade da terra; e esta será fertil e cheia;
n’aquelle dia _tambem_ o teu gado pastará _em_ logares largos de pasto.

24 E os bois e os jumentinhos que lavram a terra, comerão grão puro, que
fôr padejado com a pá, e _cirandado_ com a ciranda.

25 E haverá em todo [19] o monte alto, e em todo o outeiro levantado,
ribeiros e correntes d’aguas, no dia da grande matança, quando cairem as
torres.

26 E será a [20] luz da lua como a luz do sol, e a luz do sol sete
vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em que o Senhor soldar a
quebradura do seu povo, e curar a chaga da sua ferida.

27 Eis que o nome do Senhor vem de longe, a sua ira _está_ ardendo, e
a carga _é_ pesada: os seus labios estão cheios de indignação, e a sua
lingua como _um_ fogo consumidor.

28 E o seu assopro [21] como o ribeiro trasbordando, _que_ chega até ao
pescoço: para sacudir as nações com sacudidura de [WD] vaidade, e _como
um_ freio de fazer errar nas queixadas dos povos.

29 _Um_ cantico haverá entre vós, como na noite _em_ que se sanctifica a
festa; e alegria de coração, como aquelle que anda com gaita, [22] para
vir ao monte do Senhor, á Rocha d’Israel.

30 E o Senhor [23] fará ouvir a gloria da sua voz, e fará ver o
abaixamento do seu braço, com indignação de ira, e labareda de fogo
consumidor, [24] raios e diluvio e pedra de saraiva.

31 Porque [25] com a voz do Senhor será desfeita em pedaços Assyria,
_que_ feriu com a vara.

32 E será, _em_ todas as partes por onde passar o bordão affincado, que,
sobre aquelle que o Senhor o puzer, _ali_ estarão com tamboris e harpas;
porque com combates de agitação combaterá contra elles.

33 Porque [26] _já_ Tophet _está_ preparada desde hontem, e _já_ está
preparada para o rei, já _a_ afundou _e_ alargou: a sua facha _é_ de
fogo, e tem muita lenha; o assopro do Senhor como a torrente de enxofre a
accenderá.

[1] cap. 29.15.

[2] cap. 31.1. Jos. 9.14. I Reis 22.7.

[3] cap. 20.5.

[4] cap. 19.11.

[5] Jer. 2.36.

[6] Ose. 3.9.

[7] ver. 15.

[8] Hab. 2.2.

[9] Deu. 32.20. cap. 1.4. ver. 1.

[10] cap. 29.5. Jer. 19.11.

[11] ver. 7. cap. 7.4. Mat. 23.37.

[12] Lev. 26.8. Deu. 28.25 e 32.30. Jos. 23.10.

[13] Pro. 16.20. Jer. 17.7.

[14] I Reis 22.27.

[15] Amós 8.11.

[16] Jos. 1.7.

[17] cap. 2.20 e 31.7.

[18] Mat. 6.33.

[19] cap. 2.14, 15 e 44.3.

[20] cap. 60.19, 20.

[21] cap. 11.4. II The. 2.8. cap. 8.8.

[22] cap. 2.3.

[23] cap. 29.6.

[24] cap. 28.2 e 32.19.

[25] cap. 37.36. cap. 10.5, 24.

[26] Jer. 7.31 e 19.6, etc.



31 Ai dos que [1] descem ao Egypto a _buscar_ soccorro, e se estribam
em cavallos; e teem confiança em carros, porque _são_ muitos, e nos
cavalleiros, porque são poderosissimos: [2] e não attentam para o Sancto
d’Israel, e não buscam ao Senhor.

2 Todavia tambem elle _é_ sabio, e faz vir o mal, [3] e não retirou as
suas palavras; e se levantará contra a casa dos malfeitores, e contra a
ajuda dos que obram a iniquidade.

3 Porque os egypcios _são_ homens, e não Deus; e os seus cavallos carne,
e não espirito; e o Senhor estenderá a sua mão, e dará comsigo em terra o
auxiliador, e cairá o ajudado, e todos juntamente serão consumidos.

4 Porque assim me disse o Senhor: [4] Como o leão, e o cachorro do
leão, ruge sobre a sua preza, ainda que se convoquem contra elle _uma_
multidão de pastores; não se espanta das suas vozes, nem se abate pela
sua multidão: [5] assim o Senhor dos Exercitos descerá, para pelejar pelo
monte de Sião, e pelo seu outeiro.

5 Como as aves [6] andam voando, assim o Senhor dos Exercitos amparará a
Jerusalem: _e_, amparando, a livrará, e, passando, a salvará.

6 Convertei-vos _pois_ áquelle _contra quem_ os filhos d’Israel se
rebellaram tão profundamente.

7 Porque n’aquelle dia cada um lançará [7] fóra os seus idolos de prata,
e os seus idolos d’oiro, que vos fabricaram as vossas mãos para peccardes.

8 E a Assyria cairá pela espada, não de varão; e a espada, não de
homem, a consumirá; e fugirá perante a espada, e os seus mancebos serão
derrotados.

9 E de medo se passará [8] á sua rocha, e os seus principes se
assombrarão da bandeira, diz o Senhor, cujo fogo _está_ em Sião e a sua
fornalha em Jerusalem.

[1] cap. 30.2 e 36.6. Eze. 17.15. cap. 36.9.

[2] Dan. 9.13.

[3] Num. 23.19.

[4] Ose. 11.10. Amós 3.8.

[5] cap. 42.13.

[6] Deu. 32.11.

[7] cap. 2.20 e 30.22. I Reis 12.30.

[8] cap. 37.37.



32 Eis ahi está que reinará [1] um Rei em justiça, e dominarão os
principes segundo o juizo.

2 E será _aquelle_ Varão como um esconderijo contra o vento, [2] e _um_
refugio contra a tempestade, como ribeiros d’aguas em logares seccos, _e_
como a sombra d’uma grande rocha em terra sedenta.

3 E os olhos dos que veem não olharão para [3] traz: e os ouvidos dos que
ouvem estarão attentos.

4 E o coração dos imprudentes entenderá a sabedoria; e a lingua dos gagos
estará prompta para fallar distinctamente.

5 Ao louco nunca mais se chamará liberal; e do avarento nunca _mais_ se
dirá que é generoso.

6 Porque o louco falla louquices, e o seu coração obra a iniquidade, para
usar d’hypocrisia, e para fallar erros contra o Senhor, para deixar vazia
a alma do faminto, e fazer com que o sedento venha a ter falta de beber.

7 Tambem todos os instrumentos do avarento _são_ maus: elle maquina
invenções malignas, para destruir os afflictos com palavras falsas, como
tambem ao juizo, quando o pobre chega a fallar.

8 Mas o liberal projecta liberalidade, e pela liberalidade está em pé.

9 Levantae-vos, mulheres que estaes em repouso, _e_ ouvi a minha voz:
_e_ vós, filhas, que estaes tão seguras, inclinae os ouvidos ás minhas
palavras.

10 _Muitos_ dias de mais do anno vireis a ser turbadas, _ó filhas_ que
estaes tão seguras; porque a vindima se acabará, e a colheita não virá.

11 Tremei vós que estaes em repouso, _e_ turbae-vos _vós_, _filhas_, que
estaes tão seguras: despi-vos, e ponde-vos nuas, e cingi _com sacco_ os
_vossos_ lombos.

12 Lamentar-se-ha sobre os peitos, sobre os campos desejaveis, _e_ sobre
as vides fructuosas.

13 Sobre a terra [4] do meu povo virão espinheiros e sarças; como tambem
sobre todas as casas de alegria, [5] _na_ cidade que anda pulando de
prazer.

14 Porque [6] o palacio será desamparado, o arroido da cidade cessará:
_e_ Ophel e as torres da guarda servirão de cavernas eternamente, para
alegria dos jumentos montezes, _e_ para pasto dos gados;

15 Até que se derrame sobre nós o espirito [7] do alto: então o deserto
se tornará em campo fertil, e o campo fertil será reputado por _um_
bosque.

16 E o juizo habitará no deserto, e a justiça morará no campo fertil.

17 E o effeito [8] da justiça será paz, e a operação da justiça repouso e
segurança, para sempre.

18 E o meu povo habitará em morada de paz, e em moradas bem seguras, e em
logares quietos de descanço.

19 Mas, descendo ao bosque, [9] saraivará e a cidade se abaixará
inteiramente.

20 Bemaventurados vós os que semeaes sobre todas as aguas: [10] _e_ para
_lá_ enviaes o pé do boi e do jumento.

[1] Jer. 23.5. Zac. 9.9.

[2] cap. 4.6 e 25.4.

[3] cap. 29.18 e 35.5, 6.

[4] cap. 34.13. Ose. 9.6.

[5] cap. 22.2.

[6] cap. 27.10.

[7] Joel 2.28. cap. 29.17 e 35.2.

[8] Thi. 3.18.

[9] cap. 30.30. Zac. 11.2.

[10] cap. 30.24.



_Os inimigos do povo de Deus serão destruidos: Jerusalem será restaurada
á sua gloria e felicidade._

33 Ai de ti [1] desolador, que não foste desolado, e que obras
perfidamente _contra os_ que não obraram perfidamente contra ti! acabando
tu de desolar, serás desolado: e, acabando tu de tratar perfidamente, se
tratará perfidamente contra ti.

2 Senhor, tem misericordia de nós, [2] por ti temos esperado: sê tu o seu
braço nas madrugadas, como tambem a nossa salvação no tempo da tribulação.

3 Á voz do arroido fugirão os povos: á tua exaltação as gentes serão
dispersas.

4 Então ajuntar-se-ha o vosso despojo como se apanha o pulgão: como os
gafanhotos saltam, ali saltará.

5 O Senhor está exalçado, pois habita _nas_ alturas: encheu a Sião de
juizo e justiça.

6 E _será que_ a firmeza dos teus tempos, _e_ a força das _tuas_
salvações, será a sabedoria e a sciencia: _e_ o temor do Senhor _será_ o
seu thesouro.

7 Eis-que os seus embaixadores estão clamando de fóra; _e_ os mensageiros
de paz estão chorando amargamente.

8 As estradas estão desoladas, [3] cessam os que passam pelas veredas:
desfaz a alliança, despreza as cidades, _e_ a homem nenhum estima.

9 A terra geme _e_ pranteia, o Libano se envergonha _e_ se murcha; Saron
se tornou como _um_ deserto; e Basan e Carmelo foram sacudidos.

10 Agora _pois_ me levantarei, diz o Senhor: agora serei exaltado, agora
serei posto em alto.

11 Concebestes [4] palha, parireis pragana: e o vosso espirito vos
devorará _como_ fogo.

12 E os povos serão _como_ os incendios de cal: [5] _como_ espinhos
cortados arderão no fogo.

13 Ouvi, [6] vós os que estaes longe, o que tenho feito: e vós, que
estaes visinhos, conhecei o meu poder.

14 Os peccadores de Sião se assombraram, o tremor surprehendeu os
hypocritas. Quem d’entre nós habitará com o fogo consumidor? quem d’entre
nós habitará com as labaredas eternas?

15 O que [7] anda em justiça, e o que falla equidades; o que arremessa
para longe de si o ganho de oppressões; o que sacode das suas mãos todo
o presente; o que tapa os seus ouvidos para não ouvir _ácerca de_ sangue
[8] e fecha os seus olhos para não ver o mal,

16 Este habitará nas alturas, as fortalezas das rochas _serão_ o seu alto
refugio, o seu pão se lhe dá, as suas aguas são certas.

17 Os teus olhos verão o Rei na sua formosura, _e_ verão a terra que está
longe.

18 O teu coração considerará o assombro, _dizendo_: [9] Onde o escrivão,
onde o [WE] pagador? onde o que conta as torres?

19 Não verás [10] _mais_ aquelle povo espantavel, povo de falla tão
profunda, que não se pode perceber _e_ de lingua tão estranha que não se
pode entender.

20 Olha [11] para Sião, a cidade das nossas solemnidades: os teus olhos
verão a Jerusalem, habitação quieta, tenda que não será derribada, [12]
cujas estacas nunca serão arrancadas, e de cujas cordas nenhuma se
quebrará.

21 Mas o Senhor ali nos será grandioso, logar de rios _e_ correntes
largas _será_: barco nenhum de remo passará por elles, nem navio grande
navegará por elles.

22 Porque o Senhor _é_ o nosso Juiz: O Senhor _é_ o nosso Legislador:
[13] O Senhor _é_ o nosso Rei, elle nos salvará.

23 As tuas cordas se affrouxaram: não poderam ter firme o seu mastro, _e_
vela não estenderam: então a preza d’abundantes despojos se repartirá; _e
até_ os côxos roubarão a preza.

24 E morador nenhum dirá: Enfermo estou; _porque_ o povo que habitar
n’ella _será_ absolto d’iniquidade.

[1] Hab. 2.8. Apo. 13.10.

[2] cap. 25.9.

[3] Jui. 5.6. II Reis 18.14, 15, 16, 17.

[4] cap. 59.4.

[5] cap. 9.18.

[6] cap. 49.1.

[7] Psa. 15.2.

[8] Psa. 119.37.

[9] I Cor. 1.20.

[10] Deu. 28.49, 50. Jer. 5.13.

[11] Psa. 48.13.

[12] cap. 54.2.

[13] Thi. 4.12.



34 Chegae-vos, nações, para ouvir, e vós, povos, escutae: [1] ouça a
terra, e a sua plenitude, o mundo, e tudo quanto produz.

2 Porque a indignação do Senhor _está_ sobre todas as nações, e o _seu_
furor sobre todo o seu exercito: elle as destruiu totalmente, entregou-as
á matança.

3 E os seus mortos serão arremeçados [2] e dos seus corpos subirá o seu
fedor; e os montes se derreterão com o seu sangue.

4 E todo o exercito [3] dos céus se [WF] gastará, e os céus se enrolarão
como um livro: [4] e todo o seu exercito cairá, como cae a folha da vide,
e como cae _o figo_ da figueira.

5 Porque [5] a minha espada se embriagou nos céus: eis que sobre Edom
descerá, e sobre o povo do meu anathema para juizo.

6 A espada do Senhor está cheia de sangue, está engordurada da gordura
de sangue de cordeiros e de bodes, da gordura dos rins de carneiros; [6]
porque o Senhor tem sacrificio em Bozra, e grande matança na terra de
Edom.

7 E os unicornios descerão com elles, e os bezerros com os toiros: e a
sua terra beberá sangue até se fartar, e o seu pó de gordura engordará.

8 Porque _será_ o dia da vingança [7] do Senhor, anno de retribuições
pela porfia de Sião.

9 E os seus ribeiros [8] se tornarão em pez, e o seu pó em enxofre, e a
sua terra em pez ardente.

10 Nem de noite nem de dia se apagará; [9] para sempre o seu fumo subirá:
de geração em geração será assolada; de seculo em seculo ninguem passará
por ella.

11 Mas o pelicano e a coruja a [10] possuirão, e o bufo e o corvo
habitarão n’ella: porque estenderá sobre ella cordel de confusão e nivel
de vaidade.

12 Os seus nobres (que já não ha n’ella) _ao_ reino chamarão; porém todos
os seus principes não serão coisa nenhuma.

13 E nos seus palacios [11] crescerão espinhos, ortigas e cardos nas suas
fortalezas; e será _uma_ habitação de dragões, _e_ sala para os filhos do
avestruz.

14 E [WG] os cães bravos se encontrarão com [WH] os gatos bravos; e o
[WI] demonio clamará ao seu companheiro: e os animaes nocturnos ali
pousarão, e acharão logar de repouso para si.

15 Ali se aninhará a melroa e porá _os seus ovos_, e tirará os seus
pintãos, e os recolherá debaixo da sua sombra: tambem ali os abutres se
ajuntarão uns com os outros.

16 Buscae no livro [12] do Senhor, e lêde; nenhuma d’estas _coisas_
falhará, nem uma nem outra faltará; porque a minha propria bocca o
ordenou, e o seu espirito mesmo as ajuntará.

17 Porque elle mesmo lançou as sortes por elles, e a sua mão lh’a
repartiu com o cordel: para sempre a possuirão, de geração em geração
habitarão n’ella.

[1] Deu. 32.1.

[2] Joel 2.20.

[3] Eze. 32.7, 8. Joel 2.31 e 3.15. Mat. 24.29. II Ped. 3.10. Apo. 6.14.

[4] cap. 14.12. Apo. 6.13.

[5] Jer. 46.10 e 49.7, etc. Mal. 1.4.

[6] cap. 63.1. Jer. 49.13. Sof. 1.7.

[7] cap. 63.4.

[8] Deu. 29.23.

[9] Apo. 14.11 e 18.18 e 19.3. Mal. 1.4.

[10] cap. 14.23. Sof. 2.14. Apo. 18.2.

[11] cap. 32.13. Ose. 9.6. cap. 13.21, etc.

[12] Mat. 3.16.



_A grandeza e gloria do reino do Messias._

35 O deserto [1] e os logares seccos se alegrarão d’isto; e o ermo
exultará e florescerá como a rosa.

2 Abundantemente florescerá, [2] e tambem se alegrará d’alegria e
exultará; a gloria do Libano se lhe deu, o ornato do Carmelo e Saron:
elles verão a gloria do Senhor, o ornato do nosso Deus.

3 Confortae [3] as mãos fracas, e esforçae os joelhos trementes.

4 Dizei aos turbados de coração: Confortae-vos, não temaes: eis-que o
vosso Deus virá _a tomar_ vingança, _com_ pagos de Deus; elle virá, e vos
salvará.

5 Então os olhos [4] dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se
abrirão.

6 Então os coxos [5] saltarão como cervos, e a lingua dos mudos cantará;
porque aguas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo.

7 E a terra secca se tornará em tanques, e a terra sedenta em mananciaes
d’aguas; [6] _e_ nas habitações em que jaziam os [WJ] dragões _haverá_
herva com cannas e juncos.

8 E ali haverá estrada e caminho, que se chamará o caminho sancto; [7] o
immundo não passará por elle, mas _será_ para estes: os caminhantes, até
mesmo os loucos, não errarão.

9 Ali não haverá leão, nem besta fera subirá a elle, nem se achará
n’elle: porém _só_ os remidos andarão _por elle_.

10 E os resgatados do Senhor tornarão, [8] e virão a Sião com jubilo: e
alegria eterna haverá sobre as suas cabeças: gozo e alegria alcançarão, e
_d’elles_ fugirá a tristeza e o gemido.

[1] cap. 55.12.

[2] cap. 32.15.

[3] Job 4.3, 4. Heb. 12.12.

[4] cap. 29.18 e 32.3, 4 e 42.7. João 9.6, 7. Mat. 11.5. Mar. 7.32, etc.

[5] Mat. 11.5 e 15.30 e 21.14. João 5.8, 9. Act. 3.2, etc. e 8.7 e 14.8,
etc. cap. 32.4. Mat. 9.32, 33 e 12.22 e 15.30. João 7.38, 39.

[6] cap. 34.13.

[7] cap. 52.1. Joel 3.17. Apo. 21.27.

[8] cap. 51.11 e 65.19. Apo. 7.17 e 21.4.



_Senacherib cerca Jerusalem. A oração de Ezequias. O exercito dos
assyrios é destruido._

[Antes de Christo 710]

36 E aconteceu [1] no anno decimo quarto do rei Ezequias que Senacherib,
rei da Assyria subiu contra todas as cidades fortes de Judah, e as tomou.

2 Então o rei da Assyria enviou a Rabsaké, desde Lachis a Jerusalem, ao
rei Ezequias com _um_ grande exercito, e parou junto ao cano _de agua_ do
viveiro mais alto, junto ao caminho do campo do lavandeiro.

3 Então saiu a elle Eliakim, filho d’Hilkias, o mordomo, e Sebna, o
escrivão, e Joah, filho d’Asaph, o chanceller.

4 E Rabsaké [2] lhes disse: Ora dizei a Ezequias: Assim diz o grande rei,
o rei da Assyria: Que confiança _é_ esta, em que confias?

5 Bem podera eu dizer (porém palavra de labios é): Ha conselho e poder
para a guerra: em quem _pois_ agora confias, que contra mim te rebellas?

6 Eis que confias n’aquelle [3] bordão de canna quebrada, _a saber_, no
Egypto, o qual, se alguem se encostar n’elle lhe entrará pela mão, e lh’a
furará: assim _é_ Pharaó, rei do Egypto, para com todos os que n’elle
confiam.

7 Porém se me disseres: No Senhor, nosso Deus, confiamos; _porventura_
não _é_ este aquelle cujos altos e cujos altares Ezequias tirou, e disse
a Judah e a Jerusalem: Perante este altar vos inclinareis?

8 Ora, pois, dá agora refens ao meu senhor, o rei da Assyria, e
dar-te-hei dois mil cavallos, se tu poderes dar cavalleiros para elles.

9 Como pois farias que se torne o rosto a um só principe dos minimos
servos do meu senhor? porém tu confias no Egypto, por causa dos carros e
cavalleiros.

10 Agora, pois, subi eu _porventura_ sem o Senhor contra esta terra,
para destruil-a? O Senhor _mesmo_ me disse: Sobe contra esta terra, e
destroe-a.

11 Então disse Eliakim, e Sebna, e Joah, a Rabsaké: Pedimos-_te que_
falles aos teus servos em syriaco, porque _bem_ o entendemos, e não nos
falles em judaico, aos ouvidos do povo que _está_ em cima do muro.

12 Porém Rabsaké disse: _Porventura_ mandou-me o meu senhor _só_ ao teu
senhor e a ti, para fallar estas palavras? _e_ não antes aos homens que
estão assentados em cima do muro, para que comam comvosco o seu esterco,
e bebam a sua urina?

13 Rabsaké pois se poz em pé, e clamou em alta voz em judaico, e disse:
Ouvi as palavras do grande rei, do rei da Assyria.

14 Assim diz o rei: Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá livrar.

15 Nem tão pouco Ezequias vos faça confiar no Senhor, dizendo:
Infallivelmente nos livrará o Senhor, _e_ esta cidade não será entregue
nas mãos do rei da Assyria.

16 Não deis ouvidos a Ezequias; porque assim diz o rei da Assyria:
Contratae comigo por presentes, e sahi a mim, [4] e comei vós cada um
_da_ sua vide, _e_ da sua figueira, e bebei cada um da agua da sua
cisterna;

17 Até que eu venha, e vos leve para _uma_ terra como a vossa: terra de
trigo e de mosto, terra de pão e de vinhas.

18 Não vos engane Ezequias, dizendo: O Senhor nos livrará. _Porventura_
os deuses das nações livraram cada um a sua terra das mãos do rei da
Assyria?

19 Onde _estão_ os deuses d’Hamath e d’Arpad? onde _estão_ os deuses de
Sepharvaim? _porventura_ livraram a Samaria da minha mão?

20 Quaes _são_ elles, d’entre todos os deuses d’estas terras, os que
livraram a sua terra das minhas mãos, para que o Senhor livrasse a
Jerusalem das minhas mãos?

21 Porém elles se calaram, e palavra nenhuma lhe responderam; porque
havia mandado do rei, dizendo: Não lhe respondereis.

22 Então Eliakim, filho d’Hilkias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e
Joah, filho d’Asaph, o chanceller, vieram a Ezequias, com os vestidos
rasgados, e lhe fizeram saber as palavras de Rabsaké.

[1] II Reis 18.13, 17. II Chr. 32.1.

[2] II Reis 18.19, etc.

[3] Eze. 29.6, 7.

[4] Zac. 3.10.



37 E aconteceu [1] que, tendo-o ouvido o rei Ezequias, rasgou os seus
vestidos, e se cobriu de sacco, e entrou na casa do Senhor.

2 Então enviou a Eliakim, o mordomo, e a Sebna, o escrivão, e aos anciãos
dos sacerdotes, cobertos de saccos, a Isaias, filho d’Amós, o propheta.

3 E disseram-lhe: Assim diz Ezequias: Este dia _é_ dia d’angustia e de
vituperação, e de blasphemias; porque chegados são os filhos ao parto, e
força não _ha_ para parir.

4 _Porventura_ o Senhor teu Deus ouvirá as palavras de Rabsaké, a quem
enviou o seu senhor, o rei da Assyria, para affrontar o Deus vivo, e para
vituperal-o com as palavras que o Senhor teu Deus tem ouvido: faze oração
pelo resto que _ainda_ se acha.

5 E os servos do rei Ezequias vieram a Isaias.

6 E Isaias lhes disse: Assim direis a vosso senhor: Assim diz o Senhor:
Não temas á vista das palavras que ouviste, com as quaes os servos do rei
da Assyria me blasphemaram.

7 Eis que metterei n’elle _um_ espirito, e elle ouvirá _um_ arroido, e
voltará para a sua terra; e fal-o-hei cair morto á espada na sua terra.

8 Voltou pois Rabsaké, e achou ao rei da Assyria pelejando contra Libna;
porque ouvira que _já_ se havia retirado de Lachis.

9 E, ouvindo elle dizer que Tirhaká, rei da Ethiopia, tinha saido para
lhe fazer guerra, assim como o ouviu, _tornou_ a enviar mensageiros a
Ezequias, dizendo:

10 Assim fallareis a Ezequias, rei de Judah, dizendo: Não te engane o teu
Deus, em quem confias, dizendo: Jerusalem não será entregue na mão do rei
da Assyria.

11 Eis que _já_ tens ouvido o que fizeram os reis da Assyria a todas as
terras, destruindo-as totalmente: e escaparias tu?

12 _Porventura_ as livraram os deuses das nações ás quaes meus paes
destruiram, _como_ a Gozan, e a Haran, e a Reseph, e aos filhos d’Eden,
que _estavam_ em Telassar?

13 Onde _está_ o rei [2] d’Hamath, e o rei d’Arpad, e o rei da cidade de
Sepharvaim, Hena e Iva?

14 Recebendo pois Ezequias as cartas das mãos dos mensageiros, e
lendo-as, subiu á casa do Senhor e Ezequias as estendeu perante o Senhor.

15 E orou Ezequias ao Senhor, dizendo:

16 Ó Senhor dos Exercitos, Deus d’Israel, que habitas entre os cherubins;
tu mesmo, só tu _és_ Deus de todos os reinos da terra; tu fizeste os céus
e a terra.

17 Inclina, [3] ó Senhor, o teu ouvido, e ouve: abre, Senhor, os teus
olhos, e olha; e ouve todas as palavras de Senacherib, o qual enviou para
affrontar o Deus vivo.

18 Verdade é, Senhor, que os reis da Assyria assolaram todas as terras,
com as suas comarcas,

19 E lançaram no fogo os seus deuses; porque deuses não eram, senão obra
de mãos d’homens, madeira e pedra; por isso os destruiram.

20 Agora pois, ó Senhor nosso Deus, livra-nos da sua mão; e _assim_
saberão todos os reinos da terra, que só tu _és_ o Senhor.

21 Então Isaias, filho d’Amós, mandou dizer a Ezequias: Assim diz o
Senhor, o Deus d’Israel: Quanto ao que me pediste ácerca de Senacherib,
rei da Assyria,

22 Esta _é_ a palavra que o Senhor fallou d’elle: A virgem, a filha de
Sião, te despreza, de ti zomba; a filha de Jerusalem menea a cabeça por
detraz de ti.

23 A quem affrontaste e blasphemaste? e contra quem alçaste a voz, e
ergueste os teus olhos ao alto? Contra o Sancto d’Israel.

24 Por meio de teus servos affrontaste o Senhor, e disseste: Com a
multidão dos meus carros subi eu aos cumes dos montes, aos lados do
Libano; e cortarei os seus altos cedros e as suas faias escolhidas, e
entrarei na altura do seu cume, ao bosque do seu campo fertil.

25 Eu cavei, e bebi as aguas; e com as plantas de meus pés sequei todos
os rios do Egypto.

26 _Porventura_ não ouviste que _já_ muito d’antes eu fiz isto, e _já_
desde os dias antigos o formei? agora _porém_ o fiz vir, para que tu
fosses o que destruisses as cidades fortes, e as reduzisses a montões
assolados.

27 Por isso os seus moradores, com as mãos caidas, andaram atemorisados e
envergonhados: eram _como_ a herva do campo, e a hortaliça verde, _e_ o
feno dos telhados, e o trigo queimado antes da seara.

28 Porém eu sei o teu assentar, e o teu sair, e o teu entrar, e o teu
furor contra mim.

29 Por causa do teu furor contra mim, e porque o teu tumulto subiu até
aos meus ouvidos, [4] portanto porei o meu anzol no seu nariz e o meu
freio nos teus beiços, e te farei voltar pelo caminho por onde vieste.

30 E isto te _seja_ por signal, _que_ este anno se comerá o que de si
mesmo nascer, e no segundo anno o que d’ahi proceder: porém no terceiro
anno semeae e segae, e plantae vinhas, e comei os fructos d’ellas.

31 Porque o que escapou da casa de Judah, e ficou de resto, tornará a
lançar raizes para baixo, e dará fructo para cima.

32 Porque de Jerusalem sairá o restante, e do monte de Sião o que
escapou: [5] o zelo do Senhor dos Exercitos fará isto.

33 Pelo que assim diz o Senhor ácerca do rei da Assyria: Não entrará
n’esta cidade, nem lançará n’ella frecha _alguma_: tão pouco virá perante
ella _com_ escudo, nem levantará contra ella tranqueira _alguma_.

34 Pelo caminho por onde vier, por esse voltará; porém n’esta cidade não
entrará, diz o Senhor.

35 Porque eu ampararei [6] a esta cidade, para a livrar, por amor de mim
e por amor do meu servo David.

36 Então saiu [7] o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assyrios a
cento e oitenta e cinco mil _d’elles_; e, levantando-se pela manhã cedo,
eis que tudo eram corpos mortos.

37 Assim Senacherib, rei da Assyria, se retirou, e se foi, e voltou, e se
ficou em Ninive.

38 E succedeu que, estando elle prostrado na casa de Nisroch, seu deus,
Adramelech e Sarezer, seus filhos, o feriram á espada; porém elles se
escaparam para a terra d’Ararat, e Esarhaddon, seu filho, reinou em seu
logar.

[1] II Reis 19.1, etc.

[2] Jer. 49.23.

[3] Dan. 9.18.

[4] cap. 30.28. Eze. 38.4.

[5] II Reis 19.31. cap. 9.7.

[6] II Reis 20.6. cap. 38.6.

[7] II Reis 19.35.



_A doença de Ezequias e a sua cura maravilhosa._

38 N’aquelles dias [1] Ezequias adoeceu d’_uma_ enfermidade mortal: e
veiu a elle Isaias, filho d’Amós, o propheta, e lhe disse: Assim diz o
Senhor: [2] Ordena a tua casa, porque morrerás, e não viverás.

2 Então virou Ezequias o seu rosto para a parede; e orou ao Senhor.

3 E disse: Ah Senhor, [3] lembra-te, te peço, de que andei diante de ti
em verdade, e com coração perfeito, e fiz o _que era_ recto aos teus
olhos. E chorou Ezequias muitissimo.

4 Então veiu a palavra do Senhor a Isaias, dizendo:

5 Vae, e dize a Ezequias: Assim diz o Senhor, o Deus de David teu pae:
Ouvi a tua oração, _e_ vi as tuas lagrimas; eis que accrescento sobre os
teus dias quinze annos.

6 E livrar-te-hei das mãos do rei da Assyria, a ti, e a esta cidade, [4]
e ampararei a esta cidade.

7 E isto te _será_ por [5] signal da parte do Senhor de que o Senhor
cumprirá esta palavra que fallou.

8 Eis que farei tornar a sombra dos graus, que declinou com o sol pelos
graus _do relogio_ d’Achaz dez graus atraz. Assim tornou o sol dez graus
_atraz_, pelos graus que já tinha descido.

9 Escripturas d’Ezequias, rei de Judah, de quando adoeceu e sarou de sua
enfermidade.

10 Eu disse no cessar de meus dias: Ir-me-hei ás portas da sepultura:
_já_ estou privado do resto de meus annos.

11 Disse _tambem_: _Já_ não verei _mais_ ao Senhor, _digo_, na terra dos
viventes: jámais verei o homem [WK] com os moradores do mundo.

12 _Já_ o tempo da minha vida se [6] foi, e foi trespassado de mim,
como choça de pastor: cortei a minha vida, como tecelão _que corta a
sua teia_; _como_ desde os liços me cortará; desde o dia até á noite me
acabarás.

13 _Isto_ me propunha até á madrugada, _que_, como um leão, quebrantaria
todos os meus ossos: desde o dia até á noite me acabarás.

14 Como o grou, _ou_ a andorinha, assim chilreava, [7] _e_ gemia como a
pomba: alçava os meus olhos ao alto; ó Senhor ando opprimido, fica por
meu fiador.

15 Que direi? como m’o prometteu, assim o fez: [8] _assim_ passarei
mansamente por todos os meus annos, por causa da amargura da minha alma.

16 Senhor, com estas coisas se vive, e em todas ellas _está_ a vida do
meu espirito, porque tu me curaste e me saraste.

17 Eis que _até_ na paz a amargura me foi amarga; tu porém _tão_
amorosamente abraçaste a minha alma, que não _caiu_ na cova da corrupção;
porque lançaste para traz das tuas costas todos os meus peccados.

18 Porque não te louvará a sepultura, _nem_ a morte te glorificará: nem
_tão pouco_ esperarão em tua verdade os que descem á cova.

19 O vivente, o vivente, esse te louvará como eu hoje _o faço_: [9] o pae
aos filhos fará notoria a tua verdade.

20 O Senhor _veiu_ salvar-me; pelo que, tangendo em meus instrumentos,
_lhe cantaremos_ todos os dias de nossa vida na casa do Senhor.

21 E dissera Isaias: [10] Tomem _uma_ pasta de figos, e a ponham como
emplasto sobre a chaga; e sarará.

22 Tambem dissera Ezequias: [11] Qual será o signal de que hei de subir á
casa do Senhor?

[1] II Reis 20.1, etc. II Chr. 32.24.

[2] II Sam. 17.23.

[3] Neh. 13.14.

[4] cap. 37.35.

[5] II Reis 20.8, etc. cap. 7.11.

[6] Job 7.6.

[7] cap. 59.11.

[8] Job 7.11 e 10.1.

[9] Deu. 4.9 e 6.7.

[10] II Reis 20.7.

[11] II Reis 20.8.



_Os embaixadores de Babylonia enviados a Jerusalem. O orgulho de
Ezequias._

[Antes de Christo 712]

39 N’aquelle tempo [1] enviou Merodach-baladan, filho de Baladan, rei de
Babylonia, cartas e um presente a Ezequias, porque tinha ouvido dizer que
havia estado doente e que _já_ tinha convalescido.

2 E Ezequias [2] se alegrou d’elles, e lhes mostrou a casa do seu
thesouro, a prata, e o oiro, e as especiarias, e os melhores unguentos, e
toda a sua casa d’armas, e tudo quanto se achou nos seus thesouros: coisa
nenhuma houve, nem em sua casa, nem em todo o seu dominio, que Ezequias
lhes não mostrasse.

3 Então o propheta Isaias veiu ao rei Ezequias, e lhe disse: Que é o
_que_ aquelles homens disseram, e d’onde vieram a ti? E disse Ezequias:
D’uma terra remota vieram a mim, de Babylonia.

4 E disse elle: Que é o que viram em tua casa? E disse Ezequias: Viram
tudo quanto _ha_ em minha casa; coisa nenhuma ha nos meus thesouros que
eu deixasse de lhes mostrar.

5 Então disse Isaias a Ezequias: Ouve a palavra do Senhor dos Exercitos:

6 Eis que [3] veem dias em que tudo quanto _houver_ em tua casa, e o que
enthesouraram teus paes até ao _dia_ d’hoje será levado para Babylonia:
não ficará coisa alguma, disse o Senhor.

7 E _ainda até_ de teus filhos, que procederem de ti, e tu gerares,
tomarão, para que sejam eunuchos no palacio do rei de Babylonia.

8 Então disse Ezequias a Isaias: Boa _é_ a palavra do Senhor que
disseste. Disse mais: Pois haja paz e verdade em meus dias.

[1] II Reis 20.12, etc.

[2] II Chr. 32.31.

[3] Jer. 20.5.



_O livramento promettido ao povo de Israel._

40 Consolae, consolae o meu povo, diz o vosso Deus.

2 Fallae benignamente a Jerusalem, e bradae-lhe que _já_ a sua malicia é
acabada, que _já_ a sua iniquidade está expiada [1] _e_ que _já_ recebeu
em dobro da mão do Senhor, por todos os seus peccados.

3 [WL] Voz [2] do que clama no deserto: Apparelhae o caminho do Senhor:
[3] endireitae no ermo vereda a nosso Deus.

4 Todo o valle será exaltado, e todo o monte e _todo_ o outeiro serão
abatidos: e o torcido se endireitará, e o aspero se aplainará.

5 E a gloria do Senhor se manifestará, [4] e toda a carne juntamente verá
que a bocca do Senhor _o_ disse.

6 Voz que diz: Clama; e disse: Que hei de clamar? Toda a carne _é_ herva
e toda a sua [WM] benignidade como as flores do campo.

7 Secca-se a herva, _e_ caem as flores, soprando n’ellas o Espirito do
Senhor. Na verdade que herva _é_ o povo.

8 Secca-se a herva, _e_ caem as flores, [5] porém a palavra de nosso Deus
subsiste eternamente.

9 Ah Sião, annunciadora de boas novas, sobe tu a um monte alto. Ah
Jerusalem, annunciadora de boas novas, levanta a tua voz fortemente;
levanta-a, não temas, _e_ dize ás cidades de Judah: Eis _aqui está_ o
vosso Deus.

10 Eis que o Senhor JEHOVAH virá contra o forte, [6] e o seu braço se
assenhoreará _d’elle_: eis que o seu galardão _vem_ com elle, e o seu
salario diante da sua face.

11 Como pastor apascentará [7] o seu rebanho; entre os seus braços
recolherá os cordeirinhos, e _os_ levará no seu seio: as paridas guiará
_suavemente_.

12 Quem [8] mediu com o seu punho as aguas, e tomou a medida dos céus aos
palmos, e recolheu na maior medida o pó da terra e pesou os montes com
peso e os outeiros em balanças?

13 Quem [9] guiou o Espirito do Senhor? e que conselheiro o ensinou?

14 Com quem tomou conselho, que lhe desse entendimento, e lhe ensinasse
o caminho do juizo? lhe ensinasse sabedoria, e lhe fizesse notorio o
caminho da sciencia?

15 Eis que as nações _são_ consideradas por elle como a gota d’um balde,
e como o pó miudo das balanças: eis que lança por ahi as ilhas como a pó
miudo.

16 Nem _todo_ o Libano basta para o fogo, nem os seus animaes bastam para
holocaustos.

17 Todas as nações _são_ como nada perante elle; _e_ [10] as reputa por
menos que nada e _como uma_ coisa vã.

18 A quem pois fareis [11] similhante a Deus? ou que similhança lhe
apropriareis?

19 O artifice [12] funde a imagem, e o ourives a cobre de oiro, e cadeias
de prata _lhe_ funde.

20 O empobrecido, que _já_ não tem que offerecer, escolhe madeira _que_
não se corrompe: artifice sabio se busca, [13] para apparelhar _uma_
imagem _que_ se não possa mover.

21 _Porventura_ não sabeis? _porventura_ não ouvis? ou desde o principio
se vos não notificou? ou não attentastes para os fundamentos da terra?

22 Elle _é_ o que está assentado sobre o globo da terra, cujos moradores
_são para elle_ como gafanhotos: [14] _elle é_ o que estende os céus como
cortina, e os desenrola como tenda, para habitar _n’elles_:

23 O que torna em nada os principes, _e_ faz como em coisa vã os juizes
da terra.

24 E nem se plantam, nem se semeiam, nem se arraiga na terra o seu tronco
cortado, e n’elles, soprando, se seccaram, e um tufão como pragana os
levará.

25 A quem [15] pois me fareis similhante, que lhe seja similhante? diz o
Sancto.

26 Levantae ao alto os vossos olhos, e vede quem creou estas coisas, quem
produz por conta o seu exercito, quem a todas chama pelos _seus_ nomes;
por causa da grandeza das _suas_ forças, e _porquanto é_ forte em poder,
nenhuma _d’ellas_ vem a faltar.

27 Porque _pois_ dizes, ó Jacob, e _tu_ fallas, ó Israel: O meu caminho
está encoberto ao Senhor, e o meu juizo passa de largo pelo meu Deus?

28 _Porventura_ não sabes, _porventura_ não ouviste que o eterno Deus, o
Senhor, o Creador dos fins da terra, nem se cança nem se fatiga? [16] não
ha esquadrinhação do seu entendimento.

29 Dá esforço ao cançado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum
vigor.

30 Os moços se cançarão e se fatigarão, e os mancebos certamente cairão.

31 Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com azas
como aguias: correrão, e não se cançarão; caminharão, e não se fatigarão.

[1] Job 42.10. cap. 61.7.

[2] Mat. 3.3. Mar. 1.3. Luc. 3.4. João 1.23.

[3] Mal. 3.1. cap. 49.11.

[4] I Ped. 1.24.

[5] João 12.34. I Ped. 1.25.

[6] cap. 59.16 e 62.11. Apo. 22.12.

[7] cap. 49.10. Eze. 34.23 e 37.24. João 10.11. Heb. 13.20. I Ped. 2.25 e
5.4. Apo. 7.17.

[8] Pro. 30.4.

[9] Job 21.22. Rom. 11.34. I Cor. 2.16.

[10] Dan. 4.35.

[11] ver. 25. cap. 46.5.

[12] cap. 41.6, 7, etc. Jer. 10.3, etc.

[13] cap. 41.7. Jer. 10.4.

[14] Job 9.8. cap. 44.24 e 51.13. Jer. 10.12.

[15] ver. 18.

[16] Rom. 11.33.



_Jehovah é o unico Deus: Israel deve ter confiança unicamente n’Elle._

41 Calae-vos [1] perante mim, ó ilhas, e os povos renovem as forças:
cheguem-se, _e_ então fallem: cheguemo-nos juntos a juizo.

2 Quem suscitou do oriente [2] o justo? _e o_ chamou para o seu pé?
_quem_ deu as [3] nações á sua face? e o fez dominar sobre reis? elle os
entregou á sua espada como o pó, _e_ como pragana arrebatada _do vento_
ao seu arco.

3 Perseguiu-os, _e_ passou _em_ paz, por _uma_ vereda _por onde_ com os
seus pés nunca tinha caminhado.

4 Quem obrou [4] e fez _isto_, chamando as gerações desde o principio? eu
o Senhor, o primeiro, e com os ultimos eu mesmo.

5 As ilhas o viram, e temeram: _os_ fins da terra tremeram:
approximaram-se, e vieram.

6 Um ao outro ajudou, e ao seu companheiro disse: Esforça-te.

7 E o artifice [5] animou ao ourives, _e_ o que alisa com o martello ao
que bate na safra, dizendo da soldadura: Boa é. Então com pregos o firma,
[6] para que não venha a mover-se.

8 Porém tu, ó Israel, servo meu, tu Jacob, a quem elegi [7] _e tu_
semente de Abrahão, meu amigo?

9 Tu a quem tomei desde os fins da terra, e te chamei d’entre os seus
mais excellentes, e te disse: Tu _és_ o meu servo, a ti te escolhi e
nunca te rejeitei.

10 Não temas, [8] porque eu _estou_ comtigo; não te assombres, porque eu
sou teu Deus: eu te esforço, e te ajudo, e te sustento com a dextra da
minha justiça.

11 Eis que, envergonhados e confundidos serão [9] todos os que se
indignaram contra ti: tornar-se-hão como nada, e os que contenderem
comtigo, perecerão.

12 Buscal-os-has, porém não os acharás; porém os que pelejarem comtigo,
tornar-se-hão como nada, e como coisa que não é nada, os que guerrearem
comtigo.

13 Porque eu, o Senhor teu Deus, te tomo pela tua mão direita; e te digo:
Não temas, [10] que eu te ajudo.

14 Não temas, ó bicho Jacob, povosinho d’Israel; eu te ajudo, diz o
Senhor, e o teu redemptor é o Sancto d’Israel.

15 Eis que [11] te puz por trilho agudo novo, que tem dentes agudos: os
montes trilharás e moerás; e os outeiros tornarás como a folhelho.

16 Tu os padejarás [12] e o vento os levará, e o tufão os espalhará,
porém tu te alegrarás no Senhor e te gloriarás no Sancto d’Israel.

17 Os afflictos e necessitados buscam aguas, mas nenhumas _ha_, e a sua
lingua se secca de sêde: eu o Senhor os ouvirei, eu o Deus d’Israel os
não desampararei.

18 Abrirei rios [13] em logares altos, e fontes no meio dos valles:
tornarei o deserto em tanques de aguas, e a terra secca em mananciaes
d’aguas.

19 Plantarei no deserto o cedro, a arvore de sitta, e a murta, e a
oliveira: juntamente porei no ermo a faia, o olmeiro e o alamo;

20 Para que _todos_ vejam, [14] e saibam, e considerem, e juntamente
entendam que a mão do Senhor fez isto, e o Sancto d’Israel o creou.

21 Produzi a vossa demanda, diz o Senhor: trazei as vossas firmes razões,
diz o Rei de Jacob.

22 Produzam [15] e annunciem-nos as coisas que hão de acontecer:
annunciae-_nos_ quaes foram as coisas passadas, para que attentemos para
ellas, e saibamos o fim d’ellas; ou fazei-nos ouvir as coisas futuras.

23 Annunciae-_nos_ [16] as coisas que ainda hão de vir, para que saibamos
que _sois_ deuses: ou fazei bem, ou fazei mal, para que nos assombremos,
e juntamente _o_ veremos.

24 Eis que _sois_ menos do que nada e a vossa obra é menos do que nada:
abominação _é quem_ vos escolhe.

25 Desperto _a um_ do norte, que ha de vir do nascimento do sol, [17] _e_
invocará o meu nome; e virá sobre os magistrados, como _sobre_ o lodo, e,
como o oleiro pisa o barro, _os pisará_.

26 Quem annunciou isto desde o principio, para que o possamos saber, ou
desde antes, para que digamos: Justo _é_? Porém não ha quem annuncie, nem
tão pouco quem manifeste, nem tão pouco quem ouça as vossas palavras.

27 _Eu_, o primeiro, [18] _sou o que digo_ a Sião: Eis que ali estão: e a
Jerusalem darei um annunciador de boas novas.

28 Porque olhei, [19] porém ninguem _havia_; nem mesmo entre estes
conselheiro algum _havia_ a quem perguntasse ou que me respondesse
palavra.

29 Eis que [20] todos _são_ vaidade; as suas obras não _são_ nada; as
suas imagens de fundição _são_ vento e nada.

[1] Zac. 2.13.

[2] cap. 46.11.

[3] Gen. 14.14, etc. ver. 25. cap. 45.1.

[4] ver. 26. cap. 44.7 e 46.10. cap. 43.10 e 44.6 e 48.12. Apo. 1.17 e
22.13.

[5] cap. 40.19.

[6] cap. 40.20.

[7] Deu. 7.6 e 10.15 e 14.2. cap. 43.1 e 44.1. Thi. 2.23.

[8] ver. 13, 14. cap. 43.5. Deu. 31.6, 8.

[9] Exo. 23.22. cap. 45.24 e 60.12.

[10] ver. 10.

[11] Miq. 4.13. II Cor. 10.4, 5.

[12] Jer. 51.2.

[13] cap. 35.6, 7 e 43.10 e 44.3.

[14] Job 12.9.

[15] cap. 45.21.

[16] cap. 42.9 e 44.7, 8 e 45.3. João 13.19. Jer. 10.5.

[17] ver. 2.

[18] cap. 40.9.

[19] cap. 63.5.

[20] ver. 24.



_O Servo do Senhor._

42 Eis aqui o meu Servo, [1] a quem sustenho, o meu Eleito, _em quem_ se
apraz a minha alma; [2] puz o meu espirito sobre elle; juizo produzirá
aos gentios.

2 Não clamará, nem alçará a _sua voz_, nem fará ouvir a sua voz na praça.

3 A canna trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega: com
verdade produzirá o juizo;

4 Não se encobrirá, nem será quebrantado, até que ponha na terra o juizo:
e as ilhas aguardarão a sua doutrina.

5 Assim diz Deus, o Senhor, que creou [3] os céus, e os estendeu, e
espraiou a terra, e a tudo quanto produz: que dá a respiração [4] ao povo
_que habita_ n’ella, e o espirito aos que andam n’ella.

6 Eu o Senhor [5] te chamei em justiça, e te tomarei pela mão, e te
guardarei, e te darei por concerto do povo, e para luz dos gentios;

7 Para abrir [6] os olhos cegos, para tirar da prisão os presos, e da
casa do carcere os que jazem _em_ trevas.

8 Eu _sou_ o Senhor; este _é_ o meu nome; a minha gloria pois a outrem
não darei, [7] nem o meu louvor ás imagens de esculptura.

9 Eis que as coisas d’antes _já_ vieram, e as novas eu _vos_ annuncio, e,
antes que venham á luz, vol-as faço ouvir.

10 Cantae ao Senhor um cantico novo, e o seu louvor desde o fim da terra:
_como tambem_ vós os que navegaes pelo mar, e tudo quanto ha n’ella; vós,
ilhas, e seus habitadores.

11 Alcem _a voz_ o deserto e as suas cidades, com as aldeias _que_ Kedar
habita: exultem os que habitam nas rochas, _e_ clamem do cume dos montes.

12 Dêem a gloria ao Senhor, e annunciem o seu louvor nas ilhas.

13 O Senhor como valente sairá, como homem de guerra despertará o zelo:
exultará, e fará grande arruido, _e_ sujeitará a seus inimigos.

14 _Já ha_ muito me calei; estive posto em silencio, _e_ me retive: darei
gritos como a que está de parto, _e a todos_ os assolarei e juntamente
devorarei.

15 Os montes e outeiros tornarei em deserto, e toda a sua herva farei
seccar, e tornarei os rios em ilhas, e as lagoas seccarei.

16 E guiarei os cegos pelo caminho _que_ nunca conheceram, os farei
caminhar pelas veredas _que_ não conheceram: tornarei as trevas em luz
perante elles, e as coisas tortas _farei_ direitas. Estas coisas lhes
farei, e nunca os desampararei.

17 _Mas_ serão tornados atraz _e_ confundir-se-hão de vergonha os que
confiam em imagens de esculptura, e dizem ás imagens de fundição: Vós
_sois_ nossos deuses.

18 Surdos, ouvi, e vós, cegos, olhae, para que possaes ver.

19 Quem [8] _é_ cego, senão o meu servo, ou surdo como o meu mensageiro,
a _quem_ envio? _e_ quem é cego como o perfeito, e cego como o servo do
Senhor?

20 _Bem_ vêdes vós muitas [9] coisas, porém vós as não guardaes: ainda
que abre os ouvidos, comtudo nada ouve.

21 O Senhor se agradava d’elle por amor da sua justiça: engrandeceu
_pela_ lei, e _o_ fez glorioso.

22 Porém _este é um_ povo roubado e saqueado: todos _estão_ enlaçados em
cavernas, e escondidos nas casas dos carceres: são postos por preza, e
ninguem ha que os livre, por despojo, e ninguem diz: Restitue.

23 Quem ha entre vós que ouça isto? _que_ attenda e ouça o que ha de ser
depois?

24 Quem entregou a Jacob por despojo, e a Israel aos roubadores?
_porventura_ não foi o Senhor, aquelle contra quem peccámos, e nos
caminhos do qual não queriam andar e não davam ouvidos á sua lei?

25 Pelo que derramou sobre elles a indignação da sua ira, e a força
da guerra, e [10] lhes poz labaredas em redor: porém _n’isso_ não
attentaram; e os queimou, porém não pozeram _n’isso_ o coração.

[1] cap. 43.10 e 49.3, 6. Mat. 12.18, 19, 20. Phi. 2.7.

[2] Mat. 3.17 e 17. Eph. 1.6. cap. 11.2. João 3.34.

[3] cap. 44.24. Zac. 12.1.

[4] Act. 17.25.

[5] cap. 43.1 e 49.6, 8. Luc. 2.32. Act. 13.47.

[6] cap. 35.5. cap. 9.2.

[7] cap. 48.11.

[8] cap. 43.8. Eze. 12.2. João 9.39, 41.

[9] Rom. 2.21.

[10] II Reis 25.9. Ose. 7.9.



_Só Deus resgata Israel._

43 Porém agora, assim diz o Senhor que [1] te creou, ó Jacob, e que te
formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi: chamei-te pelo teu nome,
tu _és_ meu.

2 Quando passares pelas aguas [2] _estarei_ comtigo, e quando pelos rios,
não te submergirão: quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a
chamma arderá em ti.

3 Porque eu _sou o_ Senhor teu Deus, o Sancto d’Israel, o teu Salvador:
dei [3] ao Egypto _por_ teu resgate a Ethiopia e a Seba, em teu logar.

4 Emquanto foste precioso aos meus olhos, _tambem_ foste glorificado, e
eu te amei, pelo que dei os homens por ti, e os povos pela tua alma.

5 Não temas, [4] _pois_, porque _estou_ comtigo: trarei a tua semente
desde o oriente, e te ajuntarei desde o occidente.

6 Direi ao norte; Dá; e ao sul; _Não_ retenhas: trazei meus filhos de
longe, e minhas filhas das extremidades da terra.

7 Todos os chamados [5] do meu nome, e os que creei para a minha gloria,
os formei, _e_ tambem os fiz.

8 Trazei [6] o povo cego, que tem olhos; e os surdos, que teem ouvidos.

9 Todas as nações se congreguem juntamente, e os povos se reunam; [7]
quem d’entre elles pode annunciar isto, e fazer-nos ouvir as coisas
antigas? produzam as suas testemunhas, para que se justifiquem, e se
ouça, e se diga: Verdade _é_.

10 Vós _sois_ [8] as minhas testemunhas, diz o Senhor, e o meu servo, a
quem escolhi; para que o saibaes, e me creiaes, e entendaes que eu _sou_
o mesmo, [9] _e que_ antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim
nenhum haverá.

11 Eu, [10] eu _sou_ o Senhor, e fóra de mim não _ha_ Salvador.

12 Eu annunciei, e eu salvei, e eu o fiz ouvir, [11] e _Deus_ estranho
não _houve_ entre vós, pois vós _sois_ as minhas testemunhas, diz o
Senhor; eu _sou_ Deus.

13 Ainda antes que _houvesse_ dia, eu _sou_; [12] e ninguem _ha_ que
possa fazer escapar das minhas mãos: obrando eu, quem o desviará?

14 Assim diz o Senhor, teu Redemptor, o Sancto d’Israel: Por amor de vós
enviei a Babylonia, e a todos os fiz descer como fugitivos, _a saber_, os
chaldeos, nos navios em que exultavam.

15 Eu _sou_ o Senhor, vosso Sancto, o Creador d’Israel, vosso Rei.

16 Assim [13] diz o Senhor, o que preparou no mar _um_ caminho, e nas
aguas impetuosas _uma_ vereda;

17 O que trouxe [14] o carro e o cavallo, o exercito e a força: elles
juntamente se deitaram, _e_ nunca se levantarão: _já_ estão apagados;
como _um_ pavio se apagaram.

18 Não vos lembreis [15] das coisas passadas, nem considereis as antigas.

19 Eis que farei _uma_ coisa [16] nova, agora sairá á luz: _porventura_
não a sabereis? [17] porque porei _um_ caminho no deserto, _e_ rios no
ermo.

20 Os animaes do campo me servirão, os [WN] dragões, e os filhos do
abestruz; [18] porque porei aguas no deserto, _e_ rios no ermo, para dar
de beber ao meu povo, ao meu eleito.

21 A este povo formei para mim; o meu louvor relatarão.

22 Comtudo tu não me invocaste a mim, ó Jacob, mas te cançaste de mim, ó
Israel.

23 Não [19] me trouxeste o gado miudo dos teus holocaustos, nem me
honraste _com_ os teus sacrificios; não te fiz servir com presentes, nem
te fatiguei com incenso.

24 Não me compraste por dinheiro canna aromatica, nem com a gordura dos
teus sacrificios me encheste, mas me déste trabalho com os teus peccados,
_e_ me cançaste com as tuas maldades.

25 Eu, [20] eu _sou_ o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e
dos teus peccados me não lembro.

26 Faze-me lembrar; entremos em juizo juntamente: aponta tu as _tuas
razões_, para que te possa justificar.

27 Teu primeiro pae peccou, e os teus [WO] interpretes prevaricaram
contra mim.

28 Pelo que profanarei [21] os maioraes do sanctuario; e farei de Jacob
um anathema, e de Israel um opprobrio.

[1] ver. 7 e 21. cap. 44.2, 21, 24. cap. 44.6. cap. 42.6 e 45.4.

[2] Deu. 31.6, 8. Dan. 3.25, 27.

[3] Pro. 11.8 e 21.18.

[4] cap. 41.10, 14 e 44.2. Jer. 30.10, 11 e 46.27, 28.

[5] cap. 63.19. Thi. 2.7. João 3.3, 5. Eph. 2.10.

[6] cap. 6.9 e 42.19. Eze. 12.2.

[7] cap. 41.21, 22, 26.

[8] cap. 44.8. cap. 42.1 e 55.4.

[9] cap. 41.4 e 44.6.

[10] cap. 45.21. Ose. 13.4.

[11] Deu. 32.16. cap. 44.8. ver. 10.

[12] João 8.58. Job 9.12. cap. 14.27.

[13] Exo. 14.16, 22. cap. 51.10. Jos. 3.13, 16.

[14] Exo. 14.4, 9, 25.

[15] Jer. 16.14 e 23.7.

[16] II Cor. 5.17. Apo. 21.5.

[17] Exo. 17.6. Num. 20.11. Deu. 8.15.

[18] cap. 48.21.

[19] Amós 5.25.

[20] cap. 22.14 e 48.9. Jer. 50.20. Act. 3.19, etc. cap. 1.18. Jer. 31.34.

[21] cap. 47.6. Lam. 2.2, 6, 7. Jer. 24.9. Dan. 9.11. Zac. 8.13.



_A soberania de Deus; a vaidade dos idolos._

44 Agora pois, ouve [1] ó Jacob, servo meu, e _tu_ ó Israel, a quem
escolhi.

2 Assim diz o Senhor _que te_ creou e te [2] formou desde o ventre, e que
te ajudará: Não temas, ó Jacob, servo meu, e tu, Jeshurun, a quem escolhi.

3 Porque derramarei [3] agua sobre o sedento, e rios sobre a _terra_
secca: derramarei o meu Espirito sobre a tua semente, e a minha benção
sobre os teus descendentes.

4 E brotarão entre a herva, como salgueiros junto aos ribeiros das aguas.

5 Este dirá: Eu _sou_ do Senhor; e aquelle se chamará do nome de Jacob;
e aquell’outro escreverá _com_ a sua mão: Eu _sou_ do Senhor, e por
sobrenome se tomará o nome de Israel.

6 Assim diz o Senhor, Rei d’Israel, [4] e seu Redemptor, o Senhor dos
Exercitos: Eu _sou_ o primeiro, e eu _sou_ o ultimo, e fóra de mim não
_ha_ Deus.

7 E quem [5] chamará como eu, e _d’antes_ annunciará isto, e o porá em
ordem perante mim, desde que ordenei um povo eterno? e annunciem-lhes as
coisas futuras, e as que _ainda_ hão de vir.

8 Não vos assombreis, nem temaes; [6] _porventura_ desde então não _t’o_
fiz ouvir, e não annunciei? porque vós sois as minhas testemunhas.
_Porventura ha_ outro Deus fóra de mim? Não, não ha Rocha alguma _mais_,
que eu conheça.

9 Todos [7] os artifices de imagens de esculptura _são_ vaidade, e as
suas coisas mais desejaveis são de nenhum prestimo; e ellas mesmas _são_
as suas testemunhas; nada vêem nem entendem; pelo que serão confundidos.

10 Quem forma um deus, e funde uma imagem de esculptura, [8] que é de
nenhum prestimo?

11 Eis que todos os seus companheiros ficarão confundidos, pois os mesmos
artifices são de entre os homens: ajuntem-se todos, _e_ levantem-se;
assombrar-se-hão, e serão juntamente confundidos.

12 O ferreiro _faz_ o machado, [9] e trabalha nas brazas, e o forma com
martellos, e o lavra á força do seu braço: elle tem fome, e a sua força
enfraquece, _e_ não bebe agua, e desfallece.

13 O carpinteiro estende a regoa, o debuxa com a almagra, o aplaina com
o cepilho, e o debuxa com o compasso: e o faz á similhança d’_um_ homem,
segundo a forma d’_um_ homem, para se ficar em casa.

14 Quando corta para si cedros, então toma _um_ cypreste, ou _um_
carvalho, e esforça-se contra as arvores do bosque: planta _um_ olmeiro,
e a chuva _o_ faz crescer.

15 Então servirá ao homem para queimar, e toma d’elles, e se aquenta, e
os accende, e coze o pão: tambem faz um deus, e se prostra diante d’elle;
_tambem_ fabrica d’elle _uma_ imagem d’esculptura, e ajoelha diante
d’ella.

16 Metade d’elle queima no fogo, com a _outra_ metade [WP] come carne;
assa-a, e farta-se _d’ella_: tambem se aquenta, e diz: Ora _já_ me
aquentei, já vi o fogo.

17 Então do resto faz um deus, uma imagem de esculptura: ajoelha-se
diante d’ella, e se inclina, e ora-lhe, e diz: Livra-me, porquanto tu
_és_ o meu deus.

18 Nada sabem, nem entendem; porque untou-lhes os olhos, para que não
vejam, _e_ os seus corações, para que não entendam.

19 E nenhum _d’elles_ [10] toma _isto_ a peito, e já não teem
conhecimento nem entendimento para dizer: Metade queimei no fogo, e cozi
pão sobre as suas brazas, assei _a ellas_ carne, e _a_ comi: e faria eu
do resto uma abominação? ajoelhar-me-hia eu ao que saiu d’_uma_ arvore?

20 Apascenta-se de cinza: [11] o _seu_ coração enganado o desviou; de
maneira que _já_ não pode livrar a sua alma, nem dizer: _Porventura_ não
_ha uma_ mentira na minha mão direita?


_A promessa de livramento. A vinda de Cyro._

21 Lembra-te d’estas coisas ó Jacob e Israel, [12] porquanto _és_ meu
servo; eu _mesmo_ te formei, meu servo _és_, ó Israel; não me esquecerei
de ti.

22 Desfaço [13] as tuas transgressões como a nevoa, e os teus peccados
como a nuvem: torna-te para mim, porque _já_ eu te remi.

23 Cantae alegres, ó vós, [14] céus, porque o Senhor o fez: exultae
vós, as partes mais baixas da terra, vós, montes, retumbae com jubilo;
_tambem_ vós, bosques, e todas as arvores _que estão_ n’elles; porque o
Senhor remiu a Jacob, e glorificou-se em Israel.

24 Assim diz o Senhor, [15] teu redemptor, e que te formou desde o
ventre: Eu _sou_ o Senhor que faço tudo, [16] que, só eu, estendo os
céus, e espraio a terra por mim mesmo;

25 Que desfaço os signaes [17] dos inventores de mentiras, e enlouqueço
aos adivinhos; que faço tornar atraz os sabios, e endoideço a sciencia
d’elles;

26 Que confirma [18] a palavra do seu servo, e cumpre o conselho dos seus
mensageiros; que diz a Jerusalem: Tu serás habitada, e ás cidades de
Judah: Sereis reedificadas, e eu levantarei as suas ruinas;

27 Que diz á profundeza: [19] Secca-te, e eu seccarei os teus rios;

28 Que diz de Cyro: _É_ meu pastor, e cumprirá todo o meu contentamento;
dizendo tambem a Jerusalem: [20] Sê edificada; e _ao_ templo: Funda-te.

[1] ver. 21. cap. 41.8 e 43.1. Jer. 30.10 e 46.27, 28.

[2] cap. 43.1, 7.

[3] cap. 35.7. Joel 2.28. Act. 2.18.

[4] ver. 24. cap. 43.1, 14. cap. 41.4 e 48.12. Apo. 1.8, 17 e 22.13.

[5] cap. 41.4, 22 e 45.21.

[6] cap. 41.22 e 43.10, 12. Deu. 4.35, 39. II Sam. 22.32. cap. 45.5.

[7] cap. 41.24, 29.

[8] Jer. 10.5. Hab. 2.18.

[9] cap. 40.19. Jer. 10.3, etc.

[10] cap. 46.8.

[11] Ose. 4.12. Rom. 1.21.

[12] ver. 1, 2.

[13] cap. 43.25. cap. 43.1 e 48.20.

[14] Jer. 51.48. Apo. 18.20.

[15] cap. 43.14. ver. 6. cap. 43.1.

[16] Job 9.8.

[17] cap. 47.13. Jer. 50.36. I Cor. 1.20.

[18] Zac. 1.6.

[19] Jer. 50.38 e 51.32, 36.

[20] II Chr. 36.22, 23. Esd. 1.1, etc. cap. 45.13.



45 Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Cyro, [1] a quem tomo pela sua
mão direita, para abater as nações diante de sua face, e eu soltarei os
lombos dos reis, para abrir diante d’elle as portas, e as portas não se
fecharão.

2 Eu irei diante de ti, e endireitarei os caminhos tortos: quebrarei as
portas de bronze, e despedeçarei os ferrolhos de ferro.

3 E te darei os thesouros das escuridades, e as riquezas encobertas, [2]
para que possas saber que eu _sou_ o Senhor, o Deus de Israel, que _te_
chama pelo teu nome.

4 Por amor de meu servo Jacob, [3] e de Israel, meu eleito, eu a ti
te chamei pelo teu nome, puz-te o teu sobrenome, ainda que me não
conhecesses.

5 Eu _sou_ o Senhor, [4] e não ha outro: fóra de mim não _ha_ Deus: eu te
cingirei, ainda que tu me não conheças.

6 Para que se saiba [5] desde o nascente do sol, e desde o poente, que
fóra de mim não _ha_ outro: eu _sou_ o Senhor, e não _ha_ outro.

7 Eu fórmo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, [6] e crio o mal: eu,
o Senhor, faço todas estas coisas.

8 Distillae vós, céus, d’essas alturas, e as nuvens chovam justiça,
abra-se a terra, e produza-se _toda a sorte de_ salvação, e a justiça
fructifique, juntamente; eu o Senhor, as creei.

9 Ai d’aquelle que contende com o que [7] o formou; o caco _contenda_ com
os cacos de barro: _porventura_ dirá o barro ao que o formou: Que fazes?
ou a tua obra: Não tens mãos?

10 Ai d’aquelle que diz ao pae: Que é _o que_ geras? e á mulher: Que é _o
que_ pares?

11 Assim diz o Senhor, o Sancto de Israel, aquelle que o formou:
Perguntae-me as coisas futuras; [8] demandae-me ácerca de meus filhos, e
ácerca da obra das minhas mãos.

12 Eu fiz [9] a terra, e creei n’ella o homem; eu o _fiz_; as minhas mãos
estenderam os céus, e a todos os seus exercitos dei as minhas ordens.

13 Eu o [10] despertei em justiça, e todos os seus caminhos endireitarei:
elle edificará a minha cidade, e soltará os meus captivos, não por preço
nem por presentes, diz o Senhor dos Exercitos.

14 Assim diz o Senhor: [11] O trabalho do Egypto, e o commercio dos
ethiopes, e dos sabeos, homens d’alta estatura, se passarão para ti, e
serão teus; irão atraz de ti, passarão em grilhões, e a ti se prostrarão;
far-te-hão as suas supplicas diante de ti, _dizendo_: [12] Devéras Deus
está em ti, e nenhum outro deus ha mais.

15 Verdadeiramente tu _és_ o Deus que se encobre, o Deus de Israel, o
Salvador.

16 Envergonhar-se-hão, e tambem se confundirão todos: [13] cairão
juntamente na affronta os que fabricam imagens.

17 _Porém_ Israel é [14] salvo pelo Senhor, _por_ uma eterna salvação;
_pelo que_ não sereis envergonhados nem confundidos em todas as
eternidades.

18 Porque assim diz o Senhor que tem creado os céus, o Deus que formou a
terra, e a fez; elle a confirmou, não a creou vasia, _mas_ a formou para
que fosse habitada: [15] Eu _sou_ o Senhor e não _ha_ outro.

19 Não fallei em occulto, [16] _nem_ em logar algum escuro da terra: não
disse á semente de Jacob: Buscae-me em vão: eu _sou_ o Senhor, que falla
a justiça, _e_ annuncio coisas rectas.

20 Congregae-vos, e vinde; chegae-vos juntos, os que escapastes das
nações: [17] nada sabem os que [WQ] trazem _em procissão_ as suas imagens
de esculptura, de madeira _feitas_, e rogam a um deus _que_ não pode
salvar.

21 Annunciae, e chegae-vos, e tomae conselho todos juntos: quem fez
ouvir isto desde a antiguidade? [18] _quem_ desde então o annunciou?
_porventura_ não _sou_ eu, o Senhor? e não _ha_ outro Deus senão eu; Deus
justo e Salvador não _o ha_ fóra de mim.

22 Virae-vos para mim, [19] e sereis salvos, vós, todos os termos da
terra; porque eu _sou_ Deus, e não _ha_ outro.

23 Por mim mesmo tenho jurado, _e já_ saiu da minha bocca a palavra de
justiça, e não tornará atraz: que diante de mim se dobrará todo o joelho,
_e por mim_ jurará toda a lingua.

24 De mim se dirá: [20] Devéras no Senhor _ha_ justiças e força: até elle
chegarão; mas serão envergonhados todos os que se indignarem contra elle.

25 _Porém_ no Senhor [21] será justificada, e se gloriará toda a semente
de Israel.

[1] cap. 41.13. cap. 41.2.

[2] cap. 41.23. Exo. 33.12, 17. cap. 43.1 e 49.1.

[3] cap. 44.1. I The. 4.5.

[4] Deu. 4.35, 39 e 32.39. cap. 44.8 e 46.9. ver. 14, 18, 21, 22.

[5] cap. 37.20. Mal. 1.11.

[6] Amós 3.6.

[7] cap. 64.8. cap. 29.16. Jer. 18.6. Rom. 9.20.

[8] Jer. 31.9. Isa. 29.23.

[9] cap. 42.5. Jer. 27.5. Gen. 1.26, 27. Gen. 2.1.

[10] cap. 41.2. II Chr. 36.22, 23. Esd. 1.1, etc. cap. 44.28.

[11] cap. 60.9, 10, 14, 16. Zac. 8.22, 23.

[12] I Cor. 14.25. ver. 5.

[13] cap. 44.11.

[14] cap. 26.4. ver. 25. Rom. 11.26.

[15] ver. 5.

[16] cap. 48.16.

[17] cap. 44.17, 18, 19. Rom. 1.22, 23.

[18] cap. 41.22 e 43.9. ver. 5, 14, 18. cap. 44.8 e 46.9.

[19] Heb. 6.13. Rom. 14.11. Gen. 31.53. Deu. 6.13. cap. 65.16.

[20] cap. 41.11.

[21] ver. 17. I Cor. 1.31.



_A queda dos idolos de Babylonia._

46 Já Bel [1] abatido está, _já_ Nebo se encurvou, os seus idolos _são_
postos sobre os animaes e sobre as bestas: as cargas dos vossos fardos
são canceira para as _bestas já_ cançadas.

2 Juntamente se encurvaram _e_ se abateram; [2] não poderam escapar da
carga, mas a sua alma entrou em captiveiro.

3 Ouvi-me, ó casa de Jacob, e todo o residuo da casa de Israel; [3] vós a
quem trouxe _nos braços_ desde o ventre, _e_ levei desde a madre.

4 E até á velhice eu _serei_ o mesmo, [4] e ainda até ás cãs eu _vos_
trarei: eu o fiz, e eu _vos_ levarei, e eu _vos_ trarei, e vos guardarei.

5 A quem [5] me fareis similhante, e com quem _me_ egualareis, e me
comparareis, para que sejamos similhantes?

6 Gastam [6] o oiro da bolsa, e pesam a prata com as balanças: alugam
o ourives, e d’aquillo faz um deus, e _diante d’elle_ se prostram e se
inclinam.

7 Sobre [7] os hombros o tomam, o levam, e o põem no seu logar; ali está
_em pé_, do seu logar não se move: e, se _alguem_ clama a elle, resposta
nenhuma dá, nem o livra da sua tribulação.

8 Lembrae-vos d’isto, [8] e tende animo: reconduzi-_o_ ao coração, ó
prevaricadores.

9 Lembrae-vos [9] das coisas passadas desde a antiguidade: que eu _sou_
Deus, e não _ha_ outro Deus, não _ha_ outro similhante a mim;

10 Que annuncio [10] o fim desde o principio, e desde a antiguidade as
coisas que ainda não succederam; que digo: [11] O meu conselho será
firme, e farei toda a minha vontade;

11 Que chamo [12] a ave de rapina desde o oriente, _e_ o homem do meu
conselho desde terras remotas; porque assim _o_ disse, e assim o farei
vir; eu _o_ formei, e tambem o farei.

12 Ouvi-me, ó duros de coração, [13] os que _estaes_ longe da justiça.

13 Faço chegar [14] a minha justiça, e não estará ao longe, e a minha
salvação não tardará: mas estabelecerei em Sião a salvação, _e_ em Israel
a minha gloria.

[1] cap. 21.9. Jer. 50.2 e 51.44.

[2] Jer. 48.7.

[3] Exo. 19.4. Deu. 1.31 e 32.11. cap. 63.9.

[4] Mal. 3.6.

[5] cap. 40.18, 25.

[6] cap. 40.19 e 41.6 e 44.12, 19. Jer. 10.3.

[7] Jer. 10.5. cap. 45.20.

[8] cap. 44.19 e 47.7.

[9] Deu. 32.7. cap. 45.5, 21.

[10] cap. 45.21.

[11] Act. 5.39. Heb. 6.17.

[12] cap. 41.2, 25. Num. 23.19.

[13] Rom. 16.3.

[14] cap. 51.5. Rom. 1.17. Hab. 2.3. cap. 62.11.



_A queda de Babylonia._

47 Desce, [1] e assenta-te no pó, ó virgem filha de Babylonia; assenta-te
no chão; não _ha já_ throno, ó filha dos chaldeos, porque nunca mais
serás chamada a tenra nem a delicada.

2 Toma [2] a mó, e moe a farinha: descobre as tuas guedelhas, descalça os
pés, descobre as pernas _e_ passa os rios.

3 A tua vergonha [3] se descobrirá, e ver-se-ha o teu opprobrio: tomarei
vingança, mas não irei _contra ti como_ homem.

4 O nome do nosso redemptor _é_ o Senhor dos Exercitos, o Sancto d’Israel.

5 Assenta-te calada, [4] e entra nas trevas, ó filha dos chaldeos, porque
nunca mais serás chamada senhora de reinos.

6 Muito me agastei [5] contra o meu povo, profanei a minha herança, e os
entreguei na tua mão: _porém_ não usaste com elles de misericordia, _e
até_ sobre os velhos fizeste muito pesado o teu jugo.

7 E dizias: [6] Eu serei senhora para sempre: até agora não tomastes
estas coisas em teu coração, nem te lembraste do fim d’ellas.

8 Agora pois ouve isto, tu que és dada a delicias, que habitas tão
segura, que dizes no teu coração: Eu _o sou_, [7] e fóra de mim não _ha_
outra; não ficarei viuva, nem conhecerei a perda de filhos.

9 Porém [8] ambas estas coisas virão sobre ti n’um momento, no mesmo dia,
perda de filhos e viuvez: em toda a sua [WR] perfeição virão sobre ti,
[9] por causa da multidão das tuas feitiçarias, por causa da abundancia
dos teus muitos encantamentos.

10 Porque confiaste na tua maldade _e_ disseste: Ninguem me pode ver;
[10] a tua sabedoria e a tua sciencia, essa te fez desviar, e disseste no
teu coração: Eu _o sou_, e fóra de mim não ha outro.

11 Pelo que sobre ti virá mal de que não saberás a origem, e _tal_
destruição cairá sobre ti, que a não poderás expiar; porque virá sobre ti
de repente _tão_ tempestuosa desolação, que a não poderás conhecer.

12 Deixa-te estar com os teus encantamentos, e com a multidão das tuas
feitiçarias, em que trabalhaste desde a tua mocidade, a ver se te podes
aproveitar, ou se _porventura_ te podes fortificar.

13 Cançaste-te [11] na multidão dos teus conselhos; levantem-se pois
agora os agoureiros dos céus, os que contemplavam os astros, os
prognosticadores das luas novas, e salvem-te do que ha de vir sobre ti.

14 Eis que [12] serão como a pragana, o fogo os queimará; não poderão
arrancar a sua vida do poder da labareda; não _serão_ brazas, para se
aquentar a _ellas_, _nem_ fogo para se assentar a elle.

15 Assim te serão aquelles com quem trabalhaste, [13] os teus negociantes
desde a tua mocidade: cada qual irá vagueando pelo seu caminho; ninguem
te salvará.

[1] Jer. 48.18. cap. 3.26.

[2] Exo. 11.5. Jui. 16.21. Mat. 24.41.

[3] cap. 3.17 e 20.4. Jer. 13.22, 26. Nah. 3.5. Rom. 12.19. cap. 43.3,
14. Jer. 50.34.

[4] I Sam. 2.9. ver. 7. cap. 13.19.

[5] II Sam. 24.14. II Chr. 28.9. Zac. 1.15. cap. 43.28.

[6] ver. 5.

[7] ver. 10. Sof. 2.15. Apo. 18.7.

[8] cap. 51.19.

[9] Nah. 3.4.

[10] ver. 8.

[11] cap. 57.10. cap. 44.25. Dan. 2.2.

[12] Nah. 1.10. Mal. 4.1.

[13] Apo. 18.11.



_Arrazoamentos, admoestações e promessas de Deus para com Israel._

48 Ouvi isto, casa de Jacob, que vos chamaes do nome d’Israel, e saistes
das aguas de Judah, [1] que juraes pelo nome do Senhor, e fazeis menção
do Deus de Israel, _porém_ não em verdade nem em justiça.

2 E até da sancta cidade se [2] nomeiam, e se firmam sobre o Deus de
Israel; o Senhor dos Exercitos _é_ o seu nome.

3 As coisas passadas já [3] desde então annunciei, e procederam da minha
bocca, e eu as fiz ouvir: apressuradamente as fiz, e vieram.

4 Porque eu sabia que _eras_ duro, e a tua cerviz um nervo de ferro, e a
tua testa de bronze.

5 Por [4] isso t’o annunciei desde então, _e_ t’o fiz ouvir antes que
viesse, para que _porventura_ não dissesses: O meu idolo fez estas
coisas, ou a minha imagem de esculptura, ou a minha imagem de fundição as
mandou.

6 Já _o_ tens ouvido; olha bem para tudo isto; _porventura_ assim vós o
não annunciareis? desde agora te faço ouvir coisas novas e occultas, e
que nunca conheceste.

7 Agora foram creadas, e não desde então, e antes _d’este_ dia não as
ouviste, para que _porventura_ não digas: Eis que já eu as sabia.

8 Nem tu _as_ ouviste, nem tu _as_ conheceste, nem tão pouco desde
então foi aberto o teu ouvido, porque eu sabia que obrarias muito
perfidamente, e que foste chamado prevaricador desde o ventre.

9 Por [5] amor do meu nome dilatarei a minha ira, e _por amor_ do meu
louvor me refrearei para comtigo, para que te não venha a cortar.

10 Eis que _já_ te purifiquei, porém não como a prata: escolhi-te na
fornalha da afflicção.

11 Por amor de mim, [6] por amor de mim _o_ farei, porque como seria
profanado _o meu nome_? e a minha honra não a darei a outrem.

12 Dá-me ouvidos, ó Jacob, e tu, [7] ó Israel, [WS] a quem chamei; eu
_sou_ o mesmo, eu o primeiro, eu tambem o ultimo.

13 Tambem [8] a minha mão fundou a terra, e a minha dextra mediu os céus
a palmos; eu os chamarei, e apparecerão juntos.

14 Ajuntae-vos [9] todos vós, e ouvi: Quem _ha_, d’entre elles, que
annunciasse estas coisas? O Senhor o amou, _e_ executará a sua vontade
contra Babylonia, e o seu braço será _contra_ os chaldeos.

15 Eu, eu _o_ tenho dito; tambem já eu o chamei, _e_ o farei vir, e farei
prospero _o_ seu caminho.

16 Chegae-vos a mim, ouvi isto: [10] Não fallei em occulto desde o
principio, _mas_ desde o tempo em que aquillo se fez eu estava ali, e
agora o Senhor JEHOVAH me enviou o seu Espirito.

17 Assim diz [11] o Senhor, o teu Redemptor, o Sancto de Israel: Eu
_sou_ o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é util, _e_ te guia pelo
caminho em _que_ deves andar.

18 Ah! [12] se déras ouvidos aos meus mandamentos! então seria a tua paz
como o rio, e a tua justiça como as ondas do mar.

19 Tambem a tua semente [13] seria como a areia, e os que procedem das
tuas entranhas como o burgalhão d’ella, cujo nome nunca seria cortado nem
destruido da minha face.

20 Sahi [14] de Babylonia, fugi de entre os chaldeos. E annunciae com voz
de jubilo; fazei ouvir isso, _e_ levae-o até ao fim da terra: dizei: O
Senhor remiu a [15] seu servo Jacob.

21 E não tinham sêde, [16] _quando_ os levava pelos desertos; fez-lhes
correr agua da rocha: fendendo elle as rochas, as aguas manavam d’ellas.

22 _Porém_ os impios [17] não _teem_ paz, disse o Senhor.

[1] Deu. 6.18. cap. 65.16. Sof. 1.5. Jer. 4.2 e 5.2.

[2] cap. 52.1.

[3] cap. 41.22 e 42.9 e 45.21 e 46.9, 10.

[4] Deu. 31.27. ver. 3.

[5] cap. 43.25. ver. 11. Eze. 20.9, 14, 22, 44.

[6] ver. 9. Eze. 20.9.

[7] cap. 42.8. Deu. 32.39.

[8] cap. 41.4 e 44.6. Apo. 1.17 e 22.23.

[9] cap. 41.22 e 43.9 e 44.7 e 45.20, 21.

[10] cap. 45.19 e 61.1. Zac. 2.8, 9, 11.

[11] cap. 43.14 e 44.6, 24. ver. 20.

[12] Deu. 32.29.

[13] Gen. 22.17. Ose. 1.10.

[14] cap. 52.11. Jer. 50.8 e 51.6, 45. Zac. 2.6, 7. Apo. 18.4.

[15] Exo. 19.4, 5, 6. cap. 44.22, 23.

[16] cap. 41.17, 18. Exo. 17.6. Num. 20.11.

[17] cap. 57.21.



_O servo do Senhor é a luz dos gentios._

49 Ouvi-me, ilhas, e escutae vós, povos de longe: [1] O Senhor me chamou
desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meu nome.

2 E fez a minha bocca [2] como _uma_ espada aguda, com a sombra da sua
mão me cobriu: e me poz como _uma_ frecha limpa, _e_ me escondeu na sua
aljava.

3 E me disse: [3] Tu _és_ meu servo: _e_ Israel aquelle por quem hei de
ser glorificado.

4 Porém eu disse: Debalde tenho trabalhado, inutil e vãmente gastei as
minhas forças: todavia o meu direito _está_ perante o Senhor, e o meu
galardão perante o meu Deus.

5 E agora diz o Senhor, [4] que me formou desde o ventre para seu servo,
que lhe tornasse a trazer Jacob _a elle_; [5] porém Israel não se deixára
ajuntar: comtudo aos olhos do Senhor serei glorificado, e o meu Deus será
a minha força.

6 Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribus
de Jacob, e tornares a trazer os guardados em Israel: [6] tambem te dei
para luz dos gentios, para seres a minha salvação até á extremidade da
terra.

7 Assim diz o Senhor, o Redemptor de Israel, o seu Sancto, á alma
desprezada, [7] ao que a gente abomina, ao servo dos que dominam: Os
reis o verão, e se levantarão, _tambem_ os principes, e diante de ti se
inclinarão, por amor do Senhor, que é fiel, _e_ do Sancto de Israel, que
te escolheu.

8 Assim diz o Senhor: No tempo favoravel te ouvi [8] e no dia da salvação
te ajudei, e te guardarei, e te darei por concerto do povo, para
restaurares a terra, para fazer possuir as herdades assoladas;

9 Para dizeres [9] aos presos: Sahi; _e_ aos que _estão_ em trevas:
Apparecei: pastarão nos caminhos, e em todos os logares altos _haverá_ o
seu pasto.

10 Nunca [10] terão fome nem sêde, nem a calma nem o sol os affligirá;
porque o que se compadece d’elles os guiará, e os levará mansamente aos
mananciaes das aguas.

11 E tornarei [11] a todos os meus montes em caminho; e as minhas veredas
serão levantadas.

12 Eis que estes virão [12] de longe, e eis que aquelles do norte, e do
occidente, e aquell’outros da terra Sinim.

13 Exultae, [13] ó céus, e alegra-te tu, terra, e vós, montes, estalae
com jubilo, porque _já_ o Senhor consolou o seu povo, e dos seus
afflictos se compadecerá.

14 Porém [14] Sião diz: _Já_ me desamparou o Senhor, e o Senhor se
esqueceu de mim.

15 _Porventura_ [15] pode uma mulher esquecer-se tanto de seu _filho_ que
cria, que se não compadeça _d’elle_, do filho do seu ventre? _ora_ ainda
que esta se esquecesse _d’elle_, [16] comtudo eu me não esquecerei de ti.

16 Eis que em ambas as palmas das _minhas_ mãos te tenho gravado: os teus
muros _estão_ continuamente perante mim.

17 Os teus filhos apressuradamente virão, _porém_ os teus destruidores e
os teus assoladores sairão para fóra de ti.

18 Levanta [17] os teus olhos ao redor, e olha: todos estes _que_ se
ajuntam veem a ti: vivo eu, diz o Senhor, que de todos estes te vestirás,
[18] como d’um ornamento, e _te_ cingirás d’elles como noiva.

19 Porque nos teus desertos, e nos teus logares solitarios, [19] e _na_
tua terra destruida, agora te verás apertada de moradores, e os que te
devoravam se apartarão para longe de ti.

20 _E_ ainda até os filhos [20] da tua orphandade dirão aos teus ouvidos:
Mui estreito _é_ para mim este logar; aparta-te de mim, para que possa
habitar _n’elle_.

21 E dirás no teu coração: Quem me gerou estes? pois eu estava desfilhada
e solitaria; entrara em captiveiro, e me retirara; pois quem _me_ creou
estes? eis que eu só fui deixada de resto? _e_ estes onde estavam?

22 Assim [21] diz o Senhor: Eis que levantarei a minha mão para as
nações, e aos povos arvorarei a minha bandeira: então trarão os teus
filhos nos braços, e as tuas filhas serão levadas sobre os hombros.

23 E os reis serão [22] os teus aios, e as suas princezas as tuas amas;
diante de ti se inclinarão com o rosto em terra, e lamberão o pó dos teus
pés, e saberás que eu _sou_ o Senhor, que os que confiam em mim não serão
confundidos.

24 _Porventura_ se tiraria [23] a preza ao valente? [WT] ou os presos
d’um justo escapariam?

25 Porém assim diz o Senhor: Por certo que os presos se tirarão ao
valente, e a preza do tyranno escapará; porque eu contenderei com os teus
contendedores, e os teus filhos eu remirei.

26 E sustentarei [24] os teus oppressores com a sua propria carne, e
com o seu proprio sangue se embriagarão, como com mosto; e toda a carne
saberá que eu _sou_ o Senhor, o teu Salvador e o teu Redemptor, o Forte
de Jacob.

[1] ver. 5. Jer. 1.5. Mat. 1.20, 21. Luc. 1.15, 31. João 10.36. Gal. 1.15.

[2] cap. 11.4 e 51.16. Ose. 6.5. Heb. 4.12. Apo. 1.16.

[3] cap. 42.1. Zac. 3.8. cap. 44.23. João 13.31 e 15.8. Eph. 1.6.

[4] ver. 1.

[5] Mat. 23.37.

[6] cap. 42.6. Luc. 2.32. Act. 13.47 e 26.18.

[7] cap. 53.3. ver. 23.

[8] II Cor. 6.2.

[9] cap. 42.7. Zac. 9.12.

[10] Apo. 7.16.

[11] cap. 40.4.

[12] cap. 43.5, 6.

[13] cap. 44.23.

[14] cap. 40.27.

[15] Mal. 3.17. Mat. 7.11.

[16] Rom. 11.29.

[17] cap. 60.4.

[18] Pro. 17.6.

[19] Zac. 2.4 e 10.10.

[20] cap. 60.4.

[21] cap. 60.4.

[22] cap. 52.15 e 60.16. Miq. 7.17. Rom. 5.5 e 9.33 e 10.11.

[23] Mat. 12.29. Luc. 11.21, 22.

[24] cap. 9.20. Apo. 14.20 e 16.6.



_O servo do Senhor ultrajado e soccorrido._

50 Assim diz o Senhor: [1] Que libello de divorcio _é_ este de vossa mãe,
pelo qual eu a repudiei? ou quem _é_ o meu crédor, a quem eu vos tenha
vendido? eis que por vossas maldades fostes vendidos, [2] e por vossas
prevaricações vossa mãe foi repudiada.

2 Por que razão vim eu, e ninguem appareceu? chamei, [3] e ninguem
respondeu? [4] _porventura_ tanto se encolheu a minha mão, que _já_ não
possa remir? ou não ha _mais_ força em mim para livrar? eis que com a
minha reprehensão faço seccar o mar, torno os rios _em_ deserto, [5] até
que cheirem mal os seus peixes, porquanto não teem agua e morrem de sêde.

3 Eu visto [6] os céus de negridão, e pôr-lhes-hei um sacco _para_ a sua
cobertura.

4 O Senhor [7] JEHOVAH me deu _uma_ lingua erudita, para que saiba fallar
a seu tempo uma _boa_ palavra com o cançado: desperta-_me_ todas as
manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça, como aquelles que aprendem.

5 O Senhor JEHOVAH me [8] abriu os ouvidos, e eu não sou rebelde: não me
retiro para traz.

6 As minhas costas dou [9] aos que _me_ ferem, e as minhas faces aos que
_me_ arrancam os cabellos: não escondo a minha face de opprobrios e de
escarros.

7 Porque o Senhor _Jehovah_ me ajuda, pelo que me não confundo: [10] por
isso puz o meu rosto como _um_ seixo, porque sei que não serei confundido.

8 Perto [11] _está_ o que me justifica; quem contenderá comigo?
compareçamos juntamente: quem [WU] tem _alguma_ causa contra mim?
chegue-se para mim.

9 Eis que o Senhor JEHOVAH me ajuda; quem _ha que_ me condemne? [12] eis
que todos elles como vestidos se envelhecerão, _e_ a traça os comerá.

10 Quem _ha_ entre vós que tema a JEHOVAH, _e_ ouça a voz do seu servo?
quando andar em trevas, [13] e não tiver luz nenhuma, confie no nome do
Senhor, e firme-se sobre o seu Deus.

11 Eis que todos vós, que accendeis fogo, e vos cingis com faiscas, andae
entre as labaredas do vosso fogo, e entre as faiscas _que_ accendestes:
isto vos vem da minha mão, _e_ em [WV] tormentos jazereis.

[1] Deu. 24.1. Jer. 3.8. Ose. 2.2. II Reis 4.1. Mat. 18.25.

[2] cap. 52.3.

[3] Pro. 1.24. cap. 65.12 e 66.4. Jer. 7.13 e 35.15.

[4] Num. 11.23. cap. 59.1. Nah. 1.4.

[5] Exo. 7.18, 21.

[6] Exo. 10.21. Apo. 6.12.

[7] Exo. 4.11.

[8] João 14.31. Phi. 2.1.

[9] João 18.22. Lam. 3.30.

[10] Eze. 3.8, 9.

[11] Rom. 8.32, 33, 34.

[12] Job 13.28. cap. 51.6, 8.

[13] II Chr. 20.20.



_A restauração e salvação de Israel._

51 Ouvi-me [1] vós, os que seguis justiça, os que buscaes ao Senhor:
olhae para a rocha _d’onde_ fostes cortados, e para a caverna do poço
_d’onde_ fostes cavados.

2 Olhae [2] para Abrahão, vosso Pae, e para Sarah, _que_ vos pariu;
porque, sendo elle só, o chamei, e o abençoei e multipliquei.

3 Porque o Senhor consolará a Sião; [3] consolará a todos os seus logares
desertos, e fará o seu deserto como o Eden, e a sua solidão como o jardim
do Senhor: gozo e alegria se achará n’ella, acção de graças, e voz de
melodia.

4 Attendei-me, povo meu, e, nação minha, inclinae os ouvidos para mim;
[4] porque de mim sairá a lei, e o meu juizo farei repousar para luz dos
povos.

5 Perto _está_ a minha [5] justiça, vem saindo a minha salvação, e os
meus braços julgarão os povos: as ilhas me aguardarão, e no meu braço
esperarão.

6 Levantae [6] os vossos olhos para os céus, e olhae para a terra
de baixo, porque os céus desapparecerão como o fumo, e a terra
se envelhecerá como _um_ vestido, e os seus moradores morrerão
similhantemente; porém a minha salvação durará para sempre, e a minha
justiça não será [WW] quebrantada.

7 Ouvi-me, [7] vós que conheceis a justiça, vós, povo em cujo coração
_está_ a minha lei: não temaes o opprobrio dos homens, nem vos turbeis
pelas suas injurias.

8 Porque [8] a traça os roerá como a _um_ vestido, e o bicho os comerá
como á lã: mas a minha justiça durará para sempre, e a minha salvação de
geração em geração.

9 Desperta-te, desperta-te, veste-te de força, ó braço do Senhor:
desperta-te como nos dias _já_ passados, _como_ nas gerações antigas; [9]
_porventura_ não és tu aquelle que cortou em pedaços a [10] Rahab, o que
feriu ao dragão?

10 Não és tu aquelle que [11] seccou o mar, as aguas do grande abysmo? o
que fez o caminho no fundo do mar, para que passassem os remidos?

11 Assim [12] tornarão os resgatados do Senhor, e virão a Sião com
jubilo, e perpetua alegria _haverá_ sobre as suas cabeças: gozo e alegria
alcançarão, a tristeza e o gemido fugirão.

12 Eu, eu _sou_ aquelle que [13] vos consola; quem _pois és_ tu, para que
temas o homem, que é mortal? ou o filho do homem, _que_ se tornará em
feno?

13 E te esqueces do Senhor que te fez, [14] que estendeu os céus, e
fundou a terra, e temes continuamente todo o dia o furor do angustiador,
quando se prepara para destruir: [15] pois onde _está_ o furor do que te
attribulava?

14 O exilado captivo depressa será solto, e não morrerá na caverna, e o
seu pão _lhe_ não faltará.

15 Porque eu _sou_ o Senhor teu Deus, [16] que fendo o mar, e bramem as
suas ondas. O Senhor dos Exercitos _é_ o seu nome.

16 E ponho [17] as minhas palavras na tua bocca, e te cubro com a sombra
da minha mão; para plantar os céus, e para fundar a terra, e para dizer a
Sião: Tu _és_ o meu povo.

17 Desperta, desperta, [18] levanta-te, ó Jerusalem, que bebeste da mão
do Senhor o calix do seu furor; bebeste _e_ chupaste as fezes do calix
[WX] da vagueação.

18 De todos os filhos _que_ pariu nenhum _ha_ que a guie mansamente; e de
todos os filhos _que_ creou nenhum que a tome pela mão.

19 Estas duas [19] coisas te aconteceram; quem tem compaixão de ti?
a assolação, e o quebrantamento, e a fome, e a espada! _por_ quem te
consolarei?

20 _Já_ os teus filhos desmaiaram, jazem nas entradas de todos os
caminhos, como o boi montez na rede; cheios estão do furor do Senhor _e_
da reprehensão do teu Deus.

21 Pelo que agora ouve isto, ó oppressa, e embriagada, [20] mas não de
vinho.

22 Assim diz o teu Senhor, JEHOVAH, e teu Deus, [21] _que_ pleiteará a
causa do seu povo: Eis que eu tomo da tua mão o calix [WY] da vagueação,
as fezes do calix do meu furor; nunca mais o beberás.

23 Porém pôl-o-hei [22] nas mãos dos que te entristeceram, que dizem á
tua alma: Abaixa-te, e passaremos sobre _ti_: e tu pozeste as tuas costas
como chão, e como caminho, aos viandantes.

[1] ver. 7. Rom. 9.30, 31, 32.

[2] Rom. 4.1, 16. Heb. 11.11, 12. Gen. 12.1, 2 e 24.1, 35.

[3] cap. 40.1 e 52.9. ver. 12.

[4] cap. 2.3 e 42.4, 6.

[5] cap. 16.13 e 56.1. Rom. 1.16, 17. cap. 60.9.

[6] cap. 40.26. II Ped. 3.10, 12. cap. 50.9.

[7] ver. 1. Mat. 10.28.

[8] cap. 50.9.

[9] Job 26.12.

[10] cap. 30.7.

[11] Exo. 14.21. cap. 43.16.

[12] cap. 35.10.

[13] ver. 3. II Cor. 1.3. cap. 40.6. I Ped. 1.24.

[14] Job 9.8.

[15] Job 20.7.

[16] Job 26.12. Jer. 31.35.

[17] Deu. 18.18. cap. 59.21. cap. 49.2 e 65.17 e 66.22.

[18] cap. 52.1. Jer. 25.15, 16. Apo. 14.10.

[19] cap. 47.9.

[20] ver. 17. Lam. 3.15.

[21] Jer. 50.34.

[22] Jer. 25.17, 26, 28. Zac. 12.2.



52 Desperta [1] desperta, veste-te da tua fortaleza, ó Sião: veste-te dos
teus vestidos formosos, ó Jerusalem, cidade sancta; [2] porque nunca mais
entrará em ti nem incircumciso nem immundo.

2 Sacode-te [3] do pó, levanta-te, _e_ assenta-te, ó Jerusalem: solta-te
_das_ ataduras de teu pescoço, ó captiva filha de Sião.

3 Porque assim diz o Senhor: Por nada fostes vendidos: [4] tambem sem
dinheiro sereis resgatados.

4 Porque assim diz o Senhor JEHOVAH: O meu povo em tempos passados desceu
ao Egypto, para peregrinar lá, e a Assyria sem razão o opprimiu.

5 E agora, que tenho eu aqui _que fazer_? diz o Senhor; pois o meu povo
foi tomado sem nenhuma razão: _e_ os que dominam sobre elle _o_ fazem
uivar, diz o Senhor; [5] e o meu nome _é_ blasphemado incessantemente
todo o dia.

6 Portanto o meu povo saberá o meu nome, por esta causa, n’aquelle dia;
porque eu mesmo sou o que digo: Eis-me aqui.

7 Quão suaves [6] são sobre os montes os pés do que annuncia as boas
novas, o que faz ouvir a paz; do que annuncia o bem, que faz ouvir a
salvação: do que diz a Sião: O teu Deus reina.

8 _Uma_ voz dos teus atalaias _se ouve_, alçam a voz, juntamente exultam;
porque olho a olho verão, quando o Senhor tornar a trazer a Sião.

9 Clamae cantando, exultae juntamente, desertos de Jerusalem; [7] porque
o Senhor consolou o seu povo, remiu a Jerusalem.

10 O Senhor desnudou o seu sancto braço perante os olhos de todas as
nações; [8] e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.

11 Retirae-vos, [9] retirae-vos, sahi d’ahi, não toqueis coisa immunda:
sahi do meio d’ella, [10] purificae-vos, os que levaes os vasos do Senhor.

12 Porque [11] não sairieis apressadamente, nem vos ireis fugindo; porque
o Senhor irá diante de vós, e o Deus d’Israel _será_ a vossa rectaguarda.


_A apparição, as dôres e a gloria do Messias._

13 Eis que [12] o meu servo obrará com prudencia: será exaltado, e
elevado, e mui sublime.

14 Como pasmaram muitos á vista de ti, de que o seu parecer estava tão
desfigurado mais do que o de outro qualquer, e a sua figura mais do que
_a_ dos _outros_ filhos dos homens,

15 Assim [13] [WZ] borrifará muitas nações, e os reis fecharão as suas
boccas por causa d’elle; porque aquillo que não lhes foi annunciado o
verão, e aquillo que elles não ouviram o entenderão.

[1] cap. 51.9, 17.

[2] Neh. 1.11. cap. 48.2. Mat. 4.5. Apo. 21.2. cap. 35.8. Nah. 1.15.

[3] cap. 3.26.

[4] cap. 45.13.

[5] Eze. 36.20, 23. Rom. 2.24.

[6] Nah. 1.15. Rom. 10.15.

[7] cap. 51.3. cap. 48.20.

[8] Luc. 3.6.

[9] cap. 48.20. Jer. 50.8 e 51.6, 45. Zac. 2.6, 7. II Cor. 6.17. Apo.
18.4.

[10] Lev. 22.2, etc.

[11] Exo. 12.33, 39. Miq. 2.13. Num. 10.25. cap. 58.8. Exo. 14.19.

[12] cap. 42.1.

[13] Eze. 36.25. cap. 49.7, 23. Rom. 15.21.



53 Quem [1] deu credito á nossa prégação? e a quem se manifestou o braço
do Senhor?

2 Porque foi subindo como renovo [2] perante elle, e como raiz d’_uma_
terra secca; não tinha [XA] parecer nem formosura; e, olhando nós para
elle, não _havia_ apparencia _n’elle_, para que o desejassemos.

3 _Era_ desprezado, [3] e [XB] o mais indigno entre os homens, homem
de dôres, e experimentado nos trabalhos; e como um de quem os homens
escondiam o rosto _era_ desprezado, [4] e não fizemos d’elle caso algum.

4 Verdadeiramente [5] elle tomou sobre si as nossas enfermidades, e as
nossas dôres levou sobre si; e nós o reputavamos por afflicto, ferido de
Deus, e opprimido.

5 Porém elle _foi_ ferido [6] pelas nossas transgressões, _e_ [XC] moido
pelas nossas iniquidades: o castigo que nos traz a paz _estava_ sobre
elle, [7] e pelas suas pisaduras fomos sarados.

6 Todos [8] nós andavamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava
pelo seu caminho: porém o Senhor fez cair sobre elle a iniquidade de nós
todos.

7 Exigindo-se-_lhe_, elle foi opprimido, [9] porém não abriu a sua bocca:
[10] como _um_ cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda
perante os seus tosquiadores, assim não abriu a sua bocca.

8 [XD] Da ancia e do juizo foi tirado; e quem contará o tempo da sua
vida? [11] porque foi cortado da terra dos viventes: pela transgressão do
meu povo a praga _estava_ sobre elle.

9 E pozeram [12] a sua sepultura com os impios, e com o rico estava na
sua morte; porquanto nunca fez injustiça, [13] nem _houve_ engano na sua
bocca.

10 Porém ao Senhor agradou [XE] moel-o, fazendo-_o_ enfermar; quando a
sua alma se pozer por expiação do peccado, [14] verá a sua semente _e_
prolongará os dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão.

11 O trabalho da sua alma elle verá, _e_ se fartará; [15] com o seu
conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos: porque as suas
iniquidades levará sobre si.

12 Pelo [16] que lhe darei [XF] a parte de muitos, e com os poderosos
repartirá elle o despojo; porque derramou a sua alma na morte, e foi
contado com os transgressores; e levou sobre si o peccado de muitos, e
intercede pelos transgressores.

[1] João 12.38. Rom. 10.16. cap. 51.9. Rom. 1.10.

[2] cap. 11.1.

[3] cap. 49.7.

[4] João 1.10, 11.

[5] Mat. 8.17. Heb. 9.28. I Ped. 2.24.

[6] Rom. 4.25. I Cor. 15.3. I Ped. 3.18.

[7] I Ped. 2.24.

[8] I Ped. 2.25.

[9] Mat. 26.63 e 27.12, 14. Mar. 14.61 e 15.5. I Ped. 2.23.

[10] Act. 8.32.

[11] Dan. 9.26.

[12] Mat. 27.57, 58, 60.

[13] I Ped. 2.22. I João 3.5.

[14] II Cor. 5.21. I Ped. 2.24. Rom. 6.9. Eph. 1.5, 9. II The. 1.11.

[15] João 17.3. II Ped. 1.3. I João 2.1. cap. 42.1 e 49.3. Rom. 5.18, 19.
ver. 4, 5.

[16] Col. 2.15. Mar. 15.28. Luc. 22.37. Luc. 23.34. Rom. 8.34. Heb. 7.25
e 9.24. I João 2.1.



_O progresso e a gloria da Egreja._

54 Canta alegremente, [1] ó esteril, _que_ não parias: exclama de prazer
com alegre canto, e exulta, tu [2] _que_ não tiveste dôres de parto;
porque mais _são_ os filhos da solitaria, do que os filhos da casada, diz
o Senhor.

2 Alarga [3] o logar da tua tenda, e as cortinas das tuas habitações se
estendam; não o impeças: alonga as tuas cordas, e affixa bem as tuas
estacas.

3 Porque trasbordarás á mão direita e á esquerda; [4] e a tua semente
possuirá as nações e farão habitar as cidades assoladas.

4 Não temas, porque não serás envergonhada; e não te envergonhes, porque
não serás confundida: antes te esquecerás da vergonha da tua mocidade, e
não te lembrarás mais do opprobrio da tua viuvez.

5 Porque [5] o teu Creador _é_ o teu marido, o Senhor dos Exercitos _é_
o seu nome; e o Sancto de Israel _é_ o teu Redemptor; [6] será chamado o
Deus de toda a terra.

6 Porque o Senhor te chamou [7] como a mulher desamparada, e triste de
espirito: comtudo tu és a mulher da mocidade, ainda que foste desprezada,
diz o teu Deus.

7 Por um pequeno momento [8] te deixei, porém com grandes misericordias
te recolherei;

8 Com uma pouca de ira escondi a minha face [9] de ti por um momento;
porém com benignidade eterna me compadecerei de ti, diz o Senhor, o teu
Redemptor.

9 Porque isto _será_ para mim _como_ as [10] aguas de Noé, quando jurei
que as aguas de Noé não passariam mais sobre a terra: assim jurei que não
me irarei _mais_ contra ti, nem te reprehenderei.

10 Porque [11] os montes [XG] se desviarão, e os outeiros [XH] tremerão;
porém a minha benignidade se não [XI] desviará de ti, e o concerto da
minha paz [XJ] se não mudará, diz o Senhor, que se compadece de ti.

11 Tu, opprimida, arrojada com a tormenta _e_ desconsolada, eis que eu
porei as tuas pedras com todo o ornamento, e te fundarei sobre as safiras.

12 E as tuas janellas farei crystallinas, e as tuas portas [12] de
rubins, e todos os teus termos de pedras apraziveis.

13 E todos os teus filhos _serão_ [XK] doutrinados [13] do Senhor; e a
paz de teus filhos _será_ abundante.

14 Com justiça serás confirmada: alonga-te da oppressão, porque _já_ não
temerás; como tambem do espanto, porque não chegará a ti.

15 Eis que certamente se ajuntarão _contra ti_, _porém_ não comigo: quem
se ajuntar contra ti cairá por amor de ti.

16 Eis que eu creei o ferreiro, que assopra as brazas no fogo, e que
produz a ferramenta para a sua obra: tambem eu creei o destruidor, para
desfazer.

17 Toda a ferramenta preparada contra ti não prosperará, e toda a lingua
_que_ se levantar contra ti em juizo tu a condemnarás: esta _é_ a herança
dos servos do Senhor, [14] e a sua justiça _vem_ de mim, diz o Senhor.

[1] Sof. 2.14. Gal. 4.27.

[2] I Sam. 2.5.

[3] cap. 49.19, 20.

[4] cap. 55.5 e 61.9.

[5] Jer. 3.14. Luc. 1.32.

[6] Zac. 14.9. Rom. 3.29.

[7] cap. 62.4.

[8] cap. 26.20 e 60.10.

[9] cap. 55.3. Jer. 31.3.

[10] Gen. 8.21 e 9.11. cap. 55.11. Jer. 31.35, 36.

[11] cap. 51.6. Mat. 5.18.

[12] I Chr. 29.2. Apo. 21.18, etc.

[13] cap. 11.9. Jer. 31.34. I The. 4.9. I João 2.20.

[14] cap. 45.24, 25.



_Todo o povo é convidado a procurar a salvação._

55 Ó vós, todos os que tendes sêde, [1] vinde ás aguas, e os que não
tendes dinheiro, vinde, [2] comprae, e comei; sim, vinde, pois, comprae,
sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.

2 Porque gastaes o dinheiro n’aquillo que não é pão? e o _producto_ do
vosso trabalho n’aquillo que não pode fartar? ouvi-me attentamente, e
comei o bem, e a vossa alma se deleite com a gordura.

3 Inclinae os vossos ouvidos, [3] e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma
[4] viverá; porque comvosco farei _um_ concerto perpetuo, _dando-vos_ as
firmes beneficencias de David.

4 Eis que eu o dei _por_ testemunha aos povos, [5] _por_ principe e
mandador dos povos.

5 Eis que [6] chamarás a _uma_ nação que nunca conheceste, e _uma_ nação
que nunca te conheceu correrá para ti, por amor do Senhor teu Deus, e do
Sancto de Israel; porque elle te glorificou.

6 Buscae [7] ao Senhor emquanto se pode achar, invocae-o emquanto está
perto.

7 O impio deixe [8] o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos,
e se converta ao Senhor; e se compadecerá d’elle; como tambem ao nosso
Deus, porque grandioso é em perdoar.

8 Porque [9] os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os
vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor.

9 Porque, assim _como_ os céus são mais altos do que a terra, assim
são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus
pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.

10 Porque, assim como desce [10] a chuva e a neve dos céus, e para lá não
torna, porém rega a terra, e a faz produzir, e brotar, e dar semente ao
semeador, e pão ao que come,

11 Assim será a minha palavra, que sair da minha bocca; ella não tornará
a mim vazia; antes fará o que me apraz, e prosperará n’aquillo para o que
a enviei.

12 Porque [11] com alegria saireis, e em paz sereis guiados: os montes e
os outeiros exclamarão de prazer perante a vossa face, [12] e todas as
arvores do campo baterão as palmas.

13 Em logar [13] do espinheiro crescerá a faia, e em logar da sarça
crescerá a murta: o que será para o Senhor por nome, _e_ por signal
eterno, _que_ nunca se apagará.

[1] João 4.14 e 7.37. Apo. 21.6 e 22.17.

[2] Mat. 13.44, 46. Apo. 3.18.

[3] Mat. 11.28.

[4] cap. 54.8 e 61.8. Jer. 32.40. II Sam. 7.8, etc. Act. 13.34.

[5] João 18.37. Apo. 1.5. Dan. 9.25.

[6] Eph. 2.11, 12. cap. 60.5. Act. 3.13.

[7] Mat. 5.25. João 7.34 e 8.21. II Cor. 6.1, 2. Heb. 3.13.

[8] cap. 1.16. Zac. 8.17. Jer. 3.12.

[9] II Sam. 7.19.

[10] Deu. 32.2.

[11] cap. 35.10 e 65.13, 14. cap. 14.8 e 35.1, 2.

[12] I Chr. 16.33.

[13] cap. 41.19. Miq. 7.4.



_Promessas áquelles que guardam o sabbado._

56 Assim diz o Senhor: Guardae o juizo, e fazei justiça, [1] porque _já_
a minha salvação _está_ perto, para vir, e a minha justiça, para se
manifestar.

2 Bemaventurado o homem _que_ fizer isto, e o filho do homem _que_ lançar
mão d’isto; [2] que se guarda de profanar o sabbado, e guarda a sua mão
de perpetrar algum mal.

3 E não falle [3] o filho do estrangeiro, que se houver chegado ao
Senhor, dizendo: De todo me apartou o Senhor do seu povo: nem tão pouco
diga o eunucho: Eis que eu _sou uma_ arvore secca.

4 Porque assim diz o Senhor dos eunuchos, que guardam os meus sabbados, e
escolhem aquillo em que eu me agrado, e abraçam o meu concerto:

5 Tambem lhes darei na minha casa [4] e dentro dos meus muros _um_ logar
e _um_ nome, melhor do que o de filhos e filhas: _um_ nome eterno darei a
cada um d’elles, que nunca se apagará.

6 E aos filhos dos estrangeiros, que se chegarem ao Senhor, para o
servirem, e para amarem o nome do Senhor, e para lhe servirem de servos,
todos os que guardarem o sabbado, não o profanando, e os que abraçarem o
meu concerto,

7 Tambem os levarei [5] ao meu sancto monte, e os festejarei na minha
casa de oração, os seus holocaustos e os seus sacrificios _serão_
acceitos no meu altar; [6] porque a minha casa será chamada a casa de
oração para todos os povos.


_As faltas e os crimes de Israel._

8 _Assim_ diz o Senhor JEHOVAH, [7] que ajunta os dispersos de Israel:
Ainda mais lhe ajuntarei com os que já se lhe ajuntaram.

9 Vós, [8] todas as bestas do campo, todas as bestas dos bosques, vinde a
comer.

10 Todos os seus atalaias [9] _são_ cegos, nada sabem; todos _são_ cães
mudos, não podem ladrar: _andam_ adormecidos, _estão_ deitados, _e_ amam
o tosquenejar.

11 E estes cães [10] _são_ golosos, não se podem fartar; e elles _são_
pastores que nada sabem entender: todos elles se tornam para o seu
caminho, cada um para a sua ganancia, _cada um_ por sua parte.

12 Vinde, _dizem_, trarei vinho, e beberemos bebida forte; e o dia
d’ámanhã será como este, [11] _e ainda_ maior _e_ mais famoso.

[1] cap. 46.13. Rom. 13.11, 12.

[2] cap. 58.13.

[3] Deu. 23.1, 2, 3. I Ped. 1.1.

[4] I Tim. 3.15. João 1.12. I João 3.1.

[5] cap. 2.2. Rom. 12.1. Heb. 13.15.

[6] Mat. 21.13. Mar. 11.17. Luc. 19.46. Mal. 1.11.

[7] cap. 11.12.

[8] Jer. 12.9.

[9] Mat. 15.14 e 23.16. Phi. 3.2.

[10] Miq. 3.11. Eze. 34.2, 3.

[11] Pro. 23.35. cap. 22.13. Luc. 12.19. I Cor. 15.32.



57 Perece o justo, e não _ha_ quem considere n’isso _em_ seu coração, [1]
e os homens compassivos são recolhidos, sem que alguem considere que o
justo é recolhido antes do mal.

[Antes de Christo 698]

2 Entrará _em_ paz: descançarão nas suas camas, os que houverem andado na
sua rectidão.

3 Porém chegae-vos aqui, [2] vós os filhos da agoureira, semente
adulterina, e que commetteis fornicação.

4 De quem fazeis o vosso passatempo? contra quem alargaes a bocca,
e deitaes para fóra a lingua? _porventura_ não _sois_ filhos da
transgressão, semente da falsidade,

5 Que vos esquentaes com os deuses [3] debaixo de toda a arvore verde, e
sacrificaes os filhos nos ribeiros, debaixo dos cantos dos penhascos?

6 Nas _pedras_ lisas dos ribeiros _está_ a tua parte; estas, estas _são_
a tua sorte; a estas tambem derramas a _tua_ libação, _e_ lhes offereces
offertas: contentar-me-hia eu d’estas coisas?

7 Sobre [4] os montes altos e levantados pões a tua cama; e lá sobes para
sacrificar sacrificios.

8 E detraz das portas e dos umbraes pões os teus memoriaes; porque,
_desviando-te_ de mim, _a outros te_ descobres, e sobes, alargas a tua
cama, e fazes _concerto com alguns_ d’elles: [5] amas a sua cama, onde
quer que _a_ vês.

9 E vaes [6] ao rei com oleo, e multiplicas os teus perfumes; e envias os
teus embaixadores para longe, e te abates até [XL] aos infernos.

10 Na tua comprida [7] viagem te cançaste; _porém_ não dizes: É coisa
desesperada: o que buscavas achaste; por isso não adoeces.

11 Mas [8] de que tiveste receio, ou _a quem_ temeste? porque mentiste,
e não te lembraste de mim, nem no teu coração _me_ pozeste? não é
_porventura_ porque eu me calo, e _isso já_ desde muito tempo, e me não
temes?

12 Eu publicarei a tua justiça, e as tuas obras, que não te aproveitarão.

13 Quando vieres a clamar, livrem-te os teus congregados; porém o vento a
todos levará, e a vaidade os arrebatará: mas o que confia em mim possuirá
a terra, e herdará o meu sancto monte.

14 E dir-se-ha: Aplainae, [9] aplainae _a estrada_, preparae o caminho:
tirae os tropeços do caminho do meu povo.

15 Porque assim diz o alto e o sublime, que habita na eternidade, [10] e
cujo nome _é_ sancto: _Na_ altura e no _logar_ sancto habito; como tambem
com o contrito e abatido de espirito, [11] para vivificar o espirito dos
abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.

16 Porque para sempre não contenderei, nem continuamente me indignarei;
porque o espirito perante a minha face [XM] se opprimiria, e as almas
_que_ eu fiz.

17 Pela iniquidade da sua avareza [12] me indignei, e os feri:
escondi-me, e indignei-me; comtudo, rebeldes, seguiram o caminho do seu
coração.

18 Eu vejo os seus caminhos, [13] e os sararei, e os guiarei, e lhes
tornarei a dar consolações, _a saber_, aos seus pranteadores.

19 Eu crio [14] os fructos dos labios: paz, paz, para os que _estão_
longe, e para os que _estão_ perto, diz o Senhor, e eu os sararei.

20 Mas [15] os impios _são_ como o mar bravo, porque não se pode
aquietar, e as suas aguas [XN] lançam de si lama e lodo.

21 Os impios, [16] diz o meu Deus, não _teem_ paz.

[1] Miq. 7.2.

[2] Mat. 16.4.

[3] II Reis 16.4 e 17.10. Jer. 2.20. Lev. 18.21 e 20.2. II Reis 16.3 e
23.10. Jer. 7.31. Eze. 16.20 e 20.26.

[4] Eze. 23.41.

[5] Exo. 19.26, 28 e 23.2, 20.

[6] cap. 30.6. Eze. 16.33 e 23.16.

[7] Jer. 2.25.

[8] cap. 51.12, 13.

[9] cap. 40.3 e 62.10.

[10] Job 6.10. Luc. 1.49. Zac. 2.13. cap. 66.2.

[11] cap. 61.1.

[12] Jer. 6.13 e 5.15. cap. 9.13.

[13] Jer. 3.22. cap. 61.2.

[14] Heb. 13.15. Act. 2.39. Eph. 2.17.

[15] Job 15.20, etc. Pro. 4.16.

[16] cap. 48.22.



58 Clama em alta voz, não te retenhas, levanta a tua voz como a trombeta
e annuncia ao meu povo a sua transgressão, e á casa de Jacob os seus
peccados.

2 Ainda que me buscam cada dia, tomam prazer em saber os meus caminhos,
como um povo que obra justiça, e não deixa [XO] o direito do seu Deus:
perguntam-me pelos direitos da justiça, _e_ teem prazer em se chegarem a
Deus,

3 _Dizendo_: Porque jejuamos nós, e tu não attentas para isso? _Porque_
affligimos as nossas almas, e tu o não sabes? Eis que no dia em que
jejuaes achaes o _vosso_ contentamento, e estreitamente requereis todo o
vosso trabalho.

4 Eis que [1] para contendas e debates jejuaes, e para dardes punhadas
impiamente: não jejueis como hoje, para fazer ouvir a vossa voz no alto.

5 Seria este [2] o jejum que eu escolheria, que o homem um dia afflija a
sua alma? que incline a sua cabeça como o junco, [3] e estenda debaixo
_de si_ sacco e cinza? chamarias tu a isto jejum e dia aprazivel ao
Senhor?

6 _Porventura_ não _é_ este o jejum que escolhi? que soltes as ligaduras
da impiedade, [4] que desfaças as ataduras do jugo? e que deixes livres
os [XP] quebrantados, e despedaces todo o jugo?

7 _Porventura_ não _é tambem_ que repartas [5] o teu pão com o faminto, e
recolhas em casa os pobres desterrados? _e_, [6] vendo o nú, o cubras, e
não te escondas da tua carne?

8 Então [7] romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente
brotará, e a tua justiça irá adiante da tua face, [8] _e_ a gloria do
Senhor será a tua rectaguarda.

9 Então clamarás, e o Senhor _te_ responderá; gritarás, e elle dirá:
Eis-me aqui: se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o
fallar vaidade;

10 _E se_ abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma afflicta:
então _a_ tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão _será_ como o
meio dia.

11 E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em grandes
sequidões, e fortificará os teus ossos; e serás como _um_ jardim regado,
e como _um_ manancial de aguas, cujas aguas nunca faltam.

12 E _os que_ de ti _procederem_ edificarão os logares antigamente
assolados; [9] _e_ levantarás os fundamentos de geração em geração: e
chamar-te-hão reparador das [XQ] roturas, _e_ restaurador de veredas para
morar.

13 Se [10] desviares o teu pé do sabbado, _de_ fazeres a tua vontade no
meu sancto dia, e chamares ao sabbado deleitoso, e o sancto _dia_ do
Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, _nem_
pretendendo _fazer_ a tua propria vontade, nem fallares as tuas proprias
palavras,

14 Então [11] te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as
alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu [12] pae Jacob;
porque a bocca do Senhor _o_ fallou.

[1] I Reis 21.9, 12, 13.

[2] Zac. 7.5.

[3] Est. 4.3. Dan. 9.3. Jon. 3.6.

[4] Neh. 5.10, 11, 12. Jer. 34.9, 10.

[5] Eze. 18.7, 16. Mat. 25.35.

[6] Job 31.19. Gen. 29.14. Neh. 5.5.

[7] Job 11.17.

[8] Exo. 14.19. cap. 52.12.

[9] cap. 61.4.

[10] cap. 56.2.

[11] Job 22.26.

[12] cap. 1.20 e 40.5. Miq. 4.4.



59 Eis que a mão do Senhor não está encolhida, [1] para que não possa
salvar; nem o seu ouvido aggravado, para não poder ouvir.

2 Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus: e os
vossos peccados encobrem _o seu_ rosto de vós, para que não ouça.

3 Porque [2] as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos
dedos de iniquidade: os vossos labios fallam falsidade, a vossa lingua
pronuncia perversidade.

4 Ninguem _ha_ que clame pela justiça, nem ninguem que compareça em juizo
pela verdade; confiam na vaidade, e andam fallando mentiras; [3] concebem
o [XR] trabalho, e parem a iniquidade.

5 Ovos de basilisco chocam, e tecem teias de aranha: o que comer dos ovos
d’elles morrerá; e, apertando-os, sae d’elles uma vibora.

6 As suas teias [4] não prestam para vestidos, nem se poderão cobrir
com as suas obras: as suas obras _são_ obras de iniquidade, e obra de
violencia _ha_ nas suas mãos.

7 Os seus pés [5] correm para o mal, e se apressam para derramarem o
sangue innocente: os seus pensamentos _são_ pensamentos de iniquidade,
destruição e quebrantamento _ha_ nas suas estradas.

8 O caminho da paz não conhecem, nem _ha_ juizo nos seus passos: [6] as
suas veredas torcem para si mesmos; todo aquelle que anda por ellas não
tem conhecimento da paz.

9 Pelo que o juizo está longe de nós, e a justiça não nos alcança; [7]
esperámos pela luz, e eis que trevas _nos veem_; pelo resplandor, mas
andamos em escuridão.

10 Apalpamos [8] as paredes como cegos, e como sem olhos andamos
apalpando: tropeçamos ao meio-dia como [XS] nas trevas, _e_ nos logares
escuros como mortos.

11 Todos nós bramamos como ursos, [9] e continuamente gememos como
pombas: esperamos pelo juizo, e não o ha; pela salvação, _e_ está longe
de nós.

12 Porque as nossas transgressões se multiplicaram perante ti, e os
nossos peccados testificam contra nós; porque as nossas transgressões
_estão_ comnosco, e conhecemos as nossas iniquidades;

13 _Como_ o [XT] prevaricar, e mentir contra o Senhor, e o retirar-se de
após o nosso Deus, o fallar de oppressão e rebellião, [10] o conceber e
[XU] inventar palavras de falsidade do coração.

14 Pelo que o juizo se tornou atraz, e a justiça se poz de longe; porque
a verdade anda tropeçando pelas ruas, e a equidade não pode entrar.

15 Sim, a verdade desfallece, e _quem_ se desvia do mal arrisca-se a ser
despojado: e o Senhor o viu, e pareceu mal aos seus olhos, por não haver
juizo.

16 E vendo [11] que ninguem havia, maravilhou-se de que não _houvesse_
algum intercessor; pelo que o seu _proprio_ braço lhe trouxe a salvação,
e a sua propria justiça o susteve;

17 Porque se vestiu [12] de justiça, como de _uma_ couraça, e _poz_ o
elmo da salvação na sua cabeça, e vestiu-se de vestidos de vingança _por_
vestidura, e cobriu-se de zelo, como de _um_ manto.

18 Conforme [13] as obras d’elles, assim dará a recompensa, furor aos
seus adversarios, e recompensa aos seus inimigos: ás ilhas dará o pago.

19 Então temerão [14] o nome do Senhor desde o poente, e a sua gloria
desde o nascente do sol: [15] vindo o inimigo como _uma_ corrente de
aguas, o Espirito do Senhor arvorará a bandeira contra elle.

20 E virá [16] um Redemptor a Sião e aos que se convertem da transgressão
em Jacob, diz o Senhor.

21 Quanto a mim, [17] este _é_ o meu concerto com elles, diz o Senhor: o
meu espirito, que _está_ sobre ti, e as minhas palavras, que puz em tua
bocca, não se desviarão da tua bocca nem da bocca da tua semente, nem da
bocca da semente da tua semente, diz o Senhor, desde agora e para todo o
sempre.

[1] Num. 11.23. cap. 50.2.

[2] cap. 1.15.

[3] Job 15.35.

[4] Job 8.14, 15.

[5] Pro. 1.16. Rom. 3.15.

[6] Pro. 2.15.

[7] Jer. 8.15.

[8] Deu. 28.29. Job 5.14. Amós 8.9.

[9] cap. 38.14. Eze. 7.16.

[10] Mat. 12.34.

[11] Eze. 22.30. cap. 63.5.

[12] Eph. 6.14, 17. I The. 5.8.

[13] cap. 63.6.

[14] Mal. 1.11.

[15] Apo. 12.15.

[16] Rom. 11.26.

[17] Heb. 8.10 e 10.16.



_Jerusalem é restituida á sua gloria._

60 Levanta-te, [1] esclarece, porque _já_ vem a tua luz, e a gloria do
Senhor _já_ vae nascendo sobre ti.

2 Porque eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão os povos;
porém sobre ti o Senhor virá nascendo, e a sua gloria se verá sobre ti.

3 E as nações caminharão [2] á tua luz, e os reis ao resplandor que te
nasceu.

4 Levanta [3] em redor os teus olhos, e vê; todos estes _já_ se
ajuntaram, _e_ veem a ti: teus filhos virão de longe, e tuas filhas se
crearão á _tua_ ilharga.

5 Então o verás, [4] e serás illuminado, e o teu coração se espantará e
alargará; porque a abundancia do mar se tornará a ti, e as riquezas das
nações virão a ti.

6 A multidão de camelos te cobrirá, [5] os dromedarios de Midian e Epha;
todos virão de Seba: oiro e incenso trarão, e publicarão os louvores do
Senhor.

7 Todas as ovelhas de Kedar se congregarão a ti, os carneiros de Nebaioth
te servirão: com agrado subirão ao meu altar, e eu glorificarei a casa da
minha gloria.

8 Quem _são_ estes _que_ veem voando como nuvens, e como pombas ás suas
janellas?

9 Certamente as ilhas me [6] aguardarão, e primeiro os navios de Tarsis,
para trazer teus filhos de longe, a sua prata e o seu oiro com elles, [7]
para o nome do Senhor teu Deus, e para o Sancto de Israel, porquanto te
glorificou.

10 E [8] os filhos dos estrangeiros edificarão os teus muros, e os seus
reis te servirão; porque no meu furor te feri, porém na minha benignidade
tive misericordia de ti.

11 E [9] as tuas portas estarão abertas de continuo, nem de dia nem de
noite se fecharão; para que tragam a ti as riquezas das nações, e,
conduzidos com ellas, os seus reis.

12 Porque [10] a nação e o reino que te não servirem perecerão; e as taes
nações de todo serão assoladas.

13 A gloria [11] do Libano virá a ti; a faia, o pinheiro, e o buxo
juntamente, [12] para ornarem o logar do meu sanctuario, e glorificarei o
logar dos meus pés.

14 Tambem virão a ti, inclinando-se, os filhos dos que te opprimiram;
[13] e prostrar-se-hão ás plantas dos teus pés todos os que te
blasphemaram; e chamar-te-hão a cidade do Senhor, [14] a Sião do Sancto
de Israel.

15 Em logar do que foste deixada, e aborrecida, e ninguem passava _por
ti_, te porei uma excellencia perpetua, um gozo de geração em geração.

16 E mamarás o leite das nações, [15] e mamarás os peitos dos reis; e
saberás que eu _sou_ o Senhor, o teu Salvador, e o teu Redemptor, o
Possante de Jacob.

17 Por cobre trarei oiro, e por ferro trarei prata, e por madeira bronze,
e por pedras ferro: e farei pacificos os teus inspectores e justos os
teus exactores.

18 Nunca mais se ouvirá violencia na tua terra, desolação _nem_
destruição nos teus termos; mas aos teus muros chamarás salvação, e ás
tuas portas louvor.

19 Nunca mais te servirá o sol [16] para luz do dia, nem com o _seu_
resplandor a lua te alumiará; mas o Senhor será a tua luz perpetua, [17]
e o teu Deus a tua gloria.

20 Nunca mais se porá [18] o teu sol, nem a tua lua minguará; porque o
Senhor será a tua luz perpetua, e os dias do teu luto se virão a acabar.

21 E todos os do teu povo [19] _serão_ justos, para sempre herdarão a
terra; _serão_ renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que
seja glorificado.

22 O mais pequeno [20] virá a ser mil, e o minimo _um_ povo grandissimo:
eu, o Senhor, ao seu tempo o farei promptamente.

[1] Eph. 5.14. Mal. 4.2.

[2] cap. 49.6, 23. Apo. 21.24.

[3] cap. 49.18, 20, 21, 22.

[4] Rom. 11.25.

[5] Gen. 25.4.

[6] cap. 42.4 e 51.5. Zac. 14.14.

[7] Jer. 3.17. cap. 55.5.

[8] cap. 49.23.

[9] Apo. 21.25.

[10] Zac. 14.17, 19.

[11] cap. 35.2 e 41.19.

[12] I Chr. 28.2.

[13] cap. 49.23. Apo. 3.9.

[14] Heb. 12.22. Apo. 14.1.

[15] cap. 49.23 e 61.6 e 66.11, 12. cap. 43.3.

[16] Apo. 21.23 e 22.5.

[17] Zac. 2.5.

[18] Amós 8.9.

[19] cap. 61.3. Mat. 15.13.

[20] Mat. 13.31, 32.



_A salvação é proclamada._

61 O Espirito [1] do Senhor JEHOVAH _está_ sobre mim; porque o Senhor
me ungiu, para prégar boas novas aos mansos: enviou-me a restaurar os
contritos de coração, a apregoar liberdade aos captivos, e a abertura de
prisão aos presos;

2 A apregoar [2] o anno acceitavel do Senhor e o dia da vingança do nosso
Deus, a consolar todos os tristes;

3 A ordenar aos tristes de Sião que se lhes dê [XV] ornamento por cinza,
oleo de gozo por tristeza, vestidura de louvor por espirito angustiado;
para que se chamem carvalhos de justiça, [3] plantados do Senhor, para
que seja glorificado.

4 E edificarão [4] os logares antigamente assolados, _e_ restaurarão os
de antes destruidos, e renovarão as cidades assoladas, destruidas de
geração em geração.

5 E haverá estrangeiros, e apascentarão os vossos rebanhos: e estranhos
_serão_ os vossos lavradores e os vossos vinheiros.

6 Porém vós sereis chamados sacerdotes [5] do Senhor, e vos chamarão
ministros de nosso Deus: comereis a abundancia das nações, e na sua
gloria vos gloriareis.

7 Por vossa dupla vergonha, e affronta, exultarão sobre a sua parte; pelo
que na sua terra possuirão o dobro, _e_ terão perpetua alegria.

8 Porque eu, o Senhor, amo o juizo, [6] aborreço [XW] a rapina no
holocausto; e farei que a sua obra seja em verdade; e farei _um_ concerto
eterno com elles.

9 E a sua semente será conhecida entre as nações, e os seus descendentes
no meio dos povos; todos quantos os virem os conhecerão, que _são_ a
semente bemdita do Senhor.

10 Gozo-me [7] muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus;
porque me vestiu de vestidos de salvação, me cobriu com o manto de
justiça, [8] como _quando_ o noivo se orna com atavio sacerdotal, e como
a noiva se enfeita com as suas joias.

11 Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o horto faz brotar
o que n’elle se semeia, assim o Senhor JEHOVAH fará brotar a justiça e o
louvor [9] para todas as nações.

[1] cap. 11.2. Luc. 4.18. João 1.32 e 3.34. cap. 57.15. cap. 42.7.

[2] cap. 34.8 e 63.4. cap. 57.18.

[3] cap. 60.21.

[4] cap. 58.12. Eze. 36.33, 36.

[5] Exo. 19.6. cap. 66.21. Apo. 1.6 e 5.10. cap. 60.5, 11, 16.

[6] cap. 1.11, 15.

[7] Hab. 3.18.

[8] cap. 49.18. Apo. 21.2.

[9] cap. 60.18 e 62.7.



_A gloria de Jerusalem sempre augmentando._

62 Por amor de Sião me não calarei, e por amor de Jerusalem me não
aquietarei; até que saia a sua justiça como um resplandor, e a sua
salvação como uma tocha accesa.

2 E as nações [1] verão a tua justiça, e todos os reis a tua gloria; [2]
e chamar-te-hão por um nome novo, que a bocca do Senhor nomeará.

3 E serás uma corôa de gloria na mão do Senhor, e _um_ diadema real na
mão do teu Deus.

4 Nunca mais te chamarão: [3] Desamparada, nem a tua terra nunca mais
nomearão: [4] Assolada; mas chamar-te-hão: [XX] O meu prazer _está_
n’ella; e a tua terra: [XY] A casada; porque o Senhor se agrada de ti; e
a tua terra se casará.

5 Porque, _como_ o mancebo se casa com a donzella, _assim_ teus filhos
se casarão comtigo: [5] e, _como_ o noivo se alegra da noiva, _assim_ se
alegrará de ti o teu Deus.

6 Ó Jerusalem, sobre os teus muros puz guardas, _que_ todo o dia e toda a
noite de continuo se não calarão: ó vós, os que fazeis menção do Senhor,
não haja silencio em vós,

7 Nem lhe deis a elle silencio, até que confirme, [6] e até que ponha a
Jerusalem por louvor na terra.

8 Jurou o Senhor pela sua mão direita, e pelo braço da sua força, [7]
que nunca mais darei o teu trigo _por_ comida aos teus inimigos, nem os
estranhos beberão o teu mosto, em que trabalhaste.

9 Porém os que o ajuntarem o comerão, e louvarão ao Senhor: e os que o
colherem [8] beberão nos atrios do meu sanctuario.

10 Passae, passae pelas portas; [9] preparae o caminho ao povo; aplainae,
aplainae a estrada, limpae-_a_ das pedras; arvorae a bandeira aos povos.

11 Eis que o Senhor fez ouvir até ás extremidades da terra: [10] Dizei
á filha de Sião: Eis que a tua salvação vem: eis que comsigo o seu
galardão, e a sua obra diante d’elle.

12 E chamal-os-hão: Povo sancto, remidos do Senhor; e tu serás chamada
Buscada, [11] a cidade não desamparada.

[1] cap. 60.3.

[2] ver. 4, 12. cap. 65.15.

[3] Ose. 1.10. I Ped. 2.10.

[4] cap. 54.6, 7. cap. 54.1.

[5] cap. 65.19.

[6] Sof. 3.20.

[7] Deu. 28.31, etc.

[8] Deu. 12.21 e 14.23, 26 e 16.11, 14.

[9] cap. 40.3 e 57.14. cap. 11.12.

[10] Zac. 9.9. Mat. 21.5. João 12.15. cap. 40.10. Apo. 22.12.

[11] ver. 4.



_Deus salva e vinga a seu povo._

63 Quem _é_ este, que vem de Edom, com vestidos [XZ] tintos de Bozra?
este [YA] ornado com a sua vestidura, que marcha com a sua grande força?
Eu, que fallo em justiça, poderoso para salvar.

2 Porque [1] _estás_ vermelho na tua vestidura? e os teus vestidos como
aquelle que piza no lagar?

3 Eu pizei só o lagar, [2] e dos povos ninguem houve commigo; e os pizei
na minha ira, e os atropelei no meu furor; e o seu sangue se aspergia
sobre os meus vestidos, e manchei toda a minha vestidura.

4 Porque o dia da vingança [3] _estava_ no meu coração; e o anno dos meus
remedios é chegado.

5 E olhei, [4] e não _havia_ quem _me_ ajudasse; e espantei-me de que
não _houvesse_ quem _me_ sustivesse, pelo que o meu braço me trouxe a
salvação, e o meu furor me susteve.

6 E atropelei os povos na minha ira, [5] e os embebedei no meu furor; e
[YB] a sua força derribei por terra.


_Acção de graças, confissões e supplicas do povo de Deus._

7 Das benignidades do Senhor farei menção, _e_ dos muitos louvores do
Senhor, conforme tudo quanto o Senhor nos fez; e da grande bondade para
com a casa de Israel, que usou com elles segundo as suas misericordias, e
segundo a multidão das suas benignidades.

8 Porque dizia: Comtudo meu povo são, filhos _que_ não mentirão: assim se
lhes fez Salvador.

9 Em toda a angustia [6] d’elles elle foi angustiado, [7] e o anjo da sua
face os salvou; pelo seu amor, e pela sua compaixão elle os remiu; e os
tomou, e os trouxe _sobre si_ todos os dias da antiguidade.

10 Porém [8] elles foram rebeldes, e contristaram o seu Espirito Sancto;
pelo que se lhes tornou em inimigo, _e_ elle mesmo pelejou contra elles.

11 Todavia se lembrou dos dias da antiguidade, de Moysés, _e_ do seu
povo. [9] _Porém_ onde _está agora_ o que os fez subir do mar com os
pastores do seu rebanho? onde _está_ o que punha no meio d’elles o seu
Espirito Sancto?

12 O que o braço [10] da sua gloria fez andar á mão direita de Moysés? o
que fendeu as aguas diante d’elles, para se fazer _um_ nome eterno?

13 O que os guiou pelos abysmos, como o cavallo no deserto; nunca
tropeçaram.

14 Como a besta _que_ desce aos valles, o Espirito do Senhor lhes deu
descanço: assim guiaste ao teu povo, [11] para te fazeres _um_ nome
glorioso.

15 Attenta [12] desde os céus, e olha desde a tua sancta e gloriosa
habitação. Onde _estão_ o teu zelo e as tuas [YC] forças? o arroido das
tuas entranhas, e das tuas misericordias, detem-se para comigo!

16 Porém [13] tu _és_ nosso Pae, ainda que Abrahão nos não conhece, e
Israel não nos reconhece: Tu, ó Senhor, _és_ nosso Pae; nosso Redemptor
desde a antiguidade _é_ o teu nome.

17 Porque, ó Senhor, [14] nos fazes errar dos teus caminhos? _Porque_
endureces o nosso coração, para que te não temamos? Torna, por amor dos
teus servos, ás tribus da tua herança.

18 _Só_ por um pouco de tempo _a_ possuiu o teu sancto [15] povo: nossos
adversarios pizaram o teu sanctuario.

19 Somos feitos _como aquelles_ sobre quem tu nunca dominaste, _e como_
os que nunca se chamaram pelo teu nome.

[1] Apo. 19.13.

[2] Lam. 1.15. Apo. 14.19, 20 e 19.15.

[3] cap. 34.8 e 61.2.

[4] cap. 41.28 e 59.16. João 16.32.

[5] Apo. 16.6.

[6] Exo. 14.19 e 23.20, 21 e 33.14. Act. 12.11.

[7] Deu. 7.7, 8. Exo. 19.4. Deu. 1.31 e 32.11, 12.

[8] Num. 14.11. Act. 7.51. Eph. 4.30.

[9] Exo. 14.30. Jer. 2.6. Num. 11.17, 25. Neh. 9.20.

[10] Exo. 15.6. Exo. 14.21. Jos. 3.16.

[11] II Sam. 7.23.

[12] Deu. 26.15. Ose. 11.8.

[13] Deu. 32.6. I Chr. 29.10. cap. 64.8.

[14] cap. 6.10. João 12.40. Rom. 9.18.

[15] Deu. 7.6 e 26.19. cap. 62.12. Dan. 8.24.



64 Oh! se fendesses os céus, _e_ descesses, [1] se os montes se escoassem
de diante da tua face!

2 Como o fogo [YD] de fundir arde, _e_ o fogo faz ferver as aguas, para
fazeres notorio o teu nome aos teus adversarios, _e assim_ as nações
tremessem da tua presença!

3 _Como_ quando [2] fazias coisas terriveis, _quaes_ nunca esperavamos,
_quando_ descias, _e_ os montes se escoavam de diante da tua face.

4 Porque desde a antiguidade não se [3] ouviu, nem com ouvidos se
percebeu, nem olho viu, fóra de ti, ó Deus, _o que_ ha de fazer áquelle
que o espera.

5 Saiste ao encontro áquelle que se alegrava [4] e praticava justiça _e
aos que_ se lembram de ti nos teus caminhos: eis que te enfureceste,
porque peccámos; n’elles ha eternidade, para que sejamos salvos.

6 Porém todos nós somos como o immundo, [5] e todas as nossas justiças
como trapo da immundicia; e todos nós caimos como a folha, e as nossas
culpas como um vento nos arrebatam.

7 E já ninguem _ha_ que invoque o teu nome, [6] que se desperte, para
pegar de ti; porque escondes de nós o teu rosto, e nos [YE] fazes
derreter, por causa das nossas iniquidades.

8 Porém agora, [7] ó Senhor, tu _és_ nosso Pae: nós o barro, e tu o nosso
oleiro; e todos nós a obra das tuas mãos.

9 Não te enfureças tanto, ó Senhor, nem perpetuamente te lembres da
iniquidade: eis, olha, peço-te, todos nós somos o teu povo.

10 As tuas sanctas cidades estão feitas um deserto: Sião está feita um
deserto, Jerusalem está assolada.

11 A nossa sancta [8] e gloriosa casa, em que te louvavam nossos paes,
foi queimada a fogo; e todas as nossas desejaveis coisas se tornaram em
assolação.

12 Conter-te-hias tu _ainda_ sobre estas coisas, ó Senhor? ficarias
calado, e nos opprimirias tanto?

[1] Jui. 5.5. Miq. 1.4.

[2] Jui. 5.4, 5. Hab. 3.3, 6.

[3] I Cor. 2.9.

[4] Act. 10.35. Mal. 3.6.

[5] Phi. 3.9.

[6] Ose. 7.7.

[7] cap. 63.16. cap. 29.16 e 45.9. Jer. 18.6. Rom. 9.20, 21. Eph. 2.10.

[8] II Reis 25.9. II Chr. 36.19.



_Deus promette ouvir a oração e conceder bençãos aos seus servos._

65 Fui buscado [1] dos que não perguntavam _por mim_, fui achado de
aquelles que me não buscavam: [2] a um povo que se não chamava do meu
nome eu disse: Eis-me aqui.

2 Estendi [3] as minhas mãos todo o dia a um povo rebelde, que caminha
por caminho não bom, após os seus pensamentos:

3 Povo que me irrita diante da minha face de continuo, [4] sacrificando
em jardins e queimando incenso sobre tijolos;

4 Assentando-se [5] junto ás sepulturas, e passando as noites junto aos
logares secretos: comendo carne de porco, e _tendo_ caldo de coisas
abominaveis nos seus vasos.

5 E dizem: [6] Tira-te lá, e não te chegues a mim, porque sou mais sancto
do que tu. Estes _são_ um fumo no meu nariz, um fogo que arde todo o dia.

6 Eis que _está_ escripto diante de mim: não me calarei; porém eu
pagarei, e pagarei no seu seio,

7 As vossas iniquidades, [7] e juntamente as iniquidades de vossos
paes, diz o Senhor, que queimaram incenso nos montes, e me affrontaram
nos outeiros; pelo que lhes tornarei a medir o galardão das suas obras
antigas no seu seio.

8 Assim diz o Senhor: Como quando se acha mosto n’um cacho de uvas,
dizem: Não o desperdices, [8] pois _ha_ benção n’elle; assim eu _o_ farei
por amor _de_ meus servos, que os não destrua a todos.

9 E produzirei semente de Jacob, e de Judah _um_ herdeiro, que possua os
meus montes; [9] e os meus eleitos herdarão a _terra_ e os meus servos
habitarão ali.

10 E Saron [10] servirá de curral de ovelhas, e o valle de Achor de
malhada de gados, para o meu povo, que me buscou.

11 Mas a vós, [11] os que vos apartaes do Senhor, os que vos esqueceis
do meu sancto monte, os que pondes a mesa [YF] ao exercito, e os que
misturaes a bebida para o [YG] numero,

12 Tambem eu vos [YH] contarei á espada, e todos vos encurvareis á
matança; [12] porquanto chamei, e não respondestes; fallei, e não
ouvistes; mas fizestes o _que_ mal _parece_ aos meus olhos, e escolhestes
aquillo em que não tinha prazer.

13 Pelo que assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis que os meus servos comerão,
porém vós padecereis fome: eis que os meus servos beberão, porém
vós tereis sêde: eis que os meus servos se alegrarão, porém vós vos
envergonhareis:

14 Eis que os meus servos exultarão do bom animo, [13] porém vós
gritareis de tristeza de animo; e uivareis [YI] pelo quebrantamento de
espirito.

15 E deixareis [14] o vosso nome aos meus eleitos por maldição; e o
Senhor JEHOVAH te matará; e a seus servos chamará por outro nome.

16 _Assim que_ [15] aquelle que se bemdisser na terra, se bemdirá no
Deus [YJ] da verdade; e aquelle que jurar na terra, jurará pelo Deus da
verdade; porque já estão esquecidas as angustias passadas, e porque _já_
estão encobertas de diante dos meus olhos.

17 Porque, [16] eis que eu crio céus novos e terra nova; e não haverá
_mais_ lembrança das coisas passadas, nem mais subirão ao coração.

18 Porém vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque
eis que crio a Jerusalem _uma_ alegria, e ao seu povo _um_ gozo.

19 E folgarei [17] em Jerusalem, e exultarei no meu povo; [18] e nunca
mais se ouvirá n’ella voz de choro nem voz de clamor.

20 Não haverá mais d’ali _n’ella_ mamante de _poucos_ dias, nem velho
que não cumpra os seus dias; porque o mancebo morrerá de cem annos; [19]
porém o peccador de cem annos será amaldiçoado.

21 E edificarão casas, e _as_ habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o
seu fructo.

22 Não edificarão [20] para que outros habitem; não plantarão para que
outros comam; porque os dias do meu povo _serão_ como os dias da arvore,
e os meus eleitos gozarão das obras das suas mãos até á velhice.

23 Não [21] trabalharão debalde, nem parirão para a [YK] perturbação;
porque _são_ a semente dos bemditos do Senhor, e os seus descendentes com
elles.

24 E será que antes que clamem eu responderei: estando elles ainda
fallando, eu os ouvirei.

25 O lobo [22] e o cordeiro se apascentarão ambos juntos, e o leão comerá
palha como o boi: [23] e pó _será_ a comida da serpente. Não farão mal
nem damno algum em todo o meu sancto monte, diz o Senhor.

[1] Rom. 10.20.

[2] cap. 63.19.

[3] Rom. 10.21.

[4] Deu. 32.21. cap. 1.29 e 66.17.

[5] cap. 66.17. Lev. 11.7.

[6] Luc. 5.30 e 18.11. Jud. 19.

[7] Exo. 20.5. Eze. 20.27, 28.

[8] Jos. 2.14.

[9] ver. 15, 2. Mat. 24.22. Rom. 11.5, 7.

[10] Jos. 7.24, 26. Ose. 2.15.

[11] cap. 56.7 e 57.13. ver. 25. Eze. 23.41. I Cor. 10.21.

[12] Pro. 1.24, etc. cap. 66.4. Jer. 7.13.

[13] Mat. 8.12. Luc. 13.28.

[14] Zac. 8.13. ver. 9. cap. 62.2.

[15] Jer. 4.2. Deu. 6.13. cap. 19.18 e 45.23. Sof. 1.5.

[16] cap. 51.16 e 66.22. II Ped. 3.13. Apo. 21.1.

[17] cap. 62.5.

[18] cap. 35.10 e 51.11. Apo. 7.17 e 21.4.

[19] Ecc. 8.12.

[20] Deu. 28.30. Amós 9.14.

[21] Deu. 28.41. cap. 61.9.

[22] cap. 11.6, 7, 9.

[23] Gen. 3.14.



_A rejeição final dos rebeldes._

66 Assim diz o Senhor: [1] Os céus _são_ o meu throno, e a terra o
escabello dos meus pés: qual _seria_ a casa que vós me edificarieis? e
qual _seria_ o logar do meu descanço?

2 Porque a minha mão fez todas estas coisas, e assim todas estas coisas
foram feitas, diz o Senhor; [2] mas para esse olharei, para o pobre e
abatido de espirito, e que treme da minha palavra.

3 Quem mata _um_ boi [3] _é como o que_ fere um homem; [4] quem sacrifica
um cordeiro _é como o que_ degola um cão; quem offerece uma oblação _é
como o que offerece_ sangue de porco; quem offerece incenso memorativo _é
como o que_ bemdiz a um idolo; tambem estes escolhem os seus _proprios_
caminhos, e a sua alma toma prazer nas suas abominações;

4 Tambem eu escolherei seus [YL] escarneos, farei vir sobre elles os
seus temores; [5] porquanto clamei e ninguem respondeu, fallei, e não
escutaram; mas fizeram _o que parece_ mal aos meus olhos, e escolheram
aquillo em que não tinha prazer.

5 Ouvi a palavra do Senhor, os que tremeis da sua palavra. Vossos
irmãos, que vos aborrecem e longe _de si_ vos separam por amor do meu
nome, dizem: Glorifique-se o Senhor; [YM] porém apparecerá para a vossa
alegria, e elles serão confundidos.

6 Uma voz de grande rumor _haverá_ da cidade, uma voz do templo, a voz do
Senhor, que dá o pago aos seus inimigos.

7 Antes que estivesse de parto, pariu; antes que lhe viessem as dores,
deu á luz um filho macho.

8 Quem _jámais_ ouviu tal coisa? quem viu coisas similhantes?
poder-se-hia fazer parir uma terra n’um _só_ dia? nasceria uma nação de
uma _só_ vez? mas _já_ Sião esteve de parto e já pariu seus filhos.

9 Abriria eu a madre, e não geraria? diz o Senhor: geraria eu, e
fechar-me-hia? diz o teu Deus.

10 Gozae-vos com Jerusalem, e alegrae-vos d’ella, vós todos os que a
amaes: alegrae-vos com ella de alegria, todos os que pranteastes por ella;

11 Para que mameis, e vos farteis dos peitos das suas consolações: para
que chupeis, e vos deleiteis com [YN] o resplandor da sua gloria.

12 Porque assim diz o Senhor: [6] Eis que estenderei sobre ella a paz
como um rio, e a gloria das nações como um ribeiro que trasborda; então
mamareis, [7] ao colo vos trarão, e sobre os joelhos vos afagarão.

13 Como alguem a quem consola sua mãe, assim eu vos consolarei; e em
Jerusalem vós sereis consolados.

14 E _o_ vereis e alegrar-se-ha o vosso coração, [8] e os vossos ossos
reverdecerão como a herva tenra: então a mão do Senhor será notoria aos
seus servos, e elle se indignará contra os seus inimigos.

15 Porque, [9] eis que o Senhor virá em fogo; e os seus carros como
um torvelinho; para tornar a sua ira em furor, e a sua reprehensão em
chammas de fogo.

16 Porque com fogo e com [10] a sua espada entrará o Senhor em juizo com
toda a carne; e os mortos do Senhor serão multiplicados.

17 Os que se sanctificam, [11] e se purificam nos jardins uns após os
outros, no meio _d’elles_: os que comem carne de porco, e a abominação, e
o rato: juntamente serão consumidos, diz o Senhor.

18 Porque conheço as suas obras e os seus pensamentos! o _tempo_ vem em
que ajuntarei todas as nações e linguas; e virão, e verão a minha gloria.

19 E porei entre elles um signal, e os que d’elles escaparem enviarei
ás nações, _a_ Tarsis, Pul, e Lud, frecheiros _a_ Tubal e Javan, até ás
ilhas de _mais_ longe, que não ouviram a minha fama, nem viram a minha
gloria; [12] e annunciarão a minha gloria entre as nações.

20 E trarão a todos os vossos irmãos, d’entre todas as nações, _de_
presente ao Senhor, sobre cavallos, e em carros, e em liteiras, e sobre
mulas, e sobre dromedarios, ao meu sancto monte, _a_ Jerusalem, diz o
Senhor: como _quando_ os filhos de Israel trazem os _seus_ presentes em
vasos limpos á casa do Senhor:

21 E tambem d’elles tomarei a alguns para sacerdotes [13] _e_ para
levitas, diz o Senhor.

22 Porque, [14] como os céus novos, e a terra nova, que hei de fazer,
estarão diante da minha face, diz o Senhor, assim _tambem_ ha de estar a
vossa semente e o vosso nome.

23 E será que desde _uma_ [15] lua nova até á outra, e desde _um_ sabbado
até ao outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor.

24 E sairão, [16] e verão os corpos mortos dos homens que prevaricaram
contra mim; porque o seu bicho nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará;
e serão em horror a toda a carne.

[1] I Reis 8.27. II Chr. 6.18. Mat. 5.34, 35. Act. 7.48, 49 e 17.24.

[2] Pro. 28.14. ver. 5.

[3] cap. 1.11.

[4] Deu. 23.18.

[5] Pro. 1.24. cap. 65.12. Jer. 7.13.

[6] cap. 48.18.

[7] cap. 60.19. cap. 49.22.

[8] Eze. 37.1, etc.

[9] cap. 9.5. II The. 1.8.

[10] cap. 27.1.

[11] cap. 65.3, 4.

[12] Mal. 1.11.

[13] Exo. 19.6. cap. 61.6. I Ped. 2.9. Apo. 1.6.

[14] cap. 65.17. II Ped. 3.13. Apo. 21.1.

[15] Zac. 14.16.

[16] ver. 16. Mar. 9.44, 46, 48.



JEREMIAS.



_A vocação e primeira visão de Jeremias._

[Antes de Christo 629]

1 Palavras de Jeremias, filho de Hilkias, [1] dos sacerdotes que
_estavam_ em Anathoth, na terra de Benjamin:

2 Ao qual veiu a palavra do Senhor, nos dias de Josias, filho d’Ammon,
rei de Judah, no decimo terceiro anno do seu reinado.

3 Assim _lhe_ veiu _tambem_ nos dias de Jeheiakim, filho de Josias, rei
de Judah, [2] até ao fim do anno undecimo de Zedekias, filho de Josias,
rei de Judah, [3] até que Jerusalem foi levada em captiveiro no quinto
mez.

4 Assim que veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

5 Antes que te formasse [4] no ventre, te conheci, e antes que saisses da
madre, te sanctifiquei; ás nações te dei por propheta.

6 Então disse _eu_: [5] Ah Senhor JEHOVAH! Eis que não sei fallar; porque
_ainda sou_ um menino.

7 Porém disse-me o Senhor: Não digas _que és_ um menino; porque aonde
quer que eu te enviar, irás; [6] e tudo quanto te mandar fallarás.

8 Não [7] temas diante d’elles; porque _estou_ comtigo para te livrar,
diz o Senhor.

9 E estendeu o Senhor a sua mão, [8] e tocou-me na bocca: e disse-me o
Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua bocca:

10 Olha, [9] ponho-te n’este dia sobre as nações, e sobre os reinos, para
arrancares, e para derribares, e para destruires, e para arruinares; e
tambem para edificares e para plantares.

11 Veiu a mim mais a palavra do Senhor, dizendo: Que _é o que_ vês,
Jeremias? E eu disse: Vejo _uma_ vara de amendoeira.

12 E disse-me o Senhor: Bem viste; porque apressurar-me-hei sobre a minha
palavra para cumpril-a.

13 E veiu a mim a palavra do Senhor segunda vez, dizendo: Que _é o que_
vês? E eu disse: [10] Vejo _uma_ panella fervente, cuja face _está_ para
a banda do norte.

14 E disse-me o Senhor: [11] Do norte se descobrirá o mal sobre todos os
habitantes da terra.

15 Porque eis que eu convoco [12] todas as familias dos reinos do norte,
diz o Senhor; e virão, e cada _um_ porá o seu throno á entrada das portas
de Jerusalem, e contra todos os seus muros em redor, e contra todas as
cidades de Judah.

16 E eu pronunciarei contra elles os meus juizos, por causa de toda a
sua malicia; [13] pois _me_ deixaram a mim, e queimaram incenso a deuses
estranhos, e se encurvaram diante das obras das suas mãos.

17 Tu, pois, [14] cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes tudo
quanto eu te mandar: [15] não sejas espantado diante d’elles, para que eu
te não espante diante d’elles.

18 Porque, eis que te ponho hoje por cidade [16] forte, e por columna
de ferro, e por muros de bronze, contra toda a terra; contra os reis de
Judah, contra os seus principes, contra os seus sacerdotes, e contra o
povo da terra.

19 E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu
_estou_ comtigo, diz o Senhor, para te livrar.

[1] Jos. 21.18. I Chr. 6.60. cap. 32.7, 8, 9.

[2] cap. 39.2.

[3] cap. 52.12, 15. II Reis 25.8.

[4] Isa. 49.1, 5. Exo. 33.12, 17. Luc. 1.15, 41. Gal. 1.15, 16.

[5] Exo. 4.10 e 6.12, 30. Isa. 6.5.

[6] Num. 22.20, 38.

[7] Eze. 2.6 e 3.9. ver. 17. Exo. 3.12. Deu. 31.6, 8. Jos. 1.5. cap.
15.20. Act. 26.17. Heb. 13.6.

[8] Isa. 6.7 e 51.16. cap. 5.14.

[9] cap. 18.7.

[10] Eze. 11.3, 7.

[11] cap. 4.6 e 6.1.

[12] cap. 5.15 e 6.22 e 10.22 e 25.9 e 39.3 e 43.10.

[13] Deu. 28.20. cap. 17.13.

[14] I Reis 18.46. II Reis 4.29 e 9.1. Job 38.3. Luc. 12.35. I Ped. 1.13.

[15] ver. 3. Eze. 2.6.

[16] cap. 6.27 e 15.20.



_Jeremias é enviado a Jerusalem para reprehender a sua rebellião._

2 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Vae, e clama aos ouvidos de Jerusalem, dizendo: Assim diz o Senhor:
Lembro-me de ti, [1] da beneficencia da tua mocidade, e do amor dos teus
desposorios, [2] quando andavas após mim no deserto, n’uma terra que se
não semeava.

3 _Então_ Israel [3] _era_ sanctidade para o Senhor, e as primicias da
sua novidade: todos os que comiam eram tidos por culpados; o mal vinha
sobre elles, diz o Senhor.

4 Ouvi a palavra do Senhor, ó casa de Jacob, e todas as familias da casa
de Israel:

5 Assim diz o Senhor: [4] Que injustiça acharam vossos paes em mim, para
se alongarem de mim, e se foram após a vaidade, e se tornaram levianos?

6 E não disseram: Onde está o Senhor, [5] que nos fez subir da terra do
Egypto? que nos guiou pelo deserto, por uma terra de charnecas, e de
covas, por uma terra de sequidão e sombra de morte, por uma terra pela
qual ninguem passava, e homem nenhum morava n’ella?

7 E eu vos introduzi [6] n’uma terra fertil, para comerdes o seu fructo
e o seu bem; [7] mas _quando_ entrastes _n’ella_ contaminastes a minha
terra, e da minha herança fizestes uma abominação.

8 Os sacerdotes não disseram: Onde _está_ o Senhor? [8] E os que
tratavam da lei não me conheciam, e os pastores prevaricavam contra mim,
e os prophetas prophetizavam por Baal, e andavam após _o que_ de nada
aproveita.

9 Portanto ainda [9] contenderei comvosco, diz o Senhor; e até com os
filhos de vossos filhos contenderei.

10 Porque, passae ás ilhas de Chittim, e vêde; e enviae a Kedar, e
attentae bem, e vêde se succedeu coisa similhante.

11 Houve [10] _alguma_ nação que tenha trocado os _seus_ deuses, ainda
que não _sejam_ deuses? Todavia o meu povo trocou a sua gloria pelo _que_
de nada aproveita.

12 Espantae-vos [11] d’isto, ó céus! e pasmae; _e_ sêde grandemente
assolados, diz o Senhor.

13 Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de
aguas vivas, e cavaram cisternas, [12] cisternas fendidas, que _já_ não
reteem aguas.

14 Acaso [13] _é_ Israel um servo, ou nascido em casa? porque _pois_ veiu
_a ser_ preza?

15 Os filhos de leão bramaram [14] sobre elle, levantaram a sua voz;
e pozeram a sua terra em assolação; as suas cidades se queimaram, _e_
ninguem habita _n’ellas_.

16 Até os filhos de Noph e de Tachphanes [15] te quebraram o alto da
cabeça.

17 _Porventura_ [16] tu não te fazes isto a ti mesmo? _pois_ deixas ao
Senhor teu Deus, no tempo em que elle te guia pelo caminho.

18 Agora, pois, que te importa a ti o caminho [17] do Egypto, para
beberes as aguas de Sihor? e que te importa a ti o caminho da Assyria,
para beberes as aguas do [YO] rio?

19 A tua malicia te castigará, e os teus apartamentos te reprehenderão:
sabe, pois, e vê, quão mal e amargo é deixares ao Senhor teu Deus, e não
teres o meu temor comtigo, diz o Senhor JEHOVAH dos Exercitos.

20 Quando eu _já_ ha muito quebrava o teu jugo, _e_ rompia as tuas
ataduras, dizias tu: [18] Nunca _mais_ transgredirei; comtudo em todo o
outeiro alto e debaixo de toda a arvore verde te andas encurvando _e_
fornicando.

21 Eu mesmo te [19] plantei por vide excellente, _e_ todo fiel semente:
como pois te tornaste para mim uma planta degenerada de vide estranha?

22 Pelo que ainda [20] que te laves com salitre, e amontoes sabão,
_comtudo_ a tua iniquidade está apontada diante de mim, diz o Senhor
JEHOVAH.

23 Como [21] dizes _logo_: Não estou contaminado nem andei após os
baalins? vê o teu caminho no valle, conhece o que fizeste: dromedaria
ligeira és, que anda torcendo os seus caminhos.

24 Jumenta montez, [22] acostumada ao deserto, que, conforme o desejo da
sua alma, sorve o vento, [YP] quem deteria o seu encontro? todos os que a
buscarem, não se cançarão; no mez d’ella a acharão.

25 Retem o teu pé de _ser_ descalço, e a tua garganta de _ter_ sêde: [23]
porém tu dizes: Não ha esperança: não; porque amo os estranhos, e após
elles andarei.

26 Como fica confundido o ladrão quando o apanham, assim se confundem
os da casa de Israel; elles, os seus reis, os seus principes, e os seus
sacerdotes, e os seus prophetas,

27 Que dizem ao páu: Tu _és_ meu pae; e á pedra: Tu me geraste; porque
me viraram as costas, e não o rosto: [24] porém no tempo do seu trabalho
dirão: Levanta-te, e livra-nos.

28 Onde pois _estão_ os teus deuses, [25] que fizeste para ti? que se
levantem, se te podem livrar no tempo do teu trabalho: porque os teus
deuses, ó Judah, são _tantos_ em numero _como_ as tuas cidades.

29 Porque [26] contendeis comigo? todos vós transgredistes contra mim,
diz o Senhor.

30 Em vão [27] castigareis os vossos filhos; não acceitarão o castigo: a
vossa espada devorou os vossos prophetas como um leão destruidor.

31 Oh geração! considerae vós a palavra do Senhor: [28] _porventura_
tenho eu sido para Israel um deserto? ou uma terra da mais espessa
escuridão? porque _pois_ diz o meu povo: [YQ] Temos determinado nunca
mais vir a ti.

32 _Porventura_ esquece-se a virgem dos seus enfeites, _ou_ a esposa dos
seus sendaes? [29] todavia o meu povo se esqueceu de mim, innumeraveis
dias.

33 Porque enfeitas o teu caminho, para buscares o amor? de sorte que até
ás malignas ensinaste os teus caminhos.

34 Até nas orlas _dos_ teus _vestidos_ se achou o sangue [30] das almas
dos innocentes e necessitados: o que não achei minando, [YR] mas em todas
estas coisas.

35 _E_ ainda dizes: [31] Devéras que estou innocente, pois _já_ a sua ira
se desviou de mim: eis que entrarei em juizo comtigo, porquanto dizes:
Não pequei.

36 Porque te desvias tanto, mudando o teu caminho? tambem do Egypto serás
envergonhada, como foste envergonhada da Assyria.

37 Tambem d’aquelle sairás com as mãos [32] sobre a tua cabeça; porque o
Senhor rejeitou as tuas confianças, e não prosperarás com ellas.

[1] Eze. 16.8, 22, 60 e 23.3, 8, 19. Ose. 2.15.

[2] Deu. 2.7.

[3] Exo. 19.5, 6. Thi. 1.18. Apo. 14.4. cap. 12.14 e 50.7.

[4] Miq. 6.3. II Reis 17.15. Jon. 2.8.

[5] Isa. 63.9, 11, 13. Ose. 13.4. Deu. 8.15 e 32.10.

[6] Num. 13.27 e 14.7, 8. Deu. 8.7, 8, 9.

[7] Lev. 18.25, 27, 28. Num. 35.33, 34.

[8] Mal. 2.6, 7. Rom. 2.20. cap. 23.13. ver. 11.

[9] Eze. 20.35, 36. Miq. 6.2.

[10] Miq. 4.5. Isa. 37.19. cap. 16.20. Rom. 1.23.

[11] Isa. 1.2.

[12] João 4.14.

[13] Exo. 4.22.

[14] Isa. 1.7. cap. 4.7.

[15] cap. 43.7, 8, 9.

[16] Deu. 32.10.

[17] Isa. 30.1, 2. Jos. 13.3.

[18] Deu. 12.2. Isa. 57.5, 7. cap. 3.6.

[19] Isa. 5.1, etc. e 60.21. Mat. 21.33. Mar. 12.1. Luc. 20.9.

[20] Job 9.30.

[21] Pro. 30.12.

[22] Job 39.5, etc. cap. 14.6.

[23] cap. 18.12. Deu. 32.16. cap. 3.13.

[24] Jui. 10.10.

[25] Deu. 32.37. Jui. 10.14. Isa. 45.2. cap. 11.13.

[26] ver. 5.

[27] II Chr. 36.16. Neh. 9.26. I The. 2.15.

[28] ver. 5.

[29] cap. 13.25. Ose. 8.14.

[30] cap. 19.4.

[31] ver. 23. ver. 9. I João 1.8, 10.

[32] II Sam. 13.19.



3 Dizem: Se um homem despedir sua mulher, e ella se fôr d’elle, [1] e se
ajuntar a outro homem, _porventura_ tornará a ella mais? _porventura_
aquella terra de todo se não profanaria? Ora, pois, [2] tu fornicaste
_com_ tantos amantes; ainda assim, torna para mim, diz o Senhor.

2 Levanta os teus olhos [3] aos altos, e vê onde não te prostituiste?
nos caminhos te assentavas para elles, como o arabe no deserto: assim
profanaste a terra com as tuas fornicações e com a tua malicia.

3 Pelo que foram [4] retiradas as chuvas, e chuva tardia não houve: porém
tu tens a testa de uma prostituta, _e_ não queres ter vergonha.

4 Ao menos desde agora não chamarás por mim, _dizendo_: Pae meu, [5] tu
_és_ o guia da minha mocidade?

5 _Porventura_ conservará elle para sempre _a ira_? ou _a_ guardará
continuamente? [6] Eis que fallas, e fazes as _ditas_ maldades, e
prevaleces.


_Israel e Judah são exhortados a arrepender-se com a promessa de
redempção._

[Antes de Christo 612]

6 Disse mais o Senhor nos dias do rei Josias: [7] Viste o que fez a
rebelde Israel? ella foi-se a todo o monte alto, e debaixo de toda a
arvore verde, e ali andou fornicando.

7 E [8] eu disse, depois que fez tudo isto: Volta para mim; porém não
voltou: [9] e viu _isto_ a sua aleivosa irmã Judah.

8 E vi, [10] quando por causa de tudo _isto_, em que commettera adulterio
a rebelde Israel, a despedi, e lhe dei o seu libello de divorcio, que
a aleivosa Judah, [11] sua irmã, não temeu; porém foi-se e tambem ella
mesmo fornicou.

9 E succedeu, pela [YS] fama da sua fornicação, que contaminou [12] a
terra; porque adulterou com a pedra e com o lenho.

10 E, comtudo, nem por tudo isso voltou para mim a sua aleivosa irmã
Judah, [13] de todo o seu coração, mas falsamente, diz o Senhor.

11 E o Senhor me disse: _Já_ a rebelde Israel justificou a sua alma mais
do que a aleivosa Judah.

12 Vae, _pois_, e apregoa estas palavras para a banda do norte, dize:
Volta, ó rebelde Israel, diz o Senhor, _e_ não farei cair a minha ira
sobre vós; porque benigno sou, diz o Senhor, _e_ não conservarei para
sempre a minha ira.

13 Mas [14] comtudo conhece a tua iniquidade, porque contra o Senhor teu
Deus transgrediste; e espalhaste os teus caminhos aos estranhos, [15]
debaixo de toda a arvore verde; e não déste ouvidos á minha voz, diz o
Senhor.

14 Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz o Senhor; [16] pois eu vos
desposei comigo; e vos tomarei, a um de uma cidade, e a dois de uma
geração; e vos levarei a Sião.

15 E vos darei pastores [17] segundo o meu coração, que vos apascentem
_com_ sciencia e _com_ intelligencia.

16 E succederá que, quando vos multiplicardes e fructificardes na terra
n’aquelles dias, diz o Senhor, nunca mais dirão: [18] A arca do concerto
do Senhor nem _lhes_ subirá ao coração; nem d’ella se lembrarão, nem _a_
visitarão; nem isto se fará mais.

17 N’aquelle tempo chamarão a Jerusalem o throno do Senhor, e todas as
nações se ajuntarão a ella, á causa do nome do Senhor em Jerusalem; e
nunca mais andarão segundo o proposito do seu coração maligno.

18 N’aquelles dias [19] irá a casa de Judah para a casa de Israel; e
virão juntas da terra do norte, para a terra que dei em herança a vossos
paes.

19 Bem dizia eu: Como te porei entre os filhos, [20] e te darei a terra
desejavel, a excellente herança dos exercitos das nações? Porém eu disse:
Pae meu, e de após mim te não desviarás.

20 Devéras, _como_ a mulher se aparta aleivosamente do seu companheiro,
[21] assim aleivosamente te houvestes comigo, ó casa de Israel, diz o
Senhor.

21 Nos logares altos [22] se ouviu uma voz, pranto _e_ supplicas dos
filhos de Israel; porquanto perverteram o seu caminho, _e_ se esqueceram
do Senhor seu Deus.

22 Tornae-vos, [23] ó filhos rebeldes, eu curarei as vossas rebelliões.
Eis-nos aqui, vimos a ti; porque tu _és_ o Senhor nosso Deus.

23 Devéras em vão _se confia_ nos outeiros _e_ na multidão das montanhas:
devéras no Senhor nosso Deus _está_ a salvação de Israel.

24 Porque a [YT] confusão devorou [24] o trabalho de nossos paes desde
a nossa mocidade: as suas ovelhas e as suas vaccas, os seus filhos e as
suas filhas.

25 Jazemos na nossa vergonha; e estamos cobertos da nossa confusão, [25]
porque peccámos contra o Senhor nosso Deus, nós e nossos paes, desde
a nossa mocidade até o dia de hoje; [26] e não démos ouvidos á voz do
Senhor nosso Deus.

[1] Deu. 24.4.

[2] cap. 2.20. Eze. 16.26, 28, 29. cap. 4.1. Zac. 1.3.

[3] Deu. 12.2. cap. 2.20. Pro. 23.28. Eze. 16.24, 25. cap. 2.7. ver. 9.

[4] Lev. 26.19. Deu. 28.23, 24. cap. 9.12 e 14.4.

[5] Pro. 2.17. cap. 2.2.

[6] Isa. 57.16.

[7] ver. 11, 14. cap. 2.20.

[8] II Reis 17.13.

[9] Eze. 16.46 e 23.2, 4.

[10] Eze. 23.9. II Reis 17.6, 18.

[11] Eze. 23.11, etc.

[12] cap. 2.7. ver. 2. cap. 2.27.

[13] Ose. 7.14.

[14] Lev. 26.40, etc. cap. 2.25.

[15] Deu. 12.2.

[16] cap. 31.32. Ose. 2.19, 20. Rom. 11.5.

[17] cap. 23.4. Eze. 34.23. Eph. 4.11.

[18] Isa. 65.17.

[19] Isa. 11.13. Eze. 37.16, 22. Ose. 1.11. ver. 12. cap. 31.8. Amós 9.15.

[20] Eze. 20.6. Isa. 13.16.

[21] cap. 5.11.

[22] Isa. 15.2.

[23] ver. 14. Ose. 6.1 e 14.4.

[24] cap. 11.13. Ose. 9.10.

[25] Esd. 9.7.

[26] cap. 22.21.



4 Se te converteres, ó Israel, diz o Senhor, [1] volta para mim: e, se
tirares as tuas abominações de diante de mim, não andarás mais vagueando,

2 E jurarás: [2] Vive o Senhor na verdade, no juizo e na justiça; e
n’elle se bemdirão as gentes, e n’elle se gloriarão.

3 Porque assim diz o Senhor aos homens de Judah e a Jerusalem: [3] Lavrae
para vós o campo de lavoura, e não semeeis entre espinhos.

4 Circumcidae-vos [4] ao Senhor, e tirae os prepucios do vosso coração, ó
homens de Judah e habitadores de Jerusalem, para que a minha indignação
não venha a sair como fogo, e arda, e não haja quem _a_ apague, por causa
da malicia das vossas obras.


_A invasão estrangeira annunciada e descripta._

5 Annunciae em Judah, e fazei ouvir em Jerusalem, e dizei, e tocae a
trombeta na terra, gritae em alta voz, e dizei: Ajuntae-vos, [5] e
entremos nas cidades fortes.

6 Arvorae a bandeira para Sião, retirae-vos em tropas, não estejaes
parados; porque eu trago um mal do norte, e [YU] um grande quebrantamento.

7 _Já_ um leão subiu [6] da sua ramada, e um destruidor das nações; elle
já partiu, _e_ saiu do seu logar para fazer da tua terra uma desolação;
que as tuas cidades sejam destruidas, e ninguem habite n’ellas.

8 Por isto cingi-vos [7] de saccos, lamentae, e uivae; porque o ardor da
ira do Senhor não se desviou de nós.

9 E succederá n’aquelle tempo, diz o Senhor, _que_ se desfará o coração
do rei e o coração dos principes; e os sacerdotes pasmarão, e os
prophetas se maravilharão.

10 Então disse eu: Ah Senhor JEHOVAH! [8] verdadeiramente enganaste
grandemente a este povo e a Jerusalem, dizendo: Tereis paz; e
chegas-_lhes_ a espada até á alma.

11 N’aquelle tempo se dirá a este povo e a Jerusalem: [9] Um vento secco
das alturas do deserto _veiu_ ao caminho da filha do meu povo; não para
padejar, nem para alimpar;

12 [YV] _Mas_ um vento me virá a mim, que lhes será mais vehemente: [10]
agora tambem eu pronunciarei juizos contra elles.

13 Eis que virá subindo como nuvens [11] e os seus carros como a
tormenta; os seus cavallos serão mais ligeiros do que as aguias; ai de
nós! que somos assolados!

14 Lava [12] o teu coração da malicia, ó Jerusalem, para que sejas salva;
até quando permanecerão no meio de ti os pensamentos da tua vaidade?

15 Porque uma voz annuncia desde Dan, e faz ouvir a calamidade desde o
monte de Ephraim.

16 D’isto fazei menção ás nações; eis aqui fazei-o ouvir contra
Jerusalem; _que_ vigias veem de uma terra remota, e levantarão a sua voz
contra as cidades de Judah.

17 Como as guardas de um campo, estão contra ella ao redor; porquanto
ella se rebellou contra mim, diz o Senhor.

18 O teu caminho [13] e as tuas obras te fizeram estas coisas: esta _é_ a
tua malicia, que _tão_ amargosa é que te chega até ao coração.

19 _Ah_ entranhas [14] minhas, entranhas minhas! estou com dôres [YW] no
meu coração! ruge em mim o meu coração, _já_ não me posso calar; porque
tu, ó alma minha, ouviste o som da trombeta _e_ o alarido da guerra.

20 [YX] Quebranto sobre quebranto [15] se apregoa: porque _já_ toda a
terra está destruida: de repente foram destruidas as minhas tendas, _e_
as minhas cortinas n’um momento.

21 Até quando verei a bandeira, _e_ ouvirei a voz da trombeta?

22 Devéras o meu povo _está_ louco, _já_ a mim me não conhecem; _são_
filhos [YY] nescios, e não entendidos: [16] sabios _são_ para mal fazer,
mas para bem fazer nada sabem.

23 Vi [17] a terra, _e_ eis que _estava_ assolada e vazia; e os céus, e
não tinham a sua luz.

24 Vi [18] os montes, e eis que _estavam_ tremendo; e todos os outeiros
estremeciam.

25 Vi, e eis que homem [19] nenhum _havia_; e _já_ todas as aves do céu
eram fugidas.

26 Vi, e eis que a terra fertil _era_ um deserto; e todas as suas cidades
estavam derribadas diante do Senhor, diante do furor da sua ira.

27 Porque assim diz o Senhor: Toda esta terra [20] será assolada: de
todo, porém, _a_ não consumirei.

28 Por isto lamentará [21] a terra, _e_ os céus em cima se ennegrecerão;
porquanto _assim o_ disse, _assim o_ propuz, e não me arrependi [22] nem
me desviarei d’isso.

29 Do clamor dos cavalleiros e dos frecheiros _já_ fugiram todas as
cidades; entraram pelas [YZ] nuvens, _e_ treparam pelos penhascos: todas
as cidades _ficaram_ desamparadas, e _já_ ninguem habita n’ellas.

30 Agora, _pois_, que farás, ó assolada? ainda que te vistas de carmezim,
ainda que te enfeites de enfeites de oiro, [23] ainda que te pintes _em
volta dos_ teus olhos com o antimonio, debalde te enfeitarias: _já_ os
amantes te desprezam, _e_ a vida te procurarão _tirar_.

31 Porquanto ouço uma voz, como de uma que está de parto, uma angustia
como da que está com dôres de parto do primeiro filho; a voz da filha de
Sião, offegante, que [24] estende as suas mãos, _dizendo_: Oh! ai de mim
agora, porque _já_ a minha alma desmaia por causa dos matadores.

[1] cap. 3.1, 22. Joel 2.12.

[2] Deu. 10.20. Isa. 45.23 e 65.16. cap. 5.2. Isa. 48.1. Zac. 8.8. Gen.
22.18. Gal. 3.8.

[3] Ose. 10.12. Mat. 13.22.

[4] Deu. 10.16 e 30.6. cap. 9.26. Rom. 2.28, 29. Col. 2.11.

[5] cap. 8.14.

[6] cap. 5.6. Dan. 7.4. cap. 25.9.

[7] Isa. 22.12. cap. 6.26.

[8] Eze. 14.9. cap. 14.13.

[9] Eze. 17.10. Ose. 13.15.

[10] cap. 1.16.

[11] Isa. 5.28. Deu. 28.49. Lam. 4.19. Ose. 8.1. Hab. 1.8.

[12] Isa. 1.16. Thi. 4.8.

[13] Isa. 50.1. cap. 2.17, 19.

[14] Isa. 15.5 e 16.11 e 21.3 e 22.4. cap. 9.1, 10.

[15] Eze. 7.26. cap. 10.20.

[16] Rom. 16.19.

[17] Isa. 24.19. Gen. 1.2.

[18] Isa. 5.25. Eze. 38.20.

[19] Sof. 1.3.

[20] cap. 5.10, 18 e 30.11 e 46.28.

[21] Ose. 4.3. Isa. 5.30 e 50.3.

[22] Num. 23.19.

[23] II Reis 9.30. Eze. 23.40.

[24] Isa. 1.15. Lam. 1.7.



5 Dae voltas ás ruas de Jerusalem, e vêde agora; e informae-vos, e buscae
pelas suas praças, [1] _a ver_ se achaes alguem, ou se ha _algum_ que
faça juizo _ou_ busque a verdade; e eu lhe perdoarei _a ella_.

2 E ainda que digam: [2] Vive o Senhor, comtudo falsamente juram.

3 Ah Senhor, [3] _porventura_ os teus olhos não _attentam_ para a
verdade? feriste-os, e não lhes doeu: consumiste-os, _e_ não quizeram
receber [ZA] castigo: endureceram as suas faces mais do que uma rocha;
não quizeram voltar.

4 Eu, porém, disse: Devéras pobres _são_ estes: estão enlouquecidos; [4]
pois não sabem o caminho do Senhor, o juizo do seu Deus.

5 Irei aos grandes, e fallarei com elles; [5] porque elles sabem
o caminho do Senhor, o juizo do seu Deus; porém estes juntamente
quebrantaram o jugo, e romperam as ataduras.

6 Por isso um leão [6] do bosque os feriu, um lobo dos desertos os
assolará; [7] um leopardo vigia contra as suas cidades: qualquer que sair
d’ellas será despedaçado; porque as suas transgressões se multiplicaram,
multiplicaram-se as suas apostasias.

7 Como, vendo isto, te perdoaria? teus filhos me deixam a mim [8] e juram
pelos que não _são_ deuses: quando os fartei, então adulteraram, e em
casa de meretriz se ajuntaram em tropas.

8 _Como_ cavallos [9] bem fartos, levantam-se pela manhã, rinchando cada
um á mulher do seu companheiro.

9 _Porventura_ [10] não faria visitação por estas coisas, diz o Senhor,
ou não se vingaria a minha alma de _uma_ nação como esta?

10 Subi aos seus muros, e destrui-os (porém não façaes uma destruição
final); tirae [ZB] as suas ameias; porque não _são_ do Senhor.

11 Porque aleivosissimamente se houveram contra mim [11] a casa de Israel
e a casa de Judah, diz o Senhor.

12 Negam [12] ao Senhor, e dizem: Não _é_ Elle: e; Nem nos sobrevirá mal,
nem veremos espada nem fome.

13 E até os prophetas pararão em vento, porque a palavra não _está_ com
elles: assim lhes succederá a elles mesmos.

14 Portanto assim diz o Senhor, o Deus dos Exercitos: Porquanto fallaste
tal palavra, [13] eis que converterei as minhas palavras na tua bocca em
fogo, e a este povo _em_ lenha, e os consumirá.

15 Eis que trarei sobre vós [14] uma nação de longe, ó casa de Israel,
diz o Senhor: _é_ uma nação robusta, _é_ uma nação antiquissima, uma
nação cuja lingua ignorarás, e não entenderás o que ella fallar.

16 A sua aljava _é_ como uma sepultura aberta: todos elles _são_ valentes.

17 E comerão a tua sega [15] e o teu pão, _que_ haviam de comer teus
filhos e tuas filhas; comerão as tuas ovelhas e as tuas vaccas; comerão
a tua vide e a tua figueira: as tuas cidades fortes, em que confiavas,
empobrecerão á espada.

18 Comtudo, ainda n’aquelles dias, diz o Senhor, [16] não farei de vós
_uma_ destruição final.

19 E succederá que, quando disserdes: [17] Porque nos fez o Senhor
nosso Deus todas estas coisas? então lhes dirás: Como vós me deixastes,
[18] e servistes a deuses estranhos na vossa terra, assim servireis a
estrangeiros, em terra _que_ não _é_ vossa.

20 Annunciae isto na casa de Jacob, e fazei-o ouvir em Judah, dizendo:

21 Ouvi [19] agora isto, ó povo louco, e sem coração, que tendes olhos e
não vêdes, que tendes ouvidos e não ouvis.

22 _Porventura_ me não temereis [20] a mim? diz o Senhor; não temereis
diante de mim, [21] que puz a areia por limite ao mar, por ordenança
eterna, a qual não traspassará? ainda que se levantem as suas ondas,
comtudo não prevalecerão; ainda que bramam, comtudo não a traspassarão.

23 Porém este povo _é_ de coração rebelde e pertinaz: _já_ se rebellaram
e se retiram.

24 E não dizem no seu coração: Temamos agora ao Senhor nosso Deus,
[22] que dá chuva, a temporã e a tardia, ao seu tempo; _e_ as semanas
determinadas da sega nos conserva.

25 As vossas iniquidades desviam estas coisas, e os vossos peccados
apartam de vós o bem.

26 Porque impios se acham entre o meu povo: [23] cada um anda espiando,
como se acaçapam os passarinheiros; armam laços perniciosos, _com que_
prendem os homens.

27 Como a gaiola _está_ cheia de passaros, assim _estão_ cheias as suas
casas de engano; por isso se engrandeceram, e enriqueceram.

28 Engordam-se, [24] alisam-se, e sobrepujam até os feitos dos malignos;
não julgam a causa do orphão; todavia prosperam: nem julgam o direito dos
necessitados.

29 _Porventura_ [25] sobre estas coisas não faria visitação? diz o
Senhor; não se vingaria a minha alma d’uma nação como esta?

30 Coisa espantosa [26] e horrenda se anda fazendo na terra.

31 Os prophetas prophetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas
mãos d’elles, e o meu povo assim o deseja: mas que fareis ao fim d’isto?

[1] Eze. 22.30, etc. Gen. 18.26.

[2] cap. 4.2.

[3] Isa. 1.5 e 9.13. cap. 2.30. Sof. 3.2.

[4] cap. 8.7.

[5] Miq. 3.1.

[6] cap. 4.7. Hab. 1.8. Sof. 3.3.

[7] Ose. 13.7.

[8] Jos. 23.7. Sof. 1.5. Deu. 32.21. Gal. 4.8. Deu. 32.15.

[9] Eze. 22.11. cap. 13.27.

[10] ver. 29. cap. 9.9.

[11] cap. 3.20.

[12] II Chr. 36.16. cap. 4.10 e 14.13.

[13] cap. 1.9.

[14] Deu. 28.49. Isa. 5.26.

[15] Lev. 26.16. Deu. 28.31, 33.

[16] cap. 4.27.

[17] Deu. 29.24, etc. cap. 13.22 e 16.10.

[18] cap. 2.13. Deu. 28.48.

[19] Isa. 6.9. Eze. 12.2. Mat. 13.14. João 12.40. Act. 28.26. Rom. 11.8.

[20] Apo. 15.4.

[21] Job 26.10 e 28.10, 11. Pro. 8.29.

[22] cap. 14.22. Mat. 5.45. Deu. 11.14. Joel 2.23. Gen. 8.22.

[23] Pro. 1.11, 17, 18. Hab. 1.15.

[24] Deu. 32.15. Isa. 1.23. Zac. 7.10.

[25] Job 12.6. ver. 9.

[26] Ose. 6.10.



6 Fugi em tropas, filhos de Benjamin, do meio de Jerusalem; e tocae a
buzina em Tekoa, [1] e levantae o facho sobre Beth-accerem: porque da
banda do norte apparece um mal e um grande quebrantamento.

2 A _uma mulher_ formosa e delicada assimilhei a filha de Sião.

3 _Mas_ a ella virão pastores com os seus rebanhos; [2] levantarão contra
ella tendas em redor, _e_ cada um apascentará no seu logar.

4 Preparae [3] a guerra contra ella, levantae-vos, e subamos ao pino do
meio-dia: ai de nós! que já declinou o dia, que _já_ se vão estendendo as
sombras da tarde.

5 Levantae-vos, e subamos de noite, e destruamos os seus palacios.

6 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos: Cortae arvores, e levantae
tranqueiras contra Jerusalem; esta _é_ a cidade _que_ ha de ser visitada,
mera oppressão ha no meio d’ella.

7 Como [4] a fonte produz as suas aguas, assim ella produz a sua malicia:
violencia e estrago se ouvem n’ella; enfermidade e feridas _ha_ diante de
mim continuadamente.

8 Corrige-te, ó Jerusalem, para [5] que a minha alma não se aparte de ti,
para que não te torne em assolação _e_ terra não habitada.

9 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Diligentemente rabiscarão os residuos
de Israel com a vinha: torna a tua mão, como o vindimador, aos cestos.

10 A quem fallarei e testemunharei, que ouça? [6] eis que os seus ouvidos
_estão_ incircumcisos, e _já_ não podem escutar; [7] eis que a palavra do
Senhor lhes _é_ coisa vergonhosa, _e já_ não gostam d’ella.

11 Pelo que _já_ estou cheio do furor do Senhor, [8] _e_ cançado de _o_
conter: derramal-o-hei sobre os meninos pelas ruas, e sobre o ajuntamento
dos mancebos juntamente; porque até o marido com a mulher serão presos,
_e_ o velho com o que está cheio de dias.

12 E as suas casas [9] passarão a outros, herdades e mulheres juntamente:
porque estenderei a minha mão contra os habitantes d’esta terra, diz o
Senhor.

13 Porque desde o menor d’elles até ao maior d’elles, [10] cada um se dá
á avareza; e desde o propheta até ao sacerdote, cada um usa de falsidade.

14 E curam [11] o quebrantamento da filha do meu povo levianamente,
dizendo: Paz, paz; e não _ha_ paz.

15 _Porventura_ envergonham-se [12] de fazerem abominação? antes de
maneira nenhuma são envergonhados, nem tão pouco sabem _que coisa é_
envergonhar-se; portanto cairão entre os que caem; no tempo da sua
visitação tropeçarão, diz o Senhor.

16 Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vêde, e perguntae pelas
[13] veredas antigas, qual _seja_ o bom caminho, e andae por elle; e
achareis descanço para a vossa alma: e dizem: Não andaremos _por elle_.

17 Tambem puz atalaias [14] sobre vós, _dizendo_: Estae attentos á voz da
buzina: e dizem: Não escutaremos.

18 Portanto ouvi, vós, nações; e informa-te tu, ó congregação, do que _se
faz_ entre elles!

19 Ouve tu, ó terra! [15] Eis que eu trarei mal sobre este povo, _a
saber_, o fructo dos seus pensamentos; porque não estão attentos ás
minhas palavras, e rejeitam a minha lei.

20 Para que pois me virá [16] o incenso de Saba [17] e a melhor cana
aromatica de terras remotas? vossos holocaustos não _me_ agradam, nem me
são suaves os vossos sacrificios.

21 Portanto assim diz o Senhor: Eis que armarei a este povo tropeços;
e tropeçarão n’elles paes e filhos juntamente: o visinho e o seu
companheiro; e perecerão.

22 Assim diz o Senhor: [18] Eis que um povo vem da terra do norte, e uma
grande nação se levantará das bandas da terra.

23 Arco e lança trarão, crueis _são_, e não usarão de misericordia, [19]
a sua voz rugirá como o mar, e em cavallos irão montados, dispostos como
homens de guerra contra ti, ó filha de Sião.

24 _Já_ ouvimos a sua fama, [20] affrouxaram-se as nossas mãos; _já_
angustia nos tomou, _e_ dôres como da _mulher_ que _está_ de parto.

25 Não saias ao campo, nem andeis pelo caminho; porque espada do inimigo
_e_ espanto _ha_ ao redor.

26 Ó filha do meu povo, [21] cinge-te de sacco, e revolve-te na cinza:
pranteia _como_ por _um filho_ unico, pranto de amarguras; porque presto
virá o destruidor sobre nós.

27 _Por_ torre de guarda [22] te puz entre o meu povo, _por_ fortaleza,
para que soubesses e examinasses o seu caminho.

28 Todos [23] elles _são_ os mais rebeldes; que andam murmurando; _são
duros como_ bronze e ferro: todos elles _são_ corruptores.

29 _Já_ o folle se queimou, o chumbo se consumiu com o fogo: em vão
fundiu o _fundidor_ tão diligentemente, pois os maus não são arrancados.

30 Prata rejeitada lhes chamarão, porque o Senhor os rejeitou.

[1] cap. 1.14 e 4.6.

[2] II Reis 25.1, 4.

[3] cap. 51.27. Joel 3.9. cap. 15.8.

[4] cap. 20.8. Eze. 7.11, 23.

[5] Eze. 23.18. Ose. 9.12.

[6] cap. 7.26. Act. 7.51. Exo. 6.12.

[7] cap. 20.5.

[8] cap. 20.9. cap. 9.21.

[9] Deu. 28.30. cap. 8.10.

[10] Isa. 56.11.

[11] cap. 8.11. Eze. 13.10. cap. 4.10 e 14.13 e 23.17.

[12] cap. 3.3 e 8.12.

[13] cap. 18.15. Mat. 11.29.

[14] Isa. 21.11 e 58.1. cap. 25.4. Eze. 3.17. Hab. 2.1.

[15] Isa. 1.2.

[16] Isa. 66.3. Amós 5.21. Miq. 6.6, etc.

[17] Isa. 60.6. cap. 7.21.

[18] cap. 1.15 e 5.15 e 10.22 e 50.41.

[19] Isa. 5.30.

[20] cap. 4.31 e 13.21.

[21] cap. 4.8. Zac. 12.10.

[22] cap. 1.18 e 15.20.

[23] cap. 9.4. Eze. 22.18.



_Promessas e ameaças proferidas á porta do templo._

[Antes de Christo 600]

7 A palavra que foi _dita_ a Jeremias pelo Senhor, dizendo:

2 Põe-te [1] á porta da casa do Senhor, e proclama ali esta palavra, e
dize: Ouvi a palavra do Senhor, _ó_ todo Judah, os que entraes por estas
portas, para adorardes ao Senhor.

3 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel: [2] Melhorae os
vossos caminhos e as vossas obras, e vos farei habitar n’este logar.

4 Não vos fieis [3] em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo
do Senhor, templo do Senhor são estes.

5 Mas, se devéras melhorardes os vossos caminhos e as vossas obras, [4]
se devéras fizerdes juizo entre um homem e entre o seu companheiro,

6 Não opprimirdes o estrangeiro, e orphão, e viuva, nem derramardes
sangue innocente n’este logar [5] nem andardes após os deuses alheios
para vosso mal,

7 Eu vos farei habitar [6] n’este logar, na terra que dei a vossos paes,
de seculo em seculo.

8 Eis que vós confiaes [7] nas palavras falsas, que não aproveitam para
nada.

9 _Porventura_ furtareis, [8] e matareis, e adulterareis, e jurareis
falsamente, e queimareis incenso a Baal, e andareis após os deuses
alheios, a quem não conheceis?

10 E _então_ vireis, [9] e vos poreis diante de mim n’esta casa, que se
chama pelo meu nome, e direis: Somos [ZC] entregues para fazermos todas
estas abominações.

11 É pois [10] esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de
salteadores aos vossos olhos? eis que tambem eu _o_ vi, diz o Senhor.

12 Porque ide agora ao meu logar, [11] que _estava_ em Silo, onde fiz
habitar o meu nome ao principio, e vêde o que lhe fiz, por causa da
maldade do meu povo Israel.

13 Agora, pois, porquanto fazeis todas estas obras, diz o Senhor, e eu
vos fallei, [12] madrugando, e fallando, e não ouvistes, e chamei-vos, e
não respondestes,

14 Farei tambem a esta casa, que se chama pelo meu nome, em que confiaes,
e a este logar, que vos dei [13] a vós e a vossos paes, como fiz a Silo.

15 E vos lançarei de diante da minha face, [14] como lancei a todos os
vossos irmãos, a toda a geração d’Ephraim.

16 Tu pois não ores [15] por este povo, nem levantes por elle clamor nem
oração, nem me importunes, [16] porque eu não te ouvirei.

17 _Porventura_ tu não vês o que andam fazendo nas cidades de Judah, e
nas ruas de Jerusalem?

18 Os filhos [17] apanham a lenha, e os paes accendem o fogo, e as
mulheres amassam a massa, para fazerem bolos á rainha dos céus, e
offerecem [18] libações a deuses alheios, para me provocarem á ira.

19 _Acaso_ [19] elles a mim me provocam á ira? diz o Senhor, e não
_antes_ a si mesmos, para confusão dos seus rostos?

20 Portanto assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis que a minha ira e o meu furor
se derramarão sobre este logar, sobre os homens e sobre as bestas, e
sobre as arvores do campo, e sobre os fructos da terra; e accender-se-ha,
e não se apagará.

21 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel: [20] Ajuntae os
vossos holocaustos aos vossos sacrificios, e comei carne.

22 Porque [21] nunca fallei a vossos paes, no dia em que vos tirei da
terra do Egypto, nem lhes ordenei coisa alguma ácerca de holocaustos ou
sacrificios.

23 Porém esta coisa lhes ordenei, dizendo: [22] Dae ouvidos á minha voz,
e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; e andae em todo o
caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem.

24 Porém não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos, [23] mas andaram
nos _seus proprios_ conselhos, no proposito do seu coração malvado; _e_
tornaram-se para traz, e não para diante.

25 Desde o dia em que vossos paes sairam da terra do Egypto, até _ao
dia_ de hoje, [24] enviei-vos todos os meus servos, os prophetas, cada
dia madrugando e enviando-os;

26 Porém não me deram [25] ouvidos, nem inclinaram os seus ouvidos, mas
endureceram a sua cerviz, _e_ fizeram peior do que seus paes.

27 Fallar-lhes-has [26] pois todas estas palavras, mas não te darão
ouvidos; chamal-os-has, mas não te responderão.

28 E lhes dirás: Esta _é_ gente que não dá ouvidos á voz do Senhor seu
Deus [27] e não acceita castigo: _já_ pereceu a verdade, e se arrancou da
sua bocca.

29 Tosquia [28] o cabello da tua cabeça, e lança-_o_ fóra, e levanta _o
teu_ pranto sobre as alturas; porque _já_ o Senhor rejeitou e desamparou
a geração do seu furor;

30 Porque os filhos de Judah fizeram o _que parece_ mal aos meus olhos,
diz o Senhor; [29] pozeram as suas abominações na casa que se chama pelo
meu nome, para contaminal-a.

31 E edificaram [30] os altos de Topheth, que _está_ no valle do filho de
Hinnom, para queimarem no fogo a seus filhos e a suas filhas; o que nunca
ordenei, nem me subiu sobre o coração.

32 Portanto, [31] eis que veem dias, diz o Senhor, em que nunca se
chamará mais Topheth, nem valle do filho de Hinnom, mas o valle da
matança; [32] e enterrarão em Topheth, por não _haver_ logar.

33 E os cadaveres [33] d’este povo servirão de pasto ás aves dos céus e
aos animaes da terra; e ninguem _os_ espantará.

34 E farei [34] cessar das cidades de Judah, e das ruas de Jerusalem, a
voz de folguedo, e a voz de alegria, a voz de esposo e a voz de esposa;
[35] porque a terra se tornará em desolação.

[1] cap. 26.2.

[2] cap. 18.11 e 26.13.

[3] Miq. 3.11.

[4] cap. 22.3.

[5] Deu. 6.14, 15 e 8.19 e 11.28. cap. 13.10.

[6] Deu. 4.40. cap. 3.18.

[7] ver. 4. cap. 5.31 e 14.13, 14.

[8] I Reis 18.21. Ose. 4.1, 2. Sof. 1.5. ver. 6. Exo. 20.3.

[9] Eze. 23.39. ver. 11, 14, 30. cap. 32.34 e 34.15.

[10] Isa. 56.7. Mar. 21.13. Mar. 11.17. Luc. 19.46.

[11] Jos. 18.1. Jui. 18.31. Deu. 12.11. I Sam. 4.10, 11. cap. 26.

[12] II Chr. 36.15. ver. 25. cap. 11.7. Isa. 65.12 e 66.4.

[13] I Sam. 4.10, 11. cap. 26.6.

[14] II Reis 17.23.

[15] Exo. 32.10. cap. 11.14 e 14.11.

[16] cap. 15.1.

[17] cap. 44.17, 19.

[18] cap. 19.13.

[19] Deu. 32.16, 21.

[20] Isa. 1.11. cap. 6.20. Amós 5.21. Ose. 8.13.

[21] I Sam. 15.22. Ose. 6.6.

[22] Exo. 15.26. Deu. 6.3. cap. 11.4, 7. Exo. 19.5. Lev. 26.12.

[23] Deu. 29.19. cap. 2.27 e 32.33. Ose. 4.16.

[24] II Chr. 36.15. cap. 25.4 e 29.19. ver. 13.

[25] ver. 24. Neh. 9.17, 29. cap. 19.15. cap. 16.12.

[26] Eze. 2.7.

[27] cap. 5.3 e 32.33. cap. 9.3.

[28] Job 1.20. Isa. 15.2. cap. 16.6 e 48.37. Miq. 1.16.

[29] II Reis 21.4, 7. II Chr. 33.4, 5, 7. cap. 32.34.

[30] II Reis 23.10. cap. 19.5 e 32.35.

[31] cap. 19.6.

[32] II Reis 23.10. cap. 19.11.

[33] Deu. 28.26.

[34] Isa. 24.7, 8. cap. 16.9 e 25.10 e 33.11. Eze. 26.13. Ose. 2.11. Apo.
18.23.

[35] Lev. 26.33. Isa. 1.7 e 3.26.



8 N’aquelle tempo, diz o Senhor, tirarão os ossos dos reis de Judah, e
os ossos dos seus principes, e os ossos dos sacerdotes, e os ossos dos
prophetas, e os ossos dos habitantes de Jerusalem para fóra das suas
sepulturas;

2 E expôl-os-hão ao sol, e á lua, e a todo o exercito do céu, a quem
tinham amado, e a quem tinham servido, e após quem tinham ido, [1] e
a quem tinham buscado e diante de quem se tinham prostrado: não serão
recolhidos nem sepultados; serão por esterco sobre a face da terra.

3 E escolher-se-ha antes a morte [2] do que a vida de todo o resto dos
que restarem d’esta raça maligna, em todos os logares dos que restam,
onde os lancei, diz o Senhor dos Exercitos.


_A apostasia do povo de Deus. O castigo é inevitavel._

4 Dize-lhes mais: Assim diz o Senhor: _Porventura_ cairão e não se
tornarão a levantar? desviar-se-hão, e não voltarão?

5 Porque _pois_ se desvia [3] este povo de Jerusalem _com uma_ apostasia
_tão_ continua? retem o engano, não quer voltar.

6 _Bem_ escutei [4] e ouvi; não fallam o _que é_ recto, ninguem ha que se
arrependa da sua maldade, dizendo: Que fiz eu? Cada um se volta para a
sua carreira, como um cavallo que arremette com impeto na batalha.

7 Até a cegonha [5] no céu conhece os seus tempos determinados; e a rola,
e o grou e a andorinha attentam para o tempo da sua vida; [6] mas o meu
povo não conhece o juizo do Senhor.

8 Como pois dizeis: Nós _somos_ sabios, [7] e a lei do Senhor _está_
comnosco? eis que devéras em vão trabalha a falsa penna dos escribas.

9 Os sabios foram envergonhados, [8] foram espantados e presos: eis que
rejeitaram a palavra do Senhor; que sabedoria pois teriam?

10 Portanto darei [9] suas mulheres a outros, _e_ as suas herdades a quem
as possua; [10] porque desde o menor até ao maior cada um d’elles se dá
á avareza; desde o propheta até ao sacerdote, cada um d’elles usa de
falsidade.

11 E curam [11] a quebradura da filha de meu povo levianamente, dizendo:
Paz, paz; e não _ha_ paz.

12 _Porventura_ [12] envergonham-se de fazerem abominação? antes de
maneira nenhuma se envergonham, nem sabem que coisa _é_ envergonhar-se;
portanto cairão entre os que caem _e_ tropeçarão no tempo da sua
visitação, diz o Senhor.

13 Certamente os apanharei, diz o Senhor: [13] _já_ não _ha_ uvas na
vide, nem figos na figueira, e até a folha caiu; e o _que_ lhes dei
passará d’elles.

14 Porque nos assentamos _aqui_? juntae-vos [14] e entremos nas cidades
fortes, e ali nos calemos; pois _já_ o Senhor nosso Deus nos fez calar
[15] e nos deu a beber agua de fel; porquanto peccámos contra o Senhor.

15 Espera-se [16] a paz, mas não _ha_ bem: o tempo da cura, e eis o
terror.

16 _Já_ desde [17] Dan se ouve o ronco dos seus cavallos: toda a terra
_está_ tremendo á voz dos rinchos dos seus fortes; e veem, e devoram a
terra, e a abundancia n’ella, a cidade e os que habitam n’ella.

17 Porque eis que envio entre vós serpentes e basiliscos, contra os quaes
não _ha_ encantamento, e vos morderão, diz o Senhor.

18 [ZD] O meu refrigerio _está_ em tristeza: o meu coração desfallece em
mim.

19 Eis que a voz do clamor da filha do meu povo _já se ouve_ da terra
[18] mui remota; _porventura_ não _está_ o Senhor em Sião? ou não _está_
o seu rei n’ella? porque me provocaram á ira com as suas imagens de
esculptura, com as vaidades dos alheios.

20 _Já_ se passou a sega, _já_ se acabou o verão, e nós não estamos
salvos.

21 _Já_ estou quebrantado pela quebradura [19] da filha do meu povo: _já_
ando de preto: o espanto se apoderou de mim.

22 _Porventura_ não _ha_ unguento [20] em Gilead? ou não _ha_ lá medico?
porque pois não teve logar a cura da filha do meu povo?

[1] II Reis 23.5. Eze. 8.16. cap. 22.19.

[2] Job 3.21, 22. Apo. 9.6.

[3] cap. 9.6. cap. 5.3.

[4] II Ped. 3.9.

[5] Isa. 1.3. Can. 2.12.

[6] cap. 5.4, 5.

[7] Rom. 2.17.

[8] cap. 6.15.

[9] Deu. 28.30. cap. 6.12. Amós 5.11. Sof. 1.13.

[10] Isa. 56.11. cap. 6.13.

[11] cap. 6.14. Eze. 13.10.

[12] cap. 6.15.

[13] Isa. 5.1, etc. Joel 1.7. Mat. 21.19. Luc. 13.6, etc.

[14] cap. 4.5.

[15] cap. 9.15 e 23.15.

[16] cap. 14.19.

[17] cap. 4.15. Jui. 5.22. cap. 47.3.

[18] Isa. 39.3. Isa. 1.4.

[19] cap. 9.1 e 14.17. Joel 2.6.

[20] Gen. 37.25 e 43.11 e 51.8.



9 Oxalá a minha [1] cabeça se tornasse _em_ aguas, e os meus olhos n’uma
fonte de lagrimas! então choraria de dia e de noite os mortos da filha do
meu povo.

2 Oxalá tivesse no deserto _uma_ estalagem de caminhantes! então
deixaria o meu povo, e me apartaria d’elle, [2] porque todos elles _são_
adulteros, _e_ um bando d’aleivosos.

3 E estendem [3] a sua lingua _como_ o seu arco, _para_ mentira;
fortalecem-se na terra, porém não para verdade; porque se avançam de
malicia em malicia, [4] e a mim me não conhecem, diz o Senhor.

4 Guardae-vos cada um [5] do seu amigo, e de irmão nenhum vos fieis;
porque todo o irmão não faz mais do que enganar, [6] e todo o amigo anda
calumniando.

5 E zombará cada um do seu amigo, e não fallam a verdade: ensinam a sua
lingua a fallar a mentira, andam-se cançando em obrar perversamente.

6 A tua habitação _está_ no meio do engano: com engano recusam
conhecer-me, diz o Senhor.

7 Portanto assim diz o Senhor dos Exercitos: [7] Eis que eu os fundirei e
os provarei; porque, como _d’outra maneira_ faria com a filha do meu povo?

8 Uma frecha mortifera [8] _é_ a sua lingua, falla engano: com a sua
bocca falla _de_ paz com o seu companheiro, mas no seu interior arma-lhe
ciladas.

9 _Porventura_ [9] por estas coisas não os visitaria? diz o Senhor; ou
não se vingaria a minha alma de gente tal como esta?

10 Sobre os montes levantarei choro e pranto, [10] e sobre as cabanas do
deserto lamentação; porque _já_ estão queimadas, _e_ ninguem ha que passe
_por ali_, nem ouçam berro de gado: [11] _já_ desde as aves dos céus, até
ás bestas, andaram vagueando, _e_ fugiram.

11 E farei de Jerusalem [12] montões _de pedras_, morada de [ZE] dragões,
e das cidades de Judah farei uma assolação, de sorte que não _haja_
habitante.

12 Quem _é_ o homem sabio, que entenda isto? e a quem fallou a bocca do
Senhor, que o possa annunciar? porque razão pereceu a terra, e se queimou
como deserto, sem que ninguem passe _por ella_.

13 E disse o Senhor: Porquanto deixaram a minha lei, que dei perante a
sua face, e não deram ouvidos á minha voz, nem andaram conforme ella,

14 Antes andaram após [13] o proposito do seu coração, e após os baalins,
[14] o que lhes ensinaram os seus paes,

15 Portanto assim diz o Senhor dos Exercitos, Deus d’Israel: [15] Eis que
darei de comer alosna a este povo, e lhe darei a beber agua de fel.

16 E os espalharei [16] entre nações, que não conheceram, nem elles nem
seus paes, e mandarei a espada após elles, até que venha a consumil-os.

17 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Considerae, [17] e chamae
carpideiras que venham; e enviae por sabias, para que venham.

18 E se apressem, e levantem o _seu_ lamento sobre nós; [18] e
desfaçam-se os nossos olhos em lagrimas, e as nossas palpebras se
distillem em aguas.

19 Porque uma voz de pranto se ouviu de Sião: Como somos destruidos!
estamos mui envergonhados, porque deixámos a terra, [19] porquanto
transtornaram as nossas moradas.

20 Ouvi pois, vós, mulheres, a palavra do Senhor, e os vossos ouvidos
recebam a palavra da sua bocca: e ensinae o pranto a vossas filhas, e
cada uma á sua companheira a lamentação.

21 Porque _já_ a morte subiu pelas nossas janellas, e entrou em nossos
palacios, [20] para exterminar os meninos das ruas e os mancebos das
praças.

22 Falla: [21] Assim diz o Senhor: Até os cadaveres dos homens jazerão
como esterco sobre a face do campo, e como gavela detraz do segador, e
não ha quem a recolha.

23 Assim diz o Senhor: [22] Não se glorie o sabio na sua sabedoria,
nem se glorie o valente na sua valentia; não se glorie o rico nas suas
riquezas.

24 Mas [23] o que se gloriar glorie-se n’isto, em que _me_ entende e me
conhece, que eu _sou_ o Senhor, que faço beneficencia, juizo e justiça na
terra; [24] porque d’estas coisas me agrado, diz o Senhor.

25 Eis que veem dias, diz o Senhor, [25] e visitarei a todo o
circumcidado [ZF] com o incircumciso.

26 Ao Egypto, e a Judah, e a Edom, e aos filhos d’Ammon, e a Moab, [26]
e a todos os [ZG] que moram nos ultimos cantos _da terra_, que habitam
no deserto; porque todas as nações _são_ incircumcisas, e toda a casa
d’Israel _é_ incircumcisa de coração.

[1] Isa. 22.4. cap. 13.17 e 14.17. Lam. 2.11 e 3.48.

[2] cap. 5.7, 8.

[3] Isa. 59.4, 13, 15.

[4] Ose. 4.1.

[5] cap. 12.6.

[6] cap. 6.28.

[7] Mal. 3.3.

[8] ver. 3.

[9] cap. 5.9, 29.

[10] cap. 12.4. Ose. 4.3.

[11] cap. 4.25.

[12] Isa. 25.2. Isa. 13.22 e 34.13. cap. 10.22.

[13] cap. 3.17 e 7.24.

[14] Gal. 1.14.

[15] cap. 8.14 e 23.15. Lam. 3.15, 19.

[16] cap. 44.27. Eze. 5.2, 12.

[17] II Chr. 35.25. Ecc. 12.5. Amós 5.16.

[18] cap. 14.17.

[19] Lev. 18.28 e 20.22.

[20] cap. 6.11.

[21] cap. 8.2 e 16.4.

[22] Ecc. 9.11.

[23] I Cor. 1.31. II Cor. 10.17.

[24] Miq. 6.8 e 7.18.

[25] Rom. 2.8, 9.

[26] cap. 25.23 e 49.32. Eze. 44.7. Rom. 2.28, 29.



_Os idolos e o Senhor._

[Antes de Christo 608]

10 Ouvi a palavra que o Senhor vos falla a vós, ó casa d’Israel.

2 Assim diz o Senhor: [1] Não aprendaes o caminho das nações, nem vos
espanteis dos signaes dos céus: porque com elles se atemorisam as nações.

3 Porque os estatutos dos povos _são_ vaidade: [2] pois corta-se do
bosque um madeiro, obra das mãos do artifice, com machado;

4 Com prata e com oiro o enfeitam, [3] com pregos e com martelos o
firmam, para que não se abale.

5 _São_ como a palma da obra magica, [4] porém não podem fallar;
necessitam de ser levados _aos hombros_, porquanto não podem andar; não
tenhaes temor d’elles, pois não podem fazer mal, nem tão pouco teem poder
de fazer bem.

6 Pois ninguem [5] _ha_ similhante a ti, ó Senhor: tu _és_ grande, e
grande o teu nome em força.

7 Quem [6] te não temeria a ti, ó Rei das nações? pois isto te compete a
ti; porquanto entre todos os sabios das nações, e em todo o seu reino,
não _ha_ similhante a ti.

8 Pois juntamente _todos_ se embruteceram [7] e vieram a enlouquecer:
ensino de vaidades _é_ o madeiro.

9 Trazem prata estendida de Tarsis [8] e oiro d’Uphaz, _para_ obra do
artifice, e das mãos do fundidor: _fazem_ seus vestidos d’azul celeste e
purpura; obra de sabios _são_ todos elles.

10 Porém o Senhor Deus _é_ a verdade; elle mesmo _é_ o Deus vivo e o Rei
eterno; do seu furor treme a terra, e as nações não podem supportar a sua
indignação.

11 Assim lhes direis: [9] Os deuses que não fizeram os céus e a terra
perecerão da terra e de debaixo d’este céu.

12 _Elle é aquelle_ que [10] fez a terra com o seu poder, que estabeleceu
o mundo com a sua sabedoria, e com a sua intelligencia estendeu os céus.

13 Dando elle a [11] _sua_ voz, _logo_ ha arroido de aguas no céu, e faz
subir os vapores da extremidade da terra: faz os relampagos _juntamente_
com a chuva, e faz sair o vento dos seus thesouros.

14 Todo [12] o homem se embruteceu, e não tem sciencia; envergonha-se
todo o fundidor da imagem d’esculptura; [13] porque sua imagem fundida
mentira _é_, e não _ha_ espirito n’ellas.

15 Vaidade são, [14] obra d’enganos: no tempo da sua visitação virão a
perecer.

16 Não _é_ similhante a estes a porção [15] de Jacob; porque elle _é_ o
que o formou, e Israel _é_ a vara da sua herança: Senhor dos Exercitos é
o seu nome.

17 Ajunta da terra a tua mercadoria, ó moradora na fortaleza.

18 Porque assim diz o Senhor: Eis que d’esta vez lançarei [16] _como_
com funda aos moradores da terra, e os angustiarei, para que venham a
achal-_o_, _dizendo_:

19 Ai [17] de mim por causa do meu quebrantamento! a minha chaga _me_
causa grande dôr; e eu havia dito: Certamente enfermidade _é_ esta que
poderei supportar.

20 _Já_ a minha tenda _está_ destruida, e todas as minhas cordas se
romperam; _já_ os meus filhos sairam de mim, e não são; ninguem ha mais
que estenda a minha tenda, nem que levante as minhas cortinas.

21 Porque os pastores se embruteceram, e não buscaram ao Senhor: por isso
não prosperaram, e todos os seus gados se espalharam.

22 Eis que vem uma voz de fama, [18] grande tremor da terra do norte,
para fazer das cidades de Judah uma assolação, uma morada de [ZH] dragões.

23 _Bem_ sei eu, ó Senhor, [19] que _não é_ do homem o seu caminho nem do
homem que caminha o dirigir os seus passos.

24 Castiga-me, [20] ó Senhor, porém com medida, não na tua ira, para que
me não reduzas a nada.

25 Derrama [21] a tua indignação sobre as nações que te não conhecem, e
sobre as gerações que não invocam o teu nome; porque comeram a Jacob,
[22] e o devoraram, e o consumiram, e assolaram a sua [ZI] morada.

[1] Lev. 18.3 e 20.23.

[2] Isa. 40.19, 20 e 44.9, 10, etc.

[3] Isa. 41.7.

[4] Hab. 2.19.

[5] Exo. 15.11.

[6] Apo. 15.4.

[7] Hab. 2.18. Zac. 10.2.

[8] Dan. 10.5.

[9] ver. 15. Isa. 2.16. Zac. 13.2.

[10] Gen. 1.1, 6, 9. cap. 51.15, etc. Job 9.8. Isa. 40.22.

[11] Job 38.34.

[12] cap. 51.17, 18. Pro. 30.2. Isa. 42.17 e 44.11 e 47.16.

[13] Hab. 2.18.

[14] ver. 11.

[15] cap. 51.19. Deu. 32.9.

[16] I Sam. 25.29. cap. 16.13.

[17] cap. 4.19 e 8.21.

[18] cap. 1.15 e 6.22.

[19] Pro. 20.24.

[20] cap. 30.11.

[21] Job 18.21. I The. 4.5. II The. 1.8.

[22] cap. 8.16.



_O pacto é violado._

11 A palavra que veiu a Jeremias, da parte do Senhor, dizendo:

2 Ouvi as palavras d’este concerto, e fallae aos homens de Judah, e aos
habitantes de Jerusalem.

3 Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor, o Deus d’Israel: [1] Maldito o
homem que não escutar as palavras d’este concerto,

4 Que ordenei a vossos paes no dia em que os tirei da terra do Egypto,
[2] da fornalha de ferro, dizendo: Dae ouvidos á minha voz, e fazei
conforme tudo quanto vos mando; e vós me sereis a mim por povo, e eu vos
serei a vós por Deus.

5 Para que confirme [3] o juramento que jurei a vossos paes de dar-lhes
uma terra que manasse leite e mel, como _é n_’este dia. Então eu
respondi, e disse: Amen, ó Senhor.

6 E disse-me o Senhor: Apregoa todas estas palavras nas cidades de Judah,
e nas ruas de Jerusalem, dizendo: [4] Ouvi as palavras d’este concerto, e
fazei-as.

7 Porque devéras protestei a vossos paes, no dia em que os tirei da terra
do Egypto, até ao dia de hoje, madrugando, [5] e protestando, e dizendo:
Dae ouvidos á minha voz.

8 Porém não [6] ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos, antes andaram
cada um conforme o proposito do seu coração malvado: pelo que trouxe
sobre elles todas as palavras d’este concerto que _lhes_ mandei que
fizessem porém as não fizeram.

9 Disse-me mais o Senhor: [7] Uma conjuração se achou entre os homens de
Judah, entre os habitantes de Jerusalem.

10 Tornaram [8] ás maldades de seus primeiros paes, que não quizeram
ouvir as minhas palavras; e elles andaram após deuses alheios para os
servir: a casa de Israel e a casa de Judah quebrantaram o meu concerto,
que tinha feito com seus paes.

11 Portanto assim diz o Senhor: Eis que trarei mal sobre elles, de que
não poderão escapar, [9] e clamarão a mim e eu não os ouvirei.

12 Então irão as cidades de Judah e os habitantes de Jerusalem [10] e
clamarão aos deuses a quem elles queimaram incenso, porém de nenhuma
sorte os livrarão no tempo do seu mal.

13 Porque, [11] _segundo_ o numero das tuas cidades, foram os teus
deuses, ó Judah! e, _segundo_ o numero das ruas de Jerusalem, pozestes
altares á impudencia, altares para queimares incenso a Baal.

14 Tu, pois, não [12] ores por este povo, nem levantes por elles clamor
nem oração; porque não _os_ ouvirei no tempo em que elles clamarem a mim,
por causa do seu mal.

15 Que tem o meu amado na minha casa _que fazer_? pois muitos fazem
_n’ella_ grande abominação [13] e _já_ as carnes sanctas se desviaram de
ti: quando tu _fazes_ mal, então andas saltando de prazer.

16 Chamou o Senhor o teu nome oliveira verde, [14] formosa por especiosos
fructos, _porém agora_ á voz d’um grande tumulto accendeu fogo ao redor
d’ella, e se quebraram os seus ramos.

17 Porque o Senhor dos Exercitos, [15] que te plantou, pronunciou contra
ti o mal, pela maldade da casa d’Israel e da casa de Judah, que fizeram
entre si mesmos, para me provocarem á ira, queimando incenso a Baal.


_Conspiração contra Jeremias._

18 E o Senhor m’o fez saber, e _assim o_ soube: então me fizeste ver as
suas acções.

19 E eu _era_ como um cordeiro, _como_ um boi que levam á matança;
[16] porque não sabia que pensavam contra mim pensamentos, _dizendo_:
Destruamos a arvore com o seu fructo, e cortemol-o da terra dos viventes,
e não haja mais memoria do seu nome.

20 Mas, ó Senhor dos Exercitos, justo Juiz, que provas [17] os rins e o
coração, veja eu a vingança _que tomarás_ d’elles; pois a ti descobri a
minha causa.

21 Portanto assim diz o Senhor ácerca dos homens [18] d’Anathoth, que
procuram a tua morte, dizendo: Não prophetizes no nome do Senhor, para
que não morras ás nossas mãos.

22 Portanto assim diz o Senhor dos Exercitos: Eis que fareis visitação
sobre elles: os mancebos morrerão á espada, os seus filhos e as suas
filhas morrerão de fome.

23 E elles não terão um resto, porque farei vir o mal sobre os homens de
Anathoth, _no_ anno da sua visitação.

[1] Deu. 27.26. Gal. 3.10.

[2] Deu. 4.20. I Reis 8.51. Lev. 26.3, 12. cap. 7.23.

[3] Deu. 7.12, 13.

[4] Rom. 2.13. Thi. 1.22.

[5] cap. 7.13, 25 e 35.15.

[6] cap. 7.26. cap. 3.17 e 7.24 e 9.14.

[7] Eze. 22.25.

[8] Eze. 20.18.

[9] Pro. 1.28. Isa. 1.15. cap. 14.12. Eze. 8.18. Miq. 3.4. Zac. 7.13.

[10] Deu. 32.37, 38.

[11] cap. 2.28.

[12] cap. 7.16 e 14.11. I João 5.16.

[13] Agg. 2.12, 13, 14. Tito 1.15.

[14] Rom. 11.17.

[15] Isa. 5.2. cap. 2.21.

[16] cap. 18.18.

[17] I Sam. 16.7. I Chr. 28.9. Apo. 2.23.

[18] cap. 12.5, 6. Isa. 30.10. Amós 2.12 e 7.13, 16.



12 Justo serias, ó Senhor, ainda que _eu_ contendesse contra ti: [1]
comtudo fallarei comtigo _dos teus_ juizos. Porque prospera o caminho dos
impios, _e_ vivem em paz todos os que commettem aleivosia aleivosamente?

2 Plantaste-os, arraigaram-se tambem, avançam, dão tambem fructo: [2]
chegado _estás_ á sua bocca, porém longe dos seus rins.

3 Mas tu, ó Senhor, me conheces, _tu_ me vês, [3] e provas o meu coração
para comtigo; arranca-os como a ovelhas para o matadouro, e dedica-os ao
dia da matança.

4 Até [4] quando lamentará a terra, e se seccará a herva de todo o campo?
pela maldade dos que habitam n’ella, perecem os animaes e as aves;
porquanto dizem: Não verá o nosso ultimo fim.

5 Se corres com os homens de pé, fazem-te cançar; como pois competirás
com os cavallos? se _tão sómente_ na terra de paz te confias, [5] como
farás na enchente do Jordão?

6 Porque [6] até os teus irmãos, e a casa de teu pae, elles tambem se hão
deslealmente contra ti; até os mesmos clamam após ti em altas _vozes_:
[7] Não te fies n’elles, quando te fallarem coisas boas.


_O paiz é devastado. Prophecia contra os seus devastadores._

7 _Já_ desamparei a minha casa, abandonei a minha herança: entreguei a
amada da minha alma na mão de seus inimigos.

8 Tornou-se-me a minha herança como leão em brenha: levantou a sua voz
contra mim, por isso eu a aborreci.

9 A minha herança me é ave de varias côres; _andam_ as aves contra ella
em redor: vinde, _pois_, ajuntae-vos todos os animaes do campo, [8] vinde
a devoral-a.

10 Muitos pastores destruiram [9] a minha vinha, pisaram o meu campo:
tornaram em deserto de assolação o meu campo desejado.

11 Em assolação [10] o tornaram, _e_ assolado clama a mim: toda a terra
_está_ assolada, porquanto não ha nenhum que tome _isso_ a peito.

12 Sobre todos os logares altos do deserto vieram destruidores; porque a
espada do Senhor devora desde um extremo da terra até _outro_ extremo da
terra: não ha paz para nenhuma carne.

13 Semearam [11] trigo, e segaram espinhos; cançaram-se, _mas_ de nada se
aproveitaram: envergonhae-vos pois em razão de vossas colheitas, _e_ por
causa do ardor da ira do Senhor.

14 Assim diz o Senhor, ácerca de todos os meus maus visinhos, [12] que
tocam a minha herança, a qual dei por herança ao meu povo Israel: Eis que
os arrancarei da sua terra, e a casa de Judah arrancarei do meio d’elles.

15 E será que, depois [13] de os haver arrancado, tornarei, e me
compadecerei d’elles, e os farei tornar cada um á sua herança, e cada um
á sua terra.

16 E será que, se diligentemente aprenderem os caminhos do meu povo, [14]
jurando pelo meu nome, _dizendo_: Vive o Senhor, como ensinaram a meu
povo a jurar por Baal, [15] edificar-se-hão no meio do meu povo.

17 Porém, se não quizerem [16] ouvir, totalmente arrancarei a tal nação,
e a farei perecer, diz o Senhor.

[1] Job 21.7. Hab. 1.4. Mal. 3.15.

[2] Isa. 29.13. Mat. 15.8. Mar. 7.6.

[3] cap. 11.20. Thi. 5.5.

[4] cap. 23.10. Ose. 4.3. cap. 4.25 e 7.20 e 9.10. Ose. 4.3.

[5] Jos. 3.15. I Chr. 12.15. cap. 49.19 e 50.44.

[6] cap. 9.4.

[7] Pro. 26.25.

[8] Isa. 56.9. cap. 7.33.

[9] cap. 6.3. Isa. 5.1, 5 e 63.18.

[10] ver. 4. Isa. 42.25.

[11] Lev. 26.16. Deu. 28.38. Miq. 6.15. Agg. 1.6.

[12] Zac. 2.8. Deu. 30.3. cap. 32.37.

[13] Eze. 28.25.

[14] cap. 4.2.

[15] Eph. 2.20, 21. I Ped. 2.5.

[16] Isa. 60.12.



_O captiveiro é representado pelo symbolo d’um cinto de linho._

[Antes de Christo 602]

13 Assim me disse o Senhor: Vae, e compra um cinto de linho, e põe-n’o
sobre os teus lombos, porém não o mettas na agua.

2 E comprei o cinto, conforme a palavra do Senhor, e o puz sobre os meus
lombos.

3 Então veiu a palavra do Senhor a mim segunda vez, dizendo:

4 Toma o cinto que compraste, e trazes sobre os teus lombos, e
levanta-te; vae ao Euphrates, e esconde-o ali na fenda d’uma rocha.

5 E fui, e escondi-o junto ao Euphrates, como o Senhor m’_o_ havia
ordenado.

6 Succedeu pois, ao cabo de muitos dias, que me disse o Senhor:
Levanta-te, vae ao Euphrates, e toma d’ali o cinto que te ordenei que o
escondesses ali.

7 E fui ao Euphrates, e cavei, e tomei o cinto do logar onde o havia
escondido: e eis que o cinto tinha apodrecido, e para nada prestava.

8 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

9 Assim diz o Senhor: [1] Assim farei apodrecer a soberba de Judah, como
tambem a muita soberba de Jerusalem.

10 Este _mesmo_ povo maligno, que recusa ouvir as minhas palavras, [2]
que caminha segundo o proposito do seu coração, e anda após deuses
alheios, para servil-os, e inclinar-se diante d’elles, será tal como este
cinto, que para nada presta.

11 Porque, como o cinto _está_ pegado aos lombos do homem, assim eu fiz
pegar a mim toda a casa de Israel, e toda a casa de Judah, diz o Senhor,
para me serem por povo, e por [3] nome, e por louvor, e por gloria: porém
não deram ouvidos.

12 Pelo que dize-lhes esta palavra: Assim diz o Senhor Deus de Israel:
Todo o odre se encherá de vinho: e dir-te-hão: _Porventura_ não sabemos
mui bem que todo o odre se encherá de vinho?

13 Porém tu dize-lhes: Assim diz o Senhor: Eis que eu encherei de
embriaguez [4] a todos os habitantes d’esta terra, e aos reis _da
estirpe_ de David, que estão assentados sobre o seu throno, e aos
sacerdotes, e aos prophetas, e a todos os habitantes de Jerusalem.

14 E fal-os-hei em pedaços um contra outro, e juntamente os paes com os
filhos, diz o Senhor: não perdoarei nem pouparei, nem me apiedarei, para
que os não destrua.

15 Escutae, e inclinae os ouvidos: não vos ensoberbeçaes; porque o Senhor
disse.

16 Dae gloria [5] ao Senhor vosso Deus, antes que se faça vir a escuridão
e antes que tropecem vossos pés nos montes tenebrosos; [6] e espereis a
luz _e_ elle a mude em sombra de morte, e a reduza a escuridão.

17 E, se isto não ouvirdes, a minha alma chorará em logares occultos, por
causa da _vossa_ soberba; [7] e amargosamente lagrimejará o meu olho, e
se desfará em lagrimas, porquanto o rebanho do Senhor foi levado captivo.

18 Dize [8] ao rei e á rainha: Humilhae-vos, e assentae-vos no chão;
porque _já_ caiu todo o ornato de vossas cabeças, a corôa de vossa gloria.

19 As cidades do sul estão fechadas, e ninguem _ha_ que _as_ abra: todo o
Judah foi levado captivo, todo inteiramente foi levado captivo.

20 Levantae [9] os vossos olhos, e vêde os que veem do norte: onde _está_
o rebanho que se te deu, e as ovelhas da tua gloria?

21 Que dirás, quando [ZJ] vier a fazer visitação sobre ti, pois tu _já_
os ensinaste _a serem_ principes, e cabeça sobre ti? [10] _porventura_
não te tomarão as dôres, como á mulher que _está_ de parto?

22 Quando pois disseres no teu coração: [11] Porque me sobrevieram estas
coisas? Pela multidão das tuas maldades se descobriram as tuas fraldas, e
tem-se feito violencia aos teus calcanhares.

23 _Porventura_ mudará o ethiope a sua pelle, ou o leopardo as suas
manchas? [ZK] assim podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o
mal.

24 Pelo que os espalharei como o rastolho, [12] rastolho que passa com o
vento do deserto.

25 Esta _será_ a tua sorte, a porção das tuas medidas _que terás_ de mim,
diz o Senhor; pois te esqueceste de mim, e confiaste em mentiras.

26 Assim tambem [13] eu descobrirei as tuas fraldas _até_ sobre o teu
rosto: e apparecerá a tua ignominia.

27 _Já_ vi as tuas abominações, e os teus adulterios, e os teus rinchos,
[14] e a enormidade da tua fornicação sobre os outeiros [15] no campo;
ai de ti, Jerusalem! não te purificarás? quanto ainda depois _d’isto
esperarás_?

[1] Lev. 26.19.

[2] cap. 9.14 e 11.8 e 16.12.

[3] cap. 33.9.

[4] Isa. 51.17, 21 e 63.6. cap. 25.27 e 51.7.

[5] Jos. 7.19. Isa. 5.30. Amós 8.6.

[6] Isa. 59.9.

[7] cap. 9.1 e 14.17. Lam. 1.2, 16 e 2.18.

[8] II Reis 24.12.

[9] cap. 6.22.

[10] cap. 6.24.

[11] cap. 5.19 e 16.10. Isa. 47.2, 3. Eze. 16.37, 38, 39. Nah. 3.5.

[12] Ose. 13.3.

[13] Lam. 1.8. Eze. 16.37 e 23.29. Ose. 2.10.

[14] cap. 5.8.

[15] Isa. 65.7. cap. 2.20 e 3.2, 6. Eze. 6.13.



_Jeremias em vão intercede pelo povo._

[Antes de Christo 601]

14 A palavra do Senhor, que veiu a Jeremias, ácerca dos negocios da
grande secca.

2 Anda chorando Judah, [1] e as suas portas _estão_ enfraquecidas: andam
de luto até ao chão, e o clamor de Jerusalem vae subindo.

3 E os seus mais illustres enviam os seus pequenos por agua; veem ás
cavas, _e_ não acham agua; voltam _com_ os seus vasos vazios; [2]
envergonham-se e confundem-se, e cobrem as suas cabeças.

4 Por causa da terra que se fendeu, porque não ha chuva sobre a terra, os
lavradores se envergonham _e_ cobrem as suas cabeças.

5 Porque até as cervas no campo parem, e deixam _seus filhos_, porquanto
não ha herva.

6 E os jumentos montezes [3] se põem nos logares altos, sorvem o vento
como os [ZL] dragões, desfallecem os seus olhos, porquanto não _ha_ herva.

7 Ainda que as nossas maldades testificam contra nós, ó Senhor, obra por
amor do teu nome; porque as nossas rebeldias se multiplicaram; contra ti
peccámos.

8 Ah! esperança [4] de Israel, e Redemptor seu no tempo da angustia!
porque serias como _um_ estrangeiro na terra? e como _o_ viandante _que_
se retira a passar a noite?

9 Porque serias [5] como homem cançado, como valoroso _que_ não pode
livrar? _já_ tu _estás_ no meio de nós, ó Senhor, e nós somos chamados
pelo teu nome: não nos desampares.

10 Assim diz o Senhor, ácerca d’este povo: [6] _Pois que_ tanto amaram
mover-se, _e_ não retiveram os seus pés, por isso o Senhor se não agrada
d’elles, _mas_ agora se lembrará da sua maldade d’elles, e visitará os
seus peccados.

11 Disse-me mais o Senhor: [7] Não rogues por este povo para bem.

12 Quando [8] jejuarem, não ouvirei o seu clamor, e quando offerecerem
holocaustos e offertas de manjares, não me agradarei d’elles; antes eu
[9] os consumirei pela espada, e pela fome e pela peste.

13 Então disse eu: [10] Ah! Senhor, Senhor, eis que os prophetas lhes
dizem: Não vereis espada, e não tereis fome; antes vos darei paz
verdadeira n’este logar.

14 E disse-me o Senhor: [11] Os prophetas prophetizam falso no meu nome;
nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes fallei: visão falsa, e
adivinhação, e vaidade, e o engano do seu coração elles vos prophetizam.

15 Portanto assim diz o Senhor ácerca dos prophetas que prophetizam
no meu nome, sem que eu os tenha mandado, e _comtudo_ dizem, [12] Nem
espada, nem fome haverá n’esta terra: Á espada e á fome serão consumidos
esses prophetas.

16 E o povo a quem elles prophetizam será lançado nas ruas de Jerusalem,
por causa da fome e da espada: e não _haverá_ quem o enterre, tanto a
elle, _como_ a suas mulheres, e a seus filhos e a suas filhas: assim
derramarei sobre elles a sua maldade.

17 Portanto lhes dirás esta palavra: [13] Os meus olhos derramem lagrimas
de noite e de dia, e não cessem: [14] porque a virgem, filha do meu povo,
está quebrada _de_ grande quebra, _de_ chaga mui dolorosa.

18 Se eu saio [15] ao campo, eis aqui os mortos á espada, e, se entro na
cidade, eis aqui os enfermos de fome: e até os prophetas e os sacerdotes
correram em roda na terra, [ZM] e não sabem _nada_.

19 _Porventura [16] já_ de todo rejeitaste a Judah? _ou_ aborrece a tua
alma a Sião? porque nos feriste _de tal modo_ que _já_ não _ha_ cura para
nós? [17] aguarda-se a paz, e nada _ha_ de bem; e o tempo da cura, e eis
aqui turbação.

20 Ah, Senhor! conhecemos a nossa impiedade _e_ a maldade de nossos paes;
[18] porque peccámos contra ti.

21 Não _nos_ rejeites por amor do teu nome; não abatas o throno da tua
gloria: lembra-te, e não annules o teu concerto comnosco.

22 _Porventura [19] ha_, entre as vaidades dos gentios, quem faça chover?
ou podem os céus dar chuvas? não _és_ tu aquelle, ó Senhor [20] nosso
Deus? portanto em ti esperaremos, pois tu fazes todas estas coisas.

[1] Isa. 3.26. I Sam. 5.12.

[2] II Sam. 15.30.

[3] cap. 2.24.

[4] cap. 17.13.

[5] Isa. 59.1. Exo. 29.45, 46. Lev. 26.11, 12.

[6] Ose. 8.13 e 9.9.

[7] cap. 7.16 e 11.14.

[8] Isa. 1.15 e 58.3. cap. 11.11. Eze. 8.18. Miq. 3.4. Zac. 7.13.

[9] cap. 9.16.

[10] cap. 4.10.

[11] cap. 27.10. cap. 23.21 e 27.15 e 29.8, 9.

[12] cap. 5.12, 13.

[13] cap. 9.1 e 13.17. Lam. 1.16 e 2.18.

[14] cap. 8.21.

[15] Eze. 7.15.

[16] Lam. 5.22. cap. 15.18.

[17] cap. 8.15.

[18] Dan. 9.8.

[19] Zac. 10.1, 2.

[20] Isa. 30.23. cap. 5.24 e 10.13.



15 Disse-me, porém, o Senhor: [1] Ainda que Moysés e Samuel se pozessem
diante de mim, não _seria_ a minha alma com este povo: lança-os de diante
da minha face, e saiam.

2 E será que, quando te disserem: Para onde sairemos? dir-lhes-has:
Assim diz o Senhor: [2] O que para a morte, para a morte; e o que para a
espada, para a espada; e o que para a fome, para a fome; e o que para o
captiveiro, para o captiveiro.

3 Porque visital-os-hei [3] _com_ quatro generos _de males_, diz o
Senhor: com espada para matar, e com cães, para os arrastarem, e com as
aves dos céus, e com os animaes da terra, para os devorarem e destruirem.

4 Entregal-os-hei ao desterro [4] em todos os reinos da terra; [5] por
causa de Manassés, filho d’Ezequias, rei de Judah, pelo que fez em
Jerusalem.

5 Porque quem [6] se compadeceria de ti, ó Jerusalem? ou quem se
entristeceria por ti? ou quem se desviaria a perguntar pela tua paz?

6 Tu me deixaste, [7] diz o Senhor, _e_ tornaste-te para traz; por isso
estenderei a minha mão contra ti, e te destruirei; _já_ estou cançado de
me arrepender.

7 E padejal-os-hei com a pá nas portas da terra: _já_ desfilhei, _e_
destrui o meu povo; [8] não se tornaram dos seus caminhos.

8 As suas viuvas mais se me multiplicaram do que as areias dos mares;
trouxe ao meio dia um destruidor sobre a mãe dos mancebos: fiz que caisse
de repente sobre ella, e enchesse a cidade de terrores.

9 A que paria [9] sete se enfraqueceu; expirou a sua alma; poz-se o seu
sol sendo ainda de dia, confundiu-se, e envergonhou-se: e os que ficarem
d’ella entregarei á espada, diante dos seus inimigos, diz o Senhor.

10 Ai [10] de mim, mãe minha, porque me pariste homem de rixa e homem de
contendas para toda a terra? nunca _lhes_ dei á usura, nem elles me deram
a mim á usura, todavia cada um d’elles me amaldiçoa.

11 Disse o Senhor: Decerto que os teus residuos serão para bem, que
intercederei por ti, no tempo da calamidade e no tempo da angustia, com o
inimigo.

12 _Porventura_ quebrará _algum_ ferro, o ferro do norte, ou o aço?

13 A tua fazenda e os teus thesouros darei sem preço ao saque; e _isso_
por todos os teus peccados, como tambem em todos os teus limites.

14 E levar-_te_-hei [11] com os teus inimigos para a terra que não
conheces; porque o fogo se accendeu em minha ira, _e_ sobre vós arderá.

15 Tu, ó [12] Senhor, _o_ sabes; lembra-te de mim, e visita-me, e
vinga-me dos meus perseguidores: não me arrebates emquanto differes o teu
furor: sabe que por amor de ti tenho soffrido affronta.

16 Achando-se as tuas palavras, [13] logo as comi, e a tua palavra foi
para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome me chamo,
ó Senhor, Deus dos Exercitos.

17 Nunca me assentei no congresso dos zombadores, nem saltei de prazer:
por causa da tua mão me assentei solitario; porque me encheste de
indignação.

18 Porque dura a [14] minha dôr continuamente, e a minha ferida me doe,
_e já_ não admitte cura? _Porventura_ ser-me-hias tu como um mentiroso
[15] _e como_ aguas inconstantes?

19 Portanto assim diz o Senhor: Se tu te tornares, [16] então te farei
tornar, _e_ estarás diante da minha face; [17] e se apartares o precioso
do vil, serás como a minha bocca: tornem-se elles para ti, porém tu não
te tornes para elles.

20 Portanto puz-te contra este povo por um [18] muro forte de bronze;
e pelejarão contra ti, porém não prevalecerão contra ti; [19] porque
eu _estou_ comtigo para te guardar, para te arrebatar _d’elles_, diz o
Senhor.

21 E arrebatar-te-hei da mão dos malignos, e livrar-te-hei da palma dos
fortes.

[1] Exo. 32.11, 12.

[2] cap. 43.11. Eze. 5.2, 12. Zac. 11.9.

[3] Lev. 26.16, etc. Deu. 28.26. cap. 7.33.

[4] Deu. 28.35. cap. 24.9.

[5] II Reis 21.11, etc. e 23.26 e 24.3, 4.

[6] Isa. 51.19.

[7] cap. 2.13. Ose. 13.14.

[8] Isa. 9.13. cap. 5.3. Amós 4.10, 11.

[9] I Sam. 2.5. Amós 8.9.

[10] Job 3.1, etc. cap. 20.14.

[11] cap. 16.13 e 17.4. Deu. 32.22.

[12] cap. 12.3. cap. 11.20 e 20.12.

[13] Eze. 3.1, 3. Apo. 10.6, 10.

[14] cap. 30.15.

[15] Job 6.15, etc.

[16] Zac. 3.7. ver. 1.

[17] Eze. 44.23.

[18] cap. 1.18 e 6.27.

[19] cap. 20.11, 12.



_Predicção do captiveiro e do livramento de Israel._

16 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Não tomarás para ti mulher, nem terás filhos nem filhas n’este logar.

3 Porque assim diz o Senhor, ácerca dos filhos e das filhas que nascerem
n’este logar, ácerca de suas mães, que os parirem, e de seus paes que os
gerarem n’esta terra:

4 Morrerão [1] de enfermidades dolorosas, e não serão pranteados nem
sepultados: servirão d’esterco sobre a terra; e pela espada e pela fome
serão consumidos [2], e os seus cadaveres servirão de mantimento para as
aves do céu e para os animaes da terra.

5 Porque assim diz o Senhor: [3] Não entres na casa do luto, nem vás
a lamentar, nem te compadeças d’elles; porque _já_ d’este povo, diz o
Senhor, tirei a minha paz, benignidade e misericordia.

6 E morrerão grandes e pequenos n’esta terra, _e_ não _serão_ sepultados,
[4] e não os prantearão nem se farão por elles incisões, nem _por elles_
se raparão os cabellos.

7 E nada se lhes repartirá por dó, para consolal-os por causa de morte:
nem lhes darão a beber do [5] copo de consolação, _nem_ por pae de
alguem, nem por mãe de alguem.

8 Nem entres na casa do banquete, para te assentares com elles a comer e
a beber.

9 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos, [6] o Deus d’Israel: Eis que
farei cessar d’este logar perante os vossos olhos, e em vossos dias, a
voz de gozo e a voz de alegria, a voz do esposo e a voz da esposa.

10 E será que, quando annunciares a este povo todas estas palavras, e
elles te disserem: [7] Porque falla o Senhor sobre nós todo este grande
mal? e qual _é_ a nossa iniquidade, e qual _é o_ nosso peccado, que
peccámos contra o Senhor nosso Deus?

11 Então lhes dirás: [8] Porquanto vossos paes me deixaram, diz o Senhor,
e se foram após deuses alheios, e os serviram, e se inclinaram diante
d’elles, e a mim me deixaram, e a minha lei não _a_ guardaram.

12 E vós fizestes [9] peior do que vossos paes; porque, eis que cada um
de vós anda após o proposito do seu malvado coração, para me não dar
ouvidos a mim.

13 E lançar-vos-hei fóra [10] d’esta terra, para uma terra que não
conhecestes, nem vós nem vossos paes; e ali servireis a deuses alheios de
dia e de noite, porque não usarei de misericordia comvosco.

14 Portanto, [11] eis que dias veem, diz o Senhor, em que nunca mais se
dirá: Vive o Senhor, que fez subir os filhos d’Israel da terra do Egypto.

15 Mas: Vive o Senhor, que fez subir os filhos d’Israel da terra do
norte, e de todas as terras para onde os tinha lançado; [12] porque
fal-os-hei voltar á sua terra, a qual dei a seus paes.

16 Eis que mandarei muitos pescadores, [13] diz o Senhor, os quaes os
pescarão, e depois enviarei muitos caçadores, os quaes os caçarão de
sobre todo o monte, e de sobre todo o outeiro, e até das fendas das
rochas.

17 Porque os meus olhos [14] _estão_ sobre todos os seus caminhos; não se
escondem perante a minha face, nem a sua maldade se encobre de diante dos
meus olhos.

18 E primeiramente pagarei [15] em dobro a sua maldade e o seu peccado,
porque profanaram a minha terra com os cadaveres das suas coisas
detestaveis, e das suas abominações encheram a minha herança.

19 Ó Senhor, fortaleza minha, e força minha, [16] e refugio meu no dia da
angustia: a ti virão as nações desde os fins da terra, e dirão: Nossos
paes herdaram só mentiras, e vaidade, [17] em que não _havia_ proveito.

20 _Porventura_ fará um homem deuses para si, quando elles não _são_
deuses?

21 Portanto, eis que os farei conhecer; d’esta vez os farei conhecer a
minha mão e o meu poder; [18] e saberão que o meu nome _é_ o Senhor.

[1] cap. 22.18, 19 e 25.33.

[2] cap. 7.33.

[3] Eze. 24.17, 22, 23.

[4] Lev. 19.28. Deu. 14.1. Isa. 22.12. cap. 7.29.

[5] Pro. 31.6, 7.

[6] Isa. 24.7, 8. cap. 7.34 e 25.10. Eze. 26.13. Ose. 2.11. Apo. 18.23.

[7] Deu. 29.24. cap. 5.19 e 13.22 e 22.8.

[8] Deu. 29.25. cap. 22.9.

[9] cap. 7.26 e 13.10.

[10] Deu. 4.26, 27, 28 e 28.36, 63, 64, 65.

[11] cap. 23.7, 8.

[12] cap. 24.6 e 30.3 e 32.37.

[13] Hab. 1.15.

[14] Job 3.4, 21. Pro. 5.21 e 15.3. cap. 32.19.

[15] Isa. 40.2. cap. 17.18. Eze. 43.7, 9.

[16] cap. 17.17.

[17] Isa. 44.10. cap. 2.11 e 10.5.

[18] Exo. 15.3. cap. 32.2. Amós 5.8.



17 O peccado de Judah _está_ escripto com [1] _um_ ponteiro de ferro,
com ponta de diamante, gravado na taboa do seu coração e nos cornos dos
vossos altares.

2 Como tambem seus filhos se lembram dos seus altares, [2] e dos seus
bosques junto ás arvores verdes, sobre os altos outeiros.

3 A minha montanha _juntamente_ com o campo, a tua riqueza _e_ todos
os teus thesouros, darei por preza, _como tambem_ os teus altos, pelo
peccado, em todos os teus termos.

4 Assim por ti mesmo te deixarás da tua herança que te dei, e far-te-hei
servir os teus inimigos, [3] na terra que não conheces; porque o fogo que
accendeste na minha ira arderá para sempre.

5 Assim diz o Senhor: [4] Maldito o varão que confia no homem, e põe a
carne _por_ seu braço, e cujo coração se aparta do Senhor!

6 Porque será como [5] a tamargueira no deserto, que não sente quando vem
o bem; antes morará nos logares seccos do deserto, na terra salgada e
inhabitavel.

7 _Porém_ bemdito o varão que confia no Senhor, [6] e cuja confiança é o
Senhor.

8 Porque será como a arvore [7] plantada junto ás aguas, que estende as
suas raizes para o ribeiro, e não sente quando vem o calor, e a sua folha
fica verde, e no anno de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fructo.

9 Enganoso _é_ o coração, mais do que todas as coisas, e perverso: quem o
conhecerá?

10 Eu, o Senhor, [8] esquadrinho o coração _e_ experimento os rins: e
isto para dar a cada um segundo os seus caminhos _e_ segundo o fructo das
suas acções.

11 _Como_ a perdiz _que_ ajunta [ZN] ovos que não choca, _assim_ é o que
ajunta riquezas, mas não com direito; no meio de seus dias as deixará,
[9] e no seu fim se fará _um_ insensato.

12 Um throno de gloria e altura, desde o principio, _é_ o logar do nosso
sanctuario.

13 Ó Senhor, [10] Esperança d’Israel! todos aquelles que te deixam serão
envergonhados [11] e os que se apartam de mim serão escriptos sobre a
terra; porque deixam ao Senhor, a fonte das aguas vivas.

14 Sara-me, Senhor, e sararei: salva-me, e serei salvo; [12] porque tu
_és_ o meu louvor.

15 Eis que elles me dizem: Onde [13] _está_ a palavra do Senhor? venha
agora.

16 Porém eu não me apressei em ser o pastor após ti; nem tão pouco
desejei o dia mortal, tu o sabes; o que saiu dos meus labios está diante
de tua face.

17 Não me sejas por espanto: [14] meu refugio _és_ tu no dia do mal.

18 Envergonhem-se os que me perseguem, e não me envergonhe eu;
assombrem-se elles, e não me assombre eu; traze sobre elles o dia do mal,
e [15] com dobrada esmigalhadura os esmigalha.


_A sanctificação do sabbado._

19 Assim me disse o Senhor: Vae, e põe-te á porta dos filhos do povo,
pela qual entram os reis de Judah, e pela qual saem; como tambem a todas
as portas de Jerusalem.

20 E dize-lhes: Ouvi [16] a palavra do Senhor, vós, reis de Judah e todo
o Judah, e todos os moradores de Jerusalem, que entraes por estas portas.

21 Assim diz o Senhor: [17] Guardae as vossas almas, e não tragaes cargas
no dia de sabbado, nem _as_ introduzaes pelas portas de Jerusalem:

22 Nem tireis cargas de vossas casas no dia de sabbado, nem façaes obra
alguma: antes sanctificae o dia de sabbado, como eu dei [18] ordem a
vossos paes.

23 Porém não [19] deram ouvidos, nem inclinaram as suas orelhas; mas
endureceram a sua cerviz, para não ouvirem, e para não receberem
correcção.

24 Será pois que, se diligentemente me ouvirdes, diz o Senhor, não
introduzindo cargas pelas portas d’esta cidade no dia de sabbado, e
sanctificardes o dia de sabbado, não fazendo n’elle obra alguma:

25 Então entrarão [20] pelas portas d’esta cidade reis e principes,
assentados sobre o throno de David, andando em carros e montados em
cavallos, _assim_ elles como os seus principes, os homens de Judah, e os
moradores de Jerusalem: e esta cidade será para sempre habitada.

26 E virão das cidades de Judah, e dos contornos [21] de Jerusalem, e da
terra de Benjamin, e das planicies, e das montanhas, e do sul, trazendo
holocaustos, e sacrificios, e offertas de manjares, e incenso, como
tambem trazendo sacrificios de louvores á casa do Senhor.

27 Porém, se não me derdes ouvidos, para sanctificardes o dia de sabbado,
e para não trazerdes carga alguma, quando entrardes pelas portas de
Jerusalem no dia de sabbado, [22] então accenderei fogo nas suas portas,
que consumirá os palacios de Jerusalem, e não se apagará.

[1] Job 19.24. Pro. 3.3. II Cor. 3.3.

[2] II Chr. 24.18 e 33.3, 19. Isa. 1.29 e 17.8. cap. 2.20 e 15.13.

[3] cap. 16.13. cap. 15.14.

[4] Isa. 30.1, 2 e 31.1. Isa. 31.3.

[5] cap. 48.6. Deu. 29.23.

[6] Pro. 16.20. Isa. 30.18.

[7] Job 8.16.

[8] I Sam. 16.7. I Chr. 28.9. Rom. 8.27. Apo. 2.23. cap. 32.19. Rom. 2.6.

[9] Luc. 12.20.

[10] cap. 14.8. Isa. 1.28.

[11] Luc. 10.20. cap. 2.13.

[12] Deu. 10.21.

[13] Isa. 5.19. II Ped. 3.4.

[14] cap. 16.19.

[15] cap. 11.20.

[16] cap. 19.3 e 22.2.

[17] Num. 15.32, etc. Neh. 13.19.

[18] Exo. 20.8 e 23.12 e 31.13. Eze. 20.12.

[19] cap. 7.24, 26 e 11.10.

[20] cap. 22.4.

[21] cap. 32.44 e 33.13. Zac. 7.7.

[22] cap. 21.14 e 49.27. Lam. 4.11. Amós 1.4, 7, 10, 12 e 2.2, 5. II Reis
25.9. cap. 52.18.



_O vaso do oleiro. A impenitencia do povo._

[Antes de Christo 605]

18 A palavra do Senhor, que veiu a Jeremias, dizendo:

2 Levanta-te, e desce á casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas
palavras.

3 E desci á casa do oleiro, e eis que estava fazendo _a sua_ obra sobre
_as_ rodas.

4 E o vaso, que elle fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro: então
tornou a fazer d’elle outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do
oleiro fazer.

5 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

6 _Porventura_ [1] não poderei eu fazer de vós como este oleiro, ó casa
d’Israel? diz o Senhor: eis que, como o barro na mão do oleiro, assim
_sois_ vós na minha mão, ó casa d’Israel.

7 No momento em que fallarei contra uma nação, [2] e contra um reino para
arrancar, e para derribar, e para destruir,

8 Se [3] a tal nação, porém, contra a qual fallar se converter da sua
maldade, tambem [4] eu me arrependerei do mal que lhe cuidava fazer.

9 No momento em que fallarei de uma gente e de um reino, para edificar e
para plantar,

10 Se fizer o mal diante dos meus olhos, não dando ouvidos á minha voz,
então me arrependerei do bem que tinha dito lhe faria.

11 Ora pois, falla agora aos homens de Judah, e aos moradores de
Jerusalem, dizendo: Assim diz o Senhor: Eis que estou forjando mal contra
vós: e penso um pensamento contra vós: [5] convertei-vos _pois_ agora
cada um do seu mau caminho, e melhorae os vossos caminhos e as vossas
acções.

12 Porém elles dizem: [6] Não ha esperança, porque após as nossas
imaginações andaremos: e faremos cada um o proposito do seu malvado
coração.

13 Portanto assim diz o [7] Senhor: Perguntae agora entre os gentios quem
ouviu tal coisa? coisa mui horrenda fez a virgem de Israel.

14 _Porventura_ deixar-se-ha a neve do Libano por uma rocha do campo? ou
deixar-se-hão as aguas estranhas, frias _e_ correntes?

15 Comtudo o meu povo se tem esquecido de mim, [8] queimando incenso á
vaidade; porque os fizeram tropeçar nos seus caminhos, _e nas_ veredas
antigas, [9] para que andassem por veredas afastadas, não aplainadas;

16 Para [10] pôr a sua terra em espanto _e_ perpetuos assobios; todo
aquelle que passa por ella se espantará, e meneará a sua cabeça.

17 Como _com_ vento oriental [11] os espalharei diante da face do
inimigo: mostrar-lhes-hei as costas e não o rosto, no dia da sua perdição.

18 Então disseram: Vinde, [12] e maquinemos maquinações contra Jeremias;
porque não perecerá a lei do sacerdote, nem o conselho do sabio, nem a
palavra do propheta: vinde, e firamol-o com a lingua, e não escutemos a
nenhuma das suas palavras.

19 Olha para mim, Senhor, e ouve a voz dos que contendem comigo.

20 _Porventura_ pagar-se-ha mal por bem? porque cavaram uma cova para
a minha alma: lembra-te de que eu me apresentei na tua presença, para
fallar por seu bem, para desviar d’elles a tua indignação.

21 Portanto entrega seus filhos á fome, e entrega-os ao poder da espada,
e _sejam_ suas mulheres roubadas dos filhos, e viuvas; e seus maridos
_sejam_ mortos de morte, e os seus mancebos _sejam_ feridos á espada na
peleja.

22 Ouça-se o clamor de suas casas, quando trouxeres esquadrões sobre
elles de repente. Porquanto cavaram uma [13] cova para prender-me e
armaram laços aos meus pés.

23 Mas tu, ó Senhor, sabes todo o seu conselho contra mim para matar-me;
[14] não perdoes a sua maldade, nem apagues o seu peccado de diante da
tua face; mas tropecem perante a tua face; _assim_ usa com elles no tempo
da tua ira.

[1] Isa. 45.9. Rom. 9.20, 21. Isa. 64.8.

[2] cap. 1.10.

[3] Eze. 18.21 e 33.11.

[4] cap. 26.3. Jon. 3.10.

[5] II Reis 17.13. cap. 7.3 e 25.5 e 26.13 e 35.15.

[6] cap. 2.25.

[7] I Cor. 5.1. cap. 5.30.

[8] cap. 2.13, 32. cap. 10.15 e 16.19.

[9] cap. 6.16.

[10] cap. 19.8 e 49.13 e 50.13. Miq. 6.16.

[11] cap. 13.24.

[12] Lev. 10.11. Mal. 2.7.

[13] ver. 20.

[14] cap. 11.20 e 15.15.



_A botija quebrada. A ruina de Jerusalem._

19 Assim diz o Senhor: Vae, e compra uma botija de oleiro, e _toma
comtigo_ dos anciãos do povo e dos anciãos dos sacerdotes;

2 E sae [1] ao valle do filho d’Hinnom, que _está_ á entrada da porta do
sol, e apregoa ali as palavras que eu te disser.

3 E dize: [2] Ouvi a palavra do Senhor, ó reis de Judah, e moradores
de Jerusalem; assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel:
Eis que trarei um mal sobre este logar, que quem quer que ouvir [3]
retinir-lhe-hão as orelhas:

4 Porquanto me deixaram [4] e alienaram este lugar, e n’elle queimaram
incenso a outros deuses, que nunca conheceram, nem elles nem seus paes,
nem os reis de Judah; [5] e encheram este logar de sangue de innocentes.

5 Porque edificaram os altos de Baal, para queimarem seus filhos no fogo
_em_ holocaustos a Baal; [6] o que nunca _lhes_ ordenei, nem fallei, nem
subiu ao meu coração.

6 Por isso eis que dias veem, diz o Senhor, em que este logar não se
chamará mais Topheth, [7] nem o valle do filho de Hinnom, mas o valle da
matança.

7 Porque dissiparei o conselho de Judah e de Jerusalem n’este logar, [8]
e os farei cair á espada diante de seus inimigos, e pela mão dos que
buscam a sua vida d’elles; e darei os seus cadaveres para pasto ás aves
dos céus e aos animaes da terra.

8 E porei [9] esta cidade em espanto e por assobio: todo aquelle que
passar por ella se espantará, e assobiará sobre todas as suas pragas.

9 E os farei comer [10] a carne de seus filhos, e a carne de suas filhas,
e comerá cada um a carne do seu proximo, no cerco e no aperto em que os
apertarão os seus inimigos, e os que buscam a vida d’elles.

10 Então quebrarás [11] a botija aos olhos dos homens que forem comtigo.

11 E dir-lhes-has: Assim diz o Senhor dos Exercitos: Assim quebrarei eu
a este povo, [12] e a esta cidade, como se quebra o vaso do oleiro, que
não póde mais refazer-se, e os enterrarão em Topheth, porque não _haverá
mais_ logar para _os_ enterrar.

12 Assim farei a este logar, diz o Senhor, e aos seus moradores; e _isso_
para pôr a esta cidade como a Topheth.

13 E as casas de Jerusalem, e as casas dos reis de Judah, serão immundas
[13] como o logar de Topheth: como tambem todas as casas, sobre cujos
terraços queimaram incenso a todo o exercito dos céus, [14] e offereceram
libações a deuses estranhos.

14 Vindo pois Jeremias de Topheth, onde o tinha enviado o Senhor a
prophetizar, se poz [15] em pé no atrio da casa do Senhor, e disse a todo
o povo:

15 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel: Eis que trarei
sobre esta cidade, e sobre todas as suas cidades, todo o mal que fallei
contra ella, [16] porquanto endureceram a sua cerviz, para não ouvirem as
minhas palavras.

[1] Jos. 15.8. II Reis 23.10. cap. 7.31.

[2] cap. 17.20.

[3] I Sam. 3.11. II Reis 21.12.

[4] Deu. 28.20. Isa. 65.11. cap. 2.13, 17, 19 e 15.6 e 17.13.

[5] II Reis 21.16. cap. 2.34 e 7.31, 32 e 32.35.

[6] Lev. 18.21.

[7] Jos. 15.8.

[8] Lev. 26.17. Deu. 28.25.

[9] cap. 18.16 e 49.13 e 50.13.

[10] Lev. 26.29. Deu. 28.53. Isa. 9.20. Lam. 4.10.

[11] cap. 51.63, 64.

[12] Isa. 30.14. Lam. 4.2.

[13] II Reis 23.10, 12. cap. 32.29. Sof. 1.5.

[14] cap. 7.18.

[15] II Chr. 20.5.

[16] cap. 7.26 e 17.23.



_Pashur fere a Jeremias e mette-o no cepo._

[Antes de Christo 589]

20 E Pashur, filho [1] de Immer, o sacerdote, que havia sido nomeado
presidente na casa do Senhor, ouviu a Jeremias, que prophetizava estas
palavras.

2 E feriu Pashur ao propheta Jeremias, e o metteu no cepo que _está_ na
porta superior de Benjamin, a qual _está_ na casa do Senhor.

3 E succedeu que no dia seguinte Pashur tirou a Jeremias do cepo. Então
disse-lhe Jeremias: O Senhor não chama o teu nome Pashur, mas [ZO]
Magor-missabib.

4 Porque assim diz o Senhor: Eis que farei de ti um espanto para ti
mesmo, e para todos os teus amigos, e cairão á espada de seus inimigos,
e teus olhos _o_ verão: a todo o Judah entregarei na mão do rei de
Babylonia, e leval-os-ha presos a Babylonia, e feril-os-ha á espada.

5 Tambem darei [2] toda a fazenda d’esta cidade, e todo o seu trabalho,
e todas as suas coisas preciosas, e todos os thesouros dos reis de Judah
entregarei na mão de seus inimigos, e saqueal-os-hão, e tomal-os-hão e
leval-os-hão a Babylonia.

6 E tu, Pashur, e todos os moradores da tua casa ireis para o captiveiro;
e virás a Babylonia, e ali morrerás, e ali serás sepultado, tu, e todos
os teus amigos, aos quaes [3] prophetizaste falsamente.

7 Persuadiste-me, ó Senhor, e persuadido fiquei; [4] mais forte foste do
que eu, e prevaleceste; sirvo de escarneo todo o dia, cada um d’elles
zomba de mim.

8 Porque desde [5] que fallo, grito; clamo violencia e destruição;
porque se tornou a palavra do Senhor em opprobrio e em ludibrio todo o
dia.

9 Então disse eu: Não me lembrarei d’elle, e não fallarei mais no seu
nome; [6] mas foi no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus
ossos; e fiquei fatigado de soffrer, e não pude.

10 Porque ouvi a murmuração de muitos _ácerca_ de Magor-missabib, _que
diziam_: Denunciae-_nol-o_, e o denunciaremos; [7] todos os que teem paz
comigo aguardam o meu manquejar, _dizendo_: Bem pode ser que se deixará
persuadir; então prevaleceremos contra elle e nos vingaremos d’elle.

11 Porém [8] o Senhor _está_ comigo como um valente terrivel; por isso
tropeçarão os meus perseguidores, e não prevalecerão: ficarão mui
confundidos; porque não se houveram [ZP] prudentemente, [9] _terão_ uma
confusão perpetua _que_ nunca se esquecerá.

12 Tu pois, ó Senhor dos Exercitos, que esquadrinhas [10] ao justo, e
vês os rins e o coração, veja eu a tua vingança d’elles; pois _já_ te
descobri a minha causa.

13 Cantae ao Senhor, louvae ao Senhor; pois livrou a alma do necessitado
da mão dos malfeitores.

14 Maldito [11] o dia em que nasci; o dia em que minha mãe me pariu não
seja bemdito.

15 Maldito o homem que deu as novas a meu pae, dizendo: Nasceu-te um
filho macho; alegrando-o grandemente.

16 E seja esse homem como as cidades [12] que o Senhor destruiu e não se
arrependeu: e ouça clamor pela manhã, e ao tempo do meio-dia um alarido.

17 Porque [13] não me matou desde a madre? ou minha mãe não foi minha
sepultura? ou _porque não_ ficou a sua madre gravida perpetuamente?

18 Porque [14] sahi da madre, para ver trabalho e tristeza? para que se
consumam os meus dias na confusão.

[1] I Chr. 24.14.

[2] II Reis 20.17 e 24.12, 16 e 25.13, etc.

[3] cap. 14.13, 14 e 28.16 e 29.21.

[4] Lam. 3.14.

[5] cap. 6.7.

[6] Job 32.18, 19.

[7] Luc. 11.53, 54.

[8] cap. 1.8, 19 e 15.20 e 17.18.

[9] cap. 23.40.

[10] cap. 11.20 e 17.10.

[11] Job 3.3. cap. 15.10.

[12] Gen. 19.25.

[13] Job 3.10, 11.

[14] Job 3.20.



_O annuncio da destruição de Jerusalem por Nabucodonozor._

21 A palavra que veiu a Jeremias _da parte_ do Senhor, quando o rei
Zedekias lhe enviou [1] a Pashur, filho de Malchias, [2] e a Zephanias
filho de Maaseia, o sacerdote, dizendo:

2 Pergunta agora por nós ao Senhor; porque Nabucodonozor, rei de
Babylonia, guerreia contra nós: bem pode ser que o Senhor obre comnosco
segundo todas as suas maravilhas, e o faça subir de nós.

3 Então Jeremias lhes disse: Assim direis a Zedekias:

4 Assim diz o Senhor, o Deus d’Israel: Eis que virarei _contra vós_ as
armas de guerra, que estão nas vossas mãos, com que vós pelejaes contra o
rei de Babylonia, e contra os chaldeos, [3] que vos teem cercado de fóra
do muro, e ajuntal-os-hei no meio d’esta cidade.

5 E eu pelejarei contra vós com mão estendida, [4] e com braço forte, e
com ira, e com indignação e com grande furor.

6 E ferirei os habitantes d’esta cidade, assim os homens como as bestas:
de grande pestilencia morrerão.

7 E depois d’isto, diz o Senhor, entregarei Zedekias, [5] rei de Judah,
e seus servos, e o povo, e os que d’esta cidade restarem da pestilencia,
e da espada, e da fome, na mão de Nabucodonozor, rei de Babylonia, e na
mão de seus inimigos, e na mão dos que buscam a sua vida; e feril-os-ha
ao fio da espada: [6] não os poupará, nem se compadecerá, nem terá
misericordia.

8 E a este povo dirás: Assim diz o Senhor: Eis que ponho diante [7] de
vós o caminho da vida e o caminho da morte.

9 O que ficar [8] n’esta cidade ha de morrer á espada, ou á fome, ou da
pestilencia; porém o que sair, e se render aos chaldeos, que vos teem
cercado, viverá, e terá a sua vida [9] por despojo.

10 Porque puz o meu rosto [10] contra esta cidade para mal, e não para
bem, diz o Senhor: na mão do rei de Babylonia se entregará, [11] e
queimal-a-ha a fogo.

11 E á casa do rei de Judah _dirás_: Ouvi a palavra do Senhor:

12 Ó casa de David, assim diz o Senhor: [12] Julgae pela manhã
justamente, e livrae o roubado da mão do oppressor; para que não saia
o meu furor como fogo, e se accenda, sem que _haja_ quem o apague, por
causa da maldade de vossas acções.

13 Eis que [13] eu _sou_ contra ti, ó moradora do valle, ó rocha da
campina, diz o Senhor: os que dizeis: Quem descerá contra nós? ou, Quem
entrará nas nossas moradas?

14 Porém farei visitação sobre vós segundo [14] o fructo das vossas
acções, diz o Senhor; e accenderei o fogo no seu bosque, [15] que
consumirá a tudo o que está em redor d’ella.

[1] cap. 38.1.

[2] II Reis 25.18. cap. 29.25 e 37.3.

[3] Isa. 13.4.

[4] Exo. 6.6.

[5] cap. 37.17 e 39.5.

[6] Deu. 28.50. II Chr. 36.17.

[7] Deu. 30.19.

[8] cap. 38.2, 17, 18.

[9] cap. 45.5.

[10] cap. 44.11. Amós 9.4.

[11] cap. 34.2, 22 e 38.18, 23 e 52.13.

[12] cap. 22.3. Zac. 7.9.

[13] Eze. 13.8. cap. 49.4.

[14] Pro. 1.31. Isa. 3.10, 11.

[15] II Chr. 36.19. cap. 52.13.



_Prophecia contra a casa real de Judah._

[Antes de Christo 609]

22 Assim diz o Senhor: Desce á casa do rei de Judah, e falla ali esta
palavra.

2 E dize: [1] Ouve a palavra do Senhor, ó rei de Judah, que te assentas
no throno de David: tu, e os teus servos, e o teu povo, que entraes por
estas portas.

3 Assim diz o Senhor: [2] Fazei juizo e justiça, e livrae o roubado da
mão do oppressor; e não opprimaes ao estrangeiro, _nem_ ao orphão, nem á
viuva; não façaes violencia, nem derrameis sangue innocente n’este logar.

4 Porque, se devéras fizerdes esta palavra, [3] entrarão pelas portas
d’esta casa os reis que se assentam no logar de David sobre o seu throno,
em carros e montados em cavallos, elles, e os seus servos, e o seu povo.

5 Porém, se não derdes ouvidos a estas palavras, [4] por mim mesmo tenho
jurado, diz o Senhor, que esta casa se tornará em assolação.

6 Porque assim diz o Senhor ácerca da casa do rei de Judah: Tu _és_ para
mim Gilead, _e_ a altura do Libano: por certo que farei de ti um deserto
e cidades deshabitadas.

7 Porque prepararei contra ti destruidores, cada um com as suas armas:
[5] e cortarão os teus cedros escolhidos, e lançal-os-hão no fogo.

8 E muitas nações passarão por esta cidade, e dirá cada um ao seu
companheiro: [6] Porque obrou o Senhor assim com esta grande cidade?

9 E dirão: [7] Porque deixaram o concerto do Senhor seu Deus, e se
inclinaram diante de deuses alheios, e os serviram.

10 Não choreis o morto, [8] nem o lastimeis: chorae abundantemente
aquelle que sae, porque nunca mais tornará, nem verá a terra onde nasceu.

11 Porque assim diz o Senhor [9] ácerca de Shallum, filho de Josias, rei
de Judah, que reinava em logar de Josias seu pae, que saiu d’este logar:
Nunca ali tornará mais.

12 Mas no logar para onde o levaram captivo ali morrerá, e nunca mais
verá esta terra.

13 Ai d’aquelle [10] que edifica a sua casa com injustiça, e os seus
aposentos sem razão, que se serve do serviço do seu proximo sem paga, e
não lhe dá o salario do seu trabalho.

14 Que diz: Edificar-me-hei _uma_ casa espaçosa, e aposentos largos: e
lhe abre janellas, e _está_ forrada de cedro, e pintada de vermelhão.

15 _Porventura_ reinarás, porque te encerras em cedro? acaso teu pae não
comeu e bebeu, e não usou de juizo e justiça? _e_ então lhe succedeu bem.

16 Julgou a causa do afflicto e necessitado; então _lhe_ succedeu bem;
_porventura_ não _é_ isto conhecer-me? diz o Senhor.

17 Porém [11] os teus olhos e o teu coração não _attentam_ senão para
a tua avareza, e para o sangue innocente, para derramal-o, e para a
oppressão, e para a violencia, para _os_ levar a effeito.

18 Portanto assim diz o Senhor ácerca de Joaquim, filho de Josias, rei de
Judah: [12] Não lamentarão por elle, _dizendo_: Ai, irmão meu, ou, Ai,
irmã minha! nem lamentarão por elle, _dizendo_: Ai, Senhor, ou, Ai, sua
magestade!

19 Em sepultura de jumento será [13] sepultado, arrastando-o e lançando-o
para bem longe, fóra das portas de Jerusalem.

20 Sobe ao Libano, e clama, e levanta a tua voz em Basan, e clama pelas
passagens, que _já_ estão quebrantados os teus namorados.

21 Fallei comtigo na tua posteridade, porém tu disseste: Não ouvirei.
[14] Este é o teu caminho, desde a tua mocidade, que nunca déste ouvidos
á minha voz.

22 O vento apascentará a todos [15] os teus pastores, e os teus
namorados irão para o captiveiro: certamente então te confundirás, e te
envergonharás, por causa de toda a tua maldade.

23 Ó tu, que habitas no Libano _e_ fazes o teu ninho nos cedros, [16]
quão lastimada serás quando te vierem as dôres _e_ os ais como da que
está de parto!

24 Vivo eu, [17] diz o Senhor, que ainda que Conias, filho de Joaquim,
rei de Judah, fosse o annel do sello na minha mão direita, que d’ali te
arrancaria.

25 E te entregarei [18] na mão dos que buscam a tua vida, e na mão
d’aquelles diante de quem tu temes, a saber, na mão de Nabucodonozor, rei
de Babylonia, e na mão dos chaldeos.

26 E lançar-te-hei, [19] a ti e á tua mãe que te pariu, a uma terra
estranha, em que não nasceste, e ali morrereis.

27 E á terra, para a qual elles levantam a sua alma, para tornarem a
ella, a ella não tornarão.

28 _É_ pois _porventura_ este homem Conias um vil idolo quebrantado? [20]
ou um vaso de que ninguem se agrada? por que razão foram arremessados
fóra, elle e a sua geração, e arrojados para _uma_ terra que não conhecem?

29 Ó terra, [21] terra, terra! ouve a palavra do Senhor.

30 Assim diz o Senhor: Escrevei _que_ este homem está [ZQ] roubado de
filhos, homem _que_ não prosperará nos seus dias; porque não prosperará
algum da sua geração, [22] que se assentar no throno de David, e que
reinar mais em Judah.

[1] cap. 17.20.

[2] cap. 21.12.

[3] cap. 17.25.

[4] Heb. 6.13, 17.

[5] Isa. 37.24. cap. 21.14.

[6] Deu. 29.24, 25. I Reis 9.8, 9.

[7] II Reis 22.17. II Chr. 34.25.

[8] II Reis 22.20. ver. 11.

[9] I Chr. 3.15. II Reis 23.30. II Reis 23.34.

[10] Miq. 3.10. Hab. 2.9. Thi. 5.4.

[11] Eze. 19.6.

[12] I Reis 13.30.

[13] cap. 36.30.

[14] cap. 3.25 e 7.23, etc.

[15] cap. 23.1. ver. 20.

[16] cap. 6.24.

[17] II Reis 24.6, 8. I Chr. 3.16. cap. 37.1.

[18] cap. 34.20.

[19] II Reis 24.15. II Chr. 36.10.

[20] cap. 48.38. Ose. 8.8.

[21] Deu. 32.1. Isa. 1.2 e 34.1. Miq. 1.2.

[22] cap. 36.30.



23 Ai [1] dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto,
diz o Senhor.

2 Portanto assim diz o Senhor, o Deus d’Israel, ácerca dos pastores
que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as
afugentastes, e não as visitastes: [2] eis que visitarei sobre vós a
maldade das vossas acções, diz o Senhor.

3 E eu mesmo recolherei [3] o resto das minhas ovelhas, de todas as
terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus curraes;
e fructificarão, e se multiplicarão.

4 E levantarei sobre ellas [4] pastores que as apascentem, e nunca mais
temerão, nem se assombrarão, nem faltarão, diz o Senhor.


_O Renovo de David._

5 Eis que [5] veem dias, diz o Senhor, em que levantarei a David um
Renovo justo; e, _sendo_ rei, reinará, e prosperará, e praticará o juizo
e a justiça na terra.

6 Nos seus dias Judah será salvo, e Israel habitará seguro: e este será o
seu nome, com que o nomearão: [6] O SENHOR JUSTIÇA NOSSA.

7 Portanto, eis que veem dias, diz o Senhor, e nunca mais dirão: Vive o
Senhor, que fez subir os filhos d’Israel da terra do Egypto;

8 Mas: Vive o Senhor, que fez subir, e que trouxe a geração da casa de
Israel da terra do norte, [7] e de todas as terras para onde os tinha
arrojado; e habitarão na sua terra.


_Contra os falsos prophetas._

9 Quanto aos prophetas, _já_ o meu coração _está_ quebrantado dentro de
mim mesmo, [8] todos os meus ossos tremem; sou como um homem bebado, e
como um homem vencido de vinho, por causa do Senhor, e por causa das
palavras da sua sanctidade.

10 Porque a terra [9] está cheia de adulteros, e a terra chora por causa
da maldição: os pastos do deserto se seccam; porque a sua carreira _é_
má, e a sua força não _é_ recta.

11 Porque [10] o propheta, assim como o sacerdote, _estão_ contaminados;
até na minha casa achei a sua maldade, diz o Senhor.

12 Portanto [11] o seu caminho lhes será como _uns_ escorregadouros na
escuridão: serão repuxados, e cairão n’elle; [12] porque trarei sobre
elles mal _no_ anno da sua visitação, diz o Senhor.

13 Nos prophetas de Samaria bem vi eu loucura: [13] prophetizavam da
parte de Baal, e faziam errar o meu povo Israel.

14 Mas nos prophetas de Jerusalem vejo uma coisa horrenda: [14] commettem
adulterios, e andam com falsidade, e esforçam as mãos dos malfeitores,
para que não se convertam da sua maldade; [15] teem-se tornado para mim
como Sodoma, e os seus moradores como Gomorrah.

15 Portanto assim diz o Senhor dos Exercitos ácerca dos prophetas: Eis
que lhes darei a comer alosna, [16] e os farei beber aguas de fel; porque
dos prophetas de Jerusalem saiu a contaminação sobre toda a terra.

16 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Não deis ouvidos ás palavras dos
prophetas, que vos prophetizam; fazem-vos esvaecer: [17] fallam a visão
do seu coração, não da bocca do Senhor.

17 Dizem continuamente aos que me desprezam: O Senhor disse: [18] Paz
tereis; e a qualquer que anda segundo o proposito do seu coração, dizem:
[19] Não virá mal sobre vós.

18 Porque, [20] quem esteve no conselho do Senhor, e viu, e ouviu a sua
palavra? quem esteve attento á sua palavra, e ouviu?

19 Eis que saiu com [21] indignação a tempestade do Senhor; e _uma_
tempestade penosa cairá cruelmente sobre a cabeça dos impios.

20 Não se desviará a [22] ira do Senhor, até que execute e cumpra os
pensamentos do seu coração: [23] no fim dos dias entendereis isso
claramente.

21 Não mandei [24] os prophetas, comtudo elles foram correndo: não lhes
fallei a elles, comtudo elles prophetizaram.

22 Porém, [25] se estivessem no meu conselho, então fariam ouvir as
minhas palavras ao meu povo, [26] e os fariam voltar do seu mau caminho,
e da maldade das suas acções.

23 _Porventura sou_ eu Deus de perto, diz o Senhor, e não _tambem_ Deus
de longe?

24 Esconder-se-hia [27] alguem em esconderijos, que eu não o veja? diz o
Senhor; _porventura_ não encho eu os céus e a terra? diz o Senhor.

25 Tenho ouvido o que dizem aquelles prophetas, prophetizando mentiras em
meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei.

26 Até quando _será isto_? ha pois _ainda sonho_ no coração dos prophetas
que prophetizam mentiras? _são_, porém, prophetas do engano do seu
coração;

27 Que cuidam que farão que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus
sonhos que cada um conta ao seu companheiro, [28] assim como seus paes se
esqueceram do meu nome por causa de Baal.

28 O propheta que tem _um_ sonho conte o sonho; e aquelle em quem _está_
a minha palavra, falle a minha palavra _com_ verdade. Que tem a palha com
o trigo? diz o Senhor.

29 _Porventura_ a minha palavra não _é_ como o fogo, diz o Senhor, e como
um martello _que_ esmiuça a penha?

30 Portanto, [29] eis que eu _sou_ contra os prophetas, diz o Senhor, que
furtam as minhas palavras, cada um ao seu companheiro.

31 Eis que eu _sou_ contra os prophetas, diz o Senhor, que usam de sua
lingua, e dizem: _Assim_ o disse.

32 Eis que eu _sou_ contra os que prophetizam sonhos falsos, diz o
Senhor, e os contam, [30] e fazem errar o meu povo com as suas mentiras
e com as suas leviandades; e eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e não
fizeram proveito nenhum a este povo, diz o Senhor.

33 Quando pois te perguntar este povo, ou qualquer propheta, ou
sacerdote, [31] dizendo: Qual _é_ a carga do Senhor? Então lhe dirás: Que
carga? Que vos deixarei, diz o Senhor.

34 E, quanto ao propheta, e ao sacerdote, e ao povo, que disser, Carga do
Senhor, eu castigarei o tal homem e a sua casa.

35 Assim direis, cada um ao seu companheiro, e cada um ao seu irmão: Que
respondeu o Senhor? e que fallou o Senhor?

36 Mas nunca mais vos lembrareis da carga do Senhor; porque a cada um lhe
servirá de carga a sua _propria_ palavra; pois torceis as palavras do
Deus vivo, do Senhor dos Exercitos, o nosso Deus.

37 Assim dirás ao propheta: Que te respondeu o Senhor, e que fallou o
Senhor?

38 Mas, porquanto dizeis: Carga do Senhor; portanto assim o diz o Senhor:
Porquanto dizeis esta palavra: Carga do Senhor, havendo-vos ordenado,
dizendo: Não direis: Carga do Senhor;

39 Por isso, [32] eis que tambem eu me esquecerei totalmente de vós, e a
vós, e á cidade que vos dei a vós e a vossos paes, arrancarei da minha
face.

40 E porei sobre vós [33] perpetuo opprobrio, e eterna vergonha, que não
será esquecida.

[1] cap. 10 e 22.22. Eze. 34.

[2] Exo. 32.34.

[3] cap. 32.37. Eze. 34.13, etc.

[4] cap. 3.15. Eze. 34.23, etc.

[5] Isa. 4.2 e 40.10, 11. cap. 33.14, 15, 16.

[6] cap. 32.37. cap. 33.16.

[7] Isa. 43.5, 9. ver. 3.

[8] Hab. 3.16.

[9] cap. 9.2. Ose. 4.2, 3. cap. 9.10 e 12.4.

[10] cap. 6.13 e 8.10. Sof. 3.4. cap. 7.30 e 11.15 e 32.34. Eze. 23.39.

[11] Pro. 4.19. cap. 13.16.

[12] cap. 11.23.

[13] cap. 2.8.

[14] cap. 29.23. ver. 26.

[15] Deu. 32.32. Isa. 1.9, 10.

[16] cap. 8.14 e 9.15.

[17] cap. 14.14. ver. 21.

[18] cap. 6.14 e 8.11. Eze. 13.10.

[19] Miq. 3.11.

[20] Job 15.8. I Cor. 2.16.

[21] cap. 25.32 e 30.23.

[22] cap. 30.24.

[23] Gen. 49.1.

[24] cap. 14.14 e 27.15 e 29.9.

[25] ver. 18.

[26] cap. 25.5.

[27] Amós 9.2, 3.

[28] Jui. 3.7 e 8.33, 34.

[29] Deu. 18.20. cap. 14.14, 15.

[30] Sof. 3.4.

[31] Mal. 1.1.

[32] Ose. 4.6.

[33] cap. 20.11.



_Mediante dois cestos de figos, o futuro do povo é revelado._

[Antes de Christo 606]

24 Fez-me o Senhor [1] ver, e eis aqui dois cestos de figos, postos
diante do templo do Senhor, [2] depois que Nabucodonosor, rei de
Babylonia, levou em captiveiro a Jechonias, filho de Joaquim, rei de
Judah, e os principes de Judah, e os carpinteiros, e os ferreiros de
Jerusalem, e os trouxe a Babylonia.

2 Um cesto _tinha_ figos muito bons, como os figos temporãos; porém o
outro cesto _tinha_ figos muito maus, que não se podiam comer, de maus
_que eram_.

3 E disse-me o Senhor: Que vês tu, Jeremias? _E_ eu disse: Figos: os
figos bons, muito bons, e os maus, muito maus, que não se podem comer,
de maus _que são_.

4 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

5 Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Como a estes bons figos, assim
_tambem_ conhecerei aos de Judah, levados em captiveiro; os quaes enviei
d’este logar para a terra dos chaldeos, para _o seu_ bem.

6 Porei os meus olhos [3] sobre elles, para _o seu_ bem, e os voltarei a
esta terra, e edifical-os-hei, e não os destruirei; e plantal-os-hei, e
não os arrancarei.

7 E dar-lhes-hei coração [4] para que me conheçam, porque eu _sou_ o
Senhor; e ser-me-hão por povo, e eu lhes serei por Deus; porque se
converterão a mim de todo o seu coração.

8 E como [5] os figos maus, que se não podem comer, de maus _que são_
(porque assim diz o Senhor), assim usarei com Zedekias, rei de Judah, e
com os seus principes, e com o resto de Jerusalem, que ficou de resto
n’esta terra, [6] e com os que habitam na terra do Egypto.

9 E entregal-os-hei para que sejam um terror, [7] para mal a todos os
reinos da terra, para o opprobrio e por proverbio, _e_ para escarneo, [8]
e por maldição em todos os logares para onde os arrojei.

10 E enviarei entre elles a espada, a fome, e a peste, até que se
consumam de sobre a terra que lhes dei a elles e a seus paes.

[1] Amós 7.1, 4 e 8.1.

[2] II Reis 24.12, etc. II Chr. 36.10. cap. 22.24, etc. e 29.2.

[3] cap. 12.15 e 32.41 e 33.7 e 42.10.

[4] Deu. 30.6. cap. 32.39. Eze. 11.19 e 36.26, 27. cap. 30.22 e 31.33 e
32.38. cap. 29.13.

[5] cap. 29.17.

[6] cap. 43 e 44.

[7] Deu. 28.25, 37. I Reis 9.7. I Chr. 7.20.

[8] cap. 29.18, 22.



_Os setenta annos do captiveiro, e depois a ruina de Babylonia e das
outras nações._

25 A palavra que veiu a Jeremias ácerca de todo o povo de Judah no anno
quarto [1] de Joaquim, filho de Josias, rei de Judah (que é o primeiro
anno de Nabucodonozor, rei de Babylonia),

2 A qual fallou o propheta Jeremias a todo o povo de Judah, e a todos os
habitantes de Jerusalem, dizendo:

3 Desde o [2] anno treze de Josias, filho de Ammon, rei de Judah, até
este dia (que é o anno vinte e tres), veiu a mim a palavra do Senhor, [3]
e vol-a fallei a vós, madrugando e fallando; porém não escutastes.

4 Tambem vos enviou o Senhor todos os seus servos, os prophetas, [4]
madrugando e enviando-_os_ (porém não escutastes, nem inclinastes os
vossos ouvidos para ouvir),

5 Dizendo: [5] Convertei-vos agora cada um do seu mau caminho, e da
maldade das suas acções, e habitae na terra que vos deu o Senhor, e a
vossos paes, de seculo em seculo;

6 E não andeis após deuses alheios para os servirdes, e para vos
inclinardes diante d’elles, nem me provoqueis á ira com a obra de vossas
mãos, para que vos não faça mal.

7 Porém não me déstes ouvidos, diz o Senhor, [6] para me provocardes á
ira com a obra de vossas mãos, para vosso mal.

8 Portanto assim diz o Senhor dos Exercitos: Porquanto não escutastes as
minhas palavras,

9 Eis que eu enviarei, [7] e tomarei a todas as gerações do norte, diz
o Senhor, [8] como tambem a Nabucodonozor, rei de Babylonia, meu servo,
e os trarei sobre esta terra, e sobre os seus moradores, e sobre todas
estas nações em redor, e os destruirei totalmente, e pôl-os-hei em
espanto, [9] e em assobio, e em perpetuos desertos.

10 E farei perecer d’entre elles a voz de folguedo, [10] e a voz de
alegria, a voz do esposo, e a voz da esposa, _como tambem_ o som das mós,
e a luz do candieiro.

11 E toda esta terra virá a ser _um_ deserto e _um_ espanto: e estas
nações servirão ao rei de Babylonia setenta annos.

12 Será, porém, que, [11] quando se cumprirem os setenta annos, _então_
visitarei sobre o rei de Babylonia, e sobre esta nação, diz o Senhor, a
sua iniquidade, e sobre a terra dos chaldeos; [12] farei d’elles _uns_
desertos perpetuos.

13 E trarei sobre esta terra todas as minhas palavras, que fallei
contra ella, _a saber_, tudo quanto _está_ escripto n’este livro, que
prophetizou Jeremias contra todas estas nações.

14 Porque [13] tambem d’elles se servirão muitas nações e grandes reis:
assim lhes pagarei segundo os seus feitos, e segundo as obras das suas
mãos.

15 Porque assim me disse o Senhor, o Deus d’Israel: [14] Toma da minha
mão este copo do vinho do furor, e darás a beber d’elle a todas as
nações, ás quaes eu te enviarei.

16 Para que bebam [15] e tremam, e enlouqueçam, por causa da espada, que
eu enviarei entre elles.

17 E tomei o copo da mão do Senhor, e dei a beber a todas as nações, ás
quaes o Senhor me tinha enviado:

18 A Jerusalem, e ás cidades de Judah, e aos seus reis, e aos seus
principes, para fazer d’elles um deserto, [16] um espanto, um assobio, e
uma maldição, como hoje _se vê_:

19 _Como tambem_ a Pharaó, [17] rei do Egypto, e a seus servos, e a seus
principes, e a todo o seu povo;

20 E a [18] toda a mistura de gente, e a todos os reis da terra de Uz,
e a todos os reis da terra dos philisteos, e a Asquelon, e a Gaza, e a
Ecron, e ao resto de Asdod,

21 _E_ [19] a Edom, e a Moab, e aos filhos d’Ammon;

22 E a todos os reis de [20] Tyro, e a todos os reis de Sidon; e aos reis
das ilhas que _estão_ d’alem do mar;

23 A Dedan, [21] e a Tema, e a Buz e a todos os que habitam nos ultimos
[ZR] cantos _da terra_;

24 E a todos [22] os reis da Arabia, e todos os reis da mistura de gentes
que habita no deserto;

25 E a todos os reis de Zimri, e a todos os reis d’Elam, [23] e a todos
os reis da Media:

26 E a todos os reis do norte, os de perto, e os de longe, um com outro,
e a todos os reinos da terra, [24] que estão sobre a face da terra, e o
rei de Sheshach beberá depois d’elles.

27 Pois lhes dirás: Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel:
Bebei, [25] e embebedae-vos, e vomitae, e cahi, e não torneis a
levantar-vos, por causa da espada que eu enviarei entre vós.

28 E será que, se não quizerem tomar o copo da tua mão para beber, então
lhes dirás: Assim diz o Senhor dos Exercitos: Certamente bebereis.

29 Porque, [26] eis que na cidade que se chama pelo meu nome começo a
castigar; e serieis vós totalmente innocentes? não sereis innocentes;
[27] porque eu chamo a espada sobre todos os moradores da terra, diz o
Senhor dos Exercitos.

30 Tu pois lhes prophetizarás todas estas palavras, e lhes dirás: O
Senhor desde o alto bramará, [28] e dará a sua voz desde a morada da sua
sanctidade: terrivelmente bramará contra a sua habitação, _e_ com grito
de alegria, como dos que pizam as uvas, contra todos os moradores da
terra.

31 Chegará o estrondo até á extremidade da terra, porque o Senhor tem
contenda com as nações, [29] entrará em juizo com toda a carne: os impios
entregará á espada, diz o Senhor.

32 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Eis que o mal sae de nação a nação,
[30] e grande tormenta se levantará das ilhargas da terra.

33 E serão os mortos [31] do Senhor, n’aquelle dia, [32] desde uma
extremidade da terra até á _outra_ extremidade da terra: não serão
pranteados, nem recolhidos, nem sepultados; _mas_ estarão por esterco
sobre a face da terra.

34 Uivae, [33] pastores, e clamae, e rebolae-vos _na cinza_, [ZS]
honrados do rebanho, porque _já_ se cumpriram os vossos dias para _vos_
matar, e eu vos quebrantarei, e vós então caireis como _um_ vaso precioso.

35 E não _haverá_ fugida para os pastores, nem salvamento para os
honrados do rebanho.

36 Voz de grito dos pastores, e uivo dos honrados do rebanho; porque o
Senhor destruiu o pasto d’elles.

37 Porque as suas malhadas pacificas serão desarraigadas, por causa do
furor da ira do Senhor.

38 Desamparou a sua cabana, como o filho de leão; porque a sua terra foi
_posta_ em assolação, por causa do furor do oppressor, e por causa do
furor da sua ira.

[1] cap. 36.1.

[2] cap. 1.2.

[3] cap. 7.13 e 11.7, 8, 10 e 13.10, 11 e 16.12.

[4] cap. 7.13, 25 e 26.5 e 29.19.

[5] II Reis 17.12. cap. 18.11 e 35.15. Jon. 3.8.

[6] Deu. 32.21. cap. 7.19 e 32.30.

[7] cap. 1.15.

[8] cap. 27.6 e 43.10.

[9] cap. 18.16.

[10] Isa. 24.7. cap. 7.34 e 16.9. Eze. 26.13. Ose. 2.11. Apo. 18.23.

[11] II Chr. 36.21, 22. cap. 29.10. Dan. 9.2.

[12] Isa. 13.19 e 14.23 e 21.1, etc. e 47.1. cap. 50.3, 13, 23, 39, 40,
45 e 51.25, 26.

[13] cap. 50.9 e 51.27, 28. cap. 50.41 e 51.27. cap. 50.29 e 51.6, 24.

[14] Job 21.20. Isa. 51.17. Apo. 14.10.

[15] cap. 51.7. Eze. 23.34. Nah. 3.11.

[16] ver. 9, 11. cap. 24.9.

[17] cap. 46.2, 25.

[18] ver. 24. cap. 47.1, 5, 7.

[19] cap. 49.7, etc. cap. 48.1 e 49.1.

[20] cap. 47.4 e 49.23.

[21] cap. 49.8.

[22] II Chr. 9.14. ver. 20. cap. 49.31.

[23] cap. 49.34.

[24] cap. 51.41.

[25] Hab. 2.16. Isa. 51.21 e 63.6.

[26] Pro. 11.31. cap. 49.12. Eze. 9.6. Abd. 16. I Ped. 4.17.

[27] Eze. 38.21.

[28] Isa. 42.13. Joel 3.16. Amós 1.2.

[29] Ose. 4.1. Miq. 6.2. Isa. 66.16. Joel 3.2.

[30] cap. 23.19 e 30.23.

[31] Isa. 66.16.

[32] cap. 16.4, 6. Apo. 11.9.

[33] cap. 4.8 e 6.26.



_Jeremias prediz a ruina do templo e de Jerusalem; e corre perigo de
morte._

[Antes de Christo 609]

26 No principio do reinado de Joaquim, filho de Josias, rei de Judah,
veiu esta palavra do Senhor, dizendo:

2 Assim diz o Senhor: [1] Põe-te no atrio da casa do Senhor e falla a
todas as cidades de Judah, que veem a adorar na casa do Senhor, todas as
palavras que te mandei que lhes fallasses; [2] palavra _nenhuma_ deixes:

3 Bem pode ser [3] que ouçam, e se convertam cada um do seu mau caminho,
[4] e eu me arrependa do mal que intento fazer-lhes por causa da maldade
das suas acções.

4 Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor: [5] Se-não me derdes ouvidos para
andardes na minha lei, a qual tenho posto diante de vós,

5 Para que ouvisseis as palavras dos meus servos, [6] os prophetas, que
eu vos envio, madrugando e enviando, mas não ouvistes;

6 Então farei que esta casa [7] _seja_ como Silo, e farei d’esta cidade
uma maldição para todas as nações da terra.

7 E ouviram os sacerdotes, e os prophetas, e todo o povo, a Jeremias,
fallando estas palavras na casa do Senhor.

8 E succedeu que, acabando Jeremias de dizer tudo quanto o Senhor lhe
havia ordenado que dissesse a todo o povo, pegaram n’elle os sacerdotes,
e os prophetas, e todo o povo, dizendo: Certamente morrerás,

9 Porque prophetizaste no nome do Senhor, dizendo: Como Silo será esta
casa, e esta cidade será assolada, de sorte que não _haja_ morador
_n’ella_. E ajuntou-se todo o povo contra Jeremias, na casa do Senhor.

10 E, ouvindo os principes de Judah estas palavras, subiram da casa do
rei á casa do Senhor, e se assentaram á entrada da porta nova do Senhor.

11 Então fallaram os sacerdotes e os prophetas aos principes e a todo o
povo, dizendo: [8] Este homem _é_ réu de morte, porque prophetizou contra
esta cidade, como o ouvistes com os vossos ouvidos.

12 E fallou Jeremias a todos os principes e todo o povo, dizendo: O
Senhor me enviou a prophetizar contra esta casa, e contra esta cidade,
todas as palavras que ouvistes.

13 Agora, pois, [9] melhorae os vossos caminhos e as vossas acções, e
ouvi a voz do Senhor vosso Deus, [10] e arrepender-se-ha o Senhor do mal
que fallou contra vós.

14 Eu, porém, [11] eis que estou nas vossas mãos, fazei de mim conforme o
que fôr bom _e_ recto aos vossos olhos.

15 Porém sabei por certo que, se me matardes a mim, trareis sangue
innocente sobre vós, e sobre esta cidade, e sobre os seus habitantes:
porque, na verdade, o Senhor me enviou a vós, a fallar aos vossos ouvidos
todas estas palavras.

16 Então disseram os principes, e todo o povo, aos sacerdotes e aos
prophetas: Não _é_ este homem réu de morte, porque em nome do Senhor,
nosso Deus, nos fallou.

17 Tambem [12] se levantaram _alguns_ homens d’entre os anciãos da terra,
e fallaram a toda a congregação do povo, dizendo:

18 Micaias, [13] o morashita, prophetizou nos dias de Ezequias, rei de
Judah, e fallou a todo o povo de Judah, dizendo: Assim disse o Senhor dos
exercitos: [14] Sião será lavrada _como um_ campo, e Jerusalem _será_
montões _de pedras_, e o monte d’esta casa altos de matto.

19 _Porventura_ logo o mataram, Ezequias, rei de Judah, e todo o Judah?
[15] _Porventura_ não temeu ao Senhor, e o não supplicou á face do
Senhor? e o Senhor se arrependeu do mal que fallara contra elles: [16] e
nós fazemos _um_ grande mal contra as nossas almas.

20 Tambem houve um homem que prophetizava em nome do Senhor, _a saber_:
Urias, filho de Semaia, de Kiriath-jearim, o qual prophetizou contra esta
cidade, e contra esta terra, conforme todas as palavras de Jeremias.

21 E, ouvindo o rei Joaquim, e todos os seus valentes, e todos os
principes, as suas palavras, procurou o rei matal-o; o que ouvindo Urias,
temeu, e fugiu, e foi para o Egypto;

22 Porém o rei Joaquim enviou uns homens ao Egypto, _a saber_, Elnathan,
filho de Achbor, e _outros_ homens com elle ao Egypto,

23 Os quaes tiraram a Urias do Egypto, e o trouxeram ao rei Joaquim, que
o feriu á espada, e lançou o seu cadaver nas sepulturas dos filhos do
povo.

24 A mão [17] pois de Ahicam, filho de Saphan, foi com Jeremias, para que
o não entregassem na mão do povo, para o matar.

[1] cap. 19.14.

[2] Eze. 3.10. Act. 20.27.

[3] cap. 36.3.

[4] cap. 18.8. Jon. 3.8, 9.

[5] Lev. 26.14, etc. Deu. 28.15.

[6] cap. 7.13, 25 e 11.7 e 25.3, 4.

[7] cap. 12.14 e 24.9.

[8] cap. 38.4.

[9] cap. 7.3.

[10] ver. 3, 19.

[11] cap. 38.5.

[12] Act. 5.34, etc.

[13] Miq. 1.1.

[14] Miq. 3.12.

[15] II Chr. 32.26.

[16] Act. 5.39.

[17] II Reis 22.12, 14. cap. 39.14.



_Jeremias aconselha submissão ao rei de Babylonia._

[Antes de Christo 598]

27 No principio do reinado de Joaquim, [1] filho de Josias, rei de Judah,
veiu esta palavra a Jeremias da parte do Senhor, dizendo:

2 Assim me disse o Senhor: Faze umas prisões e jugos, [2] e pôl-os-has
sobre o teu pescoço.

3 E envia-os ao rei de Edom, e ao rei de Moab, e ao rei dos filhos de
Ammon, e ao rei de Tyro, e ao rei de Sidon, pela mão dos mensageiros que
veem a Jerusalem _a ter_ com Zedekias, rei de Judah.

4 E lhes darás ordens, que digam aos seus senhores: Assim diz o Senhor
dos Exercitos, o Deus d’Israel: Assim direis a vossos senhores:

5 Eu fiz a terra, [3] o homem, e os animaes que _estão_ sobre a face da
terra, pela minha grande potencia, e com o meu braço estendido, e a dou
áquelle que me agrada nos meus olhos.

6 E [4] agora eu _já_ dei todas estas terras na mão de Nabucodonozor, rei
de Babylonia, meu servo: e ainda até os animaes do campo lhe dei, para
que o sirvam.

7 E todas [5] as nações o servirão a elle, e a seu filho, e ao filho
de seu filho, até que tambem venha o tempo da sua propria terra: então
muitas nações e grandes reis se servirão d’elle.

8 E será _que_ a nação e o reino que o não servirem, _a saber_, a
Nabucodonozor, rei de Babylonia, e que não pozerem o seu pescoço debaixo
do jugo do rei de Babylonia, com espada, e com fome, e com peste
visitarei a tal nação, diz o Senhor, até que a consuma pela sua mão.

9 E vós não deis ouvidos aos vossos prophetas, e aos vossos adivinhos, e
aos vossos sonhos, e aos vossos agoureiros, e aos vossos encantadores,
que vos fallam, dizendo: Não servireis ao rei de Babylonia.

10 Porque mentiras [6] vos prophetizam, para vos mandarem para longe da
vossa terra, e eu vos lance _d’ella_, e vós pereçaes.

11 Porém a nação que metter o seu pescoço sob o jugo do rei de Babylonia,
e o servir, eu a deixarei na sua terra, diz o Senhor, e lavral-a-ha e
habitará n’ella.

12 E [7] fallei com Zedekias, rei de Judah, conforme todas estas
palavras, dizendo: Mettei os vossos pescoços no jugo do rei de Babylonia,
e servi-o, a elle e ao seu povo, e vivereis.

13 Porque [8] morrerias tu e o teu povo, á espada, e á fome, e de peste,
como o Senhor _já_ disse da gente que não servir ao rei de Babylonia?

14 E não deis ouvidos ás palavras dos prophetas, que vos fallam, dizendo:
Não servireis ao rei de Babylonia: [9] porque vos prophetizam mentiras.

15 Porque não os enviei, diz o Senhor, e prophetizam no meu nome
falsamente, para que eu vos lance fóra, e pereçaes, vós e os prophetas
que vos prophetizam.

16 Tambem fallei aos sacerdotes, e a todo este povo, dizendo: Assim diz
o Senhor: [10] Não deis ouvidos ás palavras dos vossos prophetas, que
vos prophetizam, dizendo: Eis que os vasos da casa do Senhor agora cedo
voltarão de Babylonia, porque vos prophetizam mentiras.

17 Não lhes deis ouvidos, servi ao rei de Babylonia, e vivereis: porque
se tornaria esta cidade _em_ deserto?

18 Porém, se _são_ prophetas, e se ha palavras do Senhor com elles, orem
agora ao Senhor dos Exercitos, para que os vasos que ficaram de resto na
casa do Senhor, e na casa do rei de Judah, e em Jerusalem não venham a
Babylonia.

19 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos ácerca [11] das columnas, e do
mar, e das bases, e do resto dos vasos que ficaram de resto na cidade,

20 Que Nabucodonozor, rei de Babylonia, não tomou, quando transportou
de Jerusalem para Babylonia a Jechonias, [12] filho de Joaquim, rei de
Judah, como tambem a todos os nobres de Jerusalem;

21 Assim pois diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel, ácerca dos
vasos que ficaram de resto _na_ casa do Senhor, e _na_ casa do rei de
Judah, e _em_ Jerusalem:

22 A Babylonia [13] serão levados, e ali ficarão até ao dia em que os
visitarei, [14] diz o Senhor: então os farei subir, e os tornarei a
trazer a este logar.

[1] ver. 3, 12, 20. cap. 28.1.

[2] cap. 28.10, 12. Eze. 4.1 e 24.3, etc.

[3] Isa. 45.12. Dan. 4.17, 22, 32.

[4] cap. 28.14. Eze. 29.18, 20. Dan. 2.38.

[5] II Chr. 36.20. cap. 25.21.

[6] ver. 14.

[7] cap. 28.1 e 38.17.

[8] Eze. 18.31.

[9] cap. 14.14 e 29.8, 9.

[10] II Chr. 36.7, 10. cap. 28.3. Dan. 1.

[11] II Reis 25.13, etc. cap. 52.17, 20, 21.

[12] II Reis 24.14, 15. cap. 24.1.

[13] II Reis 25.13. II Chr. 36.18.

[14] cap. 29.10 e 32.5.



_A lucta de Jeremias com o falso propheta Hananias._

[Antes de Christo 596]

28 E succedeu [1] no mesmo anno, no principio do reinado de Zedekias, rei
de Judah, no anno quarto, no mez quinto, _que_ me fallou Hananias, filho
de Azur, o propheta que _era_ de Gibeon, na casa do Senhor, perante os
olhos dos sacerdotes e de todo o povo, dizendo:

2 Assim falla o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel, dizendo: [2] _Eu_
quebrei o jugo do rei de Babylonia.

3 Depois [3] de passados dois annos completos, eu tornarei a trazer a
este logar todos os vasos da casa do Senhor, que d’este logar tomou
Nabucodonozor, rei de Babylonia, e os levou a Babylonia.

4 Tambem a Jechonias, filho de Joaquim, rei de Judah, e a todos os do
captiveiro de Judah, que entraram em Babylonia, eu tornarei a trazer a
este logar, diz o Senhor: porque quebrarei o jugo do rei de Babylonia.

5 Então fallou Jeremias, o propheta, a Hananias, o propheta, aos olhos
dos sacerdotes, e aos olhos de todo o povo que estava na casa do Senhor.

6 Disse pois Jeremias, [4] o propheta: Amen! assim faça o Senhor: o
Senhor confirme as tuas palavras, com que prophetizaste, que torne a
trazer os vasos da casa do Senhor, e todos os do captiveiro de Babylonia
a este logar.

7 Porém ouve agora esta palavra, que eu fallo aos teus ouvidos e aos
ouvidos de todo o povo:

8 Os prophetas que _já_ houve antes de mim e antes de ti, desde a
antiguidade, elles prophetizaram contra muitas terras, e contra grandes
reinos, ácerca de guerra, e de mal, e de peste.

9 O propheta [5] que prophetizar de paz, cumprindo-se a palavra d’aquelle
propheta, será conhecido o tal _por aquelle_ a quem o Senhor na verdade
enviou.

10 Então Hananias, o propheta, [6] tomou o jugo do pescoço do propheta
Jeremias, e o quebrou.

11 E fallou Hananias aos olhos de todo o povo, dizendo: Assim diz o
Senhor: [7] Assim quebrarei o jugo de Nabucodonozor, rei de Babylonia,
depois de passados dois annos completos, de sobre o pescoço de todas as
nações. E foi-se Jeremias, o propheta, seu caminho.

12 Mas veiu a palavra do Senhor a Jeremias, depois que Hananias, o
propheta, quebrou o jugo de sobre o pescoço de Jeremias, o propheta,
dizendo:

13 Vae, e falla a Hananias, dizendo: Assim diz o Senhor: Jugos de madeira
quebraste, mas em vez d’elles farás jugos de ferro.

14 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel: [8] Jugo
de ferro puz sobre o pescoço de todas estas nações, para servirem a
Nabucodonozor, rei de Babylonia, e servil-o-hão, [9] e até os animaes do
campo lhe dei.

15 E disse Jeremias, o propheta, a Hananias, o propheta: Ouve agora,
Hananias: Não te ouviu o Senhor, [10] porém tu fizeste a este povo
confiar em mentiras.

16 Pelo que assim diz o Senhor: Eis que te lançarei de sobre a face da
terra; este anno morrerás, [11] porque fallaste rebellião contra o Senhor.

17 E morreu Hananias, o propheta, no mesmo anno, no setimo mez.

[1] cap. 27.1.

[2] cap. 27.12.

[3] cap. 27.16.

[4] II Reis 1.36.

[5] Deu. 18.22.

[6] cap. 27.2.

[7] cap. 27.7.

[8] Deu. 28.48. cap. 27.7.

[9] cap. 27.6.

[10] cap. 29.31. Eze. 13.22.

[11] Deu. 13.5. cap. 29.32.



_A carta de Jeremias aos captivos de Babylonia._

[Antes de Christo 599]

29 E estas _são_ as palavras da carta que Jeremias, o propheta, enviou
de Jerusalem, ao resto do captiveiro dos anciãos, como tambem aos
sacerdotes, e aos prophetas, e a todo o povo que Nabucodonozor havia
transportado de Jerusalem a Babylonia;

2 Depois que [1] sairam o rei Jechonias, e a rainha, e os eunuchos, e
os principes de Judah e Jerusalem, e os carpinteiros e ferreiros de
Jerusalem,

3 Pela mão de Elasa, filho de Saphan, e de Gemarias, filho de Hilkias, os
quaes enviou Zedekias, rei de Judah, a Babylonia, a Nabucodonozor, rei de
Babylonia, dizendo:

4 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel, a todos os que foram
transportados, os quaes fiz transportar de Jerusalem para Babylonia:

5 Edificae casas [2] e habitae _n’ellas_; e plantae jardins, e comei o
seu fructo.

6 Tomae mulheres e gerae filhos e filhas, e tomae mulheres para vossos
filhos, e dae vossas filhas a maridos, e parirão filhos e filhas; e
multiplicae-vos ali, e não vos diminuaes.

7 E procurae a paz da cidade, para onde vos fiz transportar, [3] e orae
por ella ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz.

8 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel: Não vos
enganem os vossos prophetas que _estão_ no meio de vós, [4] nem os vossos
adivinhos, nem deis ouvidos aos vossos sonhos, que vós sonhaes:

9 Porque elles [5] vos prophetizam falsamente no meu nome: não os enviei,
diz o Senhor.

10 Porque assim diz o Senhor: [6] Certamente que em se cumprindo setenta
annos em Babylonia, vos visitarei, e continuarei sobre vós a minha boa
palavra, tornando-vos a trazer a este logar.

11 Porque eu _bem_ sei os pensamentos que eu penso de vós, diz o Senhor;
pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperaes.

12 Então me invocareis, [7] e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei.

13 E buscar-me-heis, [8] e me achareis, quando me buscardes com todo o
vosso coração.

14 E serei achado de vós, diz o Senhor, e farei tornar os vossos
captivos, e congregar-vos-hei de todas as nações, e de todos os logares
para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao logar
d’onde vos transportei.

15 Porque dizeis: O Senhor nos levantou prophetas em Babylonia.

16 Porque assim diz o Senhor _ácerca_ do rei que se assenta no throno de
David; e _ácerca_ de todo o povo que habita n’esta cidade, _a saber_, de
vossos irmãos, que não sairam comvosco para o captiveiro;

17 Assim diz o Senhor dos Exercitos: [9] Eis que enviarei entre elles a
espada, a fome e a peste, e fal-os-hei como a figos podres, que não se
podem comer, de maus _que são_.

18 E perseguil-os-hei com a espada, com a fome, e com a peste; [10]
dal-os-hei para servirem de commoção a todos os reinos da terra, _como
tambem_ por maldição, e por espanto, e por assobio, e por opprobrio entre
todas as nações para onde os lançar;

19 Porquanto não deram ouvidos ás minhas palavras, diz o Senhor,
enviando-lhes eu os meus servos, [11] os prophetas, madrugando e
enviando; porém vós não escutastes, diz o Senhor.

20 Vós, pois, ouvi a palavra do Senhor, todos os do captiveiro que enviei
de Jerusalem a Babylonia.

21 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel, ácerca de Ahab,
filho de Colaias, e de Zedekias, filho de Maaseias, que vos prophetizam
falsamente no meu nome: Eis que os entregarei na mão de Nabucodonozor,
rei de Babylonia, e elle os ferirá diante dos vossos olhos.

22 E tomarão [12] d’elles uma maldição todos os transportados de Judah,
que _estão_ em Babylonia, dizendo: [13] O Senhor te faça como Zedekias, e
como Ahab, os quaes o rei de Babylonia assou no fogo;

23 Porquanto fizeram loucura em Israel, e commetteram adulterio com as
mulheres de seus companheiros, e fallaram _uma_ palavra no meu nome
falsamente, que não lhes mandei, e eu o sei e _sou_ testemunha _d’isso_,
diz o Senhor.

24 E a Shemaias, o nehelamita, fallarás, dizendo:

25 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel, dizendo: Porquanto
tu enviaste no teu nome cartas a todo o povo que _está_ em Jerusalem,
[14] como tambem a Sofonias, filho de Maaseias, o sacerdote, e a todos os
sacerdotes, dizendo:

26 O Senhor te poz por sacerdote em logar de Joiada, o sacerdote, [15]
para que sejaes encarregados da casa do Senhor sobre todo o homem
furioso, e que prophetiza, para o lançares na prisão e no tronco.

27 Agora, pois, porque não reprehendeste a Jeremias, o anathotita, que
prophetiza vos?

28 Porque por isso nos mandou a nós _a_ Babylonia, dizendo: Ainda _o
captiveiro_ muito ha de durar; [16] edificae casas, e habitae _n’ellas_;
e plantae jardins, e comei o seu fructo.

29 E lera Sofonias, o sacerdote, esta carta aos ouvidos de Jeremias, o
propheta.

30 E veiu a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

31 Manda a todos os do captiveiro, dizendo: Assim diz o Senhor ácerca de
Semaias, o nehelamita: Porquanto Semaias vos prophetizou, [17] e eu não o
enviei, e vos fez confiar em mentiras,

32 Portanto assim diz o Senhor: Eis que visitarei a Semaias, o
nehelamita, e a sua semente: elle não terá ninguem que habite entre este
povo, e não verá o bem que hei de fazer ao meu povo, diz o Senhor, [18]
porquanto fallou rebellião contra o Senhor.

[1] cap. 28.4.

[2] ver. 28.

[3] Esd. 6.10.

[4] cap. 14.14 e 27.14, 15. Eph. 5.6.

[5] ver. 31.

[6] II Chr. 36.21, 22. Esd. 1.1. cap. 25.12 e 27.22. Dan. 9.2.

[7] Dan. 9.3, etc.

[8] cap. 24.7.

[9] cap. 24.10.

[10] II Chr. 29.8. cap. 15.4 e 24.9 e 34.17.

[11] cap. 25.4 e 32.33.

[12] Gen. 48.20.

[13] Dan. 3.6.

[14] II Reis 25.18. cap. 21.1.

[15] cap. 20.1. II Reis 9.11. Act. 26.24. cap. 20.2.

[16] ver. 5.

[17] cap. 28.15.

[18] cap. 28.16.



_Deus promette trazer do captiveiro o seu povo._

30 A palavra que do Senhor veiu a Jeremias, dizendo:

2 Assim diz o Senhor, Deus de Israel, dizendo: Escreve n’um livro todas
as palavras que te tenho fallado.

3 Porque eis que dias veem, diz o Senhor, [1] em que farei tornar o
captiveiro do meu povo Israel e Judah, diz o Senhor; e tornal-os-hei a
trazer á terra que dei a seus paes, e a possuirão.

4 E estas _são_ as palavras que fallou o Senhor, ácerca de Israel e de
Judah.

5 Porque assim diz o Senhor: Ouvimos uma voz de temor: temor _ha_, porém
não paz.

6 Perguntae, pois, e olhae, se o varão pare. Porque _pois_ vejo a cada
homem _com_ as mãos sobre os lombos [2] como a que está parindo? e porque
se teem tornado todos os rostos em amarellidão?

7 Ah! [3] porque aquelle dia _é_ tão grande, que não houve outro
similhante! e é tempo de angustia para Jacob: porém será livrado d’ella.

8 Porque será n’aquelle dia, diz o Senhor dos Exercitos, _que_ eu
quebrarei o seu jugo de sobre o teu pescoço, e quebrarei as tuas
ataduras; e nunca mais se servirão d’elle os estranhos.

9 Mas servirão ao Senhor, seu Deus, [4] como tambem a David, seu rei, que
lhes levantarei.

10 Não temas [5] pois tu, servo meu Jacob, diz o Senhor, nem te espantes,
ó Israel; porque eis que te livrarei _de terras_ de longe, [6] como
tambem á tua semente da terra do seu captiveiro; e Jacob tornará, e
descançará, e ficará em socego, e não haverá quem _o_ atemorize.

11 Porque eu _sou_ comtigo, diz o Senhor, para te livrar; [7] porquanto
farei consummação de todas as nações entre as quaes te espalhei; porém de
ti não farei consummação, [8] mas castigar-te-hei com medida, e de todo
não te terei por innocente.

12 Porque assim diz o Senhor: [9] Teu quebrantamento _é_ mortal; a tua
chaga _é_ dolorosa.

13 Não _ha_ quem julgue a tua causa para ligal-a; [10] não tens remedios
que possam curar.

14 Todos [11] os teus amantes _já_ se esqueceram de ti, _e_ não perguntam
por ti; [12] porque te feri _de_ ferida de inimigo, _e de_ castigo do
cruel, [13] pela grandeza da tua maldade e multidão de teus peccados.

15 Porque gritas [14] por causa de teu quebrantamento? tua dôr _é_
mortal. Pela grandeza de tua maldade, e multidão de teus peccados, eu fiz
estas coisas.

16 Pelo que todos os que te devoram [15] serão devorados; e todos os teus
adversarios, todos irão em captiveiro; e os que te roubam serão roubados,
e a todos os que te despojam entregarei ao saque.

17 Porque [16] te restaurarei a saude, e te sararei das tuas chagas, diz
o Senhor; porquanto te chamam a engeitada. Sião é, _dizem_, _já_ não ha
quem pergunte por ella.

18 Assim diz o Senhor: [17] Eis que tornarei _a trazer_ o captiveiro
das tendas de Jacob, e apiedar-me-hei das suas moradas; e a cidade será
reedificada sobre o seu montão, e o palacio estará posto como costuma.

19 E sairá [18] d’elles o louvor e a voz de jubilo; e multiplical-os-hei,
[19] e não serão diminuidos, e glorifical-os-hei, e não serão acanhados.

20 E seus filhos [20] serão como da antiguidade, e a sua congregação será
confirmada perante o meu rosto; e farei visitação sobre todos os seus
oppressores.

21 E o seu principe será d’elles; e o seu governador sairá do meio
d’elle, e o farei approximar, e elle se chegará a mim; porque quem será
aquelle que empenhe o seu coração para se chegar a mim? diz o Senhor.

22 E ser-me-heis [21] por povo, e eu vos serei por Deus.

23 Eis que [22] a tormenta do Senhor, a sua indignação, saiu, uma
tormenta varredeira: cairá cruelmente sobre a cabeça dos impios.

24 Não voltará atraz o furor da ira do Senhor, até que tenha executado, e
até que tenha cumprido os designios do seu coração: [23] no fim dos dias
entendereis isto.

[1] ver. 18. cap. 32.44. Eze. 39.25. Amós 9.14, 15.

[2] cap. 4.31 e 6.24.

[3] Joel 2.11, 31. Amós 5.18. Sof. 1.14, etc.

[4] Isa. 55.3, 4. Eze. 34.23 e 37.24. Ose. 3.5. Luc. 1.69.

[5] Isa. 41.13 e 43.5 e 44.2. cap. 46.27, 28.

[6] cap. 3.18.

[7] Amós 9.8. cap. 4.27.

[8] cap. 10.24 e 46.28.

[9] II Chr. 36.16. cap. 15.18.

[10] cap. 8.22.

[11] Lam. 1.2.

[12] Job 13.24 e 19.11. Job 30.21.

[13] cap. 5.6.

[14] cap. 15.18.

[15] Isa. 33.1 e 41.11. cap. 10.25.

[16] cap. 33.6.

[17] ver. 3. cap. 33.7, 11.

[18] Isa. 35.10 e 51.11. cap. 31.4, 12, 13 e 33.10, 11.

[19] Zac. 10.8.

[20] Isa. 1.26.

[21] cap. 24.7 e 31.33 e 32.38. Eze. 11.20 e 36.28 e 37.27.

[22] cap. 23.19, 20 e 5.32.

[23] Gen. 49.1.



31 N’aquelle [1] tempo, diz o Senhor, serei por Deus a todas as gerações
de Israel, e ellas me serão a mim por povo.

[Antes de Christo 606]

2 Assim diz o Senhor: O povo dos que escaparam da espada achou graça no
deserto; _a saber_, Israel, quando fui leval-o a descançar.

3 Ha muito que o Senhor me appareceu, _dizendo_: [2] Porquanto _com_ amor
eterno te amei, por isso _com_ benevolencia te attrahi.

4 Ainda [3] te edificarei, e _serás_ edificada, ó virgem de Israel! ainda
serás adornada com os teus adufes, e sairás com o coro dos que dançam.

5 Ainda [4] plantarás vinhas nos montes de Samaria: os plantadores _as_
plantarão e gozarão dos fructos.

6 Porque haverá um dia _em que_ gritarão os vigias sobre o monte de
Ephraim: Levantae-vos, [5] e subamos a Sião, ao Senhor nosso Deus.

7 Porque assim diz o Senhor: [6] Cantae sobre Jacob com alegria, e
exultae por causa do Cabeça das gentes: fazei-o ouvir, cantae louvores, e
dizei: Salva, Senhor, ao teu povo, o resto de Israel.

8 Eis que os trarei da terra [7] do norte, e os congregarei das
extremidades da terra; entre os quaes haverá cegos e aleijados, gravidas
e as de parto juntamente: _com_ grande congregação voltarão para aqui.

9 Virão com [8] choro, e com supplicas os levarei; guial-os-hei aos
ribeiros de aguas, por caminho direito, no qual não tropeçarão, [9]
porque sou a Israel por pae, e Ephraim _é_ o meu primogenito.

10 Ouvi a palavra do Senhor, ó nações, e annunciae-a nas ilhas de longe,
e dizei: Aquelle que espalhou a Israel [10] o congregará e o guardará,
como o pastor o seu rebanho.

11 Porque [11] o Senhor resgatou a Jacob, e o livrou da mão do mais forte
do que elle.

12 Assim que virão, [12] e exultarão na altura de Sião, e correrão aos
bens do Senhor, ao trigo, e ao mosto, e ao azeite, e aos cordeiros e
bezerros; [13] e a sua alma será como um jardim regado, e nunca mais
andarão tristes.

13 Então a virgem se alegrará na dança, como tambem os mancebos e os
velhos juntamente; e tornarei o seu pranto em alegria, e os consolarei, e
os alegrarei na tristeza.

14 E saciarei a alma dos sacerdotes _com_ gordura, e o meu povo se
fartará dos meus bens, diz o Senhor.

15 Assim diz o Senhor: [14] Uma voz se ouviu em Rama, lamentação, choro
amargo: Rachel chora seus filhos; não quer ser consolada quanto a seus
filhos, porque _já_ não são.

16 Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz de choro, e as lagrimas de teus
olhos: porque ha galardão para o teu trabalho, diz o Senhor, [15] pois
voltarão da terra do inimigo.

17 E ha esperanças no derradeiro fim para os teus descendentes, diz o
Senhor, porque _teus_ filhos voltarão para os seus termos.

18 Bem ouvi eu que Ephraim se queixava, _dizendo_: Castigaste-me e
fui castigado, como novilho ainda não domado: [16] converte-me, e
converter-me-hei, porque tu és o Senhor meu Deus.

19 Na verdade que, depois que me converti, tive arrependimento; e depois
que me dei a conhecer _a mim mesmo_, bati na côxa: fiquei confuso, e
tambem me envergonhei; porque levei o opprobrio da minha mocidade.

20 Não é Ephraim para mim um filho precioso? creança das minhas
delicias? porque depois que fallei contra elle, ainda me lembrei d’elle
cuidadosamente; [17] por isso se commoveram por elle as minhas entranhas:
[18] devéras me compadecerei d’elle, diz o Senhor.

21 Levanta para ti signaes, põe para ti pyramides, applica o teu coração
á vereda, ao caminho _por onde_ andaste: volta _pois_, ó virgem de
Israel, volta a estas tuas cidades.

22 Até quando andarás [19] vagabunda, ó filha rebelde; porque o Senhor
creou uma nova coisa sobre a nova terra: uma mulher cercará a um varão.

23 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel: Ainda dirão esta
palavra na terra de Judah, e nas suas cidades, quando eu tornar o seu
captiveiro: [20] O Senhor te abençõe, ó morada de justiça, ó monte de
sanctidade!

24 E n’ella habitarão Judah, [21] e todas as suas cidades juntamente;
_como tambem_ os lavradores e _os que_ estão com o rebanho.

25 Porque reguei a alma cançada, e toda a alma entristecida saciei.

26 Sobre isto despertei, e olhei, e o meu somno foi doce para mim.

27 Eis que dias veem, diz o Senhor, [22] quando semear a casa de Israel,
e a casa de Judah, com a semente de homens, e com a semente de animaes.

28 E _será_ que, [23] como velei sobre elles, para arrancar, e para
derribar, e para transtornar, e para destruir, e para affligir, [24]
assim velarei sobre elles, para edificar e para plantar, diz o Senhor.

29 N’aquelles dias [25] nunca mais dirão: Os paes comeram uvas verdes, e
os dentes dos filhos se embotaram.

30 Mas [26] cada um morrerá pela sua iniquidade: de todo o homem que
comer as uvas verdes os dentes se embotarão.

31 Eis que dias [27] veem, diz o Senhor, em que farei um concerto novo
com a casa de Israel e com a casa de Judah.

32 Não conforme o concerto que fiz com seus paes, [28] no dia em que
os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egypto; porque elles
invalidaram o meu concerto, ainda que me desposei com elles, diz o Senhor.

33 Mas [29] este _é_ o concerto que farei com a casa de Israel depois
d’aquelles dias, diz o Senhor: [30] Porei a minha lei no seu interior, e
a escreverei no seu coração; e lhes serei a elles por Deus e elles me
serão a mim por povo.

34 E não ensinará alguem mais a seu proximo, nem alguem a seu irmão,
dizendo: [31] Conhecei ao Senhor: porque todos me conhecerão, desde o
mais pequeno d’elles até ao maior d’elles, diz o Senhor: [32] porque lhes
perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus peccados.

35 Assim diz o Senhor, [33] que dá o sol para luz do dia, _e_ as
ordenanças da lua e das estrellas para luz da noite, [34] que fende o
mar, e as suas ondas bramem; o Senhor dos Exercitos _é_ o seu nome.

36 Se se desviarem [35] estas ordenanças de diante de mim, diz o Senhor,
cessará tambem a semente de Israel de ser uma nação diante de mim todos
os dias.

37 Assim disse o Senhor: [36] Se poderem ser medidos os céus para cima, e
sondarem-se os fundamentos da terra para baixo, tambem eu rejeitarei toda
a semente de Israel, por tudo quanto fizeram, diz o Senhor.

38 Eis que dias veem, diz o Senhor, em que esta cidade será reedificada
para o Senhor, desde a torre de Hanameel até á porta da esquina.

39 E o nivel de medir [37] sairá tambem adiante, defronte d’elle, até ao
outeiro de Gareb, e virar-se-ha para Goah.

40 E todo o valle dos cadaveres e da cinza, e todos os campos até ao
ribeiro de Cedron, [38] até á esquina da porta dos cavallos para o
oriente, _serão_ consagrados ao Senhor; não se arrancará nem se derribará
mais eternamente.

[1] cap. 30.22.

[2] Mal. 1.2. Rom. 11.28, 29. Ose. 11.4.

[3] Jui. 11.34.

[4] Isa. 65.21. Amós 9.14.

[5] Isa. 2.3. Miq. 4.2.

[6] Isa. 12.5, 6.

[7] cap. 3.12, 18 e 23.8.

[8] cap. 50.4. Isa. 35.8 e 43.19.

[9] Exo. 4.22.

[10] Isa. 40.11. Eze. 34.22, 13, 14.

[11] Isa. 44.23 e 48.20. Isa. 49.24, 25.

[12] Eze. 17.23 e 20.40. Ose. 3.5.

[13] Isa. 58.11. Isa. 35.10 e 65.19. Apo. 21.4.

[14] Mat. 2.17, 18.

[15] Ose. 1.11.

[16] Lam. 5.21.

[17] Isa. 63.15.

[18] Ose. 14.4.

[19] cap. 3.6, 8, 11, 12, 14, 22.

[20] Isa. 1.26. Zac. 8.3.

[21] cap. 33.12, 13.

[22] Eze. 36.9, 10, 11. Ose. 2.23. Zac. 10.9.

[23] cap. 44.27. cap. 1.10 e 18.7.

[24] cap. 24.6.

[25] Eze. 18.2, 3.

[26] Gal. 6.5, 7.

[27] Heb. 8.8, 12 e 10.16, 17.

[28] Deu. 1.31.

[29] cap. 32.40.

[30] Eze. 11.19, 20 e 36.26, 27. II Cor. 3.3.

[31] Isa. 54.13. João 6.45. I Cor. 2.10.

[32] cap. 33.8 e 50.20. Miq. 7.18. Act. 10.43 e 13.39. Rom. 11.27.

[33] Gen. 1.16.

[34] Isa. 51.15. cap. 10.16 e 33.20.

[35] cap. 33.22.

[36] Neh. 3.1. Zac. 14.10.

[37] Zac. 2.1.

[38] II Chr. 23.15. Neh. 3.28.



_A promessa e o signal da restauração de Israel e de bençãos espirituaes._

[Antes de Christo 590]

32 A palavra que veiu a Jeremias da parte do Senhor, [1] no anno decimo
de Zedekias, rei de Judah; este anno foi o anno dezoito de Nabucodonozor.

2 (Cercava, porém, então o exercito do rei de Babylonia a Jerusalem; [2]
e Jeremias, o propheta, estava encerrado no pateo da guarda que estava
_na_ casa do rei de Judah;

3 Porque Zedekias, rei de Judah, o tinha encerrado, dizendo: Porque
prophetizas tu, dizendo: Assim diz o Senhor: [3] Eis que entrego esta
cidade na mão do rei de Babylonia, e elle a tomará;

4 E Zedekias, rei de Judah, [4] não escapará das mãos dos chaldeos; mas
certamente será entregue na mão do rei de Babylonia, e com elle fallará
bocca a bocca, e os seus olhos verão os d’elle;

5 E levará Zedekias para Babylonia, e ali estará, [5] até que eu visite,
diz o Senhor, _e_, ainda que pelejeis contra os chaldeos, não ganhareis?)

6 Disse pois Jeremias: Veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

7 Eis que Hanameel, filho de Sallum, teu tio, virá a ti, dizendo: Compra
para ti a minha herdade que _está_ em Anathot, [6] pois tens o direito de
resgate para compral-a.

8 Veiu pois a mim Hanameel, filho de meu tio, segundo a palavra do
Senhor, ao pateo da guarda, e me disse: Compra agora a minha herdade que
_está_ em Anathot, que _está_ na terra de Benjamin; porque tens o direito
hereditario, e tens o resgate; compra-a para ti. Então entendi que _isto_
era a palavra do Senhor.

9 Comprei pois a herdade de Hanameel, filho de meu tio, a qual _está_ em
Anathot; [7] e pesei-lhe o dinheiro, dezesete siclos de prata.

10 E subscrevi o auto, e sellei-o, e _o_ fiz testificar por testemunhas:
e pesei-lhe o dinheiro n’uma balança.

11 E tomei o auto da compra, tanto o sellado, _conforme_ o mandado e os
estatutos, como o aberto.

12 E dei o auto da compra a Baruch, [8] filho de Nerias, filho de
Maaseias, perante os olhos de Hanameel, _filho_ de meu tio, [9] e perante
os olhos das testemunhas, que subscreveram o conhecimento da compra, _e_
perante os olhos de todos os judeos que se assentavam no pateo da guarda.

13 E dei ordem a Baruch, perante os olhos d’elles, dizendo:

14 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel: Toma estes autos,
este auto de compra, tanto o sellado, como o aberto, e mette-os n’um vaso
de barro, para que se possam conservar muitos dias,

15 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel: [10] Ainda
se comprarão casas, e campos, e vinhas n’esta terra.

16 E depois que dei o auto da compra a Baruch, filho de Nerias, orei ao
Senhor, dizendo:

17 Ah SENHOR JEHOVAH! [11] eis que tu fizeste os céus e a terra com a tua
grande potencia, e com o teu braço estendido: [12] não te é maravilhosa
coisa alguma:

18 Que usas [13] de benignidade com milhares, e rendes a maldade dos paes
no seio dos filhos depois d’elles: o grande, [14] o poderoso Deus cujo
nome _é_ o Senhor dos Exercitos:

19 Grande [15] em conselho, e magnifico em feito; porque os teus olhos
_estão_ abertos sobre todos os caminhos dos filhos dos homens, [16] para
dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fructo das suas obras:

20 Que pozeste signaes e maravilhas na terra do Egypto até ao dia de
hoje, tanto em Israel, como entre os _outros_ homens, e te fizeste _um_
nome, [17] qual _tu tens_ n’este dia.

21 E tiraste [18] o teu povo Israel da terra do Egypto, com signaes e com
maravilhas, e com mão forte, e com braço estendido, e com grande espanto,

22 E lhes déste esta terra, [19] que juraste a seus paes que lhes havias
de dar: terra que mana leite e mel.

23 E entraram _n’ella_, e a possuiram, [20] porém não obedeceram á tua
voz, nem andaram na tua lei; tudo o que lhes mandaste que fizessem, elles
não o fizeram; pelo que fizeste que lhes succedesse todo este mal.

24 Eis aqui os vallados! _já_ vieram contra a cidade para tomal-a, [21]
e a cidade está dada na mão dos chaldeos, que pelejam contra ella, por
causa da espada, e da fome, e da pestilencia; e o que fallaste se fez, e
eis aqui _o_ estás presenciando.

25 Comtudo tu me disseste, Senhor JEHOVAH: Compra para ti o campo por
dinheiro, e faze que _o_ testifiquem testemunhas, [22] posto que a cidade
esteja _já_ dada na mão dos chaldeos.

26 Então veiu a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

27 Eis que eu _sou_ o Senhor [23] Deus de toda a carne: _porventura_
ser-me-hia coisa alguma maravilhosa?

28 Portanto assim diz o Senhor: [24] Eis que eu entrego esta cidade
na mão dos chaldeos, e na mão de Nabucodonozor, rei de Babylonia, e
tomal-a-ha.

29 E os chaldeos, que pelejam contra esta cidade, entrarão _n’ella_,
porão fogo a esta cidade, [25] e queimarão _juntamente_ as casas sobre
cujos terraços queimarão incenso a Baal e offerecerão libações a outros
deuses, para me provocarem á ira.

30 Porque os filhos de Israel e os filhos de Judah não [26] fizeram senão
mal aos meus olhos, desde a sua mocidade; porque os filhos de Israel
sómente me provocaram á ira com as obras das suas mãos, diz o Senhor.

31 Porque para a minha ira e para o meu furor me foi esta cidade, desde o
dia em que a edificaram, e até _ao dia de_ hoje, [27] para que a tirasse
da minha face;

32 Por toda a maldade dos filhos de Israel, e dos filhos de Judah, que
fizeram, para me provocarem á ira, _assim_ elle _como_ os seus reis, [28]
os seus principes, os seus sacerdotes, e os seus prophetas, como tambem
os homens de Judah e os moradores de Jerusalem.

33 E me viraram as costas, e não o rosto: ainda que eu os ensinava,
madrugando e ensinando-_os_, comtudo elles não ouviram, para receberem o
ensino.

34 Antes pozeram [29] as suas abominações na casa que se chama pelo meu
nome, para a profanarem.

35 E edificaram os altos de Baal, que _estão_ no valle do filho de
Hinnom, [30] para fazerem que seus filhos e suas filhas passassem _pelo
fogo_ a Moloch; o que nunca lhes ordenei, nem subiu ao meu coração, que
fizessem tal abominação; para fazerem peccar a Judah.

36 E por isso agora assim diz o Senhor o Deus de Israel, ácerca d’esta
cidade, da qual vós dizeis: [31] _Já_ está dada na mão do rei de
Babylonia, á espada, e á fome, e á pestilencia:

37 Eis que eu [32] os congregarei de todas as terras, para onde os houver
lançado na minha ira, e no meu furor, e na _minha_ grande indignação;
e os tornarei a trazer a este logar, [33] e farei que habitem n’elle
seguramente.

38 E me serão [34] por povo, e eu lhes serei por Deus.

39 E lhes darei um _mesmo_ [35] coração, e um _mesmo_ caminho, para que
me temam todos os dias, para seu bem, e de seus filhos, depois d’elles.

40 E farei [36] com elles um concerto eterno, que não tornarei de após
elles, para fazer-lhes bem; [37] e porei o meu temor no seu coração, para
que nunca se apartem de mim.

41 E alegrar-me-hei [38] d’elles, fazendo-lhes bem; e os plantarei n’esta
terra certamente, com todo o meu coração e com toda a minha alma.

42 Porque assim diz o Senhor: [39] Como eu trouxe sobre este povo todo
este grande mal, assim eu trarei sobre elle todo o bem que eu fallo a
respeito d’elle.

43 E comprar-se-hão [40] campos n’esta terra, da qual vós dizeis: _Já_
está _tão_ deserta, que não _ha n’ella_ nem homem nem animal; está dada
na mão dos chaldeos.

44 Comprarão campos por dinheiro, e subscreverão os autos, e os sellarão,
[41] e farão que testifiquem testemunhas na terra de Benjamin, e nos
contornos de Jerusalem, e nas cidades de Judah, e nas cidades das
montanhas, e nas cidades das planicies, e nas cidades do sul; [42] porque
_os_ farei voltar _do_ seu captiveiro, diz o Senhor.

[1] II Reis 25.1, 2. cap. 39.1.

[2] Neh. 3.25. cap. 33.1 e 37.21 e 39.14.

[3] cap. 34.2.

[4] cap. 34.3 e 38.18, 23 e 39.5 e 52.9.

[5] cap. 27.22. cap. 21.4 e 33.5.

[6] Lev. 25.24, 25, 32. Ruth 4.4.

[7] Gen. 23.16. Zac. 11.12.

[8] cap. 36.4.

[9] Isa. 8.2.

[10] ver. 37, 43.

[11] II Reis 19.15.

[12] Gen. 18.14. ver. 27. Luc. 1.37.

[13] Exo. 20.6 e 34.7. Deu. 5.9, 10.

[14] Isa. 9.6. cap. 10.16.

[15] Isa. 28.29. Job 34.21. Pro. 5.21.

[16] cap. 17.10.

[17] Exo. 9.16. Isa. 63.12. Dan. 9.15.

[18] Exo. 6.6. II Sam. 7.23. I Chr. 17.21.

[19] Exo. 3.8, 17. cap. 11.5.

[20] Neh. 9.26. cap. 11.8. Dan. 9.10, 44.

[21] ver. 25, 36. cap. 14.12.

[22] ver. 24.

[23] Num. 16.22. ver. 17.

[24] ver. 3.

[25] cap. 21.10 e 37.8, 10. cap. 19.13.

[26] cap. 22.21. Eze. 20.28.

[27] II Reis 23.27 e 24.3.

[28] Isa. 1.4, 6. Dan. 9.8.

[29] cap. 7.30, 31 e 23.11. Eze. 8.5, 6.

[30] cap. 7.31 e 19.5. Lev. 18.21.

[31] ver. 24.

[32] Deu. 30.3. cap. 23.3.

[33] cap. 23.6 e 33.16.

[34] cap. 24.7 e 30.22 e 31.33.

[35] cap. 24.7. Eze. 11.19, 20.

[36] Isa. 55.3. cap. 31.31.

[37] cap. 31.39.

[38] Sof. 3.17. cap. 24.6 e 31.28. Amós 9.15.

[39] cap. 31.28.

[40] ver. 15. cap. 33.10.

[41] cap. 17.26.

[42] cap. 33.3, 11, 26.



33 E veiu a palavra do Senhor a Jeremias, segunda vez, estando elle ainda
[1] encerrado no pateo da guarda, dizendo:

2 Assim diz o Senhor que o faz, o Senhor [2] que forma isto, para o
confirmar; [3] o Senhor _é_ o seu nome.

3 Clama a mim, e responder-te-hei, e annunciar-te-hei coisas grandes e
firmes que não sabes.

4 Porque assim diz o Senhor, o Deus de Israel, das casas d’esta cidade, e
das casas dos reis de Judah, [4] que foram derribadas com os trabucos e á
espada.

5 _Bem_ entraram a pelejar [5] contra os chaldeos, mas _isso é_ para os
encher de cadaveres de homens, que feri na minha ira e no meu furor:
porquanto escondi o meu rosto d’esta cidade, por causa de toda a sua
maldade.

6 Eis que [6] eu farei subir sobre ella saude e cura, e os sararei; e
lhes manifestarei abundancia de paz e de verdade.

7 E tornarei [7] o captiveiro de Judah e o captiveiro de Israel, [8] e os
edificarei como ao principio.

8 E os purificarei [9] de toda a sua maldade _com_ que peccaram contra
mim; e perdoarei todas as suas maldades, _com_ que peccaram contra mim, e
_com_ que transgrediram contra mim.

9 E [10] servir-me-ha de nome de alegria, de louvor, e [ZT] de ornamento,
entre todas as nações da terra, que ouvirem todo o bem que eu lhes faço;
e [11] espantar-se-hão e perturbar-se-hão por causa de todo o bem, e por
causa de toda a paz que eu lhes dou.

10 Assim diz o Senhor: N’este _logar_ (de que vós dizeis que _está_
deserto, [12] e não ha _n’elle nem_ homem nem animal) nas cidades de
Judah, e nas ruas de Jerusalem, que _tão_ assoladas _estão_, que não ha
_n’ellas_ nem homem, nem morador, nem animal, ainda se ouvirá.

11 A voz [13] de gozo, e a voz d’alegria, a voz de noivo e a voz de
esposa, _e_ a voz dos que dizem: [14] Louvae ao Senhor dos Exercitos,
porque bom _é_ o Senhor, porque a sua benignidade _dura_ perpetuamente;
_como tambem_ dos que trazem louvor á casa do Senhor; [15] porque
tornarei o captiveiro da terra como ao principio, diz o Senhor.

12 Assim diz o Senhor dos Exercitos: [16] Ainda n’este logar, que _está
tão_ deserto, que não ha _n’elle_ nem homem, nem ainda animal, e em todas
as suas cidades, haverá _uma_ morada de pastores, que façam repousar o
gado.

13 Nas cidades [17] das montanhas, nas cidades das planicies, e nas
cidades do sul, e na terra de Benjamin, e nos contornos de Jerusalem,
e nas cidades de Judah, [18] ainda passará o gado pelas mãos dos
contadores, diz o Senhor.

14 Eis que [19] veem dias, diz o Senhor, em que cumprirei a palavra boa
que fallei á casa de Israel e sob a casa de Judah.

15 N’aquelles dias e n’aquelle tempo farei brotar a David um Renovo de
justiça, [20] e fará juizo e justiça na terra.

16 N’aquelles dias [21] Judah será salvo e Jerusalem habitará
seguramente: e este _é o nome_ que lhe chamarão a elle, o SENHOR JUSTIÇA
NOSSA.

17 Porque assim diz o Senhor: Nunca faltará a David varão [22] que se
assente sobre o throno da casa de Israel;

18 Nem aos sacerdotes leviticos faltará varão de diante de mim, [23]
que offereça holocausto, e queime offerta de manjares, e faça sacrificio
todos os dias.

19 E veiu a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

20 Assim diz o Senhor: [24] Se poderdes invalidar o meu concerto do dia,
e o meu concerto da noite, de tal modo que não haja dia e noite a seu
tempo,

21 Tambem se poderá invalidar o meu concerto com David, meu servo, para
que não tenha filho que reine no seu throno; como tambem com os levitas
sacerdotes, meus ministros.

22 Como [25] não se pode contar o exercito dos céus, nem medir-se a areia
do mar, assim multiplicarei a semente de David, meu servo, e os levitas
que ministram diante de mim.

23 E veiu _ainda_ a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

24 _Porventura_ não tens visto o que este povo falla, dizendo: As duas
gerações, [26] as quaes o Senhor elegeu, agora as rejeitou? e desprezam o
meu povo, como se não fôra mais um povo diante d’elles.

25 Assim diz o Senhor: [27] Se o meu concerto do dia e da noite não
_fôr_, _e_ eu não pozer as ordenanças dos céus e da terra,

26 Tambem [28] rejeitarei a semente de Jacob, e de David, meu servo, para
que não tome da sua semente os que dominem sobre a semente de Abrahão,
Isaac, e Jacob; porque tornarei o seu captiveiro, e apiedar-me-hei
d’elles.

[1] cap. 3.2, 23.

[2] Isa. 37.26.

[3] Exo. 15.3. Amós 5.8.

[4] cap. 32.24.

[5] cap. 32.5.

[6] cap. 30.17.

[7] ver. 11. cap. 30.3 e 32.44.

[8] Isa. 1.26. cap. 24.6 e 30.20 e 31.4, 28 e 42.10.

[9] Eze. 36.25. Heb. 9.13, 14. cap. 31.34. Miq. 7.18.

[10] Isa. 62.7. cap. 13.11.

[11] Isa. 60.5.

[12] cap. 32.43.

[13] cap. 7.34 e 16.9 e 25.10. Apo. 18.23.

[14] I Chr. 16.8, 34. II Chr. 5.13 e 7.3. Esd. 3.11. Isa. 12.4.

[15] ver. 7.

[16] Isa. 65.10. cap. 31.24.

[17] cap. 17.26 e 32.44.

[18] Lev. 27.32.

[19] cap. 23.5 e 31.27, 31. cap. 29.10.

[20] Isa. 4.2. cap. 23.5.

[21] cap. 23.6.

[22] II Sam. 7.16. I Reis 2.4. Luc. 1.32, 33.

[23] Rom. 12.1. I Ped. 2.5, 9. Apo. 1.6.

[24] ver. 25.

[25] Gen. 13.16 e 15.5 e 22.17. cap. 3.37.

[26] ver. 21, 22.

[27] ver. 20. Gen. 8.22.

[28] cap. 31.37. ver. 7, 11. Esd. 2.1.



_Prediz-se a sorte de Zedekias._

34 A palavra que do Senhor veiu a [1] Jeremias, quando Nabucodonozor,
rei de Babylonia, e todo o seu exercito, e todos os reinos da terra, que
estavam _sob_ o dominio da sua mão, e todos os povos, pelejavam contra
Jerusalem, e contra todas as suas cidades, dizendo:

2 Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Vae, e falla a Zedekias, rei de
Judah, e dize-lhe: Assim diz o Senhor: [2] Eis que eu dou esta cidade na
mão do rei de Babylonia, e queimal-a-ha a fogo.

3 E tu [3] não escaparás á sua mão; antes decerto serás preso, e serás
entregue na sua mão: e teus olhos verão os olhos do rei de Babylonia, e
elle te fallará bocca a bocca, e entrarás em Babylonia.

4 Todavia ouve a palavra do Senhor, ó Zedekias, rei de Judah: assim diz o
Senhor de ti: Não morrerás á espada.

5 Em paz morrerás, [4] e conforme as queimas de teus paes, os reis
precedentes, que foram antes de ti, assim te queimarão a ti, e
prantear-te-hão, _dizendo_: Ah Senhor! porque eu disse a palavra, diz o
Senhor.

6 E fallou Jeremias, o propheta, a Zedekias, rei de Judah, todas estas
palavras, em Jerusalem,

7 Quando o exercito do rei de Babylonia pelejava contra Jerusalem, e
contra todas as cidades de Judah, que ficaram de resto: contra Lachis e
contra Azeca; [5] porque estas fortes cidades ficaram de resto, d’entre
as cidades de Judah.


_As ameaças de Deus por causa da escravatura._

8 A palavra que do Senhor veiu a Jeremias, depois que o rei Zedekias fez
concerto com todo o povo que _havia_ em Jerusalem, [6] para lhes apregoar
a liberdade;

9 Que cada [7] um despedisse forro o seu servo, e cada um a sua serva,
hebreo ou hebrea; de maneira que ninguem se fizesse servir d’elles, sendo
judeos, seus irmãos.

10 E ouviram todos os principes, e todo o povo que entrou no concerto,
que cada um despedisse forro o seu servo, e cada um a sua serva, de
maneira que não se fizessem mais servir d’elles: ouviram pois, e _os_
soltaram.

11 Porém depois se arrependeram, [8] e fizeram voltar os servos e as
servas que largaram livres, e os sujeitaram por servos e por servas.

12 Veiu pois a palavra do Senhor a Jeremias, da parte do Senhor, dizendo:

13 Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Eu fiz concerto com vossos paes,
no dia em que os tirei da terra do Egypto, da casa de servos, dizendo:

14 Ao fim [9] de sete annos largareis cada um a seu irmão hebreo, que te
fôr vendido a ti, e te houver servido a ti seis annos, e despedil-o-has
forro de ti; porém vossos paes me não ouviram, nem inclinaram os seus
ouvidos.

15 E vos havieis hoje convertido, e tinheis feito o _que é_ recto aos
meus olhos, apregoando liberdade cada um ao seu proximo; [10] e tinheis
feito diante de mim _um_ concerto, na casa que se chama pelo meu nome:

16 Porém vos tornastes, [11] e profanastes o meu nome, e fizestes voltar
cada um ao seu servo, e cada um á sua serva, os quaes _já_ tinheis
despedido forros conforme a sua vontade; e os sujeitastes, para que se
vos fizessem servos e servas.

17 Portanto assim diz o Senhor: Vós me não ouvistes a mim, para
apregoardes a liberdade, cada um ao seu irmão, e cada um ao seu proximo;
pois eis que [12] eu vos apregôo a liberdade, diz o Senhor, para a
espada, para a pestilencia, e para a fome; [13] e dar-vos-hei por espanto
a todos os reinos da terra.

18 E entregarei os homens que, traspassaram o meu concerto, que não
confirmaram as palavras do concerto, [14] que fizeram diante de mim, _com
o_ bezerro, que fenderam em duas partes, e passaram pelo meio das suas
porções;

19 _A saber_, os principes de Judah, e os principes de Jerusalem, os
eunuchos, e os sacerdotes, e todo o povo da terra que passou por meio das
porções do bezerro;

20 Entregal-os-hei, digo, na mão de seus inimigos, [15] e na mão dos que
procuram a sua morte, e os cadaveres d’elles serão para mantimento ás
aves dos céus e aos animaes da terra.

21 E até o rei Zedekias, rei de Judah, e seus principes entregarei na mão
de seus inimigos e na mão dos que procuram a sua morte, _a saber_, na mão
do exercito do rei de Babylonia, que _já_ se retirou de vós.

22 Eis que [16] eu darei ordem, diz o Senhor, e os farei tornar a esta
cidade, e pelejarão contra ella, e a tomarão, [17] e a queimarão a fogo;
e as cidades de Judah porei _em_ assolação, que ninguem habite _n’ellas_.

[1] II Reis 25.1, etc. cap. 39.1 e 52.4.

[2] cap. 21.10 e 32.3, 28, 29. ver. 22.

[3] cap. 32.4.

[4] II Chr. 16.14 e 21.19. cap. 22.18.

[5] II Reis 18.13 e 19.8. II Chr. 11.5, 9.

[6] Exo. 21.2.

[7] Neh. 5.11. Lev. 25.39, 46.

[8] cap. 37.5.

[9] Exo. 21.2 e 23.10. Deu. 15.12.

[10] II Reis 23.3. cap. 7.10.

[11] Exo. 20.7. Lev. 19.12.

[12] Mat. 7.2. Gal. 6.7. cap. 32.24, 36.

[13] Deu. 28.25, 64. cap. 29.18.

[14] Gen. 15.10, 17.

[15] cap. 7.33 e 16.4 e 19.7.

[16] cap. 37.8, 10.

[17] cap. 38.3. cap. 9.11 e 44.2, 6.



_A obediencia dos rechabitas é dada a Judah como exemplo._

[Antes de Christo 607]

35 A palavra que do Senhor veiu a Jeremias, nos dias de Joaquim, filho de
Josias, rei de Judah, dizendo:

2 Vae á casa dos rechabitas, e falla com elles, e leva-os á casa do
Senhor, [1] a uma das camaras e dá-lhes vinho a beber.

3 Então tomei a Jasanias, filho de Jeremias, filho de Habazinias, e a
seus irmãos, e a todos os seus filhos, e a toda a casa dos rechabitas;

4 E os levei á casa do Senhor, á camara dos filhos de Hanan, filho de
Jigdalias, homem de Deus, que _está_ junto á camara dos principes,
que _está_ sobre a camara de Maaseias, filho de Sallum, [2] guarda do
vestibulo:

5 E puz diante dos filhos da casa dos rechabitas taças cheias de vinho, e
copos, e disse-lhes: Bebei vinho.

6 Porém elles disseram: Não beberemos vinho; porque Jonadab, filho de
Rechab, nosso pae, nos mandou, dizendo: Não bebereis vinho, nem vós nem
vossos filhos perpetuamente;

7 Nem edificareis casa, nem semeareis semente, nem plantareis vinha,
nem _a_ possuireis; mas habitareis em tenda todos os vossos dias, [3]
para que vivaes muitos dias sobre a face da terra, em que vós andaes
peregrinando.

8 Obedecemos pois á voz de Jonadab, filho de Rechab, nosso pae, em tudo
quanto nos ordenou; de maneira que não bebemos vinho em todos os nossos
dias, nem nós, nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem nossas filhas,

9 Nem edificamos casas para nossa habitação: nem temos vinha, nem campo,
nem semente.

10 E habitamos em tendas, _e_ assim ouvimos e fizemos conforme tudo
quanto nos mandou Jonadab, nosso pae.

11 Succedeu, porém, que, subindo Nabucodonozor, rei de Babylonia, a esta
terra, dissemos: Vinde, e vamo-nos a Jerusalem, por causa do exercito
dos chaldeos, e por causa do exercito dos syros; _e_ assim ficámos em
Jerusalem.

12 Então veiu a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

13 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel: Vae, e dize aos
homens de Judah e aos moradores de Jerusalem: [4] _Porventura_ nunca
acceitareis ensino, para ouvirdes as minhas palavras? diz o Senhor.

14 As palavras de Jonadab, filho de Rechab, que ordenou a seus filhos
que não bebessem vinho, foram guardadas; pois não beberam até este dia,
[5] antes ouviram o mandamento de seu pae, e eu vos tenho fallado a vós,
madrugando e fallando, porém vós não me ouvistes a mim.

15 E [6] vos enviei a todos os meus servos, os prophetas, madrugando, e
enviando, _e_ dizendo: Convertei-vos agora, cada um do seu mau caminho, e
fazei boas as vossas acções, e não sigaes a outros deuses para servil-os;
e assim ficareis na terra que _vos_ dei a vós e a vossos paes; porém não
inclinastes o vosso ouvido, nem me obedecestes a mim.

16 Porquanto os filhos de Jonadab, filho de Rechab, guardaram o
mandamento de seu pae que lhes ordenou; e este povo não me obedeceu;

17 Por isso assim diz o Senhor, o Deus dos Exercitos, o Deus de Israel:
Eis que trarei sobre Judah, e sobre todos os moradores de Jerusalem, todo
o mal que fallei contra elles; [7] porquanto lhes tenho fallado, e não
ouviram; e clamei a elles, e não responderam.

18 E á casa dos rechabitas disse Jeremias: Assim diz o Senhor dos
Exercitos, o Deus de Israel: Porquanto obedecestes ao mandamento de
Jonadab, vosso pae, e guardastes todos os seus mandamentos, e fizestes
conforme tudo quanto vos ordenou,

19 Portanto assim diz o Senhor dos Exercitos, Deus d’Israel: Nunca
faltará varão a Jonadab, filho de Rechab, que assista perante a minha
face todos os dias.

[1] I Reis 6.5.

[2] II Reis 12.9. I Chr. 18.19.

[3] Exo. 20.12. Eph. 6.2, 3.

[4] cap. 32.23.

[5] II Chr. 36.15. cap. 7.13 e 25.3.

[6] cap. 7.25 e 25.4. cap. 18.11 e 25.5, 6.

[7] Pro. 1.24. Isa. 65.12 e 66.4. cap. 7.13.



_O rolo de Jeremias é lido no templo, o rei corta-o e lança-o no fogo._

36 Succedeu pois no anno quarto de Joaquim, filho de Josias, rei de
Judah, _que_ veiu esta palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

2 Toma [1] o rolo d’_um_ livro, e escreve n’elle todas as palavras que te
tenho fallado de Israel, e de Judah, [2] e de todas as nações, desde o
dia _em que_ eu te fallei a ti, desde os dias de Josias até _ao dia de_
hoje.

3 _Porventura_ ouvirão [3] _os da_ casa de Judah todo o mal que eu lhes
intento fazer: para que cada qual se converta do seu mau caminho, e eu
perdoe a sua maldade e o seu peccado.

4 Então Jeremias chamou [4] a Baruch, filho de Nerias; e escreveu Baruch
da bocca de Jeremias todas as palavras do Senhor, que lhe tinha fallado,
no rolo de um livro.

5 E Jeremias deu ordem a Baruch, dizendo: Eu _estou_ encerrado: não posso
entrar na casa do Senhor.

6 Entra pois tu, e lê pelo rolo que escreveste da minha bocca as palavras
do Senhor aos ouvidos do povo, na casa do Senhor, [5] no dia de jejum; e
tambem aos ouvidos de todo o Judah que vem das suas cidades as lerás.

7 _Porventura_ [6] cairá a sua supplica diante do Senhor, e se converterá
cada um do seu mau caminho: porque grande _é_ a ira e o furor que o
Senhor tem pronunciado contra este povo.

8 E fez Baruch, filho de Nerias, conforme tudo quanto lhe havia ordenado
Jeremias, o propheta, lendo n’aquelle livro as palavras do Senhor na casa
do Senhor.

9 Porque aconteceu, no anno quinto de Joaquim, filho de Josias, rei de
Judah, no mez nono, _que_ apregoaram jejum diante do Senhor a todo o povo
em Jerusalem como tambem a todo o povo que vinha das cidades de Judah a
Jerusalem.

10 Leu pois Baruch n’aquelle livro as palavras de Jeremias na casa do
Senhor, na camara de Gemarias, filho de Saphan, o escriba, no atrio
superior, [7] _á_ entrada da porta nova da casa do Senhor, aos ouvidos de
todo o povo.

11 E, ouvindo Micheas, filho de Gemarias, filho de Saphan, todas as
palavras do Senhor, n’aquelle livro,

12 Desceu á casa do rei, á camara do escriba. E eis que todos os
principes estavam ali assentados: _a saber_: Elisama, o escriba, e
Delaias, filho de Semaias, e Elnathan, filho de Achbor, e Gemarias, filho
de Saphan, e Zedekias, filho de Hananias, como tambem todos os principes.

13 E Micheas annunciou-lhes todas as palavras que ouvira, lendo-_as_
Baruch pelo livro, aos ouvidos do povo.

14 Então enviaram todos os principes Baruch Jehudi, filho de Nethanias,
filho de Selemias, filho de Cusahi, _para lhes_ dizer: O rolo por que
leste aos ouvidos do povo toma-o na tua mão, e vem. E Baruch, filho de
Nerias, tomou o rolo na sua mão, e foi para elles.

15 E disseram-lhe: Assenta-te agora, e lê-o aos nossos ouvidos. E leu
Baruch aos ouvidos d’elles.

16 E succedeu que, ouvindo elles todas aquellas palavras, se voltaram uns
para os outros, e disseram a Baruch: Sem duvida nenhuma annunciaremos ao
rei todas estas palavras.

17 E perguntaram a Baruch, dizendo: Declara-nos agora como escreveste da
sua bocca todas estas palavras.

18 E disse-lhes Baruch: Da sua bocca dictava-me todas estas palavras, e
eu _as_ escrevia no livro com tinta.

19 Então disseram os principes a Baruch: Vae, esconde-te, tu e Jeremias,
e ninguem saiba onde estaes.

20 E foram-se _ter_ com o rei ao atrio; porém depositaram o rolo na
camara de Elisama, o escriba, e denunciaram aos ouvidos do rei todas
aquellas palavras.

21 Então enviou o rei a Jehudi, a que tomasse o rolo; e tomou-o da camara
de Elisama, o escriba, e leu-o Jehudi aos ouvidos do rei e aos ouvidos
de todos os principes que estavam em torno do rei:

22 (Estava então o rei assentado _na_ casa [8] de inverno, pelo nono mez;
e estava diante d’elle um brazeiro acceso).

23 E succedeu que, tendo Jehudi lido tres ou quatro folhas, cortou-as com
um canivete de escrivão, e lançou-as no fogo que _havia_ no brazeiro, até
que todo o rolo se consumiu no fogo que _estava_ sobre o brazeiro.

24 E não temeram, [9] nem rasgaram os seus vestidos, o rei e todos os
seus servos que ouviram todas estas palavras.

25 Ainda que Elnathan, e Delaias, e Gemarias rogaram ao rei que não
queimasse o rolo, porém não lhes deu ouvidos.

26 Antes deu ordem o rei a Jerahmeel, filho de Hamelech, e a Seraias,
filho d’Azriel, e a Selemias, filho de Abdeel, que prendessem a Baruch, o
escrivão, e a Jeremias, o propheta: mas o Senhor tinha-os escondido.

27 Então veiu a Jeremias a palavra do Senhor, depois que o rei queimara o
rolo, e as palavras que Baruch escrevera da bocca de Jeremias, dizendo:

28 Toma ainda outro rolo, e escreve n’elle todas as palavras primeiras
que estavam no primeiro volume, o qual queimou Joaquim, rei de Judah.

29 E a Joaquim, rei de Judah, dirás: Assim diz o Senhor: Tu queimaste
este rolo, dizendo: Porque escreveste n’elle, dizendo: Certamente virá o
rei de Babylonia, e destruirá esta terra e fará cessar n’ella homens e
animaes.

30 Portanto assim diz o Senhor, ácerca de Joaquim, rei de Judah: [10] Não
terá quem se assente sobre o throno de David, [11] e será lançado o seu
cadaver ao calor de dia, e á geada de noite.

31 E visitarei sobre elle, e sobre a sua semente, e sobre os seus servos,
a sua iniquidade; e trarei sobre elle e sobre os moradores de Jerusalem,
e sobre os homens de Judah, todo aquelle mal que lhes tenho fallado, e
não ouviram.

32 Tomou pois Jeremias outro rolo, e o deu a Baruch, filho de Nerias, o
escrivão, o qual escreveu n’elle da bocca de Jeremias todas as palavras
do livro que Joaquim, rei de Judah, tinha queimado ao fogo; e ainda se
accrescentaram a ellas muitas palavras similhantes.

[1] Isa. 8.1. Eze. 2.9. Zac. 5.1. cap. 30.2.

[2] cap. 25.15, etc.

[3] ver. 7. cap. 26.3. Jon. 3.8.

[4] cap. 32.12 e 45.1.

[5] Lev. 23.27, 32. Act. 27.9.

[6] ver. 3.

[7] cap. 26.10.

[8] Amós 3.15.

[9] II Reis 22.11. Isa. 36.22 e 37.1.

[10] cap. 22.30.

[11] cap. 22.19.



_Jeremias na prisão._

[Antes de Christo 599]

37 E reinou [1] o rei Zedekias, filho de Josias, em logar de Conias,
filho de Joaquim, a quem Nabucodonozor, rei de Babylonia, constituiu rei
na terra de Judah.

2 Porém nem elle, [2] nem os seus servos, nem o povo da terra deram
ouvidos ás palavras do Senhor que fallou pelo ministerio de Jeremias, o
propheta.

3 Comtudo mandou o rei Zedekias a Juchal, filho de Selemias, [3] e
a Sofonias, filho de Maaseias, o sacerdote, a Jeremias, o propheta,
dizendo: Roga agora por nós ao Senhor nosso Deus.

4 E entrava e sahia Jeremias entre o povo, porque não o tinham posto na
casa do carcere.

5 E o exercito de [4] Pharaó saiu do Egypto: e, ouvindo os chaldeos, que
tinham em sitio a Jerusalem, as novas d’isto, retiraram-se de Jerusalem.

6 Então veiu a Jeremias, o propheta, a palavra do Senhor, dizendo:

[Antes de Christo 589]

7 Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Assim direis ao rei de Judah, [5]
que vos enviou a mim a perguntar-me: Eis que o exercito de Pharaó, que
saiu para soccorro vosso, voltar-se-ha para a sua terra no Egypto.

8 E voltarão os chaldeos, [6] e pelejarão contra esta cidade, e a
tomarão, e a queimarão a fogo.

9 Assim diz o Senhor: Não enganeis as vossas almas, dizendo: Sem duvida
se irão os chaldeos de nós: porque não se irão.

10 Porque ainda [7] que ferisseis a todo o exercito dos chaldeos, que
peleja contra vós, e ficassem de resto d’elles homens traspassados, cada
um levantar-se-hia na sua tenda, e queimaria a fogo esta cidade.

11 E succedeu que, subindo de Jerusalem o exercito dos chaldeos, por
causa do exercito de Pharaó,

12 Saiu Jeremias de Jerusalem, para ir á terra de Benjamin, para
esquivar-se de ali entre o meio do povo.

13 Porém, estando elle á porta de Benjamin, achava-se ali um capitão da
guarda, cujo nome era Jerias, filho de Selemias, filho de Hananias: o
qual prendeu a Jeremias, o propheta, dizendo: Tu foges para os chaldeos.

14 E Jeremias disse: _Isso é_ falso, não fujo para os chaldeos. Porém
não lhe deu ouvidos; antes Jerias prendeu a Jeremias, e o levou aos
principes.

15 E os principes se iraram muito contra Jeremias, e o feriram; [8] e o
pozeram na casa da prisão, na casa de Jonathan, o escrivão; porque tinham
feito d’ella a casa do carcere.

16 Entrando _pois_ Jeremias na casa do calaboiço, [9] e nas _suas_
camarinhas, ficou ali Jeremias muitos dias.

17 E enviou o rei Zedekias a tiral-o; e o rei lhe perguntou em sua casa,
em segredo, e disse: Ha _porventura alguma_ palavra do Senhor? E disse
Jeremias: Ha. E elle disse: Na mão do rei de Babylonia serás entregue.

18 Disse mais Jeremias ao rei Zedekias: Em que tenho peccado contra ti, e
contra os teus servos, e contra este povo, para que me pozesseis na casa
do carcere?

19 Onde _estão_ agora os vossos prophetas, que vos prophetizavam,
dizendo: O rei de Babylonia não virá contra vós nem contra esta terra?

20 Ora pois ouve agora, ó rei, meu senhor: caia agora a minha supplica
diante de ti, e não me deixes tornar _á_ casa de Jonathan, o escriba,
para que não venha a morrer alli.

21 Então deu ordem o rei Zedekias que pozessem a Jeremias no atrio da
guarda; [10] e deram-lhe _um_ bolo de pão cada dia, da rua dos padeiros,
[11] até que se acabou todo o pão da cidade: assim ficou Jeremias no
atrio da guarda.

[1] II Reis 24.17. II Chr. 36.10. cap. 22.24.

[2] II Chr. 36.12, 14.

[3] cap. 21.1, 2 e 29.25 e 52.24.

[4] II Sam. 24.7. Eze. 17.15. ver. 11. cap. 34.21.

[5] cap. 21.2.

[6] cap. 34.22.

[7] cap. 21.4, 5.

[8] cap. 38.26.

[9] cap. 38.6.

[10] cap. 32.2 e 38.13, 28.

[11] cap. 38.9 e 52.6.



_Jeremias é lançado no calaboiço._

38 Ouviu pois Sephatias, filho de Mathan, e Gedalias, filho de Pashur,
[1] e Juchal, filho de Selemias, e Pashur, filho de Malchias, as palavras
que fallava Jeremias a todo o povo, dizendo:

2 Assim diz o Senhor: [2] O que ficar n’esta cidade morrerá á espada, á
fome e de pestilencia: mas o que sair aos chaldeos viverá; porque a sua
alma lhe será por despojo, e viverá.

3 Assim diz o Senhor: [3] Esta cidade infallivelmente se entregará na mão
do exercito do rei de Babylonia, e tomal-a-ha.

4 E disseram os principes ao rei: [4] Morra este homem, visto que elle
assim enfraquece as mãos dos homens de guerra que ficaram de resto n’esta
cidade, e as mãos de todo o povo, fallando-lhes taes palavras; porque
este homem não busca a paz para este povo, senão o mal.

5 E disse o rei Zedekias: Eis que elle _está_ na vossa mão: porque não é
o rei que possa coisa alguma contra vós.

6 Então tomaram [5] a Jeremias, e o lançaram no calaboiço de Malchias,
filho do rei, que _estava_ no atrio da guarda; e desceram a Jeremias
com cordas; porém no calaboiço não havia agua, senão lama; e atolou-se
Jeremias na lama.

7 E, ouvindo [6] Ebed-melech, o ethiope, um eunucho que então estava na
casa do rei, que pozeram a Jeremias no calaboiço (estava porém o rei
assentado á porta de Benjamin),

8 Logo Ebed-melech saiu da casa do rei: e fallou ao rei, dizendo:

9 Ó rei, senhor meu, mal fizeram estes homens em tudo quanto fizeram a
Jeremias, o propheta, lançando-o no calaboiço: sendo que morreria no
logar onde se achava á fome, pois _já_ não _ha_ mais pão na cidade.

10 Então deu ordem o rei a Ebed-melech, o ethiope, dizendo: Toma comtigo
de aqui trinta homens, e tira a Jeremias, o propheta, do calaboiço, antes
que morra.

11 E tomou Ebed-melech os homens comsigo, e foi á casa do rei, por
debaixo da thesouraria, e tomou d’ali _uns_ trapos velhos e rotos, e
trapos velhos apodrecidos, e desceu-os a Jeremias no calaboiço com cordas.

12 E disse Ebed-melech, o ethiope, a Jeremias: Põe agora _estes_ trapos
velhos e rotos, _já_ apodrecidos, debaixo dos sobacos de teus braços, por
debaixo das cordas. E Jeremias o fez assim.

13 E tiraram [7] a Jeremias com as cordas, e o subiram do calaboiço; [8]
e ficou Jeremias no atrio da guarda.

14 Então enviou o rei Zedekias, e fez trazer a si a Jeremias, o propheta,
á terceira entrada, que _estava_ na casa do Senhor; e disse o rei a
Jeremias: Pergunto-te _uma_ coisa, não me encubras nada.

15 E disse Jeremias a Zedekias: Declarando-t’a eu, _porventura_ não me
matarás certamente? e, aconselhando-te eu, não me darás ouvido.

16 Então jurou o rei Zedekias a Jeremias, em segredo, dizendo: Vive o
Senhor, que nos fez esta alma, que não te matarei nem te entregarei na
mão d’estes homens que procuram a tua morte.

17 Então Jeremias disse a Zedekias: Assim diz o Senhor, Deus dos
Exercitos, Deus de Israel: [9] Se voluntariamente saires aos principes do
rei de Babylonia, então viverá a tua alma, e esta cidade não se queimará
a fogo, e viverás tu e a tua casa.

18 Porém, se não saires aos principes do rei de Babylonia, então será
entregue esta cidade na mão dos chaldeos, e queimal-a-hão a fogo, [10] e
tu não escaparás da mão d’elles.

19 E disse o rei Zedekias a Jeremias: Receio-me dos judeos, que cairam
para os chaldeos; [11] que _porventura_ me entreguem na sua mão, e
escarneçam de mim.

20 E disse Jeremias: Não _te_ entregarão: ouve, te peço, a voz do Senhor,
conforme a qual eu te fallo; e bem te irá, e viverá a tua alma.

21 Porém, se tu não quizeres sair, esta é a palavra que me mostrou o
Senhor.

22 Eis que todas as mulheres que ficaram de resto na casa do rei de Judah
serão levadas fóra para os principes do rei de Babylonia, e ellas mesmas
dirão: Teus pacificos te incitaram e prevaleceram contra ti, atolaram-se
os teus pés na lama, voltaram para traz.

23 Assim que a todas as tuas mulheres e a teus filhos [12] levarão para
fóra aos chaldeos, e nem tu escaparás da sua mão, antes pela mão do rei
de Babylonia serás preso, e esta cidade queimará a fogo.

24 Então disse Zedekias a Jeremias: Ninguem saiba estas palavras, e não
morrerás.

25 E quando os principes, ouvindo que fallei comtigo, vierem a ti, e te
disserem: Declara-nos agora o que disseste ao rei, não nol-o encubras, e
não te mataremos: e que te fallou o rei?

26 Então lhes dirás: [13] Lancei eu a minha supplica diante do rei, que
não me fizesse tornar á casa de Jonathan, para morrer ali.

27 Vindo pois todos os principes a Jeremias, e perguntando-lhe,
declarou-lhes conforme todas as palavras que o rei lhe havia ordenado: e
o deixaram, porque não se ouviu o negocio.

28 E ficou Jeremias [14] no atrio da guarda, até ao dia em que foi tomada
Jerusalem, e _ainda ali_ estava quando foi tomada Jerusalem.

[1] cap. 37.3. cap. 21.1.

[2] cap. 21.9.

[3] cap. 21.10 e 32.3.

[4] cap. 26.11.

[5] cap. 37.21.

[6] cap. 39.16.

[7] ver. 6.

[8] cap. 37.21.

[9] II Reis 24.12. cap. 39.3.

[10] ver. 23. cap. 32.4 e 34.3.

[11] I Sam. 31.4.

[12] cap. 39.6 e 41.10. ver. 18.

[13] cap. 37.15, 21.

[14] cap. 37.20 e 39.14.



_Nabucodonozor toma Jerusalem e livra Jeremias._

[Antes de Christo 588]

39 No anno [1] nono de Zedekias, rei de Judah, no mez decimo, veiu
Nabucodonozor, rei de Babylonia, todo o seu exercito, contra Jerusalem, e
a cercaram.

2 No anno undecimo de Zedekias, no quarto mez, aos nove do mez, se fez a
brecha na cidade.

3 E entraram _n’ella_ todos [2] os principes do rei de Babylonia, e
pararam na porta do meio, a saber: Nergal-sarezer, Samgar-nebo, Sarsecim,
Rab-saris, Nergal-sarezer, Rab-mag, e todo o resto dos principes do rei
de Babylonia.

4 E succedeu que, vendo-os Zedekias, rei de Judah, [3] e todos os homens
de guerra, fugiram, e sairam de noite da cidade, pelo caminho do jardim
do rei, pela porta d’entre os dois muros; e saiu pelo caminho da campina.

5 Porém o exercito dos chaldeos os perseguiu; [4] e alcançaram a Zedekias
nas campinas de Jericó, e o prenderam, e o fizeram subir a Nabucodonozor,
rei de Babylonia, a Ribla, [5] na terra de Hamath, e o sentenciou.

6 E o rei de Babylonia matou os filhos de Zedekias em Ribla, diante dos
meus olhos: tambem matou o rei de Babylonia a todos os nobres de Judah.

7 E cegou [6] os olhos de Zedekias, e o atou com duas cadeias de bronze,
para leval-o a Babylonia.

8 E os chaldeos queimaram [7] a fogo a casa do rei e as casas do povo, e
derribaram os muros de Jerusalem.

9 E o resto do povo, [8] que ficou na cidade, e os rebeldes que tinham
caido para elle, e o resto do povo que ficou, levou Nebuzaradan, capitão
da guarda, _a_ Babylonia.

10 Porém dos pobres de entre o povo que não tinha nada, deixou
Nebuzaradan, capitão da guarda, _alguns_ na terra de Judah; e deu-lhes
vinhas e campos n’aquelle dia.

11 Mas Nabucodonozor, rei de Babylonia, havia dado ordem ácerca de
Jeremias, na mão de Nebuzaradan, capitão dos da guarda, dizendo:

12 Toma-o, e põe sobre elle os teus olhos, e não lhe faças nenhum mal;
antes, como elle te disser, assim usarás com elle.

13 Enviou pois Nebuzaradan, capitão dos da guarda, e Nebus-hasban,
Rab-saris, Nergal-sarezer, Rab-mag, e todos os principes do rei de
Babylonia:

14 Enviaram [9] pois, e tomaram a Jeremias do atrio da guarda, e o
entregaram a Gedalias, filho de Ahicam, filho de Saphan, para que o
levasse á casa; e ficou entre o povo.

15 Tambem a Jeremias veiu a palavra do Senhor, estando elle _ainda_
encerrado no atrio da guarda, dizendo:

16 Vae, [10] e falla a Ebed-melech, o ethiope, dizendo: Assim diz o
Senhor dos Exercitos, Deus de Israel: [11] Eis que eu trarei as minhas
palavras sobre esta cidade para mal e não para bem: e serão _cumpridas_
diante de ti n’aquelle dia.

17 Porém te farei escapar n’aquelle dia, diz o Senhor, e não serás
entregue na mão dos homens perante cuja face tu temes.

18 Porque certamente te livrarei, e não cairás á espada: mas a tua alma
terás por despojo, [12] porquanto confiaste em mim, diz o Senhor.

[1] II Reis 25.1-4. cap. 52.4.

[2] cap. 38.17.

[3] II Reis 25.4, etc. cap. 52.7, etc.

[4] cap. 32.4 e 38.18, 23.

[5] II Reis 23.33.

[6] Eze. 12.13.

[7] II Reis 25.9. cap. 38.18 e 52.13.

[8] II Reis 35.11, etc. cap. 52.15, etc.

[9] cap. 38.28. cap. 40.5. cap. 26.24.

[10] cap. 38.7, 12.

[11] Dan. 9.12.

[12] cap. 21.9 e 45.5. I Chr. 5.20.



_Jeremias fica em Mizpah com Gedalias._

40 A palavra que veiu a Jeremias _da parte_ do Senhor, [1] depois que
Nebuzaradan, capitão dos da guarda, o deixara ir de Rama, quando o tomou,
estando elle atado com cadeias no meio de todos os do captiveiro de
Jerusalem e de Judah, que foram levados captivos para Babylonia;

2 Porque o capitão da guarda tomou a Jeremias, e lhe disse: [2] O Senhor
teu Deus fallou este mal contra este logar:

3 E o Senhor o trouxe, e fez como havia dito: [3] porque peccastes contra
o Senhor, e não obedecestes á sua voz; pelo que vos succedeu esta coisa.

4 Agora pois, eis que te soltei hoje das cadeias que _estavam_ sobre as
tuas mãos; [4] se _fôr_ bem aos teus olhos vir comigo para Babylonia,
vem, e porei sobre ti os meus olhos; porém, se _fôr_ mal aos teus olhos
vir comigo para Babylonia, deixa de vir. Olha, [5] toda a terra _está_
diante de ti; para onde _quer que fôr_ bom e recto aos teus olhos que
vás, para ali vae.

5 Mas, porquanto elle ainda não tinha voltado, _disse-lhe_: Volta a
Gedalias, filho de Ahicam, filho de Saphan, [6] a quem o rei de Babylonia
poz sobre as cidades de Judah, e habita com elle no meio do povo; ou para
qualquer parte aonde _quer que fôr_ recto aos teus olhos que vás, para
ali vae. E deu-lhe o capitão da guarda sustento para o caminho, e um
presente, e o deixou ir.

6 Assim [7] veiu Jeremias a Gedalias, filho de Ahicam, a Mizpah; e
habitou com elle no meio do povo que havia ficado na terra.

7 Ouvindo pois [8] todos os principes dos exercitos, que _estavam_ no
campo, elles e os seus homens, que o rei de Babylonia tinha posto sobre
a terra a Gedalias, filho de Ahicam, e que lhe havia encarregado a elle
os homens, e as mulheres, e os meninos, [9] e os mais pobres da terra, os
quaes não foram levados captivos a Babylonia,

8 Vieram a Gedalias, a Mizpah: a saber: [10] Ishmael, filho de Nethanias,
e Johanan e Jonathan, filhos de Careah, e Seraias, filho de Tanhumeth, e
os filhos de Ephai, o netophatita, e Jezanias, filho d’_um_ maachatita,
elles e os seus homens.

9 E jurou Gedalias, filho de Ahicam, filho de Saphan, a elles e aos seus
homens, dizendo: Não temaes servir aos chaldeos: ficae na terra, e servi
o rei de Babylonia, e bem vos irá.

10 Eu, porém, eis que habito em Mizpah, para estar ás ordens dos chaldeos
que vierem a nós; e vós recolhei o vinho, e as fructas de verão, e o
azeite, e mettei-os nos vossos vasos, e habitae nas vossas cidades, que
_já_ tomastes.

11 Como tambem todos os judeos que _estavam_ em Moab, e entre os filhos
de Ammon, e em Edom, e os que _havia_ em todas aquellas terras, ouviram
que o rei de Babylonia havia deixado um resto em Judah, e que havia posto
sobre elles a Gedalias, filho de Ahicam, filho de Saphan.

12 E tornaram todos os judeos de todos os logares, para onde foram
lançados, e vieram á terra de Judah, a Gedalias, a Mizpah; e recolheram
vinho e fructas do verão mui abundantes.

13 Johanan, filho de Careah, e todos os principes dos exercitos, que
_estavam_ no campo, vieram a Gedalias, a Mizpah.

14 E disseram-lhe: _Porventura_ bem sabes [11] que Baalis, rei dos filhos
de Ammon, enviou a Ishmael, filho de Nethanias, para te tirar a vida.
Porém não lhes deu credito Gedalias, filho de Ahicam.

15 Todavia Johanan, filho de Careah, fallou a Gedalias em segredo, em
Mizpah, dizendo: Irei agora, e ferirei a Ishmael, filho de Nethanias, sem
que ninguem o saiba: por que _razão_ te tiraria elle a vida, e todo o
Judah que se tem congregado a ti seria disperso, e pereceria o resto de
Judah?

16 Porém disse Gedalias, filho de Ahicam, a Johanan, filho de Careah: Não
faças tal coisa; porque fallas falso contra Ishmael.

[1] cap. 39.14.

[2] cap. 50.7.

[3] Dan. 29.24, 25.

[4] cap. 39.12.

[5] Gen. 20.15.

[6] II Reis 25.22, etc.

[7] cap. 39.14. Jui. 20.1.

[8] II Reis 25.23, etc.

[9] cap. 39.10.

[10] cap. 41.1.

[11] cap. 41.10.



_O assassinato de Gedalias._

41 Succedeu, porém, no mez setimo, [1] _que_ veiu Ishmael, filho de
Nethanias, filho d’Elisama, de sangue real, e os capitães do rei, a
saber, dez homens com elle, a Gedalias, filho d’Ahicam, a Mizpah; e
comeram ali pão juntamente em Mizpah.

2 E levantou-se Ishmael, filho de Nethanias, com os dez homens que
estavam com elle, [2] e feriram a Gedalias, filho de Ahicam, filho de
Saphan, á espada; e matou aquelle que o rei de Babylonia havia posto
sobre a terra.

3 Tambem feriu Ishmael a todos os judeos que _havia_ com elle, com
Gedalias, em Mizpah, como tambem aos chaldeos, homens de guerra, que se
acharam ali.

4 Succedeu pois no dia seguinte, depois que matára a Gedalias, e sem
ninguem _o_ saber,

5 Que vieram homens de Sichem, de Silo, e de Samaria; oitenta homens, [3]
com a barba rapada, e os vestidos rasgados, e sarjando-se; e traziam nas
suas mãos offertas de manjares e incenso, para levarem á casa do Senhor.

6 E, saindo-lhes ao encontro Ishmael, filho de Nethanias, desde Mizpah,
ia chorando; e succedeu que, encontrando-os, lhes disse: Vinde a
Gedalias, filho de Ahicam.

7 Succedeu, porém, que, entrando elles até ao meio da cidade, matou-os
Ishmael, filho de Nethanias, _e os lançou_ no meio de um poço, elle e os
homens que _estavam_ com elle.

8 Mas acharam-se entre elles dez homens que disseram a Ishmael: Não nos
mates a nós; porque temos no campo thesouros escondidos, trigo e cevada,
e azeite e mel. E os deixou, e não os matou entre seus irmãos.

9 E o poço em que Ishmael lançou todos os cadaveres dos homens que feriu
por causa de Gedalias _é_ o mesmo que fez [4] o rei Asa, por causa de
Baasa, rei de Israel: a este encheu de mortos Ishmael, filho de Nethanias.

10 E Ishmael [5] levou captivo a todo o resto do povo que _estava_
em Mizpah; as filhas do rei, e todo o povo que restou em Mizpah, que
Nebuzaradan, capitão da guarda, havia encarregado a Gedalias, filho de
Ahicam; e levou-os captivos Ishmael, filho de Nethanias, [6] e foi-se
para passar aos filhos de Ammon.

11 Ouvindo pois Johanan, filho de Careah, [7] e todos os principes dos
exercitos que _havia_ com elle, todo o mal que havia feito Ishmael, filho
de Nethanias,

12 Tomaram todos os _seus_ homens, e foram pelejar contra Ishmael, filho
de Nethanias: [8] e acharam-n’o ao pé das muitas aguas que ha em Gibeon.

13 E aconteceu que, vendo todo o povo, que _estava_ com Ishmael, a
Johanan filho de Careah, e a todos os principes dos exercitos, que
_vinham_ com elle, se alegrou.

14 E todo o povo que Ishmael levara captivo de Mizpah virou as costas, e
voltou, e foi para Johanan, filho de Careah.

15 Porém Ishmael, filho de Nethanias, escapou com oito homens de diante
de Johanan, e se foi para os filhos de Ammon.

16 Então tomou Johanan, filho de Careah, e todos os principes dos
exercitos que _havia_ com elle, a todo o resto do povo que elle havia
recobrado de Ishmael, filho de Nethanias, desde Mizpah, depois de haver
ferido a Gedalias, filho de Ahicam, aos homens valentes de guerra, e ás
mulheres, e aos meninos, e aos eunuchos que havia recobrado de Gibeon,

17 E foram, e moraram na habitação de Geruth-chimham, que _está_ perto de
Beth-lehem, para se irem e entrarem no Egypto,

18 Por causa dos chaldeos; porque os temiam, por haver ferido Ishmael,
filho de Nethanias, a Gedalias, filho de Ahicam, [9] a quem o rei de
Babylonia tinha posto sobre a terra.

[1] II Reis 25.25. cap. 40.6, 8.

[2] II Reis 25.25.

[3] Lev. 19.27, 28. Deu. 14.1. Isa. 15.2.

[4] II Reis 15.22. II Chr. 16.6.

[5] cap. 43.6. cap. 40.7.

[6] cap. 40.14.

[7] cap. 40.7, 8, 13.

[8] II Sam. 2.13.

[9] cap. 40.5.



_Jeremias exhorta o povo a não ir á terra do Egypto._

42 Então chegaram todos os principes dos exercitos, [1] e Johanan, filho
de Careah, e Jezanias, filho de Hosaias, e todo o povo, desde o menor até
ao maior,

2 E disseram a Jeremias, o propheta: Caia agora a nossa supplica diante
de ti, [2] e roga por nós ao Senhor teu Deus, por todo este resto; porque
de muitos restamos _uns_ poucos, como nos vêem os teus olhos;

3 Para que o Senhor teu Deus nos ensine [3] o caminho por onde havemos de
andar e aquillo que havemos de fazer.

4 E disse-lhes Jeremias, o propheta: Tenho ouvido: Eis que orarei
ao Senhor vosso Deus conforme as vossas palavras; e _será que_ toda
a palavra que o Senhor vos responder eu vol-a declararei; não vos
encobrirei palavra _alguma_.

5 Então elles disseram a Jeremias: [4] Seja o Senhor entre nós testemunha
da verdade e fidelidade, se não fizermos conforme toda a palavra em que
te enviar a nós o Senhor teu Deus.

6 Ora _seja em_ bem, ou _seja em_ mal, á voz do Senhor nosso Deus, a quem
te enviamos, obedeceremos, [5] para que nos succeda bem, obedecendo á voz
do Senhor nosso Deus.

7 E succedeu que ao fim de dez dias veiu a palavra do Senhor a Jeremias.

8 Então chamou a Johanan, filho de Careah, e a todos os principes dos
exercitos, que _havia_ com elle, e a todo o povo, desde o menor até ao
maior,

9 E disse-lhes: Assim diz o Senhor, Deus de Israel, a quem me enviastes,
para lançar a vossa supplica diante d’elle:

10 Se de boamente ficardes n’esta terra, [6] então vos edificarei, e não
_vos_ derribarei; e vos plantarei, e não _vos_ arrancarei; [7] porque
estou arrependido do mal que vos tenho feito.

11 Não temaes o rei de Babylonia, a quem vós temeis; não o temaes, diz o
Senhor, [8] porque eu _sou_ comvosco, para vos salvar e para vos fazer
livrar da sua mão.

12 E vos farei misericordia, para que elle tenha misericordia de vós, e
vos faça voltar á vossa terra.

13 Porém [9] se vós disserdes: Não ficaremos n’esta terra, não obedecendo
á voz do Senhor vosso Deus,

14 Dizendo: Não, antes iremos á terra do Egypto, onde não veremos guerra,
nem ouviremos estrondo de trombeta, nem teremos fome de pão, e ali
ficaremos.

15 Portanto ouvi agora pois a palavra do Senhor, ó resto de Judah: assim
diz o Senhor dos Exercitos, Deus de Israel: [10] Se vós absolutamente
pozerdes os vossos rostos [11] para entrardes no Egypto, e entrardes para
lá peregrinar,

16 Será que a espada _que_ vós temeis ali [12] vos alcançará na terra do
Egypto, e a fome de que vós receaes ali se vos pegará _no_ Egypto, e ali
morrereis.

17 Assim serão todos os homens que pozeram os seus rostos para entrarem
no Egypto, para lá peregrinarem: [13] morrerão á espada, á fome, e da
peste; e d’elles não _haverá_ quem reste e escape do mal que eu farei vir
sobre elles.

18 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos, Deus de Israel: [14] Como
se derramou a minha ira e a minha indignação sobre os habitantes de
Jerusalem, [15] assim se derramará a minha indignação sobre vós, entrando
no Egypto; e servireis de maldição, e de espanto, e de execração, e de
opprobrio, e não vereis mais este logar.

19 Fallou o Senhor ácerca de vós, ó resto de Judah! [16] não entreis no
Egypto; por certo sabei que testifiquei contra vós hoje.

20 Porque enganastes as vossas almas, pois vós me enviastes ao Senhor
vosso Deus, dizendo: [17] Ora por nós ao Senhor nosso Deus; e conforme
tudo o que disser o Senhor Deus nosso, declara-nol-o assim, e o faremos.

21 E vol-o tenho declarado hoje; porém não déstes ouvidos á voz do Senhor
vosso Deus, nem a coisa alguma de aquillo que me enviou a vós.

22 Agora pois sabei por certo que á espada, á fome e da peste [18]
morrereis no _mesmo_ logar onde desejastes entrar, para lá peregrinardes.

[1] cap. 40.8, 13 e 41.11.

[2] I Sam. 7.8 e 12.19. Isa. 37.4.

[3] Esd. 8.21.

[4] Gen. 31.50.

[5] Deu. 6.3. cap. 7.23.

[6] cap. 24.6 e 31.28.

[7] Deu. 32.36. cap. 18.8.

[8] Isa. 43.5. Rom. 8.31.

[9] cap. 44.16.

[10] cap. 44.12, 13, 14.

[11] Luc. 9.51.

[12] Eze. 11.8.

[13] ver. 22. cap. 24.10 e 44.14, 28.

[14] cap. 7.20.

[15] cap. 18.16 e 24.9 e 26.6 e 29.18, 22 e 44.12.

[16] Deu. 17.16.

[17] ver. 2.

[18] ver. 17. Eze. 6.11.



_Jeremias é levado ao Egypto pelo povo._

[Antes de Christo 587]

43 E succedeu que, acabando Jeremias de fallar a todo o povo todas as
palavras do Senhor Deus d’elles, com as quaes o Senhor Deus d’elles lh’o
havia enviado, _para que lhes dissesse_ todas estas palavras,

2 Então disse [1] Azarias, filho de Hosaias, e Johanan, filho de Careah,
e todos os homens soberbos, dizendo a Jeremias: Tu dizes mentiras; o
Senhor nosso Deus não te enviou a dizer: Não entreis no Egypto, para lá
peregrinar:

3 Antes Baruch, filho de Nerias, te incita contra nós, para entregar-nos
na mão dos chaldeos, para nos matarem, ou para nos transportarem _para_
Babylonia.

4 Não obedeceu pois Johanan, filho de Careah, [2] nem nenhum de todos os
principes dos exercitos, nem todo o povo, _á_ voz do Senhor, para ficarem
na terra de Judah.

5 Antes tomou Johanan, filho de Careah, e todos os principes dos
exercitos a todo o resto de Judah, que havia voltado d’entre todas as
nações, para onde haviam sido lançados, para peregrinarem na terra de
Judah;

6 Os homens, e as mulheres, e os meninos, e as filhas do rei, e a toda
[3] a alma que deixara Nebuzaradan, capitão dos da guarda, com Gedalias,
filho de Ahicam, filho de Saphan; como tambem a Jeremias, o propheta, e a
Baruch, filho de Nerias:

7 E entraram na terra do Egypto, porque não obedeceram á voz do Senhor;
[4] e vieram até Tahpanhes.


_Prophecia da conquista do Egypto por Nabucodonozor._

8 Então veiu a palavra do Senhor a Jeremias, em Tahpanhes, dizendo:

9 Toma na tua mão pedras grandes, e esconde-as entre o barro no forno que
_está_ á porta da casa de Pharaó em Tahpanhes, perante os olhos de homens
judeos.

10 E dize-lhes: Assim diz o Senhor dos exercitos, Deus de Israel: Eis que
eu enviarei, e tomarei a Nabucodonozor, rei de Babylonia, [5] meu servo,
e porei o seu throno sobre estas pedras que escondi; e estenderá a sua
tenda real sobre ellas.

11 E virá, [6] e ferirá a terra do Egypto: quem para a morte, [7] para a
morte; e quem para o captiveiro, para o captiveiro; e quem para a espada,
para a espada.

12 E porei fogo ás casas dos deuses do Egypto, e queimal-os-ha, e
leval-os-ha captivos; e vestir-se-ha da terra do Egypto, como se veste o
pastor do seu vestido, e sairá d’ali em paz.

13 E quebrará as estatuas de Beth-semes, que _está_ na terra do Egypto; e
as casas dos deuses do Egypto queimará a fogo.

[1] cap. 42.1.

[2] cap. 40.11, 12.

[3] cap. 41.10. cap. 39.10 e 40.7.

[4] cap. 2.16 e 44.1. Isa. 30.4.

[5] cap. 25.9 e 27.6. Eze. 29.18, 20.

[6] cap. 44.13 e 46.13.

[7] cap. 15.12. Zac. 11.9.



_Ameaças contra os judeos que fugiram para o Egypto._

44 A palavra que veiu a Jeremias, ácerca de todos os judeos, habitantes
da terra do Egypto, [1] que habitavam em Migdol, e em Tahpanhes, e em
Noph, e na terra de Pathros, dizendo:

2 Assim diz o Senhor dos exercitos, Deus de Israel: Vós vistes todo o mal
que fiz vir sobre Jerusalem, e sobre todas as cidades de Judah: [2] e eis
que _já_ ellas _são_ hoje _um_ deserto, e ninguem habita n’ellas;

3 Por causa da sua maldade que fizeram, para me irarem, [3] indo a
queimar incenso para servir a deuses alheios, que nunca conheceram, _nem_
elles, _nem_ vós, nem vossos paes.

4 E eu vos enviei [4] todos os meus servos, os prophetas, madrugando e
enviando a dizer: Ora não façaes esta coisa abominavel que aborreço.

5 Porém não deram ouvidos, nem inclinaram a sua orelha, para se
converterem da sua maldade, para não queimarem incenso a deuses alheios.

6 Derramou-se pois [5] a minha indignação e a minha ira, e accendeu-se
nas cidades de Judah, e nas ruas de Jerusalem, e tornaram-se em deserto
_e_ em assolação, como hoje _se vê_.

7 Agora, pois, assim diz o Senhor, Deus dos Exercitos, Deus de Israel:
[6] Porque fazeis vós _tão_ grande mal contra as vossas almas, para vos
desarreigardes a vós, ao homem e á mulher, á creança e ao que mama, do
meio de Judah, para não vos deixardes resto _algum_;

8 Irando-me [7] com as obras de vossas mãos, queimando incenso a deuses
alheios na terra do Egypto, aonde vós entrastes para lá peregrinardes:
para que vos desarreigueis a vós mesmos, e para que sirvaes de maldição,
de opprobrio [8] entre todas as nações da terra?

9 _Porventura já_ vos esquecestes das maldades de vossos paes, e das
maldades dos reis de Judah, e das maldades de suas mulheres, e de vossas
maldades, e das maldades de vossas mulheres, que fizeram na terra de
Judah, e nas ruas de Jerusalem?

10 Não estão contritos até ao dia de hoje: nem temeram, [9] nem andaram
na minha lei, nem nos meus estatutos, que puz diante de vós e diante de
vossos paes.

11 Portanto assim diz o Senhor dos Exercitos, Deus de Israel: [10] Eis
que eu ponho o meu rosto contra vós para mal, e para desarreigar a todo o
Judah.

12 E tomarei o resto de Judah, que poz o seu rosto para entrar na terra
do Egypto, [11] para lá peregrinar e será todo consumido na terra do
Egypto; cairá á espada, _e_ de fome morrerá; consumir-se-hão, desde o
menor até ao maior; á espada e á fome morrerão: e servirão de execração,
[12] e de espanto, e de maldição, e de opprobrio.

13 Porque visitarei [13] sobre os que habitam na terra do Egypto, como
visitei sobre Jerusalem, á espada, á fome e com peste.

14 De maneira que não _haverá_ quem escape, e fique, de resto, de Judah,
que entrou na terra do Egypto, para lá peregrinar: para tornar á terra
de Judah, á qual elles levantam a sua alma, para tornarem, para habitarem
lá; [14] porém não tornarão senão os que escaparem.

15 Então responderam a Jeremias todos os homens que sabiam que suas
mulheres queimavam incenso a deuses alheios, e todas as mulheres que
estavam em pé _em_ grande multidão, como tambem todo o povo que habitava
na terra do Egypto, em Pathros, dizendo:

16 Quanto á palavra que fallaste a nós em nome do Senhor, [15] não te
obedeceremos a ti;

17 Antes certamente [16] faremos toda a palavra que saiu da nossa bocca,
[17] queimando incenso á rainha dos céus, e offerecendo-lhe libações,
como nós e nossos paes, nossos reis e nossos principes, o temos feito,
nas cidades de Judah, e nas ruas de Jerusalem; e tivemos então fartura de
pão, e andavamos alegres, e não vimos mal algum.

18 Mas desde que cessámos de queimar incenso á rainha dos céus, e de lhe
offerecer libações, tivemos falta de tudo, e fomos consumidos pela espada
e pela fome.

19 E quando [18] nós queimavamos incenso á rainha dos céus, e lhe
offereciamos libações, faziamos-lhe bolos lavrados, para assim a
retratar, e lhe offereciamos libações sem nossos maridos.

20 Então disse Jeremias a todo o povo, aos homens e ás mulheres, e a todo
o povo que lhe havia dado esta resposta, dizendo:

21 _Porventura_ não se lembrou o Senhor, e não lhe subiu ao coração o
incenso que queimastes nas cidades de Judah e nas ruas de Jerusalem, vós
e vossos paes, vossos reis e vossos principes, como tambem o povo da
terra?

22 De maneira que o Senhor não mais o podia soffrer, por causa da maldade
das vossas acções, por causa das abominações que fizestes; [19] pelo que
se tornou a vossa terra em deserto, e em espanto, e em maldição, que
ninguem habite _n’ella_, como hoje _se vê_.

23 Porque queimastes incenso, e porque peccastes contra o Senhor, e não
obedecestes á voz do Senhor, e na sua lei, e nos seus testemunhos não
andastes, [20] por isso vos succedeu este mal, como _se vê_ n’este dia.

24 Disse mais Jeremias a todo o povo e a todas as mulheres: Ouvi a
palavra do Senhor, [21] todo o Judah que _estaes_ na terra do Egypto.

25 Assim diz o Senhor dos Exercitos, Deus de Israel, dizendo: [22] Vós
e vossas mulheres não sómente fallastes por vossa bocca, senão tambem
_o_ cumpristes por vossas mãos, dizendo: Certamente faremos os nossos
votos que votámos de queimar incenso á rainha dos céus e de lhe offerecer
libações: perfeitamente confirmastes os vossos votos, e perfeitamente
fizestes os vossos votos.

26 Portanto ouvi a palavra do Senhor, todo o Judah, que habitaes na terra
do Egypto: [23] Eis que eu juro pelo meu grande nome, diz o Senhor, [24]
que nunca mais será nomeado o meu nome pela bocca de nenhum homem de
Judah em toda a terra do Egypto, que diz: Vive o Senhor JEHOVAH!

27 Eis que [25] velarei sobre elles para mal, e não para bem; [26] e
serão consumidos todos os homens de Judah, que _estão_ na terra do
Egypto, á espada e á fome, até que se acabem de todo.

28 E os [27] que escaparem da espada tornarão da terra do Egypto á
terra de Judah, poucos em numero; [28] e saberá todo o resto de Judah,
que entrou na terra do Egypto, para peregrinar ali, _qual_ palavra
subsistirá, a minha ou a sua.

29 E isto vos _servirá_ de signal, diz o Senhor, que eu vos visitarei
n’este _mesmo_ logar; para que saibaes que certamente subsistirão as
minhas palavras contra vós para mal.

30 Assim diz o Senhor: [29] Eis que eu darei Pharaó Hophra, rei do
Egypto, na mão de seus inimigos, e na mão dos que procuram a sua morte;
[30] como dei Zedekias, rei de Judah, na mão de Nabucodonozor, rei de
Babylonia, seu inimigo, e que procurava a sua morte.

[1] Exo. 14.2. cap. 46.14. cap. 43.7. Isa. 19.13.

[2] cap. 9.11 e 34.22.

[3] cap. 19.4. Deu. 13.6 e 32.17.

[4] II Chr. 36.15. cap. 7.25 e 25.4 e 26.5 e 29.19.

[5] cap. 42.18.

[6] cap. 7.19.

[7] cap. 25.6, 7.

[8] ver. 12. cap. 42.18.

[9] Pro. 28.14.

[10] Lev. 17.10 e 20.5, 6. cap. 21.10. Amós 9.4.

[11] cap. 42.15, 16, 17, 22.

[12] cap. 42.18.

[13] cap. 43.11.

[14] ver. 28.

[15] cap. 6.16.

[16] ver. 25. Num. 30.12. Deu. 23.23. Jui. 11.36.

[17] cap. 7.18.

[18] cap. 7.18.

[19] cap. 25.11, 18, 38. ver. 6.

[20] Dan. 9.11, 12.

[21] ver. 15. cap. 43.7.

[22] ver. 15, etc.

[23] Gen. 22.16.

[24] Eze. 20.39.

[25] cap. 1.10 e 31.28.

[26] ver. 12.

[27] ver. 14. Isa. 27.13.

[28] ver. 17, 25, 26.

[29] cap. 46.25, 26. Eze. 29.3, etc. e 30.21, etc.

[30] cap. 39.5.



_A palavra de Jeremias a Baruch._

[Antes de Christo 607]

45 A palavra [1] que fallou Jeremias, o propheta, a Baruch, filho
de Nerias, escrevendo elle aquellas palavras n’um livro da bocca de
Jeremias, no anno quarto de Joaquim, filho de Josias, rei de Judah,
dizendo:

2 Assim diz o Senhor, Deus d’Israel, ácerca de ti, ó Baruch:

3 Disseste: Ai de mim agora! porque me accrescentou o Senhor tristeza
sobre minha dôr: _já_ estou cançado do meu gemido, e não acho descanço.

4 _Pelo que_ assim lhe dirás: Assim diz o Senhor: Eis que [2] o que
edifiquei eu derribo, e o que plantei eu arranco, e isso em toda esta
terra.

5 E tu te buscarias grandezas? não _as_ busques; porque eis que trago [3]
mal sobre toda a carne, diz o Senhor; porém te darei a ti a tua alma por
despojo, em todos [4] os logares para onde fores.

[1] cap. 36.1, 4, 32.

[2] Isa. 5.5.

[3] cap. 25.26.

[4] cap. 38.2 e 39.18.



_Prophecia contra varias nações. A invasão e conquista do Egypto._

46 A palavra do Senhor, que veiu a Jeremias o propheta, contra as nações;

2 Ácerca do Egypto, [1] contra o exercito de Pharaó Necho, rei do
Egypto, que estava junto ao rio Euphrates em Carchemis; ao qual feriu
Nabucodonozor, rei de Babylonia, no anno quarto de Joaquim, filho de
Josias, rei de Judah.

3 Preparae o escudo e o pavez, e chegae-vos para a peleja.

4 Sellae os cavallos, e montae, cavalleiros, e apresentae-vos com elmos:
alimpae as lanças, vesti-vos de couraças.

5 Por que razão vejo os medrosos voltando as costas? e os seus heroes são
abatidos, e vão fugindo, sem olharem para traz: terror [2] _ha_ ao redor,
diz o Senhor.

6 Não fuja o ligeiro, e não escape o heroe: para a banda do norte, junto
á borda do rio Euphrates [3] tropeçaram e cairam.

7 Quem _é_ este _que_ vem [4] subindo como a corrente, cujas aguas se
movem como os rios?

8 O Egypto vem subindo como a corrente, e as _suas_ aguas se movem como
os rios; e disse: Subirei, cobrirei a terra, destruirei a cidade, e os
que habitam n’ella.

9 Trepae, ó cavallos, e estrondeae, ó carros, e saiam os valentes: _como
tambem_ os ethiopes, e os puteos, que tomam o escudo, e os lydios, que
tomam [5] _e_ entezam o arco.

10 Porém este dia [6] _é_ do Senhor JEHOVAH dos Exercitos, dia de
vingança para se vingar dos seus adversarios, e devorará a espada, [7] e
fartar-se-ha, e embriagar-se-ha com o sangue [8] d’elles, porque o Senhor
JEHOVAH dos Exercitos tem _um_ sacrificio na terra do norte, junto ao rio
de Euphrates.

11 Sobe [9] a Gilead, e toma balsamo, ó virgem filha do Egypto: debalde
multiplicas remedios, _pois já_ não _ha_ cura para ti.

12 As nações ouviram a tua vergonha, e a terra _está_ cheia do teu
clamor; porque o valente chorou com o valente _e_ cairam ambos juntamente.

13 A palavra que fallou o Senhor a Jeremias, o propheta, ácerca da vinda
de Nabucodonozor, rei de Babylonia, para ferir [10] a terra do Egypto.

14 Annunciae no Egypto, e fazei ouvir isto em Migdol; fazei tambem
ouvil-o em Noph, e em Tahpanhes, dizei: Apresenta-te, [11] e prepara-te;
porque _já_ devorou a espada o que _está_ ao redor de ti.

15 Porque foram derribados os teus valentes? não se poderam ter em pé,
porque o Senhor os empuxou.

16 Multiplicou os que tropeçavam: tambem cairam [12] uns sobre os outros,
e disseram: Levanta-te, e voltemos ao nosso povo, e á terra do nosso
nascimento, por causa da espada que opprime.

17 Clamaram ali: Pharaó rei do Egypto _é_ um estrondo; deixou passar o
tempo assignalado.

18 Vivo eu, diz o rei, [13] cujo nome _é_ o Senhor dos Exercitos, que
_assim_ como _está_ Tabor entre os montes, e como o Carmelo sobre o mar,
_certamente assim_ virá.

19 Prepara-te apparelhos para a ida em captiveiro, ó moradora, [14] filha
do Egypto: porque Noph _será_ tornada em desolação, e será abrazada, até
que ninguem mais ahi more.

20 Bezerra [15] mui formosa _é_ o Egypto: _já_ vem a destruição, _ella_
vem do norte.

21 Até os seus mercenarios no meio d’ella _são_ como bezerros cevados;
porém tambem elles viraram as costas, fugiram juntos; não estiveram
firmes; porque _já_ veiu sobre elles o dia da sua ruina _e_ o tempo da
sua visitação.

22 A sua voz [16] irá como _a_ da serpente; porque irão com poder _do
exercito_, e virão a ella com machados como cortadores de lenha.

23 Cortaram [17] o seu bosque, diz o Senhor, ainda que não podem
contar-se; porque se multiplicaram mais do que os gafanhotos, não se
podem numerar.

24 A filha do Egypto está envergonhada: [18] foi entregue na mão do povo
do norte.

25 Diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel: Eis que eu visitarei a
multidão de No, [19] e a Pharaó, e ao Egypto, e aos seus deuses, e aos
seus reis, e até _ao mesmo_ Pharaó, e aos que confiam n’elle.

26 E os entregarei [20] na mão dos que procuram a sua morte, na mão de
Nabucodonozor, rei de Babylonia, e na mão dos seus servos; porém depois
será habitada, [21] como _nos_ dias antigos, diz o Senhor.

27 Não temas [22] pois tu, servo meu Jacob, nem te espantes, ó Israel;
porque eis que te livrarei _de terras_ de longe, como tambem a tua
semente da terra do seu captiveiro; e Jacob voltará, e descançará, e
socegará, e não haverá quem _o_ atemorize.

28 Tu não temas, servo meu, Jacob, diz o Senhor, porque estou comtigo;
porque farei consummação de todas as nações entre as quaes te lancei;
porém de ti não farei consummação, [23] mas castigar-te-hei com medida, e
não te darei de todo por innocente.

[1] II Reis 23.29. II Chr. 35.20.

[2] cap. 6.25 e 49.29.

[3] Dan. 11.19.

[4] Isa. 8.7, 8. cap. 47.2.

[5] Isa. 66.19.

[6] Isa. 13.6. Joel 1.15 e 2.1.

[7] Deu. 32.42. Isa. 34.6.

[8] Isa. 34.6. Sof. 1.7. Eze. 39.17.

[9] cap. 8.22 e 51.8. Isa. 47.1.

[10] Isa. 19.1. cap. 43.10, 11. Eze. 29 e 30 e 32.

[11] ver. 3. ver. 10.

[12] Lev. 26.37.

[13] Isa. 47.4 e 48.2. cap. 48.15.

[14] cap. 48.18.

[15] Ose. 10.11. cap. 1.14 e 47.2. ver. 6, 10.

[16] Isa. 29.4.

[17] Isa. 10.34. Jui. 6.5.

[18] cap. 1.15.

[19] Eze. 30.14, 15, 16. Nah. 3.8. cap. 43.12, 13. Eze. 30.13.

[20] cap. 44.30. Eze. 32.11.

[21] Eze. 29.11, 13, 14.

[22] Isa. 41.13, 14 e 43.5 e 44.2. cap. 30.10, 11.

[23] cap. 10.24 e 30.11.



_Prophecia contra os philisteos._

[Antes de Christo 600]

47 A palavra do Senhor, que veiu a Jeremias, [1] o propheta, contra os
philisteos, antes que Pharaó ferisse a Gaza.

2 Assim diz o Senhor: [2] Eis que se levantam as aguas do norte, e
tornar-se-hão em torrente transbordante, e alagarão a terra e sua
plenitude, a cidade, e os que moram n’ella; e os homens clamarão, e todos
os moradores da terra uivarão;

3 Por causa do som [3] do estrepito das unhas dos seus fortes _cavallos_,
por causa do arroido de seus carros _e_ do estrondo das suas rodas: os
paes não attenderam aos filhos, por causa da fraqueza das mãos;

4 Por causa do dia que vem, para destruir a todos os philisteos, [4] para
cortar a Tyro e a Sidon todo o resto que _os_ soccorra; porque o Senhor
destruirá os philisteos, [5] o resto da ilha de Caphtor.

5 A rapadura [6] veiu sobre Gaza, foi desarreigada Ascalon, _com_ o resto
do seu valle: até quando te sarjarás?

6 Ah espada [7] do Senhor! até quando deixarás de repousar? volta para a
tua bainha, descança, e aquieta-te.

7 _Mas_ como te aquietarias? pois o Senhor deu-lhe mandado contra
Ascalon, e contra as bordas do mar: _e_ ali lh’o tem prescripto.

[1] cap. 25.20. Eze. 25.15, 16. Sof. 2.4, 5. Amós 1.6, 7, 8.

[2] Isa. 8.7. cap. 46.7, 8. cap. 1.14 e 46.20.

[3] cap. 8.16. Nah. 3.2.

[4] cap. 25.22.

[5] Eze. 25.16.

[6] Amós 1.7. Miq. 1.16. Sof. 2.4, 7. Zac. 9.5.

[7] Deu. 32.41. Eze. 21.3, 4, 5.



_Prophecia contra Moab._

48 Contra Moab [1] assim diz o Senhor dos Exercitos, Deus de Israel: Ai
de Nebo, porque foi destruida: envergonhada está Kiriathaim, [2] _já_ é
tomada: Misgab está envergonhada e espantada.

2 _Já_ não _ha_ [3] mais gloriação de Moab ácerca de Hesbon; pensaram mal
contra ella, _dizendo_: Vinde, e desarreiguemol-a, para que não _seja
mais_ povo; tambem tu, ó Madmen, serás desarreigada; a espada te irá
seguindo.

3 Voz de [4] grito de Horonaim: ruina e grande destruição.

4 _Já_ está destruida Moab: seus filhinhos fizeram-se ouvir _com_ gritos.

5 Porque [5] na subida de Luhith subirá choro sobre choro; porque na
descida de Horonaim os adversarios _de Moab_ ouviram um lastimoso clamor.

6 Fugi, [6] salvae a vossa vida, e sereis como a tamargueira no deserto.

7 Porque, por causa da tua confiança nas tuas obras, e nos teus
thesouros, tambem tu serás tomada; [7] e Camos sairá para o captiveiro,
os seus sacerdotes e os seus principes juntos.

8 Porque virá o destruidor [8] sobre cada uma das cidades, e nenhuma
escapará, e perecerá o valle, e destruir-se-ha a campina; porque o Senhor
o disse.

9 Dae azas a Moab; porque voando sairá, e as suas cidades se tornarão em
assolação, e ninguem morará n’ellas.

10 Maldito [9] aquelle que fizer a obra do Senhor fraudulosamente: e
maldito aquelle que veda a sua espada do sangue.

11 Moab esteve descançado desde a sua mocidade, [10] e repousou nas suas
fezes, e não foi trafegado de vaso em vaso, nem foi para o captiveiro;
por isso permaneceu o seu sabor n’elle, e o seu cheiro não mudou.

12 Portanto, eis que dias veem, diz o Senhor, em que lhe enviarei
andantes, que o farão andar a grandes passos; e despejarão os seus
vasos, e romperão os seus odres.

13 E Moab terá vergonha [11] de Camos, como se envergonhou a casa de
Israel de Beth-el, sua confiança.

14 Como direis, _pois_: Valentes _somos_ e homens fortes para a guerra?

15 _Já está_ destruido Moab, [12] e subiu das suas cidades, e os seus
mancebos escolhidos desceram á matança, diz o rei, [13] cujo nome _é_ o
Senhor dos Exercitos.

16 Já _é_ chegada a vinda da perdição de Moab; e apressura-se muito o seu
mal.

17 Condoei-vos d’elle todos os que estaes em redor d’elle, e todos os que
sabeis o seu nome: dizei: [14] Como se quebrou a vara forte, o cajado
formoso?

18 Desce da _tua_ gloria, e assenta-te em secco, ó moradora, [15] filha
de Dibon; porque _já_ o destruidor de Moab subiu contra ti, e _já_ desfez
as tuas fortalezas.

19 Põe-te no caminho, [16] e espia, ó moradora de Aroer: pergunta ao que
vae fugindo; e á que escapou dize: Que succedeu?

20 Moab está envergonhado, porque foi quebrantado; [17] uivae e gritae:
annunciae em Arnon que _já_ Moab está destruido.

21 Tambem o juizo veiu [18] sobre a terra da campina: sobre Holon, e
sobre Jaza, e sobre Mephaat,

22 E sobre Dibon, e sobre Nebo, e sobre Beth-diblataim,

23 E sobre Kiriathaim, e sobre Beth-gamul, e sobre Beth-meon,

24 E sobre Kerioth, [19] e sobre Bozra; e até sobre todas as cidades da
terra de Moab, as de longe e as de perto.

25 _Já_ é cortado o corno de Moab, e é quebrantado o seu braço, [20] diz
o Senhor.

26 Embriagae-o, [21] porque contra o Senhor se engrandeceu; e Moab se
revolverá no seu vomito, e elle tambem _será_ por escarneo.

27 Porque [22] não te foi tambem Israel _por_ escarneo? _porventura_ foi
achado entre ladrões, porque desde que fallas d’elle te ris?

28 Deixae as cidades, e habitae no rochedo, ó moradores de Moab; e sêde
como a pomba que se aninha nas extremidades da bocca da caverna.

29 _Já_ ouvimos a [23] soberba de Moab, _que é_ soberbissimo, _como
tambem_ a sua arrogancia, e a sua soberba, e sua altivez e a altura do
seu coração.

30 Eu conheço, diz o Senhor, a sua indignação, porém assim não _será_: as
suas mentiras não _o_ farão assim.

31 Por isso uivarei [24] por Moab, e gritarei por todo o Moab: pelos
homens de Kir-heres gemerão.

32 Com o choro de Jaezar chorar-te-hei, [25] ó vide de Sibma; _já_ os
teus ramos passaram o mar, _e_ chegaram até ao mar de Jaezer; _porém_ o
destruidor caiu sobre os fructos do teu verão, e sobre a tua vindima.

33 Tirou-se pois o folguedo e a alegria [26] do campo fertil e da terra
de Moab; porque fiz cessar o vinho dos lagares: _já_ não pisarão _uvas_
com jubilo: o jubilo não _será_ jubilo.

34 Por causa [27] do grito de Hesbon até Eleale _e_ até Jahaz, deram a
sua voz desde Zoar, até Horonaim, como bezerra de tres annos; porque até
as aguas do Nimrim se tornarão em assolações.

35 E farei cessar em Moab, diz o Senhor, [28] quem sacrifique _no_ alto,
e queime incenso aos seus deuses.

36 Por isso resoará [29] o meu coração por Moab como frautas; tambem
resoará o meu coração pelos homens de Kir-heres como frautas; [30]
porquanto a abundancia _que_ ajuntou se perdeu.

37 Porque toda [31] a cabeça _será_ calva, e toda a barba _será_
diminuida; sobre todas as mãos ha sarjaduras, [32] e sobre os lombos
saccos.

38 Sobre todos os telhados de Moab e nas suas ruas _haverá_ um pranto
geral; porque quebrantei a Moab, [33] como a um vaso que não agrada, diz
o Senhor.

39 Como foi quebrantado? uivam: como virou Moab as costas _e_ se
envergonhou? assim será Moab objecto de escarneo e de espanto a todos os
que _estão_ em redor d’elle.

40 Porque assim diz o Senhor: [34] Eis que voará como a aguia, e
estenderá as suas azas sobre Moab.

41 _Já_ são [35] tomadas as cidades, e occupadas as fortalezas: [36] e
_será_ o coração dos valentes de Moab n’aquelle dia como o coração da
mulher que _está_ com dôres _de parto_.

42 E Moab [37] será destruido, para que não _seja_ povo; porque se
engrandeceu contra o Senhor.

43 Temor, [38] e cova, e laço, _veem_ sobre ti, ó morador de Moab, diz o
Senhor.

44 O que fugir do temor cairá na cova, e o que subir da cova ficará
preso no laço; [39] porque trarei sobre elle, sobre Moab, o anno da sua
visitação, diz o Senhor.

45 Os que fugiam da força [40] pararam á sombra de Hesbon; porém fogo
saiu de Hesbon, e a labareda do meio de Sihon, [41] e devorou o canto de
Moab e a mioleira dos filhos de arroido.

46 Ai [42] de ti, Moab; _já_ pereceu o povo de Camos; porque teus filhos
foram levados em captiveiro, como tambem tuas filhas em captividade.

47 Porém farei [43] voltar os captivos de Moab no ultimo dos dias, diz o
Senhor. Até aqui o juizo de Moab.

[1] Isa. 15.16. cap. 25.21 e 27.3. Eze. 2.5, 9. Amós 2.1, 2. Num. 32.38 e
33.47. Isa. 14.2.

[2] Num. 32.37.

[3] Isa. 16.14. Isa. 15.4.

[4] ver. 5.

[5] Isa. 15.5.

[6] cap. 51.6. cap. 17.6.

[7] Num. 21.29. Jui. 11.24. Isa. 46.1, 2. cap. 43.12 e 49.3.

[8] cap. 6.26. ver. 18.

[9] Jui. 5.23.

[10] Sof. 1.12.

[11] Jui. 11.2, 4. I Reis 11.7 e 12.29.

[12] ver. 8, 9, 18.

[13] cap. 46.18 e 51.57.

[14] Isa. 9.4 e 14.4, 5.

[15] Isa. 47.1. cap. 46.19. Num. 21.30. Isa. 15.2.

[16] Deu. 2.36.

[17] Isa. 16.7. Num. 21.13.

[18] ver. 8.

[19] ver. 41. Amós 2.2.

[20] Eze. 30.21.

[21] cap. 25.15, 27.

[22] Sof. 2.8. cap. 2.26.

[23] Isa. 16.6, etc.

[24] Isa. 15.5 e 16.7, 11.

[25] Isa. 16.8, 9.

[26] Isa. 16.10. Joel 1.12.

[27] Isa. 15.4, 5, 6. ver. 5.

[28] Isa. 15.2 e 16.12.

[29] Isa. 15.5.

[30] Isa. 15.7.

[31] Isa. 15.2. cap. 47.5.

[32] Gen. 37.34.

[33] cap. 22.28.

[34] Deu. 28.49. cap. 49.22. Dan. 7.4. Ose. 8.1. Hab. 1.8.

[35] ver. 24.

[36] Isa. 13.8. cap. 30.6 e 49.22, 24 e 50.43. Miq. 4.9.

[37] Isa. 7.8.

[38] Isa. 24.17, 18.

[39] cap. 11.23.

[40] Num. 21.28.

[41] Num. 24.17.

[42] Num. 21.29.

[43] cap. 49.6, 39.



_Prophecia contra os ammonitas._

49 Contra os filhos [1] de Ammon. Assim diz o Senhor: Acaso não tem
filhos Israel, nem tem herdeiro? [2] porque pois herdou [ZU] Malcam a Gad
e o seu povo habitou nas suas cidades?

2 Portanto, eis que veem dias, diz o Senhor, [3] em que farei ouvir em
Rabba dos filhos de Ammon o alarido de guerra, e tornar-se-ha n’um montão
de assolação, e [ZV] os logares da sua jurisdicção serão queimados a
fogo; e Israel herdará aos que o herdaram, diz o Senhor.

3 Uiva, ó Hesbon, porque _já_ é destruida Ai; clamae, ó filhas de Rabba,
[4] cingi-vos de saccos, lamentae, e rodeae pelos vallados; porque [ZW]
Malcam irá em captiveiro, os seus sacerdotes [5] e os seus principes
juntamente.

4 Porque te glorias dos valles, _já_ se escorreu o teu valle, ó filha
rebelde que confias nos teus thesouros, [6] _dizendo_: Quem virá contra
mim?

5 Eis que eu trarei temor sobre ti, diz o Senhor JEHOVAH dos Exercitos,
de todos os que _estão_ ao redor de ti; e sereis lançados fóra cada _um_
diante de si, e ninguem recolherá o desgarrado.

6 Mas depois [7] d’isto farei voltar os captivos dos filhos de Ammon, diz
o Senhor.


_Prophecia contra os edomitas._

7 Contra [8] Edom. Assim diz o Senhor dos Exercitos: Acaso _já_ não
_ha_ mais sabedoria em Teman? _já_ pereceu o conselho dos entendidos?
corrompeu-se a sua sabedoria?

8 Fugi, [9] virae-vos, buscae profundezas para habitar, [10] ó moradores
de Dedan, porque eu trouxe sobre elle a ruina de Esaú, no tempo _em que_
o visitei.

9 Se vindimadores viessem a ti, [11] não deixariam rabiscos? se ladrões
de noite _viessem_, _não_ te damnificariam quanto lhes é sufficiente?

10 Mas eu [12] despi a Esaú, descobri os seus esconderijos, e não se
poderá esconder: é destruida a sua semente, como tambem seus irmãos e
seus visinhos, [13] e _já_ elle não _é_.

11 Deixa os teus orphãos: eu _os_ guardarei em vida; e as tuas viuvas
confiar-se-hão em mim.

12 Porque assim diz o Senhor: Eis que os que não estavam condemnados
a beberem o copo totalmente o beberão; e tu mesmo totalmente serias
absolto? não serás absolto, mas totalmente o beberás.

13 Porque [14] por mim mesmo jurei, diz o Senhor, que Bozra servirá de
espanto, de opprobrio, de assolação, e de execração; e todas as suas
cidades se tornarão em assolações perpetuas.

14 Ouvi [15] um rumor _vindo_ do Senhor, que um embaixador é enviado
ás nações, _para lhes dizer_: Ajuntae-vos, e vinde contra ella, e
levantae-vos para a guerra.

15 Porque eis que te fiz pequeno entre as nações, desprezado entre os
homens.

16 A tua terribilidade te enganou, _e_ a arrogancia do teu coração, tu
que habitas nas cavernas das rochas, [16] que occupas as alturas dos
outeiros; ainda que alces o teu ninho como a aguia, de lá te derribarei,
diz o Senhor.

17 Assim servirá Edom de espanto: [17] todo aquelle que passar por ella
se espantará, e assobiará por causa de todas as suas pragas.

18 _Será_ [18] como a destruição de Sodoma e Gomorrah, e dos seus
visinhos, diz o Senhor: não habitará ninguem ali, nem morará n’ella filho
de homem.

19 Eis que [19] _elle_ como leão subirá da enchente do Jordão contra a
morada do forte; porque n’um momento o farei correr d’ali; e quem _é_ o
escolhido _que_ porei sobre ella? [20] porque quem _é_ similhante a mim?
e quem me emprazaria? e quem _é_ o pastor que subsistiria perante mim?

20 Portanto [21] ouvi o conselho do Senhor, que decretou contra Edom, e
os seus designios que intentou entre os moradores de Teman: certamente
os mais pequenos do rebanho os arrastarão: certamente assolará as suas
moradas sobre elles.

21 A terra estremeceu do [22] estrondo da sua queda: tocante ao grito,
até ao Mar Vermelho se ouviu o sonido.

22 Eis que [23] _elle_ como aguia subirá, e voará, e estenderá as suas
azas sobre Bozra: e _será_ o coração dos valentes de Edom n’aquelle dia
como o coração da mulher que _está_ com dôres _de parto_.


_Prophecia contra Damasco._

23 Contra Damasco. [24] Envergonhou-se Hamath e Arpad, porquanto ouviram
más novas, [25] se desmaiaram: no mar _ha_ angustia, não se pode socegar.

24 Enfraquecida está Damasco; virou as costas para fugir, e tremor a
tomou: [26] angustia e dôres a tomaram como da que está de parto.

25 Como não _é_ deixada [27] a afamada cidade? a cidade de meu folguedo?

26 Portanto [28] cairão os seus mancebos nas suas ruas; e todos os homens
de guerra serão consumidos n’aquelle dia, diz o Senhor dos Exercitos.

27 E accenderei [29] fogo ao muro de Damasco, e consumirá os palacios de
Benhadad.


_Prophecia contra a Arabia._

28 Contra Kedar, e contra os reinos de Hazor, que Nabucodonozor, rei de
Babylonia, feriu. Assim diz o Senhor: Levantae-vos, subi contra Kedar,
[30] e destrui os filhos do oriente.

29 Tomarão as suas tendas, e os seus gados, as suas cortinas e todos os
seus vasos, e os seus camelos levarão para si; e lhes clamarão: [31] _Ha_
medo de todos os lados.

30 Fugi, [32] desviae-vos para mui longe, buscae profundezas para
habitar, ó moradores de Azor, diz o Senhor: porque Nabucodonozor, rei de
Babylonia, tomou conselho contra vós, e intentou _um_ designio contra vós.

31 Levantae-vos, [33] subi contra uma nação em repouso, que habita
confiadamente, diz o Senhor, que não tem portas, nem ferrolho; [34]
habitam sós.

32 E os seus camelos serão para preza, e a multidão dos seus gados para
despojo: [35] e os espalharei a todo o vento, áquelles que moram nos
ultimos cantos _da terra_, e de todos os seus lados lhes trarei a sua
ruina, diz o Senhor.

33 E Hazor [36] se tornará em morada de dragões, _em_ assolação para
sempre: ninguem habitará ali, nem morará n’ella filho de homem.


_Prophecia contra os elamitas._

34 A palavra do Senhor, que veiu a Jeremias, o propheta, [37] contra
Elam, no principio do reinado de Zedekias, rei de Judah, dizendo:

35 Assim diz o Senhor dos Exercitos: [38] Eis que eu quebrarei o arco de
Elam, o principal do seu poder.

36 E trarei sobre Elam os quatro ventos dos quatro cantos dos céus, [39]
e os espalharei por todos estes ventos; e não _haverá_ nação aonde não
venham os fugitivos de Elam.

37 E atemorizarei a Elam diante de seus inimigos e diante dos que
procuram a sua morte; e farei vir sobre elles o mal, o furor da minha
ira, diz o Senhor; [40] e enviarei após elles a espada; até que venha a
consumil-os.

38 E [41] porei o meu throno em Elam: e destruirei d’ali o rei e os
principes, diz o Senhor.

39 Será, porém, [42] no ultimo dos dias que farei voltar os captivos de
Elam, diz o Senhor.

[1] Eze. 21.28 e 25.2. Amós 1.13. Sof. 2.8, 9.

[2] Amós 1.13.

[3] Eze. 25.5. Amós 1.14.

[4] Isa. 32.11. cap. 4.8 e 5.26.

[5] cap. 48.7.

[6] cap. 21.13.

[7] ver. 39. cap. 48.47.

[8] Eze. 25.12. Oba. 8.

[9] ver. 30.

[10] cap. 25.23.

[11] Oba. 5.

[12] Mal. 1.3.

[13] Isa. 17.15.

[14] Gen. 22.16. Isa. 45.23. Amós 6.8.

[15] Oba. 1, 2, 3.

[16] Oba. 4. Job 39.37. Amós 9.2.

[17] cap. 18.16 e 50.13.

[18] Gen. 19.25. Deu. 29.23. cap. 50.40. Amós 4.11.

[19] cap. 50.44, etc. cap. 12.5.

[20] Exo. 15.11.

[21] cap. 50.4.

[22] cap. 50.46.

[23] cap. 4.13 e 48.40, 41.

[24] Isa. 17.1 e 37.13. Amós 1.3. Zac. 9.1, 2.

[25] Isa. 57.20.

[26] Isa. 13.8. cap. 4.31 e 6.24 e 30.6 e 48.41. ver. 22.

[27] cap. 33.9.

[28] cap. 50.30 e 51.4.

[29] Amós 1.4.

[30] Jui. 6.3. Job 1.3.

[31] cap. 46.5.

[32] ver. 8.

[33] Eze. 38.11.

[34] Num. 23.9. Deu. 33.28. Miq. 7.14.

[35] ver. 36. Eze. 5.10. cap. 9.26 e 25.23.

[36] cap. 9.11 e 10.22. Mal. 1.3.

[37] cap. 25.25.

[38] Isa. 26.6.

[39] ver. 32.

[40] cap. 9.16 e 48.2.

[41] cap. 43.10.

[42] cap. 48.47. ver. 6.



_Prophecia contra Babylonia._

[Antes de Christo 595]

50 A palavra que fallou o Senhor [1] contra Babylonia, contra a terra dos
chaldeos, por mão de Jeremias, o propheta.

2 Annunciae entre as nações; e fazei ouvir, e levantae bandeira, fazei
ouvir, não encubraes; dizei: [2] _Já_ tomada é Babylonia, confundido
está Bel, atropellado está Merodach, confundidos estão os seus idolos, e
atropellados estão os seus deuses de esterco.

3 Porque subiu contra ella uma nação do norte, [3] que fará da sua terra
uma solidão, e não haverá quem habite n’ella: desde os homens até aos
animaes fugiram, e se foram.

4 N’aquelles dias, e n’aquelle tempo, diz o Senhor, os filhos de Israel
virão, [4] elles e os filhos de Judah juntamente; andando e chorando
virão, e buscarão ao Senhor seu Deus.

5 Pelo caminho de Sião perguntarão, para ali _endereçarão_ os seus
rostos: virão, e se ajuntarão ao Senhor, [5] n’um concerto eterno _que_
nunca _será_ esquecido.

6 Ovelhas perdidas [6] foram o meu povo, os seus pastores as fizeram
errar, _pelos_ montes as desviaram; [7] de monte em outeiro andavam,
esqueceram-se do logar do seu repouso.

7 Todos os que os achavam os devoraram; [8] e os seus adversarios diziam:
Culpa nenhuma teremos; porque peccaram contra o Senhor _na_ morada da
justiça, _contra_ o Senhor, a Esperança de seus paes.

8 Fugi [9] do meio de Babylonia, e sahi da terra dos chaldeos; e sêde
como os carneiros diante do rebanho.

9 Porque [10] eis que eu suscitarei e farei subir contra Babylonia uma
congregação de grandes nações da terra do norte, e se prepararão contra
ella, [11] _e_ d’ali _será_ tomada: as suas frechas _serão_ como _de_
valente heroe, não tornará sem effeito.

10 E Chaldea servirá de preza: todos os que a saqueiam serão fartos, diz
o Senhor.

11 Porquanto [12] vos alegrastes, porquanto saltastes de prazer, ó
saqueadores da minha herança, [13] porquanto vos inchastes como bezerra
gorda, e rinchastes como _cavallos_ vigorosos,

12 Será mui confundida vossa mãe, ficará envergonhada a que vos pariu:
eis que ella será a ultima das nações, um deserto, uma terra secca e uma
solidão.

13 Por causa do furor do Senhor não será habitada, [14] antes se tornará
em total assolação: qualquer que passar por Babylonia se espantará, e
assobiará sobre todas as suas pragas.

14 Preparae-vos [15] contra Babylonia em redor, todos os que armaes
arcos: atirae-lhe, não poupeis as frechas, porque peccou contra o Senhor.

15 Gritae contra ella em redor, [16] _porque já_ deu a sua mão, _já_
cairam seus fundamentos, _já_ são derribados os seus muros; porque esta
_é_ a vingança do Senhor: tomae vingança d’ella; como ella fez, fazei-lhe
_a ella_.

16 Arrancae de Babylonia o que semeia, e o que leva a foice no tempo da
sega: [17] por causa da espada afflictiva virar-se-ha cada um para o seu
povo, e fugirá cada um para a sua terra.

17 Cordeiro [18] desgarrado _é_ Israel: os leões o afugentaram:
o primeiro _que_ o comeu foi o rei da Assyria; e este, o ultimo,
Nabucodonozor, rei de Babylonia, lhe quebrou os ossos.

18 Portanto, assim diz o Senhor dos Exercitos, Deus de Israel: Eis que
visitarei o rei de Babylonia, e a sua terra, como visitei o rei da
Assyria.

19 E [19] farei tornar Israel para a sua morada, e pastará _no_ Carmelo e
_em_ Basan; e fartar-se-ha a sua alma no monte de Ephraim e em Gilead.

20 N’aquelles dias, e n’aquelle tempo, diz o Senhor, [20] buscar-se-ha
a maldade de Israel, porém não _se achará_; como tambem os peccados de
Judah, porém não se acharão; porque perdoarei aos que eu deixar de resto.

21 Contra a terra de Merathaim. [21] Sobe contra ella, e contra os
moradores de Pecod: assola e de todo destroe após elles, diz o Senhor, e
faze conforme tudo o que te mandei.

22 Estrondo [22] de guerra _ha_ na terra, e grande quebra.

23 Como [23] foi cortado e quebrantado o martello de toda a terra! como
se tornou Babylonia em espanto entre as nações!

24 Laços te armei, e tambem foste presa, ó Babylonia, e tu não _o_
soubeste; foste achada, e tambem apanhada; porque contra o Senhor te
entremetteste.

25 O Senhor abriu o seu thesouro, [24] e tirou os instrumentos da sua
indignação; porque esta obra _é_ do Senhor JEHOVAH dos Exercitos, na
terra dos chaldeos.

26 Vinde contra ella dos confins _da terra_, abri os seus celleiros,
trilhae-a como a pavêas, e destrui-a de todo: nada lhe fique de resto.

27 Matae á espada a todos os seus novilhos, [25] desçam ao degoladouro:
ai d’elles! porque veiu o seu dia, [26] o tempo da sua visitação.

28 Voz _ha_ dos que fugiram e escaparam da terra de Babylonia, [27] para
annunciar em Sião a vingança do Senhor nosso Deus, a vingança do seu
templo.

29 Convocae contra Babylonia os frecheiros, a todos os que armam arcos:
[28] acampae-vos contra ella em redor, ninguem escape d’ella: pagae-lhe
conforme a sua obra, [29] conforme tudo o que fez, fazei-lhe; porque se
houve arrogantemente contra o Senhor, contra o Sancto de Israel.

30 Portanto, [30] cairão os seus mancebos nas suas ruas; e todos os seus
homens de guerra serão desarreigados n’aquelle dia, diz o Senhor.

31 Eis que eu _sou_ contra ti, ó soberbo, diz o Senhor Deus dos
Exercitos; [31] porque _já_ veiu o teu dia, o tempo em que te hei de
visitar.

32 Então tropeçará o soberbo, e cairá, e ninguem _haverá_ que o levante;
[32] e porei fogo ás suas cidades, que consumirá todos os seus contornos.

33 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Os filhos de Israel e os filhos de
Judah _foram_ opprimidos juntamente; e todos os que os tomaram captivos
os retiveram, não os quizeram soltar.

34 _Porém_ [33] o seu Redemptor é forte, o Senhor dos Exercitos _é_ o seu
nome; certamente pleiteará o pleito d’elles, para dar descanço á terra, e
inquietar os moradores de Babylonia.

35 A espada _virá_ sobre os chaldeos, diz o Senhor, [34] como tambem
sobre os moradores de Babylonia, e sobre os seus principes, e sobre os
seus sabios.

36 A espada [35] _virá_ sobre os mentirosos, e ficarão insensatos: a
espada _virá_ sobre os seus valentes, e desmaiarão.

37 A espada _virá_ sobre os seus cavallos, e sobre os seus carros,
[36] e sobre toda a mistura _de povos_, que _está_ no meio d’ella; e
tornar-se-hão em mulheres: a espada _virá_ sobre os seus thesouros, e
serão saqueados.

38 _Cairá_ [37] a secca sobre as suas aguas, e seccarão; porque é terra
de esculpturas, e pelos horriveis _idolos_ andam enfurecidos.

39 Por isso [38] habitarão _n’ella_ as féras do deserto, com os animaes
bravos das ilhas: [39] tambem habitarão n’ella as abestruzinhas; e nunca
mais será povoada para sempre, nem será habitada de geração em geração.

40 Como [40] Deus transtornou a Sodoma e a Gomorrah, e aos seus visinhos,
diz o Senhor, _assim_ ninguem habitará ali, nem morará n’ella filho do
homem.

41 Eis que [41] um povo vem do norte, e uma grande nação; e reis
poderosos se levantarão dos lados da terra.

42 Arco e lança tomarão; [42] elles _são_ crueis, e não _serão_
compassivos; a sua voz bramará como o mar, e sobre cavallos cavalgarão,
como _um_ homem apercebido para a batalha, contra ti, ó filha de
Babylonia.

43 O rei de Babylonia ouviu a sua fama, e desfalleceram as suas mãos:
[43] tomou-o a angustia _e_ dôr, como da que _está_ de parto.

44 Eis que [44] _elle_ como leão subirá da enchente do Jordão, contra a
morada do forte, porque n’um momento o farei correr d’ali; e quem _é_ o
escolhido, _a este_ porei contra ella: porque quem _é_ similhante a mim?
e quem me citaria a mim? [45] e quem _é_ aquelle pastor que subsistiria
perante mim?

45 Portanto ouvi [46] o conselho do Senhor, que decretou contra
Babylonia, e os seus designios que intentou contra a terra dos chaldeos:
Certamente os mais pequenos do rebanho os arrastarão; certamente assolará
a morada sobre elles.

46 Do estrondo da tomada de Babylonia estremeceu a terra; e o grito se
ouviu entre as nações.

[1] Isa. 13.1 e 21.1 e 47.1.

[2] Isa. 46.1. cap. 51.44. cap. 43.12, 13.

[3] Isa. 13.17, 18, 20. ver. 39, 40.

[4] Ose. 1.11. cap. 31.9. Zac. 12.10. Ose. 3.5.

[5] cap. 31.31, etc. e 32.40.

[6] ver. 17. Isa. 53.6. I Ped. 2.25.

[7] cap. 2.20 e 3.6, 23.

[8] cap. 20.2, 3. cap. 2.3.

[9] Isa. 48.20. cap. 51.6, 45. Zac. 2.6, 7. Apo. 18.4.

[10] cap. 15.14 e 51.27. ver. 3, 41.

[11] ver. 14, 29.

[12] Isa. 47.6.

[13] Ose. 10.11.

[14] cap. 49.17.

[15] ver. 9. cap. 51.2. ver. 29.

[16] II Chr. 30.8. ver. 29.

[17] Isa. 13.14. cap. 51.9.

[18] ver. 6. cap. 2.15.

[19] cap. 33.12. Eze. 34.13, 14.

[20] cap. 31.34.

[21] II Reis 18.25. Isa. 10.6.

[22] cap. 51.54.

[23] cap. 51.20.

[24] Isa. 13.5.

[25] cap. 46.21.

[26] cap. 48.44. ver. 31.

[27] cap. 51.10, 11.

[28] ver. 14.

[29] ver. 15. cap. 51.56. Apo. 18.6.

[30] cap. 49.26 e 51.4.

[31] ver. 27.

[32] cap. 21.14.

[33] Apo. 18.8. Isa. 47.4.

[34] Dan. 5.30.

[35] Isa. 44.25.

[36] cap. 25.20, 24. Eze. 30.5. cap. 51.30. Nah. 3.13.

[37] Isa. 44.27. cap. 51.32, 36. Apo. 16.12. ver. 2.

[38] Isa. 13.21, 22. cap. 51.37.

[39] Isa. 13.20.

[40] Gen. 19.25. Isa. 13.19. cap. 49.18 e 51.26.

[41] ver. 9. cap. 6.22.

[42] cap. 6.23. Isa. 13.18. Isa. 5.30.

[43] cap. 49.24.

[44] cap. 49.19, etc.

[45] cap. 49.19.

[46] Isa. 14.24, etc. cap. 51.11.



51 Assim diz o Senhor: Eis que levantarei um vento destruidor contra
Babylonia, [1] e contra os que habitam no coração dos que se levantam
contra mim.

2 E enviarei padejadores contra Babylonia, que a padejarão, [2] e
despejarão a sua terra; porque virão contra ella de redor no dia da
calamidade.

3 O frecheiro arme [3] o seu arco contra o que arma o _seu arco_, e
contra o que presume da sua couraça; e não perdoeis a seus mancebos; [4]
destrui a todo o seu exercito.

4 E os mortos caiam na terra dos chaldeos, [5] e os atravessados pelas
ruas.

5 Porque Israel e Judah não foram deixados viuvas do seu Deus, do Senhor
dos Exercitos, ainda que a sua terra esteja cheia de culpas perante o
Sancto de Israel.

6 Fugi [6] do meio de Babylonia, e livrae cada um a sua alma, e não vos
destruaes a vós na sua maldade: [7] porque este é o tempo da vingança do
Senhor, que lhe paga retribuição.

7 _Era_ Babylonia um copo de oiro na mão do Senhor, [8] que embriagava
a toda a terra: [9] do seu vinho beberam as nações; por isso as nações
enlouqueceram.

8 N’um momento caiu [10] Babylonia, e ficou arruinada: uivae sobre ella,
tomae balsamo para a sua dôr, porventura sarará.

9 Sarámos a Babylonia, porém ella não sarou; [11] deixae-a, e vamo-nos
cada um para a sua terra: porque o seu juizo chegou até ao céu, e se
elevou até ás mais altas nuvens.

10 O Senhor tirou a nossa justiça á luz: [12] vinde e contemos em Sião a
obra do Senhor, nosso Deus.

11 [ZX] Alimpae as frechas, [13] preparae perfeitamente os escudos: o
Senhor despertou o espirito dos reis da Media; porque o seu intento
contra Babylonia _é_ para a destruir; [14] porque esta _é_ a vingança do
Senhor, a vingança do seu templo.

12 Arvorae bandeira sobre os muros de Babylonia, reforçae a guarda,
collocae guardas, preparae as ciladas; porque como o Senhor intentou,
assim fez o que tinha fallado ácerca dos moradores de Babylonia.

13 Tu [15] que habitas sobre muitas aguas, rica de thesouros, veiu o teu
fim, a medida da tua avareza.

14 Jurou o [16] Senhor dos Exercitos por si mesmo, dizendo: Ainda que te
enchi _de_ homens, como _de_ pulgão, comtudo cantarão com jubilo sobre ti.

15 Aquelle [17] que fez a terra com o seu poder, e ordenou o mundo com a
sua sabedoria, e estendeu os céus com o seu entendimento.

16 Dando elle a sua voz, grande estrondo de aguas _ha_ nos céus, e faz
subir os vapores desde o fim da terra: faz os relampagos com a chuva, e
tira o vento dos seus thesouros.

17 Embruteceu-se [18] todo o homem, e não tem sciencia; envergonhou-se
todo o ourives de imagem de esculptura; [19] porque a sua imagem de
fundição mentira _é_, e não _ha_ espirito n’ellas.

18 Vaidade [20] _são_, obra de enganos: no tempo da sua visitação
perecerão.

19 Não _é_ similhante a estes [21] a porção de Jacob; porque elle _é_
o que formou tudo; e _Israel é_ a tribu da sua herança: o Senhor dos
Exercitos _é_ o seu nome.

20 Tu [22] me _és_ martello _e_ armas de guerra, e por ti despedaçarei
nações, e por ti destruirei os reis;

21 E por ti despedaçarei o cavallo e o seu cavalleiro; e por ti
despedaçarei o carro e o que vae montado n’elle;

22 E por ti despedaçarei o homem e a mulher, [23] e por ti despedaçarei o
velho e o moço; e por ti despedaçarei o mancebo e a virgem;

23 E por ti despedaçarei o pastor e o seu rebanho; e por ti despedaçarei
o lavrador e a sua junta _de bois_; e por ti despedaçarei os capitães e
os magistrados.

24 Mas pagarei a Babylonia, e a todos os moradores da Chaldea, toda a sua
maldade, que fizeram em Sião, aos vossos olhos, diz o Senhor.

25 Eis-me aqui contra ti, ó monte destruidor, [24] diz o Senhor,
que destroes toda a terra; e estenderei a minha mão contra ti, e te
revolverei das rochas, [25] e farei de ti _um_ monte de queima.

26 E não tomarão de ti pedra para esquina, nem pedra para fundamentos,
[26] porque te tornarás _em_ assolações perpetuas, diz o Senhor.

27 Arvorae [27] bandeira na terra, tocae a buzina entre as nações, [ZY]
sanctificae as nações contra ella, convocae contra ella [28] os reinos de
Ararat, Minni, e Asquenaz: ordenae contra ella _um_ capitão, fazei subir
cavallos, como pulgão arripiado.

28 Sanctificae contra ella as nações, [29] os reis da Media, os seus
capitães, e todos os seus magistrados, como tambem toda a terra do seu
dominio.

29 Então tremerá a terra, e doer-se-ha, porque cada um dos designios do
Senhor está firme contra Babylonia, [30] para fazer da terra de Babylonia
_uma_ assolação, de sorte que não _haja n’ella_ habitante.

30 Os valentes de Babylonia cessaram de pelejar, ficaram-se nas
fortalezas, desfalleceu a sua força [31] tornaram-se como mulheres:
incendiaram as suas moradas, quebrados foram os seus ferrolhos.

31 Um correio [32] correrá ao encontro _de outro_ correio, e um
mensageiro ao encontro _de outro_ mensageiro, para annunciar ao rei de
Babylonia que a sua cidade está tomada desde um cabo _até ao outro_;

32 E _já_ os váos estão tomados, e os canaviaes queimados a fogo; e os
homens de guerra ficaram assombrados.

33 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel: A filha de
Babylonia _é_ como _uma_ eira, [33] _já é_ tempo de se debulhar: [34]
ainda um pouco, e o tempo da sega lhe virá.

34 Nabucodonozor, rei de Babylonia, me devorou, [35] atropellou-me, fez
de mim um vaso vasio, como dragão me tragou, encheu o seu ventre das
minhas delicadezas; lançou-me fóra.

35 A violencia que se me fez a mim e a minha carne _venha_ sobre
Babylonia, diga a moradora de Sião; e o meu sangue sobre os moradores da
Chaldea, diga Jerusalem.

36 Pelo que assim diz o Senhor: [36] Eis que pleitearei o teu pleito, e
te vingarei da vingança que se tomou de ti; e seccarei o seu mar, e farei
que se esgote o seu manancial.

37 E [37] Babylonia virá a ser uns montões, morada de dragões, espanto e
assobio, [38] sem _que haja_ quem habite _n’ella_.

38 Juntamente rugirão como filhos dos leões: bramarão como cachorros de
leões.

39 Estando [39] elles _já_ esquentados, lhes darei a sua bebida, e os
embriagarei, para que andem saltando; porém dormirão _um_ perpetuo somno,
e não acordarão, diz o Senhor.

40 Fal-os-hei descer como a cordeiros ao matadouro, como carneiros com os
bodes.

41 Como [40] foi presa Sesach, e tomada a gloria de toda a terra! como
tem sido Babylonia tornada em espanto entre as nações!

42 O [41] mar subiu sobre Babylonia; com a multidão das suas ondas se
cobriu.

43 Tornaram-se [42] as suas cidades em assolação, terra secca e deserta,
terra em que ninguem habite, nem passe por ella filho de homem.

44 E [43] visitarei a Bel em Babylonia, e tirarei da sua bocca o que
tragou, e nunca mais concorrerão a elle as nações: [44] tambem o muro de
Babylonia caiu.

45 Sahi do meio d’ella, [45] ó povo meu, e livrae cada um a sua alma, por
causa do ardor da ira do Senhor.

46 E para que _porventura_ não se enterneça o vosso coração, [46] e não
temaes pelo rumor que se ouvir na terra; porque virá n’_um_ anno um
rumor, e depois n’_outro_ anno um rumor; e _haverá_ violencia na terra,
dominador sobre dominador.

47 Portanto, eis que veem dias, [47] e visitarei as imagens de esculptura
de Babylonia, e toda a sua terra será envergonhada, e todos os seus
traspassados cairão no meio d’ella.

48 E os céus [48] e a terra, com tudo quanto n’elles _ha_, jubilarão
sobre Babylonia: [49] porque do norte lhe virão os destruidores, diz o
Senhor.

49 Como Babylonia serviu de queda aos traspassados de Israel, assim em
Babylonia cairão os traspassados de toda a terra.

50 Vós, [50] que escapastes da espada, ide-vos, não pareis; de longe
lembrae-vos do Senhor, e Jerusalem suba sobre o vosso coração.

51 _Direis porém_: Envergonhados estamos, porque ouvimos opprobrio;
vergonha cobriu o nosso rosto, porquanto vieram estrangeiros sobre os
sanctuarios da casa do Senhor.

52 Portanto, eis que veem dias, diz o Senhor, [51] e visitarei as suas
imagens de esculptura; e gemerá o traspassado em toda a sua terra.

53 Ainda [52] que Babylonia subisse aos céus, e ainda que fortificasse a
altura da sua fortaleza, _todavia_ de mim virão destruidores sobre ella,
diz o Senhor.

54 Voz de gritos [53] _se ouve_ de Babylonia, e grande quebrantamento da
terra dos chaldeos;

55 Porque o Senhor destroe a Babylonia, e fará perecer d’ella a _sua_
grande voz: porque as suas ondas bramirão como muitas aguas: dar-se-ha o
arroido da sua voz.

56 Porque o destruidor vem sobre ella, sobre Babylonia, e os seus
valentes serão presos, _já_ estão quebrados os seus arcos: [54] porque o
Senhor, Deus das recompensas, certamente _lh’o_ pagará.

57 E [55] embriagarei os seus principes, e os seus sabios, e os seus
capitães, e os seus magistrados, e os seus valentes; e dormirão _um_
somno perpetuo, e não acordarão, diz o Rei cujo nome _é_ o Senhor dos
Exercitos.

58 Assim diz o Senhor dos Exercitos: [56] Os largos muros de Babylonia
totalmente serão derribados, e as suas portas excelsas serão abrazadas
pelo fogo; [57] e trabalharão os povos em vão, e as nações para o fogo, e
cançar-se-hão.

59 A palavra que mandou Jeremias, o propheta, a Seraias, filho de Nerias,
filho de Maaseias, indo elle com Zedekias, rei de Judah, a Babylonia, no
anno quarto do seu reinado; e Seraias _era_ um principe pacifico.

60 Escreveu pois Jeremias n’_um_ livro todo o mal que havia de vir sobre
Babylonia: todas estas palavras que estavam escriptas contra Babylonia.

61 E disse Jeremias a Seraias: Em tu chegando a Babylonia, verás e lerás
todas estas palavras.

62 E dirás: Senhor! tu fallaste sobre este logar, que o havias de
desarreigar, [58] até não ficar n’elle morador algum, desde o homem até
ao animal, mas que se tornaria _em_ perpetuas assolações.

63 E _será_ que, acabando tu de ler este livro, [59] o atarás a uma pedra
e o lançarás no meio do Euphrates.

64 E dirás: Assim será afundada Babylonia, e não se levantará, por causa
do mal que eu hei de trazer sobre ella, [60] e se cançarão. Até aqui
_são_ as palavras de Jeremias.

[1] II Reis 19.7.

[2] cap. 50.14.

[3] cap. 50.14.

[4] cap. 50.21.

[5] cap. 49.26 e 50.30, 37.

[6] cap. 50.8. Apo. 18.4.

[7] cap. 50.15, 28.

[8] Apo. 17.4.

[9] Apo. 14.8. cap. 25.16.

[10] Isa. 21.9. Apo. 14.8 e 18.2. cap. 48.20. Apo. 18.9, 11, 19.

[11] Isa. 13.14. cap. 50.16. Apo. 18.5.

[12] cap. 50.28.

[13] cap. 46.4. ver. 28.

[14] cap. 50.45.

[15] Apo. 17.1, 15.

[16] cap. 49.13. Amós 6.8.

[17] Gen. 1.1, 6. cap. 10.12, etc. Isa. 40.22. cap. 10.13.

[18] cap. 10.14.

[19] cap. 50.2.

[20] cap. 10.15.

[21] cap. 10.16.

[22] Isa. 10.5, 15. cap. 50.23.

[23] II Chr. 33.17.

[24] Isa. 13.2. Zac. 4.7.

[25] Apo. 8.8.

[26] cap. 50.40.

[27] Isa. 13.8. cap. 25.14.

[28] cap. 50.41.

[29] ver. 11.

[30] cap. 50.13, 39, 40. ver. 48.

[31] Isa. 19.16. cap. 48.41 e 50.37. Nah. 3.13.

[32] cap. 50.24.

[33] Isa. 21.10. Miq. 4.13.

[34] Isa. 17.5, etc. Ose. 6.11. Joel 3.13. Apo. 14.15, 18.

[35] cap. 50.17.

[36] cap. 50.34, 38.

[37] cap. 50.39. Apo. 18.2.

[38] cap. 25.9, 18.

[39] ver. 57.

[40] cap. 25.26. Isa. 13.19.

[41] Isa. 8.7, 8.

[42] cap. 50.39, 40. ver. 29.

[43] cap. 50.2.

[44] ver. 58.

[45] ver. 6. cap. 50.8. Apo. 18.4.

[46] II Reis 19.7.

[47] cap. 50.2. ver. 52.

[48] Isa. 44.23 e 49.13. Apo. 18.20.

[49] cap. 50.3, 41.

[50] cap. 44.28.

[51] ver. 47.

[52] cap. 49.16. Amós 9.2.

[53] cap. 50.22.

[54] cap. 50.29.

[55] ver. 39.

[56] ver. 44.

[57] Hab. 2.13.

[58] cap. 50.3, 39. ver. 29.

[59] Apo. 18.21.

[60] ver. 53.



_O cerco, tomada e destruição de Jerusalem._

52 Era Zedekias [1] da edade de vinte e um annos quando começou a reinar,
e reinou onze annos em Jerusalem: e o nome de sua mãe era Hamutal, filha
de Jeremias, de Libna.

2 E fez o que era mal aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera
Joaquim.

3 Porque succedeu, por causa da ira do Senhor contra Jerusalem e Judah,
até que elle os lançou de diante d’elle, que se rebellou Zedekias contra
o rei de Babylonia.

[Antes de Christo 588]

4 E aconteceu, [2] no anno nono do seu reinado, no mez decimo, no
decimo _dia_ do mez, _que_ veiu Nabucodonozor, rei de Babylonia, contra
Jerusalem, elle e todo o seu exercito, e se acamparam contra ella, e
levantaram contra ella tranqueiras ao redor.

5 Assim esteve cercada a cidade, até ao anno undecimo do rei Zedekias.

6 No mez quarto, aos nove do mez, quando _já_ a fome prevaleceu na
cidade, e o povo da terra não tinha pão,

7 Então a cidade foi arrombada, e todos os homens de guerra fugiram, e
sairam da cidade de noite, pelo caminho da porta, entre os dois muros que
_estavam_ junto ao jardim do rei (porque os chaldeos estavam contra a
cidade ao redor), e foram-se _pelo_ caminho da campina.

8 Porém o exercito dos chaldeos seguiu o rei, e alcançaram a Zedekias nas
campinas de Jericó, e todo o seu exercito se espalhou d’elle.

9 E [3] prenderam o rei, e o fizeram subir ao rei de Babylonia, a Ribla,
na terra de Hamath, o qual pronunciou juizos contra elle.

10 E [4] o rei de Babylonia degolou os filhos de Zedekias diante dos seus
olhos, e tambem degolou a todos os principes de Judah em Ribla.

11 E cegou os olhos a Zedekias, e o atou com duas cadeias de bronze; e o
rei de Babylonia o levou a Babylonia, e o poz na casa do carcere até ao
dia da sua morte.

12 E no quinto mez, [5] no decimo _dia_ do mez (este _era_ o decimo nono
anno do rei Nabucodonozor, rei de Babylonia), veiu Nebuzaradan, [6]
capitão da guarda, _que_ assistia na presença do rei de Babylonia, a
Jerusalem.

13 E queimou a casa do Senhor, e a casa do rei; e tambem a todas as casas
de Jerusalem, e a todas as casas dos grandes queimou a fogo.

14 E todo o exercito dos chaldeos, que _estava_ com o capitão da guarda,
derribou a todos os muros de Jerusalem ao redor.

15 E dos mais [7] pobres do povo, e o resto do povo, que deixaram ficar
na cidade, e os rebeldes que se haviam passado ao rei de Babylonia, e o
resto da multidão, Nebuzaradan, capitão da guarda, levou presos.

16 Mas dos mais pobres da terra deixou Nebuzaradan, capitão da guarda,
ficar _alguns_, para _serem_ vinhateiros e lavradores.

17 Quebraram mais os chaldeos as columnas [8] de bronze, que _estavam_ na
casa do Senhor, e as bases, e o mar de bronze, que _estavam_ na casa do
Senhor, e levaram todo o bronze para Babylonia.

18 Tambem tomaram [9] os caldeirões, e as pás, e os garfos, e as bacias,
e [ZZ] os perfumadores, e todos os vasos de bronze, com que se ministrava.

19 E tomou o capitão da guarda os copos, e os incensarios, e as bacias,
e os caldeirões e os castiçaes, e os perfumadores, e as galhetas: assim
o que _era_ de puro oiro _em oiro_, como o que _era_ de prata maciça _em
prata_.

20 As duas columnas, o unico mar, e os doze bois de bronze, que _estavam_
no logar das bases, que fizera o rei Salomão para a casa do Senhor: o
bronze d’elles, de todos estes vasos, [10] não tinha peso.

21 Quanto [11] ás columnas, a altura de uma columna _era_ de dezoito
covados, e um fio de doze covados a cercava; e _era_ a sua grossura de
quatro dedos, _e era_ oca.

22 E havia sobre ella um capitel de bronze, e a altura do capitel _era_
de cinco covados, e a rede e as romãs em roda do capitel tudo _era_ de
bronze; e similhante a esta _era_ o da outra columna, com as romãs.

23 E havia noventa e seis [12] romãs em cada banda: as romãs todas _eram_
um cento, em roda da rede.

24 Tomou tambem [13] o capitão da guarda a Seraias, o sacerdote primeiro,
e a Sofonias, o sacerdote segundo, e aos tres guardas do umbral da porta.

25 E da cidade tomou a um eunucho que tinha cargo da gente de guerra, e
a sete homens dos que viam a face do rei, que se acharam na cidade, como
tambem o escrivão-mór do exercito, que registrava o povo da terra para a
guerra, e a sessenta homens do povo da terra, que se acharam no meio da
cidade.

26 Tomando-os pois Nebuzaradan, capitão da guarda, os trouxe ao rei de
Babylonia, a Ribla.

27 E o rei de Babylonia os feriu e os matou em Ribla, na terra de Hamath:
assim Judah foi levado da sua terra em captiveiro.

28 Este é o povo [14] que Nabucodonozor levou captivo no setimo anno:
tres mil e vinte e tres judeos.

29 No anno decimo oitavo de Nabucodonozor _levou elle em captiveiro_ de
Jerusalem oitocentas e trinta e duas almas.

30 No anno vinte e [15] tres de Nabucodonozor, levou Nebuzaradan, capitão
da guarda, em captiveiro dos judeos, setecentas e quarenta e cinco almas:
todas as almas _são_ quatro mil e seiscentas.

31 Succedeu pois [16] no anno trigesimo setimo do captiveiro de Joaquim,
rei de Judah, no mez duodecimo, aos vinte e cinco do mez, _que_ exalçou
Evil-merodach, rei de Babylonia, [17] no anno _primeiro_ do seu reinado,
a cabeça de Joaquim, rei de Judah, e o tirou da casa da prisão;

32 E fallou com elle benignamente, e poz o seu throno acima dos thronos
dos reis que _estavam_ com elle em Babylonia;

33 E lhe mudou os vestidos da sua prisão; [18] e comeu pão sempre na sua
presença, todos os dias da sua vida.

34 E, quanto á sua pitança, foi-lhe dada pitança ordinaria do rei de
Babylonia, porção quotidiana, no seu dia, até o dia da sua morte, todos
os dias da sua vida.

[1] II Reis 24.18.

[2] II Reis 25.1-27. cap. 39.1. Zac. 8.19.

[3] cap. 32.4.

[4] Eze. 12.13.

[5] Zac. 7.5 e 8.19. ver. 29.

[6] cap. 39.9.

[7] cap. 39.9.

[8] I Reis 7.15.

[9] Exo. 27.13. II Reis 25.14, 15, 16.

[10] I Reis 7.47.

[11] I Reis 7.15. II Reis 25.17. II Chr. 3.15.

[12] I Reis 7.20.

[13] II Reis 25.18. cap. 21.1 e 29.25.

[14] II Reis 24.2, 12, 14.

[15] ver. 12. cap. 39.9.

[16] II Reis 25.27, 28, 29, 30.

[17] Gen. 40.13, 20.

[18] II Sam. 9.13.



LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS.



_A humilhação de Jerusalem; os peccados e afflicções do povo._

[Antes de Christo 588]

ALEPH. 1 Como _assim_ solitaria está assentada aquella cidade, _d’antes
tão_ populosa! [1] tornou-se como viuva; a que foi grande entre as
nações, como a princeza entre as provincias, tornou-se tributaria!

BETH. 2 Continuamente chora [2] de noite, e as suas lagrimas _estão
correndo_ pelas suas faces; não tem quem a console entre todos os seus
amadores: todos os seus amigos se houveram aleivosamente com ella, se lhe
tornaram inimigos.

GIMEL. [3] 3 Judah passou em captiveiro por causa da afflicção, e por
causa da grandeza da _sua_ servidão: [4] ella habita entre as nações, não
acha descanço: todos os seus perseguidores a alcançam entre as angustias.

DALETH. 4 Os caminhos de Sião pranteam, porque não ha quem venha á
solemnidade; todas as suas portas _estão_ assoladas; os seus sacerdotes
suspiram: as suas virgens _estão_ tristes, e ella _mesma_ tem amargura.

HE. 5 Os seus adversarios [5] se lhe fizeram cabeça, os seus inimigos
prosperam; porque o Senhor a entristeceu, por causa da multidão das suas
prevaricações: os seus filhinhos vão em captiveiro adiante do adversario.

VAU. 6 E da filha de Sião foi-se toda a sua gloria: os seus principes
ficaram sendo como veados _que_ não acham pasto e caminham sem força
adiante do perseguidor.

ZAIN. 7 Lembrou-se Jerusalem nos dias da sua afflicção, e das suas
rebelliões, de todas as suas mais queridas coisas, que tivera dos tempos
antigos: quando cahia o seu povo na mão do adversario, e ella não tinha
quem a soccorresse, os adversarios a viram, e fizeram escarneo dos seus
sabbados.

HETH. 8 Jerusalem [6] gravemente peccou, por isso se fez instavel: todos
os que a honravam, a desprezaram, [7] porque viram a sua nudez; ella
tambem suspirou e se voltou para traz.

TETH. 9 A sua immundicia _está_ nas suas fraldas, [8] nunca se lembrou
do seu fim: por isso foi pasmosamente abatida, não tem consolador; vê,
Senhor, a minha afflicção, porque o inimigo se engrandece.

JOD. 10 Estendeu o adversario a sua mão a todas [9] as coisas mais
preciosas d’ella; [10] pois _já_ viu ter entrado no seu sanctuario as
nações ácerca das quaes mandaste que não entrassem na tua congregação.

CAPH. 11 Todo o seu povo anda suspirando, [11] buscando o pão, deram as
suas coisas mais preciosas a troco de mantimento para refrescarem a alma:
vê, Senhor, e contempla, que sou desprezivel.

LAMED. 12 _Porventura_ não _vos_ toca a todos os que passaes pelo
caminho? attendei, e vêde, se ha dôr como a minha dôr, que se me fez a
mim, com que _me_ entristeceu o Senhor, no dia do furor da sua ira.

MEM. 13 Desde o alto enviou _um_ fogo em meus ossos, o qual se
assenhoreou: [12] estendeu uma rede aos meus pés, fez-me voltar para
traz, fez-me assolada _e_ enferma todo o dia.

NUN. 14 Já [13] o jugo das minhas prevaricações está atado pela sua mão,
estão entretecidas, subiram sobre o meu pescoço, prostrou a minha força:
entregou-me o Senhor nas mãos _dos inimigos_, não posso levantar-me.

SAMECH. 15 O Senhor atropellou todos os meus valentes no meio de mim;
apregoou contra mim um ajuntamento, para quebrantar os meus mancebos:
[14] o Senhor pisou como n’um lagar a virgem filha de Judah.

AIN. 16 Por estas coisas eu ando chorando, [15] _e_ o meu olho, o meu
olho se desfaz em aguas; porque se alongou de mim o consolador que devia
restaurar a minha alma: os meus filhos estão assolados, porque prevaleceu
o inimigo.

PE. 17 Estende [16] Sião as suas mãos, não ha quem a console: mandou o
Senhor ácerca de Jacob _que_ lhe fossem inimigos os que estão em redor
d’elle; Jerusalem é como uma _mulher_ immunda.

TSADE. 18 Justo [17] é o Senhor, pois me rebellei _contra_ a sua bocca:
ouvi, pois, todos os povos, e vêde a minha dôr; as minhas virgens e os
meus mancebos se foram para o captiveiro.

KOPH. 19 Chamei os meus amadores, [18] _porém_ elles me enganaram: os
meus sacerdotes e os meus anciãos expiraram na cidade; [19] porque
buscavam para si mantimento, para refrescarem a sua alma.

RESCH. 20 Olha, Senhor, porque estou angustiada; [20] turbadas estão
as minhas entranhas, o meu coração _está_ transtornado no meio de mim,
porque gravemente me rebellei: [21] de fóra _me_ desfilhou a espada, de
dentro está a morte.

SCHIN. 21 _Bem_ ouvem que eu suspiro, [22] _porém_ não tenho quem me
console: todos os meus inimigos que ouviram o meu mal folgam, porque tu o
fizeste: [23] trazendo tu o dia _que_ apregoaste, então serão como eu.

TAU. 22 Venha todo o seu mal diante de ti, e faze-lhes como me fizeste a
mim por causa de todas as minhas prevaricações; porque os meus suspiros
_são_ muitos, [24] e o meu coração _está_ desfallecido.

[1] Isa. 47.7, 8. Esd. 4.20.

[2] Jer. 13.17.

[3] Jer. 52.27.

[4] Deu. 28.54, 65.

[5] Deu. 28.43, 44. Jer. 30.14, 15. Dan. 9.7, 16.

[6] I Reis 8.46.

[7] Jer. 13.22, 26. Eze. 16.37 e 23.29.

[8] Deu. 32.29. Isa. 47.7. ver. 2, 17, 21.

[9] ver. 7.

[10] Deu. 23.3. Neh. 13.1.

[11] Jer. 38.9 e 52.6. cap. 2.12 e 4.4.

[12] Eze. 12.13 e 17.20.

[13] Deu. 28.48.

[14] Isa. 63.3. Apo. 14.19, 20 e 19.15.

[15] Jer. 13.17 e 14.17. cap. 2.18. ver. 2, 9.

[16] Jer. 4.31. ver. 2, 9.

[17] Neh. 9.33. Dan. 9.7, 14.

[18] ver. 2. Jer. 30.14.

[19] ver. 11.

[20] Job 30.27. Isa. 16.11. Jer. 4.10 e 48.36. cap. 2.11. Ose. 11.8.

[21] Deu. 32.25. Eze. 7.15.

[22] ver. 2.

[23] Isa. 13, etc. Jer. 46, etc.

[24] cap. 5.17.



_O cerco, fome e ruina de Jerusalem._

ALEPH. 2 Como cobriu o Senhor de nuvens na sua ira a filha de Sião? [1]
derribou do céu á terra a gloria de Israel, e não se lembrou do escabello
de seus pés, no dia da sua ira.

BETH. 2 Devorou [2] o Senhor todas as moradas de Jacob, e não se apiedou:
derribou no seu furor as fortalezas da filha de Judah, _e as_ achegou á
terra: profanou o reino e os seus principes.

GIMEL. 3 Cortou no furor da _sua_ ira [AAA] toda a força de Israel:
retirou para traz a sua dextra de diante do inimigo; e ardeu contra
Jacob, como labareda de fogo _que_ consome em redor.

DALETH. 4 Armou [3] o seu arco como inimigo: firmou a sua dextra como
adversario, [4] e matou tudo o _que era_ formoso á vista; derramou a sua
indignação como fogo na tenda da filha de Sião.

HE. 5 Tornou-se [5] o Senhor como inimigo; devorou a Israel, devorou a
todos os seus palacios, destruiu as suas fortalezas; e multiplicou na
filha de Judah a lamentação e tristeza.

VAU. 6 E arrancou a sua cabana com violencia, como _a de_ uma horta, [6]
_e_ destruiu a sua congregação: o Senhor em Sião poz em esquecimento a
solemnidade e o sabbado, e na indignação da sua ira rejeitou com desprezo
o rei e o sacerdote.

ZAIN. 7 Rejeitou o Senhor o seu altar, detestou o seu sanctuario;
entregou na mão do inimigo os muros dos seus palacios: levantaram grita
na casa do Senhor, como em dia de solemnidade.

HETH. 8 Intentou o Senhor destruir o muro da filha de Sião: _já_ estendeu
o cordel _sobre elle_, não retirou a sua mão de devorar; [7] _já_ fez
gemer o antemuro e o muro juntamente, _já_ estão enfraquecidos.

TETH. 9 _Já_ subverteram as suas portas, [8] destruiu e quebrou os seus
ferrolhos: _estão_ entre as nações o seu rei e os seus principes: _já_
não _ha_ lei, nem acham visão alguma do Senhor os seus prophetas.

JOD. 10 Estão assentados [9] por terra, estão calados os anciãos da filha
de Sião; lançam pó sobre as suas cabeças, cingiram saccos: as virgens de
Jerusalem abaixam as suas cabeças até á terra.

CAPH. 11 Já se consumiram os meus olhos [10] com lagrimas, turbadas estão
as minhas entranhas, o meu figado se derramou pela terra por causa do
quebrantamento da filha do meu povo; porquanto desfallecem o menino e a
creança de mama pelas ruas da cidade.

LAMED. 12 A suas mães dizem: Onde _ha_ trigo e vinho? [11] quando
desfallecem como o ferido pelas ruas da cidade, derramando-se a sua alma
no regaço de suas mães.

MEM. 13 Que testemunho te trarei? [12] a quem te compararei, ó filha de
Jerusalem? a quem te assimilharei, para te consolar a ti, ó virgem filha
de Sião? porque grande _é_ como o mar a tua quebradura; quem te sarará?

NUN. 14 Os teus prophetas [13] virão para ti, vaidade e loucura, e não
manifestaram a tua maldade, para desviarem o teu captiveiro: antes viram
para ti cargas vãs e expulsões.

SAMECH. 15 Todos [14] os que passam pelo caminho palmeiam sobre ti com
as mãos, assobiam e meneiam as suas cabeças, sobre a filha de Jerusalem,
_dizendo_: É esta a cidade de que se dizia: Perfeita _é_ em formosura, o
gozo de toda a terra.

PE. 16 Todos [15] os teus inimigos abrem as suas boccas sobre ti,
assobiam, e rangem os dentes; dizem: _Já_ a temos devorado; pois este _é_
o dia que esperavamos; _já_ o achámos, _já_ o vimos.

AIN. 17 Fez o Senhor [16] o que intentou; cumpriu a sua palavra, que
mandára desde os dias da antiguidade: derrubou, e não se apiedou; e
alegrou o inimigo sobre ti, [AAB] exaltou o poder dos teus adversarios.

TSADE. 18 O coração d’elles clamou ao Senhor: [17] Ó muralha da filha de
Sião: derrama lagrimas como _um_ ribeiro, de dia e de noite; não te dês
descanço, nem parem as meninas de teus olhos.

KOPH. 19 Levanta-te, dá vozes de noite no principio das velas; derrama
o teu coração como aguas diante da face do Senhor: levanta a elle as
tuas mãos, pela vida de teus filhinhos, [18] que desfallecem de fome á
entrada de todas as ruas.

RESCH. 20 Vê, ó Senhor, e considera a quem fizeste de tal modo: [19]
_porventura_ comerão as mulheres o fructo _das suas entranhas_, as
creanças que trazem nos braços? [20] ou matar-se-ha no sanctuario do
Senhor o sacerdote e o propheta?

SCHIN. 21 Jazem em terra _pelas_ ruas o moço [21] e o velho, as minhas
virgens e _os_ meus mancebos vieram a cair á espada: tu os mataste no dia
da tua ira; [22] degolaste e não te apiedaste.

TAU. 22 Convocaste os meus temores em redor como _n’um_ dia de
solemnidade; [23] nem houve alguem no dia da ira do Senhor que escapasse,
nem quem ficasse: [24] aos que trouxe nas mãos e sustentei o meu inimigo
os consumiu.

[1] Mat. 11.23.

[2] ver. 17, 21. cap. 3.43.

[3] Isa. 63.10. ver. 5.

[4] Eze. 24.25.

[5] ver. 4. Jer. 30.14. II Reis 25.9. Jer. 52.13.

[6] Isa. 5.5. Isa. 1.8. cap. 1.4. Sof. 3.18.

[7] II Reis 21.13. Isa. 34.11.

[8] Jer. 51.30. cap. 1.3 e 4.20.

[9] Job 2.13. Isa. 3.26. cap. 3.28. Job 2.12. Isa. 15.3. Eze. 7.18 e
27.31.

[10] cap. 3.48, etc. cap. 1.20.

[11] ver. 19. cap. 4.4.

[12] cap. 1.12. Dan. 9.12.

[13] Jer. 2.8 e 5.31 e 14.14 e 23.16 e 27.14 e 29.8, 9. Eze. 13.2.

[14] II Reis 9.8. Jer. 18.16. Nah. 3.19. Eze. 25.6. II Reis 1.9, 21.

[15] Job 16.9, 10. cap. 3.46.

[16] Lev. 26.16, etc. Deu. 28.15, etc.

[17] ver. 8. Jer. 14.17. cap. 1.16.

[18] ver. 11. Isa. 51.20. cap. 4.1. Nah. 3.10.

[19] Lev. 26.29. Deu. 28.53. Jer. 19.9. cap. 4.10. Eze. 5.10.

[20] cap. 4.13, 16.

[21] II Chr. 36.17.

[22] cap. 3.43.

[23] Jer. 6.25 e 46.5.

[24] Ose. 9.12, 13.



_A tristeza de Jeremias; elle convida o povo a reconhecer o seu peccado,
e a voltar para Deus para obter misericordia._

ALEPH. 3 Eu sou aquelle homem _que_ viu a afflicção pela vara do seu
furor.

2 A _mim_ me guiou e levou _ás_ trevas e não _á_ luz.

3 Devéras se tornou contra mim _e_ virou a sua mão todo o dia.

BETH. 4 Fez [1] envelhecer a minha carne e a minha pelle, quebrantou os
meus ossos.

5 Edificou contra mim, e _me_ cercou de fel e trabalho.

6 Assentou-me em logares tenebrosos, como os _que estavam_ mortos ha
muito.

GIMEL. 7 Cercou-me [2] de sebe, e não posso sair: aggravou os meus
grilhões.

8 Ainda [3] quando clamo e grito, elle exclue a minha oração.

9 Cercou de sebe os meus caminhos com pedras lavradas, [AAC] divertiu as
minhas veredas.

DALETH. 10 Fez-se-me [4] como urso de emboscada, um leão em esconderijos.

11 Desviou os meus caminhos, e fez-me em pedaços; deixou-me assolado.

12 Armou o seu arco, [5] e me poz como alvo á frecha.

HE. 13 Faz [6] entrar nos meus rins as frechas da sua aljava.

14 Fui [7] feito _um_ objecto de escarneo a todo o meu povo, de canção
sua todo o dia.

15 Fartou-me [8] de amarguras, embriagou-me de absintho.

VAU. 16 Quebrou com pedrinhas de areia os meus dentes; [9] abaixou-me na
cinza.

17 E affastaste da paz a minha alma; esqueci-me do bem.

18 Então disse eu: Já pereceu a minha força, como tambem a minha
esperança no Senhor.

ZAIN. 19 Lembra-te da minha afflicção e do meu pranto, [10] do absintho e
do fel.

20 Minha alma certamente _d’isto_ se lembra, e se abate em mim.

21 D’isto me recordarei no meu coração; por isso esperarei.

HETH. 22 As misericordias [11] do Senhor são _a causa_ de não sermos
consumidos; porque as suas misericordias não teem fim.

23 Novas [12] _são_ cada manhã; grande _é_ a tua fidelidade.

24 A minha porção _é_ o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei
n’elle.

TETH. 25 Bom _é_ o Senhor para os que se ateem a elle, [13] para a alma
_que_ o busca.

26 Bom _é_ esperar, e _aguardar_ em silencio a salvação do Senhor.

27 Bom _é_ para o homem levar o jugo na sua mocidade.

JOD. 28 Assentar-se-ha [14] solitario, e ficará em silencio; porquanto
_Deus_ o poz sobre elle.

29 Ponha [15] a sua bocca no pó, _dizendo_: _Porventura_ haverá esperança.

30 Dê [16] a _sua_ face ao que o fere; farte-se de affronta.

CAPH. 31 Porque o Senhor não rejeitará para sempre.

32 Antes, se entristeceu a alguem, compadecer-se-ha _d’elle_, segundo a
grandeza das suas misericordias.

33 Porque não afflige nem entristece aos filhos dos homens do seu coração.

LAMED. 34 Para atropellar debaixo dos seus pés a todos os presos da terra.

35 Para perverter o direito do homem perante a face do Altissimo.

36 Para subverter ao homem no seu pleito; [17] _porventura_ não o veria o
Senhor?

MEM. 37 Quem é aquelle _que_ diz, e _assim_ acontece, _quando_ o Senhor o
não mande?

38 _Porventura_ da bocca do Altissimo [18] não sae o mal e o bem?

39 De [19] que se queixa _logo_ o homem vivente? _queixe-se_ cada um dos
seus peccados.

NUN. 40 Esquadrinhemos os nossos caminhos, e investiguemol-os, e voltemos
para o Senhor.

41 Levantemos os nossos corações com as mãos a Deus nos céus, _dizendo_:

42 Nós prevaricámos, [20] e fomos rebeldes; _por isso_ tu não perdoaste.

SAMECH. 43 Cobriste-_nos_ da _tua_ ira, e nos perseguiste; [21] mataste,
não perdoaste.

44 Cobriste-te [22] de nuvens, para que não passe a _nossa_ oração.

45 _Por_ [23] cisco e rejeitamento nos pozeste no meio dos povos.

PE. 46 Todos [24] os nossos inimigos abriram contra nós a sua bocca.

47 Temor e cova [25] vieram sobre nós, assolação e quebrantamento.

48 Correntes de aguas derramou o meu olho [26] pelo quebrantamento da
filha do meu povo.

AIN. 49 O [27] meu olho manou, e não cessa, porquanto não ha descanço,

50 Até [28] que attente e veja o Senhor desde os céus.

51 O meu olho move a minha alma, por causa de todas as filhas da minha
cidade.

TSADE. 52 Como ave me caçaram os _que_ são meus inimigos sem causa.

53 Arrancaram [29] a minha vida na masmorra, e lançaram pedras sobre mim.

54 Derramaram-se as aguas sobre a minha cabeça; [30] eu disse: Estou
cortado.

COPH. 55 Invoquei [31] o teu nome, Senhor, desde a mais profunda cova.

56 Ouviste a minha voz; não escondas o teu ouvido ao meu suspiro, ao meu
clamor.

57 Tu te chegaste no dia em que te invoquei; [32] disseste: Não temas.

RESCH. 58 Pleiteaste, [33] Senhor, os pleitos da minha alma, remiste a
minha vida.

59 Viste, Senhor, a injustiça que me fizeram; julga a minha causa.

60 Viste toda a sua vingança, [34] todos os seus pensamentos contra mim.

SCHIN. 61 Ouviste o seu opprobrio, Senhor, todos os seus pensamentos
contra mim,

62 Os ditos dos que se levantam contra mim e as suas imaginações contra
mim todo o dia.

63 Observa-_os_ a _elles_ ao assentarem-se e ao levantarem-se; [35] eu
_sou_ a sua canção.

TAU. 64 Rende-lhes recompensa, Senhor, [36] conforme a obra das suas mãos.

65 Dá-lhes ancia de coração, maldição tua sobre elles.

66 Na tua ira persegue-os, [37] e desfal-os de debaixo dos céus do Senhor.

[1] Job 16.8. Isa. 38.13. Jer. 50.17.

[2] Job 3.23 e 19.8. Ose. 2.6.

[3] Job 30.20.

[4] Ose. 5.14 e 13.7, 8.

[5] Job 7.20 e 16.12.

[6] Job 6.4.

[7] Jer. 20.7. Job 30.9. ver. 63.

[8] Jer. 9.15.

[9] Pro. 20.17.

[10] Jer. 9.15.

[11] Mal. 3.6.

[12] Isa. 33.2.

[13] Isa. 30.18. Miq. 7.7.

[14] Jer. 15.17. cap. 2.10.

[15] Job 42.6.

[16] Isa. 50.6. Mat. 5.39.

[17] Hab. 1.13.

[18] João 2.10. Isa. 45.7. Amós 3.6.

[19] Pro. 19.3. Miq. 7.9.

[20] Dan. 9.5.

[21] cap. 2.2, 17, 21.

[22] ver. 8.

[23] I Cor. 4.13.

[24] cap. 2.16.

[25] Isa. 24.17. Jer. 48.43. Isa. 51.19.

[26] Jer. 4.19 e 9.1 e 14.17. cap. 2.11.

[27] cap. 1.16.

[28] Isa. 63.15.

[29] Jer. 38.6, 9, 10. Dan. 6.17.

[30] ver. 18. Isa. 38.10, 11.

[31] Jon. 2.2.

[32] Thi. 4.8.

[33] Jer. 51.36.

[34] Jer. 11.19.

[35] ver. 14.

[36] Jer. 11.20. II Tim. 4.14.

[37] Deu. 25.19. Jer. 10.11.



_As grandes afflicções de varias classes de pessoas._

ALEPH. 4 Como se escureceu o oiro! _como_ se mudou [1] o oiro fino e bom!
_como_ estão espalhadas as pedras do sanctuario ao canto de todas as ruas!

BETH. 2 Os preciosos filhos de Sião, avaliados a puro oiro, [2] como são
_agora_ reputados por vasos de barro, obra das mãos do oleiro!

GIMEL. 3 Até as vaccas marinhas abaixam o peito, dão de mamar aos seus
filhos; [3] _porém_ a filha do meu povo _fez-se_ cruel como as abestruzes
no deserto.

DALETH. 4 A lingua do mesmo que mama de sêde fica pegada ao seu paladar:
[4] os meninos pedem pão, _e_ não ha quem lh’o reparta.

HE. 5 Os que comiam delicadezas _agora_ desfallecem nas ruas; [5] os que
se crearam em carmezim abraçam o esterco.

VAU. 6 E maior é a maldade da filha do meu povo do que o peccado de
Sodoma, [6] a qual se subverteu como n’um momento, sem que trabalhassem
n’ella mãos _algumas_.

ZAIN. 7 Os seus nazireos eram mais alvos do que a neve, eram mais brancos
do que o leite, eram mais roxos de corpo do que os rubis, _e_ mais lisos
do que a saphira.

HETH. 8 _Mas [7] agora_ escureceu-se o seu parecer mais do que o negrume,
não se conhecem nas ruas: a sua pelle se lhes pegou aos ossos, seccou-se,
tornou-se como um pau.

TETH. 9 Os mortos á espada mais ditosos são do que os mortos á fome;
porque estes se esgotam _como_ traspassados, por _falta_ dos fructos dos
campos.

JOD. 10 As [8] mãos das mulheres compassivas cozeram seus filhos: [9]
serviram-lhes de comida no quebrantamento da filha do meu povo.

CAPH. 11 Deu o Senhor cumprimento ao seu furor: [10] derramou o ardor da
sua ira, e accendeu fogo em Sião, que consumiu os seus fundamentos.

LAMED. 12 Não creram os reis da terra, nem todos os moradores do mundo,
que entrasse o adversario e o inimigo pelas portas de Jerusalem.

MEM. 13 Pelos [11] peccados dos prophetas, [12] _pelas_ maldades dos seus
sacerdotes, que derramaram o sangue dos justos no meio d’ella,

NUN. 14 Erraram cegos nas ruas, [13] andavam contaminados de sangue;
[AAD] e, não podendo, levantavam as extremidades das suas roupas.

SAMECH. 15 Chamavam-lhes: Desviae-vos, [14] _é_ immundo; desviae-vos,
desviae-vos, não toqueis, certo é que _já_ voaram, tambem erraram:
disseram entre as nações: Nunca mais morarão _aqui_.

PE. 16 A face do Senhor os apartou, nunca mais tornará a olhar para
elles: [15] não reverenciaram a face dos sacerdotes, nem se compadeceram
dos velhos.

AIN. 17 Emquanto subsistiamos, [16] ainda desfalleciam os nossos olhos,
_esperando_ o nosso vão soccorro: olhavamos attentamente pela gente _que_
não podia livrar.

TSADE. 18 Espiaram os nossos passos, [17] de maneira que não podiamos
andar pelas nossas ruas: está chegado o nosso fim, estão cumpridos os
nossos dias, [18] porque é vindo o nosso fim.

COPH. 19 Os nossos perseguidores foram [19] mais ligeiros do que as aves
dos céus: sobre os montes nos perseguiram, no deserto nos armaram ciladas.

RESCH. 20 O respiro [20] dos nossos narizes, o ungido do Senhor, [21] foi
preso nas suas covas; _do_ qual diziamos: Debaixo da sua sombra viveremos
entre as nações.

SCHIN. 21 Regozija-te, e [22] alegra-te, ó filha de Edom, que
habitas na terra de Uz; [23] _porém_ ainda até a ti passará o copo;
embebedar-te-has, e te descobrirás.

TAU. 22 _Já_ se cumpriu [24] a tua maldade, ó filha de Sião, nunca
mais te levará em captiveiro: visitará a tua maldade, ó filha de Edom,
descobrirá os teus peccados.

[1] cap. 2.19.

[2] Isa. 30.14. Jer. 19.11. II Cor. 4.7.

[3] Job 39.14, 16.

[4] cap. 2.11, 12.

[5] Job 24.8.

[6] Gen. 19.25.

[7] cap. 5.10. Joel 2.6. Nah. 2.10.

[8] cap. 2.20. Isa. 49.15.

[9] Deu. 28.57. II Reis 6.29.

[10] Jer. 7.20. Deu. 32.22. Jer. 21.14.

[11] Jer. 5.31 e 6.13 e 14.14 e 23.11, 21. Eze. 22.26, 28. Sof. 3.4.

[12] Mat. 23.31, 37.

[13] Jer. 2.34.

[14] Lev. 13.45.

[15] cap. 5.12.

[16] Isa. 30.6, 7.

[17] II Reis 25.4, 5.

[18] Eze. 7.2, 3, 6. Amós 8.2.

[19] Jer. 4.13.

[20] Gen. 2.7.

[21] Jer. 52.9. Eze. 12.13 e 19.4, 8.

[22] Ecc. 11.9.

[23] Jer. 25.15, 16. Oba. 10.

[24] Isa. 40.2.



_Males presentes, e tristes recordações._

5 Lembra-te, Senhor, do que nos tem succedido: considera, e olha o nosso
opprobrio.

2 A nossa herdade passou a estranhos, _e_ as nossas casas a forasteiros.

3 Orphãos somos sem pae, nossas mães _são_ como viuvas.

4 A nossa agua por dinheiro a bebemos, por preço vem a nossa lenha.

5 Padecemos perseguição sobre os nossos pescoços: [1] estamos cançados, e
nós não temos descanço.

6 Aos egypcios estendemos [2] as mãos, _e_ aos syros, para nos fartarem
_de_ pão.

7 Nossos paes peccaram, [3] e _já_ não são: [4] nós levamos as suas
maldades.

8 Servos dominam sobre nós; ninguem _ha_ que _nos_ arranque da sua mão.

9 Com _perigo de_ nossas vidas trazemos o nosso pão, por causa da espada
do deserto.

10 Nossa pelle [5] se ennegreceu como um forno, por causa do ardor da
fome.

11 Forçaram [6] as mulheres em Sião, as virgens nas cidades de Judah.

12 Os principes foram enforcados pelas mãos; [7] as faces dos velhos não
foram reverenciadas.

13 Aos [8] mancebos tomaram para moer, e os moços tropeçaram debaixo da
lenha.

14 Os velhos cessaram de _se assentarem_ á porta, os mancebos de sua
canção.

15 Cessou o gozo de nosso coração, converteu-se em lamentação a nossa
dança.

16 _Já_ caiu [9] a corôa da nossa cabeça; ai agora de nós, porque
peccámos.

17 Portanto desmaiou [10] o nosso coração, por isto se escureceram os
nossos olhos.

18 Pelo monte de Sião, que está assolado, as raposas andam por elle.

19 Tu, Senhor, [11] permaneces eternamente, _e_ o teu throno de geração
em geração.

20 Porque te esquecerias de nós para sempre? _porque_ nos desampararias
tanto tempo?

21 Converte-nos, [12] Senhor, a ti, e nos converteremos: renova os nossos
dias como d’antes.

22 Porque nos rejeitarias totalmente? te enfurecerias contra nós em _tão_
grande maneira?

[1] Deu. 28.48. Jer. 28.14.

[2] Gen. 24.2. Jer. 50.15. Ose. 12.1.

[3] Jer. 31.29. Eze. 18.2.

[4] Gen. 42.13. Zac. 1.5.

[5] Job 30.30.

[6] Isa. 13.16.

[7] Isa. 47.6. cap. 6.16.

[8] Jui. 16.21.

[9] Job 19.9.

[10] cap. 1.22 e 2.11.

[11] Hab. 1.12.

[12] Jer. 31.18.



EZEQUIEL.



_A primeira visão dos cherubins._

[Antes de Christo 595]

1 E aconteceu _que_ aos trinta annos, no quarto _mez_, no _dia_ quinto do
mez, estando eu no meio dos captivos, [1] junto ao rio Chebar, se abriram
os céus, [2] e eu vi visões de Deus.

2 No quinto _dia_ do mez (que _foi_ no quinto anno do captiveiro do [3]
rei Joachim),

3 Veiu expressamente a palavra do Senhor a Ezequiel, filho de Buzi, o
sacerdote, na terra dos chaldeos, junto ao rio de Chebar, [4] e ali
esteve sobre elle a mão do Senhor.

4 Então vi, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, [5] uma grande
nuvem, e um fogo revolvendo-se _n’ella_, e um resplandor ao redor d’ella,
e no meio d’ella _havia_ uma coisa como de côr de ambar, _que sahia_ do
meio do fogo.

5 E do meio [6] d’ella _sahia_ a similhança de quatro [AAE] animaes; [7]
e esta era a sua apparencia: Tinham a similhança de homens.

6 E cada um tinha quatro rostos, como tambem cada um d’elles quatro azas.

7 E os seus pés _eram_ pés direitos; e as plantas dos seus pés como a
planta do pé d’_uma_ bezerra, [8] e luziam como a côr de cobre abrazado.

8 E _tinham_ mãos [9] de homem debaixo das suas azas, aos quatro lados; e
assim _todos_ quatro tinham seus rostos e suas azas.

9 Uniam-se as [10] suas azas uma á outra: não se viravam quando iam, _e_
cada qual andava diante do seu rosto.

10 E a similhança [11] dos seus rostos era _como_ o rosto de homem; e á
mão direita todos os quatro tinham rosto de leão, e á mão esquerda todos
os quatro tinham rosto de boi; e rosto de aguia todos os quatro.

11 E os seus rostos e as suas azas _estavam_ divididas por cima: cada
qual tinha duas _azas_ juntas uma á outra, [12] e duas cobriam os corpos
d’elles.

12 E cada qual andava [13] diante do seu rosto; para onde o espirito
havia de ir, iam; [14] não se viravam quando andavam.

13 E, quanto á similhança dos animaes, o seu parecer _era_ como de brazas
de fogo ardentes, [15] como _uma_ apparencia d’alampadas: o _fogo_ corria
por entre os animaes, e o fogo resplandecia, e do fogo sahiam [AAF]
relampagos;

14 E os animaes corriam, [16] e tornavam, á similhança dos relampagos.

15 E vi os animaes: [17] e eis aqui uma roda na terra junto aos animaes,
para cada um dos seus quatro rostos.

16 O aspecto [18] das rodas, e a obra d’ellas, _era_ como côr de [AAG]
turqueza; e as quatro tinham uma mesma similhança: e o seu aspecto, e a
sua obra, era como se estivera uma roda no meio de _outra_ roda.

17 Andando ellas, andavam pelos quatro lados [19] d’elles; não se viravam
quando andavam.

18 E as suas [AAH] costas eram tão altas, que mettiam medo; e estas
quatro tinham as suas costas cheias [20] de olhos ao redor.

19 E, andando [21] os animaes, andavam as rodas ao pé d’elles; e,
elevando-se os animaes da terra, elevavam-se _tambem_ as rodas.

20 Para onde [22] o espirito havia de ir, iam; para lá havia o espirito
de ir; e as rodas se elevavam defronte d’elles, porque [23] o espirito de
vida _estava_ nas rodas.

21 Andando [24] elles, andavam _ellas_, e, parando elles, paravam
_ellas_, e, elevando-se elles da terra, elevavam-se _tambem_ as rodas
defronte d’elles; porque o espirito dos animaes _estava_ nas rodas.

22 E sobre as cabeças dos animaes havia [25] _uma_ similhança de
firmamento, como um aspecto de [AAI] crystal terrivel, estendido por
cima, sobre as suas cabeças.

23 E debaixo do firmamento _estavam_ as suas azas direitas uma para a
outra: cada um tinha duas, que lhe cobriam o corpo de uma banda; e cada
um tinha _outras_ duas, que os cobriam da outra banda.

24 E, andando elles, [26] ouvi o ruido das suas azas, [27] com o ruido
de muitas aguas, como a voz do Omnipotente, a voz d’um estrondo, como o
estrepito de um exercito: parando elles, abaixavam as suas azas.

25 E ouviu-se uma voz por cima do firmamento, que _ficava_ por cima das
suas cabeças: parando elles, abaixavam as suas azas.

26 E por cima [28] do firmamento, que _ficava_ por cima das suas cabeças,
_havia_ uma similhança de throno, como d’uma saphira; [29] e sobre a
similhança do throno uma similhança ao aspecto d’_um_ homem, _que estava_
por cima, sobre elle.

27 E vi [30] como a côr de ambar, como o aspecto do fogo pelo interior
d’elle, desde o aspecto dos seus lombos, e d’ahi para cima; e, desde o
aspecto dos seus lombos e d’ahi para baixo, vi como a similhança do fogo,
e um resplandor ao redor d’elle.

28 Como [31] o aspecto do arco que apparece na nuvem no dia da chuva,
assim era o aspecto do resplandor em redor: [32] este era o aspecto da
similhança da gloria do Senhor: e, vendo-a eu, cahi sobre o meu rosto, e
ouvi a voz de quem fallava.

[1] ver. 3. cap. 3.15, 23 e 10.15, 20, 22 e 43.3.

[2] Mat. 3.16. Act. 7.56 e 10.11. Apo. 19.11. cap. 8.3.

[3] II Reis 24.12, 15.

[4] I Reis 18.46. II Reis 3.15. cap. 3.14, 22 e 8.1 e 40.1.

[5] Jer. 23.19 e 25.32. Jer. 1.14 e 4.6 e 6.1.

[6] Apo. 4.6, etc.

[7] cap. 10.8, etc. ver. 10. cap. 10.14, 21.

[8] Apo. 1.15.

[9] cap. 10.8, 21.

[10] ver. 11, 12. cap. 10.11.

[11] Apo. 4.7.

[12] Isa. 6.2.

[13] ver. 9, 20.

[14] ver. 9, 17.

[15] Apo. 4.5.

[16] Mat. 24.27.

[17] cap. 10.9.

[18] cap. 10.9, 10. Dan. 10.6.

[19] ver. 1, 2.

[20] cap. 10.12. Zac. 4.10.

[21] cap. 10.16, 17.

[22] ver. 12.

[23] cap. 10.17.

[24] ver. 19, 20. cap. 10.17.

[25] cap. 10.1.

[26] cap. 10.5.

[27] cap. 43.2. Dan. 10.6. Apo. 1.15. Job 37.4, 5.

[28] cap. 10.1.

[29] Exo. 24.10.

[30] cap. 8.2.

[31] Apo. 4.3 e 10.1.

[32] cap. 3.23 e 8.4.



_A vocação de Ezequiel. Visão do rolo de livro._

2 E disse-me: [1] Filho do homem, põe-te sobre os teus pés, e fallarei
comtigo.

2 Então entrou em mim [2] o espirito, fallando elle comigo, que me poz
sobre os meus pés, e ouvi o que me fallava.

3 E disse-me: Filho do homem, eu te envio aos filhos d’Israel, ás nações
rebeldes que se rebellaram contra mim; [3] elles e seus paes prevaricaram
contra mim, até este mesmo dia.

4 E _são_ filhos [4] [AAJ] de semblante duro, e obstinados de coração: eu
te envio a elles, e lhes dirás: Assim diz o Senhor JEHOVAH.

5 E elles, [5] quer ouçam quer deixem de ouvir (porque elles são casa
rebelde), saberão, [6] comtudo, que esteve no meio d’elles um propheta.

6 E tu, ó filho do homem, não os temas, [7] nem temas as suas palavras;
ainda que _são_ sarças [8] e espinhos para comtigo, e tu habites com
escorpiões, não temas as suas palavras, nem te assustes com os seus
rostos, [9] porque casa rebelde _são_ elles.

7 Porém [10] tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de
ouvir: porquanto elles _são_ rebeldes.

8 Mas tu, ó filho do homem, ouve o que eu te fallo, não sejas rebelde
como a casa rebelde: abre a tua bocca, [11] e come _o_ que eu te dou.

9 Então vi, [12] e eis que uma mão _se_ estendia para mim, e eis que
n’ella _havia um_ rolo de livro.

10 E estendeu-o diante de mim, e elle estava escripto por dentro e por
fóra: e n’elle estavam escriptas lamentações, e suspiros e ais.

[1] cap. 3.23. Dan. 8.17. Act. 9.4. Dan. 10.11.

[2] cap. 3.24.

[3] Jer. 3.25. cap. 20.18, 21, 30.

[4] cap. 3.7.

[5] cap. 3.11, 26, 27.

[6] cap. 33.33.

[7] Jer. 1.8, 17. Luc. 12.4.

[8] cap. 3.9. I Ped. 3.14.

[9] cap. 3.9, 26, 27.

[10] Jer. 1.7, 17. ver. 5.

[11] Apo. 10.9.

[12] cap. 8.3. Jer. 1.9.



3 Depois me disse: Filho do homem, come o que achares: [1] come este
rolo, e vae, falla á casa d’Israel.

2 Então abri a minha bocca, e me deu a comer o rolo.

3 E disse-me: Filho do homem, dá de comer ao teu ventre, e enche as tuas
entranhas d’este rolo que eu te dou. [2] Então o comi, e era na minha
bocca doce como o mel.

4 E disse-me: Filho do homem, vae, entra na casa d’Israel, e dize-lhe as
minhas palavras.

5 Porque tu não és enviado a um povo de profunda falla, nem de lingua
difficil, _senão_ á casa de Israel;

6 Nem a muitos povos de profunda falla, e de lingua difficil, cujas
palavras não possas entender: se eu aos taes te enviara, _porventura_ não
te dariam ouvidos.

7 Porém a casa d’Israel não te quererá dar ouvidos, porque não me querem
dar ouvidos a mim; porque toda a casa d’Israel _é_ obstinada de testa e
dura de coração.

8 Eis que fiz duro o teu rosto contra os seus rostos, e forte a tua testa
contra a sua testa.

9 Fiz como diamante a [3] tua testa, mais forte do que a pederneira: não
os temas _pois_, [4] nem te assombres com os seus rostos, porque casa
rebelde são.

10 Disse-me mais: Filho do homem, mette no teu coração todas as minhas
palavras que te hei de dizer, e ouve-_as_ com os teus ouvidos.

11 Eia pois, vae aos do captiveiro, aos filhos do teu povo, e lhes
fallarás, e lhes dirás: [5] Assim diz o Senhor JEHOVAH, quer ouçam quer
deixem de ouvir.

12 E levantou-me [6] o espirito, e ouvi por detraz de mim uma voz de
grande estrondo, _que dizia_: Bemdita seja a gloria do Senhor, do seu
logar.

13 E _ouvi_ o sonido das azas dos animaes, que tocavam umas nas outras, e
o sonido das rodas defronte d’elles, e o sonido d’um grande estrondo.

14 Então [7] o espirito me levantou, e me levou; e eu me fui mui triste,
pelo ardor do meu espirito; porém a [8] mão do Senhor era forte sobre mim.

15 E vim aos do captiveiro, a Tel-abib, que moravam junto ao rio Chebar,
[9] e eu morava onde elles moravam: e morei ali sete dias, pasmado no
meio d’elles.


_O atalaia de Israel._

16 E succedeu que, ao fim de sete dias, veiu a palavra do Senhor a mim,
dizendo:

17 Filho do homem: [10] Eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; e
tu da minha bocca ouvirás a palavra, e os avisarás da minha parte.

18 Quando eu disser ao impio: Certamente morrerás; e tu o não avisares,
nem fallares para avisar ao impio ácerca do seu caminho impio, para o
conservar em vida, aquelle impio morrerá na sua maldade, mas o seu sangue
da tua mão _o_ requererei.

19 Porém, se avisares ao impio, e elle não se converter da sua impiedade
e do seu caminho impio, elle morrerá na sua maldade, e tu livraste a tua
alma.

20 Similhantemente, [11] quando o justo se desviar da sua justiça, e
fizer maldade, e eu pozer diante d’elle um tropeço, elle morrerá; porque
tu o não avisaste, no seu peccado morrerá, e suas justiças que fizera não
virão em memoria, mas o seu sangue da tua mão o requererei.

21 Porém, avisando tu ao justo, para que o justo não peque, e elle não
peccar, certamente viverá; porque foi avisado; e tu livraste a tua alma.

22 E [12] a mão do Senhor estava sobre mim ali, e me disse: Levanta-te, e
sae ao valle, e ali fallarei comtigo.

23 E levantei-me, e sahi ao valle, [13] e eis que a gloria do Senhor
estava ali, como a gloria que vi junto ao rio Chebar; e cahi sobre o meu
rosto.

24 Então entrou em mim o [14] espirito, e me poz sobre os meus pés, e
fallou comigo, e me disse: Entra, encerra-te dentro da tua casa.

25 Porque tu, ó filho do homem, eis que porão cordas sobre ti, [15] e te
ligarão com ellas: não sairás pois ao meio d’elles.

26 E eu farei [16] que a tua lingua se pegue ao teu paladar, e ficarás
mudo, e não lhes servirás de varão que reprehenda; [17] porque casa
rebelde são elles.

27 Mas, [18] quando eu fallar comtigo, abrirei a tua bocca, e lhes dirás:
Assim diz o Senhor: Quem ouvir ouça, e quem deixar _de ouvir_, deixe;
[19] porque casa rebelde são elles.

[1] cap. 2.8, 9.

[2] Apo. 10.9. Jer. 15.16.

[3] Isa. 50.7. Miq. 3.8.

[4] Jer. 1.8, 17. cap. 2.6.

[5] cap. 2.5, 7. ver. 27.

[6] ver. 14. cap. 8.3. I Reis 18.12. II Reis 2.16. Act. 8.39.

[7] ver. 12. cap. 8.3.

[8] II Reis 3.15. cap. 1.3 e 8.1 e 37.1.

[9] Job 2.13.

[10] cap. 33.7.

[11] cap. 18.24 e 33.12, 13.

[12] ver. 14. cap. 1.3 e 3.4.

[13] cap. 1.28. cap. 1.1.

[14] cap. 2.2.

[15] cap. 4.8.

[16] cap. 24.27. Luc. 1.20, 22.

[17] cap. 2.5, 6, 7.

[18] cap. 24.27 e 33.22.

[19] ver. 9, 26. cap. 12.2, 3.



_Predicção do cerco de Jerusalem._

4 Tu pois, ó filho do homem, toma um tijolo, e pôl-o-has diante de ti, e
grava n’elle a cidade de Jerusalem.

2 E põe contra ella um cerco, e edifica contra ella uma fortificação, e
levanta contra ella uma tranqueira, e põe contra ella arraiaes, e põe-lhe
vaevens em redor.

3 E tu toma uma sertã de ferro, e põe-n’a por muro de ferro entre ti e
entre a cidade; e dirige para ella o teu rosto, e assim será cercada, e a
cercarás; [1] isto _servirá_ de signal á casa de Israel.

4 Tu tambem deita-te sobre o teu lado esquerdo, e põe a maldade da casa
de Israel sobre elle: _conforme_ o numero dos dias que te deitares sobre
elle, levarás as suas maldades.

5 Porque eu _já_ te tenho dado os annos da sua maldade, conforme o numero
dos dias, trezentos e noventa dias; [2] e levarás a maldade da casa de
Israel.

6 E, quando cumprires estes, tornar-te-has a deitar sobre o teu lado
direito, e levarás a maldade da casa de Judah quarenta dias: um dia te
dei por cada anno.

7 Dirigirás pois o teu rosto para o cerco de Jerusalem, e o teu braço
_estará_ descoberto, e prophetizarás contra ella.

8 E eis que [3] porei sobre ti cordas: assim tu não te voltarás d’um lado
para o outro, até que cumpras os dias do teu cerco.

9 E tu toma trigo, e cevada, e favas, e lentilhas, e milho, e aveia, e
mette-os n’um vaso, e faze d’elles pão: _conforme_ o numero dos dias que
tu te deitares sobre o teu lado, trezentos e noventa dias, comerás d’isso.

10 E a tua comida, que has de comer, _será_ do peso de vinte siclos cada
dia: de tempo em tempo a comerás.

11 Tambem beberás a agua por medida, _a saber_, a sexta parte d’um hin:
de tempo em tempo beberás.

12 E o comerás como bolos de cevada, e o cozerás com o esterco que sae do
homem, diante dos olhos d’elles.

13 E disse o Senhor: [4] Assim comerão os filhos de Israel o seu pão
immundo, entre as nações ás quaes os lançarei.

14 Então disse eu: [5] Ah! Senhor, Senhor! eis que a minha alma não foi
contaminada, porque nunca [6] comi coisa morta, nem despedaçada, desde a
minha mocidade até agora: nem carne abominavel entrou na minha bocca.

15 E disse-me: Vê, tenho-te dado bosta de vaccas, em logar de esterco de
homem; e com ella prepararás o teu pão.

16 Então me disse: Filho do homem, [7] eis que eu quebranto o [AAK]
sustento de pão em Jerusalem, [8] e comerão o pão por peso, e com
desgosto; e a agua beberão por medida, e com espanto;

17 Para que o pão e a agua lhes falte, e se espantem uns com os outros,
[9] e se consumam nas suas maldades.

[1] cap. 12.6.

[2] Num. 14.34.

[3] cap. 3.25.

[4] Ose. 9.3.

[5] Act. 10.14.

[6] Exo. 22.31. Lev. 11.40 e 17.15. Deu. 14.3. Isa. 65.4.

[7] Lev. 26.26. Isa. 3.1. cap. 5.16 e 14.13.

[8] ver. 10. cap. 12.19. ver. 11.

[9] Lev. 26.39. cap. 24.23.



5 E tu, ó filho do homem, toma uma faca aguda, uma navalha de barbeiro, e
tomal-a-has, [1] e a farás passar por cima da tua cabeça e da tua barba:
então tomarás uma balança, e repartirás os _cabellos_.

[Antes de Christo 594]

2 A [2] terça parte queimarás no fogo, no meio da cidade, quando se
cumprirem os dias do cerco: [3] então tomarás _outra_ terça parte, e
feril-a-has com uma espada ao redor d’ella; e a _outra_ terça parte
espalharás ao vento; porque desembainharei a espada atraz d’elles.

3 Tambem tomarás d’elles um pequeno numero, e atal-os-has nas bordas _do_
teu _vestido_.

4 E ainda d’estes tomarás alguns, e os lançarás no meio do fogo e os
queimarás a fogo; _e_ d’ali sairá um fogo contra toda a casa de Israel.

5 Assim diz o Senhor JEHOVAH: Esta é Jerusalem, pul-a no meio das nações
e terras que estão ao redor d’ella.

6 Porém ella mudou em impiedade os meus juizos, mais do que as nações,
e os meus estatutos mais do que as terras que _estão_ ao redor d’ella;
porque rejeitaram os meus juizos, e não andaram nos meus preceitos.

7 Portanto assim diz o Senhor JEHOVAH: Porquanto [AAL] multiplicastes _as
vossas maldades_ mais do que as nações, que _estão_ ao redor de vós, nos
meus estatutos não andastes, nem fizestes os meus juizos, [4] nem _ainda_
fizestes conforme os juizos das nações que _estão_ ao redor de vós;

8 Por isso assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis que eu _estou_ contra ti, sim,
eu: e executarei juizos no meio de ti aos olhos das nações.

9 E farei [5] em ti o que nunca fiz, e o qual não fareis jámais, por
causa de todas as tuas abominações.

10 Portanto os paes [6] comerão a seus filhos no meio de ti, e os filhos
comerão a seus paes; e executarei em ti juizos, [7] espalharei todo o teu
residuo a todos os ventos.

11 Portanto vivo eu, diz o Senhor JEHOVAH, certamente (porquanto
profanaste o meu sanctuario com todas as tuas coisas detestaveis, e com
todas as tuas abominações), tambem eu _te_ diminuirei, e o meu olho te
não perdoará, [8] nem tambem me apiedarei.

12 Uma terça [9] parte de ti morrerá da peste, e se consumirá á fome
no meio de ti; e outra terça parte cairá á espada em redor de ti;
[10] e a _outra_ terça parte espalharei a todos os ventos, e a espada
desembainharei atraz d’elles.

13 Assim se cumprirá a [11] minha ira, e farei descançar n’elles o meu
furor, e me consolarei; e saberão que eu, o Senhor, tenho fallado no meu
zêlo, quando cumprir n’elles o meu furor.

14 E te porei em [12] assolação, e para opprobrio entre as nações que
estão em redor de ti, aos olhos de todos os que passarem.

15 E [13] o opprobrio e a infamia servirão de instrucção e espanto ás
nações que _estão_ em redor de ti, quando eu executar em ti juizos com
ira, e com furor, [14] e com [AAM] sanhudos castigos: Eu, o Senhor,
fallei.

16 Quando [15] eu enviar as más frechas da fome contra elles, que
servirão para destruição, as quaes eu mandarei para vos destruir, então
augmentarei a fome sobre vós, [16] e vos quebrantarei o sustento do pão.

17 E enviarei sobre vós a fome, e as más bestas [17] que te
_desfilharão_; e a peste e o sangue passarão por ti; e trarei a espada
sobre ti: Eu, o Senhor, fallei.

[1] Lev. 21.5. Isa. 7.20. cap. 44.20.

[2] ver. 12.

[3] cap. 4.8, 9.

[4] Jer. 2.10, 11.

[5] Dan. 9.12.

[6] Lev. 26.29. Deu. 28.53. II Reis 6.29. Jer. 19.9. Lam. 2.20 e 4.10.

[7] ver. 12. Lev. 26.33. Deu. 28.64.

[8] cap. 7.4, 9 e 8.18 e 9.10.

[9] ver. 2. Jer. 21.9. cap. 6.12.

[10] Jer. 9.16. ver. 2, 10. cap. 6.8. Lev. 26.33. cap. 12.14.

[11] Lam. 4.11. cap. 6.12 e 7.8. cap. 21.17. Isa. 1.24.

[12] Lev. 26.6, 31, 32. Neh. 2.17.

[13] Psa. 79.4. Jer. 24.9. Lam. 2.15.

[14] cap. 25.17.

[15] Deu. 32.23, 24.

[16] Lev. 26.26. cap. 4.16 e 14.13.

[17] Lev. 26.22. Deu. 32.24. cap. 14.21 e 33.27 e 34.25 e 38.22.



_Prophecia contra os montes de Israel._

6 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] dirige o teu rosto para os montes de Israel, e
prophetiza contra elles.

3 E dirás: Montes d’Israel, ouvi a palavra do Senhor JEHOVAH: Assim diz o
Senhor JEHOVAH aos montes, aos outeiros, aos ribeiros e aos valles: Eis
que eu, _sim_ eu, trarei a espada sobre vós, [2] e destruirei os vossos
altos.

4 E serão assolados os vossos altares, e quebradas as vossas imagens do
sol, [3] e derribarei os vossos traspassados, diante dos vossos idolos.

5 E porei os cadaveres dos filhos de Israel diante dos seus idolos; e
espalharei os vossos ossos em redor dos vossos altares.

6 Em todas as vossas habitações as cidades serão destruidas, e os altos
assolados; para que os vossos altares sejam destruidos e assolados, e
os vossos idolos se quebrem e cessem, e as vossas imagens do sol sejam
cortadas, e desfeitas as vossas obras.

7 E os traspassados cairão no meio de vós; [4] para que saibaes que eu
_sou_ o Senhor.

8 Porém deixarei um [5] resto, para que tenhaes _alguns_ que escaparem da
espada entre as nações, quando fordes espalhados pelas terras.

9 Então se lembrarão de mim os que escaparem de vós entre as nações para
onde foram levados em captiveiro; [6] porquanto [AAN] me quebrantei por
causa do seu coração fornicario, que se desviou de mim, e por causa dos
seus olhos, que andaram fornicando após os seus idolos; [7] e terão
nojo de si mesmos, por causa das maldades que fizeram em todas as suas
abominações.

10 E saberão que eu _sou_ o Senhor, _e que_ não disse debalde que lhes
faria este mal.

11 Assim diz o Senhor JEHOVAH: [8] Bate com a mão, e pateia com o teu
pé, e dize: Ah, por todas as abominações das maldades da casa d’Israel!
porque cairão á espada, e de fome, e de peste.

12 O que estiver longe morrerá de peste, e o que _está_ perto cairá á
espada; e o que ficar de resto e cercado morrerá de fome: [9] e cumprirei
o meu furor contra elles.

13 Então [10] sabereis que eu _sou_ o Senhor, quando estiverem os seus
traspassados no meio dos seus idolos, em redor dos seus altares, [11] em
todo o outeiro alto, [12] em todos os cumes dos montes, e debaixo de toda
a arvore verde, [13] e debaixo de todo o carvalho espesso, no logar onde
offereciam _perfume_ de cheiro suave a todos os seus idolos.

14 E [14] estenderei a minha mão sobre elles, e farei a terra assolada, e
mais assolada do que o deserto da banda de [15] Diblath, em todas as suas
habitações: e saberão que eu sou o Senhor.

[1] cap. 20.46 e 21.2 e 25.2. cap. 36.1.

[2] Lev. 26.30.

[3] Lev. 26.30.

[4] ver. 13. cap. 7.4, 9 e 11.10, 12 e 12.15.

[5] Jer. 44.28. cap. 5.2, 12 e 12.16.

[6] Num. 15.39. cap. 20.7, 24.

[7] Lev. 26.39. Job 42.6. cap. 20.43 e 36.31.

[8] cap. 21.14.

[9] cap. 5.13.

[10] ver. 7.

[11] Jer. 2.20.

[12] Ose. 4.13.

[13] Isa. 57.5.

[14] Isa. 5.25.

[15] Jer. 48.22.



_O fim vem! O fim vem!_

7 Depois veiu a palavra do Senhor a mim, dizendo:

2 E tu, ó filho do homem, assim diz o Senhor JEHOVAH ácerca da terra
d’Israel: [1] Vem o fim, o fim _vem_ sobre os quatro cantos da terra.

3 Agora _vem_ o fim sobre ti, porque enviarei sobre ti a minha ira, [2]
e te julgarei conforme os teus caminhos, e trarei sobre ti todas as tuas
abominações.

4 E não te poupará o [3] meu olho, nem me apiedarei _de ti_, mas porei
sobre ti os teus caminhos, e as tuas abominações estarão no meio de ti:
[4] e sabereis que eu _sou_ o Senhor.

5 Assim diz o Senhor _Jehovah_: Um mal, eis que um só mal vem.

6 Vem o fim, o fim vem, despertou-se contra ti; eis que vem.

7 [AAO] Vem a manhã a ti, ó habitador da terra. [5] Vem o tempo; [6]
chegado _é_ o dia da turbação, e não _ha_ [AAP] echo nos montes.

8 Agora [7] depressa derramarei o meu furor sobre ti, e cumprirei a minha
ira contra ti, [8] e te julgarei conforme os teus caminhos, e porei
sobre ti todas as tuas abominações.

9 E [9] não te poupará o meu olho, nem me apiedarei _de ti_; conforme os
teus caminhos carregarei sobre ti, e as tuas abominações estarão no meio
de ti; [10] e sabereis que eu _sou_ o Senhor, que firo.

10 Eis aqui o dia, eis que vem; [11] _já_ saiu a [AAQ] manhã, já
floresceu a vara, _já_ reverdeceu a soberba.

11 A [12] violencia se levantou para vara de impiedade: nada _restará_
d’elles, nem da sua multidão, nem do seu arroido, [13] nem _haverá_
lamentação por elles.

12 Vem [14] o tempo, _já_ é chegado o dia; o que compra não se alegre,
e o que vende não se entristeça: porque a ira ardente está sobre toda a
multidão d’elles.

13 Porque o que vende não tornará a _possuir_ o que vendeu, ainda que a
vida d’elles _estivesse_ entre os viventes; porque a visão não tornará
para traz sobre toda a sua multidão; nem ninguem esforçará a sua vida com
a sua iniquidade.

14 _Já_ tocaram a trombeta, e tudo prepararam, porém não _ha_ quem vá á
peleja, porque sobre toda a sua multidão _está_ a minha ardente ira.

15 Fóra [15] a espada, e dentro a peste e a fome: o que _estiver_ no
campo morrerá á espada, e o que estiver na cidade a fome e a peste o
consumirão.

16 E [16] escaparão os que escaparem d’elles, porém estarão pelos montes,
como pombas dos valles, todos gemendo, cada um por causa da sua maldade.

17 Todas [17] as mãos se enfraquecerão, e todos os joelhos escorrerão
_em_ aguas.

18 E [18] se cingirão de saccos, [19] e os cobrirá o tremor: e sobre
todos os rostos _haverá_ vergonha, e sobre todas as suas cabeças calva.

19 A sua prata lançarão pelas ruas, [20] e o seu oiro será como
immundicia; [21] nem a sua prata nem o seu oiro os poderá livrar no dia
do furor do Senhor: não fartarão elles a sua alma, nem lhes encherão as
entranhas, porque isto foi o tropeço da sua maldade.

20 E a gloria do seu ornamento _elle a_ poz em magnificencia, porém
fizeram n’ella imagens das suas abominações e coisas detestaveis: por
isso eu lh’a tenho feito coisa immunda.

21 E a entregarei na mão dos estranhos por preza, e aos impios da terra
por despojo: e a profanarão.

22 E desviarei d’elles o meu rosto, e profanarão o meu _logar_ occulto;
porque entrarão n’elle saqueadores, e o profanarão.

23 Faze _uma_ cadeia, [22] porque a terra está cheia de [AAR] juizo de
sangue, e a cidade está cheia de violencia.

24 E farei vir os pessimos de entre as nações, e possuirão as suas casas:
e farei cessar a arrogancia dos valentes, e [AAS] os que os sanctificam
serão profanados.

25 Vem a destruição, e buscarão a paz, porém não a ha.

26 Miseria sobre [23] miseria virá, e se levantará rumor sobre rumor:
então buscarão do propheta _uma_ visão, porém do sacerdote perecerá a lei
como tambem dos anciãos o conselho.

27 O rei lamentará, e o principe se vestirá de assolação, e as mãos do
povo da terra se conturbarão; conforme o seu caminho lhes farei, e com os
seus juizos os julgarei; e saberão que eu _sou_ o Senhor.

[1] ver. 3, 6. Amós 8.2. Mat. 24.6, 13, 14.

[2] ver. 8, 9.

[3] ver. 9. cap. 5.11 e 8.18 e 9.10.

[4] ver. 27. cap. 6.7 e 12.20.

[5] ver. 10.

[6] ver. 12. Sof. 1.14, 15.

[7] cap. 20.8, 21.

[8] ver. 3.

[9] ver. 4.

[10] ver. 4.

[11] ver. 7.

[12] Jer. 6.7.

[13] Jer. 16.5, 6. cap. 24.16, 22.

[14] ver. 7.

[15] Deu. 32.25. Lam. 1.20. cap. 5.12.

[16] cap. 6.8.

[17] Isa. 13.7. Jer. 6.24. cap. 21.7.

[18] Isa. 3.24 e 15.2, 3. Jer. 48.37. Amós 8.10.

[19] Psa. 55.5.

[20] Pro. 11.4. Sof. 1.18.

[21] cap. 14.3, 4 e 44.12.

[22] II Reis 21.16. cap. 9.9 e 11.6.

[23] Deu. 33.23. Jer. 4.20.



_As abominações no sanctuario._

8 Succedeu pois, no sexto anno, no _mez_ sexto, no quinto _dia_ do mez,
estando eu assentado na minha casa, [1] e os anciãos de Judah assentados
diante de mim, que ali a mão do Senhor JEHOVAH caiu sobre mim.

2 E olhei, [2] e eis uma similhança como aspecto de fogo; desde o aspecto
dos seus lombos, e _d’ahi_ para baixo, era fogo; [3] e dos seus lombos e
_d’ahi_ para cima como aspecto de um resplandor como de côr de ambar;

3 E estendeu [4] a fórma d’uma mão, e me tomou pelos cabellos da minha
cabeça; e o Espirito me levantou entre a terra e o céu, e [5] me trouxe a
Jerusalem em visões de Deus, até á entrada da porta do _pateo_ de dentro,
que olha para o norte, [6] onde _estava_ o assento da imagem dos ciumes,
que provoca a ciumes.

4 E eis que a gloria do Deus d’Israel _estava_ ali, [7] conforme o
aspecto que eu tinha visto no valle.

5 E disse-me: Filho do homem, levanta agora os teus olhos para o caminho
do norte. E levantei os meus olhos para o caminho do norte, e eis que
da banda do norte, á porta do altar, _estava_ esta imagem de ciumes na
entrada.

6 E disse-me: Filho do homem, vês tu o que elles estão fazendo? as
grandes abominações que a casa d’Israel faz aqui, para que me alongue do
meu sanctuario? porém ainda tornarás a vêr maiores abominações.

7 E levou-me á porta do atrio: então olhei, e eis que _havia um_ buraco
na parede.

8 E disse-me: Filho do homem, cava agora n’aquella parede. E cavei na
parede, e eis que _havia_ uma porta.

9 Então me disse: Entra, e vê as malignas abominações que elles fazem
aqui.

10 E entrei, e olhei, e eis que toda a forma de reptis, e bestas
abominaveis, e de todos os idolos da casa d’Israel, estavam pintados na
parede em todo o redor.

11 E setenta homens dos anciãos da casa de Israel, com Jaazanias, filho
de Saphan, que estava no meio d’elles, estavam em pé diante d’elles, e
cada um _tinha_ na mão o seu incensario; e subia _uma_ espessa nuvem de
incenso.

12 Então me disse: Viste, _porventura_, filho do homem, o que os anciãos
da casa de Israel fazem nas trevas, cada um nas suas camaras pintadas de
imagens? porque dizem: [8] O Senhor não nos vê; _já_ desamparou o Senhor
a terra.

13 E disse-me: Ainda tornarás a ver maiores abominações, que estes fazem.

14 E levou-me á entrada da porta da casa do Senhor, que _está_ da banda
do norte, e eis ali _estavam_ mulheres assentadas chorando a [AAT] Tammuz.

15 E disse-me: Viste _porventura isto_, filho do homem? ainda tornarás a
ver abominações maiores do que estas.

16 E levou-me para o atrio interior da casa do Senhor, e eis que
_estavam_ á entrada do templo do Senhor, [9] entre o portico e o altar,
quasi vinte e cinco homens, _voltadas_ as costas para o templo do Senhor,
e _virados_ os rostos para o oriente; [10] e elles adoravam o sol virados
para o oriente.

17 Então me disse: Viste _isto_, filho do homem? ha _porventura_ coisa
mais leviana para a casa de Judah, do que fazer taes abominações,
que fazem aqui? [11] havendo enchido a terra de violencia, tornam a
irritar-me; porque eis que elles chegam o ramo ao nariz.

18 Pelo que tambem [12] eu usarei _com elles_ de furor; o meu olho não
poupará, nem me apiedarei: _e_, ainda que me gritem aos ouvidos com
grande voz, _comtudo_ não os ouvirei.

[1] cap. 14.1 e 20.1. cap. 1.3 e 3.22.

[2] cap. 1.26, 27.

[3] cap. 1.4.

[4] Dan. 5.5. cap. 3.14.

[5] cap. 11.1, 24 e 40.2.

[6] Jer. 7.30 e 32.34. cap. 5.11. Deu. 32.16, 21.

[7] cap. 1.28 e 3.22, 23.

[8] cap. 9.9.

[9] Joel 2.17. cap. 11.1. Jer. 2.27 e 32.33.

[10] Deu. 4.19. II Reis 23.5, 11. Job 31.26.

[11] cap. 9.9.

[12] cap. 5.13 e 16.42 e 24.13. cap. 5.11 e 7.4, 9 e 9.5, 10. Pro. 1.28.
Isa. 1.15. Jer. 11.11 e 14.12. Miq. 3.4. Zac. 7.13.



_Os castigos de Jerusalem._

9 Então me gritou aos ouvidos _com_ grande voz, dizendo: Fazei chegar os
intendentes da cidade, cada um com as suas armas destruidoras na mão.

2 E eis que vinham seis homens caminho da porta alta, que olha para o
norte, e cada _um_ com as suas armas destruidoras na mão, [1] e entre
elles um homem vestido de linho, com um tinteiro de escrivão á sua cinta;
e entraram, e se pozeram junto ao altar de bronze.

3 E a gloria [2] do Deus d’Israel se levantou de sobre o cherubim sobre o
qual estava, até ao umbral da casa; e clamou ao homem vestido de linho,
que tinha o tinteiro de escrivão á sua cinta.

4 E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de
Jerusalem, [3] e marca com _um_ signal as testas dos [4] homens que
suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se commettem
no meio d’ella.

5 E aos _outros_ disse a meus ouvidos: Passae pela cidade após elle, e
feri: [5] não poupe o vosso olho, nem vos compadeçaes.

6 Matae velhos, mancebos, e virgens, e meninos, e mulheres, [6] até
exterminal-os; porém a todo o homem que _tiver_ o signal não vos
chegueis; [7] e começae pelo meu sanctuario. [8] E começaram pelos homens
mais velhos que _estavam_ diante da casa.

7 E disse-lhes: Contaminae a casa e enchei os atrios de mortos: sahi. E
sairam, e feriram na cidade.

8 Succedeu pois que, havendo-os ferido, e ficando eu de resto, cahi [9]
sobre a minha face, e clamei, e disse: Ah! Senhor JEHOVAH! dar-se-ha caso
que destruas todo o restante de Israel, derramando a tua indignação sobre
Jerusalem?

9 Então me disse: A maldade da casa de Israel e de Judah _é_ grandissima,
[10] e a terra se encheu de sangue e a cidade se encheu de perversidade;
porque dizem: [11] O Senhor deixou a terra, e o Senhor não vê.

10 Pois tambem, [12] emquanto a mim, não poupará o meu olho, nem me
compadecerei: [13] sobre a cabeça d’elles farei recair o seu caminho.

11 E eis que o homem que _estava_ vestido de linho, a cuja cinta estava o
tinteiro, tornou com a resposta, dizendo: Fiz como me mandaste.

[1] Lev. 16.4. cap. 10.2, 6, 7. Apo. 15.6.

[2] cap. 3.23 e 8.4 e 10.4, 18 e 11.22, 23.

[3] Apo. 7.3 e 9.4 e 13.16, 17 e 20.4.

[4] II Ped. 2.8.

[5] ver. 10. cap. 5.11.

[6] II Chr. 36.17.

[7] Apo. 9.4. I Ped. 4.17.

[8] cap. 8.11, 12, 16.

[9] Num. 14.5 e 16.4, 22, 45. Jos. 7.6.

[10] II Reis 21.16. cap. 8.17.

[11] Isa. 29.15.

[12] cap. 5.11 e 7.4 e 8.18.

[13] cap. 11.21.



_A segunda visão dos cherubins._

10 Depois olhei, [1] e eis que no firmamento, que _estava_ por cima da
cabeça dos cherubins, appareceu sobre elles como uma pedra de safira,
como o aspecto da similhança d’um throno.

2 E fallou [2] ao homem vestido de linho, dizendo: Vae por entre as
rodas, até debaixo do cherubim, [3] e enche os punhos de brazas accesas
d’entre os cherubins, e espalha-as sobre a cidade. E elle entrou á minha
vista.

3 E os cherubins estavam ao lado direito da casa, quando entrou aquelle
homem; e uma nuvem encheu o atrio interior.

4 Então se levantou a gloria [4] do Senhor de sobre o cherubim para o
umbral da casa; [5] e encheu-se a casa d’uma nuvem, e o atrio se encheu
do resplandor da gloria do Senhor.

5 E o estrondo [6] das azas dos cherubins se ouviu até ao atrio exterior,
como a voz do Deus Todo-poderoso, quando falla.

6 Succedeu pois que, dando elle ordem ao homem vestido de linho, dizendo:
Toma fogo d’entre as rodas, d’entre os cherubins, entrou elle, e se poz
junto ás rodas.

7 Então estendeu um cherubim a sua mão de entre os cherubins para o fogo
que _estava_ entre os cherubins; e _o_ tomou, e _o_ poz nas mãos do que
estava vestido de linho; o qual o tomou, e saiu.

8 E appareceu [7] nos cherubins uma similhança de mão de homem debaixo
das suas azas.

9 Então olhei, [8] e eis quatro rodas junto aos cherubins, uma roda junto
a um cherubim, e outra roda junto a outro cherubim; [9] e o aspecto das
rodas _era_ como côr de pedra de [AAU] turqueza.

10 E, quanto ao seu aspecto, as quatro tinham uma mesma similhança; como
se estivera _uma_ roda no meio d’_outra_ roda.

11 Andando [10] estes, andavam _est’ outras_ pelos quatro lados d’elles;
não se viravam quando andavam, mas para o logar para onde olhava a cabeça
para esse andavam; não se viravam quando andavam.

12 E todo o seu corpo, e as suas costas, e as suas mãos, [11] e as suas
azas, e as rodas, as rodas que os quatro tinham, _estavam_ cheias d’olhos
em redor.

13 E, quanto ás rodas, a ellas se lhes chamou a meus ouvidos [AAV] Galgal.

14 E cada [12] um tinha quatro rostos: o rosto do primeiro _era_ rosto de
cherubim, e o rosto do segundo rosto de homem, e _do_ terceiro era rosto
de leão, e _do_ quarto rosto de aguia.

15 E os cherubins se elevaram ao alto: [13] estes _são_ os mesmos animaes
que vi junto ao rio de Chebar.

16 E, andando [14] os cherubins, andavam as rodas juntamente com elles;
e, levantando os cherubins as suas azas, para se elevarem de sobre a
terra, tambem as rodas não se separavam d’elles.

17 Parando [15] elles, paravam _ellas_; e, elevando-se elles, elevavam-se
ellas, porque o espirito de vida _estava_ n’ellas.

18 Então [16] saiu a gloria do Senhor de sobre o umbral da casa do
Senhor, e parou sobre os cherubins.

19 E os cherubins [17] alçaram as suas azas, e se elevaram da terra aos
meus olhos, quando sairam; e as rodas os acompanhavam: e _cada um_ parou
á entrada da porta oriental da casa do Senhor; e a gloria do Deus de
Israel estava em cima sobre elles.

20 Estes [18] _são_ os animaes que vi debaixo do Deus de Israel, junto ao
rio de Chebar, e conheci que _eram_ cherubins.

21 Cada [19] um tinha quatro rostos e cada um quatro azas, [20] e a
similhança de mãos de homem debaixo das suas azas.

22 E a similhança [21] dos seus rostos era _a dos_ rostos que eu tinha
visto junto ao rio de Chebar, o aspecto d’elles e elles mesmos: cada [22]
um andava ao direito do seu rosto.

[1] cap. 1.22, 26.

[2] cap. 9.2, 3.

[3] cap. 1.13. Apo. 8.5.

[4] ver. 18. cap. 9.3.

[5] I Reis 8.10, 11. cap. 43.5.

[6] cap. 1.24.

[7] cap. 1.8. ver. 21.

[8] cap. 1.15.

[9] cap. 1.16.

[10] cap. 1.17.

[11] cap. 1.18.

[12] cap. 1.6, 10.

[13] cap. 1.5.

[14] cap. 1.19.

[15] cap. 1.12, 20, 21.

[16] ver. 4.

[17] cap. 11.22.

[18] cap. 1.22. ver. 15. cap. 1.1.

[19] cap. 1.6. ver. 14.

[20] cap. 1.8. ver. 8.

[21] cap. 1.10.

[22] cap. 1.12.



_O juizo de Deus contra os chefes do povo._

11 Então [1] me levantou o Espirito, e me levou á porta oriental da casa
do Senhor, que olha para o oriente; [2] e eis que estavam á entrada da
porta vinte e cinco homens; e no meio d’elles vi a Jaazanias, filho de
Azus, e a Pelatias, filho de Benaias, principes do povo.

2 E disse-me: Filho do homem, estes _são_ os homens que pensam na
perversidade, e aconselham conselho mau n’esta cidade.

3 Que dizem: [3] Não está proximo o tempo de edificar casas; esta
_cidade_ é a caldeira, e nós a carne.

4 Portanto, prophetiza contra elles: prophetiza, ó filho do homem.

5 Caiu pois sobre mim o Espirito [4] do Senhor, e disse-me: Dize: Assim
diz o Senhor: Assim vós dizeis, ó casa d’Israel, porque, quanto ás coisas
que vos sobem ao espirito, eu as conheço.

6 Multiplicastes [5] os vossos mortos n’esta cidade, e enchestes as suas
ruas de mortos.

7 Portanto, assim diz o Senhor JEHOVAH: [6] Vossos mortos, que deitastes
no meio d’ella, esses são a carne, e ella _é_ a caldeira: a vós, porém,
[7] vos tirarei do meio d’ella.

8 Temestes a espada, e a espada trarei sobre vós, diz o Senhor JEHOVAH.

9 E vos farei sair do meio d’ella, e vos entregarei na mão de estranhos,
[8] e exercerei _os meus_ juizos entre vós.

10 Caireis á espada, _e_ nos confins d’Israel vos julgarei; [9] e
sabereis que eu _sou_ o Senhor.

11 Esta _cidade_ [10] não vos servirá de caldeira, nem vós servireis de
carne no meio d’ella: nos confins d’Israel vos julgarei.

12 E sabereis [11] que eu _sou_ o Senhor, porque nos meus estatutos não
andastes, nem fizestes os meus juizos; [12] antes fizestes conforme os
juizos das nações que _estão_ em redor de vós.

13 E aconteceu que, prophetizando eu, [13] morreu Pelatias, filho de
Benaias: [14] então cahi sobre o meu rosto, e clamei com grande voz, e
disse: Ah! Senhor JEHOVAH! _porventura_ farás tu consummação do resto
d’Israel?

14 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

15 Filho do homem, teus irmãos, sim, teus irmãos, os homens de [AAW] teu
parentesco, e toda a casa de Israel, todos elles, são aquelles a quem os
habitantes de Jerusalem disseram: Apartae-vos para longe do Senhor; esta
terra se nos deu em possessão.

16 Portanto, dize: [15] Assim diz o Senhor JEHOVAH: Ainda que os lancei
para longe entre as nações, e ainda que os espalhei pelas terras, todavia
lhes servirei de sanctuario, por _um_ pouco de _tempo_, nas terras para
onde foram.

17 Portanto, dize: Assim diz o Senhor JEHOVAH: Ora ajuntar-vos-hei dos
povos, e vos recolherei das terras para onde fostes lançados, e vos darei
a terra d’Israel.

18 E virão ali, e tirarão d’ella todas as suas coisas detestaveis e todas
as suas abominações.

19 E lhes darei [16] um mesmo coração, e espirito novo porei dentro
d’elles; [17] e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um
coração de carne;

20 Para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juizos, e os
façam: [18] e elles me serão por povo, e eu lhes serei por Deus.

21 Quanto áquelles cujo coração andar conforme o coração das suas coisas
detestaveis, e das suas abominações, [19] farei recair nas suas cabeças o
seu caminho, diz o Senhor JEHOVAH.

22 Então os cherubins [20] elevaram as suas azas, e as rodas os
acompanhavam; e a gloria do Deus d’Israel estava em cima, sobre elles.

23 E a gloria [21] do Senhor se alçou desde o meio da cidade; [22] e se
poz sobre o monte que _está_ defronte do oriente da cidade.

24 Depois [23] o Espirito me levantou, e me levou á Chaldea, para os do
captiveiro, em visão, pelo Espirito de Deus; e subiu de sobre mim a visão
que eu tinha visto.

25 E fallei aos do captiveiro todas as coisas que o Senhor me tinha
mostrado.

[1] cap. 3.12, 14 e 8.3. ver. 24. cap. 10.19.

[2] cap. 8.16.

[3] II Ped. 3.4.

[4] cap. 2.2 e 3.24.

[5] cap. 7.23 e 22.3, 4.

[6] cap. 24.3, 6, 10, 11. Miq. 3.3.

[7] ver. 9.

[8] cap. 5.8.

[9] II Reis 14.25.

[10] ver. 3.

[11] ver. 10.

[12] Lev. 18.3, 21, etc. Deu. 12.30, 31. cap. 8.10, 14, 16.

[13] ver. 1.

[14] cap. 9.8.

[15] Jer. 24.5. cap. 28.25 e 34.13 e 36.24.

[16] Jer. 32.39. cap. 36.26, 27. Jer. 31.33. cap. 18.31.

[17] Zac. 7.12.

[18] Jer. 24.7. cap. 14.11 e 36.28 e 37.27.

[19] cap. 9.10 e 22.31.

[20] cap. 1.19.

[21] cap. 8.4 e 9.3 e 10.4, 18 e 43.4. Zac. 14.4.

[22] cap. 43.2.

[23] cap. 8.3.



_A mudança para fóra do muro é o symbolo do captiveiro e da dispersão._

12 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] tu habitas no meio da casa rebelde, que tem olhos
para ver e não vê, e tem ouvidos para ouvir e não ouve; [2] porque casa
rebelde _é_.

3 Tu, pois, ó filho do homem, faze trastes _de quem_ se muda de paiz, e
de dia muda de logar aos olhos d’elles; e do teu logar mudarás a outro
logar aos olhos d’elles; bem pode ser que reparem n’isso, ainda que elles
_são_ casa rebelde.

4 Aos olhos d’elles tirarás para fóra pois, de dia, os teus trastes, como
trastes _de quem_ se muda de logar; então tu sairás de tarde aos olhos
d’elles, como quem sae mudando de logar.

5 Escava para ti, á vista d’elles, a parede, e tira para fóra por ella
_os trastes_.

6 Aos olhos d’elles aos hombros _os_ levarás, ás escuras _os_ tirarás, e
cobrirás a tua cara, para que não vejas a terra: [3] porque te dei por
signal maravilhoso á casa d’Israel.

7 E fiz assim, como se me deu ordem: os meus trastes tirei para fóra
de dia, como trastes _de quem_ se muda de logar: então á tarde escavei
na parede com a mão; ás escuras os tirei para fóra, _e_ aos hombros os
levei, aos olhos d’elles.

8 E veiu a mim a palavra do Senhor, pela manhã, dizendo:

9 Filho do homem, _porventura_ não te disse a casa d’Israel, [4] aquella
casa rebelde: Que fazes tu?

10 Dize-lhes: Assim diz o Senhor JEHOVAH: [5] Esta carga é _contra_ o
principe em Jerusalem, e _contra_ toda a casa d’Israel, que está no meio
d’ella.

11 Dize: [6] Eu _sou_ o vosso maravilhoso signal: assim como eu fiz,
assim se lhes fará a elles; por transportação irão em captiveiro;

12 E o principe [7] que _está_ no meio d’elles aos hombros levará ás
escuras _os trastes_, e sairá: a parede escavarão para os tirarem por
ella: o seu rosto cobrirá, para que elle com o olho não veja a terra.

13 Tambem estenderei [8] a minha rede sobre elle, e será apanhado no meu
laço: [9] e o levarei a Babylonia, á terra dos chaldeos, e _comtudo_ não
a verá, ainda que ali morrerá.

14 E a todos os que _estiverem_ ao redor d’elle em seu soccorro, e
a todas as suas tropas, [10] espalharei a todos os ventos: [11] e
desembainharei a espada atraz d’elles.

15 Assim saberão [12] que eu sou o Senhor, quando eu os derramar entre as
nações e os espalhar pelas terras.

16 Porém d’elles deixarei [13] ficar de resto alguns poucos da espada,
da fome, e da peste, para que contem todas as suas abominações entre as
nações para onde forem; e saberão que eu _sou_ o Senhor.

17 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

18 Filho do homem, [14] o teu pão comerás com tremor, e a tua agua
beberás com estremecimento e com receio.

19 E dirás ao povo da terra: Assim diz o Senhor JEHOVAH ácerca dos
habitantes de Jerusalem, na terra d’Israel: O seu pão comerão com receio,
e a sua agua beberão com susto, [15] porquanto a sua terra será despojada
de sua abundancia, por causa da violencia de todos os que habitam n’ella.

20 E as cidades habitadas serão desoladas, e a terra se tornará em
assolação; e sabereis que eu _sou_ o Senhor.


_Prophecia contra os falsos prophetas._

21 E veiu _ainda_ a mim a palavra do Senhor, dizendo:

22 Filho do homem, que dictado _é_ este _que_ vós tendes na terra
d’Israel, dizendo: [16] Prolongar-se-hão os dias, e perecerá toda a visão?

23 Portanto, dize-lhes: Assim diz o Senhor JEHOVAH: Farei cessar
este dictado, e não se servirão mais d’este dictado em Israel; porém
dize-lhes: [17] _Já_ se chegaram os dias e a palavra de toda a visão.

24 Porque [18] não haverá mais alguma visão vã, nem adivinhação
lisongeira, no meio da casa d’Israel.

25 Porque eu, o Senhor, fallarei, [19] e a palavra que eu fallar se fará;
não terá mais tardança; porque em vossos dias, ó casa rebelde, fallarei
uma palavra e a cumprirei, diz o Senhor JEHOVAH.

26 Veiu mais a mim a palavra do Senhor, dizendo:

27 Filho [20] do homem, eis que _os da_ casa d’Israel dizem: _A_ visão
que este vê _é_ para muitos dias, e elle prophetiza de tempos que estão
longe.

28 Portanto dize-lhes: [21] Assim diz o Senhor JEHOVAH: Não será
differida mais alguma das minhas palavras: e a palavra que fallei se
fará, diz o Senhor JEHOVAH.

[1] cap. 2.3, 6, 7, 8 e 3.26, 27. Isa. 6.9 e 42.20. Jer. 5.21. Mat.
13.13, 14.

[2] cap. 2.5.

[3] Isa. 8.18. cap. 4.3 e 24.24. ver. 11.

[4] cap. 2.5 e 17.12 e 24.19.

[5] Mal. 1.1.

[6] ver. 6. II Reis 25.4, 5, 7.

[7] Jer. 39.4.

[8] Job 19.6. Jer. 52.9. Lam. 1.13. cap. 17.20.

[9] II Reis 25.7. Jer. 52.11. cap. 17.16.

[10] II Reis 25.4, 5. cap. 5.10.

[11] cap. 5.2, 12.

[12] cap. 6.7, 14 e 11.10. ver. 16, 20.

[13] cap. 6.8, 9, 10.

[14] cap. 4.16.

[15] Zac. 7.14.

[16] ver. 27. cap. 11.3.

[17] Joel 2.1. Sof. 1.14.

[18] cap. 13.23. Lam. 2.14.

[19] Isa. 55.11. ver. 28. Dan. 9.12.

[20] ver. 22.

[21] ver. 23, 25.



13 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, prophetiza contra os prophetas de Israel que [1]
prophetizam, e dize aos que prophetizam de seu coração: Ouvi a palavra do
Senhor:

3 Assim diz o Senhor JEHOVAH: Ai dos prophetas loucos, que seguem o seu
_proprio_ espirito e o que não viram!

4 Os teus prophetas, ó Israel, [2] são como raposas nos desertos.

5 Não subistes [3] ás brechas, nem tapastes o muro _quebrado_ para a casa
d’Israel, para estardes na peleja no dia do Senhor.

6 Vêem [4] vaidade e adivinhação mentirosa os que dizem: O Senhor disse;
e o Senhor os não enviou: e fazem que se espere o cumprimento da palavra.

7 _Porventura_ não vêdes visão de vaidade, e não fallaes adivinhação
mentirosa, quando dizeis: O Senhor diz, sendo que eu _tal_ não fallei?

8 Portanto assim diz o Senhor JEHOVAH: Porquanto fallaes vaidade, e vêdes
a mentira, portanto eis que eu _sou_ contra vós, diz o Senhor JEHOVAH.

9 E a minha mão será contra os prophetas que vêem vaidade e que adivinham
mentira: na congregação do meu povo não estarão, [5] nem nos registros
da casa d’Israel se escreverão, [6] nem entrarão na terra de Israel: e
sabereis que eu _sou_ o Senhor JEHOVAH.

10 Porquanto, sim, porquanto andam enganando o meu povo, dizendo: [7]
Paz, não havendo paz; e um edifica a parede de lodo, [8] e eis que outros
a rebocam de cal não adubada;

11 Dize aos que a rebocam de cal não adubada que cairá: [9] haverá _uma_
grande pancada de chuva, e vós, ó pedras grandes de saraiva, caireis, e
_um_ vento tempestuoso _a_ fenderá.

12 Ora, eis que, caindo a parede, não vos dirão: _Então_ onde _está_ o
reboco de que a rebocastes?

13 Portanto assim diz o Senhor JEHOVAH: _Um_ vento tempestuoso farei,
_sim_, romper no meu furor, e _uma_ grande pancada de chuva haverá na
minha ira, e grandes pedras de saraiva na _minha_ indignação, para
consumir.

14 E derribarei a parede que rebocastes de cal não adubada, e darei com
ella por terra, e o seu fundamento se descobrirá; assim cairá, [10] e
perecereis no meio d’ella, e sabereis que eu _sou_ o Senhor.

15 Assim cumprirei o meu furor contra a parede, e contra os que a rebocam
de cal não adubada; e vos direi: _Já_ não _ha_ parede, nem existem os que
a rebocam;

16 _A saber_, os prophetas de Israel, que prophetizam de Jerusalem, [11]
e vêem para ella visão de paz, não havendo paz, diz o Senhor JEHOVAH.

17 E tu, ó filho do homem, [12] dirige o teu rosto contra as filhas do
teu povo, que prophetizam de seu coração, e prophetiza contra ellas.

18 E dize: Assim diz o Senhor JEHOVAH: Ai das que cozem almofadas para
todos os sovacos, e que fazem travesseiros para cabeças de toda a
estatua, para caçarem as almas! _porventura_ caçareis as almas do meu
povo? e as almas guardareis em vida para vós?

19 E me profanareis para com o meu povo, [13] por punhados de cevada,
e por pedaços de pão, para matardes as almas que não haviam de morrer,
e para guardardes em vida as almas que não haviam de viver, mentindo
_assim_ ao meu povo que escuta a mentira?

20 Portanto assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis ahi _vou_ eu contra as vossas
almofadas, com que vós ali caçaes as almas nos jardins, e as arrancarei
de vossos braços, e soltarei as almas que vós caçaes, as almas nos
jardins.

21 E rasgarei os vossos toucadores, e livrarei o meu povo das vossas
mãos, e nunca mais estarão em vossas mãos para _vossa_ caça; [14] e
sabereis que eu _sou_ o Senhor.

22 Porquanto entristecestes o coração do justo _com_ falsidade, não o
havendo eu entristecido; [15] e _porquanto_ esforçastes as mãos do impio,
para que não se desviasse do seu mau caminho, para guardal-o em vida;

23 Portanto [16] não vereis mais a vaidade, nem adivinhareis adivinhação;
mas livrarei o meu povo das vossas mãos, [17] e sabereis que eu _sou_ o
Senhor.

[1] ver. 17.

[2] Can. 2.15.

[3] cap. 22.30.

[4] ver. 23. cap. 12.24 e 22.28.

[5] Esd. 2.50, 62. Neh. 7.5.

[6] cap. 20.38. cap. 11.10, 12.

[7] Jer. 6.14 e 8.11.

[8] cap. 22.28.

[9] cap. 38.22.

[10] ver. 9, 21, 23. cap. 14.8.

[11] Jer. 6.14 e 28.9.

[12] cap. 20.47 e 21.2. ver. 2.

[13] Pro. 28.21. Miq. 3.5.

[14] ver. 9.

[15] Jer. 23.14.

[16] ver. 6, etc. cap. 12.24. Miq. 3.6.

[17] ver. 9. cap. 14.8 e 15.7.



_O castigo dos idolatras._

14 E vieram [1] a mim _alguns_ homens dos anciãos de Israel, e se
assentaram diante de mim.

2 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

3 Filho do homem, [2] estes homens levantaram os seus idolos sobre os
seus corações, e o tropeço da sua maldade pozeram diante da sua face;
[3] _porventura pois_ devéras [AAX] me perguntam?

4 Portanto falla com elles, e dize-lhes: Assim diz o Senhor JEHOVAH:
Qualquer homem da casa de Israel, que levantar os seus idolos sobre o seu
coração, e o tropeço da sua maldade pozer diante da sua face, e vier ao
propheta, eu, o Senhor, vindo elle, lhe responderei conforme a multidão
dos seus idolos;

5 Para apanhar a casa de Israel no seu coração, porquanto todos se
apartaram de mim para _seguirem_ os seus idolos.

6 Portanto dize á casa de Israel: Assim diz o Senhor JEHOVAH:
Convertei-vos, e deixae-vos converter dos vossos idolos; e desviae os
vossos rostos de todas as vossas abominações.

7 Porque qualquer homem da casa de Israel, e dos estrangeiros que
peregrinam em Israel, que se alienar de mim, e levantar os seus idolos
sobre o seu coração, e pozer o tropeço da sua maldade diante do seu
rosto, e vier ao propheta, para me consultar por meio d’elle, eu, o
Senhor, lhe responderei por mim _mesmo_.

8 E porei [4] o meu rosto contra o tal homem, e o assolarei para _que
sirva de_ signal e _de_ dictado, e arrancal-o-hei do meio do meu povo:
[5] e sabereis que eu _sou_ o Senhor.

9 E quando o propheta se deixar persuadir, e fallar alguma coisa, eu, o
Senhor, persuadi [6] esse propheta; e estenderei a minha mão contra elle,
e destruil-o-hei do meio do meu povo Israel,

10 E levarão a sua maldade: como _fôr_ a maldade do que pergunta, assim
será a maldade do propheta;

11 Para que a casa de Israel não se desvie mais [7] d’após mim, nem se
contamine mais com todas as suas transgressões: [8] então elles me serão
por povo, e eu lhes serei por Deus, diz o Senhor JEHOVAH.


_A justiça dos castigos de Deus._

12 Veiu ainda a mim a palavra do Senhor, dizendo:

13 Filho do homem, quando uma terra peccar contra mim, gravemente
rebellando, [9] então estenderei a minha mão contra ella, e lhe quebrarei
o [AAY] sustento do pão, e enviarei contra ella fome, e arrancarei d’ella
homens e animaes:

14 Ainda [10] que estivessem no meio d’ella estes tres homens, Noé,
Daniel e Job, [11] elles pela sua justiça livrariam _sómente_ a sua alma,
diz o Senhor JEHOVAH.

15 Se eu fizer passar pela terra as más [12] bestas, e _ellas_ a
despojarem de filhos, que _ella_ seja assolada, e ninguem possa passar
_por ella_ por causa das bestas;

16 _E_ [13] estes tres homens _estivessem_ no meio d’ella, vivo eu, diz
o Senhor JEHOVAH, que nem a filhos nem a filhas livrariam; elles só
ficariam livres, e a terra seria assolada.

17 Ou, [14] _se_ eu trouxer a espada sobre a tal terra, e disser: Espada,
passa pela terra: [15] e eu arrancar d’ella homens e bestas:

18 Ainda [16] que aquelles tres homens _estivessem_ n’ella, vivo eu, diz
o Senhor JEHOVAH, que nem filhos nem filhas livrariam, senão elles só
ficariam livres.

19 Ou, [17] _se_ eu enviar a peste sobre a tal terra, e derramar o meu
furor sobre ella com sangue, para arrancar d’ella homens e bestas;

20 Ainda que Noé, [18] Daniel e Job _estivessem_ no meio d’ella, vivo eu,
diz o Senhor JEHOVAH, que nem _um_ filho nem _uma_ filha livrariam a sua
alma, mas só elles livrarão as suas proprias almas pela sua justiça.

21 Porque assim diz o Senhor JEHOVAH: Quanto mais, se eu enviar os meus
quatro maus juizos, a espada, e a fome, e as más bestas, e a peste,
contra Jerusalem, [19] para arrancar d’ella homens e bestas?

22 Porém eis que _alguns_ dos que escaparem ficarão de resto n’ella, que
serão tirados para fóra, assim filhos como filhas; eis que elles sairão a
vós, [20] e vereis o seu caminho e os seus feitos; e ficareis consolados
do mal que eu trouxe sobre Jerusalem, _e_ de tudo o que trouxe sobre ella.

23 E vos consolarão, quando virdes o seu caminho e os seus feitos; [21]
e sabereis que não fiz sem razão tudo quanto fiz n’ella, diz o Senhor
JEHOVAH.

[1] cap. 8.1 e 20.1 e 33.31.

[2] cap. 7.19. ver. 4, 7.

[3] II Reis 3.13.

[4] Lev. 17.10 e 20.3, 5, 6. Jer. 44.11. cap. 15.7.

[5] cap. 6.7.

[6] I Reis 22.23. Job 12.16. Jer. 4.10. II The. 2.11.

[7] II Ped. 2.15.

[8] cap. 11.20 e 37.27.

[9] Lev. 26.26. Isa. 3.1. cap. 4.16 e 5.16.

[10] Jer. 15.1. ver. 16, 18, 20. Jer. 7.16 e 11.14 e 14.11.

[11] Pro. 11.4.

[12] Lev. 26.22. cap. 5.17.

[13] ver. 14, 18, 20.

[14] Lev. 26.25. cap. 5.12 e 21.3, 4 e 29.8 e 38.21.

[15] cap. 25.13. Sof. 1.3.

[16] ver. 14.

[17] II Sam. 24.15. cap. 38.22. cap. 7.8.

[18] ver. 14.

[19] cap. 5.17 e 33.27.

[20] cap. 20.43.

[21] Jer. 22.8, 9.



_O pau inutil da videira._

15 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, que mais é o pau da videira do que todo _outro_ pau?
_ou_ o sarmento entre os paus do bosque?

3 Toma-se _porventura_ d’elle madeira para fazer alguma obra? ou toma-se
d’elle alguma estaca, para que se lhe pendure algum traste?

4 Eis que [1] _o_ entregam ao fogo, para que seja consumido; ambas as
suas extremidades consome o fogo, e o meio d’elle fica queimado: serviria
_porventura_ para alguma obra?

5 Eis que, estando inteiro, não se fazia _d’elle_ obra, quanto menos
sendo consumido do fogo? _e_, sendo queimado, se faria ainda obra
_d’elle_?

6 Portanto, assim diz o Senhor JEHOVAH: Como _é_ o pau da videira entre
os paus do bosque, o que entrego ao fogo para que seja consumido, assim
entregarei os habitantes de Jerusalem.

7 Porque porei [2] a minha face contra elles; saindo elles de _um_ fogo,
_outro_ fogo os consumirá; [3] e sabereis que eu _sou_ o Senhor, quando
tiver posto a minha face contra elles.

8 E tornarei a terra em assolação, porquanto grandemente prevaricaram,
diz o Senhor JEHOVAH.

[1] João 15.6.

[2] cap. 14.8. Isa. 24.18.

[3] cap. 6.7 e 7.4 e 11.10 e 20.38, 42, 44.



_A meretriz e as abominações de Jerusalem._

16 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] faze conhecer a Jerusalem as suas abominações.

3 E dize: Assim diz o Senhor JEHOVAH a Jerusalem: [2] A tua origem e o
teu nascimento _procedem_ da terra dos cananeos: teu pae _era_ amorrheo,
e a tua mãe hethea.

4 E, _quanto ao_ teu nascimento, [3] no dia em que nasceste não te foi
cortado o umbigo, nem foste lavada com a agua, [AAZ] vendo-te eu; nem tão
pouco foste esfregada com sal, nem envolta em faixas.

5 Não se compadeceu de ti olho algum, para te fazer alguma coisa d’isto,
compadecido de ti; antes foste lançada na face do campo, pelo nojo da tua
alma, no dia em que tu nasceste.

6 E, passando eu por ao pé de ti, vi-te pizada no teu sangue, e disse-te:
_Ainda que estejas_ no teu sangue, vive; sim, disse-te: _Ainda que
estejas_ no teu sangue, vive.

7 Eu [4] te fiz multiplicar como o renovo do campo, e cresceste, e te
engrandeceste, e chegaste á grande formosura: avultaram os peitos, e
brotou o teu pello; porém _estavas_ nua e descoberta.

8 E, passando eu por ao pé de ti, vi-te, e eis que o teu tempo _era_
tempo de amores; [5] e estendi sobre ti a ourela do meu manto, e cobri a
tua nudez; e dei-te juramento, e entrei em concerto comtigo, diz o Senhor
JEHOVAH, [6] e tu ficaste _sendo_ minha.

9 Então te lavei na agua, e te enxuguei do teu sangue, e te ungi com oleo.

10 E te vesti de bordadura, e te calcei _de pello_ de texugo, e te cingi
de linho fino, e te cobri de seda.

11 E te ornei com ornamentos, [7] e te puz braceletes nas mãos e um
collar á roda do teu pescoço.

12 E te puz uma joia pendente na testa, e pendentes nas orelhas, e _uma_
corôa de gloria na cabeça.

13 E _assim_ foste ornada de oiro e prata, e o teu vestido _foi_ de linho
fino, e de seda e bordadura: [8] nutriste-te de flor de farinha, e mel e
oleo; e foste formosa em extremo, e foste prospera, até chegares a ser
[ABA] rainha.

14 E saiu de [9] ti a fama entre as nações, por causa da tua formosura,
porque perfeita _era_, por causa da minha gloria que eu tinha posto sobre
ti, diz o Senhor JEHOVAH.

15 Porém [10] confiaste na tua formosura, e fornicaste por causa da tua
fama; derramaste as tuas fornicações a todo o que passava, para seres sua.

16 E tomaste [11] dos teus vestidos, e fizeste logares altos
_enfeitados_, de diversas côres, e fornicaste sobre elles; _taes coisas_
não vieram, nem hão de vir.

17 E tomaste as tuas joias de enfeite, que eu te dei do meu oiro e da
minha prata, e fizeste imagens de homens, e fornicaste com ellas.

18 E tomaste os teus vestidos bordados, e as cobriste; e o meu oleo e o
meu perfume pozeste diante d’ellas.

19 E o meu pão que te dei, a flor de farinha, e o oleo e o mel _com que_
eu te sustentava tambem pozeste [12] diante d’ellas em cheiro suave; e
_assim_ foi, diz o Senhor JEHOVAH.

20 Além [13] d’isto, tomaste a teus filhos e tuas filhas, que me tinhas
gerado, e os sacrificaste a ellas, para _os_ consumirem: acaso _é_
pequena a tua fornicação?

21 E mataste a meus filhos, e os entregaste a ellas para os fazerem
passar pelo _fogo_.

22 E em todas as tuas abominações, e tuas fornicações, [14] não te
lembraste dos dias da tua mocidade, [15] quando tu estavas nua e
descoberta, _e_ pizada no teu sangue.

23 E succedeu, depois de toda a tua maldade (ai! ai de ti! diz o Senhor
JEHOVAH),

24 _Que_ edificaste [16] uma [ABB] abobada, [17] e fizeste logares altos
por todas as ruas.

25 A cada canto do caminho edificaste o teu logar alto, e fizeste
abominavel a tua formosura, e alargaste os teus pés a todo o que passava:
e _assim_ multiplicaste as tuas fornicações.

26 Tambem fornicaste com os filhos [18] do Egypto, teus visinhos de
grandes carnes, e multiplicaste a tua fornicação para me provocares á ira.

27 Pelo que eis que estendi a minha mão sobre ti, e diminui a tua porção;
e te entreguei á vontade das que te aborrecem, _a saber_, [19] das filhas
dos philisteos, as quaes se envergonhavam do teu caminho depravado.

28 Tambem fornicaste com os filhos da Assyria, porquanto eras insaciavel;
e, fornicando com elles, [20] nem ainda assim ficaste farta;

29 Antes multiplicaste as tuas fornicações na terra de Canaan até [21]
Chaldea, e nem ainda com isso te fartaste.

30 Quão fraco está o teu coração, diz o Senhor JEHOVAH, fazendo tu todas
estas coisas, obras d’_uma_ mulher meretriz e imperiosa!

31 Edificando tu [22] a tua [ABC] abobada ao canto de cada caminho,
e fazendo o teu logar alto em cada rua! nem foste como a meretriz,
desprezando a paga;

32 _Antes como_ a mulher adultera que, em logar de seu marido, recebe os
estranhos.

33 A todas as meretrizes dão paga, [23] mas tu dás os teus presentes a
todos os teus amantes; e lhes dás presentes, para que venham a ti de
todas as partes, por tuas fornicações.

34 Assim que comtigo succede o contrario das mulheres nas tuas
fornicações, pois após ti não andam para fornicar; porque, dando tu a
paga, e a ti não sendo dada a paga, te fizeste contraria _ás outras_.

35 Portanto, ó meretriz, ouve a palavra do Senhor.

36 Assim diz o Senhor JEHOVAH: Porquanto se derramou o teu dinheiro, e
se descobriu a tua nudez nas tuas fornicações com os teus amantes, como
tambem com todos os idolos das tuas abominações, [24] e no sangue de teus
filhos que lhes deste:

37 Portanto, eis que ajuntarei a [25] todos os teus amantes, com os
quaes te misturaste, como tambem a todos os que amaste, com todos os que
aborreceste, e ajuntal-os-hei contra ti em redor, e descobrirei a tua
nudez diante d’elles, para que vejam toda a tua nudez.

38 E julgar-te-hei segundo [26] o teu juizo das adulteras e das que
derramam sangue; e entregar-te-hei ao sangue de furor e de ciume.

39 E entregar-te-hei nas suas mãos, e derribarão a tua abobada, e
transtornarão os teus altos logares, [27] e te despirão os teus vestidos,
e tomarão as tuas joias de enfeite, e te deixarão nua e descoberta.

40 Então farão subir [28] contra ti _um_ ajuntamento, e te apedrejarão
com pedra, e te traspassarão com as suas espadas.

41 E queimarão [29] as tuas casas a fogo, e executarão juizos contra ti,
aos olhos de muitas mulheres; e te farei cessar de ser meretriz, e paga
não darás mais.

42 Assim farei [30] descançar em ti o meu furor, e os meus ciumes se
desviarão de ti, e me aquietarei, e nunca mais me indignarei.

43 Porquanto [31] não te lembraste dos dias da tua mocidade, e me
provocaste á ira com tudo isto: pelo que, eis que tambem eu farei recair
o teu caminho sobre [32] a _tua_ cabeça, diz o Senhor JEHOVAH, e não
farás tal enormidade de mais sobre todas as tuas abominações.

44 Eis que todo o que usa de proverbios usará de ti _n’este_ proverbio,
dizendo: Qual a mãe, _tal_ sua filha.

45 Tu _és_ a filha de tua mãe, que tinha nojo de seu marido e de seus
filhos; e tu _és_ a irmã de tuas irmãs, que tinham nojo de seus maridos e
de seus filhos: vossa mãe [33] _foi_ hethea, e vosso pae amorrheo.

46 E tua irmã maior _é_ Samaria, ella e suas filhas, a qual habita á tua
esquerda: [34] e tua irmã menor que tu, que habita á tua mão direita, _é_
Sodoma e suas filhas.

47 Todavia não andaste nos caminhos, nem fizeste conforme as suas
abominações, como _se isto_ mui pouco _fôra_; [35] porém te corrompeste
mais do que ellas, em todos os teus caminhos.

48 Vivo eu, diz o Senhor JEHOVAH, _que_ não [36] fez Sodoma, tua irmã,
_nem_ ella, nem suas filhas, como fizeste tu e tuas filhas.

49 Eis que esta foi a maldade de Sodoma, tua irmã; soberba, [37] fartura
de pão, e abundancia de ociosidade teve ella e suas filhas, porém nunca
esforçou a mão do pobre e do necessitado.

50 E se ensoberbeceram, [38] e fizeram abominação diante de mim; pelo que
as tirei d’ali, vendo eu isto.

51 Tambem Samaria não commetteu a metade de teus peccados: e
multiplicaste as tuas abominações mais do que ellas, [39] e justificaste
a tuas irmãs, com todas as tuas abominações que fizeste.

52 Tu _pois_ tambem leva a tua vergonha, tu que julgaste a tuas irmãs,
pelos teus peccados, que fizeste mais abominaveis do que ellas; mais
justas são do que tu: envergonha-te logo tambem, e leva a tua vergonha,
pois justificaste a tuas irmãs.

53 Eu pois farei [40] voltar os captivos d’elles; os captivos de Sodoma e
suas filhas, e os captivos de Samaria e suas filhas, e os captivos do teu
captiveiro entre ellas;

54 Para que leves a tua vergonha, [41] e sejas envergonhada por tudo o
que fizeste, dando-lhes tu consolação.

55 Quando tuas irmãs, Sodoma e suas filhas, tornarem ao seu primeiro
estado, e _tambem_ Samaria e suas filhas tornarem ao seu primeiro estado,
tambem tu e tuas filhas tornareis ao vosso primeiro estado.

56 Nem até Sodoma, tua irmã, foi ouvida na tua bocca, no dia das tuas
soberbas,

57 Antes que se descobrisse a tua maldade, [42] como no tempo do desprezo
das filhas da Syria, e de todos _os que estavam_ ao redor d’ella, [43] as
filhas dos philisteos, que te desprezavam em redor.

58 A tua enormidade e as tuas abominações tu levarás, [44] diz o Senhor.

59 Porque assim diz o Senhor JEHOVAH: Tambem te farei como fizeste; [45]
que desprezaste o juramento, quebrantando o concerto.

60 Comtudo eu me lembrarei do meu concerto comtigo nos dias da tua
mocidade; [46] e estabelecerei comtigo um concerto eterno.

61 Então te lembrarás [47] dos teus caminhos, e te confundirás, quando
receberes tuas irmãs maiores do que tu, com as menores [48] do que tu,
porque t’as darei por filhas, porém não pelo teu concerto.

62 Porque eu estabelecerei [49] o meu concerto comtigo, e saberás que eu
_sou_ o Senhor;

63 Para que te [50] lembres _d’isso_, e te envergonhes, e nunca mais
[51] abras a tua bocca por causa da tua vergonha, quando me reconciliar
comtigo de tudo quanto fizeste, diz o Senhor JEHOVAH.

[1] cap. 20.4 e 22.2.

[2] cap. 21.30. ver. 45.

[3] Ose. 2.3.

[4] Exo. 1.7.

[5] Ruth 3.9.

[6] Exo. 19.5. Jer. 2.2.

[7] Gen. 24.22, 47. Pro. 1.9.

[8] Deu. 32.13, 14.

[9] Lam. 2.15.

[10] Deu. 32.15. Jer. 7.4. Isa. 1.21. Jer. 3.2. cap. 23.3, 8, 11, 12.
Ose. 1.2.

[11] cap. 7.20. Ose. 2.8.

[12] Ose. 2.8.

[13] II Reis 16.3. Isa. 57.5. Jer. 7.31 e 32.35. cap. 20.26 e 23.37.

[14] Jer. 2.2. ver. 43, 60.

[15] ver. 4, 5, 6.

[16] ver. 31.

[17] Jer. 2.20 e 3.2.

[18] cap. 20.7, 8 e 23.19, 20, 21.

[19] ver. 57.

[20] II Chr. 28.23. Jer. 2.18, 36. cap. 23.12, etc.

[21] cap. 23.14, etc.

[22] ver. 24, 39.

[23] Ose. 8.9.

[24] ver. 20. Jer. 2.34.

[25] Jer. 13.22, 26. Lam. 1.8. cap. 23.9, 10, 22, 29. Ose. 2.10 e 8.10.
Nah. 3.5.

[26] Lev. 20.10. Deu. 22.22. cap. 23.45. Gen. 9.6. Exo. 21.12.

[27] ver. 24, 31. cap. 23.26. Ose. 2.3.

[28] cap. 23.46, 47. João 8.5, 7.

[29] Deu. 13.16. II Reis 25.9. Jer. 39.8 e 52.13. cap. 5.8 e 23.27.

[30] cap. 5.13.

[31] ver. 22.

[32] cap. 9.10 e 11.21 e 22.31.

[33] ver. 3.

[34] Deu. 32.32. Isa. 1.10.

[35] II Reis 21.9. ver. 51.

[36] Mat. 10.15 e 11.24.

[37] Gen. 13.10.

[38] Gen. 13.13 e 18.20.

[39] Jer. 3.11.

[40] Isa. 1.9.

[41] cap. 14.22, 23.

[42] Isa. 7.1.

[43] ver. 27.

[44] cap. 23.49.

[45] cap. 17.13, 16. Deu. 29.12, 14.

[46] Jer. 32.40 e 50.5.

[47] cap. 20.43 e 36.31.

[48] Isa. 54.1 e 60.4. Gal. 4.26, etc. Jer. 31.31, etc.

[49] Ose. 2.19, 20.

[50] ver. 61.

[51] Rom. 3.19.



_A parabola das duas aguias e da videira._

17 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, propõe uma parabola, e usa d’uma comparação para com a
casa de Israel.

3 E disse: Assim diz o Senhor JEHOVAH: Uma grande aguia, de grandes azas,
comprida de plumagem, e cheia de pennas de varias côres, veiu ao Libano e
levou o mais alto ramo d’um cedro.

4 _E_ arrancou a ponta mais alta dos seus ramos, e a trouxe á terra de
[ABD] mercancia, na cidade de mercancia, na cidade de mercadores a poz.

5 Tomou da semente da terra, [1] e a lançou n’um campo de semente:
tomando-a, a poz junto ás grandes aguas com grande prudencia.

6 E brotou, e tornou-se n’uma videira mui larga, [2] de pouca altura,
virando-se para ella os seus ramos, porque as suas raizes estavam debaixo
d’ella; e tornou-se n’uma videira, e produzia sarmentos, e brotava
renovos.

7 _E_ houve mais uma grande aguia, de grandes azas, e cheia de pennas;
e eis que esta videira lançou para ella as suas raizes, e estendeu para
ella os seus ramos, para que a regasse pelas aréolas do seu plantio.

8 N’uma boa terra, á borda de muitas aguas, estava ella plantada, para
produzir ramos, e para dar fructo, para que fosse videira excellente.

9 Dize: Assim diz o Senhor JEHOVAH: [3] _Porventura_ prosperará? _ou_
não lhe arrancará as suas raizes, e não cortará o seu fructo, e
seccar-se-ha? _em_ todas as folhas de seus renovos se seccará, e _isto_
não com braço grande, nem com muita gente, para a arrancar pelas suas
raizes.

10 Mas eis que _porventura_, _estando_ plantada, [4] prosperará?
_porventura_, tocando-lhe vento oriental, de todo não se seccará? nas
aréolas do seu plantio se seccará.

11 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

12 Dize agora á casa [5] rebelde: _Porventura_ não sabeis o que _querem
dizer_ estas coisas? dize: [6] Eis que veiu o rei de Babylonia _a_
Jerusalem, e tomou o seu rei e os seus principes, e os levou comsigo para
Babylonia;

13 E tomou [7] _um_ da semente real, e fez concerto com elle, e o trouxe
para _fazer_ juramento; e tomou os poderosos da terra _comsigo_,

14 Para que o reino [8] ficasse humilhado, e não se levantasse: para que,
guardando o seu concerto, podesse subsistir.

15 Porém [9] se rebellou contra elle, enviando os seus mensageiros
ao Egypto, para que se lhe mandassem cavallos e muita gente: [10]
_porventura_ prosperará ou escapará aquelle que faz taes coisas? ou
quebrantará o concerto, e _ainda_ escapará?

16 Vivo eu, diz o Senhor JEHOVAH, [11] que _morrerá_ em logar do rei que
o fez reinar, cujo juramento desprezou, e cujo concerto quebrantou; com
elle no meio de Babylonia morrerá.

17 E Pharaó, [12] nem com grande exercito, nem com uma companhia
numerosa, nada acabará com elle em guerra, [13] levantando tranqueiras e
edificando baluartes, para destruir muitas vidas.

18 Porque desprezou o juramento, quebrantando o concerto, [14] e eis que
deu a sua mão; havendo pois feito todas estas coisas, não escapará.

19 Portanto, assim diz o Senhor JEHOVAH: Vivo eu, que o meu juramento,
que desprezou, e o meu concerto, que quebrantou, isto farei recair sobre
a sua cabeça.

20 E estenderei [15] sobre elle a minha rede, e ficará preso no meu laço;
[16] e o levarei a Babylonia, e ali entrarei em juizo com elle _pela_
rebeldia com que se rebellou contra mim.

21 E todos [17] os seus fugitivos, com todas as suas tropas, cairão á
espada, e os que restarem serão espalhados a todo o vento; e sabereis que
eu, o Senhor, o fallei.

22 Assim diz o Senhor JEHOVAH: [18] Tambem eu tomarei do cucuruto do
cedro alto, e o plantarei; do principal dos seus renovos cortarei o mais
tenro, [19] e o plantarei sobre um monte alto e sublime.

23 No monte alto d’Israel [20] o plantarei, e produzirá ramos, e dará
fructo, e se fará um cedro excellente; [21] e habitarão debaixo d’elle
todas as aves de toda _a sorte de_ azas, _e_ á sombra dos seus ramos
habitarão.

24 Assim saberão todas as arvores do campo que eu, o Senhor, abaixei a
arvore alta, [22] alcei a arvore baixa, sequei a arvore verde, e fiz
reverdecer a arvore secca: [23] eu, o Senhor, o fallei, e o farei.

[1] Deu. 8.7. Isa. 44.4.

[2] ver. 14.

[3] II Reis 25.7.

[4] cap. 19.12. Ose. 13.15.

[5] cap. 2.5 e 12.9.

[6] II Reis 24.11-16.

[7] II Chr. 36.13.

[8] ver. 6. cap. 29.14.

[9] Deu. 17.16. Isa. 31.1, 3.

[10] ver. 9.

[11] Jer. 32.5 e 34.3. cap. 12.13.

[12] Jer. 37.7.

[13] cap. 4.2.

[14] Lam. 5.6.

[15] cap. 12.13 e 32.2.

[16] cap. 20.36.

[17] cap. 12.14.

[18] Isa. 11.1. Jer. 23.5.

[19] Psa. 2.6.

[20] Isa. 2.2, 3. cap. 20.40. Miq. 4.1.

[21] cap. 31.6. Dan. 4.12.

[22] Luc. 1.52.

[23] cap. 22.14 e 24.14.



_A responsabilidade é pessoal._

18 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Que tendes vós, vós que dizeis esta parabola da terra de Israel,
dizendo: Os [1] paes comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se
embotaram?

3 Vivo eu, diz o Senhor JEHOVAH, que nunca mais direis esta parabola em
Israel.

4 Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pae, assim tambem
a alma do filho é minha: [2] a alma que peccar, essa morrerá.

5 Sendo pois o homem justo, e fazendo juizo e justiça,

6 Se não [3] comer sobre os montes, nem levantar os seus olhos para os
idolos da casa de Israel, [4] nem contaminar a mulher do seu proximo, nem
se chegar á mulher na sua separação,

7 E se não opprimir [5] a ninguem, tornando ao devedor o seu penhor, e
se não fizer roubo, [6] se der o seu pão ao faminto, e cobrir ao nú com
vestido,

8 _Se_ não der o seu dinheiro [7] á usura, e não receber demais, _se_
desviar a sua mão da injustiça, e [8] fizer verdadeiro juizo entre homem
e homem,

9 _Se_ andar nos meus estatutos, e guardar os meus juizos, para obrar
_segundo_ a verdade, [9] o tal justo certamente viverá, diz o Senhor
JEHOVAH.

10 E _se_ elle gerar _um_ filho ladrão, [10] derramador de sangue, que
fizer a seu irmão qualquer d’estas coisas;

11 E que não fizer todas as demais _coisas_, mas antes comer sobre os
montes, e contaminar a mulher de seu proximo,

12 Opprimir ao afflicto e necessitado, fizer roubos, não tornar o penhor,
e levantar os seus olhos para os idolos, [11] _e_ fizer abominação,

13 Der _o seu dinheiro_ á usura, e receber demais, _porventura_ viverá?
Não viverá: todas estas abominações elle fez, certamente morrerá; [12] o
seu sangue será sobre elle.

14 E eis que, se _tambem_ elle gerar filho que vir todos os peccados que
seu pae fez, e, vendo-_os_, não commetter coisas similhantes,

15 [13] Não comer sobre os montes, e não levantar os seus olhos para os
idolos da casa de Israel, _e_ não contaminar a mulher de seu proximo,

16 E não opprimir a ninguem, _e_ não retiver o penhor, e não fizer roubo,
der o seu pão ao faminto, e cobrir ao nú com vestido,

17 Desviar do afflicto a sua mão, não receber usura em demasia, fizer os
meus juizos, _e_ andar nos meus estatutos, o tal não morrerá pela maldade
de seu pae; certamente viverá.

18 Seu pae, porquanto fez oppressão, roubou os bens do irmão, e fez o que
não _era_ bom no meio de seu povo, [14] eis que elle morrerá pela sua
maldade.

19 Porém dizeis: [15] Porque não levará o filho a maldade do pae? Porque
o filho fez juizo e justiça, _e_ guardou todos os meus estatutos, e os
praticou, _por isso_ certamente viverá.

20 A alma [16] que peccar, essa morrerá: [17] o filho não levará a
maldade do pae, nem o pae levará a maldade do filho: [18] a justiça do
justo será sobre elle, e a impiedade do impio será sobre elle.

21 Mas [19] _se_ o impio se converter de todos os seus peccados que
commetteu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer juizo e justiça,
certamente viverá; não morrerá.

22 De todas as suas transgressões que commetteu não haverá lembrança [20]
contra elle: pela sua justiça que praticou viverá.

23 _Porventura_ [21] de qualquer maneira desejaria eu a morte do impio?
diz o Senhor JEHOVAH; _porventura_ não desejo que se converta dos seus
caminhos e viva?

24 Mas, [22] desviando-se o justo da sua justiça, e commettendo a
iniquidade, fazendo conforme todas as abominações que faz o impio,
_porventura_ viveria? [23] de todas as suas justiças que tiver feito
não se fará memoria: na sua transgressão com que transgrediu, e no seu
peccado com que peccou, n’elles morrerá.

25 Dizeis, porém: [24] O caminho do Senhor não é [ABE] direito. Ouvi
agora, ó casa d’Israel: _Porventura_ não são os vossos caminhos [ABF]
indirectos?

26 Desviando-se [25] o justo da sua justiça, e commettendo iniquidade,
morrerá por ella: na sua iniquidade que commetteu morrerá.

27 Porém, [26] convertendo-se o impio da sua impiedade que commetteu, e
praticando o juizo e a justiça, conservará este a sua alma em vida.

28 Porquanto considera, [27] e se converte de todas as suas transgressões
que commetteu; certamente viverá, não morrerá.

29 Comtudo, [28] diz a casa d’Israel: O caminho do Senhor não é direito.
_Porventura_ os meus caminhos não serão direitos, ó casa de Israel?
_porventura_ não são os vossos caminhos indirectos?

30 Portanto, [29] eu vos julgarei, cada um conforme os seus caminhos, ó
casa d’Israel, diz o Senhor JEHOVAH: tornae-vos, [30] e convertei-vos de
todas as vossas transgressões, e a iniquidade não vos servirá de tropeço.

31 Lançae [31] de vós todas as vossas transgressões com que
transgredistes, [32] e fazei-vos um coração novo e um espirito novo; pois
por que razão morrerieis, ó casa d’Israel?

32 Porque não tomo prazer [33] na morte do que morre, diz o Senhor
JEHOVAH: convertei-vos, pois, e vivei.

[1] Jer. 31.29.

[2] ver. 20. Rom. 6.23.

[3] cap. 22.9.

[4] Lev. 18.20 e 20.10. Lev. 18.19 e 20.18.

[5] Exo. 22.21. Lev. 19.15 e 25.14.

[6] Deu. 15.7, 8. Isa. 58.7. Mat. 25.35, 36.

[7] Exo. 22.25. Lev. 25.36, 37. Deu. 23.19. Neh. 5.7.

[8] Deu. 1.16. Zac. 8.16.

[9] cap. 20.11. Amós 5.4.

[10] Gen. 9.6. Exo. 21.12. Num. 35.31.

[11] cap. 8.6, 17.

[12] Lev. 20.9, 11, 12, 13, 16, 27. Act. 18.6.

[13] ver. 6, etc.

[14] cap. 3.18.

[15] Exo. 20.5. Deu. 5.9. II Reis 23.26 e 24.3, 4.

[16] ver. 4.

[17] Deu. 24.16. II Reis 14.6. II Chr. 25.4. Jer. 31.29, 30.

[18] Isa. 3.10, 11. Rom. 2.9.

[19] ver. 27. cap. 33.12, 19.

[20] cap. 33.16.

[21] ver. 32. cap. 33.11. I Tim. 2.4. II Ped. 3.9.

[22] cap. 3.20 e 32.12, 13, 18.

[23] II Ped. 2.20.

[24] ver. 29. cap. 33.17, 20.

[25] ver. 24.

[26] ver. 21.

[27] ver. 14.

[28] ver. 25.

[29] cap. 7.3 e 33.20.

[30] Mat. 3.2. Apo. 2.5.

[31] Eph. 4.22, 23.

[32] Jer. 32.39. cap. 11.19 e 36.26.

[33] Lam. 3.33. ver. 23. cap. 33.11. II Ped. 3.9.



_O lamento da leoa; a parabola da videira._

[Antes de Christo 593]

19 E tu levanta [1] _uma_ lamentação sobre os principes d’Israel.

2 E dize: Quem _foi_ tua mãe? _uma_ leoa entre leões deitada creou os
seus cachorros no meio dos leõesinhos.

3 E fez crescer um dos seus cachorrinhos, [2] _e_ veiu a ser leãosinho e
aprendeu a apanhar a preza; e devorou os homens,

4 E, ouvindo fallar d’elle as nações, foi apanhado na cova d’ellas, [3] e
o trouxeram com ganchos á terra do Egypto.

5 Vendo pois ella que havia esperado _muito_, _e que_ a sua expectação
era perdida, tomou outro dos seus cachorros, _e_ fez d’elle _um_
leãosinho.

6 _Este_ pois, andando [4] continuamente no meio dos leões, veiu a ser
leãosinho, e aprendeu a apanhar a preza: e devorou homens.

7 E conheceu [ABG] os seus palacios, e destruiu as suas cidades; e
assolou-se a terra, e a sua plenitude, ao ouvir o seu rugido.

8 Então se ajuntavam [5] contra elle as gentes das provincias em roda, e
estenderam sobre elle a rede, _e_ foi apanhado na cova d’ellas.

9 E metteram-n’o [6] em [ABH] carcere com ganchos, e o levaram ao rei de
Babylonia; fizeram-n’o entrar nos logares fortes, [7] para que se não
ouvisse mais a sua voz nos montes de Israel.

10 Tua mãe _era_ como [8] uma videira [ABI] na tua quietação, plantada á
borda das aguas, fructificando, e foi cheia de ramos, [9] por causa das
muitas aguas.

11 E tinha varas fortes para sceptros de dominadores, [10] e elevou-se
a sua estatura entre os espessos ramos; e foi vista na sua altura com a
multidão dos seus ramos.

12 Porém foi arrancada com furor, foi abatida até á terra, [11] e o vento
oriental seccou o seu fructo; quebraram-se e seccaram-se as suas fortes
varas, o fogo as consumiu,

13 E agora _está_ plantada no deserto, n’uma terra secca e sedenta.

14 E d’uma vara dos seus ramos saiu fogo [12] _que_ consumiu o seu fructo
de maneira que n’ella não ha _mais_ vara forte, sceptro para dominar.
Esta é a lamentação, e servirá de lamentação.

[1] cap. 26.17 e 27.2.

[2] ver. 6. II Reis 23.31, 32.

[3] II Reis 23.33. Jer. 22.11, 12.

[4] Jer. 22.13, 17. ver. 13.

[5] II Reis 24.2.

[6] II Chr. 36.6. Jer. 22.18.

[7] cap. 6.2.

[8] cap. 17.6.

[9] Deu. 8.7, 8, 9.

[10] cap. 31.3. Dan. 4.11.

[11] cap. 17.10. Ose. 13.15.

[12] Jui. 9.15.



_As abominações da casa de Israel depois do exodo._

20 E aconteceu, no setimo anno, no _mez_ quinto, aos dez do mez, [1]
_que_ vieram alguns dos anciãos de Israel, para consultarem o Senhor; e
assentaram-se diante de mim.

2 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

3 Filho do homem, falla aos anciãos de Israel, e dize-lhes: Assim diz
o Senhor JEHOVAH: Vindes vós consultar-me? [2] vivo eu, que vós não me
consultareis, diz o Senhor JEHOVAH.

4 _Porventura_ tu os julgarias, [3] julgarias tu, ó filho do homem?
notifica-lhes as abominações de seus paes;

5 E dize-lhes: Assim diz o Senhor JEHOVAH: [4] No dia em que escolhi a
Israel, levantei a minha mão para a semente da casa de Jacob, e me dei
a conhecer a elles na terra do Egypto, [5] e levantei a minha mão para
elles, dizendo: Eu _sou_ o Senhor vosso Deus;

6 N’aquelle dia levantei a minha mão para elles, [6] que os tiraria da
terra do Egypto, para _uma_ terra que _já_ tinha previsto para elles, que
mana leite e mel, [7] que _é_ a gloria de todas as terras.

7 Então lhes disse: [8] Cada um lance de si as abominações dos seus
olhos, e não vos contamineis com os idolos do Egypto: eu _sou_ o Senhor
vosso Deus.

8 Porém rebellaram-se contra mim, e não me quizeram ouvir; ninguem
lançava de si as abominações dos seus olhos, nem deixava os idolos do
Egypto: então eu disse que derramaria sobre elles [9] o meu furor, para
cumprir a minha ira contra elles no meio da terra do Egypto.

9 Porém [10] obrei por amor do meu nome, para que não fosse profanado
diante dos olhos das nações, no meio das quaes _estavam_, a cujos olhos
eu me dei a conhecer a elles, para os tirar para fóra da terra do Egypto.

10 E os tirei [11] para fóra da terra do Egypto, e os levei ao deserto.

11 E dei-lhes [12] os meus estatutos, e lhes mostrei os meus juizos, [13]
os quaes, _se_ os fizer o homem, viverá por elles.

12 E tambem lhes dei os meus [14] sabbados, para que servissem de signal
entre mim e entre elles: para que soubessem que eu _sou_ o Senhor que os
sanctifica.

13 Mas a casa de Israel [15] se rebellou contra mim no deserto, não
andando nos meus estatutos, e rejeitando os meus juizos, os quaes,
fazendo-os, o homem viverá por elles; [16] e profanaram grandemente
os meus sabbados; e eu disse que derramaria sobre elles o meu furor no
deserto, para os consumir.

14 Porém obrei [17] por amor do meu nome, para que não fosse profanado
diante dos olhos das nações perante cujos olhos os fiz sair.

15 E, comtudo, eu levantei [18] a minha mão para elles no deserto, que
não os faria entrar na terra que _lhes_ tinha dado, que mana leite e mel,
que é a gloria de todas as terras,

16 Porque [19] rejeitaram os meus juizos, e não andaram nos meus
estatutos, e profanaram os meus sabbados; [20] porque o seu coração
andava após os seus idolos.

17 Porém o meu olho lhes perdoou, para não os destruir nem os consumir no
deserto.

18 Mas disse eu a seus filhos no deserto: Não andeis nos estatutos de
vossos paes, nem guardeis os seus juizos, nem vos contamineis com os seus
idolos.

19 Eu _sou_ o Senhor vosso Deus; [21] andae nos meus estatutos, e guardae
os meus juizos, e fazei-os.

20 E sanctificae [22] os meus sabbados, e servirão de signal entre mim e
entre vós, para que saibaes que eu _sou_ o Senhor vosso Deus.

21 Mas _tambem_ os filhos se rebellaram contra mim, [23] e não andaram
nos meus estatutos, nem guardaram os meus juizos para os fazer, os quaes,
fazendo-os, [24] o homem viverá por elles; _tambem_ profanaram os meus
sabbados; [25] e eu disse que derramaria sobre elles o meu furor, para
cumprir contra elles a minha ira no deserto.

22 Porém retirei a minha mão, [26] e obrei por amor do meu nome, para que
não fosse profanado perante os olhos das nações, perante cujos olhos os
fiz sair.

23 Tambem eu levantei a minha mão para elles no deserto, [27] que os
espalharia entre as nações, e os derramaria pelas terras;

24 Porque [28] não fizeram os meus juizos, e rejeitaram os meus
estatutos, e profanaram os meus sabbados, [29] e os seus olhos se iam
após os idolos de seus paes.

25 Pelo que tambem eu lhes dei estatutos _que_ não [30] _eram_ bons, como
tambem juizos pelos quaes não haviam de viver;

26 E os contaminei em os seus dons, [31] porquanto faziam passar _pelo
fogo_ tudo o que abre a madre: [32] para os assolar, para que soubessem
que eu _sou_ o Senhor.

27 Portanto falla á casa de Israel, ó filho do homem, e dize-lhe: Assim
diz o Senhor JEHOVAH: [33] Ainda até n’isto me blasphemaram vossos paes,
que, com uma transgressão, transgrediram contra mim.

28 Porque, havendo-os eu introduzido na terra sobre a qual eu levantara
a minha mão que lh’a havia de dar, [34] então olharam para todo o
outeiro alto, e para toda a arvore espessa, e sacrificaram ali os seus
sacrificios, e apresentaram ali a provocação das suas offertas, pozeram
ali [35] os seus cheiros suaves, e ali derramaram as suas libações.

29 E eu lhes disse: Que alto _é_ este, aonde vós ides? e seu nome foi
chamado [ABJ] Bamah até ao dia de hoje.

30 Portanto dize á casa de Israel: Assim diz o Senhor JEHOVAH: Estaes
vós contaminados no caminho de vossos paes? e fornicaes após as suas
abominações?

31 E, [36] quando offereceis os vossos dons, e fazeis passar os vossos
filhos pelo fogo, _então_ vós estaes contaminados com todos os vossos
idolos, [37] até este dia? e vós me consultarieis, ó casa de Israel? vivo
eu, diz o Senhor JEHOVAH, que vós me não consultareis.

32 E o que subiu [38] ao vosso espirito de maneira alguma succederá,
quando dizeis: Seremos como as nações, como as _demais_ gerações da
terra, servindo ao madeiro e á pedra.

33 Vivo eu, diz o Senhor JEHOVAH, [39] que com mão forte, e com braço
estendido, e com indignação derramada, hei de reinar sobre vós,

34 E vos tirarei d’entre os povos, e vos congregarei das terras nas quaes
andaes espalhados, com mão forte, e com braço estendido, e com indignação
derramada.

35 E vos levarei ao deserto dos povos; [40] e ali entrarei em juizo
comvosco cara a cara.

36 Como _já_ entrei em juizo com vossos [41] paes, no deserto da terra
do Egypto, assim entrarei em juizo comvosco, diz o Senhor JEHOVAH.

37 E vos farei passar debaixo da vara, e vos farei entrar no vinculo do
concerto.

38 E separarei [42] d’entre vós os rebeldes, e os que prevaricaram contra
mim; da terra das suas peregrinações os tirarei, [43] mas á terra de
Israel não voltarão: e sabereis que eu _sou_ o Senhor.

39 E, quanto a vós, ó casa de Israel, assim diz o Senhor JEHOVAH: Ide,
[44] servi cada um os seus idolos, pois que a mim me não quereis ouvir;
[45] não profaneis mais o meu sancto nome com as vossas dadivas e com os
vossos idolos.

40 Porque [46] no meu sancto monte, no monte alto de Israel, diz o Senhor
JEHOVAH, ali me servirá toda a casa de Israel, toda ella n’aquella terra:
[47] ali me deleitarei n’elles, e ali demandarei as vossas offertas
alçadas, e as primicias das vossas dadivas, com todas as vossas coisas
sanctas.

41 Com cheiro suave [48] me deleitarei em vós, quando eu vos tirar
d’entre os povos e vos congregar das terras em que andaes espalhados; e
serei sanctificado em vós perante os olhos das nações.

42 E sabereis [49] que eu _sou_ o Senhor, quando eu vos tiver tornado _a
trazer_ á terra de Israel, á terra pela qual levantei a minha mão para
dal-a a vossos paes.

43 E ali [50] vos lembrareis de vossos caminhos, e de todos os vossos
tratos com que vos contaminastes, [51] e tereis nojo de vós mesmos, por
todas as vossas maldades que tendes commettido.

44 E sabereis [52] que eu _sou_ o Senhor, quando eu obrar comvosco por
amor do meu nome; não conforme os vossos maus caminhos, nem conforme os
vossos tratos corruptos, ó casa de Israel, disse o Senhor JEHOVAH.

45 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

46 Filho do homem, [53] dirige o teu rosto para o caminho do sul, e
derrama _as tuas palavras_ contra o sul, e prophetiza contra o bosque do
campo do sul.

47 E dize ao bosque do sul: Ouve a palavra do Senhor: Assim diz o Senhor
JEHOVAH: [54] Eis que accenderei em ti um fogo que em ti consumirá toda a
arvore verde e toda a arvore secca: não se apagará a chamma flammejante,
antes com ella se queimarão todos os rostos, desde o sul até ao norte.

48 E verá toda a carne que eu, o Senhor, o accendi: não se apagará.

49 Então disse eu: Ah! Senhor JEHOVAH! elles dizem de mim: _Porventura_
não falla este por parabolas?

[1] cap. 8.1 e 14.1.

[2] ver. 31. cap. 14.3.

[3] cap. 22.2 e 23.36. cap. 16.2.

[4] Exo. 6.7. Deu. 7.6.

[5] Exo. 3.8 e 4.31. Deu. 4.34. Exo. 20.2.

[6] Exo. 3.8, 17. Deu. 8.7, 8, 9. Jer. 32.22.

[7] Zac. 7.14.

[8] cap. 18.31. II Chr. 15.8. Lev. 17.7. Deu. 29.16, 17, 18. Jos. 24.14.

[9] cap. 7.8. ver. 13, 21.

[10] Num. 14.13, etc. ver. 14, 22.

[11] Exo. 13.18.

[12] Neh. 9.13, 14.

[13] Rom. 10.5. Gal. 3.12.

[14] Exo. 20.8 e 31.13, etc. e 35.2. Deu. 5.12. Neh. 9.14.

[15] Num. 14.22. Pro. 1.25.

[16] Num. 14.29 e 26.65.

[17] ver. 9, 22.

[18] Num. 14.30.

[19] ver. 13, 24.

[20] Amós 5.25, 26. Act. 7.42, 43.

[21] Deu. 5.32, 33 e 6.7 e 8 e 10 e 11 e 12.

[22] ver. 12. Jer. 17.22.

[23] Num. 25.1, 2. Deu. 9.23, 24 e 31.27.

[24] ver. 11, 13.

[25] ver. 8, 13.

[26] ver. 9, 14.

[27] Lev. 26.33. Deu. 28.64. Jer. 15.4.

[28] ver. 13, 16.

[29] cap. 6.9.

[30] ver. 39. Rom. 1.24. II The. 2.11.

[31] II Reis 17.17 e 21.6. II Chr. 28.3 e 33.6. Jer. 32.35. cap. 16.20,
21.

[32] cap. 6.7.

[33] Rom. 2.24.

[34] Isa. 57.5, etc. cap. 6.13.

[35] cap. 16.19.

[36] ver. 26.

[37] ver. 8.

[38] cap. 11.5.

[39] Jer. 21.5.

[40] Jer. 2.9, 35. cap. 17.20.

[41] Num. 14.21, 22, 23, 28, 29.

[42] cap. 34.17, 20. Mat. 25.32, 33.

[43] Jer. 44.14.

[44] Amós 4.4.

[45] Isa. 1.13. cap. 23.38, 39.

[46] Isa. 2.2, 3. cap. 17.23. Miq. 4.1.

[47] Isa. 56.7 e 60.7. Zac. 8.20, etc. Mal. 3.4. Rom. 12.1.

[48] Eph. 5.2. Phi. 4.18.

[49] ver. 38, 44. cap. 36.23 e 38.23.

[50] cap. 16.61.

[51] Lev. 26.39. cap. 6.9. Ose. 5.15.

[52] ver. 38. cap. 24.24 e 36.22.

[53] cap. 6.2 e 21.2.

[54] Jer. 21.14. Luc. 23.31.



_A espada do Senhor._

21 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho [1] do homem, dirige o teu rosto contra Jerusalem, e derrama _as
tuas palavras_ contra os sanctuarios, e prophetiza contra a terra de
Israel.

3 E dize á terra de Israel: Assim diz o Senhor: Eis me aqui contra ti, e
tirarei a minha espada da sua bainha, [2] e exterminarei _do meio_ de ti
o justo e o impio.

4 E, porquanto hei de exterminar _do meio_ de ti o justo e o impio, por
isso sairá a minha espada da sua bainha contra toda a carne, [3] desde o
sul _até_ ao norte.

5 E saberá toda a carne que eu, o Senhor, tirei a minha espada da sua
bainha: [4] nunca mais voltará _a ella_.

6 Tu, porém, ó filho do homem, suspira; suspira [5] aos olhos d’elles,
com quebrantamento dos lombos e com amargura.

7 E será que, quando elles te disserem: Porque suspiras tu? dirás: Pela
fama, porque _já_ vem; e todo o coração desmaiará, e todas [6] as mãos
se enfraquecerão, e todo o espirito se angustiará, e todos os joelhos se
desfarão em aguas; eis que _já_ vem, e se fará, diz o Senhor JEHOVAH.

8 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

9 Filho do homem, prophetiza, e dize: Assim diz o Senhor: dize: A espada,
[7] a espada está afiada, e tambem açacalada.

10 Para matar com grande matança está afiada, para reduzir está
açacalada: alegrar-nos-hemos _pois_? a vara de meu filho é que despreza
todo o madeiro.

11 E a deu a açacalar, para usar d’ella com a mão: esta espada está
afiada, e está açacalada, [8] para a metter na mão do que está para matar.

12 Grita e uiva, ó filho do homem, porque esta será contra o meu povo,
_será_ contra todos os principes de Israel: [9] espantos terá o meu povo
por causa da espada; portanto bate na côxa.

13 Quando se fez [10] a prova que havia então? _porventura_ tambem não
haveria vara desprezadora? diz o Senhor JEHOVAH.

14 Tu pois, ó filho do homem, prophetiza, [11] e bate com as mãos uma na
outra; porque a espada até á terceira vez se dobrará: a espada _é_ dos
atravessados grandes, [12] que entrará a elles até nas recamaras.

15 Para que desmaie o coração, e se multipliquem os tropeços, [13] contra
todas as suas portas puz a ponta da espada, a que foi feita para reduzir,
e está reservada para matar!

16 Ó [14] _espada_, [ABK] reune-te, vira-te para a direita; prepara-te,
vira-te para a esquerda, para onde quer que o teu rosto se dirigir.

17 E tambem eu baterei [15] com as minhas mãos uma na outra, e farei
descançar a minha indignação: eu, o Senhor, _o_ fallei.

18 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

19 Tu pois, ó filho do homem, propõe dois caminhos, por onde venha a
espada do rei de Babylonia: ambos procederão de uma mesma terra, e
escolhe uma banda; no cimo do caminho da cidade o escolhe.

20 Um caminho proporás, [16] por onde virá a espada contra Rabba dos
filhos d’Ammon, e contra Judah, em Jerusalem, a fortificada.

21 Porque o rei de Babylonia parará na encruzilhada, no cimo dos
dois caminhos, para usar de adivinhações; aguçará as _suas_ frechas,
consultará os terafins, attentará para o figado.

22 Á sua direita estará a adivinhação sobre Jerusalem, para ordenar
os arietes, para abrir a bocca á matança, [17] para levantar a voz
com jubilo, para pôr os arietes contra as portas, para levantar _uma_
tranqueira, para edificar _um_ baluarte.

23 Isto será aos olhos d’elles como adivinhação vã, _porquanto_ foram
ajuramentados _com_ juramentos entre elles; porém elle se lembrará da
maldade, para que sejam apanhados.

24 Portanto assim diz o Senhor JEHOVAH: Porquanto _me fazeis_ lembrar da
vossa maldade, descobrindo-se as vossas prevaricações, apparecendo os
vossos peccados em todos os vossos tratos, porquanto viestes em memoria,
sereis apanhados na mão.

25 E tu, [18] ó profano e impio principe d’Israel, cujo dia virá no campo
da extrema maldade,

26 Assim diz o Senhor JEHOVAH: Tira para fóra o diadema, e levanta _de
ti_ a corôa; esta não será a mesma; [19] exalta ao humilde, e humilha ao
soberbo.

27 Ao revéz, ao revéz, ao revéz porei aquella _corôa_, [20] e ella _mais_
não será, até que venha _aquelle_ a quem pertence de direito, e _a elle_
a darei.

28 E tu, ó filho do homem, prophetiza, e dize: [21] Assim diz o Senhor
JEHOVAH ácerca dos filhos de Ammon, e ácerca do seu desprezo: dize pois:
A espada, a espada _está_ desembainhada, açacalada para a matança, para
consumir, para reluzir;

29 Entretanto que te [22] vêem vaidade, entretanto que te adivinham
mentira, para te pôrem aos pescoços dos traspassados pelos impios, [23]
cujo dia virá no tempo da extrema maldade.

30 Torna a _tua espada_ á sua bainha: no logar em que foste creado, [24]
na terra do teu nascimento, julgarei.

31 E derramarei sobre ti a minha indignação, [25] assoprarei contra
ti o fogo do meu furor, entregar-te-hei nas mãos dos homens fogosos,
inventores de destruição.

32 Para o fogo servirás de pasto: o teu sangue será no meio da terra: não
virás em memoria; porque eu, o Senhor, _o_ fallei.

[1] cap. 20.46. Deu. 52.2. Amós 7.16.

[2] Job 9.22.

[3] cap. 20.47.

[4] Isa. 45.23 e 55.11.

[5] Isa. 24.4.

[6] cap. 7.17.

[7] Deu. 32.41. ver. 15, 28.

[8] ver. 19.

[9] Jer. 31.19.

[10] Job 9.23. II Cor. 8.2.

[11] Num. 24.10. ver. 17. cap. 6.11.

[12] I Reis 20.30.

[13] ver. 10, 28.

[14] cap. 14.17.

[15] ver. 14. cap. 22.13. cap. 5.13.

[16] Jer. 40.2. cap. 25.5. Amós 1.14.

[17] Jer. 51.14. cap. 4.2.

[18] II Chr. 36.16. Jer. 52.2. cap. 17.19.

[19] cap. 17.24. Luc. 1.52.

[20] Gen. 49.10. ver. 13. Luc. 1.32, 33.

[21] Jer. 49.1. cap. 25.2, 3, 6. Sof. 2.8, 9, 10.

[22] cap. 12.24 e 22.28.

[23] ver. 25. Job 18.20.

[24] Jer. 47.6, 7. Gen. 15.14. cap. 16.38.

[25] cap. 22.20, 21.



_As abominações de Jerusalem._

22 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Tu pois, ó filho do homem, [1] _porventura_ julgarás, julgarás a cidade
sanguinolenta? faze-lhe conhecer pois todas as suas abominações.

3 E dize: Assim diz o Senhor JEHOVAH: Ai da cidade que derrama o sangue
no meio d’ella, para que venha o seu tempo! que faz idolos contra si
mesma, para se contaminar!

4 Pelo teu sangue [2] que derramaste te fizeste culpada, e pelos teus
idolos que fabricaste te contaminaste, e fizeste chegar os teus dias, e
vieste aos teus annos; [3] por isso eu te fiz o opprobrio das nações e o
escarneo de todas as terras.

5 As que estão perto e as que estão longe de ti escarnecerão de ti,
immunda de nome, cheia de inquietação.

6 Eis que [4] os principes de Israel, cada um conforme o seu poder,
estiveram em ti, para derramarem o sangue.

7 Ao pae e _á_ mãe [5] desprezaram em ti; para com o estrangeiro usaram
de oppressão no meio de ti: ao orphão e á viuva opprimiram em ti.

8 As minhas [6] coisas sagradas desprezaste, e os meus sabbados
profanaste.

9 Homens calumniadores [7] se acharam em ti, para derramarem o sangue; e
em ti sobre os montes comeram; enormidade commetteram no meio de ti.

10 A vergonha do pae [8] descobriram em ti: _a que estava_ immunda, na
sua separação, humilharam no meio de ti.

11 Tambem um fez [9] abominação com a mulher do seu proximo, e outro
contaminou abominavelmente a sua nora, e outro humilhou no meio de ti a
sua irmã, filha de seu pae.

12 Presentes receberam [10] no meio de ti para derramarem o sangue: usura
e demasia tomaste, e usaste de avareza com o teu proximo, opprimindo-o;
[11] porém de mim te esqueceste, diz o Senhor JEHOVAH.

13 E eis que bati [12] as mãos contra a tua avareza, de que usaste, e por
causa de teu sangue, que houve no meio de ti.

14 _Porventura_ [13] estará firme o teu coração? _porventura_ estarão
fortes as tuas mãos, nos dias em que eu tratarei comtigo? eu, o Senhor,
[14] o fallei, e _o_ farei.

15 E espalhar-te-hei [15] entre as nações, e espalhar-te-hei pelas
terras, e consumirei a tua immundicia.

16 Assim serás profanada em ti aos olhos das nações, e saberás que eu
_sou_ o Senhor.

17 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

18 Filho do homem, [16] a casa de Israel se tornou para mim em escorias:
todos elles _são_ bronze, e estanho, e ferro, e chumbo no meio do forno:
em escorias de prata se tornaram.

19 Portanto assim diz o Senhor JEHOVAH: Porquanto todos vós vos tornastes
em escorias, por isso eis que eu vos ajuntarei no meio de Jerusalem.

20 _Como_ se ajuntam a prata, e o bronze, e o ferro, e o chumbo, e o
estanho, no meio do forno, para assoprar o fogo sobre elles, para fundir,
assim vos ajuntarei na minha ira e no meu furor, e _ali_ vos deixarei e
fundirei.

21 E congregar-vos-hei, [17] e assoprarei sobre vós o fogo do meu furor;
e sereis fundidos no meio d’ella.

22 Como se funde a prata no meio do forno, assim sereis fundidos no meio
d’ella; e sabereis que eu, o Senhor, [18] derramei o meu furor sobre vós.

23 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

24 Filho do homem, dize-lhe: Tu _és uma_ terra que não está purificada: e
não tem chuva no dia da indignação.

25 Conjuração [19] dos seus prophetas _ha_ no meio d’ella, como _um_
leão que dá bramido, que arrebata a preza: [20] elles devoram as almas;
thesouros e coisas preciosas tomam, multiplicam as suas viuvas no meio
d’ella.

26 Os seus sacerdotes [21] violentam a minha lei, e profanam as minhas
coisas sagradas; [22] entre o sancto e o profano não fazem differença,
nem discernem o impuro do puro; e de meus sabbados escondem os seus
olhos, e _assim_ sou profanado no meio d’elles.

27 Os seus principes [23] no meio d’ella _são_ como lobos que arrebatam a
preza, para derramarem o sangue, para destruirem as almas, para seguirem
a avareza.

28 E os seus prophetas [24] os rebocam de cal não adubada, vendo vaidade,
e predizendo-lhes mentira, dizendo: Assim diz o Senhor JEHOVAH; sem que o
Senhor tivesse fallado.

29 Ao povo [25] da terra opprimem gravemente, [26] e andam fazendo
roubos, e fazem violencia ao afflicto e necessitado, e ao estrangeiro
opprimem sem razão.

30 E busquei [27] d’entre elles _um_ homem que estivesse tapando o muro,
e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a
destruisse; porém a ninguem achei.

31 Por isso eu derramei sobre elle a minha indignação, com o fogo do meu
furor os consumi; fiz que o seu caminho recaisse sobre as suas cabeças,
diz o Senhor JEHOVAH.

[1] cap. 20.4 e 23.36. cap. 24.6, 9. Nah. 3.1.

[2] II Reis 21.16.

[3] Deu. 28.37. I Reis 9.7. cap. 5.14. Dan. 9.16.

[4] Isa. 1.23. Miq. 3.1, 2, 3.

[5] Deu. 27.16. Exo. 22.21, 22.

[6] ver. 26. Lev. 19.30. cap. 23.28.

[7] Exo. 23.1. Lev. 19.16. cap. 18.6, 11.

[8] Lev. 18.7, 8 e 20.11. I Cor. 5.1. Lev. 18.19 e 20.18. cap. 18.6.

[9] Lev. 18.20 e 20.10. Deu. 22.22. Lev. 18.9 e 20.17.

[10] Exo. 23.8. Deu. 16.19 e 27.25. Lev. 25.36. Deu. 23.19. cap. 18.13.

[11] Deu. 32.18. Jer. 3.21. cap. 23.35.

[12] cap. 21.17.

[13] cap. 21.7.

[14] cap. 17.24.

[15] Deu. 4.27 e 28.25, 64. cap. 12.14, 15 e 23.27, 48.

[16] Isa. 1.22. Jer. 6.28, etc.

[17] cap. 22.20, 21, 22.

[18] cap. 20.8, 33. ver. 31.

[19] Ose. 6.9.

[20] Mat. 23.14. Miq. 3.11. Sof. 3.3, 4.

[21] Mal. 2.8. Lev. 22.2, etc. I Sam. 2.29.

[22] Lev. 10.10. Jer. 15.19. cap. 44.23.

[23] Isa. 1.23. cap. 22.6. Miq. 3.2, 3, 9, 10, 11. Sof. 3.3.

[24] cap. 13.10. cap. 13.6, 7 e 21.29.

[25] Jer. 5.26, 27, 28. cap. 18.12.

[26] Exo. 22.21 e 23.9. Lev. 19.33. cap. 22.7.

[27] Jer. 5.1. cap. 13.5.



_Ohola e Oholiba, as duas meretrizes._

23 Veiu mais a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] houve duas mulheres, filhas de uma mãe.

3 Estas fornicaram [2] no Egypto; na sua mocidade fornicaram; ali
foram apertados os seus peitos, e ali foram apalpados os seios da sua
virgindade.

4 E os seus nomes _eram_: Ohola, a mais velha, e Oholiba, sua irmã;
e foram minhas, e pariram filhos e filhas; e, quanto aos seus nomes,
Samaria _é_ Ohola, e Jerusalem _é_ Oholiba.

5 E fornicou Ohola, sendo minha; e enamorou-se dos seus amantes, [3] dos
assyrios, _seus_ visinhos,

6 Vestidos de azul, prefeitos e magistrados, todos mancebos de cobiçar,
cavalleiros montados a cavallo.

7 Assim commetteu ella as suas fornicações com elles, os quaes todos
_eram_ a flôr dos filhos da Assyria, e com todos os de quem se enamorava;
com todos os seus idolos se contaminou.

8 E as suas fornicações, [4] _que trouxe_ do Egypto, não as deixou;
porque com ella se deitaram na sua mocidade, e elles apalparam os seios
da sua virgindade, e derramaram sobre ella a sua fornicação.

9 Portanto a entreguei na mão dos seus amantes, na mão dos filhos da
Assyria, de quem se enamorara.

10 Estes descobriram [5] a sua vergonha, levaram seus filhos e suas
filhas, mas a ella mataram á espada; e foi afamada entre as mulheres, e
n’ella exerceram os juizos.

11 O _que_ vendo [6] sua irmã Oholiba, corrompeu o seu amor mais do que
ella, e as suas fornicações mais do que as fornicações de sua irmã.

12 Enamorou-se [7] dos filhos da Assyria, dos prefeitos e dos magistrados
seus visinhos, vestidos com primor, cavalleiros que andam montados em
cavallos, todos mancebos de cobiçar.

13 E vi que se tinha contaminado; _que_ o caminho de ambas _era_ o mesmo.

14 E augmentou as suas fornicações, porque viu homens pintados na parede,
imagens dos chaldeos, pintadas de vermelho;

15 Cingidos de cinto nos seus lombos, e tiaras largas tingidas nas suas
cabeças, todos de parecer de capitães, _á_ similhança dos filhos de
Babylonia em Chaldea, terra do seu nascimento.

16 E se enamorou [8] d’elles, vendo-os com os seus olhos: e lhes mandou
mensageiros a Chaldea.

17 Então vieram a ella os filhos de Babylonia para a cama dos amores, e a
contaminaram com as suas fornicações: e ella se contaminou com elles; [9]
então apartou-se d’elles a alma d’ella.

18 Assim descobriu as suas fornicações, e descobriu a sua vergonha: então
a minha alma se apartou d’ella, como já se tinha apartado a minha alma de
sua irmã.

19 Porém multiplicou as suas fornicações, lembrando-se dos dias da sua
mocidade, [10] em que fornicara na terra do Egypto.

20 E enamorou-se dos seus amantes, cujas carnes [11] _são como_ carnes de
jumentos, e cujo fluxo _é como_ o fluxo de cavallos.

21 Assim trouxeste á memoria a enormidade da tua mocidade, quando _os_ do
Egypto apalpavam os teus seios, por causa dos peitos da tua mocidade.

22 Por isso, ó Oholiba, assim diz o Senhor JEHOVAH: [12] Eis que eu
suscitarei contra ti os teus amantes, dos quaes se tinha apartado a tua
alma, e os trarei contra ti de em redor:

23 Os filhos de Babylonia, e todos os chaldeos de Pecod, e de Soa, e
de Coa, _e_ todos os filhos da Assyria com elles, mancebos de cobiçar,
prefeitos e magistrados todos elles, capitães e _homens_ afamados, todos
elles montados a cavallo.

24 E virão contra ti _com_ carros, carretas e rodas, e com ajuntamento de
povos; e se porão contra ti em redor com rodelas, e escudos, e capacetes;
e porei diante d’elles o juizo, e julgar-te-hão segundo os teus juizos.

25 E porei contra ti o meu zelo, e usarão de indignação comtigo: o nariz
e as orelhas te tirarão, e o que te ficar de resto cairá á espada: teus
filhos e tuas filhas elles te tomarão, e o que ficar por ultimo em ti
será consumido pelo fogo.

26 Tambem [13] te despirão os teus vestidos, e te tomarão as tuas joias
de enfeite.

27 Assim farei cessar [14] em ti a tua enormidade e a tua fornicação
da terra do Egypto; e não levantarás os teus olhos para elles, nem te
lembrarás mais do Egypto.

28 Porque assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis que eu te entregarei na mão dos
que aborreces, [15] na mão d’aquelles de quem se tinha apartado a tua
alma.

29 E te tratarão com odio, e levarão todo o teu trabalho, e te deixarão
nua e despida: [16] e descobrir-se-ha a vergonha da tua fornicação, e a
tua enormidade, e as tuas fornicações.

30 Estas coisas se te farão, [17] porquanto tu fornicaste após os
gentios, _e_ porquanto te contaminaste com os seus idolos.

31 No caminho de tua irmã andaste; [18] por isso te darei o seu copo na
tua mão.

32 Assim diz o Senhor JEHOVAH: Beberás o copo de tua irmã, fundo e largo:
[19] servirás de riso e escarneo; elle leva muito.

33 De embriaguez e de dôr te encherás: o copo de tua irmã Samaria _é_
copo de espanto e de assolação.

34 Bebel-o-has pois, [20] e esgotal-o-has, e os seus cacos roerás, e os
teus peitos arrancarás; porque eu o fallei, diz o Senhor JEHOVAH.

35 Portanto, assim diz o Senhor JEHOVAH: [21] Porquanto te esqueceste de
mim, e me lançaste para traz das tuas costas, leva tu pois tambem a tua
enormidade e as tuas fornicações.

36 E disse-me o Senhor: Filho do homem, [22] _porventura_ julgarias a
Ohola e a Oholiba? mostra-lhes pois as suas abominações.

37 Porque commetteram adulterio, [23] e sangue _se acha_ nas suas mãos, e
com os seus idolos commetteram adulterio, e até os seus filhos, [24] que
me geraram, fizeram passar _pelo fogo_ por si, para os consumir.

38 E ainda isto me fizeram: contaminaram o meu sanctuario no mesmo dia,
[25] e profanaram os meus sabbados.

39 Porque, havendo sacrificado seus filhos aos seus idolos, vinham ao meu
sanctuario no mesmo dia para o profanarem; [26] e eis que assim fizeram
no meio da minha casa.

40 E, o que mais _é_, enviaram uns homens, que haviam de vir de longe,
[27] aos quaes fôra enviado um mensageiro, e eis que vieram, por amor dos
quaes te lavaste, coloriste os teus olhos, e te enfeitaste de enfeites.

41 E te assentaste [28] sobre um leito de honra, diante do qual estava
uma mesa preparada: e pozeste sobre ella o meu incenso e o meu oleo.

42 Havia com ella a voz de _uma_ multidão satisfeita, e com varões da
classe baixa foram trazidos beberrões do deserto; e pozeram braceletes
nas suas mãos, e corôas de esplendor nas suas cabeças.

43 Então disse á envelhecida _em_ adulterios: Agora devéras fornicarão as
suas fornicações, como _tambem_ ella.

44 E entraram a ella, como quem entra a uma prostituta: assim entraram a
Ohola e a Oholiba, mulheres infames.

45 De maneira que homens justos elles as julgarão [29] _conforme_ o juizo
das adulteras, e _conforme_ o juizo das que derramam o sangue; porque
adulteras são, e sangue ha nas suas mãos.

46 Porque assim diz o Senhor JEHOVAH: [30] Farei subir contra ellas _uma_
congregação, e as entregarei ao desterro e ao roubo.

47 E [31] a congregação as apedrejará com pedras, e as acutilarão com as
suas espadas: [32] a seus filhos e a suas filhas matarão, e as suas casas
queimarão a fogo.

48 Assim [33] farei cessar a infamia da terra, para que se escarmentem
todas as mulheres, e não façam conforme a vossa infamia.

49 E a vossa infamia [34] carregarão sobre vós, e levareis os peccados
dos vossos idolos; e sabereis que eu _sou_ o Senhor JEHOVAH.

[1] cap. 16.46.

[2] Lev. 17.7. cap. 20.8.

[3] Ose. 8.9.

[4] ver. 3.

[5] cap. 16.37, 41.

[6] Jer. 3.8. cap. 16.47, 51.

[7] II Chr. 28.16, 23. cap. 16.28.

[8] cap. 16.29.

[9] ver. 22, 28.

[10] ver. 3.

[11] cap. 16.26.

[12] cap. 16.37. ver. 28.

[13] cap. 16.39.

[14] cap. 16.41 e 22.15.

[15] cap. 16.37. ver. 17.

[16] cap. 16.39. ver. 26.

[17] cap. 6.9.

[18] Jer. 25.15, etc.

[19] cap. 22.4, 5.

[20] Isa. 51.17.

[21] Jer. 2.32 e 3.21 e 13.25. cap. 22.12. Neh. 9.26.

[22] cap. 20.4 e 22.2.

[23] cap. 16.38. ver. 45.

[24] cap. 16.20, 21, 36, 45 e 20.31.

[25] cap. 22.8.

[26] II Reis 21.4.

[27] Isa. 57.2. II Reis 9.30. Jer. 4.30.

[28] Est. 1.6. Isa. 57.7. Amós 2.8 e 6.4. Pro. 7.17. cap. 16.18, 19.

[29] cap. 16.38.

[30] cap. 16.40.

[31] cap. 16.40.

[32] II Chr. 36.17, 19. cap. 24.21.

[33] cap. 22.15. ver. 27. Deu. 13.11. II Ped. 2.6.

[34] ver. 35. cap. 20.28, 42, 44 e 25.5.



_A parabola da panella._

[Antes de Christo 590]

24 E veiu a mim a palavra do Senhor, no nono anno, no decimo mez, aos dez
do mez, dizendo:

2 Filho do homem, escreve o nome d’este dia, d’este mesmo dia; _porque_ o
rei de Babylonia se achega a Jerusalem [1] n’este mesmo dia.

3 E [2] usa de uma comparação para com a casa rebelde, e dize-lhe: Assim
diz o Senhor JEHOVAH: Põe a panella ao lume, põe-n’a, e deita-lhe tambem
agua dentro.

4 Ajunta n’ella os seus pedaços, todos os bons pedaços, as pernas e as
espadoas; enche-a de ossos escolhidos.

5 Pega no melhor do rebanho, e queima tambem os ossos debaixo d’ella:
faze-a ferver bem, e cozam-se dentro d’ella os seus ossos.

6 Portanto, assim diz o Senhor JEHOVAH: [3] Ai da cidade sanguinaria, da
panella cuja escuma _está_ n’ella, e cuja escuma não saiu d’ella! tira
d’ella pedaços a pedaços, não caia sorte sobre ella;

7 Porque o seu sangue está no meio d’ella, sobre uma penha descalvada o
poz: [4] não o derramou sobre a terra, para o cobrir com pó.

8 Para que eu faça subir a indignação, para tomar vingança, _tambem_ eu
puz o seu sangue n’uma penha descalvada, para que não se encubra.

9 Portanto, assim diz o Senhor JEHOVAH: [5] Ai da cidade sanguinaria!
tambem eu farei uma grande fogueira.

10 Amontoa muita lenha, accende o fogo, consome a carne, e tempera-a com
especiarias, e ardam os ossos.

11 Então a porás vazia sobre as suas brazas, para que ella aqueça, e se
queime a sua ferrugem, e se funda a sua immundicia no meio d’ella, _e_ se
consuma a sua escuma.

12 _Com_ vaidades _me_ cançou; e não saiu d’ella a sua muita escuma; ao
fogo _irá_ a sua escuma.

13 Na immundicia _ha_ infamia, porquanto te purifiquei, e tu não te
purificaste; nunca mais serás purificada da tua immundicia, [6] emquanto
eu não fizer descançar sobre ti a minha indignação.

14 Eu, o Senhor, _o_ fallei; virá, e _o_ farei: não me tornarei atraz, e
não pouparei, nem me arrependerei; conforme os teus caminhos, e conforme
os teus tratos, te julgarão, diz o Senhor JEHOVAH.


_Predicção da ruina de Jerusalem._

15 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

16 Filho do homem, eis que tirarei de ti o desejo dos teus olhos d’um
golpe, mas não lamentarás, nem chorarás, nem te correrão as lagrimas.

17 Refreia-te de gemer, [7] não farás luto por mortos, ata o teu
turbante, e mette nos pés os teus sapatos; e não te rebuçarás, e o pão
dos homens não comerás.

18 E fallei ao povo pela manhã, e á tarde morreu minha mulher: e fiz pela
manhã como se me deu ordem.

19 E o povo me disse: [8] _Porventura_ não nos farás saber o que nos
_significam_ estas coisas que tu estás fazendo?

20 E eu lhes disse: Veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

21 Dize á casa de Israel: Assim diz o Senhor JEHOVAH: [9] Eis que eu
profanarei o meu sanctuario, a gloria da vossa fortaleza, o desejo dos
vossos olhos, e o regalo das vossas almas; [10] e vossos filhos e vossas
filhas, que deixastes, cairão á espada.

22 E fareis como eu fiz: não vos rebuçareis, [11] e não comereis o pão
dos homens.

23 E tereis nas cabeças os vossos turbantes, e os vossos sapatos nos pés;
[12] não lamentareis, nem chorareis, mas definhar-vos-heis nas vossas
maldades, e dareis gemidos uns com os outros.

24 Assim vos servirá Ezequiel [13] de signal; conforme tudo quanto fez
fareis: [14] vendo isto, [15] então sabereis que eu _sou_ o Senhor
JEHOVAH.

25 E tu, filho do homem, _porventura_ não _será_ no dia que eu lhes tirar
a sua fortaleza, o gozo do seu ornamento, o desejo dos seus olhos, e a
saudade das suas almas, seus filhos e suas filhas,

26 Aquelle dia em que virá ter comtigo algum que escapar, para t’o
_fazer_ ouvir com os ouvidos?

27 N’aquelle [16] dia abrir-se-ha a tua bocca para com aquelle que
escapar, e fallarás, e mais não ficarás mudo: [17] assim lhes virás a ser
_um_ signal maravilhoso, e saberão que eu _sou_ o Senhor.

[1] II Reis 25.1. Jer. 39.1 e 52.4.

[2] cap. 17.12. Jer. 1.13. cap. 11.3.

[3] cap. 22.3 e 23.37. ver. 9.

[4] Lev. 17.13. Deu. 12.16, 24.

[5] ver. 6. Nah. 3.1. Hab. 2.12.

[6] cap. 5.13 e 8.18 e 16.42.

[7] Jer. 16.5, 6, 7. Lev. 10.6 e 21.10. II Sam. 15.30. Miq. 3.7.

[8] cap. 12.9 e 37.18.

[9] Jer. 7.14. cap. 7.20, 21, 22.

[10] cap. 23.47.

[11] Jer. 16.6, 7. ver. 17.

[12] Job 27.15. Lev. 26.39. cap. 33.10.

[13] cap. 12.6, 11.

[14] Jer. 17.15. João 13.19 e 14.29.

[15] cap. 6.7 e 25.5.

[16] cap. 3.26, 27 e 29.21 e 33.22.

[17] ver. 24.



_Prophecia contra Ammon._

[Antes de Christo 588]

25 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] dirige o teu rosto contra os filhos de Ammon, e
prophetiza contra elles.

3 E dize aos filhos de Ammon: Ouvi a palavra do Senhor JEHOVAH: Assim
diz o Senhor JEHOVAH: Porquanto tu disseste: Ha! ha! ácerca do meu
sanctuario, quando foi profanado; e ácerca da terra de Israel, quando foi
assolada; e ácerca da casa de Judah, quando foram no captiveiro;

4 Portanto, eis que te entregarei em possessão aos do oriente, e
estabelecerão os seus paços em ti, e porão em ti as suas moradas; elles
comerão os teus fructos, e elles beberão o teu leite.

5 E farei de [2] Rabba _uma_ estrebaria de camelos, e dos filhos de Ammon
_um_ curral de ovelhas: [3] e sabereis que eu _sou_ o Senhor.

6 Porque assim diz o Senhor JEHOVAH: [4] Porquanto bateste com as mãos,
e pateaste com os pés, e te alegraste de coração em todo o teu despojo
sobre a terra d’Israel,

7 Portanto, [5] eis que eu estenderei a minha mão contra ti, e te darei
por despojo ás nações, e te arrancarei d’entre os povos, e te destruirei
d’entre as terras, _e_ te acabarei de todo; e saberás que eu _sou_ o
Senhor.


_Prophecia contra Moab._

8 Assim diz o Senhor JEHOVAH: Porquanto dizem Moab [6] _e_ Seir: Eis que
a casa de Judah _é_ como todas as nações;

9 Portanto, eis que eu abrirei o lado de Moab desde as cidades, desde
as suas cidades fóra das fronteiras, a gloria da terra, Beth-jesimoth,
Baal-meon, e até Kiriathaim,

10 Para [7] os do oriente, com _a terra_ dos filhos de Ammon, a qual
entregarei em possessão, para que não haja memoria dos filhos de Ammon
entre as nações.

11 Tambem executarei juizos em Moab, e saberão que eu _sou_ o Senhor.


_Prophecia contra Edom._

12 Assim diz o Senhor JEHOVAH: [8] Porquanto Edom se houve vingativamente
para com a casa de Judah, e se fizeram culpadissimos, quando se vingaram
d’elles;

13 Portanto assim diz o Senhor JEHOVAH: Tambem estenderei a minha mão
contra Edom, e arrancarei d’ella homens e animaes; e a tornarei _em_
deserto desde Teman, e _até_ Dedan cairão á espada.

14 E exercitarei [9] a minha vingança sobre Edom, pela mão do meu povo
de Israel; e farão em Edom segundo a minha ira e segundo o meu furor; e
conhecerão a minha vingança, diz o Senhor JEHOVAH.


_Prophecia contra os philisteos._

15 Assim diz o Senhor JEHOVAH: [10] Porquanto os philisteos usaram de
vingança, e executaram vingança de coração com despojo, para destruirem
_com_ perpetua inimizade,

16 Portanto assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis que eu [11] estendo a minha
mão contra os philisteos, e arrancarei os cheretheos, e destruirei o
resto do porto do mar.

17 E executarei n’elles grandes vinganças, com castigos de furor, e
saberão que eu _sou_ o Senhor, quando eu tiver exercido a minha vingança
sobre elles.

[1] cap. 6.2 e 35.2. Amós 1.13. Sof. 2.9.

[2] cap. 21.20. Sof. 2.14, 15.

[3] cap. 24.24 e 26.6 e 35.9.

[4] Lam. 2.15. Sof. 2.15. cap. 36.5.

[5] cap. 35.3.

[6] Isa. 15 e 16. Jer. 48.1, etc. Amós 2.1. cap. 35.2, 5, 12.

[7] ver. 4.

[8] II Chr. 28.17. Jer. 49.7, 8, etc. Amós 1.11. Abd. 10, etc.

[9] Isa. 11.14. Jer. 49.2.

[10] Jer. 47.1, etc. Joel 3.4, etc. Amós 1.6.

[11] Jer. 47.4.



_Prophecia contra Tyro._

26 E succedeu no undecimo anno, ao primeiro do mez, _que_ veiu a mim a
palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] porquanto Tyro disse no tocante a Jerusalem: Ha!
ha! _já_ está quebrada a porta dos povos; _já_ se virou para mim; _eu_ me
encherei, _agora que_ ella está assolada:

3 Portanto assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis que eu _estou_ contra ti, ó
Tyro, e farei subir contra ti muitas nações, como se o mar fizesse subir
as suas ondas,

4 Que destruirão os muros de Tyro, e derribarão as suas torres; e eu lhe
varrerei o seu pó d’ella, [2] e d’ella farei uma penha descalvada.

5 No meio do mar virá a ser _um_ enxugadouro [3] das redes; porque _já_
eu _o_ fallei, diz o Senhor JEHOVAH; e servirá de despojo para as nações.

6 E suas filhas, que _estiverem_ no campo, serão mortas a espada; [4] e
saberão que eu _sou_ o Senhor.

7 Porque assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis que eu trarei contra Tyro a
Nabucodonosor, rei de Babylonia, desde o norte, [5] o rei dos reis, com
cavallos, e com carros, e com cavalleiros, e companhias, e muito povo.

8 As tuas filhas no campo elle as matará á espada, e fará _um_ baluarte
contra ti, [6] e fundará _uma_ tranqueira contra ti, e levantará rodelas
contra ti.

9 E porá trabucos em frente de ti contra os teus muros, e derribará as
tuas torres com os seus machados.

10 Com a multidão de seus cavallos te cobrirá o seu pó: os teus muros
tremerão com o estrondo dos cavalleiros, e das rodas, e dos carros,
quando elle entrar pelas tuas portas, como _pelas_ entradas de _uma_
cidade em que se fez brecha.

11 Com as unhas dos seus cavallos pisará todas as tuas ruas: ao teu povo
matará á espada, e as columnas da tua fortaleza derribar-se-hão em terra.

12 E roubarão as tuas riquezas, e saquearão as tuas mercadorias, e
derribarão os teus muros, e arrazarão as tuas casas preciosas; e as tuas
pedras, e as tuas madeiras, e o teu pó, lançarão no meio das aguas.

13 E farei cessar [7] o arroido das tuas cantigas, e o som das tuas
harpas não se ouvirá mais.

14 E farei [8] de ti uma penha descalvada; virás a ser um enxugadouro das
redes, nunca mais serás edificada; porque eu, o Senhor, o fallei, diz o
Senhor JEHOVAH.

15 Assim diz o Senhor JEHOVAH a Tyro: [9] _Porventura_ não tremerão as
ilhas com o estrondo da tua queda, quando gemerem os traspassados, quando
se fizer _uma_ espantosa matança no meio de ti?

16 E todos [10] os principes do mar descerão dos seus thronos, e tirarão
de si os seus mantos, e despirão os seus vestidos bordados: de tremores
se vestirão, [11] sobre a terra se assentarão, e estremecerão a cada
momento; e em ti pasmarão.

17 E levantarão [12] _uma_ lamentação sobre ti, e te dirão: Como
pereceste do mar, ó bem povoada _e_ afamada cidade, [13] que foste forte
no mar; ella e os seus moradores, que atemorizaram a todos os moradores
d’ella!

18 Agora [14] estremecerão as ilhas no dia da tua saida, e as ilhas, que
_estão_ no mar, turbar-se-hão da sua saida.

19 Porque assim diz o Senhor JEHOVAH: Quando eu te tiver feito _uma_
cidade assolada, como as cidades que se não habitam, quando fizer sobre
ti um abysmo, e as muitas aguas te cobrirem,

20 Então te farei [15] descer com os que descem á cova, ao povo antigo,
e te deitarei nas mais baixas partes da terra, em logares desertos
antigos, com os que descem á cova, para que não sejas habitada; [16] e
estabelecerei a gloria na terra dos viventes.

21 _Mas_ por grande espanto te porei a ti, e não serás _mais_; [17] _e_
quando te buscarem então nunca mais serás achada para sempre, diz o
Senhor JEHOVAH.

[1] Isa. 23. Jer. 25.22 e 47.4. Amós 1.9. Zac. 9.2.

[2] ver. 14.

[3] cap. 27.32.

[4] cap. 25.5.

[5] Esd. 7.12.

[6] cap. 21.22.

[7] Isa. 24.8. Jer. 7.24. Isa. 23.16. cap. 28.13. Apo. 18.22.

[8] ver. 4, 5.

[9] Jer. 49.21. ver. 18. cap. 27.28 e 31.16.

[10] Isa. 23.8. Jon. 3.6.

[11] Job 2.13. cap. 32.10. cap. 27.35.

[12] cap. 27.32. Apo. 18.9.

[13] Isa. 23.4.

[14] ver. 15.

[15] cap. 32.18, 24.

[16] cap. 32.23, 26, 27, 32.

[17] cap. 27.36 e 28.19.



_A lamentação sobre Tyro._

27 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Tu pois, ó filho do homem, [1] levanta _uma_ lamentação sobre Tyro.

3 E dize a Tyro, que habita nas estradas do mar, [2] e negoceia com os
povos em muitas ilhas: Assim diz o Senhor JEHOVAH: Ó Tyro, tu dizes: Eu
_sou_ perfeita em formosura.

4 No coração dos mares _estão_ os teus termos; [3] os que te edificaram
aperfeiçoaram a tua formosura.

5 Fabricaram todos os teus convezes de faias de Senir; [4] trouxeram
cedros do Libano para te fazerem mastros.

6 Fizeram os teus remos _de_ carvalhos de Basan: [5] a companhia dos
assyrios fez os teus bancos de marfim das ilhas dos chitteos.

7 Linho fino bordado do Egypto era a tua cortina, para te servir de vela;
azul e purpura das ilhas d’Elisa era a tua cobertura.

8 Os moradores de Sidon e de Arvad foram os teus remeiros; os teus
sabios, ó Tyro, _que_ se achavam em ti, esses foram os teus pilotos.

9 Os anciãos de Gebal e seus sabios foram em ti os que concertavam as
tuas fendas: todos os navios do mar e os marinheiros se acharam em ti,
para negociar os teus negocios.

10 Os persas, e os lidios, e os puteos eram [6] no teu exercito os teus
soldados: escudos e capacetes penduraram em ti: elles te deram o teu
renome.

11 Os filhos de Arvad e o teu exercito _estavam_ sobre os teus muros em
redor, e os gamaditas sobre as tuas torres: penduravam os seus escudos
nos teus muros em redor; [7] elles aperfeiçoavam a tua formosura.

12 Tarsis _era_ a que negociava comtigo, por causa da abundancia de toda
a casta de fazenda: com prata, ferro, estanho, e chumbo negociavam em
tuas feiras.

13 Javan, [8] Tubal e Mesech eram teus mercadores: com almas de homens e
vasos de bronze fizeram negocios comtigo.

14 Da casa de [9] Togarma traziam _ás_ tuas feiras cavallos, e
cavalleiros e mulos.

15 Os filhos [10] de Dedan _eram_ os teus mercadores; muitas ilhas _eram_
o commercio da tua mão: dentes de marfim e pau preto tornavam a dar-te
_em_ presente.

16 A Syria negociava comtigo por causa da multidão das tuas boas obras:
esmeralda, purpura, e obra bordada, e seda, e coraes e crystal traziam ás
tuas feiras.

17 Judah e a terra de Israel, elles _eram_ os teus mercadores: [11] com
trigo de Minith, e pannagh, e mel, e azeite e balsamo fizeram negocios
comtigo.

18 Damasco negociava comtigo, por causa da multidão das tuas obras, por
causa da multidão de toda a sorte de fazenda, com vinho de Chelbon e lã
branca.

19 Tambem Dan, e Javan, o caminhante, traficavam nas tuas feiras: ferro
polido, casca, e canna aromatica entravam no teu negocio.

20 Dedan [12] negociava comtigo com pannos preciosos para carros.

21 Arabia, e todos os principes de Kedar, [13] _eram_ elles os mercadores
de tua mão, com cordeiros, e carneiros e bodes; n’estas coisas negociavam
comtigo.

22 Os mercadores de Sheba [14] e Raama _eram_ elles os teus mercadores
em todos os mais subidos aromas, e em toda a pedra preciosa e oiro
contratavam nas tuas feiras.

23 Haran, [15] e Canne e Eden, os mercadores de Sheba, Assur _e_ Kilmad
negociavam comtigo.

24 Estes _eram_ teus mercadores em toda a sorte de mercadorias, em fardos
de cardeo, e bordado, e em cofres de roupas preciosas, amarrados com
cordas e mettidos em _cofres de_ cedro, na tua mercadoria.

25 Os navios [16] de Tarsis cantavam de ti _por causa_ de teu negocio; e
te encheste, e te glorificaste muito no meio dos mares.

26 Os teus remeiros te conduziram sobre grandes aguas: o vento oriental
te quebrantou no meio dos mares.

27 As tuas fazendas e as tuas feiras, o teu negocio, os teus marinheiros,
e os teus pilotos, [ABL] os que concertavam as tuas fendas, e os que
faziam os teus negocios, e todos os teus soldados, que _estão_ em ti,
juntamente com toda a tua congregação, que _está_ no meio de ti, cairão
no meio dos mares no dia da tua queda.

28 Ao estrondo da gritaria dos teus pilotos tremerão os arrabaldes.

29 E todos os que pegam [17] no remo, os marinheiros, e todos os pilotos
do mar descerão de seus navios, e na terra pararão.

30 E farão ouvir a sua voz sobre ti, e gritarão amargamente; [18] e
lançarão pó sobre as cabeças, e na cinza se revolverão.

31 E se farão [19] inteiramente calvos por tua causa, e se cingirão de
saccos, e chorarão sobre ti com amargura da alma, _e_ amarga lamentação.

32 E levantarão uma lamentação sobre ti no seu pranto, [20] e lamentarão
sobre ti, _dizendo_: Quem _foi_ como Tyro? como a destruida no meio do
mar?

33 Quando as tuas mercadorias procediam [21] dos mares, fartaste a muitos
povos; com a multidão da tua fazenda e do teu negocio, enriqueceste os
reis da terra.

34 No tempo em que foste quebrantada [22] dos mares, nas profundezas das
aguas, cairam os teus negocios e toda a tua congregação no meio de ti.

35 Todos os moradores das ilhas foram a teu respeito cheios de espanto; e
os seus reis tremeram em grande maneira, _e_ foram perturbados nos _seus_
rostos.

36 Os mercadores d’entre os povos assobiaram sobre ti: [23] tu te
tornaste _em_ grande espanto, e nunca _jámais_ serás para sempre.

[1] cap. 19.1 e 26.17 e 33.2.

[2] cap. 28.2. Isa. 23.3.

[3] cap. 28.12.

[4] Deu. 3.9.

[5] Jer. 2.10.

[6] Jer. 46.9. cap. 30.5.

[7] ver. 3.

[8] Gen. 10.2.

[9] Gen. 10.3. cap. 38.6.

[10] Gen. 10.7.

[11] I Reis 5.9, 11. Esd. 3.7.

[12] Gen. 25.3.

[13] Gen. 25.13. Isa. 60.7.

[14] Gen. 10.7. I Reis 10.1, 2. Isa. 60.6.

[15] Gen. 11.31. II Reis 19.12. Gen. 25.3.

[16] ver. 4.

[17] Apo. 18.17, etc.

[18] Job 2.12. Apo. 18.19. Est. 4.1, 3. Jer. 6.26.

[19] Jer. 16.6 e 47.5. Miq. 1.16.

[20] cap. 26.17. ver. 2. Apo. 18.18.

[21] Apo. 18.19.

[22] cap. 26.19. ver. 27.

[23] Jer. 18.16. cap. 26.21.



_Prophecia contra o rei de Tyro._

28 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, dize ao principe de Tyro: Assim diz o Senhor JEHOVAH:
Porquanto se eleva o teu coração, e dizes: [1] Eu _sou_ Deus, na cadeira
de Deus me assento no meio dos mares (_sendo_ tu homem, [2] e não Deus),
e [ABM] estimas o teu coração como _se fôra_ o coração de Deus;

3 Eis que [3] mais sabio _és_ que Daniel: nada ha de occulto _que_ se
possa esconder de ti.

4 Pela tua sabedoria e pelo teu entendimento alcançaste o teu poder, e
adquiriste oiro e prata nos teus thesouros.

5 Pela extensão [4] da tua sabedoria no teu commercio augmentaste o teu
poder; e eleva-se o teu coração por causa do teu poder;

6 Portanto, assim diz o Senhor JEHOVAH: Porquanto estimas o teu coração,
como _se fôra_ o coração de Deus,

7 Por isso eis que eu trarei sobre ti estranhos, [5] os mais formidaveis
d’entre as nações, os quaes desembainharão as suas espadas contra a
formosura da tua sabedoria, e mancharão o teu resplandor.

8 Á cova te farão descer, e morrerás da morte dos traspassados no meio
dos mares.

9 _Porventura pois_ de alguma maneira dirás diante [6] d’aquelle que te
matar: Eu _sou_ Deus; _sendo_ tu homem, e não Deus, na mão do que te
traspassa?

10 Da morte dos incircumcisos morrerás, [7] por mão dos estranhos; porque
eu _o_ fallei, diz o Senhor JEHOVAH.


_Lamentação sobre o rei de Tyro._

11 Veiu mais a mim a palavra do Senhor, dizendo:

12 Filho do homem, levanta _uma_ lamentação sobre o rei de Tyro, e
dize-lhe: [8] Assim diz o Senhor JEHOVAH: Tu _és_ o sellador da somma,
cheio de sabedoria e perfeito _em_ formosura.

13 Estavas no Eden, [9] jardim de Deus, toda a pedra preciosa _era_ a tua
cobertura, sardonia, topazio, diamante, turqueza, onyx, jaspe, saphira,
carbunculo, esmeralda e oiro: [10] a obra dos teus tambores e dos teus
pifaros _estava_ em ti; no dia em que foste creado foram preparados.

14 Tu _eras_ [11] o cherubim, ungido _para_ cobridor, e te estabeleci: no
monte sancto de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.

15 Perfeito _eras_ nos teus caminhos, desde o dia em que foste creado,
até que se achou iniquidade em ti.

16 Na multiplicação do teu commercio encheram o teu interior de
violencia, e peccaste; pelo que te lançarei profanado do monte de Deus, e
te farei perecer, [12] ó cherubim cobridor, do meio das pedras afogueadas.

17 Elevou-se o teu coração [13] por causa da tua formosura, corrompeste
a tua sabedoria por causa do teu resplandor; por terra te lancei, diante
dos reis te puz, para que olhem para ti.

18 Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu commercio
profanaste os teus sanctuarios: eu pois fiz sair do meio de ti _um_ fogo,
que te consumiu a ti, e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de
todos os que te vêem.

19 Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; [14]
_em_ grande espanto te tornaste, e nunca _mais_ serás para sempre.


_Prophecia contra Sidon._

20 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

21 Filho do homem, [15] dirige o teu rosto contra Sidon, e prophetiza
contra ella,

22 E dize: Assim diz o Senhor JEHOVAH: [16] Eis-me contra ti, ó Sidon, e
serei glorificado no meio de ti; e saberão que eu _sou_ o Senhor, quando
n’ella executar juizos [17] e n’ella me sanctificar.

23 Porque [18] enviarei contra ella a peste, e o sangue nas suas ruas, e
os traspassados cairão no meio d’ella, á espada, _estando_ em roda contra
ella; e saberão que eu _sou_ o Senhor.

24 E a casa de Israel nunca mais terá espinho que a roce, [19] nem
espinho que cause dôr, de todos os que de ao redor d’elles os [ABN]
roubam; e saberão que eu _sou_ o Senhor JEHOVAH.

25 Assim diz o Senhor JEHOVAH: [20] Quando eu congregar a casa d’Israel
d’entre os povos entre os quaes estão [21] espalhados, e eu me
sanctificar entre elles, perante os olhos das nações, então habitarão na
sua terra que dei a meu servo, a Jacob.

26 E [22] habitarão n’ella seguros, e edificarão casas, [23] e plantarão
vinhas, e habitarão seguros, quando eu executar juizos contra todos os
que roubam nos seus contornos; e saberão que eu _sou_ o Senhor seu Deus.

[1] ver. 9. cap. 27.3, 4.

[2] Isa. 31.3.

[3] Zac. 9.2.

[4] Zac. 9.3.

[5] cap. 30.11 e 31.12 e 32.12.

[6] ver. 6.

[7] cap. 31.18 e 32.19, 21, 25, 27.

[8] cap. 27.2. ver. 3.

[9] cap. 31.8, 9.

[10] cap. 26.13.

[11] Exo. 25.20. ver. 16. cap. 20.40.

[12] ver. 14.

[13] ver. 2, 5.

[14] cap. 26.21 e 27.31.

[15] cap. 6.2 e 25.2 e 29.2. Isa. 23.4, 12.

[16] Exo. 14.4, 17. cap. 39.13.

[17] cap. 20.41 e 36.23. ver. 25.

[18] cap. 38.22.

[19] Num. 33.55. Jos. 23.13.

[20] Isa. 11.12. cap. 11.17 e 20.41 e 34.13 e 37.21.

[21] ver. 22.

[22] Jer. 23.6. cap. 36.28. Isa. 65.21. Amós 9.14.

[23] Jer. 31.5.



_Prophecia contra o Egypto._

[Antes de Christo 589]

29 No decimo anno, no decimo _mez_, no _dia_ doze do mez, veiu a mim a
palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] dirige o teu rosto contra Pharaó, rei do Egypto, e
prophetiza contra elle e contra todo o Egypto.

3 Falla, e dize: Assim diz o Senhor JEHOVAH: [2] Eis-me contra ti, ó
Pharaó, rei do Egypto, o grande [ABO] dragão, que pousa no meio dos seus
rios, e que diz: O meu rio é meu, [3] e eu o fiz para mim.

4 Porém [4] eu porei anzoes em teus queixos, e prenderei o peixe dos teus
rios ás tuas escamas; e todo o peixe dos teus rios se pegará ás tuas
escamas.

5 E te deixarei no deserto, a ti e a todo o peixe dos teus rios; [5]
sobre a face do campo cairás: não serás recolhido nem ajuntado: aos
animaes da terra e ás aves do céu te dei por mantimento.

6 E saberão todos os moradores do Egypto que eu _sou_ o Senhor, [6]
porquanto se fizera _um_ bordão de canna para a casa d’Israel.

7 Tomando-te [7] elles pela tua mão, te quebrantaste, e lhes rasgaste
todo o hombro, e, encostando-se elles a ti, te quebraste, e lhes fizeste
[ABP] estar immoveis a todos os lombos.

8 Portanto, assim diz o Senhor JEHOVAH: [8] Eis que eu trarei sobre ti a
espada, e destruirei de ti homem e animal.

9 E a terra do Egypto se tornará em assolação e deserto; e saberão que eu
_sou_ o Senhor, porquanto disse: O rio _é_ meu, e eu o fiz.

10 Portanto, eis que eu _estou_ contra ti e contra os teus rios; [9] e
tornarei a terra do Egypto em desertas _e_ assoladas solidões, [10] desde
a torre de Sevene até aos confins da Ethiopia.

11 Não [11] passará por ella pé de homem, nem pé de animal passará por
ella, nem será habitada quarenta annos.

12 Porque [12] tornarei a terra do Egypto _em_ assolação no meio das
terras assoladas; e as suas cidades no meio das cidades desertas se
tornarão em assolação por quarenta annos; e espalharei os egypcios entre
as nações, e os derramarei pelas terras.

13 Porém assim diz o Senhor JEHOVAH: [13] Ao cabo de quarenta annos
ajuntarei os egypcios d’entre os povos entre os quaes foram espalhados.

14 E tornarei a trazer o captiveiro dos egypcios, e os tornarei á terra
de Pathros, á terra do seu commercio; [14] e serão ali _um_ reino baixo.

15 Mais baixo se fará do que os _outros_ reinos, e nunca mais se exalçará
sobre as nações; porque os diminuirei, para que não dominem sobre as
nações.

16 E [15] não servirá mais á casa d’Israel de confiança, para lhe trazer
á lembrança a _sua_ iniquidade, quando olharem para traz d’elles; antes
saberão que eu _sou_ o Senhor JEHOVAH.

17 E succedeu que, no anno vinte e sete, no _mez_ primeiro, no primeiro
_dia_ do mez, veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

18 Filho do homem, [16] Nabucodonozor, rei de Babylonia, fez com que o
seu exercito prestasse _um_ grande serviço contra Tyro; toda a cabeça se
tornou calva, e todo o hombro se pelou: e não houve paga de Tyro para
ella, nem para o seu exercito, pelo serviço que prestou contra ella.

19 Portanto, assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis que eu darei a
Nabucodonozor, rei de Babylonia, a terra do Egypto; e levará a sua
multidão, e despojará o seu despojo, e roubará a sua preza, e _isto_ será
a paga para o seu exercito.

20 _Por_ paga do seu trabalho, com que serviu contra ella, lhe dei a
terra do Egypto; [17] porquanto trabalharam por mim, diz o Senhor JEHOVAH.

21 N’aquelle dia farei brotar o poder na casa de Israel, [18] e te darei
abrimento da bocca no meio d’elles; e saberão que eu _sou_ o Senhor.

[1] cap. 28.21. Isa. 19.1. Jer. 25.1.

[2] Jer. 44.30. cap. 28.22. ver. 10. cap. 32.2.

[3] cap. 28.2.

[4] Isa. 37.29. cap. 38.4.

[5] Jer. 8.2 e 16.4 e 25.33. Jer. 7.33 e 34.20.

[6] II Reis 18.21. Isa. 36.6.

[7] cap. 17.17.

[8] cap. 14.17 e 32.11, 12, 13.

[9] cap. 30.12.

[10] cap. 30.6.

[11] cap. 32.13.

[12] cap. 30.7, 26.

[13] Isa. 19.23. Jer. 46.26.

[14] cap. 17.6, 14.

[15] Isa. 30.2, 3 e 36.4, 6.

[16] Jer. 27.6. cap. 26.7, 8.

[17] Jer. 25.9.

[18] cap. 24.27.



_Outra prophecia contra o Egypto e contra Pharaó._

[Antes de Christo 572]

30 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, prophetiza, e dize: Assim diz o Senhor JEHOVAH: [1]
Uivae: Ah! aquelle dia!

3 Porque [2] _já está_ perto o dia, _já está_ perto, digo, o dia do
Senhor: dia nublado: o tempo dos gentios será.

4 E espada virá ao Egypto, e haverá grande dôr na Ethiopia, quando cairem
os traspassados no Egypto; e [3] tomarão a sua multidão, e quebrar-se-hão
os seus fundamentos.

5 Ethiopia, e [ABQ] Put, e Lud, e toda [4] a mistura de gente, e Cub, e
os filhos da terra do concerto, com elles cairão á espada.

6 Assim diz o Senhor: Tambem cairão os que o Egypto sustem, e descerá a
soberba de seu poder: [5] desde a torre de Sevene n’elle cairão á espada,
diz o Senhor JEHOVAH.

7 E serão [6] assolados no meio das terras assoladas; e as suas cidades
estarão no meio das cidades desertas.

8 E saberão que eu _sou_ o Senhor, quando eu puzer fogo ao Egypto, e
forem quebrados todos os que lhe davam auxilio.

9 N’aquelle dia sairão mensageiros de [7] diante de mim em navios, para
espantarem a Ethiopia descuidada; e haverá n’elles grandes dôres, como no
dia do Egypto; porque, eis que _já_ vem.

10 Assim diz o Senhor JEHOVAH: [8] Eu pois farei cessar a multidão do
Egypto, por mão de Nabucodonozor, rei de Babylonia.

11 Elle e o seu povo [9] com elle, os mais formidaveis das nações, serão
levados para destruirem a terra; e desembainharão as suas espadas contra
o Egypto, e encherão a terra de traspassados.

12 E os rios farei seccos, [10] e venderei a terra á mão dos maus, e
assolarei a terra e a sua plenitude pela mão dos estranhos; eu, o Senhor,
_o_ fallei.

13 Assim diz o Senhor JEHOVAH: Tambem [11] destruirei os idolos, e farei
cessar as imagens de Noph: [12] e não haverá mais _um_ principe da terra
do Egypto; e porei o temor na terra do Egypto.

14 E assolarei [13] a Pathros, e porei fogo a Zoan, e executarei juizos
em No.

15 E derramarei o meu furor sobre Sin, a força do Egypto, [14] e
exterminarei a multidão de No.

16 E porei fogo no Egypto; Sin _terá_ grande dôr, e No será fendida, e
Noph _terá_ angustias quotidianas.

17 Os mancebos de Aven e Pibeseth cairão á espada, e as _moças_ irão em
captiveiro.

18 E em Tahpanes se escurecerá o dia, [15] quando eu quebrar ali os jugos
do Egypto, e n’ella cessar a soberba da sua força: _uma_ nuvem a cobrirá,
e suas filhas irão em captiveiro.

19 Assim executarei juizos no Egypto, e saberão que eu _sou_ o Senhor.

20 E succedeu que, no anno undecimo, no _mez_ primeiro, aos sete do mez,
veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

21 Filho do homem, [16] eu quebrei o braço de Pharaó, rei do Egypto, [17]
e eis que não será atado com emplastos, nem _lhe_ porão _uma_ ligadura
para o atar, para o esforçar, para que pegue na espada.

22 Portanto assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis que eu _estou_ contra Pharaó,
rei do Egypto, e quebrarei os seus braços, _assim_ o forte como o
quebrado, e farei cair da sua mão a espada.

23 E espalharei [18] os egypcios entre as nações, e os espalharei pelas
terras.

24 E esforçarei os braços do rei de Babylonia, e darei a minha espada na
sua mão; porém quebrarei os braços de Pharaó, e diante d’elle gemerá como
geme o traspassado.

25 Esforçarei, digo, os braços do rei de Babylonia, mas os braços de
Pharaó cairão; e saberão que eu _sou_ o Senhor, quando eu metter a minha
espada na mão do rei de Babylonia, e elle a estender sobre a terra do
Egypto.

26 E espalharei os egypcios entre as nações, e os espalharei pelas
terras: assim saberão que eu _sou_ o Senhor.

[1] Isa. 13.6.

[2] cap. 7.7, 12. Joel 2.1. Sof. 1.7.

[3] cap. 29.19. Jer. 50.15.

[4] ver. 23, 24, 25.

[5] cap. 29.10.

[6] cap. 29.12.

[7] Isa. 18.1, 2.

[8] cap. 29.19.

[9] cap. 28.7.

[10] Isa. 19.5, 6.

[11] Isa. 19.1. Jer. 43.12 e 46.25. Zac. 13.2.

[12] Zac. 10.11. Isa. 19.16.

[13] cap. 29.14. Nah. 3.8, 9, 10.

[14] Jer. 46.25.

[15] Jer. 2.16.

[16] Jer. 48.25.

[17] Jer. 46.11.

[18] ver. 26. cap. 29.12.



_Outra prophecia contra Pharaó, rei do Egypto._

[Antes de Christo 588]

31 E succedeu, no anno undecimo, no terceiro _mez_, ao primeiro do mez,
_que_ veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, dize a Pharaó, rei do Egypto, e á sua multidão: [1] A
quem és similhante na tua grandeza?

3 Eis que [2] a Assyria _era um_ cedro no Libano, de ramos formosos,
sombrio de ramagem e de alta estatura, e entre os ramos espessos estava a
sua copa.

4 As aguas o fizeram crescer, o abysmo o exalçou: com as suas correntes
corria em torno do seu plantio, e enviava os regatos a todas as arvores
do campo.

5 Por isso [3] se elevou a sua estatura sobre todas as arvores do campo,
e se multiplicaram os seus ramos, e se alongaram as suas varas, por causa
das muitas aguas que enviava.

6 Todas as aves do céu se aninhavam nos seus ramos, e todos [4] os
animaes do campo geravam debaixo dos seus ramos, e todos os grandes povos
se assentavam á sua sombra.

7 Assim era elle formoso na sua grandeza, na extensão dos seus ramos,
porque a sua raiz estava junto ás muitas aguas.

8 Os cedros não o escureciam no jardim [5] de Deus; as faias não
egualavam os seus ramos, e os castanheiros não eram como os seus renovos:
nenhuma arvore no jardim de Deus se assimilhou a elle na sua formosura.

9 Formoso o fiz com a multidão dos seus ramos; e todas as arvores do
Eden, que _estavam_ no jardim de Deus, tiveram inveja d’elle.

10 Portanto assim diz o Senhor JEHOVAH: Porquanto te elevaste na _tua_
estatura, e se levantou a sua copa no meio dos espessos ramos, [6] e o
seu coração se exalçou na sua altura,

11 Portanto o entreguei na mão da mais poderosa das nações, _para que_
o tratasse _com o_ tratamento _merecido_; pela sua impiedade o lançarei
fóra.

12 E uns estranhos o exterminaram, [7] os mais formidaveis das nações, e
o deixaram: cairam os seus ramos sobre os montes e por todos os valles, e
os seus renovos foram quebrados por todas as correntes da terra; e todos
os povos da terra se retiraram da sua sombra, e o deixaram.

13 Todas as aves do céu habitavam sobre a sua [8] ruina, e todos os
animaes do campo se acolheram sob os seus renovos;

14 Para que todas as arvores das aguas não se elevem na sua estatura, nem
levantem a sua copa no meio dos ramos espessos, nem todas as que bebem as
aguas venham a confiar em si, por causa da sua altura; porque _já_ todos
estão entregues á morte, [9] até á terra mais baixa, no meio dos filhos
dos homens, com os que descem á cova.

15 Assim diz o Senhor JEHOVAH: No dia em que elle desceu ao inferno,
fiz eu que houvesse luto; fiz cobrir o abysmo, por sua causa, e retive
as suas correntes, e se cohibiram; e cobri o Libano de preto por causa
d’elle, e todas as arvores do campo por causa d’elle desfalleceram.

16 Ao som [10] da sua queda fiz tremer as nações, quando o fiz descer ao
inferno com os que descem á cova; [11] e todas as arvores do Eden, a flor
e o melhor do Libano, todas _as arvores_ que bebem aguas, se consolavam
na terra mais baixa.

17 Tambem estes com elles descerão ao inferno, aos _que foram_
traspassados á espada, e _os que foram_ seu braço, [12] _e que_ estavam
assentados á sombra no meio das nações.

18 A quem [13] _pois_ és assim similhante em gloria e em grandeza entre
as arvores do Eden? antes serás derribado com as arvores do Eden á terra
mais baixa; no meio dos incircumcisos jazerás [14] com os _que foram_
traspassados á espada: este _é_ Pharaó e toda a sua multidão, diz o
Senhor JEHOVAH.

[1] ver. 18.

[2] Dan. 4.10.

[3] Dan. 4.11.

[4] cap. 17.28. Dan. 4.12.

[5] Gen. 2.8 e 13.10.

[6] Dan. 5.20.

[7] cap. 32.5 e 53.8.

[8] Isa. 18.6. cap. 32.4.

[9] cap. 32.18.

[10] cap. 26.15. Isa. 14.15.

[11] Isa. 14.8.

[12] Lam. 4.20.

[13] ver. 2. cap. 32.19.

[14] cap. 28.10 e 32.10, 21, 24, etc.



_Lamentação sobre Pharaó, rei do Egypto._

[Antes de Christo 587]

32 E succedeu que, no anno duodecimo, no mez duodecimo, ao primeiro do
mez, veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] levanta _uma_ lamentação sobre Pharaó, rei do
Egypto, e dize-lhe: [2] Similhante eras a _um_ filho de leão _entre_ as
nações, e tu _foste_ como _um_ dragão nos mares, e trasbordavas os teus
rios, e turbavas as aguas com os teus pés, [3] e enlameavas os seus rios.

3 Assim diz o Senhor JEHOVAH: Portanto, [4] estenderei sobre ti a minha
rede com ajuntamento de muitos povos, e te farão subir na minha rede.

4 Então [5] te deixarei em terra; sobre a face do campo te lançarei, e
farei morar sobre ti todas as aves do céu, e fartarei de ti os animaes de
toda a terra.

5 E [6] porei as tuas carnes sobre os montes, e encherei os valles da tua
altura.

6 E a terra onde nadas regarei com o teu sangue até aos montes; e as
correntes se encherão de ti.

7 E, apagando-te eu, cobrirei os céus, [7] e ennegrecerei as suas
estrellas: ao sol encobrirei com _uma_ nuvem, e a lua não deixará
resplandecer a sua luz.

8 Todas as brilhantes luzes do céu ennegrecerei sobre ti, e trarei trevas
sobre a tua terra, diz o Senhor JEHOVAH.

9 E farei vexar o coração de muitos povos, quando eu levar a tua
destruição entre as nações, ás terras que não conheceste.

10 E farei com que muitos povos [8] fiquem pasmados de ti, e os seus reis
tremam em grande maneira, quando eu brandir a minha espada ante os seus
rostos; e estremecerão a cada momento, cada um pela sua vida, no dia da
tua queda.

11 Porque [9] assim diz o Senhor JEHOVAH: A espada do rei de Babylonia
virá sobre ti.

12 Farei cair a tua multidão com as espadas dos valentes, [10] _que são_
todos os mais formidaveis das gentes; e destruirão a soberba do Egypto, e
toda a sua multidão será perdida.

13 E destruirei todos os seus animaes de sobre as muitas aguas; [11] nem
as turbará mais pé de homem, nem as turbarão unhas de animaes.

14 Então farei profundar as suas aguas, e farei correr os seus rios como
o azeite, diz o Senhor JEHOVAH.

15 Quando eu tornar a terra do Egypto _em_ assolação, e a terra fôr
assolada em sua plenitude, e quando ferir a todos os que habitam n’ella,
[12] então saberão que eu _sou_ o Senhor.

16 Esta _é_ a lamentação, [13] _segundo a qual_ lamentarão; as filhas das
nações _assim_ lamentarão; sobre o Egypto e sobre toda a sua multidão
_assim_ lamentarão, diz o Senhor JEHOVAH.


_Lamentação sobre o Egypto._

17 E succedeu que, no anno duodecimo, aos quinze do mez, veiu a mim a
palavra do Senhor, dizendo:

18 Filho do homem, pranteia sobre a multidão do Egypto, [14] e faze-a
descer, a ella e ás filhas das nações magnificas, á terra mais baixa, aos
que descem á cova.

19 A quem [15] sobrepujas tu em ser aprazivel? desce, e deita-te com os
incircumcisos.

20 No meio d’aquelles _que foram_ traspassados á espada cairão; á espada
está entregue; arrastae-a e a toda a sua multidão.

21 Os [16] mais poderosos dos valentes lhe fallarão desde o meio do
inferno, com os que a soccorrem: desceram, [17] jazeram os incircumcisos
traspassados á espada.

22 Ali _está_ Assur [18] com todo o seu ajuntamento; em redor d’elle
_estão_ os seus sepulchros; todos elles foram traspassados e cairam á
espada.

23 Cujos sepulchros [19] foram postos nos lados da cova, e o seu
ajuntamento está em redor do seu sepulchro: todos foram traspassados,
e cairam á espada, [20] os quaes tinham causado espanto na terra dos
viventes.

24 Ali [21] está Elam com toda a sua multidão em redor do seu sepulchro:
todos elles _foram_ traspassados, e cairam á espada, os quaes desceram
incircumcisos ás mais baixas partes da terra, [22] os quaes causaram
terror na terra dos viventes, e levaram a sua vergonha com os que
desceram á cova.

25 No meio dos traspassados lhe pozeram _uma_ cama entre toda a sua
multidão; ao redor d’elle _estão_ os seus sepulchros: todos elles _são_
incircumcisos, traspassados á espada; porque causaram terror na terra dos
viventes, e levaram a sua vergonha com os que desceram á cova; no meio
dos traspassados foi posto.

26 Ali está [23] Mesech _e_ Tubal com toda a sua multidão; ao redor
d’elles _estão_ os seus sepulchros: todos elles são incircumcisos,
[24] _e_ traspassados á espada, porquanto causaram terror na terra dos
viventes.

27 Porém [25] não jazeram com os valentes que cairam dos incircumcisos,
os quaes desceram ao inferno com as suas armas de guerra e pozeram as
suas espadas debaixo das suas cabeças; e a sua iniquidade está sobre os
seus ossos, porquanto eram o terror dos heroes na terra dos viventes.

28 Tambem tu serás quebrado no meio dos incircumcisos, e jazerás com os
_que foram_ traspassados á espada.

29 Ali _está_ [26] Edom, os seus reis e todos os seus principes, que com
o seu poder foram postos com os _que foram_ traspassados á espada; estes
jazem com os incircumcisos e com os que desceram á cova.

30 Ali [27] _estão_ os principes do norte, todos elles, e todos os
sidonios, que desceram com os traspassados, envergonhados com o terror
causado pelo seu poder; e jazem incircumcisos com os _que foram_
traspassados á espada, e levam a sua vergonha com os que desceram á cova.

31 Pharaó os verá, e se consolará com toda a sua multidão, os
traspassados á espada, Pharaó, e todo o seu exercito, diz o Senhor
JEHOVAH.

32 Porque _tambem_ eu dei o meu espanto na terra dos viventes; pelo que
jazerá no meio dos incircumcisos, com os traspassados á espada, Pharaó e
toda a sua multidão, diz o Senhor JEHOVAH.

[1] cap. 27.2. ver. 16.

[2] cap. 19.3, 6. cap. 29.3.

[3] cap. 34.18.

[4] cap. 12.13 e 17.20. Ose. 7.12.

[5] cap. 29.5 e 31.13.

[6] cap. 31.12.

[7] Isa. 13.10. Joel 2.31 e 3.15. Amós 8.9. Mat. 24.29. Apo. 6.12, 13.

[8] cap. 27.35. cap. 26.16.

[9] Jer. 46.26. cap. 30.4.

[10] cap. 28.7 e 29.19.

[11] cap. 29.11.

[12] Exo. 7.5 e 14.4, 18.

[13] ver. 2. II Sam. 1.17. II Chr. 35.25. cap. 26.17.

[14] cap. 26.20 e 31.14.

[15] cap. 31.2, 18. ver. 21, 24, etc. cap. 28.10.

[16] Isa. 1.31 e 14.9, 10. ver. 27.

[17] ver. 19, 25, etc.

[18] ver. 24, 26, 29, 30.

[19] Isa. 14.15.

[20] cap. 26.17. ver. 24, 25, 26, 27, 32.

[21] Jer. 49.34, etc. ver. 21.

[22] ver. 23.

[23] Gen. 10.2. cap. 27.13 e 38.2.

[24] ver. 19, 20, etc.

[25] ver. 21. Isa. 14.18, 19.

[26] cap. 25.12, etc.

[27] cap. 38.6, 15 e 30.2.



_O officio do verdadeiro propheta._

33 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] falla aos filhos do teu povo, e dize-lhes: [2]
Quando eu fizer vir a espada sobre a terra, e o povo da terra tomar _um_
homem dos seus termos, [3] e o constituir por seu atalaia,

3 E elle vir que a espada vem sobre a terra, e tocar a trombeta, e avisar
o povo,

4 E aquelle que ouvir o som da trombeta, não se der por avisado, e vier a
espada, e o tomar, [4] o seu sangue será sobre a sua cabeça.

5 Elle ouviu o som da trombeta, e não se deu por avisado, o seu sangue
será sobre elle; mas o que se dá por avisado salvará a sua vida.

6 Porém, quando o atalaia vir _que_ vem a espada, e não tocar a trombeta,
e não fôr avisado o povo, e a espada vier, e levar _uma_ vida d’entre
elles, [5] este tal foi levado na sua iniquidade, porém o seu sangue
demandarei da mão do atalaia.

7 A ti pois, [6] ó filho do homem, te constitui por atalaia sobre a casa
d’Israel; tu pois ouvirás a palavra da minha bocca, e lh’a annunciarás da
minha parte.

8 Dizendo eu _pois_ ao impio: Ó impio, certamente morrerás; e tu _lhe_
não fallares, para dissuadir ao impio do seu caminho, morrerá esse impio
na sua iniquidade, porém o seu sangue eu o demandarei da tua mão.

9 Mas, quando tu tiveres dissuadido ao impio do seu caminho, para que se
converta d’elle, e elle se não converter do seu caminho, elle morrerá na
sua iniquidade; porém tu livraste a tua alma.

10 Tu pois, filho do homem, dize á casa de Israel: Assim fallaes vós,
dizendo: Visto que as nossas prevaricações e os nossos peccados _estão_
sobre nós, e nós desfallecemos n’elles, [7] como viveremos então?

11 Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor JEHOVAH, que não tenho prazer na
[8] morte do impio, mas que o impio se converta do seu caminho, e viva:
convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; [9] pois por que
razão morrereis, ó casa de Israel?

12 Tu pois, filho do homem, dize aos filhos do teu povo: [10] A justiça
do justo não o fará escapar no dia da sua prevaricação; e, quanto á
impiedade do impio, não cairá por ella, no dia em que se converter da sua
impiedade; nem o justo por ella poderá viver no dia em que peccar.

13 Quando eu disser ao justo que certamente viverá, [11] e elle confiar
na sua justiça, e fizer iniquidade, não virão em memoria todas as suas
justiças, mas na sua iniquidade, que faz, n’ella morrerá.

14 Quando eu tambem [12] disser ao impio: Certamente morrerás; e elle se
converter do seu peccado, e fizer juizo e justiça,

15 Restituindo esse impio [13] o penhor, pagando o furtado, andando nos
estatutos da vida, e não fazendo iniquidade, certamente viverá, não
morrerá.

16 De todos os seus peccados [14] com que peccou não se fará memoria
_contra_ elle: juizo e justiça fez, certamente viverá.

17 Ainda [15] dizem os filhos do teu povo: Não é recto o caminho do
Senhor: mas o proprio caminho d’elles é que não é recto.

18 Desviando-se [16] o justo da sua justiça, e fazendo iniquidade,
morrerá n’ella.

19 E, convertendo-se o impio da sua impiedade, e fazendo juizo e justiça,
elle viverá por elles.

20 Ainda dizeis: Não é recto o caminho do Senhor: [17] julgar-vos-hei a
cada um conforme os seus caminhos, ó casa de Israel.


_O castigo de Israel por causa da sua presumpção._

21 E succedeu _que_, no anno duodecimo, no decimo _mez_, [18] aos
cinco do mez do nosso captiveiro, veiu a mim um que tinha escapado de
Jerusalem, dizendo: [19] _Já_ ferida é a cidade.

22 Ora a mão [20] do Senhor estivera sobre mim pela tarde, antes que
viesse o que tinha escapado, [21] e abriu a minha bocca, até que chegou a
mim pela manhã; e abriu-se a minha bocca, e não fiquei mais em silencio.

23 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

24 Filho do homem, [22] os moradores d’estes logares desertos da terra de
Israel, fallando, dizem: Abrahão era um só, e possuiu esta terra; porém
nós _somos_ muitos, [23] esta terra a nós foi dada em possessão.

25 Dize-lhes portanto: Assim diz o Senhor JEHOVAH: [24] _A carne_ com
o sangue comeis, e levantaes os vossos olhos para os vossos idolos, e
derramaes o sangue! e possuireis esta terra?

26 Estribaes-vos sobre a vossa espada, commetteis abominação, [25] e
contaminaes cada um a mulher do seu proximo! e possuireis a terra?

27 Assim lhes dirás: Assim disse o Senhor JEHOVAH: Vivo eu, [26] que os
que _estiverem_ em logares desertos, cairão á espada, e o que _estiver_
sobre a face do campo o entregarei á fera, para que o coma, e os que
_estiverem_ em logares fortes e em cavernas [27] morrerão de pestilencia.

28 Porque tornarei a terra _em_ assolação e espanto, [28] e cessará a
soberba da sua força; e os montes de Israel serão _tão_ assolados que não
_haja_ quem passe _por elles_.

29 Então saberão que eu _sou_ o Senhor, quando eu tornar a terra _em_
assolação e espanto, por todas as suas abominações que fizeram.

30 Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo fallam de ti
junto ás paredes e nas portas das casas; [29] e falla um com o outro,
cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual seja a
palavra que procede do Senhor.

31 E elles [30] veem a ti, como o povo costumava vir, [31] e se assentam
diante de ti, _como_ o meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as
põem por obra: antes elles lisongeiam com a sua bocca, [32] _porém_ o seu
coração segue a sua avareza.

32 E eis que tu lhe _és_ como _uma_ canção de amores, _de_ quem tem voz
suave, e que bem tange; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem
por obra.

33 Porém, quando [33] vier isto (eis que está para vir), então saberão
que houve no meio d’elles um propheta.

[1] cap. 3.11.

[2] cap. 14.17.

[3] ver. 7.

[4] cap. 18.13.

[5] ver. 8.

[6] cap. 3.17, etc.

[7] cap. 24.23.

[8] II Sam. 14.14. cap. 18.23, 32. II Ped. 3.9.

[9] cap. 18.31.

[10] cap. 3.20 e 18.24, 26, 27.

[11] cap. 3.20 e 18.24.

[12] cap. 3.18, 19 e 18.27.

[13] cap. 18.7. Exo. 22.1, 4. Num. 5.6, 7. Lev. 18.5. cap. 20.11, 13, 21.

[14] cap. 18.22.

[15] ver. 20. cap. 18.25, 29.

[16] cap. 18.26, 27.

[17] ver. 17. cap. 18.25, 29.

[18] cap. 1.2.

[19] II Reis 25.4.

[20] cap. 1.3.

[21] cap. 24.27.

[22] cap. 34.2. ver. 27. cap. 36.4. Isa. 51.2. Act. 7.5.

[23] Mat. 3.9.

[24] Gen. 9.4. Lev. 3.17. Deu. 12.16. cap. 18.6 e 22.6, 9.

[25] cap. 18.6 e 22.11.

[26] ver. 24.

[27] cap. 39.4.

[28] Jer. 44.2, 6, 22. cap. 36.34, 35. cap. 30.6, 7.

[29] Isa. 29.13.

[30] cap. 14.11 e 20.1, etc.

[31] cap. 8.1. Isa. 29.13.

[32] Mat. 13.22.

[33] I Sam. 3.20. cap. 2.5.



_Prophecia contra os pastores infieis de Israel._

34 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] prophetiza contra os pastores de Israel;
prophetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor JEHOVAH: [2] Ai
dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! _porventura_ os
pastores não apascentarão as ovelhas?

3 Comeis o [3] gordo, e vos vestis de lã; degolaes o cevado; _porém_ não
apascentaes as ovelhas.

4 As fracas não fortalecestes, [4] e a doente não curastes, e a quebrada
não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, [5] e a perdida não
buscastes; porém dominaes sobre ellas com rigor e dureza.

5 Assim se espalharam, [6] por não haver pastor, e ficaram para pasto de
toda a besta do campo, porquanto se espalharam.

6 As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes, e por todo o
alto outeiro; e as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da
terra, sem haver quem [ABR] pergunte por _ellas_, sem haver quem _as_
busque.

7 Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor:

8 Vivo eu, diz o Senhor JEHOVAH, que, porquanto as minhas ovelhas [7]
foram _entregues_ á rapina, e as minhas ovelhas vieram a servir de pasto
a toda a besta do campo, á falta de pastor, e os meus pastores não [ABS]
perguntam pelas minhas ovelhas, [8] e os pastores se apascentam a si
mesmos, e não apascentam as minhas ovelhas;

9 Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor:

10 Assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis que eu estou contra os pastores, e [9]
demandarei as minhas ovelhas da sua mão, e os farei cessar de apascentar
as ovelhas, [10] e os pastores não se apascentarão mais a si mesmos; e
livrarei as minhas ovelhas da sua bocca, e lhes não servirão _mais_ de
pasto.

11 Porque assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis que eu, eu _digo_, perguntarei
pelas minhas ovelhas, e as buscarei.

12 Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que está no meio das suas
ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; e as farei escapar
de todos os logares por onde andam espalhadas, [11] no dia da nuvem e da
escuridão.

13 E as tirarei [12] dos povos, e as congregarei das terras, e as trarei
á sua terra, e as apascentarei nos montes de Israel, junto ás correntes,
e em todas as habitações da terra.

14 Em bons pastos as apascentarei, e nos altos montes de Israel será a
sua malhada; [13] ali se deitarão n’uma boa malhada, e pastarão _em_
pastos gordos nos montes de Israel.

15 Eu apascentarei as minhas ovelhas, e eu as farei repousar, diz o
Senhor JEHOVAH.

16 A perdida buscarei, [14] e a desgarrada tornarei a trazer, e a
quebrada atarei, e a enferma fortalecerei; mas a gorda [15] e a forte
destruirei; apascental-as-hei com juizo.

17 E quanto a vós, ó ovelhas minhas, assim diz o Senhor JEHOVAH: [16]
Eis que eu julgarei entre gado pequeno e gado pequeno, entre carneiros e
bodes.

18 Acaso não vos basta que pasteis o bom pasto, senão que pizeis o resto
de vossos pastos a vossos pés? e _que_ bebaes as profundas aguas, senão
que enlameeis o resto com os vossos pés?

19 E as minhas ovelhas pastarão o que foi pizado com os vossos pés, e
beberão o que tem sido turvado com os vossos pés.

20 Por isso o Senhor JEHOVAH assim lhes diz: [17] Eis que eu, sim, eu,
julgarei entre o gado gordo e o gado magro.

21 Porquanto com o lado e com o hombro daes empurrões, e com as vossas
pontas escorneaes todas as fracas, até que as espalhaes para fóra,

22 Portanto livrarei as minhas ovelhas, para que não sirvam mais de
rapina, [18] e julgarei entre gado miudo e gado miudo.

23 E [19] levantarei sobre ellas um só pastor, e elle as apascentará:
[20] meu servo David, este as apascentará, e este lhes servirá de pastor.

24 E eu, o Senhor, [21] lhes serei por Deus, e o meu servo David será
principe no meio d’elles: eu, o Senhor, o fallei.

25 E [22] farei com elles um concerto de paz, e farei cessar a besta ruim
da terra, e habitarão no deserto seguramente, e dormirão nos bosques.

26 E a elles, e aos logares ao redor do meu outeiro, [23] os porei _por_
benção; e farei descer a chuva a seu tempo: chuvas de benção serão.

27 E [24] as arvores do campo darão o seu fructo, e a terra dará a sua
novidade, e estarão seguros na sua terra; e saberão que eu _sou_ o
Senhor, [25] quando eu quebrar as varas do seu jugo [26] e os livrar da
mão dos que se serviam d’elles.

28 E [27] não servirão mais de rapina aos gentios, e a besta _fera_ da
terra nunca _mais_ os comerá: [28] e habitarão seguramente, e ninguem
haverá que _os_ espante.

29 E lhes [29] levantarei _uma_ planta de nome, e nunca mais serão
arrebatados da fome na terra, [30] nem mais levarão sobre si o opprobrio
dos gentios.

30 Saberão, porém, que eu, o Senhor seu Deus, [31] _estou_ com elles, e
_que_ elles _são_ o meu povo, a casa d’Israel, diz o Senhor JEHOVAH.

31 Vós pois, [32] ó ovelhas minhas, ovelhas do meu pasto; homens _sois_;
_porém_ eu _sou_ o vosso Deus, diz o Senhor JEHOVAH.

[1] cap. 33.24.

[2] Jer. 23.1. Zac. 11.17.

[3] cap. 33.25, 26. Miq. 3.1, 2, 3.

[4] ver. 16. Zac. 11.16.

[5] Luc. 15.4. I Ped. 5.3.

[6] cap. 33.21, 28. I Sam. 22.17. Mat. 9.36. Isa. 56.9. Jer. 12.9. ver. 8.

[7] ver. 5, 6.

[8] ver. 2, 10.

[9] cap. 3.18. Heb. 13.17.

[10] ver. 2, 8.

[11] cap. 30.3. Joel 2.2.

[12] Isa. 65.9, 10. Jer. 23.3. cap. 28.25 e 36.24 e 37.21, 22.

[13] Jer. 33.12.

[14] ver. 4. Isa. 40.11. Miq. 4.6. Mat. 18.11. Mar. 2.17. Luc. 5.32.

[15] Amós 4.1.

[16] cap. 20.37, 38. ver. 20, 22. Mat. 25.32, 33.

[17] ver. 17.

[18] ver. 17.

[19] Isa. 40.11. Jer. 23.4, 5. João 10.11. Heb. 13.20. I Ped. 2.25 e 5.4.

[20] Jer. 30.9. cap. 37.24, 25. Ose. 3.5.

[21] ver. 30. Exo. 29.45. cap. 37.27.

[22] cap. 37.26. Lev. 26.6. Isa. 11.6-9 e 35.9. Ose. 2.18. ver. 28. Jer.
23.6.

[23] Isa. 56.7. Gen. 12.2. Isa. 19.24.

[24] Lev. 26.4. Isa. 4.2.

[25] Lev. 26.13. Jer. 2.20.

[26] Jer. 25.14.

[27] ver. 8.

[28] ver. 25. Jer. 30.10.

[29] Isa. 11.1. Jer. 23.5.

[30] cap. 36.3, 6, 15.

[31] ver. 24. cap. 37.27.

[32] João 10.11.



_Prophecia contra o monte de Seir._

35 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] dirige o teu rosto contra o monte de Seir, e
prophetiza contra elle.

3 E dize-lhe: Assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis que eu estou contra ti, ó
monte de Seir, [2] e estenderei a minha mão contra ti, e te porei _em_
assolação e espanto.

4 [3] As tuas cidades porei _em_ solidão, e tu te tornarás _em_
assolação; e saberás que eu _sou_ o Senhor.

5 Porquanto guardas inimizade perpetua, e fizeste derramar os filhos
d’Israel pela violencia da espada [4] no tempo da extrema iniquidade,

6 Por isso vivo eu, diz o Senhor JEHOVAH, que te preparei para sangue, e
o sangue te perseguirá; pois que não aborreceste o sangue, o sangue te
perseguirá.

7 E farei do monte de Seir uma extrema assolação, [5] e exterminarei
d’elle o que _por elle_ passar, e o que _por elle_ tornar.

8 E [6] encherei os seus montes dos seus traspassados; nos teus outeiros,
e nos teus valles, e em todas as tuas correntes cairão os traspassados á
espada.

9 _Em_ assolações perpetuas [7] te porei, e as tuas cidades nunca mais
serão habitadas: [8] assim sabereis que eu _sou_ o Senhor.

10 Porquanto dizes: Os dois povos e as duas terras serão minhas, [9] e as
possuiremos, sendo que o Senhor se achava ali,

11 Portanto, vivo eu, diz o Senhor JEHOVAH, [10] que usarei conforme a
tua ira, e conforme a tua inveja, de que usaste, com o teu odio, contra
elles; e serei conhecido d’elles, quando te julgar.

12 E [11] saberás que eu, o Senhor, ouvi todas as tuas blasphemias, que
disseste contra os montes d’Israel, dizendo: _Já_ estão assolados, a nós
nos são entregues por pasto.

13 Assim [12] vos engrandecestes contra mim com a vossa bocca, e
multiplicastes as vossas palavras contra mim: eu o ouvi.

14 Assim diz o Senhor JEHOVAH: [13] Quando se alegra toda a terra te
porei em assolação.

15 Como [14] te alegraste da herança da casa de Israel, porque está
assolada, assim te farei a ti: [15] em assolação serás tomado, ó monte
de Seir, e todo o Edom, todo, _digo_; e saberão que eu _sou_ o Senhor.

[1] cap. 6.2. Deu. 2.5.

[2] cap. 6.14.

[3] ver. 9. Abd. 10.

[4] cap. 21.25, 29. Dan. 9.24. Abd. 11.

[5] cap. 29.11.

[6] cap. 31.12 e 32.5.

[7] Jer. 49.17, 18. ver. 4. Mal. 1.3, 4.

[8] cap. 6.7 e 7.4, 9 e 36.11.

[9] cap. 36.5. Abd. 13.

[10] Mat. 7.2. Thi. 2.13.

[11] cap. 6.7.

[12] I Sam. 2.3. Apo. 13.6.

[13] Isa. 65.13, 14.

[14] Abd. 12, 15.

[15] ver. 3, 4.



_Prophecia feita aos montes de Israel._

36 E tu, ó filho do homem, [1] prophetiza aos montes de Israel, e dize:
Montes de Israel, ouvi a palavra do Senhor.

2 Assim diz o Senhor JEHOVAH: [2] Porquanto diz o inimigo sobre vós: Ah!
ah! até as eternas alturas são por nossa herança;

3 Portanto, prophetiza, e dize: Assim diz o Senhor JEHOVAH: Porquanto vos
assolaram e devoraram em redor, para que vós ficasseis feitos herança do
resto das nações, [3] e estaes levantados em labios do paroleiro, e em
infamia do povo,

4 Portanto, ouvi, ó montes de Israel, a palavra do Senhor JEHOVAH: Assim
diz o Senhor JEHOVAH aos montes e aos outeiros, ás correntes e aos
valles, aos logares assolados e solitarios, e ás cidades desamparadas,
que se tornaram em rapina e em escarneo ao resto das nações que lhes
_estão_ em redor;

5 Portanto, assim diz o Senhor JEHOVAH: [4] Certamente no fogo do meu
zelo fallei contra o resto das nações, e contra todo o Edom, [5] que
se appropriaram da minha terra, com alegria de todo o coração, e com
menosprezo da alma, para ser lançada fóra á rapina.

6 Portanto, prophetiza sobre a terra de Israel, e dize aos montes e aos
outeiros, ás correntes e aos valles: Assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis que
fallei no meu zelo e no meu furor, [6] porquanto levastes sobre vós o
opprobrio dos gentios.

7 Portanto, assim diz o Senhor JEHOVAH: [7] Eu levantei a minha mão, para
que os gentios que vos _estão_ em redor levem o seu opprobrio sobre si
mesmos.

8 Porém vós, ó montes de Israel, _ainda_ produzireis o vosso ramo, e
dareis o vosso fructo para o meu povo de Israel; porque estão para vir.

9 Porque eis que eu _estou_ comvosco; e eu me virarei para vós, e sereis
lavrados e semeados.

10 E multiplicarei os homens sobre vós, a toda a casa de Israel, a toda
ella: e as cidades serão habitadas, [8] e as solidões serão edificadas.

11 E [9] multiplicarei homens e bestas sobre vós, e se multiplicarão, e
fructificarão: e vos farei habitar como d’antes, e o farei melhor que nos
vossos principios; [10] e sabereis que eu _sou_ o Senhor.

12 E farei andar sobre vós uns homens; o meu povo de Israel: elles te
possuirão, [11] e serás a sua herança, e nunca mais os desfilharás.

13 Assim diz o Senhor JEHOVAH: Porquanto vos dizem: [12] Tu és uma
_terra_ que devora os homens, e és uma _terra_ que desfilha os seus povos;

14 Por isso tu não devorarás mais os homens, nem desfilharás mais os teus
povos, diz o Senhor JEHOVAH.

15 E farei que nunca mais se [13] ouça em ti a affronta dos gentios; nem
levarás mais sobre ti o opprobrio das gentes, nem mais desfilharás a tua
nação, diz o Senhor JEHOVAH.


_A restauração de Israel._

16 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

17 Filho do homem, quando a casa de Israel habitava na sua terra, [14]
então a contaminaram com os seus caminhos e com as suas acções: [15] como
a immundicia de uma mulher separada, era o seu caminho perante o meu
rosto.

18 Derramei pois o meu furor sobre elles, [16] por causa do sangue que
derramaram sobre a terra, e dos seus idolos, _com que_ a contaminaram.

19 E os espalhei [17] entre as nações, e foram espalhados pelas terras:
[18] conforme os seus caminhos, e conforme os seus tratos, os julguei.

20 E, chegando ás nações para onde se foram, [19] profanaram o meu sancto
nome; porquanto se dizia d’elles: Estes _são_ o povo do Senhor, e sairam
da sua terra.

21 Porém _os_ poupei [20] por amor do meu sancto nome, o qual a casa de
Israel profanou entre as nações para onde foi.

22 Dize portanto á casa de Israel: Assim diz o Senhor JEHOVAH: Não é por
vosso respeito que eu _o_ faço, ó casa de Israel, porém pelo meu sancto
nome, que profanaste entre as nações para onde vós fostes.

23 E eu sanctificarei o meu grande nome, que foi profanado entre as
nações, o qual profanastes no meio d’ellas; e as nações saberão que eu
_sou_ o Senhor, diz o Senhor JEHOVAH, [21] quando eu fôr sanctificado aos
seus olhos.

24 E vos tomarei [22] d’entre as nações, e vos congregarei de todas as
terras, e vos trarei para a vossa terra.

25 Então espalharei [23] agua pura sobre vós, e ficareis purificados: de
todas as vossas immundicias e de todos os vossos idolos vos purificarei.

26 E vos darei [24] um coração novo, e porei dentro de vós um espirito
novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne, e vos darei um coração
de carne.

27 E porei dentro de vós o meu espirito, [25] e farei que andeis nos meus
estatutos, e guardeis os meus juizos, e _os_ façaes.

28 E habitareis [26] na terra que eu dei a vossos paes, [27] e vós me
sereis por povo, e eu vos serei por Senhor.

29 E vos livrarei [28] de todas as vossas immundicias; e chamarei o
trigo, e o multiplicarei, [29] e não trarei fome sobre vós.

30 E multiplicarei [30] o fructo das arvores, e a novidade do campo, para
que nunca mais recebaes o opprobrio da fome entre as nações.

31 Então vos [31] lembrareis dos vossos maus caminhos, e dos vossos
tratos, que não _foram_ bons; e tereis nojo em vós mesmos das vossas
maldades e das vossas abominações.

32 Não [32] é por amor de vós que eu faço _isto_, diz o Senhor JEHOVAH;
notorio vos seja: envergonhae-vos, e ficae confusa sobre os vossos
caminhos, ó casa de Israel.

33 Assim diz o Senhor JEHOVAH: No dia em que eu vos purificar de todas as
vossas maldades, então farei com que sejam habitadas as cidades [33] e
sejam edificadas as solidões.

34 E a terra assolada se lavrará, em logar de ser assolada aos olhos de
todos os que passavam.

35 E dirão: Esta terra assolada ficou como [34] jardim do Eden; e as
cidades solitarias, e assoladas, e destruidas, estão fortalecidas _e_
habitadas.

36 Então saberão as nações, que ficarem de resto em redor de vós, que eu,
o Senhor, reedifico as _cidades_ destruidas, _e_ planto o assolado: eu, o
Senhor, [35] _o_ fallei, e farei.

37 Assim diz o Senhor JEHOVAH: Ainda por isso serei requerido da casa de
Israel, que lh’o faça: multiplical-os-hei de homens, como a _um_ rebanho.

38 Como o rebanho sanctificado, como o rebanho de Jerusalem nas suas
solemnidades, assim as cidades desertas serão cheias de rebanhos de
homens; e saberão que eu _sou_ o Senhor.

[1] cap. 6.2, 3.

[2] Deu. 32.13. cap. 35.10.

[3] Deu. 28.37. I Reis 9.7. Dan. 9.16.

[4] Deu. 4.24. cap. 38.19.

[5] cap. 35.10, 12.

[6] cap. 34.29. ver. 15.

[7] cap. 20.5.

[8] ver. 33. Isa. 58.12 e 61.4.

[9] Jer. 31.27 e 33.12.

[10] cap. 35.9 e 27.6, 13.

[11] Abd. 17, etc. Jer. 15.7.

[12] Num. 13.32.

[13] cap. 34.29.

[14] Lev. 18.25, 27, 28. Jer. 2.7.

[15] Lev. 15.19, etc.

[16] cap. 16.36, 38 e 24.37.

[17] cap. 22.15.

[18] cap. 18.30 e 39.24.

[19] Isa. 52.5. Rom. 2.24.

[20] cap. 20.9, 14.

[21] cap. 20.41 e 28.22.

[22] cap. 34.13 e 37.21.

[23] Heb. 10.22. Jer. 33.8.

[24] Jer. 32.39. cap. 11.19.

[25] cap. 11.19 e 37.14.

[26] cap. 28.25 e 37.25.

[27] Jer. 30.22. cap. 11.20 e 37.27.

[28] Mat. 1.21. Rom. 11.26.

[29] cap. 34.29.

[30] cap. 34.27.

[31] cap. 16.61, 63. Lev. 26.39. cap. 6.9 e 20.43.

[32] Deu. 9.5. ver. 22.

[33] ver. 10.

[34] Isa. 51.3. cap. 28.13. Joel 2.3.

[35] cap. 17.24 e 22.14 e 37.14.



_A visão d’um valle de ossos seccos._

37 Veiu sobre mim a mão do Senhor, [1] e o Senhor, pelo espirito, me
levou e me poz no meio de um valle que _estava_ cheio de ossos.

2 E me fez passar por toda a roda d’elles; e eis que _eram_ mui numerosos
sobre a face do valle, e eis que _estavam_ sequissimos.

3 E me disse: Filho do homem, _porventura_ viverão estes ossos? E eu
disse: [2] Senhor JEHOVAH, tu _o_ sabes.

4 Então me disse: Prophetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos
seccos, ouvi a palavra do Senhor.

5 Assim diz o Senhor JEHOVAH a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o
espirito, e vivereis.

6 E porei nervos sobre vós, e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós
estenderei pelle, e porei em vós o espirito, e vivereis, [3] e sabereis
que eu _sou_ o Senhor.

7 Então prophetizei como se me deu ordem; e houve _um_ arroido,
prophetizando eu; e eis que _se fez_ um reboliço, e os ossos se
achegaram, [ABT] _cada_ osso ao seu osso.

8 E olhei, e eis que _vinham_ nervos sobre elles, e cresceu a carne,
e estendeu-se a pelle sobre elles por cima; porém não havia n’elles
espirito.

9 E elle me disse: Prophetiza ao espirito, prophetiza, ó filho do homem,
e dize ao espirito: Assim diz o Senhor JEHOVAH: Vem dos quatro ventos, ó
espirito, e assopra sobre estes mortos, e viverão.

10 E prophetizei como [4] elle me deu ordem: então o espirito entrou
n’elles, e viveram, e se pozeram em seus pés, um exercito grande em
extremo.

11 Então me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel:
eis que dizem: Os nossos ossos se seccaram, e pereceu a nossa esperança:
nós estamos cortados.

12 Portanto prophetiza, e dize-lhes: Assim diz o Senhor JEHOVAH: [5]
Eis que eu abrirei as vossas sepulturas, e vos farei subir das vossas
sepulturas, ó povo meu, [6] e vos trarei á terra de Israel.

13 E sabereis que eu _sou_ o Senhor, quando eu abrir as vossas
sepulturas, e vos fizer subir das vossas sepulturas, ó povo meu.

14 E porei em vós [7] o meu espirito, e vivereis, e vos metterei na vossa
terra, e sabereis que eu, o Senhor, fallei _isto_, e o fiz, diz o Senhor.

15 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

16 Tu, pois, ó filho do homem, [8] toma um pau, e escreve n’elle: A Judah
e aos filhos de Israel, seus companheiros. E toma outro pau, e escreve
n’elle: A José, o pau de Ephraim, e de toda a casa de Israel, seus
companheiros.

17 E ajunta [9] um ao outro, para que sejam um pau; e serão unidos na tua
mão.

18 E quando te fallarem os filhos do teu povo, dizendo: _Porventura_ [10]
não nos declaras que _significam_ estas coisas?

19 _Então_ lhes dirás: [11] Assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis que eu
tomarei o pau de José, que esteve na mão de Ephraim, e das tribus de
Israel, seus companheiros, e os ajuntarei com elle ao pau de Judah, e
farei d’elles um só pau, e elles se farão um só na minha mão.

20 E os paus, sobre que houveres escripto, estarão na tua mão, [12]
perante os olhos d’elles.

21 Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor JEHOVAH: [13] Eis que eu tomarei
os filhos de Israel de entre as nações, para onde elles foram, e os
congregarei de todas as partes, e os levarei á sua terra.

22 E d’elles farei [14] uma nação na terra, nos montes d’Israel, e todos
elles terão por _seu_ rei um _só_ rei; [15] e nunca mais serão duas
nações; nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos.

23 E nunca [16] mais se contaminarão com os seus idolos, nem com as suas
abominações, nem com as suas prevaricações, [17] e os livrarei de todas
as suas habitações, em que peccaram, e os purificarei: assim me serão por
povo, e eu lhes serei por Deus.

24 E [18] meu Servo David _será_ rei sobre elles, e todos elles terão um
_só_ pastor; e andarão nos meus juizos, e guardarão os meus estatutos, e
os farão.

25 E [19] habitarão na terra que dei a meu servo Jacob, em que habitaram
vossos paes; e habitarão n’ella, elles e seus filhos, e os filhos de
seus filhos, para sempre, [20] e David, meu servo, _será_ seu principe
eternamente.

26 E farei com elles [21] um concerto de paz; será com elles um concerto
perpetuo; e os porei, [22] e os multiplicarei, e porei o meu sanctuario
no meio d’elles para sempre.

27 E o meu tabernaculo [23] estará com elles, e lhes serei por Deus e
elles me serão por povo.

28 E [24] as nações saberão que eu _sou_ o Senhor que sanctifico a
Israel, quando estiver o meu sanctuario no meio d’elles para sempre.

[1] cap. 1.3 e 3.14 e 8.3 e 11.24. Luc. 4.1.

[2] Deu. 32.39. I Sam. 2.6. João 5.21. II Cor. 1.9.

[3] cap. 6.7 e 35.12. Joel 2.27 e 3.17.

[4] Apo. 11.11.

[5] Isa. 26.19. Ose. 13.14.

[6] cap. 36.24. ver. 25.

[7] cap. 36.27.

[8] Num. 17.2. II Chr. 15.9.

[9] ver. 22, 24.

[10] cap. 12.9 e 24.19.

[11] Zac. 10.6. ver. 16, 17.

[12] cap. 12.3.

[13] cap. 36.24.

[14] Ose. 1.11.

[15] cap. 34.23, 24.

[16] cap. 36.25.

[17] cap. 36.28, 29.

[18] Jer. 23.5 e 30.9. cap. 34.23, 24. Luc. 1.32. João 10.16.

[19] cap. 36.28.

[20] Isa. 60.21. Joel 3.20. Amós 9.15. ver. 24. João 12.34.

[21] Isa. 55.3. cap. 34.25.

[22] cap. 36.10, 37. II Cor. 6.16.

[23] Lev. 26.11, 12. cap. 43.7 e 11.20 e 14.11 e 36.28.

[24] cap. 36.23. cap. 20.12.



_Prophecia contra Gog._

38 Veiu mais a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] dirige o teu rosto contra Gog, terra de Magog, [2]
principe e chefe de Mesech e Tubal, e prophetiza contra elle,

3 E dize: Assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis que eu _estou_ contra ti, ó
Gog, principe e chefe de Mesech e de Tubal;

4 E [3] te farei voltar, e porei anzoes nos teus queixos, e te levarei
a ti, com todo o teu exercito, cavallos e cavalleiros, todos vestidos
bizarramente, congregação grande, _com_ escudo e rodela, manejando todos
a espada:

5 Persas, ethiopes, e puteos com elles, todos elles _com_ escudo e
capacete;

6 Gomer [4] e todas as suas tropas, a casa de Togarma, _da_ banda do
norte, e todas as suas tropas, muitos povos comtigo.

7 Prepara-te, [5] e dispõe-te, tu e todas as tuas congregações que se
ajuntaram ao pé de ti, e serve-lhes tu de guarda.

8 Depois [6] de muitos dias serás visitado: no fim dos annos virás á
terra que se retirou da espada, [7] e _que foi_ congregada d’entre muitos
povos aos montes de Israel, que sempre serviram de assolação; mas
aquella _terra_ foi tirada d’entre os povos, [8] e todos elles habitarão
seguramente.

9 Então subirás, [9] virás como uma tempestade, far-te-has como uma nuvem
para cobrir a terra, tu e todas as tuas tropas, e muitos povos comtigo.

10 Assim diz o Senhor JEHOVAH: E será n’aquelle dia _que_ subirão
conselhos sobre o teu coração, e maquinarás um mau designio,

11 E dirás: Subirei contra a terra das aldeias, [10] virei contra os que
estão em repouso, que habitam seguros; todos elles habitam sem muro, e
não teem ferrolho nem portas;

12 Para despojar o despojo, e para roubar o roubo, [11] para tornar a tua
mão contra as terras desertas que _agora_ se habitam, e contra o povo que
se ajuntou d’entre as nações, e _já_ tem gado e possessões, que habita no
meio da terra.

13 Sheba, [12] e Dedan, e os mercadores de Tarsis, e todos os seus
leõesinhos te dirão: _Porventura_ tu vens a despojar o despojo? ou
ajuntaste o teu ajuntamento para roubar o roubo? para levar a prata e o
oiro, para tomar o gado e possessões, para despojar o grande despojo?

14 Portanto, prophetiza, ó filho do homem, e dize a Gog: Assim diz o
Senhor JEHOVAH: [13] _Porventura_ não o experimentarás n’aquelle dia,
quando o meu povo Israel habitar com segurança?

15 Virás pois [14] do teu logar, das bandas do norte, tu e muitos povos
comtigo, montados todos a cavallo, grande ajuntamento, e exercito
numeroso,

16 E [15] subirás contra o meu povo Israel, como uma nuvem, para cobrir
a terra: no fim dos dias succederá; então te trarei contra a minha
terra, [16] para que as nações me conheçam a mim, quando eu me houver
sanctificado em ti aos seus olhos, ó Gog.

17 Assim diz o Senhor JEHOVAH: _Porventura_ não _és_ tu aquelle de quem
eu disse nos dias antigos, pelo ministerio de meus servos, os prophetas
de Israel, que n’aquelles dias prophetizaram _largos_ annos, que te
traria contra elles?

18 Succederá, porém, n’aquelle dia, no dia _em que_ vier Gog contra a
terra de Israel, diz o Senhor JEHOVAH, que a minha indignação subirá a
meus narizes.

19 Porque fallei no meu zelo, [17] no fogo do meu furor, [18] que
n’aquelle dia haverá grande tremor sobre a terra de Israel;

20 _De tal maneira_ que [19] tremerão diante da minha face os peixes do
mar, e as aves do céu, e os animaes do campo, e todos os reptis que se
arrastam sobre a terra, e todos os homens que _estão_ sobre a face da
terra; [20] e os montes serão deitados abaixo, e os precipicios cairão, e
todos os muros cairão á terra.

21 Porque [21] chamarei sobre elle a espada por todos os meus montes,
[22] diz o Senhor JEHOVAH: a espada de cada um se voltará contra seu
irmão.

22 E contenderei com elle [23] pela peste e pelo sangue; e _uma_ chuva
inundante, [24] e grandes pedras de saraiva, fogo, e enxofre choverei
sobre elle, e sobre as suas tropas, e sobre os muitos povos que
_estiverem_ com elle.

23 Assim eu me engrandecerei [25] e me sanctificarei, e me farei conhecer
aos olhos de muitas nações; e saberão que eu _sou_ o Senhor.

[1] cap. 39.1. cap. 35.2, 3.

[2] cap. 32.26.

[3] II Reis 19.28. cap. 39.2.

[4] Gen. 10.2. cap. 27.14.

[5] Isa. 8.9, 10. Jer. 46.3, 4, 14 e 51.12.

[6] Deu. 4.30.

[7] ver. 12. cap. 34.13. cap. 36.1, 4, 8.

[8] Jer. 23.6. cap. 34.23.

[9] Isa. 28.2. Jer. 4.13. ver. 16.

[10] Jer. 49.31. ver. 8.

[11] cap. 36.34, 35. ver. 8.

[12] cap. 27.22, 23. cap. 27.15, 20. cap. 27.12.

[13] Isa. 4.1. ver. 8.

[14] cap. 39.2. ver. 6.

[15] ver. 9.

[16] cap. 3.23 e 39.21.

[17] cap. 36.5, 6 e 39.25.

[18] Apo. 16.18.

[19] Ose. 4.3.

[20] Jer. 4.24.

[21] cap. 14.17.

[22] I Sam. 14.20. II Chr. 20.23.

[23] Isa. 66.16. cap. 5.17. Isa. 29.6 e 30.30.

[24] cap. 13.11. Apo. 16.21.

[25] cap. 36.23 e 37.28 e 39.7. ver. 16.



39 Tu pois, [1] ó filho do homem, prophetiza _ainda_ contra Gog, e dize:
Assim diz o Senhor JEHOVAH: Eis que eu _estou_ contra ti, ó Gog, principe
e chefe de Mesech e de Tubal.

2 E te farei voltar, e te porei seis anzoes, [2] e te farei subir das
bandas do norte, e te trarei aos montes de Israel.

3 E tirarei o teu arco da tua mão esquerda, e farei cair as tuas frechas
da tua mão direita.

4 Nos montes de Israel cairás, [3] tu e todas as tuas tropas, e os povos
que _estão_ comtigo; [4] e ás aves de rapina, _e_ ás aves de toda a aza,
e aos animaes do campo, te dei por pasto.

5 Sobre a face do campo cairás, porque eu _o_ fallei, diz o Senhor
JEHOVAH.

6 E [5] enviarei um fogo a Magog, e entre os que habitam seguros nas
ilhas; e saberão que eu _sou_ o Senhor.

7 E [6] farei conhecido o meu sancto nome no meio do meu povo Israel, e
nunca mais deixarei profanar o meu sancto nome; [7] e as nações saberão
que eu _sou_ o Senhor, o Sancto em Israel.

8 Eis que é vindo, e será feito, diz o Senhor JEHOVAH: este _é_ o dia
_de_ que tenho fallado.

9 E os habitantes das cidades de Israel sairão, e accenderão _fogo_, e
queimarão as armas, e os escudos e as rodelas, com os arcos, e com as
frechas, e com os bastões de mão, e com as lanças; e accenderão fogo com
ellas por sete annos.

10 E não trarão lenha do campo, nem _a_ cortarão dos bosques, mas com as
armas accenderão fogo; e roubarão aos que os roubaram, [8] e despojarão
aos que os despojaram, diz o Senhor JEHOVAH.

11 E succederá que, n’aquelle dia, darei ali a Gog _um_ logar de
sepultura em Israel, o valle dos que passam ao oriente do mar; e este
tapará _os narizes_ aos que passarem; e ali sepultarão a Gog, e a toda a
sua multidão, e lhe chamarão o valle [ABU] da multidão de Gog.

12 E a casa de Israel os enterrará por sete mezes, [9] para purificar a
terra.

13 Pois todo o povo da terra os enterrará, [10] e lhes será de nomeada o
dia _em que_ eu fôr glorificado, diz o Senhor JEHOVAH.

14 E separarão uns homens que incessantemente passarão pela terra, para
que elles, juntamente com os que passam, sepultem os que tiverem ficado
sobre a face da terra, [11] para a purificarem: ao cabo de sete mezes
farão esta busca.

15 E os que passam pela terra passarão, e, vendo _algum_ o osso de um
homem, lhe levantará ao pé um signal, até que os enterradores o houverem
enterrado no valle da [ABV] multidão de Gog.

16 E tambem o nome da cidade _será_ [ABW] Hamona: assim purificarão a
terra.

17 Tu, pois, ó filho do homem, assim diz o Senhor JEHOVAH, dize ás aves
de toda a aza, e a todos os animaes do campo: [12] Ajuntae-vos e vinde,
congregae-vos de ao redor para o meu sacrificio, que eu sacrifiquei por
vós, um sacrificio grande, [13] nos montes de Israel, e comei carne e
bebei sangue.

18 Comereis [14] a carne dos principes da terra; dos carneiros, dos
cordeiros, e dos bodes, _e_ dos bezerros, [15] todos cevados de Basan.

19 E comereis a gordura até vos fartardes, e bebereis o sangue até vos
embebedardes, do meu sacrificio, que sacrifiquei por vós.

20 E vos fartareis á minha mesa, de cavallos, e de carros, [16] de
valentes, e de todos os homens de guerra, diz o Senhor JEHOVAH.

21 E [17] eu porei a minha gloria entre as nações, e todas as nações
verão o meu juizo, que eu tiver executado, e a minha mão, [18] que sobre
ellas tiver carregado.

22 E saberão os da casa [19] de Israel que eu _sou_ o Senhor seu Deus,
desde aquelle dia em diante.

23 E as nações saberão [20] que os da casa d’Israel, por causa da sua
iniquidade, foram levados em captiveiro, porque se rebellaram contra mim,
e eu escondi d’elles a minha face, [21] e os entreguei nas mãos de seus
adversarios, e todos cairam á espada.

24 Conforme a sua [22] immundicia e conforme as suas prevaricações usei
com elles, e escondi d’elles a minha face.

25 Portanto assim diz o Senhor JEHOVAH: [23] Agora tornarei a trazer
os captivos de Jacob, [24] e me compadecerei de toda a casa d’Israel;
zelarei pelo meu sancto nome;

26 Quando houverem levado [25] sobre si a sua vergonha, e toda a sua
rebeldia, _com_ que se rebellaram contra mim, [26] habitando elles
seguros na sua terra, sem haver quem os espantasse.

27 Quando [27] eu os tornar a trazer de entre os povos, e os houver
ajuntado das terras de seus inimigos, [28] e eu fôr sanctificado n’elles
aos olhos de muitas nações,

28 Então saberão [29] que eu _sou_ o Senhor seu Deus, vendo que eu os fiz
levar em captiveiro entre as nações, e os tornei a ajuntar para a sua
terra, e nenhum d’elles deixei lá mais.

29 Nem [30] esconderei mais a minha face d’elles, quando eu houver
derramado o meu espirito [31] sobre a casa de Israel, diz o Senhor
JEHOVAH.

[1] cap. 38.2, 3.

[2] cap. 38.15.

[3] ver. 17.

[4] cap. 33.27.

[5] cap. 38.23. Amós 1.4.

[6] ver. 22. Lev. 18.21. cap. 20.39.

[7] cap. 38.16, 23.

[8] Isa. 14.2.

[9] Deu. 21.23. ver. 14, 16.

[10] cap. 28.22.

[11] ver. 12.

[12] Jer. 12.9. Sof. 1.7.

[13] ver. 4.

[14] Apo. 19.18.

[15] Deu. 32.14.

[16] Apo. 19.18.

[17] cap. 38.16, 23.

[18] Exo. 7.4.

[19] ver. 7, 28.

[20] cap. 36.18, 19, 20, 23.

[21] Lev. 26.25.

[22] cap. 36.19.

[23] Jer. 30.3, 18. cap. 34.13 e 36.24.

[24] cap. 20.40.

[25] Dan. 9.16.

[26] Lev. 26.5, 6.

[27] cap. 28.25, 26.

[28] cap. 36.23, 24 e 38.16.

[29] cap. 34.30. ver. 22.

[30] Isa. 54.8.

[31] Joel 2.28. Zac. 12.10.



_A restauração do templo: os atrios e os vestibulos._

[Antes de Christo 574]

40 No anno vinte e cinco do nosso captiveiro, no principio do anno, no
decimo _dia_ do mez, [1] quatorze annos depois que a cidade foi ferida,
n’aquelle mesmo dia veiu sobre mim a mão do Senhor, e me levou para lá.

2 Em visões [2] de Deus me levou á terra d’Israel, e me poz sobre _um_
monte mui alto, e _havia_ sobre elle como edificio de cidade para a banda
do sul.

3 E, havendo-me levado ali, [3] eis que um homem cujo parecer _era_ como
o parecer de cobre _tinha_ um cordel de linho na sua mão [4] e uma canna
de medir; e elle estava em pé na porta.

4 E disse-me o homem: [5] Filho do homem, vê com os teus olhos, e ouve
com os teus ouvidos, e põe no teu coração tudo quanto eu te fizer vêr;
porque afim de t’_o_ mostrar foste tu aqui trazido: [6] annuncia _pois_ á
casa de Israel tudo quanto tu vires.

5 E eis um muro [7] fóra da casa em redor, e na mão do homem _uma_ canna
de medir, de seis covados, _cada covado_ d’um covado e um palmo, e mediu
a largura do edificio, d’uma canna, e a altura, d’uma canna.

6 Então veiu á porta que olhava para o caminho do oriente, e subiu pelos
seus degraus; mediu o umbral da porta, uma canna de largo, e o outro
umbral, d’uma canna de largo.

7 E _cada_ camarinha _era_ uma canna de comprido, e outra canna de largo,
e entre as camarinhas _havia_ cinco covados; e o umbral da porta, ao pé
do vestibulo da porta, era d’uma canna, por dentro.

8 Tambem mediu o vestibulo da porta por dentro, d’uma canna.

9 Então mediu o _outro_ alpendre da porta, de oito covados, e os seus
pilares, de dois covados, e o vestibulo da porta, por dentro.

10 E as camarinhas da porta do caminho para o oriente _eram_ tres d’esta
e tres da outra banda, uma mesma medida _era_ a das tres: tambem os
pilares d’esta e da outra banda _tinham_ a mesma medida.

11 Mediu mais a largura da entrada da porta, de dez covados; _e_ o
comprimento da porta, treze covados.

12 E o espaço de diante das camarinhas _era_ de um covado, e de um covado
o espaço da outra banda: e _cada_ camarinha _tinha_ seis covados d’uma e
seis covados da outra banda.

13 Então mediu a porta desde o telhado d’uma camarinha até ao telhado da
outra, vinte e cinco covados de largo, porta contra porta.

14 Tambem fez pilares de sessenta covados, a saber, para o pilar do
atrio, em roda da porta.

15 E, desde a dianteira da porta da entrada até á dianteira do vestibulo
da porta interior, _havia_ cincoenta covados.

16 _Fez_ [8] tambem janellas de fechar nas camarinhas, e nos seus
pilares, dentro da porta ao redor, e da mesma sorte nos vestibulos: e
as janellas estavam á roda pela parte de dentro, e nos pilares _havia_
palmas.

17 E elle me levou [9] ao atrio exterior; e eis que _havia_ n’elle
camaras, e um [ABX] solhado _que estava_ feito no atrio em redor: trinta
camaras _havia_ n’aquelle solhado.

18 E o solhado da banda das portas _era_ a par do comprimento das portas:
o solhado estava debaixo.

19 E mediu a largura da dianteira do atrio interior, por fóra, cem
covados, da banda do oriente e do norte.

20 E, quanto á porta que olhava para o caminho do norte, no atrio
exterior, elle mediu o seu comprimento e a sua largura.

21 E as suas camarinhas, tres d’uma banda, e tres da outra, e os seus
pilares e os seus vestibulos eram da medida da primeira porta: cincoenta
covados _era_ o seu comprimento, e a largura vinte e cinco covados.

22 E as suas janellas, e os seus vestibulos, e as suas palmas, _eram_ da
medida da porta que olhava para o caminho do oriente; e subiam a ella por
sete degraus, e os seus vestibulos estavam diante d’ellas.

23 E _estava_ a porta do atrio interior defronte da porta do norte e do
oriente; e mediu de porta a porta cem covados.

24 Então elle me levou ao caminho do sul, e eis _uma_ porta que olhava
para o caminho do sul, e mediu os seus pilares e os seus vestibulos
conforme estas medidas.

25 E _tinha_ tambem janellas em redor dos seus vestibulos, como estas
janellas: cincoenta covados o comprimento, e a largura vinte e cinco
covados.

26 E de sete degraus _eram_ as suas subidas, e os seus vestibulos diante
d’ellas; e tinha _umas_ palmas, uma d’uma banda e outra da outra banda,
nos seus pilares.

27 Tambem _havia_ uma porta no atrio interior para o caminho do sul; e
mediu de porta a porta, para o caminho do sul, cem covados.

28 Então me levou ao atrio interior pela porta do sul; e mediu a porta do
sul, conforme estas medidas.

29 E as suas camarinhas, e os seus pilares, e os seus vestibulos _eram_
conforme estas medidas; e tinham tambem janellas ao redor dos seus
vestibulos: o comprimento _era_ de cincoenta covados, e a largura de
vinte e cinco covados.

30 E _havia_ vestibulos em redor: [10] o comprimento _era_ de vinte e
cinco covados, e a largura de cinco covados.

31 E os seus vestibulos _estavam_ no atrio exterior, e _tinham_ palmas
nos seus pilares; e de oito degraus _eram_ as suas subidas.

32 Depois me levou ao atrio interior, para o caminho do oriente, e mediu
a porta conforme estas medidas;

33 Como tambem as suas camarinhas, e os seus pilares, e os seus
vestibulos, conforme estas medidas; e _tinha_ tambem janellas em redor
dos seus vestibulos: o comprimento de cincoenta covados, e a largura de
vinte e cinco covados.

34 E os seus vestibulos _estavam_ no atrio de fóra: tambem _havia_ palmas
nos seus pilares de uma e de outra banda; e _eram_ as suas subidas de
oito degraus.

35 Então me levou á porta do norte, e mediu conforme estas medidas;

36 As suas camarinhas, os seus pilares, e os seus vestibulos; tambem
tinha janellas em redor: o comprimento _era_ de cincoenta covados, e a
largura de vinte e cinco covados.

37 E os seus pilares _estavam_ no atrio exterior: tambem _havia_ palmas
nos seus pilares de uma e de outra banda; e _eram_ as suas subidas de
oito degraus.

38 E a sua camara e a sua porta _estavam_ junto aos pilares das portas
onde levavam o holocausto.

39 E no vestibulo da porta _havia_ duas mesas de uma banda, e duas mesas
da outra, para n’ellas se degolar o holocausto [11] e o sacrificio pelo
peccado e pela culpa.

40 Tambem da banda de fóra da subida para a entrada da porta do norte
_havia_ duas mesas; e da outra banda, que _estava_ no vestibulo da porta,
_havia_ duas mesas.

41 Quatro mesas de uma, e quatro mesas da outra banda; aos lados da porta
oito mesas, sobre as quaes immolavam.

42 E as quatro mesas para o holocausto _eram_ de pedras lavradas: o
comprimento era de um covado e meio, e a largura de um covado e meio, e
a altura de um covado: e sobre ellas se punham os instrumentos com que
immolavam o holocausto e o sacrificio.

43 E as pedras do lar _eram_ de um palmo _de grossura_, postas na casa em
redor, e sobre as mesas a carne da offerta.

44 E fóra da porta interior _estavam_ as camaras dos cantores, [12] no
atrio de dentro, que _estava_ da banda da porta do norte e olhava para o
caminho do sul: uma _estava_ á banda da porta do oriente, _a qual_ olhava
para o caminho do norte.

45 E elle me disse: Esta camara que olha para o caminho do sul _é_ para
os sacerdotes [13] que teem a guarda do templo.

46 Mas a camara que olha para o caminho do norte _é_ para os sacerdotes
[14] que teem a guarda do altar: estes _são_ os filhos de Zadoc, que se
chegam ao Senhor, d’entre os filhos de Levi, para o servir.

47 E mediu o atrio: o comprimento de cem covados e a largura de cem
covados, quadrado; e o altar _estava_ diante do templo.

48 Então me levou ao vestibulo do templo, e mediu a _cada_ pilar do
vestibulo, cinco covados de uma banda, e cinco covados da outra; e a
largura da porta, tres covados de uma banda, e tres covados da outra.

49 O [15] comprimento do vestibulo era de vinte covados, e a largura de
onze covados, e com degraus, pelos quaes se subia; e _havia_ columnas
junto aos pilares, [16] uma de uma banda e outra da outra.

[1] cap. 33.21. cap. 1.3.

[2] cap. 8.3. Apo. 21.1.

[3] Dan. 10.6. cap. 47.3.

[4] Apo. 11.1 e 21.15.

[5] cap. 44.5.

[6] cap. 43.10.

[7] cap. 42.20.

[8] I Reis 6.4.

[9] Apo. 11.2. I Reis 6.5.

[10] ver. 21, 25, 33.

[11] Lev. 4.2, 3. Lev. 5.6 e 6.6 e 7.1.

[12] I Chr. 6.31.

[13] Lev. 8.35. Num. 3.27, 28, 32, 38 e 18.5. I Chr. 9.23.

[14] Num. 18.5. cap. 44.15. I Reis 2.35. cap. 43.19 e 44.15, 16.

[15] I Reis 6.3.

[16] I Reis 7.21.



_A restauração do templo: o sanctuario._

41 Então me levou ao templo, e mediu os pilares, seis covados de largura
de uma banda, e seis covados de largura da outra, que era a largura da
tenda.

2 E a largura da entrada, dez covados; e as bandas da entrada, cinco
covados de uma banda e cinco covados da outra: tambem mediu o seu
comprimento, de quarenta covados, e a largura, de vinte covados.

3 E entrou dentro, e mediu o pilar da entrada, dois covados, e a entrada,
seis covados, e a largura da entrada, sete covados.

4 Tambem [1] mediu o seu comprimento, vinte covados, e a largura,
vinte covados, diante do templo, e me disse: Esta _é_ a Sanctidade das
Sanctidades.

5 E mediu a parede do templo, seis covados, e a largura das camaras
lateraes, quatro covados, por todo o redor do templo.

6 E [2] as camaras lateraes, camara sobre camara, _eram_ trinta e tres
por ordem, e entravam na parede _que_ tocava no templo pelas camaras
lateraes em redor, para travarem _d’ellas_, porque não travavam da parede
do templo.

7 E [3] _havia maior_ largura e volta nas camaras lateraes para cima,
porque [ABY] o caracol do templo _subia_ mui alto por todo o redor do
templo, por isso que o templo _tinha mais_ largura para cima; e assim da
camara baixa se subia á mais alta pelo meio.

8 E olhei para a altura do templo em redor: _e eram_ os fundamentos das
camaras lateraes _da medida_ de uma canna inteira, [4] seis covados, _o
covado tomado_ até ao sobaco.

9 A grossura da parede das camaras lateraes de fóra _era_ de cinco
covados; e o que foi deixado vazio _era_ o logar das camaras lateraes,
que _estavam_ junto ao templo.

10 E entre as camaras _havia_ a largura de vinte covados por todo o redor
do templo.

11 E as entradas das camaras lateraes _estavam_ voltadas para o _logar_
vazio: uma entrada para o caminho do norte, e outra entrada para _o_ do
sul: e a largura do logar vazio _era_ de cinco covados em redor.

12 Era tambem o edificio que _estava_ diante da separação, _á_ esquina
do caminho do occidente, da largura de setenta covados; e a parede do
edificio de cinco covados de largura em redor; e o seu comprimento _era_
de noventa covados.

13 E mediu o templo, do comprimento de cem covados, como tambem a
separação, e o edificio, e as suas paredes, cem covados de comprimento.

14 E a largura da dianteira do templo, e da separação para o oriente, de
uma e de outra parte, de cem covados.

15 Tambem mediu o comprimento do edificio, diante da separação, que lhe
_estava_ por detraz, e as suas galerias de uma e de outra parte, de cem
covados, com o templo de dentro e os vestibulos do atrio.

16 Os umbraes e as janellas estreitas, [5] e as galerias em redor dos
tres, defronte do umbral, _estavam_ cobertas de madeira em redor; e _isto
desde_ o chão até ás janellas; e as janellas _estavam_ cobertas.

17 Até _ao que havia_ em cima da porta, e até ao templo de dentro e de
fóra, e até toda a parede em redor, por dentro e por fóra, _tudo por_
medida.

18 E [6] _foi_ feito _com_ cherubins e palmas, de maneira que _cada_
palma _estava_ entre cherubim e cherubim, e _cada_ cherubim tinha dois
rostos,

19 A saber: [7] um rosto de homem _olhava_ para a palma d’uma banda, e um
rosto de leãosinho para a palma da outra: _assim_ foi feito por toda a
casa em redor.

20 Desde o chão até por cima da entrada _estavam_ feitos os cherubins e
as palmas, como tambem _pela_ parede do templo.

21 As hombreiras do templo _eram_ quadradas, e, no tocante á dianteira do
sanctuario, a feição _d’uma era_ como a feição _da outra_.

22 O altar [8] de madeira _era_ de tres covados de altura, e o seu
comprimento de dois covados, e tinha as suas esquinas; e [ABZ] o seu
comprimento e as suas paredes _eram_ de madeira; e me disse: [9] Esta _é_
a mesa que _está_ perante a face do Senhor.

23 E o templo e o sanctuario _ambos_ tinham duas portas.

24 E havia dois batentes para as portas: dois batentes que viravam; dois
para uma porta, e dois batentes para a outra.

25 E _foram_ feitos n’ellas, nas portas do templo, cherubins e palmas,
como _estavam_ feitos nas paredes, e _havia_ uma trave grossa de madeira
na dianteira do vestibulo por fóra.

26 E _havia_ janellas estreitas, e palmas, d’uma e d’outra banda, pelas
bandas do vestibulo, como tambem nas camaras do templo e _nas_ grossas
traves.

[1] I Reis 6.20. II Chr. 3.8.

[2] I Reis 6.5, 6.

[3] I Reis 6.8.

[4] cap. 40.5.

[5] cap. 40.16. ver. 26.

[6] I Reis 6.29.

[7] cap. 1.10.

[8] Exo. 30.1.

[9] cap. 44.16. Mal. 1.7, 12. Exo. 30.8.



_A restauração do templo: as camaras sanctas._

42 Depois d’isto fez-me sair para fóra, ao atrio exterior, para a banda
do caminho do norte; [1] e me levou ás camaras que _estavam_ defronte do
largo vazio, e que _estavam_ defronte do edificio, da banda do norte.

2 Defronte do comprimento de cem covados _era_ a entrada do norte: e a
largura _era_ de cincoenta covados.

3 Defronte dos vinte _covados_, que _tinha_ o atrio interior, e defronte
do pavimento que _tinha_ o atrio exterior, [2] _havia_ galeria contra
galeria em tres _andares_.

4 E diante das camaras _havia_ um passeio de dez covados de largo, da
banda de dentro, e um caminho d’um covado, e as suas entradas da banda do
norte.

5 E as camaras de cima _eram mais_ estreitas; porquanto as galerias
eram mais altas do que aquellas, _a saber_, as de baixo e as do meio do
edificio.

6 Porque ellas _eram_ de tres _andares_, porém não tinham columnas como
as columnas dos atrios; por isso desde o chão se iam estreitando, mais do
que as de baixo e as do meio.

7 E o muro que _estava_ de fóra, defronte das camaras, no caminho do
atrio exterior, por diante das camaras, _tinha_ cincoenta covados de
comprimento.

8 Porque o comprimento das camaras, que _tinha_ o atrio exterior, _era
de_ cincoenta covados; e eis que defronte do templo _havia_ cem covados.

9 E debaixo d’estas camaras _estava_ a entrada do oriente, quando se
entra n’ellas do atrio de fóra.

10 Na largura do muro do atrio _para_ o caminho do oriente, diante do
logar vazio, e diante do edificio, _havia_ tambem camaras.

11 E o caminho [3] de diante d’ellas _era_ da feição das camaras, e
olhava _para_ o caminho do norte; conforme o seu comprimento, assim _era_
a sua largura; e todas as suas saidas _eram_ tambem conforme as suas
feições, e conforme as suas entradas.

12 E conforme as entradas das camaras, que olhavam _para_ o caminho do
sul, havia _tambem_ uma entrada no topo do caminho, do caminho de diante
do muro direito, para o caminho do oriente, quando se entra por ellas.

13 Então me disse: As camaras do norte, _e_ as camaras do sul, que
_estão_ diante do logar vazio, ellas _são_ camaras sanctas, [4] em que os
sacerdotes, que se chegam ao Senhor, comerão as coisas mais sanctas: ali
porão as coisas mais sanctas, [5] e as offertas de comer, e a expiação
pelo peccado, e a expiação pela culpa; porque o logar _é_ sancto.

14 Quando [6] os sacerdotes entrarem, não sairão do sanctuario para o
atrio exterior, mas porão ali as suas vestiduras com que ministraram,
porque ellas _são_ sanctidade; e vestir-se-hão d’outras vestiduras, e
_assim_ se approximarão do [ACA] que toca ao povo.

15 E, acabando elle de medir o templo interior, elle me fez sair pelo
caminho da porta, cuja face olha _para_ o caminho do oriente; e a mediu
em redor.

16 Mediu a banda oriental com a canna de medir, quinhentas cannas com a
canna de medir ao redor.

17 Mediu a banda do norte, quinhentas cannas com a canna de medir ao
redor.

18 A banda do sul _tambem_ mediu, quinhentas cannas com a canna de medir.

19 Deu uma volta para a banda do occidente, _e_ mediu quinhentas cannas
com a canna de medir.

20 Pelas quatro bandas a mediu, _e_ tinha um muro em redor, [7]
quinhentas _cannas_ de comprimento, e quinhentas de largura, para fazer
separação entre o sancto e o profano.

[1] cap. 41.12, 5.

[2] cap. 41.16.

[3] ver. 4.

[4] Lev. 6.16, 26 e 24.9.

[5] Lev. 2.3, 10 e 6.14, 17, 25, 29 e 7.1.

[6] cap. 44.19.

[7] cap. 40.5 e 45.2.



_A restauração do templo: a gloria do Senhor._

43 Então me levou á porta, á porta que olha [1] para o caminho do oriente.

2 E eis que [2] a gloria do Deus de Israel vinha do caminho do oriente;
e a sua voz _era_ como a voz de muitas aguas, [3] e a terra resplandeceu
por causa da sua gloria.

3 E o aspecto da visão [4] que vi _era_ como o aspecto que eu tinha visto
quando vim a destruir a cidade; e _eram_ os aspectos da visão como o
aspecto que vi [5] junto ao rio de Chebar; e cahi sobre o meu rosto.

4 E a gloria [6] do Senhor entrou no templo _pelo_ caminho da porta, cuja
face está _para_ o caminho do oriente.

5 E levantou-me o [7] espirito, e me levou ao atrio interior: [8] e eis
que a gloria do Senhor encheu o templo.

6 E ouvi _a um_ que fallava comigo de dentro do templo, [9] e estava um
homem _em pé_ junto comigo.

7 E me disse: Filho do homem, _este é_ o logar do meu throno, e o logar
das plantas dos meus pés, [10] onde habitarei no meio dos filhos de
Israel para sempre; [11] e _os_ da casa de Israel não contaminarão mais o
meu nome sancto, _nem_ elles nem os seus reis, pelas suas fornicações, e
pelos cadaveres dos seus reis, nos seus altos,

8 Pondo [12] o seu umbral ao pé do meu umbral, e a sua umbreira junto
á minha umbreira, e havendo uma parede entre mim e entre elles; e
contaminaram o meu sancto nome com as suas abominações que faziam; _por
isso eu_ os consumi na minha ira.

9 Agora lançarão para longe [13] de mim a sua fornicação, e os cadaveres
dos seus reis, e habitarei no meio d’elles para sempre.


_A restauração do templo: o altar dos holocaustos._

10 Tu _pois_, ó filho do homem, [14] mostra á casa de Israel esta casa,
para que se envergonhe das suas maldades, e meça o exemplar _d’ella_.

11 E, envergonhando-se elles de tudo quanto fizeram, faze-lhes saber a
forma d’esta casa, e a sua figura, e as suas saidas, e as suas entradas,
e todas as suas formas, e todos os seus estatutos, todas as suas formas,
e todas as suas leis; e escreve-as aos seus olhos, para que guardem toda
a sua forma, e todos os seus estatutos, e os façam.

12 Esta _é_ a lei da casa: [15] Sobre o cume do monte todo o seu contorno
em redor _será_ sanctidade de sanctidades; eis que esta _é_ a lei da casa.

13 E estas _são_ as medidas do altar, [16] pelos covados; o covado é um
covado e um palmo: e [ACB] o seio d’um covado de altura, e um covado de
largura, e o seu contorno da sua borda ao redor, d’um palmo; e [ACC] esta
_é_ a base do altar.

14 E [ACD] do seio desde a terra até á listra de baixo, dois covados,
e de largura um covado; e desde a pequena listra até á listra grande,
quatro covados, e a largura d’um covado.

15 E o [ACE] Harel, de quatro covados: e desde o [ACF] Ariel e até acima
_havia_ quatro cornos.

16 E o Ariel terá doze _covados_ de comprimento, _e_ doze de largura,
quadrado nos quatro lados.

17 E a listra, quatorze _covados_ de comprimento, _e_ quatorze de
largura, nos seus quatro lados; e o contorno, ao redor d’ella, de meio
covado, e o [ACG] seio d’ella, de um covado, ao redor: [17] e os seus
degraus olhavam para o oriente.

18 E me disse: Filho do homem, assim diz o Senhor JEHOVAH: Estes _são_ os
estatutos do altar, no dia em que o farão, [18] para offerecer sobre elle
holocausto e para espalhar sobre elle sangue.

19 E aos sacerdotes levitas, que são da semente de Zadoc, que se chegam
a mim (diz o Senhor JEHOVAH) para me servirem, [19] darás _um_ bezerro,
[20] para expiação do peccado.

20 E tomarás do seu sangue, e _o_ porás sobre os seus quatro cornos,
e nas quatro esquinas da listra, e no contorno ao redor: assim o
purificarás e o expiarás.

21 Então tomarás o bezerro da expiação do peccado, [21] e o queimarão no
logar da casa para isso ordenado, fóra do sanctuario.

22 E no segundo dia offerecerás _um_ bode, sem mancha, para expiação do
peccado: e purificarão o altar, como o purificaram com o bezerro.

23 E, acabando tu de o purificar, offerecerás um bezerro, sem mancha, e
um carneiro do rebanho, sem mancha.

24 E os offerecerás perante a face do Senhor; [22] e os sacerdotes
deitarão sal sobre elles, e os offerecerão em holocausto ao Senhor.

25 Por [23] sete dias prepararás _um_ bode de expiação cada dia: tambem
prepararão um bezerro, e um carneiro do rebanho, sem mancha.

26 Por sete dias expiarão o altar, e _o_ purificarão, e [ACH] encherão as
suas mãos.

27 E, [24] cumprindo elles estes dias, será _que_, ao oitavo dia, e d’ali
em diante, prepararão os sacerdotes sobre o altar os vossos holocaustos
e os vossos sacrificios pacificos; e eu [ACI] me deleitarei em vós, [25]
diz o Senhor JEHOVAH.

[1] cap. 10.19 e 44.1 e 46.1.

[2] cap. 11.23 e 14.2 e 19.1, 6.

[3] cap. 10.4. Apo. 18.1.

[4] cap. 8.4.

[5] cap. 1.3 e 3.23.

[6] cap. 10.19 e 44.2.

[7] cap. 3.12, 14 e 8.3.

[8] I Reis 8.10, 11. cap. 44.4.

[9] cap. 40.3.

[10] Exo. 29.45. Joel 3.17. João 1.14. II Cor. 6.16.

[11] cap. 39.7. Lev. 26.30.

[12] II Reis 21.4, 5, 7.

[13] ver. 7.

[14] cap. 40.4.

[15] cap. 40.2.

[16] cap. 41.8.

[17] Exo. 20.26.

[18] Lev. 1.5.

[19] cap. 45.15.

[20] Exo. 29.10, 12. Lev. 8.14, 15. cap. 45.18, 19.

[21] Exo. 29.14. Heb. 13.11.

[22] Lev. 2.13.

[23] Exo. 29.35, 36. Lev. 8.33.

[24] Lev. 9.1.

[25] Job 42.8. cap. 20.40, 41. Rom. 12.1. I Ped. 2.5.



_A restauração do templo: reformas no ministerio do sanctuario._

44 Então me fez voltar para o caminho da porta do sanctuario exterior,
[1] que olha para o oriente, a qual _estava_ fechada.

2 E disse-me o Senhor: Esta porta estará fechada, não se abrirá, nem
ninguem entrará por ella; [2] porquanto o Senhor Deus de Israel entrou
por ella: por isso estará fechada.

3 O principe, o principe, elle se assentará n’ella, [3] para comer o pão
diante do Senhor; pelo caminho do vestibulo da porta entrará, e pelo
caminho d’elle sairá.

4 Depois me levou pelo caminho da porta do norte, diante da casa; e
olhei, [4] e eis que a gloria do Senhor encheu a casa do Senhor; então
cahi sobre o meu rosto.

5 E disse-me o Senhor: Filho do homem, [5] [ACJ] põe no teu coração, e
olha com os teus olhos, e ouve com os teus ouvidos, tudo quanto eu fallar
comtigo de todos os estatutos da casa do Senhor, e de todas as suas leis;
e põe o teu coração na entrada da casa, com todas as saidas do sanctuario.

6 E dize ao rebelde, á casa de Israel: [6] Assim diz o Senhor JEHOVAH:
Bastem-vos todas as vossas abominações, ó casa d’Israel!

7 Porque [7] introduzistes estranhos, incircumcisos de coração e
incircumcisos de carne, para estarem no meu sanctuario, para o profanarem
em minha casa, [8] quando offereceis o meu pão, a gordura, e o sangue;
e elles invalidaram o meu concerto, por causa de todas as vossas
abominações.

8 E não guardastes a ordenança das minhas coisas sagradas; antes vos
constituistes, a vós mesmos, guardas da minha ordenança no meu sanctuario.

9 Assim diz o Senhor JEHOVAH: Nenhum estranho, [9] incircumciso de
coração nem incircumciso de carne, entrará no meu sanctuario, d’entre os
estranhos que _se acharem_ no meio dos filhos de Israel.

10 Mas [10] os levitas que se apartaram para longe de mim, quando Israel
andava errado, os quaes andavam errados, desviados de mim, _por irem_
atraz dos seus idolos, bem levarão sobre si a sua iniquidade.

11 Comtudo _serão_ ministros no meu sanctuario, _nos_ officios das
portas da casa, [11] e servirão a casa: elles degolarão o holocausto, e
o sacrificio para o povo, [12] e elles estarão perante elles, para os
servir.

12 Porque lhes ministraram diante dos seus idolos, e serviram á casa de
Israel de tropeço de maldade: por isso eu levantei a minha mão sobre
elles, diz o Senhor JEHOVAH, e elles levarão sobre si a sua iniquidade.

13 E [13] não se chegarão a mim, para me servirem no sacerdocio, nem para
se chegarem a alguma de todas as minhas coisas sagradas, ás sanctidades
de sanctidades, [14] mas levarão sobre si a sua vergonha e as suas
abominações que commetteram.

14 Comtudo, [15] os constituirei guardas da ordenança da casa, em todo o
seu serviço, e em tudo o que n’ella se fizer.

15 Mas os sacerdotes [16] leviticos, os filhos de Zadoc, que guardaram a
ordenança do meu sanctuario quando os filhos de Israel andavam errados de
mim, elles se chegarão a mim, para me servirem, e estarão diante de mim,
[17] para me offerecerem a gordura e o sangue, diz o Senhor JEHOVAH.

16 Elles entrarão no meu sanctuario, e elles se chegarão á minha mesa,
para me servirem, e guardarão a minha ordenança.

17 E será que, quando entrarem pelas portas do atrio interior, [18] se
vestirão de vestiduras de linho; e não subirá lã sobre elles, quando
servirem nas portas do atrio interior, e dentro.

18 Coifas de linho [19] estarão sobre as suas cabeças, e ceroulas de
linho estarão sobre os seus lombos: não se cingirão _de modo que lhes
venha_ suor.

19 E, saindo elles ao atrio exterior, ao atrio exterior ao povo, [20]
despirão as suas vestiduras com que elles ministraram, e as porão nas
sanctas camaras, e se vestirão de outros vestidos, [21] para que não
sanctifiquem o povo _estando_ com as suas vestiduras.

20 E a sua cabeça não raparão, [22] nem deixarão crescer o seu cabello;
_antes_, como convem, tosquiarão as suas cabeças.

21 E [23] nenhum sacerdote beberá vinho quando entrar no atrio interior.

22 E elles [24] não se casarão nem com viuva nem com repudiada, mas
tomarão virgens da semente da casa de Israel, ou viuva que fôr viuva de
sacerdote.

23 E [25] a meu povo ensinarão _a differença_ entre o sancto e o profano,
e lhe farão saber _a differença_ entre o impuro e o puro.

24 E, [26] quando houver pleito, elles assistirão _a elle_ para _o_
julgarem; pelos meus juizos o julgarão: e as minhas leis e os meus
estatutos em todas as minhas solemnidades guardarão, e os meus sabbados
sanctificarão.

25 E elles não entrarão a [27] homem morto, para se contaminarem; mas por
pae, ou por mãe, ou por filho, ou por filha, _ou_ por irmão, ou por irmã
que não tiver marido, se poderão contaminar.

26 E, [28] depois da sua purificação, lhe contarão sete dias.

27 E, no dia em que elle entrar no logar sancto, [29] no atrio interior,
para ministrar no logar sancto, offerecerá a sua expiação pelo peccado,
diz o Senhor JEHOVAH.

28 _E isto_ lhes será por herança: [30] eu _serei_ a sua herança: não
lhes dareis portanto possessão em Israel: eu _sou_ a sua possessão.

29 A offerta de manjares, e o sacrificio pelo peccado, [31] e o
_sacrificio_ pela culpa elles comerão; e toda a coisa consagrada em
Israel será d’elles.

30 E as primicias [32] de todos os primeiros fructos de tudo, e toda a
offerta de todas as vossas offertas, serão dos sacerdotes; [33] tambem
as primeiras das vossas massas dareis ao sacerdote; [34] para que faça
repousar a benção sobre a tua casa.

31 Nenhuma coisa, _que de si mesmo haja_ morrido ou _haja sido_
arrebatada de aves e das bestas, comerão os sacerdotes.

[1] cap. 43.1.

[2] cap. 43.4.

[3] Gen. 31.54. I Cor. 10.18. cap. 46.2, 8.

[4] cap. 3.23 e 43.5.

[5] cap. 40.4.

[6] cap. 2.5. cap. 45.9. I Ped. 4.3.

[7] cap. 43.8. ver. 9. Act. 21.28. Lev. 22.25 e 26.41. Deu. 10.16.

[8] Lev. 21.6, 8, 17, 21. Lev. 3.16 e 17.11.

[9] ver. 7.

[10] II Chr. 29.4, 5. cap. 48.11.

[11] I Chr. 26.1. II Chr. 29.34.

[12] Num. 16.9.

[13] Num. 18.3. II Reis 23.9.

[14] cap. 32.30 e 36.7.

[15] Num. 18.4.

[16] cap. 40.46 e 43.19. ver. 10.

[17] ver. 7.

[18] Exo. 28.39, 40, 43 e 39.27, 28.

[19] Exo. 28.40, 42 e 39.28.

[20] cap. 42.14.

[21] cap. 46.20. Exo. 29.37 e 30.29. Lev. 6.27. Mat. 23.17, 19.

[22] Lev. 21.5.

[23] Lev. 10.9.

[24] Lev. 21.7, 13, 14.

[25] Lev. 10.10, 11. cap. 22.26. Mal. 2.7.

[26] Deu. 17.8, etc.

[27] Lev. 21.1, etc.

[28] Num. 6.10 e 19.11, etc.

[29] ver. 17. Lev. 4.3.

[30] Num. 18.20. Deu. 18.1, 2. Jos. 13.14, 33.

[31] Lev. 6.18, 29 e 7.6.

[32] Exo. 13.2 e 22.29, 30. Num. 3.13.

[33] Num. 15.20. Neh. 10.37. Pro. 3.9, 10.

[34] Exo. 22.31. Lev. 22.8.



_A repartição da terra: o logar sancto._

45 Quando pois repartirdes a terra por sortes em herança, offerecereis
uma offerta ao Senhor, um logar sancto da terra: o comprimento _será_ o
comprimento de vinte e cinco mil _cannas de medir_, e a largura de dez
mil: este _será_ sancto em todo o seu contorno ao redor.

2 Serão d’isto para [1] o sanctuario quinhentas com mais quinhentas, em
quadrado do redor, e terá em redor um arrabalde de cincoenta covados.

3 E d’esta medida medirás o comprimento de vinte e cinco mil _covados_,
e a largura de dez mil: [2] e ali estará o sanctuario _e_ o logar
sanctissimo.

4 Este _será_ o logar [3] sancto da terra; elle será para os sacerdotes
que administram o sanctuario _e_ se approximam para servir ao Senhor; e
lhes servirá de logar para casas, e de logar sancto para o sanctuario.

5 E terão os levitas, ministros da casa, em possessão sua, [4] vinte e
cinco mil _medidas_ de comprimento, [5] _para_ vinte camaras.

6 E _para_ possessão da cidade, [6] de largura dareis cinco mil _cannas_,
e de comprimento vinte e cinco mil, [ACK] defronte da offerta sancta: o
_que_ será para toda a casa de Israel.

7 O principe porém _terá_ a _sua parte_ d’esta e da outra [7] banda da
sancta offerta, e da possessão da cidade, diante da sancta offerta, e
diante da possessão da cidade, da esquina occidental para o occidente,
e da esquina oriental para o oriente; e _será_ o comprimento, defronte
d’uma das partes, desde o termo occidental até ao termo oriental.

8 E esta terra será a sua possessão em Israel; [8] e os meus principes
nunca mais opprimirão o meu povo, antes deixarão a terra á casa de
Israel, conforme as suas tribus.

9 Assim diz o Senhor JEHOVAH: _Já_ vos baste, ó principes de Israel; [9]
affastae a violencia e a assolação, e praticae juizo e justiça: tirae as
vossas imposições do meu povo, diz o Senhor JEHOVAH.

10 Balanças justas, [10] e epha justo, e bato justo tereis.

11 O epha e o bato serão d’uma mesma medida, _de maneira_ que o bato
contenha a decima parte do homer, e o epha a decima parte do homer;
conforme o homer será a sua medida.

12 E o siclo [11] _será_ de vinte geras: vinte siclos, vinte e cinco
siclos, _e_ quinze siclos vos servirão d’um arratel.

13 Esta _será_ a offerta que haveis de offerecer: a sexta parte d’um epha
de _cada_ homer de trigo; tambem dareis a sexta parte d’um epha de _cada_
homer de cevada.

14 Quanto ao estatuto do azeite, de _cada_ bato de azeite _offerecereis_
a decima parte d’um bato _tirado_ d’um coro, _que é_ um homer de dez
batos; porque dez batos _fazem_ um homer.

15 E um cordeiro do rebanho, de cada duzentos, da mais regada terra
de Israel, para offerta de manjares, e para [12] holocausto, e para
sacrificio pacifico; para fazer expiação por elles, diz o Senhor JEHOVAH.

16 Todo o povo da terra concorrerá a esta offerta, pelo principe em
Israel.

17 E estarão a cargo do principe os holocaustos, e as offertas de
manjares, e as libações, nas festas, e nas luas novas, e nos sabbados,
em todas as solemnidades da casa de Israel: elle fará a expiação pelo
peccado, e a offerta de manjares, e o holocausto, e os sacrificios
pacificos, para fazer expiação pela casa de Israel.

18 Assim diz o Senhor JEHOVAH: No primeiro _mez_, no primeiro _dia_ do
mez, [13] tomarás um bezerro sem mancha, e purificarás o sanctuario.

19 E o sacerdote [14] tomará do sangue do sacrificio pela expiação, e
porá _d’elle_ nas hombreiras da casa, e nas quatro esquinas da listra do
altar, e nas hombreiras da porta do atrio interior.

20 Assim tambem farás no setimo _dia_ do mez, [15] por causa dos que
erram, e por causa dos simplices: assim expiareis a casa.

21 No [16] primeiro _mez_, no dia quatorze do mez, tereis a paschoa,
_uma_ festa de sete dias; pão asmo se comerá.

22 E o principe no mesmo dia, por si e por todo o povo da terra, [17]
preparará um bezerro de expiação pelo peccado.

23 E nos sete dias [18] da festa preparará um holocausto ao Senhor, _de_
sete bezerros e sete carneiros sem mancha, cada dia _durante_ os sete
dias; [19] e o sacrificio de expiação d’um bode cada dia.

24 Tambem preparará [20] uma offerta de manjares, _a saber_, um epha,
para cada bezerro, e um epha para cada carneiro, e um hin de azeite para
cada epha.

25 No setimo _mez_, no dia quinze do mez, na festa, fará o mesmo _todos_
os sete dias, [21] tanto o sacrificio pela expiação, como o holocausto, e
como a offerta de manjares, e como o azeite.

[1] cap. 42.20.

[2] cap. 48.10.

[3] ver. 1. cap. 48.10, etc.

[4] cap. 48.13.

[5] cap. 40.17.

[6] cap. 48.15.

[7] cap. 48.21.

[8] cap. 46.18. Jer. 22.17. cap. 22.27.

[9] Jer. 22.3.

[10] Lev. 19.35, 36. Pro. 11.1.

[11] Exo. 30.13. Lev. 27.25. Num. 3.47.

[12] Lev. 1.4.

[13] Lev. 16.16.

[14] cap. 43.20.

[15] Lev. 4.27.

[16] Exo. 12.18. Lev. 23.5, 6. Num. 9.2, 3. Deu. 16.1, etc.

[17] Lev. 4.14.

[18] Lev. 23.8.

[19] Num. 28.15, 22, 30 e 20.5, 11, 16, 19.

[20] cap. 46.5, 7.

[21] Lev. 23.34. Num. 29.12. Deu. 16.13.



46 Assim diz o Senhor JEHOVAH: A porta do atrio interior, que olha para o
oriente, estará fechada os seis dias _que são_ de trabalho; porém no dia
de sabbado ella se abrirá; tambem no dia da lua nova se abrirá.

2 E o principe [1] entrará _pelo_ caminho do vestibulo da porta, por
fóra, e estará _em pé_ na hombreira da porta; e os sacerdotes prepararão
o seu holocausto, e os seus sacrificios pacificos, e elle se prostrará no
umbral da porta, e sairá; porém a porta não se fechará até á tarde.

3 E o povo da terra se prostrará á entrada da mesma porta, nos sabbados e
nas luas novas, diante do Senhor.

4 E o holocausto, [2] que o principe offerecerá ao Senhor, _será_, no dia
de sabbado, seis cordeiros sem mancha e um carneiro sem mancha.

5 E a offerta [3] de manjares será um epha para _cada_ carneiro; e para
_cada_ cordeiro, a offerta de manjares será um dom da sua mão; e de
azeite um hin para _cada_ epha.

6 Mas no dia da lua nova _será_ um bezerro, sem mancha; e seis cordeiros
e um carneiro, elles serão sem mancha.

7 E preparará _por_ offerta de manjares um epha para o bezerro e um epha
para o carneiro, mas para os cordeiros, conforme o que alcançar a sua
mão; e um hin de azeite para um epha.

8 E, quando [4] entrar o principe, entrará _pelo_ caminho do vestibulo da
porta, e sairá pelo mesmo caminho.

9 Mas, quando vier o povo da terra perante [5] a face do Senhor nas
solemnidades, aquelle que entrar _pelo_ caminho da porta do norte, para
adorar, sairá _pelo_ caminho da porta do sul; e aquelle que entrar _pelo_
caminho da porta do sul sairá _pelo_ caminho da porta do norte: não
tornará _pelo_ caminho da porta por onde entrou, mas sairá pela _outra_
que está opposta.

10 E o principe no meio d’elles entrará, quando elles entrarem, e, saindo
elles, sairão todos.

11 E nas festas e nas solemnidades será a offerta de manjares um epha
para o bezerro, [6] e um epha para o carneiro, mas para os cordeiros um
dom da sua mão; e de azeite um hin para um epha.

12 E, quando o principe fizer offerta voluntaria de holocaustos, ou de
sacrificios pacificos, _por_ offerta voluntaria ao Senhor, [7] então lhe
abrirão a porta que olha para o oriente, e fará o seu holocausto e os
seus sacrificios pacificos, como houver feito no dia de sabbado; e sairá,
e se fechará a porta depois d’elle sair.

13 E prepararás um cordeiro d’um anno sem mancha, _em_ holocausto ao
Senhor, cada dia: [8] todas as manhãs o prepararás.

14 E, _por_ offerta de manjares farás juntamente com elle, todas as
manhãs, a sexta parte d’um epha, e de azeite a terça parte d’um hin, para
[ACL] sovar a flor de farinha; _por_ offerta de manjares para o Senhor,
_em_ estatutos perpetuos _e_ continuos.

15 Assim prepararão o cordeiro, e a offerta de manjares, e o azeite,
todas as manhãs, em holocausto continuo.

16 Assim diz o Senhor JEHOVAH: Quando o principe der um presente _da_
sua herança a algum de seus filhos, isto será para seus filhos: _será_
possessão d’elles por herança.

17 Porém, dando elle um presente da sua herança a algum dos seus servos,
será d’este até ao anno [ACM] da liberdade; então tornará para o
principe, porque herança d’elle é; seus filhos, elles a herdarão.

18 E o principe [9] não tomará nada da herança do povo, para os defraudar
da sua possessão: da sua possessão deixará herança a seus filhos, para
que o meu povo não seja espalhado, cada um da sua possessão.

19 Depois d’isto me trouxe pela entrada que _estava_ ao lado da porta, ás
camaras sanctas dos sacerdotes, que olhavam para o norte; e eis que ali
_estava_ um logar em ambos os lados, para a banda do occidente.

20 E elle me disse: [10] Este _é_ o logar onde os sacerdotes cozerão o
sacrificio pela culpa, e o sacrificio pelo peccado, [11] _e_ onde cozerão
a offerta de manjares, para que _a_ não tragam ao atrio exterior [12]
para sanctificarem o povo.

21 Então me levou para fóra, para o atrio exterior, e me fez passar ás
quatro esquinas do atrio: e eis que em cada esquina do atrio havia outro
atrio.

22 Nas quatro esquinas do atrio _havia outros_ atrios com chaminés de
quarenta covados de comprimento e de trinta de largura: estas quatro
esquinas _tinham_ uma mesma medida.

23 E um muro _havia_ ao redor d’ellas, ao redor das quatro: e _havia_
cozinhas feitas por baixo dos muros ao redor.

24 E me disse: Estas _são_ as casas dos cozinheiros, [13] onde os
ministros da casa cozerão o sacrificio do povo.

[1] ver. 8.

[2] cap. 56.17.

[3] cap. 45.24. ver. 7, 11.

[4] ver. 2.

[5] Exo. 23.14-17. Deu. 16.16.

[6] ver. 5.

[7] cap. 44.3. ver. 2.

[8] Exo. 29.38. Num. 28.3.

[9] cap. 45.8.

[10] II Chr. 35.13.

[11] Lev. 2.4, 5, 7.

[12] cap. 44.19.

[13] ver. 20.



_A torrente das aguas purificadoras._

47 Depois d’isto me fez voltar á entrada da casa, e eis que sahiam umas
aguas [1] debaixo do umbral da casa para o oriente; porque a face da casa
_olhava para_ o oriente, e as aguas desciam de debaixo, desde a banda
direita da casa, da banda do sul do altar.

2 E elle me tirou _pelo_ caminho da porta do norte, e me fez dar uma
volta _pelo_ caminho de fóra, até á porta exterior, pelo caminho que olha
para o oriente; e eis que manavam umas aguas desde a banda direita.

3 _E_, [2] saindo aquelle homem para o oriente, _tinha_ na mão um cordel
de medir; e mediu mil covados, e me fez passar pelas aguas, aguas _que_
me davam pelos artelhos.

4 E mediu mil _covados_, e me fez passar pelas aguas, aguas que me davam
pelos joelhos; e mediu _mais_ mil, e me fez passar por aguas que me davam
pelos lombos.

5 E mediu _mais_ mil, _e era um_ ribeiro, que eu não podia passar, porque
as aguas eram profundas, aguas que se deviam passar a nado, ribeiro pelo
qual não se podia passar.

6 E me disse: _Porventura_ viste _isto_, ó filho do homem? Então me
levou, e me tornou a trazer á borda do ribeiro.

7 _E_, tornando eu, eis que á borda do ribeiro _havia_ uma grande
abundancia de arvores, [3] de uma e de outra banda.

8 Então me disse: Estas aguas saem para a Galilea do oriente, e descem á
campina, e entram no mar; _e_, sendo levadas ao mar, sararão as aguas.

9 E será _que_ toda a creatura vivente que nadar por onde quer que
entrarem estes dois ribeiros viverá, e haverá muitissimo peixe; porque lá
chegarão estas aguas, e sararão, e viverá tudo por onde quer que entrar
este ribeiro.

10 Será tambem que os pescadores estarão em pé junto a elle, desde Engedi
até En-eglaim; haverá _tambem logares para_ estender as redes: o seu
peixe, segundo a sua especie, [4] será como o peixe do mar grande, em
multidão excessiva.

11 Porém os seus charcos e os seus lamaceiros não sararão; serão deixados
para sal.

12 E [5] junto ao ribeiro, á sua borda, de uma e de outra banda, subirá
toda a sorte de arvore que dá fructo para _se_ comer: não cairá a sua
folha, nem perecerá o seu fructo: nos seus mezes produzirá novos fructos,
porque as suas aguas saem do sanctuario; e o seu fructo servirá de comida
[6] e a sua folha de remedio.


_As fronteiras da terra de Israel._

13 Assim diz o Senhor JEHOVAH: Este _será_ o termo _conforme_ o qual
tomareis a terra em herança, segundo as doze tribus de Israel: [7] José
_terá duas_ partes.

14 E vós a herdareis, tanto um como o outro; [8] _terra sobre_ a qual
levantei a minha mão, para a dar a vossos paes: assim que esta mesma
terra vos cairá a vós em herança.

15 E este será o termo da terra, da banda do norte: desde o mar grande,
[9] caminho de Hethlon, até á entrada de Zedad;

16 Hamath, [10] Berotha, Sibraim, que _estão_ entre o termo de Damasco e
entre o termo de Hamath: Hazer-hattichon, que _está_ junto ao termo de
Havran.

17 E o termo _será_ desde o [11] mar Hazer-enon, o termo de Damasco, e
o norte, _que olha_ para o norte, e o termo de Hamath: e _este_ será o
termo do norte.

18 E o termo do oriente, entre Hauran, e Damasco, e Gilead, e a terra
de Israel será o Jordão; desde o termo do norte até ao mar do oriente
medireis: e _este será_ o termo do oriente.

19 E o termo do sul, ao sul _será_ desde Tamar, até ás [12] aguas [ACN]
da contenda de Cades, junto ao ribeiro, até ao mar grande: e _este será_
o termo do sul ao sul.

20 E o termo do occidente _será_ o mar grande, desde o termo _do sul_ até
a entrada de Hamath: este _será_ o termo do occidente.

21 Repartireis pois esta terra entre vós, segundo as tribus de Israel.

22 Será, porém, que a sorteareis para vossa herança, e _para a_ dos
estrangeiros que peregrinam no meio de vós, que gerarão filhos no meio
de vós; e vos serão como naturaes entre os filhos de Israel; comvosco
entrarão em herança, no meio das tribus de Israel.

23 E será _que_ na tribu em que peregrinar o estrangeiro ali _lhe_ dareis
a sua herança, diz o Senhor JEHOVAH.

[1] Joel 3.18. Zac. 13.1 e 14.8. Apo. 22.1.

[2] cap. 40.3.

[3] ver. 12. Apo. 22.2.

[4] Num. 34.6. Jos. 23.4. cap. 48.28.

[5] ver. 7. Jer. 17.8.

[6] Apo. 22.2.

[7] I Chr. 5.1. cap. 48.4, 5.

[8] Gen. 12.7 e 13.15. cap. 20.5, 6.

[9] cap. 48.1. Num. 34.8.

[10] Num. 34.8. II Sam. 8.8.

[11] Num. 34.9. cap. 48.1.

[12] Num. 20.13. Deu. 32.51. cap. 48.28.



_Os termos das doze tribus._

48 E estes são os nomes das tribus: [1] desde o fim do norte, da banda
do caminho de Hethlon, vindo para Hamath, Hazer-enon, o termo de Damasco
para o norte, ao pé de Hamath: e ella terá a banda do oriente _e_ do
occidente; Dan _terá_ uma _porção_.

2 E junto ao termo de Dan, desde a banda do oriente até á banda do
occidente, Aser _terá_ uma _porção_.

3 E junto ao termo de Aser, desde a banda do oriente até á banda do
occidente, Naphtali uma _porção_.

4 E junto ao termo de Naphtali, desde a banda do oriente até á banda do
occidente, Manassés uma _porção_.

5 E junto ao termo de Manassés, desde a banda do oriente até á banda do
occidente, Ephraim uma _porção_.

6 E junto ao termo de Ephraim, desde a banda do oriente até á banda do
occidente, Ruben uma _porção_.

7 E junto ao termo de Ruben, desde a banda do oriente até á banda do
occidente, Judah uma _porção_.

8 E junto ao termo de Judah, desde a banda do oriente até á banda do
occidente, [2] será a offerta que haveis de offerecer, vinte e cinco mil
_cannas_ de largura, e de comprimento como uma das _demais_ partes, desde
a banda do oriente até á banda do occidente; e o sanctuario estará no
meio d’ella.

9 A offerta que haveis de offerecer ao Senhor _será_ do comprimento de
vinte e cinco mil _cannas_, e da largura de dez mil.

10 E ali será a offerta sancta para os sacerdotes, para o norte vinte e
cinco mil _cannas de comprimento_, e para o occidente dez mil de largura,
e para o oriente dez mil de largura, e para o sul vinte e cinco mil de
comprimento: e o sanctuario do Senhor estará no meio d’ella.

11 _E será_ [3] para os sacerdotes sanctificados d’entre os filhos de
Zadoc, que guardaram a minha ordenança, que não andaram errados, quando
os filhos d’Israel andavam errados, [4] como erraram os _outros_ levitas.

12 E o offerecido da offerta da terra lhes _será_ sanctidade de
sanctidades, junto ao termo dos levitas.

13 E os levitas terão defronte do termo dos sacerdotes vinte e cinco mil
_cannas_ de comprimento, e de largura dez mil: todo o comprimento _será_
vinte e cinco mil, e a largura dez mil.

14 E [5] não venderão d’isto, nem trocarão, nem transferirão as primicias
da terra, porque _é_ sanctidade ao Senhor.

15 Porém [6] as cinco mil, as que ficaram da largura diante das vinte
e cinco mil, [7] ficarão profanas para a cidade, para habitação e para
arrabaldes; e a cidade estará no meio d’ellas.

16 E estas _serão_ as suas medidas: a banda do norte de quatro mil e
quinhentas _cannas_, e a banda do sul de quatro mil e quinhentas, e a
banda do oriente de quatro mil e quinhentas, e a banda do occidente de
quatro mil e quinhentas.

17 E os arrabaldes da cidade serão para o norte de duzentas e cincoenta
_cannas_, e para o sul de duzentas e cincoenta, e para o oriente de
duzentas e cincoenta, e para o occidente de duzentas e cincoenta.

18 E, quanto ao que ficou do resto do comprimento, defronte da sancta
offerta, _será_ dez mil para o oriente, e dez mil para o occidente; e
estará defronte da sancta offerta; e a sua novidade será para sustento
d’aquelles que servem a cidade.

19 E [8] os que servem a cidade servil-a-hão d’entre todas as tribus
d’Israel.

20 Toda a offerta _será_ de vinte e cinco mil _cannas_ com _mais_ vinte e
cinco mil: em quadrado offerecereis a sancta offerta, com a possessão da
cidade.

21 E o que ficou de resto [9] _será_ para o principe; d’esta e da outra
banda da sancta offerta, e da possessão da cidade, diante das vinte e
cinco mil _cannas_ da offerta, até ao termo do oriente e do occidente,
diante das vinte e cinco mil, até ao termo do occidente, defronte das
porções, _será_ para o principe: [10] e a offerta sancta e o sanctuario
da casa _será_ no meio d’ella.

22 E desde a possessão dos levitas, e desde a possessão da cidade, no
meio do que será para o principe, entre o termo de Judah e o termo de
Benjamin, será para o principe.

23 E, quanto ao resto das tribus, desde a banda do oriente até á banda do
occidente, Benjamin _terá_ uma _porção_.

24 E junto ao termo de Benjamin, desde a banda do oriente até á banda do
occidente, Simeão uma _porção_.

25 E junto ao termo de Simeão, desde a banda do oriente até á banda do
occidente, Issacar uma _porção_.

26 E junto ao termo de Issacar, desde a banda do oriente até á banda do
occidente, Zebulon uma _porção_.

27 E junto ao termo de Zebulon, desde a banda do oriente até á banda do
occidente, Gad uma _porção_.

28 E junto ao termo de Gad, ao sul, da banda do sul, [11] será o termo de
Tamar _até_ ás aguas [ACO] da contenda de Cades, junto ao ribeiro até ao
mar grande.

29 Esta [12] _é_ a terra que sorteareis em herança ás tribus de Israel; e
estas _são_ as suas porções, diz o Senhor JEHOVAH.

30 E estas _são_ as saidas da cidade, desde a banda do norte: quatro mil
e quinhentas medidas.

31 E [13] as portas da cidade _serão_ conforme os nomes das tribus de
Israel: tres portas para o norte: a porta de Ruben uma, a porta de Judah
outra, a porta de Levi outra.

32 E da banda do oriente quatro mil e quinhentas _medidas_, e tres
portas, a saber: a porta de José uma, a porta de Benjamin outra, a porta
de Dan outra.

33 E da banda do sul quatro mil e quinhentas medidas, e tres portas: a
porta de Simeão uma, a porta de Issacar outra, a porta de Zebulon outra.

34 Da banda do occidente quatro mil e quinhentas _medidas_, e as suas
tres portas: a porta de Gad uma, a porta de Aser outra, a porta de
Naphtali outra.

35 Dezoito mil _medidas_ em redor; [14] e o nome da cidade desde
_aquelle_ dia _será_: [ACP] O Senhor _está_ ali.

[1] cap. 47.15, etc.

[2] cap. 46.1-6.

[3] cap. 44.15.

[4] cap. 44.10.

[5] Exo. 22.29. Lev. 27.10, 28, 33.

[6] cap. 45.6.

[7] cap. 42.20.

[8] cap. 45.6.

[9] cap. 45.7.

[10] ver. 8, 10.

[11] cap. 47.19.

[12] cap. 47.14, 21, 22.

[13] Apo. 21.12, etc.

[14] Jer. 33.16. Jer. 3.17. Joel 3.21. Zac. 2.10. Apo. 21.3 e 22.3.



DANIEL.



_A educação de Daniel e outros jovens hebreos na côrte de Nabucodonozor._

[Antes de Christo 606]

1 No anno terceiro do reinado de Joaquim, [1] rei de Judah, veiu
Nabucodonozor, rei de Babylonia, a Jerusalem, e a sitiou.

2 E o Senhor entregou nas suas mãos a Joaquim, rei de Judah, [2] e _uma_
parte dos vasos da casa de Deus, e os levou para a terra de Shinar,
_para_ a casa do seu deus, [3] e poz os vasos na casa do thesouro do seu
deus.

3 E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunuchos, que trouxesse
_alguns_ dos filhos de Israel, e da semente real e dos principes,

4 Mancebos [4] em quem não _houvesse_ defeito algum, e formosos de
parecer, e instruidos em toda a sabedoria, e sabios _em_ sciencia, e
entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para assistir no
palacio do rei, e que os ensinassem [5] nas lettras e na lingua dos
chaldeos.

5 E o rei lhes ordenou a ração de cada dia, da porção do manjar do rei,
e do vinho que elle bebia, e que _assim_ fossem creados por tres annos,
para que no fim d’elles [6] assistissem diante do rei.

6 E entre elles se achavam, d’entre os filhos de Judah, Daniel, Hananias,
Misael e Azarias:

7 E o chefe dos eunuchos lhes poz [7] _outros_ nomes, a saber: a Daniel
poz _o de_ Belteshazzar, e a Hananias _o de_ Sadrach, e a Misael _o de_
Mesach, e a Azarias _o de_ Abed-nego.

8 E Daniel assentou no seu coração não se contaminar com a porção [8] do
manjar do rei, nem com o vinho que elle bebia; portanto pediu ao chefe
dos eunuchos para não se contaminar.

9 Ora [9] deu Deus a Daniel graça e misericordia diante do chefe dos
eunuchos.

10 E disse o chefe dos eunuchos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o
rei, que ordenou a vossa comida e a vossa bebida; pois porque veria elle
os vossos rostos mais tristes do que os dos mancebos que _são_ vossos
eguaes? assim arriscareis a minha cabeça para com o rei.

11 Então disse Daniel ao [ACQ] dispenseiro a quem o chefe dos eunuchos
havia constituido sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:

12 Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias, e que se nos dêem
legumes a comer, e agua a beber.

13 Então se veja diante de ti o nosso parecer, e o parecer dos mancebos
que comem a porção do manjar do rei, e, conforme vires, te hajas com os
teus servos.

14 E lhes consentiu isto, e os experimentou dez dias.

15 E, ao fim dos dez dias, appareceram os seus semblantes melhores, e
elles estavam mais gordos de carne do que todos os mancebos que comiam
porção do manjar do rei.

16 Então succedeu que o dispenseiro tirava a porção do manjar d’elles, e
o vinho de que deviam beber, e lhes dava legumes.

17 Quanto a estes quatro mancebos, [10] Deus lhes deu o conhecimento e
a intelligencia em todas as lettras, e sabedoria; [11] mas a Daniel deu
entendimento em toda a visão e sonhos.

18 E ao fim dos dias, em que o rei tinha dito que os trouxessem, o chefe
dos eunuchos os trouxe diante de Nabucodonozor.

19 E o rei fallou com elles; porém entre todos elles não foram achados
outros taes como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; e assistiam [12]
diante do rei.

20 E _em_ toda a materia de sabedoria e de intelligencia, que o rei lhes
perguntou, os achou dez vezes mais _doutos_ do que todos os magos ou
astrologos que _havia_ em todo o seu reino.

21 E Daniel [13] esteve até ao primeiro anno do rei Cyro.

[1] II Reis 24.1. II Chr. 36.6.

[2] Jer. 27.19, 20. Gen. 10.10 e 11.2. Isa. 11.11. Zac. 5.11.

[3] II Chr. 36.7.

[4] Lev. 24.19, 20.

[5] Act. 7.22.

[6] ver. 19. Gen. 41.45. I Reis 10.3.

[7] Gen. 41.45. II Reis 24.17.

[8] Deu. 32.38. Eze. 4.13. Ose. 9.3.

[9] Gen. 39.21.

[10] I Reis 3.12. Act. 7.22.

[11] Num. 12.6.

[12] Gen. 41.46. ver. 5.

[13] cap. 6.28 e 10.1.



_O decreto; o sonho do rei é interpretado por Daniel._

[Antes de Christo 603]

2 E no segundo anno do reinado de Nabucodonozor sonhou Nabucodonosor
sonhos; [1] e o seu espirito se perturbou, e passou-se-lhe o seu somno.

2 E o rei mandou [2] chamar os magos, e os astrologos, e os encantadores,
e os chaldeos, para que declarassem ao rei os seus sonhos: os quaes
vieram e se apresentaram diante do rei.

3 E o rei lhes disse: Tive _um_ sonho; e para saber o sonho está
perturbado o meu espirito.

4 E os chaldeos disseram ao rei em syriaco: Ó rei, [3] vive eternamente!
dize o sonho a teus servos, e declararemos a interpretação.

5 Respondeu o rei, e disse aos chaldeos: [ACR] A coisa me tem escapado;
se me não fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis
despedaçados, [4] e as vossas casas serão feitas _um_ monturo;

6 Mas se [5] vós me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis
de mim dons, e dadivas, e grande honra; portanto declarae-me o sonho e a
sua interpretação.

7 Responderam segunda vez, e disseram: Diga o rei o sonho a seus servos,
e declararemos a sua interpretação.

8 Respondeu o rei, e disse: Conheço eu certamente que vós quereis ganhar
tempo; porque vêdes que a coisa me tem escapado.

9 De _maneira_ que, se me não fazeis saber o sonho, uma só sentença será
a vossa; pois vós preparastes palavras mentirosas e perversas para as
proferir na minha presença, até que se mude o tempo: portanto dizei-me o
sonho, para que eu entenda que me _podeis_ declarar a sua interpretação.

10 Responderam os chaldeos na presença do rei, e disseram: Não ha ninguem
sobre a terra que possa declarar a palavra ao rei; pois nenhum rei ha,
grande ou dominador, que requeresse coisa similhante d’algum mago, ou
astrologo, ou chaldeo.

11 Porque a coisa que o rei requer _é_ difficil; nem ha outro que a
_possa_ declarar diante do rei, [6] senão os deuses, cuja morada não é
com a carne.

12 Por isso o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que matassem a
todos os sabios de Babylonia.

13 E saiu o mandado, e sairam a matar os sabios; e buscaram a Daniel e
aos seus companheiros, para que fossem mortos.

14 Então Daniel fallou avisada e prudentemente a Arioch, capitão da
guarda do rei, que tinha saido para matar os sabios de Babylonia.

15 Respondeu, e disse a Arioch, prefeito do rei: Porque se apressa
_tanto_ o mandado da parte do rei? Então Arioch fez saber a coisa a
Daniel.

16 E Daniel entrou; e pediu ao rei que lhe désse tempo, para declarar a
interpretação ao rei.

17 Então Daniel foi para a sua casa, e fez saber a coisa a Hananias,
Misael e Azarias, seus companheiros:

18 Para [7] que pedissem misericordia ao Deus do céu, sobre este segredo,
afim de que Daniel e seus companheiros não perecessem, _juntamente_ com o
resto dos sabios de Babylonia.

19 Então foi revelado o segredo a Daniel n’_uma_ [8] visão de noite:
então Daniel louvou o Deus do céu.

20 Fallou Daniel, e disse: Seja bemdito o nome de Deus desde o seculo até
ao seculo, porque d’elle é a sabedoria e a força;

21 E elle muda [9] os tempos e as horas; elle remove os reis e estabelece
os reis: [10] elle dá sabedoria aos sabios e sciencia aos entendidos.

22 Elle revela o profundo e o escondido: [11] conhece o que _está_ em
trevas, e com elle a luz mora.

23 Ó Deus de meus paes, te louvo e celebro eu, que me déste sabedoria e
força; [12] e agora me fizeste saber o que te pedimos, porque nos fizeste
saber [ACS] a coisa do rei.

24 Por isso Daniel entrou a Arioch, ao qual o rei tinha constituido para
matar os sabios de Babylonia: entrou, e disse-lhe assim: Não mates os
sabios de Babylonia; introduze-me na presença do rei, e declararei ao rei
a interpretação.

25 Então Arioch depressa introduziu a Daniel na presença do rei, e
disse-lhe assim: Achei um d’entre os filhos dos captivos de Judah, o qual
fará saber ao rei a interpretação.

26 Respondeu o rei, e disse a Daniel (cujo nome _era_ Belteshazzar):
Podes tu fazer-me saber o sonho que vi e a sua interpretação?

27 Respondeu Daniel na presença do rei, e disse: O segredo que o rei
requer, nem sabios, _nem_ astrologos, _nem_ magos, _nem_ adivinhos _o_
podem declarar ao rei;

28 Mas [13] ha um Deus nos céus, o qual revela os segredos; elle pois fez
saber ao rei Nabucodonozor o que ha de ser [14] no fim dos dias; o teu
sonho e as visões da tua cabeça na tua cama são estas:

29 Estando tu, ó rei, na tua cama, subiram os teus pensamentos, ácerca do
que ha de ser depois d’isto. Aquelle pois [15] que revela os segredos te
fez saber o que ha de ser.

30 E a mim, [16] não pela sabedoria que em mim haja, mais do que _em_
todos os viventes, me foi revelado este segredo, [17] mas para que
a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesse os
pensamentos do teu coração.

31 Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estatua: esta estatua
_era_ grande, e o seu esplendor _era_ excellente, _e_ estava em pé diante
de ti; e a sua vista _era_ terrivel.

32 A cabeça [18] d’aquella estatua _era_ de oiro fino; o seu peito e os
seus braços de prata; o seu ventre e as suas coxas de cobre;

33 As pernas de ferro; os seus pés em parte de ferro e em parte de barro.

34 Estavas vendo, até que uma pedra foi cortada, [19] sem mão, a qual
feriu a estatua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou.

35 Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o cobre, a prata e
o oiro, [20] e se fizeram como pragana das eiras do estio, e o vento os
levou, e não se achou logar algum para elles; mas a pedra, que feriu a
estatua, se fez _um_ [21] grande monte, e encheu toda a terra.

36 Este é o sonho; tambem a interpretação d’elle diremos na presença do
rei.

37 Tu, [22] ó rei, _és_ rei de reis: pois o Deus do céu te tem dado o
reino, a potencia, e a força, e a magestade.

38 E onde [23] quer que habitem filhos de homens, bestas do campo, e
aves do céu, t’os entregou na tua mão, e fez que dominasses sobre todos
elles; [24] tu és a cabeça de oiro.

39 E depois de ti se levantará outro reino, [25] inferior ao teu; e outro
terceiro reino, de metal, o qual dominará sobre toda a terra.

40 E [26] o quarto reino será forte como ferro; da maneira que o ferro
esmiuça e enfraquece tudo, como o ferro, que quebranta todas estas
coisas, _assim_ esmiuçará e quebrantará.

41 E, quanto [27] ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro
de oleiro, e em parte de ferro, isso será _um_ reino dividido; comtudo
haverá n’elle _alguma coisa_ da firmeza do ferro, porquanto viste o ferro
misturado com barro de lodo.

42 E os dedos dos pés, em parte de ferro e em parte de barro, _querem
dizer_: por uma parte o reino será forte, e por outra será fragil.

43 Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo,
misturar-se-hão com semente humana, mas não se apegarão um ao outro,
assim como o ferro se não mistura com o barro.

44 Mas, nos dias d’estes reis, [28] o Deus do céu levantará um reino que
não será jámais destruido; e este reino não será deixado a outro povo:
[29] esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas elle mesmo estará
estabelecido para sempre.

45 Da maneira [30] que viste que do monte foi cortada uma pedra, sem
mãos, e ella esmiuçou o ferro, o cobre, o barro, a prata e o oiro, o Deus
grande fez saber ao rei o que ha de ser depois d’isto; e certo é o sonho,
e fiel a sua interpretação.

46 Então [31] o rei Nabucodonozor caiu sobre o seu rosto, e adorou a
Daniel, [32] e ordenou que lhe sacrificassem offerta de manjares e
perfumes suaves.

47 Respondeu o rei a Daniel, e disse: Certo _é_ que o vosso Deus _é_ Deus
de deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador dos segredos, [33] pois
podeste revelar este segredo.

48 Então o rei engrandeceu a Daniel, [34] e lhe deu muitos _e_ grandes
dons, e o poz por governador de toda a provincia de Babylonia, [35] como
tambem por principe dos prefeitos sobre todos os sabios de Babylonia.

49 E pediu Daniel ao rei, [36] e constituiu elle sobre os negocios da
provincia de Babylonia a Sadrach, Mesach e Abed-nego; [37] porém Daniel
_estava_ á porta do rei.

[1] Gen. 41.8. cap. 4.5. Est. 6.1. cap. 6.18.

[2] Gen. 41.8. cap. 5.7.

[3] I Reis 1.31. cap. 3.9 e 5.10.

[4] Esd. 6.11. cap. 3.29.

[5] cap. 5.16.

[6] ver. 28. cap. 5.11.

[7] Mat. 18.19.

[8] Num. 12.6. Job 33.15, 16.

[9] I Chr. 29.30. Est. 1.13. cap. 7.25 e 11.6. Jer. 27.5.

[10] Thi. 1.5.

[11] Heb. 4.13. Thi. 1.17.

[12] ver. 18.

[13] Gen. 40.8. ver. 18, 47. Amós 4.13.

[14] Gen. 49.1.

[15] ver. 22, 28.

[16] Gen. 41.16. Act. 3.12.

[17] ver. 47.

[18] ver. 38, etc.

[19] cap. 8.25. II Cor. 5.1.

[20] Ose. 13.3.

[21] Isa. 2.2, 3.

[22] Esd. 7.12. Isa. 47.5. Jer. 27.6, 7. Eze. 26.7, 8, 10.

[23] cap. 4.21, 22. Jer. 27.6.

[24] ver. 32.

[25] cap. 5.28, 31. ver. 32.

[26] cap. 7.7, 23.

[27] ver. 33.

[28] ver. 28. cap. 4.34. Miq. 4.7. Luc. 1.32, 33.

[29] Isa. 60.12.

[30] ver. 35. Isa. 28.16.

[31] Act. 10.25 e 14.13.

[32] Esd. 6.10.

[33] ver. 28.

[34] ver. 6.

[35] cap. 5.11 e 9.4.

[36] cap. 3.12.

[37] Est. 2.19, 21 e 3.2.



_A estatua de oiro: os companheiros de Daniel no forno de fogo ardente._

[Antes de Christo 580]

3 O rei Nabucodonozor fez uma estatua de oiro, a altura da qual _era_ de
sessenta covados, e a sua largura de seis covados: levantou-a no campo de
Dura, na provincia de Babylonia.

2 E o rei Nabucodonozor mandou ajuntar os sátrapas, os prefeitos e
presidentes, os juizes, os thesoureiros, os conselheiros, os officiaes, e
todos os governadores das provincias, para que viessem á consagração da
estatua que o rei Nabucodonozor tinha levantado.

3 Então se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos e presidentes, os juizes,
os thesoureiros, os conselheiros, os officiaes, e todos os governadores
das provincias, á consagração da estatua que o rei Nabucodonozor tinha
levantado, e estavam em pé diante da estatua que Nabucodonozor tinha
levantado.

4 E o pregoeiro apregoava em alta _voz_: Ordena-se a vós, [1] ó povos,
nações e linguagens:

5 Quando ouvirdes o som da buzina, do pifaro, da harpa, da sambuca,
do psalterio, da [ACT] symphonia, e de toda a sorte de musica, vos
prostrareis, e adorareis a estatua de oiro que o rei Nabucodonozor tem
levantado.

6 E qualquer que se não prostrar e _a_ não adorar, [2] será na mesma hora
lançado dentro do forno de fogo ardente.

7 Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da
buzina, do pifaro, da harpa, da sambuca, do psalterio, e de toda a sorte
de musica, se prostraram todos os povos, nações e linguas, e adoraram a
estatua de oiro que o rei Nabucodonozor tinha levantado.

8 Por isso, no mesmo instante se chegaram [3] _alguns_ homens chaldeos, e
accusaram os judeos.

9 E fallaram, e disseram ao rei Nabucodonozor: [4] Ó rei, vive
eternamente!

10 Tu, ó rei, fizeste _um_ decreto, que todo o homem que ouvisse o som da
buzina, do pifaro, da harpa, da sambuca, do psalterio, e da symphonia, e
de toda a sorte de musica, se prostrasse e adorasse a estatua de oiro;

11 E, qualquer que se não prostrasse e adorasse, fosse lançado dentro do
forno de fogo ardente.

12 [5] Ha uns homens judeos, os quaes constituiste sobre os negocios da
provincia de Babylonia: Sadrach, Mesach e Abed-nego: estes homens, ó rei,
não fizeram caso de ti; a teus deuses não servem, nem a estatua de oiro,
que levantaste, adoraram.

13 Então Nabucodonozor, com ira e furor, mandou trazer a Sadrach, Mesach
e Abed-nego. E trouxeram a estes homens perante o rei.

14 Fallou Nabucodonozor, e lhes disse: _Porventura_ de proposito, ó
Sadrach, Mesach e Abed-nego, vós não servis a meus deuses nem adoraes a
estatua de oiro que levantei?

15 Agora pois, se estaes promptos, quando ouvirdes o som da buzina, do
pifaro, da guitarra, da harpa, do psalterio, da symphonia, e de toda a
sorte de musica, para vos prostrardes e adorardes a estatua que fiz, _bom
é_; mas, se a não adorardes, sereis lançados, na mesma hora, dentro do
forno de fogo ardente: [6] e quem _é_ o Deus que vos poderá livrar das
minhas mãos?

16 Responderam Sadrach, Mesach e Abed-nego, e disseram ao rei
Nabucodonozor: Não necessitamos de te responder sobre este negocio.

17 Eis que é nosso Deus, a quem nós servimos, que nos pode livrar; elle
_nos_ livrará do forno de fogo ardente, _e_ da tua mão, ó rei.

18 E, se não, sabe tu, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem
adoraremos a estatua de oiro que levantaste.

19 Então Nabucodonozor se encheu de furor, e se mudou o aspecto do seu
semblante contra Sadrach, Mesach e Abed-nego: respondeu, e ordenou que o
forno se accendesse sete vezes mais do que se costumava accender.

20 E ordenou aos homens mais valentes de força, que estavam no seu
exercito, que atassem a Sadrach, Mesach e Abed-nego, para os lançar no
forno de fogo ardente.

21 Então estes homens foram atados com as suas capas, seus calções, e
seus chapeus, e seus vestidos, e foram lançados dentro do forno de fogo
ardente.

22 E, porque a palavra do rei apertava, e o forno estava sobre-maneira
acceso, a chamma do fogo matou aquelles homens que levantaram a Sadrach,
Mesach e Abed-nego.

23 E estes tres homens, Sadrach, Mesach e Abed-nego, cairam atados dentro
do forno de fogo ardente.

24 Então o rei Nabucodonozor se espantou, e se levantou depressa: fallou,
e disse aos seus capitães: _Porventura_ não lançámos tres homens atados
dentro do fogo? Responderam e disseram ao rei: Verdade é, ó rei.

25 Respondeu, e disse: Eis aqui vejo quatro homens soltos, [7] que andam
passeando dentro do fogo, e nada ha de lesão n’elles; [8] e o aspecto do
quarto é similhante ao filho dos deuses.

26 Então se chegou Nabucodonozor á porta do forno de fogo ardente;
fallou, e disse: Sadrach, Mesach e Abed-nego, servos do Deus Altissimo,
sahi e vinde! Então Sadrach, Mesach e Abed-nego sairam do meio do fogo.

27 E ajuntaram-se os sátrapas, os prefeitos, e os presidentes, e os
capitães do rei, contemplando estes homens, [9] como o fogo não tinha
tido poder algum sobre os seus corpos: nem _um só_ cabello da sua cabeça
se tinha queimado, nem as suas capas se mudaram, nem cheiro de fogo tinha
passado sobre elles.

28 Fallou Nabucodonozor, e disse: Bemdito _seja_ o Deus de Sadrach,
Mesach e Abed-nego, que enviou o seu anjo, e livrou os seus servos, que
confiaram n’elle, [10] pois [ACU] violaram a palavra do rei, e entregaram
os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum _outro_ deus,
senão o seu Deus.

29 Por mim pois [11] se faz _um_ decreto, que todo o povo, nação e lingua
que disser blasphemia contra o Deus de Sadrach, Mesach e Abed-nego, seja
despedaçado, e a sua casa seja feita _um_ monturo; [12] porquanto não ha
outro Deus que possa livrar como este.

30 Então o rei fez prosperar a Sadrach, Mesach e Abed-nego, na provincia
de Babylonia.

[1] cap. 6.25.

[2] Apo. 13.15.

[3] cap. 6.12.

[4] cap. 2.4 e 5.10.

[5] cap. 2.49.

[6] Exo. 5.2. II Reis 18.35.

[7] Isa. 43.2.

[8] Job 1.6 e 38.7. ver. 28.

[9] Heb. 11.34.

[10] Jer. 17.7. cap. 6.22, 23.

[11] cap. 6.26.

[12] cap. 6.27.



_O edito do rei. O seu sonho d’uma arvore grande: a sua loucura._

[Antes de Christo 570]

4 Nabucodonozor rei: a todos os povos, [1] nações, e linguas, que moram
em toda a terra: Paz vos seja multiplicada.

2 Pareceu-me bem fazer notorios os signaes e maravilhas que Deus, o
Altissimo, [2] tem feito para comigo.

3 Quão [3] grandes _são_ os seus signaes, e quão poderosas as suas
maravilhas! [4] o seu reino _é_ um reino sempiterno, e o seu dominio de
geração em geração.

4 Eu, Nabucodonozor, estava socegado em minha casa, e florescente no meu
palacio.

5 Tive _um_ sonho, que me espantou; [5] e as imaginações na minha cama e
as visões da minha cabeça [6] me turbaram.

6 Por mim pois se fez um decreto, para introduzir á minha presença todos
os sabios de Babylonia, para que me fizessem saber a interpretação do
sonho.

7 Então [7] entraram os magos, os astrologos, os chaldeos, e os
adivinhadores, e eu contei o sonho diante d’elles; mas não me fizeram
saber a sua interpretação.

8 Porém por fim entrou na minha presença Daniel, cujo nome _é_
Belteshazzar, [8] segundo o nome do meu deus, e no qual _ha_ o espirito
dos deuses sanctos; e eu contei o sonho diante d’elle:

9 Belteshazzar, [9] principe dos magos, pois eu sei que _ha_ em ti o
espirito dos deuses sanctos, e nenhum segredo te é difficil; dize-me as
visões do meu sonho que tive e a sua interpretação.

10 _Eram_ pois as visões da minha cabeça, na minha cama: eu estava vendo,
[10] e eis uma arvore no meio da terra, cuja altura era grande;

11 Crescia esta arvore, e se fazia forte, de maneira que a sua altura
chegava até ao céu; e foi vista até á extremidade de toda a terra.

12 A sua folhagem _era_ formosa, e o seu fructo muito, e _havia_ n’ella
sustento para todos: [11] debaixo d’ella as bestas do campo achavam
sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e toda a carne se
mantinha d’ella.

13 Estava vendo nas visões da minha cabeça, na minha cama; e eis que [12]
_um_ vigia, um sancto, descia do céu,

14 Clamando fortemente, e dizendo assim: [13] Cortae a arvore, e
decotae-lhe os ramos, sacudi as suas folhas, espalhae o seu fructo;
afugentem-se as bestas de debaixo d’ella, e as aves dos seus ramos.

15 Porém o tronco com as suas raizes deixae na terra, e com atadura de
ferro e de bronze, na herva do campo: e _seja_ molhado do orvalho do céu,
e a sua porção seja com as bestas na [ACV] gramma da terra:

16 Seja mudado o seu coração, que não seja mais _coração_ de homem, e lhe
seja dado coração de besta; [14] e passem sobre elle sete tempos.

17 Esta sentença é por decreto dos vigiadores, e este [ACW] mando _por_
dito dos sanctos; a fim de que conheçam os viventes [15] que o Altissimo
domina sobre os reinos dos homens; e os dá a quem quer, e _até_ ao mais
baixo dos homens constitue sobre elles.

18 Isto _em_ sonho vi eu, rei Nabucodonozor: tu, pois, Belteshazzar, dize
a interpretação: [16] porque todos os sabios do meu reino não poderam
fazer-me saber a sua interpretação; mas tu podes; pois _ha_ em ti o
espirito dos deuses sanctos.

19 Então Daniel, cujo nome _era_ Belteshazzar, esteve attonito quasi uma
hora, e os seus pensamentos o turbavam; fallou _pois_ o rei, e disse:
Belteshazzar, não te espante o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu
Belteshazzar, e disse; Senhor meu: [17] o sonho _seja_ contra os que te
teem odio, e a sua interpretação aos teus inimigos.

20 A arvore [18] que viste, que cresceu, e se fez forte, cuja altura
chegava até ao céu, e que foi vista por toda a terra,

21 E cujas folhas _eram_ formosas, e o seu fructo muito, e em que para
todos _havia_ mantimento, debaixo da qual moravam as bestas do campo, e
em cujos ramos habitavam as aves do céu;

22 Esta _arvore [19] és_ tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; e
a tua grandeza cresceu, e chegou [20] até ao céu, e o teu dominio até á
extremidade da terra.

23 E quanto [21] ao que viu o rei, um vigia, um sancto, _que_ descia do
céu, e disse: Cortae a arvore, e a destrui, porém o tronco _com_ as suas
raizes deixae na terra, e com atadura de ferro e de bronze, na herva do
campo; e seja molhado do orvalho do céu, e [22] a sua porção seja com as
bestas do campo, até que passem sobre elle sete tempos;

24 Esta _é_ a interpretação, ó rei: e este _é_ o decreto do Altissimo,
que virá sobre o rei, meu senhor,

25 _A saber_: [23] Lançar-te-hão de entre os homens, e a tua morada será
com as bestas do campo, e te farão comer herva como os bois, e serás
molhado do orvalho do céu; e passar-se-hão sete tempos por cima de ti:
até que conheças que o Altissimo domina sobre o reino dos homens, e os dá
a quem quer.

26 E quanto ao que foi dito, que deixassem o tronco _com_ as raizes da
arvore, o teu reino te _ficará_ firme, [24] depois que tiveres conhecido
que o céu reina.

27 Portanto, ó rei, acceita o meu conselho, [25] e desfaze os teus
peccados pela justiça, e as tuas iniquidades usando de misericordia com
os pobres, [26] se _porventura_ houver prolongação da tua paz.

28 Todas estas coisas vieram sobre o rei Nabucodonozor.

29 _Porque_ ao cabo de doze mezes, _quando_ andava passeando sobre o
palacio real de Babylonia,

30 Fallou [27] o rei, e disse: _Porventura_ não é esta a grande Babylonia
que eu edifiquei para a casa real, com a força da minha potencia, e para
gloria da minha magnificencia?

31 Ainda estava a [28] palavra na bocca do rei, quando caiu uma voz do
céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonozor: Passou de ti o reino.

32 E te lançarão d’entre os homens, e a tua morada _será_ com as bestas
do campo: far-te-hão comer herva como os bois, e passar-se-hão sete
tempos sobre ti, até que conheças que o Altissimo domina sobre os reinos
dos homens, e os dá a quem quer.

[Antes de Christo 563]

33 Na mesma hora se cumpriu a palavra sobre Nabucodonozor, e foi lançado
d’entre os homens, e comia herva como os bois, e o seu corpo foi molhado
do orvalho do céu, até que lhe cresceu pello, como as pennas da aguia, e
as suas unhas como _as_ das aves.

34 Mas ao fim d’aquelles dias [29] eu, Nabucodonozor, levantei os meus
olhos ao céu, e tornou-me a vir o meu entendimento, e eu bemdisse o
Altissimo, [30] e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo
dominio _é_ um dominio sempiterno, e cujo reino _é_ de geração em geração.

35 E todos [31] os moradores da terra _são_ reputados em nada, e segundo
a sua vontade faz com o exercito do céu e os moradores da terra: não ha
quem possa estorvar a sua mão, [32] e lhe diga, Que fazes?

36 No mesmo tempo me tornou a vir o meu entendimento, e para a dignidade
do meu reino [33] tornou-me a vir a minha magestade e o meu resplandor;
e me buscaram os meus capitães e os meus grandes; e fui restabelecido no
meu reino, [34] e se me accrescentou uma gloria maior _do que nunca_.

37 Agora _pois_ eu, Nabucodonozor, louvo, e exalço, e glorifico ao rei do
céu; porque todas as suas obras _são_ verdade, [35] e os seus caminhos
juizo, e pode humilhar aos que andam na soberba.

[1] cap. 3.4 e 6.25.

[2] cap. 3.26.

[3] cap. 6.27.

[4] cap. 2.44 e 6.26.

[5] cap. 2.28, 29.

[6] cap. 2.1.

[7] cap. 2.2.

[8] cap. 1.7. Isa. 63.11. ver. 18. cap. 2.11.

[9] cap. 2.48 e 5.11.

[10] Eze. 31.3, etc. ver. 20.

[11] Eze. 17.23 e 31.6. Lam. 4.20.

[12] ver. 17, 23.

[13] Mat. 3.10. Eze. 31.12.

[14] cap. 11.13 e 12.7.

[15] cap. 2.21 e 5.21. ver. 25, 32.

[16] Gen. 41.8, 15. cap. 5.8, 15.

[17] II Sam. 18.32.

[18] ver. 11, 12.

[19] cap. 2.38.

[20] Jer. 27.6, 7, 8.

[21] ver. 13.

[22] cap. 5.21.

[23] ver. 32. cap. 5.21, etc.

[24] Mat. 21.25.

[25] I Ped. 4.8.

[26] I Reis 21.29.

[27] cap. 5.20.

[28] Luc. 12.20.

[29] ver. 26.

[30] Apo. 4.10. Miq. 4.7. Luc. 1.33.

[31] Isa. 40.15, 17.

[32] Job 34.29. Job 9.12. Isa. 45.9. Rom. 9.20.

[33] ver. 26.

[34] Mat. 6.33.

[35] Apo. 15.3 e 16.7.



_O banquete do rei Belshazzar. A mão mysteriosa._

[Antes de Christo 538]

5 O rei Belshazzar deu [1] um grande banquete aos seus mil grandes, e
bebeu vinho na presença dos mil.

2 Havendo Belshazzar provado o vinho, mandou trazer os vasos de oiro e
de prata, [2] que Nabucodonozor, seu pae, tinha tirado do templo que
_estava_ em Jerusalem, para que bebessem por elles o rei, e os seus
grandes, as suas mulheres e concubinas.

3 Então trouxeram os vasos de oiro, que foram tirados do templo da casa
de Deus, que estava em Jerusalem, e beberam por elles o rei, os seus
grandes, as suas mulheres e concubinas.

4 Beberam o vinho, [3] e deram louvores aos deuses de oiro, e de prata,
de cobre, de ferro, de madeira, e de pedra.

5 Na mesma hora sahiam uns dedos de mão de homem, e escreviam, defronte
do castiçal, na caiadura da parede do palacio real; e o rei via a parte
da mão que estava escrevendo.

6 Então se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram:
as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no
outro.

7 E clamou o rei [4] com força, que se introduzissem os astrologos,
os chaldeos e os adivinhadores: e fallou o rei, e disse aos sabios
de Babylonia: Qualquer que ler esta escriptura, e me declarar a sua
interpretação, será vestido da purpura, e trará uma cadeia de oiro ao
pescoço, e será, no reino, o terceiro dominador.

8 Então entraram todos os sabios do rei; [5] mas não poderam ler a
escriptura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação.

9 Então o rei Belshazzar perturbou-se muito, e mudou-se n’elle o seu
semblante; e os seus grandes estavam sobresaltados.

10 A rainha, _pois_, por causa das palavras do rei e dos seus grandes,
entrou na casa do banquete: e fallou a rainha, e disse: [6] Ó rei, vive
para sempre! não te turbem os teus pensamentos, nem se mude o teu
semblante.

11 Ha um homem no teu reino, no qual _ha_ o espirito dos deuses sanctos;
e nos dias de teu pae se achou n’elle luz, e intelligencia, e sabedoria,
como a sabedoria dos deuses; e teu pae, o rei Nabucodonozor, teu pae, ó
rei, o constituiu chefe dos magos, dos astrologos, dos chaldeos, _e_ dos
adivinhadores;

12 Porquanto se achou n’este Daniel [7] um espirito excellente, e
sciencia e entendimento, interpretando sonhos, e declarando enigmas, e
solvendo duvidas, [8] ao qual rei poz o nome de Belteshazzar: chame-se
_pois_ agora Daniel, e elle declarará a interpretação.

13 Então Daniel foi introduzido á presença do rei. Fallou o rei, e disse
a Daniel: _És_ tu aquelle Daniel, dos captivos de Judah, que o rei, meu
pae, trouxe de Judah?

14 Porque tenho ouvido _dizer_ [9] a teu respeito que o espirito dos
deuses _está_ em ti, e que a luz, e o entendimento e a excellente
sabedoria se acham em ti.

15 E agora [10] foram introduzidos á minha presença os sabios _e_ os
astrologos, [11] para lerem esta escriptura, e me fazerem saber a sua
interpretação; mas não poderam declarar a interpretação d’estas palavras.

16 Eu porém tenho ouvido dizer de ti que podes dar interpretações e
solver duvidas: agora, se poderes ler esta escriptura, e fazer-me saber a
sua interpretação, serás vestido de purpura, e _terás_ cadeia de oiro ao
pescoço, e no reino serás o terceiro dominador.

17 Então respondeu Daniel, e disse na presença do rei: Os teus dons
fiquem comtigo, e dá os teus presentes a outro; comtudo lerei ao rei a
escriptura, e lhe farei saber a interpretação.

18 Quanto a ti, [12] ó rei! Deus, o Altissimo, deu a Nabucodonozor, teu
pae, o reino, e a grandeza, e a gloria, e a magnificencia.

19 E por causa da grandeza, que lhe deu, [13] todos os povos, nações e
linguas tremiam e temiam diante d’elle: a quem queria matava, e a quem
queria dava a vida; e a quem queria engrandecia, e a quem queria abatia.

20 Mas quando o seu coração se exalçou, e o seu espirito se endureceu em
soberba, foi derribado do seu throno real, e passou d’elle a _sua_ gloria.

21 E _foi_ lançado d’entre os filhos dos homens, e o seu coração foi
feito similhante ao das bestas, e a sua morada foi com os jumentos
montezes; fizeram-n’o comer a herva como os bois, e do orvalho do céu foi
molhado o seu corpo, até que conheceu que Deus, o Altissimo, domina sobre
os reinos dos homens, e a quem quer constitue sobre elles.

22 E tu, seu filho Belshazzar, [14] não humilhaste o teu coração, ainda
que soubeste tudo isto.

23 E [15] te levantaste contra o Senhor do céu, pois trouxeram os vasos
da casa d’elle perante ti, e tu, os teus grandes, as tuas mulheres e as
tuas concubinas, bebestes vinho por elles; de mais d’isto, déste louvores
aos deuses de prata, de oiro, de cobre, de ferro, de madeira e de pedra,
que nem vêem, nem ouvem, nem sabem; mas a Deus, [16] em cuja mão _está_ a
tua vida, e todos os teus caminhos, a elle não glorificaste.

24 Então d’elle foi enviada aquella parte da mão, e escreveu-se esta
escriptura.

25 Esta pois _é_ a escriptura que se escreveu: MENE, MENE, TEKEL,
UPHARSIN.

26 Esta _é_ a interpretação d’aquillo: MENE: Contou Deus o teu reino, e o
acabou.

27 TEKEL: [17] Pesado foste na balança, e foste achado em falta.

28 PERES: Dividido foi o teu reino, [18] e deu-se aos medos e aos persas.

29 Então mandou Belshazzar que vestissem a Daniel de purpura, e que lhe
pozessem _uma_ cadeia de oiro ao pescoço, [19] e proclamassem a respeito
d’elle que havia de ser o terceiro dominador do reino.

30 _Mas_ na mesma noite [20] foi morto Belshazzar, rei dos chaldeos.

31 E Dario, o medo, occupou o reino, _sendo_ da edade de sessenta e dois
annos.

[1] Est. 1.3.

[2] cap. 1.2. Jer. 52.19.

[3] Apo. 9.20.

[4] cap. 2.2 e 4.6. Isa. 47.13.

[5] cap. 2.27 e 4.7.

[6] cap. 2.4 e 3.9.

[7] cap. 6.3.

[8] cap. 1.7.

[9] ver. 11, 12.

[10] ver. 7, 8.

[11] ver. 7.

[12] cap. 2.37, 38 e 4.17, 22, 25.

[13] Jer. 27.7. cap. 3.4.

[14] II Chr. 33.23 e 36.12.

[15] ver. 3, 4.

[16] Jer. 10.23.

[17] Job 31.6. Jer. 6.30.

[18] Isa. 21.2. ver. 31. cap. 9.1. cap. 6.28.

[19] ver. 7.

[20] Jer. 51.31, 39, 57. cap. 9.1.



_Daniel na cova dos leões._

[Antes de Christo 537]

6 E pareceu bem a Dario [1] constituir sobre o reino a cento e vinte
presidentes, que estivessem sobre todo o reino;

2 E sobre elles tres principes, dos quaes Daniel era um, aos quaes estes
presidentes déssem conta, para que o rei não soffresse damno.

3 Então o mesmo Daniel sobrepujou a estes principes e presidentes; [2]
porque n’elle _havia_ um espirito excellente; porquanto o rei pensava
constituil-o sobre todo o reino.

4 Então os principes e os presidentes procuravam achar occasião contra
Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar occasião ou culpa
alguma; porque elle _era_ fiel, e não se achava n’elle nenhum vicio nem
culpa.

5 Então estes homens disseram: Nunca acharemos occasião alguma contra
este Daniel, se não _a_ acharmos contra elle na lei do seu Deus.

6 Então estes principes e presidentes foram juntos ao rei, e disseram-lhe
assim: Ó rei Dario, [3] vive para sempre!

7 Todos os principes do reino, os prefeitos e presidentes, capitães e
governadores, tomaram conselho afim de estabelecerem um edicto real e
fazerem um mandamento firme: que qualquer que, por espaço de trinta dias,
fizer uma petição a qualquer deus, ou a _qualquer_ homem, e não a ti, ó
rei, seja lançado na cova dos leões.

8 Agora _pois_, ó rei, confirma o edicto, e assigna a escriptura, para
que não se mude, [4] conforme a lei dos medos e dos persas, que se não
pode revogar.

9 Por esta causa o rei Dario assignou esta escriptura e edicto.

10 Daniel, pois, quando soube que a escriptura estava assignada, entrou
na sua casa (ora havia no seu quarto [5] janellas abertas da banda
de Jerusalem), e tres vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e
confessava diante do seu Deus, [6] como tambem antes costumava fazer.

11 Então aquelles homens foram juntos, e acharam a Daniel orando e
supplicando diante do seu Deus.

12 Então se chegaram, [7] e disseram diante do rei: No tocante ao edicto
real, _porventura_ não assignaste o edicto, que todo o homem que fizesse
uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, por espaço de trinta
dias, e não a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o
rei, e disse: [8] Esta palavra _é_ certa, conforme a lei dos medos e dos
persas, que se não pode revogar.

13 Então responderam, e disseram diante do rei: [9] Daniel, que _é_ dos
transportados de Judah, [10] não tem feito caso de ti, ó rei, nem do
edicto que assignaste, antes tres vezes por dia faz a sua oração.

14 Ouvindo então o rei o negocio, [11] ficou muito penalisado, e a favor
de Daniel propoz dentro do seu coração tiral-o; e até ao pôr do sol
trabalhou por o salvar.

15 Então aquelles homens se foram juntos ao rei, e disseram ao rei: [12]
Sabe, ó rei, que é uma lei dos medos e dos persas que nenhum edicto ou
ordenança, que o rei determine, se pode mudar.

16 Então o rei ordenou que trouxessem a Daniel, e o lançaram na cova
dos leões. E, fallando o rei, disse a Daniel: O teu Deus, a quem tu
continuamente serves, elle te livrará.

17 E [13] foi trazida _uma_ pedra, e foi posta sobre a bocca da cova;
[14] e o rei a sellou com o seu annel e com o annel dos seus grandes,
para que se não mudasse a sentença ácerca de Daniel.

18 Então o rei se foi para o seu palacio, e passou a noite _em_ jejum,
e não deixou trazer á sua presença instrumentos de musica; [15] e fugiu
d’elle o somno.

19 Então o rei se levantou pela manhã cedo, e foi com pressa á cova dos
leões.

20 E, chegando-se á cova, chamou por Daniel com voz triste; e, fallando o
rei, disse a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo! [16] dar-se-hia o caso
que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, te podesse livrar dos
leões?

21 Então Daniel fallou ao rei: [17] Ó rei, vive para sempre!

22 O meu Deus [18] enviou o seu anjo, e fechou a bocca dos leões, para
que não me fizessem damno, porque foi achada em mim innocencia diante
d’elle; e tambem contra ti, ó rei, não tenho commettido delicto algum.

23 Então o rei muito se alegrou em si mesmo, e mandou tirar a Daniel da
cova: assim foi tirado Daniel da cova, e nenhum damno se achou n’elle,
[19] porque crêra no seu Deus.

24 Então ordenou o rei, [20] e foram trazidos aquelles homens que tinham
accusado a Daniel, e foram lançados na cova dos leões, elles, [21] seus
filhos e suas mulheres; e _ainda_ não tinham chegado ao fundo da cova
quando os leões se apoderaram d’elles, e lhes esmigalharam todos os ossos.

25 Então [22] o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e linguas que
moram em toda a terra: A paz vos seja multiplicada.

26 Da minha parte [23] é feito _um_ decreto, que em todo o dominio do
meu reino tremam _todos_ e temam perante o Deus de Daniel; porque elle é
o Deus vivo e permanecente para sempre, [24] e o seu reino não se pode
destruir, e o seu dominio _dura_ até ao fim.

27 Elle faz escapar e livra, e faz signaes e maravilhas no céu e na
terra, o qual fez escapar a Daniel do poder dos leões.

28 Este Daniel, pois, prosperava no reinado de Dario, [25] e no reinado
de Cyro, o persa.

[1] Est. 1.1.

[2] cap. 5.12.

[3] ver. 21. cap. 2.4.

[4] Est. 1.19 e 8.8. ver. 12, 15.

[5] I Reis 8.44, 48. Jon. 2.4.

[6] Act. 10.9.

[7] cap. 3.8.

[8] ver. 8.

[9] cap. 1.6 e 5.13.

[10] cap. 3.12.

[11] Mar. 6.26.

[12] ver. 8.

[13] Lam. 3.53.

[14] Mat. 27.66.

[15] cap. 2.1.

[16] cap. 3.15.

[17] cap. 2.4.

[18] cap. 3.28. Heb. 11.33.

[19] Heb. 11.33.

[20] Deu. 19.19.

[21] Est. 9.10. Deu. 24.16. II Reis 14.6.

[22] cap. 4.1.

[23] cap. 3.29.

[24] cap. 2.44 e 7.14, 27. Luc. 1.33.

[25] cap. 1.21. Eze. 1.1, 2.



_A visão dos quatro animaes symbolicos._

[Antes de Christo 555]

7 No primeiro anno de Belshazzar, rei de Babylonia, [1] teve Daniel um
sonho e visões da sua cabeça _estando_ na sua cama: escreveu logo o
sonho, e relatou a summa das coisas.

2 Fallou Daniel, e disse: Eu estava vendo na minha visão da noite, e eis
que os quatro ventos do céu combatiam no mar grande.

3 E quatro animaes grandes, differentes uns dos outros, subiam do mar.

4 O primeiro [2] _era_ como leão, e tinha azas de aguia: eu estava
olhando, até que lhe foram arrancadas as azas; e foi levantado da terra,
e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem.

5 E [3] eis aqui outro segundo animal, similhante a um urso, o qual
se levantou de um lado, e tinha na bocca tres costellas entre os seus
dentes, e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne.

6 Depois d’isto, eu estava olhando, e eis aqui outro, _que era_ como
leopardo, e tinha quatro azas de ave nas suas costas: [4] tinha tambem
este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado dominio.

7 Depois d’isto, eu estava olhando nas visões da noite, [5] e eis aqui o
quarto animal, terrivel e espantoso, e muito forte, o qual tinha dentes
grandes de ferro, devorava e fazia em pedaços, e pizava aos seus pés o
que sobejava; e _era_ differente de todos os animaes que _foram_ antes
d’elle, [6] e tinha [ACX] dez pontas.

8 Estando eu considerando as pontas, [7] eis que outra ponta pequena
subia entre ellas, e tres das pontas primeiras foram arrancadas de diante
d’elle; e eis que n’esta ponta _havia_ olhos, como olhos de homem, [8] e
uma bocca que fallava grandiosamente.

9 Eu estive olhando, [9] até que foram postos uns thronos, e o ancião de
dias se assentou: o seu vestido _era_ branco como a neve, e o cabello da
sua cabeça como a limpa lã; o seu throno chammas de fogo, [10] e as rodas
d’elle fogo ardente.

10 Um rio de fogo [11] manava e sahia de diante d’elle: milhares de
milhares o serviam, [12] e milhões de milhões estavam _em pé_ diante
d’elle: assentou-se o juizo, e abriram-se os livros.

11 Então estive olhando, por causa da voz das grandes palavras que
fallava a ponta: [13] estive olhando até que mataram o animal, e o seu
corpo foi desfeito, e entregue para ser queimado pelo fogo.

12 E, quanto aos outros animaes, foi-lhes tirado o dominio; todavia
foi-lhes dado prolongação de vida até certo espaço de tempo.

13 Eu estava vendo nas minhas visões da noite, [14] e eis que era vindo
nas nuvens do céu _um_ como o filho do homem: e chegou até ao ancião dos
dias, [15] e o fizeram chegar perante elle.

14 E [16] foi-lhe dado o dominio e a honra, e o reino, e que todos os
povos, nações e linguas o servissem: o seu dominio _é_ um dominio eterno,
[17] que não passará, e o seu reino se não destruirá.

15 Quanto a mim, Daniel, o meu espirito foi abatido dentro do corpo, e as
visões da minha cabeça me espantavam.

16 Cheguei-me a um dos que estavam _em pé_, e pedi-lhe a certeza ácerca
de tudo isto. E elle me disse, e fez-me saber a interpretação das coisas.

17 Estes [18] grandes animaes, que são quatro, _são_ quatro reis, _que_
se levantarão da terra.

18 Mas [19] os sanctos do Altissimo receberão o reino, e possuirão o
reino para todo o sempre, e de eternidade em eternidade.

19 Então tive desejo de _ter_ certeza do [20] quarto animal, que era
differente de todos os outros, muito terrivel, cujos dentes _eram_ de
ferro, e as suas unhas de metal; que devorava, fazia em pedaços e pizava
a pés o que sobrava.

20 Tambem das dez pontas que tinha na cabeça, e da outra que subia, de
diante da qual cairam tres, d’aquella ponta, digo, que tinha olhos, e
bocca que fallava grandiosamente, e cujo parecer _era_ maior do que o das
suas companheiras.

21 Eu olhava, [21] e eis que esta ponta fazia guerra contra os sanctos, e
os vencia.

22 Até que [22] veiu o ancião de dias, e se deu o juizo aos sanctos do
Altissimo, e chegou o tempo em que os sanctos possuiram o reino.

23 Disse assim: [23] O quarto animal será o quarto reino na terra, o qual
será differente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pizará
aos pés, e a fará em pedaços.

24 E, [24] quanto ás dez pontas, d’aquelle mesmo reino se levantarão dez
reis; e depois d’elles se levantará outro, o qual será differente dos
primeiros, e abaterá a tres reis.

25 E [25] fallará palavras contra o Altissimo, [26] e destruirá os
sanctos do Altissimo, e cuidará em mudar os tempos [27] e a lei; e serão
entregues na sua mão por um tempo, e tempos, e a metade d’um tempo.

26 E o juizo estará assentado, e tirarão o seu dominio, para o destruir e
para o desfazer até ao fim.

27 E o reino, e o dominio, e a magestade dos reinos debaixo de todo o
céu [28] se dará ao povo dos sanctos do Altissimo: o seu reino _será_ um
reino eterno, [29] e todos os dominios o servirão, e lhe obedecerão:

28 Até aqui _foi_ o fim do negocio. Quanto a mim, Daniel, [30] os meus
pensamentos muito me espantavam, e mudou-se em mim o meu semblante; [31]
mas guardei o negocio no meu coração.

[1] Num. 12.6. Amós 3.7. cap. 2.28.

[2] Deu. 28.49. Jer. 4.7, 13 e 48.40. Eze. 17.3. Hab. 1.8.

[3] cap. 2.39.

[4] cap. 8.8, 22.

[5] cap. 2.40. ver. 19, 23.

[6] cap. 2.41. Apo. 13.1.

[7] ver. 20, 21, 24. cap. 8.9.

[8] Apo. 9.7. ver. 25. Apo. 13.5.

[9] Apo. 20.4. ver. 13, 22. Apo. 1.14.

[10] Eze. 1.15, 16.

[11] Isa. 30.33 e 66.15. I Reis 22.19. Heb. 12.22. Apo. 5.11.

[12] Apo. 20.4, 12.

[13] Apo. 19.20.

[14] Eze. 1.26. Mat. 24.30 e 26.64. Apo. 1.7, 13 e 14.14.

[15] ver. 9.

[16] Mat. 11.27 e 28.18. João 3.35. I Cor. 15.27. Eph. 1.22. cap. 3.4.
cap. 2.44. ver. 27.

[17] Miq. 4.7. Luc. 1.33. João 12.34. Heb. 12.28.

[18] ver. 3.

[19] Isa. 60.12. ver. 22, 27. Apo. 2.26, 27 e 3.21 e 20.4.

[20] ver. 7.

[21] cap. 8.12, 24. Apo. 11.7 e 13.7 e 17.14 e 19.19.

[22] ver. 9. ver. 18. I Cor. 6.2. Apo. 1.6 e 5.10 e 20.4.

[23] cap. 2.40.

[24] ver. 7, 8, 20. Apo. 17.12.

[25] Isa. 37.23. cap. 8.24, 25 e 11.28, 30, 31, 36. Apo. 13.5, 6.

[26] Apo. 17.6 e 18.24.

[27] cap. 2.21 e 12.7. Apo. 12.14.

[28] ver. 14, 18, 22.

[29] cap. 2.44. Luc. 1.33. Isa. 60.12.

[30] ver. 15. cap. 10.8, 16.

[31] Luc. 2.19, 51.



_A visão d’um carneiro e d’um bode._

[Antes de Christo 553]

8 No anno terceiro do reinado do rei Belshazzar appareceu-me uma visão, a
mim, Daniel, [1] depois d’aquella que me appareceu no principio.

2 E vi n’uma visão [2] (e aconteceu, quando vi, que eu _estava_ na
cidadella de Susan, que _está_ na provincia de Elam), vi pois, n’uma
visão, que eu estava junto ao rio Ulai.

3 E levantei os meus olhos, e vi, e eis que um carneiro estava diante do
rio, o qual tinha duas pontas; e as duas pontas _eram_ altas, porém uma
_era_ mais alta do que a outra; e a _que era_ mais alta subiu por ultimo.

4 Vi que o carneiro dava marradas para o occidente, e para o norte e para
o meio-dia; e nenhuns animaes podiam parar diante d’elle, nem _havia_
quem livrasse da sua mão; e fazia conforme a sua vontade, [3] e se
engrandecia.

5 E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do occidente sobre
toda a terra, e não tocava a terra; [4] e aquelle bode tinha uma ponta
insigne entre os olhos;

6 E vinha ao carneiro que tinha as duas pontas, ao qual eu tinha visto
_em pé_ diante do rio; e correu contra elle com _todo_ o impeto da sua
força.

7 E o vi chegar perto do carneiro, e se irritou contra elle, e feriu o
carneiro, e lhe quebrou as duas pontas, pois não havia força no carneiro
para parar diante d’elle, e o lançou por terra, e o pizou a pés; nem
houve quem livrasse o carneiro da sua mão.

8 E o bode se engrandeceu em grande maneira; mas, estando na sua _maior_
força, aquella grande ponta foi quebrada: e subiram no seu logar _outras_
quatro insignes, [5] para os quatro ventos do céu.

9 E [6] de uma d’ellas saiu uma ponta mui pequena, a qual cresceu muito
para o meio-dia, e para o oriente, e para a _terra_ formosa.

10 E [7] se engrandeceu até ao exercito do céu: e a _alguns_ do exercito,
e das estrellas, deitou por terra, e as pizou.

11 E [8] se engrandeceu até ao principe do exercito: e por elle foi
tirado o continuo _sacrificio_, [9] e o logar do seu sanctuario foi
lançado por terra.

12 E [10] o exercito foi entregue por causa das transgressões contra o
continuo _sacrificio_; e lançou a verdade por terra, [11] e o fez, e
prosperou.

13 Depois [12] ouvi um sancto que fallava; e disse o sancto áquelle
que fallava: Até quando _durará_ a visão do continuo _sacrificio_, e
da transgressão assoladora, para que seja entregue o sanctuario, e o
exercito, para ser pizado?

14 E elle me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o
sanctuario será justificado.

15 E aconteceu que, havendo eu, Daniel, visto a visão, [13] busquei o
entendimento, [14] e eis que se me apresentou diante um com o parecer de
homem.

16 E ouvi uma voz de homem entre _as margens_ do Ulai, a qual gritou, e
disse: Gabriel, dá a entender a este a visão.

17 E veiu perto d’onde eu estava; e, vindo elle, me assombrei, [15] e
cahi sobre o meu rosto; porém elle me disse: Entende, filho do homem,
porque _acontecerá_ esta visão no fim do tempo.

18 E, [16] estando elle fallando comigo, cahi adormecido sobre o meu
rosto por terra: [17] elle, pois, me tocou, e me fez estar em pé.

19 E disse: Eis que te farei saber o que ha de acontecer no ultimo tempo
da ira; [18] porque no tempo determinado _será_ o fim.

20 Aquelle carneiro [19] que viste com duas pontas _são_ os reis da Media
e da Persia,

21 Porém [20] o bode pelludo é o rei da Grecia; e a ponta grande que
_tinha_ entre os olhos _é_ o rei primeiro;

22 E que, [21] sendo quebrada ella, se levantassem quatro em logar
d’ella, _significa que_ quatro reinos se levantarão da _mesma_ nação, mas
não com a força d’ella.

23 Mas, no fim do seu reinado, quando os prevaricadores acabarem _de
prevaricar_, [22] se levantará um rei, feroz de cara, e _será_ entendido
em adivinhações.

24 E [23] se fortalecerá a sua força, mas não pela força d’elle _mesmo_;
e destruirá maravilhosamente, e prosperará, e o _seu prazer_ fará: e
destruirá os fortes [24] e o povo sancto.

25 E pelo seu entendimento tambem fará prosperar o engano na sua mão;
e [25] no seu coração se engrandecerá, e pela tranquillidade destruirá
muitos; e se levantará contra o principe dos principes, [26] mas sem mão
será quebrado.

26 E [27] a visão da tarde e da manhã, que foi dita, _é_ verdade: tu,
porém, cerra a visão, porque _é_ para muitos dias.

27 E eu, [28] Daniel, enfraqueci, e estive enfermo _alguns_ dias; então
levantei-me e fiz o negocio do rei: e espantei-me ácerca da visão, [29] e
não havia quem a entendesse.

[1] cap. 7.1.

[2] Est. 1.2.

[3] cap. 5.19.

[4] ver. 21.

[5] ver. 22.

[6] cap. 7.8 e 11.25.

[7] cap. 11.28. Isa. 14.13. Apo. 12.4.

[8] Jer. 48.26, 42. cap. 11.36. ver. 25.

[9] Exo. 29.38. Num. 28.3. Eze. 46.13.

[10] cap. 11.31. Isa. 59.14.

[11] ver. 4.

[12] I Ped. 1.12.

[13] cap. 12.8. I Ped. 1.10, 11.

[14] Eze. 1.26.

[15] Eze. 2.1. Apo. 1.17.

[16] cap. 10.9, 10. Luc. 9.32.

[17] Eze. 2.2.

[18] cap. 9.27 e 11.27, 35, 36 e 12.7. Hab. 2.3.

[19] ver. 3.

[20] ver. 5. cap. 11.5.

[21] ver. 8. cap. 11.4.

[22] Deu. 28.50. ver. 6.

[23] Apo. 17.13, 17. ver. 12. cap. 11.36.

[24] ver. 10. cap. 7.25.

[25] cap. 11.36.

[26] Job 34.20. Lam. 4.6. cap. 2.34, 45.

[27] cap. 10.1. Eze. 12.27. cap. 10.14 e 12.4, 9. Apo. 22.10.

[28] cap. 7.28 e 10.8, 16. cap. 6.2, 3.

[29] ver. 16.



_A oração de Daniel: as setenta semanas: o Messias._

[Antes de Christo 538]

9 No anno primeiro [1] de Dario, filho de Assuero, da nação dos medos, o
qual foi constituido rei sobre o reino dos chaldeos,

2 No anno primeiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o
numero dos annos, [2] dos quaes fallou o Senhor ao propheta Jeremias, em
que haviam de acabar as assolações de Jerusalem, era de setenta annos.

3 E [3] eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar _com_ oração
e rogos, com jejum, e sacco e cinza.

4 E orei ao Senhor meu Deus, e confessei, e disse: [4] Ah! Senhor! Deus
grande e tremendo, que guardas o concerto e a misericordia para com os
que te amam e guardam os teus mandamentos.

5 Peccámos, [5] e commettemos iniquidade, e fizemos impiamente, e fomos
rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juizos;

6 E não démos [6] ouvidos aos teus servos, os prophetas, que em teu nome
fallaram aos nossos reis, _aos_ nossos principes, e _a_ nossos paes, como
tambem a todo o povo da terra.

7 Tua, [7] ó Senhor, _é_ a justiça, mas a nós _pertence_ confusão de
rosto, como _se vê_ n’este dia, aos homens de Judah, e aos moradores de
Jerusalem, e a todo o Israel; aos de perto e aos de longe, em todas as
terras por onde os tens lançado, por causa da sua prevaricação, com que
prevaricaram contra ti.

8 Ó Senhor, [8] a nós _pertence_ a confusão de rosto, aos nossos reis,
aos nossos principes, e a nossos paes, porque peccámos contra ti.

9 [9] Ao Senhor, nosso Deus, _pertencem_ as misericordias e os perdões;
ainda que nos rebellámos contra elle,

10 E não obedecemos [10] á voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas
suas leis, que nos deu pela mão de seus servos, os prophetas.

11 E [11] todo o Israel traspassou a tua lei, apartando-se para não
obedecer á tua voz; por isso a maldição e o juramento, [12] que _está_
escripto na lei de Moysés, servo de Deus, se derramou sobre nós; porque
peccámos contra elle.

12 E elle confirmou [13] a sua palavra, que fallou contra nós, e contra
os nossos juizes que nos julgavam, trazendo sobre nós _um_ grande
mal; que nunca [14] foi feito debaixo de todo o céu como foi feito em
Jerusalem.

13 Como [15] está escripto na lei de Moysés, todo aquelle mal nos
sobreveiu: [16] comtudo não supplicámos á face do Senhor nosso Deus, para
nos convertermos das nossas iniquidades, e para nos applicarmos á tua
verdade.

14 E apressurou-se o Senhor [17] sobre o mal, e o trouxe sobre nós;
porque justo _é_ o Senhor, nosso Deus, em todas as suas obras, que fez,
[18] pois não obedecemos á sua voz.

15 Ora pois, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste [19] o teu povo da terra
do Egypto com mão poderosa, e [20] ganhaste para ti nome, como _se vê_
n’este dia, peccámos; obrámos impiamente.

16 Ó Senhor, [21] segundo todas as tuas justiças pois, aparte-se a tua
ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalem, do teu sancto monte; [22]
porque por causa dos nossos peccados, e por causa das iniquidades de
nossos paes, _vieram_ Jerusalem e o teu povo _a servir de_ opprobrio a
todos os que nos estão em redor.

17 Agora pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo, e as suas
supplicas, [23] e sobre o teu sanctuario assolado faze resplandecer o teu
rosto, por amor do Senhor.

18 Inclina, [24] ó Deus meu, os teus ouvidos; e ouve: abre os teus olhos,
e olha para a nossa desolação, [25] e para a cidade a qual é chamada pelo
teu nome, porque não lançamos as nossas supplicas perante a tua face
fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericordias.

19 Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, attende-nos e obra sem
tardar; por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu
povo se chamam pelo teu nome.

20 Estando [26] eu ainda fallando e orando, e confessando o meu peccado,
e o peccado do meu povo Israel, e lançando a minha supplica perante a
face do Senhor, meu Deus, pelo monte sancto do meu Deus,

21 Estando eu, digo, ainda fallando na oração, [27] o varão Gabriel, que
eu tinha visto ao principio, veiu, voando rapidamente, [28] tocando-me,
como á hora do sacrificio da tarde.

22 E _me_ instruiu, e fallou comigo, e disse: Daniel, agora sahi para
fazer-te entender o sentido.

23 No principio das tuas supplicas, saiu a palavra, [29] e eu vim, para
_t’o_ declarar, porque és mui amado: toma pois bem sentido da palavra, e
entende a visão.

24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua
sancta cidade, para consumir a transgressão, e para acabar os peccados,
[30] e para expiar a iniquidade, e para trazer a justiça eterna, e para
sellar a visão e o propheta, e para ungir o Sancto dos sanctos.

25 Sabe [31] e entende: desde a saida da palavra para fazer tornar, e
para edificar a Jerusalem, [32] até ao Messias, o Principe, sete semanas,
e sessenta e duas semanas: as ruas e as tranqueiras se reedificarão, [33]
porém em tempos angustiados.

26 E depois das sessenta e duas semanas [34] _será_ desarreigado o
Messias, e não será mais: [35] e o povo do principe, que virá, destruirá
a cidade e o sanctuario, e o seu fim será com uma innundação; e até ao
fim da guerra estão determinadas as assolações.

27 E confirmará concerto com muitos [36] uma semana: e _na_ metade da
semana fará cessar o sacrificio e a offerta de manjares; e sobre a ala
das abominações _virá_ assolador, e _isso_ até á consummação; e o que
está determinado será derramado sobre o assolado.

[1] cap. 1.21 e 5.31 e 6.28.

[2] II Chr. 36.21. Jer. 25.11, 12 e 29.10.

[3] Neh. 1.4. Jer. 29.12, 13. Thi. 4.8, 9, 10.

[4] Exo. 20.6. Deu. 7.9. Neh. 1.5 e 9.32.

[5] I Reis 8.47, 48. Neh. 1.6, 7 e 9.33, 34. Isa. 64.5, 6, 7. Jer. 14.7.
ver. 15.

[6] II Chr. 36.15, 16. ver. 10.

[7] Neh. 9.33.

[8] ver. 7.

[9] Neh. 9.17.

[10] ver. 6.

[11] Isa. 1.4, 5, 6. Jer. 8.5, 10.

[12] Lev. 26.14, etc. Deu. 27.15, etc. e 28.15, etc. e 29.20, etc. e
30.17, 18 e 31.17, etc. e 32.19, etc. Lam. 2.17.

[13] Zac. 1.6.

[14] Lam. 1.12 e 2.13. Eze. 5.9. Amós 3.2.

[15] Deu. 28.15. Lam. 2.17.

[16] Isa. 9.13. Jer. 2.30 e 5.3. Ose. 7.7, 10.

[17] Jer. 31.28 e 44.27. Neh. 9.33. ver. 7.

[18] ver. 10.

[19] Exo. 6.1, 6 e 32.11. I Reis 8.51. Neh. 1.10. Jer. 32.21.

[20] Neh. 9.10. Jer. 32.20. ver. 5.

[21] I Sam. 12.7. Miq. 6.4, 5.

[22] ver. 20. Zac. 8.3. Exo. 20.5.

[23] Num. 6.25. ver. 19.

[24] Isa. 37.17. Exo. 3.7.

[25] Jer. 25.29.

[26] Isa. 65.24.

[27] cap. 8.16.

[28] cap. 8.18 e 10.10, 16.

[29] cap. 10.12. cap. 10.11, 19. Mat. 24.15.

[30] Isa. 53.10, 11. Jer. 23.5, 6. Heb. 9.12. Apo. 14.6. Heb. 9.11.

[31] ver. 23. Mat. 24.15. Esd. 4.24 e 6.1, 15.

[32] João 4.25. Isa. 55.4.

[33] Neh. 4.8, 16, 17, 18.

[34] Isa. 53.8. Mar. 9.12. Luc. 24.26, 46. I Ped. 2.21 e 3.18. Mat. 22.7.

[35] Luc. 19.44. Mat. 24.12. Mat. 24.6, 14.

[36] Eze. 16.60, 61, 62. Mat. 26.28. Rom. 5.15, 19. Heb. 9.28. Mat.
24.15. Mar. 13.14. Luc. 21.20. Isa. 10.22, 23. cap. 11.36. Luc. 21.24.
Rom. 11.26.



_Um anjo annuncia a Daniel os acontecimentos dos ultimos dias._

[Antes de Christo 534]

10 No anno terceiro de Cyro, rei da Persia, foi revelada _uma_ palavra a
Daniel, cujo nome se chama [1] Belteshazzar; e a palavra _é_ verdadeira,
porém trata d’uma guerra prolongada, [2] e entendeu esta palavra, e
tinha entendimento da visão.

2 N’aquelles dias eu, Daniel, me entristeci tres semanas de dias.

3 Manjar desejavel não comi, nem carne nem vinho entrou na minha bocca,
[3] nem me untei com unguento, até que se cumpriram as tres semanas de
dias.

4 E no dia vinte e quatro do primeiro mez eu estava na borda do grande
rio [4] Hiddekel;

5 E levantei [5] os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho,
[6] e os seus lombos cingidos com oiro fino d’Uphaz:

6 E o seu corpo _era_ como [7] turqueza, e o seu rosto parecia um
relampago, [8] e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os
seus pés como de côr de bronze açacalado; e a voz das suas palavras como
a voz d’uma multidão.

7 E só eu, Daniel, [9] vi aquella visão; mas os homens que _estavam_
comigo não viram aquella visão: comtudo caiu sobre elles um grande temor,
e fugiram, escondendo-se.

8 Fiquei pois eu só, e vi esta grande visão, [10] e não ficou força em
mim; [11] e mudou-se em mim a minha formosura em desmaio, sem reter força
alguma.

9 E ouvi a voz das suas palavras; [12] e, ouvindo a voz das suas
palavras, eu cahi n’um profundo somno sobre o meu rosto, com o meu rosto
em terra.

10 E [13] eis que uma mão me tocou, e fez que me movesse sobre os meus
joelhos e sobre as palmas das minhas mãos.

11 E me disse: Daniel, homem mui desejado, [14] está attento ás palavras
que eu fallarei comtigo, e levanta-te sobre os teus pés; porque agora sou
enviado a ti. E, fallando elle comigo esta palavra, eu estava tremendo.

12 Então me disse: [15] Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia
em que applicaste o teu coração a entender e a humilhar-te perante o
teu Deus [16] são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas
palavras.

13 Porém [17] o principe do reino da Persia se poz defronte de mim vinte
e um dias, e eis que Michael, [18] um dos primeiros principes, veiu para
ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Persia.

14 Agora vim, para fazer-te entender o que ha de acontecer ao teu povo
nos derradeiros dias; [19] porque a visão ainda _está_ para _muitos_ dias.

15 E, fallando elle comigo estas palavras, [20] abaixei o meu rosto em
terra, e emmudeci.

16 E eis aqui _alguem_, [21] similhante aos filhos dos homens, me tocou
os labios: então abri a minha bocca, e fallei, e disse áquelle que estava
diante de mim: Senhor meu, por causa da visão sobrevieram-me dôres, e não
me ficou força alguma.

17 Como pois pode o servo d’este meu Senhor fallar com aquelle meu
Senhor? porque, quanto a mim, desde agora não resta força em mim, e não
ficou em mim folego.

18 E _alguem_, que tinha apparencia d’um homem, me tocou outra vez, e me
confortou.

19 E disse: [22] Não temas, homem mui desejado, paz _seja_ comtigo;
esforça-te, sim, esforça-te. E, fallando elle comigo, esforcei-me, e
disse: Falla, meu Senhor, porque me confortaste.

20 E disse: Sabes porque eu vim a ti? [23] agora, pois, tornarei a
pelejar contra o principe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o
principe da Grecia.

21 Porém eu te declararei o que está escripto na escriptura da verdade; e
ninguem _ha_ que se esforce comigo contra aquelles, [24] senão Michael,
vosso principe.

[1] cap. 1.7 e 8.26. Apo. 19.9. ver. 14.

[2] cap. 1.17 e 8.16.

[3] Mat. 6.17.

[4] Gen. 2.14.

[5] Jos. 5.13. cap. 12.6, 7.

[6] Apo. 1.13, 15 e 15.6.

[7] Eze. 1.14.

[8] Apo. 1.14 e 10.12. Eze. 1.7. Apo. 1.15.

[9] Act. 9.7.

[10] cap. 8.27.

[11] cap. 7.28.

[12] cap. 8.18.

[13] Jer. 1.9. cap. 9.21. Apo. 1.17.

[14] cap. 9.23.

[15] Apo. 1.17.

[16] cap. 9.3, 4, 22, 23. Act. 10.4.

[17] ver. 20.

[18] ver. 21. cap. 12.1. Jud. 9. Apo. 12.7.

[19] Gen. 49.1. cap. 2.28 e 8.26. ver. 1. Hab. 2.3.

[20] ver. 9. cap. 8.18.

[21] cap. 8.15. ver. 10. Jer. 1.9.

[22] ver. 11. Jui. 6.23.

[23] ver. 13.

[24] ver. 13. Jud. 9. Apo. 12.7.



_O imperio medo-persa será destruido pelo rei da Grecia: o reino será
dividido em quatro. Guerra entre o rei do sul e o rei do norte._

11 Eu, pois, [1] no primeiro anno de Dario, medo, estive para o esforçar
e fortalecer.

2 E agora te declararei a verdade: Eis que ainda tres reis estarão na
Persia, e o quarto será enriquecido de grandes riquezas mais do que
todos; e, esforçando-se com as suas riquezas, suscitará a todos contra o
reino da Grecia.

3 Depois [2] se levantará um rei valente, que reinará com grande dominio,
[3] e fará o que lhe aprouver.

4 Mas, estando elle em pé, [4] o seu reino será quebrado, e será
repartido para os quatro ventos do céu, porém não para a sua posteridade,
nem tão pouco segundo o seu dominio com que reinou, porque o seu reino
será arrancado, e será para outros fóra d’estes.

5 E se esforçará o rei do sul, _um_ d’entre os seus principes; mas
_outro_ se esforçará, mais do que elle, e reinará, e dominio grande
_será_ o seu dominio,

6 Mas, ao cabo de _alguns_ annos, um com outro fará concerto; e a filha
do rei do sul virá ao rei do norte para fazer um tratado, mas _ella_ não
terá força de braço; nem elle persistirá, nem o seu braço, porque ella
será entregue, e os que a tiverem trazido, e seu pae, e o que a esforçava
n’aquelles tempos!

7 Mas do renovo das suas raizes _um_ se levantará em seu logar, e virá
com o exercito, e entrará nas fortalezas do rei do norte, e obrará contra
elles, e prevalecerá.

8 E tambem os seus deuses com os seus principes, com os seus vasos
preciosos de prata e oiro, levará captivos para o Egypto; e por _alguns_
annos elle persistirá contra o rei do norte.

9 Assim entrará o rei do sul no reino, e tornará para a sua terra.

10 Porém seus filhos se entremetterão _em guerra_, e ajuntarão grande
numero de exercitos, e _um d’elles_ virá á pressa, [5] e inundará, e
passará, [6] e tornará a entremetter-se _em guerra_, até chegar á sua
fortaleza.

11 Então o rei do sul se exasperará, e sairá, e pelejará contra elle, _a
saber_, contra o rei do norte, que porá em campo grande multidão, mas
aquella multidão será entregue na sua mão.

12 Quando fôr tirada aquella multidão, o seu coração se elevará: ainda
que derribará _muitos_ milhares, comtudo não prevalecerá.

13 Porque o rei do norte tornará, e porá em campo uma multidão maior do
que a primeira, e ao cabo dos tempos, _isto é_, annos, virá á pressa com
grande exercito e com muita fazenda.

14 E, n’aquelles tempos, muitos se levantarão contra o rei do sul; e os
filhos dos prevaricadores do teu povo se levantarão para confirmar a
visão, e cairão.

15 E o rei do norte virá, e levantará baluartes, e tomará a cidade forte;
e os braços do sul não poderão subsistir, nem o seu povo escolhido, pois
não haverá força para subsistir.

16 O que pois ha de vir contra elle [7] fará segundo a sua vontade, e não
haverá quem possa subsistir diante d’elle: e estará na terra gloriosa, e
haverá consumição na sua mão.

17 E porá o seu rosto, para vir com a potencia de todo o seu reino, e
com elle os rectos, e o fará: e lhe dará uma filha das mulheres, para a
destruir a ella, mas ella não subsistirá, nem será por elle.

18 Depois virará o seu rosto para as ilhas, e tomará muitas; e um
principe fará cessar o seu opprobrio contra elle, e ainda fará tornar
sobre elle o seu opprobrio.

19 Virará pois o seu rosto para as fortalezas da sua terra, mas
tropeçará, e cairá, [8] e não será achado.

20 E em seu logar se levantará quem fará passar o arrecadador em gloria
real; mas em poucos dias será quebrantado, e _isto_ não em ira nem em
batalha.

21 Depois se levantará em seu logar um _homem_ vil, ao qual não darão a
dignidade real; mas virá [ACY] caladamente, e tomará o reino com engano.

22 E os braços da inundação serão inundados de diante d’elle; e serão
quebrantados, [9] como tambem o principe do concerto.

23 E, depois dos concertos com elle, usará de engano; e subirá, e será
esforçado com pouca gente.

24 Virá tambem caladamente aos logares gordos da provincia, e fará o que
nunca fizeram seus paes, nem os paes de seus paes; repartirá entre elles
a preza e os despojos, e a riqueza, e formará os seus projectos contra as
fortalezas, porém _sómente_ por certo tempo.

25 E suscitará a sua força e o seu coração contra o rei do sul com um
grande exercito; e o rei do sul se entremetterá na guerra com um grande
e mui poderoso exercito; mas não subsistirá, porque formarão projectos
contra elle.

26 E os que comerem os seus manjares o quebrantarão; [10] e o exercito
d’elle inundará, e cairão muitos traspassados.

27 Tambem estes dois reis terão o coração attento para fazerem o mal, e a
uma mesma mesa fallarão a mentira, mas não prosperará, [11] porque o fim
ainda _terá logar_ no tempo determinado.

28 E tornará para a sua terra com grande riqueza, e o seu coração _será_
contra o sancto concerto; e obrará, e tornará para a sua terra.

29 Ao tempo determinado tornará a vir contra o sul; mas não será a ultima
como a primeira _vez_.

30 Porque virão contra elle navios de Chittim, de que se entristecerá; e
tornará, [12] e se indignará contra o sancto concerto, e obrará, porque
tornará a attender aos que tiverem desamparado o sancto concerto.

31 E [ACZ] sairão a elle _uns_ braços, [13] e profanarão o sanctuario
_e_ a fortaleza, e tirarão o continuo _sacrificio_, e porão a abominação
assoladora.

32 E aos violadores do concerto com lisonjas fará usar de hypocrisia, mas
o povo que conhece ao seu Deus se esforçará e fará _proezas_.

33 E [14] os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; e cairão pela
espada, e pelo fogo, e pelo captiveiro, e pelo roubo, por _muitos_ dias.

34 E, caindo elles, serão ajudados com pequeno soccorro; e muitos se
ajuntarão com elles com lisonjas.

35 E _alguns_ dos entendidos cairão, para os provar, [15] e purgar, e
embranquecer, até ao fim do tempo, [16] porque _será_ ainda até ao tempo
determinado.

36 E este rei [17] fará conforme a sua vontade, e se levantará, e se
engrandecerá sobre todo o deus; [18] e contra o Deus dos deuses fallará
coisas maravilhosas, e será prospero, até que a ira seja acabada; porque
aquillo que está determinado será feito.

37 E não terá respeito _algum_ ao Deus de seus paes, [19] nem terá
respeito ao amor das mulheres, nem a algum _outro_ deus, porque sobre
tudo se engrandecerá.

38 E ao deus das fortalezas honrará em seu logar, a saber, ao deus a quem
seus paes não conheceram honrará com oiro, e com prata, e com pedras
preciosas, e com coisas desejadas.

39 E fará os castellos fortes com o deus estranho; aos que reconhecer
multiplicará a honra, e os fará reinar sobre muitos, e repartirá a terra
por preço.

40 E, [20] no fim do tempo, o rei do sul lhe dará marradas, e o rei do
norte o accommetterá [21] com carros, e com cavalleiros, [22] e com
muitos navios; e entrará nas terras, e as inundará, e passará.

41 E entrará na terra gloriosa, e muitas _terras_ serão derribadas, mas
escaparão da sua mão estes: [23] Edom e Moab, e as primicias dos filhos
d’Amon.

42 E estenderá a sua mão ás terras, e a terra do Egypto não escapará.

43 E apoderar-se-ha dos thesouros de oiro e de prata, e de todas as
coisas desejadas do Egypto; e os lybios e os ethiopes o seguirão.

44 Mas os rumores do oriente e do norte o espantarão; e sairá com grande
furor, para destruir e extirpar a muitos.

45 E armará as tendas do seu palacio entre o mar grande, no monte sancto
e glorioso; mas virá ao seu fim, e não haverá quem o soccorra.

[1] cap. 9.1. cap. 5.31.

[2] cap. 7.6.

[3] ver. 16, 36.

[4] cap. 8.8.

[5] Isa. 8.8. cap. 9.26.

[6] ver. 7.

[7] ver. 3, 36.

[8] Job 20.8. Eze. 26.21.

[9] cap. 8.10.

[10] ver. 22.

[11] ver. 35. cap. 8.19.

[12] ver. 28.

[13] cap. 8.11 e 12.11.

[14] Mal. 2.7.

[15] cap. 12.10. I Ped. 1.7. ver. 40.

[16] ver. 29.

[17] cap. 7.8, 25 e 8.25. II The. 2.4. Apo. 13.5, 6.

[18] cap. 8.11, 24, 25.

[19] I Tim. 4.3. II The. 2.4.

[20] ver. 35.

[21] Zac. 9.14.

[22] Eze. 38.4, 15. Apo. 9.16.

[23] Isa. 11.14.



_Os ultimos tempos: as palavras selladas._

12 E n’aquelle tempo se [1] levantará Michael, o grande principe, que
se levanta a favor dos filhos do teu povo, [2] e haverá um tempo de
angustia, qual nunca houve, desde que houve nação até áquelle tempo; [3]
porém n’aquelle tempo livrar-se-ha o teu povo, todo aquelle que se achar
escripto no livro.

2 E muitos dos que dormem no pó da terra resuscitarão, uns para vida
eterna, [4] e outros para vergonha _e_ para nojo eterno.

3 Os entendidos [5] pois resplandecerão como o resplandor do firmamento,
e os que a muitos ensinam [6] a justiça como as estrellas sempre e
eternamente.

4 E tu, [7] Daniel, fecha estas palavras e sella este livro, até ao fim
do tempo: então muitos passarão, lendo-o, e a sciencia se multiplicará.

5 E eu, Daniel, olhei, e eis que estavam _em pé_ outros dois, um d’esta
banda, á beira do rio, e o outro da outra banda, á [8] beira do rio.

6 E elle disse ao homem vestido de linho, que _estava_ sobre as aguas do
rio: Até quando _será_ o fim das maravilhas?

7 E ouvi o homem vestido de linho, que _estava_ sobre as aguas do rio,
[9] e levantou a sua mão direita e a sua mão esquerda ao céu, e jurou
por aquelle que vive eternamente que depois do determinado tempo,
determinados tempos [10] e a metade _do tempo_, e quando acabar de
espalhar o poder do povo sancto, [11] todas estas coisas serão cumpridas.

8 Eu pois ouvi, mas não entendi; por isso eu disse: Senhor meu, qual
_será_ o fim d’estas coisas?

9 E disse: Vae, Daniel, [12] porque estas palavras estão fechadas e
selladas até ao tempo do fim.

10 Muitos [13] serão purgados, e embranquecidos, e provados; mas os
impios obrarão impiamente, e nenhum dos impios entenderá, [14] mas os
entendidos entenderão.

11 E desde o tempo em que o continuo _sacrificio_ [15] fôr tirado, e
posta a abominação assoladora, _serão_ mil, duzentos e noventa dias.

12 Bemaventurado o que espera e chega até mil, trezentos e trinta e cinco
dias.

13 Tu, porém, [16] vae até ao fim; porque repousarás, e te levantarás na
tua sorte, no fim dos dias.

[1] cap. 10.13, 21.

[2] Apo. 16.18.

[3] Rom. 11.26. Exo. 32.32. Luc. 10.20. Phi. 4.3. Apo. 3.5 e 13.8.

[4] Mat. 25.46. João 5.28, 29. Act. 24.15. Rom. 9.21.

[5] cap. 11.33, 35. Mat. 13.43.

[6] I Cor. 15.41, 42.

[7] cap. 5.15. Luc. 15.18. Eze. 16.8.

[8] cap. 10.4.

[9] Deu. 32.40. Apo. 10.5, 6.

[10] cap. 7.25 e 11.13. Apo. 12.14.

[11] Luc. 21.24. Apo. 10.7. cap. 8.24.

[12] ver. 4.

[13] cap. 11.35. Zac. 13.9. Ose. 14.9.

[14] cap. 11.33, 35.

[15] cap. 8.11 e 11.31.

[16] ver. 9. Apo. 14.13.



OSEAS.



_Casamento symbolico de Oseas; idolatria e corrupção de Israel: ameaças e
promessas de perdão._

[Antes de Christo 785]

1 Palavra do Senhor, que foi dita a Oseas, filho de Beeri, nos dias
d’Uzias, Jothão, Achaz, Ezequias, reis de Judah, e nos dias de Jeroboão,
filho de Joás, rei de Israel.

2 O principio da palavra do Senhor por Oseas: disse pois o Senhor
a Oseas: [1] Vae, toma _uma_ mulher de fornicações, e filhos de
fornicações; porque a terra fornicando fornica, _desviando-se_ de após o
Senhor.

3 E foi-se, e tomou a Gomer, filha de Diblaim, e ella concebeu, e lhe
pariu um filho.

4 E disse-lhe o Senhor: Chama o seu nome Jezreel; [2] porque d’aqui a
pouco visitarei o sangue de Jezreel sobre a casa de Jehu, e farei cessar
o reino da casa de Israel.

5 E será n’aquelle dia que quebrarei o arco de Israel no valle de Jezreel.

6 E tornou _ella_ a conceber, e pariu uma filha; e elle disse: Chama o
seu nome Lo-ruhama; [3] porque eu não me tornarei mais a compadecer da
casa de Israel, mas tudo lhe tirarei.

7 Mas da casa de Judah me apiedarei, e os salvarei pelo Senhor seu [4]
Deus, pois não os salvarei pelo arco, nem pela espada, nem pela guerra,
nem pelos cavallos nem pelos cavalleiros.

8 E, depois de haver desmamado a Lo-ruhama, concebeu e pariu um filho.

9 E elle disse: Chama o seu nome Lo-ammi; porque vós não _sois_ meu povo,
nem eu serei vosso _Deus_.

10 Todavia o numero [5] dos filhos de Israel será como a areia do mar,
que não pode medir-se nem contar-se; e acontecerá [6] que no logar onde
se lhes dizia: Vós não _sois_ meu povo, [7] se lhes dirá: Vós _sois_
filhos do Deus vivo.

11 E [8] os filhos de Judah e os filhos de Israel juntos se congregarão,
e constituirão sobre si uma unica cabeça, e subirão da terra; porque
grande _será_ o dia de Jezreel.

[1] cap. 3.1. Deu. 31.16. Eze. 23.3, etc.

[2] II Reis 10.11. II Reis 15.10, 12.

[3] II Reis 17.6, 23.

[4] Zac. 9.10.

[5] Gen. 32.12. Rom. 9.27, 28.

[6] Rom. 9.25, 26. I Ped. 2.10.

[7] João 1.12. I João 3.1.

[8] Isa. 11.12, 13. Jer. 3.18. Eze. 34.23 e 37.16-24.



2 Dizei a vossos irmãos, Ammi, e a vossas irmãs, Ruhama:

2 Contendei com vossa mãe, contendei, [1] porque ella não _é_ minha
mulher, e eu não _sou_ seu marido, e tire ella as suas fornicações da sua
face e os seus adulterios de entre os seus peitos.

3 Para que [2] eu não a despoje despida, e a ponha como no dia em que
nasceu, e a faça como um deserto, e a ponha como uma terra secca, e a
mate á sede,

4 E não me apiede de seus filhos, [3] porque _são_ filhos de fornicações.

5 Porque [4] sua mãe fornicou: aquella que os concebeu houve-se
torpemente, porque diz: Irei atraz de meus namorados, [5] que _me_ dão
o meu _pão_ e a minha agua, a minha lã e o meu linho, o meu oleo e as
minhas bebidas.

6 Portanto, [6] eis que cercarei o teu caminho com espinhos; e levantarei
uma parede de sebe, e não achará as suas veredas.

7 E irá em seguimento de seus amantes, mas não os alcançará; e
buscal-os-ha, mas não os achará: então dirá: Ir-me-hei, [7] e
tornar-me-hei a meu primeiro marido, porque melhor me ia então do que
agora.

8 Ella pois não reconhece [8] que eu lhe dei o grão, e o mosto, e o oleo,
e lhe multipliquei a prata e o oiro, _do que_ usaram para Baal.

9 Portanto, tornar-me-hei, [9] e a seu tempo tirarei o meu grão e o meu
mosto ao seu determinado tempo; e arrebatarei a minha lã e o meu linho,
_que tinha dado_ para cobrir a sua nudez.

10 E [10] agora descobrirei a sua vileza diante dos olhos dos seus
namorados, e ninguem a livrará da minha mão.

11 E [11] farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas
novas, e os seus sabbados, e todas as suas festividades.

12 E assolarei a sua vide e a sua figueira, [12] de que ella diz: Estas
são a minha paga que me deram os meus amantes: eu pois farei d’ellas _um_
bosque, e as bestas feras do campo as devorarão.

13 E sobre ella visitarei os dias de Baal, em que lhe queimou incenso,
[13] e se adornou dos seus pendentes e das suas gargantilhas, e andou
atraz de seus namorados, mas de mim se esqueceu, diz o Senhor.

14 Portanto, eis que eu a attrahirei, [14] e a levarei para o deserto, e
lhe fallarei ao coração.

15 E [15] lhe darei as suas vinhas d’ali, e o valle de Achor, para porta
de esperança; e ali cantará, [16] como nos dias da sua mocidade, e como
no dia em que subiu da terra do Egypto.

16 E será n’aquelle dia, diz o Senhor, que _me_ chamarás: Meu marido; e
não _me_ chamarás mais: Meu Baal.

17 E [17] da sua bocca tirarei os nomes de Baalim, e os seus nomes não
virão mais em memoria.

18 E n’aquelle dia [18] lhes farei alliança com as bestas feras do campo,
e com as aves do céu, e com os reptis da terra; e da terra quebrarei o
arco, [19] e a espada, e a guerra, e os farei deitar em segurança.

19 E desposar-te-hei comigo para sempre: desposar-te-hei comigo em
justiça, e em juizo, e em benignidade, e em misericordias.

20 E desposar-te-hei comigo em fidelidade, [20] e conhecerás ao Senhor.

21 E acontecerá n’aquelle dia _que_ eu responderei, [21] diz o Senhor, eu
responderei aos céus, e estes responderão á terra.

22 E a terra ouvirá ao trigo, como tambem ao mosto, e ao oleo, [22] e
estes responderão a Jezreel.

23 E semeal-a-hei [23] para mim na terra, e apiedar-me-hei de Lo-ruhama;
e a Lo-ammi direi: [24] Tu _és_ meu povo; e elle dirá: Ó meu Deus!

[1] Isa. 50.1. Eze. 16.25.

[2] Jer. 13.22, 26. Eze. 16.37, 39. Eze. 16.4 e 19.13. Amós 8.11, 13.

[3] João 8.41.

[4] Isa. 1.21. Jer. 3.1, 6, 8, 9. Eze. 16.15, 16, etc.

[5] ver. 8, 12. Jer. 44.17.

[6] Job 3.23 e 19.8. Lam. 3.7, 9.

[7] cap. 5.15. Luc. 15.18. Eze. 16.8.

[8] Isa. 1.3. Eze. 16.17, 18, 19.

[9] ver. 3.

[10] Eze. 16.37 e 23.29.

[11] Amós 8.10. I Reis 12.32. Amós 8.5.

[12] ver. 5.

[13] Eze. 23.40, 42.

[14] Eze. 20.25.

[15] Jos. 7.26. Isa. 65.10.

[16] Jer. 2.2. Eze. 16.8, 22, 60. Exo. 15.1.

[17] Exo. 23.13. Jos. 23.7. Zac. 13.2.

[18] Job 5.22. Isa. 11.6, 9. Eze. 34.25.

[19] Isa. 2.4. Eze. 39.9, 10. Zac. 9.10. Lev. 26.5. Jer. 23.6.

[20] Jer. 31.33, 34. João 17.3.

[21] Zac. 8.12.

[22] cap. 1.4.

[23] Jer. 31.27. Zac. 10.9. cap. 1.6.

[24] cap. 1.10. Zac. 13.9. Rom. 9.26. I Ped. 2.10.



3 E o Senhor me disse: Vae outra vez, [1] ama uma mulher, amada de _seu_
amigo, comtudo adultera, como o Senhor ama os filhos de Israel; mas elles
olham para outros deuses, e amam os frascos das uvas.

[Antes de Christo 780]

2 E a comprei para mim por quinze _dinheiros_ de prata, e um homer de
cevada, e meio homer de cevada;

3 E lhe disse: [2] Tu ficarás para mim muitos dias (não fornicarás, nem
serás de _outro_ homem), e tambem eu _ficarei_ para ti.

4 Porque os filhos de Israel [3] ficarão por muitos dias sem rei, e sem
principe, e sem sacrificio, e sem estatua, e sem ephod, e _sem_ teraphim.

5 Depois tornarão os filhos de Israel, [4] e buscarão ao Senhor seu Deus,
e a David, seu rei; e temerão ao Senhor, e á sua bondade, no fim dos dias.

[1] cap. 1.2. Jer. 3.20.

[2] Deu. 21.13.

[3] cap. 10.3. Exo. 28.6. Jui. 17.5.

[4] Jer. 50.4, 5. cap. 5.6. Jer. 30.9. Eze. 34.23, 24 e 37.22, 24.



_Israel e Judah são ameaçados com castigo por causa da sua impiedade: a
ignorancia e malicia do povo._

4 Ouvi a palavra do Senhor, vós, filhos de Israel, [1] porque o Senhor
tem uma contenda com os habitantes da terra, porque não _ha_ verdade, nem
benignidade, nem conhecimento de Deus na terra.

2 _Mas_ o perjurar, e o mentir, e o matar, e o furtar, e o adulterar,
prevalecem, e os homicidios se tocaram com homicidios.

3 Por isso a terra se lamentará, [2] e qualquer que morar n’ella
desfallecerá, com os animaes do campo e com as aves do céu; e até os
peixes do mar serão tirados.

4 Porém ninguem contenda, nem reprehenda a alguem, [3] porque o teu povo
_é_ como os que contendem com o sacerdote.

5 Por isso cairás de dia, e o propheta comtigo cairá de noite, e
destruirei a tua mãe.

6 O meu povo [4] foi destruido, porque _lhe_ faltou o conhecimento:
porque tu rejeitaste o conhecimento, tambem eu te rejeitarei, para que
não sejas sacerdote diante de mim; e, _visto que_ te esqueceste da lei do
teu Deus, tambem eu me esquecerei de teus filhos.

7 Assim como elles se multiplicaram, [5] assim contra mim peccaram: eu
mudarei a sua honra em vergonha.

8 Comem do peccado do meu povo, e da sua maldade d’elle teem desejo
ardente.

9 Portanto, [6] como o povo, assim será o sacerdote; e visitarei sobre
elle os seus caminhos, e lhe recompensarei as suas obras.

10 Comerão, [7] mas não se fartarão; fornicarão, mas não se
multiplicarão; porque deixaram de olhar para o Senhor.

11 A fornicação, e o vinho, e o mosto [8] tiram o coração.

12 O meu povo consulta a sua madeira, [9] e a sua vara lhe responde,
porque o espirito de fornicações _os_ engana, e fornicam, apartando-se da
sujeição do seu Deus.

13 Sacrificam [10] sobre os cumes dos montes, e queimam incenso sobre os
outeiros, debaixo do carvalho, e do alamo, e do olmeiro, porque _é_ boa
a sua sombra: [11] por isso vossas filhas fornicam, e as vossas noras
adulteram.

14 _Porventura_ não visitarei sobre vossas filhas, que fornicam, nem
sobre vossas noras, que adulteram, porque elles mesmos com as prostitutas
se desviam, e com as meretrizes sacrificam; [12] pois o povo _que_ não
tem entendimento será transtornado.

15 Se tu, ó Israel, queres fornicar, _ao menos_ não se faça culpado
Judah: [13] não venhaes a Gilgal, e não subaes a Beth-aven, e não jureis,
_dizendo_: Vive o Senhor.

16 Porque [14] como uma vacca rebelde se rebellou Israel: agora o Senhor
os apascentará como a um cordeiro n’um logar espaçoso.

17 Ephraim _é_ dado a idolos; deixa-o.

18 A sua bebida se foi: fornicando, fornicam; certamente amaram a
vergonha os seus principes.

19 Um vento [15] os atou nas suas azas, e envergonhar-se-hão por causa
dos seus sacrificios.

[1] Isa. 1.18 e 3.13, 14. Jer. 35.31. cap. 12.2. Miq. 6.2.

[2] Jer. 4.28 e 12.4. Amós 5.16 e 8.8. Sof. 1.3.

[3] Deu. 17.12.

[4] Isa. 5.13.

[5] cap. 13.6.

[6] Isa. 24.2. Jer. 5.31.

[7] Miq. 6.14. Agg. 1.6.

[8] Isa. 28.7.

[9] Jer. 2.27. Hab. 2.19. cap. 5.4.

[10] Isa. 1.29 e 57.5, 7. Eze. 6.13 e 20.28.

[11] Amós 7.17. Rom. 1.28.

[12] ver. 1, 6.

[13] cap. 12.11. Amós 4.4 e 5.5. cap. 10.5. Amós 8.14.

[14] Jer. 3.6 e 7.24 e 8.5. Zac. 7.11.

[15] Jer. 4.11, 12 e 51.1. Isa. 1.29. Jer. 2.26.



_Os principes e sacerdotes são reprehendidos e exhortados ao
arrependimento._

5 Ouvi isto, ó sacerdotes, e escutae, ó casa de Israel, e escutae, ó casa
do rei, porque a vós _toca_ este juizo, [1] visto que fostes um laço para
Mispah, e rede estendida sobre Tabor.

2 E, matando _sacrificios_ errados, [2] abaixaram até ao profundo; mas eu
_serei_ a correcção de todos elles.

3 Eu [3] conheço a Ephraim, e Israel não se me esconde; porque agora tens
fornicado, ó Ephraim, _e_ se contaminou Israel.

4 Não querem ordenar as suas acções afim de voltarem para o seu Deus, [4]
porque o espirito das fornicações _está_ no meio d’elles, e não conhecem
ao Senhor.

5 A [5] soberba de Israel testificará pois no seu rosto: e Israel e
Ephraim cairão pela sua injustiça, e Judah cairá juntamente com elles.

6 _Então_ [6] irão com as suas ovelhas, e com as suas vaccas, para
buscarem ao Senhor, mas não o acharão: elle se retirou d’elles.

7 Aleivosamente se houveram [7] contra o Senhor, porque geraram filhos
estranhos: [8] agora a lua nova os consumirá com as suas porções.

8 Tocae a buzina em Gibeath, a trombeta em Rama: [9] gritae altamente
_em_ Beth-aven; após ti, a Benjamin.

9 Ephraim será para assolação no dia do castigo: entre as tribus de
Israel manifestei o que certo está.

10 Os principes de Judah foram _feitos_ como os que traspassam os
limites: derramarei _pois_ o meu furor sobre elles como agua.

11 Ephraim opprimido [10] _e_ quebrantado _é_ no juizo, porque _assim_
quiz: andou após o mandamento.

12 Portanto a Ephraim _serei_ como a traça, [11] e á casa de Judah como a
podridão.

13 Vendo _pois_ Ephraim [12] a sua enfermidade, e Judah a sua inchação,
subiu Ephraim á Assyria e enviou ao rei Jareb; mas elle não poderá
sarar-vos, nem vos curará a inchação.

14 Porque a Ephraim _serei_ como um leão, e como um leãosinho á casa de
Judah: eu, [13] eu o despedaçarei, e ir-me-hei embora; eu levarei, e não
haverá quem livre.

15 Andarei, _e_ tornarei ao meu [14] logar, até que se reconheçam
culpados e busquem a minha face: estando elles angustiados, de madrugada
me buscarão.

[1] cap. 6.9.

[2] Isa. 29.15.

[3] Amós 3.2. cap. 4.17.

[4] cap. 4.12.

[5] cap. 7.10.

[6] Pro. 1.28. Isa. 1.15. Jer. 11.11. Miq. 3.4. João 7.34.

[7] Isa. 43.8. Jer. 5.11. cap. 6.7.

[8] Zac. 11.8.

[9] Jos. 7.2. cap. 4.15. Jui. 5.14.

[10] Deu. 28.33.

[11] Pro. 12.4.

[12] Jer. 30.20. cap. 7.11 e 12.1.

[13] Lam. 3.10. cap. 13.7, 8.

[14] Lev. 26.40, 41. Jer. 29.12, 13.



6 Vinde, e tornemos [1] ao Senhor, porque elle despedaçou, e nos sarará,
feriu, e nos atará _a ferida_.

2 Depois [2] de dois dias nos dará a vida: ao terceiro dia nos
resuscitará, e viveremos diante d’elle.

3 Então [3] conheceremos, _e_ proseguiremos em conhecer, ao Senhor: como
a alva, está apparelhada a sua saida: e elle a nós virá como a chuva,
como chuva serodia que rega a terra.

4 Que te farei, ó Ephraim? que te farei, ó Judah? visto que a vossa
beneficencia [4] _é_ como a nuvem da manhã, e como o orvalho da
madrugada, que passa.

5 Por isso os cortei [5] pelos prophetas: pelas palavras da minha bocca
os matei; e os teus juizos sairão _como_ a luz.

6 Porque o _que_ eu quero _é_ a misericordia, [6] e não o sacrificio; e o
conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.

7 Porém elles traspassaram o concerto, [7] como Adão; ali se portaram
aleivosamente contra mim.

8 Gilead [8] _é uma_ cidade dos que obram iniquidade, calcada de sangue.

9 Como as tropas dos salteadores a alguns esperam, [9] _assim é_ a
companhia dos sacerdotes; matam no caminho para Sichem, porque fazem
abominações.

10 Vejo uma coisa horrenda na casa de Israel: [10] ali está a fornicação
d’Ephraim; Israel é contaminado.

11 Tambem para ti, ó Judah, foi assignada uma sega; [11] quando eu [ADA]
tornar o captiveiro do meu povo.

[1] I Sam. 2.6. Job 5.18. Jer. 30.17.

[2] I Cor. 15.4.

[3] Isa. 54.13. II Sam. 23.4. Job 29.23.

[4] cap. 13.3.

[5] Jer. 5.14 e 23.29. Heb. 4.12.

[6] I Sam. 15.22. Miq. 6.8. Mat. 9.13 e 12.7. Isa. 1.11.

[7] cap. 5.7.

[8] cap. 12.11.

[9] cap. 5.1, 2.

[10] Jer. 5.30.

[11] Jer. 51.33. Joel 3.13. Apo. 14.15.



7 Sarando eu a Israel, se descobriu a iniquidade d’Ephraim, como tambem
as maldades de Samaria, [1] porque obraram a falsidade; e o ladrão entra,
e a tropa dos salteadores despoja por fóra.

[Antes de Christo 773]

2 E não dizem no seu coração _que_ eu me lembro [2] de toda a sua
maldade: agora, _pois_, os cercam as suas obras; diante da minha face
estão.

3 Com a sua malicia alegram ao rei, e com as suas maneiras aos principes.

4 Todos [3] _juntamente_ adulteram: similhantes são ao forno acceso pelo
padeiro, _que_ cessa de vigiar, depois que amassou a massa, até que seja
levedada.

5 E o dia do nosso rei os principes _o_ fazem adoecer, _por_
esquentamento do vinho: estende a sua mão com os escarnecedores.

6 Porque, como um forno, applicaram o coração, emboscando-se; toda a
noite dorme o seu padeiro, pela manhã arde como fogo de chamma.

7 Todos juntos se esquentam como o forno, [4] e consomem os seus juizes:
todos os seus reis caem, ninguem entre elles _ha_ que clame a mim.

8 Ephraim com os povos se mistura; Ephraim _é um_ bolo que não foi virado.

9 Estrangeiros [5] lhe comeram a força, e não o sabe; tambem as cãs se
espalharam sobre elle, e não o sabe.

10 E [6] a soberba de Israel testificará em sua face; e não voltarão para
o Senhor seu Deus, nem o buscarão em tudo isto.

11 Porque [7] Ephraim é como uma pomba enganada, sem entendimento:
invocam o Egypto, vão para a Assyria.

12 Quando forem, [8] sobre elles estenderei a minha rede, _e_ como aves
do céu os farei descer: castigal-os-hei, [9] conforme ao que elles teem
ouvido na sua congregação.

13 Ai d’elles, porque fugiram de mim: destruição sobre elles, porque se
rebellaram contra mim: [10] eu os remi, porém fallam mentiras contra mim.

14 E [11] não clamaram a mim do seu coração, quando davam uivos nas
suas camas; para o trigo e para o vinho se ajuntam, _mas_ contra mim se
rebellam.

15 Eu os castiguei, _e_ lhes esforcei os braços, _mas_ pensam mal contra
mim.

16 Tornaram-se, [12] _mas não ao_ Altissimo. Fizeram-se como _um_ arco
enganoso: caem á espada os seus principes, por causa da colera da sua
lingua; este será o seu escarneo na terra do Egypto.

[1] cap. 5.1 e 6.10.

[2] Jer. 17.1.

[3] Jer. 9.2.

[4] cap. 8.4. Isa. 64.7.

[5] cap. 8.7.

[6] cap. 5.5. Isa. 9.13.

[7] cap. 11.11. cap. 5.3.

[8] Eze. 12.13.

[9] Lev. 26.14, etc. Deu. 28.15, etc. II Reis 17.13, 18.

[10] Miq. 6.4.

[11] Job 35.9, 10. Jer. 3.10. Zac. 7.5.

[12] cap. 11.7.



_O castigo está proximo._

[Antes de Christo 760]

8 Põe [1] a trombeta á tua bocca; _elle vem_ como a aguia contra a casa
do Senhor, [2] porque traspassaram o meu concerto, e se rebellaram contra
a minha lei.

2 _Então_ [3] a mim clamarão: Deus meu! nós, Israel, te conhecemos.

3 Israel rejeitou o bem: o inimigo perseguil-o-ha.

4 Elles fizeram reis, [4] porém não de mim: constituiram principes, porém
eu não o soube: da sua prata [5] e do seu oiro fizeram idolos para si,
para serem destruidos.

5 O teu bezerro, ó Samaria, _te_ rejeitou: a minha ira se accendeu contra
elles; [6] até quando _serão_ elles incapazes da innocencia?

6 Porque tambem isso _é_ de Israel, um artifice o fez, e não _é_ Deus,
mas _em_ pedaços _será_ desfeito o bezerro de Samaria.

7 Porque [7] vento semearam, e segarão tormenta: seara não _haverá_, a
herva não dará farinha: se a der, [8] tragal-a-hão os estrangeiros.

8 Israel [9] foi tragado: agora entre as nações será tido como um vaso em
que ninguem tem prazer.

9 Porque subiram á Assyria, _como_ um jumento montez, por si só: [10]
mercou Ephraim amores.

10 Ainda que elles merquem entre as nações, [11] agora as congregarei:
_já_ começaram a ser diminuidos por causa da carga do rei dos principes.

11 Porquanto [12] Ephraim multiplicou os altares para peccar; teve altar
para peccar.

12 Escrevi-lhe as grandezas da minha lei, [13] _porém_ essas são
estimadas como coisa estranha.

13 _Quanto_ [14] aos sacrificios dos meus dons, sacrificam carne, e _a_
comem, _mas_ o Senhor não se deleitou n’elles: [15] agora se lembrará da
sua injustiça, e visitará os seus peccados: elles voltarão para o Egypto.

14 Porque Israel se esqueceu [16] do seu Creador, e edificou templos,
[17] e Judah multiplicou cidades fortes; mas eu enviarei um fogo contra
as suas cidades, que consumirá os seus palacios.

[1] cap. 5.8. Deu. 28.49. Jer. 4.13. Hab. 1.8.

[2] cap. 6.7.

[3] Tito 1.16.

[4] II Reis 15.13, 17, 25.

[5] cap. 2.8 e 13.2.

[6] Jer. 13.27.

[7] Pro. 22.8. cap. 10.12, 13.

[8] cap. 7.9.

[9] Jer. 22.28 e 48.38.

[10] Eze. 16.33, 34.

[11] Eze. 16.37. cap. 10.10.

[12] cap. 12.11.

[13] Deu. 4.6, 8.

[14] Jer. 7.21 e 14.10, 12. Amós 5.22.

[15] cap. 9.9. Amós 8.7.

[16] Deu. 32.18. Isa. 29.23.

[17] Jer. 17.27. Amós 2.5.



_O peccado de Israel e a sua consequencia._

9 Não te alegres, ó Israel, até saltar, como os povos; [1] porque pela
fornicação abandonaste o teu Deus: amaste a paga _de meretriz_ sobre
todas as eiras de trigo.

2 A [2] eira e o lagar não os manterão; e o mosto lhe faltará.

3 Na [3] terra do Senhor não permanecerão; mas Ephraim tornará ao Egypto,
[4] e na Assyria comerão o immundo.

4 Não [5] derramarão vinho ao Senhor, nem lhe _serão_ suaves: os seus
sacrificios lhes serão como pão de pranto; todos os que d’elle comerem
serão immundos, porque o seu pão _é_ por sua alma; não entrará na casa do
Senhor.

5 Que fareis vós [6] no dia da solemnidade, e no dia da festa do Senhor?

6 Porque, eis que _elles_ se foram por causa da destruição: [7] o Egypto
os recolherá, Memphis os sepultará: o desejavel da sua prata as ortigas
_o_ possuirão por herança, [8] espinhos _haverá_ nas suas moradas.

7 _Já_ chegaram os dias da visitação, _já_ chegaram os dias da
retribuição; os de Israel o saberão: [9] o propheta _é_ louco, o homem de
espirito _é_ furioso; por causa da abundancia da tua iniquidade tambem
abundará o odio.

8 Ephraim [10] era o vigia com o meu Deus, _mas_ o propheta é _como_ um
laço de caçador de aves em todos os seus caminhos, odio na casa do seu
Deus.

9 Mui profundamente [11] _se_ corromperam, como nos dias de Gibeah:
lembrar-se-ha das suas injustiças, visitará os peccados d’elles.

10 Achei a Israel como uvas no deserto, [12] vi a vossos paes como a
fructa temporã da figueira no seu principio; [13] _porém_ entraram _a_
Baalpeor, e se apartaram para essa vergonha, e se tornaram abominaveis
como aquillo que amaram.

11 _Quanto_ a Ephraim, a sua gloria como ave voará desde o nascimento, e
desde o ventre, e desde o concebimento.

12 Ainda que [14] venham a crear seus filhos, comtudo os privarei
_d’elles_ d’entre os homens, porque tambem, [15] ai d’elles! quando me
apartar d’elles.

13 Ephraim, [16] assim como vi a Tyro, plantada _está_ n’um logar
deleitoso; [17] mas Ephraim tirará para fóra seus filhos para o matador.

14 Dá-lhes, ó Senhor; que _pois lhes_ darás? [18] dá-lhes uma madre que
aborte e seios seccos.

15 Toda [19] a sua malicia _se acha_ em Gilgal, porque ali os aborreci
pela malicia das suas obras: lançal-os-hei para fóra de minha casa; não
os amarei mais: [20] todos os seus principes _são_ rebeldes.

16 Ephraim foi ferido, seccou-se a sua raiz; não darão fructo: [21] e,
ainda que gerem, todavia matarei os desejaveis do seu ventre.

17 O meu Deus os rejeitará, porque não o ouvem, [22] e vagabundos andarão
entre as nações.

[1] cap. 4.12 e 5.4, 7.

[2] cap. 2.9, 12.

[3] Lev. 25.23. Jer. 2.7 e 16.18. cap. 8.13 e 11.5.

[4] Eze. 4.13. Dan. 1.8.

[5] Jer. 6.20. cap. 8.13.

[6] cap. 2.11.

[7] cap. 7.16. ver. 3.

[8] Isa. 32.13. cap. 10.8.

[9] Eze. 13.3, etc. Sof. 3.4.

[10] Jer. 6.17 e 31.6.

[11] cap. 10.9. cap. 8.13.

[12] Isa. 28.4. Miq. 7.1. cap. 2.15.

[13] Num. 25.3. cap. 4.14. Jer. 11.13. Amós 4.5.

[14] Job 27.14. Deu. 28.41, 62.

[15] Deu. 31.17.

[16] Eze. 26 e 27 e 28.

[17] ver. 16. cap. 14.1.

[18] Luc. 23.29.

[19] cap. 4.15 e 12.11. cap. 1.6.

[20] Isa. 1.23.

[21] ver. 13.

[22] Deu. 28.64, 65.



10 Israel [1] _é_ uma vide vasia; dá fructo para si mesmo: [2] segundo a
multidão do seu fructo, multiplicou os altares, segundo a bondade da sua
terra, fizeram boas as estatuas.

[Antes de Christo 740]

2 Lisonjeia-_os_ [3] o seu coração, agora serão culpados: cortará os seus
altares, e destruirá as suas estatuas.

3 Porque [4] agora dirão: Não temos rei, porque não tememos ao Senhor:
que, pois, nos faria o rei?

4 Fallaram palavras, jurando falsamente, fazendo um concerto: [5] e
florescerá o juizo como herva peçonhenta nos regos dos campos.

5 Os moradores de Samaria [6] serão atemorisados pelo bezerro de
Beth-aven; porque o seu povo lamentará por causa d’elle, como tambem os
seus sacerdotes (_que_ por causa d’elle se alegravam), [7] por causa da
sua gloria, que pois se foi d’ella.

6 Tambem a Assyria [8] será levada _como_ um presente ao rei Jareb:
Ephraim ficará confuso, e Israel se envergonhará por causa do seu
conselho.

7 O rei de Samaria [9] será cortado como a escuma sobre a face da agua.

8 E os altos de Aven, [10] peccado de Israel, serão destruidos: espinhos
e cardos crescerão sobre os seus altares; e dirão aos montes: [11]
Cobri-nos! e aos outeiros: Cahi sobre nós!

9 Desde os dias de Gibeah peccaste, ó Israel; [12] ali pararam: a peleja
em Gibeah contra os filhos da perversidade não os accommetterá.

10 Eu [13] os castigarei á medida do meu desejo; e congregar-se-hão
contra elles os povos, quando os atar nos seus dois regos.

11 Porque [14] Ephraim _é_ uma bezerra [ADB] acostumada, que gosta de
trilhar; passei sobre a formosura do seu pescoço: _porventura_ deixarei
andar a cavallo Ephraim? Judah lavrará, Jacob lhe desfará os torrões.

12 Semeae [15] para vós a justiça, segae para beneficencia, _e_ lavrae o
campo de lavoura; porque o tempo _é_ de buscar ao Senhor, até que venha e
chova a justiça sobre vós.

13 Lavrastes [16] a impiedade, segastes a perversidade, _e_ comestes o
fructo da mentira; porque confiaste no teu caminho, na multidão dos teus
valentes.

14 Portanto, entre os seus povos se levantará um grande tumulto, e
todas as tuas fortalezas serão destruidas, [17] como Shalman destruiu a
Beth-arbel no dia da guerra: a mãe ali foi despedaçada com os filhos.

15 Assim vos fará Beth-el, por causa da malicia de vossa malicia: o rei
de Israel de madrugada será totalmente destruido.

[1] Nah. 2.2.

[2] cap. 8.11 e 12.11.

[3] Mat. 6.24.

[4] cap. 3.4 e 11.5. Miq. 4.9. ver. 7.

[5] Act. 8.23. Heb. 12.15.

[6] I Reis 12.28, 29. cap. 8.5, 6. cap. 4.15.

[7] I Sam. 4.21, 22. cap. 9.11.

[8] cap. 5.13 e 11.6.

[9] ver. 3, 15.

[10] cap. 4.15. Deu. 9.21. I Reis 12.30. cap. 9.6.

[11] Isa. 2.19. Luc. 23.30. Apo. 6.16 e 9.6.

[12] cap. 9.9. Jui. 20.

[13] Deu. 28.63. Eze. 23.46, 47.

[14] Jer. 50.11. Miq. 4.13.

[15] Pro. 11.18.

[16] Job 4.8. Pro. 22.8. cap. 8.7. Gal. 6.7, 8.

[17] II Reis 18.34 e 19.13. cap. 14.1.



_A ingratidão de Israel. Ameaças e promessas._

[Antes de Christo 728]

11 Quando Israel [1] _era_ menino, eu o amei; [2] e do Egypto chamei a
meu filho.

2 _Mas_, _como_ elles os chamavam, assim se iam da sua face: [3]
sacrificavam a baalins, e queimavam incenso ás imagens de esculptura.

3 Eu, [4] todavia, ensinei a andar a Ephraim; tomei-os pelos seus braços,
[5] mas não conheceram que eu os curava.

4 Attrahi-os com cordas humanas, com cordas de amor, [6] e fui para elles
como os que levantam o jugo _de_ sobre as suas queixadas, e lhe dei
mantimento. 5 Não [7] voltará para a terra do Egypto, mas a Assyria será
seu rei; porque recusam converter-se.

6 E ficará a espada sobre as suas cidades, e consumirá os seus ferrolhos,
[8] e devorará, por causa dos seus conselhos.

7 Porque o meu povo se inclina a desviar-se de mim; [9] bem _que_ chamam
ao Altissimo, nenhum _d’elles_ se levanta.

8 Como [10] te deixaria, ó Ephraim? como te entregaria, ó Israel? [11]
como te faria como Adama? te poria como Zeboim? [12] Virou-se em mim o
meu coração, todos os meus pezares juntamente estão accendidos.

9 Não executarei o furor da minha ira: não me tornarei para destruir a
Ephraim, porque eu _sou_ Deus [13] e não homem, o Sancto no meio de ti, e
não entrarei na cidade.

10 Andarão após o Senhor, [14] elle bramará como leão: bramando _pois_
elle, os filhos do occidente tremerão.

11 Tremendo, se achegarão como um passarinho _os_ do Egypto, e como uma
pomba _os_ da terra da Assyria, [15] e os farei habitar em suas casas,
diz o Senhor.

12 Ephraim [16] me cercou com mentira, e a casa de Israel com engano; mas
Judah ainda domina com Deus, e com os sanctos está fiel.

[1] cap. 2.15.

[2] Mat. 2.15. Exo. 4.22, 23.

[3] II Reis 17.16. cap. 2.13 e 13.2.

[4] Deu. 1.31 e 32.10, 11, 12. Isa. 46.3.

[5] Exo. 15.26.

[6] Lev. 26.13.

[7] cap. 8.13 e 9.3. II Reis 17.13, 14.

[8] cap. 10.6.

[9] Jer. 3.6, etc. e 8.5. cap. 4.16 e 7.16.

[10] Jer. 9.7. cap. 6.4.

[11] Gen. 14.8 e 19.24, 25. Deu. 29.23. Amós 4.11.

[12] Deu. 32.36. Jer. 31.20.

[13] Num. 23.19. Mal. 3.6.

[14] Isa. 31.4. Joel 3.16. Amós 1.2.

[15] Isa. 60.8. cap. 7.11. Eze. 28.25, 26.

[16] cap. 12.1.



_A controversia do Senhor com Judah e com Israel._

[Antes de Christo 725]

12 Ephraim [1] se apascenta de vento, e segue o vento leste: todo o dia
multiplica a mentira e a destruição; [2] e fazem alliança com a Assyria,
e o azeite se leva ao Egypto.

2 O Senhor [3] tambem com Judah tem contenda, e fará visitação sobre
Jacob segundo os seus caminhos; segundo as suas obras lhe recompensará.

3 No ventre [4] pegou do calcanhar de seu irmão, e pela sua força como
principe se houve com Deus.

4 Como principe se houve com o anjo, e prevaleceu; chorou, e lhe
supplicou: [5] _em_ Beth-el o achou, e ali fallou comnosco,

5 A saber, o Senhor, o Deus dos Exercitos: [6] o Senhor _é_ o seu
memorial.

6 Tu, pois, [7] converte-te a teu Deus: guarda a beneficencia e o juizo,
e em teu Deus espera sempre.

7 Na mão do mercador _está uma_ balança enganosa; [8] ama a oppressão.

8 Ainda diz Ephraim: [9] Comtudo eu estou enriquecido, _e_ tenho
adquirido para mim grandes bens: _em_ todo o meu trabalho não acharão em
mim iniquidade alguma que _seja_ peccado.

9 Mas eu _sou_ o Senhor teu [10] Deus desde a terra do Egypto: eu ainda
te farei habitar em tendas, como nos dias do ajuntamento.

10 E fallarei [11] aos prophetas, e multiplicarei a visão; e pelo
ministerio dos prophetas proporei similes.

11 _Porventura_ não _é_ Gilead [12] iniquidade? pura vaidade são: em
Gilgal sacrificam bois: [13] os seus altares como montões _de pedras são_
nos regos dos campos.

12 Jacob [14] fugiu para o campo [ADC] da Syria, e Israel serviu por
_sua_ mulher, e por sua mulher guardou o gado.

13 Mas o Senhor por um propheta fez subir a Israel do Egypto, [15] e por
um propheta foi elle guardado.

14 Ephraim [16] _porém_ mui amargosamente _o_ irou: portanto deixará
ficar sobre elle o seu sangue, e o seu Senhor lhe recompensará [17] o seu
opprobrio.

[1] cap. 8.7.

[2] II Reis 17.4. cap. 5.13.

[3] cap. 4.1. Miq. 6.2.

[4] Gen. 25.26 e 32.24, etc.

[5] Gen. 28.12, 19 e 35.9, 10, 15.

[6] Exo. 3.15.

[7] cap. 14.1. Miq. 6.8.

[8] Pro. 11.1. Amós 3.5.

[9] Zac. 11.5. Apo. 3.17.

[10] Lev. 23.42, 43. Neh. 8.17. Zac. 14.16.

[11] II Reis 17.13.

[12] Amós 4.4 e 5.5.

[13] cap. 8.11 e 10.1.

[14] Deu. 26.5. Gen. 29.20, 28.

[15] Exo. 12.50, 51 e 13.3. Isa. 63.11. Miq. 6.4.

[16] II Reis 17.11-18.

[17] Dan. 11.18. Deu. 28.37.



_O peccado de Israel e o seu castigo._

13 Quando Ephraim fallava, tremia-se; foi exalçado em Israel; [1] mas
quando se fez culpado em Baal, então morreu.

2 E agora accumularam peccados _sobre peccados_, [2] e da sua prata
fizeram uma imagem de fundição, idolos segundo o seu entendimento,
que todos _são_ obra de artifices, dos quaes dizem: [3] Os homens que
sacrificam beijem os bezerros.

3 Por isso [4] serão como a nuvem de manhã, e como orvalho da madrugada,
que passa: como folhelho que a tempestade lança da eira, e como o fumo da
chaminé.

4 Eu pois _sou_ [5] o Senhor teu Deus desde a terra do Egypto; portanto
não reconhecerás _outro_ Deus fóra de mim, [6] porque não _ha_ Salvador
senão eu.

5 Eu te [7] conheci no deserto, na terra mui secca.

6 Depois elles se fartaram [8] á proporção do seu pasto; estando _pois_
fartos, ensoberbeceu-se o seu coração, [9] por isso se esqueceram de mim.

7 Portanto [10] serei para elles como leão; como leopardo espiarei no
caminho.

8 Como urso que tem perdido seus filhos, os encontrarei, [11] lhes
romperei as teias do seu coração, e ali os devorarei como leão; as feras
do campo os despedaçarão.

9 _Isso_ te lançou a perder, [12] ó Israel, que _te rebellaste_ contra
mim, _a saber_, contra a tua ajuda.

10 Onde _está_ agora o teu rei, [13] para que te guarde em todas as tuas
cidades? e os teus juizes, dos quaes disseste: [14] Dá-me rei e principes?

11 Dei-te [15] um rei na minha ira, e t’o tirarei no meu furor.

12 A [16] iniquidade de Ephraim _está_ atada, o seu peccado _está_
enthesourado.

13 Dôres [17] de mulher de parto lhe virão: elle _é_ um filho insensato:
[18] porque não permanece o _seu_ tempo na paridura.

14 Eu _pois_ os remirei da [19] violencia do inferno, _e_ os resgatarei
da morte: onde _estão_, ó morte, as tuas pestes? onde _está_ ó inferno, a
tua perdição? [20] o arrependimento [21] será escondido de meus olhos.

15 Ainda que elle dê fructo entre os irmãos, virá o vento leste, vento do
Senhor, subindo do deserto, e seccar-se-ha a sua veia, e seccar-se-ha a
sua fonte: elle saqueará o thesouro de todos os vasos desejaveis.

16 Samaria virá [22] a ser deserta, porque se rebellou contra o seu Deus:
cairão á espada, seus filhos serão despedaçados, e as suas gravidas
_serão_ fendidas pelo meio.

[1] II Reis 17.16, 18. cap. 11.2.

[2] cap. 2.8 e 8.4.

[3] I Reis 19.18.

[4] cap. 6.4. Dan. 2.35.

[5] Isa. 43.11. cap. 12.9.

[6] Isa. 43.11 e 45.21.

[7] Deu. 2.7 e 32.10. Deu. 8.15 e 32.10.

[8] Deu. 8.12, 14 e 32.15.

[9] cap. 8.14.

[10] Lam. 3.10. cap. 5.14. Jer. 5.6.

[11] II Sam. 17.8. Pro. 17.12.

[12] Pro. 6.32. Mal. 1.9. ver. 4.

[13] Deu. 32.38. cap. 10.3. ver. 4.

[14] I Sam. 8.5, 19.

[15] I Sam. 8.7 e 10.19 e 15.22, 23 e 16.1. cap. 10.3.

[16] Deu. 32.34. Job 14.17.

[17] Isa. 13.8. Jer. 30.6. Pro. 22.3.

[18] II Reis 19.3.

[19] Isa. 25.8. Eze. 37.12.

[20] I Cor. 15.54, 55.

[21] Gen. 41.52 e 48.19. Jer. 4.11. Eze. 17.10.

[22] II Reis 18.12. II Reis 8.12 e 15.16. Isa. 13.16. cap. 10.14, 15.
Amós 1.13. Nah. 3.10.



_Exhortação ao arrependimento, e promessa de perdão._

14 Converte-te, [1] ó Israel, ao Senhor teu Deus; porque pelos teus
peccados tens caido.

2 Tomae comvosco palavras, e convertei-vos ao Senhor: dizei-lhe: Tira
toda a iniquidade, e [ADD] recebe _o_ bem; [2] e pagaremos os bezerros
dos nossos labios.

3 Não nos salvará a [3] Assyria, não iremos montados em cavallos, [4] e á
obra das nossas mãos não diremos mais: _Tu és_ o nosso Deus; porque por
ti o orphão alcançará misericordia.

4 Eu sararei a sua perversão, [5] eu voluntariamente os amarei; porque a
minha ira se apartou d’elles.

5 Eu serei a Israel como [6] orvalho, elle florescerá como o lirio, e
espalhará as suas raizes como o Libano.

6 Estender-se-hão as suas vergonteas, e a sua gloria será como a da
oliveira, [7] e cheirará como o Libano.

7 Voltarão os que se assentarem debaixo da sua sombra; serão vivificados
_como_ o trigo, e florescerão como a vide; a sua memoria _será_ como o
vinho do Libano.

8 Ephraim _então dirá_: [8] Que mais tenho eu com os idolos? eu _o_ tenho
ouvido, e olharei para elle: _ser-lhe-hei_ como a faia verde: [9] de mim
é achado o teu fructo.

9 Quem _é_ sabio, [10] para que entenda estas coisas; _quem é_ prudente,
para que as saiba? [11] porque os caminhos do Senhor _são_ rectos, e os
justos andarão n’elles, mas os transgressores cairão n’elles.

[1] cap. 12.6. Joel 2.13. cap. 13.9.

[2] Heb. 13.15.

[3] Jer. 31.18, etc. Deu. 17.16. Isa. 30.2, 16 e 31.1.

[4] ver. 8.

[5] cap. 11.7. Eph. 1.6.

[6] Job 29.19. Pro. 19.12.

[7] Gen. 27.27. Can. 4.11.

[8] ver. 3. Jer. 31.18.

[9] Thi. 1.17.

[10] Jer. 9.12. Dan. 12.10. João 8.47 e 18.37.

[11] Pro. 10.29. Luc. 2.34. II Cor. 2.16. I Ped. 2.7, 8.



JOEL.



_A terrivel carestia causada pela locusta e pela secca._

[Antes de Christo 800]

1 Palavra do Senhor, que foi dirigida a Joel, filho de Pethuel.

2 Ouvi isto, vós, anciãos, e escutae, todos os moradores da terra: [1]
_Porventura_ isto aconteceu em vossos dias? ou tambem nos dias de vossos
paes?

3 Fazei sobre isto uma narração a vossos filhos, e vossos filhos a seus
filhos, e os filhos d’estes á outra geração.

4 O que ficou da lagarta [2] _o_ comeu o gafanhoto, e o que ficou do
gafanhoto _o_ comeu a locusta, e o que ficou da locusta _o_ comeu o
pulgão.

5 Despertae-vos, bebados, e chorae e uivae, todos os que bebeis vinho,
por causa do mosto, [3] porque cortado é da vossa bocca.

6 Porque uma nação subiu sobre a minha terra, poderosa e sem numero: [4]
os seus dentes _são_ dentes de leão, e teem queixaes de um leão velho.

7 Fez [5] da minha vide uma assolação, e descortiçou a minha figueira:
despiu-a toda, e a lançou por terra; os seus sarmentos se embranqueceram.

8 Lamenta [6] como uma virgem que está cingida de sacco, pelo marido da
sua mocidade.

9 Cortou-se a offerta de manjar, [7] e a libação da casa do Senhor: os
sacerdotes, servos do Senhor, _estão_ entristecidos.

10 O [8] campo está assolado, _e_ a terra triste; porque o trigo está
destruido, o mosto se seccou, [9] o oleo falta.

11 Os lavradores [10] se envergonham, os vinhateiros uivam, sobre o trigo
e sobre a cevada; porque a sega do campo pereceu.

12 A vide [11] se seccou, a figueira se murchou; a romeira, tambem, e a
palmeira e a macieira; todas as arvores do campo se seccaram, [12] e a
alegria se seccou entre os filhos dos homens.

13 Cingi-vos [13] e lamentae-vos, sacerdotes; uivae, ministros do altar;
entrae e passae, vestidos de saccos, a noite, ministros do meu Deus;
porque a offerta de manjares, [14] e a libação, affastada está da casa de
vosso Deus.

14 Sanctificae [15] um jejum, apregoae um dia de prohibição, congregae
os anciãos, [16] _e_ todos os moradores d’esta terra, na casa do Senhor
vosso Deus, e clamae ao Senhor.

15 Ah! aquelle dia! [17] porque o dia do Senhor _está_ perto, e virá como
uma assolação do Todo-poderoso.

16 _Porventura_ o [18] mantimento não está cortado de diante de nossos
olhos? a alegria e o regozijo da casa de nosso Deus?

17 A novidade apodreceu debaixo dos seus torrões, os celleiros foram
assolados, os armazens derribados, porque se seccou o trigo.

18 Como geme o gado, [19] as manadas de vaccas estão confusas, porque não
teem pasto: tambem os rebanhos de ovelhas são destruidos.

19 A ti, ó Senhor clamo, [20] porque o fogo consumiu os pastos do
deserto, e a chamma abrazou todas as arvores do campo.

20 Tambem todas as bestas do campo [21] bramam a ti; porque os rios de
agua se seccaram, e o fogo consumiu os pastos do deserto.

[1] cap. 2.2.

[2] Deu. 28.38. cap. 2.25.

[3] Isa. 32.10. cap. 2.2, 11, 25.

[4] Apo. 9.8.

[5] Isa. 5.6.

[6] Isa. 22.12. Pro. 2.17. Jer. 3.4.

[7] ver. 13. cap. 2.14.

[8] Jer. 12.11 e 14.2.

[9] Isa. 24.7. ver. 12.

[10] Jer. 14.3, 4.

[11] ver. 10.

[12] Isa. 24.11. Jer. 48.33. Isa. 9.3.

[13] ver. 8. Jer. 4.8.

[14] ver. 9.

[15] II Chr. 20.3, 4. cap. 2.15, 16. Lev. 23.36.

[16] II Chr. 20.13.

[17] Jer. 30.7. Isa. 13.6, 9. cap. 2.1.

[18] Deu. 12.6, 7 e 16.11, 14, 15.

[19] Ose. 4.3.

[20] Jer. 9.10. cap. 2.3.

[21] Job 38.41. I Reis 17.7 e 18.5.



2 Tocae a buzina [1] em Sião, e clamae em alta voz no monte da minha
sanctidade: perturbem-se todos os moradores da terra, [2] porque o dia do
Senhor vem, porque _está_ perto:

2 Dia de trevas [3] e de escuridade; dia de nuvens e grossas trevas; como
a alva espalhada sobre os montes; [4] povo grande e poderoso, qual desde
o tempo antigo nunca houve, nem depois d’elle haverá mais até aos annos
de geração em geração.

3 Diante d’elle um fogo consome, [5] e atraz d’elle uma chamma abraza:
a terra diante d’elle _é_ como o jardim do Eden, mas atraz d’elle um
deserto de assolação, nem tão pouco _haverá_ coisa que d’ella escape.

4 O [6] seu parecer _é_ como o parecer de cavallos: e correrão como
cavalleiros.

5 Como o estrondo [7] de carros, irão saltando sobre os cumes dos montes,
como o sonido da chamma de fogo que consome a pragana, como um povo
poderoso, [8] ordenado para o combate.

6 Diante d’elle temerão os povos; [9] todos os rostos _são_ como a
tisnadura da panella.

7 Como valentes correrão, como homens de guerra subirão os muros; e irá
cada um nos seus caminhos e não se desviarão da sua fileira.

8 Ninguem apertará a seu irmão; irá cada um pelo seu carreiro; sobre a
mesma espada se arremessarão, e não serão feridos.

9 Irão pela cidade, correrão pelos muros, subirão ás casas, [10] pelas
janellas entrarão como o ladrão.

10 Diante d’elle tremerá a terra, [11] abalar-se-hão os céus; o sol e a
lua se ennegrecerão, e as estrellas retirarão o seu resplandor.

11 E o Senhor levanta a sua voz diante [12] do seu exercito; porque
muitissimos _são_ os seus arraiaes; [13] porque poderoso _é_, fazendo a
sua palavra; porque o dia do Senhor _é_ grande e mui terrivel, e quem o
poderá soffrer?

12 Ora, pois, tambem falla o Senhor: [14] Convertei-vos a mim com todo o
vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto.

13 E rasgae [15] o vosso coração, e não os vossos vestidos, e
convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque elle _é_ misericordioso, [16]
e _é_ clemente, e tardio em irar-se, e grande em beneficencia, e se
arrepende do mal.

14 Quem [17] sabe _se_ se converterá e se arrependerá, [18] e deixará
após si uma benção, _em_ offerta de manjar e libação para o Senhor vosso
Deus?

15 Tocae a buzina [19] em Sião, sanctificae um jejum, apregoae um dia de
prohibição.

16 Congregae o povo, sanctificae a congregação, [20] ajuntae os anciãos,
congregae os filhinhos, e os que mamam os peitos: saia o noivo da sua
recamara, [21] e a noiva do seu thalamo.

17 Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, [22] entre o alpendre e o
altar, e digam: [23] Poupa a teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua
herança ao opprobrio, para que as nações façam mofa d’elle; porque diriam
entre os povos: Onde está o seu Deus?


_Promessa de abundancia._

18 Então o Senhor [24] terá zelo da sua terra, e se compadecerá do seu
povo.

19 E o Senhor responderá, e dirá ao seu povo: Eis que vos envio o trigo,
[25] e o mosto, e o oleo, e d’elles sereis fartos, e vos não entregarei
mais ao opprobrio entre as nações.

20 E [26] aquelle que _é_ do norte farei partir para longe de vós,
e lançal-o-hei em uma terra secca e deserta: a sua face para o mar
oriental, e a sua extremidade para o mar occidental; e subirá o seu
fedor, e subirá a sua podridão; porque fez grandes coisas.

21 Não temas, ó terra: regozija-te e alegra-te; porque o Senhor fez
grandes coisas.

22 Não temaes, [27] animaes do campo, porque os pastos do deserto
reverdecerão, porque o arvoredo dará o seu fructo, a vide e a figueira
darão a sua força.

23 E vós, filhos de Sião, [28] regozijae-vos e alegrae-vos no Senhor
vosso Deus, porque elle vos dará ensinador de justiça, [29] e vos fará
descer a chuva, a temporã e a serodia, no primeiro _mez_.

24 E as eiras se encherão de trigo, e os lagares trasbordarão de mosto e
de oleo.

25 E restituir-vos-hei os annos [30] que comeu o gafanhoto, a locusta, e
o pulgão e a aruga, o meu grande exercito que enviei contra vós.

26 E comereis abundantemente [31] e até fartar-vos, e louvareis o nome do
Senhor vosso Deus, o qual obrou para comvosco maravilhosamente; e o meu
povo não será envergonhado para sempre.

27 E vós sabereis [32] que eu _estou_ no meio de Israel, e _que_ eu
_sou_ o Senhor vosso Deus, [33] e ninguem mais: e o meu povo não _será_
envergonhado para sempre.


_Promessa da effusão do Espirito._

28 E ha de ser _que_, depois, [34] derramarei o meu Espirito sobre toda
a carne, e vossos filhos [35] e vossas filhas prophetizarão, os vossos
velhos sonharão sonhos, os vossos mancebos verão visões.

29 E tambem sobre os servos e sobre as servas n’aquelles dias [36]
derramarei o meu Espirito.

30 E darei [37] prodigios no céu, e na terra, sangue e fogo, e columnas
de fumo.

31 O sol [38] se converterá em trevas, e a lua em sangue, [39] antes que
venha o grande e terrivel dia do Senhor.

32 E ha de ser _que_ todo aquelle que invocar [40] o nome do Senhor
escapará; porque no monte de Sião e em Jerusalem haverá livramento,
assim como o Senhor tem dito, [41] e nos que restarem, os quaes o Senhor
chamará.

[1] Jer. 4.5. ver. 15. Num. 10.5, 9.

[2] cap. 1.15. Abd. 15. Sof. 1.14, 15.

[3] Amós 5.18, 20.

[4] ver. 5, 11. cap. 1.6. Exo. 10.14.

[5] cap. 1.19, 20. Gen. 2.8 e 13.10. Isa. 51.3. Zac. 7.14.

[6] Apo. 9.7.

[7] Apo. 9.9.

[8] ver. 2.

[9] Jer. 8.21. Lam. 4.8. Nah. 2.10.

[10] Jer. 9.21. João 10.1.

[11] Isa. 13.10. Eze. 32.7. Mat. 24.29.

[12] Jer. 25.30. cap. 3.16. Amós 1.2.

[13] Jer. 50.24. Apo. 18.8. Sof. 1.15. Num. 24.23. Mal. 3.2.

[14] Jer. 4.1. Ose. 12.6 e 14.2.

[15] Gen. 37.34. II Sam. 1.11. Job 1.20.

[16] Jon. 4.2.

[17] Jos. 14.12. II Sam. 12.22. Amós 5.15. Jon. 3.9.

[18] cap. 1.9, 13.

[19] Num. 10.3. ver. 1. cap. 1.14.

[20] Exo. 19.10, 22. cap. 1.14.

[21] I Cor. 7.5.

[22] Eze. 8.16. Mat. 23.35.

[23] Exo. 32.11, 12. Deu. 9.26-29.

[24] Zac. 1.14 e 8.2. Deu. 32.36.

[25] cap. 1.10. Mal. 3.10, 11, 12.

[26] Exo. 10.19. Jer. 1.14. Eze. 47.18. Zac. 14.8. Deu. 11.24.

[27] cap. 1.18, 20. Zac. 8.12. cap. 1.19.

[28] Isa. 41.16 e 61.10. Hab. 3.13. Zac. 10.7.

[29] Deu. 2.14 e 28.12. Thi. 5.7.

[30] cap. 1.4.

[31] Lev. 26.5, 16. Miq. 6.14.

[32] cap. 3.17. Lev. 26.11, 12. Eze. 37.26, 27, 28.

[33] Isa. 45.5, 21, 22. Eze. 39.22, 28.

[34] Isa. 44.3. Eze. 39.29. Act. 2.17. Zac. 12.10.

[35] Isa. 54.13. Act. 21.9.

[36] I Cor. 12.13. Col. 3.11.

[37] Mat. 24.29. Mar. 13.24. Luc. 21.11, 25.

[38] ver. 10. Isa. 13.9, 10. cap. 3.1, 15. Mat. 24.29. Mar. 13.24. Luc.
21.25. Apo. 6.12.

[39] Mal. 4.5.

[40] Rom. 10.13.

[41] Isa. 46.13 e 59.20. Rom. 11.26. Rom. 9.27 e 11.5, 7.



_Os juizos de Deus sobre as nações inimigas: Israel será restaurado._

3 Porque, [1] eis que n’aquelles dias, e n’aquelle tempo, em que farei
tornar o captiveiro de Judah e de Jerusalem,

2 Então congregarei [2] todas as nações, e as farei descer ao valle de
Josaphat; e ali com ellas entrarei em juizo, por causa do meu povo, e
da minha herança, Israel, a quem elles espalharam entre as nações e
repartiram a minha terra.

3 E lançaram a sorte [3] sobre o meu povo, e deram um menino por uma
meretriz, e venderam uma menina por vinho, para beberem.

4 E tambem que tendes vós comigo, [4] Tyro e Sidon, e todos os termos da
Palestina? É _tal_ o pago _que_ vós me daes? pois se me pagaes _assim_,
bem depressa vos farei tornar a vossa paga sobre a vossa cabeça.

5 Porque levastes a minha prata e o meu oiro, e as minhas coisas
desejaveis e formosas mettestes nos vossos templos.

6 E vendestes os filhos de Judah e os filhos de Jerusalem aos filhos dos
gregos, para os apartar para longe dos seus termos.

7 Eis que [5] eu os suscitarei do logar para onde os vendestes, e farei
tornar a vossa paga sobre a vossa propria cabeça.

8 E venderei vossos filhos e vossas filhas na mão dos filhos de Judah,
[6] que os venderão aos de Sheba, a uma nação remota, porque o Senhor o
fallou.

9 Proclamae [7] isto entre as nações, sanctificae uma guerra; suscitae os
valentes; cheguem-se, subam todos os homens de guerra.

10 Forjae [8] espadas das vossas enxadas, e lanças das vossas foices:
diga o fraco: Forte _sou_ eu.

11 Ajuntae-vos, [9] e vinde, todos os povos de em redor, e congregae-vos
(ó Senhor, faze descer ali os teus fortes!);

12 Suscitem-se [10] as nações, e subam ao valle de Josaphat; mas ali me
assentarei, para julgar todas as nações em redor.

13 Lançae [11] a foice, porque já está madura a sega: vinde, descei,
porque o lagar está cheio, _e_ os vasos dos lagares trasbordam, porque a
sua malicia _é_ grande.

14 Multidões, multidões no valle da decisão, [12] porque o dia do Senhor
perto _está_, no valle da decisão.

15 O sol [13] e a lua ennegrecerão, e as estrellas retirarão o seu
resplandor.

16 E [14] o Senhor bramará de Sião, e dará a sua voz de Jerusalem, e os
céus e a terra tremerão; mas o Senhor _será_ o refugio do seu povo, e a
fortaleza dos filhos de Israel.

17 E [15] vós sabereis que eu _sou_ o Senhor vosso Deus, que habito em
Sião, o monte da minha sanctidade; e Jerusalem será sanctidade; [16]
estranhos não passarão mais por ella.

18 E ha de ser que, n’aquelle dia, os montes distillarão mosto, [17] e
os outeiros manarão leite, e todos os rios de Judah estarão _cheios_ de
aguas; e sairá uma fonte da casa do Senhor, e regará o valle de Sittim.

19 O Egypto [18] se fará uma assolação, e Edom se fará um deserto de
solidão, por causa da violencia que fizeram aos filhos de Judah, em cuja
terra derramaram sangue innocente.

20 Mas Judah será habitada para sempre, [19] e Jerusalem de geração em
geração.

21 E [20] alimparei o sangue dos _que_ eu não alimpei, e o Senhor
habitará em Sião.

[1] Jer. 30.3. Eze. 38.14.

[2] Zac. 14.2, 3, 4. II Chr. 20.26. ver. 12. Isa. 66.16. Eze. 38.22.

[3] Abd. 11. Nah. 3.10.

[4] Eze. 25.15, 16, 17.

[5] Isa. 43.5, 6 e 43.12. Jer. 23.8.

[6] Jer. 6.20.

[7] Isa. 8.9, 10. Jer. 46.3, 4. Eze. 38.7.

[8] Isa. 2.4. Miq. 4.3.

[9] ver. 2. Isa. 13.3.

[10] ver. 2. Isa. 2.4 e 3.13.

[11] Mat. 13.39. Apo. 14.15, 18. Jer. 51.33. Ose. 6.11. Lam. 1.15. Apo.
14.19, 20.

[12] ver. 2. cap. 2.1.

[13] cap. 2.10, 31.

[14] Jer. 25.30. cap. 2.11. Amós 1.2. Agg. 2.6. Isa. 51.5, 6.

[15] cap. 2.27. Dan. 11.45. Abd. 16. Zac. 8.3.

[16] Isa. 35.8 e 52.1. Nah. 1.15. Zac. 14.21.

[17] Amós 9.13. Isa. 30.25. Apo. 22.1.

[18] Isa. 19.1, etc. Jer. 49.17. Eze. 25.12, 13. Amós 1.11. Abd. 10.

[19] Amós 9.15.

[20] Isa. 4.4. Eze. 48.35. ver. 17. Apo. 21.3.



AMÓS.



_Ameaças contra diversas nações e contra Judah._

[Antes de Christo 787]

1 As palavras de Amós, [1] que era d’entre os pastores de Tecoa, as quaes
viu sobre Israel, nos dias de Uzias, rei de Judah, [2] e nos dias de
Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel, [3] dois annos antes do terremoto.

2 E disse: [4] O Senhor bramará de Sião, e de Jerusalem dará a sua voz:
as habitações dos pastores prantearão, [5] e seccar-se-ha o cume do
Carmelo.

3 Assim diz o Senhor: [6] Por tres transgressões de Damasco, e por
quatro, não o afastarei, porque trilharam a Gilead com trilhos de ferro.

4 Por isso [7] porei fogo á casa de Hazael, e consumirá os palacios de
Benhadad.

5 E [8] quebrarei o ferrolho de Damasco, e exterminarei o morador de
Biqueat-aven, e ao que tem o sceptro de Beth-eden; e o povo da Syria será
levado em captiveiro a Kir, diz o Senhor.

6 Assim diz o Senhor: [9] Por tres transgressões de Gaza, e por quatro,
não o afastarei, porque levaram em captiveiro todos os captivos para _os_
entregarem a Edom.

7 Por isso [10] porei fogo ao muro de Gaza, que consumirá os seus
palacios.

8 E [11] exterminarei o morador de Asdod, e o que tem o sceptro de
Ascalon, e tornarei a minha mão contra Ecron; e o resto dos philisteos
perecerá, diz o Senhor JEHOVAH.

9 Assim diz o Senhor: [12] Por tres transgressões de Tyro, e por quatro,
não o afastarei, [13] porque entregaram todos os captivos a Edom, e não
se lembraram da alliança dos irmãos.

10 Por isso [14] porei fogo ao muro de Tyro, que consumirá os seus
palacios.

11 Assim diz o Senhor: [15] Por tres transgressões de Edom, e por quatro,
não o afastarei, [16] porque perseguiu a seu irmão á espada, e corrompeu
as suas misericordias; [17] e a sua ira despedaça eternamente, e retem a
sua indignação para sempre.

12 Por isso porei fogo a Teman, que consumirá os palacios de Bozra.

13 Assim diz o Senhor: [18] Por tres transgressões dos filhos de Ammon, e
por quatro, não o afastarei, [19] porque fenderam as gravidas de Gilead,
para dilatarem os seus termos.

14 Por isso [20] porei fogo ao muro de Rabba, que consumirá os seus
palacios, com alarido no dia da batalha, com tempestade no dia da
tormenta.

15 E o seu rei irá para o captiveiro, elle e os seus principes
juntamente, diz o Senhor.

[1] cap. 7.14. II Chr. 20.20.

[2] Ose. 1.1. cap. 7.10.

[3] Zac. 14.5.

[4] Jer. 25.30. Joel 3.16.

[5] I Sam. 25.2. Isa. 33.9.

[6] Isa. 8.4 e 17.1. Jer. 49.23. Zac. 9.1.

[7] Jer. 17.27 e 49.27. ver. 7, 10, 12. cap. 2.2, 5.

[8] Jer. 51.30. Lam. 2.9.

[9] Jer. 47.4, 5. Eze. 25.15. Sof. 2.4.

[10] ver. 9.

[11] Sof. 2.4. Zac. 9.5, 6. Jer. 47.4.

[12] Isa. 23.1. Jer. 47.4. Eze. 26 e 27 e 28. Joel 3.4, 5.

[13] ver. 6.

[14] ver. 4, 7, etc.

[15] Isa. 21.11. Jer. 49.8, etc. Eze. 25.12, 13, 14. Mal. 1.4.

[16] Gen. 27.41. Deu. 23.7. Mal. 1.2.

[17] Eze. 35.5.

[18] Jer. 49.1, 2. Eze. 25.2.

[19] Jer. 49.1.

[20] Deu. 3.11. II Sam. 12.26. Jer. 49.2. Eze. 25.5. cap. 2.2.



2 Assim diz o Senhor: [1] Por tres transgressões de Moab, e por quatro,
não o afastarei, [2] porque queimou os ossos do rei de Edom, até _os
tornar em_ cal.

2 Por isso [3] porei fogo a Moab, e consumirá os palacios de Querioth: e
Moab morrerá com grande estrondo, com alarido, com sonido de buzina.

3 E [4] exterminarei o juiz do meio d’elle, e a todos os seus principes
com elle matarei, diz o Senhor.

4 Assim diz o Senhor: Por tres transgressões de Judah, e por quatro, não
o afastarei, [5] porque rejeitaram a lei do Senhor, e não guardaram os
seus estatutos, e as suas mentiras os enganaram, após as quaes andaram
seus paes.

5 Por isso porei fogo a Judah, e consumirá os palacios de Jerusalem.

6 Assim diz o Senhor: [6] Por tres transgressões de Israel, e por quatro,
não o afastarei, [7] porque vendem o justo por dinheiro, e o necessitado
por um par de sapatos,

7 Suspirando pelo pó da terra sobre a cabeça dos pobres, [8] e pervertem
o caminho dos mansos; e o homem e seu pae entram a uma _mesma_ moça, para
profanarem _o_ meu sancto nome.

8 E se deitam junto a qualquer altar sobre as roupas empenhadas, [9] e
bebem o vinho dos multados _na_ casa de seus deuses.

9 Não obstante eu ter destruido o amorrheo diante d’elles, [10] cuja
altura _foi_ como a altura dos cedros, e foi forte como os carvalhos; mas
destrui o seu fructo por cima, [11] e as suas raizes por baixo.

10 Tambem [12] vos fiz subir da terra do Egypto, e quarenta annos vos
guiei no deserto, para que possuisseis a terra do amorrheo.

11 E _a alguns_ d’entre vossos filhos suscitei para prophetas, [13] e
_alguns_ d’entre os vossos mancebos para nazireos; e não _é_ isto assim,
filhos de Israel? diz o Senhor.

12 Mas vós aos nazireos déstes vinho a beber, e aos prophetas mandastes,
dizendo: [14] Não prophetizareis.

13 Eis que eu vos apertarei no vosso logar como se aperta um carro cheio
de manolhos.

14 Assim que [15] perecerá a fugida ao ligeiro; nem o forte corroborará a
sua força, nem o valente livrará a sua vida.

15 E não ficará em pé o que leva o arco, nem o ligeiro de pés se livrará,
nem tão pouco o que vae montado a cavallo livrará a sua alma.

16 E o mais animoso entre os valentes fugirá nú n’aquelle dia, disse o
Senhor.

[1] Isa. 15 e 16. Jer. 48. Eze. 25.8. Sof. 2.8.

[2] II Reis 3.27.

[3] Jer. 48.41. cap. 1.14.

[4] Jer. 48.7.

[5] Lev. 26.14, 15. Neh. 1.7. Dan. 9.11. Jer. 16.19, 20. Rom. 1.25.

[6] Jer. 17.27. Ose. 8.14.

[7] Isa. 29.21. cap. 8.6.

[8] Isa. 10.2. Eze. 22.11. Lev. 20.3. Eze. 36.20. Rom. 2.24.

[9] Exo. 22.26. Eze. 23.41. I Cor. 8.10 e 10.21.

[10] Num. 21.24. Deu. 2.31. Jos. 24.8. Num. 13.28, 32, 33.

[11] Mal. 4.1.

[12] Exo. 12.51. Miq. 6.4. Deu. 2.7 e 8.2.

[13] Num. 6.2. Jui. 13.5.

[14] Jer. 11.21. cap. 7.12, 13. Miq. 2.6.

[15] cap. 9.1, etc. Jer. 9.23.



_Os vicios e maldades de Israel: o annuncio de castigo._

3 Ouvi esta palavra que o Senhor falla contra vós, filhos de Israel, _a
saber_, contra toda a geração que fiz subir da terra do Egypto, dizendo:

2 De [1] todas as gerações da terra a vós vos conheci só; portanto, todas
as vossas injustiças visitarei sobre vós.

3 _Porventura_ andarão dois juntos, se não estiverem de concerto?

4 Bramará o leão no bosque, sem que elle tenha preza? levantará o
leãosinho a sua voz da sua cova, se nada tiver apanhado?

5 Cairá a ave no laço em terra, se não houver laço para ella?
levantar-se-ha o laço da terra, sem que tenha apanhado alguma coisa?

6 Tocar-se-ha a buzina na cidade; e o povo não estremecerá? [2] Succederá
_algum_ mal na cidade, o qual o Senhor não haja feito?

7 Certamente o Senhor JEHOVAH não fará coisa alguma, [3] sem ter revelado
o seu segredo aos seus servos, os prophetas.

8 Bramou o leão, [4] quem não temerá? Fallou o Senhor JEHOVAH, quem não
prophetizará?

9 Fazei-o ouvir nos palacios de Asdod, e nos palacios da terra do Egypto,
e dizei: Ajuntae-vos sobre os montes de Samaria, e vêde os grandes
alvoroços no meio d’ella, e os opprimidos dentro d’ella.

10 Porque [5] não sabem fazer o _que é_ recto, diz o Senhor,
enthesourando nos seus palacios a violencia e a destruição.

11 Portanto, o Senhor JEHOVAH diz assim: [6] O inimigo _virá_, e cercará
a terra, derribará de ti a tua fortaleza, e os teus palacios serão
saqueados.

12 Assim diz o Senhor: Assim como o pastor livra da bocca do leão as duas
pernas, ou um pedacinho da orelha, assim serão livrados os filhos de
Israel que habitam em Samaria, no canto da cama, e na barra do leito.

13 Ouvi, e protestae na casa de Jacob, diz o Senhor JEHOVAH, o Deus dos
Exercitos:

14 N’aquelle dia, em que eu visitar as transgressões de Israel sobre
elle, tambem farei visitação sobre os altares de Beth-el; e os cornos do
altar serão cortados, e cairão em terra.

15 E ferirei a [7] casa de inverno com a casa de verão; e as casas de
marfim perecerão, e as grandes casas terão fim, diz o Senhor.

[1] Deu. 7.6 e 10.15. Dan. 9.12. Luc. 12.47. Rom. 2.9. I Ped. 4.17.

[2] Isa. 45.7.

[3] Gen. 6.13 e 18.17. João 15.15.

[4] cap. 1.2. Act. 4.20 e 5.20, 29. I Cor. 9.16.

[5] Jer. 4.22.

[6] II Reis 17.3, 6 e 18.9, 10, 11.

[7] Jer. 36.22. Jui. 3.20.



4 Ouvi esta palavra, vós, [1] vaccas de Basan, _vós_, que _estaes_ no
monte de Samaria, _vós_, que opprimis aos pobres, que quebrantaes os
necessitados, _vós_, que dizeis a seus senhores: Dae cá, para que bebamos.

2 Jurou o Senhor JEHOVAH, pela sua sanctidade, que eis que dias estão
para vir sobre vós, _em_ que vos levarão com anzoes [2] e a vossos
descendentes com anzoes de pesca.

3 E saireis [3] _pelas_ brechas, uma após outra, e lançareis fóra o que
levastes para o palacio, disse o Senhor.

4 Vinde a Beth-el, [4] e transgredi, em Gilgal augmentae as
transgressões, [5] e de manhã trazei os vossos sacrificios, e os vossos
dizimos ao terceiro dia.

5 E [6] queimae o sacrificio de louvores do _pão_ levedado, e apregoae os
sacrificios voluntarios, fazei-o ouvir; porque assim o quereis, ó filhos
de Israel, disse o Senhor JEHOVAH.

6 Por isso tambem vos dei limpeza de dentes em todas as vossas cidades, e
falta de pão em todos os vossos logares; [7] comtudo não vos convertestes
a mim, disse o Senhor.

7 Além d’isso, retive de vós a chuva, _faltando_ ainda tres mezes até á
sega; e fiz chover sobre uma cidade, e sobre outra cidade não fiz chover;
sobre um campo choveu, mas o outro, sobre o qual não choveu, se seccou.

8 E andaram vagabundas duas _ou_ tres cidades a uma cidade, para beberem
agua, mas não se saciaram: [8] comtudo não vos convertestes a mim, disse
o Senhor.

9 Feri-vos [9] com queimadura, e com ferrugem; a multidão das vossas
hortas, e das vossas vinhas, e das vossas figueiras, e das vossas
oliveiras, comeu a locusta; comtudo não vos convertestes a mim, disse o
Senhor.

10 Enviei a peste contra vós, á maneira do Egypto: [10] os vossos
mancebos matei á espada, e os vossos cavallos deixei levar presos, [11]
e o fedor dos vossos exercitos fiz subir aos vossos narizes; comtudo não
vos convertestes a mim, disse o Senhor.

11 Subverti _a alguns_ d’entre vós, [12] como Deus subverteu a Sodoma e
Gomorrah, sendo vós como _um_ tição arrebatado do incendio; [13] comtudo
não vos convertestes a mim, disse o Senhor.

12 Portanto, assim te farei, ó Israel! Porquanto _pois_ isto te farei,
[14] prepara-te, ó Israel, a encontrares o teu Deus.

13 Porque eis que o que fórma os montes, e cria o vento, [15] e declara
ao homem qual _seja_ o seu pensamento, o que faz da manhã trevas, e piza
os altos da terra, [16] o Senhor Deus dos Exercitos _é_ o seu nome.

[1] Eze. 39.19.

[2] Jer. 16.16. Hab. 1.15.

[3] Eze. 12.5, 12.

[4] Eze. 20.39. Ose. 4.15 e 12.11. cap. 5.5.

[5] Deu. 14.28.

[6] Lev. 7.13 e 23.17. Lev. 22.18, 21.

[7] Jer. 5.3. Agg. 2.17. ver. 8, 9.

[8] ver. 6, 10, 11.

[9] Deu. 28.22.

[10] Exo. 9.3, 6 e 12.29. Deu. 28.27, 60.

[11] ver. 6.

[12] Gen. 19.24, 25. Isa. 13.19. Jer. 49.18. Zac. 3.12. Jud. 23.

[13] ver. 6.

[14] Eze. 13.5. Luc. 14.31, 32.

[15] Dan. 2.28. cap. 5.8 e 8.9. Deu. 32.13 e 33.29. Miq. 1.3.

[16] Isa. 47.4. Jer. 10.16. cap. 5.8 e 9.6.



_Predicção da ruina de Israel._

5 Ouvi esta palavra, [1] que levanto sobre vós uma lamentação, ó casa de
Israel.

2 A virgem de Israel caiu, nunca mais tornará a levantar-se: desamparada
está na sua terra, não _ha_ quem a levante.

3 Porque assim diz o Senhor JEHOVAH: A cidade da qual saem mil conservará
cem, e aquella da qual saem cem conservará dez á casa de Israel.

4 Porque assim diz o Senhor á casa de Israel: Buscae-me, e vivei.

5 Porém [2] não busqueis a Beth-el, nem venhaes a Gilgal, nem passeis [3]
_a_ Berseba, porque Gilgal certamente será levado captivo, e Beth-el será
desfeito em nada.

6 Buscae ao Senhor, [4] e vivei, para que não accommetta a casa de José
como um fogo, e a consuma, e não haja em Beth-el quem o apague.

7 (Os que [5] pervertem o juizo em alosna, e deitam na terra a justiça.)

8 O [6] que faz o setestrello, e o orion, e torna a sombra da noite em
manhã, e escurece o dia como a noite, [7] que chama as aguas do mar, e as
derrama sobre a terra, o Senhor _é_ o seu nome.

9 O que esforça o despojado contra o forte: assim que venha a assolação
contra a fortaleza.

10 Na porta [8] aborrecem o que os reprehende, e abominam o que falla
sinceramente.

11 Portanto, visto que pizaes o pobre, e d’elle tomaes [ADE] um cargo
de trigo, edificastes casas de pedras lavradas, [9] mas n’ellas não
habitareis; vinhas desejaveis plantastes, mas não bebereis do seu vinho.

12 Porque sei que _são_ muitas as vossas transgressões, e grossos os
vossos peccados: [10] affligem o justo, tomam [ADF] resgate, e rejeitam
os necessitados na porta.

13 Portanto, o prudente n’aquelle tempo se calará, porque o tempo _será_
mau.

14 Buscae o bem, e não o mal, para que vivaes: [11] e assim o Senhor, o
Deus dos Exercitos, estará comvosco, como dizeis.

15 Aborrecei o mal, [12] e amae o bem, _e_ estabelecei o juizo na porta:
_porventura_ o Senhor, o Deus dos Exercitos, terá piedade do resto de
José.

16 Portanto, assim diz o Senhor Deus dos Exercitos, o Senhor: Em todas
as ruas _haverá_ pranto, e em todos os bairros dirão: [13] Ai! ai! E ao
lavrador chamarão a choro, e ao pranto aos que souberem prantear.

17 E em todas as vinhas _haverá_ pranto; [14] porque passarei pelo meio
de ti, diz o Senhor.

18 Ai [15] d’aquelles que desejam o dia do Senhor! para que pois vos
_será_ este dia do Senhor? trevas _será_ e não luz.

19 Como [16] o que foge de diante do leão, e se encontra com elle o urso,
ou como se entrasse n’uma casa, e a sua mão encostasse á parede, e fosse
mordido d’uma cobra.

20 Não _será_ pois o dia do Senhor trevas e não luz? e escuridade, sem
que haja resplandor?

21 Aborreço, [17] desprezo as vossas festas, [ADG] e os vossos _dias_ de
prohibição não me darão bom cheiro.

22 Porque [18] ainda que me offereceis holocaustos, como tambem as vossas
offertas de manjares, não me agrado d’ellas: nem attentarei para as
offertas pacificas de vossos _animaes_ gordos.

23 Affasta de mim o estrepito dos teus canticos; porque não ouvirei as
psalmodias dos teus instrumentos.

24 Corra porém o [19] juizo como as aguas, e a justiça como o ribeiro
impetuoso.

25 Haveis-me _porventura_ offerecido sacrificios e offertas no deserto
por quarenta annos, [20] ó casa de Israel?

26 Antes levastes a tenda de vosso Moloch, e a estatua das vossas
imagens, a estrella do vosso deus, que fizestes para vós mesmos.

27 Portanto vos levarei captivos, para além de Damasco, [21] diz o
Senhor, cujo nome _é_ o Deus dos exercitos.

[1] Jer. 7.29. Eze. 19.1 e 27.2.

[2] II Chr. 15.2. Jer. 29.13. ver. 6. Isa. 55.3.

[3] cap. 4.4 e 8.14. Ose. 4.15.

[4] ver. 4.

[5] cap. 6.12.

[6] Job 9.9 e 38.31.

[7] Job 38.34. cap. 9.6. cap. 4.13.

[8] Isa. 28.21. I Reis 22.8.

[9] Deu. 28.30, 33, 39. Miq. 6.15. Sof. 1.13. Agg. 1.6.

[10] cap. 2.6. Isa. 29.21.

[11] Miq. 3.11.

[12] Rom. 12.9. Exo. 32.30. II Reis 19.4.

[13] Jer. 9.17.

[14] Exo. 12.12. Nah. 1.12.

[15] Isa. 5.19. Eze. 12.22, 27. Jer. 30.7. Joel 2.2. Sof. 1.15.

[16] Jer. 48.44.

[17] Pro. 21.27. Jer. 6.20. Ose. 8.13.

[18] Miq. 6.6, 7.

[19] Miq. 6.8.

[20] Deu. 32.17. Jos. 24.14. Eze. 20.8, 16, 24. Act. 7.42. Isa. 43.23.

[21] cap. 4.13.



_A corrupção de Israel. Ameaças._

6 Ai dos [1] descançados em Sião, e dos seguros no monte de Samaria: [2]
que teem nome entre as primeiras das nações, e aos quaes se foi a casa de
Israel!

2 Passae a Calne, [3] e vêde; e d’ali ide á grande Hamath; [4] e descei a
Gath dos philisteos, se _são_ melhores que estes reinos, ou maior o seu
termo do que o vosso termo.

3 Vós que affastaes [5] o dia mau, e achegaes o assento de violencia.

4 Os que dormem em camas de marfim, e se estendem sobre os seus leitos, e
comem os cordeiros do rebanho, e os bezerros do meio da manada:

5 Que cantam [6] ao som do alaúde, e inventam para si instrumentos
musicos, assim como David:

6 Que bebem vinho de taças, e se ungem com o mais excellente oleo: mas
não se affligem [ADH] pela quebra de José:

7 Portanto agora irão em captiveiro entre os primeiros dos que forem em
captiveiro, e cessarão os festins dos estendidos.

8 Jurou [7] o Senhor JEHOVAH pela sua alma (diz o Senhor Deus dos
exercitos): Tenho em abominação a soberba de Jacob, e aborreço os seus
palacios; [8] e entregarei a cidade e a sua plenitude.

9 E acontecerá que, ficando de resto dez homens n’uma casa, morrerão.

10 E a alguem tomará o seu tio, ou o que o queima, para levar os ossos
fóra da casa; e dirá ao que estiver nos cantos da casa: Está ainda
_alguem_ comtigo? E elle dirá: Nenhum. E dirá _este_: [9] Cala-te, porque
não _convem_ fazer menção do nome do Senhor.

11 Porque, eis que [10] o Senhor dá ordem, e ferirá a casa grande de
[ADI] quebraduras, e a casa pequena de fendas.

12 _Porventura_ correrão cavallos na rocha? arar-se-ha _n’ella_ com bois?
porque haveis vós tornado o juizo em fel, [11] e o fructo da justiça em
alosna?

13 Vós que vos alegraes de nada, vós que dizeis: Não nos temos nós
tornado poderosos por nossa força?

14 Porque, eis que eu levantarei sobre vós, ó casa de Israel, _um_ povo,
diz o Senhor Deus dos Exercitos, [12] e opprimir-vos-hão, desde [13] a
entrada de Hamath até ao ribeiro da planicie.

[1] Luc. 6.24.

[2] Exo. 19.5.

[3] Isa. 10.9. II Reis 18.34.

[4] II Chr. 26.6.

[5] cap. 5.18 e 9.10. ver. 12.

[6] Isa. 5.12.

[7] Jer. 51.14. Heb. 6.13, 17.

[8] cap. 8.7.

[9] cap. 5.13 e 8.3.

[10] cap. 3.15.

[11] Ose. 10.4. cap. 5.7.

[12] Jer. 5.15.

[13] Num. 34.8.



_A visão da locusta, do fogo e do prumo._

7 O Senhor JEHOVAH assim me fez ver, e eis que formava gafanhotos no
principio do arrebento da herva serodia, e eis que havia a herva serodia
depois da segada do rei.

2 E aconteceu que, como elles de todo tivessem comido a herva da terra,
eu disse: Senhor JEHOVAH, ora perdoa: [1] como se levantará Jacob? porque
é pequeno.

3 _Então_ [2] o Senhor se arrependeu d’isso. _Isto_ não acontecerá, disse
o Senhor.

4 Assim me mostrou o Senhor JEHOVAH, e eis que o Senhor JEHOVAH chamava,
que queria contender por fogo; o consumiu o grande abysmo, e tambem
consumiu uma parte d’elle.

5 _Então_ eu disse: Senhor JEHOVAH, cessa agora; [3] como se levantará
Jacob? porque é pequeno.

6 _E_ o Senhor se arrependeu d’isso. Nem isto acontecerá, disse o Senhor
JEHOVAH.

7 Mostrou-me _tambem_ assim; e eis que o Senhor estava sobre um muro,
_feito_ a prumo: e _tinha_ um prumo na sua mão.

8 E o Senhor me disse: Que vês tu, Amós? E eu disse: Um prumo. Então
disse o Senhor: [4] Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel,
_e d’aqui por_ diante nunca mais passarei por elle.

9 Mas os altos de Isaac serão [5] assolados, e destruidos os sanctuarios
de Israel; [6] e levantar-me-hei com a espada contra a casa de Jeroboão.

10 Então [7] Amazia, o sacerdote em Beth-el, enviou a Jeroboão, rei
de Israel, dizendo: Amós tem conspirado contra ti, no meio da casa de
Israel; a terra não poderá soffrer todas as suas palavras.

11 Porque assim diz Amós: Jeroboão morrerá á espada, e Israel certamente
será levado para fóra da sua terra em captiveiro.

12 Depois Amazia disse a Amós: Vae-te, ó vidente, _e_ foge para a terra
de Judah, e ali come o pão, e ali prophetiza;

13 Mas em Beth-el d’aqui por diante não [8] prophetizarás mais, porque é
o sanctuario do rei e a casa do reino.

14 E respondeu Amós, e disse a Amazia: [9] Eu não _era_ propheta, nem
filho de propheta, mas boieiro, [ADJ] e colhia figos bravos.

15 Porém o Senhor me tomou de detraz do gado, e o Senhor me disse:
Vae-te, e prophetiza ao meu povo Israel.

16 Ora, pois, ouve a palavra do Senhor: Tu dizes: [10] Não prophetizarás
contra Israel, nem derramarás _as tuas palavras_ contra a casa de Isaac.

17 Portanto assim diz o Senhor: [11] Tua mulher se prostituirá na cidade,
e teus filhos e tuas filhas cairão á espada, e a tua terra será repartida
a cordel, e tu morrerás na terra immunda, e Israel certamente será levado
captivo para fóra da sua terra.

[1] ver. 5.

[2] ver. 6.

[3] ver. 2, 3.

[4] Lam. 2.8.

[5] Gen. 26.23. cap. 5.5 e 8.14.

[6] II Reis 15.10.

[7] I Reis 12.32. II Reis 14.23.

[8] cap. 2.12. I Reis 12.32.

[9] I Reis 20.35. II Reis 2.5 e 4.38 e 6.1. cap. 1.1. Zac. 13.5.

[10] Eze. 21.2. Miq. 2.6.

[11] Jer. 29.21, 25, 31, 32. Isa. 13.16. Lam. 5.11. Ose. 4.13. Zac. 14.2.



_A visão d’um cesto de fructos. Ameaças contra Israel._

8 O Senhor JEHOVAH assim me mostrou: e eis aqui um cesto de fructos do
verão.

2 E disse: Que vês, Amós? E eu disse: Um cesto de fructos do verão. Então
o Senhor me disse: Tem [1] vindo o fim sobre o meu povo Israel; d’aqui
por diante nunca mais passarei por elle.

3 Mas os canticos do templo serão ouvidos n’aquelle dia, diz o Senhor
JEHOVAH: multiplicar-se-hão os cadaveres, em todos os logares, _serão_
lançados fóra em silencio.

4 Ouvi isto, vós que [ADK] anhelaes o abatimento do necessitado; e isto
para destruirdes os miseraveis da terra:

5 Dizendo: Quando passará a lua nova, para vendermos o grão? [2] e o
sabbado, para abrirmos os celleiros de trigo? diminuindo o epha, [3] e
augmentando o siclo, e falsificando as balanças enganosas;

6 Para comprarmos os pobres por dinheiro, [4] e os necessitados por um
par de sapatos? então venderemos as cascas do trigo.

7 Jurou o Senhor pela [5] gloria de Jacob: Eu me não esquecerei de todas
as suas obras para sempre.

8 Por causa [6] d’isto não se commoveria a terra? e _não_ choraria todo
aquelle que habita n’ella? certamente levantar-se-ha toda como um rio, e
será arrojada, [7] e será fundida como pelo rio do Egypto.

9 E [8] succederá que, n’aquelle dia, diz o Senhor, farei que o sol se
ponha ao meio dia, e a terra se entenebreça no dia da luz.

10 E tornarei as vossas festas em luto, e todos os vossos canticos em
lamentações, [9] e farei pôr sacco sobre todos os lombos, e calva sobre
toda a cabeça; [10] e farei que isso seja como luto do _filho_ unico, e o
seu fim como dia de amarguras.

11 Eis que veem dias, diz o Senhor JEHOVAH, em que enviarei fome sobre a
terra, não fome de pão, nem sêde de agua, [11] mas de ouvir as palavras
do Senhor.

12 E irão vagabundos de um mar até outro mar, e do norte até ao oriente:
correrão por toda a parte, buscando a palavra do Senhor, mas não _a_
acharão.

13 N’aquelle dia as virgens formosas e os mancebos desmaiarão á sêde.

14 Os [12] que juram pelo delicto de Samaria, e dizem: Vive o teu deus,
ó Dan, e: Vive o caminho de [ADL] Berseba; e cairão, e não se levantarão
mais.

[1] Eze. 7.2. cap. 7.8.

[2] Neh. 13.15, 16.

[3] Miq. 6.10, 11.

[4] cap. 2.6.

[5] cap. 6.8. Ose. 8.13.

[6] Ose. 4.3.

[7] Eze. 26 e 27 e 28.

[8] Job 5.14. Isa. 13.10 e 59.9, 10. Jer. 15.9. Miq. 3.6.

[9] Isa. 15.2, 3. Jer. 48.37. Eze. 7.18 e 27.31.

[10] Jer. 6.26. Zac. 12.10.

[11] I Sam. 3.1. Eze. 7.26.

[12] Ose. 4.15. Deu. 9.21.



_Visão da ruina do altar: promessa de restauração._

9 Vi o Senhor, que estava em pé sobre o altar, e me disse: Fere o
capitel, e estremeçam os umbraes, [1] e corta-lhes em pedaços a cabeça
a todos elles; e eu matarei á espada até ao ultimo d’elles: o que fugir
d’entre elles não escapará, nem o que escapar d’entre elles se salvará.

2 Ainda que cavem até ao inferno, a minha mão os tirará d’ali, [2] e, se
subirem ao céu, d’ali os farei descer.

3 E, se se esconderem no cume do Carmelo, buscal-os-hei, e d’ali os
tirarei; e, se se occultarem aos meus olhos no fundo do mar, ali darei
ordem á serpente, e ella os morderá.

4 E, se forem em captiveiro diante de seus inimigos, [3] ali darei ordem
á espada que os mate; [4] e eu porei o meu olho sobre elles para mal, e
não para bem.

5 Porque o Senhor JEHOVAH dos Exercitos _é_ o que toca a terra, [5] e
ella se derreterá, e todos os que habitam n’ella chorarão; e ella subirá
toda como um rio, e submergirá como pelo rio do Egypto.

6 _Elle é_ o que edifica [ADM] os seus degraus no céu, e [ADN] o seu
esquadrão fundou na terra, [6] e o que chama as aguas do mar, e as
derrama sobre a terra: o Senhor _é_ o seu nome.

7 Não me sois, vós, ó filhos de Israel, como os filhos dos ethiopes?
diz o Senhor; não fiz eu subir a Israel da terra do Egypto, [7] e aos
philisteos de Caphtor, e aos syrios de Kir?

8 Eis que [8] os olhos do Senhor JEHOVAH _estão_ contra este reino
peccador, [9] e eu o destruirei de sobre a face da terra, excepto que não
destruirei de todo a casa de Jacob, diz o Senhor.

9 Porque eis que darei ordem, e sacudirei a casa de Israel entre todas as
nações, assim como se sacode grão no crivo, sem que caia na terra _um_ só
grão.

10 Todos os peccadores do meu povo morrerão á espada, [10] os que dizem:
Não se avisinhará nem nos encontrará o mal.

11 N’aquelle dia [11] tornarei a levantar a caida tenda de David, e
cercarei as suas aberturas, e tornarei a levantar as suas ruinas, e a
edificarei como nos dias da antiguidade;

12 [12] Para que possuam o restante de Edom, e todas as nações que são
chamadas pelo meu nome, diz o Senhor, que faz isto.

13 Eis que [13] veem dias, diz o Senhor, em que o que lavra alcançará ao
que sega, e o que piza as uvas ao que semeia a semente, [14] e os montes
distillarão mosto, e todos os outeiros se derreterão.

14 E [15] tornarei o captiveiro do meu povo Israel, e reedificarão as
cidades assoladas, e n’ellas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão o
seu vinho, e farão jardins, e lhes comerão o fructo.

15 E [16] os plantarei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua
terra que lhes dei, diz o Senhor teu Deus.

[1] Hab. 3.13. cap. 2.14.

[2] Job 20.6. Jer. 51.53. Oba. 4.

[3] Lev. 26.33. Deu. 28.65. Eze. 5.12.

[4] Lev. 17.10. Jer. 44.11.

[5] Miq. 1.4. cap. 8.8.

[6] cap. 5.8. cap. 4.13.

[7] Jer. 47.4. Deu. 2.23. cap. 1.5.

[8] ver. 4.

[9] Jer. 30.11 e 31.35, 36.

[10] cap. 6.3.

[11] Act. 15.16, 17.

[12] Oba. 19. Num. 24.18.

[13] Lev. 26.5.

[14] Joel 3.18.

[15] Jer. 30.3. Isa. 61.4 e 65.21. Eze. 36.33-36.

[16] Isa. 60.21. Eze. 34.28. Joel 3.20.



OBADIAS.



_Os peccados e o castigo de Edom: a restauração e felicidade de Israel._

[Antes de Christo 587]

1 Visão de Obadias: [1] Assim diz o Senhor JEHOVAH a Edom: Temos ouvido
a prégação do Senhor, e foi enviado entre as nações um embaixador;
levantae-vos, e levantemo-nos contra ella para a guerra.

2 Eis que te fiz pequeno entre as nações; tu _és_ mui desprezado.

3 A soberba do teu coração te enganou, [2] _como_ o que habita nas
fendas das rochas, _na_ sua alta morada, que diz no seu coração: Quem me
derribará em terra?

4 Se [3] te elevares como aguia, e pozeres o teu ninho entre as
estrellas, d’ali te derribarei, diz o Senhor.

5 Se viessem a ti ladrões, [4] ou roubadores de noite (como _és_
destruido!), _porventura_ não furtariam o que lhes bastasse? se a ti
viessem os vindimadores, [5] _porventura_ não deixariam rabisco?

6 Como foram esquadrinhadas _as coisas_ de Esaú! como foram investigados
os seus esconderijos!

7 Todos os teus confederados te levaram para fóra até aos limites: os
que gozam da tua paz te enganaram, [6] prevaleceram contra ti; _os que
comem_ o teu pão pozeram debaixo de ti uma armadilha: não _ha_ n’elle
entendimento.

8 _Porventura_ [7] não acontecerá n’aquelle dia, diz o Senhor, que farei
perecer os sabios de Edom, _e_ o entendimento da montanha de Esaú?

9 E os teus valentes, [8] ó Teman, estarão atemorisados, para que da
montanha de Esaú seja cada um exterminado pela matança.

10 Por [9] causa da violencia feita a teu irmão Jacob, cobrir-te-ha a
confusão, e _serás_ exterminado para sempre.

11 No dia em que o confrontaste, no dia em que os forasteiros levavam
captivo o seu exercito, e os estranhos entravam pelas suas portas, [10] e
lançavam sortes sobre Jerusalem, tu _eras_ tambem como um d’elles.

12 Então tu não devias ver _satisfeito_ o dia de teu irmão, [11] no dia
do seu desterro; [12] nem alegrar-te sobre os filhos de Judah, no dia da
sua ruina; nem alargar a tua bocca, no dia da angustia;

13 Nem entrar pela porta do meu povo, no dia da sua calamidade; nem tão
pouco devias ver _satisfeito_ o seu mal, no dia da sua calamidade; nem
estender _as tuas mãos_ contra o seu exercito, no dia da sua calamidade;

14 Nem parar nas encruzilhadas, para lhe exterminares os que escapassem:
nem entregar os que lhe restassem, no dia da angustia.

15 Porque [13] o dia do Senhor _está_ perto, sobre todas as nações: [14]
como tu fizeste, assim se fará comtigo: a tua recompensa tornará sobre a
tua cabeça.

16 Porque, [15] como vós bebestes no monte da minha sanctidade, beberão
_tambem_ de continuo todas as nações: beberão, e engulirão, e serão como
se nunca fossem.

17 Porém [16] no monte de Sião haverá livramento; e elle será sanctidade;
e os da casa de Jacob possuirão as suas herdades.

18 E a casa de Jacob será fogo, [17] e a casa de José chamma, e a casa de
Esaú palha; e se accenderão contra elles, e os consumirão; e ninguem mais
restará da casa de Esaú, porque o Senhor _o_ fallou.

19 E os do sul possuirão a montanha de Esaú, e os das planicies os
philisteos: possuirão tambem [18] os campos de Ephraim, e os campos de
Samaria; e Benjamin a Gilead.

20 E os captivos d’este exercito, dos filhos de Israel, o que era dos
[19] cananitas, até Zarephath; e os captivos de Jerusalem, o que _está_
em Sepharad, possuirão as cidades do sul.

21 E levantar-se-hão salvadores [20] no monte Sião, para julgarem a
montanha de Esaú; e o reino será do Senhor.

[1] Jer. 49.14, etc.

[2] Isa. 14.13, 14, 15. Apo. 18.7.

[3] Job 20.6. Jer. 49.16 e 51.53. Amós 9.2. Hab. 2.9.

[4] Jer. 49.9.

[5] Deu. 24.21. Isa. 17.6 e 24.13.

[6] Jer. 38.22.

[7] Job 5.12, 13. Isa. 29.14. Jer. 49.7.

[8] Amós 2.16. Jer. 49.7.

[9] Gen. 27.41. Amós 1.11. Eze. 35.9. Mal. 1.4.

[10] Joel 3.3. Nah. 3.10.

[11] Miq. 4.11 e 7.10.

[12] Job 31.29. Pro. 17.5 e 24.17, 18. Miq. 7.8.

[13] Eze. 30.3. Joel 3.15.

[14] Eze. 35.14. Hab. 2.8.

[15] Jer. 25.28, 29 e 49.12. Joel 3.17. I Ped. 4.17.

[16] Joel 2.32. Amós 9.8.

[17] Isa. 10.17. Zac. 12.6.

[18] Amós 9.12. Sof. 2.7.

[19] I Reis 17.9, 10. Jer. 32.44.

[20] Thi. 5.20. Zac. 14.9. Luc. 1.33. Apo. 11.15 e 19.6.



JONAS.



_A vocação de Jonas; a sua fugida e o seu castigo._

[Antes de Christo 862]

1 E veiu a palavra do Senhor a [1] Jonas, filho de Amittai, dizendo:

2 Levanta-te, [2] vae á grande cidade de Ninive, e apregoa contra ella,
[3] porque a sua malicia subiu até mim.

3 E Jonas se levantou [4] para fugir de diante da face do Senhor para
Tarsis, e desceu a Joppe, e achou que um navio ia para Tarsis, e deu a
sua passagem, e desceu para dentro d’elle, para ir com elles para Tarsis,
[5] de diante da face do Senhor.

4 Mas o Senhor lançou ao mar um grande vento, e fez-se no mar uma grande
tempestade, e o navio estava para quebrar-se.

5 Então temeram os marinheiros, e clamavam cada um ao seu deus, [6] e
lançavam no mar as fazendas, que _estavam_ no navio, para o alliviarem
do seu _pezo_; [7] porém Jonas desceu aos lados do porão, e se deitou, e
dormia um profundo somno.

6 E o mestre do navio chegou-se a elle, e disse-lhe: Que tens,
adormentado? [8] levanta-te, clama ao teu Deus; _porventura_ Deus se
lembrará de nós para que não pereçamos.

7 E diziam cada um ao seu companheiro: Vinde, [9] e lancemos sortes, para
que saibamos por que causa nos _tem vindo_ este mal. E lançaram sortes, e
a sorte caiu sobre Jonas.

8 Então lhe disseram: [10] Declara-nos tu agora, por cuja causa nos _tem
vindo_ este mal. Que occupação é a tua? e d’onde vens? qual _é_ a tua
terra? e de que povo _és_ tu?

9 E elle lhes disse: Eu _sou_ hebreo, [11] e temo ao Senhor, o Deus do
céu, que fez o mar e a _terra_ secca.

10 Então estes homens tremeram com grande temor, e lhe disseram: Porque
fizeste tu isto? Pois sabiam os homens que fugia de diante do Senhor,
porque elle lh’o tinha declarado.

11 E disseram-lhe: Que te faremos nós, para que o mar se nos aquiete?
Porque o mar se elevava e engrossava cada vez mais.

12 E elle lhes disse: Levantae-me, e lançae-me no mar, e o mar se vos
aquietará; porque eu sei que por minha causa _é que_ vos sobreveiu esta
grande tempestade.

13 Mas os homens remavam, para tornar a trazer _o navio_ para terra, [12]
mas não podiam; porquanto o mar se ia embravecendo cada vez mais contra
elles.

14 Então clamaram ao Senhor, e disseram: Ah Senhor! não pereçamos
por causa da alma d’este [13] homem, e não ponhas sobre nós o sangue
innocente; porque tu, Senhor, fizeste como quizeste.

15 E levantaram a Jonas, e o lançaram no mar, [14] e cessou o mar da sua
furia.

16 Temeram pois estes homens ao Senhor com grande temor; [15] e
sacrificaram sacrificios ao Senhor, e votaram votos.

17 Preparou pois o Senhor _um_ grande peixe, que tragasse a Jonas; [16] e
esteve Jonas tres dias e tres noites nas entranhas do peixe.

[1] II Reis 14.25.

[2] Gen. 10.11, 12. cap. 3.2, 3 e 4.11.

[3] Gen. 18.20, 21. Esd. 9.6. Thi. 5.4. Apo. 18.5.

[4] cap. 4.2. Jos. 19.46. II Chr. 2.16. Act. 9.36.

[5] Gen. 4.16. Job 1.12 e 2.7.

[6] Act. 27.18, 19, 38.

[7] I Sam. 24.3.

[8] Joel 2.14.

[9] Jos. 7.14, 16. I Sam. 10.20, 21 e 14.41, 42. Pro. 16.33. Act. 1.26.

[10] Jos. 7.19. I Sam. 14.43.

[11] Act. 17.24.

[12] Pro. 21.30.

[13] Deu. 21.8.

[14] Luc. 8.24.

[15] Mar. 4.41. Act. 5.11.

[16] Mat. 12.40 e 16.4. Luc. 11.30.



_Jonas no ventre do grande peixe; sua oração e seu salvamento._

2 E orou Jonas ao Senhor, seu Deus, das entranhas do peixe.

2 E disse: Da minha angustia clamei [1] ao Senhor, e _elle_ me respondeu;
do ventre do [ADO] inferno gritei, _e_ tu ouviste a minha voz.

3 Porque tu me lançaste _no_ profundo, no coração dos mares, e a corrente
me tem cercado; todas as tuas ondas e as tuas vagas teem passado por cima
de mim.

4 E eu dizia: Lançado estou de diante dos teus olhos; todavia tornarei a
ver o templo da tua sanctidade.

5 As aguas me cercaram até á alma, o abysmo me rodeou, e a alga se
embrulhava á minha cabeça.

6 Eu desci até aos fundamentos dos montes: os ferrolhos da terra me
encerrariam para sempre; mas tu fizeste subir a minha vida da perdição, ó
Senhor meu Deus.

7 Desfallecendo em mim a minha alma, me lembrei do Senhor; e entrou a ti
a minha oração, no templo da tua sanctidade.

8 Os que observam as vaidades vãs [2] deixam a sua _propria_ misericordia.

9 Mas eu [3] te sacrificarei com a voz do agradecimento; o que votei
pagarei: do Senhor _vem_ a salvação.

10 Fallou pois o Senhor ao peixe: e vomitou a Jonas na terra.

[1] Lam. 3.55, 56.

[2] II Reis 17.15. Jer. 10.8 e 16.19.

[3] Ose. 14.2. Heb. 13.15.



_Jonas prega em Ninive: o arrependimento dos ninivitas._

3 E veiu a palavra do Senhor segunda vez a Jonas, dizendo:

2 Levanta-te, e vae á grande cidade de Ninive, e prega contra ella a
prégação que eu te digo.

3 E levantou-se Jonas, e foi a Ninive, segundo a palavra do Senhor: era
pois Ninive uma grande cidade de Deus, de tres dias de caminho.

4 E começava Jonas a entrar pela cidade caminho d’um dia, e prégava, e
dizia: Ainda quarenta dias, e Ninive será subvertida.

5 E os homens de Ninive [1] creram em Deus; e proclamaram _um_ jejum, e
vestiram-se de sacco, desde o maior até ao menor.

6 Porque esta palavra chegou ao rei de Ninive, e levantou-se do seu
throno, e tirou de si os seus vestidos, e cobriu-se de sacco, [2] e
assentou-se sobre a cinza.

7 E [3] fez apregoar, e fallou-se em Ninive, pelo mandado do rei e dos
seus grandes, dizendo: Nem homens, nem animaes, nem bois, nem ovelhas
provem coisa alguma, nem se lhes dê pasto, nem bebam agua.

8 Mas os homens e os animaes estarão cobertos de saccos, e clamarão
fortemente a Deus, [4] e se converterão, cada um do seu mau caminho, e da
violencia que _ha_ nas suas mãos.

9 Quem [5] sabe se se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do
furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?

10 E [6] Deus viu as obras d’elles, como se converteram do seu mau
caminho: e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria, e não o
fez.

[1] Mat. 12.41. Luc. 11.32.

[2] Job 2.8.

[3] II Chr. 20.3.

[4] Isa. 58.6 e 59.6.

[5] II Sam. 12.22. Joel 2.11.

[6] Jer. 18.8. Amós 7.3, 6.



_O descontentamento de Jonas e a resposta do Senhor._

4 E desagradou-se Jonas extremamente d’isso, e ficou todo apaixonado.

2 E orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! não _foi_ esta a minha palavra,
estando eu ainda na minha terra? [1] por isto _é que_ me preveni, fugindo
para Tarsis, pois sabia que _és_ Deus piedoso, [2] e misericordioso,
longanimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal.

3 Peço-te, pois, [3] ó Senhor, tira-me a minha alma, [4] porque melhor me
_é_ morrer do que viver.

4 E disse o Senhor: É bem feito que assim te apaixones?

5 Jonas, pois, saiu da cidade, e assentou-se ao oriente da cidade: e ali
fez uma cabana, e se assentou debaixo d’ella, á sombra, até ver que _era
o que_ acontecia á cidade.

6 E preparou o Senhor Deus uma aboboreira, e a fez subir por cima de
Jonas, para que fizesse sombra sobre a sua cabeça, a fim de o livrar
do seu enfado: e Jonas se alegrou _com_ grande alegria por causa da
aboboreira.

7 Mas Deus enviou um bicho, no dia seguinte ao subir da alva, e feriu a
aboboreira, e se seccou.

8 E aconteceu que, apparecendo o sol, Deus ordenou um vento calmoso
oriental, e o sol feriu a cabeça de Jonas; e elle desmaiou, e desejou com
toda a sua alma morrer, dizendo: [5] Melhor me _é_ morrer do que viver.

9 Então disse Deus a Jonas: É bem feito que assim te apaixones por causa
da aboboreira? E elle disse: É bem feito que me apaixone até á morte.

10 E disse o Senhor: Tiveste tu compaixão da aboboreira, na qual não
trabalhaste, nem a fizeste crescer, que n’uma noite nasceu, e n’uma noite
pereceu;

11 E [6] não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Ninive em que
estão mais de cento e vinte mil homens [7] que não sabem _discernir_
entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, _e_ muitos animaes?

[1] cap. 1.3.

[2] Exo. 34.6. Joel 2.13.

[3] I Reis 19.4.

[4] ver. 8.

[5] ver. 3.

[6] cap. 1.2 e 3.2, 3.

[7] Deu. 1.38.



MIQUEAS.



_Ameaças contra Israel e Judah por causa de sua injustiça e rebellião._

[Antes de Christo 750]

1 Palavra do Senhor, [1] que veiu a Miqueas, morasthita, nos dias de
Jothão, Achaz _e_ Ezequias, reis de Judah, [2] a qual elle viu sobre
Samaria e Jerusalem.

2 Ouvi, todos os povos, [3] attenta tu, terra, e a plenitude d’ella, e
seja o Senhor JEHOVAH testemunha contra vós, [4] o Senhor, desde o templo
da sua sanctidade.

3 Porque [5] eis que o Senhor sae do seu logar, e descerá, e pizará as
alturas da terra.

4 E [6] os montes debaixo d’elle se derreterão, e os valles se fenderão,
como a cera diante do fogo, como as aguas que se precipitam n’um abysmo.

5 Tudo isto por causa da prevaricação de Jacob, e dos peccados da casa de
Israel: quem _é o auctor da_ rebellião de Jacob? não _é_ Samaria? e quem
o _das_ alturas de Judah? não _é_ Jerusalem?

6 Por isso [7] farei de Samaria um montão de pedras do campo, uma terra
de plantar vinhas, e farei rebolar as suas pedras no valle, [8] e
descobrirei os seus fundamentos.

7 E todas as suas imagens de esculptura serão esmiuçadas, [9] e todos os
seus salarios serão queimados pelo fogo, e de todos os seus idolos eu
farei uma assolação, porque da paga de prostitutas _os_ ajuntou, e para a
paga de prostitutas voltarão.

8 Por isso lamentarei, [10] e uivarei, andarei despojado e nú: farei
lamentação como de dragões, e pranto como de abestruzes.

9 Porque a sua chaga _é_ incuravel, [11] porque chegou até Judah:
estendeu-se até á porta do meu povo, até Jerusalem.

10 Não [12] o annuncieis em Gath, nem choreis muito: [13] revolve-te no
pó, na casa de Aphra.

11 Passa, ó moradora de Saphir, [14] com nudez vergonhosa: a moradora de
Zaanan não sae para fóra; o pranto de Beth-ezel receberá de vós a sua
estancia.

12 Porque a moradora de Maroth teve dôr pelo bem; [15] porque desceu do
Senhor o mal até á porta de Jerusalem.

13 Ata os animaes ligeiros ao carro, [16] ó moradora de Lachis (esta _é_
o principio do peccado para a filha de Sião), porque em ti se acharam as
transgressões de Israel.

14 Por isso [17] dá presentes a Moreshethgath: as casas de Achzib _serão
casas_ de mentira aos reis de Israel.

15 Ainda te trarei um herdeiro, [18] ó moradora de Maresha: [19]
chegar-se-ha até Adullam, para gloria de Israel.

16 Faze-te calva, [20] e tosquia-te, por causa dos filhos das tuas
delicias: alarga a tua calva como a aguia, porque te foram levados
captivos.

[1] Jer. 26.18.

[2] Amós 1.1.

[3] Deu. 32.1. Isa. 1.2. Mal. 3.5.

[4] Heb. 2.20.

[5] Isa. 26.21. Deu. 32.13 e 33.29.

[6] Jui. 5.5. Isa. 64.1, 2, 3. Amós 9.5. Hab. 5.6, 10.

[7] II Reis 19.25. cap. 3.12.

[8] Eze. 13.14.

[9] Ose. 2.5, 12.

[10] Isa. 21.3 e 22.4. Jer. 4.19. Isa. 20.2, 3, 4.

[11] II Reis 18.13. Isa. 8.7, 8.

[12] II Sam. 1.20.

[13] Jer. 6.26.

[14] Isa. 20.4 e 47.2, 3. Jer. 13.22. Nah. 3.5.

[15] Amós 3.6.

[16] II Reis 18.14, 17.

[17] II Sam. 8.2. II Reis 18.14, 15, 16.

[18] Jos. 15.44.

[19] II Chr. 11.7.

[20] Isa. 15.2 e 22.12. Jer. 7.29.



2 Ai [1] d’aquelles que nas suas camas intentam a iniquidade, e obram o
mal: [2] á luz da alva o põem em obra, porque está no poder da sua mão!

[Antes de Christo 710]

2 E [3] cobiçam campos, e os arrebatam, e casas, e as tomam: assim fazem
violencia a um homem e á casa, a uma pessoa e á sua herança.

3 Portanto, assim diz o Senhor: [4] Eis que intento mal contra esta
geração, d’onde não tirareis os vossos pescoços, [5] nem andareis tão
altivos, porque o tempo _será_ mau.

4 N’aquelle dia [6] se levantará um proverbio sobre vós, e se pranteará
pranto lastimoso, dizendo: Nós estamos inteiramente desolados! [7] a
porção do meu povo elle a troca! como me despoja! para nos tirar os
nossos campos elle os reparte!

5 Portanto, [8] não terás tu na congregação do Senhor quem lance o
cordel pela sorte.

6 Não [9] prophetizeis, _os que_ prophetizam, não prophetizem d’este
modo, _que_ se não apartará a vergonha.

7 Ó vós _que sois_ chamados a casa de Jacob, _porventura_ se tem
encurtado o Espirito do Senhor? _são_ estas as suas obras? e não é assim
que fazem bem as minhas palavras ao que anda rectamente?

8 Mas _assim como fôra_ hontem, se levantou o meu povo por inimigo: de
sobre a vestidura tirastes a capa d’aquelles que passavam seguros, como
os que voltavam da guerra.

9 Lançaes fóra as mulheres do meu povo, da casa das suas delicias: dos
seus meninos tirastes o meu louvor para sempre.

10 Levantae-vos, _pois_, e andae, [10] porque não será esta _terra_ o
descanço; porquanto está contaminada, _vos_ corromperá, e isso com grande
corrupção.

11 Se _houver_ algum que siga o seu espirito, e está mentindo falsamente,
_dizendo_: Eu te prophetizarei de vinho e de bebida forte; far-se-ha
então _este_ tal o propheta d’este povo.

12 Certamente [11] te ajuntarei todo inteiro, ó Jacob: certamente
congregarei o restante de Israel: pôl-o-hei todo junto, como ovelhas de
Bozra; [12] como o rebanho no meio do seu curral, farão estrondo pela
_multidão_ dos homens.

13 Subirá diante d’elles o que romperá o _caminho_: elles romperão, e
entrarão pela porta, e sairão por ella; [13] e o rei irá adiante d’elles,
e o Senhor á testa d’elles.

[1] Ose. 7.6.

[2] Gen. 31.29.

[3] Isa. 5.8.

[4] Jer. 8.3.

[5] Amós 5.13. Eph. 5.16.

[6] II Sam. 1.17.

[7] cap. 1.15.

[8] Deu. 32.8, 9.

[9] Amós 2.12.

[10] Deu. 12.9. Jer. 3.2.

[11] cap. 4.6, 7.

[12] Jer. 31.13. Eze. 36.37.

[13] Ose. 3.5. Isa. 52.12.



_Ameaças contra os chefes e os falsos prophetas._

3 Mais disse eu: Ouvi agora vós, chefes de Jacob, e vós, principes da
casa de Israel; [1] _porventura_ não _é_ a vós _que pertence_ saber o
direito?

2 Que aborreceis o bem, e amaes o mal, que lhes arrancaes a pelle de cima
d’elles, e a sua carne de cima dos seus ossos,

3 E que comeis a carne do meu povo, e lhes esfolaes a sua pelle, e lhes
esmiuçaes os ossos, [2] e os repartis como para a panella e como carne no
meio do caldeirão.

4 Então [3] clamarão ao Senhor, mas não os ouvirá, antes esconderá
d’elles a sua face n’aquelle tempo, visto que elles fizeram mal com as
suas obras.

5 Assim [4] diz o Senhor contra os prophetas que fazem errar o meu povo,
[5] que mordem com os seus dentes, e clamam paz; mas contra aquelle que
nada lhes mette na bocca preparam guerra.

6 Portanto, [6] se vos fará noite [ADP] por causa da prophecia, e vos
serão trevas [ADQ] por causa da adivinhação, [7] e se porá o sol sobre
estes prophetas, e o dia sobre elles se ennegrecerá.

7 E os videntes se envergonharão, e os adivinhadores se confundirão; e
todos juntos cobrirão o beiço superior, [8] porque não _haverá_ resposta
de Deus.

8 Mas decerto eu sou cheio da força do Espirito do Senhor, e _cheio_ de
juizo e animo, [9] para annunciar a Jacob a sua transgressão e a Israel o
seu peccado.

9 Ouvi agora isto, vós, chefes da casa de Jacob, e vós, maioraes da casa
de Israel, que abominaes o juizo e perverteis tudo o que é direito,

10 [10] Edificando a Sião com sangue, e a Jerusalem com injustiça.

11 Os [11] seus chefes dão as sentenças por presentes, e os seus
sacerdotes ensinam por interesse, e os seus prophetas adivinham por
dinheiro; [12] e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: _Porventura_ não
_está_ o Senhor no meio de nós? nenhum mal nos sobrevirá.

12 Portanto, por causa de vós, [13] Sião será lavrada _como_ um campo, e
Jerusalem se fará montões de pedras, [14] e o monte d’esta casa alturas
de bosque.

[1] Jer. 5.4, 5.

[2] Exo. 11.3, 7.

[3] Pro. 1.28. Isa. 1.15. Eze. 8.18. Zac. 7.13.

[4] Isa. 56.10, 11. Eze. 13.10 e 22.25.

[5] Mat. 7.15. Eze. 13.18, 19.

[6] Isa. 8.20, 22. Eze. 13.23.

[7] Amós 8.9.

[8] Amós 8.11.

[9] Isa. 58.1.

[10] Jer. 22.13. Hab. 2.12. Sof. 3.3.

[11] Isa. 1.23. cap. 7.3. Jer. 6.13.

[12] Isa. 48.2. Rom. 2.17.

[13] Jer. 26.18. cap. 1.6.

[14] cap. 4.2.



_O annuncio da vocação dos gentios._

4 Mas [1] no ultimo dos dias acontecerá que o monte da casa do Senhor
será estabelecido no cume dos montes, e se elevará sobre os outeiros, e
concorrerão a elle os povos.

2 E irão muitas nações, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor,
e á casa do Deus de Jacob, para que nos ensine os seus caminhos, e nós
andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do
Senhor de Jerusalem.

3 E julgará entre muitos povos, e castigará poderosas nações até mui
longe, [2] e converterão as suas espadas em enxadas, e as suas lanças
em foices: _uma_ nação contra _outra_ nação não levantará a espada, nem
aprenderão mais a guerra.

4 Mas [3] assentar-se-hão, cada um debaixo da sua videira, e debaixo da
sua figueira, e não haverá quem os espante, porque a bocca do Senhor dos
Exercitos o fallou.

5 Porque [4] todos os povos andarão, cada um no nome do seu deus; mas nós
andaremos no nome do Senhor nosso Deus, eternamente e para sempre.

6 N’aquelle dia, diz o Senhor, [5] congregarei a que coxeava, e
recolherei a que eu tinha expulsado, e a que eu tinha maltratado.

7 E [6] da que coxeava farei um resto, e da que estava rejeitada longe
uma nação poderosa; [7] e o Senhor reinará sobre elles no monte de Sião,
desde agora e para sempre.

8 E tu, [ADR] ó torre do rebanho, monte da filha de Sião, até a ti virá;
certamente virá o primeiro dominio, o reino da filha de Jerusalem.

9 Ora porque farias tão grande pranto? [8] não _ha_ em ti rei? pereceu o
teu conselheiro? apoderou-se de ti dôr, como da que está de parto?

10 Soffre dôres, e trabalhos, para produzir, ó filha de Sião, como a que
está de parto, porque agora sairás da cidade, e morarás no campo, e virás
até Babylonia: ali, _porém_, serás livrada; ali te remirá o Senhor da mão
de teus inimigos.

11 Agora [9] se congregaram muitas nações contra ti, que dizem: Seja
profanada, e os nossos olhos verão seus desejos sobre Sião.

12 Mas [10] não sabem os pensamentos do Senhor, nem entendem o seu
conselho: [11] porque as ajuntou como gavelas á eira.

13 Levanta-te, [12] e trilha, ó filha de Sião; porque eu farei de ferro
[ADS] a tua ponta, e de cobre as tuas unhas; e esmiuçarás a muitos povos,
[13] e o seu ganho consagrarei ao Senhor, e a sua fazenda ao Senhor de
toda a terra.

[1] Isa. 2.2, etc. Eze. 17.22, 23.

[2] Isa. 2.4. Joel 3.10.

[3] I Reis 4.25. Zac. 3.10.

[4] Jer. 2.11.

[5] Eze. 34.16. Sof. 3.19. Eze. 34.13 e 37.21.

[6] cap. 2.12 e 5.3, 7, 8 e 7.18.

[7] Isa. 9.6 e 24.23. Dan. 7.14, 27. Luc. 1.33. Apo. 11.15.

[8] Jer. 8.19. Isa. 13.8 e 21.3. Jer. 30.6 e 50.43.

[9] Lam. 2.16. cap. 7.10.

[10] Isa. 55.8. Rom. 11.33.

[11] Isa. 21.10.

[12] Isa. 41.15, 16. Jer. 51.33.

[13] Isa. 18.7 e 23.18 e 60.6, 9. Zac. 4.13 e 6.5.



5 Agora ajunta-te com esquadrões, ó filha de esquadrões; pôr-se-ha cerco
sobre nós: [1] ferirão com a vara no queixo ao juiz de Israel.


_Predicção do nascimento do Messias e da instituição do seu reino._

2 E tu, Beth-lehem Ephrata, [2] _ainda que és_ pequena entre os milhares
de Judah, [3] de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas saidas
são desde os tempos antigos, [4] desde os dias da eternidade.

3 Portanto [5] os entregará até ao tempo em que a que está de parto tiver
parido: então o resto de seus irmãos voltará com os filhos de Israel.

4 E elle estará em pé, [6] e apascentará _ao povo_ na força do Senhor, na
excellencia do nome do Senhor seu Deus: [7] e elles permanecerão, porque
agora será engrandecido até aos fins da terra.

5 E este será a paz: quando a Assyria vier á nossa terra, e quando
passar os nossos palacios, levantaremos contra elle sete pastores e oito
principes d’entre os homens.

6 Esses consumirão a terra da Assyria á espada, [8] e a terra de Nimrod
nas suas entradas. Assim _nos_ livrará da Assyria, [9] quando vier á
nossa terra, e quando calcar os nossos termos.

7 E [10] estará o resto de Jacob no meio de muitos povos, como orvalho do
Senhor, como _uns_ choviscos sobre a terra, que não espera pelo homem,
nem aguarda a filhos de homens.

8 E o resto de Jacob estará entre as nações, no meio de muitos povos,
como um leão entre os animaes do bosque, como um leãosinho entre os
rebanhos de ovelhas, o qual, quando passar, pizará e despedaçará, sem que
haja quem _as_ livre.

9 A tua mão se exaltará sobre os seus adversarios; e todos os teus
inimigos serão exterminados.

10 E [11] succederá n’aquelle dia, diz o Senhor, que eu exterminarei do
meio de ti os teus cavallos, e destruirei os teus carros;

11 E destruirei as cidades da tua terra, e derribarei todas as tuas
fortalezas;

12 E exterminarei as feitiçarias da tua mão: [12] e não terás agoureiros;

13 E [13] exterminarei do meio de ti as tuas imagens de esculptura e
[ADT] as tuas estatuas; e tu não te inclinarás mais diante da obra das
tuas mãos.

14 E arrancarei os teus bosques do meio de ti; e destruirei as tuas
cidades.

15 E [14] com ira e com furor farei vingança das nações que não ouvem.

[1] Lam. 3.30. Mat. 5.39 e 27.30.

[2] Mat. 2.6. João 7.42. I Sam. 23.23.

[3] Isa. 9.6.

[4] João 1.1.

[5] cap. 4.10.

[6] Isa. 40.11 e 49.9. Eze. 34.23. cap. 7.14.

[7] Isa. 52.13. Zac. 9.10. Luc. 1.32 e 2.14.

[8] Gen. 10.8, 10, 11.

[9] Luc. 1.71.

[10] ver. 3. Deu. 32.2.

[11] Zac. 9.10.

[12] Isa. 2.6.

[13] Zac. 13.2. Isa. 2.8.

[14] II The. 1.8.



_A contenda do Senhor com o seu povo. As maldades de Israel: Deus não
terá compaixão._

6 Ouvi agora o que diz o Senhor: Levanta-te, contende com os montes, e
ouçam os outeiros a tua voz.

2 Ouvi [1] montes, a contenda do Senhor, e vós, fortes fundamentos da
terra; porque o Senhor tem uma contenda com o seu povo, e com Israel
entrará em juizo.

3 Ó povo meu; [2] que te tenho feito? e com que te enfadei? testifica
contra mim.

4 Certamente te fiz [3] subir da terra do Egypto e da casa da servidão te
remi; e enviei adiante de ti a Moysés, Aarão e Miriam.

5 Povo meu, ora lembra-te do que consultou [4] Balak, rei de Moab, e o
que lhe respondeu Balaão, filho de Beor, desde Sittim até Gilgal; para
que conheças [5] as justiças do Senhor.

6 Com que coisa encontrarei ao Senhor, _e_ me inclinarei ao Deus
altissimo? encontral-o-hei com holocaustos? com bezerros de _um_ anno?

7 Agradar-se-ha [6] o Senhor de milhares de carneiros? de dez mil
ribeiros de azeite? [7] darei o meu primogenito pela minha transgressão?
o fructo do meu ventre _pelo_ peccado da minha alma?

8 Elle te declarou, [8] ó homem, o que _é_ bom; e que é o que o Senhor
pede de ti, senão que pratiques a justiça, [9] e ames a beneficencia, e
andes humildemente com o teu Deus?

9 A voz do Senhor clama á cidade (porque o teu nome vê a inteireza): Ouvi
a vara, e a quem a ordenou.

10 Ainda ha _na_ casa do impio thesouros da impiedade? e epha pequena,
[10] _que é_ detestavel?

11 Seria eu limpo com balanças falsas? e com uma bolsa de pesos enganosos?

12 Porque os seus ricos estão cheios de violencia, e os seus habitantes
fallam mentiras; [11] e a sua lingua _é_ enganosa na sua bocca.

13 Assim eu tambem _te_ enfraquecerei, ferindo-te _e_ assolando-_te_ por
causa dos teus peccados.

14 Tu comerás, [12] mas não te fartarás; e a tua humilhação _estará_ no
meio de ti; e tu removerás, mas não livrarás; e aquillo que livrares, eu
_o_ entregarei á espada.

15 Tu semearás, [13] mas não segarás: pisarás a azeitona, mas não te
ungirás com azeite; e o mosto, mas não beberás vinho.

16 Porque se guardaram [14] os estatutos de Omri, e toda a obra da casa
de Acab, e vós andaes nos conselhos d’elles; [15] para que eu te faça uma
desolação, e dos seus habitantes um assobio: assim trareis sobre vós o
opprobrio do meu povo.

[1] Deu. 32.1. Isa. 1.2. Ose. 12.2. Isa. 43.26. Ose. 4.1.

[2] Jer. 2.5, 31.

[3] Exo. 12.51 e 14.30 e 20.2. Deu. 4.20. Amós 2.10.

[4] Num. 22.5 e 23.7. Deu. 23.4, 5. Jos. 24.9, 10. Apo. 2.14.

[5] Jui. 5.11.

[6] Isa. 1.11.

[7] II Reis 16.3 e 21.6 e 23.10. Jer. 7.31 e 19.5. Eze. 23.37.

[8] Deu. 10.12. I Sam. 15.22. Ose. 6.6 e 12.6.

[9] Gen. 18.19. Isa. 1.17.

[10] Deu. 25.13-16. Pro. 11.1 e 20.10, 23. Ose. 12.7.

[11] Jer. 9.3, 5, 6, 8.

[12] Lev. 26.26. Ose. 4.10.

[13] Deu. 28.38, 39, 40. Amós 5.11. Sof. 1.13. Agg. 1.6.

[14] I Reis 16.25, 26. Ose. 5.11. II Reis 21.3.

[15] Jer. 19.8. Isa. 25.8. Jer. 51.51. Lam. 5.1.



7 Ai de mim! porque estou feito como quando se tem colhido as fructas
do verão, [1] como os rabiscos da vindima; não _ha_ cacho de uvas para
comer; [2] desejou a minha alma figos temporãos.

2 _Já_ pereceu o benigno da terra, e não ha entre os homens _um que seja_
recto: todos armam ciladas para sangue; [3] caçam cada um a seu irmão
_com_ rede,

3 Para _com_ ambas as mãos [4] fazerem diligentemente o mal; assim
demanda o principe, e o juiz _julga_ pela recompensa, e o grande falla a
corrupção da sua alma, e a [ADU] torcem.

4 O melhor [5] d’elles _é_ como _um_ espinho; o mais recto _é_ peior do
que o espinhal: veiu o dia dos teus vigias, veiu a tua visitação; agora
será a sua confusão.

5 Não creias [6] no amigo, nem confieis no vosso guia, d’aquella que
repousa no teu seio guarda as portas da tua bocca.

6 Porque [7] o filho despreza ao pae, a filha se levanta contra sua mãe,
a nora contra sua sogra, os inimigos do homem _são_ os da sua casa.

7 Eu, porém, [8] esperarei no Senhor; esperei no Deus da minha salvação:
o meu Deus me ouvirá.

8 Ó inimiga minha, [9] não te alegres de mim; ainda bem que eu tenho
caido, levantar-me-hei: se morar nas trevas, o Senhor _será_ a minha luz.

9 Soffrerei [10] a ira do Senhor, porque pequei contra elle, até que
julgue a minha causa, e execute o meu direito: elle tirar-me-ha á luz,
verei _satisfeito_ a sua justiça.

10 E a minha inimiga _o_ verá, e cobril-a-ha a confusão; e aquella que me
diz: [11] Onde está o teu Deus? os meus olhos a verão _satisfeitos_; [12]
agora será ella pisada como a lama das ruas.

11 No dia _em que_ reedificar os teus muros, [13] n’esse dia longe estará
ainda o estatuto.

12 N’aquelle dia [14] virá até ti, desde a Assyria _até_ ás cidades
fortes, e das fortalezas até ao rio, e do mar _até_ ao mar, e _da_
montanha até á montanha.

13 Porém esta terra será posta em desolação, por causa dos seus
moradores, [15] por causa do fructo das suas obras.

14 Apascenta o teu povo com a tua vara, o rebanho da tua herança, [16]
que móra só no bosque, no meio da terra fertil; apascentem-se _em_ Basan
e Gilead, como nos dias da antiguidade.

15 Eu lhes mostrarei maravilhas, como nos dias da tua subida da terra do
Egypto.

16 As nações o verão, [17] e envergonhar-se-hão, por causa de todo o seu
poder: porão a mão sobre a bocca, _e_ os seus ouvidos ficarão surdos.

17 Lamberão [18] o pó como serpentes, como _uns_ reptis da terra,
tremendo, sairão dos seus encerramentos; [19] com pavor virão ao Senhor
nosso Deus, e terão medo de ti.

18 Quem [20] _é_ Deus similhante a ti, que perdoa a iniquidade, e que
passa pela rebellião do restante da sua herança? não retem a sua ira para
sempre, [21] porque tem prazer na benignidade.

19 Tornará a apiedar-se de nós: sujeitará as nossas iniquidades, e tu
lançarás todos os seus peccados nas profundezas do mar.

20 Darás [22] a Jacob a fidelidade, e a Abrahão a benignidade, que
juraste a nossos paes desde os dias antigos.

[1] Isa. 17.6 e 24.13.

[2] Isa. 28.4. Ose. 9.10.

[3] Hab. 1.15.

[4] Ose. 4.18. Isa. 1.23. cap. 3.11.

[5] II Sam. 23.6, 7. Eze. 2.6. Isa. 55.13.

[6] Jer. 9.4.

[7] Eze. 22.7. Mat. 10.21, 35, 36. Luc. 12.53 e 21.16. II Tim. 3.2, 5.

[8] Isa. 8.17.

[9] Pro. 24.17. Lam. 4.21.

[10] Lam. 3.39.

[11] cap. 4.11.

[12] II Sam. 22.43. Zac. 10.5.

[13] Amós 9.11, etc.

[14] Isa. 11.16 e 19.23, etc. e 27.13. Ose. 11.11.

[15] Jer. 21.14. cap. 3.12.

[16] Isa. 37.24.

[17] Isa. 26.11. Job 21.5 e 29.9.

[18] Isa. 49.23.

[19] Jer. 33.9.

[20] Exo. 15.11 e 34.6. Jer. 50.20. cap. 4.7 e 5.3, 7, 8.

[21] Jer. 3.5.

[22] Luc. 1.72, 73.



NAHUM.



_A justiça e misericordia de Deus: a destruição de seus inimigos e o
livramento do seu povo._

[Antes de Christo 713]

1 Carga de [1] Ninive. Livro da visão de Nahum, o elcoshita.

2 O Senhor [2] _é_ Deus zeloso e que toma vingança, o Senhor toma
vingança e tem furor: o Senhor toma vingança contra os seus adversarios,
e guarda a ira contra os seus inimigos.

3 O Senhor _é_ tardio [3] em irar-se, porém grande em força, e _ao
culpado_ não tem por innocente: [4] o Senhor, cujo caminho _é_ na
tormenta, e na tempestade, e as nuvens _são_ o pó dos seus pés.

4 Elle reprehende [5] ao mar, e o faz seccar, e esgota todos os rios:
desfallecem Basan e Carmelo, [6] e a flor do Libano se murchou.

5 Os montes tremem perante [7] elle, e os outeiros se derretem; e a terra
se levanta na sua presença; e o mundo, e todos os que n’elle habitam.

6 Quem parará diante do seu furor? [8] e quem persistirá diante do ardor
da sua ira? a sua colera se derramou como um fogo, e as rochas foram por
elle derribadas.

7 O Senhor é bom, [9] _elle serve_ de fortaleza no dia da angustia, e
conhece aos que confiam n’elle.

8 E com uma inundação trasbordante acabará d’uma vez com o seu logar; e
as trevas perseguirão os seus inimigos.

9 Que pensaes vós contra o Senhor? [10] elle mesmo vos consumirá de todo:
não se levantará por duas vezes a angustia.

10 Porque elles se entrelaçam como os espinhos, [11] e se embebedam como
bebados; serão inteiramente consumidos como palha secca.

11 De ti saiu um que pensou mal contra o Senhor, [12] um conselheiro de
Belial.

12 Assim diz o Senhor: Por mais seguros que _estejam_, [13] e por mais
numerosos que _sejam_, ainda assim serão tosquiados, e elle passará: eu
te affligi, _porém_ não te affligirei mais.

13 Mas agora quebrarei [14] o seu jugo de sobre ti, e romperei os teus
laços.

14 Porém contra ti o Senhor deu ordem, que mais ninguem do teu nome seja
semeado: da casa do teu deus exterminarei as imagens de esculptura e de
fundição: ali te [15] farei o teu sepulchro, porque és vil.

15 Eis que [16] sobre os montes os pés do que traz as boas novas, do que
annuncia a paz! celebra as tuas festas, ó Judah, cumpre os teus votos,
[17] porque o impio não tornará mais a passar por ti: elle é inteiramente
exterminado.

[1] Sof. 2.13.

[2] Exo. 20.5 e 34.14. Deu. 4.24. Jos. 24.19. Deu. 32.35. Isa. 59.18.

[3] Exo. 34.6, 7. Neh. 9.17. Jon. 4.2.

[4] Hab. 3.5, 11, 12.

[5] Isa. 50.2. Mat. 8.26.

[6] Isa. 33.9.

[7] Jui. 5.5. Miq. 1.4. II Ped. 3.10.

[8] Mal. 3.2. Apo. 16.1.

[9] I Chr. 16.34. Jer. 33.11. Lam. 3.25.

[10] I Sam. 3.12.

[11] II Sam. 23.6, 7. cap. 3.11. Mal. 4.1.

[12] II Reis 19.22, 23.

[13] II Reis 19.35, 37. Dan. 11.10.

[14] Jer. 2.20 e 30.8.

[15] II Reis 19.37.

[16] Isa. 52.7. Rom. 10.15.

[17] ver. 11, 12. ver. 14.



_O cerco e tomada de Ninive._

2 O destruidor [1] subiu diante de ti, guarda tu a fortaleza, observa o
caminho, esforça os lombos, fortalece muito a força.

2 Porque [2] o Senhor tornará a excellencia de Jacob como a excellencia
de Israel; porque os que despejam os vazaram, e corromperam os seus
sarmentos.

3 Os escudos dos seus valentes serão _tintos [3] de_ vermelho, os homens
valorosos andam vestidos de escarlate, os carros _correrão_ como fogo de
tochas no dia do seu apercebimento, e os pinheiros se abalarão.

4 Os carros se enfurecerão nas praças, discorrerão pelas ruas: o seu
parecer _é_ como o de tochas, correrão como relampagos.

5 Este se lembrará dos seus valentes, elles _porém_ tropeçarão na sua
marcha: apresentar-se-hão ao seu muro, quando o amparo fôr apparelhado.

6 As portas do rio se abrirão, e o palacio se derreterá.

7 Pois determinado está; será levada captiva, será feita subir, e as suas
servas a acompanharão, [4] gemendo como pombas, batendo em seus peitos.

8 Ninive desde que existiu tem sido como um tanque de aguas, porém ellas
_agora_ fogem. Parae, parae, _clamar-se-ha_; mas ninguem olhará para traz.

9 Saqueae a prata, saqueae o oiro, porque não tem termo o provimento,
abastança ha de todo o genero de moveis appeteciveis.

10 Vazia, e vazada e esgotada ficará, e derreteu-se o seu coração, [5]
e tremem os joelhos, e em todos os lombos ha dôr, e os rostos de todos
elles ennegrecem.

11 Onde _está agora_ o covil dos leões, [6] e as pastagens dos
leõesinhos? onde passeava o leão velho, _e_ o cachorro do leão, sem haver
ninguem que _os_ espantasse?

12 O leão arrebatava o que bastava para os seus cachorros, e afogava a
preza para as suas leôas, e enchia de prezas as suas cavernas, e os seus
covis de rapina.

13 Eis que [7] eu _estou_ contra ti, diz o Senhor dos exercitos, e
queimarei no fumo os seus carros, e a espada devorará os teus leõesinhos,
e arrancarei da terra a tua preza, [8] e não se ouvirá mais a voz dos
teus embaixadores.

[1] Jer. 50.23 e 51.11, 12.

[2] Isa. 10.12. Jer. 25.29.

[3] Isa. 63.2, 3.

[4] Isa. 38.14 e 59.11.

[5] Isa. 13.7, 8. Dan. 5.6. Jer. 30.6. Joel 2.6.

[6] Job 4.10, 11. Eze. 19.2, 7.

[7] Eze. 33.3 e 39.1. cap. 3.5.

[8] II Reis 18.17, 19 e 19.9, 23.



_Os delictos de Ninive: a sua ruina inevitavel._

3 Ai [1] da cidade ensanguentada, _que está_ toda cheia de mentiras _e_
de rapina! não se aparta d’ella o roubo.

2 Estrepito [2] de açoite _ha_, e o estrondo do ruido das rodas; e os
cavallos atropellam, e carros vão saltando.

3 O cavalleiro levanta assim a espada flammejante, como a lança
relampagueante, e _ali haverá_ uma multidão de mortos, e abundancia de
cadaveres, e não terão fim os defuntos; tropeçarão nos seus corpos;

4 Por causa da multidão das fornicações da meretriz mui [3] graciosa, da
mestra das feitiçarias, que vendeu os povos com as suas fornicações, e as
gerações com as suas feitiçarias.

5 Eis que [4] eu _estou_ contra ti, diz o Senhor dos Exercitos, e
descobrirei as tuas fraldas sobre a tua face, [5] e ás nações mostrarei a
tua nudez, e aos reinos a tua vergonha.

6 E lançarei sobre ti coisas abominaveis, e te envergonharei, [6] e
pôr-te-hei como espectaculo.

7 E ha de ser que, todos os que te virem, fugirão de ti, [7] e dirão:
Ninive está destruida, quem terá compaixão d’ella? d’onde te buscarei
consoladores?

8 És [8] tu melhor do que Nóammon, que está assentada nos rios, cercada
de aguas, que _tinha por_ esplanada o mar, cuja muralha _é_ do mar?

9 Ethiopia e Egypto _eram_ a sua força, e não _havia_ fim: Put e Lybia te
foram de soccorro.

10 Todavia foi levada captiva para o desterro: [9] tambem os seus filhos
são despedaçados no topo de todas [10] as ruas, e sobre os seus honrados
lançaram sortes, e todos os seus grandes foram presos com grilhões.

11 Tu tambem [11] serás embriagada, e te esconderás; tambem buscarás
força por causa do inimigo.

12 Todas as tuas fortalezas serão _como_ figueiras [12] com _figos_
temporãos; se se sacodem, caem na bocca do que os ha de comer.

13 Eis que [13] o teu povo no meio de ti _será como de_ mulheres: as
portas da tua terra estarão de todo abertas aos teus inimigos: o fogo
consumirá os teus ferrolhos.

14 Tira aguas para o cerco, fortifica as tuas fortalezas, [14] entra no
lodo, e pisa o barro, repara o forno dos ladrilhos.

15 O fogo ali te consumirá, a espada te exterminará, te consumirá, como
a locusta; [15] multiplica-te como a locusta, multiplica-te como os
gafanhotos.

16 Multiplicaste os teus negociantes mais do que as estrellas do céu, a
locusta se espalhará e voará.

17 Os [16] teus coroados _são_ como os gafanhotos, e os teus chefes
como os gafanhotos grandes, que se acampam nas sebes nos dias de frio;
em subindo o sol voam, de sorte que não se conhece mais o logar onde
_estiveram_.

18 Os teus pastores [17] dormitarão, ó rei da Assyria, os teus illustres
deitar-se-hão, o teu povo se derramará pelos montes; sem que haja quem
_o_ ajunte.

19 Não _ha_ cura para a tua quebradura, [18] a tua ferida é dolorosa:
todos os que ouvirem a tua fama baterão as palmas sobre ti; porque, sobre
quem não passou continuamente a tua malicia?

[1] Eze. 22.2, 3 e 24.6, 9. Hab. 2.12.

[2] Jer. 47.3.

[3] Apo. 18.2, 3.

[4] cap. 2.13. Isa. 47.2, 3. Jer. 13.22, 26. Eze. 16.37. Miq. 1.11.

[5] Hab. 2.16.

[6] Mal. 2.9.

[7] Apo. 18.10. Jer. 15.5.

[8] Jer. 46.25, 26. Eze. 30.14-16.

[9] Isa. 13.16. Ose. 13.16. Lam. 2.19.

[10] Joel 3.3. Oba. 11.

[11] Jer. 25.17, 27. cap. 1.10.

[12] Apo. 6.13.

[13] Jer. 50.37 e 51.30.

[14] cap. 2.1.

[15] Joel 1.4.

[16] Apo. 9.7.

[17] Exo. 15.16. Eze. 31.3, etc.

[18] Miq. 1.9. Sof. 2.15. Isa. 14.8.



HABACUC.



_A iniquidade de Judah: este será castigado pelos chaldeos: a intercessão
do propheta._

[Antes de Christo 626]

1 A carga que viu o propheta Habacuc.

2 Até quando, Senhor, clamarei eu, [1] e tu não me escutarás? _até
quando_ gritarei a ti: Violencia! e não salvarás?

3 Por que razão me fazes vêr a iniquidade, e vês a vexação? porque a
destruição e a violencia _estão_ diante de mim, havendo tambem quem
suscite a contenda e o litigio.

4 Por esta causa a lei se afrouxa, e a sentença nunca sae; [2] porque o
impio cérca o justo, e sae a sentença torcida.

5 Vêde entre as nações, e olhae, e maravilhae-vos, [3] e estae
maravilhados; porque obro uma obra em vossos dias _que_ não crereis,
quando se vos contar.

6 Porque [4] eis que suscito os chaldeos, nação amarga e apressada, que
marcha sobre a largura da terra, para possuir moradas _que_ não _são_
suas.

7 Horrivel e terrivel _é_; d’ella mesma sairá o seu juizo e a sua
grandeza.

8 E os seus cavallos são mais ligeiros do que os leopardos, [5] e mais
[ADV] perspicazes do que os lobos á tarde, e os seus cavalleiros se
espalham; os seus cavalleiros virão de longe; [6] voarão como aguias que
se apressam á comida.

9 Elles todos virão a fim de obrar violencia: os seus rostos buscarão o
oriente, e congregará os captivos como areia.

10 E escarnecerão dos reis, e dos principes farão zombaria: elles se
rirão de todas as fortalezas, porque amontoarão terra, e as tomarão.

11 Então passará _como_ vento, e traspassará, e se fará culpada,
_attribuindo_ este seu poder ao seu deus.

12 _Porventura_ não _és_ tu desde sempre, ó Senhor meu Deus, meu Sancto?
nós não morreremos: [7] ó Senhor, para juizo o pozeste, e tu, ó Rocha, o
fundaste para castigar.

13 Tu _és_ tão puro de olhos, que não podes vêr o mal, e a vexação não
podes contemplar: [8] porque olhas para os que obram aleivosamente?
_porque_ te calas quando o impio devora aquelle que _é_ mais justo do que
elle?

14 E _porque_ farias os homens como os peixes do mar, como os reptis, que
não teem quem os governe?

15 Elle [9] a todos tira com o anzol, apanhal-os-ha com a sua rede, e os
ajunta na sua varredoura: por isso elle se alegra e se regozija.

16 Por isso sacrifica á sua rede, e queima incenso á sua varredoura;
porque com ellas se engordou a sua porção, e se engrossou a sua comida.

17 Porventura por isso vazará a sua rede, e não poupará de matar os povos
continuamente?

[1] Lam. 3.8.

[2] Job 21.7. Jer. 12.1.

[3] Isa. 29.14. Act. 13.41.

[4] Deu. 28.49, 50.

[5] Jer. 5.6. Sof. 3.3.

[6] Jer. 4.13.

[7] II Reis 19.25. Isa. 10.5, 6, 7. Eze. 30.25.

[8] Jer. 12.1.

[9] Jer. 16.16. Amós 4.2.



_Os chaldeos serão castigados a seu turno._

2 Sobre a minha guarda estarei, [1] e sobre a fortaleza me apresentarei e
vigiarei, para vêr o que fallaria em mim, e o que eu responderei, quando
eu fôr arguido.

2 Então o Senhor me respondeu, e disse: [2] Escreve a visão, e declara-a
em taboas, para que n’ellas leia o que correndo passa.

3 Porque [3] a visão ainda _está_ para o tempo determinado, pois até ao
fim fallará, e não mentirá: se tardar, espera-o, [4] porque certamente
virá, nem tardará.

4 Eis que _de preguiça_ se retira, não é recta n’elle; [5] mas o justo
pela sua fé viverá.

5 Quanto mais se é dado ao vinho _mais_ desleal _se é_; _aquelle_ homem
soberbo, [6] que alarga como o sepulchro a sua alma, não permanecerá
e _é_ como a morte que não se farta, e ajunta a si todas as nações, e
congrega a si todos os povos.

6 Não levantariam _pois_ [7] todos estes contra elle uma parabola e dito
agudo _com_ enigmas para elle? e se dirá: Ai d’aquelle que multiplica _o
que_ não _é_ seu! (até quando!) e d’aquelle que carrega sobre si divida!

7 _Porventura_ não se levantarão de repente os que te morderão? e não
despertarão os que te abalarão? e não lhes servirás tu de despojo?

8 Porquanto [8] despojaste a muitas nações, todos os mais povos te
despojarão a ti, por causa do sangue dos homens, e da violencia ácerca da
terra da cidade, e de todos os que habitam n’ella.

9 Ai [9] d’aquelle que ajunta bens para a sua casa, por uma avareza
criminosa, [10] para que ponha o seu ninho no alto, a fim de se livrar da
mão do mal!

10 Vergonha maquinaste para a tua casa; destruindo tu a muitos povos,
peccaste _contra_ a tua alma.

11 Porque a pedra clamará da parede, e a trave lhe responderá do
madeiramento.

12 Ai [11] d’aquelle que edifica a cidade com sangue, e que funda a
cidade com iniquidade!

13 Eis que _porventura_ não _vem_ do Senhor dos Exercitos [12] que os
povos trabalham pelo fogo e os homens se cançam em vão?

14 Porque [13] a terra _sera_ cheia do conhecimento da gloria do Senhor,
como as aguas cobrem o mar.

15 Ai d’aquelle que dá de beber ao seu companheiro! [14] tu, que _lhe_
chegas o teu odre, e o embebedas, [15] para vêr a sua nudez!

16 _Tambem_ tu serás farto de ignominia em logar de honra: [16] bebe tu
tambem, e [ADW] descobre o prepucio: o calix da mão direita do Senhor
voltará a ti, e vomito ignominioso _cairá_ sobre a tua gloria.

17 Porque a violencia commettida contra o Libano te cobrirá, e a
destruição das bestas os assombrará, [17] por causa do sangue dos homens,
e da violencia _feita_ á terra, á cidade, e a todos os moradores.

18 Que [18] aproveitará a imagem de esculptura, _depois_ de que a
esculpiu o seu artifice? [19] _ou_ a imagem de fundição, que ensina a
mentira, para que o artifice confie na obra, fazendo idolos mudos?

19 Ai d’aquelle que diz ao pau: Acorda; _e_ á pedra muda: Desperta;
_porventura_ ensinará? eis que _está_ coberto _de_ oiro e _de_ prata, mas
no meio d’elle não _ha_ espirito algum.

20 Porém o Senhor _está_ no seu sancto templo: [20] cale-se diante d’elle
toda a terra.

[1] Isa. 21.8, 11.

[2] Isa. 8.1 e 30.8.

[3] Dan. 10.14 e 11.27, 35.

[4] Heb. 10.37.

[5] João 8.36. Rom. 1.17. Gal. 3.11. Heb. 10.58.

[6] Pro. 27.20 e 30.16.

[7] Miq. 2.4.

[8] Isa. 33.1.

[9] Jer. 22.13.

[10] Jer. 49.16. Oba. 4.

[11] Jer. 22.13. Eze. 24.9. Miq. 3.10. Nah. 3.1.

[12] Jer. 51.58.

[13] Isa. 11.9.

[14] Ose. 7.5.

[15] Gen. 9.22.

[16] Jer. 25.26, 27 e 51.57.

[17] ver. 8.

[18] Isa. 44.9, 10 e 46.2.

[19] Jer. 10.8, 14. Zac. 10.2.

[20] Sof. 1.7. Zac. 2.13.



_A oração de Habacuc._

3 Oração do propheta Habacuc sobre Shigionoth.

2 Ouvi, Senhor, a tua palavra, _e_ temi: aviva, ó Senhor, a tua obra no
meio dos annos, no meio dos annos a notifica: na _tua_ ira lembra-te de
misericordia.

3 Deus veiu de Teman, [1] e o Sancto do monte de Paran (Selah). A sua
gloria cobriu os céus, e a terra foi cheia do seu louvor.

4 E o resplandor se fez como a luz, raios brilhantes _lhe sahiam_ da sua
mão, [2] e ali _estava_ o esconderijo da sua força.

5 Diante d’elle ia a peste, e queimaduras passavam diante dos seus pés.

6 Parou, e mediu a terra: olhou, e fez sair as nações: [3] e os montes
perpetuos foram esmiuçados; os outeiros eternos se encurvaram, _porque_ o
andar eterno _é_ seu.

7 Vi as tendas de Cusan [ADX] debaixo da vaidade: as cortinas da terra de
Midian tremiam.

8 Acaso é contra os rios, Senhor, que _tu_ estás irado? contra os
ribeiros foi a tua ira? contra o mar _foi_ o teu furor, quando andaste
montado sobre os teus cavallos? [4] os teus carros _foram_ a salvação?

9 Descoberto se despertou o teu arco, _pelos_ juramentos feitos ás
tribus, _pela tua_ palavra (Selah). Tu fendeste a terra com rios.

10 Os montes te viram, [5] e tremeram: a inundação das aguas passou; deu
o abysmo a sua voz, levantou as suas mãos _ao_ alto.

11 O sol e a lua pararam nas suas moradas: [6] andaram á luz das tuas
frechas, ao resplandor do relampago da tua lança.

12 Com indignação marchaste _pela_ terra, [7] com ira trilhaste as nações.

13 Tu saiste para salvamento do teu povo, para salvamento do teu ungido:
[8] tu feriste a cabeça da casa do impio, descobrindo o alicerce até ao
pescoço (Selah).

14 Tu furaste com os teus cajados a cabeça [ADY] das suas aldeias; elles
me accommetteram tempestuosos para me espalharem: alegravam-se, como se
_estivessem_ para devorar o pobre em segredo.

15 Tu [9] _com_ os teus cavallos marchaste pelo mar, _pelo_ montão de
grandes aguas.

16 Ouvindo-o eu, o meu ventre se commoveu, á sua voz tremeram os meus
labios; entrou a podridão nos meus ossos, e estremeci dentro de mim;
no dia da angustia descançarei, quando subir contra o povo _que_ nos
destruirá.

17 Porque ainda que a figueira não floresça, nem _haja_ fructo na vide;
o producto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as
ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos curraes não _haja_ vaccas:

18 Todavia [10] eu me alegrarei no Senhor: gozar-me-hei no Deus da minha
salvação.

19 JEHOVAH, o Senhor, _é_ minha força, [11] e fará os meus pés como
_os_ das cervas, [12] e me fará andar sobre as minhas alturas. Para o
cantor-mór sobre os meus instrumentos de musica.

[1] Deu. 33.2. Jui. 5.4.

[2] Nah. 1.3.

[3] Nah. 1.5. Gen. 49.26.

[4] Deu. 33.26, 27.

[5] Exo. 19.16, 18. Jui. 5.4, 5. Exo. 14.22. Jos. 3.16.

[6] Jos. 10.12, 13. Jos. 10.11.

[7] Jer. 51.33. Amós 1.3. Miq. 4.13.

[8] Jos. 10.24 e 11.8, 12.

[9] ver. 8.

[10] Isa. 41.16 e 61.10.

[11] II Sam. 22.34.

[12] Deu. 32.13 e 33.29.



SOFONIAS.



_Ameaças contra Judah e Jerusalem._

[Antes de Christo 630]

1 Palavra do Senhor, feita a Sofonias, filho de Cushi, filho de Gedalia,
filho de Amaria, filho de Hizekia, nos dias de Josia, filho de Amon, rei
de Judah.

2 Eu indubitavelmente hei de arrebatar tudo de sobre a face da terra, diz
o Senhor.

3 Arrebatarei os homens e os animaes, [1] arrebatarei as aves do céu, e
os peixes do mar, e os tropeços com os impios; e exterminarei os homens
de cima da terra, disse o Senhor.

4 E estenderei a minha mão contra Judah, e contra todos os habitantes de
Jerusalem, [2] e exterminarei d’este logar o resto de Baal, _e_ o nome
dos chemarins com os sacerdotes;

5 E [3] os que sobre os telhados se encurvam ao exercito do céu; _e_ os
que se inclinam jurando pelo Senhor, [4] e juram por Malcam;

6 E [5] os que se desviam de andar em seguimento do Senhor, [6] e os que
não buscam ao Senhor, nem perguntam por elle.

7 Cala-te [7] diante do Senhor JEHOVAH, porque o dia do Senhor _está_
perto, porque o Senhor apparelhou o sacrificio, _e_ sanctificou os seus
convidados.

8 E ha de ser que, no dia do sacrificio do Senhor, hei de fazer visitação
sobre os principes, e sobre os filhos do rei, e sobre todos os que se
vestem de vestidura estranha.

9 Farei tambem visitação n’aquelle dia sobre todo aquelle que salta sobre
o umbral, que enche de violencia e engano a casa dos senhores d’elles.

10 E n’aquelle dia, diz o Senhor, _haverá_ uma voz de clamor desde a
porta do pescado, [8] e um uivo desde a segunda parte, e grande quebranto
desde os outeiros.

11 Uivae [9] vós, moradores [ADZ] do valle, porque todo o povo que
mercava está arruinado, todos os carregados de dinheiro são destruidos.

12 E ha de ser que, n’aquelle tempo, esquadrinharei a Jerusalem com
lanternas, [10] e farei visitação sobre os homens que estão assentados
sobre as suas fezes, que dizem no seu coração: O Senhor não faz bem nem
faz mal.

13 Por isso será saqueada a sua fazenda, e assoladas as suas casas: [11]
e edificarão casas, mas não habitarão n’ellas, e plantarão vinhas, mas
não lhes beberão o seu vinho.

14 O [12] grande dia do Senhor _está_ perto, perto _está_, e se apressa
muito, a voz do dia do Senhor: amargosamente clamará ali o valente.

15 Aquelle dia [13] _será_ um dia de indignação, dia de angustia e de
ancia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão, dia
de nuvens e de densas trevas,

16 Dia de buzina [14] e de alarido contra as cidades fortes e contra as
torres altas.

17 E angustiarei os homens, [15] que andarão como cegos, porque peccaram
contra o Senhor; e o seu sangue se derramará como pó, [16] e a sua carne
_será_ como esterco.

18 Nem [17] a sua prata nem o seu oiro os poderá livrar no dia do furor
do Senhor, [18] mas pelo fogo do seu zelo toda esta terra será consumida,
porque certamente fará de todos os moradores d’esta terra uma destruição
total e apressada.

[1] Ose. 4.3. Eze. 7.19 e 14.3, 4, 7. Mat. 13.41.

[2] II Reis 23.4, 5. Ose. 10.5.

[3] II Reis 23.12. Jer. 19.13. I Reis 18.21. II Reis 17.33, 41.

[4] Isa. 48.1. Ose. 4.15. Jos. 23.7.

[5] Isa. 1.4.

[6] Ose. 7.7.

[7] Hab. 2.20. Zac. 2.13. Isa. 13.6 e 34.6. Jer. 46.10. Eze. 39.17. Apo.
19.17.

[8] II Chr. 33.14.

[9] Thi. 5.1.

[10] Jer. 48.11.

[11] Deu. 28.30, 39. Amós 5.11. Miq. 6.15.

[12] Joel 2.1, 11.

[13] Isa. 22.5. Jer. 30.7. Joel 2.2, 11. Amós 5.18. ver. 18.

[14] Jer. 4.19.

[15] Deu. 28.29. Isa. 50.10.

[16] Jer. 9.22 e 16.4.

[17] Pro. 11.4. Eze. 7.19.

[18] cap. 3.8.



_Ameaças contra diversas nações._

2 Congregae-vos, [1] sim, congregae-vos, ó nação que não tem [AEA] desejo,

2 Antes que o decreto produza _o seu effeito_, [2] _antes que_ o dia
passe como a pragana, antes que venha sobre vós a ira do Senhor, antes
que venha sobre vós o dia da ira do Senhor.

3 Buscae [3] ao Senhor, vós todos os mansos da terra, que pondes em obra
o seu juizo: buscae a justiça, buscae a mansidão; [4] _porventura_ sereis
escondidos no dia da ira do Senhor.

4 Porque [5] Gaza será desamparada, e Ascalon _será_ assolada: [6] Asdod
ao meio dia será expellida, e Ekron _será_ desarreigada.

5 Ai dos habitantes da borda do mar, do povo dos chereteos! [7] a palavra
do Senhor _será_ contra vós, ó Canaan, terra dos philisteos, e eu vos
farei destruir, até que não haja morador.

6 E a borda do mar será por cabanas, que cavam os pastores, [8] e curraes
dos rebanhos.

7 E [9] será a borda para o resto da casa de Judah, que n’ella
apascentem: á tarde se assentarão nas casas de Ascalon, porque o Senhor
seu Deus os visitará, [10] e lhes tornará o seu captiveiro.

8 Eu [11] ouvi o escarneo de Moab, e as injuriosas palavras dos filhos de
Ammon, com que escarneceram do meu povo, [12] e se engrandeceram contra
o seu termo.

9 Portanto, vivo eu, diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel, [13]
certamente Moab será como Sodoma, e os filhos de Ammon como Gomorrah,
[14] campo de ortigas e poços de sal, e assolação perpetua; o resto do
meu povo os saqueará, e o restante do meu povo os possuirá.

10 Isto [15] terão em recompensa da sua soberba, porque escarneceram, e
se engrandeceram contra o povo do Senhor dos Exercitos.

11 O Senhor _será_ terrivel contra elles, [16] porque emmagrecerá a todos
os deuses da terra; e cada um se inclinará a elle desde o seu logar;
todas as ilhas das nações.

12 Tambem vós, [17] ó ethiopes, sereis mortos com a minha espada.

13 Estenderá tambem a sua mão contra o norte, [18] e destruirá a Assyria;
e fará de Ninive uma assolação, terra secca como o deserto.

14 E [19] no meio d’ella repousarão os rebanhos, todos os animaes dos
povos; e alojar-se-hão nos seus capiteis assim o pelicano como o ouriço:
a voz do _seu_ canto retinirá nas janellas, a assolação _estará_ no
umbral, quando tiver descoberto a sua obra de cedro.

15 Esta _é_ a cidade [20] que salta de alegria, que habita segura, que
diz no seu coração: Eu sou, e não _ha_ mais do que eu: como se tornou
em assolação _em_ pousada de animaes! qualquer que passar _por ella_
assobiará, [21] _e_ meneará a sua mão.

[1] Joel 2.16.

[2] Job 21.18. Isa. 17.13. Ose. 13.3. II Reis 23.26.

[3] Amós 5.6.

[4] Joel 2.14. Amós 5.15. Jon. 3.9.

[5] Jer. 47.4, 5. Eze. 25.15. Amós 1.6, 7, 8. Zac. 9.5, 6.

[6] Jer. 6.4 e 15.8.

[7] Jos. 13.3.

[8] Isa. 17.2. ver. 14.

[9] Isa. 11.11. Agg. 1.12. ver. 9.

[10] Exo. 4.31. Luc. 1.68. Jer. 29.14. cap. 3.20.

[11] Jer. 48.27.

[12] Jer. 49.1.

[13] Isa. 15. Jer. 48. Amós 2.1. Amós 1.13.

[14] Gen. 19.25. Isa. 13.19 e 34.13. Jer. 49.18 e 50.40.

[15] Isa. 16.6. Jer. 48.29.

[16] Mal. 1.11. João 4.21.

[17] Isa. 18.1 e 20.4. Jer. 46.9. Eze. 30.9.

[18] Isa. 10.12. Eze. 31.3. Neh. 2.10 e 3.15, 18.

[19] ver. 6. Isa. 13.21, 22.

[20] Isa. 47.8. Apo. 18.7.

[21] Job 27.23. Lam. 2.15. Nah. 3.19.



_O castigo de Jerusalem: a promessa feita aos fieis._

3 Ai da suja e da contaminada, da cidade oppressora.

2 Não ouve a voz, [1] não acceita o castigo: não confia no Senhor; nem se
approximou do seu Deus.

3 Os seus principes [2] _são_ leões bramantes no meio d’ella; os seus
juizes lobos da tarde, _que_ não deixam os ossos até á manhã.

4 Os seus prophetas [3] _são_ levianos, homens aleivosos: os seus
sacerdotes profanaram o sanctuario, [4] e fizeram violencia á lei.

5 O Senhor, o Justo, [5] _está_ no meio d’ella; elle não faz iniquidade:
cada manhã tira o seu juizo á luz; nunca falta; [6] porém o perverso não
conhece a vergonha.

6 Exterminei as nações, as suas torres estão assoladas: fiz desertar as
suas praças, até não ficar quem passe: as suas cidades estão destruidas,
até não ficar ninguem, até não haver quem as habite.

7 Eu dizia: [7] Certamente me temerás, e acceitarás a correcção, para que
a sua morada não seja destruida, _por_ tudo pelo que a visitei, mas elles
se levantaram de madrugada, [8] corromperam todas as suas obras.

8 Portanto esperae-me a mim, [9] diz o Senhor, no dia em que eu me
levantar para o despojo; porque o meu juizo _é_ ajuntar as nações e [10]
congregar os reinos, para sobre elles derramar a minha indignação, e todo
o ardor da minha ira; [11] porque toda esta terra será consumida pelo
fogo do meu zelo.

9 Porque então darei beiço puro aos povos, para que todos invoquem o nome
do Senhor, para que o sirvam [AEB] com um _mesmo_ hombro.

10 [12] D’além dos rios dos ethiopes, meus zelosos adoradores, _e_ a
filha de minha espargida, me trarão sacrificio.

11 N’aquelle dia não te envergonharás de nenhuma das tuas obras, com as
quaes te rebellaste contra mim; porque então tirarei do meio de ti os que
exultam na tua soberba, e tu nunca mais te ensoberbecerás no meu monte
sancto.

12 Mas deixarei no meio de ti um povo humilde e pobre; [13] _mas_ elles
confiarão no nome do Senhor.

13 O resto [14] de Israel não fará iniquidade, nem fallará mentira, e na
sua bocca não se achará lingua enganosa; mas serão apascentados, [15] e
deitar-se-hão, e não haverá quem _os_ espante.

14 Canta alegremente, [16] ó filha de Sião: jubila, ó Israel: goza-te, e
exulta de todo o coração, ó filha de Jerusalem.

15 O Senhor affastou os teus juizos, exterminou o teu inimigo: o Senhor,
[17] o rei d’Israel, _está_ no meio de ti; tu não verás mais mal algum.

16 N’aquelle [18] dia se dirá a Jerusalem: [19] Não temas, ó Sião, não se
enfraqueçam as tuas mãos.

17 O Senhor teu Deus _está_ no [20] meio de ti, poderoso _te_ salvará;
elle se deleitará em ti com alegria; calar-se-ha por seu amor,
regozijar-se-ha em ti com jubilo.

18 Os entristecidos por causa do ajuntamento _solemne_ congregarei, para
quem a affronta foi um peso.

19 Eis que, n’aquelle tempo desfarei a todos os teus oppressores, [21] e
salvarei a que coxeia, e recolherei a que foi expulsa; e farei d’elles um
louvor e um nome em toda a terra em que foram envergonhados.

20 N’aquelle tempo [22] vos trarei para cá, a saber, no tempo em que vos
recolher: certamente farei de vós um nome e um louvor entre todos os
povos da terra, quando reconduzir [AEC] os vossos captivos diante dos
vossos olhos.

[1] Jer. 22.21. Jer. 5.3.

[2] Eze. 22.27. Miq. 3.9, 10, 11.

[3] Jer. 23.11, 12. Lam. 2.14. Ose. 9.7.

[4] Eze. 22.26.

[5] Deu. 32.4. ver. 15, 17. Miq. 3.11.

[6] Jer. 3.3 e 6.15 e 8.12.

[7] Jer. 8.6.

[8] Gen. 6.12.

[9] Pro. 20.22.

[10] Joel 3.2.

[11] cap. 1.18.

[12] Isa. 18.1, 7 e 60.4, etc. Mal. 1.11. Act. 8.27.

[13] Isa. 14.32. Zac. 11.11. Mal. 5.3. Thi. 2.5.

[14] Miq. 4.7. Apo. 14.5.

[15] Eze. 34.28. Miq. 4.4 e 7.14.

[16] Isa. 12.6 e 54.1. Zac. 2.10.

[17] João 1.49. ver. 17. Eze. 48.35. Apo. 21.3, 4.

[18] Isa. 35.3, 4.

[19] Heb. 12.12.

[20] ver. 15. Deu. 30.9. Isa. 62.5 e 65.19. Jer. 32.41.

[21] Eze. 34.16.

[22] Isa. 11.12 e 27.12 e 56.8. Eze. 28.25 e 34.13.



AGGEO.



_Aggeo reprehende o povo por causa de sua inercia, e o exhorta a
reedificar o templo._

[Antes de Christo 520]

1 No anno segundo do [1] rei Dario, no sexto mez, no primeiro dia do mez,
veiu a palavra do Senhor, pelo ministerio do propheta Aggeo, a Zorobabel,
[2] filho de Sealtiel, principe de Judah, e a Josué, filho de Josadac,
[3] o summo sacerdote, dizendo:

2 Assim falla o Senhor dos Exercitos, dizendo: Este povo diz: Não _é_
vindo o tempo, o tempo em que a casa do Senhor se edifique.

3 Veiu pois a palavra do Senhor, [4] pelo ministerio do propheta Aggeo,
dizendo:

4 _Porventura é_ para vós tempo de habitardes nas vossas casas
entaboladas, e esta casa ha de ficar deserta?

5 Ora pois, assim diz o Senhor dos Exercitos: [5] Applicae os vossos
corações aos vossos caminhos.

6 Semeiaes muito, [6] e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartaes;
bebeis, porém não vos saciaes; vestis-vos, porém ninguem fica quente; [7]
e o que recebe salario, recebe salario n’um sacco furado.

7 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Applicae os vossos corações aos
vossos caminhos.

8 Subi ao monte, e trazei madeira, e edificae a casa, e d’ella me
agradarei, e _serei_ glorificado, diz o Senhor.

9 Olhastes para [8] muito, mas eis que _alcançastes_ pouco; e, quando o
trouxestes a casa, eu lhe assoprei. Por que causa? disse o Senhor dos
Exercitos: por causa da minha casa, que _está_ deserta, e cada um de vós
corre á sua propria casa.

10 Por isso [9] se cerram os céus sobre vós, para não darem orvalho e a
terra detem os seus fructos.

11 Porque chamei [10] seccura sobre a terra, e sobre os montes, e sobre
o trigo e sobre o mosto; e sobre o azeite, e sobre o que a terra produz;
como tambem sobre os homens, e sobre os animaes, e sobre todo o trabalho
das mãos.

12 Então ouviu Zorobabel, [11] filho de Sealtiel, e Josué, filho de
Josadac, summo sacerdote, e todo o resto do povo a voz do Senhor seu
Deus; e as palavras do propheta Aggeo, assim como o Senhor seu Deus o
enviou; e temeu o povo diante do Senhor.

13 Então Aggeo, o [AED] embaixador do Senhor, na [AEE] embaixada do
Senhor, fallou ao povo, dizendo: Eu _sou_ comvosco, [12] diz o Senhor.

14 E o Senhor suscitou o espirito de Zorobabel, filho de Sealtiel,
principe de Judah, e o espirito de Josué, filho de Josadac, summo
sacerdote, e o espirito do resto de todo o povo, e vieram, [13] e fizeram
a obra na casa do Senhor dos Exercitos, seu Deus,

15 Ao vigesimo quarto dia do sexto _mez_, no segundo anno do rei Dario.

[1] Esd. 4.24 e 5.1. Zac. 1.1.

[2] I Chr. 3.17, 19. Luc. 3.27.

[3] I Chr. 6.15.

[4] Esd. 5.1.

[5] Lam. 3.40. ver. 7.

[6] Deu. 28.38. Ose. 4.10. Miq. 6.14, 15.

[7] Zac. 8.10.

[8] cap. 2.17.

[9] Lev. 26.19. Deu. 28.23. I Reis 8.35.

[10] I Reis 17.1. II Reis 8.1.

[11] Esd. 5.2.

[12] Mat. 28.20. Rom. 8.31.

[13] Esd. 5.2, 8.



_A gloria do segundo templo._

2 No setimo _mez_, ao vigesimo primeiro do mez, foi a palavra do Senhor
pelo ministerio do propheta Aggeo, dizendo:

2 Falla agora a Zorobabel, filho de Sealtiel, principe de Judah, e a
Josué, filho de Josadac, summo sacerdote, e ao resto do povo, dizendo:

3 Quem [1] _ha_ entre vós que resta, que viu esta casa na sua primeira
gloria, e qual agora a vêdes? não _é_ esta como nada em vossos olhos,
comparada com aquella.

4 Ora, pois, [2] esforça-te, Zorobabel, diz o Senhor, e esforça-te,
Josué, filho de Josadac, summo sacerdote, e esforça-te, todo o povo da
terra, diz o Senhor, e obra; porque eu _sou_ comvosco, diz o Senhor dos
Exercitos,

5 Segundo [3] a palavra que concertei comvosco, quando saistes do Egypto,
[4] e o meu Espirito ficou no meio de vós: não temaes.

6 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos: [5] Ainda uma vez d’aqui a
pouco, e farei tremer os céus, e a terra, e o mar, e a _terra_ secca;

7 E farei tremer a todas as nações, [6] e virão _ao_ Desejado de todas as
nações, e encherei esta casa de gloria, diz o Senhor dos Exercitos.

8 Minha _é_ a prata, e meu _é_ o oiro, disse o Senhor dos Exercitos.

9 A gloria [7] d’esta ultima casa será maior do que a da primeira, diz o
Senhor dos Exercitos, [8] e n’este logar darei a paz, diz o Senhor dos
Exercitos.


_Reprehensão e promessa de benção._

10 Ao vigesimo quarto do _mez_ nono, no segundo anno de Dario, veiu a
palavra do Senhor pelo ministerio do propheta Aggeo, dizendo:

11 Assim diz o Senhor dos Exercitos: [9] Pergunta agora aos sacerdotes,
ácerca da lei, dizendo:

12 Se alguem leva carne sancta na aba do seu vestido, e com a sua
aba toca no pão, ou no guizado, ou no vinho, ou no azeite, ou em
_outro_ qualquer mantimento, _porventura_ isso será sanctificado? E os
sacerdotes, respondendo, diziam: Não.

13 E disse Aggeo: [10] Se _algum_ immundo, por causa d’_um_ corpo
morto, tocar n’alguma d’estas coisas, _porventura_ ficará immunda? E os
sacerdotes, respondendo, diziam: Ficará immunda.

14 Então respondeu Aggeo, e disse: [11] Assim _é que_ este povo, e assim
_é que_ esta nação _está_ diante do meu rosto, disse o Senhor; e assim
_é_ toda a obra das suas mãos: e tudo o que ali offerecem immundo _é_.

15 Agora pois, [12] applicae o vosso coração n’isto, desde este dia em
diante, antes que pozesseis pedra sobre pedra no templo do Senhor.

16 Depois [13] que estas _coisas_ se faziam, veiu alguem ao montão _de
grão_, de vinte _medidas_, e havia _sómente_ dez: vindo ao lagar para
tirar cincoenta do lagar, havia _sómente_ vinte.

17 Feri-vos [14] com queimadura, e com ferrugem, e com saraiva, [15] em
toda a obra das vossas mãos; [16] e não houve entre vós quem voltasse
para mim, diz o Senhor.

18 Ponde pois o vosso coração n’isto, desde este dia em diante: [17]
desde o vigesimo quarto dia do _mez_ nono, desde o dia em que se fundou o
templo do Senhor, ponde o vosso coração n’isto.

19 _Porventura_ [18] ainda ha semente no celleiro? nem ainda a videira,
nem a figueira, nem a romeira, nem a oliveira, tem dado os seus fructos,
_mas_ desde este dia te abençoarei.


_A destruição dos inimigos: a elevação de Zorobabel._

20 E veiu a palavra do Senhor segunda vez a Aggeo, aos vinte e quatro do
mez, dizendo:

21 Falla a Zorobabel, [19] principe de Judah, dizendo: Farei tremer os
céus e a terra:

22 E transtornarei [20] o throno dos reinos, e destruirei a força dos
reinos das nações; e transtornarei o carro e os que n’elle se assentam;
[21] e os cavallos e os que andam montados n’elles cairão, cada um pela
espada do seu irmão.

23 N’aquelle dia, diz o Senhor dos Exercitos, te tomarei, ó Zorobabel,
filho de Sealtiel, servo meu, diz o Senhor, [22] e te farei como um annel
de sellar; porque te escolhi, [23] diz o Senhor dos Exercitos.

[1] Esd. 3.12.

[2] Zac. 8.9.

[3] Exo. 29.45, 46.

[4] Neh. 9.20. Isa. 63.11.

[5] Heb. 12.26. Joel 3.16.

[6] Gen. 49.10. Mal. 3.1.

[7] João 1.14.

[8] Luc. 2.14. Eph. 2.14.

[9] Lev. 10.10, 11. Deu. 33.10. Mal. 2.7.

[10] Num. 19.11.

[11] Tito 1.15.

[12] cap. 1.5.

[13] cap. 1.6, 9.

[14] Deu. 28.22. I Reis 8.37. Amós 4.9. cap. 1.9.

[15] cap. 1.11.

[16] Jer. 5.3. Amós 4.6, 8, 9, 10, 11.

[17] Zac. 8.9.

[18] Zac. 8.12.

[19] cap. 1.41. Heb. 12.26.

[20] Mat. 24.7.

[21] Miq. 5.10.

[22] Can. 8.6.

[23] Isa. 42.1 e 43.10.



ZACHARIAS.



_Exhortação ao arrependimento._

[Antes de Christo 519]

1 No oitavo mez do segundo anno [1] de Dario veiu a palavra do Senhor ao
propheta Zacharias, [2] filho de Barachias, filho de Iddo, dizendo:

2 O Senhor se irou por extremo contra vossos paes.

3 Portanto dize-lhes: Assim diz o Senhor dos Exercitos: [3] Tornae para
mim, diz o Senhor dos Exercitos, e eu tornarei para vós, diz o Senhor dos
Exercitos.

4 E não sejaes como vossos paes, [4] aos quaes gritavam os primeiros
prophetas, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exercitos: [5] Convertei-vos
agora dos vossos maus caminhos e das vossas más obras; porém não ouviam,
nem me escutavam, diz o Senhor.

5 Vossos paes, onde estão? e os prophetas, viverão elles para sempre?

6 Comtudo as minhas palavras e os meus estatutos, que eu mandei aos
prophetas, meus servos, não alcançaram a vossos paes? E elles tornaram, e
disseram: [6] Assim como o Senhor dos Exercitos fez tenção de nos tratar,
segundo os nossos caminhos, e segundo as nossas obras, assim elle nos
tratou.


_A primeira visão: os cavallos._

7 Aos vinte e quatro dias do mez undecimo (que é o mez de Sebat), no
segundo anno de Dario, veiu a palavra do Senhor ao propheta Zacharias,
filho de Barachias, filho de Iddo, dizendo:

8 Vi de noite, [7] e eis um homem montado n’um cavallo vermelho, e
parava entre as murtas que _estavam_ na [AEF] profundeza, e atraz d’elle
_estavam_ cavallos vermelhos, [8] morenos e brancos.

9 E eu disse: Senhor meu, quem _são_ estes? E disse-me o anjo que fallava
comigo: Eu te mostrarei quem estes _são_.

10 Então respondeu o homem que estava entre as murtas, e disse: [9] Estes
_são_ os que o Senhor tem enviado para andarem pela terra.

11 E elles responderam ao anjo do Senhor, que estava entre as murtas,
e disseram: Nós _já_ andámos pela terra, e eis que toda a terra está
assentada e quieta.

12 Então o anjo do Senhor respondeu, e disse: [10] Ó Senhor dos
Exercitos, até quando não terás compaixão de Jerusalem, e das cidades de
Judah, [11] contra as quaes estiveste irado estes setenta annos?

13 E respondeu o Senhor ao anjo, que fallava comigo, [12] palavras boas,
palavras consoladoras.

14 E o anjo que fallava comigo me disse: Clama, dizendo: Assim diz o
Senhor dos Exercitos: [13] Com grande zelo estou zelando por Jerusalem e
por Sião.

15 E _com_ grandissima ira estou irado contra as nações descançadas; [14]
porque eu estava pouco irado, mas elles auxiliaram o mal.

16 Portanto, o Senhor diz assim: [15] Tornei-me a Jerusalem com
misericordia, a minha casa n’ella será edificada, diz o Senhor dos
Exercitos, [16] e o cordel será estendido sobre Jerusalem.

17 Clama mais, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exercitos: As minhas
cidades ainda serão estendidas por causa do bem; [17] porque o Senhor
ainda consolará a Sião e ainda escolherá a Jerusalem.


_A segunda visão: os quatro cornos e os quatro ferreiros._

18 E levantei os meus olhos, e vi, e eis que vi quatro cornos.

19 E eu disse ao anjo que fallava comigo: Que _são_ estes? E elle me
disse: [18] Estes _são_ os [AEG] poderes que espalharam a Judah, a Israel
e a Jerusalem.

20 E o Senhor me mostrou quatro ferreiros.

21 Então eu disse: Que veem estes fazer? E elle fallou, dizendo: Estes
_são_ os poderes que espalharam a Jerusalem, de maneira que ninguem
levantasse a sua cabeça; estes pois vieram para lhes metter medo, para
derribarem os poderes das nações que levantaram o seu [AEH] poder contra
a terra de Judah, para a espalharem.

[1] Esd. 4.24. Agg. 1.1.

[2] Esd. 5.1. Mat. 23.35.

[3] Jer. 25.5 e 35.15. Mal. 3.7. Thi. 4.8.

[4] II Chr. 36.15, 16.

[5] Isa. 31.6. Jer. 3.12 e 18.11. Eze. 18.30. Ose. 14.1.

[6] Lam. 1.18 e 2.17.

[7] Jos. 5.13. Apo. 6.4.

[8] cap. 6.2.

[9] Heb. 1.14.

[10] Apo. 6.10.

[11] Jer. 25.11, 12. Dan. 9.2. cap. 7.5.

[12] Jer. 29.10.

[13] Joel 2.18. cap. 8.2.

[14] Isa. 47.6.

[15] Isa. 12.1 e 54.8. cap. 2.10 e 8.3.

[16] cap. 2.1, 2.

[17] Isa. 51.3. Isa. 14.1. cap. 2.12 e 3.2.

[18] Esd. 4.1, 4, 7 e 5.3.



_A terceira visão: Jerusalem é medida._

2 Tornei a levantar os meus olhos, e vi, [1] e eis aqui um homem em cuja
mão estava um cordel de medir.

2 E eu disse: Para onde vaes tu? E elle me disse: [2] _Vou_ a medir
Jerusalem, para vêr qual _é_ a sua largura e qual o seu comprimento.

3 E eis que saiu o anjo que fallava comigo, e outro anjo lhe saiu ao
encontro.

4 E disse-lhe: Corre, falla a este mancebo, dizendo: [3] Jerusalem será
habitada como as aldeias sem muros, por causa da multidão dos homens e
dos animaes _que estarão_ no meio d’ella.

5 E [4] eu, diz o Senhor, serei para ella um muro de fogo em redor, e
serei para gloria no meio d’ella.

6 Olá, oh! [5] fugi agora da terra do norte, diz o Senhor, [6] porque vos
estendi pelos quatro ventos do céu, diz o Senhor.

7 Olá, Sião! [7] livra-te tu, que habitas _com_ a filha de Babylonia.

8 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos: Depois da gloria elle me
enviou ás nações que vos despojaram; [8] porque aquelle que tocar em vós
toca na menina do seu olho.

9 Porque eis que [9] levantarei a minha mão sobre elles, e elles virão
a ser a preza d’aquelles que os serviram: [10] assim sabereis vós que o
Senhor dos Exercitos me enviou.

10 Exulta, [11] e alegra-te ó filha de Sião, [12] porque eis que venho, e
habitarei no meio de ti, diz o Senhor.

11 E n’aquelle dia muitas nações se ajuntarão ao Senhor, [13] e me serão
por povo, e habitarei no meio de ti, [14] e saberás que o Senhor dos
Exercitos me enviou a ti.

12 Então [15] o Senhor herdará a Judah por sua porção na terra sancta, e
ainda escolherá a Jerusalem.

13 Cala-te, [16] toda a carne, diante do Senhor, porque elle se despertou
da sua sancta morada.

[1] Eze. 40.3.

[2] Apo. 11.1 e 21.15, 16.

[3] Eze. 36.10, 11.

[4] Isa. 26.1. cap. 9.8. Isa. 60.19. Apo. 21.23.

[5] Isa. 48.20. Jer. 1.14 e 50.8 e 51.6, 45.

[6] Deu. 28.64. Eze. 17.21.

[7] Apo. 18.4.

[8] Deu. 32.10.

[9] Isa. 19.16.

[10] cap. 4.9.

[11] Isa. 12.6 e 54.1. Sof. 3.14.

[12] Lev. 26.12. Eze. 37.27. cap. 8.3. João 1.14. II Cor. 6.16.

[13] Isa. 2.2, 3 e 60.3, etc. cap. 8.22, 23. cap. 3.10. Exo. 12.49.

[14] Eze. 33.33. ver. 9.

[15] Deu. 32.9. cap. 1.17.

[16] Hab. 2.20. Sof. 1.7. Isa. 57.15.



_Quarta visão: o summo sacerdote é accusado por Satanaz e justificado por
Deus._

3 E [1] me mostrou o summo sacerdote Josué, o qual estava diante do
Senhor, [2] e Satanaz estava á sua mão direita, para se lhe oppôr.

2 Porém [3] o Senhor disse a Satanaz: O Senhor te reprehenda, ó Satanaz,
sim, o Senhor, que escolheu Jerusalem, te reprehenda: [4] não _é_ este
_um_ tição tirado do fogo?

3 Josué [5] estava vestido de vestidos sujos, e estava diante do anjo.

4 Então respondeu, e fallou aos que estavam diante d’elle, dizendo:
Tira-lhe estes vestidos sujos. E a elle lhe disse: [6] Eis que tenho
feito passar de ti a tua iniquidade, e te vestirei de vestidos novos.

5 E disse eu: [7] Ponham-lhe uma mitra limpa sobre a sua cabeça. E
pozeram uma mitra limpa sobre a sua cabeça, e o vestiram de vestidos: e o
anjo do Senhor estava em pé.

6 E o anjo do Senhor protestou a Josué, dizendo:

7 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Se andares nos meus caminhos, [8] e
se observares a minha carga, tambem tu julgarás a minha casa, e tambem
guardarás os meus atrios, e te darei andaduras entre os que estão _aqui_.

8 Ouve pois, Josué, summo sacerdote, tu e os teus companheiros que se
assentam diante de ti, porque _são_ homens portentosos, [9] porque eis
que eu farei vir o meu servo, o Renovo.

9 Porque eis aqui a pedra que puz diante de Josué: [10] sobre esta pedra
unica _estarão_ sete olhos: eis que eu esculpirei a sua esculptura, diz o
Senhor dos Exercitos, [11] e tirarei a iniquidade d’esta terra n’um dia.

10 N’aquelle dia, diz o Senhor dos Exercitos, [12] cada um de vós
convidará o seu companheiro para debaixo da videira e para debaixo da
figueira.

[1] Agg. 1.1.

[2] Apo. 12.10.

[3] Jud. 9. cap. 1.17.

[4] Amós 4.11. Jud. 23.

[5] Isa. 64.6.

[6] Isa. 61.10. Luc. 15.22. Apo. 19.8.

[7] Exo. 29.6. cap. 6.11.

[8] Lev. 8.35. I Reis 2.3. Eze. 44.16. Deu. 17.9. Mal. 2.7.

[9] Jer. 23.5 e 33.15. cap. 6.12. Luc. 1.78.

[10] Isa. 28.16. cap. 4.10. Apo. 5.6.

[11] Jer. 31.34 e 50.20. Miq. 7.18, 19. cap. 13.1.

[12] cap. 2.11. I Reis 4.25. Isa. 36.16. Miq. 4.4.



_A quinta visão: o castiçal de oiro e as sete lampadas._

4 E tornou [1] o anjo que fallava comigo, e me despertou, [2] como a _um_
homem que se desperta do seu somno,

2 E me disse: Que vês? E eu disse: [3] Olho, e eis que _vejo_ um castiçal
todo de oiro, e um vaso de azeite sobre a sua cabeça, e as suas sete
lampadas n’ella; e cada lampada que _estava_ na sua cabeça tinha sete
canudos.

3 E, [4] por cima d’elle, duas oliveiras, uma á direita do vaso de
azeite, e outra á sua esquerda.

4 E respondi, e disse ao anjo que fallava comigo, dizendo: Senhor meu,
que _é_ isto?

5 Então respondeu o anjo que fallava comigo, e me disse: Não sabes tu o
que isto é? E eu disse: Não, Senhor meu.

6 E respondeu, e me fallou, dizendo: Esta _é_ a palavra do Senhor a
Zorobabel, dizendo: [5] Não por força nem por violencia, mas sim pelo meu
Espirito, diz o Senhor dos Exercitos.

7 Quem _és_ tu, [6] ó monte grande? diante de Zorobabel _serás feito uma_
campina; [7] porque _elle_ produzirá a primeira pedra _com_ algazarras:
Graça, graça a ella.

8 E a palavra do Senhor veiu _mais_ a mim, dizendo:

9 As [8] mãos de Zorobabel teem fundado esta casa, tambem as suas mãos a
acabarão, [9] para que saibaes que o Senhor dos Exercitos me enviou a vós.

10 Porque, quem despreza o dia das coisas pequenas? pois aquelles sete se
alegrarão, vendo o prumo na mão de Zorobabel: [10] esses _são_ os olhos
do Senhor, que discorrem por toda a terra.

11 Respondi mais, e disse-lhe: [11] Que são as duas oliveiras á direita
do castiçal e á sua esquerda?

12 E, respondendo-lhe outra vez, disse: Que _são_ aquelles dois raminhos
das oliveiras, que _estão_ junto aos dois tubos d’oiro, e que vertem de
si oiro?

13 E elle me fallou, dizendo: Não sabes tu o que isto _é_? E eu disse:
Não, Senhor meu.

14 Então elle disse: [12] Estes _são_ dois [AEI] ramos de oleo, que estão
diante [13] do Senhor de toda a terra.

[1] cap. 2.3.

[2] Dan. 8.18.

[3] Exo. 25.31. Apo. 1.12. Exo. 25.37. Apo. 4.5.

[4] ver. 11, 12. Apo. 11.4.

[5] Ose. 1.7.

[6] Jer. 51.25. Mat. 21.21.

[7] Esd. 3.11, 13.

[8] Esd. 6.15.

[9] cap. 2.9, 11. Isa. 48.16. cap. 2.8.

[10] II Chr. 16.9. Pro. 15.3. cap. 3.9.

[11] ver. 3.

[12] Apo. 11.4. Luc. 1.19.

[13] cap. 6.5.



_A sexta visão: o rolo voante._

5 E outra vez levantei os meus olhos, [1] e olhei, e eis que _vi_ um rolo
voante.

2 E me disse: Que vês? E eu disse: Vejo um rolo voante, que tem vinte
covados de comprido e dez covados de largo.

3 Então me disse: [2] Esta _é_ a maldição que sairá pela face de toda a
terra; porque qualquer que furtar d’ahi, conforme a mesma _maldição_,
será desarraigado; como tambem qualquer que jurar _falsamente_ d’ahi,
conforme a mesma _maldição_, será desarraigado.

4 Eu a tirarei para fóra, disse o Senhor dos Exercitos, e virá á casa do
ladrão, [3] e á casa do que jurar falsamente pelo meu nome; e pernoitará
no meio da sua casa, e a consumirá _a ella_ com a sua madeira e com as
suas pedras.


_A setima visão: a mulher e o epha._

5 E saiu o anjo, que fallava comigo, e me disse: Levanta agora os teus
olhos, e vê que _é_ isto que sae.

6 E eu disse: Que _é_ isto? E elle disse: Isto _é_ um epha que sae. Mais
disse: Este _é_ o olho d’elles em toda a terra.

7 E eis que foi levantado um talento de chumbo, e _havia_ uma mulher que
_estava_ assentada no meio do epha.

8 E elle disse: Esta _é_ a impiedade. E a lançou dentro do epha; e lançou
na bocca d’elle o peso de chumbo.

9 E levantei os meus olhos, e olhei, e eis que duas mulheres sairam, e
_havia_ vento nas suas azas, e tinham azas como as azas da cegonha; e
levantaram o epha entre a terra e o céu.

10 Então eu disse ao anjo que fallava comigo: Para onde levam estas o
epha?

11 E elle me disse: [4] Para lhe edificarem uma casa na terra de Sinear,
e, sendo _esta_ assentada, elle será posto ali sobre a sua base.

[1] Eze. 2.9.

[2] Mal. 4.6.

[3] Lev. 19.12. cap. 8.17. Mal. 3.5.

[4] Jer. 20.5, 28. Gen. 10.10.



_A oitava visão: os quatro carros._

6 E outra vez levantei os meus olhos, e olhei, e eis que _vi_ quatro
carros que sairam d’entre dois montes, e estes montes _eram_ montes de
metal.

2 No primeiro carro [1] _eram_ cavallos vermelhos, [2] e no segundo
carro cavallos pretos,

3 E no terceiro [3] carro cavallos brancos, e no quarto carro cavallos
saraivados, _que eram_ fortes.

4 E respondi, [4] e disse ao anjo que fallava comigo: Que _é_ isto,
Senhor meu?

5 E o anjo respondeu, e me disse: [5] Estes _são_ os quatro ventos do
céu, saindo d’onde estavam perante o Senhor de toda a terra.

6 O _carro_ em que _estão_ os cavallos pretos, [6] sae para a terra do
norte, e os brancos saem atraz d’elles, e os saraivados saem para a terra
do sul.

7 E os _cavallos_ fortes sahiam, [7] e procuravam ir por diante, para
andarem pela terra. E elle disse: Ide, andae pela terra. E andavam pela
terra.

8 E me chamou, e me fallou, dizendo: [8] Eis que aquelles que sairam para
a terra do norte fizeram repousar o meu Espirito na terra do norte.


_As corôas na cabeça de Josué: o Renovo._

9 E a palavra do Senhor veiu a mim, dizendo:

10 Toma dos que foram levados captivos: de Heldai, de Tobias, e de Jedaia
(e vem n’aquelle dia, e entra na casa de Josias, filho de Sofonias), os
quaes vieram de Babylonia.

11 Toma, digo, prata e oiro, [9] e faze corôas, e põe-_as_ na cabeça de
Josué, filho de Josadac, summo sacerdote.

12 E falla-lhe, dizendo: Assim falla o Senhor dos Exercitos, dizendo:
[10] Eis aqui o homem cujo nome _é_ o Renovo que brotará do seu logar,
[11] e edificará o templo do Senhor.

13 Elle mesmo edificará o templo do Senhor, [12] e levará elle a gloria,
e assentar-se-ha, e dominará no seu throno, e será sacerdote no seu
throno, e conselho de paz haverá entre elles ambos.

14 E estas corôas serão de Helem, e de Tobias, e de Jedaia, e de Chen,
filho de Sofonias, por memorial no templo do Senhor.

15 E aquelles que estão longe virão, e edificarão no templo do Senhor,
[13] e vós sabereis que o Senhor dos Exercitos me tem enviado a vós; e
isto acontecerá _assim_, se ouvirdes mui attentos a voz do Senhor vosso
Deus.

[1] cap. 1.8. Apo. 6.4.

[2] Apo. 6.5.

[3] Apo. 6.2.

[4] cap. 5.10.

[5] Heb. 1.7, 14. I Reis 22.19. Dan. 7.10. cap. 4.14. Luc. 1.19.

[6] Jer. 1.14.

[7] Gen. 13.17. cap. 1.10.

[8] Jui. 8.3. Ecc. 10.4.

[9] Exo. 28.36 e 29.6. Lev. 8.9. cap. 3.5.

[10] Luc. 8.71. cap. 3.8.

[11] cap. 4.9. Mat. 16.18. Eph. 2.20, 21, 22. Heb. 3.3.

[12] Heb. 3.1.

[13] cap. 2.9 e 4.9.



_O jejum que não agrada a Deus._

[Antes de Christo 518]

7 Aconteceu pois, no anno quarto do rei Dario, que a palavra do Senhor
veiu a Zacharias, no _dia_ quarto do nono mez, _que é_ chisleu.

2 [AEJ] Quando foram enviados _á_ casa de Deus, Saresar, e Regemmelech, e
os homens d’elle, para supplicarem o rosto do Senhor,

3 Dizendo [1] aos sacerdotes, que _estavam_ na casa do Senhor dos
Exercitos, e aos prophetas: [2] Chorarei eu no quinto mez, separando-me,
como o tenho feito por tantos annos?

4 Então a palavra do Senhor dos Exercitos veiu a mim, dizendo:

5 Falla a todo o povo d’esta terra, o aos sacerdotes, dizendo: Quando
jejuastes, [3] e pranteastes, no quinto e no setimo _mez_, a saber, estes
setenta annos, _porventura_, jejuando, [4] jejuastes para mim, para mim,
_digo_?

6 Ou quando comestes, e quando bebestes, não fostes vós os que comieis e
vós os que bebieis?

7 Não _são estas_ as palavras que o Senhor prégou pelo ministerio dos
prophetas primeiros, quando Jerusalem estava habitada e [AEK] quieta, com
as suas cidades ao redor d’ella? [5] e o sul e a campina eram habitados?

8 E a palavra do Senhor veiu a Zacharias, dizendo:

9 Assim fallou o Senhor dos Exercitos, dizendo: [6] Julgae juizo
verdadeiro, executae piedade e misericordias cada um com seu irmão;

10 E [7] não opprimaes a viuva, nem o orphão, nem o estrangeiro, nem o
pobre, [8] nem intente o mal cada um contra o seu irmão no seu coração.

11 Porém não quizeram escutar, [9] e me deram o hombro rebelde, e
ensurdeceram os seus ouvidos, para que não ouvissem.

12 E fizeram [10] o seu coração _como_ diamante, para que não ouvissem a
lei, nem as palavras que o Senhor dos Exercitos enviava pelo seu Espirito
pelo ministerio dos prophetas primeiros: [11] d’onde veiu a grande ira do
Senhor dos Exercitos.

13 E aconteceu _que_, como elle clamou, e elles não ouviram, assim
tambem elles clamaram, [12] mas eu não ouvi, diz o Senhor dos Exercitos.

14 E [13] os espalhei com tempestade entre todas as nações, que elles não
conheciam, e a terra foi assolada atraz d’elles, de sorte que ninguem
passava por ella, nem se tornava: porque teem feito da terra desejada uma
desolação.

[1] Mal. 2.7.

[2] Jer. 52.12. cap. 8.19.

[3] Isa. 58.5. Jer. 41.1. cap. 8.19. cap. 1.12.

[4] Rom. 14.6.

[5] Jer. 17.26.

[6] Jer. 7.23. Miq. 6.8. cap. 8.16. Mat. 23.23.

[7] Exo. 22.21, 22. Deu. 24.17. Isa. 1.17. Jer. 5.28.

[8] cap. 8.17.

[9] Neh. 9.29. Jer. 7.24.

[10] Eze. 11.19 e 36.26. Neh. 9.29, 30.

[11] II Chr. 36.16. Dan. 9.11.

[12] Pro. 1.24, 28. Isa. 1.15. Jer. 11.11 e 14.12. Miq. 3.4.

[13] Deu. 4.27 e 28.64. Eze. 36.19. cap. 2.6. Deu. 28.33.



_Bençãos promettidas._

8 Depois veiu _a mim_ a palavra do Senhor dos Exercitos, dizendo:

2 Assim diz o Senhor dos Exercitos: [1] Zelei por Sião com grande zelo, e
com grande furor zelei por ella.

3 Assim diz o Senhor: [2] Voltarei para Sião, e habitarei no meio de
Jerusalem; [3] e Jerusalem chamar-se-ha a cidade de verdade, e o monte do
Senhor dos Exercitos monte de sanctidade.

4 Assim diz o Senhor dos Exercitos: [4] Ainda nas praças de Jerusalem
habitarão velhos e velhas; e cada um _terá_ na sua mão o seu bordão, por
causa da sua muita edade.

5 E as ruas da cidade serão cheias de meninos e meninas, que brincarão
nas ruas d’ella.

6 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Se isto será maravilhoso aos olhos
do resto d’este povo n’aquelles dias, [5] sel-o-ha _por isso_ tambem
maravilhoso aos meus olhos? disse o Senhor dos Exercitos.

7 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Eis que [6] salvarei o meu povo da
terra do oriente e da terra do pôr do sol;

8 E tral-os-hei, e habitarão no meio de Jerusalem; [7] e me serão por
povo, e eu lhes serei a elles por Deus em verdade e em justiça.

9 Assim diz o Senhor dos Exercitos: [8] Esforcem-se _as_ vossas mãos, ó
vós que n’estes dias ouvistes estas palavras da bocca dos prophetas que
_estiveram_ no dia em que foi posto o fundamento da casa do Senhor dos
Exercitos, para que o templo fosse edificado.

10 Porque [9] antes d’estes dias não tem havido [AEL] soldada de homens,
nem soldada de bestas; nem _havia_ paz para o que entrava nem para o que
sahia, por causa do inimigo, porque eu incitei a todos os homens, cada um
contra o seu companheiro.

11 Mas agora não _me haverei_ eu para com o resto d’este povo como nos
primeiros dias, diz o Senhor dos Exercitos.

12 Porque [10] a semente _será_ prospera, a vide dará o seu fructo, e a
terra dará a sua novidade, [11] e os céus darão o seu orvalho; e farei
que o resto d’este povo herde tudo isto.

13 E [12] ha de ser, ó casa de Judah, e ó casa de Israel, que, assim como
fostes uma maldição entre as nações, assim vos salvarei, [13] e sereis
uma benção: não temaes, esforcem-se as vossas mãos.

14 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos: [14] Assim como pensei
fazer-vos mal, quando vossos paes me provocaram á ira, diz o Senhor dos
Exercitos, [15] e não me arrependi,

15 Assim tornei a pensar de fazer bem a Jerusalem e á casa de Judah,
n’estes dias: não temaes.

16 Estas _são_ as coisas que fareis: [16] Fallae verdade cada um com o
seu companheiro; julgae verdade e juizo de paz nas vossas portas.

17 E [17] nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu
companheiro, nem ameis o juramento falso; porque todas estas coisas _são_
as que eu aborreço, diz o Senhor.

18 E a palavra do Senhor dos Exercitos veiu a mim, dizendo:

19 Assim diz o Senhor dos Exercitos: O jejum do quarto, [18] e o jejum do
quinto, e o jejum do setimo, [19] e o jejum do decimo _mez_ se tornará
para a casa de Judah em gozo, e em alegria, e em [AEM] festividades
solemnes: [20] amae pois a verdade e a paz.

20 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Ainda _succederá_ que virão os povos
e os habitantes de muitas cidades.

21 E os habitantes de uma irão á outra, dizendo: [21] Vamos andando para
supplicar a face do Senhor, e para buscar ao Senhor dos Exercitos; eu
tambem irei.

22 Assim [22] virão muitos povos e poderosas nações, a buscar em
Jerusalem ao Senhor dos Exercitos, e a supplicar a face do Senhor.

23 Assim diz o Senhor dos Exercitos: N’aquelle dia succederá que pegarão
dez homens de entre todas as linguas das nações, pegarão, _digo_, da aba
de um homem judaico, dizendo: [23] Iremos comvosco, porque temos ouvido
_que_ Deus _está_ comvosco.

[1] Nah. 1.2. cap. 1.14.

[2] cap. 1.16.

[3] Isa. 1.21, 26. Isa. 2.2, 3.

[4] Isa. 65.20, 22.

[5] Gen. 18.14. Luc. 1.37 e 18.27.

[6] Isa. 11.11, 12 e 43.5, 6. Eze. 37.21.

[7] Jer. 30.22 e 31.1, 33. cap. 13.9. Jer. 4.2.

[8] ver. 18.

[9] Agg. 2.16.

[10] Joel 2.22.

[11] Agg. 1.10.

[12] Jer. 42.18.

[13] Gen. 12.2. Isa. 19.24, 25. Sof. 3.20. Agg. 2.19.

[14] Jer. 31.28.

[15] II Chr. 36.16.

[16] cap. 7.9. ver. 19. Eph. 4.25.

[17] Pro. 3.29. cap. 7.10.

[18] Jer. 52.6, 7. Jer. 52.12, 13. cap. 7.3, 5.

[19] Jer. 52.4. Isa. 35.10.

[20] ver. 16.

[21] Isa. 2.3. Miq. 4.1, 2.

[22] Isa. 60.3, etc. e 66.23.

[23] I Cor. 14.25.



_O castigo de diversos povos._

[Antes de Christo 487]

9 Carga [1] da palavra do Senhor contra a terra de Haldrach, e Damasco
_será_ o seu repouso; porque o Senhor tem o olho sobre o homem, [2] como
_sobre_ todas as tribus de Israel.

2 E [3] tambem Hamath n’ella terá termo: Tyro e Sidon, [4] ainda que seja
mui sabia.

3 E Tyro edificou para si fortalezas, [5] e amontoou prata como o pó, e
oiro fino como a lama das ruas.

4 Eis que [6] o Senhor a arrancará da posse, e ferirá no mar a sua força,
e ella será consumida pelo fogo.

5 Ascalon [7] _o_ verá e temerá, tambem Gaza, e terá grande dôr; como
tambem Ekron; porque a sua esperança será envergonhada; e o rei de Gaza
perecerá, e Ascalon não será habitada.

6 E [8] um bastardo habitará em Asdod, e exterminarei a soberba dos
philisteos.

7 E da sua bocca tirarei o seu sangue, e d’entre os seus dentes as suas
abominações; e elle tambem ficará de resto para o nosso Deus; e será como
principe em Judah, e Ekron como o jebuseo.

8 E [9] me acamparei ao redor da minha casa, por causa do exercito, por
causa do que passa, e por causa do que volta, [10] para que não passe
mais sobre elles o exactor; porque agora já _o_ vi com os meus olhos.

9 Alegra-te [11] muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalem:
[12] eis que o teu rei virá a ti, justo e Salvador, pobre, e montado
sobre um jumento, sobre um asninho, filho de jumenta.

10 E destruirei [13] os carros de Ephraim e os cavallos de Jerusalem:
tambem o arco de guerra será destruido, [14] e elle fallará paz ás
nações; e o seu dominio _se estenderá_ de _um_ mar até _outro_ mar, e
desde o rio até ás extremidades da terra.

11 Quanto a ti tambem _ó Sião_, pelo sangue do teu concerto, [15] soltei
os teus presos da cova em que não _havia_ agua.

12 Voltae á fortaleza [16] ó presos de esperança: tambem hoje vos
annuncio que vos renderei em dobro.

13 [AEN] Quando estendi Judah para mim _como um arco_, e enchi com
Ephraim o arco, suscitarei a teus filhos, ó Sião, contra os teus filhos,
ó Grecia! e pôr-te-hei como a espada de um valente.

14 E o Senhor será visto sobre elles, e as suas frechas sairão como
o relampago; e o Senhor JEHOVAH tocará buzina, [17] e irá com os
redemoinhos do sul.

15 O Senhor dos Exercitos os amparará, e comerão, depois que os tiverem
sujeitado as pedras da funda: tambem beberão _e_ farão alvoroço como _de_
vinho; e encher-se-hão como a bacia, [18] como os cantos do altar.

16 E o Senhor seu Deus n’aquelle dia os salvará, como ao rebanho do seu
povo; porque _como_ as pedras da corôa serão levantados na sua terra,
como bandeira.

17 Porque, quão _grande_ é a sua bondade! e quão _grande_ é a sua
formosura! [19] o trigo fará fallar os mancebos e o mosto as donzellas.

[1] Jer. 23.33.

[2] II Chr. 20.12.

[3] Jer. 49.23. Isa. 23. Eze. 26 e 27 e 28. I Reis 17.9. Eze. 28.21. Oba.
20.

[4] Eze. 28.3, etc.

[5] Job 27.16. Eze. 28.4, 5.

[6] Isa. 23.1. Eze. 26.17.

[7] Jer. 47.15. Sof. 2.4.

[8] Amós 1.8.

[9] cap. 2.5.

[10] Eze. 28.24. Exo. 3.7.

[11] Isa. 62.11. cap. 2.10. João 12.15.

[12] Jer. 23.5 e 30.9. Luc. 19.38. João 1.49.

[13] Ose. 1.7 e 2.18. Miq. 5.10.

[14] Eph. 2.14, 17.

[15] Isa. 42.7 e 51.14 e 61.1.

[16] Isa. 49.9 e 61.7.

[17] Isa. 21.1.

[18] Lev. 4.18, 25. Isa. 62.3. Mal. 3.17. Isa. 11.12. Deu. 12.27.

[19] Joel 3.18. Amós 9.14.



_Promessas feitas a Israel._

10 Pedi [1] ao Senhor chuva no tempo da serodia: o Senhor faz relampagos,
e lhes dará chuveiro de agua, e herva no campo a cada um.

2 Porque [2] os teraphins teem fallado vaidade, e os adivinhos teem visto
mentira, e fallam sonhos vãos; [3] _com_ vaidade consolam, por isso se
foram como ovelhas, foram afflictos, [4] porque não _havia_ pastor.

3 Contra os pastores se accendeu a minha ira, e visitarei os bodes; [5]
mas o Senhor dos Exercitos visitará o seu rebanho, a casa de Judah, e os
fará ser como o cavallo da sua magestade na peleja.

4 D’elle a pedra [6] de esquina, d’elle a estaca, d’elle o arco de
guerra, d’elle juntamente _sairão_ todos os exactores.

5 E serão como valentes [AEO] que pelo lodo das ruas entram na peleja, e
pelejarão; porque o Senhor _estará_ com elles, e envergonharão aos que
andam montados em cavallos.

6 E fortalecerei a casa de Judah, e salvarei a casa de José, [7] e
tornarei a plantal-os, porque me apiedei d’elles: e serão como se os não
tivera rejeitado; porque eu _sou_ o Senhor seu Deus, [8] e os ouvirei.

7 E os de Ephraim serão como um valente, e o seu coração se alegrará
como _de_ vinho, e seus filhos o verão, e se alegrarão; o seu coração se
regozijará no Senhor.

8 _Eu_ lhes assobiarei, [9] e os ajuntarei, porque eu os tenho remido, e
multiplicar-se-hão, assim como _antes_ se tinham multiplicado.

9 E eu [10] os semearei por entre os povos, e lembrar-se-hão de mim em
logares remotos; e viverão com seus filhos, e voltarão.

10 Porque [11] eu os farei voltar da terra do Egypto, e os congregarei
da Assyria; e tral-os-hei á terra de Gilead e do Libano, [12] e não se
achará _logar_ para elles.

11 E elle passará [13] o mar com angustia, e ferirá as ondas no mar, e
todas as profundezas dos rios se seccarão: [14] então será derribada a
soberba da Assyria, e o sceptro do Egypto se retirará.

12 E eu os fortalecerei no Senhor, [15] e andarão no seu nome, diz o
Senhor.

[1] Jer. 14.22. Deu. 11.14. Job 29.23. Joel 2.23.

[2] Jer. 10.8. Hab. 2.18.

[3] Job 13.4.

[4] Eze. 34.5.

[5] Luc. 1.68.

[6] Num. 24.17. I Sam. 14.38. Isa. 22.23.

[7] Jer. 3.18. Eze. 37.21. Ose. 1.7.

[8] cap. 13.9.

[9] Isa. 5.26 e 49.19. Eze. 36.37.

[10] Ose. 2.23. Deu. 30.1.

[11] Isa. 11.11, 16. Ose. 11.11.

[12] Isa. 49.20.

[13] Isa. 11.15, 16.

[14] Isa. 14.25. Eze. 30.13.

[15] Miq. 4.5.



_O castigo dos impenitentes._

11 Abre, ó Libano, [1] as tuas portas para que o fogo consuma os cedros.

2 Uivae, ó faias, porque os teus cedros cairam, porque estas excellentes
_arvores_ são destruidas; uivae, [2] ó carvalhos de Basan, porque o
bosque forte é derribado.

3 Voz de uivo dos pastores _se ouviu_, porque a sua gloria é destruida:
voz de bramido dos filhos de leões, porque foi destruida a soberba do
Jordão.

4 Assim diz o Senhor [3] meu Deus: Apascenta as ovelhas da matança,

5 Cujos possuidores [4] as matam, e não se teem por culpados; e cujos
vendedores dizem: Louvado seja o Senhor, porque hei enriquecido, e os
seus pastores não teem piedade d’ellas.

6 Certamente não terei piedade mais dos moradores d’esta terra, diz
o Senhor, mas, eis que entregarei os homens cada um na mão do seu
companheiro e na mão do seu rei, e esmiuçarão a terra, e eu não _os_
livrarei da sua mão.

7 E [5] eu apascentei as ovelhas da matança, porquanto _são_ ovelhas
coitadas; e tomei para mim duas varas, a uma _das quaes_ chamei [AEP]
Suavidade, e á outra chamei [AEQ] Conjuntadores, e apascentei as ovelhas.

8 E destrui os teus pastores [6] n’um _mesmo_ mez, porque se angustiou
d’elles a minha alma, e tambem a sua alma teve fastio de mim.

9 E eu disse: Não vos apascentarei mais: [7] o que morrer morra, e o
que fôr destruido seja, e as que restarem comam cada uma a carne da sua
companheira.

10 E tomei a minha vara Suavidade, e a quebrei, para desfazer o meu
concerto, que tinha estabelecido com todos estes povos.

11 E foi desfeito n’aquelle [8] dia, e conheceram assim os pobres do
rebanho que me aguardavam que isto _era_ palavra do Senhor.

12 Porque eu lhes tinha dito: Se _parece_ bem aos vossos olhos, dae-_me_
a minha soldada, e, se não, deixae-vos d’isso. [9] E pesaram a minha
soldada, trinta _moedas_ de prata.

13 O Senhor pois me disse: Arroja-a ao oleiro, [10] bello preço em
que fui apreçado por elles. E tomei as trinta _moedas_ de prata, e as
arrojei, na casa do Senhor, ao oleiro.

14 Então quebrei a minha segunda vara Conjuntadores, para romper a
irmandade entre Judah e Israel.

15 E o Senhor me disse: [11] Toma ainda para ti o instrumento de um
pastor insensato.

16 Porque, eis que levantarei um pastor na terra, _que_ não visitará
as perdidas, não buscará a desgarrada, e não sarará a quebrada, nem
apascentará a sã; mas comerá a carne da gorda, e lhe despedaçará as unhas.

17 Ai do pastor [12] de nada, que abandona o rebanho; a espada _cairá_
sobre o seu braço e sobre o seu olho direito; o seu braço sem falta se
seccará, e o seu olho direito sem falta se escurecerá.

[1] cap. 10.10.

[2] Isa. 32.19.

[3] ver. 7.

[4] Jer. 2.3.

[5] Sof. 3.12. Mat. 11.5.

[6] Ose. 5.7.

[7] Jer. 15.2 e 43.11.

[8] ver. 7. Sof. 3.12.

[9] Mat. 26.15. Exo. 21.32.

[10] Mat. 27.9, 10.

[11] Eze. 34.2, 3, 4.

[12] Jer. 23.1. Eze. 34.2. João 10.12, 13.



_A destruição dos inimigos do povo de Deus. O arrependimento e a
purificação de Israel._

12 Carga da palavra do Senhor sobre Israel: Falla o Senhor, [1] o que
estende o céu, e que funda a terra, [2] e que forma o espirito do homem
dentro n’elle.

2 Eis que eu porei a Jerusalem _como_ um copo [3] de tremor para todos
os povos em redor, e tambem para Judah, _o qual_ será no cerco contra
Jerusalem.

3 E será [4] n’aquelle dia que porei a Jerusalem _por_ pedra pesada
a todos os povos; todos os que carregarem com ella certamente serão
despedaçados, e ajuntar-se-hão contra elle todas as nações da terra.

4 N’aquelle dia, diz o Senhor, [5] ferirei de espanto a todos os
cavallos, e de loucura os que montam n’elles; mas sobre a casa de Judah
abrirei os meus olhos, e ferirei de cegueira a todos os cavallos dos
povos.

5 Então os chefes de Judah dirão no seu coração: A minha força _são_ os
habitantes de Jerusalem e o Senhor dos Exercitos, seu Deus.

6 N’aquelle dia porei os chefes de Judah [6] como um brazeiro de fogo
debaixo da lenha, e como _um_ tição de fogo entre gavelas; e á banda
direita e esquerda consumirão a todos os povos em redor, e Jerusalem será
habitada outra vez no seu logar, em Jerusalem.

7 E o Senhor primeiramente salvará as tendas de Judah, para que a gloria
da casa de David e a gloria dos habitantes de Jerusalem não se engrandeça
sobre Judah.

8 N’aquelle dia o Senhor amparará os habitantes de Jerusalem; [7] e o que
tropeçar entre elles n’aquelle dia _será_ como David, e a casa de David
será como Deus, como o anjo do Senhor diante d’elles.

9 E será, n’aquelle dia, [8] que procurarei destruir todas as nações que
vierem contra Jerusalem;

10 Porém [9] sobre a casa de David, e sobre os habitantes de Jerusalem,
derramarei o Espirito de graça e de supplicações; [10] e olharão para
mim, a quem traspassaram: e farão pranto sobre elle, como o pranto sobre
o unigenito; e chorarão amargosamente sobre elle, [11] como se chora
amargosamente sobre o primogenito.

11 N’aquelle dia será grande o pranto em Jerusalem, [12] como o pranto de
Hadadrimmon no valle de Meggiddon.

12 E a terra pranteará, [13] cada [AER] linhagem á parte: a linhagem da
casa de David, á parte, e suas mulheres, á parte, e a linhagem da casa de
Nathan, á parte, e suas mulheres, á parte;

13 A linhagem [14] da casa de Levi, á parte, e suas mulheres, á parte; a
linhagem de Simei, á parte, e suas mulheres á parte.

14 Todas as mais linhagens, cada linhagem á parte, e suas mulheres á
parte.

[1] Isa. 42.5 e 44.24.

[2] Num. 16.22. Ecc. 12.7. Isa. 57.16. Heb. 12.9.

[3] Isa. 51.17, 22, 23.

[4] ver. 4, 6, 8, 9, 11. cap. 13.1 e 14.4, 6, 8, 9, 13. Mat. 21.44.

[5] Eze. 38.4.

[6] Oba. 18.

[7] Joel 3.10.

[8] Agg. 2.22. ver. 3.

[9] Jer. 31.9 e 50.4. Eze. 39.29. Joel 2.28.

[10] João 19.34, 37. Apo. 1.7.

[11] Jer. 6.26. Amós 8.10.

[12] Act. 2.37. II Reis 23.29. II Chr. 35.24.

[13] Mat. 24.30. Apo. 1.7.

[14] II Sam. 5.14. Luc. 3.31.



13 N’aquelle [1] dia haverá _uma_ fonte aberta para a casa de David, e
para os habitantes de Jerusalem, contra o peccado, e contra a immundicia.

2 E será n’aquelle dia, diz o Senhor dos Exercitos, [2] que desfarei da
terra os nomes dos idolos, e d’elles não se fará mais memoria; [3] e
tambem farei sair da terra os prophetas e o espirito da immundicia.

3 E será que, quando alguem prophetizar mais, seu pae e sua mãe, que
o geraram, lhe dirão: Não viverás, porque fallaste mentira em nome do
Senhor; e seu pae e sua mãe, que o geraram, [4] o traspassarão quando
prophetizar.

4 E será n’aquelle dia _que_ os prophetas se envergonharão, [5] cada um
da sua visão, quando prophetizar; [6] nem elles se vestirão _mais_ de
manto de pellos, para mentirem.

5 E dirão: [7] Não _sou_ propheta, lavrador _sou_ da terra; porque
_certo_ homem _para isso_ me adquiriu desde a minha mocidade.

6 E se _alguem_ lhe disser: Que _são_ estas feridas nas tuas mãos? Dirá
elle: _Feridas são_ com que fui ferido _em_ casa dos meus amadores.


_O Pastor ferido: o juizo final: a exaltação da Egreja._

7 Ó espada, [8] desperta-te contra o meu Pastor e contra o varão que
_é_ o meu companheiro, diz o Senhor dos Exercitos; fere ao Pastor, [9]
e espalhar-se-hão as ovelhas; [10] mas volverei a minha mão para os
pequenos.

8 E será em toda a terra, diz o Senhor, que as duas partes d’ella serão
extirpadas, _e_ expirarão; [11] mas a terceira parte restará n’ella.

9 E farei passar [12] esta terceira parte pelo fogo, e a purificarei,
como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o oiro: ella
invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: Meu povo _é_, [13] e ella
dirá: O Senhor _é_ o meu Deus.

[1] cap. 12.3. Heb. 9.14. I Ped. 1.19. Apo. 1.5.

[2] Exo. 23.13. Jos. 23.7. Eze. 30.13. Ose. 2.17. Miq. 5.12, 13.

[3] II Ped. 2.1.

[4] Deu. 13.6, 8 e 18.20.

[5] Miq. 3.6, 7.

[6] Isa. 20.2. Mat. 3.4.

[7] Amós 7.14.

[8] Isa. 40.11. Eze. 34.23. João 10.30. Phi. 2.6.

[9] Mat. 26.31. Mar. 14.27.

[10] Mat. 18.10, 14. Luc. 12.32.

[11] Rom. 11.5.

[12] I Ped. 1.6, 7. cap. 10.6.

[13] Jer. 30.22. Eze. 11.20. cap. 8.8.



14 Eis que [1] o dia do Senhor vem; repartir-se-hão no meio de ti os teus
despojos.

2 Porque [2] _eu_ ajuntarei todas as nações para a peleja contra
Jerusalem; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, [3] e as
mulheres forçadas; e metade da cidade sairá para o captiveiro, mas o
resto do povo não será extirpado da cidade.

3 E o Senhor sairá, e pelejará contra estas nações, como no dia em que
pelejou no dia da batalha.

4 E [4] n’aquelle dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras,
que _está_ defronte de Jerusalem para o oriente; [5] e o monte das
Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o occidente,
n’um valle muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a
_outra_ metade d’elle para o sul.

5 E fugireis ao valle dos meus montes (porque o valle dos montes chegará
até Asel), [6] e fugireis assim como fugistes de diante do terremoto nos
dias de Uzias, rei de Judah: [7] então virá o Senhor meu Deus, _e_ todos
os sanctos comtigo, _ó Senhor_.

6 E será _que_ n’aquelle dia não haverá preciosa luz nem espessa
escuridão.

7 Mas [8] será um dia o qual _é_ conhecido do Senhor; nem dia nem noite
será: e acontecerá que no tempo da tarde haverá luz.

8 N’aquelle dia tambem acontecerá _que_ [9] sairão de Jerusalem aguas
vivas, metade d’ellas para o mar oriental, e metade d’ellas até ao mar
occidental: no estio e no inverno succederá _isto_.

9 E [10] o Senhor será rei sobre toda a terra: n’aquelle dia um _só_ será
o Senhor, e um _só_ será o seu nome.

10 Toda a terra ao redor se tornará em planicie, [11] desde Geba até
Rimmon, da banda do sul de Jerusalem, e será exalçada, e habitada no seu
logar, _desde_ a porta de Benjamin até ao logar da primeira porta, até á
porta da esquina, [12] e desde a torre de Hananeel até aos lagares do rei.

11 E habitarão n’ella, [13] e não haverá mais anathema, porque Jerusalem
habitará segura.

12 E esta será a praga com que o Senhor ferirá a todos os povos que
guerrearam contra Jerusalem: fará consumir a carne, estando elles em pé,
e lhes apodrecerão os olhos nas suas covas, e lhes apodrecerá a lingua de
cada um na sua bocca.

13 N’aquelle dia tambem acontecerá que haverá uma grande perturbação do
Senhor entre elles; porque pegará cada um na mão do seu companheiro, [14]
e alçar-se-ha a mão de cada um contra a mão do seu companheiro.

14 E tambem Judah pelejará contra Jerusalem, [15] e se ajuntarão em
redor as riquezas de todas as nações, oiro e prata e vestidos em grande
abundancia.

15 Assim tambem será a praga dos cavallos, [16] dos mulos, dos camelos e
dos jumentos, e de todos os animaes que estiverem n’aquelles exercitos,
como foi a praga d’elles.

16 E será que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra
Jerusalem, [17] subirão de anno em anno para adorarem o Rei, o Senhor dos
Exercitos, [18] e celebrarem a festa das cabanas.

17 E acontecerá _que_, [19] se alguma das familias da terra não subir
a Jerusalem, para adorar o Rei, o Senhor dos Exercitos, não virá sobre
elles a chuva.

18 E, se a familia dos egypcios, sobre os quaes não _vem a chuva_, não
subir, nem vier, [20] virá _sobre elles_ a praga _com_ que o Senhor
ferirá as nações que não subirem a celebrar a festa das cabanas.

19 Este será o [AES] peccado dos egypcios e o peccado de todas as nações
que não subirem a celebrar a festa das cabanas.

20 N’aquelle dia será _inscripto_ sobre as campainhas dos cavallos: [21]
SANCTIDADE AO SENHOR; e as panellas na casa do Senhor serão como as
bacias diante do altar.

21 E todas as panellas em Jerusalem e Judah serão sanctas ao Senhor
dos Exercitos, e todos os que sacrificarem virão, e d’ellas tomarão, e
n’ellas cozerão: [22] e não haverá mais cananita na casa do Senhor dos
Exercitos n’aquelle dia.

[1] Isa. 13.9. Joel 2.32. Act. 2.20.

[2] Joel 3.2.

[3] Isa. 13.16.

[4] Eze. 11.23.

[5] Joel 3.12, 14.

[6] Amós 1.1.

[7] Jud. 14.

[8] Apo. 22.5. Mat. 24.36. Isa. 30.26 e 60.19, 20. Apo. 21.23.

[9] Eze. 47.1. Joel 3.18. Apo. 22.1.

[10] Dan. 2.44. Apo. 11.15. Eph. 4.5, 6.

[11] Isa. 40.4.

[12] Neh. 3.1. Jer. 31.38.

[13] Jer. 23.4.

[14] Jui. 7.22. II Chr. 20.23. Eze. 38.21.

[15] Eze. 39.10, 17, etc.

[16] ver. 12.

[17] Isa. 6.7, 9 e 66.23.

[18] Lev. 23.34, 43. Ose. 12.9. João 7.2.

[19] Isa. 60.12.

[20] Deu. 11.10.

[21] Isa. 23.18.

[22] Joel 3.17. Apo. 21.27 e 22.15. Eph. 2.19, 20, 21, 22.



MALACHIAS.



_A ingratidão do povo; o formalismo dos sacerdotes._

[Antes de Christo 397]

1 Carga da palavra do Senhor contra Israel, pelo ministerio de Malachias.

2 Eu [1] vos amei, diz o Senhor; mas vós dizeis: Em que nos amastes? Não
foi Esaú irmão de Jacob? disse o Senhor; [2] todavia amei a Jacob,

3 E aborreci a Esaú: [3] e fiz dos seus montes uma assolação, e dei a sua
herança aos [AET] dragões do deserto.

4 Ainda que Edom dizia: Empobrecidos somos, porém tornaremos a edificar
os logares desertos: elles edificarão, e eu destruirei: e lhes chamarão;
Termo de impiedade, e povo contra quem o Senhor está irado para sempre.

5 E os vossos olhos o verão, e direis: O Senhor seja engrandecido desde o
termo de Israel.

6 O [4] filho honrará a _seu_ pae, e o servo ao seu senhor; e, se eu
_sou_ Pae, onde _está_ a minha honra? e, se eu _sou_ o Senhor, onde
_está_ o meu temor? diz o Senhor dos Exercitos a vós, ó sacerdotes, que
desprezaes o meu nome; mas vós dizeis: [5] Em que desprezámos nós o teu
nome?

7 Offereceis sobre o meu altar pão immundo, e dizeis: Em que te havemos
profanado? N’isto que dizeis: [6] A mesa do Senhor é desprezivel.

8 Porque, [7] quando trazeis _animal_ cego para _o_ sacrificardes, não _é
isto_ mau? e, quando offereceis o côxo ou o enfermo, não _é isto_ mau?
Ora apresenta-o ao teu principe; _porventura_ terá elle agrado em ti? ou
acceitará elle a tua pessoa? [8] diz o Senhor dos Exercitos.

9 Agora, pois, supplicae a face de Deus, e elle terá piedade de nós: [9]
isto veiu da vossa mão, acceitará elle a vossa pessoa? diz o Senhor dos
Exercitos.

10 Quem [10] _ha_ tambem entre vós que feche as portas _por nada_? e não
accendeis por nada _o_ fogo do meu altar. Eu não tomo prazer em vós, diz
o Senhor dos Exercitos, [11] nem acceitarei da vossa mão a oblação.

11 Mas desde o nascente do sol até ao poente [12] _será_ grande entre
as nações o meu nome; [13] e em todo o logar se offerecerá ao meu nome
incenso e uma oblação pura; porque o meu nome _será_ grande entre as
nações, diz o Senhor dos Exercitos.

12 Mas vós o profanaes, quando dizeis: [14] A mesa do Senhor _é_ immunda,
e, quanto ao seu rendimento, sua comida é desprezivel.

13 E dizeis: Eis aqui, que canceira! e o lançastes com desprezo, diz
o Senhor dos Exercitos: vós tambem offereceis o roubado, e o côxo e o
enfermo, e offereceis a offerta: [15] ser-me-ha acceito isto de vossa
mão? diz o Senhor.

14 Pois maldito [16] _seja_ o enganoso que, tendo no seu rebanho um
animal, promette e offerece ao Senhor _o que é_ corrompido, porque eu
_sou_ grande Rei, [17] diz o Senhor dos Exercitos, o meu nome _será_
tremendo entre as nações.

[1] Deu. 7.8 e 10.15.

[2] Rom. 9.13.

[3] Jer. 49.18. Eze. 35.3, 4, 7, 9, 14, 15. Oba. 10, etc.

[4] Exo. 20.12.

[5] cap. 2.14, 17 e 3.7, 8, 13.

[6] Eze. 41.22. ver. 22.

[7] Lev. 22.22. Deu. 15.21. ver. 14.

[8] Job 42.8.

[9] Ose. 13.9.

[10] I Cor. 9.13.

[11] Isa. 1.11. Jer. 6.20. Amós 5.21.

[12] Isa. 60.3, 5.

[13] I Tim. 2.8. Apo. 8.3. Isa. 66.19, 20.

[14] ver. 7.

[15] Lev. 22.20, etc.

[16] ver. 8.

[17] I Tim. 6.15.



2 Agora pois, ó sacerdotes, este mandamento vos _toca_ a vós.

2 Se [1] _o_ não ouvirdes, e se não propozerdes no coração, dar honra ao
meu nome, diz o Senhor dos Exercitos, enviarei a maldição contra vós, e
amaldiçoarei as vossas bençãos; e tambem já tenho maldito a cada qual
d’ellas, porque vós não pondes _isso_ no coração.

3 Eis que vos corromperei a semente, e espalharei esterco sobre os vossos
rostos, o esterco das vossas festas; [2] e com elles sereis tirados.

4 Então sabereis que eu vos enviei este mandamento, para que o meu
concerto seja com Levi, diz o Senhor dos Exercitos.

5 Meu concerto com [3] elle foi a vida e a paz, e eu lh’as dei _para_
temor, e me temeu, e assombrou-se por causa do meu nome.

6 A lei [4] da verdade esteve na sua bocca, e a iniquidade não se achou
nos seus labios: andou comigo em paz e em rectidão, e converteu [5] a
muitos da iniquidade.

7 Porque [6] os labios do sacerdote guardarão a sciencia, e da sua bocca
buscarão a lei, [7] porque elle _é_ o anjo do Senhor dos Exercitos.

8 Mas vós vos desviastes do caminho, [8] a muitos fizestes tropeçar na
lei: corrompestes o concerto de Levi, diz o Senhor dos Exercitos.

9 Por isso [9] tambem eu vos fiz despreziveis, e indignos diante de todo
o povo, visto que não guardaes os meus caminhos, mas acceitaes pessoas na
lei.


_Os casamentos com mulheres estranhas e o divorcio são illicitos._

10 [10] Não temos nós todos um _mesmo_ Pae? não nos creou um _mesmo_
Deus? porque seremos desleaes cada um com seu irmão, profanando o
concerto de nossos paes?

11 Judah foi desleal, e abominação se obrou em Israel e em Jerusalem;
porque Judah profana a sanctidade do Senhor, a qual ama, [11] e se casou
com a filha de deus estranho.

12 O Senhor destruirá das tendas de Jacob o homem que fizer isto, o que
vela, e o que responde, [12] e o que offerece presente ao Senhor dos
Exercitos.

13 Tambem fazeis esta segunda coisa: cobris o altar do Senhor de
lagrimas, de choros e de gemidos; de sorte que elle não olha mais para o
presente, nem _o_ acceitará com prazer da vossa mão.

14 E dizeis: [13] Porque? porque o Senhor foi testemunha entre ti e a
mulher da tua mocidade, contra a qual tu foste desleal, sendo ella a tua
companheira, e a mulher do teu concerto.

15 E não fez [14] elle _sómente_ um? [AEU] sobejando-lhe espirito? e
porque _sómente_ este um? [15] buscava uma semente de Deus: portanto
guardae-vos em vosso espirito, e contra a mulher da vossa mocidade nenhum
seja desleal.

16 Porque o Senhor Deus de Israel diz que aborrece [16] o repudio, e
aquelle que encobre a violencia com o seu vestido, diz o Senhor dos
Exercitos: portanto guardae-vos em vosso espirito, e não sejaes desleaes.

17 Enfadaes [17] ao Senhor com vossas palavras: e ainda dizeis: Em que o
enfadamos? N’isto que dizeis: Qualquer que faz mal _é_ bom aos olhos do
Senhor, e n’estes taes _é que_ elle se agrada, ou, onde _está_ o Deus do
juizo?

[1] Lev. 26.14, etc. Deu. 28.15, etc.

[2] I Reis 14.10.

[3] Num. 25.12. Eze. 34.25 e 37.26.

[4] Deu. 33.10.

[5] Jer. 23.22. Thi. 5.20.

[6] Lev. 10.11. Deu. 17.9, 10. Esd. 7.10. Jer. 18.18. Agg. 2.11, 12.

[7] Gal. 4.14.

[8] I Sam. 2.17. Jer. 18.15. Neh. 13.29.

[9] I Sam. 2.30.

[10] I Cor. 8.6. Eph. 4.6. Job 31.15.

[11] Esd. 9.1 e 10.2. Neh. 13.23.

[12] Neh. 13.28, 29.

[13] Pro. 5.18 e 2.17.

[14] Mat. 19.4, 5.

[15] Esd. 9.2. I Cor. 7.14.

[16] Deu. 24.1. Mat. 5.32.

[17] Isa. 43.24. Amós 2.13. cap. 3.13, 14, 15.



_O annuncio da vinda do Senhor, precedido pelo seu anjo._

3 Eis que [1] eu envio o meu anjo, que apparelhará o caminho diante de
mim; [2] e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscaes, e
o anjo do concerto, a quem vós desejaes; eis aqui que vem, diz o Senhor
dos Exercitos.

2 Mas quem [3] supportará o dia da sua vinda? e quem subsistirá, quando
elle apparecer? [4] porque elle _será_ como o fogo do ourives e como o
sabão dos lavandeiros.

3 E assentar-se-ha, [5] affinando e purificando a prata; e purgará os
filhos de Levi, e os affinará como oiro e como prata: [6] então ao Senhor
trarão offerta em justiça.

4 E a offerta de Judah [7] e de Jerusalem será suave ao Senhor, como nos
dias antigos, e como nos primeiros.

5 E chegar-me-hei a vós para juizo, [8] e serei uma testemunha veloz
contra os feiticeiros e contra os adulteros, e contra os que juram
falsamente, e contra os que defraudam o jornaleiro em seu jornal, e a
viuva, e o orphão, que pervertem _o direito_ do estrangeiro, e não me
temem, diz o Senhor dos Exercitos.

6 Porque eu, o Senhor, [9] não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacob, não
sois consumidos.


_Não devemos roubar o Senhor nem duvidar da sua providencia e justiça._

7 Desde os dias de vossos paes [10] vos desviastes dos meus estatutos, e
não os guardastes: [11] tornae a mim, e eu tornarei a vós, diz o Senhor
dos Exercitos; mas vós dizeis: [12] Em que havemos de tornar?

8 Roubará o homem a Deus? porque vós me roubaes, e dizeis: Em que te
roubámos? [13] nos dizimos e nas offertas alçadas.

9 Com maldição _sois_ malditos, porque me roubaes a mim, sim, toda a
nação.

10 Trazei [14] todos os dizimos á casa do thesouro, para que haja
mantimento na minha casa, e provae-me n’isto, diz o Senhor dos Exercitos,
[15] se eu _então_ não vos abrirei as janellas do céu, e não vasarei
sobre vós uma benção até que não _caiba_ mais.

11 E por causa de vós reprehenderei o devorador, [16] para que não vos
corrompa o fructo da terra; e a vide no campo vos não será esteril, diz o
Senhor dos Exercitos.

12 E todas as nações vos chamarão bemaventurados; porque vós sereis uma
terra deleitosa, diz o Senhor dos Exercitos.

13 As vossas palavras [AEV] prevaleceram contra mim, diz o Senhor; mas
vós dizeis: Que temos fallado contra ti?

14 Vós dizeis: [17] Debalde _é_ servir a Deus: que _nos_ aproveita termos
guardado os seus preceitos, e andarmos vestidos de preto diante do Senhor
dos Exercitos?

15 Ora pois, nós reputamos por bemaventurados os soberbos: tambem os que
obram impiedade se edificam; tambem tentam ao Senhor, e escapam.

16 Então aquelles que temem ao Senhor [18] fallam cada um com o seu
companheiro; e o Senhor attenta e ouve; e [19] ha um memorial escripto
diante d’elle, para os que temem o Senhor, e para os que se lembram do
seu nome.

17 E elles serão meus, [20] diz o Senhor dos Exercitos, [21] n’aquelle
dia que farei me serão propriedade; poupal-os-hei, como um homem poupa a
seu filho, que o serve.

18 Então tornareis e vereis a _differença_ entre o justo e o impio; entre
o que serve a Deus, e o que não o serve.

[1] Mat. 11.10. Mar. 1.2. Luc. 1.76 e 7.27.

[2] Isa. 63.9. Agg. 2.7.

[3] cap. 4.1. Apo. 6.17.

[4] Mat. 3.10, 11, 12.

[5] Isa. 1.25. Zac. 13.9.

[6] I Ped. 2.5.

[7] cap. 1.11.

[8] Zac. 5.4. Thi. 5.4, 11.

[9] Num. 23.19. Rom. 11.29. Thi. 1.17. Lam. 3.22.

[10] Act. 7.51.

[11] Zac. 1.3.

[12] cap. 1.6.

[13] Nah. 13.10, 12.

[14] Pro. 3.9, 10. II Chr. 31.11. Neh. 10.38 e 13.12.

[15] Gen. 7.11. II Reis 7.2. II Chr. 31.10.

[16] Amós 4.9.

[17] Job 21.14, 15 e 22.17.

[18] Heb. 8.13.

[19] Isa. 65.6. Apo. 20.12.

[20] I Ped. 2.9.

[21] Isa. 62.3.



4 Porque [1] eis que aquelle dia vem ardendo como o forno: [2] todos os
soberbos, e todos os que obram a impiedade, serão como a palha; e o dia
que está para vir os abrazará, diz o Senhor dos Exercitos, [3] de sorte
que lhes não deixará nem raiz nem ramo.

2 Mas [4] a vós, que temeis o meu nome, [5] nascerá o sol da justiça, e
saude trará debaixo das suas azas; e saireis, e [AEW] crescereis como os
bezerros do cevadouro.

3 E [6] pizareis os impios, porque se farão cinza debaixo das plantas de
vossos pés, no dia em que fizer _isto_, diz o Senhor dos Exercitos.

4 Lembrae-vos [7] da lei de Moysés, meu servo, que lhe mandei em Horeb
para todo o Israel, dos estatutos e juizos.

5 Eis que eu vos envio o propheta Elias, [8] antes que venha o dia grande
e terrivel do Senhor;

6 E converterá o coração dos paes aos filhos, e o coração dos filhos a
seus paes; [9] para que eu não venha, e fira a terra com maldição.

[1] Joel 2.31. cap. 3.2. II Ped. 3.7.

[2] cap. 3.18. Oba. 18.

[3] Amós 2.9.

[4] cap. 3.6.

[5] Luc. 1.78. Eph. 5.14. II Ped. 1.19.

[6] II Sam. 22.43. Miq. 7.10. Zac. 10.5.

[7] Exo. 20.3, etc. Deu. 4.10.

[8] Mat. 11.14 e 17.11. Luc. 1.17. Joel 2.11.

[9] Zac. 14.12. Zac. 5.3.



FIM DO VELHO TESTAMENTO.



O NOVO TESTAMENTO DE NOSSO SENHOR JESUS CHRISTO, PELO PADRE JOÃO FERREIRA
D’ALMEIDA.



OS LIVROS DO NOVO TESTAMENTO E O NUMERO DE SEUS CAPITULOS.


                                _Pag._  _Cap._
    S. Mattheus                  839      28
    S. Marcos                    875      16
    S. Lucas                     898      24
    S. João                      936      21
    Actos                        964      28
    Aos Romanos                 1000      16
    I. Aos Corinthios           1015      16
    II. Aos Corinthios          1030      13
    Aos Galatas                 1039       6
    Aos Ephesios                1044       6
    Aos Philippenses            1050       4
    Aos Colossenses             1054       4
    I. Aos Thessalonicenses     1057       5
    II. Aos Thessalonicenses    1061       3
    I. A Timotheo               1063       6
    II. A Timotheo              1067       4
    A Tito                      1070       3
    A Philemon                  1072       1
    Aos Hebreos                 1073      13
    S. Thiago                   1084       5
    I. S. Pedro                 1088       5
    II. S. Pedro                1092       3
    I. S. João                  1095       5
    II. S. João                 1099       1
    III. S. João                1099       1
    S. Judas                    1100       1
    Apocalypse da S. João       1101      22



O SANCTO EVANGELHO SEGUNDO S. MATTHEUS.



_A genealogia de Jesus Christo._

Luc. 3.23-38.

1 Livro [1] da geração de Jesus Christo, [2] filho de David, [3] filho
d’Abrahão.

2 Abrahão [4] gerou a Isaac; [5] e Isaac gerou a Jacob; [6] e Jacob gerou
a Judas e a seus irmãos;

3 E Judas gerou de Tamar [7] a Fares e a Zara; [8] e Fares gerou a Esrom;
e Esrom gerou a Arão;

4 E Arão gerou a Aminadab; e Aminadab gerou a Naason; e Naason gerou a
Salmon;

5 E Salmon gerou de Rachab a Booz, e Booz gerou de Ruth a Obed; e Obed
gerou a Jessé;

6 E [9] Jessé gerou ao rei David; [10] e o rei David gerou a Salomão, da
_que foi mulher_ de Urias;

7 E Salomão [11] gerou a Roboão; e Roboão gerou a Abia; e Abia gerou a
Asa;

8 E Asa gerou a Josaphat; e Josaphat gerou a Jorão; e Jorão gerou a Ozias;

9 E Ozias gerou a Joathão; e Joathão gerou a Achaz; e Achaz gerou a
Ezequias;

10 E Ezequias gerou a Manassés; [12] e Manassés gerou a Amon; e Amon
gerou a Josias;

11 E [13] Josias gerou a Jechonias e a seus irmãos na deportação para a
Babylonia.

12 E, depois da deportação para a Babylonia, [14] Jechonias gerou a
Salathiel; e Salathiel gerou a Zorobabel;

13 E [15] Zorobabel gerou a Abiud; e Abiud gerou a Eliakim; e Eliakim
gerou a Azor;

14 E Azor gerou a Sadoc; e Sadoc gerou a Achim; e Achim gerou a Eliud;

15 E Eliud gerou a Eleazar; e Eleazar gerou a Matthan; e Matthan gerou a
Jacob;

16 E Jacob gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se
chama o Christo.

17 De sorte que todas as gerações, desde Abrahão até David, _são_
quatorze gerações; e desde David até á deportação para a Babylonia,
quatorze gerações; e desde a deportação para a Babylonia até o Christo,
quatorze gerações.


_O nascimento de Jesus Christo[AEX]._

18 Ora o nascimento [16] de Jesus Christo foi assim: Estando Maria, sua
mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, [17] achou-se gravida do
Espirito Sancto.

19 Então José, seu marido, como era justo, [18] e a não queria infamar,
intentou deixal-a secretamente.

20 E, projectando elle isto, eis que n’_um_ sonho lhe appareceu um anjo
do Senhor, dizendo: José, filho de David, não temas receber a Maria tua
mulher, porque [19] o que n’ella está gerado é do Espirito Sancto;

21 E dará á luz _um_ filho [20] e chamarás o seu nome JESUS; [21] porque
elle salvará o seu povo dos seus peccados.

[Anno Domini]

22 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do
Senhor, pelo propheta, que diz:

23 Eis que [22] a virgem conceberá e dará á luz _um_ filho, e
chamal-o-hão pelo nome EMMANUEL, que traduzido é: Deus comnosco.

24 E José, despertando do sonho, fez como o anjo do Senhor lhe ordenára,
e recebeu a sua mulher;

25 E não a conheceu até que deu á luz o seu filho, [23] o primogenito; e
poz-lhe por nome JESUS.

[1] Luc. 3.23.

[2] Psa. 132.11. Isa. 11.1. Jer. 23.5. João 7.42. Act. 2.30. Rom. 1.3.

[3] Gen. 12.3. Gal. 3.16.

[4] Gen. 21.2.

[5] Gen. 25.26.

[6] Gen. 29.35.

[7] Gen. 38.27.

[8] Ruth 4.18. I Chr. 2.5, 9.

[9] I Sam. 16.1.

[10] II Sam. 12.24.

[11] I Chr. 3.10.

[12] II Reis 20.21. I Chr. 3.13.

[13] I Chr. 3.15. II Reis 24.14. II Chr. 36.10. Jer. 27.20. Dan. 1.2.

[14] I Chr. 3.17, 19.

[15] Esd. 3.2 e 5.2. Neh. 12.1. Agg. 1.1.

[16] Luc. 1.27.

[17] Luc. 1.35.

[18] Deu. 24.1.

[19] Luc. 1.35.

[20] Luc. 1.31.

[21] Act. 4.12 e 5.31 e 13.23, 38.

[22] Isa. 7.14.

[23] Exo. 13.2. Luc. 2.7, 21.



_Os magos do oriente[AEY]._

2 E, tendo nascido Jesus em [1] Bethlehem de Judéa, no tempo do rei
Herodes, eis que _uns_ magos vieram do oriente a Jerusalem,

2 Dizendo: [2] Onde está aquelle que é nascido rei dos judeos? porque
vimos a sua estrella no oriente, e viemos a adoral-o.

3 E o rei Herodes, ouvindo _isto_, perturbou-se, e toda Jerusalem com
elle.

4 E, congregados todos os principes dos sacerdotes, [3] e os escribas do
povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Christo.

5 E elles lhe disseram: Em Bethlehem de Judea; porque assim está escripto
pelo propheta:

6 E tu, Bethlehem, [4] terra de Judah, de modo nenhum és a menor entre
[AEZ] as capitaes de Judah; porque de ti sairá o [AFA] Guia que ha de
apascentar [5] o meu povo de Israel.

7 Então Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exactamente
d’elles _ácerca_ do tempo em que a estrella lhes apparecera.

8 E, enviando-os a Bethlehem, disse: Ide, e perguntae diligentemente pelo
menino, e, quando o achardes, participae-m’o, para que tambem eu vá e o
adore.

9 E, tendo elles ouvido o rei, foram-se; e eis-que a estrella, que tinham
visto no oriente, ia adiante d’elles, até que, chegando, se deteve sobre
_o logar_ onde estava o menino.

10 E, vendo elles a estrella, alegraram-se muito com grande alegria.

11 E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe, e,
prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus thesouros, lhe offertaram
dadivas: [6] oiro, incenso e myrrha.

12 E, [7] sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não
voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro
caminho.


_A fugida para o Egypto; a matança dos innocentes._

13 E, tendo-se elles retirado, eis-que o anjo do Senhor appareceu a José
em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o
Egypto, e demora-te lá até que eu te diga; porque Herodes ha de procurar
o menino para o matar.

14 E, levantando-se elle, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para
o Egypto,

15 E esteve lá até á morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi
dito da parte do Senhor pelo propheta, que diz: [8] Do Egypto chamei o
meu Filho.

16 Então Herodes, vendo que tinha sido illudido pelos magos, irritou-se
muito, e mandou matar todos os meninos que havia em Bethlehem, e em todos
os seus contornos, de _edade de_ dois annos e menos, segundo o tempo que
diligentemente inquirira dos magos.

17 Então se cumpriu o que foi dito pelo propheta Jeremias, [9] que diz:

18 Em Rama se ouviu _uma_ voz, lamentação, choro e grande pranto: Rachel
chorando os seus filhos, e não quiz ser consolada, porque _já_ não
existem.


_A volta do Egypto._

19 Morto porém Herodes, eis que o anjo do Senhor appareceu n’um sonho a
José no Egypto,

20 Dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vae para a terra
d’Israel; porque _já_ estão mortos os que procuravam a [AFB] morte do
menino.

21 Então elle se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra
d’Israel.

22 E, ouvindo que Archelau reinava na Judea em logar de Herodes, seu pae,
receiou ir para lá: mas avisado em sonho por divina revelação, [10] foi
para as partes da Galilea.

23 E chegou, e habitou n’_uma_ cidade chamada Nazareth, [11] para que se
cumprisse o que fôra dito pelos prophetas: Que se chamará Nazareno.

[1] Luc. 2.4, 6, 7. Gen. 10.30 e 25.6. I Reis 4.30.

[2] Luc. 2.11. Num. 24.17. Isa. 60.3.

[3] II Chr. 36.14 e 34.13. Mal. 2.7.

[4] Miq. 5.2. João 7.42.

[5] Apo. 2.27.

[6] Psa. 72.10, 11. Isa. 60.6.

[7] Mat. 1.20.

[8] Ose. 11.1.

[9] Jer. 31.15.

[10] Mat. 3.13. Luc. 2.39.

[11] João 1.45. Jui. 13.5. I Sam. 1.11.



_João Baptista._

Mar. 1.1-8. Luc. 3.1-18. João 1.6-8, 19-36.

[Anno Domini 26]

3 E, n’aquelles dias, [1] appareceu João Baptista prégando no deserto da
Judea,

2 E dizendo: Arrependei-vos, [2] porque é chegado o reino dos céus;

3 Porque é este o annunciado pelo propheta Isaias, que disse: [3] Voz do
que clama no deserto: preparae o caminho do Senhor, endireitae as suas
veredas.

4 E este João tinha [4] o seu vestido de pellos de camelo, e _um_ cinto
de coiro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e mel
silvestre.

5 Então ia ter com elle Jerusalem, [5] e toda a Judea, e toda a provincia
adjacente ao Jordão,

6 E eram por elle baptizados no _rio Jordão_, [6] confessando os seus
peccados.

7 E, vendo elle muitos dos phariseos e dos sadduceos, que vinham ao seu
baptismo, dizia-lhes: [7] Raça de viboras, quem vos ensinou a fugir da
ira futura?

8 Produzi pois fructos dignos de arrependimento;

9 E não presumaes de vós mesuros, dizendo: [8] Temos por pae a Abrahão;
porque eu vos digo que mesmo d’estas pedras Deus pode suscitar filhos a
Abrahão.

10 E tambem agora está posto o machado á raiz das arvores; toda [9] a
arvore, pois, que não produz bom fructo, é cortada e lançada no fogo.

11 E eu, em verdade, [10] vos baptizo com agua, para o arrependimento;
mas aquelle que vem após mim, é mais poderoso do que eu; cujas [AFC]
alparcas não sou digno de levar; [11] elle vos baptizará com o Espirito
Sancto, e _com_ fogo.

12 Em sua mão _tem_ a pá, [12] e limpará a sua eira, e recolherá no
celleiro o seu trigo, [13] e queimará a palha com fogo que nunca se
apagará.


_O baptismo de Jesus._

Mar. 1.9-11. Luc. 3.21, 22. João 1.32-34.

13 Então veiu Jesus da Galilea a João, [14] junto do Jordão, para ser
baptizado por elle,

14 João oppunha-se-lhe, porém, dizendo: Eu careço de ser baptizado por
ti, e vens tu a mim?

15 Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa _por_ agora, porque assim
nos convem cumprir toda a justiça. Então elle o deixou.

16 E, sendo Jesus baptizado, [15] saiu logo da agua, e eis-que se lhe
abriram os céus, e viu o Espirito de Deus [16] descendo como pomba e
vindo sobre elle.

17 E eis que [17] uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em
quem me comprazo.

[1] Mar. 1.4. Luc. 3.2. João 1.28. Jos. 14.10.

[2] Dan. 2.44. cap. 4.17.

[3] Isa. 40.3. Mar. 1.3. Luc. 3.4. João 1.23. Luc. 1.76.

[4] Mar. 1.6. I Reis 1.8. Zac. 13.4. Lev. 11.22. I Sam. 14.25, 26.

[5] Mar. 1.5. Luc. 3.7.

[6] Act. 19.4, 18.

[7] Mat. 12.34. Luc. 3.7, 8, 9. Rom. 5.9. I The. 1.10.

[8] João 8.33, 39. Act. 13.26. Rom. 4.1, 11.

[9] Mat. 7.19. Luc. 13.7. João 15.6.

[10] Mar. 1.8. Luc. 3.16. João 1.15, 26, 33. Act. 1.5.

[11] Isa. 4.4 e 44.3. Mal. 3.2. Act. 2.3, 4. I Cor. 12.13.

[12] Mal. 3.3.

[13] Mal. 4.1.

[14] Mar. 1.9. Luc. 3.21. cap. 2.22.

[15] Mar. 1.10.

[16] Isa. 11.2. Luc. 3.22. João 1.32, 33 e 12.28.

[17] Psa. 2.7. Isa. 42.1. cap. 12.18. Mar. 1.11. Luc. 9.35. Eph. 1.6.
Col. 1.13. II Ped. 1.17.



_A tentação de Jesus._

Mar. 1.12-13. Luc. 4.1-13.

[Anno Domini 27]

4 Então foi conduzido Jesus pelo Espirito ao deserto, [1] para ser
tentado pelo diabo.

2 E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;

3 E, chegando-se a elle o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus,
manda que estas pedras se façam pães.

4 Elle, porém, respondendo, disse: Está escripto: [2] Nem só de pão
viverá o homem, mas de toda a palavra que sae da bocca de Deus.

5 Então o diabo o levou á cidade sancta, [3] e collocou-o sobre o
pinaculo do templo,

6 E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; [4]
porque está escripto: Que aos seus anjos ordenará a respeito de ti; e
tomar-te-hão nas mãos, para que nunca tropeces em _alguma_ pedra.

7 Disse-lhe Jesus: Tambem está escripto: [5] Não tentarás o Senhor teu
Deus.

8 Novamente o levou o diabo a um monte muito alto, e mostrou-lhe todos os
reinos do mundo, e a gloria d’elles.

9 E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.

10 Então disse-lhe Jesus: [6] Vae-te, Satanaz, porque está escripto: Ao
Senhor teu Deus adorarás, e só a elle servirás.

11 Então o diabo o deixou; e, eis-que chegaram os anjos, [7] e o
serviram.


_Jesus em Galilea; os primeiros discipulos._

Mar. 1.14, etc. Luc. 4.14, etc.; 5.1-11.

[Anno Domini 30]

12 Jesus, porém, ouvindo que João estava preso, [8] voltou para a Galilea;

13 E, deixando Nazareth, foi habitar em Capernaum, _cidade_ maritima, nos
confins de Zabulon e Naphtali;

14 Para que se cumprisse o que foi dito pelo propheta Isaias, que diz:

15 A terra de Zabulon, [9] e a terra de Naphtali, _junto_ ao caminho do
mar, além do Jordão, a Galilea das nações;

16 O povo, [10] assentado em trevas, viu uma grande luz; e para os que
estavam assentados na região e sombra da morte raiou a luz.

17 Desde então começou Jesus a prégar, e a dizer: [11] Arrependei-vos,
porque é chegado o reino dos céus.

18 E Jesus, andando junto ao mar da Galilea, [12] viu a dois irmãos,
Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram
pescadores:

19 E disse-lhes: [13] Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.

20 Então elles, deixando logo as redes, [14] seguiram-n’o.

21 E, adiantando-se d’ali, [15] viu outros dois irmãos, Thiago,
_filho_ de Zebedeo, e João, seu irmão, n’um barco com seu pae Zebedeo,
concertando as redes; e chamou-os;

22 Elles, deixando immediatamente o barco e seu pae, seguiram-n’o.

23 E percorria Jesus toda a Galilea, [16] ensinando nas suas synagogas
e prégando o Evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e
molestias entre o povo.

24 E a sua fama correu por toda a Syria, e traziam-lhe todos os
que padeciam, accommettidos de varias enfermidades e tormentos, os
endemoninhados, os lunaticos, e os paralyticos, e elle os curava.

25 E seguia-o uma grande multidão _de gente_ da Galilea, [17] de
Decapolis, de Jerusalem, da Judea, e d’além do Jordão.

[1] Mar. 1.12, etc. Luc. 4.1, etc. I Sam. 18.12. Eze. 3.14.

[2] Deu. 8.3.

[3] Neh. 11.1, 18. Isa. 48.2. cap. 27.53. Apo. 11.2.

[4] Psa. 91.11.

[5] Deu. 6.16.

[6] Deu. 6.13 e 10.20. Jos. 24.14. I Sam. 7.3.

[7] Heb. 1.14.

[8] Mar. 1.14. Luc. 3.20 e 4.14, 31. João 4.43.

[9] Isa. 9.1, 2.

[10] Isa. 42.7. Luc. 2.32.

[11] Mar. 1.14, 15. cap. 10.7.

[12] Mar. 1.16, 18. Luc. 5.2. João 1.42.

[13] Luc. 5.10, 11.

[14] Mar. 10.28. Luc. 18.28.

[15] Mar. 1.19. Luc. 5.10.

[16] cap. 9.35. Mar. 1.21. Luc. 4.15, 44. cap. 24.14. Mar. 1.14 e 1.34.

[17] Mar. 3.7.



_O sermão da montanha. As beatitudes._

Luc. 6.20-29.

[Anno Domini 31]

5 E Jesus, vendo a multidão, [1] subiu a um monte, e, assentando-se,
approximaram-se d’elle os seus discipulos:

2 E, abrindo a sua bocca, os ensinava, dizendo:

3 Bemaventurados os pobres de espirito, [2] porque d’elles é o reino dos
céus;

4 Bemaventurados os que choram, [3] porque elles serão consolados;

5 Bemaventurados os mansos, [4] porque elles herdarão a terra;

6 Bemaventurados os que teem fome e sêde de justiça, [5] porque elles
serão fartos;

7 Bemaventurados os misericordiosos, [6] porque elles alcançarão
misericordia;

8 Bemaventurados os limpos de coração, [7] porque elles verão a Deus;

9 Bemaventurados os pacificadores, porque elles serão chamados filhos de
Deus;

10 Bemaventurados os que soffrem perseguição por causa da justiça, [8]
porque d’elles é o reino dos céus;

11 Bemaventurados sois vós, [9] quando vos injuriarem e perseguirem, e,
mentindo, fallarem todo o mal contra vós por minha causa.

12 Exultae e alegrae-_vos_, [10] porque é grande o vosso galardão nos
céus; porque assim perseguiram os prophetas que _foram_ antes de vós.


_Os discipulos são o sal da terra e a luz do mundo._

13 Vós sois o sal da terra; [11] e se o sal fôr insipido, com que se ha
de salgar? para nada mais presta senão para se lançar fóra, e ser pisado
pelos homens.

14 Vós sois a luz do mundo: não [12] se pode esconder uma cidade
edificada sobre um monte,

15 Nem se accende a candeia [13] e se colloca debaixo do alqueire, mas no
velador, e dá luz a todos que estão na casa.

16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, [14] para que vejam
as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pae, que _está_ nos céus.


_O cumprimento da lei e dos prophetas._

17 Não cuideis [15] que vim destruir a lei _ou_ os prophetas: não vim a
derogar, mas a cumprir.

18 Porque em verdade vos digo, que, [16] até que o céu e a terra passem,
nem um jota nem um só til se omittirá da lei, sem que tudo seja cumprido.

19 Qualquer [17] pois que violar um d’estes mais pequenos mandamentos,
e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus;
aquelle, porém, que _os_ cumprir e ensinar será chamado grande no reino
dos céus.

20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder _a_ dos escribas e
phariseos, [18] de modo nenhum entrareis no reino dos céus.

21 Ouvistes que foi dito aos antigos: [19] Não matarás; mas qualquer que
matar será [AFD] réu de juizo.

22 Eu vos digo, porém, que [20] qualquer que, sem motivo, se encolerisar
contra seu irmão, será réu de juizo; e qualquer que disser a seu irmão:
Raca, [21] será réu do synhedrio; qualquer que _lhe_ disser: Louco, será
[AFE] réu do fogo do inferno.

23 Portanto, [22] se trouxeres a tua offerta ao altar, e ahi te lembrares
de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,

24 Deixa ali diante do altar a tua offerta, [23] e vae, reconcilia-te
primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua offerta.

25 Concilia-te depressa com o teu adversario, [24] emquanto estás no
caminho com elle, para que não aconteça que o adversario te entregue ao
juiz, e o juiz te entregue ao [AFF] ministro, e te encerrem na prisão.

26 Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás d’ali emquanto não
pagares o ultimo ceitil.

27 Ouvistes que foi dito aos antigos: [25] Não commetterás adulterio.

28 Eu vos digo, porém, que [26] qualquer que attentar n’uma mulher para a
cobiçar, já em seu coração commetteu adulterio com ella.

29 Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, [27] arranca-o e
atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus
membros, do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.

30 E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe
de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca, do que todo o
teu corpo seja lançado no inferno.

31 Tambem foi dito: [28] Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de
desquite.

32 Eu, [29] porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, sem ser
por causa de fornicação, faz que ella commetta adulterio, e qualquer que
casar com a repudiada commette adulterio.

33 Outrosim, ouvistes que foi dito aos antigos: [30] Não perjurarás, mas
cumprirás teus juramentos ao Senhor.

34 Eu vos digo, porém, [31] que de maneira nenhuma jureis: nem pelo céu,
porque é o throno de Deus;

35 Nem pela terra, porque é o escabello de seus pés; nem por Jerusalem,
[32] porque é a cidade do grande Rei;

36 Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes fazer um cabello branco
ou preto.

37 Seja, porém, o vosso fallar: [33] Sim, sim, Não, não, porque o que
passa d’isto é de procedencia maligna.

38 Ouvistes que foi dito: [34] Olho por olho, e dente por dente.

39 Eu vos digo, porém, [35] que não resistaes ao mal; mas, se qualquer te
bater na face direita, offerece-lhe tambem a outra;

40 E ao que quizer pleitear comtigo, e tirar-te o vestido, larga-lhe
tambem a capa;

41 E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, [36] vae com elle duas.

42 Dá a quem te pedir, [37] e não te desvies d’aquelle que quizer que lhe
emprestes.

43 Ouvistes que foi dito: [38] Amarás o teu proximo, e aborrecerás o teu
inimigo.

44 Eu vos digo, porém: [39] Amae a vossos inimigos, bemdizei os que vos
maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orae pelos que vos maltratam e
vos perseguem;

45 Para que sejaes filhos do vosso Pae que _está_ nos céus; [40] porque
faz que o seu sol se levante sobre os maus e os bons, e a chuva desça
sobre os justos e os injustos.

46 Pois, se amardes os que vos amam, [41] que galardão havereis? não
fazem os publicanos tambem o mesmo?

47 E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? não
fazem os publicanos tambem assim?

48 Sêde vós pois perfeitos, [42] como é perfeito o vosso Pae que _está_
nos céus.

[1] Mar. 3.13.

[2] Luc. 6.20. Psa. 51.19. Pro. 16.19. Isa. 57.15.

[3] Isa. 61.2. Luc. 6.21. João 16.20. II Cor. 1.7. Apo. 21.4.

[4] Psa. 37.14. Rom. 4.13.

[5] Isa. 55.1 e 65.13.

[6] Psa. 41.1. cap. 6.14. Mar. 11.25. II Tim. 1.16. Heb. 6.10. Thi. 2.13.

[7] Psa. 15.3. Heb. 12.14. I Cor. 13.12. I João 3.2.

[8] II Cor. 4.17. II Tim. 2.12. I Ped. 3.14.

[9] Luc. 6.22. I Ped. 4.14.

[10] Luc. 6.23. Act. 5.41. Rom. 5.3. Thi. 1.2. I Ped. 4.13. II Chr.
36.16. Neh. 9.26. cap. 23.34, 37. Act. 7.52. I The. 2.16.

[11] Mar. 9.49. Luc. 14.34, 35.

[12] Pro. 4.18. Phi. 2.15.

[13] Mar. 4.21. Luc. 8.16.

[14] I Ped. 2.12. João 15.8. I Cor. 14.25.

[15] Rom. 3.31 e 10.4. Gal. 3.24.

[16] Luc. 16.17.

[17] Thi. 2.10.

[18] Rom. 9.31 e 10.3.

[19] Exo. 20.13. Deu. 5.17.

[20] I João 3.15.

[21] Thi. 2.20.

[22] cap. 8.4.

[23] Job 42.8. cap. 18.19. I Tim. 2.8. I Ped. 3.7.

[24] Pro. 25.8. Luc. 12.58, 59. Psa. 31.6. Isa. 55.6.

[25] Exo. 20.14. Deu. 5.18.

[26] Job 31.1. Pro. 6.25. Gen. 34.2. II Sam. 11.2.

[27] cap. 18.8, 9. Mar. 9.43, 47. cap. 19.12. Rom. 8.13. I Cor. 9.27.
Col. 3.5.

[28] Deu. 24.1. Jer. 3.1. cap. 19.3. Mar. 10.2.

[29] cap. 19.9. Luc. 16.18. Rom. 7.3. I Cor. 7.10.

[30] cap. 23.16. Exo. 20.7. Lev. 19.12. Num. 30.2. Deu. 5.11 e 23.23.

[31] cap. 23.16. Thi. 5.12. Isa. 66.1.

[32] Psa. 48.2.

[33] Col. 4.6. Thi. 5.12.

[34] Exo. 21.24. Lev. 24.20. Deu. 19.21.

[35] Pro. 20.22. Luc. 6.29. Rom. 12.17. I Cor. 6.7. I The. 5.15. I Ped.
3.9. Isa. 50.6. Lam. 3.30.

[36] cap. 27.32. Mar. 15.21.

[37] Deu. 15.8, 10. Luc. 6.30, 35.

[38] Lev. 19.18. Deu. 23.6.

[39] Luc. 6.27, 35. Rom. 12.14, 20. Luc. 23.34. Act. 7.59. I Cor. 4.12. I
Ped. 2.23.

[40] Job 25.3.

[41] Luc. 6.32.

[42] Gen. 17.1. Lev. 11.44. Luc. 6.38. Col. 1.28. Thi. 1.4. I Ped. 1.15.
Eph. 5.1.



_Continuação do sermão da montanha. Esmolas. Oração. Jejum._

6 Guardae-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes
vistos por elles: aliás não tereis galardão junto de vosso Pae, que
_está_ nos céus.

2 Quando pois deres esmola, não [1] faças tocar trombeta adiante de
ti, como fazem os hypocritas nas synagogas e nas ruas, para serem
glorificados pelos homens. Em verdade vos digo _que_ já receberam o seu
galardão.

3 Mas, quanto tu deres esmola, não saiba a tua _mão_ esquerda o que faz a
tua direita;

4 Para que a tua esmola seja _dada_ occultamente: e teu Pae, que vê em
segredo, [2] te recompensará publicamente.

5 E, quando orares, não sejas como os hypocritas; pois se comprazem em
orar em pé nas synagogas, e ás esquinas das ruas, para serem vistos pelos
homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.

6 Mas tu, quando orares, [3] entra no teu aposento, e, fechando a
tua porta, ora a teu Pae que _está_ em occulto; e teu Pae, que vê
secretamente, te recompensará.

7 E, orando, [4] não useis palavras vãs, como os gentios, que pensam que
por muito [5] fallarem serão ouvidos.

8 Não vos assimilheis pois a elles; porque vosso Pae sabe o que vos é
necessario, antes de vós lh’o pedirdes.

9 Portanto, vós orareis assim: [6] Pae nosso, que _estás_ nos céus,
sanctificado seja o teu nome;

10 Venha o teu reino, [7] seja feita a tua vontade, _assim_ na terra [8]
como no céu;

11 O pão nosso de cada [9] dia nos dá hoje;

12 E perdoa-nos as nossas dividas, [10] assim como nós perdoamos aos
nossos devedores;

13 E não nos induzas [11] á tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é
o reino, e o poder, e a gloria, para sempre. Amen.

14 Porque, se perdoardes aos homens as suas offensas, [12] tambem vosso
Pae celestial vos perdoará a vós;

15 Se, porém, [13] não perdoardes aos homens as suas offensas, tambem
vosso Pae vos não perdoará as vossas offensas.

16 E, [14] quando jejuaes, não vos mostreis contristados como os
hypocritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça
que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.

17 Porém tu, quando jejuares, unge [15] a tua cabeça, e lava o teu rosto.

18 Para não parecer aos homens que jejuas, mas a teu Pae, que _está_ em
occulto; e teu Pae, que vê em occulto, te recompensará.


_O thesouro no céu. O olho puro. Os dois senhores. A anciosa solicitude
pela nossa vida._

19 Não ajunteis thesouros na terra, [16] onde a traça e a ferrugem _tudo_
consomem, e onde os ladrões minam e roubam;

20 Mas ajuntae thesouros no céu, [17] onde nem a traça nem a ferrugem
corrompe, e onde os ladrões não minam nem roubam.

21 Porque onde estiver o vosso thesouro, ahi estará tambem o vosso
coração.

22 A candeia do corpo é o [18] olho; de sorte que, se o teu olho fôr bom,
todo o teu corpo terá luz;

23 Se, porém, o teu olho fôr mau, o teu corpo será tenebroso. Se,
portanto, a luz que em ti ha são trevas, quão grandes _serão_ as trevas!

24 Ninguem pode servir a [19] dois senhores; porque ou ha de odiar um e
amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. [20] Não podeis
servir a Deus e [AFG] a Mammon.

25 Por isso vos digo: [21] Não andeis cuidadosos emquanto á vossa vida,
pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem, emquanto ao
vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o
mantimento, e o corpo _mais_ do que o vestido?

26 Olhae para as aves do céu, [22] que nem semeiam, nem segam, nem
ajuntam em celleiros; e vosso Pae celestial as alimenta. Não tendes vós
muito mais valor do que ellas?

27 E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, accrescentar um
covado á sua estatura?

28 E, emquanto ao vestido, porque andaes solicitos? Olhae para os lirios
do campo, como elles crescem: não trabalham nem fiam;

29 E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua gloria, se vestiu
como qualquer d’elles.

30 Pois, se Deus assim enfeita a herva do campo, que hoje existe e ámanhã
é lançada no forno, não vos _vestirá_ muito mais a vós, _homens_ de pouca
fé?

31 Não andeis pois inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos,
ou com que nos vestiremos?

32 (Porque todas estas _coisas_ os gentios procuram) Pois vosso Pae
celestial bem sabe que necessitaes de todas estas _coisas_;

33 Mas buscae primeiro o reino de Deus, [23] e a sua justiça, e todas
estas _coisas_ vos serão accrescentadas.

34 Não vos inquieteis pois pelo dia d’ámanhã, porque o dia d’ámanhã
cuidará de si mesmo. Basta a _cada_ dia o seu mal.

[1] Rom. 12.8.

[2] Luc. 14.14.

[3] II Reis 4.33.

[4] Ecc. 5.2.

[5] I Reis 18.26, 29.

[6] Luc. 11.2.

[7] cap. 26.39, 42. Act. 21.14.

[8] Psa. 103.19.

[9] Job 23.12. Pro. 40.8.

[10] cap. 18.21.

[11] cap. 26.41. Luc. 22.40, 46. I Cor. 10.13. II Ped. 2.9. Apo. 5.10.
João 17.5.

[12] Mar. 11.25, 26. Eph. 4.32. Col. 3.13.

[13] cap. 18.35. Thi. 2.13.

[14] Isa. 58.5.

[15] Ruth 3.3. Dan. 10.3.

[16] Pro. 23.4. I Tim. 6.17. Heb. 13.5. Thi. 5.1.

[17] cap. 19.21. Luc. 12.23, 34 e 18.22. I Tim. 6.19. I Ped. 1.4.

[18] Luc. 11.34, 36.

[19] Luc. 16.13.

[20] Gal. 1.10. I Tim. 6.17. I João 2.15.

[21] Psa. 55.23. Luc. 12.22. Phi. 4.6. I Ped. 5.7.

[22] Job 38.41. Psa. 147.9. Luc. 12.24.

[23] I Reis 3.13. Psa. 37.25. Mar. 10.30. Luc. 12.31. I Tim. 4.8.



_Continuação do sermão da montanha. O juizo temerario. As coisas sanctas
não deis aos cães. Perseverança na oração. A porta estreita. Os falsos
prophetas. Devemos ouvir e executar as palavras de Jesus._

7 Não julgueis, [1] para que não sejaes julgados.

2 Porque com o juizo com que julgardes sereis julgados, [2] e com a
medida com que tiverdes medido hão de medir para vós.

3 E porque reparas tu no argueiro que [3] _está_ no olho do teu irmão, e
não vês a trave que _está_ no teu olho?

4 Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho; e,
eis uma trave no teu olho?

5 Hypocrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar
o argueiro do olho do teu irmão.

6 Não deis aos cães as coisas sanctas, [4] nem deiteis aos porcos as
vossas perolas, não seja caso que as pizem com os pés, e, voltando-se,
vos despedacem.

7 Pedi, [5] e dar-se-vos-ha; buscae, e encontrareis; batei, e
abrir-se-vos-ha.

8 Porque, [6] aquelle que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao
que bate, se abre.

9 E qual d’entre vós é o homem que, [7] pedindo-lhe pão o seu filho, lhe
dará uma pedra?

10 E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente?

11 Se vós, pois, sendo maus, [8] sabeis dar boas coisas aos vossos
filhos, quanto mais vosso Pae, que _está_ nos céus, [AFH] dará bens aos
que lh’_os_ pedirem?

12 Portanto, [9] tudo o que vós quereis que os homens vos façam,
fazei-lh’o tambem vós, porque esta é a lei e os prophetas.

13 Entrae pela porta [10] estreita; porque larga _é_ a porta, e espaçoso
o caminho que conduz á perdição, e muitos são os que entram por elle;

14 Porque estreita _é_ a porta, e apertado o caminho que leva á vida, e
poucos ha que o encontrem.

15 Acautelae-vos, porém, dos falsos prophetas, [11] que veem para vós
vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.

16 Por seus fructos [12] os conhecereis. _Porventura_ colhem-se uvas dos
espinheiros ou figos dos abrolhos?

17 Assim, [13] toda a arvore boa produz bons fructos, e toda a arvore má
produz fructos maus.

18 Não pode a arvore boa dar maus fructos; nem a arvore má dar fructos
bons.

19 Toda a arvore [14] que não dá bom fructo corta-se e lança-se no fogo.

20 E, assim, pelos seus fructos os conhecereis.

21 Nem todo o que me diz: [15] Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus,
mas aquelle que faz a vontade de meu Pae, que _está_ nos céus.

22 Muitos me dirão n’aquelle dia: Senhor, Senhor, [16] não prophetizámos
nós em teu nome? e em teu nome não expulsámos demonios? e em teu nome não
fizemos muitas maravilhas?

23 E então lhes direi abertamente: [17] Nunca vos conheci: apartae-vos de
mim, vós que obraes a iniquidade.

24 Todo aquelle, [18] pois, que escuta estas minhas palavras e as
pratica, assimilhal-o-hei ao homem prudente, que edificou a sua casa
sobre a rocha;

25 E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram
aquella casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.

26 E aquelle que ouve estas minhas palavras, e as não executa,
comparal-o-hei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia;

27 E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram
aquella casa, e caiu, e foi grande a sua queda.

28 E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, [19] a multidão se
admirou da sua doutrina,

29 Porque os ensinava como tendo auctoridade; [20] e não como os escribas.

[1] Luc. 6.37. Rom. 2.1 e 14.3. I Cor. 4.3, 5. Thi. 4.11, 12.

[2] Mar. 4.24. Luc. 6.38.

[3] Luc. 6.41.

[4] Pro. 9.7, 8 e 23.9. Act. 13.45, 46.

[5] cap. 21.22. Mar. 11.24. Luc. 11.9, 10 e 18.1. João 14.13. Thi. 1.5,
6. I João 3.22.

[6] Pro. 8.17. Jer. 29.12.

[7] Luc. 11.11, 13.

[8] Gen. 6.5.

[9] Luc. 6.31. Lev. 19.18. cap. 22.40. Rom. 13.8, 10. Gal. 5.14. I Tim.
1.5.

[10] Luc. 13.24.

[11] Deu. 13.3. Jer. 23.16. Mar. 13.22. Rom. 16.17, 18. Eph. 5.6. Col.
2.8. II Ped. 2.1. I João 4.1. Miq. 3.5. Act. 20.29.

[12] ver. 20. cap. 12.33. Luc. 6.43.

[13] Jer. 11.19. cap. 12.33.

[14] cap. 3.10. Luc. 3.9. João 15.26.

[15] Ose. 8.2. cap. 25.11. Luc. 6.46 e 13.25. Act. 19.13. Rom. 2.13. Thi.
1.22.

[16] Num. 2.44. João 11.51. I Cor. 13.2.

[17] cap. 25.12. Luc. 13.25, 27. II Tim. 2.19. Psa. 5.5, 6, 9. cap. 25.41.

[18] Luc. 6.47.

[19] cap. 13.54. Mar. 1.22 e 6.2. Luc. 4.32.

[20] João 7.46.



_O leproso purificado._

Mar. 1.40-45. Luc. 5.12-14.

8 E descendo elle do monte, seguiu-o uma grande multidão.

2 E, eis-que veiu um leproso, e o adorou, dizendo: Senhor, se tu queres,
podes purificar-me.

3 E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero: sê puro. E logo
ficou purificado da lepra.

4 Disse-lhe então Jesus: [1] Olha não o digas a alguem, mas vae,
mostra-te ao sacerdote, e apresenta a offerta que Moysés determinou, [2]
para lhes servir de testemunho.


_O centurião de Capernaum._

Luc. 7.1-10.

5 E, entrando Jesus em Capernaum, chegou _junto d’elle_ um centurião,
rogando-lhe,

6 E dizendo: Senhor, o meu creado jaz em casa paralytico, e violentamente
atormentado.

7 E Jesus lhe disse: Eu irei, e lhe darei saude.

8 E o centurião, respondendo, disse: Senhor, [3] não sou digno de que
entres debaixo do meu telhado, [4] mas dize sómente uma palavra, e o meu
creado sarará;

9 Pois tambem eu sou homem sujeito ao poder, e tenho soldados ás minhas
ordens; e digo a este: Vae, e elle vae; e a outro: Vem, e elle vem; e ao
meu creado: Faze isto, e elle o faz.

10 E maravilhou-se Jesus, ouvindo _isto_, e disse aos que o seguiam: Em
verdade vos digo que nem em Israel encontrei tanta fé.

11 Mas eu vos digo que muitos virão do oriente [5] e do occidente, e
assentar-se-hão á mesa com Abrahão, e Isaac, e Jacob, no reino dos céus;

12 E os filhos do reino [6] serão lançados nas trevas exteriores: ali
haverá pranto e ranger de dentes.

13 Então disse Jesus ao centurião: Vae, e como creste te seja feito. E
n’aquella mesma hora o seu creado sarou.


_A sogra de Pedro._

Mar. 1.29-31. Luc. 4.38-41.

14 E Jesus, entrando em casa de Pedro, [7] viu a sogra d’este jazendo com
febre.

15 E tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantou-se, e serviu-os.

16 E, chegada a tarde, [8] trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e com a
palavra expulsou _d’elles_ os espiritos _malignos_, e curou todos os que
estavam enfermos;

17 Para que se cumprisse o que fôra dito pelo propheta Isaias, que diz:
[9] Elle tomou _sobre si_ as nossas enfermidades, e levou as _nossas_
doenças.


_Como devemos seguir a Jesus._

Luc. 9.57, &c.

18 E Jesus, vendo em torno de si _uma_ grande multidão, ordenou que
passassem para a banda d’alem;

19 E, approximando-se _d’elle_ um escriba, disse-lhe: Mestre, aonde quer
que fores, eu te seguirei.

20 E disse Jesus: As raposas teem _seus_ covis, e as aves do céu _teem
seus_ ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.

21 E [10] outro de seus discipulos lhe disse: Senhor, [11] permitte-me
que primeiro vá sepultar meu pae.

22 Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me, e deixa aos mortos sepultar os seus
mortos.


_Jesus apazigua a tempestade._

Mar. 4.35-41. Luc. 8.22-25.

23 E, entrando elle no barco, seus discipulos o seguiram;

24 E eis que no mar se levantou _uma_ tempestade tão grande que o barco
era coberto pelas ondas; elle, porém, estava dormindo.

25 E os seus discipulos, approximando-se, o despertaram, dizendo: Senhor,
salva-nos, que perecemos.

26 E elle disse-lhes: Porque temeis, _homens_ de pouca fé? [12] Então,
levantando-se, reprehendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande
bonança.

27 E aquelles homens se maravilharam, dizendo: Quem é este, que até os
ventos e o mar lhe obedecem?


_Os endemoninhados gergesenos._

Mar. 5.1. Luc. 8.26, etc.

28 E, tendo chegado á outra banda, á provincia dos gergesenos, sairam-lhe
ao encontro dois endemoninhados, vindos dos sepulchros, tão ferozes que
ninguem podia passar por aquelle caminho.

29 E eis que clamaram, dizendo: Que temos nós comtigo, Jesus Filho de
Deus? Vieste aqui a atormentar-nos antes de tempo?

30 E andava pastando distante d’elles uma manada de muitos porcos.

31 E os demonios rogaram-lhe, dizendo: Se nos expulsas, permitte-nos que
entremos n’aquella manada de porcos.

32 E elle lhes disse: Ide. E, saindo elles, se introduziram na manada dos
porcos; e eis que toda aquella manada de porcos se precipitou no mar por
um despenhadeiro, e morreram nas aguas.

33 E os porqueiros fugiram, e, chegando á cidade, divulgaram todas
_aquellas coisas_, e o que _acontecera_ aos endemoninhados.

34 E eis que toda aquella cidade saiu ao encontro de Jesus, e, vendo-o,
[13] rogaram-lhe que se retirasse dos seus termos.

[1] cap. 9.30. Mar. 5.43.

[2] Lev. 14.3, 10. Luc. 5.14.

[3] Luc. 15.19, 21.

[4] Psa. 107.20.

[5] Gen. 12.3. Isa. 2.2. Mal. 1.11. Luc. 13.29. Act. 10.45. Rom. 15.9.

[6] cap. 21.43 e 13.42. Luc. 13.28. II Ped. 2.17. Jud. 13.

[7] I Cor. 9.5.

[8] Mar. 1.32. Luc. 4.40, 41.

[9] Isa. 53.4. I Ped. 2.24.

[10] Luc. 9.59.

[11] I Reis 19.20.

[12] Psa. 65.8 e 89.9, 10 e 107.29.

[13] Deu. 5.25. I Reis 17.18. Luc. 5.8. Act. 16.39.



_O paralytico de Capernaum._

Mar. 2.3-12. Luc. 5.18-36.

9 E, entrando no barco, passou para a outra banda, e chegou á sua cidade.
E eis que [1] lhe trouxeram um paralytico deitado n’_uma_ cama.

2 E [2] Jesus, vendo a sua fé, disse ao paralytico: Filho, tem bom animo,
perdoados te são os teus peccados.

3 E eis que alguns dos escribas diziam entre si: Elle blasphema.

4 Mas Jesus, [3] conhecendo os seus pensamentos, disse: Porque ajuizaes
mal em vossos corações?

5 Pois qual é mais facil? dizer: Perdoados te são os _teus_ peccados; ou
dizer: Levanta-te e anda?

6 Ora, para que saibaes que o Filho do homem tem na terra auctoridade
para perdoar peccados (disse então ao paralytico): Levanta-te; toma a tua
cama, e vae para tua casa.

7 E, levantando-se, foi para sua casa.

8 E a multidão, vendo _isto_, maravilhou-se, e glorificou a Deus, que
dera tal auctoridade aos homens.


_A vocação de Mattheus._

Mar. 2.14-17. Luc. 5.27-32.

9 E Jesus, passando _adiante_ d’ali, viu assentado na alfandega um homem,
chamado Mattheus, e disse-lhe: Segue-me. E elle, levantando-se, o seguiu.

10 E aconteceu que, [4] estando elle em casa assentado _á mesa_, chegaram
muitos publicanos e peccadores, e assentaram-se juntamente _á mesa_ com
Jesus e seus discipulos.

11 E os phariseos, vendo _isto_, disseram aos seus discipulos: [5] Porque
come o vosso Mestre com os publicanos e peccadores?

12 Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de medico os sãos,
senão os doentes.

13 Ide, porém, e aprendei o que significa: [6] Misericordia quero, e não
sacrificio. Porque eu não vim para chamar os justos, mas os peccadores,
ao arrependimento.


_O jejum._

Mar. 2.18-22. Luc. 5.33, etc.

14 Então chegaram ao pé d’elle os discipulos de João, dizendo: Porque
jejuamos nós e os phariseos muitas vezes, e os teus discipulos não jejuam?

15 E disse-lhes Jesus: Podem _porventura_ [7] andar tristes [AFI] os
filhos das bodas, emquanto o esposo está com elles? Dias, porém, virão em
que lhes será tirado o esposo, [8] e então jejuarão.

16 E ninguem deita remendo de panno novo em vestido velho, porque
similhante remendo rompe o vestido, e faz-se maior o rasgão;

17 Nem deitam vinho novo em odres velhos; aliás rompem-se os odres, e
entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deitam vinho novo em
odres novos, e ambos se conservam.


_A cura da mulher que tinha um fluxo de sangue._

Mar. 5.22-43 e refs.

18 Dizendo-lhes elle estas _coisas_, eis que chegou um [AFJ] principal, e
o adorou, dizendo: Minha filha falleceu agora mesmo; mas vem, impõe-lhe a
tua mão, e ella viverá.

19 E Jesus, levantando-se, seguiu-o, _elle_ e os seus discipulos.

20 E eis que uma mulher [9] que havia já doze annos padecia de um fluxo
de sangue, chegando por detraz _d’elle_, tocou a orla do seu vestido;

21 Porque dizia comsigo: Se eu tão sómente tocar o seu vestido, ficarei
sã.

22 E Jesus, voltando-se, e vendo-a, disse: [10] Tem animo, filha, a tua
fé te salvou. E immediatamente a mulher ficou sã.

23 E [11] Jesus, chegando a casa d’aquelle principal, e vendo os
instrumentistas, e o povo em alvoroço,

24 Disse-lhes: [12] Retirae-vos, que a menina não está morta, mas dorme.
E riam-se d’elle.

25 E, logo que o povo foi posto fóra, entrou, e pegou-lhe na mão, e a
menina levantou-se.

26 E espalhou-se aquella noticia por todo aquelle paiz.


_A cura de dois cegos e um mudo._

27 E, partindo Jesus d’ali, seguiram-o dois cegos, clamando, e dizendo:
[13] Tem compaixão de nós, filho de David.

28 E, quando chegou a casa, os cegos se approximaram d’elle; e Jesus
disse-lhes: Credes vós que eu possa fazer isto? Disseram-lhe elles: Sim,
Senhor.

29 Tocou então os olhos d’elles, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa
fé.

30 E os olhos se lhes abriram. E Jesus ameaçou-os, dizendo: [14] Olhae
não o saiba _alguem_.

31 Mas, [15] tendo elle saido, divulgaram a sua fama por toda aquella
terra.

32 E, [16] havendo-se elles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e
endemoninhado.

33 E, expulso o demonio, fallou o mudo; e a multidão se maravilhou,
dizendo: Nunca tal se viu em Israel.

34 Mas os phariseos diziam: [17] Elle expulsa os demonios pelo principe
dos demonios.


_A seara, e os ceifeiros._

35 E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, [18] ensinando nas
synagogas d’elles, e prégando o evangelho do reino, e curando todas as
enfermidades e molestias entre o povo.

36 E, vendo a multidão, teve grande compaixão d’elles, [19] porque
andavam desgarrados e errantes, como ovelhas que não teem pastor.

37 Então disse aos seus discipulos: A [20] _seara é_ realmente grande,
mas poucos os ceifeiros.

38 Rogae pois [21] ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua
_seara_.

[1] Mar. 2.3. Luc. 5.18.

[2] cap. 8.10.

[3] Psa. 139.3. cap. 12.25. Mar. 12.15. Luc. 5.22.

[4] Mar. 2.15, etc. Luc. 5.29, etc.

[5] cap. 11.19. Luc. 5.30. Gal. 2.15.

[6] Ose. 6.6. Miq. 6.6, 7, 8. cap. 12.7. I Tim. 1.15.

[7] João 3.29.

[8] Act. 13.2, 3 e 14.23. I Cor. 7.5.

[9] Mar. 5.25. Luc. 8.43.

[10] Luc. 7.50 e 8.48 e 17.19 e 18.42.

[11] Mar. 5.38. Luc. 8.51. II Chr. 35.25.

[12] Act. 20.10.

[13] cap. 15.22. Mar. 10.47. Luc. 18.38.

[14] cap. 8.4 e 12.16. Luc. 5.14.

[15] Mar. 7.36.

[16] cap. 12.22. Luc. 11.14.

[17] cap. 12.24. Mar. 3.22. Luc. 11.15.

[18] Mar. 6.6. Luc. 13.22. cap. 4.23.

[19] Mar. 6.34. Num. 27.17. Eze. 34.5. Zac. 10.2.

[20] Luc. 10.2. João 4.35.

[21] II The. 3.1.



_Os doze e a sua missão._

10 E, chamando os seus doze discipulos, [1] deu-lhes poder sobre os
espiritos immundos, para os expulsarem, e curarem toda a enfermidade e
todo o mal.

2 Ora os nomes dos doze apostolos são estes: O primeiro, Simão, [2]
chamado Pedro, e André, seu irmão; Thiago, _filho_ de Zebedeo, e João,
seu irmão;

3 Philippe e Bartholomeo; Thomé e Mattheus, o publicano; Thiago, _filho_
de Alpheo, e Lebbeo, appellidado Thaddeo;

4 Simão Cananita, [3] e Judas Iscariotes, o mesmo que o trahiu.

5 Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: [4] Não ireis pelo
caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos;

6 Mas ide antes [5] ás ovelhas perdidas da casa d’Israel;

7 E, indo, prégae, [6] dizendo: É chegado o reino dos céus.

8 Curae os enfermos, purificae os leprosos, resuscitae os mortos,
expulsae os demonios: [7] de graça recebestes, de graça dae.

9 Não possuaes oiro, nem prata, [8] nem cobre, em vossos cintos,

10 Nem alforges para o caminho, nem duas tunicas, nem alparcas, nem
bordão; [9] porque digno é o operario do seu alimento.

11 E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, [10] procurae saber
quem n’ella seja digno, e hospedae-vos ahi até que vos retireis.

12 E, quando entrardes n’alguma casa, saudae-a;

13 E, se a casa fôr digna, [11] desça sobre ella a vossa paz; porém, se
não fôr digna, torne para vós a vossa paz.

14 E, se ninguem vos receber, [12] nem escutar vossas palavras, saindo
d’aquella casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés.

15 Em verdade vos digo que, no dia do juizo, haverá menos rigor [13] para
o paiz de Sodoma e Gomorrah do que para aquella cidade.

16 Eis que vos envio [14] como ovelhas ao meio de lobos; portanto sêde
prudentes como as serpentes [15] e simplices como as pombas.

17 Acautelae-vos, porém, dos homens; [16] porque elles vos entregarão aos
synhedrios, e vos açoitarão nas suas synagogas;

18 E sereis até conduzidos [17] á presença dos governadores e dos reis
por causa de mim, para _lhes servir de_ testemunho a elles e aos gentios.

19 Mas, quando [18] vos entregaram, não estejaes cuidadosos de como, ou o
que haveis de fallar, porque n’aquella _mesma_ hora vos será ministrado o
que haveis de dizer.

20 Porque [19] não sois vós que fallaes, mas o Espirito de vosso Pae, que
falla em vós.

21 E o irmão entregará á morte o irmão, [20] e o pae o filho; e os filhos
se levantarão contra os paes, e os matarão.

22 E odiados de todos sereis por causa do meu nome: [21] mas aquelle que
perseverar até ao fim será salvo.

23 Quando pois [22] vos perseguirem n’esta cidade, fugi para outra;
porque em verdade vos digo que não acabareis de _percorrer_ as cidades
d’Israel, [23] sem que venha o Filho do homem.

24 Não é o discipulo [24] mais do que o mestre, nem o servo mais do que o
seu senhor.

25 Baste ao discipulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se
chamaram [25] Beelzebú ao pae de familia, quanto mais aos seus domesticos?

26 Portanto, não os temaes; [26] porque nada ha encoberto que não haja de
revelar-se, nem occulto que não haja de saber-se.

27 O que vos digo em trevas dizei-_o_ em luz; e o que escutaes ao ouvido
prégae-_o_ sobre os telhados.

28 E não temaes os que matam o corpo, [27] e não podem matar a alma:
temei antes aquelle que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.

29 Não se vendem dois passarinhos por um [AFK] ceitil? e nenhum d’elles
cairá em terra sem _a vontade de_ vosso Pae.

30 E até mesmo [28] os cabellos da vossa cabeça estão todos contados.

31 Não temaes pois: mais valeis vós do que muitos passarinhos.

32 Portanto, [29] qualquer que me confessar diante dos homens, eu o
confessarei diante de meu Pae, que _está_ nos céus.

33 Mas qualquer [30] que me negar diante dos homens, eu o negarei tambem
diante de meu Pae, que _está_ nos céus.

34 Não cuideis que vim trazer a paz á terra; [31] não vim trazer a paz,
mas a espada;

35 Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pae, [32] e a filha
contra sua mãe, e a nora contra sua sogra;

36 E _serão_ [33] os inimigos do homem os que _são_ seus familiares.

37 Quem ama o pae [34] ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e
quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.

38 E quem não toma a sua cruz, [35] e não segue após mim, não é digno de
mim.

39 Quem achar a sua [AFL] vida [36] perdel-a-ha; e quem perder a sua vida
por amor de mim achal-a-ha.

40 Quem vos recebe, [37] me recebe a mim; e quem me recebe a mim, recebe
aquelle que me enviou.

41 Quem recebe [38] _um_ propheta em qualidade de propheta, receberá
galardão de propheta; e quem recebe _um_ justo em qualidade de justo,
receberá galardão de justo.

42 E qualquer [39] que tiver dado só que seja um copo d’_agua_ fria a um
d’estes pequenos, em qualidade de discipulo, em verdade vos digo que de
modo nenhum perderá o seu galardão.

[1] Mar. 3.13 e 6.7. Luc. 6.13 e 9.1.

[2] João 1.42.

[3] Luc. 6.15. Act. 1.13. João 13.26.

[4] cap. 4.15. II Reis 17.24. João 4.9.

[5] cap. 15.24. Act. 13.48. Isa. 53.6. Jer. 50.6. Eze. 34.5. I Ped. 2.25.

[6] Luc. 9.2. cap. 3.2 e 4.17. Luc. 10.9.

[7] Act. 8.18.

[8] I Sam. 9.7. Mar. 6.8. Luc. 9.3.

[9] Luc. 10.7. I Cor. 9.7. I Tim. 5.18.

[10] Luc. 10.8.

[11] Luc. 10.5. Psa. 35.13.

[12] Mar. 6.11. Luc. 9.5 e 10.10, 11. Neh. 5.13. Act. 13.51 e 18.6.

[13] cap. 11.22, 24.

[14] Luc. 10.3. Rom. 16.19. Eph. 5.11.

[15] I Cor. 14.20. Phi. 2.15.

[16] cap. 24.9. Mar. 13.9. Luc. 12.11 e 21.12. Act. 5.40.

[17] Act. 12.1 e 24.10 e 25.7, 23. II Tim. 4.16.

[18] Mar. 13.11. Luc. 12.11 e 21.14, 15. Exo. 4.12. Jer. 1.7.

[19] II Sam. 23.2. Act. 4.8. II Tim. 4.17.

[20] Miq. 7.6. ver. 35, 36. Luc. 21.16.

[21] Luc. 21.17. Dan. 12.12. cap. 24.13. Mar. 13.13.

[22] cap. 2.13. Act. 8.1 e 9.5 e 14.6.

[23] cap. 16.28.

[24] Luc. 6.40. João 13.16 e 15.20.

[25] cap. 12.24. Mar. 3.22. Luc. 11.15. João 8.48, 52.

[26] Mar. 4.22. Luc. 8.17.

[27] Isa. 8.12, 13. Luc. 12.4. I Ped. 3.14.

[28] I Sam. 14.45. II Sam. 14.11. Luc. 21.18. Act. 27.34.

[29] Luc. 12.8. Rom. 10.9. Apo. 3.5.

[30] Mar. 8.38. Luc. 9.26. II Tim. 2.12.

[31] Luc. 12.49, 51, 52, 53.

[32] Miq. 7.6.

[33] Psa. 41.9 e 55.14. Miq. 7.6. João 13.18.

[34] Luc. 14.6.

[35] cap. 16.24. Mar. 8.34. Luc. 9.23.

[36] Luc. 17.33. João 12.25.

[37] cap. 18.5. Luc. 9.48. João 12.44. Gal. 4.14.

[38] I Reis 17.10 e 18.4. II Reis 4.8.

[39] cap. 18.5, 6 e 25.40. Mar. 9.40. Heb. 6.10.



_João Baptista envia dois discipulos seus a Jesus._

Luc. 7.18-35.

11 E, aconteceu que, acabando Jesus de dar _seus_ preceitos aos seus doze
discipulos, partiu d’ali a ensinar e a prégar nas cidades d’elles.

2 E João, ouvindo, [1] no carcere, _fallar_ dos feitos de Christo, enviou
dois dos seus discipulos,

3 Dizendo-lhe: [2] És tu aquelle que havia de vir, ou esperamos outro?

4 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e annunciae a João _as coisas_
que ouvis e vêdes:

5 Os cegos vêem, [3] e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os
surdos ouvem; os mortos são resuscitados, e o evangelho é annunciado aos
pobres.

6 E bemaventurado é _aquelle_ [4] que se não escandalizar em mim.

7 E, partindo elles, [5] começou Jesus a dizer ás turbas, a respeito de
João: Que fostes vêr no deserto? _uma_ canna agitada pelo vento?

8 Ou que fostes vêr? _um_ homem ricamente vestido? Os que trajam
ricamente estão nas casas dos reis.

9 Ou então que fostes vêr? _um_ propheta? sim, vos digo eu, [6] e muito
mais do que propheta:

10 Porque é este de quem está escripto: [7] Eis que adiante da tua face
envio o meu anjo, que preparará adiante de ti o teu caminho.

11 Em verdade vos digo _que_, entre os que de mulheres teem nascido, não
appareceu _alguem_ maior do que João Baptista; mas aquelle _que_ é o
menor no reino dos céus é maior do que elle.

12 E, desde os dias de João Baptista até agora, [8] se faz violencia ao
reino dos céus, e os violentos se apoderam d’elle.

13 Porque [9] todos os prophetas e a lei prophetizaram até João.

14 E, se quereis dar credito, [10] é este o Elias que havia de vir.

15 Quem [11] tem ouvidos para ouvir oiça.

16 Mas, [12] a quem assimilharei esta geração? É similhante aos meninos
que se assentam nas praças, e clamam aos seus companheiros,

17 E dizem: Tocámos-vos flauta, e não dançastes: cantámos-vos
lamentações, e não chorastes.

18 Pois veiu João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demonio.

19 Veiu o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis ahi _um_
homem comilão e beberrão, [13] amigo de publicanos e peccadores. Mas a
sabedoria é justificada por seus filhos.


_As tres cidades impenitentes._

Luc. 10.13-15, etc.

20 Então começou elle a lançar em rosto ás cidades onde se operou a maior
parte dos seus prodigios o não se haverem arrependido, _dizendo_:

21 Ai de ti, Corazin! ai de ti, Bethsaida! porque, se em Tyro e em Sidon
fossem feitos os prodigios que em vós se fizeram, ha muito que se teriam
arrependido, [14] com sacco e com cinza.

22 Porém eu vos digo [15] que haverá menos rigor para Tyro e Sidon, no
dia do juizo, do que para vós.

23 E tu, Capernaum, [16] que te ergues até aos céus, serás abatida até
aos infernos; porque, se entre os de Sodoma fossem feitos os prodigios
que em ti se fizeram, teriam permanecido até hoje.

24 Porém eu vos digo [17] _que_ haverá menos rigor para os de Sodoma, no
dia do juizo, do que para ti.


_O jugo de Jesus._

Luc. 10.21, etc.

25 N’aquelle tempo, [18] respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pae,
Senhor do céu e da terra, que occultaste estas _coisas_ aos sabios e
intelligentes, e as revelaste aos meninos.

26 Sim, ó Pae, porque assim te aprouve.

27 Todas _as coisas_ [19] me foram entregues por meu Pae: e ninguem
conhece o Filho, senão o Pae; e ninguem conhece o Pae, senão o Filho, e
aquelle a quem o Filho o quizer revelar.

28 Vinde a mim, todos os que estaes cançados e opprimidos, e eu vos
alliviarei.

29 Tomae sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, [20] que sou manso e
humilde de coração; e encontrareis descanço para as vossas almas.

30 Porque o meu jugo [21] é suave e o meu fardo é leve.

[1] cap. 14.3.

[2] Gen. 49.10. Num. 24.17. Dan. 9.24. João 6.14.

[3] Isa. 29.18 e 35.4. João 2.23 e 3.2 e 5.36. Psa. 22.27. Isa. 61.1.
Luc. 4.18. Thi. 2.5.

[4] Isa. 8.14, 15. cap. 13.57. Rom. 9.32. I Cor. 1.23. Gal. 5.11. I Ped.
2.8.

[5] Luc. 7.24. Eph. 4.14.

[6] cap. 14.5. Luc. 1.76.

[7] Mal. 3.1. Mar. 1.2. Luc. 1.76 e 7.27.

[8] Luc. 16.16.

[9] Mal. 4.6.

[10] Mal. 4.5. cap. 17.12. Luc. 1.17.

[11] cap. 13.9. Luc. 8.8. Apo. 2.7, 11, 17, 29 e 3.6, 13, 22.

[12] Luc. 7.31.

[13] cap. 9.10. Luc. 7.35.

[14] Jon. 3.6, 8.

[15] cap. 10.15. ver. 24.

[16] Isa. 14.13. Lam. 2.1.

[17] cap. 10.15.

[18] Psa. 8.3. I Cor. 1.19, 27 e 2.8. II Cor. 3.14. cap. 16.17.

[19] Luc. 10.22. João 3.35 e 1.18 e 6.46. I Cor. 15.27 e 10.15.

[20] João 13.16. Phi. 2.5 e 2.7, 8. I Ped. 2.21. I João 2.6. Zac. 9.9.
Jer. 6.16.

[21] I João 5.3.



_Jesus é Senhor do Sabbado._

Mar. 2.2-18. Luc. 6.1.

12 N’aquelle tempo passou Jesus pelas searas, em um sabbado; e os seus
discipulos tinham fome, e começaram a colher espigas, e a comer.

2 E os phariseos, vendo _isto_, disseram-lhe: Eis que os teus discipulos
fazem o que não é licito fazer n’um sabbado.

3 Elle, porém, lhes disse: Não tendes lido o que fez David, [1] quando
teve fome, elle e os que com elle _estavam_?

4 Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães da proposição, [2] que
não lhe era licito comer, nem aos que com elle _estavam_, mas só aos
sacerdotes?

5 Ou não tendes lido na lei [3] que, aos sabbados, os sacerdotes violam o
sabbado no templo, e ficam sem culpa?

6 Pois eu vos digo que está aqui [4] _um_ maior do que o templo.

7 Mas, se vós soubesseis o que significa: [5] Misericordia quero, e não
sacrificio, não condemnarieis os innocentes.

8 Porque o Filho do homem até do sabbado é Senhor.


_A cura do homem que tinha uma das mãos mirrada._

Mar. 3.1-6. Luc. 6.6-11.

9 E, partindo d’ali, chegou á synagoga d’elles.

10 E, estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada; e elles, [6]
para o accusarem, o interrogaram, dizendo: É licito curar nos sabbados?

11 E elle lhes disse: Qual d’entre vós será o homem que tenha uma ovelha,
[7] e, se n’um sabbado a tal _ovelha_ cair n’uma cova, não lance mão
d’ella, e a levante?

12 Pois quanto mais vale um homem do que uma ovelha? É, por consequencia,
licito fazer bem nos sabbados.

13 Então disse áquelle homem: Estende a tua mão. E elle a estendeu, e
ficou sã como a outra.

14 E os phariseos, [8] tendo saido, formaram conselho contra elle, para o
matarem,

15 Mas, sabendo-o, [9] retirou-se d’ali, e acompanhou-o uma grande
multidão de gente, e elle os curou a todos.

16 E [10] recommendava-lhes rigorosamente que o não descobrissem,

17 Para que se cumprisse o que fôra dito pelo propheta Isaias, que diz:

18 Eis aqui o meu servo, [11] que escolhi, o meu amado, em quem a minha
alma se compraz: porei sobre elle o meu espirito, e annunciará [AFM] aos
gentios o juizo.

19 Não contenderá, nem clamará, nem alguem ouvirá pelas ruas a sua voz;

20 Não esmagará a canna quebrada, e não apagará o murrão que fumega, até
que faça triumphar o juizo;

21 E no seu nome os gentios esperarão.


_A blasphemia dos phariseos._

Luc. 11.14-23.

22 Trouxeram-lhe então um endemoninhado cego e mudo; [12] e, de tal modo
o curou, que o cego e mudo fallava e via.

23 E toda a multidão se admirava e dizia: Não é este o Filho de David?

24 Mas [13] os phariseos, ouvindo _isto_, diziam: Este não expulsa os
demonios senão por Beelzebú, principe dos demonios.

25 Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, [14] disse-lhes: Todo
o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa
dividida contra si mesma não subsistirá.

26 E, se Satanaz expulsa a Satanaz, está dividido contra si mesmo; como
subsistirá pois o seu reino?

27 E, se eu expulso os demonios por Beelzebú, por quem os expulsam então
os vossos filhos? Portanto elles mesmos serão os vossos juizes.

28 Mas, se eu expulso os demonios pelo Espirito de Deus, [15] é
conseguintemente chegado a vós o reino de Deus.

29 Ou, como pode alguem entrar em casa do _homem_ valente, [16] e furtar
os seus vasos, se primeiro não manietar o valente, saqueando então a sua
casa?

30 Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.

31 Portanto eu vos digo: [17] Todo o peccado e blasphemia se perdoará aos
homens; porém a blasphemia contra o Espirito não será perdoada aos homens.

32 E, se qualquer fallar [18] _alguma_ palavra contra o Filho do homem,
ser-lhe-ha perdoado, mas, se alguem fallar contra o Espirito Sancto, não
lhe será perdoado, nem n’este seculo nem no futuro.


_Arvores e seus fructos._

Luc. 6.43-45.

33 Ou fazei a arvore boa, e o seu fructo bom, ou fazei a arvore má, e o
seu fructo mau; porque pelo fructo se conhece a arvore.

34 Raça de viboras, [19] como podeis vós dizer boas _coisas_, sendo maus?
pois do que é em abundancia no coração falla a bocca.

35 O homem bom tira boas _coisas_ do thesouro do _seu_ coração, e o homem
mau do mau thesouro tira _coisas_ más.

36 Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem
hão de dar conta no dia do juizo.

37 Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás
condemnado.


_O milagre de Jonas._

Luc. 11.16, 19-32.

38 Então [20] alguns dos escribas e dos phariseos tomaram a palavra,
dizendo: Mestre, quizeramos ver da tua parte _algum_ signal.

39 Mas elle lhes respondeu, e disse: A geração má e adultera pede [21]
_um_ signal, porém não se lhe dará senão o signal do propheta Jonas;

40 Pois,[22] como Jonas esteve tres dias e tres noites no ventre da
baleia, assim estará o Filho do homem tres dias e tres noites no seio da
terra.

41 Os ninivitas [23] resurgirão no juizo com esta geração, e a
condemnarão, [24] porque se arrependeram com a prégação de Jonas. E eis
que _está_ aqui quem é mais do que Jonas.

42 A rainha do meio-dia [25] se levantará no _dia do_ juizo com esta
geração, e a condemnará; porque veiu dos confins da terra a ouvir a
sabedoria de Salomão. E eis que _está_ aqui quem é mais do que Salomão.

43 E, quando [26] o espirito immundo tem saido do homem, [27] anda por
logares aridos, buscando repouso, e não o encontra.

44 Então diz: Voltarei para a minha casa d’onde sahi. E, voltando,
acha-_a_ desoccupada, varrida e adornada.

45 Então vae, e leva comsigo outros sete espiritos peiores do que elle,
e, entrando, habitam ali: [28] e são os ultimos _actos_ d’esse homem
peiores do que os primeiros. Assim acontecerá tambem a esta má geração.


_A familia de Jesus._

Mar. 3.31-35. Luc. 8.19-21.

46 E, fallando elle ainda á multidão, eis que [29] estavam fóra sua mãe e
seus irmãos, pretendendo fallar-lhe.

47 E disse-lhe alguem: Eis que estão ali fóra tua mãe e teus irmãos, que
querem fallar-te.

48 Porém elle, respondendo, disse ao que lhe fallára: Quem é minha mãe? e
quem são meus irmãos?

49 E, estendendo a sua mão para os seus discipulos, disse: Eis aqui minha
mãe e meus irmãos;

50 Porque, [30] qualquer que fizer a vontade de meu Pae que _está_ nos
céus, este é meu irmão, e irmã e mãe.

[1] I Sam. 21.6.

[2] Exo. 25.30 e 29.32, 33. Lev. 24.5 e 8.31 e 24.9.

[3] Num. 28.9. João 7.22.

[4] II Chr. 6.18. Mal. 3.1.

[5] Ose. 6.6. Miq. 6.6, 7, 8. cap. 9.13.

[6] Luc. 13.14 e 14.3. João 9.16.

[7] Exo. 23.4, 5. Deu. 22.4.

[8] cap. 27.1. Mar. 3.6. Luc. 6.11. João 5.18 e 10.39.

[9] cap. 10.23. Mar. 3.7.

[10] cap. 9.30.

[11] Isa. 42.1. cap. 3.17 e 17.5.

[12] cap. 9.32. Mar. 3.11.

[13] cap. 9.34. Mar. 3.22. Luc. 11.15.

[14] cap. 9.4. João 2.25. Apo. 2.23.

[15] Dan. 2.44 e 7.14. Luc. 1.33 e 11.20 e 17.20, 21.

[16] Isa. 49.24. Luc. 11.21, 22, 23.

[17] Mar. 3.28. Luc. 12.10. Heb. 6.4, 10. I João 5.16. Act. 7.51.

[18] cap. 11.19. João 7.12, 52. I Tim. 1.13.

[19] cap. 3.7 e 23.33. Luc. 6.45.

[20] Mar. 8.11. João 2.18. I Cor. 1.22.

[21] Isa. 57.3. cap. 16.4. Mar. 8.38. João 4.8.

[22] Jon. 2.1.

[23] Luc. 11.32.

[24] Jer. 3.11. Eze. 16.51. Rom. 2.27. Jon. 3.5.

[25] I Reis 10.1. II Chr. 9.1. Luc. 11.31.

[26] Luc. 11.24.

[27] Job 1.7. I Ped. 5.8.

[28] Heb. 6.4 e 10.26. II Ped. 2.20, 21, 22.

[29] Mar. 6.3. João 2.12.

[30] João 15.14. Gal. 5.6. Col. 3.11. Heb. 2.11.



_A parabola do semeador._

Mar. 4.1-20. Luc. 8.4-15.

13 E Jesus, tendo saido da casa n’aquelle dia, estava assentado junto ao
mar;

2 E ajuntou-se muita gente ao pé d’elle, de sorte que, entrando n’um
barco, se assentou; e toda a multidão estava em pé na praia.

3 E fallou-lhe de muitas _coisas_ por parabolas, dizendo: [1] Eis que o
semeador saiu a semear.

4 E, quando semeava, _uma_ parte _da semente_ caiu ao pé do caminho, e
vieram as aves, e comeram-n’a;

5 E outra _parte_ caiu em pedregaes, onde não havia terra bastante, e
logo nasceu, porque não tinha terra funda;

6 Mas, vindo o sol, queimou-se, e seccou-se, porque não tinha raiz.

7 E outra caiu em espinhos, e os espinhos cresceram, e suffocaram-n’a.

8 E outra caiu em boa terra, e deu fructo: [2] um _grão produziu_ cem,
outro sessenta e outro trinta.

9 Quem tem ouvidos para ouvir, [3] oiça.

10 E, acercando-se d’elle os discipulos, disseram-lhe: Porque lhes fallas
por parabolas?

11 Elle, respondendo, disse-lhes: Porque [4] a vós é dado conhecer os
mysterios do reino dos céus, mas a elles não é dado;

12 Porque áquelle que tem, [5] se dará, e terá em abundancia; mas áquelle
que não tem, até aquillo que tem lhe será tirado.

13 Por isso lhes fallo por parabolas; porque elles, vendo, não vêem; e,
ouvindo, não ouvem nem comprehendem.

14 E n’elles se cumpre a prophecia d’Isaias, que diz: [6] Ouvindo,
ouvireis, mas não comprehendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis.

15 Porque o coração d’este povo está endurecido, [7] e ouviram de mau
grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos; para que não vejam com
os olhos, e oiçam com os ouvidos, e comprehendam com o coração, e se
convertam, e eu os cure.

16 Mas bemaventurados os vossos olhos, porque vêem, [8] e os vossos
ouvidos, porque ouvem.

17 Porque em verdade vos digo [9] que muitos prophetas e justos desejaram
vêr o que vós vedes, e não _o_ viram; e ouvir o que vós ouvis e não _o_
ouviram,

18 Escutae [10] vós pois a parabola do semeador.

19 Ouvindo alguem a palavra do reino, [11] e não a entendendo, vem o
maligno, e arrebata o que foi semeado no seu coração; este é o que foi
semeado ao pé do caminho;

20 Porém o que foi semeado em pedregaes é o que ouve a palavra, [12] e
logo a recebe com alegria;

21 Mas não tem raiz em si mesmo, antes é temporão; e, chegada a angustia
e a perseguição por causa da palavra, [13] logo se offende;

22 E o que foi semeado em espinhos [14] é o que ouve a palavra, mas os
cuidados d’este mundo, e a seducção das riquezas, suffocam a palavra, e
fica infructifera;

23 Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve e comprehende a
palavra; e dá fructo, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.


_A parabola do trigo e do joio._

24 Propoz-lhes outra parabola, dizendo: O reino dos céus é similhante ao
homem que semeia boa semente no seu campo;

25 Mas, dormindo os homens, veiu o seu inimigo, e semeou joio no meio do
trigo, e retirou-se.

26 E, quando a herva cresceu e fructificou, appareceu tambem o joio.

27 E os servos do pae de familia, indo ter _com elle_, disseram-lhe:
Senhor, não semeaste tu no teu campo boa semente? Porque tem então joio?

28 E elle lhes disse: Um _homem_ inimigo _é que_ fez isso. E os servos
lhe disseram: Queres pois que vamos colhel-o?

29 Porém elle lhes disse: Não; para que ao colher o joio não arranqueis
tambem o trigo com elle.

30 Deixae crescer ambos juntos até á ceifa; e, por occasião da ceifa,
direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atae-o em molhos para o
queimar; [15] mas o trigo ajuntae-o no meu celleiro.


_As parabolas, do grão de mostarda e do fermento._

Mar. 4.30-34. Luc. 13.18-21.

31 Outra parabola lhes propoz, dizendo: O reino dos céus é similhante ao
grão de mostarda que o homem, pegando d’elle, semeou no seu campo;

32 O qual é realmente a mais pequena de todas as sementes; mas,
crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma arvore, de sorte que veem
as aves do céu, e se aninham nos seus ramos.

33 Outra parabola lhes disse: [16] O reino dos céus é similhante ao
fermento, que uma mulher, pegando _d’elle_, introduz em tres medidas de
farinha, até que tudo esteja levedado.

34 Tudo isto [17] disse Jesus por parabolas á multidão, e não lhes
fallava sem parabolas;

35 Para que se cumprisse o que fôra dito pelo propheta, que disse: [18]
Abrirei em parabolas a minha bocca; [19] publicarei _coisas_ occultas
desde a fundação do mundo.


_Explicação da parabola do joio._

36 Então Jesus, despedindo a multidão, foi para casa. E chegaram ao pé
d’elle os seus discipulos, dizendo: Explica-nos a parabola do joio do
campo.

37 E elle, respondendo, disse-lhes: O que semeia a boa semente, é o Filho
do homem;

38 O campo é o mundo; [20] e a boa semente são os filhos do reino; [21] e
o joio são os filhos do maligno;

39 O inimigo, que o semeou, [22] é o diabo; e a ceifa é o fim do mundo; e
os ceifeiros são os anjos.

40 Como pois o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na
consummação d’este mundo.

41 Mandará o Filho do homem os seus anjos, e elles colherão do seu reino
todos os escandalos, [23] e os que commettem iniquidade.

42 E lançal-os-hão na fornalha de fogo; [24] ali haverá pranto e ranger
de dentes.

43 Então os justos resplandecerão como o sol, [25] no reino de seu Pae.
Quem tem ouvidos para ouvir, oiça.


_Parabolas, do thesouro escondido, da perola, da rede._

44 Tambem o reino dos céus é similhante a um thesouro escondido n’_um_
campo, que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo [26] d’elle, vae,
vende tudo quanto tem, e compra aquelle campo.

45 Outrosim o reino dos céus é similhante ao homem, negociante, que busca
boas perolas;

46 E, encontrando uma perola de grande valor, [27] foi, vendeu tudo
quanto tinha, e comprou-a.

47 Egualmente o reino dos céus é similhante a uma rede lançada ao mar,
[28] e que prende toda a qualidade _de peixes_.

48 E, estando cheia, _os pescadores_ a puxam para a praia; e,
assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam
fóra.

49 Assim será na consummação dos seculos: [29] virão os anjos, e
separarão os maus d’entre os justos.

50 E lançal-os-hão na fornalha de fogo: [30] ali haverá pranto e ranger
de dentes.

51 E disse-lhes Jesus: Entendestes todas estas _coisas_? Disseram-lhe
elles: Sim, Senhor.

52 E elle disse-lhes: Por isso, todo o escriba instruido ácerca do
reino dos céus é similhante a um pae de familia, [31] que tira dos seus
thesouros _coisas_ novas e velhas.

53 E aconteceu que Jesus, concluindo estas parabolas, se retirou d’ali.

54 E, chegando á [32] sua patria, ensinava-os na synagoga d’elles, de
sorte que se maravilhavam, e diziam: D’onde _veiu_ a este a sabedoria, e
estas maravilhas?

55 Não é este [33] o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria,
e seus irmãos Thiago, e José, e Simão, e Judas?

56 E não estão entre nós todas as suas irmãs? D’onde lhe _veiu_ pois tudo
isto?

57 E escandalizavam-se n’elle. [34] Jesus, porém, lhes disse: Não ha
propheta sem honra, senão na sua patria e na sua casa.

58 E não fez ali muitas maravilhas, [35] por causa da incredulidade
d’elles.

[1] Luc. 3.5.

[2] Gen. 26.12.

[3] cap. 11.15. Mar. 4.9.

[4] cap. 11.25 e 16.17. Mar. 4.11. I Cor. 2.10. I João 2.27.

[5] cap. 25.29. Mar. 4.25. Luc. 8.18 e 19.26.

[6] Isa. 6.9. Eze. 12.2. Luc. 8.10. João 12.40. Act. 28.26, 27. Rom.
11.8. II Cor. 3.10.

[7] Heb. 5.11.

[8] cap. 16.17. Luc. 10.23. João 20.29.

[9] Heb. 11.13. I Ped. 1.10.

[10] Mar. 4.14. Luc. 8.11.

[11] cap. 4.23.

[12] Isa. 58.2. Eze. 33.31. João 5.35.

[13] cap. 11.6. II Tim. 1.15.

[14] cap. 19.23. Mar. 10.23. Luc. 18.24. I Tim. 6.9. Jer. 4.3.

[15] cap. 3.22.

[16] Luc. 13.20.

[17] Mar. 4.33.

[18] Psa. 78.2.

[19] Rom. 16.25, 26. I Cor. 2.7. Eph. 3.9. Col. 1.6.

[20] cap. 24.14. Mar. 16.15, 20. Luc. 24.47. Rom. 10.18. Col. 1.6.

[21] João 8.44. Act. 13.10. I João 3.8.

[22] Joel 3.13. Apo. 14.15.

[23] cap. 18.7. II Ped. 2.1, 2.

[24] cap. 3.12 e 8.12. Apo. 19.20.

[25] Dan. 12.13. I Cor. 15.42. ver. 9.

[26] Phi. 3.7, 8. Isa. 55.1. Apo. 3.18.

[27] Pro. 2.4 e 3.14, 15 e 8.10, 19.

[28] cap. 22.10.

[29] cap. 25.32.

[30] ver. 42.

[31] Can. 7.13.

[32] cap. 2.23. Mar. 6.1. Luc. 4.16, 23.

[33] Isa. 49.7. Mar. 6.3. Luc. 3.23. João 6.42.

[34] cap. 11.6. Mar. 6.3, 4. Luc. 4.24. João 4.44.

[35] Mar. 6.5, 6.



_A morte de João Baptista._

Mar. 6.14-29. Luc. 3.19-20; 9.7-9.

[Anno Domini 32]

14 N’aquelle tempo ouviu Herodes, o tetrarca, a fama de Jesus,

2 E disse aos seus creados: Este é João Baptista; resuscitou dos mortos,
e por isso as maravilhas obram n’elle.

3 Porque Herodes tinha prendido João, [1] e tinha-o manietado e encerrado
no carcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Philippe;

4 Porque João lhe dissera: [2] Não te é licito possuil-a.

5 E, querendo matal-o, temia o povo; [3] porque o tinham como propheta.

6 Festejando-se, porém, o dia natalicio de Herodes, dançou a filha de
Herodias diante d’elle, e agradou a Herodes.

7 Pelo que prometteu com juramento dar-lhe tudo o que pedisse;

8 E ella, instruida previamente por sua mãe, disse: Dá-me aqui n’um prato
a cabeça de João Baptista.

9 E o rei affligiu-se, mas, por causa do juramento, e dos que estavam
_com elle_, mandou que se _lhe_ désse.

10 E mandou degolar João no carcere,

11 E a sua cabeça foi trazida n’um prato, e dada á menina, e ella _a_
levou a sua mãe.

12 E chegaram os seus discipulos, e levaram o corpo, e o sepultaram; e
foram annuncial-o a Jesus.


_A primeira multiplicação dos pães._

Mar. 6.30-34. Luc. 9.10-17. João 6.1-14.

13 E Jesus, ouvindo _isto_, retirou-se d’ali n’um barco, para um logar
deserto, apartado; e, sabendo-_o_ o povo, seguiu-o a pé desde as cidades.

14 E Jesus, saindo, viu uma grande multidão, [4] e foi possuido de intima
compaixão para com ella, e curou os seus enfermos.

15 E, sendo chegada a tarde, os seus discipulos approximaram-se-lhe,
dizendo: O logar é deserto, e a hora é já avançada; despede a multidão,
para que vão pelas aldeias, e comprem comida para si.

16 Jesus, porém, lhes disse: Não é mister que vão: dae-lhes vós de comer.

17 Então elles lhe disseram: Não temos aqui senão cinco pães e dois
peixes.

18 E elle disse: Trazei-m’os aqui.

19 E, mandando que a multidão se assentasse sobre a herva, e tomando os
cinco pães e os dois peixes, e erguendo os olhos ao céu, os abençoou, e,
[5] partindo os pães, deu-os aos discipulos, e os discipulos á multidão.

20 E comeram todos, e saciaram-se; e levantaram dos pedaços, que
sobejaram, doze alcofas cheias.

21 E os que comeram foram quasi cinco mil homens, além das mulheres e
creanças.


_Jesus anda por cima do mar._

Mar. 6.45-46. João 6.15-21.

22 E logo ordenou Jesus que os seus discipulos entrassem no barco, e
fossem adiante d’elle para a outra banda, emquanto despedia a multidão.

23 E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar á parte. E, chegada
_já_ a tarde, estava ali só.

24 E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o
vento era contrario;

25 Mas, á quarta vigilia da noite, dirigiu-se Jesus para elles,
caminhando por cima do mar.

26 E os discipulos, vendo-o caminhar sobre o mar, [6] assustaram-se,
dizendo: É _um_ phantasma. [7] E gritaram com medo.

27 Jesus, porém, lhes fallou logo, dizendo: Tende bom animo, sou eu, não
tenhaes medo.

28 E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter
comtigo por cima das aguas.

29 E elle disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as aguas
para ir ter com Jesus.

30 Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a afundar-se,
clamou, dizendo: Senhor, salva-me.

31 E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: _Homem_ de
pouca fé, porque duvidaste?

32 E, quando subiram para o barco, acalmou o vento.

33 Então approximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-o, dizendo:
És verdadeiramente o Filho de Deus.

34 E, tendo passado para a outra banda, [8] chegaram á terra de
Genezareth.

35 E, quando os homens d’aquelle logar o conheceram, mandaram por todas
aquellas terras em redor, e trouxeram-lhe todos os que estavam enfermos.

36 E rogavam-lhe para que ao menos elles tocassem a orla do seu vestido;
[9] e todos os que _a_ tocavam ficavam sãos.

[1] Mar. 6.17. Luc. 3.19, 20.

[2] Lev. 18.16 e 20.21.

[3] cap. 21.26. Luc. 20.6.

[4] cap. 9.36.

[5] cap. 15.36.

[6] Job 9.8.

[7] Psa. 2.7. cap. 16.16. Mar. 1.1. Luc. 4.41. João 1.49 e 6.70. Act.
8.37. Rom. 1.4.

[8] Mar. 6.53.

[9] cap. 9.20. Mar. 3.10. Luc. 6.19. Act. 19.12.



_A tradição dos anciãos._

Mar. 7.1-23.

15 Então chegaram ao pé de Jesus uns escribas e phariseos de Jerusalem,
dizendo:

2 Porque [1] transgridem os teus discipulos a tradição dos anciãos? pois
não lavam as mãos quando comem pão.

3 Elle, porém, respondendo, disse-lhes: Porque transgredis vós tambem o
mandamento de Deus pela vossa tradição?

4 Porque Deus ordenou, [2] dizendo: Honra a teu pae e a _tua_ mãe; e:
Quem maldisser ao pae ou á mãe, morra de morte.

5 Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pae ou á mãe: [3] É offerta ao
Senhor o que poderias aproveitar de mim; _desobrigado fica_. Esse não
honrará de modo algum nem a seu pae nem a sua mãe,

6 E _assim_ invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus.

7 Hypocritas, [4] bem prophetizou Isaias a vosso respeito, dizendo:

8 Este povo honra-me com os seus labios, [5] mas o seu coração está
longe de mim.

9 Mas em vão me veneram, [6] ensinando doutrinas _que são_ preceitos dos
homens.

10 E, [7] chamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei:

11 O que contamina o homem [8] não é o que entra na bocca, mas o que sae
da bocca isso é o que contamina o homem.

12 Então, acercando-se d’elle os seus discipulos, disseram-lhe: Sabes que
os phariseos, ouvindo essas palavras, se escandalizaram?

13 Elle, porém, respondendo, disse: Toda a planta, [9] que meu Pae
celestial não plantou, será arrancada.

14 Deixae-os: [10] são conductores cegos de cegos: ora, se um cego guiar
_outro_ cego, ambos cairão na cova.

15 E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: [11] Explica-nos essa parabola.

16 Jesus, porém, disse: [12] Até vós mesmos estaes ainda sem entender?

17 Ainda não comprehendeis que tudo o que entra pela bocca [13] desce
para o ventre, e é evacuado?

18 Mas o que sae da bocca, [14] procede do coração, e isso contamina o
homem.

19 Porque do coração procedem os maus pensamentos, [15] mortes,
adulterios, fornicações, furtos, falsos testemunhos e blasphemias.

20 São estas _coisas_ que contaminam o homem; comer, porém, sem lavar as
mãos não contamina o homem.


_A mulher cananea._

Mar. 7.24-30.

21 E, partindo Jesus d’ali, foi para as partes de Tyro e de Sidon.

22 E eis que uma mulher cananea, que saira d’aquellas cercanias, clamou,
dizendo: Senhor, Filho de David, tem misericordia de mim, que minha filha
está miseravelmente endemoninhada.

23 Mas elle não lhe respondeu palavra. E os seus discipulos, chegando ao
pé d’elle, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando após nós.

24 E elle, respondendo, disse: [16] Eu não sou enviado senão ás ovelhas
perdidas da casa d’Israel.

25 Então chegou ella, e adorou-o, dizendo: Senhor, soccorre-me.

26 Elle, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e
deital-_o_ aos [17] cachorrinhos.

27 E ella disse: Sim, Senhor, mas tambem os cachorrinhos comem das
migalhas que caem da mesa dos seus senhores.

28 Então respondeu Jesus, e disse-lhe: O mulher! grande _é_ a tua fé:
seja-te feito como tu desejas. E desde aquella _mesma_ hora a sua filha
ficou sã.


_A segunda multiplicação dos pães._

Mar. 8.1-10.

29 E Jesus, partindo d’ali, chegou ao pé do mar da Galilea, [18] e,
subindo a _um_ monte, [19] assentou-se ali.

30 E veiu ter com elle muito povo, que trazia côxos, cegos, mudos,
aleijados, e outros muitos: e os pozeram aos pés de Jesus, e elle os
sarou:

31 De tal sorte, que a multidão se maravilhou vendo os mudos a fallar, os
aleijados sãos, os côxos a andar, e os cegos a ver; e glorificava o Deus
d’Israel.

32 E Jesus, chamando os seus discipulos, [20] disse: Tenho intima
compaixão da multidão, porque já está comigo ha tres dias, e não tem
que comer; e não quero despedil-a em jejum, para que não desfalleça no
caminho.

33 E os seus discipulos disseram-lhe: [21] D’onde nos _viriam_ no deserto
tantos pães, para saciar tal multidão?

34 E Jesus disse-lhes: Quantos pães tendes? E elles disseram: Sete, e uns
poucos de peixinhos.

35 E mandou á multidão que se assentasse no chão.

36 E, tomando os sete pães e os peixes, [22] e dando graças, partiu-os,
[23] e deu-os aos seus discipulos, e os discipulos á multidão.

37 E todos comeram e se saciaram; e levantaram, do que sobejou dos
pedaços, sete cestos cheios.

38 Ora os que tinham comido eram quatro mil homens, além de mulheres e
creanças.

39 E, [24] tendo despedido a multidão, entrou _no_ barco, e dirigiu-se ao
territorio de Magdala.

[1] Col. 2.3.

[2] Exo. 20.12. Lev. 19.3. Deu. 5.16. Pro. 23.22. Eph. 5.2. Exo. 21.17.
Lev. 20.9. Deu. 27.16.

[3] Mar. 7.11, 12.

[4] Mar. 7.6.

[5] Isa. 29.13. Eze. 33.31.

[6] Isa. 29.13. Col. 2.18, 22. Tito 1.14.

[7] Mar. 7.14.

[8] Act. 10.15. Rom. 14.14, 17, 20. I Tim. 4.4. Tito 1.15.

[9] João 15.2. I Cor. 3.12, etc.

[10] Isa. 9.16. Mal. 2.8. cap. 23.16. Luc. 6.39.

[11] Mar. 7.17.

[12] cap. 16.9. Mar. 7.18.

[13] I Cor. 6.13.

[14] Thi. 3.6.

[15] Gen. 6.5 e 8.21. Pro. 6.14. Jer. 17.9. Mar. 7.21.

[16] cap. 10.5, 6. Act. 3.25, 26 e 13.46. Rom. 15.8.

[17] cap. 7.6. Phi. 3.2.

[18] cap. 4.18.

[19] Isa. 35.5, 6. cap. 11.5. Luc. 7.22.

[20] Mar. 8.1.

[21] II Reis 4.43.

[22] cap. 14.19.

[23] I Sam. 9.13. Luc. 22.19.

[24] Mar. 8.10.



_O fermento dos phariseos._

Mar. 8.11-12.

16 E, chegando-se [1] os phariseos e os sadduceos, e tentando-o,
pediram-lhe que lhes mostrasse algum signal do céu.

2 Mas elle, respondendo, disse-lhes: Quando é chegada a tarde, dizeis:
_Haverá_ bom tempo, porque o céu está rubro.

3 E pela manhã: Hoje _haverá_ tempestade, porque o céu está _de_ um
vermelho sombrio. Hypocritas, sabeis differençar a face do céu, e não
sabeis _differençar_ os signaes dos tempos?

4 Uma geração má e adultera pede um signal, [2] e nenhum signal lhe será
dado, senão o signal do propheta Jonas. E, deixando-os, retirou-se.

5 E, [3] passando seus discipulos para a outra banda, tinham-se esquecido
de fornecer-se de pão.

6 E Jesus disse-lhes: [4] Adverti, e acautelae-vos do fermento dos
phariseos e sadduceos.

7 E elles arrazoavam entre si, dizendo: É porque não nos fornecemos de
pão.

8 E Jesus, conhecendo-_o_, disse: Porque arrazoaes entre vós, _homens_ de
pouca fé, sobre o não vos terdes fornecido de pão?

9 Não comprehendeis [5] ainda, nem vos lembraes dos cinco pães para cinco
mil _homens_, e de quantas alcofas levantastes?

10 Nem dos sete pães para quatro mil, [6] e de quantos cestos levantastes?

11 Como não entendestes que não vos fallei a respeito do pão, mas que vos
guardasseis do fermento dos phariseos e sadduceos?

12 Então comprehenderam que não dissera que se guardassem do fermento do
pão, mas da doutrina dos phariseos.


_A confissão de Pedro._

Mar. 8.27-33. Luc. 9.18-22. João 6.66-69.

13 E, chegando Jesus ás partes de Cesarea de Philippo, interrogou os seus
discipulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?

14 E elles disseram: [7] Uns João Baptista, outros Elias, e outros
Jeremias ou um dos prophetas.

15 Disse-lhes elle: E vós, quem dizeis que eu sou?

16 E Simão Pedro, respondendo, disse: [8] Tu és o Christo, o Filho de
Deus vivo.

17 E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bemaventurado és tu, Simão Barjonas,
[9] porque t’o não revelou a carne e o sangue, mas meu Pae, que _está_
nos céus.

18 E tambem eu te digo que tu és [AFN] Pedro, [10] e sobre esta pedra
edificarei a minha egreja, [11] e as portas do inferno não prevalecerão
contra ella:

19 E eu te darei as chaves do reino dos céus; [12] e tudo o que ligares
na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será
desligado nos céus.

20 Então [13] mandou aos seus discipulos que a ninguem dissessem que elle
era Jesus o Christo.

21 Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discipulos [14] que
convinha ir a Jerusalem, e padecer muito dos anciãos, e dos principaes
dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e resuscitar ao terceiro dia.

22 E Pedro, tomando-o de parte, começou a reprehendel-o, dizendo: Senhor,
_tem_ compaixão de ti; de modo nenhum te aconteça isso.

23 Elle, porém, voltando-se, disse a Pedro: Arreda-te de diante de
mim, Satanaz, _que_ me serves de escandalo; porque não comprehendes as
_coisas_ que _são_ de Deus, [15] mas _só_ as que _são_ dos homens.


_Os discipulos de Jesus devem levar as suas cruzes._

Mat. 8.34-9.1. Luc. 9.23-27.

24 Então disse Jesus aos seus discipulos: [16] Se alguem quizer vir após
mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me;

25 Porque aquelle que quizer salvar a sua [AFO] vida, [17] perdel-a-ha, e
quem perder a sua vida por amor de mim, achal-a-ha.

26 Pois que aproveita ao homem, se ganhar o mundo inteiro, e perder a sua
[AFP] alma? [18] ou que dará o homem em recompensa da sua alma?

27 Porque o Filho do homem virá na gloria de seu Pae, [19] com os seus
anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras.

28 Em verdade vos digo _que_ alguns ha, [20] dos que aqui estão, que não
gostarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino.

[1] cap. 12.38. Luc. 11.16 e 12.54, 56. I Cor. 1.22.

[2] cap. 12.39.

[3] Mar. 8.14.

[4] Luc. 12.1.

[5] cap. 14.17. João 6.9.

[6] cap. 15.34.

[7] cap. 14.2. Luc. 9.7, 8, 9.

[8] cap. 14.33. Mar. 8.29. Luc. 9.20. João 6.69. Act. 8.37. Heb. 1.2, 3.
I João 4.15.

[9] Eph. 2.8. I Cor. 2.10. Gal. 1.16.

[10] João 1.42. Eph. 2.20. Apo. 21.14.

[11] Job 38.17. Isa. 38.10.

[12] cap. 18.18. João 20.23.

[13] cap. 17.9. Mar. 8.30. Luc. 9.21.

[14] cap. 20.17. Mar. 8.31. Luc. 9.22.

[15] II Sam. 19.22. Rom. 8.7.

[16] cap. 10.38. Act. 14.22. I The. 3.3. II Tim. 3.12.

[17] Luc. 17.33. João 12.25.

[18] Psa. 49.7, 8, 9.

[19] Mar. 8.38. Luc. 9.26. Dan. 7.10. Zac. 14.5. Jud. 14. Job 34.11. Pro.
24.12. Jer. 17.10. Rom. 2.6. I Cor. 3.8. I Ped. 1.17. Apo. 2.23.

[20] Mar. 8.39. Luc. 9.29.



_A transfiguração._

Mar. 9.1-13. Luc. 9.28-36.

17 Seis dias depois, Jesus levou comsigo a Pedro, e a Thiago, e a João,
seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte,

2 E transfigurou-se diante d’elles; e o seu rosto resplandeceu como o
sol, e os seus vestidos se tornaram brancos como a luz.

3 E eis que lhes appareceram Moysés e Elias, fallando com elle.

4 E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui;
se queres, façamos aqui tres tabernaculos, um para ti, um para Moysés, e
um para Elias.

5 E, estando elle ainda a fallar, [1] eis que uma nuvem luminosa os
cobriu. E eis que uma voz da nuvem disse: [2] Este é o meu amado Filho,
em quem me comprazo: escutae-o.

6 E os discipulos, ouvindo _isto_, [3] cairam sobre seus rostos, e
tiveram grande medo.

7 E Jesus, approximando-se-lhes, tocou-os, e disse: [4] Levantae-vos; e
não tenhaes medo.

8 E, erguendo elles os olhos, ninguem viram senão unicamente a Jesus.

9 E, descendo elles do monte, Jesus lhes ordenou, [5] dizendo: A ninguem
conteis a visão, até que o Filho do homem seja resuscitado dos mortos.

10 E os seus discipulos o interrogaram, dizendo: [6] Porque dizem então
os escribas que é mister que Elias venha primeiro?

11 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, [7]
e restaurará todas _as coisas_;

12 Mas digo-vos que Elias já veiu, e não o conheceram, [8] mas
fizeram-lhe tudo o que quizeram. Assim padecerá tambem d’elles o Filho do
homem.

13 Então [9] entenderam os discipulos que lhes fallara de João Baptista.


_A cura d’um lunatico._

Mar. 9.13-32. Luc. 9.37-45.

14 E, quando chegaram á multidão, approximou-se-lhe um homem, pondo-se de
joelhos diante d’elle, e dizendo:

15 Senhor, tem misericordia de meu filho, que é lunatico e soffre muito;
pois muitas vezes cae no fogo, e muitas vezes na agua;

16 E trouxe-o aos teus discipulos; e não poderam cural-o.

17 E Jesus, respondendo, disse: Ó geração incredula e perversa! até
quando estarei eu comvosco, e até quando vos soffrerei? Trazei-m’o aqui.

18 E reprehendeu Jesus o demonio, e saiu d’elle, e desde aquella hora o
menino sarou.

19 Então os discipulos, approximando-se de Jesus em particular, disseram:
Porque não podémos nós expulsal-o?

20 E Jesus lhes disse: Por causa da vossa pouca fé; [10] porque em
verdade vos digo que, se tivesseis fé como um grão de mostarda, dirieis a
este monte: Passa d’aqui para acolá: e havia de passar; e nada vos seria
impossivel.

21 Mas esta casta _de demonios_ não se expulsa senão pela oração e por
jejum.

22 Ora, achando-se elles na Galilea, disse-lhes Jesus: O Filho do homem
será entregue nas mãos dos homens;

23 E matal-o-hão, [11] e ao terceiro dia resuscitará. E elles se
entristeceram muito.


_Jesus paga o tributo._

24 E, [12] chegando elles a Capernaum, approximaram-se de Pedro os que
cobravam as didrachmas, e disseram: O vosso mestre não paga as didrachmas?

25 Disse elle: Sim. E, entrando em casa, Jesus se lhe antecipou, dizendo:
Que te parece, Simão? De quem cobram os reis da terra os tributos, ou o
censo? Dos seus filhos, ou dos alheios?

26 Disse-lhe Pedro: Dos alheios. Disse-lhe Jesus: Logo, são livres os
filhos:

27 Mas, para que os não escandalizemos, vae ao mar, lança o anzol, tira o
primeiro peixe que subir, e, abrindo-lhe a bocca, encontrarás um státer;
toma-o, e dá-o por mim e por ti.

[1] II Ped. 1.17.

[2] cap. 3.17. Mar. 1.11. Luc. 3.22. Isa. 42.1. Deu. 18.15. Act. 3.22.

[3] II Ped. 1.18.

[4] Dan. 8.18 e 9.21 e 10.10, 18.

[5] cap. 16.20. Mar. 8.30 e 9.9.

[6] Mal. 4.5. cap. 11.14. Mar. 9.11.

[7] Mal. 4.6. Luc. 1.16, 17. Act. 3.21.

[8] cap. 11.14 e 14.3, 10 e 16.21. Mar. 9.11, 12.

[9] cap. 11.14.

[10] cap. 21.21. Mar. 11.23. Luc. 17.6. I Cor. 12.9 e 13.2.

[11] cap. 16.21. Mar. 8.31 e 9.29, 30 e 10.33. Luc. 9.22, 44 e 18.31.

[12] Mar. 9.32. Exo. 30.13 e 38.26.



_O maior no reino dos céus._

Mar. 9.32-37. Luc. 9.46-48.

[Anno Domini 33]

18 N’aquella mesma hora chegaram os discipulos ao pé de Jesus, dizendo:
Quem é o maior no reino dos céus?

2 E Jesus, chamando um menino, o poz no meio d’elles,

3 E disse: Em verdade vos digo que, [1] se não vos converterdes e não vos
fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus.

4 Portanto, [2] aquelle que se humilhar como este menino, este é o maior
no reino dos céus.

5 E qualquer que receber em meu nome [3] um menino tal como este a mim me
recebe.

6 Mas qualquer que escandalizar um d’estes pequeninos, [4] que crêem em
mim, melhor lhe fôra que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de atafona,
e se submergisse na profundeza do mar.

7 Ai do mundo, por causa dos escandalos; [5] porque é mister que venham
escandalos, [6] mas ai d’aquelle homem por quem o escandalo vem!

8 Portanto, [7] se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e
atira-o para longe de ti: melhor te é entrar na vida côxo, ou aleijado,
do que, tendo duas mãos ou dois pés, ser lançado no fogo eterno.

9 E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-_o_ para longe de
ti. Melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos,
ser lançado no fogo do inferno.

10 Olhae, não desprezeis algum d’estes pequeninos, [8] porque eu vos digo
que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pae que _está_ nos
céus.

11 Porque [9] o Filho do homem veiu salvar o que se tinha perdido.

12 Que vos parece? [10] Se algum homem tiver cem ovelhas, e uma d’ellas
se desgarrar, não irá pelos montes, deixando as noventa e nove, em busca
da que se desgarrou?

13 E, se porventura a encontra, em verdade vos digo que maior prazer tem
por aquella do que pelas noventa e nove que se não desgarraram.

14 Assim tambem não é vontade de vosso Pae, que _está_ nos céus, que um
d’estes pequeninos se perca.


_O perdão do peccado d’um irmão._

15 Ora, [11] se teu irmão peccar contra ti, vae, e reprehende-o entre ti
e elle só; se te ouvir, [12] ganhaste a teu irmão;

16 Se _te_ não ouvir, porém, leva ainda comtigo [13] um ou dois, para que
pela bocca de duas ou tres testemunhas toda a palavra seja confirmada.

17 E, se os não escutar, dize-_o_ á egreja; e, se tambem não escutar a
egreja, [14] considera-o como um gentio e publicano.

18 Em verdade vos digo [15] que tudo o que ligardes na terra será ligado
no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.

19 Tambem vos digo [16] que, se dois de vós concordarem na terra ácerca
de qualquer coisa que pedirem, [17] isso lhes será feito por meu Pae, que
_está_ nos céus.

20 Porque onde estiverem dois ou tres reunidos em meu nome, ahi estou eu
no meio d’elles.

21 Então Pedro, approximando-se d’elle, disse: Senhor, até quantas vezes
peccará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? [18] Até sete?

22 Jesus lhe disse: Não te digo: Até sete, [19] mas, até setenta vezes
sete.


_A parabola do credor incompassivo._

23 Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quiz
fazer contas com os seus servos;

24 E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez
mil talentos;

25 E, não tendo elle com que pagar, o seu senhor mandou vendel-o, [20] e
a sua mulher e filhos, com tudo quanto tinha, para que a _divida_ se lhe
pagasse.

26 Então aquelle servo, prostrando-se, o adorava, dizendo: Senhor, sê
generoso para comigo, e tudo te pagarei.

27 Então o senhor d’aquelle servo, movido de intima compaixão, soltou-o,
e perdoou-lhe a divida.

28 Saindo, porém, aquelle servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe
devia cem [AFQ] dinheiros, e, lançando mão d’elle, suffocava-o, dizendo:
Paga-me o que me deves.

29 Então o seu conservo, prostrando-se aos seus pés rogava-lhe, dizendo:
Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.

30 Elle, porém, não quiz, antes foi encerral-o na prisão, até que pagasse
a divida.

31 Vendo pois os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e
foram declarar ao seu senhor tudo o que se passára.

32 Então o seu senhor, chamando-o á sua presença, disse-lhe: Servo
malvado, perdoei-te toda aquella divida, porque me supplicaste:

33 Não devias tu egualmente ter compaixão do teu companheiro, como eu
tambem tive misericordia de ti?

34 E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que
pagasse tudo o que devia.

35 Assim vos fará tambem meu Pae celestial, [21] se do coração não
perdoardes, cada um a seu irmão, as suas offensas.

[1] Psa. 131.2. Mar. 10.14. Luc. 18.16. I Cor. 14.20. I Ped. 2.2.

[2] cap. 20.27 e 23.11.

[3] cap. 10.42. Luc. 9.48.

[4] Mar. 9.41. Luc. 17.1, 2.

[5] Luc. 17.1. I Cor. 11.19.

[6] cap. 26.24.

[7] cap. 5.29, 30. Mar. 9.42, 44.

[8] Psa. 34.7. Zac. 13.7. Heb. 1.14. Est. 1.14. Luc. 1.19.

[9] Luc. 9.56. João 3.17.

[10] Luc. 15.4.

[11] Lev. 19.17. Luc. 17.3.

[12] Thi. 5.20. I Ped. 3.1.

[13] Deu. 17.6. João 8.17. II Cor. 13.1. Heb. 10.28.

[14] Rom. 16.17. I Cor. 5.9. II The. 3.6, 14. II João 10.

[15] cap. 16.19. João 20.23. I Cor. 5.4.

[16] cap. 5.24.

[17] I João 3.22 e 5.14.

[18] Luc. 17.4.

[19] cap. 6.14. Mar. 11.25. Col. 3.13.

[20] II Reis 4.1. Neh. 5.8.

[21] Pro. 21.13. cap. 6.12. Mar. 11.26. Thi. 2.13.



_Ácerca do divorcio._

Mar. 10.1-12.

19 E aconteceu _que_, [1] concluindo Jesus estes discursos, saiu da
Galilea, e dirigiu-se aos confins da Judéa, dalem do Jordão;

2 E seguiram-o muitas gentes, [2] e curou-as ali.

3 Então chegaram ao pé d’elle os phariseos, tentando-o, e dizendo-lhe: É
licito ao homem repudiar sua mulher por qualquer coisa?

4 Elle, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquelle que
_os_ fez no principio [3] macho e femea os fez?

5 E disse: Portanto deixará o homem pae e mãe, [4] e se unirá a sua
mulher, [5] e serão dois n’uma só carne.

6 Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto o que Deus ajuntou
não o separe o homem.

7 Disseram-lhe elles: Então porque mandou Moysés dar-lhe carta de
divorcio, [6] e repudial-a?

8 Disse-lhes elle: Moysés por causa da dureza dos vossos corações vos
permittiu repudiar vossas mulheres; mas ao principio não foi assim.

9 Eu vos digo, [7] porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo
por causa de fornicação, e casar com outra, commette adulterio; e o que
casar com a repudiada _tambem_ commette adulterio.

10 Disseram-lhe seus discipulos: [8] Se assim é a condição do homem
relativamente á mulher, não convem casar.

11 Elle, porém, lhes disse: Nem todos podem receber esta palavra, mas [9]
_só aquelles_ a quem foi concedido.

12 Porque ha eunuchos que assim nasceram do ventre da mãe; [10] e ha
eunuchos que foram castrados pelos homens; e ha eunuchos que se castraram
a si mesmos por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.


_Jesus abençoa os meninos._

Mar. 10.13-16. Luc. 18.15-17.

13 Trouxeram-lhe então _alguns_ meninos, para que lhes impozesse as mãos,
e orasse; mas os discipulos os reprehendiam.

14 Jesus, porém, disse: Deixae os meninos, e não os estorveis de vir a
mim; [11] porque de taes é o reino dos céus.

15 E, tendo-lhes imposto as mãos, partiu d’ali.


_O mancebo rico._

Mar. 10.17-31. Luc. 18.18-30.

16 E eis que, approximando-se d’elle um mancebo, disse-lhe: [12] Bom
Mestre, que bem farei, para conseguir a vida eterna?

17 E elle disse-lhe: Porque me chamas bom? Não _ha_ bom senão um só, _que
é_ Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.

18 Disse-lhe elle: Quaes? E Jesus disse: [13] Não matarás, não
commetterás adulterio, não furtarás, não dirás falso testemunho;

19 Honra teu pae e tua mãe, e [14] amarás o teu proximo como a ti mesmo.

20 Disse-lhe o mancebo: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade;
que me falta ainda?

21 Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, [15] vae, vende tudo o que
tens, dá aos pobres, e terás _um_ thesouro no céu; e vem, _e_ segue-me.

22 E o mancebo, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuia
muitas propriedades.

23 Disse então Jesus aos seus discipulos: Em verdade vos digo [16] que
difficilmente entrará um rico no reino dos céus.

24 E outra vez vos digo que é mais facil passar um camelo pelo fundo
d’uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.

25 Os seus discipulos, ouvindo _isto_, admiraram-se muito, dizendo: Quem
poderá pois salvar-se?

26 E Jesus, olhando _para elles_, disse-lhes: Aos homens é isso
impossivel, [17] mas a Deus tudo é possivel.

27 Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: [18] Eis que nós deixámos
tudo, e te seguimos; qual será então o nosso galardão?

28 E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, na
regeneração, quando o Filho do homem se assentar no throno da sua [19]
gloria, tambem vos assentareis sobre doze thronos, para julgar as doze
tribus d’Israel.

29 E todo aquelle que tiver deixado [20] casas, ou irmãos, ou irmãs,
ou pae, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome,
receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.

30 Porém [21] muitos primeiros serão os derradeiros, e _muitos_
derradeiros _serão_ os primeiros.

[1] João 10.40.

[2] cap. 12.15.

[3] Gen. 1.27 e 5.2. Mal. 2.15.

[4] Gen. 2.24. Mar. 10.5, 9. Eph. 5.31.

[5] I Cor. 6.16 e 7.2.

[6] Deu. 24.1. cap. 5.31.

[7] cap. 5.32. Mar. 10.11. Luc. 16.18. I Cor. 7.10, 11.

[8] Pro. 21.19.

[9] I Cor. 7.2, 7, 9, 17.

[10] I Cor. 7.32, 34 e 9.5, 15.

[11] cap. 18.3.

[12] Luc. 10.25.

[13] Exo. 20.13. Deu. 5.17.

[14] cap. 15.4. Lev. 19.18. Rom. 13.9. Gal. 5.14. Thi. 2.8.

[15] cap. 6.20. Act. 2.45. I Tim. 6.18, 19.

[16] cap. 13.22. Mar. 10.24. I Cor. 1.26. I Tim. 6.9, 10.

[17] Gen. 18.14. Job 42.2. Jer. 32.17. Zac. 8.6. Luc. 1.37 e 18.27.

[18] Mar. 10.28. Luc. 18.28. Deu. 33.9. cap. 4.20. Luc. 5.11.

[19] cap. 20.21. Luc. 22.28, 29, 30. I Cor. 6.2, 3. Apo. 2.26.

[20] Mar. 10.29, 30. Luc. 18.29, 30.

[21] cap. 20.16 e 21.31, 32. Mar. 10.31. Luc. 13.30.



_A parabola dos trabalhadores e das diversas horas do trabalho._

20 Porque o reino dos céus é similhante a um homem, pae de familia, que
saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha.

2 E, ajustando com os trabalhadores a um [AFR] dinheiro por dia,
mandou-os para a sua vinha.

3 E, saindo perto da hora terceira, viu outros que estavam ociosos na
praça,

4 E disse-lhes: Ide vós tambem para a vinha, e dar-vos-hei o que fôr
justo. E elles foram.

5 Saindo outra vez, perto da hora sexta e nona, fez o mesmo.

6 E, saindo perto da hora undecima, encontrou outros que estavam ociosos,
e diz-lhes: Porque estaes ociosos todo o dia?

7 Dizem-lhe elles: Porque ninguem nos assalariou. Diz-lhes elle: Ide vós
tambem para a vinha, e recebereis o que fôr justo.

8 E, approximando-se a noite, diz o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama
os trabalhadores, e paga-lhes o jornal, começando desde os derradeiros
até aos primeiros.

9 E, chegando os que _tinham ido_ perto da hora undecima, receberam um
dinheiro cada um.

10 Chegando, porém, os primeiros, cuidaram que haviam de receber mais; e
tambem receberam um dinheiro cada um;

11 E, recebendo-_o_, murmuravam contra o pae de familia,

12 Dizendo: Estes derradeiros trabalharam _só_ uma hora, e tu os
egualaste comnosco, que supportámos a fadiga e a calma do dia.

13 Elle, porém, respondendo, disse a um d’elles: Amigo, não te faço
aggravo; não ajustaste tu comigo por um dinheiro?

14 Toma o _que é_ teu, e retira-te; eu quero dar a este derradeiro
_tanto_ como a ti.

15 Ou não me é licito fazer o que quizer do _que é_ meu? [1] Ou é mau o
teu olho porque eu sou bom?

16 Assim [2] os derradeiros serão primeiros, e os primeiros derradeiros;
porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.


_O pedido dos filhos de Zebedeo._

Mar. 10.32-45. Luc. 18.31-34.

17 E Jesus, subindo a Jerusalem, [3] chamou de parte os seus doze
discipulos, e no caminho disse-lhes:

18 Eis que subimos a Jerusalem, [4] e o Filho do homem será entregue aos
principes dos sacerdotes, e aos escribas, e condemnal-o-hão á morte.

19 E o entregarão aos gentios [5] para que _d’elle_ escarneçam, e o
açoitem e crucifiquem; e ao terceiro dia resuscitará.

20 Então [6] se approximou d’elle a mãe dos filhos de Zebedeo, com seus
filhos, adorando-_o_, e pedindo-lhe alguma _coisa_.

21 E elle diz-lhe: Que queres? Diz-lhe ella: [7] Dize que estes meus dois
filhos se assentem, um á tua direita e outro á tua esquerda, no teu reino.

22 Jesus, porém, respondendo, disse: Não sabeis o que pedis; [8] podeis
vós beber o calix que eu hei de beber, e ser baptizados com o baptismo
com que eu sou baptizado? Dizem-lhe elles: Podemos.

23 E diz-lhes elle: Na verdade bebereis [9] o meu calix e sereis
baptizados com o baptismo com que eu sou baptizado, mas assentar-se á
minha direita ou á minha esquerda não me pertence concedel-o, mas _será_
para aquelles a quem meu Pae o tem preparado.

24 E, [10] quando os dez ouviram _isto_, indignaram-se contra os dois
irmãos.

25 Então Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que
os principes [AFS] dos gentios os dominam, e que os grandes exercem
auctoridade sobre elles.

26 Não será assim entre vós; [11] mas todo aquelle que quizer entre vós
fazer-se grande seja vosso [AFT] servente;

27 E qualquer que entre vós quizer ser o primeiro [12] seja vosso [AFU]
servo;

28 Assim como o Filho do homem não veiu para ser servido, [13] mas a
servir, e a dar a sua vida _em_ resgate por muitos.


_Os dois cegos de Jericó._

Mar. 10.46-52. Luc. 18.35-43.

29 E, saindo elles de Jericó, seguiu-o grande multidão,

30 E eis que dois cegos, [14] assentados junto do caminho, ouvindo
que Jesus passava, clamaram, dizendo: Senhor, Filho de David, tem
misericordia de nós.

31 E a multidão os reprehendia, para que se calassem; elles, porém, cada
vez clamavam mais, dizendo: Senhor, Filho de David, tem misericordia de
nós.

32 E Jesus, parando, chamou-os, e disse: Que quereis que vos faça?

33 Disseram-lhe elles: Senhor, que os nossos olhos sejam abertos.

34 Então Jesus, movido de intima compaixão, tocou-lhe nos olhos, e logo
viram; e o seguiram.

[1] Rom. 9.21. Deu. 15.9. Pro. 23.6. cap. 6.23.

[2] cap. 19.30 e 22.14.

[3] João 12.12.

[4] cap. 16.21.

[5] cap. 27.2. Mar. 15.1, 16. Luc. 23.1. João 18.28. Act. 3.13.

[6] Mar. 10.35. cap. 4.21.

[7] cap. 19.28.

[8] cap. 26.39. Mar. 14.36. Luc. 22.42. João 18.11.

[9] Act. 12.2. Rom. 8.17. II Cor. 1.7. Apo. 1.9.

[10] Mar. 10.41. Luc. 22.24.

[11] I Ped. 5.3. cap. 23.11. Mar. 9.34 e 10.43.

[12] cap. 18.4.

[13] Luc. 22.27. João 13.14 e 11.51. Isa. 53.10. Dan. 9.24. I Tim. 2.6.
Tito 2.14. I Ped. 1.19. Rom. 5.15. Heb. 9.28.

[14] cap. 9.27.



_A entrada triumphal de Jesus em Jerusalem._

Mar. 11.1-10. Luc. 19.29-38.

21 E, quando se approximaram de Jerusalem, e chegaram a Bethphage, ao
monte das Oliveiras, [1] enviou então Jesus dois discipulos, dizendo-lhes:

2 Ide á aldeia que _está_ defronte de vós, e logo encontrareis uma
jumenta presa, e um jumentinho com ella; desprendei-_a_, e trazei-_m’os_.

3 E, se alguem vos disser alguma _coisa_, direis que o Senhor os ha de
mister: e logo os enviará.

4 Ora tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo
propheta, que diz:

5 Dizei á filha de Sião: [2] Eis que o teu Rei ahi te vem, manso, e
assentado sobre uma jumenta, e sobre um jumentinho, filho _de animal
sujeito ao_ jugo.

6 E, indo os discipulos, [3] e fazendo como Jesus lhes ordenára,

7 Trouxeram a jumenta e o jumentinho, [4] e sobre elles pozeram os seus
vestidos, e fizeram-n’o assentar em cima.

8 E muitissima gente estendia os seus vestidos pelo caminho, [5] e outros
cortavam ramos d’arvores, e _os_ espalhavam pelo caminho.

9 E a multidão que ia adeante, e a que seguia, clamava, dizendo: Hosanna
ao Filho de David; [6] bemdito o que vem em nome do Senhor: Hosanna nas
alturas.

10 E, entrando elle em Jerusalem, [7] toda a cidade se alvoroçou,
dizendo: Quem é este?

11 E a multidão dizia: Este é Jesus, [8] o Propheta de Nazareth da
Galilea.


_A purificação do templo._

Mar. 11.15-18. Luc. 19.45-48.

12 E entrou Jesus no templo de Deus, [9] e expulsou todos os que vendiam
e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras
dos que vendiam pombas:

13 E disse-lhes: Está escripto: [10] A minha casa será chamada casa de
oração: mas vós a tendes convertido em covil de ladrões.

14 E foram ter com elle ao templo cegos e côxos, e curou-os.

15 Vendo então os principaes dos sacerdotes e os escribas as maravilhas
que fazia, e os meninos clamando no templo, Hosanna ao Filho de David;
indignaram-se,

16 E disseram-lhe: Ouves o que estes dizem? E Jesus lhes disse: Sim;
nunca lestes: [11] Pela bocca dos meninos e das creancinhas de peito
aperfeiçoaste o louvor?

17 E, deixando-os, saiu da cidade para Bethania, [12] e ali passou a
noite.


_A figueira secca._

Mar. 11.12-14 e 19-24.

18 E, de manhã, voltando para a cidade, teve fome;

19 E, avistando uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ella, e não
achou n’ella senão folhas. E disse-lhe: Nunca mais nasça fructo de ti. E
a figueira seccou immediatamente.

20 E os discipulos, vendo _isto_, maravilharam-se, dizendo: [13] Como
seccou immediatamente a figueira?

21 Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Em verdade vos digo _que_, [14]
se tiverdes fé e não duvidardes, [15] não só fareis isto á figueira, mas
até, se a este monte disserdes: Ergue-te e precipita-te no mar, _assim_
será feito;

22 E tudo o que pedirdes na oração, crendo, [16] _o_ recebereis.


_O baptismo de João._

Mar. 11.27-33. Luc. 20.1-8.

23 E, chegando ao templo, acercaram-se d’elle, estando _já_ ensinando,
os principes dos sacerdotes e os anciãos do povo, dizendo: Com que
auctoridade fazes isto? e quem te deu essa auctoridade?

24 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Eu tambem vos perguntarei uma coisa;
se m’a disserdes, tambem eu vos direi com que auctoridade faço isto.

25 O baptismo de João d’onde era? Do céu, ou dos homens? E pensavam entre
si, dizendo: Se dissermos: Do céu, elle nos dirá: Então porque não o
crestes?

26 E, se dissermos: Dos homens, tememos o povo, [17] porque todos
consideram João como propheta.

27 E, respondendo a Jesus, disseram: Não sabemos. Elle disse-lhes: Nem eu
vos digo com que auctoridade faço isto.


_A parabola dos dois filhos._

28 Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, dirigindo-se ao
primeiro, disse: Filho, vae trabalhar hoje na minha vinha.

29 Elle, porém, respondendo, disse: Não quero. Mas depois,
arrependendo-se, foi.

30 E, dirigindo-se ao segundo, fallou-lhe de egual modo; e, respondendo
elle, disse: Eu _vou_, senhor; e não foi.

31 Qual dos dois fez a vontade do pae? Disseram-lhe elles: O primeiro.
Disse-lhes Jesus: [18] Em verdade vos digo que os publicanos e as
meretrizes vos precedem no reino de Deus.

32 Porque João veiu a vós no caminho de justiça, [19] e não o crestes,
mas os publicanos e as meretrizes o creram: vós, porém, vendo _isto_, nem
depois vos arrependestes para o crer.


_A parabola dos lavradores maus._

Mar. 12.1-12. Luc. 20.9, 18.

33 Ouvi ainda outra parabola: Houve um homem, pae de familia, que plantou
uma vinha, [20] e circumdou-a de um vallado, e construiu n’ella _um_
lagar, e edificou uma torre, e arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se
para longe:

34 E, chegando o tempo dos fructos, enviou os seus servos aos lavradores,
[21] para receberem os seus fructos.

35 E os lavradores, apoderando-se dos servos, [22] feriram um, mataram
outro, e apedrejaram outro.

36 Depois enviou outros servos, em maior numero do que os primeiros; e
fizeram-lhes o mesmo;

37 E por ultimo enviou-lhes seu filho, dizendo: Terão respeito a meu
filho.

38 Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: [23] Este é o
herdeiro; vinde, matemol-o, e apoderemo-nos da sua herança.

39 E, lançando mão d’elle, [24] o arrastaram para fóra da vinha, e _o_
mataram.

40 Quando pois vier o senhor da vinha, que fará áquelles lavradores?

41 Dizem-lhe elles: [25] Dará affrontosa morte aos maus, e arrendará a
vinha a outros lavradores, que a seus tempos lhe dêem os fructos.

42 Diz-lhes Jesus: [26] Nunca lestes nas Escripturas: A pedra, que os
edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do angulo: pelo Senhor
foi feito isto, e é maravilhoso aos nossos olhos?

43 Portanto eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, [27] e será
dado a gente que dê os seus fructos.

44 E quem cair sobre esta pedra despedaçar-se-ha; [28] e sobre quem ella
cair esmagal-o-ha.

45 E os principes dos sacerdotes e os phariseos, ouvindo estas palavras,
entenderam que fallava d’elles;

46 E, pretendendo prendel-o, receiaram o povo, [29] porquanto o tinham
por propheta.

[1] Zac. 14.4.

[2] Isa. 62.11. Zac. 9.9. João 12.15.

[3] Mar. 11.4.

[4] II Reis 9.13.

[5] Lev. 23.40. João 12.13.

[6] Psa. 118.26. cap. 23.39.

[7] Mar. 11.15. Luc. 19.45. João 2.13, 15.

[8] Luc. 7.16. João 6.14 e 7.40 e 9.17.

[9] João 2.15. Deu. 14.25.

[10] Isa. 56.7. Jer. 7.11. Mar. 11.17. Luc. 19.43.

[11] Psa. 8.2.

[12] Mar. 11.11. João 11.18.

[13] Mar. 11.20.

[14] cap. 17.20. Luc. 17.6.

[15] Thi. 1.6.

[16] Mar. 11.24. Luc. 11.9. Thi. 5.16. I João 3.22.

[17] cap. 14.5. Mar. 6.20. Luc. 20.6.

[18] Luc. 7.29, 50.

[19] cap. 3.1. Luc. 3.12, 13.

[20] Psa. 80.8. Can. 8.11. Isa. 5.1. Jer. 2.21.

[21] Can. 8.11.

[22] II Chr. 24.21. Neh. 9.26. Act. 7.52. I The. 2.15. Heb. 11.36.

[23] Psa. 2.8. Heb. 1.2.

[24] Psa. 2.2. João 11.53. Act. 4.27.

[25] Luc. 20.16 e 21.24. Heb. 2.3. Act. 13.46 e 15.7.

[26] Isa. 28.16. Mar. 12.10. Luc. 20.17. Act. 4.11. Eph. 2.20. I Ped.
2.6, 7.

[27] cap. 8.12.

[28] Isa. 8.14, 15. Zac. 12.3. Luc. 20.13. Rom. 9.33. I Ped. 2.8. Isa.
60.12. Dan. 2.44.

[29] ver. 11.



_A parabola das bodas._

Luc. 14.16-24.

22 Então Jesus, tomando a [1] palavra, tornou a fallar-lhes em parabolas,
dizendo:

2 O reino dos céus é similhante a um certo rei que celebrou as bodas de
seu filho;

3 E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e não
quizeram vir.

4 Depois enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eisque
tenho o meu jantar preparado, [2] os meus bois e cevados _já_ mortos, e
tudo _já_ prompto: vinde ás bodas.

5 Porém elles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o
seu trafico:

6 E os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram.

7 E o rei, tendo noticia _d’isto_, encolerisou-se: [3] e, enviando os
seus exercitos, destruiu aquelles homicidas, e incendiou a sua cidade.

8 Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, [4] mas
os convidados não eram dignos.

9 Ide pois ás saidas dos caminhos, e convidae para as bodas a todos os
que encontrardes.

10 E os servos, saindo pelos caminhos, [5] ajuntaram todos quantos
encontraram, tanto maus como bons; e as bodas encheram-se de convidados.

11 E o rei, entrando para vêr os convidados, viu ali um homem [6] _que_
não _estava_ trajado com vestido de bodas,

12 E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo vestido de bodas? E
elle emmudeceu.

13 Disse então o rei aos servos: Amarrae-o de pés e mãos, levae-o, [7] e
lançae-_o_ nas trevas exteriores: ali haverá pranto e ranger de dentes.

14 Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.


_A questão do tributo._

Mar. 12.13-17. Luc. 20.20-26.

15 Então, retirando-se os phariseos, consultaram entre si como o
surprehenderiam _n’alguma_ palavra;

16 E enviaram-lhe os seus discipulos, com os herodianos, dizendo: Mestre,
bem sabemos que és verdadeiro, e ensinas o caminho de Deus, segundo a
verdade, e de ninguem se te dá, porque não olhas á apparencia dos homens;

17 Dize-nos, pois, que te parece? É licito pagar o tributo a Cesar, ou
não?

18 Jesus, porém, conhecendo a sua malicia, disse: Porque me
experimentaes, hypocritas?

19 Mostrae-me a moeda do tributo. E elles lhe apresentaram um dinheiro.

20 E elle diz-lhes: De quem é esta effigie e _esta_ inscripção?

21 Dizem-lhe elles: De Cesar. Então elle lhes diz: [8] Dae pois a Cesar o
que _é_ de Cesar, e a Deus o que _é_ de Deus.

22 E elles, ouvindo _isto_, maravilharam-se, e, deixando-o, se retiraram.

23 No mesmo dia chegaram junto d’elle os sadduceos, [9] que dizem não
haver resurreição, e o interrogaram,

24 Dizendo: [10] Mestre, Moysés disse: Se morrer alguem, não tendo
filhos, casará o seu irmão com a mulher d’elle, e suscitará descendencia
a seu irmão:

25 Ora houve entre nós sete irmãos; e o primeiro, tendo casado, morreu,
e, não tendo descendencia, deixou sua mulher a seu irmão.

26 Da mesma sorte o segundo, e o terceiro, até ao setimo;

27 Por fim, depois de todos, morreu tambem a mulher.

28 Portanto, na resurreição, de qual dos sete será a mulher, visto que
todos a possuiram?

29 Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: [11] Erraes, não conhecendo as
Escripturas, nem o poder de Deus;

30 Porque na resurreição nem casam nem se dão em casamento; [12] mas
serão como os anjos de Deus no céu.

31 E, ácerca da resurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos
declarou, dizendo:

32 Eu sou o Deus d’Abrahão, [13] o Deus d’Isaac, e o Deus de Jacob? Deus
não é Deus dos mortos, mas dos vivos.

33 E, as turbas, ouvindo _isto_, [14] ficaram maravilhadas da sua
doutrina.


_O grande mandamento._

Mar. 12.28-34. Luc. 10.25-27.

34 E os phariseos, ouvindo que fizera emmudecer os sadduceos, reuniram-se
no mesmo logar;

35 E um d’elles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo:

36 Mestre, qual _é_ o grande mandamento na lei?

37 E Jesus disse-lhe: [15] Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.

38 Este é o primeiro e grande mandamento.

39 E o segundo, similhante a este, _é_: [16] Amarás o teu proximo como a
ti mesmo.

40 D’estes dois mandamentos depende toda a lei e os prophetas.


_Christo Filho de David._

Mar. 12.35-37. Luc. 20.41-44.

41 E, [17] estando reunidos os phariseos, interrogou-os Jesus,

42 Dizendo: Que pensaes vós do Christo? De quem é filho? Elles
disseram-lhe: De David.

43 Disse-lhes elle: Como é então que David, em espirito, lhe chama
Senhor, dizendo:

44 Disse o Senhor ao meu Senhor: [18] Assenta-te á minha direita, até que
eu ponha os teus inimigos por escabello de teus pés.

45 Se David pois lhe chama Senhor, como é seu filho?

46 E ninguem podia [19] responder-lhe _uma_ palavra: nem desde aquelle
dia ousou mais alguem interrogal-o.

[1] Apo. 19.7, 9.

[2] Pro. 9.2.

[3] Dan. 9.26. Luc. 19.27.

[4] cap. 10.11. Act. 13.46.

[5] cap. 13.38.

[6] II Cor. 5.3. Eph. 4.24. Col. 3.10, 12. Apo. 3.4 e 16.15.

[7] cap. 8.12 e 20.16.

[8] cap. 17.25. Rom. 13.7.

[9] Mar. 12.18. Luc. 20.27. Act. 23.8.

[10] Deu. 25.5.

[11] João 20.

[12] I João 3.2.

[13] Exo. 3.6, 16. Mar. 12.26. Luc. 20.37. Act. 7.32. Heb. 11.16.

[14] cap. 7.28.

[15] Deu. 6.5 e 10.12 e 30.6. Luc. 10.27.

[16] Lev. 19.18. Mar. 12.31. Rom. 13.9. Gal. 5.14. Thi. 2.8.

[17] cap. 7.12. I Tim. 1.5.

[18] Psa. 110.1. Act. 2.34. I Cor. 15.25. Heb. 1.13 e 10.12, 13.

[19] Luc. 14.6 e 20.40. Mar. 12.34.



_Jesus censura os escribas e os phariseos._

23 Então fallou Jesus á multidão, e aos seus discipulos,

2 Dizendo: [1] Na cadeira de Moysés estão assentados os escribas e
phariseos.

3 Observae, pois, e practicae tudo o que vos disserem; mas não procedaes
em conformidade com as suas obras, [2] porque dizem e não praticam:

4 Pois atam fardos pesados e difficeis de supportar, [3] e os põem aos
hombros dos homens; elles, porém, nem com o dedo querem movel-os;

5 E fazem todas as obras [4] a fim de serem vistos pelos homens; pois
trazem largas phylacterias, e estendem as franjas [5] dos seus vestidos,

6 E amam os primeiros logares nas ceias [6] e as primeiras cadeiras nas
synagogas,

7 E as saudações nas praças, e _o serem_ chamados pelos homens—Rabbi,
Rabbi.

8 Vós, porém, não queiraes ser chamados Rabbi, [7] porque um só é o vosso
Mestre, _a saber_, o Christo: e todos vós sois irmãos.

9 E a ninguem na terra chameis vosso pae, [8] porque um só é o vosso Pae,
o qual _está_ nos céus.

10 Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, _que é_ o
Christo.

11 Porém [9] o maior d’entre vós será vosso servo.

12 E o que a si mesmo se exaltar [10] será humilhado; e o que a si mesmo
se humilhar será exaltado.

13 Mas ai de vós, escribas e phariseos, hypocritas! [11] pois que fechaes
aos homens o reino dos céus; porque nem vós entraes nem deixaes entrar
aos que entram.

14 Ai de vós, escribas e phariseos, [12] hypocritas! pois que devoraes as
casas das viuvas, e _isto_ com pretexto de prolongadas orações; por isso
soffrereis mais rigoroso juizo.

15 Ai de vós, escribas e phariseos, hypocritas! pois que percorreis o mar
e a terra para fazer um proselyto; e, depois de o terdes feito, o fazeis
filho do inferno duas vezes mais do que vós.

16 Ai de vós, conductores cegos! [13] pois que dizeis: Qualquer que jurar
pelo templo isso nada é; mas o que jurar pelo oiro do templo é devedor.

17 Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o oiro, [14] ou o templo, que
sanctifica o oiro?

18 E aquelle que jurar pelo altar _isso_ nada é; mas aquelle que jurar
pela offerta que está sobre o altar é devedor.

19 Insensatos e cegos! Pois qual é maior: a offerta, [15] ou o altar, que
sanctifica a offerta?

20 Portanto, o que jurar pelo altar jura por elle e por tudo o que sobre
elle _está_:

21 E o que jurar pelo templo jura por elle [16] e por aquelle que n’elle
habita:

22 E o que jurar pelo céu jura pelo throno de Deus [17] e por aquelle que
está assentado n’elle.

23 Ai de vós, escribas e phariseos, hypocritas! [18] pois que dizimaes a
hortelã, o endro e o cominho, e desprezaes o mais importante da lei, o
juizo, a misericordia e a fé: deveis, porém, fazer estas coisas, e não
omittir aquellas.

24 Conductores cegos! que coaes o mosquito e engulis o camelo.

25 Ai de vós, escribas e phariseos, hypocritas! [19] pois que limpaes
o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e
iniquidade.

26 Phariseo cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que
tambem o exterior fique limpo.

27 Ai de vós, escribas e phariseos, hypocritas! [20] pois que sois
similhantes aos sepulchros caiados, que por fóra realmente parecem
formosos, mas interiormente estão cheios d’ossos de mortos e de toda a
immundicia.

28 Assim tambem vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas
interiormente estaes cheios de hypocrisia e iniquidade.

29 Ai de vós, [21] escribas e phariseos, hypocritas! pois que edificaes
os sepulchros dos prophetas e adornaes os monumentos dos justos.

30 E dizeis: Se existissemos no tempo de nossos paes, nunca nos
associariamos com elles para _derramar_ o sangue dos prophetas.

31 Assim, [22] vós mesmos testificaes que sois filhos dos que mataram os
prophetas.

32 Enchei [23] vós pois a medida de vossos paes.

33 Serpentes, [24] raça de viboras! como escapareis da condemnação do
inferno?

34 Portanto, eis que [25] eu vos envio prophetas, sabios e escribas; e _a
uns_ d’elles matareis e crucificareis; e _a outros_ d’elles açoitareis
nas vossas synagogas e os perseguireis de cidade em cidade;

35 Para que sobre vós caia todo o sangue justo, [26] que foi derramado
sobre a terra, desde o sangue d’Abel, o justo, até ao sangue de
Zacharias, filho de Baraquias, que matastes entre o templo e o altar.

36 Em verdade vos digo que todas estas _coisas_ hão de vir sobre esta
geração.

37 Jerusalem, Jerusalem, [27] que matas os prophetas, e apedrejas os que
te são enviados! quantas vezes quiz eu ajuntar os teus filhos, como a
gallinha ajunta os seus pintos debaixo das azas, e vós não quizestes!

38 Eis que a vossa casa vae ficar-vos deserta;

39 Porque eu vos digo que desde agora me não vereis _mais_, até que
digaes: [28] Bemdito o que vem em nome do Senhor.

[1] Neh. 8.4, 8. Mal. 2.7. Mar. 12.38. Luc. 20.45.

[2] Rom. 2.19, etc.

[3] Luc. 11.46. Act. 15.10. Gal. 6.13.

[4] cap. 6.1, 2, 5, 16.

[5] Num. 15.38. Deu. 6.8 e 22.12. Pro. 3.3.

[6] Mar. 12.38. Luc. 11.43. III João 9.

[7] Thi. 3.1. II Cor. 1.24. I Ped. 5.3.

[8] Mal. 1.6.

[9] cap. 20.26, 27.

[10] Job 22.29. Pro. 15.33. Luc. 14.11. Thi. 4.6. I Ped. 5.5.

[11] Luc. 11.52.

[12] Mar. 12.40. Luc. 20.47. II Tim. 3.6. Tito 1.11.

[13] cap. 15.14 e 5.33, 34. ver. 24.

[14] Exo. 30.29.

[15] Exo. 29.37.

[16] I Reis 8.13. II Chr. 6.2. Psa. 26.8.

[17] Psa. 11.4. cap. 5.34. Act. 7.49.

[18] Luc. 11.42. I Reis 15.22. Ose. 6.6. Miq. 6.8. cap. 9.13.

[19] Mar. 7.4. Luc. 11.39.

[20] Luc. 11.44. Act. 23.3.

[21] Luc. 11.47.

[22] Act. 7.51, 52. I The. 2.15.

[23] Gen. 15.16. I The. 2.16.

[24] cap. 3.7 e 12.34.

[25] cap. 21.34 e 10.17. Luc. 11.49. Act. 5.40 e 7.58 e 22.19. II Cor.
11.24, 25.

[26] Apo. 18.24. Gen. 4.8. I João 3.12. II Chr. 24.20.

[27] Luc. 13.34. II Cor. 24.21. Deu. 32.11. Psa. 17.8 e 91.4.

[28] Psa. 118.26. cap. 21.9.



_O sermão prophetico; o principio de dôres._

Mar. 13.1. Luc. 21.5-36.

24 E, quando Jesus ia saindo do templo, approximaram-se _d’elle_ os seus
discipulos para lhe mostrarem a estructura do templo.

2 Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo [1]
que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.

3 E, estando assentado no monte das Oliveiras, [2] chegaram-se a elle
os seus discipulos em particular, dizendo: Dize-nos quando serão essas
_coisas_, e que signal _haverá_ da tua vinda e do fim do mundo?

4 E Jesus, respondendo, disse-lhes: [3] Acautelae-vos, que ninguem vos
engane;

5 Porque [4] muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Christo; e
seduzirão muitos.

6 E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhae não vos assusteis,
porque é mister que _isso_ tudo aconteça, mas ainda não é o fim.

7 Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, [5] e
haverá fomes, e pestes, e terremotos, em varios logares.

8 Mas todas estas coisas _são_ o principio de dôres.

9 Então vos hão de entregar para serdes atormentados, [6] e
matar-vos-hão: e sereis odiados de todas as gentes por causa do meu nome.

10 Então muitos serão escandalizados, [7] e trahir-se-hão uns aos outros,
e uns aos outros se aborrecerão,

11 E surgirão muitos falsos prophetas, [8] e enganarão muitos.

12 E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.

13 Mas aquelle que perseverar até ao fim [9] será salvo.

14 E este evangelho do reino será prégado em todo o mundo, [10] em
testemunho a todas as gentes, e então virá o fim.


_O sermão continúa. A grande tribulação._

15 Quando pois virdes que a abominação da desolação, [11] de que fallou o
propheta Daniel, está no logar sancto; quem lê, attenda;

16 Então, os que _estiverem_ na Judea, fujam para os montes;

17 E quem _estiver_ sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa da sua
casa;

18 E quem estiver no campo não volte atraz a buscar os seus vestidos.

19 Mas ai das gravidas [12] e das que amamentarem n’aquelles dias!

20 E orae para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem em sabbado;

21 Porque [13] haverá então grande afflicção, como nunca houve desde o
principio do mundo até agora, nem tão pouco ha de haver.

22 E, se aquelles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria;
[14] mas por causa dos escolhidos serão abreviados aquelles dias.

23 Então, se alguem vos disser: Eis que [15] o Christo _está_ aqui, ou
ali, não deis credito;

24 Porque [16] surgirão falsos christos e falsos prophetas, e farão tão
grandes signaes e prodigios que, se possivel fôra, enganariam até os
escolhidos.

25 Eis que eu vol-o tenho predito.

26 Portanto, se vos disserem: Eis que elle está no deserto, não saiaes;
Eis que elle _está_ nas camaras; não acrediteis.

27 Porque, como o relampago [17] sae do oriente e apparece até ao
occidente, assim será tambem a vinda do Filho do homem.

28 Pois onde estiver o cadaver, [18] ahi se ajuntarão as aguias.


_O sermão continúa: A vinda do Filho do homem._

29 E, logo depois da afflicção d’aquelles dias, [19] o sol escurecerá,
e a lua não dará o seu resplendor, e as estrellas cairão do céu, e as
potencias dos céus serão abaladas.

30 Então apparecerá no céu [20] o signal do Filho do homem; e todas as
tribus da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as
nuvens do céu, com poder e grande gloria.

31 E enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, [21] e ajuntarão
os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma á outra extremidade dos
céus.

32 Aprendei pois _esta_ parabola da figueira: [22] Quando já o seu ramo
se torna tenro e brota folhas, sabeis que está proximo o verão.

33 Egualmente, quando virdes todas estas _coisas_, [23] sabei que está
proximo ás portas.

34 Em verdade vos digo que não passará esta geração [24] sem que todas
estas _coisas_ aconteçam.

35 O céu e a terra passarão, mas [25] as minhas palavras não hão de
passar.


_O sermão continúa: Exhortação á vigilancia._

36 Porém d’aquelle dia e hora ninguem sabe, [26] nem os anjos do céu, mas
unicamente meu Pae.

37 E, como foi nos dias de Noé, assim será tambem a vinda do Filho do
homem.

38 Porque como, [27] nos dias anteriores ao diluvio, comiam, bebiam,
casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca,

39 E não o conheceram, até que veiu o diluvio, e os levou a todos,—assim
será tambem a vinda do Filho do homem.

40 Então, [28] dois estarão no campo; será levado um, e deixado outro.

41 Duas _estarão_ moendo no moinho; será levada uma, e deixada outra.

42 Vigiae, pois, [29] porque não sabeis a que hora ha de vir o vosso
Senhor:

43 Mas considerae isto: [30] se o pae de familia soubesse a que vigilia
da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.

44 Por isso, [31] estae vós apercebidos tambem; porque o Filho do homem
ha de vir á hora em que não penseis.


_O sermão continúa: A parabola dos dois servos._

45 Quem é pois o servo fiel e prudente, [32] que o Senhor constituiu
sobre os seus servos, para _lhes_ dar o sustento a seu tempo?

46 Bemaventurado aquelle servo que o Senhor, [33] quando vier, achar
fazendo assim.

47 Em verdade vos digo [34] que o porá sobre todos os seus bens.

48 Porém, se aquelle mau servo disser comsigo: O meu senhor tarde virá;

49 E começar a espancar os _seus_ conservos, e a comer e beber com os
temulentos,

50 Virá o senhor d’aquelle servo n’_um_ dia em que o não espera, e á hora
em que elle não sabe,

51 E separal-o-ha, e porá a sua parte com os hypocritas: [35] ali haverá
pranto e ranger de dentes.

[1] I Reis 9.7. Jer. 26.18. Miq. 3.12. Luc. 19.44.

[2] Mar. 13.3. I The. 5.1.

[3] Eph. 5.6. Col. 2.8, 18. II The. 2.3. I João 4.1.

[4] Jer. 14.14 e 23.21. João 5.43.

[5] II Chr. 15.6. Isa. 19.2. Agg. 2.23. Zac. 14.13.

[6] cap. 10.17. Mar. 13.9. Luc. 21.21. João 15.20. Act. 4.2. I Ped. 4.16.
Apo. 2.10.

[7] cap. 11.6 e 13.57. II Tim. 1.15 e 4.9, 16.

[8] cap. 7.15. Act. 20.29. II Ped. 2.1. I Tim. 4.1.

[9] cap. 10.22. Mar. 13.13. Heb. 3.6, 14. Apo. 2.10.

[10] cap. 4.23 e 9.35. Rom. 10.18. Col. 1.6, 26.

[11] Mar. 13.14. Luc. 21.20. Dan. 9.27 e 12.11.

[12] Luc. 23.29.

[13] Dan. 9.26 e 12.1. Joel 2.2.

[14] Isa. 65.8, 9. Zac. 14.2, 3.

[15] Mar. 13.21. Luc. 17.23 e 21.8.

[16] Deu. 13.1. II The. 2.9. Apo. 13.13. João 6.37. Rom. 8.28. II Tim.
2.19.

[17] Luc. 17.24.

[18] Job 39.30. Luc. 17.37.

[19] Dan. 7.11. Isa. 13.10. Eze. 32.7. Joel 2.10. Amós 5.20. Mar. 13.24.
Luc. 21.25. Act. 2.20. Apo. 6.12.

[20] Dan. 7.13. Zac. 12.12. cap. 16.27. Mar. 13.26. Apo. 1.7.

[21] cap. 13.41. I Cor. 15.52. I The. 4.15.

[22] Luc. 21.29.

[23] Thi. 5.9.

[24] cap. 16.28. Mar. 13.30. Luc. 21.32.

[25] Isa. 51.6. Jer. 31.36. Mar. 13.31. Luc. 21.33. Heb. 1.11.

[26] Mar. 13.32. Act. 1.7. I The. 5.2. II Ped. 3.10. Zac. 14.7.

[27] Gen. 6.3. Luc. 17.26. I Ped. 3.20.

[28] Luc. 17.34, etc.

[29] cap. 25.13. Mar. 13.33. Luc. 21.36.

[30] Luc. 12.39. I The. 5.2. II Ped. 3.10. Apo. 3.3 e 16.15.

[31] cap. 25.13. I The. 5.6.

[32] Luc. 12.42. Act. 20.28. I Cor. 4.2. Heb. 3.5.

[33] Apo. 16.15.

[34] cap. 25.21, 23. Luc. 22.29.

[35] cap. 8.12 e 25.30.



_O sermão prophetico continúa: A parabola das dez virgens._

25 Então o reino dos céus será similhante a dez virgens que, tomando as
suas [AFV] lampadas, sairam ao encontro do [1] esposo.

2 E cinco d’ellas eram prudentes, [2] e cinco loucas.

3 As loucas, tomando as suas lampadas, não levaram azeite comsigo,

4 Mas as prudentes levaram azeite nos seus vasos, com as suas lampadas.

5 E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, [3] e adormeceram.

6 Mas á meia noite ouviu-se um clamor: [4] Ahi vem o esposo, sahi-lhe ao
encontro.

7 Então todas aquellas virgens se levantaram, [5] e prepararam as suas
lampadas.

8 E as loucas disseram ás prudentes: Dae-nos do vosso azeite, porque as
nossas lampadas se apagam.

9 Mas as prudentes responderam, dizendo: _Não_ seja caso que nos falte a
nós e a vós; ide antes aos que _o_ vendem, e comprae-_o_ para vós.

10 E, tendo ellas ido compral-o, chegou o esposo, e as que estavam
preparadas entraram com elle para as bodas, [6] e fechou-se a porta.

11 E depois chegaram tambem as outras virgens, dizendo: [7] Senhor,
Senhor, abre-nos.

12 E elle, respondendo, disse: Em verdade vos digo [8] que vos não
conheço.

13 Vigiae pois, [9] porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do
homem ha de vir.


_O sermão continúa: A parabola dos dez talentos._

Luc. 19.11-27.

14 Porque, _é_ tambem como um homem que, partindo para fóra da _sua_
terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens;

15 E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um
segundo a sua capacidade, [10] e ausentou-se logo para longe.

16 E, tendo elle partido, o que recebera cinco talentos negociou com
elles, e grangeou outros cinco talentos.

17 Da mesma sorte, o que _recebera_ dois, grangeou tambem outros dois;

18 Mas o que recebera um foi enterral-o no chão, e escondeu o dinheiro do
seu senhor.

19 E muito tempo depois veiu o senhor d’aquelles servos, e fez contas com
elles.

20 Então approximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros
cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui
outros cinco talentos que grangeei com elles.

21 E o seu senhor lhe disse: Bem _está_, servo bom e fiel. [11] Sobre o
pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; [12] entra no gozo do teu
senhor.

22 E, chegando tambem o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor,
entregaste-me dois talentos; eis que com elles grangeei outros dois
talentos.

23 Disse-lhe o seu senhor: [13] Bem _está_, bom e fiel servo. Sobre o
pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.

24 Mas, chegando tambem o que recebera um talento, disse: Senhor, eu
conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas
onde não espalhaste;

25 E, atemorisado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o _que é_
teu.

26 Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo;
sabes que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei;

27 Por isso te cumpria dar o meu dinheiro aos banqueiros, e, quando eu
viesse, receberia o meu com os juros.

28 Tirae-lhe pois o talento, e dae-o ao que tem os dez talentos.

29 Porque a qualquer que tiver será dado, [14] e terá em abundancia; mas
ao que não tiver até o que tem será tirado.

30 Lançae pois o servo inutil nas trevas exteriores: ali haverá pranto e
[15] ranger de dentes.


_O fim do sermão prophetico: A vida eterna e o castigo eterno._

31 E quando o Filho do homem vier em sua gloria, [16] e todos os sanctos
anjos com elle, então se assentará no throno da sua gloria;

32 E todas as nações serão reunidas diante d’elle, e apartará uns dos
outros, [17] como o pastor aparta dos bodes as ovelhas,

33 E porá as ovelhas á sua direita, mas os bodes á esquerda.

34 Então dirá o Rei aos que _estiverem_ á sua direita: [18] Vinde,
bemditos de meu Pae, possui por herança o reino que vos está preparado
desde a fundação do mundo;

35 Porque tive fome, [19] e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de
beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;

36 _Estava_ nú, [20] e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na
prisão, e fostes ver-me.

37 Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com
fome, e _te_ démos de comer? ou com sede, e _te_ démos de beber?

38 E quando te vimos estrangeiro, e _te_ hospedámos? ou nú, e _te_
vestimos?

39 E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?

40 E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo [21] que, quando
_o_ fizestes a um d’estes meus pequeninos irmãos, a mim _o_ fizestes.

41 Então dirá tambem _aos que estiverem_ á sua esquerda: [22] Apartae-vos
de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;

42 Porque tive fome, e não me destes de comer: tive sede, e não me destes
de beber;

43 Sendo estrangeiro, não me recolhestes; _estando_ nú, não me vestistes;
enfermo, e na prisão, não me visitastes.

44 Então elles tambem lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos
com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nú, ou enfermo, ou na prisão, e
te não servimos?

45 Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando [23] a
um d’estes pequeninos _o_ não fizestes, não o fizestes a mim.

46 E estes irão [24] para o tormento eterno, mas os justos para a vida
eterna.

[1] Eph. 5.29. Apo. 19.7 e 21.2, 9.

[2] cap. 13.47 e 22.10.

[3] I The. 5.6.

[4] cap. 24.31.

[5] Luc. 12.35.

[6] Luc. 13.25.

[7] cap. 7.21, 22, 23.

[8] Psa. 5.6. Hab. 1.13. João 9.31.

[9] cap. 24.42, 46. Mar. 13.33, 35. Luc. 21.36. I Cor. 16.13. I The. 5.6.
I Ped. 5.8. Apo. 16.15.

[10] Rom. 12.6. I Cor. 12.7, 11, 29. Eph. 4.11.

[11] cap. 24.47. ver. 34, 46. Luc. 12.44 e 22.29, 30.

[12] II Tim. 2.12. Heb. 12.2. I Ped. 1.8.

[13] ver. 21.

[14] cap. 13.12. Mar. 4.25. Luc. 8.18 e 19.26. João 15.2.

[15] cap. 8.12 e 24.51.

[16] Zac. 14.5. cap. 16.27. Mar. 8.38. Act. 1.11. I The. 4.16. II The.
1.7. Jud. 14. Apo. 1.7.

[17] Rom. 14.10. II Cor. 5.10. Apo. 20.12. Eze. 20.38 e 34.17. cap. 13.49.

[18] Rom. 8.17. I Ped. 1.4. Apo. 21.7. cap. 20.23. Mar. 10.40. I Cor.
2.9. Heb. 11.16.

[19] Isa. 58.7. Eze. 18.7. Thi. 1.27. Heb. 13.2. III João 5.

[20] Thi. 2. II Tim. 1.16.

[21] Pro. 14.31 e 19.17. cap. 10.42. Mar. 9.40. Heb. 6.10.

[22] Psa. 6.8. cap. 7.23 e 13.40. Luc. 13.27. II Ped. 2.4. Jud. 6.

[23] Pro. 14.31 e 17.5. Zac. 2.8. Act. 9.5.

[24] Dan. 12.2. João 5.29. Rom. 2.7.



_A consulta dos sacerdotes e dos escribas._

Mar. 14.1, 2. Luc. 22.1, 2.

26 E aconteceu que, quando Jesus concluiu todos estes discursos, disse
aos seus discipulos:

2 Bem sabeis que d’aqui a dois dias é [1] a paschoa; e o Filho do homem
será entregue para ser crucificado.

3 Então os principes dos sacerdotes, e os escribas, [2] e os anciãos do
povo reuniram-se na sala do summo sacerdote, o qual se chamava Caiphás,

4 E consultaram-se juntamente para prenderem Jesus com dolo e o matarem.

5 Porém diziam: Não durante a festa, para que não haja alvoroço entre o
povo.


_O jantar em Bethania._

Mar. 14.3-9. João 11.1-8.

6 E, estando Jesus em Bethania, em casa de Simão, o leproso,

7 Approximou-se d’elle uma mulher com um vaso d’alabastro, com unguento
de grande valor, e derramou-lh’o sobre a cabeça, estando elle assentado
_á mesa_.

8 E os seus discipulos, vendo _isto_, [3] indignaram-se, dizendo: Porque
_se faz_ este desperdicio?

9 Pois este unguento podia vender-se por grande preço, e dar-se o
dinheiro aos pobres.

10 Jesus, porém, conhecendo _isto_, disse-lhes: Porque affligis esta
mulher? pois praticou _uma_ boa acção para comigo.

11 Porquanto [4] sempre tendes comvosco os pobres, mas a mim não me
haveis de ter sempre.

12 Ora, derramando ella este unguento sobre o meu corpo, fel-o
preparando-me para o meu enterramento.

13 Em verdade vos digo que, onde quer que este Evangelho fôr prégado, em
todo o mundo, tambem será dito o que ella fez, para memoria sua.


_O preço da traição._

Mar. 14.10, 11. Luc. 22.3-6.

14 Então um dos doze chamado Judas Iscariotes, foi ter [5] com os
principes dos sacerdotes,

15 E disse: [6] Que me quereis dar, e eu vol-o entregarei? E elles lhe
arbitraram trinta [AFW] _moedas_ de prata,

16 E desde então buscava opportunidade para o entregar.


_A ultima paschoa, a sancta ceia._

Mar. 12.14-26. Luc. 22.7-23. I Cor. 11.23-29.

17 E, no [7] primeiro _dia da festa_ dos pães asmos, chegaram os
discipulos junto de Jesus, dizendo: Onde queres que te preparemos _o
necessario_ para comer a paschoa?

18 E elle disse: Ide á cidade a _um_ certo homem, e dizei-lhe: O Mestre
diz: O meu tempo está proximo; em tua casa celebro a paschoa com os meus
discipulos.

19 E os discipulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a
paschoa.

20 E, chegada a tarde, [8] assentou-se _á mesa_ com os doze.

21 E, comendo elles, disse: Em verdade vos digo que um de vós me ha de
trahir.

22 E elles, entristecendo-se muito, começaram cada um a dizer-lhe:
_Porventura_ sou eu, Senhor?

23 E elle, respondendo, disse: [9] O que mette a mão no prato comigo,
esse me ha de trahir.

24 Em verdade o Filho do homem vae, como ácerca [10] d’elle está
escripto, mas ai d’aquelle homem por quem o Filho do homem é trahido! bom
seria a esse homem se não houvera nascido.

25 E, respondendo Judas, o que o trahia, disse: _Porventura_ sou eu,
Rabbi? Elle disse: Tu o disseste.

26 E, quando comiam, [11] Jesus tomou o pão, e, abençoando-_o_, o partiu,
e o deu aos discipulos, e disse: Tomae, comei, isto é o meu corpo.

27 E, tomando o calix, e dando graças, deu-lh’_o_, dizendo: [12] Bebei
d’elle todos;

28 Porque isto é o meu sangue, [13] o _sangue_ do [AFX] Novo Testamento,
que é derramado por muitos, para remissão dos peccados.

29 E digo-vos que, desde agora, não beberei [14] d’este fructo da vide
até áquelle dia em que o beber de novo comvosco no reino de meu Pae.

30 E, tendo cantado [15] o hymno, sairam para o monte das Oliveiras.


_Pedro é avisado._

Mar. 14.27-31. Luc. 22.31-34. João 13.36-38.

31 Então Jesus lhes disse: Todos vós esta noite vos escandalizareis em
mim; [16] porque está escripto: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho
se dispersarão.

32 Mas, depois de eu resuscitar, [17] irei adiante de vós para a Galilea.

33 Pedro, porém, respondendo, disse-lhe: Ainda que todos se escandalizem
em ti, eu nunca me escandalizarei.

34 Disse-lhe Jesus: [18] Em verdade te digo que, n’esta mesma noite,
antes que o gallo cante, tres vezes me negarás.

35 Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja mister morrer comtigo, não te
negarei. E o mesmo todos os discipulos disseram.


_Jesus em Gethsemane._

Mar. 14.32-42. Luc. 22.39-46. João 18.1.

36 Então chegou Jesus com elles a um logar chamado Gethsemane, e disse
aos discipulos: Assentae-vos aqui, emquanto vou além, a orar.

37 E, levando comsigo Pedro e [19] os dois filhos de Zebedeo, começou a
entristecer-se e a angustiar-se muito.

38 Então lhes disse: [20] A minha alma está cheia de tristeza até á
morte; ficae aqui, e velae comigo.

39 E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto,
orando [21] e dizendo: Meu Pae, [22] se é possivel, passe de mim este
calix; porém, não como eu quero, mas como tu _queres_.

40 E voltou para os seus discipulos, e achou-os adormecidos; e disse a
Pedro: Então nem uma hora podeste velar comigo?

41 Vigiae e orae, [23] para que não entreis em tentação: na verdade, o
espirito _está_ prompto, mas a carne _é_ fraca.

42 E, indo segunda vez, orou, dizendo: Meu Pae, se este calix não pode
passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade.

43 E, voltando, achou-os outra vez adormecidos; porque os seus olhos
estavam carregados.

44 E, deixando-os, voltou, e orou terceira vez, dizendo as mesmas
palavras.

45 Então chegou junto dos seus discipulos, e disse-lhes: Dormi agora, e
repousae; eis que é chegada a hora, e o Filho do homem será entregue nas
mãos dos peccadores.

46 Levantae-vos, partamos; eis que é chegado o que me trahe.


_Jesus é preso._

Mar. 14.43-50. Luc. 22.47-53. João 18.2-11.

47 E, estando elle ainda a fallar, eis que chegou Judas, um dos doze, e
com elle _uma_ grande multidão com espadas e varapaus, _enviada_ pelos
principes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo.

48 E o que o trahia tinha-lhes dado signal, dizendo: O que eu beijar é
elle; prendei-o.

49 E logo, approximando-se de Jesus, disse: Eu te saudo Rabbi. E [24]
beijou-o.

50 Jesus, porém, lhe disse: [25] Amigo, a que vieste? Então,
approximando-se, lançaram mão de Jesus, e prenderam-n’o.

51 E eis que [26] um dos que _estavam_ com Jesus, estendendo a mão, puxou
da espada e, ferindo o servo do summo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.

52 Então Jesus disse-lhe: Mette no seu logar a tua espada; porque [27]
todos os que lançarem mão da espada á espada morrerão.

53 Ou pensas tu que não poderia eu agora orar a meu Pae, e elle não me
daria mais de doze legiões [28] d’anjos?

54 Como pois se cumpririam as Escripturas, [29] _que dizem_ que assim
convem que aconteça?

55 Então disse Jesus á multidão: Saistes, como a um salteador, com
espadas e varapaus para me prender? todos os dias me assentava junto de
vós, ensinando no templo, e não me prendestes.

56 Mas tudo isto aconteceu para que se cumpram as escripturas dos
prophetas. [30] Então todos os discipulos, deixando-o, fugiram.


_Jesus perante o synhedrio._

Mar. 14.53-65. Luc. 22.63-71. João 18.12-27.

57 E, os que prenderam a Jesus, o conduziram ao summo sacerdote, Caiphás,
onde os escribas e os anciãos estavam reunidos.

58 E Pedro o seguiu de longe até ao pateo do summo sacerdote: e, entrando
dentro, assentou-se entre os creados, para vêr o fim.

59 E os principes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho,
buscavam falso testemunho contra Jesus, para o poderem matar,

60 Mas não o achavam, apezar de se apresentarem [31] muitas testemunhas
falsas; [32] mas por fim chegaram duas falsas testemunhas,

61 E disseram: Este disse: Eu posso [33] derribar o templo de Deus, e
reedifical-o em tres dias.

62 E, levantando-se o [34] summo sacerdote, disse-lhe: Não respondes
coisa alguma ao que estes depõem contra ti?

63 Jesus, porém, [35] guardava silencio. E, insistindo o summo sacerdote,
disse-lhe: [36] Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o
Christo, o Filho de Deus.

64 Disse-lhe Jesus: Tu _o_ disseste; digo-vos, porém, que vereis [37] em
breve o Filho do homem assentado á direita da magestade _divina_, e vindo
sobre as nuvens do céu.

65 Então [38] o summo sacerdote rasgou os seus vestidos, dizendo:
Blasphemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem
ouvistes agora a sua blasphemia.

66 Que vos parece? E elles, respondendo, disseram: [39] E réu de morte.

67 Então cuspiram-lhe [40] no rosto; e _uns_ lhe davam punhadas, e outros
_o_ esbofeteavam,

68 Dizendo: [41] Prophetiza-nos, Christo, quem é o que te bateu?


_Pedro nega a Jesus._

Mar. 14.66-72. Luc. 22.54-62. João 18.15-18.

69 E Pedro estava assentado fóra, no pateo, e approximou-se d’elle uma
creada, dizendo: Tu tambem estavas com Jesus, o galileo.

70 Mas elle negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes.

71 E, saindo para o vestibulo, viu-o outra, e disse aos que ali estavam:
Este tambem estava com Jesus, o nazareno.

72 E elle negou outra vez com juramento, dizendo: Não conheço _tal_ homem.

73 E, d’ahi a pouco, approximando-se os que ali estavam, disseram a
Pedro: Verdadeiramente tambem tu és _um_ d’elles, pois a [42] tua falla
te denuncia.

74 Então começou elle a [43] imprecar e a jurar, _dizendo_: Não conheço
_esse_ homem. E immediatamente o gallo cantou.

75 E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: [44]
Antes que o gallo cante, tres vezes me negarás. E, saindo d’ali, chorou
amargamente.

[1] João 13.1.

[2] Psa. 2.2. João 11.47. Act. 4.25, etc.

[3] João 12.4.

[4] Deu. 15.11. João 12.8 e 13.33 e 14.19. cap. 18.20.

[5] João 13.2, 30. cap. 10.4.

[6] Zac. 11.12. cap. 27.3.

[7] Exo. 12.6, 18.

[8] Mar. 14.17, 21. Luc. 22.14. João 13.21.

[9] Psa. 41.9. Luc. 22.21. João 13.18.

[10] Isa. 53. Dan. 9.26. Mar. 9.12. Luc. 24.46. Act. 17.2. I Cor. 15.3.
João 17.12.

[11] Mar. 14.22. Luc. 22.19. I Cor. 11.23, 24, 25 e 10.16.

[12] Mar. 14.23.

[13] Exo. 24.8. Lev. 17.11. Jer. 31.31. cap. 20.28. Rom. 5.15. Heb. 9.22.

[14] Mar. 14.25. Luc. 22.18. Act. 10.41.

[15] Mar. 14.26.

[16] João 16.32. cap. 11.6. Zac. 13.7.

[17] cap. 28.7, 10, 16. Mar. 14.28 e 16.7.

[18] Mar. 14.30. Luc. 22.34. João 13.38.

[19] cap. 4.21.

[20] João 12.27.

[21] Mar. 14.36. Luc. 22.42. Heb. 5.7.

[22] João 12.27 e 5.30 e 6.38. cap. 20.22. Phi. 2.8.

[23] Mar. 13.33 e 14.38. Luc. 22.40, 46. Eph. 6.18.

[24] II Sam. 20.9.

[25] Psa. 41.9 e 54.3.

[26] João 18.10.

[27] Gen. 9.6. Apo. 13.10.

[28] II Reis 6.17. Dan. 7.10.

[29] Isa. 53.7, etc. ver. 24. Luc. 24.25, 44, 46.

[30] Lam. 4.20. ver. 54. João 18.15.

[31] Psa. 27.12 e 35.11. Mar. 14.55. Act. 6.13.

[32] Deu. 19.15.

[33] cap. 27.40. João 2.19.

[34] Mar. 14.60.

[35] Isa. 53.7. cap. 27.22.

[36] Lev. 5.1. I Sam. 14.24.

[37] Dan. 7.13. Luc. 21.27. João 1.51. Rom. 14.10. I The. 4.15. Apo. 1.7.
Psa. 110.1. Act. 7.55.

[38] II Reis 18.37 e 19.1.

[39] Lev. 24.16. João 19.7.

[40] Isa. 50.6 e 53.3. cap. 27.30. Luc. 22.63. João 19.3.

[41] Mar. 14.65. Luc. 22.64.

[42] Luc. 22.59.

[43] Mar. 14.71.

[44] ver. 34. Mar. 14.30. Luc. 22.61, 62. João 13.38.



_O suicidio de Judas._

Act. 1.16-19.

27 E, chegando a manhã, [1] todos os principes dos sacerdotes, e os
anciãos do povo, formavam juntamente conselho contra Jesus, para o
matarem;

2 E levaram-n’o maniatado, [2] e entregaram-n’o ao [AFY] presidente
Poncio Pilatos.

3 Então Judas, [3] o que o trahira, vendo que fôra condemnado, devolveu,
arrependido, as trinta [AFZ] _moedas_ de prata aos principes dos
sacerdotes e aos anciãos,

4 Dizendo: Pequei, trahindo o sangue innocente. Elles, porém, disseram:
Que nos importa? Isso é comtigo.

5 E elle, atirando para o templo as _moedas_ de prata, [4] retirou-se, e,
indo, enforcou-se.

6 E os principes dos sacerdotes, tomando as _moedas_ de prata, disseram:
Não é licito mettel-as no cofre das offertas, porque são preço de sangue.

7 E, tendo deliberado juntamente, compraram com ellas o campo do oleiro,
para sepultura dos estrangeiros.

8 Por isso foi chamado aquelle campo, [5] até ao _dia d_’hoje, Campo de
sangue.

9 Então se realisou o que vaticinara o propheta Jeremias: [6] Tomaram
as trinta _moedas_ de prata, preço do avaliado, que os filhos d’Israel
avaliaram,

10 E deram-n’as pelo campo do oleiro, segundo o que o Senhor determinou.


_Jesus perante Pilatos._

Mar. 15.1-20. Luc. 23.1-25. João 18.26-28; 19.1-16.

11 E foi Jesus apresentado ao presidente, e o presidente o interrogou,
dizendo: És tu o Rei dos judeos? E disse-lhe [7] Jesus: Tu _o_ dizes.

12 E, sendo accusado pelos principes dos sacerdotes e pelos anciãos, [8]
nada respondeu.

13 Disse-lhe então Pilatos: [9] Não ouves quanto testificam contra ti?

14 E nem uma palavra lhe respondeu, de sorte que o presidente estava
muito maravilhado.

15 Ora, [10] _por occasião_ da festa, costumava o presidente soltar um
preso, escolhendo o povo aquelle que quizesse.

16 E tinham então um preso bem conhecido, chamado Barrabás.

17 Portanto, reunindo-se elles, disse-lhes Pilatos: Qual quereis que vos
solte? Barrabás, ou Jesus, chamado Christo?

18 Porque sabia que por inveja o haviam entregado.

19 E, estando elle assentado no tribunal, mandou sua mulher dizer-lhe:
Não entres na questão d’esse justo, porque n’um sonho muito soffri por
causa d’elle.

20 Mas os [11] principes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram á
multidão que pedisse Barrabás e matasse Jesus.

21 E, respondendo o presidente, disse-lhes: Qual d’esses dois quereis vós
que eu solte? E elles disseram: Barrabás.

22 Disse-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, chamado Christo?
Disseram-lhe todos: Seja crucificado.

23 O [AGA] presidente, porém, disse: Pois que mal tem feito? E elles mais
clamavam, dizendo: Seja crucificado.

24 Então Pilatos, vendo que nada aproveitava, antes o tumulto [12]
crescia, tomando agua, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou
innocente do sangue d’este justo: considerae-o vós.

25 E, respondendo todo o povo, disse: O [13] seu sangue seja sobre nós e
sobre nossos filhos.

26 Então soltou-lhes Barrabás, e, tendo _mandado_ [14] açoitar a Jesus,
entregou-o para ser crucificado.

27 E logo os soldados do presidente, conduzindo Jesus [AGB] á audiencia,
reuniram junto d’elle toda a cohorte.

28 E, despindo-o, o cobriram com uma capa de [15] escarlata;

29 E, tecendo uma corôa [16] d’espinhos, pozeram-lh’a na cabeça, e em
sua _mão_ direita uma canna; e, ajoelhando diante d’elle, o escarneciam,
dizendo: Salve, Rei dos judeos.

30 E, cuspindo [17] n’elle, tiraram-lhe a canna, e batiam-lhe _com ella_
na cabeça.

31 E, depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe a capa, vestiram-lhe
os seus vestidos e o levaram a crucificar.


_A crucifixão._

Mar. 15.21-24. Luc. 23.26-49. João 19.17-37.

32 E, quando sahiam, [18] encontraram um homem cyreneo, chamado Simão: a
este constrangeram a levar a sua cruz.

33 E, chegando ao [19] logar chamado Golgotha, que se diz: Logar da
Caveira,

34 Deram-lhe a beber vinagre misturado [20] com fel; mas, provando-o, não
quiz beber.

35 E, havendo-o crucificado, repartiram [21] os seus vestidos, lançando
sortes: para que se cumprisse o que foi dito pelo propheta: Repartiram
[22] entre si os meus vestidos, e sobre a minha tunica lançaram sortes.

36 E, assentados, o [AGC] guardavam ali.

37 E por cima da sua cabeça pozeram [23] escripta a sua accusação: [24]
ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEOS.

38 E foram crucificados [25] com elle dois salteadores, um á direita, e
outro á esquerda.

39 E os que passavam [26] blasphemavam d’elle, meneando as cabeças,

40 E dizendo: [27] Tu, que destroes o templo, e em tres dias o
reedificas, salva-te a ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz.

41 E da mesma maneira tambem os principes dos sacerdotes, com os
escribas, e anciãos, e phariseos, escarnecendo, diziam:

42 Salvou a outros, a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei d’Israel,
desça agora da cruz, e creremos n’elle;

43 Confiou em Deus; [28] livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho
de Deus.

44 E o mesmo lhe lançaram tambem em rosto os salteadores [29] que estavam
crucificados com elle.

45 E desde a hora [30] sexta houve trevas sobre toda a terra, até á hora
nona.

46 E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, [31] dizendo: Eli,
Eli, lama sabachthani; isto é, [32] Deus meu, Deus meu, porque me
desamparaste?

47 E alguns dos que ali estavam, ouvindo _isto_, diziam: Este chama por
Elias.

48 E logo um d’elles, correndo, tomou uma esponja, [33] e encheu-_a_ de
vinagre, e, pondo-_a_ n’uma canna, dava-lhe de beber.

49 Os outros, porém, diziam: Deixa, vejamos se Elias vem livral-o.

50 E Jesus, [34] clamando outra vez com grande voz, rendeu o espirito.

51 E eis que o véu do templo [35] se rasgou em dois, d’alto a baixo; e
tremeu a terra, e fenderam-se as [AGD] pedras,

52 E abriram-se os sepulchros, e muitos corpos de sanctos que dormiam
foram resuscitados,

53 E, saindo dos sepulchros, depois da resurreição d’elle, entraram na
cidade sancta, e appareceram a muitos.

54 E o centurião [36] e os que com elle guardavam a Jesus, vendo o
terremoto, e as _coisas_ que haviam succedido, tiveram grande temor, _e_
disseram: Verdadeiramente este era o Filho de Deus.

55 E estavam ali olhando de longe muitas mulheres que tinham seguido
Jesus desde a Galilea, [37] servindo-o,

56 Entre as quaes estavam Maria Magdalena, [38] e Maria, mãe de Thiago e
de José, e a mãe dos filhos de Zebedeo.


_A sepultura de Jesus._

Mar. 15.42-47. Luc. 23.50-57. João 19.38-42.

57 E, vinda já a tarde, chegou um homem rico de Arimathea, por nome José,
que tambem era discipulo de Jesus.

58 Este chegou a Pilatos, e pediu-lhe o corpo de Jesus. Então Pilatos
mandou que o corpo _lhe_ fosse dado.

59 E José, tomando o corpo, envolveu-o n’um fino e limpo lençol,

60 E o poz no seu sepulchro novo, [39] que havia lavrado n’_uma_ rocha,
e, revolvendo uma grande pedra para a porta do sepulchro, foi-se.

61 E estavam ali Maria Magdalena e a outra Maria, assentadas defronte do
sepulchro.

62 E no dia seguinte, que é depois da preparação, reuniram-se os
principes dos sacerdotes e os phariseos em casa de Pilatos,

63 Dizendo: Senhor, lembramo-nos de que aquelle enganador, vivendo ainda,
disse: [40] Depois de tres dias resuscitarei.

64 Manda pois que o sepulchro seja guardado com segurança até ao terceiro
dia, não seja caso que os seus discipulos vão de noite, e o furtem, e
digam ao povo: Resuscitou dos mortos; e _assim_ o ultimo erro será peior
do que o primeiro.

65 E disse-lhes Pilatos: [AGE] Tendes a guarda; ide, guardae-_o_ como
entenderdes.

66 E, indo elles, seguraram o sepulchro com a guarda, [41] sellando a
pedra.

[1] Psa. 2.2. Mar. 15.1. Luc. 22.66 e 23.1. João 18.28.

[2] cap. 20.19. Act. 3.13.

[3] cap. 26.14, 15.

[4] II Sam. 17.23. Act. 1.18.

[5] Act. 1.19.

[6] Zac. 11.12, 13.

[7] João 18.37. I Tim. 6.13.

[8] cap. 26.53. João 19.9.

[9] cap. 26.62. João 19.10.

[10] Mar. 15.6. Luc. 21.17. João 18.39.

[11] Mar. 15.11. Luc. 23.18. João 18.40. Act. 8.14.

[12] Deu. 21.6.

[13] Deu. 19.10. Jos. 2.19. II Sam. 1.16. I Reis 2.32. Act. 5.28.

[14] Isa. 53.5. Mar. 15.15 e 16. Luc. 23.16, 24, 25. João 19.1, 16 e 19.2.

[15] Luc. 23.11. João 19.2.

[16] Psa. 69.20. Isa. 53.3.

[17] Isa. 50.6. cap. 26.67.

[18] Num. 15.35. I Reis 21.13. Act. 7.57. Heb. 13.12.

[19] Mar. 15.22. Luc. 23.33. João 19.17.

[20] Psa. 69.21. ver. 48.

[21] Mar. 15.24. Luc. 23.34. João 19.24.

[22] Psa. 22.18.

[23] ver. 54.

[24] Mar. 15.26. Luc. 23.38. João 19.19.

[25] Isa. 53.12. Mar. 15.27. Luc. 23.32, 33. João 19.18.

[26] Psa. 22.7 e 109.25. Mar. 15.29. Luc. 23.35.

[27] cap. 26.61, 63. João 2.19.

[28] Psa. 22.7, 8.

[29] Mar. 13.32. Luc. 23.39.

[30] Amós 8.9. Mar. 15.33. Luc. 23.44.

[31] Heb. 5.7.

[32] Psa. 22.1.

[33] Psa. 69.21. Mar. 15.36. Luc. 23.36. João 19.29.

[34] Mar. 15.37. Luc. 23.46.

[35] Exo. 26.31. II Chr. 3.14. Mar. 15.38. Luc. 23.45.

[36] ver. 36. Mar. 15.39. Luc. 23.47.

[37] Luc. 8.2, 3.

[38] Mar. 15.40.

[39] Isa. 53.9.

[40] cap. 16.21 e 26.61. Mar. 8.31 e 10.34. Luc. 9.22 e 24.6. João 2.19.

[41] Dan. 6.17.



_A resurreição._

Mar. 16.1-8. Luc. 24.1-12. João 20.1-18.

28 E, no fim do sabbado, quando já começava a despontar para o primeiro
_dia_ da semana, Maria Magdalena e a outra Maria foram vêr o sepulchro;

2 E eis que houvera um grande terremoto, porque o anjo [1] do Senhor,
descendo do céu, chegou, e revolveu a pedra da porta, e estava assentado
sobre ella.

3 E o seu [2] aspecto era como um relampago, e o seu vestido branco como
neve.

4 E os guardas, com medo d’elle, ficaram muito assombrados, e tornaram-se
como mortos.

5 Mas o anjo, fallando, disse ás mulheres: Vós não tenhaes medo; pois eu
sei que buscaes a Jesus, que foi crucificado.

6 Não está aqui, porque _já_ resuscitou, como havia dito. [3] Vinde, vêde
o logar onde o Senhor jazia.

7 E ide immediatamente, e dizei aos seus discipulos que _já_ resuscitou
dos mortos. E eis que elle vae [4] adiante de vós para a Galilea; ali o
vereis. Eis que eu vol-o tenho dito.

8 E, saindo ellas pressurosamente do sepulchro, com temor e grande
alegria, correram a annuncial-o aos seus discipulos;

9 E, indo ellas annuncial-o aos seus discipulos, eis que Jesus lhes sae
ao encontro, [5] dizendo: Eu vos saúdo. E ellas, chegando, abraçaram os
seus pés, e o adoraram.

10 Então Jesus disse-lhes: Não temaes; ide, e annunciae a [6] meus irmãos
que vão a Galilea, e lá me verão.


_A mentira dos judeos._

11 E, indo ellas, eis que alguns da guarda, chegando á cidade,
annunciaram aos principes dos sacerdotes todas as coisas que haviam
acontecido.

12 E, congregados elles com os anciãos, e tomando conselho entre si,
deram muito dinheiro aos soldados, dizendo:

13 Dizei: Vieram de noite os seus discipulos e, dormindo nós, o furtaram;

14 E, se isto chegar a ser ouvido pelo [AGF] presidente, nós o
persuadiremos, e vos poremos em segurança.

15 E elles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruidos. E foi
divulgado este dito entre os judeos, até ao _dia d_’hoje.


_Jesus apparece aos seus discipulos em Galilea._

16 E os onze discipulos partiram para Galilea, para o monte, que [7]
Jesus lhes tinha destinado.

17 E, quando o viram o adoraram; mas alguns duvidaram.

18 E, chegando-se Jesus, fallou-lhes, dizendo: [8] É-me dado todo o poder
no céu e na terra.

19 Portanto ide, [9] [AGG] ensinae todas as nações, baptizando-as em nome
do Pae, e do Filho e do Espirito Sancto;

20 Ensinando-as [10] a guardar todas as _coisas_ que eu vos tenho
mandado; e eis que eu estou comvosco todos os dias, até á consummação do
mundo. Amen.

[1] Mar. 16.5. Luc. 24.4. João 20.12.

[2] Dan. 10.6.

[3] cap. 12.40 e 16.21 e 17.22 e 20.19.

[4] cap. 26.32. Mar. 16.7.

[5] Mar. 16.9. João 20.14.

[6] João 20.17. Rom. 3.29. Heb. 2.11.

[7] cap. 26.32.

[8] Dan. 7.14. cap. 11.27. Luc. 10.22. João 13.3 e 17.2. Act. 2.36. Rom.
14.9. I Cor. 15.27. Eph. 1.10. Phi. 2.9. Heb. 1.2 e 2.8. I Ped. 3.22.
Apo. 17.14.

[9] Mar. 16.15. Isa. 52.10. Luc. 24.47. Act. 2.38. Rom. 10.18. Col. 1.23.

[10] Act. 2.42.



O SANCTO EVANGELHO SEGUNDO S. MARCOS.



_João Baptista._

Mat. 3.1-12, etc.

[Anno Domini 30]

1 Principio do Evangelho de Jesus Christo, Filho [1] de Deus;

2 Como está escripto nos prophetas: [2] Eis-que eu envio o meu anjo ante
a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti.

3 Voz do que clama no [3] deserto: preparae o caminho do Senhor,
endireitae as suas veredas.

4 Estava João baptizando no deserto, [4] e pregando o baptismo do
arrependimento, para remissão dos peccados.

5 E toda a provincia da Judea e os de Jerusalem iam ter com elle; [5]
e todos eram baptizados por elle no rio Jordão, confessando os seus
peccados.

6 E João andava [6] vestido de pellos de camelo, e com um cinto de coiro
em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre.

7 E prégava, dizendo: Após mim vem aquelle que é mais forte do que eu,
[7] ao qual não sou digno de, encurvande me, desatar a correia das suas
alparcas.

8 Eu, em verdade, tenho-vos [8] baptizado com agua; elle, porém, vos
baptizará com o Espirito Sancto.


_O baptismo e tentação de Jesus._

Mat. 3.13-17; 4.1-11.

9 E aconteceu [9] n’aquelles dias que Jesus, tendo ido de Nazareth, da
Galilea, foi baptizado por João, no Jordão.

10 E, logo que saiu [10] da agua, viu os céus abertos, e o Espirito, que
como pomba descia sobre elle.

11 E ouviu-se uma voz dos céus, _que dizia_: Tu és o meu [11] Filho amado
em quem me comprazo.

12 E logo [12] o Espirito o impelliu para o deserto,

13 E esteve ali no deserto quarenta dias, tentado por Satanaz. E estava
com as féras, [13] e os anjos o serviam.


_Vocação dos primeiros apostolos._

Mat. 4.12-25.

14 E, depois que João foi entregue á prisão, veiu Jesus para a Galilea,
prégando o Evangelho do reino de Deus,

15 E dizendo: [14] O tempo está cumprido, e o reino de Deus está proximo.
Arrependei-vos, [15] e crede no Evangelho.

16 E, andando junto do mar da Galilea, [16] viu Simão, e André, seu
irmão, que lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores.

17 E Jesus lhes disse: Vinde após mim, e eu farei que sejaes pescadores
de homens.

18 E, [17] deixando logo as suas redes, o seguiram.

19 E, passando d’ali [18] um pouco mais adiante, viu Thiago, _filho_ de
Zebedeo, e João, seu irmão, que _estavam_ no barco concertando as _redes_,

20 E logo os chamou. E elles, deixando o seu pae Zebedeo no barco com os
jornaleiros, foram após elle.


_A cura do endemoninhado de Capernaum._

Luc. 4.31-37.

21 E entraram em [19] Capernaum, e, logo no sabbado, entrando na
synagoga, ensinava.

22 E maravilharam-se [20] da sua doutrina, porque os ensinava como tendo
auctoridade, e não como os escribas.

23 E [21] estava na synagoga d’elles um homem com um espirito immundo, e
exclamou, dizendo:

24 Ah! que temos [22] comtigo, Jesus nazareno? Vieste destruir-nos? Bem
sei quem és: o Sancto de Deus.

25 E reprehendeu-o Jesus, [23] dizendo: Cala-te, e sae d’elle.

26 Então o espirito immundo, despedaçando-o, [24] e clamando com grande
voz, saiu d’elle.

27 E todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que
é isto? que nova doutrina _é_ esta? pois até com auctoridade ordena aos
espiritos immundos, e elles lhe obedecem!

28 E logo correu a sua fama por toda a provincia da Galilea.


_A cura da sogra de Pedro._

Mat. 8.14-17.

29 E [25] logo, saindo da synagoga, foram a casa de Simão e de André com
Thiago e João.

30 E a sogra de Simão estava deitada com febre; e logo lhe fallaram
d’ella.

31 Então, chegando-se a ella, tomou-a pela mão, e levantou-a: e logo a
febre a deixou, e servia-os.

32 E, tendo chegado a [26] tarde, quando já se estava pondo o sol,
trouxeram-lhe todos os que se achavam enfermos, e os endemoninhados.

33 E toda a cidade se ajuntou á porta.

34 E curou muitos que se _achavam_ enfermos de diversas enfermidades,
[27] e expulsou muitos demonios, porém não deixava fallar os demonios,
porque o conheciam.

35 E, levantando-se de manhã muito cedo, [28] fazendo ainda escuro, saiu,
e foi para um logar deserto, e ali orava.

36 E seguiram-n’o Simão e os que com elle estavam.

37 E, achando-o, lhe disseram: Todos te buscam.

38 E elle lhes disse: [29] Vamos ás aldeias visinhas, para que eu ali
tambem prégue; porque para [30] isso vim.

39 E prégava nas synagogas d’elles por toda a [31] Galilea, e expulsava
os demonios.


_A cura d’um leproso._

Mat. 8.1-4, etc.

[Anno Domini 31]

40 E approximou-se d’elle [32] um leproso, rogando-lhe, e pondo-se de
joelhos diante d’elle, e dizendo-lhe: Se queres, podes limpar-me.

41 E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e
disse-lhe: Quero; sê limpo.

42 E, tendo elle dito _isto_, logo a lepra desappareceu, e ficou limpo.

43 E, ameaçando-o, logo o despediu de si,

44 E disse-lhe: Olha, não digas nada a ninguem; porém vae, mostra-te ao
sacerdote, e offerece pela tua purificação o que [33] Moysés determinou,
para lhes servir de testemunho.

45 Mas, [34] tendo elle saido, começou a apregoar muitas coisas, e
a divulgar o que acontecera; de sorte que Jesus já não podia entrar
publicamente na cidade, mas conservava-se fóra em logares desertos: [35]
e de todas as partes iam ter com elle.

[1] Mat. 14.33. Luc. 1.35. João 1.34.

[2] Mal. 3.1. Mat. 11.10. Luc. 7.27.

[3] Isa. 40.3. Mat. 3.3. Luc. 3.4. João 1.15.

[4] Mat. 3.1. Luc. 3.3. João 3.23.

[5] Mat. 3.5.

[6] Mat. 3.4. Lev. 11.22.

[7] Mat. 3.11. João 1.27. Act. 13.25.

[8] Act. 1.5 e 11.16 e 19.4. Isa. 44.3. Joel 2.28. Act. 2.4 e 10.45. I
Cor. 12.13.

[9] Mat. 13.18. Luc. 3.21.

[10] Mat. 3.16. João 1.32.

[11] Psa. 2.7. Mat. 3.17. cap. 9.7.

[12] Mat. 4.1. Luc. 4.1.

[13] Mat. 4.11.

[14] Dan. 9.25. Gal. 4.4. Eph. 1.10.

[15] Mat. 3.2 e 4.17.

[16] Mat. 4.18. Luc. 5.4.

[17] Mat. 19.27. Luc. 5.11.

[18] Mat. 4.21.

[19] Mat. 4.13.

[20] Mat. 7.28.

[21] Luc. 4.33.

[22] Mat. 8.29.

[23] ver. 34.

[24] cap. 9.19.

[25] Luc. 4.38.

[26] Mat. 8.16. Luc. 4.40.

[27] cap. 3.12. Luc. 4.41. Act. 16.17.

[28] Luc. 4.42.

[29] Luc. 4.43.

[30] Isa. 61.1. João 16.28 e 17.4.

[31] Mat. 4.23. Luc. 4.44.

[32] Luc. 5.12.

[33] Lev. 14.3, 4, 10. Luc. 5.14.

[34] Luc. 5.15.

[35] cap. 2.13.



_O paralytico de Capernaum._

Mat. 9.1-8, etc.

2 E alguns [1] dias depois entrou outra vez em Capernaum, e ouviu-se que
estava em casa.

2 E logo se ajuntaram tantos, que nem ainda nos _logares_ junto á porta
cabiam; e annunciava-lhes a palavra.

3 Então foram ter com elle _uns_ que conduziam um paralytico, trazido por
quatro,

4 E, não podendo approximar-se d’elle, por causa da multidão, descobriram
o telhado onde estava, e, fazendo um buraco, baixaram o leito em que
jazia o paralytico.

5 E Jesus, vendo a fé d’elles, disse ao paralytico: Filho, estão
perdoados os teus peccados.

6 E estavam ali assentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus
corações, _dizendo_:

7 Porque diz este assim blasphemias? Quem pode perdoar peccados, senão
Deus?

8 E Jesus, [2] conhecendo logo em seu espirito que assim arrazoavam entre
si, lhes disse: Porque arrazoaes sobre estas _coisas_ em vossos corações?

9 Qual é mais fácil? [3] dizer ao paralytico: [4] Estão perdoados os
_teus_ peccados; ou dizer-_lhe_: Levanta-te, e toma o teu leito, e anda?

10 Pois para que saibaes que o Filho do homem tem na terra poder para
perdoar peccados (disse ao paralytico),

11 A ti te digo: Levanta-te, e toma o teu leito, e vae para tua casa.

12 E levantou-se, e, tomando logo o leito, saiu em presença de todos, de
sorte que todos se admiraram e glorificaram a Deus, dizendo: Nunca tal
vimos.


_A vocação de Levi._

Mat. 9.9-13.

13 E tornou a sair para o mar, e toda a multidão ia ter com elle, e elle
os ensinava.

14 E, passando, [5] viu Levi, _filho_ d’Alpheo, assentado na [AGH]
alfandega, e disse-lhe: Segue-me. E, levantando-se, o seguiu.

15 E aconteceu [6] que, estando elle sentado _á mesa_ em casa d’elle,
tambem estavam assentados á mesa com Jesus e seus discipulos muitos
publicanos e peccadores; porque eram muitos, e o tinham seguido.

16 E os escribas e phariseos, vendo-o comer com os publicanos e
peccadores, disseram aos seus discipulos: Porque come e bebe elle com os
publicanos e peccadores?

17 E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: [7] Os sãos não necessitam de
medico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas
sim os peccadores, ao arrependimento.


_O jejum._

Mat. 9.14-17, etc.

18 Ora os discipulos de [8] João e os dos phariseos jejuavam; e foram e
disseram-lhe: Porque jejuam os discipulos de João e os dos phariseos, e
não jejuam os teus discipulos?

19 E Jesus disse-lhes: Podem _porventura_ os filhos [AGI] das bodas
jejuar emquanto está com elles o esposo? Emquanto teem comsigo o esposo,
não podem jejuar;

20 Mas dias virão em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão
n’aquelles dias.

21 Ninguém deita remendo de panno novo em vestido velho; d’outra sorte o
mesmo remendo novo rompe o velho, e a rotura fica maior;

22 E ninguem deita vinho novo em odres velhos; d’outra sorte, o vinho
novo rompe os odres, o vinho entorna-se, e os odres estragam-se; porém o
vinho novo deve ser deitado em odres novos.


_Jesus é Senhor do sabbado._

Mat. 12.1-8.

23 E [9] aconteceu que, passando elle n’_um_ sabbado pelas searas, os
seus discipulos, caminhando, [10] começaram a colher espigas.

24 E os phariseos lhe disseram: Vês? porque fazem no sabbado o que não é
licito?

25 Mas elle disse-lhes: [11] Nunca lestes o que fez David quando estava
em necessidade e teve fome, elle e os que com elle _estavam_?

26 Como entrou na casa de Deus, no tempo de Abiathar, summo sacerdote, e
comeu [12] os pães da proposição, dos quaes não era licito comer, senão
aos sacerdotes, e tambem deu aos que com elle estavam?

27 E disse-lhes: O sabbado foi feito por causa do homem, _e_ não o homem
por causa do sabbado.

28 Assim [13] que o Filho do homem é Senhor até do sabbado.

[1] Luc. 5.13.

[2] Job 14.4. Isa. 42.35.

[3] Mat. 9.4.

[4] Mat. 9.5.

[5] Mat. 9.9. Luc. 5.27.

[6] Mat. 9.10.

[7] Mat. 9.12, 13 e 18.11. Deu. 5.31, 32 e 19.10. I Tim. 1.15.

[8] Luc. 5.33.

[9] Luc. 6.1.

[10] Deu. 23.25.

[11] I Sam. 21.6.

[12] Exo. 29.32, 33. Lev. 24.9. I Sam. 21.6.

[13] Mat. 12.8.



_A cura de um que tinha uma das mãos mirrada._

Mat. 12.9-21, etc.

3 E outra vez entrou [1] na synagoga, e estava ali um homem que tinha uma
das mãos mirrada.

2 E estavam observando-o se curaria no sabbado, para o accusarem.

3 E disse ao homem que tinha a mão secca: Levanta-te para o meio.

4 E disse-lhes: É licito no sabbado fazer bem, ou fazer mal? salvar a
vida, ou matar? E elles calavam-se.

5 E, olhando para elles em redor com indignação, condoendo-se da dureza
do seu coração, disse ao homem: Estende a tua mão. E elle _a_ estendeu, e
foi-lhe restituida a sua mão, sã como a outra.

6 E, tendo saido [2] os phariseos, tomaram logo conselho com os
herodianos contra elle, [3] como o matariam.

7 E retirou-se Jesus com os seus discipulos para o mar, e seguia-o uma
grande multidão da Galilea [4] e da Judea,

8 E de Jerusalem, e da Idumea, e _d_’além do Jordão; e de perto de Tyro e
Sidon uma grande multidão, ouvindo quão grandes _coisas_ fazia, veem ter
com elle.

9 E disse aos seus discipulos que lhe tivessem sempre prompto um
barquinho junto d’elle, por causa da multidão, para que o não opprimisse,

10 Porque tinha curado a muitos, de tal maneira que todos quantos tinham
_algum_ [AGJ] mal se arrojavam sobre elle, para o tocarem.

11 E os espiritos [5] immundos, vendo-o, prostravam-se diante d’elle, e
clamavam, dizendo: Tu és [6] o Filho de Deus.

12 E elle os ameaçava muito, para que não o manifestassem.


_A eleição dos doze._

Mat. 10.1-4, etc.

13 E subiu ao [7] monte, e chamou _para si_ os que elle quiz; e vieram a
elle.

14 E ordenou aos doze que estivessem com elle, para que os mandasse a
prégar,

15 E para que tivessem o poder de curar as enfermidades e expulsar os
demonios:

16 A Simão, [8] a quem poz o nome de Pedro,

17 E a Thiago, _filho_ de Zebedeo, e a João, irmão de Thiago, aos quaes
poz o nome de Boanerges, que significa: Filhos do trovão;

18 E a André, e a Philippe, e a Bartholomeo, e a Mattheus, e a Thomé, e a
Thiago, _filho_ de Alpheo, e a Thadeo, e a Simão, o cananeo,

19 E a Judas Iscariotes, o que o entregou.


_A blasphemia dos escribas._

Luc. 11.14-23, etc.

20 E foram para casa. E ajuntou-se outra vez a multidão, [9] de tal
maneira que nem sequer podiam comer pão.

21 E, quando os seus ouviram _isto_, sairam para o prender; [10] porque
diziam: Está fóra de si.

22 E os escribas, que tinham descido de Jerusalem, diziam: [11] Tem
Beelzebu, e pelo principe dos demonios expulsa os demonios.

23 E, chamando-os a si, [12] disse-lhes por parabolas: Como pode Satanaz
expulsar Satanaz?

24 E, se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode
subsistir.

25 E, se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não pode subsistir.

26 E, se Satanaz se levantar contra si mesmo, e fôr dividido, não pode
subsistir; antes tem fim.

27 Ninguem [13] pode roubar as alfaias do valente, entrando-lhe em sua
casa, se primeiro não manietar o valente; e então roubará a sua casa.

28 Na verdade vos digo [14] que todos os peccados serão perdoados aos
filhos dos homens, e toda a sorte de blasphemias, com que blasphemarem;

29 Qualquer, porém, que blasphemar contra o Espirito Sancto, nunca obterá
perdão para sempre, [AGK] mas será réu do eterno juizo.

30 (Porque diziam: Tem espirito immundo.)


_A familia de Jesus._

Mat. 12.46-50.

31 Chegaram então _seus_ irmãos e sua mãe, [15] e, estando de fóra,
enviaram a elle, chamando-o.

32 E a multidão estava assentada ao redor d’elle, e disseram-lhe: Eis que
tua mãe e teus irmãos te buscam lá fóra.

33 E elle lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos?

34 E, olhando em redor para os que estavam assentados junto d’elle,
disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos.

35 Porque qualquer que fizer a vontade de Deus esse é meu irmão, e minha
irmã, e minha mãe.

[1] Luc. 6.6.

[2] Mat. 12.14.

[3] Mat. 22.16.

[4] Luc. 6.17.

[5] cap. 1.23, 24. Luc. 4.41. Mat. 14.33.

[6] Mat. 12.16. cap. 1.25, 34.

[7] Luc. 6.12 e 9.1.

[8] João 1.42.

[9] cap. 6.31.

[10] João 7.5 e 10.20.

[11] Mat. 9.34. Luc. 11.15. João 7.20 e 8.48.

[12] Mat. 12.25.

[13] Isa. 49.24. Mat. 12.29.

[14] Mat. 12.31. Luc. 12.10. I João 5.16.

[15] Luc. 8.19.



_A parabola do semeador._

Mat. 13.1-23.

4 E outra vez começou a [1] ensinar junto do mar, e juntou-se a elle
_uma_ grande multidão, de sorte que elle, entrando em um barco, se
assentou _dentro_, no mar; e toda a multidão estava em terra junto do mar.

2 E ensinava-lhes [2] muitas _coisas_, e lhes dizia na sua doutrina:

3 Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear;

4 E aconteceu que, semeando elle, uma _parte da semente_ caiu junto do
caminho, e vieram as aves do céu, e a comeram;

5 E outra caiu sobre pedregaes, onde não havia muita terra, e nasceu
logo, porque não tinha terra profunda;

6 Mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, seccou-se.

7 E outra caiu entre espinhos, e, crescendo os espinhos, a suffocaram e
não deu fructo.

8 E outra caiu em boa [3] terra e deu fructo, que vingou e cresceu; e um
produziu trinta, outro sessenta, e outro cem.

9 E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

10 E, quando [4] se achou só, os que estavam junto d’elle com os doze
interrogaram-n’o ácerca da parabola.

11 E elle disse-lhes: A vós é dado saber os mysterios do reino de Deus,
mas aos que estão de fóra [5] todas _estas coisas_ se dizem por parabolas,

12 Para que, vendo, [6] vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não
entendam; para que se não convertam, e lhes sejam perdoados os _seus_
peccados.

13 E disse-lhes: Não sabeis esta parabola? como pois entendereis todas as
parabolas?

14 O que semeia, [7] semeia a palavra;

15 E os que estão junto do caminho são aquelles em quem a palavra é
semeada; mas, tendo-a ouvido, vem logo Satanaz e tira a palavra que foi
semeada nos seus corações.

16 E da mesma sorte os que recebem a semente sobre pedregaes; os quaes,
ouvindo a palavra, logo com prazer a recebem,

17 Mas não teem raiz em si mesmos, antes são temporãos; depois,
sobrevindo tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo se
escandalizam.

18 E outros são os que recebem a semente entre espinhos, os quaes ouvem a
palavra,

19 Mas os cuidados d’este mundo, e os enganos das [8] riquezas e
as ambições d’outras coisas, entrando, soffocam a palavra, e fica
infructifera.

20 E os que recebem a semente em boa terra, são os que ouvem a palavra e
_a_ recebem, e dão fructo, um trinta, outro sessenta, outro cem.


_A parabola da candeia._

Luc. 8.16-18.

21 E disse-lhes: [9] Vem _porventura_ a candeia para se metter debaixo do
alqueire, ou debaixo da cama? não _vem antes_ para se collocar no velador?

22 Porque nada ha [10] encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se
faz _para ficar_ occulto, mas para ser descoberto.

23 Se alguém tem ouvidos [11] para ouvir, ouça.

24 E disse-lhes: Attendei ao que ides ouvir. [12] Com a medida com que
medirdes ser-vos-ha medido, e ser-vos-ha accrescentado.

25 Porque ao que [13] tem, ser-lhe-ha dado; e, ao que não tem, até o que
tem lhe será tirado.


_A parabola da semente._

26 E dizia: [14] O reino de Deus é assim como se um homem lançasse
semente á terra,

27 E dormisse, e se levantasse de noite e de dia, e a semente brotasse e
crescesse, não sabendo elle como.

28 Porque a terra por si mesma fructifica, primeiro a herva, depois a
espiga, e por ultimo o grão cheio na espiga.

29 E, quando _já_ o fructo se mostra, mette-lhe logo a [15] foice, porque
está chegada a ceifa.


_A parabola do grão de mostarda._

Mat. 13.31, 32.

30 E dizia: [16] A que assimilharemos o reino de Deus? ou com que
parabola o compararemos?

31 É como um grão de mostarda, que, quando se semeia na terra, é a mais
pequena de todas as sementes que ha na terra;

32 Mas, tendo sido semeado, cresce; e faz-se a maior de todas as
hortaliças, e cria grandes ramos, de tal maneira que as aves do céu podem
aninhar-se debaixo da sua sombra.

33 E com muitas parabolas taes lhes fallava a palavra, [17] segundo o que
podiam ouvir.

31 E sem parabolas nunca lhes fallava; porém tudo declarava em particular
aos seus discipulos.


_Jesus apazigua a tempestade._

Mat. 8.23-27, etc.

35 E, n’aquelle dia, [18] sendo já tarde, disse-lhes: Passemos para a
outra banda.

36 E elles, deixando a multidão, o levaram comsigo, assim como estava no
barco; e havia tambem com elle outros barquinhos.

37 E levantou-se _uma_ grande tempestade de vento, e subiam as ondas por
cima do barco, de maneira que já se enchia.

38 E elle estava na pôpa dormindo sobre uma almofada, e despertaram-n’o,
e disseram-lhe: Mestre, não se te dá que pereçamos?

39 E elle, despertando, reprehendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te,
aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança.

40 E disse-lhes: Porque sois tão timidos? Porque não tendes fé?

41 E sentiram um grande temor, e diziam uns aos outros: Mas quem é este,
que até o vento e o mar lhe obedecem?

[1] Luc. 8.4.

[2] cap. 12.38.

[3] João 15.5. Col. 1.6.

[4] Mat. 13.10. Luc. 8.9, etc.

[5] I Cor. 5.12. Col. 4.5. I The. 4.11. I Tim. 3.7.

[6] Isa. 6.9. Mat. 13.14. Luc. 8.10. João 12.40. Act. 28.26. Rom. 11.8.

[7] Mat. 13.19.

[8] I Tim. 6.9, 17.

[9] Mat. 5.15.

[10] Mat. 10.26. Luc. 12.2.

[11] Mat. 11.15. ver. 9.

[12] Mat. 7.2. Luc. 6.38.

[13] Mat. 13.12 e 25.29. Luc. 8.18 e 19.26.

[14] Mat. 13.24.

[15] Apo. 14.15.

[16] Luc. 13.18. Act. 2.41 e 4.4 e 5.14 e 19.20.

[17] Mat. 13.34. João 16.12.

[18] Luc. 8.22.



_O endemoninhado gadareno._

Mat. 8.26-34.

5 E chegaram á outra banda do mar, á provincia dos gadarenos.

2 E, saindo elle do barco, lhe saiu ao seu encontro logo, dos sepulchros,
um homem com espirito immundo;

3 O qual tinha a _sua_ morada nos sepulchros, e nem ainda com cadeias o
podia alguem prender;

4 Porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as
cadeias foram por elle feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas, e
ninguem o podia amansar.

5 E andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes, e pelos
sepulchros, e ferindo-se com pedras.

6 E, quando viu Jesus ao longe, correu e adorou-o.

7 E, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu comtigo, Jesus, Filho
do Deus Altissimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes.

8 (Porque lhe dizia: Sae d’este homem, espirito immundo.)

9 E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião
_é_ o meu nome, porque somos muitos.

10 E rogava-lhe muito que os não enviasse para fóra d’aquella provincia.

11 E andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos.

12 E todos _aquelles_ demonios lhe rogaram, dizendo: Manda-nos para
aquelles porcos, para que entremos n’elles.

13 E Jesus logo lh’o permittiu. E, saindo aquelles espiritos immundos,
entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar
(eram quasi dois mil), e afogaram-se no mar.

14 E os que apascentavam os porcos fugiram, e o annunciaram na cidade e
nos campos; e sairam a vêr o que era aquillo que tinha acontecido.

15 E foram ter com Jesus, e viram o endemoninhado, o que tivera a legião,
assentado, vestido e em perfeito juizo, e temeram.

16 E os que _aquillo_ tinham visto contaram-lhes o que acontecera ao
endemoninhado; e ácerca dos porcos.

17 E começaram [1] a rogar-lhe que se fosse dos seus termos.

18 E, entrando elle no barco, rogara-lhe o que [2] fôra endemoninhado
_que o deixasse_ estar com elle.

19 Jesus, porém, não lh’o permittiu, mas disse-lhe: Vae para tua casa,
para os teus, e annuncia-lhes quão grandes _coisas_ o Senhor te fez, e
_como_ teve misericordia de ti.

20 E foi, e começou a annunciar em Decapolis quão grandes _coisas_ Jesus
lhe fizera; e todos se maravilhavam.


_A filha de Jairo. A mulher que tinha um fluxo de sangue._

Mat. 9.18-26. Luc. 8.40-46.

21 E, passando Jesus outra vez n’um barco para a outra banda, ajuntou-se
a elle uma grande multidão; e elle estava junto do mar.

22 E, eis que chegou [3] um dos principaes da synagoga, por nome Jairo,
e, vendo-o, prostrou-se aos seus pés,

23 E rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribunda; _rogo-te_ que
venhas e lhe imponhas as mãos para que sare, e viva.

24 E foi com elle, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava.

25 E _uma_ certa mulher, [4] que, havia doze annos tinha um fluxo de
sangue,

26 E que havia padecido muito com muitos medicos, e dispendido tudo
quanto tinha, nada lhe aproveitando, antes indo a peior;

27 Ouvindo _fallar_ de Jesus, veiu por detraz, entre a multidão, e tocou
o seu vestido.

28 Porque dizia: Se tão sómente tocar os seus vestidos, sararei.

29 E logo se lhe seccou a fonte do seu sangue; e sentiu no _seu_ corpo
estar _já_ curada d’aquelle [AGL] açoite.

30 E logo Jesus, conhecendo que a virtude de si mesmo saira, [5]
voltando-se para a multidão, disse: Quem tocou os meus vestidos?

31 E disseram-lhe os seus discipulos: Vês que a multidão te aperta, e
dizes: Quem me tocou?

32 E elle olhava em redor, para vêr a que isto fizera.

33 Então a mulher, que sabia o que lhe tinha acontecido, temendo e
tremendo, approximou-se, e prostrou-se diante d’elle, e disse-lhe toda a
verdade.

34 E elle lhe disse: [6] Filha, a tua fé te salvou; vae em paz, e sê
curada d’este teu açoite.

35 Estando elle ainda [7] fallando, chegaram _alguns_ do principal da
synagoga, dizendo: A tua filha está morta; para que enfadas mais o Mestre?

36 E Jesus, tendo ouvido esta palavra que se dizia, disse ao principal da
synagoga: Não temas, crê sómente.

37 E não permittiu que alguem o seguisse, senão Pedro, e Thiago, e João,
irmão de Thiago.

38 E, tendo chegado a casa do principal da synagoga, viu o alvoroço, e os
que choravam muito e pranteavam.

39 E, entrando, disse-lhes: Porque vos alvoroçaes e choraes? a menina não
está morta, [8] mas dorme.

40 E riam-se d’elle; porém elle, tendo-_os_ posto a todos fóra, [9] tomou
comsigo o pae e a mãe da menina, e os que com elle estavam, e entrou
aonde a menina estava deitada.

41 E, tomando a mão da menina, disse-lhe: Talitha cumi: que, traduzido é:
Filhinha, a ti te digo, levanta-te.

42 E logo a menina se levantou, e andava, pois _já_ tinha doze annos: e
assombraram-se com grande espanto.

43 E mandou-lhes [10] expressamente que ninguem o soubesse; e disse que
lhe dessem de comer.

[1] Mat. 8.34.

[2] Luc. 8.38.

[3] Mat. 9.18. Luc. 8.41.

[4] Lev. 15.25. Mat. 9.20.

[5] Luc. 6.19 e 8.46.

[6] Mat. 9.22. cap. 10.52. Act. 14.9.

[7] Luc. 8.49.

[8] João 11.11.

[9] Act. 9.40.

[10] Mat. 8.4 e 9.30 e 12.16 e 17.9. Luc. 5.14.



_Jesus retira-se para Nazareth._

Mat. 13.53-58, etc.

6 E partiu d’ali, [1] e chegou á sua patria, e os seus discipulos o
seguiram.

2 E, chegando o sabbado, começou a ensinar na synagoga; e muitos,
ouvindo-_o_, se admiravam, dizendo: [2] D’onde _veem_ a este estas
_coisas_? e que sabedoria _é_ esta que lhe foi dada? e taes maravilhas,
que por suas mãos se fazem?

3 Não é este o carpinteiro, filho de Maria, [3] e irmão de Thiago, e de
José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui comnosco suas irmãs? [4] E
escandalizavam-se n’elle.

4 E Jesus lhes dizia: [5] Não ha propheta sem honra senão na sua patria,
entre os seus parentes, e na sua casa.

5 E não [6] podia fazer maravilha alguma; sómente curou alguns poucos
enfermos, impondo-lhes as mãos.

6 E estava maravilhado [7] da incredulidade d’elles. E percorreu as
aldeias visinhas, ensinando.

7 Chamou [8] _a si_ os doze, e começou a envial-os a dois e dois, e
deu-lhes poder sobre os espiritos immundos;

8 E ordenou-lhes que nada tomassem para o caminho, senão sómente um
bordão; nem alforge, nem pão, nem dinheiro no cinto;

9 Mas que [9] calçassem alparcas, e que não vestissem duas tunicas.

10 E dizia-lhes: Aonde [10] quer que entrardes n’alguma casa, ficae
n’ella até sairdes de ali.

11 E, quando [11] alguns vos não receberem, nem vos ouvirem, saindo
d’ali, sacudi o pó que estiver debaixo dos [12] vossos pés, em testemunho
para com elles. Em verdade vos digo que haverá mais tolerancia no dia de
juizo para Sodoma e Gomorrah do que para os d’aquella cidade.

12 E, saindo elles, prégavam que se arrependessem.

13 E expulsavam muitos demonios, [13] e ungiam muitos enfermos com
azeite, e _os_ curavam.


_A morte de João Baptista._

Mat. 14.1-12, etc.

[Anno Domini 32]

14 E ouviu _isto_ [14] o rei Herodes (porque o seu nome se tornára
notorio), e disse: João, o que baptizava, resuscitou dos mortos, e por
isso estas maravilhas operam n’elle.

15 Outros [15] diziam: É Elias. E diziam outros: É um propheta, ou como
um dos prophetas.

16 Herodes, porém, [16] ouvindo _isto_, disse: Este é João, que mandei
degolar, resuscitou dos mortos.

17 Porque o mesmo Herodes mandára prender a João, e encerral-o manietado
no carcere, por causa de Herodias, mulher de Philippe, seu irmão,
porquanto tinha casado com ella.

18 Porque dizia João a Herodes: Não [17] te é licito possuir a mulher de
teu irmão.

19 E Herodias o espiava, e queria matal-o, mas não podia,

20 Porque Herodes temia [18] a João, sabendo que _era_ varão justo e
sancto; e [AGM] estimava-o, e fazia muitas _coisas_, attendendo-o, e de
boamente o ouvia.

21 E, chegando um dia opportuno em que Herodes, no dia dos [19] seus
annos [20] dava _uma_ ceia aos grandes, e tribunos, e principes da
Galilea,

22 E, tendo entrado a filha da mesma Herodias, e dançando, e agradando a
Herodes e aos que estavam com elle á mesa, o rei disse á menina: Pede-me
o que quizeres, e eu t’_o_ darei.

23 E jurou-lhe, dizendo: Tudo o [21] que me pedires te darei, até metade
do meu reino.

24 E, saindo ella, disse a sua mãe: Que pedirei? E ella disse: A cabeça
de João Baptista.

25 E, entrando logo apressadamente, pediu ao rei, dizendo: Quero que
immediatamente me dês n’um prato a cabeça de João Baptista.

26 E o [22] rei entristeceu-se muito; _todavia_, por causa do juramento e
dos que estavam com elle á mesa, não lh’a quiz negar.

27 E, enviando logo o rei o executor, mandou que lhe trouxessem ali a
cabeça _de João_. E elle foi, e degolou-o na prisão;

28 E trouxe a cabeça n’um prato, e deu-a á menina, e a menina a deu a sua
mãe.

29 E os seus discipulos, tendo ouvido _isto_, foram, tomaram o seu corpo,
e o pozeram n’um sepulchro.


_A primeira multiplicação dos pães._

Mat. 14.13-21, etc.

30 E os [23] apostolos ajuntaram-se a Jesus, e contaram-lhe tudo, tanto o
que tinham feito como o que tinham ensinado.

31 E elle disse-lhes: [24] Vinde vós, aqui áparte, a um logar deserto,
e repousae um pouco. Porque havia muitos que iam e vinham, [25] e não
tinham tempo para comer.

32 E foram n’um barco para um logar deserto, em particular.

33 E a multidão viu-os partir, e muitos o conheceram; e concorreram
lá a pé de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que elles, e
approximavam-se d’elle.

34 E Jesus, saindo, [26] viu _uma_ grande multidão, e teve compaixão
d’elles, porque eram como ovelhas que não teem pastor; [27] e começou a
ensinar-lhes muitas _coisas_.

35 E, como o dia fosse já muito adiantado, [28] os seus discipulos se
approximaram d’elle, e lhe disseram: O logar é deserto, e o dia _está_ já
muito adiantado;

36 Despede-os, para que vão aos logares e aldeias circumvisinhas, e
comprem pão para si; porque não teem que comer.

37 Elle, porém, respondendo, lhes disse: Dae-lhes vós de comer. E elles
disseram-lhe: [29] Iremos nós, e compraremos duzentos dinheiros de pão
para lhes darmos de comer?

38 E elle disse-lhes: Quantos pães tendes? Ide vêr. E, sabendo-o elles,
disseram: Cinco [30] e dois peixes.

39 E ordenou-lhes que fizessem assentar a todos, em ranchos, sobre a
herva verde.

40 E assentaram-ce repartidos de cem em cem, e de cincoenta em cincoenta.

41 E, tomando elle os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao
céu, [31] abençoou e partiu os pães, e deu-_os_ aos seus discipulos para
que os pozessem adiante d’elles. E repartiu os dois peixes por todos;

42 E todos comeram, e ficaram fartos;

43 E levantaram doze cestos cheios de pedaços _de pão_ e de peixes.

44 E os que comeram os pães eram quasi cinco mil homens.


_Jesus anda por cima do mar._

Mat. 14.22-36.

45 E logo [32] obrigou os seus discipulos a subir para o barco, e ir
adiante, para a outra banda, _defronte_ de Bethsaida, entretanto que elle
despedia a multidão.

46 E, tendo-os despedido, foi ao monte a orar.

47 E, [33] sobrevindo a tarde, estava o barco no meio do mar, e elle
sósinho em terra.

48 E viu que se fatigavam remando muito, porque o vento lhes era
contrario, e perto da quarta vigilia da noite approximou-se d’elles,
andando sobre o mar, [34] e queria passar adiante d’elles.

49 Mas, quando o viram andar sobre o mar, cuidaram que era _um_
phantasma, e deram grandes gritos.

50 Porque todos o viam, e turbaram-se; mas logo fallou com elles, e
disse-lhes: Tende bom animo; sou eu, não temaes.

51 E subiu para o barco para _estar_ com elles, e o vento se aquietou; e
entre si ficaram muito assombrados e maravilhados;

52 Pois _ainda_ não tinham [35] comprehendido _o milagre_ dos pães;
porque o seu coração estava [36] endurecido.

53 E, [37] quando já estavam na outra banda, dirigiram-se á terra de
Gennezareth, e ali tomaram porto.

54 E, saindo elles do barco, logo o conheceram;

55 E, correndo toda a terra em redor, começaram a trazer-lhe em leitos,
aonde quer que sabiam que estava, os que se achavam enfermos.

56 E, aonde quer que entrava, em cidade, ou aldeias, ou logares,
apresentavam os enfermos nas praças, e rogavam-lhe que ao menos [38]
tocassem a orla do seu vestido; e todos os que lhe tocavam saravam.

[1] Luc. 4.16.

[2] João 6.42.

[3] Mat. 12.46. Gal. 1.19.

[4] Mat. 11.6.

[5] Mat. 13.57. João 4.44.

[6] Gen. 19.22 e 32.25. Mat. 13.58. cap. 9.22.

[7] Isa. 59.16. Mat. 9.35. Luc. 13.22.

[8] Mat. 10.1. cap. 3.13, 14. Luc. 9.1.

[9] Act. 12.8.

[10] Mat. 10.11. Luc. 9.4 e 10.7, 8.

[11] Mat. 10.14. Luc. 10.10.

[12] Act. 13.51 e 18.6.

[13] Thi. 5.14.

[14] Luc. 9.7.

[15] Mat. 16.14. cap. 8.28.

[16] Mat. 14.2. Luc. 3.19.

[17] Lev. 18.16 e 20.21.

[18] Mat. 14.5 e 21.26.

[19] Mat. 14.6.

[20] Gen. 40.20.

[21] Est. 5.3, 6 e 7.2.

[22] Mat. 14.9.

[23] Luc. 9.10.

[24] Mat. 14.13. cap. 3.20.

[25] Mat. 14.13.

[26] Mat. 9.33 e 14.14.

[27] Luc. 9.11.

[28] Mat. 14.15. Luc. 9.12.

[29] Num. 11.13, 22. II Reis 4.43.

[30] Mat. 14.17 e 15.34. Luc. 9.13. João 6.9. cap. 8.5.

[31] I Sam. 9.13. Mat. 26.26.

[32] João 6.17.

[33] Mat. 14.23. João 6.16, 17.

[34] Luc. 24.28.

[35] cap. 8.17, 18.

[36] cap. 3.5 e 16.14.

[37] Mat. 14.34.

[38] Mat. 9.20. cap. 5.27, 28. Act. 19.12.



_A tradição dos anciãos._

Mat. 15.1-20, etc.

7 E ajuntaram-se a elle os phariseos, e alguns dos escribas que tinham
vindo de Jerusalem,

2 E, vendo que alguns dos seus discipulos comiam pão com as mãos impuras,
isto é, por lavar, os reprehendiam.

3 Porque os phariseos, e todos os judeos, conservando a tradição dos
antigos, não comem sem lavar as mãos muitas vezes;

4 E, _quando voltam_ do mercado, se não se lavarem, não comem. E muitas
outras _coisas_ ha que se encarregaram de observar, _como_ lavar os
copos, e os jarros, e os vasos de metal e as camas.

5 Depois perguntaram-lhe [1] os phariseos e os escribas: Porque não andam
os teus discipulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com
as mãos por lavar?

6 E elle, respondendo, disse-lhes: Bem prophetizou Isaias ácerca de vós,
hypocritas, como está escripto: [2] Este povo honra-me com os labios, mas
o seu coração está longe de mim;

7 Em vão, porém, [AGN] me honram, ensinando doutrinas, mandamentos de
homens.

8 Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens;
_como_ o lavar dos jarros e dos copos; e fazeis muitas outras _coisas_
similhantes a estas.

9 E dizia-lhes: Bem invalidaes o mandamento de Deus para guardardes a
vossa tradição.

10 Porque Moysés disse: Honra [3] a teu pae e a tua mãe; e quem
maldisser, ou o pae ou a mãe, morrerá de morte.

11 Porém vós dizeis: Se um homem disser ao pae ou á mãe: Aquillo que
poderias aproveitar de mim é Corban, [4] isto é, offerta ao Senhor;

12 E nada mais lhe deixaes fazer por seu pae ou por sua mãe,

13 Invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós
ordenastes. E muitas _coisas_ fazeis similhantes a estas.

14 E, chamando [5] a _si_ toda a multidão, disse-lhes: Ouvi-me vós todos,
e comprehendei.

15 Nada ha, fóra do homem, que, entrando n’elle, o possa contaminar; mas
o que sae d’elle isso é que contamina o homem.

16 Se alguem [6] tem ouvidos para ouvir, ouça.

17 Depois, [7] quando deixou a multidão, e entrou em casa, os seus
discipulos o interrogavam ácerca d’esta parabola.

18 E elle disse-lhes: Assim tambem vós estaes sem entendimento? Não
comprehendeis que tudo o que de fóra entra no homem não o pode contaminar;

19 Porque não entra no seu coração, mas no estomago, e vae _depois_ para
um logar escuso, purificando todas as comidas?

20 E dizia: O que sae do homem isso contamina o homem.

21 Porque [8] do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos,
os adulterios, as fornicações, os homicidios,

22 Os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a
blasphemia, a soberba, a loucura.

23 Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem,


_A mulher cananea._

Mat. 15.21-28.

24 E, levantando-se d’ali, foi para os termos de Tyro e de Sidon. E,
entrando n’uma casa, não queria que alguem o soubesse: mas não pôde
esconder-se,

25 Porque uma mulher, cuja filha tinha um espirito immundo, ouvindo
_fallar_ d’elle, foi, e lançou-se aos seus pés;

26 E esta mulher era grega, syro-phenicia de nação, e rogava-lhe que
expulsasse de sua filha o demonio.

27 Mas Jesus disse-lhe: Deixa primeiro saciar os filhos; porque não
convem tomar o pão dos filhos e lançal-_o_ aos cachorrinhos.

28 Ella, porém, respondeu, e disse-lhe: Sim, Senhor; mas tambem os
cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas dos filhos.

29 Então elle disse-lhe: Por essa palavra, vae; o demonio _já_ saiu de
tua filha.

30 E, indo ella para sua casa, achou a filha deitada sobre a cama, e que
o demonio já tinha saido.


_Cura d’um surdo e gago de Decapolis._

31 E elle, [9] tornando a sair dos termos de Tyro e de Sidon, foi para o
mar da Galilea, pelos confins de Decapolis.

32 E trouxeram-lhe um surdo, que [10] fallava difficilmente; e
rogaram-lhe que pozesse a mão sobre elle.

33 E, tirando-o á parte, de entre a multidão, metteu-lhe os dedos nos
ouvidos; e, cuspindo, [11] tocou-lhe a lingua.

34 E, levantando os olhos ao céu, [12] suspirou, [13] e disse: Ephphatha;
isto é, Abre-te.

35 E logo [14] se abriram os seus ouvidos, e a prisão da lingua se
desfez, e fallava perfeitamente.

36 E ordenou-lhes [15] que a ninguem o dissessem; mas, quanto mais lh’o
prohibia, tanto mais o divulgavam.

37 E, admirando-se sobremaneira, diziam: Tudo faz bem: faz ouvir os
surdos e fallar os mudos.

[1] Mat. 15.1.

[2] Isa. 29.13. Mat. 15.8.

[3] Exo. 20.12 e 21.17. Deu. 5.16. Mat. 15.4. Lev. 20.9. Pro. 20.20.

[4] Mat. 15.5 e 23.18.

[5] Mat. 15.10.

[6] Mat. 11.15.

[7] Mat. 15.15.

[8] Gen. 6.5.

[9] Mat. 15.29.

[10] Mat. 9.32. Luc. 11.14.

[11] cap. 8.23. João 9.6.

[12] cap. 6.41. João 11.41 e 17.1.

[13] João 11.33, 38.

[14] Isa. 35.5, 6. Mat. 11.5.

[15] cap. 5.43.



_Segunda multiplicação dos pães._

8 N’aquelles dias, havendo mui grande multidão, [1] e não tendo que
comer, Jesus chamou a si os seus discipulos, e disse-lhes:

2 Tenho compaixão da multidão, porque ha já tres dias que estão comigo, e
não teem que comer.

3 E, se os deixar ir em jejum para suas casas, desfallecerão no caminho,
porque alguns d’elles vieram de longe.

4 E os seus discipulos responderam-lhe: D’onde poderá alguem saciar estes
de pão aqui no deserto?

5 E [2] perguntou-lhes: Quantos pães tendes? E disseram-lhe: Sete.

6 E ordenou á multidão que se assentasse no chão. E, tomando os sete
pães, e tendo dado graças, partiu-_os_, e deu-os aos seus discipulos,
para que _lh’os_ pozessem adiante, e pozeram-_n’os_ adiante da multidão.

7 Tinham tambem uns poucos de peixinhos; e, tendo dado graças, [3]
ordenou que tambem lh’os pozessem adiante.

8 E comeram, e saciaram-se; e dos pedaços que sobejaram levantaram sete
alcofas.

9 E os que comeram eram quasi quatro mil; e despediu-os.


_O fermento dos phariseos._

Mat. 16.1-12.

10 E, entrando logo no barco com os seus discipulos, foi para as partes
de Dalmanutha.

11 E sairam [4] os phariseos, e começaram a disputar com elle,
pedindo-lhe, para o tentarem, _um_ signal do céu.

12 E, suspirando profundamente em seu espirito, disse: Porque pede esta
geração _um_ signal? Em verdade vos digo que a esta geração não se dará
signal.

13 E, deixando-os, tornou a entrar no barco, e foi para a outra banda.

14 E _os seus discipulos_ [5] se esqueceram de tomar pão, e no barco não
tinham comsigo senão um pão.

15 E ordenou-lhes, [6] dizendo: Olhae, guardae-vos do fermento dos
phariseos e _do_ fermento de Herodes.

16 E arrazoavam entre si, dizendo: _É_ porque não temos [7] pão.

17 E Jesus, conhecendo isto, disse-lhes: Para que arrazoaes, que não
tendes pão? não considerastes, nem [8] comprehendestes ainda? tendes
ainda o vosso coração endurecido?

18 Tendo olhos, não vêdes? e, tendo ouvidos, não ouvis? e não vos
lembraes?

19 Quando parti [9] os cinco pães entre os cinco mil, quantos cestos
cheios de pedaços levantastes? Disseram-lhe: Doze.

20 E, [10] quando _parti_ os sete entre os quatro mil, quantas alcofas
cheias de pedaços levantastes? E disseram-lhe: Sete.

21 E elle lhes disse: [11] Como não entendeis ainda?


_Cura d’um cego de Bethsaida._

22 E chegou a Bethsaida; e trouxeram-lhe um cego, e rogaram-lhe que o
tocasse.

23 E, tomando o cego pela mão, levou-o para fóra da aldeia; e,
cuspindo-lhe nos olhos, [12] e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via
alguma coisa.

24 E, levantando elle os olhos, disse: Vejo os homens; pois os vejo como
arvores que andam.

25 Depois tornou a pôr-lhe as mãos nos olhos, e lh’os fez levantar; e
ficou restabelecido, e viu ao longe e distinctamente a todos.

26 E mandou-o para sua casa, dizendo: [13] Não entres na aldeia.


_A confissão de Pedro._

Mat. 16.13-23.

27 E saiu Jesus [14] e os seus discipulos para as as aldeias de Cesarea
de Philippo; e no caminho perguntou aos seus discipulos, dizendo: Quem
dizem os homens que eu sou?

28 E elles responderam: [15] João Baptista; e outros, Elias; e outros, Um
dos prophetas.

29 E elle lhes disse: Porém vós quem dizeis que eu sou? E, respondendo
Pedro, lhe disse: [16] Tu és o Christo.

30 E [17] admoestou-os, que a ninguem dissessem _aquillo_ d’elle.

31 E começou [18] a ensinar-lhes que importava que o Filho do homem
padecesse muito, e fosse rejeitado pelos anciãos e principes dos
sacerdotes, e pelos escribas, e que fosse morto, e depois de tres dias
resuscitasse.

32 E dizia abertamente estas palavras. E Pedro o tomou á parte, e começou
a reprehendel-o.

33 Mas elle, virando-se, e olhando para os seus discipulos, reprehendeu
a Pedro, dizendo: Retira-te de diante de mim, Satanaz; porque não
comprehendes as _coisas_ que _são_ de Deus, mas as que _são_ dos homens.


_Cada um deve levar a sua propria cruz._

Mat. 6.24-28 e refs.

34 E, chamando _a si_ a multidão, com os seus discipulos, disse-lhes:
[19] Se alguem quizer vir após mim, negue-se _a si_ mesmo, e tome a sua
cruz, e siga-me.

35 Porque [20] qualquer que quizer salvar a sua [AGO] vida perdel-a-ha,
mas qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho esse a
salvará.

36 Pois que aproveitaria ao homem, se ganhasse todo o mundo e perdesse a
sua [AGP] alma?

37 Ou que dará o homem pelo resgate da sua alma?

38 Porque qualquer que, entre esta geração adultera e peccadora, se
envergonhar [21] de mim e das minhas palavras, tambem o Filho do homem
se envergonhará d’elle, quando vier na gloria de seu Pae, com os sanctos
anjos.

[1] Mat. 15.32.

[2] Mat. 15.34. cap. 6.38.

[3] Mat. 14.19. cap. 6.41.

[4] Mat. 12.38. João 6.30.

[5] Mat. 16.5.

[6] Mat. 16.6. Luc. 12.1.

[7] Mat. 16.7.

[8] cap. 6.52.

[9] Mat. 14.20. cap. 6.43. Luc. 9.17. João 6.13.

[10] Mat. 15.37. ver. 8.

[11] cap. 6.52. ver. 17.

[12] cap. 7.33.

[13] Mat. 8.4. cap. 5.43.

[14] Luc. 9.18.

[15] Mat. 14.2.

[16] Mat. 16.16. João 6.59 e 11.27.

[17] Mat. 16.20.

[18] Mat. 16.21, 28. Luc. 9.22, 27.

[19] Mat. 10.38 e 16.24. Luc. 9.23 e 14.27.

[20] João 12.25.

[21] Mat. 10.33. Luc. 9.26 e 12.9. Rom. 1.16. II Tim. 1.8 e 2.12.



9 Dizia-lhes tambem: [1] Em verdade vos digo que, dos que aqui estão,
alguns ha que não provarão a morte até que vejam vir [2] o reino de Deus
com poder.


_A transfiguração._

Mat. 17.1-13 e refs.

2 E seis dias [3] depois Jesus tomou _comsigo_ a Pedro, a Thiago, e a
João, e os levou sós, em particular, a um alto monte; e transfigurou-se
diante d’elles;

3 E os seus vestidos tornaram-se resplandecentes, mui brancos como a
neve, [4] taes como nenhum lavadeiro sobre a terra os poderia branquear.

4 E appareceu-lhes Elias com Moysés, e fallavam com Jesus.

5 E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, bom é que nós
estejamos aqui, e façamos tres cabanas, uma para ti, uma para Moysés, e
uma para Elias.

6 Pois não sabia o que dizia, porque estavam assombrados.

7 E desceu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e saiu da nuvem uma
voz que dizia: Este é o meu filho amado; a elle ouvi.

8 E, tendo olhado em roda, ninguem mais viram, senão só Jesus com elles.

9 E, [5] descendo elles do monte, ordenou-lhes que a ninguem contassem o
que tinham visto, até que o Filho do homem resuscitasse dos mortos.

10 E elles retiveram o caso entre si, perguntando uns aos outros que
seria aquillo: resuscitar dos mortos.

11 E interrogaram-n’o, dizendo: Porque dizem os escribas que é necessario
que Elias [6] venha primeiro?

12 E, respondendo elle, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e
todas as _coisas_ restaurará: [7] e, como está escripto do Filho do
homem, _convem_ que padeça muito e seja aviltado.

13 Digo-vos, porém, [8] que Elias já veiu, e fizeram-lhe tudo o que
quizeram, como d’elle está escripto.


_O joven lunatico._

Mat. 17.14-21.

14 E, quando se approximou [9] dos discipulos, viu ao redor d’elles
grande multidão, e _alguns_ escribas que disputavam com elles.

15 E logo toda a multidão, vendo-o, ficou espantada, e, correndo para
elle, o saudaram.

16 E perguntou aos escribas: Que questionaes com elles?

17 E um da multidão, respondendo, disse: [10] Mestre, trouxe-te o meu
filho, que tem um espirito mudo;

18 E, onde quer que o apanha, despedaça-o, e elle escuma, e range
os dentes, e vae-se seccando; e eu disse aos teus discipulos que o
expulsassem, e não poderam.

19 E elle, respondendo-lhes, disse: Ó geração incredula! até quando
estarei comvosco? até quando vos soffrerei ainda? Trazei-m’o.

20 E trouxeram-lh’o; e, [11] quando o viu, logo o espirito o agitou com
violencia, e, caindo por terra, revolvia-se, escumando.

21 E perguntou ao pae d’elle: Quanto tempo ha que lhe succede isto? E
elle disse-lhe: Desde a infancia;

22 E muitas vezes o tem lançado no fogo, e na agua, para o destruir; mas,
se tu podes fazer alguma _coisa_, tem compaixão de nós, e ajuda-nos.

23 E Jesus disse-lhe: [12] Se tu podes crêr; tudo _é_ possível ao que crê.

24 E logo o pae do menino, clamando com lagrimas, disse: Eu creio,
Senhor! ajuda a minha incredulidade.

25 E Jesus, vendo que a multidão concorria, reprehendeu o espirito
immundo, dizendo-lhe: Espirito mudo e surdo, eu te ordeno: Sae d’elle, e
não entres mais n’elle.

26 E elle, clamando, e agitando-o com violencia, saiu; e ficou o _menino_
como morto, de tal maneira que muitos diziam que estava morto.

27 Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e elle se levantou.

28 E, quando [13] entrou em casa, os seus discipulos lhe perguntaram á
parte: Porque o não podemos nós expulsar?

29 E disse-lhes: Esta casta não pode sair por coisa alguma, senão pela
oração e jejum.


_O maior no reino dos céus._

Mat. 18.1-14 e refs.

30 E, tendo partido d’ali, caminharam pela Galilea, e não queria que
alguem _o_ soubesse;

31 Porque ensinava os seus discipulos, e lhes dizia: [14] O Filho do
homem será entregue nas mãos dos homens, e matal-o-hão; e, morto elle,
resuscitará ao terceiro dia.

32 Mas elles não entendiam esta palavra, e temiam interrogal-o.

33 E chegou a Capernaum, e, [15] entrando em casa, perguntou-lhes: Que
arrazoaveis entre vós pelo caminho?

34 Mas elles calaram-se; porque pelo caminho tinham disputado entre si
qual _d’elles havia de ser_ o maior.

35 E elle, assentando-se, chamou os doze, e disse-lhes: [16] Se alguem
quizer ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos.

36 E, lançando [17] mão de um menino, pôl-o no meio d’elles, e, tomando-o
nos seus braços, disse-lhes:

37 Qualquer que receber um d’estes meninos em meu nome [18] a mim me
recebe; e qualquer que a mim me receber recebe, não a mim, mas ao que me
enviou.


_Quem não é contra nós é por nós._

Luc. 9.49, 50.

38 E João lhe respondeu, [19] dizendo: Mestre, vimos um que em teu nome
expulsava demonios, o qual não nos segue; e nós lh’o prohibimos, porque
não nos segue.

39 Jesus, porém, disse: Não lh’o prohibaes; porque ninguem ha [20] que
faça milagre em meu nome e possa logo fallar mal de mim.

40 Porque quem não é [21] contra nós é por nós.

41 Porque qualquer que vos der [22] a beber um copo d’agua em meu nome,
porque sois _discipulos_ de Christo, em verdade vos digo que não perderá
o seu galardão.


_Os escandalos._

42 E qualquer que [23] escandalizar um d’_estes_ pequeninos que crêem em
mim melhor lhe fôra que lhe pozessem ao pescoço uma mó de atafona, e que
fosse lançado no mar.

43 E, se a tua mão te [24] escandalizar, corta-a: melhor te é entrar na
vida aleijado do que, tendo duas mãos, ir para o inferno, para o fogo que
nunca se apaga;

44 Onde o seu bicho [25] não morre, e o fogo nunca se apaga.

45 E, se o teu pé te escandalizar, corta-o; melhor te é entrar côxo na
vida do que, tendo dois pés, ser lançado no inferno, no fogo que nunca se
apaga;

46 Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.

47 E, se o teu olho te escandalizar, lança-o fóra; melhor te é entrar no
reino de Deus com um olho do que, tendo dois olhos, ser lançado no fogo
do inferno;

48 Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.

49 Porque cada um será [26] salgado com fogo, e cada sacrificio será
salgado com sal.

50 Bom _é_ o sal; [27] mas, se o sal se tornar insulso, com que o
adubareis? tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros.

[1] Mat. 15.28.

[2] Mat. 24.30 e 25.31. Luc. 22.18.

[3] Luc. 9.28.

[4] Dan. 7.9. Mat. 28.3.

[5] Mat. 17.9.

[6] Mat. 17.10.

[7] Psa. 22.6. Isa. 53.2, etc. Dan. 9.26. Luc. 23.11. Phi. 2.7.

[8] Mat. 11.14 e 17.12. Luc. 1.17.

[9] Luc. 9.37.

[10] Mat. 17.14. Luc. 9.38.

[11] cap. 1.26. Luc. 9.42.

[12] Mat. 17.20. cap. 11.23. Luc. 17.6. João 11.40.

[13] Mat. 17.18.

[14] Mat. 17.19. Luc. 9.44.

[15] Mat. 18.1. Luc. 9.46 e 22.24.

[16] Mat. 20.26, 27. cap. 10.43.

[17] Mat. 18.2. cap. 10.16.

[18] Mat. 10.40. Luc. 9.48.

[19] Num. 11.28.

[20] I Cor. 12.3.

[21] Mat. 12.30.

[22] Mat. 10.42.

[23] Mat. 18.6. Luc. 17.1.

[24] Deu. 13.6. Mat. 5.29 e 18.8.

[25] Isa. 66.24.

[26] Lev. 2.13. Eze. 43.24.

[27] Mat. 5.13. Luc. 14.34. Eph. 4.29. Col. 4.6. II Cor. 13.11. Heb.
12.14.



_O divorcio._

Mat. 19.1-12 e refs.

[Anno Domini 33]

10 E, levantando-se d’ali, foi para [1] os termos da Judea, além do
Jordão, e a multidão se reuniu em torno d’elle; e tornou a ensinal-os,
como tinha por costume.

2 E, approximando-se _d’elle_ os phariseos, [2] perguntaram-lhe,
tentando-o: É licito ao homem repudiar _sua_ mulher?

3 Mas elle, respondendo, disse-lhes: Que vos mandou Moysés?

4 E elles disseram: [3] Moysés permittiu escrever-_lhe_ carta de
divorcio, e repudial-_a_.

5 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza dos vossos corações vos
escreveu elle esse mandamento;

6 Porém, desde o principio da creação, Deus os fez [4] macho e femea.

7 Por isso [5] deixará o homem a seu pae e a sua mãe, e unir-se-ha a sua
mulher,

8 E serão os dois uma só carne: assim que _já_ não serão dois, mas uma só
carne.

9 Portanto o que Deus ajuntou não o separe o homem.

10 E em casa tornaram os discipulos a interrogal-o ácerca d’isto mesmo.

11 E elle lhes disse: [6] Qualquer que deixar a sua mulher e casar com
outra adultéra contra ella.

12 E, se a mulher deixar a seu marido, e casar com outro, adultéra.


_Jesus abençoa os meninos._

Mat. 19.13-15 e refs.

13 E [7] traziam-lhe meninos para que os tocasse, mas os discipulos
reprehendiam aos que lh’_os_ traziam.

14 Jesus, porém, vendo _isto_, indignou-se, e disse-lhes: Deixae vir os
meninos a mim, e não os empeçaes; porque dos [8] taes é o reino de Deus.

15 Em verdade vos digo que qualquer que não receber [9] o reino de Deus
como menino de maneira nenhuma entrará n’elle.

16 E, tomando-os nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os abençoou.


_O mancebo rico._

Mat. 19.16-30.

17 E, saindo [10] para o caminho, correu para elle um, e, pondo-se de
joelhos diante d’elle, perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a
vida eterna?

18 E Jesus lhe disse: Porque me chamas bom? ninguem _ha_ bom senão um,
_que é_ Deus.

19 Tu sabes os mandamentos: Não [11] adulterarás; não matarás; não
furtarás; não darás falsos testemunhos; não defraudarás alguem: honra a
teu pae e a _tua_ mãe.

20 Elle, porém, respondendo, lhe disse: Mestre, tudo isso guardei desde a
minha mocidade.

21 E Jesus, olhando para elle, o amou e lhe disse: Falta-te uma _coisa_:
vae, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, [12] e terás _um_
thesouro no céu; e vem, segue-me.

22 Mas elle, pezaroso d’esta palavra, retirou-se triste; porque possuia
muitas propriedades.

23 Então Jesus, [13] olhando em redor, disse aos seus discipulos: Quão
difficilmente entrarão no reino de Deus os que teem riquezas!

24 E os discipulos se admiraram d’estas suas palavras; mas Jesus,
tornando a fallar, [14] disse-lhes: Filhos, quão difficil é, para os que
confiam nas riquezas, entrar no reino de Deus!

25 É mais facil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar
um rico no reino de Deus.

26 E elles se admiravam ainda mais, dizendo entre si: Quem poderá pois
salvar-se?

27 Jesus, porém, olhando para elles, disse: Para os homens _é_
impossivel, mas não para Deus, porque para Deus [15] todas _as coisas_
são possiveis.

28 E Pedro [16] começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixámos, e te
seguimos.

29 E Jesus, respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguem ha, que
tenha deixado casa, _ou_ irmãos, ou irmãs, ou pae, ou mãe, ou mulher, ou
filhos, ou campos, por amor de mim e do Evangelho,

30 Que [17] não receba cem vezes tanto, agora n’este tempo, casas, e
irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no
seculo futuro a vida eterna.

31 Porém [18] muitos primeiros serão derradeiros, e _muitos_ derradeiros
serão primeiros.


_O pedido dos filhos de Zebedeo._

Mat. 20.17-28.

32 E iam no caminho, [19] subindo a Jerusalem: e Jesus ia adiante
d’elles. E elles maravilhavam-se, e seguiam-n’o atemorisados. E, tornando
a tomar _comsigo_ os doze, começou [20] a dizer-lhes as _coisas_ que lhe
deviam sobrevir,

33 _Dizendo_: Eis que nós subimos a Jerusalem, e o Filho do homem será
entregue aos principes dos sacerdotes, e aos escribas, e o condemnarão á
morte, e o entregarão aos gentios.

34 E o escarnecerão, e açoitarão, e cuspirão n’elle, e o matarão; e ao
terceiro dia resuscitará.

35 E approximaram-se [21] d’elle Thiago e João, filhos de Zebedeo,
dizendo: Mestre, quizeramos que nos fizesses o que pedirmos.

36 E elle lhes disse: Que quereis que vos faça?

37 E elles lhe disseram: Concede-nos que na tua gloria nos assentemos, um
á tua direita, e outro á tua esquerda.

38 Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis: podeis vós beber o calix
que eu bebo, e ser baptizados com o baptismo com que eu sou baptizado?

39 E elles lhe disseram: Podemos. Jesus, porém, disse-lhes: Em verdade,
vós bebereis o calix que eu beber, e sereia baptizados com o baptismo com
que eu sou baptizado;

40 Mas o assentar-se á minha direita, ou á minha esquerda, não me
pertence a mim concedel-o, senão _áquelles_ para quem está preparado.

41 E [22] os dez, tendo ouvido _isto_, começaram a indignar-se contra
Thiago e João.

42 Mas Jesus, chamando-os _a si_, disse-lhes: [23] Sabeis que os que
julgam ser principes das gentes d’ellas se assenhoream, e os seus grandes
usam de auctoridade sobre ellas;

43 Mas [24] entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós
quizer ser grande, será vosso [AGQ] _servo_;

44 E qualquer que d’entre vós quizer ser o primeiro será [AGR] servo de
todos.

45 Porque o [25] Filho do homem tambem não veiu para ser servido, mas
para servir e dar [26] a sua vida em resgate por muitos.


_O cego de Jericó._

Mat. 20.29-34.

46 Depois foram para Jericó. E, saindo [27] elle de Jericó com seus
discipulos, e uma grande multidão, Bartimeo, o cego, filho de Timeo,
estava assentado junto do caminho, mendigando.

47 E, ouvindo que era Jesus de Nazareth, começou a clamar, e a dizer:
Jesus, filho de David! tem misericordia de mim.

48 E muitos o reprehendiam, para que se calasse; mas elle clamava cada
vez mais: Filho de David! tem misericordia de mim.

49 E Jesus, parando, disse que o chamassem; e chamaram o cego,
dizendo-lhe: Tem bom animo; levanta-te, _que_ elle te chama.

50 E elle, lançando _de si_ a sua capa, levantou-se, e foi ter com Jesus.

51 E Jesus, fallando, disse-lhe: Que queres _que_ te faça? E o cego lhe
disse: Mestre, que recupere a vista.

52 E Jesus lhe disse: [28] Vae, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu
a Jesus pelo caminho.

[1] João 10.40 e 11.7.

[2] Mat. 19.3.

[3] Deu. 24.1. Mat. 5.31 e 19.7.

[4] Gen. 1.27 e 5.2.

[5] Gen. 2.24. I Cor. 6.16. Eph. 5.31.

[6] Mat. 5.32 e 19.9. Luc. 16.18. Rom. 7.3. I Cor. 7.10, 11.

[7] Luc. 18.15.

[8] I Cor. 14.20. I Ped. 2.2.

[9] Mat. 18.3.

[10] Luc. 18.18.

[11] Exo. 20.14. Rom. 13.9.

[12] Mat. 6.19, 20 e 19.21. Luc. 12.33 e 16.9.

[13] Mat. 19.23. Luc. 18.24.

[14] Job 31.24. Psa. 52.7 e 62.10. I Tim. 6.17.

[15] Jer. 3.2, 17. Mat. 19.26. Luc. 1.37.

[16] Mat. 19.27. Luc. 18.28.

[17] II Chr. 25.9. Luc. 18.30.

[18] Mat. 19.30 e 20.16. Luc. 13.30.

[19] Luc. 18.31.

[20] cap. 8.31 e 9.31. Luc. 9.22 e 18.31.

[21] Mat. 10.20.

[22] Mat. 20.24.

[23] Luc. 22.25.

[24] Mat. 20.26, 28. cap. 3.35. Luc. 9.48.

[25] João 13.14. Phi. 2.7.

[26] Mat. 20.28. I Tim. 2.6. Tito 2.14.

[27] Luc. 18.35.

[28] Mat. 9.22. cap. 5.34.



_A entrada triumphal de Jesus em Jerusalem._

Mat. 21.1-11.

11 E, logo [1] que se approximaram de Jerusalem, de Bethphagé e de
Bethania, junto do monte das Oliveiras, enviou dois dos seus discipulos,

2 E disse-lhes: Ide á aldeia que está defronte de vós; e, logo que ali
entrardes, encontrareis preso um jumentinho, sobre o qual ainda não
montou homem algum; soltae-o, e trazei-_m’o_.

3 E, se alguem vos disser: Porque fazeis isso? dizei-lhe que o Senhor
precisa d’elle, e logo o deixará trazer para aqui.

4 E foram, e encontraram o jumentinho preso fóra da porta, entre dois
caminhos, e o soltaram.

5 E alguns dos que ali estavam lhes disseram: Que fazeis, soltando o
jumentinho?

6 Elles, porém, disseram-lhes como Jesus lhes tinha mandado, e
deixaram-n’os ir.

7 E levaram o jumentinho a Jesus, e lançaram sobre elle os seus vestidos,
e assentou-se sobre elle:

8 E muitos [2] estendiam os seus vestidos pelo caminho, e outros cortavam
ramos das arvores, e _os_ espalhavam pelo caminho.

9 E aquelles que iam adiante, e os que seguiam, clamavam, dizendo:
Hosanna, [3] bemdito o que vem em nome do Senhor;

10 Bemdito o reino do nosso pae David, [4] que vem em nome do Senhor;
Hosanna nas alturas.

11 E Jesus entrou em [5] Jerusalem, no templo, e, tendo visto tudo em
redor, e sendo já tarde, saiu para Bethania com os doze.


_A figueira secca: a purificação do templo._

Mat. 21.12-22.

12 E, no dia seguinte, quando sairam de Bethania, teve fome,

13 E, [6] vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi _vêr_ se
n’ella acharia alguma coisa: e, chegando a ella, não achou senão folhas,
porque não era tempo de figos.

14 E Jesus, fallando, disse á figueira: Nunca mais alguem coma fructo de
ti, para sempre. E os seus discípulos ouviram _isto_.

15 E vieram a Jerusalem; [7] e Jesus, entrando no templo, começou a
expulsar os que vendiam e compravam no templo; e derribou as mesas dos
cambiadores e as cadeiras dos que vendiam pombas.

16 E não consentia que alguem levasse _algum_ vaso pelo templo.

17 E os ensinava, dizendo: Não está escripto: A minha casa será chamada
por todas as nações casa de oração? [8] Mas vós a tendes feito covil [9]
de ladrões.

18 E os escribas [10] e principes dos sacerdotes, tendo ouvido _isto_,
buscavam occasião para o matar; pois elles o temiam, porque [11] toda a
multidão estava admirada ácerca da sua doutrina.

19 E, sendo já tarde, saiu fóra da cidade.

20 E elles, passando pela [12] manhã, viram que a figueira se tinha
seccado desde as raizes.

21 E Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Mestre, eis que a figueira, que tu
amaldiçoaste, seccou-se.

22 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus;

23 Porque em verdade vos digo que [13] qualquer que disser a este monte:
Ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crêr que se
fará aquillo que diz, tudo o que disser lhe será feito.

24 Portanto vos digo que tudo o que pedirdes, [14] orando, crêde que _o_
recebereis, e tel-o-heis;

25 E, quando estiverdes orando, perdoae, se tendes alguma coisa contra
alguém, [15] para que vosso Pae, que _está_ nos céus, vos perdôe as
vossas offensas;

26 Mas, se vós [16] não perdoardes, tambem vosso Pae, que _está_ nos
céus, vos não perdoará as vossas offensas.


_Interrogação ácerca do baptismo de João._

27 E tornaram a Jerusalem, e, andando elle pelo [17] templo, os
principaes dos sacerdotes, e os escribas, e os anciãos se approximaram
d’elle,

28 E lhe disseram: Com que auctoridade fazes tu estas _coisas_? e quem te
deu esta auctoridade para fazer estas _coisas_?

29 Más Jesus, respondendo, disse-lhes: Também eu vos perguntarei uma
coisa, e respondei-me, e vos direi com que auctoridade faço estas
_coisas_:

30 O baptismo de João era do céu ou dos homens? respondei-me.

31 E elles arrazoavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu; elle _nos_
dirá: Pois porque o não crêstes?

32 Se, porém, dissermos: Dos homens; tememos o povo. Porque todos
sustentavam que [18] João verdadeiramente era propheta.

33 E, respondendo, disseram a Jesus: Não sabemos. E Jesus, respondendo,
lhes disse: Tambem eu vos não direi com que auctoridade faço estas
_coisas_.

[1] Luc. 19.29. João 12.14.

[2] Mat. 21.8.

[3] Psa. 118.26.

[4] Psa. 149.1.

[5] Mat. 21.12.

[6] Mat. 21.18.

[7] Mat. 21.19. Luc. 19.46. João 2.14.

[8] Isa. 66.7.

[9] Jer. 7.11.

[10] Mat. 21.45, 46. Luc. 19.47.

[11] Mat. 7.28. cap. 1.22. Luc. 4.32.

[12] Mat. 21.19.

[13] Mat. 17.19 e 21.21. Luc. 17.6.

[14] Mat. 7.7. Luc. 11.9. João 11.13 e 15.7 e 16.24. Thi. 1.5.

[15] Mat. 6.14. Col. 3.13.

[16] Mat. 18.35.

[17] Mat. 21.23. Luc. 20.1.

[18] Mat. 3.6 e 14.5. cap. 6.20.



_Parabola dos lavradores malvados._

Mat. 21.33-46.

12 E começou [1] a fallar-lhes por parabolas: Um homem plantou uma vinha,
e cercou-a de _um_ vallado, e fundou _n’ella_ um lagar, e edificou _uma_
torre, e arrendou-a a uns lavradores, e partiu para fóra da terra;

2 E, chegado o tempo, mandou um servo aos lavradores para que recebesse,
dos lavradores, do fructo da vinha.

3 Mas elles, apoderando-se d’elle, _o_ feriram e _o_ mandaram embora
vasio.

4 E tornou a enviar-lhes outro servo; e elles, apedrejando-o, _o_ feriram
na cabeça, e _o_ mandaram embora, tendo-_o_ affrontado.

5 E tornou a enviar-lhes outro, e a este mataram, e outros muitos, e
feriram uns, e mataram outros.

6 Tendo elle pois ainda um seu filho amado, enviou-o tambem a estes por
derradeiro, dizendo: Ao menos terão respeito ao meu filho.

7 Mas aquelles lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; vamos,
matemol-o, e a herança será nossa.

8 E, pegando d’elle, _o_ mataram, e _o_ lançaram fóra da vinha.

9 Que fará pois o Senhor da vinha? Virá, e destruirá os lavradores, e
dará a vinha a outros.

10 Ainda não lestes esta Escriptura: [2] A pedra, que os edificadores
rejeitaram, esta foi posta por cabeça da esquina:

11 Isto foi feito pelo Senhor, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos?

12 E buscavam [3] prendel-o, mas temiam a multidão, porque entendiam que
contra elles dizia esta parabola: e, deixando-o, foram-se.


_Interrogação ácerca do tributo._

Mat. 22.15-22.

13 E enviaram-lhe alguns [4] dos phariseos e dos herodianos, para que o
apanhassem n’_alguma_ palavra.

14 E, chegando elles, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és homem de
verdade, e de ninguem se te dá, porque não olhas á apparencia dos homens,
antes com verdade ensinas o caminho de Deus: é licito dar o tributo a
Cesar, ou não? Daremos, ou não daremos?

15 Então ele, conhecendo a sua hypocrisia, disse-lhes: Porque me tentaes?
trazei-me _uma_ moeda, para que _a_ veja.

16 E elles _lh’a_ trouxeram. E disse-lhes: De quem é esta imagem e
inscripção? E elles lhe disseram: De Cesar.

17 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dae _pois_ a Cesar o _que é_ de
Cesar, e a Deus o _que_ é de Deus. E maravilharam-se d’elle.


_Os sadduceos e a resurreição._

Mat. 22.23-33.

18 Então os [5] sadduceos, que dizem que não ha [6] resurreição,
approximaram-se d’elle, e perguntaram-lhe, dizendo:

19 Mestre, [7] Moysés nos escreveu que, se morresse o irmão de alguem, e
deixasse mulher e não deixasse filhos, seu irmão tomasse a mulher d’elle,
e suscitasse semente a seu irmão.

20 Ora havia sete irmãos, e o primeiro tomou mulher, e morreu sem deixar
semente;

21 E o segundo tambem a tomou e morreu, e nem este deixou semente; e o
terceiro da mesma maneira;

22 E tomaram-n’a _todos_ os sete, sem, comtudo, deixarem semente.
Finalmente, depois de todos, morreu tambem a mulher.

23 Na resurreição, pois, quando resuscitarem, de qual d’estes será a
mulher? porque os sete a tiveram por mulher.

24 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Porventura não erraes vós, porque
não sabeis as Escripturas nem o poder de Deus?

25 Porquanto, quando resuscitarem dos mortos, nem casarão, nem se darão
em casamento, mas serão como [8] os anjos que _estão_ nos céus.

26 E, ácerca dos mortos que houverem de resuscitar, não tendes lido no
livro de Moysés como Deus lhe fallou na sarça, dizendo: Eu _sou_ [9] o
Deus de Abrahão, e o Deus de Isaac, e o Deus de Jacob?

27 Ora Deus não é dos mortos, mas sim Deus dos vivos. Por isso vós erraes
muito.


_O primeiro de todos os mandamentos._

Mat. 22.35-40 e refs.

28 E, approximando-se d’elle um dos escribas que os tinha ouvido
disputar, sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o
primeiro de todos os mandamentos?

29 E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos _é_: Ouve,
[10] Israel, o Senhor nosso Deus é o unico Senhor.

30 Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças: este _é_ o
primeiro mandamento.

31 E o segundo, similhante a este, _é_: [11] Amarás o teu proximo como a
ti mesmo. Não ha outro mandamento maior do que estes.

32 E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que
ha um só [12] Deus, e que não ha outro além d’elle;

33 E que amal-o de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a
alma, e de todas as forças, e amar o proximo como a si mesmo, é mais do
que todos [13] os holocaustos e sacrificios.

34 E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás
longe do reino de Deus. E já ninguem [14] ousava perguntar-lhe mais nada.


_O Christo, Filho de David._

Mat. 22.41-46.

35 E, fallando [15] Jesus, dizia, ensinando no templo: Como dizem os
escribas que o Christo é filho de David?

36 Porque o mesmo David disse pelo Espirito Sancto: [16] O Senhor disse
ao meu Senhor: Assenta-te á minha direita até que eu ponha os teus
inimigos por escabello dos teus pés.

37 Pois, _se_ David mesmo lhe chama Senhor, como é logo seu filho? E a
grande multidão o ouvia de boa vontade.


_Jesus censura os escribas._

Mat. 23.6, etc.

38 E, ensinando-os, [17] dizia-lhes: Guardae-vos dos escribas, que gostam
de andar com vestidos compridos, e das saudações nas praças,

39 E das primeiras cadeiras nas synagogas, e dos primeiros assentos nas
ceias;

40 Que devoram [18] as casas das viuvas, e _isso_ com pretexto de largas
orações. Estes receberão mais grave condemnação.


_A oferta da viuva pobre._

Luc. 21.1-4.

41 E, estando Jesus assentado defronte da [19] arca do thesouro,
observava a maneira como a multidão lançava o dinheiro na arca do
thesouro; e muitos ricos deitavam muito.

42 E, chegando uma pobre viuva, deitou duas pequenas moedas, que valiam
quatro réis.

43 E, chamando os seus discipulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que
esta pobre [20] viuva deitou mais do que todos os que deitaram na arca do
thesouro,

44 Porque todos _ali_ deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua
pobreza, deitou tudo o [21] que tinha, todo o seu sustento.

[1] Luc. 20.9.

[2] Psa. 118.22.

[3] Mat. 21.45, 46. cap. 11.18. João 7.25, 30, 44.

[4] Luc. 20.20.

[5] Luc. 20.27.

[6] Act. 23.8.

[7] Deu. 25.5.

[8] I Cor. 15.42, 49.52.

[9] Exo. 3.6.

[10] Deu. 6.4. Luc. 10.27.

[11] Lev. 19.18. Mat. 22.39. Rom. 13.9. Gal. 5.14. Thi. 2.8.

[12] Deu. 4.39. Isa. 45.6, 14 e 46.9.

[13] I Sam. 15.22. Ose. 6.6. Miq. 6.6, 7, 8.

[14] Mat. 22.46.

[15] Luc. 20.41.

[16] II Sam. 23.2. Psa. 110.1.

[17] cap. 4.2. Luc. 20.46 e 11.43.

[18] Mat. 23.14.

[19] II Reis 12.9.

[20] II Cor. 8.12.

[21] Deu. 24.6. I João 3.17.



_O sermão prophetico: o principio de dôres._

Mat. 24.1-14 e refs.

13 E, saindo elle do [1] templo, disse-lhe um dos seus discipulos:
Mestre, olha que pedras, e que edificios!

2 E, respondendo Jesus, disse-lhe: Vês estes grandes edificios? Não
ficará pedra sobre pedra [2] que não seja derribada.

3 E, assentando-se elle no monte das Oliveiras, defronte do templo,
Pedro, e Thiago, e João e André lhe perguntaram em particular:

4 Dize-nos, quando serão essas _coisas_, e que signal _haverá_ quando[3]
todas essas _coisas_ se houverem de cumprir.

5 E Jesus, respondendo-lhes, começou a dizer: Olhae que ninguem [4] vos
engane;

6 Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou _o Christo_: e
enganarão a muitos.

7 E, quando ouvirdes de guerras e de rumores de guerras, não vos turbeis;
porque _assim_ importa fazer-se; mas ainda não _será_ o fim.

8 Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá
terremotos em diversos logares, e haverá fomes e alvoroços. Estas _coisas
serão_ o principio [5] de dôres.

9 Mas olhae por vós mesmos, [6] porque vos entregarão aos concilios e ás
synagogas; sereis açoitados, e sereis apresentados ante presidentes [AGS]
e reis, por amor de mim, para lhes servir de testemunho.

10 Mas importa que o [7] evangelho se pregue primeiro entre todas as
gentes.

11 Quando pois vos conduzirem para vos entregarem, não [8] estejaes
solicitos d’antemão pelo que haveis de dizer; mas, o que vos fôr dado
n’aquella hora, isso fallae; porque não sois vós os que fallaes, mas o
Espirito Sancto.

12 E o irmão [9] entregará á morte o irmão, e o pae o filho: e
levantar-se-hão os filhos contra os paes, e os matarão.

13 E sereis aborrecidos [10] por todos por amor do meu nome; mas quem
perseverar até ao fim esse será salvo.


_O sermão prophetico contínua: a grande tribulação._

Mat. 24.15-18 e refs.

14 Ora, quando vós virdes [11] a abominação do assolamento, que foi
predito, estando onde não deve estar (quem lê, entenda), então os que
estiverem na Judea [12] fujam para os montes.

15 E o que estiver sobre o telhado não desça para casa, nem entre a tomar
coisa alguma de sua casa;

16 E o que estiver no campo não volte atraz, para tomar o seu vestido.

17 Mas ai das [13] gravidas, e das que criarem n’aquelles dias!

18 Orae pois, para que a vossa fugida não succeda no inverno;

19 Porque _n_’aquelles dias [14] haverá _uma_ afflicção tal, qual nunca
houve desde o principio da creação, que Deus creou, até agora, nem tão
pouco haverá.

20 E, se o Senhor não abreviasse aquelles dias, nenhuma carne se
salvaria; mas, por causa dos escolhidos que escolheu, abreviou aquelles
dias.

21 E então, se alguem vos disser: Eis aqui [15] _está_ o Christo: ou,
Eil-o ali _está_: não _o_ acrediteis.

22 Porque se levantarão falsos christos, e falsos prophetas, e farão
signaes e prodigios, para enganarem, se _fôr_ possivel, até os escolhidos.

23 Mas vós vede; [16] eis que d’antemão vos tenho dito tudo.


_O sermão prophetico continúa: A vinda do Filho do homem._

Mat. 24.29-45, etc.

24 Ora, [17] n’aquelles dias, depois d’aquella afflicção, o sol se
escurecerá, e a lua não dará o seu resplendor,

25 E as estrellas cairão do céu, e as forças que _estão_ nos céus serão
abaladas.

26 E então verão [18] vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e
gloria.

27 E então enviará os seus anjos, e ajuntará os seus escolhidos, desde os
quatro ventos, da extremidade da terra até á extremidade do céu.

28 Aprendei pois a parabola [19] da figueira: Quando já o seu ramo se
torna tenro, e brota folhas, bem sabeis que _já_ está proximo o verão.

29 Assim tambem vós, quando virdes succederem estas _coisas_, sabei que
_já_ está junto ás portas.

30 Na verdade vos digo que não passará esta geração, até que todas estas
coisas aconteçam.

31 Passará o céu e a terra,[20] mas as minhas palavras não passarão.


_O sermão prophetico continúa: a vigilancia._

32 Porém d’aquelle dia e hora ninguem sabe, nem os anjos que _estão_ no
céu, nem o Filho, senão o Pae.

33 Olhae, vigiae [21] e orae; porque não sabeis quando chegará o tempo.

34 Como o homem,[22] que, partindo para fóra da terra, deixou a sua casa,
e deu auctoridade aos seus servos, e a cada um a sua obra, e mandou ao
porteiro que vigiasse;

35 Vigiae [23] pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se á
tarde, se á meia noite, se ao cantar do gallo, se pela manhã,

36 Para que não venha de improviso, e vos ache dormindo.

37 E as coisas que vos digo digo-_as_ a todos: Vigiae.

[1] Luc. 21.6.

[2] Luc. 19.14.

[3] Mat. 24.3. Luc. 21.7.

[4] Jer. 29.8. Eph. 5.6. I The. 2.3.

[5] Mat. 24.8.

[6] Mat. 10.17, 18 e 24.9. Apo. 2.10.

[7] Mat. 24.14.

[8] Mat. 10.19. Luc. 12.11 e 21.14. Act. 2.4 e 4.8, 31.

[9] Miq. 7.6. Mat. 10.21 e 24.10. Luc. 21.16.

[10] Mat. 24.9. Luc. 21.17. Dan. 12.12. Mat. 10.22 e 24.13. Apo. 2.10.

[11] Dan. 9.27.

[12] Luc. 21.21.

[13] Luc. 21.23 e 23.29.

[14] Dan. 9.26 e 12.1. Joel 2.2. Mat. 24.21.

[15] Mat. 24.23. Luc. 17.23 e 21.8.

[16] II Ped. 3.17.

[17] Dan. 7.10. Sof. 1.15. Luc. 21.25.

[18] Dan. 7.13, 14. Mat. 16.27 e 24.30. cap. 14.62. Act. 1.11. I The.
4.16. II The. 1.7, 10. Apo. 1.7.

[19] Mat. 24.32. Luc. 21.29, etc.

[20] Isa. 40.8.

[21] Mat. 24.42 e 25.13. Luc. 12.40 e 21.24. Rom. 13.11. I The. 5.6.

[22] Mat. 24.45 e 25.14.

[23] Mat. 24.42, 44.



_A consulta dos sacerdotes._

Mat. 26.3-5 e refs.

14 E d’alli a dois [1] dias era a paschoa, e a _festa dos pães_ asmos, e
os principaes dos sacerdotes e os escribas buscavam como o prenderiam com
dolo, e o matariam.

2 Mas elles diziam: Não na festa, para que porventura se não faça
alvoroço entre o povo.


_O jantar em Bethania._

Mat. 26.6-13 e refs.

3 E, estando elle em [2] Bethania, assentado _á mesa_, em casa de Simão,
o leproso, veiu uma mulher, que trazia um vaso de alabastro, com unguento
de nardo puro, de muito preço, e, quebrando o vaso, lh’o derramou sobre a
cabeça.

4 E alguns houve que em si mesmos se indignaram, e disseram: Para que se
fez este desperdicio de unguento?

5 Porque podia isto vender-se por mais de trezentos dinheiros, e dal-o
aos pobres. E bramavam contra ella.

6 Jesus, porém, disse: Deixae-a, para que a molestaes? Ella fez-me _uma_
obra boa.

7 Porque sempre tendes os[3] pobres comvosco, e podeis fazer-lhes bem,
quando quizerdes; porém a mim nem sempre me tendes.

8 Esta fez o que podia; antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura.

9 Em verdade vos digo que, em todas as partes do mundo onde este
evangelho fôr prégado, tambem _o_ que ella fez será contado para sua
memoria.


_O preço da traição._

Mat. 26.14-16.

10 E [4] Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principaes dos
sacerdotes para lh’o entregar.

11 E elles, ouvindo-o, folgaram, e prometteram dar-lhe dinheiro; e
buscava como o entregaria a tempo opportuno.


_A ultima paschoa: a sancta ceia._

Mat. 26.17-30.

12 E, no primeiro[5] dia dos _pães_ asmos, quando sacrificavam a paschoa,
disseram-lhe os discipulos: Aonde queres que vamos preparar-te _o
necessario_ para comer a paschoa?

13 E enviou dois dos seus discipulos, e disse-lhes: Ide á cidade, e um
homem, que leva um cantaro d’agua, vos encontrará; segui-o;

14 E, onde quer que entrar, dizei ao senhor da casa: O Mestre diz: Onde
está o aposento em que hei de comer a paschoa com os meus discipulos?

15 E elle vos mostrará um grande cenaculo mobilado _e_ preparado; ali a
preparae.

16 E, saindo os seus discipulos, foram á cidade, e acharam como lhes
tinha dito, e prepararam a paschoa.

17 E, chegada [6] a tarde, foi com os doze,

18 E, quando estavam assentados _á mesa_, e comendo, disse Jesus: Em
verdade vos digo que um de vos, que comigo come, ha de trahir-me.

19 E elles começaram a entristecer-se e a dizer-lhe um após outro:
_Porventura_ sou eu, Senhor? e outro: _Porventura_ sou eu, Senhor?

20 Porém elle, respondendo, disse-lhes: É um dos doze que mette comigo a
mão no prato.

21 Na verdade o Filho [7] do homem vae, como d’elle está escripto, mas
ai d’aquelle homem por quem o Filho do homem é trahido! bom seria ao tal
homem não haver nascido.

22 E, comendo elles, tomou [8] Jesus pão, e, abençoando-o, o partiu e
deu-lh’_o_, e disse: Tomae, comei, isto é o meu corpo.

23 E, tomando o calix, e dando graças, deu-lh’_o_; e todos beberam d’elle.

24 E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o _sangue_ do Novo Testamento, que
por muitos é derramado.

25 Em verdade vos digo que não beberei mais do fructo da vide, até
áquelle dia em que o beber novo no reino de Deus.

26 E, tendo cantado o [9] hymno, sairam para o monte das Oliveiras.


_Pedro é avisado._

Mat. 26.31-35 e refs.

27 E disse-lhes Jesus: Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim;
porque escripto [10] está: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão.

28 Mas, depois que eu [11] houver resuscitado, irei adiante de vós para a
Galilea.

29 E disse-lhe [12] Pedro: Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém,
eu.

30 E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, n’esta noite, antes
que o gallo cante duas vezes, tres vezes me negarás.

31 Mas elle dizia cada vez mais: Ainda que me seja necessario morrer
comtigo, de modo nenhum te negarei. E da mesma maneira diziam todos
tambem.


_Jesus em Gethsemane._

Mat. 26.36-46 e refs.

32 E foram a um logar chamado [13] Gethsemane, e disse aos seus
discipulos: Assentae-vos aqui, até que ore.

33 E tomou comsigo a Pedro, e a Thiago, e a João, e começou a ter pavor,
e a angustiar-se.

34 E disse-lhes: [14] A minha alma está profundamente triste até á morte:
ficae aqui, e vigiae.

35 E, tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para
que, se fosse possivel, passasse d’elle aquella hora.

36 E disse: [15] Abba, Pae, todas _as coisas_ te _são_ possiveis; affasta
de mim este calix; porém não o que eu quero, mas o que tu _queres_.

37 E, chegando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? não
podes vigiar uma hora?

38 Vigiae e orae, para que não entreis em tentação; o [16] espirito, na
verdade, _está_ prompto, mas a carne _é_ fraca.

39 E, tornando a ir, orou, dizendo as mesmas palavras.

40 E, tornando, achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos estavam
carregados, e não sabiam que responder-lhe.

41 E voltou terceira vez, e disse-lhes: Dormi agora, e descançae. Basta;
é chegada a hora. [17] Eis que o Filho do homem vae ser entregue nas mãos
dos peccadores.

42 Levantae-vos, [18] vamos; eis que está perto o que me trahe.


_Jesus é preso._

Mat. 26.47-56.

43 E logo, [19] fallando elle ainda, veiu Judas, que era um dos doze, da
parte dos principaes dos sacerdotes, e dos escribas e dos anciãos, e com
elle _uma_ grande multidão com espadas e varapaus.

44 Ora, o que o trahia, tinha-lhes dado _um_ signal, dizendo: Aquelle que
eu beijar, esse é; prendei-o, e levae-_o_ com segurança.

45 E, logo que chegou, approximou-se d’elle, e disse-lhe: Rabbi, Rabbi. E
beijou-o.

46 E lançaram-lhe as mãos, e o prenderam.

47 E um dos que ali estavam presentes, puxando da espada, feriu o servo
do summo sacerdote, e cortou-lhe a orelha.

48 E, respondendo [20] Jesus, disse-lhes: Saistes com espadas e varapaus
a prender-me, como a um salteador?

49 Todos os dias estava comvosco ensinando no templo, e não me
prendestes; mas _assim se faz_ para [21] que as Escripturas se cumpram.

50 Então, deixando-o, todos [22] fugiram.

51 E _um_ certo mancebo o seguia, envolto em um lençol sobre o _corpo_
nú. E os mancebos o prenderam;

52 E elle, largando o lençol, fugiu nú d’entre elles.


_Jesus perante o synhedrio._

Mat. 26.57-68.

53 E levaram Jesus [23] ao summo sacerdote, e ajuntaram-se a elle todos
os principaes dos sacerdotes, e os anciãos e os escribas.

54 E Pedro o seguiu de longe até dentro do pateo do summo sacerdote, e
estava assentado com os [AGT] servidores, e aquentando-se ao lume.

55 E os principaes [24] dos sacerdotes e todo o concilio buscavam _algum_
testemunho contra Jesus, para o matar, e não o achavam.

56 Porque muitos testificavam falsamente contra elle, mas os testemunhos
não eram conformes.

57 E, levantando-se alguns, testificavam falsamente contra elle, dizendo:

58 Nós ouvimos-lhe dizer: Eu derribarei [25] este templo, construido
pelas mãos, e em tres dias edificarei outro, não feito por mãos.

59 E nem assim o seu testemunho era conforme.

60 E, levantando-se [26] o summo sacerdote no meio, perguntou a Jesus,
dizendo: Nada respondes? Que testificam estes contra ti?

61 Mas elle calou-se, e nada respondeu. [27] O summo sacerdote lhe tornou
a perguntar, e disse-lhe: És tu o Christo, Filho do _Deus_ Bemdito?

62 E Jesus disse-lhe: Eu o sou, e vereis [28] o Filho do homem assentado
á direita do poder _de Deus_, e vindo sobre as nuvens do céu.

63 E o summo sacerdote, rasgando os seus vestidos, disse: Para que
necessitamos de mais testemunhas?

64 Vós ouvistes a blasphemia; que vos parece? E todos o condemnaram como
culpado de morte.

65 E alguns começaram a cuspir n’elle, e a cobrir-lhe o rosto, e a
dar-lhe punhadas, e a dizer-lhe: Prophetiza. E os servidores davam-lhe
bofetadas.


_Pedro nega a Jesus._

Mat. 26.69-75 e refs.

66 E, estando [29] Pedro em baixo, no atrio, chegou uma das creadas do
summo sacerdote;

67 E, vendo a Pedro, que se estava aquentando, olhou para elle, e disse:
Tu tambem estavas com Jesus Nazareno.

68 Mas elle negou-o, dizendo: Não o conheço, nem sei o que dizes. E saiu
fóra ao alpendre, e o gallo cantou.

69 E a creada, vendo-o outra [30] vez, começou a dizer aos que ali
estavam: Este é um dos taes.

70 Mas elle o negou outra vez. [31] E pouco depois os que ali estavam
disseram outra vez a Pedro: Verdadeiramente tu és um d’elles, porque és
tambem galileo, e a tua falla [32] é similhante.

71 E elle começou a imprecar, e a jurar, _dizendo_: Não conheço esse
homem de quem fallaes,

72 E [33] o gallo cantou segunda vez. E Pedro lembrou-se da palavra que
Jesus lhe tinha dito: Antes que o gallo cante duas vezes, tres vezes me
negarás tu. E, retirando-se d’ali, chorou.

[1] Luc. 22.1. João 11.55 e 13.1.

[2] João 12.1, 3. Luc. 7.37.

[3] Deu. 15.11.

[4] Luc. 22.3, 4.

[5] Luc. 22.7.

[6] Mat. 26.20, etc.

[7] Mat. 26.24. Luc. 22.22.

[8] Mat. 26.26. Luc. 22.19. I Cor. 11.23.

[9] Mat. 26.30.

[10] Zac. 13.7.

[11] cap. 16.7.

[12] Mat. 26.33, 34. Luc. 22.33, 34. João 13.37, 38.

[13] Luc. 22.39. João 18.1.

[14] João 12.27.

[15] Rom. 8.15. Gal. 4.6. Heb. 5.7. João 5.30 e 6.38.

[16] Rom. 7.19. Gal. 5.17.

[17] João 13.1.

[18] Mat. 26.46. João 18.1, 2.

[19] Luc. 22.17. João 18.3.

[20] Mat. 26.55. Luc. 22.52.

[21] Psa. 22.6. Isa. 63.7, etc. Luc. 22.37 e 24.44.

[22] Psa. 88.8. ver. 27.

[23] Luc. 22.54. João 18.13.

[24] Mat. 26.69.

[25] cap. 15.29. João 2.19.

[26] Mat. 26.62.

[27] Isa. 53.7. Mat. 26.63.

[28] Mat. 24.30 e 26.64. Luc. 22.69.

[29] Luc. 22.65. João 18.16.

[30] Mat. 26.71. Luc. 22.58. João 18.25.

[31] Mat. 26.73. Luc. 22.59. João 18.26.

[32] Act. 2.7.

[33] Mat. 26.75.



_Jesus perante Pilatos._

Mat. 27.1, 2; 11-31 e refs.

15 E logo ao [1] amanhecer os principaes dos sacerdotes, com os anciãos,
e os escribas, e todo o concilio, tiveram conselho; e, amarrando a Jesus,
_o_ levaram e entregaram a Pilatos.

2 E Pilatos [2] lhe perguntou: Tu és o Rei dos Judeos? E elle,
respondendo, disse-lhe: Tu _o_ dizes.

3 E os principaes dos sacerdotes o accusavam de muitas _coisas_; porém
elle nada respondia.

4 E Pilatos [3] o interrogou outra vez, dizendo: Nada respondes? Vê
quantas _coisas_ testificam contra ti.

5 Mas Jesus [4] nada mais respondeu, de maneira que Pilatos se
maravilhava.

6 Ora no _dia_ da festa [5] costumava soltar-lhes um preso qualquer que
elles pedissem.

7 E havia um chamado Barabbás, que, preso com outros amotinadores, tinha
n’um motim commettido uma morte.

8 E a multidão, dando gritos, começou a pedir _que fizesse_ como sempre
lhes tinha feito.

9 E Pilatos lhes respondeu, dizendo: Quereis que vos solte o Rei dos
Judeos?

10 Porque elle bem sabia que por inveja os principaes dos sacerdotes o
tinham entregado.

11 Mas os principaes dos [6] sacerdotes incitaram a multidão para que
lhes soltasse antes Barabbás.

12 E Pilatos, respondendo, lhes disse outra vez: Que quereis pois que
faça _d’aquelle_ a quem chamaes Rei dos Judeos?

13 E elles tornaram a clamar: Crucifica-o.

14 Mas Pilatos lhes disse: Pois que mal fez? E elles cada vez clamavam
mais: Crucifica-o.

15 Porém [7] Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou-lhes
Barabbás, e, açoitado Jesus, o entregou para que fosse crucificado.

16 E [8] os soldados o levaram dentro á sala, que é [AGU] a da audiência,
e convocaram toda a cohorte;

17 E vestiram-n’o de purpura, e, tecendo uma corôa de espinhos, lh’a
pozeram _na cabeça_.

18 E começaram a saudal-o, _dizendo_: Salve, Rei dos Judeos!

19 E feriram-n’o na cabeça com uma canna, e cuspiram n’elle, e, postos de
joelhos, o adoraram.

20 E, havendo-o escarnecido, despiram-lhe a purpura, e o vestiram com os
seus proprios vestidos, e o levaram fóra para o crucificar.


_A crucifixão._

Mat. 27.32-56 e refs.

21 E constrangeram um _certo_ [9] Simão Cyreneo, pae de Alexandre e de
Rufo, que _por ali_ passava, vindo do campo, a que levasse a cruz.

22 E levaram-n’o ao [10] logar do Golgotha, que é, traduzido, logar da
Caveira.

23 E deram-lhe a [11] beber vinho com myrrha, mas elle não o tomou.

24 E, havendo-o crucificado, repartiram os seus vestidos, [12] lançando
sobre elles sortes, _para saber_ o que cada um levaria.

25 E era a hora terceira, [13] e o crucificaram.

26 E por cima _d’elle_ estava [14] escripta a sua accusação: O REI DOS
JUDEOS.

27 E crucificaram [15] com elle dois salteadores, um á sua direita, e
outro á esquerda.

28 E cumpriu-se [16] a escriptura que diz: E com os malfeitores foi
contado.

29 E os que passavam blasphemavam d’elle, [17] meneando as suas cabeças,
e dizendo: [18] Ah! tu que derribas o templo, e em tres dias o edificas,

30 Salva-te a ti mesmo, e desce da cruz.

31 E da mesma maneira tambem os principaes dos sacerdotes, com os
escribas, diziam uns para os outros, zombando: Salvou os outros, e não
pode salvar-se a si mesmo;

32 O Christo, o Rei d’Israel, desça agora da cruz, para que o vejamos
e acreditemos. Tambem os que com elle estavam crucificados [19] o
injuriavam.

33 E, chegada a hora sexta, [20] foram feitas trevas sobre toda a terra
até á hora nona.

34 E, á hora nona, Jesus exclamou com grande voz, [21] dizendo: Eloi,
Eloi, lama sabachthani? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, porque me
desamparaste?

35 E alguns dos que ali estavam, ouvindo _isto_, diziam: Eis que chama
por Elias.

36 E um d’elles correu [22] a encher uma esponja de vinagre, e, pondo-_a_
n’uma canna, deu-lh’o a beber, dizendo: Deixae, vejamos se virá Elias
tiral-o.

37 E Jesus, [23] dando um grande brado, expirou.

38 E o véu [24] do templo se rasgou em dois, d’alto a baixo.

39 E o centurião, [25] que estava defronte d’elle, vendo que assim
clamando expirára, disse: Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus.

40 E tambem ali estavam _algumas_ mulheres, [26] olhando de longe, entre
as quaes estavam tambem Maria Magdalena, e Maria, mãe de Thiago, o menor,
e de José, e Salomé;

41 As quaes tambem o seguiam, [27] e o serviam, quando estava na Galilea;
e muitas outras, que tinham subido com elle a Jerusalem.


_A sepultura de Jesus._

Mat. 27.57-66 e refs.

42 E, [28] chegada a tarde, porquanto era _o dia da_ preparação, isto é,
a vespera do sabbado,

43 Chegou José d’Arimathea, senador honrado, que tambem [29] esperava o
reino de Deus, e ousadamente foi a Pilatos, e pediu o corpo de Jesus.

44 E Pilatos se maravilhou de que já estivesse morto. E, chamando o
centurião, perguntou-lhe se já havia muito que tinha morrido.

45 E, tendo-se certificado pelo centurião, deu o corpo a José,

46 O qual comprou [30] um lençol fino, e, tirando-o _da cruz_, o envolveu
no lençol, e o depositou n’um sepulchro lavrado n’_uma_ rocha; e revolveu
uma pedra para a porta do sepulchro.

47 E Maria Magdalena e Maria _mãe_ de José olhavam onde o punham.

[1] Psa. 2.2. Luc. 22.66 e 23.1. João 18.28. Act. 3.13 e 4.26.

[2] Mat. 27.11.

[3] Mat. 27.13.

[4] Isa. 63.7. João 19.9.

[5] Mat. 27.15. Luc. 23.17. João 18.39.

[6] Mat. 27.20. Act. 3.14.

[7] Mat. 27.26. João 19.1, 16.

[8] Mat. 27.27.

[9] Luc. 23.25.

[10] Mat. 27.33. Luc. 23.33. João 19.17.

[11] Mat. 27.34.

[12] Psa. 22.18. Luc. 23.34. João 19.23.

[13] Mat. 27.45. Luc. 23.34. João 19.23.

[14] Mat. 27.37. João 19.19.

[15] Mat. 27.38.

[16] Isa. 53.12. Luc. 22.37.

[17] Psa. 22.7.

[18] cap. 14.58. João 2.19.

[19] Mat. 27.44. Luc. 23.39.

[20] Mat. 27.45. Luc. 23.44.

[21] Psa. 22.1. Mat. 27.46.

[22] Mat. 27.48. João 19.29. Psa. 69.21.

[23] Mat. 27.50. Luc. 23.46. João 19.30.

[24] Mat. 27.51. Luc. 23.45.

[25] Mat. 27.54. Luc. 23.47.

[26] Mat. 27.55. Luc. 23.49. Psa. 38.11.

[27] Luc. 8.2, 3.

[28] Luc. 23.50. João 19.38.

[29] Luc. 2.25, 38. Mat. 27.59, 60.

[30] Luc. 23.53. João 19.40.



_A resurreição._

Mat. 28.1-10 e refs.

16 E, passado [1] o sabbado, Maria Magdalena, e Maria, _mãe_ de Thiago, e
Salomé, compraram aromas para irem ungil-o.

2 E, no primeiro dia [2] da semana, foram ao sepulchro, de manhã cedo, ao
nascer do sol;

3 E diziam umas ás outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do
sepulchro?

4 E, olhando, viram que _já_ a pedra estava revolvida; porque era muito
grande.

5 E, entrando [3] no sepulchro, viram um mancebo assentado á direita,
vestido de _uma_ roupa comprida, branca; e ficaram espantadas.

6 Porém elle disse-lhes: [4] Não vos assusteis; buscaes a Jesus Nazareno,
que foi crucificado; _já_ resuscitou, não está aqui; eis aqui o logar
onde o pozeram.

7 Porém ide, dizei a seus discipulos, e a Pedro, que elle vae adiante de
vós para a Galilea; [5] ali o vereis, como elle vos disse.

8 E, saindo ellas apressadamente, fugiram do sepulchro, porque estavam
possuidas de temor e assombro; [6] e nada diziam a ninguem, porque temiam.


_Apparições de Jesus depois da sua resurreição._

9 E _Jesus_, tendo resuscitado na manhã do primeiro dia da semana, [7]
appareceu primeiramente a Maria Magdalena, da qual tinha expulsado sete
demonios.

10 _E_, [8] partindo ella, annunciou-o áquelles que tinham estado com
elle, os quaes estavam tristes, e chorando.

11 E, ouvindo elles [9] que vivia, e que tinha sido visto por ella, não o
creram.

12 E depois manifestou-se n’outra fórma [10] a dois d’elles, que iam de
caminho para o campo.

13 E, indo estes, annunciaram-n’o aos outros, mas nem ainda estes creram.

14 Finalmente [11] appareceu aos onze, estando elles assentados
juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de
coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já resuscitado.

15 E disse-lhes: [12] Ide por todo o mundo, prégae o evangelho a toda a
creatura:

16 Quem [13] crêr e fôr baptizado será salvo; mas quem não crêr será
condemnado.

17 E estes signaes seguirão aos que crêrem: [14] Em meu nome expulsarão
os demonios; fallarão novas linguas:

18 Pegarão nas [15] serpentes; e, se beberem alguma coisa mortifera, não
lhes fará damno algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os sararão.

19 Ora o Senhor, [16] depois de lhes ter fallado, foi recebido acima no
céu, e assentou-se á direita de Deus.

20 E elles, tendo partido, prégaram por todas as partes, cooperando com
_elles_ o Senhor, [17] e confirmando a palavra com os signaes que se
seguiram. Amen.

[1] Luc. 24.1 e 23.56. João 20.1.

[2] Luc. 24.1. João 20.1.

[3] Luc. 24.3. João 20.11, 12.

[4] Mat. 28.5, 6, 7.

[5] Mat. 26.32. cap. 14.28.

[6] Mat. 28.8. Luc. 24.9.

[7] João 20.14. Luc. 8.2.

[8] Luc. 24.10. João 20.18.

[9] Luc. 24.11.

[10] Luc. 24.13.

[11] Luc. 24.36. João 20.19. I Cor. 15.5.

[12] Mat. 28.19. João 15.16. Col. 1.23.

[13] João 3.18 e 12.48. Act. 2.38 e 16.30. Rom. 10.9. I Ped. 3.21.

[14] Luc. 10.17. Act. 5.16 e 8.7 e 16.18 e 19, 12 e 2.4 e 10.46 e 19.6. I
Cor. 12.10, 28.

[15] Luc. 10.19. Act. 28.5, 28 e 5.15, 16 e 9.17. Thi. 5.14.

[16] Act. 1.2, 3 e 7.55. Luc. 24.51.

[17] Act. 5.12 e 14.3. I Cor. 2.4, 5. Heb. 2.4.



O SANCTO EVANGELHO SEGUNDO S. LUCAS.



_Prefacio_

[6 Annos antes do Anno Domini]

1 Tendo pois muitos emprehendido pôr em ordem a narração das coisas que
entre nós se cumpriram,

2 Segundo nos transmittiram [1] os mesmos que as viram desde o principio,
e foram ministros da palavra,

3 Pareceu-me [2] tambem a mim conveniente escrevel-as a ti, ó excellente
Theophilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo
desde o principio;

4 Para que conheças [3] a certeza das coisas de que _já_ estás informado.


_Annuncio do nascimento de João._

5 Existiu, no tempo [4] de Herodes, rei da Judéa, um sacerdote chamado
Zacharias, da ordem de Abias, e cuja mulher era das filhas d’Aarão; e o
seu nome _era_ [AGV] Isabel.

6 E eram ambos [5] justos perante Deus, andando sem reprehensão em todos
os mandamentos e preceitos do Senhor.

7 E não tinham filhos, porquanto Isabel era esteril, e ambos eram
avançados em edade.

8 E aconteceu que, exercendo elle o sacerdocio [6] diante de Deus, na
ordem da sua turma,

9 Segundo o costume sacerdotal, coube-lhe em sorte entrar no templo do
Senhor [7] a offerecer o incenso.

10 E toda a multidão do povo estava fóra, orando á hora do incenso,

11 E um anjo do Senhor lhe appareceu, posto em pé, á direita do [8] altar
do incenso.

12 E Zacharias, vendo-_o_, [9] turbou-se, e caiu temor sobre elle.

13 Mas o anjo lhe disse: Zacharias, não temas, porque a tua oração foi
ouvida, e Isabel, tua mulher, dará á luz um filho, e lhe porás o [10]
nome de João;

14 E terás prazer e alegria, [11] e muitos se alegrarão no seu nascimento;

15 Porque será grande diante do Senhor, e não [12] beberá vinho, nem
[AGW] bebida forte, e será cheio do Espirito Sancto, até desde o ventre
de sua mãe;

16 E converterá muitos [13] dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus;

17 E irá adiante d’elle no espirito e virtude d’Elias, para converter os
corações dos paes aos filhos, e os rebeldes á prudencia dos justos; para
preparar ao Senhor um povo _bem_ disposto.

18 Disse então Zacharias ao anjo: [14] Como conhecerei isto? pois eu _já_
sou velho, e minha mulher avançada em edade.

19 E, respondendo o anjo, disse-lhe: Eu sou [15] Gabriel, que assisto
diante de Deus, e fui enviado a fallar-te e dar-te estas alegres novas;

20 E eis que ficarás mudo, e não [16] poderás fallar até ao dia em que
estas _coisas_ aconteçam; porquanto não crêste nas minhas palavras, que a
seu tempo se hão de cumprir.

21 E o povo estava esperando a Zacharias, e maravilhavam-se de que tanto
se demorasse no templo.

22 E, saindo elle, não lhes podia fallar; e entenderam que tinha visto
_alguma_ visão no templo. E fallava por acenos, e ficou mudo.

23 E succedeu que, terminados [17] os dias do seu ministerio, voltou para
sua casa.

24 E depois d’aquelles dias Isabel, sua mulher, concebeu, e por cinco
mezes se occultou, dizendo:

25 Porque isto me fez o Senhor, nos dias em que attentou _em mim_, para
destruir o meu [18] opprobrio entre os homens.


_Annuncio do nascimento de Jesus._

26 E, no sexto mez, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da
Galilea, chamada Nazareth,

27 A uma virgem [19] desposada com um varão, cujo nome era José, da casa
de David; e o nome da virgem _era_ Maria.

28 E, entrando o anjo aonde ella estava, disse: [20] [AGX] Salve,
agraciada; o Senhor _é_ comtigo: bemdita tu entre as mulheres.

29 E, vendo-_o_ ella, [21] turbou-se muito das suas palavras, e
considerava que saudação seria esta.

30 Disse-lhe então o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante
de Deus;

31 E eis que em teu ventre conceberás, [22] e darás á luz um filho, e
pôr-lhe-has o nome de Jesus.

32 Este será grande, [23] e será chamado filho do Altissimo; e o Senhor
Deus lhe dará o throno de David, seu pae;

33 E reinará eternamente na casa de Jacob, e o [24] seu reino não terá
fim.

34 E disse Maria ao anjo: Como se fará isto? pois não conheço varão.

35 E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espirito Sancto,
e a virtude do Altissimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que tambem o
Sancto, [25] que de ti ha de nascer, será chamado Filho de Deus.

36 E eis que tambem Isabel, tua prima, concebeu um filho em sua velhice;
e é este o sexto mez para aquella que era chamada esteril;

37 Porque para [26] Deus nada será impossivel.

38 Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim
segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se d’ella.


_Maria visita Isabel._

39 E n’aquelles dias, levantando-se Maria, foi apressada ás [27]
montanhas, a uma cidade de Juda,

40 E entrou em casa de Zacharias, e saudou a Isabel.

41 E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a creancinha
saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espirito Sancto,

42 E exclamou com grande voz, e disse: Bemdita [28] tu entre as mulheres,
e bemdito o fructo do teu ventre.

43 E d’onde me _provém_ isto a mim, que a mãe do meu Senhor venha a mim?

44 Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a
creancinha saltou de alegria no meu ventre;

45 E bemaventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as _coisas_ que da
parte do Senhor lhe foram ditas.


_O cantico de Maria._

46 Disse então Maria: [29] A minha alma engrandece ao Senhor,

47 E o meu espirito se alegra em Deus meu Salvador;

48 Porque attentou [30] na baixeza de sua serva; pois eis que desde agora
todas as gerações me chamarão bemaventurada:

49 Porque me fez grandes coisas o [31] Poderoso; e sancto _é_ o seu nome.

50 E a sua misericordia [32] _é_ de geração em geração sobre os que o
temem.

51 Com o seu braço obrou valorosamente: [33] dissipou os soberbos no
pensamento de seus corações.

52 Depoz dos thronos [34] os poderosos, e elevou os humildes.

53 Encheu de bens [35] os famintos, e despediu vasios os ricos.

54 Auxiliou a Israel seu [36] servo, recordando-se da _sua_ misericordia;

55 Como fallou a nossos paes, a Abrahão [37] e á sua posteridade, para
sempre.

56 E Maria ficou com ella quasi tres mezes, e depois voltou para sua casa.


_O nascimento de João Baptista._

57 E completou-se para Isabel o tempo de dar á luz, e teve um filho.

58 E os seus visinhos e parentes ouviram que tinha Deus usado para com
ella de grande misericordia, [38] e alegraram-se com ella.

59 E aconteceu que, ao oitavo [39] dia, vieram circumcidar o menino, e
lhe chamavam Zacharias, do nome de seu pae.

60 E, respondendo sua mãe, disse: [40] Não, porém será chamado João.

61 E disseram-lhe: Ninguem ha na tua parentela que se chame por este nome.

62 E perguntaram por acenos ao pae como queria que lhe chamassem.

63 E, pedindo elle uma taboinha de escrever, escreveu, dizendo: [41] O
seu nome é João. E todos se maravilharam.

64 E logo a bocca se lhe abriu, [42] e a lingua se lhe _soltou_; e
fallava, louvando a Deus.

65 E veiu temor sobre todos os seus circumvisinhos, e em todas as [43]
montanhas da Judea foram divulgadas todas estas coisas.

66 E todos os que _as_ ouviam _as_ conservavam em seus corações, dizendo:
[44] Quem será pois este menino? E a mão do Senhor estava com elle.


_O cantico de Zacharias._

67 E Zacharias, seu pae, foi cheio do [45] Espirito Sancto, e
prophetizou, dizendo:

68 Bemdito [46] o Senhor Deus d’Israel, porque visitou e remiu o seu povo,

69 E nos levantou [AGY] uma salvação poderosa [47] na casa de David seu
servo,

70 Como fallou pela bocca dos [48] seus sanctos prophetas, desde o
principio do mundo;

71 _Que nos_ livraria dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos
aborrecem;

72 Para manifestar [49] misericordia a nossos paes, e lembrar-se do seu
sancto concerto,

73 E do juramento [50] que jurou a Abrahão nosso pae,

74 De conceder-nos que, libertados da mão de nossos inimigos, [51] o
serviriamos sem temor,

75 Em [52] sanctidade e justiça perante elle, todos os dias da nossa vida.

76 E tu, ó menino, serás chamado propheta do Altissimo, porque has de ir
adiante [53] da face do Senhor, a preparar os seus caminhos;

77 Para dar ao seu povo conhecimento da salvação, [54] na remissão dos
seus peccados;

78 Pelas entranhas da misericordia do nosso Deus, com que o Oriente do
alto [55] nos visitou;

79 Para [56] alumiar aos que estão assentados em trevas e sombra de
morte; a fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.

80 E o [57] menino crescia, e se robustecia em espirito. E esteve nos
desertos até ao dia em que havia de mostrar-se a Israel.

[1] Heb. 2.3. I Ped. 5.1. II Ped. 1.16. I João 1.1. Mar. 1.1. João 15.27.

[2] Act. 15.19, 25, 28. I Cor. 7.40. Act. 11.4 e 1.1.

[3] João 20.31.

[4] Mat. 2.1. I Chr. 24.10, 19. Neh. 12.4, 17.

[5] Gen. 7.1 e 17.1. I Reis 9.4. II Reis 20.3. Job 1.1. Act. 23.1 e
24.16. Phi. 3.6.

[6] I Chr. 24.19. II Chr. 8.14 e 31.2.

[7] Exo. 30.7, 8. I Sam. 2.28. I Chr. 23.13. II Chr. 29.11. Lev. 16.17.
Apo. 8.3, 4.

[8] Exo. 30.1.

[9] ver. 20. Jui. 6.22 e 13.22. Dan. 10.8. cap. 2.9. Act. 10.4. Apo. 1.17.

[10] ver. 60, 63.

[11] ver. 58.

[12] Num. 6.3. Jui. 13.4. cap. 7.33. Jer. 1.5. Gal. 1.15.

[13] Mal. 4.5, 6 e 4.5. Mat. 11.14. Mar. 9.11.

[14] Gen. 17.17.

[15] Dan. 8.16 e 9.21, 22, 23. Mat. 18.10. Heb. 1.14.

[16] Eze. 3.26 e 24.27.

[17] II Reis 11.5. I Chr. 9.25.

[18] Gen. 30.23. Isa. 4.1 e 54.1, 4.

[19] Mat. 1.18. cap. 2.4, 5.

[20] Dan. 9.23 e 10.19. Jui. 6.12.

[21] ver. 12.

[22] Isa. 7.14. Mat. 1.21.

[23] Mar. 5.7. II Sam. 7.11. Psa. 132.11. Isa. 9.6 e 16.5. Jer. 23.5.
Apo. 3.7.

[24] Dan. 2.44 e 7.14, 27. Abd. 21. Miq. 4.7. João 12.34. Heb. 1.8.

[25] Mat. 1.20 e 14.33 e 26.63. Mar. 1.1. João 1.34 e 20.31. Act. 8.37.
Rom. 1.4.

[26] Gen. 18.14. Jer. 32.17. Zac. 8.6. Mat. 19.26. Mar. 10.27. cap.
18.27. Rom. 4.21.

[27] Jos. 21.9, 10, 11.

[28] ver. 28. Jui. 5.24.

[29] I Sam. 2.1. Psa. 34.2, 3 e 35.9. Hab. 3.18.

[30] I Sam. 1.11. Psa. 138.6. Mal. 3.12. cap. 11.27.

[31] Psa. 71.19 e 126.2, 3 e 111.9.

[32] Gen. 17.7. Exo. 20.6. Psa. 103.17.

[33] Psa. 98.1 e 118.15 e 33.10. Isa. 40.10 e 51.9 e 52.10. I Ped. 5.5.

[34] I Sam. 2.6. Job 5.11. Psa. 113.6.

[35] I Sam. 2.5. Psa. 34.10.

[36] Psa. 98.3. Jer. 31.3, 20.

[37] Gen. 17.19. Psa. 132.11. Rom. 11.28. Gal. 3.16.

[38] ver. 14.

[39] Gen. 17.12. Lev. 12.3.

[40] ver. 13.

[41] ver. 13.

[42] ver. 20.

[43] ver. 39.

[44] cap. 2.19. Gen. 39.2. Psa. 80.17.

[45] Joel 2.28.

[46] I Reis 1.48. Psa. 41.13 e 111.9. Exo. 3.16.

[47] Psa. 132.17.

[48] Jer. 23.5. Dan. 9.24. Act. 3.21. Rom. 1.2.

[49] Lev. 26.42. Psa. 98.3 e 106.45. Eze. 16.60.

[50] Gen. 12.3 e 17.4. Heb. 6.13, 17.

[51] Rom. 6.18. Heb. 9.14.

[52] Jer. 32.39. Eph. 4.24. II The. 2.13. II Tim. 1.9. Tito 2.12. I Ped.
1.15. II Ped. 1.4.

[53] Isa. 40.3. Mal. 3.1 e 4.5. Mat. 11.10. ver. 17.

[54] Mar. 1.4. cap. 3.3.

[55] Isa. 11.1. Mal. 4.2.

[56] Isa. 9.2 e 42.7 e 49.9. Mat. 4.16. Act. 26.18.

[57] cap. 2.40. Mat. 3.1 e 11.7.



_O nascimento de Jesus._

[Antes do Anno Domini 5]

2 E aconteceu n’aquelles dias que saiu um decreto da parte de Cesar
Augusto, para que todo o mundo se alistasse

2 (Este primeiro [1] alistamento foi feito sendo Cyrenio [AGZ] presidente
da Syria),

3 E todos iam alistar-se, cada um á sua propria cidade.

4 E subiu tambem José da Galilea, da cidade [2] de Nazareth, á Judea,
á cidade de David, chamada Bethlehem (porque era da casa e familia de
David),

5 Para alistar-se com Maria, [3] sua mulher, que estava gravida.

6 E aconteceu que, estando elles ali se cumpriram os dias em que havia de
dar á luz.

7 E deu á luz a [4] seu filho primogenito, e envolveu-o em pannos,
e deitou-o n’_uma_ mangedoura, porque não havia logar para elles na
estalagem.


_Os pastores de Bethlehem._

8 Ora havia n’aquella mesma comarca pastores que estavam no campo, e
guardavam durante as vigilias da noite o seu rebanho.

9 E eis que o anjo do Senhor veiu sobre elles, e a gloria do Senhor os
cercou de resplendor, [5] e tiveram grande temor.

10 E o anjo lhes disse: Não temaes, porque eis aqui vos dou novas de
grande alegria, [6] que será para todo o povo:

11 Que hoje, na cidade de David, vos [7] nasceu o Salvador, que é
Christo, o Senhor.

12 E isto vos _será por_ signal: Achareis o menino envolto em pannos, _e_
deitado n’uma mangedoura.

13 E, no mesmo instante, [8] appareceu com o anjo uma multidão dos
exercitos celestiaes, louvando a Deus, e dizendo:

14 Gloria a Deus nas [9] alturas, paz na terra, [10] boa vontade para os
homens.

15 E aconteceu que, ausentando-se d’elles os anjos para o céu, disseram
os pastores uns aos outros: Vamos pois até Bethlehem, e vejamos isso que
aconteceu, e que o Senhor nos notificou.

16 E foram apressadamente, e acharam Maria, e José, e o menino deitado na
mangedoura.

17 E, vendo-_o_, divulgaram a palavra que ácerca do menino lhes fôra dita;

18 E todos os que os ouviram se maravilharam do que os pastores lhes
diziam.

19 Mas [11] Maria guardava todas estas coisas, conferindo-_as_ em seu
coração.

20 E voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que
tinham ouvido e visto, como lhes havia sido dito.


_A circumcisão e apresentação de Jesus._

21 E, quando os oito dias [12] foram cumpridos, para circumcidar o
menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fôra posto antes
de ser concebido.

22 E, cumprindo-se os dias da purificação, [13] segundo a lei de Moysés,
o levaram a Jerusalem, para o apresentarem ao Senhor,

23 Segundo o que está escripto na lei do Senhor: Todo o [14] macho
primogenito será consagrado ao Senhor;

24 E para darem a offerta segundo o [15] disposto na lei do Senhor: um
par de rolas ou dois pombinhos.


_Simeão e Anna._

[Antes do Anno Domini 4]

25 E eis que havia em Jerusalem um homem cujo nome _era_ Simeão; e
este homem _era_ justo e temente a Deus, e esperava a [16] consolação
d’Israel; e o Espirito Sancto estava sobre elle.

26 E fôra-lhe divinamente revelado pelo Espirito Sancto [17] que elle não
morreria antes de ter visto o Christo do Senhor.

27 E pelo [18] Espirito foi ao templo, e, quando os paes introduziram o
menino Jesus, para com elle procederem segundo o uso da lei,

28 Elle então o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse:

29 Agora, Senhor, [19] despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra.

30 Pois _já_ os meus [20] olhos viram a tua salvação,

31 A qual tu preparaste perante a face de todos os povos;

32 Luz [21] para alumiar as nações, e para gloria de teu povo Israel.

33 E José, e sua mãe, se maravilharam das coisas que d’elle se diziam,

34 E Simeão os abençoou, e disse a Maria, sua mãe: Eis que este é posto
para queda e elevação [22] de muitos em Israel, e para signal que será
contradicto;

35 E _uma_ espada [23] traspassará tambem a tua propria alma; para que se
manifestem os pensamentos de muitos corações.

36 E estava ali a prophetiza Anna, filha de Fanuel, da tribu de Aser.
Esta era _já_ avançada em edade, e tinha vivido com o marido sete annos,
desde a sua virgindade,

37 E era viuva, de quasi oitenta e quatro annos, e não se affastava do
templo, [24] servindo _a Deus_ em jejuns e orações, de noite e de dia.

38 E esta, sobrevindo na mesma hora, dava graças a Deus, e fallava d’elle
a todos os [25] que esperavam a redempção em Jerusalem.


_O menino Jesus no meio dos doutores._

39 E, quando acabaram de cumprir tudo segundo a lei do Senhor, voltaram á
Galilea, para a sua cidade de Nazareth.

40 E o menino [26] crescia, e se fortalecia em espirito, cheio de
sabedoria; e a graça de Deus estava sobre elle.

41 Ora, todos os annos iam [27] seus paes a Jerusalem, á festa da
paschoa;

42 E, tendo elle _já_ doze annos, subiram a Jerusalem, segundo o costume
do dia da festa.

43 E, regressando elles, terminados aquelles dias, ficou o menino Jesus
em Jerusalem, e não _o_ souberam seus paes.

44 Pensando, porém, elles que viria de companhia pelo caminho, andaram
caminho de um dia, e buscavam-n’o entre os parentes e conhecidos;

45 E, como o não encontrassem, voltaram a Jerusalem em busca d’elle.

46 E aconteceu que, passados tres dias, o acharam no templo, assentado no
meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.

47 E todos [28] os que o ouviam admiravam a sua intelligencia e respostas.

48 E elles, vendo-o, maravilharam-se, e disse-lhe sua mãe: Filho, porque
fizeste assim para comnosco? Eis que teu pae e eu anciosos te buscavamos.

49 E elle lhes disse: Porque é que me buscaveis? Não sabeis que me convem
[29] tratar dos negocios de meu Pae?

50 E elles não [30] comprehenderam as palavras que lhes dizia.

51 E desceu com elles, e foi para Nazareth, e era-lhes sujeito. E sua mãe
[31] guardava no seu coração todas estas coisas.

52 E crescia Jesus em [32] sabedoria, e em estatura, e em graça para com
Deus e os homens.

[1] Act. 5.37.

[2] I Sam. 16.1, 4. João 7.42. Mat. 1.16. cap. 1.27.

[3] Mat. 1.18. cap. 1.27.

[4] Mat. 1.25.

[5] cap. 1.12.

[6] Gen. 12.3. Mat. 28.19. Mar. 1.15. cap. 24.47. Col. 1.23.

[7] Isa. 9.6. Mat. 1.21 e 2.6 e 16.16. Act. 2.36. Phi. 2.11.

[8] Gen. 28.12. Psa. 103.20. Dan. 7.10. Heb. 1.14. Apo. 5.11.

[9] cap. 19.38. Eph. 1.6 e 2.17. Apo. 5.13. Isa. 57.19. Rom. 5.1. Col.
1.20.

[10] João 3.16. Eph. 2.4, 7. II The. 2.16. I João 4.9.

[11] Gen. 37.11. cap. 1.66. ver. 51.

[12] Gen. 17.12. Lev. 12.3. cap. 1.59 e 1.31. Mat. 1.21, 25.

[13] Lev. 12.2, 3, 4, 6.

[14] Exo. 13.2 e 22.29 e 34.19. Num. 3.13 e 8.17 e 18.15.

[15] Lev. 12.2, 6, 8.

[16] Isa. 40.1. Mar. 15.43. ver. 38.

[17] Psa. 88.48. Heb. 11.5.

[18] Mat. 4.1.

[19] Gen. 46.30. Phi. 1.23.

[20] Isa. 52.10. cap. 3.6.

[21] Isa. 9.2 e 42.6. Mat. 4.16. Act. 13.47 e 28.28.

[22] Isa. 8.14. Ose. 14.9. Mat. 21.41. Rom. 9.32. I Cor. 1.23. II Cor.
2.16. I Chr. 2.7. Act. 28.22.

[23] Psa. 42.10. João 19.25.

[24] Act. 26.7, 8. I Tim. 5.5.

[25] Mar. 15.43. ver. 25. cap. 24.21.

[26] ver. 52. cap. 1.80.

[27] Exo. 23.15 e 34.23. Deu. 16.1, 16.

[28] Mat. 7.28. Mar. 1.22. cap. 4.22, 32. João 7.15, 46.

[29] João 2.16.

[30] cap. 9.45 e 18.34.

[31] ver. 19. Dan. 7.28.

[32] I Sam. 2.26. ver. 40.



_A prégação de João Baptista._

Mat. 3.1-12.

[Anno Domini 26]

3 E no anno quinze do imperio de Tiberio Cesar, sendo Poncio Pilatos
presidente da Judea, Herodes tetrarcha da Galilea, e seu irmão Philippe
tetrarcha da Iturea e da provincia de Traconites, e Lysaneas tetrarcha da
Abylinia,

2 Sendo Annás [1] e Caiphás summos sacerdotes, veiu no deserto a palavra
de Deus a João, filho de Zacharias.

3 _E_ percorreu toda a terra ao redor do Jordão, [2] prégando o baptismo
de arrependimento, para o perdão dos peccados;

4 Segundo o que está escripto no livro das palavras [3] do propheta
Isaias, que diz: Voz do que clama no deserto: Preparae o caminho do
Senhor; endireitae as suas veredas.

5 Todo o valle se encherá, e todo o monte e outeiro se abaixará; e os
_caminhos_ tortos se endireitarão, e os caminhos escabrosos se aplanarão;

6 E toda [4] a carne verá a salvação de Deus.

7 Dizia pois João á multidão que sahia a ser baptizada por elle: [5] Raça
de viboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir?

8 Dae pois fructos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em
vós mesmos: Temos Abrahão por pae; porque eu vos digo que até d’estas
pedras pode Deus suscitar filhos a Abrahão.

9 E tambem já está posto o machado á raiz das arvores; [6] toda a arvore,
pois, que não dá bom fructo, corta-se e lança-se no fogo.

10 E a multidão o interrogava, dizendo: [7] Que faremos pois?

11 E, respondendo elle, disse-lhes: Quem tiver [8] duas tunicas, reparta
com o que não tem, e quem tiver alimentos faça da mesma maneira.

12 E chegaram tambem [9] uns publicanos, para serem baptizados, e
disseram-lhe: Mestre, que devemos fazer?

13 E elle lhes disse: [10] Não peçaes mais do que o que vos está ordenado.

14 E uns soldados o interrogaram tambem, dizendo: E nós que faremos?
E elle lhes disse: [11] Não trateis mal, nem defraudeis alguem, e
contentae-vos com o vosso soldo.

15 E, estando o povo em expectação, e pensando todos de João, em seus
corações, se porventura seria o Christo,

16 Respondeu João a todos, dizendo: [12] Eu, na verdade, baptizo-vos com
agua, mas vem um mais poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de
desatar a correia das alparcas; esse vos baptizará com o Espirito Sancto
e com fogo.

17 E a sua pá _está_ em sua mão; e limpará a sua eira, [13] e ajuntará o
trigo no seu celleiro, porém queimará a palha com fogo que nunca se apaga.

18 E assim, admoestando, muitas outras _coisas_ tambem annunciava ao povo.

19 Sendo, porém, o [14] tetrarcha Herodes reprehendido por elle por causa
de Herodias, mulher de seu irmão Philippe, e por todas as maldades que
Herodes tinha feito,

20 Accrescentou a todas as outras ainda esta, de encerrar João n’um
carcere.


_O baptismo de Jesus._

Mar. 3.13-17. João 1.32.

[Anno Domini 27]

21 E aconteceu que, como todo o povo fosse baptizado, e sendo baptizado
_tambem_ Jesus, e orando, abriu-se o céu,

22 E o Espirito Sancto desceu sobre elle em forma corporea, como _uma_
pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu filho amado, em
ti me tenho comprazido.


_Genealogia de Jesus._

23 E o mesmo Jesus começava a ser de quasi trinta [15] annos, sendo (como
se cuidava) filho de José, _e José_ de Heli,

24 _e Heli_ de Matthat, _e Matthat_ de Levi, _e Levi_ de Melchi, _e
Melchi_ de Joanna, _e Joanna_ de José,

25 _e José_ de Mattathias, _e Mattathias_ de Amós, _e Amós_ de Naum, _e
Naum_ de Essi, _e Essi_ de Naggai,

26 _e Naggai_ de Maath, _e Maath_ de Mattathias, _e Mattathias_ de Semei,
_e Semei_ de José, _e José_ de Juda,

27 _e Juda_ de Johanna, _e Johanna_ de Rhesa, _e Rhesa_ de Zorobabel, _e
Zorobabel_ de Salathiel, _e Salathiel_ de Neri,

28 _e Neri_ de Melchi, _e Melchi_ de Addi, _e Addi_ de Cozam, _e Cozam_
de Elmodam, _e Elmodam_ de Er,

29 _e Er_ de José, _e José_ de Eliezer, _e Eliezer_ de Jorim, _e Jorim_
de Matthat, _e Matthat_ de Levi,

30 _e Levi_ de Simeon, _e Simeon_ de Juda, _e Juda_ de José, _e José_ de
Jonan, _e Jonan_ de Eliakim,

31 _e Eliakim_ de Melea, _e Melea_ de Mainan, _e Mainan_ de Matthata, _e
Matthata_ de Nathan, [16] _e Nathan_ de David,

32 _e David_ de Jesse, _e Jesse_ de Obed, _e Obed_ de Booz, _e Booz_ de
Salmon, _e Salmon_ de Naasson,

33 _e Naasson_ de Aminadab, _e Aminadab_ de Arão, _e Arão_ de Esrom, _e
Esrom_ de Fares, _e Fares_ de Juda,

34 _e Juda_ de Jacob, _e Jacob_ de Isaac, _e Isaac_ de Abrahão, _e
Abrahão_ de Thare, [17] _e Thare_ de Nachor,

35 _e Nachor_ de Saruch, _e Saruch_ de Ragau, _e Ragau_ de Faleg, _e
Faleg_ de Heber, _e Heber_ de Sala,

36 _e Sala_ de Cainan, [18] _e Cainan_ de Arfaxad, _e Arfaxad_ de Sem,
[19] _e Sem_ de Noé, _e Noé_ de Lamech,

37 _e Lamech_ de Mathusala, _e Mathusala_ de Henoch, _e Henoch_ de Jared,
_e Jared_ de Maleleel, _e Maleleel_ de Cainan,

38 _e Cainan_ de Henos, _e Henos_ de Seth, _e Seth_ de Adão, [20] _e
Adão_ de Deus.

[1] João 11.49, 51 e 18.13. Act. 4.6.

[2] Mat. 3.1. Mar. 1.4. cap. 1.77.

[3] Isa. 40.3. Mat. 3.3. Mar. 1.3. João 1.23.

[4] Psa. 98.2. Isa. 52.10. cap. 2.11.

[5] Mat. 3.7.

[6] Mat. 7.19.

[7] Act. 2.37.

[8] cap. 11.41. II Cor. 8.14. Thi. 2.15. I João 3.17.

[9] Mat. 21.32. cap. 7.29.

[10] cap. 19.8.

[11] Exo. 23.1. Lev. 19.11.

[12] Mat. 3.11.

[13] Miq. 4.12. Mat. 13.30.

[14] Mat. 14.3. Mar. 6.17.

[15] Num. 4.3, 35, 39, 43, 47.

[16] Zac. 12.12. II Sam. 5.14. I Chr. 3.5. Ruth 4.18, etc. I Chr. 2.10,
etc.

[17] Gen. 11.24.

[18] Gen. 11.12.

[19] Gen. 5.6, etc. e 11.10, etc.

[20] Gen. 5.1, 2.



_A tentação de Jesus._

Mat. 1.4-11.

[Anno Domini 31]

4 E Jesus, cheio do Espirito Sancto, voltou do Jordão [1] e foi levado
pelo Espirito ao deserto;

2 E quarenta dias foi tentado pelo diabo, e n’aquelles dias [2] não comeu
coisa alguma; e, terminados elles, teve fome.

3 E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se
transforme em pão.

4 E Jesus lhe respondeu, dizendo: Escripto está [3] que nem só de pão
viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus.

5 E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe n’um momento de tempo
todos os reinos do mundo.

6 E disse-lhe o diabo: Dar-te-hei a ti todo este poder, e a sua gloria;
porque a mim me foi entregue, [4] e dou-o a quem quero;

7 Portanto, se tu me adorares, tudo será teu.

8 E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vae-te, Satanaz; porque está escripto:
[5] Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Elle servirás.

9 Levou-o tambem a Jerusalem, [6] e pôl-o sobre o pinaculo do templo, e
disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te d’aqui abaixo;

10 Porque está escripto: [7] Mandará aos seus anjos, ácerca de ti, que te
guardem,

11 E que te sustenham nas mãos, para que nunca tropeces com o teu pé em
alguma pedra.

12 E, Jesus, respondendo, [8] disse-lhe: Dito está: Não tentarás ao
Senhor teu Deus.

13 E, acabando o [9] diabo toda a tentação, ausentou-se d’elle por algum
tempo.


_Jesus é expulso de Nazareth._

14 Então, [10] pela virtude do Espirito, voltou Jesus para a Galilea,
[11] e a sua fama saiu por todas as terras em derredor.

15 E ensinava nas suas synagogas, e por todos era louvado.

16 E, chegando a Nazareth, [12] onde fôra criado, n’um dia de sabbado,
segundo o seu costume, entrou na synagoga, e levantou-se para lêr.

17 E foi-lhe dado o livro do propheta Isaias; e, quando abriu o livro,
achou o logar em que estava escripto:

18 O Espirito [13] do Senhor _está_ sobre mim, porquanto me ungiu para
evangelizar aos pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração,

19 A apregoar [AHA] liberdade aos captivos, e dar vista aos cegos; a pôr
em liberdade os opprimidos; a annunciar o anno acceitavel do Senhor.

20 E, cerrando o livro, e tornando-_o_ a dar ao ministro, assentou-se; e
os olhos de todos na synagoga estavam fitos n’elle.

21 Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escriptura em vossos
ouvidos.

22 E todos lhe davam testemunho, e se maravilhavam [14] das palavras de
graça que sahiam da sua bocca: e diziam: Não é este o filho de José?

23 E elle lhes disse: Sem duvida me direis este proverbio: Medico,
cura-te a ti mesmo; faze tambem aqui na tua patria todas essas coisas que
ouvimos terem [15] sido feitas em Capernaum.

24 E disse: [16] Em verdade vos digo que nenhum propheta é bem recebido
na sua patria;

25 Em verdade vos digo [17] que muitas viuvas existiam em Israel nos dias
de Elias, quando o céu se cerrou por tres annos e seis mezes, de sorte
que em toda a terra houve grande fome;

26 E a nenhuma d’ellas foi enviado Elias, senão a Sarepta de Sidon, a uma
mulher viuva.

27 E muitos leprosos havia em [18] Israel no tempo do propheta Eliseu, e
nenhum d’elles foi purificado, senão Naaman o syro.

28 E todos, na synagoga, ouvindo estas coisas, se encheram de ira.

29 E, levantando-se, o expulsaram da cidade, e o levaram até ao cume do
monte em que a cidade d’elles estava edificada, para d’ali o precipitarem.

30 Elle, porém, passando [19] pelo meio d’elles, retirou-se.

31 E desceu [20] a Capernaum, cidade da Galilea, e _ali_ os ensinava nos
sabbados.

32 E admiravam a sua doutrina, porque a [21] sua palavra era com
auctoridade.


_Cura de um endemoninhado._

Mar. 1.23-28.

33 E estava na synagoga um homem que tinha um espirito de um demonio
immundo, e exclamou em alta voz,

34 Dizendo: Ah! que temos nós comtigo, Jesus Nazareno? vieste a
destruir-nos? [22] Bem sei quem és: o Sancto de Deus.

35 E Jesus o reprehendeu, dizendo: Cala-te, e sae d’elle. E o demonio,
lançando-o por terra no meio do povo, saiu d’elle sem lhe fazer mal algum.

36 E veiu espanto sobre todos, e fallavam entre si uns e outros,
dizendo: Que palavra _é_ esta, que até aos espiritos immundos manda com
auctoridade e poder, e elles saem?


_A cura da sogra de Pedro._

Mat. 8.14-17 e refs.

37 E a sua fama divulgava-se por todos os logares, em redor d’aquella
comarca.

38 Ora, [23] levantando-se Jesus da synagoga, entrou em casa de Simão; e
a sogra de Simão estava enferma com muita febre, e rogaram-lhe por ella.

39 E, inclinando-se para ella, reprehendeu a _febre_, e _esta_ a deixou.
E, levantando-se logo, servia-os.

40 E, ao pôr do sol, [24] todos os que tinham enfermos de varias doenças
lh’os traziam; e, pondo as mãos sobre cada um d’elles, os curava.

41 E tambem de muitos sahiam demonios, clamando [25] e dizendo: [26] Tu
és o Christo, o Filho de Deus. E elle, reprehendendo-_os_, não os deixava
fallar, porque sabiam que elle era o Christo.

42 E, sendo já dia, [27] saiu, e foi para um logar deserto; e a multidão
o buscava, e chegou junto d’elle; e o detinham, para que não se
ausentasse d’elles.

43 Porém elle lhes disse: Tambem é necessario que eu annuncie a outras
cidades o evangelho do reino de Deus; porque para isso sou enviado.

44 E prégava [28] nas synagogas da Galiléa.

[1] Mat. 4.1. Mar. 1.12. ver. 14. cap. 2.27.

[2] Exo. 34.28. I Reis 19.8.

[3] Deu. 8.3.

[4] João 12.31 e 14.30. Apo. 13.2, 7.

[5] Deu. 6.13 e 10.20.

[6] Mat. 4.5.

[7] Psa. 91.11, 12.

[8] Deu. 6.16.

[9] João 14.30. Heb. 4.15.

[10] Mat. 4.12. João 4.43. ver. 1.

[11] Act. 10.37.

[12] Mat. 2.23 e 13.54. Mar. 6.1. Act. 13.14 e 17.2.

[13] Isa. 61.1.

[14] Psa. 45.2. Mat. 13.54. Mar. 6.2. cap. 2.47. João 6.42.

[15] Mat. 4.13 e 11.23 e 13.54. Mar. 6.1.

[16] Mat. 13.57. Mar. 6.4. João 4.44.

[17] I Reis 17.9 e 18.1. Thi. 5.17.

[18] II Reis 5.14.

[19] João 8.59 e 10.39.

[20] Mat. 4.13. Mar. 1.21.

[21] Mat. 7.28, 29. Tito 2.15.

[22] ver. 41. Psa. 16.10. Dan. 9.24. cap. 1.35.

[23] Mar. 1.29.

[24] Mar. 1.32.

[25] Mar. 1.34 e 3.11.

[26] Mar. 1.25, 34. ver. 34, 35.

[27] Mar. 1.35.

[28] Mar. 1.39.



_A pesca maravilhosa: os primeiros discipulos._

5 E aconteceu [1] que, apertando-o a multidão, para ouvir a palavra de
Deus, estava elle junto ao lago de Genezareth;

2 E viu estar dois barcos junto _á praia_ do lago; e os pescadores,
havendo descido d’elles, estavam lavando as redes.

3 E, entrando n’um dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o
affastasse um pouco da terra; e, assentando-se, ensinava do barco a
multidão.

4 E, quando acabou de fallar, disse a Simão: [2] Faze-te ao mar alto, e
lançae as vossas redes para pescar.

5 E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a
noite, nada apanhámos; mas, sobre tua palavra, lançarei a rede.

6 E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e
rompia-se-lhes a rede.

7 E fizeram signal aos companheiros que estavam no outro barco, para que
os fossem ajudar. E foram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que
quasi iam a pique.

8 E Simão Pedro, vendo _isto_, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo:
Senhor, [3] ausenta-te de mim, que sou um homem peccador.

9 Porque o espanto se apoderara d’elle, e de todos os que com elle
estavam, por causa da pesca de peixe que haviam feito;

10 E, de egual modo, tambem de Thiago e João, filhos de Zebedeo, que eram
companheiros de Simão. E disse Jesus a Simão: Não temas: [4] de agora em
diante serás pescador de homens.

11 E, levando os barcos para terra, deixando tudo, [5] o seguiram.


_Cura d’um leproso._

Mat. 8.1-4 e refs.

12 E aconteceu [6] que, estando n’uma das cidades, eis que um homem cheio
de lepra, vendo a Jesus, prostrou-se sobre o rosto, e rogou-lhe, dizendo:
Senhor, se quizeres, bem podes limpar-me.

13 E elle, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. E logo a
lepra desappareceu d’elle.

14 E ordenou-lhe que a ninguem [7] o dissesse. Porém vae, _disse_,
mostra-te ao sacerdote, e offerece, pela tua purificação, o que Moysés
determinou, para que lhes sirva de testemunho.

15 Porém a sua fama se dilatava ainda mais, [8] e ajuntavam-se muitas
gentes para o ouvirem e para serem por elle curados das suas enfermidades.

16 Porém elle retirava-se [9] para os desertos, e _ali_ orava.


_Cura d’um paralytico._

Mat. 9.1-8 e refs.

17 E aconteceu que, n’um d’aquelles dias, estava ensinando, e estavam
_ali_ assentados phariseos e doutores da lei, que tinham vindo de todas
as aldeias da Galilea, e da Judea, e de Jerusalem, e a virtude do Senhor
estava com elle para os curar.

18 E eis que [10] _uns_ homens transportaram n’uma cama um homem que
estava paralytico, e procuravam introduzil-o, e pôl-o diante d’elle;

19 E, não achando por onde podessem introduzil-o, por causa da multidão,
subiram ao telhado, e pelas telhas o baixaram com a cama, até ao meio,
diante de Jesus.

20 E, vendo elle a fé d’elles, disse-lhe: Homem, os teus peccados te são
perdoados.

21 E [11] os escribas e os phariseos começaram a arrazoar, dizendo: Quem
é este que diz blasphemias? Quem pode perdoar peccados, [12] senão só
Deus?

22 Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, respondeu, e disse-lhes:
Que arrazoaes em vossos corações?

23 Qual é mais facil? dizer: Os teus peccados te são perdoados; ou dizer:
Levanta-te, e anda?

24 Ora, para que saibaes que o Filho do homem tem sobre a terra poder de
perdoar os peccados (disse ao paralytico), A ti te digo: Levanta-te, toma
a tua cama, e vae para tua casa.

25 E, levantando-se logo diante d’elles, e tomando a cama em que estava
deitado, foi para sua casa, glorificando a Deus.

26 E todos ficaram maravilhados, e glorificaram a Deus; e ficaram cheios
de temor, dizendo: Hoje vimos prodigios.


_A vocação de Levi._

Mat. 9.9-13 e refs.

27 E, depois [13] d’estas _coisas_, saiu, e viu um publicano, chamado
Levi, assentado na recebedoria, e disse-lhe: Segue-me.

28 E elle, deixando tudo, levantou-se e o seguiu.

29 E fez-lhe Levi [14] um grande banquete em sua casa; e havia _ali_ uma
multidão de publicanos e outros que estavam com elles á mesa.

30 E os escribas d’elles, e os phariseos, murmuravam contra os seus
discipulos, dizendo: Porque comeis e bebeis com publicanos e peccadores?

31 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Não necessitam de medico os que
estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos;

32 Eu não vim para chamar [15] os justos, mas, sim, os peccadores ao
arrependimento.


_Ácerca do jejum._

Mat. 9.14-17 e refs.

33 Disseram-lhe então elles: Porque jejuam os discipulos de João [16]
muitas vezes, e fazem orações, como tambem os dos phariseos, porém os
teus comem e bebem?

34 Mas elle lhes disse: Podeis vós fazer jejuar os filhos das bodas,
emquanto o esposo está com elles?

35 Dias virão, porém, em que o esposo lhes será tirado, _e_ então,
n’aquelles dias, jejuarão.

36 E disse-lhes tambem uma parabola: [17] Ninguem deita remendo de panno
novo em vestido velho; d’outra maneira o novo romperá _o velho_, e o
remendo novo não condiz com o velho.

37 E ninguem deita vinho novo em odres velhos; d’outra maneira o vinho
novo romperá os odres, e entornar-se-ha o vinho, e os odres se estragarão;

38 Mas o vinho novo deve deitar-se em odres novos, e ambos juntamente se
conservarão.

39 E ninguem que beber o velho quer logo o novo, porque diz: Melhor é o
velho.

[1] Mat. 4.18. Mar. 1.16.

[2] João 21.6.

[3] II Sam. 6.9. I Reis 17.18.

[4] Mat. 4.19. Mar. 1.17.

[5] Mat. 4.20 e 19.27. Mar. 1.18. cap. 18.28.

[6] Mar. 1.40.

[7] Mat. 8.4. Lev. 14.4, 10, 21.

[8] Mat. 4.25. Mar. 3.7. João 6.2.

[9] Mat. 14.23. Mar. 6.46.

[10] Mar. 2.3.

[11] Mat. 9.3. Mar. 2.6.

[12] Psa. 32.5. Isa. 43.25.

[13] Mar. 2.13.

[14] Mat. 9.10. Mar. 2.15. cap. 15.1.

[15] Mat. 9.13. I Tim. 1.15.

[16] Mar. 2.18.

[17] Mat. 9.16, 17. Mar. 2.21.



_Jesus é Senhor do sabbado._

Mat. 12.1-8 e refs.

6 E aconteceu [1] que, no sabbado segundo-primeiro, passou pelas searas,
e os seus discipulos iam arrancando espigas, e, esfregando-as com as
mãos, _as_ comiam.

2 E alguns dos phariseos lhes disseram: Porque fazeis [2] o que não é
licito fazer nos sabbados?

3 E Jesus, respondendo-lhes, disse: Nunca lêstes o que fez [3] David
quando teve fome, elle e os que com elle estavam?

4 Como entrou na casa de Deus, e tomou os pães da proposição, e os comeu,
e deu tambem aos que estavam com elle, [4] os quaes não é licito comer
senão só aos sacerdotes?

5 E dizia-lhes: O Filho do homem é Senhor até do sabbado.


_Cura d’um homem que tinha uma das mãos mirrada._

Mat. 12.9-14 e refs.

6 E aconteceu [5] tambem n’outro sabbado que entrou na synagoga, e estava
ensinando; e estava ali um homem que tinha a mão direita mirrada.

7 E os escribas e phariseos attentavam n’elle, se _o_ curaria no sabbado,
para acharem de que o accusar.

8 Mas elle bem conhecia os seus pensamentos; e disse ao homem que tinha a
mão mirrada: Levanta-te, e põe-te em pé no meio. E, levantando-se elle,
poz-se em pé.

9 Então Jesus lhes disse: Uma _coisa_ vos hei de perguntar: É licito nos
sabbados fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida, ou matar?

10 E, olhando para todos em redor, disse ao homem: Estende a tua mão. E
elle assim o fez, e a mão lhe foi restituida sã como a outra.

11 E ficaram cheios de furor, e uns com os outros praticavam sobre o que
fariam a Jesus.


_Eleição dos doze._

Mat. 10.1-4 e refs.

12 E aconteceu que [6] n’aquelles dias subiu ao monte a orar, e passou a
noite orando a Deus.

13 E, quando _já_ era dia, chamou a si os seus discipulos, e escolheu
doze d’elles, a quem tambem nomeou apostolos: _a saber_,

14 Simão, ao qual tambem chamou [7] Pedro, e André, seu irmão; Thiago e
João; Philippe e Bartholomeo;

15 E Mattheus e Thomé; Thiago, _filho_ d’Alfeo, e Simão, chamado o
zelador;

16 E Judas, _irmão_ de Thiago; [8] e Judas Iscariotes, que foi o traidor.


_O sermão da montanha._

Mat. caps. 5, 6, 7.

17 E, descendo com elles, parou n’um logar plano, e tambem uma grande
turba de seus [9] discipulos, e grande multidão de povo de toda a Judea,
e de Jerusalem, e da costa maritima de Tyro e de Sidon,

18 Que tinham vindo para o ouvir, e serem curados das suas enfermidades,
como tambem os atormentados dos espiritos immundos: e eram curados.

19 E toda [10] a multidão procurava tocal-o; porque sahia d’elle virtude,
e curava a todos.

20 E, levantando elle os olhos para os seus discipulos, dizia: [11]
Bemaventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus.

21 Bemaventurados vós, que agora tendes fome, [12] porque sereis fartos.
Bemaventurados vós, que agora choraes, porque haveis de rir.

22 Bemaventurados sereis [13] quando os homens vos aborrecerem, e quando
vos separarem, e injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como mau, por
causa do Filho do homem.

23 Folgae n’esse dia, [14] exultae; porque, eis que é grande o vosso
galardão no céu, porque assim faziam os seus paes aos prophetas.

24 Mas ai de [15] vós, ricos! porque _já_ tendes a vossa consolação.

25 Ai [16] de vós, que estaes fartos! porque tereis fome. Ai de vós, que
agora rides, porque lamentareis e chorareis.

26 Ai de vós [17] quando todos os homens de vós disserem bem, porque
assim faziam seus paes aos falsos prophetas.

27 Mas a vós, que ouvis _isto_, [18] digo: Amae a vossos inimigos, fazei
bem aos que vos aborrecem;

28 Bemdizei os que vos [19] maldizem, e orae pelos que vos calumniam.

29 Ao que te ferir n’uma face, [20] offerece-lhe tambem a outra; e, ao
que te houver tirado a capa, nem a tunica recuses;

30 E dá a [21] qualquer que te pedir; e, ao que tomar o _que é_ teu, não
lh’o tornes a pedir.

31 E, como vós quereis [22] que os homens vos façam, tambem da mesma
maneira lhes fazei vós.

32 E, [23] se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Porque
tambem os peccadores amam aos que os amam.

33 E, se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que recompensa tereis?
Porque tambem os peccadores fazem o mesmo.

34 E, se emprestardes [24] _áquelles_ de quem esperaes tornar a receber,
que recompensa tereis? Porque tambem os peccadores emprestam aos
peccadores, para tornarem a receber outro tanto.

35 Amae pois a vossos inimigos, [25] e fazei bem, e emprestae, sem nada
esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altissimo;
porque é benigno _até_ para com os ingratos e máus.

36 Sêde pois misericordiosos, [26] como tambem vosso Pae é misericordioso.

37 Não julgueis, [27] e não sereis julgados: não condemneis, e não sereis
condemnados: soltae, e soltar-vos-hão.

38 Dae, [28] e ser-vos-ha dado; boa medida, recalcada, sacudida e
trasbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com
que medirdes vos tornarão a medir.

39 E dizia-lhes uma parabola: [29] Pode porventura o cego guiar o cego?
não cairão ambos na cova?

40 [30] O discipulo não é sobre o seu mestre, mas todo o que fôr perfeito
será como o seu mestre.

41 E porque attentas tu [31] no argueiro que está no olho de teu irmão, e
não reparas na trave que está no teu proprio olho?

42 Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que
está no teu olho; não attentando tu mesmo na trave que está no teu olho?
Hypocrita, [32] tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para
tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.

43 Porque não [33] ha boa arvore que dê máu fructo, nem má arvore que dê
bom fructo.

44 Porque cada [34] arvore se conhece pelo seu proprio fructo; pois não
se colhem figos dos espinheiros, nem se vindimam uvas dos abrolhos.

45 O homem [35] bom do bom thesouro do seu coração tira o bem, e o homem
mau do mau thesouro do seu coração tira o mal, porque da abundancia do
seu coração falla a bocca.

46 E porque me chamaes, Senhor, Senhor, [36] e não fazeis o que eu digo?

47 Qualquer que vem para mim [37] e ouve as minhas palavras, e as
observa, eu vos mostrarei a quem é similhante:

48 É similhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem
fundo, e poz os alicerces sobre rocha, e, vindo a enchente, bateu com
impeto a corrente n’aquella casa, e não a poude abalar, porque estava
fundada sobre rocha.

49 Mas o que ouve e não obra é similhante ao homem que edificou uma casa
sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com impeto a corrente, e logo
caiu; e foi grande a queda d’aquella casa.

[1] Mar. 2.23.

[2] Exo. 20.10.

[3] I Sam. 21.6.

[4] Lev. 24.9.

[5] Mar. 3.1. cap. 13.14 e 14.3. João 9.16.

[6] Mat. 14.23.

[7] João 1.42.

[8] Jud. 1.

[9] Mat. 4.25. Mar. 3.7.

[10] Mat. 14.36. Mar. 5.30. cap. 8.46.

[11] Mat. 5.3 e 11.5. Thi. 2.5.

[12] Isa. 55.1 e 65.13 e 61.3. Mat. 5.6 e 5.4.

[13] Mat. 5.11. I Ped. 2.19 e 3.14. João 16.2.

[14] Mat. 5.12. Act. 5.41. Col. 1.24. Thi. 1.2. Act. 7.51.

[15] Amós 6.1. Thi. 5.1. Mat. 6.2. cap. 16.25.

[16] Isa. 65.13. Pro. 14.13.

[17] João 15.19. I João 4.5.

[18] Exo. 23.4. Pro. 25.21. Mat. 5.44. ver. 35. Rom. 12.20.

[19] cap. 23.34. Act. 7.60.

[20] I Cor. 6.7. Mat. 5.39.

[21] Deu. 15.7, 8, 10. Pro. 21.26. Mat. 5.42.

[22] Mat. 7.12.

[23] Mat. 5.46.

[24] Mat. 5.42.

[25] ver. 27. Psa. 37.26. ver. 30. Mat. 5.45.

[26] Mat. 5.48.

[27] Mat. 7.1.

[28] Pro. 19.17. Psa. 79.12. Mat. 7.2. Mar. 4.24. Thi. 2.13.

[29] Mat. 15.14.

[30] Mat. 10.24.

[31] Mat. 7.3.

[32] Pro. 18.17.

[33] Mat. 7.16, 17.

[34] Mat. 12.33.

[35] Mat. 12.34, 35.

[36] Mal. 1.6. Mat. 7.21 e 25.11. cap. 13.25.

[37] Mat. 7.24.



_O centurião de Capernaum._

Mat. 8.5-13 e refs.

7 E, depois de concluir todos estes discursos perante o povo, entrou em
Capernaum.

2 E o servo de um certo centurião, a quem muito estimava, estava doente,
e moribundo.

3 E, quando ouviu _fallar_ de Jesus, enviou-lhe uns anciãos dos judeos,
rogando-lhe que viesse e curasse o seu servo.

4 E, chegando elles junto de Jesus, rogaram-lhe muito, dizendo: É digno
de que lhe concedas isto,

5 Porque ama a nossa nação, e elle mesmo nos edificou a synagoga.

6 E foi Jesus com elles; mas, quando já estava perto da casa, enviou-lhe
o centurião uns amigos, dizendo-lhe: Senhor, não te incommodes, porque
não sou digno de que entres debaixo do meu telhado;

7 Pelo que nem ainda me julguei digno de ir ter comtigo; dize, porém, uma
palavra, e o meu creado sarará.

8 Porque tambem eu sou homem sujeito á auctoridade, e tenho soldados sob
o meu poder, e digo a este: Vae; e elle vae; e a outro: Vem; e elle vem;
e ao meu servo: Faze isto; e elle o faz.

9 E Jesus, ouvindo isto, maravilhou-se d’elle, e, voltando-se, disse á
multidão que o seguia: Digo-vos _que_ nem ainda em Israel tenho achado
tanta fé.

10 E, voltando para casa os que foram enviados, acharam são o servo
enfermo.


_O filho da viuva de Nain._

11 E aconteceu, no _dia_ seguinte, que _Jesus_ ia a _uma_ cidade chamada
Nain, e com elle iam muitos dos seus discipulos, e uma grande multidão;

12 E quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto,
filho unigenito de sua mãe, que _era_ viuva; e com ella ia uma grande
multidão da cidade.

13 E, vendo-a, o Senhor moveu-se de intima compaixão por ella, e
disse-lhe: Não chores.

14 E, chegando-se, tocou o esquife (e os que _o_ levavam pararam), e
disse: Mancebo, a ti te digo: [1] Levanta-te.

15 E o defunto assentou-se, e começou a fallar; e entregou-o a sua mãe.

16 E de todos se apoderou [2] o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um
grande propheta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo.

17 E correu d’elle esta fama por toda a Judea e por toda a terra
circumvisinha.


_João envia dois discipulos seus a Jesus._

Mat. 11.1-19 e refs.

18 E os discipulos de João annunciaram-lhe todas estas _coisas_.

19 E João, chamando dois dos seus discipulos, enviou-_os_ a Jesus,
dizendo: És tu aquelle que havia de vir, ou esperamos outro?

20 E, quando aquelles homens chegaram junto d’elle, disseram: João
Baptista enviou-nos a dizer-te: És tu aquelle que havia de vir, ou
esperamos outro?

21 E, na mesma hora, curou muitos de enfermidades, e males, e espiritos
máus, e deu vista a muitos cegos.

22 Respondendo então Jesus, [3] disse-lhes: Ide, e annunciae a João as
_coisas_ que tendes visto e ouvido: [4] que os cegos vêem, os coxos
andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos resuscitam
_e_ o Evangelho annuncia-se [5] aos pobres,

23 E bemaventurado aquelle que em mim se não escandalizar.

24 E, tendo-se retirado [6] os mensageiros de João, começou a dizer á
multidão ácerca de João: Que saistes a ver ao deserto? uma canna abalada
pelo vento?

25 Mas que saistes a vêr? um homem trajado de vestidos delicados? Eis que
os que andam com preciosos vestidos, e em delicias, estão nos paços reaes.

26 Mas que saistes a vêr? um propheta? sim, vos digo, e muito mais do que
propheta.

27 Este é aquelle de quem está escripto: [7] Eis que envio o meu anjo
adiante da tua face, o qual preparará diante de ti o teu caminho.

28 Porque eu vos digo que, entre os nascidos de mulheres, não ha maior
propheta do que João Baptista; mas o menor no reino de Deus é maior do
que elle.

29 E todo o povo que o ouviu e os publicanos [8] justificaram a Deus,
tendo sido baptizados com o baptismo de João.

30 Mas os phariseos e os doutores da lei rejeitaram [9] o conselho de
Deus contra si mesmos, não tendo sido baptizados por elle.

31 E disse o Senhor: [10] A quem pois compararei os homens d’esta
geração, e a quem são similhantes?

32 São similhantes aos meninos que, assentados nas praças, clamam uns
aos outros, e dizem: Tocámos-vos flauta, e não dançastes; cantámos-vos
lamentações, e não chorastes,

33 Porque [11] veiu João Baptista, que nem comia pão nem bebia vinho, e
dizeis: Tem demonio;

34 Veiu o Filho do homem, que come e bebe, e dizeis: Eis ahi [12] um
homem comilão, e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e dos peccadores.

35 Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos.


_A peccadora que ungiu os pés de Jesus._

36 E rogou-lhe [13] um dos phariseos que comesse com elle; e, entrando em
casa do phariseo, assentou-se á mesa.

37 E eis que uma mulher da cidade, uma peccadora, sabendo que elle estava
á mesa em casa do phariseo, levou um vaso de alabastro com unguento;

38 E, estando detraz, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os
pés com lagrimas, e enxugava-lh’os com os cabellos da sua cabeça; e
beijava-lhe os pés, e ungia-lh’os com o unguento.

39 E, quando _isto_ viu o phariseo que o tinha convidado, fallava
comsigo, dizendo: [14] Se este fôra propheta, bem saberia quem e qual _é_
a mulher que o tocou, porque é peccadora.

40 E Jesus, respondendo, disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E
elle disse: Dize-a, Mestre.

41 Um certo crédor tinha dois devedores; um devia-_lhe_ quinhentos
dinheiros, e outro cincoenta.

42 E, não tendo elles com que pagar, perdoou-lhes a ambos _a divida_.
Dize pois qual d’elles o amará mais?

43 E Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é aquelle a quem mais
perdoou. E elle lhe disse: Julgaste bem.

44 E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher?
Entrei em tua casa, e não me déste agua para os pés; mas esta regou-me os
pés com lagrimas, e m’os enxugou com os seus cabellos.

45 Não me déste osculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me
beijar os pés.

46 Não me ungiste [15] a cabeça com oleo, mas esta ungiu-me os pés com
unguento.

47 Por isso te digo [16] que os seus muitos peccados _lhe_ são perdoados,
porque muito amou; mas aquelle a quem pouco se perdoa pouco ama.

48 E disse-lhe a ella: [17] Os teus peccados _te_ são perdoados.

49 E os que estavam _á mesa_ começaram [18] a dizer entre si: Quem é
este, que até perdoa peccados?

50 E disse á mulher: [19] A tua fé te salvou: vae-te em paz.

[1] cap. 8.54. João 11.43. Act. 9.40. Rom. 4.17.

[2] cap. 1.65, 68 e 24.19. João 4.19 e 6.14 e 9.17.

[3] Mat. 11.4.

[4] Isa. 35.5.

[5] cap. 4.18.

[6] Mat. 11.7.

[7] Mal. 3.1.

[8] Mat. 3.5. cap. 3.12.

[9] Act. 20.27.

[10] Mat. 11.16.

[11] Mat. 3.4. Mar. 1.6. cap. 1.15.

[12] Mat. 11.19.

[13] Mat. 26.6. Mar. 14.3. João 11.2.

[14] cap. 15.2.

[15] Psa. 23.5.

[16] I Tim. 1.14.

[17] Mat. 9.2. Mar. 2.5.

[18] Mat. 9.3. Mar. 2.7.

[19] Mar. 5.34 e 10.52. cap. 8.48 e 18.42.



_As mulheres que serviam a Jesus com os seus bens._

8 E aconteceu, depois d’isto, que andava de cidade em cidade, e de aldeia
em aldeia, prégando e annunciando o evangelho do reino de Deus: e os doze
_andavam_ com elle,

2 E [1] _tambem_ algumas mulheres que haviam sido curadas de espiritos
malignos e de enfermidades: Maria, chamada Magdalena, [2] da qual sairam
sete demonios,

3 E Joanna, mulher de Chuza, procurador d’Herodes, e Suzana, e muitas
outras que o serviam com suas fazendas.


_A parabola do semeador._

Mat. 13.1-23 e refs.

4 E, [3] ajuntando-se uma grande multidão, e vindo ter com elle de todas
as cidades, disse por parabola:

5 Um semeador saiu a semear a sua semente, e, quando semeava, caiu uma
_parte_ junto do caminho, e foi pisada, e as aves do céu a comeram;

6 E outra _parte_ caiu sobre pedra, e, nascida, seccou-se, porquanto não
tinha humidade;

7 E outra _parte_ caiu entre espinhos, e, nascidos com ella os espinhos,
a suffocaram;

8 E outra _parte_ caiu em boa terra, e, nascida, produziu fructo, cento
por um. Dizendo elle estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça.

9 E [4] os seus discipulos o interrogaram, dizendo: Que parabola é esta?

10 E elle disse: A vós é dado conhecer os mysterios do reino de Deus, mas
aos outros por parabolas, [5] para que, vendo, não vejam, e, ouvindo, não
entendam.

11 [6] Esta é pois a parabola: A semente é a palavra de Deus;

12 E os que _estão_ junto do caminho, estes são os que ouvem; depois vem
o diabo, e tira-lhes do coração a palavra, para que se não salvem, crendo;

13 E os que estão sobre pedra, estes são os que, ouvindo a palavra, a
recebem com alegria, mas estes não teem raiz, pois crêem por algum tempo,
e no tempo da tentação se desviam;

14 E a que caiu entre espinhos, estes são os que ouviram, e, indo por
diante, se suffocam com os cuidados, e riquezas e deleites da vida, e não
dão fructo com perfeição;

15 E a que caiu em boa terra, estes são os que, ouvindo a palavra, a
conservam n’um coração honesto e bom, e dão fructo [AHB] em perseverança.


_A parabola da candeia._

Mar. 4.21-25 e refs.

16 E ninguem, [7] accendendo uma candeia, a cobre com algum vaso, ou _a_
põe debaixo da cama; porém põe-n’a no velador, para que os que entram
vejam a luz.

17 Porque não ha coisa [8] occulta que não haja de manifestar-se, nem
_coisa_ escondida que não haja de saber-se e vir á luz.

18 Vêde pois como ouvis; [9] porque a qualquer que tiver lhe será dado, e
a qualquer que não tiver até o que parece que tem lhe será tirado.


_A familia de Jesus._

Mat. 12.46-50 e refs.

19 E foram ter [10] com elle sua mãe e _seus_ irmãos, e não podiam chegar
a elle, por causa da multidão.

20 E foi-lhe annunciado _por alguns_, dizendo: Estão _lá_ fóra tua mãe e
teus irmãos, que querem ver-te.

21 Porém, respondendo elle, disse-lhes: Minha mãe e meus irmãos são
aquelles que ouvem a palavra de Deus e a executam.


_Jesus apazigua a tempestade._

Mat. 8.25-27 e refs.

22 E aconteceu [11] que, n’um d’aquelles dias, entrou n’um barco, e _com
elle_ os seus discipulos, e disse-lhes: Passemos para a outra banda do
lago. E partiram.

23 E, navegando elles, adormeceu; e sobreveiu uma tempestade de vento no
lago, e enchiam-se _d’agua_, e perigavam.

24 E, chegando-se a elle, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre,
perecemos. E elle, levantando-se, reprehendeu o vento e as ondas d’agua;
e cessaram, e fez-se bonança.

25 E disse-lhes: Onde está a vossa fé? E elles, temendo, maravilharam-se,
dizendo uns aos outros: Quem é este, que até aos ventos e á agua manda, e
lhe obedecem?


_O endemoninhado gadareno._

Mat. 8.28-34 e refs.

26 E navegaram para [12] a terra dos gadarenos, que está defronte da
Galilea.

27 E, quando desceu para terra, saiu-lhe ao encontro, _vindo_ da cidade,
um homem que desde muito tempo era possesso de demonios, e não andava
vestido, e não habitava em casa, mas nos sepulchros.

28 E, vendo a Jesus, prostrou-se diante d’elle, exclamando, e dizendo com
grande voz: Que tenho eu comtigo, Jesus, Filho do Deus Altissimo? Peço-te
que não me atormentes.

29 Porque mandava ao espirito immundo que saisse d’aquelle homem; porque
já havia muito tempo que o arrebatava. E guardavam-n’o preso com grilhões
e cadeias; mas, quebrando as prisões, era impellido pelo demonio para os
desertos.

30 E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E elle disse:
Legião; porque tinham entrado n’elle muitos demonios.

31 E rogavam-lhe que os não mandasse ir [13] para o abysmo.

32 E andava ali pastando no monte uma manada de muitos porcos; e
rogaram-lhe que lhes concedesse entrar n’elles; e concedeu-lh’o.

33 E, tendo saido os demonios do homem, entraram nos porcos, e a manada
arrojou-se de um despenhadeiro no lago, e afogaram-se.

34 E aquelles que os guardavam, vendo o que acontecera, fugiram, e foram
annuncial-_o_ na cidade e nos campos.

35 E sairam a vêr o que tinha acontecido, e vieram ter com Jesus; e
acharam o homem, de quem haviam saido os demonios, vestido, e em seu
juizo, assentado aos pés de Jesus: e temeram.

36 E os que tinham visto contaram-lhes tambem como fôra salvo aquelle
endemoninhado.

37 E [14] toda a multidão da terra dos gadarenos ao redor [15] lhe rogou
que se retirasse d’elles; porque estavam possuidos de grande temor. E,
entrando elle no barco, voltou.

38 E aquelle homem, de quem haviam saido os demonios, [16] rogou-lhe que
o deixasse estar com elle; porém Jesus o despediu, dizendo:

39 Torna para tua casa, e conta quão grandes _coisas_ te fez Deus. E elle
foi apregoando por toda a cidade quão grandes _coisas_ Jesus lhe tinha
feito.


_A filha de Jairo: a mulher que tinha um fluxo de sangue._

Mar. 5.21-43 e refs.

40 E aconteceu que, voltando Jesus, a multidão o recebeu, porque todos o
estavam esperando.

41 E eis que [17] chegou um varão, cujo nome _era_ Jairo, e era principe
da synagoga; e, prostrando-se aos pés de Jesus, rogava-lhe que entrasse
em sua casa;

42 Porque tinha uma filha unica, quasi de doze annos, e estava á morte.
E, indo elle, apertava-o a multidão.

43 E [18] uma mulher, que tinha um fluxo de sangue, havia doze annos, e
gastara com os medicos todos os seus haveres, e por nenhum podéra ser
curada,

44 Chegando por detraz _d’elle_, tocou a orla do seu vestido, e o fluxo
do seu sangue logo estancou.

45 E disse Jesus; Quem _é_ que me tocou? E, negando todos, disse Pedro e
os que estavam com elle: Mestre, a multidão te aperta e opprime, e dizes:
Quem _é_ que me tocou?

46 E disse Jesus: Alguem me tocou, [19] porque bem conheci que de mim
saiu virtude.

47 Então a mulher, vendo que não se occultava, approximou-se tremendo, e,
prostrando-se ante elle, declarou-lhe diante de todo o povo a causa por
que o havia tocado, e como logo sarára.

48 E elle lhe disse: Tem bom animo, filha, a tua fé te salvou: vae em paz.

49 Estando [20] elle ainda fallando, chegou um dos do principe da
synagoga, dizendo: A tua filha _já_ está morta, não incommodes o Mestre.

50 Jesus, porém, ouvindo-_o_, respondeu-lhe, dizendo: Não temas; crê
sómente, e será salva.

51 E, entrando em casa, a ninguem deixou entrar, senão a Pedro, e a
Thiago, e a João, e ao pae e á mãe da menina.

52 E todos choravam, e a pranteavam; e elle disse: Não choreis; não está
morta, [21] mas dorme.

53 E riam-se d’elle, sabendo que estava morta.

54 Porém elle, pondo-os todos fóra, e pegando-lhe na mão, clamou,
dizendo: [22] Levanta-te, menina.

55 E o seu espirito voltou, e ella logo se levantou; e Jesus mandou que
lhe déssem de comer.

56 E seus paes ficaram maravilhados; [23] e elle lhes mandou que a
ninguem dissessem o que havia succedido.

[1] Mat. 27.55, 56.

[2] Mar. 16.9.

[3] Mar. 4.1.

[4] Mat. 13.10. Mar. 4.10.

[5] Isa. 6.9. Mar. 4.12.

[6] Mat. 13.18. Mar. 4.14.

[7] Mat. 5.15. cap. 11.33.

[8] Mat. 10.26. cap. 12.2.

[9] Mat. 13.12 e 25.29. cap. 19.26.

[10] Mar. 3.31.

[11] Mar. 4.35.

[12] Mar. 5.1.

[13] Apo. 20.3.

[14] Mat. 8.34.

[15] Act. 16.39.

[16] Mar. 5.18.

[17] Mat. 9.1.

[18] Mat. 9.20.

[19] Mar. 5.30. cap. 6.19.

[20] Mar. 5.35.

[21] João 11.11, 13.

[22] cap. 7.14. João 11.43.

[23] Mat. 8.4 e 9.30. Mar. 5.43.



_A missão dos doze._

Mat. 10.5, etc.

[Anno Domini 32]

9 E, convocando os seus doze discipulos, [1] deu-lhes virtude e poder
sobre todos os demonios, e para curarem enfermidades;

2 E enviou-os a prégar o reino de [2] Deus, e a curar os enfermos.

3 E disse-lhes: [3] Nada leveis comvosco para o caminho, nem bordões, nem
alforge, nem pão, nem dinheiro; nem tenhaes dois vestidos.

4 E, em qualquer casa em que entrardes, [4] ficae ali, e de lá sahi.

5 E, se quaesquer vos não receberem, [5] saindo vós d’aquella cidade,
sacudi até o pó dos vossos [6] pés, em testemunho contra elles.

6 E, saindo elles, [7] percorreram todas as aldeias, annunciando o
evangelho, e curando por toda a parte _os enfermos_.


_Herodes o tetrarcha e João Baptista._

Mat. 14.1, etc.

7 E o tetrarcha Herodes [8] ouvia todas as _coisas_ que _Jesus_ fazia, e
estava em duvida, porquanto diziam alguns que João resuscitara dos mortos,

8 E outros que Elias tinha apparecido, e outros que um propheta dos
antigos havia resuscitado.

9 E disse Herodes: A João mandei eu degolar: quem é pois este de quem
ouço dizer taes _coisas_? E procurava [9] vêl-o.


_A primeira multiplicação dos pães._

Mat. 14.13-21 e refs.

10 E, regressando [10] os apostolos, contaram-lhe todas as _coisas_ que
tinham feito. E, tomando-os comsigo, retirou-se para um logar deserto de
uma cidade chamada Bethsaida.

11 E, sabendo-_o_ a multidão, o seguiu; e elle os recebeu, e fallava-lhes
do reino de Deus, e sarava os que necessitavam de cura.

12 E _já_ o dia começava a declinar, [11] e, chegando-se a elle os doze,
disseram-lhe: Despede a multidão, para que, indo aos logares e aldeias
em redor, se agasalhem, e achem que comer; porque aqui estamos em logar
deserto.

13 Mas elle lhes disse: Dae-lhes vós de comer. E elles disseram: Não
temos senão cinco pães e dois peixes: salvo se nós formos comprar comida
para todo este povo.

14 Porque estavam ali quasi cinco mil homens. Disse então aos seus
discipulos: Fazei-os assentar, aos ranchos de cincoenta em cincoenta.

15 E assim o fizeram, fazendo-_os_ assentar a todos.

16 E, tomando os cinco pães e os dois peixes, e olhando para o céu,
abençoou-os, e partiu-os, e deu-os aos seus discipulos para os porem
diante da multidão.

17 E comeram todos, e saciaram-se; e levantaram, do que lhes sobejou,
doze cestos de pedaços.


_A confissão de Pedro._

Mat. 16.13, etc.

18 E aconteceu que, [12] estando elle só, orando, estavam com elle os
discipulos; e perguntou-lhes, dizendo: Quem diz a multidão que eu sou?

19 E, respondendo elles, disseram: [13] _Uns_ João Baptista, outros
Elias, e outros que um dos antigos prophetas resuscitou.

20 E disse-lhes: E vós, quem dizeis que eu sou? [14] E, respondendo
Pedro, disse: O Christo de Deus.

21 E, admoestando-os, [15] mandou-_lhes_ que a ninguem o dissessem,

22 Dizendo: [16] É necessario que o Filho do homem padeça muitas
_coisas_, e seja rejeitado dos anciãos e dos escribas, e seja morto, e
resuscite ao terceiro dia.


_Cada um deve levar a sua cruz._

Mat. 16.24-28 e refs.

23 E dizia a todos: [17] Se alguem quer vir após mim, negue-se a si
mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.

24 Porque, qualquer que quizer salvar a sua [AHC] vida, perdel-a-ha;
porém qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará.

25 Porque, [18] que aproveita ao homem grangear o mundo todo, perdendo-se
ou prejudicando-se a si mesmo?

26 Porque, [19] qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar,
d’elle se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua gloria, e
_na_ do Pae e dos sanctos anjos,

27 E em verdade [20] vos digo que, dos que aqui estão, alguns ha que não
gostarão a morte até que vejam o reino de Deus.


_A transfiguração._

Mat. 17.1-13 e refs.

28 E aconteceu que, [21] quasi oito dias depois d’estas palavras, tomou
comsigo a Pedro, a João e a Thiago, e subiu ao monte a orar.

29 E, estando elle orando, transfigurou-se a apparencia do seu rosto, e o
seu vestido _ficou_ branco _e_ mui resplandecente.

30 E eis que estavam fallando com elle dois varões, que eram Moysés e
Elias,

31 Os quaes appareceram com gloria, e fallavam da sua morte, a qual havia
de cumprir-se em Jerusalem.

32 E Pedro e os que _se achavam_ com elle estavam [22] carregados de
somno, e, quando despertaram, viram a sua gloria e aquelles dois varões
que estavam com elle.

33 E aconteceu que, apartando-se elles d’elle, disse Pedro a Jesus:
Mestre, bom é que nós estejamos aqui, e façamos tres tendas, uma para ti,
uma para Moysés, e uma para Elias; não sabendo o que dizia.

34 E, dizendo elle isto, veiu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra;
e, entrando elles na nuvem, temeram.

35 E veiu da nuvem uma voz que dizia: [23] Este é o meu amado Filho: [24]
a elle ouvi.

36 E, tendo soado aquella voz, Jesus foi achado só: [25] e elles
calaram-se, e por aquelles dias não contaram a ninguem nada do que tinham
visto.


_Cura d’um joven lunatico._

Mat. 17.14-21 e refs.

37 E aconteceu, no dia seguinte, que, descendo elles do monte, lhes saiu
ao encontro _uma_ grande multidão;

38 E eis que um homem da multidão clamou, dizendo: [26] Mestre, peço-te
que olhes para o meu filho, porque é o unico que eu tenho,

39 E eis que um espirito o toma, e de repente clama, e o despedaça até
escumar; e apenas o larga depois de o ter quebrantado.

40 E roguei aos teus discipulos que o expulsassem, e não poderam.

41 E Jesus, respondendo, disse: Ó geração incredula e perversa! até
quando estarei ainda comvosco e vos soffrerei? Traze-me cá o teu filho.

42 E, quando vinha chegando, o demonio o derribou e _o_ convulsionou;
porém Jesus reprehendeu o espirito immundo, e curou o menino, e o
entregou a seu pae.

43 E todos pasmavam da magestade de Deus. E, maravilhando-se todos de
todas as _coisas_ que Jesus fazia, disse aos seus discipulos:

44 Ponde vós [27] estas palavras em vossos ouvidos, porque o Filho do
homem será entregue nas mãos dos homens.

45 Mas [28] elles não entendiam esta palavra, e era-lhes encoberta, para
que a não comprehendessem; e temiam interrogal-o ácerca d’esta palavra.


_O maior no reino dos céus._

Mat. 18.1, etc. e refs.

46 E suscitou-se entre elles uma questão, [29] _a saber_, qual d’elles
seria o maior.

47 Mas, vendo Jesus o pensamento de seus corações, tomou um menino, pôl-o
junto a si,

48 E disse-lhes: [30] Qualquer que receber este menino em meu nome,
recebe-me a mim; e qualquer que me recebe a mim, recebe o que me enviou;
[31] porque aquelle que entre vós todos fôr o menor, esse será grande.


_Quem não é contra nós é por nós._

Mar. 9.38-40.

49 E, respondendo João, [32] disse: Mestre, vimos um que em teu nome
expulsava os demonios, e lh’o prohibimos, porque não _te_ segue comnosco.

50 E Jesus lhes disse: Não _lh’o_ prohibaes, [33] porque quem não é
contra nós é por nós.


_Os samaritanos não recebem a Jesus._

51 E aconteceu que, completando-se os dias para a sua [34] assumpção,
voltou o seu rosto para ir a Jerusalem.

52 E mandou mensageiros adiante da sua face; e, indo elles, entraram
n’uma aldeia de samaritanos, para lhe prepararem _pousada_,

53 Mas não o receberam, [35] porque o seu aspecto era _como de quem_ ia a
Jerusalem.

54 E os seus discipulos, Thiago e João, vendo _isto_, disseram: Senhor,
queres que digamos que desça fogo do céu o os [36] consuma, como Elias
tambem fez?

55 Voltando-se, porém, elle, reprehendeu-os, e disse: Vós não sabeis de
que espirito sois.

56 Porque [37] o Filho do homem não veiu para destruir as almas dos
homens, mas para salval-_as_. E foram para outra aldeia.


_Ácerca dos que seguem a Jesus._

Mat. 8.19-22.

57 E aconteceu que, indo elles pelo caminho, lhe disse um: Senhor,
seguir-te-hei para onde quer que fôres.

58 E disse-lhe Jesus: As raposas teem covis, e as aves do céu ninhos, mas
o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.

59 E disse a outro: Segue-me. Porém elle disse: Senhor, deixa que
primeiro eu vá, e enterre a meu pae.

60 Mas Jesus lhe disse: Deixa aos mortos enterrar os seus mortos: porém
tu vae e annuncia o reino de Deus.

61 Disse tambem outro: [38] Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me despedir
primeiro dos que estão em minha casa.

62 E Jesus lhe disse: Ninguem, que lança mão do arado e olha para traz, é
apto para o reino de Deus.

[1] Mar. 3.3, 6, 7.

[2] Mat. 10.7, 8. Mar. 6.12. cap. 10.1, 9.

[3] Mat. 10.9. Mar. 6.8. cap. 10.4 e 22.35.

[4] Mat. 10.11. Mar. 6.10.

[5] Mat. 10.14.

[6] Act. 13.5.

[7] Mar. 6.12.

[8] Mar. 6.14.

[9] cap. 23.8.

[10] Mar. 6.30.

[11] Mat. 14.15. Mar. 6.35. João 6.1, 5.

[12] Mar. 8.27.

[13] Mat. 14.2. ver. 7, 8.

[14] Mat. 16.16. João 6.69.

[15] Mat. 16.20.

[16] Mat. 16.21 e 17.22.

[17] Mat. 10.38. Mar. 8.34. cap. 14.27.

[18] Mat. 16.26. Mar. 8.36.

[19] Mat. 10.33. Mar. 8.38. II Tim. 2.12.

[20] Mat. 16.28.

[21] Mar. 9.1.

[22] Dan. 8.18 e 10.9.

[23] Mat. 3.17.

[24] Act. 3.22.

[25] Mat. 17.9.

[26] Mar. 9.14, 17.

[27] Mat. 17.22.

[28] Mar. 9.32. cap. 2.50 e 18.34.

[29] Mar. 9.34.

[30] Mat. 10.40 e 18.6. Mar. 9.37. João 12.44 e 13.20.

[31] Mat. 23.11, 12.

[32] Num. 11.28.

[33] Mat. 12.30. cap. 11.23.

[34] Mar. 16.19. Act. 1.2.

[35] João 4.4, 9.

[36] II Reis 1.10, 12.

[37] João 3.17 e 12.47.

[38] I Reis 19.20.



_A missão dos setenta discipulos._

10 E depois d’isto designou o Senhor ainda outros setenta, e mandou-os
[1] adiante da sua face, de dois em dois, a todas as cidades e logares
onde elle havia de ir.

2 E dizia-lhes; [2] Grande _é_, em verdade, a seára, mas os obreiros
_são_ poucos; rogae pois ao Senhor da seára que envie obreiros para a sua
seára.

3 Ide: [3] eis que vos mando como cordeiros para o meio de lobos.

4 Não leveis bolsa, [4] nem alforge, nem alparcas; e a ninguem saudeis
pelo caminho.

5 E, em qualquer [5] casa aonde entrardes, dizei primeiro: Paz _seja_
n’esta casa.

6 E, se ali houver algum filho de paz, repousará sobre [AHD] elle a vossa
paz; e, se não, voltará para vós.

7 E ficae na mesma casa, [6] comendo e bebendo do que elles tiverem, [7]
pois digno é o obreiro do seu salario. [8] Não andeis de casa em casa.

8 E, em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que
vos pozerem adiante.

9 E curae [9] os enfermos que n’ella houver, e dizei-lhes: [10] É chegado
a vós o reino de Deus.

10 Mas em qualquer cidade, em que entrardes e vos não receberem, saindo
por suas ruas, dizei:

11 Até o pó, [11] que da vossa cidade se nos pegou, sacudimos sobre vós.
Sabei, todavia, isto, que _já_ o reino de Deus é chegado a vós.

12 E digo-vos [12] que mais tolerancia haverá n’aquelle dia para Sodoma
do que para aquella cidade.

13 Ai de ti, Chorazin, [13] ai de ti, Bethsaida! [14] que, se em Tyro e
em Sidon se fizessem as maravilhas que em vós foram feitas, já ha muito,
assentadas em sacco e cinza, se teriam arrependido.

14 Portanto, para Tyro e Sidon será mais toleravel no juizo, do que para
vós.

15 E tu, Capernaum, [15] que estás levantada até ao céu, até ao inferno
serás abatida.

16 Quem vos ouve a vós, [16] a mim me ouve; e, quem vos rejeita a vós, a
mim me rejeita; e, quem a mim me rejeita, rejeita aquelle que me enviou.

17 E [17] voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, em teu nome,
até os demonios se nos sujeitam.

18 E disse-lhes: [18] Eu via Satanaz, como raio, cair do céu.

19 Eis que vos [19] dou poder para pizar as serpentes e escorpiões, e
toda a força do inimigo, e nada vos fará damno algum.

20 Mas não vos alegreis por isso, que se vos sujeitem os espiritos;
alegrae-vos antes por estarem [20] os vossos nomes escriptos nos céus.

21 N’aquella mesma hora se alegrou Jesus em espirito, [21] e disse:
Graças te dou, ó Pae, Senhor do céu e da terra, que escondeste estas
_coisas_ aos sabios e intelligentes, e as revelaste ás creancinhas; assim
é, ó Pae, porque assim te aprouve.

22 Todas [22] _as coisas_ me foram entregues por meu Pae; e ninguem
conhece quem é o Filho senão o Pae, nem quem é o Pae senão o Filho, e
aquelle a quem o Filho o quizer revelar.

23 E, voltando-se para os _seus_ discipulos, disse-_lhes_ em particular:
[23] Bemaventurados os olhos que vêem o que vós vêdes;

24 Porque vos digo que muitos prophetas [24] e reis desejaram vêr o que
vós vêdes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.


_A parabola do bom samaritano._

25 E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo:
[25] Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

26 E elle lhe disse: Que está escripto na lei? Como lês?

27 E, respondendo elle, [26] disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o
teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o
teu entendimento; e [27] ao teu proximo como a ti mesmo.

28 E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, [28] e viverás.

29 Elle, porém, [29] querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E
quem é o meu proximo?

30 E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalem para Jericó,
e caiu nas mãos dos salteadores, os quaes o despojaram, e, espancando-o,
se retiraram, deixando-_o_ meio morto.

31 E, por acaso, descia pelo mesmo caminho _um_ certo sacerdote; e,
vendo-o, [30] passou de largo.

32 E d’egual modo tambem um levita, chegando-se ao logar, e vendo-_o_,
passou de largo.

33 Porém _um_ [31] certo samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé
d’elle, e, vendo-o, moveu-se de intima compaixão;

34 E, approximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhe azeite e vinho;
e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou
d’elle;

35 E, partindo ao [32] outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-_os_ ao
hospedeiro, e disse-lhe: Cuida d’elle; e tudo o que de mais gastares, eu
t’o pagarei quando voltar.

36 Qual, pois, d’estes tres te parece que foi o proximo d’aquelle que
caiu nas mãos dos salteadores?

37 E elle disse: O que usou de misericordia para com elle. Disse, pois,
Jesus: Vae, e faze da mesma maneira.


_Martha e Maria._

38 E aconteceu que, indo elles de caminho, entrou n’uma aldeia; e _uma_
certa mulher, por nome [33] Martha, o recebeu em sua casa;

39 E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se tambem aos
pés de Jesus, ouvia a sua palavra.

40 Porém Martha andava distrahida em muitos serviços, e, chegando, disse:
Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe pois
que me ajude.

41 E, respondendo Jesus, disse-lhe: Martha, Martha, andas cuidadosa e
afadigada com muitas _coisas_,

42 Mas [34] uma só é necessaria; e Maria escolheu a boa parte, a qual não
lhe será tirada.

[1] Mat. 10.1. Mar. 6.7.

[2] Mat. 9.37, 38. João 4.35. II The. 3.1.

[3] Mat. 10.16.

[4] Mat. 10.9, 10. Mar. 6.8. cap. 9.3. II Reis 4.29.

[5] Mat. 10.12.

[6] Mat. 10.11.

[7] I Cor. 10.27.

[8] Mat. 10.10. I Cor. 9.4, etc. I Tim. 5.18.

[9] cap. 9.2.

[10] Mat. 3.2 e 4.17 e 10.7. ver. 11.

[11] Mat. 10.14. cap. 9.5. Act. 13.51 e 18.6.

[12] Mat. 10.15. Mar. 6.11.

[13] Mat. 11.21.

[14] Eze. 3.6.

[15] Mat. 11.23. Gen. 11.4. Deu. 1.28. Isa. 14.13. Jer. 51.53. Eze. 26.20.

[16] Mat. 10.40. Mar. 9.37. João 13.20 e 5.23. I The. 4.8.

[17] ver. 1.

[18] João 12.31 e 16.11. Apo. 9.1 e 12.8, 9.

[19] Mar. 16.10. Act. 28.5.

[20] Exo. 32.32. Psa. 69.28. Isa. 4.3. Dan. 12.1. Phi. 4.3. Heb. 12.23.
Apo. 13.8.

[21] Mat. 11.25.

[22] Mat. 28.18. João 3.35 e 5.27 e 17.2. João 1.18 e 6.44, 46.

[23] Mat. 13.16.

[24] I Ped. 1.10.

[25] Mat. 19.16 e 22.35.

[26] Deu. 6.5.

[27] Lev. 19.18.

[28] Lev. 18.5. Neh. 9.29. Eze. 20.11, 13, 21. Rom. 10.5.

[29] cap. 16.15.

[30] Psa. 38.11.

[31] João 4.9.

[32] João 11.1 e 12.2, 3.

[33] I Cor. 7.32, etc. cap. 8.35. Act. 22.3.

[34] Psa. 27.4.



_A oração dominical._

Mat. 6.9-15 e refs.

[Anno Domini 33]

11 E aconteceu que, estando elle a orar n’um certo logar, quando acabou
lhe disse um dos seus discipulos: Senhor, ensina-nos a orar, como tambem
João ensinou aos seus discipulos.

2 E elle lhes disse: Quando orardes, dizei: Pae nosso, que _estás_ nos
céus, sanctificado seja o teu nome: venha o teu reino: seja feita a tua
vontade, _assim_ na terra como no céu;

3 Dá-nos cada dia o nosso pão quotidiano.

4 E perdoa-nos os nossos peccados, pois tambem nós perdoamos a qualquer
que nos deve; e não nos mettas em tentação, mas livra-nos do mal.


_Parabola do amigo importuno._

5 Disse-lhes tambem: Qual de vós terá um amigo, e, se for procural-o á
meia noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me tres pães,

6 Porquanto _um_ amigo meu chegou a minha casa, _vindo_ de caminho, e não
tenho que apresentar-lhe;

7 Elle, respondendo de dentro, diga: Não me importunes; já está a porta
fechada, e os meus filhos estão comigo na cama: não posso levantar-me
para _t’os_ dar?

8 Digo-vos que, ainda que se não levante a dar-lh’_os_, [1] por ser seu
amigo, levantar-se-ha, todavia, por causa da sua importunação, e lhe dará
tudo o que houver mister.

9 E eu digo-vos, a vós: [2] Pedi, e dar-se-vos-ha: buscae, e achareis:
batei, e abrir-se-vos-ha;

10 Porque qualquer que pede recebe; e quem busca, acha; e a quem bate
abrir-se-lhe-ha.

11 E qual o pae [3] d’entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará
uma pedra? Ou tambem, _se lhe pedir_ peixe, lhe dará por peixe uma
serpente?

12 Ou tambem, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião?

13 Pois se vós, sendo máus, sabeis dar boas dadivas aos vossos filhos,
quanto mais dará _o nosso_ Pae celestial o Espirito Sancto áquelles que
lh’o pedirem?


_A blasphemia dos phariseos._

Mat. 12.22-32 e refs.

14 E estava expulsando um demonio, o qual era mudo. E aconteceu que,
saindo o demonio, o mudo fallou; e maravilhou-se a multidão.

15 Porém alguns d’elles diziam: [4] Elle expulsa os demonios por
Beelzebú, principe dos demonios.

16 E outros, tentando-_o_, pediam-lhe [5] um signal do céu.

17 Mas, conhecendo elle os seus pensamentos, [6] disse-lhes: Todo o
reino, dividido contra si mesmo, será assolado; e a casa, _dividida_
contra si mesma, cairá.

18 E, se tambem Satanaz está dividido contra si mesmo, como subsistirá o
seu reino? Pois dizeis que eu expulso os demonios por Beelzebú;

19 E, se eu expulso os demonios por Beelzebú, [7] por quem _os_ expulsam
os vossos filhos? Elles pois serão os vossos juizes.

20 Mas, se eu expulso os demonios pelo dedo de Deus, certamente a vós é
chegado o reino de Deus.

21 Quando o _homem_ [8] valente guarda armado a sua casa, em segurança
está tudo quanto tem.

22 Mas, sobrevindo [9] outro mais valente do que elle, e vencendo-o,
tira-_lhe_ toda a sua armadura em que confiava, e reparte os seus
despojos.

23 Quem não é comigo [10] é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.

24 Quando o espirito [11] immundo tem saido do homem, anda por logares
seccos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha
casa, d’onde sahi.

25 E, chegando, acha-_a_ varrida e adornada.

26 Então vae, e leva comsigo outros sete espiritos peiores do que elle,
e, entrando, habitam ali: e o ultimo estado d’esse homem é [12] peior do
que o primeiro.

27 E aconteceu que, dizendo elle estas _coisas_, uma mulher d’entre a
multidão, levantando a voz, lhe disse: [13] Bemaventurado o ventre que te
trouxe e os peitos em que mamaste.

28 Mas elle disse: [14] Antes bemaventurados os que ouvem a palavra de
Deus e a guardam.


_O signal do propheta Jonas._

Mat. 12.38-42 e refs.

29 E, ajuntando-se a multidão, começou a dizer: Maligna é esta geração:
ella pede um signal; e não lhe será dado outro signal, senão o signal do
propheta Jonas:

30 Porque, assim como [15] Jonas foi signal para os ninivitas, assim o
Filho do homem _o_ será tambem para esta geração.

31 A rainha do [16] sul se levantará no juizo com os homens d’esta
geração, e os condemnará; pois até dos confins da terra veiu ouvir a
sabedoria de Salomão; e eis aqui está quem é maior do que Salomão.

32 Os homens de Ninive se levantarão no juizo com esta geração, e a
condemnarão; [17] pois se converteram com a prégação de Jonas, e eis aqui
está quem é maior do que Jonas.


_A candeia do corpo._

33 E ninguem, [18] accendendo a candeia, a põe em _logar_ occulto, nem
debaixo do alqueire; porém no velador, para que os que entrarem vejam a
luz.

34 A candeia [19] do corpo é o olho. Sendo pois o teu olho simples,
tambem todo o teu corpo será luminoso, mas, se fôr mau, tambem o teu
corpo será tenebroso.

35 Vê pois que a tua luz que em ti ha não sejam trevas.

36 Se, pois, todo o teu corpo é luminoso, não tendo em trevas parte
alguma, todo será luminoso, como quando a candeia te allumia com o seu
resplendor.


_Jesus censura os phariseos e os escribas._

Mat. 23.1, etc. e refs.

37 E, estando elle _ainda_ fallando, rogou-lhe um phariseo que fosse
jantar com elle; e, entrando, assentou-se _á mesa_.

38 Mas o phariseo [20] admirou-se, vendo que se não lavara antes de
jantar.

39 E o Senhor lhe disse; [21] Vós, os phariseos, limpaes agora o exterior
do copo e do prato; porém o vosso [22] interior está cheio de rapina e
maldade.

40 Loucos! o que fez o exterior, não fez tambem o interior?

41 Antes dae [23] esmola do que tiverdes, e eis que tudo vos será limpo.

42 Mas ai de vós, [24] phariseos, que dizimaes a hortelã, e a arruda, e
toda a hortaliça, e desprezaes o juizo e amor de Deus. Importava fazer
estas coisas, e não deixar as outras.

43 Ai de vós, phariseos, [25] que amaes os primeiros assentos nas
synagogas, e as saudações nas praças.

44 Ai de vós, [26] escribas e phariseos hypocritas, que sois como as
sepulturas que não apparecem, e os homens que sobre _ellas_ andam não _o_
sabem.

45 E, respondendo um dos doutores da lei, disse-lhe: Mestre, quando dizes
isto, tambem nos affrontas a nós.

46 Porém elle disse: Ai de vós tambem, doutores da lei, [27] que
carregaes os homens com cargas difficeis de transportar, e vós mesmos nem
ainda com um dos vossos dedos tocaes nas _ditas_ cargas.

47 Ai de vós [28] que edificaes os sepulchros dos prophetas, e vossos
paes os mataram.

48 Bem testificaes, pois, que consentis nas obras de vossos paes; porque
elles os mataram, e vós edificaes os seus sepulchros.

49 Portanto diz tambem a sabedoria de Deus: [29] Prophetas e apostolos
lhes mandarei; e elles matarão _uns_, e perseguirão _outros_;

50 Para que d’esta geração seja requerido o sangue de todos os prophetas
que, desde a fundação do mundo, foi derramado,

51 Desde o sangue [30] de Abel, até ao sangue de Zacharias, que foi morto
entre o altar e o templo; assim, vos digo, será requerido d’esta geração.

52 Ai de vós, doutores [31] da lei, que tirastes a chave da sciencia; vós
mesmos não entrastes, e impedistes os que entravam.

53 E, dizendo-lhes estas _coisas_, os escribas e os phariseos começaram a
apertal-_o_ fortemente, e a fazel-o fallar ácerca de muitas _coisas_,

54 Armando-lhe ciladas, a fim [32] de apanharem da sua bocca alguma coisa
para o accusarem.

[1] cap. 18.1, etc.

[2] Mat. 7.7 e 21.22. Mar. 11.24. João 15.7. Thi. 1.6. I João 3.22.

[3] Mat. 7.9.

[4] Mat. 9.34 e 12.24.

[5] Mat. 12.38 e 16.1.

[6] Mat. 12.35. Mar. 3.24. João 2.25.

[7] Exo. 8.19.

[8] Mar. 3.27.

[9] Isa. 53.12. Col. 2.15.

[10] Mat. 12.30.

[11] Mat. 12.43.

[12] João 5.14. Heb. 6.4 e 10.26. II Ped. 2.20.

[13] cap. 1.28, 48.

[14] Mat. 7.21. cap. 8.21. Thi. 1.25.

[15] Jon. 2.1, 11.

[16] I Reis 10.1.

[17] Jon. 3.5.

[18] Mat. 5.15. Mar. 4.21. cap. 8.16.

[19] Mat. 6.22.

[20] Mar. 7.3.

[21] Mat. 23.25.

[22] Tito 1.15.

[23] Isa. 58.7. Dan. 4.24. cap. 12.33.

[24] Mat. 23.23.

[25] Mat. 23.6. Mar. 12.38, 39.

[26] Mat. 23.27. Psa. 6.10.

[27] Mat. 23.4.

[28] Mat. 23.29.

[29] Mat. 23.34.

[30] Gen. 4.8. II Chr. 24.20, 21.

[31] Mat. 23.13.

[32] Mar. 12.13.



12 Ajuntando-se [1] entretanto muitos milhares de pessoas, de sorte que
se atropellavam uns aos outros, começou a dizer aos seus discipulos: [2]
Acautelae-vos primeiramente do fermento dos phariseos, que é a hypocrisia.

2 Mas nada [3] ha encoberto que não haja de ser descoberto; nem occulto,
que não haja de ser sabido.

3 Porquanto tudo o que em trevas dissestes á luz será ouvido; e o que
fallastes ao ouvido no gabinete sobre os telhados será apregoado.


_Não devemos temer os homens._

Mat. 10.28-33 e refs.

4 E digo-vos, [4] amigos meus; Não temaes os que matam o corpo, e depois
não teem mais que fazer.

5 Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquelle que, depois de
matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei.

6 Não se vendem cinco passarinhos por dois ceitis? E nenhum d’elles está
esquecido diante de Deus.

7 E até os cabellos da vossa cabeça estão todos contados. Não temaes
pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.

8 E digo-vos [5] que todo aquelle que me confessar diante dos homens,
tambem o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus.

9 Mas quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de
Deus.

10 E a todo [6] aquelle que disser _uma_ palavra contra o Filho do homem
ser-lhe-ha perdoada, mas ao que blasphemar contra o Espirito Sancto não
lhe será perdoado.

11 E, quando [7] vos conduzirem ás synagogas, aos magistrados e
potestades, não estejaes solicitos de como ou do que haveis de responder
nem do que haveis de fallar.

12 Porque na mesma hora vos ensinará o Espirito Sancto o que vos convenha
fallar.


_A parabola do rico louco._

13 E disse-lhe um da multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparta
comigo a herança.

14 Mas elle lhe disse: Homem, [8] quem me poz a mim por juiz ou
repartidor entre vós?

15 E disse-lhes: [9] Acautelae-vos e guardae-vos da avareza; porque a
vida de qualquer não consiste na abundancia dos _bens_ que possue.

16 E propoz-lhes uma parabola, dizendo: A herdade d’um homem rico tinha
produzido com abundancia;

17 E arrazoava elle entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher
os meus fructos.

18 E disse: Farei isto: Derribarei os meus celleiros, e edificarei outros
maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens;

19 E direi á minha [10] alma: Alma, tens em deposito muitos bens para
muitos annos: descança, come, bebe, _e_ folga.

20 Porém Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a [11] tua alma; e
o que tens preparado para quem será?

21 Assim _é_ o que para si ajunta thesouros, e não [12] é rico para com
Deus.


_Solicitude pela nossa vida._

Mat. 6.25-34 e refs.

22 E disse aos seus discipulos: Portanto vos digo: Não estejaes solicitos
pela vossa vida, no que comereis, nem pelo corpo, no que vestireis.

23 Mais é a vida do que o sustento, e o corpo mais do que o vestido.

24 Considerae os corvos, que nem semeiam, nem segam, nem teem dispensa
nem celleiro, e Deus [13] os alimenta: quanto mais valeis vós do que as
aves?

25 E qual de vós, sendo solicito, pode accrescentar um covado á sua
estatura?

26 Pois, se nem ainda podeis _fazer_ as coisas minimas, porque estaes
solicitos pelo mais?

27 Considerae os lirios, como elles crescem; não trabalham, nem fiam; e
digo-vos que nem ainda Salomão, em toda a sua gloria, se vestiu como um
d’elles.

28 E, se Deus assim veste a herva que hoje está no campo, e ámanhã é
lançada no forno, quanto mais a vós, _homens_ de pouca fé?

29 Vós pois não pergunteis que haveis de comer, ou que haveis de beber, e
não andeis inquietos.

30 Porque as gentes do mundo buscam todas essas _coisas_; mas vosso Pae
sabe que haveis mister d’ellas.

31 Buscae antes [14] o reino de Deus, e todas estas _coisas_ vos serão
accrescentadas.

32 Não temas, [15] ó pequeno rebanho, porque a vosso Pae agradou dar-vos
o reino.

33 Vendei o que tendes, e [16] dae esmola. Fazei para vós bolsas que não
se envelheçam; thesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão,
e a traça não roe.

34 Porque, onde estiver o vosso thesouro, ali estará tambem o vosso
coração.


_Parabola do servo vigilante._

Mat. 24.45-51.

35 Estejam cingidos os [17] vossos lombos, e accesas as vossas candeias.

36 E sêde vós similhantes aos homens que esperam a seu senhor, quando
houver de voltar das bodas, para que, quando vier, e bater, logo possam
abrir-lhe.

37 Bemaventurados aquelles servos, os [18] quaes, quando o Senhor vier,
os achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar
_á mesa_, e, chegando-se, os servirá.

38 E, se vier na segunda vigilia, e se vier na terceira vigilia, e _os_
achar assim, bemaventurados são os taes servos.

39 Sabei, porém, isto, [19] que, se o pae de familia soubesse a que hora,
havia de vir o ladrão, vigiaria, e não deixaria minar a sua casa.

40 Portanto, estae vós tambem [20] apercebidos; porque virá o Filho do
homem a hora que não imaginaes.

41 E disse-lhe Pedro: Senhor, dizes essa parabola a nós, ou tambem a
todos?

42 E disse o Senhor: [21] Qual é pois o mordomo fiel e prudente, a quem o
senhor poz sobre os seus servos, para _lhes_ dar a tempo a ração?

43 Bemaventurado aquelle servo, o qual o senhor, [22] quando vier, achar
fazendo assim.

44 Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá.

45 Mas, se aquelle servo disser em seu coração: O meu senhor tarda em
vir; e começar a espancar os creados e creadas, e a comer, e a beber, e a
embriagar-se,

46 Virá o senhor d’aquelle servo no dia em que _o_ não espera, e n’uma
hora que elle não sabe, e separal-o-ha, e porá a sua parte com os
infieis.

47 E o servo [23] que soube a vontade do seu senhor, e não _se_
apercebeu, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos
açoites;

48 Mas o [24] que _a_ não soube, e fez _coisas_ dignas de açoites, com
poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito fôr dado, muito se
lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou muito mais se lhe pedirá.


_Jesus traz fogo e dissensão á terra._

49 Vim lançar fogo na terra; [25] e que quero, se já está acceso?

50 Importa, porém, que seja baptizado com um baptismo; [26] e como me
angustio até que venha a cumprir-se!

51 Cuidaes [27] vós que vim dar paz á terra? Não, vos digo, mas antes
dissensão;

52 Porque d’aqui em [28] diante estarão cinco divididos n’uma casa: tres
contra dois, e dois contra tres:

53 O pae estará dividido contra o filho, e o filho contra o pae; a mãe
contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, e a nora
contra sua sogra.


_Os signaes dos tempos._

54 E dizia tambem á multidão: [29] Quando vêdes a nuvem que vem do
occidente, logo dizeis: Lá vem chuva, e assim succede.

55 E, quando assopra o sul, dizeis: Haverá calma; e _assim_ succede.

56 Hypocritas, sabeis distinguir a face da terra e do céu, e como não
distinguis este tempo?

57 E porque não julgaes tambem por vós mesmos o que é justo?

58 Quando [30] pois vaes com o teu adversario ao magistrado, procura
livrar-te d’elle no caminho; para que não succeda que te conduza ao juiz,
e o juiz te entregue ao meirinho, e o meirinho te encerre na prisão.

59 Digo-te que não sairás d’ali emquanto não pagares o derradeiro ceitil.

[1] Mat. 16.6. Mar. 8.15.

[2] Mat. 16.12.

[3] Mat. 10.26. Mar. 4.22. cap. 8.17.

[4] Isa. 51.7, 8, 12, 13. Jer. 1.8. João 15.14, 15.

[5] Mat. 10.32. Mar. 8.38. II Tim. 2.12. I João 2.23.

[6] Mat. 12.31, 32. Mar. 3.28. I João 5.16.

[7] Mat. 10.19. Mar. 13.11. cap. 21.14.

[8] João 18.36.

[9] I Tim. 6.7, etc.

[10] Ecc. 11.9. I Cor. 15.32. Thi. 5.5.

[11] Job 20.22 e 27.8. Psa. 52.5. Thi. 4.14. Psa. 39.6. Jer. 17.11.

[12] Mat. 6.20. ver. 33. I Tim. 6.18, 19. Thi. 2.5.

[13] Job 38.41. Psa. 147.9.

[14] Mat. 6.33.

[15] Mat. 11.25, 26.

[16] Mat. 19.21 e 6.20. Act. 2.45 e 4.34. cap. 16.9. I Tim. 6.19.

[17] Eph. 6.14. I Ped. 1.13. Mat. 25.1, etc.

[18] Mat. 24.46.

[19] Mat. 24.43. I The. 5.2. II Ped. 3.10. Apo. 3.3 e 16.15.

[20] Mat. 24.44 e 25.13. Mar. 13.33. cap. 21.34, 36. I The. 5.6. II Ped.
3.12.

[21] Mat. 24.45 e 25.21. I Cor. 4.2.

[22] Mat. 24.47, 48.

[23] Num. 15.30. Deu. 25.2. João 9.41 e 15.22. Act. 17.30. Thi. 4.17.

[24] Lev. 5.17. I Tim. 1.13.

[25] ver. 51.

[26] Mat. 20.22. Mar. 10.38.

[27] Mat. 10.34. ver. 49. Miq. 7.6. João 7.43 e 9.16 e 10.19.

[28] Mat. 10.35.

[29] Mat. 16.2.

[30] Pro. 25.8. Mat. 5.25. Psa. 32.6. Isa. 50.6.



_A mortandade dos galileos e a queda da torre em Siloé._

13 E n’aquelle mesmo tempo estavam presentes ali alguns que lhe fallavam
dos galileos cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrificios.

2 E, respondendo Jesus, disse-lhes: Cuidaes vós que esses galileos foram
mais peccadores do que todos os _outros_ galileos, por terem assim
padecido?

3 Não, vos digo; antes, se vos não arrependerdes, todos de egual modo
perecereis.

4 Ou aquelles dezoito, sobre os quaes caiu a torre em Siloé e os matou,
cuidaes que foram mais [AHE] culpados do que todos quantos homens habitam
em Jerusalem?

5 Não, vos digo; antes, se vos não arrependerdes, todos de egual modo
perecereis.


_A parabola da figueira esteril._

6 E dizia esta parabola: Um [1] certo _homem_ tinha uma figueira plantada
na sua vinha, e foi buscar n’ella _algum_ fructo, e não _o_ achou;

7 E disse ao vinhateiro: Eis que ha tres annos venho buscar fructo a
esta figueira, e não _o_ acho; corta-a; porque occupa ainda a terra
inutilmente?

8 E, respondendo elle, disse-lhe: Senhor, deixa-a este anno, até que eu a
escave e a esterque;

9 E, se der fructo, _ficará_, e, se não, depois a mandarás cortar.


_Cura d’uma mulher paralytica._

10 E ensinava no sabbado, n’uma das synagogas.

11 E eis que estava ali uma mulher que tinha _um_ espirito de
enfermidade, _havia_ já dezoito annos; e andava encurvada, e não podia de
modo algum endireitar-se.

12 E, vendo-a Jesus, chamou-a a si, e disse-lhe: Mulher, estás livre da
tua enfermidade.

13 E poz as mãos sobre ella, [2] e logo se endireitou, e glorificava a
Deus.

14 E, tomando a palavra o principe da synagoga, indignado porque Jesus
curava no sabbado, disse á multidão: [3] Seis dias ha em que é mister
trabalhar: n’estes pois vinde para serdes curados, [4] e não no dia de
sabbado.

15 Respondeu-lhe, porém, o Senhor e disse: Hypocrita, [5] no sabbado não
desprende da mangedoura cada um de vós o seu boi ou jumento e não o leva
a beber?

16 E não convinha soltar d’esta prisão, no dia de sabbado, a esta filha
[6] de Abrahão, a qual _ha_ dezoito annos Satanaz tinha presa?

17 E, dizendo elle estas _coisas_, todos os seus adversarios se
confundiam, e todo o povo se alegrava por todas as _coisas_ gloriosas que
eram feitas por elle.


_Parabolas, do grão de mostarda e do fermento._

Mat. 13.31-33 e refs.

18 E dizia: [7] A que é similhante o reino de Deus, e a que o compararei?

19 É similhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou
na sua horta; e cresceu, e fez-se grande arvore, e em seus ramos se
aninharam as aves do céu.

20 E disse outra vez: A que compararei o reino de Deus?

21 É similhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em tres
medidas de farinha, até que tudo levedou.


_A porta estreita._

22 E percorria as cidades [8] e as aldeias, ensinando, e caminhando para
Jerusalem.

23 E disse-lhe um: Senhor, são poucos os que se salvam? E elle lhe disse:

24 Porfiae por entrar pela porta estreita; [9] porque eu vos digo _que_
muitos procurarão entrar e não poderão.

25 Quando o pae de familia se levantar e cerrar a porta, [10] e
começardes a estar de fóra, e a bater á porta, dizendo: Senhor, Senhor,
abre-nos; e, respondendo elle, vos disser: Não sei d’onde vós sois;

26 Então começareis a dizer: Temos comido e bebido na tua presença, e
tens ensinado nas nossas ruas.

27 E elle dirá: [11] Digo-vos que não sei d’onde vós sois; [12]
apartae-vos de mim, vós todos os que obraes iniquidade.

28 Ali haverá choro e ranger de dentes, [13] quando virdes Abrahão e
Isaac, e Jacob, e todos os prophetas, no reino de Deus, e vós lançados
fóra.

29 E virão do oriente, e do occidente, e do norte, e do sul, e
assentar-se-hão _á mesa_ no reino de Deus.

30 E eis que derradeiros ha [14] que serão os primeiros; e primeiros ha
que serão os derradeiros.


_Jesus é avisado do odio de Herodes._

31 N’aquelle mesmo dia chegaram uns phariseos, dizendo-lhe: Sae, e
retira-te d’aqui, porque Herodes quer matar-te.

32 E disse-lhes: Ide, e dizei áquella raposa: Eis que eu expulso
demonios, e effectuo curas, hoje e ámanhã, e no terceiro dia sou [15]
consummado.

33 Importa, porém, caminhar hoje, ámanhã, e no _dia_ seguinte, para que
não succeda que morra um propheta fóra de Jerusalem.

34 Jerusalem, [16] Jerusalem, que matas os prophetas, e apedrejas os que
te são enviados! Quantas vezes quiz eu ajuntar os teus filhos, como a
gallinha os seus pintos debaixo das _suas_ azas, e não quizeste?

35 Eis que a vossa casa se vos deixará [17] deserta. E em verdade vos
digo que não me vereis até que venha _o tempo_ em que digaes: Bemdito
aquelle que vem em nome do Senhor.

[1] Isa. 5.2. Mat. 21.19.

[2] Mar. 16.18. Act. 9.8.

[3] Exo. 20.9.

[4] Mat. 12.10. Mar. 3.2. cap. 6.7 e 14.3.

[5] cap. 14.5.

[6] cap. 19.9.

[7] Mar. 4.30.

[8] Mat. 9.34. Mar. 6.6.

[9] Mat. 7.13. João 7.34 e 8.21 e 13.33. Rom. 9.31.

[10] Psa. 32.6. Isa. 55.6. Mat. 25.10. cap. 6.46. Mat. 7.23 e 25.12.

[11] Mat. 7.23 e 25.41. ver. 25.

[12] Psa. 6.9. Mat. 25.41.

[13] Mat. 8.12 e 13.42 e 24.51 e 8.11.

[14] Mat. 19.30 e 20.16. Mar. 10.31.

[15] Heb. 2.10.

[16] Mat. 23.37.

[17] Lev. 26.31, 32. Psa. 69.25. Isa. 1.7. Dan. 9.27. Miq. 3.12. Psa.
118.26. Mat. 21.9. Mar. 11.10. cap. 19.38. João 12.13.



_Cura d’um hydropico._

14 Aconteceu n’um sabbado que, entrando elle em casa de um dos principaes
dos phariseos para comer pão, elles o estavam espiando.

2 E eis que estava ali adiante d’elle _um_ certo homem hydropico.

3 E, Jesus, tomando a palavra, fallou aos doutores da lei, e aos
phariseos, dizendo: [1] É licito curar no sabbado?

4 Elles, porém, calaram-se. E, tomando-_o_, elle o curou e despediu.

5 E, respondendo-lhes, disse: [2] Qual será de vós o que, caindo-lhe n’um
poço, em dia de sabbado, o jumento ou o boi, o não tire logo?

6 E nada lhe podiam replicar a estas _coisas_.


_Parabola dos primeiros assentos e dos convidados._

7 E disse aos convidados uma parabola, reparando como escolhiam os
primeiros assentos, dizendo-lhes:

8 Quando por alguem fôres convidado ás bodas, não te assentes no primeiro
logar, não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu;

9 E, vindo o que te convidou a ti e a elle, te diga: Dá o logar e este;
e então, com vergonha, tenhas de tomar o derradeiro logar.

10 Mas, quando fores [3] convidado, vae, e assenta-te no derradeiro
logar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais
para cima. Então terás honra diante dos que estiverem comtigo á mesa.

11 Porque qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, [4] e
aquelle que a si mesmo se humilhar será exaltado.

12 E dizia tambem ao que o tinha convidado: Quando deres um jantar, ou
uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus
parentes, nem visinhos ricos, para que não succeda que tambem elles te
tornem a convidar, e te seja isso recompensado.

13 Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, [5] aleijados, mancos
_e_ cegos,

14 E serás bemaventurado; porquanto não teem com que t’o recompensar;
porque recompensado te será na resurreição dos justos.


_Parabola da grande ceia._

Mat. 22.1-14 e refs.

15 E, ouvindo isto um dos que estavam com elle _á mesa_, disse-lhe:
Bemaventurado [6] _aquelle_ que comer pão no reino de Deus.

16 Porém elle lhe disse: Um certo homem fez uma grande ceia, e convidou a
muitos.

17 E á hora da ceia [7] mandou o seu servo a dizer aos convidados: Vinde,
que já tudo está preparado.

18 E todos á uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um
campo, e importa ir vêl-o: rogo-te que me hajas por escusado.

19 E outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou a experimental-os:
rogo-te que me hajas por escusado.

20 E outro disse: Casei, e portanto não posso ir.

21 E, voltando aquelle servo, annunciou estas _coisas_ ao seu senhor.
Então o pae de familia, indignado, disse ao seu servo: Sae depressa pelas
ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e
cegos.

22 E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste; e ainda ha logar.

23 E disse o senhor ao servo: Sae pelos caminhos e vallados, e força-_os_
a entrar para que a minha casa se encha.

24 Porque eu vos digo [8] que nenhum d’aquelles varões que foram
convidados provará a minha ceia.


_Parabola ácerca da providencia._

25 Ora ia com elle uma grande multidão; e, voltando-se, disse-lhe:

26 Se alguem vier a mim, [9] e não aborrecer a seu pae, e mãe, e mulher,
e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda tambem a sua propria vida, não pode
ser meu discipulo.

27 E qualquer que não levar a sua cruz, [10] e não vier após mim, não
pode ser meu discipulo.

28 Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, [11] não se assenta
primeiro a fazer as contas dos gastos, _para ver_ se tem com que _a_
acabar?

29 Para que não aconteça que, depois de haver posto o alicerce, e não _a_
podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer d’elle,

30 Dizendo: Este homem começou a edificar e não poude acabar.

31 Ou qual é o rei que, indo á guerra a pelejar contra outro rei, não se
assenta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao encontro do que
vem contra elle com vinte mil?

32 D’outra maneira, estando o outro ainda longe, manda-_lhe_
embaixadores, e pede condições de paz.

33 Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não
pode ser meu discipulo.

34 Bom _é_ o sal; [12] porém, se o sal degenerar, com que se adubará?

35 Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-n’o fóra. Quem tem
ouvidos para ouvir, ouça.

[1] Mat. 12.10.

[2] Exo. 23.5. Deu. 22.4. cap. 13.15.

[3] Pro. 25.6, 7.

[4] Job 22.29. Psa. 18.27. Pro. 29.23. Mat. 23.12. cap. 18.14. Thi. 4.6.
I Ped. 5.5.

[5] Neh. 8.10, 12.

[6] Apo. 19.9.

[7] Pro. 9.2, 5.

[8] Mat. 21.43 e 22.8. Act. 13.46.

[9] Deu. 13.6 e 33.9. Mat. 10.37. Rom. 9.13. Apo. 12.11.

[10] Mat. 16.24. Mar. 8.34. cap. 9.23. II Tim. 3.12.

[11] Pro. 24.27.

[12] Mat. 5.13. Mar. 9.50.



_Parabolas, da ovelha e da drachma perdidas._

15 E chegavam-se a [1] elle todos os publicanos e peccadores para o ouvir.

2 E os phariseos e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe
peccadores, [2] e come com elles.

3 E elle lhes propoz esta parabola, dizendo:

4 Que homem d’entre [3] vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma d’ellas,
não deixa no deserto as noventa e nove, e não vae após a perdida até que
venha a achal-a?

5 E, achando-a, a põe sobre seus hombros, gostoso;

6 E, chegando a casa, convoca os amigos e visinhos, dizendo-lhes:
Alegrae-vos comigo, porque _já_ achei a minha ovelha [4] perdida.

7 Digo-vos que assim haverá _mais_ alegria no céu sobre um peccador que
se arrependa [5] do que sobre noventa e nove justos que não necessitam de
arrependimento.

8 Ou qual a mulher que, tendo dez drachmas, se perder uma drachma, não
accende a candeia, e não varre a casa, e não busca com diligencia até _a_
achar?

9 E, achando-a, convoca as amigas e visinhas, dizendo: Alegrae-vos
comigo, porque já achei a drachma perdida.

10 Assim vos digo que ha alegria diante dos anjos de Deus sobre um
peccador que se arrepende.


_Parabola do filho prodigo._

11 E disse: _Um_ certo homem tinha dois filhos;

12 E o mais moço d’elles disse ao pae: Pae, dá-me a parte da fazenda que
_me_ pertence. E elle lhes repartiu [6] a fazenda.

13 E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu
para uma terra _mui_ longe, e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo
dissolutamente.

14 E, havendo elle _já_ gastado tudo, houve n’aquella terra uma grande
fome, e começou a padecer necessidade.

15 E foi, e chegou-se a um dos cidadãos d’aquella terra, o qual o mandou
para os seus campos a apascentar os porcos.

16 E desejava saciar o seu estomago com as [AHF] bolotas que os porcos
comiam, e ninguem lhe dava nada.

17 E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pae teem
abundancia de pão, e eu pereço de fome!

18 Levantar-me-hei, e irei ter com meu pae, e dir-lhe-hei: Pae, pequei
contra o céu e perante ti;

19 Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus
jornaleiros.

20 E, levantando-se, foi para seu pae; e, quando [7] ainda estava longe,
viu-o seu pae, e se moveu de intima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe
ao pescoço e o beijou.

21 E o filho lhe disse: Pae, pequei contra o céu [8] e perante ti, e já
não sou digno de ser chamado teu filho.

22 Mas o pae disse aos seus servos: Trazei depressa o vestido melhor, e
vesti-lh’o, e ponde-lhe um annel na mão, e alparcas nos pés;

23 E trazei o bezerro cevado, e matae-_o_; e comamos, e alegremo-nos;

24 Porque [9] este meu filho era morto, e reviveu, tinha-se perdido, e é
achado. E começaram a alegrar-se.

25 E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veiu, e chegou
perto de casa, ouviu a musica e as danças.

26 E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquillo.

27 E elle lhe disse: Veiu teu irmão; e teu pae matou o bezerro cevado,
porquanto o recuperou _são e_ salvo.

28 Indignou-se, porém, elle, e não queria entrar. E, saindo o pae, o
rogava.

29 Mas, respondendo elle, disse ao pae: Eis que te sirvo _ha_ tantos
annos, e nunca transgredi o teu mandamento, e nunca me déste um cabrito
para alegrar-me com os meus amigos;

30 Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as
meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.

31 E elle lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas
_coisas_ são tuas;

32 Portanto era justo alegrarmo-_nos_ e folgarmos, [10] porque este teu
irmão era morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se.

[1] Mat. 9.10.

[2] Act. 11.3. Gal. 2.12.

[3] Mat. 18.12.

[4] I Ped. 2.10, 25.

[5] cap. 5.32.

[6] Mar. 12.44.

[7] Act. 2.39. Eph. 2.13, 17.

[8] Psa. 51.4.

[9] ver. 32. Eph. 2.1 e 5.14. Apo. 3.1.

[10] ver. 24.



_Parabola do mordomo infiel._

16 E dizia tambem aos seus discipulos: Havia um certo homem rico, o qual
tinha um mordomo; e este foi accusado perante elle de dissipar os seus
bens.

2 E elle, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da
tua mordomia, porque já não poderás mais ser mordomo.

3 E o mordomo disse comsigo: Que farei, pois que o meu senhor me tira a
mordomia? Cavar, não posso; de mendigar, tenho vergonha.

4 Eu sei o que hei-de fazer, para que, quando fôr desapossado da
mordomia, me recebam em suas casas.

5 E, chamando a _si_ cada um dos devedores do seu senhor, disse ao
primeiro: Quanto deves ao meu senhor?

6 E elle disse: Cem medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação,
e, assentando-te já, escreve cincoenta.

7 Disse depois a outro: E tu quanto deves? E elle disse: Cem alqueires de
trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta.

8 E louvou aquelle senhor o injusto mordomo por haver procedido
prudentemente, porque os filhos d’este mundo são mais prudentes na sua
geração [1] do que os filhos da luz.

9 E eu vos digo: [2] Grangeae amigos com as riquezas da injustiça; para
que, quando necessitardes, vos recebam nos tabernaculos eternos.

10 Quem [3] é fiel no minimo, tambem é fiel no muito; quem é injusto no
minimo, tambem é injusto no muito.

11 Pois, se na riqueza injusta não fostes fieis, quem vos confiará a
verdadeira?

12 E, se no alheio não fostes fieis, quem vos dará o que é vosso?

13 Nenhum [4] servo pode servir dois senhores; porque, ou ha de aborrecer
um e amar o outro, ou se ha de chegar a um e desprezar o outro. Não
podeis servir a Deus e a [AHG] Mammon.


_A auctoridade da lei._

14 E os phariseos, [5] que eram avarentos, ouviam todas estas _coisas_, e
zombavam d’elle.

15 E disse-lhes: Vós sois os que vos [6] justificaes a vós mesmos diante
dos homens, [7] mas Deus conhece os vossos corações, porque, [8] o que
entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.

16 A lei [9] e os prophetas _duraram_ até João: desde então é annunciado
o reino de Deus, e todo o homem forceja por entrar n’elle.

17 E [10] é mais facil passar o céu e a terra do que cair um til da lei.

18 Qualquer [11] que deixa sua mulher, e casa com outra, adultéra; e
aquelle que casa com a repudiada pelo marido _tambem_ adultéra.


_A parabola do rico e Lazaro._

19 Ora, havia um homem rico, e vestia-se de purpura e de linho finissimo,
e vivia todos os dias regalada e esplendidamente.

20 Havia tambem _um_ certo mendigo, chamado Lazaro, que jazia cheio de
chagas á porta d’aquelle;

21 E desejava saciar-se com as migalhas que cahiam da mesa do rico; e até
vinham os cães, e lambiam-lhe as chagas.

22 E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio
d’Abrahão; e morreu tambem o rico, e foi sepultado.

23 E no inferno, erguendo os olhos, estando em tormentos, viu ao longe
Abrahão, e Lazaro no seu seio.

24 E elle, clamando, disse: Pae Abrahão, tem misericordia de mim, e manda
a Lazaro que molhe na agua a ponta do seu dedo e me [12] refresque a
lingua, porque estou [13] atormentado n’esta chamma.

25 Disse, porém, Abrahão: Filho, lembra-te [14] de que recebeste os teus
bens em tua vida, e Lazaro sómente males; e agora este é consolado e tu
atormentado;

26 E, além d’isso, está posto um grande abysmo entre nós e vós, de sorte
que os que quizessem passar d’aqui para vós não poderiam, nem tão pouco
os de lá passar para cá.

27 E disse elle: Rogo-te pois, ó pae, que o mandes a casa de meu pae,

28 Porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, afim de que
não venham tambem para este logar de tormento.

29 Disse-lhe Abrahão: [15] Teem Moysés e os prophetas; ouçam-n’os.

30 E disse elle: Não, pae Abrahão; mas, se alguem dos mortos fosse ter
com elles, arrepender-se-hiam.

31 Porém Abrahão lhe disse: Se não ouvem a Moysés e aos prophetas, [16]
tão pouco acreditarão, ainda que algum dos mortos resuscite.

[1] João 12.36. Eph. 5.8. I The. 5.5.

[2] Dan. 4.27. Mat. 6.19 e 19.21. cap. 11.41. I Tim. 6.17, 18, 19.

[3] Mat. 25.21. cap. 19.17.

[4] Mat. 6.24.

[5] Mat. 23.14.

[6] cap. 10.29.

[7] Psa. 7.10.

[8] I Sam. 16.7.

[9] Mat. 4.17 e 11.12, 13. cap. 7.29.

[10] Psa. 102.26, 27. Isa. 40.8 e 51.6. Mat. 5.18. I Ped. 1.25.

[11] Mat. 5.32 e 19.9. Mar. 10.11. I Cor. 7.10, 11.

[12] Zac. 14.12.

[13] Isa. 66.24. Mar. 9.43, etc.

[14] Job 21.13. cap. 6.24.

[15] Isa. 8.20 e 34.16. João 5.39, 45. Act. 15.21 e 17.11.

[16] João 12.10, 11.



_Ácerca dos escandalos, do perdão, do poder da fé e dos servos inuteis._

17 E disse aos discipulos: [1] É impossivel que não venham escandalos,
mas ai _d’aquelle_ por quem vierem!

2 Melhor lhe fôra que lhe pozessem ao pescoço uma mó de atafona, e fosse
lançado ao mar, do que escandalizar um d’estes pequenos.

3 Olhae por vós mesmos. [2] E, se teu irmão peccar contra ti,
reprehende-o, [3] e, se elle se arrepender, perdoa-lhe.

4 E, se peccar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia tornar a
ti, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe.

5 Disseram então os apostolos ao Senhor: Accrescenta-nos a fé.

6 E disse o [4] Senhor: Se tivesseis fé como um grão de mostarda,
dirieis a esta amoreira: Desarreiga-te d’aqui, e planta-te no mar; e vos
obedeceria.

7 E qual de vós terá um servo lavrando ou apascentando, e, voltando elle
do campo, _lhe_ diga: Chega-te, e assenta-te _á mesa_?

8 E não lhe diga antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, [5] e serve-me,
até que tenha comido e bebido, e depois comerás e beberás tu?

9 Porventura dá graças ao tal servo, porque fez o que lhe foi mandado?
Creio que não.

10 Assim tambem vós, quando fizerdes tudo o que vos fôr mandado, dizei:
Somos [6] servos inuteis, porque fizemos _sómente_ o que deviamos fazer.


_Cura de dez leprosos._

11 E aconteceu [7] que, indo elle a Jerusalem, passou pelo meio da
Samaria e da Galilea;

12 E, entrando n’uma certa aldeia, sairam-lhe ao encontro dez homens
leprosos, [8] os quaes pararam de longe;

13 E levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericordia de nós.

14 E elle, vendo-os, [9] disse-lhes: Ide, e mostrae-vos aos sacerdotes. E
aconteceu que, indo elles, ficaram limpos.

15 E um d’elles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta
voz;

16 E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças: e este
era samaritano.

17 E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde _estão_
os nove?

18 Não houve quem voltasse a dar gloria a Deus senão este estrangeiro?

19 E disse-lhe: [10] Levanta-te, e vae; a tua fé te salvou.


_A vinda subita do reino de Deus._

20 E, interrogado pelos phariseos sobre quando havia de vir o reino
de Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com [AHH]
apparencia exterior.

21 Nem dirão: [11] Eil-o aqui, ou, Eil-o ali; porque eis que o reino de
Deus está [12] entre vós.

22 E disse aos discipulos: [13] Dias virão em que desejareis vêr um dos
dias do Filho do homem, e não _o_ vereis.

23 E dir-vos-hão: [14] Eil-o aqui, ou, Eil-o ali _está_; não vades, nem
_os_ sigaes:

24 Porque, [15] como o relampago, fuzilando de uma _parte_ debaixo do
céu, resplandece até á outra debaixo do céu, assim será tambem o Filho do
homem no seu dia.

25 Mas [16] primeiro convem que elle padeça muito, e seja reprovado por
esta geração.

26 E, [17] como aconteceu nos dias de Noé, assim será tambem nos dias do
Filho do homem:

27 Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé
entrou na arca, e veiu o diluvio, e os consumiu a todos.

28 Como [18] tambem da mesma maneira aconteceu nos dias de Lot: comiam,
bebiam, compravam, vendiam, plantavam _e_ edificavam.

29 Mas [19] no dia em que Lot saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e
enxofre, e os consumiu a todos.

30 Assim será no dia em que o Filho do homem se ha [20] de manifestar.

31 N’aquelle dia, [21] quem _estiver_ no telhado, e as suas alfaias em
casa, não desça a tomal-as; e, da mesma sorte, o que estiver no campo não
volte para traz.

32 Lembrae-vos [22] da mulher de Lot.

33 Qualquer [23] que procurar salvar a sua vida perdel-a-ha, e qualquer
que a perder salval-a-ha.

34 Digo-vos [24] que n’aquella noite estarão dois n’uma cama; um será
tomado, e outro será deixado.

35 Duas estarão juntas, moendo; uma será tomada, e outra será deixada.

36 Dois estarão no campo; um será tomado, o outro será deixado.

37 E, respondendo, [25] disseram-lhe: Onde, Senhor? E elle lhes disse:
Onde _estiver_ o corpo, ahi se ajuntarão as aguias.

[1] Mat. 18.6, 7. Mar. 9.42. I Cor. 11.19.

[2] Mat. 18.15, 21.

[3] Lev. 19.17. Pro. 17.10. Thi. 5.19.

[4] Mat. 17.20 e 21.21. Mar. 9.23 e 11.23.

[5] cap. 12.37.

[6] Job 22.3 e 35.7. Mat. 25.30. Rom. 3.12 e 11.35. I Cor. 9.16, 17. Phi.
11.

[7] Luc. 9.51, 52. João 4.4.

[8] Lev. 13.46.

[9] Lev. 13.2 e 14.2. Mat. 8.4. cap. 5.14.

[10] Mat. 9.22. Mar. 5.34 e 10.52. cap. 7.50 e 8.48 e 18.42.

[11] ver. 23.

[12] Rom. 14.17.

[13] Mat. 9.15. João 17.12.

[14] Mat. 24.23. Mar. 13.21. cap. 21.8.

[15] Mat. 24.27.

[16] Mar. 8.31 e 9.34 e 10.33. cap. 9.22.

[17] Gen. 7. Mat. 24.37.

[18] Gen. 19.

[19] Gen. 19.16, 24.

[20] II The. 1.7.

[21] Mat. 24.17. Mar. 13.15.

[22] Gen. 19.26.

[23] Mat. 10.39 e 16.25. Mar. 8.35. cap. 9.24. João 12.25.

[24] Mat. 24.40, 41. I The. 4.17.

[25] Job 39.30. Mat. 24.28.



_A parabola do juiz iniquo._

18 E disse-lhes tambem uma parabola _ácerca_ de que importa [1] orar
sempre, e nunca desfallecer,

2 Dizendo: Havia n’uma cidade _um_ certo juiz, que nem a Deus temia nem
respeitava ao homem.

3 Havia tambem n’aquella mesma cidade _uma_ certa viuva, e ia ter com
elle, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversario.

4 E por algum tempo não quiz; mas depois disse entre si: Ainda que não
temo a Deus, nem respeito ao homem,

5 Todavia, [2] como esta viuva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para
que emfim não venha, e me importune muito.

6 E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz.

7 E Deus [3] não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a elle de
dia e de noite, sendo [AHI] tardio para com elles?

8 Digo-vos [4] que depressa lhes fará justiça. Porém, quando vier o Filho
do homem, porventura achará fé na terra?


_A parabola do phariseo e do publicano._

9 E disse tambem esta parabola a uns [5] que confiavam em si mesmos, que
eram justos, e desprezavam aos outros:

10 Dois homens subiram ao templo, a orar; um phariseo, e o outro
publicano.

11 O phariseo, [6] estando em pé, orava comsigo d’esta maneira. [7] Ó
Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores,
injustos _e_ adulteros; nem ainda como este publicano.

12 Jejuo duas vezes na semana, _e_ dou os dizimos de tudo quanto possuo.

13 O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria
levantar os olhos ao céu, mas batia em seu peito, dizendo: Ó Deus, tem
misericordia de mim, peccador!

14 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não [8] aquelle;
porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a
si mesmo se humilha será exaltado.


_Jesus abençoa os meninos._

Mat. 19.13-15 e refs.

15 E traziam-lhe [9] tambem meninos, para que elle os tocasse; e os
discipulos, vendo _isto_, reprehendiam-n’os.

16 Mas Jesus, chamando para si os _meninos_, disse: Deixae vir a mim os
meninos, e não os impeçaes, [10] porque de taes é o reino de Deus:

17 Em [11] verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus
como menino, não entrará n’elle.


_O mancebo de qualidade._

Mat. 19.16-30.

18 E [12] perguntou-lhe _um_ certo principe, dizendo: Bom Mestre, que hei
de fazer para herdar a vida eterna?

19 Jesus lhe disse: Porque me chamas bom? Ninguem ha bom, senão um, _que
é_ Deus.

20 Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, [13] não furtarás,
não darás falso testemunho, [14] honra a teu pae e tua mãe.

21 E disse elle: Todas essas coisas tenho observado desde a minha
mocidade.

22 Porém Jesus, ouvindo isto, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa:
[15] vende tudo quanto tens, reparte-_o_ entre os pobres, e terás _um_
thesouro no céu; vem, e segue-me.

23 E elle, ouvindo isto, ficou muito triste, porque era muito rico.

24 E, vendo Jesus que elle ficára muito triste, disse: [16] Quão
difficilmente entrarão no reino de Deus os que teem riquezas!

25 Porque é mais facil entrar um camelo pelo fundo d’uma agulha do que
entrar um rico no reino de Deus.

26 E os que ouviram _isto_ disseram: Logo quem pode salvar-se?

27 E elle disse: [17] As _coisas_ que são impossiveis aos homens são
possiveis a Deus.

28 E disse Pedro: [18] Eis que nós deixámos tudo e te seguimos.

29 E elle lhes disse: Na verdade vos digo [19] que ninguem ha, que tenha
deixado casa, ou paes, ou irmãos, ou mulher, ou filhos, pelo reino de
Deus,

30 [20] E não haja de receber muito mais n’este tempo, e no seculo
vindouro a vida eterna.


_Jesus annuncia a sua paixão._

Mat. 20.17-19 e refs.

31 [21] E, tomando comsigo os doze, disse-lhes: Eis que subimos a
Jerusalem, e se cumprirá no Filho do homem tudo o [22] que pelos
prophetas _está_ escripto;

32 Porque [23] será entregue ás gentes, e escarnecido, injuriado e
cuspido,

33 E, havendo-_o_ açoitado, o matarão; e ao terceiro dia resuscitará.

34 E [24] elles nada d’estas _coisas_ entendiam, e esta palavra lhes era
encoberta; e não entendiam _o_ que se _lhes_ dizia.


_O cego de Jericó._

Mat. 20.29-34 e refs.

35 E aconteceu [25] que, chegando elle perto de Jericó, estava um cego
assentado junto do caminho, mendigando:

36 E, ouvindo passar a multidão, perguntou que era aquillo:

37 E disseram-lhe que Jesus Nazareno passava.

38 Então clamou, dizendo: Jesus, Filho de David, tem misericordia de mim.

39 E os que iam passando reprehendiam-n’o para que se calasse; porém elle
clamava ainda mais: Filho de David, tem misericordia de mim.

40 Então Jesus, parando, mandou que lh’o trouxessem; e, chegando elle,
perguntou-lhe,

41 Dizendo: Que queres que te faça? E elle disse: Senhor, que eu veja.

42 E Jesus lhe disse: [26] Vê: a tua fé te salvou.

43 E logo viu, e seguia-o, [27] glorificando a Deus. E todo o povo, vendo
_isto_, dava louvores a Deus.

[1] cap. 11.5 e 21.36. Rom. 12.12. Eph. 6.18. Col. 4.2. I The. 5.17.

[2] cap. 11.8.

[3] Apo. 6.10.

[4] Heb. 10.37. II Ped. 3.8, 9.

[5] cap. 10.29 e 16.15.

[6] Psa. 135.2.

[7] Isa. 1.15 e 58.2. Apo. 3.17.

[8] Job 22.29. Mat. 23.12. cap. 14.11. Thi. 4.6. I Ped. 5.5, 6.

[9] Mar. 10.13.

[10] I Cor. 14.20. I Ped. 2.2.

[11] Mar. 10.15.

[12] Mar. 10.17.

[13] Exo. 20.12, 16. Deu. 5.16, 20. Rom. 13.9.

[14] Eph. 6.2. Col. 3.20.

[15] Mat. 6.19, 20 e 19.21. I Tim. 6.19.

[16] Pro. 11.28. Mat. 19.23. Mar. 10.23.

[17] Jer. 32.17. Zac. 8.6. Mat. 19.26. cap. 1.37.

[18] Mat. 19.27.

[19] Deu. 33.9.

[20] Job 42.10.

[21] Mat. 16.21 e 17.22. Mar. 10.32.

[22] Psa. 21. Isa. 53.

[23] Mat. 27.2. cap. 23.1. João 18.28. Act. 3.13.

[24] Mar. 9.32. cap. 2.50 e 9.45. João 10.6 e 12.16.

[25] Mar. 10.46.

[26] cap. 17.19.

[27] cap. 5.26. Act. 4.21 e 11.18.



_Zaqueo o publicano._

19 E, tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando.

2 E eis que _havia ali_ um varão chamado Zaqueo; e este era um dos
principaes dos publicanos, e era rico.

3 E procurava vêr quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão,
porque era de pequena estatura.

4 E, correndo adiante, subiu [AHJ] a uma figueira brava para o ver;
porque havia de passar por ali.

5 E, quando Jesus chegou áquelle logar, olhando para cima, viu-o e
disse-lhe: Zaqueo, desce depressa, porque hoje me convem pousar em tua
casa.

6 E, apressando-se, desceu, e recebeu-o gostoso.

7 E, vendo todos _isto_, murmuravam, dizendo [1] que entrara para ser
hospede de um homem peccador.

8 E, levantando-se Zaqueo, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos
pobres metade dos meus bens; e, se n’alguma coisa [2] tenho defraudado
alguem, [3] o restituo quadruplicado.

9 E disse-lhe Jesus: Hoje houve salvação n’esta casa, [4] porquanto
tambem este [5] é filho de Abrahão:

10 Porque [6] o Filho do homem veiu buscar e salvar o que se havia
perdido.


_Parabola dos dez servos e das dez minas._

Mat. 25.14-30.

11 E, ouvindo elles estas _coisas_, elle proseguiu, e disse uma parabola;
porquanto estava perto de Jerusalem, [7] e cuidavam que logo se havia de
manifestar o reino de Deus.

12 Disse [8] pois: _Um_ certo homem nobre partiu para uma terra remota, a
tomar para si um reino e voltar depois.

13 E, chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas, e disse-lhes:
Negociae até que eu venha.

14 Mas [9] os seus cidadãos aborreciam-n’o, e mandaram após elle
embaixadores, dizendo: Não queremos que este reine sobre nós.

15 E aconteceu que, voltando elle, havendo tomado o reino, disse que lhe
chamassem aquelles servos, a quem tinha dado o dinheiro, para saber o que
cada um tinha ganhado, negociando.

16 E veiu o primeiro, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu dez minas.

17 E elle lhe disse: Bem _está_, servo bom, porque no minimo foste fiel,
[10] sobre dez cidades terás auctoridade.

18 E veiu o segundo, dizendo: Senhor, a tua mina grangeou cinco minas.

19 E a este disse tambem: Sê tu tambem sobre cinco cidades.

20 E veiu outro, dizendo: Senhor, aqui _está_ a tua mina, que guardei
n’um lenço;

21 Porque tive [11] medo de ti, que és homem rigoroso, que tomas o que
não pozeste, e segas o que não semeaste.

22 Porém elle lhe disse: [12] Servo maligno, pela tua bocca te julgarei;
sabias [13] que eu sou homem rigoroso, que tomo o que não puz, e sego o
que não semeei;

23 Porque não metteste pois o meu dinheiro no banco, e eu, vindo, o
demandaria com os juros?

24 E disse aos que estavam com elle: Tirae-lhe a mina, e dae-_a_ ao que
tiver dez minas.

25 (E disseram-lhe elles: Senhor, tem dez minas).

26 Pois eu vos digo [14] que a qualquer que tiver ser-lhe-ha dado, mas ao
que não tiver até o que tem lhe será tirado.

27 Porém trazei aqui aquelles meus inimigos que não quizeram que eu
reinasse sobre elles, e matae-_os_ diante de mim.


_A entrada triumphal de Jesus em Jerusalem._

Mat. 21.1-11 e refs.

28 E, dito isto, [15] ia caminhando adiante, subindo para Jerusalem.

29 E aconteceu [16] que, chegando perto de Bethphage, e de Bethania, ao
monte chamado das Oliveiras, mandou dois dos seus discipulos,

30 Dizendo: Ide á aldeia que está defronte, e ahi, ao entrar, achareis
preso um jumentinho em que nenhum homem ainda se assentou; soltae-o e
trazei-_o_;

31 E, se alguem vos perguntar: Porque _o_ soltaes? assim lhe direis:
Porque o Senhor o ha de mister.

32 E, indo os que haviam sido mandados, acharam como lhes dissera.

33 E, soltando o jumentinho, seus donos lhes disseram: Porque soltaes o
jumentinho?

34 E elles disseram: O Senhor o ha de mister.

35 E trouxeram-n’o a Jesus: [17] e, lançando sobre o jumentinho os seus
vestidos, pozeram a Jesus em cima.

36 E, indo elle, [18] estendiam no caminho os seus vestidos.

37 E, quando já chegava perto da descida do monte das Oliveiras, toda a
multidão dos discipulos, regozijando-se, começou a dar louvores a Deus em
alta voz, por todas as maravilhas que tinham visto,

38 Dizendo: [19] Bemdito o Rei que vem em nome do Senhor; [20] paz no
céu, e gloria nas alturas.

39 E disseram-lhe d’entre a multidão alguns dos phariseos: Mestre,
reprehende os teus discipulos.

40 E, respondendo elle, disse-lhes: Digo-vos que, se estes se calarem,
[21] logo as pedras clamarão.

41 E, quando _já_ ia chegando, vendo a cidade, [22] chorou sobre ella,

42 Dizendo: Ah! se tu conhecesses tambem, ao menos n’este teu dia, _o
que_ á tua paz _pertence_! mas agora _isto_ está encoberto aos teus olhos.

43 Porque dias virão sobre ti, [23] em que os teus inimigos te cercarão
de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todas as bandas;

44 E te [24] derribarão, a ti e aos teus filhos _que_ dentro de ti
_estiverem_; e não [25] deixarão em ti pedra sobre pedra, porquanto [26]
não conheceste o tempo da tua visitação.


_A purificação do templo._

Mat. 21.12-17 e refs.

45 E, entrando [27] no templo, começou a expulsar todos os que n’elle
vendiam e compravam,

46 Dizendo-lhes: [28] Está escripto: A minha casa é casa de oração; mas
vós [29] fizestes d’ella covil de salteadores.

47 E todos os dias ensinava no templo, [30] e os principaes dos
sacerdotes, e os escribas, e os principaes do povo procuravam matal-o.

48 E não achavam meio de o fazer, porque todo o povo pendia para elle,
escutando-o.

[1] Mat. 9.11. cap. 5.30.

[2] cap. 3.14.

[3] Exo. 22.1. I Sam. 12.3. II Sam. 12.6.

[4] Rom. 4.11, 12, 16. Gal. 3.7.

[5] cap. 13.16.

[6] Mat. 18.11 e 10.6 e 15.24.

[7] Act. 1.6.

[8] Mar. 13.34.

[9] João 1.11.

[10] Mat. 25.21. cap. 16.10.

[11] Mat. 25.24.

[12] II Sam. 1.16. Job 15.6. Mat. 12.37.

[13] Mat. 25.26.

[14] Mat. 13.12 e 25.29. Mar. 4.25. cap. 8.18.

[15] Mar. 10.32.

[16] Mar. 11.1.

[17] II Reis 9.13. Mat. 21.7. Mar. 11.7. João 12.14.

[18] Mat. 21.8.

[19] Psa. 118.26. cap. 13.35.

[20] cap. 2.14. Eph. 2.14.

[21] Hab. 2.11.

[22] João 11.35.

[23] Isa. 29.3, 4. Jer. 6.3, 6. cap. 21.20.

[24] I Reis 9.7, 8. Miq. 3.12.

[25] Mat. 24.2. Mar. 13.2. cap. 21.6.

[26] Dan. 9.24. cap. 1.68, 78. I Ped. 2.12.

[27] Mar. 11.11, 15. João 2.14, 15.

[28] Isa. 56.7.

[29] Jer. 7.11.

[30] Mar. 11.18. João 7.19 e 8.37.



_O baptismo de João._

Mat. 21.23-27 e refs.

20 E aconteceu n’um d’aquelles dias que, estando elle ensinando o povo
no templo, e annunciando o evangelho, sobrevieram os principaes dos
sacerdotes e os escribas com os anciãos,

2 E fallaram-lhe, dizendo: Dize-nos, [1] com que auctoridade fazes estas
_coisas_? Ou, quem é que te deu esta auctoridade?

3 E, respondendo elle, disse-lhes: Tambem eu vos farei uma pergunta:
dizei-me pois:

4 O baptismo de João era do céu ou dos homens?

5 E elles arrazoavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu, elle nos
dirá: Então porque o não crestes?

6 E se dissermos: Dos homens; todo o povo nos apedrejará, pois [2] teem
por certo que João era propheta.

7 E responderam que não sabiam d’onde _era_.

8 E Jesus lhes disse: Nem tão pouco eu vos digo com que auctoridade faço
estas _coisas_.


_Parabola dos lavradores maus._

Mat. 21.33-46 e refs.

9 E começou a dizer ao povo esta parabola: Um [3] _certo_ homem plantou
uma vinha, e arrendou-a a _uns_ lavradores, e partiu para fóra da terra
por muito tempo;

10 E a _seu_ tempo mandou um servo aos lavradores, para que lhe déssem
dos fructos da vinha; mas os lavradores, espancando-o, mandaram-n’o vazio.

11 E tornou ainda a mandar outro servo; mas elles, espancando tambem a
este, e affrontando-_o_, mandaram-n’o vazio.

12 E tornou ainda a mandar terceiro; mas elles, ferindo tambem a este,
_o_ expulsaram.

13 E disse o senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho amado;
talvez que, vendo-o, o respeitem.

14 Mas, vendo-o os lavradores, arrazoaram entre si, dizendo: Este é o
herdeiro; vinde, matemol-o, para que a herdade seja nossa.

15 E, lançando-o fóra da vinha, _o_ mataram. Que lhes fará pois o senhor
da vinha?

16 Irá, e destruirá estes lavradores, e dará a outros a vinha. E, ouvindo
elles _isto_, disseram: _Assim_ não seja!

17 Mas elle, olhando para elles, disse: Que é isto pois que está
escripto? [4] A pedra, que os edificadores reprovaram, essa foi feita
cabeça da esquina.

18 Qualquer que cair sobre aquella pedra será quebrantado, e aquelle [5]
sobre quem ella cair será feito em pedaços.


_A questão do tributo._

Mat. 22.15-22 e refs.

19 E os principaes dos sacerdotes e os escribas procuravam lançar mão
d’elle n’aquella mesma hora; mas temeram o povo; porque entenderam que
contra elles dissera esta parabola.

20 E, trazendo-_o_ debaixo de olho, mandaram espias, que se fingissem
justos, para o apanhar _n’alguma_ palavra, e entregal-o á jurisdicção e
poder do [AHK] presidente.

21 E perguntaram-lhe, dizendo: Mestre, [6] nós sabemos que fallas e
ensinas bem e rectamente, e que não attentas para a _apparencia da_
pessoa, mas ensinas com verdade o caminho de Deus:

22 É-nos licito dar tributo a Cesar ou não?

23 E, entendendo elle a sua astucia, disse-lhes: Porque me tentaes?

24 Mostrae-me uma moeda. De quem tem a imagem e a inscripção? E,
respondendo elles, disseram: De Cesar.

25 Disse-lhes então: Dae pois a Cesar o que _é_ de Cesar, e a Deus o que
_é_ de Deus.

26 E não poderam apanhal-o em palavra alguma diante do povo; e,
maravilhados da sua resposta, calaram-se.


_Os sadduceos e a resurreição._

Mat. 22.23-33 e refs.

27 E, chegando-se [7] alguns dos sadduceos, [8] que dizem não haver
resurreição, perguntaram-lhe,

28 Dizendo: Mestre, [9] Moysés escreveu-nos que, se o irmão d’algum
fallecer, tendo mulher, e não deixar filhos, o irmão d’elle tome a
mulher, e suscite posteridade a seu irmão.

29 Houve pois sete irmãos, e o primeiro tomou mulher, e morreu sem filhos;

30 E o segundo tomou-a, e _tambem_ este morreu sem filhos;

31 E o terceiro tomou-a, e egualmente tambem os sete: e morreram, e não
deixaram filhos.

32 E por ultimo, depois de todos, morreu tambem a mulher.

33 Portanto, na resurreição, de qual d’elles será a mulher, pois que os
sete a tiveram por mulher?

34 E, respondendo Jesus, disse-lhes: Os filhos d’este seculo casam-se, e
dão-se em casamento;

35 Mas os que forem havidos por dignos de alcançar aquelle seculo, e a
resurreição dos mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento;

36 Porque não podem [10] mais morrer; pois são eguaes aos anjos, e são
filhos de Deus, [11] visto que são filhos da resurreição.

37 E que os mortos hão de resuscitar [12] tambem o mostrou Moysés junto
da sarça, quando chama ao Senhor Deus de Abrahão, e Deus de Isaac, e Deus
de Jacob.

38 Ora _Deus_ não é Deus de mortos, porém de vivos; porque para [13] elle
vivem todos.

39 E, respondendo alguns dos escribas, disseram: Mestre, disseste bem.

40 E não ousavam perguntar-lhe mais _coisa_ alguma.


_O Christo Filho de David._

Mat. 22.41, etc. e refs.

41 E elle lhes disse: [14] Como dizem que o Christo é filho de David?

42 Dizendo o mesmo David no livro dos Psalmos: [15] Disse o SENHOR ao meu
Senhor: Assenta-te á minha direita,

43 Até que eu ponha os teus inimigos por escabello de teus pés.

44 De sorte que David lhe chama Senhor; e como é seu filho?


_Jesus censura os escribas._

Mat. 23.1, etc. e refs.

45 E, [16] ouvindo-o todo o povo, disse Jesus aos seus discipulos:

46 Guardae-vos dos escribas, que querem andar com vestidos compridos;
e amam as [17] saudações nas praças, e as principaes cadeiras nas
synagogas, e os primeiros logares nos banquetes;

47 Que [18] devoram as casas das viuvas, fazendo, como pretexto, largas
orações. Estes receberão maior condemnação.

[1] Act. 4.7 e 7.27.

[2] Mat. 14.5 e 21.26. cap. 7.29.

[3] Mar. 12.1.

[4] Psa. 118.22. Mat. 21.42.

[5] Dan. 2.34, 35. Mat. 21.44.

[6] Mat. 22.16. Mar. 12.14.

[7] Mar. 12.18.

[8] Act. 23.6, 8.

[9] Deu. 25.5.

[10] I Cor. 15.42, 49, 52. I João 3.2.

[11] Rom. 8.23.

[12] Exo. 3.6.

[13] Rom. 6.10, 11.

[14] Mat. 22.42. Mar. 12.35.

[15] Psa. 110.1. Act. 2.34.

[16] Mar. 12.38.

[17] cap. 11.43.

[18] Mat. 23.14.



_A pequena offerta da viuva pobre._

Mar. 12.41, etc.

21 E, olhando elle, viu os ricos lançarem as suas offertas na arca do
thesouro;

2 E viu tambem uma pobre viuva lançar ali duas pequenas _moedas_;

3 E disse: Em verdade vos [1] digo que lançou mais do que todos esta
pobre viuva;

4 Porque todos aquelles deitaram para as offertas de Deus, do que lhes
sobeja; mas esta, da sua pobreza, deitou todo o sustento que tinha.


_O sermão prophetico: o principio das dôres._

Mat. 24.1-14 e refs.

5 E, dizendo alguns a respeito do templo, que estava ornado de formosas
pedras e dadivas, disse:

6 Quanto a estas _coisas_ que vêdes, dias virão em [2] que se não deixará
pedra sobre pedra, que não seja derribada.

7 E perguntaram-lhe, dizendo: Mestre, quando serão pois estas _coisas_? E
que signal _haverá_ quando estas _coisas_ estiverem para acontecer?

8 Disse então elle: [3] Vêde não vos enganem, porque virão muitos em meu
nome, dizendo: Eu sou o _Christo_, e _já_ o tempo está proximo; não vades
portanto após elles.

9 E, quando ouvirdes de guerras e sedições, não vos assusteis. Porque é
necessario que estas _coisas_ aconteçam primeiro, mas o fim não _será_
logo.

10 Então [4] lhes disse: Levantar-se-ha nação contra nação, e reino
contra reino;

11 E haverá em varios logares grandes terremotos, e fomes e pestilencias;
haverá tambem coisas espantosas, e grandes signaes do céu.

12 Mas [5] antes de todas estas coisas lançarão mão de vós, e _vos_
perseguirão, entregando-_vos_ ás synagogas e [6] ás prisões, [7] e
conduzindo-vos á presença de reis e [AHL] presidentes, [8] por amor do
meu nome.

13 E sobrevir-vos-ha [9] _isto_ para testemunho.

14 Proponde [10] pois em vossos corações não premeditar como haveis de
responder,

15 Porque eu vos darei bocca e sabedoria [11] a que não poderão
contradizer nem resistir todos quantos se vos oppozerem.

16 E até pelos paes, e irmãos, e parentes, e amigos sereis [12]
entregues; e matarão [13] _alguns_ de vós.

17 E por todos sereis [14] aborrecidos por amor do meu nome.

18 Mas [15] não perecerá nem um cabello da vossa cabeça.

19 Na vossa paciencia possui as vossas almas.


_O sermão prophetico continúa: a grande tribulação._

Mat. 24.15-18.

20 Porém, quando virdes Jerusalem cercada d’exercitos, sabei então que
_já_ é chegada a sua assolação.

21 Então, os que estiverem na Judea, fujam para os montes; e, os que
estiverem no meio d’ella, saiam: e, os que nos campos, não entrem n’ella.

22 Porque dias de vingança são estes, para que [16] se cumpram todas as
_coisas_ que estão escriptas.

23 Mas ai [17] das gravidas, e das que criarem n’aquelles dias! porque
haverá grande aperto na terra, e ira sobre este povo.

24 E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados
captivos; e Jerusalem será pisada pelos gentios, até que os tempos dos
[18] gentios se completem.


_O sermão prophetico continúa: a volta do Filho do homem._

Mat. 24.29-35.

25 E haverá signaes no sol, e _na_ lua e _nas_ estrellas; e na terra
aperto das nações em perplexidade, pelo bramido do mar e das ondas;

26 Homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão
ao mundo. [19] Porque as virtudes do céu serão abaladas.

27 E então verão vir o Filho do homem [20] n’uma nuvem, com poder e
grande gloria.

28 Ora, quando estas _coisas_ começarem a acontecer, olhae para cima, e
levantae as vossas cabeças, [21] porque a vossa redempção está proxima.

29 E disse-lhes uma parabola: [22] Olhae para a figueira, e para todas as
arvores;

30 Quando já teem brotado, vós sabeis por vós mesmos, vendo-as, que perto
está já o verão.

31 Assim tambem vós, quando virdes acontecer estas _coisas_, sabei que o
reino de Deus está perto.

32 Em verdade vos digo que não passará esta geração até que tudo aconteça.

33 Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar.


_O sermão prophetico continúa: a vigilancia._

Mat. 24.36-44.

34 E olhae [23] por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem
de glotonaria, embriaguez, e dos cuidados _d’esta_ vida, e venha sobre
vós de improviso aquelle dia.

35 Porque [24] virá como um laço sobre todos os que habitam sobre a face
de toda a terra.

36 Vigiae [25] pois [26] em todo o tempo, orando, para que sejaes havidos
por dignos de evitar todas estas _coisas_ que hão de acontecer, e de
estar em [27] pé diante do Filho do homem.


_O pacto da traição._

Mat. 26.1-5, 14-16.

37 E [28] de dia ensinava no templo, [29] e á noite, saindo, ficava no
monte chamado das Oliveiras.

38 E todo o povo ia ter com elle ao templo, de manhã cedo, para o ouvir.

[1] II Cor. 8.12.

[2] cap. 19.44.

[3] Mat. 24.4. Mar. 13.5. Eph. 5.6. II The. 2.3.

[4] Mat. 24.7.

[5] Mar. 13.9. Apo. 2.10.

[6] Act. 4.3 e 5.18 e 12.4 e 16.24.

[7] Act. 25.23.

[8] I Ped. 2.13.

[9] Phi. 1.28. II The. 1.5.

[10] Mat. 10.19. Mar. 13.11. cap. 12.11.

[11] Act. 6.10.

[12] Miq. 7.6. Mar. 13.12.

[13] Act. 7.59 e 12.2.

[14] Mat. 10.22.

[15] Mat. 10.30.

[16] Dan. 9.26, 27. Zac. 11.1.

[17] Mat. 24.19.

[18] Dan. 9.27 e 12.7. Rom. 11.25.

[19] Mat. 24.29.

[20] Mat. 24.30. Apo. 1.7 e 14.14.

[21] Rom. 8.19, 23.

[22] Mat. 24.32. Mar. 13.28.

[23] Rom. 13.13. I The. 5.6. I Ped. 4.7.

[24] I The. 5.2. II Ped. 3.10. Apo. 3.3 e 16.15.

[25] Mat. 24.42 e 25.13. Mar. 13.33.

[26] cap. 18.1.

[27] Psa. 1.5. Eph. 6.13.

[28] João 8.1, 2.

[29] cap. 22.39.



22 Estava [1] pois perto a festa dos _pães_ asmos, chamada a paschoa.

2 E os [2] principaes dos sacerdotes, e os escribas, procuravam como o
matariam; porque temiam o povo.

3 Entrou, [3] porém, Satanaz em Judas, que tinha por sobrenome
Iscariotes, o qual era do numero dos doze;

4 E foi, e fallou com os principaes dos sacerdotes, e com os capitães, de
como lh’o entregaria,

5 Os quaes se alegraram, [4] e convieram em lhe dar dinheiro.

6 E elle prometteu; e buscava opportunidade para lh’o entregar sem
alvoroço.


_A ultima paschoa: a sancta ceia._

Mat. 26.17-30 e refs.

7 Chegou, porém, o dia dos _pães_ asmos, em que importava sacrificar a
paschoa.

8 E mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparae-nos a paschoa, para
que _a_ comamos.

9 E elles lhe disseram: Onde queres que _a_ preparemos?

10 E elle lhes disse: Eis que, quando entrardes na cidade, vos encontrará
um homem, levando um cantaro d’agua: segui-o até á casa em que elle
entrar.

11 E direis ao pae de familia da casa: O Mestre te diz: Onde está o
aposento em que hei de comer a paschoa com os meus discipulos?

12 Então elle vos mostrará um grande cenaculo mobilado; ahi fazei
preparativos.

13 E, indo elles, acharam como lhes tinha dito; e prepararam a paschoa.

14 E, chegada [5] a hora, poz-se _á mesa_, e com elle os doze apostolos.

15 E disse-lhes: Desejei muito comer comvosco esta paschoa, antes que
padeça;

16 Porque vos digo que não a comerei mais [6] até que ella se cumpra no
reino de Deus.

17 E, tomando o calix, e havendo dado graças, disse: Tomae-o, e
reparti-_o_ entre vós;

18 Porque [7] vos digo que já não beberei do fructo da vide, até que
venha o reino de Deus.

19 E, [8] tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lh’o,
dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; [9] fazei isto em
memoria de mim.

20 Similhantemente _tomou_ o calix, depois da ceia, dizendo: [10] Este
calix _é_ o Novo [AHM] Testamento no meu sangue, que é derramado por vós.

21 Porém [11] eis que a mão do que me trahe _está_ comigo á mesa.

22 E, na verdade, [12] o Filho do homem vae [13] segundo o que está
determinado; porém ai d’aquelle homem por quem é trahido!

23 E começaram [14] a perguntar entre si qual d’elles seria o que havia
de fazer isto.


_O maior será como o menor._

Mat. 20.25-28 e refs.

24 E houve [15] tambem entre elles contenda, sobre qual d’elles parecia
ser o maior.

25 E [16] elle lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre elles, e os
que teem auctoridade sobre elles são chamados bemfeitores.

26 Mas não [17] _sereis_ vós assim; antes o maior entre vós [18] seja
como o menor; e quem governa como quem serve.

27 Pois [19] qual é maior: quem está _á mesa_, ou quem serve? Porventura
não _é_ quem está _á mesa_? Porém eu [20] entre vós sou como aquelle que
serve.

28 E vós sois os que tendes permanecido comigo nas [21] minhas tentações.

29 [22] E eu vos ordeno o reino, como meu Pae m’o ordenou;

30 Para [23] que comaes e bebaes á minha mesa no meu reino, e vos
assenteis sobre thronos, julgando as doze tribus d’Israel.


_Pedro é avisado._

Mat. 26.33-35 e refs.

31 Disse tambem o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanaz vos pediu [24]
para vos [25] cirandar como trigo;

32 Mas [26] eu roguei por ti, para que a tua fé não desfalleça; e tu,
quando te converteres, conforta a teus irmãos.

33 E elle lhe disse: Senhor, estou prompto a ir comtigo até á prisão e á
morte.

34 Mas [27] elle disse: Digo-te, Pedro, que não cantará hoje o gallo
antes que tres vezes negues que me conheces.


_As duas espadas._

35 E disse-lhes: Quando [28] vos mandei sem bolsa, _sem_ alforge, e _sem_
alparcas, faltou-vos porventura alguma coisa? E disseram: Nada.

36 Disse-lhes pois: Mas agora, aquelle que tiver bolsa, tome-_a_, como
tambem o alforge; e, o que não tem espada, venda o seu vestido e compre-a;

37 Porque vos digo que importa que em mim se cumpra ainda aquillo que
está escripto: [29] E com os malfeitores foi contado. Porque o que _está
escripto_ de mim tem _seu_ cumprimento.

38 E elles disseram: Senhor, eis aqui duas espadas. E elle lhes disse:
Basta.


_Jesus em Gethsemane._

Mat. 26.36-46.

39 E, saindo, [30] foi, como costumava, para o Monte das Oliveiras; e
tambem os seus discipulos o seguiram.

40 E, quando chegou áquelle logar, disse-lhes: [31] Orae, para que não
entreis em tentação.

41 E [32] apartou-se d’elles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de
joelhos, orava,

42 Dizendo: Pae, se queres, passa de mim este calix, [33] porém não se
faça a minha vontade, senão a tua.

43 E appareceu-lhe um [34] anjo do céu, que o confortava.

44 E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor fez-se como
grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão.

45 E, levantando-se da oração, veiu para os seus discipulos, e achou-os
dormindo de tristeza.

46 E disse-lhes: Que, estaes dormindo? Levantae-vos, e [35] orae, para
que não entreis em tentação.


_Jesus é preso._

Mat. 26.47-56 e refs.

47 E, estando elle ainda a fallar, [36] eis que a multidão, e um dos
doze, que se chamava Judas, ia adiante d’elles, e chegou-se a Jesus para
o beijar.

48 E Jesus lhe disse: Judas, com um beijo trahes o Filho do homem?

49 E os que estavam com elle, vendo o que ia succeder, disseram-lhe:
Senhor, feriremos á espada?

50 E [37] um d’elles feriu o servo do summo sacerdote, e cortou-lhe a
orelha direita.

51 E, respondendo Jesus, disse: Deixae-os; basta. E, tocando-lhe a
orelha, o curou.

52 [38] E disse Jesus aos principaes dos sacerdotes, e capitães do
templo, e anciãos, que tinham ido contra elle: Saistes, como a um
salteador, com espadas e varapaus?

53 Tendo estado todos os dias comvosco no templo, não estendestes as mãos
contra mim, [39] porém esta é a vossa hora e o poder das trevas.


_Pedro nega a Jesus._

Mat. 26.69-75 e refs.

54 Então, prendendo-o, [40] _o_ conduziram, e o metteram em casa do summo
sacerdote. E Pedro seguia-o de longe.

55 E, [41] havendo-se accendido fogo no meio da sala, e assentando-se
juntos, assentou-se Pedro entre elles.

56 E _uma_ certa creada, vendo-o estar assentado ao fogo, e, postos os
olhos n’elle, disse: Este tambem estava com elle.

57 Porém elle negou-o, dizendo: Mulher, não o conheço.

58 E, [42] um pouco depois, vendo-o outro, disse: Tu és tambem d’elles.
Porém Pedro disse: Homem, não sou.

59 E, [43] passada quasi uma hora, um outro affirmava, dizendo: Tambem
este verdadeiramente estava com elle, pois tambem é galileo.

60 E Pedro disse: Homem, não sei o que dizes. E logo, estando elle ainda
a fallar, cantou o gallo.

61 E, virando-se o Senhor, olhou para Pedro, [44] e Pedro lembrou-se da
palavra do Senhor, como lhe havia dito: Antes que o gallo cante hoje, me
negarás tres vezes.

62 E, saindo Pedro para fóra, chorou amargamente.


_Jesus perante o synhedrio._

Mat. 26.57-68 e refs.

63 E os homens que detinham Jesus zombavam d’elle, ferindo-o.

64 E, cobrindo-o, feriam-n’o no rosto, e perguntavam-lhe, dizendo:
Prophetiza quem é o que te feriu?

65 E outras muitas coisas diziam contra elle, blasphemando.

66 E, [45] logo que foi dia, ajuntaram-se os anciãos do povo, e os
principaes dos sacerdotes e os escribas, e o conduziram ao seu concilio,

67 Dizendo: [46] És tu o Christo? dize-nol-o. E disse-lhes: Se vol-o
disser, não o crereis;

68 E tambem, se vos perguntar, não me respondereis, nem me soltareis.

69 Desde [47] agora o Filho do homem se assentará á direita do poder de
Deus.

70 E disseram todos: Logo, és tu o Filho de Deus? E elle lhes disse: [48]
Vós dizeis que eu sou.

71 E disseram elles: [49] De que mais testemunho necessitamos? pois nós
mesmos o ouvimos da sua bocca.

[1] Mat. 26.2. Mar. 14.1.

[2] Psa. 2.2. João 11.47. Act. 4.27.

[3] Mat. 26.14. Mar. 14.10. João 13.2, 27.

[4] Zac. 11.12.

[5] Mat. 26.20. Mar. 14.17.

[6] cap. 14.15. Act. 10.41. Apo. 19.9.

[7] Mat. 26.29. Mar. 14.25.

[8] Mat. 26.26. Mar. 14.22.

[9] I Cor. 11.24.

[10] I Cor. 10.16.

[11] Psa. 41.9. Mat. 26.21, 23. Mar. 14.18. João 13.21, 26.

[12] Mat. 26.24.

[13] Act. 2.23 e 4.28.

[14] Mat. 26.22. João 13.22, 25.

[15] Mar. 9.34. cap. 9.46.

[16] Mat. 20.25. Mar. 10.42.

[17] Mat. 20.26. I Ped. 5.3.

[18] cap. 9.48.

[19] cap. 12.37.

[20] Mat. 20.28. João 13.13, 14. Phi. 2.7.

[21] Heb. 4.15.

[22] Mat. 24.47. cap. 12.32. II Cor. 1.7. II Tim. 2.12.

[23] Mat. 8.11 e 19.28. cap. 14.15. Apo. 19.9 e 3.21. I Cor. 6.2.

[24] I Ped. 5.8.

[25] Amós 9.9.

[26] João 17.9, 11, 15 e 21.15, 16, 17.

[27] Mat. 26.34. Mar. 14.30. João 13.38.

[28] Mat. 10.9. cap. 9.3 e 10.4.

[29] Isa. 53.12. Mar. 15.28.

[30] Mar. 14.32. cap. 21.37.

[31] Mat. 6.13 e 26.41. Mar. 14.38. ver. 46.

[32] Mat. 26.39. Mar. 14.35.

[33] João 5.30 e 6.38.

[34] Mat. 4.11. João 12.27. Heb. 5.7.

[35] ver. 40.

[36] Mar. 14.43. João 18.3.

[37] Mat. 26.51. Mar. 14.47. João 18.10.

[38] Mat. 26.55. Mar. 14.48.

[39] João 12.27.

[40] Mat. 26.57. João 18.15.

[41] Mar. 14.66. João 18.17, 18.

[42] Mat. 26.71. Mar. 14.69. João 18.25.

[43] Mat. 26.73. Mar. 14.70. João 18.26.

[44] Mat. 26.75 e 26.34. Mar. 14.72. João 13.38.

[45] Mat. 27.1. Act. 4.26 e 22.5.

[46] Mat. 26.63. Mar. 14.61.

[47] Mat. 26.64. Mar. 14.62. Heb. 1.30 e 8.1.

[48] Mat. 26.64. Mar. 14.62.

[49] Mat. 26.65. Mar. 14.63.



_Jesus perante Pilatos e perante Herodes._

Mat. 27.1, 2, 11-31 e refs.

23 E, levantando-se [1] toda a multidão d’elles, o levaram a Pilatos.

2 E começaram a accusal-o, dizendo: Havemos achado este, [2] que perverte
a nação, e prohibe dar o tributo a Cesar, dizendo que elle mesmo é [AHN]
Christo, _o_ rei.

3 E [3] Pilatos perguntou-lhe, dizendo: Tu és o Rei dos Judeos? E elle,
respondendo, disse-lhe: Tu _o_ dizes.

4 E disse Pilatos aos principaes dos sacerdotes, e á multidão: [4] Não
acho culpa alguma n’este homem.

5 Mas elles insistiam cada vez mais, dizendo: Alvoroça o povo, ensinando
por toda a Judea, começando desde Galilea até aqui.

6 Então Pilatos, ouvindo _fallar_ da Galilea, perguntou se aquelle homem
era galileo.

7 E, entendendo que era [5] da jurisdicção de Herodes, remetteu-o a
Herodes, que tambem n’aquelles dias estava em Jerusalem.

8 E Herodes, quando viu a Jesus, alegrou-se muito; porque [6] havia muito
que desejava vêl-o, por ter ouvido d’elle muitas _coisas_; e esperava que
lhe veria fazer algum signal;

9 E interrogava-o em muitas palavras, porém elle nada lhe respondia.

10 E estavam os principaes dos sacerdotes, e os escribas, accusando-o com
grande vehemencia.

11 E Herodes, [7] com os seus soldados, desprezando-o, e escarnecendo
d’elle, vestiu-o de uma roupa resplandecente e tornou a envial-o a
Pilatos.

12 E no mesmo [8] dia Pilatos e Herodes entre si se fizeram amigos;
porque d’antes andavam em inimizade um com o outro.

13 E, convocando [9] Pilatos os principaes dos sacerdotes, e os
magistrados, e o povo, disse-lhes:

14 Haveis-me [10] apresentado este homem como pervertedor do povo; e
eis que, examinando-o na vossa presença, nenhuma culpa, das de que o
accusaes, acho n’este homem.

15 Nem mesmo Herodes, porque a elle vos remetti, e eis que não tem feito
coisa alguma digna de morte.

16 Castigal-o-hei [11] pois, e soltal-o-hei.

17 E [12] era-lhe necessario soltar-lhes um pela festa.

18 Porém [13] toda a multidão clamou á uma, dizendo: Fóra d’aqui com
este, e solta-nos Barrabas:

19 O qual fôra lançado na prisão por causa de uma sedição feita na
cidade, e de um homicidio.

20 Fallou pois outra vez Pilatos, querendo soltar a Jesus.

21 Mas elles clamavam em contrario, dizendo: Crucifica-_o_, crucifica-o.

22 Então elle, pela terceira vez, lhes disse: Pois que mal fez este? Não
acho n’elle culpa alguma de morte. Castigal-o-hei pois, e soltal-o-hei.

23 Mas elles instavam com grandes gritos, pedindo que fosse crucificado.
E os seus gritos, e os dos principaes dos sacerdotes, redobravam.

24 Então [14] Pilatos julgou que devia fazer o que elles pediam.

25 E soltou-lhes o que fôra lançado na prisão por uma sedição e
homicidio, que era o que pediam; porém entregou Jesus á vontade d’elles.


_Jesus no caminho do Golgotha._

26 E, quando o iam [15] levando, tomaram um certo Simão, cyreneo, que
vinha do campo, e pozeram-lhe a cruz ás costas, para que a levasse após
Jesus.

27 E seguia-o grande multidão de povo e de mulheres, as quaes batiam nos
peitos, e o lamentavam.

28 Porém Jesus, voltando-se para ellas, disse: Filhas de Jerusalem, não
choreis por mim, chorae antes por vós mesmas, e por vossos filhos.

29 Porque [16] eis que hão de vir dias em que dirão: Bemaventuradas as
estereis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não crearam!

30 Então [17] começarão a dizer aos montes: Cahi sobre nós, e aos
outeiros: Cobri-nos.

31 Porque, [18] se ao madeiro verde fazem isto, que se fará ao secco?

32 E [19] tambem conduziram outros dois, que eram malfeitores, para com
elle serem mortos.


_A crucifixão._

Mat. 27.33-56 e refs.

33 E, [20] quando chegaram ao logar chamado a Caveira, ali o
crucificaram, e aos malfeitores, um á direita e outro á esquerda.

34 E dizia Jesus: Pae, [21] perdôa-lhes, porque não sabem o que fazem. E,
repartindo os seus vestidos, lançaram sortes.

35 E [22] o povo estava olhando; e juntamente com elles tambem os [AHO]
principes zombavam d’elle, dizendo: Aos outros salvou, salve-se a si
mesmo, se este é o Christo, o escolhido de Deus.

36 E tambem os soldados o escarneciam, chegando-se a elle, e
apresentando-lhe vinagre,

37 E dizendo: Se tu és o Rei dos Judeos, salva-te a ti mesmo.

38 E [23] tambem por cima d’elle estava um titulo, escripto em lettras
gregas, romanas, e hebraicas: ESTE É O REI DOS JUDEOS.

39 E [24] um dos malfeitores que estavam pendurados blasphemava d’elle,
dizendo: Se tu és o Christo, salva-te a ti mesmo, e a nós.

40 Respondendo, porém, o outro, reprehendia-o, dizendo: Tu nem ainda
temes a Deus, estando na mesma condemnação?

41 E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos
feitos mereciam; mas este nenhum mal fez.

42 E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu
reino.

43 E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no
Paraiso.

44 E [25] era já quasi a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até a
hora nona.

45 E o sol escureceu, e rasgou-se [26] ao meio o véu do templo.

46 E, clamando Jesus com grande voz, disse: [27] Pae, nas tuas mãos
entrego o meu espirito. E, havendo dito isto, expirou.

47 E o [28] centurião, vendo o que tinha acontecido, deu gloria a Deus,
dizendo: Na verdade, este homem era justo.

48 E toda a multidão que se ajuntára a este espectaculo, vendo o que
havia acontecido, voltava batendo nos peitos.


_A sepultura de Jesus._

Mat. 27.55.

49 E todos [29] os seus conhecidos, e as mulheres que juntamente o haviam
seguido desde a Galiléa, estavam de longe vendo estas _coisas_.

50 E [30] eis que um varão por nome José, senador, homem de bem e justo,

51 Que não tinha consentido no seu conselho, nem em _seus_ feitos, de
Arimathea, cidade dos judeos, [31] e que tambem esperava o reino de Deus:

52 Este, chegando a Pilatos, pediu o corpo de Jesus;

53 E, [32] havendo-o tirado, envolveu-o n’um lençol, e pôl-o n’um
sepulchro lavrado n’uma [AHP] penha, onde ninguem ainda havia sido posto.

54 E era o dia [33] da preparação, e amanhecia o sabbado.

55 E tambem as mulheres, [34] que tinham saido com elle da Galiléa, o
seguiram, e viram o sepulchro, e como foi posto o seu corpo.

56 E, voltando [35] ellas, prepararam especiarias e unguentos; [36] e no
sabbado repousaram, conforme o mandamento.

[1] Mar. 15.1. João 18.28.

[2] Act. 17.7. Mat. 17.27 e 22.21. Mar. 12.17. João 19.12.

[3] Mat. 27.11. I Tim. 6.13.

[4] I Ped. 2.22.

[5] cap. 3.1.

[6] cap. 9.9. Mat. 14.1. Mar. 6.14.

[7] Isa. 53.3.

[8] Act. 4.27.

[9] Mat. 27.23. Mar. 15.14. João 18.38 e 19.4.

[10] ver. 1, 2, 4.

[11] Mat. 27.26. João 19.1.

[12] Mat. 27.15. Mar. 15.6. João 18.39.

[13] Act. 3.14.

[14] Mat. 27.26. Mar. 15.15. João 19.16.

[15] Mat. 27.32. Mar. 15.21. João 19.17.

[16] Mat. 24.19. cap. 21.23.

[17] Isa. 2.19. Ose. 10.8. Apo. 6.16 e 9.6.

[18] Pro. 11.31. Jer. 25.29. Eze. 20.47 e 21.3, 4. I Ped. 4.17.

[19] Isa. 53.12. Mat. 27.33.

[20] Mar. 15.22. João 19.17, 18.

[21] Mat. 5.44 e 27.35. Act. 3.17. I Cor. 4.12. Mar. 15.24. João 19.23.

[22] Psa. 22.17. Zac. 12.10. Mat. 27.39. Mar. 15.29.

[23] Mat. 27.37. Mar. 15.26. João 19.19.

[24] Mat. 27.44. Mar. 15.32.

[25] Mat. 27.45. Mar. 15.33.

[26] Mat. 27.51. Mar. 15.38.

[27] Psa. 31.5. I Ped. 2.23. Mat. 27.50. Mar. 15.37. João 19.30.

[28] Mat. 27.54. Mar. 15.39.

[29] Psa. 38.11. Mar. 15.40. João 19.25.

[30] Mat. 27.57. Mar. 15.42. João 19.38.

[31] Mar. 15.43. cap. 2.25, 38.

[32] Mat. 27.59. Mar. 15.46.

[33] Mat. 27.62.

[34] cap. 8.2.

[35] Mar. 16.1.

[36] Exo. 20.10.



_A resurreição._

Mat. 28.1-10 e refs.

24 E [1] no primeiro _dia_ da semana, muito de madrugada, foram estas, e
algumas _outras_ com ellas, ao sepulchro, [2] levando as especiarias que
tinham preparado.

2 E [3] acharam _já_ a pedra revolvida do sepulchro.

3 E, entrando, [4] não acharam o corpo do Senhor Jesus.

4 E aconteceu que, estando ellas perplexas [5] por isto, eis que pararam
junto d’ellas dois varões, com vestidos resplandecentes.

5 E, estando ellas muito atemorisadas, e abaixando o rosto para o chão,
elles lhes disseram: Porque buscaes o vivente entre os mortos?

6 Não está aqui, porém _já_ resuscitou. Lembrae-vos [6] como vos fallou,
estando ainda na Galilea,

7 Dizendo: Convem que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens
peccadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia resuscite.

8 E [7] lembraram-se das suas palavras.

9 E, [8] voltando do sepulchro, annunciaram todas estas coisas aos onze e
a todos os demais.

10 E eram Maria Magdalena, [9] e Joanna, e Maria, _mãe_ de Thiago, e as
outras _que_ com ellas _estavam_, que diziam estas _coisas_ aos apostolos.

11 E [10] as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram.

12 Pedro, porém, [11] levantando-se, correu ao sepulchro, e,
abaixando-se, viu só os lenços _ali_ postos; e retirou-se, admirando
comsigo aquelle caso.


_Dois discipulos no caminho de Emmaus._

13 E [12] eis que no mesmo dia iam dois d’elles para uma aldeia, que
distava de Jerusalem sessenta estadios, cujo nome _era_ Emmaus;

14 E iam fallando entre si de todas aquellas _coisas_ que haviam
succedido.

15 E aconteceu que, indo elles fallando entre si, e perguntando-se um ao
outro, o mesmo Jesus se [13] approximou, e ia com elles;

16 Mas [14] os olhos d’elles estavam retidos para que o não conhecessem.

17 E elle lhes disse: Que palavras _são_ essas que, caminhando, trocaes
entre vós, e porque estaes tristes?

18 E, [15] respondendo um, cujo nome _era_ Cleophas, disse-lhe: És tu só
peregrino em Jerusalem, e não sabes as _coisas_ que n’ella teem succedido
n’estes dias?

19 E elle lhe disse: Quaes? E elles lhe disseram: As que dizem respeito a
Jesus Nazareno, que [16] foi varão propheta, poderoso em obras e palavras
diante de Deus e de todo o povo:

20 E [17] como os principaes dos sacerdotes, e os nossos principes o
entregaram á condemnação de morte, e o crucificaram:

21 E nós esperavamos [18] que fosse elle o que remisse Israel; mas
agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas
aconteceram:

22 Ainda que tambem [19] algumas mulheres d’entre nós nos maravilharam,
as quaes da madrugada foram ao sepulchro;

23 E, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que tambem tinham visto
_uma_ visão de anjos, que dizem que elle vive:

24 E [20] alguns dos que estão comnosco foram ao sepulchro, e acharam
_ser_ assim como as mulheres haviam dito; porém a elle não _o_ viram.

25 E elle lhes disse: O nescios, e tardos de coração para crer tudo o que
os prophetas disseram!

26 Porventura [21] não convinha que o Christo padecesse estas _coisas_ e
entrasse na sua gloria?

27 E, [22] começando de Moysés, e de todos os [23] prophetas,
explicava-lhes em todas as Escripturas o que d’elle estava _escripto_.

28 E chegaram á aldeia para onde iam, e elle [24] fez como quem ia para
mais longe.

29 E [25] elles o constrangeram, dizendo: Fica comnosco, porque já é
tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com elles.

30 E aconteceu que, estando com elles _á mesa_, [26] tomando o pão, o
abençoou, e partiu-o, e lh’o deu.

31 Abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram, e elle
desappareceu-lhes.

32 E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso
coração quando, pelo caminho nos fallava, e quando nos abria as
Escripturas?

33 E na mesma hora, levantando-se, tornaram para Jerusalem, e acharam
congregados os onze, e os que estavam com elles,

34 Que diziam: Resuscitou verdadeiramente o Senhor, [27] e _já_ appareceu
a Simão.

35 E elles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho, e como d’elles
foi conhecido no partir do pão.


_Apparição de Jesus entre os doze._

João 20.19, etc. e refs.

36 E, [28] fallando elles d’estas _coisas_, o mesmo Jesus se apresentou
no meio d’elles, e disse-lhes: Paz _seja_ comvosco.

37 E elles, espantados e atemorisados, pensavam que viam [29] algum
espirito.

38 E elle lhes disse: Porque estaes perturbados, e porque sobem _taes_
pensamentos aos vossos corações?

39 Vêde as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo: [30] apalpae-me e
vêde; pois um espirito não tem carne nem ossos, como vêdes que eu tenho.

40 E, dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés.

41 E, não o crendo elles ainda [31] por causa da alegria, e maravilhados,
disse-lhes: [32] Tendes aqui alguma coisa que comer?

42 Então elles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de
mel.

43 O [33] que elle tomou, e comeu diante d’elles.

44 E disse-lhes: [34] _São_ estas as palavras que vos disse estando ainda
comvosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escripto
na lei de Moysés, e _nos_ prophetas, e _nos_ psalmos.

45 Então [35] abriu-lhes o entendimento para comprehenderem as
Escripturas.

46 E disse-lhes: [36] Assim está escripto, e assim convinha que o Christo
padecesse, e ao terceiro dia resuscitasse dos mortos;

47 E em seu nome se prégasse o arrependimento [37] e a remissão dos
peccados, em todas as nações, começando por Jerusalem.

48 E d’estas _coisas_ [38] sois vós testemunhas.

49 E [39] eis que sobre vós envio a promessa de meu Pae: ficae, porém,
vós na cidade de Jerusalem, até que do alto sejaes revestidos de poder.


_A ascenção._

Act. 1.9-11.

50 E levou-os fóra, até Bethania; e, levantando as suas mãos, os abençoou.

51 [40] E aconteceu que, abençoando-os elle, se apartou d’elles e foi
elevado ao céu.

52 E, [41] adorando-o elles, tornaram com grande jubilo para Jerusalem.

53 E estavam sempre no [42] templo, louvando e bemdizendo a Deus. Amen.

[1] Mar. 16.1. João 20.1.

[2] cap. 23.56.

[3] Mat. 28.2. Mar. 16.4.

[4] ver. 23. Mar. 16.5.

[5] João 20.12. Act. 1.10.

[6] Mat. 16.21 e 17.22. Mar. 8.31 e 9.30. cap. 9.22.

[7] João 2.22.

[8] Mar. 16.10.

[9] cap. 8.3.

[10] Mar. 16.11. ver. 25.

[11] João 20.3, 6.

[12] Mar. 16.12.

[13] Mat. 18.20. ver. 36.

[14] João 20.14 e 21.4.

[15] João 19.25.

[16] Mat. 21.11. cap. 7.16. João 3.2 e 4.19. Act. 2.22 e 7.22.

[17] cap. 23.1. Act. 13.27, 28.

[18] cap. 1.68 e 2.38. Act. 1.6.

[19] Mat. 28.8. Mar. 16.10. ver. 9, 10. João 20.18.

[20] ver. 12.

[21] ver. 46. Act. 17.3. I Ped. 1.11.

[22] ver. 45. Gen. 3.15 e 22.18 e 26.4 e 49.10. Num. 21.9. Deu. 18.15.

[23] Psa. 16.9, 10. Jer. 23.5. Eze. 34.23. Dan. 9.24. Miq. 7.20. Mal.
3.1. João 1.45.

[24] Gen. 32.26 e 42.7. Mar. 6.48.

[25] Gen. 19.3. Act. 16.15.

[26] Mat. 14.19.

[27] I Cor. 15.5.

[28] Mar. 16.14. I Cor. 15.5.

[29] Mar. 6.49.

[30] João 20.20, 27.

[31] Gen. 45.26.

[32] João 21.5.

[33] Act. 10.41.

[34] Mat. 16.21 e 17.22 e 20.18. Mar. 8.31. cap. 9.22 e 18.31. ver. 6.

[35] Act. 16.14.

[36] ver. 26. Psa. 22. Isa. 50.6 e 53.2, etc. Act. 17.3.

[37] Dan. 9.24. Act. 13.38, 46. I João 2.12. Gen. 12.3. Isa. 49.6, 22.
Jer. 31.34. Miq. 4.2. Mal. 1.11.

[38] João 15.27. Act. 1.8, 22.

[39] Isa. 44.3. Joel 2.28. João 14.16, 26 e 15.26 e 16.7. Act. 1.4 e 2.1,
etc.

[40] II Reis 2.11. Mar. 16.19. João 20.17. Act. 1.9. Eph. 4.8.

[41] Mat. 28.9, 17.

[42] Act. 2.46 e 5.42.



O SANCTO EVANGELHO SEGUNDO S. JOÃO.



_O Verbo se fez carne._

[Anno Domini 26]

1 No principio [1] era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus.

2 Elle [2] estava no principio com Deus.

3 Todas [3] _as coisas_ foram feitas por elle, e sem elle nada, do que
foi feito, se fez.

4 N’elle [4] estava a vida, e a vida era a luz dos homens;

5 E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a comprehenderam.

6 Houve [5] um homem enviado de Deus, cujo nome _era_ João.

7 Este [6] veiu para testemunho, para que testificasse da luz; para que
todos cressem por elle.

8 Não era elle a luz; mas para que testificasse da luz.

9 _Este_ [7] era a luz verdadeira, que alumia a todo o homem que vem ao
mundo.

10 Estava no mundo, [8] e o mundo foi feito por elle, e o mundo não o
conheceu.

11 Veiu [9] para o que era seu, e os seus não o receberam.

12 Mas, [10] a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem
feitos filhos de Deus, _a saber_, aos que crêem no seu nome;

13 [11] Os quaes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da
vontade do varão, mas de Deus.

14 E [12] o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua
gloria, como a gloria do unigenito do Pae, cheio de graça e de verdade.


_O testemunho de João Baptista._

Mat. 3.1-12 e refs.

[Anno Domini 30]

15 João [13] testificou d’elle; e clamou, dizendo: Este era aquelle
de quem eu dizia: O que vem depois de mim é antes de mim, porque era
primeiro do que eu.

16 E todos [14] nós recebemos tambem da sua plenitude, e graça por graça.

17 Porque [15] a lei foi dada por Moysés; a graça e a verdade vieram por
Jesus Christo.

18 Deus nunca foi [16] visto por alguem. O Filho unigenito, que está no
seio do Pae, elle _nol-o_ declarou.

19 E este é [17] o testemunho de João, quando os judeos mandaram de
Jerusalem sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu?

20 E [18] confessou, e não negou; confessou: Eu não sou o Christo.

21 E perguntaram-lhe: Pois que? És tu [19] Elias? E disse: Não sou. És tu
propheta? E respondeu: Não.

22 Disseram-lhe pois: Quem és? para que demos resposta áquelles que nos
enviaram; que dizes de ti mesmo?

23 Disse: [20] Eu _sou_ a voz do que clama no deserto: Endireitae o
caminho do Senhor, como disse o propheta Isaias.

24 E os que tinham sido enviados eram dos phariseos;

25 E perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Porque baptizas pois, se tu não és
o Christo, nem Elias, nem o propheta?

26 João respondeu-lhes, dizendo: [21] Eu baptizo com agua; mas no meio de
vós está um a quem vós não conheceis.

27 Este [22] é aquelle que vem após mim, que já foi antes de mim, do qual
eu não sou digno de desatar a correia da alparca.

28 Estas _coisas_ aconteceram [23] em Bethania[AHQ], da outra banda do
Jordão, onde João estava baptizando.

29 No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para elle, e disse: [24]
Eis aqui o Cordeiro de Deus, [25] que tira o peccado do mundo.

30 Este é aquelle do qual eu disse: Após mim vem um varão que já foi
antes de mim; porque _já_ era primeiro do que eu.

31 E eu não o conhecia; mas, [26] para que fosse manifestado a Israel,
por isso vim eu baptizando com agua.

32 E [27] João testificou, dizendo: Eu vi o Espirito descer do céu como
_uma_ pomba, e repousar sobre elle.

33 E eu não o conhecia, mas o que me mandou a baptizar com agua esse me
disse: Sobre aquelle que vires descer o Espirito, e repousar sobre elle,
esse [28] é o que baptiza com o Espirito Sancto.

34 E eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus.


_Os primeiros apostolos de Jesus._

35 No dia seguinte João estava outra vez _ali_, e dois dos seus
discipulos;

36 E, vendo _por ali_ andar a Jesus, disse: [29] Eis aqui o Cordeiro de
Deus.

37 E os dois discipulos ouviram-n’o dizer _isto_, e seguiram a Jesus.

38 E Jesus, voltando-se e vendo que elles o seguiam, disse-lhes: Que
buscaes? E elles lhe disseram: Rabbi, (que, traduzido, quer dizer,
Mestre) onde moras?

39 Elle lhes disse: Vinde, e vêde. Foram, e viram onde morava, e ficaram
com elle aquelle dia: e era já quasi a hora decima.

40 Era [30] André, irmão de Simão Pedro, um dos dois que ouviram aquillo
de João, e o haviam seguido.

41 Este achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: _Já_ achámos o
Messias (que, traduzido, é o Christo).

42 E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para elle, disse: Tu és Simão,
filho de Jonas; [31] tu serás chamado Cephas (que quer dizer Pedro).

43 No dia seguinte quiz Jesus ir á Galilea, e achou a Philippe, e
disse-lhe: Segue-me.

44 E [32] Philippe era de Bethsaida, cidade de André e de Pedro.

45 Philippe achou [33] Nathanael, e disse-lhe: Havemos achado _aquelle_
de quem [34] Moysés escreveu na lei, e os prophetas, _a saber_: Jesus
[35] de Nazareth, filho de José.

46 Disse-lhe Nathanael: [36] Pode vir alguma _coisa_ boa de Nazareth?
Disse-lhe Philippe: Vem, e vê.

47 Jesus viu Nathanael vir ter com elle, e disse d’elle: [37] Eis aqui um
verdadeiro israelita, em quem não ha dolo.

48 Disse-lhe Nathanael: D’onde me conheces tu? Jesus respondeu, e
disse-lhe: Antes que Philippe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo
da figueira.

49 Nathanael respondeu, e disse-lhe: Rabbi, [38] tu és o Filho de Deus,
tu és o Rei d’Israel.

50 Jesus respondeu, e disse-lhe: Porque te disse: Vi-te debaixo da
figueira, crês? _coisas_ maiores do que estas verás.

51 E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo [39] que d’aqui em diante
vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho
do homem.

[1] Pro. 8.22 e 8.30. Col. 1.17. I João 1.1 e 5.7. Apo. 1.2. cap. 17.5.
Phi. 2.6.

[2] Gen. 1.1.

[3] ver. 10. Psa. 33.6. Eph. 3.9. Col. 1.16. Heb. 1.2. Apo. 4.11.

[4] I João 5.11. cap. 8.12 e 9.5 e 12.35, 46.

[5] Mal. 3.1. Mat. 3.1. Luc. 3.2.

[6] Act. 19.4.

[7] Isa. 49.6. I João 2.8.

[8] ver. 3. Heb. 1.2.

[9] Luc. 19.14. Act. 3.26 e 13.46.

[10] Isa. 56.5. Rom. 8.15. Gal. 3.26. II Ped. 1.4. I João 3.1.

[11] Thi. 1.18. I Ped. 1.23.

[12] Mat. 1.16, 20 e 17.2. Luc. 1.31. I Tim. 3.16. Rom. 1.3. Gal. 4.4.
Heb. 2.11. cap. 2.11. II Ped. 1.17. Col. 1.19 e 2.3, 9.

[13] cap. 3.32 e 5.33. Mat. 3.11. Mar. 1.7. Luc. 3.16. cap. 3.31 e 8.58.
Col. 1.17.

[14] cap. 3.31. Eph. 1.6, 7.

[15] Exo. 20.1, etc. Deu. 4.44. Rom. 3.24 e 5.21 e 6.14. cap. 8.32 e 14.6.

[16] Exo. 33.20. Deu. 4.12. Luc. 10.22. cap. 6.46. I Tim. 1.17. I João
4.12, 20. ver. 14.

[17] cap. 5.33.

[18] Luc. 3.15. cap. 3.28. Act. 13.25.

[19] Mal. 4.5. Mat. 17.10. Deu. 18.15, 18.

[20] Mat. 3.3. Mar. 1.3. Luc. 3.4. cap. 3.28. Isa. 40.3.

[21] Mat. 3.11. Mal. 3.1.

[22] ver. 15, 30. Act. 19.4.

[23] Jui. 7.24. cap. 10.40.

[24] Exo. 12.3. Isa. 53.7. Act. 8.32. I Ped. 1.19. Apo. 5.6, etc.

[25] Isa. 53.11. I Cor. 15.3. Gal. 1.4. Heb. 1.3 e 2.17 e 9.28. I Ped.
2.24 e 3.18. I João 2.2 e 3.5 e 4.10. Apo. 1.5.

[26] Mal. 3.1. Mat. 3.6. Luc. 1.17, 76 e 3.3.

[27] Mat. 3.16. Mar. 1.10. Luc. 3.22. cap. 5.32.

[28] Mat. 3.11. Act. 1.5 e 2.4 e 10.44 e 19.2.

[29] ver. 29.

[30] Mat. 4.18.

[31] Mat. 16.18.

[32] cap. 12.21.

[33] cap. 21.2.

[34] Gen. 3.15 e 49.10. Deu. 18.18. Luc. 24.27. Isa. 4.2 e 7.14 e 9.6.
Miq. 5.2. Zac. 6.12.

[35] Mat. 2.23. Luc. 2.4.

[36] cap. 7.41, 42, 52.

[37] Psa. 32.2. cap. 8.39. Rom. 2.28, 29 e 9.6.

[38] Mat. 14.33 e 21.5 e 27.11, 42. cap. 18.37 e 19.3.

[39] Gen. 28.12. Mat. 4.11. Luc. 2.9, 13 e 22.43 e 24.4. Act. 1.10.



_As bodas em Caná: a agua feita vinho._

2 E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em [1] Caná da Galilea: e
estava ali a mãe de Jesus.

2 E foi tambem convidado Jesus e os seus discipulos para as bodas.

3 E, faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não teem vinho.

4 Disse-lhe Jesus: [2] Mulher, [3] que tenho eu comtigo? [4] ainda não é
chegada a minha hora.

5 Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto elle vos disser.

6 E estavam ali postas seis talhas de pedra, [5] para as purificações dos
judeos, e em cada uma cabiam dois ou tres almudes.

7 Disse-lhes Jesus: Enchei d’agua essas talhas. E encheram-n’as até cima.

8 E disse-lhes: Tirae agora, e levae ao mestre-sala. E levaram.

9 E, logo que o mestre-sala provou a [6] agua feita vinho (não sabendo
d’onde viera, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a agua),
chamou o mestre-sala ao esposo,

10 E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom, e, quando _já_
teem bebido bem, então o inferior; _mas_ tu guardaste até agora o bom
vinho.

11 Jesus principiou assim os seus signaes em Caná da Galilea, [7] e
manifestou a sua gloria; e os seus discipulos crêram n’elle.

12 Depois d’isto desceu a Capernaum, elle, e sua mãe, [8] e seus irmãos,
e seus discipulos, e ficaram ali não muitos dias.


_Jesus purifica o templo._

Mat. 21.12, etc. e refs.

13 [9] E estava proxima a paschoa dos judeos, e Jesus subiu a Jerusalem.

14 E [10] achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os
cambiadores assentados.

15 E, feito um açoite de cordeis, lançou todos fóra do templo, tambem
os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as
mesas;

16 E disse aos que vendiam pombos: Tirae d’aqui estes, e não façaes da
casa de [11] meu Pae casa de venda.

17 E os seus discipulos lembraram-se de que está escripto: [12] O zelo da
tua casa me comeu.

18 Responderam pois os judeos, e disseram-lhe: [13] Que signal nos
mostras para fazeres estas _coisas_?

19 Jesus respondeu, e disse-lhes: [14] Derribae este templo, e em tres
dias o levantarei.

20 Disseram pois os judeos: Em quarenta e seis annos foi edificado este
templo, e tu o levantarás em tres dias?

21 Porém elle fallava [15] do templo do seu corpo.

22 Quando, pois, resuscitou dos mortos, [16] os seus discipulos
lembraram-se de que lhes havia dito isto e crêram; na Escriptura, e na
palavra que Jesus tinha dito.

23 E, estando elle em Jerusalem pela paschoa, no _dia da_ festa, muitos,
vendo os signaes que fazia, crêram no seu nome.

24 Mas o mesmo Jesus não confiava n’elles, porque a todos conhecia,

25 E não necessitava de que alguem testificasse do homem, porque [17]
elle bem sabia o que havia no homem.

[1] Jos. 19.28.

[2] cap. 19.26.

[3] II Sam. 16.10 e 19.22.

[4] cap. 7.6.

[5] Mar. 7.3.

[6] cap. 4.46.

[7] cap. 1.14.

[8] Mat. 12.46.

[9] Exo. 12.14. Deu. 16.1, 16. ver. 23. cap. 5.1 e 6.4 e 11.55.

[10] Mar. 11.15. Luc. 19.45.

[11] Luc. 2.49.

[12] Psa. 69.9.

[13] Mat. 12.38. cap. 6.30.

[14] Mat. 26.61 e 27.40. Mar. 14.58 e 15.29.

[15] Col. 2.9. Heb. 8.2. I Cor. 3.16 e 6.19. II Cor. 6.16.

[16] Luc. 24.8.

[17] I Sam. 16.7. I Chr. 28.9. Mat. 9.4. Mar. 2.8. cap. 6.64 e 16.30.
Act. 1.24. Apo. 2.23.



_Jesus instrue Nicodemos ácerca do novo nascimento._

3 E havia entre os phariseos um homem, chamado Nicodemos, principe dos
judeos.

2 Este [1] foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabbi, bem sabemos
que és Mestre, vindo de Deus: [2] porque ninguem pode fazer estes signaes
que tu fazes, se Deus não fôr com elle.

3 Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que
aquelle que não nascer de novo, não pode vêr o reino de [3] Deus.

4 Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? porventura
pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?

5 Jesus respondeu: Na verdade, na verdade, te digo [4] que aquelle que
não nascer da agua e do Espirito não pode entrar no reino de Deus,

6 O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espirito é
espirito.

7 Não te maravilhes de te ter dito: Necessario vos é nascer de novo.

8 O vento assopra onde quer, [5] e ouves a sua voz; porém não sabes
d’onde vem, nem para onde vae; assim é todo aquelle que é nascido do
Espirito.

9 Nicodemos respondeu, e disse-lhe: [6] Como se pode fazer isto?

10 Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?

11 Na [7] verdade, na verdade te digo que dizemos o que sabemos e
testificamos o que vimos; e não acceitaes o nosso testemunho.

12 Se vos fallei de _coisas_ terrestres, e não crestes, como crereis, se
vos fallar das celestiaes?

13 E [8] ninguem subiu ao céu, senão o que desceu do céu, _a saber_, o
Filho do homem, que está no céu.

14 E, [9] como Moysés levantou a serpente no deserto, assim importa que o
Filho do homem seja levantado;

15 Para que todo aquelle que n’elle crê não pereça, mas [10] tenha a vida
eterna.

16 Porque [11] Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho
unigenito, para que todo aquelle que n’elle crê não pereça, mas tenha a
vida eterna.

17 Porque [12] Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condemnasse
o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por elle.

18 Quem [13] crê n’elle não é condemnado; mas quem não crê já está
condemnado; porquanto não crê no nome do Unigenito Filho de Deus.

19 E a condemnação é esta: [14] Que a luz veiu ao mundo, e os homens
amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.

20 Porque [15] todo aquelle que faz o mal aborrece a luz, e não vem para
a luz, para que as suas obras não sejam arguidas.

21 Mas quem obra a verdade vem para a luz, afim de que as suas obras
sejam manifestas, porque são feitas em Deus.


_Outro testemunho de João Baptista._

22 Depois d’isto foi Jesus com os seus discipulos para a terra da Judea;
e estava ali com elles, [16] e baptizava.

23 Ora João baptizava tambem em Enon, [17] junto a Salim, porquanto havia
ali muitas aguas; [18] e vinham _ali_, e eram baptizados.

24 Porque [19] ainda João não tinha sido lançado na prisão.

25 Houve pois _uma_ questão entre os discipulos de João e os judeos,
ácerca da purificação.

26 E foram ter com João, e disseram-lhe: Rabbi, aquelle que estava
comtigo além do Jordão, [20] do qual tu déste testemunho, eis que
baptiza, e todos vão ter com elle.

27 João respondeu, e disse: [21] O homem não pode receber coisa alguma,
se lhe não fôr dada do céu.

28 Vós mesmos me sois testemunhas de que disse: [22] Eu não sou o
Christo, mas sou enviado adiante d’elle.

29 Aquelle [23] que tem a esposa é o esposo; mas o [AHR] amigo do esposo,
que _lhe_ assiste e o ouve, alegra-se muito com a voz do esposo. Assim
pois _já_ este meu gozo está cumprido.

30 A elle convem crescer, porém a mim diminuir.

31 Aquelle [24] que vem de cima é sobre todos: aquelle que _vem_ da terra
é da terra e falla da terra. Aquelle que vem do céu é sobre todos.

32 E [25] aquillo que viu e ouviu isso testifica; e ninguem acceita o seu
testemunho.

33 Aquelle que acceitou o seu testemunho, esse sellou [26] que Deus é
verdadeiro.

34 Porque [27] aquelle que Deus enviou falla as palavras de Deus; porque
não _lhe_ dá Deus o Espirito por medida.

35 O [28] Pae ama o Filho, e todas as _coisas_ entregou nas suas mãos.

36 Aquelle [29] que crê no Filho tem a vida eterna; porém aquelle que não
crê no Filho não verá a vida; mas a ira de Deus sobre elle permanece.

[1] cap. 7.50 e 19.39.

[2] cap. 9.16, 33. Act. 2.22 e 10.38.

[3] cap. 1.13. Gal. 6.15. Tito 3.5. Thi. 1.18. I Ped. 1.23. I João 3.9.

[4] Mar. 16.16. Act. 2.38.

[5] Ecc. 11.5. I Cor. 2.11.

[6] cap. 6.52, 60.

[7] Mat. 11.27. cap. 1.18 e 7.16 e 8.28 e 12.49 e 14.24.

[8] Pro. 30.4. cap. 6.33, 38, 51, 62 e 16.28. Act. 2.34. I Cor. 15.47.
Eph. 4.9, 10.

[9] Num. 21.9. cap. 8.28 e 12.32.

[10] ver. 36. cap. 6.47.

[11] Rom. 5.8. I João 4.9.

[12] Luc. 9.56. cap. 5.45 e 8.15 e 12.47. I João 4.14.

[13] cap. 5.24 e 6.40, 47 e 20.31.

[14] cap. 1.4, 9, 10, 11 e 8.12.

[15] Job 24.13, 17. Eph. 5.13.

[16] cap. 4.2.

[17] I Sam. 9.4.

[18] Mat. 3.5, 6.

[19] Mat. 14.3.

[20] cap. 1.7, 15, 27, 34.

[21] I Cor. 4.7. Heb. 5.4. Thi. 1.17.

[22] cap. 1.20, 27. Mal. 3.1. Mar. 1.2. Luc. 1.17.

[23] Mat. 22.2. II Cor. 11.2. Eph. 5.25, 27. Apo. 21.9. Can. 5.1.

[24] cap. 8.23. Mat. 28.18. Rom. 9.5. I Cor. 15.47. Eph. 1.21. Phi. 2.9.

[25] ver. 11. cap. 8.26 e 15.15.

[26] Rom. 3.4. I João 5.10.

[27] cap. 7.16 e 1.16.

[28] Mat. 28.18. Luc. 10.22. cap. 5.20. Heb. 2.8.

[29] Hab. 2.4. cap. 1.12 e 6.47. Rom. 1.17. I João 5.10.



_A mulher de Samaria._

4 E quando o Senhor entendeu que os phariseos tinham ouvido que Jesus
fazia [1] e baptizava mais discipulos do que João,

2 (Ainda que Jesus mesmo não baptizava, mas os seus discipulos),

3 Deixou a Judea, e foi outra vez para a Galilea.

4 E era-lhe necessario passar por Samaria.

5 Foi pois a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade [2]
que Jacob deu a seu filho José.

6 E estava ali a fonte de Jacob; Jesus, pois, cançado do caminho,
assentou-se assim junto da fonte. Era isto quasi á hora sexta.

7 Veiu uma mulher de Samaria tirar agua: disse-lhe Jesus: Dá-me de beber.

8 Porque os seus discipulos tinham ido á cidade comprar comida.

9 Disse-lhe pois a mulher samaritana: Como, sendo tu judeo, me pedes de
beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os [3] judeos não se
communicam com os samaritanos)

10 Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é
o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e elle te daria [4] agua
viva.

11 Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é
fundo: onde pois tens a agua viva?

12 És tu maior do que o nosso pae Jacob, que nos deu o poço, e elle mesmo
d’elle bebeu, e os seus filhos, e o seu gado?

13 Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer [5] que beber d’esta agua
tornará a ter sêde;

14 Mas aquelle que beber da agua que eu lhe der [6] nunca terá sêde,
porque a agua que eu lhe der se fará n’elle uma fonte d’agua que salte
para a vida eterna.

15 Disse-lhe [7] a mulher: Senhor, dá-me d’essa agua, para que não mais
tenha sêde, e não venha aqui tiral-a.

16 Disse-lhe Jesus: Vae, chama a teu marido, e vem cá.

17 A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus:
Disseste bem: Não tenho marido;

18 Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido;
isto disseste com verdade.

19 Disse-lhe a mulher: [8] Senhor, vejo que és propheta.

20 Nossos paes adoraram [9] n’este monte, e vós dizeis que é em Jerusalem
o logar onde se deve adorar.

21 Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a [10] hora vem, quando nem n’este
monte nem em Jerusalem adorareis o Pae.

22 Vós [11] adoraes o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos [12]
porque a salvação vem dos judeos.

23 Porém a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão
o Pae [13] em espirito [14] e em verdade; porque o Pae procura a taes que
assim o adorem.

24 Deus _é_ [15] Espirito, e importa que os que o adoram o adorem em
espirito e em verdade.

25 A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Christo) vem;
quando elle vier, [16] nos annunciará todas _as coisas_.

26 Jesus disse-lhe: [17] Eu sou, o que fallo comtigo.

27 E n’isto vieram os seus discipulos, e maravilharam-se de que fallasse
com _uma_ mulher; todavia nenhum _lhe_ disse: Que perguntas? ou: Que
fallas com ella?

28 Deixou pois a mulher o seu cantaro, e foi á cidade, e disse áquelles
homens:

29 Vinde, vêde um homem [18] que me disse tudo quanto tenho feito:
porventura não é este o Christo?

30 Sairam pois da cidade, e foram ter com elle.


_A ceifa e os ceifeiros._

31 E entretanto os seus discipulos lhe rogaram, dizendo: Rabbi, come.

32 Porém elle lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não sabeis.

33 Então os discipulos diziam uns aos outros: Trouxe-lhe porventura
alguem de comer?

34 Jesus disse-lhes: [19] A minha comida é fazer a vontade d’aquelle que
me enviou, e cumprir a sua obra.

35 Não dizeis vós que ainda ha quatro mezes até que venha a ceifa? eis
que eu vos digo: Levantae os vossos olhos, e vêde as terras, [20] que já
estão brancas para a ceifa.

36 E [21] o que ceifa recebe galardão, e ajunta fructo para a vida
eterna; para que, assim o que semeia, como o que ceifa, ambos se
regozijem.

37 Porque n’isto é verdadeiro o ditado, que um é o que semeia, e outro o
que ceifa.

38 Eu vos enviei a ceifar onde vós não trabalhastes; outros trabalharam,
e vós entrastes no seu trabalho.

39 E muitos dos samaritanos d’aquella cidade crêram n’elle, [22] pela
palavra da mulher, que testificou, _dizendo_: Disse-me tudo quanto tenho
feito.

40 Indo pois ter com elle os samaritanos, rogaram-lhe que ficasse com
elles; e ficou ali dois dias.

41 E muitos mais creram n’elle, por causa da sua palavra.

42 E diziam á mulher: Já não _é_ pelo teu dito que nós crêmos; [23]
porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente o
Christo, o Salvador do mundo.


_Cura do filho d’um regulo._

43 E dois dias depois partiu d’ali, e foi para a Galilea.

44 Porque [24] Jesus mesmo testificou que um propheta não tem honra na
sua propria patria.

45 Chegando pois á Galilea, os galileos [25] o receberam, vistas todas
as coisas que fizera em Jerusalem no _dia_ da festa; [26] porque tambem
elles tinham ido á festa.

46 Segunda vez foi Jesus a Caná da Galilea, [27] onde da agua fizera
vinho. E havia ali um regulo, cujo filho estava enfermo em Capernaum.

47 Ouvindo este que Jesus vinha da Judea para a Galilea, foi ter com
elle, e rogou-lhe que descesse, e curasse o seu filho, porque _já_ estava
á morte.

48 Então Jesus lhe disse: [28] Se não virdes signaes e milagres, não
crereis.

49 Disse-lhe o regulo: Senhor, desce, antes que meu filho morra.

50 Disse-lhe Jesus: Vae, o teu filho vive. E o homem creu na palavra que
Jesus lhe disse, e foi-se.

51 E, descendo elle logo, sairam-_lhe_ ao encontro os seus servos, e lhe
annunciaram, dizendo: O teu filho vive.

52 Perguntou-lhes pois a que hora se achara melhor; e disseram-lhe:
Hontem ás sete horas a febre o deixou.

53 Entendeu pois o pae que _era_ aquella hora a mesma em que Jesus lhe
disse: O teu filho vive: e creu elle, e toda a sua casa.

54 Jesus fez este segundo signal, quando ia da Judea para a Galilea.

[1] cap. 3.22, 26.

[2] Gen. 33.19 e 48.22. Jos. 24.32.

[3] II Reis 17.24. Luc. 9.52, 53. Act. 10.28.

[4] Isa. 12.3 e 44.3. Jer. 2.13. Zac. 13.1 e 14.8.

[5] cap. 6.35, 58.

[6] cap. 7.38.

[7] cap. 6.34 e 17.2, 3. Rom. 6.23. I João 5.20.

[8] Luc. 7.16 e 24.19. cap. 6.14 e 7.40.

[9] Jui. 9.7. Deu. 12.5, 11. I Reis 9.3. II Chr. 7.12.

[10] Mal. 1.11. I Tim. 2.8.

[11] II Reis 17.29.

[12] Isa. 2.3. Luc. 24.47. Rom. 9.4, 5.

[13] Phi. 3.3.

[14] cap. 1.17.

[15] II Cor. 3.17.

[16] ver. 29, 39.

[17] Mat. 26.63, 64. Mar. 14.61, 62. cap. 9.37.

[18] ver. 25.

[19] Job 23.12. cap. 6.38 e 17.4 e 19.30.

[20] Mat. 9.37. Luc. 10.2.

[21] Dan. 12.3.

[22] ver. 29.

[23] cap. 17.8. I João 4.14.

[24] Mat. 13.57. Mar. 6.4. Luc. 4.24.

[25] cap. 2.23 e 3.2.

[26] Deu. 16.16.

[27] cap. 2.1, 11.

[28] I Cor. 1.22.



_Cura d’um paralytico de Bethesda._

[Anno Domini 31]

5 Depois [1] d’isto havia _uma_ festa entre os judeos, e Jesus subiu a
Jerusalem.

2 Ora em Jerusalem ha, [2] proximo á _porta_ das ovelhas, um tanque,
chamado em hebreo Bethesda, o qual tem cinco alpendres.

3 N’este jazia grande multidão de enfermos; cegos, mancos _e_ resicados,
esperando o movimento das aguas.

4 Porque um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a agua; e o
primeiro que ali descia, depois do movimento da agua, sarava de qualquer
enfermidade que tivesse.

5 E estava ali um _certo_ homem que, havia trinta e oito annos, se achava
enfermo.

6 E Jesus, vendo este deitado, e, sabendo que estava n’este estado havia
muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são?

7 O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a
agua é agitada, me metta no tanque; mas, emquanto eu vou, desce outro
adiante de mim.

8 Jesus disse-lhe: [3] Levanta-te, toma a tua cama, e anda.

9 Logo aquelle homem ficou são; e tomou a sua cama, e partiu. E [4]
aquelle dia era sabbado.

10 Depois os judeos disseram áquelle que tinha sido curado: É sabbado,
não [5] te é licito levar a cama.

11 Elle respondeu-lhes: Aquelle que me curou, esse disse: Toma a tua
cama, e anda.

12 Perguntaram-lhe pois: Quem é o homem que te disse: Toma a tua cama, e
anda?

13 E o que fôra curado não sabia quem era; porque Jesus se havia
retirado, porquanto n’aquelle logar havia grande multidão.

14 Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás são;
[6] não peques mais, para que te não succeda alguma coisa peior.

15 E aquelle homem foi, e annunciou aos judeos que Jesus era o que o
curára.


_Jesus declara-se Filho de Deus e egual ao Pae._

16 E por isso os judeos perseguiram a Jesus, e procuravam matal-o; porque
fazia estas coisas no sabbado.

17 E Jesus lhes respondeu: [7] Meu Pae obra até agora, e eu obro _tambem_.

18 Por isso pois [8] os judeos ainda mais procuravam matal-o, porque não
só quebrantava o sabbado, mas tambem dizia que Deus era seu proprio Pae,
fazendo-se [9] egual a Deus.

19 Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que
[10] o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer
ao Pae; porque tudo quanto elle faz o Filho o faz egualmente.

20 Porque [11] o Pae ama o Filho, e mostra-lhe todas as _coisas_ que faz;
e elle lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis.

21 Porque, como o Pae resuscita os mortos, e os vivifica, [12] assim
tambem o Filho vivifica aquelles que quer.

22 Porque tambem o Pae a ninguem julga, mas [13] deu ao Filho todo o
juizo;

23 Para que todos honrem o Filho, como honram o Pae. [14] Quem não honra
o Filho, não honra o Pae que o enviou.

24 Na verdade, na verdade vos digo que [15] quem ouve a minha palavra,
e crê n’aquelle que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em
condemnação, mas [16] passou da morte para a vida.

25 Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que [17]
os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.

26 Porque, como o Pae tem a vida em si mesmo, assim deu tambem ao Filho
ter a vida em si mesmo.

27 E [18] deu-lhe o poder de exercer o juizo, [19] porque é o Filho do
homem.

28 Não vos maravilheis d’isto; porque vem a hora em que todos os que
estão nos sepulchros ouvirão a sua voz.

29 [20] E os que fizeram o bem sairão para a resurreição da vida; e os
que fizeram o mal para a resurreição da condemnação.

30 Eu não [21] posso de mim mesmo fazer coisa alguma: como ouço, assim
julgo; e o meu juizo é justo, [22] porque não busco a minha vontade, mas
a vontade do Pae que me enviou.

31 Se [23] eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro.

32 Ha [24] outro que testifica de mim, e sei que o testemunho que elle dá
de mim é verdadeiro.

33 Vós mandastes a João, [25] e elle deu testemunho da verdade.

34 Eu, porém, não recebo testemunho de homem; mas digo isto, para que vos
salveis.

35 Elle era a candeia [26] ardente e resplandecente; e [27] vós quizestes
alegrar-vos por um pouco de tempo com a sua luz.

36 Mas [28] eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras
que o Pae me deu que cumprisse, as mesmas obras que eu faço, testificam
de mim, que o Pae me enviou.

37 E o Pae, que me enviou, [29] elle mesmo testificou de mim. Vós nunca
ouvistes a sua voz, nem [30] vistes o seu parecer;

38 E a sua palavra não permanece em vós; porque n’aquelle que elle enviou
não crêdes vós.

39 Examinae [31] as Escripturas; porque vós cuidaes ter n’ellas a vida
eterna, [32] e são ellas que de mim testificam.

40 E [33] não quereis vir a mim para terdes vida.

41 Eu [34] não recebo a honra dos homens;

42 Mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus.

43 Eu vim em nome de meu Pae, e não me acceitaes; se outro vier em seu
proprio nome, a esse acceitareis.

44 Como [35] podeis vós crêr, recebendo honra uns dos outros, e não
buscando a [36] honra que vem só de Deus?

45 Não cuideis que eu vos hei de accusar para com o Pae. [37] Ha um que
vos accusa, Moysés, em quem vós esperaes.

46 Porque, se vós cresseis em Moysés, crerieis em mim; porque [38] de mim
escreveu elle.

47 Porém, se não crêdes nos seus escriptos, como crereis nas minhas
palavras?

[1] Lev. 23.2. Deu. 16.1. cap. 2.13.

[2] Neh. 3.1 e 12.39.

[3] Mat. 9.6. Mar. 2.11. Luc. 5.24.

[4] cap. 9.14.

[5] Exo. 20.10. Neh. 13.19. Jer. 17.21, etc. Mat. 12.2. Mar. 2.24 e 3.4.
Luc. 6.2 e 13.14.

[6] Mat. 12.45. cap. 8.11.

[7] cap. 9.4 e 14.10.

[8] cap. 7.19.

[9] cap. 10.30, 33. Phi. 2.6.

[10] ver. 30. cap. 8.28 e 9.4 e 12.49 e 14.10.

[11] Mat. 3.17. cap. 3.35. II Ped. 1.17.

[12] Luc. 7.14 e 8.54. cap. 11.25, 43.

[13] Mat. 11.27 e 28.18. ver. 27. cap. 3.35 e 17.2. Act. 17.31. I Ped.
4.5.

[14] I João 2.23.

[15] cap. 3.16, 18 e 6.40, 47 e 8.51 e 20.31.

[16] I João 3.14.

[17] ver. 28. Eph. 2.1, 5 e 5.14. Col. 2.13.

[18] ver. 22. Act. 10.42 e 17.31.

[19] Dan. 7.13, 14.

[20] Dan. 12.2. Mat. 25.32, 33, 46. Isa. 26.19. I Cor. 15.52. I The. 4.15.

[21] ver. 19.

[22] Mat. 26.39. cap. 4.34 e 6.38.

[23] cap. 8.14. Apo. 3.14.

[24] Mat. 3.17 e 17.4. cap. 8.18. I João 5.6, 7, 9.

[25] cap. 1.15, 19, 27, 32.

[26] II Ped. 1.19.

[27] Mat. 13.20 e 21.26. Mar. 6.20.

[28] I João 5.9. cap. 3.2 e 10.25 e 15.24.

[29] Mat. 3.17 e 17.5. cap. 6.27 e 8.18.

[30] Deu. 4.12. cap. 1.18. I Tim. 1.17. I João 4.12.

[31] Isa. 8.20 e 34.16. Luc. 16.29. Act. 17.11.

[32] Deu. 18.15, 18. Luc. 24.27. cap. 1.45.

[33] cap. 1.11 e 3.19.

[34] I The. 2.6.

[35] cap. 12.43.

[36] Rom. 2.29.

[37] Rom. 2.12.

[38] Gen. 3.15 e 12.3 e 18.18 e 22.18 e 49.10. Deu. 18.15, 18. cap. 1.45.
Act. 26.22.



_A multiplicação dos pães_.

Mat. 14.15-21 e refs.

[Anno Domini 32]

6 Depois [1] d’isto Jesus partiu para a outra banda do mar da Galilea,
que é _o_ de Tiberiades.

2 E _uma_ grande multidão o seguia; porque via os signaes que operava
sobre os enfermos.

3 E Jesus subiu ao monte, e assentou-se ali com os seus discipulos.

4 E a paschoa, a festa dos judeos, estava [2] proxima.

5 Então [3] Jesus, levantando os olhos, e vendo que _uma_ grande multidão
vinha ter com elle, disse a Philippe: D’onde compraremos pão, para estes
comerem?

6 Mas dizia isto para o experimentar; porque elle bem sabia o que havia
de fazer.

7 Philippe respondeu-lhe: [4] Duzentos dinheiros de pão não lhes
bastarão, para que cada um d’elles tome um pouco.

8 E um dos seus discipulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe:

9 Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos: [5]
mas que é isto para tantos?

10 E disse Jesus: Fazei assentar os homens. E havia muita herva n’aquelle
logar. Assentaram-se pois os homens em numero de quasi cinco mil.

11 E Jesus tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos
discipulos, e os discipulos pelos que estavam assentados; e egualmente
tambem dos peixes, quanto queriam.

12 E, quando _já_ estavam saciados, disse aos seus discipulos: Recolhei
os pedaços que sobejaram, para que nada se perca.

13 Recolheram-_n’os_ pois, e encheram doze cestos de pedaços dos cinco
pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido.

14 Vendo pois aquelles homens o signal que Jesus tinha feito, diziam:
Este [6] é verdadeiramente o propheta que devia vir ao mundo.

15 Sabendo pois Jesus que haviam de vir arrebatal-o, para o fazerem rei,
tornou a retirar-se, elle só, para o monte.


_Jesus anda sobre o mar._

Mat. 14.23-34 e refs.

16 E, [7] quando veiu a tarde, os seus discipulos desceram para o mar.

17 E, entrando no barco, passaram da outra banda do mar para Capernaum, e
era já escuro, e _ainda_ Jesus não tinha chegado ao pé d’elles.

18 E o mar se levantou, porquanto um grande vento assoprava.

19 E, tendo navegado uns vinte e cinco ou trinta estadios, viram a Jesus,
andando sobre o mar e approximando-se do barco; e temeram.

20 Porém elle lhes disse: Sou eu, não temaes.

21 Então elles de boamente o receberam no barco; e logo o barco chegou á
terra para onde iam.


_Jesus é o pão da vida para os que crêem._

22 No dia seguinte, a multidão, que estava da outra banda do mar, vendo
que não havia ali mais do que um barquinho, e que Jesus não entrara com
seus discipulos n’aquelle barquinho, mas _que_ os seus discipulos tinham
ido sós.

23 (Comtudo, outros barquinhos vieram de Tiberiades, perto do logar onde
comeram o pão, havendo o Senhor dado graças):

24 Vendo pois a multidão que Jesus não estava ali nem os seus discipulos,
entraram elles tambem nos barcos, e foram a Capernaum, em busca de Jesus.

25 E, achando-o na outra banda do mar, disseram-lhe: Rabbi, quando
chegaste aqui?

26 Jesus respondeu-lhes, e disse: Na verdade, na verdade vos digo que me
buscaes, não pelos signaes que vistes, mas porque comestes do pão e vos
saciastes.

27 Trabalhao, não pela comida que perece, mas [8] pela comida que
permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; [9]
porque a este sellou o Pae, Deus.

28 Disseram-lhe pois: Que faremos, para obrarmos as obras de Deus?

29 Jesus respondeu, e disse-lhes: A [10] obra de Deus é esta: Que creiaes
n’aquelle que elle enviou.

30 Disseram-lhe pois: [11] Que signal pois fazes tu, para que o vejamos,
e creiamos em ti? Que obras tu?

31 Nossos [12] paes comeram o manná no deserto, como está escripto: [13]
Deu-lhes a comer o pão do céu.

32 Disse-lhes pois Jesus: Na verdade, na verdade vos digo: Moysés não vos
deu o pão do céu; mas meu Pae vos dá o verdadeiro pão do céu.

33 Porque o pão de Deus é aquelle que desce do céu, e que dá vida ao
mundo.

34 Disseram-lhe pois: [14] Senhor, dá-nos sempre d’esse pão.

35 E Jesus lhes disse: [15] Eu sou o pão da vida; aquelle que vem a mim
não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sêde.

36 Mas _já_ [16] vos disse que tambem vós me vistes, e não crêdes.

37 Tudo [17] o que o Pae me dá virá a mim; [18] e o que vem a mim de
maneira nenhuma o lançarei fóra.

38 Porque eu desci do céu, [19] não para fazer a minha vontade, mas a
vontade d’aquelle que me enviou.

39 E a vontade do Pae que me enviou [20] é esta: que de tudo quanto me
deu nada perca, mas que o resuscite no ultimo dia.

40 E a vontade d’aquelle que me enviou é esta: [21] que todo aquelle que
vê o Filho, e crê n’Elle, tenha a vida eterna; e eu o resuscitarei no
ultimo dia.

41 Murmuravam pois d’elle os judeos, porque dissera: Eu sou o pão que
desceu do céu.

42 E diziam: [22] Não é este Jesus, o filho de José, cujo pae e mãe nós
conhecemos? Como pois diz elle: Desci do céu?

43 Respondeu pois Jesus, e disse-lhes: Não murmureis entre vós.

44 Ninguem [23] pode vir a mim, se o Pae que me enviou o não trouxer: e
eu o resuscitarei no ultimo dia.

45 Está escripto [24] nos prophetas: E serão todos ensinados por Deus.
[25] Assim que todo aquelle que do Pae ouviu e aprendeu vem a mim.

46 Não [26] que alguem visse ao Pae, [27] senão aquelle que é de Deus:
este tem visto ao Pae.

47 Na verdade, na verdade vos digo que aquelle que crê [28] em mim tem a
vida eterna,

48 Eu [29] sou o pão da vida.

49 Vossos [30] paes comeram o manná no deserto, e morreram.

50 Este [31] é o pão que desce do céu, para que o que d’elle comer não
morra.

51 Eu sou o pão vivo [32] que desceu do céu; se alguem comer d’este pão,
viverá para sempre: e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela
vida do mundo.

52 Disputavam pois os judeos entre si, dizendo: [33] Como nos pode dar
este a sua carne a comer?

53 Jesus pois lhes disse: [34] Na verdade, na verdade vos digo que, se
não comerdes a carne do Filho do homem, e _não_ beberdes o seu sangue,
não tereis vida em vós mesmos.

54 Quem come a minha [35] carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e
eu o resuscitarei no ultimo dia.

55 Porque a minha carne verdadeiramente é comida, [36] e o meu sangue
verdadeiramente é bebida;

56 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu
n’elle.

57 Como o Pae, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pae, [37] assim, quem
me come a mim, tambem viverá por mim.

58 Este é o pão que desceu do céu: não como vossos paes, que comeram o
manná, e morreram: quem comer este pão viverá para sempre.

59 Elle [38] disse estas _coisas_ na synagoga, ensinando em Capernaum.


_Jesus é abandonado por muitos discipulos: a confissão de Pedro._

60 Muitos [39] pois dos seus discipulos, ouvindo _isto_, disseram: Duro é
este discurso; quem o pode ouvir?

61 Sabendo pois Jesus em si mesmo que os seus discipulos murmuravam
d’isto, disse-lhes: Isto escandaliza-vos?

62 _Que_ [40] _seria_, pois, se visseis subir o Filho do homem para onde
primeiro estava?

63 O espirito é o que [41] vivifica, a carne para nada aproveita; as
palavras que eu vos digo são espirito e vida.

64 Mas [42] ha alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus, desde
o principio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de
entregar.

65 E dizia: [43] Por isso eu vos tenho dito que ninguem pode vir a mim,
se por meu Pae lhe não fôr concedido.

66 Desde [44] então muitos dos seus discipulos tornaram para traz, e já
não andavam com elle.

67 Então disse Jesus aos doze: Quereis vós tambem retirar-vos?

68 Respondeu-lhe pois Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu [45]
tens as palavras da vida eterna.

69 E [46] nós temos crido e conhecido que tu és o Christo, o Filho de
Deus.

70 Respondeu-lhe Jesus: [47] Não vos escolhi a vós os doze? e um de vós é
diabo.

71 E isto dizia elle de Judas Iscariotes, _filho_ de Simão; porque este o
havia de entregar, sendo um dos doze.

[1] Mar. 6.35. Luc. 9.10, 12.

[2] Lev. 23.5, 7. Deu. 16.1. cap. 2.13 e 5.1.

[3] Mat. 14.14. Mar. 6.35. Luc. 9.12.

[4] Num. 11.21, 22.

[5] II Reis 4.43.

[6] Gen. 49.10. Deu. 18.15, 18. Mat. 11.3. cap. 1.21 e 4.19, 25 e 7.40.

[7] Mar. 6.47.

[8] ver. 54. cap. 4.14.

[9] Mat. 3.17 e 17.5. Mar. 1.11 e 9.7. Luc. 3.22 e 9.35. cap. 1.33 e 5.37
e 8.18. Act. 2.22. II Ped. 1.17.

[10] João 3.23.

[11] Mat. 12.38 e 16.1. Mar. 8.11. I Cor. 1.22.

[12] Exo. 16.15. Num. 11.7. Neh. 9.15. I Cor. 10.3.

[13] Psa. 7.24, 25.

[14] cap. 4.15.

[15] ver. 48, 58. cap. 4.14 e 7.37.

[16] ver. 26, 64.

[17] ver. 45.

[18] Mat. 24.24. cap. 10.28, 29. II Tim. 2.19. I João 2.19.

[19] Mat. 26.39. cap. 5.30 e 4.34.

[20] cap. 10.28 e 17.12 e 18.9.

[21] ver. 27, 47, 54. cap. 3.15, 16 e 4.14.

[22] Mat. 13.55. Mar. 6.3. Luc. 4.22.

[23] Can. 1.4. ver. 65.

[24] Isa. 54.13. Jer. 31.34. Miq. 4.2. Heb. 8.10 e 10.16.

[25] ver. 37.

[26] cap. 1.18 e 5.37.

[27] Mat. 11.27. Luc. 10.22. cap. 7.29 e 8.19.

[28] cap. 3.16, 18, 36. ver. 40.

[29] ver. 33, 35.

[30] ver. 31.

[31] ver. 51, 58.

[32] cap. 3.13.

[33] Heb. 10.5, 10.

[34] cap. 7.43 e 9.16 e 10.19 e 3.9.

[35] Mat. 26.26, 28.

[36] ver. 27, 40, 63. cap. 4.14.

[37] I João 3.24 e 4.15, 16.

[38] ver. 49, 50, 51.

[39] ver. 66. Mat. 11.6.

[40] Mar. 16.19. cap. 3.13. Act. 1.9. Eph. 4.8.

[41] II Cor. 3.6.

[42] ver. 36. cap. 2.24, 25 e 13.11.

[43] ver. 44, 45.

[44] ver. 60.

[45] Act. 5.20.

[46] Mat. 16.16. Mar. 8.29. Luc. 9.20. cap. 1.49 e 11.27.

[47] Luc. 6.13. cap. 13.27.



_A incredulidade dos irmãos de Jesus._

7 E depois d’isto Jesus andava pela Galiléa, e _já_ não queria andar pela
Judéa, [1] porquanto os judeos procuravam matal-o.

2 E estava [2] proxima a festa dos judeos, a dos tabernaculos.

3 Disseram-lhe [3] pois seus irmãos: Sae d’aqui, e vae para a Judéa, para
que tambem os teus discipulos vejam as obras que fazes.

4 Porque ninguem, que procura ser conhecido, faz coisa alguma em occulto.
Se fazes estas _coisas_, manifesta-te ao mundo.

5 Porque nem [4] ainda seus irmãos criam n’elle.

6 Disse-lhes pois Jesus: [5] Ainda não é chegado o meu tempo, mas o vosso
tempo sempre está prompto.

7 O [6] mundo não vos pode aborrecer, mas elle me aborrece a mim,
porquanto d’elle testifico que as suas obras são más.

8 Subi vós a esta festa: eu não subo ainda a esta festa; [7] porque ainda
o meu tempo não está cumprido.

9 E, havendo-lhes dito estas _coisas_, ficou na Galiléa.


_Jesus ensina no templo na festa dos tabernaculos. Dissensão entre os
judeos ácerca da sua pessoa. Os phariseos mandam prendel-o._

10 Mas, tendo seus irmãos _já_ subido á festa, então subiu elle tambem,
não manifestamente, mas como em occulto.

11 Ora os judeos [8] buscavam-n’o na festa, e diziam: Onde está elle?

12 E [9] havia grande murmuração entre a multidão a respeito d’elle.
Diziam alguns: [10] Elle é bom. E outros diziam: Não, antes engana o povo.

13 Todavia ninguem fallava d’elle abertamente, [11] por medo dos judeos.

14 Porém, no meio da festa, subiu Jesus ao templo, e ensinava.

15 E os judeos [12] maravilhavam-se, dizendo: Como sabe este lettras, não
_as_ tendo aprendido?

16 Jesus lhes respondeu, e disse: [13] A minha doutrina não é minha, mas
d’aquelle que me enviou.

17 Se [14] alguem quizer fazer a vontade d’elle, da mesma doutrina
conhecerá se é de Deus, ou _se_ eu fallo de mim mesmo.

18 Quem falla [15] de si mesmo busca a sua propria gloria, mas o que
busca a gloria d’aquelle que o enviou esse é verdadeiro, e não ha n’elle
injustiça.

19 Não [16] vos deu Moysés a lei? e nenhum de vós observa a lei. Porque
procuraes matar-me?

20 A multidão respondeu, e disse: [17] Tens demonio; quem procura
matar-te?

21 Respondeu Jesus, e disse-lhes: Fiz uma obra, e todos vos maravilhaes.

22 Por isso [18] Moysés vos deu a circumcisão (não que fosse de Moysés,
mas dos paes), e no sabbado circumcidaes um homem.

23 Se o homem recebe a circumcisão no sabbado, para que a lei de Moysés
não seja quebrantada, indignaes-vos contra mim, [19] porque no sabbado
curei de todo um homem?

24 Não [20] julgueis segundo a apparencia, mas julgae segundo a recta
justiça.

25 Então alguns dos de Jerusalem diziam: Não é este o que procuram matar?

26 E eil-o ahi está fallando livremente, e nada lhe dizem. [21]
Porventura sabem verdadeiramente os principes que este é o Christo?

27 Mas [22] bem sabemos d’onde este é; porém, quando vier o Christo,
ninguem saberá d’onde elle é.

28 Clamava pois Jesus no templo, ensinando, e dizendo: [23] Vós
conheceis-me, e sabeis d’onde sou, e [24] eu não vim por mim mesmo, mas
aquelle que me enviou [25] é verdadeiro, o qual vós não conheceis.

29 Porém [26] eu conheço-o, porque d’elle sou e elle me enviou.

30 Procuravam [27] pois prendel-o, mas ninguem lançou mão d’elle, porque
ainda não era chegada a sua hora.

31 E [28] muitos da multidão creram n’elle, e diziam: Quando o Christo
vier, fará ainda mais signaes do que os que este tem feito?

32 Os phariseos ouviram que a multidão murmurava d’elle estas _coisas_; e
os phariseos e os principaes dos sacerdotes mandaram [AHS] servidores a
prendel-o.

33 Disse-lhes pois Jesus: [29] Ainda um pouco de tempo estou comvosco, e
vou para aquelle que me enviou.

34 Vós [30] me buscareis, e não _me_ achareis; e aonde eu estou vós não
podeis vir.

35 Disseram pois os judeos uns para os outros: Para onde irá este, que o
não acharemos? [31] Irá porventura para os dispersos entre os gregos, e
ensinar os gregos?

36 Que palavra é esta que disse: Buscar-me-heis, e não _me_ achareis; e,
Aonde eu estou vós não podeis ir?

37 E [32] no ultimo dia, o grande _dia_ da festa, Jesus poz-se em pé, e
clamou, dizendo: [33] Se alguem tem sêde, venha a mim, e beba.

38 Quem [34] crê em mim, como diz a Escriptura, rios d’agua viva manarão
do seu ventre.

39 E isto [35] disse elle do Espirito que haviam de receber os que n’elle
cressem; porque o Espirito Sancto ainda não fôra dado, [36] porque ainda
Jesus não tinha sido glorificado.

40 Então muitos da multidão, ouvindo esta palavra, diziam:
Verdadeiramente este [37] é o Propheta.

41 Outros diziam: [38] Este _é_ o Christo: mas diziam outros: Vem pois
[39] o Christo da Galilea?

42 Não [40] diz a Escriptura que o Christo vem da descendencia de David,
e de Bethlehem, [41] da aldeia d’onde era David?

43 Assim [42] entre o povo havia dissensão por causa d’elle.

44 E alguns [43] d’elles queriam prendel-o, mas ninguem lançou mão d’elle.

45 E os servidores foram ter com os principaes dos sacerdotes e
phariseos; e elles lhes disseram: Porque o não trouxestes?

46 Responderam os servidores: Nunca [44] homem algum fallou assim como
este homem.

47 Responderam-lhes pois os phariseos: Tambem vós fostes enganados?

48 Creu [45] n’elle porventura algum dos principaes ou dos phariseos?

49 Mas esta multidão, que não sabe a lei, é maldita.

50 Nicodemos (que era um d’elles, [46] o que de noite viera ter com
_Jesus_) disse-lhes:

51 Porventura condemna [47] a nossa lei um homem sem primeiro o ouvir e
ter conhecimento do que faz?

52 Responderam elles, e disseram-lhe: Tu és tambem da Galilea? Examina, e
verás que da [48] Galilea nenhum propheta surgiu.

53 E cada um foi para sua casa.

[1] cap. 5.16, 18.

[2] Lev. 23.34.

[3] Mat. 12.46. Mar. 3.31. Act. 1.14.

[4] Mar. 3.21.

[5] cap. 2.4 e 8.20. ver. 8, 30.

[6] cap. 15.19 e 3.19.

[7] cap. 8.20. ver. 6.

[8] cap. 11.56.

[9] cap. 9.16 e 10.19.

[10] Mat. 21.46. Luc. 7.16. cap. 6.14. ver. 40.

[11] cap. 9.22 e 12.42 e 19.38.

[12] Mat. 13.54. Mar. 6.2. Luc. 4.22. Act. 2.7.

[13] cap. 3.11 e 8.28 e 12.49 e 14.10, 24.

[14] cap. 8.43.

[15] cap. 5.41 e 8.50.

[16] Exo. 24.3. Deu. 33.4. cap. 1.17 e 5.16, 18 e 10.31, 39 e 11.53. Act.
7.38. Mat. 12.14. Mar. 3.6.

[17] cap. 8.48, 52 e 10.20.

[18] Lev. 12.3. Gen. 17.10.

[19] cap. 5.8, 9, 16.

[20] Deu. 1.16, 17. Pro. 24.23. cap. 8.15. Thi. 2.1.

[21] ver. 48.

[22] Mat. 13.55. Mar. 6.3. Luc. 4.22.

[23] cap. 8.14.

[24] cap. 5.43 e 8.42 e 5.32 e 8.26. Rom. 3.4.

[25] cap. 1.18 e 8.55.

[26] Mat. 11.27. cap. 10.15.

[27] Mar. 11.18. Luc. 19.47 e 20.19. ver. 19. cap. 8.37.

[28] Mat. 12.23. cap. 3.2 e 8.30.

[29] cap. 13.33 e 16.16.

[30] Ose. 5.6. cap. 8.21 e 13.33.

[31] Isa. 11.12. Thi. 1.1. I Ped. 1.1.

[32] Lev. 23.36.

[33] Isa. 55.1. cap. 6.35. Apo. 22.17.

[34] Deu. 18.15. Pro. 18.4. Isa. 12.3 e 44.3. cap. 4.14.

[35] Isa. 44.3. Joel 2.28. cap. 16.7. Act. 2.17, 33, 38.

[36] cap. 12.16 e 16.7.

[37] Deu. 18.15, 18. cap. 1.21 e 6.14.

[38] cap. 4.42 e 6.70.

[39] ver. 52. cap. 1.46.

[40] Psa. 132.11. Jer. 23.5. Miq. 5.2. Mat. 2.5. Luc. 2.4.

[41] I Sam. 16.1, 4.

[42] ver. 12. cap. 9.16 e 10.19.

[43] ver. 30.

[44] Mat. 7.29.

[45] cap. 12.42. Act. 6.7. I Cor. 1.20, 26 e 2.8.

[46] cap. 3.2.

[47] Deu. 1.17 e 17.8, etc. e 19.15.

[48] Isa. 9.1, 2. Mat. 4.15. cap. 1.46. ver. 41.



_A mulher adultera._

8 Porém Jesus foi para o monte das Oliveiras;

2 E pela manhã cedo tornou para o templo, e todo o povo vinha ter com
elle, e, assentando-se, os ensinava.

3 E os escribas e phariseos trouxeram-lhe uma mulher apanhada em
adulterio;

4 E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no
proprio acto, adulterando,

5 E [1] na lei nos mandou Moysés que as taes sejam apedrejadas. Tu pois
que dizes?

6 Isto diziam elles, tentando-o, para que tivessem de que o accusar. Mas
Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.

7 E, como perseverassem perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: [2]
Aquelle que d’entre vós está sem peccado seja o primeiro que atire pedra
contra ella.

8 E, tornando a inclinar-se, escreveu na terra.

9 Porém, ouvindo [3] elles _isto_, e accusados pela consciencia, sairam
um a um, começando pelos mais velhos até aos ultimos; ficou só Jesus e a
mulher, que estava no meio.

10 E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguem mais do que a mulher,
disse-lhe: Mulher, onde estão aquelles teus accusadores? Ninguem te
condemnou?

11 E ella disse: Ninguem, Senhor. E disse-lhe Jesus: [4] Nem eu tambem
te condemno: vae-te, e não peques mais.


_Discurso de Jesus sobre a sua missão._

12 Fallou-lhes pois Jesus outra vez, dizendo: [5] Eu sou a luz do mundo;
quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.

13 Disseram-lhe pois os phariseos: [6] Tu testificas de ti mesmo: o teu
testemunho não é verdadeiro.

14 Respondeu Jesus, e disse-lhes: Ainda que eu testifico de mim mesmo,
o meu testemunho é verdadeiro, porque sei d’onde vim, e para onde vou;
porém [7] vós não sabeis d’onde venho, nem para onde vou.

15 Vós [8] julgaes segundo a carne, eu a ninguem julgo.

16 E, se eu tambem julgo, o meu juizo é verdadeiro, porque [9] não sou eu
só, mas eu e o Pae que me enviou.

17 E tambem na [10] vossa lei está escripto que o testemunho de dois
homens é verdadeiro.

18 Eu sou o que testifico de mim mesmo, [11] e de num testifica _tambem_
o Pae que me enviou.

19 Disseram-lhe pois: Onde está teu Pae? Jesus respondeu: [12] Nem me
conheceis a mim, nem a meu Pae: se vós me conhecesseis a mim, tambem
conhecerieis a meu Pae.

20 Estas palavras disse Jesus no logar do thesouro, ensinando no templo,
[13] e ninguem [14] o prendeu, [15] porque ainda não era chegada a sua
hora.

21 Disse-lhes pois Jesus outra vez: Eu retiro-me, e [16] buscar-me-heis,
e [17] morrereis no vosso peccado. Para onde eu vou não podeis vós vir.

22 Diziam pois os judeos: Porventura ha de matar-se a si mesmo, pois diz:
Para onde eu vou não podeis vós vir?

23 E dizia-lhes: [18] Vós sois debaixo, eu sou de cima; [19] vós sois
d’este mundo, eu não sou d’este mundo.

24 Por isso [20] vos disse que morrereis em vossos peccados, [21] porque,
se não crerdes o que eu sou, morrereis em vossos peccados.

25 Disseram-lhe pois: Quem és tu? Jesus lhes disse: O mesmo que tambem já
desde o principio vos disse.

26 Muitas _coisas_ tenho que dizer e julgar de vós, mas [22] aquelle que
me enviou é verdadeiro, [23] e eu o que d’elle tenho ouvido isso fallo ao
mundo.

27 _Mas_ não entenderam que elle lhes fallava do Pae.

28 Disse-lhes pois Jesus: Quando levantardes [24] o Filho do homem, [25]
então conhecereis quem eu sou, e [26] _que_ nada faço por mim mesmo; mas
[27] fallo assim como o Pae m’o ensinou.

29 E aquelle que [28] me enviou está comigo; [29] o Pae não me tem
deixado só, [30] porque eu faço sempre o que lhe agrada.

30 Fallando elle estas _coisas_, [31] muitos creram n’elle.

31 Jesus dizia pois aos judeos que criam n’elle: Se vós permanecerdes na
minha palavra, verdadeiramente sereis meus discipulos;

32 E conhecereis a verdade, e [32] a verdade vos libertará.

33 Responderam-lhe: [33] Somos descendencia de Abrahão, e nunca servimos
a ninguem; como dizes tu: Sereis livres?

34 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo [34] que todo
aquelle que commette peccado é servo do peccado.

35 Ora [35] o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para
sempre.

36 Se pois o Filho vos libertar, [36] verdadeiramente sereis livres.

37 Bem sei que sois descendencia de Abrahão; [37] comtudo, procuraes
matar-me, porque a minha palavra não cabe em vós.

38 Eu [38] fallo do que vi junto de meu Pae, e vós fazeis o que tambem
vistes junto de vosso pae.

39 Responderam, e disseram-lhe: [39] Nosso pae é Abrahão. Jesus
disse-lhes: [40] Se fosseis filhos de Abrahão, farieis as obras de
Abrahão.

40 Porém [41] agora procuraes matar-me, a mim, _um_ homem que vos tenho
fallado a verdade [42] que de Deus tenho ouvido; Abrahão não fez isto.

41 Vós fazeis as obras de vosso pae. Disseram-lhe pois: Nós não somos
nascidos [43] da fornicação; temos um Pae, _que é_ Deus.

42 Disse-lhes pois Jesus; [44] Se Deus fosse o vosso Pae, certamente me
amarieis, [45] pois que eu sahi, e vim de Deus; [46] porque não vim de
mim mesmo, mas elle me enviou.

43 Porque [47] não entendeis a minha linguagem? por não poderdes ouvir a
minha palavra.

44 Vós [48] tendes por pae ao diabo, e quereis fazer os desejos de vosso
pae: elle foi homicida desde o principio, [49] e não permaneceu na
verdade, porque não ha verdade n’elle; quando falla mentira, falla do que
lhe é proprio, porque é mentiroso, e pae da mentira.

45 Mas, porque _vos_ digo a verdade, não _me_ crêdes.

46 Quem d’entre vós me convence de peccado? E, se digo a verdade, porque
não crêdes?

47 Quem [50] é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não _as_
escutaes, porque não sois de Deus.

48 Responderam pois os judeos, e disseram-lhe: Não dizemos nós bem que és
samaritano, e que [51] tens demonio?

49 Jesus respondeu: Eu não tenho demonio, antes honro a meu Pae, e vós me
deshonraes.

50 Eu [52] não busco a minha gloria; ha quem _a_ busque, e julgue.

51 Em verdade, em verdade vos digo que, [53] se alguem guardar a minha
palavra, nunca verá a morte.

52 Disseram-lhe pois os judeos: Agora conhecemos que tens demonio. [54]
Morreu Abrahão e os prophetas; e tu dizes: Se alguem guardar a minha
palavra, nunca provará a morte.

53 És tu maior do que o nosso pae Abrahão, que morreu? e tambem os
prophetas morreram: quem te fazes tu ser?

54 Jesus respondeu: [55] Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha gloria
[56] é nada; quem me glorifica é o meu Pae, o qual dizeis que é vosso
Deus.

55 E [57] vós não o conheceis, mas eu conheço-o: e, se disser que o não
conheço, serei mentiroso como vós; mas conheço-o e guardo a sua palavra.

56 Abrahão, [58] vosso pae, exultou por ver o meu dia, [59] e viu-_o_, e
alegrou-se.

57 Disseram-lhe pois os judeos: Ainda não tens cincoenta annos, e viste
Abrahão?

58 Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que
Abrahão fosse feito [60] eu sou.

59 Então [61] pegaram em pedras para lhe atirarem; porém Jesus [62]
occultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio d’elles, e assim se
retirou.

[1] Lev. 20.10. Deu. 22.22.

[2] Deu. 17.7. Rom. 2.1.

[3] Rom. 2.22.

[4] Luc. 9.56 e 12.14. cap. 3.17 e 5.14.

[5] cap. 1.4, 5, 9 e 3.19 e 9.5 e 12.35, 36, 46.

[6] cap. 5.31.

[7] cap. 7.28 e 9.29.

[8] cap. 7.24 e 3.17 e 12.47 e 18.36.

[9] ver. 29. cap. 16.32.

[10] Deu. 17.6 e 19.15. Mat. 18.16. II Cor. 13.1. Heb. 10.28.

[11] cap. 5.37.

[12] ver. 55. cap. 16.3 e 14.7.

[13] Mar. 12.41.

[14] cap. 7.30.

[15] cap. 7.8.

[16] cap. 7.34 e 13.33.

[17] ver. 24.

[18] cap. 3.31.

[19] cap. 15.19 e 17.16. I João 4.5.

[20] ver. 21.

[21] Mar. 16.16.

[22] cap. 7.28.

[23] cap. 3.32 e 15.15.

[24] cap. 3.14 e 12.32.

[25] Rom. 1.4.

[26] cap. 5.19, 32.

[27] cap. 3.11.

[28] cap. 14.10, 11.

[29] ver. 16.

[30] cap. 4.34.

[31] cap. 7.31 e 10.42 e 11.45.

[32] Rom. 6.14, 18, 22 e 8.2. Thi. 1.25 e 2.12.

[33] Lev. 25.42. Mat. 3.9.

[34] Rom. 6.16, 20. II Ped. 2.19.

[35] Gal. 4.30.

[36] Rom. 8.2. Gal. 5.1.

[37] cap. 7.19. ver. 40.

[38] cap. 3.32 e 5.19, 30 e 14.10, 24.

[39] Mat. 3.9. ver. 33.

[40] Rom. 2.28 e 9.7. Gal. 3.7, 29.

[41] ver. 37.

[42] ver. 26.

[43] Isa. 63.16 e 64.8. Mal. 1.6.

[44] I João 5.1.

[45] cap. 16.27.

[46] cap. 5.43.

[47] cap. 7.17.

[48] Mat. 13.38. I João 3.8.

[49] Jud. 6.

[50] cap. 10.26, 27. I João 4.6.

[51] cap. 7.20 e 10.20. ver. 52.

[52] cap. 5.41 e 7.18.

[53] cap. 5.24 e 11.26.

[54] Zac. 1.5. Heb. 11.13.

[55] cap. 5.31.

[56] cap. 5.41 e 16.14. Act. 3.13.

[57] cap. 7.28, 29.

[58] Luc. 10.24.

[59] Heb. 11.13.

[60] Exo. 3.14. Col. 1.17. Apo. 1.8.

[61] cap. 10.31, 39 e 11.8.

[62] Luc. 4.30.



_Cura d’um cego de nascença._

9 E, passando _Jesus_, viu um homem cego de nascença.

2 E os seus discipulos lhe perguntaram, dizendo: Rabbi, [1] quem peccou,
este ou seus paes, para que nascesse cego?

3 Jesus respondeu: Nem elle peccou nem seus paes; mas [2] foi para que se
manifestem n’elle as obras de Deus.

4 Convém [3] que eu faça as obras d’aquelle que me enviou, emquanto é
dia: a noite vem, quando ninguem pode trabalhar.

5 Emquanto estou no mundo, sou a luz [4] do mundo.

6 Tendo dito isto, [5] cuspiu na terra, e com o cuspo fez lodo, e untou
com o lodo os olhos do cego.

7 E disse-lhe: Vae, lava-te [6] no tanque de Siloé (que significa o
Enviado). [7] Foi pois, e lavou-se, e voltou vendo.

8 Então os visinhos, e aquelles que d’antes tinham visto que era cego,
diziam: Não é este aquelle que estava assentado e mendigava?

9 Uns diziam: É este. _E_ outros: Parece-se com elle. Elle dizia: Eu sou.

10 Diziam-lhe pois: Como se te abriram os olhos?

11 Elle respondeu, e disse: [8] O homem, chamado Jesus, fez lodo, e
untou-me os olhos, e disse-me: Vae ao tanque de Siloé, e lava-te. E fui,
e lavei-me, e vi.

12 Disseram-lhe pois: Onde está elle? Elle disse: Não sei.

13 Levaram _pois_ aos phariseos _o_ que d’antes _era_ cego.

14 E era sabbado, quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.

15 Tornaram pois tambem os phariseos a perguntar-lhe como vira, e elle
lhes disse: Poz-me lodo sobre os olhos, lavei-me, e vejo.

16 Por isso alguns dos phariseos diziam: Este homem não é de Deus; pois
não guarda o sabbado. Diziam outros: [9] Como pode um homem peccador
fazer taes signaes? E [10] havia dissensão entre elles.

17 Tornaram _pois_ a dizer ao cego: Tu que dizes d’aquelle que te abriu
os olhos? E elle disse: Que [11] é propheta.

18 Os judeos, porém, não creram que elle tivesse sido cego, e que _agora_
visse, emquanto não chamaram os paes do que agora via.

19 E perguntaram-lhes, dizendo: É este o vosso filho, que vós dizeis ter
nascido cego? Como pois vê agora?

20 Seus paes lhes responderam, e disseram: Sabemos que este é nosso
filho, e que nasceu cego;

21 Mas como agora vê, não sabemos; ou quem lhe tenha aberto os olhos, não
sabemos: tem edade, perguntae-lh’o a elle mesmo; e elle fallará por si
mesmo.

22 Seus paes [12] disseram isto, porque temiam os judeos. Porquanto já os
judeos tinham resolvido que, se alguem confessasse ser elle o Christo,
fosse expulso [13] da synagoga.

23 Por isso é que seus paes disseram: Tem edade, perguntae-lh’o a elle
mesmo.

24 Chamaram pois segunda vez o homem que tinha sido cego, e disseram-lhe:
[14] Dá gloria a Deus; nós [15] sabemos que esse homem é peccador.

25 Respondeu elle pois, e disse: Se é peccador, não sei: uma coisa sei,
que, havendo eu sido cego, agora vejo.

26 E tornaram a dizer-lhe: Que te fez elle? Como te abriu os olhos?

27 Respondeu-lhes: Já vol-_o_ disse, e não ouvistes: para que o quereis
tornar a ouvir? Quereis vós porventura fazer-vos tambem seus discipulos?

28 Então o injuriaram, e disseram: Discipulo d’elle sejas tu: nós, porém,
somos discipulos de Moysés.

29 Nós bem sabemos que Deus fallou a Moysés, [16] mas este não sabemos
d’onde é.

30 O homem respondeu, e disse-lhes: [17] N’isto pois está a maravilha,
que vós não saibaes d’onde elle é, e me abrisse os olhos;

31 Ora nós sabemos que [18] Deus não ouve a peccadores; mas, se alguem é
temente a Deus, e faz a sua vontade, a esse ouve.

32 Desde _todos_ os seculos nunca se ouviu que alguem abrisse os olhos a
um que nasceu cego.

33 Se [19] este não fosse de Deus, nada poderia fazer.

34 Responderam elles, e disseram-lhe: Tu [20] és nascido todo em
peccados, e nos ensinas a nós? E expulsaram-n’o.

35 Jesus ouviu que o tinham expulsado, e, encontrando-o, disse-lhe: Crês
tu no [21] Filho de Deus?

36 Elle respondeu, e disse: Quem é elle, Senhor, para que n’elle creia?

37 E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é [22] aquelle que falla
comtigo.

38 Elle disse: Creio, Senhor. E o adorou.

39 E disse-lhe Jesus: [23] Eu vim a este mundo para juizo, [24] a fim de
que os que não vêem vejam, e os que vêem sejam cegos.

40 Aquelles dos phariseos, que estavam com elle, [25] ouvindo isto,
disseram-lhe: Tambem nós somos cegos?

41 Disse-lhes Jesus: [26] Se fosseis cegos, não terieis peccado; mas
agora dizeis: Vemos; por isso o vosso peccado permanece.

[1] ver. 34.

[2] cap. 11.4.

[3] cap. 4.34 e 5.19, 36.

[4] cap. 1.5, 9 e 3.19.

[5] Mar. 7.33 e 8.23.

[6] Neh. 3.15.

[7] II Reis 5.14.

[8] ver. 6, 7.

[9] ver. 33. cap. 3.2.

[10] cap. 7.12, 43 e 10.19.

[11] cap. 4.19 e 6.14.

[12] cap. 7.13. Act. 5.13.

[13] ver. 34. cap. 16.2.

[14] Jos. 7.19. I Sam. 6.5.

[15] ver. 16.

[16] cap. 8.14.

[17] cap. 3.10.

[18] Job 27.9. Pro. 1.28. Isa. 1.15. Jer. 11.11.

[19] ver. 16.

[20] ver. 2.

[21] Mat. 14.33. Mar. 1.1. I João 5.15.

[22] cap. 4.26.

[23] cap. 5.22, 27 e 3.17 e 12.47.

[24] Mat. 13.13.

[25] Rom. 2.19.

[26] cap. 15.22, 24.



_Jesus, o bom pastor._

10 Na verdade, na verdade vos digo que aquelle que não entra pela porta
no [AHT] curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e
salteador.

2 Mas aquelle que entra pela porta é o pastor das ovelhas.

3 A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome
ás suas ovelhas, e as traz para fóra.

4 E, quando tira para fóra as suas ovelhas, vae adiante d’ellas, e as
ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz;

5 Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão d’elle, porque
não conhecem a voz dos estranhos.

6 Jesus disse-lhes esta parabola; porém elles não entenderam o que era
que lhes dizia.

7 Tornou pois Jesus a dizer-lhes: Em verdade vos digo que eu sou a porta
das ovelhas.

8 Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as
ovelhas não os ouviram.

9 Eu [1] sou a porta; se alguem entrar por mim, salvar-se-ha, e entrará,
e sairá, e achará pasto.

10 O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir: eu vim para
que tenham vida, e a tenham com abundancia.

11 Eu [2] sou o bom Pastor: o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.

12 Mas o mercenario, e o que não é pastor, de quem não são proprias as
ovelhas, vê vir o lobo, [3] e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as
arrebata e dispersa.

13 Ora o mercenario foge, porque é mercenario, e não tem cuidado das
ovelhas.

14 Eu sou o bom Pastor, [4] e conheço as minhas, e das minhas sou
conhecido.

15 Assim [5] como o Pae me conhece a mim, tambem eu conheço o Pae, [6] e
dou a minha vida pelas ovelhas.

16 Ainda tenho [7] outras ovelhas que não são d’este curral; tambem me
convem trazer estas, e ellas ouvirão a minha voz, [8] e haverá um rebanho
_e_ um Pastor.

17 Por isso o Pae me ama, [9] porque dou a minha vida para tornar a
tomal-a.

18 Ninguem m’a tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho [10] poder
para a dar, e poder para tornar a tomal-a. [11] Este mandamento recebi de
meu Pae.

19 Tornou pois a haver divisão entre os judeos por causa d’estas palavras.

20 E [12] muitos d’elles diziam: Tem [13] demonio, e está fóra de si:
porque o ouvis?

21 Diziam outros: Estas palavras não são de endemoninhado; pode [14]
porventura um demonio abrir [15] os olhos aos cegos?


_A festa da dedicação. Jesus, interrogado pelos judeos, declara-se o
Messias, Filho de Deus. Desejam apedrejal-o, e elle retira-se para além
do Jordão._

22 E em Jerusalem era a _festa da_ dedicação, e era inverno.

23 E Jesus andava passeando no templo, [16] no alpendre de Salomão.

24 Rodearam-n’o pois os judeos, e disseram-lhe: Até quando terás a nossa
alma suspensa? Se tu és o Christo, dize-nol-o abertamente.

25 Respondeu-lhes Jesus: Já vol-_o_ tenho dito, e não _o_ crêdes. As [17]
obras que eu faço, em nome de meu Pae, essas testificam de mim.

26 Mas [18] vós não crêdes, porque não sois das minhas ovelhas, como _já_
vol-o tenho dito.

27 As [19] minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e ellas me
seguem;

28 E dou-lhes a vida eterna, [20] e nunca perecerão, e ninguem as
arrebatará da minha mão.

29 [21] Meu Pae, que m’_as_ deu, é maior do que todos; e ninguem pode
arrebatal-as da mão de meu Pae.

30 Eu [22] e o Pae somos um.

31 Os judeos pegaram então [23] outra vez em pedras para o apedrejar.

32 Respondeu-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas de meu Pae;
por qual d’estas obras me apedrejaes?

33 Os judeos responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por obra boa,
mas pela blasphemia; porque, sendo tu homem, [24] te fazes Deus a ti
mesmo.

34 Respondeu-lhes Jesus: [25] Não está escripto na vossa lei: Eu disse:
Sois deuses?

35 Pois, se a lei chamou deuses áquelles [26] a quem a palavra de Deus
foi dirigida (e a Escriptura não pode ser annullada),

36 _A mim_, [27] a quem o Pae sanctificou, e [28] enviou ao mundo, vós
dizeis: Blasphemas; [29] porque disse: [30] Sou Filho de Deus?

37 Se [31] não faço as obras de meu Pae, não me acrediteis.

38 Porém, se as faço, e não crêdes em mim, crêde [32] nas obras; para que
conheçaes e acrediteis que [33] o Pae está em mim e eu n’elle.

39 Procuravam [34] pois prendel-o outra vez, mas elle escapou-se de suas
mãos,

40 E retirou-se outra vez para além do Jordão, para o [35] logar onde
João tinha primeiramente baptizado; e ali ficou.

41 E muitos iam ter com elle, e diziam: Na verdade João não fez signal
algum, [36] mas tudo quanto João disse d’este [37] era verdade.

42 E muitos ali crêram n’elle.

[1] cap. 14.6. Eph. 2.18.

[2] Isa. 40.11. Exo. 34.12, 23. Heb. 13.20. I Ped. 2.25.

[3] Zac. 11.16, 17.

[4] II Tim. 2.19.

[5] Mat. 11.27.

[6] cap. 15.13.

[7] Isa. 56.8.

[8] Eze. 37.22. I Ped. 2.25.

[9] Isa. 53.7, 8, 12. Heb. 2.9.

[10] cap. 2.19.

[11] cap. 6.38. Act. 2.24, 32.

[12] cap. 7.43 e 9.16.

[13] cap. 7.20 e 8.48, 52.

[14] Exo. 4.11.

[15] cap. 9.6, 7, 32, 33.

[16] Act. 3.11 e 5.12.

[17] ver. 38. cap. 3.2 e 5.36.

[18] cap. 8.47. I João 4.6.

[19] ver. 4, 14.

[20] cap. 6.37 e 17.11, 12.

[21] cap. 14.28 e 17.2, 6, etc.

[22] cap. 17.11, 22.

[23] cap. 8.59.

[24] cap. 5.18.

[25] Psa. 82.6.

[26] Rom. 13.1.

[27] cap. 6.27.

[28] cap. 3.17 e 5.36, 37.

[29] cap. 5.17, 18.

[30] Luc. 1.35, 37.

[31] cap. 15.24.

[32] cap. 5.36.

[33] cap. 14.10, 11.

[34] cap. 7.30, 44 e 8.59.

[35] cap. 1.28.

[36] cap. 3.30.

[37] cap. 8.30 e 11.45.



_A resurreição de Lazaro._

[Anno Domini 33]

11 Estava então enfermo um _certo_ Lazaro, de Bethania, aldeia de [1]
Maria e de Martha, sua irmã.

2 E [2] Maria era a que ungiu o Senhor com unguento, e lhe enxugou os pés
com os seus cabellos; cujo irmão Lazaro estava enfermo.

3 Mandaram-lhe pois _suas_ irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo
aquelle que tu amas.

4 E Jesus, ouvindo _isto_, disse: Esta enfermidade não é para morte, [3]
mas para gloria de Deus; para que o Filho de Deus seja glorificado por
ella.

5 Ora Jesus amava a Martha, e a sua irmã e a Lazaro.

6 Ouvindo pois que estava enfermo, [4] ficou ainda dois dias no logar
onde estava.

7 Depois d’isto, disse aos seus discipulos: Vamos outra vez para a Judéa.

8 Dizem-lhe os discipulos: Rabbi, ainda agora [5] os judeos procuravam
apedrejar-te, e tornas para lá?

9 Jesus respondeu: Não ha doze horas no dia? [6] Se alguem andar de dia,
não tropeça, porque vê a luz d’este mundo;

10 Mas, se alguem [7] andar de noite, tropeça, porque n’elle não ha luz.

11 Isto fallou; e depois disse-lhes: Lazaro, o nosso amigo, [8] dorme,
mas vou despertal-o do somno.

12 Disseram pois os seus discipulos: Senhor, se dorme, estará salvo.

13 Mas Jesus dizia _isto_ da sua morte; elles, porém, cuidavam que
fallava do repouso do dormir.

14 Então pois Jesus disse-lhes claramente: Lazaro está morto;

15 E folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que
acrediteis: porém vamos ter com elle.

16 Disse pois Thomé, chamado Didymo, aos condiscipulos: Vamos nós tambem,
para morrermos com elle.

17 Chegando pois Jesus, achou que já havia quatro dias que estava na
sepultura

18 (Ora Bethania distava de Jerusalem quasi quinze estadios).

19 E muitos dos judeos tinham ido consolar a Martha e a Maria, ácerca de
seu irmão.

20 Ouvindo pois Martha que Jesus vinha, saiu-lhe ao encontro: Maria,
porém, ficou assentada em casa.

21 Disse pois Martha a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão
não teria morrido.

22 Mas tambem agora [9] sei que tudo quanto pedires a Deus Deus t’_o_
dará.

23 Disse-lhe Jesus: Teu irmão ha de resuscitar.

24 Disse-lhe Martha: [10] Eu sei que ha de resuscitar na resurreição do
ultimo dia.

25 Disse-lhe Jesus: Eu sou [11] a resurreição e a [12] vida; [13] quem
crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;

26 E todo aquelle que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?

27 Disse-lhe ella: Sim, [14] Senhor, creio que tu és o Christo, o Filho
de Deus, que havia de vir ao mundo.

28 E, dito isto, partiu, e chamou em segredo a Maria, sua irmã, dizendo:
O Mestre está cá, e chama-te.

29 Ella, ouvindo _isto_, levantou-se logo, e foi ter com elle.

30 Porque ainda Jesus não tinha chegado á aldeia, mas estava no logar
onde Martha o encontrara.

31 Vendo [15] pois os judeos, que estavam com ella em casa e a
consolavam, que Maria apressadamente se levantara e saira, seguiram-n’a,
dizendo: Vae ao sepulchro para chorar ali.

32 Tendo pois Maria chegado aonde Jesus estava, e vendo-o, lançou-se aos
[16] seus pés, dizendo-lhe: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não
teria morrido.

33 Jesus pois, vendo-a chorar, e os judeos que com ella vinham tambem
chorando, moveu-se muito em espirito, e perturbou-se.

34 E disse: Onde o pozestes? Disseram-lhe: Senhor, vem, e vê.

35 Jesus [17] chorou.

36 Disseram pois os judeos: Vêde como o amava.

37 E alguns d’elles disseram: Não podia este, [18] que abriu os olhos ao
cego, fazer tambem com que este não morresse?

38 Jesus pois, movendo-se outra vez muito em si mesmo, vem ao sepulchro;
e era uma caverna, e tinha uma pedra posta sobre ella.

39 Disse Jesus: Tirae a pedra. Martha, irmã do defunto, disse-lhe:
Senhor, já cheira mal, porque é _já_ de quatro dias.

40 Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se crêres, [19] verás a gloria
de Deus?

41 Tiraram pois a pedra d’onde o defunto jazia. E Jesus, levantando os
olhos para o céu, disse: Pae, graças te dou, por me haveres ouvido.

42 Pois eu bem sei que sempre me ouves, [20] mas eu disse _isto_ por
causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste.

43 E, tendo dito isto, clamou com grande voz: Lazaro, sae para fóra.

44 E o defunto saiu, tendo as mãos e pés ligados com faxas, [21] e o seu
rosto envolto n’um lenço. Disse-lhes Jesus: Desligae-o, e deixae-o ir.

45 Muitos pois d’entre os judeos, que tinham vindo a Maria, [22] e que
tinham visto o que Jesus fizera, crêram n’elle.


_Os phariseos formam conselho para matarem Jesus._

46 Mas alguns d’elles foram ter com os phariseos, e disseram-lhes o que
Jesus tinha feito.

47 Depois [23] os principaes dos sacerdotes e os phariseos formaram
conselho, e diziam: [24] Que faremos? porque este homem faz muitos
signaes.

48 Se o deixamos assim, todos crerão n’elle, e os romanos virão, e
tirar-nos-hão o nosso logar e a nação.

49 E um d’elles, _chamado_ [25] Caiphás, que era summo sacerdote
n’aquelle anno, lhes disse: Vós nada sabeis,

50 Nem [26] consideraes que nos convem que um homem morra pelo povo, e
_que_ não pereça toda a nação.

51 Ora elle não disse isto de si mesmo, mas, sendo o summo sacerdote
n’aquelle anno, prophetizou que Jesus devia morrer pela nação.

52 E [27] não sómente [28] pela nação, mas tambem para ajuntar em um
_corpo_ os filhos de Deus, que andavam dispersos.

53 Desde aquelle dia, pois, consultavam-se para o matarem.

54 Jesus, [29] pois, já não andava manifestamente entre os judeos, mas
retirou-se d’ali para a terra junto do deserto, para uma cidade chamada
[30] Ephraim; e ali andava com os seus discipulos.

55 E [31] estava proxima a paschoa dos judeos, e muitos d’aquella terra
subiram a Jerusalem antes da paschoa para se purificarem.

56 Buscavam [32] pois a Jesus, e diziam uns aos outros, estando no
templo: Que vos parece? Não virá á festa?

57 Ora os principaes dos sacerdotes e os phariseos tinham dado ordem para
que, se alguem soubesse onde elle estava, o denunciasse, para o prenderem.

[1] Luc. 10.38, 39.

[2] Mat. 26.7. cap. 12.2.

[3] cap. 9.3. ver. 40.

[4] cap. 10.40.

[5] cap. 10.31.

[6] cap. 9.4.

[7] cap. 12.35.

[8] Deu. 31.16. Dan. 12.2. I Cor. 15.18, 51.

[9] cap. 9.31.

[10] Luc. 14.14. cap. 5.29.

[11] cap. 5.21.

[12] cap. 1.4. Col. 3.4. I João 1.1, 2.

[13] cap. 3.36. I João 5.10, etc.

[14] Mat. 16.16.

[15] ver. 19.

[16] ver. 21.

[17] Luc. 19.41.

[18] cap. 9.6.

[19] ver. 4, 23.

[20] cap. 12.30.

[21] cap. 20.7.

[22] cap. 2.23.

[23] Psa. 2.2.

[24] cap. 12.19.

[25] Luc. 3.2. cap. 18.14. Act. 4.6.

[26] cap. 18.14.

[27] Isa. 49.6. I João 2.2.

[28] Eph. 2.14, 15, 16, 17.

[29] cap. 4.1, 3 e 7.1.

[30] II Chr. 13.19.

[31] cap. 2.13 e 5.1.

[32] cap. 7.11.



_Maria unge com unguento os pés de Jesus._

Mat. 26.6, etc. e refs.

12 Foi pois Jesus seis dias antes da paschoa a Bethania, [1] onde estava
Lazaro, o que fallecera, e a quem resuscitara dos mortos.

2 Fizeram-lhe [2] pois ali uma ceia, e Martha servia, e Lazaro era um dos
que estavam á mesa com elle.

3 Então [3] Maria, tomando um arratel de unguento de nardo puro, de muito
preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabellos;
e encheu-se a casa do cheiro do unguento.

4 Então um dos seus discipulos, Judas Iscariotes, _filho_ de Simão, o que
havia de trahil-o, disse:

5 Porque não se vendeu este unguento por trezentos dinheiros e não se deu
aos pobres?

6 Ora elle disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas
porque era ladrão, [4] e tinha a bolsa, e trazia o que _n’ella_ se
lançava.

7 Disse pois Jesus: Deixae-a; para o dia da minha sepultura guardou isto;

8 Porque [5] os pobres sempre os tendes comvosco; porém a mim nem sempre
me tendes.

9 E muita gente dos judeos soube que elle estava ali; e foram, não só por
causa de Jesus, mas tambem para vêr a Lazaro, a quem [6] resuscitara dos
mortos.

10 E [7] os principaes dos sacerdotes consultaram matar tambem a Lazaro;

11 Porque [8] muitos dos judeos, por causa d’elle, iam, e criam em Jesus.


_A entrada triumphal de Jesus em Jerusalem._

Mat. 21.1, etc. e refs.

12 No [9] dia seguinte, ouvindo _uma_ grande multidão, que viera á festa,
que Jesus ia de Jerusalem,

13 Tomaram ramos de palmeiras, e sairam-lhe ao encontro, e clamavam: [10]
Hosanna: Bemdito o rei d’Israel que vem em nome do Senhor.

14 E [11] achou Jesus um jumentinho, e assentou-se sobre elle, como está
escripto:

15 Não [12] temas, ó filha de Sião; eis que o teu Rei vem assentado sobre
o filho de uma jumenta.

16 Os [13] seus discipulos, porém, não entenderam isto no principio; [14]
mas, quando Jesus foi glorificado, [15] então se lembraram de que isto
estava escripto d’elle, e _que_ isto lhe fizeram.

17 A multidão, pois, que estava com elle quando Lazaro foi chamado da
sepultura, testificava que _elle_ o resuscitara dos mortos.

18 Pelo [16] que a multidão lhe saiu ao encontro, porque tinham ouvido
que elle fizera este signal.

19 Disseram pois _os_ phariseos entre si: [17] Vêdes que nada
aproveitaes? eis que o mundo vae após elle.


_Alguns gregos desejam ver a Jesus. Jesus falla da sua glorificação;
ouve-se uma voz do céu. Jesus, a luz do mundo._

20 E [18] havia alguns gregos, entre os [19] que tinham subido a adorar
no _dia_ da festa.

21 Estes, pois, dirigiram-se a Philippe, [20] que era de Bethsaida na
Galilea, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queriamos vêr a Jesus.

22 Philippe foi dizel-o a André, e então André e Philippe o disseram a
Jesus.

23 E Jesus lhes respondeu, dizendo: [21] É chegada a hora em que o Filho
do homem ha de ser glorificado.

24 Na verdade, na verdade vos digo [22] que, se o grão de trigo, caindo
na terra, não morrer, fica elle só; porém, se morrer, dá muito [23]
fructo.

25 Quem ama a sua vida perdel-a-ha, e quem n’este mundo aborrece a sua
vida guardal-a-ha para a vida eterna.

26 Se alguem me serve, siga-me, [24] e, onde eu estiver, ali estará
tambem o meu servo. E, se alguem me servir, _meu_ Pae o honrará.

27 Agora [25] a minha alma está turbada; e que direi eu? Pae, salva-me
d’esta hora, [26] mas para isto vim a esta hora.

28 Pae, glorifica o teu nome. [27] Então veiu uma voz do céu, _que dizia:
Já o_ tenho glorificado, e outra vez o glorificarei.

29 Ora a multidão que ali estava, e que _a_ tinha ouvido, dizia que havia
sido um trovão. Outros diziam: Um anjo lhe fallou.

30 Respondeu Jesus, e disse: [28] Não veiu esta voz por amor de mim, mas
por amor de vós.

31 Agora é o juizo d’este mundo: agora será expulso [29] o principe
d’este mundo.

32 E eu, [30] quando fôr levantado da terra, [31] todos attrahirei a mim.

33 E dizia isto, [32] significando de que morte havia de morrer.

34 Respondeu-lhe a multidão: [33] Nós temos ouvido da lei, que o Christo
permanece para sempre; e como dizes tu que convem que o Filho do homem
seja levantado? Quem é esse Filho do homem?

35 Disse-lhes pois Jesus: A luz ainda está comvosco [34] por um pouco
de tempo; [35] andae emquanto tendes luz, para que as trevas vos não
apanhem. E quem [36] anda nas trevas não sabe para onde vae.

36 Emquanto tendes luz, crêde na luz, para que sejaes [37] filhos da luz.
Estas _coisas_ disse Jesus; e, retirando-se, [38] escondeu-se d’elles.

37 E, ainda que tinha feito tantos signaes diante d’elles, não criam
n’elle;

38 Para que se cumprisse a palavra do propheta Isaias, que diz: [39]
Senhor, quem creu na nossa prégação? e a quem foi revelado o braço do
Senhor?

39 Por isso não podiam crêr, porquanto Isaias disse outra vez:

40 Cegou-lhes [40] os olhos, e endureceu-lhes o coração, afim de que não
vejam com os olhos, e _não_ comprehendam com o coração, e se convertam, e
eu os cure.

41 Isaias disse isto [41] quando viu a sua gloria e fallou d’elle.

42 Comtudo, até muitos dos principaes crêram n’elle; mas [42] não o
confessavam por causa dos phariseos, para não serem expulsos da synagoga.

43 Porque [43] amavam mais a gloria dos homens do que a gloria de Deus.

44 E Jesus clamou, e disse: [44] Quem crê em mim, crê, não em mim, mas
n’aquelle que me enviou.

45 E quem [45] me vê a mim, vê aquelle que me enviou.

46 Eu [46] sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquelle que crê em
mim não permaneça nas trevas.

47 E, se alguem ouvir as minhas palavras, e não crêr, [47] eu não o
julgo: porque [48] eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o
mundo.

48 Quem [49] me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, _já_
tem quem o julgue; a [50] palavra que tenho fallado, essa o ha de julgar
no ultimo dia.

49 Porque [51] eu não tenho fallado de mim mesmo; porém o Pae, que me
enviou, elle me deu mandamento [52] sobre o que hei de dizer e sobre o
que hei de fallar:

50 E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Assim que, o que eu fallo,
fallo-o como o Pae m’o tem dito.

[1] cap. 11.1, 43.

[2] Mar. 14.3.

[3] Luc. 10.38, 39. cap. 11.2.

[4] cap. 13.29.

[5] Mat. 26.11. Mar. 14.7.

[6] cap. 11.43, 44.

[7] Luc. 16.31.

[8] cap. 11.45. ver. 18.

[9] Mar. 11.8.

[10] Psa. 118.25, 26.

[11] Mat. 21.7.

[12] Zac. 9.9.

[13] Luc. 18.34.

[14] cap. 7.39.

[15] cap. 14.26.

[16] ver. 11.

[17] cap. 11.47, 48.

[18] Act. 17.4.

[19] I Reis 8.41, 42. Act. 8.27.

[20] cap. 1.44.

[21] cap. 13.32 e 17.1.

[22] I Cor. 15.36.

[23] Mat. 10.39. Mar. 8.35.

[24] cap. 14.3 e 17.24. I The. 4.17.

[25] Mat. 26.38, 39. Luc. 12.50.

[26] Luc. 22.53.

[27] Mat. 3.17.

[28] cap. 11.42.

[29] Mat. 12.29. Act. 26.18. II Cor. 4.4.

[30] cap. 3.14 e 8.28.

[31] Rom. 5.18. Heb. 2.9.

[32] cap. 18.32.

[33] Isa. 9.7. Dan. 2.44 e 7.14, 27.

[34] cap. 1.9. ver. 46.

[35] Jer. 13.16. Eph. 5.8.

[36] cap. 11.10. I João 2.11.

[37] I The. 5.5. I João 2.9, 10, 11.

[38] cap. 8.59.

[39] Isa. 53.1. Rom. 10.16.

[40] Isa. 6.9, 10. Mat. 13.14.

[41] Isa. 6.1.

[42] cap. 7.13 e 9.22.

[43] cap. 5.44.

[44] Mar. 9.37. I Ped. 1.21.

[45] cap. 14.9.

[46] ver. 35, 36. cap. 3.19.

[47] cap. 5.45.

[48] cap. 3.17.

[49] Luc. 10.16.

[50] Deu. 18.19. Mar. 16.16.

[51] cap. 8.38.

[52] Deu. 18.18.



_Jesus lava os pés aos discipulos._

13 Ora, [1] antes da festa da paschoa, sabendo Jesus que _já_ era chegada
[2] a sua hora de passar d’este mando para o Pae, como havia amado os
seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim.

2 E, acabada a ceia, [3] tendo já o diabo insinuado no coração de Judas
Iscariotes, _filho_ de Simão, que o trahisse,

3 Jesus, sabendo [4] que o Pae tinha depositado nas suas mãos todas as
coisas, e [5] que havia saido de Deus e ia para Deus,

4 Levantou-se [6] da ceia, tirou os vestidos, e, tomando uma toalha,
cingiu-se.

5 Depois deitou agua n’_uma_ bacia, e começou a lavar os pés aos
discipulos, e a enxugar-_lh’os_ com a toalha com que estava cingido.

6 Approximou-se pois de Simão Pedro, e elle lhe disse: Senhor, [7] tu
lavas-me os pés a mim?

7 Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, [8]
mas tu o saberás depois.

8 Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu
[9] te não lavar, não tens parte comigo.

9 Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas tambem as mãos e
a cabeça.

10 Disse-lhe Jesus: Aquelle que está lavado não necessita de lavar senão
os pés, pois no mais todo está limpo. [10] Ora vós estaes limpos, mas não
todos.

11 Porque [11] bem sabia elle quem o havia de trahir; por isso disse: Nem
todos estaes limpos.

12 Depois que lhes lavou os pés, e tomou os seus vestidos, tornou-se a
assentar _á mesa_, e disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito?

13 Vós [12] me chamaes Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou:

14 Pois se [13] eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, [14] vós deveis
tambem lavar os pés uns aos outros.

15 Porque [15] eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façaes
vós tambem.

16 Na [16] verdade, na verdade vos digo _que_ não é o servo maior do que
o seu senhor, nem o enviado maior do que aquelle que o enviou.

17 Se [17] sabeis estas _coisas_, bemaventurados sois se as fizerdes.

18 Não fallo de todos vós; eu bem sei os que tenho escolhido; mas para
que se cumpra a Escriptura, [18] _que diz_: O que come o pão comigo
levantou contra mim o seu calcanhar.

19 Já [19] agora vol-o digo, antes que aconteça, para que, quando
acontecer, acrediteis que eu sou.

20 Na [20] verdade, na verdade vos digo _que_, se alguem receber o que
eu enviar, me recebe a mim, e quem me recebe a mim recebe aquelle que me
enviou.


_Jesus prediz que Judas o ha de trahir._

Mat. 26.21. Mar. 14.18.

21 Tendo Jesus dito isto, [21] turbou-se em espirito, e testificou, e
disse: Na verdade, na verdade vos digo que [22] um de vós me ha de trahir.

22 Então os discipulos olhavam uns para os outros, duvidando de quem elle
fallava.

23 Ora [23] um de seus discipulos, aquelle a quem Jesus amava, estava
reclinado no seio de Jesus.

24 Então Simão Pedro fez signal a este, para que perguntasse quem era
aquelle de quem elle fallava.

25 E, inclinando-se elle sobre o peito de Jesus, disse-lhe: Senhor, quem
é?

26 Jesus respondeu: É aquelle a quem eu der o bocado molhado. E, molhando
o bocado, o deu a Judas Iscariotes, _filho_ de Simão.

27 E, [24] após o bocado, entrou n’elle Satanás. Disse pois Jesus: O que
fazes, fal-o depressa.

28 E nenhum dos que estavam assentados _á mesa_ comprehendeu a que
proposito lhe dissera _isto_;

29 Porque, como [25] Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe
tinha dito: Compra o que nos é necessario para a festa; ou que désse
alguma coisa aos pobres.

30 E, tendo tomado o bocado, saiu logo. E era já noite.


_As ultimas instrucções de Jesus aos discipulos. A razão da sua saida do
mundo. A promessa do Consolador._

31 Tendo elle pois saido, disse Jesus: [26] Agora é glorificado o Filho
do homem, [27] e Deus é glorificado n’elle.

32 Se [28] Deus é glorificado n’elle, tambem Deus o glorificará em si
mesmo, [29] e logo o ha de glorificar.

33 Filhinhos, ainda por um pouco estou comvosco. Vós me buscareis, [30]
e, como tinha dito aos judeos: Para onde eu vou não podeis vós ir:
_assim_ vol-o digo eu tambem agora.

34 Um [31] novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros, como eu
vos amei a vós, que tambem vós uns a outros vos ameis.

35 N’isto [32] todos conhecerão que sois meus discipulos, se vós tiverdes
amor uns aos outros.

36 Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vaes? Jesus lhe respondeu:
Para onde eu vou não podes agora seguir-me, [33] porém depois me seguirás.

37 Disse-lhe Pedro: Porque não posso seguir-te agora? [34] Por ti darei a
minha vida.

38 Respondeu-lhe Jesus: Tu darás a tua vida por mim? Na verdade, na
verdade te digo: não cantará o gallo emquanto me não tiveres negado tres
vezes.

[1] Mat. 26.2.

[2] cap. 12.23.

[3] Luc. 22.3. ver. 27.

[4] Mat. 11.27. I Cor. 15.27.

[5] cap. 8.42.

[6] Luc. 22.27. Phi. 2.7, 8.

[7] Mat. 3.14.

[8] ver. 12.

[9] Eph. 5.26. Tito 3.5. Heb. 10.22.

[10] cap. 15.3.

[11] cap. 6.65.

[12] Mat. 23.8, 10. Luc. 6.46.

[13] Luc. 22.27.

[14] Rom. 12.10. I Ped. 5.5.

[15] Mat. 11.29. I João 2.6.

[16] Mat. 10.24. Luc. 6.40.

[17] Thi. 1.25.

[18] Psa. 41.9. Mat. 26.23. ver. 21.

[19] cap. 14.29 e 16.4.

[20] Mat. 10.40. Luc. 10.16.

[21] cap. 12.27.

[22] Act. 1.17. I João 2.19.

[23] cap. 19.26.

[24] Luc. 22.3. cap. 6.70.

[25] cap. 12.6.

[26] cap. 12.23.

[27] cap. 14.13. I Ped. 4.11.

[28] cap. 17.1, 4, 5, 6.

[29] cap. 12.23.

[30] cap. 7.34 e 8.21.

[31] Lev. 19.18. I Ped. 1.22. I João 2.7, 8.

[32] I João 2.5 e 4.20.

[33] cap. 21.18. II Ped. 1.14.

[34] Mat. 26.33, 34, 35. Luc. 22.33, 34.



14 Não [1] se turbe o vosso coração: crêdes em Deus, crêde tambem em mim.

2 Na casa de meu Pae ha muitas moradas; senão, eu vol-o teria dito; [2]
vou preparar-vos logar.

3 E, se eu fôr, e vos preparar logar, [3] virei outra vez, e vos levarei
para mim mesmo, para que [4] onde eu estiver estejaes vós tambem.

4 E _já_ sabeis para onde vou, e sabeis o caminho.

5 Disse-lhe Thomé: Senhor, nós não sabemos para onde vaes; e como podemos
saber o caminho?

6 Disse-lhe Jesus: Eu sou [5] o caminho, [6] e a verdade e [7] a vida.
[8] Ninguem vem ao Pae, senão por mim.

7 Se [9] vós me conhecesseis a mim, tambem conhecerieis a meu Pae; e _já_
desde agora o conheceis, e o tendes visto.

8 Disse-lhe Philippe: [10] Senhor, mostra-nos o Pae, e _isso_ nos basta.

9 Disse-lhe Jesus: Estou ha tanto tempo comvosco, e não me tendes
conhecido, Philippe? quem me vê a mim vê o Pae: e como dizes tu:
Mostra-nos o Pae?

10 Não crês tu que [11] eu _estou_ no Pae, e que o Pae está em mim? As
palavras que eu vos digo [12] não _as_ digo de mim mesmo, mas o Pae, que
está em mim, é quem faz as obras.

11 Crêde-me que _estou_ no Pae, e _que_ o Pae _está_ em mim: crêde-me, ao
menos, por causa das mesmas obras.

12 Na verdade, na verdade vos digo que aquelle que crê [13] em mim tambem
fará as obras [14] que eu faço, e _as_ fará maiores do que estas; porque
eu vou para meu Pae.

13 E [15] tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pae
seja glorificado no Filho.

14 Se pedirdes alguma _coisa_ em meu nome, eu _o_ farei.

15 Se [16] me amaes, guardae os meus mandamentos.

16 E eu rogarei ao Pae, e [17] elle vos dará outro Consolador, para que
fique comvosco para sempre:

17 O [18] Espirito de verdade, [19] que o mundo não pode receber, porque
não o vê nem o conhece: mas vós o conheceis, porque habita comvosco, [20]
e estará em vós.

18 Não [21] vos deixarei orphãos; [22] voltarei para vós.

19 Ainda um pouco, e o mundo não me verá [23] mais, porém vós [24] me
vereis; porque eu vivo, e vós vivereis.

20 N’aquelle dia conhecereis que [25] _estou_ em meu Pae, e vós em mim, e
eu em vós.

21 Aquelle [26] que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me
ama; e aquelle que me ama será amado de meu Pae, e eu o amarei, e me
manifestarei a elle.

22 Disse-lhe [27] Judas (não o Iscariotes): Senhor, d’onde vem que te has
de manifestar a nós, e não ao mundo?

23 Jesus respondeu, e disse-lhe: Se [28] alguem me ama, guardará a minha
palavra, e meu Pae o amará, [29] e viremos para elle, e faremos n’elle
morada.

24 Quem me não ama não guarda as minhas palavras; e [30] a palavra que
ouvistes não é minha, mas do Pae que me enviou.

25 Tenho-vos dito estas _coisas_, estando _ainda_ comvosco.

26 Mas [31] aquelle [AHU] Consolador, o Espirito Sancto, que o Pae
enviará em meu nome, [32] esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará
lembrar de tudo quanto vos tenho dito.

27 Deixo-vos a [33] paz, a minha paz vos dou: não vol-a dou como o mundo
a dá. [34] Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.

28 Ouvistes que [35] eu vos disse: Vou, e venho para vós. Se me amasseis,
certamente exultarieis por ter dito: [36] Vou para o Pae; porque meu [37]
Pae é maior do que eu.

29 Eu vol-o [38] disse agora antes que aconteça, para que, quando
acontecer, vós acrediteis.

30 Já não fallarei muito comvosco; porque _já_ [39] se approxima o
principe d’este mundo, e nada tem em mim.

31 Mas para que o mundo saiba que eu amo o Pae, [40] e que faço como o
Pae me mandou, levantae-vos, vamo-nos d’aqui.

[1] ver. 27. cap. 16.22, 23.

[2] cap. 13.33, 36.

[3] ver. 18, 28. Act. 1.11.

[4] cap. 12.26. I The. 4.16.

[5] Heb. 9.8.

[6] cap. 1.17.

[7] cap. 1.4.

[8] cap. 10.9.

[9] cap. 8.19.

[10] cap. 12.45. Col. 1.15. Heb. 1.3.

[11] cap. 10.38.

[12] cap. 5.19 e 12.49.

[13] cap. 5.36.

[14] Mat. 21.21. Luc. 10.17.

[15] Mat. 7.7. Mar. 11.24. Luc. 11.9.

[16] ver. 21, 23. I João 5.3.

[17] cap. 15.26. Rom. 8.15, 26.

[18] cap. 15.26. I João 4.6.

[19] I Cor. 2.14.

[20] I João 2.27.

[21] Mat. 28.20.

[22] ver. 3, 28.

[23] cap. 16.16.

[24] I Cor. 15.20.

[25] ver. 10. cap. 10.38.

[26] ver. 15, 23. I João 2.5.

[27] Luc. 6.16.

[28] ver. 15.

[29] I João 2.24. Apo. 3.20.

[30] ver. 10. cap. 5.19, 38.

[31] ver. 16. Luc. 24.49.

[32] cap. 2.22. I João 2.20, 27.

[33] Phi. 4.7. Col. 3.15.

[34] ver. 1.

[35] ver. 3, 18.

[36] ver. 12.

[37] cap. 5.18. Phi. 2.6.

[38] cap. 13.19.

[39] cap. 12.31.

[40] Phi. 2.8. Heb. 5.8.



_Continuação das ultimas instrucções aos discipulos. União intima entre
Jesus e os crentes._

15 Eu sou a videira verdadeira, e meu Pae é o lavrador.

2 Toda [1] a vara em mim, que não dá fructo, a tira; e alimpa toda a que
dá fructo, para que dê mais fructo.

3 Vós [2] _já_ estaes limpos, pela palavra que vos tenho fallado.

4 Estae [3] em mim, e eu em vós: como a vara de si mesma não pode dar
fructo, se não estiver na videira, assim nem vós, se não estiverdes em
mim.

5 Eu sou a videira, vós as varas: quem está em mim, e eu n’elle, esse dá
muito [4] fructo; porque sem mim nada podeis fazer.

6 Se alguem não estiver em mim, será [5] lançado fóra, como a vara, e
seccará; e os colhem, e _os_ lançam no fogo, e ardem.

7 Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, [6]
pedireis tudo o que quizerdes, e vos será feito.

8 N’isto é glorificado meu Pae, que [7] deis muito fructo; [8] e assim
sereis meus discipulos.

9 Como o Pae me amou, tambem eu vos amei a vós; permanecei n’_este_ meu
amor.

10 Se [9] guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; como
eu tenho guardado os mandamentos de meu Pae, e permaneço no seu amor.

11 Tenho-vos dito estas _coisas_, para que o meu gozo permaneça em vós,
[10] e o vosso gozo seja cumprido.

12 O [11] meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como
eu vos amei.

13 Ninguem [12] tem maior amor do que este: de dar alguem a sua vida
pelos seus amigos.

14 Vós [13] sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.

15 Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu
senhor, mas tenho-vos chamado amigos, [14] porque tudo quanto ouvi de meu
Pae vos tenho feito conhecer.

16 Não [15] me escolhestes vós a mim, porém eu vos escolhi a vós, e vos
[16] constitui, para que vades e deis fructo, e o vosso fructo permaneça;
[17] para que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pae elle vol-o conceda.

17 Isto [18] vos mando: que vos ameis uns aos outros.

18 Se [19] o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, me
aborreceu a mim.

19 Se [20] vós fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas,
porque [21] não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso o
mundo vos aborrece.

20 Lembrae-vos da palavra que vos disse: [22] Não é o servo maior do que
o seu senhor. Se a mim me perseguiram, tambem vos perseguirão a vós;
[23] se guardaram a minha palavra, tambem guardarão a vossa.

21 Mas [24] tudo isto vos farão por causa do meu nome; porque não
conhecem aquelle que me enviou.

22 Se [25] eu não viera, nem lhes houvera fallado, não teriam peccado,
[26] mas agora não teem desculpa do seu peccado.

23 Aquelle [27] que me aborrece aborrece tambem a meu Pae.

24 Se eu entre elles não fizesse obras, [28] quaes nenhum outro tem
feito, não teriam peccado; mas agora, viram-n’as e me aborreceram a mim e
a meu Pae.

25 Mas _isto é_ para que se cumpra a palavra que está escripta na sua
lei: [29] Aborreceram-me sem causa.

26 Mas, quando [30] vier o Consolador, que eu da parte do Pae vos hei de
enviar, _a saber_, aquelle Espirito de verdade, que procede do Pae, elle
[31] testificará de mim.

27 E [32] vós tambem testificareis, pois estivestes [33] comigo desde o
principio.

[1] Mat. 15.13.

[2] Eph. 5.26. I Ped. 1.22.

[3] Col. 1.23. I João 2.6.

[4] Ose. 14.8. Phi. 1.11.

[5] Mat. 3.10 e 7.19.

[6] ver. 16. cap. 14.13, 14.

[7] Mat. 5.16. Phi. 1.11.

[8] cap. 8.31.

[9] cap. 14.15, 21, 23.

[10] cap. 16.24. I João 1.4.

[11] I The. 4.9. I Ped. 4.8. I João 3.11.

[12] I João 3.16.

[13] cap. 14.15, 23. Mat. 12.50.

[14] Gen. 18.17. Act. 20.27.

[15] cap. 6.70. I João 4.10, 19.

[16] Mat. 28.19. Col. 1.6.

[17] ver. 7. cap. 14.13.

[18] ver. 12.

[19] I João 3.1, 13.

[20] I João 4.5.

[21] cap. 17.14.

[22] Mat. 10.24. Luc. 6.40.

[23] Eze. 3.7.

[24] Mat. 10.22 e 24.9.

[25] cap. 9.41.

[26] Rom. 1.20. Thi. 4.17.

[27] I João 2.23.

[28] cap. 3.2 e 7.31.

[29] Psa. 35.19 e 69.4.

[30] Luc. 24.49. Act. 2.33.

[31] I João 5.6.

[32] Luc. 24.48. Act. 1.8, 21, 22.

[33] Luc. 1.2. I João 1.1, 2.



_Continuação das ultimas instrucções aos discipulos—Jesus repete a
promessa do Consolador e da sua propria volta_.

16 Tenho-vos dito estas _coisas_, para que vos [1] não escandalizeis.

2 Expulsar-vos-hão [2] das synagogas; vem mesmo a hora [3] em que
qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus.

3 E [4] estas _coisas_ vos farão, porquanto não conheceram ao Pae nem a
mim.

4 Mas [5] tenho-vos dito isto, a fim de que, quando chegar aquella hora,
vos lembreis de que _já_ vol-o tinha dito; mas eu não [6] vos disse isto
desde o principio, porquanto estava comvosco.

5 E [7] agora vou para aquelle que me enviou: e nenhum de vós me
pergunta: Para onde vaes?

6 Antes, porque-vos tenho dito estas _coisas_, [8] o vosso coração se
encheu de tristeza.

7 Porém digo-vos a verdade, que vos convem que eu vá: porque, se eu
não fôr, [9] o Consolador não virá para vós; mas, [10] se eu fôr,
enviar-vol-o-hei.

8 E, quando elle vier, convencerá o mundo do peccado, e da justiça e do
juizo.

9 Do [11] peccado, porque não crêem em mim;

10 Da [12] justiça, [13] porque vou para meu Pae, e não me vereis mais;

11 E [14] do juizo, porque _já_ [15] o principe d’este mundo está julgado.

12 Ainda tenho muitas _coisas_ que vos dizer, [16] mas vós não _as_
podeis supportar agora,

13 Porém, quando vier aquelle Espirito [17] de verdade, [18] elle vos
guiará em toda a verdade; porque não fallará de si mesmo, mas fallará
tudo o que tiver ouvido, e vos annunciará as _coisas_ que hão de vir.

14 Elle me glorificará, porque ha de receber do _que é_ meu, e vol-o ha
de annunciar.

15 Tudo [19] quanto o Pae tem é meu; por isso _vos_ disse que ha de
receber do que _é_ meu e vol-o ha de annunciar.

16 Um [20] pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-heis;
porquanto [21] vou para o Pae.

17 Então _alguns_ dos seus discipulos disseram uns para os outros: Que
é isto que nos diz? Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e
ver-me-heis; e; porquanto vou para o Pae?

18 Diziam pois: Que quer dizer isto: Um pouco? não sabemos o que diz.

19 Conheceu pois Jesus que lh’o queriam interrogar, e disse-lhes:
Indagaes entre vós ácerca d’isto que disse: Um pouco, e não me vereis, e
outra vez um pouco, e ver-me-heis?

20 Na verdade, na verdade vos digo que vós chorareis e vos lamentareis,
e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes; mas a vossa tristeza se
converterá em alegria.

21 A [22] mulher, quando está para dar á luz, sente tristeza, porque é
chegada a sua hora; mas depois de ter dado á luz a creança já se não
lembra da afflicção, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo.

22 Assim [23] tambem vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra
vez vos verei, [24] e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria
ninguem vol-a tirará.

23 E n’aquelle dia nada me perguntareis. [25] Na verdade, na verdade vos
digo que tudo quanto pedirdes a meu Pae, em meu nome, elle vol-o ha de
dar.

24 Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que [26]
o vosso gozo se cumpra.

25 Disse-vos estas _coisas_ por parabolas: chega, porém, a hora em que
vos não fallarei mais por parabolas, mas abertamente vos fallarei ácerca
do Pae.

26 N’aquelle [27] dia pedireis em meu nome, e não vos digo que eu rogarei
por vós ao Pae,

27 Pois [28] o mesmo Pae vos ama; porque vós me amastes, [29] e crêstes
que sahi de Deus.

28 Sahi [30] do Pae, e vim ao mundo: outra vez deixo o mundo, e vou para
o Pae.

29 Disseram-lhe os seus discipulos: Eis que agora fallas abertamente, e
não dizes parabola alguma.

30 Agora conhecemos que [31] sabes todas _as coisas_, e não has mister de
que alguem te interrogue. Por isso [32] crêmos que saiste de Deus.

31 Respondeu-lhes Jesus: Crêdes agora?

32 Eis [33] que chega a hora, e já se approxima, em que vós sereis
dispersos cada [34] um para sua _parte_, e me deixareis só; [35] mas não
estou só, porque o Pae está comigo.

33 Tenho-vos dito estas _coisas_, para que [36] em mim tenhaes paz; [37]
no mundo tereis afflicção, [38] mas tende bom animo, eu [39] venci o
mundo.

[1] Mat. 11.6 e 26.31.

[2] cap. 9.22, 34 e 12.42.

[3] Act. 8.1 e 9.1.

[4] cap. 15.21. Rom. 10.2.

[5] cap. 13.19 e 14.29.

[6] Mat. 9.15.

[7] ver. 10, 16. cap. 14.28.

[8] ver. 22. cap. 14.1.

[9] cap. 7.39 e 14.16, 26.

[10] Act. 2.33. Eph. 4.8.

[11] Act. 2.22, 37.

[12] Act. 2.32.

[13] cap. 3.14.

[14] Act. 26.18.

[15] Luc. 10.18. Heb. 2.14.

[16] Mar. 4.33. Heb. 5.12.

[17] cap. 14.17.

[18] cap. 14.26. I João 2.20, 27.

[19] Mat. 11.27. cap. 13.3.

[20] ver. 10. cap. 7.33 e 13.33 e 14.19.

[21] ver. 28. cap. 13.3.

[22] Isa. 26.17.

[23] ver. 6.

[24] Luc. 24.41, 52. I Ped. 1.8.

[25] Mat. 7.7. cap. 14.13.

[26] cap. 15.11.

[27] ver. 23.

[28] cap. 14.21, 23.

[29] cap. 3.13.

[30] cap. 13.3.

[31] cap. 21.17.

[32] ver. 27. cap. 17.8.

[33] Mat. 26.31. Mat. 14.27.

[34] cap. 20.10.

[35] cap. 8.29.

[36] Isa. 9.6. Rom. 5.1.

[37] cap. 15.19, 20, 21. II Tim. 3.12.

[38] cap. 14.1.

[39] Rom. 8.37.



_Oração de Jesus pelos seus discipulos._

17 Jesus disse estas _coisas_, e levantou seus olhos ao céu, e disse:
Pae, é [1] chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que tambem o teu
Filho te glorifique a ti:

2 Assim [2] como lhe déste poder sobre toda a carne, para que dê a vida
eterna a todos [3] quantos lhe déste.

3 E [4] a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, [5] por unico
Deus verdadeiro, e a Jesus Christo, [6] a quem enviaste.

4 [7] Eu glorifiquei-te na terra, [8] tendo consummado a obra [9] que me
dés-te a fazer.

5 E agora glorifica-me tu, ó Pae, junto de ti mesmo, com aquella gloria
que [10] tinha comtigo antes que o mundo existisse.

6 Manifestei [11] o teu nome aos homens [12] que do mundo me déste: eram
teus, e tu m’os déste, e guardaram a tua palavra.

7 Agora _já_ teem conhecido que tudo quanto me déste vem de ti,

8 Porque lhes dei as palavras [13] que tu me déste; e elles _as_
receberam, [14] e teem verdadeiramente conhecido que sahi de ti, e creram
que me enviaste.

9 Eu rogo por elles: não [15] rogo pelo mundo, mas por aquelles que me
déste, porque são teus.

10 E todas as minhas coisas são tuas, [16] e as tuas coisas são minhas; e
n’elles sou glorificado.

11 E [17] eu já não estou mais no mundo; porém elles estão no mundo, e eu
vou para ti. Pae sancto, [18] guarda em teu nome aquelles que me déste,
[19] para que sejam um, [20] assim como nós.

12 Estando eu com elles no mundo, guardava-os em teu nome. [21] Tenho
guardado aquelles que tu me déste, [22] e nenhum d’elles se perdeu, senão
o [23] filho da perdição, [24] para que a Escriptura se cumprisse.

13 Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha
alegria completa em si mesmos.

14 Dei-lhes [25] a tua palavra, [26] e o mundo os aborreceu, porque não
são do mundo, [27] assim como eu não sou do mundo.

15 Não rogo que os tires do mundo, [28] mas que os livres do mal.

16 Não [29] são do mundo, como eu do mundo não sou.

17 Sanctifica-os [30] na tua verdade: [31] a tua palavra é a verdade.

18 Assim [32] como tu me enviaste ao mundo, tambem eu os enviei ao mundo.

19 E por elles [33] me sanctifico a mim mesmo, para que tambem elles
sejam sanctificados na verdade.

20 E não rogo sómente por estes, mas tambem por aquelles que pela sua
palavra hão de crêr em mim.

21 Para [34] que todos sejam um [35] como tu, ó Pae, em mim, e eu em
ti; que tambem elles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me
enviaste.

22 E eu dei-lhes a gloria que a mim me déste, [36] para que sejam um,
como nós somos um:

23 Eu n’elles, e tu em mim, [37] para que sejam perfeitos em um, e para
que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a elles
como me tens amado a mim.

24 Pae, [38] aquelles que me déste quero que, onde eu estiver, tambem
elles estejam comigo, para que vejam a minha gloria que me déste: [39]
porque tu me has amado antes da fundação do mundo.

25 Pae justo, [40] o mundo não te conheceu; mas [41] eu te conheci, [42]
e estes conheceram que tu me enviaste a mim.

26 E eu [43] lhes fiz conhecer o teu nome, e _lh’o_ farei conhecer mais,
para que o amor com [44] que me tens amado n’elles esteja, e eu n’elles.

[1] cap. 12.23 e 13.32.

[2] Dan. 7.14. Heb. 2.8.

[3] ver. 6, 9, 24.

[4] Isa. 53.11.

[5] I Cor. 8.4.

[6] cap. 3.34.

[7] cap. 13.31 e 14.13.

[8] cap. 4.34.

[9] cap. 14.31.

[10] cap. 1.1. Phi. 2.6.

[11] ver. 26. Psa. 22.23.

[12] ver. 2, 9, 11.

[13] cap. 8.28.

[14] ver. 25. cap. 16.27, 30.

[15] I João 5.19.

[16] cap. 16.15.

[17] cap. 13.1 e 16.28.

[18] I Ped. 1.5. Jud. 1.

[19] ver. 21, etc.

[20] cap. 10.30.

[21] cap. 6.39. Heb. 2.13.

[22] I João 2.19.

[23] cap. 6.70.

[24] Psa. 109.8. Act. 1.20.

[25] ver. 8.

[26] cap. 15.18, 19. I João 3.13.

[27] cap. 8.23.

[28] Mat. 6.13. II The. 3.3. I João 5.18.

[29] ver. 14.

[30] Act. 15.9. Eph. 5.26. I Ped. 1.22.

[31] II Sam. 7.28. Psa. 119.142, 151.

[32] cap. 20.21.

[33] I Cor. 1.2, 30. I The. 4.7. Heb. 10.10.

[34] ver. 11, 22, 23. Rom. 12.5. Gal. 3.28.

[35] cap. 10.38.

[36] cap. 14.20. I João 1.3.

[37] Col. 3.14.

[38] cap. 12.26 e 14.3. I The. 4.16.

[39] ver. 5.

[40] cap. 15.21 e 16.3.

[41] cap. 7.29.

[42] ver. 8. cap. 16.27.

[43] ver. 6. cap. 15.15.

[44] cap. 15.9.



_Jesus preso em Gethsemane._

Mat. 26.36-56 e refs.

18 Tendo Jesus dito estas _coisas_, [1] saiu com os seus discipulos para
[2] além do ribeiro de Cedron, onde havia um horto, no qual elle entrou e
seus discipulos.

2 E Judas, que o trahia, tambem conhecia aquelle logar, [3] porque Jesus
muitas vezes se ajuntava ali com os seus discipulos.

3 Tendo [4] pois Judas tomado uma [AHV] companhia _de soldados e alguns_
creados dos principaes dos sacerdotes e phariseos, veiu para ali com
lanternas, e archotes e armas.

4 Sabendo pois Jesus todas as coisas que sobre elle haviam de vir,
adiantou-se, e disse-lhes: A quem buscaes?

5 Responderam-lhe: A Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas,
que o trahia, estava tambem com elles.

6 Quando pois lhes disse: Sou eu, recuaram, e cairam por terra.

7 Tornou-lhes pois a perguntar: A quem buscaes? E elles disseram: A Jesus
Nazareno.

8 Jesus respondeu: _Já_ vos disse que sou eu: se pois me buscaes a mim,
deixae ir estes.

9 Para que se cumprisse a palavra que tinha dito: [5] Dos que me déste
nenhum d’elles perdi.

10 Então [6] Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o
servo do summo sacerdote, e cortou-lhe a orelha direita. E o nome do
servo era Malco.

11 Porém Jesus disse a Pedro: Mette a tua espada na bainha; [7] não
beberei eu o calix que o Pae me deu?


_Jesus perante o synhedrio: Pedro nega-o._

Mat. 26.57-75 e refs.

12 Então a cohorte, e o tribuno, e os servos dos judeos prenderam a Jesus
e o manietaram.

13 E conduziram-n’o primeiramente a [8] Annás, por ser sogro de Caiphás,
o qual era o summo sacerdote d’aquelle anno.

14 Ora, Caiphás [9] era quem tinha aconselhado aos judeos que convinha
que um homem morresse pelo povo.

15 E [10] Simão Pedro e outro discipulo seguiam a Jesus. E este discipulo
era conhecido do summo sacerdote, e entrou com Jesus na sala do summo
sacerdote.

16 E [11] Pedro estava fóra, á porta. Saiu então o outro discipulo que
era conhecido do summo sacerdote, e fallou á porteira, e levou a Pedro
para dentro.

17 Então a porteira disse a Pedro: Não és tu tambem dos discipulos d’este
homem? Disse elle: Não sou.

18 Ora estavam ali os servos e os creados, que tinham feito brazas, e se
aquentavam, porquanto fazia frio; e com elles estava Pedro, aquentando-se
tambem.

19 E o summo sacerdote interrogou Jesus ácerca dos seus discipulos e da
sua doutrina.

20 Jesus lhe respondeu: [12] Eu fallei abertamente ao mundo; eu sempre
ensinei na synagoga e no templo onde todos os judeos se ajuntam, e nada
disse em occulto;

21 Para que me perguntas a mim? pergunta aos que ouviram o que é que lhes
tenho fallado: eis que elles sabem o que eu lhes tenho dito.

22 E, tendo elle dito isto, um dos creados que ali estavam deu [13] uma
bofetada em Jesus, dizendo: Assim respondes ao summo sacerdote?

23 Respondeu-lhe Jesus: Se fallei mal, dá testemunho do mal; e, se bem,
porque me feres?

24 E [14] Annás mandou-o, manietado, ao summo sacerdote Caiphás.

25 E Simão Pedro estava ali, e aquentava-se. [15] Disseram-lhe pois: Não
és tambem tu dos seus discipulos? Elle negou, e disse: Não sou.

26 E um dos servos do summo sacerdote, parente _d’aquelle_ a quem Pedro
cortara a orelha, disse: Não te vi eu no horto com elle?

27 E Pedro negou outra vez, e [16] logo o gallo cantou.


_Jesus perante Pilatos._

Mat. 27.1, 2, 31 e refs.

28 Depois levaram [17] Jesus da casa de Caiphás para a audiencia. E era
pela manhã. [18] E não entraram na audiencia, para não se contaminarem,
mas poderem comer a paschoa.

29 Então Pilatos saiu fóra e disse-lhes: Que accusação trazeis contra
este homem?

30 Responderam, e disseram-lhe: Se este não fosse malfeitor, não t’o
entregariamos.

31 Disse-lhes pois Pilatos: Levae-o vós, e julgae-o segundo a vossa lei.
Disseram-lhe pois os judeos: A nós não nos é licito matar alguem.

32 (Para [19] que se cumprisse a palavra que Jesus tinha dito,
significando de que morte havia de morrer.)

33 Tornou [20] pois a entrar Pilatos na audiencia, e chamou a Jesus, e
disse-lhe: Tu és o rei dos judeos?

34 Respondeu-lhe Jesus: Tu dizes isso de ti mesmo, ou disseram-t’o outros
de mim?

35 Pilatos respondeu: Porventura sou eu judeo? a tua nação e os
principaes dos sacerdotes entregaram-te a mim: que fizeste?

36 Respondeu [21] Jesus: [22] O meu reino não é d’este mundo: se o meu
reino fosse d’este mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não
fosse entregue aos judeos: porém agora o meu reino não é d’aqui.

37 Disse-lhe pois Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes
que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, para dar
testemunho á verdade. Todo aquelle que [23] é da verdade ouve a minha voz.

38 Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade? E, dizendo isto, tornou a sair
para os judeos, e disse-lhes: [24] Não acho n’elle crime algum;

39 Mas [25] vós tendes por costume que eu vos solte um pela paschoa.
Quereis pois que vos solte o Rei dos Judeos?

40 Então [26] todos tornaram a clamar, dizendo: Este não, mas Barrabbás.
[27] E Barrabbás era um salteador.

[1] Mar. 14.32.

[2] II Sam. 15.23.

[3] Luc. 21.37 e 22.39.

[4] Mat. 26.47. Mar. 14.43. Act. 1.16.

[5] cap. 17.12.

[6] Mat. 26.51. Luc. 22.49, 50.

[7] Mat. 20.22.

[8] Luc. 3.2.

[9] cap. 11.50.

[10] Mat. 26.58. Mar. 14.54. Luc. 22.54.

[11] Mat. 26.69. Mar. 14.66. Luc. 22.54.

[12] Mat. 26.55. Luc. 4.15.

[13] Jer. 20.2. Act. 23.2.

[14] Mat. 26.57.

[15] Mat. 26.69, 71. Mar. 14.69. Luc. 22.58.

[16] Mat. 26.74. Mar. 14.72.

[17] Mar. 15.1. Act. 3.13.

[18] Act. 10.28 e 11.3.

[19] Mat. 20.19. cap. 12.32, 33.

[20] Mat. 27.11.

[21] I Tim. 6.13.

[22] Dan. 2.44 e 7.14. Luc. 12.14.

[23] cap. 8.47. I João 3.19.

[24] Mat. 27.24. Luc. 23.4. cap. 19.4, 6.

[25] Mat. 27.15. Mar. 15.6. Luc. 23.17.

[26] Act. 3.14.

[27] Luc. 23.19.



19 Pilatos [1] pois tomou então a Jesus, e o açoitou:

2 E os soldados, tecendo uma corôa de espinhos, _lh’a_ pozeram sobre a
cabeça, e lhe vestiram uma veste de purpura.

3 E diziam: Salve, Rei dos Judeos. E davam-lhe bofetadas.

4 Então Pilatos saiu outra vez fóra, e disse-lhes: Eis aqui vol-o trago
fóra, para [2] que saibaes que não acho n’elle crime algum.

5 Saiu pois Jesus fóra, levando a corôa de espinhos e o vestido de
purpura. E disse-lhes _Pilatos_: Eis-aqui o homem.

6 Vendo-o pois [3] os principaes dos sacerdotes e os servos, clamaram,
dizendo: Crucifica-_o_, crucifica-_o_. Disse-lhes Pilatos: Tomae-_o_ vós,
e crucificae-_o_; porque eu nenhum crime acho n’elle.

7 Responderam-lhe os judeos: [4] Nós temos uma lei, e, segundo a nossa
[5] lei, deve morrer, porque se fez Filho de Deus.

8 E Pilatos, quando ouviu esta palavra, mais atemorisado ficou.

9 E entrou outra vez na audiencia, e disse a Jesus: D’onde és tu? [6] Mas
Jesus não lhe deu resposta.

10 Disse-lhe pois Pilatos: Não me fallas a mim? não sabes tu que tenho
poder para te crucificar e tenho poder para te soltar?

11 Respondeu Jesus: [7] Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não
fosse dado; porém aquelle que me entregou a ti maior peccado tem.

12 Desde então Pilatos procurava soltal-o; mas os judeos clamavam,
dizendo: [8] Se soltas este, não és amigo do Cesar: [9] qualquer que se
faz rei [AHW] contradiz ao Cesar.

13 Ouvindo pois Pilatos este dito, levou a Jesus para fóra, e assentou-se
no tribunal, no logar chamado Lithostrótos, e em hebraico Gabbatha.

14 E [10] era a preparação da paschoa, e quasi á hora sexta; e disse aos
judeos: Eis aqui o vosso Rei.

15 Mas elles bradaram: Tira, tira, crucifica-o. Disse-lhes Pilatos: Hei
de crucificar o vosso Rei? Responderam os principaes dos sacerdotes: [11]
Não temos rei, senão o Cesar.

16 Então [12] entregou-lh’o, para que fosse crucificado. E tomaram a
Jesus, e o levaram.


_A crucifixão._

Mat. 27.31-56 e refs.

17 E, levando [13] elle ás costas a sua cruz, saiu [14] para o logar
chamado Caveira, que em hebraico se chama Golgotha,

18 Onde o crucificaram, e com elle outros dois, um de cada lado, e Jesus
no meio.

19 E Pilatos [15] escreveu tambem um titulo, e pôl-o em cima da cruz; e
_n’elle_ estava escripto: JESUS NAZARENO, REI DOS JUDEOS.

20 E muitos dos judeos leram este titulo; porque o logar onde Jesus
estava crucificado era proximo da cidade; e estava escripto em hebraico,
grego _e_ latim.

21 Diziam pois os principaes sacerdotes dos judeos a Pilatos: Não
escrevas, Rei dos Judeos; mas que elle disse: Sou Rei dos Judeos.

22 Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi.

23 Tendo pois [16] os soldados crucificado a Jesus, tomaram os seus
vestidos, e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte, e a
tunica. Porém a tunica, tecida toda d’alto _a baixo_, não tinha costura.

24 Disseram pois uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes
sobre ella, _para vêr_ de quem será. Para que se cumprisse a Escriptura
que diz: Dividiram [17] entre si os meus vestidos, e sobre a minha
vestidura lançaram sortes. E os soldados, pois, fizeram estas coisas.

25 E [18] junto á cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe,
Maria, _mulher_ [19] de Cleophas, e Maria Magdalena.

26 Ora Jesus, vendo ali _a sua_ mãe, e [20] o discipulo a quem elle amava
estando presente, disse a sua mãe: [21] Mulher, eis ahi o teu filho.

27 Depois disse ao discipulo: Eis ahi tua mãe. E desde aquella hora o
discipulo a recebeu [22] em sua _casa_.

28 Depois, sabendo Jesus que já todas _as coisas_ estavam [23] acabadas,
para que a Escriptura se cumprisse, disse: Tenho sêde.

29 Estava pois ali um vaso cheio de vinagre. [24] E encheram de vinagre
uma esponja, e, pondo-_a_ n’um hyssope, lh’_a_ chegaram á bocca.

30 E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: [25] Está consummado. E,
inclinando a cabeça, entregou o espirito.

31 Os judeos, pois, para [26] que no sabbado não ficassem os corpos na
cruz, porque era a preparação [27] (pois era grande o dia de sabbado),
rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados.

32 Foram pois os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao
primeiro, e ao outro que com elle fôra crucificado;

33 Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas.

34 Porém um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu [28]
sangue e agua.

35 E aquelle que _isto_ viu _o_ testificou, e o seu testemunho é
verdadeiro; e sabe que é verdade o que diz, para que tambem vós o creiaes.

36 Porque estas _coisas_ aconteceram para que [29] se cumprisse a
Escriptura, que diz: Nenhum dos seus ossos será quebrado.

37 E outra vez diz a Escriptura: [30] Verão o que traspassaram.


_A sepultura de Jesus._

Mat. 27.57, etc. e refs.

38 Depois d’isto, [31] José de Arimathea (o que era discipulo de
Jesus, mas occulto, [32] por medo dos judeos) rogou a Pilatos que lhe
permittisse tirar o corpo de Jesus. E Pilatos _lh’o_ permittiu. Então foi
e tirou o corpo de Jesus.

39 E foi tambem [33] Nicodemos (aquelle que anteriormente se dirigira de
noite a Jesus), [34] levando quasi cem arrateis d’um composto de myrrha e
aloes.

40 Tomaram pois o corpo de Jesus e o envolveram em lençoes com as
especiarias, como os judeos teem por costume preparar para o sepulchro.

41 E havia um horto n’aquelle logar onde fôra crucificado, e no horto um
sepulchro novo, em que ainda ninguem havia sido posto.

42 Ali pois (por causa da preparação [35] dos judeos, e por estar perto
aquelle sepulchro), [36] pozeram a Jesus.

[1] Mat. 20.19. Mar. 15.15. Luc. 18.33.

[2] cap. 18.38. ver. 6.

[3] Act. 3.13.

[4] Lev. 24.16.

[5] Mat. 26.65. cap. 5.18.

[6] Isa. 53.7. Mat. 27.12, 14.

[7] Luc. 22.53. cap. 7.30.

[8] Luc. 23.2.

[9] Act. 17.7.

[10] Mat. 27.62.

[11] Gen. 49.10.

[12] Mat. 27.26, 31. Luc. 23.24.

[13] Mar. 15.21, 22.

[14] Num. 15.36. Heb. 13.12.

[15] Mat. 27.37. Luc. 23.38.

[16] Mat. 27.35. Mar. 15.24. Luc. 23.34.

[17] Psa. 22.18.

[18] Mat. 27.55. Mar. 15.40. Luc. 23.49.

[19] Luc. 24.18.

[20] cap. 13.23 e 20.2.

[21] cap. 2.4.

[22] cap. 1.11 e 16.32.

[23] Psa. 69.21.

[24] Mat. 27.48.

[25] cap. 17.4.

[26] ver. 42. Mar. 15.42.

[27] Deu. 21.23.

[28] I João 5.6, 8.

[29] Exo. 12.46. Num. 9.12. Psa. 34.20.

[30] Psa. 22.17, 18. Zac. 12.10. Apo. 1.7.

[31] Mar. 15.42. Luc. 23.50.

[32] cap. 9.22 e 12.42.

[33] cap. 3.1, 2 e 7.50.

[34] Act. 5.6.

[35] ver. 21.

[36] Isa. 53.9.



_A resurreição._

Mat. 28.1-10 e refs.

20 E no [1] primeiro _dia_ da semana Maria Magdalena foi ao sepulchro de
madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra _já_ tirada do sepulchro.

2 Correu pois, e foi a Simão Pedro, e ao [2] outro discipulo, a quem
Jesus amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulchro, e não sabemos
onde o pozeram.

3 Então [3] Pedro saiu com o outro discipulo, e foram ao sepulchro.

4 E estes dois corriam juntos, porém o outro discipulo correu mais
apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulchro.

5 E abaixando-se, viu postos os lençoes; todavia não entrou.

6 Chegou pois Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulchro, e viu
postos os lençoes,

7 E [4] que o lenço, que tinha sido _posto_ sobre a sua cabeça, não
estava com os lençoes, mas enrolado n’um logar á parte.

8 Então entrou tambem o outro discipulo, que chegara primeiro ao
sepulchro, e viu, e creu.

9 Porque ainda não sabiam a Escriptura: [5] que era necessario que
resuscitasse dos mortos.

10 Tornaram pois os discipulos para casa.


_Jesus apparece a Maria Magdalena._

11 E Maria [6] estava chorando fóra, junto ao sepulchro. Estando ella
pois chorando, abaixou-se para o sepulchro.

12 E viu dois anjos _vestidos_ de branco, assentados onde jazera o corpo
de Jesus, um á cabeceira e outro aos pés.

13 E disseram-lhe elles: Mulher, porque choras? Ella lhes disse: Porque
levaram o meu Senhor, e não sei onde o pozeram.

14 E, tendo [7] dito isto, voltou-se para traz, e viu Jesus em pé, [8]
porém não sabia que era Jesus.

15 Disse-lhe Jesus: Mulher, porque choras? Quem buscas? Ella, cuidando
que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o
pozeste, e eu o levarei.

16 Disse-lhe Jesus: Maria! Ella, voltando-se, disse-lhe: Rabboni (que
quer dizer, Mestre).

17 Disse-lhe Jesus: Não me toques, porque ainda não subi para meu Pae,
mas vae para [9] meus irmãos, e dize-lhes: [10] Subo para meu Pae e vosso
Pae, [11] e _para_ meu Deus e vosso Deus.

18 Maria Magdalena foi [12] e annunciou aos discipulos que vira o Senhor,
e que elle lhe dissera estas _coisas_.


_Jesus apparece aos onze. A incredulidade de Thomé._

Luc. 24.33-43 e refs.

19 Chegada [13] pois a tarde de aquelle dia, o primeiro da semana, e
cerradas as portas onde os discipulos, com medo dos judeos, se tinham
ajuntado, chegou Jesus, e poz-se no meio, e disse-lhes: Paz comvosco.

20 E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o lado. [14] De sorte que
os discipulos se alegraram vendo o Senhor.

21 Disse-lhes pois Jesus outra vez: Paz comvosco; [15] assim como o Pae
me enviou, tambem eu vos envio a vós.

22 E, havendo dito isto, assoprou _sobre elles_ e disse-lhes: Recebei o
Espirito Sancto:

23 Áquelles a quem [16] perdoardes os peccados lhes são perdoados: _e_
áquelles a quem os retiverdes _lhes_ são retidos.

24 Ora Thomé, um dos doze, chamado [17] Didymo, não estava com elles
quando Jesus chegou.

25 Disseram-lhe pois os outros discipulos: Vimos o Senhor. Porém elle
disse-lhes: Se eu não vir o signal dos cravos em suas mãos e não metter
o dedo no logar dos cravos, e não metter a minha mão no seu lado, em
maneira nenhuma _o_ crerei.

26 E oito dias depois estavam outra vez os seus discipulos dentro, e com
elles Thomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no
meio, e disse: Paz comvosco.

27 Depois disse a Thomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; [18]
e chega a tua mão, e mette-a no meu lado; e não sejas incredulo, mas
crente.

28 Thomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!

29 Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Thomé, creste; [19] bemaventurados
os que não viram, e creram.

30 Jesus pois operou tambem em presença de seus discipulos muitos outros
[20] signaes, que não estão escriptos n’este livro.

31 Porém [21] estes foram escriptos para que creiaes que Jesus é o
Christo, o Filho de Deus, [22] e para que, crendo, tenhaes vida em seu
nome.

[1] Mar. 16.1. Luc. 24.1.

[2] cap. 13.23 e 19.26 e 21.7, 20, 24.

[3] Luc. 24.12.

[4] cap. 11.44.

[5] Psa. 16.10. Act. 2.25 e 13.31, 34, 35.

[6] Mar. 16.5.

[7] Mat. 28.9. Mar. 16.9.

[8] Luc. 24.16, 31. cap. 21.4.

[9] Mat. 28.10. Heb. 2.11.

[10] cap. 16.28.

[11] Eph. 1.17.

[12] Mat. 28.10. Luc. 24.10.

[13] Mar. 16.14. I Cor. 15.5.

[14] cap. 16.22.

[15] Mat. 28.18. cap. 17.18, 19. II Tim. 2.2. Heb. 3.1.

[16] Mat. 16.19 e 18.18.

[17] cap. 11.16.

[18] I João 1.1.

[19] II Cor. 5.7. I Ped. 1.8.

[20] cap. 21.25.

[21] Luc. 1.4.

[22] cap. 3.15, 16 e 5.24. I Ped. 1.8, 9.



_Jesus apparece a alguns dos discipulos junto do mar de Tiberiades._

21 Depois d’isto manifestou-se Jesus outra vez aos discipulos junto do
mar de Tiberiades; e manifestou-se assim:

2 Estavam juntos Simão Pedro, e Thomé, chamado Didymo, [1] e Nathanael,
o de Caná da Galilea, [2] os _filhos_ de Zebedeo, e outros dois dos seus
discipulos.

3 Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe elles: Tambem nós vamos
comtigo. Foram, e subiram logo para o barco, e n’aquella noite nada
apanharam.

4 E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, [3] porém os
discipulos não conheceram que era Jesus.

5 Disse-lhes [4] pois Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer?
Responderam-lhe: Não.

6 E elle lhes disse: [5] Lançae a rede para a banda direita do barco, e
achareis. Lançaram-_n’a_ pois, e já não a podiam tirar, pela multidão dos
peixes.

7 Então [6] aquelle discipulo a quem Jesus amava disse a Pedro: É o
Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a
tunica (porque estava nu) e lançou-se ao mar.

8 E os outros discipulos foram com o barco (porque não estavam distantes
da terra senão quasi duzentos covados), levando a rede dos peixes.

9 Logo que desceram para terra, viram ali _umas_ brazas, e um peixe posto
em cima, e pão.

10 Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que agora apanhastes.

11 Simão Pedro subiu, puxou a rede para terra, cheia de cento e cincoenta
e tres grandes peixes, e, sendo tantos, não se rompeu a rede.

12 Disse-lhes Jesus: [7] Vinde, jantae. E nenhum dos discipulos ousava
perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor.

13 Chegou pois Jesus, e tomou o pão, e deu-lh’o, e, similhantemente o
peixe.

14 E já [8] _esta_ era a terceira vez _que_ Jesus se manifestava aos seus
discipulos, depois de ter resuscitado dos mortos.

15 E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, _filho_
de Jonas, amas-me mais do que estes? E elle respondeu: Sim, Senhor; tu
sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros.

16 Tornou a dizer-lhe segunda vez. Simão, _filho_ de Jonas, amas-me?
Disse-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. [9] Disse-lhe: Apascenta as
minhas ovelhas.

17 Disse-lhe terceira vez: Simão, _filho_ de Jonas, amas-me? Simão
entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? e disse-lhe:
Senhor, tu [10] sabes todas as _coisas_; tu sabes que eu te amo. Jesus
disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.

18 Na [11] verdade, na verdade, te digo, _que_, quando eras mais moço,
te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias: mas, quando já fores
velho, estenderás as tuas mãos; e outro te cingirá, e te levará para onde
tu não queiras.

19 E disse isto, significando com [12] que morte havia elle de glorificar
a Deus. E, dito isto, disse-lhe: Segue-me.

20 E Pedro, voltando-se, [13] viu que o seguia aquelle discipulo a quem
Jesus amava, e que na ceia se recostara tambem ao seu peito, e que
dissera: Senhor, quem é que te ha de trahir.

21 Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e d’este que _será_?

22 Disse-lhe Jesus: Se eu quero que elle fique [14] até que eu venha, que
te importa a ti? Segue-me tu.

23 Divulgou-se pois entre os irmãos este dito, que aquelle discipulo não
havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu
quero que elle fique até que eu venha, que te importa a ti?

24 Este é o discipulo que testifica d’estas _coisas_, e estas _coisas_
escreveu; e [15] sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.

25 Ha, porém, ainda [16] muitas outras _coisas_ que Jesus fez, as quaes,
se cada uma de per si fosse escripta, [17] cuido que nem ainda o mundo
todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amen.

[1] cap. 1.45.

[2] Mat. 4.21.

[3] cap. 20.14.

[4] Luc. 24.41.

[5] Luc. 5.4, 6, 7.

[6] cap. 13.23 e 20.2.

[7] Act. 10.41.

[8] cap. 20.19, 26.

[9] Act. 20.28. Heb. 13.20. I Ped. 2.25 e 5.2, 4.

[10] cap. 2.24, 25 e 16.30.

[11] cap. 13.36. Act. 12.3, 4.

[12] II Ped. 1.14.

[13] cap. 13.23, 25 e 20.2.

[14] Mat. 16.27, 28 e 25.31. I Cor. 4.5 e 11.26. Apo. 2.25 e 3.11 e 22.7,
20.

[15] cap. 19.35. III João 12.

[16] cap. 20.30.

[17] Amós 7.10.



ACTOS DOS APOSTOLOS.



_Introducção. A ascenção._

[Anno Domini 33]

1 Fiz o primeiro tratado, ó [1] Theophilo, ácerca de todas _as coisas_
que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar,

2 Até [2] ao dia em que [3] foi recebido em cima, depois de ter dado
mandamentos, pelo Espirito Sancto, aos apostolos que escolhera;

3 Aos [4] quaes tambem, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com
muitas e infalliveis provas, sendo visto por elles por espaço de quarenta
dias, e fallando do que respeita ao reino de Deus.

4 E, [5] ajuntando-os, determinou-lhes que não se ausentassem de
Jerusalem, mas que esperassem a promessa do Pae que (_disse elle_) de mim
[6] ouvistes.

5 Porque, [7] na verdade, João baptizou com agua, [8] porém vós sereis
baptizados com o Espirito Sancto, não muito depois d’estes dias.

6 Aquelles pois que se haviam ajuntado perguntaram-lhe, dizendo: [9]
Senhor, [10] restaurarás tu n’este tempo o reino a Israel?

7 E disse-lhes: [11] Não vos pertence saber os tempos ou as estações que
o Pae poz em seu proprio poder.

8 Mas [12] recebereis a virtude do [13] Espirito Sancto, que ha de vir
sobre vós; e ser-me-heis [14] testemunhas, tanto em Jerusalem como em
toda a Judea e Samaria, e até aos confins da terra.

9 E, [15] havendo dito estas _coisas_, vendo-_o_ elles, [16] foi elevado
ás alturas, e uma nuvem o recebeu, _occultando-o_ a seus olhos.

10 E, estando elles com os olhos fitos no céu, emquanto elle ia
_subindo_, eis que junto d’elles se pozeram dois varões [17] vestidos de
branco,

11 Os quaes então disseram: [18] Varões galileos, porque estaes olhando
para o céu? Esse Jesus, que d’entre vós foi recebido acima no céu, [19]
ha de vir assim como para o céu o vistes ir.

12 Então [20] voltaram para Jerusalem, do monte chamado das Oliveiras, o
qual está perto de Jerusalem, á distancia do caminho de um sabbado.

13 E, entrando, subiram [21] ao cenaculo, onde ficaram [22] Pedro e
Thiago, João e André, Philippe e Thomé, Bartholomeo e Matheus, Thiago,
_filho_ de Alpheo, [23] Simão, o zelador, e [24] Judas, _irmão_ de Thiago.

14 Todos [25] estes perseveravam unanimemente em orações e supplicas, com
[26] as mulheres, e Maria mãe de Jesus, [27] e com seus irmãos.


_Mathias é escolhido apostolo em logar de Judas._

15 E n’aquelles dias, levantando-se Pedro no meio dos discipulos, disse
(ora [28] a multidão junta era de quasi cento e vinte pessoas):

16 Varões irmãos, convinha que se cumprisse a Escriptura [29] que o
Espirito Sancto predisse pela bocca de David, ácerca de Judas, [30] que
foi o guia d’aquelles que prenderam a Jesus;

17 Porque foi [31] contado comnosco e alcançou sorte n’este [32]
ministerio.

18 Ora este [33] adquiriu um campo com o [34] galardão da iniquidade;
e, precipitando-se, arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se
derramaram.

19 E foi notorio a todos os que habitam em Jerusalem; de maneira que na
sua propria lingua esse campo se chama Aceldama, isto é, Campo de sangue:

20 Porque no livro dos Psalmos está escripto: [35] Fique deserta a sua
habitação, e não haja quem n’ella habite, [36] e tome outro [AHX] o seu
bispado.

21 É necessario pois que, dos varões que conviveram comnosco todo o tempo
em que o Senhor Jesus entrou e saiu d’entre nós,

22 Começando [37] desde o baptismo de João até ao dia [38] em que d’entre
nós foi recebido em cima, um d’elles se faça comnosco [39] testemunha da
sua resurreição.

23 E apresentaram dois: José, chamado [40] Barsabbás, que tinha por
sobrenome o Justo, e Matthias.

24 E, orando, disseram: Tu, Senhor, conhecedor [41] dos corações de
todos, mostra qual d’estes dois tens escolhido,

25 Para [42] que tome parte n’este ministerio e apostolado, de que Judas
se desviou, para ir para o seu proprio logar.

26 E lançaram-lhes sortes, e caiu a sorte sobre Matthias. E por voto
commum foi contado com os onze apostolos.

[1] Luc. 1.3.

[2] Mar. 16.19. Luc. 9.51 e 24.51. ver. 9. I Tim. 3.16.

[3] Mat. 28.19. Mar. 16.15. João 20.21. cap. 10.41, 42.

[4] Mar. 16.14. Luc. 24.36. João 20.19, 26 e 21.1, 14. I Cor. 15.6.

[5] Luc. 24.43, 49.

[6] Luc. 24.49. João 14.16, 26, 27 e 15.26 e 16.7. cap. 2.33.

[7] Mat. 3.11. cap. 11.16 e 19.4.

[8] Joel 3.18. cap. 2.4 e 11.15.

[9] Mat. 24.3.

[10] Isa. 1.26. Dan. 7.27. Amós 9.11.

[11] Mat. 24.36. Mar. 13.32. I The. 5.1.

[12] cap. 2.1, 4.

[13] Luc. 24.49.

[14] Luc. 24.48. João 15.27. ver. 22. cap. 2.32.

[15] Luc. 24.51. João 6.62.

[16] ver. 2.

[17] Mat. 28.3. Mar. 16.5. Luc. 24.4. João 20.12. cap. 10.3, 30.

[18] cap. 2.7 e 13.31.

[19] Dan. 7.13. Mat. 24.30. Mar. 13.26. Luc. 21.27. João 14.3. I The.
1.10 e 4.15. II The. 1.10. Apo. 1.7.

[20] Luc. 24.52.

[21] cap. 9.37, 39 e 20.8.

[22] Mat. 10.2, 3, 4.

[23] Luc. 6.15.

[24] Jud. 1.

[25] cap. 2.1, 46.

[26] Luc. 23.49, 55 e 24.10.

[27] Mat. 13.55.

[28] Apo. 3.4.

[29] Psa. 41.9. João 13.18.

[30] Luc. 22.47. João 18.3.

[31] Mat. 10.4. Luc. 6.16.

[32] ver. 25. cap. 12.25 e 20.24 e 21.19.

[33] Mat. 27.5, 7, 8.

[34] Mat. 26.15. II Ped. 2.15.

[35] Psa. 69.25.

[36] Psa. 109.8.

[37] Mar. 1.1.

[38] ver. 9.

[39] João 15.27. ver. 8. cap. 4.33.

[40] cap. 15.22.

[41] I Sam. 16.7. I Chr. 28.9 e 29.17. Jer. 11.20 e 17.10. cap. 15.8.
Apo. 2.23.

[42] ver. 17.



_A descida do Espirito Sancto._

2 E, cumprindo-se [1] o dia de Pentecostes, [2] estavam todos
concordemente reunidos.

2 E de repente veiu do céu um som, como de um vento vehemente _e_
impetuoso, [3] e encheu toda a casa em que estavam assentados.

3 E foram vistas por elles linguas repartidas, como que de fogo, e
pousaram sobre cada um d’elles.

4 E todos foram [4] cheios do Espirito Sancto, [5] e começaram a fallar
n’outras linguas, conforme o Espirito Sancto lhes concedia que fallassem.

5 E em Jerusalem estavam habitando judeos, varões religiosos, de todas as
nações que estão debaixo do céu.

6 E, correndo aquella voz, ajuntou-se a multidão, e estava confusa,
porque cada um os ouvia fallar na sua propria lingua.

7 E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois que!
não [6] são galileos todos esses homens que estão fallando?

8 Como pois os ouvimos, cada um, na nossa propria lingua em que somos
nascidos?

9 Parthos e medas, elamitas e os que habitam na Mesopotamia, e Judea, e
Cappadocia, Ponto e Asia,

10 E Phrygia e Pamphylia, Egypto e partes da Lybia, junto a Cyrene, e
forasteiros romanos, tanto judeos como proselytos,

11 Cretenses e arabes, ouvimos todos em nossas proprias linguas fallar
das grandezas de Deus.

12 E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os
outros: Que quer isto dizer?

13 E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.


_O discurso de Pedro no dia de Pentecostes._

14 Porém Pedro, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e
disse-lhes: Varões judeos, e todos os que habitaes em Jerusalem, seja-vos
isto conhecido, e escutae as minhas palavras;

15 Estes homens não estão embriagados, como vós pensaes, sendo [7] a
terceira hora do dia.

16 Mas isto é o que foi dito pelo propheta Joel:

17 E [8] nos ultimos dias acontecerá, diz Deus, [9] que do meu Espirito
derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos [10] e as vossas filhas
prophetizarão, os vossos mancebos terão visões, e os vossos velhos
sonharão sonhos;

18 E tambem do meu Espirito derramarei sobre os meus servos e as minhas
servas n’aquelles dias, [11] e prophetizarão;

19 E [12] farei apparecer prodigios nas alturas, no céu; e signaes em
baixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumo:

20 O [13] sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes de chegar
o grande e illustre dia do Senhor;

21 E acontecerá [14] _que_ todo aquelle que invocar o nome do Senhor será
salvo.

22 Varões israelitas, escutae estas palavras: A Jesus Nazareno, varão
approvado por Deus [15] entre vós com maravilhas, prodigios e signaes,
que Deus por elle fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis:

23 A este, [16] sendo entregue pelo determinado conselho e presciencia
de Deus, [17] tomando-_o_ vós, o crucificastes e matastes pelas mãos de
injustos:

24 Ao [18] qual Deus resuscitou, soltas as dôres da morte, pois não era
possivel que fosse retido por ella;

25 Porque d’elle disse David: Sempre via diante de mim ao Senhor, porque
está á minha direita, para que eu não seja commovido:

26 Por isso se alegrou o meu coração, [19] e a minha lingua exultou; e
ainda a minha carne ha de repousar em esperança;

27 Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permittirás que o teu
Sancto veja a corrupção:

28 Fizeste-me conhecidos os caminhos da vida; com a tua face me encherás
de jubilo.

29 Varões irmãos, seja-me licito dizer-vos livremente [20] ácerca do
patriarcha David, que elle morreu e foi sepultado, e entre nós está até
hoje a sua sepultura.

30 Sendo pois elle propheta, [21] e sabendo que Deus lhe havia promettido
com juramento que do fructo de seus lombos, segundo a carne, levantaria o
Christo, para _o_ assentar sobre o seu throno,

31 Prevendo isto, fallou da resurreição de Christo, [22] _dizendo_ que a
sua alma não foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a corrupção.

32 Deus [23] resuscitou a este Jesus, do [24] que todos nós somos
testemunhas.

33 De [25] sorte que, exaltado _já_ pela dextra de Deus, [26] e recebendo
do Pae a promessa do Espirito Sancto, [27] derramou isto que vós agora
vêdes e ouvis.

34 Porque David não subiu aos céus, mas diz: [28] Disse o SENHOR ao meu
Senhor: Assenta-te á minha direita,

35 Até que ponha os teus inimigos por escabello de teus pés.

36 Saiba pois com certeza toda a casa d’Israel que a esse Jesus, a quem
[29] vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Christo.


_As primeiras conversões._

37 E, ouvindo elles _estas_ [30] _coisas_, compungiram-se em seu coração,
e disseram a Pedro e aos demais apostolos: Que faremos, varões irmãos?

38 E disse-lhes Pedro: [31] Arrependei-vos, e cada um de vós seja
baptizado em nome de Jesus Christo, para perdão dos peccados; e
recebereis o dom do Espirito Sancto;

39 Porque a promessa vos pertence, a vós, [32] a vossos filhos, e a [33]
todos os que estão longe: a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.

40 E com muitas outras palavras testificava e os exhortava, dizendo:
Salvae-vos d’esta geração perversa.

41 De sorte que foram baptizados os que de bom grado receberam a sua
palavra; e n’aquelle dia ajuntaram-se _á egreja_ quasi tres mil almas;

42 E [34] perseveravam na doutrina dos apostolos, e na communhão, e no
partir do pão e nas orações.

43 E em toda a alma havia temor, [35] e muitas maravilhas e signaes se
faziam pelos apostolos.

44 E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo [36] em commum.

45 E vendiam suas propriedades e fazendas, [37] e repartiam com todos,
segundo cada um havia de mister.

46 E, [38] perseverando unanimes todos os dias [39] no templo, e [40]
repartindo o pão de casa em casa, comiam juntos com alegria e singeleza
de coração,

47 Louvando a Deus, [41] e tendo graça para com todo o povo. E todos
os dias accrescentava o Senhor [42] á egreja aquelles que se haviam de
salvar.

[1] Lev. 23.15. Deu. 16.9. cap. 20.16.

[2] cap. 1.14.

[3] cap. 4.31.

[4] cap. 1.5.

[5] Mar. 16.17. cap. 10.46 e 19.6. I Cor. 12.10, 28, 30 e 13.1 e 14.2,
etc.

[6] cap. 1.11.

[7] I The. 5.7.

[8] Isa. 44.3. Eze. 11.19 e 36.27. Joel 2.28, 29. Zac. 12.10. João 7.38.

[9] cap. 10.45.

[10] cap. 21.9.

[11] cap. 21.4, 9, 10. I Cor. 12.10, 28 e 14.1, etc.

[12] Joel 2.30, 31.

[13] Mat. 24.29. Mar. 13.24. Luc. 21.25.

[14] Rom. 10.13.

[15] João 3.2 e 14.10, 11. cap. 10.38. Heb. 2.4.

[16] Mat. 26.24. Luc. 22.22 e 24.44. cap. 3.18 e 4.28.

[17] cap. 5.30.

[18] ver. 32. cap. 3.15 e 4.10 e 10.40 e 13.30, 34 e 17.31. Rom. 4.24 e
8.11. I Cor. 6.14 e 15.15. II Cor. 4.14. Gal. 1.1. Eph. 1.20. Col. 2.12.
I The. 1.10. Heb. 13.20. I Ped. 1.21.

[19] Psa. 16.8, 11.

[20] I Reis 2.10. cap. 13.36.

[21] II Sam. 7.12, 13. Psa. 132.11. Luc. 1.32, 69. Rom. 1.3. II Tim. 2.8.

[22] Psa. 16.10. cap. 13.35.

[23] ver. 24.

[24] cap. 1.8.

[25] cap. 5.31. Phi. 2.9. Heb. 10.12.

[26] João 14.26 e 15.26 e 16.7, 13. cap. 1.4.

[27] cap. 10.45. Eph. 4.8.

[28] Psa. 110.1. Mat. 22.44. Heb. 1.13.

[29] cap. 5.31.

[30] Zac. 12.10. Luc. 3.10. cap. 9.6.

[31] Luc. 24.47. cap. 3.19.

[32] Joel 2.28. cap. 3.25.

[33] cap. 10.45 e 11.15, 18.

[34] ver. 46. cap. 1.14. Rom. 12.12. Eph. 6.18.

[35] Mar. 16.17. cap. 4.33 e 5.12.

[36] cap. 4.32, 34.

[37] Isa. 58.7.

[38] cap. 1.14.

[39] Luc. 24.53.

[40] cap. 20.7.

[41] Luc. 2.52. Rom. 14.18.

[42] cap. 5.14 e 11.24.



_Cura d’um côxo; discurso de Pedro no templo._

3 E Pedro e João subiam [1] juntos ao templo [2] á hora da oração, a nona.

2 E [3] era trazido um varão que desde o ventre de sua mãe era côxo, o
qual cada dia punham á porta do templo, chamada Formosa, [4] para pedir
esmola aos que entravam no templo.

3 O qual, vendo a Pedro e João, que iam entrando no templo, pediu que lhe
déssem uma esmola.

4 E Pedro, com João, fitando os olhos n’elle, disse: Olha para nós.

5 E olhou para elles, esperando receber d’elles alguma coisa.

6 E disse Pedro: Não tenho prata nem oiro; mas o que tenho isso te dou.
[5] Em nome de Jesus Christo, o Nazareno, levanta-te e anda.

7 E, tomando-o pela mão direita, _o_ levantou, e logo os seus pés e
artelhos se firmaram.

8 E, saltando [6] elle, poz-se em pé, e andou, e entrou com elles no
templo, andando, e saltando, e louvando a Deus;

9 E [7] todo o povo o viu andar e louvar a Deus;

10 E conheciam-n’o, que era elle o que [8] se assentava á esmola á porta
Formosa do templo, e ficaram cheios de pasmo e assombro, pelo que lhe
acontecera.

11 E, apegando-se o côxo, que fôra curado, a Pedro e João, todo o povo
correu attonito para junto d’elles, ao alpendre [9] chamado de Salomão.

12 E Pedro, vendo _isto_, disse ao povo: Varões israelitas, porque vos
maravilhaes d’isto? Ou, porque olhaes tanto para nós, como se por nossa
propria virtude ou sanctidade o fizessemos andar?

13 O [10] Deus d’Abrahão, e de Isaac e de Jacob, o Deus de nossos paes,
[11] glorificou a seu filho Jesus, a quem vós [12] entregastes e [13]
perante a face de Pilatos negastes, julgando elle que devia ser solto.

14 Mas vós negastes [14] o Sancto e [15] o Justo, e pedistes que se vos
désse um homem homicida.

15 E matastes o [16] Principe da vida, ao qual Deus resuscitou dos
mortos, [17] do que nós somos testemunhas.

16 E [18] pela fé no seu nome o seu nome fortaleceu a este que vêdes e
conheceis; e a fé que é por elle deu a este, na presença de todos vós,
esta perfeita saude.

17 E agora, irmãos, eu sei que _o_ fizestes [19] por ignorancia, como
tambem os vossos [AHY] principes:

18 Mas Deus [20] assim cumpriu o que já d’antes pela bocca de todos os
seus prophetas havia [21] annunciado; que o Christo havia de padecer.

19 Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os
vossos peccados, quando vierem os tempos do refrigerio pela presença do
Senhor,

20 E elle enviar a Jesus Christo, [22] que _já_ d’antes vos foi prégado:

21 O [23] qual convem que o céu contenha até aos tempos da restauração
[24] de todas as _coisas_, [25] das quaes Deus fallou pela bocca de todos
os seus sanctos prophetas, desde _todo_ o seculo.

22 Porque Moysés disse aos paes: [26] O Senhor vosso Deus levantará
d’entre vossos irmãos um propheta similhante a mim: a elle ouvireis em
tudo quanto vos disser.

23 E acontecerá que toda a alma que não escutar esse propheta será
exterminada d’entre o povo.

24 E tambem todos os prophetas, desde Samuel, e todos quantos depois teem
fallado, já d’antes annunciaram esses dias.

25 Vós [27] sois os filhos dos prophetas, e do concerto que Deus fez com
nossos paes, dizendo a Abrahão: [28] Na tua descendencia serão bemditas
todas as familias da terra.

26 Resuscitando [29] Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou [30] a
vós, para que n’isso vos abençoasse, [31] e vos desviasse, a cada um, das
vossas maldades.

[1] cap. 2.46.

[2] Psa. 55.17.

[3] cap. 14.8.

[4] João 9.8.

[5] cap. 4.10.

[6] Isa. 35.6.

[7] cap. 4.16, 21.

[8] João 9.8.

[9] João 10.23. cap. 5.12.

[10] cap. 5.30.

[11] João 7.39 e 12.16 e 17.1.

[12] Mat. 27.2.

[13] Mat. 27.20. Mar. 15.11. Luc. 23.18, 20, 21. João 18.40 e 19.15. cap.
13.28.

[14] Psa. 16.10. Mar. 1.24. Luc. 1.35. cap. 2.27 e 4.27.

[15] cap. 7.52 e 22.14.

[16] Heb. 2.10 e 5.9. cap. 2.24.

[17] cap. 2.32.

[18] Mat. 9.22. cap. 4.10 e 14.9.

[19] Luc. 23.34. João 16.3. cap. 13.27. I Cor. 2.8. I Tim. 1.13.

[20] Luc. 24.44. cap. 26.22.

[21] Psa. 22. Isa. 50.6 e 53.5, etc. Dan. 9.26. I Ped. 1.10, 11.

[22] cap. 2.38.

[23] cap. 1.11.

[24] Mat. 17.11.

[25] Luc. 1.70.

[26] Deu. 18.15, 18, 19. cap. 7.37.

[27] cap. 2.39. Rom. 9.4, 8 e 15.8. Gal. 3.26.

[28] Gen. 12.3 e 18.18 e 22.18 e 26.4 e 28.14. Gal. 3.8.

[29] Mat. 10.5 e 15.24. Luc. 24.47. cap. 13.32, 33, 46.

[30] ver. 22.

[31] Mat. 1.21.



_Pedro e João perante o synhedrio._

4 E, estando elles fallando ao povo, sobrevieram os sacerdotes, e o
capitão do templo, e os sadduceos,

2 Doendo-se [1] muito de que ensinassem o povo, e annunciassem em Jesus a
resurreição dos mortos.

3 E lançaram mão d’elles, e _os_ encerraram na prisão até ao dia
seguinte, pois era já tarde.

4 Muitos, porém, dos que ouviram a palavra crêram, e chegou o numero
d’esses homens a quasi cinco mil.

5 E aconteceu, no dia seguinte, reunirem-se em Jerusalem os seus
principaes, e anciãos e escribas,

6 E [2] Annás, o summo sacerdote, e Caiphás, e João, e Alexandre, e todos
quantos havia da linhagem do summo sacerdote.

7 E, pondo-os no meio, perguntaram: [3] Com que poder fizestes isto, ou
em nome de quem?

8 Então [4] Pedro, cheio do Espirito Sancto, lhes disse: Principaes do
povo, e vós, anciãos d’Israel.

9 Visto que hoje somos interrogados ácerca do beneficio _feito_ a um
homem enfermo, do modo como foi curado,

10 Seja conhecido a vós todos, e a todo o povo d’Israel, [5] que em nome
de Jesus Christo, o nazareno, aquelle a quem vós crucificastes [6] e
a quem Deus resuscitou dos mortos, em nome d’esse é que este está são
diante de vós.

11 Este [7] é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual
foi posta por cabeça d’esquina.

12 E [8] em nenhum outro ha salvação, porque tambem debaixo do céu nenhum
outro nome ha, dado entre os homens, em que devamos ser salvos.

13 Então elles, vendo a ousadia de Pedro e João, [9] e informados de que
eram homens sem lettras e indoutos, se maravilharam; e conheciam que
elles haviam estado com Jesus.

14 Mas, vendo [10] estar com elles o homem que fôra curado, nada tinham
que dizer em contrario.

15 E, mandando-os sair fóra do conselho, conferenciaram entre si,

16 Dizendo: [11] Que havemos de fazer a estes homens? porque a todos os
que habitam em Jerusalem [12] é manifesto que por elles foi feito um
signal notorio, e não _o_ podemos negar;

17 Mas, para que não se divulgue mais entre o povo, ameacemol-os para que
não fallem mais n’esse nome a homem algum.

18 E, [13] chamando-os, disseram-lhes que absolutamente não fallassem,
nem ensinassem, no nome de Jesus.

19 Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: [14] Julgae vós se é
justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus;

20 Porque [15] não podemos deixar de fallar do que temos [16] visto e
ouvido.

21 Mas elles ainda os ameaçaram mais, e, não achando motivo para os
castigar, [17] deixaram-n’os ir, por causa do povo; porque todos
glorificavam a Deus ácerca [18] do que acontecera:

22 Pois tinha mais de quarenta annos o homem em quem se operara aquelle
milagre de saude.

23 E, soltos elles, foram [19] para os seus, e contaram tudo o que lhes
disseram os principaes dos sacerdotes e os anciãos.

24 E, ouvindo elles _isto_, unanimes levantaram a voz a Deus, e disseram:
[20] Senhor, tu _és_ o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar, e
todas as _coisas_ que n’elles ha;

25 Que disseste pela bocca de David, teu servo: [21] Porque bramaram as
gentes, e os povos pensaram _coisas_ vãs?

26 Levantaram-se os reis da terra, e os principes se ajuntaram á uma,
[22] contra o Senhor e contra o seu Ungido.

27 Porque verdadeiramente contra [23] o teu sancto Filho Jesus, [24] que
tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Poncio Pilatos, com os
gentios e os povos d’Israel;

28 Para [25] fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham
anteriormente determinado que se havia de fazer.

29 Agora pois, ó Senhor, põe os olhos nas suas ameaças, e concede aos
teus servos que [26] fallem com toda a ousadia a tua palavra;

30 Estendendo a tua mão para curar, [27] e para que se façam signaes e
prodigios [28] pelo nome do [29] teu sancto Filho Jesus.

31 E, tendo orado, [30] moveu-se o logar em que estavam reunidos; e todos
foram cheios do Espirito Sancto, [31] e fallavam com ousadia a palavra de
Deus.


_A communidade de bens entre os primeiros christãos: Ananias e Saphira._

32 E era um [32] o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguem
dizia que coisa alguma do que possuia era sua propria, [33] mas todas as
coisas lhes eram communs.

33 E os apostolos davam, [34] com grande poder, [35] testemunho da
resurreição do Senhor Jesus, [36] e em todos elles havia abundante graça.

34 Não havia pois entre elles [37] necessitado algum; porque todos os que
possuiam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do vendido, [38]
e o depositavam aos pés dos apostolos.

35 E [39] repartia-se por cada um, segundo a necessidade que cada um
tinha.

36 Então José, cognominado pelos apostolos Barnabé (que, traduzido, é
Filho de consolação), levita, natural de Chypre,

37 Possuindo uma [40] herdade, vendeu-a, e trouxe o preço, e o apresentou
aos pés dos apostolos.

[1] Mat. 22.23. Act. 23.8.

[2] Luc. 3.2. João 11.49 e 18.13.

[3] Exo. 2.14. Mat. 21.23. cap. 7.27.

[4] Luc. 12.11, 12.

[5] cap. 3.6, 16.

[6] cap. 2.4.

[7] Psa. 118.22. Isa. 28.16. Mat. 21.42.

[8] Mat. 1.21. cap. 10.43. I Tim. 2.5, 6.

[9] Mat. 11.25. I Cor. 1.27.

[10] cap. 3.11.

[11] João 11.47.

[12] cap. 3.9.

[13] cap. 5.40.

[14] cap. 5.29.

[15] cap. 1.8 e 2.32.

[16] cap. 22.15. I João 1.1, 3.

[17] Mat. 21.26. Luc. 20.6, 19 e 22.2. cap. 5.26.

[18] cap. 3.7, 8.

[19] cap. 12.12.

[20] II Reis 19.15.

[21] Psa. 2.1.

[22] Mat. 26.3. Luc. 22.2 e 23.1, 8.

[23] Luc. 1.35.

[24] Luc. 4.18. João 10.36.

[25] cap. 2.23 e 3.18.

[26] ver. 13, 31. cap. 9.27 e 13.46 e 14.3 e 19.8 e 26.26 e 28.31. Eph.
6.19.

[27] cap. 2.43 e 5.12.

[28] cap. 35.16.

[29] ver. 27.

[30] cap. 2.2, 4 e 16.26.

[31] ver. 29.

[32] cap. 5.12. Rom. 15.5, 6. II Cor. 13.11. Phi. 1.27 e 2.2. I Ped. 3.8.

[33] cap. 2.44.

[34] cap. 1.8.

[35] cap. 1.22.

[36] cap. 2.47.

[37] cap. 2.45.

[38] ver. 27. cap. 5.2.

[39] cap. 2.45 e 6.1.

[40] ver. 34, 35. cap. 5.1, 2.



5 E um _certo_ varão chamado Ananias, com Saphira, sua mulher, vendeu uma
propriedade;

2 E reteve parte do preço, sabendo-_o_ tambem sua mulher; [1] e, trazendo
uma parte _d’elle_, a depositou aos pés dos apostolos.

3 Disse [2] então Pedro: Ananias, porque encheu [3] Satanás o teu
coração, para que mentisses ao Espirito Sancto, e retivestes parte do
preço da herdade?

4 Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder?
Porque formaste este designio em teu coração? Não mentiste aos homens,
mas a Deus.

5 E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu [4] e expirou. E um grande
temor veiu sobre todos os que isto ouviram.

6 E, levantando-se os mancebos, pegaram d’elle, [5] e, transportando-_o_
para fóra, o sepultaram.

7 E, passando um espaço quasi de tres horas, entrou tambem sua mulher,
não sabendo o que havia acontecido.

8 E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto aquella herdade? E ella
disse: Sim, por tanto.

9 Porém Pedro lhe disse: Porque é que entre vós vos concertastes para [6]
tentar o Espirito do Senhor? Eis ahi á porta os pés dos que sepultaram a
teu marido, e _tambem_ te levarão a ti.

10 E [7] logo caiu aos seus pés, e expirou. E, entrando os mancebos,
acharam-n’a morta, e a sepultaram junto de seu marido.

11 E [8] veiu um grande temor a toda a egreja, e a todos os que ouviram
estas coisas.

12 E [9] muitos signaes e prodigios eram feitos entre o povo [10] pelas
mãos dos apostolos. E estavam todos unanimes no alpendre de Salomão.

13 E dos [11] outros ninguem ousava ajuntar-se com elles: mas o povo
tinha-os em grande estima.

14 E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres,
crescia mais e mais.

15 De sorte que transportavam os enfermos para as ruas, e _os_ punham em
leitos e em camilhas [12] para que a sombra de Pedro, quando passasse,
cobrisse alguns d’elles.

16 E até das cidades circumvisinhas concorria a multidão a Jerusalem,
conduzindo [13] enfermos e atormentados de espiritos immundos; os quaes
todos eram curados.


_Os apostolos são milagrosamente tirados da prisão, e dão testemunho
perante o synhedrio. O conselho de Gamaliel._

17 E, [14] levantando-se o summo sacerdote, e todos os que estavam com
elle (que era a seita dos sadduceos), encheram-se de inveja,

18 E [15] lançaram mão dos apostolos, e os pozeram na prisão publica.

19 Mas [16] de noite um anjo do Senhor abriu as portas da prisão, e,
tirando-os para fóra, disse:

20 Ide apresentar-vos no templo, e dizei ao povo [17] todas as palavras
d’esta vida.

21 E, ouvindo elles _isto_, entraram de manhã cedo no templo, e
ensinavam. [18] Chegando, porém, o summo sacerdote e os que estavam com
elle, convocaram o conselho, e a todos os anciãos dos filhos d’Israel, e
enviaram ao carcere, para que de lá os trouxessem.

22 Mas, tendo lá chegado os [AHZ] servidores, não os acharam na prisão,
e, voltando, _lh’o_ annunciaram,

23 Dizendo: Achámos realmente o carcere fechado, com toda a segurança,
e os guardas, que estavam fóra, diante das portas; mas, quando abrimos,
ninguem achámos dentro.

24 Então o capitão do templo e os principaes dos sacerdotes, ouvindo [19]
estas palavras, estavam perplexos ácerca do que viria a ser aquillo.

25 E, chegando um, annunciou-lhes, dizendo: Eis que os homens que
encerrastes na prisão estão no templo e ensinam ao povo.

26 Então foi o capitão com os servidores, e os trouxe, não com violencia
(porque [20] temiam ser apedrejados pelo povo).

27 E, trazendo-os, _os_ apresentaram ao conselho. E o summo sacerdote os
interrogou, dizendo:

28 Não [21] vos admoestámos nós expressamente que não ensinasseis n’esse
nome? E eis que _já_ enchestes Jerusalem d’essa vossa doutrina, [22] e
quereis trazer sobre nós [23] o sangue d’esse homem.

29 Porém, respondendo Pedro e os apostolos, disseram: [24] Mais importa
obedecer a Deus do que aos homens.

30 O [25] Deus de nossos paes resuscitou a Jesus, ao qual vós matastes
suspendendo-_o_ no madeiro.

31 Deus com a sua [26] dextra o elevou a [27] Principe e [28] Salvador,
para dar a Israel [29] o arrependimento e remissão dos peccados.

32 E [30] nós somos testemunhas ácerca d’estas palavras, e tambem o
Espirito Sancto, que [31] Deus deu áquelles que lhe obedecem.

33 E, [32] ouvindo elles _isto_, se enfureciam, e deliberaram matal-os.

34 Mas, levantando-se no conselho um certo phariseo, chamado [33]
Gamaliel, doutor da lei, venerado por todo o povo, mandou que por um
pouco levassem para fóra os apostolos;

35 E disse-lhes: Varões israelitas, acautelae-vos, emquanto ao que haveis
de fazer ácerca d’esses homens,

36 Porque antes d’estes dias levantou-se Theudas, dizendo ser alguem:
d’este se acercou o numero de uns quatrocentos homens; o qual foi morto,
e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos e reduzidos a nada.

37 Depois d’este levantou-se Judas, o galileo, nos dias do alistamento, e
levou muito povo após si; e tambem este pereceu, e todos os que lhe deram
ouvidos foram dispersos.

38 E agora digo-vos: Dae de mão a estes homens, e deixae-os, [34] porque,
se esse designio, ou essa obra, é de homens, se desfará,

39 Mas, [35] se é de Deus, não podereis desfazel-a; para que não aconteça
serdes [36] tambem achados combatendo contra Deus.

40 E concordaram com elle. [37] E, chamando os apostolos, [38] e
tendo-_os_ açoitado, mandaram que não fallassem no nome de Jesus, e os
deixaram ir.

41 Retiraram-se pois da presença do conselho, [39] rogozijando-se de
terem sido julgados dignos de padecer affronta pelo nome de Jesus.

42 E todos os dias, [40] no templo e nas casas, não cessavam de ensinar,
e de annunciar a Jesus Christo.

[1] cap. 4.37.

[2] Num. 30.2. Deu. 23.21. Ecc. 5.4.

[3] Luc. 22.3.

[4] ver. 10, 11.

[5] João 19.40.

[6] ver. 3. Mat. 4.7.

[7] ver. 5.

[8] ver. 5. cap. 2.43 e 19.17.

[9] cap. 2.43 e 14.3. Rom. 15.19. Heb. 2.4.

[10] cap. 3.11.

[11] João 9.22 e 12.42. cap. 2.47 e 4.21.

[12] Mat. 9.21 e 14.36. cap. 19.12.

[13] Mat. 16.17, 18. João 14.12.

[14] cap. 4.1, 2, 6.

[15] cap. 21.12.

[16] cap. 12.7 e 16.26.

[17] João 6.68 e 17.3. I João 5.11.

[18] cap. 4.5, 6.

[19] Luc. 22.4. cap. 4.1.

[20] Mat. 21.26.

[21] cap. 4.18.

[22] cap. 2.23, 36 e 3.15 e 7.52.

[23] Mat. 23.35 e 27.25.

[24] cap. 4.19.

[25] cap. 3.13, 15. cap. 10.39. Gal. 3.13. I Ped. 2.24.

[26] cap. 2.33, 36. Phi. 2.9. Heb. 2.10.

[27] cap. 3.15.

[28] Mat. 1.21.

[29] Luc. 24.47. cap. 3.26 e 13.38. Eph. 1.7. Col. 1.14.

[30] João 15.26, 27.

[31] cap. 2.4 e 10.44.

[32] cap. 2.27 e 7.54.

[33] cap. 22.3.

[34] Pro. 21.30. Isa. 8.10. Mat. 15.13.

[35] Luc. 21.15. I Cor. 1.25.

[36] cap. 7.51 e 9.5 e 23.9.

[37] cap. 4.18.

[38] Mat. 10.17 e 23.34. Mar. 13.9.

[39] Mat. 5.12. Rom. 5.3. II Cor. 12.10. Phi. 1.29. Heb. 10.34. Thi. 1.2.
I Ped. 4.13, 16.

[40] cap. 4.20, 29.



_A instituição dos diaconos._

6 Ora n’aquelles dias, [1] crescendo o numero dos discipulos, houve uma
murmuração dos [2] gregos contra os hebreos, porque as suas viuvas [3]
eram desprezadas no ministerio quotidiano.

2 E os doze, convocando a multidão dos discipulos, disseram: [4] Não é
razoavel que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos ás mesas.

3 Escolhei pois, irmãos, [5] d’entre vós, sete varões de boa reputação,
cheios do Espirito Sancto e de sabedoria, aos quaes constituamos sobre
este importante negocio.

4 Porém nós [6] perseveraremos na oração e no ministerio da palavra.

5 E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estevão, homem
cheio de [7] fé e do Espirito Sancto, [8] e Philippe e Prochoro, e
Nicanor, e Timon, e Parmenas e Nicolau, [9] proselyto de Antiochia:

6 E os apresentaram ante os apostolos, e estes, [10] orando, lhes
impozeram [11] as mãos.

7 E crescia [12] a palavra de Deus, e em Jerusalem se multiplicava muito
o numero dos discipulos, e grande multidão [13] dos sacerdotes obedecia á
fé.


_Estevão, o primeiro martyr._

8 E Estevão, cheio de fé e de poder, fazia prodigios e grandes signaes
entre o povo.

9 E levantaram-se alguns que _eram_ da synagoga chamada dos libertinos, e
dos cyreneos e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilicia e da Asia, e
disputavam com Estevão.

10 E não [14] podiam resistir á sabedoria, e ao espirito com que fallava.

11 Então [15] subornaram uns homens, para que dissessem: Ouvimos-lhe
proferir palavras blasphemas contra Moysés e _contra_ Deus.

12 E excitaram o povo, os anciãos e os escribas; e, arremettendo _contra
elle_, o arrebataram e o levaram ao conselho.

13 E apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de
proferir palavras blasphemas contra este sancto logar e _contra_ a lei:

14 Pois nós lhe ouvimos dizer que esse Jesus Nazareno ha de destruir este
logar e mudar os costumes que Moysés nos deu.

15 Então todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos
n’elle, viram o seu rosto como o rosto de um anjo.

[1] cap. 2.41. ver. 7.

[2] cap. 9.29 e 11.20.

[3] cap. 4.35.

[4] Exo. 18.17.

[5] Deu. 1.13. cap. 1.21 e 16.2. I Tim. 3.7.

[6] cap. 2.42.

[7] cap. 11.24.

[8] cap. 8.5, 26 e 21.8.

[9] Apo. 2.6, 15.

[10] cap. 1.24.

[11] cap. 8.17 e 9.17. I Tim. 4.14 e 5.22.

[12] cap. 12.24 e 19.20. Col. 1.6.

[13] João 12.42.

[14] Luc. 21.15. cap. 5.39. Exo. 4.12. Isa. 54.17.

[15] I Reis 21.10, 13. Mat. 26.59, 60.



7 E disse o summo sacerdote: Porventura é isto assim?

2 E elle disse: [1] Varões, irmãos, e paes, ouvi. O Deus da gloria
appareceu a nosso pae Abrahão, estando na Mesopotamia, antes de habitar
em Haran,

3 E disse-lhe: [2] Sae da tua terra e d’entre a tua parentela, e
dirige-te á terra que eu te mostrarei.

4 Então [3] saiu da terra dos chaldeos, e habitou em Haran. E d’ali,
depois que seu pae falleceu, o fez passar para esta terra em que agora
habitaes.

5 E não lhe deu n’ella herança, nem ainda o espaço de [4] um pé:
mas prometteu que lh’a daria em possessão, e depois d’elle á sua
descendencia, não tendo elle _ainda_ filho.

6 E fallou Deus assim: [5] Que a sua descendencia seria peregrina em
terra alheia, e a sujeitariam á escravidão, e a maltratariam por [6]
quatrocentos annos.

7 E eu julgarei a nação a quem servirem, disse Deus. E depois d’isto
sairão, [7] e me servirão n’este logar.

8 E deu-lhe [8] o pacto da circumcisão; [9] e assim gerou a Isaac, e o
circumcidou ao oitavo dia: [10] e Isaac _gerou_ a Jacob, e [11] Jacob aos
doze patriarchas.

9 E [12] os patriarchas, movidos de inveja, venderam a José para o [13]
Egypto; e Deus era com elle,

10 E livrou-o de todas as suas tribulações, [14] e lhe deu graça e
sabedoria ante Pharaó, rei do Egypto, que o constituiu governador sobre o
Egypto e toda a sua casa.

11 E a [15] todo o paiz do Egypto e de Canaan sobreveiu fome e grande
tribulação; e nossos paes não achavam alimentos.

12 Porém [16] Jacob, ouvindo que no Egypto havia trigo, enviou _ali_
nossos paes, a primeira vez.

13 E [17] na segunda foi José conhecido por seus irmãos, e a linhagem de
José foi manifesta a Pharaó.

14 E [18] José mandou chamar a seu pae Jacob, [19] e a toda a sua
parentela, _que era de_ setenta e cinco almas.

15 E [20] Jacob desceu ao Egypto, [21] e morreu, elle e nossos paes;

16 E [22] foram transportados para Sichem, e depositados [23] na
sepultura que Abrahão comprara por certa somma de dinheiro aos filhos de
Hemor, pae de Sichem.

17 Approximando-se, [24] porém, o tempo da promessa que Deus tinha jurado
a Abrahão, o povo [25] cresceu e se multiplicou no Egypto;

18 Até que se levantou outro rei, que não conhecia a José.

19 Este, usando de astucia contra a nossa linhagem, maltratou nossos
paes, ao ponto de lhes fazer [26] engeitar as suas creanças, para que não
se multiplicassem.

20 N’esse tempo nasceu Moysés, e [27] era mui formoso, e [28] foi criado
tres mezes em casa de seu pae.

21 E, sendo [29] engeitado, tomou-o a filha do Pharaó, e o criou como seu
filho.

22 E Moysés [30] foi instruido em toda a sciencia dos egypcios; e era
poderoso em suas palavras e obras.

23 E, [31] quando completou o tempo de quarenta annos, veiu-lhe ao
coração ir visitar seus irmãos, os filhos d’Israel.

24 E, vendo maltratado um _d’elles_, o defendeu, e vingou o offendido,
matando o egypcio.

25 E elle cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar
a liberdade pela sua mão; porém elles não entenderam.

26 E [32] no dia seguinte, pelejando elles, foi por elles visto, e quiz
leval-os á paz, dizendo: Varões, sois irmãos; porque vos aggravaes um ao
outro?

27 E o que offendia o seu proximo o repelliu, dizendo: [33] Quem te
constituiu principe e juiz sobre nós?

28 Queres tu matar-me, como hontem mataste o egypcio?

29 E a esta palavra fugiu [34] Moysés, e esteve como estrangeiro na terra
de Madian, onde gerou dois filhos.

30 E, [35] completados quarenta annos, appareceu-lhe o anjo do Senhor, no
deserto do monte Sinai, n’uma chamma de fogo de um sarçal.

31 Então Moysés, vendo-_o_, se maravilhou da visão; e, approximando-se
para vêr, foi-lhe dirigida a voz do Senhor,

32 Dizendo: [36] Eu _sou_ o Deus de teus paes, o Deus d’Abrahão, e o Deus
d’Isaac e o Deus de Jacob. E Moysés, todo tremulo, não ousava olhar.

33 E disse-lhe [37] o Senhor: Descalça as alparcas dos teus pés, porque o
logar em que estás é terra sancta:

34 Tenho [38] visto attentamente a afflicção do meu povo que está no
Egypto, e ouvi os seus gemidos, e desci a livral-os. Agora, pois, vem, e
enviar-te-hei ao Egypto.

35 A este Moysés, ao qual haviam negado, dizendo: Quem te constituiu
principe e juiz? a este enviou Deus como principe e [AIA] libertador,
[39] pela mão do anjo que lhe apparecera no sarçal.

36 Este [40] os conduziu para fóra, [41] fazendo prodigios e signaes na
terra do Egypto, [42] e no Mar Vermelho, [43] e no deserto, por quarenta
annos.

37 Este é aquelle Moysés que disse aos filhos d’Israel: [44] O Senhor
vosso Deus vos levantará d’entre vossos irmãos um propheta como eu; [45]
a elle ouvireis.

38 Este é [46] o que esteve entre a congregação no deserto, com [47]
o anjo que lhe fallava no monte Sinai, e com nossos paes, [48] o qual
recebeu as palavras de vida [49] para nol-as dar.

39 Ao qual nossos paes não quizeram obedecer, antes o rejeitaram, e de
coração se tornaram ao Egypto,

40 Dizendo a Aarão: [50] Faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque
a esse Moysés, que nos tirou da terra do Egypto, não sabemos o que lhe
aconteceu.

41 E [51] n’aquelles dias fizeram o bezerro, e offereceram sacrificios ao
idolo, e se alegraram nas obras das suas mãos.

42 E [52] Deus se affastou, e os abandonou a que servissem [53] ao
exercito do céu, como está escripto no livro dos prophetas: [54]
Porventura me offerecestes victimas e sacrificios no deserto por quarenta
annos, ó casa d’Israel?

43 Antes tomastes o tabernaculo de Molech, e a estrella do vosso deus
Remphan, figuras que vós fizestes para as adorar. Transportar-vos-hei
pois para além de Babylonia.

44 Estava entre nossos paes no deserto o tabernaculo do testemunho, como
ordenara aquelle que disse a Moysés [55] que o fizesse segundo o modelo
que tinha visto.

45 O [56] qual nossos paes, recebendo-o tambem, o levaram com Josué
quando entraram na possessão das nações [57] que Deus expulsou da face de
nossos paes, até aos dias de David:

46 Que [58] achou graça diante de Deus, [59] e pediu para achar
tabernaculo para o Deus de Jacob.

47 E [60] Salomão lhe edificou casa;

48 Mas o [61] Altissimo não habita em templos feitos por mãos _d’homens_,
como diz o propheta:

49 O [62] céu _é_ o meu throno, e a terra o estrado dos meus pés. Que
casa me edificareis? diz o Senhor: ou qual é o logar do meu repouso?

50 Porventura não fez a minha mão todas estas coisas?

51 Duros [63] de cerviz, [64] e incircumcisos de coração e ouvidos: vós
sempre resistis ao Espirito Sancto; tambem vós _sois_ como vossos paes.

52 A qual [65] dos prophetas não perseguiram vossos paes? Até mataram os
que anteriormente annunciaram a vinda [66] do Justo, do qual vós agora
fostes traidores e homicidas;

53 Vós, que [67] recebestes a lei por disposição dos anjos, e não _a_
guardastes.

54 E, [68] ouvindo estas _coisas_, enfureciam-se em seus corações, e
rangiam os dentes contra elle.

55 Mas [69] elle, estando cheio do Espirito Sancto, fixando os olhos no
céu, viu a gloria de Deus, e Jesus, que estava á direita de Deus;

56 E disse: Eis que [70] vejo os céus abertos, [71] e o Filho do homem,
que está em pé á mão direita de Deus.

57 Elles, [72] porém, clamando com grande voz, taparam os seus ouvidos, e
arremetteram unanimes contra elle.

58 E, expulsando-o da cidade, [73] _o_ apedrejavam. [74] E as testemunhas
depozeram os seus vestidos aos pés de um mancebo chamado Saulo.

59 E apedrejaram a Estevão, [75] invocando _elle ao Senhor_, e dizendo:
Senhor Jesus, recebe [76] o meu espirito.

60 E, pondo-se [77] de joelhos, clamou com grande voz: [78] Senhor, não
lhes imputes este peccado. E, tendo dito isto, [79] adormeceu.

[1] cap. 22.1.

[2] Gen. 12.1.

[3] Gen. 11.31 e 12.4, 5.

[4] Gen. 12.7 e 13.15 e 15.3, 18 e 17.8 e 26.3.

[5] Gen. 15.13, 16.

[6] Exo. 12.46. Gal. 3.17.

[7] Exo. 3.12.

[8] Gen. 17.9, 10, 11.

[9] Gen. 21.2, 3, 4.

[10] Gen. 25.26.

[11] Gen. 35.23.

[12] Gen. 37.4, 11, 28.

[13] Gen. 39.2, 21, 23. Psa. 105.17.

[14] Gen. 41.37 e 42.6.

[15] Gen. 41.54.

[16] Gen. 42.1.

[17] Gen. 45.4, 16.

[18] Gen. 45.9, 27.

[19] Gen. 46.27. Deu. 10.22.

[20] Gen. 46.5.

[21] Gen. 49.32. Exo. 1.6.

[22] Exo. 13.19. Jos. 24.32.

[23] Gen. 23.16 e 33.19.

[24] Gen. 15.13. ver. 6.

[25] Exo. 1.7, 8, 9. Psa. 105.24, 25.

[26] Exo. 1.22.

[27] Exo. 2.2.

[28] Heb. 11.23.

[29] Exo. 2.3, 10.

[30] Luc. 24.19.

[31] Exo. 2.11, 12.

[32] Exo. 2.13.

[33] Luc. 12.14. cap. 4.7.

[34] Exo. 2.15, 22 e 4.20 e 13.3, 4.

[35] Exo. 3.2.

[36] Mat. 22.32. Heb. 11.16.

[37] Exo. 3.5. Jos. 5.15.

[38] Exo. 3.7.

[39] Exo. 14.19. Num. 20.16.

[40] Exo. 12.41 e 33.1.

[41] Exo. caps. 7 até 14. Psa. 105.27.

[42] Exo. 14.21, 27, 28, 29.

[43] Exo. 16.1, 35.

[44] Deu. 18.15. cap. 3.22.

[45] Mat. 17.5.

[46] Exo. 19.3, 17.

[47] Isa. 63.9. Gal. 3.19. Heb. 2.2.

[48] Exo. 21.1. Deu. 5.27, 31 e 33.4. João 1.17.

[49] Rom. 3.2.

[50] Exo. 32.1.

[51] Deu. 9.16. Psa. 106.19.

[52] Psa. 81.12. Rom. 1.25. II The. 2.11.

[53] Deu. 4.19. II Reis 17.16. Jer. 19.13.

[54] Amós 5.25, 26.

[55] Exo. 25.40 e 26.30. Heb. 8.5.

[56] Jos. 3.14.

[57] Neh. 9.24. Psa. 44.2, 3. cap. 13.19.

[58] I Sam. 16.1. II Sam. 7.1. Psa. 19.20.

[59] I Reis 8.17. I Chr. 22.7. Psa. 132.4, 5.

[60] I Reis 6.1 e 8.20. I Chr. 17.12. II Chr. 3.1.

[61] I Reis 8.27. II Chr. 2.6.

[62] Isa. 66.1, 2. Mat. 5.34, 35.

[63] Exo. 32.9 e 33.3. Isa. 48.4.

[64] Lev. 26.41. Deu. 10.16. Jer. 4.4 e 6.10. Eze. 44.9.

[65] II Chr. 36.16. Mat. 21.35. I The. 2.15.

[66] cap. 3.14.

[67] Exo. 20.1. Gal. 3.19. Heb. 2.2.

[68] cap. 5.33.

[69] cap. 6.5.

[70] Eze. 1.1. Mat. 3.16. cap. 10.11.

[71] Dan. 7.13.

[72] I Reis 21.13. Luc. 4.29. Heb. 13.12.

[73] Lev. 24.16.

[74] Deu. 13.9, 10 e 17.7. cap. 22.20.

[75] cap. 9.14.

[76] Psa. 31.5. Luc. 23.46.

[77] cap. 9.40 e 20.36 e 21.5.

[78] Mat. 5.44. Luc. 6.28 e 23.34.

[79] cap. 7.58 e 22.20.



_O evangelho em Samaria._

[Anno Domini 34]

8 E tambem Saulo consentia na morte d’elle. E fez-se n’aquelle dia uma
grande perseguição contra a egreja que estava em Jerusalem; [1] e todos
foram dispersos pelas terras da Judea e da Samaria, excepto os apostolos.

2 E _alguns_ varões piedosos foram enterrar a Estevão, [2] e fizeram
sobre elle grande pranto.

3 E Saulo [3] assolava a egreja, entrando pelas casas: e, arrastando
homens e mulheres, _os_ encerrava na prisão.

4 Mas [4] os que andavam dispersos iam por toda a parte, annunciando a
palavra.

5 E, [5] descendo Philippe á cidade de Samaria, lhes prégava a Christo.

6 E as multidões estavam attentas unanimemente ás _coisas_ que Philippe
dizia, porquanto ouviam e viam os signaes que elle fazia;

7 Pois [6] os espiritos immundos sahiam de muitos que _os_ tinham,
clamando em alta voz; e muitos paralyticos e côxos eram curados.

8 E havia grande alegria n’aquella cidade.

9 E havia um certo _varão_, chamado Simão, que anteriormente exercera
n’aquella cidade a arte magica, [7] e tinha illudido a gente de Samaria,
dizendo [8] que era um grande _personagem_:

10 Ao qual todos attendiam, desde o mais pequeno até ao maior, dizendo:
Este é a grande virtude de Deus.

11 E attendiam-n’o a elle, porque _já_ desde muito tempo os havia
illudido com artes magicas.

12 Mas, como crêram em Philippe que [9] lhes prégava ácerca do reino
de Deus, e do nome de Jesus Christo, se baptizavam, tanto homens como
mulheres.

13 E creu até o mesmo Simão; e, sendo baptizado, ficou de continuo com
Philippe; e, vendo os signaes e as grandes maravilhas que se faziam,
estava attonito.

14 Os apostolos, pois, que estavam em Jerusalem, ouvindo que Samaria
recebera a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João.

15 Os quaes, tendo descido, oraram por elles [10] para que recebessem o
Espirito Sancto.

16 (Porque [11] sobre nenhum d’elles tinha ainda descido; mas sómente
eram [12] baptizados em [13] nome do Senhor Jesus.)

17 Então [14] lhes impozeram as mãos, e receberam o Espirito Sancto.

18 E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apostolos se dava o
Espirito Sancto, lhes offereceu dinheiro,

19 Dizendo: Dae-me tambem a mim esse poder, para que qualquer sobre quem
eu pozer as mãos receba o Espirito Sancto.

20 Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja comtigo para perdição, pois
cuidaste [15] que o [16] dom de Deus se alcança por dinheiro.

21 Tu não tens parte nem sorte n’esta palavra, porque o teu coração não é
recto diante de Deus;

22 Arrepende-te pois d’essa tua iniquidade, e ora a Deus, [17] para que
porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração;

23 Pois vejo que estás [18] em fel de amargura, e em laço de iniquidade.

24 Respondendo, porém, Simão, disse: Orae vós por mim ao Senhor, para que
nada do que dissestes venha sobre mim.

25 Tendo elles pois testificado e fallado a palavra do Senhor, voltaram
para Jerusalem, e em muitas aldeias dos [19] samaritanos annunciaram o
evangelho.


_Philippe e o eunucho._

26 E o anjo do Senhor fallou a Philippe, dizendo: Levanta-te, e vae
para a banda do sul, ao caminho que desce de Jerusalem para Gaza, que é
deserta.

27 E levantou-se, e foi; e eis que um [20] homem ethiope, eunucho,
mordomo-mór de Candace, rainha dos ethiopes, o qual era superintendente
de todos os seus thesouros, e tinha ido a [21] Jerusalem a adorar,

28 Regressava, e, assentado no seu carro, lia o propheta Isaias.

29 E disse o Espirito a Philippe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro.

30 E, correndo Philippe, ouviu que lia o propheta Isaias, e disse:
Entendes tu o que lês?

31 E elle disse: Como o poderei eu, se alguem me não ensinar? E rogou a
Philippe que subisse e com elle se assentasse.

32 E o logar da Escriptura que lia era este: [22] Foi levado como a
ovelha para o matadouro, e, como está mudo o cordeiro diante do que o
tosquia, assim não abriu a sua bocca.

33 Na sua humilhação foi [AIB] tirada a sua sentença; e quem contará a
sua geração? porque a sua vida é tirada da terra.

34 E, respondendo o eunucho a Philippe, disse: Rogo-te, de quem diz isto
o propheta? De si mesmo, ou d’algum outro?

35 Então Philippe, abrindo a sua bocca, [23] e começando n’esta
Escriptura, lhe annunciou a Jesus.

36 E, indo elles caminhando, chegaram ao pé d’alguma agua, e disse o
eunucho: Eis aqui agua; que impede [24] que eu seja baptizado?

37 E disse Philippe: [25] É licito, se crês de todo o coração. E,
respondendo elle, disse: [26] Creio que Jesus Christo é o Filho de Deus.

38 E mandou parar o carro, e desceram ambos á agua, tanto Philippe como o
eunucho, e o baptizou.

39 E, quando sairam da agua, o Espirito do Senhor arrebatou a Philippe,
[27] e não o viu mais o eunucho; e, jubiloso, continuou o seu caminho.

40 Porém Philippe achou-se em Azoto, e, indo passando, annunciou o
evangelho _em_ todas as cidades, até que chegou a Cesarea.

[1] cap. 11.19.

[2] Gen. 23.2 e 50.10. II Sam. 3.31.

[3] cap. 7.58 e 9.1, 13, 21. I Cor. 15.9. Gal. 1.13. Phi. 3.6. I Tim.
1.13.

[4] Mat. 10.23. cap. 11.19.

[5] cap. 6.5.

[6] Mar. 16.17.

[7] cap. 13.6.

[8] cap. 5.36.

[9] cap. 1.3.

[10] cap. 2.38.

[11] cap. 19.2.

[12] Mat. 28.19. cap. 2.38.

[13] cap. 10.48 e 19.5.

[14] cap. 8.6 e 19.6. Heb. 6.2.

[15] Mat. 10.8. II Reis 5.16.

[16] cap. 2.38 e 10.45 e 11.17.

[17] II Tim. 2.25.

[18] Heb. 12.15.

[19] Gen. 20.7, 17. Exo. 8.8. Num. 21.7. I Reis 13.6. Job 42.8. Thi. 5.16.

[20] Sof. 3.10.

[21] João 12.20.

[22] Isa. 53.7, 8.

[23] Luc. 24.27. cap. 18.28.

[24] cap. 10.47.

[25] Mat. 28.19. Mar. 16.16.

[26] Mat. 16.16. João 6.69 e 9.35, 38 e 11.27. cap. 9.20. I João 4.15 e
5.5, 13.

[27] I Reis 18.12. II Reis 2.16. Eze. 3.12, 14.



_A conversão de Saulo no caminho de Damasco._

Act. 21.1-16; 26.9-18.

[Anno Domini 35]

9 E Saulo, [1] respirando ainda ameaças e mortes contra os discipulos do
Senhor, dirigiu-se ao summo sacerdote,

2 E pediu-lhe cartas para Damasco, para as synagogas, para que, se
encontrasse alguns d’aquella seita, quer homens quer mulheres, _os_
conduzisse presos a Jerusalem.

3 E, indo [2] _já_ no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco,
subitamente o cercou um resplendor de luz do céu.

4 E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, [3] Saulo,
porque me persegues?

5 E elle disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: [4] Eu sou Jesus, a
quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões.

6 E elle, tremendo e attonito, disse: [5] Senhor, que queres que faça? E
_disse_-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e _ali_ te será dito
o que te convem fazer.

7 E [6] os varões, que iam com elle, pararam attonitos, ouvindo a voz,
mas não vendo ninguem.

8 E Saulo levantou-se da terra, e, abrindo os olhos, não via a ninguem.
E, guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco.

9 E esteve tres dias sem vêr, e não comeu nem bebeu.

10 E havia em Damasco um certo discipulo [7] chamado Ananias; e disse-lhe
o Senhor em visão: Ananias! E elle respondeu: Eis-me aqui, Senhor.

11 E _disse_-lhe o Senhor: Levanta-te, e vae á rua chamada Direita, e
pergunta em casa de Judas por [8] um chamado Saulo, de Tarso; pois eis
que elle ora;

12 E tem visto em visão que entrava um homem chamado Ananias, e punha
sobre elle a mão, para que tornasse a vêr.

13 E respondeu Ananias: Senhor, a muitos ouvi ácerca d’este varão,
quantos [9] males tem feito aos teus sanctos em Jerusalem;

14 E aqui tem poder dos principaes dos sacerdotes para prender a todos os
que [10] invocam o teu nome.

15 Disse-lhe, porém, o Senhor: Vae, porque [11] este é para mim vaso
escolhido, para levar o meu nome diante [12] dos gentios, [13] e dos reis
e dos filhos d’Israel.

16 Porque [14] eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome.

17 E Ananias [15] foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe [16] as mãos,
disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te appareceu no caminho por onde
vinhas, me enviou, para que tornes a [17] vêr e sejas cheio do Espirito
Sancto.

18 E logo lhe cairam dos olhos como que umas escamas, e recebeu logo a
vista; e, levantando-se, foi baptizado.


_O perseguidor é perseguido._

[Anno Domini 37]

19 E, tendo comido, ficou confortado. E esteve Saulo [18] alguns dias com
os discipulos que estavam em Damasco.

20 E logo nas synagogas prégava a Jesus, [19] que este era o Filho de
Deus.

21 E todos os que o ouviam estavam attonitos, e diziam: [20] Não é este
aquelle que em Jerusalem assolava aos que invocavam esse nome, e para
isso veiu aqui, para os levar presos aos principaes dos sacerdotes?

22 Porém Saulo [21] se esforçava muito mais, e confundia os judeos que
habitavam em Damasco, provando que aquelle era o Christo.

23 E, tendo passado muitos dias, [22] os judeos tomaram conselho entre si
para o matar.

24 Mas as suas ciladas vieram ao conhecimento de Saulo: e [23] elles
guardavam as portas, tanto de dia como de noite, para poderem matal-o.

25 Porém, tomando-o de [24] noite os discipulos, o arriaram, dentro d’um
cesto, pelo muro.

26 E, [25] quando Saulo chegou a Jerusalem, procurava ajuntar-se aos
discipulos, porém todos se temiam d’elle, não crendo que fosse discipulo.

27 Mas [26] Barnabé, tomando-o comsigo, _o_ trouxe aos apostolos, e lhes
contou como no caminho elle vira ao Senhor e lhe fallara, [27] e como em
Damasco fallara ousadamente no nome de Jesus.

28 E [28] andava com elles em Jerusalem, entrando e saindo.

29 E fallou ousadamente no nome de Jesus. Fallava e disputava tambem
contra os [29] gregos, [30] mas elles procuravam matal-o.

30 Sabendo-_o_, porém, os irmãos, o acompanharam até Cesarea, e o
enviaram a Tarso.

31 Assim [31] pois, as egrejas em toda a Judea, e Galilea e Samaria
tinham paz, e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do
Senhor e consolação do Espirito Sancto.


_Cura de Eneas; resurreição de Tabitha._

[Anno Domini 38]

32 E aconteceu [32] que, passando Pedro por todas as partes, veiu tambem
aos sanctos que habitavam em Lydda.

33 E achou ali _um_ certo homem, chamado Eneas, jazendo n’uma cama havia
oito annos, o qual era paralytico.

34 E disse-lhe Pedro: [33] Eneas, Jesus Christo te dá saude; levanta-te e
faze a tua cama. E logo se levantou.

35 E viram-n’o todos os que habitavam em Lydda e [34] Sarona, os [35]
quaes se converteram ao Senhor.

36 E havia em Joppe _uma_ certa discipula chamada Tabitha, que traduzido
se diz [AIC] Dorcas. Esta estava cheia [36] de boas obras e esmolas que
fazia.

37 E aconteceu n’aquelles dias, que, enfermando ella, morreu; e, tendo-a
lavado, _a_ [37] depositaram n’um quarto alto.

38 E, como Lydda era perto de Joppe, ouvindo os discipulos que Pedro
estava ali, lhe mandaram dois varões, rogando-lhe que não se demorasse em
vir ter com elles.

39 E, levantando-se Pedro, foi com elles; e quando chegou o levaram
ao quarto alto, e todas as viuvas o rodearam, chorando e mostrando as
tunicas e vestidos que Dorcas fizera quando estava com ellas.

40 Porém Pedro, [38] fazendo-_as_ sair [39] a todas, poz-se de joelhos
e orou: e, voltando-se para o corpo, [40] disse: Tabitha, levanta-te. E
ella abriu os olhos, e, vendo a Pedro, assentou-se,

41 E elle dando-lhe a mão a levantou, e, chamando os sanctos e as viuvas,
apresentou-_lh’a_ viva.

42 E foi _isto_ notorio por toda a Joppe, [41] e muitos crêram no Senhor.

43 E aconteceu que ficou muitos dias em Joppe, com um [42] _certo_ Simão
curtidor.

[1] cap. 8.3. Gal. 1.13. I Tim. 1.13.

[2] cap. 22.6 e 26.12. I Cor. 15.8.

[3] Mat. 25.40, etc.

[4] cap. 5.39.

[5] Luc. 3.10. cap. 2.37 e 16.36.

[6] Dan. 10.7. cap. 22.9 e 26.13.

[7] cap. 22.12.

[8] cap. 21.39 e 22.3.

[9] ver. 1.

[10] ver. 21. cap. 7.59. I Cor. 1.2. II Tim. 2.22.

[11] cap. 13.2 e 22.21. Rom. 1.1. I Tim. 2.7. II Tim. 1.11.

[12] Rom. 1.5. Gal. 2.7, 8.

[13] cap. 25.22, 23.

[14] cap. 20.23 e 21.11. II Cor. 11.23.

[15] cap. 22.12, 13.

[16] cap. 8.17.

[17] cap. 2.4 e 4.31.

[18] cap. 26.20.

[19] cap. 8.37.

[20] cap. 8.3. ver. 1. Gal. 1.13, 23.

[21] cap. 18.28.

[22] cap. 23.12 e 25.3. II Cor. 11.26.

[23] II Cor. 11.32.

[24] Jos. 2.15. I Sam. 19.12.

[25] cap. 22.17. Gal. 1.17, 18.

[26] cap. 4.36 e 13.2.

[27] ver. 20, 22.

[28] Gal. 1.18.

[29] cap. 6.1 e 11.20.

[30] ver. 23. II Cor. 11.26.

[31] cap. 8.1.

[32] cap. 8.14.

[33] cap. 3.3, 16 e 4.10.

[34] I Chr. 5.16.

[35] cap. 11.21.

[36] I Tim. 2.10. Tito 3.8.

[37] cap. 1.13.

[38] Mat. 9.25.

[39] cap. 7.60.

[40] Mar. 5.41, 42. João 11.43.

[41] João 11.45 e 12.11.

[42] cap. 10.6.



_O centurião Cornelio._

[Anno Domini 41]

10 E havia em Cesarea um _certo_ varão por nome Cornelio, centurião da
cohorte chamada italiana,

2 [1] Piedoso e [2] temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia
muitas esmolas ao povo, e de continuo orava a Deus.

3 _Este_, [3] quasi á hora nona do dia, viu claramente em visão um anjo
de Deus, que se dirigia para elle e dizia: Cornelio.

4 E este, fixando os olhos n’elle, e muito atemorisado, disse: Que é,
Senhor? E disse-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas teem subido para
memoria diante de Deus;

5 Agora, pois, envia varões a Joppe, e manda chamar a Simão, que tem por
sobrenome Pedro.

6 Este pousa em casa de um [4] _certo_ Simão curtidor, que tem a sua casa
junto do mar. [5] Elle te dirá o que deves fazer.

7 E, ido o anjo que lhe fallava, chamou dois dos seus creados, e a um
piedoso soldado dos que estavam ao seu serviço.

8 E, havendo-lhes contado tudo, os enviou a Joppe.

9 E no dia seguinte, indo elles seu caminho, e chegando perto da cidade,
subiu [6] Pedro ao terraço para orar, quasi á hora sexta.

10 E, tendo fome, quiz comer; e, emquanto lh’o preparavam, sobreveiu-lhe
um arrebatamento de sentidos:

11 E viu [7] o céu aberto, e que para elle descia um _certo_ vaso, como
um grande lençol atado pelas quatro pontas, e abaixando-se para a terra.

12 No qual havia de todos os animaes da terra quadrupedes, féras e
reptis, e aves do céu.

13 E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro, mata e come.

14 Porém Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, [8] porque nunca comi coisa
alguma commum nem immunda.

15 E segunda vez lhe _disse_ a voz: [9] Não faças tu commum ao que Deus
purificou.

16 E aconteceu isto por tres vezes; e o vaso tornou a recolher-se para o
céu.

17 E, estando Pedro duvidando entre si que seria aquella visão que tinha
visto, eis que os varões que foram enviados por Cornelio, pararam á
porta, perguntando pela casa de Simão.

18 E, chamando, perguntaram se Simão, que tinha por sobrenome Pedro,
pousava ali.

19 E, pensando Pedro n’aquella visão, [10] disse-lhe o Espirito: Eis que
tres varões te buscam:

20 Levanta-te [11] pois, e desce, e vae com elles, não duvidando; porque
eu os enviei.

21 E Pedro, descendo para junto dos varões que lhe foram enviados por
Cornelio, disse: Eis que sou eu a quem procuraes; qual é a causa porque
estaes aqui?

22 E elles disseram: [12] Cornelio, o centurião, varão justo e temente
a Deus, [13] e que tem bom testemunho de toda a nação dos judeos, foi
avisado por um sancto anjo para que mandasse chamar-te a sua casa, e
ouvisse de ti palavras.

23 Então, chamando-os para dentro, os recebeu em casa. Porém no dia
seguinte foi Pedro com elles, [14] e foram com elle alguns irmãos de
Joppe.

24 E no dia immediato chegaram a Cesarea. E Cornelio os estava
esperando, tendo _já_ convidado a seus parentes e amigos mais intimos.

25 E aconteceu que, entrando Pedro, saiu Cornelio a recebel-o, e,
prostrando-se a _seus_ pés, o adorou.

26 Porém Pedro o levantou, dizendo: Levanta-te, eu [15] mesmo tambem sou
homem.

27 E, fallando com elle, entrou, e achou muitos que _ali_ se haviam
ajuntado.

28 E disse-lhes: Vós bem sabeis como não é [16] licito a um varão judeo
ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas [17] Deus mostrou-me que a
nenhum homem chame commum ou immundo:

29 Pelo que, sendo chamado, vim sem contradizer. Pergunto pois; por que
razão mandastes chamar-me?

30 E disse Cornelio: Ha quatro dias estava eu em jejum até esta hora, e
orava em minha casa á hora [18] nona.

31 E eis que diante de mim se apresentou um varão [19] com _um_ vestido
resplandecente, e disse: [20] Cornelio, a tua oração é ouvida, e as tuas
[21] esmolas estão em memoria diante de Deus:

32 Envia pois a Joppe, e manda chamar Simão, o que tem por sobrenome
Pedro; este pousa em casa de Simão o curtidor, junto do mar, e elle,
vindo, te fallará.

33 Assim que logo mandei a ti; e bem fizeste em vir. Agora pois estamos
todos presentes diante de Deus, para ouvir tudo quanto por Deus te é
mandado.

34 E Pedro, abrindo a bocca, disse: [22] Reconheço por verdade que Deus
não faz accepção de pessoas;

35 Mas [23] que lhe é agradavel aquelle que, em qualquer nação, o teme e
obra a justiça.

36 A palavra que elle enviou aos filhos d’Israel, [24] annunciando a paz
por Jesus Christo (este [25] é o Senhor de todos),

37 Esta palavra, vós bem sabeis, veiu por toda a Judea, [26] começando
desde a Galilea, depois do baptismo que João prégou;

38 _Emquanto_ a Jesus de Nazareth, como [27] Deus o ungiu com o Espirito
Sancto e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os
opprimidos do diabo, [28] porque Deus era com elle.

39 E [29] nós somos testemunhas de todas as _coisas_ que fez, tanto na
terra da Judea como em Jerusalem: [30] ao qual mataram, pendurando-o n’um
madeiro.

40 A [31] este resuscitou Deus ao terceiro dia, e fez que fosse manifesto,

41 Não a todo o povo, [32] mas ás testemunhas que Deus antes ordenára;
a nós, [33] que comemos e bebemos juntamente com elle, depois que
resuscitou dos mortos.

42 E [34] mandou-nos prégar ao povo, e testificar que elle [35] é aquelle
que por Deus [36] foi constituido juiz dos vivos e dos mortos.

43 A [37] este dão testemunho todos os prophetas, de que [38] todos os
que n’elle crêrem receberão o perdão dos peccados pelo seu nome.

44 E, dizendo Pedro ainda estas palavras, [39] caiu o Espirito Sancto
sobre todos os que ouviam a palavra.

45 E [40] os fieis que eram da circumcisão, todos quantos tinham vindo
com Pedro, [41] maravilharam-se de que o dom do Espirito Sancto se
derramasse tambem sobre os gentios.

46 Porque os ouviam fallar linguas, e magnificar a Deus.

47 Respondeu então Pedro: Pode alguem porventura impedir a agua, para que
não sejam baptizados estes, que tambem receberam como nós [42] o Espirito
Sancto?

48 [43] E mandou que fossem baptizados em [44] nome do Senhor. Então
rogaram-lhe que ficasse com elles por alguns dias.

[1] ver. 22. cap. 8.2 e 22.12.

[2] ver. 35.

[3] ver. 30. cap. 11.13.

[4] cap. 9.43.

[5] cap. 11.14.

[6] cap. 11.5, etc.

[7] cap. 7.56. Apo. 19.11.

[8] Lev. 11.4 e 20.25. Deu. 14.3, 7. Eze. 4.14.

[9] Mat. 15.11. ver. 28. Rom. 14.14, 17, 20. I Cor. 10.25. I Tim. 4.4.
Tito 1.15.

[10] cap. 11.12.

[11] cap. 15.7.

[12] ver. 1, 2, etc.

[13] cap. 22.12.

[14] ver. 45. cap. 11.12.

[15] cap. 14.14, 15. Apo. 19.10 e 22.9.

[16] João 4.9 e 18.28. cap. 11.3. Gal. 2.12, 14.

[17] cap. 15.8, 9. Eph. 3.6.

[18] cap. 1.10.

[19] Mat. 28.3. Mar. 16.5. Luc. 24.4.

[20] Dan. 10.12.

[21] Heb. 6.10.

[22] Deu. 10.17. II Chr. 19.7. Rom. 2.11. Eph. 6.9. I Ped. 1.17.

[23] cap. 15.9. Rom. 2.13, 27. I Cor. 12.13. Gal. 3.28. Eph. 2.13, 18.

[24] Isa. 57.19. Eph. 2.14, 16, 17. Col. 1.20.

[25] Mat. 28.18. Rom. 10.12. Eph. 1.20, 22. I Ped. 3.22. Apo. 17.14.

[26] Luc. 4.14.

[27] Luc. 4.18. cap. 2.22 e 4.27. Heb. 1.9.

[28] João 3.2.

[29] cap. 2.32.

[30] cap. 5.30.

[31] cap. 2.24.

[32] João 14.17, 22. cap. 13.31.

[33] Luc. 24.30, 43. João 21.13.

[34] Mat. 28.19, 20. cap. 1.8.

[35] João 5.22, 27.

[36] Rom. 14.9, 10. II Cor. 5.10.

[37] Isa. 53.11. Jer. 31.34. Dan. 9.24. Miq. 7.18. Mal. 4.2.

[38] cap. 15.9. Rom. 10.11. Gal. 3.22.

[39] cap. 4.31.

[40] ver. 23.

[41] cap. 11.18. Gal. 3.14.

[42] cap. 11.17. Rom. 10.12.

[43] I Cor. 1.17.

[44] cap. 2.38.



_Pedro justifica-se perante a egreja de haver baptizado Cornelio._

11 E ouviram os apostolos, e os irmãos que estavam na Judea, que tambem
os gentios receberam a palavra de Deus.

2 E, subindo Pedro a Jerusalem, disputavam [1] com elle os que eram da
circumcisão,

3 Dizendo: [2] Entraste em _casa de_ varões incircumcisos, [3] e comeste
com elles.

4 Mas Pedro começou a contar-lhes _tudo_ [4] por ordem, dizendo:

5 Estando [5] eu orando na cidade de Joppe, vi, arrebatado dos sentidos,
uma visão, um _certo_ vaso, como um grande lençol que descia do céu e,
baixado, vinha até junto de mim.

6 No qual, pondo eu os olhos, considerei, e vi animaes da terra,
quadrupedes, e féras, e reptis, e aves do céu.

7 E ouvi uma voz que me dizia: Levanta-te, Pedro; mata e come.

8 Porém eu disse: De maneira nenhuma, Senhor; pois nunca em minha bocca
entrou coisa alguma commum ou immunda.

9 Mas a voz respondeu-me do céu segunda vez: Não chames tu commum ao que
Deus purificou.

10 E succedeu isto por tres vezes; e tudo tornou a recolher-se no céu.

11 E eis que, na mesma _hora_, pararam junto da casa em que eu estava
tres varões que me foram enviados de Cesarea.

12 E [6] disse-me o Espirito que fosse com elles, não duvidando; e tambem
estes [7] seis irmãos foram comigo, e entrámos em casa d’aquelle varão;

13 E [8] contou-nos como vira estar um anjo em sua casa, e lhe dissera:
Envia varões a Joppe, e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro,

14 O qual te dirá palavras com que te salves, tu e toda a tua casa.

15 E, quando comecei a fallar, caiu sobre elles o Espirito Sancto [9]
como tambem sobre nós ao principio.

16 E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João [10] certamente
baptizou com agua: [11] mas vós sereis baptizados com o Espirito Sancto.

17 Portanto, [12] se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, que tambem _já_
havemos crido no Senhor Jesus Christo, quem [13] era então eu, para que
podesse estorvar a Deus?

18 E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a Deus,
dizendo: [14] De maneira que até aos gentios deu Deus o arrependimento
para a vida.


_O evangelho é prégado aos gentios em Antiochia._

19 E [15] os que foram dispersos pela perseguição que succedeu por causa
d’Estevão caminharam até á Phenicia, Chypre e Antiochia, não annunciando
a ninguem a palavra, senão só aos judeos.

20 E havia entre elles alguns varões chyprios e cyrenenses, os quaes,
entrando em Antiochia, fallaram [16] aos gregos, annunciando o Senhor
Jesus.

21 E a mão [17] do Senhor era com elles; [18] e grande numero creu e se
converteu ao Senhor.

22 E chegou a fama d’isto aos ouvidos da egreja que estava em Jerusalem;
e enviaram [19] Barnabé á Antiochia.

23 O qual, quando chegou, e viu a graça de Deus, se alegrou, [20] e
exhortou a todos a que permanecessem no Senhor com proposito do coração.

24 Porque era homem de bem, [21] e cheio do Espirito Sancto e de fé. E
muita gente se [22] uniu ao Senhor.

25 E partiu Barnabé para [23] Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o
conduziu para Antiochia.

26 E succedeu que todo um anno se congregaram n’aquella egreja, e
ensinaram muita gente; e em Antiochia foram os discipulos, pela primeira
vez, chamados christãos.

27 E n’aquelles dias [24] desceram prophetas de Jerusalem para Antiochia.

28 E, levantando-se um d’elles, por nome [25] Agabo, dava a entender,
pelo Espirito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, a qual
aconteceu no tempo de Claudio Cesar.

29 E os discipulos determinaram mandar, cada um conforme o que podesse,
[26] soccorro para serviço dos irmãos que habitavam na Judea,

30 O [27] que elles com effeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão
de Barnabé e de Saulo.

[1] cap. 10.45. Gal. 2.12.

[2] cap. 10.28.

[3] Gal. 2.12.

[4] Luc. 1.3.

[5] cap. 10.9, etc.

[6] João 16.13. cap. 10.19 e 15.7.

[7] cap. 10.23.

[8] cap. 10.30.

[9] cap. 2.4.

[10] Mat. 3.11. João 1.26, 33. cap. 1.5 e 19.4.

[11] Isa. 44.3. Joel 2.28 e 3.18.

[12] cap. 15.8, 9.

[13] cap. 10.47.

[14] Rom. 10.12, 13 e 15.9, 16.

[15] cap. 8.1.

[16] cap. 6.1 e 9.29.

[17] Luc. 1.66. cap. 2.47.

[18] cap. 9.35.

[19] cap. 9.27.

[20] cap. 13.43 e 14.22.

[21] cap. 6.5.

[22] ver. 21. cap. 5.14.

[23] cap. 9.30.

[24] cap. 2.17 e 13.1 e 15.32 e 21.9. I Cor. 12.28. Eph. 4.11.

[25] cap. 21.10.

[26] Rom. 15.26. I Cor. 16.1. II Cor. 9.1.

[27] cap. 12.25.



_Herodes manda matar Thiago—Pedro é livre da prisão—A morte de Herodes._

[Anno Domini 44]

12 E por aquelle mesmo tempo o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns
da egreja, para os maltratar;

2 E matou á espada Thiago, [1] irmão de João.

3 E, vendo que isso agradára aos judeos, continuou, mandando prender
tambem a Pedro. E [2] eram os dias dos asmos.

4 E, [3] havendo-o prendido, o encerrou na prisão, entregando-_o_
a quatro quaternos de soldados, para que o guardassem, querendo
apresental-o ao povo depois da paschoa.

5 Pedro, pois, era guardado na prisão; porém a egreja fazia continua
oração por elle a Deus.

6 E quando Herodes o havia de tirar, n’aquella mesma noite, estava Pedro
dormindo entre dois soldados, ligado com duas cadeias, e os guardas
diante da porta guardavam a prisão.

7 E eis que [4] sobreveiu o anjo do Senhor, e resplandeceu uma luz na
prisão; e, tocando a Pedro na ilharga, o despertou, dizendo: Levanta-te
depressa. E cairam-lhe das mãos as cadeias.

8 E disse-lhe o anjo: Cinge-te, e ata as tuas alparcas. E elle o fez
assim. Disse-lhe mais: Lança ás costas a tua capa, e segue-me.

9 E, saindo, o seguia. [5] E não sabia que fosse verdade o que era feito
pelo anjo, mas cuidava [6] que via alguma visão.

10 E, quando passaram a primeira e segunda guarda, chegaram á porta de
ferro, que dá para a cidade, [7] a qual se lhes abriu por si mesma; e,
tendo saido, andaram uma rua, e logo o anjo se apartou d’elle.

11 E Pedro, tornando a si, disse: [8] Agora sei verdadeiramente que o
Senhor enviou o seu anjo, [9] e me livrou da mão de Herodes, e _de_ tudo
o que o povo dos judeos esperava.

12 E, considerando elle _n’isto_, [10] foi a casa de Maria, mãe de [11]
João, que tinha por sobrenome Marcos, onde muitos estavam juntos e [12]
orando.

13 E, batendo Pedro á porta do pateo, uma menina chamada Rhode saiu a
escutar;

14 E, conhecendo a voz de Pedro, de gozo não abriu a porta do pateo, mas,
correndo para dentro, annunciou que Pedro estava fóra á porta do pateo.

15 E disseram-lhe: Estás fóra de ti. Mas ella affirmava que assim era. E
diziam: [13] É o seu anjo.

16 Porém Pedro perseverava em bater, e, quando abriram, viram-n’o, e se
espantaram.

17 E, acenando-lhes [14] elle com a mão para que se calassem, contou-lhes
como o Senhor o tirára da prisão, e disse: Annunciae isto a Thiago e aos
irmãos. E, saindo, partiu para outro logar.

18 E, sendo já dia, houve não pouco alvoroço entre os soldados sobre o
que seria feito de Pedro.

19 E, quando Herodes o buscou e o não achou, feita inquirição aos
guardas, mandou-os justiçar. E, partindo da Judea para Cesarea, ficou
_ali_.

20 E Herodes estava irritado com os de Tyro e de Sidon; porém elles,
vindo de commum accordo ter com elle, e persuadindo Blasto, que era o
camarista do rei, pediam paz: porquanto [15] o seu paiz sustentava-se do
_paiz_ do rei.

21 E n’um dia designado, vestindo Herodes as vestes reaes, e assentado no
tribunal, lhes fez uma pratica.

22 E o povo exclamava: Voz de Deus, e não de homem.

23 E no mesmo instante [16] feriu-o o anjo do Senhor, [17] porquanto não
deu gloria a Deus, e, comido de bichos, expirou.

24 [18] E a palavra de Deus crescia e se multiplicava.

25 E Barnabé e Saulo, havendo cumprido aquelle serviço, voltaram de
Jerusalem, [19] levando tambem [20] comsigo a João, que tinha por
sobrenome Marcos.

[1] Mat. 4.21 e 20.23.

[2] Exo. 13.14, 15 e 23.15.

[3] João 21.18.

[4] cap. 5.19.

[5] Psa. 126.1.

[6] cap. 10.3, 17 e 11.5.

[7] cap. 16.26.

[8] Psa. 34.7. Dan. 3.28 e 6.22. Heb. 1.14.

[9] Job 5.19. Psa. 38.18, 19 e 34.22 e 41.2 e 97.10. II Cor. 1.10. II
Ped. 2.9.

[10] cap. 4.23.

[11] cap. 15.37.

[12] ver. 5.

[13] Gen. 48.16. Mat. 18.10.

[14] cap. 13.16 e 19.33 e 21.40.

[15] I Reis 5.9, 11. Eze. 27.17.

[16] I Sam. 25.38. II Sam. 24.17.

[17] Psa. 115.1.

[18] Isa. 55.11. cap. 6.7 e 19.20.

[19] cap. 13.5, 13 e 15.37.

[20] ver. 12.



_Barnabé e Saulo são enviados pela egreja de Antiochia, e pregam em
Chypre: Elymas o encantador._

[Anno Domini 45]

13 E na [1] egreja que estava em Antiochia havia alguns prophetas e
doutores, _a saber_: [2] Barnabé e Simeão, chamado Niger, e [3] Lucio
cyreneo, e Manahen, que fôra criado com Herodes o tetrarcha, e Saulo.

2 E, servindo elles ao Senhor, e jejuando, disse o Espirito [4] Sancto:
Apartae-me a Barnabé e a Saulo para a obra para [5] que os tenho chamado.

3 Então, [6] jejuando e orando, e pondo sobre elles as mãos, _os_
despediram.

4 Estes então, enviados pelo Espirito Sancto, desceram a Seleucia e d’ali
navegaram para [7] Chypre.

5 E, chegados a Salamina, [8] annunciavam a palavra de Deus nas synagogas
dos judeos; e tinham tambem a João [9] por ministro.

6 E, havendo atravessado a ilha até Paphos, acharam [10] _um_ certo judeo
magico, falso propheta, chamado Bar-jesus,

7 O qual estava com o proconsul Sergio Paulo, varão prudente. Este,
chamando a si Barnabé e Saulo, procurava muito ouvir a palavra de Deus.

8 Mas [11] resistia-lhes Elymas, o encantador (que assim se interpreta o
seu nome), procurando apartar da fé o proconsul.

9 Porém Saulo, que tambem _se chama_ Paulo, [12] cheio do Espirito
Sancto, e fixando os olhos n’elle, disse:

10 Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malicia, [13]
inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os rectos caminhos
do Senhor?

11 Eis-ahi, pois, [14] agora contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego,
sem vêr o sol por algum tempo. E no mesmo instante a escuridão e as
trevas cairam sobre elle, e, andando em redor, buscava a quem o guiasse
pela mão.

12 Então o proconsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da
doutrina do Senhor.


_O discurso de Paulo na synagoga de Antiochia da Pisidia: a opposição dos
judeos._

13 E, partindo de Paphos, Paulo e os que estavam com elle chegaram a
Perge, _cidade_ da Pamphylia. [15] Porém João, apartando-se d’elles,
voltou para Jerusalem.

14 E elles, saindo de Perge, chegaram a Antiochia, [16] da Pisidia, e,
entrando na synagoga, n’um dia de sabbado, assentaram-se;

15 E, depois [17] da lição da lei e dos prophetas, lhes mandaram dizer os
principaes da synagoga: Varões irmãos, [18] se vós tendes alguma palavra
de consolação para o povo, fallae.

16 E, levantando-se Paulo, [19] e pedindo silencio com a mão, disse:
Varões israelitas, e os [20] que temeis a Deus, ouvi:

17 O Deus d’este povo d’Israel escolheu a [21] nossos paes, e exaltou o
[22] povo, sendo elles estrangeiros na terra do Egypto; e [23] com braço
levantado os tirou d’ella;

18 E [24] supportou os seus costumes no deserto por espaço de quasi
quarenta annos.

19 E, [25] destruindo a sete nações na terra de Canaan, [26] lhes
repartiu por sorte a terra d’elles.

20 E, depois d’isto, [27] por quasi quatrocentos e cincoenta annos,
_lhes_ deu juizes, [28] até ao propheta Samuel.

21 E [29] depois pediram _um_ rei, e Deus lhes deu por quarenta annos, a
Saul filho de Kis, varão da tribu de Benjamin.

22 [30] E, tirado este, [31] lhes levantou como rei a David, ao qual
tambem deu testemunho, e disse: [32] Achei a David, _filho_ de Jessé,
[33] varão conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade.

23 Da [34] descendencia d’este, conforme [35] a promessa, levantou Deus a
Jesus [36] para Salvador d’Israel;

24 Tendo primeiramente [37] João, antes da vinda d’elle, prégado a todo o
povo d’Israel o baptismo do arrependimento.

25 Mas, como João cumprisse a _sua_ carreira, disse: [38] Quem pensaes
vós que eu sou? Eu não sou _o Christo_; mas eis que após mim vem aquelle
a quem não sou digno de desatar as alparcas dos pés.

26 Varões irmãos, filhos da geração d’Abrahão, e os que d’entre vós temem
a Deus, [39] a vós vos é enviada a palavra d’esta salvação.

27 Porque, [40] não conhecendo a este os que habitavam em Jerusalem, nem
os seus principes, condemnando-_o_, cumpriram assim as vozes dos [41]
prophetas que se lêem todos [42] os sabbados.

28 E, [43] não achando nenhuma causa de morte, [44] pediram a Pilatos que
fosse morto.

29 E, [45] havendo elles cumprido todas _as coisas_ que d’elle estavam
escriptas, tirando-_o_ [46] do madeiro, _o_ pozeram na sepultura;

30 Porém [47] Deus o resuscitou dos [48] mortos.

31 E elle por muitos dias foi visto pelos que subiram com elle [49] da
Galilea a Jerusalem, [50] e são suas testemunhas para com o povo.

32 E nós vos annunciamos [51] a promessa que foi feita aos paes, a qual
_já_ Deus nos cumpriu, a nós, seus filhos, resuscitando a Jesus:

33 Como tambem está escripto no psalmo segundo: Meu filho és [52] tu,
hoje te gerei.

34 E que o resuscitaria dos mortos, para nunca mais tornar á corrupção,
disse-_o_ assim: [53] [AID] As sanctas e fieis bençãos de David vos darei.

35 Pelo que tambem em outro _psalmo_ diz: [54] Não permittirás que o teu
sancto veja corrupção.

36 Porque, na verdade, tendo David no seu tempo servido conforme a
vontade de Deus, [55] dormiu, e foi posto junto de seus paes e viu a
corrupção,

37 Mas aquelle a quem Deus resuscitou nenhuma corrupção viu.

38 Seja-vos pois notorio, varões irmãos, [56] que por este se vos
annuncia a remissão dos peccados.

39 E de tudo o que, pela lei de Moysés não podestes ser justificados
n’este é [57] justificado todo aquelle que crê.

40 Vêde pois que não venha sobre vós o que está dito nos [58] prophetas:

41 Vêde, ó desprezadores, e espantae vos e desapparecei; porque opéro
_uma_ obra em vossos dias, obra que não crereis, se alguem vol-a contar.

42 E, saidos os judeos da synagoga, os gentios rogaram que no sabbado
seguinte se lhes fallassem as mesmas coisas.

43 E, despedida a synagoga, muitos dos judeos e dos proselytos religiosos
seguiram Paulo e Barnabé; os quaes, fallando-lhes, [59] os exhortavam a
que permanecessem [60] na graça de Deus.

44 E no sabbado seguinte ajuntou-se quasi toda a cidade a ouvir a palavra
de Deus.

45 Porém os judeos, vendo a multidão, encheram-se de inveja: e,
blasphemando, [61] contradiziam o que Paulo dizia.

46 Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: [62] Era mister que
a vós se vos fallasse primeiro a palavra de Deus; [63] mas, visto que
a rejeitaes, e vos não julgaes dignos da vida eterna, eis que [64] nós
voltamos para os gentios;

47 Porque o Senhor assim nol-o mandou, _dizendo_: [65] Eu te puz para luz
dos gentios, para que sejas para salvação até aos confins da terra.

48 E os gentios, ouvindo _isto_, alegraram-se, e glorificavam a palavra
do Senhor; [66] e creram todos quantos estavam ordenados para a vida
eterna.

49 E a palavra do Senhor se divulgava por toda aquella provincia.

50 Mas os judeos incitaram [67] a algumas mulheres religiosas e honestas,
e aos principaes da cidade, e levantaram perseguição contra Paulo e
Barnabé, e os lançaram fóra dos seus termos.

51 Sacudindo, [68] porém, contra elles o pó dos seus pés, partiram para
Iconio.

52 E os discipulos estavam [69] cheios d’alegria e do Espirito Sancto.

[1] cap. 11.27 e 14.20 e 15.35.

[2] cap. 11.22, 26.

[3] Rom. 16.21.

[4] Num. 8.14. cap. 9.15 e 22.21. Rom. 1.1. Gal. 1.15 e 2.9.

[5] Mat. 9.38. cap. 14.26. Rom. 10.15. Eph. 3.7, 8. I Tim. 2.7. II Tim.
1.11. Heb. 5.4.

[6] cap. 6.6.

[7] cap. 4.36.

[8] ver. 46.

[9] cap. 12.25 e 15.37.

[10] cap. 8.9.

[11] Exo. 7.11. II Tim. 3.8.

[12] cap. 4.8.

[13] Mat. 13.38. João 8.44. I João 3.8.

[14] Exo. 9.3. I Sam. 5.6.

[15] cap. 15.38.

[16] cap. 16.13 e 17.2 e 18.4.

[17] Luc. 4.16. ver. 27.

[18] Heb. 13.22.

[19] cap. 12.17.

[20] ver. 26, 42, 43. cap. 10.35.

[21] Deu. 7.6, 7.

[22] Exo. 1.1. Psa. 105.23, 24. cap. 7.17.

[23] Exo. 6.6 e 13.14, 16.

[24] Exo. 16.35. Num. 14.33, 34. cap. 7.36.

[25] Deu. 7.1.

[26] Jos. 14.1, 2. Psa. 78.55.

[27] Jui. 2.16.

[28] I Sam. 3.20.

[29] I Sam. 8.5 e 10.1.

[30] I Sam. 15.23, 26, 28 e 16.1. Ose. 13.11.

[31] I Sam. 16.13. II Sam. 2.4 e 5.3.

[32] Psa. 89.20.

[33] I Sam. 13.14. cap. 7.46.

[34] Isa. 11.1. Luc. 1.32, 69. cap. 2.30. Rom. 1.3.

[35] II Sam. 7.12. Psa. 132.11.

[36] Mat. 1.21. Rom. 11.26.

[37] Mat. 3.1. Luc. 3.3.

[38] Mat. 3.11. Mar. 1.7. Luc. 3.16. João 1.20, 27.

[39] Mat. 10.6. Luc. 24.47. cap. 3.26.

[40] Luc. 23.34. I Cor. 2.8.

[41] ver. 14, 15. cap. 15.11.

[42] Luc. 24.20, 44. cap. 26.22. Mat. 27.22.

[43] Mar. 15.13, 14. João 19.6, 15.

[44] cap. 3.13, 14.

[45] Luc. 18.31.

[46] Mat. 27.59. Mar. 15.46. João 19.38.

[47] Mat. 28.6. cap. 2.24.

[48] Mat. 28.16. cap. 1.3. I Cor. 15.5, 6, 7.

[49] cap. 1.11.

[50] cap. 1.8 e 2.32.

[51] Gen. 3.15 e 12.3 e 22.18. Rom. 4.13. Gal. 3.16.

[52] Psa. 2.7. Heb. 1.5 e 5.5.

[53] Isa. 55.3.

[54] Psa. 16.10. cap. 2.31.

[55] I Reis 2.10. cap. 2.29.

[56] Jer. 31.34. I João 2.12.

[57] Isa. 53.11. Rom. 3.28. Heb. 7.19.

[58] Isa. 29.14. Hab. 1.5.

[59] cap. 11.23 e 14.22.

[60] Tito 2.11. Heb. 12.15. I Ped. 5.12.

[61] cap. 18.6. I Ped. 4.4. Jud. 10.

[62] Mat. 10.6. cap. 3.26. ver. 26. Rom. 1.16.

[63] Exo. 32.10. Deu. 32.21. Isa. 55.5. Mat. 21.43. Rom. 10.19.

[64] cap. 18.6 e 28.28.

[65] Isa. 42.6 e 49.6.

[66] cap. 2.47.

[67] II Tim. 3.11.

[68] Mat. 10.14. Mar. 6.11. Luc. 9.5. cap. 18.6.

[69] Mat. 5.12. João 16.22. cap. 2.46.



_O evangelho é prégado em Iconio, Lystra, e Derbe; successo e
perseguição; a volta a Antiochia._

[Anno Domini 46]

14 E aconteceu que em Iconio entraram juntos na synagoga dos judeos, e
fallaram de tal modo, que creu uma grande multidão, não só de judeos mas
de gregos.

2 Porém os judeos incredulos incitaram e irritaram, contra os irmãos, os
animos dos gentios.

3 Detiveram-se pois muito tempo, fallando ousadamente no Senhor, [1] o
qual dava testemunho á palavra da sua graça, permittindo que por suas
mãos se fizessem signaes e prodigios.

4 E dividiu-se a multidão da cidade; e [2] uns eram pelos judeos, e
outros pelos apostolos.

5 E, havendo um motim, tanto dos judeos como dos gentios, com os seus
principaes, [3] para os insultarem e apedrejarem,

6 Entendendo-o elles, [4] acolheram-se a Lystra e Derbe, cidades de
Lycaonia, e á provincia circumvisinha;

7 E ali prégavam o Evangelho.

8 E estava assentado em [5] Lystra um _certo_ varão leso dos pés, côxo
desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado.

9 Este ouviu fallar Paulo, que, fixando n’elle os olhos, [6] e vendo que
tinha fé para ser curado,

10 Disse em voz [7] alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E elle
saltou e andou.

11 E as multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a sua voz,
dizendo em lingua lycaonica: [8] Fizeram-se os deuses similhantes aos
homens, e desceram até nós.

12 E chamavam Jupiter a Barnabé, e Mercurio a Paulo; porque este era o
que fallava.

13 E o sacerdote de Jupiter, que estava em frente da cidade, trazendo
para a entrada da porta toiros e grinaldas, [9] queria com a multidão
sacrificar-_lhes_.

14 Ouvindo, porém, _isto_ os apostolos Barnabé e Paulo, [10] rasgaram os
seus vestidos, e saltaram entre a multidão, clamando,

15 E dizendo: Varões, [11] porque fazeis essas _coisas_? [12] Nós tambem
somos homens como vós, sujeitos ás mesmas paixões, [13] e vos annunciamos
que vos convertaes d’essas vaidades ao [14] Deus vivo, [15] que fez o
céu, e a terra, e o mar, e tudo quanto ha n’elles;

16 O qual nos [16] tempos passados deixou andar todas as gentes em seus
caminhos.

17 Ainda [17] que, apezar d’isso, nunca se deixou a si mesmo sem
testemunho, beneficiando lá do céu, [18] dando-nos chuvas e tempos
fructiferos, enchendo de mantimento e de alegria os nossos corações.

18 E, dizendo [19] isto, com difficuldade impediram que as multidões [20]
lhes sacrificassem.

19 Sobrevieram, porém, _alguns_ judeos de Antiochia e de Iconio, e,
persuadindo a multidão, apedrejaram a Paulo, e o arrastaram para fóra da
cidade, cuidando que estava morto.

20 Mas, rodeando-o os discipulos, levantou-se, [21] e entrou na cidade, e
no dia seguinte saiu com Barnabé para Derbe.

21 E, tendo annunciado o evangelho áquella cidade, e feito muitos
discipulos, voltaram para Lystra, e Iconio, e Antiochia,

22 Confirmando os animos dos discipulos, [22] exhortando-os a permanecer
na fé, e [23] _dizendo_ que por muitas tribulações nos importa entrar no
reino de Deus.

23 E, havendo-lhes, [24] por commum consentimento, eleito anciãos em cada
egreja, orando com jejuns, os encommendaram ao Senhor em quem haviam
crido.

24 Passando depois por Pisidia, dirigiram-se a Pamphylia.

25 E, tendo annunciado a palavra em Perge, desceram a Attalia.

26 E d’ali navegaram para Antiochia, [25] d’onde tinham sido [26]
encommendados á graça de Deus para a obra que já haviam cumprido.

27 E, quando chegaram e reuniram a egreja, [27] relataram quão grandes
coisas Deus fizera por elles, e [28] como abrira aos gentios a porta da
fé.

28 E ficaram ali não pouco tempo com os discipulos.

[1] Mar. 16.20. Heb. 2.4.

[2] cap. 13.3.

[3] II Tim. 3.11.

[4] Mat. 10.23.

[5] cap. 3.2.

[6] Mat. 8.10 e 9.28, 29.

[7] Isa. 35.6.

[8] cap. 8.10 e 28.6.

[9] Dan. 2.46.

[10] Mat. 26.65.

[11] cap. 10.26.

[12] Thi. 5.17.

[13] I Sam. 12.21. I Cor. 8.4.

[14] Jos. 3.10.

[15] Gen. 1.1. Apo. 14.7.

[16] Psa. 81.13. I Ped. 4.3.

[17] cap. 17.27. Rom. 1.20.

[18] Lev. 26.4. Deu. 11.14 e 28.12. Job 5.12. Psa. 65.10 e 68.9, 10 e
147.8. Jer. 14.22. Mat. 5.45.

[19] cap. 13.45.

[20] II Cor. 11.25. II Tim. 3.11.

[21] Mat. 28.19.

[22] cap. 11.23 e 13.43.

[23] Mat. 10.38 e 16.24. Luc. 22.28, 29. Rom. 8.17. II Tim. 2.11, 12 e
3.12.

[24] Tito 1.5.

[25] cap. 13.1, 3.

[26] cap. 15.40.

[27] cap. 15.4, 12 e 21.19.

[28] I Cor. 16.9. II Cor. 2.12. Col. 4.3. Apo. 3.8.



_A questão ácerca do rito mosaico; a assembléa de Jerusalem, e sua
decisão._

[Anno Domini 52]

15 Então [1] alguns que tinham descido da Judea ensinavam os irmãos,
_dizendo_: Se vos [2] não circumcidardes, conforme o uso de Moysés, não
podeis salvar-vos.

2 Feita pois por Paulo e Barnabé não pequena dissensão e contenda contra
elles, resolveu-se que Paulo [3] e Barnabé, e alguns d’entre elles,
subissem a Jerusalem, aos apostolos e aos anciãos, sobre aquella questão.

3 De sorte [4] que elles, acompanhados pela egreja, passavam pela
Phenicia e por Samaria, [5] contando a conversão dos gentios; e davam
grande alegria a todos os irmãos.

4 E, vindos a Jerusalem, foram recebidos pela egreja e pelos apostolos e
anciãos, [6] e lhes annunciavam quão grandes coisas Deus tinha feito com
elles.

5 Porém alguns da seita dos phariseos, que tinham crido, se levantaram,
dizendo [7] que era mister circumcidal-os e mandar-_lhes_ que guardassem
a lei de Moysés.

6 Congregaram-se pois os apostolos e os anciãos para examinar este
negocio.

7 E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: [8] Varões
irmãos, bem sabeis que já ha muito tempo Deus _me_ elegeu d’entre nós,
para que os gentios ouvissem da minha bocca a palavra do evangelho, e
cressem.

8 E Deus, [9] que conhece os corações, deu testemunho d’elles, [10]
dando-lhes o Espirito Sancto, assim como tambem a nós;

9 E [11] não fez differença alguma entre elles e nós, [12] purificando os
seus corações pela fé.

10 Agora, pois, porque tentaes a Deus, pondo sobre a cerviz dos
discipulos um [13] jugo que nem nossos paes nem nós podémos supportar?

11 Antes [14] crêmos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus
Christo, como elles tambem.

12 Então toda a multidão se calou, e escutava a Barnabé e a Paulo, [15]
que contavam quão grandes signaes e prodigios Deus havia [16] feito por
meio d’elles entre os gentios.

13 E, havendo-se elles calado, [17] tomou Thiago a palavra, dizendo:
Varões irmãos, ouvi-me:

14 Simão [18] relatou como Deus primeiramente visitou os gentios, para
tomar _d’elles_ um povo para o seu nome.

15 E com isto concordam as palavras dos prophetas; como está escripto:

16 Depois [19] d’isto voltarei, e reedificarei o tabernaculo de David,
que está caido, e reedificarei as suas ruinas, e tornarei a levantal-o.

17 Para que o resto dos homens busque ao Senhor, e todos os gentios,
sobre os quaes o meu nome é invocado, diz o Senhor, que faz todas estas
_coisas_.

18 São notorias a Deus desde toda a eternidade as suas obras.

19 Pelo que [20] julgo que não se deve perturbar aquelles, d’entre os
gentios, que se [21] convertem a Deus,

20 Mas escrever-lhes que se abstenham [22] das contaminações dos idolos,
e _da_ fornicação, [23] e das _carnes_ suffocadas e [24] _do_ sangue.

21 Porque Moysés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem [25] o
prégue, e cada sabbado é lido nas synagogas.

22 Então pareceu bem aos apostolos e aos anciãos, com toda a egreja,
eleger d’elles _alguns_ varões, e envial-os com Paulo e Barnabé a
Antiochia, _a saber_: Judas, chamado Barsabbás, e [26] Silas, varões
distinctos entre os irmãos.

23 E por elles escreveram o seguinte: Os apostolos, e os anciãos e os
irmãos, aos irmãos d’entre os gentios que estão em Antiochia, e Syria e
Cilicia, saude.

24 Porquanto ouvimos que [27] alguns que sairam d’entre nós vos
perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, dizendo que
_devieis_ circumcidar-vos e guardar a lei, aos quaes nada mandámos:

25 Pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger _alguns_ varões, e
envial-os com os nossos amados Barnabé e Paulo,

26 Homens [28] que _já_ expozeram as suas vidas pelo nome de nosso Senhor
Jesus Christo.

27 Enviamos pois Judas e Silas, os quaes de bocca vos annunciarão tambem
o mesmo.

28 Porque pareceu bem ao Espirito Sancto, e a nós, não vos impôr mais
encargo algum, senão estas _coisas_ necessarias:

29 Que [29] vos abstenhaes das coisas sacrificadas aos idolos, [30] e do
sangue, e da _carne_ suffocada, e da fornicação: das quaes coisas fazeis
bem se vos guardardes. Bem vos vá.

30 Tendo-se elles pois despedido, partiram para Antiochia, e, ajuntando a
multidão, entregaram a carta.

31 E, lendo-_a_, alegraram-se, pela consolação a _que lhes causava_.

32 Depois Judas e Silas, que tambem eram [31] prophetas, exhortaram e
confirmaram os irmãos com muitas palavras.

33 E, detendo-se ali algum tempo, os [32] irmãos os deixaram voltar em
paz para os apostolos;

34 Mas pareceu bem a Silas ficar ali.


_Separação entre Paulo e Barnabé._

35 E Paulo [33] e Barnabé ficaram em Antiochia, ensinando e prégando, com
muitos outros, a palavra do Senhor.

36 E alguns dias depois disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar nossos
irmãos [34] por cada cidade em que já annunciámos a palavra do Senhor, _a
vêr_ como estão.

37 E Barnabé aconselhava que tomassem comsigo a João, chamado Marcos.

38 Mas a Paulo parecia razoavel que não tomassem comsigo [35] aquelle que
desde Pamphylia [36] se tinha apartado d’elles, e não tinha ido com elles
áquella obra.

39 E tal contenda houve entre elles, que se apartaram um do outro.
Barnabé, levando comsigo a Marcos, navegou para Chypre.


_Paulo emprehende uma segunda viagem missionaria na companhia de Silas e
Timotheo._

40 E Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu, [37] encommendado pelos
irmãos á graça de Deus.

41 E foi passando por Syria e Cilicia, confirmando [38] as egrejas.

[1] Gal. 2.12.

[2] João 7.32. ver. 5. Gal. 5.2. Phi. 3.2. Col. 2.11. Lev. 12.3.

[3] Gal. 2.1.

[4] Rom. 15.24. I Cor. 16.6, 11.

[5] cap. 14.27.

[6] ver. 12. cap. 14.27 e 21.19.

[7] ver. 1.

[8] cap. 10.20 e 11.12.

[9] I Chr. 28.9. cap. 1.24.

[10] cap. 10.44.

[11] Rom. 10.11.

[12] cap. 10.15, 28, 43. I Cor. 1.2. I Ped. 1.22.

[13] Mat. 23.4. Gal. 5.1.

[14] Rom. 3.24. Eph. 2.8. Tito 2.11 e 3.4, 5.

[15] cap. 21.19.

[16] cap. 14.27.

[17] cap. 12.17.

[18] ver. 7.

[19] Amós 9.11, 12.

[20] ver. 28.

[21] I The. 1.9.

[22] Gen. 35.2. Exo. 20.3, 23.

[23] I Cor. 6.9, 18. Gal. 5.19. Eph. 5.3. Col. 3.5. I Ped. 4.3.

[24] Gen. 9.4. Lev. 3.17.

[25] cap. 13.15, 27.

[26] cap. 1.23.

[27] ver. 1. Gal. 2.4 e 5.12. Tito 1.10, 11.

[28] cap. 13.50 e 14.19. I Cor. 15.30. II Cor. 11.23, 26.

[29] ver. 20. cap. 21.25. Apo. 2.14, 20.

[30] Lev. 17.14.

[31] cap. 14.22 e 18.23.

[32] I Cor. 16.11. Heb. 11.31.

[33] cap. 13.1.

[34] cap. 13.4, 13, 14, 51 e 14.1, 6, 24, 25.

[35] cap. 12.12, 25 e 13.5. Col. 4.10. II Tim. 4.11. Phi. 24.

[36] cap. 13.13.

[37] cap. 14.26.

[38] cap. 16.5.



16 E chegou a [1] Derbe e Lystra. E eis que estava ali _um_ certo
discipulo por nome [2] Timotheo, [3] filho de uma mulher judia fiel, mas
de pae grego:

[Anno Domini 53]

2 Do qual [4] davam _bom_ testemunho os irmãos que estavam em Lystra e em
Iconio.

3 Paulo quiz que este fosse com elle: e [5] tomando-o, o circumcidou, por
causa dos judeos que estavam n’aquelles logares; porque todos sabiam que
seu pae era grego.

4 E, quando iam passando pelas cidades, lhes entregavam, para serem
observados, os decretos [6] que haviam sido estabelecidos pelos apostolos
e anciãos em Jerusalem.

5 De sorte [7] que as egrejas eram confirmadas na fé, e cada dia se
augmentavam em numero.

6 E, passando pela Phrygia e pela provincia da Galacia, foram impedidos
pelo Espirito Sancto de annunciar a palavra na Asia.

7 E, quando chegaram a Mysia, intentavam ir para Bithynia, porém o
Espirito não lh’o permittiu.

8 E, passando por Mysia, [8] desceram a Troas.


_A visão em Troas. Paulo passa á Macedonia e préga em Philippos. Lydia, a
pythonissa. O carcereiro de Philippos._

9 E Paulo viu de noite uma visão, em que se apresentou [9] um varão da
Macedonia, e lhe rogou, dizendo: Passa á Macedonia, e ajuda-nos.

10 E, logo que viu a visão, procurámos partir [10] para a Macedonia,
concluindo que o Senhor nos chamava para lhes annunciarmos o evangelho.

11 E, navegando de Troas, fomos correndo caminho direito para
Samothracia, e no _dia_ seguinte para Napoles;

12 E d’ali para [11] Philippos, que é a primeira cidade d’esta parte da
Macedonia, e _é_ uma colonia; e estivemos alguns dias n’aquella cidade.

13 E no dia de sabbado saimos fóra da cidade para o rio, onde se
costumava fazer oração; e, assentando-nos, fallámos ás mulheres que _ali_
se ajuntaram.

14 E uma certa mulher, chamada Lydia, vendedora de purpura, da cidade de
Thyatira, e que servia a Deus, _nos_ ouvia, [12] e o Senhor lhe abriu o
coração para que estivesse attenta ao que Paulo dizia.

15 E, depois que foi baptizada, _ella_ e a sua casa, _nos_ rogou,
dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrae em minha
casa, e ficae [13] _ali_. E nos constrangeu a isso.

16 E aconteceu que, indo nós á oração, nos saiu ao encontro uma moça [14]
que tinha espirito de adivinhação, [15] a qual, adivinhando, dava grande
lucro aos seus senhores.

17 Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que
nos annunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altissimo.

18 E ella fazia isto por muitos dias. Porém, [16] descontentando isto a
Paulo, voltou-se, e disse ao espirito: Em nome de Jesus Christo, te mando
que saias d’ella. [17] E na mesma hora saiu.

19 E, [18] vendo seus senhores que a esperança do seu lucro estava
perdida, pegaram [19] de Paulo e Silas, e _os_ levaram á praça, á
presença dos magistrados.

20 E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, [20] sendo
judeos, perturbaram a nossa cidade,

21 E prégam ritos que nos não é licito receber nem praticar, visto que
somos romanos.

22 E a multidão se levantou juntamente contra elles, [21] e os
magistrados, rasgando-lhes os vestidos, mandaram açoital-_os_ com varas,

23 E, havendo-lhes dado muitos açoites, _os_ lançaram na prisão, mandando
ao carcereiro que os guardasse com segurança.

24 O qual, tendo recebido tal ordem, os lançou no carcere mais interior,
e lhes segurou os pés no tronco.

25 E, perto da meia noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hymnos a Deus,
e os _outros_ presos os escutavam.

26 E [22] de repente sobreveiu um tão grande terremoto, que os alicerces
do carcere se moveram, e logo [23] se abriram todas as portas e se
soltaram as prisões de todos.

27 E, acordando o carcereiro, e vendo abertas as portas da prisão,
tirando da espada, quiz matar-se, cuidando que os presos _já_ tinham
fugido.

28 Porém Paulo clamou com grande voz, dizendo: Não te faças nenhum mal,
que todos aqui estamos.

29 E, pedindo luz, saltou dentro, e, todo tremendo, se prostrou _aos pés_
de Paulo e Silas.

30 E, tirando-os para fóra, disse: Senhores, [24] que me é necessario
fazer para me salvar?

31 E elles disseram: [25] Crê no Senhor Jesus Christo, e serás salvo, tu
e a tua casa.

32 E lhe fallavam a palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua
casa.

33 E, tomando-os elle comsigo n’aquella mesma hora da noite, lavou-lhes
os açoites; e logo foi baptizado, elle e todos os seus.

34 E, levando-os a sua casa, [26] _lhes_ poz a mesa; e, crendo em Deus,
alegrou-se com toda a sua casa.

35 E, sendo já dia, os magistrados mandaram quadrilheiros, dizendo:
Soltae aquelles homens.

36 E o carcereiro annunciou a Paulo estas palavras, dizendo: Os
magistrados mandaram que vos soltasse; agora pois sahi, e ide em paz.

37 Porém Paulo disse-lhes: Açoitaram-nos publicamente e, sem ser
sentenciados, [27] sendo homens romanos, nos lançaram na prisão, e agora
encobertamente nos lançam fóra? Não _será_ assim; mas venham elles mesmos
e tirem-nos para fóra.

38 E os quadrilheiros foram dizer aos magistrados estas palavras; e
_elles_ temeram, ouvindo que eram romanos.

39 E, vindo, [28] lhes rogaram; e, tirando-os para fóra, lhes pediram que
saissem da cidade.

40 E, saindo da prisão, [29] entraram em _casa_ de Lydia, e, vendo os
irmãos, os confortaram, e _depois_ partiram.

[1] cap. 14.6.

[2] cap. 19.22. Rom. 16.21. I Cor. 4.17. Phi. 2.19. I The. 3.2. I Tim.
1.2. II Tim. 1.2.

[3] II Tim. 1.5.

[4] cap. 6.3.

[5] I Cor. 9.20. Gal. 2.3 e 5.2.

[6] cap. 15.28, 29.

[7] cap. 15.41.

[8] II Cor. 2.12. II Tim. 4.13.

[9] cap. 10.30.

[10] II Cor. 2.13.

[11] Phi. 1.1.

[12] Luc. 24.45.

[13] Gen. 19.3 e 33.11. Jui. 19.21. Luc. 24.29. Heb. 13.2.

[14] I Sam. 28.7.

[15] cap. 19.24.

[16] Mar. 1.25, 34.

[17] Mar. 16.17.

[18] cap. 19.25, 26.

[19] II Cor. 6.5. Mat. 10.18.

[20] I Reis 18.17. cap. 17.6.

[21] II Cor. 6.5 e 11.23, 25. I The. 2.2.

[22] cap. 4.31.

[23] cap. 5.19 e 12.7, 10.

[24] Luc. 3.10. cap. 2.37 e 9.6.

[25] João 3.16, 36 e 6.47. I João 5.10.

[26] Luc. 5.29 e 19.6.

[27] cap. 22.25.

[28] Mat. 8.34.

[29] ver. 14.



_Paulo em Thessalonica e em Berea._

[Anno Domini 54]

17 E, passando por Amphipolis e Apollonia, chegaram a Thessalonica, onde
havia uma synagoga de judeos.

2 E Paulo, [1] como tinha por costume, foi ter com elles; e por tres
sabbados disputou com elles sobre as Escripturas,

3 Declarando-_as_, [2] e demonstrando que convinha que o Christo
padecesse e resuscitasse dos mortos. E este Jesus, que vos annuncio,
_dizia elle_, é o Christo.

4 E [3] alguns d’elles crêram, e ajuntaram-se com Paulo e [4] Silas uma
grande multidão de gregos religiosos, e não poucas mulheres principaes.

5 Porém os judeos desobedientes, movidos d’inveja, tomaram comsigo alguns
homens malignos, d’entre os vadios, e, ajuntando o povo, alvoroçaram a
cidade, e, accommettendo a casa de Jason, [5] procuravam tiral-os para
junto do povo.

6 E, não os achando, trouxeram _com violencia_ a Jason, e alguns irmãos,
aos magistrados da cidade, [6] clamando: Estes que teem alvoroçado o
mundo, chegaram tambem aqui;

7 Os quaes Jason tem recolhido; e todos estes obram contra os mandados de
Cesar, [7] dizendo que ha outro rei, _a saber_, Jesus.

8 E alvoroçaram a multidão e os principaes da cidade, que ouviram estas
_coisas_.

9 Tendo, porém, recebido satisfação de Jason, e dos demais, os soltaram.

10 E logo [8] os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Berea: os
quaes, chegando _lá_, foram á synagoga dos judeos.

11 E estes foram mais nobres do que os que estavam em Thessalonica,
porque de bom grado receberam a palavra, [9] examinando cada dia nas
Escripturas se estas _coisas_ eram assim.

12 De sorte que crêram muitos d’elles, e mulheres gregas honestas, e não
poucos varões.

13 Mas, logo que os judeos de Thessalonica souberam que a palavra de Deus
tambem era annunciada por Paulo em Berea, foram tambem lá, e commoveram
as multidões.

14 Porém [10] no mesmo instante os irmãos mandaram a Paulo que fosse como
para o mar, mas Silas e Timotheo ficaram ali.


_Paulo em Athenas; o seu discurso no Areopago._

15 E os que acompanhavam Paulo o levaram até Athenas, [11] e, recebendo
ordem para que Silas e Timotheo fossem ter com elle o mais depressa
possivel, partiram.

16 E, emquanto Paulo os esperava em Athenas, [12] o seu espirito se
commovia em si mesmo, vendo a cidade tão dada á idolatria.

17 De sorte que disputava na synagoga com os judeos e religiosos, e todos
os dias na praça com os que se apresentavam.

18 E alguns dos philosophos epicureos e estoicos contendiam com elle;
e uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece que
é prégador de deuses estranhos. Porque lhes annunciava a Jesus e a
resurreição.

19 E, tomando-o, o levaram ao Areopago, dizendo: Poderemos nós saber que
nova doutrina é essa de que fallas?

20 Pois _coisas_ estranhas nos trazes aos ouvidos: queremos pois saber o
que vem a ser isto.

21 (Pois todos os athenienses e hospedes estrangeiros de nenhuma outra
coisa se occupavam, senão de dizer e ouvir alguma _coisa_ nova).

22 E, estando Paulo no meio do Areopago, disse: Varões athenienses, em
tudo vos vejo um tanto supersticiosos:

23 Porque, passando eu e vendo os vossos sanctuarios, achei tambem um
altar em que estava escripto: AO DEUS DESCONHECIDO. Aquelle pois que vós
honraes, não o conhecendo, vos annuncio.

24 O Deus [13] que fez o mundo e todas as _coisas_ que n’elle ha: este,
sendo Senhor [14] do céu e da terra, [15] não habita em templos feitos
por mãos _de homens_;

25 Nem tão pouco é servido por mãos de homens, [16] _como_ que
necessitando de alguma coisa; pois _é_ [17] elle só quem dá a todos a
vida, e a respiração, e todas as coisas;

26 E de um sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda
a face da terra, determinando os tempos [18] _já_ d’antes ordenados, e os
limites da sua habitação;

27 Para [19] que buscassem ao Senhor, se porventura o podessem apalpar e
achar; ainda [20] que não está longe de cada um de nós;

28 Porque [21] n’elle vivemos, e nos movemos, e existimos; [22] como
tambem alguns dos vossos poetas disseram: Porque somos tambem sua geração.

29 Sendo pois geração de Deus, [23] não havemos de cuidar que a divindade
seja similhante ao oiro, ou á prata, ou á pedra esculpida por artificio e
imaginação dos homens.

30 De sorte que Deus, [24] [AIE] dissimulando os tempos da ignorancia,
[25] annuncia agora a todos os homens, e em todo o logar, que se
arrependam;

31 Porquanto tem determinado um dia [26] em que com justiça ha-de julgar
o mundo com justiça por _aquelle_ varão que destinou; dando certeza a
todos, [27] resuscitando-o dos mortos.

32 E, como ouviram da resurreição dos mortos, uns escarneciam, e outros
diziam: Ácerca d’isso te ouviremos outra vez.

33 E assim Paulo saiu do meio d’elles.

34 Porém, chegando alguns varões a elle, creram: entre os quaes _foram_
Dionysio, areopagita, e uma mulher por nome Damaris, e com elles outros.

[1] Luc. 4.16. cap. 9.20 e 13.5, 14 e 14.1 e 16.13 e 19.8.

[2] Luc. 24.26, 46. cap. 18.28. Gal. 3.1.

[3] cap. 28.24.

[4] cap. 15.22, 27, 32, 40.

[5] Rom. 16.21.

[6] cap. 16.20.

[7] Luc. 23.2. João 19.12. I Ped. 2.13.

[8] cap. 9.25. ver. 14.

[9] Isa. 34.16. Luc. 16.29. João 5.39.

[10] Mat. 10.26.

[11] cap. 18.5.

[12] I Ped. 2.8.

[13] cap. 14.15.

[14] Mat. 11.25.

[15] cap. 7.48.

[16] Psa. 50.8.

[17] Gen. 2.7. Num. 16.22. Job 12.10 e 27.3 e 33.4. Isa. 42.5 e 57.16.
Zac. 12.1.

[18] Deu. 32.8.

[19] Rom. 1.20.

[20] cap. 14.17.

[21] Col. 1.17. Heb. 1.3.

[22] Tito 1.12.

[23] Isa. 40.18.

[24] cap. 14.16. Rom. 3.25.

[25] Luc. 24.47. Tito 2.11, 12. I Ped. 1.14 e 4.3.

[26] cap. 10.42. Rom. 2.16 e 14.10.

[27] cap. 2.24.



_Paulo em Corintho; em Epheso; volta para Jerusalem._

[Anno Domini 55]

18 E depois d’isto partiu Paulo de Athenas, e chegou a Corintho.

2 E, achando um _certo_ judeo por nome [1] Aquila, natural do Ponto, que
havia pouco que tinha vindo da Italia, e Priscilla, sua mulher (porquanto
Claudio tinha mandado que todos os judeos saissem de Roma), se ajuntou
com elles,

3 E, porque era do mesmo officio, ficou com elles, [2] e trabalhava; pois
tinham por officio fazer tendas.

4 E cada sabbado [3] disputava na synagoga, e persuadia a judeos e gregos.

5 E, [4] quando Silas e Timotheo desceram da Macedonia, foi [5] Paulo
constrangido pelo Espirito, testificando aos judeos _que_ Jesus _era_ o
Christo.

6 Porém, [6] resistindo e [7] blasphemando elles, sacudiu os vestidos,
e disse-lhes: O [8] vosso sangue _seja_ sobre a vossa cabeça; [9] eu
_estou_ limpo, e desde agora parto para os gentios.

7 E, partindo d’ali, entrou em casa de um, por nome Justo, que servia a
Deus, cuja casa estava junto da synagoga.

8 E [10] Crispo, principal da synagoga, creu no Senhor com toda a sua
casa; e muitos dos corinthios, ouvindo-_o_, crêram e foram baptizados.

9 E disse [11] o Senhor em visão a Paulo: Não temas, mas falla, e não te
cales;

10 Porque [12] eu estou comtigo, e ninguem lançará mão de ti para te
fazer mal, porque tenho muito povo n’esta cidade.

11 E ficou _ali_ um anno e seis mezes, ensinando entre elles a palavra de
Deus.

12 Porém, sendo Gallio proconsul da Achaia, levantaram-se os judeos
concordemente contra Paulo, e o levaram ao tribunal,

13 Dizendo: Este persuade os homens a servir a Deus contra a lei.

14 E, querendo Paulo abrir a bocca, disse Gallio aos judeos: [13]
Se houvesse, ó judeos, algum aggravo ou crime enorme, com razão vos
soffreria,

15 Mas, se a questão é de palavras, e de nomes, e da lei que entre vós
ha, vêde-o vós mesmos: porque eu não quero ser juiz d’essas _coisas_.

16 E lançou-os do tribunal.

17 Porém, tomando todos os gregos a [14] Sosthenes, principal da
synagoga, o feriram diante do tribunal; e a Gallio nada d’estas coisas se
lhe davam.

18 E Paulo, ficando ainda _ali_ muitos dias, despediu-se dos irmãos e
d’ali navegou para a Syria, e com elle Priscilla e Aquila, tendo [15]
tosquiado a cabeça em Cenchrea, [16] porque tinha voto.

19 E chegou a Epheso, e deixou-os ali; porém elle, entrando na synagoga,
disputava com os judeos.

20 E, rogando-_lhe_ elles que ficasse com elles por mais algum tempo, não
conveiu n’isso.

21 Antes se despediu d’elles, dizendo: É-me necessario em todo o caso
guardar em Jerusalem a festa que se approxima; [17] mas, querendo Deus,
outra vez voltarei para vós. E partiu de Epheso.

22 E, chegando a Cesarea, subiu _a Jerusalem_, e, saudando a egreja,
desceu a Antiochia.

23 E, estando _ali_ algum tempo, partiu, passando successivamente
pela provincia da [18] Galacia e Phrygia, confirmando [19] a todos os
discipulos.


_Apollo em Epheso e em Corintho._

24 E chegou [20] a Epheso _um_ certo judeo chamado Apollo, natural
d’Alexandria, varão eloquente e poderoso nas Escripturas.

25 Este era instruido no caminho do Senhor, [21] e, fervoroso de
espirito, fallava e ensinava diligentemente as _coisas_ do Senhor, [22]
conhecendo sómente o baptismo de João.

26 E este começou a fallar ousadamente na synagoga; e, ouvindo-o
Priscilla e Aquila, o levaram comsigo, e lhe declararam mais pontualmente
o caminho de Deus.

27 E, querendo elle passar á Achaia, exhortando-_o_ os irmãos, escreveram
aos discipulos que o recebessem; o qual, tendo chegado, [23] aproveitou
muito aos que pela graça criam.

28 Porque com grande vehemencia convencia publicamente os judeos,
mostrando pelas Escripturas [24] que Jesus era o Christo.

[1] Rom. 16.3. I Cor. 16.19. II Tim. 4.19.

[2] cap. 20.34. I Cor. 4.12. I The. 2.9. II The. 3.8.

[3] cap. 17.2.

[4] cap. 17.14, 15.

[5] Job 32.18. cap. 17.3. ver. 28.

[6] cap. 13.45. I Ped. 4.4.

[7] Neh. 5.13. Mat. 10.14. cap. 13.51.

[8] Lev. 20.9, 11, 12. II Sam. 1.16. Eze. 18.13 e 33.4.

[9] Eze. 3.18, 19 e 33.9. cap. 20.26 e 13.46 e 28.28.

[10] I Cor. 1.14.

[11] cap. 23.11.

[12] Jer. 1.18, 19. Mat. 28.20.

[13] cap. 23.29 e 25.11, 19.

[14] I Cor. 1.1.

[15] Num. 6.18. cap. 21.24.

[16] Rom. 16.1.

[17] I Cor. 4.19. Heb. 6.3. Thi. 4.15.

[18] Gal. 1.2 e 4.14.

[19] cap. 14.22 e 15.32, 41.

[20] I Cor. 1.12 e 3.5, 6 e 4.6. Tito 3.13.

[21] Rom. 12.11.

[22] cap. 19.3.

[23] I Cor. 3.6.

[24] cap. 9.22 e 17.3. ver. 5.



_Terceira viagem missionaria de Paulo. Prega o evangelho em Epheso.
Tumulto excitado por Demetrio._

[Anno Domini 56]

19 E succedeu que, emquanto Apollo estava [1] em Corintho, Paulo, tendo
passado por todas as _regiões_ superiores, chegou a Epheso; e, achando
ali alguns discipulos,

2 Disse-lhes: Recebestes vós _já_ o Espirito Sancto quando crêstes? E
elles disseram-lhe: [2] Antes nem ainda ouvimos que haja Espirito Sancto.

3 Disse-lhes então: Em que sois baptizados então? E elles disseram: [3]
No baptismo de João.

4 Porém Paulo disse: [4] Certamente João baptizou com o baptismo do
arrependimento, dizendo ao povo que crêsse no que após elle havia de vir,
isto é, em Jesus Christo.

5 E os que ouviram foram baptizados [5] em nome do Senhor Jesus.

6 E, impondo-lhes Paulo [6] as mãos, veiu sobre elles o Espirito Sancto;
[7] e fallavam _diversas_ linguas, e prophetizavam.

7 E estes eram, ao todo, quasi doze varões.

8 E, [8] entrando na synagoga, fallou ousadamente por espaço de tres
mezes, disputando e persuadindo [9] ácerca do reino de Deus.

9 Mas, endurecendo-se [10] alguns, e não obedecendo, [11] e fallando mal
do caminho _do Senhor_ perante a multidão, retirou-se d’elles, e separou
os discipulos, disputando todos os dias na escola de um _certo_ Tyranno.

10 E durou [12] isto por espaço de dois annos; de tal maneira que todos
os que habitavam na Asia, ouviram a palavra do Senhor Jesus, assim judeos
como gregos.

11 E Deus [13] pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinarias.

12 De tal [14] maneira que até os lenços e aventaes do seu corpo se
levavam aos enfermos, e as enfermidades fugiam d’elles, e os espiritos
malignos sahiam.

13 E [15] alguns dos exorcistas [16] judeos vagabundos tentavam invocar
o nome do Senhor Jesus sobre os que tinham espiritos malignos, dizendo:
Esconjuramos-vos por Jesus a quem Paulo préga.

14 E os que faziam isto eram sete filhos de Sceva, judeo, principal dos
sacerdotes.

15 Respondendo, porém, o espirito maligno, disse: Conheço a Jesus, e bem
sei _quem é_ Paulo; porém vós quem sois?

16 E, saltando n’elles o homem em que estava o espirito maligno, e
assenhoreando-se d’elles, poude mais do que elles; de tal maneira que,
nús e feridos, fugiram d’aquella casa.

17 E foi isto notorio a todos os que habitavam em Epheso, [17] tanto
judeos como gregos; e caiu temor sobre todos elles, e o nome do Senhor
Jesus era engrandecido.

18 E muitos dos que criam vinham, confessando [18] e publicando os seus
feitos.

19 Tambem muitos dos que seguiam _artes_ curiosas trouxeram os seus
livros, e os queimaram na presença de todos, e, feita a conta do seu
preço, acharam que _montava_ a cincoenta mil _peças_ de prata.

[Anno Domini 59]

20 Assim [19] a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia.

21 E, [20] cumpridas estas _coisas_, Paulo [21] propoz-se, em espirito,
ir a Jerusalem, passando pela Macedonia e pela Achaia, dizendo: Depois
que houver estado ali, [22] importa-me vêr tambem Roma.

22 E, enviando á Macedonia dois d’aquelles que o [23] serviam, Timotheo
[24] e Erasto, ficou elle por algum tempo na Asia.

23 Porém, [25] n’aquelle mesmo tempo, houve um não pequeno alvoroço
ácerca do caminho _do Senhor_.

24 Porque um certo ourives da prata, por nome Demetrio, que fazia de
prata nichos de Diana, [26] dava não pouco lucro aos artifices,

25 Aos quaes, havendo-os ajuntado com os officiaes de obras similhantes,
disse: Varões, vós bem sabeis que d’este officio temos a nossa
prosperidade:

26 E bem vêdes e ouvis que não só em Epheso, mas até quasi em toda a
Asia, este Paulo tem persuadido e afastado uma grande multidão, [27]
dizendo que não são deuses os que se fazem com as mãos.

27 E não sómente ha o perigo de que isto venha a servir-nos de desprezo,
mas tambem de que o proprio templo da grande deusa Diana seja estimado em
nada, e de que a sua magestade, a qual toda a Asia e o mundo _inteiro_
veneram, venha a ser destruida.

28 E, ouvindo-o, encheram-se de ira, e clamaram, dizendo: Grande _é_ a
Diana dos ephesios.

29 E encheu-se de confusão toda a cidade; e unanimes arremetteram ao
theatro, arrebatando comsigo [28] a Gaio e [29] a Aristarcho, macedonios,
companheiros de Paulo na viagem.

30 E, querendo Paulo apresentar-se ao povo, não lh’o permittiram os
discipulos.

31 E tambem alguns dos principaes da Asia, que eram seus amigos, lhe
enviaram, rogando que não se apresentasse no theatro.

32 _Uns_ pois clamavam de uma maneira, outros d’outra, porque o
ajuntamento era confuso; e os mais d’elles não sabiam por que causa se
tinham ajuntado.

[Anno Domini 60]

33 Então tiraram Alexandre d’entre a multidão, impellindo-o os judeos
para diante; e Alexandre, [30] acenando com a mão, queria dar razão
d’isto ao povo.

34 Porém, conhecendo que era judeo, todos unanimemente levantaram a voz,
clamando por espaço de quasi duas horas: Grande _é_ a Diana dos ephesios.

35 Então o escrivão _da cidade_, tendo apaziguado a multidão, disse:
Varões ephesios, qual é o homem que não sabe que a cidade dos ephesios é
a guardadora do templo da grande deusa Diana, e da _imagem_ que desceu de
Jupiter?

36 De sorte que, não podendo isto ser contradito, convém que vos
applaqueis, e nada façaes temerariamente;

37 Porque estes homens que _aqui_ trouxestes nem são sacrilegos nem
blasphemam da vossa deusa:

38 Porém, se Demetrio e os artifices que estão com elle teem alguma coisa
contra alguem, dão-se audiencias e ha proconsules: que se accusem uns aos
outros;

39 E, se alguma outra coisa demandaes, averiguar-se-ha em legitimo
ajuntamento.

40 Porque corremos perigo de que, por hoje, sejamos accusados de sedição,
não havendo causa alguma com que possamos justificar este concurso.

41 E, tendo dito isto, despediu o ajuntamento.

[1] I Cor. 1.12 e 3.5, 6.

[2] cap. 8.16. I Sam. 3.7.

[3] cap. 18.25.

[4] Mat. 3.11. João 1.15, 27, 30. cap. 1.5 e 11.16 e 13.24, 25.

[5] cap. 8.16.

[6] cap. 6.6 e 8.17.

[7] cap. 2.4 e 10.46.

[8] cap. 17.2 e 18.4.

[9] cap. 1.3 e 28.23.

[10] II Tim. 1.15. II Ped. 2.2. Jud. 10.

[11] cap. 9.2 e 22.4 e 24.14. ver. 23.

[12] cap. 20.31.

[13] Mar. 16.20. cap. 14.3.

[14] cap. 5.15. II Reis 4.29.

[15] Mat. 12.27.

[16] Mar. 9.38. Luc. 9.49.

[17] Luc. 1.65 e 7.16. cap. 2.43 e 5.5, 11.

[18] Mat. 3.6.

[19] cap. 6.7 e 12.24.

[20] Rom. 15.25. Gal. 2.1.

[21] cap. 20.22.

[22] cap. 18.21 e 23.11. Rom. 15.24, 28.

[23] cap. 13.5.

[24] Rom. 16.23. II Tim. 4.20.

[25] II Cor. 1.8. cap. 9.2.

[26] cap. 16.16, 19.

[27] Psa. 115.4. Isa. 44.10-20. Jer. 10.3.

[28] Rom. 16.23. I Cor. 1.14.

[29] cap. 20.4 e 27.2. Col. 4.10. Phi. 24.

[30] I Tim. 1.20. II Tim. 4.14. cap. 12.17.



_Paulo visita outra vez a Macedonia e a Grecia, e depois volta para a
Asia._

20 E, depois que cessou o alvoroço, Paulo chamou para si os discipulos,
e, abraçando-os, [1] saiu para a Macedonia.

2 E, havendo andado por aquellas partes, e exhortando-os com muitas
palavras, veiu á Grecia.

3 E, passando _ali_ tres mezes, e sendo-lhe pelos judeos postas ciladas,
havendo [2] de navegar para a Syria, determinou voltar pela Macedonia.

4 E acompanhou-o, até á Asia, Sopater, de Berea, e, dos de Thessalonica,
Aristarcho, [3] e Segundo, e Gaio de Derbe, e Timotheo, e, dos da Asia,
Tychico e Trophimo.

5 Estes, indo adiante, nos esperaram em Troas.

6 E, depois dos dias dos _pães_ [4] asmos, navegámos de Philippos, e em
cinco dias fomos ter com elles a Troas, onde estivemos sete dias.

7 E no primeiro _dia_ [5] da semana, ajuntando-se os discipulos para
partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, discursava com
elles; e alargou a pratica até á meia noite.

8 E havia muitas luzes no [6] cenaculo onde estavam juntos.

9 E, estando _um_ certo mancebo, por nome Eutycho, assentado n’uma
janella, caiu, tomado de um somno profundo que lhe sobreveiu durante o
extenso discurso de Paulo, desde o terceiro andar; e foi levantado morto.

10 Paulo, porém, descendo, inclinou-se sobre elle, [7] e, abraçando-o,
disse: Não vos perturbeis, que a sua alma n’elle está.

11 E subindo, e partindo o pão, e comendo, e fallando-lhes largamente até
á alvorada, assim partiu.

12 E levaram vivo o mancebo, e ficaram não pouco consolados.

13 Nós, porém, subindo ao navio, navegámos até Asson, onde deviamos
receber a Paulo, porque assim o ordenara, indo elle por terra.

14 E, logo que se ajuntou comnosco em Asson, tomámol-o, e fomos a
Mitylene:

15 E, navegando d’ali, chegámos no _dia_ seguinte defronte de Chio, e
no outro aportámos a Samos, e, ficando em Trogyllio, chegámos no _dia_
seguinte a Mileto.

16 Porque _já_ Paulo tinha determinado passar adiante de Epheso, para não
gastar tempo na Asia. [8] Apressava-se pois para, se lhe fosse possivel,
estar em Jerusalem no dia de pentecostes.


_Discurso de Paulo aos anciãos da egreja de Epheso._

17 E de Mileto mandou a Epheso, a chamar os anciãos da egreja.

18 E, logo que chegaram junto d’elle, disse-lhes: Vós bem sabeis, desde o
primeiro dia em que entrei na Asia, [9] o modo como em todo esse tempo me
portei no meio de vós,

19 Servindo ao Senhor com toda a humildade, e com muitas lagrimas e
tentações, [10] que pelas ciladas dos judeos me teem sobrevindo.

20 Como nada, [11] que util _vos_ fosse, deixei de vos annunciar, e
ensinar publicamente e pelas casas:

21 Testificando, [12] tanto aos judeos como aos gregos, a conversão a
Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Christo.

22 E agora, eis que, ligado eu pelo espirito, [13] vou para Jerusalem,
não sabendo o que lá me ha de acontecer.

23 Senão que o Espirito Sancto de cidade em cidade [14] _me_ testifica,
dizendo que me esperam prisões e tribulações.

24 Mas de nenhuma _coisa_ faço caso, e [15] nem a minha vida tenho
por preciosa, comtanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o
ministerio que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho
da graça de Deus.

25 E agora, eis-que [16] bem sei que todos vós, por quem passei prégando
o reino de Deus, não vereis mais o meu rosto.

26 Portanto, no dia de hoje, vos protesto que _estou_ limpo [17] do
sangue de todos.

27 Porque [18] nunca deixei de annunciar-vos todo o conselho de Deus.

28 Olhae pois por vós, [19] e por todo o rebanho sobre que o Espirito
Sancto vos constituiu bispos, para apascentardes a egreja de Deus, a qual
alcançou com seu proprio sangue.

29 Porque eu sei isto: que, depois _da_ minha partida, entrarão entre vós
lobos [20] crueis, que não perdoarão ao rebanho.

30 E que d’entre vós mesmos se levantarão homens [21] que fallarão
_coisas_ perversas, para attrahirem os discipulos após si.

31 Portanto, vigiae, lembrando-vos de [22] que, durante tres annos, não
cessei, de noite e de dia, de admoestar com lagrimas a cada um de vós.

32 Agora pois, irmãos, encommendo-vos a Deus [23] e á palavra da sua
graça; o qual é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os
sanctificados.

33 De ninguem cubicei [24] a prata, nem o oiro, nem o vestido.

34 Vós mesmos sabeis que para o que me era necessario a mim, e aos que
estão comigo, [25] estas mãos me serviram.

35 Tenho-vos mostrado em [26] tudo que, trabalhando assim, é necessario
supportar os enfermos, e lembrar as palavras do Senhor Jesus, que disse:
Mais bemaventurada coisa é dar do que receber.

36 E, havendo dito isto, pondo-se de joelhos, [27] orou com todos elles.

37 E levantou-se um grande pranto entre todos, [28] e, lançando-se ao
pescoço de Paulo, o beijavam,

38 Entristecendo-se muito, principalmente pela palavra que dissera, que
não veriam mais o seu rosto. [29] E acompanharam-n’o até ao navio.

[1] I Cor. 16.5. I Tim. 1.3.

[2] cap. 9.23 e 23.12 e 25.3. II Cor. 11.26.

[3] cap. 19.29 e 27.2 e 16.1 e 21.29. Col. 4.10. Eph. 6.21. Col. 4.7. II
Tim. 4.12, 20. Tito 3.12.

[4] Exo. 12.14, 15. II Cor. 2.12. II Tim. 4.13.

[5] I Cor. 16.2 e 10.16 e 11.20, etc. Apo. 1.10. cap. 2.42, 46.

[6] cap. 1.13.

[7] I Reis 17.21. II Reis 4.34. Mat. 9.24.

[8] cap. 18.21 e 19.21 e 21.4, 12 e 24.17 e 2.1. I Cor. 16.8.

[9] cap. 18.19 e 19.1, 10.

[10] ver. 3.

[11] ver. 27.

[12] cap. 18.5 e 2.38. Mar. 1.15. Luc. 24.47.

[13] cap. 19.21.

[14] cap. 21.4, 11. I The. 3.3.

[15] cap. 21.13. Rom. 8.35. II Cor. 4.16. II Tim. 4.7. Gal. 1.1. Tito 1.3.

[16] ver. 38. Rom. 15.23. I Sam. 12.3.

[17] cap. 18.6. II Cor. 7.2.

[18] ver. 20. Luc. 7.30. João 15.15.

[19] I Tim. 4.16. I Ped. 5.2 e 1.19. I Cor. 12.28. Eph. 1.7, 14. Heb.
9.12. Apo. 5.9.

[20] Mat. 7.15. II Ped. 2.1.

[21] I Tim. 1.20. I João 2.19.

[22] cap. 19.10. Heb. 13.9.

[23] Eph. 1.18. Col. 1.12. Heb. 9.15. I Ped. 1.4.

[24] I Sam. 12.3. I Cor. 9.12. II Cor. 7.2.

[25] cap. 18.3. I Cor. 4.12. I The. 2.9.

[26] Rom. 15.1. I Cor. 9.12. II Cor. 11.9, 12. I The. 4.9, 11, 12. I The.
4.11. II The. 3.8.

[27] cap. 7.59 e 21.5.

[28] Gen. 45.14 e 46.29.

[29] ver. 25.



_Paulo chega a Jerusalem, e é preso no templo._

21 E aconteceu que, separando-nos d’elles, navegámos e fomos correndo
caminho direito, e chegámos a Coos, e no dia seguinte a Rhodes, de onde
passámos a Patara.

2 E, achando um navio, que passava á Phenicia, embarcámos n’elle, e
partimos.

3 E, indo _já_ á vista de Chypre, deixando-a á esquerda, navegámos para a
Syria, e chegámos a Tyro; porque o navio havia de ser descarregado ali.

4 E, achando discipulos, ficámos nós ali sete dias: os quaes pelo
Espirito diziam a [1] Paulo que não subisse a Jerusalem.

5 E, havendo passado _ali_ aquelles dias, saimos, e seguimos nosso
caminho, acompanhando-nos todos, com _suas_ mulheres e filhos, até fóra
da cidade; e, postos de joelhos [2] na praia, orámos.

6 E, saudando-nos uns aos outros, subimos ao navio; [3] e elles voltaram
para suas casas.

7 E nós, concluida a navegação de Tyro, viemos a Ptolemaida; e, havendo
saudado os irmãos, ficámos com elles um dia.

8 E no _dia_ seguinte, partindo d’ali Paulo, e nós que com elle
estavamos, chegámos a Cesarea: e, entrando em casa de Philippe, [4] o
evangelista, que era um dos sete, ficámos com elle.

9 E tinha este quatro filhas donzellas, [5] que prophetizavam.

10 E, demorando-nos _ali_ por muitos dias, desceu da Judea um propheta,
por nome [6] Agabo;

11 E, vindo elle a nós, e tomando a cinta de Paulo, e ligando-se os pés e
mãos, disse: Isto diz o Espirito Sancto: Assim ligarão os [7] judeos em
Jerusalem o varão cuja é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios.

12 E, ouvindo nós isto, rogámos-_lhe_, tanto nós como os que eram
d’aquelle logar, que não subisse a Jerusalem.

13 Porém Paulo respondeu: [8] Que fazeis vós, chorando e magoando-me o
coração? porque eu estou prompto, não só a ser ligado, mas ainda a morrer
em Jerusalem pelo nome do Senhor Jesus.

14 E, como não podiamos persuadil-o, nos aquietámos, dizendo: [9] Faça-se
a vontade do Senhor.

15 E depois d’aquelles dias, havendo feito os nossos preparativos,
subimos a Jerusalem.

16 E foram tambem comnosco _alguns_ discipulos de Cesarea, levando
comsigo um _certo_ Mnason, chyprio, discipulo antigo, com o qual haviamos
de pousar.

17 E, logo que chegámos [10] a Jerusalem, os irmãos nos receberam de
muito boa vontade.

18 E no _dia_ seguinte, Paulo entrou comnosco _em casa_ de Thiago, [11] e
todos os anciãos vieram ali.

19 E, havendo-os saudado, [12] contou-_lhes_ por miudo o que por seu
ministerio Deus fizera entre os gentios.

20 E, ouvindo-_o_ elles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem
vês, irmão, quantos milhares de judeos ha que crêem, [13] e todos são
zeladores da lei.

21 E _já_ ácerca de ti foram informados que ensinas todos os judeos que
estão entre os gentios a apartarem-se de Moysés, dizendo que não devem
circumcidar a _seus_ filhos, nem andar segundo o costume _da lei_.

22 Que faremos pois? em todo o caso é necessario que a multidão se
ajunte; porque ouvirão que _já_ és vindo.

23 Faze pois isto que te dizemos: Temos quatro varões que fizeram voto.

24 Toma comtigo a estes, e sanctifica-te com elles, e faze por elles os
gastos para que rapem a cabeça, [14] e todos saibam que nada ha d’aquillo
de que foram informados ácerca de ti, mas _que_ tambem tu mesmo andas
guardando a lei.

25 Porém, quanto aos que crêem dos gentios, _já_ nós havemos [15]
escripto, e achado por bem, que nada d’isto observem; mas que só se
guardem do que se sacrifica aos idolos, e do sangue, e do suffocado e da
fornicação.

26 Então Paulo, tomando comsigo aquelles varões, sanctificado com elles,
entrou no dia seguinte [16] no templo, annunciando serem _já_ cumpridos
os dias da sanctificação, _ficando ali_ até se offerecer por cada um
d’elles a offerta.

27 E, indo-se _já_ acabando os sete dias, os judeos [17] da Asia, vendo-o
no templo, alvoroçaram todo o povo e lançaram mão d’elle,

28 Clamando: Varões israelitas, acudi: este é o homem [18] que por todas
as partes ensina a todos, contra o povo e _contra_ a lei, e _contra_
este logar; e, demais d’isto, introduziu tambem no templo os gregos, e
profanou este sancto logar.

29 Porque d’antes tinham visto com elle na cidade a [19] Trophimo
d’Epheso, ao qual pensavam que Paulo introduzira no templo.

30 E alvoroçou-se toda a cidade, [20] e fez-se um concurso de povo; e,
pegando de Paulo, o arrastaram para fóra do templo, e logo as portas se
fecharam.

31 E, procurando elles matal-o, chegou ao tribuno da cohorte a nova de
que Jerusalem estava toda em confusão.

32 O qual, tomando logo comsigo soldados [21] e centuriões, correu para
elles. E, vendo elles o tribuno e os soldados, cessaram de ferir a Paulo.

33 Então, chegando o tribuno, o prendeu e o mandou atar com duas cadeias.
[22] e lhe perguntou quem era e o que tinha feito.

34 E na multidão uns clamavam d’uma maneira outros d’outra; porém, como
nada podia saber ao certo, por causa do alvoroço, mandou conduzil-o para
a fortaleza.

35 E succedeu que, chegando ás escadas, os soldados tiveram de lhe pegar
por causa da violencia da multidão.

36 Porque a multidão do povo o seguia, clamando: [23] Mata-o.

37 E, quando iam a introduzir Paulo na fortaleza, disse Paulo ao tribuno:
É-me permittido dizer-te alguma coisa? E elle disse: Sabes o grego?

38 Não és tu porventura aquelle egypcio [24] que antes d’estes dias
levantou uma sedição e levou ao deserto quatro mil salteadores?

39 Porém Paulo lhe disse: Na verdade que sou um homem judeo, [25] cidadão
de Tarso, cidade não pouco celebre na Cilicia: rogo-te, porém, que me
permittas fallar ao povo.

40 E, havendo-lh’o permittido, Paulo, pondo-se em pé nas escadas, fez
signal com a mão [26] ao povo; e, feito grande silencio, fallou-lhes em
lingua hebraica, dizendo:

[1] ver. 12. cap. 20.23.

[2] cap. 20.36.

[3] João 1.11.

[4] Eph. 4.11. II Tim. 4.5. cap. 6.5 e 8.26, 40.

[5] Joel 2.28. cap. 2.17.

[6] cap. 11.28.

[7] ver. 33. cap. 20.23.

[8] cap. 20.24.

[9] Mat. 6.10 e 26.42. Luc. 11.2 e 22.42.

[10] cap. 15.4.

[11] cap. 15.13. Gal. 1.19 e 2.9.

[12] cap. 15.4, 12 e 1.17 e 20.24. Rom. 15.18, 19.

[13] cap. 22.3. Rom. 10.2. Gal. 1.14.

[14] Num. 6.2, 13, 18. cap. 18.18.

[15] cap. 15.20, 29.

[16] cap. 24.18. Num. 6.13.

[17] cap. 24.18 e 26.21.

[18] cap. 24.5, 6.

[19] cap. 20.4.

[20] cap. 26.21.

[21] cap. 23.27 e 24.7.

[22] ver. 11. cap. 20.23.

[23] Luc. 23.18. João 19.15. cap. 22.22.

[24] cap. 5.36.

[25] cap. 9.11 e 22.3.

[26] cap. 12.17.



_Discurso de Paulo em sua defeza._

22 Varões irmãos e paes, [1] ouvi agora a minha defeza perante vós.

2 (E, quando ouviram fallar-lhes em lingua hebraica, maior silencio
guardaram.) E disse:

3 Quanto a mim, sou varão [2] judeo, nascido em Tarso de Cilicia, e
n’esta cidade criado aos pés de Gamaliel, instruido conforme a verdade da
lei de nossos paes, zelador de Deus, como todos vós hoje sois.

4 Que tenho perseguido este caminho até á morte, [3] prendendo, e
mettendo em prisões, assim varões como mulheres.

5 Como tambem o summo sacerdote me é testemunha, e todo o conselho
dos [4] anciãos: dos quaes ainda, levando cartas para os irmãos, fui
a Damasco, para trazer manietados para Jerusalem aquelles que ali
estivessem, para que fossem castigados.

6 Porém aconteceu [5] que, indo eu _já_ de caminho, e chegando perto de
Damasco, quasi ao meio dia, de repente me rodeou _uma_ grande luz do céu.

7 E cahi por terra, e ouvi uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, porque me
persegues?

8 E eu respondi: Quem és, Senhor? E disse-me: Eu sou Jesus nazareno, a
quem tu persegues.

9 E os que estavam [6] comigo viram em verdade a luz, e se atemorisaram
muito; mas não ouviram a voz d’aquelle que fallava comigo.

10 Então disse eu: Senhor, que farei? E o Senhor disse-me: Levanta-te, e
vae a Damasco, e ali se te dirá tudo o que te é ordenado fazer.

11 E, como eu não via, por causa do esplendor d’aquella luz, fui levado
pela mão dos que estavam comigo, e cheguei a Damasco.

12 E um _certo_ Ananias, [7] varão pio conforme a lei, que tinha bom
testemunho de todos os judeos que _ali_ moravam,

13 Vindo ter comigo, e apresentando-se, disse-me: Saulo, irmão, recobra a
vista. E n’aquella mesma hora o vi.

14 E _elle_ disse: [8] O Deus de nossos paes d’antemão te ordenou para
que conheças a sua vontade, e vejas aquelle Justo, e ouças a voz da sua
bocca.

15 Porque lhe has de ser [9] testemunha para com todos os homens do que
tens visto e ouvido.

16 E agora [10] porque te detens? Levanta-te, e baptiza-te, e lava os
teus peccados, invocando o nome do Senhor.

17 E aconteceu-me, [11] tornando eu para Jerusalem, que, orando eu no
templo, fui arrebatado para fóra de mim.

18 E vi o que me dizia: [12] Dá-te pressa, e sae apressadamente de
Jerusalem; porque não receberão o teu testemunho ácerca de mim.

19 E eu disse: [13] Senhor, elles bem sabem que eu lançava na prisão e
açoitava nas synagogas os que criam em ti.

20 E quando [14] o sangue de Estevão, tua testemunha, se derramava,
tambem eu estava presente, e consentia na sua morte, e guardava os
vestidos dos que o matavam.

21 E disse-me: [15] Vae, porque hei-de enviar-te aos gentios de longe.

22 E ouviram-n’o até esta palavra, e [16] levantaram a voz, dizendo: Tira
da terra um tal _homem_, porque não convem que viva.

23 E, clamando elles, e lançando de si os vestidos, e deitando pó para o
ar,

24 O tribuno mandou que o levassem para a fortaleza, dizendo que o
examinassem com açoites, para saber por que causa assim clamavam contra
elle.

25 E, quando o estavam atando com correias, disse Paulo ao centurião que
ali estava: [17] É-vos licito açoitar um homem romano, sem ser condemnado?

26 E, ouvindo _isto_, o centurião foi, e annunciou ao tribuno, dizendo:
Olha o que vaes fazer, porque este homem é romano.

27 E, vindo o tribuno, disse-lhe: Dize-me, és tu romano? E elle disse:
Sim.

28 E respondeu o tribuno: Eu com grande somma _de dinheiro_ alcancei este
direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu sou-o de nascimento.

29 De sorte que logo d’elle se apartaram os que o haviam de examinar; e
até o tribuno teve temor, quando soube que era romano, porque o tinha
ligado.


_Paulo perante o synhedrio._

30 E no dia seguinte, querendo saber ao certo a causa por que era
accusado pelos judeos, soltou-o das prisões, e mandou vir os principaes
dos sacerdotes, e todo o seu conselho; e, trazendo Paulo, _o_ apresentou
diante d’elles.

[1] cap. 7.2.

[2] cap. 21.39. Phi. 3.5. Deu. 33.3. II Reis 4.38. Gal. 1.14. Rom. 10.2.

[3] cap. 8.3 e 26.9, 10, 11. Phi. 3.6. I Tim. 1.13.

[4] Luc. 22.66. cap. 4.5 e 9.2.

[5] cap. 9.3 e 26.12, 13.

[6] Dan. 10.7. cap. 9.7.

[7] cap. 9.17 e 10.22. I Tim. 3.7.

[8] cap. 3.13 e 5.30 e 9.15 e 26.16 e 3.14 e 7.52. I Cor. 9.1 e 15.8 e
11.23. Gal. 1.12.

[9] cap. 23.11 e 4.20 e 26.16.

[10] cap. 2.38 e 9.14. Heb. 10.22. Rom. 10.13.

[11] cap. 9.26. II Cor. 12.2.

[12] ver. 14. Mat. 10.14.

[13] ver. 4. cap. 8.3. Mat. 10.17.

[14] cap. 7.58 e 8.1. Luc. 11.48. Rom. 1.32.

[15] cap. 9.15 e 13.2, 46, 47 e 18.6 e 26.17. Rom. 1.5 e 11.13 e 15.16.
Gal. 1.15, 16 e 2.7, 8. Eph. 3.7, 8. I Tim. 2.7. II Tim. 1.11.

[16] cap. 21.36 e 25.24.

[17] cap. 16.37.



23 E, pondo Paulo os olhos no conselho, disse: [1] Varões irmãos, até ao
dia de hoje tenho andado diante de Deus com toda a boa consciencia.

2 Porém o summo sacerdote, Ananias, mandou então aos que estavam junto
[2] d’elle que o ferissem na bocca.

3 Então Paulo lhe disse: [3] Deus te ferirá, parede branqueada: tu estás
_aqui_ assentado para julgar-me conforme a lei, e contra a lei me mandas
ferir?

4 E os que ali estavam disseram: Injurias o summo sacerdote de Deus?

5 E Paulo disse: [4] Não sabia, irmãos, que era o summo sacerdote; porque
está escripto: Não dirás mal do principe do teu povo.

6 E Paulo, sabendo que uma parte era de sadduceos e outra de phariseos,
clamou no conselho: [5] Varões irmãos, eu sou phariseo, filho de
phariseo, no tocante á esperança e resurreição dos mortos sou julgado.

7 E, havendo dito isto, houve dissensão entre os phariseos e sadduceos; e
a multidão se dividiu.

8 [6] Porque os sadduceos dizem que não ha resurreição, nem anjo, nem
espirito; mas os phariseos confessam ambas as coisas.

9 E originou-se _um_ grande clamor; e, levantando-se os escribas da parte
dos phariseos, contendiam, [7] dizendo: Nenhum mal achamos n’este homem,
e, se algum espirito ou [8] anjo lhe fallou, não resistamos a Deus.

10 E, havendo grande dissensão, o tribuno, temendo que Paulo fosse
despedaçado por elles, mandou descer a soldadesca, e arrebatal-o do meio
d’elles, e leval-o para a fortaleza.

11 E na noite [9] seguinte, apresentando-se-lhe o Senhor, disse: Paulo,
tem animo: porque, como de mim testificaste em Jerusalem, assim te
importa testificar tambem em Roma.


_Conspiração dos judeos contra Paulo; este é mandado para Cesarea._

12 E, vindo o dia, [10] alguns dos judeos fizeram uma conspiração, e se
conjuraram, dizendo que não comeriam nem beberiam, emquanto não matassem
a Paulo.

13 E eram mais de quarenta os que fizeram esta conjuração.

14 Os quaes foram aos principaes dos sacerdotes e aos anciãos, e
disseram: [AIF] Conjurámo-nos, sob pena de maldição, que nada provaremos,
até que matemos a Paulo.

15 Agora, pois, vós, com o conselho, fazei saber ao tribuno que vol-o
traga ámanhã, como que querendo saber mais alguma coisa de seus negocios,
e, antes que chegue, estaremos promptos para o matar.

16 E o filho da irmã de Paulo, ouvindo estas ciladas, foi, e entrou na
fortaleza, e o annunciou a Paulo.

17 E Paulo, chamando a si um dos centuriões, disse: Leva este mancebo ao
tribuno, porque tem alguma coisa que lhe communicar.

18 Tomando-o elle, pois, _o_ levou ao tribuno, e disse: O preso Paulo,
chamando-me a si, _me_ rogou que te trouxesse este mancebo, que tem
alguma coisa que dizer-te.

19 E o tribuno, tomando-_o_ pela mão, e pondo-se á parte perguntou-lhe em
particular: Que tens que me denunciar?

20 E disse elle: [11] Os judeos se concertaram rogar-te que ámanhã leves
Paulo ao conselho, como que tendo a inquirir d’elle mais alguma coisa ao
certo:

21 Porém tu não os creias; porque mais de quarenta homens d’entre elles
lhe andam armando ciladas: os quaes se obrigaram, sob pena de maldição, a
não comerem nem beberem, até que o tenham morto: e já estão apercebidos,
esperando a tua promessa.

22 Então o tribuno despediu o mancebo, mandando-lhe que a ninguem
dissesse que lhe havia manifestado aquillo.

23 E, chamando a si dois centuriões, lhes disse: Apromptae para as tres
horas da noite duzentos soldados, e setenta de cavallo, e duzentos
archeiros para irem até Cesarea;

24 E apparelhae cavalgaduras, para que, pondo n’ellas a Paulo, o levem a
salvo ao presidente Felix.

25 Escreveu uma carta, que continha isto:

26 Claudio Lysias, a Felix, potentissimo [AIG] presidente, saude.

27 Esse homem [12] foi preso pelos judeos; e, estando _já_ a ponto de ser
morto por elles, sobrevim eu com a soldadesca, e _lh’o_ tomei, informado
de que era romano.

28 E, querendo saber [13] a causa por que o accusavam, o levei ao seu
conselho.

29 E achei que o accusavam de _algumas_ questões [14] da sua lei: mas que
nenhum crime havia n’elle digno de morte ou de prisão.

30 E, sendo-me [15] notificado que os judeos haviam _de armar_ ciladas a
esse homem, logo t’o enviei, mandando tambem aos accusadores que perante
ti digam o que tiverem contra elle. Passa bem.

31 Tomando pois os soldados a Paulo, como lhe fôra mandado, _o_ trouxeram
de noite a Antipatris.

32 E no dia seguinte, deixando aos de cavallo irem com elle, tornaram á
fortaleza.

33 Os quaes, logo que chegaram a Cesarea, e entregaram a carta ao
presidente, lhe apresentaram Paulo.

34 E o presidente, lida _a carta_, perguntou de que provincia era; e,
entendendo [16] que da Cilicia,

35 Ouvir-te-hei, disse, [17] quando tambem aqui vierem os teus
accusadores. E mandou que o guardassem [18] no pretorio de Herodes.

[1] cap. 24.16. I Cor. 4.4. II Cor. 1.12 e 4.2. II Tim. 1.3. Heb. 13.18.

[2] I Reis 22.24. Jer. 20.2. João 18.22.

[3] Lev. 19.35. Deu. 25.1, 2. João 7.51.

[4] cap. 24.17. Exo. 22.28. Ecc. 10.20. II Ped. 2.10. Jud. 8.

[5] cap. 26.5 e 24.15, 21 e 26.6 e 28.20. Phi. 3.5.

[6] Mat. 22.23. Mar. 12.18. Luc. 20.27.

[7] cap. 25.25 e 26.31 e 22.7, 17, 18.

[8] cap. 5.39.

[9] cap. 18.9 e 27.23, 24.

[10] ver. 21, 30. cap. 25.3.

[11] ver. 12.

[12] cap. 21.33 e 24.7.

[13] cap. 22.30.

[14] cap. 18.15 e 25.19 e 26.31.

[15] ver. 20. cap. 24.8 e 25.6.

[16] cap. 21.39.

[17] cap. 24.1, 10 e 25.16.

[18] Mat. 27.27.



_Paulo perante o tribunal do governador Felix._

24 E cinco dias depois o summo sacerdote [1] Ananias desceu com os
anciãos, e um certo Tertullo, orador, os quaes compareceram perante o
presidente contra Paulo.

2 E, sendo citado, Tertullo começou a accusal-_o_, dizendo:

3 Que por ti tenhamos tanta paz e que, por tua prudencia, a este povo
se façam muitos e louvaveis serviços, sempre e em todo o logar, ó
potentissimo Felix, com todo o agradecimento o reconhecemos.

4 Porém, para que te não detenha muito, rogo-te que brevemente, conforme
a tua equidade, nos ouças:

5 Porque temos [2] achado que este homem é uma peste, e levantador de
sedições entre todos os judeos, por todo o mundo; e o principal defensor
da seita dos nazarenos;

6 O qual [3] intentou tambem profanar o templo: ao qual tambem prendemos,
e conforme a nossa lei o [4] quizemos julgar.

7 Porém, sobrevindo [5] o tribuno Lysias, nol-o tirou d’entre as mãos com
grande violencia:

8 Mandando aos seus [6] accusadores que viessem a ti: do qual tu mesmo,
examinando-o, poderás entender tudo o de que o accusamos.

9 E tambem os judeos consentiram, dizendo serem estas coisas assim.

10 Porém Paulo, fazendo-lhe o presidente signal que fallasse, respondeu:
Porque sei que já vae para muitos annos que d’esta nação és juiz, com
tanto melhor animo respondo por mim.

11 Pois bem podes entender que não ha mais de doze dias que subi [7] a
Jerusalem a adorar;

12 E não me acharam no templo fallando com alguem, [8] nem amotinando o
povo nas synagogas, nem na cidade.

13 Nem tão pouco podem provar as _coisas_ de que agora me accusam.

14 Porém confesso-te isto: que, conforme aquelle caminho que chamam
seita, [9] assim sirvo ao Deus de nossos paes, [10] crendo tudo quanto
está escripto na lei e nos prophetas.

15 Tendo esperança em Deus, como estes mesmos tambem, esperam, de que ha
de haver resurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos.

16 E por isso procuro sempre ter uma [11] consciencia sem offensa, tanto
para com Deus como _para com_ os homens.

17 Porém, muitos annos depois, vim trazer á minha nação esmolas [12] e
offertas.

18 N’isto me [13] acharam _já_ sanctificado no templo, não com gente, nem
com alvoroços, [14] uns certos judeos da Asia,

19 Os quaes convinha que estivessem presentes perante ti, e _me_
accusassem, se alguma coisa contra mim tivessem.

20 Ou digam estes mesmos, se acharam em mim alguma iniquidade, quando
compareci perante o conselho.

21 Senão só estas palavras, que estando entre elles, clamei: [15] Hoje
sou julgado por vós ácerca da resurreição dos mortos.

22 Então Felix, havendo ouvido estas _coisas_, lhes poz dilação, dizendo:
Havendo-me informado melhor d’este caminho, quando o tribuno [16] Lysias
tiver descido, _então_ tomarei inteiro conhecimento dos vossos negocios.

23 E mandou ao centurião que guardassem a Paulo, e estivesse com _alguma_
liberdade, [17] e que a ninguem dos seus prohibisse servil-o ou vir ter
com elle.

24 E alguns dias depois, vindo Felix com sua mulher Drusilla, que era
judia, mandou chamar a Paulo, e ouviu-o ácerca da fé em Christo.

25 E, tratando elle da justiça, e da temperança, e do juizo vindouro,
Felix, espavorido, respondeu: Por agora vae-te, e em tendo opportunidade
te chamarei.

26 Esperando tambem juntamente que Paulo lhe désse [18] dinheiro, para
que o soltasse; pelo que tambem muitas vezes o mandava chamar, e fallava
com elle.

27 Porém, cumpridos dois annos, Felix teve por successor a Porcio Festo;
e, querendo Felix comprazer [19] aos judeos, deixou a Paulo preso.

[1] cap. 21.27 e 23.2, 30, 35 e 25.2.

[2] Luc. 23.2. cap. 6.13 e 16.20 e 17.6 e 21.28. I Ped. 2.12, 15.

[3] cap. 21.28.

[4] João 18.31.

[5] cap. 21.33.

[6] cap. 23.30.

[7] ver. 17. cap. 21.26.

[8] cap. 25.8 e 28.17.

[9] Amós 8.14. cap. 9.2 e 26.22 e 28.23. II Tim. 1.3.

[10] cap. 23.6 e 26.6, 7 e 28.20. Dan. 12.2. João 5.28, 29.

[11] cap. 23.1.

[12] cap. 11.29, 30 e 20.16. Rom. 15.25. II Cor. 8.4. Gal. 2.10.

[13] cap. 21.26, 27 e 26.21.

[14] cap. 23.30 e 25.16.

[15] cap. 23.6 e 28.20.

[16] ver. 7.

[17] cap. 27.3 e 28.16.

[18] Exo. 23.8.

[19] Exo. 23.2. cap. 12.3 e 25.9, 4.



_Paulo comparece perante Festo e appella para Cesar._

[Anno Domini 62]

25 Entrando pois Festo na provincia, subiu d’ali a tres dias de Cesarea a
Jerusalem.

2 E o summo sacerdote e [1] os principaes dos judeos compareceram perante
elle contra Paulo, e lhe rogaram,

3 Pedindo favor contra elle, para que o fizesse vir a Jerusalem, [2]
armando-_lhe_ ciladas para o matarem no caminho.

4 Porém Festo respondeu que Paulo estava guardado em Cesarea, e que elle
brevemente partiria _para lá_.

5 Os que pois, disse, d’entre vós podem, desçam juntamente [3] _comigo_,
e, se n’este varão houver algum crime, accusem-n’o.

6 E, não se havendo entre elles detido mais de dez dias, desceu a
Cesarea; e no dia seguinte, assentando-se no tribunal, mandou que
trouxessem Paulo.

7 E, chegando elle, o rodeiaram os judeos que haviam descido de
Jerusalem, [4] trazendo contra Paulo muitas e graves accusações, que não
podiam provar.

8 Pelo que, em _sua_ defeza, disse: Eu não pequei em coisa alguma [5]
contra a lei dos judeos, nem contra o templo, nem contra Cesar.

9 Porém Festo, [6] querendo comprazer com os judeos, respondendo a Paulo,
disse: Queres tu subir a Jerusalem, e ser lá perante mim julgado ácerca
d’estas _coisas_?

10 E Paulo disse: Estou perante o tribunal de Cesar, onde convem que seja
julgado; não fiz aggravo algum aos judeos, como tu muito bem sabes;

11 Porque, se fiz [7] algum aggravo, ou commetti alguma _coisa_ digna de
morte, não recuso morrer; porém, se nada ha das _coisas_ de que estes me
accusam, ninguem me pode entregar a elles; [8] appello para Cesar.

12 Então Festo, tendo fallado com o conselho, respondeu: Appellaste para
Cesar? para Cesar irás.

13 E, passados alguns dias, o rei Agrippa e Berenice vieram a Cesarea, a
saudar Festo.

14 E, como ali se detiveram muitos dias, Festo contou ao rei os negocios
de Paulo, [9] dizendo: Um _certo_ varão foi deixado por Felix _aqui_
preso,

15 Por cujo [10] respeito os principaes dos sacerdotes e os anciãos dos
judeos, estando eu em Jerusalem, compareceram _perante mim_, pedindo
sentença contra elle.

16 Aos quaes respondi [11] não ser costume dos romanos entregar algum
homem á morte, sem que o accusado tenha presentes os seus accusadores, e
tenha logar de defender-se da accusação.

17 De sorte que, chegando elles aqui juntos, no dia seguinte, sem fazer
dilação [12] alguma, assentado no tribunal, mandei trazer o homem.


_Paulo perante o rei Agrippa._

18 Ácerca do qual, estando presentes os accusadores, nenhuma _coisa_
apontaram d’aquellas que eu suspeitava.

19 Tinham, porém, contra elle algumas questões [13] ácerca da sua
superstição, e de um _certo_ Jesus, defunto, que Paulo affirmava viver.

20 E, estando eu perplexo ácerca da inquirição d’esta causa, disse se
queria ir a Jerusalem, e lá ser julgado ácerca d’estas _coisas_.

21 E, appellando Paulo para ser reservado ao conhecimento de Augusto,
mandei que o guardassem até que o enviasse a Cesar.

22 Então [14] Agrippa disse a Festo: Bem quizera eu tambem ouvir esse
homem. E elle disse: Ámanhã o ouvirás.

23 De sorte que, no dia seguinte, vindo Agrippa e Berenice, com muito
apparato, e entrando no auditorio com os tribunos e varões principaes da
cidade, trouxeram a Paulo por mandado de Festo.

24 E Festo disse: Rei Agrippa, e todos os varões que estaes presentes
comnosco: aqui vêdes aquelle de quem toda [15] a multidão dos judeos me
tem fallado, tanto em Jerusalem como aqui, clamando que não convém que
viva mais.

25 Porém, achando eu que nenhuma _coisa_ [16] digna de morte fizera, e
appellando elle mesmo tambem para Augusto, tenho determinado enviar-lh’o.

26 Do qual não tenho _coisa_ alguma certa que escreva ao meu senhor, pelo
que perante vós o trouxe, e mórmente perante ti, ó rei Agrippa, para que,
feita informação, tenha alguma coisa que escrever.

27 Porque me parece contra a razão enviar um preso, e não notificar
contra elle as accusações.

[1] cap. 24.1. ver. 15.

[2] cap. 23.12, 15.

[3] cap. 18.14. ver. 18.

[4] Mar. 15.3. Luc. 23.2, 10. cap. 24.5, 13.

[5] cap. 6.13 e 24.12 e 28.17.

[6] cap. 24.27. ver. 20.

[7] ver. 25. cap. 18.14 e 23.29 e 26.31.

[8] cap. 26.32 e 28.19.

[9] cap. 24.27.

[10] ver. 2, 3.

[11] ver. 4, 5.

[12] ver. 6.

[13] cap. 18.15 e 23.29.

[14] cap. 9.15.

[15] ver. 2, 3, 7. cap. 22.22.

[16] cap. 23.9, 29 e 26.31. ver. 11, 12.



26 Depois Agrippa disse a Paulo: Permitte-se-te fallar por ti mesmo.
Então Paulo, estendendo a mão em sua defeza, respondeu:

2 Tenho-me por venturoso, ó rei Agrippa, de que perante ti me haja hoje
de defender de todas as _coisas_ de que sou accusado pelos judeos;

3 Mórmente _sabendo eu_ que tens noticia de todos os costumes e questões
que ha entre os judeos; pelo que te rogo que me ouças com paciencia.

4 A minha vida, pois, desde a mocidade, qual haja sido, desde o
principio, em Jerusalem, entre os da minha nação, todos os judeos sabem:

5 Tendo conhecimento de mim desde o principio (se o quizerem testificar),
como, conforme a mais [1] severa seita da nossa religião, vivi phariseo.

6 E agora pela esperança [2] da promessa que por Deus foi feita a nossos
paes estou _aqui_ e sou julgado.

7 Á qual as nossas doze tribus esperam [3] chegar, servindo _a Deus_
continuamente, noite e dia. Por esta esperança, ó rei Agrippa, eu sou
accusado pelos judeos.

8 _Pois_ que? julga-se _coisa_ incrivel entre vós que Deus resuscite os
mortos?

9 Bem [4] tinha eu imaginado que contra o nome de Jesus nazareno devia eu
praticar muitos actos:

10 O que tambem fiz em Jerusalem. [5] E, havendo recebido poder dos
principaes dos sacerdotes, encerrei muitos dos sanctos nas prisões; e
quando os matavam eu dava o meu voto.

11 E, castigando-os muitas vezes por todas as synagogas, [6] os forcei a
blasphemar. E, enfurecido demasiadamente contra elles, até nas cidades
estranhas os persegui.

12 Ao que indo então a Damasco, [7] com poder e commissão dos principaes
dos sacerdotes,

13 Ao meio dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu, que excedia o
esplendor do sol, a qual me rodeiou a mim e aos que iam comigo, com sua
claridade.

14 E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me fallava, e em
lingua hebraica dizia: Saulo, Saulo, porque me persegues? Dura _coisa_ te
_é_ recalcitrar contra os aguilhões.

15 E disse eu: Quem és, Senhor? E elle respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu
persegues;

16 Mas levanta-te e põe-te sobre teus pés, porque te appareci para isto;
para te pôr por ministro [8] e testemunha tanto das _coisas_ que tens
visto como d’aquellas pelas quaes te apparecerei:

17 Livrando-te d’este povo, [9] e _dos_ gentios, a quem agora te envio,

18 Para lhes abrires os olhos, e das trevas _os_ converteres á luz, [10]
e _do_ poder de Satanaz a Deus; para que recebam a remissão dos peccados,
e sorte entre os sanctificados pela fé em mim.

19 Pelo que, ó rei Agrippa, não fui desobediente á visão celestial.

20 Antes annunciei [11] primeiramente aos que estão em Damasco e em
Jerusalem, e por toda a terra da Judea, e aos gentios, que se emendassem
e se convertessem a Deus, fazendo obras [12] dignas de arrependimento.

21 Por causa d’isto os judeos lançaram [13] mão de mim no templo, e
procuraram matar-_me_.

22 Porém, alcançando [14] soccorro de Deus, ainda até ao dia de hoje
permaneço, testificando tanto a pequenos como a grandes, não dizendo nada
mais do que o que os prophetas e Moysés disseram que devia acontecer,

23 _Isto é_, que o Christo [15] devia padecer, e, sendo o primeiro da
resurreição dos mortos, devia annunciar a luz a este povo e aos gentios.

24 E, dizendo elle isto em _sua_ defeza, disse Festo em alta voz: [16]
Deliras, Paulo: as muitas lettras te fazem delirar.

25 Porém elle disse: Não deliro ó potentissimo Festo; antes fallo
palavras de verdade e de um são juizo.

26 Porque o rei, diante de quem fallo com ousadia, sabe estas _coisas_,
pois não creio que nada d’isto se lhe occulte; porque isto não se fez em
qualquer canto.

27 Crês tu nos prophetas, ó rei Agrippa? Bem sei que crês.

28 E disse Agrippa a Paulo: Por pouco não me persuades a que me faça
christão.

29 E disse Paulo: [17] Prouvera a Deus que, ou por pouco ou por muito,
não sómente tu, mas tambem todos quantos hoje me estão ouvindo, se
tornassem taes qual eu sou, excepto estas cadeias.

30 E, dizendo elle isto, se levantou o rei, e o presidente, e Berenice, e
os que com elles estavam assentados.

31 E, apartando-se a uma banda, fallavam uns com os outros, dizendo: Este
homem nada fez digno [18] de morte ou de prisões.

32 E Agrippa disse a Festo: Bem podia soltar-se [19] este homem, se não
houvera appellado para Cesar.

[1] cap. 22.3 e 23.6 e 24.15, 21. Phi. 3.5.

[2] cap. 23.6. Gen. 3.15 e 49.10. Deu. 18.15. Isa. 4.2 e 7.14 e 40.10.
Eze. 34.23. Dan. 9.24. Tito 2.13.

[3] Thi. 1.1. Luc. 2.37. I Tim. 5.5. Phi. 3.11.

[4] João 16.2. I Tim. 1.13.

[5] cap. 8.3. Gal. 1.13.

[6] cap. 22.19.

[7] cap. 9.3 e 22.6.

[8] cap. 22.15.

[9] cap. 22.21.

[10] Isa. 35.5 e 42.7. Eph. 1.18. Luc. 1.79. II Cor. 6.14. I The. 5.5. I
Ped. 2.9, 25. Col. 1.12.

[11] cap. 9.20, 22, 29 e 11.26.

[12] Mat. 3.8.

[13] cap. 21.30, 31.

[14] Luc. 24.27, 44. cap. 24.14 e 28.23. Rom. 3.21. João 5.46.

[15] Luc. 24.26, 46. I Cor. 15.20. Col. 1.18. Apo. 1.5. Luc. 2.32.

[16] II Reis 9.11. João 10.20. I Cor. 1.23 e 2.13, 14 e 4.10.

[17] I Cor. 7.7.

[18] cap. 23.9, 29 e 25.25.

[19] cap. 25.11.



_Paulo é mandado para Italia; o naufragio do navio._

27 E, como se determinou [1] que haviamos de navegar para a Italia,
entregaram Paulo, e alguns outros presos, a um centurião por nome Julio,
da cohorte augusta.

2 E, embarcando nós em um navio adramytino, partimos navegando pelos
logares da Asia, estando comnosco [2] Aristarcho, macedonio, de
Thessalonica.

3 E chegámos no _dia_ seguinte a Sidon, e Julio, tratando [3] Paulo
humanamente, _lhe_ permittiu ir ver os amigos, para que cuidassem d’elle.

4 E, partindo d’ali, fomos navegando abaixo de Chypre, porquanto os
ventos eram contrarios.

5 E, tendo atravessado o mar, ao longo da Cilicia e Pamphylia, chegámos a
Myrra, na Lycia.

6 E, achando ali o centurião um navio de Alexandria, que navegava para a
Italia, nos fez embarcar n’elle.

7 E, indo _já_ por muitos dias navegando vagarosamente, e havendo chegado
apenas defronte de Cnido, não nos permittindo o vento ir mais adiante,
navegámos abaixo de Creta, junto de Salmone.

8 E, costeando-a difficilmente, chegámos a um _certo_ logar chamado Bons
Portos, perto do qual estava a cidade de Lasca.

9 E, passado muito tempo, e sendo já perigosa a navegação, porquanto já
tambem o jejum tinha passado, [4] Paulo _os_ admoestava,

10 Dizendo-lhes: Varões, vejo que a navegação ha de ser incommoda, e com
muito damno, não só para o navio e carga, mas tambem para as nossas vidas.

11 Porém o centurião cria mais no piloto e no mestre, do que no que dizia
Paulo.

12 E, não sendo aquelle porto commodo para invernar, os mais d’elles
foram de parecer que se partisse d’ali para ver se podiam chegar a
Phenix, _que é_ um ponto de Creta que olha para a banda do vento [AIH] da
Africa e do Coro, e invernar ali.

13 E, soprando o sul brandamente, lhes pareceu terem já o que desejavam,
e, fazendo-se de vela, foram de muito perto costeando Creta.

14 Porém não muito depois deu n’ella um pé de vento, chamado euro-aquilão.

15 E, sendo o navio arrebatado por elle, e não podendo navegar contra o
vento, dando de mão a tudo, nos deixámos ir á tôa.

16 E, correndo abaixo de uma pequena ilha chamada Clauda, apenas podémos
ganhar o batel,

17 Levado para cima o qual, usaram de _todos_ os remedios, cingindo o
navio; e, temendo darem á costa na Syrte, amainadas as vélas, assim foram
á tôa.

18 E, andando nós agitados por uma vehemente tempestade, no _dia_
seguinte alliviaram _o navio_.

19 E ao terceiro _dia_ nós mesmos, com as nossas proprias mãos, [5]
lançámos _ao mar_ a armação do navio.

20 E, não apparecendo, havia _já_ muitos dias, nem sol nem estrellas, e
opprimindo-nos uma não pequena tempestade, fugiu-nos toda a esperança de
nos salvarmos.

21 E, havendo já muito que se não comia, então Paulo, pondo-se em pé no
meio d’elles, disse: Fôra na verdade razoavel, ó varões, ter-me ouvido
a mim e não partir de Creta, e evitar _assim_ este incommodo e esta
perdição.

22 Porém agora vos admoesto a que tenhaes bom animo, porque não se
perderá a vida _de nenhum_ de vós, mas sómente o navio.

23 Porque esta mesma noite o anjo de Deus, [6] de quem eu sou, e a quem
sirvo, esteve comigo,

24 Dizendo: Paulo, não temas: importa que sejas apresentado a Cesar, e
eis que Deus te deu todos quantos navegam comtigo.

25 Portanto, ó varões, tende bom animo; [7] porque creio em Deus, que ha
de acontecer assim como a mim me foi dito.

26 Porém é necessario [8] irmos dar n’uma ilha.

27 E, quando chegou a decima quarta noite, sendo impellidos de uma
e outra banda no _mar_ Adriatico, lá pela meia noite suspeitaram os
marinheiros de que estavam proximos d’alguma terra.

28 E, lançando o prumo, acharam vinte braças; e, passando um pouco mais
adiante, tornando a lançar o prumo, acharam quinze braças.

29 E, temendo ir dar em alguns rochedos, lançaram da pôpa quatro ancoras,
desejando que viesse o dia.

30 Procurando, porém, os marinheiros fugir do navio, e deitando o batel
ao mar, como que querendo lançar as ancoras pela prôa,

31 Disse Paulo ao centurião _e_ aos soldados: Se estes não ficarem no
navio, não podereis salvar-vos.

32 Então os soldados cortaram os cabos do batel, e o deixaram cair.

33 E entretanto que o dia vinha, Paulo exhortava a todos a que comessem
alguma coisa, dizendo: É _já_ hoje o decimo quarto dia que esperaes, e
permaneceis sem comer, não havendo provado nada.

34 Portanto, exhorto-vos a que comaes alguma coisa, pois importa para a
vossa saude; [9] porque nem um cabello da cabeça de qualquer de vós cairá.

35 E, havendo dito isto, tomando o pão, deu graças [10] a Deus na
presença de todos; e, partindo-_o_, começou a comer.

36 E, tendo já todos bom animo, pozeram-se tambem a comer.

37 E eramos por todos no navio duzentas [11] e setenta e seis almas.

38 E, refeitos _já_ da comida, alliviaram o navio, lançando o trigo ao
mar.

39 E, sendo já dia, não conheceram a terra; porém enxergaram uma enseada
que tinha praia, e consultaram-se sobre se deveriam encalhar n’ella o
navio.

40 E, levantando as ancoras, deixaram-n’o ir ao mar, largando tambem as
amarras do leme; e, alçando a véla maior ao vento, dirigiram-se para a
praia.

41 Dando, porém, em logar de dois mares, encalharam ali o navio; [12] e,
fixa a prôa, ficou immovel, porém a pôpa abria-se com a força das ondas.

42 Então o conselho dos soldados foi que matassem os presos para que
nenhum fugisse, escapando a nado.

43 Porém o centurião, querendo salvar a Paulo, lhes estorvou este
intento; e mandou que os que podessem nadar se lançassem primeiro _ao
mar_, e se salvassem em terra;

44 E os demais, uns em taboas e outros em coisas do navio. E assim
aconteceu [13] que todos se salvaram em terra.

[1] cap. 25.12.

[2] cap. 19.29.

[3] cap. 24.23 e 28.16.

[4] Lev. 23.27, 29.

[5] Jon. 1.5.

[6] cap. 23.11. Dan. 6.16. Rom. 1.9. II Tim. 1.3.

[7] Luc. 1.45. Rom. 4.20, 21. II Tim. 1.12.

[8] cap. 28.1.

[9] I Reis 1.52. Mat. 10.30. Luc. 12.7 e 21.18.

[10] I Sam. 9.13. Mat. 15.36. Mar. 8.6. João 6.11. I Tim. 4.3, 4.

[11] cap. 2.41 e 7.14. Rom. 13.1. I Ped. 3.20.

[12] II Cor. 11.25.

[13] ver. 22.



_Paulo em Melita._

[Anno Domini 63]

28 E, havendo escapado, então souberam que a ilha se chamava Melita.

2 E os [1] barbaros usaram comnosco de não pouca humanidade; porque,
accendendo um grande fogo, nos recolheram a todos por causa da chuva que
sobrevinha, e por causa do frio.

3 E, havendo Paulo ajuntado _uma_ quantidade de vides, e pondo-as no
fogo, uma vibora, fugindo do calor, lhe accommetteu a mão.

4 E os barbaros, vendo-lhe a bicha pendurada na mão, diziam uns aos
outros: Certamente este homem é homicida, a quem, escapando do mar, a
Justiça não deixa viver.

5 Porém, sacudindo elle a bicha no fogo, não padeceu [2] nenhum mal.

6 E elles esperavam que viesse a inchar ou a cair morto de repente;
porém, tendo esperado _já_ muito, e vendo que nenhum incommodo lhe
sobrevinha, [3] mudando _de parecer_, diziam que era um deus.

7 E ali, proximo d’aquelle mesmo logar, havia umas herdades que
pertenciam ao principal da ilha, por nome Publio, o qual nos recebeu e
hospedou benignamente por tres dias.

8 E aconteceu que o pae de Publio estava de cama enfermo de febres e
dysenteria, ao qual Paulo [4] foi _ver_, e, havendo orado, poz as mãos
sobre elle, e o curou.

9 Feito pois isto, vieram tambem ter com elle os demais que na ilha
tinham enfermidades, e sararam.

10 Os quaes nos honraram tambem com [5] muitas honras: e, havendo de
navegar, _nos_ proveram das coisas necessarias.


_Paulo chega a Roma e fica prisioneiro em sua propria casa durante dois
annos._

11 E tres mezes depois partimos n’um navio de Alexandria que invernára na
ilha, o qual tinha por insignia [AII] Castor e Pollux.

12 E, chegando a Syracusa, ficámos _ali_ tres dias.

13 D’onde, indo costeando, viemos a Rhegio; e um dia depois, soprando um
vento do sul, chegámos no segundo dia a Puteolos.

14 Onde, achando _alguns_ irmãos, nos rogaram que por sete dias
ficassemos com elles; e assim fomos a Roma.

15 E de lá, ouvindo os irmãos novas de nós, nos sairam ao encontro á
praça d’Appio e ás tres Vendas, e Paulo, vendo-os, deu graças a Deus, e
tomou animo.

16 E, logo que chegámos a Roma, o centurião entregou os presos ao general
dos exercitos; porém [6] a Paulo se lhe permittiu morar sobre si á parte,
com o soldado que o guardava.

17 E aconteceu que, tres dias depois, Paulo convocou os que eram
principaes dos judeos, e, juntos elles, lhes disse: Varões [7] irmãos,
não havendo eu feito nada contra o povo, ou contra os ritos paternos, vim
_todavia_ preso desde Jerusalem, entregue nas mãos dos romanos;

18 Os quaes, havendo-me examinado, [8] queriam soltar-_me_, por não haver
em mim crime algum de morte.

19 Porém, oppondo-se os judeos, foi-me forçoso [9] appellar para Cesar,
não tendo, comtudo, de que accusar a minha nação.

20 Assim que por esta causa vos chamei, para _vos_ ver e fallar; [10]
porque pela esperança d’Israel estou com esta cadeia.

21 Porém elles lhe disseram: Nós não recebemos ácerca de ti cartas
_algumas_ da Judea, nem, vindo aqui algum dos irmãos, _nos_ annunciou ou
fallou de ti mal algum.

22 Porém bem quizeramos ouvir de ti o que sentes; porque, quanto a esta
seita, [11] notorio nos é que em toda a parte se falla contra ella.

23 E, havendo-lhe elles assignalado um dia, muitos foram ter com elle
á pousada, aos quaes declarava [12] e testificava o reino de Deus, e
procurava persuadil-os á fé de Jesus, tanto pela lei de Moysés como
_pelos_ prophetas, desde pela manhã até á tarde.

24 E alguns criam [13] no que se dizia; porém outros não criam.

25 E, como ficaram entre si discordes, se despediram, dizendo Paulo esta
palavra: Bem fallou o Espirito Sancto a nossos paes pelo propheta Isaias,

26 Dizendo: Vae a este povo, e dize: [14] De ouvido ouvireis, e de
maneira nenhuma entendereis; e, vendo, vereis, e de maneira nenhuma
percebereis.

27 Porque o coração d’este povo está endurecido, e com os ouvidos ouviram
pesadamente, e fecharam os olhos, para que nunca com os olhos vejam, nem
com os ouvidos ouçam, nem do coração entendam, e se convertam e eu os
cure.

28 Seja-vos pois notorio que esta salvação de Deus é enviada aos gentios,
e [15] elles a ouvirão.

29 E, havendo elle dito isto, partiram os judeos, tendo entre si grande
contenda.

30 E Paulo ficou dois annos inteiros na sua propria habitação que
alugára, e recebia todos quantos vinham vêl-o;

31 Prégando o reino de Deus, [16] e ensinando com toda a ousadia as
_coisas_ pertencentes ao Senhor Jesus Christo, sem impedimento algum.

[1] cap. 27.26. Rom. 1.14. I Cor. 14.11. Col. 3.11.

[2] Mar. 16.18. Luc. 10.19.

[3] cap. 14.11.

[4] Thi. 5.14, 15. Mar. 16.18. Luc. 4.40. cap. 19.11, 12.

[5] Mat. 15.6. I Tim. 5.17.

[6] cap. 24.25 e 27.3.

[7] cap. 24.12, 13 e 25.8 e 21.33.

[8] cap. 22.24 e 24.10 e 25.8 e 26.31.

[9] cap. 25.11.

[10] cap. 26.6, 7 e 26.29. Eph. 3.1 e 4.1 e 6.20.

[11] Luc. 2.34. cap. 24.5, 14. I Ped. 2.12 e 4.14.

[12] Luc. 24.27. cap. 17.3 e 19.8 e 26.6, 22.

[13] cap. 14.4 e 17.4 e 19.9.

[14] Isa. 6.9. Jer. 5.21. Mat. 13.14, 15. Mar. 4.12. Luc. 8.10. João
12.40. Rom. 11.8.

[15] Mat. 21.41, 43. cap. 13.46, 47 e 18.6 e 22.21 e 26.17, 18. Rom.
11.11.

[16] cap. 4.31. Eph. 6.19.



EPISTOLA DE S. PAULO AOS ROMANOS.



_Prefacio e saudação._

[Anno Domini 60]

1 Paulo, servo de Jesus Christo, [1] chamado _para_ apostolo, separado
para o evangelho [2] de Deus,

2 Que antes havia promettido pelos seus prophetas nas sanctas escripturas,

3 Ácerca de seu Filho, [3] que foi gerado da descendencia de David
segundo a carne,

4 Declarado Filho de Deus em poder, segundo [4] o Espirito de
sanctificação, pela resurreição dos mortos, Jesus Christo Nosso Senhor,

5 Pelo qual recebemos a graça _e_ o apostolado, para a [5] obediencia da
fé entre todas as gentes pelo seu nome,

6 Entre os quaes sois tambem vós, _os_ chamados de Jesus Christo.

7 A todos os que estaes em Roma, amados de Deus, [6] chamados sanctos:
Graça e paz de Deus nosso pae, e do Senhor Jesus Christo.


_A fé dos romanos; Paulo anhela vel-os._

8 Primeiramente dou graças ao meu Deus [7] por Jesus Christo, ácerca de
vós todos, porque em todo o mundo é annunciada a vossa fé.

9 Porque Deus, a quem sirvo em meu espirito [8] no evangelho de seu
Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós,

10 [9] Rogando sempre em minhas orações que n’algum tempo, pela vontade
de Deus, se me offereça boa occasião de ir ter comvosco.

11 Porque desejo ver-vos, [10] para vos communicar algum dom espiritual,
afim de que sejaes confortadgos;

12 Isto _é_: para que juntamente comvosco eu seja consolado pela [11] fé
mutua, assim vossa como minha.

13 Porém, irmãos, não quero que ignoreis que muitas [12] vezes propuz ir
ter comvosco (mas até agora tenho sido impedido) para tambem ter entre
vós algum fructo, como tambem entre os demais gentios.

14 Eu sou devedor, [13] tanto a gregos como a barbaros, tanto a sabios
como a ignorantes.

15 Assim que, quanto a mim, estou prompto para tambem vos annunciar o
evangelho, a vós que estaes em Roma.


_A justiça pela fé; o assumpto da epistola._

16 Porque não me envergonho do evangelho de Christo, [14] pois é o poder
de Deus para salvação a todo aquelle que crê; primeiro ao judeo, _e_
tambem ao grego.

17 Porque n’elle se descobre a justiça de Deus de fé em fé, [15] como
está escripto: Mas o justo viverá da fé.


_A idolatria e depravação dos gentios._

18 Porque do céu se manifesta [16] a ira de Deus sobre toda a impiedade e
injustiça dos homens, que deteem a verdade em injustiça.

19 Porquanto o que de Deus se pode conhecer [17] n’elles está manifesto;
porque Deus lh’o manifestou.

20 Porque as suas coisas invisiveis, desde a creação do mundo, tanto o
seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem
pelas coisas que estão creadas, [18] para que fiquem inexcusaveis;

21 Porquanto, tendo conhecido a Deus, não _o_ glorificaram como Deus, nem
_lhe_ deram graças, [19] antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu
coração insensato se obscureceu.

22 Dizendo-se [20] sabios, tornaram-se loucos.

23 E mudaram a gloria do Deus incorruptivel em [21] similhança de imagem
de homem corruptivel, e de aves, e de quadrupedes, e de reptis.

24 Pelo que tambem [22] Deus os entregou ás concupiscencias de seus
corações, á immundicia, para deshonrarem seus corpos entre si:

25 Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, [23] e honraram e serviram
mais a creatura do que o Creador, que _é_ bemdito eternamente. Amen.

26 Pelo que Deus os abandonou [24] ás paixões infames. Porque até as suas
mulheres mudaram o uso natural, no contrario á natureza.

27 E, similhantemente, tambem os varões, deixando o uso natural da
mulher, se inflammaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão
com varão, commettendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que
convinha ao seu erro.

28 E, como elles se não importaram de reconhecer a Deus, assim Deus os
entregou a um sentimento perverso, [25] para fazerem coisas que não
conveem;

29 Estando cheios de toda a iniquidade, fornicação, malicia, avareza,
maldade; cheios de inveja, homicidio, contenda, engano, malignidade;

30 Murmuradores, detractores, aborrecedores de Deus, injuriadores,
soberbos, presumpçosos, inventores de males, desobedientes aos pães e ás
mães;

31 Nescios, infieis nos contractos, sem affeição natural,
irreconciliaveis, sem misericordia;

32 Os quaes, [26] conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte
os que praticam taes coisas), não sómente as fazem, mas tambem consentem
aos que as fazem.

[1] Act. 22.21 e 9.15. I Cor. 1.1. Gal. 1.1 e 1.15. I Tim. 1.11.

[2] Act. 26.6. Tito 1.2. cap. 3.21. Gal. 3.8.

[3] Mat. 1.6, 16. Luc. 1.32. Act. 2.30.

[4] Act. 13.33. Heb. 9.14.

[5] cap. 12.3 e 15.15. I Cor. 15.10. Gal. 1.15. Eph. 3.8. Act. 6.7.

[6] cap. 9.24. I Cor. 1.2 e 1.3. I The. 4.7. Gal. 1.3.

[7] I Cor. 1.4. Phi. 1.3. Col. 1.3, 4. I The. 1.2. Phi. 4.

[8] cap. 9.1. II Cor. 1.23. Phi. 1.8. I The. 2.5. Act. 27.23. II Tim.
1.3. João 4.23, 24. Phi. 3.3.

[9] cap. 15.23, 32. I The. 3.10. Thi. 4.15.

[10] cap. 15.29.

[11] Tito 1.4. II Ped. 1.1.

[12] cap. 15.23. Act. 16.7. I The. 2.18. Phi. 4.17.

[13] I Cor. 9.16.

[14] Psa. 40.9, 10. Mar. 8.38. II Tim. 1.8. I Cor. 1.18. Luc. 2.30. Act.
3.26.

[15] cap. 3.21. Hab. 2.4. João 3.36. Gal. 3.11. Heb. 10.38.

[16] Act. 17.30. Eph. 5.6. Col. 3.6.

[17] Act. 14.17. João 1.9.

[18] Psa. 19.1, etc. Act. 14.17 e 17.27.

[19] II Reis 17.15. Jer. 2.5. Eph. 4.17, 18.

[20] Jer. 10.14.

[21] Deu. 4.16, etc. Psa. 106.20. Isa. 40.18, 25. Jer. 2.11. Eze. 8.10.
Act. 17.29.

[22] Act. 7.42. Eph. 4.18, 19. II The. 2.11, 12. I Cor. 6.18. I The. 4.4.
I Ped. 4.3.

[23] I The. 1.9. I João 5.20. Isa. 44.20. Jer. 10.14. Amós 2.4.

[24] Lev. 18.22, 23. Eph. 5.12. Jud. 10.

[25] Eph. 5.4.

[26] cap. 2.2 e 6.21. Psa. 50.18. Ose. 7.3.



_A impenitencia dos judeos; a justiça de Deus._

2 Portanto, és inexcusavel quando julgas, [1] ó homem, quem quer que
sejas, porque te condemnas a ti mesmo n’aquillo em que julgas o outro;
pois tu, que julgas, fazes as mesmas _coisas_.

2 E bem sabemos que o juizo de Deus é segundo a verdade sobre os que taes
_coisas_ fazem.

3 E tu, ó homem, que julgas os que fazem taes _coisas_, cuidas que,
fazendo-as tu, escaparás ao juizo de Deus?

4 Ou desprezas tu as [2] riquezas da sua benignidade, e paciencia e
[3] longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao
arrependimento?

5 Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, [4] enthesouras
ira para o dia da ira e da manifestação do juizo de Deus;

6 O qual recompensará [5] cada um segundo as suas obras;

7 A saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram
gloria, e honra e incorrupção;

8 Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, e desobedientes á
verdade [6] e obedientes á injustiça.

9 Tribulação e angustia sobre toda a alma do homem que obra o mal;
primeiramente do judeo [7] e tambem do grego:

10 Gloria, porém, [8] e honra e paz a qualquer que obra o bem;
primeiramente ao judeo e tambem ao grego;

11 Porque, para com [9] Deus, não ha accepção de pessoas.

12 Porque todos os que sem lei peccaram sem lei tambem perecerão; e todos
os que sob a lei peccaram pela lei serão julgados.

13 Porque os que ouvem a lei não _são_ justos [10] diante de Deus: mas os
que praticam a lei hão de ser justificados.

14 Porque, quando os gentios, que não teem lei, fazem naturalmente as
coisas que são da lei, não tendo estes lei, para si mesmos são lei;

15 Os quaes mostram a obra da lei escripta em seus corações, testificando
juntamente a sua consciencia, e _seus_ pensamentos, ora accusando-se, ora
defendendo-se;

16 No dia em que Deus [11] ha de julgar os segredos dos homens, por Jesus
Christo, segundo o meu evangelho.


_Os judeos são inexcusaveis; a verdadeira circumcisão._

17 Eis que tu que tens por [12] sobrenome judeo, e repousas na lei, e te
glorias em Deus;

18 E sabes a _sua_ vontade [13] e approvas as coisas excellentes, sendo
instruido por lei;

19 E confias que és guia dos [14] cegos, luz dos que estão em trevas,

20 Instruidor dos nescios, mestre de creanças, que tens a forma da
sciencia [15] e da verdade na lei;

21 Tu, pois, [16] que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que
prégas que não se deve furtar, furtas?

22 Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas
os idolos, [17] commettes sacrilegio?

23 Tu, que te glorias na lei, [18] deshonras a Deus pela transgressão da
lei?

24 Porque, como está escripto, o nome de Deus é blasphemado entre os
gentios por causa de [19] vós.

25 Porque a circumcisão é, [20] na verdade, proveitosa, se tu guardares a
lei; porém, se tu és transgressor da lei, a tua circumcisão se torna em
incircumcisão.

26 Pois, se a incircumcisão [21] guarda os preceitos da lei, porventura a
sua incircumcisãoh não será reputada como circumcisão?

27 E, a que por natureza é incircumcisão, se cumpre a lei, não te [22]
julgará porventura _a ti_, que pela letra e circumcisão és transgressor
da lei?

28 Porque não é judeo [23] o que o é exteriormente, nem é circumcisão a
que o é exteriormente na carne.

29 Mas _é_ judeo o que o é no interior, e circumcisão [24] _é_ a do
coração, no espirito, não _na_ letra: cujo louvor não _provém_ dos
homens, mas de Deus.

[1] cap. 1.20. II Sam. 12.5, 6, 7. Mat. 7.1, 2. João 8.9.

[2] cap. 9.23. Eph. 1.7. cap. 3.25.

[3] Exo. 34.6. Isa. 30.18. II Ped. 3.9, 15.

[4] Deu. 32.34. Thi. 5.3.

[5] Job 34.11. Jer. 17.10. Mat. 16.27. I Cor. 3.8. II Cor. 5.10. Apo.
2.23.

[6] Job 24.13. cap. 1.18. II The. 1.8.

[7] Amós 3.2. Luc. 12.47, 48. I Ped. 4.17.

[8] I Ped. 1.7.

[9] II Chr. 19.7. Act. 10.34. Gal. 2.6. Eph. 6.9. Col. 3.25.

[10] Mat. 7.21. Thi. 1.22. I João 3.7.

[11] Mat. 25.31. João 12.48 e 5.22. I Cor. 4.5. Apo. 20.12. Act. 10.42. I
Tim. 1.11. II Tim. 4.1, 8 e 2.8. I Ped. 4.5.

[12] Mat. 3.9. João 8.33, 41. II Cor. 11.22. Miq. 3.11. Isa. 45.25.

[13] Deu. 4.8. Phi. 1.10.

[14] Mat. 15.14 e 23.16, 17. João 9.34, 40, 41.

[15] cap. 6.17. II Tim. 1.13 e 3.5.

[16] Psa. 50.15, etc. Mat. 23.3, etc.

[17] Mal. 3.8.

[18] ver. 17.

[19] II Sam. 12.14. Isa. 52.5. Eze. 36.20.

[20] Gal. 5.3.

[21] Act. 10.34, 35.

[22] Mat. 12.41, 42.

[23] Mat. 3.9. João 8.39. Gal. 6.15. Apo. 2.9.

[24] I Ped. 3.4. Phi. 3.3. Col. 2.11. II Cor. 3.6. I The. 2.4.



_O privilegio dos judeos; a justiça de Deus._

3 Qual é logo a vantagem do judeo? Ou qual a utilidade da circumcisão?

2 Muita, em toda a maneira, porque, quanto ao primeiro, [1] as palavras
de Deus lhe foram confiadas,

3 Pois que? [2] Se alguns foram incredulos, a sua incredulidade
aniquilará a fé de Deus?

4 De maneira nenhuma; antes seja Deus verdadeiro, [3] e todo o homem
mentiroso; como está escripto: Para que sejas justificado em tuas
palavras, e venças quando fôres julgado.

5 E, se a nossa injustiça recommendar a justiça de Deus, que diremos?
Porventura _será_ Deus injusto, trazendo ira _sobre nós_? ([4] Fallo como
homem)

6 De maneira nenhuma: d’outro modo, como julgará Deus o mundo?

7 Porque, se pela minha mentira abundou mais a verdade de Deus para
gloria sua, porque sou ainda julgado tambem como peccador?

8 E não _dizemos_ (como somos blasphemados, e como alguns dizem que
dizemos): Façamos [5] males, para que venham bens: cuja condemnação é
justa.


_Todos os homens estão debaixo do peccado._

9 Pois que? Somos nós mais excellentes? de maneira nenhuma, pois já
d’antes demonstrámos que, tanto judeos como gregos, todos [6] estão
debaixo do peccado;

10 Como está escripto: [7] Não ha justo, nem ainda um:

11 Não ha ninguem que entenda; não ha ninguem que busque a Deus:

12 Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inuteis. Não ha quem
faça o bem, não ha nem um só:

13 A sua garganta _é um_ [8] sepulchro aberto: com as suas linguas tratam
enganosamente: peçonha de aspides _está_ debaixo de seus labios:

14 Cuja bocca _está_ cheia de maldição e amargura:

15 Os seus pés _são_ [9] ligeiros para derramar sangue:

16 Em seus caminhos _ha_ destruição e miseria:

17 E não conheceram o caminho da paz:

18 Não ha temor [10] de Deus diante de seus olhos.

19 Ora, nós sabemos que tudo o que a lei [11] diz aos que estão debaixo
da lei o diz, para que toda a bocca se feche e todo o mundo seja
condemnavel _diante_ de Deus.

20 Por isso nenhuma carne será justificada [12] diante d’elle pelas obras
da lei, porque pela lei vem o conhecimento do peccado.


_A justificação pela fé em Jesus Christo._

21 Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, [13] tendo o
testemunho da lei e dos prophetas;

22 Isto é, a justiça de Deus pela fé [14] de Jesus Christo para todos e
sobre todos os que crêem; porque não ha differença,

23 Porque todos peccaram [15] e destituidos estão da gloria de Deus;

24 Sendo justificados [16] gratuitamente pela sua graça, pela redempção
que ha em Christo Jesus:

25 Ao qual Deus propoz para [AIJ] propiciação [17] pela fé no seu sangue,
para demonstração da sua justiça, pela remissão dos peccados d’antes
commettidos, sob a paciencia de Deus;

26 Para demonstração da sua justiça n’este tempo presente, para que elle
seja justo e justificador d’aquelle que tem fé em Jesus.

27 Onde _está_ logo a jactancia? [18] É excluida. Por qual lei? Das
obras? Não; mas pela lei da fé.

28 Concluimos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.

29 Deus _é_ porventura sómente [19] dos judeos? E não o _é_ tambem dos
gentios? Tambem dos gentios, certamente.

30 Porque _ha_ um só Deus [20] que justificará pela fé a circumcisão, e
pela fé a incircumcisão.

31 Annullamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes
estabelecemos a lei.

[1] Deu. 4.7, 8. cap. 2.18 e 9.4.

[2] cap. 10.16. Heb. 4.2. Num. 23.19. II Tim. 2.13.

[3] João 3.33. Psa. 62.9 e 116.11 e 51.4.

[4] cap. 6.19. Gal. 3.15. Gen. 18.25.

[5] cap. 5.20 e 6.1, 15.

[6] ver. 23. Gal. 3.22.

[7] Psa. 14.1, 2, 3 e 53.1.

[8] Psa. 5.9. Jer. 5.16. Psa. 140.3.

[9] Pro. 1.16. Isa. 59.7, 8.

[10] Psa. 36.1.

[11] João 10.34. Job 5.16. Eze. 16.63. cap. 1.20 e 2.1, 2.

[12] Psa. 143.2. Act. 13.39. Gal. 2.16. Eph. 2.8, 9. Tito 3.5. cap. 7.7.

[13] Act. 15.11 e 26.22. Phi. 3.9. Heb. 11.4. João 5.46. cap. 1.2. I Ped.
1.10.

[14] cap. 4, etc. Gal. 3.28. Col. 3.11.

[15] cap. 11.32. Gal. 3.22.

[16] cap. 4.16. Eph. 2.8 e 1.7. Tito 3.5, 7. Mat. 20.28. Col. 1.14. I
Tim. 2.6. Heb. 9.12. I Ped. 1.18.

[17] Lev. 16.15. I João 2.2 e 4.10. Col. 1.20. I Tim. 1.15. Act. 17.30.
Heb. 9.15.

[18] cap. 2.17. I Cor. 1.29, 31. Eph. 2.9.

[19] Act. 13.38, 39. ver. 20, 21, 22. cap. 8.3. Gal. 2.16.

[20] cap. 10.12, 13. Gal. 3.8, 20, 28.



_Abrahão foi justificado pela fé._

4 Que diremos pois ter achado Abrahão, [1] nosso pae segundo a carne?

2 Porque, se Abrahão foi justificado pelas obras, [2] tem de que se
gloriar, mas não diante de Deus.

3 Pois, que diz a Escriptura? [3] Creu Abrahão a Deus, e isso lhe foi
imputado como justiça.

4 Ora áquelle que obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, [4]
mas segundo a divida.

5 Porém áquelle que não obra, mas crê n’aquelle que justifica o impio,
[5] a sua fé lhe é imputada como justiça.

6 Como tambem David declara bemaventurado o homem a quem Deus imputa a
justiça sem as obras, dizendo:

7 Bemaventurados aquelles [6] cujas maldades são perdoadas, e cujos
peccados são cobertos:

8 Bemaventurado o homem a quem o Senhor não imputa o peccado.

9 _Vem_ pois esta bemaventurança sobre a circumcisão só, ou tambem sobre
a incircumcisão? Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a
Abrahão.

10 Como _lhe_ foi pois imputada? Estando na circumcisão ou na
incircumcisão? Não na circumcisão, mas na incircumcisão.

11 E recebeu o signal da circumcisão, sello da justiça da fé [7] que teve
na incircumcisão, para que fosse pae de todos os que crêem, estando na
incircumcisão; a fim de que tambem a justiça lhes seja imputada:

12 E fosse pae da circumcisão, d’aquelles que não sómente são da
circumcisão, mas que tambem andam nas pisadas da fé de nosso pae Abrahão,
que tivera na incircumcisão.

13 Porque a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo não [8] _foi
feita_ pela lei a Abrahão, ou á sua posteridade, mas pela justiça da fé.

14 Porque, se os que _são_ da lei são [9] herdeiros, logo a fé é vã e a
promessa é aniquilada.

15 Porque a lei obra a ira. [10] Porque onde não ha lei tambem não ha
transgressão.

16 Portanto _é_ pela fé, para que _seja_ segundo a graça, [11] a fim de
que a promessa seja firme a toda a posteridade, não sómente á que é da
lei, mas tambem á que é da fé de Abrahão, o qual é pae de todos nós;

17 (Como está escripto: [12] Por pae de muitas nações te constitui)
perante aquelle no qual creu, _a saber_, Deus, o qual vivifica os mortos,
e chama as coisas que não são como se já fossem.

18 O qual, em esperança, creu contra a esperança, que seria feito pae
de muitas nações, conforme o que _lhe_ fôra dito: Assim será a tua [13]
descendencia.

19 E não enfraqueceu na fé, nem attentou [14] para o seu proprio corpo
já amortecido, pois era já de quasi cem annos, _nem_ tão pouco para o
amortecimento do ventre de Sarah.

20 E não duvidou da promessa de Deus por desconfiança, mas foi
fortificado na fé, dando gloria a Deus;

21 E estando certissimo [15] de que o que elle tinha promettido tambem
era poderoso para o fazer.

22 Pelo que isso lhe foi tambem imputado como justiça.

23 Ora não só por elle está [16] escripto, que lhe fosse imputado,

24 Mas tambem por nós, a quem será imputado, os que cremos n’aquelle que
dos mortos resuscitou a Jesus [17] nosso Senhor;

25 O qual por nossos peccados [18] foi entregue, e resuscitou para nossa
justificação.

[1] Isa. 51.2. Mat. 3.9. João 8.33, 39. II Cor. 11.22.

[2] cap. 3.20, 27, 28.

[3] Gen. 15.6. Gal. 3.6. Thi. 2.23.

[4] cap. 11.6.

[5] Jos. 24.2.

[6] Psa. 32.1, 2.

[7] Gen. 17.10. Luc. 19.9. ver. 12, 16. Gal. 3.7.

[8] Gen. 17.4, etc. Gal. 3.29.

[9] Gal. 3.18.

[10] cap. 3.20 e 5.13, 20 e 7.8, 10, 11. I Cor. 15.56. II Cor. 3.7, 9.
Gal. 3.10, 19. I João 3.4.

[11] cap. 3.24. Gal. 3.22. Isa. 51.2. cap. 9.8.

[12] Gen. 17.5. cap. 8.11 e 9.26. Eph. 2.1, 5. I Cor. 1.28. I Ped. 2.10.

[13] Gen. 15.5.

[14] Gen. 17.17 e 18.11. Heb. 11.11, 12.

[15] Psa. 115.3. Luc. 1.37, 45. Heb. 11.19.

[16] cap. 15.4. I Cor. 10.6, 11.

[17] Act. 2.24 e 13.30.

[18] Isa. 53.5, 6. cap. 3.25. II Cor. 5.21. Gal. 1.4. Heb. 9.28. I Ped.
2.24 e 1.21. I Cor. 15.17.



_Justificação pela fé e paz com Deus._

5 Sendo pois justificados pela fé, [1] temos paz com Deus, por nosso
Senhor Jesus Christo;

2 Pelo qual tambem [2] temos entrada pela fé a esta graça, na qual
estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da gloria de Deus.

3 E não sómente _isto_, [3] mas tambem nos gloriamos nas tribulações;
sabendo que a tribulação produz a paciencia,

4 E a paciencia a experiencia, e a [4] experiencia a esperança.

5 E a esperança não confunde, porquanto [5] o amor de Deus está derramado
em nossos corações pelo Espirito Sancto que nos foi dado.

6 Porque Christo, estando nós ainda fracos, [6] morreu a seu tempo pelos
impios.

7 Porque apenas alguem morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom
alguem ouse tambem morrer.

8 Mas Deus recommenda o seu amor para comnosco, [7] em que Christo morreu
por nós, sendo nós ainda peccadores.

9 Logo muito mais agora, sendo justificados [8] pelo seu sangue, seremos
por elle salvos da ira.

10 Porque se nós, sendo inimigos, [9] fomos reconciliados com Deus pela
morte de seu Filho, muito mais, estando _já_ reconciliados, seremos
salvos pela sua vida.

11 E não sómente _isto_, [10] mas tambem nos gloriamos em Deus por nosso
Senhor Jesus Christo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação.


_Por um homem vieram o peccado e a morte: por um homem tambem veiu a
graça que superabundou ao peccado._

12 Pelo que, como por [11] um homem entrou o peccado no mundo, e pelo
peccado a morte, assim tambem a morte passou a todos os homens por isso
que todos peccaram.

13 Porque até á lei estava o peccado no mundo, [12] porém o peccado não é
imputado, não havendo lei.

14 Mas a morte reinou desde Adão até Moysés, até sobre aquelles que não
peccaram á similhança da transgressão de Adão, o qual [13] é a figura
d’aquelle que havia de vir.

15 Mas não é assim o dom gratuito como a offensa. Porque, se pela offensa
de um, morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça,
_que é_ d’um só homem, [14] Jesus Christo, abundou sobre muitos.

16 E não foi assim o dom como _a offensa_, por um só que peccou. Porque o
juizo veiu de uma só _offensa_, na verdade, para condemnação, mas o dom
gratuito veiu de muitas offensas para justificação.

17 Porque, se pela offensa de um só, a morte reinou por esse um, muito
mais os que recebem a abundancia da graça, e do dom da justiça, reinarão
em vida por um só, _que é_ Jesus Christo.

18 Pois assim como por uma só offensa _veiu o juizo_ sobre todos os
homens para condemnação, assim tambem por um só acto de justiça _veiu a
graça_ sobre todos [15] os homens para justificação de vida.

19 Porque, como pela desobediencia de um só homem, muitos foram feitos
peccadores, assim pela obediencia de um muitos serão feitos justos.

20 Entrou, porém, [16] a lei para que a offensa abundasse; mas, onde o
peccado abundou, superabundou a graça.

21 Para que, assim como o peccado reinou para a morte, tambem a graça
reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Christo nosso Senhor.

[1] Isa. 32.17. João 16.33. Eph. 2.14. Col. 1.20.

[2] João 10.9. Eph. 2.18. Heb. 10.19. I Cor. 15.1.

[3] Mat. 5.11. Act. 5.41. II Cor. 12.10. Phi. 2.17. Thi. 1.2, 3, 12. I
Ped. 3.14.

[4] Thi. 1.12.

[5] Ecc. 1.20. II Cor. 1.22. Gal. 4.6. Eph. 1.13, 14.

[6] Gal. 4.4. cap. 4.25.

[7] João 15.13. I Ped. 3.18. I João 3.16 e 4.9, 10.

[8] cap. 3.25. Eph. 2.13. Heb. 9.14. I João 1.7. I The. 1.10.

[9] cap. 8.32. II Cor. 5.18 e 4.10. Eph. 2.16. Col. 1.20. João 5.26.

[10] cap. 2.17. Gal. 4.9.

[11] Gen. 3.6. I Cor. 15.21.

[12] cap. 4.15. I João 3.4.

[13] I Cor. 15.21, 22, 45.

[14] Isa. 53.11. Mat. 20.28 e 26.28.

[15] João 12.32. Heb. 2.9.

[16] João 15.22. cap. 3.20 e 4.15. Gal. 3.19, 23. Luc. 7.47. I Tim. 1.14.



_A graça não nos deixa permanecer no peccado, antes nos livra do poder do
peccado._

6 Que diremos pois? Permaneceremos no peccado, [1] para que a graça
abunde?

2 De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o peccado, [2] como
viveremos ainda n’elle?

3 Ou não sabeis que todos quantos fomos baptizados em Jesus [3] Christo
fomos baptizados na sua morte?

4 De sorte que estamos [4] sepultados com elle pelo baptismo na morte;
para que, como Christo resuscitou dos mortos, pela gloria do Pae, assim
andemos nós tambem em novidade de vida.

5 Porque, se fomos [5] plantados juntamente com elle na similhança da sua
morte, tambem o seremos na da sua resurreição:

6 Sabendo isto, que o nosso [6] homem velho foi com _elle_ crucificado,
para que o corpo do peccado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao
peccado.

7 Porque o que está morto [7] está justificado do peccado.

8 Ora, se _já_ morremos [8] com Christo, cremos que tambem com elle
viveremos:

9 Sabendo que, havendo Christo [9] resuscitado dos mortos, já não morre:
a morte não mais terá dominio sobre elle.

10 Pois, emquanto a morrer, de uma vez morreu [10] para o peccado, mas,
emquanto a viver, vive para Deus.

11 Assim tambem vós considerae-vos como [11] mortos para o peccado, mas
vivos para Deus em Christo Jesus nosso Senhor.

12 Não reine portanto [12] o peccado em vosso corpo mortal, para lhe
obedecerdes em suas concupiscencias;

13 Nem tão pouco apresenteis os vossos membros ao peccado por
instrumentos de iniquidade; [13] mas apresentae-vos a Deus, como vivos
d’entre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.

14 Porque o peccado [14] não terá dominio sobre vós, pois não estaes
debaixo da lei, mas debaixo da graça.

15 Pois que? Peccaremos [15] porque não estamos debaixo da lei, mas
debaixo da graça? de modo nenhum.

16 Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para obedecer
[16] sois servos d’aquelle a quem obedeceis, ou do peccado para a morte,
ou da obediencia para a justiça?

17 Porém, graças a Deus que vós fostes servos do peccado, mas obedecestes
de coração á forma [17] de doutrina a que fostes entregues.

18 E, libertados do [18] peccado, fostes feitos servos da justiça.

19 Fallo como homem, pela fraqueza da vossa carne: pois que, assim como
apresentastes os vossos membros _para_ servirem á immundicia, e á maldade
para maldade, assim apresentae agora os vossos membros _para_ servirem á
justiça para sanctificação.

20 Porque, quando ereis [19] servos do peccado, estaveis livres da
justiça.

21 Pois que fructo [20] tinheis então das coisas de que agora vos
envergonhaes? porque o fim d’ellas é a morte.

22 Mas agora, libertados do [21] peccado, e feitos servos de Deus, tendes
o vosso fructo para sanctificação, e por fim a vida eterna.

23 Porque o [22] salario do peccado é a morte, mas o dom gratuito de Deus
é a vida eterna, por Christo Jesus nosso Senhor.

[1] cap. 3.8. ver. 15.

[2] cap. 7.4. Gal. 2.19 e 6.14. Col. 3.3. I Ped. 2.24.

[3] Gal. 3.27. I Cor. 15.29.

[4] Col. 2.12 e 3.10. cap. 8.11. I Cor. 6.14. II Cor. 13.4. João 2.11.
Gal. 6.15. Eph. 4.22.

[5] Phi. 3.10.

[6] Gal. 2.20 e 5.24. Eph. 4.22. Col. 3.5, 9 e 2.11.

[7] I Ped. 4.1.

[8] II Tim. 2.11.

[9] Apo. 1.18.

[10] Heb. 9.27, 28. Luc. 20.38.

[11] ver. 2. Gal. 2.19.

[12] Psa. 19.13 e 119.133.

[13] cap. 7.5. Col. 3.5. Thi. 4.1. I Ped. 2.24.

[14] cap. 7.4, 6 e 8.2. Gal. 5.18.

[15] I Cor. 9.21.

[16] Mat. 6.24. João 8.34. II Ped. 2.19.

[17] II Tim. 1.13.

[18] João 8.32. I Cor. 7.22. Gal. 5.1. I Ped. 2.16.

[19] João 8.34.

[20] cap. 7.5 e 1.32.

[21] João 8.32.

[22] Gen. 2.17. cap. 5.12 e 2.7 e 5.17, 21. Thi. 1.15. I Ped. 1.4.



_Estando mortos á lei, sirvamos a Deus em novidade de espirito. A lei
opera em nós a morte. Lucta da carne com o espirito._

7 Não sabeis vós, irmãos (pois que fallo aos que sabem a lei), que a lei
tem dominio sobre o homem por todo o tempo que vive?

2 Porque a [1] mulher que está sujeita ao marido, emquanto elle viver,
está-lhe ligada pela lei; porém, morto o marido, está livre da lei do
marido.

3 De sorte que, vivendo [2] o marido, será chamada adultera, se fôr
d’outro marido; porém, morto o marido, livre está da lei, de maneira que
não será adultera, se fôr d’outro marido.

4 Assim que, meus irmãos, tambem vós estaes mortos [3] para a lei pelo
corpo de Christo, para que sejaes d’outro, d’aquelle que resuscitou de
entre os mortos, a fim de que demos fructo para [4] Deus.

5 Porque, quando estavamos na carne, as paixões dos peccados, que são
pela lei, [5] obravam em nossos membros para darem fructo para a morte.

6 Mas agora estamos livres da lei, estando mortos para aquillo em que
estavamos retidos; para que sirvamos em [6] novidade d’espirito, e não na
velhice da letra.

7 Que diremos pois? É a lei peccado? De modo nenhum: mas eu não
conheceria [7] o peccado senão pela lei; porque eu não conheceria a
concupiscencia, se a lei não dissesse: [8] Não cubiçarás.

8 Mas o peccado, [9] tomando occasião pelo mandamento, obrou em mim toda
a concupiscencia, porque sem a lei _estava_ morto o peccado.

9 E eu, n’algum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o
peccado, e eu morri;

10 E o [10] mandamento que era para vida esse achei que me _era_ para
morte.

11 Porque o peccado, tomando occasião pelo mandamento, me enganou, e por
elle _me_ matou.

12 Assim que [11] a lei _é_ sancta, e o mandamento sancto, justo e bom.

13 Logo tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum; mas o peccado, para
que se mostrasse peccado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que
pelo mandamento o peccado se fizesse excessivamente peccaminoso.

14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual: mas eu sou carnal, [12]
vendido sob o peccado.

15 Porque o que faço não o approvo; [13] pois o que quero isso não faço,
mas o que aborreço isso faço.

16 E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que _é_ boa.

17 De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o peccado que
habita em mim.

18 Porque eu sei que em mim, isto é, [14] na minha carne, não habita bem
algum: porque o querer está em mim, mas não consigo effectuar o bem.

19 Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.

20 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o peccado que
habita em mim.

21 De sorte que acho esta lei _em mim_: que, quando quero fazer o bem, o
mal está comigo.

22 Porque, [15] segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;

23 Mas vejo nos meus membros outra lei, [16] que batalha contra a lei do
meu entendimento, e me prende debaixo da lei do peccado que está nos meus
membros.

24 Miseravel homem que eu sou! quem me livrará do corpo d’esta morte?

25 Dou graças [17] a Deus por Jesus Christo nosso Senhor. Assim que eu
mesmo com o entendimento sirvo á lei de Deus, mas com a carne á lei do
peccado.

[1] I Cor. 7.39.

[2] Mat. 5.32.

[3] cap. 8.2. Gal. 2.19 e 5.18. Eph. 2.15. Col. 2.14.

[4] Gal. 5.22.

[5] cap. 6.13 e 6.21 e 6.2. Gal. 5.19. Thi. 1.15.

[6] cap. 2.29. II Cor. 3.6.

[7] cap. 3.20.

[8] Exo. 20.17. Deu. 5.21. Act. 20.33. cap. 13.9.

[9] cap. 4.15 e 5.20. I Cor. 15.56.

[10] Lev. 18.5. Eze. 20.11, 13, 21. II Cor. 3.7.

[11] Psa. 19.8 e 119.137. I Tim. 1.8.

[12] I Reis 21.20, 25. II Reis 17.17.

[13] Gal. 5.17.

[14] Gen. 6.5 e 8.21.

[15] Psa. 1.2. II Cor. 4.16. Eph. 3.16. Col. 3.9, 10.

[16] Gal. 5.17. cap. 6.13, 19.

[17] I Cor. 15.57.



_A nova vida debaixo da graça, segundo o espirito de sanctidade e
adopção._

8 Assim que agora nenhuma condemnação _ha_ para os que _estão_ em Christo
Jesus, que não [1] andam segundo a carne, mas segundo o espirito.

2 Porque a [2] lei do espirito de vida, em Christo Jesus, me livrou da
lei do peccado e da morte.

3 Porque o que era impossivel á lei, [3] porquanto estava enferma pela
carne, Deus, enviando o seu Filho em similhança da carne do peccado, e
pelo peccado, condemnou o peccado na carne;

4 Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não [4] andamos
segundo a carne, mas segundo o espirito.

5 Porque os que são segundo a carne inclinam-se [5] para as _coisas_ da
carne; mas os que _são_ segundo o espirito para as _coisas_ do espirito.

6 Porque a inclinação [6] da carne _é_ morte; mas a inclinação do
espirito _é_ vida e paz.

7 Porquanto a inclinação da carne _é_ inimizade contra [7] Deus, pois não
é sujeita á lei de Deus, nem em verdade, o pode ser.

8 Portanto os que estão na carne não podem agradar a Deus.

9 Porém vós não estaes na carne, mas no espirito, [8] se é que o Espirito
de Deus habita em vós. Mas, se alguem não tem o Espirito de Christo,
esse tal não é d’elle.

10 E, se Christo _está_ em vós, o corpo, na verdade, _está_ morto por
causa do peccado, mas o espirito vive por causa da justiça.

11 E, se o Espirito d’aquelle que dos mortos resuscitou a Jesus habita em
vós, [9] aquelle que dos mortos resuscitou a Christo tambem vivificará os
vossos corpos mortaes, pelo seu Espirito que em vós habita.

12 De maneira que, irmãos, [10] somos devedores, não á carne para viver
segundo a carne.

13 Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; [11] mas, se pelo
espirito mortificardes as obras do corpo, vivereis.

14 Porque todos [12] quantos são guiados pelo Espirito de Deus esses são
filhos de Deus.

15 Porque não [13] recebestes o espirito de escravidão, para outra vez
_estardes_ em temor, porém recebestes o espirito de adopção de filhos,
pelo qual clamamos: Abba, Pae.

16 O mesmo Espirito [14] testifica com o nosso espirito que somos filhos
de Deus.

17 E, se nós somos filhos, [15] somos logo herdeiros tambem, herdeiros de
Deus e coherdeiros de Christo; se porventura com _elle_ padecemos, para
que tambem com _elle_ sejamos glorificados.


_As primicias do Espirito: esperança, intercessão, eleição._

18 Porque para mim [16] tenho por certo que as afflicções d’este tempo
presente não _são_ para comparar com a gloria que em nós ha de ser
revelada.

19 Porque a paciente expectação [17] da creatura espera a manifestação
dos filhos de Deus.

20 Porque a creatura [18] está sujeita á vaidade, não por sua vontade,
mas por causa do que a sujeitou,

21 Na esperança de que tambem a mesma creatura será libertada da servidão
da corrupção, para a liberdade da gloria dos filhos de Deus.

22 Porque sabemos que toda [19] a creatura juntamente geme e está com
dôres de parto até agora.

23 E não só _ella_, porém nós mesmos, que temos as primicias do Espirito,
tambem gememos em nós mesmos, [20] esperando a adopção, a saber, a
redempção do nosso corpo.

24 Porque em esperança somos salvos. Ora [21] a esperança que se vê não é
esperança; porque o que alguem vê como o esperará?

25 Mas, se esperamos o que não vemos, esperamol-o com paciencia.

26 E da mesma maneira tambem o Espirito ajuda as nossas [22] fraquezas;
porque não sabemos o que havemos de pedir como convem, mas o mesmo
Espirito intercede por nós com gemidos inexprimiveis.

27 E aquelle [23] que examina os corações, sabe qual seja a intenção do
Espirito; porquanto elle segundo Deus, intercede pelos sanctos.

28 E sabemos que todas _as coisas_ contribuem juntamente para o bem
d’aquelles que amam a [24] Deus, d’aquelles que são chamados por _seu_
decreto.

29 Porque os que d’antes [25] conheceu tambem os predestinou _para serem_
conformes á imagem de seu Filho; para que seja o primogenito entre muitos
irmãos.

30 E aos que predestinou [26] a estes tambem chamou: e aos que chamou a
estes tambem justificou; e aos que justificou a estes tambem glorificou.


_Cantico de victoria: Deus é por nós._

31 Que diremos pois a estas _coisas_? Se Deus [27] é por nós, quem _será_
contra nós?

32 Aquelle que nem mesmo a seu proprio Filho [28] poupou, antes o
entregou por todos nós, como nos não dará tambem com elle todas _as
coisas_?

33 Quem intentará accusação contra os escolhidos de Deus? [29] sendo Deus
quem os justifica.

34 Quem _os_ condemnará? [30] sendo Christo quem morreu, ou antes quem
resuscitou d’entre os mortos, o qual está á direita de Deus, e tambem
intercede por nós.

35 Quem nos separará do amor de Christo? A tribulação, ou a angustia, ou
a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?

36 Como está escripto: [31] Por amor de ti somos entregues á morte todo o
dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro.

37 Mas em todas [32] estas _coisas_ somos mais do que vencedores, por
aquelle que nos amou.

38 Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem
os principados, [33] nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,

39 Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra creatura nos poderá
separar do amor de Deus, que está em Christo Jesus nosso Senhor.

[1] ver. 4. Gal. 5.16, 25.

[2] João 8.36. cap. 6.18, 22 e 7.24. Gal. 2.19. I Cor. 15.45. II Cor. 3.6.

[3] Act. 13.39. cap. 3.20. Heb. 7.18 e 10.1. II Cor. 5.21. Gal. 3.13.

[4] ver. 1.

[5] João 3.6. I Cor. 2.14. Gal. 5.22, 25.

[6] cap. 6.21. ver. 13. Gal. 6.8.

[7] Thi. 4.4. I Cor. 2.14.

[8] I Cor. 3.16. João 3.34. Gal. 4.6. Phi. 1.19. I Ped. 1.11.

[9] Act. 2.24. cap. 6.4, 5. I Cor. 6.14. II Cor. 4.14. Eph. 2.5.

[10] cap. 6.7, 14.

[11] ver. 6. Gal. 6.8. Eph. 4.22. Col. 3.5.

[12] Gal. 5.18.

[13] I Cor. 2.12. Heb. 2.15. II Tim. 1.7. I João 4.18. Isa. 56.5. Gal.
4.5, 6. Mar. 14.36.

[14] II Cor. 1.22. Eph. 1.13.

[15] Act. 26.18 e 14.22. Gal. 4.7. Phi. 1.29. II Tim. 2.11.

[16] II Cor. 4.17. I Ped. 1.6.

[17] II Ped. 3.13.

[18] ver. 22. Gen. 3.19.

[19] Mar. 16.15. Col. 1.23. Jer. 12.11.

[20] Eph. 1.14 e 4.30. II Cor. 5.2, 4, 5. Luc. 20.36 e 21.28.

[21] II Cor. 5.7. Heb. 11.1.

[22] Mat. 20.22. Thi. 4.3. Zac. 12.10. Eph. 6.18.

[23] I Sam. 16.7. I Chr. 28.9. Act. 1.24. I The. 2.4. ver. 34. I João
5.14.

[24] I Cor. 3.21, 22. II Cor. 4.15. Eph. 1.11. II Tim. 1.9.

[25] II Tim. 2.19. I Ped. 1.2. Eph. 1.5, 11. II Cor. 3.18. Phi. 3.21. I
João 3.2. Col. 1.15, 18. Heb. 1.6. Apo. 1.5.

[26] cap. 9.24. Gal. 1.6, 15. Eph. 4.4 e 2.6. Heb. 9.15. I Ped. 2.9, 21.
I Cor. 6.11. João 17.22.

[27] Num. 14.9. Job 34.29. Psa. 118.6.

[28] cap. 5.6, 10.

[29] Isa. 50.8, 9. Luc. 7.42. Apo. 12.10, 11.

[30] Mar. 16.19. Col. 3.1. I Ped. 3.18, 22. Heb. 7.25. I Tim. 2.5. I João
2.1.

[31] Psa. 44.22. I Cor. 15.30. II Cor. 4.11.

[32] I Cor. 15.57. II Cor. 2.14. I João 4.4 e 5.4. Apo. 12.11.

[33] Eph. 1.21 e 6.12. Col. 1.16 e 2.15. I Ped. 3.22.



_Tristeza de Paulo por causa da incredulidade de Israel._

9 Em Christo digo a verdade, [1] não minto (dando-me testemunho
juntamente a minha consciencia no Espirito Sancto):

2 Que tenho grande tristeza [2] e continua dôr no meu coração.

3 Porque eu mesmo desejara [3] ser [AIK] separado de Christo, por amor de
meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne;

4 Que são israelitas, [4] dos quaes _é_ a adopção de filhos, e a gloria,
e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas:

5 Dos quaes _são_ os paes, [5] e dos quaes _é_ Christo segundo a carne, o
qual é Deus sobre todos, bemdito eternamente: Amen.


_A liberdade absoluta da graça de Deus._

6 Não, porém, que a [6] palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os
que _são_ d’Israel são israelitas;

7 Nem por serem descendencia de Abrahão [7] _são_ todos filhos; mas: Em
Isaac será chamada a tua descendencia.

8 Isto é: não _são_ os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os
filhos [8] da promessa são contados como descendencia.

9 Porque a palavra [9] da promessa é esta: Por este tempo virei, e Sarah
terá um filho.

10 E não sómente _esta_, mas tambem Rebecca, quando concebeu de um, de
Isaac, nosso pae;

11 Porque, não tendo _elles_ ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal
(para que o proposito de Deus, segundo a eleição, [10] ficasse _firme_,
[11] não por causa das obras, mas por aquelle que chamava),

12 Foi-lhe dito a ella: O maior servirá o menor.

13 Como está escripto: [12] Amei Jacob, e aborreci Esaú.

14 Que diremos pois? _que ha_ injustiça da parte de Deus? [13] de maneira
nenhuma.

15 Pois diz a Moysés: Compadecer-me-hei de quem me compadecer, e terei
misericordia [14] de quem eu tiver misericordia.

16 De sorte que não _é_ do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que
se compadece.

17 Porque diz a Escriptura [15] a Pharaó: Para isto mesmo te levantei;
para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja annunciado em
toda a terra.

18 De sorte que se compadece de quem quer, e endurece a quem quer.

19 Dir-me-has então: Porque se queixa elle ainda? Porquanto, [16] quem
resiste á sua vontade?

20 Mas antes, ó homem, quem és tu, que contestas contra Deus? Porventura
[17] a coisa formada dirá ao que a formou: Porque me fizeste assim?

21 Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, [18] para da mesma massa
fazer um vaso para honra e outro para deshonra?

22 E que direis se Deus, querendo mostrar a _sua_ ira, e dar a conhecer o
seu poder, supportou com muita paciencia [19] os vasos da ira, preparados
para perdição;

23 Para que tambem désse a conhecer as riquezas [20] da sua gloria nos
vasos de misericordia, que para gloria _já_ d’antes preparou,

24 Os quaes _somos_ nós, a quem tambem chamou, [21] não só d’entre os
judeos, mas tambem d’entre os gentios?

25 Como tambem diz em Oseas: Chamarei meu povo [22] ao que não era meu
povo; e amada á que não era amada.

26 E succederá _que_ [23] no logar em que lhes foi dito: Vós não _sois_
meu povo; ahi serão chamados filhos do Deus vivo.

27 Tambem Isaias clamava ácerca d’Israel: Ainda que o [24] numero dos
filhos d’Israel seja como a areia do mar, o restante será salvo.

28 Porque o Senhor consummará e abreviará a sua palavra em justiça; pois
fará [25] breve a sua palavra sobre a terra.

29 E como antes disse Isaias: Se o Senhor [26] [AIL] dos Exercitos
nos não deixára descendencia, foramos feitos como Sodoma, e seriamos
similhantes a Gomorrah.

30 Que diremos pois? Que os gentios, [27] que não buscavam a justiça,
alcançaram a justiça? _Sim_, porém a justiça que é pela fé.

31 Mas Israel, que buscava [28] a lei da justiça, não chegou á lei da
justiça.

32 Porque? Porque não foi pela fé, mas como que pelas obras [29] da lei;
porque tropeçaram na pedra de tropeço;

33 Como está escripto: [30] Eis que eu ponho em Sião uma pedra de
tropeço, e uma rocha de escandalo; e todo aquelle que crer n’ella [31]
não será confundido.

[1] II Cor. 11.31 e 12.19. Gal. 1.20. I Tim. 2.7.

[2] cap. 10.1.

[3] Exo. 32.32.

[4] Exo. 4.22. Deu. 14.1. Luc. 1.72. Act. 3.25 e 13.32.

[5] cap. 1.3 e 1.25 e 11.28. Deu. 10.15. Mat. 1.16. Jer. 23.6. Heb. 1.8.
I João 5.20.

[6] cap. 3.3 e 2.28, 29 e 4.12, 16. João 8.39. Gal. 6.16.

[7] Gal. 4.23. Gen. 21.12. Heb. 11.18.

[8] Gal. 4.28.

[9] Gen. 18.10, 14.

[10] cap. 4.17 e 8.28.

[11] Gen. 25.23.

[12] Deu. 21.15. Pro. 13.24. Mal. 1.2, 3. Mat. 10.37. Luc. 14.26. João
12.25.

[13] Deu. 32.4. II Chr. 19.7. Job 8.3. Psa. 92.15.

[14] Exo. 33.19.

[15] Gal. 3.8, 22. Exo. 9.16.

[16] II Chr. 20.6. Job 9.12. Dan. 4.35.

[17] Isa. 29.16 e 45.9.

[18] Pro. 16.4. Jer. 18.6. II Tim. 2.20.

[19] I The. 5.9. I Ped. 2.8. Jud. 4.

[20] cap. 2.4. Eph. 1.7. Col. 1.27. cap. 8.28, 29, 30.

[21] cap. 3.29.

[22] Ose. 2.23. I Ped. 2.10.

[23] Ose. 1.10.

[24] Isa. 10.22, 23. cap. 11.5.

[25] Isa. 28.22.

[26] Isa. 1.9. Lam. 3.22. Isa. 13.19. Jer. 50.40.

[27] cap. 4.11 e 10.20 e 1.17.

[28] cap. 10.2 e 11.7. Gal. 5.4.

[29] Luc. 2.34. I Cor. 1.23.

[30] Psa. 118.22. Isa. 8.14 e 28.16. Mat. 21.42. I Ped. 2.6, 7, 8.

[31] cap. 10.11.



_Os judeos rejeitam a justiça de Deus._

10 Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel, é
para _sua_ salvação.

2 Porque lhes dou testemunho de que têem zelo [1] de Deus, mas não com
entendimento.

3 Porque, [2] não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer
a sua propria justiça, não se sujeitaram á justiça de Deus.

4 Porque o fim da lei _é_ [3] Christo para justiça de todo aquelle que
crê.

5 Porque Moysés descreve a justiça que é pela lei, _dizendo_: [4] O homem
que fizer estas _coisas_ viverá por ellas.

6 Mas a justiça que é pela fé diz assim: Não digas em teu [5] coração:
Quem subirá ao céu? (isto é, a trazer _do alto_ a Christo).

7 Ou, quem descerá ao abysmo? (isto é, a tornar a trazer, dos mortos a
Christo).

8 Mas que diz? [6] A palavra está junto de ti, na tua bocca e no teu
coração; esta é a palavra da fé, que prégamos,

9 A saber: Se com a tua bocca confessares [7] ao Senhor Jesus, e em teu
coração crêres que Deus o resuscitou dos mortos, serás salvo.

10 Porque com o coração se crê para a justiça, e com a bocca se faz
confissão para a salvação.

11 Porque a Escriptura diz: [8] Todo aquelle que n’elle crêr não será
confundido.

12 Porque não ha differença entre judeo e grego; [9] porque um mesmo _é_
o Senhor de todos os que o invocam.

13 Porque todo aquelle [10] que invocar o nome do Senhor será salvo.

14 Como pois invocarão _aquelle_ em quem não creram? e como crerão
_n’aquelle_ de quem não ouviram? e como [11] ouvirão, se não ha quem
prégue?

15 E como prégarão, se não forem enviados? como está escripto: Quão
formosos [12] _são_ os pés dos que annunciam a paz, dos que annunciam
_coisas_ boas!

16 Mas nem todos obedecem ao evangelho; [13] porque Isaias diz: Senhor,
quem creu na nossa prégação?

17 De sorte que a fé _é_ pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.

18 Mas digo: Porventura não ouviram? Sim, por certo, pois por toda a
terra saiu o som d’elles, e as suas palavras [14] até aos confins do
mundo.

19 Mas digo: Porventura Israel não o conheceu? Primeiramente diz Moysés:
Eu [15] vos metterei em ciumes com _aquelles que_ não _são_ povo, com
gente insensata vos provocarei á ira.

20 E Isaias se atreve, e diz: Fui achado [16] pelos que me não buscavam,
fui manifestado aos que por mim não perguntavam.

21 Mas contra Israel diz: Todo o dia [17] estendi as minhas mãos a um
povo rebelde e contradizente.

[1] Act. 21.20 e 22.3. Gal. 1.14 e 4.17. cap. 9.31.

[2] cap. 1.17 e 9.30. Phi. 3.9.

[3] Mat. 5.17. Gal. 3.24.

[4] Lev. 18.5. Neh. 9.29. Eze. 20.11, 13, 21. Gal. 3.12.

[5] Deu. 30.12, 13.

[6] Deu. 30.14.

[7] Mat. 10.32. Luc. 12.8. Act. 8.37.

[8] Isa. 28.16 e 49.23. Jer. 17.7. cap. 9.33.

[9] Act. 15.9 e 10.36. Gal. 3.28. cap. 3.29. I Tim. 2.5. Eph. 1.7 e 2.4,
7.

[10] Joel 2.32. Act. 2.21 e 9.14.

[11] Tito 1.3.

[12] Isa. 52.7. Nah. 1.15.

[13] cap. 3.3. Heb. 4.2. Isa. 53.1. João 12.38.

[14] Psa. 19.4. Mat. 24.14 e 28.19. Mar. 16.15. Col. 1.6, 23. I Reis
18.10. Mat. 4.8.

[15] Deu. 32.21. cap. 11.11. Tito 3.3.

[16] Isa. 65.1. cap. 9.30.

[17] Isa. 65.2.



_O futuro de Israel._

11 Digo pois: Porventura [1] rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum;
porque tambem eu sou israelita, da descendencia d’Abrahão, da tribu de
Benjamin.

2 Deus não rejeitou o seu povo, [2] o qual antes conheceu. Ou não sabeis
o que a Escriptura diz de Elias? Como falla a Deus contra Israel, dizendo:

3 Senhor, mataram os teus prophetas, e derribaram os [3] teus altares; e
só eu fiquei, e buscam a minha alma.

4 Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei [4] para mim sete mil
varões, que não dobraram os joelhos diante de Baal.

5 Assim pois [5] tambem agora n’este tempo ficou um resto, segundo a
eleição da graça.

6 E, se é por graça, [6] já não é pelas obras: de outra maneira, a graça
já não é graça. E, se _é_ pelas obras, já não é graça: de outra maneira a
obra já não é obra.

7 Pois que? O que [7] Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o
alcançaram, e os outros foram endurecidos.

8 Como está escripto: [8] Deus lhes deu espirito de profundo somno; olhos
para não vêrem, e ouvidos para não ouvirem, até ao _dia_ d’hoje.

9 E David diz: Torne-se-lhes a sua mesa em laço, [9] e em armadilha, e em
tropeço e em sua retribuição;

10 Escureçam-se-lhes os olhos [10] para não verem, e encurvem-se-lhes
continuamente as costas.

11 Digo pois: Porventura tropeçaram, para que caissem? [11] De modo
nenhum, mas pela sua queda _veiu_ a salvação aos gentios, para os incitar
á emulação.

12 E, se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza
dos gentios, quanto mais a sua plenitude?

13 Porque comvosco fallo, gentios, que, emquanto fôr apostolo dos [12]
gentios, glorificarei o meu ministerio;

14 _Para vêr_ se de alguma maneira posso incitar á emulação _os_ da minha
carne, e salvar [13] alguns d’elles.

15 Porque, se a sua rejeição _é_ a reconciliação do mundo, qual _será_ a
_sua_ admissão, senão a vida d’entre os mortos?

16 E, se as primicias _são_ [14] sanctas, tambem a massa o _é_; se a raiz
é sancta, tambem os ramos _o são_.

17 E, se alguns dos ramos foram quebrados, [15] e tu, sendo zambujeiro,
foste enxertado em logar d’elles, e feito participante da raiz e da seiva
da oliveira,

18 Não te glories contra [16] os ramos; e, se contra _elles_ te
gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.

19 Dirás pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado.

20 Bem: por incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé [17] pela fé:
não te ensoberbeças, mas teme.

21 Porque, se Deus não poupou os ramos naturaes, _teme_ que te não poupe
a ti tambem.

22 Considera pois a bondade e a severidade de Deus: para com os que
cairam, severidade; porém para comtigo, a benignidade de Deus, se
permaneceres na sua benignidade; de [18] outra maneira, tambem tu serás
cortado.

23 Porém tambem elles, se não [19] permanecerem na incredulidade, serão
enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar.

24 Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro, e, contra a
natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturaes,
serão enxertados na sua propria oliveira?

25 Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo [20] (para que não
presumaes de vós mesmos): que o endurecimento veiu em parte sobre Israel,
até que a plenitude dos gentios haja entrado.

26 E assim todo o Israel será salvo, como está escripto: [21] De Sião
virá o Libertador, e desviará de Jacob as impiedades.

27 E este _será_ o meu concerto [22] com elles, quando eu tirar os seus
peccados.

28 Assim que, quanto ao evangelho, _são_ inimigos por causa de vós; mas,
quanto á eleição, [23] amados por causa dos paes.

29 Porque os dons e [24] a vocação de Deus _são_ sem arrependimento.

30 Porque assim como vós tambem antigamente [25] fostes desobedientes a
Deus, porém agora alcançastes misericordia pela desobediencia d’elles,

31 Assim tambem estes agora foram desobedientes, para tambem alcançarem
misericordia pela vossa misericordia.

32 Porque Deus encerrou [26] a todos debaixo da desobediencia, para com
todos usar de misericordia.


_Hymno de adoração._

33 Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da sciencia de
Deus! Quão insondaveis [27] _são_ os seus juizos, e quão inexcrutaveis os
seus caminhos!

34 Porque quem comprehendeu [28] o intento do Senhor? ou quem foi seu
conselheiro?

35 Ou quem lhe deu [29] primeiro a elle, e lhe será recompensado?

36 Porque d’elle [30] e por elle, e para elle, _são_ todas _as coisas_;
gloria _pois_ a elle eternamente. Amen.

[1] I Sam. 12.22. Jer. 31.37. II Cor. 11.22. Phi. 3.5.

[2] cap. 8.29.

[3] I Reis 19.10, 14.

[4] I Reis 19.18.

[5] cap. 9.27.

[6] cap. 4.4, 5. Gal. 5.4. Deu. 9.4, 5.

[7] cap. 9.31 e 10.3.

[8] Isa. 29.10. Deu. 29.4. Isa. 6.9. Jer. 5.21. Eze. 12.2. Mat. 13.14.
João 12.40. Act. 28.26.

[9] Psa. 69.22.

[10] Psa. 69.23.

[11] Act. 13.46 e 18.6 e 22.18, 21 e 28.24, 28. cap. 10.19.

[12] Act. 9.15 e 13.2. cap. 15.16. Gal. 1.16 e 2.2, 7, 8. Eph. 3.8. I
Tim. 2.7. II Tim. 1.11.

[13] I Cor. 7.16 e 9.22. I Tim. 4.16. Thi. 5.20.

[14] Lev. 23.10. Num. 15.18, 19, 20, 21.

[15] Jer. 11.16. Act. 2.39. Eph. 2.12, 13.

[16] I Cor. 10.12.

[17] cap. 12.16. Pro. 28.14. Isa. 66.2. Phi. 2.12.

[18] I Cor. 15.2. Heb. 3.6, 14. João 15.2.

[19] II Cor. 3.16.

[20] cap. 12.16. ver. 7. II Cor. 3.14. Luc. 21.24. Apo. 7.9.

[21] Isa. 59.20. Psa. 14.7.

[22] Isa. 27.9. Jer. 31.31, etc. Heb. 8.8 e 10.16.

[23] Deu. 7.8 e 9.5 e 10.15.

[24] Num. 23.19.

[25] Eph. 2.2. Col. 3.7.

[26] cap. 3.9. Gal. 3.22.

[27] Psa. 36.6. Job 11.7.

[28] Job 15.8. Isa. 40.13. Jer. 23.18. I Cor. 2.16.

[29] Job 35.7.

[30] I Cor. 8.6. Col. 1.16. I Tim. 1.17. II Tim. 4.18. Heb. 13.21. I Ped.
5.11. Apo. 1.6.



_Consagração a Deus; humildade e fidelidade no uso de seus dons._

12 Rogo-vos pois, irmãos, [1] pela compaixão de Deus, que apresenteis os
vossos corpos em sacrificio vivo, sancto e agradavel a Deus, _que é_ o
vosso culto racional.

2 E não vos conformeis [2] com este mundo, mas transformae-vos pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual _seja_ a
boa, agradavel, e perfeita vontade de Deus.

3 Porque pela graça, que me [3] é dada, digo a cada um d’entre vós
que não saiba mais do que convem saber, mas que saiba com temperança,
conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.

4 Porque assim como em [4] um corpo temos muitos membros, e nem todos os
membros teem a mesma operação,

5 Assim nós, que somos muitos, [5] somos um só corpo em Christo, mas
membros uns dos outros.

6 De modo que, tendo differentes dons, segundo a graça que nos é dada, ou
seja [6] prophecia, seja ella segundo a medida da fé;

7 Ou seja ministerio, seja em ministrar; ou o que ensina [7] em ensinar;

8 Ou o que exhorta, em exhortar; o que reparte, em simplicidade; o [8]
que preside, com cuidado; o que exercita misericordia, com alegria.


_O amor, o fervor, a humildade, a beneficencia._

9 O amor _seja_ não fingido. [9] Aborrecei o mal e apegae-vos ao bem.

10 Amae-vos cordealmente uns aos outros com amor fraternal, [10]
preferindo-vos em honra uns aos outros.

11 Não sejaes vagarosos no cuidado: sêde fervorosos no espirito, servindo
ao Senhor;

12 Alegrae-vos na esperança, [11] sêde pacientes na tribulação,
perseverae na oração;

13 Communicae com os sanctos nas suas necessidades, [12] segui a
hospitalidade;

14 Abençoae aos que vos [13] perseguem, abençoae, e não amaldiçoeis:

15 Alegrae-vos com [14] os que se alegram; e chorae com os que choram;

16 _Sêde_ unanimes entre vós; [15] não ambicioneis _coisas_ altivas, mas
accommodae-vos ás humildes; não sejaes sabios em vós mesmos;

17 A ninguem [16] torneis mal por mal; procurae as _coisas_ honestas,
perante todos os homens.

18 Se _fôr_ possivel, quanto estiver em vós, tende paz com [17] todos os
homens.

19 Não vos vingueis a vós mesmos, amados, [18] mas dae logar á ira,
porque está escripto: Minha _é_ a vingança; eu recompensarei, diz o
Senhor.

20 Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer: se tiver sêde,
dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brazas de fogo sobre a
sua cabeça.

21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.

[1] I Ped. 2.5. Psa. 50.14. cap. 6.13. I Cor. 6.20. Heb. 10.20.

[2] I Ped. 1.14. I João 2.15. Eph. 4.23 e 5.17. Col. 3.10. I The. 4.3.

[3] cap. 1.5. I Cor. 3.10 e 15.10. Gal. 2.9. Eph. 3.2 e 4.7. Pro. 25.27.
Ecc. 7.16. cap. 11.20. I Cor. 12.11.

[4] I Cor. 12.12. Eph. 4.16.

[5] I Cor. 10.17 e 12.20, 27. Eph. 1.23 e 4.25.

[6] I Cor. 12.4. I Ped. 4.10, 11. Act. 11.27. I Cor. 12.10, 28 e 14.29,
31.

[7] Act. 13.1. Gal. 6.6. Eph. 4.11. I Tim. 5.17.

[8] Act. 15.32 e 20.28. I Cor. 14.3. I Tim. 5.17. I Ped. 5.2. II Cor. 9.7.

[9] I Tim. 1.5. I Ped. 1.22. Psa. 34.14. Amós 5.15.

[10] Heb. 13.1. I Ped. 1.22 e 5.5. II Ped. 1.7. Phi. 2.3.

[11] Luc. 10.20 e 21.19 e 18.1. cap. 5.2. Phi. 3.1. I The. 5.16. I Ped.
4.13 e 2.19. I Tim. 6.11. Heb. 10.36. Thi. 1.4. Act. 2.42. Eph. 6.18.
Col. 4.2.

[12] II Cor. 9.1, 12. Heb. 6.10. I João 3.17. Heb. 13.2. I Ped. 4.9.

[13] Mat. 5.44. Luc. 6.28. Act. 7.60. I Cor. 4.12.

[14] I Cor. 12.26.

[15] I Cor. 1.10. Phi. 2.2 e 3.16. I Ped. 3.8.

[16] Pro. 20.22. Mat. 5.39. I The. 5.15. I Ped. 3.9. II Cor. 8.21.

[17] Mar. 9.50. Heb. 12.14.

[18] Lev. 19.18. Pro. 24.29 e 25.21. Deu. 32.35. Heb. 10.30. Exo. 23.4, 5.
Mat. 5.44.



_Submissão á auctoridade._

13 Toda a alma esteja [1] sujeita ás potestades superiores; porque não ha
potestade senão de Deus; e as potestades que ha são ordenadas por Deus.

2 Por isso quem [2] resiste á potestade resiste á ordenação de Deus: e os
que resistem trarão sobre si mesmos a condemnação.

3 Porque os magistrados não são para temor das boas obras, senão das más.
Queres tu pois não temer a potestade? Faze [3] o bem, e terás louvor
d’ella.

4 Porque elle é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal,
teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, vingador
para castigar o que faz o mal.

5 Portanto é necessario [4] estar sujeito, não sómente pelo castigo, mas
tambem pela consciencia.

6 Porque por isso tambem pagaes tributos: porque são ministros de Deus,
attendendo sempre a isto mesmo.

7 Portanto dae a cada um [5] o que deveis: a quem tributo, tributo: a
quem imposto, imposto: a quem temor, temor: a quem honra, honra.


_O amor ao proximo, a vigilancia, a pureza._

8 A ninguem devaes coisa alguma, senão o amor com que vos ameis [6] uns
aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.

9 Porque isto: Não [7] adulterarás: Não matarás: Não furtarás: Não darás
falso testemunho: Não cubiçarás: e se _ha_ algum outro mandamento, n’esta
palavra se resume: Amarás ao teu proximo como a ti mesmo.

10 O amor não faz mal ao proximo. De sorte que o [8] cumprimento da lei
_é_ o amor.

11 E isto, conhecendo o tempo, que _é_ já hora de despertarmos do somno;
porque [9] a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando
crêmos.

12 A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos [10] pois as obras
das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.

13 Andemos honestamente, [11] como de dia: não em glotonerias, nem em
bebedeiras, nem em deshonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas
e inveja.

14 Mas vesti-vos [12] do Senhor Jesus Christo, e não tenhaes cuidado da
carne em _suas_ concupiscencias.

[1] Tito 3.1. I Ped. 2.13. Pro. 8.15, 16. Dan. 2.21. João 19.11.

[2] Tito 3.1.

[3] I Ped. 2.14 e 3.13.

[4] Ecc. 8.2. I Ped. 2.19.

[5] Mat. 22.21. Mar. 12.17. Luc. 20.25.

[6] ver. 10. Gal. 5.14. Col. 3.14. I Tim. 1.5. Thi. 2.8.

[7] Exo. 20.13, etc. Deu. 5.17, etc. Mat. 19.18 e 22.39. Lev. 19.18. Gal.
5.14. Thi. 2.8.

[8] Mat. 22.40. ver. 8.

[9] I Cor. 15.34. Eph. 5.14. I The. 5.5.

[10] Eph. 5.11. Col. 3.8. I The. 5.8.

[11] Phi. 4.8. I The. 4.12. Pro. 23.20. Luc. 21.34. I Ped. 4.3. I Cor.
6.9. Eph. 5.5.

[12] Gal. 3.27. Eph. 4.24. Col. 3.10. Gal. 5.16. I Ped. 2.11.



_Tolerancia para com os fracos na fé._

14 Ora, quanto ao que está enfermo [1] na fé, recebei-o, não em contendas
de disputas.

2 Porque um crê que de tudo se pode comer, [2] e outro, que é enfermo,
come legumes.

3 O que come não despreze ao que não come; [3] e o que não come não
julgue ao que come; porque Deus o recebeu _por seu_.

4 Quem és tu, [4] que julgas ao servo alheio? Para seu proprio Senhor
está em pé ou cae; porém estará firme; porque poderoso é Deus para o
firmar.

5 Um faz differença [5] entre dia e dia, mas outro julga _eguaes_ todos
os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em seu proprio animo.

6 Aquelle que faz caso do dia, [6] para o Senhor o faz; e o que não faz
caso do dia, para o Senhor o não faz. O que come, para o Senhor come,
porque dá graças a Deus; e o que não come, para o Senhor não come, e dá
graças a Deus.

7 Porque nenhum [7] de nós vive para si, e nenhum morre para si.

8 Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos: se morremos, para o Senhor
morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor.

9 Porque para isto [8] tambem morreu Christo, e resuscitou, e tornou a
viver; para ser Senhor, tanto dos mortos, como dos vivos.

10 Mas tu, porque julgas a teu irmão? Ou tu, tambem, porque desprezas
a teu irmão? Pois todos [9] havemos de comparecer ante o tribunal de
Christo.

11 Porque está escripto: [10] Vivo eu, diz o Senhor: _que_ todo o joelho
se dobrará diante de mim, e toda a lingua confessará a Deus.

12 De maneira que cada um [11] de nós dará conta de si mesmo a Deus.


_A liberdade e a caridade._

13 Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; [12] mas antes julgae
isto, não pôr tropeço ou escandalo ao irmão.

14 Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nenhuma coisa _é_ de si
mesmo immunda [13] senão para aquelle que a tem por immunda, para esse
_é_ immunda.

15 Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas
conforme o amor. [14] Não destruas com a tua comida aquelle por quem
Christo morreu.

16 Não seja pois [15] blasphemado o vosso bem;

17 Porque o reino [16] de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e
paz, e alegria no Espirito Sancto.

18 Porque quem n’isto serve a Christo [17] agradavel _é_ a Deus e acceito
aos homens.

19 Sigamos [18] pois as _coisas_ que _servem_ para a paz e para a [19]
edificação de uns para com os outros.

20 Não destruas por causa da comida a obra de Deus. É verdade que [20]
todas _as coisas são_ limpas, mas _é_ mau para o homem que come com
escandalo.

21 Bom _é_ não comer carne, [21] nem beber vinho, nem fazer _outras
coisas_ em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça.

22 Tens tu fé? Tem-_n’a_ em ti mesmo diante de Deus. Bemaventurado
aquelle [22] que não se condemna a si mesmo no que approva.

23 Mas aquelle que duvida, se come está condemnado, porque não come por
fé; e tudo [23] que não _é_ de fé é peccado.

[1] I Cor. 8.9, 11 e 9.22.

[2] I Cor. 10.25. I Tim. 4.4. Tito 1.15.

[3] Col. 2.16.

[4] Thi. 4.12.

[5] Gal. 4.10. Col. 2.16.

[6] Gal. 4.10. I Cor. 10.31. I Tim. 4.3.

[7] I Cor. 6.19, 20. Gal. 2.20. I The. 5.10. I Ped. 4.2.

[8] II Cor. 5.15. Act. 10.36.

[9] Mat. 25.31, 32. Act. 10.42 e 17.31. II Cor. 5.10.

[10] Isa. 45.23. Phi. 2.10.

[11] Mat. 12.36. Gal. 6.5. I Ped. 4.5.

[12] I Cor. 8.9, 13 e 10.32.

[13] Act. 10.15. ver. 2, 20. I Cor. 10.25. I Tim. 4.4. Tito 1.15.

[14] I Cor. 8.11.

[15] cap. 12.17.

[16] I Cor. 8.8.

[17] II Cor. 8.21.

[18] Psa. 34.14. cap. 12.18.

[19] cap. 15.2. I Cor. 14.12. I The. 5.11.

[20] Mat. 15.11. Act. 10.15. ver. 14. Tito 1.15. I Cor. 8.9, 10, 11, 12.

[21] I Cor. 8.13.

[22] I João 3.21.

[23] Tito 1.15.



_Christo dá-nos o exemplo da abnegação._

15 Mas nós, que somos fortes, devemos [1] supportar as fraquezas dos
fracos, e não agradar a nós mesmos.

2 Portanto cada um de nós [2] agrade ao _seu_ proximo no que é bom para
edificação.

3 Porque tambem Christo não agradou a si mesmo, [3] mas, como está
escripto: Sobre mim cairam as injurias dos que te injuriavam.

4 Porque todas as _coisas_ que d’antes foram [4] escriptas, para nosso
ensino foram escriptas, para que pela paciencia e consolação das
Escripturas tenhamos esperança.

5 Ora o Deus de paciencia [5] e consolação vos conceda que entre vós
sintaes uma mesma coisa, segundo Jesus Christo.

6 Para que concordes, [6] a uma bocca, glorifiqueis ao Deus e Pae de
Nosso Senhor Jesus Christo.

7 Portanto recebei uns aos outros, como [7] tambem Christo nos recebeu
para gloria de Deus.

8 Digo pois [8] que Jesus Christo foi ministro da circumcisão, por causa
da verdade de Deus, para confirmar as promessas _feitas_ aos paes;

9 E _para_ que os gentios [9] glorifiquem a Deus pela sua misericordia,
como está escripto: Portanto eu te confessarei entre os gentios, e
cantarei ao teu nome.

10 E outra vez diz: [10] Alegrae-vos, gentios, com o seu povo.

11 E outra vez: Louvae [11] ao Senhor, todos os gentios, e celebrae-o,
todos os povos.

12 E outra vez diz Isaias: Uma raiz [12] de Jessé haverá, e n’aquelle que
se levantar para reger os gentios esperarão os gentios.

13 Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo [13] e paz na fé,
para que abundeis em esperança pela virtude do Espirito Sancto.


_O apostolado e propositos de Paulo._

14 Porém, meus irmãos, certo [14] estou, a respeito de vós, que tambem
vós mesmos estaes cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, _e_
poderosos para tambem vos admoestardes uns aos outros.

15 Mas, irmãos, em parte vos escrevi mais ousadamente, como trazendo-vos
outra vez _isto_ á memoria, pela graça [15] que por Deus me foi dada;

16 Para que seja [16] ministro de Jesus Christo entre os gentios,
administrando o evangelho de Deus, para que seja agradavel a offerta dos
gentios, sanctificada pelo Espirito Sancto.

17 De sorte que tenho gloria em Jesus Christo nas _coisas_ que pertencem
[17] a Deus.

18 Porque não ousaria dizer _coisa_ alguma, que [18] Christo por mim não
tenha feito, para obediencia dos gentios, por palavra e por obras;

19 Pelo poder dos signaes [19] e prodigios, pela virtude do Espirito de
Deus: de maneira que desde Jerusalem, e pelos arredores, até ao Illyrico,
tenho prégado o evangelho de Jesus Christo.

20 E assim afectuosamente me esforcei em annunciar o evangelho, não onde
Christo [20] houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento
alheio,

21 Antes, como está escripto: Aquelles a quem não foi [21] annunciado _o_
verão, e os que não ouviram _o_ entenderão.

22 Pelo que tambem muitas vezes [22] tenho sido impedido de ir ter
comvosco.

23 Mas agora, que não [23] tenho mais demora n’estas partes, e tendo já
ha muitos annos grande desejo de ir ter comvosco,

24 Quando partir para Hespanha irei ter comvosco; pois espero que de
passagem vos verei e para lá [24] serei acompanhado de vós, depois de ter
gozado em parte da vossa _presença_.

25 Mas agora vou a Jerusalem para [25] ministrar aos sanctos.

26 Porque pareceu bem á Macedonia [26] e á Achaia fazerem uma collecta
para os pobres d’entre os sanctos que estão em Jerusalem.

27 Porque lhes pareceu bem, e são-lhes devedores. Porque, se os gentios
[27] foram participantes dos seus _bens_ espirituaes, devem tambem
ministrar-lhes os temporaes.

28 Assim que, concluido isto, e havendo-lhes consignado este [28] fructo,
de lá, _passando_ por vós, irei a Hespanha.

29 E bem sei que, chegando a vós, chegarei com a plenitude da benção do
evangelho de Christo.

30 E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Christo [29] e pelo amor do
Espirito, que combataes comigo em orações por mim a Deus;

31 Para que seja livre [30] dos rebeldes que estão na Judéa, e que esta
minha administração, que em Jerusalem _faço_, seja acceite aos sanctos;

32 Para que, pela vontade de Deus, chegue a vós [31] com alegria, e possa
recreiar-me comvosco.

33 E o Deus de [32] paz seja com todos vós. Amen.

[1] Gal. 6.1. cap. 14.1.

[2] I Cor. 9.19, 22 e 10.24. Phi. 2.4, 5. cap. 14.19.

[3] Mat. 26.39. João 5.30 e 6.38. Psa. 69.9.

[4] cap. 4.23, 24. I Cor. 9.9. II Tim. 3.16, 17.

[5] cap. 12.16. I Cor. 1.10. Phi. 3.16.

[6] Act. 4.24, 32.

[7] cap. 14.1, 3 e 5.2.

[8] Mat. 15.24. João 1.11. Act. 3.25. II Cor. 1.20.

[9] João 10.16. cap. 9.23. Psa. 18.49.

[10] Deu. 32.43.

[11] Psa. 117.1.

[12] Isa. 11.1, 10. Apo. 5.5 e 22.16.

[13] cap. 12.12 e 14.17.

[14] II Ped. 1.12. I João 2.21. I Cor. 8.1, 7, 10.

[15] cap. 1.5 e 12.3. Gal. 1.15. Eph. 3.7.

[16] cap. 11.13. Gal. 2.7. I Tim. 2.7. II Tim. 1.11. Isa. 66.20. Phi.
2.17.

[17] Heb. 5.1.

[18] Act. 21.19. Gal. 2.8. cap. 1.5 e 16.26.

[19] Act. 19.11. II Cor. 12.12.

[20] II Cor. 10.13.

[21] Isa. 52.15.

[22] cap. 1.13. I The. 2.17, 18.

[23] Act. 19.21. ver. 32. cap. 1.11.

[24] Act. 15.3.

[25] Act. 19.21 e 20.22 e 24.17.

[26] I Cor. 16.1, 2. II Cor. 8.1 e 9.2, 12.

[27] cap. 11.17. I Cor. 9.11. Gal. 6.6.

[28] Phi. 4.17.

[29] Phi. 2.1. II Cor. 1.11. Col. 4.12.

[30] II The. 3.2. II Cor. 8.4.

[31] Act. 18.21. I Cor. 4.19. Thi. 4.15. I Cor. 16.18. II Cor. 7.13. II
Tim. 1.16. Phi. 1.20.

[32] I Cor. 14.33. II Cor. 13.11. Phi. 4.9. I The. 5.23. II The. 3.16.
Heb. 13.20.



_Recommendações, saudações e votos._

16 Recommendo-vos pois Phebe, nossa irmã, a qual serve na egreja que está
em [1] Cenchrea.

2 Para que a recebaes no Senhor, como [2] convem aos sanctos e a ajudeis
em qualquer coisa que de vós necessitar; porque tem hospedado a muitos,
como tambem a mim mesmo.

3 Saudae a Priscilla [3] e a Aquila, meus cooperadores em Christo Jesus,

4 Que pela minha vida expozeram [AIM] as suas cabeças; aos quaes não só
eu agradeço, mas tambem todas as egrejas dos gentios.

5 _Saudae_ tambem a egreja [4] _que está_ em sua casa. Saudae a Epéneto,
meu amado, que é as primicias da Asia em Christo.

6 Saudae a Maria, que trabalhou muito por nós.

7 Saudae a Andronico e a Junia, meus parentes e meus companheiros na
prisão, os quaes se assignalam entre os apostolos [5] e que foram antes
de mim em Christo.

8 Saudae a Amplias, meu amado no Senhor.

9 Saudae a Urbano, nosso cooperador em Christo, e a Stachys, meu amado.

10 Saudae a Apelles, approvado em Christo. Saudae aos _da familia_
d’Aristobulo.

11 Saudae a Herodião, meu parente. Saudae aos _da familia_ de Narciso, os
que estão no Senhor.

12 Saudae a Tryphena e a Tryphosa, as quaes trabalham no Senhor. Saudae á
amada Persida, a qual muito trabalhou no Senhor.

13 Saudae a Rufo, [6] eleito no Senhor, e a sua mãe e minha.

14 Saudae a Asyncrito, a Phlegonte, a Hermas, a Patrobas, a Hermes, e aos
irmãos que estão com elles.

15 Saudae a Philologo e a Julia, a Nereo e a sua irmã, e a Olympia, e a
todos os sanctos que com elles estão.

16 Saudae-vos uns aos [7] outros com sancto osculo. As egrejas de
Christo vos saudam.

17 E rogo-vos, irmãos, que vos acauteleis dos que promovem dissensões [8]
e escandalos contra a doutrina que aprendestes; desviae-vos d’elles.

18 Porque os taes não servem a nosso Senhor Jesus Christo, mas ao seu
[9] ventre: e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos
simplices.

19 Porque a vossa obediencia [10] é conhecida de todos. Comprazo-me pois
em vós; e quero que sejaes sabios no bem, porém simplices no mal.

20 E o Deus de paz [11] esmagará logo a Satanaz debaixo dos vossos pés. A
graça de Nosso Senhor Jesus Christo _seja_ comvosco. Amen.

21 Saudam-vos Timotheo, meu cooperador, e Lucio, e Jason, [12] e
Sosipater, meus parentes.

22 Eu, Tercio, que _esta_ carta escrevi, vos saudo no Senhor.

23 Sauda-vos Gaio, [13] meu hospedeiro, e de toda a egreja. Sauda-vos
Erasto, procurador da cidade, e tambem o irmão Quarto.

24 A graça de nosso [14] Senhor Jesus Christo _seja_ com todos vós. Amen.

25 Ora, áquelle que é [15] poderoso para vos confirmar segundo o meu
evangelho, e a prégação de Jesus Christo, conforme a revelação do
mysterio que desde tempos eternos foi encoberto,

26 Mas agora se manifestou, e se notificou [16] pelas Escripturas dos
prophetas, segundo o mandamento do Deus eterno, para obediencia [17] da
fé entre todas as nações,

27 Ao unico Deus, sabio, [18] _seja_ gloria por Jesus Christo para todo o
sempre. Amen.

[1] Act. 13.18.

[2] Phi. 2.29. III João 5, 6.

[3] Act. 18.2, 18, 26. II Tim. 4.19.

[4] I Cor. 16.15, 19. Col. 4.15. Phi. 2.

[5] Gal. 1.22.

[6] II João 1.

[7] I Cor. 16.20. I The. 5.26. I Ped. 5.14.

[8] Act. 15.1, 5, 24. I Cor. 5.9, 11. II The. 3.6, 14. II Tim. 3.5. Tito
3.10. II João 10.

[9] Phi. 3.19. I Tim. 6.5. Col. 2.4. II Tim. 3.6. Tito 1.10. II Ped. 2.3.

[10] Mat. 10.16. I Cor. 14.20.

[11] Gen. 3.15. I Cor. 16.23. Phi. 4.23. Apo. 22.21.

[12] Act. 16.1 e 13.1. Phi. 2.19. I The. 3.2. I Tim. 1.2. Heb. 13.23.

[13] I Cor. 1.14. Act. 19.22. II Tim. 4.20.

[14] I The. 5.28.

[15] Eph. 3.20 e 1.9. I The. 3.13. II The. 2.17 e 3.3. Jud. 24. Col.
1.26, 27. I Cor. 2.7.

[16] Eph. 1.9. II Tim. 1.10. Tito 1.2, 3. I Ped. 1.20.

[17] Act. 6.7. cap. 1.5.

[18] I Tim. 1.17 e 6.16. Jud. 25.



PRIMEIRA EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO AOS CORINTHIOS.



_Prefacio, saudação e acção de graças._

[Anno Domini 59]

1 Paulo (chamado [1] apostolo de Jesus Christo, pela vontade de Deus), e
o irmão Sosthenes,

2 Á egreja de Deus que está em Corintho, [2] aos sanctificados em Christo
Jesus, chamados sanctos, com todos os que em todo o logar invocam o nome
de nosso Senhor Jesus Christo, _Senhor_ d’elles e nosso:

3 Graça [3] e paz de Deus nosso Pae, e _do_ Senhor Jesus Christo.

4 Sempre dou graças ao meu Deus por vós [4] pela graça de Deus que vos
foi dada em Jesus Christo.

5 Porque em todas _as coisas_ sois enriquecidos n’elle, [5] em toda a
palavra e em todo o conhecimento

6 (Como o testemunho [6] de Christo foi confirmado entre vós).

7 De maneira que nenhum dom vos falte, esperando a manifestação [7] de
nosso Senhor Jesus Christo,

8 O qual vos confirmará tambem até ao fim, _para serdes_ irreprehensiveis
[8] no dia de nosso Senhor Jesus Christo.

9 Fiel _é_ Deus, [9] pelo qual fostes chamados para a communhão de seu
Filho Jesus Christo nosso Senhor.


_As dissensões na egreja de Corintho._

10 Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Christo,
que digaes todos uma mesma [10] _coisa_, e _que_ não haja entre vós
dissensões; antes sejaes unidos em um mesmo sentido e em um mesmo parecer.

11 Porque de vós, irmãos meus, me foi notificado pelos da familia de
Chloe que ha contendas entre vós.

12 E digo isto, [11] que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de
Apollos, e eu de Cephas, e eu de Christo.

13 Está Christo divídido? [12] foi Paulo crucificado por vós? ou fostes
vós baptizados em nome de Paulo?

14 Dou graças a Deus, porque a nenhum de vós baptizei, senão a [13]
Crispo e a Gaio.

15 Para que ninguem diga que eu tenho baptizado em meu nome.

16 E baptizei tambem a [14] familia de Estephanas; além d’estes, não sei
se baptizei algum outro.

17 Porque Christo enviou-me, não para baptizar, mas para evangelizar; não
em sabedoria [15] de palavras, para que a cruz de Christo se não faça vã.

18 Porque a palavra da cruz é loucura para [16] os que perecem; mas para
nós, que somos salvos, é o poder de Deus.

19 Porque está escripto: [17] Destruirei a sabedoria dos sabios, e
aniquilarei a intelligencia dos intelligentes.

20 Onde está [18] o sabio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor
d’este seculo? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria d’este mundo?

21 Porque, como na sabedoria [19] de Deus o mundo não conheceu a Deus
pela sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da prégação.

22 Porque os judeos pedem [20] signal, e os gregos buscam sabedoria;

23 Mas nós prégamos a Christo crucificado, que é escandalo para [21] os
judeos, e loucura para os gregos.

24 Porém para os que são chamados, tanto judeos como gregos, _lhes
prégamos_ a Christo, [22] poder de Deus, e sabedoria de Deus.

25 Porque a loucura de Deus é mais sabia do que os homens; e a fraqueza
de Deus é mais forte do que os homens.

26 Porque, vêde, irmãos a vossa vocação, que não muitos sabios segundo a
carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres [23] _são chamados_.

27 Mas Deus escolheu [24] as _coisas_ loucas d’este mundo para confundir
as sabias; e Deus escolheu as _coisas_ fracas d’este mundo para confundir
as fortes;

28 E Deus escolheu as _coisas_ vis d’este mundo, e as despreziveis, [25]
e as que não são, para aniquilar as que são;

29 Para que nenhuma [26] carne se glorie perante elle.

30 Mas vós sois d’elle, em Jesus Christo, o qual nos foi feito por Deus
sabedoria, [27] e justiça, e sanctificação, e redempção;

31 Para que, como está escripto: Aquelle que se gloría [28] glorie-se no
Senhor.

[1] Rom. 1.1. Eph. 1.1. Act. 18.17.

[2] Jud. 1. João 17.19. Act. 15.9. Rom. 1.7. II Tim. 1.9.

[3] Rom. 1.7. II Cor. 1.2. I Ped. 1.2.

[4] Rom. 1.8.

[5] II Cor. 8.7.

[6] cap. 2.1. II Tim. 1.8. Apo. 1.2.

[7] Phi. 3.20. Tito 2.13. II Ped. 3.12.

[8] I The. 3.13 e 5.23. Col. 1.22.

[9] Isa. 49.7. cap. 10.13. I The. 5.24. II The. 3.3. Heb. 10.23. João
15.4. I João 1.3.

[10] Rom. 12.16. II Cor. 13.11. Phi. 2.2. I Ped. 3.8.

[11] cap. 3.4 e 16.12. Act. 18.24 e 19.1. João 1.42.

[12] II Cor. 11.4. Eph. 4.5.

[13] Act. 18.8. Rom. 16.23.

[14] cap. 16.15, 17.

[15] cap. 2.1, 4, 13. II Ped. 1.16.

[16] II Cor. 2.15. Act. 17.18. cap. 2.14. Rom. 1.16. ver. 24.

[17] Job 5.12. Isa. 29.14. Jer. 8.9.

[18] Isa. 33.18 e 44.25. Job 12.17, 20, 24. Rom. 1.22.

[19] Mat. 11.25. Luc. 10.21. Rom. 1.20, 21, 28.

[20] Mat. 12.38 e 16.1. Mar. 8.11. Luc. 11.16. João 4.48.

[21] Isa. 8.14. Mat. 11.6. Luc. 2.34. João 6.60, 66. Rom. 9.32. Gal.
5.11. I Ped. 2.8.

[22] Rom. 1.4, 16. ver. 18. Col. 2.3.

[23] João 7.48.

[24] Mat. 11.25. Thi. 2.5. Psa. 8.2.

[25] Rom. 4.17. cap. 2.6.

[26] Rom. 3.27. Eph. 2.9.

[27] Jer. 23.5, 6. Rom. 4.25. II Cor. 5.21. Phi. 3.9. João 17.19. Eph.
1.7.

[28] Jer. 9.23, 24. II Cor. 10.17.



_O caracter da prégação de Paulo em Corintho._

2 E eu, irmãos, quando fui ter comvosco, annunciando-vos o testemunho de
Deus, não fui com [1] sublimidade de palavras ou de sabedoria.

2 Porque não me propuz saber _coisa_ alguma entre vós, [2] senão a Jesus
Christo, e este crucificado.

3 E eu estive comvosco [3] em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.

4 A minha palavra, e a minha prégação, não consistiu em palavras
persuasivas [4] de sabedoria humana, mas em demonstração de Espirito e de
poder;

5 Para que a vossa fé não fosse em sabedoria dos homens, [5] mas no poder
de Deus.

6 Todavia fallamos sabedoria entre os [6] perfeitos; não porém a
sabedoria d’este mundo, nem dos principes d’este mundo, que se aniquilam;

7 Mas fallamos a sabedoria de Deus, occulta em mysterio, a qual Deus
ordenou [7] antes dos seculos para nossa gloria;

8 A qual nenhum [8] dos principes d’este mundo conheceu; porque, se a
conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da gloria.

9 Mas, como está escripto: _As coisas_ que o olho não [9] viu, e o ouvido
não ouviu, e não subiram ao coração do homem, _são_ as que Deus preparou
para os que o amam.

10 Porém Deus [10] nol-as revelou pelo seu Espirito; porque o Espirito
penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.

11 Porque, qual dos homens sabe as _coisas_ do homem, [11] senão o
espirito do homem, que n’elle está? assim tambem ninguem sabe as _coisas_
de Deus, senão o Espirito de Deus.

12 Porém nós não recebemos o espirito do mundo, mas o [12] Espirito que
provém de Deus; para que saibamos as _coisas_ que nos são dadas por Deus.

13 As quaes tambem [13] fallamos, não com palavras que a sabedoria humana
ensina, mas com as que o Espirito Sancto ensina, comparando as _coisas_
espirituaes com as espirituaes,

14 Mas o homem natural não comprehende as _coisas_ [14] do Espirito de
Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendel-as, porquanto se
discernem espiritualmente.

15 Porém o espiritual [15] discerne bem todas _as coisas_, mas elle de
ninguem é discernido.

16 Porque, quem [16] conheceu a mente do Senhor, para que possa
instruil-o? Mas nós temos a mente de Christo.

[1] II Cor. 10.10. cap. 1.6.

[2] Gal. 6.14. Phi. 3.8.

[3] Act. 18.1, 6, 12. II Cor. 4.7 e 10.1, 10. Gal. 4.13.

[4] cap. 1.17. II Ped. 1.16. Rom. 15.19. I The. 1.5.

[5] II Cor. 4.7 e 6.7.

[6] cap. 14.20 e 1.20. Eph. 4.13. Phi. 3.15. Heb. 5.14. II Cor. 1.12.
Thi. 3.15.

[7] Rom. 16.25, 26. Eph. 3.5, 9. Col. 1.26. II Tim. 1.9.

[8] Mat. 11.25. João 7.48. Act. 13.27. II Cor. 3.14. Luc. 23.34.

[9] Isa. 64.4.

[10] Mat. 13.11. João 14.26. I João 2.27.

[11] Pro. 20.27 e 27.19. Jer. 17.9. Rom. 11.33.

[12] Rom. 8.15.

[13] II Ped. 1.16. cap. 1.17. ver. 4.

[14] Mat. 16.23. cap. 1.18, 23. Rom. 8.5, 7. Jud. 19.

[15] Pro. 28.6. I The. 5.21. I João 4.1.

[16] Job 15.8. Isa. 40.13. Jer. 23.18. Rom. 11.34. João 15.15.



_O espirito mundano causa dissensões nas egrejas._

[Anno Domini 60]

3 E eu, irmãos, não vos pude fallar como a espirituaes, [1] mas como a
carnaes, como a meninos em Christo.

2 Com leite vos criei, [2] e não com manjar, porque _ainda_ não podieis,
nem tão pouco ainda agora podeis;

3 Porque ainda sois carnaes: pois, _havendo_ entre [3] vós inveja,
contendas e dissensões, não sois porventura carnaes, e não andaes segundo
os homens?

4 Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; [4] e outro: Eu de Apollos:
porventura não sois carnaes?

5 Pois quem é Paulo, e quem é Apollos, [5] senão ministros pelos quaes
crêstes, e conforme o que o Senhor deu a cada um?

6 Eu plantei; [6] Apollos regou; mas Deus deu o crescimento.

7 Pelo que, nem o que [7] planta é alguma coisa, nem o que rega, mas
Deus, que dá o crescimento.

8 E o que planta e o que rega são um; mas cada [8] um receberá o seu
galardão segundo o seu trabalho.

9 Porque nós somos [9] cooperadores de Deus: vós sois lavoura de Deus _e_
edificio de Deus.

10 Segundo a graça de Deus [10] que me foi dada, puz eu, como sabio
architecto, o fundamento, e outro edifica sobre elle; mas veja cada um
como edifica sobre elle.

11 Porque ninguem pode pôr outro fundamento, além do que _já_ está posto,
o [11] qual é Jesus Christo.

12 E, se alguem sobre este fundamento edificar oiro, prata, pedras
preciosas, madeira, feno, palha,

13 A obra de [12] cada um se manifestará; porque o dia a declarará,
porquanto pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de
cada um.

14 Se a obra d’alguem, que edificou sobre elle, permanecer, [13] esse
receberá galardão.

15 Se a obra d’alguem se queimar, soffrerá detrimento; porém o tal será
salvo, todavia como pelo [14] fogo.

16 Não sabeis vós que sois [15] o templo de Deus, e _que_ o Espirito de
Deus habita em vós?

17 Se alguem destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo
de Deus, que sois vós, é sancto.

18 Ninguem se engane [16] a si mesmo: se alguem d’entre vós se tem por
sabio n’este mundo, faça-se louco para ser sabio.

19 Porque a sabedoria [17] d’este mundo é loucura diante de Deus; porque
está escripto: Elle apanha os sabios na sua propria astucia.

20 E outra vez: O Senhor [18] conhece os pensamentos dos sabios, que são
vãos.

21 Portanto ninguem [19] se glorie nos homens; porque tudo é vosso;

22 Seja Paulo, seja Apollos, seja Cephas, seja o mundo, seja a vida, seja
a morte, seja o presente, seja o futuro, tudo é vosso,

23 E vós de Christo, [20] e Christo de Deus.

[1] cap. 2.14, 15.

[2] Heb. 5.13. I Ped. 2.2. João 16.12.

[3] cap. 1.11. Gal. 5.20, 21. Thi. 3.16.

[4] cap. 1.12.

[5] II Cor. 3.3. Rom. 12.3, 6. I Ped. 4.11.

[6] Act. 18.4, 8, 11 e 18.24. cap. 4.15. II Cor. 10.14, 15 e 11.30. II
Cor. 3.5.

[7] II Cor. 12.11. Gal. 6.3.

[8] Psa. 62.12. Rom. 2.6. Gal. 6.4, 5. Apo. 2.23.

[9] Act. 15.4. II Cor. 6.1. Eph. 2.20. Heb. 3.3, 4. I Ped. 2.5.

[10] Rom. 1.5 e 15.20. cap. 4.15. Apo. 21.14. I Ped. 4.11.

[11] Isa. 28.16. Mat. 16.18. II Cor. 11.4. Gal. 1.7. Eph. 2.20.

[12] cap. 4.5. I Ped. 1.7 e 4.12. Luc. 2.35.

[13] cap. 4.5.

[14] Jud. 23.

[15] II Cor. 6.16. Eph. 2.21, 22. Heb. 3.6. I Ped. 2.5.

[16] Pro. 3.7. Isa. 5.21.

[17] cap. 1.20 e 2.6. Job 5.13.

[18] Psa. 94.11.

[19] cap. 1.12 e 4.6. ver. 4, 5, 6. II Cor. 4.5, 15.

[20] Rom. 14.8. cap. 11.3. II Cor. 10.7. Gal. 3.29.



_Os ministros e dispenseiros dos mysterios de Deus._

4 Que os homens nos considerem como ministros [1] de Christo, e
dispenseiros dos mysterios de Deus.

2 Além d’isso requer-se nos dispenseiros que cada um se ache fiel.

3 Porém a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por algum
juizo humano; nem eu tão pouco a mim mesmo me julgo.

4 Porque em nada me sinto culpado; mas [2] nem por isso estou
justificado; pois quem me julga é o Senhor.

5 De sorte que nada julgueis antes de tempo, [3] até que o Senhor venha,
o qual tambem trará á luz as _coisas_ occultas das trevas, e manifestará
os designios dos corações; e então [4] cada um receberá de Deus o louvor.


_A vangloria dos corinthios. A humildade e auctoridade do apostolo._

6 E eu, irmãos, appliquei estas _coisas_, [5] por similhança, a mim e a
Apollos, por amor de vós; para que em nós aprendaes a não ir além do que
está escripto, para que não vos ensoberbeçaes a favor de um contra outro.

7 Porque, quem te differença? [6] E que tens tu que não tenhas recebido?
E, se _o_ recebeste, porque te glorias, como se não o houveras recebido?

8 Já estaes fartos! [7] já estaes ricos! sem nós reinaes! e oxalá reineis
para que tambem nós reinemos comvosco!

9 Porque tenho para mim, que Deus a nós, apostolos, nos designou ultimos,
[8] como condemnados á morte; pois somos feitos espectaculo ao mundo, aos
anjos, e aos homens.

10 Nós _somos_ loucos por amor de Christo, [9] e vós sabios em Christo:
nós fracos, e vós fortes: vós illustres, e nós vis.

11 Até esta presente hora [10] soffremos fome, e sêde, e estamos nus, e
recebemos bofetadas, e não temos pousada certa,

12 E trabalhamos [11] obrando com nossas proprias mãos: somos injuriados,
e bemdizemos: somos perseguidos, e soffremos:

13 Somos blasphemados, e rogamos: até ao presente temos chegado a [12]
ser como o lixo d’este mundo, e como a escoria de todos.

14 Não escrevo estas _coisas_ para vos envergonhar; mas admoesto-_vos_
[13] como meus filhos amados.

15 Porque ainda que tivesseis dez mil [AIN] aios em Christo [14] não
_terieis_ comtudo muitos paes; porque eu pelo evangelho vos gerei em
Jesus Christo.

16 Admoesto-vos portanto [15] a que sejaes meus imitadores.

17 Por esta causa vos [16] mandei Timotheo, que é meu filho amado, e fiel
no Senhor: o qual vos lembrará os meus caminhos em Christo, como por
todas as partes ensino em cada egreja.

18 Mas alguns andam [17] inchados, como se eu não houvesse de ir ter
comvosco.

19 Porém em breve irei ter [18] comvosco, se o Senhor quizer, e _então_
conhecerei, não as palavras dos que andam inchados, mas a virtude.

20 Porque o reino [19] de Deus não _consiste_ em palavras, mas em virtude.

21 Que quereis? Irei ter comvosco com vara [20] ou com amor e espirito de
mansidão?

[1] Mat. 24.45. cap. 3.5 e 9.17. II Cor. 6.4. Col. 1.25. Luc. 12.42. Tito
1.7. I Ped. 4.10.

[2] Job 9.2. Psa. 130.3. Pro. 21.2. Rom. 3.20.

[3] Mat. 7.1. Rom. 2.1, 16 e 14.4, 10, 13. Apo. 20.12. cap. 3.13.

[4] Rom. 2.29. II Cor. 5.10.

[5] cap. 1.12 e 3.4 e 3.21 e 5.2, 6. Rom. 12.3.

[6] João 3.27. Thi. 1.17. I Ped. 4.10.

[7] Apo. 3.17.

[8] Psa. 44.22. Rom. 8.36. II Cor. 4.11. Heb. 10.33.

[9] Act. 17.18. II Reis 9.11. II Cor. 13.9.

[10] II Cor. 4.8. Phi. 4.12. Rom. 8.35. Act. 23.2.

[11] Act. 18.3 e 7.60. I The. 2.9. II The. 3.8. I Tim. 4.10. Mat. 5.44.
Luc. 6.28. Rom. 12.14. I Ped. 2.23.

[12] Lam. 3.45.

[13] I The. 2.11.

[14] Act. 18.11. Rom. 15.20. Gal. 4.19. Phi. 10. Thi. 1.18.

[15] Phi. 3.17. I The. 1.6. II The. 3.9.

[16] Act. 19.22. Phi. 2.19. I The. 3.2. I Tim. 1.2. II Tim. 1.2. cap.
11.2.

[17] cap. 5.2.

[18] Act. 19.21 e 18.21. II Cor. 1.15. Rom. 15.32. Heb. 6.3. Thi. 4.15.

[19] I The. 1.5.

[20] II Cor. 10.2.



_A impureza da egreja de Corintho; reprehensões e exhortações._

5 Geralmente se ouve _que ha_ entre vós fornicação, e fornicação tal,
qual nem ainda entre [1] os gentios, como é haver quem abuse da mulher de
seu pae.

2 E estaes inchados, [2] e nem ao menos vos entristecestes por não ter
sido d’entre vós tirado quem commetteu tal feito.

3 Eu na verdade, [3] ainda que ausente, no corpo, mas presente no
espirito, já determinei como se _estivesse_ presente, que o que tal assim
commetteu,

4 Em nome de nosso Senhor Jesus Christo, juntos vós e o meu espirito, em
virtude [4] de nosso Senhor Jesus Christo,

5 Seja entregue [5] a Satanás para destruição da carne, para que o
espirito seja salvo no dia do Senhor Jesus.

6 Não é boa [6] a vossa jactancia. Não sabeis que um pouco de fermento
faz levedar toda a massa?

7 Limpae pois o fermento velho, para que sejaes _uma_ nova massa,
assim como sois sem fermento. Porque Christo, [7] nossa paschoa, foi
sacrificado por nós.

8 Pelo que façamos a festa, [8] não com o fermento velho, nem com o
fermento da maldade e da malicia, mas com os _pães_ asmos da sinceridade
e da verdade.

9 _Já_ por carta vos tenho escripto, que não vos associeis [9] com os
fornicadores;

10 Mas não [10] absolutamente com os fornicadores d’este mundo, ou com os
avarentos, ou com os roubadores, ou com os idolatras; porque então vos
seria necessario sair do mundo.

11 Mas agora vos escrevi que não vos associeis, _quero dizer_, que, se
algum, chamando-se irmão, [11] fôr fornicador, ou avarento, ou idolatra,
ou maldizente, ou beberrão, ou roubador, com o tal nem ainda comaes.

12 Porque, que tenho eu em [12] julgar tambem os que estão fóra? Não
julgaes vós os que estão dentro?

13 Mas Deus julga os que estão fóra. [13] Tirae pois d’entre vós a esse
iniquo.

[1] Eph. 5.3. Lev. 18.8. Deu. 22.30. II Cor. 7.12.

[2] cap. 4.18. II Cor. 7.7, 10.

[3] Col. 2.5.

[4] Mat. 16.19. João 20.23. II Cor. 2.10.

[5] Job 2.6. Psa. 109.6. I Tim. 1.20. Act. 26.18.

[6] cap. 3.21. Thi. 4.6. Gal. 5.9. II Tim. 2.17.

[7] Isa. 53.7. João 1.29 e 19.14. cap. 15.3. I Ped. 1.19. Apo. 5.6.

[8] Exo. 12.15. Mat. 16.3. Mat. 16.6, 12. Mar. 8.15. Luc. 12.1.

[9] II Cor. 6.14. Eph. 5.11. II The. 3.14.

[10] cap. 1.20. João 17.15. I João 5.19.

[11] Mat. 18.17. Rom. 16.17. II The. 3.6. II João 10. Gal. 2.12.

[12] Mar. 4.11. Col. 4.5. I The. 4.12. I Tim. 3.7. cap. 6.1.

[13] Deu. 13.5 e 17.7 e 21.21 e 22.21.



_Paulo censura o litigio entre os irmãos._

6 Ousa algum de vós, tendo _algum_ negocio contra outro, ir a juizo
perante os injustos, e não perante os sanctos?

2 Não sabeis vós que os sanctos [1] hão de julgar o mundo? Ora, se o
mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as
coisas minimas?

3 Não sabeis vós que havemos de julgar os [2] anjos? Quanto mais as
coisas pertencentes a esta vida?

4 Assim que, se tiverdes [3] negocios em juizo, pertencentes a esta vida,
ponde na cadeira aos que são de menos estima na egreja.

5 Para vos envergonhar o digo: Não ha pois entre vós sabios, nem ainda
um, que possa julgar entre seus irmãos?

6 Mas o irmão vae a juizo com o irmão, e isto perante infieis.

7 Assim que é já realmente _uma_ falta entre vós, terdes demandas uns
contra os outros. [4] Porque não soffreis antes a injustiça? Porque não
soffreis antes o damno?

8 Mas vós _mesmos_ fazeis a injustiça e fazeis o damno; [5] e isto aos
irmãos.

9 Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus?

10 Não erreis: [6] nem os fornicadores, nem os idolatras, nem os
adulteros, nem os effeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os
avarentos, nem os bebedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão
o reino de Deus.

11 E é o que alguns teem sido, [7] mas haveis sido lavados, mas haveis
sido sanctificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus,
e pelo Espirito do nosso Deus.


_Os nossos corpos são membros de Christo._

12 Todas _as coisas_ me são [8] licitas, mas nem todas _as coisas_
conveem: todas _as coisas_ me são licitas; porém eu não me deixarei
dominar por nenhuma.

13 Os manjares são para o ventre [9] e o ventre para os manjares; porém
Deus aniquilará, tanto um como os outros. Porém o corpo não _é_ para a
fornicação, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo.

14 Ora Deus, que tambem resuscitou [10] o Senhor, nos resuscitará a nós
pelo seu poder.

15 Não sabeis vós que os [11] vossos corpos são membros de Christo?
Tomarei pois os membros de Christo, e fal-os-hei membros de uma meretriz?
Não, por certo.

16 Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz, faz-se um corpo?
Porque serão, [12] disse, dois n’uma _só_ carne.

17 Mas o que se ajunta com o Senhor é um _mesmo_ [13] espirito.

18 Fugi da fornicação. [14] Todo o peccado que o homem commette é fóra do
corpo; mas o que fornica pecca contra o seu proprio corpo.

19 Ou não sabeis [15] que o nosso corpo é o templo do Espirito Sancto,
_que habita_ em vós, o qual tendes de Deus, e que não sois de vós mesmos?

20 Porque fostes [16] comprados por preço; glorificae pois a Deus no
vosso corpo, e no vosso espirito, os quaes pertencem a Deus.

[1] Psa. 49.14. Dan. 7.22. Mat. 10.28. Luc. 22.30. Apo. 2.26.

[2] II Ped. 2.4. Jud. 6.

[3] cap. 5.12.

[4] Pro. 20.22. Mat. 5.39, 40. Luc. 6.29. Rom. 12.17, 19. I The. 5.15.

[5] I The. 4.6.

[6] Gal. 5.21. Eph. 5.5. I Tim. 1.9. Heb. 12.14. Apo. 22.15.

[7] cap. 12.2. Eph. 2.2. Col. 3.7. Tito 3.3. Heb. 10.22.

[8] cap. 10.23.

[9] Mat. 15.17. Rom. 14.17. Col. 2.22, 23. I The. 4.3, 7. Eph. 5.23.

[10] Rom. 6.5. II Cor. 4.14. Eph. 1.19, 20.

[11] Rom. 12.5. cap. 12.27. Eph. 4.12.

[12] Gen. 2.24. Mat. 19.5. Eph. 5.31.

[13] João 17.21, 22, 23. Eph. 4.4.

[14] Rom. 6.12. Heb. 13.4. Rom. 1.24. I The. 4.4.

[15] cap. 3.16. II Cor. 6.16. Rom. 14.7.

[16] Act. 20.28. Gal. 3.13. Heb. 9.12. I Ped. 1.18. II Ped. 2.1. Apo. 5.9.



_Resposta ás perguntas ácerca do casamento._

7 Ora, quanto ás _coisas_, que me escrevestes, bom _seria_ [1] que o
homem não tocasse mulher;

2 Mas, por causa da fornicação, cada um tenha a sua propria mulher, e
cada uma tenha o seu proprio marido.

3 O marido pague [2] á mulher a devida benevolencia, e da mesma sorte a
mulher ao marido.

4 A mulher não tem poder sobre o seu proprio corpo, mas tem-o o marido; e
tambem da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu proprio corpo,
mas tem-o a mulher.

5 Não vos defraudeis [3] um ao outro, senão por consentimento _de ambos_
por algum tempo, para vos applicardes á oração: e depois ajuntae-vos
outra vez, para que Satanás vos não tente pela vossa incontinencia.

6 Digo, porém, isto por permissão e não por [4] mandamento.

7 Porque quizera que todos os homens [5] fossem como eu mesmo: mas cada
um tem de Deus o seu proprio dom, um d’uma maneira e outro d’outra.

8 Digo, porém, aos solteiros e ás viuvas, que lhes é bom [6] se ficarem
como eu.

9 Mas, se não podem [7] conter-se, casem-se. Porque é melhor casar-se do
que abrazar-se.

10 Porém aos casados, mando, não eu [8] mas o Senhor, que a mulher se não
aparte do marido.

11 Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o
marido; e que o marido não deixe a mulher.

12 Mas aos outros digo [9] eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher
descrente, e ella consente em habitar com elle, não a deixe.

13 E, se alguma mulher tem marido descrente, e elle consente em habitar
com ella, não o deixe.

14 Porque o marido descrente é sanctificado pela mulher: e a mulher
descrente é sanctificada pelo marido; d’outra sorte os vossos filhos [10]
seriam immundos; porém agora são sanctos.

15 Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque n’este _caso_ o
irmão, ou irmã, não está sujeito á servidão; [11] mas Deus chamou-nos
para a paz.

16 Porque, d’onde sabes tu ó mulher, se salvarás o [12] marido? ou,
d’onde sabes tu, ó marido, se salvarás a mulher?

17 Porém cada um ande assim como Deus lhe repartiu, cada um como o Senhor
o chamou. [13] E assim ordeno em todas as egrejas.

18 É alguem chamado estando _já_ circumcidado? fique circumcidado. É
alguem chamado estando incircumcidado? [14] não se circumcide.

19 A circumcisão é nada [15] e a incircumcisão nada é, mas sim a
observancia dos mandamentos de Deus.

20 Cada um fique na vocação em que foi chamado.

21 Foste chamado _sendo_ servo? não te dê cuidado; e, se ainda podes ser
livre, antes aproveita-te.

22 Porque o que é chamado pelo Senhor, _sendo_ servo, é liberto [16] do
Senhor; e da mesma maneira tambem o que é chamado _sendo_ livre, servo é
de Christo.

23 Fostes comprados [17] por preço; não vos façaes servos dos homens.

24 Irmãos, cada um fique diante de Deus no [18] estado em que foi chamado.

25 Ora, quanto ás virgens, [19] não tenho mandamento do Senhor; dou,
porém, o _meu_ parecer, como quem tem alcançado misericordia do Senhor
para ser fiel.

26 Tenho pois isto por bom, por causa da instante necessidade, que é bom
para [20] o homem o estar assim.

27 Estás ligado á mulher? não busques separar-te. Estás livre de mulher?
não busques mulher.

28 Mas, se tambem casares, não peccas; e, se a virgem se casar, não
pecca. Todavia os taes terão tribulações na carne; porém eu vos poupo.

29 Isto, porém, vos digo, [21] irmãos, que o tempo se abrevia; o que
resta é que tambem os que teem mulheres sejam como se as não tivessem;

30 E os que choram, como se não chorassem; e os que folgam, como se não
folgassem; e os que compram, como se não possuissem;

31 E os que usam d’este mundo, como se _d’elle_ [22] não abusassem,
porque a apparencia d’este mundo passa.

32 E bem quizera eu que estivesseis sem cuidado. O solteiro cuida nas
_coisas_ [23] do Senhor, em como ha de agradar ao Senhor:

33 Mas o que é casado cuida nas _coisas_ do mundo, em como ha de agradar
á mulher.

34 Ha differença entre a mulher casada e a virgem: [24] a solteira cuida
nas _coisas_ do Senhor para ser sancta, assim do corpo como do espirito;
porém a casada cuida nas _coisas_ do mundo, em como ha de agradar ao
marido.

35 Porém digo isto para proveito vosso, não para vos enlaçar, mas para
_vos guiar_ ao que é decente e conveniente, para vos unirdes ao Senhor
sem distracção alguma.

36 Mas, se alguem julga que trata sem decoro a sua _filha_ virgem, se
tiver passado a flor da idade, e assim convier que _se case_, faça o tal
o que quizer; não pecca; casem-se.

37 Porém o que está firme em _seu_ coração, não tendo necessidade, mas
tem poder sobre a sua propria vontade, e isto resolveu no seu coração,
guardar a sua virgem, faz bem.

38 De sorte que, [25] o que _a_ dá em casamento, faz bem; mas o que _a_
não dá em casamento faz melhor.

39 A mulher casada está [26] ligada pela lei todo o tempo que o seu
marido vive; mas, se fallecer o seu marido, fica livre para casar com
quem quizer, comtanto _que seja_ no Senhor.

40 Porém será mais bemaventurada se ficar assim, [27] segundo o meu
parecer, e tambem eu cuido que tenho o Espirito de Deus.

[1] ver. 8, 26.

[2] Exo. 21.10. I Ped. 3.7.

[3] Joel 2.16. Zac. 7.3. Exo. 19.15. I Sam. 21.4. I The. 3.5.

[4] ver. 12, 25. II Cor. 8.8.

[5] Act. 26.29. cap. 9.5 e 12.11. Mat. 19.12.

[6] ver. 1, 26.

[7] I Tim. 5.14.

[8] ver. 12, 25, 40. Mal. 2.14, 16. Mat. 5.32 e 19.6, 9. Mar. 10.11. Luc.
16.18.

[9] ver. 6.

[10] Mal. 2.15.

[11] Rom. 12.18 e 14.19. cap. 14.33. Heb. 12.14.

[12] I Ped. 3.1.

[13] cap. 4.17. II Cor. 11.28.

[14] Act. 15.1, 5. Gal. 5.2.

[15] Gal. 5.6. João 15.14. I João 2.3.

[16] João 8.36. Rom. 6.18. Phi. 16. Gal. 5.13. Eph. 6.6. I Ped. 2.16.

[17] cap. 6.20. I Ped. 1.18, 19. Lev. 25.42.

[18] ver. 20.

[19] ver. 6, 10, 40. II Cor. 8.8, 10. I Tim. 1.16 e 1.12.

[20] ver. 1, 8.

[21] Rom. 13.11. I Ped. 4.7. II Ped. 3.8, 9.

[22] cap. 9.18. Psa. 39.6. Thi. 1.10 e 4.14. I Ped. 1.24. I João 2.17.

[23] I Tim. 5.5.

[24] Luc. 10.40, etc.

[25] Heb. 13.4.

[26] Rom. 7.2. II Cor. 6.14.

[27] ver. 25. I The. 4.8.



_Resposta ás perguntas ácerca das carnes sacrificadas aos idolos._

8 Ora, no tocante ás coisas [1] sacrificadas aos idolos, sabemos que
todos temos sciencia. A sciencia incha, mas o amor edifica.

2 E, se alguem cuida [2] saber alguma _coisa_, ainda não sabe como convem
saber.

3 Mas, se alguem ama a Deus, [3] esse é conhecido d’elle.

4 Assim que, quanto ao comer das _coisas_ sacrificadas aos idolos,
sabemos que o idolo nada [4] _é_ no mundo, e que não _ha_ algum outro
Deus, senão um só.

5 Porque, ainda que haja tambem _alguns_ que se chamem deuses, quer no
céu quer na terra (como ha [5] muitos deuses e muitos senhores),

6 Todavia para nós [6] ha um só Deus, o Pae, do qual _são_ todas _as
coisas_, e nós para elle; e um só Senhor, Jesus Christo, pelo qual são
todas _as coisas_, e nós por elle.

7 Mas nem em todos _ha_ sciencia; porque alguns até agora comem com
[7] consciencia do idolo _coisas_ sacrificadas aos idolos; e a sua
consciencia, sendo fraca, fica contaminada.

8 Ora o manjar não nos [8] faz agradaveis a Deus, porque, se comemos,
nada temos de mais, e, se não comemos, nada nos falta.

9 Mas vêde [9] que esse vosso poder não seja d’alguma maneira escandalo
para os fracos.

10 Porque, se alguem te vir a ti, que tens sciencia, assentado á mesa no
templo dos idolos, não será a consciencia [10] do que é fraco induzida a
comer das _coisas_ sacrificadas aos idolos?

11 E pela tua sciencia [11] perecerá o irmão fraco, pelo qual Christo
morreu?

12 Ora, peccando assim contra os irmãos, e ferindo a sua fraca
consciencia, peccaes [12] contra Christo.

13 Pelo que, se o manjar escandalizar [13] a meu irmão, nunca mais
comerei carne, para que meu irmão se não escandalize.

[1] Act. 15.20. cap. 10.19. Rom. 14.14.

[2] cap. 13.8. Gal. 6.3. I Tim. 6.4.

[3] Exo. 33.12, 17. Nah. 1.7. Mat. 7.23. Gal. 4.9. II Tim. 2.19.

[4] Isa. 41.24. Deu. 4.39 e 6.4. Mar. 12.29. Eph. 4.6. I Tim. 2.5.

[5] João 10.34.

[6] Mat. 2.10. Eph. 4.6 e 4.5. Act. 17.28. Rom. 11.36. João 13.13. Act.
2.36. Phi. 2.11. João 1.3. Col. 1.16. Heb. 1.2.

[7] Rom. 14.14, 23.

[8] Rom. 14.17.

[9] Gal. 5.13. Rom. 14.13, 20.

[10] cap. 10.28, 32.

[11] Rom. 14.15, 20.

[12] Mat. 25.40, 45.

[13] Rom. 14.21. II Cor. 11.29.



_A liberdade e os direitos dos apostolos._

9 Não sou eu apostolo? [1] Não sou livre? Não vi eu a Jesus Christo
Senhor nosso? Não sois vós a minha obra no Senhor?

2 Se eu não sou apostolo para os outros, ao menos o sou para vós; porque
vós sois o sello do meu [2] apostolado no Senhor.

3 Esta é a minha defeza para com os que me condemnam.

4 Não temos [3] nós poder de comer e de beber?

5 Não temos nós poder de levar _comnosco_ uma mulher irmã, como tambem os
demais apostolos, [4] e os irmãos do Senhor, e Cephas?

6 Ou só eu e Barnabé não temos poder de não trabalhar?

7 Quem jámais [5] milita á sua propria custa? Quem planta a vinha e não
come do seu fructo? Ou quem apascenta o gado e não come do leite do gado?

8 Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei tambem o mesmo?

9 Porque na lei de Moysés está escripto: Não atarás a [6] bocca ao boi
que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois?

10 Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escripto;
porque o que lavra [7] deve lavrar com esperança, e o que trilha deve
trilhar com esperança de ser participante.

11 Se nós vos semeamos as _coisas_ espirituaes, será muito que de vós
recolhamos [8] as carnaes?

12 Se outros participam d’este poder sobre vós, _porque_ não mais
justamente nós? Mas nós não [9] usamos d’este poder; antes supportamos
tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Christo.

13 Não sabeis vós que [10] os que administram as _coisas_ sagradas comem
do sagrado? E que os que de continuo estão junto ao altar, participam do
altar?

14 Assim ordenou [11] tambem o Senhor aos que annunciam o evangelho, que
vivam do evangelho.


_O desinteresse e fervor de Paulo; o athleta christão._

15 Porém eu de [12] nenhuma d’estas _coisas_ usei, e não escrevi isto
para que assim se faça comigo; porque melhor me _fôra_ morrer, do que
alguem fazer vã esta minha gloria,

16 Porque, se annuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me
é imposta essa [13] obrigação; e ai de mim, se não annunciar o evangelho!

17 Porque, se o faço de boamente, terei [14] premio; mas, se de má
vontade, de uma dispensação estou encarregado.

18 Logo, que premio tenho? Que, evangelizando, proponha de graça [15] o
evangelho de Christo para não abusar do meu poder no evangelho.

19 Porque, sendo livre [16] para com todos, fiz-me servo de todos para
ganhar ainda mais.

20 E fiz-me como [17] judeo para os judeos, para ganhar os judeos: para
os que estão debaixo da lei, como se estivera debaixo da lei, para ganhar
os que estão debaixo da lei.

21 Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem
lei para com Deus, [18] mas debaixo da lei de Christo), para ganhar os
que estão sem lei.

22 Fiz-me como fraco para os fracos, [19] para ganhar os fracos. Fiz-me
tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.

23 E eu faço isto por causa do evangelho, para ser tambem participante
d’elle.

24 Não sabeis vós que os que correm no estadio, todos, na verdade,
correm, mas um só leva o premio? Correi de [20] tal maneira que o
alcanceis.

25 E todo aquelle que lucta [21] de tudo se abstem; elles _o fazem_ para
alcançar uma corôa corruptivel, nós, porém, _uma_ incorruptivel.

26 Pois eu assim corro, não como a coisa [22] incerta: assim combato, não
como batendo no ar.

27 Antes subjugo o meu [23] corpo, e o reduzo á servidão, para que,
prégando aos outros, eu mesmo não venha d’alguma maneira a ficar
reprovado.

[1] Act. 9.15. II Cor. 12.12. Gal. 2.7, 8. I Tim. 2.7. II Tim. 1.11. cap.
15.8 e 3.6 e 4.15.

[2] II Cor. 3.2 e 12.12.

[3] I The. 2.6. II The. 3.9.

[4] Mat. 13.55 e 8.14. Mar. 6.3. Luc. 6.15. Gal. 1.19.

[5] II Cor. 10.4. I Tim. 1.18. II Tim. 2.3. Deu. 20.6. Pro. 27.18. João
21.15. I Ped. 5.2.

[6] Deu. 25.4. I Tim. 5.18.

[7] II Tim. 2.6.

[8] Rom. 15.27. Gal. 6.6.

[9] Act. 20.33. II Cor. 11.7, 9. I The. 2.6.

[10] Lev. 6.16. Num. 5.9, 10 e 18.8-20. Deu. 10.9 e 18.1.

[11] Mat. 10.10. Luc. 10.7. Gal. 6.6. I Tim. 5.17.

[12] Act. 18.3. cap. 4.12. I The. 2.9. II The. 3.8. II Cor. 11.10.

[13] Rom. 1.14.

[14] cap. 4.1. Gal. 2.7. Phi. 1.17. Col. 1.25.

[15] cap. 10.33 e 7.31. II Cor. 4.5.

[16] Gal. 5.13. Mat. 18.15. I Ped. 3.1.

[17] Act. 16.3 e 18.18 e 21.23, etc.

[18] Gal. 3.2. Rom. 2.12, 14. cap. 7.22.

[19] Rom. 15.1. II Cor. 11.29. Rom. 11.14. cap. 7.16.

[20] Gal. 2.2. II Tim. 4.7. Heb. 12.1.

[21] Eph. 6.12. I Tim. 6.12. II Tim. 2.5. Thi. 1.12. I Ped. 1.4. Apo.
2.10 e 3.11.

[22] II Tim. 2.5.

[23] Rom. 8.13 e 6.18. Col. 3.5. Jer. 6.30. II Cor. 13.5.



_Não devemos tentar a Christo, como alguns dos israelitas o tentaram._

10 Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos paes estiveram todos
debaixo da [1] nuvem, e todos passaram pelo mar.

2 E todos foram baptizados por Moysés na nuvem e no mar,

3 E todos comeram d’um [2] mesmo manjar espiritual,

4 E todos beberam d’uma mesma bebida [3] espiritual, porque bebiam da
pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Christo.

5 Mas Deus não se agradou da maior _parte_ d’elles, pelo que foram
prostrados [4] no deserto.

6 E estas _coisas_ foram-nos feitas em figuras, para que não cubicemos as
_coisas_ más, como elles [5] cubiçaram.

7 Não vos façaes pois idolatras, [6] como alguns d’elles, conforme está
escripto: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar.

8 E não forniquemos, [7] como alguns d’elles fornicaram; e cairam
_mortos_ n’um dia vinte e tres mil.

9 E não tentemos a Christo, como alguns [8] d’elles tambem tentaram, e
pereceram pelas serpentes.

10 E não murmureis, como tambem alguns [9] d’elles murmuraram, e
pereceram pelo destruidor.

11 Ora todas estas _coisas_ lhes sobrevieram em figuras, e estão
escriptas para aviso nosso, para [10] quem _já_ são chegados os fins dos
seculos.

12 Aquelle pois que cuida estar [11] em pé, olhe não caia.

13 Não vos tomou tentação, senão humana; [12] porém fiel _é_ Deus, que
vos não deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará
tambem saida, para que a possaes supportar.


_A idolatria e o culto de demonios._

14 Portanto, meus amados, [13] fugi da idolatria.

15 Fallo como a entendidos, [14] julgae vós mesmos o que digo.

16 Porventura o [15] calix de benção, que benzemos, não é a communhão do
sangue de Christo? O pão que partimos não é porventura a communhão do
corpo de Christo?

17 Porque nós, _sendo_ muitos, [16] somos um só pão _e_ um só corpo:
porque todos participamos do mesmo pão.

18 Vêde a Israel segundo a carne: [17] os que comem os sacrificios não
são porventura participantes do altar?

19 Mas que digo? Que o idolo é alguma _coisa_? [18] Ou que o sacrificado
ao idolo é alguma _coisa_?

20 Antes _digo_ que as _coisas_ que os gentios sacrificam, as [19]
sacrificam aos demonios, e não a Deus. E não quero que sejaes
participantes com os demonios.

21 Não podeis beber o calix do Senhor e o calix dos demonios: não podeis
ser participantes [20] da mesa do Senhor e da mesa dos demonios.


_Liberdade e caridade christãs._

22 Ou irritaremos [21] ao Senhor? Somos nós mais fortes do que elle?

23 Todas _as coisas_ [22] me são licitas, mas nem todas _as coisas_
conveem: todas _as coisas_ me são licitas, mas nem todas _as coisas_
edificam.

24 Ninguem busque [23] o proveito proprio, antes cada um o _que é_
d’outrem.

25 Comei de tudo quanto se [24] vende no açougue, sem perguntar nada, por
causa da consciencia.

26 Porque a terra _é_ do [25] Senhor, e _toda_ a sua plenitude.

27 E, se algum dos infieis vos convidar, e quizerdes ir, [26] comei
de tudo o que se puzer diante de vós, sem perguntar nada por causa da
consciencia.

28 Mas, se alguem vos disser: Isto foi sacrificado aos idolos, não
comaes, por causa d’aquelle que vos advertiu [27] e _por causa_ da
consciencia; porque a terra _é_ do Senhor, e _toda_ a sua plenitude.

29 Digo, porém, a consciencia, não a tua, mas a do outro. Pois porque ha
de a minha liberdade [28] ser julgada pela consciencia d’outrem?

30 E, se eu com graça participo, porque sou blasphemado n’aquillo por que
dou [29] graças?

31 De sorte que, quer comaes [30] quer bebaes, ou façaes outra qualquer
coisa, fazei tudo para gloria de Deus.

32 Portae-vos _de modo_ que não [31] deis escandalo nem aos judeos, nem
aos gregos, nem á egreja de Deus.

33 Como tambem eu em tudo [32] agrado a todos, não buscando o meu proprio
proveito, mas o de muitos, para que assim se possam salvar.

[1] Exo. 13.21 e 14.22. Num. 9.18 e 33.8. Deu. 1.33. Neh. 9.12. Psa.
78.13, 14. Jos. 4.23.

[2] Exo. 16.15. Neh. 9.15. Psa. 78.24.

[3] Exo. 17.6. Num. 20.11. Psa. 78.15.

[4] Num. 14.29, 32, 35. Psa. 106.26. Heb. 3.17. Jud. 5.

[5] Num. 11.4. Psa. 106.14.

[6] Exo. 32.6.

[7] cap. 6.18. Apo. 2.14. Num. 25.1, 9. Psa. 106.29.

[8] Exo. 17.2, 7. Num. 21.5. Deu. 6.16.

[9] Exo. 16.2 e 12.23 e 17.2. Num. 14.2. II Sam. 24.16. I Chr. 21.15.

[10] Rom. 15.4. Phi. 4.5. Heb. 10.25, 37. I João 2.18.

[11] Rom. 11.20.

[12] Psa. 125.3. II Ped. 2.9. Jer. 29.11.

[13] II Cor. 6.17. I João 5.21.

[14] cap. 8.1.

[15] Mat. 26.26. Act. 2.42. cap. 11.23.

[16] Rom. 12.5. cap. 12.27.

[17] Rom. 4.12. Gal. 6.16. II Cor. 11.18. Lev. 3.3.

[18] cap. 8.4.

[19] Lev. 17.7. Deu. 32.17. Psa. 106.37. Apo. 9.20.

[20] II Cor. 6.15, 16. Deu. 32.38.

[21] Deu. 32.21. Eze. 22.14.

[22] cap. 6.12.

[23] Rom. 15.1, 2. cap. 13.5. Phi. 2.4, 21.

[24] I Tim. 4.4.

[25] Exo. 19.5. Deu. 10.14. Psa. 24.1.

[26] Luc. 10.7.

[27] cap. 8.10, 12.

[28] Rom. 14.16.

[29] I Tim. 4.3.

[30] Col. 3.17. I Ped. 4.11.

[31] Rom. 14.13. II Cor. 6.3. Act. 20.28. cap. 11.22. I Tim. 3.5.

[32] Rom. 15.2. cap. 9.19, 22. ver. 24.



11 Sede meus imitadores, [1] como tambem eu de Christo.


_Como as mulheres devem apresentar-se na egreja._

2 E louvo-vos irmãos, porque em tudo vos lembraes [2] de mim, e retendes
os preceitos como vol-os entreguei.

3 Mas quero que saibaes que Christo é a cabeça [3] de todo o varão, e o
varão a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Christo.

4 Todo o homem que ora ou prophetiza, [4] tendo a cabeça coberta,
deshonra a sua propria cabeça.

5 Mas toda a mulher [5] que ora, ou prophetiza com a cabeça descoberta,
deshonra a sua propria cabeça, porque é o mesmo que se estivesse rapada.

6 Portanto, se a mulher não se cobre, tosquie-se tambem. Mas, se para a
mulher é coisa indecente [6] tosquiar-se ou rapar-se, cubra-se.

7 O varão pois não deve cobrir a cabeça, porque é [7] a imagem e gloria
de Deus, mas a mulher é a gloria do varão.

8 Porque o varão [8] não provém da mulher, mas a mulher do varão.

9 Porque tambem o varão não foi criado [9] por causa da mulher, mas a
mulher por causa do varão.

10 Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça [10] _signal de_ poderio,
por causa dos anjos.

11 Todavia, nem o [11] varão _é_ sem a mulher, nem a mulher sem o varão,
no Senhor.

12 Porque, como a mulher _provém_ do varão, assim tambem o varão _provém_
da mulher, [12] mas tudo de Deus.

13 Julgae entre vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta?

14 Ou não vos ensina a mesma natureza que é deshonra para o varão ter
cabello crescido?

15 Mas ter a mulher cabello crescido lhe é honroso, porque o cabello lhe
foi dado em logar de véu.

16 Porém, se alguem quizer [13] ser contencioso, nós não temos tal
costume, nem as egrejas de Deus.


_Dissensões nas ceias de irmãos: o modo de celebrar a sancta Ceia do
Senhor._

17 N’isto, porém, que vou dizer-vos não _vos_ louvo; porquanto vos
ajuntaes, não para melhor, senão para peior.

18 Porque primeiramente ouço que, quando vos ajuntaes na egreja, ha entre
vós [14] dissensões; e em parte o creio.

19 Porque importa que até haja entre vós [15] heresias, para que os que
são sinceros se manifestem entre vós.

20 De sorte que, quando vos ajuntaes n’um logar, não é para comer a ceia
do Senhor.

21 Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua propria ceia, de
sorte que um tem fome e [16] outro embriaga-se.

22 Não tendes porventura casas para comer e para beber? Ou desprezaes
a [17] egreja de Deus, e envergonhaes os que nada teem? Que vos direi?
Louvar-vos-hei? N’isto não _vos_ louvo.

23 Porque eu recebi [18] do Senhor o que tambem vos ensinei: que o Senhor
Jesus, na noite em que foi trahido, tomou o pão;

24 E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomae, comei: isto é o meu
corpo que é partido por vós; fazei isto em memoria de mim.

25 Similhantemente tambem, depois de ceiar, _tomou_ o calix, dizendo:
Este calix é o Novo Testamento no meu sangue: fazei isto, todas as vezes
que beberdes, em memoria de mim.

26 Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este calix
annunciaes a morte do Senhor, [19] até que venha.

27 Portanto, qualquer [20] que comer _este_ pão, ou beber o calix do
Senhor indignamente, será culpado do corpo do sangue do Senhor.

28 Examine-se pois o [21] homem a si mesmo, e assim coma d’este pão e
beba d’este calix.

29 Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para si mesmo o
juizo, não discernindo o corpo do Senhor.

30 Por causa d’isto ha entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que
dormem.

31 Porque, se nós nos julgassemos [22] a nós mesmos, não seriamos
julgados.

32 Mas, quando somos [23] julgados, somos reprehendidos pelo Senhor, para
não sermos condemnados com o mundo.

33 Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntaes para comer, esperae uns
pelos outros.

34 Porém, se algum tiver [24] fome, coma em casa, para que vos não
ajunteis para condemnação. Quanto ás demais coisas, ordenal-as-hei quando
fôr.

[1] cap. 4.16. Eph. 5.1. Phi. 3.17. I The. 1.6. II The. 3.9.

[2] cap. 4.17.

[3] Eph. 5.23. Gen. 3.16. I Tim. 2.11. I Ped. 3.1. João 14.28. cap. 3.23.
Phi. 2.7.

[4] cap. 12.10, 28 e 14.1, etc.

[5] Act. 21.9. Deu. 21.12.

[6] Num. 5.18. Deu. 22.5.

[7] Gen. 1.26, 27 e 5.1 e 9.6.

[8] Gen. 2.21, 22.

[9] Gen. 2.18, 21, 23.

[10] Gen. 24.65. Ecc. 5.6.

[11] Gal. 3.28.

[12] Rom. 11.36.

[13] I Tim. 6.4. cap. 7.17 e 14.33.

[14] cap. 1.10, 11, 12 e 3.3.

[15] Mat. 18.7. Luc. 17.1. Act. 20.30. I Tim. 4.1. II Ped. 2.1. I João
2.19. Deu. 13.3.

[16] II Ped. 2.13. Jud. 12.

[17] cap. 10.33. Thi. 2.6.

[18] cap. 15.3. Gal. 1.1, 11. Mat. 26.26. Mar. 14.22. Luc. 22.19.

[19] João 14.3. Act. 1.11. cap. 4.5. I The. 4.16. Jud. 14. Apo. 1.7.

[20] Num. 9.10. João 6.51. cap. 10.21.

[21] II Cor. 13.5. Gal. 6.4.

[22] Psa. 32.5. I João 1.9.

[23] Psa. 94.12. Heb. 12.5, 11.

[24] ver. 21, 22. Tito 1.5. cap. 4.19.



_Ácerca da diversidade de dons espirituaes._

[Anno Domini 59]

12 Ácerca dos _dons_ espirituaes, não quero, [1] irmãos, que sejaes
ignorantes.

2 Vós bem sabeis que ereis [2] gentios, levados aos idolos mudos,
conforme ereis guiados.

3 Portanto vos faço notorio que ninguem que falla pelo [3] Espirito de
Deus diz: Jesus é anathema e ninguem pode dizer que Jesus _é_ o Senhor,
senão pelo Espirito Sancto.

4 Ora ha diversidade [4] de dons, porém o Espirito _é_ o mesmo.

5 E ha diversidade de [5] ministerios, mas o Senhor _é_ o mesmo.

6 E ha diversidade de [6] operações, porém é o mesmo Deus que obra tudo
em todos.

7 Mas a manifestação do Espirito é dada a cada [7] um, para o que fôr
util.

8 Porque a um pelo Espirito é dada a palavra [8] da sabedoria; e a outro,
pelo mesmo Espirito, a palavra da sciencia;

9 E a outro, [9] pelo mesmo Espirito, a fé; e a outro, pelo mesmo
Espirito, os dons de curar;

10 E a outro a operação de maravilhas; [10] e a outro a prophecia; e
a outro o _dom_ de discernir os espiritos; e a outro a variedade de
linguas; e a outro a interpretação de linguas.

11 Mas um só e o mesmo Espirito obra todas estas coisas, repartindo [11]
particularmente a cada um como quer.


_A unidade dos membros do corpo._

12 Porque assim como o [12] corpo é um, e tem muitos membros, e todos os
membros sendo muitos, são um _só_ corpo, assim _é_ Christo tambem.

13 Porque todos nós fomos tambem baptizados em um [13] Espirito para um
corpo, quer judeos, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos
bebido de um Espirito.

14 Porque tambem o corpo não é um _só_ membro, senão muitos.

15 Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; não será por
isso do corpo?

16 E se a orelha disser: Porque não sou olho não sou do corpo; não será
por isso do corpo?

17 Se todo o corpo _fosse_ olho, onde _estaria_ o ouvido? Se todo _fosse_
ouvido, onde _estaria_ o olfacto?

18 Mas agora Deus collocou [14] os membros no corpo, cada um d’elles como
quiz.

19 E, se todos fossem um _só_ membro, onde _estaria_ o corpo?

20 Agora pois ha muitos membros, porém um _só_ corpo.

21 E o olho não póde dizer á mão: Não tenho necessidade de ti: nem ainda
a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós.

22 Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são
necessarios;

23 E os que reputamos serem menos honrosos no corpo, a esses honramos
muito mais; e aos que em nós são menos honrosos damos muito mais honra.

24 Porque os que em nós são mais honestos não teem necessidade d’isso;
mas Deus ordenou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta
_d’ella_;

25 Para que não haja divisão no corpo, mas que os membros tenham egual
cuidado uns dos outros.

26 De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com
elle; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com elle.

27 Ora vós sois o corpo [15] de Christo, e membros em particular.

28 E a uns poz Deus [16] na egreja, primeiramente apostolos, em segundo
logar prophetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de
curar, [17] soccorros, [18] governos, variedades de linguas.

29 Porventura _são_ todos apostolos? _são_ todos prophetas? _são_ todos
doutores? _são_ todos operadores de milagres?

30 Teem todos o dom de curar? fallam todos _diversas_ linguas?
interpretam todos?

31 Portanto, procurae [19] com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei
um caminho ainda mais excellente.

[1] cap. 14.1, 37.

[2] cap. 6.11. Eph. 2.11. I The. 1.9. Tito 3.3. I Ped. 4.3. Psa. 115.5.

[3] Mar. 9.39. I João 4.2. Mat. 16.17. João 15.26. II Cor. 3.5.

[4] Rom. 12.4. Heb. 2.4. Eph. 4.4.

[5] Rom. 12.6. Eph. 4.11.

[6] Eph. 1.23.

[7] cap. 14.26. Eph. 4.7. I Ped. 4.10, 11.

[8] cap. 2.6, 7. II Cor. 8.7.

[9] Mat. 17.18, 19. cap. 13.2. II Cor. 4.13. Mar. 16.18. Thi. 5.14.

[10] Mar. 16.17. Gal. 3.5. Rom. 12.6. I João 4.1. Act. 2.4. cap. 13.1.

[11] Rom. 12.6. II Cor. 10.13. Eph. 4.7. João 3.8. Heb. 2.4.

[12] Rom. 12.4. Eph. 4.4, 16. ver. 27. Gal. 3.16.

[13] Rom. 6.5. Gal. 3.28. Eph. 2.13. Col. 3.11. João 6.63.

[14] ver. 28. Rom. 12.3. cap. 3.5. ver. 11.

[15] Rom. 12.5. Eph. 1.23 e 4.12 e 5.23, 30. Col. 1.24.

[16] Eph. 2.20 e 3.5. Act. 13.1. Rom. 12.6.

[17] Num. 11.17.

[18] Rom. 12.8. I Tim. 5.17. Heb. 13.17.

[19] cap. 14.1, 39.



_A suprema excellencia da caridade._

13 Ainda que eu fallasse as linguas dos homens e dos anjos, e não tivesse
[AIO] caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

2 E ainda que tivesse _o dom da_ prophecia, [1] e conhecesse todos os
mysterios e toda a sciencia, e ainda que tivesse toda a fé, [2] de
maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada
seria.

3 E, ainda que distribuisse toda a minha fortuna [3] para sustento _dos
pobres_, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não
tivesse caridade, nada me aproveitaria.

4 A caridade é soffredora, [4] é benigna: a caridade não é invejosa: a
caridade não trata com leviandade, não se ensoberbece,

5 Não trata com indecencia, não busca [5] os seus interesses, não se
irrita, não suspeita mal;

6 Não folga com a injustiça, [6] porém folga com a verdade;

7 Tudo soffre, [7] tudo crê, tudo espera, tudo supporta.

8 A caridade nunca acaba: porém, ainda que haja prophecias, serão
aniquiladas: ainda que haja linguas, cessarão; ainda que haja sciencia,
será aniquilada;

9 Porque, em parte, [8] conhecemos, e em parte prophetizamos;

10 Mas, quando vier o _que é_ perfeito, então o que o é em parte será
aniquilado.

11 Quando eu era menino, fallava como menino, sentia como menino,
discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as
coisas de meninos.

12 Porque agora vemos por espelho em enigma, [9] mas então veremos face
a face: agora conheço em parte, mas então conhecerei como tambem sou
conhecido.

13 Agora, pois, permanecem estas tres: a fé, a esperança e a caridade;
porém a maior d’estas _é_ a caridade.

[1] cap. 12.8. Mat. 7.22.

[2] Mat. 17.20. Mar. 11.23. Luc. 17.6.

[3] Mat. 6.1, 2.

[4] Pro. 10.12. I Ped. 4.8.

[5] cap. 10.24. Phi. 2.4.

[6] Rom. 1.32. II João 4.

[7] Rom. 15.1. Gal. 6.2. II Tim. 2.24.

[8] cap. 8.2.

[9] II Cor. 3.18 e 5.7. Phi. 3.12. Mat. 18.10. I João 3.2.



_O dom da prophecia é superior ao das linguas._

14 Segui a caridade, e procurae [1] com zelo os _dons_ espirituaes, mas
principalmente o de prophetizar.

2 Porque o que falla lingua _estranha_ [2] não falla aos homens, senão a
Deus; porque ninguem _o_ entende, e em espirito falla de mysterios.

3 Mas o que prophetiza falla aos homens _para_ edificação, exhortação e
consolação.

4 O que falla lingua _estranha_ edifica-se a si mesmo, mas o que
prophetiza edifica a egreja.

5 E eu quero que todos vós falleis linguas _estranhas_, mas _muito_ mais
que prophetizeis, porque o que prophetiza é maior do que o que falla
linguas _estranhas_, a não ser que tambem interprete, para que a egreja
receba edificação.

6 E agora, irmãos, se eu fôr ter comvosco fallando linguas _estranhas_,
que vos aproveitaria, se vos não fallasse ou por meio da revelação, [3]
ou da sciencia, ou da prophecia, ou da doutrina?

7 Da mesma sorte, se as _coisas_ inanimadas, que fazem sonido, seja
flauta, seja cithara, não formarem sons distinctos, como se saberá o que
se toca com a flauta ou com a cithara?

8 Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a
batalha?

9 Assim tambem vós, se com a lingua não pronunciardes palavras bem
intelligiveis, como se entenderá o que se diz? porque estareis _como_ que
fallando ao ar.

10 Ha, por exemplo, tantos generos de vozes no mundo, e nenhuma d’ellas
_é_ sem significação.

11 Porém, se eu ignorar o sentido da voz, serei barbaro para aquelle a
quem fallo, e o que falla _será_ barbaro para mim.

12 Assim tambem vós, pois que desejaes _dons_ espirituaes, procurae
abundar _n’elles_, para edificação da egreja.

13 Pelo que, o que falla lingua _estranha_, ore para que possa
interpretar.

14 Porque, se eu orar em lingua _estranha_, o meu espirito ora _bem_, mas
o meu entendimento fica sem fructo.

15 Que farei pois? Orarei com o espirito, mas tambem orarei com o
entendimento; [4] cantarei com o espirito, mas tambem cantarei com o
entendimento.

16 D’outra maneira, se tu bemdisseres com o espirito, como dirá o que
occupa o logar de indouto, o Amen, sobre a [5] tua benção, visto que não
sabe o que dizes?

17 Porque realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado.

18 Dou graças ao meu Deus, que fallo mais linguas do que vós todos.

19 Porém eu antes quero fallar na egreja cinco palavras na minha
intelligencia, para que possa tambem instruir os outros, do que dez mil
palavras em lingua _estranha_.

20 Irmãos, não sejaes meninos [6] no entendimento, mas sêde meninos na
malicia, e adultos no entendimento.

21 Está [7] escripto na lei: Por _gente d’_outras linguas, e _por_ outros
labios, fallarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor.

22 De sorte que as linguas _estranhas_ são um signal, não para os fieis,
mas para os infieis; e a prophecia, não para os infieis, mas para os
fieis.

23 Se pois toda a egreja se congregar n’um logar, e todos fallarem
linguas _estranhas_, e entrarem indoutos ou infieis, não dirão porventura
que estaes [8] loucos?

24 Mas, se todos prophetizarem, e algum indouto ou infiel entrar, de
todos é convencido, de todos é julgado.

25 E assim os segredos do seu coração ficarão manifestos, e assim,
lançando-se sobre o _seu_ rosto, adorará a Deus, publicando [9] que Deus
está verdadeiramente entre vós.


_A necessidade de ordem no culto._

26 Que fareis pois, irmãos? Quando vos ajuntaes, cada um de vós tem
psalmo, tem doutrina, [10] tem lingua _estranha_, tem revelação, tem
interpretação. Faça-se tudo para edificação.

27 E, se alguem fallar lingua _estranha_, _faça-se isso_ por dois, ou
quando muito tres, e por vezes, e um interprete.

28 Mas, se não houver interprete, esteja calado na egreja; porém, falle
comsigo mesmo, e com Deus.

29 E fallem dois ou tres prophetas, [11] e os outros julguem.

30 Porém, se a outro, que estiver assentado, fôr revelada _alguma coisa_,
cale-se [12] o primeiro.

31 Porque todos podereis prophetizar, uns depois dos outros; para que
todos aprendam, e todos sejam consolados.

32 E os espiritos [13] dos prophetas estão sujeitos aos prophetas.

33 Porque Deus não é _Deus_ de confusão, senão de paz, como em todas as
[14] egrejas dos sanctos.

34 As vossas mulheres [15] estejam caladas nas egrejas; porque lhes não é
permittido fallar, mas estejam sujeitas, como tambem ordena a lei.

35 E, se querem aprender alguma _coisa_, interroguem em casa a seus
proprios maridos; porque é indecente que as mulheres fallem na egreja.

36 Porventura saiu d’entre vós a palavra de Deus? Ou veiu ella sómente
para vós?

37 Se alguem cuida [16] ser propheta, ou espiritual, reconheça que as
_coisas_ que vos escrevo são mandamentos do Senhor.

38 Se alguem, porém, o ignora, ignore.

39 Portanto, irmãos, procurae, com zelo, [17] prophetizar, e não
prohibaes fallar linguas.

40 _Mas_ faça-se tudo [18] decentemente e com ordem.

[1] cap. 12.31. Num. 11.25, 29.

[2] Act. 2.4 e 10.46.

[3] ver. 26.

[4] Eph. 5.19. Col. 3.16. Psa. 47.7.

[5] cap. 11.24.

[6] Psa. 131.2. Mat. 11.25. Rom. 16.19. Eph. 4.14. Heb. 5.12, 13.

[7] João 10.34. Isa. 28.11, 12.

[8] Act. 2.13.

[9] Isa. 45.14. Zac. 8.23.

[10] ver. 6. II Cor. 12.19. Eph. 4.12.

[11] cap. 12.10.

[12] I The. 5.19, 20.

[13] I João 4.1.

[14] cap. 11.16.

[15] I Tim. 2.11, 12. Col. 3.18. Tito 2.5.

[16] II Cor. 10.7. I João 4.6.

[17] cap. 12.31. I The. 5.20.

[18] ver. 33.



_A resurreição._

15 Tambem vos notifico, irmãos, o evangelho que _já_ vos tenho [1]
annunciado; o qual tambem recebestes, e no qual tambem permaneceis.

2 Pelo qual tambem sois salvos [2] se o retiverdes tal como vol-o tenho
annunciado; se não é que crêstes em vão.

3 Porque primeiramente vos entreguei [3] o que tambem recebi: que Christo
morreu por nossos peccados, segundo as Escripturas,

4 E que foi sepultado, e que resuscitou ao terceiro dia, [4] segundo as
Escripturas,

5 E que foi visto [5] por Cephas, e depois pelos doze.

6 Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quaes
vive ainda a maior parte, e alguns dormem já tambem.

7 Depois foi visto por Thiago, depois por todos os [6] apostolos.

8 E por derradeiro [7] de todos foi visto tambem por mim, como por um
abortivo.

9 Porque eu sou o menor [8] dos apostolos, que não sou digno de ser
chamado apostolo, porque persegui a egreja de Deus.

10 Mas pela graça de Deus sou [9] o que sou; e a sua graça para comigo
não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos elles; todavia não
eu, mas a graça de Deus, que está comigo.

11 Assim que seja eu ou sejam elles, assim prégamos e assim haveis crido.

12 Ora, se se préga que Christo resuscitou dos mortos, como dizem alguns
d’entre vós que não ha resurreição de mortos?

13 E, se não ha resurreição de mortos, tambem Christo não [10] resuscitou.

14 E, se Christo não resuscitou, logo é vã a nossa prégação, e tambem é
vã a vossa fé.

15 E assim somos tambem achados falsas testemunhas de Deus, pois
testificamos [11] de Deus, que resuscitou a Christo, ao qual, porém, não
resuscitou, se, na verdade, os mortos não resuscitam.

16 Porque, se os mortos não resuscitam, tambem Christo não resuscitou.

17 E, se Christo não resuscitou, _é_ vã a vossa fé, _e_ [12] ainda
permaneceis nos vossos peccados.

18 E tambem os que dormiram em Christo estão perdidos.

19 Se esperamos em Christo [13] só n’esta vida, somos os mais miseraveis
de todos os homens.

20 Mas agora Christo [14] resuscitou dos mortos, _e_ foi feito as
primicias dos que dormem.

21 Porque, assim como a morte _veiu_ por um [15] homem, tambem a
resurreição dos mortos _veiu_ por um homem.

22 Porque, assim como todos morrem em Adão, assim tambem todos serão
vivificados em Christo.

23 Mas cada um por sua [16] ordem: Christo as primicias, depois os que
são de Christo, na sua vinda.

24 Depois _virá_ o fim, quando tiver entregado [17] o reino a Deus, ao
Pae, _e_ quando houver aniquilado todo o imperio, e toda a potestade e
força.

25 Porque convem que reine até que haja posto a todos os [18] inimigos
debaixo de seus pés.

26 Ora o ultimo [19] inimigo _que_ será aniquilado _é_ a morte.

27 Porque todas as _coisas_ sujeitou debaixo de seus pés. Porém, quando
diz que todas as _coisas lhe_ estão sujeitas, claro está que exceptua
aquelle que lhe [20] sujeitou todas _as coisas_.

28 E, quando todas _as coisas_ lhe estiverem sujeitas, então tambem o
mesmo Filho se sujeitará áquelle que todas _as coisas_ lhe [21] sujeitou,
para que Deus seja tudo em todos.

29 D’outra maneira, que farão os que se baptizam pelos mortos, se
absolutamente os mortos não resuscitam? Pois porque se baptizam pelos
mortos?

30 Porque estamos nós tambem [22] a toda a hora em perigo?

31 Cada dia morro pela vossa gloria, a [23] qual tenho em Christo Jesus
nosso Senhor.

32 Se, como homem, combati [24] em Epheso contra as bestas, que me
aproveita, se os mortos não resuscitam? Comamos e bebamos, que ámanhã
morreremos.

33 Não vos enganeis: as más conversações [25] corrompem os bons costumes.

34 Vigiae justamente [26] e não pequeis; porque alguns ainda não teem o
conhecimento de Deus: digo-_o_ para vergonha vossa.

35 Mas alguem dirá: [27] Como resuscitarão os mortos? E com que corpo
virão?

36 Insensato! o que tu semeias [28] não vivificará, se _primeiro_ não
morrer.

37 E, quando semeias, não semeias o corpo que ha de nascer, mas o simples
grão, como de trigo, ou d’outra qualquer _semente_.

38 Mas Deus dá-lhe o corpo como quer, e a cada semente o seu proprio
corpo.

39 Nem toda a carne é uma mesma carne, mas uma _é_ a carne dos homens, e
outra a carne dos animaes, e outra a dos peixes e outra a das aves.

40 E _ha_ corpos celestes e corpos terrestres, mas uma _é_ a gloria dos
celestes e outra a dos terrestres.

41 Uma _é_ a gloria do sol, e outra a gloria da lua, e outra a gloria das
estrellas; porque _uma_ estrella differe em gloria d’outra estrella.

42 Assim tambem [29] a resurreição dos mortos. Semeia-se _o corpo_ em
corrupção; resuscitará em incorrupção.

43 Semeia-se em ignominia, [30] resuscitará em gloria. Semeia-se em
fraqueza, resuscitará com vigor.

44 Semeia-se corpo animal, resuscitará corpo espiritual. Ha corpo animal,
e ha corpo espiritual.

45 Assim está tambem escripto: O primeiro homem, [31] Adão, foi feito em
alma vivente: o ultimo Adão em espirito vivificante.

46 Mas não _é_ primeiro o espiritual, senão o animal; depois o espiritual.

47 O primeiro homem, da terra, [32] _é_ terreno; o segundo homem, o
Senhor, é do céu.

48 Qual o terreno, [33] taes _são_ tambem os terrenos; e, qual o
celestial, taes tambem os celestiaes.

49 E, assim como trouxemos a imagem do terreno, [34] _assim_ traremos
tambem a imagem do celestial.

50 Porém digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem [35] herdar
o reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção.

51 Eis aqui vos digo um mysterio: Na verdade, nem todos dormiremos, mas
[36] todos seremos transformados,

52 N’um momento, n’um abrir e fechar d’olhos, ao _som_ da ultima
trombeta; porque a [37] trombeta soará, e os mortos resuscitarão
incorruptiveis, e nós seremos transformados.

53 Porque convem que este _corpo_ corruptivel se revista da
incorruptibilidade, e que este _corpo_ [38] mortal se revista da
immortalidade.

54 E, quando este _corpo_ corruptivel se revestir da incorruptibilidade,
e este _corpo_ mortal se revestir da immortalidade, então cumprir-se-ha a
palavra que está escripta: Tragada foi a morte na [39] victoria.

55 Onde _está_, ó morte, [40] o teu aguilhão? Onde _está_, ó [AIP]
inferno, a tua victoria?

56 Ora o aguilhão da morte _é_ o peccado, e a força do [41] peccado _é_ a
lei.

57 Mas graças a Deus [42] que nos dá a victoria por nosso Senhor Jesus
Christo.

58 Portanto, meus amados [43] irmãos, sêde firmes e constantes, sempre
abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é [44] vão
no Senhor.

[1] Gal. 1.11. Rom. 5.2.

[2] Rom. 1.16. cap. 1.21. Gal. 3.4.

[3] cap. 11.2, 23. Gal. 1.12. Psa. 22.15, etc. Isa. 53.5, 6, etc. Act.
3.18. I Ped. 1.11.

[4] Isa. 53.10. Ose. 6.2. Luc. 24.26, 46. Act. 2.25-31.

[5] Luc. 24.34. Mat. 28.17. Mar. 16.14.

[6] Luc. 24.36. Act. 1.3, 4.

[7] Act. 9.4, 17 e 22.14, 18.

[8] Eph. 3.8. Act. 8.3. Gal. 1.13. I Tim. 1.13.

[9] Eph. 3.7, 8. II Cor. 11.23. Mat. 10.20.

[10] I The. 4.14.

[11] Act. 2.24, 32 e 4.10, 33 e 13.30.

[12] Rom. 4.25.

[13] II Tim. 3.12.

[14] I Ped. 1.3. Col. 1.18. Apo. 1.5.

[15] Rom. 5.12, 17 e 6.23. João 11.25.

[16] ver. 20. I The. 4.14, 15, 16.

[17] Dan. 7.14, 27.

[18] Psa. 110.1. Act. 2.34, 35. Eph. 1.22.

[19] II Tim. 1.10. Apo. 20.14.

[20] Psa. 8.6. Mat. 28.18. I Ped. 3.22.

[21] Phi. 3.21. cap. 3.23 e 11.3.

[22] II Cor. 11.26. Gal. 5.11.

[23] I The. 2.19. Rom. 8.36.

[24] II Cor. 1.8. Ecc. 2.24. Isa. 22.13.

[25] cap. 5.6.

[26] Rom. 13.11. I The. 4.5.

[27] Eze. 37.3.

[28] João 12.24.

[29] Dan. 12.3. Mat. 13.43.

[30] Phi. 3.21.

[31] Gen. 2.7. Rom. 5.14. João 5.21.

[32] João 3.13, 31. Gen. 2.7.

[33] Phi. 3.20, 21.

[34] Gen. 5.3. Rom. 8.29. I João 3.2.

[35] Mat. 16.17. João 3.3, 5.

[36] I The. 4.14, 15, 16.

[37] Zac. 9.14. Mat. 24.31. João 5.25.

[38] II Cor. 5.4.

[39] Isa. 25.8. Heb. 2.14, 15. Apo. 20.14.

[40] Ose. 13.14.

[41] Rom. 4.15 e 5.13.

[42] Rom. 7.25. I João 5.4, 5.

[43] II Ped. 3.14.

[44] cap. 3.8.



_As collectas para os crentes de Jerusalem._

16 Ora, quanto á collecta [1] que se faz para os sanctos, fazei vós
tambem como ordenei ás egrejas da Galacia.

2 No primeiro _dia_ da semana [2] cada um de vós ponha de parte o que
poder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as
collectas quando eu chegar.

3 E, quando tiver chegado, enviarei aos que por cartas approvardes [3]
para que levem a vossa dadiva a Jerusalem.

4 E, se a coisa fôr digna [4] de que eu tambem vá, irão comigo.


_Os projectos de Paulo: diversas recommendações e saudações._

5 Irei, porém, ter comvosco depois de ter passado pela [5] Macedonia
(porque tenho de passar pela Macedonia).

6 E bem pode ser que fique comvosco, e passe tambem o inverno, para que
me acompanheis [6] aonde quer que eu fôr.

7 Porque não vos quero agora vêr de passagem, mas espero ficar comvosco
[7] algum tempo, se o Senhor o permittir.

8 Ficarei, porém, em Epheso até ao Pentecostes;

9 Porque uma porta grande e efficaz se me abriu; [8] e _ha_ muitos
adversarios.

10 E, se vier Timotheo, [9] vêde que esteja sem temor comvosco; porque
trabalha na obra do Senhor, como eu tambem.

11 Portanto ninguem [10] o despreze, mas acompanhae-o em paz, para que
venha ter comigo: porque o espero com os irmãos.

12 E, ácerca do irmão [11] Apollos, roguei-lhe muito que fosse ter
comvosco com os irmãos, mas, na verdade, não teve vontade de ir agora;
irá, porém, quando se lhe offereça boa occasião.

13 Vigiae, [12] estae firmes na fé: portae-vos varonilmente, _e_
fortalecei-vos.

14 Todas as vossas _coisas_ [13] sejam feitas com caridade.

15 Rogo-vos, porém, irmãos, _pois_ sabeis que a [14] familia de
Estephanas é as primicias da Achaia, e que se tem dedicado ao ministerio
dos sanctos,

16 Que tambem vos sujeiteis [15] aos taes, e a todo aquelle que
juntamente obra e trabalha.

17 Folgo, porém, com a vinda de Estephanas, e de Fortunato e de Achaico;
porque estes suppriram o que da vossa _parte_ [16] _me_ faltava.

18 Porque [17] recrearam o meu espirito e o vosso. Reconhecei pois aos
taes.

19 As egrejas da Asia vos saudam. Saudam-vos affectuosamente no Senhor
Aquila e Prisca, com a [18] egreja que está em sua casa.

20 Todos os irmãos vos saudam. Saudae-vos uns aos outros [19] com osculo
sancto.

21 Saudação da minha _propria_ [20] mão, de Paulo.

22 Se alguem não [21] ama ao Senhor Jesus Christo, seja [22] anathema,
[23] [AIQ] maranatha.

23 A graça do [24] Senhor Jesus Christo _seja_ comvosco.

24 O meu amor _seja_ com todos vós em Christo Jesus. Amen.

[1] Act. 11.29. Rom. 15.26. Gal. 2.10.

[2] Act. 20.7. Apo. 1.10.

[3] II Cor. 8.19.

[4] II Cor. 8.4, 19.

[5] Act. 19.21. II Cor. 1.16.

[6] Act. 15.3. Rom. 15.24.

[7] Act. 18.21. Thi. 4.15.

[8] Act. 14.27 e 19.9. Col. 4.3. Apo. 3.8.

[9] Act. 19.22. Rom. 16.21. I The. 3.2.

[10] I Tim. 4.12. Act. 15.33.

[11] cap. 1.12 e 3.5.

[12] Mat. 24.42. I The. 5.6. I Ped. 5.8. Eph. 6.10. Col. 1.11.

[13] I Ped. 4.8.

[14] cap. 1.16. Rom. 16.5. Heb. 6.10.

[15] Heb. 13.17.

[16] II Cor. 11.9. Phi. 2.30.

[17] Col. 4.8. I The. 5.12.

[18] Rom. 16.5, 15. Phi. 2.

[19] Rom. 16.16.

[20] Col. 4.18. II The. 3.17.

[21] Eph. 6.24.

[22] Gal. 1.8, 9.

[23] Jud. 14, 15.

[24] Rom. 16.20.



SEGUNDA EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO AOS CORINTHIOS.



_Prefacio e saudação._

[Anno Domini 60]

1 Paulo, apostolo [1] de Jesus Christo, pela vontade de Deus, e o irmão
Timotheo, á egreja de Deus, que está em Corintho, com todos os sanctos
que estão em toda a Achaia:

2 Graça e paz [2] de Deus nosso Pae e do Senhor Jesus Christo.


_Acção de graças de Paulo pelas consolações que Deus lhe concedeu._

3 Bemdito _seja_ o [3] Deus e Pae de nosso Senhor Jesus Christo, o Pae
das misericordias e o Deus de toda a consolação;

4 Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que tambem possamos
consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que
nós mesmos somos consolados de Deus.

5 Porque, como as afflicções de Christo [4] abundam em nós, assim tambem
a nossa consolação abunda por Christo.

6 Mas, se somos attribulados _é_ para vossa consolação e salvação, ou, se
somos consolados, para vossa consolação e salvação _é_, a qual se opéra
na tolerancia [5] das mesmas afflicções que nós tambem padecemos;

7 E a nossa esperança ácerca de vós é firme, sabendo que, como sois
participantes [6] das afflicções, assim o _sereis_ tambem da consolação.

8 Porque não queremos, irmãos, [7] que ignoreis a tribulação que nos
sobreveiu na Asia, pois que fomos sobremaneira aggravados mais do que
podiamos supportar, de modo tal que até da vida estivemos em grande
duvida.

9 De modo que _já_ em nós mesmos tinhamos a sentença de morte, para que
não confiassemos em nós mesmos, [8] mas em Deus, que resuscita os mortos:

10 O qual nos livrou [9] de tão grande morte, e livra _ainda_, no qual
esperamos que ainda tambem _nos_ livrará.

11 Ajudando-nos tambem vós com oração [10] por nós, para que pela mercê,
que por muitas pessoas _nos foi feita_, por muitas _tambem_ sejam dadas
graças a nosso respeito.


_Porque demorou Paulo a sua ida._

12 Porque a nossa gloria é esta: o testemunho da nossa consciencia,
de que com simplicidade e sinceridade [11] de Deus, não com sabedoria
carnal, mas com graça de Deus, temos vivido no mundo, e maiormente
comvosco.

13 Porque nenhumas outras _coisas_ vos escrevemos, senão as que _já_
sabeis ou tambem reconheceis; e espero que tambem até ao fim as
reconhecereis.

14 Como tambem _já_ em parte nos tendes reconhecido, [12] que somos a
vossa gloria, como tambem vós _sereis_ a nossa no dia do Senhor Jesus.

15 E com esta confiança [13] quiz primeiro ir ter comvosco, para que
tivesseis uma segunda graça;

16 E por vós passar á Macedonia, e [14] da Macedonia ir outra vez ter
comvosco, e ser guiado por vós á Judea.

17 Assim que, deliberando isto, usei porventura de leviandade? Ou o que
delibero, o delibero _porventura_ segundo a carne, [15] para que haja em
mim sim sim, e não não?

18 Antes Deus _é_ fiel, _e sabe_ que a nossa palavra para comvosco não
foi sim e não.

19 Porque o Filho [16] de Deus, Jesus Christo, que por nós foi prégado
entre vós, _a saber_, por mim, e Silvano, e Timotheo, não foi sim e não;
[17] mas n’elle houve sim.

20 Porque todas quantas promessas ha [18] de Deus, _são_ n’elle sim, e
n’elle Amen, para gloria de Deus por nós.

21 Mas o que nos confirma comvosco em Christo, e o que nos ungiu, _é_
[19] Deus:

22 O qual tambem nos sellou [20] e deu o penhor do Espirito em nossos
corações.

23 Porém invoco a Deus [21] por testemunha sobre a minha alma, que para
vos poupar não tenho até agora ido a Corintho;

24 Não que tenhamos dominio sobre a vossa fé, [22] mas porque somos
cooperadores de vosso gozo; porque pela fé estaes _em pé_.

[1] I Cor. 1.1. Eph. 1.1. Col. 1.1.

[2] Rom. 1.7. Gal. 1.3. Phi. 1.2.

[3] Eph. 1.3. I Ped. 1.3.

[4] Act. 9.4. cap. 4.10. Col. 1.24.

[5] cap. 4.15.

[6] Rom. 8.17. II Tim. 2.12.

[7] Act. 19.23. I Cor. 15.32.

[8] Jer. 17.5, 7.

[9] II Ped. 2.9.

[10] Rom. 15.30. Phi. 1.19. cap. 4.15.

[11] cap. 2.17. I Cor. 2.4, 13.

[12] Phi. 2.16. I The. 2.19, 20.

[13] I Cor. 4.19. Rom. 1.11.

[14] I Cor. 16.5, 6.

[15] cap. 10.2.

[16] Mar. 1.1. Luc. 1.35. Act. 9.20.

[17] Heb. 13.8.

[18] Rom. 15.8, 9.

[19] I João 2.20, 27.

[20] Eph. 1.13. II Tim. 2.19.

[21] Gal. 1.20. Phi. 1.8. I Cor. 4.21.

[22] I Ped. 5.3. Rom. 11.20.



2 Porém, deliberei isto comigo mesmo: não ir mais ter comvosco em [1]
tristeza.

2 Porque, se eu vos entristeço, quem é que me alegrará, senão aquelle que
por mim foi contristado?

3 E escrevi-vos isto mesmo, para que, quando _lá_ fôr, [2] não tenha
tristeza da parte dos que deveriam alegrar-me; confiando em vós todos,
que a minha alegria é a de todos vós.

4 Porque em muita tribulação e angustia do coração vos escrevi com muitas
lagrimas, não para que vos entristecesseis, [3] mas para que conhecesseis
o amor que abundantemente vos tenho.

5 Porque, se alguem _me_ [4] contristou, não me contristou _a mim_ senão
em parte, para vos não sobrecarregar a vós todos.

6 Basta-lhe ao tal esta reprehensão _feita_ por [5] muitos:

7 De maneira que antes pelo contrario [6] _deveis_ perdoar-_lhe_ e
consolal-o, para que o tal não seja de modo algum devorado de demasiada
tristeza.

8 Pelo que rogo-vos que confirmeis para com elle o vosso amor.

9 Porque para isso vos escrevi tambem, para por esta prova saber se [7]
sois obedientes em tudo.

10 E a quem perdoardes alguma _coisa_ tambem eu; porque, se eu tambem
perdoei, se é que tenho perdoado, por amor de vós o _fiz_ na presença de
Christo; para que não sejamos vencidos por Satanás;

11 Porque não ignoramos os seus ardis.

12 No demais, [8] quando cheguei a Troas para _prégar_ o evangelho de
Christo, e abrindo-se-me uma porta no Senhor,

13 Não tive repouso no [9] meu espirito, porque não achei alli meu irmão
Tito; mas, despedindo-me d’elles, parti para a Macedonia.


_O caracter e os fructos do ministerio de Paulo._

14 E graças a Deus, que sempre nos faz triumphar em Christo, e por nós
manifesta em todo o logar o [10] cheiro do seu conhecimento.

15 Porque para Deus somos o bom cheiro de Christo, [11] em os que se
salvam e em os que se perdem:

16 Para estes certamente cheiro [12] de morte para morte; mas para
aquelles cheiro de vida para vida. E para [13] estas _coisas_ quem _é_
idoneo?

17 Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus,
[14] antes fallamos de Christo com sinceridade, como de Deus na presença
de Deus.

[1] cap. 1.23 e 12.20, 21.

[2] cap. 12.21. Gal. 5.10.

[3] cap. 7.8, 9, 12.

[4] I Cor. 5.1. Gal. 4.12.

[5] I Cor. 5.4, 5. I Tim. 5.20.

[6] Gal. 6.1.

[7] cap. 7.15 e 10.6.

[8] Act. 16.8. I Cor. 16.9.

[9] cap. 7.5, 6.

[10] Can. 1.3.

[11] I Cor. 1.18. cap. 4.3.

[12] João 9.39. I Ped. 2.7, 8.

[13] I Cor. 15.10.

[14] II Ped. 2.3. cap. 1.12.



3 Porventura começamos outra [1] vez a louvar-nos a nós mesmos? Ou
necessitamos, como alguns, de cartas de recommendação para vós, ou de
recommendação de vós?

2 Vós [2] sois a nossa carta, escripta em nossos corações, conhecida e
lida por todos os homens.

3 Porque _já_ é manifesto, que vós sois a carta de Christo, ministrada
por nós, [3] e escripta, não com tinta, mas com o Espirito de Deus vivo,
não em taboas de pedra, mas nas taboas de carne do coração.

4 E é por Christo que temos tal confiança em Deus:

5 Não que sejamos [4] capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de
nós mesmos; mas a nossa capacidade _vem_ de Deus:

6 O qual nos fez tambem capazes _de ser_ ministros [5] do novo [AIR]
testamento, não da lettra, mas do espirito; porque a lettra mata, e o
espirito vivifica.

7 E, se o ministerio da morte, gravado [6] com lettras em pedras, foi [7]
para gloria, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos
na face de Moysés, por causa da gloria do seu rosto, a qual [AIS] era
transitoria,

8 Como não será de maior gloria o ministerio do [8] espirito?

9 Porque, se o ministerio da condemnação _foi_ glorioso, muito mais
excederá em gloria [9] o ministerio da justiça.

10 Porque tambem o que foi glorificado n’esta parte não foi glorificado,
por causa d’esta excellente gloria.

11 Porque, se o que era transitorio _foi_ para gloria, muito mais é em
gloria o que permanece.

12 Tendo, pois, tal esperança, usamos [10] de muita ousadia no fallar.

13 E não somos como Moysés, _que_ punha um véu [11] sobre a sua face,
para que os filhos do Israel não fitassem os olhos no fim do que era
transitorio.

14 Porém os seus [12] sentidos foram endurecidos: porque até _ao dia de_
hoje o mesmo véu fica por levantar na lição do velho testamento, o qual
foi por Christo abolido:

15 Mas até _ao dia de_ hoje, quando é lido Moysés, o véu está posto sobre
o coração d’elles.

16 Porém, quando se converterem [13] ao Senhor, _então_ o véu se tirará.

17 Ora o Senhor [14] é o Espirito; e onde _está_ o Espirito do Senhor ahi
_ha_ liberdade.

18 Mas todos nós, com cara descoberta, [15] reflectindo como um espelho,
a gloria do Senhor, somos transformados de gloria em gloria na mesma
imagem, como pelo Espirito do Senhor.

[1] cap. 5.12. Act. 18.27.

[2] I Cor. 9.2.

[3] I Cor. 3.5. Exo. 24.12. Jer. 31.33.

[4] João 15.5. Phi. 2.13.

[5] I Cor. 3.5. Eph. 3.7. Col. 1.25, 29.

[6] Rom. 7.10.

[7] Exo. 34.1, 28, 29, 30, 35.

[8] Gal. 3.5.

[9] Rom. 1.17 e 3.21.

[10] cap. 7.4. Eph. 6.19.

[11] Exo. 34.33, 35. Rom. 10.4.

[12] Isa. 6.10. Mat. 13.11, 14. João 12.40.

[13] Rom. 11.23, 26.

[14] ver. 6. I Cor. 15.45.

[15] I Cor. 13.12. I Tim. 1.11.



_Jesus Christo é o unico assumpto do ministerio de Paulo._

4 Pelo que, tendo este [1] ministerio, segundo a misericordia que nos foi
feita, não desfallecemos,

2 Antes, rejeitámos as _coisas_ que por vergonha se occultam, não andando
com astucia [2] nem falsificando a palavra de Deus, mas recommendando-nos
á consciencia de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da
verdade.

3 Porém, se tambem o nosso evangelho está encoberto, [3] para os que se
perdem está encoberto:

4 Nos quaes o Deus d’este seculo cegou [4] os entendimentos dos
incredulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da gloria de
Christo, que é a imagem de Deus.

5 Porque não nos prégamos [5] a nós mesmos, mas a Christo Jesus, o
Senhor; e nós mesmos _somos_ vossos servos por amor de Jesus.

6 Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse [6] a luz, é quem
resplandeceu em nossos corações, para illuminação do conhecimento da
gloria de Deus, na face de Jesus Christo.

7 Temos, porém, este thesouro em vasos de [7] barro, para que a
excellencia do poder seja de Deus, e não de nós.

8 Em tudo _somos_ attribulados, porém [8] não angustiados: perplexos,
porém não desesperados:

9 Perseguidos, porém não desamparados: abatidos, [9] porém não perdidos:

10 Trazendo sempre por [10] toda a parte a mortificação do Senhor Jesus
no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste tambem em nossos
corpos;

11 Porque nós, que vivemos, estamos sempre entregues [11] á morte por
amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste tambem em a nossa
carne mortal.

12 De maneira que em nós obra a morte, [12] porém em vós a vida.

13 E temos portanto o mesmo espirito [13] de fé, como está escripto: Cri,
por isso fallei: nós cremos tambem, por isso tambem fallamos.

14 Sabendo que o que resuscitou [14] o Senhor Jesus, nos resuscitará
tambem por Jesus; e nos collocará comvosco.

15 Porque todas estas _coisas são_ por amor [15] de vós, para que a
graça, que abunda pela acção de graças de muitos abunde para gloria de
Deus.


_O designio e effeito das afflicções. As coisas visiveis são contrapostas
ás invisiveis._

16 Por isso não desfallecemos: mas, ainda que o nosso homem exterior se
corrompa, [16] o interior, comtudo, se renova de dia em dia,

17 Porque a nossa leve e momentanea tribulação [17] produz-nos um peso
eterno de gloria mui excellente;

18 Não attentando nós [18] nas _coisas_ que se vêem, mas nas que se não
vêem; porque as que se vêem são temporaes, e as que se não vêem _são_
eternas.

[1] I Cor. 7.25. I Tim. 1.13.

[2] cap. 6.4, 7 e 7.14.

[3] I Cor. 1.18. II The. 2.10.

[4] João 12.31, 40 e 14.30 e 16.11.

[5] I Cor. 1.13, 23 e 10.33.

[6] Gen. 1.3. II Ped. 1.19.

[7] cap. 5.1. I Cor. 2.5.

[8] cap. 7.5.

[9] Psa. 37.24.

[10] I Cor. 15.31. Rom. 8.17. I Ped. 4.13.

[11] Rom. 8.36. I Cor. 15.31, 49.

[12] cap. 13.9.

[13] Rom. 1.12. II Ped. 1.1.

[14] Rom. 8.11. I Cor. 6.14.

[15] I Cor. 3.21. Col. 1.24. II Tim. 2.10.

[16] Rom. 7.22. Col. 3.10. I Ped. 3.4.

[17] Mat. 5.12. Rom. 8.18. I Ped. 1.6.

[18] Rom. 8.24. Heb. 11.1.



5 Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre [1] d’_este_ tabernaculo
se desfizer, temos de Deus _um_ edificio, uma casa não feita por mãos,
eterna nos céus.

2 E por isso tambem gememos, [2] desejando ser revestidos da nossa
habitação, que é do céu;

3 Se todavia formos [3] achados vestidos, _e_ não nús.

4 Porque tambem nós, os que estamos n’_este_ tabernaculo, gememos
carregados: porque não queremos ser despidos, mas revestidos, [4] para
que o mortal seja absorvido pela vida.

5 Ora, quem para isto [5] mesmo nos preparou _foi_ Deus, o qual nos deu
tambem o penhor do Espirito.

6 Pelo que _estamos_ sempre de bom animo, sabendo que, emquanto estamos
no corpo, vivemos ausentes do Senhor.

7 (Porque andamos [6] por fé, _e_ não por vista.)

8 Porém temos confiança [AIT] e desejamos muito deixar [7] este corpo, e
habitar com o Senhor.

9 Pelo que muito desejamos tambem ser-lhe agradaveis, quer presentes,
quer ausentes.

10 Porque todos devemos comparecer [8] ante o tribunal de Christo, para
que cada um receba segundo o que _tiver feito_ no corpo, ou bem, ou mal.


_O ministerio da reconciliação._

11 Assim que, sabendo o temor que _se deve_ ao Senhor, [9] persuadimos
os homens _á fé_, e somos manifestos a Deus; mas espero que nas vossas
consciencias estejamos tambem manifestos.

12 Porque não nos recommendámos [10] outra vez a vós; mas damo-vos
occasião de vos gloriardes de nós, para que tenhaes _que responder_ aos
que se gloriam na apparencia, e não _no_ coração.

13 Porque, se enlouquecemos, _é_ para Deus; [11] e, se conservamos o
juizo, _é_ para vós.

14 Porque o amor de Christo nos constrange, julgando nós isto: [12] que,
se um morreu por todos, logo todos morreram.

15 E elle morreu por todos, para que os que vivem [13] não vivam mais
para si, senão para aquelle que por elles morreu e resuscitou.

16 Assim que d’aqui por diante a ninguem conhecemos [14] segundo a carne,
e, ainda que tambem tenhamos conhecido Christo segundo a carne, todavia
agora já o não conhecemos _d’este modo_.

17 Assim que, se alguem _está_ em Christo, [15] nova [AIU] creatura _é_:
as _coisas_ velhas já passaram; eis que tudo está feito novo.

18 E tudo _isto provém_ de Deus que nos reconciliou [16] comsigo mesmo
por Jesus Christo, e nos deu o ministerio da reconciliação.

19 Porque Deus estava em [17] Christo reconciliando comsigo o mundo, não
lhes imputando os seus peccados; e poz em nós a palavra da reconciliação.

20 De sorte que somos embaixadores [18] da parte de Christo, como se
Deus por nós rogasse. Rogamos-vos _pois_ da parte de Christo que vos
reconcilieis com Deus.

21 Áquelle que não conheceu peccado, fel-o peccado [19] por nós; para
que n’elle fossemos feitos justiça de Deus.

[1] Job 4.19. II Ped. 1.13, 14.

[2] Rom. 8.23.

[3] Apo. 3.18 e 16.15.

[4] I Cor. 15.53, 54.

[5] Isa. 29.23. Eph. 2.10.

[6] Rom. 8.24, 25.

[7] Phi. 1.23.

[8] Mat. 25.31, 32. Rom. 14.10. Apo. 22.12.

[9] Job 31.23. Heb. 10.31. Jud. 23.

[10] cap. 3.1 e 1.14.

[11] cap. 11.1, 16, 17 e 12.6, 11.

[12] Rom. 5.15.

[13] Rom. 6.11, 12. I Cor. 6.19. Gal. 2.20.

[14] Mat. 12.50. João 15.14. Gal. 5.6.

[15] Rom. 8.9 e 16.7. Gal. 6.15.

[16] Rom. 5.10. Col. 1.20. I João 2.2.

[17] Rom. 3.24, 25.

[18] Job 33.23. Mal. 2.7.

[19] Isa. 53.6, 9, 12. Gal. 3.13. I Ped. 2.22, 24.



_A abnegação de Paulo em seu ministerio._

6 E nós, cooperando tambem, [1] _vos_ exhortamos a que não recebaes a
graça de Deus em vão;

2 (Porque diz: Ouvi-te [2] em tempo acceitavel e soccorri-te no dia da
salvação: Eis aqui agora o tempo acceitavel, eis aqui agora o dia da
salvação.)

3 Não dando nós [3] escandalo em _coisa_ alguma, para que o ministerio
não seja vituperado;

4 Antes, como ministros [4] de Deus, fazendo-nos agradaveis em tudo: na
muita soffrença, nas afflicções, nas necessidades, nas angustias,

5 Nos açoites, [5] nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas
vigilias, nos jejuns,

6 Na pureza, na sciencia, na longanimidade, na benignidade, no Espirito
Sancto, no amor não fingido,

7 Na palavra da [6] verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, á
direita e á esquerda,

8 Por honra e por deshonra, por infamia e por boa fama: como enganadores,
e _sendo_ verdadeiros:

9 Como desconhecidos, [7] mas sendo bem conhecidos: como morrendo, e [8]
eis que vivemos: como castigados, e não mortos:

10 Como contristados, mas sempre alegres: como pobres, mas enriquecendo a
muitos: como nada tendo, e possuindo tudo.


_Instante exhortação á sanctidade._

11 Ó corinthios, a nossa bocca aberta está para vós, o nosso [9] coração
está dilatado.

12 Não estaes estreitados em nós; mas estaes [10] estreitados nas vossas
entranhas.

13 Ora, em recompensa d’isto, (fallo como [11] a filhos) dilatae-vos
tambem vós.

14 Não vos prendaes desegualmente ao jugo com [12] os infieis; porque,
que participação tem a justiça com a injustiça? E que communicação tem a
luz com as trevas?

15 E que concordia ha entre Christo e Belial? Ou que parte tem o fiel com
o infiel?

16 E que consentimento tem o templo de Deus com os idolos? Porque vós
[13] sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: N’elles habitarei, e
entre _elles_ andarei: e eu serei o seu Deus e elles serão o meu povo.

17 Pelo que sahi do meio d’elles, e apartae-vos, [14] diz o Senhor; e não
toqueis _coisa_ immunda, e eu vos receberei:

18 E eu serei para vós Pae [15] e vós sereis para mim filhos e filhas,
diz o Senhor todo poderoso.

[1] I Cor. 3.9. cap. 5.20. Heb. 12.15.

[2] Isa. 49.8.

[3] Rom. 14.13. I Cor. 9.12 e 10.32.

[4] I Cor. 4.1.

[5] cap. 11.23, etc.

[6] cap. 4.2. I Cor. 2.4. Eph. 6.11, 13.

[7] cap. 4.2.

[8] I Cor. 4.9. cap. 1.9 e 4.10, 11.

[9] cap. 7.3.

[10] cap. 12.15.

[11] I Cor. 4.14.

[12] Deu. 7.2, 3. I Cor. 5.9 e 7.39. I Sam. 5.2, 3.

[13] I Cor. 3.16. Eph. 2.21, 22. Heb. 3.6.

[14] Isa. 52.11. cap. 7.1. Apo. 18.4.

[15] Jer. 31.1, 9. Apo. 21.7.



7 Ora, amados, pois que temos taes promessas, [1] purifiquemo-nos de toda
a immundicia da carne e do espirito, aperfeiçoando a sanctificação no
temor de Deus.


_A alegria de Paulo por causa da vinda de Tito e o bom effeito da sua
primeira epistola._

2 Recebei-nos; a ninguem aggravámos, a ninguem corrompemos, de ninguem
[2] buscámos o nosso proveito.

3 Não digo _isto_ para _vossa_ condemnação; pois já d’antes tinha dito
que estaes [3] em nossos corações para juntamente morrer _e_ viver.

4 Grande é a ousadia da minha falla para comvosco, [4] e grande a minha
jactancia a respeito de vós; estou cheio de consolação: superabundo de
gozo em todas as nossas tribulações.

5 Porque, ainda quando chegámos [5] á Macedonia, a nossa carne não teve
repouso algum; antes em tudo fomos attribulados: por fóra combates,
temores por dentro.

6 Mas Deus, que consola [6] os abatidos, nos consolou com a vinda de Tito.

7 E não sómente com a sua vinda, senão tambem pela consolação com que foi
consolado de vós, contando-nos as vossas saudades, o vosso choro, o vosso
zelo por mim, de maneira que muito me regozijei.

8 Porque, ainda que vos [7] contristei com a carta, não me arrependo,
embora me arrependesse por vêr que aquella carta vos contristou, ainda
que por pouco tempo.

9 Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes
contristados para o arrependimento; porque fostes contristados segundo
Deus; de maneira que por nós não padecestes damno em coisa alguma.

10 Porque a tristeza segundo [8] Deus obra arrependimento para a
salvação, da qual ninguem se arrepende; mas a tristeza do mundo obra a
morte.

11 Porque, quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós, que segundo
Deus fostes contristados! que apologia, que indignação, que temor, que
saudades, que zelo, que vingança! em tudo mostrastes estar puros n’_este_
negocio.

12 Portanto, ainda que vos escrevi, não _foi_ por causa do que fez o
aggravo, nem por causa do que soffreu o aggravo, mas para que a nossa
diligencia por vós [9] fosse manifesta diante de Deus.

13 Por isso fomos consolados pela vossa consolação, e muito mais nos
alegramos pela alegria de Tito, porque o seu espirito foi [10] recreado
por vós todos.

14 Porque, se n’alguma coisa me gloriei de vós para com elle, não fiquei
envergonhado; antes, como vos dissemos tudo com verdade, assim tambem a
nossa gloria para com Tito se achou verdadeira.

15 E o seu entranhavel affecto para comvosco é mais abundante,
lembrando-se da obediencia [11] de vós todos, _e_ de como o recebestes
com temor e tremor.

16 Regozijo-me de em tudo poder [12] confiar em vós.

[1] cap. 6.17, 18.

[2] Act. 20.33. cap. 12.17.

[3] cap. 6.11, 12.

[4] cap. 3.12. I Cor. 1.4. Phi. 2.17.

[5] cap. 2.13. Deu. 32.25.

[6] cap. 1.4 e 2.13.

[7] cap. 2.4.

[8] II Sam. 12.13. Mat. 26.75. Pro. 17.22.

[9] cap. 2.4.

[10] Rom. 15.32.

[11] cap. 2.9. Phi. 2.12.

[12] II The. 3.4. Phi. 3.21.



_A collecta para os christãos pobres da Judea._

8 Tambem, irmãos, vos fazemos saber a graça de Deus dada ás egrejas da
Macedonia:

2 Como em muita prova de tribulação houve abundancia do seu gozo, e como
a sua [1] profunda pobreza abundou em riquezas de sua beneficencia.

3 Porque, segundo o _seu_ poder (o que eu _mesmo_ testifico), e ainda
acima do _seu_ poder, _deram_ voluntariamente,

4 Pedindo-nos com muitos rogos a graça e a communicação d’este serviço,
[2] que _se fazia_ para com os sanctos.

5 E _fizeram_ não _sómente_ como nós esperavamos, mas a si mesmos se
deram primeiramente ao Senhor, e _depois_ a nós, pela vontade de Deus.

6 De maneira que exhortámos [3] a Tito que, assim como d’antes começou,
assim tambem acabe esta mercê entre vós.

7 Portanto, assim como em [4] tudo abundaes em fé, e em palavra, e em
sciencia, e em toda a diligencia, e em a vossa caridade para comnosco,
assim tambem abundeis n’esta graça.

8 Não digo isto como [5] quem manda, senão tambem para provar, pela
diligencia dos outros, a sinceridade da vossa caridade.

9 Porque _já_ sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Christo, que, sendo
rico, por amor de vós [6] se fez pobre; para que pela sua pobreza
enriquecesseis.

10 E n’isto dou o _meu_ [7] parecer; pois que isto vos convém a vós, que
desde o anno passado começastes não só o praticar, mas tambem o desejar.

11 Agora, porém, completae tambem o já começado, para que, assim como
houve a promptidão de vontade, haja tambem o cumprimento, _segundo_ o que
tendes.

12 Porque, se primeiro [8] houver promptidão de vontade, _será_ acceite
segundo o que qualquer tem, _e_ não segundo o que não tem.

13 Porém, não _digo isto_ para que os outros tenham allivio, e vós
oppressão,

14 Mas _para_ egualdade; n’este tempo presente, a vossa abundancia
_suppra_ a falta dos outros, para que tambem a sua abundancia _suppra_ a
vossa falta, para que haja egualdade;

15 Como está escripto: O que muito _colheu_ [9] não teve de mais; e o que
pouco não teve de menos.

16 Porém, graças a Deus, que poz a mesma solicitude por vós no coração de
Tito;

17 Pois acceitou [10] a exhortação, e muito diligente partiu
voluntariamente para vós.

18 E com elle enviámos aquelle [11] irmão que tem louvor no evangelho em
todas as egrejas.

19 E não só _isto_, mas foi tambem escolhido pelas egrejas [12] para
companheiro da nossa viagem, n’esta graça, que por nós é ministrada para
gloria do mesmo Senhor, e promptidão do vosso animo:

20 Evitando isto, que alguem nos vitupere n’esta abundancia, que por nós
e ministrada:

21 Como quem procura [13] o que é honesto, não só diante do Senhor, mas
tambem diante dos homens.

22 Com elles enviámos tambem _outro_ nosso irmão, o qual muitas vezes, e
em muitas _coisas_ já experimentámos que é diligente, e agora muito mais
diligente ainda pela muita confiança que em vós _tem_.

23 Quanto a Tito, _é_ meu companheiro, e cooperador para comvosco: quanto
a nossos irmãos, _são_ embaixadores [14] das egrejas _e_ gloria de
Christo.

24 Portanto mostrae para com elles, perante a face das egrejas, a prova
da vossa caridade, e da nossa [15] gloria ácerca de vós.

[1] Mar. 12.44.

[2] Act. 11.29. Rom. 15.25, 26. cap. 9.1.

[3] ver. 17. cap. 12.18.

[4] I Cor. 1.5 e 12.13.

[5] I Cor. 7.6.

[6] Mat. 8.20. Luc. 9.58. Phi. 2.6, 7.

[7] I Cor. 7.25. Mat. 10.42. I Tim. 6.18, 19.

[8] Mar. 12.43, 44. Luc. 21.3.

[9] Exo. 16.18.

[10] ver. 6.

[11] cap. 12.13.

[12] I Cor. 16.3, 4. cap. 4.15.

[13] Rom. 12.17. Phi. 4.8. I Ped. 2.12.

[14] Phi. 2.25.

[15] cap. 7.14 e 9.2.



9 Quanto á administração [1] que _se faz_ a favor dos sanctos, não
necessito escrever-vos;

2 Porque bem sei a promptidão do vosso animo [2] da qual me glorio de vós
para com os macedonios; que a Achaia está prompta desde o anno passado, e
o vosso zelo tem estimulado muitos.

3 Porém enviei [3] estes irmãos, para que a nossa gloria, ácerca de vós,
não seja vã n’esta parte; para que (como já disse) possaes estar promptos:

4 Para que, se acaso os macedonios vierem comigo, e vos acharem
desapercebidos, não nos envergonhemos nós (para não dizermos vós) d’este
firme fundamento de gloria.

5 Portanto, tive por coisa necessaria exhortar estes irmãos, para que
primeiro fossem ter comvosco, e preparassem primeiro a vossa benção,
_já_ d’antes annunciada, para que esteja prompta como benção, e não como
avareza.

6 E _digo_ isto: Que o [4] que semeia pouco, pouco tambem ceifará; e o
que semeia em abundancia, em abundancia tambem ceifará.

7 Cada um _contribua_ segundo propoz no seu coração; não com [5]
tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.

8 E Deus _é_ poderoso para fazer abundar [6] em vós toda a graça, para
que tendo sempre, em tudo, toda a sufficiencia, abundeis em toda a boa
obra;

9 Conforme está escripto: Espalhou, [7] deu aos pobres: a sua justiça
permanece para sempre.

10 Ora, aquelle que dá a semente ao que semeia, [8] tambem dará pão para
comer, e multiplicará a vossa sementeira, e augmentará os fructos da
vossa justiça;

11 Para que em tudo enriqueçaes para toda a beneficencia, a qual faz
_que_ por nós [9] _se deem_ graças a Deus.

12 Porque a administração d’este serviço, não só suppre as necessidades
dos sanctos, [10] mas tambem abunda em muitas graças, _que se dão_ a Deus.

13 Portanto, na prova d’esta administração, glorificam a Deus [11] pela
submissão que confessaes quanto ao evangelho de Christo, e pela bondade
da communicação para [12] com elles, e para com todos;

14 E pela sua oração por vós, tendo de vós saudades, por causa da
excellente graça de Deus [13] em vós.

15 Graças a Deus pois [14] pelo seu dom ineffavel.

[1] Act. 11.29. Rom. 15.26. I Cor. 16.1. Gal. 2.10.

[2] cap. 8.19.

[3] cap. 8.6, 17, 18, 22.

[4] Pro. 11.24 e 19.17. Gal. 6.7, 9.

[5] Deu. 15.7. Exo. 25.2. Pro. 11.25.

[6] Pro. 11.24, 25 e 28.27. Phi. 4.19.

[7] Psa. 112.9.

[8] Isa. 55.10. Ose. 10.12. Mat. 6.1.

[9] cap. 1.11 e 4.15.

[10] cap. 8.14.

[11] Mat. 5.16.

[12] Heb. 13.16.

[13] cap. 8.1.

[14] Thi. 1.17.



_Paulo defende a sua auctoridade apostolica._

10 Além d’isto, eu, Paulo, [1] vos rogo, pela mansidão e benignidade de
Christo, eu que, na verdade, quando presente entre vós, _sou_ humilde,
porém, ausente, ousado para comvosco;

2 Rogo-_vos_ pois que, quando estiver presente, não me veja obrigado a
usar com confiança da ousadia [2] que se me attribue ter com alguns, que
nos julgam, como se andassemos segundo a carne.

3 Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne.

4 Porque as armas da [3] nossa milicia não são carnaes, mas sim poderosas
em Deus, para destruição das fortalezas;

5 Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o
conhecimento de Deus, e levando captivo todo o entendimento á obediencia
de Christo.

6 E estando promptos para vingar toda a [4] desobediencia, quando fôr
cumprida a vossa obediencia.

7 Olhaes para as coisas [5] segundo a apparencia? Se alguem confia de si
mesmo que é de Christo, pense outra vez isto comsigo, que, assim como
elle _é_ de Christo, tambem nós _somos_ de Christo.

8 Porque, ainda que eu me glorie mais alguma coisa do nosso poder, [6] o
qual o Senhor nos deu para edificação, e não para vossa destruição, não
me envergonharei,

9 Para que não pareça como se quizera intimidar-vos por cartas.

10 Porque as cartas, dizem, [7] _são_ graves e fortes, mas a presença do
corpo _é_ fraca, e a palavra desprezivel.

11 Pense o tal isto, que, quaes somos na palavra por cartas, _estando_
ausentes, taes seremos tambem por obra, estando presentes.

12 Porque não [8] ousamos juntar-nos, ou comparar-nos com alguns, que se
louvam a si mesmos; porém estes que por si mesmos se medem a si mesmos, e
se comparam comsigo mesmos, estão sem entendimento.

13 Porém não nos gloriaremos [9] fóra de medida, mas conforme a medida da
regra, medida que Deus nos deu, para chegarmos até vós;

14 Porque não nos estendemos além do que convém, como se não houvessemos
de chegar até vós, pois _já_ chegámos [10] tambem até vós no evangelho de
Christo:

15 Não nos gloriando fóra de medida nos trabalhos [11] alheios; antes
tendo esperança de que, crescendo a vossa fé, seremos abundantemente
engrandecidos entre vós, conforme a nossa regra;

16 Para annunciar o evangelho nos _logares_ que estão além de vós,
_e_ não em campo de outrem, para nos não gloriarmos no que estava já
preparado.

17 Porém aquelle que se gloría [12] glorie-se no Senhor.

18 Porque não é approvado quem a si mesmo se louva, [13] mas sim aquelle
a quem o Senhor louva.

[1] Rom. 12.1. ver. 10. cap. 12.5, 7, 9.

[2] I Cor. 4.21. cap. 13.2, 10.

[3] Eph. 6.13. I The. 5.8. I Tim. 1.18.

[4] cap. 13.2, 10 e 2.9 e 7.15.

[5] João 7.24. I Cor. 14.37 e 3.23. I João 4.6.

[6] cap. 13.10 e 7.14 e 12.6.

[7] I Cor. 2.3, 4 e 1.17. cap. 11.6.

[8] cap. 3.1 e 5.12.

[9] ver. 15.

[10] I Cor. 3.5, 10 e 4.15.

[11] Rom. 15.20.

[12] Isa. 65.16. I Cor. 1.31.

[13] Pro. 27.2. I Cor. 4.5.



_Os falsos apostolos._

11 Oxalá me supportasseis um pouco na _minha_ [1] loucura! Supportae-me,
porém, ainda.

2 Porque estou zeloso [2] de vós com zelo de Deus: porque vos tenho
preparado para _vos_ apresentar _como_ uma virgem pura a um marido, a
saber, a Christo.

3 Mas temo que, assim como a [3] serpente enganou Eva com a sua astucia,
assim tambem sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, _e se
apartem_ da simplicidade que ha em Christo.

4 Porque, se alguem viesse prégar-vos outro Jesus que nós não temos
prégado, ou recebesseis outro espirito que não recebestes, ou [4] outro
evangelho que não abraçastes, com razão o soffrerieis.

5 Porque penso que em nada fui inferior [5] aos mais excellentes
apostolos.

6 E, se tambem _sou_ [6] rude na palavra, não o _sou_ comtudo na
sciencia; mas já em tudo nos temos feito conhecer totalmente entre vós.

7 Pequei porventura, humilhando-me a [7] mim mesmo, para que vós fosseis
exaltados, porque de graça vos annunciei o evangelho de Deus?

8 Outras egrejas despojei eu para vos servir, recebendo _d’ellas_
salario; e quando estava presente comvosco, e tinha necessidade, [8] a
ninguem fui pesado.

9 Porque os irmãos que vieram da Macedonia suppriram a minha necessidade;
e em tudo me guardei de vos ser pesado, e _ainda_ me guardarei.

10 A verdade de Christo [9] está em mim; que esta gloria não me será
impedida nas regiões da Achaia.

11 Porque? Porque vos não amo? [10] Deus o sabe.

12 Mas eu o faço, e o farei, para cortar occasião [11] aos que buscam
occasião, para que, n’aquillo em que se gloriam, sejam achados assim como
nós.

13 Porque taes falsos [12] apostolos _são_ obreiros fraudulentos,
transfigurando-se em apostolos de Christo.

14 E não é maravilha, [13] porque o proprio Satanaz se transfigura em
anjo de luz.

15 Não _é_ muito pois que os seus ministros se transfigurem em ministros
[14] da justiça, o fim dos quaes será conforme as suas obras.


_Os soffrimentos de Paulo por amor do evangelho._

16 Outra vez digo: [15] ninguem me julgue insensato, ou então recebei-me
como insensato, para que tambem me glorie um pouco.

17 O que digo, [16] não o digo segundo o Senhor, mas como por loucura
n’esta confiança de gloria.

18 Pois que muitos se gloriam [17] segundo a carne, eu tambem me
gloriarei.

19 Porque, [18] sendo sensatos, de boamente toleraes os insensatos.

20 Pois o toleraes, se alguem [19] vos põe em servidão, se alguem _vos_
devora, se alguem _vos_ apanha, se alguem se exalta, se alguem vos fere
no rosto.

21 Para affronta [20] o digo, como se nós fossemos fracos, mas no que
qualquer tem ousadia (com insensatez fallo) tambem eu tenho ousadia.

22 São hebreos? [21] tambem eu; são israelitas? tambem eu; são
descendencia de Abrahão? tambem eu;

23 São ministros de Christo? (fallo como fóra de mim) eu ainda mais; [22]
em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que elles; em prisões,
muito mais, em _perigo de_ morte muitas vezes.

24 Recebi dos judeos cinco [23] quarentenas _de açoites_ menos um.

25 Tres vezes fui açoitado [24] com varas, uma vez fui apedrejado, tres
vezes soffri naufragio, uma noite e um dia passei no abysmo.

26 Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de
salteadores, em perigos dos da _minha_ nação, [25] em perigos dos
gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar,
em perigos entre os falsos irmãos.

27 Em trabalhos e fadiga, [26] em vigilias muitas vezes, em fome e sêde,
em jejum muitas vezes, em frio e nudez.

28 Além das coisas exteriores, [27] me sobrevem cada dia o cuidado de
todas as egrejas.

29 Quem [28] enfraquece, que eu tambem não enfraqueça? Quem se
escandaliza, que eu me não abraze?

30 Se convém gloriar-me, [29] gloriar-me-hei das _coisas_ da minha
fraqueza.

31 O Deus [30] e Pae de Nosso Senhor Jesus Christo, que é eternamente
bemdito, sabe que não minto.

32 Em Damasco, o [31] governador sob o rei Aretas poz guardas ás portas
da cidade dos damascenos, para me prenderem.

33 E fui descido n’um cesto por uma janella da muralha; e _assim_ escapei
das suas mãos.

[1] ver. 16. cap. 5.13.

[2] Gal. 4.17, 18. Ose. 2.19, 20.

[3] Gen. 3.4. João 8.44. Eph. 6.24.

[4] Gal. 1.7, 8.

[5] I Cor. 15.10. Gal. 2.6.

[6] I Cor. 1.17. Eph. 3.4. cap. 4.2.

[7] Act. 18.3. I Cor. 9.6, 12.

[8] Act. 20.33. I The. 2.9. II The. 3.8, 9.

[9] Rom. 9.1. I Cor. 9.15.

[10] cap. 6.11.

[11] I Cor. 9.12.

[12] Act. 15.24. Rom. 16.18.

[13] Gal. 1.7.

[14] cap. 3.9.

[15] ver. 1. cap. 12.6, 11.

[16] I Cor. 7.6, 12. cap. 9.4.

[17] Phi. 3.3, 4.

[18] I Cor. 4.10.

[19] Gal. 2.4 e 4.9.

[20] cap. 10.10. Phi. 3.4.

[21] Act. 22.3. Rom. 11.1. Phi. 3.5.

[22] I Cor. 15.10, 30, 31, 32. Act. 9.16.

[23] Deu. 25.3.

[24] Act. 16.22 e 14.19.

[25] Act. 9.23 e 13.50 e 14.5.

[26] Act. 20.31. cap. 6.5. I Cor. 4.11.

[27] Act. 20.18, etc. Rom. 1.14.

[28] I Cor. 8.13 e 9.22.

[29] cap. 12.5, 9, 10.

[30] Rom. 1.9 e 9.1. I The. 2.5.

[31] Act. 9.24, 25.



_A visão celestial: o espinho na carne._

12 Em verdade que não convém gloriar-me; mas passarei ás visões e
revelações do Senhor.

2 Conheço um homem [1] em Christo que ha quatorze annos (se no corpo
não sei, se fóra do corpo não sei: Deus o sabe) foi arrebatado até ao
terceiro céu.

3 E sei que o tal homem (se no corpo, se fóra do corpo, não sei; Deus o
sabe)

4 Foi arrebatado ao [2] paraiso; e ouviu palavras ineffaveis, de que ao
homem não _é_ licito fallar.

5 De um tal me gloriarei eu, [3] mas de mim mesmo não me gloriarei, senão
nas minhas fraquezas.

6 Porque, se quizer gloriar-me, [4] não serei nescio, porque direi a
verdade; porém deixo _isto_, para que ninguem cuide de mim mais do que em
mim vê ou de mim ouve.

7 E para que me não exaltasse pelas excellencias das revelações, [5]
foi-me dado um espinho na carne, _a saber_, um [AIV] mensageiro de
Satanaz para me esbofetéar, para que me não exalte.

8 Á cerca do qual tres vezes orei [6] ao Senhor para que se desviasse de
mim.

9 E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na
fraqueza. De boa vontade pois me gloriarei [7] nas minhas fraquezas, para
que em mim habite o poder de Christo.

10 Pelo que sinto prazer [8] nas fraquezas, nas injurias, nas
necessidades, nas perseguições, nas angustias por amor de Christo. Porque
quando estou fraco então sou forte.


_O desinteresse de Paulo._

11 Fui nescio em [9] gloriar-me; vós me constrangestes, porque eu devia
ser louvado por vós, [10] visto que em nada fui inferior aos mais
excellentes apostolos; ainda que nada sou.

12 Os signaes [11] do meu apostolado foram effectuados entre vós com toda
a paciencia, por signaes, prodigios e maravilhas.

13 Porque, [12] em que tendes vós sido inferiores ás outras egrejas, a
não ser que eu mesmo vos não fui pesado? Perdoae-me este aggravo.

14 Eis aqui estou prompto [13] para terceira vez ir ter comvosco, e não
vos serei pesado, pois que não busco o _que é_ vosso, mas sim a vós;
porque não devem os filhos enthesourar para seus paes, mas os paes para
os filhos.

15 E eu de muito boamente gastarei, [14] e me deixarei gastar pelas
vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado.

16 Porém seja assim; [15] eu não vos fui pesado, mas, sendo astuto, vos
tomei com dolo.

17 Porventura [16] aproveitei-me de vós por algum d’aquelles que vos
enviei?

18 Roguei a Tito, [17] e enviei com _elle_ um irmão. Porventura Tito se
aproveitou de vós? Não andámos porventura no mesmo espirito, sobre as
mesmas pisadas?


_Os ultimos avisos aos corinthios: saudações._

19 Cuidaes [18] que ainda nos desculpamos comvosco? Fallamos em Christo
perante Deus, [19] e tudo isto, ó amados, para vossa edificação.

20 Porque temo que, quando chegar, vos não ache taes quaes eu quizera,
[20] e eu seja achado de vós tal qual vós não quizereis: que de alguma
maneira não _haja_ pendencias, invejas, iras, porfias, detracções,
mexericos, orgulhos, tumultos,

21 Para que, quando fôr outra vez, [21] o meu Deus me não humilhe para
comvosco, e eu não chore por muitos d’aquelles que d’antes peccaram, e
não se arrependeram da immundicia, e fornicação, e deshonestidade que
commetteram.

[1] Rom. 16.7. Gal. 1.22. Act. 22.17 e 14.6.

[2] Luc. 23.43.

[3] cap. 11.30.

[4] cap. 10.8 e 11.16.

[5] Eze. 28.24. Gal. 4.13, 14.

[6] Deu. 3.23, 27. Mat. 26.44.

[7] cap. 11.30. I Ped. 4.14.

[8] Rom. 5.3. cap. 7.4.

[9] cap. 11.1, 16, 17.

[10] cap. 11.5. Gal. 2.6, 7, 8. I Cor. 3.7.

[11] Rom. 15.18, 19. I Cor. 9.2.

[12] I Cor. 1.7. cap. 11.7, 9.

[13] Act. 20.33. I Cor. 10.33.

[14] Phi. 2.17. I The. 2.8. João 10.11.

[15] cap. 11.9.

[16] cap. 7.2.

[17] cap. 8.6, 16, 18, 22.

[18] cap. 5.12.

[19] Rom. 9.1. I Cor. 10.33.

[20] I Cor. 4.21. cap. 10.2.

[21] cap. 2.1, 4. I Cor. 5.1.



13 É esta a terceira [1] _vez que_ vou ter comvosco. Na bocca de duas ou
tres testemunhas será confirmada toda a palavra.

2 Já anteriormente _o_ disse: [2] e segunda vez o digo como se estivesse
presente; agora pois, estando ausente, o digo aos que d’antes peccaram e
a todos os mais, que, se outra vez fôr, não _lhes_ perdoarei;

3 Visto que buscaes _uma_ prova de Christo que falla em mim, [3] o qual
não é fraco para comvosco, antes é poderoso entre vós.

4 Porque, ainda que foi [4] crucificado por fraqueza, todavia vive pelo
poder de Deus. Porque nós tambem somos fracos n’elle, porém viveremos com
elle pelo poder de Deus em vós.

5 Examinae-vos a vós [5] mesmos, se permaneceis na fé; provae-vos a vós
mesmos. Ou não vos conheceis a vós mesmos, que Jesus Christo está em vós?
Se não é que já estaes reprovados.

6 Mas espero que entendereis que nós não somos reprovados.

7 Ora eu rogo a Deus que não façaes mal algum, não para que sejamos
achados approvados, mas para que vós façaes o bem, [6] embora nós sejamos
como reprovados.

8 Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade.

9 Porque nos regozijamos de [7] estar fracos, quando vós estaes fortes; e
o que desejamos é a vossa perfeição.

10 Portanto, [8] escrevo estas _coisas_ estando ausente, para que,
estando presente, não use de rigor, segundo o poder que o Senhor me deu
para edificação, e não para destruição.

11 Quanto ao mais, irmãos, regozijae-vos, sêde perfeitos, sêde
consolados, [9] sêde de um _mesmo_ parecer, vivei em paz; e o Deus do
amor e da paz será comvosco.

12 Saudae-vos uns aos [10] outros com osculo sancto. Todos os sanctos vos
saudam.

13 A graça do Senhor Jesus Christo, e o amor de Deus, e a communhão do
Espirito Sancto _seja_ com vós todos. Amen.

[1] cap. 12.14. Num. 35.30. Deu. 17.6.

[2] cap. 10.2 e 12.21.

[3] Mat. 10.20. I Cor. 5.4. cap. 2.10.

[4] Phi. 2.7, 8. I Ped. 3.18.

[5] I Cor. 11.28. Rom. 8.10. Gal. 4.19.

[6] cap. 6.9.

[7] I Cor. 4.10. cap. 11.30.

[8] I Cor. 4.21. Tito 1.13. cap. 10.8.

[9] Rom. 12.16, 18. I Cor. 1.10.

[10] Rom. 16.16.



EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO AOS GALATAS.



_Prefacio e saudação._

[Anno Domini 58]

1 Paulo apostolo (não _da parte_ [1] dos homens, nem por homem _algum_,
mas por Jesus Christo, e por Deus Pae, que o resuscitou dos mortos)

2 E todos os irmãos que estão comigo, [2] ás egrejas da Galacia:

3 Graça e paz [3] de Deus Pae e _de_ nosso Senhor Jesus Christo,

4 O qual se deu a si mesmo por nossos peccados, [4] para nos livrar do
presente seculo mau, segundo a vontade de Deus nosso Pae.

5 Ao qual gloria para todo o sempre. Amen.


_A inconstancia dos galatas: Paulo vindica a auctoridade divina do seu
apostolado e da sua doutrina._

6 Maravilho-me de que tão depressa passasseis d’aquelle que vos chamou á
[5] graça de Christo para outro evangelho.

7 Que não é outro, [6] mas ha alguns que vos inquietam e querem
transtornar o evangelho de Christo.

8 Mas, ainda que nós [7] mesmos, ou um anjo do céu vos annuncie outro
evangelho, além do que _já_ vos tenho annunciado, seja anathema.

9 Assim como já vol-o dissemos, agora de novo tambem vol-o digo. Se algum
vos annunciar outro evangelho além do que _já_ recebestes, [8] seja
anathema.

10 Porque, [9] persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro comprazer
a homens? se comprazera ainda aos homens, não seria servo de Christo.

11 Mas faço-vos [10] saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi
annunciado não é segundo os homens.

12 Porque não o recebi, [11] nem aprendi de homem algum, mas pela
revelação de Jesus Christo.

13 Porque _já_ ouvistes qual foi antigamente a minha conducta no
judaismo, que sobremaneira [12] perseguia a egreja de Deus e a assolava.

14 E _como_ na minha nação excedia em judaismo a muitos da minha edade,
[13] sendo extremamente zeloso das tradições de meus paes.

15 Mas, quando approuve a Deus, que desde o [14] ventre de minha mãe me
separou, e me chamou pela sua graça,

16 Revelar seu Filho [15] em mim, para que o prégasse entre os gentios,
não consultei a carne nem o sangue,

17 Nem tornei a Jerusalem, a ter com os que _já_ antes de mim eram
apostolos, mas parti para a Arabia, e voltei outra vez a Damasco.

18 Depois, passados tres annos, [16] fui a Jerusalem para ver a Pedro, e
fiquei com elle quinze dias.

19 E não vi a nenhum outro [17] dos apostolos, senão a Thiago, irmão do
Senhor.

20 Ora, _ácerca_ das _coisas_ que vos escrevo, [18] eis que diante de
Deus testifico que não minto.

21 Depois [19] fui para as partes da Syria e da Cilicia.

22 E não era conhecido de vista das egrejas da [20] Judea, que estavam em
Christo;

23 Mas sómente tinham ouvido _dizer_: Aquelle que d’antes nos perseguia
annuncia agora a fé que d’antes destruia.

24 E glorificavam a Deus a respeito de mim.

[1] ver. 11, 12. Act. 9.6 e 22.10, 15, 21.

[2] Phi. 2.22 e 4.21. I Cor. 16.1.

[3] Rom. 1.7. I Cor. 1.3.

[4] Mat. 20.28. Rom. 4.25. Tito 2.14.

[5] cap. 5.8.

[6] II Cor. 11.4. Act. 15.1, 24.

[7] I Cor. 16.22.

[8] Deu. 4.2. Apo. 22.18.

[9] I The. 2.4. Thi. 4.4.

[10] I Cor. 15.1.

[11] I Cor. 15.1, 3. ver. 1. Eph. 3.3.

[12] Act. 9.1 e 22.4. I Tim. 1.13.

[13] Act. 22.3. Phi. 3.6. Jer. 9.14.

[14] Isa. 49.1, 5. Jer. 1.5. Act. 9.15.

[15] II Cor. 4.6. Act. 9.15. Rom. 11.13. Eph. 3.8. Mat. 16.17.

[16] Act. 9.26.

[17] I Cor. 9.5. Mat. 13.55. Mar. 6.3.

[18] Rom. 9.1.

[19] Act. 9.30.

[20] I The. 2.14.



2 Depois, passados quatorze annos, [1] subi outra vez a Jerusalem com
Barnabé, levando tambem comigo Tito.

2 E subi por uma revelação, [2] e lhes expuz o evangelho, que prégo entre
os gentios, e particularmente aos que estavam em estima; para que de
maneira alguma não corresse ou houvesse corrido [3] em vão.

3 Porém nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido
a circumcidar-se;

4 E _isto_ por causa dos falsos [4] irmãos que se tinham entremettido, e
secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Christo
Jesus, para nos pôrem em servidão:

5 Aos quaes nem ainda por uma hora cedemos com sujeição, [5] para que a
verdade do evangelho permanecesse entre vós,

6 E, quanto áquelles que pareciam ser alguma coisa [6] (quaes tenham sido
n’outro tempo, não se me dá; Deus não acceita a apparencia do homem)
esses, digo, que pareciam _ser alguma coisa_, nada me communicaram;

7 Antes, pelo contrario, quando viram que o evangelho da incircumcisão me
estava confiado, [7] como a Pedro o da circumcisão

8 (Porque aquelle que operou efficazmente em Pedro para o apostolado
da circumcisão [8] esse operou tambem em mim com efficacia para com os
gentios),

9 E conhecendo Thiago, Cephas e João, que eram considerados como as
columnas, [9] a graça que se me havia dado, deram as dextras de parceria
comigo, e a Barnabé, para que nós _fossemos_ aos gentios, e elles á
circumcisão;

10 _Recommendando-nos_ sómente que nos lembrassemos dos pobres: [10] o
que tambem procurei fazer com diligencia.

11 E, chegando Pedro a [11] Antiochia, lhe resisti na cara, porque era
reprehensivel.

12 Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Thiago, [12]
comia com os gentios; mas, depois que chegaram, se retirou, e se apartou
_d’elles_, temendo aos que eram da circumcisão.

13 E os outros judeos consentiam tambem na sua dissimulação, de maneira
que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação.

14 Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme [13] a
verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo
judeo, vives como os gentios, e não como judeo, porque obrigas os gentios
a viverem como judeos?

15 Nós _somos_ judeos por [14] natureza e não peccadores d’entre os
gentios.

16 Sabendo [15] que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas
pela fé de Jesus Christo, havemos tambem crido em Jesus Christo, para
sermos justificados pela fé de Christo, e não pelas obras da lei;
porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.

17 Pois, se nós que procuramos ser justificados em Christo, nós mesmos
tambem somos achados [16] peccadores, é porventura Christo ministro do
peccado? De maneira nenhuma.

18 Porque, se torno a vivificar as _coisas_ que _já_ destrui,
constituo-me a mim mesmo transgressor.

19 Porque eu pela lei estou [17] morto para a lei, para viver para Deus.

20 _Já_ estou crucificado [18] com Christo; e vivo, não mais eu, mas
Christo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne [19] vivo a na fé
do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.

21 Não aniquilo a graça de Deus; porque, [20] se a justiça _provém_ da
lei, segue-se que Christo morreu debalde.

[1] Act. 15.2.

[2] Act. 15.12.

[3] Phi. 2.16. I The. 3.5.

[4] Act. 15.1, 24. II Cor. 11.20.

[5] ver. 14.

[6] cap. 6.3. Act. 10.34. Rom. 2.11.

[7] Act. 13.46. Rom. 1.5. I Tim. 2.7.

[8] Act. 9.15. I Cor. 15.10. Col. 1.29.

[9] Mat. 16.18. Eph. 2.20. Apo. 21.14.

[10] Act. 11.30. Rom. 15.25.

[11] Act. 15.35.

[12] Act. 10.28 e 11.3.

[13] ver. 5. I Tim. 5.20.

[14] Act. 15.10, 11. Eph. 2.3, 12.

[15] Act. 13.38, 39. Rom. 1.17.

[16] I João 3.8, 9.

[17] Rom. 8.2 e 6.14 e 7.4, 6.

[18] Rom. 6.6. cap. 5.24.

[19] II Cor. 5.15. I The. 5.10. I Ped. 4.2.

[20] cap. 3.21. Heb. 7.11. Rom. 11.6.



_A lei é impotente para salvar, mas conduz a Christo e á fé._

3 Ó insensatos galatas! quem vos fascinou [1] para não obedecerdes
á verdade,—vós, perante os olhos de quem Jesus Christo foi _já_
representado, _como_ crucificado entre vós?

2 Só quizera saber isto de vós: [2] recebestes o Espirito pelas obras da
lei ou pela [AIW] prégação da fé?

3 Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo [3] Espirito, acabeis
agora pela carne?

4 Será em vão que tenhaes padecido tanto? [4] Se _é_ que tambem _foi_ em
vão.

5 Aquelle pois que vos dá o [5] Espirito, e que obra maravilhas entre
vós, _fal-o_ pelas obras da lei, ou pela prégação da fé?

6 Assim como [6] Abrahão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como
justiça.

7 Sabei pois que os que são [7] da fé são filhos de Abrahão.

8 Ora, [8] tendo a Escriptura previsto que Deus havia de justificar pela
fé [AIX] os gentios, annunciou primeiro o evangelho a Abrahão, _dizendo_:
Todas as nações serão bemditas em ti.

9 De sorte que os que são da fé são bemditos com o crente Abrahão.

10 Todos aquelles pois que são das obras da lei estão debaixo da
maldição; porque escripto está: [9] Maldito todo aquelle que não
permanecer em todas as coisas que estão escriptas no livro da lei, para
fazel-as.

11 E _é_ evidente que pela lei [10] ninguem será justificado diante de
Deus, porque o justo viverá pela fé.

12 Ora a lei [11] não é da fé; mas o homem que fizer estas _coisas_ por
ellas viverá.

13 Christo nos resgatou [12] da maldição da lei, fazendo-se maldição por
nós; porque está escripto: Maldito todo aquelle que fôr pendurado no
madeiro;

14 Para que a benção de [13] Abrahão chegasse aos gentios por Jesus
Christo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espirito.

15 Irmãos, como homem fallo; [14] _se_ o concerto de um homem _fôr_
confirmado, ninguem o annulla nem lhe accrescenta.

16 Ora as promessas foram feitas a Abrahão [15] e á sua posteridade. Não
diz: E ás posteridades, como _fallando_ de muitas, mas como de uma só: E
á tua posteridade; a qual é Christo.

17 Mas digo isto: Que o concerto, anteriormente confirmado por Deus em
Christo, a lei, que veiu quatrocentos [16] e trinta annos depois, não
invalida, de fórma a abolir a promessa.

18 Porque, se a herança [17] _provém_ da lei, _logo_ não _provém_ já da
promessa: porém Deus pela promessa a _deu_ gratuitamente a Abrahão.

19 Logo, para que _é_ a lei? [18] Foi ordenada por causa das
transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido
feita; e _foi_ posta pelos anjos na mão de um medianeiro.

20 Ora o medianeiro não é de um, [19] mas Deus é um.

21 Logo, a lei _é_ contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque,
[20] se dada fosse uma lei que podesse vivificar, a justiça, na verdade,
seria pela lei.

22 Mas a Escriptura encerrou [21] tudo debaixo do peccado, para que a
promessa pela fé em Jesus Christo fosse dada aos crentes.

23 Porém, antes que a fé viesse, estavamos guardados debaixo da lei, e
encerrados para aquella fé que se havia de manifestar.

24 De maneira que a lei nos serviu de [AIY] aio, [22] para _nos conduzir_
a Christo, para que pela fé fossemos justificados.

25 Mas, depois que a fé veiu, já não estamos debaixo de aio.

26 Porque todos sois filhos de [23] Deus pela fé em Christo Jesus.

27 Porque todos quantos [24] fostes baptizados em Christo já vos
revestistes de Christo.

28 N’isto não ha judeo [25] nem grego; não ha servo nem livre; não ha
macho nem femea; porque todos vós _sois_ um em Christo Jesus.

29 E, se _sois_ de Christo, [26] logo sois descendencia de Abrahão, e
herdeiros conforme a promessa.

[1] cap. 2.14 e 5.7.

[2] Act. 2.38. Eph. 1.13. Heb. 6.4.

[3] Heb. 7.16 e 9.10.

[4] Heb. 10.35, 36. II João 8.

[5] II Cor. 3.8.

[6] Rom. 4.3, 9, 21, 22.

[7] João 8.39. Rom. 4.11, 12, 16.

[8] Rom. 9.17. Act. 3.25.

[9] Deu. 27.26. Jer. 11.3.

[10] Hab. 2.4. Rom. 1.17. Heb. 10.38.

[11] Rom. 4.4, 5. Lev. 18.5. Neh. 9.29.

[12] Rom. 8.3. II Cor. 5.21. Deu. 21.23.

[13] Rom. 4.9, 16. Isa. 32.15.

[14] Heb. 9.17.

[15] Gen. 12.3, 7. ver. 8. I Cor. 12.13.

[16] Exo. 12.40, 41. Rom. 4.13, 14.

[17] Rom. 8.17 e 4.14.

[18] João 15.22. Rom. 4.15. I Tim. 1.9.

[19] Rom. 3.29, 30.

[20] cap. 2.21.

[21] Rom. 3.9 e 4.11, 12, 16.

[22] Mat. 5.17. Rom. 10.4. Col. 2.17.

[23] Rom. 8.14, 15, 16. I João 3.1, 2.

[24] Rom. 6.3 e 13.14.

[25] Rom. 10.12. I Cor. 12.13.

[26] Gen. 21.10, 12. Rom. 9.7.



_O evangelho nos isenta da lei._

4 Digo, pois, _que_ todo o tempo que o herdeiro é menino, em nada differe
do servo, ainda que seja senhor de tudo;

2 Mas está debaixo dos tutores e curadores até ao tempo determinado pelo
pae.

3 Assim tambem nós, quando eramos meninos, estavamos reduzidos á servidão
[1] debaixo dos primeiros rudimentos do mundo.

4 Mas, [2] vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido
de mulher, nascido sob a lei,

5 Para remir [3] os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a
adopção de filhos.

6 E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espirito de
seu Filho, [4] que clama: Abba, Pae.

7 Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, [5] és
tambem herdeiro de Deus por Christo.

8 Mas, [6] quando não conhecieis Deus, servieis aos que por natureza não
são deuses.

9 Porém agora, conhecendo Deus, ou, antes, [7] sendo conhecidos de Deus,
como tornaes outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quaes de
novo quereis servir?

10 Guardaes dias, [8] e mezes, e tempos, e annos.

11 Temo por vós, [9] que não haja trabalhado em vão para comvosco.

12 Irmãos, rogo-vos, que sejaes como eu, porque tambem eu _sou_ como vós:
[10] nenhum mal me fizestes.

13 E vós sabeis que primeiro vos annunciei o Evangelho [11] com fraqueza
da carne;

14 E não rejeitastes, nem desprezastes a tentação que _tinha_ na minha
carne, [12] antes me recebestes como um anjo de Deus, como Jesus Christo
_mesmo_.

15 Qual era logo a vossa bemaventurança? Porque vos dou testemunho de
que, se possivel fôra, arrancarieis os vossos olhos, e m’os darieis.

16 Fiz-me acaso [13] vosso inimigo, dizendo a verdade?

17 Teem zelo por vós, [14] não como convém; mas querem excluir-vos, para
que vós tenhaes zelo por elles.

18 É bom ser zeloso, mas sempre do bem, e não sómente quando estou
presente comvosco.

19 Meus filhinhos, [15] por quem de novo sinto as dôres de parto, até que
Christo seja formado em vós:

20 Eu bem quizera agora estar presente comvosco, e mudar a minha voz;
porque estou em duvida a vosso respeito.


_Sara e Agar são uma allegoria dos dois concertos._

21 Dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei?

22 Porque está escripto que Abrahão teve dois filhos, [16] um da escrava,
e outro da livre.

23 Mas o que _era_ da escrava [17] nasceu segundo a carne, porém o que
_era_ da livre por promessa.

24 O que se entende por allegoria; porque estes são os dois concertos;
um, do monte Sinai, [18] gerando para a servidão, que é Agar.

25 Ora Agar _é_ Sinai, um monte da Arabia, e corresponde á Jerusalem que
agora existe, que é escrava com seus filhos.

26 Mas a Jerusalem [19] que é de cima é livre; a qual é mãe de todos nós.

27 Porque está escripto: [20] Alegra-te, esteril, que não pares:
esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque os filhos da
solitaria são mais do que _os_ da que tem marido.

28 Porém nós, irmãos, [21] somos [22] filhos da promessa como Isaac.

29 Mas, como então, aquelle que era gerado segundo a carne perseguia o
que era _gerado_ segundo o Espirito, assim _é_ tambem agora.

30 Mas que diz a Escriptura? [23] Lança fóra a escrava e seu filho,
porque de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre.

31 De maneira que, irmãos, somos filhos, não da escrava, [24] mas da
livre.

[1] cap. 2.4. Col. 2.8, 20. Heb. 9.10.

[2] Gen. 49.10 e 3.15. Dan. 9.24. Heb. 2.14.

[3] Mat. 20.28. Tito 2.14. Heb. 9.12.

[4] Rom. 5.5.

[5] Rom. 8.15, 17.

[6] Eph. 2.12. I The. 4.5. Rom. 1.25.

[7] I Cor. 8.3. II Tim. 2.19. Col. 2.20.

[8] Rom. 14.5. Col. 2.16.

[9] cap. 2.2 e 5.2, 4. I The. 3.5.

[10] II Cor. 2.5.

[11] I Cor. 2.3. II Cor. 11.30.

[12] II Sam. 19.27. Mal. 2.7. Zac. 12.8.

[13] cap. 2.5, 14.

[14] Rom. 10.2. II Cor. 11.2.

[15] I Cor. 4.15. Phi. 10. Thi. 1.18.

[16] Gen. 16.15 e 21.2.

[17] Rom. 9.7, 8. Gen. 18.10, 14. Heb. 11.11.

[18] Deu. 33.2.

[19] Isa. 2.2. Heb. 12.22. Apo. 3.12.

[20] Isa. 54.1.

[21] Act. 3.25. Rom. 9.8.

[22] Gen. 21.9. cap. 5.11.

[23] cap. 3.8, 22. Gen. 21.10, 12. João 8.35.

[24] João 8.36.



_Exhortação a conservar a liberdade christã._

5 Estae pois firmes na liberdade com que Christo nos libertou, [1] e não
torneis a metter-vos debaixo do jugo da servidão.

2 Eis aqui, eu, Paulo, vos digo que, se [2] vos deixardes circumcidar,
Christo de nada vos aproveitará.

3 E de novo protesto a todo o homem que se deixa circumcidar que está [3]
obrigado a guardar a lei.

4 Separados estaes de [4] Christo, vós os que vos justificaes pela lei:
da graça tendes caido.

5 Porque pelo espirito da fé aguardamos a esperança [5] da justiça.

6 Porque a circumcisão e a incircumcisão [6] não teem virtude alguma em
Christo Jesus; mas sim a fé que obra por caridade.

7 Corrieis bem; [7] quem vos impediu, para que não obedeçaes á verdade?

8 Esta persuasão não _vem_ d’aquelle que vos [8] chamou.

9 Um pouco de fermento [9] levéda toda a massa.

10 Confio [10] de vós, no Senhor, que nenhuma outra coisa sentireis;
mas aquelle que vos inquieta, seja elle quem quer que fôr, soffrerá a
condemnação.

11 Eu, porém, irmãos, [11] se prégo ainda a circumcisão, porque serei
pois perseguido? logo o escandalo da cruz está anniquilado.

12 Oxalá que aquelles que vos andam inquietando fossem [12] tambem
cortados.

13 Porque vós, irmãos, fostes chamados á liberdade. Não _useis_ da
liberdade só para _dar_ [13] occasião á carne, porém servi-vos uns aos
outros pela caridade.

14 Porque toda a lei se [14] cumpre n’uma _só_ palavra, n’esta: Amarás ao
teu proximo como a ti mesmo.

15 Se vós, porém, vos mordeis e devoraes uns aos outros, vêde não vos
consumaes tambem uns aos outros.


_As obras da carne e os fructos do Espirito._

16 Digo, porém: [15] Andae em Espirito, e não cumprireis a concupiscencia
da carne.

17 Porque a carne cobiça [16] contra o Espirito, e o Espirito contra a
carne; e estes oppõem-se um ao outro: para que não façaes o que quereis.

18 Porém, [17] se sois guiados pelo Espirito, não estaes debaixo da lei.

19 Porque as obras da carne [18] são manifestas, as quaes são: Adulterio,
fornicação, immundicia, dissolução,

20 Idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas,
dissensões, heresias,

21 Invejas, homicidios, bebedices, glotonerias, e coisas similhantes a
estas, ácerca das quaes vos declaro, como já d’antes vos disse, [19] que
os que commettem taes _coisas_ não herdarão o reino de Deus.

22 Mas o fructo do Espirito é [20] [AIZ] caridade, gozo, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.

23 Contra [21] estas _coisas_ não ha lei.

24 Porém os que são de [22] Christo crucificaram a carne com as suas
paixões e concupiscencias.

25 Se vivemos em Espirito, [23] andemos tambem em Espirito.

26 Não sejamos cubiçosos de vanglorias, [24] irritando-nos uns aos
outros, invejando-nos uns aos outros.

[1] João 8.32. Rom. 6.18. I Ped. 2.16.

[2] Act. 15.1 e 16.3.

[3] cap. 3.10.

[4] Rom. 9.31, 32. cap. 2.21. Heb. 12.15.

[5] Rom. 8.24, 25. II Tim. 4.8.

[6] I Cor. 7.19. Col. 3.11. Thi. 2.18, 20, 22.

[7] I Cor. 9.24. cap. 3.1.

[8] cap. 1.6.

[9] I Cor. 5.6 e 15.33.

[10] II Cor. 2.3 e 10.6.

[11] I Cor. 15.30 e 1.23.

[12] Jos. 7.25. I Cor. 5.13. Act. 15.1, 2, 24.

[13] I Ped. 2.16. II Ped. 2.19. Jud. 4.

[14] Mat. 7.12. Thi. 2.8. Rom. 13.8, 9.

[15] Rom. 6.12 e 8.1, 4, 12. I Ped. 2.11.

[16] Rom. 7.23 e 7.15, 19.

[17] Rom. 6.14 e 8.2.

[18] I Cor. 3.3. Eph. 5.3. Col. 3.5.

[19] Eph. 5.5. Col. 3.6. Apo. 22.15.

[20] João 15.2. Eph. 5.9. Col. 3.12. I Cor. 13.7.

[21] I Tim. 1.9.

[22] Rom. 6.6. cap. 2.20. I Ped. 2.11.

[23] Rom. 8.4, 5.

[24] Phi. 2.3.



_As ultimas exhortações e saudações._

6 Irmãos, se algum homem chegar a ser surprehendido [1] n’alguma offensa,
vós, que sois espirituaes, encaminhae ao tal com espirito de mansidão;
olhando por ti mesmo, para que não sejas tambem tentado.

2 Levae as cargas [2] um dos outros, e assim cumprireis a lei de Christo.

3 Porque, se alguem [3] cuida ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se
a si mesmo.

4 Mas prove cada um a sua propria obra, [4] e terá gloria só em si mesmo,
e não n’outro.

5 Porque cada qual levará a sua propria [5] carga.

6 E o que é instruido [6] na palavra reparta de todos os _seus_ bens com
aquelle que o instrue.

7 Não erreis: [7] Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem
semear, isso tambem ceifará.

8 Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o
que semeia [8] no Espirito, do Espirito ceifará a vida eterna.

9 E não nos cancemos [9] de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se
não houvermos desfallecido.

10 De sorte que, emquanto [10] temos tempo, façamos bem a todos, mas
principalmente aos domesticos da fé.

11 Vêde [AJA] com que grandes lettras vos escrevi por minha mão.

12 Todos os que querem mostrar boa apparencia na carne esses vos obrigam
[11] a circumcidar-vos, sómente para não serem perseguidos por causa da
cruz de Christo.

13 Porque nem ainda esses mesmos que se circumcidam guardam a lei, mas
querem que vos circumcideis, para se gloriarem na vossa carne.

14 Mas longe esteja de [12] mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso
Senhor Jesus Christo, [13] por quem o mundo está crucificado para mim e
eu para o mundo.

15 Porque em Christo Jesus nem a circumcisão [14] nem a incircumcisão tem
virtude alguma, mas sim o ser uma nova creatura.

16 E a todos quantos andarem conforme [15] esta regra, paz e misericordia
sobre elles e sobre o Israel de Deus.

17 Quanto ao mais, ninguem me seja molesto; [16] porque trago no meu
corpo as marcas do Senhor Jesus.

18 A graça [17] de nosso Senhor Jesus Christo _seja_, irmãos, com o vosso
espirito. Amen.

[1] Rom. 14.1. Heb. 12.13. Thi. 5.19.

[2] Rom. 15.1. I The. 5.14. João 13.14, 15, 34.

[3] Rom. 12.3. I Cor. 8.2. II Cor. 3.5.

[4] I Cor. 11.28. II Cor. 13.5.

[5] Rom. 2.6. I Cor. 3.8.

[6] Rom. 15.27. I Cor. 9.11, 14.

[7] I Cor. 6.9. Luc. 16.25. Rom. 2.6.

[8] Job 4.8. Pro. 11.18. Rom. 8.13.

[9] II The. 3.13. Mat. 24.13. Heb. 3.6, 14.

[10] João 9.4. I The. 5.15. I Tim. 6.18.

[11] cap. 2.3, 14. Phi. 3.18.

[12] Phi. 3.3, 7, 8.

[13] Rom. 6.6. cap. 2.20.

[14] I Cor. 7.19. Col. 3.11.

[15] Phi. 3.6, 16. Rom. 2.29. cap. 3.7, 9, 29.

[16] II Cor. 1.5 e 4.10. Col. 1.24.

[17] II Tim. 4.22. Phi. 25.



EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO AOS EPHESIOS.



_Prefacio e saudação._

[Anno Domini 64]

1 Paulo, apostolo de Jesus Christo, [1] pela vontade de Deus, aos sanctos
que estão em Epheso, e fieis em Christo Jesus.

2 A vós graça, [2] e paz da parte de Deus nosso Pae e do Senhor Jesus
Christo.


_As bençãos de Deus em Jesus Christo, auctor da nossa redempção e cabeça
da egreja._

3 Bemdito o Deus [3] e Pae de nosso Senhor Jesus Christo, o qual nos
abençoou com todas as bençãos espirituaes nos _logares_ celestiaes em
Christo.

4 Como nos elegeu [4] n’elle antes da fundação do mundo, para que
fossemos sanctos e irreprehensiveis diante d’elle em [AJB] caridade;

5 E nos predestinou [5] para filhos de adopção por Jesus Christo para si
mesmo, segundo o beneplacito de sua vontade,

6 Para louvor da gloria da sua graça, [6] pela qual nos fez agradaveis a
si no Amado.

7 Em quem temos a redempção [7] pelo seu sangue, _a saber_, a remissão
das offensas, segundo as riquezas da sua graça.

8 Que elle fez abundar para comnosco em toda a sabedoria e prudencia;

9 Descobrindo-nos o mysterio da sua vontade, [8] segundo o seu
beneplacito, que propozera em si mesmo,

10 Para tornar a congregar em Christo todas _as coisas_, [9] na
dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que _estão_ nos céus como
as que _estão_ na terra,

11 N’elle, _digo_, em quem [10] tambem fomos feitos herança, havendo sido
predestinados, [11] conforme o proposito d’aquelle que faz todas _as
coisas_, segundo o conselho da sua vontade;

12 Para que fossemos [12] para louvor da sua gloria, nós, os que primeiro
esperámos em Christo,

13 Em quem tambem vós _estaes_, [13] depois que ouvistes a palavra da
verdade, _a saber_, o evangelho da vossa salvação, no qual tambem,
havendo crido, [14] fostes sellados com o Espirito Sancto da promessa.

14 O qual é o penhor [15] da nossa herança, para redempção da possessão
_de Deus_, para louvor da sua gloria.

15 Pelo que, [16] ouvindo eu tambem a fé que entre vós ha no Senhor
Jesus, e [AJC] a caridade para com todos os sanctos,

16 Não cesso de dar graças [17] _a Deus_ por vós, lembrando-me de vós nas
minhas orações;

17 Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Christo, o Pae da gloria, [18]
vos dê em seu conhecimento o espirito de sabedoria e de revelação;

18 Illuminados os olhos de vosso entendimento, [19] para que saibaes qual
seja a esperança da sua vocação, e quaes as riquezas da gloria da sua
herança nos sanctos;

19 E qual _seja_ a sobre-excellente grandeza [20] do seu poder em nós, os
que crêmos, segundo a operação da força do seu poder,

20 A qual operou em Christo, [21] resuscitando-o dos mortos, e _o_
collocou á sua direita nos céus,

21 Sobre todo [22] o principado, e poder, e potestade, e dominio e todo o
nome que se nomeia, não só n’este seculo, mas tambem no vindouro;

22 E sujeitou todas _as coisas_ a [23] seus pés, e sobre todas _as
coisas_ o constituiu por cabeça da egreja,

23 A qual é o seu corpo, [24] a plenitude d’aquelle que cumpre tudo em
todos.

[1] I Cor. 4.17. II Cor. 1.1. Col. 1.2.

[2] Gal. 1.3. Tito 1.4.

[3] II Cor. 1.3. I Ped. 1.3.

[4] Rom. 8.28. II The. 2.13. II Tim. 1.9.

[5] Rom. 8.15, 29. João 1.12. II Cor. 6.18.

[6] Rom. 3.24. Mat. 3.17. João 3.35.

[7] Act. 20.28. Rom. 3.24. Col. 1.14.

[8] Rom. 16.25. Col. 1.26. II Tim. 1.9.

[9] Gal. 4.4. Heb. 1.2 e 9.10. I Ped. 1.20.

[10] Act. 20.32. Rom. 8.17. Col. 1.12.

[11] Isa. 46.10.

[12] II The. 2.13. Thi. 1.18.

[13] João 1.17. II Cor. 6.7.

[14] II Cor. 1.22.

[15] II Cor. 1.22 e 5.5. Luc. 21.28.

[16] Col. 1.4. Phi. 5.

[17] Rom. 1.9. Phi. 1.3, 4. Col. 1.3.

[18] João 20.17. Col. 1.9.

[19] Act. 26.18. cap. 2.12.

[20] cap. 3.7. Col. 1.29 e 2.12.

[21] Act. 2.24, 33 e 7.55. Col. 3.1.

[22] Phi. 2.9, 10.

[23] Mat. 28.18. I Cor. 15.27. Heb. 2.8.

[24] Rom. 12.5. I Cor. 12.12, 27.



_A salvação é pela graça._

2 E vos _vivificou_, [1] estando vós mortos pelas offensas e peccados,

2 Em que [2] d’antes andastes segundo o curso d’este mundo, segundo o
principe da potestade do ar, do espirito que agora opera nos filhos da
desobediencia.

3 Entre os quaes todos [3] nós tambem d’antes andavamos nos desejos da
nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e eramos por
natureza filhos da ira, como os outros tambem.

4 Porque Deus, [4] que é riquissimo em misericordia, pelo seu muito amor
com que nos amou,

5 Estando nós ainda [5] mortos em nossas offensas, nos vivificou
juntamente com Christo (pela graça sois salvos),

6 E _nos_ resuscitou juntamente, [6] e _nos_ fez assentar juntamente nos
céus, em Christo Jesus;

7 Para mostrar nos seculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça,
[7] pela _sua_ benignidade para comnosco em Christo Jesus.

8 Porque pela graça [8] sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de
vós; _é_ dom de Deus.

9 Não vem das obras, [9] para que ninguem se glorie.

10 Porque somos feitura sua, creados em Christo Jesus para [10] as boas
obras, as quaes Deus preparou para que andassemos n’ellas.


_Os gentios e os judeos são unidos por Deus mediante a cruz de Christo._

11 Portanto, lembrae-vos [11] de que vós d’antes _ereis_ gentios na
carne, e chamados incircumcisão pelos que na carne se chamam circumcisão
feita pela mão dos homens;

12 Que n’aquelle [12] tempo estaveis sem Christo, [AJD] separados da
communidade d’Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não tendo
esperança, e sem Deus no mundo.

13 Mas agora em Christo Jesus, [13] vós, que d’antes estaveis longe, _já_
pelo sangue de Christo chegastes perto.

14 Porque elle é a [14] nossa paz, o qual de ambos _os povos_ fez um; e,
derribando a parede de separação _que estava no_ meio,

15 Na sua carne desfez [15] a inimizade, _a saber_, a lei dos
mandamentos, _que consistia_ em tradições, para crear em si mesmo os dois
em um novo homem, fazendo a paz,

16 E pela cruz reconciliar [16] com Deus a ambos em um corpo, matando
n’ella as inimizades.

17 E, vindo, elle evangelizou [17] a paz, a vós que _estaveis_ longe, e
aos que estavam perto;

18 Porque por elle [18] ambos temos accesso em um mesmo Espirito ao Pae.

19 Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, [19] mas
concidadãos dos sanctos e domesticos de Deus;

20 Edificados sobre o fundamento [20] dos apostolos e dos prophetas, de
que Jesus Christo é a principal pedra da esquina;

21 No qual todo o edificio, [21] bem ajustado, cresce para templo sancto
no Senhor.

22 No qual tambem vós juntamente sois [22] edificados para morada de Deus
em Espirito.

[1] João 5.24. Col. 2.13. cap. 4.18.

[2] I Cor. 6.11. Col. 1.21. I João 5.19.

[3] Tito 3.3. I Ped. 4.3. Gal. 5.16.

[4] Rom. 10.12.

[5] Rom. 5.6, 8, 10 e 6.4, 5.

[6] cap. 1.20.

[7] Tito 3.4.

[8] Rom. 3.24. II Tim. 1.9.

[9] Rom. 3.20, 27, 28. I Cor. 1.29, 30, 31.

[10] Deu. 32.6. Isa. 19.25. João 3.3, 5.

[11] I Cor. 12.2. Col. 1.21. Rom. 2.28, 29.

[12] Col. 2.11. Eze. 13.9. João 10.16.

[13] Gal. 3.28. Act. 2.39.

[14] Miq. 5.5. João 16.33. Act. 10.36.

[15] Col. 1.20 e 2.14, 20. II Cor. 5.17.

[16] Col. 1.20. Rom. 6.6.

[17] Isa. 57.19. Zac. 9.10. Act. 2.39.

[18] João 10.9. Rom. 5.2.

[19] Phi. 3.20. Heb. 12.22, 23. Gal. 6.10.

[20] I Cor. 3.9, 10. I Ped. 2.4, 5. Mat. 16.18.

[21] cap. 4.15, 16. I Cor. 3.17. II Cor. 6.16.

[22] I Ped. 2.5.



_O ministerio da vocação dos gentios, e o apostolado de Paulo._

3 Por esta causa eu, Paulo, [1] _sou_ o prisioneiro de Jesus Christo por
vós, os gentios;

2 Se é que tendes ouvido a dispensação [2] da graça de Deus, que para
comvosco me foi dada;

3 Como me foi este mysterio manifestado pela revelação [3] (como acima em
poucas _palavras vos_ escrevi;

4 Pelo que, lendo, podeis entender a minha sciencia n’este [4] mysterio
de Christo),

5 O qual n’outros [5] seculos não foi manifestado aos filhos dos homens,
como agora é revelado pelo Espirito aos seus sanctos apostolos e
prophetas;

6 _A saber_, que os gentios são [6] coherdeiros, e de um mesmo corpo, e
participantes da sua promessa em Christo pelo evangelho;

7 Do qual sou [7] feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi
dado segundo a operação do seu poder.

8 A mim, o minimo [8] de todos os sanctos, me foi dada esta graça
de annunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas
incomprehensiveis de Christo,

9 E mostrar a todos qual _seja_ a communhão do mysterio, que desde
_todos_ os seculos esteve [9] occulto em Deus, que por Christo Jesus
creou _todas as coisas_;

10 Para que agora pela egreja a multiforme [10] sabedoria de Deus seja
manifestada aos principados e potestades nos céus,

11 Segundo o eterno [11] proposito que fez em Christo Jesus nosso Senhor:

12 No qual temos ousadia [12] e accesso com confiança, pela fé n’elle.

13 Portanto _vos_ peço [13] que não desfalleçaes nas minhas tribulações
por vós, que são a vossa gloria.


_A oração de Paulo pelos ephesios._

14 Por causa d’isto me ponho de joelhos perante o Pae de nosso Senhor
Jesus Christo,

15 Do qual toda a familia nos céus e na terra [14] toma o nome.

16 Para que, segundo [15] as riquezas da sua gloria, vos conceda que
sejaes corroborados com poder pelo seu Espirito no homem interior;

17 Para que Christo [16] habite pela fé nos vossos corações; para que,
estando arraigados e fundados em amor,

18 Possaes perfeitamente [17] comprehender, com todos os sanctos, qual
seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade,

19 E conhecer o amor de Christo, que excede _todo_ o entendimento, [18]
para que sejaes cheios de toda a plenitude de Deus.

20 Ora, áquelle [19] que é poderoso para fazer tudo muito mais
abundantemente do que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós
opéra,

21 A esse gloria [20] na egreja, por Jesus Christo, em todas as geracões,
para todo o sempre. Amen.

[1] Act. 21.33. Phi. 1.7, 13, 14, 16. Col. 4.3, 18.

[2] Rom. 1.5. I Cor. 4.1. Col. 1.25.

[3] Act. 22.17. Gal. 1.12. Rom. 16.25.

[4] I Cor. 4.1. cap. 6.19.

[5] Act. 10.28. Rom. 16.25.

[6] Gal. 3.28, 29. cap. 2.14, 16.

[7] Rom. 15.16. Col. 1.23, 25.

[8] I Cor. 15.9. I Tim. 1.13, 15.

[9] Rom. 16.25. I Cor. 2.7. Col. 1.26.

[10] I Ped. 1.12. Rom. 8.38. Col. 1.16.

[11] cap. 1.9.

[12] cap. 2.18. Heb. 4.16.

[13] Act. 14.22. Phi. 1.14. I The. 3.3.

[14] cap. 1.10. Phi. 2.9, 10, 11.

[15] Rom. 9.23. Phi. 4.19.

[16] João 14.23. Col. 1.23.

[17] cap. 1.18. Rom. 10.3, 11, 12.

[18] João 1.16. Col. 2.9, 10.

[19] Rom. 16.25. Jud. 24. I Cor. 2.9.

[20] Rom. 11.36. Heb. 13.21.



_A unidade da fé._

4 Rogo-vos, pois, eu, [1] o preso do Senhor, que andeis como é digno da
vocação com que sois chamados,

2 Com toda a humildade [2] e mansidão, com longanimidade, supportando-vos
uns aos outros em amor,

3 Procurando guardar a unidade de Espirito pelo vinculo [3] da paz.

4 _Ha_ um só [4] corpo e um só Espirito, como tambem fostes chamados em
uma só esperança da vossa vocação;

5 Um só Senhor, [5] uma só fé, um só baptismo;

6 Um só Deus [6] e Pae de todos, o qual _é_ sobre todos, e por todos e em
todos.

7 Porém a graça é dada a cada um [7] de nós segundo a medida do dom de
Christo.

8 Pelo que diz: [8] Subindo ao alto, levou captivo o captiveiro, e deu
dons aos homem.

9 Ora, isto, que subiu, [9] que é, senão que tambem antes tinha descido
ás partes mais baixas da terra?

10 Aquelle que desceu é tambem o mesmo que subiu [10] acima de todos os
céus, para cumprir todas _as coisas_.

11 E elle mesmo deu uns para apostolos, [11] e outros para prophetas, e
outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,

12 Para aperfeiçoamento [12] dos sanctos, para obra do ministerio, para
edificação do corpo de Christo;

13 Até que todos cheguemos á unidade da fé, e ao conhecimento [13] do
Filho de Deus, a varão perfeito, á medida da estatura completa de Christo.

14 Para que não sejamos [14] mais meninos, inconstantes, levados em roda
de todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astucia
enganam fraudulosamente.

15 Antes, seguindo [15] a verdade em caridade, cresçamos em tudo
n’aquelle que é a cabeça, Christo.

16 Do qual todo o corpo, [16] bem ajustado, e ligado pelo que todas
as juntas lhe subministram, segundo a operação de cada parte na _sua_
medida, tome augmento do corpo, para sua edificação em amor.


_A sanctidade christã é opposta aos costumes dos gentios._

17 De sorte que digo isto, e testifico no Senhor, [17] para que não
andeis mais como andam tambem os outros gentios, na vaidade do seu
sentido,

18 Entenebrecidos no [18] entendimento, separados da vida de Deus pela
ignorancia que ha n’elles, pela dureza do seu coração:

19 Os quaes, havendo perdido todo o sentimento, [19] se entregaram á
dissolução, para com avidez commetterem toda a impureza.

20 Mas vós não aprendestes assim a Christo,

21 Se é que o [20] tendes ouvido, e n’elle fostes ensinados, como a
verdade está, em Jesus;

22 Que, quanto ao trato passado vos despojeis [21] do velho homem, que se
corrompe pelas concupiscencias do engano;

23 E vos renoveis [22] no espirito do vosso sentido;

24 E vos vistaes do novo homem, [23] que segundo Deus é creado em
verdadeira justiça e sanctidade.

25 Pelo que deixae a mentira, [24] e fallae a verdade cada um com o seu
proximo; porque somos membros uns dos outros.

26 Irae-vos, [25] e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.

27 Não deis logar ao [26] diabo.

28 Aquelle que furtava, não furte mais; antes trabalhe, obrando [27] com
_suas_ mãos o _que é_ bom, para que tenha que repartir com o que tiver
necessidade.

29 Não saia da vossa bocca nenhuma palavra [28] torpe, mas só a que fôr
boa para utilidade da edificação, para que dê graça aos que a ouvem.

30 E não entristeçaes [29] o Espirito Sancto de Deus, no qual estaes
sellados para o dia da redempção.

31 Toda a amargura, [30] e ira, e colera, e gritaria, e blasphemias e
toda a malicia seja tirada de entre vós.

32 Antes sêde uns para com os outros [31] benignos, misericordiosos,
perdoando-vos uns aos outros, como tambem Deus vos perdoou em Christo.

[1] cap. 3.1. Phi. 1.9, 27.

[2] Act. 20.19. Gal. 5.22, 23.

[3] Col. 3.14.

[4] Rom. 12.5. I Cor. 12.12, 13.

[5] I Cor. 1.13. II Cor. 11.4. Jud. 3.

[6] Mal. 2.10. I Cor. 8.6. Rom. 11.36.

[7] Rom. 12.3, 6. I Cor. 12.11.

[8] Jui. 5.12. Col. 2.15.

[9] João 3.13.

[10] Act. 1.9, 11 e 2.33. I Tim. 3.16. Heb. 4.14.

[11] I Cor. 12.28. Act. 21.8.

[12] I Cor. 12.7. Col. 1.24.

[13] Col. 2.2. I Cor. 14.20.

[14] Isa. 28.9. I Cor. 14.20. Heb. 13.9.

[15] Zac. 8.16. II Cor. 4.2. I João 3.18. Col. 1.18.

[16] Col. 2.19.

[17] cap. 2.1, 2, 3. Col. 3.7. I Ped. 4.3. Rom. 1.21.

[18] Act. 26.18. Gal. 4.8. I The. 4.5. Rom. 1.21.

[19] I Tim. 4.2. Rom. 1.24, 26.

[20] cap. 1.13.

[21] Col. 2.11. Heb. 12.1. I Ped. 2.1.

[22] Rom. 12.2. Col. 3.10.

[23] Rom. 6.4. II Cor. 5.17. Gal. 6.15.

[24] Zac. 8.16. Col. 3.9. Rom. 12.5.

[25] Psa. 4.4.

[26] II Cor. 2.10, 11. I Ped. 5.9.

[27] Act. 20.35. I The. 4.11.

[28] Mat. 12.36. Col. 3.8 e 4.6 e 3.16.

[29] Isa. 7.13. Eze. 16.43.

[30] Col. 3.8, 19. Tito 3.2. Thi. 4.11.

[31] II Cor. 2.10. Col. 3.12, 13.



5 Sêde pois imitadores [1] de Deus, como filhos amados;

2 E andae [2] em amor, como tambem Christo nos amou, e se entregou a si
mesmo por nós, em offerta e sacrificio a Deus, em cheiro suave.

3 Mas a fornicação, [3] e toda a immundicia ou avareza, nem ainda se
nomeie entre vós, como convém a sanctos;

4 Nem torpezas, [4] nem parvoices, nem chocarrices, que não conveem; mas
antes acções de graças.

5 Porque bem sabeis isto: que nenhum fornicario, [5] ou immundo, ou
avarento, que é idolatra, tem herança no reino de Christo e de Deus.

6 Ninguem vos engane [6] com palavras vãs; porque por estas _coisas_ vem
a ira de Deus sobre os filhos da desobediencia.

7 Portanto não sejaes seus companheiros.

8 Porque d’antes ereis [7] trevas, mas agora _sois_ luz no Senhor: andae
como filhos da luz

9 (Porque o fructo [8] do Espirito _consiste_ em toda a bondade, e
justiça e verdade);

10 Approvando [9] o que é agradavel ao Senhor.

11 E não communiqueis [10] com as obras infructuosas das trevas, mas
antes condemnae-as.

12 Porque o que elles fazem em occulto até dizel-o é [11] _coisa_ torpe.

13 Mas todas _estas coisas_ [12] se manifestam sendo condemnadas pela
luz, porque tudo o que se manifesta é luz.

14 Pelo que diz: Desperta, tu que dormes, [13] e levanta-te d’entre os
mortos, e Christo te esclarecerá.

15 Portanto, vêde como andaes prudentemente, [14] não como nescios, mas
como sabios,

16 Remindo [15] o tempo; porquanto os dias são maus.

17 Pelo que não sejaes [16] insensatos, mas entendei qual seja a vontade
do Senhor.

18 E não vos embriagueis [17] com vinho, em que ha dissolução, mas
enchei-vos do Espirito;

19 Fallando entre vós em psalmos, e hymnos, e canticos espirituaes:
cantando e psalmodiando ao Senhor no vosso coração:

20 Dando sempre graças [18] por todas _as coisas_ a nosso Deus e Pae, em
nome de nosso Senhor Jesus Christo:

21 Sujeitando-vos [19] uns aos outros no temor de Deus.


_Os deveres domesticos._

22 Vós, mulheres, sujeitae-vos a vossos proprios [20] maridos, como ao
Senhor;

23 Porque o marido é [21] a cabeça da mulher, como tambem Christo a
cabeça da egreja: e elle é o salvador do corpo.

24 De sorte que, assim como a egreja está sujeita a Christo, [22] assim
tambem as mulheres _estejam_ em tudo sujeitas a seus proprios maridos.

25 Vós, maridos, [23] amae as vossas proprias mulheres, como tambem
Christo amou a egreja, e a si mesmo se entregou por ella,

26 Para a sanctificar, [24] purificando-_a_ com a lavagem da agua, pela
palavra,

27 Para a apresentar [25] a si mesmo egreja gloriosa, que não tivesse
macula, nem ruga, nem _coisa_ similhante, mas que fosse sancta e
irreprehensivel.

28 Assim devem os maridos amar a suas proprias mulheres, como a seus
proprios corpos. Quem ama a sua propria mulher, ama-se a si mesmo.

29 Porque nunca ninguem aborreceu a sua propria carne; antes a alimenta e
sustenta, como tambem o Senhor á egreja;

30 Porque somos membros [26] do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos.

31 Por isso [27] deixará o homem seu pae e _sua_ mãe, e se ajuntará com
sua mulher; e serão dois n’uma carne.

32 Grande é este mysterio: digo, porém, _isto_ de Christo e da egreja.

33 Assim tambem vós [28] cada um em particular ame a sua propria mulher
como a si mesmo, e a mulher reverenceie o marido.

[1] Mat. 5.45. Luc. 6.36.

[2] João 13.24. I João 3.11. Gal. 1.4.

[3] Rom. 6.13. I Cor. 6.18. II Cor. 12.21.

[4] Mat. 12.35. Rom. 1.28.

[5] I Cor. 6.9. Gal. 5.19. Col. 3.5.

[6] Jer. 29.8. Mat. 24.4. Col. 2.4, 8, 18. II The. 2.3.

[7] Isa. 9.2. Act. 26.18. Rom. 1.21.

[8] Gal. 5.22.

[9] Rom. 12.2. Phi. 1.10. I The. 5.21.

[10] I Cor. 5.9, 11. II Cor. 6.14.

[11] Rom. 1.24, 26.

[12] João 3.20, 21. Heb. 4.13.

[13] Isa. 60.1. Rom. 13.11, 12.

[14] Col. 4.5.

[15] Gal. 6.10. Col. 4.5. Rom. 12.2.

[16] Col. 4.5. Rom. 12.2.

[17] Pro. 20.1. Isa. 5.11, 22. Act. 16.25. I Cor. 14.26. Col. 3.16.

[18] Isa. 63.7. Col. 3.17. I The. 5.18.

[19] Phi. 2.3. I Ped. 5.5.

[20] Gen. 3.16. I Cor. 14.34. Col. 3.18.

[21] I Cor. 11.3. cap. 1.22, 23. Col. 1.18.

[22] Col. 3.20, 22. Tito 2.9.

[23] Col. 3.19. I Ped. 3.7. Act. 20.28.

[24] João 3.5. Heb. 10.22. I João 5.6.

[25] II Cor. 11.2. Col. 1.22. Can. 4.7.

[26] Gen. 2.23. Rom. 12.5. I Cor. 6.15.

[27] Gen. 2.24. Mat. 19.5. I Cor. 6.16.

[28] ver. 25. Col. 3.19. I Ped. 3.6.



6 Vós, filhos, sêde obedientes a [1] vossos paes no Senhor, porque isto é
justo.

2 Honra a teu pae [2] e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com
promessa,

3 Para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.

4 E vós, paes, não [3] provoqueis a ira a vossos filhos, mas creae-os na
doutrina e admoestação do Senhor.

5 Vós, servos, [4] obedecei a _vossos_ senhores segundo a carne, com
temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Christo;

6 Não servindo á vista, [5] como agradando a homens, mas como servos de
Christo, fazendo de coração a vontade de Deus,

7 Servindo de boa vontade ao Senhor, e não aos homens.

8 Sabendo que cada [6] um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja
servo, _seja_ livre.

9 E vós senhores, [7] fazei o mesmo para com elles, deixando as ameaças,
sabendo tambem que o Senhor d’elles e vosso está no céu, e _que_ para com
elle não ha accepção de pessoas.


_A armadura de Deus._

10 No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na [8] força do seu
poder.

11 Revesti-vos de [9] toda a armadura de Deus, para que possaes estar
_firmes_ contra as astutas ciladas do diabo.

12 Porque não temos que luctar contra a carne [10] e o sangue, mas sim
contra os principados, contra as potestades, contra os principes das
trevas d’este seculo, contra as malicias espirituaes em os ares.

13 Portanto tomae [11] toda a armadura de Deus, para que possaes resistir
no dia mau, e, havendo feito tudo, ficar firmes.

14 Estae pois _firmes_, [12] tendo cingidos os vossos lombos com a
verdade, e vestidos com a couraça da justiça;

15 E calçados [13] os pés com a preparação do evangelho da paz:

16 Tomando sobretudo [14] o escudo da fé, com o qual possaes apagar todos
os dardos inflammados do maligno.

17 Tomae tambem o capacete [15] da salvação, e a espada do Espirito, que
é a palavra de Deus:

18 Orando em todo o tempo com toda a [16] oração e supplica em espirito,
e vigiando n’isto com toda a perseverança e supplica por todos os sanctos,

19 E por mim; [17] para que me seja dada, no abrir da minha bocca, a
palavra com confiança, para fazer notorio o mysterio do evangelho.

20 Pelo qual sou [18] embaixador [AJE] em cadeias; para que possa fallar
d’elle livremente, como me convém fallar.


_Tychico, o portador d’esta epistola, Saudações finaes._

21 Ora, para que vós tambem possaes saber os meus [19] negocios, _e_
o que eu faço, Tychico, irmão amado, e fiel ministro do Senhor, vos
informará de tudo.

22 O qual vos enviei [20] para o mesmo fim, para que saibaes os nossos
negocios, e elle console os vossos corações.

23 Paz _seja_ [21] com os irmãos, e caridade com fé da parte de Deus Pae
e da do Senhor Jesus Christo.

24 A graça _seja_ com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Christo em
sinceridade. Amen.

[1] Pro. 23.22. Col. 3.20.

[2] Exo. 20.12. Deu. 5.16. Jer. 35.18. Mar. 7.10.

[3] Col. 3.21. Gen. 18.19. Pro. 19.18.

[4] Col. 3.22. I Tim. 6.1. Tito 2.9.

[5] Col. 3.22, 23.

[6] Rom. 2.6. II Cor. 5.10. Col. 3.11.

[7] Col. 4.1. Lev. 25.43. João 13.13.

[8] cap. 1.19. Col. 1.11.

[9] Rom. 13.12. II Cor. 6.7. ver. 13.

[10] Mat. 16.17. I Cor. 15.50. Rom. 8.38.

[11] II Cor. 10.4. cap. 5.16.

[12] Isa. 11.5 e 59.17. I Ped. 1.3.

[13] Isa. 52.7. Rom. 10.15.

[14] I João 5.4.

[15] Isa. 59.17. I The. 5.8. Heb. 4.12.

[16] Luc. 18.1. Rom. 12.12. Col. 4.2.

[17] Act. 4.29. Col. 4.3. II The. 3.1.

[18] II Cor. 5.20. Act. 26.29.

[19] Col. 4.7. Act. 20.4. II Tim. 4.12. Tito 3.12.

[20] Col. 4.8.

[21] I Ped. 5.14.



EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO AOS PHILIPPENSES.



_Prefacio e saudação._

[Anno Domini 64]

1 Paulo e Timotheo, servos de Jesus Christo, a todos os sanctos em [1]
Christo Jesus, que estão em Philippos, com os bispos e diaconos:

2 Graça [2] a vós, e paz da parte de Deus nosso Pae e da do Senhor Jesus
Christo.


_O amor de Paulo para com os philippenses pelo motivo da sua fidelidade
ao evangelho._

3 Dou [3] graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós,

4 Fazendo sempre com gosto oração por vós em todas as minhas orações,

5 Pela vossa communicação [4] no evangelho desde o primeiro dia até agora.

6 Tendo por certo isto mesmo, que aquelle que em vós começou a [5] boa
obra, a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Christo;

7 Como tenho por justo sentir isto de vós todos, [6] porquanto retenho em
_meu_ coração que todos vós fostes participantes da minha graça, tanto
nas minhas prisões como na _minha_ defeza e confirmação do evangelho.

8 Porque Deus me é [7] testemunha das muitas saudades que de todos vós
tenho, em entranhavel affeição de Jesus Christo.

9 E peço isto: [8] que [AJF] a vossa caridade abunde mais e mais em
sciencia e em todo o conhecimento,

10 Para que approveis [9] as coisas excellentes, para que sejaes
sinceros, e sem escandalo algum até ao dia de Christo;

11 Cheios de fructos de justiça, [10] que são por Jesus Christo, para
gloria e louvor de Deus.


_A prisão de Paulo contribue para o proveito do evangelho._

12 E quero, irmãos, que saibaes que as _coisas_ que me _aconteceram_
contribuiram para maior proveito do evangelho.

13 De maneira que as minhas prisões em Christo foram manifestas em [AJG]
toda [11] a guarda pretoriana, e em todos os demais logares;

14 E muitos dos irmãos no Senhor, tomando animo com as minhas prisões,
ousam fallar a palavra mais confiadamente, sem temor.

15 Verdade é que tambem alguns prégam a Christo por [12] inveja e porfia,
mas outros tambem de boamente.

16 Uns por amor, sabendo que fui posto para defeza do evangelho.

17 Mas outros, na verdade, annunciam a Christo por contenção, não
puramente, [13] cuidando accrescentar afflicção ás minhas prisões.

18 Mas que _importa_? comtanto que Christo seja annunciado em toda a
maneira, ou com fingimento ou em verdade, n’isto me regozijo, e me
regozijarei ainda.

19 Porque sei que d’isto me resultará salvação, [14] pela vossa oração e
pelo soccorro do Espirito de Jesus Christo,

20 Segundo a minha intensa expectação e esperança, [15] de que em nada
serei confundido; antes, com toda a confiança, Christo será, tanto agora
como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida seja pela morte.

21 Porque para mim o viver _é_ Christo, e o morrer _é_ ganho.

22 Mas, se o viver na carne este _é_ o fructo da minha obra, não sei
então o que deva escolher.

23 Porque de [16] ambos _os lados_ estou em aperto, tendo desejo de ser
desatado, e estar com Christo, porque isto é ainda muito melhor,

24 Mas _julgo_ mais necessario, por amor de vós, ficar na carne.

25 E confio n’isto, [17] e sei que ficarei, e permanecerei com todos vós,
para proveito vosso e gozo da fé.

26 Para que a vossa [18] gloria abunde por mim em Christo Jesus, pela
minha nova ida a vós.


_Exhortação á perseverança, ao amor fraternal, á humildade e á
sanctidade._

27 Sómente vos porteis dignamente [19] conforme o evangelho de Christo,
para que, quer vá e vos veja, ou quer esteja ausente, [20] ouça ácerca de
vós, que estaes n’um _mesmo_ espirito, combatendo juntamente com o mesmo
animo pela fé do evangelho.

28 E em nada vos espanteis dos que resistem, o que para elles, na
verdade, é indicio de perdição, [21] mas para vós de salvação, e isto de
Deus.

29 Porque a vós vos foi [22] gratuitamente concedido, em relação a
Christo, [23] não sómente crêr n’elle, como tambem padecer por elle,

30 Tendo o mesmo combate, que _já_ em mim tendes visto, e agora ouvis de
mim.

[1] I Cor. 1.2.

[2] Rom. 1.7. II Cor. 1.2. I Ped. 1.2.

[3] Rom. 1.8, 9. I Cor. 1.4. Eph. 1.15, 16.

[4] Rom. 12.13. II Cor. 8.1.

[5] João 6.29. I The. 1.3. ver. 10.

[6] II Cor. 3.2. Eph. 3.1 e 6.20.

[7] Rom. 1.9 e 9.1. Gal. 1.20.

[8] I The. 3.12. Phi. 6.

[9] Rom. 2.18 e 12.2. Eph. 5.10.

[10] João 15.4, 5. Eph. 2.10. Col. 1.6.

[11] cap. 4.22.

[12] cap. 2.3.

[13] ver. 7.

[14] II Cor. 1.11. Rom. 8.9.

[15] Rom. 8.19 e 5.5.

[16] II Cor. 5.8. II Tim. 4.6.

[17] cap. 2.24.

[18] II Cor. 1.14 e 5.12.

[19] Eph. 4.1. Col. 1.10. I The. 2.12.

[20] cap. 4.1. I Cor. 1.10. Jud. 3.

[21] II The. 1.5. Rom. 8.17.

[22] Act. 5.41. Rom. 5.3. Eph. 2.8.

[23] Col. 2.1. Act. 16.19, etc. I The. 2.2.



2 Portanto, se _ha_ algum conforto em Christo, se alguma consolação de
amor, se [1] alguma communicação de Espirito, se alguns entranhaveis
affectos e compaixões,

2 Cumpri o meu gozo, [2] para que sintaes o mesmo, tendo o mesmo amor, o
mesmo animo, sentindo uma mesma coisa.

3 Nada _façaes_ por [3] contenda ou por vangloria, mas por humildade;
cada um considere os outros superiores a si mesmo.

4 Não attente cada um [4] para o que é seu, mas cada qual tambem para o
que é dos outros.

5 De sorte que haja em vós o mesmo sentimento [5] que _houve_ tambem em
Christo Jesus,

6 O qual, [6] sendo em fórma de Deus, não teve por usurpação ser egual a
Deus,

7 Mas [AJH] aniquilou-se [7] a si mesmo, tomando a fórma de servo,
fazendo-se similhante aos homens;

8 E, achado em fórma como homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente
até á morte, [8] e morte de cruz.

9 Pelo que tambem Deus o [9] exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que
é sobre todo o nome;

10 Para que ao nome de [10] Jesus se dobre todo o joelho dos que estão
nos céus, e na terra, e debaixo da terra,

11 E toda a lingua [11] confesse que Jesus Christo é o Senhor, para a
gloria de Deus Pae.

12 De sorte que, meus amados, [12] assim como sempre obedecestes, não só
na minha presença, mas muito mais agora na minha ausencia, assim tambem
operae a vossa salvação com temor e tremor,

13 Porque Deus é o [13] que opera em vós tanto o querer como o effectuar,
segundo a _sua_ boa vontade.

14 Fazei todas [14] as _coisas_ sem murmurações nem contendas;

15 Para que sejaes irreprehensiveis e sinceros, [15] filhos de Deus,
inculpaveis no meio d’uma geração corrompida e perversa, no meio da qual
resplandeceis como luminares no mundo.

16 Retendo a palavra da vida, [16] para que no dia de Christo possa
gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão.

17 E, ainda que seja offerecido por libação sobre o sacrificio [17] e
serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós.

18 E vós tambem regozijae-vos e alegrae-vos comigo por isto mesmo.


_Elogio de Timotheo e Epaphrodito, os mensageiros de Paulo junto dos
philippenses._

19 E espero no Senhor Jesus de em breve vos mandar [18] Timotheo, para
que tambem eu esteja de bom animo, sabendo os vossos negocios.

20 Porque a ninguem tenho de tão egual animo, [19] que sinceramente cuide
dos vossos negocios.

21 Porque todos buscam [20] o que é seu, e não o que é de Christo Jesus.

22 Mas bem sabeis a sua experiencia, que serviu comigo no evangelho,
[21] como filho ao pae.

23 De sorte que espero enviar-vol-o logo que tenha provido a meus
negocios.

24 Porém confio [22] no Senhor, que tambem eu mesmo em breve irei ter
comvosco.

25 Mas julguei necessario mandar-vos Epaphrodito, [23] meu irmão, e
cooperador, e companheiro nos combates, e vosso enviado, e ministrador
nas minhas necessidades.

26 Porquanto tinha muitas saudades de vós [24] todos, e estava muito
angustiado de que tivesseis ouvido que elle estivera doente.

27 E de facto esteve doente, e quasi á morte; porém Deus se apiedou
d’elle, e não sómente d’elle, mas tambem de mim, para que eu não tivesse
tristeza sobre tristeza.

28 Por isso vol-o enviei mais depressa, para que, vendo-o outra vez, vos
regozijeis, e eu tenha menos tristeza.

29 Recebei-o pois no Senhor com todo o gozo, [25] e tende em honra aos
taes.

30 Porque pela obra de Christo chegou até bem proximo da morte, não
fazendo caso da vida, [26] para supprir para comigo a falta do vosso
serviço.

[1] II Cor. 13.14. Col. 3.12.

[2] João 3.29. Rom. 12.16. I Cor. 1.10.

[3] Gal. 5.26. Thi. 3.14. Rom. 12.10. I Ped. 5.5.

[4] I Cor. 10.24, 33.

[5] Mat. 11.29. João 13.15.

[6] João 1.1, 2 e 5.18. Heb. 1.3.

[7] Psa. 22.6. Isa. 63.3. Dan. 9.26. Rom. 15.3. Eze. 34.23, 24.

[8] Mat. 26.39, 42. João 10.18.

[9] João 17.1, 2, 5. Act. 2.33.

[10] Isa. 45.23. Rom. 14.11. Apo. 5.13.

[11] João 13.13. I Cor. 8.6.

[12] cap. 1.5. Eph. 6.5.

[13] II Cor. 3.5. Heb. 13.21.

[14] I Cor. 10.10. I Ped. 4.9. Rom. 14.1.

[15] Mat. 5.14, 15. I Ped. 2.12. Eph. 5.1.

[16] II Cor. 1.14. I The. 2.19 e 3.5. Gal. 2.2.

[17] II Tim. 4.6. Rom. 15.16. II Cor. 7.4. Col. 1.24.

[18] Rom. 16.21. I The. 3.2.

[19] Psa. 55.13.

[20] I Cor. 15.24, 33 e 13.5. II Tim. 4.10, 16.

[21] I Cor. 4.17. I Tim. 1.2. II Tim. 1.2.

[22] cap. 1.25. Phi. 22.

[23] cap. 4.18. Phi. 2. II Cor. 8.23 e 11.9.

[24] cap. 1.8.

[25] I Cor. 16.18. I The. 5.12. I Tim. 5.17.

[26] I Cor. 16.17. cap. 4.10.



_Exhortação a guardar-se cada um dos obreiros maus e a cultivar todos os
fructos do Espirito._

3 Resta, irmãos meus, [1] que vos regozijeis no Senhor. Não me é molesto
escrever-vos as mesmas _coisas_, e é segurança para vós.

2 Guardae-vos dos cães, [2] guardae-vos dos maus obreiros, guardae-vos da
circumcisão;

3 Porque a circumcisão [3] somos nós, que servimos a Deus em espirito,
[4] e que nos gloriamos em Jesus Christo, e não confiamos na carne.

4 Ainda que tambem tenho de que confiar na carne; [5] se algum outro
cuida que tem de que confiar na carne, ainda mais eu:

5 Circumcidado [6] ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribu de
Benjamin, hebreo de hebreos, segundo a lei, phariseo,

6 Segundo o zelo, [7] perseguidor da egreja, segundo a justiça que ha na
lei, irreprehensivel.

7 Mas o que [8] para mim era ganho tive-o por perda por _amor de_ Christo.

8 E, na verdade, tenho tambem por perda todas as _coisas_, [9] pela
excellencia do conhecimento de Christo Jesus, meu Senhor, por _amor do_
qual contei por perda todas estas coisas, e as considero como esterco,
para que possa ganhar a Christo,

9 E seja achado n’elle, [10] não tendo a minha justiça que vem de lei,
mas a que vem da fé em Christo, _a saber_, a justiça que vem de Deus pela
fé;

10 Para conhecel-o, e á virtude da sua resurreição, [11] e á communicação
de suas afflicções, sendo feito conforme a sua morte;

11 Para _ver_ se de alguma maneira posso chegar á resurreição [12] dos
mortos.

12 Não que já [13] a tenha alcançado, ou que seja perfeito, mas prosigo
para alcançar aquillo para o que fui tambem [AJI] preso por Christo Jesus.

13 Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado;

14 Porém uma _coisa faço, e é_ que, esquecendo-me das coisas que atraz
[14] ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prosigo para o
alvo, [15] ao premio da soberana vocação de Deus em Christo Jesus.

15 Pelo que todos quantos _já_ somos perfeitos, [16] sintamos isto
_mesmo_; e, se sentis alguma coisa d’outra maneira, tambem Deus vol-o
revelará.

16 Porém, n’aquillo a que já chegámos, [17] andemos segundo a mesma
regra, e sintamos o mesmo.

17 Sêde tambem meus imitadores, [18] irmãos, e tende cuidado, segundo o
exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam.

18 Porque muitos andam, dos quaes muitas vezes vos disse, e agora tambem
digo, [19] chorando, que _são_ inimigos da cruz de Christo.

19 Cujo fim _é_ a [20] perdição; cujo Deus _é_ o ventre; [21] e _cuja_
gloria _é_ para confusão d’elles, que _só_ pensam nas _coisas_ terrenas.

20 Mas a nossa cidade [22] está nos céus, d’onde tambem esperamos o
Salvador, o Senhor Jesus Christo.

21 O qual transformará [23] o nosso corpo abatido, para ser conforme o
seu corpo glorioso, segundo o seu efficaz poder de sujeitar tambem a si
todas _as coisas_.

[1] II Cor. 13.11. cap. 4.4. I The. 5.16.

[2] Isa. 56.10. Gal. 5.15. Rom. 2.28.

[3] Deu. 10.16 e 30.6. Rom. 2.29. João 4.23, 24. Rom. 7.6.

[4] Gal. 6.14.

[5] II Cor. 11.18, 21.

[6] Gen. 17.12. II Cor. 11.22. Rom. 11.1.

[7] Act. 22.3. Gal. 1.13, 14. Rom. 10.5.

[8] Mat. 13.44.

[9] Isa. 63.11. Jer. 9.23, 24. João 17.3.

[10] Rom. 10.3, 5. Gal. 2.16.

[11] Rom. 6.3, 4, 5. II Tim. 2.11, 12. I Ped. 4.13.

[12] Act. 26.7.

[13] I Tim. 6.12. Heb. 12.23.

[14] Psa. 45.10. Luc. 9.62. Heb. 6.1.

[15] II Tim. 4.7, 8. Heb. 12.1.

[16] I Cor. 2.6 e 14.20. Gal. 5.10.

[17] Rom. 12.16. Gal. 6.16.

[18] I Cor. 4.16 e 11.1. I Ped. 5.3.

[19] Gal. 1.7 e 2.21.

[20] II Cor. 11.15. II Ped. 2.1. Rom. 16.18.

[21] Rom. 8.5.

[22] Eph. 2.6, 19. Col. 3.1, 3. Act. 1.11. Tito 2.13.

[23] I Cor. 15.43, 48, 49. I João 3.2. Eph. 1.19.



4 Portanto, meus amados e mui queridos [1] irmãos, minha alegria e corôa,
estae assim firmes no Senhor, amados.

2 Rogo a Evodia, e rogo a Syntyche, [2] que sintam o mesmo no Senhor.

3 E peço-te tambem a ti, _meu_ verdadeiro companheiro, que ajudes essas
_mulheres_ que trabalharam [3] comigo no evangelho, e com Clemente, e com
os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida.

4 Regozijae-vos sempre no [4] Senhor; outra vez digo, regozijae-vos.

5 Seja a vossa equidade notoria a todos os homens. [5] Perto _está_ o
Senhor.

6 De nada estejaes solicitos: [6] antes as vossas petições sejam em tudo
conhecidas diante de Deus pela oração e supplicas com acção de graças.

7 E a paz de Deus, [7] que excede todo o entendimento, guardará os vossos
corações e os vossos sentimentos em Christo Jesus.

8 Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que _é_
honesto, tudo o que _é_ justo, tudo o que _é_ puro, tudo o que _é_
amavel, tudo o que _é_ de boa fama, [8] se _ha_ alguma virtude, e se ha
algum louvor, n’isso pensae.

9 O que tambem aprendestes, e recebestes, [9] e ouvistes, e vistes em
mim, isso fazei; e o Deus de paz será comvosco.


_Paulo agradece aos philippenses os dons recebidos. Saudações finaes._

10 Ora muito me regozijei no Senhor por finalmente reviver a vossa
lembrança de mim; visto que vos tendes lembrado, [10] mas não tinheis
tido opportunidade.

11 Não o digo como por necessidade, [11] porque _já_ aprendi a
contentar-me com o que tenho.

12 Sei estar abatido, [12] _e_ sei tambem ter abundancia: em toda a
maneira, e em todas as coisas estou instruido, assim a ter fartura como a
ter fome, assim a ter abundancia, como a padecer necessidade.

13 Posso todas [13] _as coisas_ n’aquelle que me fortalece.

14 Todavia fizestes bem em tomar parte na minha [14] afflicção.

15 E bem sabeis tambem vós, ó philippenses, que, no principio do
evangelho, quando parti da Macedonia, [15] nenhuma egreja communicou
comigo em razão de dar e receber, senão vós sómente;

16 Porque tambem uma e outra vez me mandastes o necessario a Thessalonica.

17 Não que procure dadivas, mas [16] procuro o fructo que abunde para a
vossa conta.

18 Mas tudo tenho recebido, e tenho abundancia: estou cheio, depois que
recebi de Epaphrodito o [17] que da vossa parte me foi enviado, como
cheiro de suavidade e [18] sacrificio agradavel e aprazivel a Deus.

19 Porém o meu Deus, segundo as suas riquezas, [19] supprirá todas as
vossas necessidades em gloria, por Christo Jesus.

20 Ora ao nosso Deus [20] e Pae _seja_ gloria para todo o sempre. Amen.

21 Saudae a todos os sanctos em Christo Jesus. [21] Os irmãos que estão
comigo vos saudam.

22 Todos os sanctos vos saudam, mas principalmente os que são da casa
[22] de Cesar.

23 A graça [23] de nosso Senhor Jesus Christo _seja_ com vós todos. Amen.

[1] cap. 1.8 e 2.16 e 1.27. II Cor. 1.14.

[2] cap. 2.2 e 3.16.

[3] Rom. 16.3. cap. 1.27. Exo. 32.32. Dan. 12.1. Luc. 10.20.

[4] Rom. 12.12. cap. 3.1. I The. 5.16. I Ped. 4.13.

[5] Heb. 10.25. Thi. 5.8, 9. II The. 2.2.

[6] Pro. 16.3. Mat. 6.25. I Ped. 5.7.

[7] João 14.27. Rom. 5.1. Col. 3.15.

[8] I The. 5.22.

[9] Rom. 15.33 e 16.20. I The. 5.23. Heb. 13.20.

[10] II Cor. 11.9.

[11] I Tim. 6.6, 8.

[12] I Cor. 4.11. II Cor. 6.10.

[13] João 15.5. II Cor. 12.9.

[14] cap. 1.7.

[15] II Cor. 11.8, 9.

[16] Rom. 15.28. Tito 3.14.

[17] cap. 2.25.

[18] Heb. 13.16. II Cor. 9.12.

[19] II Cor. 9.8. Eph. 1.7.

[20] Rom. 16.27. Gal. 1.5.

[21] Gal. 1.2.

[22] cap. 1.13.

[23] Rom. 16.24.



EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO AOS COLOSSENSES.



_Prefacio e saudação._

[Anno Domini 64]

1 Paulo, [1] apostolo de Jesus Christo, pela vontade de Deus, _e_ o irmão
Timotheo:

2 Aos sanctos e irmãos [2] fieis em Christo, que estão em Colossos. Graça
a vós, e paz da parte de Deus nosso Pae e da do Senhor Jesus Christo.


_A fé e caridade dos colossenses. Oração de Paulo pelo seu progresso
espiritual. Jesus Christo o auctor da nossa redempção, a imagem de Deus
invisivel, o Creador de todas as coisas e o Cabeça da egreja._

3 Graças damos ao Deus [3] e Pae de nosso Senhor Jesus Christo, orando
sempre por vós:

4 Porquanto ouvimos da vossa fé [4] em Christo Jesus, e [AJJ] da caridade
_que tendes_ para com todos os sanctos;

5 Pela esperança que vos está reservada [5] nos céus, da qual _já_
d’antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho:

6 O qual _já_ chegou a vós, [6] como tambem _está_ em todo o mundo; e já
vae fructificando, como tambem entre vós, desde o dia em que ouvistes e
conhecestes a graça de Deus em verdade;

7 Como tambem _o_ aprendestes de Epaphras, [7] nosso amado conservo, que
para vós é um fiel ministro de Christo.

8 O qual nos declarou tambem [AJK] a vossa caridade [8] no Espirito.

9 Portanto tambem, [9] desde o dia em que _o_ ouvimos, não cessámos de
orar por vós, [10] e de pedir que sejaes cheios do conhecimento da sua
vontade, em toda a sabedoria e intelligencia espiritual;

10 Para que possaes [11] andar [AJL] dignamente _diante_ do Senhor,
agradando-lhe em tudo, fructificando em toda a boa obra, e crescendo no
conhecimento de Deus;

11 Corroborados [12] em toda a fortaleza, segundo a força da sua gloria,
em toda a paciencia, e longanimidade com gozo;

12 Dando graças [13] ao Pae que nos fez idoneos _de participar_ da
herança dos sanctos na luz.

13 O qual nos tirou da [14] potestade das trevas, e nos transportou para
o reino do Filho do seu amor;

14 No qual temos a redempção [15] pelo seu sangue, _a saber_, a remissão
dos peccados;

15 O qual é imagem do Deus [16] invisivel, o primogenito de toda a
creatura.

16 Porque por elle foram [17] creadas todas _as coisas_ que ha nos céus e
na terra, visiveis e invisiveis, sejam thronos, sejam dominações, sejam
principados, sejam potestades: todas _as coisas_ foram creadas por elle e
para elle.

17 E elle é antes de todas [18] _as coisas_, e todas _as coisas_
subsistem por elle.

18 E elle é a cabeça [19] do corpo da egreja: é o principio _e_ o
primogenito d’entre os mortos, para que entre todos tenha a preeminencia.

19 Porque foi do agrado _do Pae_ que [20] toda a plenitude n’elle
habitasse;

20 E que, havendo por elle feito a paz [21] pelo sangue da sua cruz, por
elle reconciliasse comsigo mesmo todas _as coisas_, tanto as que _estão_
na terra, como as que _estão_ nos céus.

21 A vós tambem, [22] que d’antes ereis estranhos, e inimigos no
entendimento, em obras más, agora todavia vos reconciliou,

22 No corpo da sua [23] carne, pela morte, para perante si vos apresentar
sanctos, e irreprehensiveis, e inculpaveis,

23 Se, todavia, permanecerdes fundados e firmes [24] na fé, e não vos
moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual é prégado a
toda a creatura que ha debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito
ministro.


_O trabalho e combates de Paulo no seu ministerio._

24 Regozijo-me [25] agora no que padeço por vós, e cumpro na minha carne
o resto das afflicções de Christo, pelo seu corpo, que é a egreja;

25 Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, [26]
que me foi concedida para comvosco, para cumprir a palavra de Deus;

26 O mysterio [27] que esteve occulto desde _todos_ os seculos, e em
todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus sanctos;

27 Aos quaes Deus quiz fazer conhecer [28] quaes são as riquezas da
gloria d’este mysterio entre os gentios, que é Christo em vós, esperança
da gloria:

28 O qual annunciámos, [29] admoestando a todo o homem, e ensinando a
todo o homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo o homem
perfeito em Jesus Christo;

29 No que tambem trabalho, [30] combatendo segundo a sua efficacia, que
obra em mim poderosamente.

[1] Eph. 1.1.

[2] I Cor. 4.17. Eph. 6.21. Gal. 1.3.

[3] I Cor. 1.4. Eph. 1.16.

[4] ver. 9. Eph. 1.15. Heb. 6.10.

[5] II Tim. 4.8. I Ped. 1.4.

[6] Mat. 24.14. Mar. 16.15. Rom. 10.18.

[7] cap. 4.12. Phi. 23. I Tim. 4.6.

[8] Rom. 15.30.

[9] Eph. 1.15, 16. ver. 3, 4.

[10] I Cor. 1.5. Rom. 12.2.

[11] Eph. 4.1. Phi. 1.27. I The. 2.12. João 15.16. Heb. 13.21.

[12] Eph. 3.16 e 4.2. Rom. 5.3.

[13] Eph. 5.20 e 1.11. Act. 26.18.

[14] Eph. 6.12. Heb. 2.14.

[15] Eph. 1.7.

[16] II Cor. 4.4. Heb. 1.3. Apo. 3.14.

[17] João 1.3. I Cor. 8.6.

[18] João 1.1, 3. Apo. 1.5.

[19] I Cor. 11.3. Apo. 1.5.

[20] João 1.16 e 3.34.

[21] Eph. 2.14, 15, 16 e 1.10.

[22] Eph. 2.1, 2, 12, 19. Tito 1.15, 16.

[23] Eph. 2.15, 16. Luc. 1.75. Tito 2.14. Jud. 24.

[24] Eph. 3.17.

[25] Rom. 5.3. II Cor. 7.4. Eph. 3.1, 13.

[26] I Cor. 9.17. Gal. 2.7. Eph. 3.2.

[27] Rom. 16.25. I Cor. 2.7. Eph. 3.9.

[28] II Cor. 2.14. Rom. 9.23. Eph. 1.7.

[29] Act. 20.20, 27, 31. II Cor. 11.2.

[30] I Cor. 15.10. Eph. 1.19 e 3.7, 20.



2 Porque quero que saibaes quão grande [1] combate tenho por vós, e pelos
que _estão_ em Laodicea, e por quantos não viram o meu rosto em carne;

2 Para que os seus corações sejam consolados, [2] e estejam unidos em
[AJM] caridade, e em todas as riquezas da plenitude de intelligencia,
para conhecimento do mysterio do Deus e Pae, e do Christo.

3 No qual estão escondidos [3] todos os thesouros da sabedoria e da
sciencia.


_Advertencia ácerca das falsas doutrinas._

4 E digo isto, [4] para que ninguem vos engane com palavras persuasivas
na apparencia.

5 Porque ainda que esteja ausente quanto ao corpo, [5] todavia em
espirito estou comvosco, regozijando-me, e vendo a vossa ordem, e a
firmeza da vossa fé em Christo.

6 Pois, como recebestes o [6] Senhor Jesus Christo, _assim_ tambem andae
n’elle,

7 Arraigados [7] e sobreedificados n’elle, e confirmados na fé, assim
como fostes ensinados, abundando em acção de graças.

8 Olhae que ninguem vos sobresalte por meio de philosophias e vãs
subtilezas, [8] segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do
mundo, e não segundo Christo:

9 Porque n’elle habita [9] corporalmente toda a plenitude da divindade;

10 E n’elle estaes perfeitos, [10] o qual é a cabeça de todo o principado
e potestade:

11 No qual tambem estaes circumcidados [11] com uma circumcisão não feita
por mão no despojo do corpo da carne, na circumcisão de Christo:

12 Sepultados com [12] elle no baptismo, no qual tambem resuscitastes com
_elle_ pela fé no poder de Deus, que o resuscitou dos mortos.

13 E, quando vós [13] estaveis mortos nos peccados, e na incircumcisão da
vossa carne, vos vivificou juntamente com elle, perdoando-vos todas as
offensas,

14 Havendo riscado a cedula que [14] contra nós havia nas ordenanças, a
qual de alguma maneira nos era contraria, e a tirou do meio _de nós_,
encravando-a na cruz.

15 E, [15] despojando os principados e potestades, os expoz publicamente
á vergonha, e triumphou d’elles por ella.

16 Portanto ninguem vos julgue pelo [16] comer, ou pelo beber, ou por
causa _dos dias_ de festa, ou da lua nova, ou dos sabbados;

17 Que são sombras [17] das coisas futuras, mas o corpo _é_ de Christo.

18 Ninguem vos [AJN] domine a [18] seu bel-prazer com pretexto de
humildade e culto dos anjos, mettendo-se em coisas que nunca viu; estando
debalde inchado no sentido da sua carne;

19 [19] E não estando ligado á cabeça, da qual todo o corpo, provido e
organisado pelas juntas e ligaduras, vae crescendo em augmento de Deus.

20 Portanto, se estaes mortos [20] com Christo quanto aos rudimentos do
mundo, porque vos carregam ainda de ordenanças, como se vivesseis no
mundo?

21 _Taes como_: não toques, [21] não proves, não manuseis:

22 As quaes _coisas_ todas perecem pelo uso, [22] segundo os preceitos e
doutrinas dos homens;

23 As quaes [23] teem na verdade alguma apparencia de sabedoria, em
devoção voluntaria, humildade, e mau tratamento do corpo, mas não são de
valor algum [AJO] para satisfação da carne.

[1] Phi. 1.30. I The. 2.2.

[2] II Cor. 1.6. cap. 3.14. Phi. 3.8.

[3] I Cor. 1.24 e 2.6, 7. Eph. 1.8.

[4] Rom. 16.18. II Cor. 11.13. Eph. 4.14.

[5] I Cor. 5.3. I The. 2.17. I Ped. 5.9.

[6] I The. 4.1. Jud. 3.

[7] Eph. 2.21, 22.

[8] Jer. 29.8. Rom. 16.17. Eph. 5.6.

[9] João 1.14.

[10] João 1.16. Eph. 1.20, 21. I Ped. 3.22.

[11] Deu. 10.16. Jer. 4.4. Rom. 2.29.

[12] Rom. 6.4. cap. 3.1. Eph. 1.19.

[13] Eph. 2.1, 5, 6, 11.

[14] Eph. 2.15, 16.

[15] Gen. 3.15. Isa. 53.12. Mat. 12.29.

[16] I Cor. 8.8. Rom. 14.5. Gal. 4.10.

[17] Heb. 8.5 e 9.9 e 10.1.

[18] ver. 4. Eze. 13.3. I Tim. 1.7.

[19] Eph. 4.15, 16.

[20] Rom. 6.3, 5. Gal. 2.19. Eph. 2.15.

[21] I Tim. 4.3.

[22] Isa. 29.13. Mat. 15.9.

[23] I Tim. 4.8. ver. 18.



_Exhortação á sanctidade e ao amor fraternal._

3 Portanto, [1] se _já_ resuscitastes com Christo, buscae as _coisas_ que
são de cima, onde Christo está assentado á dextra de Deus.

2 Pensae nas _coisas que são_ de cima, e não nas _que são_ da terra;

3 Porque _já_ estaes mortos, [2] e a vossa vida está escondida com
Christo em Deus.

4 Quando Christo, [3] _que é_ a nossa vida, se manifestar, então tambem
vós vos manifestareis com elle em gloria.

5 Mortificae pois [4] os vossos membros, que estão sobre a terra: a
fornicação, a immundicia, o appetite desordenado, a vil concupiscencia e
a avareza, que é idolatria;

6 Pelas quaes coisas [5] vem a ira de Deus sobre os filhos da
desobediencia:

7 Nas quaes tambem [6] d’antes andastes, quando vivieis n’ellas.

8 Mas agora despojae-vos [7] tambem de todas _estas coisas, a saber_, da
ira, da colera, da malicia, da maledicencia, das palavras torpes da vossa
bocca.

9 Não mintaes uns aos [8] outros, pois que _já_ vos despistes do velho
homem com os seus feitos,

10 E vos vestistes [9] do novo, que se renova para o conhecimento,
segundo a imagem d’aquelle que o creou:

11 Onde não ha grego nem [10] judeo, circumcisão nem incircumcisão,
barbaro, scytha, servo, ou livre; [11] mas Christo _é_ tudo em todos.

12 Revesti-vos pois, como eleitos de Deus, sanctos, e amados, de
[12] entranhas de misericordia, da benignidade, humildade, mansidão,
longanimidade:

13 Supportando-vos [13] uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros,
se algum tiver queixa contra outro: assim como Christo vos perdoou, assim
_o fazei vós_ tambem.

14 E, sobre tudo isto, [14] _revesti-vos_ de [AJP] caridade, que é o
vinculo da perfeição.

15 E a paz de Deus domine em vossos corações [15] para a qual tambem
fostes chamados em um corpo, e sêde agradecidos.

16 A palavra de Christo habite em vós abundantemente, em toda a
sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, [16] com
palavras, hymnos e canticos espirituaes, cantando ao Senhor com graça em
vosso coração.

17 E, quanto fizerdes por palavras [17] ou por obras, _fazei_ tudo em
nome do Senhor Jesus, dando por elle graças a Deus e ao Pae.


_Os deveres domesticos._

18 Vós, mulheres, [18] estae sujeitas a vossos proprios maridos, como
convém no Senhor.

19 Vós, maridos, [19] amae a _vossas_ mulheres, e não vos irriteis contra
ellas.

20 Vós, filhos, [20] obedecei em tudo a _vossos_ paes; porque isto é
agradavel ao Senhor.

21 Vós, paes, [21] não irriteis a vossos filhos, para que não percam o
animo.

22 Vós, servos, [22] obedecei em tudo a _vossos_ senhores segundo a
carne, não servindo só na apparencia, como para agradar aos homens, mas
com simplicidade de coração, temendo a Deus.

23 E, tudo quanto [23] fizerdes, fazei-o do coração, como ao Senhor, e
não aos homens:

24 Sabendo que recebereis [24] do Senhor o galardão da herança, porque a
Christo, o Senhor, servis.

25 Porém quem fizer aggravo receberá o aggravo que fizer: [25] pois não
ha accepção de pessoas.

[1] Rom. 6.5 e 8.34. Eph. 1.20.

[2] Rom. 6.2. Gal. 2.20. II Cor. 5.7.

[3] I João 3.2. João 11.25. I Cor. 15.43. Phi. 3.21.

[4] Rom. 8.13 e 6.13. Gal. 5.24.

[5] Rom. 1.18. Eph. 5.6. Apo. 22.15.

[6] Rom. 6.19, 20. Eph. 2.2. Tito 3.3.

[7] Eph. 4.22. Heb. 12.1. Thi. 1.21.

[8] Lev. 19.11. Eph. 4.22, 24, 25.

[9] Rom. 12.2. Eph. 4.23, 24.

[10] Rom. 10, 12. I Cor. 12.13.

[11] Eph. 1.23.

[12] Eph. 4.24. I The. 1.4. I Ped. 1.2.

[13] Mar. 11.25. Eph. 4.2, 32.

[14] I Ped. 4.8. João 13.34. Rom. 13.8.

[15] Rom. 14.17. Eph. 2.16, 17.

[16] I Cor. 14.26 e 10.31. Eph. 5.19.

[17] Rom. 1.8. Eph. 5.20. I The. 5.18.

[18] Eph. 5.22 e 5.3. I Ped. 3.1.

[19] Eph. 5.25 e 4.31. I Ped. 3.7.

[20] Eph. 6.1 e 5.24. Tito 2.9.

[21] Eph. 6.4.

[22] Eph. 6.5, etc. I Tim. 6.1. I Ped. 2.18.

[23] Eph. 6.6, 7.

[24] Eph. 6.8. I Cor. 7.22.

[25] Rom. 2.11. Eph. 6.9. I Ped. 1.17.



4 Vós, [1] senhores, fazei o que fôr de justiça e equidade a _vossos_
servos, sabendo que tambem tendes um Senhor nos céus.


_Exhortação á oração e á sabedoria._

2 Perseverae em oração, [2] velando n’ella com acção de graças:

3 Orando [3] tambem juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da
palavra, para fallarmos do mysterio de Christo, pelo qual estou tambem
preso;

4 Para que o manifeste, como me convém fallar.

5 Andae com sabedoria [4] para com os que estão de fóra, remindo o tempo.

6 A vossa palavra [5] seja sempre agradavel, adubada com sal, para que
saibaes como vos convém responder a cada um.


_Tychico e Onesimo são enviados aos colossenses; saudações finaes._

7 Tychico, irmão amado e fiel ministro, e conservo no Senhor, [6] vos
fará saber o meu estado:

8 O qual vos enviei [7] para o mesmo fim, para que saiba do vosso estado
e console os vossos corações;

9 _Juntamente_ com Onesimo, [8] amado e fiel irmão, que é dos vossos;
elles vos farão saber tudo o que por aqui _se passa_.

10 Aristarcho, [9] que está preso comigo, vos sauda, e Marcos, o sobrinho
de Barnabé, ácerca do qual _já_ recebestes mandamentos; se fôr ter
comvosco, recebei-o;

11 E, Jesus, chamado Justo: os quaes são da circumcisão: são estes só os
_meus_ cooperadores no reino de Deus; e para mim teem sido consolação.

12 Sauda-vos Epaphras, [10] que é dos vossos, servo de Christo, [11]
combatendo sempre por vós em orações, para que fiqueis firmes, perfeitos
e [AJQ] consumados em toda a vontade de Deus.

13 Pois eu lhe dou testemunho de que tem grande zelo por vós, e pelos que
_estão_ em Laodicea, e pelos que _estão_ em Hierapolis.

14 Sauda-vos Lucas, [12] o medico amado, e Damas.

15 Saudae aos irmãos que estão em Laodicea, e a Nympha [13] e á egreja
que está em sua casa.

16 E, [14] quando _esta_ epistola tiver sido lida entre vós, fazei que
tambem seja lida na egreja dos laodicenses, e a _que veiu_ de Laodicea
lede-a vós tambem.

17 E dizei a Archippo: [15] Attenta para o ministerio que recebeste no
Senhor; para que o cumpras.

18 Saudação [16] de minha mão, de Paulo. Lembrae-vos das minhas prisões.
A graça _seja_ comvosco. Amen.

[1] Eph. 6.9.

[2] Luc. 18.1. Rom. 12.12. I The. 5.17, 18.

[3] II The. 3.1. Eph. 6.19. I Cor. 16.9.

[4] Eph. 5.15, 16. I The. 4.12.

[5] Ecc. 10.12. Mar. 9.50. I Ped. 3.15.

[6] Eph. 6.21.

[7] Eph. 6.22.

[8] Phi. 10.

[9] Act. 19.29 e 15.37. Phi. 24. II Tim. 4.11.

[10] cap. 1.7. Phi. 23.

[11] Rom. 15.30. Mat. 5.48. I Cor. 2.6.

[12] II Tim. 4.10, 11. Phi. 24.

[13] Rom. 16.5. I Cor. 16.19.

[14] I The. 5.27.

[15] Phi. 2. I Tim. 4.6.

[16] I Cor. 16.21. II The. 3.17. Heb. 13.3, 25.



PRIMEIRA EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO AOS THESSALONICENSES.



_Prefacio e saudação._

[Anno Domini 54]

1 Paulo, e Silvano, [1] e Timotheo, á egreja dos thessalonicenses em
Deus, o Pae, e _no_ Senhor Jesus Christo; Graça e paz tenhaes de Deus
nosso Pae e do Senhor Jesus Christo.


_O successo do evangelho em Thessalonica e a fidelidade d’aquella egreja._

2 Sempre damos graças [2] a Deus por vós todos, [3] fazendo menção de vós
em nossas orações,

3 Lembrando-nos [4] sem cessar da obra da vossa fé, e do trabalho de
[AJR] caridade, da paciencia da esperança em Nosso Senhor Jesus Christo,
deante de nosso Deus e Pae:

4 Sabendo, amados irmãos, [5] que a vossa eleição é de Deus;

5 Porque o nosso evangelho não [6] foi a vós sómente em palavras, mas
tambem em poder, e no Espirito Sancto, e em muita certeza; como bem
sabeis quaes fomos entre vós, por amor de vós.

6 E vós fostes feitos nossos [7] imitadores, e do Senhor, recebendo a
palavra em muita tribulação, [8] com gozo do Espirito Sancto.

7 De maneira que fostes exemplo para todos os fieis na Macedonia e Achaia.

8 Porque por vós soou [9] a palavra do Senhor, não sómente na Macedonia
e Achaia, mas tambem a vossa fé para com Deus se espalhou por todos os
logares, de tal maneira que _já d’ella_ não temos necessidade de fallar
coisa alguma;

9 Porque elles mesmos annunciam de nós qual [10] a entrada que tivemos
para comvosco, e como dos idolos vos convertestes a Deus, para servir o
Deus vivo e verdadeiro.

10 E para esperar [11] dos céus a seu Filho, a quem resuscitou dos
mortos, _a saber_, Jesus, que nos livra da ira futura.

[1] II Cor. 1.19. II The. 1.1. I Ped. 5.12.

[2] Eph. 1.2.

[3] Rom. 1.8. Eph. 1.16. Phi. 4.

[4] cap. 2.13. João 6.29. Gal. 5.6.

[5] Col. 3.12. II The. 2.13.

[6] Mar. 16.20. I Cor. 2.4.

[7] I Cor. 4.16. Phi. 3.17. II The. 3.9.

[8] Act. 5.41. Heb. 10.34.

[9] Rom. 10.18 e 1.8. II The. 1.4.

[10] cap. 2.1. I Cor. 12.2. Gal. 4.8.

[11] Rom. 2.7. Tito 2.13. II Ped. 3.12. Act. 2.24.



_Como Paulo exerceu o seu ministerio entre os thessalonicenses._

2 Porque vós mesmos, [1] irmãos, bem sabeis que a nossa entrada para
comvosco não foi vã;

2 Antes, havendo primeiro padecido, e sido aggravados em Phillipos, [2]
como sabeis, tivemos ousadia em nosso Deus, para vos fallar o evangelho
de Deus com grande combate.

3 Porque a nossa exhortação não _foi_ [3] com engano, nem com immundicia,
nem com fraudulencia;

4 Mas, como fomos [4] approvados de Deus para que o evangelho nos fosse
confiado, assim fallámos, não como para comprazer aos homens, mas a Deus,
que prova os nossos corações.

5 Porque, como bem sabeis, nunca usámos de palavras lisongeiras, [5] nem
de pretexto de avareza; Deus _é_ testemunha;

6 Não buscando gloria [6] dos homens, nem de vós, nem de outros, ainda
que podiamos, como apostolos de Christo, ser-vos pesados;

7 Antes [7] fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos.

8 Assim nós, estando-vos tão affeiçoados, de boa vontade quizeramos
communicar-vos, não [8] sómente o evangelho de Deus, mas ainda as nossas
proprias almas; porquanto nos ereis _muito_ queridos.

9 Porque bem vos lembraes, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois,
[9] trabalhando noite e dia, vos pregámos o evangelho de Deus, para não
sermos pesados a nenhum de vós.

10 Vós e Deus _sois_ testemunhas [10] de quão sancta, e justa, e
irreprehensivelmente nos houvemos para comvosco, os que crêstes.

11 Assim como bem sabeis que exhortavamos e consolavamos, a cada um de
vós, como o pae a seus filhos;

12 E protestavamos conduzir-vos dignamente [11] para com Deus, que vos
chama para o seu reino e gloria.

13 Pelo que tambem damos sem cessar [12] graças a Deus, de que, havendo
recebido de nós a palavra da prégação de Deus, a recebestes, não _como_
palavra de homens, mas (segundo é, na verdade) _como_ palavra de Deus, a
qual tambem opera em vós, os que crêstes.

14 Porque vós, irmãos, haveis sido feitos imitadores [13] das egrejas de
Deus que estilo na Judea, em Jesus Christo; porquanto tambem padecestes
de vossos proprios concidadãos as mesmas _coisas_, como elles tambem dos
judeos:

15 Os quaes tambem mataram ao Senhor Jesus [14] e a seus proprios
prophetas, e nos teem perseguido; e não agradam a Deus, e são contrarios
a todos os homens:

16 E nos impedem de [15] fallar aos gentios para que posaam salvar-se
a fim de encherem sempre _a medida de_ seus peccados; porque a ira _de
Deus_ caiu sobre elles até ao fim.


_O desejo de Paulo de voltar a Thessalonica; seu gozo e seus votos em
vida das boas novas que Timotheo lhe trouxe._

17 Nós, porém, irmãos, sendo privados de vós por um momento de tempo, de
vista, [16] mas não do coração, tanto mais procurámos com grande desejo
vêr o vosso rosto.

18 Pelo que bem quizeramos uma e outra vez ir ter comvosco, pelo menos
eu, Paulo, [17] mas Satanaz nol-o impediu.

19 Porque, qual _é_ a nossa [18] esperança, ou gozo, ou corôa de gloria?
Porventura não _o sois_ vós tambem deante de nosso Senhor Jesus Christo
em sua vinda?

20 Porque vós sois a nossa gloria e gozo.

[1] cap. 1.5, 9.

[2] Act. 16.22 e 17.2. Phi. 1.30. Col. 2.1.

[3] II Cor. 7.2. II Ped. 1.16.

[4] I Cor. 7.25 e 9.17. I Tim. 1.11, 12.

[5] Act. 20.33. II Cor. 2.17. Rom. 1.9.

[6] João 5.41, 44 e 12.43. I Tim. 5.17.

[7] I Cor. 2.3. II Cor. 13.4. II Tim. 2.24.

[8] Rom. 1.11. II Cor. 12.15.

[9] Act. 20.34. I Cor. 4.12. II Cor. 11.9.

[10] cap. 1.5. II Cor. 7.2. II The. 3.7.

[11] Eph. 4.1. Phi. 1.27. Col. 1.10.

[12] Mat. 10.40. Gal. 4.14. II Ped. 3.2.

[13] Gal. 1.22. Act. 17.5, 13. Heb. 10.33, 34.

[14] Act. 2.23. Luc. 13.33, 34. Est. 3.8.

[15] Luc. 11.52. Act. 13.50. Mat. 23.32.

[16] I Cor. 6.3. Col. 2.5.

[17] Rom. 1.13 e 15.22.

[18] II Cor. 1.14. Phi. 2.16 e 4.1.



3 Pelo que, [1] não podendo esperar mais, de boamente quizemos deixar-nos
ficar sós em Athenas;

2 E enviámos Timotheo [2] nosso irmão, e ministro de Deus, e nosso
cooperador no evangelho de Christo, para vos confortar e vos exhortar
ácerca da vossa fé;

3 Para que ninguem [3] se commova por estas tribulações; porque vós
mesmos sabeis que para isto fomos ordenados.

4 Pois, [4] estando ainda comvosco, vos prediziamos que haviamos de ser
affligidos, como tambem succedeu, e vós o sabeis.

5 Portanto, [5] não podendo eu tambem esperar mais, mandei-_o_ saber
da vossa fé, _temendo_ que o tentador vos tentasse, e o nosso trabalho
viesse a ser inutil.

6 Vindo, porém, agora Timotheo de vós para [6] nós, e trazendo-nos
boas novas ácerca da vossa fé e caridade, e de como sempre tendes boa
lembrança de nós, desejando muito ver-nos, [7] como nós tambem a vós;

7 Pelo que, irmãos, nós ficámos consolados ácerca de vós em toda a nossa
afflicção [8] e necessidade, pela vossa fé,

8 Porque agora vivemos, [9] se estaes _firmes_ no Senhor.

9 Porque, que acção de graças [10] poderemos dar a Deus por vós, por todo
o gozo com que nos regozijamos por vossa causa diante do nosso Deus,

10 Orando abundantemente dia e noite, [11] para que possamos vêr o vosso
rosto, e suppramos o que falta á vossa fé?

11 Ora o mesmo nosso Deus e Pae, e nosso Senhor Jesus Christo, [12]
encaminhe a nossa viagem para vós.

12 E o Senhor vos augmente, [13] e faça abundar em caridade uns para com
os outros, e para com todos, como tambem _abundamos_ para comvosco;

13 Para confortar os vossos [14] corações, para que sejaes
irreprehensiveis em sanctificação diante de nosso Deus e Pae, na vinda de
nosso Senhor Jesus Christo com todos os seus sanctos.

[1] ver. 5. Act. 17.15.

[2] Rom. 16.21. I Cor. 16.10.

[3] Eph. 3.13. Act. 9.16. I Cor. 4.9.

[4] Act. 20.24.

[5] I Cor. 7.5. II Cor. 11.3. Gal. 2.2 e 4.11.

[6] Act. 18.1, 5.

[7] Phi. 1.8.

[8] II Cor. 1.4 e 7.6, 7, 13.

[9] Phi. 4.1.

[10] cap. 1.2.

[11] Act. 26.7. II Tim. 1.3. Rom. 1.10, 11.

[12] Mar. 1.3.

[13] cap. 4.9 e 5.15. II Ped. 1.7.

[14] I Cor. 1.8. II The. 2.17. I João 3.20, 21.



_Exhortação á sanctidade, ao amor fraternal e ao trabalho._

4 Assim que, irmãos, no demais vos rogamos e exhortamos no Senhor Jesus,
[1] que, assim como recebestes de nós, como vos convenha andar e agradar
a Deus, assim _n’isto_ abundeis cada vez mais.

2 Porque vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus.

3 Porque esta é a vontade de Deus [2], a vossa sanctificação: que vos
abstenhaes da fornicação;

4 Que cada um [3] de vós saiba possuir o seu vaso em sanctificação e
honra;

5 Não em sensualidade de [4] concupiscencia, como os gentios, que não
conhecem a Deus.

6 Ninguem opprima nem engane a seu irmão em negocio [5] _algum_, porque o
Senhor é vingador de todas estas _coisas_, como tambem _já_ d’antes vol-o
dissemos e testificámos.

7 Porque não nos chamou Deus para a immundicia, [6] senão para a
sanctificação.

8 Porque quem despreza [7] _isto_ não despreza ao homem, mas sim a Deus,
o qual nos deu tambem o seu Espirito Sancto.

9 Emquanto, porém, á caridade fraternal, [8] não necessitaes de que vos
escreva, porque _já_ vós mesmos estaes instruidos por Deus que vos ameis
uns aos outros.

10 Porque tambem já assim [9] o fazeis, para com todos os irmãos que
estão por toda a Macedonia. Exhortamo-vos, porém, irmãos, [10] a que
ainda _n’isto_ abundeis cada vez mais,

11 E procureis viver quietos, [11] e tratar dos vossos proprios negocios,
e trabalhar com vossas proprias mãos, como já vol-o temos mandado;

12 Para que andeis [12] honestamente para com os que estão de fóra, e não
necessiteis de _coisa_ alguma.


_Ácerca da resurreição e vinda de Christo._

13 Não quero, porém, irmãos, que sejaes ignorantes ácerca dos que _já_
dormem, [13] para que vos não entristeçaes, como tambem os demais, que
não teem esperança.

14 Porque, se crêmos [14] que Jesus morreu e resuscitou, assim tambem aos
que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com elle.

15 Dizemo-vos portanto isto pela palavra [15] do Senhor: que nós, os que
ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem.

16 Porque o mesmo Senhor [16] descerá do céu com alarido, e com voz
de archanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Christo
resuscitarão primeiro.

17 Depois nós, [17] os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente
com elles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos
sempre com o Senhor.

18 Portanto, consolae-vos [18] uns aos outros com estas palavras.

[1] Phi. 1.27. Col. 1.10 e 2.6.

[2] Rom. 12.2. Eph. 5.17, 27. I Cor. 6.15, 18. Col. 3.5.

[3] Rom. 6.19. I Cor. 6.15, 18.

[4] Rom. 1.24, 26. Col. 3.5. Eph. 2.12 e 4.17, 18. I Cor. 15.34. Gal.
4.8. II The. 1.8.

[5] Lev. 19.11, 13. I Cor. 6.8. II The. 1.8.

[6] Lev. 11.44 e 19.2. I Cor. 1.2. Heb. 12.14. I Ped. 1.14, 15.

[7] Luc. 10.16. I Cor. 2.10 e 7.40. I João 3.24.

[8] cap. 5.1. Jer. 31.34. João 6.45 e 14.26. Heb. 8.11. I João 2.20, 27 e
3.11, 23 e 4.21. Mat. 22.39. João 13.34 e 15.12. Eph. 5.2. I Ped. 4.8.

[9] cap. 1.7.

[10] cap. 3.12.

[11] II The. 3.11. I Ped. 4.15. Act. 20.35. Eph. 4.28. II The. 3.7, 8, 12.

[12] Rom. 13.13. II Cor. 8.21. Col. 4.5. I Ped. 2.12.

[13] Lev. 19.28. Deu. 14.1, 2. II Sam. 12.20. Eph. 2.12.

[14] I Cor. 15.13, 18, 23. cap. 3.13.

[15] I Reis 13.17, 18 e 20.35. I Cor. 15.51.

[16] Mat. 24.30, 31. Act. 1.11. II The. 1.7. I Cor. 15.23, 52.

[17] I Cor. 15.51. Act. 1.9. Apo. 11.12. João 12.26 e 14.3 e 17.24.

[18] cap. 5.11.



5 Porém, irmãos, [1] ácerca dos tempos e das estações, não necessitaes de
que se vos escreva;

2 Porque vós mesmos sabeis muito bem que [2] o dia do Senhor virá como o
ladrão de noite;

3 Pois que, quando disserem: _Ha_ paz e segurança; então lhes sobrevirá
repentina [3] destruição, como as dôres de parto áquella que está
gravida; e de modo algum escaparão.

4 Mas vós, irmãos, [4] _já_ não estaes em trevas, para que aquelle dia
vos surprehenda como _um_ ladrão.

5 Todos vós sois filhos [5] da luz e filhos do dia: nós não somos da
noite nem das trevas.

6 Não durmamos pois, [6] como os demais, mas vigiemos, e sejamos sobrios.

7 Porque os que dormem [7] dormem de noite, e os que se embebedam
embebedam-se de noite.

8 Mas nós, que somos do dia, sejamos sobrios, vestindo-nos da couraça da
fé [8] e [AJS] da caridade, e tendo por capacete a esperança da salvação.

9 Porque Deus [9] não nos tem designado para a ira, mas para a acquisição
da salvação, por nosso Senhor Jesus Christo.

10 O qual morreu por nós, [10] para que, quer vigiemos, quer durmamos,
vivamos juntamente com elle.

11 Pelo que exhortae-vos [11] uns aos outros, e edificae-vos uns aos
outros, como tambem _o_ fazeis.


_Preceitos diversos, votos e saudações._

12 E rogamo-vos, irmãos, [12] que reconheçaes os que trabalham entre vós
e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam:

13 E tende-os em grande estima e amor, por causa da sua obra. [13] Tende
paz entre vós.

14 Rogamo-vos tambem, irmãos, [14] que admoesteis os desordeiros,
consoleis os de pouco animo, sustenteis os fracos, e sejaes pacientes
para com todos.

15 Vêde que ninguem dê [15] a outrem mal por mal, [16] mas segui sempre o
bem, assim uns para com os outros, como para com todos.

16 Regozijae-vos [17] sempre.

17 Orae [18] sem cessar.

18 Em tudo dae graças; [19] porque esta _é_ a vontade de Deus em Christo
Jesus para comvosco.

19 Não apagueis [20] o Espirito.

20 Não desprezeis [21] as prophecias.

21 Examinae [22] todas _as coisas_; retende o bem.

22 Abstende-vos [23] de toda a apparencia do mal.

23 E o mesmo Deus de paz [24] vos sanctifique em tudo; e todo o vosso
sincero espirito, e alma, e corpo, sejam conservados irreprehensiveis
para a vinda de nosso Senhor Jesus Christo.

24 Fiel _é_ o que [25] vos chama, o qual tambem _o_ fará.

25 Irmãos, orae [26] por nós.

26 Saudae a todos os irmãos [27] em osculo sancto.

27 Pelo Senhor vos conjuro que esta epistola se leia [28] a todos os
sanctos irmãos.

28 A graça [29] de nosso Senhor Jesus Christo _seja_ comvosco. Amen.

[1] Mat. 24.3, 36. Act. 1.7. cap. 4.9.

[2] Mat. 24.43, 47 e 25.13. Luc. 12.39, 40. II Ped. 3.10. Apo. 3.3 e
16.15.

[3] Isa. 13.6, 9. Luc. 17.27, 28, 29 e 21.34, 35. II The. 1.9. Jer.
13.21. Ose. 13.13.

[4] Rom. 13.12, 13. I João 2.8.

[5] Eph. 5.8.

[6] Mat. 25.5 e 24.42 e 25.13. Rom. 13.11, 12, 13. I Ped. 5.8.

[7] Luc. 21.34, 36. Rom. 13.13. I Cor. 15.34. Eph. 5.14. Act. 2.15.

[8] Isa. 59.17. Eph. 6.14, 16, 17.

[9] Rom. 9.29. cap. 1.10. I Ped. 2.8. Jud. 4. II The. 2.13, 14.

[10] Rom. 14.8, 9. II Cor. 5.15.

[11] cap. 4.18.

[12] I Cor. 16.18. Phi. 2.29. I Tim. 5.17. Heb. 13.7, 17.

[13] Mar. 9.50.

[14] II The. 3.11, 12. Rom. 14.1 e 15.1. Gal. 5.22 e 6.1, 2. Eph. 4.2.
Col. 3.12. II Tim. 4.2.

[15] Lev. 19.18. Pro. 20.22 e 24.29. Mat. 5.39, 44. Rom. 12.17. I Cor.
6.7. I Ped. 3.9.

[16] Gal. 6.10. cap. 3.12.

[17] II Cor. 6.10. Phi. 4.4.

[18] Luc. 18.1 e 21.36. Rom. 12.12. Eph. 6.18. Col. 4.2. I Ped. 4.7.

[19] Eph. 5.20. Col. 3.17.

[20] Eph. 4.30. I Tim. 4.14. II Tim. 1.6. I Cor. 14.30.

[21] I Cor. 14.1, 39.

[22] I Cor. 2.11, 15. I João 4.1. Phi. 4.8.

[23] cap. 4.12.

[24] Phi. 4.9. cap. 3.13. I Cor. 1.8.

[25] I Cor. 1.9 e 10.13. II The. 3.3.

[26] Col. 4.3. II The. 3.1.

[27] Rom. 16.16.

[28] Col. 4.16. II The. 3.14.

[29] Rom. 16.20, 24. II The. 3.18.



SEGUNDA EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO AOS THESSALONICENSES.



_Prefacio e saudação._

[Anno Domini 54]

1 Paulo, e Silvano, [1] e Timotheo, á egreja dos thessalonicenses, em
Deus nosso Pae e no Senhor Jesus Christo:

2 Graça [2] e paz de Deus nosso Pae, e do Senhor Jesus Christo.


_O progresso e constancia dos thessalonicenses na fé e na caridade, a
despeito das perseguições._

3 Sempre devemos, [3] irmãos, dar graças a Deus por vós, como é de razão,
porquanto a vossa fé cresce muitissimo e [AJT] a caridade de cada um de
vós abunda de uns para com os outros:

4 De maneira que nós mesmos nos gloriamos [4] de vós nas egrejas de Deus
por causa da vossa paciencia e fé, e em todas as vossas perseguições e
afflicções que supportaes;

5 Prova [5] clara do justo juizo de Deus, para que sejaes havidos por
dignos do reino de Deus, pelo qual tambem padeceis;

6 Pois é justo [6] diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos
atribulam,

7 E a vós, que sois atribulados, [7] descanço comnosco, quando se
manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder:

8 Como labareda [8] de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus
e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Christo:

9 Os quaes por castigo, padecerão eterna [9] perdição, ante a face do
Senhor e a gloria do seu poder,

10 Quando vier para ser glorificado [10] nos seus sanctos, e a fazer-se
admiravel n’aquelle dia em todos os que crêem (porquanto o nosso
testemunho foi crido entre vós).

11 Pelo que tambem rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça
dignos [11] da _sua_ vocação, e cumpra todo o desejo da _sua_ bondade, e
a obra da fé com poder;

12 Para que o nome de nosso Senhor Jesus Christo [12] seja em vós
glorificado, e vós n’elle, segundo a graça de nosso Deus e do Senhor
Jesus Christo.

[1] II Cor. 1.19. I The. 1.1.

[2] I Cor. 1.3.

[3] I The. 1.2, 3 e 3.6, 9. cap. 2.13.

[4] II Cor. 7.14 e 9.2. I The. 1.3 e 2.14, 19, 20.

[5] Phi. 1.28. I The. 2.14.

[6] Apo. 6.10.

[7] Apo. 14.13. I The. 4.16. Jud. 14.

[8] Heb. 10.27 e 12.29. II Ped. 3.7. Apo. 21.8. Psa. 79.6. I The. 4.5.
Rom. 2.8.

[9] Phi. 3.19. II Ped. 3.7. Deu. 33.2. Isa. 2.19. cap. 2.8.

[10] Psa. 68.35 e 89.7.

[11] ver. 5. I The. 1.3.

[12] I Ped. 1.7 e 4.14.



_A vinda de Christo será precedida de manifestações do Antichristo._

2 Ora, irmãos, [1] rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Christo,
e _pela_ nossa reunião com elle,

2 Que não vos movaes [2] facilmente do _vosso_ entendimento, e não _vos_
perturbeis, nem por espirito, nem por palavra, nem por epistola, como
_escripta_ por nós, como se o dia de Christo estivesse já perto.

3 Ninguem de maneira alguma vos engane; [3] _porque aquelle dia não virá_
sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do peccado, o
filho da perdição;

4 O qual se oppõe, [4] e se levanta sobre tudo o que se chama Deus, ou
se adora; assim que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo
parecer Deus.

5 Não vos lembraes de que estas coisas vos dizia quando ainda estava
comvosco?

6 E agora vós sabeis o que o detem, para que a seu proprio tempo seja
manifestado.

7 Porque já o mysterio [5] da injustiça opera: sómente ha um que agora
resiste até que do meio seja tirado;

8 E então será manifestado o iniquo, [6] o qual o Senhor desfará pelo
espirito da sua bocca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda:

9 _Aquelle_ cuja vinda é segundo a efficacia de Satanaz, [7] com todo o
poder, e signaes e prodigios de mentira,

10 E com todo o engano da injustiça para os que perecem, [8] porquanto
não receberam o amor da verdade para se salvarem.

11 E portanto Deus lhes enviará a operação [9] do erro, para que creiam a
mentira;

12 Para que sejam condemnados todos os que não crêram a verdade, [10]
antes tiveram prazer na iniquidade.

13 Mas devemos sempre [11] dar graças a Deus por vós, irmãos amados do
Senhor, por vos ter Deus elegido desde o principio para a salvação, em
sanctificação do Espirito, e fé da verdade;

14 Para o que pelo nosso evangelho vos chamou, [12] para alcançardes a
gloria de nosso Senhor Jesus Christo.

15 Pelo que, irmãos, [13] estae _firmes_ e retende as tradições que vos
foram ensinadas, seja por palavra, seja por epistola nossa.

16 E nosso [14] Senhor Jesus Christo mesmo, o nosso Deus e Pae, que nos
amou, e em graça _nos_ deu uma eterna consolação, e boa esperança,

17 Console os vossos corações, [15] e vos conforte em toda a boa palavra
e obra.

[1] I The. 4.15 e 4.16. Mat. 24.31. Mar. 13.27.

[2] Mat. 24.4. Eph. 5.6. I João 4.1.

[3] Mat. 24.4. Eph. 5.6. I Tim. 4.1. Dan. 7.25.

[4] Isa. 14.13. Eze. 28.2, 6, 9. Dan. 7.25.

[5] I João 2.18 e 4.3.

[6] Dan. 7.10, 11. Job 4.9. Isa. 11.4. Ose. 6.5. Apo. 2.16 e 19.15, 20,
21. cap. 1.8, 9. Heb. 10.27.

[7] João 8.41. Eph. 2.2. Apo. 18.23 e 13.13 e 19.20. Deu. 13.1. Mat.
24.24.

[8] II Cor. 2.15 e 4.3.

[9] Rom. 1.24, etc. I Reis 22.22. Eze. 14.9. Mat. 24.5, 11. I Tim. 4.1.

[10] Rom. 1.32.

[11] cap. 1.3. I The. 1.4. Eph. 1.4. Luc. 1.75. I Ped. 1.2.

[12] João 17.22. I The. 2.12. I Ped. 5.10.

[13] Phi. 4.1. I Cor. 11.2.

[14] I João 4.10. Apo. 1.5. I Ped. 1.3.

[15] I Cor. 1.8. I The. 3.13.



_Exhortações diversas, e saudações._

3 No demais, irmãos, rogae por nós, [1] para que a palavra do Senhor
tenha _livre_ curso e seja glorificada, como tambem entre vós;

2 E para que sejamos livres de homens [2] dissolutos e maus, porque a fé
não é de todos.

3 Mas fiel [3] é o Senhor, que vos confortará, e guardará do maligno.

4 E confiamos [4] de vós no Senhor que tambem fazeis e fareis o que vos
mandamos.

5 Ora o Senhor encaminhe os vossos [5] corações [AJU] na caridade de
Deus, e na paciencia de Christo.

6 Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Christo,
que [6] vos aparteis de todo o irmão que andar desordenadamente, e não
segundo a tradição que de nós recebeu.

7 Porque vós mesmos sabeis como convém [7] imitar-nos, pois que não nos
houvemos desordenadamente entre vós:

8 Nem de graça comemos o pão de nenhum, [8] mas com trabalho e fadiga,
trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós.

9 Não porque não tivessemos auctoridade, [9] mas para vos dar em nós
mesmo exemplo, para nos imitardes.

10 Porque, quando ainda estavamos comvosco, vos mandámos isto, que, se
alguem não quizer trabalhar, não coma [10] tambem.

11 Porque ouvimos que [11] alguns entre vós andam desordenadamente, não
trabalhando, antes fazendo coisas vãs.

12 Aos taes, porém, mandamos, [12] e admoestamos por nosso Senhor Jesus
Christo, que, trabalhando com socego, comam o seu proprio pão.

13 E vós, irmãos, [13] não vos canceis de fazer bem.

14 Porém, se alguem não obedecer á nossa palavra _escripta_ n’esta carta,
notae o tal, [14] e não vos mistureis com elle, para que se envergonhe.

15 Todavia não [15] _o_ tenhaes como inimigo, mas admoestae-o como irmão.

16 Ora o mesmo [16] Senhor da paz vos dê sempre paz em toda a maneira. O
Senhor _seja_ com todos vós.

17 Saudação [17] da minha propria mão, de mim, Paulo, que é o signal em
todas as epistolas: assim escrevo.

18 A graça [18] de nosso Senhor Jesus Christo _seja_ com todos vós. Amen.

[1] Eph. 6.19. Col. 4.3. I The. 5.25.

[2] Rom. 15.31. Act. 28.24.

[3] I The. 5.24. João 17.15. II Ped. 2.9.

[4] II Cor. 7.16. Gal. 5.10.

[5] I Chr. 29.18.

[6] Rom. 16.17. I Tim. 6.5. II João 10.

[7] I Cor. 4.16 e 11.1. I The. 1.6, 7.

[8] Act. 18.3. II Cor. 11.9. I The. 2.9.

[9] I Cor. 9.6. I The. 2.6.

[10] Gen. 3.19. I The. 4.11.

[11] I The. 4.11. I Tim. 5.13. I Ped. 4.15.

[12] I The. 4.11. Eph. 4.28.

[13] Gal. 6.9.

[14] Mat. 18.17. I Cor. 5.9, 11.

[15] Lev. 19.17. I The. 5.14. Tito 3.10.

[16] Rom. 15.33. I Cor. 14.33. II Cor. 13.11.

[17] I Cor. 16.21. Col. 4.18.

[18] Rom. 16.24.



PRIMEIRA EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO A TIMOTHEO.



_Prefacio e saudação._

[Anno Domini 65]

1 Paulo, apostolo de Jesus Christo [1] segundo o mandado de Deus, nosso
Salvador, e do Senhor Jesus Christo, esperança nossa,

2 A Timotheo [2] _meu_ verdadeiro filho na fé: graça, misericordia e paz
da parte de Deus nosso Pae e da de Christo Jesus nosso Senhor.


_As falsas doutrinas e o evangelho da graça. O bom combate._

3 Como te roguei, quando parti para a Macedonia, [3] que ficasses em
Epheso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina,

4 Nem se dêem a fabulas [4] nem a genealogias interminaveis, que mais
produzem questões do que [AJV] edificação de Deus, que consiste na fé.

5 Ora o fim do mandamento [5] é [AJW] a caridade de um coração puro, e de
uma boa consciencia, e de uma fé não fingida.

6 Do que, desviando-se alguns, se [6] entregaram a vãs contendas;

7 Querendo ser doutores da lei, [7] e não entendendo nem o que dizem nem
o que affirmam.

8 Porém bem sabemos que a lei _é_ boa, [8] se alguem d’ella usa
legitimamente:

9 Sabendo isto, [9] que a lei não foi posta para o justo, mas para os
injustos e obstinados, para os impios e peccadores, para os profanos e
irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas,

10 Para os fornicadores, para os sodomitas, para os roubadores de homens,
para os mentirosos, para os perjuros, [10] e para alguma outra _coisa_
contraria á sã doutrina,

11 Conforme o evangelho da gloria de Deus [11] bemaventurado, que me foi
confiado.

12 E dou graças ao que me tem confortado, a Christo Jesus Senhor nosso,
[12] porque me teve por fiel, pondo-_me_ no ministerio;

13 _A mim_, que d’antes fui blasphemo, [13] e perseguidor, e oppressor;
porém foi-me feita misericordia, porquanto o fiz ignorantemente, na
incredulidade.

14 Mas a graça [14] de nosso Senhor superabundou com a fé e amor que ha
em Jesus Christo.

15 Esta _é uma_ palavra fiel, [15] e digna de toda a acceitação, que
Christo Jesus veiu ao mundo, para salvar os peccadores, dos quaes eu sou
o principal.

16 Mas por isso me foi [16] feita misericordia, para que em mim, que
sou o principal, Jesus Christo mostrasse toda a sua longanimidade, para
exemplo dos que haviam de crêr n’elle para a vida eterna.

17 Ora ao Rei dos seculos, [17] immortal, invisivel, ao unico Deus _seja_
honra e gloria para todo o sempre. Amen.

18 Este mandamento te dou, [18] _meu_ filho Timotheo, que, segundo as
prophecias que d’antes houve ácerca de ti, milites por ellas boa milicia;

19 Retendo a fé, [19] e a boa consciencia, rejeitando a qual alguns
fizeram naufragio na fé.

20 D’entre os quaes foram Hymeneo [20] e Alexandre, os quaes entreguei a
Satanaz, para que aprendam a não blasphemar.

[1] Act. 9.15. Gal. 1.1, 11. Col. 1.27.

[2] Act. 16.1. I Cor. 4.17. Phi. 2.19. I The. 3.2.

[3] Act. 20.1, 3. Phi. 2.24. Gal. 1.6, 7.

[4] cap. 4.7 e 6.4, 40. II Tim. 2.14, 16, 23.

[5] Rom. 13.8. II Tim. 2.22.

[6] cap. 6.4, 20.

[7] cap. 6.4.

[8] Rom. 7.12.

[9] Gal. 3.19 e 5.23.

[10] cap. 6.3. II Tim. 4.3. Tito 1.9 e 2.1.

[11] I Cor. 9.17. Gal. 2.7. Col. 1.25.

[12] II Cor. 12.9 e 3.5, 6. I Cor. 7.25. Col. 1.25.

[13] I Cor. 15.9. Phi. 3.6. Luc. 23.34.

[14] Rom. 5.20. I Cor. 15.19. II Tim. 1.13.

[15] II Tim. 2.11. Tito 3.8. Mat. 9.13.

[16] II Cor. 4.1. Act. 13.39.

[17] Dan. 7.14. Rom. 1.23. João 1.18.

[18] II Tim. 2.2, 3. cap. 4.14.

[19] cap. 3.9 e 6.9.

[20] II Tim. 4.14. I Cor. 5.5. Act. 13.45.



_Devemos fazer orações por todos os homens._

2 Admoesto-te pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações,
intercessões, e acções de graças por todos os homens;

2 Pelos reis, [1] e _por_ todos os que estão em eminencia, para que
tenhamos _uma_ vida quieta e socegada, em toda a piedade e honestidade.

3 Porque isto _é_ bom, [2] é agradavel diante de Deus nosso Salvador;

4 O qual quer que todos [3] os homens se salvem, e venham ao conhecimento
da verdade.

5 Porque _ha_ um _só_ [4] Deus, e um _só_ Mediador entre Deus e os
homens, Jesus Christo homem.

6 O qual se deu a si mesmo [5] _em_ preço de redempção por todos, _para
servir de_ testemunho a seu tempo.

7 Para o que (digo a verdade em Christo, não minto) estou constituido
prégador, [6] e apostolo, e [AJX] doutor dos gentios na fé e _na_ verdade.

8 Quero pois que os varões [7] orem em todo o logar, levantando mãos
sanctas, sem ira nem contenda.


_Os deveres das mulheres christãs._

9 Que do mesmo modo as [8] mulheres tambem se ataviem com traje honesto,
com pudor e modestia, não com os _cabellos_ encrespados, ou com oiro, ou
perolas, ou vestidos preciosos,

10 Mas (como é decente para mulheres que fazem profissão de [9] servir a
Deus) com boas obras.

11 A mulher aprenda em silencio, com toda a sujeição.

12 Não permitto, porém, que a mulher ensine, [10] nem use de auctoridade
sobre o marido, mas que esteja em silencio.

13 Porque primeiro foi [11] formado Adão, depois Eva.

14 E Adão [12] não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em
transgressão.

15 Salvar-se-ha, porém, dando á luz filhos, se permanecer com modestia na
fé, [AJY] na caridade e na sanctificação.

[1] Esd. 6.10. Jer. 29.7. Rom. 13.1.

[2] Rom. 12.2. cap. 1.1. II Tim. 1.9.

[3] Eze. 18.23. João 3.16. Tito 2.11.

[4] Rom. 3.29, 30. Gal. 3.20. Heb. 8.6.

[5] Mat. 20.28. Mar. 10.45. Eph. 1.8.

[6] Eph. 3.7, 8. II Tim. 1.1. Rom. 9.1.

[7] Mal. 1.11. João 4.21. Isa. 1.15.

[8] I Ped. 3.3.

[9] I Ped. 3.4.

[10] I Cor. 14.34. Eph. 5.24.

[11] Gen. 1.27. I Cor. 11.8, 9.

[12] Gen. 3.6. II Cor. 11.3.



_Os deveres dos bispos e dos diaconos._

3 Esta _é uma_ palavra fiel: [1] Se alguem deseja o episcopado,
excellente obra deseja.

2 Convem pois que o bispo [2] seja irreprehensivel, marido de uma mulher,
vigilante, sobrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;

3 Não dado ao vinho, [3] não espancador, não cubiçoso de torpe ganancia,
mas moderado, não contencioso, não avarento;

4 Que governe bem a sua propria casa, [4] tendo _seus_ filhos em
sujeição, com toda a modestia;

5 (Porque, se alguem não sabe governar a sua propria casa, como terá
cuidado da egreja de Deus?)

6 Não neophyto, para que, ensoberbecendo-se, [5] não caia na condemnação
do diabo.

7 Convem tambem que tenha bom testemunho dos que estão de fóra, [6] para
que não caia em affronta, e no laço do diabo.

8 Da mesma sorte os diaconos _sejam_ [7] honestos, não de lingua dobre
não dados a muito vinho, não cubiçosos de torpe ganancia;

9 Tendo o mysterio [8] da fé em uma pura consciencia.

10 E tambem estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem
irreprehensiveis.

11 Da mesma sorte as _suas_ mulheres _sejam_ honestas, [9] não
maldizentes, sobrias _e_ fieis em todas _as coisas_.

12 Os diaconos sejam maridos de uma mulher, e governem bem a _seus_
filhos e a suas proprias casas.

13 Porque os que servirem [10] bem, adquirirão para si um bom grau, e
muita confiança na fé que ha em Christo Jesus.

14 Escrevo-te estas _coisas_, esperando ir vêr-te bem depressa;

15 Mas, se tardar, para que saibas como convem andar [11] na casa de
Deus, que é a egreja de Deus vivo, a columna e firmeza da verdade.

16 E sem duvida alguma grande é o mysterio da piedade: [12] Deus foi
manifestado em carne, foi justificado em espirito, visto dos anjos,
prégado aos gentios, crido no mundo, _e recebido_ acima na gloria.

[1] Act. 20.28. Eph. 4.12.

[2] Tito 1.6, etc. II Tim. 2.24.

[3] Tito 1.7. II Tim. 2.24. I Ped. 5.2.

[4] Tito 1.6.

[5] Isa. 14.12.

[6] Act. 22.12. I Cor. 5.12. I The. 4.11.

[7] Act. 6.3. Lev. 10.9. Eze. 44.21.

[8] cap. 1.19.

[9] Tito 2.3.

[10] Mat. 25.21.

[11] Eph. 2.21, 22. II Tim. 2.20.

[12] João 1.14, 32, 33. I João 1.2 e 5.6, etc. Mat. 3.16. Rom. 1.4. I
Ped. 3.18, 22.



_A apostasia nos ultimos tempos._

4 Porém o Espirito [1] expressamente diz que nos ultimos tempos
apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espiritos enganadores, e a
doutrinas de demonios;

2 Que em hypocrisia [2] fallarão mentiras, tendo cauterisada a sua
propria consciencia;

3 Prohibindo o casarem-se, [3] _e_ mandando que se abstenham dos manjares
que Deus creou para os fieis, e para os que conheceram a verdade, para
d’elles usarem com acções de graças;

4 Porque toda a creatura [4] de Deus _é_ boa, e não ha nada que rejeitar,
tomando-se com acções de graças.

5 Porque pela palavra de Deus e _pela_ oração é sanctificada.


_Fidelidade e diligencia no ministerio._

6 Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Christo,
criado com as palavras da fé [5] e da boa doutrina que seguiste.

7 Mas rejeita [6] as fabulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti
mesmo em piedade.

8 Porque o exercicio [7] corporal para pouco aproveita, mas a piedade
para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que ha de
vir.

9 Esta palavra [8] _é_ fiel e digna de toda a acceitação.

10 Porque tambem para isto trabalhamos [9] e somos injuriados,
porquanto esperamos no Deus vivo, que é o salvador de todos os homens,
principalmente dos fieis.

11 Manda estas _coisas_ [10] e ensina-as.

12 Ninguem despreze a tua mocidade: [11] mas sê o exemplo dos fieis, na
palavra, no trato, na caridade, no espirito, na fé, na pureza.

13 Persiste no lêr, exhortar e ensinar, até que eu vá.

14 Não desprezes o dom que ha em ti, [12] o qual te foi dado por
prophecia, com a imposição das mãos do presbyterio.

15 Medita estas _coisas_; occupa-te n’ellas para que o teu aproveitamento
seja manifesto a todos.

16 Tem cuidado de ti [13] mesmo e da doutrina: persevera n’estas coisas;
porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.

[1] João 16.13. II The. 2.3 e 3.1, etc.

[2] Mat. 7.15. Rom. 18.18. II Ped. 2.3.

[3] I Cor. 7.28, 36, 38. Col. 2.20, 21. Heb. 13.4.

[4] Rom. 14.14, 20. I Cor. 10.25. Tito 1.15.

[5] II Tim. 3.14, 15.

[6] II Tim. 2.16, 23. Tito 1.14. Heb. 5.14.

[7] I Cor. 8.8. Col. 2.23. Mat. 6.33.

[8] cap. 1.15.

[9] I Cor. 4.11, 12. Psa. 36.7.

[10] cap. 6.2.

[11] I Cor. 16.11. Tito 2.7, 15. I Ped. 5.3.

[12] II Tim. 1.6. cap. 1.18. Act. 6.6.

[13] Act. 20.28. Eze. 33.9. Rom. 11.14.



_Acerca dos velhos e viuvas._

5 Não reprehendas asperamente os velhos, [1] mas admoesta-os como a paes:
aos mancebos como a irmãos.

2 Ás velhas, como a mães, ás moças, como a irmãs, em toda a pureza.

3 Honra as viuvas [2] que verdadeiramente são viuvas.

4 Mas, se alguma viuva tiver filhos, ou netos, aprendam primeiro a
exercer piedade para com a sua propria familia, [3] e a recompensar a
seus paes; porque isto é bom e agradavel diante de Deus.

5 Ora a que é [4] verdadeiramente viuva e desamparada espera em Deus, e
persevera de noite e de dia em rogos e orações;

6 Mas a que [AJZ] vive [5] em deleites, vivendo está morta.

7 Manda, pois, estas [6] coisas, para que sejam irreprehensiveis.

8 Porém, se alguem não tem cuidado dos seus, [7] e principalmente dos da
sua familia, negou a fé, e é peior do que o infiel.

9 Nunca se eleja viuva de menos de sessenta annos, e só a que tenha sido
mulher de um [8] marido;

10 Tendo testemunho de boas obras: se criou os filhos, [9] se exercitou
hospitalidade, se lavou os pés aos sanctos, se soccorreu os afflictos, se
seguiu toda a boa obra.

11 Mas não admittas as viuvas moças, porque, havendo sido lascivas contra
Christo, querem casar-se;

12 Tendo já a _sua_ condemnação por haverem aniquilado a primeira fé.

13 E, além d’isto, tambem aprendem a andar ociosas [10] de casa em casa;
e não só ociosas, mas tambem paroleiras e curiosas, fallando o que não
convem.

14 Quero pois que as que são moças se casem, [11] gerem filhos, governem
a casa, _e_ não dêem occasião alguma ao adversario de maldizer.

15 Porque já algumas se desviaram, indo após Satanaz.

16 Se algum crente ou alguma crente tem viuvas, soccorra-as, e não se
sobrecarregue a egreja, para que possa sustentar as que deveras são [12]
viuvas.


_Ácerca dos anciãos—Varios conselhos._

17 Os anciãos que governam bem [13] sejam estimados por dignos de
duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina.

18 Porque diz a [14] Escriptura: Não ligarás a bocca ao boi que debulha.
E: Digno é o obreiro do seu salario.

19 Não acceites accusação contra o ancião, [15] senão com duas ou tres
testemunhas.

20 Aos que peccarem, [16] reprehende-os na presença de todos, para que
tambem os outros tenham temor.

21 Conjuro-_te_ diante de [17] Deus, e do Senhor Jesus Christo, e dos
anjos eleitos, que sem prejuizo _algum_ guardes estas _coisas_, nada
fazendo por parcialidade.

22 A ninguem imponhas [18] apressadamente as mãos, nem participes dos
peccados alheios: conserva-te a ti mesmo puro.

23 Não bebas mais agua _sómente_, mas usa _tambem_ de um pouco de vinho;
por causa do teu estomago [19] e das tuas frequentes enfermidades.

24 Os peccados de alguns [20] homens são manifestos antes, e se adiantam
para a sua condemnação; e em alguns manifestam-se ainda depois.

25 Assim mesmo tambem as suas boas obras são manifestas, e as que são
d’outra maneira não podem occultar-se.

[1] Lev. 19.32.

[2] ver. 5, 16.

[3] Gen. 45.10, 11. Mat. 15.4. Eph. 6.1, 2.

[4] I Cor. 7.32. Luc. 2.37. Act. 26.7.

[5] Thi. 5.5.

[6] cap. 1.3 e 4.11 e 6.17.

[7] Isa. 58.7. Gal. 6.10. II Tim. 3.5.

[8] Luc. 2.36. cap. 3.2.

[9] Act. 16.15. Heb. 13.2. I Ped. 4.9. Luc. 7.38, 44.

[10] II The. 3.11.

[11] I Cor. 7.9. cap. 6.1. Tito 2.8.

[12] ver. 3, 5.

[13] Rom. 12.8. I Cor. 9.10, 14. Gal. 6.6.

[14] Deu. 25.4. I Cor. 9.9. Lev. 19.13.

[15] Deu. 19.15.

[16] Gal. 2.11, 14. Tito 1.13. Deu. 13.11.

[17] II Tim. 2.14 e 4.1.

[18] Act. 6.6 e 13.8. II Tim. 1.6. II João 11.

[19] Psa. 104.15.

[20] Gal. 5.19.



_Os deveres dos servos._

6 Todos os servos [1] que estão debaixo do jugo estimem a seus senhores
por dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a doutrina não
sejam blasphemados.

2 E _os_ que teem senhores fieis não _os_ desprezem, [2] por serem
irmãos; antes _os_ sirvam melhor, porquanto são fieis e amados, como
_tambem_ participantes d’este beneficio. Isto ensina e exhorta.


_Exhortações e conselhos geraes. Conclusão._

3 Se alguem ensina _alguma_ outra doutrina, [3] e se não conforma com
as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Christo, e com a doutrina que é
conforme a piedade,

4 É soberbo, [4] e nada sabe, mas delira ácerca de questões e contendas
de palavras, das quaes nascem invejas, porfias, blasphemias, ruins
suspeitas,

5 Perversas contendas de [5] homens corruptos de entendimento, e privados
da verdade, cuidando que a piedade seja ganho; aparta-te dos taes.

6 Grande ganho é, porém, [6] a piedade com contentamento.

7 Porque nada trouxemos [7] para _este_ mundo, _e_ manifesto _é_ que nada
podemos levar d’elle.

8 Tendo, porém, sustento, [8] e com que nos cobrirmos, estejamos com isso
contentes.

9 Mas os que querem ser [9] ricos caem em tentação e _em_ laço, e _em_
muitas concupiscencias loucas e nocivas, que submergem os homens na
perdição e ruina,

10 Porque o amor do dinheiro é a raiz de todos os males; [10] o que
apetecendo alguns, se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com
muitas dôres.

11 Mas tu, [11] ó homem de Deus, foge d’estas _coisas_, e segue a
justiça, a piedade, a fé, [AKA] a caridade, a paciencia, a mansidão.

12 Milita a boa milicia da fé, [12] lança mão da vida eterna, para a qual
tambem foste chamado, [AKB] tendo já feito boa confissão diante de muitas
testemunhas.

13 Mando-te diante [13] de Deus, que todas as coisas vivifica, e de
Christo Jesus, que diante de Poncio Pilatos testificou boa confissão,

14 Que guardes este mandamento sem macula e reprehensão, [14] até á
apparição de nosso Senhor Jesus Christo;

15 O qual a seu tempo mostrará o bemaventurado, e só poderoso Senhor,
[15] Rei dos reis e Senhor dos senhores;

16 Aquelle que é só o que tem a [16] immortalidade, e habita na luz
inaccessivel; a quem nenhum dos homens viu nem pode vêr: ao qual _seja_
honra e poder sempiterno. Amen.

17 Manda aos ricos d’este mundo que não sejam altivos, nem ponham
a esperança na incerteza [17] das riquezas, mas em Deus vivo, que
abundantemente nos dá todas _as coisas_ para _d’ellas_ gozarmos:

18 Que façam bem, [18] enriqueçam em boas obras, repartam de boamente, e
sejam communicaveis;

19 Que enthesourem [19] para si mesmo um bom fundamento para o futuro,
para que possam alcançar a vida eterna.

20 Ó Timotheo, [20] guarda o deposito que _te_ foi confiado, tendo horror
aos clamores vãos e profanos e ás opposições da falsamente chamada
sciencia;

21 A qual professando alguns, [21] se desviaram da fé. A graça _seja_
comtigo. Amen.

[1] Eph. 6.5. Col. 3.22. Tito 2.9.

[2] Col. 4.1. cap. 4.11.

[3] cap. 1.3, 10. II Tim. 1.13. Tito 1.1, 9.

[4] I Cor. 8.2. II Tim. 2.23. Tito 3.9.

[5] I Cor. 11.16. II Tim. 3.8. Tito 1.11.

[6] Psa. 37.16. Pro. 15.16. Heb. 13.5.

[7] Job 1.21. Psa. 49.17. Pro. 27.24.

[8] Gen. 28.20. Heb. 13.5.

[9] Pro. 15.27. Mat. 13.22. Thi. 5.1.

[10] Exo. 23.8. Deu. 16.19.

[11] II Tim. 2.22. Deu. 33.1 e 3.17.

[12] I Cor. 9.25, 26. II Tim. 4.7. Phi. 3.12, 14.

[13] Deu. 32.39. I Sam. 2.6. João 5.21. Mat. 27.11.

[14] Phi. 1.6, 10. I The. 3.13.

[15] Apo. 17.14.

[16] Exo. 33.20. João 6.46. Eph. 3.21.

[17] Job 31.24. Mar. 10.24. Luc. 12.21. Pro. 23.5.

[18] Luc. 12.21. Tito 3.8. Rom. 12.13.

[19] Mat. 6.20. Luc. 12.33.

[20] II Tim. 1.14 e 2.14. Tito 1.9.

[21] II Tim. 2.18. Ecc. 5.15.



SEGUNDA EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO A TIMOTHEO.



_Prefacio e saudação._

[Anno Domini 66]

1 Paulo, apostolo [1] de Jesus Christo, pela vontade de Deus, segundo a
promessa da vida que está em Christo Jesus,

2 A Timotheo, [2] _meu_ amado filho: graça, misericordia, _e_ paz da
parte de Deus Pae, e da de Christo Jesus Senhor nosso.


_A afflicção de Paulo por Timotheo—Exhortação á firmeza e á constancia no
ministerio._

3 Dou graças a Deus, [3] a quem desde os _meus_ antepassados sirvo com
uma consciencia pura, de que sem cessar faço memoria de ti nas minhas
orações noite e dia;

4 Desejando muito vêr-te, [4] lembrando-me de tuas lagrimas, para me
encher de gozo:

5 Trazendo á memoria a fé não fingida [5] que em ti ha, a qual habitou
primeiro em tua avó Loide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que
tambem _habita_ em ti.

6 Por cujo motivo te lembro que despertes [6] o dom de Deus que existe em
ti pela imposição das minhas mãos.

7 Porque Deus não nos deu o [7] espirito de temor, mas de [AKC]
fortaleza, e de amor, e de moderação.

8 Portanto não te envergonhes [8] do testemunho de nosso Senhor, nem de
mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das afflicções do evangelho
segundo o poder de Deus,

9 O qual nos salvou, [9] e chamou com uma sancta vocação; não segundo as
nossas obras, mas segundo o seu proprio proposito e graça que nos foi
dada em Christo Jesus antes dos tempos dos seculos;

10 Mas agora é [10] manifesta pela apparição de nosso Salvador Jesus
Christo, o qual aboliu a morte, e trouxe á luz a vida e a incorrupção
pelo evangelho;

11 Para o que fui constituido [11] prégador, e apostolo, e [AKD] doutor
dos gentios.

12 Por cuja causa padeço [12] tambem estas _coisas_, porém não me
envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que _é_
poderoso para guardar o meu deposito até áquelle dia.

13 Conserva o [13] exemplar das sãs palavras que de mim tens ouvido, na
fé e [AKE] na caridade que _ha_ em Christo Jesus.

14 Guarda o bom deposito [14] pelo Espirito Sancto que habita em nós.

15 _Bem_ sabes isto, que os que estão na Asia [15] todos se apartaram de
mim; entre os quaes foram Phygelo e Hermogenes.

16 O Senhor faça misericordia [16] á casa de Onesiphoro, porque muitas
vezes me recreou, e não se envergonhou das minhas cadeias.

17 Antes, vindo elle a Roma, com muito cuidado me procurou e me achou.

18 O Senhor lhe conceda que n’aquelle dia ache misericordia [17] diante
do Senhor. E, quanto _me_ ajudou em Epheso, melhor o sabes tu.

[1] II Cor. 1.1. Eph. 3.6. Heb. 9.15.

[2] I Tim. 1.2.

[3] Rom. 1.8, 9. Act. 22.3. Gal. 1.14.

[4] cap. 4.9, 21.

[5] I Tim. 1.5 e 4.6. Act. 16.1.

[6] I The. 5.19. I Tim. 4.14.

[7] Rom. 8.15. Luc. 24.49. Act. 1.8.

[8] Rom. 1.16. I Tim. 2.6. Apo. 1.2.

[9] I Tim. 1.1. Tito 3.4. I The. 4.7.

[10] Rom. 16.26. Eph. 1.9. Col. 1.26.

[11] Act. 9.15. Eph. 3.7, 8. I Tim. 2.7.

[12] Eph. 3.1. I Tim. 6.20.

[13] Tito 1.9. Heb. 10.23. Apo. 2.25.

[14] I Tim. 6.20. Rom. 8.11.

[15] Act. 19.10.

[16] Mat. 5.7. Phi. 7. Act. 25.30. Eph. 6.20.

[17] Mat. 26.34, 40. II The. 1.10.



2 Tu, [1] pois, meu filho, fortifica-te na graça que ha em Christo Jesus.

2 E o que de mim, d’entre muitas testemunhas, [2] ouviste, confia-o a
homens fieis, que sejam idoneos para tambem ensinarem os outros.

3 Tu, [3] pois, soffre as afflicções como bom soldado de Jesus Christo.

4 Ninguem que milita [4] se embaraça com negocios _d’_esta vida, para
agradar áquelle que o alistou para a guerra.

5 E, [5] se alguem tambem milita, não é coroado se não militar
legitimamente.

6 O lavrador [6] que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos fructos.

7 Considera o que digo: o Senhor, porém, te dê entendimento em tudo.

8 Lembra-te de que Jesus Christo, [7] _que_ é da descendencia de David,
resuscitou dos mortos, segundo o meu evangelho;

9 Pelo que soffro trabalhos [8] e até prisões, como _um_ malfeitor; mas a
palavra de Deus não está presa.

10 Portanto tudo soffro [9] por amor dos escolhidos, para que tambem
elles alcancem a salvação que está em Christo Jesus com gloria eterna.

11 Palavra fiel _é esta_: [10] que, se morrermos com _elle_, tambem com
_elle_ viveremos:

12 Se soffrermos, [11] tambem com _elle_ reinaremos: se o negarmos,
tambem elle nos negará:

13 Se formos infiéis, [12] elle permanece fiel: não pode negar-se a si
mesmo.


_Conducta a seguir com aquelles que se affastam da sã doutrina e da
pureza christã._

14 Traze estas _coisas_ [13] á memoria, protestando diante do Senhor que
não tenham contendas de palavras, _que_ para nada aproveitam _senão_ para
perversão dos ouvintes.

15 Procura apresentar-te a Deus approvado, _como_ obreiro que não tem _de
que_ se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.

16 Mas oppõe-te [AKF] aos clamores [14] vãos _e_ profanos, porque
produzirão maior impiedade.

17 E a sua palavra roerá como cancro; [15] entre os quaes são Hymeneo e
Phileto;

18 Os quaes se desviaram da [16] verdade, dizendo que a resurreição era
já feita, e perverteram a fé de alguns.

19 Todavia o fundamento [17] de Deus fica firme, tendo este sello: O
Senhor conhece os que são seus, e qualquer que nomeia o nome de Christo
aparte-se da iniquidade.

20 Ora n’uma grande casa [18] não sómente ha vasos de oiro e de prata,
mas tambem de pau e de barro, e uns para honra, outros, porém, para
deshonra.

21 De sorte que, se alguem se [19] purificar d’estas coisas, será vaso
para honra, sanctificado e idoneo para uso do Senhor, _e_ preparado para
toda a boa obra.

22 Foge tambem dos desejos da mocidade; e segue a justiça, [20] a fé,
[AKG] a caridade, _e_ a paz com os que, com _um_ coração puro, invocam o
Senhor.

23 E rejeita as questões [21] loucas, e sem instrucção, sabendo que
produzem contendas.

24 E ao servo do Senhor não convém [22] contender, mas sim ser manso para
com todos, apto para ensinar _e_ supportar os maus;

25 Instruindo com mansidão os que resistem, [23] se porventura Deus lhes
der arrependimento para conhecerem a verdade,

26 E tornarem a despertar, [24] _e se_ desprenderem dos laços do diabo,
em que á vontade d’elle estão presos.

[1] I Tim. 1.2. Eph. 6.10.

[2] I Tim. 1.18 e 3.2. Tito 1.9.

[3] cap. 1.8 e 4.5.

[4] I Cor. 9.25.

[5] I Cor. 9.25, 26.

[6] I Cor. 9.10.

[7] Act. 2.30. Rom. 1.3, 4. I Cor. 15.1, 4, 20.

[8] Eph. 3.1. Phi. 1.7. Col. 4.3, 18.

[9] Eph. 3.13. Col. 1.24. II Cor. 1.6.

[10] I Tim. 1.15. Rom. 6.5, 8. II Cor. 4.10.

[11] Rom. 8.17. I Ped. 4.13. Mat. 10.33.

[12] Rom. 3.3. Num. 23.19.

[13] I Tim. 1.4 e 5.21. Tito 3.9, 11.

[14] I Tim. 4.7. Tito 1.14.

[15] I Tim. 1.20.

[16] I Tim. 6.21. I Cor. 15.12.

[17] Mat. 24.24. Rom. 8.35. I João 2.19.

[18] I Tim. 3.15. Rom. 9.21.

[19] Isa. 52.11. Tito 3.1.

[20] I Tim. 6.11 e 1.5. I Cor. 1.2.

[21] I Tim. 1.4 e 4.7. Tito 3.9.

[22] Tito 3.2 e 1.9. I Tim. 3.2, 3.

[23] Gal. 6.1. I Tim. 6.11. I Ped. 3.15.

[24] I Tim. 3.7.



_Extrema corrupção nos ultimos tempos._

3 Sabe, porém, isto, que nos ultimos dias sobrevirão [1] tempos
trabalhosos.

2 Porque haverá homens amantes de si mesmos, [2] avarentos, presumpçosos,
soberbos, blasphemos, desobedientes a paes e mães, ingratos, profanos,

3 Sem affecto [3] natural, irreconciliaveis, calumniadores,
incontinentes, crueis, sem amor para com os bons,

4 Traidores, [4] temerarios, orgulhosos, mais amantes dos deleites do que
amantes de Deus,

5 Tendo [5] apparencia de piedade, mas negando a efficacia d’ella.
D’estes affasta-te.

6 Porque d’este numero [6] são os que entram pelas casas, e levam
captivas mulherinhas carregadas de peccados, levadas de varias
concupiscencias;

7 Que sempre aprendem, [7] e nunca podem chegar ao conhecimento da
verdade.

8 E como Jannes [8] e Jambres resistiram a Moysés, assim tambem estes
resistem á verdade, homens corruptos de entendimento e reprobos emquanto
á fé.

9 Porém não irão mais avante; porque a todos será manifesto o seu
desvario, [9] como tambem _o_ foi o d’aquelles.


_Exhortação a perseverar na sã doutrina e a prégar em todas as occasiões._

10 Tu, porém, tens [10] seguido a minha doutrina, modo de viver,
intenção, fé, longanimidade, [AKH] caridade, paciencia,

11 Perseguições, afflicções, taes quaes me aconteceram em Antioquia, [11]
em Iconio, _e_ em Lystra: quantas perseguições soffri, e o Senhor de
todas me livrou;

12 E tambem todos os que piamente querem viver [12] em Christo Jesus
padecerão perseguições.

13 Porém os homens maus [13] e enganadores irão de mal para peior,
enganando e sendo enganados.

14 Tu, porém, fica nas _coisas_ que aprendeste, [14] e _de que_ foste
[AKI] inteirado, sabendo de quem as tens aprendido;

15 E que desde a tua [15] meninice soubeste as sagradas lettras, as quaes
podem fazer-te sabio para a salvação, pela fé que ha em Christo Jesus.

16 Toda a Escriptura [16] divinamente inspirada é proveitosa para
ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;

17 Para que o homem de Deus seja perfeito [17] _e_ perfeitamente
instruido para toda a boa obra.

[1] I Tim. 4.1. I João 2.18. Jud. 18.

[2] Phi. 2.21. II Ped. 2.3. Jud. 16.

[3] Rom. 1.31. II Ped. 3.3.

[4] II Ped. 2.10, 13. Jud. 4 e 19.

[5] I Tim. 5.8. Tito 1.16. II The. 3.6.

[6] Mat. 23.14. Tito 1.11.

[7] I Tim. 2.4.

[8] Exo. 7.11. I Tim. 6.5. II Cor. 13.5.

[9] Exo. 7.12 e 8.18 e 9.11.

[10] Phi. 2.22. I Tim. 4.6.

[11] Act. 13.45, 50. II Cor. 1.10.

[12] Mat. 16.24. João 17.14. Act. 14.21.

[13] II The. 2.10. I Tim. 4.1.

[14] cap. 1.13 e 2.2.

[15] João 5.39.

[16] II Ped. 1.20, 21. Rom. 15.4.

[17] I Tim. 6.11. cap. 2.21.



4 Conjuro-_te_ [1] pois diante de Deus, e do Senhor Jesus Christo, que ha
de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e _no_ seu reino,

2 Que pregues a palavra, instes a tempo e fóra de tempo, redarguas,
reprehendas, exhortes, [2] com toda a longanimidade e doutrina.

3 Porque virá tempo em que não soffrerão a sã [3] doutrina; mas, tendo
comichão nos ouvidos, amontoarão para si [AKJ] doutores conforme as suas
proprias concupiscencias;

4 E desviarão os ouvidos da verdade, [4] e se tornarão ás fabulas.

5 Porém [AKK] tu vigia em todas _as [5] coisas_, soffre as afflicções,
faze a obra d’um evangelista, cumpre o teu ministerio.


_Paulo prevê a sua morte. Diz a Timotheo que venha ter com elle.
Escreve-lhe ácerca de diversas pessoas e manda saudações finaes._

6 Porque [AKL] a mim já agora me offereço [6] por aspersão de sacrificio,
e o tempo da minha partida está proximo.

7 Combati o bom combate, [7] acabei a carreira, guardei a fé.

8 Pelo demais, [8] a corôa da justiça está-me guardada, a qual o Senhor,
justo juiz, me dará n’aquelle dia; e não sómente a mim, mas tambem a
todos os que amarem a sua vinda.

9 Procura vir ter [9] comigo depressa,

10 Porque Démas me desamparou, amando o presente seculo, e foi para
Thessalonica, Crescente para Galacia, Tito para Dalmacia.

11 Só Lucas está comigo. [10] Toma Marcos, e tral-o comtigo, porque me é
muito util para o ministerio.

12 Tambem enviei Tychico [11] a Epheso.

13 Quando vieres traze a capa que deixei em Troade, em casa de Carpo, e
os livros, principalmente os pergaminhos.

14 Alexandre, [12] o latoeiro, occasionou-me muitos males; o Senhor lhe
pague segundo as suas obras.

15 Tu guarda-te tambem d’elle; porque resistiu muito ás nossas palavras.

16 Ninguem me assistiu na minha primeira defeza, antes todos me
desampararam. [13] _Oxalá_ isto lhes não seja imputado.

17 Mas o Senhor assistiu-me e [14] fortaleceu-me, para que por mim fosse
cumprida a prégação, e todos os gentios _a_ ouvissem; e fiquei livre da
bocca do leão.

18 E o Senhor me livrará de [15] toda a má obra, e guardar-me-ha para o
seu reino celestial; a quem _seja_ gloria para todo o sempre. Amen.

19 Sauda a Prisca e Aquila, [16] e á casa de Onesiphoro.

20 Erasto ficou em Corintho, [17] e deixei Trophimo doente em Mileto.

21 Procura [18] vir antes do inverno. Eubulo, e Pudens, e Lino, e
Claudia, e todos os irmãos te saudam.

22 O Senhor Jesus Christo _seja_ com o teu espirito. [19] A graça _seja_
comvosco. Amen.

[1] I Tim. 5.21 e 6.13. Act. 10.42.

[2] I Tim. 5.20 e 4.13. Tito 1.13.

[3] cap. 3.1, 6. I Tim. 1.10.

[4] I Tim. 1.4. Tito 1.14.

[5] cap. 1.8. Act. 21.8. Eph. 4.11.

[6] Phi. 1.23. II Ped. 1.14.

[7] I Cor. 9.24, 25. I Tim. 6.12. Heb. 12.1.

[8] I Cor. 9.25. Thi. 1.12. I Ped. 5.4. Col. 4.14.

[9] Phi. 24. I João 2.15.

[10] cap. 1.15. Col. 4.14. Phi. 24.

[11] Act. 20.4. Eph. 6.21. Col. 4.7. Tito 3.12.

[12] Act. 19.33. I Tim. 1.20. II Sam. 3.39.

[13] cap. 1.15. Act. 7.60.

[14] Mat. 10.19. Act. 23.11 e 9.15.

[15] Rom. 11.30. Gal. 1.5. Heb. 13.21.

[16] Act. 18.2. Rom. 16.3.

[17] Act. 19.22 e 20.4. Rom. 16.23.

[18] ver. 9.

[19] Gal. 6.18. Phi. 25.



EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO A TITO.



_Prefacio e saudação._

[Anno Domini 65]

1 Paulo, servo de Deus, e apostolo de Jesus Christo, segundo a fé dos
eleitos de Deus, [1] e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade,

2 Em esperança da vida eterna, [2] a qual Deus, que não pode mentir,
prometteu antes dos tempos dos seculos;

3 Mas a seu tempo manifestou [3] a sua palavra pela prégação que me é
confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador;

4 A Tito, verdadeiro filho, [4] segundo a fé commum, graça, misericordia,
_e_ paz da parte de Deus Pae, e da do Senhor Jesus Christo, nosso
Salvador.


_Encargo de organisar a egreja de Creta e reprimir falsos doutores._

5 Por esta causa te deixei em Creta, para que pozesses em boa ordem as
coisas que _ainda_ [5] restam, e de cidade em cidade estabelecesses
anciãos, como já te mandei:

6 Aquelle que fôr [6] irreprehensivel, marido de uma mulher, que tenha
filhos fieis, que não possam ser accusados de dissolução ou desobedientes.

7 Porque convém que o bispo seja irreprehensivel, [7] como dispenseiro da
casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem violento, nem espancador,
nem cubiçoso de torpe ganancia;

8 Mas dado á hospitalidade, [8] amante dos bons, moderado, justo, sancto,
continente;

9 Retendo firme a fiel [9] palavra, que é conforme a doutrina, para
que seja poderoso, assim para admoestar com a sã doutrina, como para
convencer aos contradizentes.

10 Porque tambem ha muitos desordenados, falladores de vaidades, e
enganadores, principalmente os da circumcisão,

11 Aos quaes convem tapar a bocca; [10] os que transtornam casas inteiras
ensinando o que não convém, por torpe ganancia.

12 Um d’elles, [11] seu proprio propheta, disse: Os cretenses _são_
sempre mentirosos, bestas ruins, [AKM] ventres preguiçosos.

13 Este testemunho é verdadeiro. [12] Portanto reprehende-os severamente,
para que sejam sãos na fé:

14 Não dando ouvidos ás fabulas [13] judaicas, e aos mandamentos de
homens que se desviam da verdade.

15 Todas _as coisas são_ [14] puras para os puros, mas nada _é_ puro para
os contaminados e infieis: antes o seu entendimento e consciencia estão
contaminados.

16 Confessam que conhecem a Deus, [15] porém o negam com as obras, sendo
abominaveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra.

[1] I Tim. 3.16. II Tim. 2.25.

[2] II Tim. 1.1, 9. Rom. 16.25.

[3] II Tim. 1.10. I The. 2.4. I Tim. 1.11.

[4] II Cor. 2.13. Gal. 2.3. I Tim. 1.2.

[5] I Cor. 11.34. Act. 14.22. II Tim. 2.2.

[6] I Tim. 3.2, 4, 12.

[7] Mat. 24.45. I Cor. 4.1, 2. Lev. 10.9.

[8] I Tim. 3.2.

[9] II The. 2.15. II Tim. 1.13. I Tim. 1.15.

[10] Mat. 23.14. I Tim. 6.5. II Tim. 3.6.

[11] Act. 17.28.

[12] II Cor. 13.10. II Tim. 4.2.

[13] I Tim. 1.4. II Tim. 4.4. Isa. 29.13.

[14] Luc. 11.39, 40, 41. Rom. 14.14, 20, 23.

[15] II Tim. 3.5, 8. Jud. 4. Rom. 1.23.



_Exhortações aos velhos, ás mulheres, aos mancebos e aos servos. Tito
deve ser, elle mesmo, um exemplo em tudo._

2 Tu, porém, falla o que convém [1] á sã doutrina:

2 Aos velhos, que sejam sobrios, graves, prudentes, [2] sãos na fé, na
[AKN] caridade, e na paciencia;

3 Ás velhas, [3] similhantemente, que sejam sérias no seu viver, como
convém a sanctas, não calumniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no
bem;

4 Para que ensinem as moças a serem prudentes, [4] a amarem seus maridos,
a amarem seus filhos,

5 A _serem_ moderadas, castas, boas [AKO] caseiras, [5] sujeitas a seus
maridos; para que a palavra de Deus não seja blasphemada.

6 Exhorta similhantemente os mancebos a que sejam moderados.

7 Em tudo te dá por exemplo de boas obras; [6] na doutrina _mostra_
incorrupção, gravidade, sinceridade,

8 Palavra sã [7] e irreprehensivel, para que o adversario se envergonhe,
não tendo nenhum mal que dizer de nós.

9 _Exhorta_ os servos [8] a que se sujeitem a seus senhores, e em tudo
agradem, não contradizendo,

10 Não defraudando, antes mostrando toda a boa lealdade, para que em tudo
adornem a doutrina [9] de Deus, nosso Salvador.


_A graça da salvação ha de manifestar-se a todos, e Tito deve fallar
d’ella._

11 Porque a graça [10] de Deus se ha manifestado, trazendo salvação a
todos os homens,

12 Ensinando-nos que, renunciando á impiedade [11] e ás concupiscencias
mundanas, vivamos n’_este_ presente seculo sobria, e justa, e piamente,

13 Aguardando a bemaventurada esperança [12] e o apparecimento da gloria
do grande Deus e nosso Senhor Jesus Christo;

14 O qual se deu a si mesmo por nós [13] para nos remir de toda a
iniquidade, e purificar para si mesmo um povo particular, zeloso de boas
obras.

15 Falla d’isto, [14] e exhorta e reprehende com toda a auctoridade.
Ninguem te despreze.

[1] I Tim. 1.10 e 6.3. II Tim. 1.13.

[2] cap. 1.13.

[3] I Tim. 2.9, 10. I Ped. 3.3, 4.

[4] I Tim. 5.14.

[5] I Cor. 14.34. Eph. 5.22. Col. 3.18.

[6] I Tim. 4.12. I Ped. 5.3. Eph. 6.24.

[7] I Tim. 6.3 e 5.14. Neh. 5.9.

[8] Eph. 6.5. Col. 3.22. I Tim. 6.1, 2.

[9] Mat. 5.16. Phi. 2.15.

[10] Rom. 5.15. I Ped. 5.12. Luc. 3.6.

[11] Luc. 1.75. Rom. 6.19. Eph. 1.4.

[12] I Cor. 1.7. Phi. 3.20. II Ped. 3.12.

[13] Gal. 1.4 e 2.20. Eph. 5.2. I Tim. 2.6.

[14] II Tim. 4.2. I Tim. 4.12.



3 Admoesta-os a que se sujeitem aos principados [1] e potestades, que
_lhes_ obedeçam, _e_ estejam preparados para toda a boa obra;

2 Que a ninguem infamem, [2] nem sejam contenciosos, porém modestos,
mostrando toda a mansidão para com todos os homens.

3 Porque [3] tambem nós d’antes eramos insensatos, desobedientes,
extraviados, servindo a varias concupiscencias e deleites, vivendo em
malicia e inveja, odiosos _e_ odiando uns aos outros.

4 Mas quando appareceu [4] a benignidade e [AKP] caridade de Deus, nosso
Salvador, para com os homens,

5 Não pelas obras [5] de justiça que houvessemos feito, mas segundo a sua
misericordia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do
Espirito Sancto;

6 O qual abundantemente [6] derramou sobre nós por Jesus Christo nosso
Salvador;

7 Para que, sendo justificados [7] pela sua graça, sejamos feitos
herdeiros segundo a esperança da vida eterna.

8 Fiel é a palavra, [8] e isto quero que devéras affirmes, para que os
que crêem em Deus procurem applicar-se ás boas obras; estas coisas são
boas e proveitosas aos homens.

9 Mas resiste ás questões [9] loucas, e ás genealogias e contendas, e aos
debates ácerca da lei; porque são inuteis e vãos.

10 Ao homem hereje, [10] depois de uma e outra admoestação, rejeita-o:

11 Sabendo que o tal está pervertido, e pecca, [11] estando já em si
mesmo condemnado.


_Recommendações particulares—saudações._

12 Quando te enviar Arthemas, ou Tychico, [12] procura vir ter comigo a
Nicopolis; porque deliberei invernar ali.

13 Acompanha com muito cuidado Zenas, doutor da lei, e Apollo, [13] para
que nada lhes falte.

14 E os nossos aprendam tambem a applicar-se ás boas obras, para [14] os
usos necessarios, para que não sejam infructuosos.

15 Saudam-te todos os que estão comigo. Sauda tu os que nos amam na fé. A
graça _seja_ com vós todos. Amen.

[1] Rom. 13.1. I Ped. 2.13. Col. 1.10.

[2] Eph. 4.31. II Tim. 2.24, 25.

[3] I Cor. 6.11. Eph. 2.1. Col. 1.21.

[4] cap. 2.11. I Tim. 2.3.

[5] Rom. 3.20. Gal. 2.16. Eph. 2.4, 8, 9.

[6] Eze. 36.25. Joel 2.28. João 1.16.

[7] Gal. 2.16. Rom. 8.23, 24.

[8] I Tim. 1.15. cap. 2.14.

[9] I Tim. 1.4. II Tim. 2.14, 23.

[10] II Cor. 13.2. Mat. 18.17. Rom. 16.17.

[11] Act. 13.46.

[12] Act. 20.4. I Tim. 4.12.

[13] Act. 18.24.

[14] ver. 8. Rom. 15.28. Phi. 1.11. II Ped. 1.8.



EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO A PHILEMON.



_Prefacio. Saudação e acção de graças._

[Anno Domini 64]

1 Paulo, prisioneiro [1] de Jesus Christo, e o irmão Timotheo, ao amado
Philemon, nosso cooperador,

2 E á amada Apphia, e a [2] Archippo, companheiro de nossa milicia, e á
egreja que está em tua casa:

3 Graça [3] a vós e paz da parte de Deus nosso Pae, e da do Senhor Jesus
Christo.

4 Graças dou [4] ao meu Deus, lembrando-me sempre de ti nas minhas
orações;

5 Ouvindo [AKQ] a tua caridade [5] e a fé que tens para com o Senhor
Jesus Christo, e para com todos os sanctos:

6 Para que a communicação da tua fé seja efficaz no conhecimento [6] de
todo o bem que em vós ha por Christo Jesus.

7 Porque tive grande gozo e consolação [AKR] da tua caridade, porque por
ti, ó irmão, as entranhas dos sanctos foram [7] recreadas.


_Paulo intercede pelo escravo convertido, Onesimo, que tinha fugido a seu
senhor._

8 Pelo que, [8] ainda que tenha em Christo grande confiança para te
mandar o que te convém,

9 _Todavia_ peço-_te_ antes por [AKS] caridade, sendo eu tal como sou,
Paulo o velho, e tambem agora prisioneiro [9] de Jesus Christo.

10 Peço-te por meu filho [10] Onesimo, que gerei nas minhas prisões;

11 O qual d’antes te era inutil, mas agora a ti e a mim muito util; eu
t’o tornei a enviar.

12 Tu, porém, torna a recebel-o como ás minhas entranhas.

13 Eu bem o quizera reter comigo, [11] para que por ti me servisse nas
prisões do evangelho;

14 Porém nada quiz fazer sem o [12] teu parecer, para que o teu beneficio
não fosse como por força, mas voluntario.

15 Porque bem pode ser que elle se tenha por isso apartado [13] _de ti_
por algum tempo, para que o retivesses para sempre:

16 Não já como servo, antes, mais do que servo, [14] _como_ irmão amado,
particularmente de mim: e quanto mais de ti, assim na carne como no
Senhor?

17 Assim pois, se me tens [15] por companheiro, recebe-o como a mim mesmo.

18 E, se te fez algum damno, ou te deve _alguma coisa_, põe-o á minha
conta.

19 Eu, Paulo, de minha propria mão o escrevi; eu o pagarei, por te não
dizer que ainda mesmo a ti proprio a mim te deves.

20 Sim, irmão, eu me regozijarei de ti no Senhor: [16] recreia as minhas
entranhas no Senhor.

21 Escrevi-te confiado na tua obediencia, [17] sabendo que ainda farás
mais do que digo.


_Communicações particulares—saudações._

22 E juntamente prepara-me tambem pousada, [18] porque espero que pelas
vossas orações vos hei de ser concedido.

23 Saudam-te Epaphras, [19] meu companheiro de prisão por Christo Jesus,

24 Marcos, [20] Aristarcho, Demas e Lucas, meus cooperadores.

25 A graça [21] de nosso Senhor Jesus Christo _seja_ com o vosso
espirito. Amen.

[1] Eph. 3.1. II Tim. 1.8. Phi. 2.25.

[2] Col. 4.17. Phi. 2.25. Rom. 16.5.

[3] Eph. 1.2.

[4] Eph. 1.16. I The. 1.2. II The. 1.3.

[5] Eph. 1.15. Col. 1.4.

[6] Phi. 1.9, 11.

[7] II Cor. 7.13. II Tim. 1.16.

[8] I The. 2.6.

[9] ver. 1.

[10] Col. 4.9. I Cor. 4.15. Gal. 4.19.

[11] I Cor. 16.17. Phi. 2.30.

[12] II Cor. 9.7.

[13] Gen. 45.5, 8.

[14] Mat. 23.8. I Tim. 6.2. Col. 3.22.

[15] II Cor. 8.23.

[16] ver. 7.

[17] II Cor. 7.16.

[18] Phi. 1.25. II Cor. 1.11.

[19] Col. 1.7 e 4.12.

[20] Act. 19.29. Col. 4.10, 14. II Tim. 4.11.

[21] II Tim. 4.22.



EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO AOS HEBREOS.



_Christo, como o Filho de Deus, é superior aos anjos._

[Anno Domini 64]

1 Havendo Deus antigamente fallado muitas vezes, [1] e em muitas
maneiras, aos paes, pelos prophetas, a nós fallou-nos n’estes ultimos
dias [2] pelo Filho,

2 A quem constituiu herdeiro de todas _as coisas_, por quem fez tambem o
mundo.

3 O qual, sendo o resplendor [3] da _sua_ gloria, e a expressa imagem da
sua pessoa, e sustentando todas _as coisas_, pela palavra do seu poder,
havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos peccados, assentou-se
á dextra da magestade nas alturas;

4 Feito tanto mais excellente do que os anjos, [4] quanto herdou mais
excellente nome do que elles.

5 Porque, a qual dos anjos disse jámais: Tu és meu Filho, [5] hoje te
gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pae, e elle me será por Filho?

6 E outra vez, quando introduziu no mundo o primogenito, diz: [6] E todos
os anjos de Deus o adorem.

7 E, quanto aos anjos, diz: O que a seus anjos faz espiritos, [7] e a
seus ministros labareda de fogo.

8 Mas, _quanto_ ao Filho, _diz_: Ó Deus, [8] o teu throno _subsiste_
pelos seculos dos seculos: sceptro de equidade é o sceptro do teu reino:

9 Amaste a justiça e aborreceste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus,
te ungiu [9] com oleo de alegria mais do que a teus companheiros.

10 E: Tu, Senhor, [10] no principio fundaste a terra, e os céus são obra
de tuas mãos:

11 Elles [11] perecerão, porém tu permanecerás; e todos elles, como
roupa, se envelhecerão,

12 E como uma manta os enrolarás, e mudar-se-hão, porém tu és o mesmo, e
os teus annos não acabarão.

13 E a qual dos anjos disse jámais: [12] Assenta-te á minha dextra até
que ponha a teus inimigos por escabello de teus pés?

14 Não são [13] porventura todos elles espiritos ministradores, [14]
enviados para servir a favor d’aquelles que hão de herdar a salvação?

[1] Num. 12.6, 8.

[2] Deu. 4.30. Gal. 4.4. Eph. 1.10. João 1.17.

[3] João 1.14. II Cor. 4.4. Col. 1.15.

[4] Eph. 1.21. Phi. 2.9, 10.

[5] Psa. 2.7. II Sam. 7.14. I Chr. 22.10.

[6] Rom. 8.29. Col. 1.18. Apo. 1.5.

[7] Psa. 104.4.

[8] Psa. 45.6, 7.

[9] Isa. 61.1. Act. 4.27 e 10.38.

[10] Psa. 102.25, etc.

[11] Isa. 34.4. Mat. 24.35. II Ped. 3.7, 10. Apo. 21.1.

[12] Mat. 22.44. Mar. 12.36. Luc. 20.42.

[13] Gen. 19.16. Dan. 3.28 e 7.10 e 10.11.

[14] Rom. 8.17. Tito 3.7. Thi. 2.5.



_Christo, como o Filho do homem, é superior aos anjos, e é o summo
sacerdote idoneo e compassivo._

2 Portanto convem-nos attentar com mais diligencia para as _coisas_ que
_já_ temos ouvido, para que em tempo algum nos venhamos a esquecer.

2 Porque, se a palavra pronunciada pelos [1] anjos permaneceu firme, e
toda a transgressão e desobediencia recebeu a justa retribuição,

3 Como escaparemos [2] nós, se não attentarmos para _uma_ tão grande
salvação, a qual, começando a ser annunciada pelo Senhor, foi-nos depois
confirmada pelos que a ouviram;

4 Testificando tambem [3] Deus com signaes, e milagres, e varias
maravilhas e [AKT] distribuições do Espirito Sancto segundo a sua vontade?

5 Porque não sujeitou aos anjos o mundo [4] futuro, de que _agora_
fallamos.

6 Porém em certo logar, testificou alguem, dizendo: [5] Que é o homem,
para que d’elle te lembres? ou o filho do homem, para que o visites?

7 Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos; o coroaste de gloria e de
honra, e o constituiste sobre as obras de tuas mãos:

8 Todas _as coisas_ lhe [6] sujeitaste debaixo dos pés. Porque, visto que
lhe sujeitou todas _as coisas_, nada deixou que lhe não fosse sujeito.
Porém agora ainda não vemos que todas _as coisas_ lhe estejam sujeitas;

9 Porém vemos coroado de gloria e de honra aquelle Jesus que fôra feito
um pouco menor [7] do que os anjos, por causa da paixão da morte, para
que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.

10 Porque convinha que aquelle, [8] por cuja causa _são_ todas as
_coisas_, e mediante o qual todas _as coisas existem_, trazendo muitos
filhos á gloria, consagrasse pelas afflicções o principe da salvação
d’elles.

11 Porque, [9] assim o que sanctifica, como os que são sanctificados,
todos _são_ de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos,

12 Dizendo: [10] Annunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar-te-hei
louvores no meio da congregação.

13 E outra vez: Porei n’elle a minha confiança. [11] E outra vez:
Eis-_me_ aqui a mim e aos filhos que Deus me deu.

14 E, porquanto os filhos participam da carne e do sangue, tambem elle
participou do mesmo, [12] para que pela morte aniquilasse o que tinha o
imperio da morte, isto é, o diabo:

15 E livrasse todos os que, com medo da morte, [13] estavam por toda a
vida sujeitos á servidão,

16 Porque, na verdade, não tomou os anjos, mas tomou a descendencia de
Abrahão.

17 Pelo que convinha que em tudo fosse similhante [14] aos irmãos, para
ser misericordioso e fiel summo sacerdote nas _coisas_ que _são_ para com
Deus, para expiar os peccados do povo.

18 Porque n’aquillo que elle mesmo, sendo tentado, padeceu, pode
soccorrer aos que são tentados.

[1] Deu. 33.2. Psa. 68.17. Act. 7.53.

[2] Mat. 4.17. Mar. 1.14. Luc. 1.2.

[3] Mar. 16.20. Act. 14.3. Eph. 1.5, 9.

[4] II Ped. 3.13.

[5] Job 7.17. Psa. 8.5, etc.

[6] Mat. 28.18. I Cor. 15.27. Eph. 1.22.

[7] Phi. 2.7. Act. 2.33. João 3.16.

[8] Luc. 24.46. Rom. 11.36. Act. 3.15.

[9] Mat. 28.10. João 20.17. Rom. 8.29.

[10] Psa. 22.22, 25.

[11] Psa. 18.2. Isa. 8.18. João 10.29.

[12] João 1.14. Rom. 8.3. I Cor. 15.54, 55.

[13] Luc. 1.74. Rom. 8.15. II Tim. 1.7.

[14] Phi. 2.7. cap. 4.15 e 5.1, 2.



_Christo é superior a Moysés; o perigo da incredulidade e da
desobediencia._

3 Pelo que, irmãos sanctos, participantes da vocação celestial, [1]
considerae a Jesus Christo, apostolo e summo sacerdote da nossa confissão,

2 Sendo fiel ao que o constituiu, como tambem Moysés, [2] em toda a sua
casa.

3 Porque elle é tido por digno de tanto maior gloria do que Moysés, [3]
quanto mais honra do que a casa tem aquelle que a edificou.

4 Porque toda a casa é edificada por alguem, [4] porém o que edificou
todas _as coisas é_ Deus.

5 E, na verdade, Moysés [5] _foi_ fiel em toda a sua casa, como servo,
para testemunho das coisas que se haviam de dizer;

6 Mas Christo, como Filho sobre a sua propria casa, [6] a qual casa somos
nós, se tão sómente retivermos firme a confiança e a gloria da esperança
até ao fim.

7 Portanto, [7] como diz o Espirito Sancto, se ouvirdes hoje a sua voz,

8 Não endureçaes os vossos corações, como na [AKU] provocação, no dia da
tentação no deserto,

9 Onde vossos paes me tentaram, me provaram, e viram por quarenta annos
as minhas obras.

10 Por isso me indignei contra esta geração, e disse: Estes sempre erram
em seu coração, e não conheceram os meus caminhos:

11 Assim jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso.

12 Olhae, irmãos, que nunca haja em nenhum de vós um coração mau [AKV] e
infiel, para se apartar do Deus vivo.

13 Antes exhortae-vos uns aos outros cada dia, durante o tempo que se
nomeia Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do peccado;

14 Porque estamos feitos participantes de Christo, se [8] retivermos
firmemente o principio da nossa confiança até ao fim.

15 Entretanto se diz: [9] Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçaes os
vossos corações, como na [AKW] provocação.

16 Porque, [10] havendo-a alguns ouvido, o [AKX] provocaram; porém não
todos os que sairam por Moysés do Egypto.

17 Mas com quem se indignou por quarenta annos? Não _foi_ porventura com
os que peccaram, [11] cujos corpos cairam no deserto?

18 E a quem jurou [12] que não entrariam no seu repouso, senão aos que
foram desobedientes?

19 E vemos que [13] não poderam entrar por causa da _sua_ incredulidade.

[1] Rom. 1.7. I Cor. 1.2. Eph. 4.1.

[2] Num. 12.7. ver. 5.

[3] Zac. 6.12. Mat. 16.18.

[4] Eph. 2.10.

[5] Exo. 14.31. Num. 12.7. Deu. 3.24.

[6] I Cor. 3.16. Eph. 2.21, 22. I Tim. 3.15.

[7] II Sam. 23.2. Act. 1.16.

[8] ver. 6.

[9] ver. 7.

[10] Num. 14.2, 4, 11, 24, 30. Deu. 1.34, 36, 38.

[11] Num. 14.22, 29, etc. e 26.65. Psa. 106.26.

[12] Num. 14.30. Deu. 1.34, 35.

[13] cap. 4.8.



4 Temamos pois [1] que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu
repouso, pareça que algum de vós fique atraz.

2 Porque tambem a nós nos foi [AKY] evangelizado, como a elles, mas
a palavra da prégação de nada lhes aproveitou, porquanto não estava
misturada com a fé n’aquelles que a ouviram.

3 Porque nós, [2] os que temos crido, entramos no repouso, como disse:
Portanto jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso: posto que
_já_ as _suas_ obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo.

4 Porque em certo logar disse assim do _dia_ setimo: [3] E repousou Deus
de todas as suas obras no setimo dia.

5 E outra vez n’este _logar_: Não entrarão no meu repouso.

6 Visto pois, que resta que alguns entrem n’elle, [4] e que aquelles a
quem primeiro foi evangelizado, não entraram por causa da desobediencia,

7 Determina outra vez um certo dia, _que chama_ Hoje, dizendo por David,
muito tempo depois, como está dito: [5] Hoje, se ouvirdes a sua voz, não
endureçaes os vossos corações.

8 Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, depois d’isso não fallaria
de outro dia.

9 Portanto resta ainda um repouso para o povo de Deus.

10 Porque, aquelle que entrou no seu repouso, tambem elle mesmo repousou
de suas obras, como Deus das suas.

11 Procuremos pois entrar n’aquelle repouso, [6] para que ninguem caia no
mesmo exemplo de desobediencia.

12 Porque a palavra de Deus _é_ viva e efficaz, [7] e mais penetrante
do que espada alguma de dois gumes, e penetra até á divisão da alma
e do espirito, e das junturas e medullas, e é apta para discernir os
pensamentos e intenções do coração.

13 E não ha [8] creatura alguma encoberta diante d’elle; antes todas as
coisas _estão_ nuas e patentes aos olhos d’aquelle com quem tratamos.


_Christo é superior aos summos sacerdotes do antigo pacto._

14 Visto que temos um grande summo sacerdote [9] Jesus, Filho de Deus,
que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão.

15 Porque [10] não temos um summo sacerdote que não possa compadecer-se
das nossas fraquezas; mas _um_ que, _como nós_, em tudo foi tentado,
[AKZ] excepto no peccado.

16 Cheguemos pois [11] com confiança ao throno da graça, para que
possamos alcançar misericordia e achar graça, para sermos ajudados em
tempo opportuno.

[1] cap. 12.15.

[2] cap. 3.14. Psa. 95.11. cap. 3.11, 14.

[3] Gen. 2.2. Exo. 20.11 e 31.17.

[4] cap. 3.19.

[5] Psa. 95.8. cap. 3.7.

[6] cap. 3.12, 18, 19.

[7] Isa. 49.2. Jer. 23.29. II Cor. 10.4, 5.

[8] Psa. 33.13, 14 e 90.8 e 139.11, 12.

[9] cap. 3.1 e 7.26.

[10] Isa. 53.3. Luc. 22.28. II Cor. 5.21.

[11] Eph. 2.18 e 3.12.



5 Porque todo o summo sacerdote, tomado d’entre os homens, [1] é
constituido a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que
offereça dons e sacrificios pelos peccados;

2 O qual se possa compadecer ternamente dos ignorantes [2] e errados;
pois tambem elle mesmo está rodeado de fraqueza.

3 E por esta causa [3] deve elle, tanto pelo povo, como tambem por si
mesmo, offerecer pelos peccados.

4 E ninguem toma [4] para si esta honra, senão o que é chamado por Deus,
como Aarão.

5 Assim tambem Christo [5] se não glorificou a si mesmo, para se fazer
summo sacerdote, mas aquelle que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te
gerei.

6 Como tambem diz n’outro _logar_: [6] Tu _és_ Sacerdote eternamente,
segundo a ordem de Melchisedec,

7 O qual, nos dias da sua carne, offerecendo, [7] com grande clamor e
lagrimas, orações e supplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido
quanto ao que temia.

8 Ainda que era Filho, [8] _todavia_ aprendeu a obediencia, pelas
_coisas_ que padeceu.

9 E, sendo elle [ALA] consummado, [9] veiu a ser a causa de eterna
salvação para todos os que lhe obedecem;

10 Chamado por Deus summo sacerdote, [10] segundo a ordem de Melchisedec.

11 Do qual muito [11] temos que dizer, que é difficil de declarar;
porquanto vos fizestes negligentes para ouvir.

12 Porque, devendo já ser [ALB] mestres, visto o tempo, ainda necessitaes
de que se vos torne a ensinar quaes sejam os primeiros rudimentos [12]
das palavras de Deus: e vos haveis feito _taes_ que necessitaes de
leite, e não de solido mantimento.

13 Porque qualquer que _ainda_ se alimenta de leite não está
experimentado na palavra da justiça, [13] porque é menino.

14 Mas o mantimento solido é para os perfeitos, os quaes, _já_ pelo
costume, teem os sentidos exercitados para [14] discernir tanto o bem
como o mal.

[1] cap. 2.17 e 8.3, 4.

[2] cap. 2.18 e 4.15.

[3] Lev. 4.3 e 9.7.

[4] II Chr. 26.18. João 3.27.

[5] João 8.54. Psa. 2.7. cap. 1.5.

[6] Psa. 110.4. cap. 7.17, 21.

[7] Mat. 26.39, 42, 44. Mar. 14.36, 39. João 17.1.

[8] cap. 3.6. Phi. 2.8.

[9] cap. 2.10 e 11.40.

[10] ver. 6. cap. 6.20.

[11] João 16.12. II Ped. 3.16.

[12] cap. 6.1. I Cor. 3.1, 2, 3.

[13] I Cor. 13.11 e 14.20. Eph. 4.14. I Ped. 2.2.

[14] Isa. 7.15. I Cor. 2.14, 15.



6 Pelo que, deixando [1] os rudimentos da doutrina de Christo, prosigamos
até á perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento das
obras mortas e da fé em Deus,

2 Da doutrina dos [2] baptismos, e da imposição das mãos, e da
resurreição dos mortos, e do juizo eterno.

3 E isto faremos, [3] se Deus o permittir.

4 Porque _é_ impossivel [4] que os que _já_ uma vez foram illuminados, e
provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espirito Sancto,

5 E provaram a boa palavra de Deus, [5] e as virtudes do seculo futuro,

6 E vieram a recair, sejam outra vez renovados para arrependimento; [6]
pois assim, quanto a elles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o
expõem ao vituperio.

7 Porque a terra que embebe a chuva que muitas vezes cae sobre ella, e
produz herva proveitosa para aquelles por quem é lavrada, [7] recebe a
benção de Deus:

8 Mas a que produz espinhos [8] e abrolhos, _é_ [ALC] reprovada, e perto
_está_ da maldição; cujo fim _é_ ser queimada.

9 Porém de vós, ó amados, esperamos _coisas_ melhores, [ALD] e coisas que
acompanham a salvação, ainda que assim fallamos.

10 Porque Deus não _é_ injusto [9] para se esquecer da vossa obra, e do
trabalho [ALE] da caridade que para com o seu nome mostrastes, emquanto
ministrastes aos sanctos; e _ainda_ ministraes.

11 Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado [10] até ao
fim, para completa certeza da esperança;

12 Para que vos não façaes negligentes, [11] mas sejaes imitadores dos
que pela fé e paciencia herdam as promessas.

13 Porque, quando Deus fez a promessa a Abrahão, como não tinha outro
maior por quem jurasse, [12] jurou por si mesmo,

14 Dizendo: Certamente, abençoando-te, abençoarei, e, multiplicando-te,
multiplicarei.

15 E assim, esperando com paciencia, alcançou a promessa.

16 Porque os homens certamente juram por alguem superior a elles, [13] e
o juramento para confirmação _é_, para elles, o fim de toda a contenda.

17 Pelo que, querendo Deus mostrar mais abundantemente a immutabilidade
de seu conselho aos [14] herdeiros da promessa, se interpoz com juramento;

18 Para que por duas coisas immutaveis, nas quaes _é_ impossivel que Deus
minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refugio em
reter a [15] esperança proposta;

19 A qual temos como uma ancora da alma segura e firme, e [16] que entra
até dentro do véu,

20 Onde Jesus, _nosso_ precursor, [17] entrou por nós, feito eternamente
summo sacerdote, segundo a ordem de Melchisedec.

[1] Phi. 3.12, 13, 14. cap. 5.12.

[2] Act. 8.14, 15, 16, 17. Rom. 2.16.

[3] Act. 18.21. I Cor. 4.19.

[4] Mat. 12.31, 32. II Ped. 2.20, 21. I João 5.16.

[5] cap. 2.5.

[6] cap. 10.29.

[7] Psa. 65.10.

[8] Isa. 5.6.

[9] Pro. 14.31. Mat. 10.42. João 13.20.

[10] cap. 3.6, 14. Col. 2.2.

[11] cap. 10.36.

[12] Gen. 22.16, 17. Psa. 105.9. Luc. 1.73.

[13] Exo. 22.11.

[14] cap. 11.9. Rom. 11.29.

[15] cap. 12.1.

[16] Lev. 16.15. cap. 9.7.

[17] cap. 3.1 e 4.14.



_O sacerdocio de Melchisedec era figura do sacerdocio eterno de Christo._

7 Porque este Melchisedec era rei de [1] Salem, sacerdote do Deus
Altissimo, o qual saiu ao encontro de Abrahão, quando elle regressava da
matança dos reis, e o abençoou:

2 Ao qual tambem Abrahão deu o dizimo de tudo; e primeiramente
interpreta-se rei de justiça, e depois tambem rei de Salem, que é rei de
paz.

3 Sem pae, sem mãe, sem genealogia, não tendo principio de dias nem fim
de vida, mas sendo feito similhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote
para sempre:

4 Considerae pois quão grande _era_ este, [2] a quem até o patriarcha
Abrahão deu os dizimos dos despojos.

5 E os que d’entre os filhos [3] de Levi recebem o sacerdocio teem
preceito, segundo a lei, de tomar o dizimo do povo, isto é, de seus
irmãos, ainda que tenham saido dos lombos de Abrahão.

6 Mas aquelle cuja genealogia não é contada entre elles tomou dizimos de
Abrahão, [4] e abençoou o que tinha as promessas.

7 Ora, sem contradicção alguma, o menor é abençoado pelo maior.

8 E aqui certamente tomam dizimos homens que morrem: ali, porém, [5]
aquelle de quem se testifica que vive.

9 E, para assim dizer, tambem Levi, que toma os dizimos, foi dizimado em
Abrahão.

10 Porque ainda elle estava nos lombos do pae quando Melchisedec lhe saiu
ao encontro.

11 De sorte que, [6] se a perfeição fosse pelo sacerdocio levitico
(porque debaixo d’elle o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo
de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melchisedec, e
não fosse chamado segundo a ordem de Aarão?

12 Porque, mudando-se o sacerdocio, necessariamente se faz tambem mudança
da lei.

13 Porque aquelle de quem estas _coisas_ se dizem pertence a outra tribu,
da qual ninguem serviu ao altar,

14 Visto ser manifesto que [7] nosso Senhor procedeu de Judah, sobre a
qual tribu nunca Moysés fallou de sacerdocio.

15 E muito mais manifesto é ainda se á similhança de Melchisedec se
levantar outro sacerdote,

16 O qual não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a
virtude da vida incorruptivel.

17 Porque _assim_ testifica d’elle: Tu _és_ sacerdote eternamente, [8]
segundo a ordem de Melchisedec.

18 Porque o precedente mandamento abroga-se por causa da sua fraqueza [9]
e inutilidade

19 (Porque a lei [10] nenhuma coisa aperfeiçoou) e a introducção de _uma_
melhor esperança, pela qual chegamos a Deus.

20 E porquanto não _foi feito_ sem juramento (porque certamente aquelles
sem juramento foram feitos sacerdotes,

21 Mas este com juramento, por aquelle que lhe disse: Jurou o Senhor,
[11] e não se arrependerá: Tu _és_ sacerdote eternamente, segundo a ordem
de Melchisedec),

22 De tanto melhor concerto Jesus [12] foi feito fiador.

23 E, na verdade, aquelles foram feitos sacerdotes em grande numero,
porquanto pela morte foram impedidos de permanecer,

24 Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdocio perpetuo.

25 Portanto, pode tambem salvar perfeitamente aos que por elle se chegam
a Deus, [13] vivendo sempre para interceder por elles.

26 Porque nos convinha tal summo sacerdote, sancto, innocente, [14]
immaculado, separado dos peccadores, e feito mais sublime do que os céus;

27 Que não necessitasse, como os summos sacerdotes, de offerecer cada
dia sacrificios, [15] primeiramente por seus proprios peccados, e depois
pelos do povo; porque isto fez elle, uma vez, offerecendo-se a si mesmo.

28 Porque a lei constitue summos sacerdotes a homens fracos, [16] mas a
palavra do juramento, que _veiu_ depois da lei, _constitue_ ao Filho, que
para sempre foi aperfeiçoado.

[1] Gen. 14.18, etc.

[2] Gen. 14.20.

[3] Num. 18.21, 26.

[4] Gen. 14.19. Rom. 4.13. Gal. 3.16.

[5] cap. 5.6 e 6.20.

[6] Gal. 2.21. ver. 18, 19. cap. 8.7.

[7] Isa. 11.1. Mat. 1.3. Luc. 3.33.

[8] Psa. 110.4. cap. 5.6, 10.

[9] Rom. 8.3. Gal. 4.9.

[10] Act. 13.39. Rom. 3.20, 21, 28.

[11] Psa. 110.4.

[12] cap. 8.6 e 9.15 e 12.24.

[13] Rom. 8.34. I Tim. 2.5. I João 2.1.

[14] Eph. 1.20 e 4.10.

[15] Lev. 9.7 e 16.6, 11, 15. Rom. 6.10.

[16] cap. 2.10 e 5.9.



_O antigo pacto era um symbolo transitorio: Christo é mediador d’um pacto
melhor e eterno._

8 Ora a summa do que temos dito é _que_ temos um summo sacerdote tal, que
está assentado nos céus á dextra do throno [1] da magestade,

2 Ministro do sanctuario, [2] e verdadeiro tabernaculo, o qual o Senhor
fundou, e não o homem.

3 Porque todo o summo sacerdote é constituido para [3] offerecer dons e
sacrificios; pelo que era necessario que este tambem tivesse alguma coisa
que offerecer.

4 Porque, se _ainda_ estivesse na terra, nem tão pouco sacerdote seria,
havendo ainda sacerdotes que offerecessem dons segundo a lei,

5 Os quaes servem de exemplar e sombra das coisas celestiaes, [4] como
Moysés divinamente foi avisado, estando _já_ para acabar o tabernaculo:
porque, Olha, disse, faze tudo conforme o modelo que no monte se te
mostrou.

6 Mas agora alcançou [5] ministerio tanto mais excellente, quanto é
mediador d’um melhor concerto, o qual está confirmado em melhores
promessas.

7 Porque, se aquelle primeiro fôra [6] irreprehensivel, nunca se teria
buscado logar para o segundo.

8 Porque, reprehendendo-_os_, lhe diz: [7] Eis que virão dias, diz o
Senhor, em que com a casa de Israel e com a casa de Judah estabelecerei
um novo concerto,

9 Não segundo o concerto que fiz com seus paes no dia em que os tomei
pela mão, para os tirar da terra do Egypto; porque não permaneceram
n’aquelle meu concerto, e eu para elles não attentei, diz o Senhor.

10 Porque este _é_ o concerto que depois d’aquelles dias farei [8] com a
casa de Israel, diz o Senhor; porei as minhas leis no seu entendimento, e
em seu coração as escreverei: e eu lhes serei por Deus, e elles me serão
por povo:

11 E não ensinará cada um ao seu proximo, [9] nem cada um ao seu irmão,
dizendo: Conhece o Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor
d’elles até ao maior.

12 Porque serei misericordioso para com suas injustiças, e de seus
peccados [10] e de suas prevaricações não me lembrarei mais.

13 Dizendo Novo, [11] envelheceu o primeiro. Ora, o que foi tornado
velho, e se envelhece, perto está de se esvaecer.

[1] Eph. 1.20. Col. 3.1. cap. 1.3.

[2] cap. 9.8, 11, 12, 24.

[3] cap. 5.1. Eph. 5.2. cap. 9.14.

[4] Col. 2.17. Num. 8.4. Act. 7.44.

[5] II Cor. 3.6, 8, 9.

[6] cap. 7.11, 18.

[7] Jer. 31.31-34.

[8] cap. 10.16. Zac. 8.8.

[9] Isa. 54.13. João 6.45. I João 2.27.

[10] Rom. 11.27. cap. 10.17.

[11] II Cor. 5.17.



_Os sacrificios do sanctuario, por causa de suas imperfeições deviam
repetir-se, mas o de Christo é unico, porque é perfeito._

9 Ora tambem o primeiro tinha ordenanças de culto _divino_, [1] e _um_
sanctuario terrestre.

2 Porque o tabernaculo foi preparado, [2] o primeiro, em que _estava_ o
candieiro, e a mesa e os pães da proposição, o que se chama o sanctuario.

3 Mas após o segundo véu [3] _estava_ o tabernaculo, que se chama o
sancto dos sanctos,

4 Que tinha o incensario de oiro, e a arca do concerto, [4] coberta de
oiro toda em redor: em que _estava_ a talha de oiro, que continha o
manná, e a vara de Aarão, que tinha florescido, e as taboas do concerto;

5 E sobre a _arca_ [5] os cherubins da gloria, que faziam sombra no
propiciatorio; das quaes coisas não fallaremos agora particularmente.

6 Ora, estando estas coisas assim preparadas, a todo o tempo entravam
os sacerdotes no primeiro tabernaculo, [6] para cumprir os serviços
_divinos_;

7 Mas no segundo só o summo sacerdote, [7] uma vez no anno, não sem
sangue, o qual offerecia por si mesmo e _pelas_ culpas do povo:

8 Dando n’isto a entender o Espirito Sancto [8] que ainda o caminho do
sanctuario não estava [ALF] descoberto emquanto se conservava em pé o
primeiro tabernaculo:

9 O qual _era_ [ALG] figura para o tempo de então, em que se offereciam
presentes e sacrificios, que, quanto á consciencia, [9] não podiam
aperfeiçoar aquelle que fazia o serviço.

10 _Pois consistiam_ sómente em manjares, [10] e bebidas, e varias
abluções e justificações da carne, impostas até ao tempo da [ALH]
correcção.

11 Mas, vindo Christo, [11] o summo sacerdote dos bens futuros, por um
maior e mais perfeito tabernaculo, não feito por mãos, isto é, não d’esta
feitura,

12 Nem por sangue de bodes [12] e bezerros, mas por seu proprio sangue,
_uma_ vez entrou no sanctuario, havendo effectuado uma eterna redempção.

13 Porque, se o sangue dos toiros e bodes, [13] e a cinza da novilha
espargida sobre os immundos, _os_ sanctifica, quanto á purificação da
carne,

14 Quanto mais o sangue de [14] Christo, que pelo Espirito eterno se
offereceu a si mesmo immaculado a Deus, purificará as vossas consciencias
das obras mortas [15] para servirdes ao Deus vivo?

15 E por isso é Mediador do novo [ALI] Testamento, [16] para que,
intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do
primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna.

16 Porque onde ha testamento necessario é que intervenha a morte do
testador.

17 Porque o testamento [17] confirma-se nos mortos; porquanto não é
valido emquanto vive o testador.

18 Pelo que tambem [18] o primeiro não foi consagrado sem sangue;

19 Porque, havendo Moysés relatado a todo o povo todos os mandamentos
segundo a lei, [19] tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com agua, lã
purpurea e hyssope, e aspergiu tanto o mesmo livro como todo o povo,

20 Dizendo: [20] Este é o sangue do testamento que Deus vos tem mandado.

21 E similhantemente aspergiu com sangue [21] o tabernaculo e todos os
vasos do ministerio.

22 E quasi todas _as coisas_, segundo a lei, se purificam com sangue;
[22] e sem derramamento de sangue não se faz remissão.

23 De sorte que era bem necessario que as figuras [23] das _coisas_ que
_estão_ no céu se purificassem com estas _coisas_; porém as proprias
coisas celestiaes com sacrificios melhores do que estes.

24 Porque [24] Christo não entrou no sanctuario feito por mãos, figura do
verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a
face de Deus.

25 Nem tambem para a si mesmo se offerecer muitas vezes, [25] como o
summo sacerdote cada anno entra no sanctuario com sangue alheio;

26 D’outra maneira, necessario lhe fôra padecer muitas vezes desde a
fundação do mundo: [26] mas agora na consummação dos seculos uma vez se
manifestou, para aniquilar o peccado pelo sacrificio de si mesmo.

27 E, como aos homens está [27] ordenado morrerem uma vez, vindo depois
_d’isso_ o juizo,

28 Assim tambem Christo, [28] offerecendo-se uma vez para tirar os
peccados de muitos, apparecerá a segunda vez, sem peccado, aos que o
esperam para salvação.

[1] Exo. 25.8.

[2] Exo. 26.1, 35 e 25.23, 30, 31. Lev. 24.5, 6.

[3] Exo. 26.31, 33.

[4] Exo. 16.33, 34 e 25.10 e 26.33.

[5] Exo. 25.18, 22. Lev. 16.2.

[6] Num. 28.3. Dan. 8.11.

[7] Exo. 30.10. cap. 5.3 e 7.27.

[8] cap. 10.19, 20. João 14.6.

[9] Gal. 3.21. cap. 7.18, 19.

[10] Lev. 11.2. Col. 2.16. Num. 19.7, etc.

[11] cap. 3.1 e 8.2.

[12] Act. 20.28. Eph. 1.7. Col. 1.14.

[13] Lev. 16.14, 16. Num. 19.2, 17, etc.

[14] I Ped. 1.19. João 1.7. Apo. 1.5.

[15] Luc. 1.74. Rom. 6.13, 22. I Ped. 4.2.

[16] I Tim. 2.5. Rom. 3.25. I Ped. 3.18.

[17] Gal. 3.15.

[18] Exo. 24.6, etc.

[19] Exo. 24.5, 6, 8. Lev. 14.4, 6, 7, 49, 51.

[20] Exo. 24.8. Mat. 26.28.

[21] Exo. 29.12, 36. Lev. 8.15, 19.

[22] Lev. 17.11.

[23] cap. 8.6.

[24] cap. 6.20. Rom. 8.34. I João 2.1.

[25] ver. 7.

[26] I Ped. 3.18. I Cor. 10.11. Gal. 4.4.

[27] Gen. 3.19. Ecc. 3.20. II Cor. 5.10.

[28] Rom. 6.10. I Ped. 2.24. I João 3.5.



10 Porque, [1] tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem
exacta das coisas, nunca, pelos mesmos sacrificios que continuamente se
offerecem cada anno, pode aperfeiçoar os que a elles se chegam.

2 D’outra maneira, não cessariam de se offerecer, porquanto, purificados
uma vez os [ALJ] ministrantes, nunca mais teriam consciencia de peccado.

3 N’elles, [2] porém, cada anno _se faz_ commemoração dos peccados.

4 Porque é impossivel [3] que o sangue dos toiros e dos bodes tire os
peccados.

5 Pelo que, entrando no mundo, diz: [4] Sacrificio e offerta não
quizeste, mas corpo me preparaste;

6 Holocaustos e _oblações_ pelo peccado não te agradaram.

7 Então disse: Eis aqui venho (no principio do livro está escripto de
mim), para fazer, ó Deus, a tua vontade.

8 Dizendo acima: Sacrificio e offerta, e holocaustos e _oblações_ pelo
peccado não quizeste, nem te agradaram (os quaes se offerecem segundo a
lei).

9 Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o
primeiro, para estabelecer o segundo.

10 Na qual vontade [5] somos sanctificados pela oblação do corpo de Jesus
Christo, _feita_ uma vez.

11 E assim todo o sacerdote apparece cada dia, [6] ministrando e
offerecendo muitas vezes os mesmos sacrificios, que nunca podem tirar os
peccados.

12 Mas este, [7] havendo offerecido um sacrificio pelos peccados, está
assentado para sempre á dextra de Deus;

13 D’aqui em diante esperando até que os seus inimigos [8] sejam postos
por escabello de seus pés.

14 Porque com uma oblação [ALK] aperfeiçoou para [9] sempre os que são
sanctificados.

15 E tambem o Espirito Sancto nol-o testifica, porque depois de haver
antes dito:

16 [10] Este _é_ o concerto que farei com elles depois d’aquelles dias,
diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em
seus entendimentos: _então diz_:

17 E jámais me lembrarei de seus peccados e de suas iniquidades.

18 Ora, onde _ha_ remissão d’estes, não _ha_ mais oblação pelo peccado.


_Exhortação a perseverar na fé._

19 Tendo pois, irmãos, ousadia [11] para entrar no sanctuario, pelo
sangue de Jesus,

20 Pelo novo e vivo caminho [12] que elle nos consagrou, pelo véu, isto
é, _pela_ sua carne,

21 E tendo um grande [13] sacerdote sobre a casa de Deus,

22 Cheguemo-nos com [14] verdadeiro coração, em inteira certeza de fé;
tendo os corações purificados da má consciencia, e o corpo lavado com
agua limpa.

23 Retenhamos firmes [15] a confissão da nossa esperança; porque fiel é o
que prometteu.

24 E consideremo-nos uns aos outros, para _nos_ estimularmos [ALL] á
caridade e boas obras:

25 Não deixando a nossa [16] reunião, como é o costume de alguns, antes
admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quando virdes que se vae
chegando aquelle dia.

26 Porque, se peccarmos voluntariamente, [17] depois de termos recebido o
conhecimento da verdade, já não resta mais sacrificio pelos peccados,

27 Mas uma certa expectação horrivel de juizo, e ardor de fogo, [18] que
ha de devorar os adversarios.

28 Quebrantando algum a lei de Moysés, [19] morre sem misericordia, _só_
pela palavra de duas ou tres testemunhas:

29 De quanto maior [20] castigo cuidaes vós será julgado digno aquelle
que pisar o Filho de Deus, e tiver por [ALM] profano o sangue do
testamento, com que foi sanctificado, e fizer aggravo ao Espirito da
graça?

30 Porque bem conhecemos aquelle que disse: [21] Minha _é_ a vingança,
eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu
povo.

31 Horrenda [22] coisa é cair nas mãos do Deus vivo.

32 Lembrae-vos, [23] porém, dos dias passados, em que, depois de serdes
illuminados, supportastes grande combate de afflicções;

33 Em parte fostes feitos [24] espectaculo com vituperios e tribulações,
e em parte fostes participantes com os que assim foram tratados.

34 Porque tambem vos compadecestes das minhas prisões, [25] e com gozo
permittistes o roubo dos vossos bens, sabendo que em vós mesmos tendes
nos céus [ALN] uma possessão melhor e permanente.

35 Não rejeiteis pois a vossa confiança, [26] que tem grande remuneração
de galardão.

36 Porque necessitaes [27] de paciencia, para que, depois de haverdes
feito a vontade de Deus, possaes alcançar a promessa.

37 Porque ainda um poucochinho, [28] e o que ha de vir virá, e não
tardará.

38 Mas o justo [29] viverá da fé; e, se _alguem_ se retirar, a minha alma
não tem prazer n’elle.

39 Nós, porém, não somos d’aquelles que se retiram para [30] a perdição,
mas d’aquelles que crêem para a [ALO] conservação da alma.

[1] Col. 2.17. cap. 8.5.

[2] Lev. 16.21. cap. 9.7.

[3] Miq. 6.6, 7. cap. 9.13.

[4] Psa. 40.6. Jer. 6.20. Amós 5.21, 22.

[5] João 17.19. cap. 9.12 e 13.12.

[6] Num. 28.3. cap. 7.27.

[7] Col. 3.1. cap. 1.3.

[8] Psa. 110.1. Act. 2.35. I Cor. 15.

[9] ver. 1.

[10] Jer. 31.33, 34. cap. 8.10, 12.

[11] Rom. 5.2. Eph. 2.18. cap. 9.8, 12.

[12] João 10.9. cap. 9.3, 8.

[13] I Tim. 3.15.

[14] Eph. 3.12. Thi. 1.6. I João 3.21.

[15] I Cor. 1.9. I The. 5.24. II The. 3.5.

[16] Act. 2.42. Jud. 19. Rom. 13.11.

[17] Num. 15.30. II Ped. 2.20, 21.

[18] Eze. 36.5. Sof. 1.8. II The. 1.8.

[19] Deu. 17.2, 6. Mat. 18.16. João 8.17.

[20] I Cor. 11.29. Mat. 12.31, 32. Eph. 4.30.

[21] Deu. 32.35, 36. Rom. 12.19.

[22] Luc. 12.5.

[23] Gal. 3.4. II João 8. Phi. 1.29, 30.

[24] I Cor. 4.9. Phi. 1.7 e 4.14.

[25] Phi. 1.7. II Tim. 1.16. Mat. 5.12.

[26] Mat. 5.12.

[27] Luc. 21.19. Gal. 6.9. Col. 3.24.

[28] Luc. 18.8. II Ped. 3.9.

[29] Rom. 1.17. Gal. 3.11.

[30] II Ped. 2.20, 21. Act. 16.30, 31.



_A natureza da fé, e exemplos da fé tirados do Velho Testamento._

11 Ora, a fé é o firme fundamento [1] das _coisas_ que se esperam, _e_ a
prova das coisas que se não vêem.

2 Porque por ella os antigos alcançaram [2] testemunho.

3 Pela fé entendemos que [3] os [ALP] seculos pela palavra de Deus foram
creados; de maneira que as _coisas_ que se vêem não foram feitas das que
se viam.

4 Pela fé Abel [4] offereceu a Deus maior sacrificio do que Caim, pela
qual alcançou testemunho de que era justo, porquanto Deus deu testemunho
dos seus dons, e, depois de morto, ainda falla por ella.

5 Pela fé Enoch foi [5] trasladado para não ver a morte, e não foi
achado, porquanto Deus o trasladara; porque antes da sua trasladação
alcançou testemunho de que agradava a Deus.

6 Ora, sem fé _é_ impossivel agradar _a Deus_: porque é necessario
que aquelle que se approxima de Deus creia que elle existe, e que é
galardoador dos que o buscam.

7 Pela fé Noé, [6] divinamente advertido das _coisas_ que ainda se não
viam, temeu, _e_, para salvação da sua familia, [ALQ] fabricou a arca,
pela qual condemnou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é
segundo a fé.

8 Pela fé Abrahão, sendo chamado, [7] obedeceu, para sair ao logar que
havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.

9 Pela fé habitou na terra da promessa, como em _terra_ alheia, [8]
morando em cabanas com Isaac e Jacob, herdeiros com elle da mesma
promessa.

10 Porque esperava a cidade que tem fundamentos, [9] da qual o artifice e
fabricador é Deus.

11 Pela fé tambem a mesma [10] Sarah recebeu a virtude de [ALR] conceber,
e deu á luz já fóra da edade; porquanto teve por fiel aquelle que lh’o
tinha promettido.

12 Pelo que tambem de um, e esse já amortecido, [11] nasceram em tão
grande multidão como as estrellas do céu, e como a areia innumeravel que
está na praia do mar.

13 Todos estes morreram na fé, [12] sem terem recebido as promessas;
porém, vendo-as de longe, e crendo-_as_ e abraçando-_as_, confessaram que
eram estrangeiros e peregrinos na terra.

14 Porque os que isto dizem [13] claramente mostram que buscam _outra_
patria.

15 E se, na verdade, se lembrassem d’aquella d’onde haviam saido, teriam
tempo de tornar _para ella_.

16 Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Pelo que tambem
Deus se não envergonha d’elles, [14] de se chamar seu Deus, porque _já_
lhes apparelhou _uma_ cidade.

17 Pela fé offereceu Abrahão [15] a Isaac, quando foi provado; e aquelle
que recebera as promessas offereceu o seu unigenito,

18 Sendo-lhe dito: [16] Em Isaac será chamada a [ALS] tua descendencia;
considerando que Deus era poderoso para até dos mortos o resuscitar.

19 Por onde tambem em similhança o tornou a [17] recobrar.

20 Pela fé Isaac abençoou [18] Jacob e Esaú, no tocante ás coisas futuras.

21 Pela fé Jacob, proximo da morte, [19] abençoou cada um dos filhos de
José, e adorou _encostado_ [ALT] á ponta do seu bordão.

22 Pela fé José, [20] proximo da morte, fez menção da saida dos filhos de
Israel, e deu ordem ácerca de seus ossos.

23 Pela fé Moysés, [21] já nascido, foi escondido tres mezes por seus
paes, porque viram que era um formoso menino; e não temeram o mandamento
do rei.

24 Pela fé Moysés, [22] sendo já grande, recusou ser chamado filho da
filha de Pharaó,

25 Escolhendo antes ser [23] maltratado com o povo de Deus do que por um
_pouco de_ tempo ter o gozo do peccado;

26 Tendo por maiores riquezas [24] o vituperio de Christo do que os
thesouros do Egypto; porque tinha em vista a recompensa.

27 Pela fé deixou [25] o Egypto, não temendo a ira do rei; porque esteve
firme, como vendo o invisivel.

28 Pela fé celebrou [26] a paschoa e o derramamento de sangue, para que o
destruidor dos primogenitos os não tocasse.

29 Pela fé passaram [27] o Mar Vermelho, como por _terra_ secca; o que
intentando os egypcios, se afogaram.

30 Pela fé cairam os muros [28] de Jericó, sendo sitiados durante sete
dias.

31 Pela fé Rahab, [29] a meretriz, não pereceu com os incredulos,
acolhendo em paz os espias.

32 E que mais direi? [30] Faltar-me-hia o tempo, contando de Gideon, e de
Barac, e de Sansão, e de Jefthe, e de David, e de Samuel e dos prophetas:

33 Os quaes pela fé venceram reinos, exercitaram justiça, alcançaram
promessas, [31] fecharam as boccas dos leões,

34 Apagaram a força do [32] fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza
tiraram forças, na batalha se esforçaram, pozeram em fugida os exercitos
dos estranhos.

35 As mulheres _tornaram_ [33] a receber pela resurreição os seus
mortos, e outros foram estirados, não acceitando o seu livramento, para
alcançarem _uma_ melhor resurreição.

36 E outros experimentaram escarneos e açoites, e até cadeias [34] e
prisões;

37 Foram apedrejados, [35] serrados, tentados, mortos ao fio da espada;
andaram _vestidos_ de pelles de ovelhas _e_ de cabras, desamparados,
afflictos _e_ maltratados

38 (Dos quaes o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes,
[36] e covas e cavernas da terra.

39 E todos estes, [37] tendo testemunho pela fé, não alcançaram a
promessa:

40 Provendo Deus alguma _coisa_ melhor [38] a nosso respeito, para que
sem nós não fossem aperfeiçoados.

[1] Rom. 8.21, 25. II Cor. 4.18.

[2] ver. 39.

[3] Gen. 1.1. João 1.3. II Ped. 3.5.

[4] Gen. 4.4, 10. I João 3.12. Mat. 23.35.

[5] Gen. 3.22, 24.

[6] Gen. 6.13, 22. I Ped. 3.20. Rom. 3.22.

[7] Gen. 12.1, 4. Act. 7.2, 3, 4.

[8] Gen. 12.8 e 13.3, 18. cap. 6.17.

[9] cap. 12.22 e 13.14. Apo. 21.2, 10.

[10] Gen. 17.19 e 18.11, 14. Luc. 1.36.

[11] Rom. 4.19. Gen. 22.17.

[12] João 8.56. Gen. 23.4. I Chr. 29.15. I Ped. 1.17.

[13] cap. 13.14.

[14] Exo. 3.6, 15. Mat. 22.32. Act. 7.32.

[15] Gen. 22.1, 9. Thi. 2.21.

[16] Gen. 21.12. Rom. 9.7.

[17] Rom. 4.17, 19, 21.

[18] Gen. 27.27, 39.

[19] Gen. 48.5, 16, 20 e 47.31.

[20] Gen. 50.24, 25. Exo. 13.19.

[21] Exo. 2.2 e 1.16, 22. Act. 7.20.

[22] Exo. 2.10, 11.

[23] Psa. 84.10.

[24] cap. 10.35 e 13.13.

[25] Exo. 10.28, 29 e 12.37.

[26] Exo. 12.21, etc.

[27] Exo. 14.22, 29.

[28] Jos. 6.20.

[29] Thi. 2.25.

[30] Jui. 4.6 e 6.11.

[31] II Sam. 7.11, etc. Jui. 14.5, 6.

[32] Dan. 3.25. I Sam. 20.1. I Reis 19.3.

[33] I Reis 17.23. II Reis 4.35. Act. 22.25.

[34] Gen. 39.20. Jer. 20.2 e 37.15.

[35] I Reis 21.13. II Chr. 24.21.

[36] I Reis 18.4 e 19.9.

[37] ver. 2, 13.

[38] cap. 12.23. Apo. 6.11.



_Perseverança no meio das provações, segundo o exemplo de Christo._

12 Portanto nós tambem, pois que estamos rodeados de uma tão grande
nuvem de testemunhas, deixemos toda a carga, [1] e o peccado que tão
commodamente nos rodeia, e corramos com paciencia a carreira que nos está
proposta:

2 Olhando para Jesus, [ALU] auctor e consummador da fé, o qual pelo gozo
que lhe estava proposto [2] supportou a cruz, desprezando a affronta, e
assentou-se á dextra do throno de Deus.

3 Considerae pois [3] aquelle que contra si mesmo supportou tal
contradicção dos peccadores, para que não enfraqueçaes, desfallecendo em
vossos animos.

4 Ainda não [4] resististes até ao sangue, combatendo contra o peccado.

5 E já vos esquecestes da exhortação que, como a filhos, discorre
comvosco: Filho meu, [5] não desprezes a correcção do Senhor, e não
desmaies quando por elle fores reprehendido;

6 Porque o Senhor [6] corrige ao que ama, e açoita a qualquer que recebe
por filho.

7 Se supportaes [7] a correcção, Deus vos trata como a filhos; porque,
que filho ha a quem o pae não corrija?

8 Mas, se estaes sem disciplina, [8] da qual todos são feitos
participantes, logo sois bastardos, e não filhos.

9 Tambem, na verdade, tivemos nossos paes, segundo a carne, para nos
corrigir, [9] e os reverenciámos: não nos sujeitaremos muito mais ao Pae
dos espiritos, para vivermos?

10 Porque aquelles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como
bem lhes parecia; porém este, para _nosso_ proveito, [10] para sermos
participantes da sua sanctidade.

11 E, na verdade, toda a correcção, ao presente, não parece ser _causa_
de gozo, senão de tristeza, [11] mas depois produz um fructo pacifico de
justiça aos exercitados por ella.


_Exhortação á sanctidade: varios preceitos._

12 Portanto tornae a levantar as mãos cançadas, [12] e os joelhos [ALV]
desconjuntados,

13 E fazei rectas [13] veredas para os vossos pés, para que o que
manqueja se não desvie inteiramente, antes seja sarado.

14 Segui a paz [14] com todos, e a sanctificação, sem a qual ninguem verá
o Senhor:

15 Attendendo a que ninguem [15] se prive da graça de Deus, a que
nenhuma raiz de amargura, brotando, _vos_ perturbe, e por ella muitos se
contaminem.

16 Que ninguem seja fornicario, [16] ou profano, como Esaú, que por um
manjar vendeu o seu direito de primogenitura.

17 Porque bem sabeis que, [17] querendo ainda depois herdar a benção,
foi rejeitado, porque não achou logar de arrependimento, ainda que com
lagrimas o buscou.

18 Porque não chegastes ao monte [18] que se não podia tocar, e ao fogo
incendido, e á escuridão, e ás trevas, e á tempestade,

19 E ao sonido da trombeta, e á voz das palavras, [19] a qual os que a
ouviram pediram que se lhes não fallasse mais;

20 Porque não podiam supportar o que se _lhes_ mandava: [20] se até _uma_
besta tocar o monte, será apedrejada ou passada com uma frecha.

21 E tão terrivel [21] era [ALW] a visão, _que_ Moysés disse: Estou todo
assombrado, e tremendo.

22 Mas chegastes ao monte [22] de Sião, e á cidade do Deus vivo, á
Jerusalem celestial, e aos muitos milhares de anjos;

23 Á assembléa geral e egreja dos primogenitos, [23] que estão inscriptos
nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espiritos dos justos
aperfeiçoados;

24 E a Jesus, o Mediador [24] do Novo Testamento, e ao sangue da
aspersão, que falla melhores _coisas_ do que _o de_ Abel.

25 Vêde que não rejeiteis ao que falla; [25] porque, se não escaparam
aquelles que rejeitaram ao que [ALX] na terra dava respostas divinas,
muito menos _escaparemos_ nós, se nos desviarmos d’aquelle que [ALY] é
dos céus:

26 A voz do qual moveu [26] então a terra, porém agora [ALZ] annunciou,
dizendo: Ainda uma vez commoverei, não só a terra, senão tambem o céu.

27 E esta palavra: [27] Ainda uma vez, mostra a mudança das coisas
moveis, como coisas feitas, para que as immoveis permaneçam.

28 Pelo que, recebendo o reino immovel, retenhamos a graça, pela qual
sirvamos a Deus agradavelmente com reverencia e piedade;

29 Porque o nosso Deus [28] _é_ um fogo consumidor.

[1] Gal. 3.8. I Ped. 2.1. I Cor. 9.24.

[2] Luc. 24.26. Phi. 2.8, etc. I Ped. 1.11.

[3] Mat. 10.24, 25. João 15.20. Gal. 6.9.

[4] I Cor. 10.13. cap. 10.32, 33, 34.

[5] Job 5.17. Pro. 3.11.

[6] Pro. 3.12. Thi. 1.12. Apo. 3.19.

[7] Deu. 8.5. II Sam. 7.14. Pro. 13.24.

[8] Psa. 73.15. I Ped. 5.9.

[9] Num. 16.22. Ecc. 12.7. Isa. 42.5.

[10] Lev. 11.44. I Ped. 1.15, 16.

[11] Thi. 3.18.

[12] Job 4.3, 4. Isa. 35.3.

[13] Pro. 4.26, 27. Gal. 6.1.

[14] Rom. 12.18. Mat. 5.8. II Cor. 7.1.

[15] II Cor. 6.1. Gal. 5.4. Deu. 29.18.

[16] Eph. 5.3. Col. 3.5. I The. 4.3.

[17] Gen. 27.34, 36, 38.

[18] Exo. 19.12, 18, 19. Rom. 6.14. II Tim. 1.7.

[19] Exo. 20.19. Deu. 5.5, 25 e 18.16.

[20] Exo. 19.13.

[21] Exo. 19.16.

[22] Gal. 4.26. Apo. 3.12. Phi. 3.20. Jud. 14.

[23] Exo. 4.22. Thi. 1.18. Apo. 14.4.

[24] Exo. 24.8. I Ped. 1.2.

[25] cap. 2.2, 3.

[26] Exo. 19.18. Agg. 2.6.

[27] Mat. 24.35. II Ped. 3.10. Apo. 21.1.

[28] Exo. 24.17. Isa. 66.15.



13 Permaneça [AMA] [1] a caridade fraternal.

2 Não vos esqueçaes [2] [AMB] da hospitalidade, porque por ella alguns,
não o sabendo, hospedaram anjos.

3 Lembrae-vos dos presos, [3] como se juntamente estivesseis presos, e
dos maltratados, como o sendo vós mesmos tambem no corpo.

4 Venerado seja entre todos o matrimonio e a cama sem macula; [4] porém
aos fornicadores e adulteros Deus os julgará.

5 [AMC] Sejam os _vossos_ costumes sem avareza, [5] contentando-vos com o
presente; porque elle disse: Não te deixarei, nem te desampararei.

6 De maneira que com confiança ousemos dizer: [6] O Senhor é o meu
ajudador, e não temerei o que o homem me _possa_ fazer.

7 Lembrae-vos dos vossos [7] [AMD] pastores, que vos fallaram a palavra
de Deus, a fé dos quaes imitae, attentando para a maneira da vida d’elles.

8 Jesus Christo _é_ o mesmo [8] hontem, e hoje, e eternamente.

9 Não vos deixeis levar ao redor por doutrinas varias [9] e estranhas,
porque bom é que o coração se fortifique com graça, _e_ não com manjares,
os quaes de nada aproveitaram aos que _a elles_ se entregaram.

10 Temos um altar, [10] do qual não tem poder de comer os que servem ao
tabernaculo.

11 Porque os corpos [11] dos animaes, cujo sangue é, pelo peccado,
trazido pelo summo sacerdote para o sanctuario, [12] são queimados fóra
do arraial.

12 Portanto tambem Jesus, para sanctificar o povo pelo seu proprio
sangue, padeceu fóra da porta.

13 Saiamos pois a elle fóra do arraial, [13] levando o seu vituperio.

14 Porque não temos aqui cidade permanente, [14] mas buscamos a futura.

15 Portanto offereçamos [15] sempre por elle a Deus sacrificio de louvor,
isto é, o fructo dos labios que confessam o seu nome.

16 E não vos esqueçaes [16] da beneficencia e communicação, porque com
taes sacrificios Deus se agrada.

17 Obedecei [17] a vossos pastores, e sujeitae-vos a elles; porque velam
por vossas almas, como aquelles que hão de dar conta _d’ellas_; para que
o façam com alegria e não gemendo; porque isso não vos _seria_ util.

18 Rogae por nós, [18] porque confiamos que temos boa consciencia, como
aquelles que em tudo querem portar-se honestamente.

19 E rogo-_vos_ com instancia que _assim_ o façaes, [19] para que eu mais
depressa vos seja restituido.


_Votos e saudações finaes._

20 Ora o Deus de paz, [20] que pelo sangue do concerto eterno tornou a
trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Christo, grande pastor das ovelhas,

21 Vos aperfeiçoe [21] em toda a boa obra, para fazerdes a sua vontade,
obrando em vós o que perante elle é agradavel por Christo Jesus, ao qual
_seja_ gloria para todo o sempre. Amen.

22 Rogo-vos, porém, irmãos, _que_ supporteis a palavra d’esta exhortação;
[22] porque abreviadamente vos escrevi.

23 Sabei que _já_ está solto [23] o irmão Timotheo, com o qual (se vier
depressa) vos verei.

24 Saudae a todos os vossos [24] chefes e a todos os sanctos. Os de
Italia vos saudam.

25 A graça _seja_ [25] com todos vós. Amen.

[1] Rom. 12.10. I The. 4.9. I Ped. 1.22.

[2] Mat. 25.35. Rom. 12.13. I Tim. 3.2.

[3] Mat. 25.36. Rom. 12.15.

[4] I Cor. 6.9. Gal. 5.19, 21. Apo. 22.15.

[5] Mat. 6.25, 34. Phi. 4.11, 12.

[6] Psa. 27.1 e 56.4, 11 e 119.6.

[7] ver. 17. cap. 6.12.

[8] João 8.58. Apo. 1.4.

[9] Eph. 4.14. Col. 2.4, 8. I João 4.1.

[10] I Cor. 9.13 e 10.18.

[11] Exo. 29.14. Lev. 4.11, 12, 21. Num. 19.3.

[12] João 19.17, 18. Act. 7.58.

[13] I Ped. 4.14.

[14] Miq. 2.10. Phi. 3.20.

[15] Eph. 5.20. I Ped. 2.5. Lev. 7.12.

[16] Rom. 12.13. II Cor. 9.12. Phi. 4.18.

[17] Phi. 2.29. I The. 5.12. I Tim. 5.17.

[18] Rom. 15.30. Eph. 6.19. Col. 4.3.

[19] Phi. 22.

[20] Rom. 15.33. I The. 5.23. Act. 2.24.

[21] II The. 2.16. I Ped. 5.10. Phi. 2.13.

[22] I Ped. 5.12.

[23] I The. 3.2.

[24] ver. 7, 17.

[25] Tito 3.15.



EPISTOLA UNIVERSAL DO APOSTOLO S. THIAGO.



_Prefacio e saudação._

[Anno Domini 60]

1 Thiago, [1] servo de Deus, e do Senhor Jesus Christo, ás doze tribus
que andam dispersas, saude.


_Ácerca de provas e tentações._

2 Meus irmãos, [2] tende grande gozo quando [AME] cairdes em varias
tentações:

3 Sabendo que a prova [3] da vossa fé obra a paciencia:

4 Tenha, porém, a paciencia a obra perfeita, para que sejaes perfeitos e
completos, sem faltar em coisa alguma.

5 E, se algum de vós tem falta de sabedoria, [4] peça-a a Deus, que a
todos dá liberalmente, e _o_ não lança em rosto, e ser-lhe-ha dada.

6 Porém peça-a com fé, [5] não duvidando; porque o que duvida é
similhante á onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para
outra parte.

7 Não pense o tal homem que receberá do Senhor alguma coisa.

8 O homem de coração dobre [6] é inconstante em todos os seus caminhos.

9 Porém o irmão abatido glorie-se na sua exaltação,

10 E o rico em seu abatimento; [7] porque elle passará como a flôr da
herva.

11 Porque sae o sol com ardor, e a herva secca, e a sua flôr cae, e a
formosa apparencia do seu aspecto perece: assim se murchará tambem o rico
em seus caminhos.

12 Bemaventurado o varão [8] que soffre a tentação; porque, quando fôr
provado, receberá a corôa da vida, a qual o Senhor tem promettido aos que
o amam.

13 Ninguem, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não
pode ser tentado pelo mal, e a ninguem tenta.

14 Porém cada um é tentado, quando attrahido e [AMF] engodado pela sua
propria concupiscencia.

15 Depois, havendo a concupiscencia concebido, [9] pare o peccado; e o
peccado, sendo consummado, gera a morte.

16 Não erreis, meus amados irmãos.

17 Toda a boa dadiva [10] e todo o dom perfeito é do alto, e desce do Pae
das luzes, em quem não ha mudança nem sombra de variação,

18 Segundo a sua vontade, [11] elle nos gerou pela palavra da verdade,
para que fossemos _como_ primicias das suas creaturas.


_Sobre a pratica da palavra de Deus._

19 Assim que, meus amados irmãos, [12] todo o homem seja prompto para
ouvir, tardio para fallar, tardio para se irar.

20 Porque a ira do homem não opéra a justiça de Deus.

21 Pelo que, rejeitando toda a immundicia [13] e superfluidade de
malicia, recebei com mansidão a palavra enxertada em _vós_, a qual pode
salvar as vossas almas.

22 E sêde obradores [14] da palavra, e não sómente ouvintes,
enganando-vos com falsos discursos.

23 Porque, [15] se alguem é ouvinte da palavra, e não obrador, é
similhante ao varão que contempla ao espelho o seu rosto natural;

24 Porque se contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de que
tal era.

25 Porém aquelle que attenta [16] bem para a lei perfeita da liberdade, e
n’isso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este
tal será bemaventurado no seu feito.

26 Se alguem entre vós cuida ser religioso, [17] e não refreia a sua
lingua, antes engana o seu coração, a religião do tal _é_ vã.

27 A religião pura e immaculada para com Deus o Pae é esta: [18] Visitar
os orphãos e as viuvas nas suas tribulações, e guardar-se immaculado do
mundo.

[1] Act. 12.17. Gal. 1.19. Jud. 1.

[2] Mat. 5.12. Act. 5.41. Heb. 10.34.

[3] Rom. 5.3.

[4] I Reis 3.9, 11, 12. Pro. 2.3.

[5] Mar. 11.24. I Tim. 2.8.

[6] cap. 4.8.

[7] Job 14.2. Psa. 37.2. Isa. 40.6.

[8] Job 5.17. Pro. 3.11, 12. Heb. 12.5.

[9] Job 15.35. Psa. 7.15. Rom. 6.21, 23.

[10] João 3.27. I Cor. 4.7. Num. 23.19.

[11] João 1.13. I Cor. 4.15. I Ped. 1.23.

[12] Ecc. 5.1, 2. Pro. 10.19.

[13] Col. 3.8. I Ped. 2.1. Act. 13.26.

[14] Mat. 7.21. Luc. 6.46. Rom. 2.13. I João 3.7.

[15] Luc. 6.47. cap. 2.14, etc.

[16] II Cor. 3.18. cap. 2.12. João 13.17.

[17] Psa. 34.14 e 39.1. I Ped. 3.10.

[18] Isa. 1.16, 17 e 58.6, 7. Mat. 25.36.



_Condemna-se o fazer accepção de pessoas._

2 Meus irmãos, não tenhaes a fé de nosso [1] Senhor Jesus Christo,
_Senhor_ da gloria, em accepção de pessoas.

2 Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com annel de oiro
no dedo, com vestidos preciosos, e entrar tambem algum pobre com vestido
sordido,

3 E attentardes para o que traz o vestido precioso, e lhe disserdes:
Assenta-te tu aqui n’um logar de honra; e disserdes ao pobre: Tu, fica
ahi em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado;

4 Porventura não fizestes differença dentro de vós mesmos, e não vos
fizestes juizes de maus pensamentos?

5 Ouvi, meus amados irmãos: [2] Porventura não escolheu Deus aos pobres
d’este mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que promette
aos que o amam?

6 Porém vós deshonrastes [3] o pobre. Porventura não vos opprimem os
ricos, e não vos arrastam aos tribunaes?

7 Porventura não blasphemam elles o bom nome que sobre vós foi invocado?

8 Todavia, se cumprirdes, conforme a Escriptura, a lei real: [4] Amarás a
teu proximo como a ti mesmo, bem fazeis.

9 Porém, se fazeis accepção [5] de pessoas, commetteis peccado, e sois
redarguidos pela lei como transgressores.

10 Porque qualquer que guardar toda a lei, e deslisar em um _só ponto_,
[6] é culpado de todos.

11 Porque aquelle que disse: Não commetterás adulterio, [7] tambem disse:
Não matarás. Se tu pois não commetteres adulterio, porém matares, estás
feito transgressor da lei.

12 Assim fallae, e assim obrae, como devendo ser julgados pela [8] lei da
liberdade.

13 Porque o juizo _virá_ sem misericordia sobre aquelle [9] que não fez
misericordia; e a misericordia gloría-se contra o juizo.


_A fé sem obras para nada aproveita._

14 Meus irmãos, [10] que aproveita se alguem disser que tem fé, e não
tiver as obras? Porventura a fé pode salval-o?

15 E, se o irmão [11] ou a irmã estiverem nús, e tiverem falta de
mantimento quotidiano,

16 E algum de [12] vós lhe disser: Ide em paz, aquentae-vos, e
fartae-vos; e lhe não derdes as coisas necessarias para o corpo, que
proveito virá d’ahi?

17 Assim tambem a fé, se não tiver as obras, está morta em si mesma.

18 Porém dirá alguem: Tu tens a fé, e eu tenho as obras: mostra-me a tua
fé [AMG] pelas tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé [13] pelas minhas
obras.

19 Tu crês que ha um só Deus: fazes bem; [14] tambem os demonios o crêem,
e estremecem.

20 Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras está morta?

21 Porventura o nosso pae Abrahão não foi justificado pelas obras, [15]
quando offereceu sobre o altar o seu filho Isaac?

22 Bem vês que a [16] fé cooperou com as suas obras, e que a fé foi
aperfeiçoada pelas obras.

23 E cumpriu-se a Escriptura, que diz: [17] E creu Abrahão em Deus, e
foi-lhe isso imputado a justiça, e foi chamado o amigo de Deus.

24 Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não sómente pela
fé.

25 E de egual modo Rahab, [18] a meretriz, não foi tambem justificada
pelas obras, quando recolheu os emissarios, e os despediu por outro
caminho?

26 Porque, assim como o corpo sem o espirito está morto, assim tambem a
fé sem as obras está morta.

[1] I Cor. 2.8. Lev. 19.15. Deu. 1.17.

[2] João 7.48. I Cor. 1.26, 28. Luc. 12.21.

[3] I Cor. 11.22. Act. 13.50 e 17.6.

[4] Lev. 19.18. Mat. 22.39. Rom. 13.8, 9.

[5] ver. 1.

[6] Deu. 27.26. Mat. 5.19. Gal. 3.10.

[7] Exo. 20.13, 14.

[8] cap. 1.25.

[9] Job 22.6, etc. Pro. 21.13. Mat. 6.15.

[10] Mat. 7.26. cap. 1.23.

[11] Job 31.19, 20. Luc. 3.11.

[12] I João 3.18.

[13] cap. 3.13.

[14] Mat. 8.29. Mar. 1.24. Luc. 4.34. Act. 16.17.

[15] Gen. 22.9, 12.

[16] Heb. 11.17.

[17] Gen. 15.6. Rom. 4.3. Gal. 3.6.

[18] Jos. 2.1. Heb. 11.31.



_Sobre o tropeço na palavra._

3 Meus irmãos, [1] não sejaes mestres, sabendo que receberemos maior
juizo.

2 Porque todos tropeçamos em muitas coisas. [2] Se alguem não tropeça em
palavra, o tal varão é perfeito, e poderoso para tambem refrear todo o
corpo.

3 Eis aqui que nós pomos freio [3] nas boccas aos cavallos, para que nos
obedeçam; e governamos todo o seu corpo.

4 Vêde tambem as náos que, sendo tão grandes, e levadas de impetuosos
ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer que quizer a
vontade d’aquelle que as governa.

5 Assim tambem a lingua [4] é um pequeno membro, e gloría-se de grandes
coisas. Vêde quão grande bosque um pequeno fogo incendeia.

6 A lingua tambem _é_ fogo, mundo de iniquidade; [5] assim a lingua está
posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflamma [AMH]
a roda do _nosso_ nascimento, e é inflammada do inferno.

7 Porque toda a natureza, tanto de bestas féras como de aves, tanto de
reptis como de animaes do mar, se amansa e foi domada pela natureza
humana;

8 Mas nenhum homem pode domar a lingua. É um mal que não se pode refrear,
[6] está cheia de peçonha mortal.

9 Com ella bemdizemos a Deus e Pae, e com ella maldizemos os homens, [7]
feitos á similhança de Deus.

10 De uma mesma bocca procede benção e maldição. Meus irmãos, não convém
que isto se faça assim.

11 Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial _agua_ doce e
_agua_ amargosa?

12 Meus irmãos, pode tambem a figueira produzir azeitonas, ou a videira
figos? Assim _tambem_ nenhuma fonte _pode_ produzir agua salgada e _agua_
doce.


_A sabedoria que vem do alto._

13 Quem d’entre vós [8] é sabio e entendido? Mostre por _seu_ bom trato
as suas obras em mansidão de sabedoria.

14 Porém, se tendes amarga [9] inveja, e contenda em vosso coração, não
vos glorieis, nem mintaes contra a verdade;

15 Esta _sabedoria_ não é sabedoria [10] que vem do alto, mas é terrena,
animal e diabolica.

16 Porque onde _ha_ inveja [11] e contenda ahi _ha_ perturbação e toda a
obra perversa.

17 Mas a sabedoria que [12] do alto vem é, primeiramente, pura, depois
pacifica, moderada, tratavel, cheia de misericordia e de bons fructos,
sem parcialidade, e sem hypocrisia.

18 Ora o fructo da [13] justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a
paz.

[1] Mat. 23.8, 14. I Ped. 5.3.

[2] I Reis 8.46. II Chr. 6.36. Pro. 20.9.

[3] Psa. 32.9.

[4] Pro. 12.18 e 15.2. Psa. 12.3.

[5] Pro. 16.27. Mat. 15.11, 18, 19, 20.

[6] Psa. 140.3, 4.

[7] Gen. 1.26 e 5.1 e 9.6.

[8] Gal. 6.4. cap. 1.21 e 2.18.

[9] Rom. 2.17, 23 e 13.13.

[10] Phi. 3.19. cap. 1.17.

[11] I Cor. 3.3. Gal. 5.20.

[12] I Cor. 2.6, 7. I João 3.18.

[13] Pro. 11.18. Ose. 10.12. Mat. 5.9.



_Devemos resistir ás paixões._

4 D’onde _veem_ as guerras e pelejas entre vós? Porventura não _veem_
de aqui, _a saber_, dos vossos deleites, [1] que nos vossos membros
guerreiam?

2 Cubiçaes, e nada tendes: sois invejosos, e cubiçosos, e não podeis
alcançar: combateis e guerreaes, e nada tendes, porque não pedis.

3 Pedis, e não recebeis, [2] porque pedis mal, para o gastardes em vossos
deleites.

4 Adulteros e adulteras, [3] não sabeis vós que a amizade do mundo é
inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quizer ser amigo do mundo
constitue-se inimigo de Deus.

5 Ou cuidaes vós que em vão diz a Escriptura: [4] O espirito que em nós
habita tem desejo de inveja?

6 Antes dá maior graça. Portanto diz: [5] Deus resiste aos soberbos,
porém dá graça aos humildes.

7 Sujeitae-vos pois a Deus, [6] resisti ao diabo, e elle fugirá de vós.

8 Chegae-vos a Deus, [7] e elle se chegará a vós. Alimpae as mãos,
peccadores; e, vós de duplo animo, purificae os corações.

9 Senti as vossas [8] miserias, e lamentae, e chorae: converta-se o vosso
riso em pranto, e o _vosso_ gozo em tristeza.

10 Humilhae-vos [9] perante o Senhor, e elle vos exaltará.

11 Irmãos, [10] não falleis mal uns dos outros. Quem falla mal de um
irmão, e julga a seu irmão, falla mal da lei, e julga a lei: e, se tu
julgas a lei, _já_ não és observador da lei, mas juiz.

12 Ha só um legislador, que pode salvar e destruir. [11] Porém tu quem
és, que julgas a outrem?


_A fallibilidade dos projectos humanos._

13 Eia pois agora [12] vós, que dizeis: Hoje, ou ámanhã, iremos a tal
cidade, e lá passaremos um anno, e contrataremos, e ganharemos;

14 Digo-vos que não sabeis o que _acontecerá_ ámanhã. Porque, que é
a vossa vida? É um vapor [13] que apparece por um pouco, e depois se
desvanece.

15 Em logar do que devieis dizer: [14] Se o Senhor quizer, e se vivermos,
faremos isto ou aquillo.

16 Mas agora vos gloriaes em vossas presumpções: [15] toda a gloria tal
como esta é maligna.

17 Aquelle pois que sabe [16] fazer o bem e o não faz commette peccado.

[1] Rom. 7.23. Gal. 5.17. I Ped. 2.11.

[2] Job 27.9. Pro. 1.28. Isa. 1.15.

[3] I João 2.15, 16. João 15.19. Gal. 1.10.

[4] Gen. 6.5. Num. 11.29. Pro. 21.10.

[5] Job 22.29. Psa. 138.6. Pro. 3.34. I Ped. 5.5.

[6] Eph. 4.27 e 6.11. I Ped. 5.9.

[7] II Chr. 15.2. Isa. 1.16. I Ped. 1.22. I João 3.3.

[8] Mat. 5.4.

[9] Job 22.29. Mat. 23.12. Luc. 14.11.

[10] Eph. 4.31. I Ped. 2.1. Rom. 2.1. I Cor. 4.5.

[11] Mat. 10.28. Rom. 14.4, 13.

[12] Pro. 27.1. Luc. 12.18, etc.

[13] Job 7.7. I Ped. 1.24. I João 2.17.

[14] Act. 18.21. I Cor. 4.19. Heb. 6.3.

[15] I Cor. 5.6.

[16] Luc. 12.47. João 9.41. Rom. 1.20, 21, 32.



_Condemnação dos ricos oppressores._

5 Eia pois agora vós, ricos, [1] chorae e pranteae, por vossas miserias,
que sobre vós hão de vir.

2 As vossas riquezas estão apodrecidas, [2] e os vossos vestidos estão
comidos da traça.

3 O vosso oiro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem
dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a vossa carne. [3]
Enthesourastes para os ultimos dias.

4 Eis que o jornal dos trabalhadores [4] que ceifaram as vossas terras, e
o qual por vós foi diminuido, clama; [5] e os clamores dos que ceifaram
entraram nos ouvidos do Senhor dos exercitos.

5 Deliciosamente [6] vivestes sobre a terra, e vos deleitastes: cevastes
os vossos corações, como n’um dia de matança.

6 Condemnastes e matastes [7] o justo; elle não vos resistiu.


_Exhortação á paciencia. Ácerca do juramento, da oração e da conversão de
peccadores._

7 Sêde pois, irmãos, pacientes até á vinda do Senhor. Eis que o lavrador
espera o precioso fructo da terra, aguardando-o com paciencia, [8] até
que receba a chuva temporã e serodia.

8 Sêde vós tambem pacientes, fortalecei os vossos corações; porque _já_ a
vinda do Senhor está proxima.

9 Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, [9] para que não sejaes
condemnados. Eis que o juiz está á porta.

10 Meus irmãos, [10] tomae por exemplo de afflicção e paciencia os
prophetas que fallaram em nome do Senhor.

11 Eis que temos por bemaventurados os que soffrem. [11] Ouvistes qual
foi a paciencia de Job, e vistes o fim que o Senhor _lhe deu_; porque o
Senhor é muito misericordioso e piedoso.

12 Porém, sobretudo, meus irmãos, [12] não jureis, nem pelo céu, nem pela
terra, nem _façaes_ qualquer outro juramento; mas que a vossa palavra
seja sim, sim, e não, não; para que não caiaes em condemnação.

13 Está alguem entre vós afflicto? ore. [13] Está alguem contente?
psalmodie.

14 Está alguem entre vós doente? chame os anciãos da egreja, e orem sobre
elle, [14] ungindo-o com azeite em nome do Senhor;

15 E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se
houver commettido peccados, [15] ser-lhe-hão perdoados.

16 Confessae as _vossas_ culpas uns aos outros, e orae uns pelos outros
para que sareis: [16] a oração efficaz do justo pode muito.

17 Elias era homem sujeito [17] ás mesmas paixões que nós, e, orando,
pediu que não chovesse, e, por tres annos e seis mezes, não choveu sobre
a terra.

18 E orou outra [18] vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu
fructo.

19 Irmãos, [19] se algum de entre vós se tem desviado da verdade, e algum
o converter,

20 Saiba que aquelle que fizer converter do erro do seu caminho um
peccador salvará da morte [20] uma alma, e cobrirá uma multidão de
peccados.

[1] Pro. 11.28. Luc. 6.24. I Tim. 6.9.

[2] Job 13.28. Mat. 6.20. cap. 2.2.

[3] Rom. 2.5.

[4] Lev. 19.13. Job 24.10, 11. Jer. 22.13.

[5] Job 21.13. Amós 6.1, 4. Luc. 16.19, 25.

[6] cap. 2.6.

[7] Deu. 11.14. Jer. 5.24. Ose. 6.3.

[8] Phi. 4.5. Heb. 10.25, 37. I Ped. 4.7.

[9] cap. 4.11. Mat. 24.33. I Cor. 4.5.

[10] Mat. 5.12. Heb. 11.35, etc.

[11] Mat. 5.10, 11 e 10.22. Job 1.21, 22.

[12] Mat. 5.31, etc.

[13] Eph. 5.19. Col. 3.16.

[14] Mar. 6.13 e 16.18.

[15] Isa. 33.24. Mat. 9.2.

[16] Gen. 20.17. Num. 11.2. Deu. 9.18.

[17] Act. 14.14. I Reis 17.1.

[18] I Reis 18.42, 45.

[19] Mat. 18.15.

[20] Rom. 11.14. I Cor. 9.22.



PRIMEIRA EPISTOLA UNIVERSAL DO APOSTOLO S. PEDRO.



_Prefacio e saudação._

[Anno Domini 60]

1 Pedro, apostolo de Jesus Christo, aos estrangeiros dispersos no Ponto,
[1] Galacia, Cappadocia, Asia e Bithynia;

2 Eleitos segundo a presciencia [2] de Deus Pae, em sanctificação do
Espirito, para a obediencia e aspersão do sangue de Jesus Christo: graça
e paz vos seja multiplicada.


_Acção de graças pela esperança da salvação._

3 Bemdito _seja_ [3] o Deus e Pae de nosso Senhor Jesus Christo, que,
segundo a sua grande misericordia, nos gerou de novo para uma viva
esperança, pela resurreição de Jesus Christo d’entre os mortos,

4 Para herança incorruptivel, incontaminavel, [4] e que se não pode
murchar, guardada nos céus para vós,

5 Que pela fé estaes guardados [5] na virtude de Deus para a salvação, já
prestes para se revelar no ultimo tempo.

6 Em que vós vos alegraes, [6] estando agora (se é que assim importa) por
um pouco contristados com varias tentações.

7 Para que a prova da vossa fé, [7] muito mais preciosa do que o oiro que
perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e gloria, na
revelação de Jesus Christo:

8 Ao qual, não havendo visto, o amaes; [8] no qual, não o vendo agora,
porém crendo, vos alegraes com gozo ineffavel e glorioso;

9 Alcançando o fim da vossa fé, [9] a salvação das almas.

10 Da qual salvação [10] inquiriram e examinaram os prophetas que
prophetizaram da graça que vos _foi dada_:

11 Indagando que tempo ou que maneira de tempo, [11] o Espirito de
Christo, que estava n’elles, indicava, anteriormente testificando [AMI]
os soffrimentos _que_ a Christo _haviam de vir_, e a gloria que se lhes
havia de seguir.

12 Aos quaes foi revelado [12] que, não para si mesmos, mas para nós,
ministravam estas _coisas_ que agora vos foram annunciadas por aquelles
que, pelo Espirito Sancto enviado do céu, vos prégaram o evangelho: para
as quaes _coisas_ os anjos desejam bem attentar.


_Exhortação á sanctidade._

13 Portanto, [13] cingindo os lombos do vosso entendimento, _e_ sobrios,
esperae inteiramente na graça que se vos offereceu na revelação de Jesus
Christo;

14 Como filhos obedientes, [14] não vos conformando com as
concupiscencias que d’antes havia em vossa ignorancia;

15 Mas, como [15] é sancto aquelle que vos chamou, sêde vós tambem
sanctos em toda a _vossa_ maneira de viver;

16 Porquanto escripto está: [16] Sêde sanctos, porque eu sou sancto.

17 E, se invocaes por Pae aquelle que, [17] sem accepção de pessoas,
julga segundo a obra de cada um, andae em temor, durante o tempo da vossa
peregrinação:

18 Sabendo que não com _coisas_ corruptiveis, _como_ prata ou oiro,
[18] fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição
recebestes dos paes,

19 Mas com o precioso [19] sangue de Christo, como de um cordeiro
immaculado e incontaminado,

20 O qual, na verdade, [20] já d’antes foi conhecido ainda antes da
fundação do mundo, porém manifestado n’estes ultimos tempos por amor de
vós.

21 Que por elle crêdes em Deus, o qual o resuscitou dos mortos, e lhe
[21] deu gloria, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus;

22 Purificando as vossas almas [22] na obediencia da verdade, pelo
Espirito, para [AMJ] caridade fraternal, não fingida; amae-vos
ardentemente uns aos outros com um coração puro;

23 Sendo de novo gerados, [23] não de semente corruptivel, mas da
incorruptivel, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre.

24 Porque toda a carne [24] _é_ como herva, e toda a gloria do homem como
a flôr da herva. Seccou-se a herva, e caiu a sua flôr:

25 Mas a palavra [25] do Senhor permanece para sempre; e esta é a palavra
que entre vós foi evangelizada.

[1] João 7.35. Act. 2.5, 9, 10. Thi. 1.1.

[2] Eph. 1.4. Rom. 8.29 e 11.2. II The. 2.12.

[3] II Cor. 1.3. Tito 3.5.

[4] cap. 5.4. Col. 1.5. II Tim. 4.8.

[5] João 10.28, 29. Jud. 1.

[6] Mat. 5.12. Rom. 12.12. II Cor. 6.10.

[7] Thi. 1.3, 12. Job 23.10. Pro. 17.3.

[8] I João 4.20. João 20.20. II Cor. 5.7.

[9] Rom. 6.22.

[10] Gen. 49.10. Dan. 2.44. Agg. 2.7.

[11] cap. 3.19. II Ped. 1.21. Isa. 53.3, etc.

[12] Dan. 9.24. Heb. 11.13, 39, 40. Act. 2.4.

[13] Luc. 12.35. Eph. 6.14 e 21.34.

[14] Rom. 12.2. Act. 17.30. I The. 4.5.

[15] Luc. 1.74, 75. II Cor. 7.1. I The. 4.3.

[16] Lev. 11.44 e 19.2 e 20.7.

[17] Deu. 10.17. Act. 10.34. Rom. 2.11.

[18] I Cor. 6.20. Eze. 20.18. cap. 4.3.

[19] Act. 20.28. Eph. 1.7. Heb. 9.12, 14.

[20] Rom. 3.25. Eph. 3.9, 11. Col. 1.26.

[21] Act. 2.24, 33. Mat. 28.18.

[22] Act. 15.9. Rom. 12.9, 10. I The. 4.9.

[23] João 1.13 e 3.5. Thi. 1.18. I João 3.9.

[24] Isa. 40.6. Thi. 1.10.

[25] Isa. 40.8. Luc. 16.17. João 1.1, 14.



2 Deixando pois toda [1] a malicia, e todo o engano, e fingimentos, e
invejas, e todas as murmurações,

2 Desejae [2] affectuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite
racional, não falsificado, para que por elle vades crescendo;

3 Se já provastes [3] que o Senhor _é_ benigno:

4 E, chegando-vos para elle _como para uma_ pedra viva, reprovada, na
verdade, pelos homens, [4] mas para com Deus eleita _e_ preciosa,

5 Vós tambem, [5] como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e
sacerdocio sancto, para offerecer sacrificios espirituaes agradaveis a
Deus por Jesus Christo.

6 Pelo que tambem na Escriptura se contém: [6] Eis que ponho em Sião a
pedra principal da esquina, eleita _e_ preciosa; e quem n’ella crer não
será [AMK] confundido.

7 Assim que para vós, os que credes, é preciosa, mas para os rebeldes [7]
a pedra que os edificadores reprovaram essa foi feita a cabeça da esquina;

8 E uma pedra de tropeço e rocha de escandalo, para aquelles que tropeçam
[8] na palavra, sendo desobedientes; para o que tambem foram destinados.

9 Mas vós sois a geração eleita, o [9] sacerdocio real, a nação sancta, o
povo adquirido, para que annuncieis as virtudes d’aquelle que vos chamou
das trevas para a sua maravilhosa luz:

10 Vós, que d’antes não ereis [10] povo, mas agora _sois_ povo de
Deus; que não tinheis alcançado misericordia, mas agora alcançastes
misericordia.


_A boa conducta no meio dos pagãos; submissão ás auctoridades._

11 Amados, admoesto-vos, [11] como peregrinos e forasteiros, a que vos
abstenhaes das concupiscencias carnaes que combatem contra a alma;

12 Tendo o vosso viver [12] honesto entre os gentios; para que, n’aquillo
em que fallam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia
da visitação, pelas boas obras que em vós virem.

13 Sujeitae-vos pois [13] a toda a ordenação humana por amor do Senhor:
seja ao rei, como ao superior;

14 Seja aos governadores, como aos que por elle são enviados para castigo
dos malfeitores, [14] e para louvor dos que fazem o bem.

15 Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo bem, [15] tapeis a
bocca á ignorancia dos homens loucos:

16 Como libertos, [16] e não como tendo a liberdade por cobertura da
malicia, mas como servos de Deus.

17 Honrae a todos. [17] Amae a fraternidade. Temei a Deus. Honrae o rei.


_Os deveres dos servos christãos._

18 Vós, servos, [18] sujeitae-vos com todo o temor aos senhores, não
sómente aos bons e humanos, mas tambem aos rigorosos.

19 Porque é coisa agradavel, se alguem, por causa da consciencia para com
Deus, [19] soffre aggravos, padecendo injustamente.

20 Porque, que louvor é, [20] se, peccando, sois esbofeteados e soffreis?
Mas se, fazendo bem, sois affligidos, e o soffreis, isso é agradavel a
Deus.

21 Porque para isto sois [21] chamados; pois tambem Christo padeceu por
nós, deixando-nos o exemplo, para que sigaes as suas pisadas.

22 O qual não commetteu [22] peccado, nem na sua bocca se achou engano.

23 O qual, [23] quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não
ameaçava, mas entregava-se áquelle que julga justamente:

24 O qual levou elle mesmo em seu corpo [24] os nossos peccados sobre o
madeiro, para que, mortos para os peccados, vivamos para a justiça; por
cuja ferida sarastes.

25 Porque ereis como [25] ovelhas desgarradas: mas agora estaes
convertidos ao Pastor e [AML] Bispo das vossas almas.

[1] Eph. 4.22. Col. 3.8. Heb. 12.1.

[2] Mat. 18.3. Mar. 10.15. Rom. 6.4.

[3] Psa. 34.8. Heb. 6.5.

[4] Mat. 21.42. Act. 4.11.

[5] Eph. 2.21. Heb. 3.6. Isa. 61.6.

[6] Isa. 28.16. Rom. 9.33.

[7] Mat. 21.42. Act. 4.11.

[8] Isa. 8.14. Luc. 2.34. Rom. 9.33.

[9] Deu. 10.15. Exo. 19.5, 6. Apo. 1.6.

[10] Ose. 1.9, 10. Rom. 9.25.

[11] I Chr. 29.15. Heb. 11.13.

[12] Rom. 12.17. II Cor. 8.21. Phi. 2.15.

[13] Mat. 22.21. Rom. 13.1.

[14] Rom. 13.3, 4.

[15] Tito 2.8.

[16] Gal. 5.1, 13. I Cor. 7.22.

[17] Phi. 2.3. Heb. 13.1. Rom. 12.10.

[18] Eph. 6.5. Col. 3.22. I Tim. 6.1.

[19] Mat. 5.10. Rom. 13.5.

[20] cap. 3.14 e 4.14, 15.

[21] Mat. 16.24. Act. 14.22. I The. 3.3.

[22] Isa. 53.4. Luc. 23.41. João 8.46.

[23] Isa. 53.7. Mat. 27.39.

[24] Isa. 53.4, 5. Mat. 8.17. Heb. 9.28.

[25] Isa. 53.6. Eze. 34.6, 23.



_Os deveres das mulheres e maridos christãos._

3 Similhantemente _vós_, mulheres, [1] _sêde_ sujeitas aos vossos
proprios maridos; para que tambem, se alguns não obedecem á palavra, pelo
trato das mulheres sejam ganhos sem palavra;

2 Considerando [2] o vosso casto trato em temor.

3 O enfeite d’ellas não seja [3] o exterior, no encrespamento dos
cabellos, ou atavio de oiro, ou compostura de vestidos;

4 Mas o homem [4] encoberto no coração; no incorruptivel de um espirito
manso e quieto, que é precioso diante de Deus.

5 Porque assim se enfeitavam tambem antigamente as sanctas mulheres que
esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus proprios maridos;

6 Como Sara obedecia a Abrahão, chamando-lhe senhor; [5] da qual vós sois
feitas filhas, fazendo o bem, e não temendo nenhum espanto.

7 Egualmente vós, [6] maridos, cohabitae com _ellas_ com entendimento,
dando honra á mulher, como a vaso mais fraco; como aquelles que
juntamente _com ellas_ sois herdeiros da graça da vida; [7] para que não
sejam impedidas as vossas orações.


_O amor fraternal; a paciencia na afflicção segundo o exemplo de Christo._

8 E, finalmente, _sêde_ todos de [8] um mesmo sentimento, compassivos,
amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos _e_ affaveis.

9 Não tornando mal por mal, [9] ou injuria por injuria; antes, pelo
contrario, bemdizendo: sabendo que para isto sois chamados, para que por
herança alcanceis a benção.

10 Porque quem quer amar [10] a vida, e vêr os dias bons, refreie a sua
lingua do mal, e os seus labios que não fallem engano.

11 Aparte-se do [11] mal, e faça o bem; busque a paz, e siga-a.

12 Porque os olhos do Senhor _estão_ sobre os justos, [12] e os seus
ouvidos _attentos_ ás suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que
fazem males.

13 E qual é aquelle que vos fará mal, [13] se fordes imitadores do bem?

14 Mas tambem, se padecerdes por amor da justiça, [14] sois
bemaventurados. E não temaes com medo d’elles, nem vos turbeis;

15 Antes sanctificae o Senhor Deus em vossos corações; [15] e _estae_
sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos
pedir a razão da esperança que ha em vós:

16 Tendo uma boa [16] consciencia, para que, em o que fallam mal de vós,
como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasphemam do vosso bom
trato em Christo.

17 Porque melhor é que padeçaes fazendo bem (se a vontade de Deus _assim_
o quer), do que fazendo mal.

18 Porque tambem Christo padeceu uma vez [17] pelos peccados, o justo
pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne,
porém vivificado pelo Espirito;

19 No qual tambem foi, [18] _e_ prégou aos espiritos em prisão;

20 Os quaes antigamente foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus
esperava [19] nos dias de Noé, apparelhando-se a arca; na qual poucas
(isto é oito) almas se salvaram pela agua;

21 Que tambem, como uma verdadeira figura, agora nos salva, o [20]
baptismo não o do despojamento da immundicia do corpo, mas o da [AMM]
indagação de uma boa consciencia para com Deus, pela resurreição de Jesus
Christo;

22 O qual está á dextra [21] de Deus, tendo subido ao céu: havendo-se-lhe
sujeitado os anjos, e as auctoridades, e as potencias.

[1] I Cor. 14.34. Eph. 5.22. Col. 3.18.

[2] cap. 2.12.

[3] I Tim. 2.9. Tito 2.3.

[4] Rom. 2.29 e 7.22. II Cor. 4.16.

[5] Gen. 18.12.

[6] I Cor. 7.3. Eph. 5.25. Col. 3.19.

[7] Mat. 5.23, 24 e 18.19.

[8] Rom. 12.16 e 15.5. Phi. 3.16.

[9] Pro. 17.13 e 20.22. Mat. 5.39.

[10] Thi. 1.26. Apo. 14.5.

[11] Isa. 1.16, 17. III João 11. Rom. 12.18.

[12] João 9.31. Thi. 5.16.

[13] Pro. 16.7. Rom. 8.28.

[14] Mat. 5.10. Thi. 1.12. Isa. 8.12, 13.

[15] Act. 4.8. Col. 4.6. II Tim. 2.25.

[16] Heb. 13.18. Tito 2.8.

[17] Rom. 5.6. Heb. 9.26, 28. II Cor. 13.4.

[18] Isa. 42.7 e 49.9 e 61.1.

[19] Gen. 6.3, 5, 13. Heb. 11.7. Gen. 7.7.

[20] Eph. 5.26. Tito 3.5. Rom. 10.10.

[21] Psa. 110.1. Rom. 8.34 e 3.38. Eph. 1.20, 21. Col. 3.1. Heb. 1.3. I
Cor. 15.24.



4 Ora pois, _já_ que Christo padeceu por nós [1] na carne, armae-vos
tambem vós com este pensamento, que aquelle que padeceu na carne _já_
cessou do peccado,

2 Para, no tempo que lhe resta na carne, [2] não viver mais segundo as
concupiscencias dos homens, mas segundo a vontade de Deus.

3 Porque basta-nos que [3] no tempo passado da vida obrassemos a vontade
dos gentios, andando em dissoluções, concupiscencias, borrachices,
glotonerias, bebedices e abominaveis idolatrias,

4 O que estranham, por não correrdes com elles no mesmo desenfreamento de
dissolução, [4] blasphemando de vós.

5 Os quaes hão de dar conta ao que está preparado [5] para julgar os
vivos e os mortos.

6 Porque para isso foi prégado o evangelho [6] tambem aos mortos, para
que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, porém
vivessem segundo Deus em espirito;

7 E já está proximo o fim de todas _as coisas_: [7] portanto sêde sobrios
e vigiae em orações.

8 Mas, sobretudo, [8] tende ardente [AMN] caridade uns para com os
outros; porque [AMO] a caridade cobrirá a multidão de peccados.

9 Hospedae-vos [9] uns aos outros, sem murmurações.

10 Cada um administre aos [10] outros o dom como o recebeu, como bons
dispenseiros da multiforme graça de Deus.

11 Se alguem fallar, [11] _falle_ segundo as palavras de Deus; se alguem
administrar, _administre_ segundo o poder que Deus dá; para que em tudo
Deus seja glorificado por Jesus Christo, [12] a quem pertence a gloria e
poder para todo o sempre. Amen.

12 Amados, [13] não estranheis o ardor que vos sobrevem para vos tentar,
como se coisa estranha vos acontecesse;

13 Mas alegrae-vos [14] de serdes participantes das afflicções de
Christo: para que tambem na revelação da sua gloria vos regozijeis e
alegreis.

14 Se pelo nome de Christo sois vituperados, [15] bemaventurados _sois_,
porque sobre vós repousa o Espirito da gloria de Deus; o qual, quanto a
elles, é blasphemado, mas, quanto a vós, glorificado.

15 Porém nenhum de vós padeça como homicida, [16] ou ladrão, ou
malfeitor, ou como o que se entremette em negocios alheios;

16 Mas, se _padece_ como christão, não se envergonhe, [17] antes
glorifique a Deus n’esta parte.

17 Porque já _é_ tempo que comece [18] o juizo pela casa de Deus;
e, se primeiro _começa_ por nós, qual será o fim d’aquelles que são
desobedientes ao evangelho de Deus?

18 E, se o justo apenas se [19] salva, onde apparecerá o impio e o
peccador?

19 Portanto tambem os que padecem segundo a vontade de Deus
encommendem-_lhe_ [20] as suas almas, como ao fiel Creador, fazendo o bem.

[1] Rom. 6.2, 7. Gal. 5.24. Col. 3.3, 5.

[2] Rom. 14.7. Gal. 2.20. João 1.13.

[3] Eze. 44.6. Act. 17.30. Eph. 2.2.

[4] Act. 13.43 e 18.6.

[5] Act. 10.42. Rom. 14.10.

[6] cap. 3.19.

[7] Mat. 24.13. Rom. 13.12. Phi. 4.5.

[8] Col. 3.14. Heb. 13.1. Pro. 10.12.

[9] Rom. 12.13. Heb. 13.2. II Cor. 9.7.

[10] Rom. 12.6. I Cor. 4.7.

[11] Jer. 23.22. Rom. 12.6. I Cor. 3.10.

[12] I Tim. 6.16. Apo. 1.6.

[13] I Cor. 3.13. cap. 1.7.

[14] Act. 5.41. Thi. 1.2. Rom. 8.17.

[15] Mat. 5.11. II Cor. 12.10. Thi. 1.12.

[16] I The. 4.11. I Tim. 5.13.

[17] Act. 5.41.

[18] Isa. 10.12. Jer. 25.29. Eze. 9.6.

[19] Pro. 11.31. Luc. 23.31.

[20] Luc. 23.46. II Tim. 1.12.



_Os deveres dos anciãos e dos mancebos: humildade e vigilancia._

5 Aos anciãos, [1] que estão entre vós, admoesto eu, que sou juntamente
como elles ancião, e testemunha das afflicções de Christo, e participante
da gloria que se ha de revelar.

2 Apascentae [2] o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado
_d’elle_, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganancia, mas
de um animo prompto,

3 Nem como tendo [3] dominio sobre [AMP] a herança de Deus, mas servindo
de exemplo ao rebanho.

4 E, quando apparecer o [4] Summo Pastor, alcançareis a incorruptivel
corôa de gloria.

5 Similhantemente vós, mancebos, sêde sujeitos aos anciãos; [5] e sêde
todos sujeitos uns aos outros, e vesti-vos de humildade, porque Deus
resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.

6 Humilhae-vos [6] pois debaixo da potente mão de Deus, para que a seu
tempo vos exalte:

7 Lançando sobre elle toda a vossa solicitude, [7] porque elle tem
cuidado de vós.

8 Sêde sobrios; [8] vigiae; porque o diabo, vosso adversario, anda em
derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar.

9 Ao qual resisti [9] firmes na fé: sabendo que as mesmas afflicções se
cumprem entre os vossos irmãos no mundo.


_Votos e saudações finaes._

10 Ora o Deus de toda a graça, [10] que em Christo Jesus nos chamou á
sua eterna gloria, depois de haverdes padecido um pouco, o mesmo vos
aperfeiçoe, confirme, fortifique e estabeleça.

11 A elle _seja_ a gloria [11] e o poderio para todo o sempre. Amen.

12 Por Silvano, [12] vosso fiel irmão, como cuido, escrevi
abreviadamente, exhortando e testificando que esta é a verdadeira graça
de Deus, na qual estaes.

13 Sauda-vos a _egreja_ co-eleita, _que está_ em Babylonia, [13] e meu
filho Marcos.

14 Saudae-vos uns aos outros com osculo de caridade. [14] Paz _seja_ com
todos vós que estaes em Christo Jesus. Amen.

[1] Phi. 9. Luc. 24.48. Act. 1.8, 22.

[2] João 21.15, 16, 17. Act. 20.28.

[3] Eze. 34.4. Mar. 20.25. I Cor. 3.9.

[4] Heb. 13.20. I Cor. 9.25. II Tim. 4.8.

[5] Rom. 12.10. Eph. 5.21.

[6] Thi. 4.10.

[7] Mat. 6.25. Luc. 12.11. Phi. 4.6.

[8] Luc. 21.34. I The. 5.6. Job 1.7.

[9] Eph. 6.11. Thi. 4.7. Act. 14.22.

[10] I Cor. 4.9. I Tim. 6.12.

[11] cap. 4.11. Apo. 1.6.

[12] II Cor. 1.19. Heb. 13.22.

[13] Act. 12.12, 25.

[14] Rom. 16.16. I Cor. 16.20. II Cor. 13.12. I The. 5.26. Eph. 6.23.



SEGUNDA EPISTOLA UNIVERSAL DO APOSTOLO S. PEDRO.



_Prefacio e saudação._

[Anno Domini 66]

1 Simão Pedro, servo e apostolo de Jesus Christo, [1] aos que comnosco
alcançaram fé egualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador
Jesus Christo:

2 Graça e paz [2] vos seja multiplicada, pelo conhecimento de Deus, e de
Jesus nosso Senhor;

3 Como o seu divino poder nos deu tudo o que _diz respeito_ á vida e
piedade, [3] pelo conhecimento d’aquelle que nos chamou por sua gloria e
virtude;

4 Pelas quaes elle nos [4] tem dado grandissimas e preciosas promessas,
para que por ellas fiqueis participantes da natureza divina, havendo
escapado da corrupção, que pela concupiscencia ha no mundo.

5 E vós tambem, [5] pondo n’isto mesmo toda a diligencia, accrescentae á
vossa fé a virtude, e á virtude a sciencia,

6 E á sciencia temperança, e á temperança paciencia, e á paciencia
piedade,

7 E á piedade [AMQ] amor fraternal; e ao amor fraternal [6] caridade.

8 Porque, se em vós houver, e abundarem estas _coisas_, [7] não vos
deixarão ociosos nem estereis no conhecimento de nosso Senhor Jesus
Christo.

9 Pois aquelle em quem não ha estas _coisas_ é cego, [8] nada vendo ao
longe, [9] havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos peccados.

10 Portanto, irmãos, procurae fazer cada vez mais firme a vossa vocação
[10] e eleição; porque, fazendo isto, nunca jámais tropeçareis.

11 Porque assim vos será abundantemente dada a entrada no reino eterno de
nosso Senhor e Salvador Jesus Christo.

12 Pelo que não deixarei [11] de exhortar-vos sempre ácerca d’estas
_coisas_, ainda que bem as saibaes, e estejaes confirmados na presente
verdade.

13 E tenho por justo, emquanto estiver n’este tabernaculo, [12]
despertar-vos com admoestações.

14 Sabendo que brevemente hei de deixar [13] _este_ meu tabernaculo, como
tambem nosso Senhor Jesus Christo _já_ m’o tem revelado.

15 Mas tambem eu procurarei em toda a occasião que depois da minha [AMR]
morte tenhaes lembrança d’estas coisas.

16 Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor
Jesus Christo, [14] seguindo fabulas artificialmente compostas: mas nós
_mesmos_ vimos a sua magestade.

17 Porque recebeu de Deus Pae honra e gloria, quando da magnifica gloria
lhe foi enviada uma tal voz: [15] Este é o meu Filho amado, em quem me
tenho comprazido.

18 E ouvimos esta voz enviada do céu, [16] estando nós com elle no monte
sancto;

19 E temos, mui firme, a palavra dos prophetas, á qual bem fazeis em
estar attentos, [17] como a uma luz que allumia em logar escuro, até que
o dia esclareça, e a estrella da alva saia em vossos corações.

20 Sabendo primeiramente isto, [18] que nenhuma prophecia da Escriptura é
de particular interpretação.

21 Porque a prophecia [19] não foi antigamente produzida por vontade
de homem algum, mas os homens sanctos de Deus fallaram inspirados pelo
Espirito Sancto.

[1] Rom. 1.12. II Cor. 4.13.

[2] Dan. 4.1. I Ped. 1.2. Jud. 2.

[3] João 17.3. I The. 2.12 e 4.7.

[4] II Cor. 3.18. Eph. 4.24.

[5] cap. 3.18. I Ped. 3.7.

[6] Gal. 6.10. I The. 3.12. I João 4.21.

[7] João 15.2. Tito 3.14.

[8] I João 2.9, 11.

[9] Heb. 9.14. I João 1.7.

[10] I João 3.19. cap. 3.17.

[11] Rom. 15.14. Phi. 3.1.

[12] II Cor. 5.1, 4. cap. 3.1.

[13] Deu. 4.21, 22. II Tim. 4.6.

[14] I Cor. 1.17. II Cor. 2.17. Mat. 17.1, 2.

[15] Mat. 3.17. Mar. 1.11. Luc. 3.22.

[16] Exo. 3.5. Jos. 5.15. Mat. 17.6.

[17] Psa. 119.105. João 5.35. Apo. 2.28.

[18] Rom. 12.6.

[19] II Tim. 1.13, 16. I Ped. 1.11.



_Os falsos mestres._

2 E tambem houve entre o [1] povo falsos prophetas, como entre vós haverá
tambem falsos [AMS] doutores, que introduzirão encobertamente heresias
de perdição, [2] e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si
mesmos repentina perdição.

2 E muitos seguirão as suas [AMT] perdições, pelos quaes será blasphemado
o caminho da verdade.

3 E por avareza farão de vós negocio [3] com palavras fingidas: sobre
os quaes já de largo tempo [AMU] não está ociosa a condemnação, e a sua
perdição não dormita.

4 Porque, se Deus não perdoou aos [4] anjos que peccaram, mas, havendo-os
lançado no inferno, os entregou ás cadeias da escuridão, ficando
reservados para o juizo;

5 E não perdoou ao mundo antigo, [5] mas guardou a Noé, oitavo pregoeiro
da justiça, trazendo o diluvio sobre o mundo dos impios;

6 E condemnou á subversão as cidades [6] de Sodoma e Gomorrah,
reduzindo-as a cinza, e pondo-_as_ para exemplo aos que vivessem
impiamente;

7 E livrou o justo Lot, [7] enfadado da vida dissoluta dos homens
abominaveis

8 (Porque este justo, habitando entre elles, affligia [8] todos os dias a
_sua_ alma justa, vendo e ouvindo _suas_ obras injustas);

9 Assim, [9] sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os
injustos para o dia de juizo, _para_ serem castigados;

10 E principalmente aos que segundo a carne andam [10] em concupiscencias
de immundicia, e desprezam as dominações; atrevidos, agradando-se a si
mesmos, não receiando blasphemar das dignidades;

11 Ao passo que [11] os anjos, sendo maiores em força e poder, não
pronunciam contra elles juizo blasphemo diante do Senhor.

12 Mas estes, como animaes irracionaes, [12] que seguem a natureza,
feitos para serem presos e mortos, blasphemando do que não entendem,
perecerão na sua corrupção,

13 [AMV] Recebendo o galardão da injustiça, [13] tendo _por_ prazer
as delicias quotidianas, _sendo_ nodoas e maculas, deleitando-se seus
enganos, em ainda que se banqueteiem comvosco;

14 Tendo os olhos cheios de adulterio, e não cessando de peccar,
engodando as almas inconstantes, [14] tendo o coração exercitado na
avareza, filhos de maldição,

15 Os quaes, deixando o caminho direito, [15] erraram seguindo o caminho
de Balaão, _filho_ de Bosor, que amou o galardão da injustiça;

16 Porém teve a reprehensão da sua transgressão; o mudo animal do jugo,
fallando com voz humana, impediu a loucura do propheta.

17 Estes são fontes [16] sem agua, nuvens levadas pelo redemoinho do
vento; para os quaes a escuridão das trevas eternamente se reserva.

18 Porque, fallando _coisas_ mui arrogantes de vaidades, [17] engodam
com as concupiscencias da carne, e com dissoluções, aos que se estavam
affastando d’aquelles que andam em erro:

19 Promettendo-lhes liberdade, [18] sendo elles mesmos [AMW] servos da
corrupção. Porque de quem alguem é vencido, do tal faz-se tambem servo.

20 Porque se, [19] depois de terem escapado das corrupções do mundo,
pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Christo, forem outra vez
envolvidos n’ellas e vencidos, tornou-se-lhes o ultimo estado peior do
que o primeiro.

21 Porque melhor [20] lhes fôra não conhecerem o caminho da justiça, do
que, conhecendo-_o_, desviarem-se do sancto mandamento que lhes fôra dado;

22 Porém sobreveiu-_lhes_ o que por um verdadeiro proverbio _se diz_:
[21] O cão voltou ao seu proprio vomito, e a porca lavada ao espojadouro
da lama.

[1] Deu. 13.1. Jud. 18.

[2] I Cor. 6.20. Gal. 3.13. Eph. 1.7.

[3] Rom. 16.18. II Cor. 2.17. Deu. 32.35.

[4] Job 4.18. Jud. 6. João 8.44.

[5] Gen. 7.1, 23. Heb. 11.7. I Ped. 3.19.

[6] Gen. 19.24. Deu. 29.23.

[7] Gen. 19.16.

[8] Psa. 119.139, 158. Exo. 9.4.

[9] Psa. 34.17, 18, 19, 20. I Cor. 10.13.

[10] Jud. 4, 7, 8, 10, 16.

[11] Jud. 9.

[12] Jer. 12.3. Jud. 10.

[13] Phi. 3.19. Rom. 13.12. Jud. 12.

[14] Jud. 11.

[15] Num. 22.5, 7, 21, 23, 28. Jud. 11.

[16] Jud. 12, 13.

[17] Jud. 16. Act. 2.40.

[18] Gal. 5.13. I Ped. 2.16.

[19] Mat. 12.45. Luc. 11.26.

[20] Luc. 12.47, 48. João 9.41 e 15.22.

[21] Pro. 26.11.



_A vinda do Senhor._

3 Amados, escrevo-vos agora esta segunda carta, [1] em _ambas_ as quaes
desperto com exhortação o vosso animo sincero;

2 Para que vos lembreis das palavras que d’antes foram ditas pelos
sanctos prophetas, e do mandamento do Senhor e Salvador, [2] mediante
vossos apostolos.

3 Sabendo primeiro isto: [3] que nos ultimos dias virão escarnecedores,
andando segundo as suas proprias concupiscencias,

4 E dizendo: [4] Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que
os paes dormiram todas as coisas permanecem como desde o principio da
creação.

5 Porque voluntariamente ignoram isto, [5] que pela palavra de Deus já
desde a antiguidade foram os céus, e a terra, que foi tirada da agua e no
meio da agua subsiste.

6 Pelas quaes _coisas_ [6] pereceu o mundo de então, coberto com as aguas
do diluvio.

7 Mas os céus e a terra que agora são pela mesma palavra [AMX] se
reservam como thesouro e se guardam [7] para o fogo, até o dia do juizo,
e da perdição dos homens impios.

8 Porém, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para com o Senhor _é_
como mil annos, [8] e mil annos como um dia.

9 O Senhor não retarda [9] a _sua_ promessa, como alguns _a_ teem por
tardia; mas é longanimo para comnosco, não querendo que alguns se percam,
senão que todos venham a arrepender-se.

10 Mas o [10] dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus
passarão com _grande_ estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a
terra, e as obras que n’ella ha, se queimarão.

11 Havendo pois de perecer todas estas _coisas_, [11] quaes vos convém a
vós ser em sancto trato, e piedade,

12 Aguardando, [12] e apressando-_vos_ _para_ a vinda do dia de Deus,
em que os céus, incendidos, se desfarão, e os elementos, ardendo, se
fundirão?

13 Porém, [13] segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova
terra, em que habita a justiça.

14 Pelo que, amados, aguardando estas _coisas_, [14] procurae que d’elle
sejaes achados immaculados e irreprehensiveis em paz.

15 E tende por [15] salvação a longanimidade de nosso Senhor; como tambem
o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi
dada;

16 Como tambem em todas as _suas_ epistolas, fallando n’ellas d’estas
_coisas_, [16] entre as quaes ha algumas difficeis de entender, que os
indoutos e inconstantes torcem, como tambem as outras Escripturas, para
sua propria perdição.

17 Vós, portanto, amados, sabendo _isto_ d’antes, [17] guardae-vos de
que, pelo engano dos homens abominaveis, sejaes juntamente arrebatados, e
descaiaes da vossa firmeza;

18 Antes crescei na graça [18] e conhecimento de nosso Senhor e Salvador,
Jesus Christo. A elle _seja_ a gloria, assim agora, como no dia da
eternidade. Amen.

[1] cap. 1.13.

[2] Jud. 17.

[3] I Tim. 4.1. II Tim. 3.1. Jud. 18.

[4] Isa. 5.19. Jer. 17.15. Eze. 12.22, 27.

[5] Gen. 1.6, 9. Psa. 33.6. Heb. 11.3.

[6] Gen. 7.11, 21, 22, 23.

[7] Mat. 25.41. II The. 1.8.

[8] Psa. 90.4.

[9] Hab. 2.3. Heb. 10.37.

[10] Mat. 24.43. Luc. 12.39. I The. 5.2.

[11] I Ped. 1.15.

[12] I Cor. 1.7. Tito 2.13.

[13] Isa. 65.17. Apo. 21.1, 27.

[14] I Cor. 1.8. Phi. 1.10.

[15] Rom. 2.4. I Ped. 3.20.

[16] Rom. 8.19. I Cor. 15.24. I The. 4.15.

[17] Mar. 13.23. Eph. 4.14.

[18] Eph. 4.15. I Ped. 2.2.



PRIMEIRA EPISTOLA UNIVERSAL DO APOSTOLO S. JOÃO.



_A Palavra da vida foi manifesta na carne._

[Depois de 90 Anno Domini]

1 O que era desde o principio, [1] o que ouvimos, o que vimos com os
nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da
Palavra da vida

2 (Porque a [2] vida _já_ foi manifesta, e nós a vimos, e testificámos,
e vos annunciámos a vida eterna, que estava com o Pae, e nos foi
manifestada);

3 O que vimos [3] e ouvimos, isso vos annunciamos, para que tambem
tenhaes communhão comnosco; e a nossa communhão _está_ com o Pae, e com
seu Filho Jesus Christo.

4 Estas _coisas_ vos escrevemos, [4] para que o vosso gozo se cumpra.


_Deus é luz aquelles que não andam na luz não teem communhão com elle._

5 E esta é [5] a annunciação que d’elle ouvimos, e vos annunciamos: que
Deus é luz, e não ha n’elle trevas nenhumas.

6 Se dissermos que temos [6] communhão com elle, e andarmos em trevas,
mentimos, e não praticamos a verdade.

7 Porém, se andarmos na luz, como elle na luz está, temos communhão uns
com os outros, [7] e o sangue de Jesus Christo, seu Filho, nos purifica
de todo o peccado.


_A confissão dos peccados e o perdão por Christo._

8 Se dissermos que não temos [8] peccado, enganamo-nos a nós mesmos, e
não ha verdade em nos.

9 Se [9] confessarmos os nossos peccados, elle é fiel e justo, para nos
perdoar os peccados, e purificar-nos de toda a injustiça.

10 Se dissermos que não peccamos, fazemol-o mentiroso, e a sua palavra
não está em nós.

[1] João 1.1, 14. II Ped. 1.16.

[2] João 1.4 e 11.25. Rom. 16.26.

[3] Act. 4.20. João 17.21. I Cor. 1.9.

[4] João 15.11. II João 12.

[5] João 1.9 e 8.12 e 9.5.

[6] II Cor. 6.14.

[7] I Cor. 6.11. Eph. 1.7. Heb. 9.14.

[8] I Reis 8.46. II Chr. 6.36.

[9] Psa. 32.5. Pro. 28.13.



2 Meus filhinhos, estas _coisas_ vos escrevo, para que não pequeis; e, se
alguem peccar, temos um [AMY] Advogado [1] para com o Pae, Jesus Christo,
o justo.

2 E elle é a propiciação [2] pelos nossos peccados, e não sómente pelos
nossos, mas tambem pelos de todo o mundo.


_A observação dos mandamentos. O amor fraternal. A separação do mundo._

3 E n’isto sabemos que o temos conhecido, se guardarmos os seus
mandamentos.

4 Aquelle que diz: Eu conheço-o, [3] e não guarda os seus mandamentos, é
mentiroso, e n’elle não está a verdade.

5 Mas qualquer que guarda [4] a sua palavra, o amor de Deus está n’elle
verdadeiramente aperfeiçoado: n’isto conhecemos que estamos n’elle.

6 Aquelle que diz que [5] está n’elle tambem deve andar como elle andou.

7 Irmãos, [6] não vos escrevo mandamento novo, mas o mandamento antigo,
que desde o principio tivestes. Este mandamento antigo é a palavra que
desde o principio ouvistes.

8 Outra vez vos escrevo um mandamento [7] novo, que é verdadeiro n’elle e
em vós; porque são passadas as trevas, e já a verdadeira luz allumia.

9 Aquelle que diz que está na luz, [8] e aborrece a seu irmão, até agora
está em trevas.

10 Aquelle que ama a seu irmão [9] está na luz, e n’elle não ha escandalo.

11 Mas aquelle que aborrece a seu irmão [10] está em trevas, e anda em
trevas, e não sabe para onde vá; porque as trevas lhe cegaram os olhos.

12 Filhinhos, escrevo-vos, [11] porque pelo seu nome vos são perdoados os
peccados.

13 Paes, escrevo-vos, porque conhecestes _aquelle_ que é desde [12] o
principio. Mancebos, escrevo-vos, porque vencestes o maligno. Filhos,
escrevi-vos, porque conhecestes o Pae.

14 Paes, escrevi-vos, porque _já_ conhecestes _aquelle_ que é desde o
principio. Mancebos, escrevi-vos, porque sois fortes, [13] e a palavra de
Deus está em vós, e já vencestes o maligno.

15 Não ameis o mundo, [14] nem as _coisas_ que ha no mundo. Se alguem ama
o mundo, o amor do Pae não está n’elle.

16 Porque tudo o que ha no mundo, a concupiscencia da carne, a
concupiscencia dos olhos [15] e a soberba da vida, não é do Pae, mas é do
mundo.

17 E o mundo passa, [16] e a sua concupiscencia; mas aquelle que faz a
vontade de Deus permanece para sempre.


_Os anti-christos._

18 Filhinhos, [17] é já a ultima hora: e, como _já_ ouvistes que vem o
anti-christo, tambem já agora muitos se teem feito anti-christos; por
onde conhecemos que é já a ultima hora.

19 Sairam de nós, [18] porém não eram de nós; porque, se fossem de nós,
ficariam comnosco: mas _isto é_ para que se manifestasse que não são
todos de nós.

20 Mas vós tendes [19] a uncção do Sancto, e sabeis todas _as coisas_.

21 Não vos escrevi porque não soubesseis a verdade, mas porquanto a
sabeis, e porque nenhuma mentira é da verdade.

22 Quem é o mentiroso, [20] senão aquelle que nega que Jesus é o Christo?
Esse é o anti-christo, que nega o Pae e o Filho.

23 Qualquer que [21] nega o Filho, tambem não tem o Pae; _e_ aquelle que
confessa o Filho, tem tambem o Pae.

24 Portanto o que desde o principio ouvistes [22] permaneça em vós. Se em
vós permanecer o que desde o principio ouvistes, tambem permanecereis no
Filho e no Pae.

25 E esta é a promessa [23] que elle nos prometteu: a vida eterna.

26 Estas _coisas_ vos escrevi _ácerca_ [24] dos que vos enganam.

27 E a uncção que vós [25] recebestes d’elle fica em vós, e não tendes
necessidade de que alguem vos ensine; mas, como a mesma uncção vos ensina
todas _as coisas_, e é verdadeira, e não é mentira, e como ella vos
ensinou, _assim_ n’elle ficareis.

28 E agora, filhinhos, permanecei n’elle; [26] para que, quando se
manifestar, tenhamos confiança, e não sejamos confundidos por elle na sua
vinda.

29 Se sabeis que elle é justo, [27] sabeis que todo aquelle que obra a
justiça é nascido d’elle.

[1] João 14, 16 e 26. Rom. 8.34. I Tim. 2.5. Heb. 7.25.

[2] Rom. 3.25. II Cor. 5.18.

[3] cap. 1.6, 8 e 4.20.

[4] João 14.21, 23. cap. 4.12, 13.

[5] João 15.4, 5. Mat. 11.29.

[6] II João 5.

[7] João 13.31. Rom. 13.12. Eph. 5.8.

[8] I Cor. 13.2. II Ped. 1.9.

[9] cap. 3.14. II Ped. 1.10.

[10] João 12.35.

[11] Luc. 24.47. Act. 4.12.

[12] cap. 1.1.

[13] Eph. 6.10.

[14] Rom. 12.2. Mat. 6.24. Gal. 1.10.

[15] Ecc. 5.11.

[16] I Cor. 7.31. Thi. 1.10. I Ped. 1.24.

[17] João 21.5. Heb. 1.2. II The. 2.3, etc. II Ped. 2.1.

[18] Deu. 13.13. Act. 20.30. Mat. 24.24.

[19] II Cor. 1.21. Heb. 1.9. Mar. 1.24.

[20] cap. 4.3. II João 7.

[21] João 15.23. II João 9.

[22] II João 6. João 14.23.

[23] João 17.3. cap. 1.2 e 5.11.

[24] cap. 3.7. II João 7.

[25] Jer. 31.33, 34. Heb. 8.10, 11.

[26] cap. 3.2 e 4.17.

[27] Act. 22.14. cap. 3.7, 10.



_Os filhos de Deus._

3 Vêde quão grande [AMZ] caridade nos tem dado o Pae, [1] que fossemos
chamados filhos de Deus. Por isso o mundo nos não conhece; porque o não
conhece a elle.

2 Amados, [2] agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o
que havemos de ser. Porém sabemos que, quando se manifestar, seremos
similhantes a elle; porque assim como é o veremos.

3 E qualquer que n’elle tem [3] esta esperança, purifica-se a si mesmo,
como tambem elle é puro.

4 Qualquer que commette peccado, tambem commette iniquidade; [4] porque o
peccado é iniquidade.

5 E bem sabeis que elle se [5] manifestou, para tirar os nossos peccados;
e n’elle não ha peccado.

6 Qualquer que permanece n’elle não pecca: [6] qualquer que pecca não o
viu nem o conheceu.

7 Filhinhos, ninguem vos [7] engane. Quem obra justiça é justo, assim
como elle é justo.

8 Quem commette o peccado [8] é do diabo; porque o diabo pecca desde o
principio. Para isto o Filho de Deus se manifestou, para desfazer as
obras do diabo.

9 Qualquer que é nascido [9] de Deus não commette peccado; porque a sua
semente permanece n’elle; e não pode peccar, porque é nascido de Deus.

10 N’isto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do diabo. [10]
Qualquer que não obra justiça, e não ama a seu irmão, não é de Deus.

11 Porque esta é a annunciação [11] que ouvistes desde o principio: que
nos amemos uns aos outros.

12 Não como Caim, [12] _que_ era do maligno, e matou a seu irmão. E por
que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas.

13 Meus irmãos, não vos maravilheis, [13] se o mundo vos aborrece.

14 Nós sabemos [14] que _já_ passámos da morte para a vida, porque amamos
os irmãos. Quem não ama a _seu_ irmão permanece na morte.

15 Qualquer que aborrece a seu [15] irmão é homicida. E vós sabeis que
nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo n’elle.

16 Conhecemos [ANA] [16] a caridade n’isto, que elle deu a sua vida por
nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos.

17 Quem pois tiver bens [17] do mundo, e vir o seu irmão necessitado e
lhe cerrar as suas entranhas, como estará n’elle a caridade de Deus?

18 Meus filhinhos, não amemos de palavra, [18] nem de lingua, senão de
obra e de verdade.

19 E n’isto conhecemos que somos da [19] verdade, e diante d’elle
asseguraremos nossos corações;

20 Que, se o nosso [20] coração _nos_ condemna, maior é Deus do que os
nossos corações, e conhece todas _as coisas_.

21 Amados, [21] se o nosso coração nos não condemna, temos confiança para
com Deus;

22 E qualquer coisa que lhe [22] pedirmos, d’elle a receberemos; porque
guardamos os seus mandamentos, e fazemos as _coisas_ agradaveis perante
elle.

23 E o seu [23] mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho
Jesus Christo, e nos amemos uns aos outros, como nos deu mandamento.

24 E aquelle que guarda [24] os seus mandamentos n’elle está, e elle
n’elle. E n’isto conhecemos que elle está em nós, pelo Espirito que nos
tem dado.

[1] João 1.12 e 15.18, 19.

[2] Isa. 56.5. Rom. 8.15. Gal. 3.26.

[3] cap. 4.17.

[4] Rom. 4.15. cap. 5.17 e 1.2.

[5] Isa. 53.5, 6, 11. I Tim. 1.15. Heb. 1.3.

[6] cap. 2.4 e 4.8. III João 11.

[7] Eze. 18.5, 9. Rom. 2.13.

[8] Mat. 13.38. João 8.44. Gen. 3.15.

[9] I Ped. 1.23.

[10] cap. 2.29 e 4.8.

[11] cap. 1.5 e 2.7. João 13.34.

[12] Gen. 4.4, 8. Heb. 11.4. Jud. 11.

[13] João 15.18, 19. II Tim. 3.12.

[14] cap. 2.9, 11.

[15] Mat. 5.21, 22. Gal. 5.21. Apo. 21.8.

[16] João 3.16. Rom. 5.8, 9. Eph. 5.2, 25.

[17] Deu. 15.7. Luc. 3.11. cap. 4.20.

[18] Eze. 33.31. Rom. 12.9. Eph. 4.15.

[19] João 18.37. cap. 1.8.

[20] I Cor. 4.4. Job 22.26.

[21] Heb. 10.22.

[22] Pro. 15.29. Jer. 29.12. Mat. 7.8.

[23] João 6.29 e 17.3. Mat. 22.39.

[24] João 14.23. Rom. 8.9.



_Os falsos prophetas._

4 Amados, [1] não creiaes a todo o espirito, mas provae se os espiritos
são de Deus; porque _já_ muitos falsos prophetas se teem levantado no
mundo.

2 N’isto conhecereis o Espirito de Deus: [2] Todo o espirito que confessa
que Jesus Christo veiu em carne é de Deus;

3 E todo o espirito [3] que não confessa que Jesus Christo veiu em
carne não é de Deus; e tal é o _espirito_ do anti-christo, do qual _já_
ouvistes que ha de vir, e já agora está no mundo.

4 Filhinhos, [4] sois de Deus, e _já_ o tendes vencido; porque maior é o
que está em vós do que o que está no mundo.

5 Do mundo são, [5] por isso fallam do mundo, e o mundo os ouve.

6 Nós somos de Deus; [6] aquelle que conhece a Deus ouve-nos; aquelle
que não é de Deus não nos ouve. [7] N’isto conhecemos nós o espirito da
verdade e o espirito do erro.


_Deus é amor. Devemos amar a Deus e aos nossos irmãos._

7 Amados, [8] amemo-nos uns aos outros; porque a caridade é de Deus; e
qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.

8 Aquelle que não ama não [9] tem conhecido a Deus; porque Deus é
caridade.

9 N’isto se manifestou a caridade de Deus [10] para comnosco: que Deus
enviou seu Filho unigenito ao mundo, para que por elle vivamos.

10 N’isto está a caridade, não que nós tenhamos amado a Deus, [11] mas
que elle _nos_ amou a nós, e enviou seu Filho _para_ propiciação pelos
nossos peccados.

11 Amados, [12] se Deus assim nos amou, tambem nos devemos amar uns aos
outros.

12 Ninguem jámais viu [13] a Deus; e, se nos amamos uns aos outros, Deus
está em nós, e em nós é [ANB] perfeita a sua caridade.

13 N’isto conhecemos [14] que estamos n’elle, e elle em nós, porquanto
nos deu do seu Espirito,

14 E vimos, [15] e testificamos que o Pae enviou seu Filho _para_
Salvador do mundo.

15 Qualquer [16] que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está
n’elle, e elle em Deus.

16 E nós conhecemos, e cremos o amor que Deus nos tem. [17] Deus é [ANC]
caridade; e quem está em caridade está em Deus, e Deus n’elle.

17 N’isto é [AND] perfeita a caridade para comnosco, [18] para que no dia
do juizo tenhamos confiança, porque qual elle é somos nós tambem n’este
mundo.

18 [ANE] Na caridade não ha temor, antes [ANF] a perfeita caridade lança
fóra o temor; porque o temor tem a pena, [19] e o que teme não está
perfeito em caridade.

19 Nós o amamos a elle porque elle nos amou primeiro.

20 Se alguem diz: [20] Eu amo a Deus, e aborrece a seu irmão, é
mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a
Deus, a quem não viu?

21 E d’elle temos este [21] mandamento: que quem ama a Deus ame tambem a
seu irmão.

[1] Jer. 29.8. Mat. 24.4. I Cor. 14.29.

[2] I Cor. 12.3. cap. 5.1.

[3] II João 7. II The. 2.7.

[4] João 12.31. I Cor. 2.12. Eph. 2.3.

[5] João 3.31 e 15.19.

[6] João 8.47. I Cor. 14.37. II Cor. 10.7.

[7] Isa. 8.20. João 14.17.

[8] cap. 3.10, 11, 23.

[9] cap. 2.4 e 3.6. ver. 16.

[10] João 3.16. Rom. 5.8, 9.

[11] João 15.16. Rom. 5.8, 10.

[12] Mat. 18.33. João 15.12, 13.

[13] João 1.18. I Tim. 6.16.

[14] João 14.20. cap. 3.24.

[15] João 1.14 e 3.17.

[16] Rom. 10.9. cap. 5.1, 5.

[17] ver. 8, 12. cap. 3.24.

[18] Thi. 2.13. cap. 2.28 e 3.19, 21.

[19] ver. 12.

[20] cap. 2.4 e 3.17. ver. 12.

[21] Mat. 22.37, 39. João 13.34 e 15.12.



_A fé em Jesus e as suas consequencias._

5 Todo aquelle que crê [1] que Jesus é o Christo é nascido de Deus; e
todo aquelle que ama ao que o gerou tambem ama ao que d’elle é nascido.

2 N’isto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e
guardamos os seus mandamentos.

3 Porque esta é [ANG] a caridade [2] de Deus: que guardemos os seus
mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados.

4 Porque todo o que é [3] nascido de Deus vence o mundo; e esta é a
victoria que vence o mundo, a nossa fé.

5 Quem é aquelle que vence o mundo, [4] senão aquelle que crê que Jesus é
o Filho de Deus?

6 Este é aquelle que veiu por [5] agua e sangue, Jesus, o Christo: não só
por agua, mas por agua e _por_ sangue. E o Espirito é o que testifica,
porque o Espirito é a verdade.

7 Porque tres são os que testificam no céu: o Pae, a Palavra, [6] e o
Espirito Sancto; e estes tres são um.

8 E tres são os que testificam na terra: o Espirito, e a agua, e o
sangue; e estes tres concordam n’um.

9 Se recebemos o testemunho dos homens, [7] o testemunho de Deus é maior;
porque é este o testemunho de Deus, que de seu Filho testificou.

10 Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo [8] tem o testemunho: quem a
Deus não crê mentiroso o fez: porquanto não creu no testemunho que Deus
de seu Filho deu.

11 E o testemunho é este: [9] que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida
está em seu Filho.

12 Quem tem o Filho [10] tem a vida: quem não tem o Filho de Deus não tem
a vida.

13 Estas coisas vos escrevi, _a vós_ [11] que crêdes no nome do Filho de
Deus, para que saibaes que tendes a vida eterna, e para que creiaes no
nome do Filho de Deus.


_A efficacia da oração._

14 E esta é a confiança que temos para com elle, que, [12] se pedirmos
alguma coisa, segundo a sua vontade, elle nos ouve.

15 E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que [ANH]
alcançamos as petições que lhe pedimos.

16 Se alguem vir peccar seu irmão peccado _que_ não _é_ para morte,
orará, [13] e Deus dará a vida áquelles que não peccarem para morte. Ha
peccado para morte, pelo qual não digo que ore.

17 Toda a iniquidade [14] é peccado: e ha peccado _que_ não _é_ para
morte.

18 Sabemos que todo aquelle [15] que é nascido de Deus não pecca; mas o
que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca.

19 Sabemos que somos de Deus, [16] e que todo o mundo jaz no maligno.

20 Porém sabemos que _já_ o Filho de Deus é vindo, e nos [17] deu
entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro
estamos, em seu Filho Jesus Christo. Este é o verdadeiro Deus e a vida
eterna.

21 Filhinhos, [18] guardae-vos dos idolos. Amen.

[1] João 1.12, 13. cap. 2.22, 23 e 4.2, 15.

[2] João 14.15, 21, 23. II João 6. Miq. 6.8.

[3] João 16.33. cap. 3.9 e 4.4.

[4] I Cor. 15.57. cap. 4.15.

[5] João 19.34 e 14.17. I Tim. 3.16.

[6] João 1.1 e 10.30. Apo. 19.13.

[7] João 8.17, 18. Mat. 3.16, 17.

[8] Rom. 8.16. Gal. 4.6.

[9] cap. 2.25. João 1.4.

[10] João 3.36 e 5.24.

[11] João 20.31. cap. 1.1, 2.

[12] cap. 3.22.

[13] Job 42.8. Thi. 5.14, 15. Mat. 12.31, 32.

[14] cap. 3.4.

[15] I Ped. 1.23. cap. 3.9. Thi. 1.27.

[16] Gal. 1.4.

[17] Luc. 24.45. João 17.3 e 20.28. Isa. 9.6 e 44.6 e 54.5. Act. 20.28.
Rom. 9.5. I Tim. 3.16. Tito 2.13. Heb. 1.8. ver. 11, 12, 13.

[18] I Cor. 10.14.



SEGUNDA EPISTOLA DO APOSTOLO S. JOÃO.



_Prefacio e saudação._

[Depois de 90 Anno Domini]

1 O ancião á senhora eleita, e a seus filhos, [1] aos quaes amo na
verdade, e não sómente eu, mas tambem todos os que teem conhecido a
verdade,

2 Por amor da verdade que está em nós e para sempre estará comnosco:

3 Graça, [2] misericordia, paz, da parte de Deus Pae e da do Senhor Jesus
Christo, o Filho do Pae, seja comvosco na verdade e [ANI] caridade.


_Amor fraternal: falsos doutores._

4 Muito me alegrarei por achar que _alguns_ de teus filhos andam [3] na
verdade, assim como recebemos o mandamento do Pae.

5 E agora, senhora, [4] rogo-te, não como escrevendo-te um novo
mandamento, mas aquelle que desde o principio tivemos, [5] que nos amemos
uns aos outros.

6 E [ANJ] a caridade é esta: [6] que andemos segundo os seus mandamentos.
Este é o mandamento, como _já_ desde o principio ouvistes, que n’elle
andeis.

7 Porque _já_ muitos [7] enganadores entraram no mundo, os quaes não
confessam que Jesus Christo veiu em carne. Este _tal_ é o enganador e o
anti-christo.

8 Olhae por vós mesmos, [8] para que não percamos o que _já_ trabalhámos,
antes recebamos o inteiro galardão.

9 Todo aquelle que prevarica, [9] e não persevera na doutrina de Christo,
não tem a Deus: quem persevera na doutrina de Christo, esse tem assim ao
Pae como ao Filho.

10 Se alguem vem ter comvosco, e não traz esta doutrina, não o recebaes
em casa, [10] nem tampouco o saudeis.

11 Porque quem o sauda tem parte nas suas más obras.

12 Muitas _coisas_ tenho [11] que escrever-vos, porém não quiz com papel
e tinta; mas espero ir ter comvosco e fallar de bocca a bocca, [12] para
que o nosso gozo seja cumprido.

13 Saudam-te [13] os filhos de tua irmã, a eleita. Amen.

[1] ver. 3. I João 3.18. III João 1. João 8.32.

[2] I Tim. 1.2. ver. 4.

[3] III João 3.

[4] I João 2.7, 8 e 3.11.

[5] João 13.34. I Ped. 4.8. I João 3.23.

[6] João 14.15, 21. I João 2.5.

[7] I João 4.1, 2, 3 e 2.22.

[8] Mar. 13.9. Gal. 3.4. Heb. 10.32, 35.

[9] I João 2.23.

[10] Rom. 16.17. I Cor. 5.11. Gal. 1.8, 9.

[11] III João 13.

[12] João 17.13. I João 1.4.

[13] I Ped. 5.13.



TERCEIRA EPISTOLA DO APOSTOLO S. JOÃO.



_Prefacio e saudação. O elogio de Gaio._

[Depois de 90 Anno Domini]

1 O ancião ao amado Gaio, [1] a quem em verdade eu amo.

2 Amado, antes de tudo desejo que te vá bem, e que tenhas saude, _assim_
como bem vae á tua alma.

3 Porque muito me alegrei quando os irmãos vieram, e testificaram de tua
verdade, [2] como tu andas na verdade.

4 Não tenho maior gozo do que n’isto, de ouvir [3] que os meus filhos
andam na verdade.

5 Amado, obras fielmente em tudo o que fazes para com os irmãos, e para
com os estranhos,

6 Que em presença da egreja testificaram [ANK] da tua caridade: aos
quaes, se conduzires como é digno para com Deus, bem farás:

7 Porque pelo seu nome sairam, nada [4] tomando dos gentios.

8 Portanto aos taes devemos receber, para que sejamos cooperadores da
verdade.


_Queixa contra Diotrephes. Elogio de Demetrio. Saudações._

9 Tenho escripto á egreja; porém Diotrephes, que procura ter entre elles
o primado, não nos recebe.

10 Pelo que, se eu fôr, trarei á memoria as obras que faz, palrando
contra nós com palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe
os irmãos, e impede os que querem _recebel-os_, e os lança fóra da egreja.

11 Amado, [5] não sigas o mal, mas o bem. Quem faz bem é de Deus; mas
quem faz mal não tem visto a Deus.

12 Todos dão testemunho de Demetrio, [6] até a mesma verdade; e tambem
nós testemunhamos; [7] e vós bem sabeis que o nosso testemunho é
verdadeiro.

13 Tinha muito que [8] escrever, porém não quero escrever-te com tinta e
penna.

14 Mas espero vêr-te brevemente, e fallaremos de bocca a bocca.

15 Paz _seja_ comtigo. Os amigos te saudam. Sauda os amigos por nome.

[1] II João 1.

[2] II João 4.

[3] I Cor. 4.15. Phi. 10.

[4] I Cor. 9.12, 15.

[5] Isa. 1.16, 17. I Ped. 3.11. I João 2.29.

[6] I Tim. 3.7.

[7] João 21.24.

[8] II João 12.



EPISTOLA UNIVERSAL DO APOSTOLO S. JUDAS.



_Prefacio e saudação._

[Anno Domini 66]

1 Judas, servo de Jesus Christo, [1] e irmão de Thiago, aos chamados,
sanctificados pelo Deus Pae, e conservados por Jesus Christo:

2 Misericordia, e paz, e [ANL] caridade vos sejam [2] multiplicadas.


_Contra os impios e falsos mestres._

3 Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligencia ácerca
da salvação commum, [3] tive por necessidade escrever-vos, [4] e
exhortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi entregue aos sanctos.

4 Porque se introduziram alguns, que já d’antes estavam escriptos para
este mesmo juizo, [5] homens impios, que convertem em dissolução a graça
de Deus, e negam a Deus, unico dominador e Senhor nosso, Jesus Christo.

5 Porém quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, [6] que,
havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egypto, destruiu
depois os que não creram;

6 E aos anjos [7] que não guardaram a sua origem, mas deixaram a sua
propria habitação, reservou debaixo da escuridão, e em prisões eternas
até ao juizo d’aquelle grande dia;

7 Como Sodoma [8] e Gomorrah, e as cidades circumvisinhas, que, havendo
fornicado como aquelles, e ido após outra carne, foram postas por
exemplo, soffrendo a pena do fogo eterno.

8 E comtudo [9] tambem estes, similhantemente adormecidos, contaminam a
carne, e rejeitam a dominação, e vituperam as dignidades.

9 Porém o archanjo [10] Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava
a respeito do corpo de Moysés, não ousou pronunciar juizo de maldição
contra elle; porém disse: O Senhor te reprehenda.

10 Porém estes dizem mal [11] do que não sabem; e o que naturalmente
conhecem, como animaes irracionaes, n’isso se corrompem.

11 Ai d’elles! porque entraram pelo caminho de Caim, [12] e foram levados
pelo engano do galardão de Balaão, e pereceram pela contradicção de Coré.

12 Estes são [ANM] manchas [13] em vossas festas de [ANN] caridade,
banqueteando comvosco, [ANO] e apascentando-se a si mesmos sem
temor: [14] _são_ nuvens sem agua, levadas dos ventos de uma a outra
parte: _são_ como arvores murchas, infructiferas, duas vezes mortas,
desarreigadas;

13 Ondas impetuosas do mar, [15] que escumam as suas mesmas abominações;
estrellas errantes, para os quaes está eternamente reservada a escuridão
das trevas.

14 E d’estes prophetizou tambem Enoch, o setimo depois de Adão, [16]
dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus sanctos;

15 Para fazer juizo contra todos e castigar d’entre elles todos os
impios, por todas as suas obras de impiedade, que impiamente commetteram,
[17] e por todas as duras _palavras_ que os impios peccadores disseram
contra elle.

16 Estes são murmuradores, queixosos da sua sorte, andando segundo as
suas concupiscencias, [18] e cuja bocca falla _coisas_ mui arrogantes,
admirando as pessoas por causa do proveito.

17 Mas vós, amados, [19] lembrae-vos das palavras que vos foram preditas
pelos apostolos de nosso Senhor Jesus Christo:

18 Como vos diziam que no ultimo tempo haveria escarnecedores [20] que
andariam segundo as suas impias concupiscencias.

19 Estes são os que se separam [21] a si mesmos, sensuaes, que não teem o
Espirito.


_Exhortação e doxologia final._

20 Mas vós, amados, [22] edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa
sanctissima fé, orando no Espirito Sancto,

21 Conservae-vos a vós mesmos [ANP] na caridade de Deus, [23] esperando a
misericordia de nosso Senhor Jesus Christo para a vida eterna.

22 E apiedae-vos de alguns que estão duvidosos;

23 Mas salvae os outros por temor, [24] e arrebatae-os do fogo,
aborrecendo até a roupa manchada da carne.

24 Ora, áquelle que é poderoso [25] para vos guardar de tropeçar, e
apresentar-vos irreprehensiveis, [26] com alegria, perante a sua gloria,

25 Ao unico Deus, Salvador [27] nosso, por Jesus Christo, nosso Senhor,
_seja_ gloria e magestade, dominio e poder, antes de todos os seculos,
agora, e para todo o sempre. Amen.

[1] Luc. 6.16. Act. 1.13. João 17.11, 12, 15.

[2] I Ped. 1.2. II Ped. 1.2.

[3] Tito 1.4.

[4] Phi. 1.27. I Tim. 1.18.

[5] Gal. 2.4. II Ped. 2.1. Rom. 9.21, 22.

[6] I Cor. 10.9. Num. 14.29, 37.

[7] João 8.44. II Ped. 2.4. Apo. 20.10.

[8] Gen. 19.24. Deu. 29.23. II Ped. 2.6.

[9] II Ped. 2.10. Exo. 22.28.

[10] Dan. 10.13 e 12.1. Apo. 12.7. II Ped. 2.11. Zac. 3.2.

[11] II Ped. 2.12.

[12] Gen. 4.5. I João 3.12. Num. 22.7, 21. II Ped. 2.15. Num. 18.1, etc.

[13] II Ped. 2.13. I Cor. 11.21.

[14] Pro. 25.14. II Ped. 2.17. Eph. 4.14. Mat. 15.13.

[15] Isa. 57.20. Phi. 3.19. II Ped. 2.17.

[16] Gen. 5.18. Deu. 32.2. Dan. 7.10. Zac. 14.5. Mat. 25.31. II The. 1.7.
Apo. 1.7.

[17] I Sam. 2.3. Psa. 31.18 e 94.4. Mal. 3.13.

[18] II Ped. 2.18. Pro. 28.21. Thi. 2.1, 9.

[19] II Ped. 3.2.

[20] I Tim. 4.1. II Tim. 3.1 e 4.3. II Ped. 2.1 e 3.3.

[21] Pro. 18.1. Eze. 14.7. Ose. 4.14 e 9.10. Heb. 10.25. I Cor. 2.14.
Thi. 3.15.

[22] Col. 2.7. I Tim. 1.4. Rom. 8.26. Eph. 6.18.

[23] Tito 2.13. II Ped. 3.12.

[24] Rom. 11.14. I Tim. 4.16. Amós 4.11. Zac. 3.2. I Cor. 3.15. Zac. 3.4,
5. Apo. 3.4.

[25] Rom. 16.25. Eph. 3.20.

[26] Col. 1.22.

[27] Rom. 16.27. I Tim. 1.17 e 2.3.



APOCALYPSE DO APOSTOLO S. JOÃO.



_O titulo e assumpto do livro._

[Anno Domini 96]

1 Revelação de Jesus Christo, a qual Deus lhe deu, [1] para mostrar aos
seus servos as _coisas_ que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo
as enviou, e as notificou a João seu servo;

2 O qual testificou da palavra [2] de Deus, e do testemunho de Jesus
Christo, e de tudo o que tem visto.

3 Bemaventurado [3] aquelle que lê, e os que ouvem as palavras d’esta
prophecia, e guardam as _coisas_ que n’ella estão escriptas; porque o
tempo está proximo.


_Dedicação ás sete egrejas da Asia._

4 João, ás sete egrejas que estão na Asia: [4] Graça e paz _seja_
comvosco da parte d’aquelle que é, e que era, e que ha de vir, e da dos
sete espiritos que estão diante do seu throno;

5 E da parte de Jesus Christo, [5] que é a fiel testemunha, o primogenito
dos mortos e o principe dos reis da terra. Aquelle que nos amou, e em
seu sangue nos lavou dos nossos peccados,

6 E nos fez [6] reis e sacerdotes para Deus e seu Pae: a elle gloria e
poder para todo o sempre. Amen.

7 Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, [7] até os mesmos que
o traspassaram, e todas as tribus da terra se lamentarão sobre elle. Sim.
Amen.

8 Eu sou [8] o Alpha e o Omega, o principio e o fim, diz o Senhor, que é,
e que era, e que ha de vir, o Todo-poderoso.


_Jesus apparece a João na ilha de Patmos. Ordena-lhe que escreva o que
viu e o participe ás sete egrejas da Asia._

9 Eu, João, que tambem sou vosso irmão, e companheiro na afflicção, e no
reino, [9] e paciencia de Jesus Christo, estava na ilha chamada Patmos,
por causa da palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Christo.

10 Eu fui arrebatado [10] em espirito no dia do Senhor, e ouvi detraz de
mim uma grande voz, como de trombeta,

11 Que dizia: O que vês, escreve-o n’um livro, e envia-_o_ ás sete
egrejas que estão na Asia: a Epheso, e a Smyrna, e a Pergamo, e a
Thyatira, e a Sardo, e a Philadelphia, e a Laodicéa.

12 E virei-me para vêr quem fallara comigo. E, virando-me, [11] vi sete
castiçaes de oiro;

13 E no meio dos sete [12] castiçaes _um_ similhante ao Filho do homem,
vestido até aos pés de um vestido comprido, e cingido pelos peitos com um
cinto de oiro.

14 E a sua cabeça e [13] cabellos _eram_ brancos como lã branca, como a
neve, e os seus olhos como chamma de fogo;

15 E os seus pés, [14] similhantes a latão reluzente, como se tivessem
sido refinados n’uma fornalha, e a sua voz como a voz de muitas aguas.

16 E tinha na sua [15] dextra sete estrellas; e da sua bocca sahia uma
aguda espada de dois fios; e o seu rosto _era_ como _o_ sol, _quando_ na
sua força resplandece.

17 E eu, quando o vi, [16] cahi a seus pés como morto; e elle poz sobre
mim a sua dextra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o derradeiro;

18 E o que vivo [17] e fui morto; e eis aqui vivo para todo o sempre.
Amen: e tenho as chaves da morte e do [ANQ] inferno.

19 Escreve as _coisas_ [18] que tens visto e as que são, e as que depois
d’estas hão de acontecer:

20 O mysterio das sete [19] estrellas, que viste na minha dextra, e dos
sete castiçaes de oiro. As sete estrellas são os anjos das sete egrejas,
e os sete castiçaes, que viste, são as sete egrejas.

[1] João 3.32 e 8.26 e 12.49. cap. 4.1 e 22.16.

[2] I Cor. 1.6. cap. 6.9 e 12.17. I João 1.1.

[3] Luc. 11.28. Rom. 13.11. Thi. 5.8. I Ped. 4.7. cap. 22.10.

[4] Exo. 3.14. João 1.1. Zac. 3.9 e 4.10.

[5] João 8.14. I Tim. 6.13. I Cor. 15.20. Col. 1.18. Eph. 1.20. João
13.34 e 15.9. Gal. 2.20. Heb. 9.14. I João 1.7.

[6] I Ped. 2.5, 9. I Tim. 6.16. Heb. 13.21. I Ped. 4.11 e 5.11.

[7] Dan. 7.13. Mat. 24.30 e 26.64. Act. 1.11. Zac. 12.10. João 19.37.

[8] Isa. 41.4 e 44.6 e 48.12. cap. 2.8 e 21.6 e 22.13.

[9] Phi. 1.7 e 4.14. II Tim. 1.8. Rom. 8.17. II Tim. 2.12.

[10] Act. 10.10. II Cor. 12.2. cap. 4.2 e 17.3 e 21.10. João 20.26. Act.
20.7. I Cor. 16.2. cap. 4.1 e 10.8.

[11] ver. 20. Exo. 25.37. Zac. 4.2.

[12] cap. 2.1 e 14.14 e 10.16. Eze. 1.26. Dan. 7.13 e 10.16.

[13] Dan. 7.9 e 10.6. cap. 2.18 e 19.12.

[14] Eze. 1.7. Dan. 10.6. cap. 2.18 e 14.2 e 19.6. Eze. 43.2.

[15] ver. 20. cap. 2.1, 12, 16 e 3.1 e 19.15. Isa. 49.2. Eph. 6.17. Heb.
4.12. Act. 26.13.

[16] Eze. 1.28. Dan. 8.18 e 10.10. Isa. 41.4 e 44.6 e 48.12.

[17] Rom. 6.9. cap. 4.9 e 5.14. Psa. 68.20.

[18] ver. 12, etc. cap. 2.1 e 4.1, etc. ver. 16.

[19] Mal. 2.7. cap. 2.1, etc. Zac. 4.2. Mat. 5.15. Phi. 2.15.



_Cartas ás sete egrejas da Asia. Primeira carta, á egreja em Epheso._

2 Escreve ao anjo da egreja que está em Epheso: [1] Isto diz aquelle que
tem na sua dextra as sete estrellas, que anda no meio dos sete castiçaes
de oiro.

2 Eu sei as tuas obras, [2] e o teu trabalho, e a tua paciencia, e que
não pódes soffrer os maus; e provaste os que dizem ser apostolos [3] e o
não são; e tu os achaste mentirosos.

3 E soffreste, e tens paciencia; e trabalhaste pelo meu nome, [4] e não
te cançaste.

4 Porém tenho contra ti que deixaste [ANR] a tua primeira caridade.

5 Lembra-te pois d’onde decaiste, e arrepende-te, e pratica as primeiras
obras; e, [5] senão, brevemente a ti virei, e tirarei do seu logar o teu
castiçal, se te não arrependeres.

6 Tens, porém, isto: que aborreces as obras dos nicolaitas, [6] as quaes
eu tambem aborreço.

7 Quem tem ouvidos, [7] ouça o que o Espirito diz ás egrejas: Ao que
vencer, [8] dar-lhe-hei a comer da arvore da vida, que está no meio do
paraiso de Deus.


_Segunda carta, á egreja em Smyrna._

8 E ao anjo da egreja que está em Smyrna, escreve: Isto diz o primeiro e
o derradeiro, que foi morto, e reviveu:

9 Eu sei as tuas obras, e tribulação, e pobreza ([9] porém tu és rico),
e a blasphemia dos que se dizem judeos, e o não são, mas são a synagoga
de Satanás.

10 Nada temas [10] das _coisas_ que has de padecer. Eis que o diabo
lançará _alguns_ de vós na prisão, para que sejaes tentados; e tereis
tribulação de dez dias. [11] Sê fiel até á morte, e dar-te-hei a corôa da
vida.

11 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espirito diz ás egrejas: [12] O que
vencer não receberá damno da segunda morte.


_Terceira carta, á egreja em Pergamo._

12 E ao anjo da egreja que está em Pergamo escreve: [13] Isto diz aquelle
que tem a espada aguda de dois fios:

13 Eu sei as tuas obras, e onde habitas, [14] _que é_ onde está o throno
de Satanás; e retens o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos
dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde
Satanás habita.

14 Porém umas poucas de coisas tenho contra ti: que tens lá os que reteem
a doutrina de Balaão, [15] o qual ensinava Balac a lançar tropeços diante
dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrificios da idolatria e
fornicassem.

15 Assim tens tambem os que reteem a doutrina dos nicolaitas: o que eu
aborreço.

16 Arrepende-te, e, senão, em breve virei a ti, [16] e contra elles
batalharei com a espada da minha bocca.

17 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espirito diz ás egrejas: Ao que vencer
darei eu a comer do manná escondido, e dar-lhe-hei um seixo branco, [17]
e um novo nome escripto no seixo, o qual ninguem conhece senão aquelle
que o recebe.


_Quarta carta, á egreja em Thyatira._

18 E ao anjo da egreja em Thyatira, escreve: Isto diz o Filho de Deus,
[18] que tem seus olhos como chamma de fogo, e os pés similhantes ao
latão reluzente:

19 Eu conheço as tuas obras, e [ANS] caridade, e serviço, e fé, e a tua
paciencia, e as tuas ultimas obras, e _que_ as derradeiras _são_ mais do
que as primeiras.

20 Porém umas poucas de coisas tenho contra ti: que deixas a Jezabel,
[19] mulher que se diz prophetiza, ensinar e enganar os meus servos, para
que forniquem e comam dos sacrificios da idolatria.

21 E dei-lhe tempo [20] para que se arrependesse da sua fornicação; e não
se arrependeu.

22 Eis que a deito na cama, e aos que adulteram com ella, em grande
tribulação, se não se arrependerem das suas obras.

23 E matarei de [ANT] morte a seus filhos, [21] e todas as egrejas
saberão que eu sou aquelle que penetra os rins e os corações. [22] E
darei a cada um de vós segundo as vossas obras.

24 Mas eu vos digo a vós, e aos demais que _estão_ em Thyatira, a
todos quantos não teem esta doutrina, e não conheceram, como dizem, as
profundezas de Satanás, [23] _que_ outra carga vos não porei.

25 Porém o que tendes [24] retende-o até que eu venha.

26 E ao que vencer, [25] e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe
darei poder sobre as nações,

27 E com vara de ferro [26] as regerá: serão quebradas como vasos de
oleiro, como tambem recebi de meu Pae.

28 E dar-lhe-hei a estrella da manhã.

29 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espirito diz ás egrejas.

[1] cap. 1.13, 16, 20.

[2] Psa. 1.6. ver. 9, 13, 19. cap. 3.1, 8, 15. João 4.1.

[3] II Cor. 11.13. II Ped. 2.1.

[4] Gal. 6.9. Heb. 12.3, 5.

[5] Mat. 21.41, 43.

[6] ver. 15.

[7] Mat. 11.15 e 13.9, 43. cap. 3.6, 13, 22 e 13.9 e 22.2, 14.

[8] Gen. 2.9.

[9] Luc. 12.21. I Tim. 6.18. Thi. 2.5. Rom. 2.17, 28, 29 e 9.6. cap. 3.9.

[10] Mat. 10.22.

[11] Mat. 24.13. Thi. 1.12. cap. 3.11 e 13.9.

[12] cap. 20.14 e 21.8.

[13] cap. 1.16. ver. 2.

[14] ver. 9.

[15] Num. 24.14 e 25.1 e 31.16. II Ped. 2.15. Jud. 11. Act. 15.29. I Cor.
8.9, 10 e 10.19, 29. I Cor. 6.13.

[16] Isa. 11.4. II The. 2.8. cap. 1.16 e 19.15, 21. ver. 14.

[17] cap. 3.12 e 19.12.

[18] cap. 1.14, 15. ver. 2.

[19] I Reis 16.31 e 21.25. II Reis 9.7. Exo. 34.15. Act. 15.20, 29. I
Cor. 10.19, 20.

[20] Rom. 2.4. cap. 9.20.

[21] I Sam. 16.7. I Chr. 28.9 e 29.17. II Chr. 6.30. Psa. 7.8. Jer. 11.20
e 17.10. João 2.24, 25. Act. 1.24. Rom. 8.27.

[22] Psa. 62.12. Mat. 16.27. Rom. 2.6. II Cor. 5.10. Gal. 6.5. cap. 20.12.

[23] Act. 15.28.

[24] cap. 3.11.

[25] João 6.29. I João 3.23. Mat. 19.28. Luc. 22.29, 30. I Cor. 6.3. cap.
3.21 e 20.4.

[26] Psa. 2.8, 9 e 49.14. Dan. 7.22. cap. 12.5.



_Quinta carta, á egreja em Sardo._

3 E ao anjo da egreja que está em Sardo escreve: Isto diz o que tem os
sete Espiritos [1] de Deus, e as sete estrellas: Eu sei as tuas obras,
[2] que tens nome de que vives, e estás morto.

2 Sê vigilante, e confirma o resto que estava para morrer; porque não
achei as tuas obras perfeitas diante de Deus.

3 Lembra-te pois do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e
arrepende-te. [3] E, se não velares, virei sobre ti como o ladrão, e não
saberás a que hora sobre ti virei.

4 Mas tambem [4] tens em Sardo [ANU] algumas pessoas que não
contaminaram seus vestidos, [5] e comigo andarão em _vestidos_ brancos;
porquanto são dignos _d’isso_.

5 O que vencer [6] será vestido de vestidos brancos, e em maneira nenhuma
riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de
meu Pae e diante dos seus anjos.

6 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espirito diz ás egrejas.


_Sexta carta, á egreja em Philadelphia._

7 E ao anjo da egreja que está em Philadelphia escreve: Isto diz o que é
sancto, [7] o que é verdadeiro o que tem a chave de David; o que abre, e
ninguem cerra; e cerra, e ninguem abre:

8 Eu sei as tuas obras: eis que diante de ti puz uma porta aberta, [8]
e ninguem a pode cerrar: porque tens pouca força, e guardaste a minha
palavra, e não negaste o meu nome.

9 Eis aqui dou, [9] da synagoga de Satanás, dos que se dizem judeos, e
não são, mas mentem: eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a
teus pés, e saibam que eu te amo.

10 Porque guardaste a palavra da minha paciencia, [10] tambem eu te
guardarei da hora da tentação que ha de vir sobre todo o mundo, para
tentar os que habitam na terra.

11 Eis que venho logo; [11] guarda o que tens, para que ninguem tome a
tua corôa.

12 A quem vencer, [12] eu o farei columna no templo do meu Deus, e d’elle
nunca sairá; e escreverei sobre elle o nome do meu Deus, e o nome da
cidade do meu Deus, _o_ da nova Jerusalem, que desce do céu do meu Deus,
e o meu novo nome.

13 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espirito diz ás egrejas.


_Setima carta, á egreja em Laodicea._

14 E ao anjo da egreja que está em Laodicea escreve: [13] Isto diz o
Amen, a testemunha fiel e verdadeira, o principio da creação de Deus:

15 Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente: oxalá fôras frio ou
quente!

16 Assim, pois que és morno, e nem és frio nem quente, vomitar-te-hei da
minha bocca.

17 Porque dizes: [14] Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho
falta; e não sabes que és um desgraçado, e miseravel, e pobre, e cego, e
nú.

18 Aconselho-te [15] a que de mim compres oiro provado no fogo, para que
te enriqueças; e vestidos brancos, para que te vistas, e não appareça a
vergonha da tua nudez; e unge os teus olhos com collyrio, para que vejas;

19 Eu reprehendo e castigo a todos quantos amo: [16] sê pois zeloso, e
arrepende-te.

20 Eis que estou á porta, [17] e bato: se alguem ouvir a minha voz, e
abrir a porta, entrarei em sua casa, e com elle cearei, e elle comigo.

21 Ao que vencer [18] lhe concederei que se assente comigo no meu throno;
assim como eu venci, e me assentei com meu Pae no seu throno.

22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espirito diz ás egrejas.

[1] II Ped. 1.19. cap. 22.16.

[2] cap. 1.4, 16 e 4.5 e 5.6. cap. 2.2. Eph. 2.1, 5. I Tim. 5.6.

[3] I Tim. 6.20. II Tim. 1.13. ver. 11, 19. Mat. 24.42, 43 e 25.13. Mar.
13.33. Luc. 12.39, 40. I The. 5.2, 6. II Ped. 3.10. cap. 16.15.

[4] Act. 1.15. Jud. 23.

[5] cap. 4.4 e 6.11.

[6] cap. 19.8. Exo. 32.32. Psa. 69.28. Phi. 4.3. cap. 13.8 e 17.8. Mat.
10.32. Luc. 12.8.

[7] Act. 3.14. I João 5.20. ver. 14. cap. 1.5, 18 e 19.11. Isa. 22.22.
Luc. 1.32. Mat. 16.19. Job 12.14.

[8] I Cor. 16.9. II Cor. 2.12.

[9] cap. 2.9. Isa. 49.23 e 60.14.

[10] II Ped. 2.9. Luc. 2.1. Isa. 24.17.

[11] Phi. 4.5. cap. 1.3 e 2.10, 25 e 22.7, 12, 20.

[12] I Reis 7.21. Gal. 2.9. cap. 2.17 e 14.1. Gal. 4.26. Heb. 12.22. cap.
21.2, 10 e 22.4.

[13] Isa. 65.16. cap. 1.5 e 19.11 e 22.6. Col. 1.15.

[14] Ose. 12.8. I Cor. 4.8.

[15] Isa. 55.1. Mat. 13.44 e 25.9. II Cor. 5.3. cap. 7.13 e 16.15 e 19.8.

[16] Job 5.17. Pro. 3.11, 12. Heb. 12.5, 6. Thi. 1.12.

[17] Can. 5.2. Luc. 12.37. João 14.23.

[18] Mat. 19.28. Luc. 22.30. I Cor. 6.2. II Tim. 2.12. cap. 2.26, 27.



_A visão do throno da magestade divina; os vinte e quatro anciãos e os
quatro animaes._

4 Depois d’estas coisas, olhei, e eis que _estava_ uma porta aberta no
céu: [1] e a primeira voz, que como de uma trombeta ouvira fallar comigo,
disse: Sobe aqui, e mostrar-te-hei as coisas que depois d’estas devem
acontecer.

2 E logo fui _arrebatado_ em [2] espirito, e eis que um throno estava
posto no céu, e _um_ assentado sobre o throno.

3 E o que estava assentado era, ao parecer, similhante á pedra jaspe e
sardonica; [3] e o arco celeste estava ao redor do throno, no parecer
similhante á esmeralda.

4 E ao redor [4] do throno _havia_ vinte e quatro thronos; e vi
assentados sobre os thronos vinte e quatro anciãos vestidos de vestidos
brancos; e tinham sobre suas cabeças corôas de oiro.

5 E do throno sahiam relampagos, e trovões, [5] e vozes; e diante do
throno ardiam sete lampadas de fogo, as quaes são os sete Espiritos de
Deus.

6 E _havia_ diante do throno um mar de vidro, [6] similhante ao crystal.
E no meio do throno, e ao redor do throno, quatro [ANV] animaes cheios de
olhos, por diante e por detraz.

7 E o primeiro animal _era_ similhante a um leão, [7] e o segundo animal
similhante a um bezerro, e tinha o terceiro animal o rosto como de homem,
e o quarto animal _era_ similhante a uma aguia voando.

8 E os quatro animaes tinham [8] cada um de per si seis azas ao redor,
e por dentro estavam cheios de olhos; e não descançam nem de dia nem de
noite, dizendo: Sancto, Sancto, Sancto é o Senhor Deus, o Todo-poderoso,
que era, e que é, e que ha de vir.

9 E, quando os animaes davam gloria, e honra, e acções de graças ao que
estava assentado sobre o throno, [9] ao que vive para todo o sempre,

10 Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado
sobre o throno, [10] e adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam
as suas corôas diante do throno, dizendo:

11 Digno és, [11] Senhor, de receber gloria, e honra, e poder; porque tu
creaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram creadas.

[1] cap. 1.10, 19 e 11.12 e 22.6.

[2] cap. 1.10 e 17.3 e 21.10. Isa. 6.1. Jer. 17.12. Eze. 1.26 e 10.1.
Dan. 7.9.

[3] Eze. 1.28.

[4] cap. 3.4, 5 e 6.11 e 7.9 e 19.14.

[5] cap. 8.5 e 16.18. Exo. 37.23. II Chr. 4.20. Eze. 1.13. Zac. 4.2. cap.
1.4 e 3.1 e 5.6.

[6] Exo. 38.8. cap. 15.2. Eze. 1.5. ver. 8.

[7] Num. 2.2, etc. Eze. 1.10 e 10.14.

[8] Isa. 6.2. ver. 6. Isa. 6.3. cap. 1.8. cap. 1.4.

[9] cap. 1.18 e 5.14 e 15.7. cap. 5.8, 14.

[10] ver. 9. ver. 4.

[11] cap. 5.12. Gen. 1.1. Act. 17.24. Eph. 3.9. Col. 1.16. cap. 10.6.



_O livro sellado com sete sellos. Sómente o Cordeiro é digno de abril-o._

5 E vi na dextra do que estava assentado sobre o throno um livro escripto
[1] por dentro e por fóra, sellado com sete sellos.

2 E vi um anjo forte, apregoando com grande voz: Quem é digno de abrir o
livro e de desatar os seus sellos?

3 E ninguem [2] no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o
livro, nem olhar _para_ elle.

4 E eu chorava muito, porque ninguem fôra achado digno de abrir o livro,
nem de o lêr, nem de olhar _para_ elle.

5 E disse-me um dos anciãos: Não chores: [3] eis aqui, o Leão da tribu de
Judah, a raiz de David, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus
sete sellos.

6 E olhei, e eis que no meio dos anciãos estava um [4] Cordeiro, como
havendo sido morto, e tinha sete cornos, e sete olhos, que são os sete
Espiritos de Deus enviados a toda a terra.

7 E veiu, e tomou o livro da [5] dextra do que estava assentado no throno.

8 E, havendo tomado o livro, os quatro animaes e os vinte e quatro
anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos elles harpas [6] e
[ANW] salvas de oiro cheias de incenso, que são as orações dos sanctos.

9 E cantavam um novo cantico, dizendo: [7] Digno és de tomar o livro, e
de abrir os seus sellos; porque foste morto, [8] e com o teu sangue para
Deus nos compraste, de toda a tribu, [9] e lingua, e povo, e nação;

10 E para [10] o nosso Deus nos fizeste reis e sacerdotes; e reinaremos
sobre a terra.

11 E olhei, [11] e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do throno, e dos
animaes, e dos anciãos; e era o numero d’elles milhões de milhões, e
milhares de milhares,

12 Que com grande voz [12] diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de
receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e gloria, e
acções de graças.

13 E ouvi a toda a creatura [13] que está no céu, e na terra, e debaixo
da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que n’elles ha, dizendo:
Ao que está assentado sobre o throno, e ao Cordeiro, sejam dadas acções
de graças, [14] e honra, e gloria, e poder para todo o sempre.

14 E os quatro animaes diziam: Amen. [15] E os vinte e quatro anciãos
prostraram-se, e adoraram ao que vive para todo o sempre.

[1] Eze. 2.9, 10. Isa. 29.11. Dan. 12.4.

[2] ver. 13.

[3] Gen. 49.9, 10. Heb. 7.14. Isa. 11.1, 10. Rom. 15.12. cap. 6.1.

[4] Isa. 53.7. João 1.29, 36. I Ped. 1.19. ver. 9, 12. Zac. 3.9 e 4.10.
cap. 4.5.

[5] cap. 4.2.

[6] cap. 14.2 e 15.2. Psa. 141.2. cap. 8.3.

[7] Psa. 40.3. cap. 4.11 e 14.3.

[8] Act. 20.28. Rom. 3.24. I Cor. 6.20 e 7.23. Eph. 1.7. Col. 1.14. Heb.
9.12. I Ped. 1.18, 19. II Ped. 2.1. I João 1.7. cap. 14.4.

[9] Dan. 4.1 e 6.25. cap. 7.9 e 11.9 e 14.6.

[10] Exo. 19.6. I Ped. 2.5, 9. cap. 1.6 e 20.6 e 22.5.

[11] cap. 4.4, 6. Psa. 68.17. Dan. 7.10. Heb. 12.22.

[12] cap. 4.11.

[13] Phi. 2.10. ver. 3.

[14] I Chr. 29.11. Rom. 9.5 e 16.27. I Tim. 6.16. I Ped. 4.11 e 5.11.
cap. 6.16 e 7.10.

[15] cap. 4.9 e 19.4.



_A abertura dos primeiros seis sellos._

6 E, havendo o Cordeiro [1] aberto um dos sellos, olhei, e ouvi um dos
quatro animaes, que dizia como _com_ voz de trovão: Vem, e vê.

2 E olhei, e eis um cavallo branco: [2] e o que estava assentado sobre
elle tinha um arco; e foi-lhe dada uma corôa, e saiu victorioso, para
que vencesse.

3 E, havendo aberto o [3] segundo sello, ouvi o segundo animal, dizendo:
Vem, e vê.

4 E saiu outro cavallo, [4] vermelho; e ao que estava assentado sobre
elle foi dado que tirasse a paz da terra, e que se matassem uns aos
outros; e foi-lhe dada uma grande espada.

5 E, havendo aberto o terceiro sello, [5] ouvi dizer ao terceiro animal:
Vem, e vê. E olhei, e eis um cavallo preto: [6] e o que sobre elle estava
assentado tinha uma balança na sua mão.

6 E ouvi uma voz no meio dos quatro animaes, que dizia: Uma medida de
trigo por um dinheiro, e tres medidas de cevada por um dinheiro; e não
damnifiques o azeite e o vinho.

7 E, havendo aberto o quarto sello, [7] ouvi a voz do quarto animal, que
dizia: Vem e vê.

8 E olhei, [8] e eis um cavallo amarello, e o que estava assentado sobre
elle tinha por nome Morte; e [ANX] o inferno o seguiu; [9] e foi-lhes
dado poder para matar a quarta _parte_ da terra, com espada, e com fome,
e com mortandade, e com as feras da terra.

9 E, havendo aberto o quinto sello, [10] vi debaixo do altar as almas dos
que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que
deram.

10 E clamavam com grande voz, dizendo: [11] Até quando, ó Dominador, e
sancto verdadeiro, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam
sobre a terra?

11 E deram-se-lhes a cada um vestidos [12] brancos compridos, e foi-lhes
dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que tambem se
completasse _o numero_ de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser
mortos como elles.

12 E, havendo aberto o sexto sello, [13] olhei, e eis que houve um grande
tremor de terra; e o sol tornou-se negro como sacco de cilicio, e a lua
tornou-se como sangue.

13 E as estrellas [14] do céu cairam sobre a terra, como quando a
figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte.

14 E o céu retirou-se [15] como um [ANY] livro que se enrola; e todos os
montes e ilhas se moveram dos seus logares.

15 E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os
poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas
[16] e nas rochas das montanhas;

16 E diziam [17] aos montes e aos rochedos: Cahi sobre nós, e
escondei-nos do rosto d’aquelle que está assentado sobre o throno, e da
ira do Cordeiro;

17 Porque é vindo [18] o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?

[1] cap. 5.5 e 4.7.

[2] Zac. 6.3. cap. 19.11. Psa. 45.4, 5. Zac. 6.11. cap. 14.14.

[3] cap. 4.7.

[4] Zac. 6.2.

[5] cap. 4.7.

[6] Zac. 6.2.

[7] cap. 4.7.

[8] Zac. 6.3.

[9] Eze. 14.21. Lev. 26.22.

[10] cap. 8.3 e 9.13 e 14.18 e 24.4. II Tim. 1.8. cap. 12.17.

[11] Zac. 1.12. cap. 3.7 e 11.18 e 19.2.

[12] cap. 3.4, 5 e 7.9, 14. Heb. 11.40. cap. 14.13.

[13] cap. 16.18. Joel 2.10, 31 e 3.15. Mat. 24.29. Act. 2.20.

[14] cap. 8.10 e 9.1.

[15] Psa. 102.27. Isa. 34.4. Heb. 1.12, 13. Jer. 3.23 e 4.24.

[16] Isa. 2.19.

[17] Ose. 10.8. Luc. 23.30. cap. 9.6.

[18] Isa. 13.6, etc. Sof. 1.14, etc. cap. 16.14. Psa. 76.7, 8.



_Os israelitas fieis são salvos de perigos imminentes._

7 E depois d’estas coisas vi quatro anjos que estavam sobre os quatro
cantos da terra, [1] que retinham os quatro ventos da terra, para que
nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra arvore
alguma.

2 E vi outro anjo subir da banda do sol nascente, e que tinha o sello do
Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos a quem fôra dado o
poder de damnificar a terra e o mar,

3 Dizendo: [2] Não damnifiques a terra, nem o mar, nem as arvores, até
que hajamos assignalado nas suas testas os servos do nosso Deus.

4 E ouvi o numero [3] dos assignalados, _e foram_ cento e quarenta e
quatro mil assignalados, de todas as tribus dos filhos de Israel.

5 Da tribu de Judah, doze mil assignalados: da tribu de Ruben, doze mil
assignalados: da tribu de Gad, doze mil assignalados:

6 Da tribu de Aser, doze mil assignalados: da tribu de Naphtali, doze mil
assignalados: da tribu de Manassés, doze mil assignalados:

7 Da tribu de Simeão, doze mil assignalados: da tribu de Levi, doze mil
assignalados: da tribu de Issacar, doze mil assignalados:

8 Da tribu de Zabulon, doze mil assignalados: da tribu de José, doze mil
assignalados: da tribu de Benjamin, doze mil assignalados.


_Visão dos martyres na gloria._

9 Depois d’estas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, [4] a qual
ninguem podia contar, de todas as nações, e tribus, e povos, e linguas,
que estavam diante do throno, e perante o Cordeiro, [5] trajando vestidos
brancos e com palmas nas suas mãos:

10 E clamavam com grande voz, dizendo: [6] Salvação ao nosso Deus, que
está assentado no throno, e ao Cordeiro.

11 E todos os anjos estavam ao redor [7] do throno, e dos anciãos, e dos
quatro animaes; e prostraram-se diante do throno sobre seus rostos, e
adoraram a Deus,

12 Dizendo: [8] Amen. Louvor, e gloria, e sabedoria, e acção de graças, e
honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amen.

13 E um dos anciãos respondeu, dizendo-me: Estes que estão vestidos de
vestidos brancos, quem são, e d’onde vieram?

14 E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E elle disse-me: [9] Estes são
os que vieram de grande tribulação, e lavaram os seus vestidos e os
branquearam no sangue do Cordeiro;

15 Por isso estão diante do throno de Deus, e o servem de dia e de noite
no seu templo; e [10] aquelle que está assentado sobre o throno os
cobrirá com a sua sombra.

16 Não mais terão fome, [11] nem mais terão sêde; nem sol nem calma
alguma cairá sobre elles.

17 Porque o Cordeiro que está no meio do throno [12] os apascentará, e
lhes servirá de guia para as fontes vivas das aguas; e Deus alimpará de
seus olhos toda a lagrima.

[1] Dan. 7.2. cap. 9.4.

[2] cap. 6.6 e 9.4. Eze. 9.4. cap. 14.1 e 22.4.

[3] cap. 9.16 e 14.1.

[4] Rom. 11.25. cap. 5.9.

[5] cap. 3.5, 18 e 4.4 e 6.11. ver. 14.

[6] Psa. 3.8. Isa. 43.11. Jer. 3.23. Ose. 13.4.

[7] cap. 4.6.

[8] cap. 5.13, 14.

[9] cap. 6.9 e 17.6. Isa. 1.18. Heb. 9.14. I João 1.7. cap. 1.5. Zac.
3.3, 4, 5.

[10] Isa. 4.5, 6. cap. 21.3.

[11] Isa. 49.10. Psa. 121.6. cap. 21.4.

[12] Psa. 23.1 e 36.8. João 10.11, 14. Isa. 25.8. cap. 21.4.



_A abertura do setimo sello. Os sete anjos com as sete trombetas; os
primeiros quatro tocam-n’as._

8 E, havendo aberto [1] o setimo sello, fez-se silencio no céu quasi por
meia hora.

2 E vi os sete [2] anjos, que estavam diante de Deus, e foram-lhes dadas
sete trombetas.

3 E veiu outro anjo, e poz-se junto ao altar, tendo um incensario de
oiro; [3] e foi-lhe dado muito incenso, para _o_ pôr _com_ as orações de
todos os sanctos sobre o altar de oiro, que está diante do throno.

4 E o fumo [4] do incenso subiu com as orações dos sanctos desde a mão do
anjo até diante de Deus.

5 E o anjo tomou o incensario, e encheu-o de fogo do altar, e lançou-o
sobre a terra; e fizeram-se vozes, e trovões, [5] e relampagos e
terremotos.

6 E os sete anjos, que tinham as sete trombetas, prepararam-se para
tocal-as.

7 E o primeiro anjo tocou a sua trombeta, [6] e houve saraiva, e fogo
misturado com sangue, e foram lançados na terra; e queimou-se a terça
parte das arvores, e toda a herva verde foi queimada.

8 E o segundo anjo tocou a trombeta; [7] e foi lançada no mar uma coisa
como um grande monte ardendo em fogo, e tornou-se em sangue a terça parte
do mar.

9 E morreu a terça parte [8] das creaturas que tinham vida no mar; e
perdeu-se a terça parte das náos.

10 E o terceiro anjo tocou a sua trombeta, [9] e caiu do céu uma grande
estrella, ardendo como uma tocha, e caiu na terça parte dos rios, e nas
fontes das aguas.

11 E o nome da estrella [10] era Absyntho, e a terça parte das aguas
tornou-se em absyntho, e muitos homens morreram das aguas, porque se
tornaram amargas.

12 E o quarto anjo [11] tocou a sua trombeta, e foi ferida a terça parte
do sol, e a terça parte da lua, e a terça parte das estrellas; para que a
terça parte d’elles se escurecesse, e a terça parte do dia não brilhasse,
e similhantemente _a_ da noite.

13 E olhei, e ouvi um anjo voar pelo meio do céu, dizendo com grande voz:
[12] Ai! ai! dos que habitam sobre a terra! por causa das outras vozes
das trombetas dos tres anjos que hão de ainda tocar.

[1] cap. 6.1.

[2] Mat. 18.10. Luc. 1.19. II Chr. 29.25, 28.

[3] cap. 5.8. Exo. 30.1. cap. 6.9.

[4] Psa. 141.2. Luc. 1.10.

[5] cap. 16.18. II Sam. 22.8. I Reis 19.11. Act. 4.31.

[6] Eze. 38.22. cap. 16.2. Isa. 2.13. cap. 9.4.

[7] Jer. 51.25. Amós 7.4. cap. 16.3. Eze. 14.19.

[8] cap. 16.3.

[9] Isa. 14.12. cap. 9.1 e 16.4.

[10] Ruth 1.20. Exo. 15.23. Jer. 9.15 e 23.15.

[11] Isa. 13.10. Amós 8.9.

[12] cap. 14.6 e 19.17. cap. 9.12 e 11.14.



_A quinta trombeta._

9 E o quinto anjo tocou a sua trombeta, [1] e vi uma estrella que do céu
caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abysmo.

2 E abriu o poço do abysmo, [2] e subiu fumo do poço, como o fumo de uma
grande fornalha, e com o fumo do poço escureceram-se o sol e o ar.

3 E do fumo [3] sairam gafanhotos sobre a terra; e foi-lhes dado poder,
como o poder que teem os escorpiões da terra.

4 E foi-lhes dito que não fizessem damno [4] á herva da terra, nem a
verdura alguma, nem a arvore alguma, senão sómente aos homens que não
teem nas suas testas o signal de Deus.

5 E foi-lhes dado, não que os matassem, [5] mas que por cinco mezes
os atormentassem; e o seu tormento _era_ similhante ao tormento do
escorpião, quando fere ao homem.

6 E n’aquelles dias os homens buscarão [6] a morte, e não a acharão; e
desejarão morrer, e a morte fugirá d’elles.

7 E o parecer dos gafanhotos _era_ [7] similhante ao de cavallos
apparelhados para a guerra; e sobre as suas cabeças _havia_ como corôas
similhantes ao oiro; e os seus rostos _eram_ como os rostos de homens.

8 E tinham cabellos como cabellos de mulheres, [8] e os seus dentes eram
como de leões.

9 E tinham couraças como couraças de ferro; [9] e o ruido das suas azas
_era_ como o ruido de carros, quando muitos cavallos correm ao combate.

10 E tinham caudas similhantes ás dos escorpiões, e aguilhões nas suas
caudas; e o seu [10] poder _era_ de damnificarem os homens por cinco
mezes.

11 E tinham sobre si um rei, [11] o anjo do abysmo; em hebreo era o seu
nome [ANZ] Abaddon, e em grego _tinha por nome_ Apollyon.

12 Passado [12] é já um ai; eis que depois d’isso veem ainda dois ais.


_A sexta trombeta._

13 E tocou o sexto anjo a sua trombeta, e ouvi uma voz dos quatro cornos
do altar de oiro, que estava diante de Deus,

14 A qual dizia ao sexto anjo, que tinha a trombeta: [13] Solta os quatro
anjos, que estão presos junto ao grande rio Euphrates.

15 E foram soltos os quatro anjos, que estavam prestes para a hora, e
dia, e mez, e anno, para matarem a terça parte dos homens.

16 E o numero dos [14] exercitos dos cavalleiros _era_ de duzentos
milhões; e ouvi o numero d’elles.

17 E vi assim os cavallos n’esta visão; e os que sobre elles cavalgavam
tinham couraças de fogo, e de jacintho, e de enxofre; [15] e as cabeças
dos cavallos _eram_ como cabeças de leões; e de suas boccas sahia fogo e
fumo e enxofre.

18 Por estes tres foi morta a terça parte dos homens, pelo fogo, pelo
fumo, e pelo enxofre, que sahia das suas boccas.

19 Porque o seu poder está na sua bocca e nas suas caudas. [16] Porque as
suas caudas _são_ similhantes a serpentes, e teem cabeças, e com ellas
damnificam.

20 E os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, [17] não se
arrependeram das obras de suas mãos, para não adorarem os demonios, e os
idolos d’oiro, e de prata, e de bronze, e de pedra, e de madeira, que nem
podem ver, nem ouvir, nem andar.

21 E não se arrependeram de seus homicidios, [18] nem de suas
feiticerias, nem de sua fornicação, nem de suas ladroices.

[1] Luc. 10.18. cap. 8.10 e 17.8 e 20.1. Luc. 8.31. ver. 2, 11.

[2] Joel 2.2, 10.

[3] Exo. 10.4. Jui. 7.12. ver. 10.

[4] cap. 6.6, 7 e 8.7. Exo. 12.23. Eze. 9.4.

[5] ver. 10. cap. 11.7.

[6] Job 3.21. Isa. 2.19. Jer. 8.3. cap. 6.16.

[7] Joel 2.4. Nah. 3.17. Dan. 7.8.

[8] Joel 1.6.

[9] Joel 2.5, 6, 7.

[10] ver. 5.

[11] Eph. 2.2. ver. 1.

[12] cap. 8.13.

[13] cap. 16.12.

[14] Psa. 68.17. Dan. 7.10. Eze. 38.4. cap. 7.4.

[15] I Chr. 12.8. Isa. 5.28, 29.

[16] Isa. 9.15.

[17] Deu. 31.29. Lev. 17.7. Deu. 32.17. Psa. 106.36 e 115.4 e 135.15. I
Cor. 10.20. Dan. 5.23.

[18] cap. 22.15.



_É comido por João um livrinho trazido do céu._

10 E vi outro anjo forte, que descia do céu, vestido de uma nuvem; e por
cima da _sua_ cabeça estava o arco celeste, [1] e o seu rosto _era_ como
o sol, e os seus pés como columnas de fogo;

2 E tinha na sua mão um livrinho aberto, [2] e poz o seu pé direito sobre
o mar, e o esquerdo sobre a terra;

3 E clamou com grande voz, como _quando_ brame o leão; e, havendo
clamado, [3] os sete trovões deram as suas vozes.

4 E, havendo os sete trovões dado as suas vozes, eu ia escrevel-as, e
ouvi uma voz do céu, que me dizia: [4] Sella as _coisas_ que os sete
trovões fallaram, e não as escrevas.

5 E o anjo que vi estar sobre o mar e sobre a terra levantou a sua mão
[5] ao céu,

6 E jurou por Aquelle que vive para todo o sempre, [6] o qual creou o céu
e as _coisas_ que n’elle ha, e a terra e as _coisas_ que n’ella ha, e o
mar e as _coisas_ que n’elle ha, [7] que não haveria mais tempo;

7 Porém nos dias [8] da voz do setimo anjo, quando tocar a sua trombeta,
se cumprirá o [AOA] segredo de Deus, como annunciou aos prophetas, seus
servos.

8 E a voz que eu do céu tinha ouvido [9] tornou a fallar comigo, e disse:
Vae, e toma o livrinho aberto da mão do anjo que está sobre o mar e sobre
a terra.

9 E fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E elle disse-me: [10]
Toma-o, e come-o, e fará amargo o teu ventre, porém na tua bocca será
doce como mel.

10 E tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; [11] e na minha bocca era
doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo.

11 E elle disse-me: Importa-te prophetizar outra vez a muitos povos, e
nações, e linguas e reis.

[1] Eze. 1.28. Mat. 17.2. cap. 1.15, 16.

[2] Mat. 28.18.

[3] cap. 8.5.

[4] Dan. 8.26 e 12.4, 9.

[5] Exo. 6.8. Dan. 12.7.

[6] Neh. 9.6. cap. 4.11 e 14.7.

[7] Dan. 12.7. cap. 16.17.

[8] cap. 11.15.

[9] ver. 4.

[10] Jer. 15.16. Eze. 2.8 e 3.1, 2, 3.

[11] Eze. 3.3 e 2.10.



_As duas testemunhas._

11 E foi-me dada uma cana similhante a uma vara: [1] e chegou o anjo, e
disse: Levanta-te, e mede o templo de Deus, e o altar, e os que n’elle
adoram.

2 Porém deixa [2] de fóra o atrio que está fóra do templo, e não o meças;
porque foi dado ás nações, e pisarão a sancta cidade por quarenta e dois
mezes.

3 E darei _poder_ ás minhas duas testemunhas, [3] e prophetizarão por mil
duzentos e sessenta dias, vestidas de sacco.

4 Estas são as duas oliveiras [4] e os dois castiçaes que estão diante do
Deus da terra.

5 E, se alguem os quizer empecer, [5] fogo sairá da sua bocca, e devorará
os seus inimigos: e, se alguem quizer empecel-os, importa que assim seja
morto.

6 Estes teem poder para fechar [6] o céu, para que não chova, nos dias da
sua prophecia; e teem poder sobre as aguas para convertel-as em sangue,
e para ferir a terra com toda a sorte de praga, todas quantas vezes
quizerem.

7 E, quando acabarem o seu testemunho, [7] a besta que sobe do abysmo
lhes fará [8] guerra, e os vencerá, e os matará.

8 E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande [9] cidade que
espiritualmente se chama Sodoma e Egypto, onde nosso Senhor tambem foi
crucificado.

9 E homens [10] de varios povos, e tribus, e linguas, e nações verão seus
corpos mortos por tres dias e meio, e não permittirão que os seus corpos
mortos sejam postos em sepulchros.

10 E os que habitam na terra se regozijarão sobre elles, [11] e se
alegrarão, e mandarão presentes uns aos outros; porquanto estes dois
prophetas tinham atormentado os que habitam sobre a terra.

11 E depois d’aquelles tres dias [12] e meio o espirito da vida, _vindo_
de Deus, entrou n’elles; e pozeram-se sobre seus pés, e caiu grande temor
sobre os que os viram.

12 E ouviram uma grande voz do céu, que lhes dizia: Subi cá. [13] E
subiram ao céu em uma nuvem: e os seus inimigos os viram.

13 E n’aquella mesma hora houve um grande terremoto, e caiu a decima
parte da cidade, [14] e no terremoto foram mortos sete mil homens; e os
demais ficaram muito atemorisados, e deram gloria ao Deus do céu.

14 É passado o segundo ai; [15] eis que o terceiro ai vem presto.


_A setima trombeta._

15 E tocou o setimo [16] anjo a sua trombeta, e houve no céu grandes
vozes, que diziam: Os reinos do mundo tornaram-se _no reino_ de nosso
Senhor e do seu Christo, e elle reinará para todo o sempre.

16 E os vinte e quatro [17] anciãos, que estão assentados em seus thronos
diante de Deus, prostraram-se sobre seus rostos, e adoraram a Deus,

17 Dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-poderoso, que és, e que
eras, [18] e que has de vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste.

18 E iraram-se as nações, [19] e veiu a tua ira, e o tempo dos mortos,
para que sejam julgados, e para dares o galardão aos prophetas, teus
servos, e aos sanctos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a
grandes, e para destruir os que destroem a terra.

19 E abriu-se no céu o templo de Deus, [20] e a arca do seu concerto foi
vista no seu templo; e houve relampagos, e vozes, e trovões, e terremotos
e grande saraiva.

[1] Eze. 40.3, etc. Zac. 2.1. cap. 21.15. Num. 23.18.

[2] Eze. 40.17, 20. Psa. 79.1. Luc. 21.24. Dan. 8.10. cap. 13.5.

[3] cap. 20.4 e 19.10 e 12.6.

[4] Jer. 11.16. Zac. 4.3, 11, 14.

[5] II Reis 1.10, 12. Jer. 1.10 e 5.14. Eze. 43.3. Ose. 6.5. Num. 16.29.

[6] I Reis 17.1. Thi. 5.16, 17. Exo. 7.19.

[7] Luc. 13.32. cap. 13.1, 11 e 17.8.

[8] Dan. 7.21. Zac. 14.2.

[9] cap. 14.8 e 17.1 e 18.10. Heb. 13.12. cap. 18.24.

[10] cap. 17.15. Psa. 79.2, 3.

[11] cap. 12.12 e 13.8 e 16.10. Est. 9.19, 22.

[12] ver. 9. Eze. 37.5, 9, 10, 14.

[13] Isa. 14.13 e 60.8. Act. 1.9. II Reis 2.1, 5, 7.

[14] cap. 6.12 e 16.19. Jos. 7.19. cap. 14.7 e 15.4.

[15] cap. 8.13 e 9.12 e 15.1.

[16] cap. 10.7 e 16.17 e 19.6 e 12.10. Isa. 27.13. Dan. 2.44 e 7.14.

[17] cap. 4.4 e 5.8 e 19.4.

[18] cap. 1.4, 8 e 4.8 e 19.6.

[19] ver. 2, 9. Deu. 7.9, 10. cap. 6.10 e 19.5 e 13.10.

[20] cap. 15.5, 8 e 8.5 e 16.18, 21.



_A mulher e o dragão._

12 E viu-se um grande signal no céu: uma mulher vestida de sol, e a lua
debaixo dos seus pés, e uma corôa de doze estrellas sobre a sua cabeça.

2 E estava gravida, e com dôres de parto, [1] e gritava com ancias de dar
á luz.

3 E viu-se outro signal no céu; [2] e eis que era um grande dragão
vermelho, que tinha sete cabeças e dez cornos, e sobre as suas cabeças
sete diademas.

4 E a sua cauda [3] levava após si a terça parte das estrellas do céu, e
lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de
dar á luz, para que, dando ella á luz, lhe tragasse o filho.

5 E deu á luz um filho, um varão [4] que havia de reger todas as nações
com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e _para_ o seu
throno.

6 E a mulher fugiu [5] para o deserto, onde _já_ tinha logar preparado
por Deus, para que lá a mantivessem mil duzentos e sessenta dias.

7 E houve batalha no céu: [6] Miguel e os seus anjos batalhavam contra o
dragão, e batalhava o dragão e os seus anjos;

8 Mas não prevaleceram, nem mais o seu logar se achou nos céus.

9 E foi lançado o [7] grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo,
e Satanás, que engana todo o mundo; elle foi lançado na terra, e os seus
anjos foram lançados com elle.

10 E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora chegada está a
salvação, [8] e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu
Christo; porque já o accusador de nossos irmãos é derribado, o qual
diante do nosso Deus os accusava de dia e de noite.

11 E elles o venceram [9] pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu
testemunho; e não amaram as suas vidas até á morte.

12 Pelo que alegrae-vos, [10] ó céus, e os que n’elles habitaes. Ai dos
que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande
ira, sabendo que _já_ tem pouco tempo.

13 E, quando o dragão viu que fôra lançado na terra, [11] perseguiu a
mulher que dera á luz o varão.

14 E [12] foram dadas á mulher duas azas de grande aguia, para que voasse
ao deserto, ao seu logar, onde é sustentada _por_ tempo, e tempos, e
metade de tempo, fóra da vista da serpente.

15 E a serpente lançou [13] da sua bocca, atraz da mulher, agua como um
rio, para que pelo rio a fizesse arrebatar.

16 E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua bocca, e tragou o rio
que o dragão lançara da sua bocca.

17 E o dragão irou-se contra a mulher, [14] e foi fazer guerra contra
os demais da sua semente, que guardam os mandamentos de Deus, e teem o
testemunho de Jesus Christo.

[1] Isa. 66.7. Gal. 4.19.

[2] cap. 17.3, 9, 10 e 13.1.

[3] cap. 9.10, 19 e 17.18. Dan. 8.10. Exo. 1.16.

[4] Psa. 2.9. cap. 2.27 e 19.15.

[5] ver. 4. cap. 11.3.

[6] Dan. 10.13, 21 e 12.1. ver. 3. cap. 20.2.

[7] Luc. 10.18. João 12.31. Gen. 3.1, 4. cap. 9.1 e 20.3.

[8] cap. 11.15 e 19.1. Job 1.9 e 2.5. Zac. 3.1.

[9] Rom. 8.33, 34, 37 e 16.20. Luc. 14.26.

[10] Psa. 96.11. Isa. 49.13. cap. 18.20 e 8.13 e 11.10 e 10.6.

[11] ver. 5.

[12] Exo. 19.4. ver. 6. cap. 17.3. Dan. 7.25 e 12.7.

[13] Isa. 59.19.

[14] Gen. 3.15. cap. 11.7 e 13.7 e 14.12. I Cor. 2.1. I João 5.10. cap.
1.2, 9 e 6.9 e 20.4.



_A besta que subiu do mar._

13 E eu puz-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma [1] besta que
tinha sete cabeças e dez cornos, e sobre os seus cornos dez diademas, e
sobre as suas cabeças um nome de blasphemia.

2 E a besta [2] que vi era similhante ao leopardo, e os seus pés como de
urso, e a sua bocca como de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu
throno, e grande poderio.

3 E vi uma de suas cabeças como ferida [3] de morte, e a sua chaga mortal
foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta.

4 E adoraram o dragão que deu á besta o seu poder; e adoraram a besta,
dizendo: [4] Quem _é_ similhante á besta? quem poderá batalhar contra
ella?

5 E deu-se-lhe bocca para fallar grandes coisas [5] e blasphemias; e
deu-se-lhe poder para _assim_ o fazer quarenta e dois mezes.

6 E abriu a sua bocca em blasphemias contra Deus, para blasphemar do seu
nome, e do seu tabernaculo, [6] e dos que habitam no céu.

7 E deu-se-lhe poder para fazer guerra aos sanctos, e vencel-os; [7] e
deu-se-lhe poder sobre toda a tribu, e lingua, e nação.

8 E adoraram-n’a todos os que habitam sobre a terra, [8] cujos nomes não
estão escriptos no livro da vida do Cordeiro morto desde a fundação do
mundo.

9 Se alguem tem ouvidos, [9] ouça.

10 Se alguem leva em captiveiro, [10] em captiveiro irá: se alguem matar
á espada, necessario é que á espada seja morto. Aqui está a paciencia e a
fé dos sanctos.


_A besta que subiu da terra._

11 E vi subir da terra outra besta, [11] e tinha dois cornos similhantes
aos do Cordeiro; e fallava como o dragão.

12 E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a
terra e os que n’ella habitam adorem a primeira besta, [12] cuja chaga
mortal fôra curada.

13 E faz grandes signaes, [13] de maneira que até fogo faz descer do céu
á terra, diante dos homens.

14 E engana aos que habitam [14] na terra com signaes que se lhe
permittiram que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na
terra que fizessem uma imagem á besta que recebera a ferida da espada e
vivia.

15 E foi-lhe concedido que désse espirito á imagem da besta, para que
tambem a imagem da besta fallasse, [15] e fizesse que fossem mortos todos
os que não adorassem a imagem da besta.

16 E faz que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos,
[16] ponham um signal na sua mão direita, ou nas suas testas;

17 E que ninguem possa comprar ou vender, senão aquelle que tiver o
signal, [17] ou o nome da besta, ou o numero do seu nome.

18 Aqui está a sabedoria. [18] Aquelle que tem entendimento, conte o
numero da besta; porque é o numero de um homem, e o seu numero _é_
seiscentos e sessenta e seis.

[1] Dan. 7.2, 7. cap. 12.3 e 17.3, 9, 12.

[2] Dan. 7.6 e 7.5 e 7.4. cap. 13.4, 9 e 16.10.

[3] ver. 12, 14. cap. 17.3.

[4] cap. 18.18.

[5] Dan. 7.8, 11, 25, 36. cap. 11.2 e 12.6.

[6] João 1.14. Col. 2.9.

[7] Dan. 7.21. cap. 11.7, 18 e 12.17 e 17.5.

[8] Exo. 32.8. Dan. 12.1. Phi. 4.3. cap. 3.5 e 17.8.

[9] cap. 2.7.

[10] Isa. 33.1. Gen. 9.6. Mat. 26.52. cap. 14.12.

[11] cap. 11.7.

[12] ver. 3.

[13] Deu. 13.1, 2, 3. Mat. 24.24. II The. 2.9. cap. 16.14. I Reis 18.38.
II Reis 1.10, 12.

[14] cap. 12.9 e 19.20. II The. 2.9, 10. II Reis 20.7.

[15] cap. 16.2 e 19.20 e 20.4.

[16] cap. 14.9 e 19.20 e 20.4.

[17] cap. 14.11 e 15.2.

[18] cap. 17.9 e 15.2 e 21.17.



_O Cordeiro e os seus remidos no monte de Sião._

14 E olhei, [1] e eis que estava o Cordeiro sobre o monte de Sião, e com
elle cento e quarenta e quatro mil, que em suas testas tinham escripto o
nome de seu Pae.

2 E ouvi uma voz do céu, [2] como a voz de muitas aguas, e como a voz de
um grande trovão; e ouvi uma voz de harpistas, que tocavam com as suas
harpas.

3 E cantavam um como cantico [3] novo diante do throno, e diante dos
quatro animaes e dos anciãos: e ninguem podia aprender aquelle cantico,
senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra.

4 Estes são os que não estão contaminados com mulheres: porque são
virgens. [4] Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vae.
Estes são os que d’entre os homens foram comprados _por_ primicias para
Deus e para o Cordeiro.

5 E na sua bocca [5] não se achou engano; porque são irreprehensiveis
diante do throno de Deus.


_Tres anjos proclamam os juizos de Deus._

6 E vi outro anjo voar pelo meio do céu, [6] e tinha o evangelho eterno,
para proclamal-o aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e
tribu, e lingua, e povo.

7 Dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dae-lhe gloria; [7] porque
vinda é a hora do seu juizo. E adorae aquelle que fez o céu, e a terra, e
o mar, e as fontes das aguas.

8 E outro anjo seguiu, dizendo: É caída, é caída Babylonia, [8] aquella
grande cidade, porque a todas as nações deu a beber do vinho da ira da
sua fornicação.

9 E seguiu-os o terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguem adorar a
besta, [9] e a sua imagem, e receber o signal na sua testa, ou na sua mão,

10 Tambem o tal beberá [10] do vinho da ira de Deus, que se deitou puro
no calix da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos
sanctos anjos e diante do Cordeiro.

11 E o fumo do [11] seu tormento sobe para todo o sempre; e não teem
repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e
aquelle que receber o signal do seu nome.

12 Aqui está a [12] paciencia dos sanctos: aqui _estão_ os que guardam os
mandamentos de Deus e a fé de Jesus.

13 E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: [13] Bemaventurados os
mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espirito; para que
descancem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam.


_A ceifa e a vindima._

14 E olhei, e eis uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem _um_
similhante ao Filho do homem, [14] que tinha sobre a sua cabeça uma corôa
de oiro, e na sua mão uma foice aguda.

15 E outro anjo saiu [15] do templo, clamando com grande voz ao que
estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice, e sega; pois _já_ é
vinda a hora de segar, porquanto já a seara da terra está madura.

16 E aquelle que estava assentado sobre a nuvem lançou a sua foice á
terra, e a terra foi segada.

17 E saiu do templo, que está no céu, outro anjo, o qual tambem tinha uma
foice aguda.

18 E saiu do altar outro anjo, [16] que tinha poder sobre o fogo, e
clamou com grande voz ao que tinha a foice aguda, dizendo: Lança a tua
foice aguda, e vindima os cachos da vinha da terra, porque _já_ as suas
uvas estão maduras.

19 E o anjo lançou a sua foice á terra e vindimou _as uvas_ da vinha da
terra, [17] e lançou-as no grande lagar da ira de Deus.

20 E o lagar foi pisado fóra da cidade, [18] e saiu sangue do lagar até
aos freios dos cavallos, por mil e seiscentos estadios.

[1] cap. 5.6 e 7.3, 4 e 13.16.

[2] cap. 1.15 e 19.6 e 5.3.

[3] cap. 5.9 e 15.3. ver. 1.

[4] II Cor. 11.2. cap. 3.4 e 7.15, 17. cap. 5.9. Thi. 1.18.

[5] Psa. 32.2. Sof. 3.13. Eph. 5.27. Jud. 24.

[6] cap. 8.13. Eph. 3.9, 10, 11. Tito 1.2. cap. 13.7.

[7] cap. 11.18 e 15.4. Neh. 9.6. Psa. 33.6 e 124.8 e 146.6. Act. 14.15 e
17.24.

[8] Isa. 21.9. Jer. 51.7, 8. cap. 11.8 e 16.19 e 17.2, 5 e 18.2, 3 e 19.2.

[9] cap. 13.14, 15, 16.

[10] Psa. 75.8. Isa. 51.17. Jer. 25.15. cap. 16.19 e 18.6 e 19.20 e 20.10.

[11] Isa. 34.10. cap. 19.3.

[12] cap. 13.10 e 12.17.

[13] Ecc. 4.1, 2. cap. 20.6. I Cor. 15.18. I The. 4.15. II The. 1.7. Heb.
4.9, 10.

[14] Eze. 1.26. Dan. 7.13. cap. 1.13 e 6.2.

[15] cap. 16.17. Joel 3.13. Mat. 13.39. Jer. 51.33. cap. 13.12.

[16] cap. 16.8. Joel 3.13.

[17] cap. 19.15.

[18] Isa. 63.3. Lam. 1.15. Heb. 13.12. cap. 11.8 e 19.14.



_Os sete anjos com as sete taças cheias das ultimas pragas._

15 E vi outro grande e admiravel signal [1] no céu: sete anjos, que
tinham as sete ultimas pragas; porque n’ellas é consummada a ira de Deus.

2 E vi como um mar de vidro [2] misturado com fogo; e os que sairam
victoriosos da besta, e da sua imagem, e do seu signal, _e_ do numero do
seu nome, que estavam junto ao mar de vidro, e tinham as harpas de Deus.

3 E cantavam o cantico de Moysés, [3] o servo de Deus, e o cantico do
Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas _são_ as tuas obras, Senhor
Deus Todo-poderoso! justos e verdadeiros _são_ os teus caminhos, ó Rei
dos sanctos.

4 Quem te não temerá, [4] ó Senhor, e não magnificará o teu nome? Porque
só tu _és_ sancto; por isso todas as nações virão, e adorarão diante de
ti, porque os teus juizos são manifestos.

5 E depois d’isto olhei, e eis que o templo [5] do tabernaculo do
testemunho se abriu no céu.

6 E os sete anjos que tinham as sete pragas sairam do templo, [6]
vestidos de linho puro e resplandecente, e cingidos com cintos de oiro ao
redor de seus peitos.

7 E um dos quatro animaes deu aos sete anjos sete [AOB] salvas [7] de
oiro, cheias da ira de Deus, que vive para todo o sempre.

8 E o templo encheu-se com [8] o fumo da gloria de Deus e do seu poder;
e ninguem podia entrar no templo, até que se consummassem as sete pragas
dos sete anjos.

[1] cap. 12.1, 3 e 16.1 e 21.9 e 14.10.

[2] cap. 4.6 e 21.18. Mat. 3.11. cap. 13.15, 17 e 5.8 e 14.2.

[3] Exo. 15.1. cap. 14.3. Deu. 32.4. Psa. 111.1. Psa. 145.17. Ose. 14.9.
cap. 16.7.

[4] Exo. 15.14, 15, 16. Jer. 10.7. Isa. 66.23.

[5] cap. 11.19. Num. 1.50.

[6] Exo. 28.6, 8. Eze. 44.17, 18. cap. 1.13.

[7] cap. 4.6. I The. 1.9. cap. 4.9 e 10.6.

[8] Exo. 40.34. I Reis 8.10. II Cor. 5.14. Isa. 6.4. II The. 1.9.



16 E ouvi do templo uma grande voz, [1] que dizia aos sete anjos: Ide, e
derramae sobre a terra as _sete_ salvas da ira de Deus.

2 E foi o primeiro, e derramou a sua salva sobre a terra, [2] e fez-se
uma chaga má e maligna nos homens que tinham o signal da besta e que
adoravam a sua imagem.

3 E o segundo anjo derramou a sua salva no mar, [3] e tornou-se em sangue
como de um morto, e morreu no mar toda a alma vivente.

4 E o terceiro anjo derramou a sua taça nos rios [4] e nas fontes das
aguas, e tornaram-se em sangue.

5 E ouvi o anjo das aguas, que dizia: Justo és tu, ó Senhor, que és, e
que eras, e que serás sancto, [5] porque julgaste estas coisas.

6 Porque derramaram o sangue dos sanctos [6] e dos prophetas, tambem tu
lhes déste o sangue a beber; porque d’isto são dignos.

7 E ouvi outro do altar, que dizia: Na verdade, ó Senhor Deus [7]
Todo-poderoso, verdadeiros e justos são os teus juizos.

8 E o quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, [8] e foi-lhe dado que
abrazasse os homens com fogo.

9 E os homens foram abrazados com grandes calores, e blasphemaram do nome
de Deus, [9] que tem o poder sobre estas pragas; e não se arrependeram
para lhe darem gloria.

10 E o quinto anjo derramou a sua taça sobre o throno da besta, [10] e o
seu reino se fez tenebroso; e mordiam as suas linguas de dôr.

11 E por causa das suas dôres, e por causa das suas chagas, [11]
blasphemaram do Deus do céu; e não se arrependeram das suas obras.

12 E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande [12] rio Euphrates;
e a sua agua seccou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do
oriente.

13 E da bocca do dragão, e da bocca da besta, e da bocca do falso
propheta, [13] vi sair tres espiritos immundos, similhantes a rãs.

14 Porque são [14] espiritos de demonios, que fazem signaes; os quaes vão
aos reis de todo o mundo, para os congregar para a batalha, n’aquelle
grande dia de Deus Todo-poderoso.

15 Eis que venho como [15] ladrão. Bemaventurado aquelle que vigia, e
guarda os seus vestidos, para que não ande nú, e não se vejam as suas
vergonhas.

16 E congregaram-n’os [16] no logar que em hebreo se chama Armageddon.

17 E o setimo anjo derramou a sua taça no ar, e saiu uma grande voz do
templo do céu, do throno, [17] dizendo: Está feito.

18 E houve vozes, [18] e trovões, e relampagos, e um grande terremoto,
qual nunca houve desde que ha homens sobre a terra: tal _foi este_ tão
grande terremoto.

19 E a grande cidade fendeu-se em tres partes, [19] e as cidades das
nações cairam; e a grande Babylonia veiu em memoria diante de Deus, para
elle lhe dar o calix do vinho da indignação da sua ira.

20 E toda a ilha fugiu; [20] e os montes não se acharam.

21 E sobre os homens caiu do céu uma grande saraiva, [21] como do peso
de um talento; e os homens blasphemaram de Deus por causa da praga da
saraiva: porque a sua praga era mui grande.

[1] cap. 15.1. cap. 14.10 e 15.7.

[2] Exo. 9.9, 10, 11. cap. 8.7 e 13.16.

[3] cap. 8.8, 9. Exo. 7.17, 20.

[4] cap. 8.10. Exo. 7.20.

[5] cap. 1.4, 8 e 4.8 e 11.17.

[6] Mat. 23.34, 35. cap. 11.18. Isa. 49.26.

[7] cap. 15.3 e 13.10 e 14.10 e 19.2.

[8] cap. 8.12 e 9.17 e 14.18.

[9] ver. 11, 21. Dan. 5.22, 23. cap. 9.20.

[10] cap. 13.2 e 9.2 e 11.10.

[11] ver. 9, 21.

[12] cap. 9.14. Jer. 50.38 e 51.36. Isa. 41.2, 25.

[13] I João 4.1, 2, 3. cap. 12.3, 9 e 19.20 e 20.10.

[14] I Tim. 4.1. Thi. 3.15. II The. 2.9. cap. 13.13 e 13.20. Luc. 2.1.
cap. 17.14 e 19.19 e 20.8.

[15] Mat. 24.43. I The. 5.2. II Ped. 3.10. cap. 3.9 e 4.18. II Cor. 5.3.

[16] cap. 19.19.

[17] cap. 21.6.

[18] cap. 4.5 e 8.5 e 11.13, 19. Dan. 12.1.

[19] cap. 14.8 e 17.18. Isa. 51.17, 22. Jer. 25.15, 16. cap. 14.10.

[20] cap. 6.14.

[21] cap. 11.19. ver. 9, 11. Exo. 9.23, 24, 25.



_A queda de Babylonia. A visão da grande prostituta assentada sobre a
besta._

17 E veiu um dos sete anjos [1] que tinham as sete taças, e fallou
comigo, dizendo-me: Vem, mostrar-te-hei a condemnação da grande
prostituta que está assentada sobre muitas aguas;

2 Com a qual fornicaram os reis da terra; [2] e os que habitam na terra
se embebedaram com o vinho da sua fornicação.

3 E levou-me em espirito a um deserto, [3] e vi uma mulher assentada
sobre uma besta de côr de escarlata, que estava cheia de nomes de
blasphemia, e tinha sete cabeças e dez cornos.

4 E a mulher estava vestida de purpura e de escarlata, [4] e adornada com
oiro, e pedras preciosas e perolas; e tinha na sua mão um calix de oiro
cheio das abominações e da immundicia da sua fornicação;

5 E na sua testa escripto o nome: Mysterio: [5] A grande Babylonia, a mãe
das fornicações e abominações da terra.

6 E vi que a mulher [6] estava embriagada do sangue dos sanctos, e do
sangue das testemunhas de Jesus. E, vendo-a eu, maravilhei-me com grande
admiração.

7 E o anjo me disse: Porque te admiras? Eu te direi o mysterio da mulher,
e da besta que a traz, a qual tem sete cabeças e dez cornos.

8 A besta que viste foi e _já_ não é, e ha de subir do abysmo, [7] e
ir-se á perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão
escriptos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão vendo
a besta que era e _já_ não é, ainda que é.

9 Aqui ha sentido, que tem sabedoria. [8] As sete cabeças são sete
montes, sobre os quaes a mulher está assentada.

10 E são _tambem_ sete reis; os cinco são caidos; e um _já é_, outro
ainda não é vindo; e, quando vier, convem que dure um pouco _de tempo_.

11 E a besta que era e _já_ não é, esta é tambem o oitavo, e é dos sete,
[9] e vae-se á perdição.

12 E os dez cornos [10] que viste são dez reis, que ainda não receberam o
reino, porém receberão poder como reis por uma hora, _juntamente_ com a
besta.

13 Estes teem um mesmo intento, e entregarão o seu poder e auctoridade á
besta.

14 Estes combaterão [11] contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá
(porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis), _e_ os que estão com
elle _são_ os chamados, _e_ eleitos, e fieis.

15 E disse-me: [12] As aguas que viste, onde se assenta a prostituta, são
povos, e multidões, e nações, e linguas.

16 E os dez cornos que viste na besta [13] são os que aborrecerão
a prostituta, e a farão assolada e núa, e comerão a sua carne, e a
queimarão com fogo.

17 Porque Deus deu-_lhes_ em seus corações [14] que cumpram o seu
intento, e que tenham um mesmo intento, e que deem á besta o seu reino,
até que se cumpram as palavras de Deus.

18 E a mulher que viste é a grande cidade [15] que reina sobre os reis da
terra.

[1] cap. 21.9 e 16.19 e 18.16, 19. Nah. 3.4. Jer. 51.13. cap. 14.8 e 18.3.

[2] Jer. 51.7.

[3] cap. 12.6, 14 e 12.3 e 13.1. ver. 9, 12.

[4] cap. 18.12, 16 e 14.8. Dan. 11.38. Jer. 51.7.

[5] II The. 2.7. cap. 11.8 e 14.8 e 16.19 e 18.2, 10, 21 e 19.2.

[6] cap. 18.24 e 13.15 e 16.6 e 6.9, 10 e 12.11.

[7] cap. 11.7 e 13.1, 3, 8, 10.

[8] cap. 13.1, 18.

[9] ver. 8.

[10] Dan. 7.20. Zac. 1.18, 19, 21. cap. 13.1.

[11] cap. 16.14 e 19.16, 19. Deu. 10.17. I Tim. 6.15. Jer. 50.44, 45.
cap. 14.4.

[12] ver. 1. Isa. 8.7. cap. 13.7.

[13] Jer. 50.41, 42. cap. 16.12 e 18.8, 16. Eze. 16.37, 44.

[14] II The. 2.11. cap. 10.7.

[15] cap. 16.19 e 12.4.



_A queda de Babylonia. Lamentações sobre a terra._

18 E depois d’estas [1] _coisas_ vi descer do céu outro anjo, que tinha
grande poder, e a terra foi illuminada da sua gloria.

2 E clamou fortemente com grande voz, dizendo: É caida, é caida a grande
Babylonia, [2] e é feita morada de demonios, e coito de todo o espirito
immundo, e coito de toda a ave immunda e aborrecivel.

3 Porque todas as nações [3] beberam do vinho da ira da sua fornicação,
_e_ os reis da terra fornicaram com ella; e os mercadores da terra se
enriqueceram da abundancia de suas delicias.

4 E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sae d’ella, [4] povo meu, para que
não sejas participante dos seus peccados, e para que não recebas das suas
pragas.

5 Porque _já_ os seus peccados se accumularam até ao céu, [5] e Deus se
lembrou das iniquidades d’ella.

6 Tornae-lhe como ella vos tem dado, [6] e duplicae-lhe em dobro conforme
as suas obras: no calix em que _vos_ deu de beber dae-lhe a ella em dobro.

7 Quanto ella se glorificou, [7] e em delicias esteve, tanto lhe dae de
tormento e pranto; porque diz em seu coração: Estou assentada _como_
rainha, e não sou viuva, e não verei o pranto.

8 Portanto n’um dia virão as suas pragas; [8] a morte, e o pranto, e a
fome; e será queimada com fogo; porque _é_ forte o Senhor Deus que a
julga.

9 E os reis da terra, [9] que fornicaram com ella, e viveram em delicias,
a chorarão, e sobre ella prantearão, quando virem o fumo do seu incendio;

10 Estando de longe pelo temor do seu tormento, dizendo: Ai! [10] ai
d’aquella grande Babylonia, aquella forte cidade! pois n’uma hora veiu o
teu juizo.

11 E sobre ella choram e lamentam os mercadores [11] da terra; porque
ninguem mais compra as suas mercadorias:

12 Mercadorias de oiro, [12] e de prata, e de pedras preciosas, e de
perolas, e de linho fino, e de purpura, e de seda, e de escarlata; e toda
a madeira odorifera, e todo o vaso de marfim, e todo o vaso de madeira
preciosissima, de bronze e de ferro, e de marmore;

13 E canella, e especiaria, e perfume, e unguento odorifero, e incenso,
e vinho, e azeite, e flor de farinha, e trigo, e cavalgaduras, e ovelhas;
e mercadorias de cavallos, e de carros, e de corpos [13] e de almas de
homens.

14 E o fructo do desejo da tua alma foi-se de ti; e todas as coisas
gostosas e excellentes se foram de ti, e não mais as acharás.

15 Os mercadores [14] d’estas coisas, que por ellas se enriqueceram,
estarão de longe, pelo temor do seu tormento, chorando, e lamentando,

16 E dizendo: Ai, ai d’aquella grande cidade! [15] que estava vestida
de linho fino, e purpura, e escarlata; e adornada com oiro e pedras
preciosas e perolas! [16] Porque n’uma hora foram assoladas tantas
riquezas.

17 E todo o piloto, e todo o que navega em náos, e todo o marinheiro, e
todos os que traficam por mar se pozeram de longe:

18 E, vendo o fumo do seu incendio, clamaram, [17] dizendo: Que _cidade
é_ similhante a esta grande cidade?

19 E lançaram pó sobre as suas cabeças, [18] e clamaram, chorando, e
lamentando, e dizendo: Ai, ai d’aquella grande cidade! na qual todos os
que tinham náos no mar se enriqueceram da sua opulencia; porque n’uma
hora foi assolada.

20 Alegra-te sobre [19] ella, ó céu, e vós, sanctos apostolos e
prophetas; porque _já_ Deus julgou a vossa causa quanto a ella.

21 E um forte anjo levantou uma pedra como uma grande mó, e lançou-_a_
no mar, dizendo: [20] Com egual impeto será lançada Babylonia, aquella
grande cidade, e não será jámais achada.

22 E em ti não se ouvirá mais [21] a voz de harpistas, e de musicos, e de
frauteiros, e de trombeteiros, e nenhum artifice de arte alguma se achará
mais em ti; e ruido de mó em ti mais se não ouvirá;

23 E luz de candeia não mais alumiará em ti, [22] e voz de esposo e
de esposa mais em ti se não ouvirá; porque os teus mercadores eram os
grandes da terra; porque todas as nações foram enganadas pelas tuas
feiticerias.

24 E n’ella se achou [23] o sangue dos prophetas, e dos sanctos, e de
todos os que foram mortos na terra.

[1] cap. 17.1. Eze. 43.2.

[2] Isa. 13.19. Jer. 51.8. cap. 14.8. Isa. 13.21 e 21.8 e 34.14. Jer.
50.39 e 51.37. Isa. 14.23 e 34.11. Mar. 5.2, 3.

[3] cap. 14.8 e 17.2. ver. 11, 15. Isa. 47.15.

[4] Isa. 48.20 e 52.11. Jer. 50.8 e 51.6, 45. II Cor. 6.17.

[5] Gen. 18.20, 21. Jer. 51.9. Jon. 1.2. cap. 16.19.

[6] Psa. 137.8. Jer. 50.15, 29 e 51.24, 49. II Tim. 4.14. cap. 13.10 e
14.10 e 16.19.

[7] Eze. 28.2, etc. Isa. 47.7, 8. Sof. 2.15.

[8] Isa. 47.9. cap. 17.16. Jer. 50.34. cap. 11.17.

[9] Eze. 26.16, 17. cap. 17.2. Jer. 50.46. ver. 18. cap. 19.3.

[10] Isa. 21.9. cap. 14.8. ver. 17, 19.

[11] Eze. 27.27, 36. ver. 3.

[12] cap. 17.4.

[13] Eze. 27.13.

[14] ver. 3, 11.

[15] cap. 17.4.

[16] ver. 10. Isa. 23.14. Eze. 27.29.

[17] Eze. 27.30, 31. cap. 13.4.

[18] Jos. 7.6. I Sam. 4.12. Job 2.12. Eze. 27.30. ver. 8.

[19] Isa. 44.23 e 49.13. Jer. 51.48. Luc. 11.49, 50. cap. 19.2.

[20] Jer. 51.64. cap. 12.8 e 16.20.

[21] Isa. 24.8. Jer. 7.34 e 16.9 e 25.10. Eze. 26.13.

[22] Jer. 7.34 e 16.9 e 25.10 e 33.11. Isa. 23.8. II Reis 9.22. Nah.
3.4. cap. 17.2, 5.

[23] cap. 17.6. Jer. 51.49.



_A queda de Babylonia. Alegria e triumpho nos céus._

19 E, depois d’estas _coisas_, ouvi como que uma grande voz de uma grande
multidão no céu, que dizia: Alleluia: [1] Salvação, e gloria, e honra, e
poder pertencem ao Senhor nosso Deus:

2 Porque verdadeiros e justos _são_ os seus juizos, [2] pois julgou a
grande prostituta, que havia corrompido a terra com a sua fornicação, e
da sua mão vingou o sangue dos seus servos.

3 E outra vez disseram: Alleluia. [3] E o seu fumo sobe para todo o
sempre.

4 E os vinte e quatro [4] anciãos, e os quatro [AOC] animaes,
prostraram-se e adoraram a Deus, assentado no throno, dizendo: Amen,
Alleluia.

5 E saiu uma voz do throno, que dizia: [5] Louvae o nosso Deus, vós,
todos os seus servos, e vós que o temeis, assim pequenos como grandes.

6 E ouvi como que [6] a voz de uma grande multidão, e como que a voz de
muitas aguas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Alleluia:
pois _já_ o Senhor Deus Todo-poderoso reina.

7 Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe gloria; [7] porque vindas
são as bodas do Cordeiro, e _já_ a sua esposa se apromptou.

8 E foi-lhe dado [8] que se vestisse de linho fino, puro e
resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos sanctos.

9 E disse-me: Escreve: [9] Bemaventurados aquelles que são chamados á
ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras
de Deus.

10 E eu lancei-me a seus pés para o adorar; [10] porém elle disse-me:
Olha não _faças tal_: sou teu conservo, e de teus irmãos, que teem o
testemunho de Jesus: adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o
espirito de prophecia.


_Victorias de Christo sobre a besta e sobre o falso propheta._

11 E vi o céu aberto, [11] e eis um cavallo branco: e o que estava
assentado sobre elle chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja em
justiça.

12 E os seus olhos _eram_ [12] como chamma de fogo; e sobre a sua cabeça
_havia_ muitos diademas; e tinha um nome escripto, que ninguem sabia
senão elle mesmo.

13 E estava vestido de uma [13] veste salpicada de sangue; e o seu nome
chama-se a Palavra de Deus.

14 E seguiam-n’o os exercitos no céu em cavallos brancos, [14] e vestidos
de linho fino, branco e puro.

15 E da sua bocca sahia uma aguda espada, [15] para ferir com ella as
nações; e elle as [AOD] regerá com vara de ferro; e elle mesmo pisa o
lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-poderoso.

16 E no vestido [16] e na sua coxa tem escripto este nome: Rei dos reis,
e Senhor dos senhores.

17 E vi um anjo, que estava no sol, e clamou com grande voz, [17] dizendo
a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde, e ajuntae-vos á ceia
do grande Deus;

18 Para que comaes [18] a carne dos reis, e a carne dos tribunos, e
a carne dos fortes, e a carne dos cavallos e dos que sobre elles se
assentam; e a carne de todos os livres e servos, e pequenos e grandes.

19 E vi a besta, [19] e os reis da terra, e os seus exercitos ajuntados,
para fazerem guerra áquelle que estava assentado sobre o cavallo, e ao
seu exercito.

20 E a besta foi presa, [20] e com ella o falso propheta, que diante
d’ella fizera os signaes, com que enganou os que receberam o signal
da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no
ardente lago do fogo e do enxofre.

21 E os demais foram mortos [21] com a espada que sahia da bocca do que
estava assentado sobre o cavallo, e todas as aves se fartaram das suas
carnes.

[1] cap. 11.15 e 4.11 e 7.10, 12 e 12.10.

[2] cap. 15.3 e 6.10 e 18.20. Deu. 32.43.

[3] Isa. 34.10. cap. 14.11 e 18.9, 18.

[4] cap. 4.4, 6 e 5.14. I Chr. 16.36. Neh. 5.13 e 8.6.

[5] Psa. 134.1 e 135.1. cap. 11.18 e 20.12.

[6] Eze. 1.24 e 43.2. cap. 14.2 e 11.15 e 12.10 e 21.22.

[7] Mat. 22.2 e 25.10. II Cor. 11.2. Eph. 5.32. cap. 21.2, 9.

[8] Psa. 45.14, 15. Eze. 16.10. cap. 3.18. Psa. 132.9.

[9] Mat. 22.2, 3. Luc. 14.15, 16. cap. 21.5 e 22.6.

[10] Act. 10.26 e 14.14, 15. cap. 22.8, 9 e 12.17. I João 5.10.

[11] cap. 15.5 e 6.2 e 3.14 e 11.4.

[12] cap. 1.14 e 6.2 e 2.17.

[13] Isa. 63.2, 3. João 1.1. I João 5.7.

[14] cap. 14.20. Mat. 28.3. cap. 4.4. Isa. 11.4.

[15] II The. 2.8. cap. 1.16 e 2.27 e 12.5. ver. 21. Psa. 2.9. Isa. 63.3.
cap. 14.19, 20.

[16] ver. 12. Dan. 2.47. I Tim. 6.15. cap. 17.14.

[17] ver. 21. Eze. 39.17.

[18] Eze. 39.18, 20.

[19] cap. 16.16 e 17.13, 14.

[20] cap. 16.13, 14 e 13.12, 15 e 20.10 e 14.10. Dan. 7.11.

[21] ver. 15, 17, 18. cap. 17.16.



_Satanaz é amarrado por mil annos. Os fieis reinam com Christo._

20 E vi descer do céu um anjo, [1] que tinha a chave do abysmo, e uma
grande cadeia na sua mão.

2 E prendeu o dragão, [2] a antiga serpente, que é o Diabo e Satanaz, e
amarrou-o por mil annos.

3 E lançou-o no abysmo, [3] e ali o encerrou, e poz sello sobre elle,
para que mais não engane as nações, até que os mil annos se acabem. E
depois importa que seja solto por um pouco de tempo.

4 E vi thronos; e assentaram-se sobre elles, [4] e foi-lhes dado o poder
de julgar; e vi as almas d’aquelles que foram degolados pelo testemunho
de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua
imagem, e não receberam o signal em suas testas nem em suas mãos; e
viveram, [5] e reinaram com Christo, durante mil annos.

5 Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil annos se acabaram.
Esta _é_ a primeira resurreição.

6 Bemaventurado e sancto aquelle que tem parte na primeira resurreição:
sobre estes não tem poder a segunda morte; [6] porém serão sacerdotes de
Deus e de Christo, e reinarão com elle mil annos.


_Satanaz é solto, e depois vencido para sempre._

7 E, [7] acabando-se os mil annos, Satanaz será solto da sua prisão,

8 E sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra,
Gog e Magog, [8] para os ajuntar em batalha, cujo numero _é_ como a areia
do mar.

9 E subiram sobre [9] a largura da terra, e cercaram o arraial dos
sanctos e a cidade amada; e de Deus desceu fogo do céu, e os devorou.

10 E o diabo, [10] que os enganava, foi lançado no lago do fogo e
enxofre, onde _estão_ a besta e o falso propheta; e de dia e de noite
serão atormentados para todo o sempre.


_O juizo final._

11 E vi um grande throno branco, e o que estava assentado sobre elle,
[11] de cujo rosto fugiu a terra e o céu; e não se achou logar para elles.

12 E vi os mortos, [12] grandes e pequenos, que estavam diante de Deus;
e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida; e os
mortos foram julgados pelas coisas que estavam escriptas nos livros,
segundo as suas obras.

13 E o mar deu os mortos que n’elle havia; [13] e a morte e o [AOE]
inferno deram os mortos que n’elles havia; e foram julgados cada um
segundo as suas obras.

14 E a morte e o inferno [14] foram lançados no lago de fogo: esta é a
segunda morte.

15 E aquelle que não foi achado inscripto no livro da vida foi lançado no
[15] lago do fogo.

[1] cap. 1.18 e 9.1.

[2] cap. 12.9. II Ped. 2.4. Jud. 6.

[3] Dan. 6.17. cap. 16.14, 16. ver. 8.

[4] Dan. 7.9, 22, 27. Mat. 19.28. Luc. 22.30. I Cor. 6.2, 3. cap. 6.9 e
13.12, 13, 15, 16.

[5] Rom. 8.17. II Tim. 2.12. cap. 5.10.

[6] cap. 2.11 e 1.6 e 5.10. Isa. 61.6. I Ped. 2.9.

[7] ver. 2, 3, 10.

[8] Eze. 38.2 e 39.1. cap. 16.14.

[9] Isa. 8.8. Eze. 38.9, 16.

[10] cap. 19.20 e 14.10, 11.

[11] II Ped. 3.7, 10, 11. cap. 21.1. Dan. 2.35.

[12] cap. 19.5. Dan. 7.10. Psa. 69.28. Dan. 12.1. Phi. 4.3. cap. 3.5 e
13.8 e 21.27. Jer. 17.10 e 32.19. Mat. 16.27. Rom. 2.6. ver. 13.

[13] cap. 6.8. ver. 12.

[14] I Cor. 15.26, 54, 55. ver. 6. cap. 21.8.

[15] cap. 19.20.



_Os novos céus e a nova terra._

21 E vi um novo céu, [1] e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a
primeira terra passaram, e já não havia mar.

2 E eu, João, vi a sancta cidade, [2] a nova Jerusalem, que de Deus
descia do céu, adereçada como a esposa ataviada para o seu marido.

3 E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: [3] Eis aqui o tabernaculo de
Deus com os homens, e com elles habitará, e elles serão o seu povo, e o
mesmo Deus estará com elles, e _será_ o seu Deus.

4 E Deus alimpará de seus olhos toda a [4] lagrima; e não haverá mais
morte, nem pranto, nem clamor, nem dôr; porque _já_ as primeiras coisas
são passadas.

5 E o que estava assentado sobre o throno disse: [5] Eis que faço
novas todas as coisas. E disse-me: Escreve: porque estas palavras são
verdadeiras e fieis.

6 E disse-me: Está cumprido: [6] Eu sou o Alpha e o Omega, o principio e
o fim. A quem quer que tiver sêde, de graça lhe darei da fonte da agua da
vida.

7 Quem vencer, herdará todas as coisas; e eu serei seu Deus, [7] e elle
será meu filho,

8 Mas quanto aos timidos, [8] e aos incredulos, e aos abominaveis, e
aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idolatras
e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e
enxofre; o que é a segunda morte.


_A nova Jerusalem._

9 E veiu a mim um dos sete anjos [9] que tinham as sete taças cheias das
ultimas sete pragas, e fallou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-hei a
esposa, a mulher do Cordeiro.

10 E levou-me em espirito [10] a um grande e alto monte, e mostrou-me a
grande cidade, a sancta Jerusalem, que de Deus descia do céu.

11 E tinha [11] a gloria de Deus; e a sua luz era similhante a uma pedra
preciosissima, como a pedra de jaspe, como o crystal resplandecente.

12 E tinha um grande e alto muro com doze portas, [12] e nas portas doze
anjos, e nomes escriptos sobre ellas, que são os _nomes_ das doze tribus
de Israel.

13 Da banda do levante tinha tres portas, [13] da banda do norte tres
portas, da banda do sul tres portas, da banda do poente tres portas.

14 E o muro da cidade tinha doze fundamentos, [14] e n’elles os nomes dos
doze apostolos do Cordeiro.

15 E aquelle que fallava comigo tinha uma canna de oiro, [15] para medir
a cidade, e as suas portas, e o seu muro.

16 E a cidade estava situada em quadrado; e o seu comprimento era tanto
quanto a _sua_ largura. E mediu a cidade com a canna até doze mil
estadios: e o seu comprimento, largura e altura eram eguaes.

17 E mediu o seu muro, de cento e quarenta e quatro covados, medida de
homem, que era _a_ do anjo.

18 E a fabrica do seu muro era de jaspe, e a cidade de oiro puro,
similhante a vidro puro.

19 E os fundamentos [16] do muro da cidade _estavam_ adornados de toda a
pedra preciosa. O primeiro fundamento _era_ jaspe; o segundo, saphira; o
terceiro, chalcedonia; o quarto, esmeralda;

20 O quinto, sardonica; o sexto, sardio; o setimo, crisolito; o oitavo,
beryllo; o nono, topazio; o decimo, crysopraso; o undecimo, jacintho; o
duodecimo, amethysta.

21 E as doze portas _eram_ doze perolas: [17] cada uma das portas era uma
perola, e a praça da cidade de oiro puro, como vidro transparente.

22 E n’ella não vi templo, [18] porque o seu templo é o Senhor Deus
Todo-poderoso, e o Cordeiro.

23 E a cidade não necessita de [19] sol nem de lua, para que n’ella
resplandeçam, porque a gloria de Deus a tem alumiado, e o Cordeiro _é_ a
sua lampada.

24 E as nações [20] que se salvarem andarão á sua luz; e os reis da terra
trarão para ella a sua gloria e honra.

25 E as suas portas [21] não se fecharão de dia, porque ali não haverá
noite.

26 E a ella trarão a [22] gloria e honra das nações.

27 E não entrará n’ella coisa [23] alguma que contamine, e commetta
abominação e mentira, mas só os que estão inscriptos no livro da vida do
Cordeiro.

[1] Isa. 65.17 e 66.22. II Ped. 3.13. cap. 20.11.

[2] Isa. 52.1. Gal. 4.26. Heb. 11.10 e 12.22 e 13.14. cap. 3.12. ver. 10.
Isa. 54.5 e 61.10. II Cor. 11.2.

[3] Lev. 26.11, 12. Eze. 43.7. II Cor. 6.16. cap. 7.15.

[4] Isa. 25.8. I Cor. 15.26, 54. cap. 20.14. Isa. 35.10 e 61.3 e 65.19.

[5] cap. 4.2, 9 e 5.1 e 20.11. Isa. 43.19. II Cor. 5.17. cap. 19.9.

[6] cap. 16.17 e 1.8 e 22.13. Isa. 12.3 e 55.1. João 4.10, 14 e 7.37.

[7] Zac. 8.8. Heb. 8.10.

[8] I Cor. 6.9, 10. Gal. 5.19, 20, 21. Eph. 5.5. I Tim. 1.9. Heb. 12.14.
cap. 22.15 e 20.14.

[9] cap. 15.1, 6, 7 e 19.7. ver. 2.

[10] cap. 1.10. Eze. 48.2.

[11] ver. 23. cap. 22.5.

[12] Eze. 48.31, 34.

[13] Eze. 48.31, 34.

[14] Mat. 16.18. Gal. 2.9. Eph. 2.20.

[15] Eze. 40.3. Zac. 2.1. cap. 11.1.

[16] Isa. 54.11.

[17] cap. 22.2.

[18] João 4.23.

[19] ver. 11. Isa. 24.23 e 60.19, 20. cap. 22.5.

[20] Isa. 60.3, 5, 11 e 66.12.

[21] Isa. 60.11, 20. Zac. 14.7. cap. 22.5.

[22] ver. 24.

[23] Isa. 35.8 e 52.1 e 60.21. Joel 3.17. cap. 22.14, 15 e 3.5 e 13.8 e
20.12. Phi. 4.3.



22 E mostrou-me o [1] rio puro da agua da vida, claro como crystal, que
procedia do throno de Deus e do Cordeiro.

2 No meio da sua praça, [2] e de uma e outra banda do rio, _estava_ a
arvore da vida, que produz doze fructos, dando seu fructo de mez em mez;
e as folhas da arvore _são_ para a saude das nações.

3 E _ali_ nunca mais haverá maldição contra _alguem_; [3] e n’ella estará
o throno de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão.

4 E verão o seu rosto, [4] e nas suas testas _estará_ o seu nome.

5 E ali não haverá mais noite, [5] e não necessitarão de lampada nem de
luz do sol, porque o Senhor Deus os alumia; [6] e reinarão para todo o
sempre.


_Admoestações e promessas finaes. Conclusão._

6 E disse-me: [7] Estas palavras _são_ fieis e verdadeiras; e o Senhor,
o Deus dos sanctos prophetas, enviou o seu anjo, para mostrar aos seus
servos as coisas que em breve hão de acontecer.

7 Eis aqui venho presto: [8] Bemaventurado aquelle que guarda as palavras
da prophecia d’este livro.

8 E eu, João, _sou_ aquelle que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-_as_
ouvido e visto, [9] prostrei-me aos pés do anjo que me mostrava estas
coisas, para o adorar.

9 E disse-me: [10] Olha não _faças_ tal; porque eu sou conservo teu e de
teus irmãos, os prophetas, e dos que guardam as palavras d’este livro.
Adora a Deus.

10 E disse-me: [11] Não selles as palavras d’este livro; porque perto
está o tempo.

11 Quem [12] é injusto, faça injustiça ainda; e quem é sujo, seja sujo
ainda; e quem é justo, faça justiça [AOF] ainda; e quem é sancto, seja
sanctificado ainda.

12 E, eis que, presto venho, [13] e o meu galardão está comigo, para dar
a cada um segundo a sua obra.

13 Eu sou o Alpha [14] e o Omega, o principio e o fim, o primeiro e o
derradeiro.

14 Bemaventurados aquelles [AOG] que [15] lavam as suas vestiduras no
sangue do Cordeiro, para que tenham direito á arvore da vida, e possam
entrar na cidade pelas portas.

15 Porém _estarão_ de fóra os cães [16] e os feiticeiros, e os
fornicadores, e os homicidas, e os idolatras, e qualquer que ama e
commette a mentira.

16 Eu, Jesus, enviei o meu anjo, [17] para vos testificar estas coisas
nas egrejas: eu sou a raiz e a geração de David, a resplandecente
estrella da manhã.

17 E o Espirito e a esposa dizem: Vem. [18] E quem o ouve, diga: Vem. E
quem tem sêde, venha; e quem quizer, tome de graça da agua da vida.

18 Porque eu testifico a todo aquelle que ouvir as palavras da prophecia
d’este livro _que_, [19] se alguem lhes accrescentar alguma _coisa_, Deus
fará vir sobre elle as pragas _que estão_ escriptas n’este livro;

19 E, se alguem tirar das palavras do livro d’esta prophecia, [20] Deus
tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade sancta, e das _coisas
que estão_ escriptas n’este livro.

20 Aquelle que testifica estas _coisas_ diz: Certamente presto venho.
[21] Amen: ora vem, Senhor Jesus.

21 A graça de nosso [22] Senhor Jesus Christo _seja_ com todos vós. Amen.

[1] Eze. 47.1. Zac. 14.8.

[2] Eze. 47.12. cap. 21.21. Gen. 2.9. cap. 2.7 e 21.24.

[3] Zac. 14.11. Eze. 48.35.

[4] Mat. 5.8. I Cor. 13.12. I João 3.2. cap. 3.12 e 14.1.

[5] cap. 21.23, 25. Psa. 36.19.

[6] Dan. 7.27. Rom. 5.17. II Tim. 2.12. cap. 3.21.

[7] cap. 19.9 e 21.5 e 1.1.

[8] cap. 3.11. ver. 10, 12, 20. cap. 1.3.

[9] cap. 19.10.

[10] cap. 19.10.

[11] Dan. 8.26 e 12.4, 9. cap. 10.4 e 1.3.

[12] Eze. 3.27. Dan. 12.10. II Tim. 3.13.

[13] Isa. 40.10 e 62.11. Rom. 2.6 e 14.12. cap. 20.12.

[14] Isa. 41.4 e 44.6 e 48.12. cap. 1.8, 11 e 21.6.

[15] I João 3.24. cap. 2.7 e 21.27.

[16] I Cor. 6.9, 10. Gal. 5.19, 21. Col. 3.6. cap. 9.20, 21 e 21.28. Phi.
3.2.

[17] cap. 1.1 e 5.5. Num. 24.17. Zac. 6.12. II Ped. 1.19. cap. 2.28.

[18] cap. 21.2, 9. Isa. 55.1. João 7.37. cap. 21.6.

[19] Deu. 4.2 e 12.32. Pro. 30.6.

[20] Exo. 32.33. Psa. 69.28. cap. 3.5 e 13.8 e 21.2.

[21] ver. 12. João 21.25. II Tim. 4.8.

[22] Rom. 16.20, 24. II The. 3.18.



NOTAS


[A] ou, estações.

[B] ou, a creatura vivente, que se move.

[C] ou, os monstros dos mares.

[D] roja.

[E] gerações.

[F] Heb. Jehovah.

[G] ou, conhecimento.

[H] Onyx, ou beryllo.

[I] ou, Ethiopia.

[J] ou, Tigris.

[K] ou, que lhe assista.

[L] Heb. edificou.

[M] ou, cintas.

[N] Heb. Elle.

[O] Vida; ou, mãe da vida.

[P] acquisição.

[Q] vaidade.

[R] ou, remissão.

[S] supportar.

[T] ou, vingado.

[U] compensação, ou, renovo.

[V] Heb. Noah, repouso.

[W] ou, permanecerá.

[X] ou, divisões.

[Y] ou, toda a sorte de azas.

[Z] Heb. indo e tornando.

[AA] ou, almas.

[AB] ou, a creatura.

[AC] divisão.

[AD] confusão.

[AE] ou, nações.

[AF] contou-lha.

[AG] serei d’ella edificada.

[AH] Deus (está) ouvindo.

[AI] Heb. E elle será como um jumento bravo.

[AJ] ou, Tu és um Deus que me vês.

[AK] de aquelle que vive e me vê.

[AL] Pae da altura.

[AM] Pae d’uma multidão.

[AN] Princeza.

[AO] Riso.

[AP] ou, no maior calor do dia.

[AQ] pequena.

[AR] riso.

[AS] Beer-sheba.

[AT] ou, capitão-mór.

[AU] Heb. Beer-sheba, poço do juramento.

[AV] Heb. Jehovah-jireh.

[AW] que é: Syria dos dois rios.

[AX] joias.

[AY] ou, meditar.

[AZ] acampamentos.

[BA] nações.

[BB] Assyria.

[BC] ou, syro.

[BD] cabelludo.

[BE] supplantador.

[BF] desfallecido.

[BG] vermelho.

[BH] o centuplo.

[BI] contenda.

[BJ] inimisade.

[BK] alargamento.

[BL] ou, capitão-mor.

[BM] juramento.

[BN] poço do juramento. Heb. Beersheba.

[BO] ou, vestidos preciosos.

[BP] ou, syro.

[BQ] casa de Deus.

[BR] ou, enfermos.

[BS] Eis! um filho.

[BT] ouvindo.

[BU] junto.

[BV] louvor.

[BW] ou, tenha filhos.

[BX] juiz.

[BY] Luctando.

[BZ] Heb. vem, uma fortuna.

[CA] Fortuna.

[CB] Heb. Sou feliz.

[CC] Feliz.

[CD] Galardão.

[CE] Morada.

[CF] Julgada.

[CG] Augmentador.

[CH] Heb. tenho adivinhado.

[CI] ou, riqueza.

[CJ] Heb. teraphin. Jui. 17.5. I Sam. 19.13. Ose. 3.4.

[CK] ou, syro.

[CL] que é, em arameano, o montão do testemunho.

[CM] em hebraico, o montão do testemunho.

[CN] torre de vigia.

[CO] dois exercitos ou bandos.

[CP] aquelle que lucta com Deus.

[CQ] a face de Deus.

[CR] cabanas.

[CS] em paz.

[CT] Heb. fallou ao coração da moça.

[CU] o Deus de Bethel.

[CV] o carvalho de pranto.

[CW] filho de minha dôr.

[CX] filho da dextra.

[CY] _a torre de Eder._

[CZ] as caldas.

[DA] Heb. o seu sangue.

[DB] ou, official.

[DC] na porta de Enaim.

[DD] cordão.

[DE] cordões.

[DF] ou, official.

[DG] cestos de pão branco.

[DH] salvador do mundo.

[DI] que faz esquecer.

[DJ] duplamente fructifero.

[DK] nozes da pistaceira.

[DL] devolvido.

[DM] Heb. adivinha.

[DN] sabe adivinhar.

[DO] ou, governador.

[DP] occupação.

[DQ] aptos.

[DR] remiu.

[DS] Heb. plenitude.

[DT] ou, obedecerão.

[DU] pousado entre os curraes.

[DV] perseguiram.

[DW] eira de Atad.

[DX] tarefas.

[DY] espertas.

[DZ] tirando.

[EA] ou, principe.

[EB] um estranho ali.

[EC] Eu Sou o que Eu Sou.

[ED] Eu Sou.

[EE] joias.

[EF] Jehovah.

[EG] pesado.

[EH] Heb. Gloria-te sobre mim.

[EI] ou, um signal de livramento.

[EJ] joias.

[EK] Heb. entre as duas tardes.

[EL] joias.

[EM] Heb. davam-lhes o que lhes pediam.

[EN] ou, cabrito.

[EO] Heb. e o louvarei.

[EP] Heb. o meu desejo.

[EQ] poderoso.

[ER] amarga.

[ES] Heb. Man hu.

[ET] Heb. tentação.

[EU] Heb. contenda.

[EV] Heb. Jehovahnissi.

[EW] Heb. o corno do carneiro.

[EX] ou, vingado.

[EY] ou, os seus pilares.

[EZ] ou, aborte.

[FA] Isto é, Euphrates.

[FB] ou, pilares.

[FC] acacia.

[FD] ou, com que se hão derramar os licores.

[FE] de artifice.

[FF] entre o logar sancto e o sanctissimo.

[FG] ou, a gravura.

[FH] as luzes e as perfeições.

[FI] Heb. Sancto ao Senhor.

[FJ] ou, propiciação.

[FK] Ou, e a tenda será sanctificada pela minha gloria.

[FL] ou, um deus.

[FM] ou, Isto é o teu deus.

[FN] Heb. duro de cerviz.

[FO] ou, rocha.

[FP] ou, cabrito.

[FQ] Heb. as dez palavras.

[FR] tigellas, com que se haviam de derramar.

[FS] Heb. tenazes.

[FT] espivitadores.

[FU] de obra de artifice.

[FV] a abertura.

[FW] ou, corôa sancta.

[FX] ou, Sancto ao Senhor.

[FY] ou, oblação.

[FZ] para sua acceitação.

[GA] sacrificio de paz, ou, das graças.

[GB] um preceito perpetuo.

[GC] de obra de artifice.

[GD] ou, corôa sancta.

[GE] ou, creatura vivente.

[GF] Heb. na sua calva ou meia calva.

[GG] ou, vida.

[GH] para que sejaes acceitos o sacrificareis.

[GI] entreis no gozo da sua novidade.

[GJ] Heb. tanto do sanctissimo como do sancto comerá.

[GK] o meu sancto nome.

[GL] Para que seja acceito offerecerá.

[GM] Heb. tomareis o fructo de formosas arvores.

[GN] Heb. pilar ou obelisco.

[GO] coisa sancta.

[GP] Heb. as colheres e as tigellas e as taças, com que se haviam de
derramar.

[GQ] Heb. as suas tenazes e os seus espivitadores.

[GR] ás coisas sanctissimas.

[GS] colher.

[GT] colheres.

[GU] ou, do serviço.

[GV] Isto é, os sepulchros da concupiscencia.

[GW] isto é, do cacho.

[GX] Heb. olho ao olho.

[GY] Heb. a palavra.

[GZ] ou, do tumulto.

[HA] ou, juizo.

[HB] ou, joias.

[HC] ou, porém estae certos de que o vosso peccado vos descobrirá.

[HD] ou, alma.

[HE] Heb. as dez palavras.

[HF] ou, os seus pilares, ou obeliscos.

[HG] ou, da pederneira.

[HH] ou, os seus pilares ou obeliscos.

[HI] ou, a gazella.

[HJ] ou, vil pensamento.

[HK] ou, pilar, ou obelisco.

[HL] ou, um molho.

[HM] Heb. a sanctidade de minha casa.

[HN] ou, as crias das tuas ovelhas.

[HO] Heb. façaes acertadamente tudo, etc.

[HP] Josué.

[HQ] Heb. os seus cornos são cornos de boi bravo, ou antilope.

[HR] Heb. Arabah.

[HS] pederneira.

[HT] que é, circulo, ou roda.

[HU] ou, capitão.

[HV] ou, consagrada; vidé Lev. 27.28. Deu. 20.17.

[HW] anathema.

[HX] ou, anathematizaram.

[HY] consagrado Lev. 27.28. Deu. 20.17.

[HZ] que é, as pedreiras.

[IA] vidé cap. 6.17.

[IB] Heb. lingua.

[IC] Heb. Jasher.

[ID] ou, valle.

[IE] Heb. pela mão.

[IF] que é, cidade de Arba.

[IG] Heb. lingua.

[IH] ou, um presente.

[II] ou, Joppa.

[IJ] Heb. sanctificaram.

[IK] ou, um altar grande, para que o avistassem.

[IL] Heb. á coisa consagrada.

[IM] que é, testemunho.

[IN] ou, um presente.

[IO] que é, anathema.

[IP] que é, choradores.

[IQ] Heb. Aram.

[IR] ou, pedreiras.

[IS] ou, das nações.

[IT] ou, a minha offerta.

[IU] ou, crescentes.

[IV] Heb. ouvidor.

[IW] ou, Aquelle.

[IX] ou, celebrar.

[IY] que é, o alto da queixada.

[IZ] que é, queixada.

[JA] ou, peças.

[JB] ou, Naomi, que é agradavel.

[JC] que é, agradavel.

[JD] que é, amargosa.

[JE] ou, os molhos.

[JF] Heb. Isai.

[JG] que é, ouvido por Deus.

[JH] Heb. corno.

[JI] Heb. o corno.

[JJ] que é, onde é a gloria.

[JK] que é, a pedra de ajuda.

[JL] ou, officiaes.

[JM] ou, anathema.

[JN] Heb. corno.

[JO] ou, Isai.

[JP] ou, homem valoroso.

[JQ] Heb. um teraphim.

[JR] que é, a rocha de divisões ou da fuga.

[JS] Heb. ao que ourine á parede.

[JT] que é, tolo.

[JU] que é, o campo das facas aguçadas.

[JV] ou, são-me muito incommodos.

[JW] que é, a roturo de Uza.

[JX] ou, a lei do homem.

[JY] que é, o freio da cidade mãe.

[JZ] ou, sacerdotes.

[KA] ou, sacerdote.

[KB] Heb. o corno.

[KC] Heb. corno.

[KD] ou, as colheres.

[KE] que é, Terra de areia ou, secca.

[KF] Heb. o que ourina á parede.

[KG] ou, pilares, ou, obeliscos.

[KH] ou, fortificou o monte.

[KI] ou, armas.

[KJ] pilar, ou, obelisco.

[KK] ou, siclos.

[KL] que é, casa de tosquia.

[KM] ou, os pilares: ou, obeliscos.

[KN] ou, brechas, ou, ruinas.

[KO] ou, caixa.

[KP] ou, pisando-os.

[KQ] que é, pedaço de cobre.

[KR] ou, Sennacherib.

[KS] ou, anathematizando-as.

[KT] ou, ruinas, ou, brechas.

[KU] ou, colheres.

[KV] Zabdi.

[KW] Achan.

[KX] ou, Bath-sheba.

[KY] ou, Joel.

[KZ] ou, moveis.

[LA] ou, homens, quaes leões, de Moab.

[LB] ou, levar a arca.

[LC] Que é, do gigante.

[LD] Que é, do gigante.

[LE] ao gigante.

[LF] ou, um adversario.

[LG] Que é, paz.

[LH] ou, tamanho.

[LI] ou, principe.

[LJ] Heb. buscavam.

[LK] ou, sycomoros.

[LL] os mercadores do rei os recebiam em manadas e cada uma pelo seu
preço.

[LM] arvores.

[LN] ou, Hurão, meu pae.

[LO] casa sanctissima.

[LP] de obra de imagem.

[LQ] Heb. elle estabelecerá.

[LR] tenazes.

[LS] espivitadores.

[LT] colheres.

[LU] casa sanctissima.

[LV] o termo da festa.

[LW] Heb. não havia mais espirito n’ella.

[LX] os sycomoros.

[LY] os pilares ou obeliscos.

[LZ] tendas.

[MA] ou, official.

[MB] que é, benção, ou louvor.

[MC] Heb. golpe.

[MD] colheres.

[ME] Heb. os seus pilares, ou obeliscos.

[MF] Heb. debaixo da sua mão.

[MG] ou, nos seus cargos.

[MH] ou, prodigio.

[MI] ou, o templo.

[MJ] ou palacio.

[MK] tempo.

[ML] ou, o governador.

[MM] Heb. darics.

[MN] ou, pedreiros.

[MO] Heb. darics.

[MP] ou, o palacio.

[MQ] Heb. darics.

[MR] ou, o governador.

[MS] ou, governador.

[MT] Suppõe-se que Moysés escreveu este livro quando se achava entre os
midianitas, cerca de 1520 A. C.

[MU] ou, renunciaram, ou, blasphemaram.

[MV] ou, de tumores malignos.

[MW] Heb. estes ossos.

[MX] Heb. Sheol.

[MY] ou, alma.

[MZ] Heb. no Sheol.

[NA] Heb. as possessões.

[NB] Heb. palavra ou, materia.

[NC] ou, a amizade.

[ND] ou, nobreza.

[NE] ou chacaes.

[NF] ou, anjo.

[NG] ou, do seu relampago.

[NH] ou, no campo livre.

[NI] ou, conductor.

[NJ] Heb. abestruzes.

[NK] ou, nos musculos.

[NL] ou, Deus Heb. Elohim.

[NM] ou, as nações.

[NN] ou, sortes.

[NO] ou, amado.

[NP] ou, violento.

[NQ] Heb. despojam.

[NR] ou, e fitam seus olhos para nos lançarem na terra.

[NS] Heb. o corno.

[NT] ou, as gotas.

[NU] ou, ponha em alto.

[NV] ou, victoria.

[NW] Heb. unica.

[NX] ou, de descanço.

[NY] ou, no sancto adorno, ou, no glorioso sanctuario.

[NZ] Heb. do Sheol.

[OA] ou, sua sancta memoria.

[OB] ou, contra o justo insolentemente.

[OC] ou, no meu espanto.

[OD] ou, armazens.

[OE] ou, condemnados.

[OF] ou, condemnado.

[OG] ou, da hacha de armas contra os que, etc.

[OH] ou, dilaceravam-me.

[OI] Heb. unica.

[OJ] ou, palavras enganosas contra os quietos.

[OK] ou, os que são rectos no caminho.

[OL] ou, sombra.

[OM] Heb. um assopro.

[ON] ou, d’uma cova de destruição.

[OO] Heb. furaste.

[OP] ou, anhela.

[OQ] Heb. o monte Mizar.

[OR] Heb. Como com espada, ou, esmagamento.

[OS] ou, a saude.

[OT] ou, nação.

[OU] Heb. a alegria da minha alegria.

[OV] ou, os lançaste fóra.

[OW] ou, victorias.

[OX] ou, deshonra.

[OY] chacaes.

[OZ] ou, E em tua magestade cavalga.

[PA] ou, Os povos cairam debaixo de ti; ellas estão no coração, etc.

[PB] ou, sobre o seu sancto throno.

[PC] Heb. elevação.

[PD] Heb. Sheol.

[PE] Heb. para que não haja morada para ella.

[PF] ou, louco.

[PG] Heb. Devora-os.

[PH] Heb. Sheol.

[PI] ou, contra mim.

[PJ] ou, peregrinações.

[PK] ou, todas as nações.

[PL] ou, a salvação.

[PM] Heb. está calada para com Deus.

[PN] Heb. sê calada para com Deus.

[PO] Heb. Ha silencio perante ti e louvor, ó Deus, etc.

[PP] ou, dispersos.

[PQ] Heb. apriscos.

[PR] ou, olhaes com inveja.

[PS] ou, quando estiverem em paz, torne-se ella em uma armadilha.

[PT] ou, acampamento.

[PU] ou, por Salomão.

[PV] ou, estão em repouso perpetuo.

[PW] Heb. rocha.

[PX] ou, da tribu.

[PY] ou, monstros das aguas.

[PZ] Heb. violencia.

[QA] ou, da voz.

[QB] Heb. serrarei todos os cornos.

[QC] Heb. fortes.

[QD] ou, pericia.

[QE] ou, as nações.

[QF] Heb. em grande medida.

[QG] ou, dos cestos.

[QH] ou, rocha.

[QI] ou, de Deus.

[QJ] ou, montanhas.

[QK] Heb. de Baca, que é, arvores de balsamo.

[QL] Heb. de Cush.

[QM] Heb. corno.

[QN] ou, fará éxacções.

[QO] ou, o seu resplendor.

[QP] Heb. de sheol.

[QQ] ou, a nossa morada.

[QR] ou, a serpente.

[QS] Heb. corno.

[QT] ou, triumpharão.

[QU] Heb. em Meribah.

[QV] Heb. de Massah.

[QW] ou, cova.

[QX] Heb. Alleluia.

[QY] ou, Gilead.

[QZ] ou, contra os nossos inimigos.

[RA] ou, offertas voluntarias.

[RB] ou, nas bellezas.

[RC] ou, muitos paizes.

[RD] ou, defenderá a sua causa em juizo.

[RE] ou, Emquanto aos juizos, elles continuam até hoje.

[RF] ou, confirmei.

[RG] ou, tido em nenhuma conta.

[RH] ou, Cantico gradual.

[RI] Heb. tornou o captiveiro de Sião.

[RJ] ou, louvores.

[RK] ou, cresça.

[RL] como uma creança desmamada para com sua mãe; como uma creança
desmamada, assim é para comigo a minha alma.

[RM] Heb. o corno.

[RN] ou, força.

[RO] ou, manterá.

[RP] ou, abrisse e sulcasse a terra.

[RQ] Heb. corno.

[RR] ou, dança.

[RS] ou, victoria.

[RT] ou, Elle é a honra de todos os seus sanctos.

[RU] ou, dança.

[RV] Heb. a Jah.

[RW] ou, substancia preciosa.

[RX] ou, almas.

[RY] ou, vida.

[RZ] a discrição.

[SA] Heb. Sheol.

[SB] ou, das tuas riquezas.

[SC] ou, a gazella.

[SD] ou, juiz.

[SE] ou, iniquidade.

[SF] ou, se quebrantará.

[SG] ou, ganha o salario de falsidade.

[SH] ou, discrição.

[SI] ou, Um guia é o justo ao seu proximo.

[SJ] ou, alcança favor.

[SK] Heb. será quebrantado.

[SL] ou, traz comsigo a sua loucura.

[SM] ou, refugio.

[SN] Heb. Sheol e Abaddon.

[SO] ou, as pedras.

[SP] ou, questão.

[SQ] ou, placido.

[SR] Heb. Sheol.

[SS] ou, obra de filigrana.

[ST] ou, soda.

[SU] ou, profusos.

[SV] Heb. Sheol e Abaddon.

[SW] ou, nação.

[SX] ou, o oraculo ou, o peso.

[SY] ou, lagartixa.

[SZ] ou, o cão de caça.

[TA] Heb. se apressaria a gozar.

[TB] ou, e vinham á sepultura; e os que obraram bem, e que sahiam do
logar sancto, foram esquecidos na cidade.

[TC] Heb. feder e corromper.

[TD] ou, a submissão aquieta grandes peccados.

[TE] ou, A cobra, não estando encantada, certamente morderá, e o
paroleiro não é melhor do que ella.

[TF] ou, enfraquecem as vigas.

[TG] ou, duravel morada.

[TH] Heb. muitos livros.

[TI] ou, os teus cabritos.

[TJ] ou, canteiro de flores de alfena.

[TK] Heb. casa do vinho.

[TL] ou, gazellas.

[TM] ou, palanquim.

[TN] ou, embutido.

[TO] ou, atraz do teu véu.

[TP] ou, bebei abundantemente do amor.

[TQ] ou, balsamo.

[TR] ou, outeiros aromaticos.

[TS] ou, corpo.

[TT] Heb. paladar.

[TU] ou, atraz do seu véu.

[TV] ou, como para a dança de dois bandos?

[TW] ou, captivo pelas tranças.

[TX] ou, juizes.

[TY] ou, como pelo sabão.

[TZ] Heb. quebramento.

[UA] Heb. A palavra.

[UB] ou, instrucção.

[UC] ou, dos costumes do Oriente.

[UD] ou, dão a mão aos filhos, etc.

[UE] ou, atalaias.

[UF] Heb. bordão de pão.

[UG] ou, tinindo.

[UH] ou, tinhosa a cabeça.

[UI] ou, cheio de belleza e gloria.

[UJ] ou, derramamento de sangue.

[UK] que é quasi dois almudes.

[UL] ou, pederneira.

[UM] ou, vestes.

[UN] que é, Deus comnosco.

[UO] Heb. Maher-Shalal-hash-baz.

[UP] ou, não haverá manhã para elles.

[UQ] ou, e a alegria lhe augmentaste.

[UR] ou, oppressor.

[US] ou, perversidade.

[UT] ou, os seus thesouros.

[UU] ou, aos que se assentaram sobre thronos.

[UV] ou, tanto a alma como o corpo.

[UW] ou, da uncção.

[UX] ou, será prompto no entendimento.

[UY] ou, seccará.

[UZ] ou, revista.

[VA] ou, farão deitar os seus rebanhos.

[VB] ou, chacaes.

[VC] ou, exactora.

[VD] Heb. Sheol.

[VE] ou, dos porcos espinhos.

[VF] ou, nobres.

[VG] ou, as suas ufanias são vãs.

[VH] ou, os logares desamparados nos bosques, e nos cumes dos montes.

[VI] ou, do roçar das azas.

[VJ] Heb. De Cush.

[VK] ou, medida e atropellada.

[VL] ou, dividem.

[VM] Heb. devorarei.

[VN] ou, os canaes do Egypto.

[VO] ou, Os prados.

[VP] ou, os que trabalham por paga ficarão com tristeza na alma.

[VQ] ou, expiada.

[VR] ou, veloz; ou, fugaz.

[VS] ou, cambaleam.

[VT] Heb. Sheol.

[VU] ou, consummação.

[VV] ou, succedam-se as festas.

[VW] Heb. estranhos.

[VX] ou, temiveis.

[VY] ou, que aprendeu de cór.

[VZ] ou, terrivel.

[WA] ou, desviam o justo por uma coisa insignificante.

[WB] ou, instrucção.

[WC] ou, instruidores.

[WD] ou, destruição.

[WE] ou, que pesa o tributo.

[WF] ou, consumirá.

[WG] ou, as feras do deserto.

[WH] ou, as creaturas que uivam.

[WI] ou, satyro.

[WJ] ou, chacaes.

[WK] ou, quando estiver com aquelles que cessaram de existir.

[WL] ou, A voz d’um que clama.

[WM] ou, belleza.

[WN] ou, chacaes.

[WO] ou, embaixadores.

[WP] ou, cozinha.

[WQ] Heb. levantam o lenho das suas imagens.

[WR] ou, força.

[WS] Heb. o meu chamado.

[WT] ou, os justamente presos escapariam?

[WU] ou, é o meu adversario?

[WV] ou, tristeza.

[WW] ou, abolida.

[WX] ou, do cambaleio.

[WY] ou, do cambaleio.

[WZ] ou, espargirá.

[XA] ou, formosura nem belleza.

[XB] ou, rejeitado pelos homens.

[XC] ou, quebrantado.

[XD] ou, Pela angustia e pelo juizo elle foi tirado.

[XE] ou, quebrantal-o.

[XF] ou, o quinhão dos grandes.

[XG] ou, se removerão.

[XH] ou, serão abalados.

[XI] ou, removerá de ti.

[XJ] ou, não será abalado.

[XK] ou, discipulos do Senhor.

[XL] Heb. sheol.

[XM] ou, desfalleceria.

[XN] ou, arrojam lama e lodo.

[XO] ou, a ordenança.

[XP] ou, opprimidos.

[XQ] ou, brechas.

[XR] ou, o mal.

[XS] ou, no crepusculo.

[XT] ou, transgredir, e negar o Senhor.

[XU] ou, fallar do coração palavras de falsidade.

[XV] ou, grinalda.

[XW] ou, a coisa roubada.

[XX] Heb. Hephzibah.

[XY] Heb. Beulah.

[XZ] ou, escarlates.

[YA] ou, glorioso em sua vestidura, marchando na abundancia da sua força?

[YB] ou, o seu sangue.

[YC] ou, obras poderosas?

[YD] ou, accende o matto.

[YE] ou, consomes.

[YF] ou, para fortuna. Heb. Gad. Gen. 30.11.

[YG] ou, destino.

[YH] ou, destinarei para a espada.

[YI] ou, pela vexação.

[YJ] Heb. de Amen.

[YK] ou, calamidade.

[YL] ou, desillusões.

[YM] ou, para que vejamos a vossa alegria; mas elles serão envergonhados.

[YN] ou, a abundancia.

[YO] Euphrates?

[YP] ou, quem a deteria no seu mez?

[YQ] ou, Estamos desligados; nunca mais viremos a ti.

[YR] ou, mas sobre todo o carvalho.

[YS] ou, leviandade.

[YT] Heb. vergonha.

[YU] ou, uma grande destruição.

[YV] ou, Um vento forte de mais para tal virá.

[YW] Heb. nas paredes do meu coração.

[YX] ou, Destruição sobre destruição.

[YY] ou, obtusos.

[YZ] ou, mattas.

[ZA] ou, instrucção.

[ZB] ou, os seus ramos.

[ZC] ou, levados.

[ZD] ou, Oh! que se eu podesse consola-me na minha tristeza!

[ZE] ou, chacaes.

[ZF] ou, na sua incircumcisão.

[ZG] ou, teem o cabello cortado em redondo.

[ZH] ou, chacaes.

[ZI] ou, pastagem.

[ZJ] ou, elle pozer os teus amigos sobre ti por cabeça?

[ZK] ou, se assim é.

[ZL] ou, chacaes.

[ZM] ou, que não conheciam.

[ZN] ou, filhos que não chocam.

[ZO] que é, terror em todos os lados.

[ZP] ou, prosperamente.

[ZQ] ou, sem filhos.

[ZR] ou, confins.

[ZS] ou, maioraes.

[ZT] ou, de gloria.

[ZU] que é, o seu rei.

[ZV] ou, as suas filhas serão queimadas a fogo.

[ZW] que é, o seu rei.

[ZX] ou, Aguçae.

[ZY] ou, preparae.

[ZZ] ou, as colheres.

[AAA] Heb. todo o corno.

[AAB] Heb. o corno.

[AAC] ou, fez tortuosas.

[AAD] ou, assim que os homens não podem tocar as extremidades das suas
roupas.

[AAE] ou, creaturas viventes.

[AAF] ou, fachos.

[AAG] ou Tarsis.

[AAH] ou, pinas.

[AAI] ou, gelo.

[AAJ] ou, impudentes.

[AAK] Heb. bordão de pão.

[AAL] ou, sois mais turbulentos do que as nações, etc.

[AAM] Heb. furiosos.

[AAN] ou, quebrantei eu o seu coração fornicario.

[AAO] ou, Vem a tua ruina.

[AAP] ou, gritos de alegria.

[AAQ] ou, ruina.

[AAR] ou, crimes sanguinarios.

[AAS] ou, os logares sanctificados.

[AAT] que era, um idolo do paganismo.

[AAU] ou, Tarsis.

[AAV] que é, revolvente.

[AAW] ou, tua redempção.

[AAX] ou, serei consultado por elles?

[AAY] Heb. bordão de pão.

[AAZ] ou, para tua purificação.

[ABA] ou, um reino.

[ABB] ou, uma casa de prostituição.

[ABC] ou, casa de prostituição.

[ABD] ou, Canaan.

[ABE] ou, egual.

[ABF] ou, deseguaes.

[ABG] ou, as suas viuvas.

[ABH] ou, jaula.

[ABI] ou, á tua similhança Heb. no teu sangue.

[ABJ] que é, logar alto.

[ABK] Heb. torna-te uma só.

[ABL] ou, os teus calafates.

[ABM] consideras.

[ABN] ou, desprezam.

[ABO] ou, crocodilo.

[ABP] ou, tremer.

[ABQ] ou, Lybia.

[ABR] ou, as procure.

[ABS] ou, procuram as minhas ovelhas.

[ABT] ou, pondo-se cada um na sua juntura.

[ABU] Heb. Hamon-gog.

[ABV] Heb. Hamon-gog.

[ABW] que é, multidão.

[ABX] ou, pavimento.

[ABY] ou, a espira.

[ABZ] ou, a sua base.

[ACA] ou, logar que pertence ao povo.

[ACB] ou, a parte inferior.

[ACC] ou, estas são as costas do altar.

[ACD] ou, da parte inferior.

[ACE] que é, altar superior.

[ACF] que é, a lareira do altar.

[ACG] ou, a parte inferior.

[ACH] ou, assim o consagrarão.

[ACI] ou, vos acceitarei.

[ACJ] ou, pondera.

[ACK] ou, a par.

[ACL] ou, misturar com a flor de farinha.

[ACM] ou, do jubileo. Vede, Lev. 25.10.

[ACN] Heb. de Meriboth-kadesh.

[ACO] Heb. de Meribath-kadesh.

[ACP] ou, Jehovah-shammah.

[ACQ] Heb. ham-malzar.

[ACR] ou, O sonho.

[ACS] ou, o sonho.

[ACT] ou, gaita de folles.

[ACU] ou, mudaram.

[ACV] ou, herva.

[ACW] ou, negocio.

[ACX] Heb. cornos, _aqui e nos versos que se seguem_.

[ACY] ou, em tempo de segurança.

[ACZ] ou, braços haverá por seu lado.

[ADA] ou, fizer terminar.

[ADB] ou, ensinada.

[ADC] Heb. de Aram.

[ADD] ou, recebe-nos benignamente.

[ADE] ou, exacções de trigo.

[ADF] ou, peita.

[ADG] ou, e as vossas assembléas solemnes.

[ADH] ou, por causa da afflicção de José.

[ADI] ou, brechas.

[ADJ] ou, e cultivador de sycomoros.

[ADK] ou, engulis os necessitados.

[ADL] Heb. Beer-sheba.

[ADM] ou, as suas camaras.

[ADN] ou, a sua abobada.

[ADO] Heb. sheol.

[ADP] ou, para que não haja prophecia.

[ADQ] ou, para que não haja adivinhação.

[ADR] Heb. ó torre de Eder.

[ADS] Heb. o teu corno.

[ADT] ou, os teus pillares, ou obeliscos.

[ADU] ou, tecem.

[ADV] ou, ferozes.

[ADW] ou, sê como o incircumciso.

[ADX] ou, em afflicção.

[ADY] ou, dos seus guerreiros.

[ADZ] Heb. de Maktesh.

[AEA] ou, vergonha.

[AEB] ou, de um accordo.

[AEC] Heb. o vosso captiveiro.

[AED] ou, mensageiro.

[AEE] ou, mensagem.

[AEF] ou, no logar sombrio.

[AEG] Heb. cornos.

[AEH] Heb. corno.

[AEI] Heb. filhos.

[AEJ] Heb. Quando elles de Bethel enviaram Saresar, etc.

[AEK] ou, prospera.

[AEL] ou, aluguer.

[AEM] ou, festas alegres.

[AEN] ou, Porque encurvei Judah para mim.

[AEO] ou, que pizam os _seus inimigos_ na lama das ruas na peleja.

[AEP] ou, Belleza.

[AEQ] ou, Ataduras.

[AER] ou, familia.

[AES] ou, castigo.

[AET] ou, chacaes.

[AEU] ou, ainda que tenha o resto do espirito.

[AEV] ou, foram asperas.

[AEW] ou, saltareis.

[AEX] Quasi cinco annos antes do anno Domini.

[AEY] Quatro annos antes do Anno Domini.

[AEZ] ou, principes.

[AFA] ou, Governador.

[AFB] vida.

[AFC] ou, calçado.

[AFD] ou, sujeito ao juizo.

[AFE] ou, sujeito ao conselho.

[AFF] ou, meirinho.

[AFG] ou, as riquezas.

[AFH] boas dadivas.

[AFI] Gr. os filhos da camara nupcial.

[AFJ] ou, governador.

[AFK] asse.

[AFL] ou, alma.

[AFM] ás nações.

[AFN] Gr. Petros.

[AFO] ou, alma.

[AFP] ou, vida.

[AFQ] denarios.

[AFR] denario.

[AFS] ou, das nações.

[AFT] ou, creado.

[AFU] ou, escravo.

[AFV] ou, os seus fachos.

[AFW] ou, peças.

[AFX] ou, novo concerto.

[AFY] ou, governador.

[AFZ] ou, peças.

[AGA] ou, governador.

[AGB] ou, ao pretorio.

[AGC] ou, vigiavam.

[AGD] ou, rochas.

[AGE] ou, levae a guarda.

[AGF] ou, governador.

[AGG] ou, fazei discipulos.

[AGH] ou, recebedoria.

[AGI] Gr. da camara nupcial.

[AGJ] flagello.

[AGK] Gr. mas é réu d’um eterno peccado.

[AGL] flagello Mar. 3.10. Luc. 7.21.

[AGM] ou, guardava-o.

[AGN] me adoram.

[AGO] ou, alma.

[AGP] ou, vida.

[AGQ] creado.

[AGR] escravo.

[AGS] ou, governadores.

[AGT] ou, officiaes.

[AGU] o pretorio.

[AGV] Heb. Elizabeth.

[AGW] Gr. sikera.

[AGX] Eu te saudo, muito favorecida.

[AGY] Gr. um corno da salvação.

[AGZ] ou, governador.

[AHA] Gr. remissão.

[AHB] Gr. com paciencia.

[AHC] ou, alma.

[AHD] ou, ella.

[AHE] ou, devedores.

[AHF] ou, alfarrobas.

[AHG] ou, riqueza.

[AHH] ou, observação.

[AHI] ou, longanimo.

[AHJ] ou, a um sycomoro.

[AHK] ou, governador.

[AHL] ou, governadores.

[AHM] ou, pacto.

[AHN] ou, um rei ungido.

[AHO] ou, magistrados.

[AHP] ou, rocha.

[AHQ] ou, Bethabara.

[AHR] Gr. filho.

[AHS] ou, meirinhos.

[AHT] aprisco.

[AHU] ou, Advogado, ou, Amparador; Gr. Paracleto.

[AHV] Gr. cohorte e officiaes dos principaes, etc.

[AHW] ou, oppõe-se.

[AHX] ou, a sua superintendencia.

[AHY] ou, magistrados.

[AHZ] Gr. meirinhos.

[AIA] Gr. redemptor.

[AIB] ou, tirado o seu julgamento.

[AIC] que é, gazella.

[AID] Gr. As coisas fieis e sanctas.

[AIE] velando.

[AIF] Gr. Anathematizámo-nos com anathema.

[AIG] ou, governador.

[AIH] Gr. sudoeste e noroeste.

[AII] ou, os gemeos.

[AIJ] ou, propiciatorio.

[AIK] ou, anathema.

[AIL] ou, de Sabaoth.

[AIM] Gr. o seu pescoço.

[AIN] ou, pedagogos.

[AIO] ou, amor.

[AIP] ou, morte.

[AIQ] que é, o Senhor vem.

[AIR] ou, concerto.

[AIS] Gr. estava sendo abolida.

[AIT] ou, queremos antes ausentar-nos do corpo e estarmos presentes ao
Senhor.

[AIU] Gr. creação.

[AIV] ou, anjo.

[AIW] ou, mensagem.

[AIX] ou, as nações.

[AIY] ou, pedagogo.

[AIZ] ou, amor.

[AJA] Gr. com que grandes lettras vos escrevi, etc.

[AJB] ou, amor.

[AJC] ou, o amor.

[AJD] ou, separados da communhão.

[AJE] Gr. n’uma cadeia.

[AJF] ou, o vosso amor.

[AJG] Gr. todo o pretorio.

[AJH] ou, despojou-se.

[AJI] ou, alcançado.

[AJJ] ou, do amor.

[AJK] ou, o vosso amor.

[AJL] ou, como dignos do Senhor.

[AJM] ou, amor.

[AJN] ou, prive da vossa recompensa.

[AJO] ou, contra a satisfação da carne.

[AJP] ou, amor.

[AJQ] ou, completos.

[AJR] ou, amor.

[AJS] ou, do amor.

[AJT] ou, o amor.

[AJU] ou, no amor.

[AJV] ou, uma dispensação.

[AJW] ou, o amor.

[AJX] ou, instruidor.

[AJY] ou, no amor.

[AJZ] ou, vive em delicias.

[AKA] ou, o amor.

[AKB] Gr. e já confessaste a boa confissão.

[AKC] ou, poder.

[AKD] ou, instruidor.

[AKE] ou, no amor.

[AKF] ou, ás palrices vãs e profanas.

[AKG] ou, o amor.

[AKH] ou, amor.

[AKI] ou, assegurado.

[AKJ] ou, instruidores.

[AKK] ou, sê sobrio em todas as coisas.

[AKL] Gr. já estou derramado como libação.

[AKM] ou, glotões.

[AKN] ou, no amor.

[AKO] ou, donas de casa.

[AKP] ou, amor.

[AKQ] ou, o teu amor.

[AKR] ou, do teu amor.

[AKS] ou, amor.

[AKT] ou, dons.

[AKU] ou, provocação.

[AKV] Gr. de incredulidade.

[AKW] ou, provocação.

[AKX] ou, provocaram.

[AKY] ou, annunciado.

[AKZ] ou, _ainda que_ sem peccado.

[ALA] ou, aperfeiçoado.

[ALB] ou, instruidores.

[ALC] ou, rejeitada.

[ALD] ou, e coisas que pertencem á salvação.

[ALE] ou, do amor.

[ALF] ou, manifestado.

[ALG] Gr. parabola.

[ALH] ou, reforma.

[ALI] ou, Pacto.

[ALJ] ou, adoradores.

[ALK] ou, aperfeiçoou.

[ALL] ou, ao amor.

[ALM] ou, commum.

[ALN] ou, uma possessão.

[ALO] ou, ganho.

[ALP] ou, mundos.

[ALQ] ou, apparelhou.

[ALR] Gr. conceber semente.

[ALS] Gr. semente.

[ALT] ou, na summidade.

[ALU] ou, o capitão e perfector.

[ALV] ou, paralysados.

[ALW] ou, o que se via.

[ALX] ou, os avisou na terra.

[ALY] ou, os avisou dos céus.

[ALZ] ou, prometteu.

[AMA] ou, o amor.

[AMB] ou, de mostrar amor aos estrangeiros.

[AMC] ou, Sêde livres do amor do dinheiro.

[AMD] ou, conductores, ou, superiores.

[AME] ou, vos forem enviadas varias provas.

[AMF] ou, seduzido.

[AMG] ou, fóra das tuas obras.

[AMH] ou, o curso.

[AMI] ou, as paixões.

[AMJ] ou, amor.

[AMK] ou, envergonhado.

[AML] ou, superintendente.

[AMM] Gr. interrogação.

[AMN] ou, amor.

[AMO] ou, o amor.

[AMP] Gr. o cargo.

[AMQ] ou, fraternidade; e á fraternidade amor.

[AMR] ou, saida.

[AMS] ou, instructores.

[AMT] ou, praticas lascivas.

[AMU] ou, o juizo não tarda.

[AMV] ou, Os que reputam por prazer o viver diariamente em delicias.

[AMW] ou, escravos.

[AMX] ou, foram enthesourados com fogo, sendo conservados até ao dia do
juizo.

[AMY] ou, Consolador. Gr. Pareclete.

[AMZ] ou, amor.

[ANA] ou, o amor.

[ANB] ou, perfeito o seu amor.

[ANC] ou, amor.

[AND] ou, perfeito o amor.

[ANE] ou, no amor.

[ANF] ou, o perfeito amor.

[ANG] ou, o amor.

[ANH] Gr. temos.

[ANI] ou, amor.

[ANJ] ou, o amor.

[ANK] ou, do teu amor.

[ANL] ou, amor.

[ANM] ou, rochas occultas.

[ANN] ou, amor.

[ANO] ou, são pastores que a si mesmos, etc.

[ANP] ou, no amor.

[ANQ] Gr. Hades.

[ANR] ou, o teu primeiro amor.

[ANS] amor.

[ANT] ou, pestilencia.

[ANU] Gr. uns poucos de nomes.

[ANV] Gr. creaturas viventes.

[ANW] ou, taças.

[ANX] Gr. Hades o seguiu.

[ANY] ou, rolo.

[ANZ] que é, destruidor.

[AOA] Gr. mysterio.

[AOB] ou, taças.

[AOC] ou, creaturas viventes.

[AOD] Gr. apascentará.

[AOE] Gr. Hades.

[AOF] ou, ainda mais.

[AOG] ou, que guardam os seus mandamentos, para que tenham poder na
arvore da vida.





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